amostra de glossÁrio de dois textos de ellen g. white … · centro universitÁrio adventista de...
TRANSCRIPT
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS ENGENHEIRO COELHO
CURSO DE TRADUTOR E INTÉRPRETE
JULIE ANY MARQUES
AMOSTRA DE GLOSSÁRIO DE DOIS TEXTOS DE ELLEN G. WHITE NA ÁREA DE SAÚDE
ENGENHEIRO COLEHO 2013
JULIE ANY MARQUES
AMOSTRA DE GLOSSÁRIO DE DOIS TEXTOS DE ELLEN G. WHITE NA ÁREA DE SAÚDE
Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo, do curso de Tradutor e Intérprete, sob orientação da Profa Dra Ana Maria de Moura Schäffer.
ENGENHEIRO COELHO 2013
Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo, do curso de Tradutor e Intérprete, apresentado e aprovado em 24 de novembro de
2013.
_________________________________________________________
Orientadora: Profa Dra Ana Maria de Moura Schäffer.
_________________________________________________________
Segundo Leitor: Profº Especialista Marco Antonio de Azevedo
Dedico este trabalho aos profissionais da tradução que poderão dele se beneficiar como material de consulta. Também a minha orientadora pela dedicação e comprometimento nesse projeto.
AGRADECIMENTOS
• Agradeço, em primeiro lugar, a Deus por me capacitar na realização deste
trabalho e durante os anos de faculdade.
• À instituição e aos professores por possibilitarem e instigarem o meu
crescimento e desenvolvimento como profissional.
• À minha orientadora pela disposição em me ajudar desde o momento da
escolha do projeto até a sua completude.
• À minha família e amigos pelo apoio e pela compreensão nos momentos em
que estive distante e ocupada com a realização desta pesquisa.
Muitos transgridem as leis da saúde devido à ignorância, e necessitam instruções. A maioria, porém, sabe melhor do que aquilo que pratica. Estes precisam ser impressionados quanto a importância de tornar o conhecimento que têm um guia de vida.
Ellen G. White
RESUMO
O presente trabalho visa apresentar uma amostra de glossário bilíngue (português/inglês), com base em um corpus da área de saúde extraídos de dois livros da escritora Ellen G. White no original em inglês e de sua respectiva tradução para o português. Para isso, fez-se uso do software AntConc que processa os dados do corpus de uma área de domínio escolhido. Cada corpus foi analisado e foram feitas equivalências entre os termos. A partir desta equivalência foi gerada uma amostra de glossário confiável para ser usada por tradutores, em especial tradutores religiosos que possam vir a traduzir os textos desta autora, como um material de consulta. Também por meio desta pesquisa levantamos a discussão da importância da Terminologia e da Linguística de Corpus para o trabalho do tradutor, pois estas áreas do conhecimento fornecem ferramentas, como a construção de glossários que leva à redução de inadequações e inconsistências observadas no trabalho de tradução de textos de áreas especializadas, assim como a padronização dos termos usados. Além disso, tais glossários garantem maior produtividade e qualidade da tradução. Durante este trabalho foram apresentadas algumas observações interessantes ao realizar-se o cotejo dos termos encontrados em ambos os corpora. Ao final, é apresentada a amostra de glossário compilada a partir da pesquisa e análise com o uso de uma ferramenta de análise de corpus. Palavras-chave: Terminologia; Linguística de Corpus; Saúde; Amostra de Glossário.
ABSTRACT
This research aims to present a bilingual (Portuguese/English) glossary sample, based in a corpus of specialized domain about health found in the books of Ellen G. White in the original English and their respective translations to Portuguese. For this, we used the AntConc software that processes the data from the corpus of a chosen domain area. Each corpus was analyzed and we chose equivalents for each term. From these equivalences we compiled a reliable glossary sample to be used as reference by translators, particularly translators of religious texts who might come to translate the works of this author. We also raise the discussion of the importance of Terminology and Corpus Linguists for the work of translators, once these areas of knowledge provide tools, like the ones used for the compilation of glossaries that help reduce the inconsistencies and inadequacies that can be found in translations of texts of specialized areas, and also a certain standardization of the terms used. Moreover, such glossaries assure greater productivity and quality of translations. Throughout this paper we made interesting observations as we chose the terms found in each corpus. The last section presents the glossary sample compiled from this research and the analysis made with a tool for the analysis of corpus. Key words: Terminology; Corpus Linguistics; Health; Glossary Sample.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Tela principal do AntConc.......................................................................... 35 FIGURA 2 – Tela do AntConc com a opção “Word List” ativa.................................... 36 FIGURA 3 – Tela do AntConc com a opção “Concordance” ativa.............................. 36 FIGURA 4 – Tela do AntConc com a opção “Clusters/N-Grams” ativa...................... 37 FIGURA 5 – Tela do AntConc com o termo “saúde”.................................................... 41 FIGURA 6 – Tela do AntConc com o termo “health”................................................... 41 FIGURA 7 – Tela do AntConc com o termo “saúde” contextualizado........................ 42 FIGURA 8 – Tela do AntConc com termo “health” contextualizado........................... 43 FIGURA 9 –Tela do AntConc com o termo “health” na opção “Clusters”................ 44
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Livros de saúde da escritora EGW e suas datas de publicação.................. 33
TABELA 2 – As 100 palavras mais frequentes na LP com os termos destacados.......... 38
TABELA 3 – As 100 palavras mais frequentes na LI com os termos destacados............ 39
TABELA 4 – Amostra de verbete do glossário bilíngue Inglês > Português na área da
saúde com base nas obras de EGW................................................................................... 49
TABELA 5 – Glossário bilíngue LI ! LP organizado alfabeticamente com definições... 51
TABELA 6 – Glossário bilíngue LP ! LI organizado alfabeticamente com definições.. 60
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS OU TERMOS OPERACIONAIS
EGW – Ellen G. White
ISA – Associação Internacional de Normalização
LC – Linguística de Corpus
LI – Língua Inglesa
LP – Língua Portuguesa
N.T. – Nossa tradução
TCT – Teoria Comunicativa da Terminologia
TGT – Teoria Geral da Terminologia
.txt – Extensão de arquivo com pouca formatação. Arquivos com extensão .txt
podem facilmente ser lidos ou abertos por qualquer programa que lê texto e, por
essa razão, são considerados universais.
UNASP – Centro Universitário Adventista de São Paulo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 12
2 TERMINOLOGIA E LINGUÍSTICA DE CORPUS E SUA RELAÇÃO ....................................... 15
2.1 Histórico da Terminologia .................................................................................................... 15
2.2 Histórico da Linguística de Corpus ..................................................................................... 19
2.2.1 Os corpora atuais ............................................................................................................... 22
2.2.2 Linguística de Corpus e ferramentas computacionais ................................................... 23
2.3 Diálogo entre Terminologia e Linguística de Corpus ........................................................ 24
3 TERMINOLOGIA, TRADUÇÃO E LINGUÍSTICA DE CORPUS ............................................... 26
3.1 Terminologia e Tradução ...................................................................................................... 26
3.2 Tradução e Linguística de Corpus ...................................................................................... 28
4 ELLEN G WHITE E A MENSAGEM DE SAÚDE ...................................................................... 31
4.1 A autora .................................................................................................................................. 31
4.2 A mensagem de saúde nos escritos de Ellen White .......................................................... 31
5 METODOLOGIA ........................................................................................................................ 34
5.1 Seleção do corpus ................................................................................................................ 34
5.2 Compilação, manipulação e organização do corpus ......................................................... 34
5.3 Tratamento do corpus ........................................................................................................... 35
5.4 Pesquisa de um corpus especializado ................................................................................ 37
5.5 Candidatos a termo ............................................................................................................... 40
5.6 Decisão da autora para candidato a termo ......................................................................... 44
5.7 Formato .................................................................................................................................. 44
6 CONSIDERAÇÕES DECORRENTES DA ANÁLISE ................................................................ 46
6.1 Variantes da tradução para o tremo “healing balm” ......................................................... 46
6.2 Variantes da tradução para o tremo “poor cookery” ......................................................... 47
6.3 Variantes da tradução para o tremo “sickbed” .................................................................. 48
7 APRESENTAÇÃO DO MODELO DE GLOSSÁRIO .................................................................. 50
7.1 Ordem das entradas .............................................................................................................. 50
7.2 Critério de qualidade ............................................................................................................. 50
8 AMOSTRA DE GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 52
8.1 Entradas em inglês numeradas e organizadas em ordem alfabética, seguidas de suas
respectivas traduções e definições ........................................................................................... 52
8.2 Entradas em português numeradas e organizadas em ordem alfabética, seguidas de
suas respectivas traduções e definições ................................................................................. 61
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................... 70
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 72
APÊNDICE .................................................................................................................................... 75
12
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho partiu da necessidade de um glossário consistente de termos na
área de saúde da escritora Ellen G. White para servir de material de consulta para
tradutores de textos religiosos, em especial dos textos dessa autora. O trabalho foi
motivado a partir de divergências no uso de termos e seus correspondentes
bilíngues devido à falta de glossários com embasamento científico nesta área.
Também observou-se que não há glossários disponíveis para as traduções
dos textos desta escritora. Parte-se do pressuposto de que para que haja uma
tradução confiável e também para a redução de inconsistências e inadequações, é
importante que haja padronização dos termos. Considerando estes fatores,
defendemos a hipótese de que as inadequações observadas nas traduções podem
ser minimizadas com a formulação de um glossário que pode contribuir para
eliminar, de alguma forma, as inconsistências e garantir maior consistência,
produtividade e qualidade na tarefa de tradução.
Acredita-se que os gerenciadores terminológicos são excelentes aliados para
a elaboração de glossários, podendo contar com os avanços na área da Linguística
de Corpus, com seus corpora de textos de áreas específicas que muito têm
contribuído para a organização e elaboração de glossários. Estes softwares podem
auxiliar o tradutor a manter uma consistência ou padronização para as traduções
dos textos desta autora.
Diante disso, de modo geral, a pesquisa visa, primeiramente, discutir a
importância da Terminologia e da Linguística de Corpus ao fornecer ferramentas
para o tradutor. Em seguida, trazemos os passos que antecedem a elaboração de
um glossário, em uma área de especialidade, trazendo desde a escolha do tema, os
materiais de onde será extraído o corpus até a organização desse corpus para que a
partir dele sejam identificados os “candidatos a termos” antes de apresentar a
amostra de glossário. Quanto aos objetivos específicos, são basicamente dois:
• analisar as discrepâncias que ocorrem nas traduções devido à falta de
padronização dos termos;
13
• organizar uma amostra de glossário na área de saúde da escritora e
educadora Ellen G. White, a partir da comparação com o texto em inglês e as
respectivas traduções feitas para o português do Brasil.
Esta proposta de amostra de glossário 1 se justifica pela crescente
necessidade no contexto brasileiro de padronização nas traduções, visando a
facilitação do processo tradutório e também a redução de erros e discrepâncias nas
traduções. Mais especificamente, a motivação desta pesquisa relaciona-se à
percepção da falta de um glossário de termos dos textos de Ellen G. White, autora
que é constantemente citada na área de saúde, tema escolhido para a pesquisa,
assim evitando divergências nas traduções feitas em diferentes partes do país.
Outro aspecto de relevância social é que acreditamos que uma pesquisa nesta área
contribuirá para que a comunidade de profissionais de tradução se conscientize da
importância da pesquisa na área de terminologia e do estudo na Linguística de
Corpus para o trabalho tradutório, mais especificamente, no desenvolvimento de
glossários que venham auxiliar na padronização de termos de áreas específicas.
Vê-se, portanto, a necessidade da análise de um corpus específico, e por
meio desta análise, a verificação dos resultados como frequência de uso,
contextualização e emprego do termo. Assim, podemos encontrar os termos
equivalentes para elaborar um glossário que pode ser usado para uma padronização
dos termos usados nas traduções dos textos de Ellen G. White na área de saúde.
Uma vez que há limitações de tempo para a realização da pesquisa e os
termos identificados são numerosos, neste trabalho propomos uma amostra de um
glossário que é fruto da análise e extração de termos da área de saúde; chamamos
amostra porque não ultrapassamos os 100 termos.
Espera-se que haja a continuação desta pesquisa assim como outros estudos
na área e seja útil para lexicólogos, tradutores, linguistas e terminólogos, além de
conscientizar profissionais da tradução sobre a importância do conhecimento de
terminologias em áreas de trabalho específico para se obter traduções de qualidade,
minimizando com isso erros de tradução e interpretação.
1Utilizamos a expressão “Amostra de glossário”, por se tratar de poucos termos compilados, não podendo tal listagem selecionada ser considerada como um glossário completo.
