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“O Espiritismo não tem mistérios, nem teorias secretas; tudo nele deve ser dito claramente, a fim de que cada um possa julgá-lo com conhecimento de causa; mas cada coisa deve vir a seu tempo, para vir com segurança.” - Allan Kardec Nº 94 -ANO XXI - OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2010 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Conta-se que – além de Baltazar, Belquior e Gaspar – um quarto rei mago, chamado Artaban, quis visitar o menino Jesus na estrebaria, quando viu a estrela brilhando no céu. Artaban era um homem simples e de bom coração, sempre solícito e prestativo para com todos, e acreditava na chegada daquele que viria trazer paz e esperança ao mundo. Estava pronto a presenteá-lo com pedras preciosas, que conseguira acumular com seu trabalho. Tão logo soube do nascimento do menino, foi em direção à cidade, para conhecê-lo. Contudo, a cada passo que dava rumo a Jesus encontrava alguém necessitado que buscava seus serviços. Quando finalmente chegou a Belém, o menino há muito havia partido. Mesmo assim não desistiu do intento: ansiava encontrá-lo. Ao longo de sua peregrinação, foram tantas as solicitações e socorro a pessoas que o procuravam que se passaram mais de trinta anos, e só então chegou a Jerusalém, onde lhe disseram que Jesus se encontrava. Apenas uma única pedra preciosa trazia no alforje, mas essa teria de ser para Jesus. Qual não foi o seu espanto, porém, quando soube por um informante que o Mestre de Nazaré tinha sido covardemente martirizado e morrera sozinho numa cruz. Desesperado, passou a lamentar-se, e julgou- se o mais infeliz dos homens. – Falhei em minha missão!... – disse de si para consigo. Naquele momento, porém, uma voz soou-lhe aos ouvidos: – Ao contrário do que pensas, Artaban, tu me encontraste durante toda a tua vida. Eu estava nu e tu me vestiste. Eu tive fome e tu me deste de comer. Eu estava preso e tu me visitaste. Na verdade, eu estava em todos os necessitados de teu caminho. Tu, portanto, me deste o maior de todos os presentes do mundo: tu me deste o amor! *** O Natal deveria ser a verdadeira festa do coração, como afirma Meimei. Ninguém falou e viveu mais o amor fraterno que Jesus. E se o Natal significa o seu nascimento, conforme se convencionou, com certeza não poderia trazer outra mensagem de vida que não fosse o amor na sua mais elevada expressão. Entretanto, não é bem o que acontece no mundo. Como tudo em Jesus, seu natal também foi desfigurado, passando a atender a outros interesses, longe dos ideais em que ele tanto insistiu, a despeito das dificuldades de compreensão de seus seguidores. Infelizmente, o materialismo do Natal suplantou o espiritualismo de Jesus. Ele, na verdade, nunca esteve interessado em ser homenageado ou adorado. A humildade, pelo contrário, era uma das virtudes que mais o destacavam. Era avesso a tais manifestações, muito próprias da vaidade e dos caprichos humanos, que apenas buscam vantagens e glórias imediatas. Jesus preferia o silencio e o anonimato, pois, para ele, o único e verdadeiro valor é o bom sentimento que cada um traz no coração, capaz de manifestar-se em ações silenciosas de amor em favor da humanidade. Se Jesus se preocupasse com homenagens e aplausos, ele teria optado pelo reino dos homens e não pelo reino de Deus. Todavia, para ele, a verdadeira adoração é o bem que fazemos e o mal que conseguimos evitar. Nisso está o que ele chamou de vontade do Pai. O clima do Natal deve sensibilizar os corações, levando as pessoas a servir com humildade além da próprias obrigações, estimulando-as a se aproximarem cada vez mais da vivência do amor fraterno junto a seus irmãos de humanidade, o grande e único ideal de Jesus. JESUS E O NATAL José Benevides Cavalcante

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“O Espiritismo não tem mistérios, nem teorias secretas; tudo nele deve ser dito claramente, a fim de que

cada um possa julgá-lo com conhecimento de causa; mas cada coisa deve vir a seu tempo, para vir com

segurança.” - Allan Kardec

Nº 94 - ANO XXI - OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2010 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Conta-se que – além de Baltazar, Belquior eGaspar – um quarto rei mago, chamado Artaban, quisvisitar o menino Jesus na estrebaria, quando viu aestrela brilhando no céu. Artaban era um homemsimples e de bom coração, sempre solícito e prestativopara com todos, e acreditava na chegada daquele queviria trazer paz e esperança ao mundo. Estava pronto apresenteá-lo com pedras preciosas, que conseguiraacumular com seu trabalho. Tão logo soube donascimento do menino, foi em direção à cidade, paraconhecê-lo. Contudo, a cada passo que dava rumo aJesus encontrava alguém necessitado que buscava seusserviços. Quando finalmente chegou a Belém, omenino há muito havia partido. Mesmo assim nãodesistiu do intento: ansiava encontrá-lo. Ao longo desua peregrinação, foram tantas as solicitações e socorroa pessoas que o procuravam que se passaram mais detrinta anos, e só então chegou a Jerusalém, onde lhedisseram que Jesus se encontrava. Apenas uma únicapedra preciosa trazia no alforje, mas essa teria de serpara Jesus. Qual não foi o seu espanto, porém, quandosoube por um informante que o Mestre de Nazaré tinhasido covardemente martirizado e morrera sozinhonuma cruz. Desesperado, passou a lamentar-se, ejulgou- se o mais infeliz dos homens.

