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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS ENGENHEIRO COELHO CURSO DE TRADUTOR E INTÉRPRETE JULIE ANY MARQUES AMOSTRA DE GLOSSÁRIO DE DOIS TEXTOS DE ELLEN G. WHITE NA ÁREA DE SAÚDE ENGENHEIRO COLEHO 2013

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS ENGENHEIRO COELHO

CURSO DE TRADUTOR E INTÉRPRETE

JULIE ANY MARQUES

AMOSTRA DE GLOSSÁRIO DE DOIS TEXTOS DE ELLEN G. WHITE NA ÁREA DE SAÚDE

ENGENHEIRO COLEHO 2013

JULIE ANY MARQUES

AMOSTRA DE GLOSSÁRIO DE DOIS TEXTOS DE ELLEN G. WHITE NA ÁREA DE SAÚDE

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo, do curso de Tradutor e Intérprete, sob orientação da Profa Dra Ana Maria de Moura Schäffer.

ENGENHEIRO COELHO 2013

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo, do curso de Tradutor e Intérprete, apresentado e aprovado em 24 de novembro de

2013.

_________________________________________________________

Orientadora: Profa Dra Ana Maria de Moura Schäffer.

_________________________________________________________

Segundo Leitor: Profº Especialista Marco Antonio de Azevedo

Dedico este trabalho aos profissionais da tradução que poderão dele se beneficiar como material de consulta. Também a minha orientadora pela dedicação e comprometimento nesse projeto.

AGRADECIMENTOS

• Agradeço, em primeiro lugar, a Deus por me capacitar na realização deste

trabalho e durante os anos de faculdade.

• À instituição e aos professores por possibilitarem e instigarem o meu

crescimento e desenvolvimento como profissional.

• À minha orientadora pela disposição em me ajudar desde o momento da

escolha do projeto até a sua completude.

• À minha família e amigos pelo apoio e pela compreensão nos momentos em

que estive distante e ocupada com a realização desta pesquisa.

Muitos transgridem as leis da saúde devido à ignorância, e necessitam instruções. A maioria, porém, sabe melhor do que aquilo que pratica. Estes precisam ser impressionados quanto a importância de tornar o conhecimento que têm um guia de vida.

Ellen G. White

RESUMO

O presente trabalho visa apresentar uma amostra de glossário bilíngue (português/inglês), com base em um corpus da área de saúde extraídos de dois livros da escritora Ellen G. White no original em inglês e de sua respectiva tradução para o português. Para isso, fez-se uso do software AntConc que processa os dados do corpus de uma área de domínio escolhido. Cada corpus foi analisado e foram feitas equivalências entre os termos. A partir desta equivalência foi gerada uma amostra de glossário confiável para ser usada por tradutores, em especial tradutores religiosos que possam vir a traduzir os textos desta autora, como um material de consulta. Também por meio desta pesquisa levantamos a discussão da importância da Terminologia e da Linguística de Corpus para o trabalho do tradutor, pois estas áreas do conhecimento fornecem ferramentas, como a construção de glossários que leva à redução de inadequações e inconsistências observadas no trabalho de tradução de textos de áreas especializadas, assim como a padronização dos termos usados. Além disso, tais glossários garantem maior produtividade e qualidade da tradução. Durante este trabalho foram apresentadas algumas observações interessantes ao realizar-se o cotejo dos termos encontrados em ambos os corpora. Ao final, é apresentada a amostra de glossário compilada a partir da pesquisa e análise com o uso de uma ferramenta de análise de corpus. Palavras-chave: Terminologia; Linguística de Corpus; Saúde; Amostra de Glossário.

ABSTRACT

This research aims to present a bilingual (Portuguese/English) glossary sample, based in a corpus of specialized domain about health found in the books of Ellen G. White in the original English and their respective translations to Portuguese. For this, we used the AntConc software that processes the data from the corpus of a chosen domain area. Each corpus was analyzed and we chose equivalents for each term. From these equivalences we compiled a reliable glossary sample to be used as reference by translators, particularly translators of religious texts who might come to translate the works of this author. We also raise the discussion of the importance of Terminology and Corpus Linguists for the work of translators, once these areas of knowledge provide tools, like the ones used for the compilation of glossaries that help reduce the inconsistencies and inadequacies that can be found in translations of texts of specialized areas, and also a certain standardization of the terms used. Moreover, such glossaries assure greater productivity and quality of translations. Throughout this paper we made interesting observations as we chose the terms found in each corpus. The last section presents the glossary sample compiled from this research and the analysis made with a tool for the analysis of corpus. Key words: Terminology; Corpus Linguistics; Health; Glossary Sample.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Tela principal do AntConc.......................................................................... 35 FIGURA 2 – Tela do AntConc com a opção “Word List” ativa.................................... 36 FIGURA 3 – Tela do AntConc com a opção “Concordance” ativa.............................. 36 FIGURA 4 – Tela do AntConc com a opção “Clusters/N-Grams” ativa...................... 37 FIGURA 5 – Tela do AntConc com o termo “saúde”.................................................... 41 FIGURA 6 – Tela do AntConc com o termo “health”................................................... 41 FIGURA 7 – Tela do AntConc com o termo “saúde” contextualizado........................ 42 FIGURA 8 – Tela do AntConc com termo “health” contextualizado........................... 43 FIGURA 9 –Tela do AntConc com o termo “health” na opção “Clusters”................ 44

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Livros de saúde da escritora EGW e suas datas de publicação.................. 33

TABELA 2 – As 100 palavras mais frequentes na LP com os termos destacados.......... 38

TABELA 3 – As 100 palavras mais frequentes na LI com os termos destacados............ 39

TABELA 4 – Amostra de verbete do glossário bilíngue Inglês > Português na área da

saúde com base nas obras de EGW................................................................................... 49

TABELA 5 – Glossário bilíngue LI ! LP organizado alfabeticamente com definições... 51

TABELA 6 – Glossário bilíngue LP ! LI organizado alfabeticamente com definições.. 60

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS OU TERMOS OPERACIONAIS

EGW – Ellen G. White

ISA – Associação Internacional de Normalização

LC – Linguística de Corpus

LI – Língua Inglesa

LP – Língua Portuguesa

N.T. – Nossa tradução

TCT – Teoria Comunicativa da Terminologia

TGT – Teoria Geral da Terminologia

.txt – Extensão de arquivo com pouca formatação. Arquivos com extensão .txt

podem facilmente ser lidos ou abertos por qualquer programa que lê texto e, por

essa razão, são considerados universais.

UNASP – Centro Universitário Adventista de São Paulo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 12

2 TERMINOLOGIA E LINGUÍSTICA DE CORPUS E SUA RELAÇÃO ....................................... 15

2.1 Histórico da Terminologia .................................................................................................... 15

2.2 Histórico da Linguística de Corpus ..................................................................................... 19

2.2.1 Os corpora atuais ............................................................................................................... 22

2.2.2 Linguística de Corpus e ferramentas computacionais ................................................... 23

2.3 Diálogo entre Terminologia e Linguística de Corpus ........................................................ 24

3 TERMINOLOGIA, TRADUÇÃO E LINGUÍSTICA DE CORPUS ............................................... 26

3.1 Terminologia e Tradução ...................................................................................................... 26

3.2 Tradução e Linguística de Corpus ...................................................................................... 28

4 ELLEN G WHITE E A MENSAGEM DE SAÚDE ...................................................................... 31

4.1 A autora .................................................................................................................................. 31

4.2 A mensagem de saúde nos escritos de Ellen White .......................................................... 31

5 METODOLOGIA ........................................................................................................................ 34

5.1 Seleção do corpus ................................................................................................................ 34

5.2 Compilação, manipulação e organização do corpus ......................................................... 34

5.3 Tratamento do corpus ........................................................................................................... 35

5.4 Pesquisa de um corpus especializado ................................................................................ 37

5.5 Candidatos a termo ............................................................................................................... 40

5.6 Decisão da autora para candidato a termo ......................................................................... 44

5.7 Formato .................................................................................................................................. 44

6 CONSIDERAÇÕES DECORRENTES DA ANÁLISE ................................................................ 46

6.1 Variantes da tradução para o tremo “healing balm” ......................................................... 46

6.2 Variantes da tradução para o tremo “poor cookery” ......................................................... 47

6.3 Variantes da tradução para o tremo “sickbed” .................................................................. 48

7 APRESENTAÇÃO DO MODELO DE GLOSSÁRIO .................................................................. 50

7.1 Ordem das entradas .............................................................................................................. 50

7.2 Critério de qualidade ............................................................................................................. 50

8 AMOSTRA DE GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 52

8.1 Entradas em inglês numeradas e organizadas em ordem alfabética, seguidas de suas

respectivas traduções e definições ........................................................................................... 52

8.2 Entradas em português numeradas e organizadas em ordem alfabética, seguidas de

suas respectivas traduções e definições ................................................................................. 61

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................... 70

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 72

APÊNDICE .................................................................................................................................... 75

  12

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho partiu da necessidade de um glossário consistente de termos na

área de saúde da escritora Ellen G. White para servir de material de consulta para

tradutores de textos religiosos, em especial dos textos dessa autora. O trabalho foi

motivado a partir de divergências no uso de termos e seus correspondentes

bilíngues devido à falta de glossários com embasamento científico nesta área.

Também observou-se que não há glossários disponíveis para as traduções

dos textos desta escritora. Parte-se do pressuposto de que para que haja uma

tradução confiável e também para a redução de inconsistências e inadequações, é

importante que haja padronização dos termos. Considerando estes fatores,

defendemos a hipótese de que as inadequações observadas nas traduções podem

ser minimizadas com a formulação de um glossário que pode contribuir para

eliminar, de alguma forma, as inconsistências e garantir maior consistência,

produtividade e qualidade na tarefa de tradução.

Acredita-se que os gerenciadores terminológicos são excelentes aliados para

a elaboração de glossários, podendo contar com os avanços na área da Linguística

de Corpus, com seus corpora de textos de áreas específicas que muito têm

contribuído para a organização e elaboração de glossários. Estes softwares podem

auxiliar o tradutor a manter uma consistência ou padronização para as traduções

dos textos desta autora.

Diante disso, de modo geral, a pesquisa visa, primeiramente, discutir a

importância da Terminologia e da Linguística de Corpus ao fornecer ferramentas

para o tradutor. Em seguida, trazemos os passos que antecedem a elaboração de

um glossário, em uma área de especialidade, trazendo desde a escolha do tema, os

materiais de onde será extraído o corpus até a organização desse corpus para que a

partir dele sejam identificados os “candidatos a termos” antes de apresentar a

amostra de glossário. Quanto aos objetivos específicos, são basicamente dois:

• analisar as discrepâncias que ocorrem nas traduções devido à falta de

padronização dos termos;

  13

• organizar uma amostra de glossário na área de saúde da escritora e

educadora Ellen G. White, a partir da comparação com o texto em inglês e as

respectivas traduções feitas para o português do Brasil.

Esta proposta de amostra de glossário 1 se justifica pela crescente

necessidade no contexto brasileiro de padronização nas traduções, visando a

facilitação do processo tradutório e também a redução de erros e discrepâncias nas

traduções. Mais especificamente, a motivação desta pesquisa relaciona-se à

percepção da falta de um glossário de termos dos textos de Ellen G. White, autora

que é constantemente citada na área de saúde, tema escolhido para a pesquisa,

assim evitando divergências nas traduções feitas em diferentes partes do país.

Outro aspecto de relevância social é que acreditamos que uma pesquisa nesta área

contribuirá para que a comunidade de profissionais de tradução se conscientize da

importância da pesquisa na área de terminologia e do estudo na Linguística de

Corpus para o trabalho tradutório, mais especificamente, no desenvolvimento de

glossários que venham auxiliar na padronização de termos de áreas específicas.

Vê-se, portanto, a necessidade da análise de um corpus específico, e por

meio desta análise, a verificação dos resultados como frequência de uso,

contextualização e emprego do termo. Assim, podemos encontrar os termos

equivalentes para elaborar um glossário que pode ser usado para uma padronização

dos termos usados nas traduções dos textos de Ellen G. White na área de saúde.

Uma vez que há limitações de tempo para a realização da pesquisa e os

termos identificados são numerosos, neste trabalho propomos uma amostra de um

glossário que é fruto da análise e extração de termos da área de saúde; chamamos

amostra porque não ultrapassamos os 100 termos.

Espera-se que haja a continuação desta pesquisa assim como outros estudos

na área e seja útil para lexicólogos, tradutores, linguistas e terminólogos, além de

conscientizar profissionais da tradução sobre a importância do conhecimento de

terminologias em áreas de trabalho específico para se obter traduções de qualidade,

minimizando com isso erros de tradução e interpretação.