14
Escolhemos organizar a pesquisa da seguinte maneira: além dessa
introdução, no primeiro capítulo, apresentamos algumas considerações sobre a
relação entre a Terminologia e a Linguística de Corpus, seus respectivos históricos,
mencionando os corpora atuais e ferramentas computacionais, concluindo o capítulo
comentando o diálogo entre a Terminologia e a Linguística de Corpus. O seguinte
capítulo trata da relação da Terminologia e da Linguística de Corpus com a
tradução, e da relação entre estas três áreas do conhecimento. No capítulo seguinte,
damos um breve histórico da escritora Ellen G. White e da importância que ela dava
a saúde e aos princípios para uma vida saudável, que é a área escolhida para o
desenvolvimento da amostra de glossário. A seguir, apresentamos a metodologia,
bem como os procedimentos adotados para a compilação do corpus, o material
pesquisado, o programa utilizado para a identificação dos candidatos a termos para
a organização do glossário e os passos seguidos para o resultado final. No capítulo
seguinte, compartilhamos alguns dos resultados da pesquisa nos gerenciadores
terminológicos, revelando algumas inconsistências que aconteceram nas traduções
devido a falta de um glossário que auxiliaria na padronização dos termos. Por fim,
apresentamos os resultados compostos de duas listagens: uma com entrada em
português, seguidas da definição do termo e equivalente em inglês, em ordem
alfabética, e outra com entrada em inglês, seguida da definição em português,
também em ordem alfabética. As considerações finais são então apresentadas e
sugestões para outras pesquisas apontadas.
15
2 TERMINOLOGIA E LINGUÍSTICA DE CORPUS E SUA RELAÇÃO
Este capítulo trará um breve histórico da Terminologia e da Linguística de
Corpus. Depois fará uma ligação entre tais áreas de pesquisa. A Terminologia e a
Linguística de Corpus têm se tornado fundamentais para várias áreas de estudo,
entre elas o estudo de tradução.
2.1 Histórico da Terminologia
Pode-se dizer que a terminologia é tão antiga como a linguagem. O homem
dá nomes a tudo ao seu redor. E ao entrar em contanto com um mundo multilíngue,
surge também a necessidade de entender a linguagem dos outros. Dessa
necessidade, nascem os dicionários bilíngues nos quais os termos, palavras que
designam conceitos específicos de áreas de especialização, ocupam lugar de
destaque. O termo é a unidade padrão da Terminologia e pode ser definido como
“designação, por meio de uma unidade linguística, de um conceito definido em uma
língua de especialidade” (ISO 1087, 1990, p.5).
E assim, com o desenvolvimento de áreas específicas e de termos, cresce a
necessidade de referir-se a um conjunto de palavras do conhecimento humano.
Conforme Rey (apud BARROS, 2004, p. 32) “passa-se da ideia de uma série de
nomes, ligada à classificação taxionômica, a um ‘sistema de valores reciprocamente
definidos’”. Mesmo a origem da terminologia sendo muito antiga, sua história é ainda
muito recente. Seu desenvolvimento mais expressivo se deu na segunda metade do
século XX. Esse crescimento aconteceu nessa época devido à proliferação de
termos técnicos e científicos como resultado do crescimento da pesquisa e também
do estudo científico. Krieger (2001, p. 34) explica que esse é um “fenômeno
resultante do acelerado avanço da ciência e da tecnologia”. A globalização também
atua como agente impulsionador do interesse pela melhor utilização dos termos para
assim facilitar a comunicação. Portanto, podemos dizer que uma outra definição
para terminologia pode ser o vocabulário típico de um grupo de profissionais—a
terminologia de uma especialidade, de uma área do conhecimento. Cabré (1993,
p.7) explica que "para os especialistas, a terminologia é o reflexo formal da
16
organização conceptual de uma especialidade e um meio inevitável de expressão e
de comunicação profissional".
No entanto, a palavra Terminologia denomina um conceito ainda maior, um
ramo da linguística que se preocupa em estudar o termo como uma unidade lexical
de importância e por isso a investigação terminológica de base linguística veio a
consolidar o estudo da Terminologia. Devemos levar em consideração que o
desenvolvimento tecnológico foi um fator muito importante para o avanço das
pesquisas nesta área. “A partir dos anos 1970, verificou-se uma grande evolução
dos modelos teóricos, dos princípios metodológicos da Terminologia e da prática de
elaboração de obras terminográficas em diferentes domínios” (BARROS, 2004, p.
33). Muitos eventos científicos e cursos de terminologia têm sido desenvolvidos nas
universidades pelo mundo. Como mencionamos acima, vários cursos têm utilizado
esta ferramenta. Um exemplo são os cursos de Tradutor e Intérprete, onde hoje, a
terminologia consta como disciplina obrigatória, sendo utilizada na formação de seus
alunos.
No Brasil, os estudos da Terminologia começaram a se desenvolver de modo
mais claro a partir da década de 1980. Barros (2004) observa que a terminologia
introduziu-se primeiro nos centros universitários como na Universidade de São Paulo
(USP), Universidade Federal de Brasília (UnB) e na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). Em 1990 o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia (IBICT) sediou o II Simpósio Ibero-americano de Terminologia onde foi
proposto a criação de um banco de dados terminológico brasileiro, que serviria para
registrar o maior número de termos científicos e técnicos em língua portuguesa do
Brasil, o Banco de Dados Terminológicos do Brasil (BrasilTerm). O objetivo principal
era “difundir e estimular o uso da terminologia científica e técnica no território
nacional, bem como subsidiar a implementação do Banco de Dados Terminológicos
do Mercosul” (MELGAÇO, 1998, p. 56). Além disso, este banco de dados também
facilitou a criação de dicionários, vocabulários, léxicos, e comparação de definições
entre outras coisas. A criação da BrasilTerm também visava fixar a terminologia
brasileira para assim poder estabelecer um intercâmbio em nível internacional.
Como mencionamos acima, atualmente, a Terminologia está presente em
muitas universidades pelo país, e as pesquisas nesta área crescem
consideravelmente. Porém, ainda há muitas descobertas a serem realizadas.
17
Barros (2004) comenta no capítulo “Identidade Científica da Terminologia”
que Eugen Wüster (1898-1977), considerado como o precursor da Terminologia,
viveu em uma época na qual os especialistas de todas as áreas se empenhavam em
estudar os termos técnicos. Buscavam provar que um termo pode designar um
conceito, assim eliminando problemas de comunicação. Barros (2004) ainda
menciona que em seus trabalhos, Wüster propôs a criação de princípios
terminológicos que levou a fundação da Associação Internacional de Normalização
(ISA). Como docente, ele apresentou as bases de sua Teoria Geral da Terminologia
(TGT) em suas aulas. Tinha como objetivo provar que a terminologia pode “dar as
bases científicas para a eliminação da ambiguidade nos discursos técnicos e
científicos” (BARROS, 2004, p. 55); ou seja, ela exercia uma função mais normativa.
Segundo a TGT não deve haver termos polissêmicos, sinônimos ou
homônimos. Wüster acreditava que conteúdo e expressão são independentes. Para
ele, seria possível identificar um conjunto de conceitos de uma área, organizá-los e
definí-los sem mesmo identificar com precisão o termo que eles designam (Barros,
2004, p. 56). Porém, Finatto (2004) comenta que a partir desta teoria, a produção de
glossários e dicionários torna-se uma tarefa muito importante, pois ele afirma que
“tal apreensão da linguagem das tecnologias e das ciências, encerrada nos limites
de um léxico marcado, de caráter predominantemente nominal, gerou também a
concepção de uma língua à parte, não natural, artificialmente construída por
tecnólogos e cientistas” (FINATTO, 2004, p. 97).
Com o avanço dos estudos na área, surgiu a necessidade de uma nova teoria
para tentar sanar as limitações do TGT. Com este objetivo, a pesquisadora Maria
Teresa Cabré (1999) desenvolveu a Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT). Ao
contrário da TGT, a TCT, segundo Cabré, considera os termos como “unidades
linguísticas que exprimem conceitos técnicos e científicos”, mas não deixam de ser
“signos de uma língua natural, com características e propriedades semelhantes”
(BARROS, 2004, p. 57).
A TCT reconhece que pode existir uma variação conceptual nos várias áreas
de especialidade, propõe que o termo possua forma e conteúdo indissociáveis. Para
Cabré (1999), fora do contexto as unidades léxicas não são nem palavras, nem
termos, mas apenas unidades léxicas. Não existe termo per se: a unidade lexical
torna-se termo (assume o valor de termo) de acordo com o uso em um contexto
18
expressivo e comunicacional específico (CABRÉ, 1999a, p. 124). Isso quer dizer que
uma mesma palavra pode ser termo em mais de uma área específica, e não possui
apenas um significado específico, independente da área como acreditava a TGT.
Segundo a TCT pode haver temos polissêmicos, sinônimos e homônimos,
contrariamente a TGT. Para a TCT, a palavra só se torna termo dependendo da
situação em que ela é usada. Sendo assim, observa-se que o objetivo desta teoria
segundo Cabré é
descrever forma, semântica, e funcionalmente as unidades que podem adquirir valor terminológico, dar conta de como são ativados e explicar suas relações com outros tipos de signos do mesmo ou distinto sistema, para fazer progredir o conhecimento sobre a comunicação especializada e as unidades que nela se usam (CABRÉ, 1999b, p.133).
Segundo Barros (2004), o objeto de estudo da Terminologia é o conjunto de
termos de um domínio e de seus conceitos. De qualquer forma, terminologia é um
termo polissêmico e pode ser aplicado a várias áreas. Terminologia pode ser uma
disciplina teórica e aplicada, assim como um campo inter e transdisciplinar, no qual é
feita a descrição e ordenamento do conhecimento e transferência. Além disso, é um
estudo científico dos conceitos e respectivos termos. Barros (2004) ainda menciona
Pierre Auger (1988) e sua análise dos estudos terminológicos para descrever
algumas das finalidades e tendências da terminologia mundial. Entre estas
finalidades está a Terminologia orientada para o sistema linguístico que se preocupa
com a descrição de conceitos e termos. Uma segunda finalidade é aquela orientada
para a tradução, na qual o objetivo é dar aos tradutores instrumentos para que
realizem um trabalho mais preciso e, por último, esta a vertente que se preocupa
com o planejamento linguístico, pois a Terminologia fornece dados para a
modificação da forma de uma língua.
Além destas funções, a terminologia pode também ser um instrumento no
ensino de línguas estrangeiras, no ensino de disciplinas técnicas e científicas e
também, como foi mencionado anteriormente, na normalização terminológica.
Aubert (apud BARROS 2004, p. 19) descreve a terminologia como sendo
“essencial para todo aqueles que têm, na linguagem e nas linguagens, sua
ferramenta de trabalho e reflexão, de produção e de criação, de promoção das
interações sociais” e, portanto demonstra a utilidade desta disciplina em muitas
áreas, podendo ser útil a professores e estudantes de diferentes domínios,
19
tradutores, jornalistas, documentalistas e profissionais de áreas técnicas e científicas
por exemplo. Mais uma vez, vemos que a Terminologia é uma ferramenta relevante
para muitas áreas de atuação.
2.2 Histórico da Linguística de Corpus
A Linguística de Corpus (doravante LC), conforme Sardinha (2004, p.3),
“ocupa-se da coleta e da exploração de corpora, ou conjuntos de dados linguísticos
textuais coletados criteriosamente, com o propósito de servirem para a pesquisa de
uma língua ou variedade linguística”. A Linguística de Corpus “questiona os
paradigmas estabelecidos dos estudos linguísticos e mostra novos caminhos para o
linguista, o professor, o tradutor, o lexicógrafo e muitos outros profissionais”
(SARDINHA, 2004, xvii, xviii).
Antes de continuar a descrever o histórico da LC, é preciso definir o que é um
corpus. O dicionário Aurélio define um corpus como sendo um “conjunto de
documentos, dados e informações sobre determinada matéria” e/ou como um
“conjunto de materiais significantes (enunciados linguísticos, capas de revistas)
constituído com vistas a análise semiológica”. Uma outra definição mais atual que
defendemos na pesquisa é que um corpus é “uma coletânea de textos em formato
eletrônico, compilada segundo critérios específicos, considerada representativa de
uma língua (ou da parte que se pretende estudar), destinada à pesquisa” (TAGNIN,
2004).
Na LC, esses corpora são processados quase que instantaneamente por
meio de ferramentas computacionais que possibilitam a análise de dados. Conforme
o histórico traçado por Sardinha (2004), já havia corpora antes do computador,
considerando-se que o sentido da palavra quer dizer conjunto de documentos.
Alexandre, o Grande definiu o Corpus Helenístico; e na Idade Média, havia
corpora de citações da Bíblia. Já durante parte do século XX, muitos pesquisadores
usaram os corpora; entre eles educadores como Thorndike (apud SARDINHA, 2004,
p. 3) e linguistas como Boas e Fries (idem). O uso dos corpora era direcionado para
o ensino de línguas. Hoje, o corpus procura descrever a linguagem. Pode-se dizer
que foi o corpus Survey of English Usage (SEU), não computadorizado, que deu
feição aos corpora atuais. O SEU foi compilado por Randolf Quirk, em Londres, a
20
partir de 1959. Conforme Sardinha (2004, p. 4), com o surgimento de Syntactic
Structures de Noam Chomsky (1957), aconteceu uma mudança de paradigma e as
teorias racionalistas da linguagem se tornaram o foco de estudo, levando a uma
redução nos estudos dos corpora, pois esses trabalhos eram feitos de forma manual
e havia muita desconfiança quanto à credibilidade do trabalho, já que a intuição
humana está propensa a erro. Faltava então um instrumento que permitisse a
análise de grande quantidade de dados de maneira confiável.
Com o desenvolvimento da tecnologia, em especial, com a invenção do
computador, a situação muda. Os computadores foram para os centros
universitários na década de 1960 e com sua popularização, passaram a ser
utilizados para as pesquisas em linguagem.
