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Amazônia

8Páginas 6 e 7: Banco de Imagens ShutterstockPágina 11: Foto do acervo do Programa LBA / INPE - Paulo Artaxo

SUMÁRIO

1. Amazônia no Brasil 1.1 diversidade biológica 1.1.2 O rio Oceano 1.2 diversidade sociocultural 1.3 panorama socioeconômico 1.3.1 indicadores da amazônia brasileira

2. Desafios da Amazônia Hoje 2.1 desordem fundiária 2.2 estradas clandestinas 2.3 desmatamento 2.4 cadeias produtivas predatórias 2.4.1 Madeira 2.4.2 pecuária 2.4.3 soja

3. Ações Estratégicas do Governo 3.1 plano amazônia sustentável (pas) 3.1.1 plano de ação de prevenção e controle do desmatamento na amazônia 3.1.1.1 Monitoramento e fiscalização 3.1.1.2 áreas protegidas 3.1.1.3 zoneamento territorial / zee 3.2 regularização fundiária 3.3 plano de aceleração do crescimento na amazônia (pac) 3.4 fundo amazônia 3.5 plano nacional de Mudanças climáticas

4. Amazônia e o Clima Global 4.1 ciclo da água 4.2 ciclo do carbono 4.3 fogo

5. O Valor da Floresta em Pé 5.1 serviços ambientais

6. Oportunidades para o Desenvolvimento Sustentável 6.1 economia da floresta 6.2 atuação responsável da iniciativa privada 6.3 conexões sustentáveis – as cadeias produtivas e os consumidores

7. Wal-Mart e a Amazônia 7.1 fórum amazônia sustentável 7.2 Gt pecuária sustentável 7.3 flona amapá: a teoria na prática

AGRADECIMENTOS

Os editores deste Relatório agradecem a todas as fontes consultadas e em especial a Adalberto Veríssimo, do Imazon - Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia; Adriana Ramos, do ISA - Instituto Socioambiental; Eugenio Scannavino Netto, do Projeto Saúde e Alegria / Amazônia Brasil; João Meirelles, do Instituto Peabiru; Paulo Artaxo, fotógrafo; Paulo Vitale, fotógrafo; Ricardo Young, do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social; ao Ministério do Meio Ambiente e ao IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais.

APRESENTAÇÃO

A Amazônia é a região mais biodiversa do planeta. Presente em 9 países e no Brasil, o bioma concentra 5,1 milhões de km2 de florestas tropicais e ecossistemas de transição. Por sua abrangência geográfica, e por seu caráter biodiverso, a região possui hoje fundamental importância nos fóruns internacionais como protagonista global, já que representa um imenso estoque de carbono e contribui para a regulação dos ecossistemas, regimes climáticos e hídricos. Nesse sentido, a preservação das extensas áreas de mata tropical é considerada um dos vértices do equilíbrio natural da Terra e da permanência da vida sobre ela.

Nos últimos 30 anos, o histórico de destruição dessa mata no Brasil destaca-se mundialmente, quando se consideram as emissões globais de gases do efeito estufa (gás carbônico, metano e óxido nitroso). Neste contexto, a Amazônia aparece como um potencial vilão do aquecimento global, tanto pelo desmatamento, quanto pelas queimadas. Este quadro insere o Brasil em 4º lugar na lista dos países que mais contribuem para as mudanças climáticas. Entre 1997 e 2006, apenas as queimadas intencionais na Amazônia responderam por 32% das emissões de gases de efeito estufa relacionadas às florestas tropicais.

A Amazônia também atua na conservação e regulação dos regimes pluviais, que influenciam a economia e o bem estar das regiões Sul e Sudeste da América Latina, alcançando até os ciclos climáticos do Hemisfério Norte, influenciando as temperaturas das águas na América Central e Golfo do México.

Além desses aspectos, a floresta amazônica em pé fornece os chamados “serviços ambientais” que podem trazer benefícios para o Brasil e outros países da América Latina. A sua inigualável biodiversidade é um potencial ainda inexplorado e desconhecido pela ciência, o que permite uma reinvenção da economia regional, amparada em ecomercados e positiva para todo o Brasil.

O planejamento integrado é um dos atuais desafios para a Floresta Amazônica e contempla o tripé da sustentabilidade (viabilidade econômica, segurança do meio ambiente e justiça social). Assim, o Wal-Mart Brasil quer conhecer melhor a Amazônia, porque acredita que somente a partir de uma base sólida de informações e do diálogo com representantes do governo, da iniciativa privada, de instituições e especialistas no tema será possível desenvolver ações para a preservação da floresta e para a utilização responsável e sustentável de seus recursos.

O presente relatório representa o primeiro passo para um diálogo amplo que permita o estabelecimento de compromissos empresariais baseados em critérios de segurança ambiental e responsabilidade social nas ações que tenham relação direta com a região ou que estejam conectadas a ela por meio das cadeias de produção e consumo. Esses compromissos passam pela ação conjunta entre governo, empresas e sociedade civil, tendo como premissas o ordenamento fundiário e a legalidade, possibilitando a criação de um ambiente seguro para atrair investimentos que levem ao desenvolvimento sustentável da Amazônia.

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Uma das maiores árvores tropicais do mundo, a Sumaúma é comum em várzeas dos Rios Amazônicos.

Foto do acervo do Ministério do Meio Ambiente

Amazônia – Protagonismo Global

a aMazônia é uM fatOr de prOtaGOnisMO GlObal para O brasil. é a MaiOr flOresta trOpical dO planeta, cOM iMpOrtância fundaMental na reGulaçãO cliMática da terra e Grande pOtencial para O desenvOlviMentO de uMa ecOnOMia da flOresta, baseada eM biOtecnOlOGia e biOMassas. Os desafiOs de sua preservaçãO e a utilizaçãO respOnsável de seus recursOs cOlOcaM O país nO centrO das atenções internaciOnais.

O desenvOlviMentO sustentável da aMazônia está diretaMente relaciOnadO aO MOdelO ecOnôMicO a ser adOtadO lOcalMente e eM cOMO se dará a utilizaçãO de seus recursOs pOr vetOres de Outras reGiões dO brasil e dO MundO. Garantir que a aMazônia irá sObreviver a esta GeraçãO e que vai cOntinuar a Oferecer suas riquezas à huManidade requer cOMprOMissOs de GOvernOs, sOciedade e eMpresas.

MesMO cOM a “Marca” aMazônia sendO uMa das Mais cOnhecidas dO MundO, a realidade de suas pOpulações, a cOndiçãO de suas flOrestas e sua iMpOrtância estratéGica para O desenvOlviMentO sustentadO ainda sãO descOnhecidas. Mais de 25 Milhões de pessOas viveM na reGiãO, eM Grandes cidades cOMO Manaus e beléM e taMbéM espalhadas eM cOMunidades indíGenas, tradiciOnais e ribeirinhas. as sOluções para O desenvOlviMentO sustentável da aMazônia deveM ir aléM da preservaçãO dO ecOssisteMa e cOnsiderar, pOr exeMplO, MelhOres cOndições de vida às pOpulações, GarantindO seu acessO à saúde, educaçãO, seGurança e trabalhO justO.

MuitO se Ouve falar sObre O desMataMentO da reGiãO, Mas pOucO se cOnhece sObre sua Gente, história e ecOnOMia. O Olhar aqui apresentadO pretende indicar Os prObleMas e dileMas da aMazônia, assiM cOMO alGuMas sOluções já experiMentadas. a prOpOsta é buscar O desenvOlviMentO baseadO nO tripé da sustentabilidade, prOMOvendO viabilidade ecOnôMica à reGiãO cOM seGurança aO MeiO aMbiente e justiça sOcial.

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No Brasil, somados os ecossistemas de transição do entorno desse território de matas tropicais, a Amazônia concentra 5,1 milhões de km2, ou quase 60% do País.

A Amazônia brasileira administrativa (criada em 1953 pela Constituição Federal do Brasil) é chamada Amazônia Legal, e alcança nove estados: Acre, Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá e Tocantins, além da parte oeste do Maranhão e norte do Mato Grosso.

PErfil GEolóGiCo

Há 420 milhões de anos, a planície amazônica era coberta por água do mar e formava um golfo aberto para o Oceano Pacífico. Não existiam os Andes. E a América do Sul e a África formavam um só continente. Nos 150 milhões de anos seguintes formaram-se rios que correm de leste para oeste, desaguando no Oceano Pacífico. 70 milhões de anos atrás, surge a Cordilheira dos Andes, barrando o escoamento da água para o oeste. A água represada formou lagos, e regiões alagadiças, dando origem ao Rio Amazonas de hoje, que corre de oeste para leste, e deságua no Oceano Atlântico.

1.1 DivErsiDADE biolóGiCA

Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia é um imenso estoque de biodiversidade do planeta – muitas das incontáveis espécies animais e vegetais são ainda desconhecidas pela humanidade.

Na maior superfície contínua de florestas tropicais em todo o planeta, estima-se que está concentrada em torno de 40% a 50% da diversidade biológica existente na Terra, considerando-se as espécies animais e vegetais que habitam a Amazônia brasileira.

