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Livro sobre espíritos.

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Filos ofia Es piritua lis ta

PRINCÍPIOS DA DOUTRINA ESPÍRITA

SOBRE A IMOR TALIDADE DA ALMA, A NATUREZADOS ESPÍRITOS E SUAS RELAÇÕES COM OS HO-MENS, AS LEIS MORAIS, A VIDA PRESENTE, A VIDAFUTURA E O PORVIR DA HUMANIDADE – SEGUNDOOS ENSINOS DADOS POR ESPÍRITOS SUPERIORESCOM O CONCURSO DE DIVE RSOS MÉ DIUNS –RECEBIDOS E COORDENADOS

PorALLAN KARDEC

FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADepa r ta m en to Ed itor ia l e Grá fico

Ru a Sou za Va len te, 1720941-040 – Rio de J a n eiro-RJ – Bra s il

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Nota d a ed itora ............................................................... 13

In trod ução ......................................................................... 15

Prolegôm enos ................................................................... 68

PAR TE PRIMEIRA

Das c aus as prim árias

CAPÍTULO I – De Deus ....................................................... 73Deu s e o in fin ito ......................................................... 73Prova s da exis tên cia de Deu s ...................................... 74Atr ibu tos da Divin da de ............................................... 76Pa n teís m o ................................................................... 78

CAPÍTULO II – Dos elem en tos gera is d o Un ivers o ....... 80Con h ecim en to do p r in cíp io da s cois a s ......................... 80Es p ír ito e m a tér ia ....................................................... 81Propr ieda des da m a tér ia ............................................. 85Es pa ço u n ivers a l ........................................................ 87

CAPÍTULO III – Da Criação ................................................ 89For m a çã o dos m u n dos ................................................ 89For m a çã o dos s eres vivos ............................................ 91

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Povoa m en to da Terra . Adã o ......................................... 93Divers ida de da s ra ça s h u m a n a s .................................. 94Plu ra lida de dos m u n dos .............................................. 95Con s idera ções e con cordâ n cia s b íb lica s con cer n en tes à Cr ia çã o .......................................................... 96

CAPÍTULO IV – Do princípio vita l ................................... 101Seres orgâ n icos e in orgâ n icos ................................... 101A vida e a Morte ........................................................ 103In teligên cia e in s t in to ................................................ 105

PARTE SEGUNDA

Do m undo e s pírit a ou m undo dos Es pírit os

CAPÍTULO I – Dos Es píritos ............................................ 109Origem e n a tu reza dos Es p ír itos ................................ 109Mu n do n or m a l p r im it ivo ........................................... 112For m a e u b iqü ida de dos Es p ír itos ............................. 113Per is p ír ito ................................................................. 115Diferen tes orden s de Es p ír itos ................................... 116Es ca la es p ír ita .......................................................... 117

Terceira or dem . – Es p ír itos im per feitos ............ 120Segu n da or dem . – Bon s Es p ír itos .................... 124Pr im eira ordem . – Es p ír itos pu ros ................... 126

Progres s ã o dos Es p ír itos ........................................... 127An jos e dem ôn ios ...................................................... 132

CAPÍTULO II – Da encarnação d os Es píritos .............. 136Objet ivo da en ca rn a çã o ............................................. 136A a lm a ...................................................................... 137Ma ter ia lis m o ............................................................. 143

CAPÍTULO III – Da volta d o Es pírito, extin ta a vid acorpórea , à vid a es piritua l ...................................... 147

A a lm a a pós a m or te ................................................. 147Sepa ra çã o da a lm a e do corpo ................................... 149Per tu rba çã o es p ir itu a l ............................................... 153

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CAPÍTULO IV – Da plura lid ad e d as exis tências ......... 156A reen ca r n a çã o ......................................................... 156J u s t iça da r een ca r n a çã o ........................................... 158En ca r n a çã o n os d iferen tes m u n dos ........................... 159Tra n s m igra ções p rogres s iva s .................................... 166Sor te da s cr ia n ça s depois da m or te ........................... 171Sexos n os Es p ír itos ................................................... 173Pa r en tes co, filia çã o ................................................... 174Pa r ecen ça s fís ica s e m ora is ....................................... 176Idéia s in a ta s ............................................................. 180

CAPÍTULO V – Cons id erações s obre a plura lid ad ed as exis tências ......................................................... 182

CAPÍTULO VI – Da vid a es pírita ..................................... 196Es p ír itos er ra n tes ..................................................... 196Mu n dos t ra n s itór ios ................................................. 200Per cepções , s en s a ções e s ofr im en tos dos Es p ír itos .... 202En s a io teór ico da s en s a çã o n os Es p ír itos .................. 209Es colh a da s p r ova s ................................................... 216As r ela ções n o a lém -tú m u lo ...................................... 226Relações de s im pa tia e de an tipa tia en tre os Espíritos . Meta des eter n a s ................................................. 231Recorda çã o da exis tên cia corpórea ............................ 235Com em ora çã o dos m or tos . Fu n era is ......................... 240

CAPÍTULO VII – Da volta d o Es pírito à vid a corporal ... 244Prelú d io da volta ....................................................... 244Un iã o da a lm a e do corpo .......................................... 248Fa cu lda des m ora is e in telectu a is do h om em .............. 253In flu ên cia do orga n is m o ............................................ 256Id iot is m o, lou cu ra ..................................................... 258A in fâ n cia ................................................................. 261Sim pa t ia e a n t ipa t ia ter r en a s .................................... 265Es qu ecim en to do pa s s a do ......................................... 267

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CAPÍTULO VIII – Da em ancipação d a a lm a ................. 274O s on o e os s on h os ................................................... 274Vis ita s es p ír ita s en t r e pes s oa s viva s .......................... 282Tra n s m is s ã o ocu lta do pen s a m en to .......................... 284Leta rgia , ca ta leps ia , m or tes a pa ren tes ...................... 285Son a m bu lis m o .......................................................... 286Êxta s e ...................................................................... 292Du p la vis ta ............................................................... 294Res u m o teór ico do s on a m bu lis m o, do êxta s e e da

du p la vis ta ............................................................ 296

CAPÍTULO IX – Da in tervenção d os Es píritos nom und o corpora l ......................................................... 304

Fa cu lda de, qu e têm os Es p ír itos , de pen etra r emn os s os pen s a m en tos ............................................ 305

In flu ên cia ocu lta dos Es p ír itos em n os s ospen s a m en tos e a tos ............................................. 305

Pos s es s os ................................................................. 310Con vu ls ion á r ios ........................................................ 313Afeiçã o qu e os Es p ír itos vota m a cer ta s pes s oa s ........ 315An jos -de-gu a rda . Es p ír itos p rotetores , fa m ilia res ou

s im pá t icos ........................................................... 317Pres s en t im en tos ....................................................... 331In flu ên cia dos Es p ír itos n os a con tecim en tos da vida . 332Açã o dos Es p ír itos s obre os fen ôm en os da Na tu reza .. 337Os Es p ír itos du ra n te os com ba tes ............................. 340Pa ctos ....................................................................... 342Poder ocu lto. Ta lis m ã s . Feit iceiros ............................ 344Bên çã os e m a ld ições ................................................. 347

CAPÍTULO X – Das ocupações e m is s ões d osEs píritos ..................................................................... 348

CAPÍTULO XI – Dos três reinos ...................................... 360Os m in era is e a s p la n ta s ........................................... 360Os a n im a is e o h om em .............................................. 362Metem ps icos e ........................................................... 372

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PAR TE TERCEIRA

Das le is m orais

CAPÍTULO I – Da lei d ivina ou na tura l ......................... 377Ca ra cter es da lei n a tu ra l ........................................... 377Con h ecim en to da lei n a tu ra l ..................................... 379O bem e o m a l ........................................................... 383Divis ã o da lei n a tu ra l ................................................ 388

CAPÍTULO II – Da lei d e ad oração ................................. 390Objet ivo da a dora çã o ................................................. 390Adora çã o exter ior ...................................................... 391Vida con tem pla t iva ................................................... 393A p rece ..................................................................... 393Politeís m o ................................................................. 398Sa cr ifícios ................................................................. 400

CAPÍTULO III – Da lei d o traba lho ................................. 404Neces s ida de do t ra ba lh o ........................................... 404Lim ite do t ra ba lh o. Repou s o ...................................... 407

CAPÍTULO IV – Da lei d e reprod ução ............................ 409Popu la çã o do Globo ................................................... 409Su ces s ã o e a per feiçoa m en to da s ra ça s ...................... 409Obs tá cu los à rep r odu çã o .......................................... 411Ca s a m en to e celiba to ................................................ 412Poliga m ia .................................................................. 414

CAPÍTULO V – Da lei d e cons ervação ........................ 415In s t in to de con s erva çã o ............................................ 415Meios de con s erva çã o ................................................ 416Gozo dos ben s ter ren os ............................................. 419Neces s á r io e s u pér flu o .............................................. 420Pr iva ções volu n tá r ia s . Mort ifica ções .......................... 421

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CAPÍTULO VI – Da lei d e d es tru ição ............................. 425Des tru içã o n eces s á r ia e des t ru içã o a bu s iva .............. 425Fla gelos des t ru idores ................................................ 428Gu erra s .................................................................... 431As s a s s ín io ................................................................ 432Cru elda de ................................................................. 433Du elo ........................................................................ 435Pen a de m or te ........................................................... 437

CAPÍTULO VII – Da lei d e s ocied ad e ............................. 440Neces s ida de da vida s ocia l ........................................ 440Vida de in s u la m en to. Voto de s ilên cio ........................ 441La ços de fa m ília ........................................................ 442

CAPÍTULO VIII – Da lei d o progres s o ............................. 444Es ta do de n a tu reza ................................................... 444Ma rch a do p r ogres s o ................................................. 445Povos degen era dos .................................................... 449Civiliza çã o ................................................................ 453Progres s o da legis la çã o h u m a n a ................................ 455In flu ên cia do Es p ir it is m o n o p rogres s o ...................... 456

CAPÍTULO IX – Da lei d e igua ld ad e .............................. 459Igu a lda de n a tu ra l ..................................................... 459Des igu a lda de da s a p t idões ........................................ 459Des igu a lda des s ocia is ............................................... 461Des igu a lda de da s r iqu eza s ........................................ 461As p rova s de r iqu eza e de m is ér ia .............................. 464Igu a lda de dos d ireitos do h om em e da m u lh er ........... 465Igu a lda de pera n te o tú m u lo ...................................... 467

CAPÍTULO X – Da lei d e liberd ad e ................................ 468Liberda de n a tu ra l ..................................................... 468Es cra vidã o ................................................................ 469Liberda de de pen s a r .................................................. 471Liberda de de con s ciên cia .......................................... 471

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Livre-a rb ít r io ............................................................. 473Fa ta lida de ................................................................. 476Con h ecim en to do fu tu ro ........................................... 484Res u m o teór ico do m óvel da s a ções h u m a n a s ........... 486

CAPÍTULO XI – Da lei d e ju s tiça , d e am or ed e carid ad e ............................................................... 492

J u s t iça e d ireitos n a tu ra is ........................................ 492Direito de p ropr ieda de. Rou bo ................................... 495Ca r ida de e a m or do p róxim o ..................................... 497Am or m a ter n o e filia l ................................................ 500

CAPÍTULO XII – Da perfeição m ora l .............................. 502As vir tu des e os vícios ............................................... 502Pa ixões ..................................................................... 509O egoís m o ................................................................. 511Ca ra cter es do h om em de bem ................................... 516Con h ecim en to de s i m es m o ....................................... 517

PAR TE QUARTA

Das e s pe ranç as e c ons o laç õe s

CAPÍTULO I – Das penas e goz os terrenos .................. 521Felicida de e in felicida de r ela t iva s .............................. 521Perda dos en tes qu er idos .......................................... 528Decepções . In gra t idã o. Afeições des t ru ída s ................ 530Un iões a n t ipá t ica s .................................................... 532Tem or da m or te ........................................................ 534Des gos to da vida . Su icíd io ......................................... 535

CAPÍTULO II – Das penas e goz os fu turos ................... 543O n a da . Vida fu tu ra .................................................. 543In tu içã o da s pen a s e gozos fu tu r os ............................ 544In terven çã o de Deu s n a s pen a s e recom pen s a s ......... 545Na tu reza da s pen a s e gozos fu tu ros .......................... 547Pen a s tem pora is ....................................................... 556

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Exp ia çã o e a r repen d im en to ....................................... 560Du ra çã o da s pen a s fu tu ra s ....................................... 565Res s u rreiçã o da ca r n e ............................................... 573Pa ra ís o, in fer n o e pu rga tór io ..................................... 576

Conclus ão ....................................................................... 583

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A tra du çã o des ta ob ra , devem o-la a o s a u dos o p res i-den te da Federa çã o Es p ír ita Bra s ileira – Dr. Gu illon Ribei-ro, en gen h eir o civil, poliglota e ver n a cu lis ta .

Ru y Ba rbos a , em s eu d is cu rs o p ron u n cia do n a s es s ã ode 14 de ou tu br o de 1903 (An a is do Sen a do Federa l, vol. II,pá g. 717), em s e refer in do a o s eu t ra ba lh o de revis ã o doPr ojeto do Cód igo Civil, t ra ba lh o m on u m en ta l qu e res u ltoun a Réplica , e qu e lh e im or ta lizou o n om e com o filólogo epu r is ta da lín gu a , d is s e:

“Devo, en tretan to, S r. Pres id en te, d es em penhar--m e d e um d ever d e cons ciência – regis trar e agrad e-cer d a tribuna d o S enad o a colaboração precios a d oS r. Dou tor Gu illon Ribeiro, que m e acom panhou nes s etrabalho com a m aior inteligência, não lim itando os s euss erviços à parte m ateria l d o com um d os revis ores , m as ,m uitas vez es , s uprind o a té a d es a tenções e negligên-cias m inhas .”

Com o vem os , Gu illon Ribeiro recebeu , a os vin te e oitoa n os de ida de, o m a ior p rêm io, o m a ior elogio a qu e pode-

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r ia a s p ira r u m es cr itor, e a Federa çã o Es p ír ita Bra s ileira ,vin t e a n os d ep ois , con s a gr ou -lh e o n om e, a p r ova n d ou n a n im em en te a s s u a s im pecá veis t ra du ções de Ka rdec.

J or n a lis ta em ér ito, Gu illon Ribeiro foi r eda tor do Jor-na l d o Com m ercio e cola bora dor dos m a iores jor n a is da épo-ca . Exerceu , du ra n te a n os , o ca rgo de Dir etor -Gera l da Se-cr et a r ia d o Sen a d o e foi d ir etor d a Fed era çã o E s p ír it aBra s ileira , n o decu rs o de 26 a n os con s ecu t ivos , ten do t ra -du zido, a in da , O Evangelho s egund o o Es piritis m o, O Livrod os Méd iuns , A Gênes e e Obras Pós tum as , todos de Ka r dec.

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AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA

I

Pa ra s e des ign a rem cois a s n ova s s ã o p r ecis os ter m osn ovos . As s im o exige a cla reza da lin gu a gem , pa ra evita r acon fu s ã o in er en te à va r ieda de de s en t idos da s m es m a s pa -la vra s . Os vocábu los es piritual, es piritualis ta , es piritualis m otêm a cepçã o bem defin ida . Da r -lh es ou tra , pa ra a p licá -losà dou tr in a dos Es p ír itos , fora m u lt ip lica r a s ca u s a s já n u -m er os a s de a n fibologia . Com efeito, o es p ir itu a lis m o é oopos to do m a ter ia lis m o. Qu em qu er qu e a cr ed ite h a ver ems i a lgu m a cois a m a is do qu e m a tér ia , é es p ir itu a lis ta . Nã os e s egu e da í, porém , qu e cr eia n a exis tên cia dos Es p ír itosou em s u a s com u n ica ções com o m u n do vis ível. Em vezda s pa la vra s es piritua l, es piritua lis m o, em prega m os , pa rain d ica r a cr en ça a qu e vim os de refer ir -n os , os ter m os es -pírita e es piritis m o, cu ja for m a lem bra a or igem e o s en t idora d ica l e qu e, por is s o m es m o, a p r es en ta m a va n ta gem des er per feita m en te in teligíveis , deixa n do a o vocá bu lo es piri-tua lis m o a a cepçã o qu e lh e é p rópr ia . Direm os , pois , qu e a

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dou tr in a es pírita ou o Es p ir it is m o tem por p r in cíp io a s re-la ções do m u n do m a ter ia l com os Es p ír itos ou s eres dom u n do in vis ível. Os a dep tos do Es p ir it is m o s erã o os es pí-rita s , ou , s e qu is erem , os es piritis ta s .

Com o especia lidade, O Livro d os Es píritos con tém a dou -t r in a es p ír it a ; com o gen era lid a d e, p ren d e-s e à d ou t r in aes piritua lis ta , u m a de cu ja s fa s es a p r es en ta . Es s a a ra zã opor qu e t ra z n o ca beça lh o do s eu t ítu lo a s pa la vra s : Filos o-fia es piritua lis ta .

II

Há ou tra pa la vra a cerca da qu a l im por ta igu a lm en tequ e todos s e en ten da m , por con s t itu ir u m dos fech os dea bóba da de toda dou tr in a m ora l e s er ob jeto de in ú m era scon trovérs ia s , à m ín gu a de u m a a cepçã o bem deter m in a -da . É a pa la vra a lm a . A d ivergên cia de op in iões s obre an a tu reza da a lm a p r ovém da a p lica çã o pa r t icu la r qu e ca dau m d á a e s s e t e r m o . Um a lín gu a p e r fe it a , e m q u eca da idéia fos s e expr es s a por u m ter m o p rópr io, evita r iam u ita s d is cu s s ões .

Segu n do u n s , a a lm a é o p r in cíp io da vida m a ter ia lorgâ n ica . Nã o tem exis tên cia p rópr ia e s e a n iqu ila com avida : é o m a ter ia lis m o pu ro. Nes te s en t ido e por com pa ra -çã o, d iz-s e de u m in s t ru m en to ra ch a do, qu e n en h u m s omm a is em ite: n ã o t em a lm a . De con for m id a d e com es s aop in iã o, a a lm a s er ia efeito e n ã o ca u s a .

Pen s a m ou tros qu e a a lm a é o p r in cíp io da in teligên -cia , a gen te u n ivers a l do qu a l ca da s er a bs orve u m a cer taporçã o. Segu n do es s es , n ã o h a ver ia em todo o Un ivers o

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⇥�I N T R O D U Ç ÃO

s en ã o u m a s ó a lm a a d is t r ibu ir cen telh a s pelos d ivers oss er es in teligen tes du ra n te a vida des tes , volta n do ca da cen -telh a , m or tos os s er es , à fon te com u m , a s e con fu n d ir como todo, com o os r ega tos e os r ios volta m a o m a r, don des a íra m . Es s a op in iã o d ifer e da p r eceden te em qu e, n es tah ipótes e, n ã o h á em n ós s om en te m a tér ia , s u bs is t in do a l-gu m a cois a a pós a m orte. Ma s é qu a s e com o s e n a da s u b-s is tis se, porqu an to, des titu ídos de in dividu a lidade, n ão m a ister ía m os con s ciên cia de n ós m es m os . Den tr o des ta op i-n iã o, a a lm a u n ivers a l s er ia Deu s , e ca da s er u m fra gm en -to da d ivin da de. Sim ples va r ia n te do pan teísm o.

Segu n do ou tros , fin a lm en te, a a lm a é u m s er m ora l,d is t in to, in depen den te da m a tér ia e qu e con s erva s u a in d i-vidu a lida de a pós a m orte. Es ta a cepçã o é, s em con tra d ita ,a m a is gera l, por qu e, deba ixo de u m n om e ou de ou tro, aidéia des s e s er qu e s obrevive a o corpo s e en con tra , n o es -ta do de cren ça in s t in t iva , n ã o der iva da de en s in o, en tr etodos os povos , qu a lqu er qu e s eja o gra u de civiliza çã o deca da u m . Es s a dou tr in a , s egu n do a qu a l a a lm a é caus a en ã o efeito, é a dos es piritua lis tas .

Sem d is cu t ir o m ér ito de ta is op in iões e con s idera n doa pen a s o la do lin gü ís t ico da qu es tã o, d ir em os qu e es ta st rês a p lica ções do ter m o a lm a corres pon dem a t rês idéia sd is t in ta s , qu e dem a n da r ia m , pa ra s erem expr es s a s , t rêsvocábu los diferen tes . Aqu ela pa lavra tem , pois , tr íp lice acep-çã o e ca da u m , do s eu pon to de vis ta , pode com ra zã o defi-n i-la com o o fa z. O m a l es tá em a lín gu a d is por s om en te deu m a pa la vra pa ra expr im ir t rês idéia s . A fim de evita r todoequ ívoco, s er ia n eces s á r io r es t r in gir -s e a a cepçã o do ter m oa lm a a u m a da qu ela s idéia s . A es colh a é in d iferen te; o qu e

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s e fa z m is ter é o en ten d im en to en tre todos , redu zin do-s e op rob lem a a u m a s im ples qu es tã o de con ven çã o. J u lga m osm a is lógico tom á -lo n a s u a a cepçã o vu lga r e por is s o ch a -m a m os ALMA ao s er im a teria l e ind ivid ua l que em nós res i-d e e s obrevive ao corpo. Mes m o qu a n do es s e s er n ã o exis -t is s e, n ã o pa s s a s s e de p rodu to da im a gin a çã o, a in da a s s imfora p recis o u m ter m o pa ra des ign á -lo.

Na a u s ên cia de u m vocá bu lo es pecia l pa ra t ra du çã ode ca da u m a da s du a s ou tra s idéia s a qu e corres pon de apa la vra a lm a , den om in a m os :

Princípio vita l o p r in cíp io da vida m a ter ia l e orgâ n ica ,qu a lqu er qu e s eja a fon te don de p rom a n e, p r in cíp io es s ecom u m a todos os s eres vivos , des de a s p la n ta s a té o h o-m em . Pois qu e pode h a ver vida com exclu s ã o da fa cu lda dede pen s a r, o p r in cíp io vita l é cois a d is t in ta e in depen den te.A pa la vra vita lid ad e n ã o da r ia a m es m a idéia . Pa ra u n s opr in cíp io vita l é u m a p ropr ieda de da m a tér ia , u m efeito qu es e p rodu z a ch a n do-s e a m a tér ia em da da s cir cu n s tâ n cia s .Segu n do ou tr os , e es ta é a idéia m a is com u m , ele res ide emu m flu ido especia l, u n iversa lm en te espa lh ado e do qu a l cadas er a bs orve e a s s im ila u m a pa rcela du ra n te a vida , ta l com oos corpos in er tes a bs orvem a lu z. Es s e s er ia en tã o o flu id ov ita l q u e , n a op in iã o d e a lgu n s , e m n a d a d ife r e d oflu id o elét r ico a n im a liza d o, a o qu a l t a m b ém s e d ã o osn om es de flu id o m agnético, flu id o nervos o, etc.

Seja com o for, u m fa to h á qu e n in gu ém ou s a r ia con -tes ta r, pois qu e res u lta da obs erva çã o: é qu e os s eres orgâ -n icos têm em s i u m a força ín t im a qu e deter m in a o fen ôm e-n o da vida , en qu a n to es s a força exis te; qu e a vida m a ter ia lé com u m a todos os s eres orgâ n icos e in depen de da in te-

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ligên cia e do pen s a m en to; qu e a in teligên cia e o pen s a m en -to s ã o fa cu lda des p rópr ia s de cer ta s es pécies orgâ n ica s ; fi-n a lm en te, qu e en tr e a s es pécies orgâ n ica s dota da s de in te-ligên cia e de pen s a m en to h á u m a dota da ta m bém de u ms en s o m ora l es pecia l, qu e lh e dá in con tes tá vel s u per ior ida -de s obr e a s ou tra s : a es pécie h u m a n a .

Con cebe-s e qu e, com u m a a cepçã o m ú lt ip la , o ter m oa lm a n ã o exclu i o m a ter ia lis m o, n em o pa n teís m o. O p ró-p r io es p ir itu a lis m o pode en ten der a a lm a de a cordo comu m a ou ou tra da s du a s p r im eira s defin ições , s em p r eju ízodo Ser im a ter ia l d is t in to, a qu e en tã o da rá u m n om e qu a l-qu er. As s im , a qu ela pa la vra n ã o rep res en ta u m a op in iã o: éu m Pr oteu , qu e ca da u m a jeita a s eu bel-p ra zer. Da í ta n ta sd is pu ta s in ter m in á veis .

Evita r -se-ia igu a lm en te a con fu sã o, em bora u sa n do-s edo ter m o a lm a n os t rês ca s os , des de qu e s e lh e a cres cen -ta s s e u m qu a lifica t ivo es pecifica n do o pon to de vis ta emqu e s e es tá coloca do, ou a a p lica çã o qu e s e fa z da pa la vra .Es ta ter ia , en tã o, u m ca rá ter gen ér ico, des ign a n do, a o m es -m o tem po, o p r in cíp io da vida m a ter ia l, o da in teligên cia e odo s en s o m ora l, qu e s e d is t in gu ir ia m m ed ia n te u m a tr ibu -to, com o os gas es , por exem plo, qu e s e d is t in gu em a d ita n -do-se a o ter m o gen érico a s pa la vra s hid rogênio, oxigênio, ouaz oto. Poder -s e-ia , a s s im , d izer, e ta lvez fos s e o m elh or, aa lm a v ita l — in d ica n do o prin cíp io da vida m a teria l; a alm ain telectua l — o p r in cíp io da in teligên cia , e a a lm a es pírita— o da n os s a in d ividu a lida de a pós a m orte. Com o s e vê,tu do is to n ã o pa s s a de u m a qu es tã o de pa la vra s , m a s qu es -tã o m u ito im por ta n te qu a n do s e t ra ta de n os fa zer m os en -t en d id os . De con for m id a d e com es s a m a n eir a d e fa la r,

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a a lm a vita l s er ia com u m a todos os s er es orgâ n icos : p la n -ta s , a n im a is e h om en s ; a a lm a in telectua l per ten cer ia a osa n im a is e a os h om en s ; e a a lm a e s p írita s om en t e a oh om em .

J u lga m os dever in s is t ir n es ta s exp lica ções pela ra zã ode qu e a dou tr in a es p ír ita r epou s a n a tu ra lm en te s obre aexis tên cia , em n ós , de u m s er in depen den te da m a tér ia equ e s obrevive a o corpo. A pa la vra a lm a , ten do qu e a pa recercom freqü ên cia n o cu rs o des ta ob ra , cu m pria fixá s s em osb em o s en t id o qu e lh e a t r ib u ím os , a fim d e evit a r m osqu a lqu er en ga n o.

Pa s s em os a gora a o ob jeto p r in cipa l des ta in s t ru çã oprelim in a r.

III

Com o tu do qu e con s t itu i n ovida de, a dou tr in a es p ír itacon ta a dep tos e con tra d itores . Va m os ten ta r res pon der aa lgu m a s da s ob jeções des tes ú lt im os , exa m in a n do o va lordos m ot ivos em qu e s e a póia m s em a lim en ta r m os , toda via ,a p r eten s ã o d e con ven cer a tod os , p ois m u itos h á qu ecrêem ter s ido a lu z feita exclu s ivam en te pa ra eles . Dirigim o--n os a os de boa -fé, a os qu e n ã o t ra zem idéia s p recon ceb i-da s ou decid ida m en te fir m a da s con tra tu do e todos , a osqu e s in cera m en te des eja m in s t ru ir -s e e lh es dem on s tra re-m os qu e a m a ior pa r te da s ob jeções opos ta s à dou tr in aprom a n a m de in com pleta obs erva çã o dos fa tos e de ju ízolevia n o e p recip ita da m en te for m a do.

Lem b r em os , a n tes d e tu d o, em p ou ca s p a la vra s , as ér ie p r ogres s iva dos fen ôm en os qu e dera m or igem a es tadou tr in a .

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O pr im eiro fa to obs erva do foi o da m ovim en ta çã o deob jetos d ivers os . Des ign a ra m -n o vu lga r m en te pelo n om ede m es as giran tes ou d ança d as m es as . Es te fen ôm en o,qu e pa r ece ter s ido n ota do p r im eira m en te n a Am érica , ou ,m elh or, qu e se repetiu n esse pa ís , porqu an to a His tória provaqu e ele r em on ta à m a is a lt a a n t igu id a d e, s e p r od u ziurod ea d o d e cir cu n s tâ n cia s es t r a n h a s , t a is com o ru íd osin s ólitos , pa n ca da s s em n en h u m a ca u s a os ten s iva . Ems egu id a , p r op a gou -s e ra p id a m en te p ela Eu r op a e p ela sou tras partes do m u n do. A prin cípio qu ase qu e só en con tr ouin c r e d u lid a d e , p o r é m , a o c a b o d e p o u c o t e m p o , am u lt ip licid a d e d a s exp er iên cia s n ã o m a is p er m it iu lh epu s es s em em dú vida a r ea lida de.

Se ta l fen ôm en o s e h ou ves s e lim ita do a o m ovim en tode ob jetos m a ter ia is , poder ia exp lica r -s e por u m a ca u s ap u ra m en te fís ica . Es ta m os lon ge d e con h ecer tod os osa gen tes ocu ltos da Na tu r eza , ou toda s a s p r opr ieda des dosqu e con h ecem os : a elet r icida de m u lt ip lica d ia r ia m en te osr ecu rs os qu e p r oporcion a a o h om em e pa r ece des t in a da ailu m in a r a Ciên cia com u m a n ova lu z. Nada de impossívelh a ver ia , p or ta n to, em qu e a elet r icid a d e m od ifica d a p orcertas circu nstâncias, ou qu alqu er ou tro agen te desconhecido,fos s e a ca u s a dos m ovim en tos obs erva dos . O fa to de qu e ar eu n iã o de m u ita s pes s oa s a u m en ta a poten cia lida de daa çã o pa r ecia vir em a poio des s a teor ia , vis to poder -s e con -s idera r o con ju n to dos a s s is ten tes com o u m a p ilh a m ú lt i-p la , com o s eu poten cia l n a ra zã o d ireta do n ú m er o doselem en tos .

O m ovim en to circu la r n a da a p r es en ta va de extra ord i-n á r io: es tá n a Na tu r eza . Todos os a s t ros s e m ovem em cu r -

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va s elip s óides ; poder ía m os , pois , ter a li, em pon to m en or,u m reflexo do m ovim en to gera l do Un ivers o, ou m elh or,u m a ca u s a , a té en tã o des con h ecida , p r odu zin do a ciden ta l-m en te, com pequ en os ob jetos em da da s con d ições , u m acorren te a n á loga à qu e im pele os m u n dos .

Ma s , o m ovim en to n em s em pre era circu la r ; m u ita svezes era b ru s co e des orden a do, s en do o ob jeto violen ta -m en te s a cu d ido, derr iba do, leva do n u m a d ireçã o qu a lqu ere, con tra r ia m en te a toda s a s leis da es tá t ica , leva n ta do em a n t ido em s u s pen s ã o. Ain da a qu i n a da h a via qu e s e n ã opu des s e exp lica r pela a çã o de u m a gen te fís ico in vis ível.Nã o ve m os a e le t r ic id a d e d e it a r p or t e r r a e d ifíc ios ,des a rra iga r á rvores , a t ira r lon ge os m a is pes a dos corpos ,a t ra í-los ou repeli-los ?

Os ru ídos in s ólitos , a s pa n ca da s , a in da qu e n ã o fos -s em u m dos efeitos ord in á r ios da d ila ta çã o da m a deira , oude qu a lqu er ou tra ca u s a a ciden ta l, pod ia m m u ito bem s erp rodu zidos pela a cu m u la çã o de u m flu ido ocu lto: a elet r ici-da de n ã o p rodu z for m idá veis ru ídos ?

Até a í, com o s e vê, tu do pode ca ber n o dom ín io dosfa tos pu ra m en te fís icos e fis iológicos . Sem s a ir des s e â m bi-to de idéia s , já a li h a via , n o en ta n to, m a tér ia pa ra es tu doss ér ios e d ign os de p ren der a a ten çã o dos s á b ios . Por qu ea s s im n ã o a con teceu ? É pen os o d izê-lo, m a s o fa to der ivade ca u s a s qu e p rova m , en tr e m il ou tr os s em elh a n tes , a le-via n da de do es p ír ito h u m a n o. A vu lga r ida de do ob jeto p r in -cip a l qu e s erviu d e b a s e à s p r im eira s exp er iên cia s n ã o foia lh eia à in d ifer en ça d os s á b ios . Qu e in flu ên cia n ã o temt id o m u ita s vezes u m a pa la vra s obre a s cois a s m a is gra ves !

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Sem a ten derem a qu e o m ovim en to pod ia s er im pr es s oa u m ob jeto qu a lqu er, a idéia da s m es a s p reva leceu , s emdú vida , por s er o ob jeto m a is côm odo e porqu e, à r oda deu m a m es a , m u ito m a is n a tu ra lm en te d o qu e em tor n ode qu a lqu er ou tr o m óvel, s e s en ta m d ivers a s pes s oa s . Ora ,os h om en s s u per ior es s ã o com freqü ên cia tã o pu er is qu en ã o h á com o ter por im pos s ível qu e cer tos es p ír itos de es -col h a ja m con s idera do depr im en te ocu pa rem -s e com o qu es e con ven cion a ra ch a m a r a d ança d as m es as . É m es m opr ová vel qu e s e o fen ôm en o obs erva do por Ga lvâ n i o forapor h om en s vu lga r es e fica s s e ca ra cter iza do por u m n om ebu r les co, a in da es ta r ia r elega do a fa zer com pa n h ia à va r i-n h a m á gica . Qu a l, com efeito, o s á b io qu e n ã o h ou veraju lga do u m a in d ign ida de ocu pa r -s e com a d ança d as rãs ?

Algu n s , en treta n to, m u ito m odes tos pa ra con virem emqu e bem poder ia da r -s e n ã o lh es ter a in da a Na tu r eza d itoa ú lt im a pa la vra , qu is era m ver, pa ra t ra n qü ilida de de s u a scon s ciên cia s . Ma s a con teceu qu e o fen ôm en o n em s em pr elh es corres pon deu à expecta t iva e, do fa to de n ã o s e h a verp r odu zido con s ta n tem en te à von ta de deles e s egu n do am a n eira de s e com porta r em n a exper im en ta çã o, con clu í-ra m pela n ega t iva . Ma lgra do, porém , a o qu e decreta ra m , a sm es a s — pois qu e h á m es a s — con t in u a m a gira r e pode-m os d izer com Ga lileu : tod avia , elas s e m ovem ! Acres cen ta -r em os qu e os fa tos s e m u lt ip lica ra m de ta l m odo qu e des -fru ta m h oje do d ir eito de cida de, n ã o m a is s e cogita n dos en ã o de lh es a ch a r u m a exp lica çã o ra cion a l.

Con tra a rea lida de do fen ôm en o, poder -s e-ia in du zira lgu m a cois a da cir cu n s tâ n cia de ele n ã o s e p rodu zir dem odo s em pr e idên t ico, con for m em en te à von ta de e à s exi-

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gên cia s do obs erva dor? Os fen ôm en os de elet r icida de e dequ ím ica n ã o es tã o s u bord in a dos a cer ta s con d ições ? Serálícito n egá -los , porqu e n ã o s e p r odu zem fora des s a s con d i-ções ? Qu e h á , pois , de s u rp reen den te em qu e o fen ôm en odo m ovim en to dos ob jetos pelo flu ido h u m a n o ta m bém s ea ch e s u jeito a deter m in a da s con d ições e deixe de s e p r odu -zir qu a n do o obs erva dor, coloca n do-s e n o s eu pon to de vis -ta , p reten de fa zê-lo s egu ir a m a rch a qu e ca pr ich os a m en telh e im pon h a , ou qu eira s u jeitá -lo à s leis dos fen ôm en oscon h ecidos , s em con s idera r qu e pa ra fa tos n ovos pode edeve h a ver n ova s leis ? Ora , pa ra s e con h ecerem es s a s leis ,p recis o é qu e s e es tu dem a s circu n s tâ n cia s em qu e os fa toss e p rodu zem e es s e es tu do n ã o pode deixa r de s er fru to deobs erva çã o pers evera n te, a ten ta e à s vezes m u ito lon ga .

Objeta m , porém , a lgu m a s pes s oa s : h á fr eqü en tem en -te fra u des m a n ifes ta s . Pergu n ta r -lh es -em os , em p r im eirolu ga r, s e es tã o bem cer ta s de qu e h a ja fra u des e s e n ã otom a ra m por fra u de efeitos qu e n ã o pod ia m exp lica r, m a isou m en os com o o ca m p on ês qu e t om a va p or d es t r oes ca m otea dor u m s á b io p r ofes s or de Fís ica a fa zer expe-r iên cia s . Adm it in do-s e m es m o qu e ta l cois a ten h a pod idover ifica r -s e a lgu m a s vezes , con s t itu ir ia is s o ra zã o pa ra n e-ga r -s e o fa to? Dever -s e-ia n ega r a Fís ica , por qu e h á p res t i-d igita dores qu e s e exor n a m com o t ítu lo de fís icos ? Cu m -pre, a o dem a is , s e leve em con ta o ca rá ter da s pes s oa s e oin teres s e qu e pos s a m ter em ilu d ir. Ser ia tu do, en tã o, m erogra cejo? Adm ite-s e qu e u m a pes s oa s e d ivir ta por a lgu mtem po, m a s u m gra cejo p r olon ga do in defin ida m en te s e tor -n a r ia tã o fa s t id ios o pa ra o m is t ifica dor, com o pa ra o m is t i-fica do. Acres ce qu e, n u m a m is t ifica çã o qu e s e p ropa ga deu m extrem o a ou tro do m u n do e por en tr e a s m a is a u s te-

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ras , ven eráveis e escla recidas person a lidades , qu a lqu er coisah á , com cer teza , tã o extra ord in á r ia , pelo m en os , qu a n to oprópr io fen ôm en o.

IV

Se os fen ôm en os , com qu e n os es tam os ocu pan do, h ou -ves s em fica do res t r itos a o m ovim en to dos ob jetos , ter ia mper m a n ecido, com o d is s em os , n o dom ín io da s ciên cia s fís i-ca s . As s im , en treta n to, n ã o s u cedeu : es ta va -lh es res erva -do coloca r -n os n a p is ta de fa tos de ordem s in gu la r. Acr ed i-ta ra m h a ver des cober to, n ã o s a bem os pela in icia t iva dequ em , qu e a im pu ls ã o da da a os ob jetos n ã o era a pen a s or es u lta do de u m a força m ecâ n ica cega ; qu e h a via n es s em ovim en to a in terven çã o de u m a ca u s a in teligen te. Um avez a ber to, es s e ca m in h o con du ziu a u m ca m po tota lm en ten ovo de obs erva ções . De s obr e m u itos m is tér ios s e ergu ia ovéu . Ha verá , com efeito, n o ca s o, u m a potên cia in teligen te?Ta l a qu es tã o. Se es s a potên cia exis te, qu a l é ela , qu a l as u a n a tu r eza , a s u a or igem ? En con tra -s e a cim a da Hu m a -n ida de? Eis ou tra s qu es tões qu e decorr em da a n ter ior.

As p r im eira s m a n ifes ta ções in teligen tes s e p rodu zira mpor m eio de m es a s qu e s e leva n ta va m e, com u m dos pés ,davam certo n ú m ero de pan cadas , respon den do desse m odo— s im , ou — não, con for m e fora con ven cion a do, a u m apergu n ta feita . Até a í n a da de con vin cen te h a via pa ra oscép t icos , por qu a n to bem pod ia m cr er qu e tu do fos s e ob rado a ca s o. Ob t ivera m -s e depois res pos ta s m a is des en volvi-da s com o a u xílio da s let ra s do a lfa beto: da n do o m óvel u mn ú m er o de pa n ca da s corres pon den te a o n ú m ero de or dem

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de ca da let ra , ch ega va -s e a for m a r pa la vra s e fra s es qu eres pon d ia m à s qu es tões p r opos ta s . A p r ecis ã o da s res pos -ta s e a corr ela çã o qu e den ota va m com a s pergu n ta s ca u s a -ra m es pa n to. O s er m is ter ios o qu e a s s im res pon d ia , in ter -roga do s obr e a s u a n a tu reza , decla rou qu e era Espírito ouGênio, declin ou u m n om e e p r es tou d ivers a s in for m a ções as eu res peito. Há a qu i u m a cir cu n s tâ n cia m u ito im por ta n -te, qu e s e deve a s s in a la r. É qu e n in gu ém im a gin ou os Es pí-ritos com o m eio de exp lica r o fen ôm en o; foi o p rópr io fen ô-m en o qu e revelou a pa la vra . Mu ita s vezes , em s e t ra ta n doda s ciên cia s exa ta s , s e form u lam h ipóteses pa ra da r -se u m aba s e a o ra ciocín io. Nã o é a qu i o ca s o.

Ta l m eio de corres pon dên cia era , porém , dem ora do ein côm odo. O Es p ír ito (e is to con s t itu i n ova circu n s tâ n ciad ign a de n ota ) in d icou ou tro. Foi u m des s es s eres in vis íveisqu em a con s elh ou a a da p ta çã o de u m lá p is a u m a ces ta oua ou tro ob jeto. Coloca da em cim a de u m a folh a de pa pel, aces ta é pos ta em m ovim en to pela m es m a potên cia ocu ltaqu e m ove a s m es a s ; m a s , em vez de u m s im ples m ovim en toregu la r, o lá p is t ra ça por s i m es m o ca ra cter es for m a n dopa la vra s , fra s es , d is s er ta ções de m u ita s pá gin a s s obre a sm a is a lta s qu es tões de filos ofia , de m ora l, de m eta fís ica , deps icologia , etc., e com ta n ta ra p idez qu a n ta s e s e es creves -s e com a m ã o.

O con s elh o foi da do s im u lta n ea m en te n a Am érica , n aFra n ça e em d ivers os ou tros pa ís es . E is em qu e ter m os odera m em Pa r is , a 10 de ju n h o de 1853 , a u m dos m a isfervoros os a dep tos da dou tr in a e qu e, h a via m u itos a n os ,des de 1849 , s e ocu pa va com a evoca çã o dos Es p ír itos : “Va ibu s ca r, n o a pos en to a o la do, a ces t in h a ; a m a rra -lh e u m

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lá p is ; coloca -a s obre o pa pel; põe-lh e os teu s dedos s obre abor da .” Algu n s in s ta n tes a pós , a ces ta en tr ou a m over -s e eo lá p is es creveu , m u ito legível, es ta fra s e: “Pr oíbo expres s a -m en te qu e t ra n s m ita s a qu em qu er qu e s eja o qu e a ca bo ded izer. Da p r im eira vez qu e es crever, es crever ei m elh or.”

O objeto a qu e s e a da p ta o lá p is , n ã o pa s sa n do de m eroin s t ru m en to, com pleta m en te in d ifer en tes s ã o a n a tu reza ea for m a qu e ten h a . Da í o h a ver -s e p rocu ra do da r -lh e a d is -pos içã o m a is côm oda . As s im é qu e m u ita gen te s e s erve deu m a p ra n ch eta pequ en a .

A ces ta ou a p ra n ch eta s ó podem s er pos ta s em m ovi-m en to deba ixo da in flu ên cia de cer ta s pes s oa s , dota da s ,pa ra is s o, de u m poder es pecia l, a s qu a is s e des ign a m pelon om e de méd iuns , is to é — m eios ou in ter m ed iá r ios en tr eos Es p ír itos e os h om en s . As con d ições qu e dã o es s e poderr es u lta m de ca u s a s a o m es m o tem po fís ica s e m ora is , a in -da im per feita m en te con h ecida s , por qu a n to h á m éd iu n s detoda s a s ida des , de a m bos os s exos e em todos os gra u sde des en volvim en to in telectu a l. É , toda via , u m a fa cu lda dequ e s e des en volve pelo exer cício.

V

Recon h eceu -s e m a is ta rde qu e a ces ta e a p ra n ch etan ã o era m , rea lm en te, m a is do qu e u m a pên d ice da m ã o; e om éd iu m , tom a n do d ir eta m en te do lá p is , s e pôs a es creverpor u m im pu ls o in volu n tá r io e qu a s e feb r il. Des s a m a n ei-ra , a s com u n ica ções s e tor n a ra m m a is rá p ida s , m a is fá ceise m a is com pleta s . Hoje é es s e o m eio gera lm en te em prega -do e com ta n to m a is ra zã o qu a n to o n ú m ero da s pes s oa s

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dota da s des s a a p t idã o é m u ito con s iderá vel e cres ce todosos d ia s . Fin a lm en te, a exper iên cia deu a con h ecer m u ita sou tra s va r ieda des da fa cu lda de m ed ia dora , vin do-s e a s a -ber qu e a s com u n ica ções pod ia m igu a lm en te s er t ra n s m it i-da s pela pa la vra , pela a u d içã o, pela vis ã o, pelo ta to, etc., ea té pela es cr ita d ireta dos Es p ír itos , is to é, s em o con cu rs oda m ã o do m éd iu m , n em do lá p is .

Ob t ido o fa to, r es ta va com prova r u m pon to es s en cia l— o pa pel do m éd iu m n a s res pos ta s e a pa r te qu e, m ecâ n i-ca e m ora lm en te, pode ter n ela s . Du a s cir cu n s tâ n cia s ca p i-ta is , qu e n ã o es ca pa r ia m a u m obs erva dor a ten to, tor n a mpos s ível res olver -s e a qu es tã o. A pr im eira con s is te n o m odopor qu e a ces ta s e m ove s ob a in flu ên cia do m éd iu m , a pe-n a s lh e im pon do es te os dedos s obr e os bordos . O exa m edo fa to dem on s tra a im pos s ib ilida de de o m éd iu m im prim iru m a d ireçã o qu a lqu er a o m ovim en to da qu ele ob jeto. Es s aim pos s ib ilida de s e pa ten teia , s ob retu do, qu a n do du a s outrês pes s oa s coloca m ju n ta m en te a s m ã os s obr e a ces ta .Fora p recis o en tre ela s u m a con cor dâ n cia ver da deira m en tefen om en a l de m ovim en tos . Fora p recis o, dem a is , a con cor -dâ n cia dos pen sa m en tos , pa ra qu e pu des sem es ta r de a cor -do qu a n to à r es pos ta a da r à qu es tã o for m u la da . Ou trofa to, n ã o m en os s in gu la r, a in da vem a u m en ta r a d ificu lda -de. É a m u da n ça ra d ica l da ca ligra fia , con for m e o Es p ír itoqu e s e m a n ifes ta , rep rodu zin do-s e a de u m deter m in a doEs p ír ito toda s a s vezes qu e ele volta a es crever. Fora n eces -s á r io, pois , qu e o m éd iu m s e h ou ves s e exercita do em da r às u a p rópr ia ca ligra fia vin te for m a s d ifer en tes e, p r in cipa l-m en te, qu e pu des s e lem bra r -s e da qu e corres pon de a ta lou ta l Es p ír ito.

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A s egu n da circu n s tâ n cia res u lta da n a tu reza m es m ada s r es pos ta s qu e, a s m a is da s vezes , es pecia lm en te qu a n -do s e ven t ila m qu es tões a bs t ra ta s e cien t ífica s , es tã o n oto-r ia m en te fora do ca m po dos con h ecim en tos e, a m iú de, doa lca n ce in telectu a l do m éd iu m , qu e, a lém d is s o, com o deord in á r io s u cede, n ã o tem con s ciên cia do qu e s e es crevedeba ixo da s u a in flu ên cia ; qu e, fr eqü en tem en te, n ã o en -ten de ou n ã o com preen de a qu es tã o p r opos ta , pois qu e es tao pode s er n u m id iom a qu e ele descon h eça , ou m esm o m en -ta lm en te, poden do a r es pos ta s er da da n es s e id iom a . En -fim , a con tece m u ito es cr ever a ces ta espon ta n ea m en te, s emqu e s e h a ja feit o p ergu n ta a lgu m a , s ob r e u m a s s u n toqu a lqu er, in teira m en te in es pera do.

Em cer tos ca s os , a s res pos ta s r evela m ta l cu n h o desa bedoria , de profu n deza e de oportu n ida de; exprim em pen -s a m en tos tã o eleva dos , tã o s u b lim es , qu e n ã o podem em a -n a r sen ão de u m a In teligên cia su perior, im pregn ada da m a ispu ra m ora lida de. Dou tra s vezes , s ã o tã o levia n a s , tã o fr ívo-la s , tã o t r ivia is , qu e a ra zã o r ecu s a a dm it ir der ivem da m es -m a fon te. Ta l d ivers ida de de lin gu a gem n ã o s e pode exp li-ca r s en ã o p e la d ive r s id a d e d a s In t e ligên c ia s q u e s em a n ifes ta m . E es s a s In teligên cia s es tã o n a Hu m a n ida deou fora da Hu m a n ida de? Es te o pon to a es cla r ecer -s e ecu ja exp lica çã o s e en con tra rá com pleta n es ta ob ra , com o adera m os p rópr ios Es p ír itos .

Eis , pois , efeitos pa ten tes , qu e s e p rodu zem fora docír cu lo h a b itu a l da s n os s a s obs erva ções ; qu e n ã o ocorremm is ter ios a m en te, m a s , a o con trá r io, à lu z m er id ia n a , qu etoda gen te pode ver e com pr ova r ; qu e n ã o con s t itu em pr ivi-légio de u m ú n ico in d ivídu o e qu e m ilh a r es de pes s oa s re-

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petem todos os d ia s . Esses efeitos têm n ecessa riam en te u m aca u sa e, do m om en to qu e den ota m a a çã o de u m a in teligên -cia e de u m a von ta de, s a em do dom ín io pu ra m en te fís ico.

Mu ita s t eor ia s fora m en gen d ra d a s a es t e r es p eito.Exa m in á -la s -em os den tro em pou co e verem os s e s ã o ca -pa zes de oferecer a exp lica çã o de todos os fa tos qu e s e ob -s erva m . Adm ita m os , en qu a n to n ã o ch ega m os a té lá , a exis -tên cia de s eres d is t in tos dos h u m a n os , pois qu e es ta é aexp lica çã o m in is t ra da pela s In teligên cia s qu e s e m a n ifes -ta m , e veja m os o qu e eles n os d izem .

VI

Con for m e n ota m os a cim a , os p rópr ios s eres qu e s e co-m u n ica m s e des ign a m a s i m es m os pelo n om e de Es p ír itosou Gên ios , decla ra n do, a lgu n s , pelo m en os , terem per ten -cido a h om en s qu e viveram n a Terra . Eles com põem o m u n does p ir it u a l, com o n ós con s t it u ím os o m u n d o cor p or a ldu ra n te a vida ter ren a .

Va m os r es u m ir, em pou ca s pa la vra s , os pon tos p r in ci-pa is da dou tr in a qu e n os t ra n s m it ira m , a fim de m a is fa cil-m en te r es pon der m os a cer ta s ob jeções .

“Deu s é eter n o, im u tá vel, im a ter ia l, ú n ico, on ipoten te,s obera n a m en te ju s to e bom .

“Criou o Un ivers o, qu e a b ra n ge todos os s er es a n im a -dos , e in a n im a dos , m a ter ia is e im a ter ia is .

“Os s eres m a ter ia is con s t itu em o m u n do vis ível oucorpóreo, e os s eres im a ter ia is , o m u n do in vis ível ou es p ír i-ta , is to é, dos Es p ír itos .

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“O m u n d o es p ír it a é o m u n d o n or m a l, p r im it ivo,eter n o, p reexis ten te e s obr eviven te a tu do.

“O m u n do corpora l é secu n dá rio; poderia deixa r de exis -t ir, ou n ã o ter ja m a is exis t ido, s em qu e por is s o s e a ltera s s ea es s ên cia do m u n do es p ír ita .

“Os Es p ír itos reves tem tem pora r ia m en te u m in vólu cr om a ter ia l per ecível, cu ja des t ru içã o pela m orte lh es res t itu ia liber da de.

“En tre a s d ifer en tes es pécies de s er es corpóreos , Deu ses colh eu a es pécie h u m a n a pa ra a en ca r n a çã o dos Es p ír i-t os qu e ch ega r a m a ce r t o gr a u d e d es en volvim en t o ,d a n d o-lh e s u p er ior id a d e m or a l e in t e lec t u a l s ob r e a sou tra s .

“A a lm a é u m E s p ír it o en ca r n a d o, s en d o o cor p oa pen a s o s eu en voltór io.

“Há n o h om em três cois a s : 1 º , o corpo ou s er m a ter ia la n á logo a os a n im a is e a n im a do pelo m es m o p r in cíp io vita l;2 º , a a lm a ou s er im a ter ia l, Es p ír ito en ca r n a do n o corpo;3 º , o la ço qu e p ren de a a lm a a o corpo, p r in cíp io in ter m e-d iá r io en tr e a m a tér ia e o Es p ír ito.

“Tem a s s im o h om em d u a s n a tu r eza s : p elo corp o,pa r t icipa da n a tu r eza dos a n im a is , cu jos in s t in tos lh e s ã ocom u n s ; pela a lm a , pa r t icipa da n a tu reza dos Es p ír itos .

“O la ço ou peris pírito, qu e p r en de a o corpo o Es p ír ito, éu m a es pécie de en voltór io s em im a ter ia l. A m orte é a des -t ru içã o do in vólu cro m a is gr os s eir o. O Es p ír ito con s erva os egu n do, qu e lh e con s t itu i u m corpo etér eo, in vis ível pa ra

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n ós n o es ta do n or m a l, porém qu e pode tor n a r -s e a ciden -ta lm en te vis ível e m es m o ta n gível, com o s u cede n o fen ôm e-n o da s a pa r ições .

“O Es p ír ito n ã o é, pois , u m s er a bs t ra to, in defin ido, s ópos s ível de con ceber -s e pelo pen s a m en to. É u m s er rea l,cir cu n s cr ito, qu e, em cer to ca s os , s e tor n a a p r eciá vel pela

vis ta , pelo ouvid o e pelo ta to.

“Os Es p ír itos per ten cem a d ifer en tes cla s s es e n ã o s ã oigu a is , n em em poder, n em em in teligên cia , n em em s a ber,n em em m ora lida de. Os da p r im eira ordem s ã o os Es p ír itoss u per iores , qu e s e d is t in gu em dos ou tr os pela s u a per fei-çã o, s eu s con h ecim en tos , s u a p roxim ida de de Deu s , pelapu r eza de s eu s s en t im en tos e por s eu a m or do bem : s ã o osa n jos ou pu ros Es p ír itos . Os da s ou tra s cla s s es s e a ch a mca da vez m a is d is ta n cia dos des s a per feiçã o, m os tra n do-s eos da s ca tegor ia s in fer iores , n a s u a m a ior ia , eiva dos da sn os s a s pa ixões : o ód io, a in veja , o ciú m e, o orgu lh o, etc.Com pra zem -s e n o m a l. Há ta m bém , en tre os in fer iores , osqu e n ã o s ã o n em m u ito b on s n em m u ito m a u s , a n tesper tu rba dor es e en reda dor es , do qu e pervers os . A m a lícia ea s in con s eqü ên cia s pa recem s er o qu e n eles p r edom in a .Sã o os Es p ír itos es tú r d ios ou levia n os .

“Os Esp ír itos n ã o ocu pa m perpetu a m en te a m esm a ca -tegoria . Todos se m elh ora m pa ssa n do pelos d ifer en tes gra u sda h iera rqu ia es p ír ita . Es ta m elh ora s e efetu a por m eio daen ca r n a çã o, qu e é im pos ta a u n s com o exp ia çã o, a ou tr oscom o m is s ã o. A vida m a ter ia l é u m a p rova qu e lh es cu m pres ofrer repet ida m en te, a té qu e h a ja m a t in gido a a bs olu taper feiçã o m ora l.

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“Deixa n do o corpo, a a lm a volve a o m u n do dos Es p ír i-tos , don de s a íra , pa ra pa s s a r por n ova exis tên cia m a ter ia l,a pós u m la ps o de tem po m a is ou m en os lon go, du ra n te oqu a l per m a n ece em es ta do de Es p ír ito er ra n te.1

“Ten do o Es p ír ito qu e pa s s a r por m u ita s en ca r n a ções ,s egu e-s e qu e todos n ós tem os t ido m u ita s exis tên cia s e qu eterem os a in da ou tra s , m a is ou m en os a per feiçoa da s , qu ern a Terra , qu er em ou tros m u n dos .

“A en ca r n a çã o dos Es p ír itos s e dá s em pre n a es pécieh u m an a ; seria erro acredita r -se qu e a a lm a ou Espírito possaen ca r n a r n o corpo de u m a n im a l.

“As d ifer en tes exis tên cia s corpór ea s do Es p ír ito s ã os em pre p r ogr es s iva s e n u n ca regr es s iva s ; m a s , a ra p idezd o s eu p r ogr es s o d ep en d e d os es for ços qu e fa ça p a r ach ega r à per feiçã o.

“As qu a lida des da a lm a s ã o a s do Es p ír ito qu e es táen ca r n a do em n ós ; a s s im , o h om em de bem é a en ca r n a çã ode u m bom Es p ír ito, o h om em pervers o a de u m Es p ír itoim pu ro.

“A a lm a possu ía su a in dividu a lidade an tes de en ca r n a r;con s erva -a depois de s e h a ver s epa ra do do corpo.

“Na s u a volta a o m u n do dos Es p ír itos , en con tra elatodos a qu eles qu e con h ecera n a Terra , e toda s a s s u a sexis tên cia s a n ter ior es s e lh e des en h a m n a m em ória , com alem bra n ça de todo bem e de todo m a l qu e fez.

1 Há en tre es ta dou tr in a da r een ca r n a çã o e a da m etem ps icos e, com oa a d m it em cer t a s s e it a s , u m a d ifer en ça ca r a ct er ís t ica , qu e éexp lica da n o cu rs o da p res en te obra .

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“O Es p ír ito en ca r n a do s e a ch a s ob a in flu ên cia da m a -tér ia ; o h om em qu e ven ce es ta in flu ên cia , pela eleva çã o edepu ra çã o de s u a a lm a , s e a p roxim a dos bon s Es p ír itos ,em cu ja com pa n h ia u m d ia es ta rá . Aqu ele qu e s e deixa do-m in a r pela s m á s pa ixões , e põe toda s a s s u a s a legr ia s n as a t is fa çã o dos a pet ites gr os s eiros , s e a p roxim a dos Es p ír i-t os im p u r os , d a n d o p r ep on d e r â n c ia à s u a n a t u r ezaa n im a l.

“Os E s p ír it os en ca r n a d os h a b it a m os d ife r en t e sglobos do Un ivers o.

“Os n ã o en ca r n a dos ou er ra n tes n ã o ocu pa m u m a re-giã o deter m in a da e circu n s cr ita ; es tã o por toda pa r te n oes pa ço e a o n os s o la do, ven do-n os e a cotovela n do-n os decon t ín u o. É toda u m a popu la çã o in vis ível, a m over -s e emtor n o de n ós .

“Os Es p ír itos exercem in ces s a n te a çã o s obr e o m u n dom ora l e m es m o s obre o m u n do fís ico. Atu a m s obre a m a té-r ia e s obre o pen s a m en to e con s t itu em u m a da s potên cia sda Na tu reza , ca u s a eficien te de u m a m u lt idã o de fen ôm e-n os a té en tã o in exp lica dos ou m a l exp lica dos e qu e n ã oen con tra m exp lica çã o ra cion a l s en ã o n o Es p ir it is m o.

“As rela ções dos Es p ír itos com os h om en s s ã o con s -ta n tes . Os bon s Es p ír itos n os a t ra em pa ra o bem , n os s u s -ten ta m n a s p rova s da vida e n os a ju da m a s u por tá -la s comcoragem e res ign ação. Os m au s n os im pelem para o m a l:é-lh es u m gozo ver -n os s u cu m bir e a s s em elh a r -n os a eles .

“As com u n ica ções dos Es p ír itos com os h om en s s ã oocu lta s ou os ten s iva s . As ocu lta s s e ver ifica m pela in flu ên -cia boa ou m á qu e exercem s obre n ós , à n os s a revelia . Ca be

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a o n os s o ju ízo d is cer n ir a s boa s da s m á s in s p ira ções . Ascom u n ica ções os ten s iva s s e dã o por m eio da es cr ita , dap a la vr a ou d e ou t r a s m a n ifes t a ções m a t er ia is , qu a s es em pre pelos m éd iu n s qu e lh es s ervem de in s t ru m en tos .

“Os E s p ír it os s e m a n ifes t a m es p on t a n ea m en te oum edia n te evoca çã o.

“Podem evoca r -se todos os Espír itos : os qu e a n im a ra mh om en s obscu r os , com o os da s person a gen s m a is ilu s tres ,s eja qu a l for a época em qu e ten h a m vivido; os de n ossospa r en tes , a m igos , ou in im igos , e obter -se deles , por com u n i-ca ções escrita s ou verba is , con selh os , in for m a ções sobre as it u a çã o em qu e s e en con t r a m n o Além , s ob r e o qu epen s a m a n os s o r es peito, a s s im com o a s revela ções qu elh es s eja m per m it ida s fa zer -n os .

“Os Es p ír itos s ã o a t ra ídos n a ra zã o da s im pa t ia qu elh es in s p ire a n a tu r eza m ora l do m eio qu e os evoca . OsEspíritos su periores se com prazem n as reu n iões séria s , on depr edom in a m o a m or do bem e o des ejo s in cer o, por pa r tedos qu e a s com põem , de s e in s t ru írem e m elh ora r em . Apr es en ça deles a fa s ta os Es p ír itos in fer iores qu e, in vers a -m en te, en con tra m livre a ces s o e podem obra r com toda aliberda de en tr e pes s oa s fr ívola s ou im pelida s u n ica m en tepela cu r ios ida de e on de qu er qu e exis ta m m a u s in s t in tos .Lon ge de s e ob ter em bon s con s elh os , ou in for m a ções ú teis ,deles s ó s e devem es pera r fu t ilida des , m en t ira s , gra cejosde m a u gos to, ou m is t ifica ções , pois qu e m u ita s vezes to-m a m n om es ven era dos , a fim de m elh or in du zir em a o er r o.

“Dis t in gu ir os bon s dos m a u s Es p ír itos é extrem a m en -te fá cil. Os Es p ír itos s u per ior es u s a m con s ta n tem en te delin gu a gem d ign a , n obr e, r epa s s a da da m a is a lta m ora lida -

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de, es coim a da de qu a lqu er pa ixã o in fer ior ; a m a is pu ra s a -bedoria lh es tra n spa rece dos con selh os , qu e objet iva m sem -pre o n os s o m elh ora m en to e o bem da Hu m a n ida de. A dosEs p ír itos in fer ior es , a o con trá r io, é in con s eqü en te, a m iú detr ivia l e a té gros s eira . Se, por vezes , d izem a lgu m a cois aboa e verda deira , m u ito m a is vezes d izem fa ls ida des e a b -s u rdos , por m a lícia ou ign orâ n cia . Zom ba m da cr edu lida dedos h om en s e s e d iver tem à cu s ta dos qu e os in ter roga m ,lison jean do-lh es a va idade, a lim en tan do-lh es os desejos comfa la zes es pera n ça s . Em res u m o, a s com u n ica ções s ér ia s ,n a m a is a m pla a cepçã o do ter m o, s ó s ã o da da s n os cen tross ér ios , on d e r e in e ín t im a com u n h ã o d e p en s a m en t os ,ten do em vis ta o bem .

“A m ora l dos Es p ír itos s u per iores s e res u m e, com o ado Cr is to, n es ta m á xim a eva n gélica : Fa zer a os ou tros o qu equ er er ía m os qu e os ou tros n os fizes s em , is to é, fa zer o beme n ã o o m a l. Nes te p r in cíp io en con tra o h om em u m a regrau n ivers a l de p roceder, m es m o pa ra a s s u a s m en ores a ções .

“En s in a m -n os qu e o egoís m o, o orgu lh o, a s en s u a lida -de s ã o pa ixões qu e n os a p roxim a m da n a tu reza a n im a l,p ren den do-n os à m a tér ia ; qu e o h om em qu e, já n es te m u n -d o, s e d es liga d a m a t ér ia , d es p r eza n d o a s fu t ilid a d esm u n da n a s e a m a n do o p róxim o, s e a vizin h a da n a tu rezaes p ir itu a l; qu e ca da u m deve tor n a r -s e ú t il, de a cordo coma s fa cu lda des e os m eios qu e Deu s lh e pôs n a s m ã os pa raexper im en tá -lo; qu e o For te e o Poderos o devem a m pa ro eproteção ao Fraco, porqu an to tran sgride a Lei de Deu s aqu e-le qu e a bu s a da força e do poder pa ra op r im ir o s eu s em e-lh a n te. En s in a m , fin a lm en te, qu e, n o m u n do dos Es p ír i-

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tos , n a da poden do es ta r ocu lto, o h ipócr ita s erá des m a s ca -ra do e pa ten tea da s toda s a s s u a s torpeza s ; qu e a p r es en çain evitá vel, e de todos os in s ta n tes , da qu eles pa ra com qu emh ou ver m os p r oced ido m a l con s t itu i u m dos ca s t igos qu en os es tã o r es erva d os ; qu e a o es ta d o d e in fer ior id a d e es u per ior ida de dos Es p ír itos corr es pon dem pen a s e gozosdes con h ecidos n a Terra .

“Ma s , en s in a m ta m bém n ã o h a ver fa lta s ir rem is s íveis ,qu e a exp ia çã o n ã o pos s a a pa ga r. Meio de con s egu i-lo en -con tra o h om em n a s d ifer en tes exis tên cia s qu e lh e per m i-tem a va n ça r, con for m em en te a os s eu s des ejos e es forços ,n a s en d a d o p r ogr es s o, p a r a a p er feiçã o, qu e é o s eudes t in o fin a l.”

Es te o res u m o da Dou tr in a Es p ír ita , com o r es u lta dosen s in a m en tos da dos pelos Es p ír itos s u per ior es . Veja m osa gora a s ob jeções qu e s e lh e con tra põem .

VII

Pa ra m u ita gen te, a opos içã o da s corpora ções cien t ífi-ca s con s t itu i, s en ã o u m a p r ova , pelo m en os for te p res u n -çã o con tra o qu e qu er qu e s eja . Nã o s om os dos qu e s e in -s u rgem con tra os s á b ios , pois n ã o qu erem os da r a zo a qu ede n ós d iga m qu e es cou cea m os . Tem o-los , a o con trá r io,em gra n de a p r eço e m u ito h on ra do n os ju lga r ía m os s e fôs -s em os con ta do en tre eles . Su a s op in iões , porém , n ã o po-dem r ep res en ta r, em toda s a s circu n s tâ n cia s , u m a s en ten -ça ir revogá vel.

Des de qu e a Ciên cia s a i da obs erva çã o m a ter ia l dosfa tos , em s e t ra ta n do de os a p r ecia r e exp lica r, o ca m po

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es t á a b er t o à s con je t u r a s . Ca d a u m a r qu it e t a o s eus is t em a zin h o, d is p os t o a s u s t en t á -lo com fer vor, p a r afa zê-lo p reva lecer. Nã o vem os todos os d ia s a s m a is opos ta sop in iões s erem a ltern a t iva m en te p r econ iza da s e rejeita da s ,ora repelida s com o erros a bs u r dos , pa ra logo depois a pa re-cerem procla m a da s com o verda des in con tes tá veis ? Os fa -tos , eis o ver da deiro cr itér io dos n os s os ju ízos , o a rgu m en -to s em rép lica . Na a u s ên cia dos fa tos , a dú vida s e ju s t ifican o h om em pon dera do.

Com rela çã o à s cois a s n otór ia s , a op in iã o dos s á b ios é,com toda ra zã o, fided ign a , porqu a n to eles s a bem m a is em elh or do qu e o vu lgo. Ma s , n o toca n te a p r in cíp ios n ovos ,a cois a s des con h ecida s , es s a op in iã o qu a s e n u n ca é m a isdo qu e h ipotét ica , por is s o qu e eles n ã o s e a ch a m , m en osqu e os ou tros , s u jeitos a p r econ ceitos . Direi m es m o qu e os á b io tem m a is p reju ízos qu e qu a lqu er ou tr o, porqu e u m apropen s ã o n a tu ra l o leva a s u bor d in a r tu do a o pon to devis ta don de m a is a p rofu n dou os s eu s con h ecim en tos : om a t em á t ico n ã o vê p r ova s en ã o n u m a d em on s t r a çã oalgébrica , o qu ím ico refer e tu do à a çã o dos elem en tos , etc.Aqu ele qu e s e fez es pecia lis ta p ren de toda s a s s u a s idéia s àes pecia lida de qu e a dotou . Tira i-o da í e o vereis qu a s e s em -p r e d es a r r a zoa r, p or qu er er s u b m et er t u d o a o m es m oca d in h o: con s eqü ên cia da fra qu eza h u m a n a . As s im , pois ,con s u lta rei, do m elh or gra do e com a m a ior con fia n ça , u mqu ím ico s obre u m a qu es tã o de a n á lis e, u m fís ico s obr e apotên cia elétr ica , u m m ecâ n ico sobre u m a força m otr iz. Hã ode eles , porém , per m it ir -m e, s em qu e is to a fete a es t im a aqu e lh es dá d ireito o s eu s a ber es pecia l, qu e eu n ã o ten h aem m elh or con ta s u a s op in iões n ega t iva s a cerca do Es p i-r it is m o, d o qu e o p a r ecer d e u m a r qu it eto s ob r e u m aqu es tã o de m ú s ica .

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As ciên cia s ord in á r ia s a s s en ta m n a s p r opr ieda des dam a tér ia , qu e s e pode exper im en ta r e m a n ipu la r livr em en te;os fen ôm en os es p ír ita s repou s a m n a a çã o de in teligên cia sdota da s de von ta de p rópr ia e qu e n os p r ova m a ca da in s -ta n te n ã o s e a ch a rem s u bor d in a da s a os n os s os ca p r ich os .As obs erva ções n ã o podem , por ta n to, s er feita s da m es m afor m a ; r equ er em con d ições es pecia is e ou tro pon to de pa r -t ida . Qu er er s u bm etê-la s a os p roces s os com u n s de in ves t i-ga çã o é es ta belecer a n a logia s qu e n ã o exis tem . A Ciên cia ,propria m en te d ita , é, pois , com o ciên cia , in com peten te pa ras e p r on u n cia r n a qu es tã o do Es p ir it is m o: n ã o tem qu e s eocu pa r com is s o e qu a lqu er qu e s eja o s eu ju lga m en to, fa -vorá vel ou n ã o, n en h u m pes o poderá ter. O Es p ir it is m o é or es u lta do de u m a con vicçã o pes s oa l, qu e os s á b ios , com oin d ivídu os , podem a dqu ir ir, a bs t ra çã o feita da qu a lida dede s á b ios . Preten der defer ir a qu es tã o à Ciên cia equ iva ler iaa qu er er qu e a exis tên cia ou n ã o da a lm a fos s e decid ida poru m a a s s em bléia de fís icos ou de a s t rôn om os . Com efeito, oEs p ir it is m o es tá todo n a exis tên cia da a lm a e n o s eu es ta -do depois da m orte. Ora , é s obera n a m en te ilógico im a gi-n a r -s e qu e u m h om em deva s er gra n de ps icologis ta , por -q u e é e m in e n t e m a t e m á t ic o ou n o t á ve l a n a t om is t a .Dis s eca n do o corpo h u m a n o, o a n a tom is ta p r ocu ra a a lm ae, porqu e n ã o a en con tra , deba ixo do s eu es ca lpelo, com oen con tra u m n ervo, ou por qu e n ã o a vê evola r -s e com o u mgá s , con clu i qu e ela n ã o exis te, coloca do n u m pon to devis ta exclu s iva m en te m a ter ia l. Segu e-s e qu e ten h a ra zã ocon tra a op in iã o u n ivers a l? Nã o. Vedes , por ta n to, qu e oEs p ir it is m o n ã o é da a lça da da Ciên cia .

Qu a n do a s cren ça s es p ír ita s s e h ou verem vu lga r iza do,qu a n do es t iver em a ceita s pela s m a s s a s h u m a n a s (e, a ju l-

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ga r pela ra p idez com qu e s e p ropa ga m , es s e tem po n ã o vemlon ge), com ela s s e da rá o qu e tem a con tecido a toda s a sidéia s n ova s qu e h ã o en con tra do opos içã o: os s á b ios s eren derã o à evidên cia . Lá ch ega rã o, in d ividu a lm en te, pelaforça da s cois a s . Até en tã o s erá in tem pes t ivo des viá -los des eu s t ra ba lh os es pecia is , pa ra ob r igá -los a s e ocu pa remcom u m a s s u n to es t ra n h o, qu e n ã o lh es es tá n em n a s a t r i-bu ições , n em n o p rogra m a . En qu a n to is s o n ã o s e ver ifica ,os qu e, s em es tu do p révio e a p rofu n da do da m a tér ia , s ep ron u n cia m pela n ega t iva e es ca r n ecem de qu em n ã o lh ess u bs cr eve o con ceito, es qu ecem qu e o m es m o s e deu coma m a ior pa r te da s gra n des des cober ta s qu e fa zem h on ra àHu m a n id a d e. E xp õem -s e a ver s eu s n om es a lon ga n d oa lis ta dos ilu s tres proscritores da s idéia s n ova s e in scritos ap a r d os m em b r os d a d ou ta a s s em b léia qu e, em 1 7 5 2 ,a colh eu com retu m ba n te ga rga lh a da a m em ória de Fra n klins obre os pá ra -ra ios , ju lga n do-a in d ign a de figu ra r en tre a scom u n ica ções qu e lh e era m d ir igida s ; e dos da qu ela ou traqu e oca s ion ou perder a Fra n ça a s va n ta gen s da in icia t ivada m a r in h a a va por, decla ra n do o s is tem a de Fu lton u mson h o irrea lizá vel. En tr eta n to, es sa s era m qu es tões da a lça -da da qu ela s corpora ções . Ora , s e ta is a s sem bléia s , qu e con -ta va m em seu seio a n a ta dos s á bios do m u n do, só tiverama zom baria e o sa rcasm o para idéias qu e elas n ão percebiam ,idéias qu e, a lgu n s an os m ais ta rde, revolu cion aram a ciên cia ,os cos tu m es e a in dú s tria , com o espera r qu e u m a qu es tão,a lh eia aos traba lh os qu e lh es são h abitu a is , a lcan ce h oje dassu a s con gên eres m elh or a colh im en to?

Es s es er ros de a lgu n s h om en s em in en tes , s e bem qu edep lorá veis , a ten ta a m em ória deles , de n en h u m m odo po-deriam privá -los dos títu los qu e a ou tros respeitos con qu is ta -

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ra m à n os s a es t im a ; m a s , s erá p recis a a pos s e de u m d ip lo-m a oficia l pa ra s e ter bom -s en s o? Da r -s e-á qu e fora da scá ted ra s a ca dêm ica s s ó s e en con tr em tolos e im becis ? Dig-n em -s e de la n ça r os olh os pa ra os a dep tos da Dou tr in aEspírita e d igam se só com ign oran tes depa ram e se a im en salegiã o de h om en s de m ér ito qu e a têm a bra ça do a u tor izas eja ela a t ira da a o r ol da s cren d ices de s im plór ios . O ca rá -ter e o s a ber des s es h om en s dã o pes o a es ta p r opos içã o:pois qu e eles a fir m a m , forços o é r econ h ecer qu e a lgu m acois a h á .

Repet im os m a is u m a vez qu e, s e os fa tos a qu e a lu d i-m os s e h ou ves s em r edu zido a o m ovim en to m ecâ n ico doscorpos , a in da ga çã o da ca u s a fís ica des s e fen ôm en o ca be-r ia n o dom ín io da Ciên cia ; porém , des de qu e s e t ra ta deu m a m a n ifes ta çã o qu e s e p r odu z com exclu s ã o da s leis daHu m a n ida de, ela esca pa à com petên cia da ciên cia m a ter ia l,vis to n ã o poder exp lica r -s e por a lga r is m os , n em por u m aforça m ecân ica . Qu an do su rge u m fa to n ovo, qu e n ão gu a rdar e la çã o com a lgu m a c iên cia con h ecid a , o s á b io, p a r aes tu d á -lo, t em qu e a b s t ra ir d a s u a ciên cia e d izer a s im es m o qu e o qu e s e lh e ofer ece con s t itu i u m es tu do n ovo,im pos s ível de s er feito com idéia s p r econ ceb ida s .

O h om em qu e ju lga in fa lível a s u a ra zã o es tá bem per -to do er ro. Mes m o a qu eles , cu ja s idéia s s ã o a s m a is fa ls a s ,s e a póia m n a s u a p rópr ia ra zã o e é por is s o qu e r ejeita mtu do o qu e lh es pa r ece im pos s ível. Os qu e ou tr ora repeli-ra m a s a dm irá veis des cober ta s de qu e a Hu m a n ida de s eh on ra , todos en der eça va m s eu s a pelos a es s e ju iz, pa ra re-peli-la s . O qu e s e ch a m a ra zã o n ã o é m u ita s vezes s en ã oorgu lh o d is fa rça do e qu em qu er qu e s e con s ider e in fa lível

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a pres en ta -s e com o igu a l a Deu s . Dir igim o-n os , pois , a ospon dera dos , qu e du vida m do qu e n ã o vira m , m a s qu e, ju l-ga n do do fu tu ro pelo pa s s a do, n ã o crêem qu e o h om emh a ja ch ega do a o a pogeu , n em qu e a Na tu reza lh e ten h afa cu lta do ler a ú lt im a pá gin a do s eu livro.

VIII

Acr es cen tem os qu e o es tu do de u m a dou tr in a , qu a l aDou tr in a Es p ír ita , qu e n os la n ça de s ú b ito n u m a ordem decois a s tã o n ova qu ã o gra n de, s ó pode s er feito com u t ilida -de por h om en s s ér ios , pers evera n tes , livr es de p reven ções ea n im a dos de fir m e e s in cera von ta de de ch ega r a u m r es u l-ta do. Nã o s a bem os com o da r es s es qu a lifica t ivos a os qu eju lga m a priori, levia n a m en te, s em tu do ter vis to; qu e n ã oim prim em a s eu s es tu dos a con t in u ida de, a regu la r ida de eo recolh im en to in d is pen s á veis . Ain da m en os s a ber ía m osdá -los a a lgu n s qu e, pa ra n ã o deca írem da repu ta çã o deh om en s de esp ír ito, s e a fa d iga m por a ch a r u m la do bu rlescon a s cois a s m a is verda deira s , ou t ida s com o ta is por pes -s oa s cu jo s a ber, ca rá ter e con vicções lh es dã o d ireito à con -s idera çã o de qu em qu er qu e s e p reze de bem -edu ca do. Abs -ten h a m -s e, por ta n to, os qu e en ten dem n ã o s erem d ign osde s u a a ten çã o os fa tos . Nin gu ém pen s a em lh es violen ta ra cren ça ; con cor dem , pois , em res peita r a dos ou tr os .

O qu e ca ra cter iza u m es tu do s ér io é a con t in u ida dequ e s e lh e dá . Será de a dm ira r qu e m u ita s vezes n ã o s eob ten h a n en h u m a res pos ta s en s a ta a qu es tões de s i m es -m a s gra ves , qu a n do p ropos ta s a o a ca s o e à qu eim a -rou pa ,em m eio de u m a a lu viã o de ou tra s extra va ga n tes ? Dem a is ,s u cede freqü en tem en te qu e, por com plexa , u m a qu es tã o,

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pa ra s er elu cida da , exige a s olu çã o de ou tra s p relim in a r esou com plem en ta r es . Qu em des eje tor n a r -s e vers a do n u m aciên cia tem qu e a es tu da r m etod ica m en te, com eça n do pelopr in cíp io e a com pa n h a n do o en ca dea m en to e o des en volvi-m en to da s idéia s . Qu e a d ia n ta rá à qu ele qu e, a o a ca s o, d ir i-gir a u m s á b io pergu n ta s a cer ca de u m a ciên cia cu ja s p r i-m eira s pa la vra s ign ore? Poderá o p rópr io s á b io, por m a iorqu e s eja a s u a boa von ta de, da r -lh e res pos ta s a t is fa tór ia ?A res pos ta is ola da , qu e der, s erá forços a m en te in com pletae qu a s e s em pre, por is s o m es m o, in in teligível, ou pa r eceráa bs u r da e con tra d itór ia . O m es m o ocorre em n os s a s rela -ções com os Es p ír itos . Qu em qu is er com eles in s t ru ir -s etem qu e com eles fa zer u m cu rs o; m a s , exa ta m en te com os e p r ocede en tre n ós , deverá es colh er s eu s p rofes s or es et ra ba lh a r com a s s idu ida de.

Dis s em os qu e os Es p ír itos s u per iores s om en te à s s es -s ões s ér ia s a corr em , s obretu do à s em qu e rein a per feitacom u n h ã o de pen s a m en tos e de s en t im en tos pa ra o bem . Alevia n da de e a s qu es tões ocios a s os a fa s ta m , com o, en tr eos h om en s , a fa s ta m a s pes s oa s cr iter ios a s ; o ca m po fica ,en tã o, livre à tu rba dos Esp ír itos m en tirosos e fr ívolos , s em -pr e à es p reita de oca s iões p rop ícia s pa ra zom ba r em de n óse s e d iver t irem à n os s a cu s ta . Qu e é o qu e s e da rá com u m aqu es tã o gra ve em r eu n iões de ta l ordem ? Será r es pon d ida ;m a s , por qu em ? Acon tece com o s e a u m ba n do de levia n os ,qu e es teja m a d iver t ir -s e, p r opu s és s eis es ta s qu es tões : Qu eé a a lm a ? Qu e é a m or te? e ou t ra s t ã o r ecr ea t iva s qu a n toes s a s . Se qu er eis r es p os ta s s is u d a s , h a veis d e com porta r --vos com toda a s is u deza , n a m a is a m pla a cepçã o do ter -m o, e de p r een ch er toda s a s con d ições r ecla m a da s . Só a s -s im ob ter eis gra n des cois a s . Sede, a lém do m a is , la bor ios os

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e pers evera n tes n os vos s os es tu dos , s em o qu e os Es p ír itoss u per iores vos a ba n don a rã o, com o fa z u m pr ofes s or comos d is cípu los n egligen tes .

IX

O m ovim en to dos ob jetos é u m fa to in con tes tá vel. Aqu es tã o es tá em s a ber s e, n es s e m ovim en to, h á ou n ã o u m am a n ifes ta çã o in teligen te e, em ca s o de a fir m a t iva , qu a l aor igem des s a m a n ifes ta çã o.

Nã o fa la m os do m ovim en to in teligen te de cer tos ob je-tos , n em da s com u n ica ções verba is , n em da s qu e o m é-d iu m es creve d ir eta m en te. Es te gên er o de m a n ifes ta ções ,eviden te pa ra os qu e vira m e a p rofu n da ra m o a s s u n to, n ã os e m os tra , à p r im eira vis ta , ba s ta n te in depen den te da von -ta de, pa ra fir m a r a con vicçã o de u m obs erva dor n ova to.Nã o t ra ta r em os , por ta n to, s en ã o da es cr ita ob t ida com oa u xílio de u m ob jeto qu a lqu er m u n ido de u m lá p is , com oces ta , p ra n ch eta , etc. A m a n eira pela qu a l os dedos dom édiu m repou sa m sobre os ob jetos desa fia , com o a trá s d is -s em os , a m a is con s u m a da des t reza de s u a pa r te n o in ter -vir, de qu a lqu er m odo, em o t ra ça r da s let ra s . Ma s , a dm ita -m os qu e a a lgu ém , dota do de m a ra vilh os a h a b ilida de, s ejais s o pos s ível e qu e es s e a lgu ém con s iga ilu d ir o olh a r doobs erva dor ; com o exp lica r a n a tu reza da s r es pos ta s , qu a n -do s e a p res en ta m fora do qu a dro da s idéia s e con h ecim en -tos do m éd iu m ? E n ote-s e qu e n ã o s e t ra ta de res pos ta sm on os s ilá b ica s , porém , m u ita s vezes , de n u m eros a s pá gi-n a s es cr ita s com a dm irá vel ra p idez, qu er es pon ta n ea m en -te, qu er s obre deter m in a do a s s u n to. De s ob os dedos dom édiu m m en os vers a do em litera tu ra , s u rgem de qu a n do

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em qu a n do poes ia s de im pecá veis s u b lim ida de e pu r eza ,qu e os m elh ores poeta s h u m a n os n ã o s e ded ign a r ia m des u bs cr ever. O qu e a in da tor n a m a is es t ra n h os es s es fa tos équ e ocorr em por toda pa r te e qu e os m éd iu n s s e m u lt ip li-ca m a o in fin ito. Sã o eles r ea is ou n ã o? Pa ra es ta pergu n tas ó tem os u m a res pos ta : vede e obs erva i; n ã o vos fa lta rã ooca s iões de fa zê-lo; m a s , s obr etu do, obs erva i r epet ida m en -te, por lon go tem po e de a cor do com a s con d ições exigida s .

Qu e res pon dem a es s a evidên cia os a n ta gon is ta s ? —Sois vít im a s do ch a r la ta n is m o ou jogu ete de u m a ilu s ã o.Dir em os , p r im eira m en te, qu e a pa la vra charla tan ism o n ã oca be on de n ã o h á p r oveito. Os ch a r la tã es n ã o fa zem grá t iso s eu ofício. Ser ia , qu a n do m u ito, u m a m is t ifica çã o. Ma s ,por qu e s in gu la r coin cidên cia es s es m is t ifica dor es s e a ch a -r ia m a cordes , de u m extr em o a ou tro do m u n do, pa ra p ro-ceder do m es m o m odo, p rodu zir os m es m os efeitos e da r,s obr e os m es m os a s s u n tos e em lín gu a s d ivers a s , res pos -ta s idên t ica s , s en ã o qu a n to à for m a , pelo m en os qu a n to a os en tido? Com o com pr een der -s e qu e pes soa s a u s tera s , h on -ra da s , in s t ru ída s s e p res ta s s em a ta is m a n ejos ? E com qu efim ? Com o a ch a r em cr ia n ça s a pa ciên cia e a h a b ilida den eces s á r ia s a ta is r es u lta dos ? Porqu e, s e os m éd iu n s n ã os ã o in s t ru m en tos pa s s ivos , in d is pen s á veis s e lh es fa zemh a b ilid a d e e con h ecim en tos in com p a t íveis com a id a d ein fa n t il e com cer ta s pos ições s ocia is .

Dizem en tã o qu e, s e n ã o h á fra u de, pode h a ver ilu s ã ode a m bos os la dos . Em boa lógica , a qu a lida de da s tes te-m u n h a s é de a lgu m a im por tâ n cia . Ora , é a qu i o ca s o depergu n ta r m os s e a Dou tr in a Es p ír ita , qu e já con ta m ilh õesde a dep tos , s ó os r ecru ta en tr e os ign ora n tes ? Os fen ôm e-n os em qu e ela s e ba s eia s ã o tã o extra ord in á r ios qu e con -

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cebem os a exis tên cia da dú vida . O qu e, porém , n ã o pode-m os a dm it ir é a p reten s ã o de a lgu n s in crédu los , a de teremo m on opólio do bom -s en s o e qu e, s em gu a rda r em a s con -ven iên cia s e res peita rem o va lor m ora l de s eu s a dvers á r ios ,ta ch em , com des p la n te, de in ep tos os qu e lh es n ã o s egu emo pa recer. Aos olh os de qu a lqu er pes s oa ju d icios a , a op i-n iã o da s qu e, es cla recida s , obs erva ra m du ra n te m u ito tem -po, es tu da ra m e m ed ita ra m u m a cois a , con s t itu irá s em pre,qu a n do n ã o u m a p rova , u m a p r es u n çã o, n o m ín im o, a s eufa vor, vis to ter logra do p r en der a a ten çã o de h om en s res -peitáveis , qu e n ão tin h am in teresse a lgu m em propagar errosn em tem po a perder com fu t ilida des .

X

En tre a s ob jeções , a lgu m a s h á da s m a is es pecios a s ,a o m en os n a a pa rên cia , porqu e t ira da s da obs erva çã o efeita s por pes s oa s res peitá veis .

A u m a dela s s erve de ba s e a lin gu a gem de cer tos Es p í-r itos , qu e n ã o pa rece d ign a da eleva çã o a t r ibu ída a s eress obren a tu ra is . Qu em s e r epor ta r a o res u m o da dou tr in aa cim a a p res en ta do, verá qu e os p rópr ios Es p ír itos n os en -s in a m n ã o h a ver en tr e eles igu a lda de de con h ecim en tosn em de qu a lida des m ora is , e qu e n ã o s e deve tom a r a o péda let ra tu do qu a n to d izem . Às pes s oa s s en s a ta s in cu m bes epa ra r o bom do m a u . In du b ita velm en te, os qu e des s e fa todedu zem qu e s ó s e com u n ica m con os co s er es m a lfa zejos ,cu ja ú n ica ocu pa çã o con s is ta em n os m is t ifica r, n ã o co-n h ecem as com u n icações qu e se recebem n as reu n iões on des ó s e m a n ifes ta m Es p ír itos s u per iores ; do con trá r io, a s s imn ã o pen s a r ia m . É de la m en ta r qu e o a ca s o os ten h a s ervido

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tã o m a l, qu e a pen a s lh es h a ja m os tra do o la do m a u dom u n do es p ír ita , pois n os r epu gn a s u por qu e u m a ten dên -cia s im pá t ica a t ra ia pa ra eles , em vez dos bon s Es p ír itos ,os m a u s , os m en t iros os , ou a qu eles cu ja lin gu a gem é derevolta n te gros seria . Poder -se-ia , qu a n do m u ito, dedu zir da íqu e a s olidez dos p r in cíp ios des s a s pes s oa s n ã o é ba s ta n tefor te pa ra p res ervá -la s do m a l e qu e; a ch a n do cer to p ra zerem lh es s a t is fa zerem a cu r ios ida de, os m a u s Es p ír itos d is -so se aproveitam pa ra se aproxim ar dela s , en qu an to os bon ss e a fa s ta m .

J u lga r a qu es tã o dos Es p ír itos por es s es fa tos s er iatã o pou co lógico, qu a n to ju lga r do ca rá ter de u m povo peloqu e s e d iz e fa z n u m a reu n iã o de des a t in a dos ou de gen tede m á n ota , com os qu a is n ã o en tr etêm rela ções a s pes s oa scir cu n s pecta s n em a s s en s a ta s . Os qu e a s s im ju lga m s ecoloca m n a s itu a çã o do es t ra n geir o qu e, ch ega n do a u m agra n de ca p ita l pelo m a is a b jeto dos s eu s a r ra ba ldes , ju l-ga s s e de todos os h a b ita n tes pelos cos tu m es e lin gu a gemdes s e ba ir ro ín fim o. No m u n do dos Es p ír itos ta m bém h áu m a s ocieda de boa e u m a s ocieda de m á ; d ign em -s e, os qu eda qu ele m odo s e p r on u n cia m , de es tu da r o qu e s e pa s s aen tr e os Es p ír itos de es col e s e con ven cerã o de qu e a cida deceles te n ã o con tém a pen a s a es cór ia popu la r.

Pergu n ta m eles : os Es p ír itos de es col des cem a té n ós ?Res pon derem os : Nã o fiqu eis n o s u bú rb io; vede, obs erva i eju lga r eis ; os fa tos a í es tã o pa ra todo o m u n do. A m en os qu elh es s eja m a p licá veis es ta s pa la vra s de J es u s : Têm olhos enão vêem ; têm ouvid os e não ouvem .

Com o va r ia n te des s a op in iã o, tem os a dos qu e n ã ovêem , n a s com u n ica ções esp ír ita s e em todos os fa tos m a te-

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r ia is a qu e ela s dã o lu ga r, m a is do qu e a in terven çã o deu m a potên cia d ia bólica , n ovo Proteu qu e r eves t ir ia toda sa s for m a s , pa ra m elh or n os en ga n a r. Nã o a ju lga m os s u s -cet ível de exa m e s ér io, por is s o n ã o n os dem ora m os emcon s iderá -la . Aliá s , ela es tá refu ta da pelo qu e a ca ba m os ded izer. Acr es cen ta r em os , tã o-s om en te, qu e, s e a s s im fos s e,forços o s er ia con vir em qu e o d ia bo é à s vezes ba s ta n tecr iter ios o e pon dera do, s obretu do m u ito m ora l; ou , en tã o,em qu e ta m bém h á bon s d ia bos .

Efet iva m en te, com o a cred ita r qu e Deu s s ó a o Es p ír itodo m a l per m ita qu e s e m a n ifes te, pa ra perder -n os , s em n osda r por con tra pes o os con s elh os dos bon s Es p ír itos ? Se elen ã o o pode fa zer, n ã o é on ipoten te; s e pode e n ã o o fa z,desm en te a su a bon da de. Am bas a s su pos ições seriam bla s -fem a s . Note-s e qu e a dm it ir a com u n ica çã o dos m a u s Es p í-r itos é r econ h ecer o p r in cíp io da s m a n ifes ta ções . Ora , s eela s s e dã o, n ã o pode deixa r de s er com a per m is s ã o deDeu s . Com o, en tã o, s e h á de a cred ita r, s em im pieda de, qu eEle s ó per m ita o m a l, com exclu s ã o do bem ? Sem elh a n tedou tr in a é con trá r ia à s m a is s im ples n oções do bom -s en s oe da Religiã o.

XI

Es qu is ito é, a cr es cen ta m , qu e s ó s e fa le dos Es p ír itosde pers on a gen s con h ecida s e pergu n ta m por qu e s ã o elesos ú n icos a s e m a n ifes ta rem . Há a in da a qu i u m erro, or iu n -do, com o ta n tos ou tr os , de s u per ficia l obs erva çã o. Den treos Espír itos qu e vêm espon ta n ea m en te, m u ito m a ior é, pa ran ós , o n ú m er o dos des con h ecidos do qu e o dos ilu s t res ,

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des ign a n do-s e a qu eles por u m n om e qu a lqu er, m u ita s ve-zes por u m n om e a legór ico ou ca ra cter ís t ico. Qu a n to a osqu e s e evoca m , des de qu e n ã o s e t ra te de pa r en te ou a m i-go, é m u ito n a tu ra l n os d ir ija m os a os qu e con h ecem os , depr eferên cia a ch a m a r pelos qu e n os s ã o des con h ecidos . On om e da s pers on a gen s ilu s t r es a t ra i m a is a a ten çã o, poris s o é qu e s ã o n ota da s .

Ach a m ta m bém s in gu la r qu e os Espír itos dos h om en sem in en tes a cu da m fa m ilia r m en te a o n osso ch a m a do e s eocu pem , à s vezes , com coisa s in s ign ifica n tes , com pa ra da scom a s de qu e cogita va m du ra n te a vida . Na da a í h á de su r -p reen den te pa ra os qu e sa bem qu e a a u torida de, ou a con s i-dera çã o de qu e ta is h om en s goza ra m n es te m u n do, n en h u -m a su prem acia lh es dá n o m u n do espírita . Nis to, os Espíritoscon fir m a m es ta s pa la vra s do Eva n gelh o: “Os gra n des serã oreba ixados e os pequ en os serão elevados”, deven do es ta sen -t e n ç a e n t e n d e r - s e c om r e la ç ã o à c a t e gor ia e m q u eca da u m de n ós s e a ch a rá en tre eles . É a s s im qu e a qu elequ e foi p r im eir o n a Terra pode vir a s er lá u m dos ú lt im os .Aqu ele d ia n te de qu em cu rvá va m os a qu i a ca beça pode,por ta n to, vir fa la r -n os com o o m a is h u m ilde operá r io, poisqu e deixou , com a vida ter ren a , toda a s u a gra n deza , e om a is poderos o m on a r ca pode a ch a r -s e lá m u ito a ba ixo doú lt im o dos s eu s s olda dos .

XII

Um fa to dem on s tra do pela obs erva çã o e con fir m a dopelos p rópr ios Es p ír itos é o de qu e os Es p ír itos in fer ior esm u ita s vezes u s u rpa m n om es con h ecidos e r es peita dos .

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Qu em pode, pois , a fir m a r qu e os qu e d izem ter s ido, porexem plo, Sócra tes , J ú lio Cés a r, Ca r los Ma gn o, Fén elon ,Na poleã o, Wa s h in gton , etc., ten h a m r ea lm en te a n im a does s a s pers on a gen s ? Es ta dú vida exis te m es m o en tre a lgu n sa dep tos fervoros os da Dou tr in a Es p ír ita , os qu a is a dm itema in terven çã o e a m a n ifes ta çã o dos Es p ír itos , m a s in qu i-rem com o s e lh es pode com pr ova r a iden t ida de. Sem elh a n -te p rova é, de fa to, bem d ifícil de p rodu zir -s e. Con qu a n to,porém , n ã o o pos s a s er de m odo tã o a u tên t ico com o poru m a ce r t id ã o d e r egis t r o c ivil, p od e-o a o m en os p orp res u n çã o, s egu n do cer tos in d ícios .

Qu a n do s e m a n ifes ta o Es p ír ito de a lgu ém qu e con h e-cem os pes s oa lm en te, de u m pa ren te ou de u m a m igo, porexem plo, m or m en te s e h á pou co tem po qu e m orr eu , s u ce-de gera lm en te qu e su a lin gu agem se revela de per feito acordocom o ca rá ter qu e t in h a a os n os s os olh os , qu a n do vivo. J áis s o con s t itu i in d ício de iden t ida de.Nã o m a is , en treta n to,h á lu ga r pa ra dú vida s , des de qu e o Es p ír ito fa la de cois a spa r t icu la res , lem bra a con tecim en tos de fa m ília , s a b idosu n ica m en te do s eu in ter locu tor. Um filh o n ã o s e en ga n a rá ,decer to, com a lin gu a gem de s eu pa i ou de s u a m ã e, n empa is h a verá qu e s e equ ivoqu em qu a n to à de u m filh o. Nes tegên ero de evoca ções , pa s s a m -s e à s vezes cois a s ín t im a sverda deira m en te em polga n tes , de n a tu reza a con ven cer emo m a ior in crédu lo. O m a is obs t in a do cép t ico fica , n ã o ra ro,a ter ra do com a s in es pera da s revela ções qu e lh e s ã o feita s .

Ou t ra cir cu n s tâ n cia m u ito ca ra cter ís t ica a cod e ema poio da iden t ida de. Dis s em os qu e a ca ligra fia do m éd iu mm u da , em gera l, qu a n do ou tr o pa s s a a s er o Es p ír ito evoca -do e qu e a ca ligra fia é s em pre a m es m a qu a n do o m es m oEs p ír ito s e a p r es en ta . Tem -s e ver ifica do in ú m era s vezes ,

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s obr etu do s e s e t ra ta de pes s oa s m orta s recen tem en te, qu ea es cr ita den ota fla gra n te s em elh a n ça com a des s a pes s oaem vida . As s in a tu ra s s e h ã o ob t ido de exa t idã o per feita .Lon ge es ta m os , toda via , de qu er er a pon ta r es s e fa to com oregra e m en os a in da com o r egra con s ta n te. Men cion a m o-loa pen a s com o d ign o de n ota .

