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Departamento de Psicologia ESTUDO DA CONFIABILIDADE DE UM NOVO INSTRUMENTO NEUROPSICOLÓGICO COMPUTADORIZADO: COMPCOG– VERSÃO PARA IPAD Aluna: Ana Mercedes de Figueiredo Orientadora: Helenice Charchat Fichman Introdução A Neuropsicologia se utiliza de instrumentos para delinear o perfil cognitivo e comportamental do indivíduo. Assim, a introdução de testes computadorizados possibilita uma padronização e maior precisão da mensuração, qualidades indispensáveis para a validade e confiabilidade de um teste. Os testes computadorizados têm vantagens em relação aos tradicionais (lápis e papel) porque conseguem medir tempo de reação em milissegundos, possibilita uma interface mais simples e flexível utilizando as novas tecnologias da informação. Assim, as baterias computadorizadas trazem grandes vantagens para a quantificação de variáveis de tempo, como tempo de reação e duração da resposta, pois permitem registrar precisamente o tempo em milésimos de segundos, aumentando a sensibilidade dos testes. De acordo com Charchat et al. (2001), o tempo de reação em milisegundos (TR) é uma medida que permite uma avaliação mais minuciosa e refinada do funcionamento cognitivo, além disso, ajuda a impedir o efeito da aprendizagem, tornando o teste replicável e facilitando a monitorização de possíveis alterações. Além disso, os testes computadorizados auxiliam a padronização das condições de apresentação de estímulos e o registro das respostas, permitindo maior rigor no controle das condições de avaliação, gerando maior confiabilidade psicométrica (Capovilla, 2006; Ritsner, Blumenkrantz, Dubinsky & Dwolatzky, 2006; Schatz & Browndyke, 2002). Vale mencionar que os testes psicológicos são instrumentos para observação do comportamento usados em pesquisas e na prática clínica. A eficácia de um teste depende de sua validação e confiabilidade (Raymundo, 2009). Segundo Martins (2006), validade e confiabilidade demonstram que as medidas são replicáveis, e, portanto, mostram consistência. A validação de um teste busca avaliar se este consegue medir o que foi proposto em sua construção. Para um teste ser considerado validado, ele precisa passar por alguns

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Page 1: Aluna: Ana Mercedes de Figueiredo Orientadora: Helenice ......Aluna: Ana Mercedes de Figueiredo Orientadora: Helenice Charchat Fichman Introdução A Neuropsicologia se utiliza de

Departamento de Psicologia

E S T U D O D A C O N F I A B I L I D A D E D E U M N O V O I N S T R U M E N T O NEUROPSICOLÓGICO COMPUTADORIZADO: COMPCOG– VERSÃO PARA IPAD

Aluna: Ana Mercedes de Figueiredo Orientadora: Helenice Charchat Fichman

Introdução

A Neuropsicologia se utiliza de instrumentos para delinear o perfil cognitivo e

comportamental do indivíduo. Assim, a introdução de testes computadorizados possibilita

uma padronização e maior precisão da mensuração, qualidades indispensáveis para a validade

e confiabilidade de um teste. Os testes computadorizados têm vantagens em relação aos

tradicionais (lápis e papel) porque conseguem medir tempo de reação em milissegundos,

possibilita uma interface mais simples e flexível utilizando as novas tecnologias da

informação.

Assim, as baterias computadorizadas trazem grandes vantagens para a quantificação

de variáveis de tempo, como tempo de reação e duração da resposta, pois permitem registrar

precisamente o tempo em milésimos de segundos, aumentando a sensibilidade dos testes. De

acordo com Charchat et al. (2001), o tempo de reação em milisegundos (TR) é uma medida

que permite uma avaliação mais minuciosa e refinada do funcionamento cognitivo, além

disso, ajuda a impedir o efeito da aprendizagem, tornando o teste replicável e facilitando a

monitorização de possíveis alterações.

