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Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 20 Agosto de 2020 |Ano XIV | nº 918 50,00MT E Z Sai às quintas ONDE A NAÇÃO SE REENCONTRA AMBEZ Comercial Previna-se da Covid-19 Terrorismo em Cabo Delgado Complicado Medidas paliativas de Comiche Tudo voltou a “normalidade” Escândalo de Matalana ao rubro Não vamos tolerar abusos Não vamos tolerar abusos

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Page 1: AMBEZ E2020/08/20  · bater o terrorismo em Moçam-bique. Neste momento, o apoio que o Estado moçambicano so-licitou é a vigilância nas fron-teiras, para a não entrada de bandidos

Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 20 Agosto de 2020 |Ano XIV | nº 91850,00MT

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s

O N D E A N A Ç Ã O S E R E E NC O N T R AAMBEZ

Comercial

Previna-se da Covid-19

Terrorismo em Cabo Delgado

ComplicadoMedidas paliativas de Comiche

Tudo voltou a “normalidade”

Escândalo de Matalana ao rubro

Não vamos tolerar abusos

Não vamos tolerar abusos

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| DESTAQUES |

Instrutores do escândalo de Matalana serão responsabilizados

“O Estado não deve tolerar abusos”

O presidente da República e Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança, Filipe Nyusi, disse, esta quarta--feira, na cerimónia de enceramento do 40ª curso básico da Polícia da República de Moçambique (PRM), que os responsá-veis pelo “escândalo de Matalana”, que envolve 15 candidatas à polícia que supostamente engravidaram de seus instrutores durante a formação na Escola Prática da PRM em Matalana.

Perante a situação amplamente conde-nada pelos vários sectores da socieda-de, o Comandante

em Chefe das Forças de Defesa e Segurança garantiu que o es-cândalo está a ser estudado ao detalhe no Ministério do Interior e no Comando-Geral da PRM.

“O Estado não deve tolerar situações como estas, a lei deve ser cumprida e é igual para to-dos nós, ninguém está acima da lei”, disse o Chefe de Estado.

Para mostrar que o Gover-no não está alheio ao assunto e a todo o repúdio ensurde-

cedor, desde que o suposto abuso foi despoletado, o Pre-sidente da República expli-cou o que está a ser feito para o devido esclarecimento.

“Os referidos nestes ca-sos são filhos, pais, irmãos e amigos de alguém, alguns destes comportamentos foram partilhados com alguém que ficou em silêncio, foi coni-vente e não chamou atenção nem logrou denunciar”, come-çou por explicar Filipe Nyusi.

Acrescentou que toda a cul-pa recai sobre a Escola, sobre o Comando-Geral da PRM, sobre o Ministério do Interior,

sobre o Estado. Mas, segun-do Filipe Nyusi, ante de irem para instrução, saíram de uma família, de uma comunidade que lhes transmitiu valores e que os jovens assimilaram.

“Ao Pessoal Permanen-te, aos formandos, amigos e familiares, à sociedade, peço que façamos uma introspec-ção, que reflictamos sobre as causas, natureza, e verdadeira dimensão destes casos e con-tribuamos com soluções con-cretas e definitivas”, disse o comandante em chefe, para depois acrescentar que “o Caso de Matalana, hoje, é falado por todos, todos sabem o que acon-teceu, cada um à sua maneira e como imagina que as coisas são. Todos dizem como fo-ram ou deveriam ser, puxando protagonismo para a sua inter-venção e, em alguns casos, de forma mais ou menos ruidosa”.

Nyusi disse que, ao contrá-rio do que tem sido propalado, o Executivo tomou a iniciativa de investigar o problema, antes de ser público, tendo desco-berto que das 15 instruendas, uma chegou à Escola Prática da PRM em Matalana já grávida.

“Quatro instruendas con-traíram a gravidez na escola e há investigações para ver se foi com instrutores ou cole-gas. As outras 10 foram par-ceiros estranhos à comunidade escolar”, afirmou o Chefe de Estado, ajuntando que o pe-ríodo de gestação das gestan-tes varia de um a seis meses.

As gestantes com três me-ses de gravidez abriram as fichas pré-natais com o acom-panhamento da Escola Prática da PRM em Matalana, disse o Presidente da República.

Num outro desenvolvi-mento, Nyusi pediu o apoio da família das instruendas e da Escola Prática da PRM em Ma-talana para esclarecer o caso.

O Chefe de Estado reco-nheceu que o problema que deixou diferentes segmentos

da sociedade com os cabelos em pé trás à tona, por um lado, uma questão relacionada com o apuramento dos candidatos para os cursos de Matalana.

Por outro, despoleta igual-mente a credibilidade dos tes-tes realizados por via da Polí-cia para aferir a condição dos instruendos para ingresso na Polícia. Assim, Nyusi conde-nou a violação das normas dis-ciplinares e apelou à sociedade para criar menos pânico e fo-car-se na solução do problema.

A publicação de opiniões ainda sem base real para o julga-mento correcto pode concorrer, segundo Nyusi, para a estigma-tização das jovens instruendas, podendo afectá-las psicolo-gicamente, de forma eterna.

“Queremos que a sociedade

continue a dar o seu contributo na educação dos nossos jovens para que situações destas não mais se repitam e tenhamos instituições melhores e mais focadas no desenvolvimento do nosso país”, acrescentou

O Comandante em Che-fe das Forças de Defesa e Segurança lamentou ainda o facto de este não ser apenas um caso de Matalana, mas também um “problema real que afecta toda a sociedade”.

Activistas moçambicanos exigem justiça

Recorda-se que esta terça--feira, várias organizações da Sociedade Civil exigiram que os instrutores que engravidaram 15 instruendas na Escola Práti-ca da Polícia de Matalana sejam responsabilizados e as mesmas reintegradas na corporação.

“Para além de um caso de crime de assédio sexual, este é um acto de violência baseada no género; é um acto de abu-so de poder sistémico e estru-tural”, diz Tassiana Tomé, do

Centro de Aprendizagem e Ca-pacitação da Sociedade Civil.

Além disso, diz Tassiana, o que aconteceu com as jovens instruendas foi “um acto de corrupção naquela que nós en-tendemos que é uma das prin-cipais instituições do Estado, senão a principal, responsável por garantir a protecção de to-das as cidadãs e de todos ci-dadãos de qualquer forma de abuso e de violência, e de zelar por uma conduta ética e justa”.

“O que é que o ministério do Interior está a fazer para proteger a mulher nos cen-tros de formação? O que está a fazer para proteger as mu-lheres polícias nas suas po-sições ou dentro do próprio ministério”, questiona Ana Cristina, da Associação Sol.

Quinta-feira, 20 de Agosto de 20202 | ZAMBEZE

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Cabo Delgado

Situação “está controlada” mas a população vive no Deus dará

zz Devem confiar nas forças de defesa e segurança, estão a trabalhar a todo o gás, para restabelecer a tranquilidade nessas duas regiões - Jaime Neto, ministro da Defesa Nacional

zz Não há e nem estamos próximos de declarar estado de sítio – Amade Miquidade, ministro de Interior

zz Esta é uma guerra que vem de fora, movida por pessoas que nos querem dividir e ficar com o que o vosso distrito, a vossa província e o que vosso país tem (….) Estamos a fazer de tudo para repor a segurança e permitir o vosso regresso às vossas casas – Filipe Nyusi, Presidente da República.

Na semana passada, os ministros do Interior e de De-fesa Nacional, Amade Miquidade e Jaime Neto, res-pectivamente, tranquilizaram os moçambicanos ao afirmar que a situação em Mocímboa da Praia estava con-trolada e que os terroristas não tinham tomado o Por-to local, contrariando as informações publicadas em vá-rios órgãos de comunicação nacionais e internacionais.

Nas últimas se-manas, os ter-roristas, que desde Outubro de 2017 des-

graçam a província de Cabo Delgado, lançaram uma ofen-siva militar contra as Forças Defesa e Segurança, tendo resultado em baixas significa-tivas. Informações não con-firmadas indicam que, pelo menos, 50 militares do Gover-no teriam morrido em embos-cadas feitas pelos terroristas.

Entretanto, o ministro da Defesa nacional, Jaime Neto, falando em conferência de

imprensa em Maputo, pela primeira vez, desde que to-mou posse em substituição de Atanasio Ntumuke, pediu confiança as forças que es-tão no terreno, tendo afirma-do que a ordem será reposta.

“Para mim, devem con-fiar nas forças de defesa e segurança, estão a trabalhar a todo o gás, para restabe-lecer a tranquilidade nessas regiões”, disse Jaime Neto.

O governante falou da ne-cessidade de adoptar aquilo que chamou de soluções urgentes e sustentáveis tanto no centro assim como no norte do país.

“Conto, ainda, com a pers-picácia e capacidade de lide-rança das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, para trazer subsídios que fortale-çam a nossa missão de servir a pátria, defendendo-a de todo o tipo de agressão e de acções lesivas ao Estado, que cons-truímos com muito sacrifí-cio”, disse o dirigente que em muitas acções tem sido “tapa-do” pelo ministro do Interior.

Aliás, tal como o nosso se-manário escreveu em edições anteriores, o comando das ma-nobras, no teatro das opera-ções, lideradas pelo ministro de Interior, tem sido aponta-do como um dos factores que faz com as FDS não tenham sucesso contra o terrorismo.

O ministro da Defesa Na-cional, esclareceu que o país ainda tem capacidade suficien-te para responder aos ataques terroristas em Cabo Delgado.

Anunciou ainda que o Go-verno não pediu ajuda interna-cional para fazer face ao ter-rorismo por estar controlado, não obstante existirem alguns focos em Mocímboa da Praia.

“O Estado moçambicano ainda continua forte para com-bater o terrorismo em Moçam-bique. Neste momento, o apoio que o Estado moçambicano so-licitou é a vigilância nas fron-teiras, para a não entrada de bandidos no nosso território. No combate estão os moçambi-canos e com muito orgulho es-tamos a travar esta luta”, frisou.

Não obstante a situação complicada que se vive em Cabo Delgado, o ministro do Interior, Amade Miquidade, disse estar fora de hipótese a decretação de estado de sítio, na província de Cabo Delga-do, afectada pelo terrorismo.

“Não há e nem estamos próximos de declarar estado de sítio. Estão neste momen-to a desenrolar combates em

vários pontos da Mocímboa da Praia assim como também em outras zonas circunvi-zinhas”, disse o governante em conferência de impren-sa conjunta com Jaime Neto.

Vítimas pedem seguro

A situação humanitária na região de Cabo Delgado está cada vez a degradar-se. Na sexta-feira passada, algu-mas vítimas que estiveram com o Presidente da Repúbli-ca, no centro de acomodação de Deslocados de Matuge, manifestaram o desejo de re-gressar às suas casas devido ao sofrimento a que estão su-jeitos nas zonas de refúgio.

“Senhor Presidente, quería-mos saber quando essa guerra vai acabar, porque queremos voltar para as nossas casas?”,

questionou um dos cidadãos deslocados que acrescentou que “aqui, estamos a passar mal com a fome e estamos parados, sem fazer nada. Mas se estivéssemos nas nossas aldeias estaríamos ocupados com nossas machambas e não teríamos problemas de fome”.

Entretanto, o Chefe de Es-tado reconheceu a preocupação das vítimas do terrorismo e a gravidade dos efeitos sociais da insegurança na província de Cabo Delgado, mas pediu paciência e garantiu que have-rá uma solução para o conflito.

“Viemos visitar-vos por-que estamos preocupados convosco. Neste momento, es-tamos a criar condições para vocês regressarem às vossas casas. Mas se acharem que é melhor ficar aqui, poderemos abrir centros de reassentamen-

ZAMBEZE | 3Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020

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| DESTAQUES |

to”, explicou Filipe Nyusi.O Presidente da República

deixou também uma mensa-gem de esperança para os des-locados e para toda a popula-ção da província que há cerca de três anos vive aterrorizada.

“Esta é uma guerra que vem de fora, movida por pessoas que nos querem dividir e ficar com o que o vosso distrito, a vossa província e o vosso país têm. Mas, os nossos jovens (as Forças de Defesa e Segurança) estão a trabalhar noite e dia e já descobriram uma das bases do inimigo, que eles chamam de Síria, localizada em Ca-jembe, distrito de Quissanga. Estamos a fazer de tudo para repor a segurança e permi-tir o vosso regresso às vossas casas”, disse Filipe Nyusi.

Nesta quarta-feira, duran-te o enceramento do 40º curso de formação básica da Polí-cia, o presidente da República não se esqueceu do conflito em Cabo Delgado e nas pro-víncias de Manica e Sofala.

Filipe Nyusi começou por referir que, nos últimos três anos, vivemos uma si-tuação anormal caracteri-zada pela perturbação da ordem e de segurança pú-blica e por crimes bárbaros.

“Os ataques violentos na Província de Cabo Delgado cul-minam com assassinatos de con-cidadãos indefesos, bem como a destruição de bens públicos e privados”, disse o presidente.

Segundo o chefe de Estado, os moçambicanos e o mundo inteiro conhecem os protago-nistas dos ataques armados, no centro do país. Conhecem os que matam cidadãos in-defesos. Os moçambicanos conhecem os que pilham e sa-queiam os seus bens, os que destroem equipamentos e infra--estruturas públicas e privadas.

“Os moçambicanos não podem coabitar, infinitamente, com criminosos que gozando de impunidade matam ou finan-ciam e apoiam aos que matam e condicionam a nossa soberania. As situações de Cabo Delgado, como a de Sofala e Manica, têm estado a provocar um movimen-to desusado de pessoas em bus-ca de lugares mais seguros, dei-xando para trás os seus meios de subsistência”, fez notar.

FDS estão a assumir posições

Entretanto, o jornal britâ-nico The Guardian escreveu na última segunda-feira que as tropas do Governo estão assu-mir posições fora de um porto no extremo, que foi capturado por extremistas islâmicos na semana passada na última es-calada da insurgência no país.

Segundo aquela publicação, centenas de reforços foram co-locados às pressas em torno do porto de Mocímboa da Praia.

O ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, disse na semana passada que os extremistas tinham se in-filtrado em Mocímboa da Praia e, em seguida, “atacou a cidade a partir de fora para dentro, causando destruição, saques e o assassinato de ci-dadãos indefesos”, de acordo com um relatório da a agên-cia de notícias Zitamar local .

Segundo o jornal, o ata-que foi o último de uma sé-rie lançada na cidade por um grupo conhecido como Ahlu Sunnah Wa-Jamaa, que jurou lealdade ao Estado Islâmico no ano passado. A operação extremista durou vários dias, com os primeiros ataques fechando estradas que leva-vam à cidade, eliminando os postos defensivos do Gover-no, antes de um ataque final.

“Isso envolveu a maior concentração de insurgentes que já vimos, foi sofisticado e foi claramente planejado por algum tempo. É um sucesso e uma vergonha para o Governo, mas eles estão extremamen-te vulneráveis no momento”, disse Jasmine Opperman, uma analista sul-africana que acom-panhou a intensificação do con-flito no norte de Moçambique.

Uma força da Ahlu Sunnah Wa-Jamaa ocupou brevemen-te o centro de Mocímboa da Praia em Março, queimando instalações do Governo, in-cluindo um quartel e brandin-do faixas de afiliação ao Ísis.

Os militantes invadiram uma segunda cidade e danifi-caram gravemente a sede da polícia distrital. Eles também carregavam uma bandeira Ísis.

Outros ataques encon-traram resistência limitada. Cerca de 55 soldados do Go-verno, principalmente recru-tas recentes transportados em caminhões abertos, morreram

em uma emboscada bem pre-parada, na semana passada, em uma estrada de acesso a Mocímboa da Praia enquanto as autoridades buscavam re-forçar a guarnição na cidade.

As forças de segurança lo-cais sofrem com o treinamento insuficiente, equipamento mí-nimo e baixa moral. Tentativas recentes de reforçá-los com mercenários estrangeiros caros não parecem ter sido eficazes.

Pelo menos 150 russos li-gados ao Grupo Wagner, uma empresa que forneceu mer-cenários para lutar em vários países africanos, foram desta-cados no ano passado, mas fo-ram forçados a se retirar após sofrerem baixas significativas.

O Dyck Advisory Group, uma empresa de segurança pri-vada sediada na África do Sul e actualmente empregada no norte de Moçambique, também tem lutado para causar qual-quer impacto significativo. O seu punhado de helicópteros li-geiros estava baseado demasia-do longe de Mocímboa da Praia para intervir de forma eficaz.

A insurgência no remoto norte de Moçambique sur-giu em 2017 e está se trans-formando rapidamente em um dos desafios de segu-rança mais sérios da região.

Os observadores comparam cada vez mais a situação com as fases iniciais das insurgências na Nigéria, Mali e outras partes da África. Eles cresceram em força na última década, com esforços repetidos de potências locais, regionais e internacio-nais para conter sua dissemina-ção, alcançando, na melhor das hipóteses, um sucesso limitado.

O conflito em Moçambique está enraizado na raiva gene-ralizada pelo fracasso do Go-verno central em distribuir de forma justa os rendimentos da exploração dos ricos recursos naturais da região, bem como uma série de queixas históri-cas. O descontentamento foi intensificado pela corrupção

endémica, expulsões para lim-par terras para que empresas internacionais investissem no projecto de gás e uma resposta militar indiscriminada à vio-lência. Os muçulmanos repre-sentam cerca de 18% do país predominantemente cristão.

Os insurgentes já mata-ram pelo menos 900 civis, além de várias centenas de soldados e policiais do gover-no. O verdadeiro número de mortos, no entanto, é extre-mamente difícil de estabele-cer, dizem os observadores.

“O resultado final é que simplesmente não sabemos como pode ter morrido. Há relatos de que ossos estão sen-do desenterrados nos campos quando os fazendeiros voltam para os aldeões depois que as forças do governo estabe-lecem alguma aparência de segurança e os insurgentes se retiram ”, disse Piers Pigou, um especialista regional do Grupo de Crise Internacional.

O ataque mais sangrento ocorreu em Abril, quando mais de 50 pessoas foram massa-cradas em Xitaxi, no distrito de Muidumbe, depois que os moradores locais se recusaram a ser recrutados para as filei-ras dos insurgentes. A maioria foi morta a tiro ou decapitada.

Embora agora sejam afiliados do Isis, os insur-gentes em Moçambique continuam sendo uma ame-aça fundamentalmente local.

A agitação forçou centenas de milhares de pessoas a fugir, ameaçando uma grande crise humanitária, e observadores te-mem que a insurgência, se não controlada, pode desestabilizar uma parte do sul da África.

A África do Sul está consi-derando um envio de tropas , talvez fornecendo a maior parte de uma força sob o comando da Comunidade de Desenvol-vimento da África Austral, que também pode incluir contribui-ções do Zimbabwe e de Angola.

Qualquer operação des-

se tipo seria extremamente cara, no entanto, e é difícil ver como seria financiada, disseram os observadores.

O Estado Islâmico aler-tou a África do Sul que qual-quer intervenção a torna-ria um alvo para o grupo.

O ministro da Segurança do Estado da África do Sul, Ayanda Dlodlo, disse que o país está levando a ame-aça “muito, muito a sério”.

Guerra fomentada pela pobreza e corrupção

Por sua vez, o académi-co sul-africano Anthoni van Nieuwkerk considera que o extremismo violento está a ser fomentado pela pobreza, corrupção, desgovernação e fragilidade dos Estados da Co-munidade para o Desenvolvi-mento da África Austral (SADC).

“Um estudo recente in-dica que estes factores con-tribuíram para a adesão de pessoas, particularmente jo-vens, a organizações extre-mistas”, adiantou o professor da Universidade de Witwa-tersrand, em Joanesburgo.

Na opinião do académico, citado pelo diário sul-africano Citizen, o extremismo violento na província moçambicana de Cabo Delgado é a “ameaça mais recente” à segurança regional, nomeadamente à África do Sul.

“De acordo com o Instituto de Estudos de Segurança [ISS, na sigla em inglês], a África do Sul tem ligações com o Al--Shabab, a Al-Qaida e mais recentemente com o Estado Is-lâmico, estimando-se que cerca de 100 sul-africanos aderiram a este grupo”, afirmou ao jornal.

Segundo Anthoni van Nieu-wkerk, o país “tem também um historial de extremismo violento derivado de razões internas que ainda prevale-cem no contexto da África do Sul”, salientando que “a cor-rupção é também um factor catalisador para actividades extremistas, em termos de planeamento operacional”.

“A corrupção comprome-te a segurança, por exemplo, ao facilitar a entrada de ex-tremistas no país e afectar a capacidade de resposta das forças de segurança, assis-tindo até na transferência de fundos para grupos extremis-tas”, explicou o académico.

Os líderes da África Austral manifestaram esta segunda--feira no final de uma cimeira virtual a partir de Maputo, a “solidariedade e o compromis-so da SADC em apoiar Mo-çambique na luta contra o ter-rorismo e ataques violentos”.

Quinta-feira, 20 de Agosto de 20204 | ZAMBEZE

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Estão passando multas por ter um cão na cabine do carro

Cassamo LaLá* sobre o ambiente rodoviário

Recentemente , fomos contac-tados por duas pessoas que fo-ram multadas

por trazerem o seu cão na cabine do carro, no banco de trás, quando se deslocavam em viagem entre Maputo e Ponta de Ouro. Pretendiam es-tes senhores autuados saber se estas multas são legais ou não.

Quando recebemos esta informação ficamos intri-gados, uma vez que nas le-gislações rodoviárias que conhecemos (Código da Es-trada, RTA-Regulamento de Transporte em Automóveis e Postura Camarária), não se estabelece este tipo de infra-ção. Para melhor entender-mos a justeza destas multas, solicitamos que nos envias-sem uma cópia das mesmas de modo a conhecermos o artigo e a respectiva Legisla-ção cuja regra tinha sido su-postamente violada e que aca-bou implicando a aplicação da penalização. Na presença das multas, verificamos que foram passadas por um ins-pector que tem como apelido Guambe, cujo primeiro nome não está bem legível, parecen-do ser Erasmo. Trata-se de um inspector do Departamento de Agricultura e Pescas, que

invocou o artº 13 nº2 do De-creto 26/2009 de 17 de Agos-to para passar uma multa de 5000,00mts, com obrigatorie-dade de a pagar no local, sob pena de apreensão do veículo, alegadamente por estarem as pessoas com o cão no mes-mo compartimento do carro.

Fomos a procura deste Regulamento para enten-dermos qual teria sido o es-pírito do legislador nesta Lei que está sendo actual-mente aplicada na via pú-blica aos automobilistas.

Em nossa opinião, salvo melhor julgamento, este tipo de multa é injusto, uma vez que entendemos que se pode tratar de um aproveitamen-to do facto de se saber que a maioria dos cidadãos pouco entende das leis que vigoram no nosso País, e portanto, pe-rante uma situação em que estão a viajar e não querendo ficar com o carro apreendi-do, acabam todos por preferir pagar quaisquer multas que lhes são aplicadas, para pode-rem continuar com a viagem.

Vamos a seguir explanar os nossos argumentos em re-lação a este assunto. Entende-mos que este Decreto 26/2009 aprova um Regulanto que tem a ver com a sanidade dos ani-mais e é específico para os

que se dedicam ao negócio ou à actividade de importação, venda de animais e seus pro-dutos, despojos e forragem (ervas ou palhas para o gado), e que os fazem deslocar em veículos e contentores no transporte. Trata-se portanto de uma legislação que é diri-gida aos que importam, criam e comercializam gado e outros animais, incluindo respecti-vos produtos, bem como aos que os conduzem de um ponto para o outro, visando estabe-lecer normas para a vigilância epidemiológica dos animais. Este regulannto, pareceu--nos estar bem claro quanto ao seu âmbito de aplicação.

Estranhamente, desde 2009, só agora em 2020 este Departamento da Agricul-tura e Pescas decidiu, por intermédio dos seus inspec-tores, estender a aplicação deste Regulamento aos au-tomobilistas que se fazem acompanhar dos seus cães.

Pelo que acabamos de ex-por, entendemos que aplicar esta legislação ao automo-bilista que não está ligado à importação, comercialização, criação ou transporte de ani-mais e seus produtos, cidadão este que apenas transporta o cão de estimação na cabine do seu carro, não nos parece ser

justo mas sim um caso de apro-veitamento da situação para penalizar pessoas incautas.

De certa forma, entende--se quando esta Lei determi-na que os transportadores de animais importados para cria-ção ou venda não os devam colocar no mesmo espaço do transporte a coabitar com as pessoas. Não faz sentido, por exemplo, transportar bois, cabras e pessoas no mesmo compartimento. Porém, esta situação nada tem a ver com o automobilista que transpor-ta no seu carro particular o cão, este animal de estimação com que convive no seu dia a dia, fazendo-lhe festinhas e até o abraçando por o con-siderar seu fiel amigo. Nou-tros países, quando o cidadão abandona o cão porque teve de viajar e não tinha condi-ções de o levar consigo e não o deixou num canil público ou com quem possa cuidar dele, é penalizado. Nos au-tocarros até já é permitido transportar o cão guia das pessoas invisuais no mesmo espaço ou compartimento ocupado pelos passageiros, uma situação que a nossa legislação ainda não prevê.