Só os Es p ír itos qu e a t in gira m cer to gra u de pu r ifica -çã o s e a ch a m liber tos de toda in flu ên cia corpora l. Qu a n doa in da n ã o es tã o com pleta m en te des m a ter ia liza dos (é a ex-p r es s ã o de qu e u s a m ) con s erva m a m a ior pa r te da s idéia s ,dos pen dor es e a té da s manias qu e t in h a m n a Terra , o qu eta m bém con s t itu i u m m eio de r econ h ecim en to, a o qu a ligu a lm en te s e ch ega por u m a im en s ida de de fa tos m in u -cios os , qu e s ó u m a obs erva çã o a cu ra da e det ida pode r eve-la r. Vêem -s e es cr itores a d is cu t ir s u a s p rópr ia s ob ra s oudou tr in a s , a a p rova r ou con den a r cer ta s pa r tes dela s ; ou -t r os a lem bra r cir cu n s tâ n cia s ign ora da s , ou qu a s e des co-n h ecida s de s u a s vida s ou de s u a s m ortes , toda s or te dep a r t icu la r id a d es , en fim , qu e s ã o, qu a n d o n a d a , p r ova sm ora is de iden t ida de, ú n ica s in vocá veis , t ra ta n do-s e decois a s a bs t ra ta s .

Ora , s e a iden t ida de de u m Es p ír ito evoca do pode, a técer to pon to, s er es ta belecida em a lgu n s ca s os , ra zã o n ã oh á pa ra qu e n ã o o s eja em ou tros ; e s e, com rela çã o a pes -s oa s , cu ja m orte da ta de m u ito tem po, n ã o s e têm os m es -m os m eios de ver ifica çã o, r es ta s em pre o da lin gu a gem e doca rá ter, por qu a n to, in qu es t ion a velm en te, o Es p ír ito de u mh om em de bem n ã o fa la rá com o o de u m pervers o ou deu m d eva s s o. Q u a n t o a os E s p ír it os qu e s e a p r op r ia mde n om es r es peitá veis , es s es s e t ra em logo pela lin gu a gem

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qu e em prega m e pela s m á xim a s qu e for m u la m . Um qu e s ed is s es s e Fén elon , por exem plo, e qu e, a in da qu a n do a pe-n a s a ciden ta lm en te ofen des s e o bom -s en s o e a m ora l, m os -t ra r ia , por es s e s im ples fa to, o em bu s te. Se, a o con trá r io,forem sem pre pu ros os pen sa m en tos qu e exprim a , s em con -t ra d ições e con s ta n tem en te à a ltu ra do ca rá ter de Fén elon ,n ã o h á m ot ivo pa ra qu e s e du vide da s u a iden t ida de. Deou tra for m a , h a vía m os de s u por qu e u m Es p ír ito qu e s óprega o bem é ca pa z de m en t ir con s cien tem en te e, a in dam a is , s em u t ilida de a lgu m a .

A exper iên cia n os en s in a qu e os Es p ír itos da m es m aca tegor ia , do m es m o ca rá ter e pos s u ídos dos m es m os s en -t im en tos for m a m gru pos e fa m ília s . Ora , in ca lcu lá vel é on ú m ero dos Es p ír itos e lon ge es ta m os de con h ecê-los a to-dos ; a m a ior pa r te deles n ã o têm m es m o n om es pa ra n ós .Na da , pois , im pede qu e u m Espír ito da ca tegoria de Fén elonven h a em s eu lu ga r, m u ita s vezes a té com o s eu m a n da tá -r io. Apres en ta -s e en tã o com o s eu n om e, porqu e lh e é idên -t ico e pode s u bs t itu í-lo e a in da porqu e p r ecis a m os de u mn om e pa ra fixa r a s n os s a s idéia s . Ma s , qu e im por ta , a fin a l,s eja u m Es p ír ito, r ea lm en te ou n ã o, o de Fén elon ? Des dequ e tu do o qu e ele d iz é bom e qu e fa la com o o ter ia feito op rópr io Fén elon , é u m bom Es p ír ito. In d iferen te é o n om epelo qu a l s e dá a con h ecer, n ã o pa s s a n do m u ita s vezes deu m m eio de qu e la n ça m ã o pa ra n os fixa r a s idéia s . O m es -m o, en tr eta n to, n ã o é a dm is s ível n a s evoca ções ín t im a s ;m a s , a í, com o d is s em os h á pou co, s e con s egu e es ta belecera iden t ida de por p rova s de cer to m odo pa ten tes .

In ega velm en te a s u bs t itu içã o dos Es p ír itos pode da rlu ga r a u m a porçã o de equ ívocos , oca s ion a r er ros e, a m iú -

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de, m is t ifica ções . Es s a é u m a da s d ificu lda des do Espiritis -m o prá tico. Nu n ca , porém , d is s em os qu e es ta ciên cia fos s efácil, n em qu e se pu desse apren dê-la brin can do, o qu e, a liá s ,n ã o é pos s ível, qu a lqu er qu e s eja a ciên cia . J a m a is ter em osrepet ido ba s ta n te qu e ela dem a n da es tu do a s s ídu o e porvezes m u ito p r olon ga do. Nã o s en do lícito p r ovoca r em -s e osfa tos , tem -s e qu e es pera r qu e eles s e a p r es en tem por s im es m os . Fr eqü en tem en te ocorr em por efeito de circu n s -tâ n cia s em qu e s e n ã o pen s a . Pa ra o obs erva dor a ten to epa cien te os fa tos a bu n da m , por is s o qu e ele des cobre m i-lh a r es de m a t izes ca ra cter ís t icos , qu e s ã o verda deiros ra iosde lu z. O m es m o s e dá com a s ciên cia s com u n s . Ao pa s s oqu e o h om em s u per ficia l n ã o vê n u m a flor m a is do qu eu m a for m a elega n te, o s á b io des cobre n ela tes ou r os pa ra open s a m en to.

XIII

As obs erva ções qu e a í fica m n os leva m a d izer a lgu m acois a a cerca de ou tra d ificu lda de, a da d ivergên cia qu e s en ota n a lin gu a gem dos Es p ír itos .

Difer in do es tes m u ito u n s dos ou tros , do pon to de vis -ta dos con h ecim en tos e da m ora lida de, é eviden te qu e u m aqu es tã o p od e s er p or eles r es olvid a em s en t id os op os tos ,con for m e a ca tegor ia qu e ocu p a m , exa ta m en te com o s u -ced er ia , en t r e os h om en s , s e a p r op u s es s em ora a u m s á -b io, ora a u m ign ora n te, ora a u m gra ceja d or d e m a u gos -to. O pon to es s en cia l, tem o-lo d ito, é s a ber m os a qu em n osd ir igim os .

Ma s , pon dera m , com o s e exp lica qu e os t idos por Es p í-r itos de or dem s u per ior n em s em pr e es teja m de a cordo?

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Direm os , em p r im eir o lu ga r, qu e, in depen den tem en te daca u s a qu e vim os de a s s in a la r, ou tra s h á de m olde a exer ce-rem cer ta in flu ên cia s obr e a n a tu reza da s r es pos ta s , a bs -t ra çã o feita da p rob ida de dos Es p ír itos . Es te é u m pon toca p ita l, cu ja exp lica çã o a lca n ça rem os pelo es tu do. Por is s oé qu e d izem os qu e es tes es tu dos requ erem a ten çã o dem o-ra da , obs erva çã o p rofu n da e, s ob r etu do, com o a liá s o exi-gem toda s a s ciên cia s h u m a n a s , con t in u ida de e pers eve-r a n ça . An os s ã o p r ec is os p a r a for m a r -s e u m m éd icom edíocr e e t rês qu a r ta s pa r tes da vida pa ra ch ega r -s e a s eru m s á b io. Com o p reten der -s e em a lgu m a s h ora s a dqu ir ir aCiên cia do In fin ito? Nin gu ém , pois , s e ilu da : o es tu do doEs p ir it is m o é im en s o; in teres s a a toda s a s qu es tões dam eta fís ica e da ordem s ocia l; é u m m u n do qu e s e a b r ed ia n te de n ós . Será de a dm ira r qu e o efetu á -lo dem a n detem po, m u ito tem po m es m o?

A con tra d içã o, dem a is , n em s em pre é tã o r ea l qu a n topos s a pa recer. Nã o vem os todos os d ia s h om en s qu e p r o-fes s a m a m es m a ciên cia d ivergirem n a defin içã o qu e dã ode u m a cois a , qu er em pr egu em term os d ifer en tes , qu er aen ca rem de pon tos de vis ta d ivers os , em bora s eja s em pr ea m es m a a idéia fu n da m en ta l? Con te qu em pu der a s defi-n ições qu e s e têm da do de gra m á tica ! Acres cen ta rem os qu ea form a da respos ta depen de m u ita s vezes da form a da qu es -tã o. Pu er il, por ta n to, s er ia a pon ta r con tra d içã o on de fre-qü en tem en te s ó h á d iferen ça d e p a la vra s . Os Es p ír itoss u per iores n ã o s e p r eocu pa m a bs olu ta m en te com a for m a .Pa ra eles , o fu n do do pen s a m en to é tu do.

Tom em os , por exem plo, a defin içã o de a lm a . Ca recen -do es te ter m o de u m a a cepçã o in va r iá vel, com preen de-s e

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qu e os Es p ír itos , com o n ós , d ivir ja m n a defin içã o qu e deladêem : u m poderá d izer qu e é o p r in cíp io da vida , ou tr o ch a -m a r -lh e cen telh a a n ím ica , u m terceir o a fir m a r qu e ela éin ter n a , qu e é exter n a , etc., ten do todos ra zã o, ca da u m dos eu pon to de vis ta . Poder -s e-á m es m o crer qu e a lgu n s de-les p rofes s em dou tr in a s m a ter ia lis ta s e, toda via , n ã o s era s s im . Ou tro ta n to a con tece r ela t iva m en te a Deus . Será : op r in cíp io de toda s a s cois a s , o cr ia dor do Un ivers o, a in teli-gên cia s u prem a , o in fin ito, o gra n de Es p ír ito, etc., etc. Emdefin it ivo, s erá s em pr e Deu s . Citem os , fin a lm en te, a cla s -s ifica çã o dos Espír itos . Eles for m a m u m a série in in terru pta ,des de o m a is ín fim o gra u a té o gra u s u per ior. A cla s s ifica -çã o é, pois , a rb it rá r ia . Um , gru pá -los -á em t rês cla s s es ,ou tro em cin co, dez ou vin te, à von ta de, s em qu e n en h u mes teja em err o. Toda s a s ciên cia s h u m a n a s n os ofer ecemidên t icos exem plos . Ca da s á b io tem o s eu s is tem a ; os s is te-m a s m u da m , a Ciên cia , porém , n ã o m u da . Apren da -s e abotâ n ica pelo s is tem a de Lin n eu , ou pelo de J u s s ieu , oupelo de Tou r n efor t , n em por is s o s e s a berá m en os botâ n i-ca . Deixem os , con s egu in tem en te, de em pr es ta r a cois a s depu ra con ven çã o m a is im por tâ n cia do qu e m er ecem , pa ras ó n os a ter m os a o qu e é verda deira m en te im por ta n te e,n ã o ra r o, a reflexã o fa rá s e des cu bra , n o qu e pa r eça d is pa -ra te, u m a s im ilitu de qu e es ca pa ra a u m pr im eir o exa m e.

XIV

Pa s s a r ía m os de lon ge pela ob jeçã o qu e fa zem a lgu n scép t icos , a p r opós ito da s fa lta s or tográ fica s qu e cer tos Es -p ír itos com etem , s e ela n ã o ofereces s e m a rgem a u m a ob-s erva çã o es s en cia l. A or togra fia deles , cu m pr e d izê-lo, n em

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sem pre é irreproch ável; m as , gran de escassez de razões seriam is ter pa ra s e fa zer d is s o ob jeto de cr ít ica s ér ia , d izen doqu e, vis to s a berem tu do, os Es p ír itos devem s a ber or togra -fia . Poder ía m os opor -lh es os m ú lt ip los peca dos des s e gê-n er o com et idos por m a is de u m s á b io da Terra , o qu e, en -t reta n to, em n a da lh es d im in u i o m ér ito. Há , porém , n ofa to, u m a qu es tã o m a is gra ve. Pa ra os Es p ír itos , p r in cipa l-m en te pa ra os Es p ír itos s u per ior es , a idéia é tu do, a form an a da va le. Livr es da m a tér ia , a lin gu a gem de qu e u s a men tre s i é rá p ida com o o pen s a m en to, por qu a n to s ã o ospróprios pen sam en tos qu e se com u n icam sem in term ediá rio.Mu ito pou co à von ta de h ã o de eles s e s en t irem , qu a n doobr iga dos , pa ra s e com u n ica rem con os co, a u t iliza rem -s eda s for m a s lon ga s e em ba ra ços a s da lin gu a gem h u m a n a ea lu ta rem com a in s u ficiên cia e a im per feiçã o des s a lin gu a -gem , pa ra expr im irem toda s a s idéia s . É o qu e eles p rópr iosdecla ra m . Por is s o m es m o, ba s ta n te cu r ios os s ã o os m eiosde qu e s e s ervem com freqü ên cia pa ra obvia r em a es s e in -con ven ien te. O m es m o s e da r ia con os co, s e h ou vés s em osde expr im ir -n os n u m id iom a de vocá bu los e fra s ea dos m a islon gos e de m a ior pobr eza de expres s ões do qu e o de qu eu s a m os . É o em ba ra ço qu e exper im en ta o h om em de gên io,pa ra qu em con s t itu i m ot ivo de im pa ciên cia a len t idã o das u a pen a s em pre m u ito a tra s a da n o lh e a com pa n h a r o pen -s a m en to. Com preen de-s e, d ia n te d is to, qu e os Es p ír itos li-gu em pou ca im por tâ n cia à pu er ilida de da or togra fia , m or -m en te qu a n do s e t ra ta de en s in o p r ofu n do e gra ve. J á n ã oé m a ra vilh os o qu e s e expr im a m in d iferen tem en te em toda sa s lín gu a s e qu e a s en ten da m toda s ? Nã o s e con clu a da í,toda via , qu e des con h eça m a corr eçã o con ven cion a l da lin -

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gu a gem . Obs erva m -n a , qu a n do n eces s á r io. As s im é, porexem plo, qu e a poes ia por eles d ita da des a fia r ia qu a s e s em -pr e a cr ít ica do m a is m et icu los o pu r is ta , a d es peito d a igno-rância d o m éd ium .

XV

Há ta m bém pes s oa s qu e vêem per igo por toda pa r te eem tu do o qu e n ã o con h ecem . Da í a p r es s a com qu e, dofa to de h a verem perd ido a ra zã o a lgu n s dos qu e s e en tr ega -ra m a es tes es tu dos , t ira m con clu s ões des fa vorá veis a oEs p ir it is m o. Com o é qu e h om en s s en s a tos en xerga m n is tou m a ob jeçã o va lios a ? Nã o s e dá o m es m o com toda s a sp r eocu pa ções de or dem in telectu a l qu e em polgu em u m cé-r eb ro fra co? Qu em s erá ca pa z de p r ecis a r qu a n tos lou cos em a n ía cos os es tu dos da m a tem á t ica , da m ed icin a , da m ú -s ica , da filos ofia e ou tr os têm pr odu zido? Dever -s e-ia , emcon s eqü ên cia , ba n ir es s es es tu dos ? Qu e p r ova is s o? Nostra ba lh os corpora is , es t r op ia m -s e os b ra ços e a s per n a s ,qu e s ã o os in s t ru m en tos da a çã o m a ter ia l; n os t ra ba lh osda in teligên cia , es t r op ia -s e o cér ebro, qu e é o do pen s a -m en to. Ma s , por s e h a ver qu ebra do o in s t ru m en to, n ã o s es egu e qu e o m es m o ten h a a con tecido a o Es p ír ito. Es te per -m a n ece in ta cto e, des de qu e s e liber te da m a tér ia , goza rá ,ta n to qu a n to qu a lqu er ou tr o, da p len itu de da s s u a s fa cu l-da des . No s eu gên er o, ele é, com o h om em , u m m á r t ir dotra ba lh o.

Toda s a s gra n des p reocu pa ções do es p ír ito podem oca -s ion a r a lou cu ra : a s ciên cia s , a s a r tes e a té a r eligiã o lh efor n ecem con t in gen tes . A lou cu ra tem com o ca u s a p r im á -

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ria u m a predispos ição orgân ica do cér ebro, qu e o tor n a m a isou m en os a ces s ível a cer ta s im pres s ões . Da da a p red is po-s içã o pa ra a lou cu ra , es ta tom a rá o ca rá ter de p reocu pa çã opr in cipa l, qu e en tã o s e m u da em idéia fixa , poden do ta n tos er a dos Es p ír itos , em qu em com eles s e ocu pou , com o ade Deu s , dos a n jos , do d ia bo, da for tu n a , do poder, de u m aa r te, de u m a ciên cia , da m a ter n ida de, de u m s is tem a polí-t ico ou s ocia l. Prova velm en te, o lou co religios o s e h ou verator n a d o u m lou co es p ír it a , s e o Es p ir it is m o fora a s u ap r eocu p a çã o d om in a n te, d o m es m o m od o qu e o lou coes p ír it a o s e r ia s ob ou t r a for m a , d e a cor d o com a scircu n s tâ n cia s .

Digo, pois , qu e o Es p ir it is m o n ã o tem p r ivilégio a lgu ma es s e res peito. Vou m a is lon ge: d igo qu e, bem com preen d i-do, ele é u m pres erva t ivo con tra a lou cu ra .

En tre a s ca u s a s m a is com u n s de s obr eexcita çã o cere-b ra l, devem con ta r -s e a s decepções , os in for tú n ios , a s a fei-ções con tra r ia da s , qu e, a o m es m o tem po, s ã o a s ca u s a sm a is freqü en tes de s u icíd io. Ora , o ver da deir o es p ír ita vêa s cois a s des te m u n do de u m pon to de vis ta tã o eleva do;ela s lh e pa recem tã o pequ en a s , tã o m es qu in h a s , a pa r dofu tu ro qu e o a gu a r da ; a vida s e lh e m os tra tã o cu r ta , tã ofu ga z, qu e, a os s eu s olh os , a s t r ibu la ções n ã o pa s s a m dein ciden tes des a gra dá veis , n o cu rs o de u m a via gem . O qu e,em ou tro, p rodu zir ia violen ta em oçã o, m ediocr em en te o a fe-ta . Dem a is , ele s a be qu e a s a m a rgu ra s da vida s ã o p rova sú teis a o s eu a d ia n ta m en to, s e a s s ofrer s em m u r m u ra r,por qu e s erá recom pen s a do n a m ed ida da cora gem com qu ea s h ou ver s u por ta do. Su a s con vicções lh e dã o, a s s im , u m ares ign a çã o qu e o p r es erva do des es pero e, por con s egu in te,

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de u m a ca u s a per m a n en te de lou cu ra e s u icíd io. Con h eceta m bém , pelo es petá cu lo qu e a s com u n ica ções com os Es -p ír itos lh e p ropor cion a m , qu a l a s or te dos qu e volu n ta r ia -m en te a b r evia m s eu s d ia s e es s e qu a dro é bem de m olde afa zê-lo r eflet ir, ta n to qu e a cifra m u ito con s iderá vel já a s -cen de o n ú m er o dos qu e fora m det idos em m eio des s e de-clive fu n es to. Es te é u m dos resu ltados do Espirit ism o. Riamqu a n to qu eira m os in crédu los . Des ejo-lh es a s con s ola çõesqu e ele p r od iga liza a todos os qu e s e h ã o da do a o t ra ba lh ode lh e s on da r a s m is ter ios a s p r ofu n deza s .

Cu m pre ta m bém coloca r en tr e a s ca u s a s da lou cu ra opa vor, s en do qu e o do d ia bo já des equ ilib rou m a is de u mcérebr o. Qu a n ta s vít im a s n ã o têm feito os qu e a ba la m im a -gin a ções fra ca s com es s e qu a dro, qu e ca da vez m a is pa vo-ros o s e es força m por tor n a r, m ed ia n te h orr íveis por m en o-r es ? O d ia bo, d izem , s ó m ete m edo a cr ia n ça s , é u m fr eiopa ra fa zê-la s a ju izadas . Sim , é, do m esm o m odo qu e o papãoe o lob is om em . Qu a n do, porém , ela s deixa m de ter m edo,es tã o p ior es do qu e da n tes . E , pa ra a lca n ça r -s e tã o belores u lta do, n ã o s e leva m em con ta a s in ú m era s ep ileps ia sca u s a da s pelo a ba lo de cér eb ros delica dos . Bem frá gil s er iaa r eligiã o s e, por n ã o in fu n dir terror, su a força pu des se fica rcom prom etida . Felizm en te, a s s im n ã o é. De ou tros m eiosdispõe ela pa ra a tu a r sobr e a s a lm a s . Ma is efica zes e m a issérios s ã o os qu e o Espir it ism o lh e fa cu lta , desde qu e ela ossa iba u tiliza r. Ele m os tra a rea lida de da s coisa s e só comis so n eu tra liza os fu n es tos efeitos de u m tem or exa gera do.

XVI

Res ta -n os a in da exam in a r du as objeções , ú n icas qu erea lm en te m erecem es te n om e, porqu e se baseiam em teorias

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racion a is . Am bas adm item a rea lidade de todos os fen ôm en osm ateria is e m ora is , m as exclu em a in terven ção dos Espíritos .

Segu n do a p r im eira des s a s teor ia s , toda s a s m a n ifes -ta ções a tr ibu ída s a os Esp ír itos n ã o s er ia m m a is do qu e efei-tos m a gn ét icos . Os m édiu n s s e a ch a r ia m n u m es ta do a qu es e poder ia ch a m a r s on a m bu lis m o des per to, fen ôm en o dequ e podem da r tes tem u n h o todos os qu e h ã o es tu da do om a gn et is m o. Nes s e es ta do, a s fa cu lda des in telectu a is a d -qu irem u m des en volvim en to a n or m a l; o círcu lo da s opera -ções in tu it iva s s e a m plia pa ra a lém da s ra ia s da n os s a con -cep çã o or d in á r ia . As s im s en d o, o m éd iu m t ir a r ia d e s im es m o e por efeito da s u a lu cidez tu do o qu e d iz e toda s a sn oções qu e t ra n s m ite, m es m o s obre os a s s u n tos qu e m a ises t ra n h os lh e s eja m , qu a n do n o es ta do h a b itu a l.

Nã o s er em os n ós qu em con tes te o poder do s on a m bu -lis m o, cu jos p rod ígios obs erva m os , es tu da n do-lh e toda s a sfa s es du ra n te m a is de t r in ta e cin co a n os . Con cor da m osem qu e, efet iva m en te, m u ita s m a n ifes ta ções es p ír ita s s ã oexp licá veis por es s e m eio. Con tu do, u m a obs erva çã o cu i-da dos a e p r olon ga da m os tra gra n de cóp ia de fa tos em qu ea in terven çã o do m édiu m , a n ã o s er com o in s tru m en to pa s -s ivo, é m a ter ia lm en te im pos s ível. Aos qu e pa r t ilh a m des s aop in iã o, com o a os ou tros , d irem os : “Vede e obs erva i, por -qu e cer ta m en te a in da n ã o vis tes tu do.” Opor -lh es -em os ,em s egu ida , du a s con s idera ções t ira da s da p rópr ia dou tr i-n a deles . Don de veio a teor ia es p ír ita ? É u m s is tem a im a gi-n a do por a lgu n s h om en s pa ra exp lica r os fa tos ? De m odoa lgu m . Qu em en tã o a revelou ? Precis a m en te es s es m es -m os m éd iu n s cu ja lu cidez exa lta is . Ora , s e es s a lu cidez éta l com o a s u pon des , por qu e ter ia m eles a t r ibu ído a os Es -p ír itos o qu e em s i m es m os h a u r ia m ? Com o ter ia m da do,

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s obr e a n a tu reza des s a s in teligên cia s extra -h u m a n a s , a sin for m a ções p r ecis a s , lógica s e tã o s u b lim es , qu e con h ece-m os ? Um a de du a s : ou eles s ã o lú cidos , ou n ã o o s ã o. Se os ã o e s e s e pode con fia r n a s u a vera cida de, n ã o h a ver iam eio de a dm it ir -s e, s em con tra d içã o, qu e n ã o es teja m coma ver d a d e. E m s egu n d o lu ga r, s e t od os os fen ôm en ospr om a n a s s em do m éd iu m , s er ia m s em pre idên t icos n u mdeter m in ado in divídu o; jam a is se veria a m esm a pessoa u sa rde u m a lin gu a gem d is pa ra ta da , n em expr im ir a lter n a t iva -m en te a s cois a s m a is con tra d itór ia s . Es ta fa lta de u n ida den a s m a n ifes ta ções ob t ida s pelo m es m o m éd iu m prova a d i-vers ida de da s fon tes . Ora , des de qu e n ã o a s podem os en -con tra r toda s n ele, forços o é qu e a s p rocu rem os fora dele.

Segu n do ou tra opin ião, o m édiu m é a ú n ica fon te produ -tora de todas as m an ifes tações ; m as , em vez de extra í-la sde s i m es m o, com o o p r eten dem os pa r t idá r ios da teor ias on a m bú lica , ele a s tom a a o m eio a m bien te. O m éd iu ms erá en tã o u m a es pécie de es pelh o a r eflet ir toda s a s idéia s ,todos os pen s a m en tos e todos os con h ecim en tos da s pes -s oa s qu e o cer ca m ; n a da d ir ia qu e n ã o fos s e con h ecido,pelo m en os , de a lgu m a s des ta s . Nã o é lícito n ega r -s e, e is s ocon s t itu i m es m o u m pr in cíp io da dou tr in a , a in flu ên cia qu eos a s s is ten tes exer cem sobre a n a tu reza da s m a n ifes ta ções .Es ta in flu ên cia , n o en ta n to, d ifer e m u ito da qu e s u põemexis t ir, e, dela à qu e fa r ia do m éd iu m u m eco dos pen s a -m en tos da qu eles qu e o r odeia m , va i gra n de d is tâ n cia , por -qu a n to m ilh a res de fa tos dem on s tra m o con trá r io. Há , pois ,n es s a m a n eira de pen s a r, gra ve er ro, qu e u m a vez m a isp r ova o per igo da s con clu s ões p r em a tu ra s . Sen do-lh es im -pos s ível n ega r a r ea lida de de u m fen ôm en o qu e a ciên ciavu lga r n ã o pode exp lica r e n ã o qu er en do a dm it ir a p res en -

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ça dos Es p ír itos , os qu e a s s im op in a m o exp lica m a s eum odo. Ser ia es pecios a a teor ia qu e s u s ten ta m , s e pu des s ea bra n ger todos os fa tos . Ta l, en tr eta n to, n ã o s e dá . Qu a n -do s e lh es dem on s tra , a té à evidên cia , qu e cer ta s com u n i-ca ções do m éd iu m s ã o com pleta m en te es t ra n h a s a os pen -s a m en tos , a os con h ecim en tos , à s op in iões m es m o de todosos a s s is ten tes , qu e es sa s com u n ica ções freqü en tem en te s ã oes pon tâ n ea s e con tra d izem toda s a s idéia s p recon ceb ida s ,a h ! eles n ã o s e em ba ra ça m com tã o pou ca cois a . Res pon -dem qu e a ir ra d ia çã o va i m u ito a lém do círcu lo im ed ia toqu e n os en volve; o m éd iu m é o reflexo de toda a Hu m a n ida -de, de ta l s or te qu e, s e a s in s p ira ções n ã o lh e vêm dos qu es e a ch a m a s eu la do, ele a s va i beber fora , n a cida de, n opa ís , em todo o globo e a té n a s ou tra s es fera s .

Nã o m e pa rece qu e em s em elh a n te teor ia s e en con tr eexp lica çã o m a is s im ples e m a is p rová vel qu e a do Es p ir it is -m o, vis to qu e ela s e ba s eia n u m a ca u s a bem m a is m a ra vi-lh os a . A idéia de qu e s eres qu e povoa m os es pa ços e qu e,em con ta cto con os co, n os com u n ica m s eu s pen s a m en tos ,n a da tem qu e ch oqu e m a is a ra zã o do qu e a s u pos içã odes s a ir ra d ia çã o u n ivers a l, vin do, de todos os pon tos doUn ivers o, con cen tra r -s e n o cér eb ro de u m in d ivídu o.

Ain da u m a vez, e es te é pon to ca p ita l s ob r e qu e n u n cain s is t ir em os ba s ta n te: a teor ia s on a m bú lica e a qu e s e po-deria ch am ar refletiva foram im agin adas por a lgu n s h om en s ;s ã o op in iões in d ividu a is , cr ia da s pa ra exp lica r u m fa to, a opa s s o qu e a Dou tr in a dos Es p ír itos n ã o é de con cepçã oh u m a n a . Foi d ita da pela s p rópr ia s in teligên cia s qu e s e m a -n ifes ta m , qu a n do n in gu ém d is s o cogita va , qu a n do a té aop in iã o gera l a repelia . Ora , pergu n ta m os , on de fora m osm éd iu n s beber u m a dou tr in a qu e n ã o pa s s a va pelo pen s a -

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m en to de n in gu ém n a Terra ? Pergu n ta m os a in da m a is : porqu e es t ra n h a coin cidên cia m ilh a r es de m éd iu n s es pa lh a -dos por todos os pon tos do globo ter rá qu eo, e qu e ja m a is s evira m , a cor da ra m em d izer a m es m a cois a ? Se o p r im eir om éd iu m qu e a pa r eceu n a Fra n ça s ofreu a in flu ên cia deop in iões já a ceita s n a Am érica , por qu e s in gu la r ida de foiele bu s cá -la s a 2 .000 légu a s a lém -m a r e n o s eio de u mpovo tã o d iferen te pelos cos tu m es e pela lin gu a gem , em vezde a s tom a r a o s eu derredor?

Ta m bém a in da h á ou tra cir cu n s tâ n cia em qu e n ã o s etem a ten ta do m u ito. As p r im eira s m a n ifes ta ções , n a Fra n -ça , com o n a Am érica , n ã o s e ver ifica ra m por m eio da es cr i-ta n em da pa la vra , e, s im , por pa n ca da s con cor da n tes coma s let ra s do a lfa beto e for m a n do pa la vra s e fra s es . Foi pores s e m eio qu e a s in teligên cia s , a u tora s da s m a n ifes ta ções ,s e decla ra ra m Es p ír itos . Ora , da do s e pu des s e s u por a in -terven çã o do pen s a m en to dos m éd iu n s n a s com u n ica çõesverba is ou es cr ita s , ou tr o ta n to n ã o s er ia lícito fa zer -s e comr ela çã o à s p a n ca d a s , cu ja s ign ifica çã o n ã o p od ia s ercon h ecida de a n tem ã o.

Poder ía m os cita r in ú m eros fa tos qu e dem on s tra m , n ain teligên cia qu e s e m a n ifes ta , u m a in d ividu a lida de eviden -te e u m a a bs olu ta in depen dên cia de von ta de. Recom en da -m os , por ta n to, a os d is s iden tes , obs erva çã o m a is cu ida do-s a e, s e qu is er em es tu d a r b em , s em p reven ções , e n ã ofor m u la r con clu s ões a n tes de ter em vis to tu do, recon h ece-r ã o a im p ot ê n c ia d e s u a t e o r ia p a r a t u d o e xp lic a r .Lim ita r -n os -em os a p ropor a s qu es tões s egu in tes : Por qu eé qu e a in teligên cia qu e s e m a n ifes ta , qu a lqu er qu e ela s eja ,r ecu s a res pon der a cer ta s pergu n ta s s obr e a s s u n tos per -feita m en te con h ecidos , com o, por exem plo, s obr e o n om e

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ou a ida de do in ter locu tor, s obr e o qu e ele tem n a m ã o, oqu e fez n a vés pera , o qu e pen s a fa zer n o d ia s egu in te, etc.?Se o m éd iu m fos s e o es pelh o do pen s a m en to dos a s s is ten -tes , n a da lh e s er ia m a is fá cil do qu e res pon der.

A es s e a rgu m en to ret ru ca m os a dvers á r ios , pergu n -ta n do, a s eu tu r n o, por qu e os Es p ír itos , qu e devem s a bertu do, n ã o podem d izer cois a tã o s im ples , de a cordo com oa xiom a : Quem pod e o m ais pod e o m enos , e da í con clu emqu e n ã o s ã o os Es p ír itos os qu e res pon dem . Se u m ign o-ra n te ou u m zom ba dor, a p r es en ta n do-s e a u m a dou ta a s -s em bléia , pergu n ta s s e, por exem plo, por qu e é d ia à s dozeh ora s , a cred ita rá a lgu ém qu e ela s e da r ia o in côm odo deres pon der s er ia m en te e fora lógico qu e, do s eu s ilên cio ouda s zom ba r ia s com qu e pa ga s s e a o in ter r oga n te, s e con -clu ís s e s erem tolos os s eu s m em br os ? Ora , exa ta m en tepor qu e os Es p ír itos s ã o s u per ior es , é qu e n ã o res pon dem aqu es tões ocios a s ou r id ícu la s e n ã o con s en tem em ir pa raa ber lin da ; é por is s o qu e s e ca la m ou decla ra m qu e s ó s eocu pa m com cois a s s ér ia s .

Pergu n ta r em os , fin a lm en te, por qu e é qu e os Es p ír itosvêm e vã o-s e, m u ita s vezes , em da do m om en to e, pa s s a does te, n ã o h á ped idos , n em s ú p lica s qu e os fa ça m volta r? Seo m éd iu m obra s s e u n ica m en te por im pu ls ã o m en ta l dosa s s is ten tes , é cla ro qu e, em ta l cir cu n s tâ n cia , o con cu rs ode toda s a s von ta des reu n ida s h a ver ia de es t im u la r -lh e acla r ividên cia . Des de, por ta n to, qu e n ã o cede a o des ejo daa s s em bléia , corrobora do pela p rópr ia von ta de dele, é qu e om éd iu m obedece a u m a in flu ên cia qu e lh e é es t ra n h a e a osqu e o cerca m , in flu ên cia qu e, por es s e s im ples fa to, tes t ificada s u a in depen dên cia e da s u a in d ividu a lida de.

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XVII

O cep t icis m o, n o toca n te à Dou tr in a Es p ír ita , qu a n don ã o r es u lta de u m a opos içã o s is tem á t ica por in ter es s e,or igin a -s e qu a s e s em pre do con h ecim en to in com pleto dosfa tos , o qu e n ã o obs ta a qu e a lgu n s cor tem a qu es tã o com os e a con h eces s em a fu n do. Pode-s e ter m u ito a t ila m en to,m u ita in s t ru çã o m es m o, e ca recer -s e de bom -s en s o. Ora , op r im eir o in d ício da fa lta de bom -s en s o es tá em cr er a lgu émin fa lível o s eu ju ízo. Mu ita gen te ta m bém h á pa ra qu em a sm a n ifes ta ções es p ír ita s n a da m a is s ã o do qu e ob jeto decu r ios ida de. Con fia m os em qu e, len do es te livr o, en con tra -rã o n es s es extra or d in á r ios fen ôm en os a lgu m a cois a m a isdo qu e s im ples pa s s a tem po.

A ciên cia es p ír ita com preen de du a s pa r tes : exper im en -ta l u m a , r ela t iva à s m a n ifes ta ções em gera l; filos ófica , ou -t ra , r ela t iva à s m a n ifes ta ções in teligen tes . Aqu ele qu e a pe-n a s h a ja obs erva do a p r im eira s e a ch a n a pos içã o de qu emn ã o con h eces s e a Fís ica s en ã o por exper iên cia s recrea t i-va s , s em h a ver pen etra do n o â m a go da ciên cia . A ver da dei-ra Dou tr in a Es p ír ita es tá n o en s in o qu e os Es p ír itos de-ra m , e os con h ecim en tos qu e es s e en s in o com porta s ã o pordem a is p r ofu n dos e exten s os pa ra s erem a dqu ir idos dequ a lqu er m odo, qu e n ã o por u m es tu do pers evera n te, feiton o s ilên cio e n o recolh im en to. Por qu e, s ó den tr o des ta con -d içã o s e pode obs erva r u m n ú m er o in fin ito de fa tos e pa r t i-cu la r ida des qu e pa s s a m des per ceb idos a o obs erva dor s u -per ficia l, e firm a r op in iã o. Nã o p r odu zis s e es te livro ou trores u lta do a lém do de m os tra r o la do s ér io da qu es tã o e depr ovoca r es tu dos n es te s en t ido e r eju b ila r ía m os por h a vers ido eleito pa ra execu ta r u m a obra em qu e, a liá s , n en h u m

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m ér ito pes s oa l p reten dem os ter, pois qu e os p r in cíp ios n elaexa ra dos n ã o s ã o de cr ia çã o n os s a . O m ér ito qu e a p res en taca be todo a os Es p ír itos qu e a d ita ra m . Es pera m os qu e da ráou tro r es u lta do, o de gu ia r os h om en s qu e des ejem es cla re-cer -s e, m os tra n do-lh es , n es tes es tu dos , u m fim gra n de es u b lim e: o d o p r ogres s o in d ivid u a l e s ocia l e o d e lh esin d ica r o ca m in h o qu e con du z a es s e fim .

Con clu am os , fazen do u m a ú lt im a con s ideração. Algu n sa s t rôn om os , s on da n do o es pa ço, en con tra ra m , n a d is t r i-bu içã o dos corpos celes tes , la cu n a s n ã o ju s t ifica da s e emdes a cordo com a s leis do con ju n to. Su s peita ra m qu e es s a sla cu n a s devia m es ta r p reen ch ida s por globos qu e lh es t i-n h a m es ca pa do à obs erva çã o. De ou tro la do, obs erva ra mcer tos efeitos , cu ja ca u s a lh es era des con h ecida e d is s e-ra m : Deve h a ver a li u m m u n do, porqu a n to es ta la cu n a n ã opode exis t ir e es tes efeitos h ã o de ter u m a ca u s a . J u lga n doen tã o da ca u s a pelo efeito, con s egu ira m ca lcu la r -lh e os ele-m en tos e m a is ta rde os fa tos lh es viera m con fir m a r a s p re-vis ões . Ap liqu em os es te ra ciocín io a ou tra ordem de idéia s .Se s e obs erva a s ér ie dos s eres , des cobre-s e qu e eles for -m a m u m a ca deia s em s olu çã o de con t in u ida de, des de am a tér ia b ru ta a té o h om em m a is in teligen te. Porém , en treo h om em e Deu s , a lfa e ôm ega de toda s a s cois a s , qu e im en -s a la cu n a ! Será ra cion a l pen s a r -s e qu e n o h om em ter m i-n a m os a n éis des s a ca deia e qu e ele t ra n s pon h a s em t ra n -s içã o a d is tâ n cia qu e o s epa ra do in fin ito? A ra zã o n os d izqu e en tre o h om em e Deu s ou tros elos n eces s a r ia m en teh a verá , com o d is s e a os a s t rôn om os qu e, en tre os m u n doscon h ecidos , ou tros h a ver ia , des con h ecidos . Qu e filos ofia jáp reen ch eu es s a la cu n a ? O Es p ir it is m o n o-la m os tra p reen -ch ida pelos s eres de toda s a s orden s do m u n do in vis ível e

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es tes s eres n ã o s ã o m a is do qu e os Es p ír itos dos h om en s ,n os d ifer en tes gra u s qu e leva m à per feiçã o. Tu do en tã o s eliga , tu do s e en ca deia , des de o a lfa a té o ôm ega . Vós , qu en ega is a exis t ên c ia d os E s p ír it os , p r een ch e i o vá cu oqu e eles ocu pa m . E vós , qu e r ides deles , ou s a i r ir da s obra sde Deu s e da s u a on ipotên cia !

ALLAN KARDEC.

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Fen ôm en os a lh eios à s leis da ciên cia h u m a n a s e dã opor toda pa r te, revela n do n a ca u s a qu e os p rodu z a a çã o deu m a von ta de livr e e in teligen te.

A ra zã o d iz qu e u m efeito in teligen te h á de ter com oca u s a u m a força in teligen te e os fa tos h ã o p rova do qu e es s aforça é ca pa z de en tra r em com u n ica çã o com os h om en spor m eio de s in a is m a ter ia is .

In ter roga da a cerca da s u a n a tu r eza , es s a força decla -rou per ten cer a o m u n do dos s eres es p ir itu a is qu e s e des po-ja ra m do in vólu cro corpora l do h om em . As s im é qu e foirevela da a Dou tr in a dos Es p ír itos .

As com u n ica ções en tr e o m u n do es p ír ita e o m u n docorpóreo es tã o n a or dem n a tu ra l da s cois a s e n ã o con s t i-tu em fa to s obren a tu ra l, ta n to qu e de ta is com u n ica ções s ea ch a m ves t ígios en tre todos os povos e em toda s a s época s .Hoje s e gen era liza ra m e tor n a ra m pa ten tes a todos .

Os Es p ír itos a n u n cia m qu e ch ega ra m os tem pos m a r -ca dos pela Providên cia pa ra u m a m a n ifes ta çã o u n ivers a l equ e, s en do eles os m in is t r os de Deu s e os a gen tes de s u avon ta de, têm por m is s ã o in s t ru ir e es cla recer os h om en s ,a b r in do u m a n ova era pa ra a regen era çã o da Hu m a n ida de.

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�⇥P R O LE G Ô M E N O S

Es te livro é o r epos itór io de s eu s en s in os . Foi es cr itopor or dem e m ed ia n te d ita do de Es p ír itos s u per ior es , pa raes ta belecer os fu n da m en tos de u m a filos ofia ra cion a l, is en -ta dos p recon ceitos do es p ír ito de s is tem a . Na da con témqu e n ã o s eja a expr es s ã o do pen s a m en to deles e qu e n ã oten h a s ido por eles exa m in a do. Só a or dem e a d is t r ibu içã om etód ica da s m a tér ia s , a s s im com o a s n ota s e a for m a dea lgu m a s pa r tes da reda çã o con s t itu em obra da qu ele qu erecebeu a m is s ã o de os pu b lica r.

Em o n ú m ero dos Es p ír itos qu e con corr era m pa ra aexecu çã o des ta ob ra , m u itos s e con ta m qu e vivera m , emépoca s d ivers a s , n a Terra , on de p rega ra m e p ra t ica ra m avir tu de e a s a bedor ia . Ou tr os , pelos s eu s n om es , n ã o per -ten cem a n en h u m a pers on a gem , cu ja lem bra n ça a His tór iagu a r de, m a s cu ja eleva çã o é a tes ta da pela pu r eza de s eu sen s in a m en tos e pela u n iã o em qu e s e a ch a m com os qu eu s a m de n om es ven era dos .

Eis em qu e ter m os n os dera m , por es cr ito e por m u itosm éd iu n s , a m is s ã o de es cr ever es te livr o:

“Ocu pa -te, ch eio de zelo e pers evera n ça , do t ra ba lh oqu e em pr een des te com o n os s o con cu rs o, pois es s e t ra ba -lh o é n os s o. Nele pu s em os a s ba s es de u m n ovo ed ifício qu es e eleva e qu e u m d ia h á de reu n ir todos os h om en s n u mm es m o s en t im en to de a m or e ca r ida de. Ma s , a n tes de od ivu lga res , r evê-lo-em os ju n tos , a fim de lh e ver ifica r m ostoda s a s m in ú cia s .

“Es ta rem os con t igo s em pr e qu e o ped ires , pa ra te a ju -da r m os n os teu s t ra ba lh os , porqu a n to es ta é a pen a s u m apa r te da m is s ã o qu e te es tá con fia da e qu e já u m de n ós ter evelou .

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�⇥ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

“En tre os en s in os qu e te s ã o da dos , a lgu n s h á qu edeves gu a rda r pa ra t i s om en te, a té n ova or dem . Qu a n doch ega r o m om en to de os pu b lica res , n ós to d ir em os . En -qu a n to es pera s , m ed ita s obre eles , a fim de es ta r es p ron toqu a n do te d is s er m os .

“Porá s n o ca beça lh o do livr o a cepa qu e te des en h a -m os 1 , por qu e é o em blem a do t ra ba lh o do Cr ia dor. Aí s ea ch a m reu n idos todos os p r in cíp ios m a ter ia is qu e m elh orpodem rep res en ta r o corpo e o es p ír ito. O corpo é a cepa ; oes p ír ito é o licor ; a a lm a ou es p ír ito liga do à m a tér ia éo ba go. O h om em qu in tes s en cia o es p ír ito pelo t ra ba lh o etu s a bes qu e s ó m ed ia n te o t ra ba lh o do corpo o Es p ír itoa dqu ire con h ecim en tos .

“Nã o te d eixes d es a n im a r p ela cr ít ica . En con t ra rá scon tra d itores en ca r n iça dos , s obr etu do en tre os qu e têmin teres s e n os a bu s os . En con trá -los -á s m es m o en tre os Es -p ír itos , por is s o qu e os qu e a in da n ã o es tã o com pleta m en tedes m a ter ia liza dos p r ocu ra m freqü en tem en te s em ea r a dú -vida por m a lícia ou ign orâ n cia . Pros s egu e s em pre. Crê emDeu s e ca m in h a com con fia n ça : a qu i es ta r em os pa ra tea m pa ra r e vem próxim o o tem po em qu e a Ver da de b r ilh a ráde todos os la dos .

“A va ida de de cer tos h om en s , qu e ju lga m s a ber tu do etu do qu erem exp lica r a s eu m odo, da rá n a s cim en to a op i-n iões d is s iden tes . Ma s , todos os qu e t iver em em vis ta ogra n de p r in cíp io de J es u s s e con fu n d irã o n u m s ó s en t i-m en to: o do a m or do bem e s e u n irã o por u m la ço fra ter n o,

1 A cepa qu e s e vê n a pá g. 68 é o fa c-s ím ile da qu e os Es p ír itosdes en h a ra m .

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�⇥P R O LE G Ô M E N O S

qu e p ren derá o m u n do in teir o. Es tes deixa rã o de la do a sm is erá veis qu es tões de pa la vra s , pa ra s ó s e ocu pa rem como qu e é es s en cia l. E a dou tr in a s erá s em pr e a m esm a , qu a n -to a o fu n d o, p a ra tod os os qu e r eceb er em com u n ica çõesd e Es p ír itos s u p er ior es .

“Com a pers evera n ça é qu e ch ega rá s a colh er os fru tosde teu s t ra ba lh os . O p ra zer qu e exper im en ta rá s , ven do adou tr in a p r opa ga r -s e e bem com pr een d ida , s erá u m a re-com pen s a , cu jo va lor in tegra l con h ecerá s , ta lvez m a is n ofu tu r o do qu e n o p res en te. Nã o te in qu ietes , pois , com oses p in h os e a s pedra s qu e os in crédu los ou os m a u s a cu m u -la r ã o n o t eu ca m in h o. Con s er va a con fia n ça : com elach ega rá s a o fim e m erecerá s s er s em pr e a ju da do.

“Lem bra -te de qu e os Bon s Es p ír itos s ó d is pen s a m a s -s is tên cia a os qu e s ervem a Deu s com h u m ilda de e des in te-r es s e e qu e repu d ia m a todo a qu ele qu e bu s ca n a s en da doCéu u m degra u pa ra con qu is ta r a s cois a s da Terra ; qu es e a fa s ta m do orgu lh os o e do a m bicios o. O orgu lh o e a a m -b içã o s erã o s em pr e u m a ba rreira ergu ida en tr e o h om em eDeu s . Sã o u m véu la n ça do s obr e a s cla r ida des celes tes ,e Deu s n ã o pode s ervir -s e do cego pa ra fa zer perceptívela lu z.”

S ão João Evangelis ta , S an to Agos tinho, S ão Vicen te d ePau lo, S ão Lu ís , O Es pírito d e Verd ad e, S ócra tes , Pla tão,Fénelon , Frank lin , S w ed enborg, etc., etc.

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P A R T E P R I M E I R A

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CAPÍTULO I – DE DEUS

CAPÍTULO II – DOS ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO

CAPÍTULO III – DA CRIAÇÃO

CAPÍTULO IV – DO PRINCÍPIO VITAL

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C A P Í T U L O I

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• Deus e o in fin ito• Provas d a exis tência d e Deus• Atribu tos d a Divind ad e• Panteís m o

D E U S E O I N F I N I T O

1 . Que é Deus ?

“Deu s é a in teligên cia s u p rem a , ca u s a p r im á r ia detoda s a s cois a s .”1 (Vid e Nota Es pecia l n º 1 , da Ed itora (FEB),

à pá g. 604 .)

2 . Que s e d eve en tend er por in fin ito?

“O qu e n ã o tem com eço n em fim : o des con h ecido; tu doo qu e é des con h ecido é in fin ito.”

1 O texto coloca do en tre a s pa s , em s egu ida à s pergu n ta s , é a res pos -ta qu e os Es p ír itos dera m . Pa ra des ta ca r a s n ota s e exp lica çõesa d ita da s pelo a u tor, qu a n do h a ja pos s ib ilida de de s er em con fu n d i-da s com o texto da res pos ta , em pr egou -s e u m ou tro t ipo m en or.Qu a n do for m a m ca p ítu los in teiros , s em s er pos s ível a con fu s ã o, om es m o t ipo u s a do pa ra a s pergu n ta s e res pos ta s foi o em prega do.

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⇥� O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

3 . Pod er-s e-ia d iz er que Deus é o in fin ito?

“Defin içã o in com pleta . Pobr eza da lin gu a gem h u m a -n a , in s u ficien te pa ra defin ir o qu e es tá a cim a da lin gu a gemdos h om en s .”

Deu s é in fin ito em s u a s per feições , m a s o in fin ito é u m aa b s t r a çã o. Dizer qu e Deu s é o in fin ito é tom a r o a t r ib u to d eu m a cois a pela cois a m es m a , é defin ir u m a cois a qu e n ã o es tácon h ecida por u m a ou tra qu e n ã o o es tá m a is do qu e a p r im eira .

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

4 . Ond e s e pod e encon trar a prova d a exis tência d e Deus ?

“Nu m a xiom a qu e a p lica is à s vos s a s ciên cia s . Nã o h áefeito s em ca u s a . Procu ra i a ca u s a de tu do o qu e n ã o éobra do h om em e a vos s a ra zã o res pon derá .”

Pa ra crer -s e em Deu s , ba s ta s e la n ce o olh a r s ob re a s ob ra sda Cr ia çã o. O Un ivers o exis te, logo tem u m a ca u s a . Du vida r daexis tên cia d e Deu s é n ega r qu e tod o efeito tem u m a ca u s a ea va n ça r qu e o n a da pôde fa zer a lgu m a cois a .

5 . Que d ed ução s e pod e tirar d o s en tim en to ins tin tivo, quetod os os hom ens traz em em s i, d a exis tência d e Deus ?

“A de qu e Deu s exis te; pois , don de lh es vir ia es s e s en -t im en to, s e n ã o t ives s e u m a ba s e? É a in da u m a con s eqü ên -cia do p r in cíp io — n ã o h á efeito s em ca u s a .”

6 . O s entim ento íntim o que tem os da exis tência de Deus nãopoderia s er fruto da educação, res ultado de idéias adquiri-das?

“Se a s s im fos s e, por qu e exis t ir ia n os vos s os s elva gen ses s e s en t im en to?”

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⇥�D E D E U S

Se o s en t im en to da exis tên cia de u m s er s u p rem o fos s e tã o-

-s om en te p r odu to de u m en s in o, n ã o s er ia u n ivers a l e n ã o exis t i-

r ia s en ã o n os qu e h ou ves s em pod ido receber es s e en s in o, con for -

m e s e dá com a s n oções cien t ífica s .

7 . Pod er-s e-ia achar nas propried ad es ín tim as d a m a téria acaus a prim ária d a form ação d as cois as ?

“Ma s , en tã o, qu a l s er ia a ca u s a des s a s p ropr ieda des ?É in d is pen s á vel s em pr e u m a ca u s a p r im á r ia .”

Atr ibu ir a for m ação prim ária das coisas à s propriedades ín ti-

m as da m atéria seria tom ar o efeito pela cau sa , porqu an to essas

propriedades são, tam bém elas , u m efeito qu e h á de ter u m a cau sa .

8 . Que s e d eve pens ar d a opin ião d os que a tribuem a form a-ção prim ária a um a com binação fortu ita d a m atéria , ou ,por ou tra , ao acas o?

“Ou t r o a b s u r d o! Q u e h om em d e b om -s en s o p od econ s idera r o a ca s o u m s er in teligen te? E , dem a is , qu e é oa ca s o? Na da .”

A h a r m on ia exis ten te n o m eca n is m o do Un ivers o pa ten teia

com bin a ções e des ígn ios deter m in a dos e, por is s o m es m o, r evela

u m poder in teligen te. Atr ibu ir a for m a çã o p r im á r ia a o a ca s o é

in s en sa tez, pois qu e o a ca so é cego e n ã o pode produ zir os efeitos

qu e a in teligên cia produ z. Um a ca so in teligen te já n ã o seria a ca so.

9 . Em que é que, na caus a prim ária , s e revela um a in teligên-cia s uprem a e s uperior a tod as as in teligências ?

“Ten des u m provérb io qu e d iz: Pela ob ra s e r econ h eceo a u tor. Pois bem ! Vede a ob ra e p rocu ra i o a u tor. O orgu -lh o é qu e gera a in credu lida de. O h om em orgu lh os o n a da

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⇥� O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

a dm ite a cim a de s i. Por is s o é qu e ele s e den om in a a s im es m o de es p ír ito for te. Pobre s er, qu e u m s opr o de Deu spode a ba ter !”

Do poder de u m a in teligên cia s e ju lga pela s s u a s ob ra s . Nã opoden do n en h u m s er h u m a n o cr ia r o qu e a Na tu reza p rodu z, aca u s a p r im á r ia é, con s egu in tem en te, u m a in teligên cia s u per ior àHu m a n ida de.

Qu a is qu er qu e s eja m os p rod ígios qu e a in teligên cia h u m a -n a ten h a opera do, ela p rópr ia tem u m a ca u s a e, qu a n to m a ior foro qu e opere, ta n to m a ior h á de s er a ca u s a p r im á r ia . Aqu ela in te-ligên cia s u per ior é qu e é a ca u s a p r im á r ia de toda s a s cois a s , s ejaqu a l for o n om e qu e lh e dêem .

ATRIBUTOS DA DIVINDADE

1 0 . Pod e o hom em com preend er a na turez a ín tim a d e Deus ?

“Nã o; fa lta -lh e pa ra is s o o s en t ido.”

1 1 . S erá d ad o um d ia ao hom em com preend er o m is tério d aDivind ad e?

“Qu a n do n ã o m a is t iver o esp ír ito obscu recido pela m a -tér ia . Qu a n do, pela s u a per feiçã o, s e h ou ver a p roxim a dode Deu s , ele o verá e com preen derá .”

A in fer ior ida de da s fa cu lda des do h om em n ã o lh e per m itecom preen der a n a tu reza ín t im a de Deu s . Na in fâ n cia da Hu m a n i-da de, o h om em o con fu n de m u ita s vezes com a cr ia tu ra , cu ja sim per feições lh e a t r ibu i; m a s , à m ed ida qu e n ele s e des en volve os en s o m ora l, s eu pen s a m en to pen etra m elh or n o â m a go da s coi-s a s ; en tã o, fa z idéia m a is ju s ta da Divin da de e, a in da qu e s em prein com pleta , m a is con for m e à s ã ra zã o.

1 2 . Em bora n ã o pos s a m os com preen d er a n a tu rez a ín tim ad e Deu s , pod em os form a r id éia d e a lgu m a s d e s u a sperfe ições ?

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��D E D E U S

“De a lgu m a s , s im . O h om em a s com preen de m elh or àp r oporçã o qu e s e eleva a cim a da m a tér ia . En trevê-a s pelopen s a m en to.”

1 3 . Quand o d iz em os que Deus é eterno, in fin ito, im u tável,im ateria l, ún ico, on ipoten te, s oberanam ente jus to e bom ,tem os id éia com pleta d e s eus a tribu tos ?

“Do vos s o pon to de vis ta , s im , porqu e cr edes a b ra n gertu do. Sa bei, porém , qu e h á cois a s qu e es tã o a cim a da in te-ligên cia do h om em m a is in teligen te, a s qu a is a vos s a lin -gu agem , res trita à s vossas idéia s e sen sações , n ão tem m eiosde expr im ir. A ra zã o, com efeito, vos d iz qu e Deu s deve pos -s u ir em gra u s u pr em o es s a s per feições , porqu a n to, s e u m alh e fa lta s s e, ou n ã o fos s e in fin ita , já ele n ã o s er ia s u per iora tu do, n ã o s er ia , por con s egu in te, Deu s . Pa ra es ta r a cim ad e t od a s a s cois a s , Deu s t em qu e s e a ch a r is en t o d equ a lqu er vicis s itu de e de qu a lqu er da s im per feições qu e aim a gin a çã o pos s a con ceber.”

Deu s é eterno. Se t ives s e t ido p r in cíp io, ter ia s a ído do n a da ,ou , en tã o, ta m bém teria s ido cria do, por u m ser a n terior. É a s s imqu e, de degra u em degra u , rem on ta m os a o in fin ito e à eter n ida de.

É im u tável. Se es t ives s e s u jeito a m u da n ça s , a s leis qu eregem o Un ivers o n en h u m a es ta b ilida de ter ia m .

É im a te ria l. Q u er is t o d izer qu e a s u a n a t u r eza d ifer ede tu do o qu e ch a m a m os m a tér ia . De ou tro m odo, ele n ã o s er iaim u tá vel, por qu e es ta r ia s u jeito à s t ra n s for m a ções da m a tér ia .

É ún ico. Se m u itos Deu s es h ou ves s e, n ã o h a ver ia u n ida dede vis ta s , n em u n ida de de poder n a or den a çã o do Un ivers o.

É on ipoten te . E le o é, porqu e é ú n ico. Se n ã o d is pu s es s e

do s obera n o poder, a lgo h a ver ia m a is poderos o ou tã o poder os o

qu a n to ele, qu e en tã o n ã o ter ia feito toda s a s cois a s . As qu e n ã o

h ou ves s e feito s er ia m obra de ou tro Deu s .

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�⇥ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

É s oberanam ente jus to e bom . A s a bedor ia p roviden cia l da s

leis d ivin a s s e revela , a s s im n a s m a is pequ en in a s cois a s , com o

n a s m a iores , e es s a s a bedor ia n ã o perm ite s e du vide n em da

ju s t iça n em da bon da de de Deu s .

PANTEÍSMO

14 . Deus é um s er d is tin to, ou s erá , com o opinam alguns , ares ultante d e tod as as forças e d e tod as as in teligênciasd o Univers o reun id as ?

“Se fos s e a s s im , Deu s n ã o exis t ir ia , por qu a n to s er iaefeito e n ã o ca u s a . E le n ã o pode s er a o m es m o tem po u m ae ou tra cois a .

“Deu s exis te; d is s o n ã o podeis du vida r e é o es s en cia l.Crede-m e, n ã o va des a lém . Nã o vos perca is n u m la b ir in todon de n ã o logra r íeis s a ir. Is s o n ã o vos tor n a r ia m elh ores ,a n tes u m pou co m a is orgu lh os os , pois qu e a cred ita r íeiss a ber, qu a n do n a rea lida de n a da s a ber íeis . Deixa i, con s e-gu in tem en te, de la do todos es s es s is tem a s ; ten des ba s ta n -tes cois a s qu e vos toca m m a is de per to, a com eça r por vósm es m os . Es tu da i a s vos s a s p rópr ia s im per feições , a fim devos lib e r t a r d e s d e la s , o q u e s e r á m a is ú t il d o q u epreten der des pen etra r n o qu e é im pen etrá vel.”

1 5 . Que s e d eve pens ar d a opin ião s egund o a qua l tod os oscorpos d a Na turez a , tod os os s eres , tod os os globos d oUnivers o s eriam partes d a Divind ad e e cons titu iriam ,em con jun to, a própria Divind ad e, ou , por ou tra , que s ed eve pens ar d a d ou trina pan teís ta?

“Nã o poden do fa zer -s e Deu s , o h om em qu er a o m en oss er u m a pa r te de Deu s .”

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�⇥D E D E U S

1 6 . Pretend em os que profes s am es ta d ou trina achar nela ad em ons tração d e a lguns d os a tribu tos d e Deus : S end oin fin itos os m und os , Deus é, por is s o m es m o, in fin ito;não havend o o vaz io, ou o nad a em parte a lgum a, Deuses tá por tod a parte; es tand o Deus em tod a parte, poisque tud o é parte in tegran te d e Deus , ele d á a tod os osfenôm enos d a Na turez a um a raz ão d e s er in teligen te.Que s e pod e opor a es te raciocín io?

“A ra zã o. Reflet i m a du ra m en te e n ã o vos s erá d ifícilr econ h ecer -lh e o a bs u r do.”

Es ta dou t r in a fa z de Deu s u m s er m a ter ia l qu e, em boradotado de su prem a in teligên cia , seria em pon to gran de o qu e som osem pon to pequ en o. Ora , t ra n s for m a n do-s e a m a tér ia in ces s a n te-m en t e , Deu s , s e fos s e a s s im , n en h u m a es t a b ilid a d e t e r ia ;a ch a r -s e-ia s u jeito a toda s a s vicis s itu des , m es m o a toda s a sn eces s id a d es d a Hu m a n id a d e; fa lt a r -lh e-ia u m d os a t r ib u toses s en cia is da Divin da de: a im u ta b ilida de. Nã o s e podem a lia r a sp r op r ied a d es d a m a tér ia à id éia d e Deu s , s em qu e ele fiqu ereba ixa do a n te a n os s a com pr een s ã o e n ã o h a verá s u t ileza s des ofis m a s qu e ch egu em a res olver o p rob lem a da s u a n a tu rezaín t im a . Nã o s a bem os tu do o qu e ele é, m a s s a bem os o qu e ele n ã opode deixa r de ser e o s is tem a de qu e tra tam os es tá em con tradiçã ocom a s s u a s m a is es s en cia is p r op r ied a d es . E le con fu n d e oCria dor com a cr ia tu ra , exa ta m en te com o o fa r ia qu em pr eten -des se qu e en gen h osa m á qu in a fos se pa rte in tegra n te do m ecâ n icoqu e a im a gin ou .

A in teligên cia de Deu s se revela em su a s obra s com o a de u mpin tor n o seu qu a dro; m a s , a s obra s de Deu s n ã o sã o o próprioDeu s , com o o qu a dro n ã o é o p in tor qu e o con cebeu e execu tou .

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CONHECIMENTO DO PRINCÍPIO DAS COIS AS

1 7 . É d ad o ao hom em conhecer o princípio d as cois as ?

“Nã o, Deu s n ã o per m ite qu e a o h om em tu do s eja reve-la do n es te m u n do.”

1 8 . Penetrará o hom em um d ia o m is tério d as cois as quelhe es tão ocu ltas ?

“O véu s e leva n ta a s eu s olh os , à m ed ida qu e ele s ed ep u ra ; m a s , p a r a com p r een d er cer t a s cois a s , s ã o-lh eprecis a s fa cu lda des qu e a in da n ã o pos s u i.”

1 9 . Nã o pod e o h om em , pe la s in ves tiga ções cien tífica s ,penetrar a lguns d os s egred os d a Na turez a?

“A Ciên cia lh e foi da da pa ra s eu a d ia n ta m en to em to-da s a s cois a s ; ele, porém , n ã o pode u lt ra pa s s a r os lim itesqu e Deu s es ta beleceu .”

C A P Í T U L O I I

�⇧⌦⌅⇤�⇤⇣⇤⇥↵⇧⌦⌅⌃⇤⌥� ⌦�⇧⌅�⇥ ✏⇤⌥⌦⇧

• Conhecim en to d o princípio d as cois as• Es pírito e m a téria• Propried ad es d a m atéria• Es paço un ivers a l

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�⇥D O S E LE M E N T O S G E R AI S D O U N I VE R S O

Qu a n to m a is con s egu e o h om em pen etra r n es s es m is tér ios ,ta n to m a ior a dm ira çã o lh e devem ca u s a r o poder e a s a bedor ia doCria dor. En tr eta n to, s eja por orgu lh o, s eja por fra qu eza , s u a p ró-p r ia in teligên cia o fa z jogu ete da ilu s ã o. Ele a m on toa s is tem a ss obr e s is tem a s e ca da d ia qu e pa s s a lh e m os tra qu a n tos er rostom ou por ver da des e qu a n ta s verda des rejeitou com o er ros . Sã oou tra s ta n ta s decepções pa ra o s eu orgu lh o.

2 0 . Dad o é ao hom em receber, s em s er por m eio das inves ti-gações da Ciência, com unicações de ordem m ais elevadaacerca do que lhe es capa ao tes tem unho d os s en tid os ?

“Sim , s e o ju lga r con ven ien te, Deu s pode revela r o qu eà ciên cia n ã o é da do a p r een der.”

Por es s a s com u n ica ções é qu e o h om em a dqu ire, den tro decer tos lim ites , o con h ecim en to do s eu pa s s a do e do s eu fu tu r o.

E S PÍRITO E MATÉRIA

2 1 . A m atéria exis te d es d e tod a a etern id ad e, com o Deus ,ou foi criad a por ele em d ad o m om ento?

“Só Deu s o s a be. Há u m a cois a , toda via , qu e a ra zã ovos deve in d ica r : é qu e Deu s , m odelo de a m or e ca r ida de,n u n ca es teve in a t ivo. Por m a is d is ta n te qu e logreis figu ra ro in íc io d e s u a a çã o, p od er e is con ceb ê-lo oc ios o, u mm om en to qu e s eja ?”

2 2 . Define-s e geralm ente a m atéria com o s end o — o que temextens ão, o que é capaz d e nos im pres s ionar os s enti-d os , o que é im penetrável. S ão exatas es tas d efin ições ?

“Do vos s o pon to de vis ta , ela s o s ã o, porqu e n ã o fa la iss en ã o do qu e con h eceis . Ma s a m a tér ia exis te em es ta dosqu e ign ora is . Pode s er, por exem plo, tã o etér ea e s u t il, qu e

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�⇥ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

n en h u m a im pres s ã o vos ca u s e a os s en t idos . Con tu do, és em pre m a tér ia . Pa ra vós , porém , n ã o o s er ia .”

a) — Que d efin ição pod eis d ar d a m atéria?

“A m a tér ia é o la ço qu e p ren de o es p ír ito; é o in s t ru -m en to d e qu e es t e s e s erve e s ob r e o qu a l, a o m es m otem po, exerce s u a a çã o.”

Des te pon to de vis ta , pode dizer -se qu e a m a téria é o agen te, oin ter m ed iá r io com o a u xílio do qu a l e s obre o qu a l a tu a o espírito.

2 3 . Que é o es pírito?

“O p r in cíp io in teligen te do Un ivers o.”

a) — Qual a na turez a ín tim a d o es pírito?

“Nã o é fá cil a n a lis a r o es p ír ito com a vos s a lin gu a gem .Pa ra vós , ele n a da é, por n ã o s er pa lpá vel. Pa ra n ós , en tre-ta n to, é a lgu m a cois a . Fica i s a ben do: cois a n en h u m a é on a da e o n a da n ã o exis te.”

2 4 . É o es pírito s inôn im o d e in teligência?

“A in teligên cia é u m a tr ibu to es sen cia l do espír ito. Um ae ou tr o, porém , s e con fu n dem n u m pr in cíp io com u m , des or te qu e, pa ra vós , s ã o a m es m a cois a .”

2 5 . O es p írito in d epen d e d a m a téria , ou é a pen a s u m apropried ad e d es ta , com o as cores o s ão d a luz e o s om oé d o ar?

“Sã o d is t in tos u m a do ou tro; m a s , a u n iã o do es p ír itoe da m a tér ia é n eces s á r ia pa ra in telectu a liza r a m a tér ia .”

a) — Es s a un ião é igua lm en te neces s ária para a m an i-fes tação d o es pírito? (En tend em os aqu i por es pírito o princí-

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⇥�D O S E LE M E N T O S G E R AI S D O U N I VE R S O

pio d a in teligência , abs tração feita d as ind ivid ua lid ad es quepor es s e nom e s e d es ignam .)

“É n eces s á r ia a vós ou tros , por qu e n ã o ten des orga n i-za çã o a p ta a per ceber o es p ír ito s em a m a tér ia . A is to n ã os ã o a p r opr ia dos os vos s os s en t idos .”

2 6 . Pod er-s e-á conceber o es pírito s em a m atéria e a m a té-ria s em o es pírito?

“Pode-s e, é fora de dú vida , pelo pen s a m en to.”

2 7 . Há en tão d ois elem en tos gera is d o Univers o: a m a tériae o es pírito?

“Sim e a cim a de tu do Deu s , o cr ia dor, o pa i de toda s a scois a s . Deu s , es p ír ito e m a tér ia con s t itu em o p r in cíp io detu do o qu e exis te, a t r in da de u n ivers a l. Ma s , a o elem en tom a ter ia l s e tem qu e ju n ta r o flu ido u n ivers a l, qu e des em -pen h a o pa pel de in ter m ed iá r io en tr e o es p ír ito e a m a tér iap r opr ia m en te d ita , por dem a is gros s eira pa ra qu e o es p ír itopos s a exer cer a çã o s obre ela . Em bora , de cer to pon to devis ta , s eja lícito cla s s ificá -lo com o elem en to m a ter ia l, eles e d is t in gu e des te por p r opr ieda des es pecia is . Se o flu idou n ivers a l fos s e pos it iva m en te m a tér ia , ra zã o n ã o h a ver iapa ra qu e ta m bém o es p ír ito n ã o o fos s e. Es tá coloca do en -t r e o es p ír ito e a m a tér ia ; é flu ido, com o a m a tér ia é m a té-r ia , e s u s cet ível, pela s s u a s in u m erá veis com bin a ções comes ta e s ob a a çã o do es p ír ito, de p r odu zir a in fin ita va r ieda -de da s cois a s de qu e a pen a s con h eceis u m a pa r te m ín im a .Es s e flu ido u n ivers a l, ou p r im it ivo, ou elem en ta r, s en do oa gen te de qu e o es p ír ito s e u t iliza , é o p r in cíp io s em o qu a la m a tér ia es ta r ia em perpétu o es ta do de d ivis ã o e n u n caa dqu ir ir ia a s qu a lida des qu e a gra vida de lh e dá .”

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⇥� O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

a) — Es s e flu id o s erá o que d es ignam os pelo nom e d eeletricid ad e?

“Dis s em os qu e ele é s u s cet ível de in ú m era s com bin a -ções . O qu e ch a m a is flu ido elét r ico, flu ido m a gn ét ico, s ã om odifica ções do flu ido u n ivers a l, qu e n ã o é, p ropr ia m en tefa la n do, s en ã o m a tér ia m a is per feita , m a is s u t il e qu e s epode con s idera r in depen den te.”

2 8 . Pois que o es pírito é, em s i, a lgum a cois a , não s eria m aisexa to e m enos s u jeito a con fus ão d ar aos d ois elem en-tos gera is as d es ignações d e — m atéria inerte e m atériain teligen te?

“As pa la vra s pou co n os im por ta m . Com pete-vos a vósfor m u la r a vos s a lin gu a gem de m a n eira a vos en ten derdes .As vos s a s con trovérs ia s p r ovêm , qu a s e s em pr e, de n ã o vosen ten d er d es a cer ca d os t er m os qu e em p r ega is , p or s erin com pleta a vos s a lin gu a gem pa ra exp r im ir o qu e n ã ovos fere os s en t idos .”

Um fa to pa ten te dom in a toda s a s h ipótes es : vem os m a tér iades t itu ída de in teligên cia e vem os u m pr in cíp io in teligen te qu e

in depen de da m a tér ia . A or igem e a con exã o des ta s du a s cois a sn os s ã o des con h ecida s . Se p rom a n a m ou n ã o de u m a s ó fon te; s eh á pon tos de con ta cto en tre a m ba s ; s e a in teligên cia tem exis tên -

cia p rópr ia , ou s e é u m a p ropr ieda de, u m efeito; s e é m es m o,con for m e à op in iã o d e a lgu n s , u m a em a n a çã o d a Divin d a d e,ign ora m os . E la s s e n os m os t ra m com o s en d o d is t in ta s ; d a í o

con s idera r m o-la s for m a n do os dois p r in cíp ios con s t itu t ivos doUn ivers o. Vem os a cim a de tu do is s o u m a in teligên cia qu e dom in atoda s a s ou tra s , qu e a s gover n a , qu e s e d is t in gu e dela s por a t r i-

bu tos es s en cia is . A es s a in teligên cia s u prem a é qu e ch a m a m osDeu s .

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⇥�D O S E LE M E N T O S G E R AI S D O U N I VE R S O

PROPRIEDADES DA MATÉRIA

2 9 . A pond erabilid ad e é um a tribu to es s encia l d a m a téria?

“Da m a tér ia com o a en ten deis , s im ; n ã o, porém , dam a téria con s idera da com o flu ido u n iversa l. A m a téria etéreae s u t il qu e con s t itu i es s e flu ido vos é im pon derá vel. Nemp or is s o, en t r et a n to, d eixa d e s er o p r in cíp io d a vos s am a tér ia pes a da .”

A gra vida de é u m a p ropr ieda de r ela t iva . Fora da s es fera s dea tra çã o dos m u n dos , n ã o h á pes o, do m es m o m odo qu e n ã o h áa lto n em ba ixo.

3 0 . A m atéria é form ad a d e um s ó ou d e m uitos elem en tos ?

“De u m s ó elem en to p r im it ivo. Os corpos qu e con s ide-ra is s im ples n ã o s ã o verda deir os elem en tos , s ã o t ra n s for -m a ções da m a tér ia p r im it iva .”

3 1 . Dond e s e originam as d ivers as propried ad es d a m atéria?

“S ã o m od ifica ções qu e a s m olécu la s e lem en t a r ess ofrem , por efeito da s u a u n iã o, em cer ta s cir cu n s tâ n cia s .”

3 2 . De acord o com o que vind es d e d iz er, os s abores , osod ores , a s cores , o s om , as qua lid ad es venenos as ous a lu tares d os corpos não pas s am d e m od ificações d eum a ún ica s ubs tância prim itiva?

“Sem dú vida e qu e s ó exis tem devido à d is pos içã o dosórgã os des t in a dos a per cebê-la s .”

A dem on s tra çã o des te p r in cíp io s e en con tra n o fa to de qu en em todos per cebem os a s qu a lida des dos corpos do m es m o m odo:en qu a n to qu e u m a cois a a gra da a o gos to de u m , pa ra o de ou tro

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⇥� O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

é detes tá vel; o qu e u n s vêem a zu l, ou tros vêem verm elh o; o qu epa ra u n s é ven en o, pa ra ou tros é in ofen s ivo ou s a lu ta r.

3 3 . A m es m a m atéria elem en tar é s us cetível d e experim en-ta r tod a s a s m od if ica çõe s e d e a d qu irir tod a s a spropried ad es ?

“Sim e é is s o o qu e s e deve en ten der, qu a n do d izem osqu e tud o es tá em tud o!”1

O oxigên io, o h id r ogên io, o a zoto, o ca rbon o e todos os cor -

pos qu e con s idera m os s im ples s ã o m era s m od ifica ções de u m a

s u bs tâ n cia p r im it iva . Na im pos s ib ilida de em qu e a in da n os a ch a -

m os de rem on ta r, a n ã o s er pelo pen s a m en to, a es ta m a tér ia p r i-

m á r ia , es s es corpos s ã o pa ra n ós verda deiros elem en tos e pode-

m os , sem m a iores con seqü ên cia s , tê-los com o ta is , a té n ova ordem .

a) — Não parece que es ta teoria d á raz ão aos que nãoad m item na m atéria s enão d uas propried ad es es s encia is : aforça e o m ovim en to, en tend end o que tod as as d em ais pro-pried ad es não pas s am d e efeitos s ecund ários , que variamcon form e à in tens id ad e d a força e à d ireção d o m ovim en to?

1 E s t e p r in c íp io e x p lic a o fe n ô m e n o c o n h e c id o d e t o d o s o sm a gn et iza dores e qu e con s is te em da r -s e, pela a çã o da von ta de, au m a s u bs tâ n cia qu a lqu er, à á gu a , por exem plo, p ropr ieda des m u i-to d ivers a s : u m gos to deter m in a do e a té a s qu a lida des a t iva s deou tra s s u bs tâ n cia s . Des de qu e n ã o h á m a is de u m elem en to p r im i-t ivo e qu e a s p r opr ieda des dos d iferen tes corpos s ã o a pen a s m odi-fica ções des s e elem en to, o qu e s e s egu e é qu e a m a is in ofen s ivas u bs tâ n cia tem o m es m o p r in cíp io qu e a m a is deletér ia . As s im , aá gu a , qu e s e com põe de u m a pa r te de oxigên io e de du a s de h id r o-gên io, s e tor n a corr os iva , du p lica n do-s e a p roporçã o do oxigên io.Tra n s for m a çã o a n á loga s e pode p rodu zir por m eio da a çã o m a gn é-t ica d ir igida pela von ta de.

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⇥�D O S E LE M E N T O S G E R AI S D O U N I VE R S O

“É a cer ta da es s a op in iã o. Fa lta s om en te a cres cen ta r : e

con for m e à d is pos içã o da s m olécu la s , com o o m os tra , por

exem plo, u m corpo opa co, qu e pode tor n a r -s e t ra n s pa ren -

te e vice-vers a .”

3 4 . As m olécu las têm form a d eterm inad a?

“Certa m en te, a s m olécu la s têm u m a form a , porém n ã o

s ois ca pa zes de a p r eciá -la .”

a) — Es s a form a é cons tan te ou variável?

“Con s tan te a da s m olécu la s elem en ta res prim itiva s ; va -

r iá vel a da s m olécu la s s ecu n dá r ia s , qu e m a is n ã o s ã o do

qu e a glom era ções da s p r im eira s . Por qu e, o qu e ch a m a is

m olécu la lon ge a in da es tá da m olécu la elem en ta r.”

E S PAÇO UNIVERS AL

3 5 . O Es paço un ivers a l é in fin ito ou lim itad o?

“In fin ito. Su põe-n o lim ita do: qu e h a verá pa ra lá de seu s

lim ites ? Is to te con fu n de a ra zã o, bem o s ei; n o en ta n to, a

ra zã o te d iz qu e n ã o pode s er de ou tr o m odo. O m es m o s e

dá com o in fin ito em toda s a s cois a s . Nã o é n a pequ en in a

es fera em qu e vos a ch a is qu e podereis com preen dê-lo.”

Su pon do-s e u m lim ite a o Es pa ço, por m a is d is ta n te qu e aim a gin a çã o o coloqu e, a ra zã o d iz qu e a lém des s e lim ite a lgu m acois a h á e a s s im , gra d a t iva m en te, a té a o in fin ito, p or qu a n to,em bora es s a a lgu m a cois a fos s e o va zio a bs olu to, a in da s er iaEs pa ço.

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�� O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

3 6 . O vácuo abs olu to exis te em a lgum a parte no Es paçounivers a l?

“Nã o, n ã o h á o vá cu o. O qu e t e p a r ece va zio es t áocu p a d o p or m a tér ia qu e t e es ca p a a os s en t id os e a osin s tru m en tos .”

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C A P Í T U L O I I I

�⌥�⌃⌅⇧⌥⇤ ⇥• Form ação d os m und os• Form ação d os s eres vivos• Povoam en to d a Terra . Ad ão• Divers id ad e d as raças hum anas• Plura lid ad e d os m und os• Con s id e ra çõe s e con cord â n cia s b íb lica s

concernen tes à Criação

F ORMAÇÃO DOS MUNDOS

O Un ivers o a b ra n ge a in fin ida de dos m u n dos qu e vem os e

dos qu e n ã o vem os , todos os s eres a n im a dos e in a n im a dos , todos

os a s t r os qu e s e m ovem n o es pa ço, a s s im com o os flu idos qu e o

en ch em .

3 7 . O Univers o foi criad o, ou exis te d e tod a a etern id ad e,com o Deus ?

“É fora de dú vida qu e ele n ã o pode ter -s e feito a s im es m o. Se exis t is s e, com o Deu s , de toda a eter n ida de, n ã os er ia ob ra de Deu s .”

Diz-n os a ra zã o n ã o s er pos s ível qu e o Un ivers o s e ten h a

feito a s i m es m o e qu e, n ã o poden do ta m bém s er ob ra do a ca s o,

h á de s er ob ra de Deu s .

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�⇥ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

3 8 . Com o criou Deus o Un ivers o?

“Pa ra m e s ervir de u m a expres s ã o corren te, d ir ei: pelas u a Von ta de. Na da ca ra cter iza m elh or es s a von ta de on ipo-ten te do qu e es ta s bela s pa la vra s da Gênes e – ‘Deu s d is s e:Fa ça -s e a lu z e a lu z foi feita .’ ”

3 9 . Pod erem os conhecer o m od o d e form ação d os m und os ?

“Tu do o qu e a es s e res peito s e pode d izer e podeiscom preen der é qu e os m u n dos s e for m a m pela con den s a -çã o da m a tér ia d is s em in a da n o Es pa ço.”

4 0 . S erão os com etas , com o agora s e pens a , um com eço d econd ens ação d a m atéria , m und os em via d e form ação?

“Is s o es tá cer to; a b s u r do, porém , é a cr ed ita r -s e n ain flu ên cia deles . Refiro-m e à in flu ên cia qu e vu lga r m en telh es a t r ibu em , porqu a n to todos os corpos celes tes in flu emde a lgu m m odo em cer tos fen ôm en os fís icos .”

4 1 . Pod e u m m u n d o com pleta m en te form a d o d es a pa recere d is s em in a r-s e d e n ovo n o Es pa ço a m a téria qu e ocom põe?

“Sim , Deu s ren ova os m u n dos , com o r en ova os s eresvivos .”

4 2 . Pod er-s e-á conhecer o tem po que d ura a form ação d osm und os : d a Terra , por exem plo?

“Na da te pos s o d izer a res peito, por qu e s ó o Cr ia dor os a be e bem lou co s erá qu em preten da s a bê-lo, ou con h ecerqu e n ú m ero de s écu los du ra es s a for m a çã o.”

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�⇥D A C R I AÇ ÃO

F ORMAÇÃO DOS S ERES VIVOS

4 3 . Quand o com eçou a Terra a s er povoad a?

“No com eço tu do era ca os ; os elem en tos es ta va m emcon fu s ã o. Pou co a pou co ca da cois a tom ou o s eu lu ga r.Apa recera m en tã o os s eres vivos a p ropr ia dos a o es ta do doglobo.”

4 4 . Dond e vieram para a Terra os s eres vivos ?

“A Terra lh es con t in h a os ger m en s , qu e a gu a rda va mm om en to fa vorá vel pa ra s e des en volverem . Os p r in cíp iosorgâ n icos s e con gr ega ra m , des de qu e ces s ou a a tu a çã o daforça qu e os m a n t in h a a fa s ta dos , e for m a ra m os ger m en sde todos os s er es vivos . Es tes ger m en s perm a n ecera m emes ta do la ten te de in ér cia , com o a cr is á lida e a s s em en tesda s p la n ta s , a té o m om en to p rop ício a o s u r to de ca da es pé-cie. Os s eres de ca da u m a des ta s s e r eu n ira m , en tã o, e s em u lt ip lica ra m .”

4 5 . Ond e es tavam os elem en tos orgân icos , an tes d a form a-ção d a Terra?

“Ach a va m -s e, por a s s im d izer, em es ta do de flu ido n oEs pa ço, n o m eio dos Es p ír itos , ou em ou tros p la n eta s , àes pera da cr ia çã o da Terra pa ra com eça rem exis tên cia n ovaem n ovo globo.”

A Qu ím ica n os m os tra a s m olécu la s dos corpos in orgâ n icos

u n in do-s e pa ra for m a rem cr is ta is de u m a regu la r ida de con s ta n -

te, con for m e ca da es pécie, des de qu e s e en con trem n a s con d i-

ções p recis a s . A m en or per tu rba çã o n es ta s con d ições ba s ta pa ra

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�⇥ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

im ped ir a reu n iã o dos elem en tos , ou , pelo m en os , pa ra obs ta r à

d is pos içã o regu la r qu e con s t itu i o cr is ta l. Por qu e n ã o s e da r ia o

m es m o com os elem en tos orgâ n icos ? Du ra n te a n os s e con s erva m

ger m en s de p la n ta s e de a n im a is , qu e n ã o s e des en volvem s en ã o

a u m a certa tem pera tu ra e em m eio a propria do. Têm -se vis to grã os

de t r igo ger m in a r em depois de s écu los . Há , pois , n es s es ger m en s

u m pr in cíp io la ten te de vita lida de, qu e a pen a s es pera u m a cir -

cu n s tân cia favorável pa ra se desen volver. O qu e d ia riam en te ocorre

deba ixo da s n os s a s vis ta s , por qu e n ã o pode ter ocorr ido des de a

or igem do globo ter rá qu eo? A for m a çã o dos s eres vivos , s a in do

eles do ca os pela força m es m a da Na tu reza , d im in u i de a lgu m a

cois a a gra n deza de Deu s ? Lon ge d is s o: corres pon de m elh or à

idéia qu e fa zem os do s eu poder a s e exercer s obr e a in fin ida de

dos m u n dos por m eio de leis eter n a s . Es ta teor ia n ã o res olve, é

verda de, a qu es tã o da or igem dos elem en tos vita is ; m a s , Deu s

tem s eu s m is tér ios e pôs lim ites à s n os s a s in ves t iga ções .

4 6 . Aind a há s eres que nas çam es pon taneam en te?

“Sim , m a s o gér m en p r im it ivo já exis t ia em es ta do la -ten te. Sois todos os d ia s tes tem u n h a s des s e fen ôm en o. Ostecidos do corpo h u m a n o e do dos a n im a is n ã o en cerra mos ger m en s de u m a m u lt idã o de verm es qu e s ó es pera m ,pa ra des a broch a r, a fer m en ta çã o pú tr ida qu e lh es é n eces -s á r ia à exis tên cia ? É u m m u n do m in ú s cu lo qu e dor m itae s e cr ia .”

4 7 . A es pécie hum ana s e encon trava en tre os elem en tosorgân icos con tid os no globo terres tre?

“Sim , e veio a s eu tem po. Foi o qu e deu lu ga r a qu e s ed is s es s e qu e o h om em s e for m ou do lim o da ter ra .”

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⇥�D A C R I AÇ ÃO

4 8 . Pod erem os conhecer a época d o aparecim ento d o hom em e d os ou tros s eres vivos na Terra?

“Nã o; todos os vos s os cá lcu los s ã o qu im ér icos .”

4 9 . S e o gérm en d a es pécie hum ana s e encon trava en tre oselem en tos orgân icos d o globo, por que não s e form ames pontaneam ente hom ens , com o na origem d os tem pos ?

“O p r in cíp io da s cois a s es tá n os s egredos de Deu s .En treta n to, pode d izer -s e qu e os h om en s , u m a vez es pa -lh a dos pela Terra , a bs orvera m em s i m es m os os elem en tosn eces s á r ios à s u a p rópr ia for m a çã o, pa ra os t ra n s m it ir s e-gu n d o a s leis d a r ep r od u çã o. O m es m o s e d eu com a sd iferen tes es pécies de s er es vivos .”

POVOAMENTO DA TERRA. ADÃO

5 0 . A es pécie hum ana com eçou por um ún ico hom em ?

“Nã o; a qu ele a qu em ch a m a is Adã o n ã o foi o p r im eiro,n em o ú n ico a povoa r a Terra .”

5 1 . Pod erem os s aber em que época viveu Ad ão?

“Ma is ou m en os n a qu e lh e a s s in a is : cerca de 4 .000a n os a n tes do Cr is to.”

O h om em , cu ja tradição se con servou sob o n om e de Adão, foi

dos qu e sobreviveram , em certa região, a a lgu n s dos gran des ca ta -

c lis m os q u e r e vo lve r a m e m d ive r s a s é p oc a s a s u p e r fíc ie

do globo, e se con s titu iu tron co de u m a das raças qu e a tu a lm en te o

povoam . As leis da Na tu reza se opõem a qu e os progressos da Hu -

m an idade, com provados m u ito tem po an tes do Cris to, se ten h am

rea lizado em a lgu n s sécu los , com o h ou vera su cedido se o h om em

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⇥� O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

n ão exis tis se n a Terra sen ão a pa rtir da época in dicada pa ra a exis -tên cia de Adão. Mu itos , com m ais razão, con s ideram Adão u m m itoou u m a a legoria qu e person ifica as prim eiras idades do m u n do.

DIVERS IDADE DAS RAÇAS HUMANAS

5 2 . Dond e provêm as d iferenças fís icas e m ora is que d is tin -guem as raças hum anas na Terra?

“Do clim a, da vida e dos costu m es. Dá-se a í o qu e se dácom dois filh os de u m a m esm a m ãe qu e, edu cados lon ge u mdo ou tro e de m odos diferen tes , em n ada se assem elh arão,qu an to ao m oral.”

5 3 . O hom em s urgiu em m uitos pon tos d o globo?

“Sim e em épocas várias , o qu e tam bém con stitu i u m a dascau sas da divers idade das raças . Depois , dispersan do-se osh om en s por clim as diversos e a lian do-se os de u m a aos deou tras raças , n ovos tipos se form aram .”

a) — Es tas d iferenças cons tituem espécies d is tintas?

“Certam en te qu e n ão; todos são da m esm a fam ília . Por -ven tu ra as m ú ltiplas variedades de u m m esm o fru to são m oti-vo para qu e elas deixem de form ar u m a só espécie?”

5 4 . Pelo fato de não proceder de um s ó ind ivíduo a es pécieh u m a n a , d evem os h om en s d eixa r d e con s id era r-s eirm ãos ?

“Todos os h om en s são irm ãos em Deu s, porqu e são an i-m ados pelo espírito e ten dem para o m esm o fim . Esta is sem prein clin ados a tom ar as pa lavras n a su a s ign ificação litera l.”

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⇥�D A C R I AÇ ÃO

PLURALIDADE DOS MUNDOS

5 5 . S ã o h a b ita d os tod os os glob os qu e s e m ov e m n oes paço?

“Sim e o h om em terren o es tá lon ge de ser, com o su põe,o p r im eir o em in teligên cia , em bon da de e em per feiçã o.En t r eta n to, h á h om en s qu e s e têm p or es p ír itos m u itofor tes e qu e im a gin a m per ten cer a es te pequ en in o globo op r ivilégio d e con ter s er es ra cion a is . Orgu lh o e va id a d e!J u lga m qu e s ó pa ra eles cr iou Deu s o Un ivers o.”

Deu s povoou de s eres vivos os m u n dos , con corren do todoses s es s er es pa ra o ob jet ivo fin a l da Providên cia . Acr ed ita r qu e s óos h a ja n o p la n eta qu e h a b ita m os fora du vida r da s a bedor ia deDeu s , qu e n ã o fez cois a a lgu m a in ú t il. Cer to, a es s es m u n dos h áde ele ter da do u m a des t in a çã o m a is s ér ia do qu e a de n os recrea -rem a vis ta . Aliá s , n a da h á , n em n a pos içã o, n em n o volu m e, n emn a con s t itu içã o fís ica da Terra , qu e pos s a in du zir à s u pos içã o dequ e ela goze do p r ivilégio de s er h a b ita da , com exclu s ã o de ta n tosm ilh a res de m ilh ões de m u n dos s em elh a n tes .

5 6 . É a m es m a a cons titu ição fís ica d os d iferen tes globos ?

“Nã o; de m odo a lgu m s e a s s em elh a m .”

5 7 . Não s end o um a s ó para tod os a cons titu ição fís ica d osm und os , s egu ir-s e-á tenham organiz ações d iferen tes oss eres que os habitam ?

“Sem dú vida , do m es m o m odo qu e n o vos s o os peixess ã o feitos pa ra viver n a á gu a e os pá s s a r os n o a r.”

5 8 . Os m und os m ais a fas tad os d o S ol es tarão privad os d eluz e ca lor, por m otivo d e es s e as tro s e lhes m os trarapenas com a aparência d e um a es trela?

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⇥� O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

“Pen s a is en tã o qu e n ã o h á ou tra s fon tes de lu z e ca lora lém do Sol e em n en h u m a con ta ten des a elet r icida de qu e,em certos m u n dos , desem pen h a u m papel qu e descon h eceise bem m a is im porta n te do qu e o qu e lh e ca be des em pen h a rn a Terra ? Dem a is , n ã o d is s em os qu e todos os s er es s ã ofeitos de igu a l m a tér ia qu e vós ou t r os e com órgã os decon for m a çã o idên t ica à dos vos s os .”

As con d ições de exis tên cia dos s er es qu e h a b ita m os d ife-

ren tes m u n dos h ã o de s er a dequ a da s a o m eio em qu e lh es cu m -

p re viver. Se ja m a is h ou véra m os vis to p eixes , n ã o com p reend e-

r ía m os pu des s e h a ver s er es qu e vives s em den tro d ’á gu a . As s im

a con tece com rela çã o a os ou tros m u n dos , qu e s em dú vida con -

têm elem en tos qu e des con h ecem os . Nã o vem os n a Terra a s lon -

ga s n oit es p ola r es ilu m in a d a s p ela elet r ic id a d e d a s a u r or a s

borea is ? Qu e h á de im poss ível em ser a eletr icidade, n a lgu n s m u n -

dos , m a is a bu n da n te do qu e n a Terra e desem pen h a r n eles u m a

fu n çã o de ordem gera l, cu jos efeitos n ã o podem os com preen der?

Bem pode s u ceder, por ta n to, qu e es s es m u n dos t ra ga m em s i

m esm os a s fon tes de ca lor e de lu z n eces s á r ia s a s eu s h a b ita n tes .

CONS IDERAÇÕES E CONCORDÂNCIAS BÍBLICAS

CONCERNENTES À CRIAÇÃO

5 9 . Os povos h ã o for m a do idéia s m u ito d ivergen tes a cerca da

Cria çã o, de a cordo com a s lu zes qu e pos s u ía m . Apoia da n a Ciên -

cia , a ra zã o recon h eceu a in veros s im ilh a n ça de a lgu m a s des s a s

teor ia s . A qu e os Es p ír itos a p res en ta m con fir m a a op in iã o de h á

m u ito pa r t ilh a da pelos h om en s m a is es cla recidos .

A ob jeçã o qu e s e lh e pode fa zer é a de es ta r em con tra d içã o

com o texto dos livros s a gra dos . Ma s , u m exa m e s ér io m os tra rá

qu e es s a con tra d içã o é m a is a pa ren te do qu e r ea l e qu e decorre

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⇥�D A C R I AÇ ÃO

d a in t erp ret a çã o d a d a a o qu e m u it a s vezes s ó t in h a s en t id oa legór ico.

A qu es tã o de ter s ido Adã o, com o p r im eiro h om em , a or igemexclu s iva da Hu m a n ida de, n ã o é a ú n ica a cu jo r es peito a s cren -ça s religios a s t ivera m qu e s e m od ifica r. O m ovim en to da Terrapa r eceu , em deter m in a da época , tã o em opos içã o à s let ra s s a gra -da s , qu e n ã o h ou ve gên er o de pers egu ições a qu e es s a teor ia n ã ot ives s e s ervido de p r etexto, e, n o en ta n to, a Terra gira , m a lgra doa os a n á t em a s , n ã o p od en d o n in gu ém h oje con t es t á -lo, s ema gra vo à s u a p rópr ia ra zã o.

Diz ta m bém a Bíb lia qu e o m u n do foi cr ia do em s eis d ia s epõe a época da s u a cr ia çã o h á qu a tro m il a n os , m a is ou m en os ,a n tes da era cr is tã . An ter ior m en te, a Terra n ã o exis t ia ; foi t ira dado n a da : o texto é for m a l. E is , porém , qu e a ciên cia pos it iva , ain exorá vel ciên cia , p r ova o con trá r io. A h is tór ia da for m a çã o doglobo ter rá qu eo es tá es cr ita em ca ra cter es ir recu s á veis n o m u n -do fós s il, a ch a n do-s e p rova do qu e os s eis d ia s da cr ia çã o in d ica mou tr os ta n tos per íodos , ca da u m de, ta lvez, m u ita s cen ten a s dem ilh a res de a n os . Is to n ã o é u m s is tem a , u m a dou tr in a , u m aop in iã o in s u la da ; é u m fa to tã o cer to com o o do m ovim en to daTerra e qu e a Teologia n ã o pode n ega r -s e a a dm it ir, o qu e de-m on s tra eviden tem en te o er ro em qu e s e es tá s u jeito a ca ir to-m a n do a o pé da let ra expres s ões de u m a lin gu a gem freqü en te-m en te figu ra da . Dever -s e-á da í con clu ir qu e a Bíb lia é u m erro?Nã o; a con clu s ã o a t ira r -s e é qu e os h om en s s e equ ivoca ra m a oin terp retá -la .

Esca va n do os a rqu ivos da Terra , a Ciên cia descobriu em qu eordem os s eres vivos lh e a pa recera m n a su perfície, ordem qu e es táde a cordo com o qu e d iz a Gênes e , h a ven do a pen a s a n ota r -sea d iferen ça de qu e es sa obra , em vez de execu ta da m ila grosa m en tepor Deu s em a lgu m a s h ora s , s e rea lizou , s em pre pela su a von ta de,m a s con for m em en te à lei d a s força s d a Na tu r eza , em a lgu n sm ilh ões de a n os . Ficou s en do Deu s , por is s o, m en or e m en ospoder os o? Perdeu em s u b lim ida de a s u a obra , por n ã o ter o p res -

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t ígio da in s ta n ta n eida de? In du b ita velm en te, n ã o. Fora m is ter fa -zer -s e da Divin da de bem m es qu in h a idéia , pa ra s e n ã o recon h e-cer a s u a on ipotên cia n a s leis eter n a s qu e ela es ta beleceu pa raregerem os m u n dos . A Ciên cia , lon ge de a pou ca r a ob ra d ivin a ,n o-la m os tra s ob a s pecto m a is gra n d ios o e m a is a corde com a sn oções qu e tem os do poder e da m a jes ta de de Deu s , pela ra zã om es m a de ela s e h a ver efetu a do s em derroga çã o da s leis da Na tu -reza .

De a cor do, n es te pon to, com Mois és , a Ciên cia coloca o h o-m em em ú lt im o lu ga r n a ordem da cr ia çã o dos s eres vivos . Moisés ,porém , in d ica , com o s en do o do d ilú vio u n ivers a l, o a n o 4 .654 dafor m a çã o do m u n do, a o pa s s o qu e a Geologia n os a pon ta o gra n -de ca ta clis m o com o a n ter ior a o a pa recim en to do h om em , a ten -den do a qu e, a té h oje, n ã o s e en con trou , n a s ca m a da s p r im it i-va s , t ra ço a lgu m de s u a p res en ça , n em da dos a n im a is de igu a lca tegor ia , do pon to de vis ta fís ico. Con tu do, n a da p rova qu e is s os eja im pos s ível. Mu ita s des cober ta s já fizera m s u rgir dú vida s ata l res peito. Pode da r -s e qu e, de u m m om en to pa ra ou tr o, s e a d -qu ira a cer teza m a ter ia l da a n ter ior ida de da ra ça h u m a n a e en -tã o s e recon h ecerá qu e, a es s e p r opós ito, com o a ta n tos ou tr os , otexto b íb lico en cer ra u m a figu ra . A qu es tã o es tá em s a ber s eo ca ta clis m o geológico é o m es m o a qu e a s s is t iu Noé. Ora , o tem -po n eces s á r io à for m a çã o da s ca m a da s fós s eis n ã o per m ite con -fu n d i-los e, des de qu e s e a ch em ves t ígios da exis tên cia do h o-m em a n tes da gra n de ca tá s t rofe, p rova do fica rá , ou qu e Adã o n ã ofoi o p r im eiro h om em , ou qu e a s u a cr ia çã o s e perde n a n oite dostem pos . Con tra a evidên cia n ã o h á ra ciocín ios pos s íveis ; forços os erá a ceita r -s e es s e fa to, com o s e a ceita ra m o do m ovim en to daTerra e os s eis per íodos da Cr ia çã o.