Além disso, os testes computadorizados auxiliam a padronização das condições de

apresentação de estímulos e o registro das respostas, permitindo maior rigor no controle das

condições de avaliação, gerando maior confiabilidade psicométrica (Capovilla, 2006; Ritsner,

Blumenkrantz, Dubinsky & Dwolatzky, 2006; Schatz & Browndyke, 2002).

Vale mencionar que os testes psicológicos são instrumentos para observação do

comportamento usados em pesquisas e na prática clínica. A eficácia de um teste depende de

sua validação e confiabilidade (Raymundo, 2009). Segundo Martins (2006), validade e

confiabilidade demonstram que as medidas são replicáveis, e, portanto, mostram consistência.

A validação de um teste busca avaliar se este consegue medir o que foi proposto em

sua construção. Para um teste ser considerado validado, ele precisa passar por alguns

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processos, neste sentido, observam-se diferentes tipos de validação: (a) validade aparente, (b)

validade de conteúdo, (c) validade de critério e (d) validade de constructo (Martins, 2006;

Pasquali, 2009; Raymundo, 2009). A validade de construto refere-se à constatação de se está

medindo aquilo a que se propõe medir. Ela é realizada através de estudos que inter-relacionem

as variáveis que pretendem ser medidas (Raymundo, 2009).

No contexto da Neuropsicologia, a busca pela validação de testes e medidas

computadorizadas é essencial e a constatação da utilidade da avaliação computadorizada na

investigação dos prejuízos cognitivos em doenças neurológicas e psiquiátricas (Johnson,

Vincent, Johnson, Gilliland & Schlegel, 2008).

A confiabilidade refere-se à constância do instrumento. Isto se dá através da

comparação dos resultados em situações semelhantes e sucessivas. A confiabilidade pode ser

avaliada por diversos procedimentos: (a) teste e reteste (quando a mesma medida é aplicada

duas vezes nos mesmos sujeitos e observa-se correlações entre os dois momentos); (b) formas

equivalentes (aplica-se instrumentos próximos a um mesmo grupo de indivíduos e verifica se

há correlação entre eles); (c) confiabilidade a partir de avaliadores, dentre outros (Martins,

2006).

A fim de ilustração, segue tabela com a descrição das funções cognitivas e dos testes

neuropsicológicos computadorizados utilizados para avaliá-las:

Funções Cognitivas Testes Computadorizados

Memória verbal Cambridge Neuropsychological Test Automated Battery –

CANTAB (Fray, Robbins, & Sahakian, 1996); CNS Vital Signs –

CNSVS (Gualtieri & Johnson, 2006); Mindstreams (Ritsner et al.,

2006)

Memória não verbal CANTAB (Fray et al., 1996); Mindstreams (Ritsner et al., 2006)

Memória verbal

tardia

CNSVS (Gualtieri & Johnson, 2006); Mindstreams (Ritsner et al.,

2006)

Memória não verbal

tardia

Mindstreams (Ritsner et al., 2006)

Memória de trabalho

fonológica

IntegNeuro (Williams et al., 2008)

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As baterias de testes computadorizados podem e têm sido aplicadas em diversas

populações clínicas, e isso auxilia na elaboração dos diagnósticos, intervenções

medicamentosas bem como psicoeducativas. Isto confirma a relevância quanto à validação de

baterias computadorizadas se beneficiando com as novas tecnologias aplicadas à Psicologia.

Diante do exposto, o presente relatório de pesquisa tem o objetivo de descrever minha

participação no projeto que visa a construção de um conjunto de instrumentos

neuropsicológicos, o CompCog. Este, avalia as principais funções cognitivas utilizando uma

nova tecnologia como interface: o iPad. Tal instrumento utiliza exclusivamente a tela sensível

ao toque, o que torna a automatização dos comandos acessível a indivíduos que habitualmente

não utilizam os computadores tradicionais.