– Falhei em minha missão!... – disse de si paraconsigo.

Naquele momento, porém, uma voz soou-lheaos ouvidos:

– Ao contrário do que pensas, Artaban, tu meencontraste durante toda a tua vida. Eu estava nu e tu mevestiste. Eu tive fome e tu me deste de comer. Eu estavapreso e tu me visitaste. Na verdade, eu estava em todosos necessitados de teu caminho. Tu, portanto, me desteo maior de todos os presentes do mundo: tu me deste oamor!

***

O Natal deveria ser a verdadeira festa docoração, como afirma Meimei.

Ninguém falou e viveu mais o amor fraternoque Jesus. E se o Natal significa o seu nascimento,conforme se convencionou, com certeza não poderia

trazer outra mensagem de vida que não fosse o amor nasua mais elevada expressão.

Entretanto, não é bem o que acontece no mundo.Como tudo em Jesus, seu natal também foi desfigurado,passando a atender a outros interesses, longe dos ideaisem que ele tanto insistiu, a despeito das dificuldades decompreensão de seus seguidores. Infelizmente, omaterialismo do Natal suplantou o espiritualismo deJesus.

Ele, na verdade, nunca esteve interessado em serhomenageado ou adorado. A humildade, pelo contrário,era uma das virtudes que mais o destacavam. Era avessoa tais manifestações, muito próprias da vaidade e doscaprichos humanos, que apenas buscam vantagens eglórias imediatas. Jesus preferia o silencio e oanonimato, pois, para ele, o único e verdadeiro valor é obom sentimento que cada um traz no coração, capaz demanifestar-se em ações silenciosas de amor em favor dahumanidade.

Se Jesus se preocupasse com homenagens eaplausos, ele teria optado pelo reino dos homens e nãopelo reino de Deus. Todavia, para ele, a verdadeiraadoração é o bem que fazemos e o mal que conseguimosevitar. Nisso está o que ele chamou de vontade do Pai.

O clima do Natal deve sensibilizar os corações,levando as pessoas a servir com humildade além dapróprias obrigações, estimulando-as a se aproximaremcada vez mais da vivência do amor fraterno junto a seusirmãos de humanidade, o grande e único ideal de Jesus.

JESUS E O NATALJosé Benevides Cavalcante

Edição 94 - página 2

-EXPEDIENTE-

Órgão de Divulgação daDoutrina Espírita

Donizete Pinheiro

Rua Mecenas Pinto Bueno, 905Marília/SP - CEP 17.516-030

(14) [email protected]

www.mariliaespirita.jor.br

Coordenador:

Correspondência:

Telefone:E-mail:

rede de comunicaçãoMARÍLIA ESPÍRITA

Edson Tomazelli

Quando Jesus anunciou àmulher samaritana que um dia osverdadeiros adoradores de Deus oadorariam em espírito e verdade, semnecessidade de se dirigirem ao Templode Jerusalém, nada mais fez do queprever a sequência do desenvolvimentohistórico do processo religioso, poissabia que a evolução religiosa levaria ohomem à libertação dos formalismosasfixiantes do culto exterior.

Em sua magis t ra l obraintitulada “O ESPÍRITO E O TEMPO”,J. Herculano Pires ( ) retrata bem aimplantação do Espiritismo na formade Consolador Prometido, anunciadopor Jesus, sem qualquer justificaçãoteológica ou formal, pois ele própriodemonstraria o desenvolvimento doprocesso histórico da evoluçãoreligiosa. Allan Kardec, através dacodificação, rompe com o equilíbrioclássico dos Evangelhos, preocupando-se mais com os aspectos espirituais davida de Jesus, desenvolvendo o ensinono plano da vida, sem qualquerformalidade ou ritualística. O Cristo,ao anunciar o Evangelho, o faziaatravés de parábolas, pois os homensdaquele tempo não estavam emcondições de entendê-lo, como elemesmo declarou.

O Espiritismo surgiu emmeados do século dezenove, quando aciência já se encontrava amplamentedesenvolvida e permitia, então, acriação de um clima mais arejado nomundo. Com o restabelecimento daciência, o homem, com uma visão maisampla sobre os fenômenos ditos“sobrenaturais”, poderia, na época,estudar tais fenômenos em suaverdadeira natureza, libertando, assim,as forças vitais do Cristianismo em suapureza original. Nasce como uma forçaauxiliadora das religiões vigentes,segundo Kardec. Primeiro, no sentidode fornecer às religiões, entrincheiradasem seus dogmas de fé, as armasracionais de que necessitam paraenfrentar o racionalismo materialista, eespecialmente as armas experimentaiscom que sustentar os seus princípiosespirituais diante das ciências. Depois,no sentido de que o Espiritismo não é enem pretende ser uma religião social,pelo que não disputa um lugar entre asigrejas e as seitas, mas quer apenasajudar as religiões a completarem a suaobra de espiritualização do mundo. O

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Espiritismo vem contribuir para queessa obra de espiritualização no mundose realize, sem, contudo, combater,contrariar, negar ou destruir asreligiões, pois as considera todas boas,desde que não estacionem nos estágiosinferiores, já superados pela evoluçãohumana.

