amÓs - comentÁrios do antigo testamento - gary v. smith.pdf

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  • Ams

  • Comentrios do Antigo Testamento-Exposio deAms 2008, Editora Cultura Crist. Publicado originalmente em ingls com o ttulo A Mentor Commentary - Amos, por Christian Focus Publi- cations, Geanies House, Feam, Ross-shire, IV20 1TW, Great Britain. 1998 by Gary V. Smith. Todos os direitos so reservados.

    Ia edio em portugus - 20083.000 exemplares

    Traduo Suzana Klassen

    Yaldeci da Silva Santos

    Reviso Ailton de Assis Dutra

    Valter Graciano Martins

    Editorao Edies Paracletos

    Capa Magno Paganelli

    Smilh, Gary

    S648c Comentrio do Antigo Testamento: Ams / Gary Smith; [traduo Valdeci da Silva Santos/ Susana Klassen], - So Paulo: Cultura Crist, 2008.

    432p. ; 14x21 x2,25cm.

    Traduo de Amos ISBN 978-85-7622-080-6

    1.Antigo Testamento 2. Comentrio I.Smith, G. II.Titulo.

    CDD 21 e d .- 224.8

    Publicao autorizada pelo Conselho Editorial:Cludio Marra ( Presidente), A lex Barbosa Vieira, Andr Lus Ramos, Francisco Baptista de M ello, Mauro Fernando Meister, Otvio Henrique de Souza, Ricardo Agreste, Sebastio Bueno Olinto, Valdeci da Silva Santos.

    iDIIOIIfl CULTURA CRISTRua Miguel Teles Jnior, 394 - Cambuci

    01540-040 - So Paulo - SP - Brasil C.Postal 15.136 - So Paulo - SP - 01599-970 Fone (0**11) 3207-7099 - Fax (0**11) 3209-1255

    www.cep.org.br - [email protected]

    Superintendente: Haveraldo Ferreira Vargas Editor: Cludio Antnio Batista Marra

  • Uma obra acadmica monumental, meticulosamente pesquisada, cuidadosa e claramente apresentada em uma linguagem e estilo que tm por finalidade ajudar os leigos a obterem o mago da mensagem de Ams. Smith demonstra qualidades particulares em sua devoo exegese cautelosa, em sua anlise literria e teolgica, bem como na maneira eficaz em que mostra como o livro se sustenta. provvel que esta obra firme-se como uma das mais importantes exposies conservadoras do livro de Ams nesta gerao. Nenhum pregador ou estudante de Ams deve deixar de consultar esta obra.

    Stephen Dray Moorlands College

    Desde que traduzi Ams para a New King James Version, tenho constante interesse em comentrios sobre este livro. O presente comentrio muito bom, uma fonte valiosa para estudantes srios do Antigo Testamento por muitos anos. O autor inter-relaciona a extensiva literatura disponvel no livro de Ams e capaz de avaliar os pontos fortes e fracos de todos os tipos de crticas, incluindo algumas anlises literrias e sociolgicas. Ele argumenta convincente e delicadamente em favor da unidade do livro em pontos em que o assunto tem sido debatido. Seu julgamento exegtico excelente e ele evita dogmatis- mo onde as evidncias tendem a ser igualmente equilibradas. Com entusiasmo, recomendo este comentrio.

    Geoffrey Grogan Glasgow Bible College

    Smith produziu um tratado magistral do livro de Ams, a partir de uma perspectiva evanglica. Ele faz a exegese com um tratamento extensivo do texto, de sua filologia, de sua estrutura literria e de sua mensagem teolgica.

    Tremper Longman III Westminster Theological Seminary

  • Apaixonei-me novamente pelo livro de Ams, graas ao comentrio do Dr. Smith e, como se isto no fosse suficiente, meus cadernos de anotaes esto abastecidos com novas informaes obtidas no decorrer da leitura.

    Ams importante por vrias razes. Antes de tudo, ele provavelmente a melhor porta de entrada na mente e nas obras dos profetas como um todo. De diversas maneiras, seu pensamento o pensamento de todos, e sua coerncia, bem argumentada e persuasivamente lgica, tpica da apresentao proftica da Palavra de Deus. Um ponto especialmente forte na obra de Gary Smith que a estrutura e o desenvolvimento ordenado de Ams - tanto no todo como nos detalhes - so apresentados claramente.

    Em segundo lugar, Ams tem sido um instrutor do povo de Deus atravs dos sculos. Praticamente no houve um momento em que sua nfase em teologia, moralidade religiosa, pessoal e social tenha sido mais necessria e relevante que agora; prosperidade de mos dadas com declnio moral, uma religio ineficiente no que diz respeito reforma pessoal e social, o crescente abismo entre rico e pobre com sua triste insensibilidade de um lado e grave desespero do outro. Ams um tratado para nossa poca e mais poderoso ainda nas mos de Smith.

    Dr. Smith alia um academicismo impecvel com um bom senso robusto e firme. Seu critrio o que o texto diz e ele incansvel em perseguir este objetivo, mostrando tambm um domnio desejvel da literatura acerca de Ams, bem como um domnio lingstico ideal. Seu comentrio uma lio objetiva de como fazer isto.

    Sinto-me como se estivesse em uma festa rica - meu privilgio estender o convite a voc tambm.

    Alec Motyer Bishopsteighton, Devon - Inglaterra

  • S U M R I O

    Prefcio .............................................................................................................. 9Abreviaturas .................................................................................................... 11Introduo....................................................................................................... 17

    PARTE UM: JUZOS SOBRE AS NAES Ams 1.1-2.16

    O Ttulo do Livro de Ams (1.1,2)................................................................43Orculos Contra as Naes (1.3-2.16) ..........................................................59

    PARTE DOIS: A COMPROVAO DAS ADVERTNCIAS DO CASTIGO DE DEUS SOBRE SAMARIA

    Ams 3.1-6.14A Causa do Castigo de Deus em Contraste com os Resultados da Eleio

    de Deus (3.1-8).......................................................................................... 147A Confirmao do Castigo de Deus (3.9-4.3)..............................................169Israel no Est Disposto a Voltar para Deus (4.4-13)...............................197Lamento sobre Israel (5.1-17).................................... ................................ 222Um Orculo de Ai sobre as Falsas Esperanas (5.18-27)........................... 256Um Orculo de Ai sobre a Falsa Segurana (6.1-14)................................279

    PARTE TRS: VISES E EXORTAES SOBRE O FIM Ams 7.1-9.10

    Compaixo Dentro das Vises de Julgamento (7.1-6).................................315Para o Rei e o Templo, Destruio, no Perdo (7.7-17)......................... 329Pranto, e no Perdo, no Final (8.1-14)..................................................... 354Nenhum Pecador Pode Escapar ao Julgamento de Deus (9.1-10)............377Eplogo:Restaurao Depois do Julgamento (9.11-15)......................................... 397

    Bibliografia...................................................................................................413

  • Em homenagem aos meus pais

    Verlan R. Smith Twylah L. Smith

    e irmos e irm

    Karen L. Stewart Keith A, Smith Dean L. Smith

  • P R E F C I O

    O desenvolvimento do movimento proftico um dos atos divinos mais importantes na histria de Israel. Ams, um dos primeiros profetas escritores, foi uma voz de Deus confrontando e desafiando os padres de crena e comportamento aceitos em Israel. Ainda que o cenrio seja, algumas vezes, estranho aos nossos dias, sua mensagem tem o significado teolgico que remove a casca do prazer, orgulho e tradio religiosa com incrvel habilidade. Sua mensagem e mtodos retricos estimulam o leitor a deixar que a Palavra de Deus lhe fale de uma forma nova.

    O comentrio no exaustivo, mas procura tratar com seriedade: (1) as questes textuais e filosficas importantes; (2) o pano de fundo acerca das tradies literrias e formas de discursos empregados; (3) marcadores retricos da estrutura que une os pargrafos ou unidades longas; (4) assuntos exegticos de interpretao; e (5) os principais temas teolgicos dentro de cada unidade. Aqueles que esto familiarizados com os comentrios de Ams reconhecero meu grande dbito a estes estudos incisivos. Minha orao que esta obra possa ampliar a tarefa de entender a Palavra de Deus transmitida por Ams.

    Gostaria de agradecer ao Seminrio Teolgico de Winnipeg por, graciosamente, me conceder nove meses sabticos em Cambridge, Inglaterra, onde este projeto comeou em 1980. Tambm devo reconhecer a generosidade do Seminrio Teolgico Bethel por ajudar a digitar o primeiro rascunho. Minha esposa, Susan, tambm digitou vrios captulos do primeiro rascunho.

    Esta segunda edio apenas uma atualizao reduzida do comentrio original luz de alguns desenvolvimentos de meu raciocnio a partir do estudo sobre persuaso e sociologia do conhecimento, bem como algumas percepes de recentes comentrios de Ams. Aqueles interessados em uma nfase mais forte na aplicao de Ams podero,

  • dentro em breve, consultar uma obra sobre Osias, Ams e Miquias, que estou escrevendo para o Comentrio Aplicativo da NIV (Grand Rapids: Zondervan).

    Soli Deo Gloria Gary V. SmithMidwestern Baptist Seminary Kansas City

  • A B R E V I A T U R A S

    A. Peridicos, obras de referncia em srie e padro

    AB Anchor BibleABR Australian Biblical ReviewAJSL American Journal of Semitic Language and LiteratureALUOS Annual of Leeds University Oriental SocietyAnBib Analecta BiblicaANEP J. B. Pritchard (org.) Ancient Near East in Pictures Relating to

    the Old Testament. Princeton: Princeton Univ., 1954ANET J. B. Pritchard (org.) Ancient Near East Tests. Princeton: Prin

    ceton Univ., 1969AnOr Analecta OrientaliaAq. quilaATD Das Alte Testament DeutschATR Anglican Theological ReviewAUSS Andrews University Seminary StudiesBA Biblical ArcheologistBAR Biblical Archeologist ReaderBASOR Bulletin of the American School of Oriental ResearchBBB Bonner Biblische BeitrgeBETS Bulletin of the Evangelical Theological SocietyBib BblicaBibOr Biblical et OrientaliaBibRev Biblical ReviewBibTh Biblical TheologyBJRL Bulletin of the John Rylands University Library of ManchesterBK Bibel und KircheBKAT Biblischer Kommentar Altes TestamentBR Biblical Research

  • BSacBStBTBTBBWANTBZBZAWCAD

    CBQCJTCTJCTMCurTMDJDEncEvQEvTExpExpTFRLANT

    GKC

    HATHTRHUC AIBIBSICCIDB

    IEJIntITQ

    Bibliotheca Sacra Biblische Studien The Bible Translator Biblical Theology BulletinBeitrge zur Wissenschaft vom Altem und Neuen Testament Biblische Zeitschrift Beihefte zur ZAWA. L. Oppenheim (org.), The Asyrian Dictionary of the Institu- te of the University of Chicago. Chicago: Univ. of Chicago, 1956ff.Catholic Biblical Quarterly Canadian Journal of Theology Calvin Theological Journal Concordia Theological Monthly Currents in Theology and MissionsDiscoveries in the Judean Desert. Oxford: Clarendon, 1961 ff. EncounterEvangelical Quarterly Evangelische Theologie Expositor Expositor TimesForschungen zur Religion und Literatur des Alten und Neuen TestamentsGesenius, Kautzsch, Cowley, Gesenius Hebrew Grammar. Oxford: Clarendon, 1910.Handbuch zum Alten Testament Harvard Theological Review Hebrew Union College Annual Interpreters Bible Irish Biblical Studies International Criticai CommentaryG A. Buttrick (org.), Interpreters Dictionary of the Bible. Nash- ville: Abingdon, 1962.Israel Exploration Journal InterpretaoIrish Theological Quarterly

  • JAOS Journal of the American Oriental SocietyJBL Journal of Biblical LiteratureJCS Journal of Cuneiform StudiesJETS Journal of the Evangelical Theological SocietyJNES Journal of Near Eastem StudiesJNSL Journal of Northwest Semitic LanguagesJPOS Journal of the Palestine Oriental SocietyJQR Jewish Quarterly ReviewJSOT Journal for the Study of the Old TestamentJSS Journal of Semitic StudiesJTS Journal of Theological StudiesKAI H. Donner e W. Rllig (orgs.) Kanaanische und Aramische