Além disso, o iPad é um tablet pequeno e facilmente transportado para diferentes

lugares, tornando o seu uso ainda mais prático. A utilização de tablets, especialmente o iPad,

tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Apesar do uso do equipamento para

jogos, a sua aplicação como avaliação neuropsicológica está ainda em desenvolvimento,

reforçando a relevância deste primeiro estudo com o CompCog-versão iPad.

Memória de trabalho

visuo-espacial

Bateria de Testes Neuropsicológicos Computadorizados – BTNC

(Charchat, 1999); CANTAB (Fray et al., 1996); IntegNeuro

(Williams et al., 2008)

Tempo de reação BTNC (Charchat, 1999); California Computerized Assessment

Package – CalCAP (Miller, 1996); Cognitive Stability Index – CSI

(Erlanger et al., 2002); CNSVS (Gualtieri & Johnson, 2006);

CANTAB (Fray, Robbins, Sahakian, 1996); IntegNeuro (Williams

et al., 2008); Mindstreams (Ritsner et al., 2006); Teste

Computadorizado da Atenção – TCA (Schmidt & Manhães, 2001)

Velocidade de

processamento

Automated Neuropsychological Assessment Metrics – ANAM

(Kabat, Kane, Jefferson, DiPino, 2001); CSI (Erlanger et al., 2002)

Atenção sustentada IntegNeuro (Williams et al., 2008)

Funções executivas CNSVS (Gualtieri & Johnson, 2006); Mindstreams (Ritsner et al.,

2006); CANTAB (Fray et al., 1996)

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Dentro desta perspectiva, é fundamental dispor de instrumentos de avaliação

neuropsicológicos confiáveis e válidos. Os testes computadorizados têm se mostrado

ferramentas úteis para avaliação de diferentes domínios cognitivos aproveitando as vantagens

das inovações tecnológicas da atualidade. Então, o presente projeto de pesquisa propõe uma

nova bateria computadorizada utilizando os recursos do iPad para apresentação e registro dos

dados e da internet para armazenamento e manipulação das informações obtidas durante a

avaliação neuropsicológica.

Neste contexto, está sendo desenvolvido estudo de validação de uma nova bateria de

testes neuropsicológicos no iPad, o CompCog, que avalia diversas funções cognitivas, tais

como: atenção, memória, funções executivas, percepção e velocidade de processamento de

informações. Para tanto, apresenta oito testes: tempo de reação simples, tempo de reação de

escolha, teste de aprendizagem implícita, memória de curto-prazo visuoespacial,

reconhecimento e memória de faces, teste do controle inibitório, teste Stroop e, por fim,

sondagem. Os resultados deste projeto e relatório de pesquisa visam contribuir para a

validação dessa bateria computadorizada, CompCog.

Objetivos

O principal objetivo deste projeto será avaliar a confiabilidade (fidedignidade) de uma nova

bateria de testes neuropsicológicos computadorizados denominada CompCog, que utiliza

como interface o iPad. A bateria de testes proposta é ampla e flexível. O CompCog avalia

diferentes domínios cognitivos: atenção, memória, funções executivas, percepção e

velocidade de processamento de informações.

Metodologia

Participarão desta pesquisa 100 estudantes universitários na faixa etária de 18 a 35 anos. A

participação será voluntária e acontecerá apenas mediante a assinatura de um termo de

consentimento livre e esclarecido. Este projeto está dividido em três etapas. Minha

participação no projeto será conduzir a etapa da confiabilidade (teste-reteste - fidedignidade).

Os sujeitos serão avaliados com o CompCog duas vezes com intervalo de três meses entre as

aplicações. A aplicação do instrumento será realizada pelo mesmo examinador. Os resultados

das duas aplicações serão correlacionadas com o testes não-paramêtrico de Spearman.

