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Ameaçada por atletas, Fifa 15 deixa futebol brasileiro 64 B O L E T I M 31/07/2014 OFERECIMENTO NÚMERO DO DIA US$ 10 mil é, em média, o valor anual pago por EA e Konami para ter clubes brasileiros no game 1 Um dos jogos mais vendidos do mundo, o Fifa, da EA Sports, não contará com a presença de clubes brasileiros em sua versão “15”, prevista para setembro. Segundo a empresa, as condi- ções de licenciamento das mar- cas mudaram, o que impediu um acordo com os clubes brasileiros. Principal concorrente do Fifa, o Pro Evolution Soccer, da Konami, terá a próxima versão com as equipes nacionais. Conforme apurou a reporta- gem da Máquina do Esporte, o contrato entre clubes e em- presa foi alterado. Como não existe uma liga representante dos clubes no Brasil, como há na Inglaterra, por exemplo, os acordos são fechados com cada clube individualmente. O contra- to, no entanto, não especifica o direito de imagem dos atletas. Assim, foi preciso renegociar todos os acordos com os clu- bes. No novo documento, há a menção direta de que a res- ponsabilidade pelo direito de imagem do atleta passa a ser do clube. A Konami procurou os times para isso. A EA, não. A não-inclusão do Brasil na versão 2015 do jogo revoltou consumidores, que usaram as redes sociais para protestar. Tiago Leifert, apresentador da Globo e narrador do jogo para o Brasil, reclamou do amadoris- mo do futebol pelo ocorrido. A perda dos times brasileiros é um baque para a EA no due- lo dos jogos de futebol com a Konami, líder no país. Desde 2012, a empresa vinha inves- tindo no mercado brasileiro, tanto que conseguiu bater o PES como game mais vendido. Sem os times brasileiros, agora, deverá ser difícil para a empresa manter-se na liderança. POR DUDA LOPES

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Page 1: Ameaçada por atletas, Fifa 15 deixa futebol brasileiro › media › jornal › boletim064.p… · No futebol, o máximo que o doador ganha é a satisfação de ver o jogador que

Ameaçada por atletas, Fifa 15 deixa futebol brasileiro

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B O L E T I M

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O F E R E C I M E N T O

N Ú M E R O D O D I A

US$ 10 milé, em média, o valor anual

pago por EA e Konami para ter clubes brasileiros no game

1

Um dos jogos mais vendidos do mundo, o Fifa, da EA Sports, não contará com a presença de clubes brasileiros em sua versão “15”, prevista para setembro.

Segundo a empresa, as condi-ções de licenciamento das mar-cas mudaram, o que impediu um acordo com os clubes brasileiros.

Principal concorrente do

Fifa, o Pro Evolution Soccer, da Konami, terá a próxima versão com as equipes nacionais.

Conforme apurou a reporta-gem da Máquina do Esporte, o contrato entre clubes e em-presa foi alterado. Como não existe uma liga representante dos clubes no Brasil, como há na Inglaterra, por exemplo, os acordos são fechados com cada

clube individualmente. O contra-to, no entanto, não especifica o direito de imagem dos atletas.

Assim, foi preciso renegociar todos os acordos com os clu-bes. No novo documento, há a menção direta de que a res-ponsabilidade pelo direito de imagem do atleta passa a ser do clube. A Konami procurou os times para isso. A EA, não.

A não-inclusão do Brasil na versão 2015 do jogo revoltou consumidores, que usaram as redes sociais para protestar. Tiago Leifert, apresentador da Globo e narrador do jogo para o Brasil, reclamou do amadoris-mo do futebol pelo ocorrido.

A perda dos times brasileiros é um baque para a EA no due-lo dos jogos de futebol com a Konami, líder no país. Desde 2012, a empresa vinha inves-tindo no mercado brasileiro, tanto que conseguiu bater o PES como game mais vendido.

Sem os times brasileiros, agora, deverá ser difícil para a empresa manter-se na liderança.

POR DUDA LOPES

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Sport fará campanha para levar fãs até a Itaipava Arena Pernambuco

Tanto por ser parceira do Náuti-co quanto por ficar a 20 quilôme-tros da capital Recife, a Itaipava Arena Pernambuco sofre resis-tência dos torcedores do Sport.