Se este nosso juizo aqui esplanado está certo e na ver-dade as multas passadas nes-

tas situações descritas estão ilegais, o Departamento de Agricultura e Pescas devia alertar os seus inspectores para agirem em conformidade com o princípio que norteou a criação desta Lei. No entanto, se o Ministério a que pertence este referido Departamento de Agricultura e Pesca conside-rar que esta actuação dos seus agentes fiscalizadores está cor-recta, agradecíamos que fosse feito um pronunciamento para esclarecer os cidadãos sobre a razão pela qual só agora, passa-dos 11 anos, este Regulamento está também sendo aplicado a um simples automobilista que não está ligado à importação, comercialização ou criação de gado e outros animais. Temos também entidades que se de-dicam à defesa da legalidade, protegendo os direitos dos ci-dadãos, que, em nossa opinião, podiam ajudar a clarificar so-bre a legalidade ou ilegalidade destas multas que constituem o tema do nosso artigo. Não gos-taríamos que, à custa da pan-demia que assola o nosso País, o ambiente rodoviário que a todos nos pertençe fosse apro-veitado e transformado num palco de eventuais injustiças.

*DIRECTOR DA ESCOLA DE CONDUÇÃO

INTERNACIONAL

| OPINIÃO | ZAMBEZE | 5Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020

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Grafismo: NOVOmedia, SARLFotografia: José Matlhombe Revisão: AM

Expansão: Adélio Machaieie (Chefe), Cell: 84-7714280(PBX) 82-307 3450Publicidade: Egídio Plácido Cell: 82-5924246 | 84-7710584 [email protected]ão: Sociedade do Notícias S.A

Editor: Egídio Plácido | Cell: 82 592 4246 ou 84 771 0584(E-mail. [email protected])

Redacção: Ângelo Munguambe, Egídio Plácido, Luís Cumbe e Constantino Novela

Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá, Francisco Rodolfo e Samuel Matusse

Colaboradores: Dávio David e Elton da Graça

Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544(E-mail: munguambe2 @hotmail.com

Registado sob o nº 016/GABINFO-DE/2002

Propriedade da NOVOmedia, SARL

D i r e c ç ã o , R e d a c ç ã o M a q u e t i z a ç ã o e A d m i n i s t r a ç ã o : Av. Emília Daússe casa da Educação da Munhuana

Alto-Maé - Maputo

Cell: 82-307 3450 (PBX)[email protected]

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6 | ZAMBEZE | OPINIÃO |

De uma guerra fria a outra 3/ em tempo de eleições

Jornal Publico-Pt

“O t e m -po em que as e m -presas

privadas chinesas reduziam as ligações ao Partido Comunis-ta acabou. De acordo com os cálculos do The Economist, cerca de 400 das 3900 compa-nhias inscritas nas Bolsas de Valores da China Continental prestam homenagem ao Par-tido Comunista e ao seu líder nos seus relatórios de contas deste ano. Referências à lide-rança de Xi Jinping, quer em empresas públicas, quer do sector privado, aumentaram mais de 20 vezes desde 2017”.

Esta passagem de um artigo do semanário The Econo-mist, da edição de 15-21 de Agosto deste ano, dá conta de um fenómeno que é o crescente controlo do Partido Comunista sobre todas as actividades políticas e sociais do país, especialmente da Economia, e do crescimento do poder do Presidente Xi dentro do Partido Comunista.

A originalidade do modelo inaugurado, depois da morte de MaoTse-Tung e da neutra-lização do bando dos Quatro por Deng Xiaoping, fora um interessante “socialismo de características chinesas” que foi evoluindo para uma espécie de capitalismo de direcção central. Em matéria económica e da sua relação com a política, não podemos deixar de pensar no modelo da Alemanha nacional-socia-lista em que, não procedendo a nacionalizações e deixando incólumes os grandes grupos industriais alemães, vários deles familiares, como os Krupp, os Thyssen, ou os Quandt, Hitler foi-os orien-tando para obedeceremaos seus desígnios políticos e se prepararem para servir uma economia de guerra.

É claro que em tempo, lugar e mentalidades, são realidades bem diferentes. Mas o modo do Estado lidar com a Econo-mia não é tão diferente assim. Estamos perante um capi-talismo de direcção central que, nos últimos tempos, foi apertando com as empresas no sentido de as enquadrar mais nos objectivos do po-der político, controlando de perto a gestão e proceden-do, a partir de acusações de corrupção, a um saneamen-to de quadros dirigentes.

É certo que a tensão cres-cente com os Estados Unidos contribui, por um lado, para este controlo; mas, por outro, o controlo justifica, da parte de Washington e de vários países europeus, uma maior relutância em aceitar as em-presas chinesas como sócias, como parceiras ou como compradoras de posições.

Neste sentido, as últimas se-manas registaram, para além do fecho do consulado em Houston, várias represálias de Washington contra compa-nhias chinesas, precisamente na base da sua dependência do poder político e de se poderem, por isso, tornar perigosas para a segurança nacional americana. Já fora o caso da gigantesca Huawei. Na base das suas ligações ao Governo de Pequim, Trump baniu em 2019 a Huawei das redes de comunicação norte--americanas; outras compa-nhias chinesas podem vir a ter o mesmo destino. Mais recentemente, a Tiktok e a Wechat, duas apps chinesas, foram também objecto de medidas de restrição e afas-tamento dos Estados Unidos.

Será que estas acções, a que Pequim não pode deixar de retaliar, vão acabar, caso Trump seja vencido por Bi-den em 3 de Novembro de 2020? Tudo leva a crer que

não. Na verdade, os norte--americanos alarmaram-se com a rapidíssima progressão da China, que passou de 11ª economia mundial, nos finais de 1970, para segunda nos nossos dias; e parece agora que, com plena normalida-de e direito, querem que o seu papel político-militar corresponda ao peso da sua economia, uma econo-mia entretanto globalizada.

A China tornou-se num Estado mais centralizado politicamente, passando de uma espécie de directório ou colectivo na Comissão Permanente do PCC para uma forte liderança pessoal de Xi. Por outro lado, nos últimos tempos, abriu frentes de tensão nos Himalaias com a Índia, em Hong Kong com a população, no mar do Sul da China com os americanos e com os poderes vizinhos; e subiu a tensão com Taiwan, pondo em causa, depois de Hong-Kong, a ideia e a esperança de uma reunifi-cação pacífica futura. Foi a passagem de um naciona-lismo defensivo, prudente, atento a não suscitar descon-fiança nem inimizade, para uma posição mais agressiva.

Do lado americano –além da normal cautela e preven-ção que o poder hegemónico sempre tem em relação ao challenger – o debate em volta da Covid-19 e a polé-mica das responsabilidades azedou muito as percep-ções e relações entre os dois poderes.E nos Estados Uni-dos não é, como na China, um problema exclusivo a nível da liderança, mas uma questão que toca o conjunto da população, na medida em que o tema virá com certeza à baila nas eleições.

Trump já fez da China e da resistência à ameaça da China, ao “vírus chinês”, um

cavalo de batalha eleitoral. Biden não pode dar-se ao luxo de ignorar o problema ou de ser “soft on China”; mas também não pode seguir Trump numa linha de confli-to, mesmo que só retórica.

Mas se há alguma coisa em que a opinião pública e os eleitores americanos republicanos e democráti-cos parecem estar unidos, é na suspeição e contenção da China. Mas sente-se em ambos os partidos e a nível do próprio poder e das altas direcções, uma ausência de estratégia para lidar com Pe-quim. O team Biden-Harris, tão atento às ofensas aos direitos humanos e cívicos das minorias americanas, não pode desinteressar-se das situações das minorias de Hong-Kong, dos Uighurs, dos muçulmanos do Xinjiang.

Em ambos os partidos os líderes políticos sabem que a ideia optimista de que o desenvolvimento eco-nómico pós-maoista iria lançar as bases para uma progressiva liberalização do sistema foi um engano. Ou se não foi, passou a ser.

A despeito de uma atitude recente – sobretudo depois da Covid-19, de confrontação quase aberta com Pequim – a Administração Trump passou por altos e baixos e contradi-ções na sua política “chinesa”.

Biden terá que apresentar as suas propostas a lidar com o “dilema da China”. Endurecer, seguir a linha de confrontação de Trump, pode esvaziar a sua política externa, numa altura em que ela está secundariza-da pelas agendas internas. A ideia é que a eleição ameri-cana está equacionada em volta do campo Trump e do campo anti-Trump. Biden, pessoalmente um candidato género “goodguy”, mas ma-nifestamente pouco focado

em debater questões abertas, foi escolhido pelo seu perfil pessoal e ideológico mode-rado. O establishment demo-crático percebeu que Sanders ou Elizabeth Warren eram demasiado radicais – mes-mo sendo melhores e mais fortes argumentadores que Biden, que sofre de frequen-tes confusões e alheamento de memória. Mas o que está inscrito como prioritário é tirar Trump da Casa Branca, seja como for ou pelo que for.

Trump, além das razões objectivas e racionais da China como challenger, tem todo o interesse em manter a agenda da China como um problema central da campanha. E os chineses, de certo modo, deram-lhe muni-ções para o fazer, com o seu comportamento mais agres-sivo interna e externamente.

Biden não pode permitir-se ser um “seguidor” da política de Trump, mas também não pode aparecer como um fraco ou demasiado aberto à conciliação com Pequim nas questões de direitos humanos e de comércio.

Ambos os candidatos mani-festam vontade de, neste tema, trabalharem com os aliados, estabelecendo coligações com os europeus. Este é um dos propósitos declarados de Biden, mas Trump não se irá afastar muito desta linha, já que a Europa – hoje uma par-ceria comercial dos dois po-deres em termos comerciais quase iguais, trará um ap-port importante à contenção.

De qualquer modo, tudo isto se passará num mundo “assustado” e “doente”, peran-te os riscos de novos surtos epidémicos e onde o receio da escalada da guerra fria comer-cial e política para uma guerra mais quente, vai com certeza funcionar como dissuasor.

Jaime nogueira Pinto

Quinta-feira, 20 de Agosto de 20206 | ZAMBEZE

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ZAMBEZE | 7| OPINIÃO |

Breve análise da Convenção C190 da OIT e o quadro jurídico moçambicano

O a s s é d i o m o r a l e sexual no lo-cal de trabalho é sem dúvidas um tema sério e que

exige de todos uma aborda-gem frontal e incisiva, uma vez que afecta não só a vítima, isto é, o trabalhador, aquele que para muitos é considerado o bem mais valioso da empresa, mas também afecta a empresa.

O assédio moral e sexual no local de trabalho é um problema global, basta lembrar de alguns casos mediáticos de assédio em que estiveram envolvidas gran-des personalidades mundiais, tais são os casos do produtor de Hollywood Harvey Weinstein e várias actrizes, sobretudo no início da carreira, o ex-presidente do Israel Moshé Katzav e seus ex-funcionários, o então pre-sidente dos Estados Unidos da América Bill Clinton e a sua estagiária Mónica Lewinsky, entre outros. Cá em Moçambique, recentemente foi despoletado um arrepiante caso de assédio sexual em massa no XL Curso básico da Escola Prática da Polícia (EPP)- Matalana, alegadamente perpetrado pelos formadores, tendo resultado na gravidez de cerca de 15 instruendas( sobre esta matéria, encarregamo-nos abordar nas próximas edições).

Por isso, como forma de responder a esta problemática do assédio sexual no local de trabalho, no dia 21 de Junho de 2019, em Genebra, durante a 108ª Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), foi aprovada a Convenção sobre a Violência e Assédio nº 190 (C190), com vista a eliminação da violência e assédio no mundo do trabalho1.

A aprovação desta convenção, primeira do género, ainda não ratificada por Moçambique, demonstra a preocupação da OIT e seus estados-membros, na regulação e protecção das vítimas destas práticas, e a necessidade de garantir um bom ambiente de trabalho, dignidade humana e justiça social aos trabalhadores.

Por isso, neste artigo propomo--nos resumidamentereflectir sobre o assédio (moral) e assédio sexual, na perspectiva da C190 e do quadro jurídico moçambicano, seu conceito, âmbito, caracte-rísticas, e meios de protecção e prevenção. Esperamosigualmente contribuir no debate de ideias na revisão da actual lei do trabalho moçambicana, e ainda propiciar maior divulgação de tais práticas para que se tornem mais facil-mente reconhecíveis, ensejando a implementação de regras e pro-gramas mais abrangentes, claros e incisivos, tanto no que se refere à legislação, quanto à actuação dos empregadores na protecção eficaz contra o assédio (moral) e sexual à pessoa do assediado, para que estas situações sejam evitadas, diminuindo a sua incidência.

A Lei nº 23/2007, de 1 de Agosto, Lei do Trabalho (LT), não define o assédio(moral) ou assédio sexual, e nem seu âm-bito, facto que cria dificuldades e suscita diversas interpretações na aplicação de sanções rela-cionadas com o assédio (moral) e sexual no contexto laboral.

O nº 2 do artigo 66º da LT, ape-nas considera o assédio (incluindo o sexual), como infracção passível de sanção disciplinar, quando praticado no local de trabalho ou mesmo fora dele, desde que inter-fira na estabilidade do emprego ou na progressão profissional.

Por outro lado, o nº 1 do artigo 1º da C190 define “violência e assédio” no mundo do trabalho como uma variedade de compor-tamentos e práticas inaceitáveis, ou ameaças, que ocorra uma ou repetidas vezes, que vise, ou provavelmente resulte em danos físicos, psicológicos, se-xuais ou económicos, e inclui violência e assédio de género.

O anteprojecto da revisão da actual LT, já submetido na Assembleia da República na anterior legislatura, apresenta propostas de definições do assé-dio (moral) e do assédio sexual.

Assim, de acordo com oreferi-doanteprojecto da LT, considera-se como assédio (moral), qualquer

comportamento concatenado e inconveniente, designadamente o que tenha por base em factor de discriminação, que seja praticado no momento de acesso ao empre-go ou ainda no próprio emprego, trabalho ou formação profissional com a finalidade de abalar, causar perturbação ou constrangimento a determinada pessoa com gestos, palavras ou violência, atingindo a sua dignidade, ou originando ambiente laboral intimidativo, discriminatório, humilhante ou vexatório, hostil, desestabiliza-dor da saúde física e psíquica.

Enquantoo assédio sexual é de-finido como todo o acto constran-gedor de determinada pessoa, feito com gestos, palavras ou com o re-curso a violência que visa obter fa-vorecimento ou vantagem sexual.

Esta proposta de conceito e definição do assédio e do assédio sexual em sede da revisão da nossa LT representa sem dúvida um grande avanço no ordenamento jurídico moçambicano, dada a necessidade que existe em regular esta matéria cada vez mais actual e necessária no mundo do trabalho.

Conforme se pode notar a partir das definições do assédio e do assédio sexual propostos na revisão da LT, no assédio temos a manifestação de ataques verbais ou físicos ofensivos ou humilhantes, podendo abranger a violência física e/ou psicológica, susceptível deafectara auto-estima da vítima e, em última análise, a sua desvinculação ao posto de trabalho, enquanto, no assédio se-xual, os referidos comportamentos indesejados, de natureza verbal ou física, revestem carácter sexual (por exemplo, convites de teor se-xual, envio de mensagens de teor sexual, tentativa de contacto físico constrangedor, chantagem para obtenção de emprego ou progres-são na carreira em troca de favores sexuais, gestos obscenos, etc).

A Convenção C190 vem esta-belecer um novo padrão interna-cional de trabalho na questão do assédio e do assédio sexual(âmbito pessoal), e tem como âmbito proteger trabalhadores vitima de assédio e de assédio sexual,

independentemente da sua con-dição contratual, e inclui pessoas em treinamento, estrangeiros e aprendizes, trabalhadores cujos contratos cessaram, voluntários e candidatos a emprego. Reco-nhece também que, indivíduos que exercem a autoridade, de-veres e responsabilidade de um empregador, também podem ser sujeitos a assédio, incluindo o sexual (nº 1 do artigo 2 da C190).

No entanto, importa referir que a LT (actualmente em vigor) não estabelece o âmbito pessoal para situações de assédio e assédio sexual, ou seja, quem pode ser vítima do assédio e do assé-dio sexual para efeitos laborais.

Analisando a proposta do con-ceito de assédio e de assédio sexual no anteprojecto de revisão da actual LT, facilmente pode-se verificar que este abrange aos candidatos ao emprego, no mo-mento do acesso ao emprego, aos trabalhadores no próprio emprego, ou aos estagiários ou aprendi-zes em formação profissional.

É preciso notar que, de acordo com a C190, o assédio e o assédio sexual afectam a mais sujeitos, para além dos mencionados acima e propostos em sede da proposta de revisão da LT. Tal é o caso dos voluntários2, e dos trabalha-dores cujos contratos cessaram.

A legislação moçambicana também deveria considerar assé-dio e assédio sexual, os casos em que o subordinado do superior hierárquico pratique actosdefi-nidos como tal relativamente ao seu superior hierárquico.Isto é, o assédio não deveria se limi-tarapenas aquele praticado pelo superior hierárquico contra seu subordinado, pois é possível inverter a pirâmide dos sujeitos.

Para além do assédio que ocorre no local de trabalho (instalações do empregador), a C190 vem alargar o seu espaço geográfico, considerando igualmente como assédio o que ocorre nos locais onde o trabalhador é remunera-do, repousa, toma a sua refeição ou usa as instalações sanitárias, lavagem, ou troca de roupa, du-rante a viagem de trabalho, trei-

namentos, eventos ou actividades sociais relacionadas ao trabalho, comunicações relacionadas ao trabalho (inclusive por meios de tecnologias de informação e comunicação, aqui incluindo e-mail, grupos de WhatsApp, Facebook, etc.), as deslocações de ida e volta ao local de trabalho. A C190 também reconhece que, o assédio e assédio sexual podem envolver terceiros, aqueles que en-tram em contacto com a empresa.

Do acima exposto, notamos que, ao nível da nossa legislação é importante definir de forma clara,o âmbito pessoaldo assédio e assédio sexual, e alargar nos termos da C190. Por outro lado, urge igualmente definir o espaço geográfico e o meio pelo qual se pode praticar o assédio e assédio sexual, pois, muitas vezes, o assé-dio não acontece apenas nas ins-talações da entidade empregadora (local de trabalho), estrito senso, conforme demonstra-se acima.

Por outro lado, importa destacar que, o actual código penal pune no seu artigo 224 (3)3 o assédio sexual (resultante da relação la-boral), com multa que varia de vinte a quarenta salários mínimos. A recente Lei de Revisão do Có-digo Penal4aprovada e publicada (vacatio legis), e que entrará em vigor em Dezembrode 2020vem agravar as penas aplicadas aos casos de assédio sexual (resultante da relação laboral), ao estabelecer que, quem praticar este tipo de crime será punido com a pena de prisão até 2 anos e multa correspondente.

Notamos que há um enorme esforço legislativo de se proteger as vítimas do assédio e assédio sexual, não obstante as dificuldades associa-das a prova, no entanto, julgamos ser necessário que se criem meios de prevenção, através do envolvi-mento de todos sujeitos da relação laboral, é o caso do trabalhador e o sindicato representativo, emprega-dores e seu sindicato representativo.

*AdvogadoAgente Oficial da Propriedade IndustrialE-mail: [email protected]

1 Violence and harassment Convention, 2019 (No 190), Convention concerning the elimination of violence and harassment in world of work.2 De acordo com o Decreto nº 52/2017, de 11 de Outubro, que aprova o Regulamento da Lei do Voluntariado, voluntário empregado é todo o indivíduo, nacional ou estrangeiro vinculado a uma entidade empregadora.3 Lei nº 35/2014 de 31 de Dezembro – Lei da revisão do Código Penal.4 Lei nº 24/2019 de 24 de Dezembro de 2019, que aprova o Código Penal, ex viLei nº 7/2020, de 18 de Junho de 2020, que prorroga o período de vacatio legis.

O Assédio (sexual) no Local de Trabalho.

César CarLos aLberto FranCisCo vamos ver*

ZAMBEZE | 7Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020

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| OPINIÃO |

EditorialCombate cerrado

ao terrorismo

dougLas madJiLa

Tínhamos de facto a certeza de que essa riqueza consistiria na vitimização da maioria, do povo, o que não veio à previsão foi a fatalidade a que estamos hoje entregues e não só, a chegada madru-gadora desta mesma vitimização. Essa possibilidade, que é hoje uma realidade, surgiu no debate público oriundo dos quatro cantos do Índico, aquando do apagão causado pela explosão do famoso ca-lote, dívidas ocultas, mutilador feroz da economia moçambicana.

Em conversas de senso comum nasciam questões que suscita-vam a busca de algumas respostas, dentre as quais as condições ou recursos para resposta à tamanha dívida e 2023 era o ano apontando como o de pagamento da dívida, pois este constituía - é que não constitui ainda - o ano em que os recursos naturais começarão a trazer rendimentos. Essa realidade dava-nos cer-teza de que a postura não seria a mesma, o país tal como os seus cidadãos haveriam de mudar e, muito provavelmente, a maioria, o povo nesse caso, estaria como habitual na posição de capim, e não o da esperança que ao menos se dá ao luxo de crescer como quer e se remover quando assim o acha certo.

Das nossas previsões parece que estava tudo distorcido excepto a produção de vítimas e, infelizmente, enquanto pensávamos na existência de vítimas de humilhação e exclusão, a realidade nos é ainda mais amarga, vive-se uma descarga de dissabores mortais por conta da riqueza natural, Cabo Delgado. Aparentemente nem os elefantes parecem ter controlo da briga e estão também se socorrendo da fraqueza do capim, capim este que nunca se quis ver crescer e, por consequência disso, revela-se hoje muito curto, muito pequeno para tamanho real, resumindo, a arma foi descarregada há um tempo e só agora saiu o tiro e pela culatra.

Esse tiro atingiu-nos a todos, estamos baralhados a procura não só de soluções, mas de possíveis causas ou então dos causadores e isso já parece até um jogo de advinhas em cada comentador ou pensador vai tentado a sua sorte e enquanto isso, cresce o número de vítimas mortais em Cabo Delgado. Entre armas e gás, esta província, vai ficando fora do controlo político, ideológico e até territorial de Moçambique, afogando-se paulatinamente para as profundezas do rio Rovuma sem que se saiba quem de facto a afunda, se são os seus, se são os outros ou então se são eles.

Falando neles, espanta-nos a existência de uma brecha que os deixa numa situação de derrotados, ou seja, se não são eles então estão perdendo a luta, estão de facto a sofrer uma derrota igual a que sofreu o colono no século passado, estão cedendo a vitória para os futuros (antigos) combatentes e parece que não se estão apercebendo da decadência dos poderosíssimos antigos combatentes, os vencedores da luta armada, os merecedores indiscutíveis do bem-estar em território moçambicano, ou então eles perderam o sentido soberano e territorial da coisa, não se importando com a perda de algumas parcelas, ou ainda o ego lhes subiu a cabeça e a popular união existente entre eles desfaleceu, reduziu a escala e já não importa a redução e ou ameaça dos seus poderes desde que isso represente um fracasso individual, o do dirigente neste caso, os outros dentre eles não se importam.

Contudo, pouco importa a razão que os leva ao desleixo, ou a derrota, a verdade é que nós somos as vítimas, o ca-pim dessa briga e, para nós, Cabo Delgado também é Mo-çambique, recusamos firmemente perder esse território, e eles nos devem isso, a terra e as vidas, juraram honrar com isso portanto, somos Cabo Delgado e é assim que deve ser.

Sabíamos que seríamos vítimas dos

recursos naturais

KELLY MWENDA

O tempo urge. Estratégias de enfrentar os insurgentes em Cabo Delgado necessitam de ser revigoradas. O protagonismo de desestabilização do terrorismo em Cabo Delgado vai completar três anos, o que nos faz pensar e meditar sobre uma série de acções ou falta de acções, que sem dúvida, os cidadãos também questionam, e em maior medida os milha-res e milhares de pessoas afectadas, bem como os familiares de todos aqueles que foram assassinados e torturados por terroristas que baseiam as suas acções em interpretações relacionadas à sua religião e ao seu fanatismo, para implantar suas crenças e seu poder assassino, e tentar acabar com a nossa democracia e nossa cultura de liberdade e direitos.

É verdade que, quando começaram os ataques às aldeias, as autoridades não deram a importância que este assunto exigia, e não viram o perigo que representava este movimento terrorista, que também está presente em vários países africanos, com resultados perigosos para o quotidiano dos cidadãos, da economia, bem como para a integridade do nosso país.

Até há poucos meses, éramos classificados como malfeitores, as autoridades não queriam aceitar que se tratasse de um movimento terrorista, embora fosse evidente. Possivelmente, esta interpretação irrealista atrasou por parte das autoridades uma série de decisões e acções que fragilizaram a eficácia da luta contra o terrorismo e não foram tomadas as medidas necessárias para fortalecer e preparar as instituições para enfrentar o terrorismo com mais sucesso, o que nos leva a considerar que o terror continuará activo por muito tempo.

