amostragem auditoria

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (FACE) DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS Prof. Wolney Resende de Oliveira Auditoria 1 – Turma B TEORIA DA AMOSTRAGEM APLICADA À AUDITORIA Alunos : Alisson Rodrigues - 0515451 Verônica Paula Gonçalves - 06/43904 Eduardo de Freitas Mendonça -

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Page 1: amostragem auditoria

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (FACE)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

Prof. Wolney Resende de Oliveira

Auditoria 1 – Turma B

TEORIA DA AMOSTRAGEM

APLICADA À AUDITORIA

Alunos:

Alisson Rodrigues - 0515451

Verônica Paula Gonçalves - 06/43904

Eduardo de Freitas Mendonça -

Page 2: amostragem auditoria

1. INTRODUÇÃO

O trabalho de auditoria é de modo geral um tanto variado e complexo, que se apóia

em métodos específicos para cumprir seus objetivos. Por isso, algumas medidas são

criadas com o fim de aperfeiçoar o conjunto de procedimentos necessários à análise de um

auditor. Dentre essas medidas observa-se a amostragem como uma das que mais contribui

com esse objetivo. Pois, por mais completo que pretenda ser um trabalho de auditoria, uma

análise que contemple todas as transações ocorridas na empresa teria um custo que

provavelmente ultrapassaria seu benefício, devido ao universo ilimitado de possibilidades

que pode ser abrangido.

Assim, com a finalidade de obter uma conclusão confiável, sobre o todo a partir de

uma parte, tipos e métodos de amostragem são empregados em grande escala na auditoria.

Esses procedimentos, estatísticos ou não, são empregados de acordo com as opções e

necessidades que o serviço a ser realizado requer, devendo sempre ser avaliados pelo

profissional seus riscos e resultados. Considerando que atividade do auditor contábil é

associada às percepções de responsabilidade e confiabilidade sua opinião deve estar

fundamentada numa reunião de evidências ou provas suficientemente adequadas para

fundamentar e suportar seu parecer.

O presente trabalho busca apresentar de forma objetiva o conceito de amostragem,

quais seus tipos, métodos e riscos de utilização, bem como sua importância e emprego

dentro do oficio da auditoria.

2. CONCEITO DE AMOSTRAGEM

A amostragem é um campo da estatística, bastante sofisticado, que estuda técnicas

de planejamento de pesquisa para possibilitar inferências sobre um universo a partir do

estudo de uma pequena parte de seus componentes. Aplicada à auditoria, o conceito de

amostragem ganha novas nuances e especificações, conforme definições dos órgãos

responsáveis da área, apresentadas a seguir:

A Norma Brasileira de Contabilidade - NBC T – 11.11, de 21/01/2005, no seu item

11.11.1.7, descreve que amostragem de auditoria “é a aplicação de procedimentos de

auditoria sobre uma parte da totalidade dos itens que compõem o saldo de uma conta, ou

classe de transações, para permitir que o auditor obtenha e avalie a evidência de auditoria

Page 3: amostragem auditoria

sobre algumas características dos itens selecionados, para formar, ou ajudar a formar, uma

conclusão sobre a população”.

Segundo a norma Internacional de Auditoria (NIA) nº 530, da International

Federation of Accountants (2004, p.328), “a amostragem em auditoria é a aplicação de

procedimentos de auditoria em menos de 100% dos itens que compõem o saldo de uma

conta ou classe de transações, para permitir que o auditor obtenha e avalie a evidência de

auditoria sobre algumas características dos itens selecionados, para formar, ou ajudar a

formar, uma conclusão sobre a população.”

O American Institute of Certified Public Accountants (AICPA), no Statement on

Auditing Standards (SAS) nº 39 (1981, apud GUY e CARMICHAEL, 1986, p.238),

estabelece que amostragem é “a aplicação de procedimentos de auditoria a menos de

100% dos itens que compõem o saldo de uma conta ou classe de transações, com o

propósito de avaliar características da conta ou classe”.

A partir das definições apresentadas é possível aprofundar sobre o uso das técnicas

de amostragem em auditoria, que podem ser usadas pelo auditor, as quais se dividem

fundamentalmente em dois tipos: a amostragem estatística e a não-estatística ou subjetiva.

