ameaça de apagão 28% · que há oito anos dirigia o núcleo. a relação de sônia com o nppn...

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28% Ato no Consuni e assembléia no hall da Reitoria Ato no Consuni e assembléia no hall da Reitoria Pressão e negociação MAIO 2004 ANO XIX Nº 618 SEG-24 TER 25 QUA 26 QUI 27 SEX 28 SÁB 29 DOM 30 sintufrj.org.br [email protected] Campanha salarial Movimento estudantil volta à cena Estudantes ressurgem com força na luta política na UFRJ. Página 12 Ameaça de apagão Light ameaça cortar a luz da UFRJ por falta de pagamento. Página 7 Aposentados da UFRJ livres da taxação A 24ª Vara Federal concedeu liminar ao mandado de segurança impetrado pelo SINTUFRJ, a qual garante aos aposentados e pensionistas da UFRJ isenção da cobrança dos 11% criada pela reforma da Previdência. É um dos assuntos de que trata o “Jurídico Especial” que publicamos nesta edição, cujo encarte terá periodicida- de mansal. Páginas 9 e 10 Esta quinta-feira, dia 27, a partir das 10h, vai ser um dia especial de luta para os funcionários da universidade: está programado um ato na sessão do Conselho Universitário para pressionar a Reitoria a se envolver nas negociações para a liberação dos atrasados dos 28%. Depois da sessão do Consuni, assembléia no hall da Reitoria. Páginas 3, 4, 5 e 6 Pressão e negociação Trabalhadores da UFRJ reunidos em assembléia consideram que o governo apresentou uma base mais consistente de negociação: na quarta-feira, o ministro do Planejamento, Guido Mantega, assi- nou um termo de compromisso reafirmando a proposta de trans- formar as gratificações em antecipação de carreira e enviar Medida Provisória tratando da carreira até 15 de junho. Ao mesmo tempo, os servidores prometem deflagrar greve se o governo não cumprir a palavra. Este anunciou que irá pagar as gratificações no salário de junho que sai em julho. Publicamos a íntegra do termo de compro- misso assinado pelo governo. 28%

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Page 1: Ameaça de apagão 28% · que há oito anos dirigia o núcleo. A relação de Sônia com o NPPN teve início em 1973, quando ingressou no mestrado. Três anos depois, enquanto cursava

28%Ato no Consunie assembléia nohall da Reitoria

Ato no Consunie assembléia nohall da Reitoria

Pressão enegociação

MAIO 2004 ANO XIX Nº 618 SEG-24 TER 25 QUA 26 QUI 27 SEX 28 SÁB 29 DOM 30 sintufrj.org.br [email protected]

Campanha salarial

Movimento estudantil volta à cenaEstudantes ressurgem com força na luta política na UFRJ. Página 12

Ameaça de apagãoLight ameaça cortar a luz da UFRJpor falta de pagamento. Página 7

Aposentados da UFRJlivres da taxação

A 24ª Vara Federal concedeu liminar ao mandado desegurança impetrado pelo SINTUFRJ, a qual garanteaos aposentados e pensionistas da UFRJ isenção dacobrança dos 11% criada pela reforma da Previdência. Éum dos assuntos de que trata o “Jurídico Especial” quepublicamos nesta edição, cujo encarte terá periodicida-de mansal. Páginas 9 e 10

Esta quinta-feira, dia 27, a partir das 10h, vai ser um dia especialde luta para os funcionários da universidade: está programado umato na sessão do Conselho Universitário para pressionar a Reitoriaa se envolver nas negociações para a liberação dos atrasados dos28%. Depois da sessão do Consuni, assembléia no hall da Reitoria.Páginas 3, 4, 5 e 6

Pressão enegociação

Trabalhadores da UFRJ reunidos em assembléia consideram queo governo apresentou uma base mais consistente de negociação:na quarta-feira, o ministro do Planejamento, Guido Mantega, assi-nou um termo de compromisso reafirmando a proposta de trans-formar as gratificações em antecipação de carreira e enviar MedidaProvisória tratando da carreira até 15 de junho. Ao mesmo tempo,os servidores prometem deflagrar greve se o governo não cumprira palavra. Este anunciou que irá pagar as gratificações no salário dejunho que sai em julho. Publicamos a íntegra do termo de compro-misso assinado pelo governo.

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JORNAL DO SINDICATODOS TRABALHADORESEM EDUCAÇÃO DA UFRJ

Coordenação de Comunicação Sindical: Antonio Gutemberg Alves do Traco, Neuza Luzia e Gerusa Rodrigues / Edição: L.C. Maranhão / Reportagem: Ana deAngelis, Lili Amaral e Regina Rocha. Estagiária: Leticia Baumann / Projeto Gráfico: Luís Fernando Couto / Diagramação: Caio Souto e Luís Fernando Couto / Ilustração:André Amaral / Fotografia: Niko/ Revisão: Roberto Azul / Assistente de produção: Jamil Malafaia / Tiragem: 11 mil exemplares / As matérias não assinadas destejornal são de responsabilidade da Coordenação de Comunicação Sindical / Correspondência: aos cuidados da Coordenação de Comunicação. Fax: 21 2260-9343.Tels: 2560-8615/2590-7209 ramais 214 e 215.

Cidade Universitária - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro - RJCx Postal 68030 - Cep 21944-970 - CGC:42126300/0001-61

Doispontos

Amaral

Em solenidade presididapelo reitor Aloísio Teixeira,no auditório Hélio Fraga, noCentro de Ciências da Saúde,foi empossada na sexta-feirano cargo de diretora do Nú-cleo de Pesquisas de Produ-tos Naturais (NPPN) a pro-fessora de fitoquímica SôniaSoares Costa. Ela substituiu

NPPN tem nova diretorao professor de química Antô-nio Jorge Ribeiro da Costa,que há oito anos dirigia onúcleo. A relação de Sôniacom o NPPN teve início em1973, quando ingressou nomestrado. Três anos depois,enquanto cursava o doutora-do, passou a integrar o qua-dro de professores.

Sônia assumiu prometen-do humanizar as condições detrabalho no NPPN e promo-

ver um trabalho para que onúcleo participe do pólo deeducação permanente de saú-de. “É meu objetivo criar umaponte para que o núcleo inte-raja com o setor produtivo, ge-rando emprego e oportunida-des. Para isso é preciso terprojeto voltado para as neces-sidades tecnológicas de ga-rantir a formação dos alunosde pós-graduação direciona-da para este objetivo”.

Foto: Niko Júnior

A Chapa 3 – Andes Autônoma e Democrática –venceu as eleições para a diretoria do Andes-SN,biênio 2004-2006. A chapa, encabeçada pela profes-sora da UFF Marina Barbosa Pinto, obteve 11.413votos. A Chapa 2 – Uma nova Andes é possível: plurale de luta obteve 10.537 votos. Do total de 23.099, foram643 brancos e 506 nulos. Na UFRJ a Chapa 3 tambémfoi vencedora com 431 votos contra 322 da Chapa 2.

