ambulatórios e laboratórios ensp

4
Ambulatórios e laboratórios ENSP: atuação estratégica para o SUS Virginia Damas/ENSP/Fiocruz A comunidade ENSP aprovou a criação da Vice-Direção de Ambulatórios e Laboratórios da Escola (VDAL) durante votação do novo Regimento Interno da instituição, ocorrida nos meses de junho e julho deste ano. A ENSP tem papel de destaque no constante aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS), atuando fortemente na qualificação e na ampliação do acesso da população aos serviços e insumos de saúde, resultando, assim, na interação estratégica das atividades de ensino, pesquisa, atenção em saúde e desenvolvimento de tecnologias analíticas. É com esse foco que a estrutura da nova Vice-Direção proporciona melhor integração e potencialização das ações elaboradas nos ambulatórios e laboratórios da ENSP em prol do SUS. A estrutura atual da VDAL engloba os 15 laboratórios da Escola, divididos em 7 departamentos (DCB, CSEGSF, DSSA, Cesteh, CRPHF, Demqs e Densp), além de 3 ambulatórios, localizados no Centro de Saúde Germano Sinval Faria, Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana e Centro de Referência Prof. Hélio Fraga. Com base na expertise acumulada pelos profissionais da Escola, articular as atividades desenvolvidas nos ambulatórios e laboratórios da ENSP com o ensino e a pesquisa é o grande desafio da Vice-Direção de Ambulatórios e Laboratórios. Para compreender melhor seu papel e as formas de atuação, o boletim InformAÇÃO conversou com a equipe da recém-constituída VDAL. Confira. Como foi o processo de construção da VDAL? VDAL: Logo após o V Congresso Interno (2006), que definiu as diretrizes para a estrutura orga- nizacional da Fiocruz, a ENSP, em assembleia geral também no ano de 2006, deliberou pela criação de uma Vice-Direção de Serviços. No en- tanto, essa nova estrutura não foi implementa- da de imediato. Por meio de portaria, em 2010, a Direção da ENSP constituiu a Coordenação de Serviços Ambulatoriais e Laboratoriais. Desde então, as coordenações que se sucederam tive- ram papel fundamental para incorporação dos processos relativos às atividades desenvolvidas nos ambulatórios e laboratórios, de forma mais orgânica, na gestão institucional. A atual Direção da ENSP, ao reeditar a porta- ria da Coordenação de Serviços, amplia seu es- copo de atuação, contemplando a complexidade que as atividades desenvolvidas nos laborató- rios e ambulatórios da Escola ganharam ao lon- go dos anos. Para ampliar a discussão sobre a proposta da formalização da nova Vice-Direção, a Coordenação de Serviços, a partir de 2013, or- ganizou uma série de debates com os Departa- mentos e Centros, além de participar do Grupo de Trabalho, instituído pelo CD/ENSP, que ela- borou a proposta do novo Regimento Interno. Por fim, em 2015, foi aprovada, em Assembleia Geral, a estrutura dessa nova Vice. Com relação à assistência e à atenção básica, que questões devem ser destacadas para atuação da ENSP no território de Manguinhos? VDAL: O CSEGSF tem atuado no território de Manguinhos por meio de ações de promoção e assistência à saúde, como um espaço transfor- mador das práticas da atenção, integrando en- sino, pesquisa e inovação. O modelo de gestão para a atenção primária no território é o grande desafio que enfrentamos. A Secretaria Municipal de Saúde do RJ adotou o modelo de gestão, por intermédio da Organização Social (OS), como prioritário para Estratégia de Saúde da Família. O projeto Teias – Escola Manguinhos – SMS-RJ/ Fiocruz-Fiotec representa hoje esse modelo aqui na região. Entendemos que a gestão feita dessa forma contribui para privatização do sistema de saúde. Hoje, nosso grande desafio é construir outro modelo de gestão na relação político-ins- titucional e gerencial com a SMS-RJ, garantindo as conquistas que, ao longo dos anos, tivemos com o projeto Teias, além de avançar na gestão participativa enfocando a intersetorialidade e os determinantes sociais da saúde. O aperfeiçoamento do projeto Teias – Escola Manguinhos representa experiências que podem ser utilizadas como plataformas para novas ini- ciativas na pesquisa, no ensino e no desenvolvi- mento de tecnologias assistenciais. Outra ação importante é a articulação de um projeto integrador de ações entre Cesteh, CSEGSF e CRPHF, que gere produtos de intervenção dife- renciados para a população local. Temos como prioridade o controle da tuberculose, pois o Es- tado do Rio tem a maior taxa de incidência da doença no país, e Manguinhos tem todos os graus de vulnerabilidades possíveis. A integra- ção dos diversos Centros nesse projeto será fun- damental para fortalecer a promoção, vigilância e tratamento da tuberculose no território. É importante ressaltar o papel do Conselho Gestor Interinstitucional (CGI) e do Conselho Gestor junto ao Centro de Saúde – instâncias fundamentais para a sustentação de um processo democrático das ações de saúde no território. Seu fortalecimento é essencial para a manutenção das conquistas e ampliação dos direitos da comunidade. Temos que destacar também a luta antiga e histórica dos moradores junto à Prefeitura do Rio de Janeiro para a estruturação de Centro de Atenção Psicossocial (Caps) nessa área. Em reu- nião do CGI, foi proposta a organização de um seminário para discussão da política de reforma