3. AMOSTRAGEM ESTATÍSTICA

É aquela que permite ao auditor estimar, através de técnicas estatísticas, o risco de

amostragem, computando o tamanho desejado de amostra, tornando mais eficiente e

menos custosa a escolha dos itens. De acordo com definição da NBC T 11.11, item

11.11.1.4, “Amostragem estatística é aquela em que a amostra é selecionada

cientificamente com a finalidade de que os resultados obtidos possam ser estendidos ao

conjunto de acordo com a teoria da probabilidade ou as regras estatísticas. O emprego de

amostragem estatística é recomendável quando os itens da população apresentam

características homogêneas”.

Determinados fatores devem ser cuidadosamente observados quando da escolha

desse tipo de amostragem, pois definirão o tamanho da amostra a ser destacado. São esses

fatores, os parâmetros a estimar, o nível de confiança desejável, o índice de precisão

escolhido e o grau de dispersão da população. Quando então são definidos os objetivos e

necessidades, o profissional lançará mão de um ou mais tipos de amostragens estatísticas,

conforme expostas a seguir:

Page 4: amostragem auditoria

Amostragem Aleatória Simples

É um dos métodos mais utilizados entre os profissionais de auditoria, por sua

simplicidade de aplicação e imparcialidade na amostra. Consiste em selecionar a amostra

por meio de um sorteio, sem restrições, entre todos os itens da população. As ferramentas

comumente utilizadas são fórmulas e tabelas, especialmente criadas para esse fim, e em

variedade para todos os tamanhos de população.

Amostragem Exploratória

Essa metodologia caracteriza-se por uma seleção de itens mais direcionada dentro

da população. Aplica-se quando o auditor observa evidências mínimas de qualquer fato ou

caso irregular que motive uma apreciação mais profunda, possuindo também tabelas

especiais que auxiliam na seleção. É a opção indicada em históricos ou suspeitas de

fraudes e coisas do gênero.

Amostragem por Estratificação

É o procedimento de seleção da amostra escolhido quando a variedade de itens de

valores diferentes dentro da população é muito grande. Consiste em dividir a população

em subgrupos, estratos, relativamente homogêneos entre si e dessa forma não generalizar

um quantitativo tão diverso dentro do mesmo universo amostral, mas sim em seus estratos.

Amostragem por Intervalo

Obedece a uma regra de seleção segundo a qual são definidos intervalos constantes

entre as transações. Entretanto, alguns detalhes devem ser observados quanto ao primeiro

item selecionado para a amostra e ao tamanho definido do intervalo. Pois, qualquer

mudança após iniciada a técnica de amostragem pode comprometer a imparcialidade da

amostra.

Amostragem por Conglomerado

São estabelecidos subgrupos heterogêneos e representativos dentro da população

total. Esses estratos, cujos itens são comuns entre si, permitem uma análise de cada

conglomerado mais próxima da realidade de informações contidas dentro da variedade

populacional.

4. AMOSTRAGEM POR JULGAMENTO

De acordo com o conceito estabelecido na NBC T 11.11, item 11.11.1.5,

“Amostragem não-estatística (por julgamento) é aquela em que a amostra é determinada

Page 5: amostragem auditoria

pelo auditor utilizando sua experiência, critério e conhecimento da entidade”. Em outras

palavras é aquela que ocorre quando os auditores estimam o risco da amostragem usando

apenas o julgamento profissional, ou seja, através da seleção de amostras sem um critério

considerando cientifico.

Esse tipo de procedimento é geralmente utilizado quando o tamanho da população

não permite a amostragem estatística ou quando a motivação para a auditoria é

conhecidamente parcial. Nestes casos os exames que hão de ser realizados basear-se-ão

puramente no julgamento profissional do auditor. Este assume as responsabilidades, de

acordo com sua experiência, de escolher alguns elementos e considerá-los como típicos da

população que se deseja avaliar, e então obter conclusão que permita emitir parecer.

5. MÉTODOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA

Números Aleatórios

Uma amostra escolhida de tal forma que cada item ou pessoa na população tem a

mesma probabilidade de ser incluída.