Chapa 3 vence no Andes

O GT-Educação doSINTUFRJ se reúne nodia 26 de maio, às 14h30,no Salão Azul da Reito-ria. Mantendo a dinâmi-ca de discussão, o GTcontinua o estudo doProjeto Universidade Ci-dadã para os Trabalha-dores da Fasubra, o re-lato dos delegados pre-sentes ao 5º CONED –Congresso Nacional deEducação ocorrido emRecife, e o tema de Ava-liação Institucional queestá regulamentado peloSINAES (Lei nº 10.861/2004). O GT tem se reu-nido quinzenalmente eobjetiva discutir sobre aeducação superior. Vocêque é funcionário técni-co-administrativo, espe-cialmente da área aca-dêmica, venha participardesse espaço de discus-são. O GT é aberto atodos os sindicalizados.

GTEducação

Pauta: Fórum Estadual de Segurança(preparatório para o Seminário Nacio-nal); Segurança na UFRJ, unidades ecampus; Desvio de função na segu-rança.Local: Espaço Cultural

O SINTUFRJ confirma a excursão para o Sítio Jonasaki dia5 de junho, sábado. A saída será às 7h30 da sede do Sindicato.Pedimos aos excursionistas para não se atrasarem, pois ohorário deve ser cumprido.

Atenção: Não haverá devolução da taxa paga aos excursio-nistas que chegarem após a saída do ônibus ou que desisti-rem. Qualquer dúvida ou esclarecimento ligar para a Coorde-nação dos Aposentados nos telefones 9766-0011 (Maria José)ou 9766-0550 (Roseni).

FALECIMENTOServidores, familiares eamigos informam o fale-cimento da servidora Ma-ria Rita dos Santos, no dia13 de abril deste ano. NaUFRJ desde 1975, MariaRita era assistente socialda Maternidade-Escola.

A Esquerda Socialista e Democrática – Construindo um NovoPartido, do Rio de Janeiro, estará realizando um seminário paradiscutir o programa e o estatuto do Novo Partido. O seminárioacontecerá dia 29 de maio, às 9h, 9º andar, UERJ. Mais informa-ções podem ser obtidas no site www.socialismo.org.br.

Excursão

Na paradisíaca cidade de Arraial do Cabo, no Rio, entre osdias 24 e 30 de maio, acontece o 3º Festival UFRJ mar. Aatividade é um programa de extensão do Grupo Interdiscipli-nar UFRJ mar e seu objetivo é promover a integração dealunos e professores das diversas áreas de conhecimento dauniversidade em torno do mar e do ambiente costeiro. A idéiabásica é mostrar que é possível fazer ciência e arte fora da salade aula, ou seja, utilizar o que o ambiente oferece comoobjeto de investigação e aprendizagem. Haverá oficinas, se-minários, atividades esportivas e culturais. O 1º Festival, rea-lizado em dezembro de 2002, na praia de Ubatubinha, na IlhaGrande, teve um caráter experimental, com a participação de86 integrantes da UFRJ.

Festival UFRJ mar

A governadora Rosinha Matheus mandou cancelar as li-cenças sindicais dos diretores do Sindicato dos Profissionaisem Educação (Sepe-RJ) que trabalham na rede estadual. Casoa decisão não seja revista, os 25 diretores liberados terão devoltar à sala de aula e estarão impedidos de fazer o trabalhosindical. Nesta segunda, dia 24, haverá um ato em apoio aoSepe, na Alerj, às 14h. O Sepe é o maior sindicato do estado etem quase 50 mil associados.

Governo do estadopersegue o Sepe

Seminário para oprograma do novo partido

Assembléia devigilantes da UFRJ

3 de junho – quinta-feira – 14h

SOLENIDADE. Reitor presidiua mesa no Hélio Fraga

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CAMPANHA SALARIAL

O compromisso anuncia-do pelo governo de transfor-mar a gratificação salarialque sai em julho (pagamen-to de junho) em antecipaçãode carreira e enviar ao Con-gresso Nacional até 15 de ju-nho Projeto de Lei da Carrei-ra, em caráter de urgência, foiconsiderado como uma baseconsistente de negociação.Mas o clima é de estado dealerta entre os servidores.“Mais do que nunca temosde fortalecer a nossa mobili-zação para que essas negoci-ações tenham resultado deacordo com nossa expectati-va”, advertiu Neuza Luzia, di-rigente da Fasubra e coorde-nadora do SINTUFRJ. Coor-denador-geral do Sindicato edirigente da CUT, AgnaldoFernandes lembrou que “oindicativo de greve está man-tido e que os trabalhadoresdas universidades federaisdevem se preparar para de-flagrar greve nacional caso ogoverno não cumpra o pro-metido”. Os servidores dauniversidade aprovaram aproposta de paralisação to-das às vezes em que as reu-niões de negociação estive-rem ocorrendo em Brasília. Apróxima assembléia foi mar-cada para esta quinta-feira,dia 27, no hall da Reitoria, de-pois da reunião do ConselhoUniversitário (veja matéria aolado). Na quarta-feira, dia 19,o ministro do Planejamento,Guido Mantega, representan-do o governo, assinou com aFasubra e o Sinasefe (Sindi-cato Nacional dos ServidoresFederais da Educação Básicae Profissional) um termo decompromisso reafirmandosua proposta. O governo secomprometeu de que o con-teúdo do Projeto de Lei terácomo base o relatório da Co-

SERVIDORESem estado de ALERTA

Nova assembléia na manhã de quinta-feira, no hall da Reitoria, depois da reunião do Consuni

missão Interministerial queestudou a reestruturação dacarreira dos técnicos-admi-nistrativos em 2003. A basedesse estudo foi o Plano deCargo Único elaborado pelaFASUBRA, que cria condições

28%: ato no ConsuniOs servidores da UFRJ decidiram intensificar a briga pelo recebimento dos atrasados

dos 28%. Como se sabe, o representante do governo, Vladimir Nepomuceno, anunciou, naUFRJ uma reunião para o dia 12 de maio com a Secretaria de Orçamento e Finanças (SOF),que não aconteceu. O argumento do cancelamento foi o de que um documento a serexaminado pela AGU (Advogacia Geral da União) não tinha ficado pronto, o que causouestranheza, uma vez que o Secretário de Recursos Humanos, Sérgio Mendonça, já haviaafirmado que não existiria mais nenhuma pendência jurídica sobre o assunto. A assem-bléia decidiu promover um ato na reunião do Conselho Universitário nesta quinta-feirapara pressionar a Reitoria a se envolver mais na questão. Depois do ato n o salão doConsuni haverá assembléia no hall do prédio da Reitoria.

Depoimentossobre desvio de funçãona página ao lado

dignas de trabalho para osservidores, abre perspectivasde crescimento profissionale corrige distorções como odesvio de função. O governotambém firmou compromis-so com os 350 mil servidores

do Plano de Classificação deCargos (PCC).

Escaldados com o quadrode idas e vindas no curso dasnegociações com o governo,os servidores da UFRJ con-cluíram que só com o movi-mento fortalecido será pos-sível avançar nas negocia-ções. “Eles precisam saberque se não cumprirem com apalavra as universidades bra-sileiras vão parar de ponta aponta”, disse Neuza. DeniseGóes, coordenadora-geral doSINTUFRJ, disse que não sepode mercantilizar a nossadignidade em troca de grati-

ficações. “Daí a necessidadede nos mantermos em esta-do de alerta”, avisou.