Upload: others

Post on 19-Apr-2022

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ambulatórios e laboratórios ENSP

Ambulatórios e

laboratórios ENSP:atuação estratégica para o SUS

Virg

inia

Dam

as/E

NSP/

Fiocr

uz

A comunidade ENSP aprovou a criação da Vice-Direção de Ambulatórios e Laboratórios

da Escola (VDAL) durante votação do novo Regimento Interno da instituição, ocorrida nos meses de junho e julho deste ano.

A ENSP tem papel de destaque no constante aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS), atuando fortemente na qualificação e na ampliação do acesso da população aos serviços e insumos de saúde, resultando, assim, na interação estratégica das atividades de ensino, pesquisa, atenção em saúde e desenvolvimento de tecnologias analíticas. É com esse foco que a estrutura da nova Vice-Direção proporciona melhor integração e potencialização das ações elaboradas nos ambulatórios e laboratórios da ENSP em prol do SUS.

A estrutura atual da VDAL engloba os 15 laboratórios da Escola, divididos em 7 departamentos (DCB, CSEGSF, DSSA, Cesteh, CRPHF, Demqs e Densp), além de 3 ambulatórios, localizados no Centro de Saúde Germano Sinval Faria, Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana e Centro de Referência Prof. Hélio Fraga.

Com base na expertise acumulada pelos profissionais da Escola, articular as atividades desenvolvidas nos ambulatórios e laboratórios da ENSP com o ensino e a pesquisa é o grande desafio da Vice-Direção de Ambulatórios e Laboratórios. Para compreender melhor seu papel e as formas de atuação, o boletim InformAÇÃO conversou com a equipe da recém-constituída VDAL. Confira.

Como foi o processo de construção da VDAL?

VDAL: Logo após o V Congresso Interno (2006), que definiu as diretrizes para a estrutura orga-nizacional da Fiocruz, a ENSP, em assembleia geral também no ano de 2006, deliberou pela criação de uma Vice-Direção de Serviços. No en-tanto, essa nova estrutura não foi implementa-da de imediato. Por meio de portaria, em 2010, a Direção da ENSP constituiu a Coordenação de Serviços Ambulatoriais e Laboratoriais. Desde então, as coordenações que se sucederam tive-ram papel fundamental para incorporação dos processos relativos às atividades desenvolvidas nos ambulatórios e laboratórios, de forma mais orgânica, na gestão institucional.

A atual Direção da ENSP, ao reeditar a porta-ria da Coordenação de Serviços, amplia seu es-copo de atuação, contemplando a complexidade que as atividades desenvolvidas nos laborató-rios e ambulatórios da Escola ganharam ao lon-go dos anos. Para ampliar a discussão sobre a proposta da formalização da nova Vice-Direção, a Coordenação de Serviços, a partir de 2013, or-ganizou uma série de debates com os Departa-mentos e Centros, além de participar do Grupo de Trabalho, instituído pelo CD/ENSP, que ela-borou a proposta do novo Regimento Interno. Por fim, em 2015, foi aprovada, em Assembleia Geral, a estrutura dessa nova Vice.

Com relação à assistência e à atenção básica, que questões devem ser destacadas para atuação da ENSP no território de Manguinhos?