É verdade que Moçambique não tinha experiência na área de terrorismo, que este é um factor novo, mas também não parece que tenham sido dados os passos adequados. Também temos que admitir que o terrorismo não é fácil de erradicar, por isso é essencial organizar-se, preparar-se e manter o máximo nível de preparação possível, nos diferentes níveis das instituições de segurança.

Os cidadãos questionam sobre o facto de termos um Ministério de Defesa com uma importante cifra de oficiais de diferentes patentes e vários milhares de soldados, mas ao mesmo tempo contratamos tropas paramilitares da Rússia que foram inúteis, e mercenários de outras origens para tentar redireccionar a situação no norte. Se os nossos militares não estavam preparados para este tipo de missão, porque nestes quase três anos não foram preparados de forma adequada e profissional para este tipo de acção?

Não podemos deixar de analisar o que está acontecendo em outros países, a exemplo do Mali, do Burkina Faso, que sofrem do mesmo fenómeno, o que sugere que, de acordo com o teatro das operações, se as decisões certas não forem tomadas, também pensando a médio prazo, vamos repetir os mesmos erros.

Os terroristas jihadistas por meio de assassinatos e terror estão fazendo com que os cidadãos não muçulmanos, em larga medida, não tenham alternativa a não ser fugir para outras áreas mais seguras para salvar suas vidas e abandonar as suas casas e se tornando refugiados no seu próprio país. Os terroristas destroem, ateiam fogo a todos os bens do Estado, desde hospitais, postos policiais, bancos, torres de telecomunicações, residências dos administradores e tudo o que constitui a estrutura do Estado, pois o que pretendem é destruir o nosso modo de vida democrático para impor o seu sistema autoritário religioso baseado na religião que usam para atingir os seus objectivos.

O território que conseguem controlar ou destruir para o recuperar e defender, será necessário um esforço adicional das autoridades, pois não só será necessário agir, mas também preparar um programa de retorno dos cidadãos que tiveram que fugir para se sal-var, bem como criar uma actividade económica que tornasse o retorno atraente e seguro, além de alguma ajuda social.

Não podemos permitir que um grupo de terroristas jihadistas financiados do estrangeiro e também internamente nos tire o que é nosso, de todos os moçambicanos, não podemos aceitar um estado islâmico nem aceitar todos aqueles cúmplices e traidores que colaboram, informam e financiam. Estes devem ser processados, julgados e condenados com as penas máximas que a lei permite.

O terrorismo não se combate apenas com acção, o que é imprescindível, mas é preciso também compreender, analisar e estudar a filosofia, suas conexões, seu financiamento e todas as informações possíveis para agir com maior conhecimento, o que sem dúvida levaria a uma maior eficiência e melhores resultados.

Quinta-feira, 20 de Agosto de 20208 | ZAMBEZE

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| NACIONAL |

Província de Tete

Mais de três mil trabalhadores perderam empregos no primeiro semestre de 2020

Pouco mais de três mil trabalhadores perderam os seus empregos no primeiro semestre de 2020 na província de Tete devido a pandemia da Covid-19. Deste número, cerca de 900 postos poderão ser recuperados nos próximos tempos.

Esta e outras in-formações foram reveladas, esta segunda-feira, dia 17, pelo Gover-

nador do Conselho Executivo Provincial, Domingos Viola, durante a audiência de cortesia que concedeu a um grupo de de-putados membros da Comissão dos Assuntos Sociais, do Géne-ro, Tecnologias e Comunicação Social, CASGTCS, da Assem-bleia da República que, naquela parcela do país, fiscaliza a ac-tividade governativa nas áreas de sua competência regimental.

Na província de Tete e não só, a pandemia da Covid-19 repercute-se em vários sectores da vida económica e sociocul-tural. No sector laboral forçou o encerramento de cerca de 70 empresas, afectando mais de sete mil empregos maioritaria-mente nas mineradoras Vale e Gindall, para além da cessação

de 1.300 contratos laborais.O Governador do Conselho

Executivo Provincial explicou que as negociações entre o pa-tronato, os sindicatos e as auto-ridades governamentais, visan-do a manutenção dos postos de emprego não tem vindo a produ-zir resultados satisfatórios. ʺEm termos gerais, a componente social está seriamente compro-metida por esta doença mun-dial em Teteʺ, sublinhou Viola.

No entendimento daquele dirigente, 2020 é um ano du-plamente atípico, na medida em que para além da eclosão do novo coronavírus, a provín-cia e o país implementam, pela primeira vez, o modelo da Go-vernação Descentralizada, cuja concretização requer tempo.

A aprovação tardia dos ins-trumentos de governação e a não disponibilização atempada de fundos para a materialização dos planos elaborados são, en-tre outros, segundo a fonte, os

aspectos visíveis deste modelo.

A localização geográfica de Tete preocupa o Governador do Conselho Executivo Provincial na medida em que o vizinho Malawi tem vindo a contribuir para o avolumar dos casos po-sitivos da Covid-19 naquela região central de Moçambique.

Segundo Viola, as fragili-dades fronteiriças e a tomada tardia das medidas de preven-ção do novo coronavírus por parte das autoridades mala-wianas contribuem para rápi-da propagação da pandemia mundial na província de Tete.

No âmbito da preparação para o reinício das aulas pre-senciais, as autoridades gover-namentais de Tete realizaram o levantamento das necessidades das escolas em relação a núme-ros de salas de aulas, alunos, professores, pessoal serventu-ário, tanques de água, electro--bombas e outros aspectos importantes para a sua retoma.

Todavia, o Governador do Conselho Executivo Provincial referiu-se a necessidade de em-preender mais esforços para que

o reinício das aulas presenciais não seja mais um contributo para o avolumar dos casos po-sitivos da Covid-19. Satisfeito com o reforço de mais de seis milhões de Meticais para o sane-amento e limpeza dos estabele-cimentos de ensino, Viola apela ao envolvimento de todos para o sucesso das aulas presenciais.

No encontro dos órgãos do Conselho Executivo e de Repre-sentação do Estado na província de Tete com a delegação parla-mentar foi enumerado um leque de actividades desenvolvidas no decurso do primeiro semestre de 2020 no âmbito da preven-ção da Covid-19, dentre elas a abertura de centros de isola-mento provincial e intermédio ao nível dos distritos e criação de equipas de resposta rápida aos casos que foram surgindo e montagem de 14 pontos de ras-treio nas principais entradas, en-tre eles no Aeroporto de Chin-godzi e nas fronteiras terrestres.

O Informe apresentado pela Directora do Serviço Provincial de Assuntos Sociais, Carla Mos-se, revela que, no capítulo de controlo de doenças, houve au-mento de 5,1 porcento do núme-ro de casos de malária ao regis-tar 358.506 em 2020, com uma taxa de incidência de 123 por 1000 habitantes contra 341.259 casos e uma taxa de incidên-cia de 116.1 por 1000 habitan-tes em período igual de 2019.

A redução de casos de diar-reia em 12,7 porcento ao noti-ficar 34.908 casos no período em analise, contra 39.955 no período similar em 2019 e a notificação de 4.459 doentes com Tuberculose dos 5.798 esperados, representando um índice de cumprimento de 76,9 porcento e uma taxa de notifi-cação de 154/100.000 habitan-

tes. Contra 3.541 casos de igual período de 2019 são outros da-dos que constam do informe.

A Relatora da CASGTCS e Chefe daquela delegação parla-mentar, Maria Angelina Dique Enoque, explicou que o Grupo se encontra em Tete para afe-rir o grau das actividades re-alizadas durante o I Semestre deste ano, no âmbito da imple-mentação do Plano Económi-co e Social de 2020 nas áreas de competência regimental.

Reagindo ao Informe, a De-putada Enoque saudou a coor-denação e colaboração entre os dois órgãos da Governação Des-centralizada na materialização dos seus propósitos que concor-rem para o bem servir ao públi-co tendo como objectivo funda-mental a criação de condições para o bem-estar da população.

Depois de alguns acrésci-mos ao Informe, a parlamen-tar apontou a necessidade de imprimir maior dinamismo no cumprimento dos programas de governação, nas actividades de sensibilização para levar a sério as medidas de preven-ção da Covid-19 e na criação de condições condignas para o reinício das aulas presenciais.

No âmbito da visibilidade, as actividades de fiscalização das Comissões de Trabalho da Assembleia da República são realizadas em parceria com o Instituto para a Democra-cia Multipartidária, IMD. Na província de Tete, o grupo da CASGTCS vai escalar, su-cessivamente, os Distritos de Angónia e Chiuta, bem como a cidade capital para, de for-ma interactiva, reunir-se com os diversos extractos sociais e inteirar-se da implementação dos programas de governação.

ZAMBEZE | 9Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020

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| NACIONAL |

KELLY MWENDA

Save The Children internacional oferece ao Governo material de prevenção da Covid-19

A Save The Children Internacional, em Moçambique, prece-de a entrega de diversos materiais de protecção para a prevenção da nova pandemia da Covid-19 ao governo da província central moçambicana de Manica, destinados principalmente ao pessoal médico e serventuário que estão na linha da frente nos centros de isolamento e tratamento desta nova pandemia ao nível de Manica.

A província de Manica já conta com dois óbitos confirmados por Covid-19, pois

os casos da positividade para o novo Coronavírus tendem a disparar na província nas últi-mas semanas, facto que levou o governo desta parcela do país a lançar um apelo aos parceiros de cooperação a se juntarem aos esforços de modo a com-bater esta pandemia mortífera.

Em resposta ao apelo, a Save The Children Interna-cional em Moçambique junto dos seus parceiros ofereceu Kits consideráveis de material de prevenção do novo Coro-navírus, avaliados em cerca de 2.300.000.00MT (dois mi-lhões e trezentos mil meticais).

Trata-se de 9800 pares de luvas para uso de médi-cos, 3400 tocas descartáveis,

3000 máscaras cirúrgicas, 850 aventais reutilizáveis, 200 máscaras N-95, 250 pares de óculos de protecção, 200 uni-dades de Álcool glicerinado, 90 pares de luvas para limpeza.

Consta ainda no rol dos kits de material, 15 viseiras para pessoal médico, 47 pares de bo-tas para uso nos centros de iso-lamento, 72 pares de vestuários de protecção, 3096 unidades de sabão em barras e 500 másca-ras caseiras que é destinado não só ao pessoal da saúde, como também ao sector de educação, visto que se prevê para breve a retoma da aulas presenciais.

A directora provincial de programas na Save The Children em Manica, Ana Dulce Guizado afirma que o material visa contribuir no aumento da capacidade de resposta de sistema de saú-de a pandemia da Covid-19.

Operação “Chave legal, Chave Segura”

AT espera arrecadar 60 milhões de meticaisA Autoridade Tributária (AT) de Moçambique está a levar

a cabo uma operação de regularização de viaturas com ma-trícula estrangeira que se encontram no país há mais de 30 dias, cujos proprietários não tenham intenção de devolvê-los à procedência.

Esta operação, de-signada “Chave legal, Chave Se-gura”, segundo director geral das

alfândegas de Moçambique, Taurai Tsama, vai permitir ao Estado moçambicano arrecadar cerca de 60 milhões de meti-cais.

“Queremos convidar a to-dos compatriotas com veícu-los na situação acima descrita, a aproximarem-se aos nossos locais de desembaraço em to-das províncias, devidamente identificados com toda docu-mentação que lhes conferem a propriedade do mesmo de modo a regularizar a sua si-

tuação”, disse Taurai Tsama.Num outro desenvolvimen-

to a fonte explicou que no le-vantamento feito no Parque Nacional de Viaturas, consta-tou-se que parte significativa de veículos introduzidos no país sob Licença de Importa-ção Temporária, não tem sido reexportada acabando, por circular ilegalmente violando assim a Legislação Aduaneira.

“Algumas destas viaturas, motociclos, atrelados, tracto-res e barcos, estão a circular com documentação obtida fraudulentamente, isto é, com títulos de propriedade perten-centes a outros veículos ou licença de importação tempo-

rária expiradas”, acrescentou.A Autoridade Tributária

de Moçambique tem realizado há mais de 5 anos campanhas

de regularização de viaturas com matrícula estrangeira, com objectivo de garantir que todos os meios circulantes de

importação definitiva, estejam legalmente desembaraçadas e colectar a respectiva receita.

Durante esse processo, fo-ram regularizados cerca de 3.884 veículos nos últimos três anos e colectados 128,93 mi-lhões de MT. E na última opera-ção realizada, entre Outubro de 2018 a Fevereiro de 2019, fo-ram regularizados 687 veículos em todo o país e arrecadados cerca de 49,32 milhões de MT.

De referir que, segundo Taurai Tsama, a maioria dos veículos que circulam irre-gularmente, com matrícula estrangeira em Moçambique, cerca de 80%, são sul-africa-nos e 5% da Swazilândia. As províncias de Maputo, Inham-bane e Gaza destacam-se com maior número de veículos com matrículas estrangeiras em re-lação as restantes províncias.

“A Save The Children é uma organização de apoio a criança, mas para podermos chegar a criança neste âmbito da Covid-19, sabemos que te-mos que proteger as pessoas que cuidam destas crianças e que também cuidam da popu-lação em geral, então fazemos porque sabemos que o pessoal médico está na linha da frente, está em alto risco de contrair a Covid e se esse pessoal fi-car afectado, automaticamente

mesmo as próprias crianças podem ficar afectadas”, disse.

Ana Dulce Guizado explica que o significa parte de traba-lho que a Save The Children leva a cabo nas comunidades, por esta razão acções do gé-nero continuarão. “O compro-misso da Save The Children vai ser continuar dentro da sua capacidade apoiar o sistema de saúde e de educação para poder responder e minimizar o ris-co de crianças ficar infectadas

com a Covid-19”, acrescentou. O chefe dos serviços pro-

vinciais de representação do es-tado em Manica, Edson Macu-ácua agradece o gesto da Save The Children, sendo um parcei-ro do governo provincial, pois é uma oferta que realmente vai reforçar a capacidade de respos-ta de prevenção e combate ao novo Coronavírus em Manica.

“Verifica-se uma tenência crescente de casos de infecção pelo coronavírus já com registo declarado de dois óbitos na nos-sa província, o que significa que devemos reforçar as medidas de prevenção e combate ao Co-ronavírus em Manica. Estamos satisfeitos porque no material que aqui oferecido pela Save The Children temos um boa parte do mesmo que é destina-do a reforçar ao próprio pesso-al da saúde”, disse Macuácua.

Secretário do Estado da província de Manica, Edson Macuácua assegurou que o material oferecido pela Save The Children será encaminha-do aos sectores da saúde e de educação de modo a combater esta pandemia que os casos de positividade para esta doença tendem a crescem em Manica.

Quinta-feira, 20 de Agosto de 202010 | ZAMBEZE

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| NACIONAL |

Autarquia de Xai-Xai melhora vias de acesso nos bairros de expansão

O município de Xai-Xai regista crescimento demográfico assinalável, ao mesmo tempo que apresenta ocupação desor-denada e informal, que há anos apela para correcção. Para melhorar este quadro, a edilidade está a levar a cabo um plano de ordenamento territorial a abranger os bairros da Praia e Patrice Lumumba, que consiste em abertura e am-pliação de vias de acesso, que deve reflectir-se na melhoria de acessibilidade e comunicação entre os bairros de expansão.

Com o aumen-to demográfico assinalável na urbe, a criação de novos bairros,

que de algum modo acaba ge-rando desordenamento territo-rial, num relevo caracterizado por zonas baixas e altas, de-nominado também por assen-tamentos informais. O plano em curso vem corrigir alguns erros de anos e responder ne-cessidades de mobilidade.

O parcelamento, abertura e ampliação de ruas dentro deste plano envolve os bairros Patri-ce Lumumba e parte do posto administrativo de Praia, de-pois de em 2016 a edilidade ter efectuado a entrega de terrenos aos munícipes daquela urbe.

A edilidade defende que seja fundamental a ligação de postos administrativos da urbe sem que se tenha de recorrer à EN1. Com efei-to deverão dentro do plano ser abrangidos outros pon-tos como Chinuguine, Praia--velha, Lago Ntsandzavane.

O plano cuja implemen-tação arrancou há dias foi, semana passada, apresentado nível de execução aos mem-bros da Assembleia Autárqui-ca, que partilham da ideia de melhorar a vida dos munícipes nas várias vertentes da vida.

“Para além de abertura de vias de acesso neste pon-to (Patrice Lumumba), cons-titui nossa preocupação a comunicação deste assenta-

mento humano para que não seja uma ilha”, explicou uma fonte da estrutura local.

Há muito que os muníci-pes daquela urbe queixam-se da precariedade das vias de acesso nos novos assentamen-tos, o que compromete em grande medida a própria es-trutura dos bairros, bem como a entrada de serviços básicos.

“Precisamos trabalhar para corrigir alguns erros urbanísti-cos, desde o tamanho das ruas,

que são maioritariamente de dez metros, em alguns lugares com menos extensão do que isso, para além disso, nalguns pontos não há como sair de carro para outra estrada, e isso é urbanisticamente mau”, reco-nheceu o edil Emídio Xavier.

Gaza entre províncias com níveis de alerta da Covid-19

Os números de casos positi-vos da covid-19 a registar-se na província de Gaza preocupam autoridades daquela parcela do país. Para inverter o quadro, um conjunto de acções estão em curso no terreno, desde a intensificação de trabalhos de sensibilização nos mercados, terminais de transporte, entre outros, para além de colocação de torneiras móveis, revelou o edil da autarquia de Xai-Xai, Emídio Xavier, durante um acto de recepção de apoio em material de protecção do novo coronavírus, pela UN-Habitat.

Os casos do novo corona-

ELTON DA GRAÇA & LUÍS C. vírus continuam a crescer no país. A província de Gaza tem a particularidade de ser cor-redor que dá acesso a demais províncias do país, sendo por isso que a capital de Gaza, Xai-Xai, torna-se no ponto entrocamento de viajantes.

O crescimento de casos da Covid-19, colocando Gaza entre quatro províncias em estado de alerta, aumenta a preocupação das autoridades locais, indicou o autarca de Xai-Xai, durante uma ceri-mónia de entrega do apoio de reforço da capacidade de res-posta da cidade contra a doen-ça pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamen-tos Humanos (UN-Habitat).

“O espectro do aumento de casos da Covid-19 está instala-

do na nossa província, estamos apreensivos com os últimos dados que mostram um cresci-mento”, precisou a edilidade.

Xavier disse estar em cur-so uma série de acções levadas a cabo pelas autoridades da província com destaque para nível da urbe, para além da monitorização tendo em vis-ta a contenção da Covid-19.

Com base no apoio rece-bido, a gestão autárquica es-pera, entre outros, intensificar assistência às populações mais carenciadas com a distribui-ção de máscaras, melhorar as condições de higiene dos prin-cipais mercados municipais e nos terminais de transporte.

“Precisamos direccionar o nosso trabalho para identificar e apoiar as camadas carencia-

das, porque houver foco o risco é eminente para qualquer um”.

Para a UN-Habitat o refor-ço a capacidade da autarquia ao impacto da Covid-19 deve ser visto na vertente de criar e/ou melhorar condições para um desenvolvimento sustentável. Trata-se de um programa de apoio que vai abranger, pelo menos, 12 municípios, sen-do dois da província de Gaza.

“O município de Xai-Xai é um dos que tem aumenta-do demograficamente, com muita ocupação de solo e no-vos bairros que em algum momento resulta em assenta-mentos informais, o que levou a sua escolha para minimi-zar o impacto da Covid-19”, disse Wild do Rosário, re-presentante da UN-Habitat.

Os moldes actuais em que funciona a SADC denunciam uma organização distante de atender preocupações do povo, bem como dos objectivos fun-dacionais, com destaque para a paz e segurança na região, con-sidera o movimento Nova De-mocracia que reagia em relação à presidência do organismo que Moçambique passa a assumir.

O comprometimento com a democracia e os direitos huma-nos deixou de merecer devida atenção ao nível do bloco quan-to ao apoio mútuo efectivo em questões de paz e segurança, o que mina uma relação constru-tiva com a sociedade civil dos Estados membros, anota Nova Democracia, em comunica-do enviado a nossa redacção.

“O facto da população da África Austral não estar fa-miliarizada com a SADC e seus actos só fundamenta de forma inequívoca a imagem impopular do organismo que, vezes bastantes, varia entre o silêncio e a apatia nas questões cadentes da região”, avalia o movimento para a democracia, ao mesmo tempo que conclui

que esta deficiência resulta na insegurança dos cidadãos face ao terrorismo competiti-vo, recorrendo-se em primei-ra instância aos mercenários.

De acordo com a ND, a in-tegração regional só é possível com políticas públicas comuni-tárias, onde os cidadãos, mulhe-res e homens, actores económi-cos e os parceiros têm domínio do carácter concreto da SADC para que se possa sair do ciclo vicioso da política da avestruz.

“A Nova Democracia de-fende que a integração regional permitirá remover os obstácu-

los conjunturais da exiguidade dos mercados nacionais, da po-breza e das desigualdades, per-mitindo aos produtores realizar economias de escala, benefi-ciando mais as infra-estruturas.

Mais ainda, o movimento defende que uma integração efectiva da região resultaria uma nova abordagem na har-monização de tarifas e na re-forma do quadro legal regula-dor nos sectores estruturantes.

“Trata-se de situar a in-tegração regional a nível dos cidadãos da comunida-de e não dos governantes”

Considera movimento Nova Democracia

SADC distante das preocupações do povo

ZAMBEZE | 11Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020

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| NACIONAL |

SENAMI retém 21 imigrantes ilegais Malawianos em Manica

O serviço nacional de Migração – SENAMI em Mani-ca, centro de Moçambique, reteve, no passado fim-de-sema-na, na cidade de Chimoio, 21 imigrantes ilegais de nacio-nalidade malawiana que supostamente saíram da vizinha República da África do Sul, rumo ao seu país de origem.

Os imigrantes fo-ram interpela-dos pela PRM no posto admi-nistrativo de

Inchope, distrito de Gondola, estes que foram descarregados antes do posto policial, por um autocarro não identificado até o momento, mas o porta--voz do Serviço Nacional de Migração, Jorge Machava, afirma que os cidadãos preten-diam rumar para Malawi a pé.

Dos 21 imigrantes retidos em Manica, 9 não possuem

passaporte e os restantes 12 são portadores de passaportes den-tro do prazo, porém sem visto de entrada para Moçambique, facto que deixa o SENAMI em dúvida se na verdade regressam de África do Sul ou pretendem ficar no território nacional.

O porta-voz do SENAMI em Manica, Jorge Machava, disse que os imigrantes ile-gais serão repatriados ao seu país de origem logo que a lo-gística for disponibilizada.

“Quanto a viagem eles di-zem que estão de regresso a

Malawi, saindo de África do Sul, mas como não tem os documentos e outros não es-tão carimbados, é difícil, por isso, que a direcção decidiu que tem de ser a própria di-recção a levá-los até a frontei-ra de Zóbue”, disse Machava.

Jorge Machava considera a província de Manica como porta de entrada de imigran-tes ao território nacional, pois também é um corredor para vários países do interland, por isso o SENAMI nesta parcela do país está a trabalhar afin-cadamente de modo a repa-triar cidadãos que se fazem em Moçambique ilegalmente.

A África do Sul possui um número elevado de positivida-de de casos do novo Coronaví-

rus, facto que suscitou ao Zam-beze questionar ao Porta-voz do SENAMI em Manica se os imigrantes foram submetidos aos testes da nova pandemia, pois Jorge Machava assegura que as autoridades sanitárias estão não só a tirar amostras dos imigrantes, como também as medidas de prevenção desta doença estão a ser observados.

Falando ao semanário Zambeze, Mukawela Nkata de 39 anos de idade, profere em língua inglesa que está a regressar do seu país de ori-gem porque perdeu emprego na África do Sul por causa da pandemia da Covid-19, por onde residiu durante 3 anos.

“Eu decidi voltar a casa porque perdi meu emprego

por causa da Covid-19, en-tão estou a voltar para Mala-wi, o meu país, porque estava a sofrer, não tinha dinheiro, nem comida para sobreviver, então Malawi vai ser melhor porque é minha casa”, disse.

Patricia Longwe é uma das imigrantes retidas na província de Manica, afirma que saíram da África do Sul na quarta-feira (12 de Agosto), tendo passado da fronteira de Ressano Garcia, embora sem passaporte. “Es-tamos a sair da África do Sul, passamos da Fronteira, eu não tenho passaporte, eu decidi vol-tar porque quero ficar em minha casa, eu trabalhava como em-pregada domestica lá”, afirmou uma das imigrantes ilegais.

Kelly Mwenda

DÁVIO DAVID

12 | ZAMBEZE

A Autoridade Tributária (AT) de Moçambique vai man-dar penhorar várias empresas da praça através de suas contas bancárias em virtude de um processo de execução fiscal. Segundo fontes ouvidas pelo Zambeze, as penho-ras vão avançar mesmo na vigência do estado de emer-gência (EE) e, dessa vez, não há espaço para perdão das referidas dívidas alegadamente porque as empresas “man-daram passear” o regime e a Lei do perdão da dívida.