O IBGE identifica no bioma brasileiro 70 tipos de vegetação não alterados pelo homem, além de seis tipos já alterados. Há sete grupos florestais que dependem do clima, da formação geológica, do relevo e da hidrografia para existirem: quase 84% são florestas de “terras firmes”, que cobrem 96% da Amazônia

1. Amazônia no brasil

A Amazônia brasileira possui 3,6 milhões de km2 do bioma amazônico, que se estende por nove países da América Latina (6.900.000 km2), representando 59% desse território que vai da Cordilheira dos Andes, a oeste, até o Oceano Atlântico, a leste. O bioma avança sobre o Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa (França), Peru, Suriname e Venezuela.

BRASIL

GUIANA

SURINAME

GUIANAFRANCESA

COLÔMBIA

VENEZUELA

PERU

BOLÍVIA

Limites dos paísesBioma da Amazônia

Fontes: WWF - Brasil e IBAMA

biomA AmAzôniA nA AmériCA Do sul

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Seus rios respondem por 20% do estoque de água doce superficial do planeta3. E toda a bacia produz 20 bilhões de toneladas diárias de vapor de água, regulando a umidade e os ventos da América do Sul e o clima da Terra.

1.2 DivErsiDADE soCioCulturAl

A região é uma imensidão ainda verde que abriga cerca de 25 milhões de pessoas (no Censo de 2000 eram 20,3 milhões e 12% da população brasileira), das mais diversas origens étnicas e culturais. São habitantes de cidades grandes como Manaus e Belém e de pequenos vilarejos ribeirinhos. A Amazônia urbana, com 768 cidades, abriga cerca de 70% da população.

(4% são terras inundadas permanentemente, ou de acordo com a estação do ano).

Há mais espécies de árvores em um hectare de flo-resta amazônica do que em todo o território europeu e norte-americano juntos1.

Os ciclos anuais de enchentes (inverno) e vazantes (verão) dão o ritmo para a vida natural, seja em manguezais, várzeas, matas de igapó, matas de terra firme ou em áreas de transição para o Cerrado, Caatinga e Semiárido.

DivErsiDADE DEsConHECiDA

Pesquisadores internacionais acreditam que apenas 10% das espécies da Amazônia brasileira sejam cientificamente conhecidas. Há regiões onde o homem nunca pisou. As estimativas indicam que o território abriga cerca de 25% das espécies vegetais e animais já catalogadas; há 30 mil espécies de plantas conhecidas; 300 frutas comestíveis recenseadas; 1.200 espécies de pássaros e 324 espécies de mamíferos listados.

1.1.2 O rio Oceano A primeira expedição européia ao Rio Amazonas, em 1639, comandada pelo espanhol Francisco Orellana, encontra um grupo hostil de mulheres, armado de arcos e flechas, “muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido, entrançado e enrolado na cabeça”. O cronista da viagem, Frei Gaspar de Carvajal, passa a chamar o grande curso d’água de “rio das Amazonas”, numa referência à mitologia grega das mulheres guerreiras.

A bacia do Rio Amazonas, com um quarto da água doce do mundo, já foi um lago relacionado com o Oceano Pacífico há milhões de anos. Hoje, forma a maior bacia hidrográfica do planeta, com mais de 7 mil afluentes que drenam uma área de 584,6 milhões de hectares na América Latina. Com 25 mil quilômetros navegáveis, os rios são as estradas da Amazônia - mais de cem mil embarcações de todos os tipos funcionam como ônibus e caminhões e o acesso a muitas comunidades e cidades é possível apenas pela água2.

Tempestade na floresta amazônica

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Os outros 30% vive em áreas rurais, dos quais aproximadamente 3 milhões de pessoas habitam comunidades da floresta – é nas “comunidades tradicionais” que estão caboclos e ribeirinhos, além dos povos indígenas. Dessa população, apenas 200 mil são índios (55,9% dos índios no Brasil). E, apesar da hegemonia da língua portuguesa, ainda sobrevivem 180 idiomas nativos falados por cerca de 180 povos indígenas4.

Enfim, a Amazônia é habitada há mais de 12 mil anos: é preciso preservá-la não para isolá-la, mas para estudá-la e desenvolvê-la de um modo totalmente novo.

1.3 PAnorAmA soCioEConômiCo

1.3.1 indicadores da amazônia brasileiraA importância da região amazônica em termos econômicos não pode ser avaliada apenas por seus indicadores – se comparados às regiões Sul e Sudeste do Brasil, a região amazônica representa 8% do PIB brasileiro. No entanto, seus recursos naturais alimentam grandes cadeias produtivas, como as da pecuária, madeira, soja e mineração, que correspondem a 70% do PIB nacional5. A Amazônia possui 50% do potencial elétrico do País, cujo passivo por demanda está em 5% – nesse setor, o diálogo sustentável deve incluir as oportunidades econômicas para a região, sem prejuízo ao meio ambiente e à sua população.

É bem verdade que, entre 2000 e 2004, houve crescimento médio de 6% ao ano do PIB da região, chegando a R$ 137,9 bilhões. E, em 2005, a Amazônia Legal produziu um PIB de quase R$ 170 bilhões. Mas 50% desses montantes devem-se ao que se produz de bens industriais na Zona Franca de Manaus6. Apesar disso, o PIB per capita está em R$ 7.161,20 - entre 40% e 61,5% menor que o PIB do Brasil a partir de 2000 -, 85% dos habitantes nunca tiveram emprego formal (21% da população economicamente ativa em 2004), e 30 mil pessoas vivendo em comunidades tradicionais não têm alimento suficientes para viver7.

númEros DA ProDução DAs CADEiAs ProDutivAs E EmPrEGos GErADos

nA AmAzôniA, Em rElAção à ProDução nACionAl

Fonte: IPEA

8,3%

20,07%

1970 2006

PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

7,4%

24,5%

1970 2006

PRODUÇÃO DE GRÃOS

16,1%

35,8%

1970 2006

REBANHO

14,1% 17,5%

CONTINGENTE OCUPADO

1970 2006

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km2 de terras griladas (ocupadas ilegalmente e sem escrituras de propriedade). Isso corresponde a dizer que 96% das terras ocupadas9 não são regularizadas pelo Incra – Instituto Nacional da Reforma Agrária, o que inclui tanto terras públicas quanto privadas. Dessas, 420 mil km2 10 são terras públicas (estados e União) em situação precária de posse – um quarto da área ocupada dos 3,8 milhões de km2 da Bacia Amazônica que estão no Brasil.

Entre as terras privadas, aquelas de tamanho superior a 500 hectares (cada hectare ocupa aproximadamente o espaço de um campo de futebol) somam 53% de toda a área (158 milhões de hectares), apesar de constituírem apenas 11% dos proprietários que estão sem titulo definitivo propriedade, 158 milhões de hectares.

2. Desafios da Amazônia Hoje

2.1 A QuEstão funDiáriA

No vocabulário da história da ocupação da Amazônia estão presentes não apenas “grandes proprietários”, mas também “posseiros”, “grileiros” e “terras devo-lutas”. O crime fundiário se dá com a entrada da exploração de madeiras nobres por grandes negócios ilegais em terras desocupadas do Estado ou de privados. As terras desmatadas abrem terrenos para a pastagem do gado, que é criado extensivamente. Este processo contínuo de exploração predatória é sistemático desde os anos 1970.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, existem na Amazônia Legal8 cerca de 700 mil

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2.2 EstrADAs ClAnDEstinAs

No modelo de desenvolvimento da Amazônia, as estradas deslocaram os eixos de povoamento que originalmente seguiam os rios, atraindo as populações e levando à intensa urbanização da região. No início dos anos 1990, a urbanização passou a marca dos 50% da população da região, e se intensificaram as ondas de migrações entre regiões. As estradas tornaram-se necessárias para a mobilidade dos povos da floresta e para as trocas de mercadorias.

O problema maior dos eixos de comunicação por terra reside nas estradas clandestinas, que são os acessos aos recursos naturais explorados de maneira ilegal. Com elas, é possível escoar a produção predatória de madeira ilegalmente retirada. As estradas não autorizadas são a primeira etapa da ocupação irre-

A falta de governança e a exploração desordenada trouxeram consigo uma outra desordem: a fundiária. A precária regularização das terras na Amazônia gera a sobreposição de territórios, que têm usos inconciliáveis, ou vários donos, permitindo a grilagem de terras.

A ausência da autoridade legítima não se restringe apenas à titulação das terras, mas se traduz em insegurança e falta de Justiça para a população – as disputas pelo uso da terra se traduzem em homicídios. Na esteira da violência explícita e armada, o trabalho escravo, e muitas vezes com uso de mão de obra infantil, são outras pragas que nascem onde a floresta foi arrancada. Os serviços nas áreas básicas de saúde e educação também são precários.

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gular da floresta, comumente iniciada por madeireiros que abrem picadas em busca de madeira nobre. Dois terços do desmatamento da Amazônia brasileira ocorre nas vizinhanças dessas estradas, e nas ramificações sucessivas que abrem novos ramais de ocupação. É o efeito espinha-de-peixe.

Pesquisas divulgadas no início de 2007 pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia – Imazon indicam a existência de 173 mil quilômetros de estradas clandestinas no interior da Amazônia brasileira. Os invasores fazem estradas sob árvores de grande porte para driblar os satélites. Durante épocas chuvosas, quando nuvens também reduzem a nitidez das imagens, também ocorrem muitas ações ilícitas.