Características das seqüências de números aleatórios:

• pseudo-aleatório;

• independência e distribuição uniforme;

• rapidez;

• pouca memória;

• fácil reprodução (semente);

• ciclos / períodos grandes.

Números Sistemáticos

Os itens ou indivíduos da população são ordenados de alguma forma –

alfabeticamente ou através de algum outro método. Um ponto de partida aleatório é

sorteado, e então cada k-ésimo membro da população é selecionado para a amostra.

Estratificação

A população é inicialmente dividida em subgrupos (estratos) e uma subamostra é

selecionada a partir de cada estrato da população. Técnica bastante útil quando a

população apresenta muita diversidade nos seus valores individuais.

Page 6: amostragem auditoria

Amostragem Grupal ou por Lotes

Consiste em dividir a população em grupos, assim como a amostra estratificada,

chamados “clusters”. Números aleatórios são usados não para selecionar itens individuais

da população, mas para selecionar grupos por meio da técnica de amostra aleatória

simples. Cada item dentro de um grupo selecionado é então incluído no grupo da amostra.

Assim, reduziu-se o tempo e o custo de amostragem.

Os grupos podem ser transações de uma certa data ou

transações de certa natureza.

5. TIPOS DE SELEÇÃO DA AMOSTRA

Aspectos Gerais

O auditor deve selecionar itens de amostra de tal forma que se possa esperar que a

mesma seja representativa da população. Este procedimento exige que todos os itens da

população tenham a mesma oportunidade de serem selecionados.

Com a finalidade de evidenciar os seus trabalhos, a seleção de amostra deve ser

documentada pelo auditor e considerar:

a) o grau de confiança depositada sobre o sistema de controles internos das contas,

classes de transações ou itens específicos;

b) a base de seleção;

c) a fonte de seleção; e

d) o número de itens selecionados.

Seleção Direcionada

Por meio da seleção direcionada, o auditor se limita a examinar as transações ou

saldos que sejam enquadrados em parâmetros previamente determinados. Por ser tratar de

um teste, as avaliações feitas pelo auditor se limitam às transações e saldos

especificamente examinados. Os testes em seleção direcionada podem ser baseados em:

valor, tipo de atividade ou período da atividade.

Seleção por Valor

O auditor examina um grupo de transações que esteja dentro de um certo limite de

valor. Por exemplo, a inspeção de todos os ativos com valor acima de determinado limite.

Page 7: amostragem auditoria

Tipo de Atividade

O auditor direciona o teste para o exame de uma atividade ou evento específico.

Por exemplo, o exame dos registros e documentos relativos à despesa de pessoal.

Período de Atividade

O auditor examina as atividades ou eventos ocorridos dentro de um determinado

período. Por exemplo, o exame de todas as notas fiscais emitidas no último mês do

exercício.

Seleção Aleatória

Seleção aleatória ou randômica é a que assegura que todos os itens da população

ou do estrato fixado tenham idêntica possibilidade de serem escolhidos.

Na seleção aleatória ou randômica, utiliza-se, por exemplo, tabelas de números aleatórios

que determinarão quais os números dos itens a serem selecionados dentro do total da

população ou dentro de uma seqüência de itens da população predeterminada pelo auditor.

7. PROJETO DA AMOSTRA

Objetivos de Auditoria

Quanto aos objetivos da auditoria, eles mudam de acordo com a empresa auditada.

Em cada empresa o objetivo da auditoria muda de certa forma. Assim, o auditor deve

traçar procedimentos que possam atingir esses objetivos. É aí que entra o projeto de

amostragem. Se este for feito de modo eficaz, as próprias evidências mostrarão o que

constitui um erro e qual população usar para que, da melhor forma, se possa detectar esses

erros.

Assim, cada parte da entidade deve receber um tratamento especial na hora de se

estabelecer o projeto de amostragem. Por exemplo, para executar os procedimentos de

comprovação sobre as compras de uma entidade o auditor deve se preocupar se não houve

alguma compra de valor incomum entre outras peculiaridades da própria natureza da

operação.

População

A população são os dados (conclusões) que o auditor quer tirar com a amostragem.