Em O Evangelho Segundo oEspiritismo, Kardec declara que oprincipio religioso da doutrina não erao de salvação pela fé e nem mesmo pelaverdade, mas pela caridade. A fé ésempre interpretada de maneiraparticular, como a dogmática quealgumas religiões apresentam. Averdade é sempre condicionada àsinterpretações sectárias. Mas acaridade, no seu mais amplo sentido,como a fórmula do amor ao próximo,ensinada pelo Cristo, supera todas aslimitações formais, pois entendia ocodificador que a “salvação” dohomem não está na adesão a princípiose sistemas, mas na prática do amor. Jáem “O Livro dos Espíritos”, Kardec,seguindo os princípios de Pestalozzi,ensina uma religião pura, desprovidade exigências materiais e ritualísticaspara o culto, sem investidura deparamentos e, consequentemente, semorganização social em forma de igrejaou templo.

Os espíritos apontam Jesuscomo modelo que o homem deveseguir na terra, e Kardec acrescenta:“Jesus é para o homem o tipo deperfeição moral a que a humanidadepode pretender na Terra. Deus no-looferece como o mais perfeito modelo, ea doutrina que ele ensinou é a mais puraexpressão da sua lei, porque ele estavaanimado do espírito divino, e foi o sermais puro que já apareceu na Terra”.

O Espiritismo, com baseestritamente nos ensinamentos doMestre Nazareno, ensina a forma maispura da religião, ou seja, aquela em queo homem age com plena consciênciados seus deveres, livre de ameaças ecoações, ciente de que é ele mesmo oconstrutor do seu futuro. A esperançaespírita não repousa na fragilidadehumana, mas nas potencialidades doespírito, que se atualizam nas inúmerasexperiências existenciais.

“Curta é a vida, longo é otempo e a Verdade Intemporal aguardaa todos no impassível Limiar doEterno. O homem é incoerência e

paixão, labareda esquiva que se apaganas cinzas, mas o espírito é a centelhaoculta que nunca se apaga e reacenderáa chama quantas vezes for necessária,para que a serenidade, a coerência e oamor o resgatem na duração dosséculos e dos milênios. –Essa é a leiinviolável daAntropologia Espírita”. (1)

(1)PIRES, J. Herculano, “O Espírito e o Tempo”, ed.Paidéia Ltda.

A RELIGIÃO, O ESPIRITISMO E O TEMPO...

edição 94 - página 3

87 - Na esfera carnal raríssimas uniões de almas gêmeas,reduzidos matrimônios de almas irmãs ou afins, eesmagadora porcentagem de ligações de resgate. O maiornúmero de casais humanos é constituído de verdadeirosforçados, sob algemas.

88 - As almas femininas não podem permanecer inativasaqui. É preciso aprender a ser mãe, esposa, missionária,irmã. A tarefa da mulher, no lar, não pode circunscrever-sea umas tantas lágrimas de piedade ociosa e a muitos anosde servidão. É claro que o movimento coevo do feminismodesesperado constituí abominável ação contra asverdadeiras atribuições do espírito feminino. A mulhernão pode ir ao duelo com os homens, através de escritóriose gabinetes, onde se reserva atividade justa ao espíritomasculino. Nossa colônia, porém, ensina que existemnobres serviços de extensão do lar, para as mulheres. Aenfermagem, o ensino, a indústria do fio, a informação, osserviços de paciência, representam atividades assazexpressivas. O homem deve aprender a carrear para oambiente doméstico a riqueza de suas experiências, e amulher precisa conduzir a doçura do lar para os laboresásperos do homem. Dentro de casa, a inspiração; fora dela,a atividade. Uma não viverá sem a outra. Como sustentar-se o rio sem a fonte, e como espalhar-se a água da fontesem o leito do rio?

89 - Quando o Ministério doAuxílio me confia crianças aolar, minhas horas de serviço são contadas em dobro, o quelhe pode dar idéia da importância do serviço maternal noplano terreno.

90 – O suor do corpo ou a preocupação justa, nos camposde atividade honesta, constituem valiosos recursos para aelevação e defesa da alma.

91- É preciso grande equilíbrio para podermos recordar,edificando. Em geral, todos temos erros clamorosos, nosciclos da vida eterna. Quem lembra o crime cometidocostuma considerar-se o mais desventurado do Universo;e quem recorda o crime de que foi vítima, considera-se emconta de infeliz, do mesmo modo. Portanto, somente aalma, muito segura de si, recebe tais atributos comorealização espontânea. As demais são devidamentecontroladas no domínio das reminiscências, e, se tentamburlar esse dispositivo da lei, não raro tendem aodesequilíbrio e à loucura.