O primeiro corpus linguístico eletrônico foi o da Brown University Standard na
década de 1960, nomeado como Corpus of Present-day American English. Este
corpus surgiu em uma época em que seu método era questionado, quando a ideia
de gastar tempo e dinheiro para a coleta de registros linguísticos era vista com muita
incredulidade. Existia essa desconfiança porque havia sete anos que fora lançado o
Syntactic Structures, livro no qual Chomsky defendia a ideia de que os “dados
necessários para o linguista estavam em sua mente e acessíveis por meio da
introspecção” (SARDINHA, 2004, p. 2).
Percebemos, então, que o corpus Brown foi importante para impulsionar o
desenvolvimento da Linguística de Corpus. Sardinha (2004) explica que nos anos de
1980, com a entrada dos computadores pessoais, assim como o aumento de
popularidade dos corpora e ferramentas de processamento, a pesquisa linguística
usando corpus reaparece. Os computadores com softwares criados especificamente
para o tratamento de corpora permitiram um melhor processamento de dados e
também possibilitaram maior capacidade de armazenamento. Outros recursos
permitiram a criação de corpora com maior número de termos.
Hoje, a Linguística de Corpus é muito influente na pesquisa linguística. Esta
pesquisa tem sido mais desenvolvida na Europa, em especial, na Grã-Bretanha, na
Noruega, Suécia e Dinamarca. As pesquisas têm procurado tanto a teorização
quanto a criação de corpora. Fora da Europa, essa área de pesquisa ainda não é tão
21
desenvolvida. No Brasil, a Linguística de Corpus está em estágio inicial (SARDINHA,
2004).
Sardinha (2004) lista em seu livro Linguística de Corpus os principais marcos
no desenvolvimento da LC e mencionaremos a seguir alguns deles. O trabalho
pioneiro que traçou o caminho da maioria das pesquisas em LC foi publicado em
1966 por John Sinclair. Ainda no mesmo ano, Geoffrey Leech publica o primeiro
trabalho sobre a análise de corpus no qual ele antecipa a necessidade de análises
detalhadas de corpora via computador. Já em 1987 é lançado o dicionário Cobuild, o
primeiro a ser compilado a partir de um corpus computadorizado. Aijmer e Altenberg
(1991) publicam a primeira grande obra que a usa a expressão “Corpus Linguistics”
no título. Em 1991, Sinclair reuniu alguns de seus principais trabalhos em uma obra
que contém muitas das ideias que atualmente são adotadas nesta área. Já a
contribuição de McEnery e Wilson (1996) foi a de um manual de Linguística de
Corpus que cobriu de maneira abrangente os conceitos práticos e teóricos desta
área de estudo. O trabalho deles ainda se destaca por ser dedicado a alunos de LC.
Ainda em 1996, é lançado a primeira edição do International Journal of Corpus
Linguistics, que é o primeiro periódico dedicado somente a LC. Com a popularização
dos computadores pessoais, vemos também que os pesquisadores passam a dar
atenção a este fato.
Em 1998, Alan Partington, professor da universidade de Bologna usou o
corpus para estudar a linguagem dos discursos políticos e sociais (ESRC), publicou
o livro Patterns and Meanings que se direciona ao praticante da LC “caseira”, mais
precisamente ao professor de línguas e ao tradutor.
A Linguística de Corpus pertence à chamada Linguística Empírica por sua
abordagem empirista e uma visão de linguagem probabilística. A LC dá valor aos
dados provenientes da observação da linguagem, agrupada em um corpus. A “visão
probabilística da linguagem” pressupõe que embora alguns termos, na teoria,
tenham a mesma possibilidade de ocorrer, eles nem sempre ocorrem com a mesma
frequência. A LC tem um foco no desempenho linguístico, na descrição linguística e
possui uma visão mais empirista do que racionalista, ou seja, a LC “põe a mão na
massa” e não se baseia apenas em observações teóricas; ela observa os corpora, e
a partir dos dados extraídos, tira suas conclusões.
22
2.2.1 Os Corpora Atuais
Como mencionamos acima, a Linguística de Corpus tem como base para seu
estudo os corpora eletrônicos. A seguir destacamos alguns exemplos em língua
inglesa e língua portuguesa.
Em língua inglesa, mencionamos três que servem de marco de referência
históricos. O primeiro destes é o Brown Corpus (Brown University Standard Corpus
of Present-day American English). O Brown é destacado por ser o pioneiro. Ele foi
composto por Henry Kucera e W. Nelson Francis na década de 1960 na Brown
University, estado americano de Rhode Island. Este corpus contêm um milhão de
palavras do inglês americano, proveniente de textos publicados em 1961. Hoje, é
considerado ultrapassado, porém ainda é usado. Já o British National Corpus (BNC),
lançado no ano de 1995 destaca-se por ser o primeiro corpus a atingir 100 milhões
de palavras, sendo 90% na língua escrita e 10% na língua falada. Além disso, o
BNC foi o primeiro mega corpora a estar disponível para compra. E por último, existe
o Bank of English, que integra o Collins Birmingham University International
Language Database, um centro de pesquisa linguística na Universidade de
Birmingham, lançado em 1980 e estabelecido pela editora Collins. O projeto de
pesquisa era liderado pelo professor John Sinclair. O projeto COBUILD tinha como
objetivo analisar o corpus Bank of English. O Bank of English foi lançado em 1987
com 20 milhões de palavras do inglês britânico e atualmente contém 650 milhões de
palavras. Uma grande diferença do Bank of English para o Brown e BNC é que o
primeiro é um “corpus monitor, orgânico e em crescente expansão” (SARDINHA,
2004, p. 9), e não “planejados e fechados“ (idem) como os dois últimos. Hoje está
quase desativado, mas permanece como referência para o desenvolvimento de
aplicação da pesquisa baseada em corpus com fins comerciais.
Em língua portuguesa, há vários corpora eletrônicos de destaque, Sardinha
(2004) menciona tais como o “Corpus UNESP/Araraquara/Usos do Português” de
Araraquara composto de 200 milhões de palavras. O Corpus de referência do
português contemporâneo (CRPC), que está localizado no Centro de Linguística da
Universidade de Lisboa (CLUL) é composto por textos de vários países lusófonos,
com predominância da variedade europeia e com cerca de 152,6 milhões de
palavras. O Banco de Português, com 240 milhões de palavras, é um corpus monitor
23
do português do Brasil. O Banco de Português, criado e mantido no âmbito do
projeto DIRECT faz parte dos Bancos de Dados do CEPRIL, LAEL, PUC/SP. Outro
corpus que se destaca é o Corpus Multilíngue para Ensino e Tradução (COMET).
Este corpus eletrônico tem por objetivo servir de suporte a pesquisas linguísticas,
principalmente nas áreas de tradução, terminologia e ensino de línguas. Um outro
corpus que tem sido bastante usado é o COMPARA que é um corpus paralelo
bidirecional do inglês e do português. É um corpus composto de textos no originais
em ambas as línguas e suas respectivas traduções. O COMPARA é uma ferramenta
que permite estudar a tradução e contrastar as traduções por meio de uma
ferramenta eletrônica. O Lácio Web é um site com um corpus contemporâneo
subdividido em subcorpora que representam vários gêneros e tipos textuais. O
Lácio-Web é um projeto de 30 meses de duração financiado pelo CNPq, iniciado em
janeiro de 2002, com parceria entre Núcleo Interinstitucional de Linguística
Computacional, localizado no ICMC-USP, IME (Instituto de Matemática e Estatística)
e FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas).
2.2.2 Linguística de Corpus e ferramentas computacionais
A LC necessita da tecnologia, pois ela possibilita tanto o armazenamento
como a exploração dos corpora por meio das ferramentas computacionais. Abaixo
algumas das ferramentas computacionais foram destacadas (SARDINHA, 2004,
p.15):
• 1970. TAGGIT, o primeiro etiquetador morfossintático para computador. • 1979. CLAWS, o etiquetador mais famoso em utilização, usado para anotar o
BNC. • 1987. TACT. Um dos programas pioneiros para microcomputadores. • 1993. MICROCONCORD. O mais famoso, simples e robusto programa de
concordância para microcomputadores até hoje. • 1995. WORDSMITH TOOLS. O mais completo e versátil conjunto de
ferramentas para LC. Mais recentemente, temos visto o aumento do uso do programa AntConc,
uma ferramenta de concordância disponível gratuitamente. Este programa foi
desenvolvido pelo prof. Laurence Anthony, britânico que é professor na faculdade de
Ciências e Engenharia na universidade de Waseda no Japão. Seus principais focos
24
de pesquisa são a tecnologia educacional, a linguística de corpus e o
processamento da linguagem natural.
2.3 Diálogo entre Terminologia e Linguística de Corpus
Podemos dizer que a Terminologia estuda os termos, e textos em que há
termos. Esta ciência distingue entre o que é texto terminológico e o que é texto
discursivo. Por outro lado, a Linguística de Corpus acredita que é imprescindível
estudar ou pesquisar os usos extensivos da língua e a partir disso tirar explicações e
sistematizações. É preciso “por a mão na massa” e não simplesmente teorizar sobre
a língua sem nunca tocar nela. Portanto, os usuários de diversas áreas do
conhecimento perceberam a necessidade de uma ferramenta com recursos de
pesquisa baseado na linguagem ou língua que está sendo usada por especialistas
de áreas específicas. Dessa forma, a LC tornou-se fundamental para a pesquisa em
Terminologia e outras áreas. Aqui Biderman citado por Barros (2004, p.264) explica
que
os linguistas constataram a importância de consultar um corpus para testar hipóteses ou fornecer evidências na pesquisa linguística. Por isso, pouco a pouco, começou a febre da construção de imensos corpora das mais diversas línguas modernas e antigas [...] O corpus veio possibilitar um confronto entre a teoria e os dados empíricos da língua. De fato, o corpus pode mostrar como funciona uma língua natural em escala reduzida.
Nos últimos anos, a LC se tornou muito importante para o desenvolvimento do
estudo nessa área, e a Terminologia e a LC têm caminhado juntas, desenvolvendo
um diálogo. Para Finatto (2004, p. 98), “a Terminologia e Linguística de Corpus têm
dialogado em torno de um objeto comum, o texto técnico-científico e seu léxico, os
quais são objeto de exploração com apoio informatizado”. Ou seja, a linguagem
técnico-científica tem sido o principal ponto de encontro entre essas duas áreas.
Finatto ainda comenta que apesar destas áreas terem coisas em comum, precisa
haver um terceiro elemento, segundo ela este é a enunciação, que terá a função
catalizadora: “trata-se do reconhecimento das sistemáticas e das especificidades de
usos da linguagem por parte de um grupo social composto por tecnólogos e
cientistas que têm como fim comunicação, representação e produção de
conhecimentos” (FINATTO, 2004, p. 99). De qualquer forma, mesmo a Terminologia
25
e a LC sendo matérias transdisciplinares, o desenvolvimento deste diálogo ainda é
tímido, pois a Terminologia não abre mão de seu foco que são os termos na
linguagem técnico-científica e a LC não se afasta de observações linguísticas mais
gerais.
Apesar de algumas dificuldades mencionadas acima, o diálogo entre a
Terminologia e a Linguística de Corpus é saudável e benéfica porque abre um
espaço para o reconhecimento e observação do termo em seu ambiente natural, e o
termo não será avaliado apenas como termo, mas como parte de um enunciado,
levando em consideração as partes envolvidas.
26
3 TERMINOLOGIA, TRADUÇÃO E LINGUÍSTICA DE CORPUS
No capítulo 2, traçamos um panorama geral da Terminologia, da Linguística
de Corpus, e de sua relação. Agora, neste capítulo, trataremos das relações entre
Terminologia, tradução e Linguística de Corpus. Os estudos terminológicos têm se
tornado fundamentais para os profissionais da tradução. Sabemos que a
terminologia tem o papel de embasar a organização de glossários que facilitam a
consistência e a padronização de termos em áreas específicas.
É muito importante para o tradutor, especialmente o tradutor técnico, ter
conhecimento aprofundado em sua área de especialização. Maillot (1969, p. 7)
corrobora esta afirmação, ao declarar que a “insuficiência do contexto exige, então,
do tradutor a inteligência perfeita do assunto. Teremos mais de uma vez a ocasião
de insistir na necessidade, para o tradutor técnico, de acumular conhecimentos
extensos, tanto do setor técnico como no setor linguístico”. Mas a realidade é que
muitos dos tradutores não são especializados, e por isso a necessidade do uso de
glossários e dicionários terminológicos. Esses instrumentos são de grande utilidade
para o tradutor que de uma semana para outra precisa montar glossários para
traduzir um texto de uma área em que nunca trabalhou. Esses instrumentos têm
ajudado o tradutor, contribuindo para maior rapidez na realização de suas tarefas e
para uma produção de maior qualidade.
3.1 Terminologia e Tradução
O estudo da terminologia é bem recente, começou a se estabelecer na
segunda metade do século XX, conforme já discutido. Já os estudos de tradução,
contrariamente, possuem uma larga tradição. Mas a relação entre essas duas áreas
é bastante recente, pois surgiu em demanda à globalização que passou a exigir uma
maior quantidade de tradução de textos científicos e tecnológicos. Cabré (1999,
p.177) salienta a importância desse encontro, explicando que a área ainda tem muito
a crescer:
Nenhum especialista minimamente informado em linguística aplicada põe em questão, hoje em dia, que entre a tradução especializada e a terminologia existe uma relação evidente e inevitável, mas sem
27
dúvida, se estudou muito pouco sobre as características e motivações dessa relação e menos ainda se estabeleceram seus limites.