É que pelo Juízo Privativo das Exe-cuções Fiscais de Maputo e Cartó-rios 0 (zero), 1º,2º,

3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º correram os éditos de 30 a contar desde 29 de Junho passado, citando os executados mencionados na publicação (Jornal Notícias), seus herdeiros, ou solidários responsáveis, residentes actu-almente em parte incerta, para no prazo de 30, decorridos que sejam os éditos, satisfazerem o pagamento das importâncias indicadas, e bem assim, juros de mora e custas dos autos que lhe move a Fazenda Nacional sob pena de penhora nos termos do número 2 do Artigo 44 do Código das Execuções Fiscais.

De acordo com nossa fonte da AT, a suspensão do paga-mento das dívidas só se refe-re aos processos que estão a correr no Tribunal Aduaneiro,

porque uma vez que os prazos processuais estão suspensos, havendo um embargo feito pelo contribuinte (empresa de-vedora), o prazo para o embar-go está suspenso por conta do Decreto presidencial e, conse-quentemente, a administração não pode executar o contri-buinte sem que ele se defenda.

“Para lhe dizer que vamos iniciar com o processo de pe-nhora emitindo os ofícios para os bancos para proceder com as penhoras bancárias”, revelou a nossa fonte da AT.

Aliás, de acordo com a nos-sa fonte, neste prisma, a AT tem observado alguma aderência por parte de alguns devedo-res citados nos éditos, alguns deles alegaram que desconhe-ciam que os processos tenham ido até as execuções fiscais.

“Ignoravam, na verdade, não porque desconheciam, porque nalgum momento eles

teriam sido notificados, mas de-pois deixaram-se estar, portan-to, acharam que com a decor-rência do tempo poderia levar a um facto de eliminação destas dívidas, mas não, elas continu-am, porque existe aquilo que é o prazo de prescrição das dívidas que é de 10 anos, en-tão, enquanto não atingir os 10 anos aquelas dívidas continua-rão a ser cobradas”, garante AT.

Penhora é o preço do desleixo

Segundo apuramos, para além das notificações que as empresas devedoras recebe-ram, os éditos foram publi-cados a 29 de Junho do ano

corrente no Notícias, e mes-mo antes dos éditos estava em vigência a Lei do perdão, o Regime Excepcional de Redu-ção da dívidas Tributárias que iniciou a 1 de Maio de 2019 e terminou a 31 de Maio de 2020.

“Ora, houve publicidade, os contribuintes que quiseram ade-rir, aderiram a Lei, trata-se de uma Lei da Assembleia da Re-pública, um benefício excepcio-nal que é dado pela AR para que possa haver esta regularização das dívidas tributárias, todavia, esses expedientes não são recor-rentes, é o segundo decorrido cerca de 6 a 7 anos (…) Esses contribuintes que foram cita-dos nos éditos, sabendo da sua

situação, deveriam ter aderido a esta lei de perdão em tempo enquanto ainda estava vigente”, justificou a fonte para de segui-da acrescentar que “para dizer que alguns que constam dessa lista e que sabiam da existên-cia da lei e sabiam igualmente que eram devedores aderiram de facto ao regime, são esses que em relação a eles não será tomada nenhuma medida”.

Uma investigação em curso do Zambeze que será publicada nas próximas edições revela no-vas formas de fuga ao fisco em curso no país que, dentre outras burlas ao Estado, empresas si-mulam falências para depois abrirem com outras designações.

Empresas da praça serão penhoradasMesmo em pleno estado de emergência

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SUPLEMENTO

Um ano de reconciliação, orgulho e horizonte melhor

Não há caminho para a paz. A paz é o caminho

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| SUPLEMENTO |

6 de Agosto é pressuposto para erguer Moçambique próspero

2 Savana 14-08-2020SUPLEMENTO

Há um ano, peran-te o mundo afir-mamos publi-camente que o

nosso desejo é garantir uma paz definitiva para o povo moçambicano. Volvido este período um ano, estamos aqui para fazer uma avalia-ção do caminho que percor-remos até aqui.

Por isso, comemoramos, hoje (6 de Agosto), um ano desde que assinamos, em Maputo, o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, precisamente a 6 de Agos-to de 2019. Quero, por isso, felicitar a Renamo, através do seu presidente, por se manter firme neste compro-misso.O percurso foi repleto de desafios, tivemos de nave-gar pelas tormentas para mantermos o nosso rumo para a paz, um desiderato que não se afigura fácil. O Acordo de Paz e Reconci-liação foi o culminar de uma etapa do longo processo de diálogo político que enceta-mos com a liderança da Re-namo, visando pôr fim a um conflito armado que, ainda que localizado, dilacerava o tecido social e económico do país, bem como condi-cionava o aprofundamento do Estado de Direito Demo-crático.O acto testemunhado por eminentes personalidades nacionais, regionais, con-tinentais e internacionais, mostrou ao mundo inteiro a capacidade dos moçam-bicanos de resolver, por si sós, os seus diferendos e construir a concórdia como pressuposto para erguer um Moçambique desenvolvido e próspero.

Afonso DhlakamaO dia 6 de Agosto está im-pregnado de grande simbo-lismo nos esforços que em-preendemos para a busca da paz efectiva e duradou-ra. Foi nesta data, em 2016 que, após uma interacção virtual com o Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama. fomos à Serra da Gorongo-sa sem formalidades ao seu encontro.Num abraço fraternal e ca-

“O 6 de Agosto está impregnado de grande simbolismo”

loroso traçamos o rumo de um diálogo em torno da descentralização e assuntos militares, selando a certeza e confiança que nos permi-tiram os consensos sobre a descentralização, viabili-zando a emenda pontual da Constituição da República e aprovação de legislação conexa pela Assembleia da República.Como afirmei há um ano, somos nós os moçambica-nos que escolhemos, en-terrar, definitivamente, a confrontação armada e a violência, porque sabemos quão nefastos são os horro-res da guerra para as pre-sentes e futuras gerações.No ano passado, pela pri-meira vez, elegemos Go-vernadores como parte dos nossos esforços para reco-locar o povo no centro dos processos políticos e garan-tir a sua contínua participa-ção permanente. Á medida que vai ganhando implan-tação, o novo modelo de descentralização irá aproxi-mar cada vez mais a gover-nação, junto do cidadão. No dia 01 de Agosto de

2019, formalizámos em instrumento jurídico a ces-sação definitiva de hostili-dades militares, através da assinatura do Acordo, em plena Gorongosa, em Chi-tengo e declaramos o Par-que Nacional de Gorongosa como o Parque da Paz para tornar inequívoco o silen-ciar das armas e o enterrar das hostilidades militares.É com esse espírito de re-siliência e de confiança na vitória que estamos firmes na implementação do pro-cesso de Descentralização governativa provincial e no Desarmamento, Desmobili-zação e Reintegração (DDR) dos homens residuais da Renamo, a que aludimos, respeitando escrupulosa-mente as medidas de pre-venção contra o COVID 19. Felicito ao meu irmão Os-sufo Momade por ter aceite assumir o cargo de líder da oposição. Trata-se de um passo importante rumo à consolidação da nossa de-mocracia e institucionaliza-ção da política partidária no nosso país. Mais de 500 antigos guerri-

lheiros da Renamo regres-saram às suas casas para se juntarem às suas famílias e começar uma nova vida. Os antigos guerrilheiros expri-miram a sua satisfação pela sua reinserção, estando de-sejosos em abraçar novas formas de vida e convive-rem pacificamente com os seus vizinhos. Quero dirigir um louvor aos moçambicanos em geral, sempre nos tem sensibiliza-do como líderes sobre a ne-cessidade da paz. E agrade-ço ao cidadão comum, por continuar a colocar a paz

e a harmonia no topo dos seus valores, por acolher, com respeito e justiça, cada dia as nossas irmãs e irmãos que regressam. Estes actos permitem que as pessoas se reintegrem com dignida-de nas suas comunidades, juntamente com familiares, amigos e vizinhos. Saúdo o Partido Renamo por continuar empenhado mo processo de paz e as-segurar que esta vez a paz se torne uma realidade na zona centro de Moçambi-que.

O desafio é mantermo-nos fortes e corajosos

Saúdo igualmente a Co-missão, os Grupos de Trabalho, as autoridades

provinciais e locais, as Forças de Defesa e Segurança e os provedores de serviço por tra-balharem de forma incansável para assegurar que o processo de DDR continue a ser im-plementado com sucesso. De igual modo, dirijo uma palavra de louvor à Comu-nidade Internacional, por nos acompanharem incondi-cionalmente neste processo, prestando o apoio técnico e financeiro necessário. Para aqueles que acompa-nham o processo estando de fora deste – refiro-me aos membros da chamada Jun-ta Militar – acredito que vós tendes visto os frutos de Moçambique novo e tendes ouvido as histórias dos vos-sos antigos colegas e antigos guerrilheiros que já regressa-ram às suas casas. Encorajo--vos a virarem mais uma pági-na no compendio da história de diálogo em Moçambique, e sentarem-se à mesa para conversar e colocar para trás o passado, beneficiando, tal como nós, desta oportunidade de trazer uma nova imagem à nossa sociedade. O presente processo dotou--nos de ferramentas para resolvermos os nossos pro-blemas através do diálogo. Ensinou-nos o valor de ava-liar as principais causas do conflito para identificarmos

soluções eficazes. Mostrou--nos que juntando esforços podemos ganhar mais do que alcançaríamos se perma-necêssemos desavindos. São estas lições que tiramos ao embarcarmos na solução de outros desafios que o país en-frenta. Olhando para trás e para o ano que passou, bem como para os obstáculos que con-seguimos superar, na nossa busca permanente pela paz, posso dizer a todos os mo-çambicanos que vale a pena continuar. O desafio que hoje enfrenta-mos é mantermo-nos fortes, corajosos no caminho da paz e reconciliação sem quaisquer hesitações – nem pausas e muito menos sermos desen-corajados e recuarmos – mas devemos sim continuar na nossa trajectória para o al-cance do desejo de todos os moçambicanos de viver livre-mente e em paz. Como governo de Moçam-bique, queremos, reafirmar, que o nosso compromisso de trabalhar para a paz definitiva e duradoura no nosso país, é permanente e continuará a ser nosso modo de vida.

*Mensagem de Filipe Nyusi, presidente da República de Mo-çambique, pela passagem de um ano da assinatura do acordo de paz e reconciliação nacional. O título e entretitulos são da res-ponsabilidade do SAVANA

Nosso compromisso é permanente e será nosso modo de vida

Quinta-feira, 20 de Agosto de 202014 | ZAMBEZE

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Acordo é motivo de orgulho na consolidação democrática

| SUPLEMENTO | 3Savana 14-08-2020 SUPLEMENTO

O Presidente da Renamo, Ossufo Momade, consi-dera que o Acor-

do de Paz e Reconciliação Nacional, que na passada quinta-feira completou um ano, tem sido caracterizado por um esforço de sarar fe-ridas. Deste modo, aponta para a necessidade de um comprometimento de todos na promoção de uma convi-vência pacífica. Falando numa comunica-ção à nação para marcar as celebrações do primeiro aniversário da assinatura do acordo, Ossufo Moma-de disse que o seu alcance é mérito de todos quadrantes da sociedade moçambica-na, tendo de seguida felici-tado todos que tem sabido acarinhar os entendimen-tos. Saudou o governo pelos passos demostrados até aqui no processo reconcilia-ção, a comunidade interna-cional pelo apoio prestado e aos combatentes do seu partido pelo espírito patrió-tico. Segundo Ossufo Momade,

Acordo vem sarar feridasOssufo Momade

províncias. Porém, criticou a criação da figura do Se-cretário de Estado na pro-víncia que no seu entender “é um incomodo ao gover-nador”. Para Ossufo, o acordo de paz tem sido caracterizado por um esforço de sarar fe-ridas e apelou para que não repitam os episódios do acordo de Roma de 1992, cujos pressupostos, diz te-rem sido destruídos o que originou convulsões sociais e agudizado a intolerância política. Defende que aquela expe-riência negativa deve pas-sar para a história, sendo que um dos sinais para tal, é o comprometimento das partes em manter uma paz definitiva. Exortou aos di-ferentes intervenientes da sociedade para pautarem por uma convivência po-lítica pacifica. Isto porque, acrescentou, só vivendo pacificamente estaremos a construir um pais assente no principio de Estado de Direito Democrático. “Achamos sensato conti-nuar a cumprir milime-tricamente o acordo de 06

de Agosto, como forma de mostrar a nossa boa fé e o compromisso inequívoco de manter a paz definitiva e promover a reconciliação nacional”, disse. Atribuiu uma nota positi-va ao processo de Desmo-bilização, Desarmamento e Reintegração (DDR), da forças resíduas do seu par-tido, tendo até ao memento sido desmobilizados 502 combatentes e encerramen-to de duas bases. Frisou ser defensor de uma reintegra-ção condigna e humaniza-da das suas tropas. As celebrações desta efe-méride são manchadas pelos ataques perpetrados pela auto proclamada junta militar da Renamo no cen-tro do país. Nisto, o presi-dente da Renamo exortou aquele grupo de dissiden-tes, liderado por Marino Nyongo, para abster-se de praticar actos de violência contra civis e indefesos, destruição de bens públi-cos e privados e aderir ao processo do DDR que, no seu entender, pode resta-belecer socialmente as suas vidas.

o acordo, que resultou de sinuosas negociações en-volvendo o Governo, Re-namo e comunidade inter-nacional, “constitui, hoje, um motivo de orgulho para todos, por ter aberto espaço

para a consolidação da de-mocracia moçambicana”. Um dos ganhos que fez menção é o processo de descentralização que per-mitiu, pela primeira vez, a eleição dos governadores

O Movimento De-mocrático de M o ç a m b i q u e (MDM), terceiro

maior partido na geogra-fia política moçambicana, defendeu a “inclusão” na implementação do acordo de paz, para que não haja mais focos de instabilidade no país.

Paz deve prevalecer- MDM

“A implementação do acor-do de paz deve ser mais in-clusiva, para impedir que o país continue com mais fo-cos de instabilidade”, afir-mou o porta-voz da ban-cada do MDM, falando na Assembleia da República (AR), Fernando Bismarque.Fernando Bismarque disse que todos os obstáculos à paz devem ser resolvidos, para que situações como os ataques em troços de esta-da e em alguns distritos do centro do país deixem de acontecer.O porta-voz da banca-da parlamentar do MDM avançou que a implemen-tação do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional as-sinado há um ano entre o Governo e a Renamo deve ter em conta a sensibilida-de de outras correntes da sociedade.

O Governo dos EUA incentivou o Governo moçambicano e a li-derança da Renamo a continuar empenhados na preservação da

estabilidade política e militar no país.“A embaixada dos EUA louva o Presidente da República, Filipe Nyusi e o líder da Re-namo, Ossufo Momade, pelo seu empenho continuado durante o ano passado em tra-balhar para o cumprimento dos objectivos do acordo de cessar-fogo e de paz”, refere a embaixada norte-americana em Maputo em comunicado.A embaixada norte-americana saúda o rea-tamento do DDR dos guerrilheiros da Re-namo no Centro de Moçambique.“O regresso à vida civil de 554 ex-com-batentes da Renamo é uma realização de que ambos os lados se podem orgulhar e encorajamos a continuação deste pro-gresso estável em direcção ao objectivo de completar o processo de desarmamento, desmobilização e reintegração em 2021”, refere-se no comunicado.Na nota, os Estados Unidos prometem continuar a apoiar o processo de paz atra-vés do quadro do Grupo de Contacto In-ternacional.

EUA felicitam Nyusi e Momade

“Paz e estabilidade são pré-requisitos para a construção de uma democracia forte e vibrante que promova a liberda-de, segurança e prosperidade de todos os cidadãos, libertando, por sua vez, o potencial para o desenvolvimento e crescimento económico de Moçambi-que”, acrescenta-se no comunicado.

EUA incentiva lideranças MDM defende inclusão

ZAMBEZE | 15Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020

Page 16: AMBEZ E2020/08/20  · bater o terrorismo em Moçam-bique. Neste momento, o apoio que o Estado moçambicano so-licitou é a vigilância nas fron-teiras, para a não entrada de bandidos

| SUPLEMENTO || SUPLEMENTO |4 Savana 14-08-2020Savana 14-08-2020 5SUPLEMENTO

201706 de AgostoO Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlaka-ma, encontraram-se pela primeira vez desde 2015. Este acto foi interpretado como um passo para o fim das hostilidades, desde que Afonso Dhlakama foi para as montanhas da Gorongosa, exigindo uma maior partilha do poder, após as eleições de 2014.

Como tudo (re)começou

2019

1 de Agosto

O Presidente Filipe Nyusi e o líder da Renamo, Ossufo Momade, assinaram um acordo de cessação de hostilidades no interior do Parque Nacional de Go-rongosa. O pacto calou oficialmente as armas e prolongou de forma definitiva uma trégua que durava desde Dezembro de 2016

06 de Agosto

- Assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional

- Mirko Manzoni, enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas a Moçambique, defende que a Junta Militar da Renamo deve ser incluída no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).

12 de Agosto

- Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) garantem que vão respeitar o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional.19 de Agosto

- Presidente da República, Filipe Nyusi, nomeia Raúl Luís Dique, oriundo da guerrilha da Renamo, vice-chefe do Estado-Maior General das FADM.

21 de Agosto de 2019

- Assembleia da República de Moçambique (AR) aprova, em definitivo, Pro-posta de Lei do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional.

- Chefe da bancada parlamentar da Renamo, Ivone Soares, diz que crise inter-na no partido é “assunto de família” e promete solução.

11 de Outubro

- Presidente da República, Filipe Nyusi, reafirma compromisso com a paz e garante estar em contacto com a Renamo.

202021 de Janeiro

- Presidente da República, Filipe Nyusi, afirma que é necessário dar um novo impulso ao processo de reintegração dos ex-guerrilheiros da Renamo, porque há potenciais doadores financeiros do processo que estão “impacientes”.

26 de Fevereiro

- Chefe do Estado-Maior General das FADM, Lázaro Menete, nomeia 11 oficiais provenientes da Renamo

04 Junho

- Ministro da Defesa Nacional, Jaime Neto, empossa Aníbal Rafael Chefe, um oficial da guerrilha da Renamo, no cargo de diretor do Departamento de Comunicações no Estado-Maior General das FADM.

05 Junho

Porta-voz da Renamo, José Manteigas, anunciou a entrega de armas de pelo menos 38 guerrilheiros em Sofala, no âmbito do processo de DDR.

16 de Julho

- Embaixador de Moçambique em Portugal informa aos representantes dos restantes Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que o processo de integração dos guerrilheiros da Renamo já começou e “está a ter bons desenvolvimentos”.

23 de Julho

- Líder da Renamo, Ossufo Momade, declara que 500 guerrilheiros da Rena-mo entregaram as armas no âmbito do DDR

23 de Julho

- Forças de Defesa e Segurança (FDS) anunciam a morte de cinco guerrilhei-ros da autoproclamada Junta Militar da Renamo numa operação de persegui-ção ao grupo numa base em Dombe, Manica, centro de Moçambique.

25 Junho

- Presidente da República diz que o DDR deverá estar concluído dentro de um ano.

02 de Julho

- Renamo anuncia que 11 elementos do grupo dissidente do partido acusado de protagonizar ataques no centro do país vão entregar as armas, no âmbito do DDR.

18 de Março

- Líder da Renamo, Ossufo Momade, assegura que está prestes a iniciar o pro-cesso de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos pouco mais de 5.000 guerrilheiros do braço armado do partido.

16 de Abril

- Presidente da República e líder da Renamo defendem celeridade do DDR

02 de Agosto

- Mirko Manzoni, enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas a Moçambique, classifica os ataques armados atribuídos aos dissidentes da Re-namo como uma “antítese da visão de Afonso Dhlakama”.

06 de Agosto

- Celebrações do primeiro aniversário do Acordo de Paz e Reconciliação Na-cional

- Presidente da República apela ao país para ser “forte e corajoso” na defesa do Acordo de Paz e Reconciliação

- Líder da Renamo, Ossufo Momade, apela à auto-proclamada Junta Militar para se abster de praticar actos de violência contra civis e indefesos.

201918 de FevereiroO Presidente da República, Filipe Nyusi, manteve um encontro, com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, no qual discutiram sobre assuntos militares, con-cretamente, o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos homens da Renamo nas Forças de Defesa de Moçambique.

A longa metragem da concórdiaQuinta-feira, 20 de Agosto de 202016 | ZAMBEZE ZAMBEZE | 17Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020

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| SUPLEMENTO |

4 Savana 14-08-2020SUPLEMENTO

Mirko Manzoni, enviado pes-soal do secre-tário-geral das

Nações Unidas, não tem dú-vidas de que os moçambica-nos, no geral, e as lideranças políticas, em particular, são os principais obreiros do Acordo de Paz e Reconcilia-ção Nacional assinado a 06 de Agosto de 2019 em Ma-puto.

Manzoni felicitou os moçam-bicanos pelo entendimento, quando falava num “webi-nar” sobre o “Acordo de Paz e Reconciliação Nacional de Moçambique: Um Ano De-pois”, promovido pela Cha-tham House, uma entidade independente de debates so-bre assuntos internacionais com sede em Londres.“Felicito os moçambicanos por este feito, porque chegar a um acordo de paz nunca é

Moçambicanos são os principais obreiros – Mirko Manzoni

A presidente do Conselho Cris-tão de Moçam-bique (CCM),

Felicidade Xerinda, en-corajou as lideranças políticas do país e os mo-çambicanos a manter o compromisso com a paz, criticando as acções da auto-intitulada Junta Mi-litar da Renamo.“Há aqui um engajamen-to bom, os bons compro-meteram-se com esta paz e há esforços que são vi-síveis”, disse Felicidade Xerinda.Aquela religiosa avançou que a adesão de mais de 500 guerrilheiros da Re-namo ao DDR é prova de que há muitos moçambi-canos que não querem a guerra e pretendem ser parte do processo de de-senvolvimento económi-co e social do país.“Aqui estamos a sentir que alguma coisa boa vai acontecer”, destacou Fe-licidade Xerinda.

O Bispo dos Libom-bos (Igreja Angli-cana), Carlos Mat-sinhe, defende o

empenho de todos os moçam-bicanos e dos parceiros inter-nacionais na consolidação dos ganhos da paz, assinalando que a estabilidade deve ser uma prioridade colectiva.“Como tem sido dito, a cons-trução da paz é um longo pro-cesso, uma longa viagem”, enfatizou Carlos Matsinhe, falando no webinar “Acordo de Paz e Reconciliação Na-cional de Moçambique: Um Ano Depois”, promovido pela Chatham House, uma entida-de independente de debates sobre assuntos internacionais com sede em Londres.Aquele religioso elogiou os passos dados no processo de Desmobilização, Desarma-mento e Reintegração (DDR), exortando o Governo e a Re-namo a agir com coragem para o êxito do acordo.“É preciso coragem, envolvi-mento e confiança de todos os moçambicanos e dos parceiros para proteger os ganhos do acordo”, afirmou Carlos Mat-sinhe.

Todos devem acarinhar a paz - CCM

fácil, exige vontade e com-promisso”, declarou Mirko Manzoni.O enviado pessoal de Antó-nio Guterres avançou que os moçambicanos demonstra-ram que pretendem entrar para uma nova era e encer-rar os conflitos armados.“O acordo é uma demons-tração da convicção de que o tempo das armas acabou, que é tempo de construir a paz rumo ao desenvolvi-mento social e económico”, prosseguiu Mirko Manzoni.Manzoni exortou todos os moçambicanos a demons-trar coragem e a mobilizar--se para a preservação da estabilidade, frisando que o caminho para uma paz du-radoura é sempre árduo.“É mais fácil fazer a guerra do que a paz. Temos que es-tar sempre preparados para uma longa viagem, porque a paz duradoura exige cora-

gem e visão”, referiu Manzo-ni, durante a conferência.

DDR com dignidadeO enviado pessoal do se-cretário-geral das Nações Unidas defendeu que a rein-tegração social dos guerri-lheiros da Renamo deve ser feita com “dignidade e com pagamento de pensões”, para se eliminar a tentação do regresso à guerra.“Os guerrilheiros devem ser tratados com dignidade, como um soldado que vai à reforma, para a construção da paz em Moçambique”, sublinhou Mirko Manzoni.O Governo, a liderança da Renamo e a sociedade civil não devem esquecer os guer-rilheiros, depois do fim do processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegra-ção (DDR), acrescentou.