R$ 265R$ 180R$ 130

Nível SuperiorNível IntermediárioNível Auxiliar

Veja comofica a tabela

GRATIFICAÇÕES SERÃOPAGAS EM JULHO

(RETROATIVO A MAIO)

Propostaaprovada Paralisação nos dias de

negociação da Fasubracom o governo.

Mantido o indicativo degreve.

Calendário4 e 5 de junho PlenáriaNacional da FASUBRA

OLHO NAS NEGOCIAÇÕES. Neuza disse que é necessárioacompanhar as negociações, mobilizados. Denise afirmou quenão se pode mercantilizar nossas bandeiras. Agnaldo disse queos trabalhadores devem se preparar para o caso de o governonão cumprir as promessas.

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DEPOIMENTOS

“Não temosincentivos”

Funcionária do Instituto de Microbiologia, Ja-queline Martins entrou para a universidade comoauxiliar administrativo em 1983 pela FundaçãoUniversitária José Bonifácio. Em 1988 foi alocadano cargo que exerce até hoje, técnica em secretari-ado.

Formada em 2001 em Letras português-espa-nhol, Jaqueline pretendia conseguir uma promo-ção para secretariado executivo. Entretanto, elacontinua exercendo função de nível médio, e comojá alcançou o máximo de progressão dentro dacarreira não tem perspectiva de aumento salarial,nem de mudança de função.

Para Jaqueline, a graduação concluída em 2001não é valorizada pela instituição. “A gente não temincentivo para fazer outros cursos, nem na partefinanceira, nem no reconhecimento profissional. Agente acaba fazendo outros cursos porque quermas não somos valorizados”, afirmou Jaqueline.

A luta pela implantação de uma carreira para os técnicos-administrativos das universidadesfederais públicas do país é um embate histórico. Uma carreira que abra perspectiva de crescimentoprofissional, que ofereça condições dignas de trabalho e que garanta uma relação de justiça entre asuniversidades e os trabalhadores. A Fasubra elaborou um Plano de Cargo Único, referência dorelatório da Comissão Interministerial que estudou o assunto ano passado. O governo, no compromissoassinado com a Fasubra, afirmou que tomará como base esse relatório na elaboração do Projeto de Lei

da Carreira que promete encaminharao Congresso Nacional, em regime deurgência, até 15 de junho. Uma dasinjustiças mais sensíveis da atualsituação dos funcionários dauniversidade é o desvio de função. Aimplantação de uma carreira deacordo com as expectativas dostrabalhadores das instituições federaisde ensino superior deve corrigir estasdistorções. A partir desta edição, vamospublicar uma série de depoimentos decompanheiros vítimas desta dis-torção.

Distorção prejudicafuncionários

Relato de funcionários que não têm seu mérito profissional reconhecido na universidade

“Acabamosfazendo tudo”

Raquel Neves Soares Santos é bióloga mas exer-ce a função de técnico de laboratório no Institutode Microbiologia. Funcionária desde 1983, Raqueljá está no que é considerado “fim de carreira”.Assim, nos 12 anos que faltam para ela poder seaposentar, Raquel continuará exercendo a mesmafunção e recebendo o mesmo salário. “Já estou emfim de carreira. Como um funcionário vai ser avali-ado em fim de carreira? Nós não temos promoção,não temos nada!”, disse Raquel.

“Como a universidade tem carência de pessoal,a gente acaba fazendo de tudo, mas não recebe-mos nada além. Não temos um incentivo financei-ro, que beneficiaria tanto o lado pessoal quanto oprofissional”, afirma a funcionária. Por isso, paraRaquel é necessário com urgência a implementa-ção de um plano de carreira. “Há uma necessidadede estruturação de um plano de carreira para que ofuncionário tenha mais motivação."

"O aprimoramento ea busca de novosconhecimentos éiniciativa pessoal, semnenhuma relação com ainstituição."

Jaqueline Martins

"Há necessidade deuma reestruturação, deum plano de carreiracom urgência quegaranta nossadignidade."

Raquel Santos

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DEPOIMENTOS

“Não tenhoperspectiva”Apesar de ser chefe do setor de

contabilidade do Instituto de Mate-mática, o que consta no contrache-que de Rosângela Ferreira de Souza éa função de assistente administrati-vo. Quando Rosângela entrou para aUFRJ em 1984 era formada em técni-co em contabilidade. Em 1987 ela segraduou em ciências contábeis e deuentrada, então, num processo de pro-gressão. “Me deram três níveis deprogressão, e desde então cheguei aotopo da carreira e não tenho maisperspectiva nenhuma”, afirmou Ro-sângela. Faltando 12 anos para Ro-sângela se aposentar, ela acredita quesó um plano de carreira poderia daruma perspectiva de crescimento pro-fissional, uma vez que da forma comoé hoje ela não tem mais como pro-

gredir na carreira. Apesar de saber que não receberá nenhum benefício profissio-nal, Rosângela pretende continuar estudando. “Tenho vontade de fazer pós-graduação mesmo sabendo que não terei nenhum benefício profissional, apenaspessoal”, disse Rosângela Souza.

"Penso nodoutorado.Mas para quê?"

“Opero equipamentos sofisticados, trabalho em la-boratório, faço contato com clientes, escrevo relatórios.Faço tudo da minha função de técnica em laboratório emais todo o resto, pois quando entrei aqui eles já sabiamque eu era engenheira”, disse Beatriz Chagas, funcioná-ria do Instituto de Macromoléculas (IMA).

Formada em engenharia química pela UFRJ e comespecialização em polímeros feita no próprio IMA, Bea-triz já trabalhou em empresas de ponta da iniciativaprivada antes de se tornar funcionária da universidade.“Em 1992, quando fiz concurso, só eram oferecidas va-gas para técnicos. Resolvi prestar o concurso para umcargo de nível médio, mesmo já sendo formada, pois aoportunidade de trabalhar dentro da universidade e emum local que desenvolve pesquisas como o IMA é muitoestimulante, principalmente com esse quadro de de-semprego do país”, afirmou Beatriz.

Beatriz Chagas reclama da falta de estímulo profis-sional. “Tenho até vontade de fazer doutorado, mas nãotenho incentivo, pois não tenho o estímulo principalque todos buscam que é a melhoria salarial, que geramelhorias em todos os sentidos”, queixa-se Beatriz.“Com a formação que eu tenho poderia estar ganhandomais. Porém, eu continuo trabalhando aqui, pois dentrodo quadro social do nosso país não tenho perspectivasjá que sou mulher, tenho 45 anos e filhos para criar”,concluiu Beatriz Chagas.

"Condiçõeszero de

trabalho"“Sem vantagem, estímulo e

condições zero de trabalho”, éassim que Vitor Pita define asituação dos funcionários doInstituto de Macromoléculas(IMA) que têm nível superiormas recebem como nível mé-dio. Vitor é técnico de labora-tório do IMA desde 1986, masantes já trabalhava no institu-to como estagiário. Quando segraduou em química pela UFRJem 1988, Vitor chegou ao limi-te de progressão que a carreirade técnico de laboratório per-mitia. Fez mestrado, doutora-do e foi o único brasileiro es-colhido pelo Itamaraty, em1996, para fazer um curso deespecialização no Japão.

