amor e moda idade media

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idade média

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  • Modapalavra e-perodico

    AMOR CORTS E MODA A CONSTRUO DE UM OUTRO MUNDO SOCIALCourteous love and fashion the construction of another social world

    Mara Rbia SantAnna1

    Resumo:Discusso do contexto histrico de instaurao do sistema de moda a partir da anlise do amorcorts, entendido como uma estratgia de seduo e valorizao do gnero feminino. Conclui que,subvertida a forma base de relao entre os sujeitos - a fora fsica - a sociedade ocidental europiatornou-se mais feminina, tendo a seduo como uma estratgia de poder, e a aparncia e indivduocomo noes caras interpretao scio-histrica do surgimento da moda.

    Palavras chave: amor corts surgimento da moda histria

    Abstract:The present article discusses the historical context of establishtion of the fashion system startingfrom the analysis of the courteous love, understanded as a seduction strategy and this as thepreponderant form of social-historical association with the feminine. It ends that, subverted theform relationships base among the subjects the physical force the European western societybecame more feminine and in this the fulcrum point resides to the historical of the appearance ofthe fashion interpretation partner.

    Keywords: courteous love fashion history

    Introduo

    Doravante, a seduo requer ateno e delicadeza em relao mulher, os jogosamaneirados, a potica do verbo e dos comportamentos. (...) A moda e sua exigncia deartifcios no podem ser separadas dessa nova imagem da feminilidade, dessa estratgia deseduo pelos signos estticos. (...) O traje marca, desde ento, uma diferena radical entremasculino e feminino, sexualiza como nunca a aparncia.(LIPOVETSKI, 1989, p. 65).

    Estas palavras de Lipovetski levaram reflexo que o cerne deste artigo na medida em

    que relacionam entre si elementos como seduo, feminilidade e moda. O autor remete-se

    circunstncia histrica do sculo XII, na qual o surgimento do amor corts e seu intenso

    desenvolvimento nas cortes principescas da Europa Central, bem como do Humanismo,

    relativizou e reconstruiu as verdades eclesisticas que at ento vigoravam. A partir desta1 Professora das cadeiras de Histria da Moda do Bacharelado em Moda da Universidade do Estado de SantaCatarina, docente do Programa de Ps-graduao em Histria da mesma instituio. Doutora em Histria pelaUFRGS e autora do livro Teoria de moda, 2007.

    Ano 1, n.1, jan-jul 2008, pp. 52 - 66 52

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    historicidade a moda instituiu-se como ethos2, tornando a aparncia dos sujeitos um novosignificante social. Considera-se para a anlise que se segue a aparncia como instrumento da

    construo de subjetividade, sendo esta marcada pelo gnero no qual, cada sujeito, est inserido.

    A partir deste pressuposto de anlise observa-se que a feminilidade construda na Europa

    Central, a partir do sculo XII relacionou-se, diretamente, emergncia do prprio sistema de

    Moda. Este corresponde ao desenvolvimento da noo do individual, da crena no poder de

    criao do homem, da positivao do moderno e a conseqente permisso social de inovar, de

    questionar tradies, de valorizar o presente e at mesmo de propor o diferente (VerSANTANNA, 2007).

    Pensando a partir da, possvel discutir como a feminilidade naquelas circunstncias foi

    construda e vinculada ao surgimento da Moda. Este o objetivo do presente artigo. Alm disso,tambm, o estudo rev pressupostos historiogrficos conceituados, como o de George Duby e de

    Rivair Macedo, para se citar um brasileiro, que estereotiparam a existncia feminina ao infindvel

    campo da submisso e ao papel coadjuvante na sociedade medieval.

    Esse esteretipo, aceito por muitos que lidam com a histria medieval ocidental,

    estabelece parmetros de comparao entre o papel social masculino e feminino, fundamentado

    na percepo do quanto cada gnero possui de poder social. esquecido, nesta perspectiva, que

    as experincias sempre constroem os sujeitos, tanto ao ocupar o papel de dominao quanto o desubordinao e, assim sendo, o que importa analisar com maior apuro exatamente como cada

    gnero se inseriu na sociedade, como se relacionou entre si, como desenvolveu sua

    autopercepo, como usufruiu os poderes, muitas vezes subliminares, e no o quanto de poder,

    propriamente expresso, possua. (Ver DUBY, 1990, p. 49 ss.)

    Afinal, a realidade sempre ambgua, marcada por conformismos e resistncias

    constantes (Ver CHAU, 1989, 2. Parte), na qual percepes maniquestas no comportam acomplexidade das relaes sociais/gnero ali desenvolvidas.