    Inschriften. Wiesbaden: Harrassowitz, 1962.KAT Kommentar zum Alten TestamentLCL Loeb Classical LibraryLXX SeptuagintaMAARAV Journal for the Study of Northwest Semitic Languages and Li

    terature Ms(s) Manuscrito(s)MT MassorticoNAC New American CommentaryNASB New American Standard BibleNICOT New International Commentary on Old TestamentNKZ Neue Kirchliche ZeitschriftNT Novo TestamentoOG Verso em grego antigoOL Verso em latim antigoOrAn Oriens AntiquusOTL Old Testament LibraryOTS Oudtestamtentische StudinOTWSA Die Ou Testamentiese Werkgemeenskop in SuidAfrikaPEQ Palestine Exploration JournalPTR Princeton Theological ReviewRB Revue bibliqueRestQ Restoration QuarterlyRevExp Review and Expositor

  • RevQ Revue de QumranRSR Recherches de Science religieuseRTR Reformed Theological ReviewSBT Studies in Biblical TheologySE Svensk Exegetisk rsbokSem SemticaSJT Scottish Journal of TheologyST Studia TheologicaSim SmacoSVT Supplements to Vetus TestamentumSWJT Southwest Journal of TheologyTANE J. B. Prichard (org.), The Ancient Near East. Princeton: Prin

    ceton Univ., 1958.TB Tyndale BulletinTBT The Bible TodayTDNT G. Kittel e G. Friedrich (orgs.), Theological Dictionary of the

    New Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 1964-1974.TDOT G. Bromiley, H. Ringgren (orgs.), Theological Dictionary of

    the Old Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 1974-1985.TF Theologische ForschungTHAT Theologische Handwrterbuch zum Alten TestamentTeod TeodcioTLZ Theologische LiteraturzeitungTRev Theologische RevueTS Theological StudiesTToday Theology TodayTZ Theologische ZeitschriftUF Ugarit ForschungenVg VulgataVT Vetus TestamentumWTJ Westminster Theological JournalWMANT Wissenschaftliche Monographien zum Alten und Neuen Tes

    tamentZAW Zeitschrift fr die alttestamentliche WissenschaftZDPV Zeitschrift des deutschen Palastina VereinsZTK Zeitschrift fr Theologie und Kirke

  • B. Comentrios freqentemente abreviados:Andersen, F. I. e Freedman, D. N., Amos. Anchor Bible. Nova York: Double-

    day, 1989.Cripps, R. S., A Criticai and Exegetical Commentary on the Book ofAmos.

    Londres: SPCK, 1955.Driver, S. F., The Book ofJoel and Amos, Cambridge Bible for Schools and

    Colleges. Cambridge: Cambridge Univ., 1926.Fosbroke, H. E. W., The Book ofAmos: An Introduction and Exegesis.

    Interpreters Bible 6. Nashville: Abingdon, 1956.Hammershaimb, E. H., The Book o f Amos: A Commentary. Oxford: Bla-

    ckwell, 1970.Hayes, J. H., Amos: The Eight-Century Prophet. Nashville: Abingdon, 1988.Harper, W. R., A Criticai and Exegetical Commentary on Amos and Hosea.

    International Criticai Commentary. Edimburgo: T & T Clark, 1905.Kapelrud, A. S., Central Ideas in Amos. Oslo: Aschehoug, 1956.Koch, K., et al., Amos, untersucht mit den Methodeneiner strukturalen For-

    mgeschichte 1-2. Neukirchen-Vluyn: Neukerchener Verlag, 1967.Maag V,. Text, Wortschatz und Begrijfswelt des Buches Amos. Leiden: Brill,

    1951.Marti, K., Das Dodekapropheten erklrt, Kurzer Hand-Kommentar zum Al

    ten Testament 13. Tbingen: J. C. Mohr, 1904.Mays, J. L., Amos: A Commentary, Old Testament Library. Filadlfia: West-

    minster, 1969.Morgenstem, J., Amos Studies. Cincinnati: Hebrew Union College, 1941.Paul, S., Amos: A Commentary on the Book ofAmos. Hermenia. Minneapo-

    lis: Fortress, 1991.Reventlow, H. G., Das Amt des Propheten bei Amos, FRLANT 80. Gttingen:

    Vanderhoeck and Ruprecht, 1962.Rudolph, W., Joel-Amos-Obadja-Jona. Kommentar zum Alten Testament

    13/2. Gttersloh: G. Mohn, 1971.Snaith, N. H., The Book ofAmos 1-2. Londres: Epworth, 1945/1946.Stuart, D., Hosea-Jonah. Word Bible Commentary. Waco: Word, 1987.Watts, J. D. W., Vision and Prophecy in Amos. Grand Rapids: Eerdmans,

    1958.

  • Weiser, A. e Elliger, K., Das Buch der zwlf Kleinen Propheten, Das Alte Testament Deutsch 24/1. Gttingen: Vanderhoeck and Ruprecht, 1964.

    Weiser, A., Die Profetie des Amos, BZAW 53. Geissen: Tpelmann, 1929. Wolff, H. W., Joel and Amos, Hermeneia. Filadlfia: Fortress, 1977.

  • I N T R O D U O

    CONTEXTO HISTRICO

    N o cabealho do livro (1.1) e na discusso entre Ams e Amazias (7.10-17), o perodo histrico de Ams concomitante com o reinado de Jeroboo II, em Israel. Naquela poca, Uzias era rei de Jud (1.1), e ambos, Israel e Jud, eram fortes potncias militares. Uma vez que o reinado destes dois reis coincidiu durante o perodo de 785-750 a.C., a frase dois anos antes do terremoto (1.1) a nica orientao sobre uma data exata desse perodo de 35 anos. As escavaes de Yadin, em Hazor, levaram-no a associar um severo estrago por terremoto na camada VI com Ams 1.1 e apontar uma data por volta de 765-760 a.C.1 A prosperidade de Israel, sua sensao de segurana (6.1-6) e suas vitrias militares (6.13), tambm apontam para um perodo no reino de Jeroboo II, cerca de 765-760 a.C., quando seu reinado estava bem estabelecido, e no no incio dele. A tentativa de Hayes de estabelecer uma data para Ams por volta de 750 a.C. parece inaceitvel, pois Ams 1.1 no menciona o prximo rei de Jud, Joto, isto ignora a data fixada por Yadin quanto ao terremoto e ao mesmo tempo apoia-se na hiptese no provada de que Peca mencionado em 1.5.2

    A situao poltica. A histria do antigo Oriente Prximo durante este perodo foi repleta de mudanas polticas. O Egito estava fragmentado pelos reis libaneses e sudaneses e, portanto, no consistia mais uma forte influncia militar sobre a Palestina. O envolvimento da Sria e Assria com Israel era mais direto e mais doloroso. Bem antes dos

    1. Y. Yadin, et al., Hazor II: An account ofthe second season o f excavation, 1956 (Jerusalm: Magnes Press, 1960), pp. 24-26,36,37.

    2. J. H. Hayes, Amos, the eighth-century prophet: His time and his preaching (Nashville: Abingdon, 1988), pp. 16-27 e uma crtica semelhante Hayes em T. J. Finley, Joel, Amos, Obadiah. WEC (Chicago: Moody, 1990), p. 107.

  • tempos de Ams, os assrios foram perturbados pelos seus vizinhos do norte em Uratu, e assim os srios adquiriram um novo poder e atacaram Israel. Os reis srios, Hazael e Benadade, trataram Israel sem misericrdia (2Rs 10.32; 12.17,18; 13.7), mas por volta de 806 a.C. um novo rei assrio subiu ao poder (Adade-Nirari III) e derrotou a Sria em 801.C. Ams relembrou essas atrocidades e previu outra derrota das foras srias no futuro (1.3-5). Tendo em vista que o rei assrio (Ashur- Dan III; 772-755 a.C.) tinha relativamente pouco interesse na Palestina, e a Sria estava se recuperando da derrota, Jeroboo II em Israel e Uzias em Jud tomaram-se fortes monarcas durante a vida de Ams. O territrio tomado foi recuperado (2Rs 13.25) e finalmente Jeroboo II estendeu as fronteiras de Israel at ao norte de Hamate (2Rs 14.25; Am.14). H pouca informao acerca do poder de Jeroboo II, mas sua fora foi, provavelmente, equivalente do exrcito de Uzias, com 307.500 homens (2Cr 26.1-15). Os relacionamentos anteriores problemticos de Israel com as naes vizinhas so descritos nos orculos contra as naes estrangeiras em 1.3-2.3. O sucesso militar de Jeroboo II tornou o ministrio de Ams muito difcil, pois poucos levaram a srio suas advertncias sobre a condenao vindoura. Por que deveriam eles ser persuadidos pelos delrios deste profeta? Eram fortes e tinham poucas preocupaes. O povo estava orgulhoso e tranqilo (6.1), logo a conversa de Ams sobre morte, exlio e o fim de Israel pareceu- lhes em desarmonia com as realidades polticas ao redor, bem como com sua cosmoviso socialmente construda.3 Devido sua mensagem poltica negativa, Ams enfrentou considervel oposio oficial (7.10-17).

    A situao social. O poder poltico teve maior influncia na condio social de Israel. O controle das rotas comerciais e estradas trazia nova riqueza e acesso a carssimos marfins e moblias (3.15; 6.4). Com a nova prosperidade vieram as influncias culturais, novos padres de moralidade e uma tica comercial que no era compatvel com a antiga tradio hebraica em Israel (2.6-8; 6.4-6; 8.4-6). Gradualmente, uma nova classe de ricos latifundirios, oficiais do governo e comerciantes Comeou a emergir em Israel. Eles construram lindos palcios (5.11),

    3. P. Berger e T. Luckmann, The social construction o f reality: A treatise on the socio- logy o f knowledge (Garden City: Doubleday, 1966) para uma introduo no modo como cosmovises so socialmente construdas pelas pessoas.

  • que mais pareciam castelos (6.8). Essas pessoas tinham imensas casas (3.15; 6.11) e alguns possuam tanto residncia de vero quanto de inverno (3.15). Opresso, violncia e aparente ignorncia da diferena entre o certo e o errado caracterizavam a vida nos castelos da nao(3.9,10). A vida luxuosa com o melhor vinho, leo, msica e carne era considerada como parte da recompensa do rico (6.4-7). Essas pessoas sentiam-se muito seguras, muito orgulhosas e totalmente despreocupadas com a misria legada ao restante da populao (6.1,6,8).

    Esses bens e prazeres materiais eram, provavelmente, adquiridos por meios legais e ilegais. Ams condena as mulheres ricas de Samaria por esmagarem o necessitado (4.11); os comerciantes, por sua prtica comercial obscura (8.4-6); os latifundirios, por exigir tributos ou aluguis exorbitantes (5.1); e outros, por subornar no tribunal (5.10,12). O pobre, o fraco, o devedor e o servo eram maltratados, e algumas pessoas eram at mesmo vendidas como escravas (2.6-8; 8.4,6). As condies sociais eram precrias devido ao pecado e ganncia. Ams, o pastor, ops-se a este mal e predisse a humilhao e o cativeiro daqueles que ignoravam os padres divinos de justia nas relaes sociais.

    A situao religiosa. H apenas algumas passagens que tratam da questo da adorao no livro de Ams (4.4,5; 5.21-27). Ams apenas menciona o Baalismo que Osias confrontou (8.14), mas certamente esta prtica se fazia presente nos seus dias. Ams reconheceu o mal da adorao a outros deuses (5.26; 8.14) e percebeu isso como uma parte real do problema de Israel, embora ele no tenha focalizado este aspecto. Ao invs disso, Ams concentrou-se em mostrar nao como as instituies religiosas israelitas, bem como a sua teologia, estavam sendo pervertidas, mal-entendidas e rejeitadas. Adorao no templo, cnticos, sacrifcios e dzimos no so descritos como no-israelitas, mas como transgresses e demonstraes arrogantes de uma falsa piedade(4.4,5). As adoraes das pessoas nos sbados no eram coerentes com suas prticas dirias de justia e retido (5.21-24; 8.5,6) ou com uma busca real por Deus (5.4-6). Os templos em Betei, Gilgal e Berseba (4.4; 5.5) estavam cheios de atividades que eram religiosas em natureza, mas cujos adoradores no abandonavam suas vidas de pecado e no retomavam para Deus (4.6-13).