Os caminhos da Tradução e da Terminologia “encontram seu ponto de
intercessão na tradução de textos especializados” (RAMOS, 2001, p. 165). Os
profissionais de cada área transmitem o seu conhecimento por meios da linguagem
especializada, e um tradutor especializado também deve ter um conhecimento
profundo da área de sua especialidade. O tradutor especializado deve “converter-se
igualmente em especialista”, acrescenta Ramos (idem). O profissional de tradução
será a ponte que ligará profissionais que trabalham em um determinado idioma a
profissionais que trabalham em outro idioma.
Krieger (2001) comenta que o uso da terminologia é um recurso para tornar a
comunicação “unívoca” e mais eficaz. O interesse maior dos tradutores pela
terminologia é enquanto conjunto dos termos de uma área, para que possam assim
estabelecer equivalentes terminológicos em seu texto de partida. Os tradutores não
são terminólogos, são vistos apenas como usuários indiretos. A terminologia tem
uma interface muito produtiva, que é usada por muitas outras áreas. Ao tradutor lhe
interessa “a tradução adequada e o tratamento correto do termo e das fraseologias”
(KRIEGER, 2001, p. 157).
Ambas as ciências surgiram da prática, “da necessidade de expressar um
pensamento especializado ou de resolver um problema de compreensão” (CABRÉ,
1999, p. 178). Ou seja, podemos ver a dimensão comunicativa das áreas, sabendo
que seu principal objetivo é facilitar a comunicação com especialistas. Porém,
podemos perceber que uma diferença evidente entre estas áreas é que a tradução
tem um caráter finalista enquanto a terminologia não o tem; é apenas uma
ferramenta para outros fins. Conforme Krieger (2001, p. 159): “a tradução constitui
uma finalidade nela mesma ao produzir um texto em outra língua; enquanto a
terminologia aplicada, ao elaborar obras de referência, oferece instrumentos
pragmáticos que se constituem meios para facilitar o trabalho de tradutores”.
Essa citação é valiosa, pois mostra que o tradutor é autônomo, e seu
conhecimento é mais que fundamental e necessário para uma boa tradução. O
tradutor se vale de glossários e dicionários para ter uma maior compreensão da
natureza daquilo que está traduzindo e dos termos técnicos que está usando. Por
estar sempre por dentro da linguagem de especialidades, mesmo não o sendo, o
28
tradutor também pode torna-se um terminológo, pois conhece os termos e seus
equivalentes dentro de uma determinada área do conhecimento e pode também
usar a terminologia como ferramenta criativa para criar novos termos adequados as
suas necessidades. Desta forma, para Ramos (2001, p. 166) o
tradutor pode se converter em um produtor de terminologia, para si mesmo e para outros tradutores, já que, conhecendo bem as necessidades terminológicas da tradução, pode elaborar vocabulários pertinentes na seleção de entradas e nas informações necessárias.
Atualmente muitos profissionais da tradução têm se beneficiado dessa valiosa
ferramenta para o aprimoramento de seu trabalho; fazendo uso da natureza
simbiótica que essas áreas assumem quando utilizadas conjuntamente. Além disso,
tanto a tradução como a Terminologia possuem uma natureza interdisciplinar.
Podemos afirmar isso porque ambas se valem de conhecimentos de outros campos
do saber, e desta forma se aprofundam na área que tem interesse.
Levando em consideração os fatos apresentados acima, observamos que a
relação entre a Terminologia e a Tradução tem sido positiva, uma vez que as
pesquisas na área de terminologia oferecem ao tradutor não apenas materiais
necessários para o seu trabalho, mas também o conhecimento aprofundado sobre
como funcionam as linguagens e os recursos que podem ser utilizados para uma
otimização de seu trabalho. Vemos, portanto, que essas duas áreas se
complementam, e o diálogo entre elas, pelo menos no Brasil, tende a aumentar.
3.2 Tradução e Linguística de Corpus
Assim como a Terminologia, a Linguística de Corpus também tem sido muito
relevante no desenvolvimento da pesquisa e do trabalho do tradutor. A partir do
resultado das pesquisas que têm sido feitas na área de terminologia, o tradutor já
conta com muitos glossários e dicionários especializados. Mas para fazer uma boa
tradução, o profissional não pode levar em consideração apenas a tradução de
termos isolados, há todo um contexto que vem também a definir o significado. É
justamente nesse ponto que a LC tem muito a oferecer ao tradutor, pois por meio
dos corpora, o tradutor pode usufruir de uma fonte de pesquisa que possa prover
informações linguísticas relevantes. Por essa razão a LC, cujo princípio básico é
analisar a língua como ela realmente é usada, tem se tornado essencial.
29
O grande impulso inicial na pesquisa em tradução com corpora foi dado por
Mona Baker, em várias publicações (Baker, 1995, 1996, 1998, 1999). Atualmente, o
estudo da tradução por meio da LC é uma das linhas de pesquisa mais atuantes.
Huston (2002) citado por Sardinha (2004, p. 15) acredita que:
Os Corpora têm mais a oferecer aos tradutores do que se pode perceber à primeira vista. Não apenas eles podem fornecer evidência de como as palavras são usadas e que traduções para uma dada palavra ou frase são possíveis, mas também fornecem uma visão do processo e da natureza da própria tradução (Nossa tradução – N.T.).2
O próprio Sardinha (2003, p. 70) explica que “a organização da linguagem é
muito mais complexa do que o suposto, ficando claro que a utilização de corpora, de
certa forma, deixou de ser uma opção para investigações na área”, passando a ser
uma necessidade, uma ferramenta fundamental para o trabalho do tradutor. Por
essas razões cada vez mais a LC tem sido usada no trabalho de tradução.
Outra conclusão que pode ser tirada das citações acima é a de que a intuição
humana é muito inexata, e a LC proporciona um meio para que tal intuição seja
avaliada e provada em um grande corpus. Analisando as ocorrências de um termo
em um corpus que contém textos escritos na língua “como ela é”, o tradutor tem
maior segurança de estar fazendo uma tradução mais acertada.
Com a LC, é possível fazer uma análise bidirecional de termos no contexto
em que são usados, desta forma, eliminando possíveis dúvidas quanto a qual seria o
termo mais apropriado para a tradução. Os corpora têm muito a oferecer aos
profissionais de tradução “porquanto fornecem evidências de como as palavras são
empregadas, das possibilidades de como é traduzido um dado termo ou segmento
textual” (CAMARGO, 2008, p.4). Sardinha (2002) cita Togninni-Bonelli (2002, p. 81)
ao afirmar que “o uso de um corpus de tradução... nos dará um conjunto possível de
pares de tradução que já foram identificados e usados por tradutores; em outras
palavras, comprovados pelo uso autêntico em traduções” (N.T)3
É importante notar que a LC tem se tornado muito importante para que o
tradutor venha a realizar um bom trabalho. Um exemplo dessa utilidade é o corpus
2Corpora ... have more to offer translators than might at first sight be apparent. Not only can they provide evidence for how words are used and what translations for a given word or phrase are possible, they also provide an insight into the process and nature of translations itself. 3The use of a translation corpus ... will ... provide us with a set of possible translation pairs that have already been identified and used by translators, in other words, verified by actual translation usage.
30
paralelo COMPARA, que possui cerca de dois milhões de palavras de textos
literários, alinhando os textos originais em língua inglesa e em língua portuguesa às
respectivas traduções. Este corpus pode ser consultado na Internet para tirar
dúvidas nas questões gramaticais, de estilo, marcas culturais e as diferentes
soluções encontradas pelos tradutores das obras, por exemplo.
Existem também os corpora comparáveis que relacionam textos de um
determinado tema em ambas as línguas para que possam ser feitas comparações
sintáticas e lexicais. As ferramentas mais usadas atualmente como o WordSmith
Tools e o AntConc, também possibilitam que o tradutor examine a traduções de
frases, colocações e expressões para que o texto fique o mais natural possível.
Tagnin (2002, apud RIBEIRO, 2008, p. 164) ressalta a importância do uso dessas
ferramentas para produzir um texto fluente e natural:
Por estranho que pareça, mesmo como falante nativo da língua alvo, o tradutor pode ter problemas no nível da produção para conseguir soluções naturais, caso se atenha tanto ao texto de partida a ponto de não perceber que, entre formas igualmente gramaticais, uma delas é de uso mais corrente. Em outras palavras, pode não se dar conta de que, dentro de uma gama de formas gramaticalmente possíveis, há certas formas que têm uma probabilidade maior de ocorrerem.
Embora haja um grande potencial para o uso de corpora no campo da
tradução, a pesquisa nessa área é ainda escassa; desenvolvendo-se timidamente.
Por essas razões, espera-se que as pesquisas tanto na área de Terminologia como
de LC, e de tradução e suas relações, venham crescer e aumentar a produtividade e
qualidade do tradutor em seu trabalho.
31
4 ELLEN G. WHITE E A MENSAGEM DE SAÚDE
4.1 A autora
Ellen Gould White (EGW), nascida em 1827 em Maine nos Estados Unidos,
foi uma escritora muito prolífica, com mais de quarenta livros e cinco mil artigos
escritos. Ela abordava assuntos como religião, educação, saúde, relações sociais,
evangelismo, profecias, trabalho de publicações, nutrição e administração. Dentre
os livros, alguns têm natureza devocional e outros foram compostos a partir de
inúmeras cartas pessoais, repletas de conselhos, que ela escreveu ao longo dos
anos. Hoje em dia, incluindo compilações de seus escritos, mais de 150 livros estão
disponíveis em inglês e cerca de 90 em português. Caminho a Cristo, um dos seus
livros mais importantes, que trata do sucesso na vida cristã, já foi publicado em mais
de 150 línguas fazendo dela uma das escritoras mais traduzidas na história da
literatura (WHITE, A.). Seus escritos são aceitos pela Igreja Adventista do Sétimo
Dia como inspirados por Deus e como mensagem direta para seu povo. Acreditam
que ela “foi apontada por Deus para ser uma mensageira especial a fim de atrair a
atenção de todos para as Santas Escrituras, e para ajudá-los a se prepararem para
a segunda vinda de Cristo” (WHITE, A.). Por isso seus escritos são de tanto valor
para os membros da Igreja Adventista. Foi casada com James White e teve quatro
filhos. Ela faleceu aos 87 anos em 1915, em Elmshaven, Califórnia.
4.2 A mensagem de saúde nos escritos de Ellen White
Entre os temas mais abordado por EGW em seus escritos é o assunto de
saúde. Ela compreendia a imagem bíblica da unidade do corpo, da mente, e do
espírito. Para uma que houvesse uma interação entre os três, era necessário que
cada parte estivesse saudável. Para que as pessoas possam desenvolver um
melhor relacionamento com Deus é fundamental que estejam saudáveis. Por isso a
maior preocupação da mensagem de saúde é eliminar o impacto negativo que os
maus hábitos de saúde podem causar na vida espiritual. Na passagem a seguir ela
explica por que achava essa mensagem de saúde tão pertinente:
32
Na revelação que me foi concedida tanto tempo atrás, foi-me mostrado que a intemperança prevaleceria no mundo numa proporção alarmante e que cada um que pertence ao povo de Deus deve tomar uma elevada posição quanto à reforma dos hábitos e práticas. [...] O Senhor expôs perante mim um plano geral. Foi-me mostrado que Deus daria ao Seu povo que guarda os Seus mandamentos uma reforma alimentar, e que quando eles a recebessem, suas enfermidades e sofrimentos deveriam diminuir grandemente. Mostrou-se-me que essa obra progrediria (WHITE, 1991, p. 531).
Podemos ver que Deus revelou por intermédio de Ellen White que os
princípios de saúde eram muito importantes pois o corpo é o templo do espirito santo
e é unicamente pela mente que Deus pode se comunicar com o ser humano. E para
poder ouvir a Deus e fazer o seu serviço, o ser humano deve estar com saúde plena.
Os ensinos por ela transmitidos iam muitas vezes contra a medicina da
época: no seu tempo, enfatizou os perigos do tabaco, chá e café e princípios que
incentivavam uma dieta vegetariana e o domínio próprio para evitar excessos no
comer. Outros conselhos incluem beber muita água, fazer exercício físico, respirar ar
puro e evitar drogas prejudiciais à saúde. Fala também da importância de aprender a
cozinhar alimentos saudáveis e da influência que isso pode trazer para as pessoas.
Estes são conselhos para o benefício próprio do indivíduo.
Mas, a mensagem de saúde também se preocupa com a saúde e o bem-estar
do próximo. Outro ponto muito importante na mensagem de saúde da escritora era o
estabelecimento de sanatórios e hospitais e do trabalhado de médicos como
missionários para levar a saúde a outras pessoas. A autora acreditava que o
estabelecimento destas coisas era “o meio que Deus usaria para levar o Seu povo a
uma compreensão correta com respeito à reforma de saúde” (WHITE, 1991, p. 531).
EGW e seu esposo foram fundadores das primeiras instituições de saúde da
organização adventista, como o Western Health Reform Institute in Battle Creek,
Michigan em 1866.