A exis tên cia do h om em a n tes do d ilú vio geológico a in da é,com efeito, h ipotét ica . E is a qu i, porém , a lgu m a cois a qu e o ém en os . Adm it in do-s e qu e o h om em ten h a a pa recido pela p r im ei-ra vez n a Terra 4 .000 a n os a n tes do Cr is to e qu e, 1 .650 a n osm a is ta rde, toda a ra ça h u m a n a foi des t ru ída , com exceçã o deu m a s ó fa m ília , res u lta qu e o povoa m en to da Terra da ta a pen a s

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��D A C R I AÇ ÃO

de Noé, ou s eja : de 2 .350 a n os a n tes da n os s a era . Ora , qu a n doos h ebreu s em igra ra m pa ra o Egito, n o décim o oita vo s écu lo, en -con tra ra m es s e pa ís m u ito povoa do e já ba s ta n te a d ia n ta do emciviliza çã o. A His tór ia p rova qu e, n es s a época , a s Ín d ia s e ou tr ospa ís es ta m bém es ta va m flores cen tes , s em m es m o s e ter em con taa cr on ologia de cer tos povos , qu e rem on ta a u m a época m u itom a is a fa s ta da . Ter ia s ido p recis o, n es s e ca s o, qu e do vigés im oqu a r to a o décim o oita vo s écu lo, is to é, qu e n u m es pa ço de 600a n os , n ã o s om en te a pos ter ida de de u m ú n ico h om em h ou ves s epod ido povoa r todos os im en s os pa ís es en tã o con h ecidos , s u pos -to qu e os ou tr os n ã o o fos s em , m a s ta m bém qu e, n es s e cu r tola ps o de tem po, a es pécie h u m a n a h ou ves s e pod ido eleva r -s e daign orâ n cia a b s olu ta d o es ta d o p r im it ivo a o m a is a lto gra u d edes en volvim en to in telectu a l, o qu e é con t rá r io a toda s a s leisa n t r opológica s .

A d ivers ida de da s ra ça s corrobora , igu a lm en te, es ta op in iã o.O clim a e os cos tu m es p rodu zem , é cer to, m od ifica ções n o ca rá -ter fís ico; s a be-s e, porém , a té on de pode ir a in flu ên cia des s a sca u s a s . En tr eta n to, o exa m e fis iológico dem on s tra h a ver, en t r ecer ta s ra ça s , d iferen ça s con s t itu cion a is m a is p r ofu n da s do qu ea s qu e o clim a é ca pa z de deter m in a r. O cru za m en to da s ra ça s dáor igem a os t ipos in ter m ed iá r ios . E le ten de a a pa ga r os ca ra cteresextr em os , m a s n ã o os cr ia ; a pen a s p rodu z va r ieda des . Ora , pa raqu e ten h a h a vido cru za m en to de ra ça s , p recis o era qu e h ou ves s era ça s d is t in ta s . Com o, porém , s e exp lica rá a exis tên cia dela s ,a t r ibu in do-s e-lh es u m a or igem com u m e, s obr etu do, tã o pou coa fa s ta da ? Com o s e h á de a dm it ir qu e, em pou cos s écu los , a lgu n sdes cen den tes de Noé s e ten h a m t ra n s for m a do a o pon to de p ro-du zir em a ra ça et íope, por exem plo? Tã o pou co a dm is s ível é s e-m elh a n te m eta m or fos e, qu a n to a h ipótes e de u m a or igem com u mpa ra o lobo e o cor deiro, pa ra o elefa n te e o pu lgã o, pa ra o pá s s a roe o peixe. Ain da u m a vez: n a da pode p r eva lecer con tra a evidên -cia dos fa tos .

Tu do, a o in vés , s e exp lica , a dm it in do-s e: qu e a exis tên cia doh om em é a n ter ior à época em qu e vu lga r m en te s e p reten de qu e

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ela com eçou ; qu e d ivers a s s ã o a s or igen s ; qu e Adã o, viven do h ás eis m il a n os , ten h a povoa do u m a regiã o a in da des a b ita da ; qu e od ilú vio de Noé foi u m a ca tá s t rofe pa rcia l, con fu n d ida com o ca ta -clis m o geológico; e a ten ta n do-s e, fin a lm en te, n a for m a a legór icapecu lia r a o es t ilo or ien ta l, for m a qu e s e n os depa ra n os livross a gra dos de todos os povos . Is to fa z ver qu a n to é p ru den te n ã ola n ça r levia n a m en te a pech a de fa ls a s a s dou tr in a s qu e podem ,cedo ou ta rde, com o ta n ta s ou tra s , des m en t ir os qu e a s com ba -tem . As idéia s religios a s , lon ge de perderem a lgu m a cois a , s e en -gra n decem , ca m in h a n do de pa r com a Ciên cia . Es s e o m eio ú n icode n ã o a p res en ta rem la do vu ln erá vel a o cep t icis m o.

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C A P Í T U L O I V

⇤⇥⌅⇧⌃���⌅⌃⇤⇥↵⌃⌥�⌦• S eres orgân icos e inorgân icos• A vid a e a m orte• In teligência e in s tin to

S ERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOS

Os s eres orgâ n icos s ã o os qu e têm em s i u m a fon te dea t ivida de ín t im a qu e lh es dá a vida . Na s cem , cr es cem , re-p r odu zem -s e por s i m es m os e m orrem . Sã o p r ovidos de ór -gã os es pecia is pa ra a execu çã o dos d ifer en tes a tos da vida ,órgã os es s es a p r opr ia dos à s n eces s ida des qu e a con s erva -çã o p rópr ia lh es im põe. Nes s a cla s s e es tã o com preen d idosos h om en s , os a n im a is e a s p la n ta s . Ser es in orgâ n icos s ã otodos os qu e ca r ecem de vita lida de, de m ovim en tos p ró-p r ios e qu e s e for m a m a pen a s pela a gr ega çã o da m a tér ia .Ta is s ã o os m in era is , a á gu a , o a r, etc.

6 0 . É a m es m a a força que une os elem en tos d a m atérianos corpos orgân icos e nos inorgân icos ?

“Sim , a lei de a t ra çã o é a m es m a pa ra todos .”

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6 1 . Há d iferença en tre a m a téria d os corpos orgân icos e ad os inorgân icos ?

“A m a tér ia é s em pr e a m es m a , porém n os corpos orgâ -n icos es tá a n im a liza da .”

6 2 . Qual a caus a d a an im aliz ação d a m a téria?

“Su a u n iã o com o p r in cíp io vita l.”

6 3 . O princípio vita l res id e na lgum agen te particu lar, ou és im ples m ente um a propried ad e d a m atéria organizad a?Num a pa lavra , é efeito, ou caus a?

“Um a e ou tra cois a . A vida é u m efeito devido à a çã o deu m a gen te s obre a m a tér ia . Es s e a gen te, s em a m a tér ia ,n ã o é a vida , do m es m o m odo qu e a m a tér ia n ã o pode vivers em es s e a gen te. Ele dá a vida a todos os s er es qu e o a bs or -vem e a s s im ila m .”

6 4 . Vim os que o es pírito e a m atéria s ão d ois elem entos cons -titu tivos d o Univers o. O princípio vita l s erá um terceiro?

“É, s em dú vida , u m dos elem en tos n eces s á r ios à con s -t itu içã o do Un ivers o, m a s qu e ta m bém tem s u a or igem n am a tér ia u n ivers a l m od ifica da . É , pa ra vós , u m elem en to,com o o oxigên io e o h id r ogên io, qu e, en treta n to, n ã o s ã oelem en tos p r im it ivos , pois qu e tu do is s o der iva de u m s ópr in cíp io.”

a) — Parece res u ltar d a í que a vita lid ad e não tem s euprincípio num agen te prim itivo d is tin to e s im num a proprie-d a d e e s p e cia l d a m a té ria u n iv e rs a l, d e v id a a ce rta sm od ificações .

“Is to é con s eqü ên cia do qu e d is s em os .”

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6 5 . O p rin cíp io v ita l re s id e e m a lgu m d os corp os qu econhecem os ?

“Ele tem por fon te o flu ido u n ivers a l. É o qu e ch a m a isflu ido m a gn ét ico, ou flu ido elét r ico a n im a liza do. É o in ter -m ed iá r io, o elo exis ten te en tr e o Es p ír ito e a m a tér ia .”

6 6 . O princípio vita l é um s ó para tod os os s eres orgân icos ?

“Sim , m od ifica do s egu n do a s es pécies . É ele qu e lh esdá m ovim en to e a t ivida de e os d is t in gu e da m a tér ia in er te,p or qu a n to o m ovim en to d a m a tér ia n ã o é a vid a . Es s em ovim en to ela o recebe, n ã o o dá .”

6 7 . A vita lid ad e é a tribu to perm anen te d o agen te vita l, ous e d es envolve tão-s ó pelo funcionam en to d os órgãos ?

“Ela n ã o s e des en volve s en ã o com o corpo. Nã o d is s e-m os qu e es s e a gen te s em a m a tér ia n ã o é a vida ? A u n iã odos dois é n eces s á r ia pa ra p r odu zir a vida .”

a) — Pod er-s e-á d iz er que a vita lid ad e s e acha em es ta -d o la ten te, quand o o agen te vita l não es tá un id o ao corpo?

“Sim , é is s o.”

O con ju n to dos órgã os con s t itu i u m a es pécie de m eca n is m oqu e r ecebe im pu ls ã o da a t ivida de ín t im a ou p r in cíp io vita l qu een tr e eles exis te. O p r in cíp io vita l é a força m otr iz dos corposorgâ n icos . Ao m es m o tem po qu e o a gen te vita l dá im pu ls ã o a osórgã os , a a çã o des tes en tr etém e des en volve a a t ivida de da qu elea gen te, qu a s e com o s u cede com o a t r ito, qu e des en volve o ca lor.

A VIDA E A MORTE

6 8 . Qual a caus a d a m orte d os s eres orgân icos ?

“Es gota m en to dos órgã os .”

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a) — Pod er-s e-ia com parar a m orte à ces s ação d o m ovi-m en to d e um a m áqu ina d es organ iz ad a?

“Sim ; s e a m á qu in a es tá m a l m on ta da , ces s a o m ovi-m en to; s e o corpo es tá en fer m o, a vida s e ext in gu e.”

6 9 . Por que é que um a les ão d o coração m a is d epres s acaus a a m orte d o que as d e ou tros órgãos ?

“O cora çã o é m á qu in a de vida , n ã o é, porém , o ú n icoórgã o cu ja les ã o oca s ion a a m orte. E le n ã o pa s s a de u m ada s peça s es s en cia is .”

7 0 . Que é feito d a m atéria e d o princípio vita l d os s eresorgân icos , quand o es tes m orrem ?

“A m a tér ia in er t e s e d ecom p õe e va i for m a r n ovosorga n is m os . O p r in cíp io vita l volta à m a s s a don de s a iu .”

Morto o ser orgân ico, os elem en tos qu e o com põem s ofremn ova s com bin a ções , de qu e res u lta m n ovos s eres , os qu a is h a u -rem n a fon te u n ivers a l o p r in cíp io da vida e da a t ivida de, o a bs or -vem e a s s im ila m , pa ra n ova m en te o res t itu írem a es s a fon te,qu a n do deixa rem de exis t ir.

Os órgã os s e im pr egn a m , por a s s im d izer, des s e flu ido vita le es s e flu ido dá a toda s a s pa r tes do orga n is m o u m a a t ivida dequ e a s põe em com u n ica çã o en tre s i, n os ca s os de cer ta s les ões ,e n or m a liza a s fu n ções m om en ta n ea m en te per tu rba da s . Ma s ,qu a n do os elem en tos es s en cia is a o fu n cion a m en to dos órgã oses tã o des t ru ídos , ou m u ito p rofu n da m en te a ltera dos , o flu ido vi-ta l s e tor n a im poten te pa ra lh es t ra n s m it ir o m ovim en to da vida ,e o s er m orre.

Ma is ou m en os n eces s a r ia m en te, os órgã os rea gem u n s s o-b re os ou tros , res u lta n do es s a a çã o recíp r oca da h a r m on ia docon ju n to por eles for m a do. Des tru ída qu e s eja , por u m a ca u s aqu a lqu er, es ta h a r m on ia , o fu n cion a m en to deles ces s a , com o o

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m ovim en to da m á qu in a cu ja s peça s p r in cipa is s e des a rra n jem . Éo qu e s e ver ifica , por exem plo, com u m relógio ga s to pelo u s o, ouqu e s ofr eu u m ch oqu e por a ciden te, n o qu a l a força m otr iz ficaim poten te pa ra pô-lo de n ovo a a n da r.

Nu m a pa relh o elét r ico tem os im a gem m a is exa ta da vida eda m or te. Es s e a pa r elh o, com o todos os corpos da Na tu reza , con -tém elet r icida de em es ta do la ten te. Os fen ôm en os elét r icos , po-rém , n ã o s e p r odu zem s en ã o qu a n do o flu ido é pos to em a t ivida -de por u m a ca u s a es pecia l. Poder -s e-ia en tã o d izer qu e o a pa relh oes tá vivo. Vin do a ces s a r a ca u s a da a t ivida de, ces s a o fen ôm en o:o a pa relh o volta a o es ta do de in ércia . Os corpos orgâ n icos s ã o,a s s im , u m a es pécie de p ilh a s ou a pa relh os elét r icos , n os qu a is aa t ivida de do flu ido deter m in a o fen ôm en o da vida . A ces s a çã odes s a a t ivida de ca u s a a m orte.

A qu a n t ida de de flu ido vita l n ã o é a bs olu ta em todos os s e-r es orgâ n icos . Va r ia s egu n do a s es pécies e n ã o é con s ta n te, qu erem ca da in d ivídu o, qu er n os in d ivídu os de u m a es pécie. Algu n sh á , qu e s e a ch a m , por a s s im d izer, s a tu ra dos des s e flu ido, en -qu a n to ou tros o pos s u em em qu a n t ida de a pen a s s u ficien te. Da í,p a r a a lgu n s , vid a m a is a t iva , m a is t en a z e , d e cer t o m od o,s u pera bu n da n te.

A qu a n t ida de de flu ido vita l s e es gota . Pode tor n a r -s e in s u -ficien te pa ra a con s erva çã o da vida , s e n ã o for ren ova da pelaa bs orçã o e a s s im ila çã o da s s u bs tâ n cia s qu e o con têm .

O flu ido vita l s e t ra n s m ite de u m in d ivídu o a ou tro. Aqu elequ e o t iver em m a ior porçã o pode dá -lo a u m qu e o ten h a dem en os e em cer tos ca s os p rolon ga r a vida p r es tes a ext in gu ir -s e.

INTELIGÊNCIA E INS TINTO

7 1 . A in teligência é a tribu to d o princípio vita l?

“Nã o, pois qu e a s p la n ta s vivem e n ã o pen s a m : s ó têmvida orgâ n ica . A in teligên cia e a m a tér ia s ã o in depen den -tes , por qu a n to u m corpo pode viver s em a in teligên cia . Ma s ,

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a in teligên cia s ó por m eio dos órgã os m a ter ia is pode m a n i-fes ta r -s e. Neces s á r io é qu e o es p ír ito s e u n a à m a tér iaa n im a liza da pa ra in telectu a lizá -la .”

A in teligên cia é u m a fa cu lda de es pecia l, pecu lia r a a lgu m a scla s s es de s eres orgâ n icos e qu e lh es dá , com o pen s a m en to, avon tade de a tu a r, a con sciên cia de qu e exis tem e de qu e con s titu emu m a in d ividu a lida de ca da u m , a s s im com o os m eios de es ta bele-cerem r ela ções com o m u n d o exter ior e d e p rover em à s s u a sn eces s ida des .

Podem d is t in gu ir -s e a s s im : lº , os s eres in a n im a dos , con s t i-tu ídos s ó de m a tér ia , s em vita lida de n em in teligên cia : s ã o os cor -pos b ru tos ; 2 º , os s eres a n im a dos qu e n ã o pen s a m , for m a dos dem a tér ia e dota dos de vita lida de, porém , des t itu ídos de in teligên -cia ; 3 º , os s eres a n im a dos pen s a n tes , for m a dos de m a tér ia , dota -dos de vita lida de e ten do a m a is u m pr in cíp io in teligen te qu e lh esou torga a fa cu lda de de pen s a r.

7 2 . Qual a fon te d a in teligência?

“J á o d is s em os ; a in teligên cia u n ivers a l.”

a) — Pod er-s e-ia d iz er que cad a s er tira um a porção d ein teligência d a fon te un ivers a l e a as s im ila , com o tira e as s i-m ila o princípio d a vid a m ateria l?

“Is to n ã o pa s s a de s im ples com pa ra çã o, toda via in exa -ta , porqu e a in teligên cia é u m a fa cu lda de p rópr ia de ca das er e con s t itu i a s u a in d ividu a lida de m ora l. Dem a is , com os a beis , h á cois a s qu e a o h om em n ã o é da do pen etra r e es ta ,por en qu a n to, é des s e n ú m ero.”

7 3 . O ins tin to ind epend e d a in teligência?

“Pr ecis a m en te, n ã o, p or is s o qu e o in s t in to é u m aes p écie d e in t eligên cia . É u m a in t eligên cia s em r a ciocí-

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n io . Por e le é q u e t od os os s e r e s p r ovê e m à s s u a sn eces s id a d es .”

7 4 . Pod e es tabelecer-s e um a linha d e s eparação en tre in s -tin to e a in teligência , is to é, precis ar ond e um acaba ecom eça a ou tra?

“Nã o, porqu e m u ita s vezes s e con fu n dem . Ma s , m u itobem s e podem d is t in gu ir os a tos qu e decorr em do in s t in todos qu e s ã o da in teligên cia .”

7 5 . É acertad o d iz er-s e que as facu ld ad es in s tin tivas d im i-nuem à m ed id a que cres cem as in telectua is ?

“Nã o; o in s t in to exis te s em pre, m a s o h om em o des -p r eza . O in s t in to ta m bém pode con du zir a o bem . Ele qu a s es em pre n os gu ia e a lgu m a s vezes com m a is s egu ra n ça doqu e a ra zã o. Nu n ca s e t ra n s via .”

a) — Por que nem s em pre é gu ia in fa lível a raz ão?

“Ser ia in fa lível, s e n ã o fos s e fa ls ea da pela m á -edu ca -çã o, pelo orgu lh o e pelo egoís m o. O in s t in to n ã o ra ciocin a ;a ra zã o per m ite a es colh a e dá a o h om em o livre-a rb ít r io.”

O in s t in to é u m a in teligên cia ru d im en ta r, qu e d ifere da in te-ligên cia p r opr ia m en te d ita , em qu e s u a s m a n ifes ta ções s ã o qu a -s e s em pr e es pon tâ n ea s , a o pa s s o qu e a s da in teligên cia res u lta mde u m a com bin a çã o e de u m a to delibera do.

O in s t in to va r ia em s u a s m a n ifes ta ções , con for m e à s es pé-cies e à s s u a s n eces s ida des . Nos s er es qu e têm a con s ciên cia e aper cepçã o da s cois a s exter iores , ele s e a lia à in teligên cia , is to é,à von ta de e à liberda de.

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P A R T E S E G U N D A

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CAPÍTULO I – DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO II – DA ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO III – DA VOLTA DO ESPÍRITO, EXTINTA A VIDA

CORPÓREA, À VIDA ESPIRITUAL

CAPÍTULO IV – DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES SOBRE A PLURALIDADE DAS

EXISTÊNCIAS

CAPÍTULO VI – DA VIDA ESPÍRITA

CAPÍTULO VII – DA VOLTA DO ESPÍRITO À VIDA CORPORAL

CAPÍTULO VIII – DA EMANCIPAÇÃO DA ALMA

CAPÍTULO IX – DA INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO

CORPORAL

CAPÍTULO X – DAS OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO XI – DOS TRÊS REINOS

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ORIGEM E NATUREZA DOS E S PÍRITOS

7 6 . Que d efin ição s e pod e d ar d os Es píritos ?

“Pode d izer -se qu e os Espír itos s ã o os s eres in teligen tesda cria çã o. Povoa m o Un iverso, fora do m u n do m a teria l.”

Nota — A pa la vra Es pírito é em pr ega da a qu i pa ra des ign a r a sin d ivid u a lid a d es d os s er es ext ra corp ór eos e n ã o m a is o elem en toin teligen te do Un ivers o.

7 7 . Os Es píritos s ão s eres d is tin tos d a Divind ad e, ou s erãos im ples em anações ou porções d es ta e, por is to, d eno-m inad os filhos d e Deus ?

C A P Í T U L O I

�⇥⌃� ⌃⇤⌦⌅⇧⌥⇥⌃• Origem e na turez a d os Es píritos• Mund o norm al prim itivo• Form a e ubiqü id ad e d os Es píritos• Peris pírito• Diferen tes ord ens d e Es píritos• Es ca la es pírita

Terceira ord em . – Es píritos im perfeitosS egund a ord em . – Bons Es píritosPrim eira ord em . – Es píritos puros

• Progres s ão d os Es píritos• Anjos e d em ônios

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“Meu Deu s ! Sã o obra de Deu s , exa ta m en te qu a l a m á -qu in a o é do h om em qu e a fa b r ica . A m á qu in a é ob ra doh om em , n ã o é o p rópr io h om em . Sa bes qu e, qu a n do fa za lgu m a cois a b ela , ú t il, o h om em lh e ch a m a s u a filh a ,cr ia çã o s u a . Pois bem ! O m es m o s e dá com rela çã o a Deu s :s om os s eu s filh os , pois qu e s om os obra s u a .”

7 8 . Os Es píritos tiveram princípio, ou exis tem , com o Deus ,d e tod a a etern id ad e?

“Se n ã o t ives s em t ido p r in cíp io, s er ia m igu a is a Deu s ,qu a n do, a o in vés , s ã o cr ia çã o s u a e s e a ch a m s u bm etidos às u a von ta de. Deu s exis te de toda a eter n ida de, é in con tes -tá vel. Qu a n to, porém , a o m odo por qu e n os cr iou e em qu em om en to o fez, n a da s a bem os . Podes d izer qu e n ã o t ive-m os p r in cíp io, s e qu is eres com is s o s ign ifica r qu e, s en doeter n o, Deu s h á de ter s em pr e cr ia do in in ter ru p ta m en te.Ma s , qu a n do e com o ca da u m de n ós foi feito, rep ito-te,n en h u m o s a be: a í é qu e es tá o m is tér io.”

7 9 . Pois que há d ois elem en tos gera is no Univers o: o ele-m en to in teligen te e o elem en to m ateria l, pod er-s e-á d i-z er que os Es píritos s ão form ad os d o elem en to in teli-gente, com o os corpos inertes o s ão do elem ento m aterial?

“Eviden tem en te. Os Es p ír itos s ã o a in d ividu a liza çã odo p r in cíp io in teligen te, com o os corpos s ã o a in d ividu a li-za çã o do p r in cíp io m a ter ia l. A época e o m odo por qu e es s afor m a çã o s e oper ou é qu e s ã o des con h ecidos .”

8 0 . A criação d os Es píritos é perm anen te, ou s ó s e d eu naorigem d os tem pos ?

“É perm an en te. Qu er dizer: Deu s jam ais deixou de criar.”

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8 1 . Os Es píritos s e form am es pon taneam ente, ou proced emuns d os ou tros ?

“Deu s os cr ia , com o a toda s a s ou tra s cr ia tu ra s , pelas u a von ta de. Ma s , r ep ito a in da u m a vez, a or igem deles ém is tér io.”

8 2 . S erá certo d iz er-s e que os Es píritos s ão im a teria is ?

“Com o s e pode defin ir u m a cois a , qu a n do fa lta m ter -m os de com pa ra çã o e com u m a lin gu a gem deficien te? Podeu m cego de n a s cen ça defin ir a lu z? Im a ter ia l n ã o é bem oter m o; in corpór eo s er ia m a is exa to, pois deves com pr een -der qu e, s en do u m a cr ia çã o, o Es p ír ito h á de s er a lgu m acois a . É a m a tér ia qu in tes s en cia da , m a s s em a n a logia pa ravós ou tr os , e tã o etér ea qu e es ca pa in teira m en te a o a lca n cedos vos s os s en t idos .”

Dizem os qu e os Es p ír itos s ã o im a ter ia is , porqu e, pela s u aes s ên cia , d iferem de tu do o qu e con h ecem os s ob o n om e de m a té-r ia . Um povo de cegos ca r ecer ia de ter m os pa ra expr im ir a lu z es eu s efeitos . O cego de n a s cen ça s e ju lga ca pa z de toda s a s per -cepções pelo ou vido, pelo olfa to, pelo pa la da r e pelo ta to. Nã ocom pr een de a s idéia s qu e s ó lh e poder ia m s er da da s pelo s en t idoqu e lh e fa lta . Nós ou tros s om os ver da deiros cegos com r ela çã o àes s ên cia d os s er es s ob re-h u m a n os . Nã o os p od em os d efin irs en ã o por m eio de com pa ra ções s em pre im per feita s , ou por u mes forço da im a gin a çã o.

8 3 . Os Es píritos têm fim ? Com preend e-s e que s eja eterno oprincípio d ond e eles em anam , m as o que pergun tam osé s e s uas ind ivid ua lid ad es têm um term o e s e, em d ad otem po, m a is ou m enos longo, o elem en to d e que s ão for-m ad os não s e d is s em ina e volta à m as s a d ond e s a iu ,

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com o s uced e com os corpos m ateria is . É d ifícil d e conce-ber-s e que um a cois a que teve com eço pos s a não ter fim .

“Há m u ita s cois a s qu e n ã o com preen deis , por qu e ten -des lim ita da a in teligên cia . Is s o, porém , n ã o é ra zã o pa raqu e a s rep ila is . O filh o n ã o com preen de tu do o qu e a s eupa i é com preen s ível, n em o ign ora n te tu do o qu e o s á b ioa preen de. Dizem os qu e a exis tên cia dos Es p ír itos n ã o temfim . É tu do o qu e podem os , por a gora , d izer.”

MUNDO NORMAL PRIMITIVO

8 4 . Os Es p íritos con s t itu e m u m m u n d o à p a rte , forad aquele que vem os ?

“S im , o m u n d o d os Es p ír itos , ou d a s in teligên cia sin corpórea s .”

8 5 . Qual d os d ois , o m und o es pírita ou o m und o corpóreo, éo principa l, na ord em d as cois as ?

“O m u n do es p ír ita , qu e p reexis te e s obr evive a tu do.”

8 6 . O m und o corpora l pod eria d eixar d e exis tir, ou nunca terexis tid o, s em que is s o a lteras s e a es s ência d o m und oes pírita?

“Decer to. E les s ã o in depen den tes ; con tu do, é in ces -s a n te a cor rela çã o en t r e a m bos , porqu a n to u m s ob r e oou tro in ces s a n tem en te r ea gem .”

8 7 . Ocupam os Es píritos um a região d eterm inad a e circuns -crita no es paço?

“Es tã o por toda pa r te. Povoa m in fin ita m en te os es pa -ços in fin itos . Ten des m u itos deles de con t ín u o a vos s o la do,

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obs erva n do-vos e s obr e vós a tu a n do, s em o perceber des ,pois qu e os Es p ír itos s ã o u m a da s potên cia s da n a tu r eza eos in s t ru m en tos de qu e Deu s se serve pa ra execu ção de seu sdes ígn ios providen cia is . Nem todos , porém , vã o a toda pa r -te, por is so qu e h á r egiões in terd ita s aos m en os adian tados .”

F ORMA E UBIQÜIDADE DOS ES PÍRITOS

8 8 . Os Es p íritos t ê m form a d e te rm in a d a , lim ita d a econs tan te?

“Pa ra vós , n ã o; pa ra n ós , s im . O Es p ír ito é, s e qu is er -des , u m a ch a m a , u m cla rã o, ou u m a cen telh a etérea .”

a) — Es s a cham a ou cen telha tem cor?

“Tem u m a colora çã o qu e, pa ra vós , va i do color ido es -cu r o e opa co a u m a cor b r ilh a n te, qu a l a do ru b i, con for m eo Es p ír ito é m a is ou m en os pu r o.”

Repres en ta m -s e de ord in á r io os gên ios com u m a ch a m a oues t rela n a fron te. É u m a a legor ia , qu e lem bra a n a tu r eza es s en -cia l dos Es p ír itos . Coloca m -n a n o a lto da ca beça , porqu e a í es tá as ede da in teligên cia .

8 9 . Os Espíritos gas tam algum tem po para percorrer o espaço?

“Sim , m a s fa zem -n o com a ra p idez do pen s a m en to.”a) — O p e n s a m e n to n ã o é a p róp ria a lm a qu e s e

trans porta?

“Qu a n do o pen s a m en to es tá em a lgu m a pa r te, a a lm ata m bém a í es tá , pois qu e é a a lm a qu em pen s a . O pen s a -m en to é u m a tr ibu to.”

9 0 . O Es pírito que s e trans porta d e um lugar a ou tro temcons ciência d a d is tância que percorre e d os es paços que

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atraves s a , ou é s ubitam ente trans portad o ao lugar ond equer ir?

“Dá -s e u m a e ou tra cois a . O Es p ír ito pode per feita -m en te, s e o qu is er, in teira r -s e da d is tâ n cia qu e per corre,m a s ta m bém es s a d is tâ n cia pode des a pa recer com pleta -m en te, depen den do is s o da s u a von ta de, bem com o da s u an a tu reza m a is ou m en os depu ra da .”

9 1 . A m atéria opõe obs tácu lo aos Es píritos ?

“Nen h u m ; eles pa s s a m a tra vés de tu do. O a r, a ter ra ,a s á gu a s e a t é m e s m o o fogo lh e s s ã o igu a lm e n t ea ces s íveis .”

9 2 . Têm os Es píritos o d om d a ubiqü id ad e? Por ou tras pa la -vras : um Es pírito pod e d ivid ir-s e, ou exis tir em m uitospon tos ao m es m o tem po?

“Nã o pode h a ver d ivis ã o de u m m es m o Es p ír ito; m a s ,ca da u m é u m cen tro qu e ir ra d ia pa ra d ivers os la dos . Is s o équ e fa z pa recer es ta r u m Es p ír ito em m u itos lu ga res a om es m o tem po. Vês o Sol? É u m s om en te. No en ta n to, ir ra -d ia em todos os s en t idos e leva m u ito lon ge os s eu s ra ios .Con tu do, n ã o s e d ivide.”

a) — Tod os os Es píritos irrad iam com igua l força?

“Lon ge d is s o. Es s a força depen de do gra u de pu r eza deca da u m .”

Ca da Es p ír ito é u m a u n ida de in d ivis ível, m a s ca da u m podela n ça r s eu s pen s a m en tos pa ra d ivers os la dos , s em qu e s e fra cion epa ra ta l efeito. Nes s e s en t ido u n ica m en te é qu e s e deve en ten der

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o dom da u biqü ida de a tr ibu ído a os Espír itos . Dá -se com eles o qu ese dá com u m a cen telh a , qu e projeta lon ge a su a cla r ida de e podeser percebida de todos os pon tos do h orizon te; ou , a in da , o qu e sedá com u m h om em qu e, s em m u da r de lu ga r e s em se fra cion a r,tra n sm ite orden s , s in a is e m ovim en to a d ifer en tes pon tos .

PERIS PÍRITO

9 3 . O Es pírito, propriam en te d ito, nenhum a cobertura tem ,ou , com o pretend em a lguns , es tá s em pre envolto num as ubs tância qua lquer?

“En volve-o u m a s u b s tâ n cia , va p or os a p a ra os teu solh os , m a s a in da ba s ta n te gr os s eira pa ra n ós ; a s s a z va po-r os a , en t r et a n t o, p a r a p od er eleva r -s e n a a t m os fer a et ra n s por ta r -s e a on de qu eira .”

En volven do o gér m en de u m fru to, h á o per is per m a ; do m es -m o m odo, u m a s u bs tâ n cia qu e, por com pa ra çã o, s e pode ch a m a rperis pírito, s erve de en voltór io a o Es p ír ito p ropr ia m en te d ito.

9 4 . De ond e tira o Es pírito o s eu invólucro s em im ateria l?

“Do flu ido u n ivers a l de ca da globo, ra zã o por qu e n ã o éidên t ico em todos os m u n dos . Passan do de u m m u n do aou tro, o Espírito m u da de en voltório, com o m u da is de rou pa .”

a) — As s im , quand o os Es píritos que habitam m und oss uperiores vêm ao nos s o m eio, tom am um peris pírito m a isgros s eiro?

“É n eces s á r io qu e s e revis ta m da vos s a m a tér ia , já od is s em os .”

9 5 . O invólucro s em im ateria l d o Es pírito tem form as d eter-m inad as e pod e s er perceptível?

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“Tem a for m a qu e o Es p ír ito qu eira . É a s s im qu e es tevos a pa rece a lgu m a s vezes , qu er em s on h o, qu er n o es ta dode vigília , e qu e pode tom a r for m a vis ível, m es m o pa lpá vel.”

DIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOS

9 6 . S ã o igu a is os Es p íritos , ou h á en tre e le s qu a lqu erh ierarqu ia?

“Sã o de d iferen tes orden s , con for m e o gra u de per fei-çã o qu e ten h a m a lca n ça do.”

9 7 . As ord ens ou graus d e perfeição d os Es píritos s ão emnúm ero d eterm inad o?

“Sã o ilim ita da s em n ú m ero, por qu e en tr e ela s n ã o h álin h a s de dem a r ca çã o t ra ça da s com o ba rreira s , de s or tequ e a s d ivis ões podem s er m u lt ip lica da s ou r es t r in gida slivrem en te. Toda via , con s idera n do-s e os ca ra cter es gera isdos Es p ír itos , ela s podem redu zir -s e a t rês p r in cipa is .

“Na p r im eira , coloca r -s e-ã o os qu e a t in gira m a per fei-çã o m á xim a : os pu ros Es p ír itos . For m a m a s egu n da os qu ech ega ra m a o m eio da es ca la : o des ejo do bem é o qu e n elesp redom in a . Per ten cerã o à ter ceira os qu e a in da s e a ch a mn a pa r te in fer ior da es ca la : os Es p ír itos im per feitos . A ign o-râ n cia , o des ejo do m a l e toda s a s pa ixões m á s qu e lh esreta r da m o p rogr es s o, eis o qu e os ca ra cter iza .”

9 8 . Os Es píritos d a s egund a ord em , para os qua is o bemcon s titu i a preocu pa çã o d om in a n te , têm o pod er d epra ticá -lo?

“Ca da u m deles d is põe des s e poder, de a cordo com ogra u de per feiçã o a qu e ch egou . As s im , u n s pos s u em a

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ciên cia , ou tros a sabedoria e a bon dade. Todos , porém , a in datêm qu e s ofr er p rova s .”

9 9 . Os da terceira categoria s ão todos es s encialm ente m aus ?

“Nã o; u n s h á qu e n ã o fa zem n em o m a l n em o bem ;ou tros , a o con trá r io, s e com pra zem n o m a l e fica m s a t is fei-tos qu a n do s e lh es depa ra oca s iã o de p ra t icá -lo. Há ta m -bém os levia n os ou es touvad os , m a is per tu rba dores do qu em a lign os , qu e s e com pra zem a n tes n a m a lícia do qu e n am a lva d ez e cu jo p ra zer con s is te em m is t ifica r e ca u s a rpequ en a s con tra r ieda des , de qu e s e r iem .”

E S CALA ES PÍRITA

1 0 0 . OBSERVAÇÕES PRELIMINARES. — A cla s s ifica çã o dos Es p ír i-tos s e ba s eia n o gra u de a d ia n ta m en to deles , n a s qu a lida -des qu e já a dqu ir ira m e n a s im per feições de qu e a in da te-rã o de des poja r -s e. Es ta cla s s ifica çã o, a liá s , n a da tem dea bs olu ta . Apen a s n o s eu con ju n to ca da ca tegor ia a p r es en -ta ca rá ter defin ido. De u m gra u a ou tr o a t ra n s içã o é in s en -s ível e, n os lim ites extr em os , os m a t izes s e a pa ga m , com on os r ein os da n a tu reza , com o n a s cores do a r co-ír is , ou ,ta m bém , com o n os d ifer en tes per íodos da vida do h om em .Podem , pois , for m a r -s e m a ior ou m en or n ú m er o de cla s -s es , con for m e o pon to de vis ta don de s e con s idere a qu es -tã o. Dá -s e a qu i o qu e s e dá com todos os s is tem a s de cla s -s ificação cien tífica , qu e podem ser m a is ou m en os com pletos ,m a is ou m en os ra cion a is , m a is ou m en os côm odos pa ra ain teligên cia . Seja m , porém , qu a is for em , em n a da a ltera ma s ba s es da ciên cia . As s im , é n a tu ra l qu e in qu ir idos s obr ees te pon to, h a ja m os Es p ír itos d ivergido qu a n to a o n ú m er o

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da s ca tegor ia s , s em qu e is to ten h a va lor a lgu m . En treta n -to, n ã o fa ltou qu em s e a ga rra s s e a es ta con tra d içã o a pa -ren te, s em r eflet ir qu e os Es p ír itos n en h u m a im por tâ n cialiga m a o qu e é pu ra m en te con ven cion a l. Pa ra eles , o pen -s a m en to é tu do. Deixa m -n os a n ós a for m a , a es colh a doster m os , a s cla s s ifica ções , n u m a pa la vra , os s is tem a s .

Fa ça m os a in da u m a con s idera çã o qu e s e n ã o deve ja -m a is perder de vis ta , a de qu e en tr e os Es p ír itos , do m es m om odo qu e en tre os h om en s , h á os m u ito ign ora n tes , dem a n eira qu e n u n ca s erã o dem a is a s ca u tela s qu e s e to-m em con tra a ten dên cia a crer qu e, por s erem Es p ír itos ,todos deva m s a ber tu do. Qu a lqu er cla s s ifica çã o exige m é-todo, a n á lis e e con h ecim en to a profu n da do do a s su n to. Ora ,n o m u n do dos Es p ír itos , os qu e pos s u em lim ita dos con h e-cim en tos s ã o, com o n es te m u n do, os ign ora n tes , os in a p-tos a a p reen der u m a s ín tes e, a for m u la r u m s is tem a . Sóm u ito im per feita m en te percebem ou com pr een dem u m acla s s ifica çã o qu a lqu er. Con s idera m da p r im eira ca tegor iatodos os Es p ír itos qu e lh es s ã o s u per iores , por n ã o pode-rem a pr ecia r a s gra da ções de s a ber, de ca pa cida de e dem ora lida de qu e os d is t in gu em , com o s u cede en tr e n ós au m h om em ru de com rela çã o a os civiliza dos . Mes m o os qu es eja m ca pa zes de ta l a p recia çã o podem m os tra r -s e d iver -gen tes , qu a n to à s p a r t icu la r id a d es , con for m em en te a ospon tos de vis ta em qu e s e a ch em , s obretu do s e s e t ra ta deu m a divisão, qu e n en h u m cu n h o absolu to apresen te. Lin eu ,J u s s ieu e Tou r n efor t t ivera m ca da u m o s eu m étodo, s emqu e a Botâ n ica h ou ves s e em con s eqü ên cia exper im en ta dom odifica çã o a lgu m a . É qu e n en h u m deles in ven tou a s p la n -ta s , n em seu s ca ra cteres . Apen a s observa ra m a s a n a logia s ,s egu n do a s qu a is for m a ra m os gru pos ou cla s s es . Foi a s -

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s im qu e ta m bém n ós p r ocedem os . Nã o in ven ta m os os Es -p ír it os , n e m s e u s c a r a c t e r e s . Vim os e ob s e r va m os ,ju lga m o-los pela s s u a s pa la vra s e a tos , depois os cla s s ifi-ca m os pela s s em elh a n ça s , ba sea n do-n os em da dos qu e elesp rópr ios n os for n ecera m .

Os Es p ír itos , em gera l, a dm item três ca tegor ia s p r in ci-pa is , ou t rês gra n des d ivis ões . Na ú lt im a , a qu e fica n apa r te in fer ior da es ca la , es tã o os Es p ír itos im per feitos , ca -ra cter iza dos pela p r edom in â n cia da m a tér ia s obr e o es p ír i-to e pela p ropen s ã o pa ra o m a l. Os da s egu n da s e ca ra cte-r iza m pela p redom in â n cia do es p ír ito s obre a m a tér ia e pelodes ejo do bem : s ã o os bon s Es p ír itos . A p r im eira , fin a lm en -te, com pr een de os Es p ír itos pu ros , os qu e a t in gira m o gra us u pr em o da per feiçã o.

Esta divisão n os pareceu perfeitam en te racion al e comcaracteres bem positivados. Só n os res tava pôr em relevo, m e-dian te su bdivisões em n ú m ero su ficien te, os prin cipais m ati-zes do con ju n to. Foi o qu e fizem os, com o con cu rso dos Espí-ritos , cu jas ben évolas in s tru ções jam ais n os fa ltaram .

Com o a u xílio des s e qu a dro, fá cil s erá deter m in a r -s e aordem , a s s im com o o gra u de s u per ior ida de ou de in fer ior i-da de dos qu e pos s a m en tra r em rela ções con os co e, porcon s egu in te, o gra u de con fia n ça ou de es t im a qu e m er e-ça m . É , de certo m odo, a ch a ve da ciên cia esp ír ita , porqu a n -to só ele pode explica r a s a n om a lia s qu e a s com u n ica çõesa pr esen ta m , escla recen do-n os a cerca da s des igu a lda des in -telectu a is e m ora is dos Es p ír itos . Fa rem os , toda via , n ota rqu e es tes n ã o fica m per ten cen do, exclu s iva m en te, a ta l outa l cla s s e. Sen do s em pr e gra du a l o p rogr es s o deles e m u i-ta s vezes m a is a cen tu a do n u m s en t ido do qu e em ou tr o,

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pode a con tecer qu e m u itos reú n a m em s i os ca ra cteres devá r ia s ca tegor ia s , o qu e s eu s a tos e lin gu a gem tor n a mpos s ível a p recia r -s e.

TERCEIRA ORDEM. – E S PÍRITOS IMPERF EITOS

1 0 1 . CARACTERES GERAIS. — Predom in â n cia da m a tér ia s obr eo es p ír it o. Prop en s ã o p a ra o m a l. Ign orâ n cia , orgu lh o,egoís m o e toda s a s pa ixões qu e lh es s ã o con s eqü en tes .

Têm a in tu içã o de Deu s , m a s n ã o o com preen dem .

Nem todos s ã o es s en cia lm en te m a u s . Em a lgu n s h ám a is levia n d a d e, ir r eflexã o e m a lícia d o qu e verd a d eiram a lda de. Un s n ã o fa zem o bem n em o m a l; m a s , pelo s im -p les fa to de n ã o fa zerem o bem , já den ota m a s u a in fer ior i-dade. Ou tros , ao con trá rio, se com prazem n o m a l e reju bilamqu a n do u m a oca s iã o s e lh es depa ra de p ra t icá -lo.

A in teligên cia pode a ch a r -s e n eles a lia da à m a lda deou à m a lícia ; s eja , porém , qu a l for o gra u qu e ten h a m a l-ca n ça do de des en volvim en to in telectu a l, s u a s idéia s s ã opou co eleva da s e m a is ou m en os a b jetos s eu s s en t im en tos .

Res tr itos con h ecim en tos têm da s cois a s do m u n do es -p ír ita e o pou co qu e s a bem s e con fu n de com a s idéia s ep recon ceitos da vida corpora l. Nã o n os podem da r m a is doqu e n oções er rôn ea s e in com pleta s ; en treta n to, n a s s u a scom u n ica ções , m es m o im per feita s , o obs erva dor a ten to en -con tra a con fir m a çã o da s gra n des ver da des en s in a da s pe-los Es p ír itos s u per iores .

Na lin gu a gem de qu e u s a m s e lh es revela o ca rá ter.Todo Es p ír ito qu e, em s u a s com u n ica ções , t ra i u m m a upen sam en to, pode ser cla s s ificado n a terceira ordem . Con se-

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gu in tem en te, todo m a u pen sa m en to qu e n os é su gerido vemde u m Es p ír ito des ta or dem .

Eles vêem a felicida de dos bon s e es s e es petá cu lo lh escon s t itu i in ces s a n te tor m en to, por qu e os fa z exper im en ta rtoda s a s a n gú s t ia s qu e a in veja e o ciú m e podem ca u s a r.

Con s erva m a lem bra n ça e a percepçã o dos s ofr im en -tos da vida corpór ea e es s a im pr es s ã o é m u ita s vezes m a ispen os a do qu e a r ea lida de. Sofrem , pois , ver da deira m en te,pelos m a les de qu e pa decera m em vida e pelos qu e oca s io-n a m a os ou tr os . E , com o s ofrem por lon go tem po, ju lga mqu e s ofr erã o pa ra s em pre. Deu s , pa ra pu n i-los , qu er qu ea s s im ju lgu em .

Podem com por cin co cla s s es p r in cipa is .

1 0 2 . Décim a clas s e . E SPÍRITOS IMPUROS. — Sã o in clin a dos a om a l, de qu e fa zem o ob jeto de s u a s p r eocu pa ções . Com oEs p ír itos , dã o con s elh os pér fidos , s op ra m a d is córd ia e ades con fia n ça e s e m a s ca ra m de toda s a s m a n eira s pa ram elh or en ga n a r. Liga m -s e a os h om en s de ca rá ter ba s ta n tefra co pa ra ceder em à s s u a s s u ges tões , a fim de in du zi-los àper d içã o, s a t is feitos com o con s egu ir em reta r d a r -lh es oa d ia n ta m en to, fa zen do-os s u cu m bir n a s p r ova s por qu epa s s a m .

Na s m a n ifes ta ções dã o-s e a con h ecer pela lin gu a gem .A t r ivia lida de e a gr os s er ia da s expres s ões , n os Es p ír itos ,com o n os h om en s , é s em pre in d ício de in fer ior ida de m ora l,s en ã o ta m bém in telectu a l. Su a s com u n ica ções expr im em aba ixeza de s eu s pen dor es e, s e ten ta m ilu d ir, fa la n do coms en s a tez, n ã o con s egu em s u s ten ta r p or m u ito t em p o opa pel e a ca ba m s em pre por s e t ra ír em .

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Algu n s povos os a rvora ra m em d ivin da des m a léfica s ;ou t r os os d es ign a m p elos n om es d e d em ôn ios , m a u sgên ios , Es p ír itos do m a l.

Qu an do en ca r n ados , os seres vivos qu e eles con s titu ems e m os tra m p r open s os a todos os vícios gera dores da s pa i-xões vis e d egra d a n tes : a s en s u a lid a d e, a cru eld a d e, afelon ia , a h ipocr is ia , a cu p idez, a a va reza s ór d ida . Fa zem om a l por p ra zer, a s m a is da s vezes s em m otivo, e, por ód ioa o bem , qu a s e s em pre es colh em s u a s vít im a s en tre a s pes -s oa s h on es ta s . Sã o fla gelos pa ra a Hu m a n ida de, pou co im -por ta n do a ca tegor ia s ocia l a qu e per ten ça m , e o ver n iz daciviliza çã o n ã o os forra a o opróbr io e à ign om ín ia .

1 0 3 . Nona clas s e . E SPÍRITOS LEVIANOS. — Sã o ign ora n tes , m a -licios os , ir reflet idos e zom beteir os . Metem -s e em tu do, atu do res pon dem , s em s e in com oda rem com a verda de. Gos -ta m de ca u s a r pequ en os des gos tos e ligeira s a legr ia s , dein t r iga r, d e in d u zir m a ld os a m en t e em er r o, p or m eiode m is t ifica ções e de es per teza s . A es ta cla s s e per ten cemos Es p ír itos vu lga r m en te t r a ta d os d e d u en d es , tra s gos ,gnom os , d iabretes . Ach a m -s e s ob a depen dên cia dos Es p í-r itos s u p er ior es , qu e m u ita s vezes os em p r ega m , com ofa zem os com os n os s os s ervidor es .

Em s u a s com u n ica ções com os h om en s , a lin gu a gemde qu e s e s ervem é, a m iú de, es p ir itu os a e fa ceta , m a s qu a -s e s em pr e s em profu n deza de idéia s . Aproveita m -s e da s es -qu is it ices e dos r id ícu los h u m a n os e os a p recia m , m or da -zes e sa tíricos . Se tom am n om es su pos tos , é m a is por m a líciado qu e por m a lda de.

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1 0 4 . Oitava clas s e . E SPÍRITOS PSEUDO-SÁBIOS. — Dis põem decon h ecim en tos ba s ta n te a m plos , porém , crêem s a ber m a isdo qu e r ea lm en te s a bem . Ten do r ea liza do a lgu n s p r ogres -s os s ob d ivers os pon tos de vis ta , a lin gu a gem deles a pa r en -ta u m cu n h o de s er ieda de, de n a tu r eza a ilu d ir com res pei-to à s s u a s ca pa cida des e lu zes . Ma s , em gera l, is s o n ã opa s s a de r eflexo dos p recon ceitos e idéia s s is tem á t ica s qu en u tr ia m n a vida ter ren a . É u m a m is tu ra de a lgu m a s ver da -des com os er r os m a is polpu dos , a t ra vés dos qu a is pen e-t ra m a p r es u n çã o, o orgu lh o, o ciú m e e a obs t in a çã o, dequ e a in da n ã o pu dera m des p ir -s e.

1 0 5 . S étim a clas s e . E SPÍRITOS NEUTROS. — Nem ba s ta n te bon spa ra fa zer em o bem , n em ba s ta n te m a u s pa ra fa zerem om a l. Pen dem ta n to pa ra u m com o pa ra o ou tr o e n ã o u lt ra -pa s s a m a con d içã o com u m da Hu m a n ida de, qu er n o qu econ cer n e a o m ora l, qu er n o qu e toca à in teligên cia . Ape-ga m -s e à s cois a s des te m u n do, de cu ja s gr os s eira s a legr ia ss en tem s a u da des .

1 0 6 . S exta clas s e. E SPÍRITOS BATEDORES E PERTURBADORES. —Es tes Es p ír itos , p r opr ia m en te fa la n do, n ã o for m a m u m acla s s e d is t in ta pela s s u a s qu a lida des pes s oa is . Podem ca -ber em toda s a s cla s s es da ter ceira ordem . Ma n ifes ta m ge-ra lm en te s u a p res en ça por efeitos s en s íveis e fís icos , com opa n ca da s , m ovim en to e des loca m en to a n or m a l de corposs ólidos , a gita çã o do a r, etc. Afigu ra m -s e, m a is do qu e ou -t r os , p res os à m a tér ia . Pa recem s er os a gen tes p r in cipa isda s vicis s itu des dos elem en tos do globo, qu er a tu em s obr eo a r, a á gu a , o fogo, os corpos du ros , qu er n a s en tra n h a sda ter ra . Recon h ece-s e qu e es s es fen ôm en os n ã o der iva m

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de u m a ca u s a for tu ita ou fís ica , qu a n do den ota m ca rá terin ten cion a l e in teligen te. Todos os Es p ír itos podem pr odu -zir ta is fen ôm en os , m a s os de ordem eleva da os deixa m , deord in á r io, com o a t r ibu ições dos s u ba lter n os , m a is a p tospa ra a s cois a s m a ter ia is do qu e pa ra a s cois a s da in teligên -cia ; qu a n do ju lga m ú teis a s m a n ifes ta ções des s e gên ero,la n ça m m ã o des tes ú lt im os com o s eu s a u xilia res .

S EGUNDA ORDEM. — BONS E S PÍRITOS

1 0 7 . CARACTERES GERAIS. — Predom in â n cia do Es p ír ito s obrea m a tér ia ; des ejo do bem . Su a s qu a lida des e poderes pa rao bem es tã o em rela çã o com o gra u de a d ia n ta m en to qu eh a ja m a lca n ça do; u n s têm a ciên cia , ou tros a s a bedor ia e abon da de. Os m a is a d ia n ta dos reú n em o s a ber à s qu a lida -des m ora is . Nã o es ta n do a in da com pleta m en te des m a ter ia -liza dos , con s erva m m a is ou m en os , con for m e a ca tegor iaqu e ocu pem , os t ra ços da exis tên cia corpora l, a s s im n afor m a da lin gu a gem , com o n os h á b itos , en tr e os qu a is s edescobrem m esm o a lgu m as de su as m an ia s . De ou tro m odo,s er ia m Es p ír itos per feitos .

Com pr een dem Deu s e o in fin ito e já goza m da felicida -de dos bon s . Sã o felizes pelo bem qu e fa zem e pelo m a l qu eim pedem . O a m or qu e os u n e lh es é fon te de in efá vel ven tu -ra , qu e n ã o tem a per tu rbá -la n em a in veja , n em os rem or -s os , n em n en h u m a d a s m á s p a ixões qu e con s t itu em otor m en to d os E s p ír it os im p er feit os . Tod os , en t r et a n to,a in da têm qu e passa r por provas , a té qu e a tin jam a perfeição.

Com o Espír itos , su scita m bon s pen sa m en tos , desvia mos h om en s da s en da do m a l, p rotegem n a vida os qu e s e

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lh es m os tra m d ign os de p r oteçã o e n eu tra liza m a in flu ên -cia dos Es p ír itos im per feitos s obre a qu eles a qu em n ã o égra to s ofrê-la .

Qu a n do en ca r n a dos , s ã o bon dosos e ben evolen tes comos s eu s s em elh a n tes . Nã o os m ovem o orgu lh o, n em oegoís m o, ou a a m biçã o. Nã o exper im en ta m ód io, ra n cor,in veja ou ciú m e e fa zem o bem pelo bem .

A es ta ordem per ten cem os Es p ír itos des ign a dos , n a scr en ça s vu lga res , pelos n om es de bons gên ios , gên ios pro-tetores , Es píritos d o bem . Em época s de s u pers t ições e deign o r â n c ia , e le s h ã o s id o e le va d o s à c a t e go r ia d ed ivin da des ben fa zeja s .

Podem s er d ivid idos em qu a tro gru pos p r in cipa is :

1 0 8 . Quin ta clas s e . E SPÍRITOS BENÉVOLOS. — A bon da de én eles a qu a lida de dom in a n te. Apra z-lh es pres ta r s erviço a osh om en s e p r ot egê-los . Lim it a d os , p or ém , s ã o os s eu scon h ecim en tos . Hã o p r ogred ido m a is n o s en t ido m ora l doqu e n o s en t ido in telectu a l.

1 0 9 . Quarta clas s e . E SPÍRITOS SÁBIOS. — Dis t in gu em -s e pelaa m plitu de de s eu s con h ecim en tos . Pr eocu pa m -s e m en oscom a s qu es tões m ora is , do qu e com a s de n a tu r eza cien t í-fica , pa ra a s qu a is têm m a ior a p t idã o. En treta n to, s ó en ca -ra m a ciên cia do pon to de vis ta da s u a u t ilida de e ja m a isdom in a dos por qu a is qu er pa ixões p rópr ia s dos Es p ír itosim per feitos .

1 1 0 . Terceira clas s e . E SPÍRITOS DE SABEDORIA. — As qu a lida -des m ora is da or dem m a is eleva da s ã o o qu e os ca ra cter iza .

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Sem pos s u írem ilim ita dos con h ecim en tos , s ã o dota dos deu m a ca p a cid a d e in telectu a l qu e lh es fa cu lt a ju ízo r etos obre os h om en s e a s cois a s .

1 1 1 . S egund a clas s e . E SPÍRITOS SUPERIORES. — Es s es em s ireú n em a ciên cia , a s a bedor ia e a bon da de. Da lin gu a gemqu e em prega m s e exa la s em pr e a ben evolên cia ; é u m a lin -gu a gem in va r ia velm en te d ign a , eleva da e, m u ita s vezes ,s u b lim e. Su a s u per ior ida de os tor n a m a is a p tos do qu e osou tros a n os da r em n oções exa ta s s obre a s cois a s do m u n -do in corpór eo, den tro dos lim ites do qu e é per m it ido a oh om em s a ber. Com u n ica m -s e com pla cen tem en te com osqu e p rocu ra m de boa -fé a verda de e cu ja a lm a já es tá ba s -ta n te des p ren d ida da s liga ções ter ren a s pa ra com pr een dê--la . Afa s ta m -s e, porém , da qu eles a qu em s ó a cu r ios ida deim pele, ou qu e, por in flu ên cia da m a tér ia , fogem à p rá t icado bem .

Qu a n do, por exceçã o, en ca r n a m n a Terra , é pa ra cu m -pr ir m is s ã o de p rogr es s o e en tã o n os oferecem o t ipo daper feiçã o a qu e a Hu m a n ida de pode a s p ira r n es te m u n do.

PRIMEIRA ORDEM. — ES PÍRITOS PUROS

1 1 2 . CARACTERES GERAIS . — Nen h u m a in flu ên cia da m a tér ia .Su perior ida de in telectu a l e m ora l a bsolu ta , com rela çã o a osEs p ír itos da s ou tra s orden s .

1 1 3 . Prim eira clas s e . CLASSE ÚNICA. — Os Es p ír itos qu e acom põem percorrera m todos os gra u s da es ca la e s e des po-ja ra m de toda s a s im pu r eza s da m a tér ia . Ten do a lca n ça do

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a s om a de per feiçã o de qu e é s u s cet ível a cr ia tu ra , n ã o têmm a is qu e s ofrer p r ova s , n em exp ia ções . Nã o es ta n do m a iss u jeitos à r een ca r n a çã o em corpos per ecíveis , rea liza m avida eter n a n o s eio de Deu s .

Goza m de in a lterá vel felicida de, porqu e n ã o s e a ch a ms u bm etidos à s n eces s ida des , n em à s vicis s itu des da vidam a ter ia l. Es s a felicida de, porém , n ã o é a de ocios id ad e m o-nótona , a trans correr em perpétua con tem plação. E les s ã oos m en s a geir os e os m in is t ros de Deu s , cu ja s orden s exe-cu ta m pa ra m a n u ten çã o da h a r m on ia u n ivers a l. Com a n -da m a todos os Es p ír itos qu e lh es s ã o in fer iores , a u xilia m --n os n a ob ra de s eu a per feiçoa m en to e lh es des ign a m a ssu a s m is sões . Ass is t ir os h om en s n a s su a s a flições , con citá --los a o bem ou à exp ia çã o da s fa lta s qu e os con s erva md is ta n cia d os d a s u p r em a felicid a d e, con s t itu i p a ra elesocu pa çã o gra t ís s im a . Sã o des ign a dos à s vezes pelos n om esde a n jos , a r ca n jos ou s era fin s .

Podem os h om en s pôr -s e em com u n ica çã o com eles ,m as extrem am en te pr esu n çoso seria aqu ele qu e preten dessetê-los con s ta n tem en te à s s u a s or den s .

PROGRES S ÃO DOS E S PÍRITOS

1 1 4 . Os Es píritos s ão bons ou m aus por na turez a , ou s ãoeles m es m os que s e m elhoram ?

“Sã o os p rópr ios Es p ír itos qu e s e m elh ora m e, m elh o-ra n do-s e, pa s s a m de u m a or dem in fer ior pa ra ou tra m a iseleva da .”

1 1 5 . Dos Es píritos , uns terão s id o criad os bons e ou trosm aus ?

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“Deu s cr iou todos os Es p ír itos s im ples e ign ora n tes ,is to é, s em s a ber. A ca da u m deu deter m in a da m is s ã o, como fim de es cla r ecê-los e de os fa zer ch ega r p rogres s iva m en -t e à p e r fe içã o , p e lo con h ec im en t o d a ve r d a d e , p a r aa proxim á -los de s i. Nes ta per feiçã o é qu e eles en con tra m apu ra e eter n a felicida de. Pa s s a n do pela s p r ova s qu e Deu slh es im põe é qu e os Es p ír itos a dqu ir em a qu ele con h eci-m en to. Un s a ceita m su bm is sos es sa s prova s e ch ega m m a isdepres s a à m eta qu e lh es foi a s s in a da . Ou tros , s ó a s u por -ta m m u r m u ra n do e, pela fa lta em qu e des s e m odo in cor -rem , per m a n ecem a fa s ta dos da per feiçã o e da p rom et idafelicida de.”

a) — S egund o o que acabais d e d izer, os Es píritos , em

s ua origem , s eriam com o as crianças , ignorantes e inexpe-

rien tes , s ó ad quirindo pouco a pouco os conhecim en tos d e

que carecem com o percorrerem as d iferen tes fa s es d a vid a?

“Sim , a com pa ra çã o é boa . A cr ia n ça r ebelde s e con -s erva ign ora n te e im per feita . Seu a p roveita m en to depen deda s u a m a ior ou m en or docilida de. Ma s , a vida do h om emtem ter m o, a o pa s s o qu e a dos Es p ír itos s e p rolon ga a oin fin ito.”

1 1 6 . Haverá Es píritos que s e cons ervem eternam en te nasord ens in feriores ?

“Nã o; todos s e tor n a rã o per feitos . Mu da m de or dem ,m a s dem ora da m en te, porqu a n to, com o já dou tra vez d is s e-m os , u m pa i ju s to e m is er icord ios o n ã o pode ba n ir s eu sfilh os pa ra s em pre. Pr eten der ia s qu e Deu s , tã o gra n de, tã obom , tã o ju s to, fos s e p ior do qu e vós m es m os ?”

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1 1 7 . Depend e d os Es píritos o progred irem m ais ou m enosrapid am en te para a perfeição?

“Cer ta m en te. E les a a lca n ça m m a is ou m en os rá p ido,con for m e o des ejo qu e têm de a lca n çá -la e a s u bm is s ã o qu etes tem u n h a m à von ta de de Deu s . Um a cr ia n ça dócil n ã o s ein s t ru i m a is depr es s a do qu e ou tra r eca lcit ra n te?”

1 1 8 . Pod em os Es píritos d egenerar?

“Nã o; à m ed ida qu e a va n ça m , com preen dem o qu e osd is ta n cia va da per feiçã o. Con clu in do u m a p rova , o Es p ír itofica com a ciên cia qu e da í lh e veio e n ã o a es qu ece. Podeper m a n ecer es ta cion á r io, m a s n ã o r et rogra da .”

1 1 9 . Não pod ia Deus is en tar os Es píritos d as provas quelhes cum pre s ofrer para chegarem à prim eira ord em ?

“Se Deu s os h ou ves s e cr ia do per feitos , n en h u m m éritoter ia m pa ra goza r dos ben efícios des s a per feiçã o. On de es -ta r ia o m erecim en to s em a lu ta ? Dem a is , a des igu a lda deen tr e eles exis ten te é n eces s á r ia à s s u a s pers on a lida des .Acr es ce a in da qu e a s m is s ões qu e des em pen h a m n os d ife-r en tes gra u s da es ca la es tã o n os des ígn ios da Providên cia ,pa ra a h a r m on ia do Un ivers o.”

Pois qu e, n a vida s ocia l, todos os h om en s podem ch ega r à sm a is a lta s fu n ções , s er ia o ca s o de pergu n ta r -s e por qu e o s obe-ra n o de u m pa ís n ã o fa z de ca da u m de s eu s s olda dos u m gen e-ra l; por qu e todos os em prega dos s u ba lter n os n ã o s ã o fu n cion á -r ios s u per ior es ; por qu e todos os colegia is n ã o s ã o m es tres . Ora ,en tr e a vida s ocia l e a es p ir itu a l h á es ta d iferen ça : en qu a n to qu ea p r im eira é lim ita da e n em s em pre per m ite qu e o h om em s u batodos os s eu s degra u s , a s egu n da é in defin ida e a todos oferece apos s ib ilida de de s e eleva rem a o gra u s u pr em o.

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1 2 0 . Tod os os Es píritos pas s am pela fie ira d o m a l parachegar ao bem ?

“Pela fieira do m a l, n ã o; pela fieira da ign orâ n cia .”

1 2 1 . Por que é que a lguns Es píritos s egu iram o cam inho d obem e ou tros o d o m a l?

“Nã o têm eles o livre-a rb ít r io? Deu s n ã o os cr iou m a u s ;cr iou -os s im ples e ign ora n tes , is to é, ten do ta n ta a p t idã opa ra o bem qu a n ta pa ra o m a l. Os qu e s ã o m a u s , a s s im s etor n a ra m por von ta de p rópr ia .”

1 2 2 . Com o pod em os Es píritos , em s ua origem , quand o a in -d a não têm cons ciência d e s i m es m os , goz ar d a liber-d ad e d e es colha en tre o bem e o m a l? Há neles a lgumprincípio, qua lquer tend ência que os encam inhe paraum a s end a d e preferência a ou tra?

“O livr e-a r b ít r io s e d es en volve à m ed id a qu e o E s p í-r it o a d qu ir e a con s ciên cia d e s i m es m o. J á n ã o h a ver ialib er d a d e, d es d e qu e a es colh a fos s e d et er m in a d a p oru m a ca u s a in d ep en d en t e d a von t a d e d o E s p ír it o. A ca u -s a n ã o es t á n e le , es t á for a d ele , n a s in flu ên cia s a qu eced e em vir t u d e d a s u a livr e von t a d e . É o qu e s e con -t ém n a gr a n d e figu r a em b lem á t ica d a qu ed a d o h om eme d o p eca d o or igin a l: u n s ced er a m à t en t a çã o, ou t r osr es is t ir a m .”

a) — Donde vêm as influências que s obre ele s e exercem ?

“Dos Es p ír itos im per feitos , qu e p rocu ra m a podera r -s edele, dom in á -lo, e qu e reju b ila m com o fa zê-lo s u cu m bir.Foi is s o o qu e s e in ten tou s im boliza r n a figu ra de Sa ta n á s .”

b) — Ta l in fluência s ó s e exerce s obre o Es pírito em s uaorigem ?

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⇥�⇥D O S E S P Í R I T O S

“Acom pa n h a -o n a s u a vida de Es p ír ito, a té qu e h a jacon s egu ido ta n to im pér io s obr e s i m es m o, qu e os m a u sdes is tem de obs id iá -lo.”

1 2 3 . Por que há Deus perm itid o que os Es píritos pos s amtom ar o cam inho d o m al?

“Com o ou s a is ped ir a Deu s con ta s de s eu s a tos ? Su -pon des poder pen etra r -lh e os des ígn ios ? Podeis , toda via ,d izer o s egu in te: A s a bedor ia de Deu s es tá n a liber da de dees colh er qu e ele deixa a ca da u m , porqu a n to, a s s im , ca dau m tem o m ér ito de s u a s ob ra s .”

1 2 4 . Pois que há Es píritos que d es d e o princípio s eguem ocam inho d o bem abs olu to e ou tros o d o m al abs olu to,d eve haver, s em d úvid a , grad ações en tre es s es d oisextrem os . Não?

“Sim , cer ta m en te, e os qu e s e a ch a m n os gra u s in ter -m éd ios con s t itu em a m a ior ia .”

1 2 5 . Os Es p íritos qu e en vered a ra m pe la s en d a d o m a lpoderão chegar ao m es m o grau de s uperioridade que osou tros ?

“Sim ; m a s as etern id ad es lh es s erã o m a is lon ga s .”

Por es ta s pa la vra s — as etern id ad es — s e deve en ten der a

idéia qu e os Es p ír itos in fer iores fa zem da perpetu ida de de s eu s

s ofr im en tos , cu jo ter m o n ã o lh es é da do ver, idéia qu e revive

toda s a s vezes qu e s u cu m bem n u m a p r ova .

1 2 6 . Chegad os ao grau s uprem o d a perfeição, os Es píritosque and aram pelo cam inho d o m al têm , aos olhos d eDeus , m enos m érito d o que os ou tros ?

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⇥�⇤ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

“Deu s olh a de igu a l m a n eira pa ra os qu e s e t ra n s via -ra m e pa ra os ou tr os e a todos a m a com o m es m o cora çã o.Aqu eles s ã o ch a m a dos m a u s , porqu e s u cu m bira m . An tes ,n ã o era m m a is qu e s im ples Es p ír itos .”

1 2 7 . Os Es píritos s ão criad os igua is quan to às facu ld ad esin telectua is ?

“Sã o cr ia dos igu a is , porém , n ã o s a ben do don de vêm ,precis o é qu e o livre-a rb ít r io s iga s eu cu rs o. E les p rogr idemm a is ou m en os r a p id a m en te em in t eligên cia com o emm ora lida de.”

Os Es p ír itos qu e des de o p r in cíp io s egu em o ca m in h o dobem n em por is s o s ã o Es p ír itos per feitos . Nã o têm , é cer to, m a u spen dores , m a s p recis a m a dqu ir ir a exper iên cia e os con h ecim en -tos in dispen sáveis pa ra a lcan çar a perfeição. Podem os com pará -losa c r ia n ça s qu e , s e ja qu a l for a b on d a d e d e s eu s in s t in t osn a tu ra is , n eces s ita m de s e des en volver e es cla recer e qu e n ã opa s s a m , s em t ra n s içã o, da in fâ n cia à m a du reza . Sim ples m en te,a s s im com o h á h om en s qu e s ã o bon s e ou tros qu e s ã o m a u sd e s d e a in fâ n c ia , t a m b é m h á E s p ír it os q u e s ã o b on s oum a u s des de a or igem , com a d iferen ça ca p ita l de qu e a cr ia n çatem in s t in tos já in teira m en te for m a dos , en qu a n to qu e o Es p ír ito,a o for m a r -s e, n ã o é n em bom , n em m a u ; tem toda s a s ten dên cia se tom a u m a ou ou tra d ireçã o, por efeito do s eu livre-a rb ít r io.

ANJ OS E DEMÔNIOS

1 2 8 . Os s eres a que cham am os an jos , a rcan jos , s era fins ,form am um a ca tegoria es pecia l, d e na turez a d iferen ted a d os ou tros Es píritos ?

“Nã o; s ã o os Es p ír itos pu ros : os qu e s e a ch a m n o m a isa lto gra u da es ca la e reú n em toda s a s per feições .”

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⇥��D O S E S P Í R I T O S

A pa lavra anjo desperta gera lm en te a idéia de per feição m ora l.

En treta n to, ela s e a p lica m u ita s vezes à des ign a çã o de todos os

s eres , bon s e m a u s , qu e es tã o fora da Hu m a n ida de. Diz-s e: o

a n jo bom e o a n jo m a u ; o a n jo de lu z e o an jo das trevas . Neste caso,

o term o é s in ôn im o de Espírito ou de gênio. Tom am o-lo aqu i n a su a

m elh or acepção.

1 2 9 . Os an jos hão percorrid o tod os os graus d a es ca la?

“Per cor r e r a m t od os os gr a u s , m a s d o m od o qu eh a vem os d ito: u n s , a ceita n do s em m u r m u ra r su a s m is sões ,ch ega r a m d ep r es s a ; ou t r os , ga s t a r a m m a is ou m en ostem po pa ra ch ega r à per feiçã o.”

1 3 0 . S end o errônea a opin ião d os que ad m item a exis tênciad e s eres criad os perfeitos e s uperiores a tod as as ou -tras cria turas , com o s e explica que es s a crença es tejana trad ição d e quas e tod os os povos ?

“Fica sa ben do qu e o m u n do on de te a ch a s n ã o exis te detoda a eter n ida de e qu e, m u ito tem po a n tes qu e ele exis t is -se, já h a via Espír itos qu e t in h a m a tin gido o gra u su prem o.Acr ed ita ra m os h om en s qu e eles era m a s s im des de todosos tem pos .”

1 3 1 . Há d em ônios , no s en tid o que s e d á a es ta pa lavra?

“Se h ou ves s e dem ôn ios , s er ia m obra de Deu s . Ma s ,porven tu ra , Deu s s er ia ju s to e bom s e h ou vera cr ia do s er esdes t in a dos eter n a m en te a o m a l e a per m a n ecer em eter n a -m en te des gra ça dos ? Se h á dem ôn ios , eles s e en con tra m n om u n do in fer ior em qu e h a b ita is e em ou tros s em elh a n tes .Sã o es s es h om en s h ipócr ita s qu e fa zem de u m Deu s ju s to

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⇤�⇥ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

u m Deu s m a u e vin ga t ivo e qu e ju lga m a gra dá -lo por m eioda s a bom in a ções qu e p ra t ica m em s eu n om e.”

A pa la vra demônio n ã o im plica a idéia de Es p ír ito m a u , s e-n ã o n a s u a a cepçã o m oder n a , porqu a n to o ter m o gr ego da ïmon ,don de ela der ivou , s ign ifica gên io, in teligência e s e a p lica va a oss eres in corpóreos , bon s ou m a u s , in d is t in ta m en te.

Por dem ôn ios , s egu n do a a cepçã o vu lga r da pa la vra , s e en -ten dem s eres es s en cia lm en te m a lfa zejos . Com o toda s a s cois a s ,eles ter ia m s ido cr ia dos por Deu s . Ora , Deu s , qu e é s obera n a -m en te ju s to e bom , n ã o pode ter cr ia do s eres p r epos tos , por s u an a tu reza , a o m a l e con den a dos por toda a eter n ida de. Se n ã ofos s em obra de Deu s , exis t ir ia m , com o ele, des de toda a eter n ida -de, ou en tã o h a ver ia m u ita s potên cia s s obera n a s .

A p r im eira con d içã o de toda dou tr in a é s er lógica . Ora , à dosdem ôn ios , n o s en t ido a bs olu to, fa lta es ta ba s e es s en cia l. Con ce-be-s e qu e povos a t ra s a dos , os qu a is , por des con h ecerem os a t r i-bu tos de Deu s , a dm item em s u a s cren ça s d ivin da des m a léfica s ,ta m bém a dm ita m dem ôn ios ; m a s , é ilógico e con tra d itór io qu equ em fa z da bon da de u m dos a t r ibu tos es s en cia is de Deu s s u po-n h a h a ver ele cr ia do s eres des t in a dos a o m a l e a p ra t icá -lo perpe-tu a m en te, porqu e is s o equ iva le a lh e n ega r a bon da de. Os pa r t i-d á r ios d os d em ôn ios s e a p óia m n a s p a la vra s d o Cr is to. Nã os erem os n ós qu em con tes te a a u tor ida de de s eu s en s in os , qu edes ejá ra m os ver m a is n o cora çã o do qu e n a boca dos h om en s ;porém , es ta rã o a qu eles pa r t idá r ios cer tos do s en t ido qu e ele da vaa es s e vocá bu lo? Nã o é s a b ido qu e a for m a a legór ica con s t itu i u mdos ca ra cteres d is t in t ivos da s u a lin gu a gem ? Dever -s e-á tom a ra o pé da let ra tu do o qu e o Eva n gelh o con tém ? Nã o p recis a m osde ou tra p rova a lém da qu e n os for n ece es ta pa s s a gem :

“Logo a pós es s es d ia s de a fliçã o, o Sol es cu recerá e a Lu an ã o m a is da rá s u a lu z, a s es t rela s ca irã o do céu e a s potên cia s docéu s e a b a la r ã o. E m ver d a d e vos d igo qu e es t a gera çã o n ã opa s s a rá , s em qu e toda s es ta s cois a s s e ten h a m cu m prido.”

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⇤�⇥D O S E S P Í R I T O S

Nã o tem os vis to a Ciên cia con tra d ita r a forma do texto b í-b lico, n o toca n te à Cr ia çã o e a o m ovim en to da Terra ? Nã o s e da ráo m es m o com a lgu m a s figu ra s de qu e s e s erviu o Cr is to, qu et in h a de fa la r de a cordo com os tem pos e os lu ga r es ? Nã o é pos s í-vel qu e ele h a ja d ito con s cien tem en te u m a fa ls ida de. As s im , pois ,s e n a s s u a s pa la vra s h á cois a s qu e pa recem ch oca r a ra zã o, équ e n ã o a s com preen dem os bem , ou a s in terp reta m os m a l.

Os h om en s fizera m com os dem ôn ios o qu e fizera m com osa n jos . Com o a cred ita ra m n a exis tên cia de s eres per feitos des detoda a eter n ida de, tom a ra m os Es p ír itos in fer iores por s eres per -petu a m en te m a u s . Por dem ôn ios s e devem en ten der os Es p ír itosim pu r os , qu e m u ita s vezes n ã o va lem m a is do qu e a s en t ida desdes ign a da s por es s e n om e, m a s com a d iferen ça de s er t ra n s itó-r io o es ta do deles . Sã o Es p ír itos im per feitos , qu e s e rebela m con -t ra a s p r ova s qu e lh es toca m e qu e, por is s o, a s s ofrem m a islon ga m en te, porém qu e, a s eu tu r n o, ch ega rã o a s a ir da qu elees ta do, qu a n do o qu is er em . Poder -s e-ia , pois , a ceita r o ter m o de-mônio com es ta r es t r içã o. Com o o en ten dem a tu a lm en te, da n do--s e-lh e u m s en t ido exclu s ivo, ele in du zir ia em err o, com o fa zercrer n a exis tên cia de s eres es pecia is cr ia dos pa ra o m a l.

Sa ta n á s é eviden tem en te a pers on ifica çã o do m a l s ob form aa legór ica , vis to n ã o s e poder a dm it ir qu e exis ta u m s er m a u alu ta r, com o de potên cia a potên cia , com a Divin da de e cu ja ú n icap reocu pa çã o con s is t is s e em lh e con tra r ia r os des ígn ios . Com op recis a de figu ra s e im a gen s qu e lh e im pres s ion em a im a gin a çã o,o h om em p in tou os s eres in corpór eos s ob u m a for m a m a ter ia l,com a tr ibu tos qu e lem bra m a s qu a lida des ou os defeitos h u m a -n os . É a s s im qu e os a n t igos , qu er en do pers on ifica r o Tem po, op in ta ra m com a figu ra de u m velh o m u n ido de u m a foice e u m aa m pu lh eta . Repres en tá -lo pela figu ra de u m m a n cebo fora con -t ra -s en s o. O m es m o s e ver ifica com a s a legor ia s da for tu n a , daverda de, etc. Os m oder n os rep r es en ta ra m os a n jos , os pu ros Es -p ír itos , por u m a figu ra ra d ios a , de a s a s b ra n ca s , em blem a dapu reza ; e Sa ta n á s com ch ifr es , ga rra s e os a t r ibu tos da a n im a li-da de, em blem a da s pa ixões vis . O vu lgo, qu e tom a a s cois a s a o péda let ra , viu n es s es em blem a s in d ividu a lida des rea is , com o viraou tr ora Sa tu r n o n a a legor ia do Tem po.

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C A P Í T U L O I I

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• Objetivo d a encarnação• A a lm a• Materia lis m o

OBJ ETIVO DA ENCARNAÇÃO

1 3 2 . Qual o objetivo d a encarnação d os Es píritos ?

“Deu s lh es im põe a en ca r n a çã o com o fim de fa zê-losch ega r à per feiçã o. Pa ra u n s , é exp ia çã o; pa ra ou tros , m is -s ã o. Ma s , pa ra a lca n ça rem es s a per feiçã o, têm que s ofrertod as as vicis s itud es d a exis tência corpora l: n is s o é qu e es táa exp ia çã o. Vis a a in da ou tro fim a en ca r n a çã o: o de pôr oEs p ír ito em con d ições de s u por ta r a pa r te qu e lh e toca n aobra da cr ia çã o. Pa ra execu tá -la é qu e, em ca da m u n do,tom a o Es p ír ito u m in s tru m en to, de h a r m on ia com a m a té-ria es sen cia l desse m u n do, a fim de a í cu m prir, daqu ele pon -to de vis ta , a s orden s de Deu s . É a s s im qu e, con corr en dopa ra a obra gera l, ele próprio s e a d ia n ta .”

A a çã o dos s er es corpóreos é n eces s á r ia à m a r ch a do Un i-vers o. Deu s , porém , n a s u a s a bedor ia , qu is qu e n es s a m es m aa çã o eles en con tra s s em u m m eio de p rogred ir e de s e a proxim a r

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⇤�⇥D A E N C AR N AÇ ÃO D O S E S P Í R I T O S

dele. Des te m odo, por u m a a dm irá vel lei da Providên cia , tu do se

en ca deia , tu do é solidá rio n a Na tu reza .

1 3 3 . Têm n eces s id a d e d e en ca rn a çã o os Es p íritos qu e ,d es d e o princípio, s egu iram o cam inho d o bem ?

“Todos s ã o cr ia dos s im ples e ign ora n tes e s e in s t ru emn a s lu ta s e t r ibu la ções da vida corpora l. Deu s , qu e é ju s to,n ã o p od ia fa zer felizes a u n s , s em fa d iga s e t r a b a lh os ,con s egu in tem en te s em m ér ito.”

a) — Mas , en tão, d e que s erve aos Es píritos terem s e-gu id o o cam inho d o bem , s e is s o não os is en ta d os s ofrim en-tos d a vid a corpora l?

“Ch ega m m a is depres s a a o fim . Dem a is , a s a flições davida s ã o m u ita s vezes a con s eqü ên cia da im per feiçã o doEs p ír ito. Qu a n to m en os im per feições , ta n to m en os tor m en -tos . Aqu ele qu e n ã o é in vejos o, n em ciu m en to, n em a va r o,n em a m bicios o, n ã o s ofrerá a s tor tu ra s qu e s e or igin a mdes s es defeitos .”

A ALMA

1 3 4 . Que é a a lm a?

“Um Es p ír ito en ca r n a do.”

a) — Que era a a lm a an tes d e s e un ir ao corpo?

“Es p ír ito.”

b) — As a lm as e os Es píritos s ão, portan to, id ên ticos , am es m a cois a?

“Sim , a s a lm a s n ã o s ã o s en ã o os Es p ír itos . An tes de s eu n ir ao corpo, a a lm a é u m dos seres in teligen tes qu e povoa m

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⇤�⇥ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

o m u n do in vis ível, os qu a is tem pora r ia m en te reves tem u min vólu cro ca r n a l pa ra s e pu r ifica rem e es cla r ecerem .”

1 3 5 . Há no hom em a lgum a ou tra cois a a lém d a a lm a e d ocorpo?

“Há o la ço qu e liga a a lm a a o corpo.”

a) — De que na turez a é es s e laço?

“Sem im a ter ia l, is to é, de n a tu r eza in ter m éd ia en tr e oEs p ír ito e o corpo. É p recis o qu e s eja a s s im pa ra qu e osdois s e pos sa m com u n ica r u m com o ou tro. Por m eio des selaço é qu e o Espírito a tu a sobre a m a téria e reciprocam en te.”

O h om em é, portan to, form ado de três pa rtes essen cia is :

1 º — o corp o ou s er m a ter ia l, a n á logo a o dos a n im a is e

a n im a do pelo m es m o p r in cíp io vita l;

2 º — a a lm a , Es p ír ito en ca r n a do qu e tem n o corpo a s u a

h a b ita çã o;

3 º — o p r in cíp io in ter m ed iá r io, ou peris pírito, s u bs tâ n cia

s em im a ter ia l qu e s erve de p r im eiro en voltór io a o Es p ír ito e liga a

a lm a a o corpo. Ta l, n u m fru to, o gér m en , o per is per m a e a ca s ca .

1 3 6 . A a lm a ind epend e d o princípio vita l?

“O corpo n ã o é m a is do qu e en voltór io, r epet im o-locon s ta n tem en te.”

a) — Pod e o corpo exis tir s em a a lm a?

“Pode; en treta n to, des de qu e ces s a a vida do corpo, aa lm a o a ba n don a . An tes do n a scim en to, a in da n ã o h á u n iã odefin it iva en tre a a lm a e o corpo; en qu an to qu e, depois dees s a u n iã o s e h a ver es ta belecido, a m or te do corpo rom pe

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⇤�⇥D A E N C AR N AÇ ÃO D O S E S P Í R I T O S

os la ços qu e o p r en dem à a lm a e es ta o a ba n don a . A vidaorgâ n ica pode a n im a r u m corpo s em a lm a , m a s a a lm a n ã opode h a b ita r u m corpo p r iva do de vida orgâ n ica .”

b) — Que s eria o nos s o corpo, s e não tives s e a lm a?

“Sim ples m a s s a de ca r n e s em in teligên cia , tu do o qu equ is erdes , exceto u m h om em .”

1 3 7 . Um Es pírito pod e encarnar a um tem po em d ois corposd iferen tes ?

“Não, o Espírito é in divis ível e n ão pode an im ar s im u lta -n eam en te dois seres dis tin tos .” (Ver, em O Livro dos Méd iuns ,o capítu lo VII, “Da bicorporeidade e da tran sfigu ração”.)

1 3 8 . Que s e d eve pens ar d a opin ião d os que cons id eram aa lm a o princípio d a vid a m ateria l?

“É u m a qu es tã o de pa la vra s , com qu e n a da tem os .Com eça i por vos en ten der des m u tu a m en te.”

1 3 9 . Alguns Es píritos e, an tes d eles , a lguns filós ofos d efin i-ra m a a lm a com o s e n d o: “u m a ce n te lh a a n ím icaem anad a d o grand e Tod o”. Por que es s a con trad ição?

“Nã o h á con tra diçã o. Tu do depen de da s a cepções da spa la vra s . Por qu e n ã o ten des u m a pa la vra pa ra ca da coisa ?”

O vocá bu lo a lm a s e em pr ega pa ra expr im ir cois a s m u ito d i-fer en tes . Un s ch a m a m a lm a a o p r in cíp io da vida e, n es ta a cep -çã o, s e pode com a cer to d izer, figurad am ente , qu e a a lm a é u m acen telh a a n ím ica em a n a da do gra n de Todo. Es ta s ú lt im a s pa la -vra s in d ica m a fon te u n ivers a l do p r in cíp io vita l de qu e ca da s era bs orve u m a porçã o e qu e, a pós a m orte, volta à m a s s a don des a iu . Es s a idéia de n en h u m m odo exclu i a de u m s er m ora l, d is -

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⇤�⇥ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

t in to, in depen den te da m a tér ia e qu e con s erva s u a in d ividu a lida -de. A es s e s er, igu a lm en te, s e dá o n om e de a lm a e n es ta a cepçã oé qu e s e pode d izer qu e a a lm a é u m Es p ír ito en ca r n a do. Da n doda a lm a defin ições d ivers a s , os Es p ír itos fa la ra m de a cordo com om odo por qu e a p lica va m a pa la vra e com a s idéia s ter ren a s dequ e a in da es ta va m m a is ou m en os im bu ídos . Is to res u lta da defi-ciên cia da lin gu a gem h u m a n a , qu e n ã o d is põe de u m a pa la vrapa ra ca da idéia , don de u m a im en s ida de de equ ívocos e d is cu s -s ões . E is por qu e os Es p ír itos s u per iores n os d izem qu e p r im eir on os en ten da m os a cerca da s pa la vra s .1

1 4 0 . Que s e d eve pens ar d a teoria d a a lm a s ubd ivid id a emtan tas partes quan tos s ão os m ús cu los e pres id ind oas s im a cad a um a d as funções d o corpo?

“Ain da is to depen de do s en t ido qu e s e em pres te à pa -la vra a lm a . Se s e en ten de por a lm a o flu ido vita l, es s a teo-r ia tem ra zã o de s er ; s e s e en ten de por a lm a o Es p ír itoen ca r n a d o, é e r r ôn ea . J á d is s em os qu e o E s p ír it o éin d ivis ível. E le im pr im e m ovim en to a os órgã os , s ervin do-s edo flu ido in ter m ed iá r io, s em qu e pa ra is s o s e d ivida .”

a) — Entretan to, a lguns Es píritos d eram es s a d efin ição.

“Os Es p ír itos ign ora n tes podem tom a r o efeito pelaca u s a .”

A a lm a a tu a por in ter m éd io dos órgã os e os órgã os s ã o a n i-m a dos pelo flu ido vita l, qu e por eles s e repa r te, exis t in do em m a iora bu n dâ n cia n os qu e s ã o cen tros ou focos de m ovim en to. Es taexp lica çã o, porém , n ã o p rocede, des de qu e s e con s idere a a lm acom o s en do o Es p ír ito qu e h a b ita o corpo du ra n te a vida e o deixapor oca s iã o da m orte.

1 Ver, n a In t roduç ão , a exp lica çã o s obre o ter m o alm a , § II.

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1 4 1 . Há a lgum a cois a d e verd ad eiro na opin ião d os que pre-tend em que a a lm a é exterior ao corpo e o circunvolve?

“A a lm a n ã o s e a ch a en cerra da n o corpo, qu a l pá s s a ron u m a ga iola . Ir ra d ia e s e m a n ifes ta exter ior m en te, com o alu z a t ra vés de u m globo de vid ro, ou com o o s om em tor n ode u m cen tr o de s on or ida de. Nes te s en t ido s e pode d izerqu e ela é exter ior, s em qu e por is s o con s t itu a o en voltór iodo corpo. A a lm a tem dois in vólu cr os . Um , s u t il e leve: é op r im eir o, a o qu a l ch a m a s peris pírito; ou tr o, gr os s eiro, m a -ter ia l e pes a do, o corpo. A a lm a é o cen tro de todos osen voltór ios , com o o gér m en em u m n ú cleo, já o tem os d ito.”

1 4 2 . Qu e d iz e is d es s a ou tra teoria s egu n d o a qu a l a a lm a ,n u m a cria n ça , s e va i com ple ta n d o a ca d a períod od a v id a ?

“O Es p ír ito é u n o e es tá todo n a cr ia n ça , com o n o a du l-to. Os órgã os , ou in s t ru m en tos da s m a n ifes ta ções da a lm a ,é qu e s e des en volvem e com pleta m . Ain da a í tom a m o efeitopela ca u s a .”

1 4 3 . Por que tod os os Es píritos não d efinem d o m es m o m od oa a lm a?

“Os Es p ír itos n ã o s e a ch a m todos es cla recidos igu a l-m en te s obr e es tes a s s u n tos . Há Es p ír itos de in teligên ciaa in da lim ita da , qu e n ã o com preen dem a s cois a s a bs t ra ta s .Sã o com o a s cr ia n ça s en t r e vós . Ta m b ém h á Es p ír itosps eu do-s á b ios , qu e fa zem a la r de de pa la vra s , pa ra s e im -por em , a in da com o s u cede en tr e vós . Depois , os p rópr iosEs p ír itos es cla recidos podem expr im ir -s e em ter m os d ife-r en tes , cu jo va lor, en treta n to, é, s u bs ta n cia lm en te, o m es -m o, s obr etu do qu a n do s e t ra ta de cois a s qu e a vos s a lin -

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gu a gem s e m os tra im poten te pa ra t ra du zir com cla r eza .Recorrem en tã o a figu ra s , a com pa ra ções , qu e tom a is com orea lida de.”

1 4 4 . Que s e d eve en tend er por a lm a d o m und o?

“O prin cíp io u n iversa l da vida e da in teligên cia , do qu a ln a scem a s in dividu a lida des . Ma s , os qu e se s ervem dessaexpres sã o n ã o se com preen dem , a s m a is da s vezes , u n s a osou tros . O ter m o alm a é tã o elá s t ico qu e ca da u m o in terpre-ta a o sa bor de su a s fa n ta s ia s . Tam bém à Terra h ã o a tr ibu í-do u m a a lm a . Por a lm a da Terra se deve en ten der o con ju n todos Esp ír itos a bn ega dos , qu e d ir igem pa ra o bem a s vos s a sa ções , qu a n do os es cu ta is , e qu e, de cer to m odo, s ã o oslu ga res -ten en tes de Deu s com rela çã o a o vos s o p la n eta .”

1 4 5 . Com o s e explica que tan tos filós ofos an tigos e m od er-nos , d uran te tão longo tem po, ha jam d is cu tid o s obre aciência ps icológica e não tenham chegad o ao conheci-m en to d a verd ad e?

“Es s es h om en s era m os p r ecu rs or es da eter n a Dou tr i-n a Espírita . Prepa ra ram os cam in h os . Eram h om en s e, com ota is , s e en ga n a ra m , tom a n do s u a s p rópr ia s idéia s pela lu z.No en ta n to, m es m o os s eu s er ros s ervem pa ra rea lça r averda de, m os tra n do o p ró e o con tra . Dem a is , en tre es s eser r os s e en con t r a m gr a n d es ver d a d es qu e u m es t u d ocom pa ra t ivo tor n a a p reen s íveis .”

1 4 6 . A alm a tem , no corpo, s ed e d eterm inad a e circuns crita?

“Nã o; porém , n os gra n des gên ios , em todos os qu e pen -s a m m u ito, ela res ide m a is pa r t icu la r m en te n a ca beça , a o

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p a s s o qu e ocu p a p r in c ip a lm en t e o cor a çã o n a qu e lesqu e m u ito s en tem e cu ja s a ções têm toda s por ob jeto aHu m a n ida de.”

a) — Que s e d eve pens ar d a opin ião d os que s ituam aa lm a num cen tro vita l?

“Qu er is s o d izer qu e o Es p ír ito h a b ita de p referên ciaes s a pa r te do vos s o orga n is m o, por s er a í o pon to de con -vergên cia de toda s a s s en s a ções . Os qu e a s itu a m n o qu econ s idera m o cen tr o da vita lida de, es s es a con fu n dem como flu ido ou pr in cíp io vita l. Pode, toda via , d izer -s e qu e a s ededa a lm a s e en con tra es pecia lm en te n os órgã os qu e s ervempa ra a s m a n ifes ta ções in telectu a is e m ora is .”

MATERIALISMO

147 . Por que é que os ana tom is tas , os fis iologis tas e, emgera l, os que aprofund am a ciência d a Na turez a , s ão,com tan ta freqüência , levad os ao m a teria lis m o?

“O fis iologis ta refer e tu do a o qu e vê. Orgu lh o dos h o-m en s , qu e ju lga m s a ber tu do e n ã o a dm item h a ja cois aa lgu m a qu e lh es es teja a cim a do en ten d im en to. A p rópr iaciên cia qu e cu lt iva m os en ch e de p res u n çã o. Pen s a m qu e aNa tu r eza n a da lh es pode con s erva r ocu lto.”

1 4 8 . Não é d e las tim ar que o m ateria lis m o s eja um a cons e-qüência d e es tud os que d everiam , contrariam ente, m os -trar ao hom em a s uperiorid ad e d a in teligência que go-verna o m undo? Deve-s e daí concluir que s ão perigos os ?

“Nã o é exa to qu e o m a ter ia lis m o s eja u m a con s eqü ên -cia des s es es tu dos . O h om em é qu e deles t ira u m a con s e-

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qü ên cia fa ls a , pela ra zã o de lh e s er da do a bu s a r de tu do,m es m o da s m elh ores cois a s . Acr es ce qu e o nad a os a m e-dron ta m a is do qu e eles qu er er ia m qu e pa reces s e, e os es -p ír itos for tes , qu a s e s em pre, s ã o a n tes fa n fa rrões do qu ebra vos . Na s u a m a ior ia , s ó s ã o m a ter ia lis ta s porqu e n ã otêm com qu e en ch er o va zio do a b is m o qu e d ia n te deles s ea b r e. Mos t r a i-lh es u m a â n cor a d e s a lva çã o e a ela s ea ga rra rã o p res s u r os a m en te.”

Por u m a a berra çã o da in teligên cia , pes s oa s h á qu e s ó vêemn os s eres orgâ n icos a a çã o da m a tér ia e a es ta a t r ibu em todos osn os s os a tos . No corpo h u m a n o a pen a s vêem a m á qu in a elét r ica ;s om en te pelo fu n cion a m en to dos órgã os es tu da ra m o m eca n is m oda vida , cu ja repet ida ext in çã o obs erva ra m , por efeito da ru p tu rade u m fio, e n a da m a is en xerga ra m a lém des s e fio. Procu ra ra ms a ber s e a lgu m a cois a res ta va e, com o n a da a ch a ra m s en ã o m a -tér ia , qu e s e tor n a ra in er te, com o n ã o vira m a a lm a es ca pa r -s e,com o n ã o a pu dera m a pa n h a r, con clu íra m qu e tu do s e con t in h an a s p ropr ieda des da m a tér ia e qu e, por ta n to, à m or te s e s egu ia aa n iqu ila çã o do pen s a m en to. Tr is te con s eqü ên cia , s e fora r ea l,porqu e en tã o o bem e o m a l n a da s ign ifica r ia m , o h om em ter iara zã o pa ra s ó pen s a r em s i e pa ra coloca r a cim a de tu do a s a t is -fa çã o de s eu s a pet ites m a ter ia is ; qu ebra dos es ta r ia m os la çoss ocia is e a s m a is s a n ta s a feições s e rom per ia m pa ra s em pre. Fe-lizm en te, lon ge es tã o de s er gera is s em elh a n tes idéia s , qu e s epodem m es m o ter por m u ito circu n s cr ita s , con s t itu in do a pen a sop in iões in d ividu a is , pois qu e em pa r te a lgu m a a in da for m a ra mdou tr in a . Um a s ocieda de qu e s e fu n da s s e s obre ta is ba s es t ra r iaem s i o gér m en de s u a d is s olu çã o e s eu s m em bros s e en tredevo-ra r ia m com o a n im a is ferozes .

O h om em tem , in s t in t iva m en te, a con vicçã o de qu e n em tu dos e lh e a ca ba com a vida . O n a da lh e in fu n de h orror. É em vã o qu es e obs t in a con tra a idéia da vida fu tu ra . Ao s oa r o m om en to s u -p rem o, pou cos s ã o os qu e n ã o in qu irem do qu e va i s er deles ,porqu e a idéia de deixa r a vida pa ra sem pre a lgo ofer ece de pu n gen -

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te. Qu em , de fa to, poder ia en ca ra r com in d iferen ça u m a s epa ra -çã o a bs olu ta , eter n a , de tu do o qu e foi ob jeto de s eu a m or? Qu empoder ia ver, s em ter r or, a b r ir -s e d ia n te s i o im en s u rá vel a b is m odo n a da , on de s e s epu lta s s em pa ra s em pre toda s a s s u a s fa cu l-da des , toda s a s s u a s es pera n ça s , e d izer a s i m es m o: Pois qu e!depois de m im , n a da , n a da m a is , s en ã o o vá cu o, tu do defin it iva -m en te a ca ba do; m a is a lgu n s d ia s e a m in h a lem bra n ça s e teráa pa ga do da m em ória dos qu e m e s obreviver em ; n en h u m ves t ígio,den t ro em pou co, r es ta rá da m in h a pa s s a gem pela Ter ra ; a tém es m o o b em qu e fiz s er á es qu ecid o p elos in gra tos a qu emben eficiei. E n a da , pa ra com pen s a r tu do is to, n en h u m a ou trapers pect iva , a lém da do m eu corpo r oído pelos ver m es !

Nã o tem es te qu a dro a lgu m a cois a de h orr ível, de gla cia l? Areligiã o en s in a qu e n ã o pode s er a s s im e a ra zã o n o-lo con fir m a .Ma s , u m a exis tên cia fu tu ra , va ga e in defin ida n ã o a p res en ta oqu e s a t is fa ça a o n os s o des ejo do pos it ivo. Es s a , em m u itos , aor igem da dú vida . Pos s u ím os a lm a , es tá bem ; m a s , qu e é a n os s aa lm a ? Tem for m a , u m a a pa rên cia qu a lqu er? É u m s er lim ita do,ou in defin ido? Dizem a lgu n s qu e é u m s opro de Deu s , ou trosu m a cen telh a , ou tros u m a pa rcela do gra n de Todo, o p r in cíp io davida e da in teligên cia . Qu e é, porém , o qu e de tu do is to fica m oss a ben do? Qu e n os im por ta ter u m a a lm a , s e, ext in gu in do-s e-n osa vida , ela des a pa r ece n a im en s ida de, com o a s gota s dá gu a n oOcea n o? A perda da n os s a in d ividu a lida de n ã o equ iva le, pa ran ós , a o n a da ? Diz-s e ta m bém qu e a a lm a é im a ter ia l. Ora , u m acois a im a ter ia l ca rece de p roporções deter m in a da s . Des de en tã o,n a da é, pa ra n ós . A religiã o a in da n os en s in a qu e s er em os felizesou des gra ça dos , con for m e a o bem ou a o m a l qu e h ou ver m os fei-to. Qu e vem a s er, porém , es s a felicida de qu e n os a gu a rda n o s eiode Deu s ? Será u m a bea t itu de, u m a con tem pla çã o eter n a , s emou tra ocu pa çã o m a is do qu e en toa r lou vor es a o Cr ia dor? As ch a -m a s do in fer n o s erã o u m a rea lida de ou u m s ím bolo? A p rópr iaIgr eja lh es dá es ta ú lt im a s ign ifica çã o; m a s , en tã o, qu e s ã o a qu e-les s ofr im en tos ? On de es s e lu ga r de s u p lício? Nu m a pa la vra , qu eé o qu e s e fa z, qu e é o qu e s e vê, n es s e ou tro m u n do qu e a todos

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n os es pera ? Dizem qu e n in gu ém ja m a is voltou de lá pa ra n os da rin for m a ções .