    Alguns se opuseram visivelmente aos profetas e nazireus, pessoas

  • que foram chamadas por Deus para advertir a nao sobre seus pecados (2.11,12; 7.10-17). Mas tal represso da crtica proftica no fez com que o povo abandonasse completamente as antigas tradies teolgicas de Israel. A nao ainda lembrava-se de sua eleio divina dentre todas as famlias da terra (3.1,2), a graa de Deus na libertao do Egito (2.10; 3.1; 9.7), a destruio dos amonitas pelo Senhor (2.9) e a ddiva da terra da Palestina como posse a Israel (2.10; 9.15). Conheciam a promessa de Deus, que ele estaria com eles (5.14), e os protegeria de todos os perigos (9.10) e os salvaria no grande Dia de Yahweh (5.18-20). Essas crenas teolgicas e prticas religiosas apenas deram ao povo a falsa impresso de que estavam fazendo todas as coisas certas e crendo em todas as doutrinas corretas. Na verdade, a religio havia se tomado o pio do povo em Israel. As promessas de Deus eram conhecidas e proclamadas, mas a presena pessoal de Deus era ignorada.

    Ams foi enviado por Deus para compartilhar o rugir do leo (3.8). Deus havia falado contra o povo e Ams foi o mensageiro escolhido por Deus para entregar sua palavra de desafio e repreenso. Ams no foi enviado aos pagos que nunca haviam ouvido a Palavra de Deus, mas ao prprio povo de Deus, pessoas que no haviam reconhecido o pecado em suas vidas. Ele deveria compartilhar fielmente o que Deus havia dito, a fim de persuadir tais pessoas a mudarem suas crenas e comportamento.

    O Profeta AmsO profeta Ams no mencionado em nenhum outro lugar no c-

    non hebraico. A nica informao que temos sobre ele vem deste livro. As datas de seu nascimento e morte no so dadas e sua idade na poca da entrega destas profecias tambm desconhecida. O versculo 1.1 associa Ams com a pequena cidade de Tecoa, uma vila a aproximadamente 9,6 quilmetros ao sul de Belm e 19,2 quilmetros ao sul de Jerusalm.4 Ams vivia na regio de Tecoa quando foi chamado por Deus para ser profeta (7.15). Esta pequena vila estava s margens de

    4. K. Kock, The Prophets: The Assyrian Period (Filadlfia: Fortress, 1983), p. 70 e S. T. Rosenbaum, Amos o f Israel: A New Interpretation (Macon: Mercer University, 1990) argumentam por uma localizao israelita de Tecoa, mas seus argumentos no se mostram convincentes.

  • um rido deserto, que conduzia ao Mar Morto, ao oriente, e regio montanhosa das pastagens, ao ocidente. A rea era usada para a criao de ovelhas e cabras, e Ams ganhava a vida como supervisor de um grupo de pastores (1.1; 7.14,15).5 Ele no era apenas um humilde pastor, mas um homem de responsabilidades. Ele tambm trabalhou com sicmoros, provavelmente na regio do Mar Morto, mas no fica claro quais eram suas responsabilidades nessa atividade.6 As imagens contidas no livro revelam a vida de um pastor que tinha ouvido rugidos de lees (3.4,8), havia usado armadilhas (3.5) e sacudido o trigo no crivo(9.9), e que tambm conhecia as exigncias legais a um pastor (3.12).

    A data de seu chamado (7.14,15) e ministrio foi entre 765-760a.C. A durao de seu ministrio desconhecida, mas provvel que no tenha durado nem mesmo um ano. Os discursos registrados sugerem um ministrio na capital Samaria (3.9; 4.1; 6.1), bem como no templo de Betei (7.10-17). A produo escrita do livro de Ams foi feita aproximadamente dois anos aps o seu ministrio nas naes do norte (1.1), ao invs de ter sido produzido por vrios redatores ao longo de 200 anos, como alguns tm sugerido.7 Quando estava em Israel, Ams era visto como um estrangeiro das regies de Jud falando a pessoas com uma formao tnica e religiosa semelhante, mas identidades polticas e teolgicas diferentes.

    Ams era uma pessoa instruda, que possua uma compreenso ampla dos assuntos polticos de sua poca (1.3-2.3). Ele tinha noes de relaes internacionais, que incluam detalhes sobre reis estrangeiros (1.4), vida nas principais cidades de diferentes pases (1.5,8,12,14; 2.2), batalhas anteriores (1.3,13; 2.1) e um pouco de histria antiga (1.5; 9.7). Ele tambm compreendia a situao social e poltica de seus ouvintes em Israel (6.2,13,14). Ele havia observado a maneira como o pobre era tratado pelo rico (2.6-8; 3.9,10; 4.1), como os comerciantes administravam seus negcios desonestamente (8.4-6), como o sistema de justia funcionava na base do suborno ao invs da integridade(5.10,12,15) e como os latifundirios escravizavam as pessoas por meio

    5. Veja a exegese em 1.1 para a interpretao de um dentre os pastores como um supervisor de pastores.

    6. Veja vrias interpretaes dessa atividade em 7.14.7. Veja a sesso abaixo sobre a composio do livro.

  • de tributos pesados (5.11). Em sua perspectiva, os lindos castelos do rico se erigiam como marcos da cobia e luxo (3.15). Os banquetes opulentos eram apenas outra evidncia do estado degenerado da alta sociedade israelita (6.1-7). Com este discernimento acerca do pensamento e comportamento social de seus ouvintes, Ams foi capaz de entregar uma mensagem que dizia respeito profunda depravao espiritual do povo. A partir da Palavra de Deus revelada ao profeta, Ams pode entregar uma mensagem que desafiou os padres sociais aceitveis na comunidade israelita. Seu objetivo era transformar a cosmovi- so deles, persuadi-los a aceitar a avaliao divina de sua situao e, conseqentemente, mudar seu pensamento e comportamento.8

    Em seu ministrio, Ams possua uma intensa sensibilidade espiritual para com as prticas religiosas vigentes na nao. Ele repetidamente transmitiu a palavra divina de condenao contra a adorao em Betei (3.14; 4.4,5; 5.4,5,21-26; 7.9) e outros templos (8.14). Deus considerava tais atos de adorao como prticas inaceitveis; ele as odiava, pois ali no havia verdadeiros encontros com Deus (4.6-11; 5.21-24). Em seus sermes, Ams interagiu com as tradies religiosas de seus ouvintes israelitas. Ele se referia criao das montanhas, ventos, estrelas e cus (4.13; 5.8; 9.5), histria do dilvio (5.9; 9.6), destruio de Sodoma e Gomorra (4.11), ao xodo do Egito (2.10; 3.1; 9.7), jornada no deserto e derrota dos amonitas na Palestina(2.9,10), s inmeras normas legais e religiosas da Lei mosaica (2.4,68; 4.4,5; 5.10,12,15,21-24; 8.5,11,12) e grande esperana da nao acerca do Dia de Yahweh (5.18-20). Ele citou um hino de louvor a Deus usado na adorao da nao (4.13; 5.8,9; 9.5,6), era versado nas maldies da aliana (4.6-11) e conhecia a promessa davdica nao (9.11-14). Ainda que Ams estivesse profundamente familiarizado com as tradies religiosas de Israel, de igual importncia, seno maior, era a voz de Deus que lhe revelava uma nova palavra, dirigida s necessidades dos seus ouvintes em cada nova situao.9

    8. Para uma discusso acerca da comunicao e fatores sociolgicos impactando o processo de persuaso e transformao, veja G. V. Smith, An introduction to the Hebrew pro- phets: The prophets as preachers (Nashville: Broadman and Holman, 1994), pp. 5-45.

    9. Berger, Social construction o f reality, p. 104, chamaria esta nova palavra de uma extemalizao que introduzia nova informao que no era originalmente parte da cosmo- viso de seus ouvintes.

  • O ministrio de Ams no o que normalmente se esperaria de um pastor judaico. As atividades regulares de sua vida foram interrompidas por uma compulso irresistvel vinda da parte de Deus (3.8). Deus o tomou de seu cuidado com o rebanho de ovelhas e o levou a declarar uma mensagem de condenao a Israel (7.10-17). Ams no era nem um judeu nacionalista, nem um zelote religioso, nem to pouco um profeta litrgico;10 antes, ele era um homem que havia recebido a Palavra e vrias vises da parte de Deus (7.1-9.4).

    O Livro de Ams

    TextoO texto hebraico de Ams est relativamente bem conservado.11

    Todavia, ainda existem vrias dificuldades com o texto hebraico. Ams 2.7 e 8.4 possuem uma palavra proveniente da raiz 'p (desejo), mas o contexto parece exigir sp (esmagar). O problema pode originar-se de um rabisco ou de uma forma variante de escrita. A confuso entre aleph e ayin fez com que a forma de fb (averso) fosse escrita como t b (desejo) em 6.8. Um s talvez tenha sido substitudo por um s aberto em msrp (crematrio) em 6.10, enquanto que r b bas (oposto ao fogo) talvez seja melhor traduzido i^frb e (chuva de fogo) em 7.4. Ams 3.12 e 6.12 fazem mais sentido se a distribuio das palavras for levemente adaptada, e 8.8, ao invs de como a luz, for como o Nilo.NT Lendo os Rolos do Mar Morto em 5QAms 1.35, encontramos algumas variaes que parecem prximas ao antigo grego, mas o texto Massortico parece ser mais original.12

    10. A interpretao de Ams como um profeta cultuai foi divulgada por E. Wurthwein, Amos-studien, ZAW 62 (1950), pp. 10-52 e H. G. Reventlow, Das Amt des Propheten bei Amos. Gttingen: Vanderhoeck and Ruprecht (1962), embora no seja popular hoje em dia.

    11. W. R. Harper, A criticai and exegetical commentary on Amos and Hosea. ICC (Edim- burgo: T&T Clark, 1905), clxxiii-clxxviii, oferece esta impresso do texto e das verses.

    NT. A ARA no oferece nenhum problema neste sentido, pois a mesma j traz a expresso como o Nilo.

    12. F. I. Andersen e D. N. Freedman, Amos AB (Nova York: Doubleday, 1989), p. 238, tambm consideram a leitura dos rolos em 1.3 como uma corrupo de 1.13, e no uma verso original.

  • A antiga traduo grega e as verses de quila, Smaco e Teodcio diferem do hebraico em vrios lugares.13 Tendo em vista que as tradues gregas no estavam familiarizadas com os nomes de algumas cidades, o texto hebraico algumas vezes traduzido, ao invs de transli- terado (1.5,12; 6.2; 9.7), mas em 3.11 adversrio (sar) foi traduzido como sr (Tiro), em 7.1 gizz (aparar) se tomou gg (Gogue) e em 1.5,6 e 9 selm ( completo) foi traduzido como Salomo. Em 1.1,4,5; 4.5 e 7.1 um r e um d hebraicos so confundidos pelos tradutores gregos. A diferena na vocalizao evidente na traduo de 3.11; 4.10 e 8.3. Todos (kl) e kalrih (Calnah) so confundidos em 6.2 e kl (todos) e klh (destruir) so misturados no grego como uma referncia Assria, luz de sua ltima derrota para Israel. A referncia ao Messias em 4.13 foi originada pela fuso de duas palavras hebraicas em uma. Explicaes adicionais so encontradas em 1.3; 2.8,16; 3.4,11 e leituras duplas em 5.8 e 6.3. Em 4.4,5, os antigos tradutores gregos no compreenderam o tom irnico e removeram os imperativos; em 4.6 mudaram a metfora de limpeza dos dentes para dor de dente. Algumas tradues mostram liberdade e bom discernimento nos significados das palavras. A referncia um tanto branda destruio da rvore em 2.9 mudada para morte do fruto e da raiz. Os bezerros no cevadouro em 6.4 so propriamente descritos como bezerros em fase de amamentao no grego antigo, e a serpente em 9.3 identificada como a serpente do mar.

    Ainda que, geralmente, o grego antigo oferea uma boa traduo, sua leitura s superior ao MT hebraico em uns poucos casos. Freqentemente as verses de quila, Smaco ou Teodcio estaro mais prximas do hebraico que do grego antigo. O nmero de variaes e os tipos de erros presentes no grego antigo no inspiram grande confiana nesta interpretao, particularmente em algumas das passagens mais difceis onde h questionamentos sobre o hebraico (cf. 3.12; 4.2; 5.26; 6.3,10). Conclumos, ento, que o MT hebraico uma testemunha con

    13. J. A. Arieti, The Vocabulary of Septuagint Amos, JBL 93 (1974), pp. 338-347, J. de Waard, Translation techniques used by the Greek translators o f Amos, Bib 59 (1978), pp. 339-350 e S. E. Johnson, The Septuagint ofAmos (Chicago: Univ. of Chicago, 1936) oferecem maiores detalhes no uso do grego antigo em Ams. T. Muraoka, Is the Septuagint Amos VIII:12-IX:10 a separate unit? VT20 (1970), pp. 496-498 rejeita a evidncia de G Howard, Some notes on the Septuagint o f Amos, VT 20 (1970), pp. 108-112.