                                                                                                               1Utilizamos a expressão “Amostra de glossário”, por se tratar de poucos termos compilados, não podendo tal listagem selecionada ser considerada como um glossário completo.  

  14

Escolhemos organizar a pesquisa da seguinte maneira: além dessa

introdução, no primeiro capítulo, apresentamos algumas considerações sobre a

relação entre a Terminologia e a Linguística de Corpus, seus respectivos históricos,

mencionando os corpora atuais e ferramentas computacionais, concluindo o capítulo

comentando o diálogo entre a Terminologia e a Linguística de Corpus. O seguinte

capítulo trata da relação da Terminologia e da Linguística de Corpus com a

tradução, e da relação entre estas três áreas do conhecimento. No capítulo seguinte,

damos um breve histórico da escritora Ellen G. White e da importância que ela dava

a saúde e aos princípios para uma vida saudável, que é a área escolhida para o

desenvolvimento da amostra de glossário. A seguir, apresentamos a metodologia,

bem como os procedimentos adotados para a compilação do corpus, o material

pesquisado, o programa utilizado para a identificação dos candidatos a termos para

a organização do glossário e os passos seguidos para o resultado final. No capítulo

seguinte, compartilhamos alguns dos resultados da pesquisa nos gerenciadores

terminológicos, revelando algumas inconsistências que aconteceram nas traduções

devido a falta de um glossário que auxiliaria na padronização dos termos. Por fim,

apresentamos os resultados compostos de duas listagens: uma com entrada em

português, seguidas da definição do termo e equivalente em inglês, em ordem

alfabética, e outra com entrada em inglês, seguida da definição em português,

também em ordem alfabética. As considerações finais são então apresentadas e

sugestões para outras pesquisas apontadas.

  15

2 TERMINOLOGIA E LINGUÍSTICA DE CORPUS E SUA RELAÇÃO

Este capítulo trará um breve histórico da Terminologia e da Linguística de

Corpus. Depois fará uma ligação entre tais áreas de pesquisa. A Terminologia e a

Linguística de Corpus têm se tornado fundamentais para várias áreas de estudo,

entre elas o estudo de tradução.

2.1 Histórico da Terminologia

Pode-se dizer que a terminologia é tão antiga como a linguagem. O homem

dá nomes a tudo ao seu redor. E ao entrar em contanto com um mundo multilíngue,

surge também a necessidade de entender a linguagem dos outros. Dessa

necessidade, nascem os dicionários bilíngues nos quais os termos, palavras que

designam conceitos específicos de áreas de especialização, ocupam lugar de

destaque. O termo é a unidade padrão da Terminologia e pode ser definido como

“designação, por meio de uma unidade linguística, de um conceito definido em uma

língua de especialidade” (ISO 1087, 1990, p.5).

E assim, com o desenvolvimento de áreas específicas e de termos, cresce a

necessidade de referir-se a um conjunto de palavras do conhecimento humano.

Conforme Rey (apud BARROS, 2004, p. 32) “passa-se da ideia de uma série de

nomes, ligada à classificação taxionômica, a um ‘sistema de valores reciprocamente

definidos’”. Mesmo a origem da terminologia sendo muito antiga, sua história é ainda

muito recente. Seu desenvolvimento mais expressivo se deu na segunda metade do

século XX. Esse crescimento aconteceu nessa época devido à proliferação de

termos técnicos e científicos como resultado do crescimento da pesquisa e também

do estudo científico. Krieger (2001, p. 34) explica que esse é um “fenômeno

resultante do acelerado avanço da ciência e da tecnologia”. A globalização também

atua como agente impulsionador do interesse pela melhor utilização dos termos para

assim facilitar a comunicação. Portanto, podemos dizer que uma outra definição

para terminologia pode ser o vocabulário típico de um grupo de profissionais—a

terminologia de uma especialidade, de uma área do conhecimento. Cabré (1993,

p.7) explica que "para os especialistas, a terminologia é o reflexo formal da

  16

organização conceptual de uma especialidade e um meio inevitável de expressão e

de comunicação profissional".

No entanto, a palavra Terminologia denomina um conceito ainda maior, um

ramo da linguística que se preocupa em estudar o termo como uma unidade lexical

de importância e por isso a investigação terminológica de base linguística veio a

consolidar o estudo da Terminologia. Devemos levar em consideração que o

desenvolvimento tecnológico foi um fator muito importante para o avanço das

pesquisas nesta área. “A partir dos anos 1970, verificou-se uma grande evolução

dos modelos teóricos, dos princípios metodológicos da Terminologia e da prática de

elaboração de obras terminográficas em diferentes domínios” (BARROS, 2004, p.

33). Muitos eventos científicos e cursos de terminologia têm sido desenvolvidos nas

universidades pelo mundo. Como mencionamos acima, vários cursos têm utilizado

esta ferramenta. Um exemplo são os cursos de Tradutor e Intérprete, onde hoje, a

terminologia consta como disciplina obrigatória, sendo utilizada na formação de seus

alunos.

No Brasil, os estudos da Terminologia começaram a se desenvolver de modo

mais claro a partir da década de 1980. Barros (2004) observa que a terminologia

introduziu-se primeiro nos centros universitários como na Universidade de São Paulo

(USP), Universidade Federal de Brasília (UnB) e na Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (UFRGS). Em 1990 o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e

Tecnologia (IBICT) sediou o II Simpósio Ibero-americano de Terminologia onde foi

proposto a criação de um banco de dados terminológico brasileiro, que serviria para

registrar o maior número de termos científicos e técnicos em língua portuguesa do

Brasil, o Banco de Dados Terminológicos do Brasil (BrasilTerm). O objetivo principal

era “difundir e estimular o uso da terminologia científica e técnica no território

nacional, bem como subsidiar a implementação do Banco de Dados Terminológicos

do Mercosul” (MELGAÇO, 1998, p. 56). Além disso, este banco de dados também

facilitou a criação de dicionários, vocabulários, léxicos, e comparação de definições

entre outras coisas. A criação da BrasilTerm também visava fixar a terminologia

brasileira para assim poder estabelecer um intercâmbio em nível internacional.

Como mencionamos acima, atualmente, a Terminologia está presente em

muitas universidades pelo país, e as pesquisas nesta área crescem

consideravelmente. Porém, ainda há muitas descobertas a serem realizadas.

  17

Barros (2004) comenta no capítulo “Identidade Científica da Terminologia”

que Eugen Wüster (1898-1977), considerado como o precursor da Terminologia,

viveu em uma época na qual os especialistas de todas as áreas se empenhavam em

estudar os termos técnicos. Buscavam provar que um termo pode designar um

conceito, assim eliminando problemas de comunicação. Barros (2004) ainda

menciona que em seus trabalhos, Wüster propôs a criação de princípios

terminológicos que levou a fundação da Associação Internacional de Normalização

(ISA). Como docente, ele apresentou as bases de sua Teoria Geral da Terminologia

(TGT) em suas aulas. Tinha como objetivo provar que a terminologia pode “dar as

bases científicas para a eliminação da ambiguidade nos discursos técnicos e

científicos” (BARROS, 2004, p. 55); ou seja, ela exercia uma função mais normativa.

Segundo a TGT não deve haver termos polissêmicos, sinônimos ou

homônimos. Wüster acreditava que conteúdo e expressão são independentes. Para

ele, seria possível identificar um conjunto de conceitos de uma área, organizá-los e

definí-los sem mesmo identificar com precisão o termo que eles designam (Barros,

2004, p. 56). Porém, Finatto (2004) comenta que a partir desta teoria, a produção de

glossários e dicionários torna-se uma tarefa muito importante, pois ele afirma que

“tal apreensão da linguagem das tecnologias e das ciências, encerrada nos limites

de um léxico marcado, de caráter predominantemente nominal, gerou também a

concepção de uma língua à parte, não natural, artificialmente construída por

tecnólogos e cientistas” (FINATTO, 2004, p. 97).

Com o avanço dos estudos na área, surgiu a necessidade de uma nova teoria

para tentar sanar as limitações do TGT. Com este objetivo, a pesquisadora Maria

Teresa Cabré (1999) desenvolveu a Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT). Ao

contrário da TGT, a TCT, segundo Cabré, considera os termos como “unidades

linguísticas que exprimem conceitos técnicos e científicos”, mas não deixam de ser

“signos de uma língua natural, com características e propriedades semelhantes”

(BARROS, 2004, p. 57).

A TCT reconhece que pode existir uma variação conceptual nos várias áreas

de especialidade, propõe que o termo possua forma e conteúdo indissociáveis. Para

Cabré (1999), fora do contexto as unidades léxicas não são nem palavras, nem

termos, mas apenas unidades léxicas. Não existe termo per se: a unidade lexical

torna-se termo (assume o valor de termo) de acordo com o uso em um contexto

  18

expressivo e comunicacional específico (CABRÉ, 1999a, p. 124). Isso quer dizer que

uma mesma palavra pode ser termo em mais de uma área específica, e não possui

apenas um significado específico, independente da área como acreditava a TGT.

Segundo a TCT pode haver temos polissêmicos, sinônimos e homônimos,

contrariamente a TGT. Para a TCT, a palavra só se torna termo dependendo da

situação em que ela é usada. Sendo assim, observa-se que o objetivo desta teoria

segundo Cabré é

descrever forma, semântica, e funcionalmente as unidades que podem adquirir valor terminológico, dar conta de como são ativados e explicar suas relações com outros tipos de signos do mesmo ou distinto sistema, para fazer progredir o conhecimento sobre a comunicação especializada e as unidades que nela se usam (CABRÉ, 1999b, p.133).

Segundo Barros (2004), o objeto de estudo da Terminologia é o conjunto de

termos de um domínio e de seus conceitos. De qualquer forma, terminologia é um

termo polissêmico e pode ser aplicado a várias áreas. Terminologia pode ser uma

disciplina teórica e aplicada, assim como um campo inter e transdisciplinar, no qual é

feita a descrição e ordenamento do conhecimento e transferência. Além disso, é um

estudo científico dos conceitos e respectivos termos. Barros (2004) ainda menciona

Pierre Auger (1988) e sua análise dos estudos terminológicos para descrever

algumas das finalidades e tendências da terminologia mundial. Entre estas

finalidades está a Terminologia orientada para o sistema linguístico que se preocupa

com a descrição de conceitos e termos. Uma segunda finalidade é aquela orientada

para a tradução, na qual o objetivo é dar aos tradutores instrumentos para que

realizem um trabalho mais preciso e, por último, esta a vertente que se preocupa

com o planejamento linguístico, pois a Terminologia fornece dados para a

modificação da forma de uma língua.

Além destas funções, a terminologia pode também ser um instrumento no

ensino de línguas estrangeiras, no ensino de disciplinas técnicas e científicas e

também, como foi mencionado anteriormente, na normalização terminológica.

Aubert (apud BARROS 2004, p. 19) descreve a terminologia como sendo

“essencial para todo aqueles que têm, na linguagem e nas linguagens, sua

ferramenta de trabalho e reflexão, de produção e de criação, de promoção das

interações sociais” e, portanto demonstra a utilidade desta disciplina em muitas

áreas, podendo ser útil a professores e estudantes de diferentes domínios,

  19

tradutores, jornalistas, documentalistas e profissionais de áreas técnicas e científicas

por exemplo. Mais uma vez, vemos que a Terminologia é uma ferramenta relevante

para muitas áreas de atuação.

2.2 Histórico da Linguística de Corpus

A Linguística de Corpus (doravante LC), conforme Sardinha (2004, p.3),

“ocupa-se da coleta e da exploração de corpora, ou conjuntos de dados linguísticos

textuais coletados criteriosamente, com o propósito de servirem para a pesquisa de

uma língua ou variedade linguística”. A Linguística de Corpus “questiona os

paradigmas estabelecidos dos estudos linguísticos e mostra novos caminhos para o

linguista, o professor, o tradutor, o lexicógrafo e muitos outros profissionais”

(SARDINHA, 2004, xvii, xviii).

Antes de continuar a descrever o histórico da LC, é preciso definir o que é um

corpus. O dicionário Aurélio define um corpus como sendo um “conjunto de

documentos, dados e informações sobre determinada matéria” e/ou como um

“conjunto de materiais significantes (enunciados linguísticos, capas de revistas)

constituído com vistas a análise semiológica”. Uma outra definição mais atual que

defendemos na pesquisa é que um corpus é “uma coletânea de textos em formato

eletrônico, compilada segundo critérios específicos, considerada representativa de

uma língua (ou da parte que se pretende estudar), destinada à pesquisa” (TAGNIN,

2004).