É erro dizê-lo e a m issão do Espiritism o con s is te precisam en teem n os escla recer acerca desse fu tu ro, em fazer com qu e, a té certopon to, o toqu em os com o dedo e o pen etrem os com o olh a r, n ão m aispelo raciocín io som en te, porém , pelos fa tos . Graças à s com u n ica -ções es p ír it a s , n ã o s e t r a ta m a is d e u m a s im p les p res u n çã o,d e u m a p r ob a b ilid a d e s ob r e a q u a l c a d a u m c on je t u r e àvon ta de, qu e os poeta s em belezem com su a s ficções , ou cu m u lemde en ga n a dora s im a gen s a legórica s . É a rea lida de qu e n os a pa re-ce, pois qu e s ã o os p rópr ios s eres de a lém -tú m u lo qu e n os vêmd es cr ever a s itu a çã o em qu e s e a ch a m , rela ta r o qu e fa zem ,fa cu lta n do-n os a s s is t ir, por a s s im d izer, a toda s a s per ipécia s dan ova vida qu e lá vivem e m os tra n do-n os , por es s e m eio, a s or tein evitá vel qu e n os es tá res erva da , de a cordo com os n os s os m ér i-tos e dem éritos . Haverá n is so a lgu m a coisa de an ti-religioso? Mu itoa o con t rá r io, por qu a n to os in crédu los en con t ra m a í a fé e ost íb ios a ren ova çã o do fervor e da con fia n ça . O Es p ir it is m o é, pois ,o m a is poten te a u xilia r da religiã o. Se ele a í es tá , é porqu e Deu so per m ite e o per m ite pa ra qu e a s n os s a s va cila n tes es pera n ça ss e revigorem e pa ra qu e s eja m os recon du zidos à s en da do bempela pers pect iva do fu tu ro.

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C A P Í T U L O I I I

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• A a lm a após a m orte• S eparação d a a lm a e d o corpo• Perturbação es piritua l

A ALMA APÓS A MORTE

1 4 9 . Que s uced e à a lm a no ins tan te d a m orte?

“Volta a s er Es p ír ito, is to é, volve a o m u n do dos Es p ír i-tos , don de s e a pa r ta ra m om en ta n ea m en te.”

1 5 0 . A alm a, após a m orte, cons erva a s ua ind ivid ualid ad e?

“S im ; ja m a is a p er d e . Q u e s er ia e la , s e n ã o a con -s er va s s e?”

a) — Com o com prova a a lm a a s ua ind ivid ualid ad e, um avez que não tem m ais corpo m ateria l?

“Con t in u a a ter u m flu ido qu e lh e é p rópr io, h a u r idon a a tm os fera do s eu p la n eta , e qu e gu a rda a a pa rên cia des u a ú lt im a en ca r n a çã o: s eu per is p ír ito.”

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b) — A a lm a nad a leva cons igo d es te m und o?

“Na da , a n ã o s er a lem bra n ça e o des ejo de ir pa ra u mm u n do m elh or, lem bra n ça ch eia de doçu ra ou de a m a rgor,con for m e o u s o qu e ela fez da vida . Qu a n to m a is pu ra for,m elh or com preen derá a fu t ilida de do qu e deixa n a Terra .”

1 5 1 . Qu e pen s a r d a op in iã o d os qu e d iz em qu e a pós am orte a a lm a retorna ao tod o un ivers a l?

“O con ju n to dos Es p ír itos n ã o for m a u m todo? n ã ocon s t it u i u m m u n d o com p le t o? Q u a n d o es t á s n u m aa s s em bléia , és pa r te in tegra n te dela ; m a s , n ã o obs ta n te,con s erva s s em pre a tu a in d ividu a lida de.”

1 5 2 . Que prova pod em os ter d a ind ivid ua lid ad e d a a lm ad epois d a m orte?

“Não ten des essa prova n as com u n icações qu e recebeis?Se n ão fôs seis cegos , veríeis ; s e n ão fôs seis su rdos , ou vir íeis ;pois qu e m u ito a m iú de u m a voz vos fa la , revela dora daexis tên cia de u m s er qu e es tá fora de vós .”

Os qu e pen s a m qu e, pela m or te, a a lm a rein gres s a n o todou n ivers a l es tã o em erro, s e s u põem qu e, s em elh a n te à gota dá gu aqu e ca i n o Ocea n o, ela perde a li a s u a in d ividu a lida de. Es tã ocer tos , s e p or tod o u n ivers a l en ten d em o con ju n to d os s er esin cor p ór eos , con ju n t o d e qu e ca d a a lm a ou E s p ír it o é u melem en to.

Se a s a lm a s s e con fu n d is s em n u m a m á lga m a s ó ter ia m a squ a lida des do con ju n to, n a da a s d is t in gu ir ia u m a s da s ou tra s .Ca recer ia m de in teligên cia e de qu a lida des pes s oa is qu a n do, a ocon trá r io, em toda s a s com u n ica ções , den ota m ter con s ciên ciado s eu eu e von ta de p rópr ia . A d ivers ida de in fin ita qu e a p res en -ta m , s ob todos os a s pectos , é a con s eqü ên cia m es m a de con s t i-

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⇤�⇥D A VO L T A D O E S P Í R I T O , E XT I N T A A VI D A C O R P Ó R E A,À VI D A E S P I R I T U AL

tu ír em in d ividu a lida des d ivers a s . Se, a pós a m orte, s ó h ou ves s eo qu e s e ch a m a o gra n de Todo, a a bs orver toda s a s in d ividu a lida -des , es s e Todo s er ia u n ifor m e e, en tã o, a s com u n ica ções qu e s erecebes s em do m u n do in vis ível s er ia m idên t ica s . Des de qu e, po-rém , lá s e n os depa ra m s er es bon s e m a u s , s á b ios e ign ora n tes ,felizes e des gra ça dos ; qu e lá os h á de todos os ca ra cteres : a legrese t r is tes , levia n os e pon dera dos , etc., pa ten te s e fa z qu e eles s ã os eres d is t in tos . A in d ividu a lida de a in da m a is eviden te s e tor n a ,qu a n do es s es s eres p r ova m a s u a iden t ida de por in d ica ções in -con tes tá veis , pa r t icu la r ida des in d ividu a is ver ificá veis , referen tesà s s u a s vida s ter res t res . Ta m bém n ã o pode s er pos ta em dú vida ,qu a n do s e fa zem vis íveis n a s a pa r ições . A in d ividu a lida de da a lm an os era en s in a da em teor ia , com o a r t igo de fé. O Es p ir it is m o ator n a m a n ifes ta e, de cer to m odo, m a ter ia l.

1 5 3 . Em que s en tid o s e d eve en tend er a vid a eterna?

“A vida do Es p ír ito é qu e é eter n a ; a do corpo é t ra n s i-tór ia e pa s s a geira . Qu a n do o corpo m orr e, a a lm a retom a avida eter n a .”

a) — Não s eria m a is exa to cham ar vida eter n a à d osEs píritos puros , d os que, tend o a tingid o a perfeição, nãoes tão s u jeitos a s ofrer m a is prova a lgum a?

“Es s a é a n tes a felicida de eter n a . Ma s is to con s t itu iu m a qu es tão de pa lavra s . Ch am a i a s coisa s com o qu iserdes ,con ta n to qu e vos en ten da is .”

S EPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO

1 5 4 . É d oloros a a s eparação d a a lm a e d o corpo?

“Nã o; o corpo qu a s e s em pre s ofr e m a is du ra n te a vidado qu e n o m om en to da m orte; a a lm a n en h u m a pa r te tom a

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n is s o. Os s ofr im en tos qu e a lgu m a s vezes s e exper im en ta mn o in s ta n te da m orte s ã o um goz o para o Es pírito, qu e vêch ega r o ter m o do s eu exílio.”

Na m or te n a tu ra l, a qu e s ob r evém pelo es gota m en to dosórgã os , em con s eqü ên cia da ida de, o h om em deixa a vida s em operceber : é u m a lâ m pa da qu e s e a pa ga por fa lta de óleo.

1 5 5 . Com o s e opera a s eparação d a a lm a e d o corpo?

“Rotos os la ços qu e a r et in h a m , ela s e des p r en de.”

a) — A s eparação s e d á ins tan taneam en te por brus catrans ição? Haverá a lgum a linha d e d em arcação n itid am entetraçad a en tre a vid a e a m orte?

“Nã o; a a lm a s e des p r en de gra du a lm en te, n ã o s e es ca -pa com o u m pá s s a r o ca t ivo a qu e s e res t itu a s u b ita m en te aliberda de. Aqu eles dois es ta dos s e toca m e con fu n dem , des or te qu e o Es p ír ito s e s olta pou co a pou co dos la ços qu e op ren d ia m . Es tes laços s e d es a tam , não s e quebram .”

Du ra n te a vida , o Es p ír ito s e a ch a p res o a o corpo pelo s euen voltór io s em im a ter ia l ou per is p ír ito. A m orte é a des t ru içã o docorpo s om en te, n ã o a des s e ou tro in vólu cro, qu e do corpo s e s e-pa ra qu a n do ces s a n es te a vida orgâ n ica . A obs erva çã o dem on s -t ra qu e, n o in s ta n te da m or te, o des p ren d im en to do per is p ír iton ã o s e com pleta s u b ita m en te; qu e, a o con trá r io, s e opera gra -d u a lm en t e e com u m a len t id ã o m u it o va r iá vel con for m e osin d ivídu os . Em u n s é ba s ta n te rá p ido, poden do d izer -s e qu e om om en to da m or te é m a is ou m en os o da liber ta çã o. Em ou tros ,n a qu eles s obretu do cu ja vida foi tod a m ateria l e s ens ua l, o des -p ren d im en to é m u ito m en os rá p ido, du ra n do a lgu m a s vezes d ia s ,s em a n a s e a té m es es , o qu e n ã o im plica exis t ir, n o corpo, a m e-n or vita lida de, n em a pos s ib ilida de de volver à vida , m a s u m as im ples a fin ida de com o Es p ír ito, a fin ida de qu e gu a rda s em pre

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p roporçã o com a p repon derâ n cia qu e, du ra n te a vida , o Es p ír itodeu à m a tér ia . É , com efeito, ra cion a l con ceber -s e qu e, qu a n tom a is o Es p ír ito s e h a ja iden t ifica do com a m a tér ia , ta n to m a ispen os o lh e s eja s epa ra r -s e dela ; a o pa s s o qu e a a t ivida de in telec-tu a l e m ora l, a eleva çã o dos pen s a m en tos opera m u m com eço dedes pren d im en to, m es m o du ra n te a vida do corpo, de m odo qu e,em ch ega n do a m or te, ele é qu a s e in s ta n tâ n eo. Ta l o res u lta dodos es tu dos feitos em todos os in d ivídu os qu e s e têm pod ido ob -s erva r por oca s iã o da m orte. Es s a s obs erva ções a in da p r ova mqu e a a fin ida de, pers is ten te en tr e a a lm a e o corpo, em cer tosin d ivídu os , é, à s vezes , m u ito pen os a , por qu a n to o Es p ír ito podeexp er im en ta r o h or r or d a d ecom p os içã o. Es te ca s o, p orém , éexcepcion a l e pecu lia r a cer tos gên eros de vida e a cer tos gên er osde m orte. Ver ifica -s e com a lgu n s , s u icida s .

1 5 6 . A s e p a ra çã o d e f in it iv a d a a lm a e d o corp o p od eocorrer an tes d a ces s ação com pleta d a vid a orgân ica?

“Na a gon ia , a a lm a , a lgu m a s vezes , já tem deixa do ocorpo; n a da m a is h á qu e a vida orgâ n ica . O h om em já n ã otem con s ciên cia de s i m es m o; en tr eta n to, a in da lh e res tau m s opr o de vida orgâ n ica . O corpo é a m á qu in a qu e ocora çã o põe em m ovim en to. Exis te, en qu a n to o cora çã o fa zcir cu la r n a s veia s o s a n gu e, p a ra o qu e n ã o n eces s it ada a lm a .”

1 5 7 . No m om en to d a m orte , a a lm a s en te , a lgu m a vez ,qua lquer as piração ou êxtas e que lhe faça en trever om und o ond e va i d e novo en trar?

“Mu ita s vezes a a lm a s en te qu e s e des fa zem os la çosqu e a p r en dem a o corpo. Em prega en tão tod os os es forçospara d es faz ê-los in teiram en te . J á em pa r te des p ren d ida dam a tér ia , vê o fu tu r o des dobra r -s e d ia n te de s i e goza , pora n tecipa çã o, do es ta do de Es p ír ito.”

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1 5 8 . O exem plo d a lagarta que, prim eiro, and a d e ras tospela terra , d epois s e encerra na s ua cris á lid a em es ta -d o d e m orte aparente, para enfim renas cer com um aexis tência brilhante, pod e d ar-nos id éia d a vid a terres -tre, d o túm ulo e, fina lm ente, d a nos s a nova exis tência?

“Um a idéia a ca n h a da . A im a gem é boa ; toda via , cu m -pre n ã o s eja tom a da a o pé da let ra , com o fr eqü en tem en tevos s u cede.”

1 5 9 . Que s ens ação experim enta a a lm a no m om ento em quereconhece es tar no m und o d os Es píritos ?

“Depen de. Se p ra t ica s te o m a l, im pelido pelo des ejo deo p ra t ica r, n o p r im eir o m om en to te s en t irá s en vergon h a dode o h a ver es p ra t ica do. Com a a lm a do ju s to a s cois a s s epa s s a m de m odo bem d iferen te. E la s e s en te com o qu ea livia da de gra n de pes o, pois qu e n ã o tem e n en h u m olh a rpers cru ta dor.”

1 6 0 . O Es p írito s e en con tra im ed ia ta m en te com os qu econheceu na Terra e que m orreram an tes d ele?

“Sim , con for m e à a feiçã o qu e lh es vota va e a qu e eleslh e con s a gra va m . Mu ita s vezes a qu eles s eu s con h ecidos ovêm receber à en tra da do m u n do dos Es p ír itos e o a jud ama d es ligar-s e d as fa ixas d a m atéria . En con tra -s e ta m bémcom m u itos dos qu e con h eceu e perdeu de vis ta du ra n te as u a vida ter ren a . Vê os qu e es tã o n a er ra t icida de, com o vêos en ca r n a dos e os va i vis ita r.”

1 6 1 . Em cas o d e m orte violen ta e acid en ta l, quand o os ór-gãos a ind a s e não en fraqueceram em cons eqüência d a

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id a d e ou d a s m olés tia s , a s epa ra çã o d a a lm a e aces s ação d a vid a ocorrem s im ultaneam en te?

“Gera lm en te a s s im é; m a s , em todos os ca s os , m u itob r eve é o in s ta n te qu e m edeia en tr e u m a e ou tra .”

1 6 2 . Após a d ecapitação, por exem plo, cons erva o hom empor a lguns ins tan tes a cons ciência d e s i m es m o?

“Nã o ra ro a con s erva du ra n te a lgu n s m in u tos , a té qu ea vida orgâ n ica s e ten h a ext in gu ido com pleta m en te. Ma s ,t a m b ém , qu a s e s em p r e a a p r een s ã o d a m or t e lh e fa zperder a qu ela con s ciên cia a n tes do m om en to do s u p lício.”

Tra ta -s e a qu i da con s ciên cia qu e o s u p licia do pode ter de s im es m o, com o h om em e por in ter m éd io dos órgã os , e n ã o com oEs p ír ito. Se n ã o perdeu es s a con s ciên cia a n tes do s u p lício, podecon s ervá -la por a lgu n s b r eves in s ta n tes . E la , porém , ces s a n e-ces s a r ia m en te com a vida orgâ n ica do cér eb ro, o qu e n ã o qu erd izer qu e o per is p ír ito es teja in teira m en te s epa ra do do corpo. Aocon trá r io: em todos os ca s os de m or te violen ta , qu a n do a m or ten ã o r es u lta da ext in çã o gra du a l da s força s vita is , m a is tenaz esos la ços qu e p r en dem o corpo a o per is p ír ito e, por ta n to, m a islen to o des p ren d im en to com pleto.

PERTURBAÇÃO ES PIRITUAL

1 6 3 . A a lm a tem cons ciência d e s i m es m a im ed ia tam en ted epois d e d eixar o corpo?

“Im ed ia ta m en te n ã o é b em o t er m o. A a lm a p a s s aa lgu m tem po em es ta do de per tu rba çã o.”

1 6 4 . A perturbação que s e s egue à s eparação d a a lm a e d ocorpo é d o m es m o grau e d a m es m a d uração paratod os os Es píritos ?

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“Nã o; depen de da eleva çã o de ca da u m . Aqu ele qu e jáes tá pu r ifica do, s e recon h ece qu a s e im ed ia ta m en te, poisqu e s e liber tou da m a tér ia a n tes qu e ces s a s s e a vida docorpo, en qu a n to qu e o h om em ca r n a l, a qu ele cu ja con s -ciên cia a in da n ã o es tá pu ra , gu a rda por m u ito m a is tem poa im pres s ã o da m a tér ia .”

1 6 5 . O conhecim ento do Es piritis m o exerce algum a influências obre a duração, m ais ou m enos longa, da perturbação?

“In flu ên cia m u ito gra n de, por is s o qu e o Es p ír ito jáa n tecipa da m en te com preen d ia a s u a s itu a çã o. Ma s , a p rá -t ica do bem e a con s ciên cia pu ra s ã o o qu e m a ior in flu ên ciaexercem .”

Por oca s iã o da m or te, tu do, a p r in cíp io, é con fu s o. De a lgu mtem po p recis a a a lm a pa ra en tra r n o con h ecim en to de s i m es m a .Ela s e a ch a com o qu e a tu rd ida , n o es ta do de u m a pes s oa qu edes per tou de p rofu n do s on o e p r ocu ra or ien ta r -s e s obre a s u as itu a çã o. A lu cidez da s idéia s e a m em ória do pa s s a do lh e volta m ,à m ed ida qu e s e a pa ga a in flu ên cia da m a tér ia qu e ela a ca ba dea ba n don a r, e à m ed ida qu e s e d is s ipa a es pécie de n évoa qu e lh eobs cu rece os pen s a m en tos .

Mu ito va r iá vel é o tem po qu e du ra a per tu rba çã o qu e s esegu e à m orte. Pode ser de a lgu m as h ora s , com o tam bém de m u itosm es es e a té de m u itos a n os . Aqu eles qu e, des de qu a n do a in daviviam n a Terra , se iden tifica ram com o es tado fu tu ro qu e os agu a r -d a va , s ã o os e m q u e m m e n os lon ga e la é , p o r q u e e s s e scom preen dem im ed ia ta m en te a pos içã o em qu e s e en con tra m .

Aqu ela per tu rba çã o a p r es en ta circu n s tâ n cia s es pecia is , dea cordo com os ca ra cteres dos in d ivídu os e, p r in cipa lm en te, como gên ero de m or te. Nos ca s os de m or te violen ta , por s u icíd io, s u -p lício, a ciden te, a pop lexia , fer im en tos , etc., o Es p ír ito fica s u r -p reen d ido, es pa n ta do e n ã o a cred ita es ta r m or to. Obs t in a da m en -te s u s ten ta qu e n ã o o es tá . No en ta n to, vê o s eu p rópr io corpo,

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recon h ece qu e es s e corpo é s eu , m a s n ã o com preen de qu e s each e separado dele. Acerca -se das pessoas a qu em es tim a , fa la-lh ese n ã o percebe por qu e ela s n ã o o ou vem . Sem elh a n te ilu s ã o s ep rolon ga a té a o com pleto des p ren d im en to do per is p ír ito. Só en -tã o o Es p ír ito s e recon h ece com o ta l e com pr een de qu e n ã o per -ten ce m a is a o n ú m ero dos vivos . Es te fen ôm en o s e exp lica fa cil-m en te. Su rp r een d id o d e im p rovis o p ela m or te, o Es p ír ito ficaa tordoa do com a b ru s ca m u da n ça qu e n ele s e operou ; con s ideraa in da a m orte com o s in ôn im o de des t ru içã o, de a n iqu ila m en to.Ora , por qu e pen s a , vê, ou ve, tem a s en s a çã o de n ã o es ta r m or to.Ma is lh e a u m en ta a ilu s ã o o fa to de s e ver com u m corpo s em e-lh a n te, n a for m a , a o p receden te, m a s cu ja n a tu reza etérea a in dan ã o teve tem po de es tu da r. J u lga -o s ólido e com pa cto com o opr im eir o e, qu a n do s e lh e ch a m a a a ten çã o pa ra es s e pon to, a d -m ira -s e de n ã o poder pa lpá -lo. Es s e fen ôm en o é a n á logo a o qu eocorre com a lgu n s s on â m bu los in exper ien tes , qu e n ã o crêem dor -m ir. É qu e têm o s on o por s in ôn im o de s u s pen s ã o da s fa cu lda -des . Ora , com o pen s a m livrem en te e vêem , ju lga m n a tu ra lm en tequ e n ã o dor m em . Cer tos Es p ír itos r evela m es s a pa r t icu la r ida de,s e bem qu e a m or te n ã o lh es ten h a s obrevin do in op in a da m en te.Toda via , s em pre m a is gen era liza da s e a p res en ta en tr e os qu e,em bora doen tes , n ã o pen s a va m em m orr er. Obs erva -s e en tã o os in gu la r es p e t á cu lo d e u m E s p ír it o a s s is t ir a o s eu p r óp r ioen ter ra m en to com o s e fora o de u m es t ra n h o, fa la n do des s e a tocom o de cois a qu e lh e n ã o d iz r es peito, a té a o m om en to em qu ecom pr een de a verda de.

A per tu rba çã o qu e s e s egu e à m or te n a da tem de pen os apa ra o h om em de bem , qu e s e con s erva ca lm o, s em elh a n te emtu do a qu em a com pa n h a a s fa s es de u m tra n qü ilo des per ta r. Pa raa qu ele cu ja con s ciên cia a in da n ã o es tá pu ra , a per tu rba çã o éch eia de a n s ieda de e de a n gú s t ia s , qu e a u m en ta m à p roporçã oqu e ele da s u a s itu a çã o s e com pen etra .

Nos ca sos de m orte colet iva , tem s ido observa do qu e todos osqu e perecem a o m esm o tem po n em sem pre tor n a m a ver -se logo.Pres a s da per tu rba çã o qu e s e s egu e à m orte, ca da u m va i pa ras eu la do, ou s ó s e p reocu pa com os qu e lh e in ter es s a m .

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C A P Í T U L O I V

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• A reencarnação• Jus tiça d a reencarnação• Encarnação nos d iferen tes m und os• Trans m igrações progres s ivas• S orte d as crianças d epois d a m orte• S exos nos Es píritos• Paren tes co, filiação• Parecenças fís icas e m ora is• Id éias ina tas

A REENCARNAÇÃO

1 6 6 . Com o pod e a a lm a , qu e n ã o a lca n çou a perfe içã od uran te a vid a corpórea , acabar d e d epurar-s e?

“Sofr en do a p rova de u m a n ova exis tên cia .”

a) — Com o rea liz a es s a nova exis tência? S erá pela s ua

trans form ação com o Es pírito?

“Depu ra n do-s e, a a lm a in du b ita velm en te exper im en tau m a t ra n s for m a çã o, m a s pa ra is s o n eces s á r ia lh e é a p rovada vida corpora l.”

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b) — A a lm a p a s s a e n tã o p or m u ita s e x is tê n cia scorpora is ?

“S im , t od os con t a m os m u it a s exis t ên cia s . Os qu ed izem o con t rá r io p r eten d em m a n ter -vos n a ign orâ n ciaem qu e eles p rópr ios s e en con tra m . Es s e o des ejo deles .”

c ) — Parece res u ltar d es s e princípio que a a lm a , d epoisd e h a ver d e ixa d o u m corpo, tom a ou tro, ou , en tã o, qu ereencarna em novo corpo. É as s im que s e d eve en tend er?

“Eviden tem en te.”

1 6 7 . Qual o fim objetivad o com a reencarnação?

“Exp ia çã o, m elh ora m en to p rogres s ivo da Hu m a n ida -de. Sem is to, on de a ju s t iça ?”

1 6 8 . É lim itad o o núm ero d as exis tências corpora is , ou oEs pírito reencarna perpetuam en te?

“A ca da n ova exis tên cia , o Es p ír ito dá u m pa s s o pa rad ia n te n a s en da do p rogr es s o. Des de qu e s e a ch e lim po detoda s a s im pu r eza s , n ã o tem m a is n eces s ida de da s p rova sda vida corpora l.”

1 6 9 . É invariável o núm ero d as encarnações para tod os osEs píritos ?

“Nã o; a qu ele qu e ca m in h a depres s a , a m u ita s p rova ss e forra . Toda via , a s en ca r n a ções s u ces s iva s s ã o s em pr em u ito n u m eros a s , por qu a n to o p rogr es s o é qu a s e in fin ito.”

1 7 0 . O qu e fica s en d o o Es p írito d epois d a s u a ú ltim aencarnação?

“Es p ír ito bem -a ven tu ra do; pu ro Es p ír ito.”

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J US TIÇA DA REENCARNAÇÃO

1 7 1 . Em que s e fund a o d ogm a d a reencarnação?

“Na ju s t iça de Deu s e n a revela çã o, pois in ces s a n te-m en te repet im os : o bom pa i deixa s em pr e a ber ta a s eu sfilh os u m a por ta pa ra o a r r epen d im en to. Nã o te d iz a ra zã oqu e s er ia in ju s to p r iva r pa ra s em pre da felicida de eter n atodos a qu eles de qu em n ã o depen deu o m elh ora rem -s e?Nã o s ã o filh os de Deu s todos os h om en s ? Só en tre os egoís -t a s s e en con t r a m a in iqü id a d e, o ód io im p la cá vel e osca s t igos s em rem is s ã o.”

Todos os Es p ír itos ten dem pa ra a per feiçã o e Deu s lh es fa -cu lta os m eios de a lca n çá -la , p r oporcion a n do-lh es a s p rova çõesda vida corpora l. Su a ju s t iça , porém , lh es con cede rea liza r, emn ova s exis t ên cia s , o qu e n ã o pu d era m fa z er ou con clu ir n u m a

prim eira prova .

Nã o obra r ia Deu s com eqü ida de, n em de a cordo com a s u abon da de, s e con den a s s e pa ra s em pre os qu e ta lvez h a ja m en con -t ra do, or iu n dos do p rópr io m eio on de fora m coloca dos e a lh eios àvon ta de qu e os a n im a va , obs tá cu los a o s eu m elh ora m en to. Se as or te do h om em s e fixa s s e ir revoga velm en te depois da m orte, n ã os er ia u m a ú n ica a ba la n ça em qu e Deu s pes a a s a ções de toda sa s cr ia tu ra s e n ã o h a ver ia im pa rcia lida de n o t ra ta m en to qu e atoda s d is pen s a .

A dou trin a da reen carn ação, is to é, a qu e con s is te em adm itirpa ra o Espírito m u itas exis tên cias su cess ivas , é a ú n ica qu e corres -pon de à idéia qu e for m a m os da ju s t iça de Deu s pa ra com osh om en s qu e se ach am em con dição m ora l in ferior; a ú n ica qu e podeexp lica r o fu tu ro e fir m a r a s n os s a s es pera n ça s , pois qu e n osoferece os m eios d e r es ga t a r m os os n os s os er r os p or n ova sp rova ções . A ra zã o n o-la in d ica e os Es p ír itos a en s in a m .

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O h om em , qu e tem con s ciên cia da s u a in fer ior ida de, h a u recon s ola dora es pera n ça n a dou tr in a da r een ca r n a çã o. Se crê n aju s t iça de Deu s , n ã o pode con ta r qu e ven h a a a ch a r -s e, pa ras em pre, em pé de igu a lda de com os qu e m a is fizera m do qu e ele.Su s tém -n o, porém , e lh e r ea n im a a cora gem a idéia de qu e a qu e-la in fer ior ida de n ã o o des erda eter n a m en te do s u prem o bem equ e, m ed ia n te n ovos es forços , da do lh e s erá con qu is tá -lo. Qu emé qu e, a o ca bo da s u a ca rr eira , n ã o dep lora h a ver tã o ta rde ga n h ou m a exper iên cia de qu e já n ã o m a is pode t ira r p r oveito? En tre-ta n to, es s a exper iên cia ta r d ia n ã o fica per d ida ; o Es p ír ito a u t ili-za rá em n ova exis tên cia .

E NCARNAÇÃO NOS DIF ERENTES MUNDOS

1 7 2 . As nos s as d ivers as exis tências corpora is s e verificamtod as na Terra?

“Nã o; vivem o-la s em d iferen tes m u n dos . As qu e a qu ipa s s a m os n ã o s ã o a s p r im eira s , n em a s ú lt im a s ; s ã o, po-rém , da s m a is m a ter ia is e da s m a is d is ta n tes da per feiçã o.”

1 7 3 . A ca d a nova exis tência corporal a a lm a pas s a d e umm und o para outro, ou pod e ter m uitas no m es m o globo?

“Pode viver m u ita s vezes n o m es m o globo, s e n ã o s ea d ia n tou ba s ta n te pa ra pa s s a r a u m m u n do s u per ior.”

a) — Pod em os en tão reaparecer m u itas vez es na Terra?

“Certa m en te.”

b) — Pod em os voltar a es te, d epois d e term os vivid o emou tros m und os ?

“Sem dú vida . É pos s ível qu e já ten h a is vivido a lgu res en a Terra .”

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1 7 4 . Tornar a viver na Terra cons titu i um a neces s id ad e?

“Nã o; m a s , s e n ã o p rogr ed is tes , podereis ir pa ra ou trom u n do qu e n ã o va lh a m a is do qu e a Terra e qu e ta lvez a tés eja p ior do qu e ela .”

1 7 5 . Haverá a lgum a van tagem em volta r-s e a habita r aTerra?

“Nen h u m a va n ta gem pa r t icu la r, a m en os qu e s eja emm is s ã o, ca s o em qu e s e p r ogr id e a í com o em qu a lqu erou tro p la n eta .”

a) — Não s e s eria m a is feliz perm anecend o na cond içãod e Es pírito?

“Nã o, n ã o; es ta cion a r -s e-ia e o qu e s e qu er é ca m in h a rpa ra Deu s .”

1 7 6 . Depois d e haverem encarnad o noutros m und os , pod emos Es píritos encarnar nes te, s em que jam ais a í tenhames tad o?

“Sim , do m es m o m odo qu e vós em ou tr os . Tod os osm und os s ão s olid ários : o qu e n ã o se fa z n u m fa z-se n ou tro.”

a) — As s im , hom ens há que es tão na Terra pela prim eiravez?

“Mu itos , e em gra u s d ivers os de a d ia n ta m en to.”

b)— Pod e-s e reconhecer, por um ind ício qua lquer, queum Es pírito es tá pela prim eira vez na Terra?

“Nen h u m a u t ilida de ter ia is s o.”

1 7 7 . Para chegar à perfeição e à s uprem a felicid ad e, d es tinofinal d e tod os os hom ens , tem o Es pírito que pas s ar pelafieira d e tod os os m und os exis ten tes no Univers o?

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“Nã o, porqu a n to m u itos s ã o os m u n dos corres pon den -tes a ca da gra u da r es pect iva es ca la e o Es p ír ito, s a in do deu m deles , n en h u m a cois a n ova a p r en der ia n os ou tros dom es m o gra u .”

a) — Com o s e exp lica en tã o a p lu ra lid a d e d e s u a sexis tências em um m es m o globo?

“De ca da vez poderá ocu pa r pos içã o d iferen te da s a n -ter ior es e n es s a s d ivers a s pos ições s e lh e depa ra m ou tra sta n ta s oca s iões de a dqu ir ir exper iên cia .”

1 7 8 . Pod em os Es píritos encarnar em um m und o rela tiva -m en te in ferior a ou tro ond e já viveram ?

“Sim , qu a n do em m is sã o, com o objetivo de a u xilia remo progr es so, ca so em qu e a ceita m a legres a s tr ibu la ções deta l exis tên cia , por lh es proporcion a r m eio de se adian ta rem .”

a) — Ma s , n ã o pod e d a r-s e ta m bém por expia çã o? Nã op od e De u s d e gre d a r p a ra m u n d os in fe riore s Es p íritosrebeld es ?

“Os Es p ír itos p od em con s erva r -s e es ta cion á r ios , m a sn ã o r et rogra d a m . Em ca s o d e es ta cion a m en to, a p u n içã od eles con s is te em n ã o a va n ça r em , em r ecom eça r em , n om e io c o n ve n ie n t e à s u a n a t u r e za , a s e x is t ê n c ia sm a l-em pr ega da s .”

b) — Quais os que têm de recom eçar a m es m a exis tência?

“Os qu e fa lira m em s u a s m is s ões ou em s u a s p rova s .”

1 7 9 . Os s eres que habitam cad a m und o hão tod os a lcança-d o o m es m o n ível d e perfeição?

“Nã o; dá -s e em ca da u m o qu e ocorre n a Terra : u n sEs p ír itos s ã o m a is a d ia n ta dos do qu e ou tr os .”

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1 8 0 . Pas s and o d es te planeta para ou tro, cons erva o Es píri-to a in teligência que aqu i tinha?

“Sem dú vida ; a in teligên cia n ã o s e perde. Pode, porém ,a con tecer qu e ele n ã o d is pon h a dos m es m os m eios pa ram a n ifes tá -la , depen den do is to da s u a s u per ior ida de e da scon d ições do corpo qu e tom a r.” (Veja-se: “Influência do organis -

m o”, cap. VII, Parte 2ª .)

1 8 1 . Os s eres que habitam os d iferen tes m und os têm corposs em elhan tes aos nos s os ?

“É fora de dú vida qu e têm corpos , por qu e o Es p ír itop recis a es ta r r eves t ido de m a tér ia pa ra a tu a r s obre a m a té-r ia . Es s e en voltór io, porém , é m a is ou m en os m a ter ia l, con -for m e o gra u de pu r eza a qu e ch ega ra m os Es p ír itos . É is s oo qu e a s s in a la a d ifer en ça en tre os m u n dos qu e tem os depercorrer, porqu a n to m u ita s m ora da s h á n a ca s a de n os s oPa i, s en d o, con s egu in t em en t e , d e m u it os gr a u s es s a sm ora da s . Algu n s o s a bem e des s e fa to têm con s ciên cia n aTerra ; com ou tr os , n o en ta n to, o m es m o n ã o s e dá .”

1 8 2 . É-nos pos s ível conhecer exa tam en te o es tad o fís ico em ora l d os d iferen tes m und os ?

“Nós , Es p ír itos , s ó podem os r es pon der de a cordo como gra u de a d ia n ta m en to em qu e vos a ch a is . Qu er d izer qu en ã o d evem os r evela r es ta s cois a s a tod os , p orqu e n emtodos es tã o em es ta do de com pr een dê-la s e s em elhan te re-velação os perturbaria .”

À m edida qu e o Es p ír ito s e pu r ifica , o corpo qu e o r eves te s ea proxim a igu a lm en te da n a tu r eza es p ír ita . Tor n a -s e-lh e m en osden s a a m a tér ia , deixa de ra s teja r pen os a m en te pela s u per fície

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do s olo, m en os gr os s eira s s e lh e fa zem a s n eces s ida des fís ica s ,n ã o m a is s en do p r ecis o qu e os s eres vivos s e des t ru a m m u tu a -m en te pa ra s e n u tr irem . O Es p ír ito s e a ch a m a is livre e tem , da scois a s lon gín qu a s , per cepções qu e des con h ecem os . Vê com osolh os do corpo o qu e s ó pelo pen s a m en to en tr evem os .

Da pu r ifica çã o do Es p ír ito decorre o a per feiçoa m en to m ora l,pa ra os s eres qu e eles con s t itu em , qu a n do en ca r n a dos . As pa i-xões a n im a is s e en fra qu ecem e o egoís m o cede lu ga r a o s en t i-m en to da fra ter n ida de. As s im é qu e, n os m u n dos s u per iores a on os s o, s e des con h ecem a s gu erra s , ca recen do de ob jeto os ód iose a s d is cór d ia s , porqu e n in gu ém pen s a em ca u s a r da n o a o s eus em elh a n te. A in tu içã o qu e s eu s h a b ita n tes têm do fu tu r o, a s e-gu ra n ça qu e u m a con s ciên cia is en ta de rem ors os lh es dá , fa zemqu e a m or te n en h u m a a p r een s ã o lh es ca u s e. En ca ra m -n a d efren te, s em tem or, com o s im ples t ra n s for m a çã o.

A du ra çã o da vida , n os d iferen tes m u n dos , pa r ece gu a rda rp roporçã o com o gra u de s u per ior ida de fís ica e m ora l de ca da u m ,o qu e é per feita m en te ra cion a l. Qu a n to m en os m a ter ia l o corpo,m en os s u jeito à s vicis s itu des qu e o des orga n iza m . Qu a n to m a ispu r o o Es p ír ito, m en os pa ixões a m in á -lo. É es s a a in da u m agra ça da Providên cia , qu e des s e m odo a b r evia os s ofr im en tos .

1 8 3 . Ind o d e um m und o para ou tro, o Es pírito pas s a pornova in fância?

“Em toda pa rte a in fân cia é u m a tran s ição n ecessá ria ,m as n ão é, em toda pa rte, tão obtu sa com o n o vosso m u n do.”

1 8 4 . Tem o Es pírito a facu ld ad e d e es colher o m und o ond epas s e a habitar?

“Nem s em pre. Pode ped ir qu e lh e s eja per m it ido ir pa raes te ou a qu ele e pode ob tê-lo, s e o m er ecer, porqu a n to aa ces s ib ilida de dos m u n dos , pa ra os Es p ír itos , depen de dogra u da eleva çã o des tes .”

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a) — S e o Es pírito nad a ped ir, que é o que d eterm ina om und o em que ele reencarnará?

“O gra u da s u a eleva çã o.”

1 8 5 . O es tad o fís ico e m ora l d os s eres vivos é perpetuam en-te o m es m o em cad a m und o?

“Nã o; os m u n dos ta m bém es tã o s u jeitos à lei do p r o-gres s o. Todos com eça ra m , com o o vos s o, por u m es ta doin fer ior e a p rópr ia Terra s ofr erá idên t ica t ra n s for m a çã o.Tor n a r -s e-á u m pa ra ís o, qu a n do os h om en s s e h ou ver emtor n a do bon s .”

É a s s im qu e a s ra ça s , qu e h oje povoa m a Terra , des a pa rece-

rã o u m d ia , s u bs t itu ída s por s eres ca da vez m a is per feitos , pois

qu e es s a s n ova s ra ça s t ra n s for m a da s s u cederã o à s a tu a is , com oes ta s s u cedera m a ou tra s a in da m a is gros s eira s .

1 8 6 . Haverá m und os ond e o Es pírito, d eixand o d e reves tircorpos m ateria is , s ó tenha por envoltório o peris pírito?

“Há e m es m o es s e en voltór io s e tor n a tã o etéreo qu ep a r a vós é com o s e n ã o exis t is s e . E s s e o es t a d o d osEs p ír itos pu ros .”

a) — Parece res u ltar d a í que, en tre o es tad o corres pon-

d en te às ú ltim as encarnações e a d e Es pírito puro, não há

linha d ivis ória perfeitam en te d em arcad a; não?

“Sem elh a n te dem a r ca çã o n ã o exis te. A d iferen ça en treu m e ou tr o es ta do s e va i a pa ga n do pou co a pou co e a ca bapor s er im per cep t ível, ta l qu a l s e dá com a n oite à s p r im ei-ra s cla r ida des do a lvorecer.”

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1 8 7 . A s ubs tância d o peris pírito é a m es m a em tod os osm und os ?

“Nã o; é m a is ou m en os etérea . Pa s s a n do de u m m u n -do a ou tr o, o Es p ír ito s e reves te da m a tér ia p rópr ia des s eou tro, opera n do-s e, porém , es s a m u da n ça com a ra p idezdo r elâ m pa go.”

1 8 8 . Os Es píritos puros habitam m und os es pecia is , ou s eacham no es paço un ivers a l, s em es tarem m ais ligad osa um m und o d o que a ou tros ?

“Ha b ita m cer tos m u n dos , m a s n ã o lh es fica m pres os ,com o os h om en s à Terra ; podem , m elh or do qu e os ou tros ,es ta r em toda pa r te.”1

1 Segu n do os Es p ír itos , de todos os m u n dos qu e com põem o n os s os is tem a p la n etá r io, a Terra é dos de h a b ita n tes m en os a d ia n ta dos ,fís ica e m ora lm en te. Marte lh e es ta r ia a in da a ba ixo, s en do-lh e Jú-pit e r s u per ior de m u ito, a todos os r es peitos . O Sol n ã o s er ia m u n -do h a b ita do por s eres corpóreos , m a s s im ples m en te u m lu ga r dereu n iã o dos Es p ír itos s u per iores , os qu a is de lá ir ra d ia m s eu s pen -s a m en tos pa ra os ou tros m u n dos , qu e eles d ir igem por in ter m éd iode Es p ír itos m en os eleva dos , t ra n s m it in do-os a es tes por m eio doflu ido u n ivers a l. Con s idera do do pon to de vis ta da s u a con s t itu içã ofís ica , o Sol s er ia u m foco de elet r icida de. Todos os s óis com o qu ees ta r ia m em s itu a çã o a n á loga .

O volu m e de cada u m e a d is tân cia a qu e es teja do Sol n en h u m arela çã o n eces sá ria gu a rda m com o gra u do seu a dia n ta m en to, poisqu e, do con trá rio, Vên u s deveria s er t ida por m a is a d ia n ta da do qu ea Terra e Sa tu r n o m en os do qu e J ú p iter.

Mu itos Es p ír itos , qu e n a Terra a n im a ra m pers on a lida des co-n h ecida s , d is s era m es ta r reen ca r n a dos em J ú p iter, u m dos m u n -dos m a is p róxim os da per feiçã o, e h á ca u s a do es pa n to qu e, n es s eglobo tã o a d ia n ta do, es t ives s em h om en s a qu em a op in iã o gera la qu i n ã o a t r ibu ía ta n ta eleva çã o. Nis s o n a da h á de s u rp reen den te,

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TRANS MIGRAÇÕES PROGRES S IVAS

1 8 9 . Des d e o in ício d e s ua form ação, goz a o Es pírito d aplen itud e d e s uas facu ld ad es ?

“Nã o, pois qu e pa ra o Es p ír ito, com o pa ra o h om em ,ta m bém h á in fâ n cia . Em s u a or igem , a vida do Es p ír ito éa pen a s in s t in t iva . Ele m a l tem con sciên cia de s i m esm o e deseu s a tos . A in teligên cia só pou co a pou co se desen volve.”

1 9 0 . Qual o es tad o d a a lm a na s ua prim eira encarnação?

“O da in fâ n cia n a vida corpora l. A in teligên cia en tã oa pen a s des a b roch a : a a lm a s e ens a ia para a vid a .”

1 9 1 . As d os n os s os s e lva gen s s ã o a lm a s n o es ta d o d ein fância?

des de qu e s e a ten da a qu e, pos s ivelm en te, cer tos Es p ír itos , h a b i-ta n tes da qu ele p la n eta , fora m m a n da dos à Terra pa ra des em pe-n h a rem a í cer ta m is s ã o qu e, a os n os s os olh os , os n ã o coloca va n apr im eira p la n a . Em s egu n do lu ga r, deve-s e a ten der a qu e, en tr e aexis tên cia qu e t ivera m n a Terra e a qu e pa s s a ra m a ter em J ú p iter,podem eles ter t ido ou tra s in ter m éd ia s , em qu e s e m elh ora ra m .Fin a lm en te, cu m pr e s e con s idere qu e, n a qu ele m u n do, com o n on os s o, m ú lt ip los s ã o os gra u s de des en volvim en to e qu e, en tr e es -s es gra u s , pode m edea r lá a d is tâ n cia qu e va i, en tre n ós , do s elva -gem a o h om em civiliza do. As s im , do fa to de u m Es p ír ito h a b ita rJ ú p iter n ã o s e s egu e qu e es teja n o n ível dos s er es m a is a d ia n ta dos ,do m es m o m odo qu e n in gu ém pode con s idera r -s e n a ca tegor iade u m s á b io do In s t itu to, s ó porqu e r es ide em Pa r is .

As con d ições de lon gevida de n ã o s ã o, ta m pou co, em qu a lqu erpa r te, a s m es m a s qu e n a Terra e a s ida des n ã o s e podem com pa -ra r. Evoca do, u m Es p ír ito qu e des en ca rn a ra h a via a lgu n s a n os ,d is s e qu e, des de s eis m es es a n tes , es ta va en ca r n a do em m u n do

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“De in fâ n cia rela t iva , pois já s ã o a lm a s des en volvida s ,vis to qu e já n u tr em pa ixões .”

a) — En tã o, a s pa ixões s ã o u m s in a l d e d es en volv i-m en to?

“De des en volvim en to, s im ; de per feiçã o, porém , n ã o.Sã o s in a l de a t ivida de e de con s ciên cia do eu , porqu a n to,n a a lm a p r im it iva , a in teligên cia e a vida s e a ch a m n o es ta -do de gér m en .”

A vida do Es p ír ito, em s eu con ju n to, a p res en ta a s m es m a sfa s es qu e obs erva m os n a vida corpora l. E le pa s s a gra du a lm en tedo es ta do de em briã o a o de in fâ n cia , pa ra ch ega r, per corren dos u ces s ivos per íodos , a o de a du lto, qu e é o da per feiçã o, com ad iferen ça de qu e pa ra o Es p ír ito n ã o h á declín io, n em decrep itu de,com o n a vida corpora l; qu e a s u a vida , qu e teve com eço, n ã o teráfim ; qu e im en s o tem po lh e é n eces s á r io, do n os s o pon to de vis ta ,pa ra pa s s a r da in fâ n cia es p ír ita a o com pleto des en volvim en to; e

cu jo n om e n os é des con h ecido. In ter roga do s obr e a ida de qu e t in h an es s e m u n do, d is s e: “Nã o pos s o a va liá -la , porqu e n ã o con ta m os otem po com o con ta is . Depois , os m odos de exis tên cia n ã o s ã o idên -t icos . Nós , lá , n os des en volvem os m u ito m a is ra p ida m en te. En tre-ta n to, s e bem n ã o h a ja m a is de s eis dos vos s os m es es qu e lá es tou ,pos s o d izer qu e, qu a n to à in teligên cia , ten h o t r in ta a n os da ida dequ e t ive n a Terra .”

Mu ita s res pos ta s a n á loga s fora m da da s por ou tros Es p ír itos e ofa to n a da a p res en ta de in veros s ím il. Nã o vem os qu e, n a Terra , u m aim en s ida de de a n im a is em pou cos m eses a dqu ire o desen volvim en ton orm a l? Por qu e n ã o s e poder ia da r o m es m o com o h om em n ou -t ra s es fera s ? Notem os , a lém d is s o, qu e o des en volvim en to qu e oh om em a lca n ça n a Terra a os t r in ta a n os ta lvez n ã o pa s s e de u m aes pécie de in fâ n cia , com pa ra do com o qu e lh e cu m pre a t in gir. Bemcu r to de vis ta s e revela qu em n os tom a em tu do por p rotót ipos dacr ia çã o, a s s im com o é reba ixa r a Divin da de o im a gin a r -s e qu e, forao h om em , n a da m a is s eja pos s ível a Deu s .

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qu e o s eu p rogres s o s e rea liza , n ã o n u m ú n ico m u n do, m a s vi-ven do ele em m u n dos d ivers os . A vida do Es p ír ito, pois , s e com -põe de u m a s ér ie de exis tên cia s corpórea s , ca da u m a da s qu a isrep r es en ta pa ra ele u m a oca s iã o de p rogred ir, do m es m o m odoqu e ca da exis tên cia corpora l s e com põe de u m a s ér ie de d ia s , emca da u m dos qu a is o h om em ob tém u m a crés cim o de exper iên ciae de in s t ru çã o. Ma s , a s s im com o, n a vida do h om em , h á d ia s qu en en h u m fru to p rodu zem , n a do Es p ír ito h á exis tên cia s corpora isd e qu e e le n en h u m r es u lt a d o colh e , p or qu e n ã o a s s ou b ea proveita r.

1 9 2 . Pod e a lguém , por um proced er im pecável na vid a a tual,trans por tod os os graus d a es ca la d o aperfeiçoam en toe tornar-s e Es pírito puro, s em pas s ar por ou tros grausin term éd ios ?

“Nã o, pois o qu e o h om em ju lga per feito lon ge es tá daper feiçã o. Há qu a lida des qu e lh e s ã o des con h ecida s e in -com preen s íveis . Poderá s er tã o per feito qu a n to o com portea s u a n a tu r eza ter ren a , m a s is s o n ã o é a per feiçã o a bs olu -ta . Dá -s e com o Es p ír ito o qu e s e ver ifica com a cr ia n çaqu e, por m a is p recoce qu e s eja , tem de pa s s a r pela ju ven -tu de, a n tes de ch ega r à ida de da m a du reza ; e ta m bém como en fer m o qu e, pa ra recobra r a s a ú de, tem qu e pa s s a r pelacon va les cen ça . Dem a is , a o Es p ír ito cu m pre p r ogr ed ir emciên cia e em m ora l. Se s om en te s e a d ia n tou n u m s en t ido,im porta s e a d ia n te n o ou tro, pa ra a t in gir o extrem o su periorda es ca la . Con tu do, qu a n to m a is o h om em s e a d ia n ta r n as u a vida a tu a l, ta n to m en os lon ga s e pen os a s lh e s erã o a sp rova s qu e s e s egu ir em .”

a) — Pod e ao m enos o hom em , na vid a pres en te, prepa-rar com s egurança , para s i, um a exis tência fu tura m enosprenhe d e am arguras ?

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“Sem dú vida . Pode redu zir a exten s ã o e a s d ificu lda -des do ca m in h o. S ó o d es cu id os o perm anece s em pre nom es m o pon to.”

1 9 3 . Pod e um hom em , nas s uas novas exis tências , d es cerm ais ba ixo d o que es teja na a tua l?

“Com relação à pos ição s ocial, s im ; com o Espírito, n ão.”

1 9 4 . É pos s ível que, em nova encarnação, a a lm a d e umhom em d e bem an im e o corpo d e um celerad o?

“Nã o, vis to qu e n ã o pode degen era r.”

a) — A a lm a d e um hom em pervers o pod e tornar-s e a d eum hom em d e bem ?

“S im , s e s e a r r ep en d eu . Is s o con s t it u i en t ã o u m arecom pen s a .”

A m a rch a dos Espír itos é progres s iva , ja m a is retrogra da . Eless e eleva m gra du a lm en te n a h iera r qu ia e n ã o des cem da ca tegor iaa qu e a s cen dera m . Em s u a s d iferen tes exis tên cia s corpora is , po-dem des cer com o h om en s , n ã o com o Es p ír itos . As s im , a a lm a deu m poten ta do da Terra pode m a is ta rde a n im a r o m a is h u m ildeobreir o e vice-vers a , por is s o qu e, en t re os h om en s , a s ca tegor ia ses tã o, fr eqü en tem en te, n a ra zã o in vers a da eleva çã o da s qu a lida -des m ora is . Her odes era rei e J es u s , ca rp in teiro.

1 9 5 . A pos s ibilid ad e d e s e m elhorarem noutra exis tência nãos erá d e m old e a fa z er que certas pes s oas pers everemn o m a u ca m in h o, d om in a d a s p e la id é ia d e qu epod erão corrigir-s e m a is ta rd e?

“Aqu ele qu e a s s im pen s a em n a da crê e a idéia de u mca s t igo eter n o n ã o o r efrea r ia m a is do qu e qu a lqu er ou tra ,

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por qu e s u a ra zã o a repele, e s em elh a n te idéia in du z à in -credu lida de a r es peito de tu do. Se u n ica m en te m eios ra cio-n a is s e t ives s em em prega do pa ra gu ia r os h om en s , n ã oh a ver ia ta n tos cép t icos . De fa to, u m Es p ír ito im per feitopoderá , du ra n te a vida corpora l, pen s a r com o d izes ; m a s ,liber to qu e s e veja da m a tér ia , pen s a rá de ou tro m odo, poislogo ver ifica rá qu e fez cá lcu lo er ra do e, en tã o, s en tim en toopos to a es s e trará ele para a s ua nova exis tência . É a s s imqu e s e efetu a o p rogr es s o e es s a a ra zã o por qu e, n a Terra ,os h om en s s ã o des igu a lm en te a d ia n ta dos . Un s já d is põemde exper iên cia qu e a ou tros fa lta , m a s qu e a dqu ir irã o pou -co a pou co. Deles depen de o a celera r -s e-lh es o p r ogres s oou reta r da r -s e in defin ida m en te.”

O h om em , qu e ocu pa u m a pos içã o m á , des eja t rocá -la o m a isdepres s a pos s ível. Aqu ele, qu e s e a ch a pers u a d ido de qu e a s t r i-bu la ções da vida ter ren a s ã o con s eqü ên cia de s u a s im per feições ,p rocu ra rá ga ra n t ir pa ra s i u m a n ova exis tên cia m en os pen os a ees ta idéia o des via rá m a is depres s a da s en da do m a l do qu e a dofogo eter n o, em qu e n ã o a cred ita .

1 9 6 . Não pod end o os Es píritos aperfeiçoar-s e, a não s er porm eio d as tribu lações d a exis tência corpórea , s egue-s eque a vid a m ateria l s eja um a es pécie d e cr is ol ou d edepu ra dor , por ond e têm que pas s ar tod os os s eres d om und o es pírita para a lcançarem a perfeição?

“Sim , é exa ta m en te is s o. Eles s e m elh ora m n es s a s p ro-va s , evita n do o m a l e p ra t ica n do o bem ; porém , s om en te a oca bo de m a is ou m en os lon go tem po, con for m e os es forçosqu e em p r egu em ; s om en te a p ós m u ita s en ca r n a ções oud ep u r a ções s u ces s iva s , a t in gem a fin a lid a d e p a r a qu eten dem .”

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a) — É o corpo que in flu i s obre o Es pírito para que es tes e m elhore, ou o Es pírito que in flu i s obre o corpo?

“Teu Es p ír ito é tu do; teu corpo é s im ples ves te qu ea podr ece: eis tu do.”

O s u co da vide n os oferece u m s ím ile m a ter ia l dos d iferen tesgra u s da depu ra çã o da a lm a . Ele con tém o licor qu e s e ch a m aes p ír ito ou á lcool, m a s en fra qu ecido por u m a im en s ida de de m a -tér ia s es t ra n h a s , qu e lh e a ltera m a es s ên cia . Es ta s ó ch ega àpu reza a bs olu ta depois de m ú lt ip la s des t ila ções , em ca da u m ada s qu a is s e des poja de a lgu m a s im pu reza s . O corpo é o a la m bi-qu e em qu e a a lm a tem qu e en tra r pa ra s e pu r ifica r. Às m a tér ia ses t ra n h a s s e a s s em elh a o per is p ír ito, qu e ta m bém s e depu ra , àm ed ida qu e o Es p ír ito s e a p r oxim a da per feiçã o.

S ORTE DAS CRIANÇAS DEPOIS DA MORTE

1 9 7 . Pod erá s er tão ad ian tad o quan to o d e um ad u lto oEs pírito d e um a criança que m orreu em tenra id ad e?

“Algu m a s vezes o é m u ito m a is , porqu a n to pode da r -s equ e m u ito m a is já ten h a vivido e a dqu ir ido m a ior s om a deexper iên cia , s ob r etu do s e p rogr ed iu .”

a) — Pod e en tão o Es pírito d e um a criança s er m a isad ian tad o que o d e s eu pa i?

“Is s o é m u ito freqü en te. Nã o o vedes vós m es m os tã oa m iu da da s vezes n a Terra ?”

1 9 8 . Não tend o pod id o pra ticar o m a l, o Es pírito d e um acriança que m orreu em tenra id ad e pertence a a lgum ad as ca tegorias s uperiores ?

“Se n ã o fez o m a l, igu a lm en te n ã o fez o bem e Deu sn ã o o is en ta da s p r ova s qu e ten h a de pa decer. Se for u m

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Es p ír ito pu ro, n ã o o é pelo fa to de ter a n im a do a pen a s u m acr ia n ça , m a s porqu e já p rogr ed ira a té à pu reza .”

1 9 9 . Por que tão freqüen tem en te a vid a s e in terrom pe nain fância?

“A cu r ta du ra çã o da vida da cr ia n ça pode r ep res en ta r,pa ra o Es p ír ito qu e a a n im a va , o com plem en to de exis tên -cia p receden tem en te in ter rom pida a n tes do m om en to emqu e d ever a t er m in a r, e s u a m or t e , t a m b ém n ã o r a r o,con s t itu i provação ou expiação para os pa is .”

a) — Que s uced e ao Es pírito d e um a criança que m orrepequen ina?

“Recom eça ou tra exis tên cia .”

Se u m a ú n ica exis tên cia t ives s e o h om em e s e, ext in gu in do--s e-lh e ela , s u a s or te fica s s e decid ida pa ra a eter n ida de, qu a ls er ia o m ér ito de m eta de do gên ero h u m a n o, da qu e m orre n ain fâ n cia , pa ra goza r, s em es forços , da felicida de etern a e com qu ed ireito s e a ch a r ia is en ta da s con d ições , à s vezes tã o du ra s , a qu es e vê s u bm et ida a ou tra m eta de? Sem elh a n te ordem de cois a sn ã o corres pon der ia à ju s t iça de Deu s . Com a r een ca r n a çã o, aigu a lda de é rea l pa ra todos . O fu tu ro a todos toca s em exceçã o es em fa vor pa ra qu em qu er qu e s eja . Os reta rda tá r ios s ó de s im es m os s e podem qu eixa r. Forços o é qu e o h om em ten h a o m ere-cim en to de s eu s a tos , com o tem deles a res pon s a b ilida de.

Aliá s , n ã o é ra cion a l con s idera r -s e a in fâ n cia com o u m es -ta do n or m a l de in ocên cia . Nã o s e vêem cr ia n ça s dota da s dos p io-res in s t in tos , n u m a ida de em qu e a in da n en h u m a in flu ên cia podeter t ido a edu ca çã o? Algu m a s n ã o h á qu e pa recem t ra zer do berçoa a s tú cia , a felon ia , a per fíd ia , a té pen dor pa ra o rou bo e pa ra oa s s a s s ín io, n ã o obs ta n te os bon s exem plos qu e de todos os la doss e lh es dã o? A lei civil a s a bs olve de s eu s cr im es , por qu e, d iz ela ,

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obra ra m s em d is cer n im en to. Tem ra zã o a lei, por qu e, de fa to,ela s ob ra m m a is por in s t in to do qu e in ten cion a lm en te. Don de,porém , p rovirã o in s t in tos tã o d ivers os em cr ia n ça s da m es m a ida -de, edu ca da s em con d ições idên t ica s e s u jeita s à s m es m a s in -flu ên cia s ? Don de a p recoce pervers ida de, s en ã o da in fer ior ida dedo Es p ír ito, u m a vez qu e a edu ca çã o em n a da con tr ibu iu pa rais s o? As qu e s e revela m vicios a s , é porqu e s eu s Es p ír itos m u itopou co h ã o p r ogred ido. Sofrem en tã o, por efeito des s a fa lta de p ro-gres s o, a s con s eqü ên cia s , n ã o dos a tos qu e p ra t ica m n a in fâ n cia ,m a s dos de s u a s exis tên cia s a n ter ior es . As s im é qu e a lei é u m as ó pa ra todos e qu e todos s ã o a t in gidos pela ju s t iça de Deu s .

S EXOS NOS ES PÍRITOS

2 0 0 . Têm s exos os Es píritos ?

“Nã o com o o en ten deis , pois qu e os s exos depen demda orga n iza çã o. Há en tr e eles a m or e s im pa t ia , m a s ba s ea -dos n a con cor dâ n cia dos s en t im en tos .”

2 0 1 . Em nova exis tência , pod e o Es pírito que anim ou o corpod e um hom em anim ar o d e um a m ulher e vice-vers a?

“Decer to; s ã o os m es m os os Es p ír itos qu e a n im a m osh om en s e a s m u lh eres .”

2 0 2 . Quand o erran te, que prefere o Es pírito: encarnar nocorpo d e um hom em , ou no d e um a m ulher?

“Is s o pou co lh e im por ta . O qu e o gu ia n a es colh a s ã oa s p r ova s por qu e h a ja de pa s s a r.”

Os Es p ír itos en ca r n a m com o h om en s ou com o m u lh eres ,porqu e n ã o têm s exo. Vis to qu e lh es cu m pre p r ogred ir em tu do,ca da s exo, com o ca da pos içã o s ocia l, lh es p roporcion a p rova çõese deveres es pecia is e, com is s o, en s ejo de ga n h a rem exper iên cia .

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Aqu ele qu e s ó com o h om em en ca r n a s s e s ó s a ber ia o qu e s a bemos h om en s .

PARENTES CO, F ILIAÇÃO

2 0 3 . Trans m item os pa is aos filhos um a parcela d e s uasa lm as , ou s e lim itam a lhes d ar a vid a an im al a que,m ais ta rd e, ou tra a lm a vem ad icionar a vid a m ora l?

“Dã o-lh es a pen a s a vida a n im a l, pois qu e a a lm a éin d iv is ív e l. Um p a i ob tu s o p od e te r f ilh os in te lige n te se vice-vers a .”

2 0 4 . Um a vez que tem os tid o m uitas exis tências , a nos s aparen tela va i a lém d a que a exis tência a tua l nos criou?

“Nã o pode s er de ou tra m a n eira . A s u ces s ã o da s exis -tên cia s corpora is es ta belece en tre os Es p ír itos liga ções qu erem on ta m à s vos s a s exis tên cia s a n ter ior es . Da í, m u ita svezes , a s im pa t ia qu e vem a exis t ir en tre vós e cer tos Es p í-r itos qu e vos pa recem es t ra n h os .”

2 0 5 . A a lgum as pes s oas a d ou trina d a reencarnação s e a fi-gura d es tru id ora d os laços d e fam ília , com o faz ê-losan teriores à exis tência a tua l.

“Ela os d is ten de; n ã o os des t rói. Fu n da n do-s e o pa -ren tes co em a feições a n ter ior es , m en os p r ecá r ios s ã o osla ços exis ten tes en tr e os m em bros de u m a m es m a fa m ília .Es s a dou tr in a a m plia os deveres da fra ter n ida de, por qu a n -to, n o vos s o vizin h o, ou n o vos s o s ervo, pode a ch a r -s e u mE s p ír it o a qu em t en h a is es t a d o p r es os p elos la ços d acon s a n gü in ida de.”

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a) — Ela , n o en ta n to, d im in u i a im portâ n cia qu e a l-

gu n s d ã o à gen ea logia , v is to qu e qu a lqu er pod e ter tid o

por pa i u m Es p írito qu e h a ja perten cid o a ou tra ra ça , ou

qu e h a ja v iv id o em con d içã o m u ito d ivers a .

“É exa to; m a s es s a im por tâ n cia a s s en ta n o orgu lh o.Os t ítu los , a ca tegor ia s ocia l, a r iqu eza , eis o qu e es s es ta isven era m n os s eu s a n tepa s s a dos . Um , qu e cora r ia de con -ta r, com o a s cen den te, h on ra do s a pa teiro, orgu lh a r -s e-ia dedes cen der de u m gen t il-h om em deva s s o. Diga m , porém , oqu e d is s erem , ou fa ça m o qu e fizer em , n ã o obs ta rã o a qu ea s cois a s s eja m com o s ã o, qu e n ã o foi con s u lta n do-lh es ava ida de qu e Deu s for m u lou a s leis da Na tu reza .”

2 0 6 . Do fa to d e não haver filiação en tre os Es píritos d osd es cend en tes d e qua lquer fam ília , s egu ir-s e-á que ocu lto d os avoengos s eja rid ícu lo?

“De m odo n en h u m . Todo h om em deve con s idera r -s ed itos o por per ten cer a u m a fa m ília em qu e en ca r n a ra m Es -p ír itos eleva dos . Se bem os Es p ír itos n ã o p roceda m u n sdos ou tros , n em por is s o m en os a feiçã o con s a gra m a os qu elh es es tã o liga dos pelos elos da fa m ília , da do qu e m u ita svezes eles s ã o a t ra ídos pa ra ta l ou qu a l fa m ília pela s im pa -tia , ou pelos la ços qu e an terior m en te se es tabeleceram . Mas ,fica i cer tos de qu e os vos s os a n tepa s s a dos n ã o s e h on ra mcom o cu lto qu e lh es t r ibu ta is por orgu lh o. Em vós n ã o s er efletem os m ér itos de qu e eles gozem , s en ã o n a m ed idados es forços qu e em pr ega is por s egu ir os bon s exem plosqu e vos dera m . Som en te n es ta s con d ições lh es é gra ta ea té m es m o ú t il a lem bra n ça qu e deles gu a rda is .”

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PARECENÇAS F ÍS ICAS E MORAIS

2 0 7 . Freqüentemente, os pais transmitem aos filhos a parecençafís ica . Trans m itirão tam bém a lgum a parecença m ora l?

“Nã o, qu e d iferen tes s ã o a s a lm a s ou Es p ír itos de u n se ou tr os . O corpo der iva do corpo, m a s o Es p ír ito n ã o p ro-cede do Es p ír ito. En tre os des cen den tes da s ra ça s a pen a sh á con s a n gü in ida de.”

a) — Don d e s e origin a m a s pa recen ça s m ora is qu ecos tum a haver en tre pa is e filhos ?

“É qu e u n s e ou tr os s ã o Es p ír itos s im pá t icos , qu e reci-p roca m en te s e a t ra íra m pela a n a logia dos pen dor es .”

2 0 8 . Nen h u m a in flu ên cia exercem os Es p íritos d os pa iss obre o filho d epois d o nas cim en to d es te?

“Ao con trá r io: bem gra n de in flu ên cia exer cem . Con -for m e já d is s em os , os Es p ír itos têm qu e con tr ibu ir pa ra op rogr es s o u n s dos ou tr os . Pois bem , os Es p ír itos dos pa istêm por m is s ã o des en volver os de s eu s filh os pela edu ca -çã o. Con s t itu i-lh es is s o u m a ta refa . Tornar-s e-ão cu lpa-d os , s e vierem a fa lir no s eu d es em penho.”

2 0 9 . Por que é que d e pa is bons e virtuos os nas cem filhosd e na turez a pervers a? Por ou tra: por que é que as boasqua lid ad es d os pa is nem s em pre a traem , por s im pa-tia , um bom Es pírito para lhes an im ar o filho?

“Nã o é ra r o qu e u m m a u Es p ír ito peça lh e s eja m da dosbon s pa is , n a es pera n ça de qu e s eu s con s elh os o en ca m i-n h em por m elh or s en da e m u ita s vezes Deu s lh e con cede oqu e des eja .”

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2 1 0 . Pelos s eus pens am en tos e preces pod em os pa is a tra irpara o corpo, em form ação, d o filho um bom Es pírito,d e preferência a um in ferior?

“Nã o, m a s podem m elh ora r o Es p ír ito do filh o qu e lh esn a s ceu e es tá con fia do. Es s e o dever deles . Os m a u s filh oss ã o u m a p r ova çã o pa ra os pa is .”

2 1 1 . Don d e d eriva a s em elh a n ça d e ca rá ter qu e m u ita svez es exis te en tre d ois irm ãos , m orm en te s e gêm eos ?

“Sã o Es p ír itos s im pá t icos qu e s e a p roxim a m por a n a -logia de s en t im en tos e s e s en tem feliz es por es tar jun tos .”

2 1 2 . Há d ois Es píritos , ou , por ou tra , d uas a lm as , nas crian-ças cu jos corpos nas cem ligad os , tend o com uns a lgunsórgãos ?

“Sim , m a s a s em elh a n ça en tre ela s é ta l qu e fa z vospa r eça m , em m u itos ca s os , u m a s ó.”

2 1 3 . Pois qu e n os gê m e os os Es p íritos e n ca rn a m p ors im pa tia , d ond e provém a avers ão que às vez es s enota en tre eles ?

“Nã o é de regra qu e s eja m s im pá t icos os Es p ír itos dosgêm eos . Acon tece ta m bém qu e Es p ír itos m a u s en ten da mde lu ta r ju n tos n o pa lco da vida .”

2 1 4 . Que s e d eve pens ar d es s as h is tórias d e crianças quelu tam no s eio m a terno?

“Len da s ! Pa ra s ign ifica rem qu ã o in vetera do era o ód ioqu e recip r oca m en te s e vota va m , figu ra m -n o a s e fa zer s en -t ir a n tes do n a s cim en to dela s . Em gera l, n ã o leva is m u itoem con ta a s im a gen s poét ica s .”

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2 1 5 . Que é o que d á origem ao cará ter d is tin tivo que s e notaem cad a povo?

“Ta m bém os Es p ír itos s e gru pa m em fa m ília s , for m a n -do-a s pela a n a logia de s eu s pen dor es m a is ou m en os pu -ros , con for m e a eleva çã o qu e ten h a m a lca n ça do. Pois bem !u m povo é u m a gra n de fa m ília for m a da pela reu n iã o deEspíritos s im pá ticos . Na ten dên cia qu e apresen tam os m em -bros des s a s fa m ília s , pa ra s e u n ir em , é qu e es tá a or igemda s em elh a n ça qu e, exis t in do en tre os in d ivídu os , con s t i-tu i o ca rá ter d is t in t ivo de ca da povo. J u lga s qu e Es p ír itosbon s e h u m an itá rios procu rem , pa ra n ele en ca r n a r, u m povoru de e gros s eiro? Nã o. Os Es p ír itos s im pa t iza m com a s co-let ivida des , com o s im pa t iza m com os in d ivídu os . Na qu ela sem cu jo s eio s e en con trem , eles s e a ch a m n o m eio qu e lh esé p rópr io.”

2 1 6 . Em s uas novas exis tências cons ervará o Es pírito tra -ços d o cará ter m ora l d e s uas exis tências an teriores ?

“Is so pode da r -se. Ma s , m elh ora n do-se, ele m u da . Podeta m bém a con tecer qu e s u a pos içã o s ocia l ven h a a s er ou -t ra . Se de s en h or pa s s a a es cra vo, in teira m en te d ivers oss erã o os s eu s gos tos e d ificilm en te o r econ h ecer íeis . Sen doo Espírito sem pre o m esm o n as diversas en car n ações , podemexis tir certa s an a logias en tre a s su as m an ifes tações , se bemqu e m odificadas pelos h ábitos da pos ição qu e ocu pe, a té qu eu m aperfeiçoam en to n otável lh e h a ja m u da do com pleta m en -t e o c a r á t e r , p or q u a n t o , d e o r gu lh os o e m a u , p od etor n a r -s e h u m ilde e bon dos o, s e s e a r r epen deu .”

2 1 7 . E d o caráter fís ico de s uas exis tências pretéritas cons er-va o Es pírito tra ços n a s s u a s ex is tên cia s pos teriores ?

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“O n ovo corpo qu e ele tom a n en h u m a rela çã o tem como qu e foi a n ter ior m en te des t ru ído. En treta n to, o Es p ír ito s er eflete n o corpo. Sem dú vida qu e es te é u n ica m en te m a té-r ia , porém , n a da obs ta n te, s e m odela pela s ca pa cida des doEs p ír ito, qu e lh e im pr im e cer to cu n h o, s obr etu do a o ros to,pelo qu e é ver da deir o d izer -s e qu e os olh os s ã o o es pelh oda a lm a , is to é, qu e o s em bla n te do in d ivídu o lh e reflete dem odo pa r t icu la r a a lm a . As s im é qu e u m a pes s oa exces s i-va m en t e fe ia , qu a n d o n e la h a b it a u m E s p ír it o b om ,cr iter ios o, h u m a n itá r io, tem qu a lqu er cois a qu e a gra da , a opa s s o qu e h á ros tos belís s im os qu e n en h u m a im pr es s ã o teca u s a m , qu e a té ch ega m a in s p ira r -te repu ls ã o. Poder ia ss u p or qu e s om en t e cor p os b em m old a d os s e r vem d een voltór io a os m a is per feitos Es p ír itos , qu a n do o cer to équ e todos os d ia s depa ra s com h om en s de bem , s ob u mexter ior d is for m e. Sem qu e h a ja p r on u n cia da pa recen ça , as em elh a n ça dos gos tos e da s in clin a ções pode, por ta n to,da r lu ga r a o qu e s e ch a m a ‘u m a r de fa m ília ’.”

Nen h u m a rela çã o es s encia l gu a rda n do o corpo qu e a a lm atom a n u m a en ca r n a çã o com o de qu e s e r eves t iu em en ca r n a çã oa n ter ior, vis to qu e a qu ele lh e pode vir de p rocedên cia m u ito d i-vers a da des te, fora a bs u rdo p reten der -s e qu e, n u m a s ér ie deexis tên cia s , h a ja u m a s em elh a n ça qu e é in teira m en te for tu ita .Toda via , a s qu a lida des do Es p ír ito fr eqü en tem en te m od ifica m osórgã os qu e lh e s ervem pa ra a s m a n ifes ta ções e lh e im pr im em a os em bla n te fís ico e a té a o con ju n to de s u a s m a n eira s u m cu n h oes pecia l. É a s s im qu e, s ob u m en voltór io corpora l da m a is h u m il-de a pa rên cia , s e pode depa ra r a expres s ã o da gra n deza e da d ig-n ida de, en qu a n to s ob u m en voltór io de a s pecto s en h or il s e perce-be fr eqü en tem en te a da ba ixeza e da ign om ín ia . Nã o é pou cofreqü en te obs erva r -s e qu e cer ta s pes s oa s , eleva n do-s e da m a isín fim a pos içã o, tom a m s em es forços os h á b itos e a s m a n eira s daa lta s ocieda de. Pa r ece qu e ela s a í vêm a achar-s e d e novo n o s eu

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elem en to. Ou tra s , con tra r ia m en te, a pes a r do n a s cim en to e daedu ca çã o, s e m os tra m s em pre des loca da s em ta l m eio. De qu em odo s e h á de exp lica r es s e fa to, s en ã o com o reflexo da qu iloqu e o Es p ír ito foi a n tes ?

IDÉIAS INATAS

2 1 8 . En ca rn a d o, con s erva o Es pírito a lgu m ves tígio d a spercepções que teve e d os conhecim en tos que ad qu iriunas exis tências an teriores ?

“Gu a rda va ga lem bra n ça , qu e lh e dá o qu e s e ch a m aid éias ina tas .”

a) — Não é, en tão, qu im érica a teoria d as id éias ina tas ?

“Nã o; os con h ecim en tos a dqu ir idos em ca da exis tên -cia n ã o m a is s e perdem . Liber to da m a tér ia , o Es p ír ito s em -pre os tem p res en tes . Du ra n te a en ca r n a çã o, es qu ece-osem pa r te, m om en ta n ea m en te; porém , a in tu içã o qu e delescon s erva lh e a u xilia o p rogres s o. Se n ã o fos s e a s s im , ter iaqu e recom eça r con s ta n tem en te. Em ca da n ova exis tên cia ,o pon to de pa r t ida , pa ra o Es p ír ito, é o em qu e, n a exis tên -cia p receden te, ele ficou .”

b) — Gra n d e con exã o d eve en tã o h a ver en tre d u a sexis tências cons ecu tivas ?

“Nem s em pre tã o gra n de qu a n to ta lvez o s u pon h a s ,da do qu e bem d iferen tes s ã o, m u ita s vezes , a s pos ições doEs p ír ito n a s du a s e qu e, n o in terva lo de u m a a ou tra , podeele ter p rogr ed ido.” (216)

2 1 9 . Qual a origem d as faculd ad es extraord inárias d os ind i-víd uos que, s em es tud o prévio, parecem ter a in tu içãod e certos conhecim entos , o d as línguas , d o cálculo, etc.?

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“Lem bra n ça do pa s s a do; p rogr es s o a n ter ior da a lm a ,m a s de qu e ela n ã o tem con s ciên cia . Don de qu er es qu even h a m ta is con h ecim en tos ? O corpo m u da , o Es p ír ito,porém , n ã o m u da , em bora t r oqu e de r ou pa gem .”

2 2 0 . Pod e o Es pírito, m ud and o d e corpo, perd er a lgum asfacu ld ad es in telectua is , d eixar d e ter, por exem plo, ogos to d as artes ?

“Sim , desde qu e con spu rcou a su a in teligên cia ou a u ti-lizou m al. Depois , u m a facu ldade qu a lqu er pode per m an ecerador m ecida du ran te u m a exis tên cia , por qu erer o Espíritoexercita r ou tra , qu e n en h u m a relação tem com aqu ela . Es ta ,en tão, fica em es tado la ten te, pa ra reaparecer m ais ta rde.”

2 2 1 . Dever-s e-ão a tribu ir a um a lem brança retros pectiva os en tim ento ins tin tivo que o hom em , m es m o quand o s el-vagem , pos s ui da exis tência de Deus e o pres s entim entod a vid a fu tura?

“É u m a lem bra n ça qu e ele con s erva do qu e s a b ia com oEs pír ito a n tes de en ca r n a r. Ma s , o orgu lh o a m iu da da m en tea ba fa es s e s en t im en to.”

a) — S erão d evid as a es s a m es m a lem brança certascrenças rela tivas à Dou trina Es pírita , que s e obs ervam emtod os os povos ?

“Es ta dou t r in a é tã o a n t iga qu a n to o m u n do; ta l om otivo por qu e em toda pa r te a en con tra m os , o qu e con s t i-tu i p rova de qu e é ver da deira . Con s erva n do a in tu içã o dos eu es ta do de Es p ír ito, o Es p ír ito en ca r n a do tem , in s t in t i-va m en te, con s ciên cia do m u n do in vis ível, m a s os p recon -ceitos ba s ta s vezes fa ls eia m es s a idéia e a ign orâ n cia lh em is tu ra a s u pers t içã o.”

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C A P Í T U L O V

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2 2 2 . Nã o é n ovo, d izem a lgu n s , o dogm a da reen ca r n a çã o;res s u s cita ra m -n o da dou tr in a de Pitá gora s . Nu n ca d is s e-m os s er de in ven çã o m oder n a a Dou tr in a Es p ír ita . Con s t i-tu in do u m a lei da Na tu reza , o Es p ir it is m o h á de ter exis t i-do des de a or igem dos tem pos e s em pre n os es força m os pordem on s tra r qu e dele s e des cobrem s in a is n a a n t igu ida dem a is rem ota . Pitá gora s , com o s e s a be, n ã o foi o a u tor dos is tem a da m etem ps icos e; ele o colh eu dos filós ofos in d ia -n os e dos egípcios , qu e o t in h a m des de tem pos im em oria is .A idéia da t ra n s m igra çã o da s a lm a s for m a va , pois , u m acren ça vu lga r, a ceita pelos h om en s m a is em in en tes . De qu em odo a a dqu ir ira m ? Por u m a revela çã o, ou por in tu içã o?Ign ora m o-lo. Seja , porém , com o for, o qu e n ã o pa dece dú vi-da é qu e u m a idéia n ã o a t ra ves s a s écu los e s écu los , n emcon s egu e im por -s e a in teligên cia s de es col, s e n ã o con t ivera lgo de s ér io. As s im , a a n cia n ida de des ta dou tr in a , em vezde s er u m a ob jeçã o, s er ia p rova a s eu fa vor. Con tu do, en tr e

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a m etem ps icos e dos a n t igos e a m oder n a dou tr in a da r een -ca r n a çã o, h á , com o ta m bém s e s a be, p rofu n da d ifer en ça ,a s s in a la da pelo fa to de os Es p ír itos r ejeita rem , de m a n eiraa b s olu ta , a t r a n s m igra çã o d a a lm a d o h om em p a ra osa n im a is e recip r oca m en te.

Por ta n to, en s in a n do o dogm a da p lu ra lida de da s exis -tên cia s corpora is , os Es p ír itos r en ova m u m a dou tr in a qu eteve or igem n a s p r im eira s ida des do m u n do e qu e s e con -s ervou n o ín t im o de m u ita s pes s oa s , a té a os n os s os d ia s .Sim plesm en te, eles a a presen ta m de u m pon to de vis ta m a isra cion a l, m a is a corde com a s leis p r ogres s iva s da Na tu rezae m a is de con for m ida de com a s a bedor ia do Cr ia dor, des -p in do-a de todos os a ces s ór ios da s u pers t içã o. Cir cu n s tâ n -cia d ign a de n ota é qu e n ã o s ó n es te livr o os Es p ír itos aen s in a ra m n o decu rs o dos ú lt im os tem pos : já a n tes da s u apu b lica çã o, n u m er os a s com u n ica ções da m es m a n a tu rezas e ob t ivera m em vá r ios pa ís es , m u lt ip lica n do-s e depois ,con s id era velm en te. Ta lvez fos se a qu i o ca so de exa m in a r -m os por qu e os Espír itos n ã o pa recem todos de a cordo sobrees ta qu es tã o. Ma is ta rde, porém , volta rem os a es te a s su n to.

Exa m in em os de ou tro pon to de vis ta a m a tér ia e, a bs -t ra in do de qu a lqu er in terven çã o dos Es p ír itos , deixem o-losde la do, por en qu a n to. Su pon h a m os qu e es ta teor ia n a daten h a qu e ver com eles ; s u pon h a m os m es m o qu e ja m a is s eh a ja cogita do de Es p ír itos . Coloqu em o-n os , m om en ta n ea -m en te, n u m ter r en o n eu tro, a dm it in do o m es m o gra u depr oba b ilida de pa ra a m ba s a s h ipótes es , is to é, a da p lu ra li-da de e a da u n icida de da s exis tên cia s corpór ea s , e veja m osp a ra qu e la d o a r a zã o e o n os s o p róp r io in ter es s e n osfa rã o pen der.

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Mu itos repelem a idéia da r een ca rn a çã o pelo s ó m otivode ela n ã o lh es con vir. Dizem qu e u m a exis tên cia já lh esch ega de s obra e qu e, por ta n to, n ã o des eja r ia m recom eça rou tra s em elh a n te. De a lgu n s s a bem os qu e s a lta m em fú r ias ó com o pen s a rem qu e ten h a m de volta r à Terra . Pergu n -ta r -lh es -em os a pen a s s e im a gin a m qu e Deu s lh es ped iu opa recer, ou con s u ltou os gos tos , pa ra r egu la r o Un ivers o.Um a de du a s : ou a reen ca r n a çã o exis te, ou n ã o exis te; s eexis te, n a da im por ta qu e os con tra r ie; terã o qu e a s ofrer,s em qu e para isso lh es peça Deu s perm issão. Afigu ram -se-n osos qu e a s s im fa la m u m doen te a d izer : Sofr i h oje ba s ta n te,n ã o qu ero s ofrer m a is a m a n h ã . Qu a lqu er qu e s eja o s eum a u h u m or, n ã o terá por is s o qu e s ofrer m en os n o d ia s e-gu in te, n em n os qu e s e s u cederem , a té qu e s e a ch e cu ra do.Con s egu in tem en te, s e os qu e de ta l m a n eira s e exter n a mtiverem qu e viver de n ovo, corpora lm en te, tor n a rã o a viver,r een ca r n a rã o. Na d a lh es a d ia n ta rá reb ela r em -s e, qu a iscr ia n ça s qu e n ã o qu erem ir pa ra o colégio, ou con den a dos ,pa ra a p r is ã o. Pa s s a rã o pelo qu e têm de pa s s a r. Sã o dem a -s ia do pu er is s em elh a n tes ob jeções , pa ra m erecer em m a iss er ia m en te exa m in a da s . Direm os , toda via , a os qu e a s for -m u la m qu e s e t ra n qü ilizem , qu e a Dou tr in a Es p ír ita , n otoca n te à reen ca r n a çã o, n ã o é tã o ter r ível com o a ju lga m ;qu e, s e a h ou ves s em es tu da do a fu n do, n ã o s e m os tra r ia mtã o a ter r or iza dos ; s a ber ia m qu e deles depen dem a s con d i-ções da n ova exis tên cia , qu e s erá feliz ou des gra ça da , con -for m e a o qu e t iver em feito n es te m u n do; que d es d e agorapod erão elevar-s e tão a lto que a reca íd a no lod aça l não lhess eja m a is d e tem er.

Su pom os d ir igir -n os a pes s oa s qu e a cred ita m n u mfu tu r o d ep ois d a m or te e n ã o a os qu e cr ia m p a ra s i a

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pers pect iva do n a da , ou p reten dem qu e s u a s a lm a s s e vã oa foga r n u m todo u n ivers a l, on de perdem a in d ividu a lida de,com o os p in gos da ch u va n o ocea n o, o qu e vem a da r qu a s en o m es m o. Ora , pois : s e cr edes n u m fu tu ro qu a lqu er, cer ton ã o a dm it is qu e ele s eja idên t ico pa ra todos , porqu a n to, deou tro m odo, qu a l a u t ilida de do bem ? Por qu e h a ver ia oh om em de con s tra n ger -s e? Por qu e deixa r ia de s a t is fa zer atoda s a s s u a s pa ixões , a todos os s eu s des ejos , em boraà cu s ta de ou tr em , u m a vez qu e por is s o n ã o fica r ia s en dom elh or, n em p ior? Cr edes , a o con trá r io, qu e es s e fu tu ros erá m a is ou m en os d itos o ou in d itos o, con for m e a o qu eh ou verdes feito du ra n te a vida e en tã o des eja is qu e s eja tã oa for tu n a do qu a n to pos s ível, vis to qu e h á de du ra r pela eter -n ida de, n ã o? Ma s , porven tu ra , ter íeis a p reten s ã o de s erdos h om en s m a is per feitos qu e h a ja m exis t ido n a Terra e,pois , com d ir eito a a lca n ça r des de u m s a lto a s u prem a feli-cida de dos eleitos ? Nã o. Adm it is en tã o qu e h á h om en s deva lor m a ior do qu e o vos s o e com d ir eito a u m lu ga r m elh or,s em da í res u lta r qu e vos con teis en tr e os rép robos . Poisbem ! Coloca i-vos m en ta lm en te, por u m in s ta n te, n es s a s i-tu a çã o in ter m éd ia , qu e s erá a vos s a , com o a ca ba s tes derecon h ecer, e im a gin a r qu e a lgu ém vos ven h a d izer : Sofreis ;n ã o sois tã o felizes qu a n to poderíeis s er, a o pa s so qu e d ia n tede vós es tã o s er es qu e goza m de com pleta ven tu ra . Qu ereism u da r n a deles a vos s a pos içã o? — Certamen te, r es pon de-r eis ; qu e devem os fa zer? — Qu a s e n a da : r ecom eça r o t ra -ba lh o m a l execu ta do e execu tá -lo m elh or. — Hes ita r íeis ema ceita r, a in da qu e a poder de m u ita s exis tên cia s de p rova -ções ? Fa ça m os ou tra com pa ra çã o m a is p r os a ica . Figu r e-m os qu e a u m h om em qu e, s em ter ch ega do à m is ér ia ex-trem a , sofre, n o en tan to, privações , por escassez de recu rsos ,

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vies s em d izer : Aqu i es tá u m a r iqu eza im en s a de qu e podesgoza r ; pa ra is to s ó é n eces s á r io qu e t ra ba lh es a r du a m en tedu ra n te u m m in u to. Fos s e ele o m a is p regu iços o da Terra ,qu e s em h es ita r d ir ia : Tra ba lh em os u m m in u to, dois m in u -tos , u m a h ora , u m d ia , s e for p recis o. Qu e im por ta is s o,des de qu e m e leve a a ca ba r os m eu s d ia s n a fa r tu ra ? Ora ,qu e é a du ra çã o da vida corpórea , em con fron to com a eter -n ida de? Men os qu e u m m in u to, m en os qu e u m s egu n do.

Tem os vis to a lgu m as pessoas raciocin a rem des te m odo:Nã o é pos s ível qu e Deu s , s obera n a m en te bom com o é, im -pon h a a o h om em a obr iga çã o de recom eça r u m a s ér ie dem is ér ia s e t r ibu la ções . Ach a rã o, porven tu ra , es s a s pes s oa squ e h á m a is bon da de em con den a r Deu s o h om em a s ofrerperpetu a m en te, por m ot ivo de a lgu n s m om en tos de er ro,do qu e em lh e fa cu lta r m eios de repa ra r s u a s fa lta s ? “Doisin du s tr ia is con tra ta ra m dois operá r ios , ca da u m dos qu a ispod ia a s p ira r a s e tor n a r s ócio do r es pect ivo pa trã o. Acon -teceu qu e es s es dois operá r ios cer ta vez em prega ra m m u itom a l o s eu d ia , m erecen do a m bos s er des ped idos . Um dosin du s tr ia is , n ã o obs ta n te a s s ú p lica s do s eu , o m a n douem bora e o pobre operá r io, n ã o ten do a ch a do m a is t ra ba -lh o, a ca bou por m orrer n a m is ér ia . O ou tr o d is s e a o s eu :Per des te u m d ia ; deves -m e por is s o u m a com pen s a çã o.Execu ta s te m a l o teu t ra ba lh o; fica s te a m e dever u m a re-pa ra çã o. Con s in to qu e o r ecom eces . Tra ta de execu tá -lobem , qu e te con s erva rei a o m eu s erviço e poderá s con t i-n u a r a s p ira n do à pos içã o s u per ior qu e te p rom et i.” Seráp recis o pergu n tem os qu a l dos in du s tr ia is foi m a is h u m a -n o? Da r -s e-á qu e Deu s , qu e é a clem ên cia m es m a , s ejam a is in exorá vel do qu e u m h om em ?

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Algu m a cois a de pu n gen te h á n a idéia de qu e a n os s as or te fiqu e pa ra s em pr e decid ida , por efeito de a lgu n s a n osde p r ova ções , a in da qu a n do de n ós n ã o ten h a depen d ido oa t in gir m os a p er fe içã o, a o p a s s o qu e em in en t em en t econ s ola dora é a idéia opos ta , qu e n os per m ite a es pera n ça .As s im , s em n os p ron u n cia r m os p ró ou con tra a p lu ra lida -de da s exis tên cia s , s em p refer ir m os u m a h ipótes e a ou tra ,decla ra m os qu e, s e a os h om en s fos s e da do es colh er, n in -gu ém qu er er ia o ju lga m en to s em a pela çã o. Dis s e u m filó-s ofo qu e, s e Deu s n ã o exis t is s e, fora m is ter in ven tá -lo, pa rafelicida de do gên er o h u m a n o. Ou tro ta n to s e poder ia d izerda p lu ra lida de da s exis tên cia s . Ma s , con for m e a t rá s pon -dera m os , Deu s n ã o n os pede per m is s ã o, n em con s u lta osn os s os gos tos . Ou is to é, ou n ã o é. Veja m os de qu e la does tã o a s p r oba b ilida des e en ca rem os de ou tr o pon to de vis -ta o a s s u n to, u n ica m en te com o es tu do filos ófico, s em pr ea bs tra in do do en s in o dos Es p ír itos .

Se n ã o h á reen ca r n a çã o, s ó h á , eviden tem en te, u m aexis tên cia corpora l. Se a n os s a a tu a l exis tên cia corpórea éú n ica , a a lm a de ca da h om em foi cr ia da por oca s iã o do s eun ascim en to, a m en os qu e se adm ita a an terioridade da a lm a ,ca s o em qu e ca ber ia pergu n ta r o qu e era ela a n tes do n a s -cim en to e s e o es ta do em qu e s e a ch a va n ã o con s t itu íau m a exis tên cia s ob for m a qu a lqu er. Nã o h á m eio ter m o: oua a lm a exis t ia , ou n ã o exis t ia a n tes do corpo. Se exis t ia ,qu a l a s u a s itu a çã o? Tin h a , ou n ã o, con s ciên cia de s i m es -m a ? Se n ã o t in h a , é qu a s e com o s e n ã o exis t is s e. Se t in h ain d ividu a lida de, era p r ogres s iva , ou es ta cion á r ia ? Nu m en ou tr o ca s o, a qu e gra u ch ega ra a o tom a r o corpo? Adm i-t in do, de a cordo com a cren ça vu lga r, qu e a a lm a n a s ce

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com o corpo, ou , o qu e vem a s er o m es m o, qu e, a n tes deen ca r n a r, s ó d is põe de fa cu lda des n ega t iva s , pergu n ta m os :

1 º Por qu e m os tra a a lm a a p t idões tã o d ivers a s e in de-pen den tes da s idéia s qu e a edu ca çã o lh e fez a dqu ir ir?

2 º Don de vem a a p t idã o extra n or m a l qu e m u ita s cr ia n -ça s em ten ra ida de revela m , pa ra es ta ou a qu ela a r te, pa raes ta ou a qu ela ciên cia , en qu a n to ou tra s s e con s erva m in fe-r ior es ou m ed íocres du ra n te a vida toda ?

3 º Don de, em u n s , a s idéia s in a ta s ou in tu it iva s , qu en ou tros n ã o exis tem ?

4º Don de, em cer ta s cr ia n ça s , o in s t in to p recoce qu erevela m pa ra os vícios ou pa ra a s vir tu des , os s en t im en tosin a tos de d ign ida de ou de ba ixeza , con tra s ta n do com o m eioem qu e ela s n a s cera m ?

5º Por qu e, a bs t ra in do-s e da edu ca çã o, u n s h om en ss ã o m a is a d ia n ta dos do qu e ou tros?

6 º Por qu e h á s elva gen s e h om en s civiliza d os ? Set om a r d es d e u m m en in o h ot en t ot e r ecém -n a s cid o e oedu ca rdes n os n os s os m elh or es liceu s , fa r eis dele a lgu mdia u m La p la ce ou u m Newton ?

Qu a l a filos ofia ou a teos ofia ca pa z de r es olver es tesp rob lem a s ? É fora de dú vida qu e, ou a s a lm a s s ã o igu a is a on a s cerem , ou s ã o des igu a is . Se s ã o igu a is , por qu e, en treela s , tã o gra n de d ivers ida de de a p t idões ? Dir -s e-á qu e is s odepen de do orga n is m o. Ma s , en tã o, a ch a m o-n os em p re-s en ça da m a is m on s tru os a e im ora l da s dou tr in a s . O h o-m em s er ia s im ples m á qu in a , jogu ete da m a tér ia ; deixa r iade ter a res pon s a b ilida de de s eu s a tos , pois qu e poder ia

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a t r ibu ir tu do à s s u a s im per feições fís ica s . Se a s a lm a s s ã odes igu a is , é qu e Deu s a s cr iou a s s im . Nes s e ca s o, porém ,por qu e a in a ta s u per ior ida de con ced ida a a lgu m a s ? Cor -r es pon derá es s a pa r cia lida de à ju s t iça de Deu s e a o a m orqu e Ele con s a gra igu a lm en te a toda s a s s u a s cr ia tu ra s ?

Adm ita m os , a o con trá r io, u m a s ér ie de p rogres s iva sexis tên cia s a n ter iores pa ra ca da a lm a e tu do s e exp lica . Aon a s cer em , t ra zem os h om en s a in tu içã o do qu e a p ren de-ra m a n tes : Sã o m a is ou m en os a d ia n ta dos , con for m e on ú m er o de exis tên cia s qu e con tem , con for m e já es teja mm a is ou m en os a fa s ta dos do pon to de pa r t ida . Dá -s e a íexa ta m en te o qu e s e obs erva n u m a r eu n iã o de in d ivídu osde toda s a s ida des , on de ca da u m terá des en volvim en toproporcion a do a o n ú m ero de a n os qu e ten h a vivido. As exis -tên cia s s u ces s iva s s erã o, pa ra a vida da a lm a , o qu e osa n os s ã o pa ra a do corpo. Reu n i, em cer to d ia , u m m ilh eir ode in d ivídu os de u m a oiten ta a n os ; s u pon de qu e u m véuen cu bra todos os d ia s p r eceden tes a o em qu e os reu n is tese qu e, em con s eqü ên cia , a cred ita is qu e todos n a s cera m n am esm a oca s iã o. Pergu n ta reis n a tu ra lm en te com o é qu e u n ss ã o gra n des e ou tr os pequ en os , u n s velh os e joven s ou tros ,in s t ru ídos u n s , ou tr os a in da ign ora n tes . Se, porém , d is s i-pa n do-s e a n u vem qu e lh es ocu lta o pa s s a do, vier des a s a -ber qu e todos h ã o vivido m a is ou m en os tem po, tu do s e vostor n a rá exp lica do. Deu s , em s u a ju s t iça , n ã o pode ter cr ia -do a lm a s des igu a lm en te per feita s . Com a p lu ra lida de da sexis tên cia s , a des igu a lda de qu e n ota m os n a da m a is a p r e-s en ta em opos içã o à m a is r igoros a eqü ida de: é qu e a pen a svem os o p res en te e n ã o o pa s s a do. A es te ra ciocín io s ervede ba s e a lgu m s is tem a , a lgu m a s u pos içã o gra tu ita ? Nã o.

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Pa r t im os de u m fa to pa ten te, in con tes tá vel: a des igu a lda deda s a p t idões e do des en volvim en to in telectu a l e m ora l ever ifica m os qu e n en h u m a da s teor ia s corren tes o exp lica ,a o pa s s o qu e u m a ou tra teor ia lh e dá exp lica çã o s im ples ,n a tu ra l e lógica . Será ra cion a l p refer ir -s e a s qu e n ã o exp li-ca m à qu ela qu e exp lica ?

À vis ta da sexta in terrogação acim a , d irão n a tu ra lm en tequ e o h oten tote é de ra ça in fer ior. Pergu n ta rem os , en tã o,s e o h oten tote é ou n ã o u m h om em . Se é, por qu e a ele e às u a ra ça p r ivou Deu s dos p r ivilégios con ced idos à ra çaca u cá s ica ? Se n ã o é, por qu e ten ta r fa zê-lo cr is tã o? A Dou -t r in a Es p ír ita tem m a is a m plitu de do qu e tu do is to. Segu n -do ela , n ã o h á m u ita s es pécies de h om en s , h á tã o-s om en teh om en s cu jos es p ír itos es tã o m a is ou m en os a t ra s a dos ,porém todos s u s cet íveis de p rogred ir. Nã o é es te p r in cíp iom a is con for m e à ju s t iça de Deu s ?

Vim os de a p r ecia r a a lm a com rela çã o a o s eu pa s s a doe a o s eu p res en te. Se a con s idera r m os , ten do em vis ta os eu fu tu ro, es ba rra r em os n a s m es m a s d ificu lda des .

1 ª Se a n os s a exis tên cia a tu a l é qu e, s ó ela , decid irá dan os s a s or te vin dou ra , qu a is , n a vida fu tu ra , a s pos içõesres pect iva s do s elva gem e do h om em civiliza do? Es ta rã o n om es m o n ível, ou s e a ch a rã o d is ta n cia dos u m do ou t ro,n o toca n te à s om a de felicida de eter n a qu e lh es ca iba ?