Assim, de acordo com cada objetivo em si o profissional terá de determinar uma

população específica. Por exemplo, se o objetivo da auditoria for analisar a se há

superavaliação de contas a receber, a população poderia ser constituída de contas a

receber. E cada item dessa população é chamado de unidade de amostragem.

Page 8: amostragem auditoria

Estratificação

Estratificação nada mais é do que separar a população em superpopulações que

tenham características semelhantes. Isso auxilia para que se tenha um projeto eficaz da

amostra. Na maioria dos casos, essa separação é feita pelo valor monetário, isto é, contas

com valor monetário semelhantes são agrupadas.

Tamanho da Amostra

Quanto aos fatores que influenciam no tamanho da amostra, pode ser dividido em

dois grupos: fatores que influenciam o tamanho da amostra para testes de controle e para

procedimentos de comprovação.

No primeiro caso, isto é, os fatores que influenciam o tamanho da amostra para

testes de controle, os fatores que influenciam são: avaliação de risco de controle, erro

tolerável, risco permissível de superavaliação da confiabilidade, erro esperado e número

de itens da população. Para explicar, pegaremos como exemplo o fator avaliação de risco

de controle. Nesse caso, se houver uma avaliação de risco preliminar maior o tamanho da

amostra poderá ser menor e vice-versa.

Já no caso dos fatores que influenciam o tamanho da amostra para procedimentos

de comprovação, os fatores são: avaliação de risco de controle, redução no risco de

detecção devido a outros testes de comprovação relacionados com as mesmas asserções

contidas nas demonstrações, erro tolerável, erro esperado, valor d população, número de

itens da população, nível aceitável de risco de detecção e estratificação. Para exemplificar

tomemos como base o fator estratificação. Neste caso, se a estratificação da população for

apropriada o tamanho da amostra é menor e vice-versa.

Risco de Amostragem

O risco de amostragem parte do principio de que se a população total passasse pelo

mesmo procedimento usado na população da amostra o auditor teria outra conclusão. Isto

é, dizendo em outras palavras, a mostra não foi devidamente escolhida pois não reflete a

realidade da população como um todo.

O auditor enfrenta o risco de amostragem em dois casos: no teste de controle e em

procedimentos de comprovação. No primeiro caso, há o risco de superavaliação ou

subavaliação da confiabilidade, isto é, caso em que o resultado da amostra aparentemente

não daria um suporte confiável para a avaliação da população como um todo, o que na

verdade não ocorre. Assim, a confiabilidade da amostra está subavaliada.

Já no segundo caso, no procedimento da comprovação, há o problema do risco de

rejeição incorreta e o risco de aceitação incorreta. o problema do risco de rejeição

Page 9: amostragem auditoria

incorreta acontece quando o resultado da amostra leve a crer que os dados de transações

estão relevantemente distorcidos, quando que, na verdade, não estão.

Erro Tolerável

Erro tolerável é o erro máximo na população que o auditor está disposto a aceitar e,

ainda assim, concluir que o resultado da amostra atingiu o objetivo da auditoria. O erro

tolerável é considerado durante o estágio de planejamento e, para os testes substantivos,

está relacionado com o julgamento do auditor sobre relevância. Quanto menor o erro

tolerável, maior deve ser o tamanho da amostra.

Nos testes de observância, o erro tolerável é a taxa máxima de desvio de um

procedimento de controle estabelecido que o auditor está disposto a aceitar, baseado na

avaliação preliminar de risco de controle. Nos testes substantivos, o erro tolerável é o erro

monetário máximo no saldo de uma conta ou uma classe de transações que o auditor está

disposto a aceitar, de forma que, quando os resultados de todos os procedimentos de

auditoria forem considerados, o auditor possa concluir, com segurança razoável, que as

Demonstrações Contábeis não contêm distorções relevantes.

Erro Esperado

Se o auditor espera que a população contenha erro, é necessário examinar uma

amostra maior do que quando não se espera erro, para concluir que o erro real da

população não excede o erro tolerável planejado.

Tamanhos menores de amostra justificam-se quando se espera que a população

esteja isenta de erros. Ao determinar o erro esperado em uma população, o auditor deve

considerar aspectos como, por exemplo, os níveis de erros identificados em auditorias

anteriores, mudança nos procedimentos da entidade e evidência obtida na aplicação de

outros procedimentos de auditoria.

8. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS DE AMOSTRAGEM

Análise dos Erros da Amostra

Para analisar os erros na amostra, primeiramente o auditor deve checar se

realmente ocorreu um erro. O erro, nesse caso, é subjetivo. Ele será caracterizado um erro

de acordo com os objetivos traçados pela auditoria anteriormente. Nem sempre um

lançamento errado será qualificado com erro. Se o objetivo da auditoria for apenas avaliar

o saldo da conta geral (ativo imobilizado por exemplo), um lançamento feito em outra

conta que também se encontra dentro do ativo imobilizado não afetará o saldo total.

Page 10: amostragem auditoria

Uma saída quando não for possível atingir a evidência esperada pela auditoria

sobre um determinado item é fazer a execução de procedimentos alternativos.

Se não for possível executar os procedimentos alternativos o item será caracterizado como

um erro. Esse erro terá natureza, causa e possível efeito sobre outras fases da auditoria.

Provavelmente esses erros terão uma característica em comum. Para melhorar a auditoria,

o profissional poderá colocar todos esses itens com características semelhantes numa

subpopulação para melhorar os procedimentos da amostra.

Projeção de Erros

A projeção de erro é feita por métodos. Esses métodos têm de estar de acordo com

o método utilizado para selecionar a unidade de amostragem e terão de ser feitos de modo

consistente. Com isso, o erro de cada subpopulação deverá ser projetado separadamente e

os resultados serão combinados.

Reavaliação do Risco de Amostragem

Na reavaliação do risco de amostragem o auditor verifica se os erros da população

podem exceder o erro tolerável comparando o erro da população projetado com o erro

tolerável. De modo que o erro projetado não poderá ultrapassar o erro tolerável. Se isso

ocorrer, o auditor terá de reavaliar o risco da amostragem e dependendo, terá de

reconsiderar seu procedimento de auditoria.

Risco em Auditoria

Risco de auditoria nada mais é que o” risco de que a conclusão do auditor baseada

em uma amostra possa ser diferente da conclusão que se alcançaria no exame de todos os

itens na população” (WHITTINGTON & PANY, 1998).

“(...)

9. EXEMPLIFICAÇÃO – ARTIGO SOBRE ESTUDO NAS EMPRESAS DE

AUDITORIA INDEPENDENTE EM SANTA CATARINA

Embora o uso das técnicas de amostragem sejam bastante disseminadas no Brasil,

o volume de referências literárias ainda é pouco. Por isso, como exemplificação da

acentuada aplicabilidade e sua abordagem prática no ofício da auditoria, veremos a seguir

extratos do artigo de Paulo Roberto da Cunha e Ilse Maria Beuren, denominado

“Planejamento de Auditoria na Aplicação das Técnicas de Amostragem nos Testes de

Observância – Um Estudo nas Empresas de Auditoria Independente Estabelecidas em

Santa Catarina”, que apresenta com propriedade esse assunto.

Page 11: amostragem auditoria

O artigo em sua totalidade pode ser encontrado no endereço eletrônico xxx. Aqui

observaremos somente os dados relativos às etapas da auditoria onde são utilizadas as

técnicas de amostragem para seleção de itens a serem examinados nas 12 empresas

pesquisadas.

Planejamento ou Plano de Amostragem

As 12 empresas que responderam o questionário indicaram que adotam um

planejamento de amostragem para efetuar os testes de observância. Pode-se constatar que,

para a realização de amostragens, as empresas possuem um plano de aplicação para chegar

a uma amostra, a fim de efetuar os testes de auditoria.

Por fim, solicitou-se que enumerassem em ordem crescente os passos que seguem

no planejamento de amostragem estatístico para os testes de observância. Na Tabela 1

apresentam-se os resultados desta questão.

As 12 empresas que devolveram os questionários foram nomeadas pelos números

de 1 a 12, de forma aleatória, para que não seja possível a identificação das empresas de

auditoria independente.