Na LC, esses corpora são processados quase que instantaneamente por

meio de ferramentas computacionais que possibilitam a análise de dados. Conforme

o histórico traçado por Sardinha (2004), já havia corpora antes do computador,

considerando-se que o sentido da palavra quer dizer conjunto de documentos.

Alexandre, o Grande definiu o Corpus Helenístico; e na Idade Média, havia

corpora de citações da Bíblia. Já durante parte do século XX, muitos pesquisadores

usaram os corpora; entre eles educadores como Thorndike (apud SARDINHA, 2004,

p. 3) e linguistas como Boas e Fries (idem). O uso dos corpora era direcionado para

o ensino de línguas. Hoje, o corpus procura descrever a linguagem. Pode-se dizer

que foi o corpus Survey of English Usage (SEU), não computadorizado, que deu

feição aos corpora atuais. O SEU foi compilado por Randolf Quirk, em Londres, a

  20

partir de 1959. Conforme Sardinha (2004, p. 4), com o surgimento de Syntactic

Structures de Noam Chomsky (1957), aconteceu uma mudança de paradigma e as

teorias racionalistas da linguagem se tornaram o foco de estudo, levando a uma

redução nos estudos dos corpora, pois esses trabalhos eram feitos de forma manual

e havia muita desconfiança quanto à credibilidade do trabalho, já que a intuição

humana está propensa a erro. Faltava então um instrumento que permitisse a

análise de grande quantidade de dados de maneira confiável.

Com o desenvolvimento da tecnologia, em especial, com a invenção do

computador, a situação muda. Os computadores foram para os centros

universitários na década de 1960 e com sua popularização, passaram a ser

utilizados para as pesquisas em linguagem.

O primeiro corpus linguístico eletrônico foi o da Brown University Standard na

década de 1960, nomeado como Corpus of Present-day American English. Este

corpus surgiu em uma época em que seu método era questionado, quando a ideia

de gastar tempo e dinheiro para a coleta de registros linguísticos era vista com muita

incredulidade. Existia essa desconfiança porque havia sete anos que fora lançado o

Syntactic Structures, livro no qual Chomsky defendia a ideia de que os “dados

necessários para o linguista estavam em sua mente e acessíveis por meio da

introspecção” (SARDINHA, 2004, p. 2).

Percebemos, então, que o corpus Brown foi importante para impulsionar o

desenvolvimento da Linguística de Corpus. Sardinha (2004) explica que nos anos de

1980, com a entrada dos computadores pessoais, assim como o aumento de

popularidade dos corpora e ferramentas de processamento, a pesquisa linguística

usando corpus reaparece. Os computadores com softwares criados especificamente

para o tratamento de corpora permitiram um melhor processamento de dados e

também possibilitaram maior capacidade de armazenamento. Outros recursos

permitiram a criação de corpora com maior número de termos.

Hoje, a Linguística de Corpus é muito influente na pesquisa linguística. Esta

pesquisa tem sido mais desenvolvida na Europa, em especial, na Grã-Bretanha, na

Noruega, Suécia e Dinamarca. As pesquisas têm procurado tanto a teorização

quanto a criação de corpora. Fora da Europa, essa área de pesquisa ainda não é tão

  21

desenvolvida. No Brasil, a Linguística de Corpus está em estágio inicial (SARDINHA,

2004).

Sardinha (2004) lista em seu livro Linguística de Corpus os principais marcos

no desenvolvimento da LC e mencionaremos a seguir alguns deles. O trabalho

pioneiro que traçou o caminho da maioria das pesquisas em LC foi publicado em

1966 por John Sinclair. Ainda no mesmo ano, Geoffrey Leech publica o primeiro

trabalho sobre a análise de corpus no qual ele antecipa a necessidade de análises

detalhadas de corpora via computador. Já em 1987 é lançado o dicionário Cobuild, o

primeiro a ser compilado a partir de um corpus computadorizado. Aijmer e Altenberg

(1991) publicam a primeira grande obra que a usa a expressão “Corpus Linguistics”

no título. Em 1991, Sinclair reuniu alguns de seus principais trabalhos em uma obra

que contém muitas das ideias que atualmente são adotadas nesta área. Já a

contribuição de McEnery e Wilson (1996) foi a de um manual de Linguística de

Corpus que cobriu de maneira abrangente os conceitos práticos e teóricos desta

área de estudo. O trabalho deles ainda se destaca por ser dedicado a alunos de LC.

Ainda em 1996, é lançado a primeira edição do International Journal of Corpus

Linguistics, que é o primeiro periódico dedicado somente a LC. Com a popularização

dos computadores pessoais, vemos também que os pesquisadores passam a dar

atenção a este fato.

Em 1998, Alan Partington, professor da universidade de Bologna usou o

corpus para estudar a linguagem dos discursos políticos e sociais (ESRC), publicou

o livro Patterns and Meanings que se direciona ao praticante da LC “caseira”, mais

precisamente ao professor de línguas e ao tradutor.

A Linguística de Corpus pertence à chamada Linguística Empírica por sua

abordagem empirista e uma visão de linguagem probabilística. A LC dá valor aos

dados provenientes da observação da linguagem, agrupada em um corpus. A “visão

probabilística da linguagem” pressupõe que embora alguns termos, na teoria,

tenham a mesma possibilidade de ocorrer, eles nem sempre ocorrem com a mesma

frequência. A LC tem um foco no desempenho linguístico, na descrição linguística e

possui uma visão mais empirista do que racionalista, ou seja, a LC “põe a mão na

massa” e não se baseia apenas em observações teóricas; ela observa os corpora, e

a partir dos dados extraídos, tira suas conclusões.

  22

2.2.1 Os Corpora Atuais

Como mencionamos acima, a Linguística de Corpus tem como base para seu

estudo os corpora eletrônicos. A seguir destacamos alguns exemplos em língua

inglesa e língua portuguesa.

Em língua inglesa, mencionamos três que servem de marco de referência

históricos. O primeiro destes é o Brown Corpus (Brown University Standard Corpus

of Present-day American English). O Brown é destacado por ser o pioneiro. Ele foi

composto por Henry Kucera e W. Nelson Francis na década de 1960 na Brown

University, estado americano de Rhode Island. Este corpus contêm um milhão de

palavras do inglês americano, proveniente de textos publicados em 1961. Hoje, é

considerado ultrapassado, porém ainda é usado. Já o British National Corpus (BNC),

lançado no ano de 1995 destaca-se por ser o primeiro corpus a atingir 100 milhões

de palavras, sendo 90% na língua escrita e 10% na língua falada. Além disso, o

BNC foi o primeiro mega corpora a estar disponível para compra. E por último, existe

o Bank of English, que integra o Collins Birmingham University International

Language Database, um centro de pesquisa linguística na Universidade de

Birmingham, lançado em 1980 e estabelecido pela editora Collins. O projeto de

pesquisa era liderado pelo professor John Sinclair. O projeto COBUILD tinha como

objetivo analisar o corpus Bank of English. O Bank of English foi lançado em 1987

com 20 milhões de palavras do inglês britânico e atualmente contém 650 milhões de

palavras. Uma grande diferença do Bank of English para o Brown e BNC é que o

primeiro é um “corpus monitor, orgânico e em crescente expansão” (SARDINHA,

2004, p. 9), e não “planejados e fechados“ (idem) como os dois últimos. Hoje está

quase desativado, mas permanece como referência para o desenvolvimento de

aplicação da pesquisa baseada em corpus com fins comerciais.

Em língua portuguesa, há vários corpora eletrônicos de destaque, Sardinha

(2004) menciona tais como o “Corpus UNESP/Araraquara/Usos do Português” de

Araraquara composto de 200 milhões de palavras. O Corpus de referência do

português contemporâneo (CRPC), que está localizado no Centro de Linguística da

Universidade de Lisboa (CLUL) é composto por textos de vários países lusófonos,

com predominância da variedade europeia e com cerca de 152,6 milhões de

palavras. O Banco de Português, com 240 milhões de palavras, é um corpus monitor

  23

do português do Brasil. O Banco de Português, criado e mantido no âmbito do

projeto DIRECT faz parte dos Bancos de Dados do CEPRIL, LAEL, PUC/SP. Outro

corpus que se destaca é o Corpus Multilíngue para Ensino e Tradução (COMET).

Este corpus eletrônico tem por objetivo servir de suporte a pesquisas linguísticas,

principalmente nas áreas de tradução, terminologia e ensino de línguas. Um outro

corpus que tem sido bastante usado é o COMPARA que é um corpus paralelo

bidirecional do inglês e do português. É um corpus composto de textos no originais

em ambas as línguas e suas respectivas traduções. O COMPARA é uma ferramenta

que permite estudar a tradução e contrastar as traduções por meio de uma

ferramenta eletrônica. O Lácio Web é um site com um corpus contemporâneo

subdividido em subcorpora que representam vários gêneros e tipos textuais. O

Lácio-Web é um projeto de 30 meses de duração financiado pelo CNPq, iniciado em

janeiro de 2002, com parceria entre Núcleo Interinstitucional de Linguística

Computacional, localizado no ICMC-USP, IME (Instituto de Matemática e Estatística)

e FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas).

2.2.2 Linguística de Corpus e ferramentas computacionais

A LC necessita da tecnologia, pois ela possibilita tanto o armazenamento

como a exploração dos corpora por meio das ferramentas computacionais. Abaixo

algumas das ferramentas computacionais foram destacadas (SARDINHA, 2004,

p.15):

• 1970. TAGGIT, o primeiro etiquetador morfossintático para computador. • 1979. CLAWS, o etiquetador mais famoso em utilização, usado para anotar o

BNC. • 1987. TACT. Um dos programas pioneiros para microcomputadores. • 1993. MICROCONCORD. O mais famoso, simples e robusto programa de

concordância para microcomputadores até hoje. • 1995. WORDSMITH TOOLS. O mais completo e versátil conjunto de

ferramentas para LC. Mais recentemente, temos visto o aumento do uso do programa AntConc,

uma ferramenta de concordância disponível gratuitamente. Este programa foi

desenvolvido pelo prof. Laurence Anthony, britânico que é professor na faculdade de

Ciências e Engenharia na universidade de Waseda no Japão. Seus principais focos

  24

de pesquisa são a tecnologia educacional, a linguística de corpus e o

processamento da linguagem natural.

2.3 Diálogo entre Terminologia e Linguística de Corpus

Podemos dizer que a Terminologia estuda os termos, e textos em que há

termos. Esta ciência distingue entre o que é texto terminológico e o que é texto

discursivo. Por outro lado, a Linguística de Corpus acredita que é imprescindível

estudar ou pesquisar os usos extensivos da língua e a partir disso tirar explicações e

sistematizações. É preciso “por a mão na massa” e não simplesmente teorizar sobre

a língua sem nunca tocar nela. Portanto, os usuários de diversas áreas do

conhecimento perceberam a necessidade de uma ferramenta com recursos de

pesquisa baseado na linguagem ou língua que está sendo usada por especialistas

de áreas específicas. Dessa forma, a LC tornou-se fundamental para a pesquisa em

Terminologia e outras áreas. Aqui Biderman citado por Barros (2004, p.264) explica

que

os linguistas constataram a importância de consultar um corpus para testar hipóteses ou fornecer evidências na pesquisa linguística. Por isso, pouco a pouco, começou a febre da construção de imensos corpora das mais diversas línguas modernas e antigas [...] O corpus veio possibilitar um confronto entre a teoria e os dados empíricos da língua. De fato, o corpus pode mostrar como funciona uma língua natural em escala reduzida.

Nos últimos anos, a LC se tornou muito importante para o desenvolvimento do

estudo nessa área, e a Terminologia e a LC têm caminhado juntas, desenvolvendo

um diálogo. Para Finatto (2004, p. 98), “a Terminologia e Linguística de Corpus têm

dialogado em torno de um objeto comum, o texto técnico-científico e seu léxico, os

quais são objeto de exploração com apoio informatizado”. Ou seja, a linguagem

técnico-científica tem sido o principal ponto de encontro entre essas duas áreas.

Finatto ainda comenta que apesar destas áreas terem coisas em comum, precisa

haver um terceiro elemento, segundo ela este é a enunciação, que terá a função

catalizadora: “trata-se do reconhecimento das sistemáticas e das especificidades de

usos da linguagem por parte de um grupo social composto por tecnólogos e

cientistas que têm como fim comunicação, representação e produção de

conhecimentos” (FINATTO, 2004, p. 99). De qualquer forma, mesmo a Terminologia

  25

e a LC sendo matérias transdisciplinares, o desenvolvimento deste diálogo ainda é

tímido, pois a Terminologia não abre mão de seu foco que são os termos na

linguagem técnico-científica e a LC não se afasta de observações linguísticas mais

gerais.