CONTINUANDOAPALESTRA

CLUBE DO LIVRO ESPÍRITALUZ E VERDADE

CENTRO ESPÍRITA LUZ E VERDADERua XV de Novembro, 1146 - Marília - telefone: 3454-2071

No mundo há verdadeiroscaçadores de lixo de todas as espécies.Caçam lixo emocional, afetivo, no coraçãodos outros, nas atitudes das pessoas,enfim, lixo.

Caçadores de lixo emocional:aqueles que procuram freneticamentelembrar as situações que os fizeram sofrer.

Caçadores de lixo afetivo:ciumentos inveterados que tentam podar aliberdade alheia.

Caçadores de lixo no coração dosoutros: aqueles que veem maldade em tudoo que as pessoas fazem.

Caçadores de lixo nas atitudes dos outros: aqueles quenão se cansam de procurar as falhas e contradições docomportamento humano.

Há gente que só tem olhos para o lixo e lamentavelmentenão cogitam reciclar suas próprias atitudes, pensamentos,posicionamentos, ideias.

Acomodam-se na busca insana pelo lixo nos outros.Criticam o parente que não visita, falam mal da empresa,despejam suas frustrações no cônjuge, rebelam-se com a posturado vizinho. Vivem reclamando da vida, do mundo, enfim, de tudo.

Perseguem lixo nos outros como se fosse a jóia maispreciosa da Terra. Lembram-se daquela suposta ofensa cometidapor alguém nos idos de... sei lá, nos idos de algum tempo jáperdido e ultrapassado, mas elas, inapelavelmente, ainda selembram. E bradam orgulhosas da boa memória:“No dia 30 de fevereiro do ano de 1976... você me ofendeu!”.

E seguem intrépidas caçando lixos: Fulano errou!Sicrano não devia ter agido assim! Beltrano não acerta uma!Você deve conhecer alguém com essas características, não émesmo? Talvez seu pai, tio, irmão, amigo, enfim, qualquer um,menos você.Afinal, o lixo está sempre nos outros, certo?

Mas, por que essas pessoas agem assim? Maldade?Não creio. Falta de assunto? Talvez. No entanto, prefiro apostarna ignorância. Ignoram princípio básico: estamos todosaprendendo. Equivocamo-nos hoje e equivocaremo-nos amanhã.Um dia, porém, aprenderemos, aliás, esta é uma das certezas quetemos na vida, um dia, cedo ou tarde, neste ou em outro século,aprenderemos; aprenderemos a amar, respeitar, colaborar, servire, principalmente, refletir. Na atual conjuntura evolutiva em quevivemos, se procurarmos equívocos e contradições nocomportamento de qualquer pessoa iremos encontrar aosmontes. Nem é preciso muito empenho para isso. Porém, o fato denão procurarmos o “lixo” não nos isenta de analisar as situações.É preciso analisar para aprender e até compreender as razões doequívoco cometido pelo outro, se é que existiu mesmo.

Entretanto, uma coisa é certa: nem só de limitações éfeito o ser humano. Há muitas coisas boas que podemos procurare encontrar nos outros, basta ter boa vontade. Quandoexercitamos a boa vontade para com o semelhante fatalmenteaprenderemos a ver suas virtudes e o valor que cada criatura tem.Óbvio que não encontraremos perfeição em ninguém; aqui nestePlaneta estamos ainda em processo de aperfeiçoamento, todavia,pelo menos teremos existência mais leve sem sentir o fétido odordo lixo que costumamos carregar pela vida afora.

CAÇADORES DE LIXOWellington Balbo

edição 94 - página 4

entrevistaO nosso entrevistado desta edição é CEZAR

AUGUSTO DAL ANTONIA SAD, engenheiro eempresário, 53 anos, casado com Tânia, com quem teveos filhos Tales, Ive e Lívia.

Atual presidente do Centro Espírita Luz eVerdade, fundado em 1936, um dos mais movimentadosda região de Marília, com diversas atividades, Cezar Sadconcedeu-nos a seguinte entrevista:

COMO É SER ESPÍRITA DE BERÇO? ACHA QUE ISSO TEVEUM VALOR ESPECIAL NASUAVIDA?

E COMO É SER FILHO DE UM CASAL QUE TEVE A VIDA TODAUMA EFETIVA PARTICIPAÇÃO NO MOVIMENTO ESPÍRITA?PESOU MAISARESPONSABILIDADE?

SEU PAI, CONHECIDO COMO “SEU MANOEL”, FOIDIRIGENTE DO CENTRO ESPÍRITA LUZ E VERDADEDURANTE MUITOS ANOS E HOJE “O CENTRO DA 15” ÉTALVEZ UM DOS MAIS MOVIMENTADOS DA REGIÃO. PARAVOCÊ, COMO FILHO E ESPÍRITA, QUAL FOI O LEGADO DOSEU MANOEL?

QUAIS SÃO AS ATIVIDADES QUE MAIS SE DESTACAM NOLUZ E VERDADE?

E COMO É SER PRESIDENTE DE UMA CASA COM TANTOSGRUPOS E VÁRIASATIVIDADES?