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CompCog – versão iPad

O CompCog foi produzido utilizando um software de desenvolvimento de aplicativos da

Apple para iPad. Para tal, foi aberta uma conta na Apple para desenvolver e disponibilizar

aplicativos. Os testes do CompCog utilizam a interface do iPad e todas as respostas são

emitidas utilizando a tela sensível ao toque. A cada teste são registrados o tipo de resposta e o

tempo de reação em milissegundos. Os resultados de cada teste são apresentados no final de

cada aplicação ou no final de toda a bateria. Os dados são armazenados em um site específico

para a pesquisa interligados ao iPad pela internet.

A bateria de testes que compõe o CompCog é ampla e flexível. Existe uma ordem de

aplicação sugerida, mas o examinador pode selecionar apenas um grupo de testes a ser

aplicado ou modificar a ordem de aplicação. O CompCog avalia diferentes domínios

cognitivos, tais como: atenção, memória, funções executivas, percepção e velocidade de

processamento de informações. Em todos os testes os estímulos são vísuo-espaciais. Apenas

no Stroop são apresentadas palavras escritas para não modificar a base fundamental do

paradigma original.

São aplicados os seguintes testes:

1) Tempo de Reação Simples;

2) Tempo de Reação de Escolha;

3) Sondagem;

4) Aprendizagem Implícita;

5) Teste Stroop;

6) Controle Inibitório;

7) Memória de Trabalho Visuo-Espacial e

8) Aprendizagem e evocação tardia de um Teste de Reconhecimento de Faces.

Descrição dos resultados

No primeiro ano da bolsa foram testados 50 jovens universitários. Participaram do estudo 50

adultos jovens, na faixa etária de 18 a 33 (média de idade: 20,3 +3,5) anos, universitários,

com média de 13,5 (+1,7) anos de escolaridade. Os resultados mostraram consistência entre a

primeira e segunda avaliação com intervalo de três meses na maior parte das variáveis

estudadas do CompCog, especialmente nas medidas de tempo de reação. Este resultado

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aponta para uma confiabilidade e fidedignidade do novo instrumento. Ao analisar o

desempenho dos universitários na primeira aplicação do CompCog com a segunda aplicação

após 3 meses, observa-se os seguintes resultados de correlação conforme a tabela 1 abaixo:

Tabela 1:

Atividades realizadas

Neste período em que participei do presente projeto de pesquisa como aluna bolsista,

colaborei com o estudo da confiabilidade de um novo instrumento neuropsicológico

computadorizado: CompCog- versão para iPad. Me envolvi com todo o grupo de

Neuropsicologia da PUC-Rio e pude me apropriar de muito conhecimento relativo ao

desenvolvimento e aplicação de testes, bem como do manejo clínico.

Necessário destacar que em todo esse processo, além da supervisão da Profª Helenice

Charchat, tive assistência e orientação da pós-doutoranda, Profª Liana Chaves, que me

direcionava e ensinava muito das técnicas e manejo clínico imprescindíveis para o

desenvolvimento desta pesquisa e para a minha participação neste projeto.

Variáveis do CompCog Valor de r Nível de significância

Tempo de reação Simples 0,592 <0,01

Tempo de reação de Escolha 0,581 <0,01

Aprendizagem implícita 0,763 <0,01

Memória de curto prazo 0,316 0,02

Span em ordem direta 0,303 0,03

Span em ordem inversa 0,288 0,04

Memória de faces tempo 0,678 <0,01

Evocação memória de faces

acerto

0,316 0,02

Evocação memória de faces

tempo

0,678 <0,01

Stroop total 0,783 <0,01

Sondagem 0,449 <0,01

Controle inibitório 0,523 <0,01

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Vale mencionar que desenvolvi trabalho juntamente com a equipe da Profª Helenice

Charchat, que foi apresentado na IV mostra carioca de neuropsicologia clínica, intitulado