Apesar de algumas dificuldades mencionadas acima, o diálogo entre a

Terminologia e a Linguística de Corpus é saudável e benéfica porque abre um

espaço para o reconhecimento e observação do termo em seu ambiente natural, e o

termo não será avaliado apenas como termo, mas como parte de um enunciado,

levando em consideração as partes envolvidas.

  26

3 TERMINOLOGIA, TRADUÇÃO E LINGUÍSTICA DE CORPUS

No capítulo 2, traçamos um panorama geral da Terminologia, da Linguística

de Corpus, e de sua relação. Agora, neste capítulo, trataremos das relações entre

Terminologia, tradução e Linguística de Corpus. Os estudos terminológicos têm se

tornado fundamentais para os profissionais da tradução. Sabemos que a

terminologia tem o papel de embasar a organização de glossários que facilitam a

consistência e a padronização de termos em áreas específicas.

É muito importante para o tradutor, especialmente o tradutor técnico, ter

conhecimento aprofundado em sua área de especialização. Maillot (1969, p. 7)

corrobora esta afirmação, ao declarar que a “insuficiência do contexto exige, então,

do tradutor a inteligência perfeita do assunto. Teremos mais de uma vez a ocasião

de insistir na necessidade, para o tradutor técnico, de acumular conhecimentos

extensos, tanto do setor técnico como no setor linguístico”. Mas a realidade é que

muitos dos tradutores não são especializados, e por isso a necessidade do uso de

glossários e dicionários terminológicos. Esses instrumentos são de grande utilidade

para o tradutor que de uma semana para outra precisa montar glossários para

traduzir um texto de uma área em que nunca trabalhou. Esses instrumentos têm

ajudado o tradutor, contribuindo para maior rapidez na realização de suas tarefas e

para uma produção de maior qualidade.

3.1 Terminologia e Tradução

O estudo da terminologia é bem recente, começou a se estabelecer na

segunda metade do século XX, conforme já discutido. Já os estudos de tradução,

contrariamente, possuem uma larga tradição. Mas a relação entre essas duas áreas

é bastante recente, pois surgiu em demanda à globalização que passou a exigir uma

maior quantidade de tradução de textos científicos e tecnológicos. Cabré (1999,

p.177) salienta a importância desse encontro, explicando que a área ainda tem muito

a crescer:

Nenhum especialista minimamente informado em linguística aplicada põe em questão, hoje em dia, que entre a tradução especializada e a terminologia existe uma relação evidente e inevitável, mas sem

  27

dúvida, se estudou muito pouco sobre as características e motivações dessa relação e menos ainda se estabeleceram seus limites.

Os caminhos da Tradução e da Terminologia “encontram seu ponto de

intercessão na tradução de textos especializados” (RAMOS, 2001, p. 165). Os

profissionais de cada área transmitem o seu conhecimento por meios da linguagem

especializada, e um tradutor especializado também deve ter um conhecimento

profundo da área de sua especialidade. O tradutor especializado deve “converter-se

igualmente em especialista”, acrescenta Ramos (idem). O profissional de tradução

será a ponte que ligará profissionais que trabalham em um determinado idioma a

profissionais que trabalham em outro idioma.

Krieger (2001) comenta que o uso da terminologia é um recurso para tornar a

comunicação “unívoca” e mais eficaz. O interesse maior dos tradutores pela

terminologia é enquanto conjunto dos termos de uma área, para que possam assim

estabelecer equivalentes terminológicos em seu texto de partida. Os tradutores não

são terminólogos, são vistos apenas como usuários indiretos. A terminologia tem

uma interface muito produtiva, que é usada por muitas outras áreas. Ao tradutor lhe

interessa “a tradução adequada e o tratamento correto do termo e das fraseologias”

(KRIEGER, 2001, p. 157).

Ambas as ciências surgiram da prática, “da necessidade de expressar um

pensamento especializado ou de resolver um problema de compreensão” (CABRÉ,

1999, p. 178). Ou seja, podemos ver a dimensão comunicativa das áreas, sabendo

que seu principal objetivo é facilitar a comunicação com especialistas. Porém,

podemos perceber que uma diferença evidente entre estas áreas é que a tradução

tem um caráter finalista enquanto a terminologia não o tem; é apenas uma

ferramenta para outros fins. Conforme Krieger (2001, p. 159): “a tradução constitui

uma finalidade nela mesma ao produzir um texto em outra língua; enquanto a

terminologia aplicada, ao elaborar obras de referência, oferece instrumentos

pragmáticos que se constituem meios para facilitar o trabalho de tradutores”.

Essa citação é valiosa, pois mostra que o tradutor é autônomo, e seu

conhecimento é mais que fundamental e necessário para uma boa tradução. O

tradutor se vale de glossários e dicionários para ter uma maior compreensão da

natureza daquilo que está traduzindo e dos termos técnicos que está usando. Por

estar sempre por dentro da linguagem de especialidades, mesmo não o sendo, o

  28

tradutor também pode torna-se um terminológo, pois conhece os termos e seus

equivalentes dentro de uma determinada área do conhecimento e pode também

usar a terminologia como ferramenta criativa para criar novos termos adequados as

suas necessidades. Desta forma, para Ramos (2001, p. 166) o

tradutor pode se converter em um produtor de terminologia, para si mesmo e para outros tradutores, já que, conhecendo bem as necessidades terminológicas da tradução, pode elaborar vocabulários pertinentes na seleção de entradas e nas informações necessárias.

Atualmente muitos profissionais da tradução têm se beneficiado dessa valiosa

ferramenta para o aprimoramento de seu trabalho; fazendo uso da natureza

simbiótica que essas áreas assumem quando utilizadas conjuntamente. Além disso,

tanto a tradução como a Terminologia possuem uma natureza interdisciplinar.

Podemos afirmar isso porque ambas se valem de conhecimentos de outros campos

do saber, e desta forma se aprofundam na área que tem interesse.

Levando em consideração os fatos apresentados acima, observamos que a

relação entre a Terminologia e a Tradução tem sido positiva, uma vez que as

pesquisas na área de terminologia oferecem ao tradutor não apenas materiais

necessários para o seu trabalho, mas também o conhecimento aprofundado sobre

como funcionam as linguagens e os recursos que podem ser utilizados para uma

otimização de seu trabalho. Vemos, portanto, que essas duas áreas se

complementam, e o diálogo entre elas, pelo menos no Brasil, tende a aumentar.

3.2 Tradução e Linguística de Corpus

Assim como a Terminologia, a Linguística de Corpus também tem sido muito

relevante no desenvolvimento da pesquisa e do trabalho do tradutor. A partir do

resultado das pesquisas que têm sido feitas na área de terminologia, o tradutor já

conta com muitos glossários e dicionários especializados. Mas para fazer uma boa

tradução, o profissional não pode levar em consideração apenas a tradução de

termos isolados, há todo um contexto que vem também a definir o significado. É

justamente nesse ponto que a LC tem muito a oferecer ao tradutor, pois por meio

dos corpora, o tradutor pode usufruir de uma fonte de pesquisa que possa prover

informações linguísticas relevantes. Por essa razão a LC, cujo princípio básico é

analisar a língua como ela realmente é usada, tem se tornado essencial.

  29

O grande impulso inicial na pesquisa em tradução com corpora foi dado por

Mona Baker, em várias publicações (Baker, 1995, 1996, 1998, 1999). Atualmente, o

estudo da tradução por meio da LC é uma das linhas de pesquisa mais atuantes.

Huston (2002) citado por Sardinha (2004, p. 15) acredita que:

Os Corpora têm mais a oferecer aos tradutores do que se pode perceber à primeira vista. Não apenas eles podem fornecer evidência de como as palavras são usadas e que traduções para uma dada palavra ou frase são possíveis, mas também fornecem uma visão do processo e da natureza da própria tradução (Nossa tradução – N.T.).2

O próprio Sardinha (2003, p. 70) explica que “a organização da linguagem é

muito mais complexa do que o suposto, ficando claro que a utilização de corpora, de

certa forma, deixou de ser uma opção para investigações na área”, passando a ser

uma necessidade, uma ferramenta fundamental para o trabalho do tradutor. Por

essas razões cada vez mais a LC tem sido usada no trabalho de tradução.

Outra conclusão que pode ser tirada das citações acima é a de que a intuição

humana é muito inexata, e a LC proporciona um meio para que tal intuição seja

avaliada e provada em um grande corpus. Analisando as ocorrências de um termo

em um corpus que contém textos escritos na língua “como ela é”, o tradutor tem

maior segurança de estar fazendo uma tradução mais acertada.

Com a LC, é possível fazer uma análise bidirecional de termos no contexto

em que são usados, desta forma, eliminando possíveis dúvidas quanto a qual seria o

termo mais apropriado para a tradução. Os corpora têm muito a oferecer aos

profissionais de tradução “porquanto fornecem evidências de como as palavras são

empregadas, das possibilidades de como é traduzido um dado termo ou segmento

textual” (CAMARGO, 2008, p.4). Sardinha (2002) cita Togninni-Bonelli (2002, p. 81)

ao afirmar que “o uso de um corpus de tradução... nos dará um conjunto possível de

pares de tradução que já foram identificados e usados por tradutores; em outras

palavras, comprovados pelo uso autêntico em traduções” (N.T)3

É importante notar que a LC tem se tornado muito importante para que o

tradutor venha a realizar um bom trabalho. Um exemplo dessa utilidade é o corpus

                                                                                                               2Corpora ... have more to offer translators than might at first sight be apparent. Not only can they provide evidence for how words are used and what translations for a given word or phrase are possible, they also provide an insight into the process and nature of translations itself. 3The use of a translation corpus ... will ... provide us with a set of possible translation pairs that have already been identified and used by translators, in other words, verified by actual translation usage.  

  30

paralelo COMPARA, que possui cerca de dois milhões de palavras de textos

literários, alinhando os textos originais em língua inglesa e em língua portuguesa às

respectivas traduções. Este corpus pode ser consultado na Internet para tirar

dúvidas nas questões gramaticais, de estilo, marcas culturais e as diferentes

soluções encontradas pelos tradutores das obras, por exemplo.

Existem também os corpora comparáveis que relacionam textos de um

determinado tema em ambas as línguas para que possam ser feitas comparações

sintáticas e lexicais. As ferramentas mais usadas atualmente como o WordSmith

Tools e o AntConc, também possibilitam que o tradutor examine a traduções de

frases, colocações e expressões para que o texto fique o mais natural possível.

Tagnin (2002, apud RIBEIRO, 2008, p. 164) ressalta a importância do uso dessas

ferramentas para produzir um texto fluente e natural:

Por estranho que pareça, mesmo como falante nativo da língua alvo, o tradutor pode ter problemas no nível da produção para conseguir soluções naturais, caso se atenha tanto ao texto de partida a ponto de não perceber que, entre formas igualmente gramaticais, uma delas é de uso mais corrente. Em outras palavras, pode não se dar conta de que, dentro de uma gama de formas gramaticalmente possíveis, há certas formas que têm uma probabilidade maior de ocorrerem.

Embora haja um grande potencial para o uso de corpora no campo da

tradução, a pesquisa nessa área é ainda escassa; desenvolvendo-se timidamente.

Por essas razões, espera-se que as pesquisas tanto na área de Terminologia como

de LC, e de tradução e suas relações, venham crescer e aumentar a produtividade e

qualidade do tradutor em seu trabalho.

  31

4 ELLEN G. WHITE E A MENSAGEM DE SAÚDE

4.1 A autora

Ellen Gould White (EGW), nascida em 1827 em Maine nos Estados Unidos,

foi uma escritora muito prolífica, com mais de quarenta livros e cinco mil artigos

escritos. Ela abordava assuntos como religião, educação, saúde, relações sociais,

evangelismo, profecias, trabalho de publicações, nutrição e administração. Dentre

os livros, alguns têm natureza devocional e outros foram compostos a partir de

inúmeras cartas pessoais, repletas de conselhos, que ela escreveu ao longo dos

anos. Hoje em dia, incluindo compilações de seus escritos, mais de 150 livros estão

disponíveis em inglês e cerca de 90 em português. Caminho a Cristo, um dos seus

livros mais importantes, que trata do sucesso na vida cristã, já foi publicado em mais

de 150 línguas fazendo dela uma das escritoras mais traduzidas na história da

literatura (WHITE, A.). Seus escritos são aceitos pela Igreja Adventista do Sétimo

Dia como inspirados por Deus e como mensagem direta para seu povo. Acreditam

que ela “foi apontada por Deus para ser uma mensageira especial a fim de atrair a

atenção de todos para as Santas Escrituras, e para ajudá-los a se prepararem para

a segunda vinda de Cristo” (WHITE, A.). Por isso seus escritos são de tanto valor

para os membros da Igreja Adventista. Foi casada com James White e teve quatro

filhos. Ela faleceu aos 87 anos em 1915, em Elmshaven, Califórnia.