VDAL: O CSEGSF tem atuado no território de Manguinhos por meio de ações de promoção e assistência à saúde, como um espaço transfor-mador das práticas da atenção, integrando en-sino, pesquisa e inovação. O modelo de gestão para a atenção primária no território é o grande desafio que enfrentamos. A Secretaria Municipal de Saúde do RJ adotou o modelo de gestão, por intermédio da Organização Social (OS), como

prioritário para Estratégia de Saúde da Família. O projeto Teias – Escola Manguinhos – SMS-RJ/Fiocruz-Fiotec representa hoje esse modelo aqui na região. Entendemos que a gestão feita dessa forma contribui para privatização do sistema de saúde. Hoje, nosso grande desafio é construir outro modelo de gestão na relação político-ins-titucional e gerencial com a SMS-RJ, garantindo as conquistas que, ao longo dos anos, tivemos com o projeto Teias, além de avançar na gestão participativa enfocando a intersetorialidade e os determinantes sociais da saúde.

O aperfeiçoamento do projeto Teias – Escola Manguinhos representa experiências que podem ser utilizadas como plataformas para novas ini-ciativas na pesquisa, no ensino e no desenvolvi-mento de tecnologias assistenciais.

Outra ação importante é a articulação de um projeto integrador de ações entre Cesteh, CSEGSF e CRPHF, que gere produtos de intervenção dife-renciados para a população local. Temos como prioridade o controle da tuberculose, pois o Es-tado do Rio tem a maior taxa de incidência da doença no país, e Manguinhos tem todos os graus de vulnerabilidades possíveis. A integra-ção dos diversos Centros nesse projeto será fun-damental para fortalecer a promoção, vigilância e tratamento da tuberculose no território.

É importante ressaltar o papel do Conselho Gestor Interinstitucional (CGI) e do Conselho Gestor junto ao Centro de Saúde – instâncias fundamentais para a sustentação de um processo democrático das ações de saúde no território. Seu fortalecimento é essencial para a manutenção das conquistas e ampliação dos direitos da comunidade.

Temos que destacar também a luta antiga e histórica dos moradores junto à Prefeitura do Rio de Janeiro para a estruturação de Centro de Atenção Psicossocial (Caps) nessa área. Em reu-nião do CGI, foi proposta a organização de um seminário para discussão da política de reforma

Page 2: Ambulatórios e laboratórios ENSP

2

VDAL: uma conquista da ENSPA comunidade ENSP aprovou,

durante votação do nosso novo Regimento Interno, a criação da Vice-Direção de Ambulatórios e Laboratórios (VDAL). Essa é a quinta Vice-Direção da Escola e atende, assim, a estrutura estabelecida pelo V Congresso Interno da Fiocruz, em 2006. A VDAL passa a ser mais um instrumento de atuação da ENSP para articular o ensino e a pesquisa, além de possibilitar novas parcerias para o SUS, principalmente nos campos das vigilâncias e da atenção básica.

Uma política institucional para os ambulatórios e laboratórios busca contribuir para fortalecer o papel da ENSP como uma instituição estratégica de Estado para a Saúde, garantindo maior eficácia e qualidade nas atividades desenvolvidas na instituição em prol da nossa sociedade.

Nosso colunista convidado, Álvaro Nascimento, apresenta uma análise crítica sobre a crise política pela qual o país está passando e tenta combater o papel de uma mídia que se utiliza de um único discurso para explicar tudo: de que a culpa é exclusiva do Estado e do governo Dilma, suposto causador do déficit fiscal.

Boa leitura!

Hermano CastroDiretor da ENSP

EDITORIAL

AROUQUINHA

Caco

Xavie

r

psiquiátrica brasileira e a pers-pectiva de debatermos a constru-ção de um modelo de Caps que atende, de forma organizada, o enfrentamento dos problemas de saúde mental no território. Foi formado um Grupo de Trabalho, definido em reunião da CGI, para organização desse seminário, em que a VDAL está representada.

Como será a atuação da VDAL na estruturação e monitoramento da Política de Qualidade na ENSP?

VDAL: Primeiro, queremos des-tacar a importância da conso-lidação do Serviço de Gestão da Qualidade (SGQ) e a criação dos serviços de Gestão Sus-tentável e de Biossegurança na Vice-Direção de Desenvolvimento Institucional e Gestão (VDDIG), no novo Regimento Interno, refor-çando o compromisso da ENSP com a quali-dade, segurança e dos ambientes e processos de trabalho. Caberá à VDAL o papel de moni-torar e garantir a implementação da Política de Qualidade nos ambulatórios e laboratórios da instituição.