Ter nascido em berço espírita considero uma bênção. Não tenhocomo comparar, mas imagino ser bem difícil para uma pessoaviver neste mundo tão cheio de aparentes incoerências einjustiças sem o entendimento da vida espírita.

Ter vindo nesta vida como filho de pais espíritas atuantes nomovimento teve uma influência muito grande na minha formaçãocomo pessoa, pois, enquanto encarnados, tive a oportunidade devivenciar com eles os preceitos da doutrina diariamente. Possodizer que aprendi muito, mas existe uma certa responsabilidadeintrínseca perante nós mesmos e a sociedade, pois eles foramreferência e exemplo para muitas pessoas.

Sim, Manoel de Paula Sad, conhecido como Sr. Manoel e “seuMané” para os mais íntimos, dedicou a maior parte de sua vida aoC.E. Luz e Verdade (Centro da 15), pois ele sempre teve a certezade que a melhor forma de ajudar as pessoas era levandoconhecimentos esclarecedores do espírito. E no “Centro da 15”ele encontrou condições para este trabalho. E creio que por isso oCELV cresceu em movimento. Quanto ao legado, acho um poucodifícil falar sobre o mesmo, pois a capacidade mediúnica eentendimento espiritual de Manoel Sad está muito além da nossa,mas me deixou o modelo de disciplina e trabalho que aprendemos,e lutamos pelos mesmos dentro do meio espírita.

As atividades que mais se destacam no Luz e Verdade têm sido osestudos, tanto em auditório como nas várias salas no sistema degrupos de estudo. E de algum tempo para cá gradativamenteestamos introduzindo os cursos. Mas também existem asatividades assistenciais em várias frentes.

Posso dizer que é um tanto trabalhoso, mas temos tido conosconessa empreitada muitas pessoas de grande valor que assumemsuas tarefas com boa vontade e dedicação, às quais agradeçomuito, pois sem elas seria impossível.

O CENTRO TEM PROPOSTADE NOVOS TRABALHOS?

VOCÊ PARTICIPOU DA MOCIDADE ESPÍRITA DURANTEVÁRIOS ANOS. ISSO FOI IMPORTANTE PARA A SUAFORMAÇÃO ESPÍRITA? VOCÊ ACHA IMPORTANTE OSDIRIGENTES DAREM ABERTURA PARA A PARTICIPAÇÃODOS JOVENS?

COM TANTA DIVULGAÇÃO DO ESPIRITISMO NA MÍDIA –FILMES E NOVELAS SOBRE ESPIRITUALIDADE –, COMO OSCENTROS ESPÍRITAS DEVEM SE PREPARAR PARAATENDERAUM POSSÍVELAUMENTO DADEMANDA?

A ESPIRITUALIDADE TEM FALADO MUITO QUE ESTAMOSNUM MOMENTO DE TRANSIÇÃO PARA O MUNDO DEREGENERAÇÃO. NA SUA OPINIÃO, QUAL A CONTRIBUIÇÃOQUE O ESPIRITISMO PODE DAR À PESSOA PARA QUECONSIGASUPERAR ESSAETAPA?

FINALMENTE, DEIXE UMA MENSAGEM DE NATAL PARA OSNOSSOS LEITORES.

No momento não temos novos projetos, pois temos alguns queforam implantados neste ano de 2010 e que ainda estamosacompanhando seu desenvolvimento. E para o ano que vemestamos montando a programação de palestras e eventos, edeverá ser um ano intenso, pois a casa estará comemorando 75anos de existência.

Participei de evangelização e mocidade. Foi um período muitoimportante na minha vida, tínhamos um movimento de mocidadefortalecido e pude aprender muito. Creio que as casas espíritasdevam ter uma atenção especial com os jovens e fazer o possívelpara envolvê-los nas atividades da casa, pois serão eles que darãocontinuidade ao trabalho.

A preparação das casas para esta nova fase que estamospassando, de aceitação da espiritualidade e continuidade da vidaapós a morte, deverá ser encarada com responsabilidade, com amelhora no atendimento, na preparação de orientadores epalestrantes, de modo a conhecerem com profundidade osfundamentos da Doutrina Espírita para bem informar e orientaraqueles que procuram nossas casas.

Não vejo outra forma que não seja o conhecimento da DoutrinaEspirita em todos os seus aspectos e a vivência dos conceitos damesma, para suportarmos as provas e expiações às quais estamossubmetidos nesta fase de evidente transformação de valores.

Desejo a todos que seja um natal de muita paz. Que possamosneste período estar mais ligados a Jesus, nosso exemplo maior deconduta, e que o próximo ano de 2011 seja de muitas conquistas devalores e equilíbrio para o nosso espírito.

edição 94 - página 5

“A adversidade desperta em nós capacidades que,em circunstâncias favoráveis, teriam ficadoadormecidas.” - Horácio

A experiência cotidiana na lida com pacientesmostra que todo processo doloroso relacionado à doençatraz vivências e experiências diferentes para os indivíduos.

Sabemos que o médico fornece os meios, mas oprocesso de cura é responsabilidade dopaciente. Assim, as reações frente a algumdesconforto são as mais diversas possíveis epercebemos claramente como algunspacientes, mesmo com patologias simples,não conseguem reagir adequadamente.Outros, com doenças mais graves, têm acapacidade de vencer o processo de doençade maneira digna e exemplar, são pessoasresilientes.