4.2 A mensagem de saúde nos escritos de Ellen White

Entre os temas mais abordado por EGW em seus escritos é o assunto de

saúde. Ela compreendia a imagem bíblica da unidade do corpo, da mente, e do

espírito. Para uma que houvesse uma interação entre os três, era necessário que

cada parte estivesse saudável. Para que as pessoas possam desenvolver um

melhor relacionamento com Deus é fundamental que estejam saudáveis. Por isso a

maior preocupação da mensagem de saúde é eliminar o impacto negativo que os

maus hábitos de saúde podem causar na vida espiritual. Na passagem a seguir ela

explica por que achava essa mensagem de saúde tão pertinente:

  32

Na revelação que me foi concedida tanto tempo atrás, foi-me mostrado que a intemperança prevaleceria no mundo numa proporção alarmante e que cada um que pertence ao povo de Deus deve tomar uma elevada posição quanto à reforma dos hábitos e práticas. [...] O Senhor expôs perante mim um plano geral. Foi-me mostrado que Deus daria ao Seu povo que guarda os Seus mandamentos uma reforma alimentar, e que quando eles a recebessem, suas enfermidades e sofrimentos deveriam diminuir grandemente. Mostrou-se-me que essa obra progrediria (WHITE, 1991, p. 531).

Podemos ver que Deus revelou por intermédio de Ellen White que os

princípios de saúde eram muito importantes pois o corpo é o templo do espirito santo

e é unicamente pela mente que Deus pode se comunicar com o ser humano. E para

poder ouvir a Deus e fazer o seu serviço, o ser humano deve estar com saúde plena.

Os ensinos por ela transmitidos iam muitas vezes contra a medicina da

época: no seu tempo, enfatizou os perigos do tabaco, chá e café e princípios que

incentivavam uma dieta vegetariana e o domínio próprio para evitar excessos no

comer. Outros conselhos incluem beber muita água, fazer exercício físico, respirar ar

puro e evitar drogas prejudiciais à saúde. Fala também da importância de aprender a

cozinhar alimentos saudáveis e da influência que isso pode trazer para as pessoas.

Estes são conselhos para o benefício próprio do indivíduo.

Mas, a mensagem de saúde também se preocupa com a saúde e o bem-estar

do próximo. Outro ponto muito importante na mensagem de saúde da escritora era o

estabelecimento de sanatórios e hospitais e do trabalhado de médicos como

missionários para levar a saúde a outras pessoas. A autora acreditava que o

estabelecimento destas coisas era “o meio que Deus usaria para levar o Seu povo a

uma compreensão correta com respeito à reforma de saúde” (WHITE, 1991, p. 531).

EGW e seu esposo foram fundadores das primeiras instituições de saúde da

organização adventista, como o Western Health Reform Institute in Battle Creek,

Michigan em 1866.

Vemos, portanto, que esta era uma mensagem completa e muito significante

em sua época e continua sendo hoje. Entre os principais livros de saúde da autora

sobre saúde, encontramos os seguintes:

  33

LIVRO ANO DE

PUBLICAÇÃO

Christian Temperance and Bible Hygiene 1890

Healthful Living 1897

The Ministry of Healing 1905

Counsels on Health 1923

Medical Ministry 1932

A Call to Medical Evangelism and Health Education 1933.

Counsels on Diet and Foods 1938

Temperance 1949

The Health Food Ministry 1970

Tabela 1 – Livros de saúde da escritora Ellen G. White e suas datas de publicação.

Para este trabalho escolhemos apenas dois livros na área de saúde para

compor nosso corpus. Os livros escolhidos foram The Ministry of Healing e Counsels

on Health para o corpus em inglês e suas respectivas versões em português A

Ciência do Bom Viver e Conselhos sobre Saúde para o corpus em português.

  34

5 METODOLOGIA

Este trabalho segue os padrões da pesquisa explicativa, visto que tentamos

identificar as variáveis que determinam a ocorrência da falta de padronização nas

traduções de uma obra de Ellen G. White, e assim explicar a razão do fenômeno. A

nossa metodologia de pesquisa está fundamentada na Linguística de Corpus e nos

estudos terminológicos, seguindo seus procedimentos metodológicos, com objetivo

final de desenvolver uma amostra de glossário.

5.1 Seleção do corpus

Como nossa proposta é estabelecer uma padronização de termos de uma

autora específica e, em uma área específica, escolhemos dois livros da autora Ellen

G. White na língua original; o inglês norte-americano e suas respectivas traduções

para o português do Brasil.

Para formar o corpus de língua inglesa (LI) foram escolhidos os seguintes

livros: Counsels on Health, publicado em 1923, com conselhos sobre dieta, atividade

física, conselhos aos sanatórios, médicos, enfermeiras e trata também de princípios

de vida saudável; The Ministry of Healing, publicado em 1905, cujo conteúdo traz

instruções sobre os princípios de vida saudável, remédios naturais, sobre o cuidado

com os doentes, uma vida cristã positiva e comenta também a importância de

ministrar aos outros esses conhecimentos.

Para o corpus de língua portuguesa (LP), escolhemos as respectivas

traduções destes mesmos livros: Conselhos sobre saúde, traduzido por Almir A. da

Fonseca e publicado em 1991 e A ciência do bom viver, traduzido por Carlos A.

Trezza, publicado em no Brasil em 1994.

5.2 Compilação, manipulação e organização do material

Os textos em inglês e português que compõem o corpora foram retirados do

site EGW Writings (https://egwwritings.org/) que disponibiliza eletronicamente todas

  35

as obras da escritora em várias línguas. Os livros escolhidos para comporem o

corpora foram copiados por inteiro para um arquivo de Word, um arquivo para cada

língua, e salvos em formato .txt. Tanto o corpus em língua portuguesa (LP) quanto o

de língua inglesa (LI) são compostos por cerca de 300 mil palavras. Em

representatividade e número de palavras, conforme a tabela de classificação de

Sardinha (2004), este corpus se enquadra na categoria “Médio”.

5.3 Tratamento do Corpus

Para o tratamento e a análise do corpus usamos o software gratuito AntConc

versão 3.3 para Macintosh que pode ser obtido na internet no endereço

(http://www.antlab.sci.waseda.ac.jp/software.html). Este software possui

concordanciador, ferramenta muito útil, pois permite encontrar resultados de maneira

simples por meio de uma busca com concordâncias, pesquisa por palavras-chave,

pela lista de palavras, e também é possível criar e salvar lista de palavras, etc. (ver

Figura 1).

Figura 1 – Tela principal do AntConc

  36

Figura 2 – Tela do AntConc com a opção “Word List” ativa.

Figura 3 – Tela do AntConc com a opção “Concordance” ativa.

  37

Figura 4 – Tela do AntConc com a opção “Clusters/N-Grams” ativa.

5.4 Pesquisa de um corpus de conteúdo especializado

A fonte de amostra para o corpus usada na compilação do glossário proposto

são dois livros da autora EGW no idioma inglês e suas traduções para o português

brasileiro, escritos por uma nativa norte-americana e traduzidos por brasileiros

nativos. Estes livros formam o corpus para a compilação do glossário específico da

autora. A partir desta análise, elaboramos uma lista de verbetes a partir dos escritos

de EGW na área de saúde na língua de partida (LI) e seus correspondentes na

língua de chegada (LP), assim como apresentar exemplos reais do uso dos verbetes

listados, tanto na língua de partida quanto na de chegada.

A seguir a tabela com as palavras mais frequentes no corpus em língua

portuguesa com os termos destacados em negritos:

  38

Tabela 2: As 100 palavras em LP mais frequentes com os possíveis termos destacados em

negrito.

  39

Tabela 3: As 100 palavras mais frequentes em LI com os possíveis termos destacados em negrito.

  40

5.5 Candidatos a termo

O primeiro passo na organização de um glossário é a importação do corpus

selecionado para o programa. Em seguida, usa-se uma lista de “stop words”, que

consiste de uma lista de palavras irrelevantes para a busca de termos, constituída

por artigos, preposições, isto é, palavras de ligação. Depois acessamos a opção

“WordList” para gerar a lista de palavras. A partir desta lista e da opção “Clusters”, o

usuário fará a análise. Com base na frequência de uso tanto na WordList como nos

Clusters, que apresentam uma palavra específica ou um sintagma nominal com as

palavras que estão antes ou depois dela, o usuário seleciona quais palavras ou

expressões são termos da área e, portanto, devem constar no glossário.

O passo seguinte foi a seleção dos termos para posterior cotejo e definição

dos possíveis termos usando um corpus genérico (chamado corpus de referência) e

também outro de domínio especializado, usando-se o recurso “WordList” do

programa. Faz-se, então, uma comparação entre os dados das duas listas. As

palavras que forem comuns em ambas as listas, devem ser desconsideradas.

Assim, as palavras que não se repetem nos dois corpora são de domínio

especializado e candidatas a termo no glossário especializado.

Além dos passos mencionados acima, outro fator de grande influência na

decisão dos termos é o conhecimento de termos na área de saúde derivado de

frequentes leituras e traduções de textos especializados.

Para fins de exemplificação, o termo “saúde” é apresentado contextualizado

no corpus em LP:

  41

Figura 5 – Tela do AntConc com termo “saúde”

O termo “saúde” do corpus em LP aparece em 13° na lista com 770

ocorrências.

Figura 6– Tela do AntConc com o termo “health”

  42

O termo correspondente em LI “health” mostrado na figura acima aponta na 7°

posição do corpus com 819 ocorrências.

Vejamos agora o termo “saúde” em seu contexto no corpus em LP:

Figura 7 – Tela do AntConc com o termo “saúde” contextualizado.

Conforme amostra contextual verifica-se que o termo “saúde” apresenta-se

como sintagma nominal, como por exemplo: “princípios de saúde”, “leis de saúde”, e

“reforma de saúde”, entre outros, que são termos bastante usados pela autora e

possuem significados distintos que simplesmente “saúde”, e, portanto, devem

constar no glossário especializado. A opção “Clusters” é uma boa ajuda para

encontrar os sintagmas.

Vejamos abaixo seu correspondente em LI contextualizado no corpus em LI:

  43

Figura 8 – Tela do AntConc com termo “health” contextualizado.

Na amostra textual em inglês, pode-se encontrar o termo central, como

sintagma nominal: “health reform”, “moral health” e “laws of health”. Da mesma

forma como em português, estes sintagmas devem ser incluídos na lista de

candidatos a termos na área de saúde, considerando sua frequência de uso e

colocação em outros termos.

  44

Figura 9 – Tela do AntConc com o termo “health” na opção “Clusters”.

Como vemos na figura acima, a opção “Clusters” é muito útil para encontrar

termos compostos e uma opção mais rápida do que procurar os termos por seu

contexto.

5.6 Decisão da autora para candidato a termo

Com base nos dados apresentados acima, a autora deste trabalho concluiu

que o método adequado para a seleção das entradas que constarão na amostra de

glossário devem ser os itens lexicais portadores de sentido mais frequentes e

específicos da área de saúde.

5.7 Formato

Ao considerarmos que estamos na era da informação, em que a grande

maioria das pessoas dispõe de recursos digitais, recomenda-se que novos

dicionários e glossários terminológicos sejam disponibilizadas em formato digital, e

até mesmo online. Sugere-se por exemplo, um glossário especializado, da escritora

  45

EGW, na área de saúde que poderá ser usado como ferramenta de consulta por

profissionais de tradução, sendo uma das propostas deste trabalho. A

disponibilização de glossários em formato digital é aconselhável para uso por

especialistas ou tradutores que têm como ferramenta indispensável de trabalho, o

computador. Outra vantagem do glossário digital é a facilidade e rapidez na

localização de um termo se comparado a glossários impressos, bastando que o

profissional da tradução utilize a ferramenta de busca de termos específico

disponível nos softwares de leitura de glossários.