2 ª O h om em qu e tra ba lh ou toda a su a vida por m elh o-ra r -se, virá a ocu pa r a m es m a ca tegor ia de ou tro qu e s econ s er vou em gr a u in fer ior d e a d ia n t a m en to, n ã o p orcu lpa s u a , m a s porqu e n ã o teve tem po, n em pos s ib ilida dede s e tor n a r m elh or?

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3 ª O qu e p ra t icou o m a l, por n ã o ter pod ido in s t ru ir --s e, s erá cu lpa do de u m es ta do de cois a s cu ja exis tên ciaem n a da depen deu dele?

4 ª Tra ba lh a -s e con t in u a m en te por es cla r ecer, m ora li-za r, civiliza r os h om en s . Ma s , em con tra pos içã o a u m qu efica es cla r ecido, m ilh ões de ou tr os m orrem todos os d ia sa n tes qu e a lu z lh es ten h a ch ega do. Qu a l a s or te des tesú lt im os ? Serã o t ra ta dos com o rép r obos ? No ca s o con trá r io,qu e fizera m pa ra ocu pa r ca tegor ia idên t ica à dos ou tr os?

5ª Qu e sorte agu a rda os qu e m orr em n a in fân cia , qu an -do a in da n ã o pu dera m fa zer n em o bem , n em o m a l? Se vã opa ra o m eio dos eleitos , por qu e es s e fa vor, s em qu e cois aa lgu m a h a ja m feito pa ra m er ecê-lo? Em vir tu de de qu epr ivilégio eles s e vêem is en tos da s t r ibu la ções da vida ?

Ha verá a lgu m a dou tr in a ca pa z de res olver es s es p r o-b lem a s ? Adm ita m -s e a s exis tên cia s con s ecu t iva s e tu do s eexp lica rá con for m em en te à ju s t iça de Deu s . O qu e s e n ã opôde fa zer n u m a exis tên cia fa z-s e em ou tra . As s im é qu en in gu ém es ca p a à lei d o p r ogr es s o, qu e ca d a u m s erár ecom p en s a d o s egu n d o o s eu m er ecim en t o rea l e qu en in gu ém fica exclu ído da felicida de s u prem a , a qu e todospodem a s p ira r, qu a is qu er qu e s eja m os obs tá cu los com qu etopem n o ca m in h o.

Es s a s qu es tões fa cilm en te s e m u lt ip lica r ia m a o in fin i-to, por qu a n to in ú m eros s ã o os p r ob lem a s ps icológicos em ora is qu e s ó n a p lu ra lida de da s exis tên cia s en con tra ms olu çã o. Lim ita m o-n os a for m u la r a s de ordem m a is gera l.Com o qu er qu e s eja , a lega r -s e-á ta lvez qu e a Igr eja n ã oa dm ite a dou tr in a da r een ca r n a çã o; qu e ela s u bver ter ia ar eligiã o. Nã o tem os o in tu ito de t ra ta r des s a qu es tã o n es te

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m om en to. Ba s ta -n os o h a ver m os dem on s tra do qu e a qu eladou tr in a é em in en tem en te m ora l e ra cion a l. Ora , o qu e ém ora l e ra cion a l n ã o pode es ta r em opos içã o a u m a r eligiã oqu e p rocla m a s er Deu s a bon da de e a ra zã o por excelên cia .Qu e ter ia s ido da r eligiã o, s e, con tra a op in iã o u n ivers a l e ot es t em u n h o d a c iên c ia , s e h ou ves s e ob s t in a d a m en t erecu s a do a r en der -s e à evidên cia e expu ls a do de s eu s eiotodos os qu e n ã o a cred ita s s em n o m ovim en to do Sol oun os s eis d ia s da cr ia çã o? Qu e créd ito h ou vera m erecido equ e a u tor ida de ter ia t ido, en tre povos cu ltos , u m a r eligiã ofu n da da em erros m a n ifes tos e qu e os im pu s es s e com o a r -t igos de fé? Logo qu e a evidên cia s e pa ten teou , a Igreja ,cr iter ios a m en te, s e colocou do la do da evidên cia . Um a vezprovado qu e certa s coisa s exis ten tes seriam im poss íveis sema reen ca r n a çã o, qu e, a n ã o s er por es s e m eio, n ã o s e con -s egu e exp lica r a lgu n s pon tos do dogm a , cu m pre a dm it i-loe recon h ecer m era m en te a pa ren te o a n ta gon ism o en tre es tadou tr in a e a dogm á tica . Ma is a d ia n te m os tra rem os qu e ta l-vez s eja m u ito m en or do qu e s e pen s a a d is tâ n cia qu e, dadou tr in a da s vida s s u ces s iva s , s epa ra a religiã o e qu e aes ta n ã o fa r ia a qu ela dou tr in a m a ior m a l do qu e lh e fize-ra m a s des cober ta s do m ovim en to da Terra e dos per íodosgeológicos , a s qu a is , à p r im eira vis ta , p a recera m d es m en -t ir os t extos s a gra d os . Dem a is , o p r in cíp io d a r een ca r n a -çã o r es s a lta d e m u ita s p a s s a gen s d a s Es cr itu ra s , a ch a n -d o-s e es p ecia lm en t e for m u la d o, d e m od o exp lícit o, n oEva n gelh o:

“Qu a n do des cia m da m on ta n h a (depois da t ra n s figu -ra çã o), J es u s lh es fez es ta recom en da çã o: Nã o fa leis a n in -gu ém do qu e a ca ba s tes de ver, a té qu e o Filh o do h om emten h a r es s u s cita d o, d en t re os m or tos . Pergu n ta ra m -lh e

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en tã o s eu s d is cípu los : Por qu e d izem os es cr iba s s er p r eci-s o qu e p r im eir o ven h a Elia s ? Res pon deu -lh es J es u s : É cer -to qu e Elia s h á de vir e qu e r es ta belecerá toda s a s cois a s .Ma s , eu vos decla r o qu e Elia s já veio, e eles n ã o o con h ece-ra m e o fizera m s ofrer com o en ten dera m . Do m es m o m ododa rã o a m orte a o Filh o do h om em . Com preen dera m en tã os eu s d is c íp u los qu e er a d e J oã o Ba t is t a qu e e le lh esfa la va .” (Sã o Ma teu s , ca p . 17 )

Pois qu e J oã o Ba t is ta fora Elia s , h ou ve reen ca r n a çã odo Es p ír ito ou da a lm a de Elia s n o corpo de J oã o Ba t is ta .

Em s u m a , com o qu er qu e op in em os a cerca da reen -ca r n a çã o, qu er a a ceitem os , qu er n ã o, is s o n ã o con s t itu irám otivo pa ra qu e deixem os de s ofrê-la , des de qu e ela exis ta ,m a lgra do a toda s a s cr en ça s em con trá r io. O es s en cia l es táem qu e o en s in o dos Es p ír itos é em in en tem en te cr is tã o;a póia -s e n a im or ta lida de da a lm a , n a s pen a s e r ecom pen -s a s fu t u r a s , n a ju s t iça d e Deu s , n o livr e -a r b ít r io d oh om em , n a m ora l do Cr is to. Logo, n ã o é a n t i-r eligios o.

Tem os ra ciocin a d o, a b s t ra in d o, com o d is s em os , d equ a lqu er en s in a m en to es p ír ita qu e, pa ra cer ta s pes s oa s ,ca r ece de a u tor ida de. Nã o é s om en te por qu e veio dos Es p í-r itos qu e n ós e ta n tos ou tros n os fizem os a dep tos da p lu ra -lida de da s exis tên cia s . É por qu e es s a dou tr in a n os pa receua m a is lógica e por qu e s ó ela r es olve qu es tões a té en tã oin s olú veis .

Ain da qu a n do fos s e da a u tor ia de u m s im ples m orta l,tê-la -ía m os igu a lm en te a dota do e n ã o h ou véra m os h es ita -do u m s egu n do m a is em r en u n cia r à s idéia s qu e es pos á va -m os . Em s en do dem on s tra do o erro, m u ito m a is qu e per derdo qu e ga n h a r tem o a m or -p rópr io, com o s e obs t in a r n a

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su s ten ta çã o de u m a idéia fa ls a . Ass im ta m bém , tê-la -ía m osrepelido, m es m o qu e p r ovin do dos Es p ír itos , s e n os pa rece-ra con trá r ia à ra zã o, com o repelim os m u ita s ou tra s , poiss a bem os , por exper iên cia , qu e n ã o s e deve a ceita r cega -m en te tu do o qu e ven h a deles , da m es m a for m a qu e s e n ã odeve a dota r à s cega s tu do o qu e p r oceda dos h om en s . Om elh or t ítu lo qu e, a o n os s o ver, r ecom en da a idéia da reen -ca r n a çã o é o de s er, a n tes de tu do, lógica . Ou tro, n o en ta n -to, ela a p r es en ta : o de a con fir m a rem os fa tos , fa tos pos it i-vos e por bem d izer, m a ter ia is , qu e u m es tu do a ten to ecr iter ios o revela a qu em s e dê a o t ra ba lh o de obs erva r compa ciên cia e pers evera n ça e d ia n te dos qu a is n ã o h á m a islu ga r pa ra a dú vida . Qu a n do es s es fa tos s e h ou verem vu l-ga r iza do, com o os da for m a çã o e do m ovim en to da Terra ,forços o s erá qu e todos s e ren da m à evidên cia e os qu e s elh es coloca ra m em op os içã o ver -s e-ã o con s t r a n gid os ades d izer -s e.

Recon h eça m os , por ta n to, em r es u m o, qu e s ó a dou tr i-n a da p lu ra lida de da s exis tên cia s exp lica o qu e, s em ela , s em a n tém in exp licá vel; qu e é a lta m en te con s ola dora e con -for m e à m a is r igor os a ju s t iça ; qu e con s t itu i pa ra o h om ema â n cor a d e s a lva çã o qu e Deu s , p or m is er icór d ia , lh econ cedeu .

As p rópr ia s pa la vra s de J es u s n ã o per m item dú vida ata l res peito. E is o qu e s e lê n o Eva n gelh o de Sã o J oã o,ca p ítu lo 3 :

3 . Res pon den do a Nicodem os , d is s e J es u s : Em verda -de, em verda de te d igo qu e, s e u m h om em não nas cer d e

novo, n ã o poderá ver o r ein o de Deu s .

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⇤⇥�C O N S I D E R AÇ Õ E S S O B R E A P LU R ALI D AD E D AS E XI S T Ê N C I AS

4 . D is s e - lh e Nicod em os : Com o p od e u m h om emn a s cer já es ta n do velh o? Pode tor n a r a o ven tr e de s u a m ã epa ra n a s cer s egu n da vez?

5 . Res pon deu J es u s : Em verda de, em verda de te d igoqu e, s e u m h om em n ã o r en a s cer da á gu a e do Es p ír ito, n ã opoderá en tra r n o r ein o de Deu s . O qu e é n a s cido da ca r n e éca r n e e o qu e é n a scido do Espír ito é Espír ito. Nã o te a dm i-r es de qu e eu te t en h a d ito: é n eces s á rio qu e torn eis a n a s -cer. (Ver, a d ia n te, o p a rá gra fo “Res s u r r eiçã o d a ca r n e”,n º 1 0 1 0 .)

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C A P Í T U L O V I

⌦ ⇤↵⌃� ⇤⇥⌥⌅�⇧⌃� • Es píritos erran tes• Mund os trans itórios• Percepções , s ens ações e s ofrim entos d os Es píritos• Ens a io teórico d a s ens ação nos Es píritos• Es colha d as provas• As relações no a lém -túm ulo• Relações d e s im pa tia e d e an tipa tia en tre os

Es píritos . Metad es eternas• Record ação d a exis tência corpórea• Com em oração d os m ortos . Funera is

ES PÍRITOS ERRANTES

2 2 3 . A a lm a reencarna logo d epois d e s e haver s eparad od o corpo?

“Algu m a s vezes r een ca r n a im ed ia ta m en te, porém deord in á r io s ó o fa z depois de in terva los m a is ou m en os lon -gos . Nos m u n dos s u per ior es , a reen ca r n a çã o é qu a s e s em -pre im ed ia ta . Sen do a í m en os gr os s eira a m a tér ia corpora l,o Es p ír ito, qu a n do en ca r n a do n es s es m u n dos , goza qu a s equ e de toda s a s s u a s fa cu lda des de Es p ír ito, s en do o s eues ta do n or m a l o dos s on â m bu los lú cidos en tre vós .”

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⇤⇥�D A VIDA E S P Í R I T A

2 2 4 . Que é a a lm a no in terva lo d as encarnações ?

“Espírito erran te, qu e aspira a n ovo des tin o, qu e espera .”

a) — Quanto pod em d urar es s es in terva los ?

“Des de a lgu m a s h ora s a té a lgu n s m ilh a res de s écu los .Pr opr ia m en te fa la n do, n ã o h á extrem o lim ite es ta belecidopa ra o es ta do de er ra t icida de, qu e pode p r olon ga r -s e m u i-t ís s im o, m a s qu e n u n ca é perpétu o. Cedo ou ta r de, o Es p í-r ito terá qu e volver a u m a exis tên cia apropriada a pu rificá -loda s m á cu la s de s u a s exis tên cia s p receden tes .”

b) — Es s a d uração d epend e d a von tad e d o Es pírito, oulhe pod e s er im pos ta com o expiação?

“É u m a con s eqü ên cia do livre-a rb ít r io. Os Es p ír itoss a bem per feita m en te o qu e fa zem . Ma s , ta m bém , pa ra a l-gu n s , con s t itu i u m a pu n içã o qu e Deu s lh es in flige. Ou trospedem qu e ela s e p r olon gu e, a fim de con t in u a rem es tu dosqu e s ó n a con d içã o de Es p ír ito livr e podem efetu a r -s e compr oveito.”

2 2 5 . A erra ticid ad e é, por s i s ó, um s ina l d e in feriorid ad ed os Es píritos ?

“Nã o, p orqu a n to h á Es p ír itos er ra n tes d e tod os osgra u s . A en ca r n a çã o é u m es ta do t ra n s itór io, já o d is s e-m os . O Es p ír ito s e a ch a n o s eu es ta do n or m a l, qu a n doliber to da m a tér ia .”

2 2 6 . Pod er-s e-á d iz er que s ão erran tes tod os os Es píritosque não es tão encarnad os ?

“Sim , com rela çã o a os qu e ten h a m de reen ca r n a r. Nã os ã o erra n tes , porém , os Es p ír itos pu ros , os qu e ch ega ra m àper feiçã o. Es s es s e en con tra m n o s eu es ta do defin it ivo.”

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⇤⇥� O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

No toca n te à s qu a lida des ín t im a s , os Es p ír itos s ã o de d ife-ren tes orden s , ou gra u s , pelos qu a is vã o pa s s a n do s u ces s iva -m en te, à m ed ida qu e s e pu r ifica m Com rela çã o a o es ta do em qu es e a ch a m , podem s er : encarnad os , is to é, liga dos a u m corpo;erran tes , is to é, s em corpo m a ter ia l e a gu a rda n do n ova en ca r n a -çã o pa ra s e m elh ora rem ; Es píritos puros , is to é, per feitos , n ã op recis a n do m a is de en ca rn a çã o.

2 2 7 . De que m od o s e in s truem os Es píritos erran tes ? Certonão o faz em d o m es m o m od o que nós ou tros ?

“Es tu da m e p r ocu ra m m eios de eleva r -s e. Vêem , ob-s erva m o qu e ocorre n os lu ga r es a on de vã o; ou vem os d is -cu rs os dos h om en s dou tos e os con s elh os dos Es p ír itosm a is eleva dos e tu do is s o lh es in cu te idéia s qu e a n tes n ã ot in h a m .”

2 2 8 . Con s erva m os Es p íritos a lgu m a s d e s u a s pa ixõeshum anas ?

“Com o in vólu cro im a ter ia l os Es p ír itos eleva dos dei-xa m a s pa ixões m á s e s ó gu a r da m a do bem . Qu a n to a osEs p ír itos in fer iores , es s es a s con s erva m , pois do con trá r ioper ten cer ia m à p r im eira ordem .”

2 2 9 . Por que, d eixand o a Terra , não d eixam a í os Es píritostod as as m ás pa ixões , um a vez que lhes reconhecemos inconven ien tes ?

“Vês n es s e m u n do pes s oa s exces s iva m en te in vejos a s .Im a gin a s qu e, m a l o deixa m , perdem es s e defeito? Acom -pa n h a os qu e da Terra pa r tem , s obretu do os qu e a lim en ta -ra m pa ixões bem a cen tu a da s , u m a es pécie de a tm os feraqu e os en volve, con s erva n do-lh es o qu e têm de m a u , por

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⇥��D A VIDA E S P Í R I T A

n ã o s e a ch a r o Es p ír ito in teira m en te des p ren d ido da m a té-r ia . Só por m om en tos ele en tr evê a ver da de, qu e a s s im lh ea pa r ece com o qu e pa ra m os tra r -lh e o bom ca m in h o.”

2 3 0 . Na erra ticid ad e, o Es pírito progrid e?

“Pode m elh ora r -s e m u ito, ta is s eja m a von ta de e odes ejo qu e ten h a de con s egu i-lo. Toda via , n a exis tên ciacorpora l é qu e põe em p rá t ica a s idéia s qu e a dqu ir iu .”

2 3 1 . S ão feliz es ou d es graçad os os Es píritos erran tes ?

“Mais ou m en os, con form e seu s m éritos . Sofrem por efeitodas pa ixões cu ja essên cia con servaram , ou são felizes , de con -for m idade com o grau de desm ateria lização a qu e h a jam ch e-gado. Na er ra t icida de, o Es p ír ito per cebe o qu e lh e fa ltapa ra s er m a is feliz e, des de en tã o, p rocu ra os m eios dea lca n çá -lo. Nem s em pr e, porém , lh e é per m it ido reen ca r n a rcom o fora de s eu a gra do, r ep res en ta n do is s o, pa ra ele, u m apu n içã o.”

2 3 2 . Pod em os Es píritos erran tes ir a tod os os m und os ?

“Con for m e. Pelo s im ples fa to de h a ver deixa do o corpo,o Es p ír ito n ã o s e a ch a com pleta m en te des p r en d ido da m a -tér ia e con t in u a a per ten cer a o m u n do on de a ca bou de vi-ver, ou a ou tr o do m es m o gra u , a m en os qu e, du ra n te avida , s e ten h a eleva do, o qu e, a liá s , con s t itu i o ob jet ivo pa raqu e devem ten der s eu s es forços , pois , do con trá r io, n u n cas e a per feiçoa r ia . Pode, n o en ta n to, ir a a lgu n s m u n dos s u -per ior es , m a s n a qu a lida de de es t ra n geiro. A bem d izer,con s egu e a pen a s en trevê-los , don de lh e n a s ce o des ejo de

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m elh ora r -s e, pa ra s er d ign o da felicida de de qu e goza m osqu e os h a b ita m , pa ra s er d ign o ta m bém de h a b itá -los m a ista rde.”

2 3 3 . Os Es p íritos já p u rif ica d os d e s ce m a os m u n d osin feriores ?

“Fa zem -n o freqü en tem en te, com o fim de a u xilia r -lh eso p r ogres s o. A n ã o s er a s s im , es s es m u n d os es t a r ia men tregu es a s i m es m os , s em gu ia s pa ra d ir igi-los .”

MUNDOS TRANS ITÓRIOS

2 3 4 . Há, d e fa to, com o já foi d ito, m und os que s ervem d ees tações ou pon tos d e repous o aos Es píritos erran tes ?

“Sim , h á m u n dos pa r t icu la r m en te des t in a dos a os s e-res er ra n tes , m u n dos qu e lh es podem s ervir de h a b ita çã otem porá r ia , es pécies de b iva qu es , de ca m pos on de des ca n -sem de u m a dem a s ia do lon ga erra t icida de, es ta do es te s em -pre u m ta n to pen os o. Sã o, en tr e os ou tr os m u n dos , pos i-ções in ter m éd ia s , gra du a da s de a cor do com a n a tu reza dosEs p ír itos qu e a ela s podem ter a ces s o e on de eles goza m dem a ior ou m en or bem -es ta r.”

a) — Os Es píritos qu e h a bita m es s es m u n d os pod emd eixá -los livrem en te?

“Sim , os Es p ír itos qu e s e en con tra m n es s es m u n dospodem deixá -los , a fim de irem para on de devam ir. Figu ra i-oscom o ba n dos de a ves qu e pou sa m n u m a ilh a , pa ra a í a gu a r -da rem qu e s e lh es r efa ça m a s força s , a fim de s egu irem s eudes t in o.”

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2 3 5 . Enquan to perm anecem nos m und os trans itórios , osEs píritos progrid em ?

“Cer ta m en te. Os qu e vã o a ta is m u n dos leva m o ob jet i-vo de s e in s t ru ír em e de poderem m a is fa cilm en te ob terper m is s ã o pa ra pa s s a r a ou tr os lu ga res m elh ores e ch ega rà per feiçã o qu e os eleitos a t in gem .”

2 3 6 . Pela s ua na turez a es pecia l, os m und os trans itórios s econs ervam perpetuam en te d es tinad os aos Es píritoserran tes ?

“Nã o, a con d içã o deles é m era m en te tem porá r ia .”

a) — Es s es m und os s ão ao m es m o tem po habitad os pors eres corpóreos ?

“Nã o; es tér il é n eles a s u per fície. Os qu e os h a b ita m den a da p recis a m .”

b) — É perm anen te es s a es terilid ad e e d ecorre d a na tu -rez a es pecia l que apres en tam ?

“Nã o; s ã o es téreis t ra n s itor ia m en te.”

c ) — Os m u n d os d es s a ca tegoria ca recem en tã o d ebelez as na tura is ?

“A Na tu reza r eflete a s beleza s da im en s ida de, qu e n ã os ã o m en os a dm irá veis do qu e a qu ilo a qu e da is o n om e debeleza s n a tu ra is .”

d ) — S e n d o t ra n s itório o e s ta d o d e s e m e lh a n te sm und os , a Terra pertencerá a lgum d ia ao núm ero d eles ?

“J á per ten ceu .”

e ) — Em que época?

“Du ra n te a s u a for m a çã o.”

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Na da é in ú t il em a Na tu r eza ; tu do tem u m fim , u m a des t in a -çã o. Em lu ga r a lgu m h á o va zio; tu do é h a b ita do, h á vida em todapa r te. As s im , du ra n te a d ila ta da s u ces s ã o dos s écu los qu e pa s -s a ra m a n tes do a pa recim en to do h om em n a Terra , du ra n te oslen tos per íodos de t ra n s içã o qu e a s ca m a da s geológica s a tes ta m ,a n tes m es m o da for m a çã o dos p r im eir os s eres orgâ n icos , n a qu e-la m a s s a in for m e, n a qu ele á r ido ca os , on de os elem en tos s e a ch a -va m em con fu s ã o, n ã o h a via a u s ên cia de vida . Seres is en tos da sn os s a s n eces s ida des , da s n os s a s s en s a ções fís ica s , lá en con tra -va m refú gio. Qu is Deu s qu e, m es m o a s s im , a in da im per feita , aTerra s ervis se pa ra a lgu m a coisa . Qu em ou sa ria a fir m a r qu e, en treos m ilh a res de m u n dos qu e gira m n a im en s ida de, u m s ó, u m dosm en ores , per d ido n o s eio da m u lt idã o in fin ita deles , goza do p r i-vilégio exclu s ivo de s er povoa do? Qu a l en tã o a u t ilida de dos de-m a is ? Tê-los -ia Deu s feito u n ica m en te pa ra n os recrea rem a vis -ta? Su pos ição absu rda , in com pa tível com a sabedoria qu e esplen deem toda s a s s u a s ob ra s e in a dm is s ível des de qu e pon derem os n aexis tên cia de todos os qu e n ã o podem os perceber. Nin gu ém con -tes ta rá qu e, n es ta id éia d a exis tên cia d e m u n d os a in d a im p ró-p r ios p a ra a vid a m a ter ia l e, n ã o ob s ta n te, já p ovoa d os d e s eresvivos a p rop r ia d os a t a l m eio, h á qu a lqu er cois a d e gra n d e es u b lim e, em qu e ta lvez s e en con t re a s olu çã o d e m a is d e u mp rob lem a .

PERCEPÇÕES , S ENS AÇÕES E S OF RIMENTOS

DOS ES PÍRITOS

2 3 7 . Um a vez d e volta ao m und o d os Es píritos , cons erva aa lm a as percepções que tinha quand o na Terra?

“Sim , a lém de ou tra s de qu e a í n ã o d is pu n h a , porqu e ocorpo, qu a l véu sobr e ela s la n ça do, a s obscu recia . A in teli-gên cia é u m a tr ibu to, qu e ta n to m a is livrem en te s e m a n ifes -ta n o Espír ito, qu a n to m en os en tra ves ten h a qu e ven cer.”

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2 3 8 . S ão ilim itad as as percepções e os conhecim en tos d osEs píritos ? Num a pa lavra : eles s abem tud o?

“Qu a n to m a is s e a proxim a m da perfeiçã o, ta n to m a issabem . Se são Espíritos su periores , s abem m u ito. Os Espíri-tos in feriores são m a is ou m en os ign oran tes acerca de tu do.”

2 3 9 . Conhecem os Es píritos o princípio d as cois as ?

“Con for m e a eleva çã o e a pu r eza qu e h a ja m a t in gido.Os de or dem in fer ior n ã o s a bem m a is do qu e os h om en s .”

2 4 0 . A d uração, os Es píritos a com preend em com o nós ?

“Nã o e da í vem qu e n em s em pre n os com preen deis ,qu a n do s e t ra ta de deter m in a r da ta s ou época s .”

Os Es p ír itos vivem fora do tem po com o o com preen dem os . A

du ra çã o, pa ra eles , deixa , por a s s im d izer, de exis t ir. Os s écu los ,

pa ra n ós tã o lon gos , n ã o pa s s a m , a os olh os deles , de in s ta n tes

qu e s e m ovem n a eter n ida de, do m es m o m odo qu e os r elevos do

s olo s e a pa ga m e des a pa recem pa ra qu em s e eleva n o es pa ço.

2 4 1 . Os Es píritos fa z em d o pres en te m a is precis a e exa taid éia d o que nós ?

“Do m esm o m odo qu e a qu ele, qu e vê bem , fa z m a is exa -ta idéia da s coisa s do qu e o cego. Os Espír itos vêem o qu en ã o vedes . Tu do a precia m , pois , d iversa m en te do m odo porqu e o fa zeis . Ma s , ta m bém is so depen de da eleva çã o deles .”

2 4 2 . Com o é que os Es píritos têm conhecim en to d o pas s a -d o? E es s e conhecim en to lhes é ilim itad o?

“O pa s s a do, qu a n do com ele n os ocu pa m os , é p res en -te. Ver ifica -s e en tã o, p r ecis a m en te, o qu e s e pa s s a con t igo

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qu a n do recor da s qu a lqu er cois a qu e te im pres s ion ou n ocu rs o do teu exílio. Sim ples m en te, com o já n en h u m véum a ter ia l n os tolda a in teligên cia , lem bra m o-n os m es m oda qu ilo qu e s e te a pa gou da m em ória . Ma s , n em tu do osEs p ír itos s a bem , a com eça r pela s u a p rópr ia cr ia çã o.”

2 4 3 . E o fu turo, os Es píritos o conhecem ?

“Ain da is to depen de da eleva çã o qu e ten h a m con qu is -ta do. Mu ita s vezes , a pen a s o en tr evêem , porém nem s em -pre lhes é perm itid o revelá -lo. Qu a n do o vêem , pa rece-lh espres en te. À m ed ida qu e s e a p roxim a de Deu s , ta n to m a iscla ra m en te o Es p ír ito des cor t in a o fu tu ro. Depois da m or -te, a a lm a vê e a p reen de n u m golpe de vis ta s uas pas s ad asm igrações , m a s n ã o pode ver o qu e Deu s lh e r es erva . Pa raqu e t a l a con t eça , p r ecis o é qu e, a o ca b o d e m ú lt ip la sexis tên cia s , s e h a ja in tegra do n ele.”

a) — Os Es píritos que a lcançaram a perfeição abs olu tatêm conhecim en to com pleto d o fu turo?

“Com pleto n ã o s e pode d izer, por is s o qu e s ó Deu s és obera n o Sen h or e n in gu ém o pode igu a la r.”

2 4 4 . Os Es píritos vêem a Deus ?

“Só os Es p ír itos s u per ior es o vêem e com preen dem . Osin fer ior es o s en tem e a d ivin h a m .”

a) — Quand o um Es pírito in ferior d iz que Deus lhe proí-be ou perm ite um a cois a , com o s abe que is s o lhe vem d ele?

“Ele n ã o vê a Deu s , m a s s en te a s u a s obera n ia e, qu a n -do n ã o deva s er feita a lgu m a cois a ou d ita u m a pa la vra ,percebe, com o por in tu içã o, a proib içã o de fa zê-la ou d izê-la .Nã o ten des vós m es m os p res s en t im en tos , qu e s e vos a figu -

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ra m a vis os s ecr etos , pa ra fa zerdes , ou n ã o, is to ou a qu ilo?O m es m o n os a con tece, s e bem qu e em gra u m a is a lto, poiscom pr een des qu e, s en do m a is s u t il do qu e a s vos s a s aes s ên cia d os Es p ír itos , p od em es tes r eceb er m elh or a sa dver tên cia s d ivin a s .”

b) — Deus trans m ite d iretam en te a ord em ao Es pírito,ou por in term éd io d e ou tros Es píritos ?

“Ela n ã o lh e vem d ireta de Deu s . Pa ra s e com u n ica rcom Deu s , é-lh e n eces s á r io s er d ign o d is s o. Deu s lh e t ra n s -m ite s u a s or den s por in ter m éd io dos Es p ír itos im ed ia ta -m en te s u per ior es em per feiçã o e in s t ru çã o.”

2 4 5 . O Es p írito tem circu n s crita a v is ã o com o os s erescorpóreos ?

“Nã o, ela res ide em todo ele.”

2 4 6 . Precis am d a lu z para ver?

“Vêem por s i m es m os , s em p recis a r em de lu z exter ior.Pa ra os Es p ír itos , n ã o h á t reva s , s a lvo a s em qu e podema ch a r -s e por exp ia çã o.”

2 4 7 . Para verem o que s e pas s a em d ois pon tos d iferen tes ,precis am trans portar-s e a es s es pon tos ? Pod em , porexem plo, ver s im ultaneam ente nos d ois hem is férios d oglobo?

“Com o o Es p ír ito s e t ra n s por ta a on de qu eira , com ara p idez do pen s a m en to, pode-s e d izer qu e vê em toda pa r tea o m es m o tem po. Seu pen s a m en to é s u s cet ível de ir ra d ia r,d ir igin do-se a u m tem po pa ra m u itos pon tos d iferen tes , m ases ta fa cu lda de depen de da s u a pu r eza . Qu a n to m en os pu ro

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é o Es p ír ito, ta n to m a is lim ita da tem a vis ã o. Só os Es p ír i-tos s u per iores podem com a vis ta a b ra n ger u m con ju n to.”

No Es p ír ito, a fa cu lda de de ver é u m a p ropr ieda de in er en te às u a n a tu reza e qu e r es ide em todo o s eu s er, com o a lu z res ide emtoda s a s pa r tes de u m corpo lu m in os o. É u m a es pécie de lu cidezu n ivers a l qu e s e es ten de a tu do, qu e a b ra n ge s im u lta n ea m en te oes pa ço, os tem pos e a s cois a s , lu cidez pa ra a qu a l n ã o h á t reva s ,n em obs tá cu los m a ter ia is . Com preen de-s e qu e deva s er a s s im .No h om em , a vis ã o s e dá pelo fu n cion a m en to de u m órgã o qu e alu z im pres s ion a . Da í s e s egu e qu e, n ã o h a ven do lu z, o h om emfica n a obs cu r ida de. No Es p ír ito, com o a fa cu lda de de ver con s t i-tu i u m a tr ibu to s eu , a bs t ra çã o feita de qu a lqu er a gen te exter ior,a vis ã o in depen de da lu z. (Veja -s e: Ubiqü id ad e , n º 92 .)

2 4 8 . O Es pírito vê as cois as tão d is tin tam en te com o nós ?

“Ma is d is t in ta m en te, pois qu e s u a vis ta pen etra on dea vos s a n ã o pode pen etra r. Na da a obs cu r ece.”

2 4 9 . Percebe os s ons ?

“S im , p er ceb e m es m o s on s im p er cep t íveis p a ra osvos s os s en t idos ob tu s os .”

a) — No Es pírito, a facu ld ad e d e ouvir es tá em tod o ele,com o a d e ver?

“Toda s a s per cepções con s t itu em a tr ibu tos do Es p ír itoe lh e s ã o in eren tes a o s er. Qu a n do o reves te u m corpom a ter ia l, ela s s ó lh e ch ega m p elo con d u to d os órgã os .Deixa m , porém , de es ta r loca liza da s , em s e a ch a n do ele n acon d içã o de Es p ír ito livr e.”

2 5 0 . Con s t itu in d o e la s a trib u tos p róp rios d o Es p írito,s er-lhe-á pos s ível s ubtra ir-s e às percepções ?

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“O Es p ír ito u n ica m en te vê e ou ve o qu e qu er. Dizem osis to de u m pon to de vis ta gera l e, em pa r t icu la r, com r efe-rên cia a os Es p ír itos eleva dos , por qu a n to os im per feitosm u ita s vezes ou vem e vêem , a s eu m a u gra do, o qu e lh espos s a s er ú t il a o a per feiçoa m en to.”

2 5 1 . S ão s ens íveis à m ús ica os Es píritos ?

“Alu d es à m ú s ica ter ren a ? Qu e é ela com p a ra d a àm ú s ica celes te? a es ta h a r m on ia de qu e n a da n a Terra vospode da r idéia ? Um a es tá pa ra a ou tra com o o ca n to dos elva gem pa ra u m a doce m elod ia . Nã o obs ta n te, Es p ír itosvu lga res podem exper im en ta r cer to p ra zer em ou vir a vos s am ú s ica , por lh es n ã o s er da do a in da com pr een derem ou tram a is s u b lim e. A m ú s ica pos s u i in fin itos en ca n tos pa ra osEs p ír itos , por ter em eles m u ito des en volvida s a s qu a lida -des s en s it iva s . Refir o-m e à m ú s ica celes te, qu e é tu do oqu e de m a is belo e delica do pode a im a gin a çã o es p ir itu a lcon ceber.”

2 5 2 . S ã o s en s íve is , os Es p íritos , à s m a gn ificên cia s d aNatureza?

“Tã o d iferen tes s ã o a s beleza s n a tu ra is dos m u n dos ,qu e lon ge es ta m os de a s con h ecer. Sim , os Es p ír itos s ã os en s íveis a es s a s beleza s , de a cor do com a s a p t idões qu eten h a m pa ra a s a p r ecia r e com preen der. Pa ra os Es p ír itoseleva d os , h á b eleza s d e con ju n to qu e, p or a s s im d izer,a pa ga m a s da s pa r t icu la r ida des .”

2 5 3 . Os Es píritos experim en tam as nos s as neces s id ad es es ofrim en tos fís icos ?

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“Eles os conhecem , porqu e os sofreram, não os experimen-tam, porém, materialmen te, com vós ou tros: são Espíritos.”

2 5 4 . E a fa d iga , a n e ce s s id a d e d e re p ou s o, e x p e ri-m entam -nas ?

“Nã o podem s en t ir a fa d iga , com o a en ten deis ; con s e-gu in tem en te, n ã o precisa m de desca n so corpora l, com o vós ,pois qu e n ã o pos s u em órgã os cu ja s força s deva m s er repa -ra da s . O Es p ír ito, en treta n to, repou s a , n o s en t ido de n ã oes ta r em con s ta n te a t ivida de. Ele n ã o a tu a m a ter ia lm en te.Su a a çã o é toda in telectu a l e in teira m en te m ora l o s eu re-pou s o. Qu er is to d izer qu e m om en tos h á em qu e o s eu pen -s a m en to deixa de s er tã o a t ivo qu a n to de ord in á r io e n ã o s efixa em qu a lqu er ob jeto deter m in a do. É u m ver da deiro re-pou s o, m a s de n en h u m m odo com pa rá vel a o do corpo. Aes pécie de fa d iga qu e os Es p ír itos s ã o s u s cet íveis de s en t irgu a r d a r ela çã o com a in fer ior id a d e d eles . Qu a n to m a iseleva dos s eja m , ta n to m en os p recis a rã o de r epou s a r.”

2 5 5 . Quand o um Es pírito d iz que s ofre, d e que na turez a é os eu s ofrim en to?

“An gú s t ia s m ora is , qu e o tor tu ra m m a is dolor os a m en -te do qu e todos os s ofr im en tos fís icos .”

2 5 6 . Com o é en tão que a lguns Es píritos s e têm queixad o d es ofrer frio ou ca lor?

“É r em in is cên cia do qu e pa decem du ra n te a vida , re-m in is cên cia n ã o ra ro tã o a flit iva qu a n to a r ea lida de. Mu i-ta s vezes , n o qu e eles a s s im d izem a pen a s h á u m a com pa -ra çã o m ed ia n te a qu a l, em fa lta de cois a m elh or, p rocu ra m

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expr im ir a s itu a çã o em qu e s e a ch a m . Qu a n do s e lem bra mdo corpo qu e r eves t ira m , têm im pres s ã o s em elh a n te à deu m a pes s oa qu e, h a ven do t ira do o m a n to qu e a en volvia ,ju lga , pa s s a do a lgu m tem po, qu e a in da o t ra z s ob r e osom br os .”

E NS AIO TEÓRICO DA S ENS AÇÃO NOS ES PÍRITOS

2 5 7 . O corpo é o in s t ru m en to da dor. Se n ã o é a ca u s apr im á r ia des ta é, pelo m en os , a ca u s a im ed ia ta . A a lm at e m a p e r c e p ç ã o d a d or : e s s a p e r c e p ç ã o é o e fe it o .A lem bra n ça qu e da dor a a lm a con s erva pode s er m u itopen os a , m a s n ã o pode ter a çã o fís ica . De fa to, n em o fr io,n em o ca lor s ã o ca pa zes de desorga n iza r os tecidos da a lm a ,qu e n ã o é s u s cet ível de con gela r -s e, n em de qu eim a r -s e.Nã o vem os todos os d ia s a r ecor da çã o ou a a p reen s ã o deu m m a l fís ico p rodu zir em o efeito des s e m a l, com o s e r ea lfora ? Nã o a s vem os a té ca u s a r a m or te? Toda gen te s a bequ e a qu eles a qu em s e a m pu tou u m m em bro cos tu m a ms en t ir dor n o m em br o qu e lh es fa lta . Cer to qu e a í n ã o es táa s ede, ou , s equ er, o pon to de pa r t ida da dor. O qu e h á ,a pen a s , é qu e o cér eb ro gu a rdou des ta a im pr es s ã o. Lícito,por ta n to, s erá a dm it ir -s e qu e cois a a n á loga ocorra n os s o-fr im en tos do Espír ito a pós a m orte. Um es tu do a profu n da dodo per is p ír ito, qu e tã o im por ta n te pa pel des em pen h a emtodos os fen ôm en os es p ír ita s ; n a s a pa r ições va por os a s outa n gíveis ; n o es ta do em qu e o Es p ír ito vem a en con tra r -s epor oca s iã o da m or te; n a idéia , qu e tã o fr eqü en tem en tem a n ifes t a , d e qu e a in d a es t á vivo; n a s s it u a ções t ã ocom oven tes qu e n os r evela m os dos s u icida s , dos s u p licia -dos , dos qu e s e deixa ra m a bs orver pelos gozos m a ter ia is ; e

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in ú m eros ou tr os fa tos , m u ita lu z la n ça ra m sobre es ta qu es -tã o, da n do lu ga r a exp lica ções qu e pa s s a m os a res u m ir.

O per is p ír ito é o la ço qu e à m a tér ia do corpo p ren de oEs p ír ito, qu e o t ira do m eio a m bien te, do flu ido u n ivers a l.Pa r t icipa a o m es m o tem po da elet r icida de, do flu ido m a g-n ét ico e, a té cer to pon to, da m a tér ia in er te. Poder -s e-ia d i-zer qu e é a qu in tes s ên cia da m a tér ia . É o p r in cíp io da vidaorgâ n ica , porém n ã o o da vida in telectu a l, qu e res ide n oEs p ír ito. É , a lém d is s o, o a gen te da s s en s a ções exter iores .No corpo, os órgã os , s ervin do-lh es de con du tos , loca liza mes s a s s en s a ções . Des tru ído o corpo, ela s s e tor n a m gera is .Da í o Es p ír ito n ã o d izer qu e s ofre m a is da ca beça do qu edos pés , ou vice-vers a . Nã o s e con fu n da m , porém , a s s en -s a ções do per is p ír ito, qu e s e tor n ou in depen den te, com a sdo corpo. Es ta s ú lt im a s s ó por ter m o de com pa ra çã o a spodem os tom a r e n ã o por a n a logia . Liber to do corpo, o Es -p ír ito pode s ofrer, m a s es s e s ofr im en to n ã o é corpora l, em -bora n ã o s eja exclu s iva m en te m ora l, com o o r em ors o, poisqu e ele s e qu eixa de fr io e ca lor. Ta m bém n ã o s ofr e m a is n oin ver n o do qu e n o verã o: tem o-los vis to a t ra ves s a r ch a m a s ,sem experim en ta rem qu a lqu er dor. Nen h u m a im pressão lh esca u s a , con s egu in tem en te, a tem pera tu ra . A dor qu e s en -tem n ã o é, pois , u m a dor fís ica p ropr ia m en te d ita : é u mva go s en t im en to ín t im o, qu e o p rópr io Es p ír ito n em s em -pre com pr een de bem , p recis a m en te por qu e a dor n ã o s ea ch a loca liza da e porqu e n ã o a p r odu zem a gen tes exter io-res ; é m a is u m a r em in is cên cia do qu e u m a r ea lida de, rem i-n is cên cia , p or ém , igu a lm en t e p en os a . Algu m a s vezes ,en treta n to, h á m a is do qu e is s o, com o va m os ver.

En s in a -n os a exper iên cia qu e, por oca s iã o da m orte, oper is p ír ito s e des pren de m a is ou m en os len ta m en te do cor -

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po; qu e, du ra n te os p r im eiros m in u tos depois da des en ca r -n a çã o, o Es p ír ito n ã o en con tra exp lica çã o pa ra a s itu a çã oem qu e s e a ch a . Crê n ã o es ta r m or to, por is s o qu e s e s en tevivo; vê a u m la do o corpo, s a be qu e lh e per ten ce, m a s n ã ocom pr een de qu e es teja s epa ra do dele. Es s a s itu a çã o du raen qu a n to h a ja qu a lqu er liga çã o en tre o corpo e o perisp ír ito.Dis s e-n os , cer ta vez, u m s u icida : “Nã o, n ã o es tou m orto.” Ea crescen ta va : No en tan to, s in to os verm es a m e roerem . Ora ,in du b ita velm en te, os ver m es n ã o lh e r oía m o per is p ír ito ea in da m en os o Es p ír ito; roía m -lh e a pen a s o corpo. Com o,p or ém , n ã o e r a com p le t a a s ep a r a çã o d o cor p o e d oper is p ír ito, u m a es pécie de reper cu s s ã o m ora l s e p r odu zia ,t ra n s m it in do a o Es p ír ito o qu e es ta va ocorr en do n o corpo.Reper cu s s ã o ta lvez n ã o s eja o ter m o p rópr io, por qu e podein du zir à s u pos içã o de u m efeito m u ito m a ter ia l. Era a n tesa vis ã o do qu e s e pa s s a va com o corpo, a o qu a l a in da ocon s erva va liga do o per is p ír ito, o qu e lh e ca u s a va a ilu s ã o,qu e ele tom a va por r ea lida de. As s im , pois , n ã o h a ver ia n oca s o u m a r em in is cên cia , porqu a n to ele n ã o fora , em vida ,r oíd o p elos ver m es : h a via o s en t im en to d e u m fa to d aa tu a lida de. Is to m os tra qu e dedu ções s e podem t ira r dosfa tos , qu a n do a ten ta m en te obs erva dos .

Du ra n te a vida , o corpo recebe im pres s ões exter iores ea s t ra n s m ite a o Es p ír ito por in ter m éd io do per is p ír ito, qu econ s t itu i, p r ova velm en te, o qu e s e ch a m a flu ido n ervos o.Um a vez m orto, o corpo n a da m a is s en te, por já n ã o h a vern ele Es p ír ito, n em per is p ír ito. Es te, des p r en d ido do corpo,exper im en ta a s en s a çã o, porém , com o já n ã o lh e ch ega poru m con du to lim ita do, ela s e lh e tor n a gera l. Ora , n ã o s en doo per is p ír ito, r ea lm en te, m a is do qu e s im ples a gen te detra n s m is s ã o, pois qu e n o Es p ír ito é qu e es tá a con s ciên cia ,

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lógico s erá dedu zir -s e qu e, s e pu des s e exis t ir per is p ír itos em Es p ír ito, a qu ele n a da s en t ir ia , exa ta m en te com o u mcorpo qu e m orr eu . Do m es m o m odo, s e o Es p ír ito n ã o t i-ves s e per is p ír ito, s er ia in a ces s ível a toda e qu a lqu er s en s a -çã o doloros a . É o qu e s e dá com os Es p ír itos com pleta m en -te pu r ifica dos . Sa bem os qu e qu a n to m a is eles s e pu r ifica m ,ta n to m a is etérea s e tor n a a es s ên cia do per is p ír ito, don des e s egu e qu e a in flu ên cia m a ter ia l d im in u i à m ed ida qu e oEs p ír ito p rogr ide, is to é, à m ed ida qu e o p rópr io per is p ír itos e tor n a m en os gros s eiro.

Ma s , d ir -s e-á , des de qu e pelo per is p ír ito é qu e a s s en -s a ções a gra dá veis , da m es m a for m a qu e a s des a gra dá veis ,s e t ra n s m item a o Es p ír ito, s en do o Es p ír ito pu ro in a ces s í-vel a u m a s , deve s ê-lo igu a lm en te à s ou tra s . As s im é, defa to, com rela çã o à s qu e p rovêm u n ica m en te da in flu ên ciada m a tér ia qu e con h ecem os . O s om dos n os s os in s t ru m en -tos , o per fu m e da s n os s a s flores n en h u m a im pres s ã o lh eca u s a m . En treta n to, ele exper im en ta s en s a ções ín t im a s ,de u m en ca n to in defin ível, da s qu a is idéia a lgu m a pode-m os for m a r, por qu e, a es s e res peito, s om os qu a is cegos den a s cen ça d ia n te da lu z. Sa bem os qu e is s o é rea l; m a s , porqu e m eio s e p rodu z? Até lá n ã o va i a n os s a ciên cia . Sa be-m os qu e n o Es p ír ito h á percepçã o, s en s a çã o, a u d içã o, vi-s ã o; qu e es s a s fa cu lda des s ã o a t r ibu tos do s er todo e n ã o,com o n o h om em , de u m a pa r te a pen a s do s er ; m a s , de qu em odo ele a s tem ? Ign ora m o-lo. Os p rópr ios Es p ír itos n a dan os podem in for m a r s obre is s o, por in a dequ a da a n os s alin gu a gem a expr im ir idéia s qu e n ã o pos s u ím os , p recis a -m en te com o o é, por fa lta de ter m os p rópr ios , a dos s elva -gen s , p a r a t r a d u zir id éia s r efer en t es à s n os s a s a r t es ,ciên cia s e dou tr in a s filos ófica s .

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Dizen do qu e os Es p ír itos s ã o in a ces s íveis à s im pres -s ões da m a tér ia qu e con h ecem os , r efer im o-n os a os Es p ír i-tos m u ito eleva dos , cu jo en voltór io etér eo n ã o en con t raa n a logia n es te m u n do. Ou tr o ta n to n ã o a con tece com os deper is p ír ito m a is den s o, os qu a is percebem os n os s os s on s eodores , n ão, porém , apen as por u m a parte lim itada de su asin d ivid u a lid a d es , con for m e lh es s u ced ia qu a n d o vivos .Pod e-s e d izer qu e, n eles , a s vib ra ções m olecu la res s e fa zems en t ir em todo o s er e lh es ch ega m a s s im a o s ens oriumcommune , qu e é o p rópr io Es p ír ito, em bora de m odo d iver -s o e ta lvez, ta m bém , da n do u m a im pres s ã o d ifer en te, o qu em odifica a percepçã o. Eles ou vem o s om da n os s a voz, en -t r eta n to n os com pr een dem s em o a u xílio da pa la vra , s o-m en te pela t ra n s m is s ã o do pen s a m en to. Em a poio do qu ed izem os h á o fa to de qu e es s a pen etra çã o é ta n to m a is fá -cil, qu a n to m a is des m a ter ia liza do es tá o Es p ír ito. Pelo qu econ cer n e à vis ta , es s a , pa ra o Es p ír ito, in depen de da lu z,qu a l a tem os . A fa cu lda de de ver é u m a tr ibu to es s en cia l daa lm a , pa ra qu em a obscu ridade n ão exis te. É, con tu do, m a isexten s a , m a is pen etra n te n a s m a is pu r ifica da s . A a lm a , ouo Es p ír ito, tem , pois , em s i m es m a , a fa cu lda de de toda s a sper cepções . Es ta s , n a vida corpórea , s e ob litera m pela gros -s er ia dos órgã os do corpo; n a vida extra corpórea s e vã odes a n u via n do, à p roporçã o qu e o in vólu cr o s em im a ter ia ls e eter iza .

Hau rido do m eio am bien te, esse in vólu cro varia de acordocom a n a tu reza dos m u n dos . Ao pa s s a r em de u m m u n do aou tro, os Es p ír itos m u da m de en voltór io, com o n ós m u da -m os de r ou pa , qu a n do pa s s a m os do in ver n o a o verã o, oudo pólo a o equ a dor. Qu a n do vêm vis ita r -n os , os m a is ele-va dos s e reves tem do per is p ír ito ter res t r e e en tã o s u a s per -

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cepções s e p rodu zem com o n o com u m dos Es p ír itos . To-dos , porém , a s s im os in fer iores com o os s u per ior es , n ã oou vem , n em s en tem , s en ã o o qu e qu eira m ou vir ou s en t ir.Nã o pos s u in do órgã os s en s it ivos , eles podem , livrem en te,tor n a r a t iva s ou n u la s s u a s per cepções . Um a s ó cois a s ã oob r iga d os a ou vir — os con s elh os d os E s p ír it os b on s .A vis ta , es sa é s em pre a t iva ; m a s , eles podem fa zer -se in vi-s íve is u n s a o s o u t r o s . C o n fo r m e a c a t e go r ia q u eocu pem , podem ocu lta r -s e dos qu e lh es s ã o in fer iores , po-rém n ã o dos qu e lh es s ã o s u per iores . Nos p r im eiros in s ta n -tes qu e s e s egu em à m orte, a vis ã o do Es p ír ito é s em pretu rba da e con fu s a . Acla ra -s e, à m ed ida qu e ele s e des p ren -d e, e p od e a lca n ça r a n it id ez qu e t in h a d u ra n te a vid ater ren a , in depen den tem en te da pos s ib ilida de de pen etra ra t ra vés dos corpos qu e n os s ã o opa cos . Qu a n to à s u a ex-ten s ã o a t ra vés do es pa ço in defin ito, do fu tu ro e do pa s s a -do, depen de do gra u de pu reza e de eleva çã o do Es p ír ito.

Ob jeta rã o, ta lvez: toda es ta teor ia n a da tem de t ra n -qü iliza dora . Pen s á va m os qu e, u m a vez livres do n os s o gros -s eiro en voltór io, in s t ru m en to da s n os s a s dores , n ã o m a iss ofrer ía m os e eis n os in for m a is de qu e a in da s ofrer em os .Des ta ou da qu ela for m a , s erá s em pr e s ofr im en to. Ah ! s im ,pode da r -s e qu e con t in u em os a s ofrer, e m u ito, e por lon gotem po, m a s ta m bém qu e deixem os de s ofrer, a té m es m odes de o in s ta n te em qu e s e n os a ca be a vida corpora l.

Os s ofr im en tos des te m u n do in depen dem , a lgu m a svezes , de n ós ; m u ito m a is vezes , con tu do, s ã o devidos àn os s a von ta de. Rem on te ca da u m à or igem deles e verá qu ea m a ior pa r te de ta is s ofr im en tos s ã o efeitos de ca u s a squ e lh e ter ia s ido pos s ível evita r. Qu a n tos m a les , qu a n ta s

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en fer m ida des n ã o deve o h om em a os s eu s exces s os , à s u aa m biçã o, n u m a pa la vra : à s s u a s pa ixões ? Aqu ele qu e s em -pre vivesse com sobriedade, qu e de n ada abu sasse, qu e fosses em pre s im ples n os gos tos e m odes to n os des ejos , a m u i-ta s t r ibu la ções s e forra r ia . O m es m o s e dá com o Es p ír ito.Os s ofr im en tos por qu e pa s s a s ã o s em pr e a con s eqü ên ciada m a n eira por qu e viveu n a Terra . Cer to já n ã o s ofrerám a is de gota , n em de r eu m a t is m o; n o en ta n to, exper im en -ta rá ou tr os s ofr im en tos qu e n a da fica m a dever à qu eles .Vim os qu e s eu s ofrer r es u lta dos la ços qu e a in da o p ren -dem à m a tér ia ; qu e qu a n to m a is livr e es t iver da in flu ên ciades ta , ou , por ou tra , qu an to m a is desm a teria lizado se ach a r,m en os dolor os a s s en s a ções exper im en ta rá . Ora , es tá n a ss u a s m ã os liber ta r -s e de ta l in flu ên cia des de a vida a tu a l.Ele tem o livr e-a rb ít r io, tem , por con s egu in te, a fa cu lda dede es colh a en tr e o fa zer e o n ã o fa zer. Dom e s u a s pa ixõesa n im a is ; n ã o a lim en te ód io, n em in veja , n em ciú m e, n emorgu lh o; n ã o s e deixe dom in a r pelo egoís m o; pu r ifiqu e-s e,n u tr in do bon s s en t im en tos ; p ra t iqu e o bem ; n ã o ligu e à scois a s des te m u n do im por tâ n cia qu e n ã o m er ecem ; e, en -tã o, em bora r eves t ido do in vólu cro corpora l, já es ta rá de-pu ra do, já es ta rá liber to do ju go da m a tér ia e, qu a n do dei-xa r es s e in vólu cr o, n ã o m a is lh e s ofr er á a in flu ên cia .Nen h u m a r ecorda çã o dolor os a lh e a dvirá dos s ofr im en tosfís icos qu e h a ja pa decido; n en h u m a im pres s ã o des a gra dá -vel eles lh e deixa rã o, por qu e a pen a s terã o a t in gido o corpoe n ã o a a lm a . Sen t ir -s e-á feliz por s e h a ver liber ta do deles ea pa z da s u a con s ciên cia o is en ta rá de qu a lqu er s ofr im en tom ora l.

In terrogam os , aos m ilh a res , Espíritos qu e n a Terra per -ten cera m a toda s a s cla s s es da s ocieda de, ocu pa ra m toda s

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a s pos ições s ocia is ; es tu da m o-los em todos os per íodos davida es p ír ita , a pa r t ir do m om en to em qu e a ba n don a ra m ocor p o; a com p a n h a m o-los p a s s o a p a s s o n a vid a d e a lém --tú m u lo, pa ra obs erva r a s m u da n ça s qu e s e opera va m n e-les , n a s s u a s idéia s , n os s eu s s en t im en tos e, s ob es s e a s -pecto, n ã o fora m os qu e a qu i s e con ta ra m en tre os h om en sm a is vu lga res os qu e n os p r oporcion a ra m m en os p r ecios oselem en tos de es tu do. Ora , n ota m os s em pre qu e os s ofr i-m en tos gu a rda va m r ela çã o com o p roceder qu e eles t ive-ra m e cu ja s con s eqü ên cia s exper im en ta va m ; qu e a ou travida é fon te de in efá vel ven tu ra pa ra os qu e s egu ira m obom ca m in h o. Dedu z-se da í qu e, a os qu e sofrem , is so a con -tece porqu e o qu is era m ; qu e, por ta n to, s ó de s i m es m os s edevem qu eixa r, qu er n o ou tr o m u n do, qu er n es te.

ES COLHA DAS PROVAS

2 5 8 . Quand o na erra ticid ad e, an tes d e com eçar nova exis -tência corpora l, tem o Es pírito cons ciência e previs ãod o que lhe s uced erá no curs o d a vid a terrena?

“Ele p rópr io es colh e o gên er o de p rova s por qu e h á depa s s a r e n is s o con s is te o s eu livre-a rb ít r io.”

a) — Não é Deus , en tão, quem lhe im põe as tribu laçõesd a vid a , com o cas tigo?

“Na da ocorre s em a per m is s ã o de Deu s , porqu a n to foiDeu s qu em es ta beleceu toda s a s leis qu e regem o Un ivers o.Ide a gora pergu n ta r por qu e decretou ele es ta lei e n ã o a qu e-la . Da n do a o Es p ír ito a liberda de de es colh er, Deu s lh e dei-xa a in teira res pon s a b ilida de de s eu s a tos e da s con s eqü ên -cia s qu e es tes t iver em . Na da lh e es torva o fu tu ro; a ber tos

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s e lh e a ch a m , a s s im , o ca m in h o do bem , com o o do m a l. Sevier a s u cu m bir, r es ta r -lh e-á a con s ola çã o de qu e n em tu dos e lh e a ca bou e qu e a bon da de d ivin a lh e con cede a liber -da de de r ecom eça r o qu e foi m a lfeito. Dem a is , cu m pre s ed is t in ga o qu e é ob ra da von ta de de Deu s do qu e o é da doh om em . Se u m per igo vos a m ea ça , n ã o fos tes vós qu em ocr iou e s im Deu s . Vos s o, porém , foi o des ejo de a ele vosexpordes , por h averdes vis to n is so u m m eio de progr edirdes ,e Deu s o per m it iu .”

2 5 9 . Do fa to d e pertencer ao Es pírito a es colha d o gênero d eprovas que d eva s ofrer, s egu ir-s e-á que tod as as tribu -lações que experim en tam os na vid a nós as previm os ebus cam os ?

“Toda s , n ã o, porqu e n ã o es colh es tes e p r evis tes tu do oq u e vos s u c e d e n o m u n d o , a t é à s m ín im a s c o is a s .Es colh es tes a pen a s o gên er o da s p r ova ções . As pa r t icu la r i-da des corr em por con ta da pos içã o em qu e vos a ch a is ; s ã o,m u ita s vezes , con s eqü ên cia s da s vos s a s p rópr ia s a ções .Es colh en do, por exem plo, n a s cer en tr e m a lfeitor es , s a b ia oEs p ír ito a qu e a rra s ta m en tos s e expu n h a ; ign ora va , porém ,qu a is os a tos qu e vir ia a p ra t ica r. Es s es a tos res u lta m doexer cício da s u a von ta de, ou do s eu livre-a rb ít r io. Sa be oEs p ír ito qu e, es colh en do ta l ca m in h o, terá qu e s u s ten ta rlu ta s de deter m in a da es pécie; s a be, por ta n to, de qu e n a tu -r eza s erã o a s vicis s itu des qu e s e lh e depa ra rã o, m a s ign oras e s e ver ifica rá es te ou a qu ele êxito. Os a con tecim en toss ecu n dá rios s e or igin a m da s circu n s tâ n cia s e da força m es -m a da s cois a s . Pr evis tos s ó s ã o os fa tos p r in cipa is , os qu ein flu em n o des t in o. Se tom a r es u m a es t ra da ch eia de s u l-cos p r ofu n dos , s a bes qu e terá s de a n da r ca u telos a m en te,por qu e h á m u ita s p roba b ilida des de ca ír es ; ign ora s , con tu -

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do, em qu e pon to ca irá s e bem pode s u ceder qu e n ã o ca ia s ,s e fores ba s ta n te p ru den te. Se, a o per correres u m a ru a ,u m a telh a te ca ir n a ca beça , n ã o creia s qu e es ta va es cr ito,s egu n do vu lga r m en te s e d iz.”

2 6 0 . Com o pod e o Es pírito d es ejar nas cer en tre gen te d em á vid a?

“Forços o é qu e s eja pos to n u m m eio on de pos s a s ofr era p rova qu e ped iu . Pois bem ! É n eces s á r io qu e h a ja a n a lo-gia . Pa ra lu ta r con tra o in s t in to do rou bo, p r ecis o é qu e s ea ch e em con ta cto com gen te da da à p rá t ica de rou ba r.”

a) — As s im , s e não houves s e na Terra gen te d e m auscos tum es , o Es pírito não encon traria a í m eio apropriad o aos ofrim en to d e certas provas ?

“E s er ia is s o de la s t im a r -s e? É o qu e ocorr e n os m u n -dos s u per ior es , on de o m a l n ã o pen etra . E is por qu e, n es -s es m u n dos , s ó h á Es p ír itos bon s . Fa zei qu e em b reve om es m o s e dê n a Terra .”

2 6 1 . Nas provações por que lhe cum pre pas s ar para a tingira perfeição, tem o Es pírito que s ofrer ten tações d e to-d as as na turez as ? Tem que s e achar em tod as as cir-cuns tâncias que pos s am excita r-lhe o orgu lho, a inve-ja , a avarez a , a s ens ua lid ad e, etc.?

“Cer to qu e n ã o, pois bem s a beis h a ver Es p ír itos qu edes de o com eço tom a m u m ca m in h o qu e os exim e de m u i-ta s prova s . Aqu ele, porém , qu e se deixa a rra s ta r pa ra o m a uca m in h o, corre todos os perigos qu e o in ça m . Pode u m Espí-r ito, por exem plo, pedir a r iqu eza e s er -lh e es ta con cedida .En tã o, con form e o seu ca rá ter, poderá tor n a r -se a va ro oupródigo, egoís ta ou gen eroso, ou a in da la n ça r -se a todos os

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gozos da sen su a lida de. Da í n ã o se s egu e, en tr eta n to, qu eh a ja de forçosa m en te pa s sa r por toda s es ta s ten dên cia s .”

2 6 2 . Com o pod e o Es pírito, que, em s ua origem , é s im ples ,ignoran te e carecid o d e experiência , es colher um a exis -tência com conhecim en to d e caus a e s er res pons ávelpor es s a es colha?

“Deu s lh e s u pre a in exper iên cia , t ra ça n do-lh e o ca m i-n h o qu e deve segu ir, com o fa zeis com a cria n cin h a . Deixa -o,porém , pou co a pou co, à m ed ida qu e o s eu livr e-a rb ít r io s edes en volve, s en h or de p roceder à es colh a e s ó en tã o é qu em u ita s vezes lh e a con tece extra via r -s e, tom a n do o m a u ca -m in h o, por des a ten der os con s elh os dos bon s Es p ír itos . Ais s o é qu e s e pode ch a m a r a qu eda do h om em .”

a) — Quand o o Es pírito goz a d o livre-arbítrio, a es colhad a exis tência corpora l d epend erá s em pre exclus ivam en te d es ua von tad e, ou es s a exis tência lhe pod e s er im pos ta , com oexpiação, pela von tad e d e Deus ?

“Deu s s a be es pera r, n ã o a p res s a a exp ia çã o. Toda via ,pode im por cer ta exis tên cia a u m Es p ír ito, qu a n do es te,pela s u a in fer ior ida de ou m á von ta de, n ã o s e m os tra a p to acom pr een der o qu e lh e s er ia m a is ú t il, e qu a n do vê qu e ta lexis tên cia s ervirá pa ra a pu r ifica çã o e o p rogr es s o do Es p í-r ito, a o m es m o tem po qu e lh e s irva de exp ia çã o.”

2 6 3 . O Es pírito fa z a s ua es colha logo d epois d a m orte?

“Nã o, m u itos a cred ita m n a etern ida de da s pen a s , o qu e,com o já s e vos d is s e, é u m ca s t igo.”

2 6 4 . Que é o que d irige o Es pírito na es colha d as provas quequeira s ofrer?

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“Ele es colh e, de a cor do com a n a tu reza de s u a s fa lta s ,a s qu e o levem à exp ia çã o des ta s e a p r ogred ir m a is depres -s a . Un s , por ta n to, im põem a s i m es m os u m a vida de m is é-r ia s e p r iva ções , ob jet iva n do s u por tá -la s com cora gem ; ou -t ros p r eferem exper im en ta r a s ten ta ções da r iqu eza e dopoder, m u ito m a is per igos a s , pelos a bu s os e m á a p lica çã oa qu e podem da r lu ga r, pela s pa ixões in fer iores qu e u m a eou tros des en volvem ; m u itos , fin a lm en te, s e decidem a ex-per im en ta r s u a s força s n a s lu ta s qu e terã o de s u s ten ta rem con ta cto com o vício.”

2 6 5 . Ha ven d o Es p íritos qu e , por p rova çã o, e s colh em ocon tacto d o vício, ou tros não haverá que o bus quempor s im pa tia e pelo d es ejo d e viverem num m eio con-form e aos s eus gos tos , ou para pod erem en tregar-s em ateria lm en te a s eus pend ores m a teria is ?

“Há , s em dú vida , m a s tã o-s om en te en tr e a qu eles cu jos en s o m ora l a in da es tá pou co des en volvido. A prova vempor s i m es m a e eles a s ofrem m ais d em orad am en te . Cedoou ta rde, com preen dem qu e a s a t is fa çã o de s u a s pa ixõesbru ta is lh es a ca rretou dep lorá veis con s eqü ên cia s , qu e eless ofrerã o du ra n te u m tem po qu e lh es pa r ecerá eter n o. EDeu s os deixa rá n es s a pers u a s ã o, a té qu e s e tor n em con s -cien tes da fa lta em qu e in correra m e peça m , por im pu ls op róp r io, lh es s eja con ced id o res ga tá -la , m ed ia n te ú teisp rova ções .”

2 6 6 . Não parece na tura l que s e es colham as provas m enosd oloros as ?

“Pode pa r ecer -vos a vós ; a o Es p ír ito, n ã o. Logo qu ees te s e des liga da m a tér ia , ces s a toda ilu s ã o e ou tra pa s s aa s er a s u a m a n eira de pen s a r.”

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Sob a in flu ên cia da s idéia s ca r n a is , o h om em , n a Terra , s óvê da s p r ova s o la do pen os o. Ta l a ra zã o de lh e pa recer n a tu ra ls eja m es colh ida s a s qu e, do s eu pon to de vis ta , podem coexis t ircom os gozos m a ter ia is . Na vida es p ir itu a l, porém , com pa ra es s esgozos fu ga zes e gros s eir os com a in a lterá vel felicida de qu e lh e éda do en trever e des de logo n en h u m a im pres s ã o m a is lh e ca u s a mos pa s s a geir os s ofr im en tos ter ren os . As s im , pois , o Es p ír ito podees colh er p rova m u ito ru de e, con s egu in tem en te, u m a a n gu s t ia daexis tên cia , n a es pera n ça de a lca n ça r depr es s a u m es ta do m e-lh or, com o o doen te es colh e m u ita s vezes o r em éd io m a is des a -gra dá vel pa ra s e cu ra r de p ron to. Aqu ele qu e in ten ta liga r s eun om e à des cober ta de u m pa ís des con h ecido n ã o p rocu ra t r ilh a res t ra da flor ida . Con h ece os per igos a qu e s e a r r is ca , m a s ta m béms a be qu e o es pera a glór ia , s e logra r bom êxito.

A dou tr in a da liberda de qu e tem os de es colh er a s n os s a sexis tên cia s e a s p rova s qu e deva m os s ofrer deixa de pa r ecer s in -gu la r, des de qu e s e a ten da a qu e os Es p ír itos , u m a vez des p ren -d idos da m a tér ia , a p recia m a s cois a s de m odo d ivers o da n os s am a n eira de a p r eciá -los . Divis a m a m eta , qu e bem d iferen te é pa raeles dos gozos fu git ivos do m u n do. Após ca da exis tên cia , vêem opa s s o qu e dera m e com preen dem o qu e a in da lh es fa lta em pu r e-za pa ra a t in girem a qu ela m eta . Da í o s e s u bm eterem volu n ta r ia -m en te a toda s a s vicis s itu des da vida corpór ea , s olicita n do a squ e pos s a m fa zer qu e a a lca n cem m a is p r es to. Nã o h á , pois , m o-t ivo de espa n to n o fa to de o Espír ito n ã o prefer ir a exis tên cia m a issu a ve. Nã o lh e é pos s ível, n o es ta do de im per feiçã o em qu e se en -con tra , goza r de u m a vida is en ta de a m a rgu ra s . Ele o percebe e,precisa m en te pa ra ch ega r a fru í-la , é qu e tra ta de se m elh ora r.

Nã o vem os , a liá s , todos os d ia s , exem plos de es colh a s ta is ?Qu e fa z o h om em qu e pa s s a u m a pa r te de s u a vida a t ra ba lh a rs em t régu a , n em des ca n s o, pa ra reu n ir h a ver es qu e lh e a s s egu -rem o bem -es ta r, s en ã o des em pen h a r u m a ta refa qu e a s i m es m os e im pôs , ten do em vis ta m elh or fu tu ro? O m ilita r qu e s e ofer ecepa ra u m a per igos a m is s ã o, o n a vega n te qu e a fron ta n ã o m en oresper igos , por a m or da Ciên cia ou n o s eu p rópr io in teres s e, qu e

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��� O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

fa zem , ta m bém eles , s en ã o s u jeita r -s e a p rova s volu n tá r ia s , dequ e lh es a dvirã o h on ra s e p roveito, s e n ã o s u cu m bir em ? A qu e s en ã o s u bm ete ou expõe o h om em pelo s eu in teres s e ou pela s u aglór ia ? E os con cu rs os n ã o s ã o ta m bém todos p rova s volu n tá r ia sa qu e os con corren tes s e s u jeita m , com o fito de a va n ça rem n aca rreira qu e es colh era m ? Nin gu ém ga lga qu a lqu er pos içã o n a sciên cia s , n a s a r tes , n a in dú s t r ia , s en ã o pa s s a n do pela s ér ie da spos ições in fer iores , qu e s ã o ou tra s ta n ta s p rova s . A vida h u m a n aé, pois , cóp ia da vida es p ir itu a l; n ela s e n os depa ra m em pon topequ en o toda s a s per ipécia s da ou tra . Ora , s e n a vida ter ren am u ita s vezes es colh em os du ra s p rova s , vis a n do pos içã o m a is ele-va da , por qu e n ã o h a ver ia o Es p ír ito, qu e en xerga m a is lon ge qu eo corpo e pa ra qu em a vida corpora l é a pen a s in ciden te de cu r tadu ra çã o, de es colh er u m a exis tên cia á rdu a e la bor ios a , des dequ e o con du za à felicida de eter n a ? Os qu e d izem qu e ped irã opa ra s er p r ín cipes ou m ilion á r ios , u m a vez qu e a o h om em é qu eca iba es colh er a s u a exis tên cia , s e a s s em elh a m a os m íopes , qu ea pen a s vêem a qu ilo em qu e toca m , ou a m en in os gu los os , qu e, aqu em os in t e r r oga s ob r e is s o, r es p on d em qu e d es e ja m s erpa s teleiros ou doceiros .

O via ja n te qu e a t ra ves s a p rofu n do va le en s om bra do por es -pes s o n evoeiro n ã o logra a pa n h a r com a vis ta a exten s ã o da es -t ra da por on de va i, n em os s eu s pon tos extrem os . Ch ega n do, po-rém , a o cu m e da m on tan h a , abran ge com o olh a r qu an to percorreudo ca m in h o e qu a n to lh e res ta dele a percorrer. Divis a -lh e o ter -m o, vê os obs tá cu los qu e a in da terá de t ra n s por e com bin a en tã oos m eios m a is s egu ros de a t in gi-lo. O Es p ír ito en ca r n a do é qu a lvia ja n te n o s opé da m on ta n h a . Des en lea do dos lia m es ter ren a is ,s u a vis ã o tu do dom in a , com o a da qu ele qu e s u b iu à cr is ta das er ra n ia . Pa ra o via jor, n o ter m o da s u a jor n a da es tá o repou s oa pós a fa d iga ; pa ra o Es p ír ito, es tá a felicida de s u prem a , a pós a st r ibu la ções e a s p rova s .

Dizem todos os Es p ír itos qu e, n a er ra t icida de, eles s e a p li-ca m a pes qu is a r, es tu da r, obs erva r, a fim de fa zer em a s u a es co-

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lh a . Na vida corpora l n ã o s e n os oferece u m exem plo des te fa to?Nã o leva m os , fr eqü en tem en te, a n os a p rocu ra r a ca r reira pelaqu a l a fin a l n os decid im os , cer tos de s er a m a is a p r opr ia da a n osfa cilita r o ca m in h o da vida ? Se n u m a o n os s o in ten to s e m a logra ,r ecorrem os a ou tra . Ca da u m a da s qu e a b ra ça m os rep r es en tau m a fa s e, u m per íodo da vida . Nã o n os ocu pa m os ca da d ia emcogita r do qu e fa rem os n o d ia s egu in te? Ora , qu e s ã o, pa ra oEs p ír ito, a s d ivers a s exis tên cia s corpora is , s en ã o fa s es , per íodos ,d ia s da s u a vida es p ír ita , qu e é, com o s a bem os , a vida n or m a l,vis to qu e a ou tra é t ra n s itór ia , pa s s a geira ?

2 6 7 . Pod e o Es pírito proced er à es colha d e s uas provas ,enquan to encarnad o?

“O des ejo qu e en tã o a lim en ta pode in flu ir n a es colh aqu e ven h a a fa zer, depen den do is s o da in ten çã o qu e o a n i-m e. Dá -s e, porém , qu e, com o Es p ír ito livr e, qu a s e s em pr evê a s cois a s de m odo d iferen te. O Es p ír ito por s i s ó é qu emfa z a es colh a ; en treta n to, a in da u m a vez o d izem os , pos s í-vel lh e é fa zê-la , m es m o n a vida m a ter ia l, por is s o qu e h ás em pre m om en tos em qu e o Es p ír ito s e tor n a in depen den -te da m a tér ia qu e lh e s erve de h a b ita çã o.”

a) — Não é d ecerto com o expiação, ou com o prova , quem uita gen te d es eja as grand ez as e as riquez as . S erá?

“In du bitavelm en te, n ão. A m atéria deseja essa gran dezapara gozá-la e o Espírito pa ra con h ecer -lh e as viciss itu des .”

2 6 8 . Até que chegue ao es tad o d e purez a perfeita , tem oEs pírito que pas s ar cons tan tem en te por provas ?

“Sim , m a s qu e n ã o s ã o com o o en ten deis , pois qu e s ócon s idera is p rova s a s tribu lações m ateria is . Ora , h aven do-seeleva do a u m cer to gra u , o Es p ír ito, em bora n ã o s eja a in da

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per feito, já n ã o tem qu e s ofrer p rova s . Con t in u a , porém ,s u jeito a deveres n a da pen os os , cu ja s a t is fa çã o lh e a u xiliao a p er fe içoa m en t o, m es m o qu e con s is t a m a p en a s ema u xilia r os ou tros a s e a per feiçoa r em .”

2 6 9 . Pod e o Es p írito en ga n a r-s e qu a n to à e ficiên cia d aprova que es colheu?

“Pode es colh er u m a qu e es teja a cim a de s u a s força s esu cu m bir. Pode tam bém escolh er a lgu m a qu e n ada lh e apro-veite, com o su cederá se bu sca r vida ociosa e in ú til. Mas , en -tão, voltan do ao m u n do dos Espíritos , verifica qu e n ada ga -n h ou e pede ou tra qu e lh e facu lte recu perar o tem po perdido.”

2 7 0 . A que s e d evem a tribu ir as vocações d e certas pes -s oas e a von tad e que s en tem d e s egu ir um a carreirad e preferência a ou tra?

“Pa rece-m e qu e vós m es m os podeis r es pon der a es tapergu n ta . Pois n ã o é is s o a con s eqü ên cia de tu do o qu ea ca ba m os de d izer s obre a es colh a da s p r ova s e s obre op rogr es s o efetu a do em exis tên cia a n ter ior?”

2 7 1 . Es tudando, na erraticidade, as d ivers as cond ições emque poderá progred ir, com o pens a o Es pírito cons egui-lo,nas cend o, por exem plo, en tre can iba is ?

“En tr e ca n iba is n ã o n a s cem Es p ír itos já a d ia n ta dos ,m a s Es p ír itos da n a tu reza dos ca n iba is , ou a in da in fer io-res a os des tes .”

Sa bem os qu e os n os s os a n tropófa gos n ã o s e a ch a m n o ú lt i-

m o degra u da es ca la es p ir itu a l e qu e m u n dos h á on de a b ru teza

e a ferocida de n ã o têm a n a logia n a Terra . Os Es p ír itos qu e a í

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en ca r n a m s ã o, por ta n to, in fer iores a os m a is ín fim os qu e n o n os -

s o m u n do en ca r n a m . Pa ra eles , pois , n a s cer en t r e os n os s os s el-va gen s r ep res en ta u m p rogres s o, com o p rogres s o s er ia , pa ra osa n tr opófa gos ter ren os , exercerem en tre n ós u m a p rofis s ã o qu eos obr iga s s e a fa zer corr er s a n gu e. Nã o podem pôr m a is a lto s u a svis ta s , por qu e su a in fer ior ida de m ora l n ã o lh es per m ite com preen -der m a ior p r ogres s o. O Es p ír ito s ó gra da t iva m en te a va n ça . Nã olh e é da do t ra n s por de u m s a lto a d is tâ n cia qu e da civiliza çã os epa ra a ba rbá r ie e é es ta u m a da s ra zões qu e n os m os tra m s ern eces s á r ia a reen ca r n a çã o, qu e verda deira m en te corres pon de àju s t iça de Deu s . De ou tro m odo, qu e s er ia des s es m ilh ões de cr ia -tu ra s qu e todos os d ia s m orrem n a m a ior degra da çã o, s e n ã ot ives s em m eios de a lca n ça r a s u per ior ida de? Por qu e os p r iva r iaDeu s dos fa vores con ced idos a os ou tros h om en s ?

2 7 2 . Poderá dar-s e que Es píritos vindos de um m undo inferiorà Terra, ou de um povo m uito atras ado, com o os cani-bais , por exem plo, nas çam no s eio de povos civilizados ?

“Pode. Algu n s h á qu e se extra via m , por qu ererem su birm u ito a lto. Ma s , n es se ca so, fica m des loca dos n o m eio emqu e n a s cer a m , p or es t a r em s eu s cos tu m es e in s t in tosem con flito com os dos ou tr os h om en s .”

Ta is s er es n os ofer ecem o t r is te es petá cu lo da ferocida de

den t r o da civiliza çã o. Volta n do pa ra o m eio dos ca n iba is , n ã o

s ofr em u m a degra da çã o; a pen a s volvem a o lu ga r qu e lh es é p ró-

p r io e com is s o ta lvez a té ga n h em .

2 7 3 . S e rá p os s ív e l qu e u m h om e m d e ra ça civ iliz a d areencarne, por expiação, num a raça d e s elvagens ?

“É; m a s depen de do gên ero da exp ia çã o. Um s en h or,qu e ten h a s ido de gra n de cru elda de pa ra os s eu s es cra vos ,

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poderá , por su a vez, tor n a r -se escra vo e sofrer os m a u s --tra tos qu e in fligiu a s eu s s em elh a n tes . Um , qu e em cer taépoca exerceu o m a n do, pode, em n ova exis tên cia , ter qu eob ed ece r a os q u e s e cu r va r a m a n t e a s u a von t a d e .Ser -lh e-á is so u m a expia çã o, qu e Deu s lh e im pon h a , s e elea bu s ou do s eu poder. Ta m bém u m bom Es p ír ito pode qu e-rer en ca r n a r n o s eio da qu ela s ra ça s , ocu pa n do pos içã o in -flu en te, pa ra fa zê-la s p rogred ir. Em ta l ca s o, des em pen h au m a m is s ã o.”

AS RELAÇÕES NO ALÉM-TÚMULO

2 7 4 . Da exis tência d e d iferen tes ord ens d e Es píritos , res u l-ta para es tes a lgum a h ierarqu ia d e pod eres ? Há en treeles s ubord inação e au torid ad e?

“Mu ito gra n de. Os Es p ír itos têm u n s s obre os ou tr os aa u tor ida de corres pon den te a o gra u de s u per ior ida de qu eh a ja m a lca n ça d o, a u tor id a d e qu e eles exer cem p or u ma s cen den te m ora l ir res is t ível.”

a) — Pod em os Es píritos in feriores s ubtra ir-s e à au tori-d ad e d os que lhes s ão s uperiores ?

“Eu d is s e: ir res is t ível.”

2 7 5 . O pod er e a cons id eração d e que um hom em goz ou naTerra lhe d ão s uprem acia no m und o d os Es píritos ?

“Nã o; p ois qu e os p equ en os s e r ã o e leva d os e osgra n des r eba ixa dos . Lê os s a lm os .”

a) — Com o d evem os en ten d er es s a e leva çã o e es s ereba ixam ento?

“Não sabes qu e os Espíritos são de diferen tes orden s ,con form e seu s m éritos? Pois bem ! O m aior da Terra pode

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per ten cer à ú lt im a ca tegor ia en tre os Es p ír itos , a o pa s s oqu e o s eu s ervo pode es ta r n a p r im eira . Com pr een des is to?Nã o d is s e J es u s : a qu ele qu e s e h u m ilh a r s erá exa lça do ea qu ele qu e s e exa lça r s erá h u m ilh a do?”

2 7 6 . Aquele que foi grand e na Terra e que, com o Es pírito,vem a achar-s e en tre os d e ord em in ferior, experim en-ta com is s o a lgum a hum ilhação?

“Às vezes bem gra n de, m or m en te s e era orgu lh os o ein vejos o.”

2 7 7 . O s old ad o que d epois d a ba ta lha s e encon tra com os eu genera l, no m und o d os Es píritos , a ind a o tem pors eu s uperior?

“O títu lo n ada va le, a su perioridade rea l é qu e tem va lor.”

2 7 8 . Os Es píritos d as d iferen tes ord ens s e acham m is tura -d os uns com os ou tros ?

“Sim e n ã o. Qu er d izer : eles s e vêem , m a s s e d is t in -gu em u n s dos ou tros . Evita m -s e ou s e a p roxim a m , con for -m e à s im pa t ia ou à a n t ipa t ia qu e r ecip roca m en te u n s in s -p ira m a os ou tr os , ta l qu a l s u cede en tre vós . Cons tituem umm und o d o qua l o vos s o é pá lid o reflexo. Os da m es m a ca te-gor ia s e reú n em por u m a es pécie de a fin ida de e for m a mgru pos ou fa m ília s , u n idos pelos la ços da s im pa t ia e pelosfin s a qu e vis a m : os bons, pelo desejo de fazerem o bem; osmau s, pelo de fazerem o mal, pela vergonha de su as faltas e pelanecessidade de se acharem en tre os qu e se lhes assem elh am .”

Ta l u m a gra n de cida de on de os h om en s de toda s a s cla s s es

e de toda s a s con d ições s e vêem e en con tra m , s em s e con fu n d i-

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rem ; on de a s s ocieda des s e for m a m pela a n a logia dos gos tos ; on de

a vir tu de e o vício s e a cotovela m , s em t roca rem pa la vra .

2 7 9 . Tod os os Es p íritos têm reciproca m en te a ces s o a osd iferen tes grupos ou s ocied ad es que eles form am ?

“Os bon s vã o a toda pa r te e a s s im deve s er, pa ra qu epos s a m in flu ir s obre os m a u s . As regiões , porém , qu e osbon s h abitam es tã o in terd itada s aos Espír itos im perfeitos , afim de qu e n ã o a s pertu rbem com su a s pa ixões in feriores .”

2 8 0 . De que na turez a s ão as relações en tre os bons e osm aus Es píritos ?

“Os bon s s e ocu pa m em com ba ter a s m á s in clin a çõesdos ou tros , a fim d e a jud á-los a s ubir. É s u a m is s ã o.”

2 8 1 . Por que os Es píritos in feriores s e com praz em em nosind uz ir ao m a l?

“Pelo des peito qu e lh es ca u s a o n ã o ter em m erecidoes ta r en tre os bon s . O des ejo qu e n eles p r edom in a é o deim p e d ir e m , q u a n t o p os s a m , q u e os E s p ír it os a in d ain exper ien tes a lca n cem o s u prem o bem . Qu er em qu e osou tros exper im en tem o qu e eles p rópr ios exper im en ta m .Is to n ã o s e dá ta m bém en tre vós ou tros ?”

2 8 2 . Com o s e com unicam en tre s i os Es píritos ?

“Eles s e vêem e s e com preen dem . A pa la vra é m a ter ia l:é o reflexo do Es p ír ito. O flu ido u n ivers a l es ta belece en treeles con s ta n te com u n ica çã o; é o veicu lo da t ra n s m is s ã o des eu s pen s a m en tos , com o, pa ra vós , o a r o é do s om . É u m aes pécie de telégra fo u n ivers a l, qu e liga todos os m u n dos e

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per m ite qu e os Es p ír itos s e corr es pon da m de u m m u n do aou tro.”

2 8 3 . Pod em os Es píritos , reciprocam en te, d is s im u lar s euspens am en tos ? Pod em ocu ltar-s e uns d os ou tros ?

“Nã o; pa ra os Es p ír itos , tu do é pa ten te, s obretu do pa raos per feitos . Podem a fa s ta r -s e u n s dos ou tros , m a s s em pr es e vêem . Is to, porém , n ã o con s t itu i r egra a bs olu ta , por -qu a n to cer tos Es p ír itos podem m u ito bem tor n a r -s e in vis í-veis a ou tr os Es p ír itos , s e ju lga rem ú t il fa zê-lo.”

2 8 4 . Com o pod em os Es píritos , não tend o corpo, com provars uas ind ivid ua lid ad es e d is tingu ir-s e d os ou tros s ereses piritua is que os rod eiam ?

“Com provam su as in dividu a lidades pelo perispírito, qu eos tor n a d is t in gu íveis u n s dos ou tr os , com o fa z o corpoen tr e os h om en s .”

2 8 5 . Os Es píritos s e reconhecem por terem coabitado a Terra?O filho reconhece o pai, o am igo reconhece o s eu am igo?

“Per feita m en te e, a s s im , de gera çã o em gera çã o.”

a) — Com o é que os que s e conheceram na Terra s ereconhecem no m und o d os Es píritos ?

“Vem os a n os s a vida p r etér ita e lem os n ela com o emu m livr o. Ven do a dos n os s os a m igos e dos n os s os in im i-gos , a í vem os a pa s s a gem deles da vida corpora l à ou tra .”

2 8 6 . Deixand o s eus d es pojos m orta is , a a lm a vê im ed ia ta -m en te os pa ren tes e a m igos qu e a preced era m n om und o d os Es píritos ?

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“Im ed ia ta m en te, a in da a qu i, n ã o é o ter m o p rópr io.Com o já d is s em os , é-lh e n eces s á r io a lgu m tem po pa ra qu eela s e recon h eça a s i m es m a e a lije o véu m a ter ia l.”

2 8 7 . Com o é acolh id a a a lm a no s eu regres s o ao m und o d osEs píritos ?

“A d o ju s to, com o b em -a m a d o ir m ã o, d es d e m u itotem po es pera do. A do m a u , com o u m s er des p r ezível.”

2 8 8 . Qu e s en tim en to d es perta n os Es p íritos im pu ros achegad a en tre eles d e ou tro Es pírito m au?

“Os m a u s fica m s a t is feitos qu a n do vêem s eres qu e s elh es a s s em elh a m e p r iva dos , ta m bém , da in fin ita ven tu ra ,qu a l n a Terra u m t ra ta n te en tre s eu s igu a is .”

2 8 9 . Nos s os paren tes e am igos cos tum am vir-nos ao encon-tro quand o d eixam os a Terra?

“Sim , os Es p ír itos vã o a o en con tro da a lm a a qu em s ã oa feiçoa dos . Felicita m -n a , com o s e regr es s a s s e de u m a via -gem , por h aver escapado aos perigos da es trada , e ajudam -naa d es prend er-s e d os liam es corpora is . É u m a gra ça con ce-d ida a os bon s Es p ír itos o lh es virem a o en con tro os qu e osa m a m , a o pa s s o qu e a qu ele qu e s e a ch a m a cu la do per m a -n ece em in s u la m en to, ou s ó tem a rodeá -lo os qu e lh e s ã os em elh a n tes . É u m a pu n içã o.”

2 9 0 . Os paren tes e am igos s em pre s e reúnem d epois d am orte?

“Depen de is s o da eleva çã o deles e do ca m in h o qu e s e-gu em , p r ocu ra n do p rogr ed ir. Se u m es tá m a is a d ia n ta do eca m in h a m a is depres s a do qu e ou tr o, n ã o podem os dois

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con s erva r -s e ju n tos . Ver -s e-ã o de tem pos a tem pos , m a sn ã o es ta rã o r eu n idos pa ra s em pre, s en ã o qu a n do pu deremca m in h a r la do a la do, ou qu a n do s e h ou ver em igu a la do n ap er feiçã o. Acr es ce qu e a p r iva çã o d e ver os p a ren tes ea m igos é, à s vezes , u m a pu n içã o.”

RELAÇÕES DE S IMPATIA E DE ANTIPATIA ENTRE OS

E S PÍRITOS . METADES ETERNAS

2 9 1 . Além d a s im pa tia gera l, oriund a d a s em elhança queen tre e les ex is ta , vota m -s e os Es p íritos recíproca sa feições particu lares ?

“Do m es m o m odo qu e os h om en s , s en do, porém , qu em a is for te é o la ço qu e p r en de os Es p ír itos u n s a os ou tr os ,qu a n do ca ren tes de corpo m a ter ia l, por qu e en tã o es s e la çon ã o s e a ch a expos to à s vicis s itu des da s pa ixões .”

2 9 2 . Alim en tam ód io en tre s i os Es píritos ?

“Só en tre os Es p ír itos im pu r os h á ód io e s ã o eles qu ein s u fla m n os h om en s a s in im iza des e a s d is s en s ões .”

2 9 3 . Cons ervarão res s en tim ento um d o ou tro, no m und o d osEs píritos , d ois s eres que foram in im igos na Terra?

“Nã o; com preen derã o qu e era es tú p ido o ód io qu e s evota va m m u tu a m en te e pu er il o m ot ivo qu e o in s p ira va .Apen a s os Es p ír itos im per feitos con s erva m u m a es pécie dea n im os ida de, en qu a n to s e n ã o pu r ifica m . Se foi u n ica m en -te u m in teres s e m a ter ia l o qu e os in im izou , n is s o n ã o pen -s a rã o m a is , por pou co des m a ter ia liza dos qu e es teja m . Nã oh a ven do en tr e eles a n t ipa t ia e ten do deixa do de exis t ir a

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ca u s a de s u a s des a ven ça s , a p r oxim a m -s e u n s dos ou troscom pra zer.”

Su cede com o en tre dois colegia is qu e, ch ega n do à ida de dap on d er a çã o, r econ h ecem a p u er ilid a d e d e s u a s d is s en s õesin fa n t is e deixa m de s e m a lqu erer.

2 9 4 . A lem brança d os a tos m aus que d ois hom ens pra tica -ram um con tra o ou tro cons titu i obs tácu lo a que en treeles reine s im pa tia?

“Essa lem bra n ça os in du z a s e a fa s ta rem u m do ou tro.”

2 9 5 . Que s en tim en to an im a , d epois d a m orte, aqueles aquem fiz em os m al nes te m und o?

“Se s ã o bon s , eles vos perdoa m , s egu n do o vos s o a r re-pen dim en to. Se m a u s , é poss ível qu e gu a rdem res sen tim en -to do m a l qu e lh es fizes tes e vos pers iga m a té, n ã o ra r o, emou tra exis tên cia . Deu s pode per m it ir qu e a s s im s eja , porca s t igo.”

2 9 6 . S ão s us cetíveis d e a lterar-s e as a feições ind ivid ua isd os Es píritos ?

“Nã o, p or n ã o es t a r em eles s u jeitos a en ga n a r -s e.Falta -lhes a m ás cara s ob que s e es cond em os h ipócrita s .Da í vem qu e, s en do pu ros , s u a s a feições s ã o in a lterá veis .Su prem a felicida de lh es a dvém do a m or qu e os u n e.”

2 9 7 . Continua a exis tir s em pre, no m undo dos Espíritos , a afei-ção m útua que dois s eres s e cons agraram na Terra?

“Sem dú vida , des de qu e or igin a da de verda deira s im -pa t ia . Se, porém , n a s ceu p r in cipa lm en te de ca u s a s de or -dem fís ica , des a pa rece com a ca u s a . As a feições en tr e os

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Es p ír itos s ã o m a is s ólida s e du rá veis do qu e n a Terra , por -qu e n ã o s e a ch a m s u bor d in a da s a os ca p r ich os dos in teres -s es m a ter ia is e do a m or -p rópr io.”

2 9 8 . As a lm as que d evam un ir-s e es tão, d es d e s uas ori-gens , pred es tinad as a es s a un ião e cad a um d e nóstem , na lgum a parte d o Univers o, s ua m etad e, a quefa ta lm en te um d ia s e reun irá?

“Nã o; n ã o h á u n iã o pa r t icu la r e fa ta l, de du a s a lm a s . Au n iã o qu e h á é a de todos os Es p ír itos , m a s em gra u s d iver -s os , s egu n do a ca tegor ia qu e ocu pa m , is to é, s egu n do aper feiçã o qu e ten h a m a dqu ir ido. Qu a n to m a is per feitos ,ta n to m a is u n idos . Da d is córd ia n a s cem todos os m a lesdos h u m a n os ; da con cór d ia res u lta a com pleta felicida de.”

2 9 9 . Em que s en tid o s e d eve en tend er a pa lavra m eta de ,d e que a lguns Es píritos s e s ervem para d es ignar osEs píritos s im pá ticos ?

“A expres s ã o é in exa ta . Se u m Es p ír ito fos s e a m eta dede ou tr o, s epa ra dos os dois , es ta r ia m a m bos in com pletos .”

3 0 0 . S e d ois Es píritos perfeitam ente s im páticos s e reun irem ,es tarão un id os para tod o o s em pre, ou pod erão s epa-rar-s e e un ir-s e a ou tros Es píritos ?

“Todos os Es p ír itos es tã o recip r oca m en te u n idos . Fa lodos qu e a t in gira m a per feiçã o. Na s es fera s in fer iores , des dequ e u m Es p ír ito s e eleva , já n ã o s im pa t iza , com o da n tes ,com os qu e lh e fica ra m a ba ixo.”

3 0 1 . Dois Es píritos s im pá ticos s ão com plem en to um d o ou-tro, ou a s im pa tia en tre eles exis ten te é res u ltad o d eid en tid ad e perfeita?

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“A s im pa t ia qu e a t ra i u m Es p ír ito pa ra ou tr o r es u ltada per feita con cor dâ n cia de s eu s pen dor es e in s t in tos . Seu m t ive s s e q u e c o m p le t a r o o u t r o , p e r d e r ia a s u ain d ividu a lida de.”

3 0 2 . A id en tid ad e neces s ária à exis tência d a s im pa tia per-feita apenas cons is te na ana logia d os pens am en tos es en tim en tos , ou tam bém na un iform id ad e d os conhe-cim en tos ad qu irid os ?

“Na igu a lda de dos gra u s de eleva çã o.”

3 0 3 . Pod em tornar-s e d e fu turo s im pá ticos , Es píritos quepres en tem en te não o s ão?

“Todos o s erã o. Um Es p ír ito, qu e h oje es tá n u m a es fe-ra in fer ior, a s cen derá , a per feiçoa n do-s e, à em qu e s e a ch ata l ou tro Es p ír ito. E a in da m a is depres s a s e da rá o en con -t ro dos dois , s e o m a is eleva do, por s u por ta r m a l a s p r ova sa qu e es teja s u bm et ido, per m a n ecer es ta cion á r io.”

a) — Pod em d eixar d e s er s im pá ticos um ao ou tro d oisEs píritos que já o s ejam ?

“Cer ta m en te, s e u m deles for p regu iços o.”

A teor ia da s m eta des eter n a s en cerra u m a s im ples figu ra ,rep r es en ta t iva da u n iã o de dois Es p ír itos s im pá t icos . Tra ta -s e deu m a expres s ã o u s a da a té n a lin gu a gem vu lga r e qu e s e n ã o devetom a r a o pé da let ra . Nã o per ten cem decer to a u m a ordem eleva -da os Es p ír itos qu e a em prega ra m . Neces s a r ia m en te, lim ita dos en do o ca m po de s u a s idéia s , expr im ira m s eu s pen s a m en toscom os ter m os de qu e s e ter ia m u t iliza do n a vida corpora l. Nã o s edeve, pois , a ceita r a idéia de qu e, cr ia dos u m pa ra o ou tro, doisEs p ír itos ten h a m , fa ta lm en te, qu e s e reu n ir u m d ia n a eter n ida -

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d e, d ep ois d e h a ver em es t a d o s ep a ra d os p or t em p o m a is oum en os lon go.

RECORDAÇÃO DA EXIS TÊNCIA CORPÓREA

3 0 4 . Lem bra-s e o Es pírito d a s ua exis tência corpora l?

“Lem bra -s e, is to é, ten do vivido m u ita s vezes n a Terra ,r ecor d a -s e d o qu e foi com o h om em e eu te a fir m o qu efreqü en tem en te r i, pen a liza do de s i m es m o.”

Ta l qu a l o h om em , qu e ch egou à m a du r eza e qu e r i da s s u a s

lou cu ra s de m oço, ou da s s u a s pu er ilida des n a m en in ice.

3 0 5 . A lem brança d a exis tência corpora l s e apres en ta aoEs pírito, com pleta e inopinad am en te, após a m orte?

“Nã o; vem -lh e pou co a pou co, qu a l im a gem qu e s u rgegra du a lm en te de u m a n évoa , à m ed ida qu e n ela fixa ele as u a a ten çã o.”

3 0 6 . O Es pírito s e lem bra , porm enoriz ad am en te, d e tod osos acon tecim en tos d e s ua vid a? Apreend e o con jun tod eles d e um golpe d e vis ta retros pectivo?

“Lem bra -s e da s cois a s , de con for m ida de com a s con -s eqü ên cia s qu e dela s r es u lta ra m pa ra o es ta do em qu e s een con tra com o Es p ír ito er ra n te. Bem com pr een des , por -ta n to, qu e m u ita s cir cu n s tâ n cia s h a verá de s u a vida a qu en ã o liga rá im por tâ n cia a lgu m a e da s qu a is n em s equ erp r ocu ra rá recorda r -s e.”

a) — Mas , s e o qu is es s e, pod eria lem brar-s e d elas ?

“Pode lem bra r -s e dos m a is m in u cios os por m en or es ein ciden tes , a s s im r ela t ivos a os fa tos , com o a té a os s eu s

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p en s a m en tos . Nã o o fa z, p or ém , d es d e qu e n ã o t en h au t ilida de.”

b) — Entrevê o Es pírito o objetivo d a vid a terres tre comrelação à vid a fu tura?

“Cer to qu e o vê e com pr een de m u ito m elh or do qu e emvida do s eu corpo. Com preen de a n eces s ida de da s u a pu r i-fica çã o p a ra ch ega r a o in fin ito e p er ceb e qu e em ca d aexis tên cia deixa a lgu m a s im pu reza s .”

3 0 7 . Com o é que ao Es pírito s e lhe d es enha na m em ória as ua vida pas s ada? Será por es forço da própria im agina-ção, ou com o um quadro que s e lhe apres enta à vis ta?