O “efeito espinha de peixe” ocorre com a abertura de ramais em estradas, geralmente clandestinas. Este é uma das principais ameaças à floresta intacta. 11

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EstrADAs fEDErAis AbrEm novos CAminHos

No caso da BR-163 (Cuiabá-Santarém), o Governo Federal propôs um plano regional para minimizar impactos da rodovia em seu entorno. Foram criados 16 milhões de hectares de áreas protegidas e programas de apoio às comunidades. Desde 2008, está em operação o comitê executivo do governo e o fórum do plano com participação da sociedade civil.

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o ArCo Do DEsmAtAmEnto

A chamada “frente do desmatamento”, que vem das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País, causada pelo avanço do boi e da soja, formou ao longo dos últimos 30 anos uma faixa de pressão sobre a floresta. A faixa em formato de arco, que segue ao longo da fronteira sul e leste da Amazônia, é o “arco do desmatamento”.

Evolução Do DEsmAtAmEnto nA DéCADA DE 2000

Médias anuais em km2 de florestas destruídas na Amazônia Legal.

83% do bioma ainda está conservado55% com florestas primárias e 28% sob pressão imediata

2.3 DEsmAtAmEnto

Um dos principais problemas da Amazônia é sua taxa anual de desmatamento – de 2000 para cá, os índices de desmatamento têm se mantido entre 10 e 20 mil km2 anuais, devido principalmente ao avanço da pecuária e da soja sobre a região. Nos anos 1990, as taxas chegaram a 27 mil km2 desmatados. Assim, a busca por um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia deve combinar responsabilidade social e proteção ambiental, permitindo a exploração não predatória dos recursos da floresta. É por meio de políticas governamentais eficientes, de controle e fiscalização, e do incentivo à produção florestal com origem ecologicamente certificada, que a sociedade – e os consumidores – poderá ver em seus produtos uma saída para a Amazônia, e para o País.

Desde 1970, o desmatamento atinge grande escala na Amazônia brasileira, e nas últimas duas décadas registraram-se os mais altos índices de derrubada. Atualmente há quase 20% em território desmatado. Foram alterados cerca de 17% do bioma (que tem cerca de 4 milhões de km2 no Brasil), o que quer dizer uma área de quase 700 mil km2 (similar às superfícies da França e Espanha juntas). Se considerado o estudo do Imazon de 2006, temos um cenário ainda mais preocupante: somada a área sob pressão humana, teremos mais de 40% de floresta tropical brasileira em sério risco!

18.226 18.16521.238

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Mapa de focos de incêndio no arco do desmatamento. Estudo de abril de 2009 estima em 19% a contribuição

global das queimadas sobre o aquecimento do planeta.

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Madeira certificada gera riqueza sustentável

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2.4.1 MadeiraA Amazônia brasileira é hoje o primeiro centro de produção de madeira tropical do mundo. Na floresta, das mais de 5 mil espécies de árvores existentes, apenas 350 são utilizadas comercialmente. A cada ano, 10 milhões de árvores são retiradas – desse total, 70% sai ilegalmente; dos outros 30%, que saem com autorização oficial, somente 3% provêm de áreas de manejo com certificação, ou seja, de áreas onde a madeira é extraída conforme regras determinadas internacionalmente.

O mercado mundial usa a madeira para a construção civil, mobiliário e outras necessidades da vida cotidiana. Os principais centros consumidores do Brasil, Europa, Ásia e Estados Unidos preferem menos de 30 espécies, as responsáveis por 80% do mercado

2.4 CADEiAs ProDutivAs PrEDAtóriAs

A etapa inicial do ciclo de desmatamento vem com as picadas para a retirada da madeira nobre e os novos ramais de ocupação são seguidos pela ocupação irregular da terra; uma vez derrubada a vegetação, o terreno vira pasto, sendo posteriormente ocupado pela monocultura.

Resumindo: a fragmentação do território por ocupação ilegal e predatória tem origem em fatores históricos da colonização implementada no início dos anos 1970. O ciclo do desmatamento segue a ordem da exploração ilegal das madeiras tropicais, dos bovinos em pecuária extensiva, e da soja mecanizada em vastíssimas extensões.

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autorização da Convenção Internacional do Tráfico de Espécies Silvestres (CITES). A fiscalização apreende não apenas o que está sob risco de desaparecer, mas cuida de todas as espécies que saem de modo ilegal. O custo baixo da ilegalidade faz com que as madeireiras ilegais se multipliquem – segundo dados do Imazon, há mais de 3 mil serrarias na região, a maioria clandestina.

Nas serrarias da região, sem tecnologia ou pessoal treinado, o desperdício da madeira escolhida chega a 50%. Madeireiros usavam muitas vezes a mesma autorização de um único lote para explorar diversas áreas, e até recentemente falsificavam guias de transporte – no final de 2007 as guias de autorização e transporte foram informatizadas para impedir o uso de papéis ilegais.

madeireiro. A grande maioria da madeira amazônica fica mesmo no Brasil – em 2001, o Brasil ficou com 86% das toras comercializadas. São Paulo demanda entre 20% e 25% desse montante nacional. Em 2001, o Estado comprou 6,1 milhões de m3 em tora12.

Números mais recentes mostram que, em 2004, foram comercializados 24,5 milhões de m2 de toras (ou 6,2 milhões de árvores). Desse volume, 64% foi para o consumo nacional; 36% é exportado. Nesse mesmo ano, a exportação gerou US$ 943 milhões (em 1998 trouxe US$ 381 milhões) e apenas 379 mil empregos (contra 359 mil em 1998), ocupando 5% da população economicamente ativa13.

As espécies tropicais de florestas nativas têm grande valor. O mogno é uma das espécies mais utilizadas e, sob risco de extinção, não pode ser retirado sem

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2.4.3 sojaA soja, desde o final dos anos 1990, vem mudando o modelo de ocupação da área de transição entre cerrado e floresta tropical. Hoje, o agronegócio chega ao coração da mata, com lavouras em vastas áreas, e que eliminam completamente a cobertura vegetal. Esse desmatamento causa graves alterações no clima, desequilibra o regime de chuvas e assoreia rios. Adicionalmente, a lavoura pode gerar a contaminação por agrotóxicos.

Na expansão, o cultivo gera poucos empregos com a lavoura mecanizada. O avanço da produção de soja na Amazônia resulta em concentração de renda – na região é uma atividade de médios e grandes proprietários, que demanda alta tecnologia. A soja afeta os preços dos alimentos, tomando áreas da agricultura familiar – sai o feijão, entra a soja16.

2.5 Conflitos soCiAis

O desmatamento não atinge apenas árvores e ani-mais, mas também as comunidades que nela vivem. Depois de retirado o verde das áreas de povoamento, formam-se favelas, com aumento de violência, gri-lagem de terras públicas e pobreza urbana. O ciclo não tem fim, pois o mercado de commodities estimula o desmatamento em novas áreas.

Normalmente, após um grande boom de desen-volvimento econômico predatório, com lucros imediatos, há uma queda abrupta de indicadores econômicos e sociais na região onde se instala. As áreas desmatadas são abandonadas quando a fertilidade do solo se esgota após a remoção da floresta que o protege. No lugar do verde, cresce a degradação socioeconômica: é o “colapso”. O efeito “boom-colapso” foi descrito no estudo de Adalberto Veríssimo do Imazon, e demonstra que os índices de desenvolvimento local nas zonas desmatadas não têm melhoria significativa em aspectos como pobreza ou outros investimentos. Ao contrário, acontecem desordem fundiária e desagregação do tecido social. Esse modelo econômico não sustenta, com produção de riqueza e empregos, uma única geração de pessoas, comprova o estudo.

2.4.2 pecuáriaA pecuária é responsável por dois terços do desma-tamento do bioma Amazônia, o que corresponde a quase 650 mil km2 – os pastos chegam a “77% da área convertida em uso econômico”14. Em menos de 30 anos, o rebanho bovino na Amazônia Legal passou de 1 milhão para quase 65 milhões de cabeças. Hoje, há 4 cabeças para cada habitante da Amazônia.

A criação em pastos extensos com baixa produtividade (0,7 boi/hectare) representava 33% do rebanho brasileiro em 2003 (em 1990 era 22%). O crescimento foi de 140% entre 1990 e 2003, destacando-se a criação nos estados do Amapá (17,5%), Acre (12,1%), Roraima (10,5%) e Maranhão (8,8%). Em contrapartida, no Distrito Federal (-10,8%), Rio Grande do Sul (-2,9%) e São Paulo (-2,5%) a produção bovina caiu15.

O consumo da carne aumentou quatro vezes entre 1972 e 1997. A maior parte ainda vai para o consumo interno: 83% dos bois criados no Norte destinam-se ao consumidor do Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, cerca de 13% fica na Amazônia. Dados do IBGE de 1996, para o rebanho brasileiro, indicam que 59% da produção da região Norte está nas mãos de grandes proprietários (mais de 500 hectares). Os pecuaristas de pequeno porte são 41% dos produtores, concentrando-se na zona do arco do desmatamento em áreas de colo-nização, indo para fronteiras pioneiras, onde a terra é mais barata.