Resiliência é um termo da física quesignifica a capacidade que um material temde voltar à forma anterior, depois de sofrerpressão ou deformação. Na psicologia é acapacidade de uma pessoa enfrentarsituações negativas, retirando ensinamentospositivos da experiência. Termo muito usado atualmente nasociedade moderna e no mundo corporativo.

Com os conceitos da Doutrina Espírita, o sentido deresiliência se amplia, pois sabemos que o espírito é imortal eque a superação das adversidades faz parte do seu processoeducativo.

Avontade de viver, a esperança, o propósito de vida,o sentido que é atribuído às situações adversas, o bom senso,a capacidade de interagir adequadamente na comunidade,todos são efeitos da vivência espiritual integral e saudável etêm a ver com resiliência.

O doutor Wanderley Pires diz que a resiliênciadeveria ser incorporada ao conjunto das virtudes como ahumildade, honestidade, tolerância e tantas outras que, já nadefinição de Aristóteles, são qualidades adquiridas para aprática do bem. Para nós espíritas, são traços que compõem oprocesso evolutivo.

Saber lidar com fatores estressores, tendo melhorescondições de recuperação, está no Evangelho. Se

conseguirmos seguir pelo menos parte dosconselhos de resignação e atitudes propostaspor Jesus no “Sermão da Montanha”, seremosresilientes.

Temos vários exemplos deresiliência moral, referências de superação nocristianismo: Pedro, Paulo, Madalena, entreoutros e, no meio espírita, JerônimoMendonça e Chico Xavier, para citar apenasalguns exemplos de superação, de fé e amor.

Segundo Leonardo S. Grapéia, numconceito bem atual: “Resiliência é a arte detransformar toda energia de um problema emuma solução criativa”.

Então, quais são as característicasdas pessoas resilientes? Flexibilidade, con-

centração, tolerância ao sofrimento, capacidade de aprender,forte auto-estima, senso de humor, capacidade de trocas nasrelações pessoais, possuírem muitos amigos, disciplina,senso de responsabilidade, otimismo, ética, capacidade deadaptação e autoconfiança, entre outras. Não seriamcaracterísticas de um espírito evoluído?

Enfim, podemos desenvolver resiliência geren-ciando nossos pensamentos, comportamentos e atitudes,baseados nas propostas da Doutrina Espírita, segundo a qualo nosso maior modelo de perfeição é fonte suprema deresiliência: Jesus.

RESILIÊNCIAKarina Rafaelli

Dia primeiro de dezembro, quarta, 20 horas, na UniãoEspírita João de Camargo, a USE Marília fez o seu 9º Encontro dePresidentes de Casas Espíritas. Participaram 26 pessoas,representando 17 instituições.

Dentre os assuntos tratados, destacaram-se:1- Avaliação do 25º Encontro Regional de Dirigentes e

Trabalhadores, com resultado positivo e proposta para que ascasas se organizem para participar do encontro que será realizadono próximo ano, na cidade de Garça.

2- Organização de um grupo que irá preparar um curso deorientação e discussão sobre atendimento fraterno nas casasespíritas.

3- Realização do mês espírita em março de 2011, com aspresenças já confirmadas de Plínio Oliveira e deAlbertoAlmeida.

4- Incentivo para que as casas espíritas comemorem osseus aniversários de fundação.

5- Divulgação de palestras para este fim de ano.6- Contratação de outdoor pela USE, alusivo ao Natal, a

ser afixado na cidade.Cada vez mais os encontros de presidentes de casas

espíritas de Marília se revelam instrumento de integração e uniãodos dirigentes.

9º ENCONTRO DE PRESIDENTES

edição 94 - página 6

25º ENCONTRO DE DIRIGENTES E TRABALHADORESESPÍRITAS DA REGIÃO DE MARÍLIA

Como foiO evento foi realizado no domingo 17 de outubro, nas

dependências da Fundação Eurípides/Univem, localizadas noCampus Universitário de Marília.

Participaram 154 pessoas representando 33 casasespíritas das seguintes cidades: Bastos, Vera Cruz, Quintana,Garça, Herculândia, Gália, Parnaso, Tupã e Marília.

O tema central foi TRANSFORMAR ASSISTIDOS EMASSISTENTES, sob a coordenação do médico ALEXANDREPEREZ.

Após a abertura feita por Mara Vanin, presidente da USEMarília, o jovem Rodrigo cantou três lindas músicas, ao violão. Emseguida, o coordenador do tema, Alexandre Perez, apresentou aproposta de trabalho e os participantes foram divididos em oitogrupos, nos quais, durante duas horas discutiram as seguintesquestões:

1) Na qualidade de frequentador e trabalhador, o que oleva a permanecer acreditando e mantendo sua posição dentro daDoutrina Espírita, da casa espírita e das atividades que assumiupara sí? O que o convenceu a procurar e acreditar nas propostas eatividades espíritas? Qual foi o efeito afetivo/emocional que istocausou em você? Enfim, o que efetivamente faz com que vocêcontinue a ser espírita?