Desde o ano de 2000 Vitor chefia os laboratórios de tecnologia do IMA e em 2001passou a lecionar no curso de ciência e tecnologia em polímeros sem receber nenhumagratificação nem aumento de salário. Segundo Vitor, sem encontrar estímulo profissio-nal dentro da universidade sua esperança é por uma transferência de ministério. “Ficona esperança de conseguir uma transferência de ministério, pois no Ministério daEducação não há a carreira de pesquisador. Então não tenho gratificação nenhuma, nãotenho nenhum estímulo. Por que no Ministério de Ciência e Tecnologia eles ganhamtrês vezes mais que a gente se fazemos a mesma coisa?”, indaga Vitor Pita.

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA ANTERIOR

Distorção prejudica...

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CAMPANHA SALARIAL

Governo assinacompromisso

Na quarta-feira, dia 19, oministro do Planejamento,Guido Mantega,representando o governo,assinou um termo decompromisso comrepresentantes da Fasubra edo Sinasefe (SindicatoNacional dos ServidoresFederais de EducaçãoBásica e Profissional). Vejaa íntegra.

TERM

O D

ECO

MPR

OM

ISSO

Estabelece compromisso parainstituição de gratificação específi-ca para os servidores da área deapoio técnico-administrativo e téc-nico-marítimo das Instituições Fe-derais de Ensino, e fixa prazo paraque seja formalizado o PROTOCO-LO da MESA NACIONAL DE NEGO-CIAÇÃO PERMANENTE – MNNP aque se refere a cláusula XVIII doRegimento Institucional da Porta-ria SRH 1.132, publicada em 22 dejunho de 2003.

Pelo presente termo de compro-misso firmado entre a Bancada Go-vernamental da Mesa Nacional deNegociação Permanente, neste ato,representada pelo Ministro do Pla-nejamento, Orçamento e Gestão, ea FASUBRA Sindical – Federação deSindicatos de Trabalhadores dasUniversidades Brasileiras, neste atorepresentada pelo seu Coordena-dor Geral Paulo Henrique Rodri-gues dos Santos e SINASEFE – Sin-dicato Nacional dos Servidores Fe-derais da Educação Básica e Profis-sional, representado por seu Coor-denador Geral João Pacheco deSouza, têm-se justo e acordado oque se segue:

Cláusula Primeira

A Bancada Governamental daMesa Nacional de Negociação Per-manente compromete-se em pro-mover o encaminhamento ao Con-gresso Nacional de projeto de leiinstituindo gratificação específicadevida, exclusivamente, aos servi-dores titulares de cargos ou em-pregos técnico-administrativos etécnico-marítimos das instituiçõesfederais de ensino, de que tratamas Leis nº 7.596, de 10 de abril de1987, e 10.302, de 31 de outubro de2001, assim como aos titulares decargos redistribuídos para as insti-tuições federais de ensino e aosocupantes de empregos não enqua-

drados no Plano Único de Classifi-cação e Retribuição de Cargos eEmpregos -PUCRCE, sendo a mes-ma extensível às aposentadorias epensões.

Não serão abrangidos pelo dis-posto nesta cláusula os titulares doscargos ou empregos de Professorde 3º grau, de Professor de 1º e 2ºgraus e de Procurador Federal, querseja em atividade ou inatividade,bem como aos seus respectivospensionistas.

Cláusula Segunda

Até que se encerrem os traba-lhos de revisão das normas conti-das nas Leis nº 7.596, de 10 de abrilde 1987, n° 10.302, de 31 de outubrode 2001, e n° 10.868, 12 de maio de2004, para a reestruturação da car-reira, a gratificação a que se refere acláusula primeira deste Termo deCompromisso será paga em con-junto, de forma não cumulativa,com a Gratificação Temporária, deque trata a Lei nº 10.868, 12 de maiode 2004.

Cláusula Terceira

A gratificação a que se refere acláusula primeira será paga deacordo com os valores abaixo in-dicados, com efeitos a partir de 1ºde maio de 2004, e não servirá debase de cálculo para quaisqueroutros benefícios, parcelas remu-neratórias ou vantagens devidasaos servidores referidos na cláu-sula primeira.

GRATIFICAÇÃO ESPECÍFICA DEAPOIO TÉCNICO-ADMINISTRATIVOE TÉCNICO-MARÍTIMO DAS INSTI-TUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO

Cláusula Quarta

A Bancada de Governo da MesaNacional de Negociação Perma-nente compromete-se a concluir otrabalho da revisão das normascontidas nas Leis nº 10.868, 12 demaio de 2004, para a reestrutura-ção da carreira técnico-administra-tivo e técnico-marítimo das insti-tuições federais de ensino, cujo re-latório deverá vir acompanhado daproposta de projeto de lei respecti-va, a ser encaminhada ao Congres-so Nacional, até 15 de junho, ado-tando-se como referência as con-clusões da Comissão Interministe-rial, criada pela Portaria MP/MEC21, de 5 de junho de 2003.

Cláusula Quinta

A FASUBRA e o SINASEFE reco-nhecem os compromissos firma-dos neste Termo de Compromissocomo adequados ao atual quadroda demanda remuneratória dos ser-vidores que representa, compro-metendo-se a promover todos osesforços para a conclusão dos mes-mos, mediante apoio institucionaljunto as suas entidades filiadas, àsentidades representativas da socie-dade, ao Congresso Nacional e aoPoder Judiciário.

Cláusula Sexta

Os compromissos aqui assumi-dos integrarão o Protocolo da MesaNacional de Negociação Perma-nente a ser firmado no prazo detrinta dias, a contar desta data.

Brasília, 19 de maio de 2004

Guido MantegaPaulo Henrique Rodrigues dos SantosJoão Pacheco de Souza

NÍVEL DO CARGO/EMPREGO VALOR EM R$

SUPERIOR 265,00

INTERMEDIÁRIO 180,00

AUXILIAR 130,00

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Na próxima quarta-feira,quatro unidades e todo o pré-dio da Reitoria poderão ama-nhecer sem luz, caso a Lightcumpra com a ameaça de cor-tar o fornecimento de ener-gia elétrica de parte da uni-versidade, por falta de paga-mento das contas de janeiroa março deste ano, que já so-mam R$ 4,5 milhões. O co-municado da concessionáriafoi entregue ao pró-reitor dePlanejamento e Desenvolvi-mento, Joel Teodósio, na ter-ça-feira, 11 de maio, e davaprazo de 15 dias, a partir da-quela data, para que a dívidafosse paga.

O reitor Aloísio Teixeiraesteve duas vezes na semanapassada com o ministro daEducação, Tarso Genro, tra-tando do problema. E acaboufechando com a Secretaria deEnsino Superior (Sesu) umaproposta para ser levada àLight. Segundo Aloísio, aSesu, que através de um con-vênio ficou responsável porcobrir parte da dívida de 2003da universidade com a con-cessionária, se comprometeua adiantar esses recursos paraamortizar o pagamento dadívida de 2004. A proposta

CRISE

Ameaça de apagãoLight ameaça cortar a luz da UFRJ por falta de pagamento. Reitor vai à Justiça

inclui a promessa de que, emnovembro, a UFRJ voltaria anegociar com a Light uma for-ma de quitação do débito des-te ano.