“De u m a e ou tra for m a s . Sã o-lh e com o qu e p res en testodos os a tos de qu e ten h a in teres s e em lem bra r -s e. Osou tros lh e per m a n ecem m a is ou m en os va gos n a m en te, oues qu ecidos de todo. Qu a n to m a is des m a ter ia liza do es t iver,ta n to m en os im por tâ n cia da rá à s cois a s m a ter ia is . Es s a ara zã o por qu e, m u ita s vezes , evoca s u m Es p ír ito qu e a ca -bou de deixa r a Terra e ver ifica s qu e n ã o s e lem bra dosn om es da s pes s oa s qu e lh e era m ca ra s , n em de u m a por -çã o de cois a s qu e te pa r ecem im por ta n tes . É qu e tu do is s o,pou co lh e im por ta n do, logo ca iu em es qu ecim en to. E le s ós e r ecor d a p er feit a m en te b em d os fa tos p r in cip a is qu econ correm pa ra a s u a m elh or ia .”

3 0 8 . O Es p írito s e record a d e tod a s a s ex is tên cia s qu epreced eram a que acaba d e ter?

“Todo o s eu pa s s a do s e lh e des dobra à vis ta , qu a is au m via jor os t rech os do ca m in h o qu e percorreu . Ma s , com ojá d is s em os , n ã o s e recor da , de m odo a bs olu to, de todos os

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s eu s a tos . Lem bra -s e des tes con for m em en te à in flu ên ciaqu e t ivera m n a cr ia çã o do s eu es ta do a tu a l. Qu a n to à s p r i-m eira s exis tên cia s , a s qu e s e podem con s idera r com o a in -fâ n cia do Es p ír ito, es s a s s e per dem n o va go e des a pa recemn a n oite do es qu ecim en to.”

3 0 9 . Com o con s id era o Es p írito o corpo d e qu e vem d es eparar-s e?

“Com o ves te im pres tável, que o em baraçava , sen tin do-sefeliz por es ta r livr e dela .”

a) — Que s ens ação lhe caus a o es petácu lo d o s eu corpoem d ecom pos ição?

“Qu a s e s em pre s e con s erva in d iferen te a is s o, com o au m a cois a qu e em n a da o in teres s a .”

3 1 0 . Ao cabo d e a lgum tem po, reconhecerá o Es pírito osos s os ou ou tros objetos que lhe tenham pertencid o?

“Algu m a s vezes , depen den do do pon to de vis ta m a isou m en os eleva do, don de con s ider e a s cois a s ter ren a s .”

3 1 1 . A veneração que s e tenha pelos objetos m a teria is quepertenceram ao Es pírito lhe d á praz er e a tra i a s uaa tenção para es s es objetos ?

“É s em pre gra to a o Es p ír ito qu e s e lem brem dele, e osob jetos qu e lh e per ten cera m t ra zem -n o à m em ória dos qu eele n o m u n do deixou . Ma s , o qu e o a t ra i é o pen s a m en todes ta s pes s oa s e n ã o a qu eles ob jetos .”

3 1 2 . E a lem brança d os s ofrim en tos por que pas s aram naú ltim a exis tência corpora l, os Es píritos a cons ervam ?

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“Freqü en tem en te a s s im acon tece e es sa lem bran ça lh esfa z com preen der m elh or o va lor da felicida de de qu e podemgoza r com o Es p ír itos .”

3 1 3 . O hom em , que nes te m und o foi feliz , d eplora a felicid a-d e que perd eu , d eixand o a Terra?

“Só os Espíritos in feriores podem sen tir sau dades de go-zos con dizen tes com u m a n a tu reza im pu ra qu a l a deles ,gozos qu e lh es a ca rreta m a exp ia çã o pelo s ofr im en to. Pa raos Es p ír itos eleva dos , a felicida de eter n a é m il vezes p refe-r ível a os p ra zeres efêm er os da Terra .”

E xa t a m en t e com o s u ced e a o h om em qu e, n a id a d e d am a du reza , n en h u m a im por tâ n cia liga a o qu e ta n to o delicia va n ain fâ n cia .

3 1 4 . Aquele que d eu com eço a traba lhos d e vu lto com umfim ú til e , que os vê in terrom pid os pela m orte, lam en ta ,no ou tro m und o, tê-los d eixad o por acabar?

“Nã o, por qu e vê qu e ou tros es tã o des t in a dos a con -clu í-los . Tra ta , a o con trá r io, de in flu en cia r ou tros Es p ír itosh u m a n os , pa ra qu e os u lt im em . Seu ob jet ivo, n a Terra , erao bem da Hu m a n ida de: o m es m o ob jet ivo con t in u a a ter n om u n do dos Es p ír itos .”

315 . E o que deixou trabalhos de arte ou de literatura, cons er-va pelas s uas obras o am or que lhes tinha quando vivo?

“De a cor do com a s u a eleva çã o, a p recia -a s de ou tropon to de vis ta e n ã o é ra ro con den e o qu e m a ior a dm ira çã olh e ca u s a va .”

3 1 6 . No a lém , o Es pírito s e in teres s a pelos tra ba lh os qu es e execu ta m n a Terra , pelo progres s o d a s a rtes e d a sciências ?

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“Con for m e à s u a eleva çã o ou à m is s ã o qu e pos s a terqu e des em pen h a r. Mu ita s vezes , o qu e vos pa r ece m a gn ífi-co bem pou co é pa ra cer tos Es p ír itos , qu e, en tã o, o a dm i-ra m , com o o s á b io a dm ira a ob ra de u m es tu da n te. Aten -ta m a pen a s n o qu e p r ove a eleva çã o dos en ca r n a dos e s eu spr ogres s os .”

317 . Após a m orte, cons ervam os Es píritos o am or d a pátria?

“O p r in cíp io é s em pre o m es m o. Pa ra os Es p ír itos ele-va dos , a pá t r ia é o Un ivers o. Na Terra , a pá t r ia , pa ra eles ,es tá on de s e a ch e o m a ior n ú m er o da s pes s oa s qu e lh ess ã o s im pá t ica s .”

As con d ições dos Es p ír itos e a s m a n eira s por qu e vêem a scois a s va r ia m a o in fin ito, de con for m ida de com os gra u s de de-s en volvim en to m ora l e in telectu a l em qu e s e a ch em . Gera lm en te,os Es p ír itos de or dem eleva da s ó por b reve tem po s e a p r oxim a mda Terra . Tu do o qu e a í s e fa z é tã o m es qu in h o em com pa ra çã ocom a s gra n deza s do in fin ito, tã o pu er is s ã o, a os olh os deles , a scois a s a qu e os h om en s m a is im por tâ n cia liga m , qu e qu a s e n e-n h u m a tra t ivo lh es ofer ece o n os s o m u n do, a m en os qu e pa ra a íos leve o p ropós ito de con corr erem pa ra o p rogres s o da Hu m a n i-da de. Os Es p ír itos de ordem in ter m éd ia s ã o os qu e m a is freqü en -tem en te ba ixa m a es te p la n eta , s e bem con s iderem a s cois a s deu m pon to de vis ta m a is a lto do qu e qu a n do en ca r n a dos . Os Es p í-r itos vu lga res , es s es s ã o os qu e a í m a is s e com pra zem e con s t i-tu em a m a s s a da popu la çã o in vis ível do globo ter rá qu eo. Con s er -va m qu a s e qu e a s m es m a s idéia s , os m es m os gos tos e a s m es m a sin clin a ções qu e t in h a m qu a n do r eves t idos do in vólu cr o corpóreo.Metem -s e em n os s a s reu n iões , n egócios , d iver t im en tos , n os qu a istom a m pa r te m a is ou m en os a t iva , s egu n do s eu s ca ra cteres . Nã opoden do s a t is fa zer à s s u a s pa ixões , goza m n a com pa n h ia dosqu e a ela s s e en tr ega m e os excita m a cu lt ivá -la s . En tr e eles , n o

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en ta n to, m u itos h á , s ér ios , qu e vêem e observa m pa ra s e in s tru í-rem e a per feiçoa rem .

3 1 8 . As id é ia s d os Es p íritos s e m od if ica m qu a n d o n aerra ticid ad e?

“Mu ito; s ofr em gra n des m od ifica ções , à p roporçã o qu eo Es p ír ito s e des m a ter ia liza . Pode es te, a lgu m a s vezes , per -m a n ecer lon go tem po im bu ído da s idéia s qu e t in h a n a Ter -ra ; m a s , pou co a pou co, a in flu ên cia da m a tér ia d im in u i eele vê a s cois a s com m a ior cla reza . É en tã o qu e p rocu ra osm eios de s e tor n a r m elh or.”

3 1 9 . Já tend o o Es pírito vivid o a vid a es pírita an tes d a s uae n ca rn a çã o, com o s e e x p lica o s e u e s p a n to a oreingres s ar no m und o d os Es píritos ?

“Is s o s ó s e dá n o p r im eiro m om en to e é efeito da per -tu rba çã o qu e s e s egu e a o des per ta r do Es p ír ito. Ma is ta rde,ele s e va i in teira n do da s u a con d içã o, à m ed ida qu e lh evolta a lem bra n ça do pa s s a do e qu e a im pres s ã o da vidater ren a s e lh e a pa ga .” (Nos 163 e s egu in tes .)

COMEMORAÇÃO DOS MORTOS . F UNERAIS

3 2 0 . S ens ibiliz a os Es píritos o lem brarem -s e d eles os quelhes foram caros na Terra?

“Mu ito m a is do qu e podeis s u por. Se s ã o felizes , es s efa t o lh es a u m en t a a fe lic id a d e . S e s ã o d es gr a ça d os ,s erve-lh es de len it ivo.”

32 1 . O d ia d a com em oração d os m ortos é, para os Es píri-tos , m a is s olene d o que os ou tros d ias ? Apraz -lhes irao encon tro d os que vão orar nos cem itérios s obre s eustúm ulos ?

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“Os Es p ír itos a codem n es s e d ia a o ch a m a do dos qu eda Terra lh es d ir igem s eu s pen s a m en tos , com o o fa zemn ou tr o d ia qu a lqu er.”

a) — Mas o d e finad os é, para eles , um d ia es pecia l d ereun ião jun to d e s uas s epu lturas ?

“Nes s e d ia , em m a ior n ú m ero s e r eú n em n a s n ecrópo-les , por qu e en tã o ta m bém é m a ior, em ta is lu ga res , o da spes s oa s qu e os ch a m a m pelo pen s a m en to. Porém , ca da Es -p ír ito va i lá s om en te pelos s eu s a m igos e n ã o pela m u lt idã odos in d ifer en tes .”

b) — S ob que form a a í com parecem e com o os veríam os ,s e pud es s em tornar-s e vis íveis ?

“Sob a qu e t in h a m qu a n do en ca r n a dos .”

3 2 2 . E os es quecid os , cujos túm ulos n inguém vai vis itar, tam -bém lá , não obs tan te, com parecem e s en tem a lgumpes ar por verem que nenhum am igo s e lem bra d eles ?

“Q u e lh es im p or t a a Ter r a ? S ó p e lo cor a çã o n osa ch a m os a ela p r es os . Des de qu e a í n in gu ém m a is lh e votaa feiçã o, n a da m a is p ren de a es s e p la n eta o Es p ír ito, qu etem pa ra s i o Un ivers o in teir o.”

3 2 3 . A vis ita d e um a pes s oa a um túm ulo caus a m aior con-ten tam en to ao Es pírito, cu jos d es pojos corpora is a í s een con trem , d o qu e a p rece qu e p or e le fa ça e s s apes s oa em s ua cas a?

“Aqu ele qu e vis ita u m tú m u lo a pen a s m a n ifes ta , pores s a for m a , qu e pen s a n o Es p ír ito a u s en te. A vis ita é ar ep res en ta çã o exter ior de u m fa to ín t im o. J á d is s em os qu ea p r ece é qu e s a n t ifica o a to da r em em ora çã o. Na da im por -ta o lu ga r, des de qu e é feita com o cora çã o.”

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3 2 4 . Os Es píritos d as pes s oas a quem s e erigem es tá tuasou m onum en tos as s is tem à inauguração d e um as eou tros e experim en tam a lgum praz er n is s o?

“Mu itos com parecem a ta is solen idades , qu an do podem ;porém , m en os os s en s ib iliza a h om en a gem qu e lh es pres -ta m , do qu e a lem bra n ça qu e deles gu a rda m os h om en s .”

3 2 5 . Qual a origem d o d es ejo que certas pes s oas exprim emd e s er en terrad as an tes num lugar d o que noutro? S eráque preferirão, d epois d e m ortas , vir a ta l lugar? E es s aim portância d ad a a um a cois a tão m ateria l cons titu iind ício d e in feriorid ad e d o Es pírito?

“Afeiçã o pa r t icu la r do Es p ír ito por deter m in a dos lu ga -res ; in fer ior ida de m ora l. Qu e im por ta es te ou a qu ele ca n toda Terra a u m Es p ír ito eleva do? Nã o s a be ele qu e s u a a lm as e r eu n irá à s dos qu e lh e s ã o ca ros , em bora fiqu em s epa ra -dos os s eu s r es pect ivos os s os ?”

a) — Deve-s e cons id erar fu tilid ad e a reun ião d os d es po-jos m orta is d e tod os os m em bros d e um a fam ília?

“Nã o; é u m cos tu m e p iedos o e u m tes tem u n h o de s im -pa t ia qu e dã o os qu e a s s im p rocedem a os qu e lh es fora men tes qu er idos . Con qu a n to des t itu ída de im por tâ n cia pa raos Es p ír itos , es s a reu n iã o é ú t il a os h om en s : m a is con cen -t ra da s s e tor n a m s u a s recor da ções .”

3 2 6 . Com ovem a a lm a que volta à vid a es piritua l a s honrasque lhe pres tem aos d es pojos m orta is ?

“Qu a n do já a s cen deu a cer to gra u de per feiçã o, o Es p í-r ito s e a ch a es coim a do de va ida des ter ren a s e com preen dea fu t ilida de de toda s es s a s cois a s . Porém , fica i s a ben do, h á

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Es p ír itos qu e, n os p r im eir os m om en tos qu e s e s egu em às u a m orte m a ter ia l, exper im en ta m gra n de p ra zer com a sh on ra s qu e lh es t r ibu ta m , ou s e a borr ecem com o pou coca s o qu e fa ça m de s eu s en voltór ios corpora is . É qu e a in dacon s erva m a lgu n s dos p r econ ceitos des s e m u n do.”

3 2 7 . O Es pírito as s is te ao s eu en terro?

“Fr eqü en t em en t e a s s is t e , m a s , a lgu m a s vezes , s ea in da es tá per tu rba do, n ã o per cebe o qu e s e pa s s a .”

a) — Lis on jeia -o a concorrência d e m u itas pes s oas aos eu en terram en to?

“Ma is ou m en os , con for m e o sen tim en to qu e a s a n im a .”

3 2 8 . O Es p írito d a qu ele qu e a ca ba d e m orrer a s s is te àreun ião d e s eus herd eiros ?

“Qu a s e s em pre. Pa ra s eu en s in a m en to e ca s t igo doscu lpa dos , Deu s per m ite qu e a s s im a con teça . Nes s a oca -s iã o, o Es p ír ito ju lga do va lor dos p r otes tos qu e lh e fa zia m .Todos os s en t im en tos s e lh e pa ten teia m e a decepçã o qu elh e ca u s a a ra pa cida de dos qu e en tr e s i pa r t ilh a m os ben spor ele deixa dos o escla rece a cerca daqu eles sen tim en tos .Ch ega rá , porém , a vez dos qu e lh e m otiva m es sa decepçã o.”

3 2 9 . O ins tin tivo res peito que, em tod os os tem pos e en tretod os os povos , o hom em cons agrou e cons agra aosm ortos é efeito d a in tu ição que tem d a vid a fu tura?

“É a con s eqü ên cia n a tu ra l des s a in tu içã o. Se a s s imn ã o fos s e, n en h u m a ra zã o de s er ter ia es s e r es peito.”

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C A P Í T U L O V I I

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• Prelúd io d a volta• União d a a lm a e d o corpo• Facu ld ad es m ora is e in telectua is d o hom em• In fluência d o organ is m o• Id iotis m o, loucura• A in fância• S im pa tia e an tipa tia terrenas• Es quecim en to d o pas s ad o

PRELÚDIO DA VOLTA

3 3 0 . S abem os Es píritos em que época reencarnarão?

“Pres s en tem -n a , com o s u cede a o cego qu e s e a p r oxi-

m a do fogo. Sa bem qu e têm de retom a r u m corpo, com os a beis qu e ten des de m orrer u m d ia , m a s ign ora m qu a n do

is s o s e da rá .” (166)

a)— Então, a reencarnação é um a neces s id ad e d a vid a

es pírita , com o a m orte o é d a vid a corpora l?

“Cer ta m en te; a s s im é.”

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3 3 1 . T od os os E s p írit os s e p re ocu p a m com a s u areencarnação?

“Mu itos h á qu e em ta l cois a n ã o pen s a m , qu e n ems equ er a com pr een dem . Depen de de es ta rem m a is ou m e-n os a d ia n ta dos . Pa ra a lgu n s , a in cer teza em qu e s e a ch a mdo fu tu r o qu e os a gu a rda con s t itu i pu n içã o.”

3 3 2 . Pod e o Es pírito apres s ar ou retard ar o m om ento d a s uareencarnação?

“Pode apressá-lo, a tra in do-o por u m desejo a rden te. Podeigu a lm en te d is ta n ciá -lo, recu a n do d ia n te da prova , pois en -tre os Espíritos tam bém h á cova rdes e in diferen tes . Nen h u m ,porém , a s s im p rocede im pu n em en te, vis to qu e s ofr e poris s o, com o a qu ele qu e r ecu s a o r em éd io ca pa z de cu rá -lo.”

3 3 3 . S e s e cons id eras s e bas tan te feliz , num a cond ição m e-d iana en tre os Es píritos erran tes e, cons egu in tem en te,n ã o a m b icion a s s e e le v a r-s e , p od e ria u m Es p íritoprolongar ind efin id am en te es s e es tad o?

“In defin ida m en te, n ã o. Cedo ou ta rde, o Es p ír ito s en tea n eces s ida de de p rogr ed ir. Todos têm qu e s e eleva r ; es s e odes t in o de todos .”

3 3 4 . Há pred es tinação na un ião d a a lm a com ta l ou ta lcorpo, ou s ó à ú ltim a hora é feita a es colha d o corpoque ela tom ará?

“O Es p ír ito é s em pre, de a n tem ã o, des ign a do. Ten does colh ido a p rova a qu e qu eira s u bm eter -s e, pede pa raen ca r n a r. Ora , Deu s , qu e tu do s a be e vê, já a n tecipa da -m en te s a b ia e vira qu e ta l Es p ír ito s e u n ir ia a ta l corpo.”

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3 3 5 . Cabe ao Es pírito a es colha d o corpo em que encarne, ous om ente a d o gênero d e vid a que lhe s irva d e prova?

“Pode ta m bém es colh er o corpo, por qu a n to a s im per -feições qu e es te a pres en te a in da s erã o, pa ra o Es p ír ito, p r o-va s qu e lh e a u xilia rã o o p rogr es s o, s e ven cer os obs tá cu losqu e lh e opon h a . Nem s em pre, porém , lh e é per m it ida a es -colh a d o s eu in vólu cr o cor p ór eo; m a s , s im p les m en t e ,a fa cu lda de de ped ir qu e s eja ta l ou qu a l.”

a) — Pod eria o Es pírito recus ar, à ú ltim a hora , tom ar o

corpo por ele es colh id o?

“Se r ecu s a s s e, s ofrer ia m u ito m a is do qu e a qu ele qu en ã o ten ta s s e p r ova a lgu m a .”

3 3 6 . Pod e ria d a r-s e n ã o h a v e r Es p írito qu e a ce ita s s eencarnar num a criança que houves s e d e nas cer?

“Deu s a is s o p rover ia . Qu a n do u m a cr ia n ça tem qu en ascer vita l, es tá predes tin ada sem pr e a ter u m a a lm a . Nadas e cr ia s em qu e à cr ia çã o p res ida u m des ígn io.”

3 3 7 . Pod e a u n iã o d o Es p írito a d e term in a d o corpo s erim pos ta por Deus ?

“Certo, do m es m o m odo qu e a s d iferen tes p r ova s , m or -m en te qu a n do a in da o Es p ír ito n ã o es tá a p to a p roceder au m a es colh a com con h ecim en to de ca u s a . Por exp ia çã o,pode o Es p ír ito s er con s t ra n gido a s e u n ir a o corpo de de-ter m in a da cr ia n ça qu e, pelo s eu n a s cim en to e pela pos içã oqu e ven h a a ocu pa r n o m u n do, s e lh e tor n e in s t ru m en to deca s t igo.”

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3 3 8 . S e aconteces s e que m uitos Es píritos s e apres entas s empara tom ar d eterm inad o corpo d es tinad o a nas cer, queé o que d ecid iria s obre a qual d eles pertenceria o corpo?

“Mu itos podem ped i-lo; m a s , em ta l ca s o, Deu s é qu emju lga qu a l o m a is ca pa z de des em pen h a r a m is s ã o a qu e acr ia n ça s e des t in a . Porém , com o já eu d is s e, o Es p ír ito édes ign a do a n tes qu e s oe o in s ta n te em qu e h a ja de u n ir -s ea o corpo.”

3 3 9 . No m om ento d e encarnar, o Es pírito s ofre perturbaçãos em elhan te à que experim en ta ao d es encarnar?

“Mu ito m a ior e s obretu do m a is lon ga . Pela m orte, oEsp ír ito s a i da escra vidã o; pelo n a scim en to, en tra pa ra ela .”

3 4 0 . É s olen e pa ra o Es pírito o in s ta n te d a s u a en ca rn a -çã o? Pra tica e le es s e a to con s id era n d o-o gra n d e eim porta n te?

“Pr oced e com o o via ja n t e qu e em b a r ca p a r a u m atra ves s ia per igos a e qu e n ã o s a be s e en con tra rá ou n ã o am orte n a s on da s qu e s e decide a a fron ta r.”

O via ja n te qu e em ba rca s a be a qu e perigo s e la n ça , m a s n ã osa be se n a u fra ga rá . O m esm o se dá com o Espír ito: con h ece ogên ero da s prova s a qu e se su bm ete, m a s n ã o sa be se su cu m birá .

As s im com o, pa ra o Es p ír ito, a m or te do corpo é u m a es péciede r en a s cim en to, a reen ca r n a çã o é u m a es pécie de m or te, oua n tes , de exílio, de cla u s u ra . E le deixa o m u n do dos Es p ír itospelo m u n do corpora l, com o o h om em deixa es te m u n do por a qu e-le. Sa be qu e reen ca r n a rá , com o o h om em s a be qu e m orrerá . Ma s ,com o es te com rela çã o à m or te, o Es p ír ito s ó n o in s ta n te s u p r e-m o, qu a n do ch egou o m om en to p redes t in a do, tem con s ciên cia dequ e va i r een ca r n a r. En tã o, qu a l do h om em em a gon ia , dele s ea podera a per tu rba çã o, qu e s e p rolon ga a té qu e a n ova exis tên cia

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s e a ch e pos it iva m en te en ceta da . À a p roxim a çã o do m om en to dereen ca r n a r, s en te u m a es pécie de a gon ia .

3 4 1 . Na incertez a em que s e vê, quan to às even tua lid ad esd o s eu triun fo nas provas que va i s uportar na vid a ,tem o Es pírito um a caus a d e ans ied ad e an tes d a s uaencarnação?

“De a n s ieda de bem gra n de, pois qu e a s p r ova s da s u aexis t ên cia o ret a r d a rã o ou fa r ã o a va n ça r, con for m e a ss u porte.”

3 4 2 . No m om ento d e reencarnar, o Es pírito s e acha acom pa-n h a d o d e ou tros Es p íritos s eu s a m igos , qu e vêma s s is tir à s u a pa rtid a d o m u n d o in corpóreo, com ovêm recebê-lo quand o para lá volta?

“Depen de da es fera a qu e per ten ça . Se já es tá n a s emqu e rein a a a feiçã o, os Es p ír itos qu e lh e qu er em o a com pa -n h a m a t é a o ú lt im o m om en t o, a n im a m e m es m o lh es egu em , m u ita s vezes , os pa s s os pela vida em fora .”

3 4 3 . Os que vem os , em s onho, que nos tes tem unham a fetoe que s e nos apres en tam com d es conhecid os s em blan-te s , s ã o a lgu m a vez os Es p íritos a m igos qu e n oss eguem os pas s os na vid a?

“Mu ito freqü en tem en te s ã o eles qu e vos vêm vis ita r,com o ides vis ita r u m en ca rcera do.”

UNIÃO DA ALMA E DO CORPO

3 4 4 . Em que m om ento a a lm a s e une ao corpo?

“A u n iã o com eça n a con cepçã o, m a s s ó é com pleta poroca s iã o do n a s cim en to. Des de o in s ta n te da con cepçã o, o

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Es p ír ito des ign a do pa ra h a b ita r cer to corpo a es te s e ligapor u m la ço flu íd ico, qu e ca da vez m a is s e va i a per ta n doa té a o in s ta n te em qu e a cr ia n ça vê a lu z. O gr ito, qu e orecém -n a s cido s olta , a n u n cia qu e ela s e con ta n o n ú m erodos vivos e dos s ervos de Deu s .”

3 4 5 . É d efin itiva a un ião d o Es pírito com o corpo d es d e om om ento d a concepção? Duran te es ta prim eira fas e,pod eria o Es pírito renunciar a habitar o corpo que lhees tá d es tinad o?

“É defin it iva a u n iã o, n o s en t ido de qu e ou tro Es p ír iton ã o poder ia s u bs t itu ir o qu e es tá des ign a do pa ra a qu elecorpo. Ma s , com o os la ços qu e a o corpo o p r en dem s ã oa in da m u ito fra cos , fa cilm en te s e r om pem e podem rom -per -s e por von ta de do Es p ír ito, s e es te recu a d ia n te da p ro-va qu e es colh eu . Em ta l ca s o, porém , a cr ia n ça n ã o vin ga .”

3 4 6 . Que faz o Es pírito, s e o corpo que ele es colheu m orrean tes d e s e verificar o nas cim en to?

“Es colh e ou tro.”

a) — Qual a u tilid ad e d es s as m ortes prem aturas ?

“Dã o-lh es ca u s a , a s m a is da s vezes , a s im per feiçõesda m a tér ia .”

3 4 7 . Que utilidade encontrará um Es pírito na s ua encarnaçãoem um corpo que m orre poucos d ias depois de nas cido?

“O s er n ã o tem en tã o con s ciên cia p len a da s u a exis -tên cia . As s im , a im por tâ n cia da m orte é qu a s e n en h u m a .Con for m e já d is s em os , o qu e h á n es s es ca s os de m or tep r em a tu ra é u m a p r ova pa ra os pa is .”

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3 4 8 . S abe o Es pírito, previam en te, que o corpo d e s ua es co-lha não tem probabilid ad e d e viver?

“Sa be-o a lgu m a s vezes ; m a s , s e n es s a cir cu n s tâ n ciares ide o m ot ivo da es colh a , is s o s ign ifica qu e es tá fu gin do àp rova .”

3 4 9 . Quand o fa lha por qua lquer caus a a encarnação d e umEs p írito, é e la s u p rid a im e d ia ta m e n te p or ou traexis tência?

“Nem s em pre o é im ed ia ta m en te. Fa z-s e m is ter da r a oEs p ír ito t em p o p a ra p r oced er a n ova es colh a , a m en osqu e a r een ca r n a çã o im ed ia t a cor r es p on d a a a n t e r iordeter m in a çã o.”

3 5 0 . Um a vez un id o ao corpo d a criança e quand o já lhenão é pos s ível voltar a trás , s uced e a lgum a vez d eplo-rar o Es pírito a es colha que fez ?

“Pergu n ta s s e, com o h om em , s e qu eixa da vida qu etem ? Se des eja ra qu e ou tra fos s e ela ? Sim . Se s e a r r epen deda es colh a qu e fez? Nã o, pois n ã o s a be ter s ido s u a a es co-lh a . Depois de en ca r n a do, n ã o pode o Esp ír ito la s t im a r u m aescolh a de qu e n ã o tem con sciên cia . Pode, en treta n to, a ch a rp es a d a d em a is a ca rga e con s id erá -la s u p er ior à s s u a sforça s . É qu a n do is s o a con tece qu e recorr e a o s u icíd io.”

3 5 1 . No in terva lo que m ed eia d a concepção ao nas cim en to,goz a o Es pírito d e tod as as s uas facu ld ad es ?

“Ma is ou m en os , con for m e o pon to, em qu e s e a ch e,des s a fa s e, porqu a n to a in da n ã o es tá en ca r n a do, m a s a pe-n a s liga do. A pa r t ir do in s ta n te da con cepçã o, com eça oEs p ír ito a s er tom a do de per tu rba çã o, qu e o a dver te de qu e

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lh e s oou o m om en to de com eça r n ova exis tên cia corpór ea .Es s a per tu rba çã o cr es ce de con t ín u o a té a o n a s cim en to.Nes s e in terva lo, s eu es ta do é qu a s e idên t ico a o de u m Es p í-r ito en ca r n a do du ra n te o s on o. À m ed ida qu e a h ora don ascim en to se aproxim a , su as idéia s se apagam , a ss im com oa lem bra n ça do pa s s a do, do qu a l deixa de ter con s ciên cian a con d içã o de h om em , logo qu e en tra n a vida . Es s a lem -b ra n ça , porém , lh e volta pou co a pou co a o r etor n a r a oes ta do de Es p ír ito.”

3 5 2 . Im ed ia tam en te ao nas cer recobra o Es pírito a plen itu -d e d as s uas facu ld ad es ?

“Nã o, ela s s e des en volvem gra du a lm en te com os ór -gã os . O Es p ír ito s e a ch a n u m a exis tên cia n ova ; p r ecis o équ e a p ren da a s ervir -s e dos in s t ru m en tos de qu e d is põe.As idéia s lh e volta m pou co a pou co, com o a u m a pes s oaqu e des per ta e s e vê em s itu a çã o d ivers a da qu e ocu pa van a vés pera .”

3 5 3 . Não s end o com pleta a un ião d o Es pírito ao corpo, nãoes tand o d efin itivam en te cons um ad a , s enão d epois d onas cim en to, pod er-s e-á cons id erar o feto com o d otad od e a lm a?

“O Es p ír ito qu e o va i a n im a r exis te, de cer to m odo,fora dele. O feto n ão tem pois , propriam en te fa lan do, u m aalm a, vis to qu e a en carn ação está apen as em via de operar -se.Ach a sse, en treta n to, liga do à a lm a qu e virá a possu ir.”

3 5 4 . Com o s e explica a vid a in tra -u terina?

“É a da p la n ta qu e vegeta . A cr ia n ça vive vida a n im a l.O h om em tem a vida vegeta l e a vida a n im a l qu e, pelo s eun a s cim en to, s e com pleta m com a vida es p ir itu a l.”

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3 5 5 . Há, d e fa to, com o o ind ica a Ciência , crianças que já nos eio m a terno não s ão vita is ? Com que fim ocorre is s o?

“Freqü en tem en te is s o s e dá e Deu s o per m ite com oprova , qu er pa ra os pa is do n a s citu r o, qu er pa ra o Es p ír itodes ign a do a tom a r lu ga r en tre os vivos .”

3 5 6 . Entre os natim ortos a lguns haverá que não tenham s id od es tinad os à encarnação d e Es píritos ?

“Algu n s h á , efet iva m en te, a cu jos corpos n u n ca n e-n h u m Es p ír ito es teve des t in a do. Na da t in h a qu e s e efetu a rpa ra eles . Ta is cr ia n ça s en tã o s ó vêm por s eu s pa is .”

a) — Pod e chegar a term o d e nas cim en to um s er d es s anaturez a?

“Algu m a s vezes ; m a s n ã o vive.”

b) — S egue-s e d a í que tod a criança que vive após onas cim en to tem forços am en te encarnad o em s i um Es pírito?

“Qu e s er ia ela , s é a s s im n ã o a con teces s e? Nã o s er iau m s er h u m a n o.”

3 5 7 . Que cons eqüências tem para o Es pírito o aborto?

“É u m a exis tên cia n u lificada e qu e ele terá de recom eçar.”

3 5 8 . Cons titu i crim e a provocação d o aborto, em qua lquerperíod o d a ges tação?

“Há cr im e s em pre qu e t ra n s gred is a lei de Deu s . Um am ã e, ou qu em qu er qu e s eja , com eterá cr im e s em pre qu et ira r a vida a u m a cr ia n ça a n tes do s eu n a s cim en to, poris s o qu e im pede u m a a lm a de pa s s a r pela s p rova s a qu es ervir ia de in s t ru m en to o corpo qu e s e es ta va for m a n do.”

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3 5 9 . Dad o o cas o que o nas cim en to d a criança pus es s e emperigo a vid a d a m ãe d ela , haverá crim e em s acrificar--s e a prim eira para s a lvar a s egund a?

“Prefer ível é s e s a cr ifiqu e o s er qu e a in da n ã o exis te as a cr ifica r -s e o qu e já exis te.”

3 6 0 . S erá racional ter-s e para com um feto as m es m as a ten-ções que s e d is pens am ao corpo d e um a criança queviveu a lgum tem po?

“Vede em tu do is s o a von ta de e a ob ra de Deu s . Nã otra teis , pois , des a ten cios a m en te, cois a s qu e deveis res pei-ta r. Por qu e n ã o res peita r a s ob ra s da cr ia çã o, a lgu m a svezes in com pleta s por von ta de do Cr ia dor? Tu do ocorr es egu n do os s eu s des ígn ios e n in gu ém é ch a m a do pa ra s ers eu ju iz.”

F ACULDADES MORAIS E INTELECTUAIS DO HOMEM

3 6 1 . Qual a origem d as qua lid ad es m ora is , boas ou m ás ,d o hom em ?

“Sã o a s do Es p ír ito n ele en ca rn a do. Qu a n to m a is pu r oé es s e Es p ír ito, ta n to m a is p ropen s o a o bem é o h om em .”

a) — Seguir-s e-á daí que o hom em de bem é a encarnaçãode um bom Es pírito e o hom em vicios o a de um Es pírito m au?

“Sim , m a s , d ize a n tes qu e o h om em vicios o é a en ca r -n a çã o de u m Es p ír ito im per feito, pois , do con trário, poderiasfa zer crer n a exis tên cia de Es p ír itos s em pr e m a u s , a qu ech a m a is dem ôn ios .”

3 6 2 . Qu a l o ca rá te r d os in d iv íd u os e m qu e e n ca rn a mEs píritos d es as s is ad os e levianos ?

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“Sã o in d ivíd u os es tú r d ios , m a licios os e , n ã o r a r o,cr ia tu ra s m a lfa zeja s .”

3 6 3 . Tê m os Es p íritos p a ix õe s d e qu e n ã o p a rt ilh e aHum anid ad e?

“Nã o, qu e, de ou tro m odo, vo-la s ter ia m com u n ica do.”

3 6 4 . O m es m o Es pírito d á ao hom em as qua lid ad es m ora ise as d a in teligência?

“Cer ta m en te e is s o em vir tu de do gra u de a d ia n ta m en -to a qu e s e h a ja eleva do. O h om em n ã o tem em s i doisEs p ír itos .”

3 6 5 . Por que é que alguns hom ens m uito inteligentes , o queindica acharem -se encarnados neles Espíritos superiores ,s ão ao m es m o tem po profund am en te vicios os ?

“É qu e n ã o s ã o a in da ba s ta n te pu r os os Es p ír itos en -ca r n a dos n es s es h om en s , qu e, en tã o, e por is s o, cedem àin flu ên cia de ou tros Es p ír itos m a is im per feitos . O Es p ír itop rogr ide em in s en s ível m a r ch a a s cen den te, m a s o p rogr es -s o n ã o s e efetu a s im u lta n ea m en te em todos os s en t idos .Du ra n te u m per íodo da s u a exis tên cia , ele s e a d ia n ta emciên cia ; du ra n te ou tro, em m ora lida de.”

3 6 6 . Que s e d eve pens ar d a opin ião d os que pretend em queas d iferen tes facu ld ad es in telectua is e m ora is d o ho-m em res u ltam d a encarnação, nele, d e ou tros tan tosEs p íritos , d ife re n te s e n tre s i, ca d a u m com u m aaptid ão es pecia l?

“Reflet in do, recon h ecereis qu e é a bs u r da . O Es p ír itotem qu e ter toda s a s a p t idões . Pa ra p rogr ed ir, p recis a de

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u m a von ta de ú n ica . Se o h om em fos s e u m a m á lga m a deEs p ír itos , es s a von ta de n ã o exis t ir ia e ele ca r ecer ia de in d i-vidu a lida de, pois qu e, por s u a m orte, todos a qu eles Es p ír i-tos for m a r ia m u m ba n do de pá s s a r os es ca pa dos da ga iola .Qu eixa -s e, a m iú de, o h om em de n ã o com pr een der cer ta scois a s e, n o en ta n to, cu r ios o é ver -s e com o m u lt ip lica a sd ificu lda des , qu a n do tem a o s eu a lca n ce exp lica ções m u itos im ples e n a tu ra is . Ain da n es te ca s o tom a m o efeito pelaca u s a . Fa zem , com r ela çã o à cr ia tu ra h u m a n a , o qu e, comrela çã o a Deu s , fa zia m os pa gã os , qu e a cred ita va m em ta n -tos deu ses qu a n tos era m os fen ôm en os n o Un iverso, s e bemqu e a s pessoas sen sa ta s , com eles coexis ten tes , apen as viamem ta is fen ôm en os efeitos p rovin dos de u m a ca u s a ú n ica –Deu s .”

O m u n do fís ico e o m u n do m ora l n os oferecem , a es te res -peito, vá r ios pon tos de s em elh a n ça . En qu a n to s e det ivera m n aa pa rên cia dos fen ôm en os , os cien t is ta s a cred ita ra m fos s e m ú lt i-p la a m a tér ia . Hoje, com pr een de-s e s er bem pos s ível qu e tã o va -r ia dos fen ôm en os con s is ta m a pen a s em m odifica ções da m a tér iaelem en ta r ú n ica . As d ivers a s fa cu lda des s ã o m a n ifes ta ções deu m a m es m a ca u s a , qu e é a a lm a , ou do Es p ír ito en ca r n a do, en ã o de m u ita s a lm a s , exa ta m en te com o os d ifer en tes s on s doórgã o, os qu a is p r ocedem todos do a r e n ã o de ta n ta s es pécies dea r, qu a n tos os s on s . De s em elh a n te s is tem a decorrer ia qu e, qu a n -do u m h om em perde ou a dqu ire certa s a p tidões , certos pen dores ,is so s ign ifica ria qu e ou tros ta n tos Espír itos ter ia m vin do h a bitá -loou o ter ia m deixa do, o qu e o tor n a ria u m ser m ú lt ip lo, s em in divi-du a lida de e, con s egu in tem en te, s em res pon s a b ilida de. Acres cequ e o con tra d izem n u m eros ís s im os exem plos de m a n ifes ta çõesd e E s p ír it os , em qu e e s t e s p r ova m s u a s p e r s on a lid a d es eiden t ida de.

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INF LUÊNCIA DO ORGANIS MO

3 6 7 . Unindo-se ao corpo, o Espírito se identifica com a m atéria?

“A m a tér ia é a pen a s o en voltór io do Es p ír ito, com o oves tu á r io o é do corpo. Un in do-s e a es te, o Es p ír ito con s er -va os a t r ibu tos da n a tu reza es p ir itu a l.”

3 6 8 . Após s ua un ião com o corpo, exerce o Es pírito, comliberd ad e plena , s uas facu ld ad es ?

“O exer cício da s fa cu lda des depen de dos órgã os qu elh es s ervem d e in s t ru m en to. A gr os s er ia d a m a tér ia a sen fra qu ece.”

a) — As s im , o invólucro m ateria l é obs tácu lo à livre m a-n ifes tação d as facu ld ad es d o Es pírito, com o um vid ro opacoo é à livre irrad iação d a luz ?

“É, com o vid r o m u ito opa co.”

Pode-s e com pa ra r a a çã o qu e a m a tér ia gros s eira exerce s o-b re o Es p ír ito à de u m ch a rco lodos o s obr e u m corpo n ele m ergu -lh a do, a o qu a l t ira a liberda de dos m ovim en tos .

3 6 9 . O livre exercício d as facu ld ad es d a a lm a es tá s ubord i-nad o ao d es envolvim en to d os órgãos ?

“Os órgã os s ã o os in s t ru m en tos da m a n ifes ta çã o da sfa cu lda des da a lm a , m a n ifes ta çã o qu e s e a ch a s u bord in a -da a o des en volvim en to e a o gra u de per feiçã o dos órgã os ,com o a excelên cia de u m t ra ba lh o o es tá à da fer ra m en tap rópr ia à s u a execu çã o.”

3 7 0 . Da in fluência d os órgãos s e pod e in ferir a exis tênciad e um a relação en tre o d es envolvim en to d os d o cére-bro e o d as facu ld ad es m ora is e in telectua is ?

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“Nã o con fu n d a is o efeit o com a ca u s a . O E s p ír it od is põe s em pr e da s fa cu lda des qu e lh e s ã o p rópr ia s . Ora ,n ã o s ã o os órgã os qu e dã o a s fa cu lda des , e s im es ta s qu eim pu ls ion a m o des en volvim en to dos órgã os .”

a) — Dever-s e-á d ed u z ir d a í qu e a d ivers id a d e d a saptid ões en tre os hom ens d eriva un icam en te d o es tad o d oEs pírito?

“O term o — u n ica m en te — n ã o expr im e com toda aexa t idã o o qu e ocorr e. O p r in cíp io des s a d ivers ida de res iden a s qu a lida des do Es p ír ito, qu e pode s er m a is ou m en osa d ia n ta do. Cu m pre, porém , s e leve em con ta a in flu ên ciada m a tér ia , qu e m a is ou m en os lh e cerceia o exer cício des u a s fa cu lda des .”

En ca rn a n do, t ra z o Es p ír ito cer ta s p red is pos ições e, s e s ea dm it ir qu e a ca da u m a corres pon da n o céreb r o u m órgã o, o de-s en volvim en to des s es órgã os s erá efeito e n ã o ca u s a . Se n os ór -gã os es t ives s e o p r in cíp io da s fa cu lda des , o h om em s er ia m á qu i-n a s em livr e-a rb ít r io e s em a r es p on s a b ilid a d e d e s eu s a tos .Forços o en tã o fora a dm it ir -s e qu e os m a iores gên ios , os s á b ios ,os poeta s , os a r t is ta s , s ó o s ã o por qu e o a ca s o lh es deu órgã oses pecia is , don de s e s egu ir ia qu e, s em es s es órgã os , n ã o ter ia ms ido gên ios e qu e, a s s im , o m a ior dos im becis h ou vera pod ido s eru m Newton , u m Vergílio, ou u m Ra fa el, des de qu e de cer tos ór -gã os s e a ch a s s em pr ovidos . Ain da m a is a bs u rda s e m os tra s em e-lh a n te h ipótes e, s e a a p lica r m os à s qu a lida des m ora is . Efet iva -m en te, s egu n do es s e s is tem a , u m Vicen te de Pa u lo, s e a Na tu rezao dota ra de ta l ou ta l órgã o, ter ia pod ido s er u m celera do e om a ior dos celera dos n ã o p r ecis a r ia s en ã o de u m cer to órgã o pa ras er u m Vicen te de Pa u lo. Adm ita -s e, a o con trá r io, qu e os órgã oses pecia is , da do exis ta m , s ã o con s eqü en tes , qu e s e des en volvempor efeito do exercício da fa cu lda de, com o os m ú s cu los por efeitodo m ovim en to, e a n en h u m a con clu s ã o ir ra cion a l s e ch ega rá .

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Sirva m o-n os de u m a com pa ra çã o, t r ivia l à força de s er verda dei-ra . Por a lgu n s s in a is fis ion ôm icos s e recon h ece qu e u m h om emtem o vício da em bria gu ez. Serã o es s es s in a is qu e fa zem dele u mébr io, ou s erá a eb r ieda de qu e n ele im pr im e a qu eles s in a is ? Poded izer -s e qu e os órgã os recebem o cu n h o da s fa cu lda des .

IDIOTIS MO, LOUCURA

3 7 1 . Tem a lgum fund am ento o pretend er-s e que a a lm a d oscretinos e d os id iotas é d e na turez a in ferior?

“Nen h u m . Eles t ra zem a lm a s h u m a n a s , n ã o ra r o m a isin teligen tes do qu e s u pon des , m a s qu e s ofrem da in s u fi-ciên cia dos m eios de qu e d ispõem pa ra s e com u n ica r, dam esm a form a qu e o m u do sofre da im poss ib ilida de de fa la r.”

3 7 2 . Que objetivo vis a a Provid ência criand o s eres d es gra -çad os , com o os cretinos e os id iotas ?

“Os qu e h a b ita m corpos de id iota s s ã o Es p ír itos s u jei-tos a u m a pu n içã o. Sofrem por efeito do con s tra n gim en toqu e exper im en ta m e da im pos s ib ilida de em qu e es tã o de s em a n ifes t a r em m ed ia n t e ór gã os n ã o d es en volvid os oudes m a n tela dos .”

a) — Não há , pois , fund am en to para d iz er-s e que osórgãos nad a in fluem s obre as facu ld ad es ?

“Nu n ca d is s em os qu e os órgã os n ã o têm in flu ên cia .Têm -n a m u ito gra n de s obr e a m a n ifes ta çã o da s fa cu lda -des , m a s n ã o s ã o eles a or igem des ta s . Aqu i es tá a d iferen -ça . Um m ú s ico excelen te, com u m in s t ru m en to defeitu os o,n ã o da rá a ou vir boa m ú s ica , o qu e n ã o fa rá qu e deixe des er bom m ú s ico.”

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Im por ta s e d is t in ga o es ta do n or m a l do es ta do pa tológico.No p r im eiro, o m ora l ven ce os obs tá cu los qu e a m a tér ia lh e opõe.Há , porém , ca s os em qu e a m a tér ia oferece ta l r es is tên cia qu e a sm a n ifes ta ções a n ím ica s fica m obs ta da s ou des n a tu ra da s , com on os de id iot is m o e de lou cu ra . Sã o ca s os pa tológicos e, n ã o go-za n do n es s e es ta do a a lm a de toda a s u a liber da de, a p rópr ia leih u m a n a a is en ta da r es pon s a b ilida de de s eu s a tos .

3 7 3 . Qual s erá o m érito d a exis tência d e s eres que, com o oscretinos e os id iotas , não pod end o faz er o bem nem om al, s e acham incapacitad os d e progred ir?

“É u m a exp ia çã o decorren te do a bu s o qu e fizera m decer ta s fa cu lda des . É u m es ta cion a m en to tem porá r io.”

a) — Pod e a s s im o corpo d e u m id iota con ter u m Es pí-rito qu e ten h a a n im a d o u m h om em d e gên io em preced en teexis tên cia ?

“Cer to. O gên io s e tor n a por vezes u m fla gelo, qu a n dodele a bu s a o h om em .”

A s u per ior ida de m ora l n em s em pre gu a rda p roporçã o com a

s u per ior ida de in telectu a l e os gra n des gên ios podem ter m u ito

qu e exp ia r. Da í, freqü en tem en te, lh es res u lta u m a exis tên cia in -

fer ior à qu e t ivera m e u m a ca u s a de s ofr im en tos . Os em ba ra ços

qu e o Es p ír ito en con tra pa ra s u a s m a n ifes ta ções s e lh e a s s em e-

lh a m à s a lgem a s qu e tolh em os m ovim en tos a u m h om em vigoro-

s o. Pode d izer -s e qu e os cret in os e os id iota s s ã o es t rop ia dos do

céreb ro, com o o coxo o é da s per n a s e dos olh os o cego.

3 7 4 . Na cond ição d e Es pírito livre, tem o id iota cons ciênciad o s eu es tad o m en ta l?

“Freqü en tem en te tem . Com preen de qu e a s ca deia s qu elh e obs ta m a o vôo s ã o p r ova e exp ia çã o.”

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3 7 5 . Qual, na loucura , a s ituação d o Es pírito?

“O Es p ír ito, qu a n do em liber da de, r ecebe d ireta m en tes u a s im pres s ões e d ireta m en te exer ce s u a a çã o s obre am a tér ia . En ca r n a do, porém , ele s e en con tra em con d içõesm u ito d ivers a s e n a con t in gên cia de s ó o fa zer com o a u xí-lio de órgã os es pecia is . Alter e-s e u m a pa r te ou o con ju n tode ta is órgã os e eis qu e s e lh e in ter rom pem , n o qu e des tesdepen da m , a a çã o ou a s im pres s ões . Se perde os olh os , ficacego; s e o ou vido, tor n a -s e s u rdo, etc. Im a gin a a gora qu es eja o órgã o, qu e p res ide à s m a n ifes ta ções da in teligên cia ,o a ta ca do ou m odifica do, pa rcia l ou in teira m en te, e fá cil teserá com preen der qu e, só ten do o Espír ito a s eu serviço ór -gã os in com pletos ou a ltera dos , u m a pertu rba çã o resu lta ráde qu e ele, por s i m es m o e n o s eu for o ín t im o, tem per feitacon s ciên cia , m a s cu jo cu rs o n ã o lh e es tá n a s m ã os deter.”

a) — Então, o des organizado é s em pre o corpo e não oEs pírito?

“Exa ta m en te; m a s , con vém n ã o perder de vis ta qu e,a s s im com o o Es p ír ito a tu a s obre a m a tér ia , ta m bém es tarea ge s obre ele, den tr o de cer tos lim ites , e qu e pode a con te-cer im pres s ion a r -s e o Es p ír ito tem pora r ia m en te com a a l-tera çã o dos órgã os pelos qu a is s e m a n ifes ta e recebe a sim pres s ões . Pode m es m o s u ceder qu e, com a con t in u a çã o,du ra n do lon go tem po a lou cu ra , a repet içã o dos m es m osa tos a ca be por exercer s obr e o Es p ír ito u m a in flu ên cia , dequ e ele n ã o s e liber ta rá s en ã o depois de s e h a ver liber ta dode toda im pres s ã o m a ter ia l.”

3 7 6 . Por que raz ão a loucura leva o hom em a lgum as vez esao s u icíd io?

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“O Es p ír ito s ofre pelo con s tra n gim en to em qu e s e a ch ae pela im pos s ib ilida de em qu e s e vê de m a n ifes ta r -s e livr e-m en te, don de o p rocu ra r n a m orte u m m eio de qu ebra rs eu s gr ilh ões .”

3 7 7 . Depois d a m orte, o Es pírito d o a lienad o s e res s en te d od es arran jo d e s uas facu ld ad es ?

“Pod e r es s en t ir -s e , d u r a n t e a lgu m t em p o a p ós am orte, a té qu e s e des ligu e com pleta m en te da m a tér ia , com oo h om em qu e des per ta s e r es s en te, por a lgu m tem po, daper tu rba çã o em qu e o la n ça ra o s on o.”

3 7 8 . De qu e m od o a a ltera çã o d o cérebro rea ge s obre oEs pírito d epois d a m orte?

“Com o u m a recorda çã o. Um pes o opr im e o Es p ír ito e,com o ele n ã o teve a com pr een s ã o de tu do o qu e s e pa s s oudu ra n te a s u a lou cu ra , s em pre s e fa z m is ter u m cer to tem -po, a fim de s e pôr a o corr en te de tu do. Por is s o é qu e,qu a n to m a is du ra r a lou cu ra n o cu rs o da vida ter ren a , ta n -to m a is lh e du ra rá a in cer teza , o con s tra n gim en to, depoisda m orte. Liber to do corpo, o Es p ír ito s e res s en te, por cer totem po, da im pr es s ã o dos la ços qu e à qu ele o p ren d ia m .”

A INF ÂNCIA

3 7 9 . É tão d es envolvid o, quan to o d e um ad u lto, o Es píritoque an im a o corpo d e um a criança?

“Pode a té s er m a is , s e m a is p rogr ed iu . Apen a s a im -per feiçã o dos órgã os in fa n t is o im pede de s e m a n ifes ta r.Obra de con for m ida de com o in s t ru m en to de qu e d is põe.”

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3 8 0 . Abs tra ind o d o obs tácu lo que a im perfeição d os órgãosop õe à s u a liv re m a n ife s ta çã o, o Es p írito, n u m acriancinha , pens a com o criança ou com o ad u lto?

“Des de qu e s e t ra te de u m a cr ia n ça , é cla r o qu e, n ã oes ta n do a in da n ela des en volvidos , n ã o podem os órgã os dain teligên cia da r toda a in tu içã o p rópr ia de u m a du lto a oEs p ír ito qu e a a n im a . Es te, pois , tem , efet iva m en te, lim ita -da a in teligên cia , en qu a n to a ida de lh e n ã o a m a du rece ara zã o. A per tu rba çã o qu e o a to da en ca r n a çã o p r odu z n oEs p ír ito n ã o ces s a de s ú b ito, por oca s iã o do n a s cim en to.Só gra du a lm en te s e d is s ipa , com o des en volvim en to dosórgã os .”

Há u m fa to de obs erva çã o, qu e a póia es ta r es pos ta . Os s o-

n h os , n u m a cr ia n ça , n ã o a p res en ta m o ca rá ter dos de u m a du l-

to. Qu a s e s em p r e p u er il é o ob jeto d os s on h os in fa n t is , o qu e

in d ica d e qu e n a t u r eza s ã o a s p r eocu p a ções d o res p ect ivo

E s p ír it o.

3 8 1 . Por m orte d a criança , read qu ire o Es pírito, im ed ia ta -m en te, o s eu preced en te vigor?

“As s im tem qu e s er, pois qu e s e vê des em ba ra ça do des eu in vólu cr o corpora l. En treta n to, n ã o rea dqu ire a a n te-r ior lu cidez, s en ã o qu a n do s e ten h a com pleta m en te s epa -ra do da qu ele en voltór io, is to é, qu a n do m a is n en h u m la çoexis ta en tre ele e o corpo.”

3 8 2 . Du ra n te a in fâ n cia s ofre o Es p írito en ca rn a d o, emcons eqüência d o cons trangim en to que a im perfeiçãod os órgãos lhe im põe?

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“Não. Esse es tado correspon de a u m a n ecess idade, es tán a ordem da n a tu reza e de a cor do com a s vis ta s da Provi-dên cia . É um períod o d e repous o d o Es pírito.”

3 8 3 . Qual, para es te, a u tilid ad e d e pas s ar pelo es tad o d ein fância?

“En ca r n a n do, com o ob jet ivo de s e a per feiçoa r, o Es p í-r ito, du ra n te es s e per íodo, é m a is a ces s ível à s im pr es s õesqu e r ecebe, ca pa zes de lh e a u xilia rem o a d ia n ta m en to, pa rao qu e devem con tr ibu ir os in cu m bidos de edu cá -lo.”

3 8 4 . Por que é o choro a prim eira m an ifes tação d a criançaao nas cer?

“Pa ra es t im u la r o in teres s e da gen itora e p rovoca r oscu ida dos de qu e h á m is ter. Nã o é eviden te qu e s e s u a s m a -n ifes ta ções fos s em toda s de a legr ia , qu a n do a in da n ã o s a befa la r, pou co s e in qu ieta r ia m os qu e o cer ca m com os cu ida -dos qu e lh e s ã o in d is pen s á veis ? Adm ira i, pois , em tu do as a bedor ia da Pr ovidên cia .”

3 8 5 . Que é o que m otiva a m ud ança que s e opera no cará terd o ind ivíd uo em certa id ad e, es pecia lm en te ao s a ir d aad oles cência? É que o Es pírito s e m od ifica?

“É qu e o Es p ír ito retom a a n a tu r eza qu e lh e é p rópr ia es e m os tra qu a l era .

Nã o con h eceis o qu e a in ocên cia da s cr ia n ça s ocu lta .Nã o s a beis o qu e ela s s ã o, n em o qu e o fora m , n em o qu es erã o. Con tu do, a feiçã o lh es ten des , a s a ca r icia is , com o s efos s em pa r cela s de vós m es m os , a ta l pon to qu e s e con s i-dera o a m or qu e u m a m ã e con s a gra a s eu s filh os com o o

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m a ior a m or qu e u m s er pos s a vota r a ou tro. Don de n a s ce om eigo a feto, a ter n a ben evolên cia qu e m es m o os es t ra n h oss en tem p or u m a cr ia n ça ? Sa b eis ? Nã o. Pois b em ! Vouexp licá -lo.

As cr ia n ça s s ã o os s eres qu e Deu s m a n da a n ova s exis -tên cia s . Pa ra qu e n ã o lh e pos s a m im pu ta r exces s iva s ever i-da de, dá -lh es ele todos os a s pectos da in ocên cia . Ain daqu a n do s e t ra ta de u m a cr ia n ça de m a u s pen dores , co-b rem -s e-lh e a s m á s a ções com a ca pa da in con s ciên cia .Es s a in ocên cia n ã o con s t itu i s u per ior ida de rea l com r ela -çã o a o qu e era m a n tes , n ã o. É a im a gem do qu e dever ia ms er e, s e n ã o o s ã o, o con s eqü en te ca s t igo exclu s iva m en tes obre ela s reca i.

Nã o foi, toda via , por ela s s om en te qu e Deu s lh es deues s e a s pecto de in ocên cia ; foi ta m bém e s obretu do por s eu spa is , de cu jo a m or n eces s ita a fra qu eza qu e a s ca ra cter iza .Ora , es s e a m or s e en fra qu ecer ia gra n dem en te à vis ta deu m ca rá ter á s per o e in tra tá vel, a o pa s s o qu e, ju lga n do s eu sfilh os bon s e dóceis , os pa is lh es ded ica m toda a a feiçã o eos cerca m dos m a is m in u cios os cu ida dos . Des de qu e, po-rém , os filh os n ã o m a is p r ecis a m da p roteçã o e a s s is tên ciaqu e lh es fora m d is pen s a da s du ra n te qu in ze ou vin te a n os ,s u rge-lh es o ca rá ter rea l e in d ividu a l em toda a n u dez. Con -s erva m -s e bon s , s e era m fu n da m en ta lm en te bon s ; m a s ,s em pre ir is a dos de m a t izes qu e a p r im eira in fâ n cia m a n te-ve ocu ltos .

Com o ved es , os p r oces s os d e Deu s s ã o s em p re osm elh or es e, qu a n do s e tem o cora çã o pu ro, fa cilm en te s elh es a p reen de a exp lica çã o.

Com efeito, pon dera i qu e n os vos s os la res pos s ivel-m en te n ascem crian ças cu jos Espíritos vêm de m u n dos on de

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con tra íra m h á b itos d ifer en tes dos vos s os e d izei-m e com opoder ia m es ta r n o vos s o m eio es s es s er es , t ra zen do pa i-xões d ivers a s da s qu e n u tr is , in clin a ções , gos tos , in teira -m en te opos tos a os vos s os ; com o poder ia m en fileira r -s e en -t r e vós , s en ã o com o Deu s o deter m in ou , is to é, pa s s a n dopelo ta m is da in fâ n cia ? Nes ta s e vêm con fu n d ir toda s a sidéia s , todos os ca ra cteres , toda s a s va r ieda des de s er esgera dos pela in fin ida de dos m u n dos em qu e m edra m a scr ia tu ra s . E vós m es m os , a o m orrer des , vos a ch a reis n u mes ta do qu e é u m a es pécie de in fâ n cia , en tr e n ovos ir m ã os .Ao volver des à exis tên cia extra ter ren a , ign ora r eis os h á b i-tos , os cos tu m es , a s rela ções qu e s e obs erva m n es s e m u n -do, pa ra vós , n ovo. Ma n eja r eis com d ificu lda de u m a lin -gu a gem qu e n ã o es ta is a cos tu m a do a fa la r, lin gu a gem m a isviva z do qu e o é a gora o vos s o pen s a m en to. (319)

A in fâ n cia a in da tem ou tra u t ilida de. Os Es p ír itos s óen tra m n a vida corpora l pa ra s e a per feiçoa rem , pa ra s e m e-lh ora r em . A delica deza da ida de in fa n t il os tor n a b ra n dos ,a ces s íveis a os con s elh os da exper iên cia e dos qu e deva mfa zê-los p r ogred ir. Nes s a fa s e é qu e s e lh es pode r efor m a ros ca ra cter es e rep r im ir os m a u s pen dor es . Ta l o dever qu eDeu s im pôs a os pa is , m is s ã o s a gra da de qu e terã o de da rcon ta s .

As s im , por ta n to, a in fâ n cia é n ã o s ó ú t il, n eces s á r ia ,in d is pen s á vel, m a s ta m bém con s eqü ên cia n a tu ra l da s leisqu e Deu s es ta beleceu e qu e regem o Un ivers o.”

S IMPATIA E ANTIPATIA TERRENAS

3 8 6 . Pod em d ois s eres , que s e conheceram e es tim aram , en-contrar-s e noutra exis tência corporal e reconhecer-s e?

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“Recon h ecer -s e, n ã o. Podem , porém , s en t ir -s e a t ra í-dos u m pa ra o ou tro. E , freqü en tem en te, d ivers a n ã o é aca u s a de ín t im a s liga ções fu n da da s em s in cera a feiçã o. Umdo ou tro dois s eres s e a p r oxim a m devido a circu n s tâ n cia sa pa r en tem en te for tu ita s , m a s qu e n a rea lida de res u lta mda a t ra çã o de dois Es p ír itos , qu e s e bus cam reciprocam en tepor en tre a m u ltid ão.”

a) — Não lhes s eria m a is agrad ável reconhecerem -s e?

“Nem s em pr e. A recorda çã o da s pa s s a da s exis tên cia ster ia in con ven ien tes m a iores do qu e im a gin a is . Depois dem ortos , recon h ecer -s e-ã o e s a berã o qu e tem po pa s s a ra mju n tos .” (392)

3 8 7 . A s im p a tia te m s e m p re p or p rin cíp io u m a n te riorconhecim en to?

“Nã o. Dois Es p ír itos , qu e s e liga m bem , n a tu ra lm en tes e p rocu ra m u m a o ou tr o, s em qu e s e ten h a m con h ecidocom o h om en s .”

3 8 8 . Os en con tros , qu e cos tu m a m d a r-s e , d e a lgu m a spes s oas e que com um ente s e a tribuem ao acas o, nãos erão efeito d e um a certa relação d e s im pa tia?

“En tr e os s eres pen s a n tes h á liga çã o qu e a in da n ã ocon h eceis . O m a gn et is m o é o p iloto des ta ciên cia , qu e m a ista rde com pr een dereis m elh or.”

3 8 9 . E a repu ls ão in s tin tiva que s e experim en ta por a lgu -m as pes s oas , d ond e s e origina?

“Sã o Es p ír itos a n t ipá t icos qu e s e a d ivin h a m e reco-n h ecem , s em s e fa la rem .”

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3 9 0 . A an tipa tia in s tin tiva é s em pre s ina l d e na turez a m á?

“De n ã o s im pa t iza rem u m com o ou tr o, n ã o s e s egu equ e dois Es p ír itos s eja m n eces s a r ia m en te m a u s . A a n t ipa -t ia , en tr e eles , pode der iva r de d ivers ida de n o m odo de pen -s a r. À p r oporçã o, porém , qu e s e forem eleva n do, es s a d iver -gên cia irá des a pa r ecen do e a a n t ipa t ia deixa rá de exis t ir.”

3 9 1 . A an tipa tia en tre d uas pes s oas nas ce prim eiro na quetem pior Es pírito, ou na que o tem m elhor?

“Nu m a e n ou tra in d iferen tem en te, m a s d is t in ta s s ã oa s ca u sa s e os efeitos n a s du a s . Um Espír ito m a u a n tipa t izacom qu em qu er qu e o pos s a ju lga r e des m a s ca ra r. Ao verpela p r im eira vez u m a pes s oa , logo s a be qu e va i s er cen s u -ra do. Seu a fa s ta m en to des sa pes soa s e t ra n s for m a em ódio,em in veja e lh e in s p ira o des ejo de p ra t ica r o m a l. O bomEs p ír ito s en te repu ls ã o pelo m a u , por s a ber qu e es te o n ã ocom pr een derá e porqu e d ís pa res dos dele s ã o os s eu s s en -t im en tos . En treta n to, con s cien te da s u a s u per ior ida de, n ã oa lim en ta ód io, n em in veja con t r a o ou t r o. Lim it a -s e aevitá -lo e a la s t im á -lo.”

E S QUECIMENTO DO PAS S ADO

3 9 2 . Por que perd e o Es pírito encarnad o a lem brança d os eu pas s ad o?

“Nã o pode o h om em , n em deve, s a ber tu do. Deu s a s -s im o qu er em s u a s a bedor ia . Sem o véu qu e lh e ocu ltacer ta s cois a s , fica r ia ofu s ca do, com o qu em , s em t ra n s içã o,s a ís s e do es cu ro pa ra o cla r o. Es quecid o d e s eu pas s ad oele é m a is s enhor d e s i.”

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3 9 3 . Com o pod e o hom em s er res pons ável por a tos e res ga-tar fa ltas d e que s e não lem bra? Com o pod e aprovei-tar d a experiência d e vid as d e que s e es queceu? Con-cebe-s e que as tribu lações d a exis tência lhe s ervis s emd e lição, s e s e record as s e d o que as tenha pod id o oca-s ionar. Des d e que, porém , d is s o não s e record a , cad aexis tência é, para ele, com o s e fos s e a prim eira e eisque en tão es tá s em pre a recom eçar. Com o conciliar is tocom a jus tiça d e Deus ?

“Em ca da n ova exis tên cia , o h om em d is põe de m a isin teligên cia e m elh or pode d is t in gu ir o bem do m a l. On de os eu m ér ito s e s e lem bra s s e de todo o pa s s a do? Qu a n doo Es p ír ito volta à vida a n ter ior (a vida es p ír ita ), d ia n te dosolh os s e lh e es ten de toda a s u a vida p retér ita . Vê a s fa lta squ e com eteu e qu e dera m ca u s a a o s eu s ofrer, a s s im com ode qu e m odo a s ter ia evita do. Recon h ece ju s ta a s itu a çã oem qu e s e a ch a e bu s ca en tã o u m a exis tên cia ca pa z derepa ra r a qu e vem de t ra n s correr. Es colh e p rova s a n á loga sà s de qu e n ã o s ou be a p r oveita r, ou a s lu ta s qu e con s iderea propr ia da s a o s eu a d ia n ta m en to e pede a Es p ír itos qu elh e s ã o s u per iores qu e o a ju dem n a n ova em pres a qu e s o-b re s i tom a , cien te de qu e o Es p ír ito, qu e lh e for da do porgu ia n es s a ou tra exis tên cia , s e es força rá pelo leva r a repa -ra r s u a s fa lta s , da n do-lh e u m a es pécie de in tu ição da s emqu e in corr eu . Ten des es s a in tu içã o n o pen s a m en to, n o de-s ejo cr im in os o qu e freqü en tem en te vos a s s a lta e a qu e in s -t in t iva m en te r es is t is , a t r ibu in do, a s m a is da s vezes , es s ares is tên cia a os p r in cíp ios qu e r ecebes tes de vos s os pa is ,qu a n do é a voz da con s ciên cia qu e vos fa la . Es s a voz, qu e éa lem bra n ça do pa s s a do, vos a dver te pa ra n ã o reca ir desn a s fa lta s de qu e já vos fizes tes cu lpa dos . Em a n ova exis -tên cia , s e s ofre com cora gem a qu ela s p rova s e r es is te, o

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Es p ír ito s e eleva e a s cen de n a h iera r qu ia dos Es p ír itos , a ovolta r pa ra o m eio deles .”

Nã o tem os , é cer to, du ra n te a vida corpórea , lem bra n ça exa -ta do qu e fom os e do qu e fizem os em a n ter iores exis tên cia s ; m a stem os de tu do is s o a in tu içã o, s en do a s n os s a s ten dên cia s in s t in -t iva s u m a rem in is cên cia do pa s s a do. E a n os s a con s ciên cia , qu eé o des ejo qu e exper im en ta m os de n ã o r ein cid ir n a s fa lta s jácom et ida s , n os con cita à r es is tên cia à qu eles pen dores .

3 9 4 . Nos m und os m ais elevad os d o que a Terra , ond e osque os habitam não s e vêem prem id os pelas neces s i-d ad es fís icas , pelas en ferm id ad es que nos a fligem , oshom ens com preend em que s ão m ais feliz es d o que nós ?Rela tiva é, em gera l, a felicid ad e. S en tim o-la , m ed ian-te com paração com um es tad o m enos d itos o. Vis to que,em s um a , a lguns d es s es m und os , s e bem m elhores d oque o nos s o, a ind a não a tingiram o es tad o d e perfei-ção, s eus habitan tes d evem ter m otivos d e d es gos tos ,em bora d e gênero d ivers o d os nos s os . Entre nós , o rico,conquan to não s ofra as angús tias d as neces s id ad esm ateria is , com o o pobre, nem por is s o s e acha is en tod e tribu lações , que lhe tornam am arga a vid a . Pergun-to en tão: Na s ituação em que s e encon tram , os habi-tan tes d es s es m und os não s e cons id eram tão in feliz esquan to nós , na em que nos vem os , e não s e la s tim amd a s orte, olvid ad os d e exis tências in feriores que lhess irvam d e term os d e com paração?

“Ca bem a qu i du a s res pos ta s d is t in ta s . Há m u n dos ,en tr e os de qu e fa la s , cu jos h a b ita n tes gu a rda m lem bra n çacla ra e exa ta de s u a s exis tên cia s pa s s a da s . Es s es , com -pr een des , podem e s a bem a precia r a felicida de de qu e Deu s

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lh es per m ite fru ir. Ou t ros h á , porém , cu jos h a b ita n tes ,a ch a n do-s e, com o d izes , em m elh ores con d ições do qu e vósn a Terra , n ã o deixa m de exper im en ta r gra n des des gos tos ,a té des gra ça s . Es s es n ã o a p recia m a felicida de de qu e go-za m , pela ra zã o m es m a de s e n ã o recor da rem de u m es ta dom a is in feliz. En treta n to, s e n ã o a a p recia m com o h om en s ,a p recia m -n a com o Es p ír itos .”

No es qu ecim en to da s exis tên cia s a n ter ior m en te t ra n s corr i-da s , s ob retu do qu a n do fora m a m a rgu ra da s , n ã o h á qu a lqu er coi-s a de p roviden cia l e qu e revela a s a bedor ia d ivin a ? Nos m u n doss u per iores , qu a n do o recordá -la s já n ã o con s t itu i pes a delo, é qu ea s vida s des gra ça da s s e a p res en ta m à m em ória . Nos m u n dos in -fer iores , a lem bra n ça de toda s a s qu e s e ten h a m s ofr ido n ã o a gra -va r ia a s in felicida des p res en tes ? Con clu a m os , pois , da í qu e tu doo qu e Deu s fez é per feito e qu e n ã o n os toca cr it ica r -lh e a s ob ra s ,n em lh e en s in a r com o dever ia ter regu la do o Un ivers o.

Gravíss im os in con ven ien tes teria o n os lem bra r m os das n os-sas in dividu a lidades an teriores . Em certos casos , h u m ilh a r -n os-iasobrem a n eira . Em ou tros n os exa lta r ia o orgu lh o, pea n do-n os , emcon seqü ên cia , o livre-a rb ítr io. Pa ra n os m elh ora r m os , dá -n os Deu sexa ta m en te o qu e n os é n eces s á r io e ba s ta : a voz da con s ciên ciae os pen dores in s tin tivos . Priva -n os do qu e n os preju dica ria . Acres -cen tem os qu e, s e n os recor dá s s em os dos n os s os p receden tes a tospes s oa is , igu a lm en te n os recorda r ía m os dos dos ou tr os h om en s ,do qu e res u lta r ia m ta lvez os m a is des a s t ros os efeitos pa ra a sr ela ções s ocia is . Nem s em p r e p od en d o h on ra r -n os d o n os s opa s s a do, m elh or é qu e s obre ele u m véu s eja la n ça do. Is to con -corda per feita m en te com a dou tr in a dos Espír itos a cer ca dos m u n -dos s u per iores à Terra . Nes s es m u n dos , on de s ó r ein a o bem , arem in is cên cia do pa s s a do n a da tem de dolor os a . Ta l a ra zã o porqu e n eles a s cr ia tu ra s s e lem bra m da s u a a n teceden te exis tên -cia , com o n os lem bra m os do qu e fizem os n a vés pera . Qu a n to àes ta da em m u n dos in fer iores , n ã o pa s s a en tã o, com o já d is s e-m os , de m a u s on h o.

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3 9 5 . Pod em os ter a lgum as revelações a res peito d e nos s asvid as an teriores ?

“Nem s em pre. Con tu do, m u itos s a bem o qu e fora m e oqu e fa zia m . Se s e lh es p er m it is s e d izê-lo a b er t a m en te,extra or d in á r ia s revela ções fa r ia m s obr e o pa s s a do.”

3 9 6 . Algum as pes s oas ju lgam ter vaga record ação d e umpas s ad o d es conhecid o, que s e lhes apres en ta com o aim agem fugitiva d e um s onho, que em vão s e ten tareter. Não há n is s o s im ples ilu s ão?

“Algu m a s vezes , é u m a im pres s ã o r ea l; m a s ta m bém ,freqü en tem en te, n ã o pa s s a de m era ilu s ã o, con tra a qu a lp r ecis a o h om em pôr -s e em gu a rda , porqu a n to pode s erefeito de s u per excita da im a gin a çã o.”

397 . Nas exis tências corpóreas d e natureza m ais elevad a d oque a nos s a , é m ais clara a lem brança d as anteriores ?

“Sim , à m ed ida qu e o corpo s e torn a m en os m a ter ia l,com m a is exa t idã o o h om em s e lem bra do s eu pa s s a do.Es ta lem b ra n ça , os qu e h a b it a m os m u n d os d e or d ems u per ior a têm m a is n ít ida .”

3 9 8 . S end o os pend ores in s tin tivos um a rem in is cência d os eu pas s ad o, d ar-s e-á que, pelo es tud o d es s es pend o-res , s eja pos s ível ao hom em conhecer as fa ltas quecom eteu?

“Até cer to pon to, a s s im é. Precis o s e tor n a , porém , le-va r em con ta a m elh ora qu e s e pos s a ter opera do n o Es p ír i-to e a s resolu ções qu e ele h a ja tom a do n a erra t icida de. Podes u ceder qu e a exis tên cia a tu a l s eja m u ito m elh or qu e apreceden te.”

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a) — Pod erá tam bém s er pior, is to é, pod erá o Es píritocom eter, n u m a ex is tên cia , fa lta s qu e n ã o pra ticou em apreced ente?

“Depen de do s eu a d ia n ta m en to. Se n ã o s ou ber t r iu n -fa r da s p rova s , pos s ivelm en te s erá a r ra s ta do a n ova s fa l-ta s , con s eqü en tes , en tã o, da pos içã o qu e es colh eu . Ma s ,em gera l, es ta s fa lta s den ota m m a is u m es ta cion a m en toqu e u m a ret rogra da çã o, por qu a n to o Es p ír ito é s u s cet ívelde s e a d ia n ta r ou de pa ra r, n u n ca , porém , de ret r oceder.”

3 9 9 . S end o as vicis s itud es d a vid a corpora l expiação d asfa ltas d o pas s ad o e, ao m es m o tem po, provas com vis -tas ao fu turo, s egu ir-s e-á que d a na turez a d e ta is vi-cis s itu d e s s e p os s a d e d u z ir d e qu e gê n e ro foi aexis tência an terior?

“Mu ito a m iú de é is s o pos s ível, pois qu e ca da u m é pu -n ido n a qu ilo por on de pecou . En tr eta n to, n ã o h á qu e t ira rda í u m a regra a bs olu ta . As ten dên cia s in s t in t iva s con s t i-tu em in d ício m a is s egu ro, vis to qu e a s p rova s por qu e pa s -s a o Es p ír ito o s ã o, ta n to pelo qu e res peita a o pa s s a do,qu a n to pelo qu e toca a o fu tu ro.”

Ch ega do a o ter m o qu e a Providên cia lh e a s s in ou à vida n aerra t icida de, o p rópr io Es p ír ito es colh e a s p rova s a qu e des ejas u bm eter -s e pa ra a p res s a r o s eu a d ia n ta m en to, is to é, es colh em eios de a d ia n ta r -s e e ta is p rova s es tã o s em pre em rela çã o coma s fa lta s qu e lh e cu m pre exp ia r. Se dela s t r iu n fa , eleva -s e; s es u cu m be, tem qu e recom eça r.

O Es p ír ito goza s em pr e do livre-a rb ít r io. Em vir tu de des s aliberda de é qu e es colh e, qu a n do des en ca r n a do, a s p r ova s da vidacorpora l e qu e, qu a n do en ca r n a do, decide fa zer ou n ã o u m a cois ae p rocede à es colh a en tre o bem e o m a l. Nega r a o h om em o livr e--a rb ít r io fora redu zi-lo à con d içã o de m á qu in a .

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Mergu lh a do n a vida corpórea , perde o Es p ír ito, m om en ta -n ea m en te, a lem bra n ça de s u a s exis tên cia s a n ter iores , com o s eu m véu a s cobr is s e. Toda via , con s erva a lgu m a s vezes va ga con s -ciên cia des s a s vida s , qu e, m es m o em cer ta s cir cu n s tâ n cia s , lh epodem s er revela da s . Es ta r evela çã o, porém , s ó os Es p ír itos s u -per ior es es pon ta n ea m en te lh a fa zem , com u m fim ú t il, n u n capa ra s a t is fa zer a vã cu r ios ida de.

As exis tên cia s fu tu ra s , es sa s em n en h u m ca so podem serrevela da s , pela ra zã o de qu e depen dem do m odo por qu e o Espír itose s a irá da exis tên cia a tu a l e da escolh a qu e u lter ior m en te fa ça .

O es qu ecim en to da s fa lta s p ra t ica da s n ã o con s t itu i obs tá -cu lo à m elh or ia do Es p ír ito, por qu a n to, s e é cer to qu e es te n ã o s elem bra dela s com p recis ã o, n ã o m en os cer to é qu e a circu n s tâ n -cia de a s ter con h ecido n a erra t icida de e de h a ver des eja do r epa rá --la s o gu ia por in tu içã o e lh e dá a idéia de r es is t ir a o m a l, idéiaqu e é a voz da con s ciên cia , ten do a s ecu n dá -la os Es p ír itos s u pe-r ior es qu e o a s s is tem , s e a ten de à s boa s in s p ira ções qu e lh e dã o.

O h om em n ã o con h ece os a tos qu e p ra t icou em s u a s exis -tên cia s p retér ita s , m a s p od e s em p r e s a b er qu a l o gên ero d a sfa lta s de qu e s e tor n ou cu lpa do e qu a l o cu n h o p redom in a n te dos eu ca rá ter. Ba s ta rá en tã o ju lga r do qu e foi, n ã o pelo qu e é, s im ,pela s s u a s ten dên cia s .

As vicis s itu des da vida corpórea con s t itu em exp ia çã o da sfa lta s do pa s s a do e, s im u lta n ea m en te, p r ova s com r ela çã o a ofu tu ro. Depu ra m -n os e eleva m -n os , s e a s s u por ta m os res ign a dose s em m u r m u ra r.

A n a tu reza des s a s vicis s itu des e da s p rova s qu e s ofr em osta m bém n os podem es cla r ecer a cerca do qu e fom os e do qu e fize-m os , do m es m o m odo qu e n es te m u n do ju lga m os dos a tos de u mcu lpa do pelo ca s t igo qu e lh e in flige a lei. As s im , o orgu lh os o s eráca s t iga do n o s eu orgu lh o, m ed ia n te a h u m ilh a çã o de u m a exis -tên cia s u ba lter n a ; o m a u r ico, o a va ren to, pela m is ér ia ; o qu e foicru el pa ra os ou tros , pela s cru elda des qu e s ofrerá ; o t ira n o, pelaes c r a vid ã o; o m a u filh o , p e la in gr a t id ã o d e s eu s filh os ; op regu iços o, por u m t ra ba lh o força do, etc.

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C A P Í T U L O V I I I

⌦ ⌅⇤� ⇥��⌃ ⌥�⇧⌅� ⌅ ↵�

• O s ono e os s onhos• Vis ita s es pírita s en tre pes s oas vivas• Trans m is s ão ocu lta d o pens am en to• Letargia , ca ta leps ia , m ortes aparen tes• S onam bulis m o• Êxtas e• Dupla vis ta• Res um o teórico d o s onam bulis m o, d o êxtas e e

d a d upla vis ta

O S ONO E OS S ONHOS

4 0 0 . O Es pírito encarnad o perm anece d e bom grad o no s euenvoltório corpora l?

“É com o s e pergu n ta s s es s e a o en ca r cera do a gra da ocá rcere. O Es p ír ito en ca r n a do a s p ira con s ta n tem en te à s u aliber ta çã o e ta n to m a is des eja ver -s e livr e do s eu in vólu cro,qu a n to m a is gros s eir o é es te.”

4 0 1 . Duran te o s ono, a a lm a repous a com o o corpo?

“Nã o, o Es p ír ito ja m a is es tá in a t ivo. Du ra n te o s on o,a frou xa m -s e os la ços qu e o p ren dem a o corpo e, n ã o p reci-

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s a n do es te en tã o da s u a p r es en ça , ele s e la n ça pelo es pa çoe en tra em relação m ais d ireta com os ou tros Es píritos .”

4 0 2 . Com o pod em os ju lgar d a liberd ad e d o Es pírito d uran-te o s ono?

“Pelos s on h os . Qu a n do o corpo repou s a , a cr ed ita -o,tem o Es p ír ito m a is fa cu lda des do qu e n o es ta do de vigília .Lem b ra -s e d o p a s s a d o e a lgu m a s vezes p r evê o fu tu ro.Adqu ir e m a ior poten cia lida de e pode pôr -s e em com u n ica -çã o com os dem a is Es p ír itos , quer d es te m und o, quer d oou tro. Dizes freqü en tem en te: Tive u m s on h o extra va ga n te,u m s on h o h or r íve l, m a s a b s olu t a m en t e in ver os s ím il.En ga n a s -te. É a m iú de u m a r ecorda çã o dos lu ga r es e da scois a s qu e vis te ou qu e verá s em ou tra exis tên cia ou emou tra oca s iã o. Es ta n do en torpecido o corpo, o Es p ír ito t ra -ta de qu ebra r s eu s gr ilh ões e de in ves t iga r n o pa s s a do oun o fu tu r o.

Pobres h om en s , qu e m a l con h eceis os m a is vu lga r esfen ôm en os da vida ! J u lga is -vos m u ito s á b ios e a s cois a sm a is com ezin h a s vos con fu n dem . Na da s a beis r es pon der aes ta s pergu n ta s qu e toda s a s cr ia n ça s for m u la m : Qu e fa ze-m os qu a n do dor m im os ? Qu e s ã o os s on h os ?

O s on o liber ta a a lm a pa rcia lm en te do corpo. Qu a n dodor m e, o h om em s e a ch a por a lgu m tem po n o es ta do emqu e fica per m a n en tem en te depois qu e m orre. Tivera m s o-n os in teligen tes os Es p ír itos qu e, des en ca r n a n do, logo s edes liga m da m a tér ia . Es s es Es p ír itos , qu a n do dor m em , vã opa ra ju n to dos s er es qu e lh es s ã o s u per iores . Com es tesvia ja m , con vers a m e s e in s t ru em . Tra ba lh a m m es m o emobra s qu e s e lh es depa ra m con clu ída s , qu a n do volvem ,

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m orren do n a Terra , a o m u n do es p ir itu a l. Ain da es ta cir -cu n s tâ n cia é de m olde a vos en s in a r qu e n ã o deveis tem er am orte, pois qu e todos os d ia s m orreis , com o dis se u m sa n to.

Is to, pelo qu e con cern e aos Espíritos elevados. Pelo qu erespeita ao gran de n ú m ero de h om en s qu e, m orren do, têm qu epa s s a r lon ga s h ora s n a per tu rba çã o, n a in cer teza de qu eta n tos já vos fa la ra m , es s es vã o, en qu a n to dor m em , ou am u n dos in fer iores à Terra , on de os ch a m a m velh a s a fei-ções , ou em bu s ca de gozos qu içá m a is ba ixos do qu e os emqu e a qu i ta n to s e deleita m . Vã o beber dou tr in a s a in da m a isvis , m a is ign óbeis , m a is fu n es ta s do qu e a s qu e p rofes s a men tre vós . E o qu e gera a s im pa t ia n a Terra é o fa to des en t ir -s e o h om em , a o des per ta r, liga do pelo cora çã o à qu e-les com qu em a ca ba de pa s s a r oito ou n ove h ora s de ven tu -ra ou de p ra zer. Ta m bém a s a n t ipa t ia s in ven cíveis s e exp li-ca m pelo fa to de s en t ir m os em n os s o ín t im o qu e os en tescom qu em a n t ipa t iza m os têm u m a con s ciên cia d ivers a dan os s a . Con h ecem o-los s em n u n ca os ter m os vis to com osolh os . É a in da o qu e exp lica a in d iferen ça de m u itos h o-m en s . Nã o cu ida m de con qu is ta r n ovos a m igos , por s a be-rem qu e m u itos têm qu e os a m a m e lh es qu er em . Nu m apa la vra : o s on o in flu i m a is do qu e s u pon des n a vos s a vida .

Gra ça s a o s on o, os Es p ír itos en ca r n a dos es tã o s em pr eem rela çã o com o m u n do dos Es p ír itos . Por is s o é qu e osEs p ír itos s u per ior es a s s en tem , s em gra n de repu gn â n cia ,em en ca r n a r en tre vós . Qu is Deu s qu e, ten do de es ta r emcon ta cto com o vício, pu des s em eles ir retem pera r -s e n afon te do bem , a fim de igu a lm en te n ã o fa lirem , qu a n do s ep ropõem a in s t ru ir os ou tr os . O s on o é a por ta qu e Deu slh es a b r iu , pa ra qu e pos s a m ir ter com s eu s a m igos do céu ;é o recreio depois do t ra ba lh o, en qu a n to es pera m a gra n de

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liber ta çã o, a liber ta çã o fin a l, qu e os res t itu irá a o m eio qu elh es é p rópr io.

O s on h o é a lem bra n ça do qu e o Es p ír ito viu du ra n te os on o. Nota i, porém , qu e n em s em pr e s on h a is . Qu e qu eris s o d izer? Qu e n em s em pre vos lem bra is do qu e vis tes , oude tu do o qu e h a veis vis to, en qu a n to dor m íeis . É qu e n ã oten des en tã o a a lm a n o p len o des en volvim en to de s u a s fa -cu lda des . Mu ita s vezes , a pen a s vos fica a lem bra n ça daper tu rba çã o qu e o vos s o Es p ír ito exper im en ta à s u a pa r t i-da ou n o s eu r egr es s o, a cres cida da qu e r es u lta do qu efizes tes ou do qu e vos p reocu pa qu a n do des per tos . A n ã os er a s s im , com o exp lica r íeis os s on h os a bs u r dos , qu e ta n toos s á b ios , qu a n to a s m a is h u m ildes e s im ples cr ia tu ra stêm ? Acon tece ta m bém qu e os m a u s Es p ír itos s e a p rovei-t a m d os s on h os p a r a a t or m en t a r a s a lm a s fr a ca s epu s ilâ n im es .

Em s u m a , den tro em pou co vereis vu lga r iza r -s e ou traes pécie de s on h os . Con qu a n to tã o a n t iga com o a de qu evim os fa la n do, vós a des con h eceis . Refir o-m e a os s on h osde J oa n a , a o de J a cob , a os dos p r ofeta s ju deu s e a os dea lgu n s a d ivin h os in d ia n os . Sã o r ecorda ções gu a r da da s pora lm a s qu e s e des p r en dem qu a s e in teira m en te do corpo,r ecor d a ções d es s a s egu n d a vid a a qu e a in d a h á p ou coa lu d ía m os .

Tra ta i de d is t in gu ir es s a s du a s es pécies de s on h os n osde qu e vos lem bra is , do con trá r io ca ir íeis em con tra d içõese em err os fu n es tos à vos s a fé.”

Os s on h os s ã o efeito da em a n cipa çã o da a lm a , qu e m a isin depen den te s e tor n a pela s u s pen s ã o da vida a t iva e de rela çã o.Da í u m a es pécie de cla r ividên cia in defin ida qu e s e a lon ga a té a osm a is a fa s ta dos lu ga r es e a té m es m o a ou tros m u n dos . Da í ta m -

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bém a lem bra n ça qu e t ra z à m em ória a con tecim en tos da p rece-den te exis tên cia ou da s exis tên cia s a n ter iores . As s in gu la r es im a -gen s do qu e s e pa s s a ou s e pa s s ou em m u n dos des con h ecidos ,en trem ea dos de cois a s do m u n do a tu a l, é qu e for m a m es s es con -ju n tos es t ra n h os e con fu s os , qu e n en h u m s en t id o ou liga çã opa recem ter.

A in coerên cia dos s on h os a in da s e exp lica pela s la cu n a squ e a p res en ta a recorda çã o in com pleta qu e con s erva m os do qu en os a pa receu qu a n do s on h á va m os . É com o s e a u m a n a rra çã o s et ru n ca s s em fra s es ou t rech os a o a ca s o. Reu n id os d ep ois , osfra gm en tos res ta n tes n en h u m a s ign ifica çã o ra cion a l ter ia m .

4 0 3 . Por que não nos lem bram os s em pre d os s onhos ?

“Em o qu e ch a m a s son o, só h á o repou so do corpo,vis to qu e o Espír ito es tá con s ta n tem en te em a tivida de. Re-cobra , du ra n te o son o, u m pou co da su a liberda de e s e cor -respon de com os qu e lh e sã o ca ros , qu er n es te m u n do, qu erem ou tros . Mas , com o é pesada e grosseira a m a téria qu e ocom põe, o corpo d ificilm en te con s erva a s im pres s ões qu e oEs p ír ito recebeu , por qu e a es te n ã o ch ega ra m por in ter m é-d io dos órgã os corpora is .”

4 0 4 . Que s e d eve pens ar d as s ign ificações a tribu íd as aoss onhos ?

“Os s on h os n ã o s ã o verda deir os com o o en ten dem osledores de buena-d icha , pois fora a bs u rdo cr er -s e qu e s o-n h a r com ta l cois a a n u n cia ta l ou tra . Sã o ver da deiros n os en t ido de qu e a p res en ta m im a gen s qu e pa ra o Es p ír itotêm rea lida de, porém qu e, fr eqü en tem en te, n en h u m a r ela -çã o gu a rda m com o qu e s e pa s s a n a vida corpora l. Sã ota m bém , com o a t rá s d is s em os , u m p res s en t im en to do fu -tu r o, per m it ido por Deu s , ou a vis ã o do qu e n o m om en to

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ocorr e em ou tro lu ga r a qu e a a lm a s e t ra n s por ta . Nã o s econ ta m por m u itos os ca s os de pes s oa s qu e em s on h o a pa -r ecem a s eu s pa ren tes e a m igos , a fim de a vis á -los do qu e aela s es tá a con tecen do? Qu e s ã o es s a s a pa r ições s en ã o a sa lm a s ou Es p ír itos de ta is pes s oa s a s e com u n ica r em comen tes ca ros ? Qu a n do ten des cer teza de qu e o qu e vis tesr ea lm en te s e deu , n ã o fica p r ova do qu e a im a gin a çã o n e-n h u m a p a r te tom ou n a ocor rên cia , s ob r etu d o s e o qu eobserva s tes n ã o vos pa s sa va pela m en te qu a n do em vigília ?”

4 0 5 . Acontece com freqüência verem -s e em s onho cois as quep a re ce m u m p re s s e n t im e n to, qu e , a f in a l, n ã o s econ firm a . A que s e d eve a tribu ir is to?

“Pode su ceder qu e ta is p res sen tim en tos ven h a m a con -fir m a r -s e a pen a s pa ra o Es p ír ito. Qu er d izer qu e es te viua qu ilo qu e des eja va , foi ao s eu encon tro. É p r ecis o n ã o es -qu ecer qu e, du ra n te o s on o, a a lm a es tá m a is ou m en oss ob a in flu ên cia da m a tér ia e qu e, por con s egu in te, n u n cas e liber ta com pleta m en te de s u a s idéia s ter ren a s , don deres u lta qu e a s p reocu pa ções do es ta do de vigília podem da ra o qu e s e vê a a pa rên cia do qu e s e des eja , ou do qu e s etem e. A is to é qu e, em ver da de, ca be ch a m a r -s e efeito daim a gin a çã o. Sem pr e qu e u m a idéia n os p reocu pa for tem en -te, tu do o qu e vem os s e n os m os tra liga do a es s a idéia .”

4 0 6 . Quand o em s onho vem os pes s oas vivas , m u ito nos s asconhecid as , a pra ticarem a tos d e que abs olu tam en tenão cogitam , não é is s o puro efeito d e im aginação?

“De qu e a bs olu ta m en te n ã o cogita m , d izes . Qu e s a besa ta l r es peito? Os Es p ír itos des s a s pes s oa s vêm vis ita r oteu , com o o teu os va i vis ita r, s em qu e s a iba s s em pre o em

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qu e eles pen s a m . Dem a is , n ã o é ra ro a t r ibu irdes , de a cordocom o qu e des eja is , a pes s oa s qu e con h eceis , o qu e s e deuou s e es tá da n do em ou tra s exis tên cia s .”

4 0 7 . É neces s ário o s ono com pleto para a em ancipação d oEs pírito?

“Nã o; ba s ta qu e os s en t idos en trem em torpor pa raqu e o Es p ír ito r ecobre a s u a liber da de. Pa ra s e em a n cipa r,ele s e a p roveita de todos os in s ta n tes de t régu a qu e o corpolh e con cede. Des de qu e h a ja p ros t ra çã o da s força s vita is , oE s p ír it o s e d es p r en d e , t or n a n d o-s e t a n t o m a is livr e ,qu a n to m a is fra co for o corpo.”

As s im s e exp lica qu e im a gen s idên t ica s à s qu e vem os , ems on h o, veja m os es ta n do a pen a s m eio dor m in do, ou em s im plesm odorra .

40 8 . E qua l a raz ão d e ouvirm os , a lgum as vez es em nósm es m os , pa lavras pronunciad as d is tin tam en te e quenenhum nexo têm com o que nos preocupa?

“É fa to: ou vis a té m esm o fra ses in teira s , prin cipa lm en tequ a n do os s en t idos com eça m a en torpecer -s e. É , qu a s es em pre, fra co eco do qu e d iz u m Es p ír ito qu e con vos co s equ er com u n ica r.”

4 0 9 . Doutras vez es , num es tad o que a ind a não é bem o d oad orm ecim en to, es tand o com os olhos fechad os , ve-m os im a g e n s d is t in t a s , f ig u ra s cu ja s m ín im a sparticu larid ad es percebem os . Que há a í, efeito d e vi-s ão ou d e im aginação?

“Es ta n do en torpecido o corpo, o Es p ír ito t ra ta de des -pren der -s e. Tra n s porta -s e e vê. Se já fos s e com pleto o s on o,h a ver ia s on h o.”

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4 1 0 . Dá-s e tam bém que, d uran te o s ono, ou quand o nosacham os apenas ligeiram en te ad orm ecid os , a cod e m --nos id éias que nos parecem excelen tes e que s e nosa p a ga m d a m e m ória , a p e s a r d os e s forços qu efaçam os para retê-las . Dond e vêm es s as id éias ?

“Provêm da liberda de do Es p ír ito qu e s e em a n cipa equ e, em a n cipa do, goza de s u a s fa cu lda des com m a ior a m -p lit u d e. Ta m b ém s ã o, fr eqü en t em en t e , con s elh os qu eou tros Es p ír itos dã o.”

a) — De que s ervem es s as id éias e es s es cons elhos ,d es d e que, pelos es quecer, não os pod em os aproveita r?

“Es s a s idéia s , em regra , m a is d izem r es peito a o m u n -do dos Es p ír itos do qu e a o m u n do corpór eo. Pou co im por taqu e com u m en te o Es p ír ito a s es qu eça , qu a n do u n ido a ocorpo. Na oca s iã o opor tu n a , volta r -lh e-ã o com o in s p ira çã ode m om en to.”

4 1 1 . Es tand o d es prend id o d a m atéria e a tuand o com o Es -pírito, s abe o Es pírito encarnad o qua l s erá a época d es ua m orte?

“Acon tece pres sen ti-la . Ta m bém su cede ter p len a con s -ciên cia des s a época , o qu e dá lu ga r a qu e, em es ta do devigília , ten h a a in tu içã o do fa to. Por is s o é qu e a lgu m a spes s oa s p r evêem com gra n de exa t idã o a da ta em qu e virã oa m orr er.”

4 1 2 . Pod e a a tivid ad e d o Es pírito, d uran te o repous o, ou os ono corpora l, fa tigar o corpo?

“Pode, pois qu e o Es p ír ito s e a ch a p res o a o corpo qu a lba lã o ca t ivo a o pos te. As s im com o a s s a cu d idu ra s do ba lã o

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a ba la m o pos te, a a t ivida de do Es p ír ito rea ge s obr e o corpoe pode fa t igá -lo.”

VIS ITAS ES PÍRITAS ENTRE PES S OAS VIVAS

4 1 3 . Do princípio d a em ancipação d a a lm a parece d ecorrerque tem os d uas exis tências s im ultâneas : a d o corpo,que nos perm ite a vida de relação os tens iva; e a da alm a,que nos proporciona a vid a d e relação oculta . É as s im ?

“No es ta do de em a n cipa çã o, p r im a a vida da a lm a .Con tu do, n ã o h á , verda deira m en te, du a s exis tên cia s . Sã oa n t es d u a s fa s es d e u m a s ó exis t ên c ia , p or qu a n t o oh om em n ã o vive du p la m en te.”

4 1 4 . Pod e m d u a s p e s s oa s qu e s e con h e ce m v is ita r-s ed uran te o s ono?

“Cer to e m u itos qu e ju lga m n ã o s e con h ecer em cos tu -m a m reu n ir -s e e fa la r -s e. Podes ter, s em qu e o s u s peites ,a m igos em ou tro pa ís . É tã o h a b itu a l o fa to de irdes en con -t ra r -vos , du ra n te o s on o, com a m igos e pa ren tes , com osqu e con h eceis e qu e vos podem s er ú teis , qu e qu a s e toda sa s n oites fa zeis es s a s vis ita s .”

4 1 5 . Que u tilid ad e pod em elas ter, s e a s olvid am os ?

“De ord in á r io, a o des per ta r des , gu a rda is a in tu içã odes s e fa to, do qu a l s e or igin a m cer ta s idéia s qu e vos vêmes p on t a n ea m en t e, s em qu e p os s a is exp lica r com o vosacu diram . São idéia s qu e adqu iris tes n essas con fabu lações .”

4 1 6 . Pod e o hom em , pela s ua von tad e, provocar as vis ita ses pírita s ? Pod e, por exem plo, d iz er, quand o es tá para

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d orm ir: Quero es ta noite encon trar-m e em Es pírito comFulano, quero fa lar-lhe para d iz er is to?