Vemos, portanto, que esta era uma mensagem completa e muito significante
em sua época e continua sendo hoje. Entre os principais livros de saúde da autora
sobre saúde, encontramos os seguintes:
33
LIVRO ANO DE
PUBLICAÇÃO
Christian Temperance and Bible Hygiene 1890
Healthful Living 1897
The Ministry of Healing 1905
Counsels on Health 1923
Medical Ministry 1932
A Call to Medical Evangelism and Health Education 1933.
Counsels on Diet and Foods 1938
Temperance 1949
The Health Food Ministry 1970
Tabela 1 – Livros de saúde da escritora Ellen G. White e suas datas de publicação.
Para este trabalho escolhemos apenas dois livros na área de saúde para
compor nosso corpus. Os livros escolhidos foram The Ministry of Healing e Counsels
on Health para o corpus em inglês e suas respectivas versões em português A
Ciência do Bom Viver e Conselhos sobre Saúde para o corpus em português.
34
5 METODOLOGIA
Este trabalho segue os padrões da pesquisa explicativa, visto que tentamos
identificar as variáveis que determinam a ocorrência da falta de padronização nas
traduções de uma obra de Ellen G. White, e assim explicar a razão do fenômeno. A
nossa metodologia de pesquisa está fundamentada na Linguística de Corpus e nos
estudos terminológicos, seguindo seus procedimentos metodológicos, com objetivo
final de desenvolver uma amostra de glossário.
5.1 Seleção do corpus
Como nossa proposta é estabelecer uma padronização de termos de uma
autora específica e, em uma área específica, escolhemos dois livros da autora Ellen
G. White na língua original; o inglês norte-americano e suas respectivas traduções
para o português do Brasil.
Para formar o corpus de língua inglesa (LI) foram escolhidos os seguintes
livros: Counsels on Health, publicado em 1923, com conselhos sobre dieta, atividade
física, conselhos aos sanatórios, médicos, enfermeiras e trata também de princípios
de vida saudável; The Ministry of Healing, publicado em 1905, cujo conteúdo traz
instruções sobre os princípios de vida saudável, remédios naturais, sobre o cuidado
com os doentes, uma vida cristã positiva e comenta também a importância de
ministrar aos outros esses conhecimentos.
Para o corpus de língua portuguesa (LP), escolhemos as respectivas
traduções destes mesmos livros: Conselhos sobre saúde, traduzido por Almir A. da
Fonseca e publicado em 1991 e A ciência do bom viver, traduzido por Carlos A.
Trezza, publicado em no Brasil em 1994.
5.2 Compilação, manipulação e organização do material
Os textos em inglês e português que compõem o corpora foram retirados do
site EGW Writings (https://egwwritings.org/) que disponibiliza eletronicamente todas
35
as obras da escritora em várias línguas. Os livros escolhidos para comporem o
corpora foram copiados por inteiro para um arquivo de Word, um arquivo para cada
língua, e salvos em formato .txt. Tanto o corpus em língua portuguesa (LP) quanto o
de língua inglesa (LI) são compostos por cerca de 300 mil palavras. Em
representatividade e número de palavras, conforme a tabela de classificação de
Sardinha (2004), este corpus se enquadra na categoria “Médio”.
5.3 Tratamento do Corpus
Para o tratamento e a análise do corpus usamos o software gratuito AntConc
versão 3.3 para Macintosh que pode ser obtido na internet no endereço
(http://www.antlab.sci.waseda.ac.jp/software.html). Este software possui
concordanciador, ferramenta muito útil, pois permite encontrar resultados de maneira
simples por meio de uma busca com concordâncias, pesquisa por palavras-chave,
pela lista de palavras, e também é possível criar e salvar lista de palavras, etc. (ver
Figura 1).
Figura 1 – Tela principal do AntConc
36
Figura 2 – Tela do AntConc com a opção “Word List” ativa.
Figura 3 – Tela do AntConc com a opção “Concordance” ativa.
37
Figura 4 – Tela do AntConc com a opção “Clusters/N-Grams” ativa.
5.4 Pesquisa de um corpus de conteúdo especializado
A fonte de amostra para o corpus usada na compilação do glossário proposto
são dois livros da autora EGW no idioma inglês e suas traduções para o português
brasileiro, escritos por uma nativa norte-americana e traduzidos por brasileiros
nativos. Estes livros formam o corpus para a compilação do glossário específico da
autora. A partir desta análise, elaboramos uma lista de verbetes a partir dos escritos
de EGW na área de saúde na língua de partida (LI) e seus correspondentes na
língua de chegada (LP), assim como apresentar exemplos reais do uso dos verbetes
listados, tanto na língua de partida quanto na de chegada.
A seguir a tabela com as palavras mais frequentes no corpus em língua
portuguesa com os termos destacados em negritos:
40
5.5 Candidatos a termo
O primeiro passo na organização de um glossário é a importação do corpus
selecionado para o programa. Em seguida, usa-se uma lista de “stop words”, que
consiste de uma lista de palavras irrelevantes para a busca de termos, constituída
por artigos, preposições, isto é, palavras de ligação. Depois acessamos a opção
“WordList” para gerar a lista de palavras. A partir desta lista e da opção “Clusters”, o
usuário fará a análise. Com base na frequência de uso tanto na WordList como nos
Clusters, que apresentam uma palavra específica ou um sintagma nominal com as
palavras que estão antes ou depois dela, o usuário seleciona quais palavras ou
expressões são termos da área e, portanto, devem constar no glossário.
O passo seguinte foi a seleção dos termos para posterior cotejo e definição
dos possíveis termos usando um corpus genérico (chamado corpus de referência) e
também outro de domínio especializado, usando-se o recurso “WordList” do
programa. Faz-se, então, uma comparação entre os dados das duas listas. As
palavras que forem comuns em ambas as listas, devem ser desconsideradas.
Assim, as palavras que não se repetem nos dois corpora são de domínio
especializado e candidatas a termo no glossário especializado.
Além dos passos mencionados acima, outro fator de grande influência na
decisão dos termos é o conhecimento de termos na área de saúde derivado de
frequentes leituras e traduções de textos especializados.
Para fins de exemplificação, o termo “saúde” é apresentado contextualizado
no corpus em LP:
41
Figura 5 – Tela do AntConc com termo “saúde”
O termo “saúde” do corpus em LP aparece em 13° na lista com 770
ocorrências.
Figura 6– Tela do AntConc com o termo “health”
42
O termo correspondente em LI “health” mostrado na figura acima aponta na 7°
posição do corpus com 819 ocorrências.
Vejamos agora o termo “saúde” em seu contexto no corpus em LP:
Figura 7 – Tela do AntConc com o termo “saúde” contextualizado.
Conforme amostra contextual verifica-se que o termo “saúde” apresenta-se
como sintagma nominal, como por exemplo: “princípios de saúde”, “leis de saúde”, e
“reforma de saúde”, entre outros, que são termos bastante usados pela autora e
possuem significados distintos que simplesmente “saúde”, e, portanto, devem
constar no glossário especializado. A opção “Clusters” é uma boa ajuda para
encontrar os sintagmas.
Vejamos abaixo seu correspondente em LI contextualizado no corpus em LI:
43
Figura 8 – Tela do AntConc com termo “health” contextualizado.
Na amostra textual em inglês, pode-se encontrar o termo central, como
sintagma nominal: “health reform”, “moral health” e “laws of health”. Da mesma
forma como em português, estes sintagmas devem ser incluídos na lista de
candidatos a termos na área de saúde, considerando sua frequência de uso e
colocação em outros termos.
44
Figura 9 – Tela do AntConc com o termo “health” na opção “Clusters”.
Como vemos na figura acima, a opção “Clusters” é muito útil para encontrar
termos compostos e uma opção mais rápida do que procurar os termos por seu
contexto.
5.6 Decisão da autora para candidato a termo
Com base nos dados apresentados acima, a autora deste trabalho concluiu
que o método adequado para a seleção das entradas que constarão na amostra de
glossário devem ser os itens lexicais portadores de sentido mais frequentes e
específicos da área de saúde.
5.7 Formato
Ao considerarmos que estamos na era da informação, em que a grande
maioria das pessoas dispõe de recursos digitais, recomenda-se que novos
dicionários e glossários terminológicos sejam disponibilizadas em formato digital, e
até mesmo online. Sugere-se por exemplo, um glossário especializado, da escritora
45
EGW, na área de saúde que poderá ser usado como ferramenta de consulta por
profissionais de tradução, sendo uma das propostas deste trabalho. A
disponibilização de glossários em formato digital é aconselhável para uso por
especialistas ou tradutores que têm como ferramenta indispensável de trabalho, o
computador. Outra vantagem do glossário digital é a facilidade e rapidez na
localização de um termo se comparado a glossários impressos, bastando que o
profissional da tradução utilize a ferramenta de busca de termos específico
disponível nos softwares de leitura de glossários.
46
6 CONSIDERAÇÕES DECORRENTES DA ANÁLISE
Depois da análise do corpus em português e inglês, encontramos várias
inconsistências nas traduções de termos iguais. Para a grande maioria dos termos
encontramos mais de uma tradução para o mesmo, mostrando assim muita
inconsistência nas traduções. Disponibilizamos uma tabela com os temos em inglês
e todas as equivalências ou inconsistências da tradução para o português, que se
encontra no Apêndice deste trabalho. Essas inconsistências variaram de
inconsistências de pequena gravidade, como o uso das preposições “de” e “da” a
inconsistências mais graves. Ao se comparar com a tradução, estas preposições
junto ao termo “health principles” apresentaram variações, como por exemplo,
“princípios de temperança” e “princípios da temperança”. Observou-se que há falta
de padronização mais comprometedora nas traduções do sintagma “wholesome
food”, que foi traduzido pelo menos de três maneiras diferentes: “comida saudável”,
“alimentos sãos” e “alimentos saudáveis”; interessante ressaltar que, por outro lado,
o termo “health foods”, de fato deve ser traduzido como “alimentos saudáveis”, o que
é diferente de “wholesome food”. Estas variações justificam a necessidade de
organização de glossários na área, o que seria muito produtivo e evitaria esse tipo
de inconsistências. Notamos, portanto, que um glossário especializado garante a
consistência e a qualidade do trabalho realizado, também facilitando a seleção e
escolha do termo a ser usado. Como exemplos, apresentamos abaixo alguns
excertos que apontam para esta falta de padronização.
6.1 Variantes de tradução para o termo “healing balm”
O termo “healing balm” aparece no corpus em inglês seis vezes, e no corpus
em português encontramos seis traduções diferentes para o mesmo termo,
apontando mais uma vez para a falta de padronização deste termo. Observemos as
diferenças:
Original em inglês (OI): 1. We should let the afflicted understand that in Him there is healing balm for every disease.
47
2. ...but find a healing balm for their sin-sick souls. 3. …he may bring to the suffering ones a healing balm. 4. …he may carry the true healing balm to the sin-sick soul. 5. In Him there is healing balm for every disease, restoring power for every infirmity. Tradução (T): 1. Devemos fazer com que os aflitos entendam que nEle há bálsamo para todas as doenças. 1a. Devemos fazer com que o aflito entenda que nEle há bálsamo curador para cada doença. 2. ...mas encontram o bálsamo sanador para sua alma enferma pelo pecado. 3. ...pode ele levar aos sofredores o bálsamo que sara. 4. ...pode levar o verdadeiro bálsamo restaurador à alma enferma pelo pecado. 5. NEle há bálsamo curativo para toda doença, poder restaurador para toda enfermidade. Observemos que no fragmento 1 e 1a, a sentença em inglês era exatamente a
mesma. Na primeira, o termo “healing balm” foi traduzido apenas como “bálsamo”;
enquanto que na segunda, foi traduzido como “bálsamo curador”. Este é um
exemplo claro, portanto, que demonstra a inconsistência na tradução de um mesmo
termo.
6.2 Variantes de tradução para o termo “poor cookery”
Este termo aparece apenas três vezes no corpus e foi interessante notar que
este foi traduzido de três maneira distintas.
OI: 1. The victims of poor cookery are numbered by thousands. 2. Many souls are lost as the result of poor cookery. 3. Poor cookery is wearing away the life energies of thousands.
T:
1. As vítimas da deficiência culinária contam-se aos milhares 2. Muitas almas se perdem em razão de um errôneo modo de preparar os alimentos. 3. A cozinha pobre está consumindo as energias vitais de milhares.
48
Podemos perceber na traduções, mais uma vez, as inconsistências nas traduções,
Em especial, na tradução 2 percebemos que o tradutor não usou um termo
equivalente e sim fez uma explicação do termo para tentar passar o significado,
6.3 Variantes de tradução para o termo “sickbed”
OI:
1. This is important to sickbed attendants, especially if the friends of the sick... 2. On the sickbed Christ is often accepted and confessed... 3. We have united in earnest prayer around the sickbed of men, women, and children... 4. The mother watching by the sickbed of her child... 5. We shall find His footprints beside the sickbed... 6. When a physician comes to the sickbed...
T:
1. Isto é importante para as atendentes de pessoas enfermas, especialmente se os amigos do doente 2. No leito de enfermidade Cristo é com frequência aceito e confessado; 3. Temo-nos reunido em fervorosa prece ao redor do leito de dor de homens, mulheres e crianças.. 4. A mãe que vela junto ao leito de dor de seu filho... 5. Encontraremos Suas pegadas ao pé do leito dos doentes... 5a. Acharemos os vestígios dos Seus passos ao lado do leito do enfermo... 6. Quando um médico se aproxima do leito de um doente...