2) Considerando a realidade dos que procuram as casasespíritas na qualidade sincera de assistidos: Como se sentem? O

que procuram? De quemaneira sofrem? O que seráque esperam da DoutrinaEspírita?

3) Você consegue estabelecer as diferenças de estado,de ser, e de sentir, entre você e os assistidos que procuram a casaespírita?

4) Você conseguiria relacionar quais os aspectosnecessários ou os "ingredientes" indispensáveis, de caráterafetivo/emocionais, sociais, culturais, etc, dentro da casa espírita,que levariam um assistido a transformar-se em um assistente,assim como deve ter acontecido com você?

5) De maneira geral, você poderia relacionar quais osprincípios de organização, administração, doutrinários, etc, queprecisam estar presentes em uma casa espírita, a fim deoferecermos aqueles aspectos necessários aos assistidos,transformando-os em assistentes?

Após o almoço, o grupo de teatro Pipoca e Palitoapresentou uma rápida peça alusiva ao tema. Em seguida,Alexandre fez uma exposição sobre os assuntos tratados, tambémrespondendo aos questionamentos feitos pelos participantes.

O encontro foi encerrado com a prece proferida porBenevides, da cidade de Garça, onde será realizado o encontro dopróximo ano.

edição 94 - página 7

EmmanuelEmmanuel

pa

lavr

as

de

“Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim aesta hora.” – Jesus (João, 12:27)

CRISES

Orson Peter Carrara

A lição de Jesus, neste passo do Evangelho, é dasmais expressivas.

Ia o Mestre provar o abandono dos entes amados,a ingratidão de beneficiários da véspera, a ironia damultidão, o apodo na via pública, o suplício e a cruz, massabia que ali se encontrava para isto, consoante osdesígnios do Eterno.

Pede a proteção do Pai e submete-se na condiçãode filho fiel.

Examina a gravidade da hora em curso, todaviareconhece a necessidade do testemunho.

E todas as vidas na Terra experimentarão osmesmos trâmites na escala infinita das experiênciasnecessárias.

Todos os seres e coisas se preparam, considerandoas crises que virão. É a crise que decide o futuro.

Aterra aguarda a charrua.O minério será remetido ao cadinho.Aárvore sofrerá a poda.O verme será submetido à luz solar.Aave defrontará com a tormenta.Aovelha esperará a tosquia.O homem será conduzido à luta.O cristão conhecerá testemunhos sucessivos.É por isso que vemos, no serviço divino do

Mestre, a crise da cruz que se fez acompanhar pela bênçãoeterna da Ressurreição.

Quando, pois, te encontrares em luta imensa,recorda que o Senhor te conduziu a semelhante posição desacrifício, considerando a probabilidade de tua exaltação,e não te esqueças de que toda crise é fonte sublime deespírito renovador para os que sabem ter esperança.

do livro “VINHA DE LUZ”psicografia de Francisco Cândido Xavier

A clareza e objetividade de Kardec impressionam,seja pela sua atualidade, seja pela lucidez com que apresentao pensamento espírita e seus desdobramentos, nas variadassituações do cotidiano ou nas conquistas intelecto-moraisque vamos alcançando pelo amadurecimento natural daprópria evolução.

Frases curtas, expressões compactas, parágrafosaltamente esclarecedores, raciocínios lógicos, todosembasados numa construção perfeita que une o texto, oraciocínio, o alto senso de justiça e bondade, aspectoshistóricos sempre envolvidos e, claro, direcionados paraaspectos que construam amentalidade humanitária ecristã, à luz da RevelaçãoEspírita.

Isso está em toda a obrada Codificação, nas obrascomplementares e na RevistaEspírita. Interessante porque,cada pensamento, texto, fraseou raciocínio do Codificadortornam-se facilmente fonteinesgotável para abordagensverbais ou escritas, temas parae s t u d o o u p e s q u i s a . Érealmente o fruto de um espíritogenial, comprometido com ascausas de progresso da Humanidade. Não é ao acaso queorganizou a Revelação dos Espíritos.

Uso um exemplo simples, para indicar essagrandeza de conteúdo.

No capítulo XXVIII – Coletânea de PrecesEspíritas, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 20 –

Para pedir força de resistir a uma tentação, informa Kardec*:“(...) Devemos, ao mesmo tempo, imaginar o nosso anjo daguarda, ou Espírito protetor, que, de sua parte, combate emnós a má influência, e espera com ansiedade a

. Nossa hesitação em fazer o mal é a voz do bomEspírito que se faz ouvir pela consciência. (...)”.

O destaque na frase foi dado pelo próprio Kardec. Otema aborda a questão dos maus pensamentos, da influênciamalévola de alguns espíritos perturbados ou perturbadores emesmo de nossas próprias más tendências, mas também dapresença do anjo guardião que nos ampara e a quempodemos recorrer. Como se sabe, no capítulo em referência,Kardec apresenta comentários compactos e extraordináriosa diversas situações em que a prece pode ser usada,complementando com pequenos modelos de prece paraauxiliar o raciocínio na questão. Mas seus comentáriospessoais são de beleza inquestionável. Inclusive, o referidoitem encontra-se no subtítulo Preces por si mesmo,iniciando-se com a citação dos anjos guardiães e espíritosprotetores, daí a indicação aqui constante.