Com relação aos ambulatórios, adotamos o processo de acreditação que está no âmbito da meta institucional da Fiocruz. A acreditação é uma avaliação externa, cujo objetivo é criar e manter a cultura de segurança na instituição e de qualidade no atendimento. Trata-se de um processo contínuo de aperfeiçoamento dos procedimentos e de melhoria contínua no aten-dimento aos pacientes e das condições de traba-lho. A VDAL realiza, quinzenalmente, reuniões nas quais estão presentes todos os setores da ENSP e da Fiocruz envolvidos com a acredita-ção, com o objetivo de identificar os gargalos existentes e proporcionar maior integração en-tre os Centros e todas as nossas estruturas.

Acerca dos processos de acreditação inter-nacional, faz-se necessária uma discussão sobre suas implicações, pois seus critérios, muitas vezes, constroem-se sem considerar as especificidades da realidade nacional e os modelos de desenvolvimento propostos, ten-do mais um caráter de alinhamento às polí-ticas e práticas internacionais de atenção, a

partir do estabelecimento de um padrão para se inserir em determinados processos em ní-vel global.

O ambulatório do Cesteh recentemente foi re-certificado. O Centro Hélio Fraga está em fase inicial, com a visita-diagnóstico pelos certifi-cadores marcada para março de 2016. O Cen-tro de Saúde – o primeiro Centro de Atenção Primária das Américas a ser certificado – está reformulando seu processo de acreditação par-tindo do padrão conquistado com a certifica-ção e repactuando as etapas e processos para a manutenção do patamar atingido dentro da complexidade de suas ações, para garantir o processo de melhoria continuada.

No tocante a uma política de qualidade vol-tada para os laboratórios da ENSP, todo o par-que laboratorial já foi mapeado no primeiro semestre de 2015. Esse diagnóstico preliminar constituiu o primeiro, mas não menos impor-tante procedimento, pois o próximo e atual passo consiste em uma ação conjunta entre a VDAL e o SGQ/VDDIG, que objetiva atualizar a Política de Qualidade no âmbito da Escola, cujos laboratórios fazem parte dessa impor-tante engrenagem. Atualmente, as normativas apontadas na esfera laboratorial apresentam status de recomendação, mas com o avançar do trabalho, esperamos que elas virem refe-rências a serem seguidas e adotadas. Paralela-mente a esse trabalho, a VDAL tem estimulado toda e qualquer capacitação dos servidores e colaboradores, via Serviço de Recursos Huma-nos (SRH/VDDIG).

Virg

inia

Dam

as/E

NSP/

Fiocr

uz

Page 3: Ambulatórios e laboratórios ENSP

3

Como será a relação da VDAL com as atividades de pesquisa?

VDAL: Outro aspecto que perpassa por um novo olhar na Política de Qualidade diz respeito aos procedimentos que envolvem laboratórios e a forma como nossas amostras de pesquisa são armazenadas. Dentro dessa lógica, a VDAL, além de participar ativamente no Colegiado de Pesquisa, está presente na discussão do fórum Rede Fiocruz de Biobancos e Biorrepositórios (RFBB). Portanto, temos o objetivo, em curto prazo, de fomentar uma discussão sobre qual modelo (biobanco ou biorrepositório) melhor atende as especificidades da nossa Escola. O pró-ximo passo consistirá na criação/operacionali-zação de uma estrutura de guarda/conservação de material que acolha plenamente aos ditames normativos dos Comitê de Ética em Pesquisa da ENSP, Conep e da RFBB. Lógico que expandire-mos esse modelo de gestão de amostras para a área assistencial e, tanto na questão das Pla-taformas Analíticas como na questão do Bio-banco, estamos trabalhando em parceria com as Vices-Direções de Pesquisa e Inovação e de Desenvolvimento Institucional e Gestão.

E os acervos biológicos?

VDAL: O que realmente precisamos neste mo-mento é atualizar os diagnósticos sobre os nossos acervos, na perspectiva de identificar o que há nessa instituição em sua totalidade. A pesquisadora Marcia Chame é representante da ENSP na Câmara Técnica de Coleções da Fiocruz e tem nos guiado no ponto de vista das diretri-zes técnicas para podermos classificar melhor que modalidades de acervos existem. Espera-mos que, ao final deste trabalho, um marco re-gulatório seja elaborado em conjunto entre as Vices de Laboratório e de Pesquisa, com vistas ao bom estabelecimento dos fluxos de regis-tro de novos acervos, bem como do status dos acervos/coleções existentes. Esse componente ‘Coleção’ dentro da Escola precisa ser mais bem estudado e estabelecida algumas linhas de prio-ridade. E nosso Polo de Laboratórios vai respon-der de forma mais estrutural a essa questão.