  46

6 CONSIDERAÇÕES DECORRENTES DA ANÁLISE

Depois da análise do corpus em português e inglês, encontramos várias

inconsistências nas traduções de termos iguais. Para a grande maioria dos termos

encontramos mais de uma tradução para o mesmo, mostrando assim muita

inconsistência nas traduções. Disponibilizamos uma tabela com os temos em inglês

e todas as equivalências ou inconsistências da tradução para o português, que se

encontra no Apêndice deste trabalho. Essas inconsistências variaram de

inconsistências de pequena gravidade, como o uso das preposições “de” e “da” a

inconsistências mais graves. Ao se comparar com a tradução, estas preposições

junto ao termo “health principles” apresentaram variações, como por exemplo,

“princípios de temperança” e “princípios da temperança”. Observou-se que há falta

de padronização mais comprometedora nas traduções do sintagma “wholesome

food”, que foi traduzido pelo menos de três maneiras diferentes: “comida saudável”,

“alimentos sãos” e “alimentos saudáveis”; interessante ressaltar que, por outro lado,

o termo “health foods”, de fato deve ser traduzido como “alimentos saudáveis”, o que

é diferente de “wholesome food”. Estas variações justificam a necessidade de

organização de glossários na área, o que seria muito produtivo e evitaria esse tipo

de inconsistências. Notamos, portanto, que um glossário especializado garante a

consistência e a qualidade do trabalho realizado, também facilitando a seleção e

escolha do termo a ser usado. Como exemplos, apresentamos abaixo alguns

excertos que apontam para esta falta de padronização.

6.1 Variantes de tradução para o termo “healing balm”

O termo “healing balm” aparece no corpus em inglês seis vezes, e no corpus

em português encontramos seis traduções diferentes para o mesmo termo,

apontando mais uma vez para a falta de padronização deste termo. Observemos as

diferenças:

Original em inglês (OI): 1. We should let the afflicted understand that in Him there is healing balm for every disease.

  47

2. ...but find a healing balm for their sin-sick souls. 3. …he may bring to the suffering ones a healing balm. 4. …he may carry the true healing balm to the sin-sick soul. 5. In Him there is healing balm for every disease, restoring power for every infirmity. Tradução (T): 1. Devemos fazer com que os aflitos entendam que nEle há bálsamo para todas as doenças. 1a. Devemos fazer com que o aflito entenda que nEle há bálsamo curador para cada doença. 2. ...mas encontram o bálsamo sanador para sua alma enferma pelo pecado. 3. ...pode ele levar aos sofredores o bálsamo que sara. 4. ...pode levar o verdadeiro bálsamo restaurador à alma enferma pelo pecado. 5. NEle há bálsamo curativo para toda doença, poder restaurador para toda enfermidade. Observemos que no fragmento 1 e 1a, a sentença em inglês era exatamente a

mesma. Na primeira, o termo “healing balm” foi traduzido apenas como “bálsamo”;

enquanto que na segunda, foi traduzido como “bálsamo curador”. Este é um

exemplo claro, portanto, que demonstra a inconsistência na tradução de um mesmo

termo.

6.2 Variantes de tradução para o termo “poor cookery”

Este termo aparece apenas três vezes no corpus e foi interessante notar que

este foi traduzido de três maneira distintas.

OI: 1. The victims of poor cookery are numbered by thousands. 2. Many souls are lost as the result of poor cookery. 3. Poor cookery is wearing away the life energies of thousands.

T:

1. As vítimas da deficiência culinária contam-se aos milhares 2. Muitas almas se perdem em razão de um errôneo modo de preparar os alimentos. 3. A cozinha pobre está consumindo as energias vitais de milhares.

  48

Podemos perceber na traduções, mais uma vez, as inconsistências nas traduções,

Em especial, na tradução 2 percebemos que o tradutor não usou um termo

equivalente e sim fez uma explicação do termo para tentar passar o significado,

6.3 Variantes de tradução para o termo “sickbed”

OI:

1. This is important to sickbed attendants, especially if the friends of the sick... 2. On the sickbed Christ is often accepted and confessed... 3. We have united in earnest prayer around the sickbed of men, women, and children... 4. The mother watching by the sickbed of her child... 5. We shall find His footprints beside the sickbed... 6. When a physician comes to the sickbed...

T:

1. Isto é importante para as atendentes de pessoas enfermas, especialmente se os amigos do doente 2. No leito de enfermidade Cristo é com frequência aceito e confessado; 3. Temo-nos reunido em fervorosa prece ao redor do leito de dor de homens, mulheres e crianças.. 4. A mãe que vela junto ao leito de dor de seu filho... 5. Encontraremos Suas pegadas ao pé do leito dos doentes... 5a. Acharemos os vestígios dos Seus passos ao lado do leito do enfermo... 6. Quando um médico se aproxima do leito de um doente...

A partir do que observamos acima, declaramos que não estamos julgando os

tradutores, nem considerando “erro” algumas variantes escolhidas, já que este não é

o escopo do nosso trabalho. Entretanto, em alguns casos podemos dizer que

algumas escolhas não parecem adequadas ao contexto em que se inserem. Além

disso, detecta-se que as inconsistências poderiam ser evitadas caso se trabalhasse

com memórias de tradução (Wordfast, Trados, Translation Manager, entre outros) ou

se os tradutores tivessem à disposição glossários previamente organizados para

auxiliar neste processo.

  49

A boa notícia é que quem traduz não precisa mais se preocupar com essas

inconsistências, uma vez que os gerenciadores terminológicos e a Linguística de

Corpus estão no mercado para facilitar, agilizar e padronizar o trabalho do

profissional de tradução.

  50

7 APRESENTAÇÃO DO MODELO DE GLOSSÁRIO

Para a apresentação do modelo, destaca-se aqui a palavra “sanatorium”, seu

equivalente em português com base na análise do corpus e a definição entre eles:

Inglês Definição Português

Sanatorium Instituição para doentes em tratamento ou

convalescença, comuns no século XIX.

Sanatório

Tabela 4: Amostra de verbete do glossário técnico bilíngue Inglês > Português na área da

saúde com base nas obras de EGW

7.1 Ordem das entradas

A classificação de entradas em um glossário pode ser feita de duas formas:

pela ordem alfabética ou por conteúdo. Barros (2004) afirma que a disposição dos

verbetes em ordem alfabética tem sido o modelo mais aceito pelo consciente

coletivo do leitor. Por essa razão é o modelo adotado pelos dicionários, uma vez que

simplifica a localização do termo pelo usuário E também será adotado no presente

trabalho.

7.2 Critérios de qualidade

Segundo Rosseau (apud AZEVEDO, 2011, p.41) e os princípios

metodológicos do trabalho terminológico definem algumas regras a serem seguidas

para a garantia de um trabalho de qualidade:

• Acessibilidade: o usuário deve poder encontrar rapidamente a terminologia

apropriada às suas necessidades e adaptada ao nível e à situação de

comunicação;

• Atualidade: qualquer que seja o domínio ou o campo de experiência, o locutor

deve poder utilizar uma terminologia atualizada;

  51

• Confiabilidade: o usuário deve utilizar uma terminologia reconhecida pelos

seus pares e pelo meio profissional ao qual ele se dirige, se quiser comunicar

de forma eficaz.

  52

8 AMOSTRA DE GLOSSÁRIO

Este subtópico apresenta o resultado do cotejo e análise dos dados do corpus

em LI e do corpus em LP, tendo como resultado um glossário com termos

selecionados em inglês e sua respectiva tradução para o português, acompanhado

de sua descrição.

Apresentamos uma tabela com três entradas: a entrada em inglês, a sugerido

uma definição para cada termo, seguindo o critério descrito acima, e sua respectiva

tradução.

8.1 Entradas em inglês numeradas e organizadas em ordem alfabética, seguidas de suas respectivas traduções e definições: n° INGLÊS DEFINIÇÃO PORTUGUÊS

1 Active exercise

Exercício físico vigoroso no qual a

pessoa faz uso da própria força

muscular.

Exercício ativo

2 Beauty of

character

Qualidade agradável a Deus, como

fruto da operação do Espírito Santo

na alma de uma pessoa.

Beleza de caráter

3 Beloved physician

Referência a Lucas, escritor da

epístola de Lucas, chamado pelo

apóstolo Paulo de “médico amado”

(Colossenses 4:14).

Médico amado

4 Benumbed

sensibility

Embotamento/entorpecimento das

capacidades sensitivas do indivíduo

em todos os níveis.

Sensibilidade

embotada

5 Blood-making

organs

Órgãos do corpo responsáveis pela

produção de sangue no organismo

humano.

Órgãos produtores

de sangue

  53

6 Brain nerve power

Força ou poder dos nervos cerebrais

capaz de controlar todas as ações de

um indivíduo.

Energia nervosa

do cérebro

7 Brain workers

Pessoas com pesado esforço mental,

exigindo mais do que podem do

cérebro e sem preocupação com

exercício físico.

Obreiros

intelectuais

8 Burden bearer

Indivíduo à disposição para carregar

os fardos de outros, com amor e

responsabilidades e sem queixumes.

Jesus Cristo é o maior exemplo.

Portador de fardos

9 Care for the sick Ato de prestar cuidados aos

enfermos.

Cuidado dos

doentes

10 Cheerful spirit Senso ou espírito de alegria,

contentamento e ânimo. Espírito alegre

11 Circulation of the

blood

Movimento do sangue do coração

para o sistema de veias e artérias do

corpo humano.

Circulação do

sangue

12 Condition of health Situação da saúde na qual se

encontra uma pessoa. Estado de saúde

13 Constant

communion

Tempo gasto diariamente em

comunhão com Deus e

aprofundamento do relacionamento

com Ele.

Comunhão

constante

14 Control of reason Domínio ou poder sobre a mente e

de tomada de decisões. Controle da razão

15 Cooking schools Escolas especializadas no ensino da

arte culinária saudável.

Escolas de arte

culinária

  54

16 Correct habits

Costume formados a partir de

escolhas corretas, em conformidade

com a vontade de Deus.

Hábitos corretos

17 Degenerate age

Época de costumes corrompidos e

depravados. A autora se refere a

época em que vive no final do século

XIX início do século XX.

Era degenerada

18 Degradation Perda de qualidades; desgaste;

deterioração. Degradação

19 Diet Conjunto de alimentos consumidos

habitualmente por uma pessoa. Regime alimentar

20 Digestive organs Órgãos responsáveis pela digestão

dos alimentos. Órgãos digestivos

21 Diseased bodies Corpos em se encontram doentes ou

enfermos. Corpos enfermos

22 Drunkenness

Estado de excitação e

descoordenação dos movimentos

provocados pelo consumo exagerado

de bebidas alcoólicas.

Embriaguez

23 Evil habits Costumes errados, nocivos e

prejudiciais à saúde. Maus hábitos

24 Faculties of the

mind

Conjunto de recursos intelectuais e

psíquicos próprios da mente humana.

Isto é, a capacidade, disposição,

talento, dom, aptidão natural ou

adquirida de fazer alguma coisa.

Faculdades

mentais

  55

25 Fermentation

Conjunto de reações químicas

controladas enzimaticamente, na

qual uma molécula orgânica é

degradada em compostos mais

simples, libertando energia, causada

pela indulgência no apetite.

Fermentação

26 Flesh meat

Alimento animal; tecidos musculares

dos animais usados como alimentos

por muitas pessoas.

Carne

27 Fresh air

Ar limpo sem impurezas causadas

pela poluição ou substâncias

prejudiciais. Proporciona o oxigênio

ideal para todo o organismo.

Ar fresco

28 General debility

Enfraquecimento orgânico,

acompanhado de prostração e

desânimo.

Debilidade geral

29 Gluttony

Ato de comer em demasia, em

excesso, ultrapassando o limite da

saciedade.

Gula

30 Good bread Referência ao pão integral, o qual

traz maiores benefícios à saúde. Bom pão

31 Great physician

Referência a Jesus, o grande

médico, realizador de muitas curas

tanto físicas como espirituais.

Grande médico

32 Healing balm

Resina aromática, ressumante de

certos vegetais com propriedades de

cura e alívio; usado também como

alusão ao conforto concedido por

Deus.

Bálsamo

restaurador

33 Health principles Guias revelados por Deus para

manter uma vida saudável.

Princípios de

saúde

  56

34 Health reform

Correção dos maus hábitos para

promover uma vida saudável

seguindo os princípios de Deus,

achados na Bíblia.

Reforma de saúde

35 Healthful dress

Roupas com simplicidade natural,

asseadas, modestas e convenientes;

roupas que colaboram para a saúde.

Roupas saudáveis

36 Healthy condition Situação da saúde positiva, em boa

condição.