Convido, portanto, o leitor, a refletir sobre oexemplo simples da transcrição constante da já citada obrabásica: a da espera pelo espírito protetor, com ansiedade, dadecisão que vamos tomar.

Sim, isso é abrangente, notável. Afinal, apesar daassistência que todos recebemos, continuamente, os

decisão quevamos tomar

DECISÃO QUEVAMOS OPTAR

benfeitores respeitam nossas decisões e esperam queescolhamos os caminhos do equilíbrio e do acerto. Masrespeitam, se optarmos por caminhos desastrosos, daí aansiedade citada pelo Codificador, porque sabem que é pormeio desses equívocos das decisões e opções, durante a vida,que amadurecemos e aprendemos a viver, nosrelacionamentos e nas decisões próprias do cotidiano.

Apesar de nos assistirem, eles aguardam oscaminhos que optamos seguir. Percebemos, com clareza, aabrangência que o assunto propicia. Convido o leitor a buscaro item em referência e estudá-lo na íntegra.

É assim a Doutrina Espírita: inesgotável naspossibilidades de aprendizado.

*308ª. edição IDE - Instituto de Difusão Espírita, Araras(SP), de fevereiro de 2005, tradução de Salvador Gentille.

edição 94 - página 8

Histórias deTiamara

DEVOLUÇÃO PELO CORREIO PARA

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A ESPERA

Dona Pardoca morava num lindo limoeiro rodeadode muitas aves amigas. Toda tarde, antes do pôr do sol,voava no último galho da pequena árvore e cantavamelancolicamente.

DonaArara dizia para a amigaAndorinha:– Ela não desiste de encontrar o seu grande amor!– É, amiga, ela é realmente determinada!Assim, os dias e os meses se passaram, até que um

dia DonaArara falou com Dona Pardoca:– Amiga, por que não desiste dessa loucura? Acha

mesmo que o seu grande amor vai ouvi-la?Dona Pardoca, timidamente, falou:– Tenho certeza de que vai aparecer o meu grande

amor e ele vai dizer assim:– Onde você estava

escondida que eu nunca tevi?

– Pare com isso,amiga!

– Eu acredito,DonaArara, e isto me basta!

A pequena ando-rinha voou e começou acantar, mas o tempo nãoestava bom e sua gargantacomeçou a doer. Era umpequeno resfriado quevinha.

Assim, a avezinha ficou resguardada por algunsdias.

DonaArara, em suas visitas, dizia:– Todas as aves estão saudosas de suas melodias! A

amiga faz falta! Mas devo aconselhá-la a não voar tão altopara cantar. Veja a sua saúde!

Dona Pardoca concordou com a amiga.Na amanhã seguinte, já bem disposta, resolveu sair

de sua casinha e teve uma linda surpresa: Os amigos haviamfeito um balanço enfeitado de flores para que ela pudessecantar com toda segurança. Que felicidade!

Dona Pardoca, emocionada, cantou feliz! Cantousem melancolia!

Todos aplaudiram emocionados e, para a suasurpresa, saiu escondido de entre as folhas do limoeiro umlindo pardal, que disse contente:

– Onde estava escondida, pois nunca te vi?E voou feliz pousando ao lado da avezinha, que batia

as asas sorridente e feliz!

Saber esperar.Saber ouvir.Saber aceitar bons conselhos.Saber respeitar o próximo é saber ter fé.Nunca desistam dos seus sonhos!“Quem espera sempre alcança”!

Crianças:

Natal na guerra,É clamor que o Cristo faz,Para que os homens da TerraProcurem viver em paz.

Natal na pobreza,É nosso Senhor convidandoA se doar a riquezaA quem chora suplicando.

Natal na ignorância,É rogativa à inteligência,Para ensinar sem arrogância,Despertando a consciência.

Natal no hospital,Pede cuidado ao doenteE carinho fraternalAo seu coração carente.

Natal deve ser assim:Mais que festa mundana,Além da alegria humana,Um chamado à fraternidade,Um convite à caridade;Natal, meu irmão, enfim,É a presença em nós de Jesus,Mostrando, nesse dia de luz,Que a vida tem mais valorQuando se entrega ao Amor.

NATAL DE 2010

Donizete Pinheiro

“O Universo é, ao mesmo tempo, ummecanismo incomensurável conduzido por umnúmero não menos incomensurável de inteligências,um imenso governo onde cada ser inteligente tem asua parte de ação sob o olhar do soberano Senhor, cujavontade única mantém, por toda a parte, a unidade.Sob o império desse vasto poder regulador tudo semove, tudo funciona numa ordem perfeita; o que nosparecem perturbações são os movimentos parciais ouisolados, que não nos parecem irregulares senãoporque a nossa visão é circunscrita. Se pudéssemosabarcar-lhe o conjunto, veríamos que essasirregularidades não são senão aparentes e que elas seharmonizam no todo.” (capítulo XVIII, item 4)

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