Xerinda referiu que Filipe Nyusi e Ossufo Momade conseguiram transmitir con-fiança aos moçambicanos em torno da seriedade do Acordo de Paz e Reconcilia-ção Nacional.“Sempre que estes proces-sos acontecem, há pessoas que desconfiam, mas não foi surpresa que o acordo te-nha acontecido, porque sa-bíamos que havia contactos entre o Presidente da Repú-blica e o líder da Renamo”, destacou.Os dois líderes, prosseguiu, devem ser reconhecidos pelo empenho com que têm

conduzido o processo de implementação do pacto. A secretária-geral do CCM criticou as acções da auto-intitulada Jun-ta Militar da Renamo, considerando a sua actuação uma mancha ao Acordo de Paz e Re-conciliação Nacional.“Há esta lamentação que toca a toda a Renamo e que acaba beliscando o entusias-mo em torno do acor-do”, afirmou Felicida-de Xerinda.Xerinda encorajou a Renamo a procurar uma solução para as suas divergências in-ternas, enfatizando que a Junta Militar da Renamo se apre-senta como parte do principal partido da oposição e que exige a destituição de Ossufo Momade.

É preciso um compromisso colectivo– Bispo dos Libombos

O bispo da Igreja Anglicana em Moçambique também de-fendeu que o êxito do acordo de paz depende do futuro dos combatentes.“O pacote básico de sobre-vivência que é atribuído aos guerrilheiros é importante, mas não é o fim, é importante assegurar pensões que pos-sam eliminar a tentação de um regresso à guerra”, frisou Carlos Matsinhe.Os guerrilheiros, prosseguiu, devem ser dotados de meios de sobrevivência, incluindo competências profissionais, para o caso dos mais jovens, que lhes permitam a recupe-ração do tempo perdido nas matas.

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Chegar a um acordo exige vontade e compromisso

É preciso proteger os ganhos do Acordo Há esforços que são visíveis

Quinta-feira, 20 de Agosto de 202018 | ZAMBEZE

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| SUPLEMENTO |

Os esforços levarão a uma paz efectiva

A paz esse precioso bem

Estámos em paz mas precisa-mos acarinhar a mesma. Como cidadãos temos de acompanhar o processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração dos homens residuais da Rena-mo, recebendo esses homens com carinho e dignidade nas nossas comunidades.

Tenho certeza de que esta paz veio para ficar. Tudo quanto ocorre, mesmo em termos científicos, é do impirismos que se seja a uma teoria, dá teoria passa-se para quesões científi-cas, portanto, essas experiencias que se arrastam à procura da paz definitiva constituem uma base que nos garante que futuramente teremos uma paz efectiva.

- Damião Lucas

Conforme o que acompanho tudo indica que o processo da paz está no bom caminho, resta saber se com a implementação efectiva da Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração dos homens da Renamo, poderão parar os pequenos conflitos que verificamos no centro do país. Portanto, esperamos que quem de diretio tenha cuidado de resolver os pendentes deste processo.

Tudo indica que a pacificação do país está num bom caminho

– France Chissano

Penso que para além de celebrarmos os acordos de paz e reconciliação nacional, precisamos cultivar a prática do amor entre nós, como irmãos. Isto vai permitir que de facto vivamos em paz sem conflitos entre nós. Tal como tem sido defendido pelo presidente é preciso diálogo, porque assim permite perceber o que esteja acontecer e como buscar soluções. Não há como viver a paz enquanto outros sofrem.

Celebramos o primeiro aniversário da paz, mas devo dizer que a nossa precisa ser melhorada, olhando para os desafios que continuam ainda. É preciso que inspirados na paz que já temos se trabalhe para a resolução de focos de tensão politico-militar. Portanto, como cidadão tenho de apelar para que as entida-des responsáveis consigam encontrar soluções o mais rápido possível, sob risco de chegarmos a situações alarmantes. Será preciso que os moçambicanos sejam unidos na busca de soluções que definitivamente levem a uma paz plena.

Continuarmos unidos para uma paz plena

–Célio Bino

Necessário diálogo para mantermos a paz

- Daniela Elias

ZAMBEZE | 19Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020

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Ode à moçambicanidade!

O nosso Programa Quinquenal do Governo reafirma, mais uma vez, que a aposta na consolidação da Paz continua a ser a nossa prioridade. Assumimos este compromisso porque reconhecemos que a Paz é uma das condições indispensáveis para o desenvolvimento nacional e do bem-estar dos cidadãos. A construção da Paz não depende apenas de acordos político-militares, depende de todos os moçambicanos” – Filipe Jacinto Nyusi.

| SUPLEMENTO | Quinta-feira, 20 de Agosto de 202020 | ZAMBEZE

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O N D E O N E G Ó C I O S E R E E NC O N T R A

No leito do grande rio

À Escola Secundária das Acácias

BCI disponibiliza cartão inovador e diferenciador

O BCI formalizou, na semana pas-sada, na cidade de Maputo, o fo rnec imento

de um inovador e diferencia-dor cartão multifuncional à Escola Secundária das Acá-cias (ESDA), no âmbito das relações de parceria existentes entre o Banco e a Politécnica.

Os acessos às instalações da escola passam a ser asse-gurados por meio deste car-tão, que incorpora 3 valências distintas: identificação do titu-lar (foto e dados adicionais); controlo de acessos e função bancária para o pagamento de compras e serviços no perí-metro escolar dirigida a alu-nos, professores, funcionários e encarregados de educação.

A solução integra o aces-so ao Sistema de Controlo de Acessos, CCTV e intrusão da ESDA, cuja instalação foi apre-sentada na mesma cerimónia.

Segundo referiu, na oca-sião, Rogério Lam, Director de Marketing e de Canais Electró-nicos do BCI, “o BCI acredita em dois fundamentos essen-ciais: o primeiro é o da inclu-são financeira. Entendemos que é na escola que se deve iniciar a introdução da utilização do sistema financeiro, sendo o car-tão bancário hoje um elemento fundamental nas nossas vidas. O segundo é o da inovação, e neste tipo de iniciativas o BCI é pioneiro. Para além da funcio-

nalidade diferenciadora que pro-move, esta solução representa ainda algumas vantagens natu-rais, designadamente a redução considerável da circulação de numerário/ dinheiro no recinto escolar; opções de carregamen-to do cartão em vários canais, tais como o telemóvel, o serviço e-banking e ATM; o controlo e a disciplina no acesso à escola, elementos fundamentais que promovem maior segurança e controlo para toda a comu-nidade escolar, para além de toda a comodidade e melhor gestão da tesouraria da escola e dos seus parceiros (papela-ria, cantina e outros serviços).

Já para o director das es-colas secundárias da A Poli-técnica, Agostinho Barreto, a

expectativa é de um bom uso dos mecanismos disponibiliza-dos. “Esperamos também me-lhorar o sistema de controlo de registo dos nossos estudantes e de todos os que frequentam as nossas instalações. Pensamos que a eficácia deste sistema vai depender também de nós pró-prios” – afiançou. E concluiu: “estamos bastante satisfeitos e agradecemos profundamen-te este apoio e colaboração de todos, em particular do BCI”.

Refira-se que há 20 anos que os laços de parceria en-tre o BCI e a Politécnica foram formalmente esta-belecidos, abrangendo áre-as como aacadémica, des-portiva, tecnológica, entre outras de interesse mútuo.

Instituto Superior Monitor promove investigação científica sobre Estudos Socioeconómicos e Jurídicos

O Centro de Investigação em Economia e Socieda-de, do Instituto Superior Monitor, está a conceber uma revista científica intitulada Estudos Organizacionais.

Celina Máquina, directora do cen-tro de investi-gação e coorde-nadora editorial

da revista, explica que esta publicação tem como objec-tivo divulgar análise científi-ca relacionada com o mundo organizacional, que possa ser útil para cargos directivos de empresas e associações não--governamentais, mas tam-bém líderes sindicais e faze-dores de políticas públicas.

Referindo que, em Moçam-bique, existem imensas Insti-tuições de Ensino Superior a ministrar cursos superiores nas áreas empresariais, relaciona-das com a gestão de empresas ou de recursos humanos, com a contabilidade e auditoria, ou com o direito empresarial, Ce-lina Máquina lamenta a quase inexistente produção científica nestas temáticas, que obriga muitos docentes a recorrer a teorias desenvolvidas noutras

latitudes e realidades sociais, com o difícil desafio de adapta-ção à realidade moçambicana.

“Desta forma, algumas ins-tituições de ensino não são pro-dutoras de conhecimento ino-vador, mas apenas reprodutoras de conhecimento já existente”, defende. “As organizações mo-çambicanas têm uma especifi-cidade própria relacionada, por exemplo, com a predominância do informal, com a ausência de tecnologia, com a influên-cia de relações familiares ao nível da gestão ou com a falta de integração do território”.

Essa realidade não é cap-tada nos livros técnicos de apoio ao ensino superior, pelo que importa que “comece-mos a construir teorias me-lhor aplicadas à nossa realida-de”, conclui a coordenadora.

Celina Máquina explica que o primeiro número da revista estará pronto no final de 2020 e contará com a contribuição dos professores dos cursos de licen-

ciatura e de pós-graduações, mas também dos mestrandos do Instituto Superior Moni-tor, que se encontram a termi-nar os seus projectos finais.

De periodicidade anual, a revista Estudos Organizacio-

nais pretende constituir um espaço privilegiado da inves-tigação científica produzida no Instituto Superior Monitor.

Desde o ano de 2019 que o departamento de pós--graduações do ISM ministra

cursos de mestrado de cariz profissionalizante, nomeada-mente em Gestão de Recur-sos Humanos, Sociologia do Trabalho e das Organizações e em Direito Empresarial.

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| SUPLEMENTO | Quinta-feira, 20 de Agosto de 202022 | ZAMBEZE Publicidade Canal de Moçambique | quarta-feira, 19 de Agosto de 202016

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| SUPLEMENTO | ZAMBEZE | 23Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020Publicidade 17Canal de Moçambique | quarta-feira, 19 de Agosto de 2020

INSTITUTO NACIONAL DESEGURANÇA SOCIAL

NATIONAL INSTITUTE OFSOCIAL SECURITY

INSTITUTO NACIONAL DESEGURANÇA SOCIAL

NATIONAL INSTITUTE OFSOCIAL SECURITY

II-I-

INSTITUTO NACIONAL DESEGURANÇA SOCIAL

NATIONAL INSTITUTE OFSOCIAL SECURITY

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| SUPLEMENTO | Quinta-feira, 20 de Agosto de 202024 | ZAMBEZE Publicidade Canal de Moçambique | quarta-feira, 19 de Agosto de 202018

INSTITUTO NACIONAL DESEGURANÇA SOCIAL

NATIONAL INSTITUTE OFSOCIAL SECURITY

III. Responsabilidade da Direcção Geral pelas Demonstrações FinanceirasA Direcção Geral do INSS é responsável pela preparação e correcta apresentação das demon-strações financeiras, que compreendem o Balanço a 31 de Dezembro de 2019, a Demonstração de resultados, o Mapa de fluxos de caixa e o Mapa de mutação de valores do ano findo naquela data, e as notas às demonstrações financeiras que incluem um sumário das práticas contabilísti-cas e outras notas explicativas, de acordo com os princípios e práticas adoptadas pelo Instituto.

A responsabilidade da Direcção inclui o desenho, implementação e manutenção de políticas de controlo interno relevantes, que permitam a preparação e correcta apresentação de demon-strações financeiras que não possuam erros materiais relacionados com fraude ou erro de selecção e aplicação de práticas contabilísticas apropriadas, e elaboração de estimativas con-tabilísticas que sejam razoáveis nas circunstâncias.

A Direcção efectuou a avaliação da capacidade do Instituto continuar a operar com a devida ob-servância do princípio de continuidade e não tem qualquer razão para acreditar que os negócios possam ser de alguma forma interrompidos no decorrer do próximo exercício económico.

IV - Relatório Técnico da Conta Anual4.1. Enquadramento Económico4.1.1 Economia Global

N De 2018 até os finais de 2019, a economia mundial cresceu ao ritmo mais fraco como resulta-do do aumento de incertezas e perda de dinamismo da economia mundial, designadamente: i) a desaceleração do comércio internacional, em parte associada a conflitos comerciais e tecnológi-cos, entre Estados Unidos e China; ii) questões políticas, com destaque para a perspectiva de saída (Brexit) do Reino Unido da União Europeia (UE); e iii) questões econômicas, associadas ao crescimento nos Estados Unidos e ao risco de uma recessão na Europa, especialmente na Alemanha e na Itália.

Com o aumento da incerteza os bancos centrais reagiram de forma agressiva ao enfraquecimen-to da actividade, tendo a Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos, o Banco Central Europeu (BCE) e os bancos centrais de importantes economias de mercados emergentes adotado medi-das de política monetárias consubstanciadas na redução das taxas de juro, com vista a evitarem uma desaceleração mais grave.

No geral, o crescimento do volume do comércio no primeiro semestre de 2019 caiu para 1%, o nível mais fraco desde 2012. E dada a contínua desaceleração da economia as projecções de crescimento global foram revistas em baixa para 1,7% (em comparação a 2,3% em 2018) e a manutenção desse nível em 2020. O crescimento das economias em desenvolvimento e de mercados emergentes também foi corrigido em baixo, para 3,9% (em comparação com 4,5% em 2018), devido, em parte, às incertezas do comércio internacional, políticas internas e à de-saceleração estrutural na China.

4.1.2 Economia Regional

Na África Subsariana a situação foi diferente, o ritmo de crescimento económico acelerou pas-sando de 3,0% em 2018 para 3,31%. De acordo com a actualização do World Economic Outlook (Perspetivas Económicas Mundiais), esta região africana regista, ainda assim, um crescimento acima da média mundial (3,2%) e só abaixo da China e da Índia, com crescimentos entre os 6 e os 7%.

O crescimento na África subsaariana explica-se pelo forte crescimento nos países sem recursos intensivos, que parcialmente compensam o desempenho sem brilho das maiores economias da região”, escrevem os peritos do FMI, salientando que os preços mais altos, apesar de voláteis, do petróleo, “sustentam a perspetiva de evolução para Angola, Nigéria e outros países expor-tadores de petróleo”.

4.1.3 Economia Nacional

Em Moçambique, o ano de 2019, foi marcado pelos diversos acontecimentos, com destaque para os inesperados ciclones tropicais Idai e Kenneth no centro e norte do país, a instabilidade militar na região norte, o surgimento de focos de violência no centro, a realização de eleições no país e o crescimento da Divida Pública, com forte impacto nas despesas públicas e contribuindo para o enfraquecimento da economia em cerca de 2,28%, abaixo da média dos 3,7% registado entre 2016 e 2018, isto é, crescimento mais baixo verificado desde 2000, quando Moçambique sofreu cheias devastadoras no sul do país.

Face a esses acontecimentos, e num contexto de insuficiência de fundos, o governo teve que adoptar medidas de políticas que influenciaram o comportamento dos principais indicadores macroeconómico e financeiro do país, mormente a emissão de obrigações de tesouro a taxas juro mais atrativas a curto prazo.

Por outro lado, o nível das taxas directoras do mercado financeiro, nomeadamente, as taxas Fa-cilidade Permanente de Depósitos (FPD) e Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 2019 observaram uma tendência decrescente, tendo saído de 14% e 22% em 2018 para 9,75% e 15,75% em 2019, respectivamente.

Este cenário influenciou negativamente nos rendimentos do INSS resultantes de investimento, tendo em conta que cerca de 77% da sua carteira de investimentos concentra-se em activos cuja taxa de retorno está indexada à taxa de FPC e consequentemente a redução de juros dos Depósitos à Prazo em 27,92%, que constituem a maior fonte das receitas financeiras.

No mercado cambial, no fecho de 2019, o Metical manteve-se estável em relação as principais moedas de transações internacionais em Moçambique, tendo o Dólar sido transacionado a 61,47 MT, o Euro negociado a 68,89 MT e o Rand cotado a 4,37 MT. Este comportamento é jus-tificado pela maior disponibilidade de divisas na economia, resultante, por um lado, pela venda de activos da Anadarko à Total nos projectos da Bacia do Rovuma, o que permitiu ao Estado moçambicano encaixar mais-valias nas contas públicas e fortalecer as reservas internacionais, e por outro lado, diminuição do preço médio do petróleo no mercado internacional que atenuou as pressões do lado da procura de moeda externa.

Durante o exercício findo a 31 de Dezembro de 2019, a Bolsa de Valores de Moçambique, para além das obrigações que tem transacionado, admitiu duas empresas. Nesta esteira, o INSS re-alizou investimento, na base do princípio de liquidez, da rendibilidade e de segurança, em uma destas sociedades, no caso, a hidroelétrica de Cahora Bassa.

Neste sentido, sendo o INSS um agente económico relevante no mercado e vulnerável a alter-ações inesperadas da economia afectaram o nível de empregabilidade, o desempenho económi-co da instituição também foi negativamente afectado em termos demográficos e financeiros, conforme espelha-se nos capítulos seguintes.

4.2. Situação Geral da Segurança Social Obrigatória do INSSUm dos principais objectivos do INSS é aumentar a cobertura contributiva do sistema. Para o efeito, têm sido realizadas várias actividades, das quais se destacam:

(1) a divulgação do Sistema de Segurança Social Obrigatório (SSSO) com vista à sensibili-zação e informação dos contribuintes, beneficiários e o público em geral, através de palestras, seminários, publicidade (Jornais, Rádio e Televisão), página web, distribuição de desdobráveis visando transmitir a importância do sistema no que respeita aos benefícios que advêm da in-scrição do trabalhador;

(2) o alargamento do âmbito pessoal, através da inscrição de novos trabalhadores e contribu-intes no regime por conta de outrem e de conta própria e enquadramento na Manutenção Vol-untária no Sistema (MVS);

(3) a abertura e/ou criação de novas direcções e representações distritais com vista a garantir a expansão dos serviços do INSS que constitui um dos pilares do quinquénio;

(4) o pagamento das diferentes prestações em vigor no INSS, quando satisfeitos os principais requisitos estabelecidos na lei; e

(5) a realização de prova anual de vida.

4.2.1 Inscrições

As inscrições são dinamizadas pelas palestras, sendo que para o período em análise foram real-izadas 16.535 palestras nos locais de trabalho com a participação de 85.093 trabalhadores, rep-resentando um grau de realização na ordem de 158% em relação a meta planificada de 10.468 palestras.

O impacto positivo das palestras nos contribuintes e beneficiários traduziu-se no aumento do nível da consciência dos contribuintes e beneficiários relativamente aos seus deveres e direitos, no âmbito do sistema de segurança social, o que, de certa forma, estará relacionado com o au-mento de contribuintes activos e com a inscrição de novos contribuintes e beneficiários.

Comparativamente ao ano anterior, em que foram realizadas 10.102 palestras com a participação de 41.916 trabalhadores, verifica-se um aumento do número de palestras e de participantes em 63,7% e 103%, respectivamente, conforme ilustra o gráfico abaixo.

4.2.1.1 Regime dos Trabalhadores por Conta de Outrem (TCO)

No período em análise, foram inscritos 12.831 contribuintes e 105.577 beneficiários, o que representa um subcumprimento do planificado (13.655 contribuintes e 180.877 beneficiários), correspondentes a 93,97% e 58,4%, respectivamente.

Embora tenha sido registado um subcumprimento das metas acima, verificou-se um aumento do nível de consciência dos contribuintes e beneficiários através da sensibilização tendo em conta os resultados positivos obtidos na inscrição de novos contribuintes e beneficiários e dos respec-tivos activos, por um lado, e, por outro, o aumento da utilização da plataforma do SISSMO no seio dos contribuintes e beneficiários, revela o nível de adesão ao sistema.

No cômputo geral, o desempenho observado foi positivo (acima de 55%) na inscrição de con-tribuintes, em todas as delegações provinciais, fruto, em parte, da colocação de técnicos na Auto-ridade Tributária para captar as unidades empregadoras que solicitam o início das actividades; encontros periódicos com parceiros sociais para solicitar colaboração no processo de inscrição de contribuintes.

Relativamente aos beneficiários, o desempenho global foi de 58,4%, onde se destacaram as del-egações de Gaza e Inhambane que superaram as metas e Niassa e Zambézia que se aproximaram na sua execução às metas planificadas.

No que diz respeito aos beneficiários, nas delegações acima referidas, são apontadas como principais razões do incumprimento abaixo de 50%, a inscrição de micro e pequenas empresas que empregam um número reduzido de trabalhadores, a admissão por parte das empresas de trabalhadores já inscritos no sistema (tratando-se deste modo de mobilidade e não novas in-scrições), a desaceleração da economia a nível das Províncias e com a conclusão dos projectos de implantação das empresas mineradoras e pela situação política social que a província de Cabo Delgado, em particular, vive.

Comparativamente ao período homólogo, em que tinham sido inscritos 12.467 contribuintes e 96.832 beneficiários, verifica-se um crescimento de contribuintes e beneficiários na ordem de 2,9% e 9,0%, respectivamente.

Em termos de avaliação do desempenho, tendo em conta o previsto no Plano Quinquenal do Governo (2015-2019), temos inscritos até Dezembro de 2019, 56.439 e 487.279 contribuintes e beneficiários por conta de outrem, dos 57.335 e 688.166 previstos até 2019, o que significa uma realização em 98.4% e 70,8%, respectivamente.

Quanto aos acumulados, o sistema regista 118.024 contribuintes e 1.552.159 beneficiários, dos quais estão no activo 45.692 contribuintes e 440.882 beneficiários. Estes dados significam que 38,7% de contribuintes e 28,4% de beneficiários do Sistema de Segurança Social Obrigatória tiveram as suas contribuições regularizadas, de acordo com os gráficos 2 e 3 abaixo.

4.2.1.2. Manutenção Voluntária no Sistema (MVS)

A situação de perda de emprego continua a constituir uma realidade cada vez mais comum na sociedade moçambicana e, por consequência, tem levado muitos beneficiários à situação de inactividade. Assim, como forma de dar seguimento ao processo iniciado aquando da sua inserção profissional como beneficiários, há um esforço de os manter na Segurança Social Obrigatório (SSO), através da MVS.

Deste modo, no período em análise, foram autorizados à MVS 2.781 beneficiários, contra os 1.638 planificados, representando uma realização na ordem de 169,8%. Em acumulado, regis-ta-se um total de 23.182 beneficiários autorizados, dos quais estão no activo 3.997, o equiva-lente a 17,2% do total dos acumulados.

Relativamente ao período homólogo, em que haviam sido adicionados 2.694 beneficiários, pas-sando a totalizar 4.198 activos, verifica-se um crescimento de autorizados e decréscimo dos activos na ordem de 3,2% e 2,4%, respectivamente, conforme gráfico 4, que se segue.

4.2.1.3 Regime dos Trabalhadores por Conta Própria (TCP)

O Diploma Ministerial nº 105/2015, de 27 de Novembro, alarga o âmbito de cobertura do siste-ma, dando oportunidade para que milhares de trabalhadores, exercendo actividades no sector não formal e no auto-emprego, passem também a ter acesso à segurança social, com destaque para a protecção na velhice.

Para o efeito, durante o período em análise, foram inscritos 13.875 trabalhadores, o que repre-senta uma realização do planificado na ordem de 217,4%, pois estava prevista a inscrição no sistema de 6.383 novos trabalhadores por conta própria, conforme o gráfico 5 abaixo.

Em termos de inscrição dos Trabalhadores por Conta própria foi superada a meta do Quinqué-nio em 308,5%, tendo sido inscritos 49.019 dos 12.000 previstos. Cumulativamente foram registam-se 49.019 TCP, dos quais 20,1% (9.859 TCP) se encontram no activo. Relativamente ao ano anterior, em que foram inscritos 11.562 TCP, dos quais 4.164 no activo, verifica-se um acréscimo de inscritos e de activos na ordem de 20,0% e 8,3%, respectivamente.

4.2.2 Abertura de Direcções e Representações DistritaisNo período em análise verificou-se a abertura de uma Direcção (Delegação) distrital e não houve a abertura de qualquer Representação, por conseguinte, o INSS está representado em todas capitais províncias e continua a contar com 11 Delegações Provinciais, 23 Direcções (Delegações) Distritais e 45 Representações Distritais.

4.2.3 Prova Anual de VidaA Prova de Vida, que consiste na comprovação física da existência dos pensionistas com vista a poderem manter o direito às prestações concedidas pelo Sistema de Segurança Social, é um dever estabelecido ao abrigo do disposto no nº 1 do artigo 83 do Regulamento da Segurança Social Obrigatória, aprovado pelo Decreto nº 51/2017, de 9 de Outubro.

É de periodicidade anual e obrigatória, sendo um processo bastante simples e flexível em que o pensionista deverá apresentar o seu documento de identificação nos locais de atendimento di-sponíveis ao nível de todas as delegações provinciais e podendo ser domiciliária para os casos de pensionistas fisicamente incapacitados de se fazerem presentes aos locais de sua realização.

O Processo da realização de Prova Anual de Vida via biométrica, decorreu no período de Janeiro a Março, com a previsão de realização de prova de vida a 83.143 pensionistas a nível nacional, dos quais 80.940 pensionistas realizaram a prova de vida estando em falta 2 203. Após esse prazo suspendeu-se o pagamento da pensão aos pensionistas que não realizaram a prova de vida.

Paralelamente, decorreram medidas adicionais tendentes a identificação e realização da prova de vida dos pensionistas que não o fizeram dentro do prazo, acção coordenada pelos secto-res de Auditoria e Contencioso, Auditoria Interna e Administradores do Conselho de Admin-istração do INSS.