Reitor prometeir à Justiça

Além do prédio da Reito-ria, onde funcionam os seto-res administrativos e os cur-sos de Arquitetura e Belas Ar-tes, estão ameaçados de ficaràs escuras o IFCS, as faculda-des de Direito e de Letras eArtes, e a Escola de Música.Aloísio Teixeira avaliou que,desta vez, ao contrário de2002, a Light usou critério in-teligente e político ao anun-ciar o corte de energia emapenas algumas unidadesisoladas.

Mas mesmo poupando oshospitais, o Centro de Ciên-cias da Saúde, o Centro Tec-nológico e a Praia Vermelha,o reitor admitiu que se aameaça se concretizar criarágraves problemas para a ad-ministração central da uni-versidade. Contudo, 70% daUFRJ continuará com suas ati-vidades normais.

Para Aloísio Teixeira o ris-co de corte de luz é baixo, no

entanto avisou que, se a Li-ght não aceitar a proposta,tomará medidas de proteçãoda universidade. Uma delasé ir à Justiça e, outra, procu-rar a Agência Nacional deEnergia Elétrica (Aneel). To-das essas possibilidades se-rão amparadas, segundo oreitor, no fato de que a UFRJpresta um serviço públicoque não pode ser interrom-

O pró-reitor de Planejamento e De-senvolvimento (PR-3), Joel Teodósio, dis-se que a despesa com a energia elétricaconsome cerca de 35% do orçamento daUFRJ. A despesa mensal com luz é de R$1,5 milhão. E este ano a verba destinada àuniversidade foi de apenas R$ 53 milhões,incluídos neste total R$ 11 milhões derecursos próprios. Segundo Teodósio, sea Reitoria empenhasse as despesas coma Light não teria condições de continuarfuncionando. Mas informou que a UFRJestá pagando em dia, desde janeiro, as 36parcelas acordadas no valor de R$ 350mil, para quitação da dívida acumulada deR$ 20,9 milhões com a concessionária em2003. “Em dezembro pagamos R$ 8 mi-lhões, e os R$ 12 milhões restantes esta-

mos pagando religiosamente”.Segundo o pró-reitor, foram solicita-

dos ao governo R$ 31 milhões para em-penho das despesas básicas deste ano,mas até agora o dinheiro não chegou àuniversidade. E, na quarta-feira passada,com pedido de urgência, a Reitoria entre-gou ao governo o projeto de reforma darede elétrica, orçado em R$ 3 milhões.Por coincidência, às 5h da manhã dosábado seguinte um curto-circuito na salada Pró-Reitoria de Extensão destruiu com-putadores, projetos e mobiliário. Teodó-sio afirmou que sinistros semelhantes oude maiores proporções podem ocorrer aqualquer momento em outras unidadesda UFRJ se todo o sistema elétrico não forrapidamente revisto.

Resultados da crise financeira

pido. “Acredito que o proble-ma será equacionado, poisentendemos que não existeconflito com a Light. A con-cessionária sabe que não serápaga, e o que ela quer é oempenho de recursos para opagamento da conta men-sal”, afirmou Aloísio.

Light deve à UFRJSegundo o reitor, na me-

dida em que a Light faz essaameaça, acaba dando novoargumento para que reivin-dique mais recursos para auniversidade. “O nosso in-teresse é pagar à Light. Mas,só faremos isso se houver or-çamento. O atrito tem que sercom o orçamento federal oucom os gestores do orça-mento para quem a educa-ção superior ainda é priori-dade baixa.

A expectativa de Aloísio éde que o governo cumpracom a promessa que fez de,em novembro, destinar di-nheiro para o pagamento dasdívidas das universidades fe-

derais. Ele informou que oMinistério da Educação estáfazendo gestões neste senti-do perante o Ministério doPlanejamento. Com basenesta possibilidade é que estápropondo à Light rever seupassivo no fim do ano.

Por outro lado, ele pre-tende estimular o governo afazer um encontro de contascom relação à dívida da UFRJcom a concessionária deenergia elétrica. É que há 30anos a Light ocupa um terre-no de 10 mil metros quadra-dos na Cidade Universitária,onde construiu uma subes-tação que atende à universi-dade e ao Aeroporto Tom Jo-bim, mas nunca pagou umcentavo de aluguel pela con-cessão. “Há uma desarticula-ção histórica do governo nes-te sentido que tem que sercorrigida”, afirmou. Aloísiotambém lembrou que a Lightdeve R$ 80 milhões para aEletrobrás, que é a holdingdo sistema elétrico do país euma empresa pública.

Foto: Niko Júnior

ALOÍSIO. Reitor quer um encontro de contas para resolvero problema com a Light. Segundo ele, o Ministério da

Educação que fazer um encontro de contas neste sentido.

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VÁRIAS

A Reitoria iniciou o processo deauditoria interna nas unidades dauniversidade. A realização de audi-torias no setor público faz parte deuma rotina que tem por objetivogarantir a transparência das açõese auxiliar o administrador no cum-

O XVII Fórum de Pró-Reitoresde Graduação das UniversidadesBrasileiras (FORGRAD), realizadode 16 a 19 de maio em Manaus,aprovou a Política Nacional de Gra-duação (PNG), um documento quevem sendo construído há algunsanos pelo fórum, que é constituídopor pró-reitores, diretores, docen-tes e assessores, do setor público eprivado. Pela UFRJ estiveram pre-sentes a professora Déia Maria Fer-reira dos Santos, superintendente-geral da PR-1, e a conselheira doCEG, representante dos TAs, AnaMaria Ribeiro.

Segundo a representante noCEG, o encontro foi muito produti-vo, “apesar de ser um fórum comparticipação do público e do priva-do, o setor não público presente

EDUCAÇÃO

Pró-reitores de Graduação sereúnem em Manaus

era marcadamente o comunitário econfecional que tem preocupaçãoreal com a qualidade de ensino edefende o fortalecimento do ensi-no público como referência nacio-nal”. A PNG defende o fortalecimen-to da Graduação, a revisão da ex-pansão indiscriminada do ensinosuperior, a existência de um planode desenvolvimento institucionalpara cada IFES que deve estar emsintonia com um plano de desen-volvimento da nação. “Muito do queestá contido na PNG está presenteno Projeto Universidade Cidadãpara os Trabalhadores da FASUBRA.O GT-Educação fez um estudo ini-cial e algumas das críticas que fize-mos no encontro preliminar de Bra-sília foram absorvidas e alteradasna versão final, assim como as con-

tribuições da UFRJ sobre AvaliaçãoInstitucional”, afirmou Ana Ribei-ro, que também participou da Co-missão do CEG sobre Avaliaçãoano passado. A questão do Acessoe Permanência, principalmente ascotas, foi objeto do debate, e foiexpressa na Carta de Manaus apro-vada ao final do evento. O fórumdiscutiu a PNG no contexto da Re-forma Universitária e o relatório fi-nal servirá de diretriz aos dirigen-tes para o debate nacional, assimcomo a ida ao Congresso Nacionalpara defender os interesses da edu-cação superior com qualidade.