Na indústria da pecuária, uma área de 5 mil hectares emprega dez pessoas. No total, há 118 mil empregos diretos desse setor (dados do Imazon) que responde por 0,02% do PIB do Brasil (dados do Instituto Peabiru). Sob esta lógica, o negócio é nada rentável e, na Amazônia, os investimentos rendem apenas 4,6% ao ano. No manejo florestal, uma área de mesmo tamanho empregaria 230 vpessoas e a taxa de retorno dos investimentos seria em média 33% maior. Conforme o estudioso João Meirelles, os números não refletem a situação se fossem levados em conta as perdas ambientais referentes às queimadas, perda da biodiversidade, poluição das águas, etc.

22

As irregularidades acontecem nas áreas sob histórico conflito fundiário, social e econômico – das sete cidades listadas como prioridades para o controle ambiental em março de 2009, as seis primeiras já registraram pessoas escravizadas: Marabá, Pacajá, Itupiranga, Tailândia (PA), Feliz Natal (MT), Amarante do Maranhão (MA) e Mucajaí (RR).

3. Ações Estratégicas do Governo

Novas políticas públicas nacionais, com apoio da cooperação internacional, tem considerado uma estabilização populacional da Amazônia brasileira e o surgimento da economia da floresta nos 80% da mata ainda preservada, amparada em serviços ambientais e mercados para produtos oriundos de manejo sustentável de recursos florestais. O planejamento integrado dessa transição é um dos desafios do momento atual. O ordenamento fundiário fecha o ciclo de proteção e desenvolvimento sustentado previsto para a região amazônica, que começou com a implantação da política de criação de Unidades de Conservação, monitoramento por imagens de satélites e fiscalização do limite de 20% para a derrubada de matas em áreas privadas.

O estudo “Lições para divulgação da lista de infratores ambientais no Brasil”, elaborado pelo Imazon, revela “aspectos positivos nas esferas pública e privada”, na divulgação integral das listas de crimes ambientais e das sanções administrativas aplicadas. Com a identificação das cadeias produtivas associadas ao trabalho escravo e a integração de “listas sujas”, com a vedação ao crédito e a financiamentos públicos, propõe-se nada mais que o cumprimento de preceitos legais.

Esta visão global e integrada é necessária para os investimentos em obras de infraestrutura ou em negócios florestais importantes sob o ponto de vista da sustentabilidade da Amazônia.

Em 2006, um grupo de entidades que trabalha na Amazônia terminou o Mapa dos Conflitos Sociais da Amazônia Legal. O estudo identificou 675 pontos de conflitos que consideram o cruzamento de dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), do Ministério do Trabalho e da CPT (Comissão Pastoral da Terra). Os assassinatos e conflitos fundiários acontecem pela invasão de reservas comunitárias na expansão do desmatamento, ou pela grilagem de terras do Estado ou de proprietários sem títulos regulares no Incra. O mapa dos conflitos se confunde com o arco do desmatamento, indo sempre um pouco adiante da fronteira de desenvolvimento agrícola. No Mapa da Violência dos Municípios 200817 do Ministério da Justiça, uma pesquisa mostra que 556 municípios brasileiros (cerca de 10% do total) concentram 73,3% dos homicídios.

Dos 100 municípios na Amazônia brasileira com maiores índices de desmatamento, 61 estão também entre os que apresentam as maiores taxas de assassinatos no Brasil. Em 2007, as cidades com as taxas médias mais elevadas, ou seja, com mais de 100 homicídios para cada 100 mil habitantes, foram respectivamente Coronel Sapucaia (MS), Colniza (MT), Itanhangá (MT) e Serra (ES). Nesse ano, essas cidades deixaram para trás a tradicional campeã da violência, São Félix do Xingu, no Pará.

Já um levantamento realizado pela agência Repórter Brasil, a partir de dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA), aponta que 74% dos municípios que mais desmatam na Amazônia já foram flagrados com mão de obra escrava. O índice resume o cruzamento de dados das fiscalizações do Grupo Móvel do Trabalho Escravo do MTE18 e da “lista suja” do desmatamento, que reúne as localidades campeãs na devastação da floresta e que são responsáveis por 55% do que foi devastado no bioma Amazônia19. Em 2009, a primeira atualização do governo ampliou de 36 para 43 o número de cidades. Em 32 municípios da Amazônia Legal, há convergência entre as duas infrações: desmatamentos ilegais e uso de mão de obra escrava.

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sustentável. Apesar de o desmatamento ter avançado nos últimos 30 anos, o período entre 2004 e 2007 recebeu especial atenção do governo federal, e as medidas do Ministério do Meio Ambiente, com participação da sociedade civil, conseguiram uma redução da taxa de desmatamento em 59% em três anos, metade da média anual de 23 mil km2 existente desde 198820.

3.1.1.1 Monitoramento e FiscalizaçãoIniciado em 1988, o Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélite (Prodes) utiliza imagens com resolução espacial de 20 a 30 metros para uma análise detalhada das tendências do desmatamento na Amazônia brasileira. Em 2004 foi lançado o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que usa imagens com resolução de 250 metros: menos preciso, fornece dados coti-dianos. As ferramentas integradas permitem ações rápidas em campo, e uma projeção das tendências que são detalhadas posteriormente pelo Prodes. O sistema possibilitou reverter o processo de crescentes taxas de desmatamento.

3.1.1.2 Áreas Protegidas Com a Lei 9.985 de 2000, o Brasil instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), regulamentada pelo Decreto 4.340, de 2002. A legislação atendeu ao artigo 225 da Constituição Federal. Entre 2003 e o final de 2007, o Brasil duplicou a área de unidades federais de conservação ambiental, que chegaram a 100 mil km2 (20% da Amazônia brasileira), se somadas as unidades criadas pelo governo federal (60 mil km2) e por governos estaduais. O objetivo do Ministério do Meio Ambiente é chegar a 90 mil km2 em 2010, meta que está no vértice da reforma estrutural ambiental.

Para que as Unidades de Conservação saiam de fato do papel, é preciso fiscalizar e impedir a invasão desses espaços por empreendimentos agropecuários, segundo alertas do Conselho Nacional dos Seringueiros, durante o segundo Encontro dos Povos da Floresta ocorrido em setembro de 2007 em Brasília – o encontro ocorreu 20 anos após o primeiro, que aconteceu no ano da morte do líder seringueiro Chico Mendes. Para os povos da floresta, as unidades

3.1 PlAno AmAzôniA sustEntávEl (PAs)

O principal instrumento para a queda do desma-tamento durante o primeiro mandato do governo Lula foi a criação do Plano Amazônia Sustentável. O PAS contém quatro eixos temáticos:

1) ordenamento territorial e gestão ambiental, 2) produção sustentada com inovação e competitividade, 3) infraestrutura para o desenvolvimento sustentado e, 4) inclusão social e cidadania.

Para cumprir seus objetivos e metas, o PAS tem no Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia seu maior aliado.

3.1.1 plano de ação de prevenção e controle do desmatamento na amazôniaLigado à Presidência da República, o PAC da Ama-zônia envolve 11 ministérios e os governos estaduais desde 2004 na implantação de ações estratégicas, agindo para enquadrar na lei o avanço ilegal do desmatamento florestal na região. A meta de sua segunda fase, a partir de 2008, é atingir zero de desmatamento ilegal com instrumentos econômicos e de financiamento.

As ações em áreas estratégicas são compostas de monitoramento ambiental remoto por satélites, fiscalização territorial, prevenção do fogo e desmata-mento e apreensões, além de incentivos à produção

Estação Ecológica do IBAMA

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3.2 rEGulArizACAo funDiáriA

Dificilmente a Amazônia vai se desenvolver se não houver segurança e paz no campo. Também os investimentos federais para o desenvolvimento, a energia e os biocombustíveis dependem da regularização fundiária. Sem ela, não é possível levar a bom termo os planos contra o desmatamento e consequentes efeitos em benefício do clima, e em favor dos serviços ambientais.

Para atores do movimento social e ambiental na região, o ordenamento territorial deve ocorrer antes mesmo dos investimentos em saúde e educação. Toda a ação pública começa com a legalidade. A regularização é, por exemplo, prioridade no plano de asfaltamento da BR-163 (Cuiabá-Santarém). O plano de gestão sustentável da obra previsto no PAC - Plano de Aceleração do Crescimento demanda licenciamentos ambientais do Ibama – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. Etapa difícil a ser vencida sem que sejam identificadas as propriedades e assentadas as comunidades que nelas vivem. A obra está orçada em $ 1,5 bilhão.

Desde 2003, o Incra – Instituto Nacional da Reforma Agrária, responsável pela complexa tarefa, vem desenvolvendo uma política de georreferenciamento das glebas públicas – prioridade para terrenos menores (de até 100 hectares) e médios (de 100 a 500 hectares), onde há pessoas em jogo. A Lei de Gestão de Florestas Públicas pede que tudo esteja “preto no branco” antes de conceder o uso sustentável a pessoas ou empresas. Com isso, o governo recupera para si as posses ilegais das chamadas terras “devolutas”, que até então “eram de ninguém”.

Para a legalização de títulos de posse e propriedade é preciso que as terras se enquadrem nas normas do zoneamento ecológico-econômico. Para que o Incra possa acertar o compasso entre a legislação e a agilidade do processo, que não se limita à escritura – é necessário uma política integrada entre as diversas áreas governamentais.

devem ter investimentos federais para que haja regularização fundiária e gestão compartilhada com as comunidades extrativistas que ali vivem.