4.2.4 Conclusões do Estudo ActuarialFoi efectuada uma avaliação actuarial do sistema contributivo de segurança social no País pelos técnicos internos, com o apoio técnico da Organização Internacional do Trabalho – OIT.

De referir que estes técnicos beneficiaram de formação sobre esta matéria pelo que a cooper-ação com os técnicos especializados da OIT permitiu a consolidação dos conhecimentos obti-dos durante a formação em ciências actuarial.

De acordo com as conclusões do estudo, a projeção dos fluxos de receitas e despesas revela, a curto e médio prazo, uma situação financeira sem tensões. As receitas originadas de con-tribuições e juros são suficientes para cobrir despesas com benefícios e despesas administra-tivas até 2052 e, caso o prémio se mantiver constante, a reserva será esgotada no ano de 2059.

4.2.5 Medidas de ReformaO INSS continuou a desenvolver todo um conjunto de acções concertadas com vista a criar

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condições necessárias que lhe permitam obter uma opinião de auditoria assertiva sobre a sua Conta Anual. Há uma forte incidência dessas acções no processo de informatização e modern-ização do sistema, bem como efectuar reforma legais que permitam adequar a actividade do INSS as boas práticas internacionais, tudo na perspectiva de melhorar os serviços prestados aos utentes salvaguardando os princípios de segurança social obrigatória.

Durante o exercício de 2019, foi concluída a Implantação do projecto SISSMO - Pagamentos, responsável pela gestão do processamento e pagamento de pensões em todas as delegações provinciais e serviços centrais, através da implantação dos seguintes módulos: (Concessão de Benefícios; Migração de Pagamentos; Prova Anual de Vida; Pagamento de Prestações; Revisão de prestações; M-Contribuição e Outros pagamentos). Contudo, gostaríamos de destacar algumas acções:

a) Decreto nº 13/2019, de 27 de Fevereiro - Aprova o Regulamento de Articulação de Sistemas de Segurança Social Obrigatória dos Trabalhadores por Conta de Outrem e por Conta Própria, dos Funcionários do Estado e dos Trabalhadores do Banco de Moçambique.

b) Atento à necessidade de adequar o Plano de Contas do INSS (aprovado em 1990) às melhores práticas de Relato Financeiro actualmente em vigor, foi elaborado um novo Plano de Contas, que se encontra na fase final de procedimentos administra-tivos para a respectiva implementação.

c) Está em processo o interface entre o sistema administrativo e financeiro e SISSMO para permitir a contabilização das transacções de contribuições e prestação do sistema de segurança social com pouca intervenção humana, o que concorre para a mitigação de erros e omissões, estando o software na fase de testes.

4.2.6 Medidas de ContençãoAs despesas de administração correspondentes ao funcionamento dos serviços administrativos e financeiros do INSS e as despesas de acção sanitária e social, em conjunto, não devem ultrapassar 19% das receitas previstas no orçamento, à luz do artigo 111 do Decreto nº 51/2017, de 09 de Outubro.

O INSS tem estado a desencadear um conjunto de acções, concertadas, no sentido de conferir maior eficiência e eficácia ao processo de execução das despesas, sendo que para o exercício económico de 2019, foi observado o rácio de 15,73% contra os 18,86% projectados, como resul-tado da implementação das medidas de contenção das despesas, o que resultou numa poupança de 3,13%. Relativamente ao exercício anterior, em que este rácio foi de 16,03%, revela-se uma melhoria em 30 pontos percentuais.

4.3 Eventos Subsequentes no âmbito da Covid-19No exercício de 2020, o Mundo vive um problema de saúde caracterizado por uma doença con-tagiosa chamada COVID-19, causada pelo Coronavírus, declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como sendo Pandemia, pelo facto de a doença ser altamente infecciosa, ameaçando muitas pessoas de forma simultânea no mundo inteiro. Ciente de que Moçambique já regista casos confirmados, o Governo anunciou uma série de medidas para que as pessoas e as insti-tuições públicas e privadas possam mitigar o risco da infecção e propagação deste vírus. Neste contexto, o INSS desenvolveu um plano de contingência, conforme se descreve:

a) Suspensão temporária da realização da prova anual de vida aos pensionistas do INSS;

b) Perdão de multas e redução de juros de mora para as empresas devedoras;c) Oferta de máscaras de protecção de boca e nariz ao sector informal;d) Apoio ao MISAU em Kits de protecção individual aos médicos envolvidos no pro-

cesso de COVID-19;e) Observar estritamente as medidas de prevenção e de infecção pelo COVID-19

anunciadas pelo Governo a nível da instituição.

De referir que as contribuições constituem a principal fonte de receita do Sistema de Segurança Social Obrigatória gerido pelo INSS.

4.4.2 Despesas As Despesas Correntes do período foram de 7.264.384.104MT (2018: 6.063.106.017MT), sendo de considerar:

4.4.2.1 Despesas Técnicas com Prestações

As Despesas Técnicas (pensões do regime) apresentaram uma execução de 4.940.440.992MT tendo registado um aumento de 22,56% comparativamente ao exercício anterior (2018: 4.031.018.328MT), decorrente sobretudo da subida do número de pensionistas e do reajuste do valor das pensões.

4.4.2.2 Despesas Administrativas

As Despesas Administrativas e de Funcionamento apresentaram uma execução de

2.323.943.112MT, tendo-se verificado um aumento em 291.856.423MT, comparativamente ao exercício anterior (2018: 2.032.086.689MT), o que representa em termos relativos 14,36%.

4.4.2.3 Amortizações e Reintegrações do Exercício

O valor total das Amortizações e Reintegrações do Exercício foi de 490.032.550MT, o que com-parativamente com o exercício anterior (2018: 548.754.018MT) representa uma diminuição de 58.721.468MT, equivalente a 10,7%.

4.4.2.4 Custos das Existências Vendidas e Consumidas

Esta rubrica apresentou um saldo de 44.050MT, como resultado da venda de brochuras de leg-islação sobre Segurança social.

4.4.2.5 Provisões do exercício

Para o presente exercício económico, as provisões líquidas ascendem a 39.114.936MT, Este montante resulta do efeito das provisões criadas a favor da LAOH Invest, lda (2.843.700MT), Ministério da Ciência e Tecnologia (6.473.036MT), MARP (595.679MT), Extinto Nosso Banco (27.687.998MT), Somague (73.490.858MT) por utilização da provisão revertida dos bancos e de impressos vendáveis (1.514.523MT) para cobertura de outros riscos.

4.4.3 Investimentos

O INSS continua a previlegiar a rentabilização dos investimentos efectuados nos períodos ante-riores, sendo que no exercício de 2019 as despesas com investimentos registaram uma execução de 6.525.566.104MT que se destacam em:

a) Despesas de Capital Produtivo

As despesas com o capital produtivo tiveram uma execução de 6.064.767.920MT, constituídas, fundamentalmente, pela Subscrição das acções da HCB e da CDM, construção do edifício de Cabo Delgado, compra de obrigações de tesouro e constituição de Depósitos a prazo.

b) Despesas de Capital de funcionamento

As Despesas de Capital de funcionamento tiveram uma execução de 460.798.184MT.

4.4.4 Resultados Líquidos

Apesar de 9.47% de aumento registado na receita de contribuições que ascendeu a 10.964.691.670 MT em 2019, (2018: 10.016.395.122 MT), o Resultado líquido reduziu em 8.24%, totalizando 7.185.219.679 MT em 2019, comparado com 7.830.765.649 MT apurado em 2018, influenciando de forma negativa, essencialmente no seguinte:

a) Redução da receita financeira em 21,22%, que situou-se em 2.971.310.038MT em 2019 e em 2018: 3.771.520.408MT, influenciado pela redução das taxas di-rectoras no mercado financeiro bem como a realocação da carteira de investi-mento para os de longo prazo, que não geraram renda no mesmo ano;

b) Crescimento das despesas com pensões em 22,56%, que ascendeu a 4.940.440.992MT em 2019 contra 4.031.018.328MT em 2018, justificado pela maturidade do sistema.

Adicionalmente, atento às atribuições do Sistema Segurança Social em casos de doença e morte, a coberto do disposto nos artigos 17 e 40 do Decreto nº 51/2017, de 09 de Outubro, concluiu-se que caso sejam apresentados atestados médicos para atribuição dos subsídios retro menciona-dos, poderá existir um impacto financeiro na ordem de 57.062.711,67MT. Este montante, corre-sponde a cerca de 30% do plano de tesouraria para estas despesas no exercício de 2020.

De acordo com as estimativas da OMS, cerca de 80% da população mundial infectada pela Pan-demia COVID-19 vai recuperar sem necessitar de cuidados médicos, sendo que os restantes 20% necessitarão de especial atenção e destes 5% necessitará de cuidados médicos. O INSS tem 440.882 trabalhadores activos, aplicados 5%, temos 4.409 necessitarão de cuidados médicos o que pode levar à atribuição de Subsídios por Doença e de Internamento Hospitalar.

Na senda destas constatações e tendo em conta as Reservas do Sistema, o INSS está em condições de prestar assistência aos beneficiários elegíveis aos subsídios e pensão, garantindo-se a con-tinuidade das actividades.

4.4 Principais Indicadores 4.4.1 ReceitasAs Receitas Correntes situaram-se em 14.227.126.307MT, tendo aumentado em 0,73% com-parativamente ao ano anterior (2018: 14.123.709.351MT), sendo que o valor relativo do cresci-mento e decréscimo é a média da ponderação das variações entre as receitas, nomeadamente, de contribuições, de vendas, financeiras correntes, suplementares, acção sanitária e social e de outras receitas, na ordem de 9,47%, -37,13%, -21,22%, 25,89%, -19,03% e -36,99%, respectiv-amente, conforme o gráfico 6 abaixo.

Relatório do Auditor Independente

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VI – Demonstrações Financeiras

VI.i. Balanço

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Balanço em 31 de Dezembro de 2019

Valores em Meticais Notas 2019 2018 Activos Caixa 7.2 30.759 312.962 Bancos 7.2 25.389.318.850 22.639.416.054 Contribuições e Adicionais a depositar 7.2 0 - Contribuintes 7.3 2.598.856.790 3.329.753.546 Devedores p/ Rendimentos e Amortizações 7.4 225.381.005 227.695.108 Devedores p/ Prestações a Pagar a Beneficiários 7.5 0 94.986.982 Devedores p/ Prestações a repor ou a reembolsar 7.6 0 2.041 Outros Devedores 7.7 520.103.877 395.873.667 Existências 7.8 432.890 - Imobilizado Corpóreo e Incorpóreo 7.9 8.226.903.881 8.443.580.075 Imobilizações Financeiras 7.10 11.412.850.026 6.708.235.599 Despesas Antecipadas 7.11 23.771.499 12.693.530 48.397.649.577 41.852.549.565 Passivo Despesas c/ População Activa - Prestações a pagar 7.12 49.204.593 111.761.763 Despesas com Pensões – Prestações a pagar 7.13 94.933.335 30.718.963 Despesas c/ Subsídio p/Morte - Prestações a pagar 7.14 50.345.790 29.267.265 Despesas com Acção Sanitária e Social 7.15 2.020.928 2.406.785 Prestações em Prescrição 7.16 44.031.552 46.496.413 Sector Público Estatal 7.17 33.361.782 64.205.312 Fornecedores 7.18 10.903.969 9.612.362 Empréstimos Obtidos 7.19 71.649.015 - Adjudicatários Com Cauções 7.20 1.706.620 2.152.140 Outros Credores 7.21 71.705.763 42.361.629 INSS - Contribuições e Adicionais 7.22 2.598.859.562 3.329.912.136 Receitas Antecipadas 7.23 212.351 160.159 3.028.935.260 3.669.054.926 Situação Líquida Reservas 7.25 Reserva do Ramo de Doença 828.751.334 610.001.138 Reserva do Ramo de Morte 1.368.794.509 1.185.555.144 Reserva do Ramo de Pensões 10.049.084.486 8.650.862.539 Reserva Geral do Sistema 16.421.842.068 10.438.617.827 28.668.472.397 20.885.036.648 RESERVAS DE CAPITAL Para Edifícios e Outras Construções 43.027.629 43.027.629 Para Equipamento Industrial -67.676 - 67.676 Para Material de Transporte 530.923 530.923 De Excedente de Revalorização 1.640.765.716 1.640.765.716 1.684.256.592 1.684.256.593 Resultados Transitados 7.830.765.649 7.783.435.749 41.212.429.898 34.021.783.916 Resultados Líquidos de Exercício 7.185.219.679 7.830.765.649 7.185.219.679 7.830.765.649 Total do Passivo e da Situação Líquida 48.397.649.577 41.852.549.565

VI.ii. Demonstração de ResultadosDemonstração de Resultados do exercício findo em 31 de Dezembro de 2019

Valores em Meticais

Notas 2019 2018

PROVEITOS Contribuições do regime 7.26 10.964.691.670 10.016.395.122 Outras receitas 7.27 3.262.434.637 4.107.314.229

14.227.126.307 14.123.709.351 CUSTOS Prestações do Regime 7.28 4.940.440.992 4.031.018.328 Despesas Administrativas 7.29 2.323.943.112 2.032.086.689 Amortizações e reintegrações de Exercício 7.30 490.032.550 548.754.018 Provisões do Exercício 7.31 39.114.936 2.652.540

7.793.531.590 6.614.511.575 Resultados correntes do Exercício 6.433.594.717 7.509.197.776 Resultados Extraod. Exercício (Líquidos) 7.32 649.743.134 66.559.849 Resultados Imputáveis a Exerc. Anter (Líquidos) 7.33 101.881.828 255.008.022

Resultados Líquidos do Exercício 7.34

7.185.219.679 7.830.765.649

VI.iii. Mapa de Fluxos de Caixa

Mapa de Fluxos de Caixa – Exercício de 2019 2019 2018

Fluxo de caixa de actividades operacionais Resultado Líquido 7.185.219.679 7.830.765.649 Variação do activo Diminuição/aumento de contas a receber Contribuintes 730.896.756 -2.009.797.794 Devedores p/ Rendimentos e Amortizações 2.314.103 286.925.542 Devedores p/ Prestações a Pagar a Beneficiários 94.986.982 -95.455 Devedores/ Prestações a repor ou a reembolsar 2.041 - Outros Devedores -124.230.210 -321.181 Diminuição/aumento de existências -432.890 - Diminuição/aumento de outros activos correntes e Despesas Antecipadas -11.077.969 -1.649.263 Variação do Passivo Aumento/diminuição de contas a pagar Despesas c/ População Activa - Prestações a pagar -62.557.170 21.424.845 Despesas com Pensões 64.214.372 7.217.093 Despesas c/ Subsídio p/Morte - Prestações a pagar 21.078.524 17.802.353 Despesas com Acção Sanitária e Social -385.857 1.784.923 Prestações em Prescrição -2.464.861 -2.965.324 Sector Público Estatal -30.843.529 30.376.012 Fornecedores 1.291.607 -28.875.428 Empréstimos Obtidos 71.649.015 - Outros Credores 29.344.134 -139.930.290 INSS - Contribuições e Adicionais -731.052.575 2.009.797.794 Aumento/diminuição de deferimentos e outros passivos correntes 52.193 - Fluxo de caixa líquido das actividades operacionais 7.238.004.345 8.022.459.475

Fluxo de caixa de actividades de investimento Imobilizações Financeiras -4.704.614.427 -1.034.686.847 Imobilizado Corpóreo e Incorpóreo 216.676.194 199.564.537

Fluxo de caixa líquido das actividades de investimento -4.487.938.233 -835.122.310 Fluxo de caixa de actividades de financiamento

Adjudicatários com Cauções -445.520 - Fluxo de caixa líquido das actividades de financiamento -445.520 - Fluxo de caixa total das operações, investimento e financiamento 2.749.620.592 7.187.337.165

Variação da caixa e seus equivalentes 2.749.620.592 7.187.337.165 Variação da caixa e seus equivalentes no início do período 22.639.729.016 15.452.391.851 Variação da caixa e seus equivalentes no final do período 25.389.349.609 22.639.729.016

VI. iv. Mapa de Mutação de Valores

DESIGNAÇÃO EXERCÍCIO (N)

EXERCÍCIO (N-1) VARIAÇÕES

2019 2018 PARA + PARA - ACTIVO GRUPO I DISPONIBILIDADES Caixa 30.759 312.962 - 282.203 Depósitos à ordem 7.599.670.540 7.478.575.943 121.094.598 - Depósitos com Aviso Prévio - - - - Depósitos a Prazo 20.218.661.100 17.663.343.759 2.555.317.341 - Contribuições e Adicionais a Depositar - - - -

27.818.362.399 25.142.232.664 2.676.411.939 282.203 CRÉDITOS A CURTO PRAZO

Contribuintes 2.598.859.562 3.329.756.318 - 730.896.756

Devedores p/Rendime. Amort. 225.381.005 227.695.108 - 2.314.103 Deved p/Presta.Pagar a Beneficiários - 94.986.982 - 94.986.982 Deved p/Prest.Rap ou a Reemb. - 2.041 - 2.041 OutrosDevedores 854.238.904 646.605.422 207.633.482 - DespesasAntecipadas 45.814.346 33.221.854 12.592.492 -

3.724.293.818 4.332.267.726 220.225.974 828.199.883 EXISTÊNCIAS Mercadorias 432.890 - 432.890 -

432.890 - 432.890 -

TOTAL DO GRUPO I 31.543.089.107 29.474.500.390 2.897.070.803 828.482.085 GRUPO II CRÉDITOS A MÉDIO E LONGO PRAZOS Imobilizações Financeiras 12.316.193.508 7.589.214.557 4.726.978.951 - Imobilizações Córporeas 7.062.314.155 6.063.031.602 999.282.552 - Imobilizações Incorpóreas 95.271.411 167.749.582 - 72.478.171

Imobilizações em curso 2.565.615.056 3.407.339.259 - 841.724.202

Custos Plurienais 18.587.312 7.107.152 11.480.159 - TOTAL DO GRUPO II 22.057.981.442 17.234.442.153 5.737.741.662 914.202.374

TOTAL DO ACTIVO 53.601.070.549 46.708.942.542 8.634.812.465 1.742.684.459

DESIGNAÇÃO EXERCÍCIO(N) EXERCÍCIO(N-1) VARIAÇÕES

2019 2018 PARA+ PARA- PASSIVO GRUPO I DÉBITO A CURTO PRAZO Desp. c/Pop. Activa – Prest. Pagar 49.204.593 111.761.763 - 62.557.170 Desp. com Pensões 94.933.335 30.718.963 64.214.372 - Desp. c/Sub. Morte Prest. A Pagar 50.345.790 29.267.266 21.078.524 - Despesas c/Acção Sanitária Social 2.020.928 2.406.785 - 385.857 Prestações em Prescrição 44.031.552 46.496.413 - 2.464.861 Sector Público Estatal 33.361.782 64.205.312 - 30.843.529 Fornecedores 10.903.969 9.612.362 1.291.607 - Adjudicatários com Cauções 1.706.620 2.152.140 - 445.520 Empréstimos Concedidos 71.649.015 71.649.015 Outros Credores 71.705.763 42.361.629 29.344.134 - Contrib. e Adicionais a Receber 2.598.859.562 3.329.912.136 - 731.052.575 TOTAL DO GRUPO I 3.028.722.910 3.668.894.768 187.577.653 827.749.511 GRUPO II Amortizações Reintegrações 1.514.884.052 1.201.647.520 313.236.532 - TOTAL 1.514.884.052 1.201.647.520 313.236.532 - RECEITAS ANTECIPADAS Receitas Antecipadas 212.351 160.159 52.193 - 212.351 160.159 52.193 - SITUAÇÃO LÍQUIDA Provisões 3.688.536.919 3.654.745.457 33.791.462 - Reservas do Sistema 28.668.472.397 20.885.036.648 7.783.435.749 - Reservas de Capital 1.684.256.593 1.684.256.593 - - Resultados Transitados 7.830.765.649 7.783.435.749 47.329.900 - Resultados Líquidos 7.185.219.679 7.830.765.649 - 645.545.970 TOTAL DA SITUAÇÃO LÍQUIDA 49.057.251.236 41.838.240.096 7.864.557.110 645.545.970 TOTAL DO GRUPO II 50.572.347.639 43.040.047.774 8.177.845.835 645.545.970 TOTAL DO PASSIVO + SITUAÇÂO LÍQUIDA 53.601.070.549 46.708.942.542 8.365.423.488 1.473.295.481

VII - Notas às Demonstrações Financeiras

7.1 Políticas contabilísticas e critérios valorimétricos adoptadosAs demonstrações financeiras foram preparadas de acordo com os princípios contabilísticos e critérios valorimétricos definidos no Plano de Contas Específico para o Sistema de Segurança Social, aprovado por Despacho Ministerial de 30 de Outubro de 1990.

As Notas às demonstrações financeiras foram preparadas tendo por base formatos geralmente adoptados em Moçambique, com as necessárias adaptações, de forma a facilitar a sua leitura e compreensão.

As principais políticas contabilísticas e critérios valorimétricos mais significativos utilizados na elaboração das demonstrações financeiras foram os seguintes:

(a) Custo históricoAs contas foram preparadas em observância do princípio da convenção do custo histórico, excep-tuando determinadas contas cujo método de registo vem expressamente referido.

(b) Débitos e Créditos em moeda externaOs activos e passivos assumidos em moeda externa foram convertidos para MT à taxa de câmbio do BIM do dia em que se efectuaram as transacções. Os ganhos e perdas apurados nas datas dos pagamentos e recebimentos, bem como a actualização dos saldos em aberto no final do exercício, são reconhecidos na conta Resultados Extraordinários do Exercício.

(c) Imobilizações FinanceirasAs imobilizações financeiras estão registadas ao custo de aquisição, líquido de perdas por im-paridade acumuladas, com excepção das partes de capital em empresas cotadas, reconhecidas ao seu Justo valor, e em empresas não cotadas, reconhecidas pelo método da equivalência pat-rimonial.

(d) Activo Imobilizado CorpóreoO Activo Imobilizado Corpóreo é registado inicialmente ao custo de aquisição, acrescido das des-pesas adicionais de compra e instalação. Após o reconhecimento inicial, o activo imobilizado é reavaliado regularmente por uma entidade independente e mensurado pelo Modelo da revalori-zação deduzido das respectivas depreciações acumuladas, e perdas por imparidade.

(e) Activo Imobilizado IncorpóreoO Activo Imobilizado Incorpóreo, representado por software e encargos plurianuais, encontra-se registado ao custo de aquisição, líquido de amortizações acumuladas e perdas por imparidade

(f) AmortizaçõesAs amortizações são calculadas numa base anual, obedecendo o método das quotas constantes, utilizando as taxas máximas previstas na legislação fiscal em vigor, que se considera representa-rem de forma satisfatória a vida útil estimada dos bens.

As taxas de amortizações mais importantes são as seguintes:

Edifícios______________________________________________________________________________________________2%

Equipamento de Transporte_______________________________________________________________20% - 25%

Outros meios imobilizados_______________________________________________________________10% - 16,7%

Equipamento informático______________________________________________________________________14,28%

Estudos e consultoria, Software – SISSMO e Encargos plurianuais___________________________33,3%

g) ExistênciasAs existências estão valorizadas ao custo médio ponderado.

(h) Receitas de ContribuiçõesA taxa de contribuições vigente e obrigatória é de 7%, sendo 4% a cargo das entidades empre-gadoras e 3% suportada pelos trabalhadores.

As contribuições são reconhecidas e registadas no momento em que são recebidas.

(i) Despesas com Prestações do Regime e Acção Sanitária SocialAs despesas com prestações e acção sanitária social são reconhecidas no acto de emissão das ordens de pagamento.

(j) As Receitas e Despesas diferentes das em h) e i)As restantes receitas e despesas são reconhecidas e registadas no momento da liquidação, ou seja, formalmente documentadas, ou quando a transferência de usufruto dos correspondentes direitos e/ou obrigações já se efectivou.

7.2 DisponibilidadesDisponibilidade Valores em meticais

2019 2018 Caixa 30.759 312.962 Bancos Depósitos à ordem 7.599.670.540 7.478.575.943 Depósitos a prazo 20.218.661.100 17.663.343.759 Total em Bancos Bruto 27.818.331.640 25.141.919.702 Provisões p/ outros riscos -2.429.012.790 - 2.502.503.648 Total em Bancos 25.389.318.850 22.639.416.054 Contribuição e adicionais a depósitos - -

25.389.349.609 22.639.729.016

7.3 ContribuintesO saldo da rubrica de Contribuintes, no montante de 2.598.856.790MT (2018: 3.329.753.546MT), representa o valor contabilístico em dívida dos cerca de 118.024 contribu-intes inscritos no Sistema de Segurança Social, sendo que deste total apenas 45.692 são activos, o qual resulta da diferença entre as folhas de remunerações declaradas e as efectivamente pa-gas através das guias de depósito. Inclui ainda as multas, Juros de mora e o valor dos cheques devolvidos pelos bancos não regularizados à data do balanço.