    As mulheres e Idade Mdia percursos historiogrficos

    2 Entendido em seu conceito antropolgico. Cf. GEERTZ, postura na qual se constitui uma viso de mundo. O ethos

    de um povo o tom, o carter e a qualidade de sua vida, seu estilo moral e esttico e sua disposio, a atitudesubjacente em relao a ele mesmo e ao seu mundo que a vida reflete. 1989, p. 142.

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    Rivair Macedo (1992, Cap.1), dentre muitos outros medievalistas brasileiros, analisa asituao do sexo feminino a partir dos povos formadores da sociedade europia, distinguindo-os

    em dois grandes grupos. Primeiro aquele que no concedia muita liberdade e autoridade s

    mulheres e o segundo que fazia ao inverso. Neste primeiro grupo estavam os romanos e

    bizantinos, nos quais as mulheres seriam consideradas inferiores naturalmente aos homens,

    submetidas aos interesses familiares e ou religiosos. No segundo grupo incluem-se eslavos,

    celtas, irlandeses e germanos. Todos teriam respeitado de maneira especfica os direitos

    hereditrios das mulheres, teriam sido elas mais independentes e acompanharam os homens de

    maneira mais prxima.

    Mas dvidas a estas generalizaes so apontadas pelas prprias fontes que o autor

    levanta, numa anlise de suas entrelinhas e dialogismos. o caso da obra Germnia de Tcito,

    na qual so elogiadas as mulheres brbaras por no serem seduzidas nem corrompidas por

    espetculos e festas. Tais elogios s ganham sentido se feitos em comparao s romanas que no

    deveriam ser to submissas nem fiis aos seus maridos como era prescrito pelos costumes

    romanos. As romanas teriam colocado a famlia romana em perigo por conta de suas sedues e

    corrupes, como aponta Tcito? Ento, que submisso era aquela na qual viviam?

    O mais interessante, na dvida que as argumentaes lanam, que mesmo prevalecendo

    um nmero maior de povos que concediam liberdades s mulheres, suas descendentes no perodo

    medieval, conforme o perfil comumente definido, foram tolhidas de todas as formas de herana e

    suas participaes sociais restringiam-se a ser ou no um bom dote para seu futuro marido.

    O casamento, nas palavras de Macedo (1992: 15): era um pacto entre duas famlias.Nesse ato, a mulher era ao mesmo tempo doada e recebida, como um ser passivo.

    Sem dvida, no possvel considerar os papis das mulheres medievais com os

    parmetros femininos atuais, contudo, visvel que os bens da moa exerciam forte atrao sobre

    os homens em idade de casar. Por meio do dote, o jovem nobre tornar-se-ia um snior, ganhandoposio social, respeito e poder que apenas seu irmo mais velho possua por ser o nico herdeiro

    das terras e servos paternos. Desta forma, no lcito supor que as mulheres aproveitavam deste

    intricado jogo, sobre o qual o casamento realizava-se, para usufruir algumas regalias, se nomesmo para tripudiar sobre as vaidades do futuro esposo e, quando j casadas, alegar propriedadesobre as terras que pertenceram ao seu pai e que foram seu dote?

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    possvel considerar que os casamentos medievais eram negcios de homens por ser

    assunto muito srio, como George Duby (1989: 31) afirma, e que a mulher nobre jamais fosseconsultada a respeito do futuro marido, ainda mais que muitas eram prometidas antes mesmo de

    saberem falar ou formular um argumento. Todavia, firmado o casamento, transferido os dotes e

    comemorado as alianas a jovem noiva no se dava conta da importncia que possua nessatransao? lgico supor que diante destas prticas culturais sua personalidade se configurava

    tambm pelo do fato de ser to valiosa na continuidade da prosperidade familiar e mesmo ser a

    representao real de riqueza e status que o noivo procurava.

    A histria de Alienor (DUBY, 1995, Cap. 1), herdeira do ducado de Aquitnia, exemplardeste argumento. Casou-se em 1137 com Lus VII da Frana vindo a divorciar-se dele 15 anos

    depois. Um ano aps casou-se com Henrique, duque da Normandia, rejeitando outrospretendentes. Tornou-se me de Ricardo e Joo, futuros reis da Inglaterra e por este motivo

    desafiou o segundo marido em prol da antecipao da coroao de um dos filhos. Terminou sua

    vida no Mosteiro de Fontevraud, como as matronas de seu tempo escolhiam viver aps a viuvez,

    fazendo-o curvar-se aos seus ps.