A partir do que observamos acima, declaramos que não estamos julgando os
tradutores, nem considerando “erro” algumas variantes escolhidas, já que este não é
o escopo do nosso trabalho. Entretanto, em alguns casos podemos dizer que
algumas escolhas não parecem adequadas ao contexto em que se inserem. Além
disso, detecta-se que as inconsistências poderiam ser evitadas caso se trabalhasse
com memórias de tradução (Wordfast, Trados, Translation Manager, entre outros) ou
se os tradutores tivessem à disposição glossários previamente organizados para
auxiliar neste processo.
49
A boa notícia é que quem traduz não precisa mais se preocupar com essas
inconsistências, uma vez que os gerenciadores terminológicos e a Linguística de
Corpus estão no mercado para facilitar, agilizar e padronizar o trabalho do
profissional de tradução.
50
7 APRESENTAÇÃO DO MODELO DE GLOSSÁRIO
Para a apresentação do modelo, destaca-se aqui a palavra “sanatorium”, seu
equivalente em português com base na análise do corpus e a definição entre eles:
Inglês Definição Português
Sanatorium Instituição para doentes em tratamento ou
convalescença, comuns no século XIX.
Sanatório
Tabela 4: Amostra de verbete do glossário técnico bilíngue Inglês > Português na área da
saúde com base nas obras de EGW
7.1 Ordem das entradas
A classificação de entradas em um glossário pode ser feita de duas formas:
pela ordem alfabética ou por conteúdo. Barros (2004) afirma que a disposição dos
verbetes em ordem alfabética tem sido o modelo mais aceito pelo consciente
coletivo do leitor. Por essa razão é o modelo adotado pelos dicionários, uma vez que
simplifica a localização do termo pelo usuário E também será adotado no presente
trabalho.
7.2 Critérios de qualidade
Segundo Rosseau (apud AZEVEDO, 2011, p.41) e os princípios
metodológicos do trabalho terminológico definem algumas regras a serem seguidas
para a garantia de um trabalho de qualidade:
• Acessibilidade: o usuário deve poder encontrar rapidamente a terminologia
apropriada às suas necessidades e adaptada ao nível e à situação de
comunicação;
• Atualidade: qualquer que seja o domínio ou o campo de experiência, o locutor
deve poder utilizar uma terminologia atualizada;
51
• Confiabilidade: o usuário deve utilizar uma terminologia reconhecida pelos
seus pares e pelo meio profissional ao qual ele se dirige, se quiser comunicar
de forma eficaz.
52
8 AMOSTRA DE GLOSSÁRIO
Este subtópico apresenta o resultado do cotejo e análise dos dados do corpus
em LI e do corpus em LP, tendo como resultado um glossário com termos
selecionados em inglês e sua respectiva tradução para o português, acompanhado
de sua descrição.
Apresentamos uma tabela com três entradas: a entrada em inglês, a sugerido
uma definição para cada termo, seguindo o critério descrito acima, e sua respectiva
tradução.
8.1 Entradas em inglês numeradas e organizadas em ordem alfabética, seguidas de suas respectivas traduções e definições: n° INGLÊS DEFINIÇÃO PORTUGUÊS
1 Active exercise
Exercício físico vigoroso no qual a
pessoa faz uso da própria força
muscular.
Exercício ativo
2 Beauty of
character
Qualidade agradável a Deus, como
fruto da operação do Espírito Santo
na alma de uma pessoa.
Beleza de caráter
3 Beloved physician
Referência a Lucas, escritor da
epístola de Lucas, chamado pelo
apóstolo Paulo de “médico amado”
(Colossenses 4:14).
Médico amado
4 Benumbed
sensibility
Embotamento/entorpecimento das
capacidades sensitivas do indivíduo
em todos os níveis.
Sensibilidade
embotada
5 Blood-making
organs
Órgãos do corpo responsáveis pela
produção de sangue no organismo
humano.
Órgãos produtores
de sangue
53
6 Brain nerve power
Força ou poder dos nervos cerebrais
capaz de controlar todas as ações de
um indivíduo.
Energia nervosa
do cérebro
7 Brain workers
Pessoas com pesado esforço mental,
exigindo mais do que podem do
cérebro e sem preocupação com
exercício físico.
Obreiros
intelectuais
8 Burden bearer
Indivíduo à disposição para carregar
os fardos de outros, com amor e
responsabilidades e sem queixumes.
Jesus Cristo é o maior exemplo.
Portador de fardos
9 Care for the sick Ato de prestar cuidados aos
enfermos.
Cuidado dos
doentes
10 Cheerful spirit Senso ou espírito de alegria,
contentamento e ânimo. Espírito alegre
11 Circulation of the
blood
Movimento do sangue do coração
para o sistema de veias e artérias do
corpo humano.
Circulação do
sangue
12 Condition of health Situação da saúde na qual se
encontra uma pessoa. Estado de saúde
13 Constant
communion
Tempo gasto diariamente em
comunhão com Deus e
aprofundamento do relacionamento
com Ele.
Comunhão
constante
14 Control of reason Domínio ou poder sobre a mente e
de tomada de decisões. Controle da razão
15 Cooking schools Escolas especializadas no ensino da
arte culinária saudável.
Escolas de arte
culinária
54
16 Correct habits
Costume formados a partir de
escolhas corretas, em conformidade
com a vontade de Deus.
Hábitos corretos
17 Degenerate age
Época de costumes corrompidos e
depravados. A autora se refere a
época em que vive no final do século
XIX início do século XX.
Era degenerada
18 Degradation Perda de qualidades; desgaste;
deterioração. Degradação
19 Diet Conjunto de alimentos consumidos
habitualmente por uma pessoa. Regime alimentar
20 Digestive organs Órgãos responsáveis pela digestão
dos alimentos. Órgãos digestivos
21 Diseased bodies Corpos em se encontram doentes ou
enfermos. Corpos enfermos
22 Drunkenness
Estado de excitação e
descoordenação dos movimentos
provocados pelo consumo exagerado
de bebidas alcoólicas.
Embriaguez
23 Evil habits Costumes errados, nocivos e
prejudiciais à saúde. Maus hábitos
24 Faculties of the
mind
Conjunto de recursos intelectuais e
psíquicos próprios da mente humana.
Isto é, a capacidade, disposição,
talento, dom, aptidão natural ou
adquirida de fazer alguma coisa.
Faculdades
mentais
55
25 Fermentation
Conjunto de reações químicas
controladas enzimaticamente, na
qual uma molécula orgânica é
degradada em compostos mais
simples, libertando energia, causada
pela indulgência no apetite.
Fermentação
26 Flesh meat
Alimento animal; tecidos musculares
dos animais usados como alimentos
por muitas pessoas.
Carne
27 Fresh air
Ar limpo sem impurezas causadas
pela poluição ou substâncias
prejudiciais. Proporciona o oxigênio
ideal para todo o organismo.
Ar fresco
28 General debility
Enfraquecimento orgânico,
acompanhado de prostração e
desânimo.
Debilidade geral
29 Gluttony
Ato de comer em demasia, em
excesso, ultrapassando o limite da
saciedade.
Gula
30 Good bread Referência ao pão integral, o qual
traz maiores benefícios à saúde. Bom pão
31 Great physician
Referência a Jesus, o grande
médico, realizador de muitas curas
tanto físicas como espirituais.
Grande médico
32 Healing balm
Resina aromática, ressumante de
certos vegetais com propriedades de
cura e alívio; usado também como
alusão ao conforto concedido por
Deus.
Bálsamo
restaurador
33 Health principles Guias revelados por Deus para
manter uma vida saudável.
Princípios de
saúde
56
34 Health reform
Correção dos maus hábitos para
promover uma vida saudável
seguindo os princípios de Deus,
achados na Bíblia.
Reforma de saúde
35 Healthful dress
Roupas com simplicidade natural,
asseadas, modestas e convenientes;
roupas que colaboram para a saúde.
Roupas saudáveis
36 Healthy condition Situação da saúde positiva, em boa
condição.
Condição
saudável
37 Heart of nature Parte mais importante ou central da
natureza; parte central; essência.
Coração da
Natureza
38 Impoverished diet
Escolhas de alimentos muito mal
preparados, com poucos nutrientes,
os quais não suprem o corpo dos
elementos necessários.
Regime
insuficiente
39 Laws of nature
Leis derivadas da natureza e
estabelecidas por Deus, exercendo
ação sobre o ser humano; fenômeno
observado da natureza humana
Leis da natureza
40 Liquor habit Tendência ao consumo de bebidas
alcoólicas. Hábito de beber
41 Living connection
Relação diária e ativa com alguém.
Neste caso, sempre é referencia ao
relacionamento vivo entre o ser
humano e Deus.
Relação viva
42 Living sacrifice
Termo de Romanos 12:1 onde Paulo
nos convida a sermos um sacrifício
vivo ao Senhor, ao honrá-lo com
nosso corpo e nossos talentos.
Sacrifício vivo
43 Mature age Época da vida de uma pessoa na Idade madura
57
qual já acumulou experiências de
vida, na qual possui mais maturidade;
idade avançada.
44 Meat eating Alimentar-se de comida proveniente
de animais. Comer carne
45 Medical missionary
work
Trabalho médico realizado com
intuito missionário para levar os
ensinos sobre vida saudável aos
outros.
Obra médico-
missionária
46 Mental labor Trabalho realizado somente com o
uso das capacidades mentais. Trabalho mental
47 Moral corruption Desvirtuamento de valores morais. Corrupção moral
48 Moral courage
Firmeza de espírito com relação aos
valores morais mesmo quando os
outros tem valores diferentes.
Coragem moral
49 Moral sensibilities Capacidade de percepção dos
valores morais.
Sensibilidades
morais
50 Night air
Vento da noite. Até o século XIX o
vento noturno era considerado
prejudicial a saúde, pois acreditavam
que trazia doenças. Esta crença
desapareceu com os avanços nos
estudos sobre as doenças.
Ar noturno
51 Outdoor life
Atividades realizadas fora de lugares
fechados, ao ar livre, em meio a
natureza.
Vida ao ar livre
58
52 Physical and moral
constitution
Conjunto de caracteres congênitos,
morfológicos, fisiológicos e mentais
de um indivíduo.
Constituição física
e moral
53 Physical disease Enfermidade do corpo Doença física
54 Physical labor
Ações realizadas com os músculos
do corpo; trabalho realizado com as
forças físicas
Trabalho físico
55 Physical powers Capacidade do corpo de realizar uma
tarefa. Poder físico
56 Poisonous
atmosphere
Atmosfera contaminada por poluição
e doenças capaz de causar doenças.
Atmosfera
venenosa
57 Poisonous drugs Substâncias tóxicas muito nocivas ao
corpo. Drogas venenosas
58 Poor cookery
Pouca ou falta da habilidade de
cozinhar; culinária pobre e deficiente,
levando a doenças em muitas
pessoas.
Culinária
deficiente
59 Powers of
darkness
Forças do mal provenientes de
Satanás.
Poderes das
trevas
60 Principles of
temperance
Recomendações para dispensar
inteiramente todas as coisas nocivas,
como álcool, e usar judiciosamente o
saudável.
Princípios de
temperança
61 Refreshing sleep Sono restaurador Sono refrigerante
59
62 Remedial agencies Agentes úteis para corrigir ou
melhorar a condição de saúde. Remédios
63 Sanatorium
Estabelecimento para doentes em
tratamento ou convalescença,
comum no século XIX.
Sanatório
64 Self-control Controle das emoções, desejos e
ações por desejo próprio. Domínio próprio
65 Self-denial Desprendimento do interesse e dos
desejos próprios. Abnegação
66 Shadow of death
Escuridão ou tristeza como aquela
causada pelo prospecto de morte
iminente.
Sombra da morte
67 Sick and suffering Pessoas sofredoras e enfermas com
doenças.
Doentes e
sofredores
68 Sickbed Leito ou cama do doente. Leito de
enfermidade
69 Sin-sick soul Alma cheia de pecado; alma doente
por causa dos pecados deste mundo.
Alma enferma
pelo pecado
70 Stimulants
Medicamento com a propriedade de
ativar ou excitar a ação dos
diferentes sistemas orgânicos:
Estimulantes
71 Strong drink Referência a bebidas alcoólicas. Bebida forte
72 Suffering humanity
Pessoas aflitas com dor física ou
mental; aqueles por quem Jesus veio
morrer.
Humanidade
sofredora
60
73 Temperance
Equilíbrio das próprias vontades;
moderação; domínio da vontade
sobre os instintos.
Temperança
74 Tobacco devotee Pessoa com o hábito de fumar
tabaco. Devoto ao fumo
75 Treatment rooms Ambiente designado para o
tratamento de enfermos.
Salas de
tratamento
76 Truth for this time
Verdade para os últimos tempos;
referência a terceira mensagem
angélica encontrada em Apocalipse
14:9.
Verdade para o
presente tempo
77 Unhealthful food Qualquer coisa prejudicial à saúde. Insalubres
78 Wholesome food
Alimento considerado saudável por
ser natural, não ser processado e
sem ingredientes artificiais.