7.4 Devedores por Rendimentos e AmortizaçõesO saldo da rubrica de Devedores por rendimentos e amortizações, no montante de 225.381.005MT (2018: 227.695.108MT), compreende os créditos sobre terceiros representa-tivos de rendimentos e amortizações a receber, sendo que, em referência a 31 de Dezembro de 2019, respeita à especialização de juros de depósitos a prazo e de obrigações, bem como dos dividendos relativos ao presente exercício, mas que serão pagos no exercício seguinte.

7.5 Devedores por Prestações a Pagar a BeneficiáriosEsta rubrica apresenta um saldo nulo, (2018: 94.896.982MT), que representa a regularização feita em relação às prestações pagas por centralizador, cujas relações foram reconhecidas no presente exercício económico e que não haviam sido devolvidas ao Instituto. De referir que este procedimento foi extinto com o novo regulamento de segurança social em vigor, sendo que os pagamentos destas prestações são feitas directamente para a conta do beneficiário.

7.6 Devedores por Prestações a Repor ou a ReembolsarEsta rúbrica regista a dívida de beneficiários relativos às prestações processadas e pagas in-devidamente, sendo que, parte destas ou no seu todo deve ser reembolsada ao Instituto. No exercício de 2019 esta rubrica apresenta um saldo nulo.

7.7 Outros DevedoresO saldo da rubrica de Outros devedores, no montante de 520.103.877MT (2018: 395.873.667MT), diz respeito aos movimentos com terceiros não abrangidos por qualquer das contas precedentes desta classe. Relativamente ao ano anterior, representa um aumento bruto de 207.633.483MT, essencialmente justificado pela transferência de imobilizações em curso no montante de 182.498.674MT, relativo a adiantamentos por conta de uma obra em curso (ver nota 7.9). No decorrer do exercício, a provisão para a cobertura dos riscos para devedores em imparidade foi reforçada em 83.403.272MT, ascendendo no final do exercício a 334.135.028MT. A tabela a seguir apresenta a decomposição do saldo:

Outros Devedores Valores em Metical

2019 2018 Adiantamento ao Pessoal 26.588.499 24.845.295 Saneamento 2.032.728 2.177.284 Ministério Trabalho, Emprego Segurança Social - - Delegações 102.033.110 126.857.853 Alienação de Viaturas 9.368.872 6.370.850 Outros Devedores Diversos 714.215.696 486.354.140

Total Bruto 854.238.905 646.605.422

Provisão p/Devedores Diversos -334.135.028 -250.731.756

Total Líquido 520.103.877 395.873.667

7.8 ExistênciasO saldo das existências, no montante de 432.890MT, engloba os inventários vendáveis do INSS, nomeadamente, folhas de remunerações, guias de depósitos modelo “A” e brochuras de legislação sobre o Sistema, e o valor de impressos armazenados na sede destinados às Delegações provín-cias, no montante de 22.042.847MT, sendo que este montante se encontra integralmente provi-sionado no sentido de fazer face à cobertura do risco de perda de impressos vendáveis por terem entrado em desuso, como consequência da modernização e informatização do Sistema, em curso.

7.9 Imobilizado Corpóreo e IncorpóreoNo presente exercício, de entre várias realizações registadas nesta rubrica, destaca-se a con-clusão do edifício da Delegação provincial de Cabo Delgado e a Delegação distrital de Inhambane.

(*) Importa ainda referir que, do valor total das imobilizações em curso, foi transferido para a rúbriça de Outros Devedores e Credores o montante de 182.498.674MT, referente aos adianta-mentos efectuados à Somague Moçambique, uma vez que até a data do fecho a obra se encontra paralisada.

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| SUPLEMENTO | ZAMBEZE | 27Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020

Publicidade 21Canal de Moçambique | quarta-feira, 19 de Agosto de 2020

INSTITUTO NACIONAL DESEGURANÇA SOCIAL

NATIONAL INSTITUTE OFSOCIAL SECURITY

Imobilizado Valores em Meticais

Custos 2019 Novas Aquisições

Abates/AR Reclassificações /ajustamentos Transf. 2018

directa

Terrenos e recursos Naturais 386.139 190.950 - - - 195.189 Edifícios e outras construções 5.998.381.519 9.850.000 - - 869.259.322 5.119.272.197 Material de Transporte 504.356.602 51.045.784 - - 75.026.632 378.284.186 Equip. Admin. e Mob. Diverso 505.289.689 21.765.389 - - 10.555.310 472.968.990 Outros Bens Imobilizados 40.814.239 3.487.931 - - - 37.326.308 Software - SISSMO 95.271.411 70.000.000 142.478.171 - - 167.749.582 Estudos e consultorias 13.085.965 8.984.677 50.883.445 - 28.654.634 54.984.731 Custos Plurianuais 18.587.312 24.116.805 12.636.645 - - 7.107.152 Imobilizações em Curso 2.565.615.057 324.270.370 - -182.498.674 -983.495.898 3.407.339.259

Total Bruto 9.741.787.933 513.711.906 205.998.261 (*) -182.498.674 -954.841.264 9.645.227.594

Amortizações Acumuladas 2019 Amortizações do Abates/ Reclassificações

/ajustamentos 2018

Exercício AR directa

Edifícios e outras construções 787.148.805 120.169.611 - 29.202.244 637.776.950 Material de Transporte. 386.007.755 100.170.616 - - 285.837.139 Equip. Admin e Mobiliário Diverso 318.671.089 60.429.238 - - 258.241.851

Outros Bens Imobilizados 23.056.403 3.264.824 - - 19.791.579 Amortização directa (403.&.405) - - 205.998.261 - -

Total de Amortizações 1.514.884.052 284.034.289 205.998.261 29.202.244 1.201.647.519

490.032.550

Total líquido 8.226.903.881 8.443.580.075

7.10 Imobilizações FinanceirasA rubrica de Imobilizações Financeiras para o presente exercício económico foi reavaliada em função do desempenho específico das Sociedades Participadas, sendo que a posição financei-ra é de 11.412.850.326MT (2018: 6.708.235.599MT), tendo-se registado 748.843.485MT como perdas por imparidades acumuladas de exercícios anteriores e 1.021.358.891MT em potenciais ganhos do presente exercício. A sua composição está conforme a tabela que se segue:

IMOBILIZAÇÕES FINANCEIRAS

Valores em Meticais

Valor Reavaliado

2019

Valor ao custo histórico 2019

Valor Reavaliado 2018

Valor ao custo histórico 2018

BIM - Banco Internacional de Moçambique 1.846.568.592 222.780.900 1.661.519.723 222.780.900

Obrigações e Bilhetes do Tesouro 6.300.863.800 6.300.863.800 4.111.573.238 4.111.573.238 Ex - Nosso Banco 452.983.947 452.983.947 445.442.105 452.983.947 MCS - Moçambique Companhia de Seguros 7.068.689 7.068.690 7.068.689 7.068.690

CDM - Cervejas de Moçambique 562.433.550 396.930.578 181.623.966 176.482.748 C. M. Hidrocarbonetos 529.412.400 66.176.550 549.742.238 66.176.550 Epsilon 188.743.360 182.256 188.925.616 182.256 Banco Único 74.888.612 66.747.000 77.106.982 66.747.000 Ceta 366.212.000 366.212.000 366.212.000 366.212.000 HCB - Hidroelétrica de Cahora Bassa 1.987.018.558 1.295.881.668 - -

Sub-Total 12.316.193.508 9.175.827.389 7.589.214.557 5.470.207.329 Provisão p/ Imobilizações Financeiras -903.343.482 - -880.978.958 -

Total Líquido 11.412.850.026 9.166.644.189 6.708.235.599 5.470.207.329

7.11 Despesas AntecipadasO saldo de Despesas antecipadas, no montante de 23.771.499MT (2018: 12.693.530MT), repre-senta as despesas liquidadas no exercício e que dizem respeito ao ano seguinte.

7.12 Despesas com População Activa - Prestações a PagarO saldo desta conta, no montante de 49.204.593MT representa os valores retidos pelos cen-tralizadores para pagamento de prestações aos beneficiários. Comparativamente ao exercício anterior (2018: 111.761.763MT) reduziu em 62.557.170MT.

7.13 Despesas com Pensões – Prestações a PagarO saldo desta conta, no montante de 94.933.335MT, representa o valor das pensões processadas e não reclamadas pelos legítimos beneficiários antes da entrada em prescrição. Comparativa-mente ao exercício anterior (2018: 30.718.963MT) aumentou em 64.214.372MT.

7.14 Despesas com Subsídio por Morte – Prestações a PagarO saldo desta conta, no montante de 50.345.790MT, representa o valor dos subsídios por morte processados, que à data de encerramento do exercício findo em 31 de Dezembro, ainda não haviam sido pagos. Comparativamente ao exercício anterior (2018: 29.267.266MT) a conta au-mentou em 21.078.524MT.

7.15 Despesas com Acção Sanitária e SocialO saldo desta conta, no valor de 2.020.928MT (2018: 2.406.785MT), é referente às despesas processadas e ainda não pagas, destinadas a atender carências específicas das famílias e da co-munidade. Em relação ao exercício anterior, diminuiu em 385.857MT.

7.16 Prestações em PrescriçãoO saldo desta conta, no montante de 44.031.552MT (2018: 46.496.413MT), representa as prestações processadas nas contas pagadoras precedentes desta, que, no entanto, não foram ainda reclamadas, aguardando o prazo legal de prescrição (prazo de prescrição igual a três anos, conforme o nº 2 do art.30, da Lei 4/2007 de Fevereiro). Relativamente ao ano anterior, diminuiu em 2.464.861MT.

7.17 Sector Público EstatalEsta rubrica regista as operações inerentes à liquidação de taxas, contribuições, quotizações à administração Central e Local e outros organismos afins. O seu saldo ascende a 33.361.782MT (2018: 64.205.312MT), o que comparativamente a 2018 representa uma redução de 30.843.530MT.

7.18 FornecedoresO saldo desta conta, no valor de 10.903.969MT (2018: 9.612.362MT), representa os encargos assumidos e não liquidados no exercício, referentes a fornecimentos por terceiros de bens e serviços, o que comparativamente a 2018 representa um aumento de 1.291.607MT.

7.19 Empréstimos ObtidosOs Empréstimos obtidos, cujo saldo em 31 de Dezembro de 2019 ascende 71.649.015MT, repre-sentam locações financeiras para equipamento de transporte, obtidas junto da Banca Comercial à taxa de juro Prime Rate do Sistema Financeiro publicado pelo Banco de Moçambique, deduzido de um spread de -2% (menos dois por cento), com datas início de 12 de Abril, 24 de Maio, 1 de Julho, 12 de Novembro e 30 de Dezembro respectivamente. Com duração de 24 meses.

7.20 Adjudicatários com CauçõesO saldo desta conta, no valor de 1.706.620MT (2018: 2.152.140MT), representa o valor das ga-rantias bancárias dos fornecedores e de outros devedores credores diversos, o que comparativa-mente a 2018 representa uma diminuição de 445.520MT.

7.21 Outros CredoresO saldo desta conta, no montante de 71.705.763MT (2018: 42.361.629MT), representa os mov-imentos com terceiros não abrangidos por qualquer uma das contas precedentes desta classe.

A tabela a seguir demonstra a composição do saldo:

Outros Credores Valores em Meticais 2019 2018

Fundo dos Funcionários do INSS 2.209.899 1.646.606 Contribuições a Restituir 1.597.365 2.120.073 Credores Diversos 67.898.499 38.594.951

Total 71.705.763 42.361.629

7.22 INSS - Contribuições e AdicionaisO saldo desta conta, no montante de 2.598.859.562MT (2018: 3.329.912.136MT), indica a diferença entre as contribuições efectivamente recebidas através das guias de depósito e as declaradas nas folhas de remunerações. Comparativamente ao exercício anterior diminuiu em 731.052.574MT.

7.23 Receitas AntecipadasAs receitas antecipadas ascenderam a 212.351MT (2018: 160.159MT) e dizem respeito às re-ceitas recebidas no exercício, cujo proveito só será reconhecido no exercício seguinte.

7.24 ProvisõesO saldo de Provisões, que à data de 31 de Dezembro de 2019 ascendia a 3.688.536.919MT, en-contra-se a deduzir às rubricas de balanço pelo montante de 2.772MT respeitante a contribu-intes de cobrança duvidosa, 334.135.028MT no que respeita a créditos de cobrança duvidosa, 2.429.012.790MT no que respeita a depósitos à ordem, 22.042.847MT respeitante a perdas de existências e 903.343.482MT no que respeita a imobilizações financeiras.

7.25 ReservasNão estando determinado por lei o aumento do valor do activo imobilizado bem como da co-bertura actuarial dos regimes de prestação social não compreendidos no Sistema de Segurança Social, não foram criadas as Reservas de Reavaliação de Imobilizações e Reservas Gerais do Sistema, respectivamente, nos termos definidos nos artigos nºs 38 e 39, do Diploma Ministerial n.º 45/90, de 9 de Maio.

A conta de reservas compreende as reservas técnicas e de capital, como ilustra o quadro abaixo:

Descrição Valores em Meticais

Reservas Técnicas 2019 2018

Ramo de Doença 828.751.334 610.001.138

Ramo de Prestações p/ Morte 1.368.794.509 1.185.555.144

Ramo de Pensões 10.049.084.486 8.650.862.539

Reservas Gerais de Sistema 16.421.842.068 10.438.617.827

Total Bruto 28.668.472.397 20.885.036.648

Reservas de Reavaliação de Imobilizado 1.684.256.593 1.684.256.593

Edifícios e outras construções 43.027.629 43.027.629

Equipamento Industrial -67.676 -67.676

Equipamento de Transporte 530.923 530.923

Excedente de Revalorização 1.640.765.716 1.640.765.716

Total Líquido 30.352.728.990 22.569.293.241

De acordo com a tabela acima, o saldo das reservas observou um aumento na ordem de 26,14%, se comparado com o período anterior.

O artigo 104 do Regulamento da Segurança Social Obrigatória (RSSO), publicado pelo Decreto n.º 51/2017, de 9 de Outubro, prevê a realização de estudos actuariais de 3 em 3 anos para os dois regimes obrigatórios, trabalhadores por conta de outrem e trabalhadores por conta própria, tendo sido o último estudo requerido pelo Governo de Moçambique e pelo INSS em 2018, em referência ao exercício de 2017, com o objectivo de realizar uma avaliação actuarial do sistema contributivo da segurança social do País, incluindo projecções para 2018 e até ao ano de 2060.

O referido estudo foi efectuado pela Organização Internacional do Trabalho, sendo que, em ter-mos de metodologia actuarial foi utilizado o método de avaliação de projecções demográficas e financeiras para o período de 2018 a 2060.

Da Análise feita ao estudo actuarial, concluiu-se que as reservas do sistema, constituídas a 31 de Dezembro de 2019, nos termos do Decreto nº 51/2017, de 9 de Outubro, são suficientes para fazer face aos compromissos projectados para o mesmo período.

7.26 Contribuições do RegimeRegista-se nesta conta o valor das contribuições arrecadadas no exercício, provenientes do regime geral e de outros regimes abrangidos pelo sistema, o qual é distribuído pelos ramos doença, pensões, morte e administração, de acordo com as percentagens legalmente defini-das. Durante o exercício findo em 31 de Dezembro de 2019, a receita de contribuições foi de 10.964.691.670MT (2018: 10.016.395.122MT), representando um aumento na ordem de 9,47% em relação ao ano de 2018.

7.27 Outras ReceitasA conta de outras receitas apresenta-se como segue:

Descrição Valores em Meticais Variação

Outras Receitas 2019 2018 Absoluta %

Vendas 44.050 70.066 -26.016 -37,13% Receitas Financeiras Correntes 2.971.310.038 3.771.520.408 -800.210.370 -21,22% Receitas Suplementares 57.475.986 45.654.750 11.821.236 25,89% Receitas de Acção Sanitária e Social 229.128.039 282.964.756 -53.836.718 -19,03% Outras Receitas 4.476.524 7.104.250 -2.627.726 -36,99%

Total Bruto 3.262.434.637 4.107.314.229 -849.125.844 -20,57%

Vendas – Regista as vendas de brochuras da legislação de Segurança Social.

Receitas Financeiras Correntes – Regista os juros vencidos de depósitos à ordem (56.090.411MT), depósitos a prazo (2.138.402.598MT), juros de obrigações do tesou-ro (776.812.156MT), Rendimentos de aplicações em Papel Comercial, diferenças de câm-bio favoráveis (4.873MT) e dividendos atribuídos relativos a participações em sociedades (248.536.729MT).

Receitas Suplementares – Regista os proveitos que resultam de arrendamento de imóveis do INSS e do património do Ex-FAST, nomeadamente edifício Sede, edifício de Chimoio, edifício de Lichinga, Pousada de Chóckwe, Fabrica de Refeições de Maputo e Centro de Repouso de Namaa-cha, Condomínio Mulala Residence, Centro de Conferência Regional de Gaza.

Receitas com Acção Sanitária e Social – Regista o valor das prestações prescritas (processa-das e não reclamadas dentro do prazo legal de prescrição), e os proveitos resultantes da apli-cação de multas e juros de mora.

Outras Receitas – Regista o valor da venda de cadernos de encargo e outros proveitos não cobertos pelas contas precedentes desta classe.

Complementando o atrás descrito, o quadro a seguir sintetiza a estrutura das receitas e a sua evolução, no biénio 2019/2018:

Descrição Valores em Meticais Variação

Receitas Correntes 2019 2018 Absoluta %

Contribuições 10.964.691.670 10.016.395.122 948.296.548 9,47% Vendas 44.050 70.066 -26.016 -37,13% Receitas Financeiras Correntes 2.971.310.038 3.771.520.408 -800.210.370 -21,22% Receitas Suplementares 57.475.986 45.654.750 11.821.236 25,89% Receitas de Acção Sanitária e Social 229.128.039 282.964.756 -53.836.718 -19,03% Outras Receitas 4.476.524 7.104.250 -2.627.726 -36,99%

Total Bruto 14.227.126.307 14.123.709.352 103.416.955 0,73%

7.28 Prestações do RegimeAs Prestações do Regime compreendem o pagamento de despesas abrangidas pelo Sistema de Segurança Social, previstas na lei do mesmo Sistema, as quais se apresentam como segue:

Descrição Valores em Meticais Variação

Prestações do Regime 2019 2018 Absoluta % Despesas c/ População Activa (doença) 335.692.758 245.494.345 90.198.414 36,74% Despesas com Pensões 4.398.230.407 3.595.389.474 802.840.933 22,33% Despesas com Subsídio por Morte 191.101.589 175.770.169 15.331.420 8,72% Despesas com Acção Sanitária e Social 15.416.238 14.364.341 1.051.897 7,32%

Total Bruto 4.940.440.992 4.031.018.328 909.422.664 22,56%

7.29 Despesas AdministrativasAs Despesas Administrativas compreendem as despesas correntes de funcionamento e outras de capital, conforme a seguir se apresenta:

Despesas Administrativas Valores em Meticais

Variação

2019 2018 Absoluta % Custo de Exist. Venda. Consumida 44.050 - 44.050 100% Fornecimentos e serviços de terceiros 431.322.211 371.291.398 60.030.813 16,17% Despesas com Pessoal 1.827.197.317 1.660.593.750 166.603.567 10,03% Despesas Financeiras 64.224.204 136.118 64.088.086 47.082,74% Outras Despesas e encargos 1.155.330 65.423 1.089.907 1.665,95%

Total Bruto 2.323.943.112 2.032.086.689 291.856.423 14,36%

Contudo, importa referir que nas despesas Administrativas se destaca a elevada variação nas rubri-cas das despesas Financeiras e de outras despesas e encargos, sendo 64.088.086MT e 1.089.907MT, respectivamente, justificada pelos juros de financiamento na aquisição de Imobilizações.

Complementando o atrás descrito, o quadro abaixo sintetiza a estrutura das despesas e a sua evolução no biénio 2019/2018.

Evolução das Valores em Meticais Variação Prestações de Regime e Despesas

Administrativas 2019 2018 Absoluta %

Despesas com População Activa (doença) 335.692.758 245.494.345 90.198.414 36,74%

Despesas com Pensões 4.398.230.407 3.595.389.474 802.840.933 22,33% Despesas com Subsídio por Morte 191.101.589 175.770.169 15.331.420 8,72% Despesas com Acção Sanitária e Social 15.416.238 14.364.341 1.051.897 7,32% Administrativas 2.323.943.112 2.032.086.689 291.856.423 14.36%

Total Bruto 7.264.384.104 6.063.105.017 1.201.279.087 19.81%

7.30 Amortizações e Reintegrações do ExercícioAs Amortizações e Reintegrações do Exercício em análise ascenderam a 490.032.550MT (2018: 548.754.018MT), o que representa uma diminuição de 58.721.468MT.

7.31 Provisões e Perdas por Imparidade do ExercícioO valor total das provisões criadas no exercício foi de 39.114.936MT (2018: 2.652.540MT) e tiveram como finalidade a cobertura de outros riscos, decorrentes do incumprimento dos inquilinos LAOH, Ministério da Ciência e Tecnologia e MARP, Nosso Banco bem com os impressos vendáveis.

A tabela abaixo ilustra a sua composição.

Descrição 31/12/2019 31/12/2018

Imparidades

Reversão da provisão de Bancos -73.490.858 - Imobilizações Financeiras 22.364.524 2.652.540 Outros Devedores e Credores 83.403.272 - Despesas antecipadas 1.514.523 - Outras Provisões 5.323.475 -

Total 39.114.936 2.652.540 7.32 Resultados Extraordinários do Exercício

O saldo desta conta é credor no montante de 649.743.134MT, (2018: 66.559.849MT Credor), compreende as operações que não fazem parte da actividade normal do Instituto.

7.33 Resultados Imputáveis a Exercícios AnterioresO saldo desta conta é credor no montante de 101.881.828MT (2018: 255.008.022MT credor), com-preende as regularizações respeitantes a exercícios anteriores, incluindo, nomeadamente, a recuper-ação de processamento de custos e proveitos não reconhecidos nos exercícios a que dizem respeito.

7.34 Resultado Líquido do ExercícioO Resultado líquido do exercício corresponde ao crédito entre os custos mais perdas e prove-itos acrescidos de ganhos, registados durante o exercício, totalizando 7.185.219.679MT (2018: 7.830.765.649MT). Refira-se que o resultado apresentado corresponde a uma diminuição em relação ao exercício anterior na ordem de 8.24%. De referir que este saldo inclui as valorizações do capital aplicado nas sociedades participadas, num valor total de 1.021.358.891 pelo que o mesmo não será sujeito aplicado aos resultados, tendo em conta que não constitui ainda um ganho mas sim potencial ganho.

VIII – Proposta de Aplicação de ResultadosNos termos de disposto nos nºs 1 a 4 do artigo 112, do decreto nº 51/2017, de 9 de Outubro, propõe-se a seguinte aplicação dos Resultados do Exercício, conforme se ilustra no quadro abaixo:

Proposta de Aplicação de Resultados

Descrição Valores em Meticais

Reserva Ramo Doença 278.867.307

Reserva Ramo Morte 189.310.968

Reserva Ramo Pensões 687.325.230

Reserva Geral do Sistema 5.008.357.283

Resultado Líquido 6.163.860.788

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|NACIONAL|

KELLY MWENDA

Quinta-feira, 20 de Agosto de 202028 | ZAMBEZE

Inserção laboral e melhoria da empregabilidade dos jovens na agenda de Petersburgo

O Secretário de Estado da Ju-ventude e Em-prego, Oswaldo P e t e r s b u r g o ,

disse que a inserção laboral e a melhoria da empregabili-dade dos jovens constituem prioridades na sua agenda, por isso, há necessidade de inves-timentos para a construção de centros de formação pro-fissional; modernização dos centros de formação; certifica-ção internacional dos centros e formação de formadores.

Com efeito, o desenvolvi-mento de competências, em particular o saber fazer, é a prioridade da Secretaria de Es-

tado da Juventude e Emprego que garante através da sua rede de centros de formação profis-sional, onde são leccionados cursos para a indústria, des-tacando-se a construção civil, manutenção industrial, mecâ-nica industrial, caldeiraria, me-talomecânica, que contempla a serralharia mecânica, soldadura e montagem de estruturas metá-licas ministrados nos centros de formação profissional dos pólos de desenvolvimento em Inham-bane, Cabo Delgado e Tete.

Como explica Petersbugo, estes centros são produto da própria indústria que conhece as suas necessidades de mão--de-obra e respondem ao grande

preceito da reforma de educa-ção profissional que preconi-za a educação para o trabalho.

É neste contexto que são encorajadas as empresas a acolherem os estágios pré--profissionais, pois, constituem oportunidade para os jovens aperfeiçoarem os conhecimen-tos e facilitar a sua inserção labo-ral e iniciativas empreendedoras.

“Mostra-se pertinente o alinhamento das actividades dos diferentes provedores de formação profissional com os programas do Governo que irá permitir a racionalização de re-cursos e trazer maior benefício ao público-alvo”, sublinhou.