    Este caso, como outros expressos no English Exchequer Rolls (apud MACEDO, 1992, p.15), atesta as alteraes na subjetividade de cada mulher ao longo do perodo medieval ou adistncia entre aquilo que julgado corrente s mulheres daquela poca, numa viso anacrnica, eo que elas viveram e fizeram por si. O documento apresenta diversos casos de mulheres que

    pagaram somas ao funcionalismo real para terem liberdade de casamento. Da mesma forma,

    todos os casos de devoluo de mulheres por sua indisciplina e outros tantas ocorrncias, nas

    quais o papel feminino foi subvertido dentro daquela ordem, sugerem estas mudanas.

    A mesma evidncia observvel nos diversos discursos medievais provindos da IgrejaCatlica que ameaavam as mulheres com o fogo do inferno, preveniam os homens de seus

    efeitos malignos e as associavam Eva e ao pecado capital, de responsabilidade desta. As igrejasem seus diversos sermes, como o do abade de Cluny que dizia ser as mulheres um saco de

    estrume (apud LIPOVETSKY, 2000, p. 112) apenas levam a pensar que as filhas de Eva noeram to obedientes e submissas como desejavam seus perseguidores, pois se assim elas fossemeles no precisariam amea-las tanto e preveni-los constantemente. E elas? De tanto ouvirem

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    que eram perigosas no arriscavam, em meio opresso sempre to debatida, a se rebelarem e

    fazerem valer a alcunha que recebiam?

    Portanto, ao analisar qualquer experincia social/histrica conveniente no observar a

    expresso linear do discurso, mas sua intertextualidade, seus dialogismos, cuja potencialidadeprincipal de evidenciar as resistncias que so combatidas. A proposta educativa sempre

    exercida sobre as falhas observadas e que devem ser sanadas. E, a construo de um saber, de

    um imaginrio social, faz-se por mediaes, por observaes parciais e leituras particulares que

    diferem de sujeito para sujeito, inclusive pelo fator sexo.Descartando, ento, o estereotipo de mulher medieval submissa e sem qualquer valor

    social se procura analisar a feminilidade que se construiu pela prtica social do amor corts e

    associar estas novas condies histricas ao surgimento da moda.

    O amor corts e a civilidade moderna

    Norbert Elias (1993) fundamenta a historicidade de surgimento do amor corts e de todasas prticas cortess no processo de expanso econmica e solidez dos grandes senhores feudais na

    Europa Ocidental, em torno do sculo XII. E defende que os senhores menores, por no disporem

    de recursos suficientes e estarem mais afastados das grandes comunas que comeavam a se

    formar, possuam uma vida simples, claramente visvel e independente (ELIAS, 1993, p. 69).Aqueles atrelados aos preceitos medievais viveram dessa maneira, at o sculo XVIII. Nas

    palavras de Luchaire

    Em quase toda parte o senhor do castelo continuava a ser um bandido brutal e rapace; ia para aguerra, lutava em torneios, passava os perodos de paz caando, arruinava-se com suasextravagncias, oprimia os camponeses, praticava extorso contra os vizinhos e pilhava aspropriedades da Igreja. (apud ELIAS, 1993, p. 69):

    Os grandes senhores, por sua vez, utilizavam exatamente de suas gentilezas para atrair

    para o seu domnio diferentes ordens de nobres, pois eles possuam riquezas suficientes para

    oferecer abrigo, vesturio e alimento a quem quisesse prestigi-los. Esta era a sua estratgia de

    conquista de poder. Os senhores, ricos e poderosos em sua regio, precisavam apenas manifestar

    sua posio privilegiada pelo esplendor de suas cortes. A qualidade e renome dos poetas que os

    serviam eram objetivados em seu status.

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    As cortes dos grandes e ricos senhores feudais atraram inicialmente um quadro deamanuenses educados para fins de administrao. Mas graas s oportunidades que seabriam para eles nessa poca, os grandes senhores feudais eram, conforme jmencionamos, os homens mais ricos e poderosos de sua regio e, com isso, cresceu odesejo de manifestar essa posio mediante o esplendor de suas cortes. (...), as grandescortes tiveram, nessa poca, importncia cultural muito maior do que as cidades. Naconcorrncia entre os governantes de territrios, elas se tornaram os locais para exibir opoder e a riqueza de seus senhores. (ELIAS, 1993: 77).

    Nesta mesma ordem de mudanas, a caracterizao das mulheres transformada e seu

    papel dentro da corte, na condio de dama do snior, torna-se especial. O convvio de tantas

    pessoas no mesmo espao domstico exigia regras de conteno das paixes particulares. A

    presena da castel era o vetor desta disciplinarizao do comportamento dos cavalheiros e,

    conforme argumenta Elias, da surge a lgica prpria do amor corts.