  • fivel e dependeremos dele na maior parte das leituras.14 Devido importncia de ter o melhor texto possvel, os detalhes das variaes em vrios textos de Ams sero observados aps a traduo de cada seo no comentrio abaixo.15

    EstiloGrande parte do livro de Ams deveria ser apresentada na forma

    potica. Nenhuma tentativa feita neste estudo de usar um mtodo predeterminado de nfase ou contagem de slabas para identificar o que e o que no poesia. Tambm, a anlise da extenso potica de uma linha no usada como ferramenta para a crtica textual. Uma flexibilidade considervel nas construes poticas demonstrada ao longo de todo o livro e, portanto, qualquer impedimento da liberdade literria do profeta parece perigosa. Frmulas introdutrias e conclusivas como assim diz Yahweh parecem desnecessrias (em 6.5, alguns crem que como Davi deveria ser abandonado por razes mtricas),16 mas a autenticidade de um orculo no pode ser baseada em uma conformidade rgida a um estilo potico predeterminado (cf. 1.9-12).

    Os particpios so freqentes nas sees de hinologia (4.13; 5.8,9;9.5,6), como tambm ao longo do restante do livro.17 Questes retricas so usadas em 3.3-6,8; 5.18,20,25; 6.2,12; 7.8; 8.2,8; 9.7; e semelhana fontica encontrada em 5.5, usando o som g f; em 6.7, usando o som sr; e em 9.1, usando o som hr. Muitas palavras relativamente raras tambm so usadas.18 Ams usa determinadas frases com uma certa freqncia. Em 1.3-2.16, por trs transgresses e por quatro no susterei o castigo, porque... Por isso, meterei fogo... repetido oito vezes. Ser levado ao cativeiro encontrado em 1.5; 5.5,27; 6.7;

    14. Andersen e Freedman, Amos, 3 adotam uma viso semelhante, dependendo do MT, ao invs de leituras parciais.

    15. S. Paul, A commentary on the book ofAmos, Hermenia (Filadlfia: Fortress, 1991), tambm se refere as diferentes leituras na traduo grega.

    16. W. Rudolph, Joel-Amos-Obadja-Jona, KAT 23 (Gttersloh: G Mohn, 1971), 217.17. 1.1,5,8; 2.3 ,7 ,13,15; 3.10,12; 4.1,2,11; 5 .3 ,7 ,10,12,16,18; 6.1,3-7,11,13,14;

    7.1,4,7,8,14; 8.1,4,8,11,14; 9.1,9-14.18. 2.13 m iq; 3.12 mSq\ 4.2 sinnt e s'rt\ 4.3 harmn; 5.8 kim e k?sl\ 5.9 mablig',

    5.16 kkar\ 5.26 kyyn: 6.5 prtim; 6.7 mirzah; 6.10 rrfisUrp\ 6.11 r^stsim, 7.1 gizz: 7.7 nak\ 7.14 bls\ 7.9,16 yishq', 8.14 derek', 9.9 serr e l^br.

  • 7.11,17. Retido e justia ocorrem em 5.7,24; 6.12; e o pobre e necessitado, em 2.6; 4.1; 5.11,12; 8.4,6.

    Evidncias de um estilo prprio so apresentadas no paralelo entre os orculos contra as naes (1.3-2.16), no paralelo entre as perguntas (3.4-8) e no paralelo entre as vises (7.1-8.14). H cinco castigos e cinco repeties de no vos convertestes a mim em 4.6-11, cinco vises em 7.1-9.4 e cinco clusulas condicionais paralelas em 9.2-4.0 hbito de citar o que outros dizem fica evidente em 2.12; 4.1; 5.14; 6.13; 7.10,11,16; 8.5,6,14; 9.10. O profeta cita as tradies israelitas em 2.9,10; 3.1; 5.6,14; 9.7, e os hinos tradicionais em 1.2; 4.13; 5.8,9; 9.5,6; empresta ditados sapienciais em 3.3-6; 6.12, e refere-se a princpios legais e cultuais em 2.6-8; 3.12; 4.4,5; 5.10,12,21-24; 8.5,6,14; 9.7.19 Cada um desses fatores desempenha uma parte importante na identificao do estilo retrico de Ams para persuadir seus ouvintes.

    Ams tambm toma emprestadas e transforma formas bem conhecidas de discurso. Os orculos contra as naes (1.3-2.16) tm muitas caractersticas de um orculo de guerra que prev a queda dos inimigos e a salvao de Israel. Ams toma essa forma de discurso e transforma a concluso em um surpreendente orculo de julgamento sobre Israel. Ele tambm inverte a esperana na tradio do xodo (3.1,2; 9.7) e a tradicional promessa do Dia de Yahweh (5.18-20). Com grande sarcasmo, Ams encoraja as pessoas a continuarem na prtica de uma adorao pecaminosa (4.4,5), usando palavras que um sacerdote usaria para chamar o povo adorao. O lamento de um funeral permanece por detrs de seus orculos de maldio (5.18-27; 6.1 -14) e sua cano fnebre (5.1-17), enquanto um banquete de lamento de funeral pode perfeitamente ser imitado em 6.1-7. O estilo de confrontao evidente na estrutura e contedo de 3.1-8; 7.10-17 e 9.7-10. No relato da viso, Ams usa elementos comuns estrutura de outras vises (7.1-

    19. G Hasel, Understanding the book ofAmos: Basic issues in current interpretations (Grand Rapids: Baker, 1991), pp. 71-75, discute opinies em ambas as posies. Hayes (Amos, p. 38) minimiza o uso da tradio e mantm que no h evidncia de que o profeta tenha extrado alguma coleo especfica das leis do Antigo Testamento..., nenhuma evidncia de que o relacionamento entre Yahweh e Israel tenha sido entendido em termos da teologia do pacto. Por outro lado, D. Stuart (Hosea-Jonah, WBC [Waco: Word, 1987], p. 288) identifica a teologia do pacto ao longo de todo o livro e encontra referncias a muitas leis e maldies.

  • 3,4-6,7-9; 8.1-3; 9.1-4). Uma investigao crtica do contexto e do uso de cada uma dessas formas de discurso, emprestadas e ligadas culturalmente, abrir grande parte do pano de fundo para o entendimento de cada mensagem.

    Sem dvida, a forma de discurso mais bsica em Ams a elocuo do mensageiro. A frmula do mensageiro introduz e conclui muitos orculos. Assim declara Yahweh ou assim diz Yahweh sempre surge em um contexto de troca de informaes (polticas, sociolgicas ou pessoais) pela instrumentalidade de um mensageiro. A frmula do mensageiro oferece a fonte da informao e a autoridade por detrs da mensagem. A constante presena dessas frmulas em todos os diferentes tipos de literatura em Ams um testemunho preponderante da autoridade divina da mensagem entregue pelo profeta. Elas so usadas no incio e no fim de cada pequeno orculo contra as naes, nos discursos de julgamento, quer sejam de reprovao ou ameaa, nas vises e nos orculos de salvao em 9.11-15. As frmulas de juramentos (4.2; 6.8; 8.7) e as frmulas das vises so dois meios enfticos de evidenciar a anunciao da revelao divina.

    Cada um desses mtodos de comunicar a Palavra de Deus foi influenciado pelo estilo prprio de Ams. Sua experincia rica de imagens da vida rural, seu uso sarcstico da tradio, suas citaes, seus trocadilhos e jogos de palavras, bem como o uso de padres de comunicao culturalmente expressivos, capacitaram Ams a dirigir-se a seus ouvintes de uma maneira eficaz e significativa. Seu uso de recursos retricos para introduzir e desenvolver seu argumento a fim de persuadir seus ouvintes um indicador significativo da nfase que ele procura construir em suas mensagens. A repetio das frmulas introdutrias, o uso de novas frmulas de discurso e muitas outras caractersticas do estilo do profeta so valiosos guias na determinao da estrutura de cada orculo.

    EstruturaAo longo dos anos, estudiosos tm proposto vrias maneiras de

    identificar o esboo deste pequeno livro de 146 versculos. J. Limburg percebeu uma seqncia repetitiva de sete mais um,20 agrupando sete

    20. Paul, Amos, pp. 22-24 oferece um exemplo do uso deste padro de sete mais um na literatura ANE.

  • substantivos ou verbos em uma srie (2.6-8; 2.14-16; 5.8,9; 8.4-6), mais 49 frmulas de discursos divinos em sete unidades. Tais exemplos proporcionam sugestes estruturais para a diviso do livro de Ams em suas partes, de acordo com Limburg.21 Todavia, esta diviso em uma estrutura de sete partes nem sempre corresponde ao bom senso das divises temticas (por exemplo, ele defende o incio de uma nova unidade em 4.1 e v o trecho de 8.4-9.15 como uma nica unidade), e deixa de observar as conexes que agrupam sees.22 Andersen e Fre- edman seguiram outro caminho e encontraram quatro sees em Ams: (1) o livro da condenao em 1.1-4.13; (2) o livro das maldies em5.1-6.14; (3) o livro das vises em 7.1-9.6; e (4) o eplogo em 9.7-15.23 D. Stuart divide o texto em trs sees (orculos em 1.1-6.14; vises em 7.1-8.3 e um grupo final em 8.4-9.15),24 enquanto que A. van der Wal identifica apenas duas sees (1-6 e 7-9).25 Para tomar o assunto ainda mais confuso, J. de Waard e W. A. Smalley localizaram uma estrutura de cruzeta ao longo do livro de Ams, e com isto dividem o livro em trs sees principais, que so repetidamente subdivididas em locais improvveis.26 Esse esboo em forma de cruzeta ligeiramente ajustado e aplicado especificamente ao relacionamento estrutural contido nos captulos 3-6 por Widbin.27 Finalmente, D. Dorsey redefiniu a

    21. J. Limburg, Sevenfold structures in the book ofAmos, JBL 106 (1987), pp. 217-222.22. A unidade dos captulos 3 -6 e seu desenvolvimento em duas sees (3.1-4.13 e 5.1

    6.14) grandemente ignorada por esta anlise. Ela ignora tambm a mudana de temas em 8.4-9.15 e toma tudo em uma s unidade por causa da sua perspectiva composta de sete divises.

    23. Andersen e Freedman, Amos, p. 26. Este esboo possvel, exceto pela improvvel diviso a partir do hino em 9.6. A disputa em 9.7-10 no se encaixa com o orculo da salvao em 9.11 -15 e os hinos nem sempre sinalizam o fim de uma seo (um hino encerra o captulo 4, outro colocado no meio da seo de 5.1-17 e outro no captulo 9.1-10).

    24. A diviso feita em 8.4 parece inapropriada. Veja a discusso da estrutura desta unidade na introduo da terceira parte 7.1-9.10, especialmente 8.1-14. Parece que a terceira, quarta e quinta vises possuem exortaes ligadas a elas. Esta unidade de 8.1 -14 evidente por causa da inmeras palavras repetidas entre 8.1-3 e 8.4-14.

    25. Stuart, Hosea-Jonah, 287 e A. van der Wal, The stracture of Amos, JSOT 26 (1983), pp. 107-113.

    26. J. de Waard e W. A. Smalley, A translators handbook on the book ofAm os (Nova York: United Bible Society, 1979), p. 195 vem 1.3-3.2; 1.1-5.3; 5.4-15; 5.16-9.15 como unidades. As divises em 3.2; 5.3; 5.16 no so divises principais, mas divises originadas to somente a partir do estranho esboo em forma de cruz.

    27. R. B. Widbin, Center stracture in the center oracles of Amos, Go to the land / will showyou: Studies in honor o f D. W. Young Winona Lake: Eisenbrauns, 1996),pp. 177-192.

  • anlise de Limburg somando-a a um esboo em forma de cruzeta a fim de localizar sete partes em Ams. Ainda que tal iniciativa tenha resultado em um avano dos estudos anteriores de Limburg, ela falha em agrupar as partes das unidades mais amplas, cria uma estrutura estranha em forma de cruzeta a partir de inmeras repeties insignificantes (3.1-15; 8.4-9.15) e d origem a uma diviso improvvel em 8.4.28

    melhor dividir o livro de Ams em trs sees principais: (1) os orculos contra as naes (1.3-2.16), que so precedidos por uma breve introduo (1.1,2); (2) a verificao das advertncias divinas sobre o castigo de Samaria (3.1-6.14) e (3) as vises e exortaes a respeito do fim (7.1-9.15), que incluem um breve eplogo (9.11-15).