“(...) Consideramos fundamen-tal que a construção de uma pro-posta para um projeto nacional, quecontemple a inclusão social comopremissa fundamental da educação

superior, discutida com o conjuntodos movimentos organizados, dasentidades e instituições educacio-nais, assegure às universidades aautonomia para definir sua melhorforma de implementar ações afir-mativas, em função das diversida-des regionais que caracterizam opaís. Esta discussão deve contem-plar o acesso, na perspectiva de suademocratização e flexibilização,mas fundamentalmente a perma-nência, através de efetivas políticasde assistência estudantil, para quenão tenhamos um agravamento doatual quadro de evasão na educa-ção superior nas IFES públicas eprivadas.(...)”

Trecho da Carta de Manaus

MUSEU NACIONAL

Na sexta-feira passada, aPolícia Federal, no Rio deJaneiro, recuperou maisuma parte das 24 obras ra-ras que foram roubadas, noinício do mês, da BibliotecaCentral do Museu Nacional.Os bibliotecários EdsonVargas da Silva e Vera deFigueiredo Barbosa foramos funcionários do museuque identificaram as 59 das64 páginas de gravuras que

Obra é recuperadaforam levadas do livro Col-lection d´oiseaux natifs denotre pays et étrangers, deLouis Jean Marie Douben-ton, datado de 1776.

Segundo contou Edson,foram dois leiloeiros pau-listas que entregaram à po-lícia a relíquia. Ele tambémconfirmou que já foi recu-perado um in-fólio inteiro,este de 1648, e que outromaterial foi encaminhado

Foto: Niko Júnior

Auditoria nas unidades começou

ao museu para reconheci-mento. Até agora LaércioRodrigues de Oliveira é oúnico nome revelado dasuposta quadrilha que pra-ticou o roubo no museu.

INVESTIGAÇÃO

primento das regras legais do con-trole social do serviço. A equipe daReitoria – composta por seis funcio-nários – tem por objetivo verificaro controle da gestão organizacio-nal, orçamentária, financeira, patri-monial e de bens e serviços das uni-

dades. A primeira unidade a ser au-ditada foi a Faculdade de Letras e asegunda é o Hospital Universitário.Os trabalhos no hospital, que já fo-ram iniciados, devem levar 30 dias.A Reitoria ainda está montando ocronograma para a auditagem em

todas as unidades da UFRJ e pre-tende aumentar a equipe para 12componentes. Segundo o chefe degabinete, João Eduardo Fonseca, éo número ideal para a realizaçãodo trabalho que envolve procedi-mentos cuidadosos.

PROBLEMAS. O roubo deobras raras mostrou a

fragilidade da segurança domuseu, que sofre com a

falta de verbas

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Os aposentados da UFRJ estão livres da cobrança de 11%criada pela Emenda Constitucional que instituiu a reforma daPrevidência. A isenção foi garantida por força de liminar da24ª Vara Federal atendendo mandado de segurança impetra-do pelo Departamento Jurídico do SINTUFRJ. A decisão be-neficia cerca de 8 mil aposentados e pensionistas. O assessorjurídico do Sindicato, André Viz, disse que baseou seus argu-mentos no fato de que a taxação determinada pela reforma“ofende o princípio do direito adquirido”, além de ter umcaráter “confiscatório”. O governo, através da Advocacia-Ge-ral da União (AGU), deve recorrer.

De acordo com André Viz, em 1996 o governo FernandoHenrique Cardoso tinha feito tentativa igual (taxar os apo-sentados) através de Medida Provisória. “Também neu-tralizamos de imediato a cobrança através de mandado desegurança", disse André. “À época houve um pronuncia-mento do Supremo que impediu a taxação, mas aposenta-dos de algumas categorias chegaram a ser taxados. Mas emnenhum momento atingiu os aposentados da UFRJ filiadosao SINTUFRJ”, disse André. A Emenda Constitucional dogoverno aprovado pelo Congresso determina a cobrança apartir deste mês.

Mandado de segurançaimpede taxação deaposentados da UFRJ

Decisão foitomada pela24ª Vara Federale beneficia 8 milaposentados epensionistas

André diz que na funçãode assessor jurídico é obri-gado a lidar nas áreas de di-reito constitucional, direitoprevidenciário, além, é claro,de direito trabalhista. Ele ex-plica que a dimensão da atu-ação da coordenação e asses-soria do Sindicato está vin-culada aos diversos momen-tos e aspectos diversos dodia-a-dia da categoria. Cita,por exemplo, o suporte quefoi dado durante os 44 diasde ocupação da Reitoria noprotesto contra a posse do rei-tor nomeado José HenriqueVilhena. E o suporte dado aossindicalistas durante os emba-tes na luta de resistência con-tra a privatização das teles e daVale do Rio Doce. Ele acres-centa que o advogado que tra-balha com o serviço públicoatua numa área muito comple-xa e tem obrigatoriamente quelevar em conta a variante polí-tica. O assessor jurídico dizque a conjuntura inauguradacom o governo Fernando Hen-rique Cardoso foi extremamen-te agressiva. “Começou tentan-do aprovar uma lei antigreve,centralizou na área financeiraa decisão sobre todas as maté-rias envolvendo gastos, che-gou atropelando, inclusivemexendo no Regime JurídicoÚnico.” Segundo André, a Ad-vocacia-Geral da União foi es-truturada para abrir “umaguerrilha” ao funcionalismo

26%faz 10 anos

O Sindicato tem sido um vitorioso em ações coletivas. Amais conhecida é a dos 28%, cuja incorporação integral foiconquistada depois de mais de cinco anos, em dezembro de2002. A ação mais antiga, a que incorporou definitivamente os26% aos contracheques dos funcionários da UFRJ, por contada recuperação das perdas do Plano Verão (janeiro de 1989),vai completar 10 anos em julho próximo. André Viz destaca adimensão política das ações coletivas, que envolve o interes-ses simultâneo de milhares de pessoas. “Sempre costumodizer que a categoria dos trabalhadores da UFRJ tem suascaracterísticas de mobilização e poder de pressão que tempeso nos embates na área da Justiça.”

Segundo André, que ingressou no SINTUFRJ há dezanos, a experiência acumulada no curso desses permitiu aconsolidação de uma nova cultura do papel dos advoga-dos sindicais. “Agora os sindicatos formam os seus própri-os corpos jurídicos, o que estabelece uma relação de confi-ança entre os advogados e a categoria.

FHCO Estado agressivo

público. “Toda a lógica, todosos precedentes foram estrutu-rados com este objetivo”, ob-serva. “Neste ambiente a lutafoi muito forte.” André arriscauma comparação entre a AGUdo governo FHC e a AGU dogoverno Lula. “De fato, houvemudança em relação à arro-

gância, à obstrução de canais,à ausência de diálogo absolu-to, que era a tônica do gover-no FHC”, afirma. “Mas uma es-trutura não se muda de um diapara o outro, e esta estruturaestá aí, também no governoLula, embora o ambiente sejaoutro e o diálogo exista.”