Condição

saudável

37 Heart of nature Parte mais importante ou central da

natureza; parte central; essência.

Coração da

Natureza

38 Impoverished diet

Escolhas de alimentos muito mal

preparados, com poucos nutrientes,

os quais não suprem o corpo dos

elementos necessários.

Regime

insuficiente

39 Laws of nature

Leis derivadas da natureza e

estabelecidas por Deus, exercendo

ação sobre o ser humano; fenômeno

observado da natureza humana

Leis da natureza

40 Liquor habit Tendência ao consumo de bebidas

alcoólicas. Hábito de beber

41 Living connection

Relação diária e ativa com alguém.

Neste caso, sempre é referencia ao

relacionamento vivo entre o ser

humano e Deus.

Relação viva

42 Living sacrifice

Termo de Romanos 12:1 onde Paulo

nos convida a sermos um sacrifício

vivo ao Senhor, ao honrá-lo com

nosso corpo e nossos talentos.

Sacrifício vivo

43 Mature age Época da vida de uma pessoa na Idade madura

  57

qual já acumulou experiências de

vida, na qual possui mais maturidade;

idade avançada.

44 Meat eating Alimentar-se de comida proveniente

de animais. Comer carne

45 Medical missionary

work

Trabalho médico realizado com

intuito missionário para levar os

ensinos sobre vida saudável aos

outros.

Obra médico-

missionária

46 Mental labor Trabalho realizado somente com o

uso das capacidades mentais. Trabalho mental

47 Moral corruption Desvirtuamento de valores morais. Corrupção moral

48 Moral courage

Firmeza de espírito com relação aos

valores morais mesmo quando os

outros tem valores diferentes.

Coragem moral

49 Moral sensibilities Capacidade de percepção dos

valores morais.

Sensibilidades

morais

50 Night air

Vento da noite. Até o século XIX o

vento noturno era considerado

prejudicial a saúde, pois acreditavam

que trazia doenças. Esta crença

desapareceu com os avanços nos

estudos sobre as doenças.

Ar noturno

51 Outdoor life

Atividades realizadas fora de lugares

fechados, ao ar livre, em meio a

natureza.

Vida ao ar livre

  58

52 Physical and moral

constitution

Conjunto de caracteres congênitos,

morfológicos, fisiológicos e mentais

de um indivíduo.

Constituição física

e moral

53 Physical disease Enfermidade do corpo Doença física

54 Physical labor

Ações realizadas com os músculos

do corpo; trabalho realizado com as

forças físicas

Trabalho físico

55 Physical powers Capacidade do corpo de realizar uma

tarefa. Poder físico

56 Poisonous

atmosphere

Atmosfera contaminada por poluição

e doenças capaz de causar doenças.

Atmosfera

venenosa

57 Poisonous drugs Substâncias tóxicas muito nocivas ao

corpo. Drogas venenosas

58 Poor cookery

Pouca ou falta da habilidade de

cozinhar; culinária pobre e deficiente,

levando a doenças em muitas

pessoas.

Culinária

deficiente

59 Powers of

darkness

Forças do mal provenientes de

Satanás.

Poderes das

trevas

60 Principles of

temperance

Recomendações para dispensar

inteiramente todas as coisas nocivas,

como álcool, e usar judiciosamente o

saudável.

Princípios de

temperança

61 Refreshing sleep Sono restaurador Sono refrigerante

  59

62 Remedial agencies Agentes úteis para corrigir ou

melhorar a condição de saúde. Remédios

63 Sanatorium

Estabelecimento para doentes em

tratamento ou convalescença,

comum no século XIX.

Sanatório

64 Self-control Controle das emoções, desejos e

ações por desejo próprio. Domínio próprio

65 Self-denial Desprendimento do interesse e dos

desejos próprios. Abnegação

66 Shadow of death

Escuridão ou tristeza como aquela

causada pelo prospecto de morte

iminente.

Sombra da morte

67 Sick and suffering Pessoas sofredoras e enfermas com

doenças.

Doentes e

sofredores

68 Sickbed Leito ou cama do doente. Leito de

enfermidade

69 Sin-sick soul Alma cheia de pecado; alma doente

por causa dos pecados deste mundo.

Alma enferma

pelo pecado

70 Stimulants

Medicamento com a propriedade de

ativar ou excitar a ação dos

diferentes sistemas orgânicos:

Estimulantes

71 Strong drink Referência a bebidas alcoólicas. Bebida forte

72 Suffering humanity

Pessoas aflitas com dor física ou

mental; aqueles por quem Jesus veio

morrer.

Humanidade

sofredora

  60

73 Temperance

Equilíbrio das próprias vontades;

moderação; domínio da vontade

sobre os instintos.

Temperança

74 Tobacco devotee Pessoa com o hábito de fumar

tabaco. Devoto ao fumo

75 Treatment rooms Ambiente designado para o

tratamento de enfermos.

Salas de

tratamento

76 Truth for this time

Verdade para os últimos tempos;

referência a terceira mensagem

angélica encontrada em Apocalipse

14:9.

Verdade para o

presente tempo

77 Unhealthful food Qualquer coisa prejudicial à saúde. Insalubres

78 Wholesome food

Alimento considerado saudável por

ser natural, não ser processado e

sem ingredientes artificiais.

Alimentos

saudáveis

79 Work of digestion

Conjunto de ações mecânicas

(mastigação, deglutição, movimentos

de contração do estômago e do

intestino) e de reações químicas que

digerem os alimentos.

Trabalho da

digestão

Tabela 5 – Glossário bilíngue LI ! LP organizado alfabeticamente com definições

  61

8.2 Entradas em português numeradas e organizadas em ordem alfabética, seguidas de suas respectivas traduções e definições n° PORTUGUÊS DEFINIÇÃO INGLÊS

1 Abnegação Desprendimento do interesse e dos

desejos próprios. Self-denial

2 Alimentos

saudáveis

Alimento considerado saudável por

ser natural, não ser processado e

sem ingredientes artificiais.

Wholesome food

3 Alma enferma pelo

pecado

Alma cheia de pecado; alma doente

por causa dos pecados deste mundo. Sin-sick soul

4 Ar fresco

Ar limpo sem impurezas causadas

pela poluição ou substâncias

prejudiciais. Proporciona o oxigênio

ideal para todo o organismo.

Fresh air

5 Ar noturno

Vento da noite. Até o século XIX o

vento noturno era considerado

prejudicial a saúde, pois acreditavam

que trazia doenças. Esta crença

desapareceu com os avanços nos

estudos sobre as doenças.

Night air

6 Atmosfera

venenosa

Atmosfera contaminada por poluição

e doenças capaz de causar doenças.

Poisonous

atmosphere

7 Bálsamo

restaurador

Resina aromática, ressumante de

certos vegetais com propriedades de

cura e alívio; usado também como

alusão ao conforto concedido por

Deus.

Healing balm

8 Bebida forte Referência a bebidas alcoólicas. Strong drink

  62

9 Beleza de caráter

Qualidade agradável a Deus, como

fruto da operação do Espírito Santo

na alma de uma pessoa.

Beauty of

character

10 Bom pão Referência ao pão integral, o qual

traz maiores benefícios à saúde. Good bread

11 Carne

Alimento animal; tecidos musculares

dos animais usados como alimentos

por muitas pessoas.

Flesh meat

12 Circulação do

sangue

Movimento do sangue do coração

para o sistema de veias e artérias do

corpo humano.

Circulation of the

Blood

13 Comer carne Alimentar-se de comida proveniente

de animais. Meat eating

14 Comunhão

constante

Tempo gasto diariamente em

comunhão com Deus e

aprofundamento do relacionamento

com Ele.

Constant

communion

15 Condição saudável Situação da saúde positiva, em boa

condição. Healthy condition

16 Constituição física

e moral

Conjunto de caracteres congênitos,

morfológicos, fisiológicos e mentais

de um indivíduo.

Physical and

moral constitution

17 Controle da razão Domínio ou poder sobre a mente e

de tomada de decisões. Control of reason

18 Coração da

Natureza

Parte mais importante ou central da

natureza; parte central; essência. Heart of nature

  63

19 Coragem moral

Firmeza de espírito com relação aos

valores morais mesmo quando os

outros tem valores diferentes.

Moral courage

20 Corpos enfermos Corpos em se encontram doentes ou

enfermos. Diseased bodies

21 Corrupção moral Desvirtuamento de valores morais. Moral corruption

22 Cuidado dos

doentes

Ato de prestar cuidados aos

enfermos. Care for the sick

23 Culinária

deficiente

Pouca ou falta da habilidade de

cozinhar; culinária pobre e deficiente,

levando a doenças em muitas

pessoas.

Poor cookery

24 Debilidade geral

Enfraquecimento orgânico,

acompanhado de prostração e

desânimo.

General debility

25 Degradação Perda de qualidades; desgaste;

deterioração. Degradation

26 Devoto ao fumo Pessoa com o hábito de fumar

tabaco. Tobacco devotee

27 Doença física Enfermidade do corpo Physical disease

28 Doentes e

sofredores

Pessoas sofredoras e enfermas com

doenças. Sick and suffering

29 Domínio próprio Controle das emoções, desejos e

ações por desejo próprio. Self-control

  64

30 Drogas venenosas Substâncias tóxicas muito nocivas ao

corpo. Poisonous drugs

31 Embriaguez

Estado de excitação e

descoordenação dos movimentos

provocados pelo consumo exagerado

de bebidas alcoólicas.

Drunkness

32 Energia nervosa

do cérebro

Força ou poder dos nervos cerebrais

capaz de controlar todas as ações de

um indivíduo.

Brain nerve power

33 Era degenerada

Época de costumes corrompidos e

depravados. A autora se refere a

época em que vive no final do século

XIX início do século XX.

Degenerate age

34 Escolas de arte

culinária

Escolas especializadas no ensino da

arte culinária saudável. Cooking schools

35 Espírito alegre Senso ou espírito de alegria,

contentamento e ânimo. Cheerful spirit

36 Estado de saúde Situação da saúde na qual se

encontra uma pessoa. Condition of health

37 Estimulantes

Medicamento com a propriedade de

ativar ou excitar a ação dos

diferentes sistemas orgânicos:

Stimulants

38 Exercício ativo

Exercício físico vigoroso no qual a

pessoa faz uso da própria força

muscular.

Active exercise

39 Faculdades

mentais

Conjunto de recursos intelectuais e

psíquicos próprios da mente humana.

Isto é, a capacidade, disposição,

talento, dom, aptidão natural ou

Faculties of the

mind

  65

adquirida de fazer alguma coisa.

40 Fermentação

Conjunto de reações químicas

controladas enzimaticamente, na

qual uma molécula orgânica é

degradada em compostos mais

simples, libertando energia, causada

pela indulgência no apetite.

Fermentation

41 Grande médico

Referência a Jesus, o grande

médico, realizador de muitas curas

tanto físicas como espirituais.

Great physician

42 Gula

Ato de comer em demasia, em

excesso, ultrapassando o limite da

saciedade.

Gluttony

43 Hábito de beber Tendência ao consumo de bebidas

alcoólicas. Liquor habit

44 Hábitos corretos

Costume formados a partir de

escolhas corretas, em conformidade

com a vontade de Deus.

Correct

habits/right habits

45 Humanidade

sofredora

Pessoas aflitas com dor física ou

mental; aqueles por quem Jesus veio

morrer.

Suffering humanity

46 Idade madura

Época da vida de uma pessoa na

qual já acumulou experiências de

vida, na qual possui mais maturidade;

idade avançada.

Mature age

47 Insalubres Qualquer coisa prejudicial à saúde. Unhealthful food

  66

48 Leis da natureza

Leis derivadas da natureza e

estabelecidas por Deus, exercendo

ação sobre o ser humano; fenômeno

observado da natureza humana

Laws of nature

49 Leito de

enfermidade Leito ou cama do doente. Sickbed

50 Maus hábitos Costumes errados, nocivos e

prejudiciais à saúde. Evil habits

51 Médico amado

Referência a Lucas, escritor da

epístola de Lucas, chamado pelo

apóstolo Paulo de “médico amado”

(Colossenses 4:14).

Beloved physician

52 Obra médico-

missionária

Trabalho médico realizado com

intuito missionário para levar os

ensinos sobre vida saudável aos

outros.

Medical

missionary work

53 Obreiros

intelectuais

Pessoas com pesado esforço mental,

exigindo mais do que podem do

cérebro e sem preocupação com

exercício físico.