A ampliação e modernização das estruturas laboratoriais é uma demanda urgente. Como atender a essa demanda e como ela se coloca frente ao Polo de Laboratórios da Escola?

VDAL: A construção do Polo de Laboratórios é uma demanda dos trabalhadores da Escola e fruto de um planejamento iniciado há anos.

Sua construção possibi-litará à ENSP ter estru-turas laboratoriais com o que há de mais moder-no em termos de bios-segurança e qualidade ambiental. A construção terá uma área total de 7,9 mil metros quadra-dos. Além de garantir a excelência e segurança para os usuários, tam-bém trará melhores con-dições de trabalho para nossos profissionais.

Em reunião do Con-selho Deliberativo da ENSP, em maio de 2015, a Presidência da Fiocruz comprometeu-se em retirar do papel o Polo e que, apesar de cortes no orçamento da Fundação, não sofreríamos impactos na obra. Hoje existe outra realidade, mas o Polo se mantém como meta institucional. O projeto executivo já está contratado, mas al-gumas licenças estão atrasando o processo. Es-tamos cobrando diariamente da Dirac/Fiocruz uma solução, e a ENSP tem feito gestão direta aos órgãos responsáveis para que haja agilida-de nessas licenças.

É importante destacar que os laboratórios hoje instalados no prédio do antigo Politécnico necessitam de obras que garantam condições de biossegurança para o trabalho ali realizado. A meta é, nos primeiros meses de 2016, reali-zar as intervenções previstas no planejamento estabelecido pelo GT Laboratórios e o Setor de Infraestrutura da VDDIG/ENSP.

A VDAL também está envolvida com o estabelecimento das Plataformas Tecnológicas na ENSP?

VDAL: Essa Vice-Direção vem atuando, em parce-ria com a Vice-Direção de Pesquisa, na implan-tação de uma política de Plataformas Analíticas. Um marco desse processo foi a publicação da Portaria GD-ENSP nº 034/2015, que instituiu um Grupo de Trabalho que terá como atribuições a criação do marco regulatório e operacional, bem como o estabelecimento das Plataformas Tecnológicas no âmbito da ENSP. Cabe frisar que a adoção dessa política poderá trazer uma série de vantagens operacionais para os laboratórios, sobretudo na linha da captação de fonte alterna-tiva de recursos para a aquisição de insumos e recursos humanos.

Outro grande desafio é definir critérios para criação de novas estruturas laboratoriais, e precisamos enfrentar esse debate. Acreditamos que tem que haver um critério pactuado coleti-vamente para o que é ‘ser uma unidade labora-torial’ dentro da Escola, seja na perspectiva do Polo, seja no campo da Saúde Pública. É prio-ritário nos organizarmos para planejar nossas ações junto com as diretrizes institucionais, a sustentabilidade econômico/financeira, a es-trutura física (manutenção, equipe de trabalho, biossegurança, capacidade elétrica) entre outras coisas. A simples instalação de um equipamen-to não é referência para que seja criado um la-boratório. Há de se pensar nos objetivos dessa subunidade e procurar trabalhar em plataforma,

compartilhando em rede o processo do trabalho da pesquisa. Com isso, otimizaremos os recur-sos e conjugaremos saberes e resultados.

Qual será a relação da VDAL com o Ensino na instituição?

VDAL: Na Pós-Graduação, tanto no stricto sensu como no lato sensu, diversas linhas de pesquisa e cursos estão ligadas diretamente às atividades desenvolvidas nos Ambulatórios e Laboratórios da ENSP. A VDAL se articula com todas as ou-tras Vice-Direções, participando principalmente das instâncias colegiadas do Ensino e da Pes-quisa. Tem atuação de articulação e facilitação das integrações necessárias para garantir maior eficácia e qualidade nas atividades desenvolvi-das, envolvendo os ambulatórios e laboratórios junto com os serviços e a pesquisa.