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A conquista da incorporação dos 28,86 %aos contracheques dos trabalhadores da UFRJé a história de uma saga que enfrentou aarrogância do governo Fernando HenriqueCardoso de combater o funcionalismo edesafiar as decisões judiciais. “Foram cincoanos e quatro meses de espera ansiosa, muitaspressões, muitos embates para que, emdezembro de 2002, finalmente conso-lidássemos a vitória”, afirma André Viz. “Hojea luta é em busca dos atrasados dos 28,86%.Mas, para que esta luta acontecesse, foinecessária a incorporação determinada emdezembro.” A ação se baseianuma decisão do entãopresidente Itamar Franco, queem 1993 concedeu, em média,28,86% a mais de aumento aosmilitares.

BatalhasUma das primeiras bata-

lhas ocorridas no processodesta ação coletiva, segundoo assessor jurídico, foi con-vencer o juiz a não desmem-brar a ação. “Tinhamos, en-tão, recolhido 12 mil e 500assinaturas para conduzir oprocesso. O juiz queria o des-membramento desta ação emvárias ações, o que implica-ria num número enorme deprocedimentos que iria resul-tar em várias complicações.

Uma delas, o retarda-mento das decisões.”

O fato é que ação semantevea única. O

advogado falade sua expe-

A saga dos 28%

Ação coletiva desafiou a arrogânciado governo FHC e representouvitória histórica da categoria

Com o objetivo de tornar mais ágil e eficiente a condução editorial do Jornal do SINTUFRJ, o"Jurídico Especial" será transformado num encarte que será publicado mensalmente. A propostadeste novo serviço é mantermos a categoria informada de forma satisfatória sobre as ações coletivase de caráter individual desenvolvidas pelo corpo jurídico do Sindicato.

"Jurídico Especial"será mensal

riência. “É preciso trabalhar-mos para uma categoria comcacife e precisamos de umarelação de confiança no dia-a-dia, de confiança e compre-ensão. E, neste sentido achoque o processo dos 28% foiuma prova de fogo.” Comuma ponta de orgulho, o ad-vogado diz que a ação dos28% do SINTUFRJ serviu dematriz para ações de váriascategorias. “Esta ação, semmodéstia, é uma das maioresno país com esta característi-ca. E significou uma vitóriajurídica, moral e política, es-pecialmente porque foi con-seguida ainda no governo deFHC.”

André Viz também co-mentou a recente decisãoproferida pela juíza SaleteMaccaloz, da 7ª Vara Federaldo Rio de Janeiro. A juíza pro-feriu sentença em Ação CivilPública movida pelo Minis-tério Público Federal do Riode Janeiro. Nesta ação, o SIN-TUFRJ entrou como assisten-te desde 1998 e, segundo An-dré, ela irá beneficiar todosos servidores ativos, aposen-tados e pensionistas vincula-dos à União Federal, Autar-quias e Fundações que este-jam fora da ação. “As conse-qüências desta ação preci-sam ficar mais definidas”,disse André.

Pressão dacategoria na lutapor direitos

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ADMINISTRAÇÃO

A Prefeitura não é um aba-caxi. A afirmação é da prefei-ta da Cidade Universitária,Maria Angela Dias, que con-firmou a sua saída da Prefei-tura da UFRJ ao Jornal doSINTUFRJ. Ela garante, noentanto, que a decisão não émotivada por problemas naPrefeitura e sim por compro-missos acadêmicos. E até queo reitor consiga encontrar al-guém com o perfil adequadoà Prefeitura ela permaneceno cargo. “Não pode ser qual-quer um a ocupar a Prefeitu-ra”, diz, ao justificar a demo-ra na sua substituição.

Segundo Maria Angela, aPrefeitura não perdeu statusao longo dos anos, mas simrecursos. De R$ 15 mil pormês caiu para R$ 5 mil. Ecomo toda unidade da UFRJ,faz malabarismos para tocaros projetos. “A Prefeitura nãoé um abacaxi, mais tambémnão é nenhum mamão comaçúcar”, afirma. “E a grandevantagem de se trabalhar nelaé ter funcionários dedicadose conscientes da responsabi-lidade de estar no serviçopúblico”, complementa.

Maria Angela, que já foiprefeita da Praia Vermelha de1994 a 1997 e diretora da Fa-culdade de Arquitetura de1998 a 2002, ficará à frente doEscritório Técnico da univer-sidade (ETU) – órgão de pla-nejamento da Universidadeque terá um papel funda-mental, em conjunto com a

“Não é um abacaxi”Prefeita diz que vai se afastar do cargo por causa de compromissos acadêmicos

Prefeitura, na realização doplano diretor da UFRJ. Atual-mente, a prefeita já acumulaestas funções, pois o ETU estásendo reestruturado e vemfazendo o levantamento dopatrimônio da universidade.

PROJETOS – A prefeita ex-plicou que fez uma reuniãocom os funcionários para di-zer que todos os projetos queestão sendo realizados e osprogramados terão continui-dade com a nova direção. Osrumores sobre sua saída aca-baram provocando especula-ções na rotina de trabalho dosfuncionários. Maria Angela fezquestão de esclarecer ao Jor-nal do SINTUFRJ que a Prefei-tura não cuida somente da lim-

peza, da iluminação e da vigi-lância na universidade. E enu-merou vários projetos de res-ponsabilidade da unidade,como o de desenvolvimentodo Horto, de sinalização, deiluminação, de criação do par-que ecológico, de instalação dabiblioteca central, do Fundão-Orla e do centro de treinamen-to para atletas. O projeto doHorto tem como objetivo tor-ná-lo referência em produçãode mudas nativas da MataAtlântica, para isso está sendocriado um grupo de jardina-gem da UFRJ. No Fundão-Orlaa idéia é criar acesso paraleloà praia, com ciclovias e áreasde lazer para prática de espor-te e quiosques.

O plano diretor é as-sunto muito antigo nauniversidade. Remontaà década de 1950 e seuprojeto teve que seradaptado várias vezes.Desde sua reformula-ção, em 1972, provoca-do pela reforma univer-sitária, praticamentenada foi feito. “Temosque discutir com a uni-versidade que é chega-do o momento de definiro seu plano diretor. Porexemplo, qual será odestino das unidadesisoladas? O que faremoscom a perna-seca doHU? Definir critérios deocupação e utilização dopatrimônio, inclusivepara humanizar a UFRJe melhorar as condiçõesde segurança. É uma po-lítica estratégica para aReitoria. A universidadeprecisa enfrentar estasquestões e não dá maispara protelar. E o ETU éo órgão que cuida dis-so”, diz o chefe de gabi-nete do reitor, JoãoEduardo Fonseca. Umplano diretor enfrentariaa ocupação desordena-da da UFRJ.

SUCESSÃO – O primeirocontato feito pelo reitor para asubstituir Maria Angela nãosurtiu efeito. O convite feito àprofessora de engenharia deprodução do Centro de Tec-nologia, Cláudia Morgado, foirecusado. Ocupar a Prefeiturada UFRJ requer muita dedica-ção e tempo, por isso MariaAngela está saindo. A profes-sora sente falta de estar em sala– chegou a ficar os seis mesesdo início de seu mandato afas-tada das aulas – e precisa demais tempo para orientar osalunos e conduzir os projetosacadêmicos de sua responsa-bilidade. Até o fim da semanapassada a Reitoria não tinhaindicação de nome.