    A primeira seo (1.3-2.16) estruturalmente definida por uma repetio regular de: (a) a frmula do mensageiro, assim diz Yahweh; (b) uma acusao: Por trs transgresses... e por quatro no susterei o castigo... porque...; (c) uma clusula de punio: Por isso, meterei fogo... e (d) uma frmula conclusiva que confirma a origem divina da mensagem: diz Yahweh. Estes marcadores estruturais so repetidos oito vezes com variao suficiente para criar um paralelo entre os orculos. Uma interligao lxica entre os orculos fortalece o paralelo e liga um orculo ao prximo. O orculo final contra Israel ampliado tanto na acusao quanto na punio. Logo, uma nfase retrica obtida pelo uso inesperado de padres estabelecidos contra Israel e no a favor desse povo.

    A segunda seo (3.1-6.14) caracterizada por uma convocao inicial para ouvir (3.1,9,13; 4.1; 5.1), bem como por uma maldio introdutria (5.18; 6.1). A continuidade temtica um elemento mais forte que o padro regular para cada orculo. O profeta repetidamente acusa a nao por sua perverso da justia (3.9-11,15; 4.1; 5.10,12; 6.4-6); pelo luxo excessivo em seus castelos (3.9-11,15; 4.1; 5.9; 6.1,8,11) e prediz derrota e exlio (3.12; 4.2,3; 5.5,27; 6.7,14). A despeito dessas nfases constantes, 5.1-6.14 uma unidade separada de 3 .1^.13, devido sua nfase na morte e ao uso de maldies fnebres e canes de lamento para convencer que a nao de Israel morrer e no se levantar novamente.

    28. D. Dorsey, Literary architecture and aural structuring techniques in Amos, Bib 73 (1992), pp. 305-330.

  • A terceira seo (7.1-9.15, que inclui o eplogo em 9.11-15) caracterizada pela expresso introdutria, isto me fez ver o S e n h o r Deus, antes das vises. A estrutura das vises e suas concluses mostram um paralelo entre elas. As ltimas trs vises (7.7-9; 8.1-3; 9.1-4) ampliam as exortaes seguintes, que so feitas com pensamentos-chave provenientes das vises (p.ex., 7.10-17 e 9.7-10 so questionamentos levantados por que a mensagem das vises foi rejeitada).

    Ao longo de todo o livro h uma dinmica criativa que desafia a perspectiva comum dos israelitas de entenderem Deus e sua obra. As antigas formas e tradies so repetidamente contrariadas e reinterpre- tadas de maneira nova e viva. Os aspectos seculares de negociaes(8.5), ou celebraes (6.4-7), esto intimamente ligados ao sagrado, enquanto que as tradies sagradas da eleio de Israel (3.1,2; 9.7) so vistas como insignificantes para determinar o futuro poltico da nao. O profeta inspirado usa estilo e estrutura para estabelecer o desafio teolgico de Deus com seu prprio esprito criativo. Estes fatores estruturais sero cuidadosamente examinados na avaliao da unidade de cada seo. A estrutura das sees mais amplas e mais restritas, a freqente coerncia temtica e as pontes retricas entre pontos tecem o livro como uma unidade razoavelmente completa. Devido a essas conexes, F. Andersen e D. Freedman concluram que a demonstrao cumulativa da coerncia literria de todos os diversos ingredientes em uma coleo completa, que mais que uma reunio, uma unidade altamente estruturada.29

    ComposioA despeito das caractersticas unificadoras, alguns crem que h

    palavras, frases e pargrafos que foram acrescentados posteriormente por editores, durante um processo de formao do livro. O cabealho do livro (1.1), os orculos contra Tiro (1.9,10), Edom (1.11,12) e Jud(2.4.5), a descrio da profecia (3.7), os hinos (4.13; 5.8,9; 9.5,6) e o orculo final sobre a salvao (9.11-15) esto entre as sees mais comuns atribudas a um editor posterior desta obra. Comentaristas individuais variam em sua opinio desde uma aceitao virtual de tudo

    29. Andersen e Freedman, Amos, p. 144.

  • como livro de Ams30 a at aqueles que vem o livro como uma produo ao longo de 200 anos at ao perodo ps-exlico.31 A concluso a ser tomada nesses assuntos deve ser baseada em uma considerao completa da evidncia interna do texto; ningum mais pode seguir as pressuposies antigas cegamente.

    Ainda que o indivduo que escreveu as palavras de Ams seja desconhecido e relativamente sem importncia, extremamente importante determinar se os orculos no livro tm sua fonte nas palavras recebidas pelo profeta Ams da parte de Deus. Muitos pargrafos no livro contm evidncias estilsticas, retricas, estruturais e temticas que apontam para uma compilao original dos orculos por um cuidadoso e fiel preservador das palavras inspiradas do profeta. Esta apresentao equilibrada de caractersticas similares ao longo do livro sugere que uma atitude conservadora acerca da unidade do livro deveria ser predominante no estudo do texto. Esta concluso levanta fortes dvidas sobre a anlise redacional de Wolff e leva ao questionamento de se as ferramentas nossa disposio realmente nos permitem certa preciso em descrever esse processo que encontramos aqui [na anlise de Wolff]... teramos ns um campo suficientemente amplo para dizer que esse trao estilstico, essa linha de pensamento, essa caracterstica formal no poderiam ter sido empregados pelo profeta, mas devem ser atribudos a uma camada de tradio posterior.32 Paul concluiu que muito dos argumentos para interpolaes e redaes posteriores, incluindo a viso deuteronimstica, prova ter sido baseado em fundaes frgeis e evidncias inconclusivas. Quando cada caso examinado e analisado em si mesmo, sem conjeturas preconcebidas e hipteses sem apoio, o livro em seu todo (com uma ou duas pequenas excees) pode

    30. Hayes, Amos, p. 39, diz: E mais fcil assumir que ou Ams escreveu suas prprias palavras, seja antes ou depois de t-las entregue, ou, mais provavelmente, que elas foram escritas por algum de seus ouvintes. Semelhantemente, Paul, Amos, p. 6, cr que todo o livro (com uma ou duas excees) foi escrito por Ams.

    31. H. W. Wolff, Joel and Amos, Hermenia (Filadlfia: Fortress, 1977), pp. 106-113, encontrou seis categorias: estgios 1 e 2 da poca de Ams; um terceiro estgio pelos discpulos de Ams de cerca de 730; quarto, uma redao de Betei do tempo de Josias; uma quinta parte, por editores deutero-cannicos; e, uma sexta, um orculo ps-exlico sobre a salvao. R. Coote, Amos among the prophets (Filadlfia: Fortress, 1981) segue uma verso simplificada desta teoria.

    32. J. Bright, A new view of Amos, Int 25 (1971), p. 357.

  • ser atribudo a um autor de direito - o profeta Ams.33 Essa abordagem do livro como uma unidade de Ams e seus seguidores no deveria impedir consideraes de evidncias contrrias, pois ajusta avaliao de observaes crticas pode apenas ajudar a descobrir a verdade. Todavia, ningum deveria ser to vido para inventar redatores hipotticos a fim de escapar do impacto de tradies teolgicas que corretamente retratam os conflitos internos de um sistema de crena. Muitos tambm tm argumentado que o cerne da mensagem do livro est longe da compreenso do profeta: (1) limitar seu uso do material tradicional (2.9,10; 3.1,2,7; 4.13; 5.14,15; 9.11-15); (2) exigir critrios literrios e teolgicos do profeta mais consistente (coerente?) com um foco estreito (restrito / limitado?) de pesquisa, ao invs de um debate oral com alguma implicao nova e altamente contraditria da Palavra de Deus; (3) a negao do conhecimento de Ams acerca das idias teolgicas avanadas (por exemplo, criao ou escatologia) que eram bem conhecidas no antigo Oriente Prximo; (4) ignorar fatores estilsticos e estruturais que apontam para a unidade do texto; e (5) deixar de identificar o provvel pano de fundo histrico de um versculo (1.11,12; 6 .2).34

    Temas teolgicosA teologia de Ams apenas parcialmente revelada em sua peque

    na srie de sermes registrados em seu livro. Ainda que incompletas e um tanto quanto tortas em sua aplicao necessidade dos ouvintes em Israel, essas mensagens poderiam ser integradas teologia de Osi- as, Isaas e Miquias, dando uma perspectiva mais ampla do pensamento teolgico do sculo 8e a.C. Essa perspectiva mais ampla no objetivada aqui, mas alguns contrastes entre Ams e seus contemporneos sero notados. Esse resumo ser uma sntese dos temas teolgicos abordados nessas mensagens escritas. Logo, seu aspecto inacabado grandemente devido ao grupo limitado de tpicos discutidos nesses sermes.

    33. Paul, Amos, p. 6. Veja a crtica teoria de Wolff em D. A. Hubbard, Joel and Amos, TOTC (Downers Grove: InterVarsity, 1989), pp. 98-102.

    34. Andersen e Freedman, Amos, pp. 141-144 no aceitam os argumentos histricos e literrios freqentemente usados para negar passagens a Ams, pois ningum pode provar que estes versos no vieram de Ams.

  • O mtodo usado no tentar defender um centro predeterminado para teologia do Antigo Testamento, mas ir deixar o texto descrever o relacionamento estrutural dentro do livro. Essas estruturas so baseadas na linguagem do texto, que pode ser encontrada atravs do estudo: (1) do significado das palavras, nomes e ttulos; (2) do uso de metforas; (3) dos relacionamentos implicados pelas posies dos pronomes; (4) dos termos verbais que descrevem relacionamentos; (5) do posicionamento de oraes causais, relativas, propositais, resultantes e circunstanciais, que podem explicar conexes estruturais; e (6) a repetio de palavras e temas. pressuposto que a teologia do livro esteja enraizada em indicadores semnticos e sintticos na linguagem do livro.

    Nomes, ttulos e substantivos contidos na mensagem de Ams podem ser divididos em dois grupos mais amplos: (a) referncias a divindades; e (b) referncias natureza, pessoas, lugares ou coisas outras que divindades. As referncias s divindades incluem: Yahweh (49 vezes); Senhor Yahweh (19 vezes);35 Senhor Yahweh Deus dos Exrcitos(3.13); Senhor Yahweh dos Exrcitos (9.5); Yahweh, Deus dos Exrcitos, Senhor (5.16); Yahweh Deus dos Exrcitos (4.13; 5.14,15,27;6.8,14); Yahweh nosso Deus (9.15); Deus (4.11,12); e deuses/Deus (2.8; 5.26; 8.14); e Sicute e Quium (5.26). Em cinco ocasies, Ams indica um ttulo como o nome de Deus (4.13; 5.8,27; 6.10; 9.6), embora o nome seja usado como um substituto para um ttulo duas vezes (2.7; 9.12). Alm disso, 84 verbos na primeira pessoa do singular descrevem Yahweh como Eu por detrs de alguma ao, cinco verbos na terceira pessoa do singular so usados e dez pronomes objetivos no singular referem a Yahweh. A metfora do leo (1.2; 3.8) usada para Yahweh, enquanto que os falsos deuses so descritos como imagens, estrelas, reis (5.26), a culpa de Samaria e o poder de Berseba (8.14). Expresses antropomrficas como sua mo, poder (1.8; 7.7; 9.2) e meus olhos (9.3,4,8) graficamente referem-se s caractersticas de Deus. Os pronomes possessivos seu, meu associam Deus aos estatutos(2.4), segredos (3.7), santidade (2.7; 4.2), cmaras internas, abbada (9.6) e povo de Israel (7.8,15; 8.2; 9.12,14). Relaes de construo associam palavra, lei, nome e dia a Yahweh (2.4; 5.18,20;

    35. Ibid., pp. 89-95 resume alguns dos pensamentos de Ams sobre Deus.

  • 6.10; 8.11,12). Os falsos deuses so associados a uma casa ou templo (2.8) e s cidades de Samaria e Berseba (8.14).