    Este amor corts tanto se fez manifestou atravs dos picos escritos e declamados nas

    noites festivas da corte, por exemplo o famoso Roman de la Rose, quanto atravs de torneios:

    jogos travados entre os cavalheiros para o contentamento de seu snior e que tinham comoprmio ganhar, por algum tempo, a ateno da dama do castelo. De maneira mais sutil ele

    tambm se fez presente em todas as reformulaes dos hbitos que compuseram, com o tempo,

    uma elaborada etiqueta cortes.

    A histria da literatura data a partir do sculo XI, na Frana, o surgimento da Chanson de

    geste (POTELET, 1990), um tipo de escritura, sem um autor preciso, e que em forma de poema,cantado e encenado, exaltava os valores feudais e cavalheirescos, onde jovens fieis a f e ao seusenhor, obedeciam a um rgido cdigo de honra, no qual a preguia, o medo, a covardia ou a falta

    de honestidade eram vergonhas mortais. Entre os inmeros contos que surgiram neste perodo

    tradicionalmente se identifica o ciclo de Carlos Magno, cuja principal obra a Chanson deRoland (JONIN, 1979), a histria do sobrinho de Carlos e suas batalhas contra o rei Sarracenode Marseilha. No sculo seguinte, um lirismo corteso modifica o teor da chanson de geste. A

    partir do sul da Frana e, aps, tambm nas cortes do Norte, tendo Alienor da Aquitnia como

    grande incentivadora, trovadores estendem ao infinito o tema do amor; um amor nobre e

    exigente, verdadeiro culto devotado dama, cujo amor o cavalheiro se esfora por merecer sesubmetendo a diferentes provas. Tristo e Isolda foi um dos romances mais entoados e cujasverses so inmeras. A corte imaginria do Rei Artur e seus cavalheiros tambm deu vazo a

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    centenas de verses de uma civilidade que se construa pela educao dos gestos e sentimentos,

    pelo desejo de agradar por meio de gestos delicados e elegantes, segundo Dcote:

    (...) ao lado de torneios e de banquetes, ele toma o prazer pelos jogos (o xadrez, por exemplo), pelamsica, pela poesia, ele em tudo medida, isto , dono de suas paixes: no servio do amor, paraagradar a sua dama, o cavalheiro ensaia de levar perfeio as qualidades cavalheirescas ecortess, ele deve controlar seus desejos, merecer por meio de uma dura disciplina o amor de suadama. Esse ideal bem aquele das pessoas da Corte (de onde vem o nome cortesia), veiculado portoda a literatura tanto quanto modelo a imitar. (1991, p. 13)

    Segundo Duby (1989, p. 69), a lgica de tal amor corts a de um jogo, de uma justa queconsistia em um jovem assediar, com inteno de tom-la, uma dama, ou seja, a mulher de seusnior. Essa era inacessvel e inconquistvel. Para tal realizao ele teria que mostrar sua

    coragem, audcia e beleza de esprito. Contudo, tal ato se revestia de perfeio quando, por honra

    ao seu snior, ele abandonava seus prprios mpios amorosos e vivia sua paixo platonicamente.

    O enredo fosse do poema, do torneio ou das diversas etiquetas desenvolvidas, combinava perigo,

    amor, submisso e acima de tudo, disciplinarizao dos desejos, das paixes.

    , conforme Elias, um processo civilizador da nobreza, em sua essncia.

    Portanto, a figura feminina, no contexto dos discursos escritos a partir do sculo XII,

    adquiriu importncia diante das reformulaes pelas quais a nobreza feudal passava. Ela

    deslocava-se da submissa (a mulher que nada mais era do que um objeto comercializado naunio de duas linhagens conforme algumas interpretaes vistas acima) ou da pecadora(aquela que era m por natureza e que precisava da igreja para impedi-la de se perder para odemnio) para a dama encastelada: linda, virtuosa e merecedora de todos os esforos

    masculinos para a conquista de seu corao.

    Lipovetsky (2000, p. 112) confirma: Com exceo do cdigo do amor corts, a culturamedieval recusa qualquer celebrao da mulher, sendo esta identificada a uma armadilha do

    Maligno.

    Elias, por sua vez, afirma que com o amor corts: (...) j as grandes cortes feudais dosculo XII, e as cortes absolutistas numa medida incomparavelmente maior, ofereceram s

    mulheres tantas oportunidades de superar a dominao masculina e de conseguir um status igual

    ao do homem (1993, p.77).