3.1.1.3 Zoneamento Territorial na AmazôniaO Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) orienta o planejamento da Amazônia e os mapas que derivaram do trabalho de uma multiplicidade de profissionais e instituições têm hoje função normativa. Conforme sua definição pelo IBGE, os mapas de zoneamento ecológico-econômico têm importância por prospectarem e indicarem “alternativas de uso sustentável dos recursos naturais, e do aproveitamento das potencialidades econômicas e sociais da Amazônia, respeitando a sua diversidade cultural e regional”.

A construção de instrumentos legais para a implantação do ZEE e os consensos sociais sobre o tema são necessários para a multiplicação de planos regionais de desenvolvimento sustentável. Inclusive no caso de abertura de estradas ou obras de infraestrutura que formam corredores de desmatamento, o ZEE inclui criação de Unidades de Conservação, proteção de terras indígenas, fiscalização e fomento a atividades sustentáveis, com instrumentos de gestão territorial usados por diferentes setores dos governos federal e estadual. Os Corredores Ecológicos, ou grandes extensões de terras com ecossistemas prioritários, previnem ou reduzem a fragmentação das florestas para a sobrevivência da biodiversidade das espécies.

O mapa completo mostra a divisão do território da Amazônia Legal em áreas com estrutura produtiva definida ou a definir; áreas que devem ser recuperadas e/ou reordenadas; áreas frágeis; áreas onde há manejo florestal; e as áreas de proteção ambiental já existentes e propostas. Serve de base também a um projeto mais ambicioso: o Macrozoneamento Ecológico-Econômico.

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referência para o desmatamento será de 1,95 milhão de hectares por ano, média da área desmatada na última década. A cada ano, uma comissão independente calcula quanto carbono deixou de ir para a atmosfera, no valor de US$ 5 por tonelada evitada. O cálculo é de 100 toneladas de carbono por hectare de floresta.

O fundo recebeu a primeira parcela de recursos em março de 2009. Doados pelo governo da Noruega ao Fundo Amazônia, os US$ 110 milhões repassados são a primeira parte da doação norueguesa, que deve chegar a US$ 1 bilhão até 2015. O dinheiro vai financiar, a fundo perdido, iniciativas como manejo florestal, gestão de florestas, ações de controle e fiscalização ambiental, recuperação de áreas desmatadas e pagamento por serviços ambientais.

O dinheiro será gerenciado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e repassado a organizações não-governamentais (ONGs), empresas, comunidades tradicionais e órgãos do governo que poderão pleitear os recursos. Além da Noruega, a Alemanha deve doar mais 18 milhões de euros. O Ministério do Meio Ambiente informou que 20% do Fundo irá para fiscalização e controle do desmate florestal.

3.5 PlAno nACionAl DE muDAnçAs ClimátiCAs

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou, no dia 25 de setembro de 2008, na abertura da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, a representantes de mais de 150 países, o Plano Nacional de Enfrentamento das Mudanças Climáticas21. O Plano tem metas ambiciosas em sustentabilidade ambiental para a floresta amazônica. O principal fica por conta do objetivo de chegar a 72% na redução do desmatamento até 2017.

Para chegar lá, estabeleceu o seguinte plano de ação: • 2009 - reduzir em 23% o desmatamento,• 2010 - reduzir, a cada 4 anos, 30% sobre o período anterior,• 2017 - chegar a taxa zero da destruição florestal.

3.3 PlAno DE ACElErAção Do CrEsCimEnto nA AmAzôniA (PAC)

O Plano de Aceleração do Crescimento tem R$ 500,9 bilhões em recursos federais, estaduais e do setor privado para implementar projetos de energia e infraestrutura no País.

Na Amazônia, os projetos de construções para geração de energia são prioridade, e as questões de sustentabilidade vêm à tona em projetos como os das usinas de Belo Monte, no Pará, e Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, com reflexos sociais em populações indígenas e impactos ambientais sobre espécies de peixes e outros animais da região .

O PAC na Amazônia representa ainda o agenciamento de hidrovias, portos, rodovias e ferrovias, além de obras de infraestrutura de habitação e saneamento. Conforme a legislação, os fundos para a infraestrutura na Amazônia precisam ser oferecidos às obras que atendam determinados critérios de sustentabilidade, e que tenham como prioridade o desenvolvimento local. Multas e suspensão de obras estão previstas no licenciamento ambiental concedido a empresas licitadas.

Em território amazônico, hoje há três importantes eixos de circulação e de ocupação terrestre: a rodovia Cuiabá-Santarém, a estrada Porto Velho-Manaus com a BR-174, que liga o país à Venezuela e o fluxo de pessoas que vai do baixo Amazonas para o Amapá. Construídas pelos governos federais desde os anos 1970, as rodovias amazônicas foram feitas para dar acesso a obras de hidrelétricas e às áreas de mineração. Na visão atual do governo brasileiro, estradas não podem ser vetor de desmatamento. O acesso deve ser planejado com critérios socioambientais prévios, de prevenção e mitigação de efeitos maléficos.

3.4 funDo AmAzôniA

O Fundo para Proteção e Conservação da Amazônia Brasileira foi criado em setembro de 2008 para compensar a não emissão de carbono pela redução do desmatamento. Nos primeiros quatro anos, a

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Floresta Nacional do Amapá. O Amapá é o mais bem preservado estado da Amazônia brasileira, com menos

de 2% de sua área desmatada, e mais de 70% de sua superfície protegida por unidades de conservação.

Acervo Wal-Mart Brasil / Foto de Paulo Vitale

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Mas, se por um lado o efeito estufa é benéfico, por outro a concentração excessiva de seus gases, especialmente o CO2, acaba formando uma barreira que dificulta a liberação para o espaço da energia refletida pela superfície da Terra. Os relatórios sobre o clima, divulgados em 2007 pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), preveem uma variação de 1,8 a 4 graus centígrados na temperatura média do planeta até 2100. O grupo de cientistas internacionais concluiu que a grande parte do aquecimento observado nos últimos 50 anos se deve a atividades humanas. E que, além das alternativas tecnológicas que permitem a redução das emissões dos gases de efeito estufa (GEE), as florestas estão entre as saídas mais importantes: essas superfícies são sumidouros primordiais de CO2. A floresta preservada mantém o ciclo da água, e fornece chuva para o Sudeste do Brasil.

Biodiversidade é outro grande valor do planeta, que desaparece quando a floresta vira pastagem e todo o carbono que estava na floresta vai para o ar. É possível que 20% das espécies animais e vegetais possam mudar sua distribuição, ou mesmo serem extintas por causa da intensidade de fenômenos naturais decorrentes: secas, furações e inundações podem aumentar, conforme estudos realizados em diversas partes do mundo. Na maior floresta tropical do mundo, os ciclos da água e do carbono ainda funcionam naturalmente.

4.1 CiClo DA áGuA

O Rio Amazonas despeja no Oceano 1/5 da água doce de todos os rios do mundo22. Sua extensão é de 6.850 km da nascente, nos Andes, até sua foz – é comparável à distância em linha reta entre Berlim e Nova York. Recentes medições comprovaram que além de ter a maior vazão, também é o mais extenso do mundo (180 km maior que o Nilo)23. No Brasil, a declividade do rio Amazonas é de apenas 80 m em relação ao nível do mar.

Os rios são o ponto nevrálgico do ciclo da água na Amazônia, pois captam a água das chuvas na região. Além dos rios que serpenteiam as matas, há ainda os

4. Amazônia e o Clima Global

O clima sempre se modificou e continuará mudando por razões naturais. Ocasionado pela associação de uma série de gases, o efeito estufa é responsável pela retenção do calor emitido pela Terra, o qual é gerado pela radiação solar. Se esse mecanismo não existisse, a temperatura média no planeta seria 30 graus abaixo dos níveis atuais. No século XX, a temperatura média da superfície terrestre aumentou em cerca de 0,6%; as extensões das calotas polares diminuíram; o nível do mar subiu entre 10 e 20 cm; e sentem-se alterações importantes no regime de chuvas e temperaturas radicais.

o ProtoColo DE Quioto

A preocupação das emissões de carbono sobre o efeito estufa levaram a diversas negociações internacionais para reverter o aumento do CO2 na atmosfera. O foco científico foi promover a absorção do carbono da atmosfera, através do processo de “seqüestro de carbono”. Em 1990 foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Comitê Intergovernamental de Negociação para a Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (INC/FCCC). O texto da Convenção foi assinado em junho de 1992 na Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, e entrou em vigor em 21 de março de 1994. Em 1997 foi definido o Protocolo de Quioto, segundo o qual os países industrializados devem reduzir suas emissões de gases estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990, até o ano de 2012. O Brasil não está incluído nesses países, por não emitir o suficiente.

O Protocolo de Quioto estabeleceu o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), um conjunto de regras de financiamento dos países que mais emitem carbono aos países menos emissores, para conservação e recuperação de florestas e adoção de tecnologias limpas. Esse mecanismo criou o mercado de carbono, pelo qual os países industrializados podem comprar cotas de emissão de carbono (os chamados créditos de seqüestro de carbono ou créditos de carbono) dos países que emitem menos. O mecanismo REED (veja texto na página 26) poderá substituir ou complementar o Protocolo de Quioto.