    Antes de olhar os verbos usados para definir a atividade de Deus e dos deuses, a importncia da informao acima deve ser notada. Yahweh e seus outros nomes predominam na teologia de Ams. Figuras astrais, imagens feitas por mos humanas, bem como outros deuses eram particularmente reverenciados em vrios dos templos importantes em Israel, mas esses deuses recebem pouqussima ateno por parte de Ams. Eles no so o principal mal que ele ataca (em contraste com o forte ataque de Osias ao Baalismo). Eles gozam da lealdade do povo, mas Ams os identifica como pecaminosos (8.14). Eles so reis, um conceito tpico do Oriente Prximo acerca das divindades.36 Ao invs de enfatizar os aspectos negativos dessas divindades, Ams desenvolve um conceito de Yahweh. A nfase (sete vezes) no nome deve ser vista como uma polmica contra os nomes dos deuses. O nome Yahweh no explicitamente associado ao conceito do pacto, mas ao Deus dos Exrcitos (oito vezes). Esse conceito semelhante a Yahweh dos Exrcitos (9.5), que usado 267 vezes no Antigo Testamento. Ele descreve Yahweh como o Comandante-chefe das foras militares, um Deus de grande poder e fora. luz deste sentido, surpreendente que este ttulo nunca usado nos captulos 1-2 ou mesmo em alguma das vises (7-9). Ele usado em contextos positivos (5.14,15) e negativos(5.27). Yahweh o Senhor, o mestre soberano (19 vezes) particularmente nas vises em 7.1-9.10 (11 vezes), mas Yahweh o nome mais comum ao longo de todo o livro. Ele possui santidade (2.7; 4.2), poder (1.8; 7.8; 9.2), olhos, conhecimento soberano (9.3,4,8), segredos (3.7), palavras, leis (2.4; 8.11,12), possui um dia (5.1820), uma cmara interior (9.6), e seu prprio povo Israel (7.8,15; 8.2; 9.12,14). Essa lista limitada permanece em contraste com muitas atividades verbais relacionadas a Yahweh, que formam o principal mtodo de expresso da teologia de Ams a respeito de Deus.

    O agir de Deus est relacionado a lugares e pessoas. Lugares como as montanhas, estrelas, cmara interior e a abbada sobre a terra foram formadas, criadas e estabelecidas por Yahweh (4J3; 5.8; 9.6). O sol

    36. G. V. Smith, The concept o f God/the gods as king in the Ancient Near East and the Bible, Trinity Journal 3 (1982), pp. 18-38.

  • e a lua podem ser escurecidos por Deus (4.13; 5.8; 8.9) e os cus e o Sheol esto sob seu soberano poder (9.2). Todas as partes da natureza so subservientes ao seu governo. A terra estremece quando tocada por ele (1.1; 8.8; 9.1,5), a chuva dada ou retida por Deus (4.7,8), e Deus pode derramar as guas dos mares sobre a face da terra e destruir os campos (5.8; 9.6). Ele evita que os planos das naes sejam bem-sucedidos (1.2; 4.9; 5.11; 7.4) e, em outras circunstncias, faz com que essas naes cresam e produzam abundantemente (9.13,14). Ele envia a lagarta (4.9), a cobra e o urso (5.19), o gafanhoto (7.1), o fogo (1.3-2.5; 7.4) e a serpente do mar (9.3) para que realizem seus atos de julgamento. Deus no apenas o Deus da histria; ele completamente responsvel por todas as partes da natureza, a fim de revelar seu louvor, seu julgamento e suas bnos escatolgicas.

    As atividades de Deus em relao s pessoas so descritas por verbos que expressam comunicao, destruio e bnos. As frmulas conclusivas ou introdutrias anexadas a muitos dos orculos no livro de Ams indicam que a revelao que Deus faz de si mesmo atravs das palavras de grande importncia. Ele diz, ou declara (49 vezes), promete (4.2; 6.8; 8.7), ordena (6.11; 9.3,4,9), ruge (1.2; 3.8), revela segredos (3.7), declara os pensamentos humanos (4.13), d sua palavra e estatutos (2.4; 3.1; 7.16; 8.11,12) e demonstra sua palavra atravs de vises (7.1,4,7; 8.1; 9.1). Afrmula do mensageiro o sinal dc autoridade do profeta. Uma vez que Deus sempre revela segredos aos profetas antes que ele os execute, a prioridade da comunicao antes da destruio ou bno assim estabelecida.

    Os atos divinos de destruio e bno no so determinados por lugares, pessoas ou objetos, mas por seu carter moral e a graa de Deus. Deus tratou a Sria com graa (9.7), mas no futuro ele iria julg- la (1.3-5). Em graa, ele liderou os filisteus de Caftor a Filstia (9.7), mas no futuro ele iria destru-los (1.6-8). Os edomitas esto prontos para o julgamento de Deus (1.11,12), mas um remanescente de Edom iria gozar grandes bnos no futuro (9.12). O futuro de Tiro, Amon e Moabe (1.9-11,13-15; 2.1-3) e de todas as naes (9.9) conhecido e tsl sob o controle de Deus (9.9). Aqueles, de Israel e de outras naes, t|uc se submetem a Deus e so chamados pelo seu nome sero abenoados. Jud (2.4,5) e especialmente Israel sero destrudos por Deus

  • (9.8a), mas h tambm uma esperana para o remanescente de Jac(5.14,15). O controle futuro de Deus sobre as naes no posto em dvida, pois no passado ele destruiu os amonitas (2.9,10), Sodoma e Gomorra (4.11), e castigou Israel com cinco maldies (4.6-11). Um aspecto predominante na teologia de Ams a crena de que Deus est no controle da histria e de todos os povos.

    Os atos divinos de julgamentos so atos intencionais: isso te farei (4.12), porei os olhos sobre eles, para o mal e no para o bem (9.4). Quando decide julgar, ele declara: no vacilarei (1.3,6,9,11,13;2.1,4,6), mas, em outros casos, ainda parece haver esperanas de vida para aqueles que buscam a Deus (5.6,14,15). Representantes desses atos de julgamento so: meterei fogo (1.4,7,10,12,14; 2.2,5); eu vos punirei (3.2); destruirei (3.15; 4.9); subverti alguns de vs (4.11); passarei pelo meio de ti (5.17); eu vos desterrarei para o exlio(5.27); jamais passarei por ele (7.8; 8.2); e eu o destruirei de sobre a face da terra (9.8).

    A razo para esses julgamentos encontrada em reprovaes como: sei serem muitas as vossas transgresses (5.12); portanto, eu vos punirei por todas as vossas iniqidades (3.2); ou no dia em que eu punir Israel, por causas das suas transgresses (3.14). O julgamento em 5.18-20,27 est diretamente relacionado avaliao divina sobre a adorao da nao. Deus diz: aborreo, desprezo as vossas festas (5.21-23). Ele tambm abomina a soberba de Jac, odeia seus castelos (6.8) e no se esquecer de todas as suas obras (8.7). Clusulas causais como por causa de trs transgresses e por quatro (1.3,6,9,11,13; 2.1,4,6), porque trilharam Gileade (1.3), porque perseguiu o seu irmo espada (1.11), porque rejeitaram a lei de Yahweh(2.4), porque os juizes vendem os justos por dinheiro (2.6); e muitas clusulas independentes descrevem as atividades pecaminosas do povo (veja abaixo). Pecado a causa do julgamento e morte.

    Quando Deus opera destruio, geralmente apenas Yahweh que mencionado. Algumas vezes ele envia fogo para destruir as cidades (1.3-2.6), um terremoto (8.8; 9.1,6), a espada (7.9,17; 9.4,10) ou um exrcito annimo mencionado (3.11; 4.2,3; 5.3,27; 6.7,8-14; 7.11,17; 9.4,9). Quando Deus julga uma nao, ele destri o rei e outros governantes (1.5,8,15; 2.3; 7.9,11), os habitantes da terra (1.5,8; 6.9,10; 8.2,3;

  • 9.1-4,8), as cidades com seus muros, portes e fortificaes (1.4,5,7, 10,12,14; 2.2,5; 3.11,15; 5.9,11; 6.8,11), seus exrcitos (2.14-16; 4.10; 5.2,3), aterra (1.2; 7.1,4,17), seus templos (3.14; 5.5,6; 7.9; 8.3; 9.1) e envia o remanescente para o exlio (1.5; 4.2,3; 5.27; 6.7; 7.17; 9.4). O julgamento ter lugar naquele dia, o dia de Yahweh, um dia que marcar o fim de Israel.37

    Os atos de bno e graa de Deus so igualmente importantes na teologia do livro de Ams. Deus trouxe Israel do Egito (2.10; 3.1; 9.7), os filisteus de Caftor e os srios de Quir (9.7). De todas as famlias da terra, ele escolheu o povo de Israel (3.2), liderou-os atravs do deserto(2.10) e deu-lhes a terra da Palestina aps ter derrotado os amorreus(2.9.10). Sua graa vista no envio dos profetas (2.11; 3.8; 7.15,16) que anunciaram os atos de Deus antes que eles ocorressem (3.7). Ele oferece vida queles que o buscam, procuram fazer o bem e estabelecem a justia no porto (5.6,14,15). Ele age com compaixo quando os profetas intercedem em favor da nao de Israel (7.1-3,4-6). Finalmente, Deus promete destruir apenas os pecadores, no toda a casa de Israel (9.8). Esses e os remanescentes das naes que se submeterem ao governo de Deus e se comprometerem com seu nome recebero a bno do reino davdico renovado (9.11). A terra produzir abundncia de gros, o povo retomar terra e reconstruir suas cidades e campos cm minas e o povo habitar ali para sempre (9.11-15). A teologia popular dos israelitas acerca da presena de Deus com eles (5.14), a proteo de Deus sobre eles (9.10) e a bno do Dia de Yahweh (5.18-20) baseiam-se em tradies verdadeiras acerca da graa de Deus, mas Ams mostra que esses atos de graa no mais se aplicam pecaminosa nao de Israel. Ams no atribui nenhuma ao aos falsos deuses mencionados no livro, mas se o povo havia prometido lealdade a eles(8.14), isso implica que o povo acreditava que esses deuses poderiam salv-los da destmio de Yahweh.

    A teologia do livro altamente centralizada no soberano governo de Deus.38 Ele age como criador e revelador desses atos, doador da lei,

    ('/. Hasel, Understanding the book ofAmos, pp. 105-120, discute vrias interpretaes dll perspectiva de Ams sobre a esperana futura.

    ,18. Hubbard, Joel and Amos, pp. 109-111, veja isso como uma das chaves para o ensino ilc Ams.

  • juiz, guerreiro divino, gracioso libertador e protetor do seu prprio povo. Ningum pode escapar de sua presena; todas as naes esto dentro do seu domnio e o destino de todos os povos determinado por suas relaes com ele. A vida e a morte so suas para decretar e estas so concedidas de acordo com os pecados das pessoas ou sua busca pelo verdadeiro Deus.

    Por meio da descrio que o profeta faz dos atos de Deus surge tambm uma teologia da natureza, das pessoas, dos lugares e outros assuntos que no o prprio Deus. As montanhas, estrelas, cmaras dos cus e o vento (4.13; 5.8; 9.6) so criados por Deus. Eles no possuem um carter moral e so evidncias do poder de Deus. A chuva dos cus, a gua dos mares, a produtividade da terra e os animais da natureza so todos instrumentos que Deus usa para determinar o futuro das pessoas na terra. Assim, natureza e lugares como Damasco, Gaza, Moabe, Car- melo, Hamate e Samaria so partes integrais de uma relao triangular entre Deus, natureza e pessoas da terra.