“Teste de Stroop computadorizado para avaliar jovens universitários, recebendo inclusive o

prêmio do terceiro melhor trabalho apresentado como pôster na mostra e na reunião anual de

neurociências e comportamento em 2015 (ANEXO 1). Segue a descrição do trabalho:

Dentre os testes neuropsicológicos, o paradigma de Stroop apresenta situações com

estímulos sensoriais conflitantes que demandam um maior tempo para o processamento da

informação e requer que o indivíduo responda a elementos específicos de um estímulo

enquanto inibe processos mais automatizados. O objetivo deste trabalho foi avaliar o tempo

de reação da resposta a um estímulo apresentado, através do teste de Stroop computadorizado,

que compõe o CompCog (uma bateria de testes neuropsicológicos no iPad que avalia diversas

funções cognitivas). Participaram do estudo 27 universitários, saudáveis, na faixa de 18 a 35

(19,4 +1,5) anos, de ambos os sexos. Foi utilizado o Teste de Stroop computadorizado que

está dividido em três etapas: na primeira, o participante tem que tocar em um dos quatro

retângulos coloridos (verde, vermelho, azul ou amarelo), localizados na parte inferior da tela,

de acordo com a cor do quadrado que aparece no centro da tela; na segunda, o

participante tem que tocar em um dos quatro retângulos (verde, vermelho, azul ou amarelo),

que tem a mesma localização da tarefa anterior, de acordo com a cor da palavra colorida

(nome de fruta: abacate, maçã, amora ou banana) que aparece no centro da tela; na

terceira, o participante tem que tocar em um dos quatro retângulos (verde, vermelho, azul ou

amarelo), que tem a mesma localização das tarefas anteriores de acordo com a cor da palavra

colorida (nome de cores: verde, vermelho, azul ou amarelo) que aparece no centro da tela.

Para a análise dos resultados, foram observados o tempo de reação medido em milissegundos

e a média da porcentagem de acertos para cada tarefa: 684,19 (+ 42,4) e 98% de acertos

(tarefa 1), 748,43 (+ 58,5) e 97,8% de acertos (tarefa 2), e 786,33 (+ 87,1) e 98,2% de acertos

(tarefa 3). Portanto, foi verificado que há uma mudança, um tempo de reação maior na

terceira em relação a segunda e em relação a primeira tentativa, mostrando a presença do

efeito Stroop nesse teste computadorizado.

Neste ano de 2016, apresentei trabalho na V mostra carioca de neuropsicologia clínica

intitulado “Desempenho de jovens universitários em uma tarefa computadorizada de atenção

seletiva” (ANEXO 2). A seguir, o resumo do trabalho apresentado:

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As inovações tecnológicas possibilitam o uso de dispositivos móveis para medir a

atenção seletiva (capacidade de uma pessoa focar a atenção em estímulo-alvo e ignorar

outros) mensurando com precisão o tempo de reação em milésimo de segundos aumentando a

sensibilidade dos instrumentos. O objetivo desta pesquisa foi investigar o desempenho de

jovens universitários em uma tarefa computadorizada de atenção seletiva. Participaram do

estudo 50 adultos jovens, na faixa etária de 18 a 33 (média de idade: 20,3 +3,5) anos,

universitários, com média de 13,5 (+1,7) anos de escolaridade. Foram utilizados os testes:

Tempo de Reação Simples (TRS) e Tempo de Reação de Escolha (TRE) integrantes do

CompCog (uma bateria de testes neuropsicológicos que avalia diversas funções cognitivas e

utiliza como interface o iPad). Na primeira tarefa, o participante foi orientado a tocar no

retângulo branco localizado na parte inferior da tela toda vez que o quadrado branco

aparecesse no centro da tela do iPad (tarefa controle); na segunda, foi solicitado que o

participante tocasse em um dos dois retângulos (branco ou laranja), localizados na parte

inferior da tela, de acordo com a cor do quadrado que aparecesse no centro (branco ou

laranja). Para a análise dos resultados, foram observados o tempo mediano de reação (em

milissegundos) e a média da porcentagem de acertos do segundo teste. A média do tempo de

reação foi de 345,52 ms no teste TRS e 525,32 ms no teste TRE. A média de acertos foi de