    Duby, por outro lado, ressalta que jamais poderia supor-se que o amor corts tenha sidouma inveno de mulheres (DUBY, 1989, p.61), pois este era, sobretudo, um jogo de homens e,

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    as mulheres eram apenas engodos oferecidos aos cavalheiros para que estes, ao final,

    aprendessem a dominar-se, a controlar seu prprio corpo e adequar-se s novas regras da nobreza.

    O que importava era submeter-se a um homem, seu snior, aceitar os limites de aproximao

    dama que ele concedia e honr-lo com a represso de seus desejos e paixes.

    Como estes autores, outros evidenciam que o amor corts funcionou como estratgia

    cultural na consolidao das grandes cortes sobre as menores e, principalmente, do snior sobre

    os demais cavalheiros que partilhavam de sua corte. (In: DUBY, 1990)Alm dos aspectos j citados, a proposta do amor corts contornava de maneira adequada

    as problemticas matrimoniais existentes neste perodo. Muitos medievalistas j afirmaram que amaioria dos jovens nobres jamais encontrava ocasio de casar-se. Este evento necessitava deterras para poder se realizar. Se a jovem no era herdeira nica, no dispunha de dote para atrairum jovem nobre desprovido de herana e ele, por sua vez, no possuindo terras no poderianegociar uma noiva para si. Por isso, Duby acrescenta importncia do amor corts esta ordem

    de fatos.

    Esperava-se que esse cdigo, ritualizando o desejo, orientasse para a regularidade, para umaespcie de legitimidade, as insatisfaes dos esposos, de suas damas e, sobretudo dessa inquietantemultido de homens turbulentos que os costumes familiares foravam ao celibato.(DUBY, 1989,p.63)

    Alm disso, muito mais do que essa vlvula de escape, a proposta do amor corts revestiu

    de significativos valores a vida de uma grande parcela de cavalheiros. Eles no mais possuam

    terras nem ensejo de conquist-las, pois a paz reinava sobre a Europa, mas encontravam nashonras, iluses e vaidades vs dos torneios e das noites cortess as suas recompensas.

    O snior, por sua vez, ao realar a coragem, valentia e inteligncia de seus cavalheiros,

    agregava-os em torno de si. Por esta agregao tanto os classificava, numa progressiva e

    hierrquica distribuio de privilgios, como os controlava e centralizava seu poder. O amor

    corts ensinava a servir e servir era o dever do bom vassalo.(DUBY, 1989, p.64).

    Seria ento diante destas condies histrico-culturais a mulher apenas um engodo, um

    instrumento mal dissimulado das estratgias de poder masculino? O prprio autor que assim se

    manifesta, escreveu mais adiante em seu texto:

    (...) era a dama convidada a enfeitar-se, a disfarar e a revelar os seus atrativos, a recusar-se porlongo tempo, a s se dar parcimoniosamente, por concesses progressivas, a fim de que, nos

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    prolongamentos da tentao e do perigo, o jovem aprendesse a dominar-se, a controlar seu prpriocorpo.(DUBY, 1989, p.61)

    A mulher no deve, como sujeito histrico que o , ser analisada como mais uma daslanas ou armaduras que o cavalheiro utilizava para melhor ganhar o torneio. Ela elaborava

    percepes particulares ao participar de todo este movimento social. Tem papel definido no

    enredo e possibilidade de alterar-lhe o rumo.

    A dimenso de construo da feminilidade que se busca evidenciar exatamente esta, que

    d conta de perceber que, mesmo sendo o amor corts uma estratgia masculina de centralizao

    de poder e domesticao de cavalheiros, ele permitiu, ao fazer das mulheres parte integrante do

    mesmo, que elas reformulassem sua auto-estima, sua insero social e reivindicaes. Portanto,

    as prticas cortess alteraram as relaes entre os gneros e, doravante, o masculino e o feminino

    tomaram novas conotaes.

    Do amor corts ao amor moda

    Neste mesmo contexto histrico sobre o qual se deteve a anlise at aqui, no apenas o

    significado social do feminino foi ressignificado, juntamente antigos ethos eram revistos e outrosconstitudos. Esta historicidade, como apontado inicialmente, corresponde ao ensejo histrico deconstruo do sistema de Moda.

