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  • 8/19/2019 Amedidadoamor-ViniciusdeMoraes

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    A MEDIDA DO AMOR :

    SONETOS DE VINICIUS DE MORAES

     

    Por 

    BRUNO COSENTINO

    Aluno do Curso de Doutorado em Literatura Brasileira

    (Prorama de Vern!"ulas#

     

    Tra$al%o a&resentado ' &roessora Soia de Sou)a e Sil*a+

    no "urso ,Tradi-.o+ modernidade e &/s modernidade0+

    "/dio LEV 1123

     

    4a"uldade de Letras da U4R52 ० semestre de 2015

     Introdução

    Manuel Bandeira "erta *e) des"re*eu Vini"ius de Moraes: ,tem o 6leo dos rom7nti"os+

    a es&iritualidade dos sim$olistas+ a &er8"ia dos &arnasianos (sem reuar+ "omo estes+ as sutile)as

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     $arro"as# e+ inalmente+ %omem do seu tem&o+ a li$erdade+ a li"en-a+ o es&l9ndido "inismo30 A

    rela-.o de Vini"ius "om a tradi-.o am&la e n.o se restrine ' identii"a-.o do &oeta "om o

    es&8rito de uma &o"a ou ao uso de tra-os estil8sti"os desta ou da;uela "orrente liter!ria+ mas

    tam$m &or um di!loo &ro8"uo "om di*ersas tradi-9nesis3 Vini"ius de Moraes deiniti*amente n.o um

    artista &reo"u&ado "om o no*o+ &elo menos n.o do modo "omo oi entendido &elas *anuardas

    %ist/ri"as3 Antes+ suriu deslo"ado entre as era-

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    Por ;u9 o tema amoroso en"ontrou a$rio no sonetoK uais s.o as es&e"ii"idades dessa

    orma+ ;ue ti&o de "om&osi-.o tem "omo resultado+ ;uais os alin%amentos ;ue im&

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     A rior+ ;ual;uer moti*o &ode ser desen*ol*ido no soneto+ "omo ali!s em ;ual;uer 

    orma &oti"a3 O ;ue se &ode di)er ;ue aluns temas+ "omo o amor+ &or e=em&lo+ est.o

    tradi"ionalmente a&eados ' orma soneto em outras &ala*ras+ de tanto ;ue oi &rati"ado+ "riou

    uma es"ola e "onsolidou uma tradi-.o3 Usado &or Dante+ Petrar"a+ S%aes&eare+ Cam

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    im3 A e=alta-.o do instante seria ent.o rele=o de um sentimento de eemeridade das "oisas e

    das &essoas+ ;ue ao mesmo tem&o es"a&am e est.o ao al"an"e das m.os o instante entre a

    ,a&ari-.o e a &erda03

    Essa mar"a nost!li"a liaGse+ na &oesia de Vini"ius+ a uma &romessa (e deseJo# da orma &ermanente e arantida ;ue+ no entanto+ de s$ito se dissi&a3 Tal anseio de ininitude+ re&resentandono es&a-o "ontido e no tem&o moment7neo (,;ue seJa ininito en;uanto dure0#+ &are"e aJustarGse &lenamente ao *oo im&etuoso mas $re*e do soneto3

    A orma soneto &ara um &oeta "omo Vini"ius+ reliiosamente in"linado desde a

     Ju*entude aos temas altissonantes+ su$limes+ e ;ue+ na "ontram.o de sua orma-.o+ tra-ou ao

    lono da *ida um &er"urso de a&ro=ima-.o "om a dimens.o terrena+ mundana e material da *ida

     + "omo um monumento sus&enso no tem&o e no es&a-o+ &are"e ser o &onto de e;uil8$rio

     &oss8*el dos o&ostos+ isto + o deseJo de al-ar a ua"idade do instante ' "ondi-.o de eternidade

      uma $us"a de a$soluto ao rs do "%.o3

    O amor 

    O sentimento amoroso em Vini"ius de Moraes resultado de uma tens.o "onstituti*a de

    sua &ersonalidade: de um lado+ uma orma-.o reliiosa e intele"tual+ e de outro+ uma *i*9n"ia

    sensual nas &raias da Il%a do >o*ernador3 O &r/&rio Vini"ius disse "erta *e) ;ue sua e=&eri9n"iade menino de il%a "onstitu8a uma m/dulo de resist9n"ia "ontra os erros de sua orma-.o "at/li"a

      a tens.o entre esses dois &/los "ontr!rios &ode ser *erii"ada em toda l8ri"a amorosa de

    Vini"ius3 Podemos es;uemati"amente sem no entanto "air na sim&lii"a-.o de a"%ar ;ue essas

    duas "ateorias s.o estan;ues+ &ois Justamente da tens.o entre elas ;ue alora sua oriinalidade

      "riar dois "am&os de or-a sem7nti"a: irando em torno de sua orma-.o "at/li"a+ deus+ a

    alma+ o es&8rito+ a intele"tualidade+ a su$limidade+ a a$stra-.o e a eternidade em torno do

    menino de il%a+ a mul%er e os %omens+ o "or&o+ a "arne+ a sensualidade+ a realidade e o instante3