Tabela 1 – Etapas do planejamento de amostragem estatística

Etapas descritas pelas empresas

Etapas do planejamento 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

1a Determinação dos objetivos de auditoria 5 1 1 1 1 1 2 1

2a Definição da população e da unidade de

amostragem

4 2 4 3 3 4

3a Especificação dos atributos de interesse 1 5 3 5 3

4a Determinação do tamanho da amostra 3 4 2 4 3 5

5\a Determinação do método de seleção da

mostra

2 3 2 2 2 1 2

6a Execução do plano de amostragem 6 6 3 5 6 4 6

7a Avaliação dos resultados da amostra 7 7 4 6 7 5 7

Nesta pergunta, das 12 empresas que participaram da pesquisa, 4 não responderam

a este questionamento. Nas demais, verifica-se que a prática utilizada diverge do

preconizado na literatura. As maiores convergências ocorreram na empresa 2, que trocou a

3a com o 5a etapa; e na empresa 6, que diferenciou-se da teoria nas etapas 2, 3 e 5. A

empresa 12 também obteve convergências, diferenciando-se apenas nas etapas 2, 4,e 5. A

Page 12: amostragem auditoria

seqüência que obteve maior convergência com a preconizada na literatura foram as etapas

1, 6 e 7.

Tamanho da Amostra

Buscou-se identificar nas empresas de auditoria independente a forma como

chegam à precisão e confiabilidade para os testes de observância; quais são os elementos

considerados no cálculo do tamanho da amostra; e qual o critério utilizado para determinar

o montante da amostra, se este é subjetivo ou estatístico.

Precisão e Confiabilidade

Um aspecto que se buscou identificar foi a maneira como é determinada a precisão

e confiabilidade para os testes de auditoria. As respostas a esta questão, no que concerne

aos testes de observância, encontram-se demonstradas na Tabela 2.

Tabela 2 – Critério utilizado para o cálculo da precisão e confiabilidade

Empresas

Critérios

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

Nº de

Empresa

s

% de

Empresas

Subjetividade X X X X X X X 7 63,64

Aplicação de percentuais pré-

estabelecidos

X 1 9,09

Não são expressamente

determinados

X 1 9,09

Com base na materialidade

envolvida

X X X X X X X 7 63,64

Com a utilização de tabelas

probabilísticas

0 0,00

Com base no volume das operações X X X X X X 6 54,55

Conforme a detectação de

problemas em trabalhos anteriores

X X X X X X X 7 63,64

Das 11 respostas obtidas a esta questão, verifica-se que 3 critérios foram os mais

citados, cada um com 63,64%, a subjetividade, com base na materialidade envolvida e

conforme a detectação de problemas em trabalhos anteriores. Outro critério bastante

citado, perfazendo 54,55%, é com base no volume das operações. Com percentual bem

inferior, 9,09%, encontram-se o critério aplicação de percentuais pré-estabelecidos e o

Page 13: amostragem auditoria

critério não são expressamente determinados. O critério com base na utilização de tabelas

probabilísticas não foi citado por nenhuma das 11 empresas que responderam ao

questionário.

Elementos Considerados no Cálculo do Tamanho da Amostra

Outro aspecto que vislumbrou-se conhecer com a pesquisa são os elementos

considerados no cálculo do tamanho da amostra para os testes de observância, conforme

demonstra-se na Tabela 3.

Tabela 3 – Elementos considerados no cálculo do tamanho da amostra

Empresas

Critérios

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

Nº de

Empresas

% de

Empresas

Materialidade X X X X X X X X 8 66,67

Tamanho do universo X X X X X X X X X X 10 76,92

Com base em percentuais X 1 8,33

Subjetividade X X X X 4 33,33

Com base na taxa aceitável de

desvios

X 1 8,33

Com base na taxa esperada de

desvios da população

0 0,00

Com base na avaliação do risco de

controle em nível muito baixo

X

X

X

X

X

5

41,67

Conforme o fator de confiabilidade X X X X 4 33,33

Conforme o risco de aceitação

incorreta

X 1 8,33

Considerando o fator de expansão

conforme a previsão de erros

X

1

8,33

Conforme a distorção prevista X 1 8,33

Com base nas respostas das 12 empresas pesquisadas, os elementos mais

considerados no cálculo do tamanho da amostra nos testes de observância são: o tamanho

do universo, 76,92%; a materialidade, 66,67%; e a avaliação do risco de controle em nível

baixo demais, 41,67%. Dois critérios utilizados, citados respectivamente por 4 empresas

de auditoria, são a subjetividade e o fator de confiabilidade, com 33,33%. Outros cinco

critérios utilizados, com 8,33% cada um, são: com base em percentuais, com base na taxa

Page 14: amostragem auditoria

aceitável de desvios, conforme o risco de aceitação incorreta, considerando o fator de

expansão conforme a previsão de erros e conforme a distorção prevista.