    Isto porque a Moda, algo bem distinto da produo de vestimentas, passa a ser construda

    na medida em que valores fundamentais s sociedades tradicionais so rompidos ou comeam a

    ser questionados. Os principais deles so:

    A desqualificao do passado e a conseqente valorizao do presente, do novo e do que

    moderno;

    O rompimento das noes coletivistas e o desenvolvimento da crena no poder dos

    homens de criar o seu mundo de maneira particular e individual;

    Aceitao do diferente, respeitando a variabilidade esttica e consagrando a iniciativa, a

    fantasia e a originalidade humana. (Ver SANTANNA, 2007)Atravs da sucinta enumerao acima, observvel o grau de implicao que a Moda tem

    com a reformulao das relaes de gnero do sculo XII e da sociedade feudal como um todo.

    Constata-se que no por acaso que os perodos cronolgicos se coincidem entre o surgimento da

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    moda e o desenvolvimento do amor corts. Este propiciou, em seu bojo, a valorizao do novo eda sensibilidade esttica, na medida em que se fundamentava na prpria reformulao de

    costumes e valores tradicionalmente cultivados, que naquelas circunstncias deixavam de ser

    desejveis e tornavam-se, inclusive, reprimveis.Neste mesmo perodo, pelas grandes transformaes histricas analisadas por diversos

    historiadores, como o renascimento das cidades e do comrcio, para apenas citar as mais

    comentadas, tudo insistia sobre o ponto em que o passado, com seu legado intocvel, no mais

    respondia s necessidades que surgiam e nem servia de mtodo para produzir o futuro almejado.(Ver DUBY, 1990)

    Como analisado, a reformulao que o amor corts trazia consigo no apenas dizia

    respeito ao feminino. Ele, tambm, concentrou todos os seus esforos de educao dos

    cavalheiros numa proposta nova de obedincia, que passava, primeiramente, pelo

    desenvolvimento da delicadeza, das paixes contidas e dos gestos bem controlados e belos.

    Alm disso, a vida na corte ao desenvolver uma nova noo de vassalagem, no mais

    atrelada terra, mas prestao de honras pelos cavalheiros, fazia com que a percepo de

    individualidade passasse a ser construda, pois em meio comunidade em que estava inserido, o

    cavalheiro precisava destacar-se por sua coragem, inteligncia e graa - atributos individuais de

    valorizao pessoal. O sujeito tanto passa a perceber-se como indivduo, como tambm a crer emsua capacidade particular de vencer adversidades e construir o mundo a sua volta.

    A originalidade e a iniciativa eram elementos importantssimos no acervo pessoal de cada

    cavalheiro a fim de que ele conseguisse conquistar a ateno da dama e, portanto, honrar seu

    snior.

    A beleza e o apuro com a aparncia passaram a ser elaborados de maneira a constituir-se

    em prprio espelho dalma. Pois desde a alta idade mdia, a teologia crist havia desenvolvido

    concepo complementar entre o belo, o bom e o justo (HELLER, 1985) Sendo que qualquerelemento da natureza ao possuir uma das virtudes possuiria as trs conjuntamente. Dentre elas,sem qualquer dvida, a beleza era a primeira a ser auferida. A partir do sistema de moda, atrela-se

    a esta trindade de valores a concepo do novo e, portanto, tudo que o torna-se tambm mais

    justo, bom e belo.

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    Como lembra Lipovetsky: A idolatria do belo sexo uma inveno da Renascena: de

    fato, preciso esperar os sculos XV e XVI para que a mulher seja alada ao pinculo comopersonificao suprema da beleza (2000, p. 113).

    Como o parmetro de beleza sempre circunstanciado historicamente, o sentido de belo

    estava associado forma inusitada, inovadora e tecnologicamente superior do objeto produzidoou ao corpo distanciado de suas formas mais naturais, ou como diriam, selvagens. O que se

    almejou foi a semelhana a uma viso idealizada de esttica clssica. (Ver ECO, 2004) Da todo osentido de beleza associado artificialidade proporcionada pelos penteados volumosos,

    maquiagens, empoao e outros artifcios presentes nos sculos XVI e XVII europeu tanto quanto

    a recriminao da nudez indgena e sua feira.

    Ao cavalheiro, como dama medieval, a aparncia tornava-se, na conjuntura do amorcorts, elemento primordial. O trabalho com esta aparncia e a busca, lenta e gradual, de inovao

    construiu ao longo da baixa Idade Mdia o refinamento do gosto e a autonomizao do olhar na

    medida em que diferentes formas, cores e texturas foram sendo associadas e concebidas sobre

    aqueles corpos. A variabilidade esttica no era s aceita como tambm desejada por todos oscortesos.