Alimentos
saudáveis
79 Work of digestion
Conjunto de ações mecânicas
(mastigação, deglutição, movimentos
de contração do estômago e do
intestino) e de reações químicas que
digerem os alimentos.
Trabalho da
digestão
Tabela 5 – Glossário bilíngue LI ! LP organizado alfabeticamente com definições
61
8.2 Entradas em português numeradas e organizadas em ordem alfabética, seguidas de suas respectivas traduções e definições n° PORTUGUÊS DEFINIÇÃO INGLÊS
1 Abnegação Desprendimento do interesse e dos
desejos próprios. Self-denial
2 Alimentos
saudáveis
Alimento considerado saudável por
ser natural, não ser processado e
sem ingredientes artificiais.
Wholesome food
3 Alma enferma pelo
pecado
Alma cheia de pecado; alma doente
por causa dos pecados deste mundo. Sin-sick soul
4 Ar fresco
Ar limpo sem impurezas causadas
pela poluição ou substâncias
prejudiciais. Proporciona o oxigênio
ideal para todo o organismo.
Fresh air
5 Ar noturno
Vento da noite. Até o século XIX o
vento noturno era considerado
prejudicial a saúde, pois acreditavam
que trazia doenças. Esta crença
desapareceu com os avanços nos
estudos sobre as doenças.
Night air
6 Atmosfera
venenosa
Atmosfera contaminada por poluição
e doenças capaz de causar doenças.
Poisonous
atmosphere
7 Bálsamo
restaurador
Resina aromática, ressumante de
certos vegetais com propriedades de
cura e alívio; usado também como
alusão ao conforto concedido por
Deus.
Healing balm
8 Bebida forte Referência a bebidas alcoólicas. Strong drink
62
9 Beleza de caráter
Qualidade agradável a Deus, como
fruto da operação do Espírito Santo
na alma de uma pessoa.
Beauty of
character
10 Bom pão Referência ao pão integral, o qual
traz maiores benefícios à saúde. Good bread
11 Carne
Alimento animal; tecidos musculares
dos animais usados como alimentos
por muitas pessoas.
Flesh meat
12 Circulação do
sangue
Movimento do sangue do coração
para o sistema de veias e artérias do
corpo humano.
Circulation of the
Blood
13 Comer carne Alimentar-se de comida proveniente
de animais. Meat eating
14 Comunhão
constante
Tempo gasto diariamente em
comunhão com Deus e
aprofundamento do relacionamento
com Ele.
Constant
communion
15 Condição saudável Situação da saúde positiva, em boa
condição. Healthy condition
16 Constituição física
e moral
Conjunto de caracteres congênitos,
morfológicos, fisiológicos e mentais
de um indivíduo.
Physical and
moral constitution
17 Controle da razão Domínio ou poder sobre a mente e
de tomada de decisões. Control of reason
18 Coração da
Natureza
Parte mais importante ou central da
natureza; parte central; essência. Heart of nature
63
19 Coragem moral
Firmeza de espírito com relação aos
valores morais mesmo quando os
outros tem valores diferentes.
Moral courage
20 Corpos enfermos Corpos em se encontram doentes ou
enfermos. Diseased bodies
21 Corrupção moral Desvirtuamento de valores morais. Moral corruption
22 Cuidado dos
doentes
Ato de prestar cuidados aos
enfermos. Care for the sick
23 Culinária
deficiente
Pouca ou falta da habilidade de
cozinhar; culinária pobre e deficiente,
levando a doenças em muitas
pessoas.
Poor cookery
24 Debilidade geral
Enfraquecimento orgânico,
acompanhado de prostração e
desânimo.
General debility
25 Degradação Perda de qualidades; desgaste;
deterioração. Degradation
26 Devoto ao fumo Pessoa com o hábito de fumar
tabaco. Tobacco devotee
27 Doença física Enfermidade do corpo Physical disease
28 Doentes e
sofredores
Pessoas sofredoras e enfermas com
doenças. Sick and suffering
29 Domínio próprio Controle das emoções, desejos e
ações por desejo próprio. Self-control
64
30 Drogas venenosas Substâncias tóxicas muito nocivas ao
corpo. Poisonous drugs
31 Embriaguez
Estado de excitação e
descoordenação dos movimentos
provocados pelo consumo exagerado
de bebidas alcoólicas.
Drunkness
32 Energia nervosa
do cérebro
Força ou poder dos nervos cerebrais
capaz de controlar todas as ações de
um indivíduo.
Brain nerve power
33 Era degenerada
Época de costumes corrompidos e
depravados. A autora se refere a
época em que vive no final do século
XIX início do século XX.
Degenerate age
34 Escolas de arte
culinária
Escolas especializadas no ensino da
arte culinária saudável. Cooking schools
35 Espírito alegre Senso ou espírito de alegria,
contentamento e ânimo. Cheerful spirit
36 Estado de saúde Situação da saúde na qual se
encontra uma pessoa. Condition of health
37 Estimulantes
Medicamento com a propriedade de
ativar ou excitar a ação dos
diferentes sistemas orgânicos:
Stimulants
38 Exercício ativo
Exercício físico vigoroso no qual a
pessoa faz uso da própria força
muscular.
Active exercise
39 Faculdades
mentais
Conjunto de recursos intelectuais e
psíquicos próprios da mente humana.
Isto é, a capacidade, disposição,
talento, dom, aptidão natural ou
Faculties of the
mind
65
adquirida de fazer alguma coisa.
40 Fermentação
Conjunto de reações químicas
controladas enzimaticamente, na
qual uma molécula orgânica é
degradada em compostos mais
simples, libertando energia, causada
pela indulgência no apetite.
Fermentation
41 Grande médico
Referência a Jesus, o grande
médico, realizador de muitas curas
tanto físicas como espirituais.
Great physician
42 Gula
Ato de comer em demasia, em
excesso, ultrapassando o limite da
saciedade.
Gluttony
43 Hábito de beber Tendência ao consumo de bebidas
alcoólicas. Liquor habit
44 Hábitos corretos
Costume formados a partir de
escolhas corretas, em conformidade
com a vontade de Deus.
Correct
habits/right habits
45 Humanidade
sofredora
Pessoas aflitas com dor física ou
mental; aqueles por quem Jesus veio
morrer.
Suffering humanity
46 Idade madura
Época da vida de uma pessoa na
qual já acumulou experiências de
vida, na qual possui mais maturidade;
idade avançada.
Mature age
47 Insalubres Qualquer coisa prejudicial à saúde. Unhealthful food
66
48 Leis da natureza
Leis derivadas da natureza e
estabelecidas por Deus, exercendo
ação sobre o ser humano; fenômeno
observado da natureza humana
Laws of nature
49 Leito de
enfermidade Leito ou cama do doente. Sickbed
50 Maus hábitos Costumes errados, nocivos e
prejudiciais à saúde. Evil habits
51 Médico amado
Referência a Lucas, escritor da
epístola de Lucas, chamado pelo
apóstolo Paulo de “médico amado”
(Colossenses 4:14).
Beloved physician
52 Obra médico-
missionária
Trabalho médico realizado com
intuito missionário para levar os
ensinos sobre vida saudável aos
outros.
Medical
missionary work
53 Obreiros
intelectuais
Pessoas com pesado esforço mental,
exigindo mais do que podem do
cérebro e sem preocupação com
exercício físico.
Brain workers
54 Órgãos digestivos Órgãos responsáveis pela digestão
dos alimentos. Digestive organs
55 Órgãos produtores
de sangue
Órgãos do corpo responsáveis pela
produção de sangue no organismo
humano.
Blood-making
organs
56 Poder físico Capacidade do corpo de realizar uma
tarefa. Physical powers
67
57 Poderes das
trevas
Forças do mal provenientes de
Satanás.
Powers of
darkness
58 Portador de fardos
Indivíduo à disposição para carregar
os fardos de outros, com amor e
responsabilidades e sem queixumes.
Jesus Cristo é o maior exemplo.
Burden bearer
59 Princípios de
saúde
Guias revelados por Deus para
manter uma vida saudável. Health principles
60 Princípios de
temperança
Recomendações para dispensar
inteiramente todas as coisas nocivas,
como álcool, e usar judiciosamente o
saudável.
Principles of
temperance
61 Reforma de saúde
Correção dos maus hábitos para
promover uma vida saudável
seguindo os princípios de Deus,
achados na Bíblia.
Health reform
62 Regime alimentar Conjunto de alimentos consumidos
habitualmente por uma pessoa. Diet
63 Regime
insuficiente
Escolhas de alimentos muito mal
preparados, com poucos nutrientes,
os quais não suprem o corpo dos
elementos necessários.
Impoverished diet
64 Relação viva
Relação diária e ativa com alguém.
Neste caso, sempre é referencia ao
relacionamento vivo entre o ser
humano e Deus.
Living connection
65 Remédios Agentes úteis para corrigir ou
melhorar a condição de saúde.
Remedial
agencies
68
66 Roupas saudáveis
Roupas com simplicidade natural,
asseadas, modestas e convenientes;
roupas que colaboram para a saúde.
Healthful dress
67 Sacrifício vivo
Termo de Romanos 12:1 onde Paulo
nos convida a sermos um sacrifício
vivo ao Senhor, ao honrá-lo com
nosso corpo e nossos talentos.
Living sacrifice
68 Salas de
tratamento
Ambiente designado para o
tratamento de enfermos. Treatment rooms
69 Sanatório
Estabelecimento para doentes em
tratamento ou convalescença,
comum no século XIX.
Sanatorium
70 Sensibilidade
embotada
Embotamento/entorpecimento das
capacidades sensitivas do indivíduo
em todos os níveis.
Benumbed
sensibility
71 Sensibilidades
morais
Capacidade de percepção dos
valores morais. Moral sensibilities
72 Sombra da morte
Escuridão ou tristeza como aquela
causada pelo prospecto de morte
iminente.
Shadow of death
73 Sono refrigerante Sono restaurador Refreshing sleep
74 Temperança
Equilíbrio das próprias vontades;
moderação; domínio da vontade
sobre os instintos.
Temperance
75 Trabalho da
digestão
Conjunto de ações mecânicas
(mastigação, deglutição, movimentos
de contração do estômago e do
intestino) e de reações químicas que
digerem os alimentos.
Work of digestion
69
76 Trabalho físico
Ações realizadas com os músculos
do corpo; trabalho realizado com as
forças físicas
Physical labor
77 Trabalho mental Trabalho realizado somente com o
uso das capacidades mentais. Mental labor
78 Verdade para o
presente tempo
Verdade para os últimos tempos;
referência a terceira mensagem
angélica encontrada em Apocalipse
14:9.
Truth for this time
79 Vida ao ar livre
Atividades realizadas fora de lugares
fechados, ao ar livre, em meio a
natureza.
Outdoor life
Tabela 6 – Glossário bilíngue LP ! LI organizado alfabeticamente com definições
70
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme nos propusemos na introdução, a pesquisa surgiu da necessidade
de um glossário consistente de termos na área de saúde da escritora Ellen G. White
para servir de material de consulta para tradutores de textos religiosos, em especial
dos textos dessa autora. A nossa motivação foi impulsionada pela percepção ao
lermos textos traduzidos da escritora supracitada e perceber divergências no uso de
termos e seus correspondentes bilíngues devido à falta de padronização que poderia
ser preenchida com a organização de glossários com embasamento científico na
área.
O pressuposto que serviu de ponto de partida foi o de que para que haja uma
tradução consistente é importante a padronização dos termos. Considerando este
aspecto, a hipótese defendida foi de que as inadequações observadas nas
traduções podem ser minimizadas com a formulação de um glossário que siga os
parâmetros da Terminologia e da Linguística de Corpus, contribuindo para eliminar,
de alguma forma, as inadequações e garantir maior consistência, produtividade e
qualidade na tarefa de tradução.
Os objetivos a que nos propusemos foram desde discutir a importância da
Terminologia e da Linguística de Corpus como ferramentas indispensáveis para a
organização de glossários nesta época tecnológica, cujas áreas são cada vez mais
pertinentes ao trabalho dos tradutores, até analisar as discrepâncias ocorridas nas
traduções devido à falta de padronização dos termos no corpus selecionado e
propor uma amostra de glossário na área de saúde da escritora e educadora Ellen
G. White, a partir da comparação com o texto em inglês e as respectivas traduções
feitas para o português do Brasil.
A partir do resultado desta pesquisa, confirmou-se a hipótese de que, de fato,
o uso da Terminologia e da Linguística de Corpus, em especial o uso dos softwares
de gerenciamento terminológico como o AntConc, aliado aos conhecimento das
terminologias, são ferramentas muito úteis para a realização de traduções. Seu uso
correto resultará em trabalhos traduzidos com menos inadequações, garantindo
maior padronização dos termos durante as traduções de textos desta autora.
71
Ao longo da compilação desta amostra de glossário na área de saúde,
observaram-se algumas inconsistências nas traduções feitas. Evidenciaram-se
incoerências de pequena gravidade como o uso das preposições “de” e “da”, ao se
traduzir estas preposições junto ao termo “health principles” nas quais observou-se
este traduzido como “princípios de temperança” e também como “princípios da
temperança”. Perceberam-se outras incoerências mais comprometedoras, como, por
exemplo, na tradução do termo “wholesome food”, que foi traduzido pelo menos de
três maneiras diferentes: “comida saudável”, “alimentos sãos” e “alimentos
saudáveis”. Outro agravante neste caso é que o termo “health foods” também foi
traduzido como “alimentos saudáveis”. Vemos, desta forma, que o uso de um
glossário da área seria muito proveitoso para que não houvesse essas
inconsistências. Notamos, portanto que um glossário especializado garante a
consistência e a qualidade do trabalho realizado, também facilitando a seleção e
escolha do termo a ser usado.