Critério Utilizado na Determinação da Amostra

Buscou-se também identificar com a pesquisa se os auditores utilizam critério

probabilístico ou não-probabilístico na determinação da amostra. A Tabela 4 identifica o

critério utilizado pelos auditores independentes das empresas pesquisadas para a

realização dos testes de observância.

Tabela 4 – Critério utilizado na determinação da amostra

Empresas

Critérios 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Nº de

Empresas

% de

Empresas

Critério não

probabilístico

X X X X X X X X X X X 11 91,67

Critério probabilístico X X X X 4 33,33

Observa-se que 91,67% dos auditores utilizam o critério não probabilístico nos

testes de observância. Percebe-se que a maioria dos auditores utilizam-se da subjetividade,

fundamentada na experiência profissional adquirida durante os anos de auditoria para

determinação da amostra. Outros 33,33%, utilizam o critério probabilístico, ou seja,

utilizam-se das leis da probabilidade e da matemática para auxiliá-los na determinação da

amostra.

Para as empresas que apontaram a utilização do critério probabilístico, perguntou-

se os motivos que as levaram adotar este critério. As empresas que apontaram a utilização

do critério probabilístico apresentaram justificativas diferentes para o seu uso: relevância,

risco e responsabilidade; obtenção de resultados mais adequados; garantia na cobertura

dos testes; obtenção de maior segurança; imparcialidade nos resultados obtidos; e quando

a população se mostra grande e pulverizada.

Seleção da Amostra

Procurou-se também identificar qual o método de seleção de amostra que as

empresas de auditoria independente fazem uso quando da aplicação de testes de

observância. No que diz respeito ao método de seleção de amostra, a Tabela 5 demonstra

os dados obtidos através dos questionários.

Page 15: amostragem auditoria

Tabela 5 – Métodos de seleção da amostra

Empresas

Tipo de amostragem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

Nº de

Empresas

% de

Empresas

Aleatória simples X X X X X 5 45,45

Sistemática X X X X 4 36,36

Estratificada X X X 3 27,27

Por conglomerado X X 2 18,18

Outros métodos X 1 9,09

A Empresa 11 não respondeu a pergunta e, as demais empresas, na sua maioria,

utilizam mais de um método para a seleção da amostra. Nota-se que o método mais

utilizado pelas empresas de auditoria independente é o aleatória simples, com 45,45%.

Segue-se o método da amostragem sistemática, com 36,36%; a amostragem estratificada,

com 27,27%; a amostragem por conglomerados, com 18,18%; e outros métodos de

amostragem, com 9,09%.

5.4 Medição e avaliação da amostra

Perguntou-se quais métodos a empresa utiliza para medir as amostras nos testes de

observância. Os dados coletados nos questionários quanto à medição das amostras estão

dispostos na Tabela 6.

Tabela 6 – Medição da amostra

Empresas

Método de amostragem

utilizado

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

Nº de

Empresas

% de

Empresas

De atributos X X X X X X 6 50,00

De probabilidade

proporcional ao tamanho –

PPT

X

X

X

X

4

33,33

Clássica de variáveis X X 2 16,67

Por descoberta X X X 3 25,00

Por aceitação X X X X X 5 41,67

Outros métodos X 1 8,33

Page 16: amostragem auditoria

Na fundamentação teórica apontou-se que nos testes de observância o tipo de

amostragem utilizado para medir uma amostra é a amostragem por atributos. Pelas

respostas recebidas nos questionários, há uma divergência em 50,00%. Das 12 empresas

de auditoria independente de Santa Catarina pesquisadas, 50,00% adotam a amostragem

de atributos e os demais 50,00% estão dispersos em outros métodos de medição da

amostra.