96,8% no teste TRE. Foi utilizado o teste t de Student para comparar os tempos de reação, que

demostrou diferença estatisticamente significativa (p<0,05). O tempo de reação no TRE foi

maior que no TRS, demostrando a diferença do tempo de reação na execução da tarefa de

atenção seletiva (TRE) em relação a tarefa controle (TRS). Este resultado indica capacidade

de atenção seletiva dos jovens universitários, relevante para o processo de aprendizagem e

resolução de problemas.

Durante esse primeiro ano de bolsa, participei tanto do treinamento na aplicação dos

diferentes testes neuropsicológicos computadorizados e não computadorizados, como também

da etapa do estudo de confiabilidade. Realizei o treinamento para a aplicação do CompCog;

marcação dos horários para realização do reteste; aplicação do instrumento computadorizado

para avaliar a confiabilidade; organização das fichas cadastrais e testes em lápis e papel dos

participantes; atualização da planilha com os dados dos participantes.

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Conclusão

O presente projeto teve como finalidade avaliar a confiabilidade (fidedignidade) da já

mencionada e explicada nova bateria de testes neuropsicológicos computadorizados

denominada CompCog, instrumento que utiliza como interface o iPad. A bateria de testes

proposta é ampla e flexível e avalia diferentes domínios cognitivos: atenção, memória,

funções executivas, percepção e velocidade de processamento de informações.

Nesse primeiro ano da bolsa foram testados 50 adultos jovens universitários. Os

resultados mostraram consistência entre a primeira e segunda avaliação com intervalo de três

meses na maior parte das variáveis estudadas do CompCog, especialmente nas medidas de

tempo de reação. Este resultado aponta para uma confiabilidade e fidedignidade do novo

instrumento.

Diante disso, a partir da análise dos dados do desempenho dos universitários na

primeira aplicação do CompCog com a segunda aplicação após 3 meses, observa-se o

resultado de correlação, que pode ser verificada conforme a já apresentada tabela 1 acima

apresentada.

Nestes termos, diante do que foi apresentado neste relatório e conforme os resultados

até então obtidos nesta pesquisa, evidências apontam para uma confiabilidade e fidedignidade

do novo instrumento, o CompCog.

Referências

1. CAPOVILLA, Alessandra Gotuzo Seabra. Desenvolvimento e validação de instrumentos neuropsicológicos para avaliar funções executivas. Aval. psicol., Porto Alegre , v. 5, n. 2, p. 239-241, dez. 2006 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712006000200014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 25 de jul. 2016.

2. CECCHETTO, Fátima H.; PELLANDA, Lucia C.. Construção e validação de um questionário sobre conhecimento de hábitos saudáveis e fatores de risco para doenças cardiovasculares em estudantes. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre , v. 90, n. 4, p. 415-419, Aug. 2014 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572014000400415&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 de jul. 2016.

3. CHARCHAT, H., Nitrini, R., Caramelli, P., & Sameshima, K. Investigação de Marcadores Clínicos dos Estágios Iniciais da Doença de Alzheimer com Testes Neuropsicológicos Computadorizados. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 14, n. 2, p. 305-316. 2001.

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4. COLIN M. Macleod. Haifa Century of Research on the Stroop Effect: An Integrative Review. Psychological Bulletin, v. 109, n. 2, p. 163-203. 1991.

5. MARTINS, G. A.Sobre confiabilidade e validade. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 8, n. 20, p. 1-12, 2006.

6. STROOP, J. R. Studies of interference in serial verbal reactions. Journal of Experimental Psychology, v. 18, p. 643-662. 1935.

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ANEXO 1

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ANEXO 2

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