    Sendo as prticas do amor corts uma pardia da realidade, mascarando interesses de

    centralizao senhorial e reformulao da prpria nobreza, a moda, que nasce conjuntamente aele, marcada pela mesma teatralidade dos torneios, dos romances narrados nas longas noites

    medievais. Desta prtica possvel deduzir toda a representao de futilidade associada moda.

    A mesma estratgia de educao do cavalheiro, que visava obedincia ao seu senhor

    atravs do subterfgio de submisso dama, encontrada nas roupas e acessrios carregados de

    artifcios e fantasias que compem sobre o corpo particular uma mscara de sua realidade,

    produzindo a mensagem que deseja impressionar em seus espectadores. O corpo o cavalheiro, aroupa a dama e o efeito dela sobre ele o senhor a que se deve submeter - a moda.

    Tambm, tal como o amor corts era carregado de ludicidade e por meio dela seduzia suas

    presas s teias da Corte, a moda linguagem marcada pelo jogo de encantar os olhos alheios,seduzindo-os ao seu consumo. A Moda canalizou em si a prtica dos prazeres sutis que o amor

    corts propunha, ela movimenta-se na urdidura do prazer de ser visto e de ver, no prazer de

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    agradar, surpreender, de ofuscar e de ser pelo outro surpreendido, agradado, ofuscado.

    (LIPOVETSKY, 1989)Amor corts e Moda so instncias de um mesmo processo histrico, foram construdos

    mutuamente, extravasaram gradativamente os muros dos castelos nos quais nasceram e tornaram-

    se uma mensagem de poder da elite que os desfrutava.

    Este processo histrico, no qual se insere a criao e desenvolvimento da Moda enquanto

    um ethos a estabelecer as relaes entre os homens a partir de suas aparncias propiciou,

    conjuntamente, o desenvolvimento de uma feminilidade muito particular que, em longo prazo,consagrou a moda como terreno, preponderantemente, feminino.

    Como observvel, o amor corts e a Moda funcionavam fundamentados na estratgia da

    seduo e esta feminina tanto quanto so a fora e a violncia estratgias masculinas por

    excelncia. Desde a antiguidade a fraqueza e a seduo esto atreladas s mulheres, enquanto a

    fora e a virilidade aos homens. (DUBY; PERROT, 1996) Por seu poder de seduo, inclusive, asmulheres foram conotadas na teologia crist como seres demonacos. Portanto, a prpria lgica

    interna do amor corts e da Moda coincide com a representao do feminino. Estes tendo sido

    consagrados propiciaram s mulheres uma desenvoltura muito maior nas sociedades modernas.

    Desta forma, as mulheres ao participarem deste mesmo contexto, indiscutivelmente,

    tiveram sua autopercepo alterada. Sua insero neste conjunto social tomou novos impulsos,at mesmo, porque no era mais to pecaminoso tornar-se bela, nem usar de seus atributos para

    destacar-se, agir na sutileza, preocupar-se com as coisas delicadas, com a arte e com a vida. Ela

    no sendo por sua natureza to estranha, tal como os homens a conceberam anteriormente, no

    era mais to perigosa. A sensibilidade, associada maternidade e a fraqueza, passa a ter espao e

    ser considerada importante.

    Com o processo da Moda instaurado foi propiciado elite o direito de escolher o

    diferente, de crer no poder pessoal, de contestar a tradio, de desejar o moderno e de apreciar onovo e o belo; e as mulheres desse grupo social vivenciaram os novos significantes sociais e

    reformularam, gradativamente, sua feminilidade tanto quanto os homens, sua masculinidade.

    Desta perspectiva torna-se discutvel, mais uma vez, a afirmao de Duby quando diz

    que:Houve, de fato, promoo da condio feminina, mas, ao mesmo tempo, igualmente viva, umapromoo da condio masculina, de maneira que a distncia permaneceu a mesma, e as mulheres

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    continuaram sendo ao mesmo tempo temidas, desprezadas e estritamente submissas, do que, alis, aliteratura de cortesia d testemunho em alto grau. (1989, p. 61)

    Mais do que terem ganhado uma nova valorizao, por conta de tornar-se a dama

    encastelada, as mulheres nobres, a partir do sculo XII, presenciaram uma inverso nas relaes

    sociais, pois a seduo tornou-se ponto fundamental nas estratgias de poder e, com a Moda, o

    prprio cerne de sua inovao e desenvolvimento. Ou seja, os homens tornaram-se maisfemininos e as relaes sociais passaram a ser pautadas pela aparncia e, assim sendo, o mundo

    social tornou-se tambm mais feminino, o poder mais sedutor e a aparncia a dimenso da vida

    que conta na medida em que a Moda, como ethos, desenvolveu-se, consolidou-se e tornou-se

    consumada, ao longo de todos os sculos que construram o que se chama Modernidade.