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4.2 CiClo Do CArbono

A Amazônia concentra mais de 30% do estoque de carbono em vegetação do mundo. Entre datações feitas com carbono 14 e com anéis de crescimento concluiu-se que os exemplares mais antigos de árvores podem ter entre 600 e 2 mil anos de vida.

No ciclo florestal, o carbono que está aprisionado na biomassa das árvores, é liberado quando se queima a mata ou quando ela é cortada, para finalizar em processos industriais que liberam o carbono – o CO2 (dióxido de carbono) e o CO (monóxido de carbono) são dois dos gases liberados na retirada de matérias orgânicas, e importantes para o efeito estufa.

Se considerarmos que há tecnologia antiga para capturar o CO2 da atmosfera e reinjetá-lo na terra, devemos lembrar que não há tecnologia para seu uso comercial. Além disso, este recurso é temporário, visto que o CO2 assim estocado permanece alojado por até 100 a 120 anos.

“rios voadores”, que navegam pelos céus, carregando os fluxos de vapor de água liberados pela evaporação da mata regional. Eles carregam também a umidade atmosférica que chega dos oceanos, pela costa do Oceano Atlântico, encaminhando todo o volume do norte para o sul do Brasil. Essas massas de vapor de água chegam a ter a grandeza da vazão do Rio Amazonas, ou 200 mil m3 por segundo.

Os rios voadores, que correm do Oceano para dentro do continente, são desviados pela barreira da Cordilheira dos Andes para o sudeste e o sul do Brasil. O clima ameno dessas regiões, que em outras latitudes apresenta desertos ou regiões secas, decorre da umidade enviada pelaFloresta Amazônica e da relação com a floresta atlântica restante. O projeto de acompanhamento dos “rios voadores” que comprova a trajetória dessa umidade teve início nos estudos pioneiros do agrônomo Enéas Salatti – 40 anos atrás na Esalq/USP de Piracicaba, ele estudava os ciclos hídricos na agricultura de São Paulo.

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5. o valor da floresta em Pé

A Amazônia em pé fornece os chamados “serviços ambientais” para o Brasil e a América Latina devido a seu imenso estoque de carbono. O cientista brasileiro Carlos Nobre, que participou do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU), afirma que a “Amazônia é importantíssima como enorme reservatório de biomassa, cuja liberação como gás carbônico aumentaria em 16% o aquecimento global”25. Embora sem metas obrigatórias nos acordos mundiais por seu baixo volume histórico de emissões, o Brasil emite 10% dos gases mundiais por queimar áreas verdes na expansão agrícola.

Para o aquecimento planetário, não apenas o CO2 e o CO interferem no efeito estufa (queima e derrubada da floresta amazônica), mas também o metano (o gás emitido na decomposição da mata também é expelido pela digestão dos bovinos), que responde por 1/5 do aquecimento global – a pecuária é responsável por cerca de 80% do desmate e dos gases de efeito estufa brasileiros26.

Interessante lembrar que os chamados “serviços ambientais” se referem à captura e retenção do carbono, e também à manutenção da biodiversidade e regulação do ecossistema, proteção hídrica e proteção da beleza cênica. Assim, a Amazônia brasileira preservada, com corte radical nas queimadas indiscriminadas, mantém o bioma em seu papel de “umidificador” do planeta. Pesquisas científicas vêm determinando suas funções nos ciclos hidrológicos e climáticos, impactando na regularização do regime de chuvas no Sul e Sudeste do Brasil e sobre as temperaturas das águas na América Central e no Golfo do México.

Ao final das considerações, a floresta é um importante ator nas negociações internacionais de emissões de carbono na atmosfera: parar de queimar ou subtrair algumas das atividades predatórias (corte da madeira e pecuária extensiva, por exemplo) reduziriam drasticamente as emissões de gases de efeito estufa.

4.3 o foGo

Na Amazônia brasileira o fogo é uma prática tradicional usada para o plantio das roças de mandioca, por pequenos produtores, ou para abrir pastagens, pelos grandes latifundiários. Apesar de fazer parte da cultura local rural, deve ser combatido do ponto de vista climático: o fogo é uma das ferramentas mais presentes no ciclo de destruição da floresta nativa, e hoje representa o grande vilão para o clima planetário, pois são as queimadas as principais emissoras de dióxido de carbono e de outros gases, levando o Brasil ao 4oº lugar na lista mundial de emitentes de gases estufa.

Hoje, a queima anual da mata corresponde a 250 milhões de toneladas de carbono jogadas na atmosfera. Cem hectares de floresta queimada equivalem às emissões de 6.820 automóveis a gasolina rodando em um ano24.

“Os serviços ambientais da própria Floresta Amazônica são a melhor alternativa de desenvolvimento para a região. Serviços com os quais se ganha muito mais do que destruindo a floresta. Essa floresta inteira está evitando o efeito estufa, está mantendo o ciclo da água, inclusive fornecendo chuva para o Sudeste. A floresta presta um grande serviço para o mundo e ninguém paga nada por isso. Biodiversidade é outro grande valor, mas desaparece quando se transforma a floresta em pastagem e todo o carbono que estava na floresta vai para o ar. Então é preciso atribuir valor a toda o serviço que a Amazônia presta ao planeta.”

Philip Fearnside, pesquisador do Departamento de Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o segundo cientista mais citado do mundo, de acordo com o Science Citation Index, quando o tema é aquecimento global.

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Aspecto da Floresta Nacional do Amapá

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partir de 2013, será negociado em dezembro de 2009 em Copenhague (Dinamarca), com a construção de um mecanismo internacional de compensações para os serviços ambientais – e sua repartição com comunidades locais, caso do Bolsa-Floresta implementado no Estado do Amazonas.

Começa a surgir como um consenso entre governo e ambientalistas brasileiros que as florestas devam receber fundos voluntários para a redução do desmatamento, e não simplesmente fazer a troca como moeda no mercado do carbono. Sobre o REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), que pretende a mitigação dos efeitos do aquecimento mundial, há dúvidas: no mercado de créditos para florestas, o preço do carbono cairia em 75%, trazendo desvantagens a paises como China, Brasil e Índia.

5.1 sErviços AmbiEntAis

A dimensão planetária da floresta oferece ao Brasil importância geopolítica nos fóruns globais. Os pagamentos por “serviços ambientais” vigentes nos protocolos internacionais de combate ao aquecimento global ganham destaque neste início de século.

Segundo Joseph E. Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001, o Brasil poderia receber US$ 500 milhões se negociasse as reduções nas emissões de carbono equivalentes à queda em 10% nas taxas de desmatamento da década de 1980. O desmatamento não beneficia e nem sustenta a população e dá uma contribuição mínima à economia do País.

O novo acordo global de combate às mudanças climáticas, que substituirá o Protocolo de Quioto a

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Cientistas ligados ao IPCC e à Amazônia já estimaram valores para os benefícios que as quedas no desmatamento teriam sobre o planeta. A redução pela metade no ritmo de desmatamento de 1990-2000 das florestas tropicais economizaria 50 bilhões de toneladas de carbono, mais de 10% dos cortes necessários para manter as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono em 450 partes por milhão (IPCC). Já a taxa de redução de desmatamento anual em 15% significaria estabilizar o quadro de 50 milhões de hectares já degradados da Amazônia, equivalendo a 50% da meta atual do atual Protocolo de Quioto.

A despeito das dúvidas sobre quanto pode valer um trecho de floresta em pé, qualquer uso que se faça das matas hoje será mais pobre que a manejo de sua biodiversidade. Ou menos rentável do que seu uso sustentável.

Um exemplo é a produtividade da pecuária, cujos dados apontam para um faturamento cinco vezes maior em áreas manejadas nos moldes sustentáveis do que nos moldes extensivos27.

No Brasil, o Proambiente – Programa de Desenvolvi-mento Socioambiental da Produção Familiar Rural, criado em 2002 pelo governo federal prevê recursos públicos para o pagamento dos serviços ambientais aos pequenos e médios produtores, do suporte técnico e dos custos da conversão sustentável.

rEED – o PAGAmEnto PElA florEstA Em Pé

O REED (Reduce Emissions for Deforestation and Degradation) ou Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação, também conhecido como pagamento pelo desmatamento evitado, é um mecanismo de compensação financeira à iniciativa de preservar áreas florestais, e como tal promove a redução de emissões de GEEs (Gases do Efeito Estufa) e combate o aquecimento global.

O REED poderá ser aprovado formalmente na CoP-15 (encontro internacional onde os países debatem as convenções sobre o clima) que se realizará em dezembro de 2009, em Copenhague, e caso seja aprovado poderá entrar em vigor depois de 2012, quando se encerra o mandato do atual Protocolo de Quioto. (saiba mais na página 22).

A idéia básica é simples: evitar o desmatamento gera um benefício coletivo em termos de aquecimento global e preservação da biodiversidade, e por esta razão todos deveriam contribuir com esta causa. A proposta em si parece já estar aceita, mas os países se dividem no que se refere à forma como isto poderia ser feito. Alguns países acreditam que este financiamento poderá ser realizado no contexto do já existente mercado de créditos de carbono, enquanto outros propõem que seja feito através da criação de um fundo específico. Esta segunda linha de trabalho, proposta pelo Brasil na CoP-14 em Poznan, em 2008, recebeu apoio da União Européia, quando os 27 países do bloco decidiram-se pela criação de fundos ambientais ao invés de utilizar o mecanismo do mercado de carbono.