    Os habitantes de vrios lugares so definidos por (1) pas ou cidade, (2) a base dos seus atos para com Deus e outras pessoas, ou (3) alguma caracterstica moral, social, poltica ou ocupacional. Alguns so simplesmente chamados habitantes de Asdode (1.8) ou os filhos de Israel habitando em Samaria (3.12). Existem distines sociais entre o necessitado, o desamparado (2.6-8; 4.1; 5.11,12; 8.4-6) e aqueles que impem pesados tributos, que rejeitam os necessitados na porta (5.11,12) e so comparados com vacas de Bas (4.1). Substantivos polticos e ocupacionais incluem: rei (1.1,15; 7.10); sacerdotes(7.10); profetas (2.11; 3.7,8; 7.12-16); o pranteador profissional e o lavrador (5.16) e o guerreiro (2.16). Caractersticas morais so enfei- xadas por verbos, pronomes, oraes subordinadas, citaes e acusaes feitas por Deus. Eles trilharam Gileade, deportaram pessoas, rejeitaram a lei de Deus, venderam o pobre, acumularam violncia, oprimiram o pobre, multiplicaram as transgresses, no se voltaram para o Senhor, aborreciam-se daquele que falava com integridade, ansiavam pelo Dia de Yahweh, no lamentaram sobre as runas de Jos, transformaram a justia em amargura, traram com balanas fraudulentas e aliaram-se culpa de Samaria. Os pronomes possessivos seu, deles, referindo-se ao fato de que esses povos mostraram que possuam

  • ira e fria (1.11), mentiras (2.4), fora e fortificaes (3.11;6.8,13), sacrifcios e dzimos (4.4), transgresses (5.12), ofertas de incenso e cnticos (5.21-23; 8.10) e imagens e deuses (5.26;8.14). Oraes subordinadas revelam que os amonitas rasgaram o ventre de mulheres grvidas para dilatarem seus prprios limites (1.13), enquanto que os israelitas pecam por profanar meu santo nome (2.7). Israel a famlia que ele fez subir da terra do Egito (3.1), mas sua motivao para a adorao cresceu porque eles amam proclamar o que fizeram para Deus (4.5). Citaes revelam algo da teologia popular na nao de Israel (2.12; 4.1; 5.14; 6.13; 7.16; 8.4-6,14; 9.10). Os pronomes pessoais eles ou vs dos verbos aplicam-se ao povo (75 vezes). Esses sermes descrevem as naes, bem como os israelitas, como culpados de pecados imorais contra o fraco. Violncia uma caracterstica das fortificaes onde o rico e o pobre vivem (1.3-2.3; 3.9-11; 4.1) em Israel e em outras naes (1.3-2.3). Tradies teolgicas so conhecidas e padres de adorao so observados, mas justia, retido e busca a Deus so realidades ausentes. Por suas aes eles esperam controlar seu futuro, suas condies e suas riquezas, mas essas coisas esto sob o controle divino, no sob controle humano. O que os reinos pecaminosos almejam pode ser concedido apenas por Deus (9.11 -15). O reino eterno com suas bnos ser estabelecido por Deus que o dar a Israel e ao remanescente das naes que se chamarem pelo seu nome (9.11-15).

  • P A R T E U M

    JUZOS SOBRE AS NAES Ams 1.1-2.16

    Esta seo inicial formada a partir de uma srie de profecias estruturadas, que comeam com: Assim diz Yahweh: Por trs transgresses... e por quatro, no sustarei o castigo, porque... (1.3,6,9,11,13; 2.1,4,6). O ttulo do livro em 1.1,2 no uma parte desta seo porque estes versos no seguem a mesma estrutura, mas oferecem informaes sobre o autor, data e ouvintes, bem como um verso potico que determina o tom da revelao de julgamento no restante do livro.

    Os orculos contra as naes so cuidadosamente construdos em pares pela repetio de frases ou palavras, pela incluso e excluso da frmula final do mensageiro, e pela mudana da extenso das sentenas de acusao e punio. As acusaes evoluem para um grande clmax no ltimo orculo contra Israel (2.6-16) o qual possui uma acusao grandemente expandida e uma punio extensa. Atravs do uso de uma estrutura regular contra cada nao, Ams prepara seus ouvintes a identificarem-se com aquilo que ele dir, antes mesmo de dizer. A repetida mensagem teolgica leva o auditrio a aceitar a posio teolgica bsica que cada nao deveria ser julgada pelos seus pecados contra a humanidade. Mas quando Ams atinge o clmax, ele no apresenta os esperados orculos de salvao a Israel. Ao contrrio, ele usa a lgica dos orculos precedentes para convencer Israel de sua culpa por alos rebeldes semelhantes.

    Os orculos contra as naes no apenas provam a soberania de Deus sobre todas as naes, mas demonstram a prestao de contas moral diante de Deus, por parte de todas as naes (Rm 1-2). A base teolgica para este julgamento no a lei da aliana, nem mesmo o

  • ideal do reino davdico, que as naes tm se levantado contra, mas o tratamento desumano de cada nao (incluindo Israel) a outros povos. Esses crimes eram baseados no fato de que eles rejeitavam a lei da conscincia, eles eram contrrios ao sentido de certo e errado presente em cada sociedade, e por isso desrespeitavam cdigos legais e tratados internacionais. Se os srios, edomitas e amonitas merecem o julgamento de Deus, certamente o povo de Deus, que recebeu revelao dos caminhos de Deus, sentir a mo pesada da ira divina pela rebelio de seus atos.

  • O TTULO DO LIVRO DE AMSAms 1.1,2

    IntroduoUm cabealho inicial precede as profecias proferidas por Ams. Isto inclui a introduo (1.1) e a declarao que parecem abranger o cerne das advertncias do profeta (1.2). Estes versculos introdutrios revelam a informao bsica sobre o autor, seus ouvintes, data e mensagem. Portanto, importante reconhecer que este material no parte das profecias altamente estruturadas contra as naes (1.3-2.16). Ao contrrio, ele permanece separado do contexto imediato e funciona como uma introduo ao livro todo. Isto deve-se ao fato de que o ttulo foi colocado no incio do livro durante o perodo de edio, quando as mensagens proferidas pelo profeta estavam sendo escritas. O espao de tempo entre as proclamaes originais feitas por Ams e o seu primeiro surgimento na forma escrita desconhecido, mas as profecias includas no livro so cheias de vigor e agressividade, que trazem o selo da originalidade do profeta e da autoridade divina. Dois anos antes do terremoto pode indicar que a mensagem oral foi entregue aproximadamente dois anos antes que elas tenham sido registradas na forma escrita. Quando o terremoto predito por Ams aconteceu, o mesmo autenticou Ams como um verdadeiro profeta e encorajou o povo a preservar suas palavras na forma escrita.1

    Pano de fundoAms 1.1,2 aponta para o contexto histrico e literrio do livro e

    do profeta. O contedo de 1.1 - palavras de Ams... nos dias de Uzias, rei de Jud, e nos dias de Jeroboo, filho de Jos, rei de Israel - d o cenrio histrico do livro. A referncia a Deus em Sio em 1.2 coin

    I. Paul, Amos, p. 36 tambm cr que o terremoto deu nova importncia s palavras nnlcriores de Ams.

  • cide com a localizao do profeta em Jud aps sua deportao de Israel (7.12,13) e revela algo acerca de seu contexto teolgico judaico.

    A prtica literria de introduzir um documento escrito com informaes acerca de seu autor, data e destinatrio no era conhecida no antigo Oriente Prximo (AOP). Este tipo de informao aparece em documentos histricos,2 textos sapienciais e profticos e cartas.3 Estes exemplos no so estritamente paralelos ao tipo de literatura encontrado em Ams, mas ilustram o padro geral usado. Alguns exemplos bblicos so semelhantes (Pv 31.1, Palavras deAgur; 1 Rs 11.41, Palavras de Salomo), mas outros cabealhos profticos so os paralelos mais claros (Jr 1.1, As palavras de Jeremias).

    Ams 1.2 no oferece informaes biogrficas nem cronolgicas e seu estilo distinto de 1.1. O estilo de poesia empregado algumas vezes associado ao material de hinos (SI 50.1-3)4 e o contedo relacionado aos casos de teofania ou cerimnias clticas.5 Wolff demonstra que 1.2 difere em muitas maneiras da caracterstica formal de algumas teofanias,6 e Rudolph toma o anncio do julgamento da prpria terra

    2. Exemplos egpcios: Ano 21, 1Q dia da segunda estao, dia 21 sob a majestade do rei do Alto e Baixo Egito: User-maat-Re: filho de Re:Rameses, emANET, p. 199; O prncipe, conta . . . secretrio real, Nebneteru, filho do prefeito, visir, boca de Nekhen, Nesaramun, nascido de Mathetepi, diz, em M. Lichtheim, Ancient Egypcian literature, III (Berkeley: Univ. of Califrnia, 1980), p. 19; exemplos assrios: Eu, Ashur-nasir-apli, forte r e i. . . no ano de minha ascenso, em A. K. Grayson, Assyrian Royal inscriptions, II (Wiesbaden: Harrassowitz, 1976), p. 119; exemplos palestinos no fragmento de Samaria (Ostracon): No dcimo ano. De Azzo para Gaddiyau, emANET, p. 321. W. G Lambert, Ancestrais, autores e canonicidade, JCS 11 (1957), p. 1, conecta o cabealho no incio dos livros de colofo de Acadiano ao final de uma pea literria, mas colofes referem-se mais aos escribas ou proprietrios, no ao autor, data ou ttulo do documento.

    3. Um texto egpcio de sabedoria: Os comeos das instrues e ensinos que o escriba Ani do templo do rei N efer. . . Re Teri fez, (ANET, p. 420). Cartas do Egito (ANET, p. 475), Mari (ANET, p. 482), e Sumer (ANET, p. 480) do o autor e o endereo, mas geralmente no trazem referncia sobre a data.

    4. Mays, Amos, p. 21.5. J. Jeremias, Theofanie: Die Gestchichte einer alttestamentlichen Gattung, WMANT

    10 (Neukirchen-Vluyn: Neukirchener, 1965), pp. 142-157; J. L. Crenshaw, Amos and the theophany tradition, ZAW 80 (1968), pp. 203-215; A. Bentzen, The ritual background of Amos 1.2-2.16, OTS 8 (1950), pp. 95-97.

    6. Ams 1.2 possui verbos imperfeitos aos invs dos usuais infinitivos ou particpios; usa vocabulrio incomum para descrever a revelao da teofania; coloca a teofania em Sio ao invs de no Sinai ou nos cus e busca um resultado negativo, antes que positivo para a terra. Veja Wolff, Amos, pp. 116-118.

  • de Deus por contrrio ao propsito dessas teofanias, que descrevem a presena de Deus como garantia de sua proteo para a terra.7 Mas h manifestao de teofanias em Miquias 1.2-4 e Naum 1.3-5 que predizem julgamentos. Neste sentido, o uso que Ams faz dessa forma no totalmente incomum. O julgamento de Deus em uma teofania est de acordo com a nova reconstruo do Dia do Senhor (5.18-20) quando Deus passar pelo seu meio (5.17) para destruir. Ams 1.2 serve como um resumo adequado a mensagens de condenao ao longo deste livro.

    Estrutura e unidade

    EstruturaO esboo abaixo ilustra os relacionamentos sintticos e paralelis-

    mos entre as palavras em 1.1,2. A exegese do texto seguir o contorno em Ingls.

    O ttulo do livro de AmsAms 1.1,2

    1.1As palavras de Ams que era dentre os pastoresb de Tecoa a respeito de Israelc nos dias de Uzias, rei de Jud, e nos dias de Jeroboo, filho de Jos, rei de Israel dois anos antes do terremoto

    Ele disse 1.2Yahweh rugird de Sio e de Jerusalm fard ouvir a sua voz; os prados dos pastores estaro de lutod e secar- se-d o cume do Carmelo.

    A. Cabealho 1 .0 autor2. Receptores da mensagem3. Data

    B. A mensagem1. A fonte do julgamento

    2. O contedo do julgamento

    1.1a. A orao hebraica relativa modifica Ams ao invs do plural palavras de como encontramos na traduo grega: Palavras de Ams que estavam entre os Nakkarin de Tecoa. C. D. Isbell8 props uma traduo do hebraico em sintonia com o grego porque: (a) o pronome relativo hebraico pode

    7. Wolff, Amos, pp. 118,119; Rudolph, Amos, p. 117. Stuart, Hosea-Jonah, pp. 300,301, consideram isto como um anncio de maldio contra a fertilidade, com base em Levti- co 26.19.

    8. C. D. Isbell, A note on Amos 1.1, JNES 36 (1977), pp. 213,214.

  • ser tanto singular quanto plural; (b) a fraseologia de 1.1 muito diferente de outras introdues profticas que usam estes mesmos termos; e (c) o nmero (singular) do verbo pode ser determinado pela proximidade do substantivo hebraico, Ams (GKC, p. 146a e nota 1), ao invs da idia principal, palavras, que isto poderia modificar. Esta anlise talvez ajude a explicar como os tradutores gregos entenderam o texto hebraico, mas esta no a maneira normal que entenderamos esta orao hebraica. A sintaxe peculiar de 1.1 aponta para sua formulao primitiva antes que uma maneira padro de introduzir os livros profticos tenha sido desenvolvida.

    1.1b. nqdim (pastores) ortograficamente prximo de bqr (boieiro) em Ams 7.14 e poderia ter gerado uma confuso entre r e d, b t n . O grego nakkarim ilustra esta possibilidade uma vez que d toma-se um r. O siraco, como tambm Teodcio, concordam com as consoantes hebraicas. O termo nkedeim pressupe o texto Massortico.