Como parte do processo de mapeamento das atividades desenvolvidas por servidores, foi or-ganizado um grupo de trabalho com integrantes de todas as Vices da ENSP e o Serviço de Gestão do Trabalho. No caso da VDAL em conjunto com a Vice de Ensino, temos que aprofundar nessa ação o conceito e o lugar da Extensão na Escola e o papel dos ambulatórios e laboratórios nessa lógica. Identificar os profissionais envolvidos com a Extensão representa uma perspectiva de valorização das ações ancoradas nos diversos espaços da Escola, além de ampliar o leque das possiblidades de projetos conjuntos.

Com relação às vigilâncias em saúde, quais os focos de atuação pretendidos pela VDAL?

VDAL: Nosso objetivo é aumentar a integração das ações junto aos Departamentos e Centros da Escola, incrementando e articulando as ati-vidades desenvolvidas nos ambulatórios e labo-ratórios que hoje representam o grande poten-cial analítico e de diagnóstico. O desafio agora é o de melhor integrar as ações que podemos desenvolver, bem como otimizar a capacidade instalada para potencializar nossa articulação com o Ministério da Saúde e ajudar a enfrentar graves questões ambientais e de saúde do tra-balhador no país, em especial nas questões dos grandes empreendimentos e seus impactos na saúde e ambiente.

VICE-DIREÇÃO DE AMBULATÓRIOS ELABORATÓRIOS ENSP

Marco Antônio Carneiro MenezesVice-diretor

Fátima RochaCordenadora de Ambulatórios

Sergio Rabello AlvesCoordenador de Laboratórios

Luís Henrique M. PereiraQualidade, Biossegurança e Sustentabilidade

Sergio AlmeidaPlanejamento

Cristiana BarrosSecretaria

Contatos: [email protected]

Virg

inia

Dam

as/E

NSP/

Fiocr

uz

Page 4: Ambulatórios e laboratórios ENSP

4

Presidente da Fiocruz | Paulo Gadelha

Diretor da ENSP | Hermano Castro

Coordenação da CCI | Rita Mattos

EdiçãoAntonio Fuchs

Redação e reportagemAntonio Fuchs, Filipe Leonel, Isabela Schincariol, Luciene Paes, Pedro Leal David e Tatiane Vargas

Projeto gráfico e diagramaçãoCarlos Fernando Reis

RevisãoAna Lucia Normando

ImpressãoMR Artes Gráficas Ltda – Tel.: (21)7821-6265

Tiragem2 mil exemplares

[email protected]

EXPEDIENTE

O samba do ajuste não sustenta o enredo

Álvaro NascimentoEscritor, doutor em Política, Planejamento e

Administração em Saúde pelo IMS/Uerj, ex-presidente da Asfoc-Sindicato Nacional,

tecnologista (aposentado) da ENSP/Fiocruz

Virg

inia

Dam

as/E

NSP/

Fiocr

uzFALTOU DIZER

Há uma cena marcante no filme Bent, que trata da perseguição a homossexuais na

Alemanha nazista. No trem que leva Max e Rudy ao campo de concentração, Rudy é es-pancado até a morte pelos nazistas e por seu próprio companheiro Max, obrigado a fazê-lo para provar que não o conhecia. Depois, Max violenta uma judia, também para provar não ser gay. Para suportar a dor, Max se encolhe em um canto do vagão e repete, como um mantra: “Isto não está acontecendo”.

A frase – que reflete a perplexidade de Max – ilustra um sentimento que toma conta dos bra-sileiros de pensamento crítico, diante de análi-ses disseminadas pela avalanche midiática que tentam impor uma teoria insustentável para explicar a crise brasileira, utilizando um samba de uma nota só, segundo o qual o Estado seria o grande vilão. Mais: o jornalismo declaratório e suas fontes escolhidas a dedo insistem que a atual crise adviria do intervencionismo estatal do primeiro governo Dilma, causador do déficit fiscal. O samba ordinário termina propondo o velho tripé macroeconômico: câmbio flutuante, superávit fiscal e regime de metas de inflação, prescrição hoje questionada mesmo por insti-tuições como o FMI e o Banco Mundial.

O samba liberal desafina já no primeiro verso ao carimbar como estatizante um governo que, via concessões, privatizou de rodovias a aero-portos; de portos a ferrovias; de 60% do pré-sal cedido a empresas estrangeiras aos serviços de saúde. Onde estaria o tão propalado interven-cionismo estatal?