O Brasil vem trabalhando pela segunda proposta e até mesmo já criou o Fundo Amazonia que deve contar com doações de países estrangeiros – já recebeu uma doação de US$ 1 bilhão da Noruega que serão disponibilizados até o o ano 2015, caso o Brasil consiga manter o desmatamento abaixo de 19.500 Km2, o índice de 2005.

Monitoramento de árvores em área de Manejo Florestal.

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Exemplos de negócios da floresta impressionam por equilibrarem viabilidade econômica, justiça social e responsabilidade ambiental.

Casos como o da exploração sustentável do açaí para bebidas e sorvetes, cujo consumo explodiu nos Estados Unidos e em outras regiões do mundo, são hoje reconhecidos como caminhos de oportunidades na direção do modelo sustentado de desenvolvimento de uma nação. Investir em sistemas agroflorestais – plantios inspirados no próprio ciclo da floresta, onde em uma mesma área são cultivadas diferentes espécies, cada uma florescendo a seu tempo – é apoiar um processo que dispensa o uso do fogo e não altera o clima.

A aplicação de tecnologias de ponta para o desenvolvimento sustentável é um dos ingredientes que a indústria da biocosmética utiliza para transformar ativos depositados em frutos, cascas e resinas das árvores, em altíssimo valor agregado a seus produtos cobiçados em centenas de países. A Amazônia é uma imensa farmácia natural. Há mais de 1.300 plantas medicinais conhecidas e muitas outras ainda por descobrir. As descobertas devem crescer repartindo os benefícios do uso deste patrimônio genético, natural e cultural.

6. oportunidades para o Desenvolvimento sustentável

Mais de 90% do PIB da Amazônia brasileira é formado por atividades não sustentáveis. E, se o Brasil quiser liderar o desenvolvimento da nova economia da floresta, há inúmeros estudos de como aproveitar a riqueza natural da região. Como bem disse o cientista Antonio Nobre, “a floresta é uma biblioteca com livros que não têm valor pelo carbono que armazenam, mas pela informação que veiculam nas suas páginas.”

A fórmula passa por vários passos: ordenamento territorial, com usos adequados para cada área da Amazônia; legislação aplicada em políticas de regularização fundiária real; monitoramento e fiscalização efetivos; apoio às populações tradicionais e respeito aos seus modos e saberes; fortalecimento da pesquisa científica; apoio e disseminação de alternativas econômicas sustentáveis existentes (manejo florestal, ecoturismo e agroecologia); tratados justos de biodiversidade; parcerias éticas e sustentáveis entre empresas e fornecedores locais; e engajamento do consumidor consciente.

Para superar os desafios e ampliar os potenciais de ecomercados da floresta, é necessário investir na transformação do modelo predatório que há quase 40 anos avança sobre a Amazônia. Criar o ambiente favorável para que a sociedade opere não é apenas papel do governo federal. Esse objetivo exige uma visão de conjunto, onde os serviços sustentáveis, com a absorção de carbono e a redução de emissões de gases do aquecimento global, sejam contabilizados na construção de uma economia verde e global.

6.1 EConomiA DA florEstA

A floresta em pé tem um enorme potencial econômico e cientifico ainda a ser descoberto. Novas fibras, óleos, madeiras, frutas, sementes, animais e ervas medicinais são potenciais na Amazônia. A integração tecnológica ao conhecimento ancestral das populações locais e indígenas é peça fundamental na criação de uma nova economia da floresta.

Castanha do Brasil: um dos recursos de alto valor agregado do extrativismo na Amazônia.

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não madeireiros, há forte presença de empresas nacionais e estrangeiras atuando em todos os elos das cadeias produtivas.

6.3 ConExõEs sustEntávEis – As CADEiAs ProDutivAs E os ConsumiDorEs

O avanço do debate da responsabilidade social e ambiental das empresas criou no final de 2007 um fórum reunindo empresas, ONGs e movimentos sociais para estabelecer diálogo e cooperação. A sustentabilidade está na pauta de trabalho de muitas empresas locais, nacionais e internacionais. O Fórum Amazônia Sustentável28, cuja missão é “mobilizar lideranças dos diversos segmentos da sociedade, promovendo o diálogo (entre diferentes) e a cooperação para construir e articular ações, visando a uma Amazônia justa e sustentável”, viu na região amazônica uma oportunidade única para instalar um modelo de desenvolvimento inovador e sustentável.

Como primeira ação, o Fórum se propôs a unir as principais pontas das cadeias de produção, distribuição e consumo dos produtos da Amazônia. O movimento “Conexões Sustentáveis”29 foi lançado na capital paulista nos dias 14 e 15 de outubro de 2008. A partir dai, os envolvidos iniciaram mobilização para chamar a atenção da população, de outras empresas e do poder público para a responsabilidade de todos os setores da sociedade com relação à preservação e valorização da floresta, comunidades locais, produtos e serviços. São Paulo é o maior centro consumidor dos recursos amazônicos no Brasil; por isso, o Fórum, junto com o Movimento Nossa São Paulo, apresentou para assinatura os Pactos de Cadeias Produtivas da madeira, da soja e do gado.

Castanha do Brasil, babaçu, andiroba, copaíba, buriti, seringa, piaçava, carnaúba, pequi e açaí são os dez primeiros produtos extrativistas que já têm preços mínimos para venda, prevê a Lei nº 11.775, de 2008. Os valores para comercialização foram definidos pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Conab – Companhia Nacional de Abastecimento. Eles estão em diversos ecoprodutos que fazem sucesso junto ao consumidor que hoje procura levar para casa bens alinhados com a sustentabilidade.

Entre as alternativas de negócios pelo bem da floresta e da sustentabilidade do planeta, estão a produção extrativista pelo sistema de manejo florestal, o design e o turismo sustentáveis, oferecidos com padrão de qualidade internacional.

6.2 AtuAção rEsPonsávEl DA iniCiAtivA PrivADA

Novos modelos de desenvolvimento devem ser propostos para a Amazõnia, pois os exemplos bem sucedidos são uma vitrine para o mundo. A base das mudanças sustentáveis na Amazônia brasileira está nas mãos de centenas de iniciativas que oferecem soluções para as causas do desmatamento e da pobreza, e cuja inteligência econômica atrai apoio, investimentos e multiplicação. Grande parte delas inclui parcerias com as ações de Responsabilidade Social das Empresas. A ação responsável de empresários precisa estar em sintonia com as políticas públicas, sem ser substituta do papel do Estado.

Algumas das empresas que investem na Amazônia, e dela retiram boa parte da riqueza que geram, possuem programas de compensação de passivos ambientais ou de fomento.

A biodiversidade torna-se um valor estratégico, e atrai inúmeros investimentos. Para a ciência se impõe um duplo desafio: o de descrever e quantificar os estados e processos biológicos, e o de atribuir um valor à natureza, que até então era econômico. Este setor tem interessado empresas com negócios diferenciados voltados para a sustentabilidade – nos setores da cosmética, alimentos e recursos florestais

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Floresta Nacional do Amapá. O Amapá é o mais bem preservado estado da Amazônia brasileira, com menos

de 2% de sua área desmatada, e mais de 70% de sua superfície protegida por unidades de conservação.

Acervo Wal-Mart Brasil / Foto de Paulo Vitale

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7.1 fórum AmAzôniA sustEntávEl

O Wal-Mart Brasil é integrante desde 2007 do Fórum Amazônia Sustentável e integra a sua Comissão Executiva, participando da construção e coordenação de diversas iniciativas direcionadas para a região Amazônica. Uma das atividades do Fórum é a do programa Conexões Sustentáveis, realizadora dos pactos setoriais da Pecuária Bovina, Soja e Madeira.

conexões sustentáveis

O Wal-Mart assinou em outubro de 2008 os pactos empresariais de controle das cadeias produtivas da madeira, da pecuária e da soja, comprometendo-se a distribuir e a comercializar produtos com certificação (ou que estejam em processo de regularização) e que venham de fornecedores que não façam parte da lista suja do trabalho escravo ou de terras embargadas pelo Ibama. Os signatários dos pactos também concordam em participar da mobilização para ampliar o número de adesões, com realização de campanhas de esclarecimento entre seus consumidores e fornecedores.

A rede Wal-Mart participa ativamente do movimento e está assegurando que seus fornecedores não utilizam áreas protegidas para desenvolver suas atividades na Amazônia. No final de 2008, a rede incluiu os compromissos dos pactos em seus contratos comerciais e também sugeriu a seus fornecedores que aderissem aos mesmos. Em caso de irregularidades, o fornecedor terá um prazo para se adequar, ou correrá o risco de rescisão do contrato.

A empresa também realizou uma campanha para arrecadar assinaturas e mudar a legislação sobre o trabalho escravo. A iniciativa rendeu 103.841 assinaturas do total de 147.071 conquistadas pelo movimento até março de 2009. Além de não manter relações comerciais com empresas que empreguem esse tipo de mão-de-obra, o Wal-Mart defende a expropriação dessas terras.