    No apenas o grau de poder que os homens mantiveram em suas mos que interessa. O

    importante considerar que a feminilidade e a masculinidade estabeleceram novos parmetros de

    construo entre si e, ao invs de observar uma continuidade de temores, desprezos e submisses

    em relao mulher, pode-se constatar que um novo homem surgiu ciente da capacidade da

    seduo e por isso mais integrado ao territrio inimigo o universo feminino.

    Se a mulher continuava a ser temida no era mais por ser um elemento pernicioso do

    demnio, mas por se fazer mais bela, por estar mais prxima e por ousar mais no prprio ato da

    conquista, colocando em xeque a prpria autonomia masculina.

    E por fim, muito mais do que submissas essas mulheres precisavam ser submetidas, pois

    mais do que nunca acreditavam em si, na importncia que possuam para o enriquecimento do seu

    snior, a domesticao da corte dele e a obedincia dos seus cavalheiros. Todas as rainhas

    europias, ao longo dos muitos sculos que contm esta histria, so expresses de como as

    mulheres nobres assimilaram e negociaram os novos significados sociais ao seu alcance.

    mesmo incoerente crer que as mulheres medievais possam ter sido ao mesmo tempo

    temidas, desprezveis e submissas. Quanto maior foi seu perigo maior deve ter sido sua rebeldia.

    As narraes de histrias como a de Isolda e a de Phnice, desenvolvidas durante a voga

    do amor corts, so exemplares perfeitos da contradio que esta prtica, como a prpria moda,

    possui. Ao mesmo tempo em que o amor corts desenvolveu-se para reforar o poder de um

    snior, ele coopera para a feminilizao do mundo feudal e seu rompimento. Ao mesmo tempo

    em que a moda permite o vo da originalidade personalstica, ela submete os sujeitos aos padresconsagrados. E assim, ao mesmo tempo em que um escritor como Chrtien de Troyes

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    desenvolveu sua narrao para exaltar a bravura, honradez e incomparvel amor de Cligs, em

    seu romance corts de mesmo nome, ele caracteriza muito bem o quanto uma mulher capaz de

    fazer por seu verdadeiro amor, o quanto mulheres associadas so capazes de inverter a ordem do

    prprio destino e, finalmente, o quanto elas dariam ao seu snior de glria, se ele soubesse am-

    las verdadeiramente.

    Poderia alongar-se esta discusso por muitas pginas e entrar em detalhes encantadores

    destes romances sedutores da baixa idade mdia, contudo, preciso apenas salientar que a

    discusso aqui desenvolvida parcial, pois da mesma foi excluda, as reformulaes na teologia

    medieval crist, que tambm, no sculo XII tiveram incio. Com o humanismo do sculo XII e

    dos sculos seguintes (Ver HUGON, 1998), no s a capacidade humana de raciocinar foivalorizada, mas, conjuntamente, houve uma maior aproximao entre as criaturas, umaobservao mais detalhada e amorosa das criaes de Deus e estas novas concepes teolgicas

    associadas ao amor corts fundamentam de maneira mais ampla a compreenso das condies

    histricas nas quais a Moda surgiu na Europa ocidental.

    Naquele contexto histrico a Igreja passou a preocupar-se com o culto s Santas, comoMadalena e outras Marias, a destacar a santidade premente nas mulheres que so capazes de doar-

    se com muito mais paixo ao Cristo, tal como Madalena o fez ao lavar os ps Dele com seus

    cabelos. O seu exemplo tornou-se a forma religiosa apregoada como a ideal para a fiel dedicar

    Igreja. (Ver DUBY, 1995)Portanto, sendo o amor corts tal como a moda uma estratgia de seduo, do sculo XII

    ao XVI foi de especial maneira importante s reformulaes da feminilidade tanto quanto da

    masculinidade. Sem ponderaes de acrscimos ou decrscimo para qualquer um dos gneros,

    avalia-se que, subvertida a forma base de relao entre os sujeitos - a fora fsica - a sociedadeocidental europia tornou-se mais feminina.

    O mundo moderno no pode prescindir da seduo e nem da moda, sendo este um ngulo

    de anlise profundamente valioso para o historiador da moda.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    Proposta recebida em 20/jun/2007. Aprovada em 25/Out/2007.Ano 1, n.1, jan-jul 2008, pp. 52 - 66 66