“O qu e s e dá é o s egu in te: Ador m ecen do o h om em , s euEs p ír ito des per ta e, m u ita s vezes , n a da d is pos to s e m os traa fa zer o qu e o h om em r es olvera , porqu e a vida des te pou coin teres s a a o s eu Es p ír ito, u m a vez des pr en d ido da m a tér ia .Is to com r ela çã o a h om en s já ba s ta n te eleva dos es p ir itu a l-m en te. Os ou tr os pa s s a m de m odo m u ito d ivers o a fa s ees p ir itu a l de s u a exis tên cia ter r en a . En trega m -s e à s pa i-xões qu e os es cra viza ra m , ou s e m a n têm in a t ivos . Pode,pois , s u ceder, ta is s eja m os m ot ivos qu e a is s o o in du zem ,qu e o Es p ír ito vá vis ita r a qu eles com qu em des eja en con -t ra r -s e. Ma s , n ã o con s t itu i ra zã o, pa ra qu e s em elh a n te coi-s a s e ver ifiqu e, o s im p les fa to d e ele o qu er er qu a n d odes per to.”

4 1 7 . Pod e m Es p íritos e n ca rn a d os re u n ir-s e e m ce rtonúm ero e form ar as s em bléias ?

“Sem dú vida a lgu m a . Os la ços , a n t igos ou recen tes ,da a m iza de cos tu m a m reu n ir des s e m odo d ivers os Es p ír i-tos , qu e s e s en tem felizes de es ta r ju n tos .”

Pelo ter m o an tigos s e devem en ten der os la ços de a m iza decon tra ída em exis tên cia s a n ter ior es . Ao des per ta r, gu a rda m osin tu içã o da s idéia s qu e h a u r im os n es s es colóqu ios , m a s fica m osn a ign orâ n cia da fon te don de p rom a n a ra m .

4 1 8 . Um a pes s oa que ju lgas s e m orto um d e s eus am igos ,s em que ta l fos s e a realid ad e, pod eria encontrar-s e comele, em Es pírito, e verificar que continuava vivo? E, d ad oo fa to, pod eria , ao d es pertar, ter d ele a in tu ição?

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“Com o Espírito, a pessoa qu e figu ras pode ver o seu am igoe con h ecer -lh e a sorte. Se lh e n ão h ou ver s ido im pos to, porprova , crer n a m orte desse am igo, poderá ter u m pressen ti-m en to da su a exis tên cia , com o poderá tê-lo de su a m orte.”

TRANS MIS S ÃO OCULTA DO PENS AMENTO

4 1 9 . Que é o que d á caus a a que um a id éia , a d e um a d es -cob erta , p or e xem p lo, s u rja em m u itos p on tos a om es m o tem po?

“J á d is s em os qu e du ra n te o s on o os Es p ír itos s e co-m u n ica m en tre s i. Ora bem ! Qu a n do s e dá o des per ta r, oEs p ír ito s e lem bra do qu e a p ren deu e o h om em ju lga s eris s o u m in ven to de s u a a u tor ia . As s im é qu e m u itos podems im u lta n ea m en te des cobr ir a m es m a cois a . Qu a n do d izeisqu e u m a idéia pa ira n o a r, u s a is de u m a figu ra de lin gu a -ge m m a is e x a t a d o q u e s u p o n d e s . To d o s , s e m os u s peita rem , con tr ibu em pa ra p r opa gá -la .”

Des s e m odo, o n os s o p rópr io Es p ír ito revela m u ita s vezes , aou tros Es p ír itos , m a u gra do n os s o, o qu e con s t itu ía ob jeto den os s a s p reocu pa ções n o es ta do de vigília .

4 2 0 . Pod em os Es píritos com unicar-s e, es tand o com pleta -m en te d es pertos os corpos ?

“O Espír ito n ã o se a ch a en cerra do n o corpo com o n u m aca ixa ; ir ra d ia por todos os la dos . Segu e-s e qu e pode com u -n ica r -s e com ou tr os Es p ír itos , m es m o em es ta do de vigília ,s e bem qu e m a is d ificilm en te.”

4 2 1 . Com o s e explica que d uas pes s oas , perfeitam ente acor-d ad as , tenham ins tan taneam en te a m es m a id éia?

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“Sã o dois Es p ír itos s im pá t icos qu e s e com u n ica m evêem r ecip roca m en te s eu s pen s a m en tos res pect ivos , em -bora s em es ta rem a dor m ecidos os corpos .”

Há , en t re os Es p ír itos qu e s e en con tra m , u m a com u n ica çã ode pen s a m en to, qu e dá ca u s a a qu e du a s pes s oa s s e veja m ecom pr een da m sem precisa rem dos s in a is os ten s ivos da lin gu agem .Poder -se-ia dizer qu e fa lam en tre s i a lin gu agem dos Espíritos .

LETARGIA, CATALEPS IA, MORTES APARENTES

4 2 2 . Os letárgicos e os ca ta lépticos , em gera l, vêem e ou -vem o que em d erred or s e d iz e fa z , s em que pos s amexprim ir que es tão vend o e ouvind o. É pelos olhos epelos ouvid os que têm es s as percepções ?

“Nã o; pelo Es p ír ito. O Es p ír ito tem con s ciên cia de s i,m a s n ã o pode com u n ica r -s e.”

a) — Por quê?

“Porqu e a is s o s e opõe o es ta do do corpo. E es s e es ta does pecia l dos órgã os vos p r ova qu e n o h om em h á a lgu m acois a m a is do qu e o corpo, pois qu e, en tã o, o corpo já n ã ofu n cion a e, n o en ta n to, o Es p ír ito s e m os tra a t ivo.”

4 2 3 . Na letargia , pod e o Es pírito s eparar-s e in teiram ente d ocorpo, d e m od o a im prim ir-lhe tod as as aparências d am orte e volta r d epois a habitá -lo?

“Na leta rgia , o corpo n ã o es tá m orto, porqu a n to h á fu n -ções qu e con t in u a m a execu ta r -s e. Su a vita lida de s e en -con tra em es ta do la ten te, com o n a cr is á lida , porém n ã oa n iqu ila da . Ora , en qu a n to o corpo vive, o Es p ír ito s e lh e

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a ch a liga do. Em s e rom pen do, por efeito da m orte rea l epela des a grega çã o dos órgã os , os la ços qu e p r en dem u m a oou tro, in tegra l s e tor n a a s epa ra çã o e o Es p ír ito n ã o voltam a is a o s eu en voltór io. Des de qu e u m h om em , a pa ren te-m en te m orto, volve à vida , é qu e n ã o era com pleta a m orte.”

4 2 4 . Por m eio d e cu id ad os d is pens ad os a tem po, pod emrea tar-s e laços pres tes a s e d es faz erem e res titu ir-s e àvid a um s er que d efin itivam en te m orreria s e não fos s es ocorrid o?

“Sem dú vida e todos os d ia s ten des a p rova d is s o. Om a gn et is m o, em ta is ca s os , con s t itu i, m u ita s vezes , pode-ros o m eio de a çã o, por qu e res t itu i a o corpo o flu ido vita lqu e lh e fa lta pa ra m a n ter o fu n cion a m en to dos órgã os .”

A leta rgia e a ca ta leps ia der iva m do m es m o p r in cíp io, qu e é

a perda tem porá r ia da s en s ib ilida de e do m ovim en to, por u m a

ca u s a fis iológica a in da in exp lica da . Diferem u m a da ou tra em

qu e, n a leta rgia , a s u s pen s ã o da s força s vita is é gera l e dá a o

corpo toda s a s a pa rên cia s da m orte; n a ca ta leps ia , fica loca liza -

da , poden do a t in gir u m a pa r te m a is ou m en os exten s a do corpo,

de s or te a per m it ir qu e a in teligên cia s e m a n ifes te livr em en te, o

qu e a tor n a in con fu n d ível com a m or te. A let a rgia é s em p r e

n a tu ra l; a ca ta leps ia é por vezes m a gn ét ica .

SONAMBULISMO

425 . O s onam bulis m o na tura l tem a lgum a relação com oss onhos ? Com o explicá -lo?

“É u m es tado de in depen dên cia do Espírito, m a is com -p leto do qu e n o s on h o, es ta do em qu e m a ior a m plitu de

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adqu irem su as facu ldades . A a lm a tem en tão percepções dequ e n ão dispõe n o son h o, qu e é u m es tado de son am bu lism oim per feito.

“No s on a m bu lis m o, o Es p ír ito es tá n a pos s e p len a des i m es m o. Os órgã os m a ter ia is , a ch a n do-s e de cer ta for m aem es ta do de ca ta leps ia , deixa m de receber a s im pr es s õesexteriores . Es s e es ta do s e a pres en ta p r in cipa lm en te du ra n -te o s on o, oca s iã o em qu e o Es p ír ito pode a ba n don a r p r ovi-s or ia m en te o corpo, por s e en con tra r es te goza n do do r e-pou s o in d is pen s á vel à m a tér ia . Qu a n do s e p r odu zem osfa tos do s on a m bu lis m o, é qu e o Es p ír ito, p r eocu pa do comu m a cois a ou ou tra , s e a p lica a u m a a çã o qu a lqu er, pa racu ja p rá t ica n eces s ita de u t iliza r -s e do corpo. Serve-s e en -tã o des te, com o s e s erve de u m a m es a ou de ou tro ob jetom a ter ia l n o fen ôm en o da s m a n ifes ta ções fís ica s , ou m es -m o com o s e u t iliza da m ã o do m éd iu m n a s com u n ica çõeses cr ita s . Nos s on h os de qu e s e tem con s ciên cia , os órgã os ,in clu s ive os da m em ória , com eça m a des per ta r. Recebemim per feita m en te a s im pres s ões p r odu zida s por ob jetos ouca u s a s exter n a s e a s com u n ica m a o Es p ír ito, qu e, en tã o,ta m bém em r epou s o, s ó exper im en ta , do qu e lh e é t ra n s m i-t ido, s en s a ções con fu s a s e, a m iú de, des orden a da s , s emn en h u m a a pa ren te ra zã o de s er, m es cla da s qu e s e a p r e-sen ta m de va ga s recorda ções , qu er da exis tên cia a tu a l, qu erde a n ter ior es . Fa cilm en te, por ta n to, s e com preen de por qu eos s on â m bu los n en h u m a lem bra n ça gu a rda m do qu e s epa s s ou en qu a n to es t ivera m n o es ta do s on a m bú lico e porqu e os s on h os , de qu e s e con s erva m em ória , a s m a is da svezes n ã o têm s en t ido. Digo — a s m a is da s vezes , por qu eta m bém s u cede s er em a con s eqü ên cia de lem bra n ça exa tade a con tecim en tos de u m a vida a n ter ior e a té, n ã o ra r o,u m a es pécie de in tu içã o do fu tu ro.”

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4 2 6 . O ch a m a d o s on a m bu lis m o m a gn é tico tem a lgu m arelação com o s onam bulis m o na tura l?

“É a m e s m a c o is a , c om a s ó d ife r e n ç a d e s e rp r ovoca d o.”

4 2 7 . De qu e n a tu rez a é o a gen te qu e s e ch a m a flu id om agnético?

“Flu ido vita l, elet r icida de a n im a liza da , qu e s ã o m odifi-ca ções do flu ido u n ivers a l.”

4 2 8 . Qual a caus a d a clarivid ência s onam búlica?

“J á o d is s em os : É a a lm a qu e vê.”

4 2 9 . Com o p od e o s on â m b u lo v e r a tra v é s d os corp osopacos ?

“Nã o h á corpos opa cos s en ã o pa ra os vos s os gros s ei-ros órgã os . J á p r eceden tem en te n ã o d is s em os qu e a m a té-r ia n en h u m obs tá cu lo oferece a o Es p ír ito, qu e livr em en te aa t ra ves s a ? Freqü en tem en te ou vis o s on â m bu lo d izer qu evê pela fr on te, pelo pu n h o, etc., porqu e, a ch a n do-vos in tei-ra m en te p res os à m a tér ia , n ã o com pr een deis lh e s eja pos -s ível ver s em o a u xílio dos órgã os . E le p rópr io, pelo des ejoqu e m a n ifes ta is , ju lga p recis a r dos órgã os . Se, porém , odeixá s s eis livre, com preen der ia qu e vê por toda s a s pa r tesd o s eu cor p o, ou , m elh or fa la n d o, qu e vê d e for a d os eu corpo.”

4 3 0 . Pois que a s ua clarivid ência é a d e s ua a lm a ou d e s euEs pírito, por que é que o s onâm bu lo não vê tud o etan tas vez es s e engana?

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“Pr im eira m en te, a os Es p ír itos im per feitos n ã o é da doverem tu do e tu do s a ber em . Nã o ign ora s qu e a in da pa r t i-lh a m dos vos s os er ros e p r eju ízos . Depois , qu a n do u n idosà m a tér ia , n ã o goza m de toda s a s s u a s fa cu lda des de Es p í-r ito. Deu s ou torgou a o h om em a fa cu lda de s on a m bú licapa ra fim ú t il e s ér io, n ã o pa ra qu e s e in for m e do qu e n ã od e va s a b e r . E is p o r q u e o s s o n â m b u lo s n e m t u d opodem d izer.”

4 3 1 . Qual a origem d as id éias ina tas d o s onâm bulo e com opod e fa lar com exa tid ão d e cois as que ignora quand od es perto, d e cois as que es tão m es m o acim a d e s uacapacid ad e in telectua l?

“É qu e o s on â m bu lo pos s u i m a is con h ecim en tos doqu e os qu e lh e s u pões . Apen a s , ta is con h ecim en tos dor m i-ta m , por qu e, por dem a s ia do im per feito, s eu in vólu cr o cor -pora l n ã o lh e con s en te rem em orá -lo. Qu e é, a fin a l, u m s o-n â m bu lo? Es p ír ito, com o n ós , e qu e s e en con tra en ca r n a don a m a tér ia pa ra cu m prir a s u a m is s ã o, des per ta n do des s aleta rgia qu a n do ca i em es ta do s on a m bú lico. J á te tem osd ito, r epet ida m en te, qu e vivem os m u ita s vezes . Es ta m u -da n ça é qu e, a o s on â m bu lo, com o a qu a lqu er Es p ír ito oca -s ion a a per da m a ter ia l do qu e h a ja a p ren d ido em preceden -te exis tên cia . En t ra n d o n o es ta d o, a qu e ch a m a s cris e ,lem bra -s e do qu e s a be, m a s s em pr e de m odo in com pleto.Sa be, m a s n ã o poder ia d izer don de lh e vem o qu e s a be,n em com o pos s u i os con h ecim en tos qu e r evela . Pa s s a da acr is e, toda r ecorda çã o s e a pa ga e ele volve à obs cu r ida de.”

Mos tra a exper iên cia qu e os s on â m bu los ta m bém recebemcom u n ica ções de ou tr os Es p ír itos , qu e lh es t ra n s m item o qu edeva m d izer e s u p r em à in ca pa cida de qu e den ota m . Is to s e ver ifi-

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ca p r in cipa lm en te n a s p res cr ições m éd ica s . O Es p ír ito do s on â m -bu lo vê o m a l, ou tro lh e in d ica o rem éd io. Es s a du p la a çã o é à svezes pa ten te e s e revela , a lém d is s o, por es ta s expres s ões m u itofreqü en tes : d iz em -m e qu e d iga , ou proíbem -m e qu e d iga ta l cois a .Nes te ú lt im o ca s o, h á s em pre per igo em in s is t ir -s e por u m a reve-la çã o n ega d a , p orqu e s e d á a zo a qu e in terven h a m Es p ír itoslevia n os , qu e fa la m de tu do s em es crú pu lo e s em s e im por ta remcom a verda de.

4 3 2 . Com o s e e x p lica a v is ã o a d is tâ n cia e m ce rtoss onâm bulos ?

“Du ra n te o s on o, a a lm a n ã o s e t ra n s por ta ? O m es m os e dá n o s on a m bu lis m o.”

4 3 3 . O d es envolvim en to m aior ou m enor d a clarivid ências onam búlica d epend e d a organ iz ação fís ica , ou s ó d ana turez a d o Es pírito encarnad o?

“De u m a e ou tra . Há d is pos ições fís ica s qu e per m itema o Es p ír ito des p ren der -s e m a is ou m en os fa cilm en te dam a tér ia .”

4 3 4 . As facu ld ad es d e que goz a o s onâm bulo s ão as quetem o Es pírito d epois d a m orte?

“Som en te a té cer to pon to, pois cu m pre s e a ten da àin flu ên cia da m a tér ia a qu e a in da s e a ch a liga do.”

4 3 5 . Pod e o s onâm bulo ver os ou tros Es píritos ?

“A m a ior ia deles os vê m u ito bem , depen den do do gra ue da n a tu reza da lu cidez de ca da u m . É m u ito com u m , po-rém , n ã o perceberem , n o p r im eiro m om en to, qu e es tã o ven -do Es p ír itos e os tom a rem por s er es corpóreos . Is s o a con -

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tece p r in cipa lm en te a os qu e, n a da con h ecen do do Es p ir i-t is m o, a in da n ã o com preen dem a es s ên cia dos Es p ír itos . Ofa to os es pa n ta e fá -los s u por qu e têm d ia n te da vis ta s er ester ren os .”

O m es m o s e dá com os qu e, ten do m orr ido, a in da s e ju lga m

vivos . Nen h u m a a ltera çã o n ota n do a o s eu derredor e pa r ecen do-

-lh es qu e os Es p ír itos têm corpos igu a is a os n os s os , tom a m por

corpos r ea is os corpos a pa ren tes com qu e os m es m os Es p ír itos s e

lh es a p res en ta m .

4 3 6 . O s onâm bulo que vê, a d is tância , vê d o pon to em ques e acha o s eu corpo, ou d o em que es tá s ua a lm a?

“Por qu e es ta pergu n ta , des de qu e s a bes s er a a lm aqu em vê e n ã o o corpo?”

4 3 7 . Pos to que o que s e d á , nos fenôm enos s onam búlicos , éque a a lm a s e trans porta , com o pod e o s onâm bulo ex-perim en tar no corpo as s ens ações d o frio e d o ca lorexis ten tes no lugar ond e s e acha s ua a lm a , m u itasvez es bem d is tan te d o s eu invólucro?

“A a lm a , em ta is ca s os , n ã o tem deixa do in teira m en teo corpo; con s erva -s e-lh e p res a pelo la ço qu e os liga e qu een tã o d es em p en h a o p a p el d e con d u tor d a s s en s a ções .Qu a n do du a s pes s oa s s e com u n ica m de u m a cida de pa raou tra , por m eio da elet r icida de, es ta con s t itu i o la ço qu elh es liga os pen s a m en tos . Da í vem qu e con fa bu la m com os e es t ives s em a o la do u m a da ou tra .”

4 3 8 . O us o que um s onâm bulo faz d a s ua facu ld ad e in flu ino es tad o d o s eu Es pírito d epois d a m orte?

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“Mu ito, com o o bom ou m a u u s o qu e o h om em fa z detoda s a s fa cu lda des com qu e Deu s o dotou .”

ÊXTASE

43 9 . Que d iferença há en tre o êxtas e e o s onam bulis m o?

“O êxta s e é u m s on a m bu lis m o m a is a pu ra do. A a lm ado extá t ico a in da é m a is in depen den te.”

4 4 0 . O Es pírito d o extá tico penetra rea lm en te nos m und oss uperiores ?

“Vê es s es m u n dos e com preen de a felicida de dos qu eos h a b ita m , don de lh e n a s ce o des ejo de lá per m a n ecer.Há , porém , m u n dos in a ces s íveis a os Es p ír itos qu e a in dan ã o es tã o ba s ta n te pu r ifica dos .”

4 4 1 . Qu a n d o o ex tá tico m a n ifes ta o d es e jo d e d e ixa r aTerra , fa la s inceram en te, não o retém o in s tin to d econs ervação?

“Is s o depen de do gra u de pu r ifica çã o do Es p ír ito. Sever ifica qu e a s u a fu tu ra s itu a çã o s erá m elh or do qu e a s u avid a p r es en t e , es for ça -s e p or d es a t a r os la ços qu e opren dem à Terra .”

4 4 2 . S e s e d eixas s e o extá tico en tregue a s i m es m o, pod erias ua a lm a aband onar d efin itivam en te o corpo?

“Per feita m en te, poder ia m orr er. Por is s o é qu e p r ecis os e tor n a ch a m á -lo a volta r, a pela n do pa ra tu do o qu e opren de a es te m u n do, fa zen do-lh e s obr etu do com preen derqu e a m a n eira m a is cer ta de n ã o fica r lá , on de vê qu e s er ia

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feliz, con s is t ir ia em pa r t ir a ca deia qu e o tem p r es o a op la n eta ter ren o.”

4 4 3 . Pretend end o que lhe é d ad o ver cois as que evid en te-m en te s ão prod u to d e um a im aginação que as crençase preju íz os terres tres im pres s ionaram , não s erá ju s toconclu ir-s e que nem tud o o que o extá tico vê é rea l?

“O qu e o extá t ico vê é rea l pa ra ele. Ma s , com o s euEspírito se con serva sem pr e deba ixo da in flu ên cia da s idéia ster r en a s , pode a con tecer qu e veja a s eu m odo, ou m elh or,qu e expr im a o qu e vê n u m a lin gu a gem m olda da pelos p r e-con ceitos e idéia s de qu e s e a ch a im bu ído, ou , en tã o, pelosvos s os p r econ ceitos e idéia s , a fim de s er m a is bem com -p r een d id o. Nes t e s en t id o , p r in c ip a lm en t e , é qu e lh es u cede er ra r.”

4 4 4 . Que con fiança s e pod e d epos itar nas revelações d osextá ticos ?

“O extá t ico es tá s u jeito a en ga n a r -s e m u ito fr eqü en te-m en te, s ob retu do qu a n do p r eten de pen etra r n o qu e devacon t in u a r a s er m is tér io pa ra o h om em , porqu e, en tã o, s edeixa leva r pela corr en te da s s u a s p rópr ia s idéia s , ou s etor n a jogu ete de Es p ír itos m is t ifica dores , que s e aprovei-tam d a s ua exa ltação pa ra fa s cin á -lo.”

4 4 5 . Que d ed uções s e pod em tirar d os fenôm enos d o s o-n a m b u lis m o e d o ê x ta s e ? Nã o con s t itu irã o u m aes pécie d e in iciação na vid a fu tura?

“A bem d izer, m ed ia n te es s es fen ôm en os , o h om em en -t r evê a vida pa s s a da e a vida fu tu ra . Es tu de-os e a ch a rá o

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a cla ra m en to d e m a is d e u m m is tér io, qu e a s u a r a zã oin u t ilm en te p r ocu ra deva s s a r.”

4 4 6 . Pod e ria m ta is f e n ôm e n os a d e qu a r-s e à s id é ia sm ateria lis tas ?

“Aqu ele qu e os es tu da r de boa -fé e s em pr even ções n ã opoderá s er m a ter ia lis ta , n em a teu .”

DUPLA VIS TA

4 4 7 . O fenôm eno a que s e d á a d es ignação d e du p la vis tatem a lgum a relação com o s onho e o s onam bulis m o?

“Tu do is s o é u m a s ó cois a . O qu e s e ch a m a d upla vis taé a in da res u lta do da liber ta çã o do Es p ír ito, s em qu e o cor -po s eja a dor m ecido. A d upla vis ta ou s egund a vis ta é avis ta da a lm a .”

4 4 8 . É perm anen te a s egund a vis ta?

“A fa cu lda de é, o exercício n ã o. Em os m u n dos m en osm a ter ia is do qu e o vos s o, os Es p ír itos s e des p ren dem m a isfa cilm en te e s e põem em com u n ica çã o a pen a s pelo pen s a -m en to, s em qu e, toda via , fiqu e a bolida a lin gu a gem a r t icu -la da . Por is s o m es m o, em ta is m u n dos , a du p la vis ta é fa -cu lda de per m a n en te, pa ra a m a ior ia de s eu s h a b ita n tes ,cu jo es ta do n or m a l s e pode com pa ra r a o dos vos s os s o-n â m bu los lú cidos . Es s a ta m bém a ra zã o por qu e es s es Es -p ír itos s e vos m a n ifes ta m com m a ior fa cilida de do qu e osen ca r n a dos em corpos m a is gr os s eir os .”

4 4 9 . A s egund a vis ta aparece es pontaneam ente ou por efeitod a von tad e d e quem a pos s u i com o facu ld ad e?

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“As m a is da s vezes é espon tâ n ea , porém a von ta de ta m -bém des em pen h a com gra n de fr eqü ên cia im por ta n te pa peln o s eu a pa recim en to. Tom a , pa ra exem plo, de u m a s des -s a s p es s oa s a qu em s e d á o n om e d e led or a s d a b u e n a --d icha , a lgu m a s da s qu a is d is põem des ta fa cu lda de, e ve-rá s qu e é com o a u xílio da p rópr ia von ta de qu e s e coloca mn o es ta do de terem a du p la vis ta e o qu e ch a m a s vis ã o.”

4 5 0 . A d u p la v is ta é s u s ce tíve l d e d es en volver-s e pe loexercício?

“Sim , do t ra ba lh o s em pre res u lta o p r ogr es s o e a d is s i-pa çã o do véu qu e en cobr e a s cois a s .”

a) — Es ta fa cu ld a d e te m qu a lqu e r liga çã o com aorgan iz ação fís ica?

“In con tes tavelm en te, o organ ism o in flu i pa ra a su a exis -tên cia . Há orga n is m os qu e lh e s ã o refra tá r ios .”

4 5 1 . Por que é que a s egund a vis ta parece hered itária emalgum as fam ílias ?

“Por sem elh an ça da organ ização, qu e se tran sm ite com oa s ou tra s qu a lida des fís ica s . Depois , a fa cu lda de s e des en -volve p or u m a es p éc ie d e ed u ca çã o, qu e t a m b ém s etra n s m ite de u m a ou tr o.”

4 5 2 . É exa to qu e certa s circu n s tâ n cia s d es en volvem as egund a vis ta?

“A m olés t ia , a p roxim ida de do per igo, u m a gra n de co-m oçã o p od em d es en volvê-la . O corp o, à s vezes , vem aa ch a r -s e n u m es ta do es pecia l qu e fa cu lta a o Es p ír ito ver oqu e n ã o podeis ver com os olh os ca r n a is .”

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Na s época s de cr is es e de ca la m ida des , a s gra n des em oções ,toda s a s ca u s a s , en fim , de s u perexcita çã o do m ora l p r ovoca mn ã o ra ro o des en volvim en to da du p la vis ta . Pa rece qu e a Pr ovi-dên cia , qu an do u m perigo n os am eaça , n os dá o m eio de con ju rá -lo.Tod a s a s s e it a s e p a r t id os p er s egu id os ofer ecem m ú lt ip losexem plos des s e fa to.

4 5 3 . As pes s oas d otad as d e d upla vis ta s em pre têm cons -ciência d e que a pos s uem ?

“Nem s em pre. Con s idera m is s o cois a per feita m en ten a tu ra l e m u itos crêem qu e, s e ca da u m obs erva s s e o qu es e pa s s a con s igo, todos ver ifica r ia m qu e s ã o com o eles .”

4 5 4 . Pod er-s e-ia a tribu ir a um a es pécie d e s egund a vis ta apers picácia d e a lgum as pes s oas que, s em nad a apre-s en tarem d e extraord inário, apreciam as cois as comm ais precis ão d o que ou tras ?

“É s em p r e a a lm a a ir r a d ia r m a is livr em en t e e aa p recia r m elh or do qu e s ob o véu da m a tér ia .”

a) — Pod e es ta fa cu ld a d e , em a lgu n s ca s os , d a r apres ciência d as cois as ?

“Pode. Ta m bém dá os p res s en t im en tos , pois qu e m u i-tos s ã o os gra u s em qu e ela exis te, s en do pos s ível qu e n u mm es m o in d ivídu o exis ta em todos os gra u s , ou em a lgu n ss om en te.”

RES UMO TEÓRICO DO S ONAMBULIS MO,DO ÊXTAS E E DA DUPLA VIS TA

4 5 5 . Os fen ôm en os do s on a m bu lis m o n a tu ra l s e p r odu -zem es pon ta n ea m en te e in depen dem de qu a lqu er ca u s a

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exter ior con h ecida . Ma s , em cer ta s pes s oa s dota da s de es -pecia l orga n iza çã o, podem s er p r ovoca dos a r t ificia lm en te,pela a çã o do a gen te m a gn ét ico.

O es ta do qu e s e des ign a pelo n om e de s onambulism omagnético a pen a s d ifere do s on a m bu lis m o n a tu ra l em qu eu m é p rovoca do, en qu a n to o ou tr o é es pon tâ n eo.

O s on a m bu lis m o n a tu ra l con s t itu i fa to n otór io, qu en in gu ém m a is s e lem bra de pôr em dú vida , n ã o obs ta n te oa s pecto m a ra vilh os o dos fen ôm en os a qu e dá lu ga r. Porqu e s er ia en tã o m a is extra ord in á r io ou ir ra cion a l o s on a m -bu lis m o m a gn ét ico? Apen a s por p rodu zir -s e a r t ificia lm en -te, com o ta n ta s ou tra s cois a s ? Os ch a r la tã es o exp lora m ,d izem . Ra zã o dem a is pa ra qu e n ã o lh es s eja deixa do n a sm ã os . Qu a n do a Ciên cia s e h ou ver a p r opr ia do dele, m u itom en os créd ito terã o os ch a r la tã es ju n to à s m a s s a s popu la -r es . En qu a n to is s o n ã o s e ver ifica , com o o s on a m bu lis m on a tu ra l ou a r t ificia l é u m fa to, e com o con tra fa tos n ã o h ára ciocín io pos s ível, va i ele ga n h a n do ter r en o, a pes a r dam á von ta de de a lgu n s , n o s eio da p rópr ia Ciên cia , on dep en et r a p or u m a im en s id a d e d e p or t in h a s , em vez d een tra r pela por ta la rga . Qu a n do lá es t iver tota lm en te, terã oqu e lh e con ceder d ir eito de cida de.

Pa ra o Es p ir it is m o, o s on a m bu lis m o é m a is do qu e u mfen ôm en o ps icológico, é u m a lu z p r ojeta da s obre a ps icolo-gia . É a í qu e s e pode es tu da r a a lm a , por qu e é on de es ta s em os tra a des cober to. Ora , u m dos fen ôm en os qu e a ca ra c-ter iza m é o da cla r ividên cia in depen den te dos órgã os ord i-n á r ios d a vis ta . Fu n d a m -s e os qu e con tes ta m es te fa toem qu e o son âm bu lo n em sem pre vê, e à von tade do exper i-m en ta dor, com o com os olh os . Será de a dm ira r qu e d ifira m

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os efeitos , qu a n do d ifer en tes s ã o os m eios ? Será ra cion a lqu e se preten da obter os m esm os efeitos , qu an do h á e qu an -do n ã o h á o in s t ru m en to? A a lm a tem s u a s p r opr ieda des ,com o os olh os t êm a s s u a s . Cu m p r e ju lgá - la s em s im es m a s e n ã o por a n a logia .

De u m a ca u s a ú n ica s e or igin a m a cla r ividên cia dos on â m bu lo m a gn ét ico e a do s on â m bu lo n a tu ra l. É um a tri-bu to d a a lm a , u m a fa cu lda de in er en te a toda s a s pa r tes dos er in corpór eo qu e exis te em n ós e cu jos lim ites n ã o s ã oou tros s en ã o os a s s in a dos à p rópr ia a lm a . O s on â m bu lo vêem todos os lu ga r es a on de s u a a lm a pos s a t ra n s por ta r -s e,qu a lqu er qu e s eja a lon gitu de.

No ca s o de vis ã o a d is tâ n cia , o s on â m bu lo n ã o vê a scois a s de on de es tá o s eu corpo, com o por m eio de u mteles cóp io. Vê-a s p res en tes , com o s e s e a ch a s s e n o lu ga ron de ela s exis tem , por qu e s u a a lm a , em rea lida de, lá es tá .Por is s o é qu e s eu corpo fica com o qu e a n iqu ila do e p r iva dode s en s a çã o, a té qu e a a lm a volte a h a b itá -lo n ova m en te.Es s a s epa ra çã o pa rcia l da a lm a e do corpo con s t itu i u mes ta do a n or m a l, s u s cet ível de du ra çã o m a is ou m en os lon -ga , porém n ã o in defin ida . Da í a fa d iga qu e o corpo exper i-m en ta a p ós cer to t em p o, m or m en te qu a n d o a qu ela s een trega a u m t ra ba lh o a t ivo.

A vis ta da a lm a ou do Es p ír ito n ã o é cir cu n s cr ita e n ã otem s ede deter m in a da . Eis por qu e os s on â m bu los n ã o lh epodem m a rca r órgã o es pecia l. Vêem porqu e vêem , s em s a -berem o m ot ivo n em o m odo, u m a vez qu e, pa ra eles , n acon d içã o de Es p ír itos , a vis ta ca rece de foco p rópr io. S e s ereportam ao corpo, es s e foco lh es pa r ece es ta r n os cen troson de m a ior é a a t ivida de vita l, p r in cipa lm en te n o céreb ro,

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n a r egiã o d o ep iga s t r o, ou n o órgã o qu e con s id er em opon to de liga çã o m ais forte en tr e o Es p ír ito e o corpo.

O poder da lu cidez s on a m bú lica n ã o é ilim ita do. O Es -p ír ito, m es m o qu a n do com pleta m en te livr e, tem res t r in gi-dos s eu s con h ecim en tos e fa cu lda des , con for m e a o gra u deper feiçã o qu e h a ja a lca n ça do. Ain da m a is res t r in gidos ostem qu a n do liga do à m a tér ia , a cu ja in flu ên cia es tá s u jeito.É o qu e m ot iva n ã o s er u n ivers a l, n em in fa lível, a cla r ivi-dên cia s on a m bú lica . E ta n to m en os s e pode con ta r com as u a in fa lib ilida de, qu a n to m a is des via da s eja do fim vis a dopela n a tu r eza e t ra n s for m a da em ob jeto de cu r ios ida de ed e experim en tação.

No es ta do de des p ren d im en to em qu e fica coloca do, oEs p ír ito do s on â m bu lo en tra em com u n ica çã o m a is fá cilcom os ou tros Es p ír itos encarnad os , ou não encarnad os ,com u n ica çã o qu e s e es ta belece pelo con ta cto dos flu idos ,qu e com põem os per is p ír itos e s ervem de t ra n s m is s ã o a open s a m en to, com o o fio elét r ico. O s on â m bu lo n ã o p recis a ,por ta n to, qu e s e lh e expr im a m os pen s a m en tos por m eioda pa la vra a r t icu la da . E le os s en te e a d ivin h a . É o qu e otor n a em in en tem en te im pres s ion á vel e s u jeito à s in flu ên -cia s da a tm os fera m ora l qu e o en volva . Es s a ta m bém a ra -zã o por qu e u m a a s s is tên cia m u ito n u m eros a e a p r es en çade cu r ios os m a is ou m en os m a levolen tes lh e p reju d ica m dem odo es s en cia l o des en volvim en to da s fa cu lda des qu e, pora s s im d izer, s e con tra em , s ó s e des dobra n do com toda aliberda de n u m m eio ín t im o ou s im pá t ico. A pres ença d epes s oas m al-in tencionad as ou an tipá ticas lhe prod uz efeitoid ên tico ao d o con tacto d a m ão na s ens itiva .

O s on â m bu lo vê a o m es m o tem po o s eu p rópr io Es p ír i-to e o s eu corpo, os qu a is con s t itu em , por a s s im d izer, dois

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s eres qu e lh e r ep res en ta m a du p la exis tên cia corpór ea ees p ir itu a l, exis tên cia s qu e, en treta n to, s e con fu n dem , m e-d ia n te os la ços qu e a s u n em . Nem s em pre o s on â m bu lo s ea percebe de ta l s itu a çã o e es s a d ua lid ad e fa z qu e m u ita svezes fa le de s i, com o s e fa la s s e de ou tra pes s oa . É qu e oraé o s er corpór eo qu e fa la a o s er es p ir itu a l, ora é es te qu efa la à qu ele.

Em ca da u m a de s u a s exis tên cia s corpora is , o Es p ír itoa dqu ire u m a crés cim o de con h ecim en tos e de exper iên cia .Es qu ece-os pa rcia lm en te, qu an do en ca rn ado em m atéria pord em a is gros s eira , porém d eles s e record a com o Es pírito.Ass im é qu e cer tos son â m bu los revela m con h ecim en tos a ci-m a do gra u da in s t ru çã o qu e pos s u em e m es m o s u per ioresà s s u a s a pa ren tes ca pa cida des in telectu a is . Por ta n to, dain fer ior ida de in telectu a l e cien t ífica do s on â m bu lo, qu a n dodes per to, n a da s e pode in fer ir com r ela çã o a os con h eci-m en tos qu e porven tu ra r evele n o es ta do de lu cidez. Con -for m e a s cir cu n s tâ n cia s e o fim qu e s e ten h a em vis ta , eleos pode h a u r ir da s u a p rópr ia exper iên cia , da s u a cla r ivi-dên cia r ela t iva à s cois a s p res en tes , ou dos con s elh os qu ereceba de ou tr os Es p ír itos . Ma s , poden do o s eu p rópr ioEs p ír ito s er m a is ou m en os a d ia n ta do, pos s ível lh e é d izercois a s m a is ou m en os cer ta s .

Pelos fen ôm en os do s on a m bu lis m o, qu er n a tu ra l, qu erm a gn ético, a Providên cia n os dá a prova irr ecu sá vel da exis -tên cia e da in depen dên cia da a lm a e n os fa z a s s is t ir a os u b lim e es petá cu lo da s u a em a n cipa çã o. Abre-n os , des s am a n eira , o livro do n os s o des t in o. Qu a n do o s on â m bu lodes creve o qu e s e pa s s a a d is tâ n cia , é eviden te qu e vê, m a sn ã o com os olh os do corpo. Vê-s e a s i m es m o e s e s en te

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tra n s por ta do a o lu ga r on de vê o qu e des cr eve. Lá s e a ch a ,pois , a lgu m a cois a dele e, n ã o poden do es s a a lgu m a cois as er o s eu corpo, n eces s a r ia m en te é s u a a lm a , ou Es p ír ito.En qu an to o h om em se perde n as su tilezas de u m a m eta fís icaa bs tra ta e in in teligível, em bu s ca da s ca u s a s da n os s a exis -tên cia m ora l, Deu s cot id ia n a m en te n os põe s ob os olh os ea o a lca n ce da m ã o os m a is s im ples e pa ten tes m eios dees tu da r m os a ps icologia exper im en ta l.

O êxta s e é o es ta do em qu e a in depen dên cia da a lm a ,com r ela çã o a o corpo, s e m a n ifes ta de m odo m a is s en s ívele s e tor n a , de cer ta for m a , pa lpá vel.

No son h o e n o son a m bu lism o, o Espír ito a n da em giropelos m u n dos terr es tres . No êxta se, pen etra em u m m u n dodescon h ecido, o dos Espír itos etéreos , com os qu a is en traem com u n ica çã o, s em qu e, toda via , lh e s eja lícito u ltra pa s -sa r certos lim ites , porqu e, s e os tra n spu ses se, tota lm en te s epa rt ir ia m os la ços qu e o pren dem a o corpo. Cer ca -o en tã ores p len den te e des u s a do fu lgor, in eb r ia m -n o h a r m on ia squ e n a Terra s e des con h ecem , in defin ível bem -es ta r o in va -de: goza a n tecipa da m en te da bea t itu de celes te e bem s epod e d iz er que pous a um pé no lim iar d a etern id ad e.

No es ta do de êxta s e, o a n iqu ila m en to do corpo é qu a s ecom pleto. Fica -lh e som en te, pode-se dizer, a vida orgân ica .Sen te-se qu e a a lm a se lh e ach a presa u n icam en te por u mfio, qu e m ais u m pequ en in o es forço qu ebra ria sem rem issão.

Nes s e es ta do, des a pa recem todos os pen s a m en tos ter -r es t r es , ceden do lu ga r a o s en t im en to a pu ra do, qu e con s t i-tu i a es s ên cia m es m a do n os s o s er im a ter ia l. In teira m en teen tr egu e a tã o s u b lim e con tem pla çã o, o extá t ico en ca ra avida apen as com o pa ragem m om en tân ea . Con s idera os ben s

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e os m a les , a s a legr ia s gros s eira s e a s m is ér ia s des te m u n -do qu a is in ciden tes fú teis de u m a via gem , cu jo ter m o tem ad ita de a vis ta r.

Dá -s e com os extá t icos o qu e s e dá com os s on â m bu -los : m a is ou m en os per feita podem ter a lu cidez e o Es p ír itom a is ou m en os a p to a con h ecer e com preen der a s cois a s ,con for m e s eja m a is ou m en os eleva do. Mu ita s vezes , po-rém , h á n eles m a is excita çã o do qu e verda deira lu cidez, ou ,m elh or, m u ita s vezes a exa lta çã o lh es p r eju d ica a lu cidez.Da í o s erem , freqü en tem en te, s u a s r evela ções u m m is to deverda des e er r os , de cois a s gra n d ios a s e cois a s a bs u rda s ,a té r id ícu la s . Des s a exa lta çã o, qu e é s em pre u m a ca u s a defra qu eza , qu a n do o in d ivídu o n ã o s a be r ep r im i-la , Espíritosin feriores cos tu m a m a pr oveita r -se pa ra dom in a r o extá t ico,tom a n do, com ta l in tu ito, a os s eu s olh os , aparências qu em a is o a fer ra m à s idéia s qu e n u tre n o es ta do de vigília . Hán is so u m escolh o, m a s n em todos s ã o a s s im . Ca be-n os tu doju lga r fr ia m en te e p es a r -lh es a s r evela ções n a b a la n çada ra zã o.

A em a n cipa çã o da a lm a s e ver ifica à s vezes n o es ta dode vigília e p r odu z o fen ôm en o con h ecido pelo n om e des egund a vis ta ou d upla vis ta , qu e é a fa cu lda de gra ça s àqu a l qu em a pos s u i vê, ou ve e s en te a lém d os lim ites d oss en tid os hum anos . Per cebe o qu e exis ta a té on de es ten de aa lm a a s u a a çã o. Vê, por a s s im d izer, a t ra vés da vis ta or d i-n á r ia e com o por u m a es pécie de m ira gem .

No m om en to em qu e o fen ôm en o da s egu n da vis ta s ep rodu z, o es ta do fís ico do in d ivídu o s e a ch a s en s ivelm en tem odifica do. O olh a r a p res en ta a lgu m a cois a de va go. Eleolh a s em ver. Toda a s u a fis ion om ia reflete u m a com o exa l-

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ta çã o. Nota -s e qu e os órgã os vis u a is s e con s erva m a lh eiosa o fen ôm en o, pelo fa to de a vis ã o pers is t ir, m a lgra do àoclu s ã o dos olh os .

Aos dota dos des ta fa cu lda de ela s e a figu ra tã o n a tu -ra l, com o a qu e todos tem os de ver. Con s idera m -n a u ma tr ibu to de s eu s p rópr ios s er es , qu e em n a da lh es pa recemexcepcion a is . De ord in á r io, o es qu ecim en to s e s egu e a es s alu cidez pa s s a geira , cu ja lem bra n ça , tor n a n do-s e ca da vezm a is va ga , a ca ba por des a pa recer, com o a de u m s on h o.

O poder da vis ta du p la va r ia , in do des de a s en s a çã ocon fu s a a té a per cepçã o cla ra e n ít ida da s cois a s p res en tesou a u s en tes . Qu a n do ru d im en ta r, con fer e a cer ta s pes s oa so ta to, a pers p icá cia , u m a cer ta s egu ra n ça n os a tos , a qu es e pode da r o qu a lifica t ivo de precis ão d e golpe d e vis tam ora l. Um pou co des en volvida , des per ta os p res s en t im en -t os . Ma is d es en volvid a m os t r a os a con t ecim en t os qu edera m ou es tã o pa ra da r -s e.

O s on a m bu lis m o n a tu ra l e a r t ificia l, o êxta s e e a du p lavis ta s ã o efeitos vá r ios , ou de m oda lida des d ivers a s , de u m am es m a ca u s a . Es s es fen ôm en os , com o os s on h os , es tã o n aordem da n a tu r eza . Ta l a ra zã o por qu e h ã o exis t ido emtodos os tem pos . A His tór ia m os tra qu e fora m s em pr e co-n h ecidos e a té exp lora dos des de a m a is r em ota a n t igu ida -de e n eles s e n os depa ra a exp lica çã o de u m a im en s ida ded e fa tos qu e os p r econ ceitos fizer a m fos s em t id os p ors obren a tu ra is .

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C A P Í T U L O I X

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• Facu ld ad e, que têm os Es píritos , d e penetrar os nos -s os pens am en tos

• In fluência ocu lta d os Es píritos em nos s os pens am en-tos e a tos

• Pos s es s os• Convuls ionários• Afeição que os Es píritos votam a certas pes s oas• Anjos -d e-guard a . Es píritos protetores , fam ilia res ou

s im páticos• Pres s en tim en tos• In fluência d os Es píritos nos acon tecim en tos d a vid a• Ação d os Es píritos nos fenôm enos d a Na turez a• Os Es píritos d uran te os com ba tes• Pactos• Pod er ocu lto. Ta lis m ãs . Feiticeiros• Bênçãos e m a ld ições

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F ACULDADE, QUE TÊM OS E S PÍRITOS , DE PENETRAROS NOS S OS PENS AMENTOS

4 5 6 . Vêem os Es píritos tud o o que faz em os ?

“Podem ver, pois qu e con s tan tem en te vos rodeiam . Cadau m , porém , s ó vê a qu ilo a qu e dá a ten çã o. Nã o s e ocu pa mcom o qu e lh es é in d iferen te.”

4 5 7 . Pod em os Es píritos conhecer os nos s os m a is s ecretospens am entos ?

“Mu ita s vezes ch egam a con h ecer o qu e deseja ríeis ocu l-ta r de vós m es m os . Nem a tos , n em pen s a m en tos s e lh espodem d is s im u la r.”

a) — As s im , m a is fácil nos s eria ocu ltar d e um a pes s oav iv a qu a lqu e r cois a , d o qu e a e s con d e r d e s s a m e s m apes s oa d epois d e m orta?

“Cer ta m en te. Qu a n do vos ju lga is m u ito ocu ltos , é co-m u m terdes a o vos s o la do u m a m u lt idã o de Es p ír itos qu evos obs erva m .”

4 5 8 . Que pens am d e nós os Es píritos que nos cercam eobs ervam ?

“Depen de. Os levia n os r iem da s pequ en a s pa r t ida s qu evos p r ega m e zom ba m da s vos s a s im pa ciên cia s . Os Es p ír i-t os s ér ios s e con d oem d os vos s os r eves es e p rocu ra ma ju da r -vos .”

INF LUÊNCIA OCULTA DOS ES PÍRITOS EM NOS S OSPENS AMENTOS E ATOS

4 5 9 . In flu em os Es píritos em n os s os pen s a m en tos e emnos s os a tos ?

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“Mu ito m a is do qu e im a gin a is . In flu em a ta l pon to,qu e, de ord in á r io, s ã o eles qu e vos d ir igem .”

4 6 0 . De par com os pens am en tos que nos s ão próprios , ou -tros haverá que nos s ejam s ugerid os ?

“Vos s a a lm a é u m Es p ír ito qu e pen s a . Nã o ign ora isqu e, fr eqü en tem en te, m u itos pen s a m en tos vos a codem au m tem po s obre o m es m o a s s u n to e, n ã o ra ro, con trá r iosu n s a os ou tros . Pois bem ! No con ju n to deles , es tã o s em prede m is tu ra os vos s os com os n os s os . Da í a in cer teza emq u e vos ve d e s . É q u e t e n d e s e m vós d u a s id é ia s as e com ba terem .”

4 6 1 . Com o havem os d e d is tingu ir os pens am en tos que noss ão próprios d os que nos s ão s ugerid os ?

“Qu a n do u m pen s a m en to vos é s u ger ido, ten des a im -pres s ã o de qu e a lgu ém vos fa la . Gera lm en te, os pen s a m en -tos p rópr ios s ã o os qu e a codem em pr im eiro lu ga r. Afin a l,n ã o vos é de gra n de in teres s e es ta belecer es s a d is t in çã o.Mu ita s vezes , é ú t il qu e n ã o s a iba is fa zê-la . Nã o a fa zen do,obra o h om em com m a is liber da de. Se s e decide pelo bem ,é volu n ta r ia m en te qu e o p ra t ica ; s e tom a o m a u ca m in h o,m a ior s erá a s u a res pon s a b ilida de.”

4 6 2 . É s em pre d e d en tro d e s i m es m os qu e os h om en sin teligen tes e d e gên io tiram s uas id éias ?

“Algu m a s vezes , ela s lh es vêm do s eu p rópr io Es p ír ito,porém , de ou tra s m u ita s , lh es s ã o s u ger ida s por Es p ír itosqu e os ju lga m ca p a zes d e com p reen d ê-la s e d ign os d evu lga r izá -la s . Qu a n do ta is h om en s n ã o a s a ch a m em s i

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m es m os , a pela m pa ra a in s p ira çã o. Fa zem a s s im , s em os u s peita r em , u m a verda deira evoca çã o.”

Se fora ú t il qu e pu dés s em os d is t in gu ir cla ra m en te os n os -s os pen s a m en tos p rópr ios dos qu e n os s ã o s u ger idos , Deu s n osh ou vera p r oporcion a do os m eios de o con s egu ir m os , com o n oscon cedeu o de d iferen ça r m os o d ia da n oite. Qu a n do u m a cois as e con s erva im pr ecis a , é qu e con vém a s s im a con teça .

4 6 3 . Diz -s e com um en te s er s em pre bom o prim eiro im pu ls o.É exa to?

“Pode s er bom ou m a u , con for m e a n a tu reza do Es p ír i-to en ca r n a do. É s em pre bom n a qu ele qu e a ten de à s boa sin s p ira ções .”

4 6 4 . Com o d is tingu irm os s e um pens am en to s ugerid o pro-ced e d e um bom Es pírito ou d e um Es pírito m au?

“Es tu d a i o ca s o. Os b on s Es p ír itos s ó p a ra o b ema con s elh a m . Com pete-vos d is cer n ir.”

4 6 5 . Com qu e fim os Es p íritos im perfe itos n os in d u z emao m al?

“Pa ra qu e s ofra is com o eles s ofrem .”

a) — E is s o lhes d im inu i os s ofrim en tos ?

“Nã o; m a s fa zem -n o p or in veja , p or n ã o p od er ems u por ta r qu e h a ja s er es felizes .”

b) — De qu e n a tu rez a é o s ofrim en to qu e procu ra min fligir aos ou tros ?

“Os qu e res u lta m de s er de ordem in fer ior a cr ia tu ra ede es ta r a fa s ta da de Deu s .”

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46 6 . Por que perm ite Deus que Es píritos nos excitem ao m al?

“Os Es p ír itos im per feitos s ã o in s t ru m en tos p rópr ios apôr em p rova a fé e a con s tâ n cia dos h om en s n a p rá t ica dobem . Com o Es p ír ito qu e és , ten s qu e p rogr ed ir n a ciên ciado in fin ito. Da í o pa s s a res pela s p r ova s do m a l, pa ra ch e-ga res a o bem . A n os s a m is s ã o con s is te em te coloca r m osn o bom cam in h o. Desde qu e sobre t i a tu am in flu ên cia s m ás ,é qu e a s a t ra is , des eja n do o m a l; porqu a n to os Es p ír itosin fer ior es cor rem a te a u xilia r n o m a l, logo qu e des ejesp ra t icá -lo. Só qu a n do qu eira s o m a l, podem eles a ju da r -tepa ra a p rá t ica do m a l. Se fores p r open s o a o a s s a s s ín io,terá s em tor n o de t i u m a n u vem de Es p ír itos a te a lim en ta -rem n o ín t im o es s e pen dor. Ma s , ou tr os ta m bém te cerca -rã o, es força n do-s e por te in flu en cia rem pa ra o bem , o qu eres ta belece o equ ilíb r io da ba la n ça e te deixa s en h or dosteu s a tos .”

É a s s im qu e Deu s con fia à n os s a con s ciên cia a es colh a doca m in h o qu e deva m os s egu ir e a liberda de de ceder a u m a ouou tra da s in flu ên cia s con trá r ia s qu e s e exercem s obr e n ós .

4 6 7 . Pod e o hom em exim ir-s e d a in fluência d os Es píritosque procuram arras tá -lo ao m al?

“Pode, vis to qu e ta is Es p ír itos s ó s e a pega m a os qu e,pelos s eu s des ejos , os ch a m a m , ou a os qu e, pelos s eu spen s a m en tos , os a t ra em .”

4 6 8 . R e n u n cia m à s s u a s te n ta t iv a s os Es p íritos cu jain fluência a von tad e d o hom em repele?

“Qu e qu er ia s qu e fizes s em ? Qu a n do n a da con s egu em ,a ba n don a m o ca m po. En treta n to, fica m à es p r eita de u mm om en to p r op ício, com o o ga to qu e toca ia o ra to.”

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4 6 9 . Por que m eio podem os neutralizar a influência dos m ausEs píritos ?

“Pra t ica n do o bem e pon do em Deu s toda a vos s a con -fia n ça , r ep elireis a in flu ên cia d os Es p ír itos in fer ior es ea n iqu ila r eis o im pér io qu e des ejem ter s obre vós . Gu a rda i--vos de a ten der à s s u ges tões dos Es p ír itos qu e vos s u s ci-ta m m a u s pen s a m en tos , qu e s opra m a d is cór d ia en tre vósou tros e qu e vos in s u fla m a s pa ixões m á s . Des con fia i es pe-cia lm en te dos qu e vos exa lta m o orgu lh o, pois qu e es s esvos a s s a lta m pelo la do fra co. Es s a a ra zã o por qu e J es u s ,n a ora çã o dom in ica l, vos en s in ou a d izer : “Sen h or! n ã o n osdeixes ca ir em ten ta çã o, m a s livra -n os do m a l.”

4 7 0 . Os Es píritos , que ao m al procuram ind uz ir-nos e quepõem as s im em prova a nos s a firm ez a no bem , proce-d em d es s e m od o cum prind o m is s ão? E, s e as s im é,cabe-lhes a lgum a res pons abilid ad e?

“A n en h u m Es p ír ito é da da a m is s ã o de p ra t ica r o m a l.Aqu ele qu e o fa z fá -lo por con ta p rópr ia , s u jeita n do-s e, por -ta n to, à s con s eqü ên cia s . Pode Deu s per m it ir -lh e qu e a s -s im p r oceda , pa ra vos exper im en ta r ; n u n ca , porém , lh edeter m in a ta l p roced im en to. Com pete-vos , pois , r epeli-lo.”

4 7 1 . Quand o experim en tam os um a s ens ação d e angús tia ,d e ans ied ad e ind efin ível, ou d e ín tim a s a tis fação, s emqu e lh e con h e ça m os a ca u s a , d e v e m os a trib u í-laun icam en te a um a d is pos ição fís ica?

“É qu a s e s em pre efeito da s com u n ica ções em qu e in -con s cien tem en te en tra is com os Es p ír itos , ou da qu e comeles t ives tes du ra n te o s on o.”

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4 7 2 . Os Es píritos que procuram a tra ir-nos para o m a l s elim ita m a a proveita r a s circu n s tâ n cia s em qu e n osacham os , ou pod em tam bém criá -las ?

“Apr oveita m a s circu n s tâ n cia s ocorr en tes , m a s ta m -bém cos tu m a m cr iá -la s , im pelin do-vos , m a u gra do vos s o,pa ra a qu ilo qu e cob iça is . As s im , por exem plo, en con tra u mh om em , n o seu ca m in h o, certa qu a n tia . Nã o pen ses ten h a ms ido os Es p ír itos qu e a t r ou xera m pa ra a li. Ma s , eles po-dem in s p ira r a o h om em a idéia de tom a r a qu ela d ireçã o es u ger ir -lh e depois a de s e a podera r da im portâ n cia a ch a da ,en qu a n to ou tr os lh e s u gerem a de r es t itu ir o d in h eiro a os eu legít im o don o. O m es m o s e dá com rela çã o a toda s a sdem a is ten ta ções .”

POSSESSOS

4 7 3 . Pod e um Es pírito tom ar tem porariam en te o invólucrocorpora l d e um a pes s oa viva , is to é, in trod uz ir-s e numcorpo an im ad o e obrar em lugar d o ou tro que s e achaencarnad o nes te corpo?

“O Es p ír ito n ã o en tra em u m corpo com o en tra s n u m aca s a . Iden t ifica -s e com u m Es p ír ito en ca r n a do, cu jos defei-tos e qu a lida des s eja m os m es m os qu e os s eu s , a fim deobra r con ju n ta m en te com ele. Ma s , o en ca r n a do é s em pr equ em a tu a , con for m e qu er, s ob re a m a tér ia de qu e s e a ch areves tido. Um Espír ito n ã o pode su bs titu ir -s e a o qu e es táen ca rn a do, por is so qu e es te terá qu e per m a n ecer liga do a oseu corpo a té a o term o fixa do pa ra su a exis tên cia m a teria l.”

4 7 4 . Des d e que não há pos s es s ão propriam ente d ita , is to é,coabitação d e d ois Es píritos no m es m o corpo, pod e a

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a lm a ficar na d epend ência d e ou tro Es pírito, d e m od oa s e achar s u b ju ga da ou obs id ia da ao pon to d e a s uavon tad e vir a achar-s e, d e certa m aneira , para lis ad a?

“Sem dú vida e são es ses os verdadeiros possessos . Mas ,é p recis o s a iba s qu e es s a dom in a çã o n ã o s e efetu a n u n cas em qu e a qu ele qu e a s ofre o con s in ta , quer por s ua fraque-

za , qu er por des ejá -la . Mu itos ep ilép t icos ou lou cos , qu em a is n eces s ita va m de m éd ico qu e de exor cis m os , têm s idotom a dos por pos s es s os .”

O vocá bu lo pos s es s o, n a s u a a cepçã o vu lga r, s u põe a exis -tên cia de dem ôn ios , is to é, de u m a ca tegor ia de s eres m a u s porn a tu reza , e a coa b ita çã o de u m des s es s er es com a a lm a de u min d ivídu o, n o s eu corpo. Pois qu e, nes s e s en tid o, n ã o h á dem ô-n ios e qu e dois Es p ír itos n ã o podem h a b ita r s im u lta n ea m en te om es m o corpo, n ã o h á pos s es s os n a con for m ida de da idéia a qu ees ta pa la vra s e a ch a a s s ocia da . O ter m o pos s es s o s ó s e devea dm it ir com o expr im in do a depen dên cia a bs olu ta em qu e u m aa lm a pode a ch a r -s e com rela çã o a Es p ír itos im per feitos qu e as u b ju gu em .

4 7 5 . Pod e a lguém por s i m es m o a fas tar os m aus Es píritos elibertar-s e d a d om inação d eles ?

“Sem pre é pos s ível, a qu em qu er qu e s eja , s u b tra ir -s ea u m ju go, des de qu e com von ta de fir m e o qu eira .”

4 7 6 . Mas , não pod e acontecer que a fas cinação exercid a pelom au Es pírito s eja d e ta l ord em que o s ubjugad o não aperceba? S end o as s im , pod erá um a terceira pes s oafaz er que ces s e a s u jeição d a ou tra? E, nes s e cas o,qua l d eve s er a cond ição d es s a terceira pes s oa?

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“Sen do ela u m h om em de bem , a s u a von ta de poderáter eficá cia , des de qu e a pele pa ra o con cu rs o dos bon s Es -p ír itos , porqu e, qu an to m ais d igna for a pes soa , tan to m a iorpoder terá s obre os Es p ír itos im per feitos , pa ra a fa s tá -los , es obre os bon s , pa ra os a t ra ir. Toda via , n a da poderá , s e oqu e es t iver s ubjugad o n ã o lh e p res ta r o s eu con cu rs o. Hápes s oa s a qu em a gra da u m a depen dên cia qu e lh es lis on -jeia os gos tos e os des ejos . Qu a lqu er, porém , qu e s eja oca s o, a qu ele qu e n ã o t iver pu r o o cora çã o n en h u m a in -flu ên cia exercerá . Os bon s Es p ír itos n ã o lh e a ten dem a och a m a do e os m a u s n ã o o tem em .”

4 7 7 . As fórm ulas d e exorcis m o têm qua lquer eficácia s obreos m aus Es píritos ?

“Nã o. Es tes ú lt im os r iem e s e obs t in a m , qu a n do vêema lgu ém tom a r is s o a s ér io.”

4 7 8 . Pes s oas há , an im ad as d e boas in tenções e que, nad aobs tan te, não d eixam d e s er obs id iad as . Qua l, en tão,o m e lh or m e io d e n os liv ra rm os d os E s p írit osobs es s ores ?

“Ca n s a r -lh es a pa ciên cia , n en h u m va lor lh es da r à ss u ges tões , m os tra r -lh es qu e per dem o tem po. Em ven doqu e n a da con s egu em , a fa s ta m -s e.”

4 7 9 . A prece é m eio eficien te para a cura d a obs es s ão?

“A p rece é em tu do u m poder os o a u xílio. Ma s , cr edequ e n ão ba s ta qu e a lgu ém m u r m u re a lgu m as pa lavra s , pa raqu e ob ten h a o qu e des eja . Deu s a s s is te os qu e obra m , n ã oos qu e s e lim ita m a ped ir. É , pois , in d is pen s á vel qu e o

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obs id ia do fa ça , por s u a pa r te, o qu e s e tor n e n eces s á r iopa ra des t ru ir em s i m es m o a ca u s a da a t ra çã o dos m a u sEs p ír itos .”

4 8 0 . Qu e s e d e v e p e n s a r d a e x p u ls ã o d os d e m ôn ios ,m encionad a no Evangelho?

“Depen de da in terp reta çã o qu e s e lh e dê. Se ch a m a isd em ônio a o m a u Es p ír ito qu e s u b ju gu e u m in d ivídu o, des -de qu e s e lh e des t ru a a in flu ên cia , ele terá s ido ver da deira -m en te expu ls o. Se a o dem ôn io a t r ibu irdes a ca u s a de u m aen fer m ida de, qu a n do a h ou ver des cu ra do d ireis com a cer toqu e expu ls a s tes o dem ôn io. Um a cois a pode s er ver da deiraou fa ls a , con for m e o s en t ido qu e em pres teis à s pa la vra s .As m a iores ver dades es tão su jeita s a pa recer absu r dos , u m avez qu e s e a ten da a pen a s à for m a , ou qu e s e con s ider ecom o rea lida de a a legoria . Com preen dei bem is to e n ã o oesqu eça is n u n ca , pois qu e se pres ta a u m a a plica çã o gera l.”

CONVULS IONÁRIOS

4 8 1 . Des em penham os Es píritos a lgum papel nos fenôm e-n os q u e s e d ã o com os in d iv íd u os ch a m a d osconvu ls ionários ?

“Sim e m u ito im por ta n te, bem com o o m a gn et is m o,qu e é a cau sa origin á ria de ta is fen ôm en os . O ch a rla tan ism o,porém , os tem a m iú de exp lora do e exa gera do, de s or te ala n çá -los a o r id ícu lo.”

a) — De que na turez a s ão, em gera l, os Es píritos queconcorrem para a prod ução d es ta es pécie d e fenôm enos ?

“Pou co eleva da . Su pon des qu e Es p ír itos s u per iores s edeleitem com ta is cois a s ?”

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4 8 2 . Com o é que s uced e es tend er-s e s ubitam en te a tod aum a popu lação o es tad o anorm al d os convu ls ionáriose d os que s ofrem d e cris es nervos as ?

“Efeito de s im pa t ia . As d is pos ições m ora is s e com u n i-ca m m u i fa cilm en te, em cer tos ca s os . Nã o és tã o a lh eio a osefeitos m a gn ét icos qu e n ã o com pr een da s is to e a pa r te qu ea lgu n s E s p ír it o s n a t u r a lm e n t e t om a m n o fa t o , p o rs im pa t ia com os qu e os p rovoca m .”

En tre a s s in gu la r es fa cu lda des qu e s e n ota m n os con vu ls io-n á r ios , a lgu m a s fa cilm en te s e recon h ecem , de qu e n u m eros osexem plos oferecem o s on a m bu lis m o e o m a gn et is m o, ta is com o,a lém de ou tra s , a in s en s ib ilida de fís ica , a leitu ra do pen s a m en to,a t ra n s m is s ã o da s dores , por s im pa t ia , etc. Nã o h á , pois , du vida rde qu e a qu eles em qu em ta is cr is es s e m a n ifes ta m es teja m n u m aes pécie de s on a m bu lis m o des per to, p rovoca do pela in flu ên cia qu ee xe r c e m u n s s ob r e os ou t r os . E le s s ã o a o m e s m o t e m p om a gn et iza dores e m a gn et iza dos , in con s cien tem en te.

4 8 3 . Qual a caus a d a ins ens ibilid ad e fís ica que s e obs ervaem a lgu n s con vu ls ion á rios , a s s im com o em ou trosind ivíd uos s ubm etid os às m a is a troz es torturas ?

“Em a lgu n s é, exclu s iva m en te, efeito do m a gn et is m o,qu e a tu a s obre o s is tem a n ervos o, do m es m o m odo qu ecer ta s s u bs tâ n cia s . Em ou tros , a exa lta çã o do pen s a m en toem bota a s en s ib ilida de. Dir -s e-ia qu e n es tes a vida s e ret i-rou do corpo, pa ra se con cen tra r toda n o Espírito. Não sabeisqu e, qu an do o Espír ito es tá vivam en te preocu pado com u m acois a , o corpo n a da s en te, n a da vê e n a da ou ve?”

A exa lta çã o fa n á t ica e o en tu s ia s m o h ã o p roporcion a do, emca s os de s u p lícios , m ú lt ip los exem plos de u m a ca lm a e de u ms a n gu e fr io qu e n ã o s er ia m ca pa zes de t r iu n fa r de u m a dor a gu -

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da , s en ã o a dm it in do-s e qu e a s en s ib ilida de s e a ch a n eu tra liza da ,com o por efeito de u m a n es tés ico. Sa be-s e qu e, n o a r dor da ba ta -lh a , com ba ten tes h á qu e n ã o s e a percebem de qu e es tã o gra ve-m en te fer idos , a o pa s s o qu e, em circu n s tâ n cia s or d in á r ia s , u m as im ples a r ra n h a du ra os por ia t rêm u los .

Vis to qu e es s es fen ôm en os depen dem de u m a ca u s a fís ica eda a çã o de cer tos Es p ír itos , lícito s e tor n a pergu n ta r com o h ápod ido u m a a u tor ida de pú b lica fa zê-los ces s a r em a lgu n s ca s os .Sim ples a ra zã o. Mera m en te s ecu n dá r ia é a qu i a a çã o dos Es p ír i-tos , qu e n a da m a is fa zem do qu e a p r oveita r -s e de u m a d is pos i-çã o n a tu ra l. A a u tor ida de n ã o s u pr im iu es s a d is pos içã o, m a s aca u s a qu e a en t ret in h a e exa lta va . De a t iva qu e era , pa s s ou es taa s er la ten te. E a a u tor ida de teve ra zã o pa ra a s s im p r oceder, por -qu e do fa to res u lta va a bu s o e es câ n da lo. Sa be-s e, dem a is , qu es em elh a n t e in t er ven çã o n en h u m p od er a b s olu t a m en t e t em ,qu a n do a a çã o dos Es p ír itos é d ireta e es pon tâ n ea .

AF EIÇÃO QUE OS E S PÍRITOS VOTAM A CERTASPES S OAS

4 8 4 . Os Es p íritos s e a fe içoa m d e p re fe rên cia a ce rta spes s oas ?

“Os bon s Espír itos s im pa tiza m com os h om en s de bem ,ou s u s cet íveis de s e m elh ora rem . Os Es p ír itos in fer ior escom os h om en s vicios os , ou qu e podem tor n a r -s e ta is . Da ís u a s a feições , com o con s eqü ên cia da con for m ida de doss en t im en tos .”

4 8 5 . É exclu s iva m en te m ora l a a fe içã o qu e os Es p íritosvotam a certas pes s oas ?

“A verda deira a feiçã o n a da tem de ca r n a l; m a s , qu a n -do u m Es p ír ito s e a pega a u m a pes s oa , n em s em pre o fa z

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s ó por a feiçã o. À es t im a qu e es s a pes s oa lh e in s p ira podea grega r -s e u m a rem in is cên cia da s pa ixões h u m a n a s .”

4 8 6 . In teres s am -s e os Es píritos pelas nos s as d es graças epela nos s a pros perid ad e? Afligem -s e os que nos que-rem bem com os m ales que pad ecem os d urante a vid a?

“Os bon s Es p ír itos fa zem todo o bem qu e lh es é pos s í-vel e s e s en tem d itos os com a s vos s a s a legr ia s . Afligem -s ecom os vos s os m a les , qu a n do os n ã o s u por ta is com res ig-n a çã o, porqu e n en h u m ben efício en tã o t ira is deles , a s s e-m elh a n d o-vos , em t a is ca s os , a o d oen t e qu e r e je it a abebera gem a m a rga qu e o h á de cu ra r.”

4 8 7 . Dentre os nos s os m a les , d e que na turez a s ão os d eque m a is s e a fligem os Es píritos por nos s a caus a?S erão os m a les fís icos ou os m ora is ?

“O vos s o egoís m o e a du r eza dos vos s os cora ções . Da ídecorre tu do o m a is . Riem -s e de todos es s es m a les im a gi-n á r ios qu e n a s cem do orgu lh o e da a m biçã o. Reju b ila mcom os qu e r edu n da m n a a b revia çã o do tem po da s vos s a sprova s .”

Sa ben do s er t ra n s itór ia a vida corpora l e qu e a s t r ibu la çõesqu e lh e s ã o in eren tes con s t itu em m eios de a lca n ça r m os m elh ores ta do, os Es p ír itos m a is s e a fligem pelos n os s os m a les devidos aca u s a s de ordem m ora l, do qu e pelos n os s os s ofr im en tos fís icos ,todos pa s s a geiros .

Pou co s e in com oda m com a s des gra ça s qu e a pen a s a t in gema s n os s a s idéia s m u n da n a s , ta l qu a l fa zem os com a s m á goa spu er is da s cr ia n ça s .

Ven do n a s a m a rgu ra s da vida u m m eio de n os a d ia n ta r m os ,os Es p ír itos a s con s idera m com o a cr is e oca s ion a l de qu e res u l-ta rá a s a lva çã o do doen te. Com pa decem -s e dos n os s os s ofr im en -tos , com o n os com pa decem os dos de u m a m igo. Porém , en xer -

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ga n do a s cois a s de u m pon to de vis ta m a is ju s to, os a p recia m deu m m odo d ivers o do n os s o. En tã o, a o pa s s o qu e os bon s n osleva n ta m o â n im o n o in teres s e do n os s o fu tu ro, os ou tr os n osim pelem a o des es pero, ob jet iva n do com prom eter -n os .

4 8 8 . Os paren tes e am igos , que nos preced eram na ou travid a , m aior s im patia nos votam d o que os Es píritos quenos s ão es tranhos ?

“S em d ú vid a e qu a s e s em p r e vos p r ot egem com oEs p ír itos , de a cordo com o poder de qu e d is põem .”

a) — S ão s ens íveis à a feição que lhes cons ervam os ?

“Mu ito sen s íveis , m as esqu ecem -se dos qu e os olvidam .”

ANJ OS -DE-GUARDA. E S PÍRITOS PROTETORES ,FAMILIARES OU S IMPÁTICOS

4 8 9 . Há Es p íritos qu e s e ligu em pa rticu la rm en te a u mind ivíd uo para protegê-lo?

“Há o irm ão es piritua l, o qu e ch a m a is o bom Es píritoou o bom gên io.”

4 9 0 . Qu e s e d eve en ten d er por a n jo d e gu a rd a ou a n joguard ião?

“O Espírito protetor, perten cen te a u m a ordem elevada .”

4 9 1 . Qual a m is s ão d o Es pírito protetor?

“A de u m pa i com rela çã o a os filh os ; a de gu ia r o s eupr otegido pela s en da do bem , a u xiliá -lo com s eu s con s e-lh os , con s olá -lo n a s s u a s a flições , leva n ta r -lh e o â n im o n a spr ova s da vida .”

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4 9 2 . O Es pírito protetor s e d ed ica ao ind ivíd uo d es d e o s eunas cim ento?

“Desde o n ascim en to a té a m orte e m u ita s vezes o acom -pa n h a n a vida es p ír ita , depois da m orte, e m es m o a t ra vésde m u ita s exis tên cia s corpórea s , qu e m a is n ã o s ã o do qu efa s es cu r t ís s im a s da vida do Es p ír ito.”

4 9 3 . É voluntária ou obrigatória a m is s ão do Es pírito protetor?

“O Es p ír ito fica ob r iga do a vos a s s is t ir, u m a vez qu ea ceitou es s e en ca rgo. Ca be-lh e, porém , o d ireito de es co-lh er s er es qu e lh e s eja m s im pá t icos . Pa ra a lgu n s , é u mpra zer ; pa ra ou tros , m is s ã o ou dever.”

a) — Ded icand o-s e a um a pes s oa , renuncia o Es pírito aproteger ou tros ind ivíd uos ?

“Nã o; m a s p r otege-os m en os exclu s iva m en te.”

4 9 4 . O Es pírito protetor fica fa ta lm ente pres o à cria tura con-fiad a à s ua guard a?

“Freqü en tem en te s u cede qu e a lgu n s Es p ír itos deixa ms u a s pos ições de p rotetores pa ra des em pen h a r d ivers a sm is s ões . Ma s , n es s e ca s o, ou tros os s u bs t itu em .”

4 9 5 . Poderá dar-s e que o Es pírito protetor abandone o s euprotegido, por s e lhe m os trar es te rebelde aos cons elhos ?

“Afa s ta -s e, qu a n do vê qu e s eu s con s elh os s ã o in ú teise qu e m a is for te é, n o s eu p rotegido, a decis ã o de s u bm e-ter -se à in flu ên cia dos Espír itos in ferior es . Ma s , n ã o o a ba n -don a com pleta m en te e s em pr e s e fa z ou vir. É en tã o o h o-m em qu em ta pa os ou vidos . O p r otetor volta des de qu e es teo ch a m e.

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“É u m a dou tr in a , es ta , dos a n jos gu a rd iã es , qu e, pelos eu en ca n to e doçu ra , devera con ver ter os m a is in crédu los .Nã o vos pa r ece gra n dem en te con s ola dora a idéia de terdess em pre ju n to de vós s er es qu e vos s ã o s u per iores , p r on toss em pre a vos a con s elh a r e a m pa ra r, a vos a ju da r n a a s cen -s ã o da a b ru p ta m on ta n h a do bem ; m a is s in cer os e ded ica -dos a m igos do qu e todos os qu e m a is in t im a m en te s e vosligu em n a Terra ? Eles s e a ch a m a o vos s o la do por ordem deDeu s . Foi Deu s qu em a í os colocou e, a í per m a n ecen do pora m or de Deu s , des em pen h a m bela , porém pen os a m is s ã o.Sim , on de qu er qu e es teja is , es ta rã o con vos co. Nem n oscá r ceres , n em n os h os p ita is , n em n os lu ga res de deva s s i-dão, n em n a solidão, es ta is sepa rados desses am igos a qu emn ã o podeis ver, m a s cu jo b ra n do in flu xo vos s a a lm a s en te,a o m es m o tem po qu e lh es ou ve os pon dera dos con s elh os .

“Ah ! s e con h ecês s eis bem es ta verda de! Qu a n to vosa ju da r ia n os m om en tos de cr is e! Qu a n to vos livra r ia dosm a u s Es p ír itos ! Ma s , oh ! qu a n ta s vezes , n o d ia s olen e, n ã os e verá es s e a n jo con s tra n gido a vos obs erva r : ‘Nã o te a con -s elh ei is to? En treta n to, n ã o o fizes te. Nã o te m os trei o a b is -m o? Con tu do, n ele te precip ita s te! Não fiz ecoa r n a tu a con s -ciên cia a voz da ver da de? Prefer is te, n o en ta n to, s egu ir oscon s elh os d a m en t ir a !’ Oh ! in t er r oga i os vos s os a n josgu a r d iã es ; es ta belecei en tr e eles e vós es s a tern a in t im ida -de qu e rein a en tr e os m elh ores a m igos . Nã o pen s eis emlh es ocu lta r n a da , pois qu e eles têm o olh a r de Deu s e n ã opodeis en ga n á -los . Pen s a i n o fu tu r o; p rocu ra i a d ia n ta r -vosn a vida p r es en te. As s im fa zen do, en cu r ta reis vos s a s p ro-va s e m a is felizes tor n a r eis a s vos s a s exis tên cia s . Va m os ,h om en s , cora gem ! De u m a vez por toda s , la n ça i pa ra lon getodos os precon ceitos e idéia s precon cebidas . En tra i n a n ova

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s en d a qu e d ia n t e d os p a s s os s e vos a b r e . Ca m in h a i!Ten des gu ia s , s egu i-os , qu e a m eta n ã o vos pode fa lta r,por qu a n to es s a m eta é o p rópr io Deu s .

“Aos qu e con s ider em im pos s ível qu e Es p ír itos verda -deira m en te eleva dos s e con s a grem a ta r efa tã o la bor ios a ede todos os in s ta n tes , d irem os qu e n ós vos in flu en cia m osa s a lm a s , es ta n do em bora m u itos m ilh ões de légu a s d is -ta n tes de vós . O es pa ço, pa ra n ós , n a da é, e, n ã o obs ta n teviverem n ou tr o m u n do, os n ossos Espír itos con serva m su a sliga ções com os vos s os . Goza m os de qu a lida des qu e n ã opodeis com preen der, m a s fica i cer tos de qu e Deu s n ã o n osim pôs ta refa s u per ior à s n os s a s força s e de qu e n ã o vosdeixou s ós n a Terra , s em a m igos e s em a m pa ro. Ca da a n jode gu a rda tem o s eu p r otegido, pelo qu a l vela , com o o pa ipelo filh o. Alegra -s e, qu a n do o vê n o bom ca m in h o; s ofre,qu a n do ele lh e des p r eza os con s elh os .

“Nã o receeis fa t iga r -n os com a s vos s a s pergu n ta s . Aocon trá r io, p rocu ra i es ta r s em pre em rela çã o con osco. Ser eisa s s im m a is for tes e m a is felizes . Sã o es s a s com u n ica çõesde ca da u m com o s eu Es p ír ito fa m ilia r qu e fa zem s eja mm édiu n s todos os h om en s , m éd iu n s ign ora dos h oje, m a squ e s e m a n ifes ta rã o m a is ta r de e s e es pa lh a rã o qu a l ocea -n o s em m a rgen s , leva n do de r oldã o a in credu lida de e a ig-n orâ n cia . Hom en s dou tos , in s t ru í os vos s os s em elh a n tes ;h om en s de ta len to, edu ca i os vos s os ir m ã os . Nã o im a gin a isqu e obra fa zeis des s e m odo: a do Cr is to, a qu e Deu s vosim põe. Pa ra qu e vos ou torgou Deu s a in teligên cia e o s a ber,s en ã o pa ra os repa rt irdes com os vos sos ir m ã os , s en ã o pa rafa ze r d e s q u e s e a d ia n t em p e la s en d a q u e con d u z àbem -a ven tu ra n ça , à felicida de eter n a ?”

S ÃO LUÍS, SANTO AGOSTINHO.

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Na da tem de s u rp reen den te a dou tr in a dos a n jos gu a r d iã es ,a vela rem pelos s eu s p r otegidos , m a lgra do à d is tâ n cia qu e m e-deia en tre os m u n dos . É , a o con trá r io, gra n d ios a e s u b lim e. Nã ovem os n a Terra o pa i vela r pelo filh o, a in da qu e de m u ito lon ge, ea u xiliá -lo com s eu s con s elh os corr es pon den do-s e com ele? Qu em otivo de es pa n to h a verá , en tã o, em qu e os Es p ír itos pos s a m , deu m ou tro m u n do, gu ia r os qu e, h a b ita n tes da Terra , eles tom a -ra m s ob s u a p r oteçã o, u m a vez qu e, pa ra eles , a d is tâ n cia qu e va ide u m m u n do a ou tr o é m en or do qu e a qu e, n es te p la n eta , s epa -ra os con t in en tes ? Nã o d is põem , a lém d is s o, do flu ido u n ivers a l,qu e en trela ça todos os m u n dos , tor n a n do-os s olidá r ios ; veícu loim en s o da t ra n s m is s ã o dos pen s a m en tos , com o o a r é, pa ra n ós ,o da t ra n s m is s ã o do s om ?

4 9 6 . O Es pírito, que aband ona o s eu protegid o, que d eixad e lhe fa z er bem , pod e faz er-lhe m a l?

“Os bon s Es p ír itos n u n ca fa zem m a l. Deixa m qu e ofa ça m a qu eles qu e lh es tom a m o lu ga r. Cos tu m a is en tã ola n ça r à con ta da s or te a s des gra ça s qu e vos a ca bru n h a m ,qu a n do s ó a s s ofr eis por cu lpa vos s a .”

4 9 7 . Pod e um Es pírito protetor d eixar o s eu protegid o à m ercêd e ou tro Es pírito que lhe queira faz er m a l?

“Os m a u s Es p ír itos s e u n em pa ra n eu tra liza r a a çã odos bon s . Ma s , s e o qu is er, o p r otegido da rá toda a força a os eu p rotetor. Pode a con tecer qu e o bom Es p ír ito en con tr ea lh u res u m a boa von ta de a s er a u xilia da . Ap lica -s e en tã oem a u xiliá -la , a gu a r da n do qu e s eu p rotegido lh e volte.”

4 9 8 . S erá por não pod er lu tar contra Es píritos m alévolos queu m Es p írito p rote tor d e ix a qu e s e u p rote gid o s etrans vie na vid a?

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“Nã o é porqu e n ã o pos s a , m a s por qu e n ã o qu er. E n ã oqu er, porqu e da s p r ova s s a i o s eu p rotegido m a is in s t ru ídoe per feito. As s is te-o s em pre com s eu s con s elh os , da n do-ospor m eio dos bon s pen s a m en tos qu e lh e in s p ira , porém qu equ a s e n u n ca s ã o a ten d idos . A fra qu eza , o des cu ido ou oorgu lh o do h om em s ã o exclu s iva m en te o qu e em pr es ta for -ça a os m a u s Es p ír itos , cu jo poder todo a dvém do fa to delh es n ã o opordes r es is tên cia .”

4 9 9 . O Es pírito protetor es tá cons tan tem en te com o s eu pro-tegid o? Não haverá a lgum a circuns tância em que, s emaband oná-lo, ele o perca d e vis ta?

“Há cir cu n s tâ n cia s em qu e n ã o é n eces s á r io es teja oEs p ír ito p rotetor ju n to do s eu p r otegido.”

5 0 0 . Mom entos haverá em que o Es pírito d eixe d e precis ar,d e en tão por d ian te, d o s eu protetor?

“Sim , qu a n do ele a t in ge o pon to de poder gu ia r -s e a s im es m o, com o s u cede a o es tu da n te, pa ra o qu a l u m m o-m en to ch ega em qu e n ã o m a is p r ecis a de m es t re. Is s o,porém , n ã o s e dá n a Terra .”

5 0 1 . Por que é ocu lta a ação d os Es píritos s obre a nos s aex is tên cia e por qu e , qu a n d o n os protegem , n ã o ofaz em d e m od o os tens ivo?

“Se vos fos s e da do con ta r s em pre com a a çã o deles ,n ã o obra r íeis por vós m es m os e o vos s o Es p ír ito n ã o p ro-gred ir ia . Pa ra qu e es te pos s a a d ia n ta r -s e, p recis a de expe-r iên cia , a dqu ir in do-a freqü en tem en te à s u a cu s ta . É n e-ces s á r io qu e exercite s u a s força s , s em o qu e, s er ia com o a

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cr ia n ça a qu em n ã o con s en tem qu e a n de s ozin h a . A a çã odos Es p ír itos qu e vos qu er em bem é s em pre r egu la da dem a n eira qu e n ã o vos tolh a o livr e-a rb ít r io, porqu a n to, s en ã o t ivés s eis r es pon s a b ilida de, n ã o a va n ça r íeis n a s en daqu e vos h á de con du zir a Deu s . Nã o ven do qu em o a m pa ra ,o h om em s e con fia à s s u a s p rópr ia s força s . Sobre ele, en -t r eta n to, vela o s eu gu ia e, de tem pos a tem pos , lh e b ra da ,a dver t in do-o do per igo.”

5 0 2 . O Es p írito p rote tor, qu e con s e gu e tra z e r a o b omcam inho o s eu protegid o, lucra a lgum bem para s i?

“Con s t itu i is s o u m m ér ito qu e lh e é leva do em con ta ,s eja pa ra s eu p rogr es s o, s eja pa ra s u a felicida de. Sen te-s ed itos o qu a n do vê bem -s u ced idos os s eu s es forços , o qu erep res en ta , pa ra ele, u m t r iu n fo, com o t r iu n fo é, pa ra u mpr ecep tor, os bon s êxitos do s eu edu ca n do.”

a ) — É re s p on s á v e l p e lo m a u re s u lta d o d e s e u ses forços ?

“Nã o, pois qu e fez o qu e de s i depen d ia .”

5 0 3 . S ofre o Es pírito protetor quand o vê que s eu protegid os egue m au cam inho, não obs tan te os avis os que d elerecebe? Nã o h á a í u m a ca u s a d e tu rba çã o d a s u afelicid ad e?

“Com pu n gem -n o os erros do seu protegido, a qu em la s -t im a . Ta l a fliçã o, porém , n ã o tem a n a logia com a s a n gú s tia sda pa ter n idade terren a , porqu e ele sabe qu e h á rem édio pa rao m a l e qu e o qu e n ã o se fa z h oje, a m a n h ã se fa rá .”

5 0 4 . Pod erem os s em pre s aber o nom e d o Es pírito nos s oprotetor, ou an jo-d e-guard a?

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“Com o qu er eis s a b er n om es p a ra vós in exis ten tes ?Su pon des qu e Es p ír itos s ó h á os qu e con h eceis ?”

a ) — Com o e n t ã o o p od e m os in v oca r, s e o n ã ocon h ecem os ?

“Da i-lh e o n om e qu e qu is erdes , o de Es p ír ito s u per iorqu e vos in s p ire s im pa t ia ou ven era çã o. O vos s o p rotetora cu d irá a o a pelo qu e com es s e n om e lh e d ir igirdes , vis toqu e tod os os b on s E s p ír it os s ã o ir m ã os e s e a s s is t emm u tu a m en te.”

5 0 5 . Os protetores , que d ão nom es conhecid os , s em pre s ão,rea lm en te, os Es píritos d as pers ona lid ad es que tive-ram es s es nom es ?

“Nã o. Mu ita s vezes , os qu e os dã o s ã o Es p ír itos s im pá -t icos a os qu e de ta is n om es u s a ra m n a Terra e, a m a n dodes tes , res pon dem a o vos s o ch a m a m en to. Fa zeis qu es tã ode n om es ; eles tom a m u m qu e vos in s p ire con fia n ça . Qu a n -do n ão podeis desem pen h a r pessoa lm en te deter m in ada m is -sã o, n ã o cos tu m a is m a n da r qu e ou tro, por qu em respon deiscom o por vós m es m os , ob r e em vos s o n om e?”

5 0 6 . Na v id a es p írita , recon h ecerem os o Es p írito n os s oprotetor?

“Decer to, p ois n ã o é r a r o qu e o t en h a is con h ecid oa n tes de en ca r n a r des .”

5 0 7 . Pertencem tod os os Es píritos protetores à clas s e d osEs píritos elevad os ? Pod em con tar-s e en tre os d e clas -s e m éd ia? Um pa i, por exem plo, pod e tornar-s e o Es pí-rito protetor d e s eu filho?

“Pode, m a s a p roteçã o p res s u põe cer to gra u de eleva -çã o e u m poder ou u m a vir tu de a m a is , con ced idos por

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Deu s . O pa i, qu e p r otege s eu filh o, ta m bém pode s er a s s is -t ido por u m Es p ír ito m a is eleva do.”

5 0 8 . Os Es píritos que s e achavam em boas cond ições aod eixarem a Terra , s em pre pod em proteger os que lhess ão caros e que lhes s obrevivem ?

“Ma is ou m en os res t r ito é o poder de qu e des fru ta m . As itu a çã o em qu e s e en con tra m n em s em pre lh es per m itein teira liberda de de a çã o.”

5 0 9 . Quand o em es tad o d e s elvageria ou d e in feriorid ad em ora l, têm os hom ens , igua lm en te, s eus Es píritos pro-tetores ? E, a s s im s end o, es s es Es píritos s ão d e ord emtã o e leva d a qu a n to a d os Es p íritos p rote tore s d ehom ens m uito ad ian tad os ?

“Todo h om em tem u m Es p ír ito qu e por ele vela , m a sa s m is s ões s ã o r ela t iva s a o fim qu e vis a m . Nã o da is a u m acr ia n ça , qu e es tá a p r en den do a ler, u m p r ofes s or de filos o-fia . O p r ogr es s o do Es p ír ito fa m ilia r gu a rda r ela çã o com odo Es p ír ito p r otegido. Ten do u m Es p ír ito qu e vela por vós ,podeis tor n a r -vos , a vos s o tu r n o, o p r otetor de ou tro qu evos s eja in fer ior e os progres sos qu e es te rea lize, com o a u xí-lio qu e lh e d ispen sa rdes , con tr ibu irã o pa ra o vosso a dia n ta -m en to. Deu s n ã o exige do Espír ito m a is do qu e com portem asu a n a tu reza e o gra u de eleva çã o a qu e já ch egou .”

5 1 0 . Quand o o pa i, que vela pelo filho, reencarna , con tinuaa velar por ele?

“Is s o é m a is d ifícil. Con tu do, de cer to m odo o fa z, pe-d in do, n u m in s ta n te de des p r en d im en to, a u m Es p ír ito

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s im pá t ico qu e o a s s is ta n es s a m is s ã o. Dem a is , os Es p ír itoss ó a ceita m m is s ões qu e pos s a m des em pen h a r a té a o fim .

“En ca r n a do, m or m en te em m u n do on de a exis tên cia ém a ter ia l, o Es p ír ito s e a ch a m u ito s u jeito a o corpo pa rapoder ded ica r -s e in teira m en te a ou tr o Es p ír ito, is to é, pa rapoder a s s is t i-lo pes soa lm en te. Ta n to a s s im qu e os qu e a in -da se n ã o eleva ra m ba s ta n te s ã o ta m bém a s s is t idos por ou -tros , qu e lh es es tã o a cim a , de ta l sorte qu e, s e por qu a lqu ercircu n s tâ n cia u m vem a fa lta r, ou tr o lh e s u pre a fa lta .”

5 1 1 . A cad a ind ivíd uo achar-s e-á ligad o, a lém d o Es píritoprotetor, um m au Es pírito, com o fim d e im peli-lo aoerro e d e lhe proporcionar ocas iões d e lu tar en tre o beme o m a l?

“Liga do, n ã o é o ter m o. É cer to qu e os m a u s Es p ír itosp rocu ra m des via r do bom ca m in h o o h om em , qu a n do s elh es depa ra oca s iã o. Sem pre, porém , qu e u m deles s e liga au m in d ivídu o, fá -lo por s i m es m o, porqu e con ta s er a ten d i-do. Há en tã o lu ta en tre o bom e o m a u , ven cen do a qu elepor qu em o h om em s e deixe in flu en cia r.”

5 1 2 . Pod em os ter m u itos Es píritos protetores ?

“Todo h om em con ta s em pr e Es p ír itos , m a is ou m en oseleva dos , qu e com ele s im pa t iza m , qu e lh e ded ica m a feto epor ele s e in ter es s a m , com o ta m bém tem ju n to de s i ou trosqu e o a s s is tem n o m a l.”

5 1 3 . Os Es píritos que conos co s im pa tiz am a tuam em cum -prim en to d e m is s ão?

“Nã o ra r o, des em pen h a m m is s ã o tem porá r ia ; porém ,a s m a is da s vezes , s ã o a pen a s a t ra ídos pela iden t ida de de

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pen s a m en tos e s en t im en tos , a s s im pa ra o bem com o pa rao m a l.”

a) — Parece lícito in ferir-s e d a í que os Es píritos a quems om os s im pá ticos pod em s er bons ou m aus , não?

“Sim , qu a lqu er qu e s eja o s eu ca rá ter, o h om em s em -pr e en con tra Es p ír itos qu e com ele s im pa t izem .”

5 1 4 . Os Es píritos fam iliares s ão os m es m os a quem cham a-m os Es píritos s im pá ticos ou Es píritos protetores ?

“Há gra da ções n a p roteçã o e n a s im pa t ia . Da i-lh es osn om es qu e qu is erdes . O Es p ír ito fa m ilia r é a n tes o a m igoda ca s a .”

Da s exp lica ções a cim a e da s obs erva ções feita s s ob re a n a -tu r eza dos Es p ír itos qu e s e a feiçoa m a o h om em , pode-s e dedu ziro s egu in te:

O Es p ír ito p rotetor, a n jo de gu a r da , ou bom gên io é o qu etem por m is s ã o a com pa n h a r o h om em n a vida e a ju dá -lo a p ro-gred ir. É s em pre de n a tu reza s u per ior, com rela çã o a o p r otegido.

Os Es p ír itos fa m ilia res s e liga m a cer ta s pes s oa s por la çosm a is ou m en os du rá veis , com o fim de lh es s er em ú teis , den trodos lim ites do poder, qu a s e s em pre m u ito r es t r ito, de qu e d is -põem . Sã o bon s , porém m u ita s vezes pou co a d ia n ta dos e m es m ou m ta n to levia n os . Ocu pa m -s e de boa m en te com a s pa r t icu la r i-da des da vida ín t im a e s ó a tu a m por ordem ou com per m is s ã odos Es p ír itos p rotetores .

Os Es p ír itos s im pá t icos s ã o os qu e s e s en tem a t ra ídos pa rao n os s o la do por a feições pa r t icu la r es e a in da por u m a cer ta s e-m elh a n ça de gos tos e de s en t im en tos , ta n to pa ra o bem com opa ra o m a l. De or d in á r io, a du ra çã o de s u a s rela ções s e a ch as u bord in a da à s cir cu n s tâ n cia s .

O m a u gên io é u m Es p ír ito im per feito ou pervers o, qu e s eliga a o h om em pa ra des viá -lo do bem . Obra , porém , por im pu ls o

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própr io e n ã o n o des em pen h o de m is s ã o. A ten a cida de da s u aa çã o es tá em rela çã o d ireta com a m a ior ou m en or fa cilida de dea ces s o qu e en con tre por pa r te do h om em , qu e goza s em pr e daliberda de de es cu ta r -lh e a voz ou de lh e cer ra r os ou vidos .

5 1 5 . Que s e há d e pens ar d es s as pes s oas que s e ligam acertos ind ivíd uos para levá-los à perd ição, ou para guiá--los pelo bom cam inho?

“Efet iva m en te, cer ta s pes s oa s exer cem s obr e ou tra su m a es pécie de fa s cin a çã o qu e pa rece ir r es is t ível. Qu a n dois so s e dá n o sen tido do m a l, s ã o m a u s Espír itos , de qu eou tros Espír itos ta m bém m a u s se s ervem pa ra su bju gá -la s .Deu s per m ite qu e ta l coisa ocorra pa ra vos experim en ta r.”

5 1 6 . Pod eriam os nos s os bom e m au gên ios encarnar, a fimd e m a is d e perto nos acom panharem na vid a?

“Is s o à s vezes s e dá . Porém , o qu e m a is fr eqü en tem en -te s e ver ifica é en ca rrega rem des s a m is s ã o ou tr os Es p ír itosen ca r n a dos qu e lh es s ã o s im pá t icos .”

5 1 7 . Haverá Es píritos que s e liguem a um a fam ília in teirapara protegê-la?

“Algu n s Es p ír itos s e liga m a os m em br os de u m a de-ter m in a da fa m ília , qu e vivem ju n tos e u n idos pela a feiçã o;m a s , n ã o a cred iteis em Es p ír itos p r otetor es do orgu lh o da sra ça s .”

5 1 8 . As s im com o s ão a tra íd os , pela s im pa tia , para certosind ivíd uos , s ão-no igua lm en te os Es píritos , por m oti-vos particu lares , para as reun iões d e ind ivíd uos ?

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“Os Es p ír itos p referem es ta r n o m eio dos qu e s e lh esa s s em elh a m . Ach a m -s e a í m a is à von ta de e m a is cer tos des erem ou vidos . É pela s s u a s ten dên cia s qu e o h om em a tra ios Es p ír itos e is s o qu er es teja s ó, qu er fa ça pa r te de u mtodo coletivo, com o u m a sociedade, u m a cidade, ou u m povo.Portan to, a s sociedades , a s cidades e os povos são, de acor docom a s pa ixões e o ca rá ter n eles p r edom in a n tes , a s s is t idospor Es p ír itos m a is ou m en os eleva dos . Os Es p ír itos im per -feitos s e a fa s ta m dos qu e os r epelem . Segu e-se qu e o aper -feiçoam en to m ora l das coletividades , com o o dos in divídu os ,ten de a a fa s ta r os m a u s Es p ír itos e a a t ra ir os bon s , qu ees t im u la m e a lim en ta m n ela s o s en t im en to do bem , com oou tros lh es podem in s u fla r a s pa ixões gr os s eira s .”

5 1 9 . As a glom era ções d e in d iv íd u os , com o a s s ocied a d es ,a s cid a d e s , a s n a çõe s , tê m Es p íritos p rote tore ses pecia is ?

“Têm , pela ra zã o de qu e es s es a grega dos s ã o in d ivi-du a lida des colet iva s qu e, ca m in h a n do pa ra u m ob jet ivocom u m , p r ecis a m de u m a d ireçã o s u per ior.”

5 2 0 . Os Es píritos protetores d as coletivid ad es s ão d e na tu -re z a m a is e le v a d a d o qu e os qu e s e liga m a osind ivíd uos ?

“Tu do é rela t ivo a o gra u de a d ia n ta m en to, qu er s e t ra -te de colet ivida des , qu er de in d ivídu os .”

5 2 1 . Pod em certos Es píritos auxilia r o progres s o d as artes ,protegend o os que às artes s e d ed icam ?

“Há Es p ír itos p rotetor es es pecia is e qu e a s s is tem osqu e os in voca m , qu a n do d ign os des sa a s s is tên cia . Qu e qu e-

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res , porém , qu e fa ça m com os qu e ju lga m s er o qu e n ã os ã o? Nã o lh es ca be fa zer qu e os cegos veja m , n em qu e oss u rdos ou ça m .”

Os a n t igos fizera m , des s es Es p ír itos , d ivin da des es pecia is .

As Mu s a s n ã o era m s en ã o a pers on ifica çã o a legór ica dos Es p ír i-

tos p rotetores da s ciên cia s e da s a r tes , com o os deu s es La res e

Pen a tes s im boliza va m os Es p ír itos p rotetores da fa m ília . Ta m -

bém m oder n a m en te, a s a r tes , a s d iferen tes in dú s t r ia s , a s cida -

des , os pa ís es têm s eu s pa tron os , qu e m a is n ã o s ã o do qu e Es p í-

r itos s u per iores , s ob vá r ia s des ign a ções .

Ten do todo h om em Es p ír itos qu e com ele s im pa t iza m , cla ro

é qu e, n os corpos colet ivos , a gen era lida de dos Es p ír itos qu e lh es

vota m s im pa t ia es tá em p roporçã o com a gen era lida de dos in d iví-

du os ; qu e os Es p ír itos es t ra n h os s ã o a t ra ídos pa ra es s a s colet ivi-

da des pela iden t ida de dos gos tos e da s idéia s ; em s u m a , qu e es -

s es a grega dos de pes s oa s , ta n to qu a n to os in d ivídu os , s ã o m a is

ou m en os bem a s s is t idos e in flu en cia dos , de a cordo com a n a tu -

r eza d os s en t im en tos d om in a n tes en t re os elem en tos qu e os

com põem .