Agora que o clube acertou com a gestora do estádio para atuar em seis jogos nele, cabe à direto-ria de marketing rubro-negra con-vencer a torcida a visitá-lo. A cam-panha para isso deverá ser lançada até o início da próxima semana.

Anúncios em redes sociais e mídias convencionais, como TV, rádio e impressa, serão feitos pelo Sport para incentivar a torcida a comparecer à Arena Pernambuco.

“Além da questão financeira, foi lá que fomos campeões pernam-bucanos”, diz Sid Vasconcelos, diretor de marketing do Sport, sobre o argumento a ser usado na

campanha. “Nós fomos campe-ões do Nordeste na Arena Caste-lão, então vamos mostrar para a torcida que precisamos de 40 mil pessoas para nos ajudar a fazer pressão em outros estádios”.

O Sport já estava obrigado a fazer duas partidas na Arena neste ano em função de acordos ante-riores com o governo, mas decidiu ampliar para mais quatro. Haverá um valor mínimo a ser pago e receitas variáveis, mas nenhu-ma das partes revela números.

Em paralelo à campanha de incentivo, cabe ao clube negociar com governo e prefeitura locais para facilitar a chegada ao estádio. “Temos aspectos a trabalhar com o governo e com a arena na ques-tão da mobilidade, que precisa ser reforçada para dar conforto e segurança”, afirma o executivo.

POR RODRIGO CAPELO

POR RODRIGO CAPELO

O Sport comemora ter

ficado em junho, primeiro

mês de lançamento dos

novos uniformes e período

de Copa do Mundo, na lide-

rança em vendas no Brasil e

no top 10 global da Adidas.

O clube pernambucano

vendeu mais uniformes

neste período do que outros

brasileiros patrocinados pe-

los alemães, como Flamen-

go, Fluminense e Palmeiras,

e superou até seleções que

disputaram o Mundial no

Brasil. A lista completa não

foi divulgada pela Adidas.

CLUBE LIDERA VENDAS NO BRASIL E FICA NO TOP 10

GLOBAL DA ADIDAS

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Com ‘doe R$ 5’, Fla engrossa lista de pedintes no futebol

Quando, motivados por um aumen-to substancial no dinheiro recebido da televisão, os clubes decidiram acabar com o Clube dos 13, eles regrediram alguns bons anos na gestão comercial do Campeonato Brasileiro.

Não que o C13 fosse uma entida-de que representasse bem os clubes. Mas, com erros e acertos, a instituição era um ponto único de negociação coletiva para os clubes no Brasil.

O fim de uma entidade represen-tativa de classe significou o fim de qualquer possibilidade de se facilitar a negociação de acordos comerciais coletivos para o futebol no Brasil.

O problema entre a EA Sports e os clubes para ter os times brasileiros na versão do Fifa 15 é mais uma prova de como pode ser maléfico o fim das negociações em conjunto dos clubes.

Na lógica do negócio da EA, foi mais simples deixar de ter os clubes do Brasil do que ter de sentar e, um a um, renegociar todos os contratos. A avaliação é de que é mais simples ter de abrir mão dos times locais do que perder tempo e dinheiro renegocian-do os acordos previamente firmados.

A questão que envolve os games não é financeira. Com o calendário inchado e desconexo da Europa, os jogos são uma forma de levar a marca dos times para o exterior. Ao não ter os brasileiros no game oficial da Fifa, a perda dos clubes é significativa.

A Europa ensina há décadas que vi-ver só do dinheiro da TV é um risco. E o futebol no Brasil parece que só tem olhos para essa fonte de receita...

“Se cada torcedor doar R$ 1, imagine quanto dinheiro seria ar-recadado?”. Esta velha ideia voltou a ser praticada no futebol bra-sileiro, desta vez pelo Flamengo. O clube oficializou um projeto de torcedores e pede que fãs doem pelo menos R$ 5 para contratar jo-gadores – não vale usar as doações para pagar rescisões ou salários.