Brain workers

54 Órgãos digestivos Órgãos responsáveis pela digestão

dos alimentos. Digestive organs

55 Órgãos produtores

de sangue

Órgãos do corpo responsáveis pela

produção de sangue no organismo

humano.

Blood-making

organs

56 Poder físico Capacidade do corpo de realizar uma

tarefa. Physical powers

  67

57 Poderes das

trevas

Forças do mal provenientes de

Satanás.

Powers of

darkness

58 Portador de fardos

Indivíduo à disposição para carregar

os fardos de outros, com amor e

responsabilidades e sem queixumes.

Jesus Cristo é o maior exemplo.

Burden bearer

59 Princípios de

saúde

Guias revelados por Deus para

manter uma vida saudável. Health principles

60 Princípios de

temperança

Recomendações para dispensar

inteiramente todas as coisas nocivas,

como álcool, e usar judiciosamente o

saudável.

Principles of

temperance

61 Reforma de saúde

Correção dos maus hábitos para

promover uma vida saudável

seguindo os princípios de Deus,

achados na Bíblia.

Health reform

62 Regime alimentar Conjunto de alimentos consumidos

habitualmente por uma pessoa. Diet

63 Regime

insuficiente

Escolhas de alimentos muito mal

preparados, com poucos nutrientes,

os quais não suprem o corpo dos

elementos necessários.

Impoverished diet

64 Relação viva

Relação diária e ativa com alguém.

Neste caso, sempre é referencia ao

relacionamento vivo entre o ser

humano e Deus.

Living connection

65 Remédios Agentes úteis para corrigir ou

melhorar a condição de saúde.

Remedial

agencies

  68

66 Roupas saudáveis

Roupas com simplicidade natural,

asseadas, modestas e convenientes;

roupas que colaboram para a saúde.

Healthful dress

67 Sacrifício vivo

Termo de Romanos 12:1 onde Paulo

nos convida a sermos um sacrifício

vivo ao Senhor, ao honrá-lo com

nosso corpo e nossos talentos.

Living sacrifice

68 Salas de

tratamento

Ambiente designado para o

tratamento de enfermos. Treatment rooms

69 Sanatório

Estabelecimento para doentes em

tratamento ou convalescença,

comum no século XIX.

Sanatorium

70 Sensibilidade

embotada

Embotamento/entorpecimento das

capacidades sensitivas do indivíduo

em todos os níveis.

Benumbed

sensibility

71 Sensibilidades

morais

Capacidade de percepção dos

valores morais. Moral sensibilities

72 Sombra da morte

Escuridão ou tristeza como aquela

causada pelo prospecto de morte

iminente.

Shadow of death

73 Sono refrigerante Sono restaurador Refreshing sleep

74 Temperança

Equilíbrio das próprias vontades;

moderação; domínio da vontade

sobre os instintos.

Temperance

75 Trabalho da

digestão

Conjunto de ações mecânicas

(mastigação, deglutição, movimentos

de contração do estômago e do

intestino) e de reações químicas que

digerem os alimentos.

Work of digestion

  69

76 Trabalho físico

Ações realizadas com os músculos

do corpo; trabalho realizado com as

forças físicas

Physical labor

77 Trabalho mental Trabalho realizado somente com o

uso das capacidades mentais. Mental labor

78 Verdade para o

presente tempo

Verdade para os últimos tempos;

referência a terceira mensagem

angélica encontrada em Apocalipse

14:9.

Truth for this time

79 Vida ao ar livre

Atividades realizadas fora de lugares

fechados, ao ar livre, em meio a

natureza.

Outdoor life

Tabela 6 – Glossário bilíngue LP ! LI organizado alfabeticamente com definições

  70

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme nos propusemos na introdução, a pesquisa surgiu da necessidade

de um glossário consistente de termos na área de saúde da escritora Ellen G. White

para servir de material de consulta para tradutores de textos religiosos, em especial

dos textos dessa autora. A nossa motivação foi impulsionada pela percepção ao

lermos textos traduzidos da escritora supracitada e perceber divergências no uso de

termos e seus correspondentes bilíngues devido à falta de padronização que poderia

ser preenchida com a organização de glossários com embasamento científico na

área.

O pressuposto que serviu de ponto de partida foi o de que para que haja uma

tradução consistente é importante a padronização dos termos. Considerando este

aspecto, a hipótese defendida foi de que as inadequações observadas nas

traduções podem ser minimizadas com a formulação de um glossário que siga os

parâmetros da Terminologia e da Linguística de Corpus, contribuindo para eliminar,

de alguma forma, as inadequações e garantir maior consistência, produtividade e

qualidade na tarefa de tradução.

Os objetivos a que nos propusemos foram desde discutir a importância da

Terminologia e da Linguística de Corpus como ferramentas indispensáveis para a

organização de glossários nesta época tecnológica, cujas áreas são cada vez mais

pertinentes ao trabalho dos tradutores, até analisar as discrepâncias ocorridas nas

traduções devido à falta de padronização dos termos no corpus selecionado e

propor uma amostra de glossário na área de saúde da escritora e educadora Ellen

G. White, a partir da comparação com o texto em inglês e as respectivas traduções

feitas para o português do Brasil.

A partir do resultado desta pesquisa, confirmou-se a hipótese de que, de fato,

o uso da Terminologia e da Linguística de Corpus, em especial o uso dos softwares

de gerenciamento terminológico como o AntConc, aliado aos conhecimento das

terminologias, são ferramentas muito úteis para a realização de traduções. Seu uso

correto resultará em trabalhos traduzidos com menos inadequações, garantindo

maior padronização dos termos durante as traduções de textos desta autora.

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Ao longo da compilação desta amostra de glossário na área de saúde,

observaram-se algumas inconsistências nas traduções feitas. Evidenciaram-se

incoerências de pequena gravidade como o uso das preposições “de” e “da”, ao se

traduzir estas preposições junto ao termo “health principles” nas quais observou-se

este traduzido como “princípios de temperança” e também como “princípios da

temperança”. Perceberam-se outras incoerências mais comprometedoras, como, por

exemplo, na tradução do termo “wholesome food”, que foi traduzido pelo menos de

três maneiras diferentes: “comida saudável”, “alimentos sãos” e “alimentos

saudáveis”. Outro agravante neste caso é que o termo “health foods” também foi

traduzido como “alimentos saudáveis”. Vemos, desta forma, que o uso de um

glossário da área seria muito proveitoso para que não houvesse essas

inconsistências. Notamos, portanto que um glossário especializado garante a

consistência e a qualidade do trabalho realizado, também facilitando a seleção e

escolha do termo a ser usado.

Vale ressaltar que a metodologia de análise de corpus proposta pode ser

aplicada em qualquer área de especialidade por pesquisadores, estudantes de

terminologia ou tradutores para gerar glossários de termos especializados,

facilitando o ato tradutório e dando mais padronização ao trabalho. Não existe só a

possibilidade de compilar glossários, mas vale ressaltar que já existem muitos

glossários e corpora linguísticos (COMPARA, LácioWeb), organizados em diversas

áreas do conhecimento, que podem ser utilizados da mesma forma na tentativa de

evitar inconsistências. Esse tipo de consulta reduz o tempo de pesquisa, além de

trazer mais segurança ao tradutor, pois pode conferir terminologias e suas traduções

nesses corpora já prontos

Este trabalho pode ser feito com custo mínimo, já que os gerenciadores

terminológicos, na maioria dos casos, são gratuitos e podem ser baixados da

internet. Seria de grande utilidade se editoras e tradutores tirassem proveito destas

ferramentas.

O uso dos softwares terminológicos para a pesquisa foi satisfatório e atendeu

aos objetivos propostos. Espera-se que esta pesquisa instigue outros pesquisadores

com afinidade no tema para que surjam novas abordagens que venham a

acrescentar descobertas ao objetivo proposto.

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APÊNDICE — Lista de termos em inglês e equivalências em português encontradas no corpus

n° INGLÊS PORTUGUÊS 1 Active exercise Exercício ativo 2 Beauty of character Beleza de caráter/formosura de caráter 3 Beloved physician Médico amado

4 Benumbed sensibility Sensibilidade entorpecida(s)/ embotada(s)

5 Blood-making organs Órgãos que o fazem/ órgãos produtores de sangue

6 Brain nerve power Energia nervosa do cérebro/ poder dos nervos cerebrais

7 Brain workers Obreiros intelectuais/ (obreiros) que trabalham com o cérebro

8 Burden bearer Portador de fardos/ o que sobre Si levou nossos cuidados/ Ajudador

9 Care for the sick Cuidar dos doentes/ tratam dos doentes

10 Cheerful spirit Espírito alegre/ espírito satisfeito/ espírito contente, animoso

11 Circulation of the blood Circulação do sangue/ circulação sanguínea

12 Condition of health Condição de(a) saúde/ estado de saúde

13 Constant communion Comunhão constante/ constante comunhão

14 Control of reason Controle da razão/ domínio da razão.

15 Cooking schools Escolas culinárias/escolas de arte culinária

16 Correct habits/right habits Hábitos corretos

17 Degenerate age Época degenerada/era degenerada 18 Degradation Degradação 19 Diet Regime alimentar 20 Digestive organs Órgãos digestivos 21 Diseased bodies Corpos enfermos/ enfermidades físicas 22 Drunkenness Embriaguez/bebedice 23 Evil habits Maus hábitos 24 Faculties of the mind Faculdades mentais 25 Fermentation Fermentação

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26 Flesh meats Comidas de carne, pratos de carne/ alimento(s) cárneo(s)/ carne

27 Fresh air Ar fresco/ ar puro 28 General debility Debilidade geral 29 Gluttony Glutonaria/ gula 30 Good bread Bom pão

31 Great physician/Great Healer Grande médico/ Grande Restaurador/ poderoso restaurador

32 Healing balm Bálsamo/ Bálsamo que sara/ cura/ sanador/ curativo/ curador/ restaurador

33 Health principles Princípios de saúde 34 Health reform Reforma de saúde 35 Healthful dress Roupas saudáveis

36 Healthy condition Condição saudável/ condições saudáveis

37 Heart of nature Coração da natureza/ seio da Natureza

38 Impoverished diet Regime insuficiente/ regime alimentar improvisado

39 Laws of nature/nature’s laws Leis da natureza 40 Liquor habit Hábito da bebida/hábito de beber 41 Living connection Viva ligação/ relação viva/ viva relação 42 Living sacrifice Sacrifício vivo

43 Mature age Idade madura/ amadurecido(a) em idade

44 Meat eating Comer carne/ regime cárneo/ uso da carne

45 Medical missionary work Obra médico-missionária 46 Mental labor Trabalho mental 47 Moral corruption Corrupção moral 48 Moral courage Coragem moral/ força moral 49 Moral sensibilities Sensibilidades morais 50 Night air Ar noturno 51 Outdoor life Vida ao ar livre 52 Physical and moral consitution Constituição física e moral 53 Physical disease Doença(s) física(s) 54 Physical labor Trabalho físico/ esforço físico

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55 Physical powers Poder físico/ faculdades físicas

56 Poisonous atmosphere Atmosfera venenosa/ envenenada/ ar venenoso

57 Poisonous drugs Drogas venenosas

58 Poor cookery Deficiência culinária /errôneo modo de preparar os alimentos/ cozinha pobre

59 Powers of darkness Poderes das trevas/ forças das trevas 60 Principles of temperance Princípios de temperança 61 Refreshing sleep Sono refrigerante/ sono tranquilo 62 Remedial agencies Agentes medicinais/ remédios/ 63 Sanatorium Sanatório 64 Self-control Domínio próprio

65 Self-denial Negação própria/ abnegação/ espírito de sacrifício/ renuncia/ renúncia própria/ espírito de renúncia

66 Shadow of death Sombra da (de) morte

67 Sick and suffering Enfermos e sofredores/ doentes e sofredores

68 Sickbed Leito de enfermidade/ leito de um doente/ leito dos doentes/ leito do enfermo/ leito de dor

69 Sin-sick soul Alma enferma de pecado/ alma enferma pelo pecado

70 Stimulants Estimulantes 71 Strong drink Bebida forte

72 Suffering humanity Humanidade sofredora/ sofrimentos da humanidade

73 Temperance Temperança

74 Tobacco devotee Viciado em fumar/ devoto do fumo/ adepto do fumo

75 Treatment rooms Salas de tratamento/ ambulatórios

76 Truth for this time Verdade para este tempo/ verdade para o presente tempo

77 Unhealthful food Alimentos insalubres / não saudável / prejudiciais/

78 Wholesome food Comida saudável/ alimentos sãos/ alimentos saudáveis

79 Work of digestion Trabalho da digestão