Avaliação do resultado da amostra

Em se tratando da avaliação do resultado da amostra, os dados colhidos nos

questionários constam na Tabela 7.

Tabela 7 – Avaliação do resultado da amostra

Empresas

Método de avaliação utilizado

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

Nº de

Empresas

% de

Empresas

Com conclusão positiva, encerra-se

a análise

X X X X X X X X X X 10 83,33

Com conclusão satisfatória, estende

os procedimentos de auditoria

X

X

X

X

X

5

41,67

Com conclusão negativa, não

estende os procedimentos e ressalva-

se os controles

X

X

X

3

25,00

Com conclusão satisfatória, avalia-se

a época de aplicação dos testes

X

X

X

X

X

5

41,67

Observou-se que na realização dos testes de observância, 83,33% das empresas de

auditoria pesquisadas, ao chegarem a uma conclusão positiva, encerram a análise, mas quando a

conclusão é satisfatória, 41,67% das empresas estendem os procedimentos de auditoria. Este

mesmo percentual é atribuído em caso de conclusão satisfatória, em que é verificada a época de

aplicação dos testes. Os controles internos são ressalvados para 25,00% das empresas de auditoria

pesquisadas, em caso de conclusão negativa e não são estendidos os procedimentos de auditoria.

(...)”.

Page 17: amostragem auditoria

10. CONCLUSÃO

Naturalmente quando uma população inteira é observada não existe nenhuma

necessidade de lançar mão de tais técnicas e o risco de amostragem é consequentemente

zero. Contudo, dependendo da entidade a ser analisada um exame de todas as operações se

mostra altamente custoso, por isso o método de amostragem, principalmente a estatística,

vem trazer um equilíbrio entre o risco da amostragem e um tamanho confiável de amostra.

Baseado no conteúdo exposto no trabalho em questão e nas exemplificações

oferecidas, podemos concluir que os procedimentos de amostragem são de grande

importância para o trabalho do profissional de auditoria. No entanto, é preciso ter sempre

em mente que sob nenhuma hipótese tais técnicas isentam o auditor de seu julgamento

profissional. Pois independente do método escolhido, sua responsabilidade é emitir um

parecer que exigirá antes de tudo capacidade para a função, enquanto a escolha de um

método estatístico que o auxilie é apenas uma opção.

Apesar da grande relevância do assunto, a pouca literatura dificulta maiores

conclusões e consequentemente maiores aplicações da amostragem estatística na auditoria

nacional, sendo dessa forma observada uma maior predominância da amostragem por

julgamento. Não sendo possível precisar se tal opção advém da menor inserção da

estatística nos procedimentos brasileiros ou se justamente pela carência de estudos na área.

Há ainda, as empresas que optam por utilizar ambos os critérios de seleção, visando

fundamentar profundamente sua conclusão e conseqüente parecer.

Page 18: amostragem auditoria

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

JUND, Sérgio. Auditoria: conceitos, normas, técnicas e procedimentos. 5. ed. Rio de

Janeiro:Impetrus, 2003.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução nº 1.012, de 21/01/2005:

dispõe a Norma Brasileira de Contabilidade NBC T 11.11 - amostragem. 2005.

KOSIS, Mauro. Amostragem em auditoria. Disponível em:

www.auditoria.mt.gov.br/arquivos/AUDIRE_OUT_2005.doc -

CUNHA, Paulo R. e HEIN, Nelson. Técnicas de amostragem em empresas de auditoria

independente estabelecidas em Santa Catarina versus na cidade do Rio de Janeiro.

Disponível em: www.congressoeac.locaweb.com.br/artigos52005/184.pdf

CUNHA, Paulo R. e BEUREN, Ilse M. Técnicas de amostragem utilizadas nas

empresas de auditoria independente estabelecidas em Santa Catarina. Disponível em:

www.furb.br/especiais/download/

http://www.portaldeauditoria.com.br/artigos/amostragememauditoria.htm

http://www.oroc.pt/fotos/editor2/R&E2_28_45_AmostragememRevisaoAuditoria.pdf