Vale ressaltar que a metodologia de análise de corpus proposta pode ser
aplicada em qualquer área de especialidade por pesquisadores, estudantes de
terminologia ou tradutores para gerar glossários de termos especializados,
facilitando o ato tradutório e dando mais padronização ao trabalho. Não existe só a
possibilidade de compilar glossários, mas vale ressaltar que já existem muitos
glossários e corpora linguísticos (COMPARA, LácioWeb), organizados em diversas
áreas do conhecimento, que podem ser utilizados da mesma forma na tentativa de
evitar inconsistências. Esse tipo de consulta reduz o tempo de pesquisa, além de
trazer mais segurança ao tradutor, pois pode conferir terminologias e suas traduções
nesses corpora já prontos
Este trabalho pode ser feito com custo mínimo, já que os gerenciadores
terminológicos, na maioria dos casos, são gratuitos e podem ser baixados da
internet. Seria de grande utilidade se editoras e tradutores tirassem proveito destas
ferramentas.
O uso dos softwares terminológicos para a pesquisa foi satisfatório e atendeu
aos objetivos propostos. Espera-se que esta pesquisa instigue outros pesquisadores
com afinidade no tema para que surjam novas abordagens que venham a
acrescentar descobertas ao objetivo proposto.
72
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIJMER, K; ALTENBERG, B. (orgs.). English corpus linguistics: studies in honour of Jan Svartvik. Londres: Longman, 1991.
AUBERT, F. H. Introdução à metodologia da pesquisa terminológica bilíngue. Cadernos de Terminologia, 2. São Paulo: Humanitas Publicações-FFLC/USP, 1996.
AZEVEDO, M. A. de. Amostra de glossário de metalurgia com base em corpus bilíngue. Engenheiro Coelho, SP, 70f. Monografia (Bacharelado em Tradutor e Intérprete). Centro Universitário Adventista de São Paulo, Engenheiro Coelho, 2011.
BANCO DO PORTUGUÊS. Disponível em: <http://www2.lael.pucsp.br/corpora/bp/index.htm>
BARROS, L. A. Curso Básico de Terminologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.
BANK OF ENGLISH. Disponível em: <http://www.mycobuild.com/about-collins-corpus.aspx>.
BRITISH NATIONAL CORPUS. Disponível em: < http://www.natcorp.ox.ac.uk>.
BROWN CORPUS. Disponível em: <http://fss.plone.uni-giessen.de/fss/faculties/f05/engl/ling/help/materials/restricted/brown/file/brown.pdf>
CABRÉ, M. T. La terminología: teoria, metodología, aplicaciones. Barcelona: Antartida/Empuries, 1993.
______________. La terminología: representación y comunicación. Barcelona: Instituto Universitário de Linguística Aplicada, 1999.
______________. “Una Nueva Teoría de la Terminología: de la Denominación a la Comunicación”. In: ______ La Terminología: Representación y Comunicación. Barcelona, IULA, 1999a, p. 124.
______________. “Hacia una Teoría Comunicativa de la Terminología: Aspectos Metodológicos”. In: ______ La Terminología: Representación y Comunicación. Barcelona, IULA, 1999b, p. 133.
CAMARGO, D. C. Pesquisas em Tradução e Linguística de Corpus. In: XXIII Encontro Nacional da ANPOLL (ENANPOLL), 2008, Goiânia. Disponível em: < http://letra.letras.ufmg.br/gttrad/enanpoll/2008/9%20-%20Pesquisas%20em%20tradução%20e%20lingü%C3%ADstica%20de%20corpus.pdf>. Acesso em: 23 set. 2013.
COBUILD. Disponível em: <http//titania.cobuild.collins.co.uk/form.html>.
COMET. Disponível em: < http://www.fflch.usp.br/dlm/comet/>.
COMPARA. Disponível em: < http://www.linguateca.pt/COMPARA/Welcome.html>.
73
ESRC CENTRE FOR CORPUS APPROACHES TO SOCIAL SCIENCE (CASS).Disponível em: <http://cass.lancs.ac.uk/?tag=alan-partington>. Acesso em: 28 out. 2013.
FALARARA, P. de M. Linguística de Corpus Aplicada à Tradução Técnico-Científica. São Paulo: Universidade São Judas. Disponível em: <http://www.usjt.br/learning_center/n2/linguistica_corpus_aplicada_traducao_tecnico.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2013.
FINATTO, M.J.B. Terminologia e Linguística de Corpus: da Perspectiva Enunciativa aos Novos Enfoques do Texto Técnico-científico. Letras de Hoje, Porto Alegre, v.39, n.4, p.97-106, dezembro, 2004..
KRIEGER, M. da G.; MACIEL, A. M. B. (Orgs). Temas de terminologia. São Paulo: Humanitas/USP, 2001.
LÁCIO-WEB. Disponível em: < http://www.nilc.icmc.usp.br/lacioweb/descricao.htm>.
LEECH, G. English in advertising: a linguistic study of advertising in Great Britain. Londres: Longman, 1966.
MAILLOT, J. La traduction scientifique et technique. Paris: Éditions Eyroles, 1969. Trad. Paulo Rónai. Brasília: Editora da Universidade de Brasília; São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1975.
McENERY, T. e WILSON, A. Corpus Linguistics. Edimburgo: Edinburgh University Press, 1996.
MELGAÇO, L. M. L. “Banco de Dados Terminológicos Brasileiros: o BrasilTerm”. Terminômetro, Paris, 3:56-8, 1998 (Terminologia no Brasil).
MONTEIRO, C. S. P. Tradução técnica e organização da base de dados da Testo Portugal. Aveiro, 2011. 67f. Dissertação (Mestrado em tradução especializada) – Universidade de Aveiro, Aveiro, 2011.
ORANISATION INTERNATIONALE DE NORMALISATION. Terminologie – Vocabulaire: 2e partie: pompes à vide et termes connexes. Genebra, ISO, 1990 (Norme Internationale ISO 1087, 1990).
OTONI, Paulo. Tradução manifesta: doublebind e acontecimento. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2005.
PARTINGTON, A. Patterns and meanings: using corpora for English language research and teaching. Amsterdã/Filadélfia: John Benjamins, 1998.
RAMOS, P. C. Interface Tradução Terminologia. In: KRIEGER, M. da G.; MACIEL, A. M. B. (Orgs). Temas de terminologia. São Paulo: Humanitas/USP, 2001.
RIBEIRO, G. C. B. Tradução técnica, Terminologia e Linguística de Corpus: a ferramenta Wordsmith tools. Cadernos de Tradução, vol. 2, nº 14, p. 159-174, 2004. Disponível em:
74
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/download/6479/5974>. Acesso em: 17 set. 2013.
SARDINHA, T. B. Corpora eletrônicos na pesquisa em tradução. Cadernos de Tradução, Florianópolis, v.1, n.9, p.15-59, 2002. Disponível em: <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/5980/5684>. Acesso em 01 maio 2013.
______________. Linguística de Corpus. Barueri, SP: Editora Manole, 2004.
SINCLAIR, J. McH. “Beginning the study of lexis”. In: BAZELL, C.E., In memory of J. R. Firth. Londres: Longman, 1966. p.410-30.
_______________. Corpus, concordance, collocation. Oxford: Oxford University Press, 1991.
TAGNIN, Stella. Corpora: o que são e para que servem. 2004. 80 slides: color. Slides gerados a partir do software PowerPoint. Disponível em: <http://www.fflch.usp.br/dlm/comet/Novo/Lexicografia.pdf>. Acesso em: 17 set. 2013.
WHITE, Arthur L. Uma breve biografia de Ellen G. White. Centro de Pesquisas Ellen G. White. Disponível em: < http://centrowhite.org.br/ellen-g-white/biografia-de-ellen-g-white-1827-1915/>. Acesso em 4 nov. 2013.
WHITE, Ellen G. A ciência do bom viver. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1994.
____________. Conselhos sobre saúde. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1991.
____________. Counsels on Health. Nampa, ID: Pacific Press Publishing Association, 2002.
____________. The Ministry of Healing. Nampa, ID: Pacific Press Publishing Association, 2003.
75
APÊNDICE — Lista de termos em inglês e equivalências em português encontradas no corpus
n° INGLÊS PORTUGUÊS 1 Active exercise Exercício ativo 2 Beauty of character Beleza de caráter/formosura de caráter 3 Beloved physician Médico amado
4 Benumbed sensibility Sensibilidade entorpecida(s)/ embotada(s)
5 Blood-making organs Órgãos que o fazem/ órgãos produtores de sangue
6 Brain nerve power Energia nervosa do cérebro/ poder dos nervos cerebrais
7 Brain workers Obreiros intelectuais/ (obreiros) que trabalham com o cérebro
8 Burden bearer Portador de fardos/ o que sobre Si levou nossos cuidados/ Ajudador
9 Care for the sick Cuidar dos doentes/ tratam dos doentes
10 Cheerful spirit Espírito alegre/ espírito satisfeito/ espírito contente, animoso
11 Circulation of the blood Circulação do sangue/ circulação sanguínea
12 Condition of health Condição de(a) saúde/ estado de saúde
13 Constant communion Comunhão constante/ constante comunhão
14 Control of reason Controle da razão/ domínio da razão.
15 Cooking schools Escolas culinárias/escolas de arte culinária
16 Correct habits/right habits Hábitos corretos
17 Degenerate age Época degenerada/era degenerada 18 Degradation Degradação 19 Diet Regime alimentar 20 Digestive organs Órgãos digestivos 21 Diseased bodies Corpos enfermos/ enfermidades físicas 22 Drunkenness Embriaguez/bebedice 23 Evil habits Maus hábitos 24 Faculties of the mind Faculdades mentais 25 Fermentation Fermentação
76
26 Flesh meats Comidas de carne, pratos de carne/ alimento(s) cárneo(s)/ carne
27 Fresh air Ar fresco/ ar puro 28 General debility Debilidade geral 29 Gluttony Glutonaria/ gula 30 Good bread Bom pão
31 Great physician/Great Healer Grande médico/ Grande Restaurador/ poderoso restaurador
32 Healing balm Bálsamo/ Bálsamo que sara/ cura/ sanador/ curativo/ curador/ restaurador
33 Health principles Princípios de saúde 34 Health reform Reforma de saúde 35 Healthful dress Roupas saudáveis
36 Healthy condition Condição saudável/ condições saudáveis
37 Heart of nature Coração da natureza/ seio da Natureza
38 Impoverished diet Regime insuficiente/ regime alimentar improvisado
39 Laws of nature/nature’s laws Leis da natureza 40 Liquor habit Hábito da bebida/hábito de beber 41 Living connection Viva ligação/ relação viva/ viva relação 42 Living sacrifice Sacrifício vivo
43 Mature age Idade madura/ amadurecido(a) em idade
44 Meat eating Comer carne/ regime cárneo/ uso da carne
45 Medical missionary work Obra médico-missionária 46 Mental labor Trabalho mental 47 Moral corruption Corrupção moral 48 Moral courage Coragem moral/ força moral 49 Moral sensibilities Sensibilidades morais 50 Night air Ar noturno 51 Outdoor life Vida ao ar livre 52 Physical and moral consitution Constituição física e moral 53 Physical disease Doença(s) física(s) 54 Physical labor Trabalho físico/ esforço físico
77
55 Physical powers Poder físico/ faculdades físicas
56 Poisonous atmosphere Atmosfera venenosa/ envenenada/ ar venenoso
57 Poisonous drugs Drogas venenosas
58 Poor cookery Deficiência culinária /errôneo modo de preparar os alimentos/ cozinha pobre
59 Powers of darkness Poderes das trevas/ forças das trevas 60 Principles of temperance Princípios de temperança 61 Refreshing sleep Sono refrigerante/ sono tranquilo 62 Remedial agencies Agentes medicinais/ remédios/ 63 Sanatorium Sanatório 64 Self-control Domínio próprio
65 Self-denial Negação própria/ abnegação/ espírito de sacrifício/ renuncia/ renúncia própria/ espírito de renúncia
66 Shadow of death Sombra da (de) morte
67 Sick and suffering Enfermos e sofredores/ doentes e sofredores
68 Sickbed Leito de enfermidade/ leito de um doente/ leito dos doentes/ leito do enfermo/ leito de dor
69 Sin-sick soul Alma enferma de pecado/ alma enferma pelo pecado
70 Stimulants Estimulantes 71 Strong drink Bebida forte
72 Suffering humanity Humanidade sofredora/ sofrimentos da humanidade
73 Temperance Temperança
74 Tobacco devotee Viciado em fumar/ devoto do fumo/ adepto do fumo
75 Treatment rooms Salas de tratamento/ ambulatórios
76 Truth for this time Verdade para este tempo/ verdade para o presente tempo
77 Unhealthful food Alimentos insalubres / não saudável / prejudiciais/
78 Wholesome food Comida saudável/ alimentos sãos/ alimentos saudáveis
79 Work of digestion Trabalho da digestão