A iniciativa nada mais é do que uma versão distorcida do conceito de crowdfunding usado em outras indústrias, como a literária, a do entretenimento ou a da tecnologia. A diferença é que, nelas, o doa-dor recebe o produto que financiou, seja ele um livro, um filme ou um aparelho, ou então contribui com uma causa em que ele acredita.

No futebol, o máximo que o doador ganha é a satisfação de ver o jogador que gosta usar a camisa do time que torce. Isso se ele não se machucar, for aprovado pelo técnico e não decidir deixar o clube precocemente. Outros brasileiros já endossaram campanhas pare-cidas. O Vasco tem até hoje o “Dívida Zero”, cujos R$ 938 mil ar-recadados foram usados para pagar débitos do clube, outro projeto criado por torcedores e oficializado pelos dirigentes.

O Palmeiras contou com a empresa My Own Player para contra-tar Wesley em 2012 por meio de crowdfunding. As doações chega-ram a uma fração do necessário para contratá-lo, e o clube teve de pagar a conta. Pouco depois, o atleta se machucou e ficou fora por quase um ano. Agora é o Flamengo quem coloca o modelo à prova.

POR MAURO ZAFALON

A FALTA QUE FAZ A UNIÃO DOS CLUBES

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DA REDAÇÃO

Erich Beting é diretor

da Máquina do Esporte

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A quase dois anos do início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, a cidade volta a receber destaque negativo na imprensa internacional por causa da po-luição na Baía de Guanabara. Um barco foi danificado por lixo que flutuava enquanto austríacos treinavam para a competição.

“Nós vimos um cachorro morto e destruímos o centro do nosso barco porque batemos em partes estranhas de plástico”, declarou Nico Delle Karth, austríaco que vai disputar a quarta edição das Olimpíadas junto com o colega Nikolaus Resch, à Bloomberg.

Delle Karth faz críticas cons-tantes à sujeira da Baía de Gua-nabara. Desde maio o velejador relata à imprensa nacional e à estrangeira que as águas são as mais sujas em que já treinou.

Desta vez, ele voltou a dizer que elas cheiram como uma privada.

A sujeira da baía, situada entre o Pão de Açúcar e outros picos cariocas e um dos principais car-tões postais da cidade, também já foi alvo de críticas de outras equipes. “Bem-vindo à lixeira que é o Rio”, declarou a equipe de iatismo alemã em junho.

À agência de notícias, a or-

ganização dos Jogos de 2016 afirmou que “a saúde e o bem estar dos atletas sempre foi uma prioridade e que não há absolu-tamente nenhum risco a nenhum dos envolvidos no evento”. E completou: “Avanços significa-tivos foram feitos desde que o Rio ganhou os Jogos em 2009, e melhorias continuarão a ser feitas até 2016”, dizia o comunicado.

Austríaco quebra barco em lixo, e Rio-2016 volta a ser alvo de crítica

POR REDAÇÃO

Emissora inglesa tem alta de 11% em lucro com a CopaA emissora inglesa ITV apre-sentou os números referentes ao primeiro semestre deste ano e exibiu ganhos graças à Copa do Mundo. No período, o lucro foi de 332 milhões de libras (R$ 1,2 bilhão), o que representa um au-mento de 11% em relação ao pe-ríodo do ano anterior. A receita com publicidade foi 7% superior.

Presidente da Federação Ar-gentina morre aos 82 anosJúlio Grondona, presidente da Associação do Futebol Argen-tino (AFA) desde 1979, faleceu na Argentina. O dirigente era também um dos vice-presiden-tes da Fifa desde 1988. Ele foi um dos fundadores do Arsenal de Sarandí, na década de 1950. A primeira rodada do Campeo-nato Argentino foi suspensa.

Banco do Brasil fará segunda edição de festival da PlanmusicA Planmusic anunciou a segun-da edição do Circuito Banco do Brasil, festival com proposta de unir atrações esportivas e cul-turais. No evento, será realizada a Copa Brasil de Skate Vertical, que terá etapas em Brasília, Rio e São Paulo. Haverá ainda a es-treia da Copa Brasil de Street Skate, em Belo Horizonte.

C U R T A S