Governo fornece sementes a dez mil produtores agrários de Manica e Sofala

Mais de 10 mil produtores agrários das províncias de Sofala e Manica, que perderam as suas áreas de cultivo devido à passa-gem do ciclone tropical Idai, que assolou, em Março de 2019, a re-gião centro do país, recebem do Governo moçambicano sementes agrícolas para a segunda época da campanha agrária 2019-2020.

Trata-se de uma iniciativa do Go-verno central que visa minimizar o sofrimento que a

população tem passado depois do ciclone Idai, em que muitas famílias perderam na totalidade as suas lavras e animais pelas cheias causadas pelas intempé-ries que deixaram marcas irrepa-ráveis na vida da população das províncias de Manica e Sofala.

A entrega de sementes agrí-colas enquadra-se no âmbito de reconstrução pós-ciclone Idai, empreendida pelo Ministério da Agricultura e Desenvolvi-mento Rural, através de vários parceiros, como é o caso do Banco Africano para o De-senvolvimento, FAO e outros.

Trata-se de Kits de sementes de hortícolas, cereais e legumi-nosas que estão avaliadas num valor total de cerca de 50 mil dólares americanos, destinados para Manica e Sofala, provín-cias mais afectadas pelo Idai.

“Para a província de Mani-ca, são cerca de três toneladas, significa três mil quilogramas de sementes correspondente a Milho, feijões e hortícolas, isso vai beneficiar 3.300 pes-

soas que são produtoras que é para no âmbito da sua recupe-ração resiliente, sabemos que os produtores precisam de ser reconstruídos após as destrui-ções do ciclone”, explica o Sérgio Sambo, representante do Ministério da Agricultu-ra e Desenvolvimento Rural.

A entrega das sementes no âmbito da reconstrução pós--ciclone tropical Idai, na pro-víncia de Manica, foi feita no distrito de Sussundenga, em Dombe, posto administrati-vo da província mais afecta-da pelas intempéries, onde foram entregues 749 kits de sementes que corresponde ao igual número de produtores.

“No total da província, são cerca de três mil quilogramas que contempla os distritos de Sussundenga, Gondola, Van-duzi, Manica e outros distritos, e isto está avaliado em termos de número de produtores be-neficiários cerca de 3.333, ao nível das província de Manica e Sofala são cerca de 10 mil produtores, porque a provín-cia de Sofala foi mais afectada é que tem mais quantidade de semente”, acrescenta Sambo.

Para além da entrega de

Kits de sementes, o Governo procedeu igualmente a entre-ga de 4 kits pecuários para os criadores de gados, que viram os seus animais a morrer devi-do a várias doenças resultadas das cheias trazidas pelo Idai.

A Chefe do conselho exe-cutivo da província de Ma-nica, Francisca Tomás, ape-la a população que sofre consequências do Idai para que apostem na produção das hortícolas, pois estas trazem vitaminas para o corpo huma-no capazes de combater a des-nutrição em crianças e adultos.

“Produzindo couve, pro-duzindo feijão, tomate, cebo-la e outros tipo de alimentos, para podermos ter autossus-tentabilidade, para podermos alimentar as nossas crianças, para evitarmos a má nutrição das crianças, daí que devamos

apostar na produção nas bai-xas e produção de horticultu-ra”, disse Francisca Tomás.

A cerimónia de entrega de sementes está sendo pre-cedida numa altura em que a pandemia da Covid-19 está a assolar o país e o mundo, daí que a governadora de Manica, Francisca Tomás apela aos pro-dutores ao cumprimento das medidas de prevenção desta pandemia no exercício das suas actividades nas machambas.

Francisca Tomás vinca que os produtores agrários da pro-víncia de Manica devem usar, correcta e constantemente, as máscaras de protecção fa-cial, obedecer o distanciamen-to físico e manter a higiene pessoal e colectiva de modo a que as machambas não se-jam novos focos de transmis-são do novo Coronavírus ao

nível desta parcela do país. Os beneficiários das se-

mentes agradecem o gesto do Governo, pois este que veio minorar o sofrimento que es-tes têm enfrentado. “Eu perdi uma área muito grande de Ma-chamba no ano passado, nos últimos tempos tenho passado mal com minha família, mas com o semente poderei semear mapira, milho e feijão para dar de comer minha família e ven-der”, disse José Pedro Sibinde.

Cândido Madeira, benefici-ário de kit pecuário, afirma que após ciclone Idai, muitos ani-mais perderam a vida devido a falta de desparasitantes e outros recursos pecuários. “Já é mui-to bom para os nossos animais com este kit, temos desparasi-tante, também para banho e ou-tros. Perdi 4 bois e já não faço ideia dos cabritos, porque mor-reram quase todos, mas com essa entrega, vamos melho-rar a nossa criação”, afirmou.

O Gabinete de reconstru-ção pós-ciclone Idai prevê, no presente ano, a construção de 10 sistemas de abastecimentos de água potável na província de Manica, reabilitação da bar-ragem no posto fronteiriço de Rotanda no distrito de Sussun-denga, pois para a construção de escolas e centros de saúde em locais considerados livres de cheias por onde a popula-ção vive, o Gabinete prevê ini-ciar as obras no próximo ano.

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| DESPORTO|

Comercial

Jornalistas desportivos querem mais acesso à informação e valorização da classe

Valorização dos jornalistas desportivos, acesso à informa-ção, gabinetes de informação inseridos nas federações e clu-bes, regulação do mercado de transferências, usar as univer-sidades para melhor compre-enderem o desporto nacional, entre outros aspectos, deram o mote para o debate de reflexão entre profissionais da comu-nicação social e a Secretaria de Estado do Desporto sobre a revisão da Lei do Despor-to e respectivo regulamento.

O debate ultrapassou a mera discussão da revisão da Lei do Desporto e abarcou ou-tras preocupações que os jor-nalistas têm perante o papel que o Estado exerce para va-lorizar o jornalista desportivo.

O Presidente da Associa-ção Moçambicana de Imprensa Desportiva (AMID), Adão Ma-timbe, destaca que na revisão da Lei base de Desporto tem de se ter em conta a salvaguarda de um direito constitucional que é o acesso à informação.

“Por causa da sonegação da informação, é importante que nos instrumentos coloquem em primeiro lugar esta questão de salvaguarda do Direito à Infor-mação. Os clubes, as federa-ções nacionais, o movimento desportivo nacional deve ter um Departamento de Comu-nicação” disse o representante dos jornalistas desportivos.

Falando sobre a valori-zação do jornalista desporti-vo, o decano da comunica-

ção social, Renato Caldeira, realçou que o problema não se encontra no jornalista des-portivo, mas sim no próprio desporto moçambicano.

“O nosso problema não é o jornalismo, é o desporto em si. O lugar que o desporto ocu-pa na nossa sociedade. Esta é a questão central. O lugar do desporto em Moçambique é subalterno e a maior parte das pessoas que acompanha o des-porto com muito interesse é o de Portugal, da Inglaterra e in-clusive os jornalistas desporti-vos. Não há paixão por aquilo que é nosso”, afirmou Caldeira.

Director Nacional do Des-porto de Rendimento, Francis-co da Conceição, afirmou que todos intervenientes no des-porto têm a noção de que é ne-cessário regularizar esta área.

“O principal objectivo da lei é harmonizar, aglutinar e or-ganizar. Estamos num contexto em que o fio condutor do de-bate gravita a volta da ideia de reorganizar o nosso desporto. Todos os actores do desporto sabem que é importante que se reorganize o nosso desporto. A questão que se coloca é em que medida podemos reorganizar o nosso desporto através da Lei”, disse Francisco da Conceição.

O debate decorreu, esta se-gunda-feira, 17 de Agosto, na Secretaria de Estado do Des-porto, com a presença de jorna-listas dos diferentes meios de comunicação (LANCEMZ).

Assembleia Geral da Federação de Futebol para Novembro

A Federação Moçambicana de Futebol (FMF) acaba de anunciar o adiamento da sua Assembleia Geral (AG) Ordinária, que estava marcada para o próximo dia 29 de Agosto de 2020, pelas 10 horas, remarcando-a para o dia 7 de Novembro de 2020, segundo um comunicado as-sinado pelo presidente da Mesa da AG, Teodoro Waty.

O c o m u n i c a d o em referência faz saber que a magna reunião do órgão reitor

do futebol nacional foi adia-da “em virtude de incertezas de calendarização da FIFA/CAF devido a Covid-19”.

Este adiamento surge 12 dias antes da data inicialmen-te marcada para ter lugar a Assembleia Geral Ordiná-ria da FMF e numa altura em que as Associações Pro-vinciais preparavam-se para receber os documentos ora alistados para serem analisa-dos nesta importante reunião.

Numa altura em que a

época futebolística 2020 esta marcadamente afectada pela pandemia da Covid-19, que obrigou a suspensão das com-petições o que levou muitos círculos da modalidade a pen-sarem numa eventual mudan-ça de época, este assunto não consta dos pontos de agen-da, ora adiada, a não ser que possam ser discutidos pelas Associações Provinciais no capítulo não menos importan-te e destinado aos diversos.

Segundo a anterior convo-catória da magna reunião que temos estado a citar a agen-da desta sessão ordinária da Assembleia Geral da FMF é composta por sete pontos, a

saber: 1- Apresentação e dis-cussão do relatório de activi-dades desenvolvidas durante a época de 2019; 2- Apresen-tação e discussão do relatório e contas do exercício de 2019; 3- Apresentação do plano de actividades para a época 2020; 4- Apresentação da propos-ta de orçamento para a época de 2020; 5 – Apresentação do plano de actividades para a época 2021; 6- Apresentação da proposta de orçamento para a época de 2021; 7- Diversos.

Refira-se que os dois pri-meiros pontos são referen-tes ao exercício do anterior elenco liderado por Alberto Simango Júnior cujo manda-to terminou em Dezembro de 2019, na sequência da vitória eleitoral de Feizal Sidat cujo início de mandato está a ser marcado por inactividade des-portiva por conta da pandemia da Covid-19. (LANCEMZ)

Adão Matimbe, presidente da AMID

ZAMBEZE | 29Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020

Page 29: AMBEZ E2020/08/20  · bater o terrorismo em Moçam-bique. Neste momento, o apoio que o Estado moçambicano so-licitou é a vigilância nas fron-teiras, para a não entrada de bandidos

| ECONOMIA|

País registou queda nas exportações em 2019

O volume do comércio de bens com o exterior apre-sentou, em 2019, no país, um comportamento esta-cionário, em relação ao ano anterior, tendo sido transac-cionados bens no valor total de 12.096.7 milhões de dóla-res norte-americanos, con-tra 11.956.5, em 2018, o que corresponde a uma variação positiva de 1.2 por cento.

Estes dados foram anunciados pelo ministro da Indús-tria e Comércio, Carlos Mesquita,

no decurso do Webinar de re-flexão sobre o impacto e desa-fios da pandemia do novo coro-navírus na Balança Comercial de Moçambique, no contexto da SADC, ocorrido, sábado, 15 de Agosto, em Maputo.

Conforme indicou o go-vernante, o saldo da Balança Comercial deteriorou-se, em 2019, em 827 milhões de dó-lares, situando o défice em

2.758.9 milhões, contra os an-teriores 1.931.9 milhões, em 2018, comportamento que re-sulta da queda das exportações e da subida das importações.

“Em 2019, saíram do País bens no valor de 4.668.9 mi-lhões de dólares, o equivalente a uma queda de 6.9 por cento, face aos 5.012.2 milhões, re-

gistados, em 2018”, referiu o ministro, acrescentando que “a entrada de bens, no País, registou um valor global de 7.427.8 milhões, o equivalen-te a um crescimento de 7.0 por cento, face aos 6.944.2 mi-lhões registados, em 2018”.

Excluindo os mega-projec-tos, as exportações, em 2019, si-tuaram-se em 2.218.9 milhões, mais 23.7 por cento, face a 2018, enquanto as importações foram no valor de 6.525.5 milhões, mais 9.6 por cento, face a 2018.

Num outro desenvolvimen-to, o titular do pelouro da In-dústria e Comércio, referiu que a pandemia do novo coronavírus está, indubitavelmente, a impac-tar negativamente a economia moçambicana, bem como da re-gião, tornando difícil a mobilida-de de pessoas e mercadorias dum país para o outro, dificultando, deste modo, o fluxo do comércio.

“Estes factores estão a con-correr para o agravamento do défice na conta corrente da ba-lança de pagamentos, impac-

tando negativamente na entrada de divisas em moeda externa, com particular destaque para o dólar norte-americano, tendo em consideração que o comér-cio internacional é a força mo-triz para o desenvolvimento de qualquer economia”, realçou.

Apesar do choque que se ve-rificou, no primeiro semestre do corrente ano, e que resultou num abrandamento significativo do nível de actividade empresarial, conforme enfatizou Carlos Mes-quita, projecta-se, para o segun-do semestre, uma tendência de recuperação gradual da activida-de empresarial, podendo o nível da perda de facturação baixar de 65 por cento, para 32 por cento.

Refira-se que o Webinar “Exportações vs Covid-19”, promovido pelo Ministério da Indústria e Comércio, em parceria com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Coo-peração, enquadra-se no âm-bito das comemorações dos 40 anos da SADC e constitui uma plataforma de debate virtual

Montepuez Ruby Mining preocupada com garimpo ilegal

A Montepuez Ruby Mining, (MRM), mostrou--se bastante preocupada com os sucessivos aciden-tes envolvendo mineradores ilegais que invadem as mi-nas a si concessionadas, à busca de pedras preciosas.

Segundo os gestores da empresa, estas actividades tem dado um grande prejuízo a minera-

dora, para além das constan-tes perdas de vidas humanas dos ilegais durante o processo de escavações clandestinas, sem o mínimo de segurança.

A MRM, indica ainda que vários são os esforços realiza-dos através de campanhas de sensibilização sobre o perigo do garimpo ilegal emitidas pela mineradora mas, infelizmente estas não são acatadas por todos.

De acordo com uma nota da mineradora, só nos últi-mos seis meses, pelo menos

20 pessoas, na sua maioria jo-vens, perderam a vida nas ins-talações da MRM, no decurso de operações artesanais de mineração, que muitas vezes têm culminado com o desaba-mento dos solos, deixando os garimpeiros presos no subsolo.

Para o Presidente do Con-selho de Administração da MRM, Samora Machel Jú-nior, o garimpo ilegal é uma situação quase recorrente, não estando estancado por com-pleto. Segundo ele, a MRM tem colaborado com as auto-ridades governamentais, atra-vés do Ministério do Interior, e deste modo, tem realizado acções que visam sensibili-

zar as comunidades à volta da concessão da mineradora, para que entendam o impacto negativo que isso representa.

“Reconheço que o impacto da presença da MRM nas co-munidades ainda não é bastante significativo, mas entendo que nada justifica o garimpo ilegal, uma vez que, gradualmente, a empresa está a desenvolver

diversas acções de responsabili-dade social dentro das comuni-dades e já existem alguns bene-fícios visíveis”, disse Machel.

Machel Júnior disse ain-da que “nós, como empresa, não somos contra o garimpo, desde que não seja ilegal. O garimpo organizado, transpa-rente e com regras definidas é bom, porque traz benefícios

não só para as comunidades como também para o país e é por esta via que tentamos sensibilizar as comunidades”.

Entretanto, a MRM acredita que os garimpeiros são explo-rados por sindicatos ilegais de contrabando de rubis, normal-mente financiados por compra-dores estrangeiros, que pagam aos ilegais apenas uma fracção do valor real de mercado de ru-bis que são obtidos ilegalmen-te na mina e de outras fontes.

“A MRM continuará a fa-zer campanhas para aumentar a consciencialização nas comu-nidades locais, mas as acções perpetradas pelos mineradores ilegais ultrapassam as nossas capacidades, daí que pedimos o apoio do Governo para a so-lução deste problema, que tem causado enormes prejuízos à companhia”, concluiu Machel.

Quinta-feira, 20 de Agosto de 202030 | ZAMBEZE

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Feira do livro de Maputo: mediocridade nao!

Mo ç a m b i q u e caminha pe-rigosamente para o res-valo cultu-

ral, levado por uma vigorosa e nada compreensível inversão de valores. Inconformado com o seguidismo a risca da máxima camoniana de que mudam-se os tempos, mudam as vontades, dedico agora parte do meu tem-po para desafinar à ode que ora se faz a mediocridade, até em áreas que deviam ser, por exce-lência, o último reduto da vigên-cia do conhecimento e do saber; das artes e do bom gosto, etc...

Sempre tive comigo a ideia de que o conhecimento e o saber ganham maior expressão a nível das universidades, mas vemos nelas o ganhar de reduto por parte de pseudo-intelectuais. Se isso ficasse por aqui, pouco faria caso em mim a legitimação de gente inculta nas nossas univer-sidades, pois caberia a cada es-tudante buscar nos livros outros modelos para alimentar as suas necessidades de conhecimento.

Todavia, a promiscuidade

intelectual que grassa as nossas universidades, multiplica-se um pouco por todas as áreas da so-ciedade. Nos canais de televisão nacionais assistimos o evoluir de comentaristas que a única chave de acesso às nossas casas foi-lhes concedida a mercê de uma mera passagem pelos corredores das universidades. Fazem questão de ostentar canudos de doutores e não se sabe o quê somente para camuflar e couraçar as suas fra-gilidades intelectuais, na verda-de se não funcionam como sim-ples intelectuais orgânicos, são mais horrenda face da incultura.

Como resultado, essa medio-cridade parece nos dias de hoje muito mais unida, e tendo con-quistado lugar chave na esfera de decisão político-administrativa, segue promovendo a visibilida-de pública de semelhante gente medíocre, ou se não assim me-díocre, então simples iniciáti-cos, tornando-os cada vez mais visíveis, no intuito fagocitário às vozes que de facto consti-tuem referência, seja no mundo académico, ou artístico-cultural.

A título de exemplo, trarei

duas situações de fazer arrepiar os cabelos. Nos exames escola-res, incluindo os do ensino su-perior, os estudantes agora deve confrontar-se com pergunta do tipo “As vozes das minhas Entra-nhas” é obra de: Deusa de Áfri-ca, Andes Chivangue, Gonçal-ves Gonçalo, MequeSamboco.

Ora, que contributo estético--literário esses quatro senhores acrescentaram à literatura mo-çambicana, para servirem de cânone ao nosso sistema de en-sino? Claro que nenhum, mas a incultura de quem até chega ao estatuto de elaborar exames para os nossos estudantes, ou guiões de perguntas e respostas das nossas televisões arrasta o país todo a fundo do poço, de onde, vesgo, apenas é capaz de uni-camente ver esse pedaço de céu.

Mais recentemente, ainda pôde-se ler no Jornal Notícia, do dia 12 de agosto corrente, que anunciava a proximidade da realização da Feira do Livro da Cidade de Maputo. No que toca razão a homenagem ao es-critor do ano, como que anuncia algo normal, a coordenadora do

evento, Cristina Manguele, a escritora Paulina Chiziane será a homenageada da edição 2020 da Feira. Até ai tudo bem, pois Paulina já construiu como soli-dificou a sua carreira literária. Aberração vem de com quem ela esteve no escrutínio, outros cidadãos susceptíveis de serem homenageados, nomeadamen-te Bento Baloi, Nelson Lineu e Mauro Brito. Analisando o perfil da Paulina, e depois alguém vir a publica afirmar que a escrito-ra, primeira romancista nacional, esteve em escrutínio com esses novéis autores, ainda sem crédi-tos firmados, é no mínimo uma tremenda falta de consideração.

Essa confusão não duvido que advenha da falta de conhe-cimento sobre a literatura dos que trabalham na organização dessa feira, a semelhança de tan-tas outras áreas de trabalho no país onde, o critério válido para ser contratado é a mediocrida-de. Perguntaria agora a Senho-ra Cristina Manguele quem são essas três figuras no panorama literário nacional? De Nelson Lineu, sei que é um promissor

talento, uma referência na no-víssima geração mas nada sufi-ciente para coloca-lo em escru-tínio com Paulina Chiziane. Dos outros dois, recuso-me a tecer quaisquer comentários. Com que critérios a senhora passou tábua rasa a nomes como Mia Couto, UngulaniBaKhosa, Su-leimanCassamo, Borges Coelho, armando Artur, Luís Bernardo Honwana, para não falar de al-guns notáveis da nova geração de escritores. Assim, o país se-gue andando de mediocridade em mediocridade. Os medíocres agora tomaram tudo. Batem-se agora por controlar a academia e o mundo das artes. E para ir muito mais fundo, que conheci-mento sobre a literatura a Senho-ra Manguele detém para chegar ao nobre lugar de coordenadora da Feira do Livro de Maputo.

A terminar, e porque os medíocres controlam quase tudo, permitam-me um desa-bafo: “Deixem-me ao menos subir às palmeiras…” , em-préstimo do título do filme de Joaquim Lopes Barbosa.

obadias muianga

| CULTURA | ZAMBEZE | 31Quinta-feira, 20 de Agosto de 2020

“Cabo do terror” é o título da nova música do rapper mo-çambicano Zito Covane. A música, segundo o cantor, retrata a insurgência em Cabo Delgado. Para ele, é um contributo enor-me, uma vez que traz dimensões multifacetadas do terrorismo.

Mesmo ainda sem video-clipe, Zito Covane en-tende que a

música traz o que dificilmente vem a superfície, daí que houve necessidade de trazer para den-tro da música os desafios que os militares enfrentam para repor a ordem e tranquilidade públicas.

“A minha música é um estilo poético que traz o so-frimento que os militares, po-pulações que dia e noite saem em debandada a procura de um refúgio em locais seguros. Na música, tentei trazer as cama-

das envolvidas naquele teatro das operações, desde os mili-tares que, em meio às dificul-dades, tentam repelir as acções dos insurgentes e a população que dia e noite arrisca-se em buscar locais seguros. Mas também tentei trazer aqui os insurgentes, ou seja, o jovem que por causa do desespero é aliciado para integrar as fileiras dos malfeitores. “A ideia de tra-zer esse personagem terrorista é pelo facto de a eclosão dos hidrocarbonetos marginalizar parte dos jovens daquela região ou província”, refere Covane.

Então, é nesse âmbito que

surge a máxima fui treinado por desgosto para massacrar e a minha táctica é decapitar, isso porque durante a eclosão das pesquisas do petróleo hou-ve expectativas semeadas por estes jovens. Contudo, ainda agora vivem no meio da extre-ma dificuldade e sem serviços

básicos para a sobrevivência, daí juntar-se aos rebeldes por que há promessa de uma vida melhor, embora na verdade pos-sa ser uma incógnita. O autor da música entende ainda que tem por objectivo apelar ao Governo que assuma a situação de Cabo Delegado seriamente sob o ris-

co de haver pequenos estados islâmicos dentro de Moçambi-que e quiçá futuramente haver homens bombas a pulularem em grandes cidades tal como sucede em Mogadíscio, em que diariamente há homem bomba acomodado no hotel ou aglome-rados com o intuito de rebentar.

Cabo do terror

Rapper traz realidade de terrorismo em forma de música

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LUÍS CUMBEOs passeios da Baixa da cidade, mercados Estrela Verme-

lha, Zimpeto e Xipamanine vão, aos poucos, sendo ocupados pelos informais nos moldes que funcionavam anteriormente.

A reestruturação de principais mer-cados da praça tinha em vista responder à ne-

cessidade de criar um novo normal de funcionamento nos esforços de redução de riscos de contágio a partir destes pontos.

Foram identificados espaços para alocar parte de vendedores não cabendo nos mercados de Xipamanine, Estrela Vermelha, o grossista do Zimpeto e os informais da baixa da cidade, para facilitar este alargamento de distanciamento de um me-

tro e meio, e assim resultar um funcionamento “organizado”.

No entanto, no terreno, tudo indica que os informais volta-ram ao antigo normal, ocupan-do os mesmos passeios e pontos de que foram removidos pela gestão municipal, com destaque para a Baixa da cidade e do Es-trela Vermelha, perante olhar im-pávdio das autoridades da urbe.

Tanto na baixa da cida-de como no mercado Es-trela verifica-se informais a desenvolver negócios, ge-rando um movimento desu-sado entre passeios, confron-

tando decisão das autoridades. Na altura, a comitiva de Co-

miche veio a público sublinhar que a remoção dos informais dos pontos inapropriados ser irrecorrível, não abrindo es-paço para negociação, mesmo com a resistência dos visados.

Nas cidades de Maputo e Matola muitos vendedores in-formais foram removidos e introduzidos dentro dos mer-cados, acções que combate-ram o comércio que poluía passeios da urbe, inviabili-zando a circulação de peões.

Esta medida levantou muita fúria dos vendedores que bloque-aram as ruas e avenidas da baixa

da capital, que entre outros par-tiram vidros de algumas lojas.

Depois das reacções na baixa a polícia de intervenção rápida foi chamada a acompa-

nhar o processo de retirada dos informais do mercado Estrela, tendo sido a corporação obri-gada a permanecer semanas re-primindo sinais de resistência.

Contrariando a nova postura municipal

E tudo volta ao normal