    Da*id Mour.o 4erreira+ no $elo te=to ,O amor na &oesia de V3 de M30+ su&

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    e ee!ese+ ;ue a mul%er &assa a ser uma es&"ie de su"ed7neo de Deus+ o$Jeto deseJado e nun"a

    al"an-ado3 A oriem dessa &ro$lem!ti"a amorosa o "%amado amor &lat6ni"o+ assim "omo

    So"r!tes o des"re*e na "on"e&-.o de amor da sa"erdotisa Diotima+ no Ban;uete ela &oderia ser 

    resumida na seuinte /rmula: ,deseJa o amor ;uando n.o o &ossui e ;uando o &ossui n.o mais o

    deseJa03 Essa e;ua-.o+ entre outros sentidos+ tem+ &rin"i&almente na seunda ase de sua o$ra+

    uma im&ossi$ilidade rela"ionada a outro dis"urso do Ban;uete+ desta *e) o de Arist/anes3 Este

    relata o mito do andr/ino+ es&"ie "ir"ular+ "om dois $ra-os+ duas &ernas+ "om&osto &or %omem

    e mul%er e orte de "or&o desaiaram os deuses e "omo "astio oram se&arados em duas &artes

    n.o "essa*am de $us"ar a metade &erdida e ;uando se en"ontra*am se atira*am um no $ra-o& do

    outro numa tentati*a deses&erada de retornar ' orma unit!ria3 Em Vini"ius+ %! uma "onstante

    nostalia dessa unidade &rimordial3 Ele+ a todo tem&o+ mesmo "om a mul%er amada+ sente a

    dist7n"ia entre eles: ,VemGme a anstia Do limite ;ue nos antaoni)a0 sente a auda dasolid.o do %omem a&/s a ;ueda3

    H! &ortanto em Vini"ius um em$ate dele "onsio &r/&rio: entre o deseJo de intera-.o e

    dissolu$ilidade em uma totalidade m8sti"a "orres&ondente a um momento &rimordial+ no ;ual

    era &oss8*el a unidade %arm6ni"a dos "ontr!rios+ anterior ' "ria-.o ramentadora e ao tem&o

    %ist/ri"o (e esse deseJo tri$ut!rio de sua orma-.o reliiosa e do &ar "or&oGalma+ em ;ue o ;ue

    est! em &auta a rela-.o do %omem "om Deus# e a im&ossi$ilidade de al"an-ar esse a$soluto

    atra*s da us.o "om a mul%er e o retorno ' androinia &rimordial a;ui J! se trata do %omem

    terreno e do &ar %omemGmul%er3 Da8 a "ele$ra-.o do instante+ analisada &or Al"ides Villa-a+ ser 

    um &onto de interse-.o entre os dois Vini"ius em em$ate: o deseJo do instante e*ento $anal da

    *ida "otidiana ele*ado ao a$soluto ,&e;ueno monumento0 no soneto3

    O soneto de amor 

    O ,Soneto de se&ara-.o0 um dos &oemas de Vini"ius ;ue saiu do &a&el e retornou ' *o)

    ;ue um dia a i=ou e)Gse de no*o ou*ir+ ,a "a&turar0+ "omo di) umt%or+ ,o indi*idual

    in"omuni"!*el+ numa identii"a-.o da mensaem na situa-.o ;ue a enendra (333#03 Tom 5o$im

    musi"ou o &oema e o in"luiu no !l$um  "lis e Tom+ ;ue ra*ou em &ar"eria "om Elis Reina e

    ;ue *iria a se tornar um "l!ssi"o da msi"a $rasileira3 Essa "an-.o+ &arti"ularmente+ se assemel%a

    a um lied   rom7nti"o+ ou est! mais &ara um ,&oema musi"ado0+ &ois+ ;uando "antada+

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     &er"e&t8*el a oriem te=tual o mesmo n.o a"onte"e "om outras "an-

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    a"onte"imento s$ito o mote tem!ti"o e tam$m dita o &ulso do &oema+ a&ro*eitado

    iualmente na di*is.o dos *ersos "antados3 O &adr.o r8tmi"o a"om&an%ado &ela %armonia3 Os

    a"ordes est.o &ostos em $lo"o Junto dos *ersos "omo "en!rios mo*entes+ suerindo im&ress

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    REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

    4ERREIRA+ Da*id Mour.o3 O amor na &oesia de V3 de M3 In: &inicius de 'oraes(  &oesia"om&leta e &rosa: *olume ni"o3 Rio de 5aneiro: No*a Auilar+ 3

    MORAES+ Vini"ius de3 )i#ro de sonetos3 S.o Paulo: Com&an%ia das Letras+ @3

    PA+ O"ta*io3 Os filhos do $arro( do romantismo ' *anuarda: O"ta*io Pa)3 S.o Paulo: Cosa"

     Nai+ ?3

    PREMIN>ER+ Ale=+ e T3 V3 43 BRO>AN3 The new Princeton encyclopedia of poetry and  poetics3 Prin"eton: Prin"eton Uni*ersit Press+ ?@@3

    VILLAA+ Al"ides3 Da idelidade aos sonetos3 In:  )i#ro de sonetos3 S.o Paulo: Com&an%ia dasLetras+ @3

    UMTHOR+ Paul3 Introdução * poesia oral 3 Belo Hori)onte: Editora U4M>+ ?3

     WWWWWWWW3 Performance, recepção, leitura3 S.o Paulo: Cosa" Nai+ ?3