7. Wal-mart e a Amazônia

A importância da Amazônia para o planeta é um fato. Assim como já são conhecidos os impactos que a região sofre com a comercialização de produtos saídos das cadeias de produção da carne, da soja e da madeira.

O Wal-Mart Brasil tem consciência do papel do segmento varejista na cadeia e já incluiu a Amazônia no seu programa de sustentabilidade. As ações consistem na promoção de discussões, participação ativa nos movimentos sociais, adesão a diversos pactos setoriais de produção sustentável e investimento em área de proteção ambiental.

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Floresta Nacional do Amapá

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O Pacto da Pecuária

Os signatários comprometem-se a promover o financiamento, a produção, o uso, a distribuição, a comercialização e o consumo sustentáveis produtos da pecuária bovina produzida na Amazônia e destinada à cidade de São Paulo. No conceito de sustentabilidade excluem-se produtos da pecuária produzidos por empresas que estejam incluídas na lista suja do trabalho escravo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e oriunda de áreas que estejam na relação de áreas embargadas pelo IBAMA. Os signatários comprometem-se também a informar na nota fiscal ou documento oficial que acompanha o produto, que a fonte ou fontes da matéria-prima utilizada respeitam estes critérios.

Adicionalmente, o Wal-Mart solicitou de seus fornecedores a assinatura de um termo de compromisso específico onde declaram não adquirir produtos da pecuária bovina oriundos de áreas e propriedades flagradas pelo uso de mão-de-obra em condições análogas à escravidão e de áreas embargadas pelo IBAMA. Cada fornecedor também respondeu a um questionário sobre suas políticas e práticas para garantir a origem dos produtos da pecuária bovina que culminou na abertura de um diálogo construtivo em busca de melhores práticas de sustentabilidade para a cadeia da pecuária bovina.

O Pacto contra o Trabalho Escravo

O Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil foi proposto pelo governo federal em maio de 2005 com base em uma portaria do Ministério do Trabalho e Emprego de 2004 relacionada à existência de lista de empregadores e/ou de seus intermediários que exploravam mão de obra escrava no pais. O Pacto propõe, entre outras iniciativas, a definição de metas específicas para a regularização das relações de trabalho, restrições comerciais às empresas ou pessoas identificadas com práticas abusivas, apoiar ações de reintegração social e produtiva, de informação e de capacitação aos trabalhadores vulneráveis e o monitoramento destas ações.

PACtos soCioAmbiEntAis

Os Pactos da Soja, Madeira e Pecuária foram forma-lizados em outubro de 2008 durante o seminário “Conexões Sustentáveis: São Paulo-Amazônia”, rea-lizado pelo Movimento Nossa São Paulo e Fórum Amazônia Sustentável, que debateu o papel da cidade de São Paulo na preservação da Amazônia. Os signatários – empresas, entidades públicas e organizações da sociedade civil – comprometem-se, voluntáriamente, com condições de sustentabilidade no financiamento, produção, ou comercialização de produtos de soja, madeira e pecuária – e em todos eles está incluida a questão do Trabalho Escravo. Os Pactos incluem “mobilizar as empresas na cadeia de valor das signatárias”. Informações atualizadas podem ser encontradas no site do Instituto Ethos – Conexões Sustentáveis.

O Pacto da Soja

Os signatários comprometem-se a promover o financiamento, a produção, o uso, a distribuição, a comercialização e o consumo sustentáveis de grãos de soja (in natura ou processados) produzidos no bioma amazônico e destinados à cidade de São Paulo. No conceito de sustentabilidade inclui-se a soja localizada somente nas áreas liberadas pela “Moratória da Soja” e excluem-se a soja produzia por empresas que estejam incluidas na lista suja do trabalho escravo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e aquela oriunda de áreas que estejam na relação de áreas embargadas pelo IBAMA.

O Pacto da Madeira

Os signatários comprometem-se a promover o financiamento, a produção, o uso, a comercialização e o consumo sustentável de produtos florestais da Amazônia destinados à cidade de São Paulo. O conceito de sustentabilidade abrange o fomento a produtos florestais de fontes certificadas – e na sua ausência “adquirir produtos florestais de fontes participantes de programas de verificação de implementação modular que tem como objetivo atingir a certificação florestal de sua área a médio prazo”.

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7.2 Gt PECuáriA sustEntávEl

O Wal-Mart participa também do Comitê Executivo do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável. O grupo é formado por ONGs, empresas, frigoríficos, produtores e governo, e foi criado para definir diretrizes para a produção mais sustentável de bovinos.

O Grupo está focado na redução dos impactos sociais e ambientais do setor pecuário em todo o País. O Wal-Mart é membro da secretaria executiva do Grupo, instituído em 2008, e com objetivos de médio e longo prazos. Entre os avanços realizados no ano está a definição da estrutura de governança e os princípios que nortearão o estatuto e a metodologia de trabalho.

7.3 flonA AmAPá: A tEoriA nA PrátiCA

A organização não-governamental Conservação Internacional do Brasil e o Wal-Mart Brasil firmaram em março de 2008 uma parceria no valor de R$ 5 milhões a serem investidos na Floresta Nacional (Flona) do Amapá, norte da Amazônia. A iniciativa visa a conservação da biodiversidade e os benefícios socioeconômicos relacionados às suas metas de sustentabilidade.

O projeto com duração de cinco anos custeará as atividades em três áreas distintas, mas interligadas: a) a melhoria da infra-estrutura física e de pessoal

para a gestão da floresta, b) a elaboração do plano de manejo da unidade, e c) a eliminação das atividades não-sustentáveis

por meio de planos de negócios para produtos florestais, madeireiros e não-madeireiros.

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BIBLIOGRAFIA

(1) “Amazônia Brasil”, Eugenio Scannavino Netto e José Arnaldo de Oliveira (2008).(2) “Amazônia Brasil”, Eugenio Scannavino Netto e José Arnaldo de Oliveira (2008).(3) A estimativa de 20% da reserva mundial de água doce é da Agência Nacional de Águas e do programa Proarco/ Instituto Brasileiro de Meio Ambiente.(4) Fonte: ISA – Instituto Socioambiental.(5) Fonte: IBGE/ Pnad 2005.(6) Fonte: Federação das Indústrias do Amazonas.(7) Fonte: “O Avanço da Fronteira Amazônica - do Boom ao Colapso”, Danielle Celentano e Adalberto Veríssimo/ Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (2007).(8) Fonte: “Brasil: o estado de uma nação”, IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (2005).(9) Entende-se por “terras ocupadas” as terras já desmatadas para qualquer atividade econômica (madeira, gado, grãos, etc,). O total de terras não regularizadas coincide com quase a totalidade da área desmatada na Amazônia Legal. (10) A área corresponde ao tamanho do Mar Báltico.(11) Fonte: CBERS/INPE(12) “Acertando o Alvo 2: consumo de madeira amazônica e certificação florestal no Estado de São Paulo”, Leonardo Sobral/ Imazon (2002).(13) Fonte: Imazon.(14) Fonte: João Andrade de Carvalho Jr./ Unesp, in “O Livro de Ouro da Amazônia”, João Meirelles (2005), pág 160.(15) Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.(16) Saiba mais sobre as ações do Greenpeace sobre a soja em [www.greenpeace.org/brasil/amazonia/moratoria-da-soja].(17) O Mapa dos Conflitos Sociais da Amazônia Legal foi lançado em 29/01/2008.(18) O Grupo Móvel do Trabalho Escravo do MTE – Ministério do Trabalho e do Emprego, criado em 1995, é o responsável pela libertação de trabalhadores em situação de escravidão nas fazendas. Veja a “lista suja” do trabalho escravo em [www.reporterbrasil.com.br/pacto/listasuja/lista].(19) Lançada no início de 2008, a “lista suja” do governo é formada pelos municípios considerados prioritários para ações de prevenção e controle do desmatamento da Amazônia. A lista foi atualizada em 2009 com números referentes ao ocorrido em 2008.(20) Consulte a íntegra do Plano em [www.presidencia.gov.br/casacivil/desmat.pdf].(21) Saiba mais em [www.forumclima.org.br/].(22) Fonte: WWF-Brasil.(23) Expedição Científica de Medição do Rio Amazonas 2007 – Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ANA (Agência Nacional de Águas) e representantes do IGN (Instituto Geográfico Nacional) do Peru, em [www.inpe.br].(24) Fonte: João Andrade de Carvalho Jr./ Unesp, in “O Livro de Ouro da Amazônia”, João Meirelles (2005).(25) Carlos Nobre é um dos responsável por estudo sobre o cenário previsto para a Amazônia em 2050, que alerta para o perigo de parte da floresta tropical virar cerrado empobrecido com as temperaturas em alta. A grande seca que assolou a região em 2005 foi, em parte, efeito deste.(26) idem(27) Fonte: João Andrade de Carvalho Jr./ Unesp, in “O Livro de Ouro da Amazônia”, João Meirelles (2005), pág.163. O trecho indica que a alternativa certificada de uma mesma área de pastagem pode passar a render R$ 3,1 bilhões, cinco vezes mais do que os atuais R$ 660 milhões.(28) Fórum Amazônia Sustentável [www.forumamazoniasustentavel.org.br/].(29) Conexões Sustentáveis [www.ethos.org.br/sistemas/ConexoesSustentaveisNovo/].