O samba liberal também perde o compasso quando diz que a crise fiscal vem da irresponsa-bilidade de gastos no campo social, negando-se a ver que o mesmo governo que ele denuncia como gastador e estatizante é responsável por uma cavalar desoneração e redução de impostos do grande capital que produziu uma renúncia fiscal de R$ 327 bilhões no primeiro Governo Dilma. Logo, se o governo foi perdulário, não é nos gastos sociais, mas justamente na super proteção ao capital.

Mas o samba liberal não só desafina e perde o compasso. Ele atravessa e expõe sua hipocrisia

ao defender menos Estado e mais mercado como mágica solução econômica. Exemplos: nas duas recentes crises do capitalismo, os amplificadores liberais se calaram diante do fato, primeiro, de o governo estadunidense usar dinheiro público para salvar os dez maiores bancos privados do país. Depois, quando a Europa socorreu, também com uma quantia astronômica de dinheiro público, o seu falido sistema financeiro. Nesses momentos, a crítica liberal à intervenção estatal desaparece, o ritmo de seu samba perde sincronia. Como se a intervenção estatal fosse o capeta em pessoa quando se presta à busca do desenvolvimento e de mais equidade social, mas vira virgem santa indispensável ao futuro do mundo se posta a serviço do grande capital.

Vale lembrar que, no Governo FHC, também o Brasil usou recursos dos contribuintes para salvar bancos falidos via Proer, recursos que se-guem sendo utilizados para pagamento da nun-ca auditada dívida pública, cuja grande parte é consequência de dívidas privadas de empresas e bancos transformadas em dívida pública.

Se alguma crítica pode e deve ser feita ao Governo Federal, ela reside no fato dele ter incorporado práticas de gerenciamento do capitalismo brasileiro sem superar arcaicas estruturas voltadas ao grande capital industrial, financeiro e ao latifúndio, eternos sugadores de recursos públicos, quando poderia pelo me-nos ter tentado arregimentar forças sociais capazes de superar o atraso representado por um pacto que hoje tenta se reinventar na crise internacional que chega ao Brasil, mas que sequer no discurso traz algo inovador. Ou será que a maior lucratividade da história do Banco Itaú (R$ 5,9 bilhões entre abril e junho deste ano) e do Bradesco (R$ 4,12 bilhões entre julho e setembro) não expõe a contradição inaceitável de um país com economia em contração ter bancos com lucros gigantescos?

Fato é que a escola de samba liberal (surda ao estabelecido nas urnas há um ano com o “Muda Mais”) ocupa o Palácio, a Esplanada, a Fazenda, o Banco Central, vira patrona de tudo e desenter-ra a velha máxima dos cortes de investimentos, gastos sociais e políticas de desenvolvimento.

Mas eleva a gastança via taxa de juros a pata-mares que asseguram que a política rentista siga transferindo quantias imorais para poucos.

Após um ano de samba atravessado, o ajuste fiscal comparece à apuração exibindo sua tra-gédia: segundo a Pnad/IBGE, os desocupados cresceram 7,9% de junho a agosto e já são 8,8 milhões (em relação ao mesmo trimestre de 2014, o aumento foi de assustadores 29,6%); aumenta a cruel informalidade; o poder de compra dos salários se rebaixa; a inadimplên-cia das empresas aumenta; a intenção de con-sumo das famílias recua e cai vertiginosamente a arrecadação.

Para superar a desconstrução do pouco que se avançou no modelo inclusivo desde 2003, é necessário aprender com experiências interna-cionais, implementando políticas que baixem imediatamente os juros; suspendam o uso de mecanismos financistas da política de câmbio (como a venda de swaps cambiais, que, com os juros extorsivos, foram responsáveis por despesas de R$ 225,9 bilhões em 2015); pre-servem o emprego e a renda; recomponham a capacidade de financiamento do Estado; reve-jam as absurdas renúncias fiscais; combatam a sonegação (que chega a 13,4% do PIB, segun-do o Banco Mundial); reformando a política de tributos, desonerando o trabalho e promoven-do justiça fiscal.

Um único dado desmonta o argumento pró-ajuste: a elevação dos gastos via seguida elevação da taxa de juro supera o esforço fiscal, fazendo com que este ano perdido nos traga a perplexidade de Max ao se encolher no fundo do trágico vagão, repetindo o mantra: “Isto não está acontecendo.”