Reitoria querdiscutir plano

diretor

Foto: Divulgação

Um curto-circuito no apa-relho de ar condicionado dasala da Pró-Reitoria de Exten-são (PR-5), no oitavo andar daReitoria, foi o responsável peladestruição de duas salas, equi-pamentos e mobiliário. O aci-dente ocorreu às 5h do dia 15de maio, sábado, e na segun-

Fogo na Pró-Reitoria de Extensãoda-feira, 17, ainda podia sersentido o cheiro forte de fu-maça no prédio. A área atingi-da foi a da Programação Visu-al, segundo o pró-reitor, Mar-co Antonio França. As obras derecuperação já começaram esegundo ele o acidente nãocausou tanto transtorno por-

que os funcionários puderamse alojar em outras salas daPró-Reitoria no mesmo andar.Marco Antonio ainda não ti-nha o levantamento do prejuí-zo financeiro, mas lamentou aperda, segundo ele, da melhorrede de computadores de todaa universidade.

SINISTRO.Incêndio na Pró-Reitoria destriuiuuma das melhoresredes decomputadores dauniversidade, alémde outrosprejuízos

PREFEITA. Maria Angela Dias vai deixar o cargo para assumir novas funções na UFRJ

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MOVIMENTO ESTUDANTIL

O movimento estudantilestá renascendo. Essa é aconclusão que pode ser tira-da por quem participa da vidauniversitária. Manifestaçãocontra a cobrança de estacio-namento dentro do campus,protesto contra as más con-dições estruturais do IFCSque levaram ao fechamentoda biblioteca, ocupação dogabinete do diretor da Facul-dade de Direito. Esses são al-guns dos atos realizados pe-los estudantes neste ano eque estão mostrando a forçade mobilização dos alunos.Mobilização, prometem seuslíderes, que não irá se limitarapenas aos campi da UFRJ. Areforma universitária é o pró-ximo alvo de protesto estu-dantil.

As péssimas condiçõesdas instituições públicas deensino foram o estopim daluta dos estudantes. “Este anoa mobilização dos estudan-tes aumentou, muito por cau-sa do sucateamento das uni-versidades que está levandoas instituições ao seu limite”,disse Júlia Eberhardt, direto-ra de universidades públicasda UNE em oposição à dire-ção majoritária.

Insatisfeitos com as pés-simas condições de ensino,os alunos começaram a seorganizar para reivindicarmelhorias para suas unida-des. Estudantes da Escola deBelas Artes, IFCS e Faculda-de de Direito foram os maisativos nos protestos.

Reforma universitáriaPorém, o que começou

como reivindicação por ques-tões específicas de cada uni-dade está se transformandoem um movimento maior,que tem como ponto princi-pal a discussão sobre a refor-ma universitária.

“A força dos estudantesem casos pontuais já é gran-de. Mas o que está aconte-cendo agora é um grandepasso qualitativo no movi-

De volta à cenaMobilização dos estudantes na UFRJ ensaia o ressurgimento de força política histórica

mento estudantil, pois se estáunindo a luta por pontos es-pecíficos da UFRJ com reivin-dicações maiores como a re-

forma universitária”, afirmouo integrante do DiretórioCentral dos Estudantes, Pe-dro Martins.

A mobilização já começou.O Conselho de Centros Aca-dêmicos da UFRJ aprovou arealização de um encontro de

estudantes de universidadespúblicas de todo o país paraorganizar uma luta conjuntacontra a reforma. O evento iráocorrer nos dias 29 e 30 naUFRJ. A expectativa dos orga-nizadores é que participem doencontro de 700 a mil estu-dantes. Até o momento, 600estudantes e 39 entidades jáassinaram a convocatória pa-ra o encontro.

Este encontro é polêmicono movimento estudantil enão conta com o apoio da to-talidade das entidades estu-dantis. Para eles, o momentopolítico exige um posiciona-mento sobre a universidadebrasileira reformada pelo go-verno FHC, que agravou oquadro de sucateamento dosetor público e de expansãodesenfreada do setor priva-do, devendo o movimentodisputar na sociedade umareforma universitária que for-taleça o ensino público dequalidade.

FORÇA REBELDE. Os estudantes ocupam a sessão do Consuni que discutiu a crise naFaculdade de Direito. Uma das recentes mobilizações dos estudantes na universidade

Mobilização na UFRJOs estudantes da UFRJ estão mos-

trando sua força de mobilização. Pri-meiro foi a ocupação do gabinete doentão diretor da Faculdade Nacionalde Direito, Armênio Albino Cruz, queculminou no afastamento do diretor.Depois uma nova ocupação de gabi-nete, dessa vez o do diretor do IFCS.Além disso, os alunos estão semprepresentes nas reuniões do ConselhoUniversitário (Consuni) manifestan-do sua insatisfação com a situação daUFRJ e cobrando soluções dos pro-blemas.

No dia 24 de março os estudantesocuparam o gabinete do diretor daFaculdade de Direito, Armênio Albi-no da Cruz, exigindo seu afastamen-to. Mesmo diante da violência de po-liciais federais e militares, que entra-ram na faculdade fortemente arma-dos, os alunos resistiram. No dia se-guinte, os estudantes lotaram o Con-suni e pressionaram os conselheirosa votar pelo afastamento do diretor.

Os conselheiros, então, decidiramabrir um processo disciplinar e reco-mendaram o afastamento de Armê-nio. A pressão dos estudantes foi efi-caz. O diretor foi afastado na noite dodia 26 de março. Quando, porém,uma liminar devolveu a Armênio adireção da Faculdade de Direito, osestudantes voltaram a fazer pressão.Ocuparam novamente o gabinete efizeram uma manifestação que pa-rou o trânsito em frente ao TribunalRegional Federal. O resultado da pres-são dos alunos: a liminar que devol-via o cargo a Armênio foi revogada.

Seguindo o exemplo dos alunosde Direito, os estudantes do IFCS ocu-param no dia 13 de abril o gabinetedo diretor do instituto. Há quase doisanos sem biblioteca, os alunos can-saram de esperar e decidiram ocuparpor 24 horas o gabinete do diretorpara pressionar o reitor a solucionaro problema. Os estudantes exigirama presença do reitor no local, que na

ocasião prometeu que faria uma novalicitação para as obras de recupera-ção da biblioteca. Posteriormente, aReitoria decidiu transferir parte doacervo da biblioteca do IFCS para otérreo em vez de abrir uma nova lici-tação para dar início às obras. Essaatitude desagradou os estudantes,que resolveram, então, ocupar o Con-suni em protesto, no dia 29 de abril.

O Consuni não foi palco apenasdesse protesto dos estudantes doIFCS. Desde o dia 25 de março, quan-do os alunos da Faculdade de Direitolotaram o salão do Conselho, todasas reuniões são marcadas por pro-testos discentes. Alunos de diversasunidades da UFRJ expõem os pro-blemas de seus cursos. Porém, mui-tas vezes alguns conselheiros tentamimpedir que os estudantes se mani-festem afirmando que apenas os con-selheiros podem se manifestar noConsuni, o que pode comprometer ademocracia interna da UFRJ.

Foto: Niko Júnior