    1.1c. Para Israel, a traduo do grego antigo traz Jerusalm que Har- per (Ams, 2) atribui a um mal-entendido de uma abreviao do yod para as duas palavras. O contedo do livro sobre Israel e Jerusalm.

    1.2d. A antiga traduo grega usa o verbo no aoristo em 1.2, mas as verses siraca e targum trazem verbos imperfeitos. Os verbos no imperfeito hebraico na primeira parte do versculo expressam ao contnua (GKC, 107a). Um fragmento de Ams 1.2 de Qumran concorda essencialmente com o texto Massortico.9

    Os versos 1 e 2 so estruturalmente independentes um do outro, mas esto agrupados, pois eles desempenham um papel introdutrio. Ainda que os versos estejam posicionados juntos pela referncia s palavras de Ams (1.1) e aquilo que ele diz (1.2), eles podem ser divididos pelo tema, estilo e estrutura em duas unidades claramente independentes. O esboo sinttico do primeiro verso revela um texto narrativo com duas clusulas relativas (quem, qual) e duas frases preposicionais (nos dias de), mas nenhuma encontrada no verso 2. O esboo de 1.2 construdo de dois conjuntos de clusulas verbais paralelas, as quais so poticas no estilo. O simbolismo e motivos para julgamento contidos no verso 2 so estranhos aos detalhes biogrficos de 1.1. Devido ao fato de estes versos serem estruturalmente descone

    9. M. Baillet et al, Les Petites Grottes de Qumran, DJD, III (Oxford: Clarendon, 1962), p. 173.

  • xos um do outro e da prxima unidade (1.3-2.16), a relao destes dois versos com o restante do livro mais tnue.

    UnidadeTanto o cabealho quanto a declarao de mensagem encaixam-

    se no contexto geral das profecias contidas no livro. Vrios comentaristas crem que a expresso que era dentre os pastores de Tecoa um acrscimo posterior a 1.1, pois as duas oraes relativas do verso 1 no fluem juntas sem dificuldades, embora Hayes e Stuart tratem-nas como sendo autnticas.10 Poucos acreditam que o fator tempo de nos dias de Uzias, rei de Jud, e nos dias de Jeroboo, filho de Jos, rei de Israel seja uma frmula convencional de marcar datas introduzida por editores de um perodo muito posterior.11 As duas concluses so baseadas em comparaes feitas com introdues profticas posteriores; mas nenhuma paralela a Ams 1.1. Rudolph rejeita qualquer dependncia de uma edio deuteronomstica baseada na cronologia de Reis, pois o relacionamento entre Ams e Jeroboo encontrado em outro lugar em Ams (7.10-14).12 A referncia ocupao anterior do profe

    10. Harper, Amos, p. 2 e Mays, Amos, p. 18 objetam quanto autenticidade de partes de1.1 por causa da sintaxe estranha que as primeiras clusulas relativas criam; Fosbrooke, Amos, p. 777 e Hammershaimb, Amos, p. 19 sugerem que a primeira clusula uma adio editorial baseada em informaes de Ams 7.10-14, e H. F. Fuhs, Amos 1.1 Erwagungen zur Tradition and Redaktion des Amosbuches, Bausteine biblischer Theologie: FestschriftG. J. Botterweck, BBB 50 (1977), pp. 271-289, vem as informaes vocacionais como deuteronomianismo, nunca anteriores introduo de Jeremias, que tambm inclui informao vocacional. Mas Hayes, Amos, pp. 44-46 e Stuart, Hosea-Jonah, pp. 297,298, no concordam com toda a anlise deuteronomianstica que foi muito popular no passado.

    11. May, Amos, p. 18; Wolff, Amos, pp. 117,118; W. H. Schmidt, Die deuteronomistis- che Redaktion des Amosbuches, ZAW 11 (1965), p. 170 e G. M. Tucker, Prophetic superscriptions and the growth of the canon, Canon and authority, org. G W. Coats e B. O. Long (Filadlfia: Fortress Press, 1977), pp. 56-70, considera o sincronismo de marcao de data atravs dos reis de Israel e Jud como obra de editores deuteronomianistas posteriores, os quais seguem frmulas de marcao de datas do livro de Reis. F. E. Peiser, gentayim lipn h m a$. Eine philologissche Studie, Z41V 36 (1916), pp. 218-224, acredita que dois anos antes do terremoto seja uma adio posterior. Ele sugere que 1.2b foi extrado de Joel 1.18,19, enquanto que 1.2a tenha sido extrado de Joel 2.10,11 e 3.16 (4.16) (ambos contm referncias a terremotos, e portanto uma adio no final de 1.1). Dois anos a corrupo de cus em Joel 2.11.

    12. Rudolph, Amos, pp. 112,115. Reis e Crnicas nunca mencionam Ams. Assim, difcil ver como um editor poderia acrescentar notas cronolgicas aqui. Rudolph daria uma data para a introduo anterior a 722 a.C., bem como a queda de Israel.

  • ta, a ausncia de uma aluso inicial palavra do Senhor e uma sintaxe desajeitada em 1.1 so singulares quando comparadas com introdues profticas posteriores. Essas peculiaridades sugerem que a introduo deve ter sido escrita antes da existncia de qualquer padro de estilo. Uma edio posterior do versculo provavelmente iria melhorar a difcil sintaxe e reconstruir a introduo baseada em outros padres tradicionais.

    Alguns tomam Ams 1.2 como uma introduo para uma unidade longa de 1.2-2.16, mas a maioria trata isto como uma unidade independente.13 Devido sua independncia, seu estilo hindico, sua semelhana com Joel 3.16 (heb. 4.16) e sua referncia a Jerusalm, um nmero de acadmicos atribui tudo de 1.2 a uma edio posterior e no a Ams.14 Wolff atribui a data da edio poca da reforma de Josias (621 a.C.), mas Morgenstem prefere uma data ps-exlica.15 Esta data no pode ser apoiada pela posio de que Ams 1.2 um editorial extrado de Joel 3.16, pois Wolff e Rudolph tm demonstrado persua- sivamente que Joel dependente de Ams.16 Mays nega qualquer conexo literria e hipoteticamente baseada apenas no conhecimento de algumas tradies do templo de Jerusalm. Se as perspectivas de Wolff, Rudolph e Mays so aceitas, a datao de 1.2 gira primariamente sobre uma referncia positiva a Sio e Jerusalm (o estilo potico ou hinlo- gico de 1.2 no pode ser datado).

    O estudo de H. Gottlieb acerca da relao de Ams com Jerusalm aponta para a antigidade das tradies de Jerusalm bem antes do

    13. Hayes, Amos, p. 65; Andersen e Freedman, Amos, p. 206, toma 1.2 a introduo de 1.2-4.13; Bentzen, Ritual background, pp. 95,96, observa a continuidade entre o conceito de Deus como um juiz em 1.2 e 1.3-2.16, bem como a semelhana entre 1.2, Joel 3.16 e Jeremias 25.30, os quais so partes de orculos contra naes estrangeiras. Muitos no conectam Ams 1.2 com o orculo seguinte, porque a estrutura de 1.2 no se encaixa no padro de 1.3-2.16 e porque o contedo de 1.2 (Deus fala de Sio; os pastos secaro) estranho ao contedo de 1.3-2.16. Kapelrud, Amos, p. 19 identifica os pastores como reis estrangeiros para fazer uma conexo com 1.3-2.16. O targum tambm refere-se a reis e seus castelos em 1.2.

    14. Harper, Amos, pp. 9,10; Wolff, Amos, p. 121 e Mays, Amos, p. 21.15. Wolff, Amos, p. 12; Morgenstem, Amos studies, pp. 118-121.16. Cripps, Amos, p. 115; Harper, Amos, pp. 9,10 e Marti, Amos, p. 157 parcialmente

    baseiam sua datao de Ams 1.2 na posio de que este verso um emprstimo de Joel, mas Wolff, Amos, p. 81 e Rudolph, Amos, p. 117 demonstram um curso de dependncia oposto.

  • tempo de Ams.17 As tradies sobre Davi trazendo a arca para Jerusalm (2Sm 6,7), e a construo e dedicao do templo por Salomo em Jerusalm (lRs 8) afetaram o entendimento do profeta acerca do lugar de habitao de Deus em Sio. Outros profetas anteriores, como Isaas, usaram tradies relativas habitao de Deus em Jerusalm. A existncia da literatura do templo e a participao do profeta na adorao no templo em Jerusalm influenciaram sua compreenso da presena de Deus em Jerusalm. As primeiras tradies davdicas e de Sio encontradas em vrios salmos (46,47,48,50,74,99), bem como em Isaas (6.1-13; 8.18; 31.9), demonstram a existncia de tradies teolgicas sobre Sio antes mesmo de Ams.

    A viabilidade da tradio de Jerusalm no responde totalmente as dvidas sobre a perspectiva singular de Jerusalm em Ams 1.2. Referncias a Jerusalm em Ams condenam sua presente pecaminosidade (2.4,5; 6.1) e falam de sua restaurao futura (9.11-15), semelhante aos termos em Isaas. Mas durante o ministrio de Ams em Israel, o profeta em momento algum faz referncia a Deus habitando em Jerusalm em outras mensagens. Portanto, a referncia a Sio em 1.2 provavelmente revela a formao teolgica judaica do profeta. Ams 1.2 no pretende ser parte de sua mensagem oral ao povo em Israel, mas foi acrescentado a suas mensagens orais quando ele foi expulso de Israel e enviado para sua casa em Jud. Este contexto singular em relao ao restante do livro. Assim, Ams parece acrescentar uma nova perspectiva a partir de sua formao judaica durante a edio do seu livro. Nenhum versculo contm material que deveria ser datado a um perodo posterior a Ams.18

    17. H. Gottlieb, Amos und Jerusalem, VT 17 (1967), pp. 430-463 investiga a validade da defesa de I. Engnell que os primeiros profetas clssicos eram propagandistas pr-deu- teronomistas que localizavam Deus em Jerusalm. Evidncia baseada no sincretismo entre El e Yahweh em Jerusalm e o envolvimento de profetas no Festival do Ano Novo no santurio em Jerusalm so hipteses que no oferecem apoio a um caso geral de reconstruo. S. Wagner, Uberlegungen zurFrage nach derBeziehungen des Prophets en Amos zum Sud reich, TLZ 96/9 (1971), pp. 653-670 estuda toda a referncia a Jud e conclui: (a) Ams realmente escreveu 1.2, e (b) este um testemunho a suas tradies teolgicas que esto radicadas no reino do sul. Paul, Amos, pp. 36-37 tambm argumenta a favor dessa autenticidade.

    18. R. Clements, Prophecy and covenant (Londres: SCM, 1965), p. 43, n 1 mantm que no h nenhuma base absoluta para negar isto (1.2) a Ams.

  • Interpretao

    A. O Cabealho: 1.11. O autor: 1.1aPalavra de Ams identifica o autor humano dos orculos inclu

    dos nesta coleo de profecias. Ainda que livros profticos posteriores tenham uma introduo semelhante, eles freqentemente colocam o profeta em uma posio mais subordinada, e comeam: a palavra de Yahweh... (Sf 1.1; Ag 1.1; Zc 1.1). A falta de refinamento teolgico um sinal de que o cabealho precede ao desenvolvimento de qualquer frmula literria padro para introdues de livros profticos. Por outro lado, o profeta no alega ser o nico autor, pois a orao subordinada relativa posterior, que em viso, indica que Ams recebeu estas palavras de outra fonte. O verbo hzh (ele viu, em viso) poderia se referir especificamente sua recepo do material visionrio em Ams 7-9, mas mais provvel que tenha um sentido geral como a revelao divina.19 Pela incluso de uma clusula dependente, alega-se autoridade e origem divinas (note a freqncia da orao como assim diz Yahweh 1.3,5,6,8,9, etc.) e pressupe-se um chamado vindo de Deus (7.14,15). Ams proclamou o que ouviu e relatou o que viu.

    As informaes biogrficas sobre Ams limitam-se descrio contida neste livro.20 Seu nome no mencionada em nenhum outro

    19. hzh (ele viu) no usado em 7.1,4,8; 8.1; 9.1 para descrever o que Ams viu em suas vises. Nestas passagens, a raiz paralela r h (ver) empregada, e portanto a conexo direta entre 1.1 e as vises enfraquecida. Amazias realmente chama Ams de hzeh (vidente) em 7.12. Esta terminologia era usada para descrever revelaes divinas at quando elas no eram visionrias. Miquias 1.1; Isaas 1.1, as palavras de... que ele viu aparece em um contexto no visionr