Nos povos , deter m in a m a a t ra çã o dos Es p ír itos os cos tu -

m es , os h á b itos , o ca rá ter dom in a n te e a s leis , a s leis s ob retu do,

porqu e o ca rá ter de u m a n a çã o s e reflete n a s s u a s leis . Fa zen do

rein a r em s eu s eio a ju s t iça , os h om en s com ba tem a in flu ên cia

dos m a u s Es p ír itos . On de qu er qu e a s leis con s a grem cois a s in -

ju s ta s , con t rá r ia s à Hu m a n ida de, os bon s Es p ír itos fica m em

m in or ia e a m u lt idã o, qu e a flu i, dos m a u s m a n tém a n a çã o a fer -

ra da à s s u a s idéia s e pa ra lis a a s boa s in flu ên cia s pa rcia is , qu e

fica m perd ida s n o con ju n to, com o in s u la da s es p iga s en tr e es p i-

n h eiros . Es tu da n do-s e os cos tu m es dos povos ou de qu a lqu er

reu n iã o de h om en s , fa cilm en te s e for m a idéia da popu la çã o ocu l-

ta qu e s e lh es im is cu i n o m odo de pen s a r e n os a tos .

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PRESSENTIMENTOS

522 . O pressentim ento é s em pre um aviso do Espírito protetor?

“É o con s elh o ín t im o e ocu lto de u m Es p ír ito qu e vosqu er bem . Ta m bém es tá n a in tu içã o da es colh a qu e s e h a jafeito. É a voz do in s t in to. An tes de en ca r n a r, tem o Es p ír itocon h ecim en to da s fa s es p r in cipa is de s u a exis tên cia , is toé, do gên er o da s p rova s a qu e s e s u bm ete. Ten do es ta sca rá ter a s s in a la do, ele con s erva , n o s eu for o ín t im o, u m aes pécie de im pres s ã o de ta is p rova s e es ta im pr es s ã o, qu e éa voz do in s t in to, fa zen do-s e ou vir qu a n do lh e ch ega o m o-m en to de s ofrê-la s , s e tor n a p res s en t im en to.”

5 2 3 . Acon tecend o que os pres s en tim en tos e a voz d o ins tin -to s ão s em pre a lgum tan to vagos , que d evem os faz er,na incertez a em que ficam os ?

“Qu a n do te a ch a res n a in cer teza , in voca o teu bomEs p ír ito, ou ora a Deus , s oberano s enhor d e tod os , e ele teenviará um d e s eus m ens ageiros , um d e nós .”

5 2 4 . Os avis os d os Es píritos protetores objetivam unicam en-te o nos s o proced im en to m ora l, ou tam bém o proced erque d evam os ad otar nos as s un tos d a vid a particu lar?

“Tu do. Eles s e es força m pa ra qu e viva is o m elh or pos -s ível. Ma s , qu a s e s em pre ta pa is os ou vidos a os a vis os s a lu -ta r es e vos tor n a is des gra ça dos por cu lpa vos s a .”

Os Es p ír itos p rotetor es n os a ju da m com s eu s con s elh os ,m ed ia n te a voz da con s ciên cia qu e fa zem res s oa r em n os s o ín t i-m o. Com o, porém , n em s em pre liga m os a is s o a devida im por tâ n -cia , ou tros con s elh os m a is d ir etos eles n os dã o, s ervin do-s e da spes s oa s qu e n os cer ca m . Exa m in e ca da u m a s d ivers a s circu n s -

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tâ n cia s felizes ou in felizes de s u a vida e verá qu e em m u ita s oca -s iões recebeu con s elh os de qu e s e n ã o a p r oveitou e qu e lh e te-r ia m pou pa do m u itos des gos tos , s e os h ou vera es cu ta do.

INF LUÊNCIA DOS ES PÍRITOS NOS

ACONTECIMENTOS DA VIDA

5 2 5 . Exercem os Es píritos a lgum a in fluência nos acon teci-m en tos d a vid a?

“Cer ta m en te, pois qu e vos a con s elh a m .”

a) — Exercem es s a in fluência por ou tra form a que nãoapenas pelos pens am en tos que s ugerem , is to é, têm açãod ireta s obre o cum prim en to d as cois as ?

“Sim , m a s n u n ca a tu a m fora da s leis da Na tu reza .”

Im a gin a m os er ra da m en te qu e a os Es p ír itos s ó ca iba m a n i-fes ta r s u a a çã o por fen ôm en os extra ord in á r ios . Qu is éra m os qu en os vies s em a u xilia r por m eio de m ila gres e os figu ra m os s em prea r m a dos de u m a va r in h a m á gica . Por n ã o s er a s s im é qu e ocu ltan os pa rece a in terven çã o qu e têm n a s cois a s des te m u n do e m u i-to n a tu ra l o qu e s e execu ta com o con cu rs o deles .

As s im é qu e, p r ovoca n do, por exem plo, o en con tro de du a spes s oa s , qu e s u porã o en con tra r -s e por a ca s o; in s p ira n do a a l-gu ém a idéia de pa s s a r por deter m in a do lu ga r ; ch a m a n do-lh e aa ten çã o pa ra cer to pon to, s e d is s o res u lta o qu e ten h a m em vis ta ,eles ob ra m de ta l m a n eira qu e o h om em , cren te de qu e obedece au m im pu ls o p rópr io, con s erva s em pre o s eu livr e-a rb ít r io.

5 2 6 . Tend o, com o têm , ação s obre a m a téria , pod em os Es -

píritos provocar certos efeitos , com o objetivo d e que s e

d ê um acontecim ento? Por exem plo: um hom em tem que

m orrer; s obe um a es cada, a es cada s e quebra e ele m orre

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d a qued a. Foram os Es píritos que quebraram a es cad a,

para que o d es tino d aquele hom em s e cum pris s e?

“É exa to qu e os Es p ír itos têm a çã o s obre a m a tér ia ,m a s pa ra cu m prim en to da s leis da Na tu reza , n ã o pa ra a sderr oga r, fa zen do qu e, em da do m om en to, ocorra u m s u -ces s o in es pera do e em con trá r io à qu ela s leis . No exem ploqu e figu ra s te, a es ca da s e qu ebrou por qu e s e a ch a va po-d r e, ou por n ã o s er ba s ta n te for te pa ra s u por ta r o pes o deu m h om em . Se era des t in o da qu ele h om em perecer de ta lm a n eira , os Es p ír itos lh e in s p ira r ia m a idéia de s u b ir aesca da em qu es tã o, qu e ter ia de qu ebra r -s e com o s eu peso,r es u lta n do-lh e da í a m or te por u m efeito n a tu ra l e s em qu epa ra is s o fos s e m is ter a p r odu çã o de u m m ila gre.”

5 2 7 . Tom em os ou tro exem plo, em que não en tre a m a tériaem s eu es tad o na tura l. Um hom em tem que m orrer fu l-m inad o pelo ra io. Refugia -s e d eba ixo d e um a árvore.Es ta la o ra io e o m a ta . Pod erá d ar-s e tenham s id o osEs píritos que provocaram a prod ução d o ra io e que od irigiram para o hom em ?

“Dá-se o m esm o qu e an terior m en te. O ra io ca iu sobrea qu ela á rvore em ta l m om en to, porqu e es ta va n a s leis daNa tu reza qu e a s s im a con teces se. Nã o foi en ca m in h a do pa raa á rvore, por s e a ch a r deba ixo dela o h om em . A es te, s im , foiin spira da a idéia de se a briga r deba ixo de u m a á rvore sobrea qu a l ca ir ia o ra io, porqu a n to a á rvor e n ã o deixa ria de s era t in gida , s ó por n ã o lh e es ta r deba ixo da fr on de o h om em .”

5 2 8 . No cas o d e um a pes s oa m al-in tencionad a d is parar s o-bre ou tra um projetil que apenas lhe pas s e perto s em a

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a tingir, pod erá ter s uced id o que um Es pírito bond os oha ja d es viad o o projetil?

“Se o in d ivídu o a lveja do n ã o tem qu e per ecer des s em odo, o Espír ito bon doso lh e in sp ira rá a idéia de se desvia r,ou en tã o poderá ofu s ca r o qu e em pu n h a a a r m a , de s or te afa zê-lo a pon ta r m a l, porqu a n to, u m a vez d is pa ra da a a r m a ,o p rojet il s egu e a lin h a qu e tem de per correr.”

5 2 9 . Que s e d eve pens ar d as ba las encan tad as , d e que fa -lam a lgum as lend as e que fa ta lm en te a tingem o a lvo?

“Pu ra im a gin a çã o. O h om em gos ta do m a ra vilh os o en ã o s e con ten ta com a s m a ra vilh a s da Na tu reza .”

a) — Pod em os Es píritos que d irigem os acon tecim en tosterrenos ter obs tad a s ua ação por Es píritos que queiram ocon trário?

“O qu e Deu s qu er s e execu ta . Se h ou ver dem ora n aexecu çã o, ou lh e s u r ja m obs tá cu los , é porqu e ele a s s im oqu is .”

5 3 0 . Não pod em os Es píritos levianos e z om beteiros criarpequenos em baraços à rea liz ação d os nos s os projetose trans tornar as nos s as previs ões ? S erão eles , num apa lavra , os caus ad ores d o que cham am os pequenasm is érias d a vid a hum ana?

“Eles s e com pra zem em vos ca u sa r a borr ecim en tos qu erep r es en ta m pa ra vós p rova s des t in a da s a exer cita r a vos -s a pa ciên cia . Ca n s a m -s e, porém , qu a n do vêem qu e n a dacon s egu em . En t r eta n to, n ã o s er ia ju s to, n em a cer ta d o,im pu ta r -lh es toda s a s decepções qu e exper im en ta is e dequ e s ois os p r in cipa is cu lpa dos pela vos s a ir reflexã o. Fica

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cer to de qu e, s e a tu a lou ça s e qu ebra , é m a is por des a zoteu do qu e por cu lpa dos Es p ír itos .”

a) — Des tes , os que provocam con traried ad es obramim pelid os por an im os id ad e pes s oa l, ou as s im proced em con-tra qua lquer, s em m otivo d eterm inad o, por pura m alícia?

“Por u m a e ou tra cois a . Às vezes os qu e a s s im vos m o-les ta m s ã o in im igos qu e gra n jea s tes n es ta ou em p r ece-den te exis tên cia . Dou tra s vezes , n en h u m m otivo h á .”

5 3 1 . Extingue-s e-lhes com a vid a corpórea a m alevolênciad os s eres que nos fiz eram m al na Terra?

“Mu ita s vezes recon h ecem a in ju s t iça com qu e p roce-dera m e o m a l qu e ca u s a ra m . Ma s , ta m bém , n ã o é ra r o qu econ tin u em a persegu ir -vos , ch eios de a n im os ida de, s e Deu so per m it ir, por a in da vos exper im en ta r.”

a) — Pod e-s e pôr term o a is s o? Por que m eio?

“Podeis . Ora n do por eles e lh es ret r ibu in do o m a l como bem , a ca ba rã o com pr een den do a in ju s t iça do p r ocederdeles . Dem a is , s e s ou berdes coloca r -vos a cim a de s u a s m a -qu in ações , deixa r -vos -ão, por verifica rem qu e n ada lu cram .”

A exper iên cia dem on s tra qu e a lgu n s Es p ír itos con t in u a mem ou tra exis tên cia a exercer a s vin ga n ça s qu e vin h a m tom a n doe qu e a s s im , cedo ou ta rde, o h om em pa ga o m a l qu e ten h a feitoa ou tr em .

5 3 2 . Têm os Es píritos o pod er d e a fas tar d e certas pes s oasos m a les e d e favorecê-las com a pros perid ad e?

“De todo, n ã o; porqu a n to, h á m a les qu e es tã o n os de-cretos da Providên cia . Am en izam -vos , porém , a s dor es , dan -do-vos pa ciên cia e r es ign a çã o.

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“Fica i igu a lm en te s a ben do qu e de vós depen de m u ita svezes pou pa r -vos a os m a les , ou , qu a n do m en os , a ten u á -los .A in teligên cia , Deu s vo-la ou torgou pa ra qu e dela vos s irva ise é p r in cipa lm en te por m eio da vos s a in teligên cia qu e osEs p ír itos vos a u xilia m , s u ger in do-vos idéia s p rop ícia s a ovos s o bem . Ma s , n ã o a s s is tem s en ã o os qu e s a bem a s s is -t ir -s e a s i m es m os . Es s e o s en t ido des ta s pa la vra s : Bu s ca ie a ch a reis , ba tei e s e vos a b r irá .

“Sa bei a in da qu e n em s em pre é u m m a l o qu e vos pa -rece sê-lo. Freqü en tem en te, do qu e con s idera is u m m a l sa iráu m bem m u ito m a ior. Qu a s e n u n ca com pr een deis is s o,p or qu e s ó a t en t a is n o m om en to p r es en t e ou n a vos s aprópr ia pes s oa .”

5 3 3 . Pod em os Es píritos fa z er que obtenham riquez as osque lhes ped em que as s im acon teça?

“Algu m a s vezes , com o p rova . Qu a s e s em pre, porém ,recu s a m , com o s e recu s a à cr ia n ça a s a t is fa çã o de u mped ido in con s idera do.”

a) — S ão os bons ou os m aus Es píritos que conced emes s es favores ?

“Un s e ou tros . Depen de da in ten çã o. As m a is da s ve-zes , en treta n to, os qu e os con cedem s ã o os Es p ír itos qu evos qu erem a rra s ta r pa ra o m a l e qu e en con tra m m eio fá cilde o con s egu irem , fa cilita n do-vos os gozos qu e a r iqu ezapropor cion a .”

5 3 4 . S erá por in fluência d e a lgum Es pírito que, fa ta lm en te,a rea liz a çã o d os n os s os proje tos pa rece en con tra robs tácu los ?

“Algu m as vezes é is so efeito da ação dos Espíritos ; m u itom a is vezes , porém , é qu e a n da is er ra dos n a ela bora çã o e

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n a execu çã o dos vos s os p r ojetos . Mu ito in flu em n es s es ca -s os a pos içã o e o ca rá ter do in d ivídu o. Se vos obs t in a is emir por u m ca m in h o qu e n ã o deveis s egu ir, os Es p ír itos n e-n h u m a cu lpa têm dos vos s os in s u ces s os . Vós m es m os voscon s t itu ís em vos s os m a u s gên ios .”

5 3 5 . Quand o a lgo d e ven turos o nos s uced e é ao Es píritonos s o protetor que d evem os agrad ecê-lo?

“Agra decei p r im eira m en te a Deu s , s em cu ja perm is s ã on a d a s e fa z; d ep ois , a os b on s E s p ír it os qu e for a m osa gen tes da s u a von ta de.”

a ) — Q u e s u ce d e ria s e n os e s q u e cê s s e m os d ea gra d ecer?

“O qu e s u cede a os in gra tos .”

b) — No en tan to, pes s oas há que não ped em nem agra-d ecem e às qua is tud o s a i bem !

“As s im é, de fa to, m a s im por ta ver o fim . Pa ga rã o bemcaro essa felicidade de qu e n ão são m erecedoras , pois qu an tom a is h ou ver em receb ido, ta n to m a iores con ta s terã o qu epres ta r.”

AÇÃO DOS E S PÍRITOS NOS F ENÔMENOS DA

NATUREZA

5 3 6 . S ão d evid os a caus as fortu itas , ou , ao con trário, têmtod os um fim provid encia l, os grand es fenôm enos d aNaturez a , os que s e cons id eram com o perturbação d oselem entos ?

“Tu do tem u m a ra zã o de s er e n a da a con tece s em aper m is s ã o de Deu s .”

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a) — Objetivam s em pre o hom em es s es fenôm enos ?

“Às vezes têm , com o im ed ia ta ra zã o de s er, o h om em .Na m a ior ia dos ca s os , en treta n to, têm por ú n ico m otivo ores ta belecim en to do equ ilíb r io e da h a r m on ia da s força sfís ica s da Na tu reza .”

b) — Concebem os perfeitam en te que a von tad e d e Deuss eja a caus a prim ária , n is to com o em tud o; porém , s abend oque os Es píritos exercem ação s obre a m a téria e que s ão osagen tes d a von tad e d e Deus , pergun tam os s e a lguns d en treeles não exercerão certa in fluência s obre os elem en tos paraos agitar, aca lm ar ou d irigir?

“Mas , eviden tem en te. Nem poderia ser de ou tro m odo.Deu s n ão exerce ação direta sobre a m atéria . Ele en con traagen tes dedicados em todos os grau s da esca la dos m u n dos .”

5 3 7 . A m itologia d os an tigos s e fund ava in teiram en te emid éias es píritas , com a ún ica d iferença d e que cons id e-ravam os Es píritos com o d ivind ad es . Repres en tavames s es d eus es ou es s es Es píritos com a tribu ições es pe-cia is . As s im , uns eram encarregad os d os ven tos , ou -tros d o ra io, ou tros d e pres id ir ao fenôm eno d a vegeta -ção, etc. S em elhan te crença é tota lm en te d es titu íd a d efund am ento?

“Tã o pou co des t itu ída é de fu n da m en to, qu e a in da es tám u ito a qu ém da verda de.”

a) — Pod erá en tão haver Es píritos que habitem o in te-rior d a Terra e pres id am aos fenôm enos geológicos ?

“Ta is Es p ír itos n ã o h a b ita m pos it iva m en te a Ter ra .Pres idem a os fen ôm en os e os d ir igem de a cordo com a sa t r ibu ições qu e têm . Dia virá em qu e receber eis a exp lica -çã o de todos es s es fen ôm en os e os com preen dereis m elh or.”

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5 3 8 . Form a m ca tegoria es pecia l n o m u n d o es p írita os Es -p íritos qu e pres id em a os fen ôm en os d a Na tu rez a ?S erã o s eres à pa rte , ou Es píritos qu e fora m en ca rn a -d os com o n ós ?

“Qu e fora m ou qu e o s erã o.”

a) — Pertencem es s es Es píritos às ord ens s uperiores ouàs in feriores d a h ierarqu ia es pírita?

“Is s o é con for m e s eja m a is ou m en os m a ter ia l, m a isou m en os in teligen te o pa pel qu e des em pen h em . Un s m a n -da m , ou tr os execu ta m . Os qu e execu ta m cois a s m a ter ia issão sem pre de or dem in ferior, a s s im en tre os Espíritos , com oen tr e os h om en s .”

5 3 9 . A prod ução d e certos fenôm enos , d as tem pes tad es , porexem plo, é obra d e um s ó Es pírito, ou m uitos s e reú -nem , form and o grand es m as s as , para prod uz i-los ?

“Reú n em -s e em m a s s a s in u m erá veis .”

5 4 0 . Os Es píritos que exercem ação nos fenôm enos d a Na-turez a operam com conhecim ento d e caus a , us and o d olivre-arbítrio, ou por efeito d e ins tin tivo ou irrefletid oim puls o?

“Un s s im , ou tros n ã o. Es ta beleça m os u m a com pa ra -çã o. Con s idera es s a s m ir ía des de a n im a is qu e, pou co apou co, fa zem em ergir do m a r ilh a s e a r qu ipéla gos . J u lga squ e n ã o h á a í u m fim p roviden cia l e qu e es s a t ra n s for m a -çã o da s u per fície do globo n ã o s eja n eces s á r ia à h a r m on iagera l? En treta n to, s ã o a n im a is de ín fim a or dem qu e execu -ta m es sa s obra s , p roven do à s su a s n eces s ida des e s em su s -peita r em de qu e s ã o in s t ru m en tos de Deu s . Pois bem , do

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m es m o m odo, os Es p ír itos m a is a t ra s a dos oferecem u t ili-da de a o con ju n to. En qu a n to s e ens a iam para a vid a , a n tesqu e ten h a m p len a con s ciên cia de s eu s a tos e es teja m n ogozo p len o do livre-a rb ít r io, a tu a m em cer tos fen ôm en os ,de qu e in con s cien tem en te s e con s t itu em os a gen tes . Pr i-m eira m en te, execu ta m . Ma is ta r de, qu a n do s u a s in teligên -cia s já h ou ver em a lca n ça do u m cer to des en volvim en to, or -den a rã o e d ir igirã o a s cois a s do m u n do m a ter ia l. Depois ,poderã o d ir igir a s do m u n do m ora l. É a s s im qu e tu do s er -ve, qu e tu do s e en ca deia n a Na tu reza , des de o á tom o pr im i-t ivo a té o a r ca n jo, qu e ta m bém com eçou por s er á tom o.Adm irá vel lei de h a r m on ia , qu e o vos s o a ca n h a do es p ír itoa in da n ã o pode a p reen der em s eu con ju n to!”

OS E S PÍRITOS DURANTE OS COMBATES

5 4 1 . Du ra n te u m a b a ta lh a , h á Es p íritos a s s is t in d o eam parand o cad a um d os exércitos ?

“Sim , e qu e lh es es t im u la m a cora gem .”

Os a n t igos figu ra va m os deu s es tom a n do o pa r t ido des te oud a q u e le p ovo. E s s e s d eu s es e r a m s im p le s m en t e E s p ír it osrep r es en ta dos por a legor ia s .

5 4 2 . Es tand o, num a guerra , a ju s tiça s em pre d e um d os la -d os , com o pod e haver Es píritos que tom em o partid od os que s e ba tem por um a caus a in jus ta?

“Bem s a beis h a ver Es p ír itos qu e s ó s e com pra zem n ad is córd ia e n a des t ru içã o. Pa ra es s es , a gu erra é a gu erra .A ju s t iça da ca u s a pou co os p reocu pa .”

5 4 3 . Pod e m a lgu n s Es p íritos in f lu e n cia r o ge n e ra l n aconcepção d e s eus planos d e cam panha?

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“Sem dú vida a lgu m a . Podem in flu en ciá -lo n es s e s en t i-do, com o com rela çã o a toda s a s con cepções .”

5 4 4 . Pod eriam m aus Es píritos s us citar-lhe planos errôneoscom o fim d e levá -lo à d errota?

“Podem ; m a s , n ã o tem ele o livre-a rb ít r io? Se n ã o t ivercr itér io ba s ta n te pa ra d is t in gu ir u m a idéia fa ls a , s ofr erá a scon s eqü ên cia s e m elh or fa r ia s e obedeces s e, em vez decom a n da r.”

5 4 5 . Pod e, a lgum a vez , o genera l s er gu iad o por um a es pé-cie d e d upla vis ta , por um a vis ão in tu itiva , que lhem os tre d e an tem ão o res u ltad o d e s eus planos ?

“Is s o s e dá a m iú de com o h om em de gên io. É o qu e elech a m a in s p ira çã o e o qu e fa z qu e obre com u m a es pécie decer teza . Es s a in s p ira çã o lh e vem dos Es p ír itos qu e o d ir i-gem , os qu a is s e a p r oveita m da s fa cu lda des de qu e o vêemdota do.”

5 4 6 . No tum ulto d os com bates , que s e pas s a com os Es píri-tos d os que s ucum bem ? Con tinuam , após a m orte, ain teres s ar-s e pela ba ta lha?

“Algu n s con tin u a m a in teres sa r -se, ou tros s e a fa s ta m .”

Dá -s e, n os com b a tes , o qu e ocor r e em tod os os ca s os d em or te violen ta : n o p r im eir o m om en to, o Es p ír ito fica s u rp reen -d id o e com o qu e a tor d oa d o. J u lga n ã o es ta r m or to. Pa r ece-lh equ e a in d a tom a p a r te n a a çã o. Só p ou co a p ou co a r ea lid a d e lh es u rge.

5 4 7 . Após a m orte, os Es píritos , que com o vivos s e guerrea-vam , con tinuam a cons id erar-s e in im igos e s e cons er-vam encarn içad os uns con tra os ou tros ?

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“Nes s a s oca s iões , o Es p ír ito n u n ca es tá ca lm o. Podea con tecer qu e n os p r im eir os in s ta n tes depois da m orte a in -da odeie o s eu in im igo e m es m o o pers iga . Qu a n do, porém ,s e lh e res ta belece a s er en ida de n a s idéia s , vê qu e n en h u mfu n da m en to h á m a is pa ra s u a a n im os ida de. Con tu do, n ã oé im p os s ível qu e d ela gu a r d e ves t ígios m a is ou m en osfor tes , con for m e o s eu ca rá ter.”

a) — Continua a ouvir o rum or d a ba ta lha?

“Per feita m en te.”

5 4 8 . O Es pírito que, com o es pectad or, a s s is te ca lm am entea um com bate obs erva o a to d e s eparar-s e a a lm a d ocorpo? Com o é que es s e fenôm eno s e lhe apres en ta àobs ervação?

“Ra ra s s ã o a s m ortes ver da deira m en te in s ta n tâ n ea s .Na m a ior ia dos ca s os , o Es p ír ito, cu jo corpo a ca ba de s erm orta lm en te fer ido, n ã o tem con s ciên cia im ed ia ta des s efa to. Som en te qu a n do ele com eça a recon h ecer a n ova con -d içã o em qu e s e a ch a , é qu e os a s s is ten tes podem d is t in -gu i-lo, a m over -s e a o la do do ca dá ver. Pa rece is s o tã o n a tu -ra l, qu e n en h u m efeito des a gra dá vel lh e ca u s a a vis ta docorpo m orto. Ten do-s e a vida toda con cen tra do n o Es p ír ito,s ó ele p r en de a a ten çã o dos ou tros . É com ele qu e es tescon vers a m , ou a ele é qu e fa zem deter m in a ções .”

PACTOS

5 4 9 . Algo d e verd a d e h a verá n os pa ctos com os m a u sEs píritos ?

“Nã o, n ã o h á pa ctos . Há , porém , n a tu r eza s m á s qu es im pa t iza m com os m a u s Es p ír itos . Por exem plo: qu eres

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a tor m en ta r o teu vizin h o e n ã o s a bes com o h á s de fa zer.Ch a m a s en tã o por Es p ír itos in fer iores qu e, com o tu , s óqu er em o m a l e qu e, pa ra te a ju da rem , exigem qu e ta m bémos s irva s em s eu s m a u s des ígn ios . Ma s , n ã o s e s egu e qu e oteu vizin h o n ã o pos s a livra r -s e deles por m eio de u m a con -ju ra çã o opos ta e pela a çã o da s u a von ta de. Aqu ele qu e in -ten ta p ra t ica r u m a a çã o m á , pelo s im ples fa to de a lim en ta res s a in ten çã o, ch a m a em s eu a u xílio m a u s Es p ír itos , a osqu a is fica en tã o obr iga do a s ervir, porqu e dele ta m bém pr e-cis a m es s es Es p ír itos , pa ra o m a l qu e qu eira m fa zer. Nis toa pen a s é qu e con s is te o pa cto.”

O fa to de o h om em fica r, à s vezes , n a depen dên cia dos Es p í-r itos in fer iores n a s ce de s e en tr ega r a os m a u s pen s a m en tos qu ees tes lh e s u gerem e n ã o de es t ipu la ções qu a is qu er qu e com elesfa ça . O pa cto, n o s en t ido vu lga r do ter m o, é u m a a legor ia rep r e-s en ta t iva da s im pa t ia exis ten te en tr e u m in d ivídu o de n a tu rezam á e Es p ír itos m a lfa zejos .

5 5 0 . Qual o s en tid o d as lend as fan tás ticas em que figuramind ivíd uos que teriam vend id o s uas a lm as a S a tanáspara obterem certos favores ?

“Todas a s fábu la s en cerram u m en s in am en to e u m sen -t ido m ora l. O vos s o er r o con s is te em tom á -la s a o pé dalet ra . Is s o a qu e te r eferes é u m a a legor ia , qu e s e pode ex-p lica r des ta m a n eira : a qu ele qu e ch a m a em s eu a u xílio osEs p ír itos , pa ra deles ob ter r iqu eza s , ou qu a lqu er ou tr o fa -vor, rebela -s e con tra a Providên cia ; ren u n cia à m is s ã o qu erecebeu e à s p r ova s qu e lh e cu m pre s u por ta r n es te m u n do.Sofrerá n a vida fu tu ra a s con seqü ên cia s des se a to. Nã o qu eris to d izer qu e s u a a lm a fiqu e pa ra s em pr e con den a da àdes gra ça . Ma s , des de qu e, em lu ga r de s e des p r en der da

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m a tér ia , n ela ca da vez s e en ter ra m a is , n ã o terá , n o m u n dodos Es p ír itos , a s a t is fa çã o de qu e h a ja goza do n a Terra , a téqu e ten h a r es ga ta do a s u a fa lta , por m eio de n ova s p rova s ,ta lvez m a ior es e m a is pen os a s . Coloca -s e, por a m or dosgozos m a ter ia is , n a depen dên cia dos Es p ír itos im pu ros .Es ta belece-se a s s im , ta cita m en te, en tre es tes e o delin qü en -te, u m pa cto qu e o leva à s u a perda , m a s qu e lh e s erá s em -p re fá cil r om p er, s e o qu is er fir m em en te, gra n jea n d o aa s s is tên cia dos bon s Es p ír itos .”

PODER OCULTO. TALIS MÃS . F EITICEIROS

5 5 1 . Pod e um hom em m au , com o auxílio d e um m au Es píri-to que lhe s eja d ed icad o, fa z er m a l ao s eu próxim o?

“Nã o; Deu s n ã o o per m it ir ia .”

5 5 2 . Que s e d eve pens ar d a crença no pod er, que certaspes s oas teriam , d e en feitiçar?

“Algu m a s pes s oa s d is põem de gra n de força m a gn ét i-ca , de qu e podem fa zer m a u u s o, s e m a u s forem s eu s p ró-p r ios Es p ír itos , ca s o em qu e pos s ível s e tor n a s er em s e-cu n da dos por ou tr os Es p ír itos m a u s . Nã o creia s , porém ,n u m preten s o poder m á gico, qu e s ó exis te n a im a gin a çã ode cr ia tu ra s s u pers t icios a s , ign ora n tes da s verda deira s leisda Na tu r eza . Os fa tos qu e cita m , com o p rova da exis tên ciades s e poder, s ã o fa tos n a tu ra is , m a l obs erva dos e s obretu -do m a l com pr een d idos .”

5 5 3 . Que efeito pod em prod uz ir as fórm ulas e prá ticas m e-d ian te as qua is pes s oas há que pretend em d is por d oconcurs o d os Es píritos ?

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“O efeito de tor n á -la s r id ícu la s , s e p r ocedem de boa -fé.No ca s o con trá r io, s ã o t ra ta n tes qu e m er ecem ca s t igo. To-da s a s fór m u la s s ã o m era ch a r la ta n a r ia . Nã o h á pa la vras a cra m en ta l n en h u m a , n en h u m s in a l ca b a lís t ico, n emta lis m ã , qu e ten h a qu a lqu er a çã o s obr e os Es p ír itos , por -qu a n to es tes s ó s ã o a t ra ídos pelo pen s a m en to e n ã o pela scois a s m a ter ia is .”

a) — Mas , não é exa to que a lguns Es píritos têm d itad o,

eles próprios , fórm ulas caba lís ticas ?

“Efet iva m en te, Es p ír itos h á qu e in d ica m s in a is , pa la -vra s es t ra n h a s , ou p r es crevem a p rá t ica de a tos , por m eiodos qu a is s e fa zem os ch a m a dos con ju r os . Ma s , fica i cer tosd e qu e s ã o E s p ír it os qu e d e vós ou t r os es ca r n ecem ezom ba m da vos s a credu lida de.”

5 5 4 . Não pod e aquele que, com ou s em raz ão, con fia no que

cham a a virtud e d e um ta lis m ã , a tra ir um Es pírito, por

efeito m es m o d es s a con fiança , vis to que, en tão, o que

a tua é o pens am en to, não pas s and o o ta lis m ã d e um

s ina l que apenas lhe auxilia a concen tração?

“É verda de; m a s , da pu reza da in ten çã o e da eleva çã od os s en t im en tos d ep en d e a n a tu r eza d o Es p ír ito qu e éa tra ído. Ora , m u ito ra ram en te aqu ele qu e seja ba s tan te s im -p lór io pa ra a cred ita r n a vir tu de de u m ta lis m ã deixa rá decolim a r u m fim m a is m a ter ia l do qu e m ora l. Qu a lqu er, po-rém , qu e s eja o ca s o, es s a cr en ça den u n cia u m a in fer ior i-da de e u m a fra qu eza de idéia s qu e fa vor ecem a a çã o dosEs p ír itos im per feitos e es ca r n in h os .”

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5 5 5 . Que s en tid o s e d eve d ar ao qua lifica tivo d e feiticeiro?

“Aqu eles a qu em ch a m a is feit iceir os s ã o pes s oa s qu e,qu a n do de boa -fé, goza m de cer ta s fa cu lda des , com o s eja ma força m a gn ét ica ou a du p la vis ta . En tã o, com o fa zem coi-s a s gera lm en te in com preen s íveis , s ã o t ida s por dota da s deu m poder s obren a tu ra l. Os vos s os s á b ios n ã o têm pa s s a dom u ita s vezes por feit iceiros a os olh os dos ign ora n tes ?”

O Es p ir it is m o e o m a gn et is m o n os dã o a ch a ve de u m a im en -

s ida de de fen ôm en os s obre os qu a is a ign orâ n cia teceu u m s em -

-n ú m ero de fá bu la s , em qu e os fa tos s e a p res en ta m exa gera dos

pela im a gin a çã o. O con h ecim en to lú cido des s a s du a s ciên cia s

qu e, a bem d izer, for m a m u m a ú n ica , m os tra n do a r ea lida de da s

cois a s e s u a s verda deira s ca u s a s , con s t itu i o m elh or p res erva t ivo

con tra a s idéia s s u pers t icios a s , porqu e r evela o qu e é pos s ível e o

qu e é im pos s ível, o qu e es tá n a s leis da Na tu reza e o qu e n ã o

pa s s a de r id ícu la cren d ice.

5 5 6 . Têm a lgum as pes s oas , verd ad eiram en te, o pod er d ecurar pelo s im ples con tacto?

“A força m a gn ét ica pode ch ega r a té a í, qu a n do s ecu n -da da pela pu reza dos s en t im en tos e por u m a r den te des ejode fa zer o bem , por qu e en tã o os bon s Es p ír itos lh e vêm ema u xílio. Cu m pre, porém , des con fia r da m a n eira pela qu a lcon ta m a s cois a s pes s oa s m u ito crédu la s e m u ito en tu -s ia s ta s , s em pre d is pos ta s a con s idera r m a ra vilh os o o qu eh á de m a is s im ples e m a is n a tu ra l. Im porta des con fia r ta m -bém da s n a rra t iva s in teres s eira s , qu e cos tu m a m fa zer osqu e exp lora m , em s eu p roveito, a credu lida de a lh eia .”

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B ÊNÇÃOS E MALDIÇÕES

5 5 7 . Pod em a bênção e a m a ld ição a tra ir o bem e o m a lpara aquele s obre quem s ão lançad as ?

“Deu s n ã o es cu ta a m a ld içã o in ju s ta e cu lpa do pera n -te ele s e tor n a o qu e a p rofere. Com o tem os os dois gên iosopos tos , o bem e o m a l, pode a m a ld içã o exer cer m om en ta -n ea m en te in flu ên cia , m es m o s obre a m a tér ia . Ta l in flu ên -cia , porém , s ó s e ver ifica por von ta de de Deu s com o a u -m en to de p rova pa ra a qu ele qu e é dela ob jeto. Dem a is , oqu e é com u m é s er em a m a ld içoa dos os m a u s e a ben çoa dosos bon s . J a m a is a bên çã o e a m a ld içã o podem des via r das en da da ju s t iça a Pr ovidên cia , qu e n u n ca fere o m a ld ito,s en ã o qu a n do m a u , e cu ja p roteçã o n ã o a cober ta s en ã oa qu ele qu e a m er ece.”

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C A P Í T U L O X

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5 5 8 . Algum a ou tra cois a incum be aos Es píritos fa z er, quenão s eja m elhorarem -s e pes s oa lm en te?

“Con correm pa ra a h a r m on ia do Un ivers o, execu ta n doa s von ta des de Deu s , cu jos m in is t r os eles s ã o. A vida es p í-r ita é u m a ocu pa çã o con t ín u a , m a s qu e n a da tem de pen o-s a , com o a vida n a Terra , porqu e n ã o h á a fa d iga corpora l,n em a s a n gú s t ia s da s n eces s ida des .”

5 5 9 . Ta m bém d es em pen h a m fu n çã o ú til n o Un ivers o osEs píritos in feriores e im perfeitos ?

“Todos têm dever es a cu m prir. Pa ra a con s tru çã o deu m ed ifício, n ã o con cor re ta n to o ú lt im o d os s erven tesde pedreir o, com o o a r qu iteto?” (540)

5 6 0 . Tem a tribu ições es pecia is cad a Es pírito?

“Todos tem os qu e h a b ita r em toda pa r te e a dqu ir ir ocon h ecim en to de todas a s coisas , pres idin do su cess ivam en te

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a o qu e s e efetu a em todos os pon tos do Un ivers o. Ma s ,com o d iz o Ecles ia s tes , h á tem po pa ra tu do. As s im , ta l Es -p ír ito cu m pre h oje n es te m u n do o s eu des t in o, ta l ou tr ocu m prirá ou já cu m priu o s eu , em época d ivers a , n a ter ra ,n a á gu a , n o a r, etc.”

5 6 1 . S ão perm anen tes para cad a um e es tão nas a tribu i-ções exclus ivas d e certas clas s es as funções que osEs píritos d es em penham na ord em d as cois as ?

“Todos têm qu e per correr os d iferen tes gra u s da es ca -la , pa ra s e a per feiçoa rem . Deu s , qu e é ju s to, n ã o poder iater da do a u n s a ciên cia s em t ra ba lh o, des t in a n do ou tr os as ó a a dqu ir irem com es forço.”

É o qu e s u cede en tre os h om en s , on de n in gu ém ch ega a os u prem o gra u de per feiçã o n u m a a r te qu a lqu er, s em qu e ten h aa d q u ir id o o s c o n h e c im e n t o s n e c e s s á r io s , p r a t ic a n d o o sru d im en tos des s a a r te.

5 6 2 . Já não tend o o que ad quirir, os Es píritos d a ord em m aiselevad a s e acham em repous o abs olu to, ou tam bémlhes tocam ocupações ?

“Q u e q u e r e r ia s q u e fize s s e m n a e t e r n id a d e ? Aocios ida de eter n a s er ia u m eter n o s u p lício.”

a) — De que na turez a s ão as s uas ocupações ?

“Receber d ireta m en te a s or den s de Deu s , tra n sm iti-la sa o Un ivers o in teir o e vela r por qu e s eja m cu m prida s .”

5 6 3 . S ão inces s an tes as ocupações d os Es píritos ?

“In ces s a n tes , s im , a ten den do-s e a qu e s em pre a t ivossã o os s eu s pen sa m en tos , porqu a n to vivem pelo pen sa m en -

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to. Im por ta , porém , n ã o iden t ifiqu eis a s ocu pa ções dos Es -p ír itos com a s ocu pa ções m a ter ia is dos h om en s . Es s a m es -m a a t ivida de lh es con s t itu i u m gozo, pela con s ciên cia qu etêm de s er ú teis .”

a) — Con cebe-s e is to com re la çã o a os bon s Es p íritos .Da r-s e-á , en tre ta n to, o m es m o com os Es píritos in feriores ?

“A es tes ca bem ocu pa ções a p r opr ia da s à s u a n a tu re-za . Con fia is , porven tu ra , a o obreir o m a n u a l e a o ign ora n tet ra ba lh os qu e s ó o h om em in s t ru ído pode execu ta r?”

5 6 4 . Haverá Es píritos que s e cons ervem ocios os , que emcois a a lgum a ú til s e ocupem ?

“Há , m a s es s e es ta do é tem porá r io e depen den do dod es en volvim en to d e s u a s in teligên cia s . Há , cer ta m en te,com o h á h om en s qu e s ó pa ra s i m es m os vivem . Pes a -lh es ,porém , es s a ocios ida de e, cedo ou ta rde, o des ejo de p r o-gred ir lh es fa z n eces s á r ia a a t ivida de e felizes s e s en t irã opor poderem tor n a r -s e ú teis . Refer im o-n os a os Es p ír itosqu e h ã o ch ega do a o pon to de terem con s ciên cia de s i m es -m os e do s eu livre-a rb ít r io; porqu a n to, em s u a or igem , to-dos s ã o qu a is cr ia n ça s qu e a ca ba m de n a s cer e qu e obra mm a is por in s t in to qu e por von ta de expres s a .”

5 6 5 . Aten tam os Es píritos em nos s os traba lhos d e arte epor eles s e in teres s am ?

“Aten ta m n o qu e p rove a eleva çã o dos Es p ír itos e s eu sprogres s os .”

5 6 6 . Um Es pírito, que ha ja cu ltivad o na Terra um a es pecia -lid ad e artís tica , que tenha s id o, por exem plo, pin tor, ou

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arquiteto, s e interes s a de preferência pelos trabalhos quecons tituíram objeto de s ua pred ileção durante a vida?

“Tu do s e con fu n de n u m ob jet ivo gera l. Se for u m Es p í-r ito bom , es s es t ra ba lh os o in teres s a rã o n a m ed ida do en -s ejo qu e lh e p r oporcion em de a u xilia r a s a lm a s a s e eleva -r em pa ra Deu s . Dem a is , es qu eceis qu e u m Es p ír ito qu ecu lt ivou cer ta a r te, n a exis tên cia em qu e o con h eces tes ,pode ter cu lt iva do ou tra em a n ter ior exis tên cia , pois qu elh e cu m pre s a ber tu do pa ra s er per feito. As s im , con form e ogra u do seu a d ia n ta m en to, pode su ceder qu e n a da seja pa raele u m a es pecia lida de. Foi o qu e eu qu is s ign ifica r, d izen doqu e tu do s e con fu n de n u m ob jet ivo gera l. Nota i a in da os egu in te: o qu e, n o vos s o m u n do a t ra s a do, con s idera is s u -b lim e, n ã o pa s s a de in fa n t ilida de, com pa ra do a o qu e h á emm u n dos m a is a d ia n ta dos . Com o p r eten der íeis qu e os Es p í-r itos qu e h a b ita m es s es m u n dos , on de exis tem a r tes qu edes con h eceis , a dm ir em o qu e, a os s eu s olh os , corres pon dea t ra ba lh os de colegia is ? Por is s o d is s e eu : a ten ta m n o qu edem on s tr e p rogr es s o.”

a) — Concebem os que s eja as s im , em s e tra tand o d eEs píritos m u ito ad ian tad os . Referim o-nos , porém , a Es píri-tos m a is vu lgares , que a ind a s e não elevaram acim a d asid éias terrenas .

“Com rela çã o a es s es , o ca s o é d iferen te. Ma is r es t r itoé o p on to d e vis t a d on d e ob s er va m a s cois a s . Pod em ,por ta n to, a dm ira r o qu e vos ca u s e a dm ira çã o.”

5 6 7 . Cos t u m a m os E s p írit os im is cu ir -s e e m n os s ospraz eres e ocupações ?

“Os Es p ír itos vu lga res , com o d izes , cos tu m a m . Es s esvos rodeia m con s ta n tem en te e com fr eqü ên cia tom a m pa r -

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te m u ito a t iva n o qu e fa zeis , de con for m ida de com s u a sn a tu reza s . Cu m pre a s s im a con teça , por qu e, pa ra s er em osh om en s im pelidos pela s d ivers a s vereda s da vida , n eces s á -r io é qu e s e lh es excitem ou m oderem a s pa ixões .”

Com a s c o is a s d e s t e m u n d o os E s p ír it os s e oc u p a mcon for m em en te a o gra u de eleva çã o ou de in fer ior ida de em qu es e a ch em . Os Es p ír itos s u per iores d is põem , s em dú vida , da fa -cu lda de de exa m in á -la s n a s s u a s m ín im a s pa r t icu la r ida des , m a ss ó o fa zem n a m ed ida em qu e is s o s eja ú t il a o p rogres s o. Un ica -m en te os Es p ír itos in fer iores liga m a es s a s cois a s u m a im por tâ n -cia rela t iva à s rem in is cên cia s qu e a in da con s erva m e à s idéia sm a ter ia is qu e a in da s e n ã o ext in gu ira m n eles .

5 6 8 . Os Es píritos , que têm m is s ões a cum prir, a s cum premna erra ticid ad e, ou encarnad os ?

“Podem tê-la s n u m e n ou tro es ta do. Pa ra cer tos Es p í-r itos er ra n tes , é u m a gra n de ocu pa çã o.”

5 6 9 . Em que cons is tem as m is s ões d e que pod em s er en -carregad os os Es píritos erran tes ?

“Sã o tã o va r ia da s qu e im pos s ível fora des cr evê-la s .Mu ita s h á m es m o qu e n ã o podeis com preen der. Os Es p ír i-t os execu t a m a s von t a d es d e Deu s e n ã o vos é d a d open etra r -lh e todos os des ígn ios .”

As m is s ões dos Es p ír itos têm s em pr e por ob jeto o bem . Qu ercom o Es p ír itos , qu er com o h om en s , s ã o in cu m bidos de a u xilia r op rogres s o da Hu m a n ida de, dos povos ou dos in d ivídu os , den tr ode u m círcu lo de idéia s m a is ou m en os a m pla s , m a is ou m en oses p ecia is e d e vela r p ela execu çã o d e d et er m in a d a s cois a s .Algu n s des em pen h a m m is s ões m a is res t r ita s e, de cer to m odo,pes s oa is ou in teira m en te loca is , com o s eja m a s s is t ir os en fer -

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m os , os a gon iza n tes , os a flitos , vela r por a qu eles de qu em s e con s -t itu íra m gu ia s e p rotetores , d ir igi-los , da n do-lh es con s elh os ouin s p ira n do-lh es bon s pen s a m en tos . Pode d izer -s e qu e h á ta n tosgên eros de m is s ões qu a n ta s a s es pécies de in ter es s es a res gu a r -da r, a s s im n o m u n do fís ico, com o n o m ora l. O Es p ír ito s e a d ia n tacon for m e à m a n eira por qu e des em pen h a a s u a ta refa .

5 7 0 . Os Es píritos percebem s em pre os d es ígn ios que lhescom pete execu tar?

“Nã o. Mu itos h á qu e s ã o in s t ru m en tos cegos . Ou tros ,porém , s a bem m u ito bem com qu e fim a tu a m .”

5 7 1 . S ó os Es píritos elevad os d es em penham m is s ões ?

“A im por tâ n cia da s m is s ões corres pon de à s ca pa cida -des e à eleva çã o do Es p ír ito. O es ta feta qu e leva u m telegra -m a a o s eu des t in a tá r io ta m bém des em pen h a u m a per feitam is s ã o, s e bem qu e d ivers a da de u m gen era l.”

5 7 2 . A m is s ão d e um Es pírito lhe é im pos ta , ou d epend e d as ua von tad e?

“Ele a pede e d itos o s e con s idera s e a ob tém .”

a) — Pod e u m a igu a l m is s ã o s er ped id a por m u itosEs píritos ?

“Sim , é freqü en te a pr es en ta rem -s e m u itos ca n d ida tos ,m a s n em todos s ã o a ceitos .”

5 7 3 . Em que cons is te a m is s ão d os Es píritos encarnad os ?

“Em in s t ru ir os h om en s , em lh es a u xilia r o p rogr es s o;em lh es m elh ora r a s in s t itu ições , por m eios d ir etos e m a te-r ia is . As m is s ões , porém , s ã o m a is ou m en os gera is e im -

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porta n tes . O qu e cu lt iva a terra des em pen h a tã o n obre m is -s ã o, com o o qu e gover n a , ou o qu e in s t ru i. Tu do em a Na -tu r eza s e en ca deia . Ao m es m o tem po qu e o Es p ír ito s e de-p u r a p ela en ca r n a çã o, con cor r e , d es s a for m a , p a r a aexecu çã o dos des ígn ios da Providên cia . Ca da u m tem n es tem u n d o a s u a m is s ã o, p or qu e tod os p od em ter a lgu m au tilida de.”

5 7 4 . Qu a l p od e s e r, n a Te rra , a m is s ã o d a s cria tu ra svolun tariam en te inú teis ?

“Há efet iva m en te pes s oa s qu e s ó pa ra s i m es m a s vi-vem e qu e n ã o s a bem tor n a r -s e ú teis a o qu e qu er qu e s eja .Sã o pobres s eres d ign os de com pa ixã o, por qu a n to exp ia rã odu ram en te su a volu n tá ria in u tilidade, com eçan do-lh es m u i-ta s vezes , já n es te m u n do, o ca s t igo, pelo a borrecim en to epelo des gos to qu e a vida lh es ca u s a .”

a) — Pois que lhes era facu ltad a a es colha , por que pre-feriram um a exis tência que nenhum proveito lhes traria?

“E n t r e os E s p ír it os t a m b ém h á p r egu iços os qu erecu am dian te de u m a vida de labor. Deu s con sen te qu e ass imp r oc e d a m . Ma is t a r d e c om p r e e n d e r ã o , à p r óp r iacu sta , os in con ven ien tes da in u tilidade a qu e se votaram eserão os prim eiros a pedir qu e se lh es con ceda recu perar otem po perdido. Pode tam bém acon tecer qu e ten h am escolh idou m a vida ú t il e qu e h a ja m recu a do d ia n te da execu çã o daobra , deixa n do-s e leva r pela s s u ges tões dos Es p ír itos qu eos in du zem a per m a n ecer n a ocios ida de.”

5 7 5 . As ocupações com uns m ais nos parecem d everes d oque m is s ões propriam en te d itas . A m is s ão, d e acord o

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com a id éia a que es ta pa lavra es tá as s ociad a , tem umca rá ter m en os exclu s ivo, d e im portâ n cia s obretu d om enos pes s oa l. Des te pon to d e vis ta , com o s e pod ereconhecer que um hom em tem realm ente na Terra um ad eterm inad a m is s ão?

“Pela s gra n des cois a s qu e opera , pelos p rogr es s os acu ja r ea liza çã o con du z s eu s s em elh a n tes .”

5 7 6 . Foram pred es tinad os a is s o, an tes d e nas cerem , oshom ens que traz em um a im portan te m is s ão e d ela têmconhecim en to?

“Algu m a s vezes , a s s im é. Qu a s e s em pre, porém , o ig-n ora m . Ba ixa n do à Terra , colim a m u m va go ob jet ivo. De-pois do n a s cim en to e de a cordo com a s cir cu n s tâ n cia s équ e s u a s m is s ões s e lh es des en h a m à s vis ta s . Deu s os im -pele pa ra a s en da on de deva m execu ta r -lh e os des ígn ios .”

5 7 7 . Quand o um hom em faz a lgum a cois a ú til fá -la s em preem virtud e d a m is s ão em que foi an teriorm en te inves -tid o e a que vem pred es tinad o, ou pod e s uced er queha ja recebid o m is s ão não previs ta?

“Nem tu do o qu e o h om em fa z res u lta de m is s ã o a qu eten h a s ido p r edes t in a do. Am iu da da s vezes é o in s t ru m en tode qu e s e s erve u m Es p ír ito pa ra fa zer qu e s e execu te u m acois a qu e ju lga ú t il. Por exem plo, en ten de u m Es p ír ito s erú t il qu e s e es creva u m livro, qu e ele p rópr io es cr ever ia s ees t ives s e en ca r n a do. Procu ra en tã o o es cr itor m a is a p to alh e com pr een der e execu ta r o pen s a m en to. Tra n s m ite-lh ea idéia do livr o e o d ir ige n a execu çã o. Ora , es s e es cr itorn ã o veio à Ter ra com a m is s ã o d e p u b lica r t a l ob ra . Om esm o ocorr e com diversos tra ba lh os a rt ís t icos e m u ita s

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descoberta s . Devem os a crescen ta r qu e, du ra n te o son o cor -pora l, o Espír ito en ca r n ado se com u n ica d iretam en te com oEspírito erran te, en ten den do-se os dois acerca da execu ção.”

578 . Poderá o Es pírito, por própria culpa, falir na s ua m is s ão?

“Sim , s e n ã o for u m Es p ír ito s u per ior.”

a) — Que cons eqüências lhe ad virão d a s ua fa lência?

“Terá qu e r etom a r a ta refa ; es s a a s u a pu n içã o. Ta m -bém s ofrerá a s con s eqü ên cia s do m a l qu e h a ja ca u s a do.”

5 7 9 . Pois s e é d e Deus que o Es pírito recebe a s ua m is s ão,com o s e há d e com preend er que Deus con fie m is s ãoim portan te e d e in teres s e gera l a um Es pírito capazd e fa lir?

“Nã o s a be Deu s s e o s eu gen era l ob terá a vitór ia ou s es erá ven cido? Sa be-o, crede, e s eu s p la n os , quand o im por-tan tes , n ã o s e apóiam n os qu e h a jam de aban don a r em m eioa obra . Toda a qu es tã o, pa ra vós , es tá n o con h ecim en to qu eDeu s tem do fu tu ro, m a s qu e n ã o vos é con cedido.”

5 8 0 . O Es pírito, que encarna para d es em penhar d eterm i-nad a m is s ão, tem apreens ões id ên ticas às d e ou troque o faz por provação?

“Nã o, por qu e t ra z a exper iên cia a dqu ir ida .”

5 8 1 . Certam ente d es em penham m is s ão os hom ens que s er-vem d e faróis ao gênero hum ano, que o ilum inam coma luz d o gên io. En tre eles , porém , a lguns há que s eenganam , que, d e par com grand es verd ad es , propa-gam grand es erros . Com o s e d eve cons id erar a m is s ãod es s es hom ens ?

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“Com o fa ls ea da s por eles p rópr ios . Es tã o a ba ixo data r efa qu e tom a ra m s obr e os om bros . Con tu do, m is ter s efa z leva r em con ta a s cir cu n s tâ n cia s . Os h om en s de gên iotêm qu e fa la r de a cor do com a s época s em qu e vivem e,a s s im , u m en s in a m en to qu e pa r eceu er rôn eo ou pu er il,n u m a época a d ia n ta da , pode ter s ido o qu e con vin h a n os écu lo em qu e foi d ivu lga do.”

5 8 2 . Pod e-s e cons id erar com o m is s ão a pa tern id ad e?

“É, s em con tes ta çã o pos s ível, u m a verda deira m is s ã o.É a o m es m o tem po gra n d ís s im o dever e qu e en volve, m a isdo qu e o pen s a o h om em , a s u a r es pon s a b ilida de qu a n toa o fu tu r o. Deu s colocou o filh o s ob a tu tela dos pa is , a fimde qu e es tes o d ir ija m pela s en da do bem , e lh es fa cilitou ata r efa da n do à qu ele u m a orga n iza çã o déb il e delica da , qu eo tor n a p rop ício a toda s a s im pr es s ões . Mu itos h á , n o en -ta n to, qu e m a is cu ida m de a p ru m a r a s á rvores do s eu ja r -d im e de fa zê-la s da r bon s fru tos em a bu n dâ n cia , do qu e defor m a r o ca rá ter de s eu filh o. Se es te vier a s u cu m bir porcu lpa deles , su porta rã o os desgos tos resu lta n tes des sa qu e-da e pa r t ilh a rã o dos s ofr im en tos do filh o n a vida fu tu ra ,por n ã o ter em feito o qu e lh es es ta va a o a lca n ce pa ra qu eele a va n ça s s e n a es t ra da do bem .”

5 8 3 . S ão res pons áveis os pa is pelo trans viam en to d e umfilho que envered a pelo cam inho d o m al, apes ar d oscu id ad os que lhe d is pens aram ?

“Nã o; porém , qu a n to p iores for em a s p r open s ões dofilh o, ta n to m a is pes a da é a ta r efa e ta n to m a ior o m ér itodos pa is , s e con s egu ir em des viá -lo do m a u ca m in h o.”

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a) — S e um filho s e torna hom em d e bem , não obs tan tea negligência ou os m aus exem plos d e s eus pa is , tiram es tesd a í a lgum proveito?

“Deu s é ju s to.”

5 8 4 . De que na turez a s erá a m is s ão d o conqu is tad or queapenas vis a s a tis faz er à s ua am bição e que, para a l-cançar es s e objetivo, não vacila an te nenhum a d asca lam id ad es que va i es pa lhand o?

“As m a is da s vezes n ã o pa s s a de u m in s t ru m en to dequ e s e s erve Deu s pa ra cu m prim en to de s eu s des ígn ios ,rep r es en ta n do es s a s ca la m ida des u m m eio de qu e ele s eu t iliza pa ra fa zer qu e u m povo p rogr ida m a is ra p ida m en te.”

a) — Nenhum a parte tend o na prod ução d o bem qued es s as ca lam id ad es pas s ageiras pos s a res u lta r, pois quevis ava um fim tod o pes s oa l, aquele que d elas s e cons titu iin s trum en to tirará , não obs tan te, proveito d es s e bem ?

“Ca d a u m é r ecom p en s a d o d e a cord o com a s s u a sobra s , com o bem qu e in ten tou fa zer e com a r et idã o des u a s in ten ções .”

Os Es p ír itos en ca r n a dos têm ocu pa ções in er en tes à s s u a sexis tên cia s corpórea s . No es ta do de er ra t icida de, ou de des m a te-r ia liza çã o, ta is ocu pa ções s ã o a dequ a da s a o gra u de a d ia n ta m en todeles .

Un s percorrem os m u n dos , s e in s t ru em e p repa ra m pa ran ova en ca r n a çã o.

Ou tr os , m a is a d ia n ta dos , s e ocu pa m com o p rogres s o, d ir i-gin do os a con tecim en tos e s u ger in do idéia s qu e lh e s eja m p rop í-c ia s . As s is t em os h om en s d e gên io qu e con cor r em p a r a oa d ia n ta m en to da Hu m a n ida de.

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Ou tros en ca r n a m com deter m in a da m is s ã o de p r ogres s o.Ou tros tom a m s ob s u a tu tela os in d ivídu os , a s fa m ília s , a s

r eu n iões , a s cida des e os povos , dos qu a is s e con s t itu em os a n josgu a rd iã es , os gên ios p r otetores e os Es p ír itos fa m ilia res .

Ou tros , fin a lm en te, p res idem a os fen ôm en os da Na tu reza ,de qu e s e fa zem os a gen tes d iretos .

Os Es p ír itos vu lga res s e im is cu em em n os s a s ocu pa ções ed ivers ões .

Os im pu ros ou im per feitos a gu a rda m , em s ofr im en tos e a n -gú s t ia s , o m om en to em qu e pra za a Deu s p r oporcion a r -lh es m eiosde s e a d ia n ta rem . Se p ra t ica m o m a l, é pelo des peito de a in dan ã o poderem goza r do bem .

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C A P Í T U L O X I

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• Os m inera is e as plan tas• Os an im ais e o hom em• Metem ps icos e

OS MINERAIS E AS PLANTAS

5 8 5 . Que pens a is d a d ivis ão d a Naturez a em três reinos , oum elhor, em d uas clas s es : a d os s eres orgân icos e ad os inorgân icos ? S egund o a lguns , a es pécie hum anaform a u m a qu a rta cla s s e . Qu a l d es ta s d iv is ões épreferível?

“Toda s s ã o boa s , con for m e o pon to de vis ta . Do pon tode vis ta m a ter ia l, a pen a s h á s eres orgâ n icos e in orgâ n icos .Do pon to de vis ta m ora l, h á eviden tem en te qu a tro gra u s .”

Es s es qu a tro gra u s a p res en ta m , com efeito, ca ra cteres de-ter m in a dos , m u ito em bora pa r eça m con fu n d ir -s e n os s eu s lim i-tes ext rem os . A m a tér ia in er te, qu e con s t itu i o rein o m in era l, s ótem em s i u m a força m ecâ n ica . As p la n ta s , a in da qu e com pos ta sde m a tér ia in er te, s ã o dota da s de vita lida de. Os a n im a is , ta m -bém com pos tos de m a tér ia in er te e igu a lm en te dota dos de vita li-da de, pos su em , a lém dis so, u m a espécie de in teligên cia in s t in t iva ,

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lim ita da , e a con s ciên cia de s u a exis tên cia e de s u a s in d ividu a li-da des . O h om em , ten do tu do o qu e h á n a s p la n ta s e n os a n im a is ,dom in a toda s a s ou tra s cla s s es por u m a in teligên cia es pecia l,in defin ida , qu e lh e dá a con s ciên cia do s eu fu tu ro, a per cepçã oda s cois a s ext ra m a ter ia is e o con h ecim en to de Deu s .

5 8 6 . Têm as plan tas cons ciência d e que exis tem ?

“Nã o, pois qu e n ã o pen s a m ; s ó têm vida orgâ n ica .”

5 8 7 . Experim entam s ens ações ? S ofrem quand o as m utilam ?

“Recebem im pres s ões fís ica s qu e a tu a m s obre a m a té-r ia , m a s n ã o têm per cepções . Con s egu in tem en te, n ã o têma s en s a çã o da dor.”

5 8 8 . Ind epend e d a von tad e d elas a força que as a tra i um aspara as ou tras ?

“Cer to, porqu a n to n ã o pen s a m . É u m a força m ecâ n icada m a tér ia , qu e a tu a s obr e a m a tér ia , s em qu e ela s pos s a ma is s o opor -s e.”

5 8 9 . Algum as plan tas , com o a s ens itiva e a d ionéia , porexem plo, execu tam m ovim en tos que d enotam grand es ens ibilid ad e e, em certos cas os , um a es pécie d e von-tad e, con form e s e obs erva na s egund a , cu jos lóbu losapanham a m os ca que s obre ela pous a para s ugá-la ,parecend o que urd e um a arm ad ilha com o fim d e cap-turar e m a tar aquele in s eto. S ão d otad as es s as plan-tas d a facu ld ad e d e pens ar? Têm von tad e e form amum a clas s e in term ed iária en tre a Na turez a vegeta l e aNa tu rez a a n im a l? Con s titu em a tra n s içã o d e u m apara ou tra?

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“Tu do em a Na tu reza é t ra n s içã o, por is s o m es m o qu eu m a cois a n ã o s e a s s em elh a a ou tra e, n o en ta n to, toda s s epren dem u m a s à s ou tra s . As p la n ta s n ã o pen sa m ; por con -segu in te ca recem de von ta de. Nem a os tra qu e se a bre, n emos zoófitos pen sa m : têm a pen a s u m in s tin to cego e n a tu ra l.”

O orga n is m o h u m a n o n os p roporcion a exem plo de m ovim en -tos a n á logos , s em pa r t icipa çã o da von ta de, n a s fu n ções d iges t i-va s e circu la tór ia s . O p iloro s e con tra i, a o con ta cto de cer tos cor -pos , pa ra lh es n ega r pa s s a gem . O m es m o p rova velm en te s e dá n as en s it iva , cu jos m ovim en tos de n en h u m m odo im plica m a n eces -s ida de de percepçã o e, a in da m en os , da von ta de.

5 9 0 . Não haverá nas plan tas , com o nos an im ais , um ins tin -to d e cons ervação, que as ind uz a a procurar o que lhespos s a s er ú til e a evitar o que lhes pos s a s er nocivo?

“Há , s e qu is erdes , u m a es pécie de in s t in to, depen den -do is s o da exten s ã o qu e s e dê a o s ign ifica do des ta pa la vra .É , porém , u m in s t in to pu ra m en te m ecâ n ico. Qu a n do, n a sopera ções qu ím ica s , obs erva is qu e dois corpos s e reú n em ,é qu e u m a o ou tro con vém ; qu er d izer : é qu e h á en tre elesa fin ida de. Ora , a is to n ã o da is o n om e de in s t in to.”

5 9 1 . Nos m und os s uperiores , a s plan tas s ão d e na turez am ais perfeita , com o os ou tros s eres ?

“Tu do é m a is per feito. As p la n ta s , porém , s ã o s em prep la n ta s , com o os a n im a is s em pre a n im a is e os h om en ss em pre h om en s .”

OS ANIMAIS E O HOMEM

5 9 2 . S e, pelo que toca à in teligência , com param os o hom eme os an im ais , parece d ifícil es tabelecer-s e um a linha

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d e d em arcação en tre aquele e es tes , porquan to a lgunsan im ais m os tram , s ob es s e as pecto, notória s uperiori-d a d e s ob re ce rtos h om e n s . Pod e e s s a lin h a d ed em arcação s er es tabelecid a d e m od o precis o?

“A es te res peito é com pleto o des a cordo en tr e os vos -s os filós ofos . Qu er em u n s qu e o h om em s eja u m a n im a l eou tros qu e o a n im a l s eja u m h om em . Es tã o todos em err o.O h om em é u m s er à pa r te, qu e des ce m u ito ba ixo a lgu m a svezes e qu e pode ta m bém eleva r -s e m u ito a lto. Pelo fís ico, écom o os a n im a is e m en os bem -dota do do qu e m u itos des -tes . A Na tu r eza lh es deu tu do o qu e o h om em é obr iga do ainven tar com a s ua in teligência , pa ra s a t is fa çã o de s u a s n e-ces s ida des e pa ra s u a con s erva çã o. Seu corpo s e des t rói,com o o dos a n im a is , é cer to, m a s a o s eu Es p ír ito es tá a s s i-n a do u m des t in o qu e s ó ele pode com pr een der, por qu e s óele é in teira m en te livr e. Pobres h om en s , qu e vos reba ixa ism a is do qu e os b ru tos ! n ã o s a beis d is t in gu ir -vos deles ?Recon h ecei o h om em pela fa cu lda de de pen s a r em Deu s .”

5 93 . Pod er-s e-á d izer que os anim ais s ó obram por ins tin to?

“Ain da a í h á u m s is tem a . É verda de qu e n a m a ior iados a n im a is dom in a o in s t in to. Ma s , n ã o vês qu e m u itoso b r a m d e n o t a n d o a c e n t u a d a vo n t a d e ? É q u e t ê min teligên cia , porém lim ita da .”

Nã o s e poder ia n ega r qu e, a lém de pos s u írem o in s t in to,a lgu n s a n im a is p ra t ica m a tos com bin a dos , qu e den u n cia m von -ta de de opera r em deter m in a do s en t ido e de a cordo com a s cir -cu n s tâ n cia s . Há , pois , n eles , u m a es pécie de in teligên cia , m a scu jo exercício qu a s e qu e s e circu n s cr eve à u t iliza çã o dos m eiosde s a t is fa zerem à s s u a s n eces s ida des fís ica s e de p r overem à con -s erva çã o p rópr ia . Na da , porém , cr ia m , n em m elh ora a lgu m a rea -

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liza m . Qu a lqu er qu e s eja a a r te com qu e execu tem s eu s t ra ba -lh os , fa zem h oje o qu e fa zia m ou trora e o fa zem , n em m elh or,n em p ior, s egu n do for m a s e p r oporções con s ta n tes e in va r iá veis .A cr ia , s epa ra da dos de s u a es pécie, n ã o deixa por is s o de con s -t ru ir o s eu n in h o de per feita con for m ida de com os s eu s m a ior es ,s em qu e ten h a receb ido n en h u m en s in o. O des en volvim en to in -telectu a l de a lgu n s , qu e s e m os tra m s u s cet íveis de cer ta edu ca -çã o, des en volvim en to, a liá s , qu e n ã o pode u lt ra pa s s a r a ca n h a -d os lim it es , é d evid o à a çã o d o h om em s ob re u m a n a tu r ezam a leá vel, porqu a n to n ã o h á a í p rogres s o qu e lh e s eja p rópr io.Mes m o o p rogres s o qu e rea liza m pela a çã o do h om em é efêm ero epu ra m en te in d ividu a l, vis to qu e, en t regu e a s i m es m o, n ã o ta rdaqu e o a n im a l volte a en cerra r -s e n os lim ites qu e lh e t ra çou aNa tu reza .

5 9 4 . Têm os an im ais a lgum a linguagem ?

“Se vos r efer is a u m a lin gu a gem for m a da de s íla ba s epa la vra s , n ã o. Meio, porém , de s e com u n ica rem en tr e s i,t êm . Dizem u n s a os ou t r os m u ito m a is cois a s d o qu eim a gin a is . Ma s , es s a m es m a lin gu a gem de qu e d is põem éres t r ita à s n eces s ida des , com o r es t r ita s ta m bém s ã o a sidéia s qu e podem ter.”

a) — Há, en tretan to, an im ais que carecem d e voz . Es s esparece que nenhum a linguagem us am , não?

“Com preen dem -s e por ou tros m eios . Pa ra vos com u n i-ca rdes r ecip r oca m en te, vós ou tros , h om en s , s ó d is pon desda pa la vra ? E os m u dos ? Fa cu lta da lh es s en do a vida derela çã o, os a n im a is pos s u em m eios de s e p r even ir em e deexpr im irem a s s en s a ções qu e exper im en ta m . Pen s a is qu eos peixes n ã o s e en ten dem en tre s i? O h om em n ã o goza dopr ivilégio exclu s ivo da lin gu a gem . Porém , a dos a n im a is é

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in s t in t iva e circu n s cr ita pela s s u a s n eces s ida des e idéia s ,a o pa s s o qu e a do h om em é per fect ível e s e p r es ta a toda sa s con cepções da s u a in teligên cia .”

Efet iva m en te, os peixes qu e, com o a s a n dor in h a s , em igra mem ca r du m es , obed ien tes a o gu ia qu e os con du z, devem ter m eiosde s e a dver t irem , de s e en ten derem e com bin a rem . É pos s ível qu ed is pon h a m de u m a vis ta m a is pen et ra n te e es ta lh es per m itaper ceber os s in a is qu e m u tu a m en te fa ça m . Pode s er ta m bém qu eten h a m n a á gu a u m veícu lo p rópr io pa ra a t ra n s m is s ã o de cer ta svib ra ções . Com o qu er qu e s eja , o qu e é in con tes tá vel é qu e lh esn ã o fa lecem m eios de s e en ten der em , do m es m o m odo qu e a to-dos os a n im a is ca ren tes de voz e qu e, n ã o obs ta n te, t ra ba lh a m emcom u m . Dia n te d is so, qu e a dm ira çã o pode ca u sa r qu e os Espír itosen tre s i s e com u n iqu em sem o a u xílio da pa la vra a r t icu la da ?

5 9 5 . Goz am d e livre-arbítrio os an im ais , para a prá tica d oss eus a tos ?

“Os a n im a is n ã o s ã o s im ples m á qu in a s , com o s u pon -des . Con tu do, a liberda de de a çã o, de qu e des fru ta m , é li-m ita da pela s s u a s n eces s ida des e n ã o s e pode com pa ra r àdo h om em . Sen do m u it ís s im o in fer iores a es te, n ã o têm osm es m os deveres qu e ele. A liberda de, pos s u em -n a res t r itaa os a tos da vida m a ter ia l.”

5 9 6 . Dond e proced e a aptid ão que certos an im ais d enotampara im itar a linguagem d o hom em e por que es s a ap-tid ão s e revela m a is nas aves d o que no m acaco, porexem plo, cu ja con form ação apres en ta m a is ana logiacom a hum ana?

“Origin a -s e de u m a pa r t icu la r con form a çã o dos órgã osvoca is , r eforça da pelo in s t in to de im ita çã o. O m a ca co im itaos ges tos ; a lgu m a s a ves im ita m a voz.”

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5 9 7 . Pois que os an im ais pos s uem um a in teligência que lhesfacu lta certa liberd ad e d e ação, haverá neles a lgumprincípio ind epend en te d a m atéria?

“Há e qu e s obr evive a o corpo.”

a) — S e rá e s s e p rin cíp io u m a a lm a s e m e lh a n te àd o hom em ?

“É ta m bém u m a a lm a , s e qu is er des , d epend end o is tod o s en tid o que s e d er a es ta palavra . É, porém , in ferior à doh om em . Há en tre a a lm a dos a n im a is e a do h om em dis tâ n -cia equ iva len te à qu e m edeia en tre a a lm a do h om em e Deu s .”

5 9 8 . Após a m orte , cons erva a a lm a d os an im a is a s uaind ivid ua lid ad e e a cons ciência d e s i m es m a?

“Con s erva s u a in d ividu a lida de; qu a n to à con s ciên ciado s eu eu , n ã o. A vida in teligen te lh e per m a n ece em es ta dola ten te.”

5 9 9 . À a lm a d os a n im a is é d a d o es colh er a es pécie d ean im al em que encarne?

“Nã o, pois qu e lh e fa lta livr e-a rb ít r io.”

6 0 0 . S obreviven d o a o corpo em qu e h a bitou , a a lm a d oan im al vem a achar-s e, d epois d a m orte, num es tad od e erra ticid ad e, com o a d o hom em ?

“Fica n u m a es pécie de er ra t icida de, pois qu e n ã o m a iss e a ch a u n ida a o corpo, m a s n ã o é u m Es pírito erran te . OEs p ír ito er ra n te é u m s er qu e pen s a e ob ra por s u a livrevon ta de. De idên t ica fa cu lda de n ã o d is põe o dos a n im a is . Acon s ciên cia de s i m es m o é o qu e con s t itu i o p r in cipa l a t r i-bu to do Es p ír ito. O do a n im a l, depois da m orte, é cla s s ifi-

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ca do pelos Es p ír itos a qu em in cu m be es s a ta r efa e u t iliza -do qu a s e im ed ia ta m en te. Nã o lh e é da do tem po de en tra rem rela çã o com ou tra s cr ia tu ra s .”

6 0 1 . Os an im ais es tão s u jeitos , com o o hom em , a um a leiprogres s iva?

“Sim ; e da í vem qu e n os m u n dos s u per iores , on de osh om en s s ã o m a is a d ia n ta dos , os a n im a is ta m bém o s ã o,d is pon do de m eios m a is a m plos de com u n ica çã o. Sã o s em -pr e, porém , in fer iores a o h om em e s e lh e a ch a m s u bm et i-dos , ten do n eles o h om em s ervidor es in teligen tes .”

Na da h á n is s o de extra ord in á r io. Tom em os os n os s os m a isin teligen tes a n im a is , o cã o, o elefa n te, o ca va lo, e im a gin em o-losdota dos de u m a con for m a çã o a p r opr ia da a t ra ba lh os m a n u a is .Qu e n ã o fa r ia m s ob a d ireçã o do h om em ?

6 0 2 . Os a n im a is progrid em , com o o h om em , por a to d aprópria von tad e, ou pela força d as cois as ?

“Pe la for ça d a s cois a s , r a zã o p or qu e n ã o e s t ã os u jeitos à exp ia çã o.”

6 0 3 . Nos m und os s uperiores , os an im ais conhecem a Deus ?

“Nã o. Pa ra eles o h om em é u m deu s , com o ou trora osEs p ír itos era m deu s es pa ra o h om em .”

6 0 4 . Pois que os an im ais , m es m o os aperfeiçoad os , exis -ten tes nos m und os s uperiores , s ão s em pre in ferioresao hom em , s egue-s e que Deus criou s eres in telectua isperpetu a m en te d es tin a d os à in feriorid a d e, o qu e pa -re ce em d es a cord o com a u n id a d e d e v is ta s e d eprogres s o que tod as as s uas obras revelam .

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“Tu do em a Na tu reza s e en ca deia por elos qu e a in dan ã o podeis a preen der. Ass im , a s coisa s a pa ren tem en te m a isd ís pa res têm pon tos de con ta cto qu e o h om em , n o s eu es -ta do a tu a l, n u n ca ch ega rá a com preen der. Por u m es forçoda in teligên cia poderá en trevê-los ; m a s , s om en te qu a n doessa in teligên cia es tiver n o m áxim o grau de desen volvim en toe liber ta dos p recon ceitos do orgu lh o e da ign orâ n cia , lo-gra rá ver cla ro n a ob ra de Deu s . Até lá , s u a s m u ito r es t r i-ta s idéia s lh e fa rã o obs erva r a s cois a s por u m m es qu in h o ea ca n h a do p r is m a . Sa bei n ã o s er pos s ível qu e Deu s s e con -t ra d iga e qu e, n a Na tu reza , tu do s e h a r m on iza m ed ia n teleis gera is , qu e por n en h u m de s eu s pon tos deixa m decorres pon der à s u b lim e s a bedor ia do Cr ia dor.”

a) — A in teligência é en tão um a propried ad e com um ,u m p on to d e con ta cto e n tre a a lm a d os a n im a is e ad o hom em ?

“É, p orém os a n im a is s ó p os s u em a in teligên cia d avida m a ter ia l. No h om em , a in teligên cia p ropor cion a a vidam ora l.”

6 0 5 . Cons id erand o-s e tod os os pon tos d e con tacto que exis -tem en tre o hom em e os an im ais , não s eria lícito pen-s ar que o hom em pos s u i d uas a lm as : a a lm a an im al ea a lm a es pírita e que, s e es ta ú ltim a não exis tis s e, s ócom o o bru to pod eria ele viver? Por ou tra : que o an im alé um s er s em elhante ao hom em , tend o d e m enos a a lm aes pírita? Des s a m aneira de ver res ultaria s erem os bonse os m aus ins tin tos d o hom em efeito d a pred om inân-cia d e um a ou ou tra d es s as a lm as ?

“Nã o, o h om em n ã o tem du a s a lm a s . O corpo, porém ,tem s eu s in s t in tos , res u lta n tes da s en s a çã o pecu lia r a os

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órgã os . Du p la , n o h om em , s ó é a n a tu r eza . Há n ele a n a tu -r eza a n im a l e a n a tu r eza es p ir itu a l. Pa r t icipa , pelo s eu cor -po, da n a tu reza dos a n im a is e de s eu s in s t in tos . Por s u aa lm a , pa r t icipa da dos Es p ír itos .”

a) — De m od o que, a lém d e s uas próprias im perfeiçõesd e que cum pre ao Es pírito d es pojar-s e, tem a ind a o hom emque lu tar con tra a in fluência d a m atéria?

“Qu a n to m a is in fer ior é o Es p ír ito, ta n to m a is a per ta -dos s ã o os la ços qu e o liga m à m a tér ia . Nã o o vedes ? Oh om em n ã o tem du a s a lm a s ; a a lm a é s em pr e ú n ica emca da s er. Sã o d is t in ta s u m a da ou tra a a lm a do a n im a l e ado h om em , a ta l pon to qu e a de u m n ã o pode a n im a r ocorpo cr ia do pa ra o ou tr o. Ma s , con qu a n to n ã o ten h a a lm aa n im a l, qu e, por s u a s pa ixões , o n ivele a os a n im a is , o h o-m em tem o corpo qu e, à s vezes , o r eba ixa a té a o n ível deles ,por is s o qu e o corpo é u m s er dota do de vita lida de e dein s t in tos , porém in in teligen tes es tes e r es t r itos a o cu ida doqu e a s u a con s erva çã o r equ er.”

En ca rn a n do n o corpo do h om em , o Es p ír ito lh e t ra z o p r in -cíp io in telectu a l e m ora l, qu e o tor n a s u per ior a os a n im a is . Asdu a s n a tu r eza s n ele exis ten tes dã o à s s u a s pa ixões du a s or igen sd ifer en tes : u m a s p rovêm dos in s t in tos da n a tu reza a n im a l, p ro-vin do a s ou tra s da s im pu reza s do Es p ír ito, de cu ja en ca r n a çã o éele a im a gem e qu e m a is ou m en os s im pa t iza com a gros s er ia dosa pet ites a n im a is . Pu r ifica n do-s e, o Es p ír ito s e liber ta pou co apou co da in flu ên cia da m a tér ia . Sob es s a in flu ên cia , a p r oxim a -s edo b ru to. Is en to dela , eleva -s e à s u a ver da deira des t in a çã o.

6 0 6 . Don d e tira m os a n im a is o prin cíp io in te ligen te qu econstitui a alma de natureza especial de que são dotados?

“Do elem en to in teligen te u n ivers a l.”

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a) — Então, em anam d e um ún ico princípio a in teligên-cia d o hom em e a d os an im ais ?

“Sem dú vida a lgu m a , porém , n o h om em , pa s s ou poru m a ela b or a çã o qu e a coloca a cim a d a qu e exis t e n oa n im a l.”

6 0 7 . Dis s es tes (190) que o es tad o d a a lm a d o hom em , nas ua origem , corres pond e ao es tad o d a in fância na vid acorpora l, que s ua in teligência apenas d es abrocha e s ee n s a ia p a ra a v id a . On d e p a s s a o Es p írito e s s aprim eira fas e d o s eu d es envolvim en to?

“Nu m a s ér ie de exis tên cia s qu e p r ecedem o per íodo aqu e ch a m a is Hu m a n ida de.”

a) — Parece que, as s im , s e pod e cons id erar a a lm a com oten d o s id o o prin cíp io in te ligen te d os s eres in feriores d acriação, não?

“J á n ã o d is s em os qu e tu do em a Na tu reza s e en ca deiae ten de pa ra a u n ida de? Nes s es s eres , cu ja tota lida de es ta islon ge de con h ecer, é qu e o p r in cíp io in teligen te s e ela bora ,s e in d ividu a liza pou co a pou co e s e en s a ia pa ra a vida , con -for m e a ca ba m os de d izer. É , de cer to m odo, u m t ra ba lh oprepa ra tór io, com o o da ger m in a çã o, por efeito do qu a l op r in cíp io in teligen te s ofre u m a t ra n s for m a çã o e s e tor n aEs pírito. En t ra en tã o n o p er íod o d a h u m a n iza çã o, com e-ça n d o a t er con s ciên cia d o s eu fu tu r o, ca p a cid a d e d e d is -t in gu ir o b em d o m a l e a r es p on s a b ilid a d e d os s eu s a tos .As s im , à fa s e d a in fâ n cia s e s egu e a d a a d oles cên cia , vin -d o d ep ois a d a ju ven tu de e da m a du reza . Nessa origem , coi-sa a lgu m a h á de h u m ilh a n te pa ra o h om em . Sen tir -s e-ã o

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h u m ilh a dos os gra n des gên ios por ter em s ido fetos in for m esn a s en tra n h a s qu e os gera ra m ? Se a lgu m a coisa h á qu e lh eseja h u m ilh a n te, é a su a in feriorida de pera n te Deu s e su aim potên cia pa ra lh e son da r a profu n deza dos des ígn ios epa ra a pr ecia r a s a bedoria da s leis qu e regem a h a r m on ia doUn iverso. Recon h ecei a gra n deza de Deu s n es sa a dm irá velh a r m on ia , m edia n te a qu a l tu do é solidá rio n a Na tu reza .Acr edita r qu e Deu s h a ja feito, s eja o qu e for, s em u m fim , ecria do seres in teligen tes s em fu tu r o, fora b la s fem a r da su abon da de, qu e se es ten de por sobre toda s a s su a s cr ia tu ra s .”

b) — Es s e períod o d e hum aniz ação principia na Terra?

“A Terra n ã o é o pon to de pa r t ida da p r im eira en ca r n a -çã o h u m a n a . O período da h u m a n iza çã o com eça , gera lm en -te, em m u n dos a in da in fer ior es à Terra . Is to, en tr eta n to,n ã o con s t itu i r egra a bs olu ta , pois pode s u ceder qu e u mEspír ito, d esde o s eu in ício h u m a n o, es teja a p to a viver n aTerra . Nã o é fr eqü en te o ca so; con s titu i a n tes u m a exceçã o.”

6 0 8 . O Es pírito do hom em tem , após a m orte, cons ciência des uas exis tências anteriores ao período de hum anidade?

“Nã o, pois n ã o é des s e per íodo qu e com eça a s u a vidade Es p ír ito. Difícil é m es m o qu e s e lem br e de s u a s p r im ei-ra s exis tên cia s h u m a n a s , com o d ifícil é qu e o h om em s elem br e d os p r im eir os t em p os d e s u a in fâ n cia e a in d a m e-n os d o t em p o qu e p a s s ou n o s eio m a ter n o. Essa a razãopor qu e os Espíritos dizem qu e n ão sabem com o com eçaram .”

6 0 9 . Um a vez no períod o d a hum anid ad e, cons erva o Es pí-rito traços d o que era preced en tem en te, quer d iz er: d oes tad o em que s e achava no períod o a que s e pod eriacham ar an te-hum ano?

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“Con for m e a d is tâ n cia qu e m edeie en tre os dois per ío-dos e o progresso rea lizado. Du ran te a lgu m as gerações , podeele con s erva r ves t ígios m a is ou m en os p ron u n cia dos do es -ta do p r im it ivo, porqu a n to n a da s e opera n a Na tu reza porbru s ca t ra n s içã o. Há s em pre a n éis qu e liga m a s extrem ida -des da ca deia dos s eres e dos a con tecim en tos . Aqu eles ves -t ígios , porém , s e a pa ga m com o d es en volvim en t o d o livr e --a rb ít r io. Os p r im eiros p r ogres s os s ó m u ito len ta m en te s eefetu a m , porqu e a in da n ã o têm a s ecu n dá -los a von ta de.Vã o em progr es s ã o m a is rá p ida , à m ed ida qu e o Es p ír itoa dqu ire m a is per feita con s ciên cia de s i m es m o.”

6 1 0 . Ter-s e-ão enganad o os Es píritos que d is s eram cons ti-tu ir o hom em um s er à parte na ord em d a criação?

“Nã o, m a s a qu es tã o n ã o fora des en volvida . Dem a is ,h á cois a s qu e s ó a s eu tem po podem s er es cla r ecida s . Oh om em é, com efeito, u m s er à pa r te, vis to pos s u ir fa cu lda -des qu e o d is t in gu em de todos os ou tros e ter ou tr o des t i-n o. A es pécie h u m a n a é a qu e Deu s es colh eu pa ra a en ca r -n a çã o dos s eres que pod em conhecê-lo.”

METEMPS ICOSE

61 1 . O terem os s eres vivos um a origem com um no princípioin te lige n te n ã o é a con s a gra çã o d a d ou trin a d am etem ps icos e?

“Du a s cois a s podem ter a m es m a or igem e a bs olu ta -m en te n ã o s e a s s em elh a rem m a is ta rde. Qu em recon h ece-r ia a á rvore, com s u a s folh a s , flor es e fru tos , n o gér m enin for m e qu e s e con tém n a s em en te don de ela s u rge? Des dequ e o p r in cíp io in teligen te a t in ge o gra u n eces s á r io pa ra

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s er Es p ír ito e en tra r n o per íodo da h u m a n iza çã o, já n ã ogu a r da r ela çã o com o s eu es ta do p r im it ivo e já n ã o é a a lm ados a n im a is , com o a á rvor e já n ã o é a s em en te. De a n im a ls ó h á n o h om em o corpo e a s pa ixões qu e n a s cem da in -flu ên cia do corpo e do in s t in to de con s erva çã o in er en te àm a tér ia . Nã o s e pode, pois , d izer qu e ta l h om em é a en ca r -n a çã o d o E s p ír it o d e t a l a n im a l. Con s egu in t em en te, am etem ps icos e, com o a en ten dem , n ã o é ver da deira .”

6 1 2 . Pod eria encarnar num an im al o Es pírito que an im ou ocorpo d e um hom em ?

“Is s o s er ia ret rogra da r e o Es p ír ito n ã o r et rogra da . Or io n ã o rem on ta à s u a n a s cen te.” (118)

6 1 3 . Em bora d e tod o errônea , a id éia ligad a à m etem ps ico-s e não terá res u ltad o d o s en tim en to in tu itivo que ohom em pos s u i d e s uas d iferen tes exis tências ?

“Nessa , com o em m u ita s ou tra s cren ças , s e depa ra es sesen tim en to in tu it ivo. O h om em , porém , o desn a tu rou , com ocos tu m a fa zer com a m a ior ia de s u a s idéia s in tu it iva s .”

Ser ia verda deira a m etem ps icos e, s e in d ica s s e a p r ogres s ã oda a lm a , pa s s a n do de u m es ta do in fer ior a ou tr o s u per ior, on dea dqu ir is s e des en volvim en tos qu e lh e t ra n s for m a s s em a n a tu r e-za . É , porém , fa ls a n o s en t ido de t ra n s m igra çã o d ireta da a lm a doa n im a l pa ra o h om em e recip roca m en te, o qu e im plica r ia a idéiade u m a ret r ogra da çã o, ou de fu s ã o. Ora , o fa to de n ã o poder s e-m elh a n te fu s ã o opera r -s e, en t re os s eres corpora is da s du a s es -pécies , m os tra qu e es ta s s ã o de gra u s in a s s im ilá veis , deven doda r -s e o m es m o com rela çã o a os Es p ír itos qu e a s a n im a m . Se u mm es m o Es p ír ito a s pu des s e a n im a r a lter n a t iva m en te, h a ver ia ,com o con s eqü ên cia , u m a iden t ida de de n a tu reza , t ra du zin do-s epela pos s ib ilida de da rep r odu çã o m a ter ia l.

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A reen ca r n a çã o, com o os Es p ír itos a en s in a m , s e fu n da , a ocon trá r io, n a m a rch a a s cen den te da Na tu r eza e n a p rogres s ã o doh om em , den tro da s u a p rópr ia es pécie, o qu e em n a da lh e d im i-n u i a d ign ida de. O qu e o reba ixa é o m a u u s o qu e ele fa z da sfa cu lda des qu e Deu s lh e ou torgou pa ra qu e p rogr ida . Seja com ofor, a a n cia n ida de e a u n ivers a lida de da dou tr in a da m etem ps ico-s e e, bem a s s im , a circu n s tâ n cia de a ter em p rofes s a do h om en sem in en tes p rova m qu e o p r in cíp io da reen ca r n a çã o s e ra d ica n ap róp r ia Na tu r eza . An tes , p ois , con s t itu em a rgu m en tos a s eufa vor, qu e con trá r ios a es s e p r in cíp io.

O pon to in icia l do Es p ír ito é u m a des s a s qu es tões qu e s ep ren dem à or igem da s cois a s e de qu e Deu s gu a rda o s egredo.Da do n ã o é a o h om em con h ecê-la s de m odo a bs olu to, n a da m a islh e s en do pos s ível a ta l res peito do qu e fa zer s u pos ições , cr ia rs is tem a s m a is ou m en os p rová veis . Os p rópr ios Es p ír itos lon gees tã o de tu do s a berem e, a cerca do qu e n ã o s a bem , ta m bém po-dem ter op in iões pes s oa is m a is ou m en os s en s a ta s .

É a s s im , por exem plo, qu e n em todos pen s a m da m es m afor m a qu a n to à s rela ções exis ten tes en t re o h om em e os a n im a is .Segu n do u n s , o Es p ír ito n ã o ch ega a o per íodo h u m a n o s en ã odepois de s e h a ver ela bora do e in d ividu a liza do n os d ivers os gra u sdos s eres in fer iores da Cr ia çã o. Segu n do ou tros , o Es p ír ito doh om em ter ia per ten cido s em pre à ra ça h u m a n a , s em pa s s a r pelafieira a n im a l. O p r im eiro des s es s is tem a s a p res en ta a va n ta gemde a s s in a r u m a lvo a o fu tu ro dos a n im a is , qu e for m a r ia m en tã oos p r im eiros elos da ca deia dos s eres pen s a n tes . O s egu n do ém a is con for m e à d ign id a d e d o h om em e p od e r es u m ir -s e d am a n eira s egu in te:

As d iferen tes es pécies de a n im a is n ã o p r ocedem in telectua l-m en te u m a s da s ou tra s , m ed ia n te p rogres s ã o. As s im , o es p ír itoda os t ra n ã o s e tor n a s u ces s iva m en te o do peixe, do pá s s a ro, doqu a drú pede e do qu a drú m a n o. Ca da es pécie con s t itu i, fís ica em ora lm en te, u m t ipo abs olu to, ca da u m de cu jos in d ivídu os h a u -re n a fon te u n ivers a l a qu a n t ida de do p r in cíp io in teligen te qu elh e s eja n eces s á r io, de a cordo com a per feiçã o de s eu s órgã os e

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com o t ra ba lh o qu e ten h a de execu ta r n os fen ôm en os da Na tu r e-za , qu a n t ida de qu e ele, por s u a m or te, res t itu i a o r es erva tór iodon de a t irou . Os dos m u n dos m a is a d ia n ta dos qu e o n os s o (vern º 188) con s t itu em igu a lm en te ra ça s d is t in ta s , a p ropr ia da s à sn eces s ida des des s es m u n dos e a o gra u de a d ia n ta m en to dos h o-m en s , cu jos a u xilia res eles s ã o, m a s de m odo n en h u m procedemda s da Terra , es p ir itu a lm en te fa la n do. Ou tr o ta n to n ã o s e dá como h om em . Do pon to de vis ta fís ico, es te for m a eviden tem en te u melo da ca deia dos s er es vivos ; porém , do pon to de vis ta m ora l, h á ,en tr e o a n im a l e o h om em , s olu çã o de con t in u ida de. O h om empos s u i, com o p ropr ieda de s u a , a a lm a ou Es p ír ito, cen telh a d ivi-n a qu e lh e con fere o s en s o m ora l e u m a lca n ce in telectu a l de qu eca recem os a n im a is e qu e é n ele o s er p r in cipa l, qu e p reexis te es obr evive a o corpo, con s erva n do s u a in d ividu a lida de. Qu a l a or i-gem do Es p ír ito? On de o s eu pon to in icia l? For m a -s e do p r in cíp ioin teligen te in d ividu a liza do? Tu do is s o s ã o m is tér ios qu e fora in ú -t il qu erer deva s s a r e s ob r e os qu a is , com o d is s em os , n a da m a iss e pode fa zer do qu e con s t ru ir s is tem a s . O qu e é con s ta n te, o qu eres s a lta do ra ciocín io e da exper iên cia é a s obrevivên cia do Es p í-r it o, a con s er va çã o d e s u a in d ivid u a lid a d e a p ós a m or t e , ap rogres s ivida de de s u a s fa cu lda des , s eu es ta do feliz ou des gra ça -do de a cor do com o s eu a d ia n ta m en to n a s en da do bem e toda sa s ver da des m ora is decorren tes des te p r in cíp io.

Qu a n to à s rela ções m is ter ios a s qu e exis tem en tre o h om eme os a n im a is , is s o, r epet im os , es tá n os s egredos de Deu s , com om u ita s ou tra s cois a s , cu jo con h ecim en to a tua l n a da im porta a on os s o p r ogres s o e s ob r e a s qu a is s er ia in ú t il deter m o-n os .

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P A R T E T E R C E I R A

�⌥⌃⇥ �⇧⌃⇥⌦⇤⌅⌥⇧⌃CAPÍTULO I – DA LEI DIVINA OU NATURAL

CAPÍTULO II – DA LEI DE ADORAÇÃO

CAPÍTULO III – DA LEI DO TRABALHO

CAPÍTULO IV – DA LEI DE REPRODUÇÃO

CAPÍTULO V – DA LEI DE CONSERVAÇÃO

CAPÍTULO VI – DA LEI DE DESTRUIÇÃO

CAPÍTULO VII – DA LEI DE SOCIEDADE

CAPÍTULO VIII – DA LEI DO PROGRESSO

CAPÍTULO IX – DA LEI DE IGUALDADE

CAPÍTULO X – DA LEI DE LIBERDADE

CAPÍTULO XI – DA LEI DE J USTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

CAPÍTULO XII – DA PERFEIÇÃO MORAL

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C A P Í T U L O I

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• Caracteres d a lei na tura l• Conhecim en to d a lei na tura l• O bem e o m a l• Divis ão d a lei na tura l

CARACTERES DA LEI NATURAL

6 1 4 . Que s e d eve en tend er por lei na tura l?

“A lei n a tu ra l é a lei de Deu s . É a ú n ica verda deirapa ra a felicida de do h om em . In d ica -lh e o qu e deve fa zer oudeixa r de fa zer e ele s ó é in feliz qu a n do dela s e a fa s ta .”

6 1 5 . É eterna a lei d e Deus ?

“Eter n a e im u tá vel com o o p rópr io Deu s .”

6 1 6 . S erá pos s ível que Deus em certa época ha ja pres critoaos hom ens o que nou tra época lhes proibiu?

“Deu s n ã o s e en ga n a . Os h om en s é qu e s ã o obr iga dosa m odifica r s u a s leis , por im per feita s . As de Deu s , es s a ss ã o per feita s . A h a r m on ia qu e rein a n o u n ivers o m a ter ia l,

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com o n o u n ivers o m ora l, s e fu n da em leis es ta belecida s porDeu s des de toda a eter n ida de.”

6 1 7 . As le is d iv in a s , qu e é o qu e com preen d em n o s euâm bito? Concernem a a lgum a ou tra cois a , que não s o-m en te ao proced im en to m ora l?

“Toda s a s da Na tu r eza s ã o leis d ivin a s , pois qu e Deu sé o a u tor de tu do. O s á b io es tu da a s leis da m a tér ia , oh om em de bem es tu da e p ra t ica a s da a lm a .”

a) — Dad o é ao hom em aprofund ar um as e ou tras ?

“É, m a s u m a ú n ica exis tên cia n ã o lh e ba s ta pa ra is s o.”

Efet iva m en te, qu e s ã o a lgu n s a n os pa ra a a qu is içã o de tu doo de qu e p recis a o s er, a fim de s e con s idera r per feito, em boraa pen a s s e ten h a em con ta a d is ta n cia qu e va i do s elva gem a oh om em civiliza do? In s u ficien te s er ia , pa ra ta n to, a exis tên cia m a islon ga qu e s e pos s a im a gin a r. Ain da com m a is for te ra zã o o s eráqu a n do cu r ta , com o é pa ra a m a ior pa r te dos h om en s .

En tre a s leis d ivin a s , u m a s regu la m o m ovim en to e a s rela -ções da m a tér ia b ru ta : a s leis fís ica s , cu jo es tu do per ten ce a odom ín io da Ciên cia .

As ou tra s d izem r es peito es pecia lm en te a o h om em con s ide-ra do em s i m es m o e n a s s u a s rela ções com Deu s e com s eu ss em elh a n tes . Con têm a s regra s da vida do corpo, bem com o a s davida da a lm a : s ã o a s leis m ora is .

6 1 8 . S ã o a s m e s m a s , p a ra tod os os m u n d os , a s le isd ivinas ?

“A ra zã o es tá a d izer qu e devem s er a p r opr ia da s à n a -tu r eza de ca da m u n do e a dequ a da s a o gra u de p rogres s odos s eres qu e os h a b ita m .”

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CONHECIMENTO DA LEI NATURAL

6 1 9 . A tod os os h om e n s fa cu ltou De u s os m e ios d econhecerem s ua lei?

“Tod os p od em con h ecê-la , m a s n em tod os a com -p r een d em . Os h om en s d e b em e os qu e s e d ecid em ain ves t igá -la s ã o os qu e m elh or a com preen dem . Todos , en -tr eta n to, a com preen derã o u m d ia , por qu a n to forços o é qu eo p r ogres s o s e efetu e.”

A ju s t iça da s d ivers a s en ca r n a ções do h om em é u m a con s e-qü ên cia des te p r in cíp io, pois qu e, em ca da n ova exis tên cia , s u ain teligên cia s e a ch a m a is des en volvida e ele com pr een de m elh oro qu e é bem e o qu e é m a l. Se n u m a s ó exis tên cia tu do lh e deves -s e fica r u lt im a do, qu a l s er ia a s or te de ta n tos m ilh ões de s eresqu e m orrem todos os d ia s n o em bru tecim en to da s elva ger ia , oun a s t r eva s da ign orâ n cia , s em qu e deles ten h a depen d ido o s ein s t ru írem ? (171-222)

6 2 0 . Antes d e s e un ir ao corpo, a a lm a com preend e m elhora lei d e Deus d o que d epois d e encarnad a?

“Com preen de-a de a cordo com o gra u de per feiçã o qu eten h a a t in gido e dela gu a r da a in tu içã o qu a n do u n ida a ocorpo. Os m a u s in s t in tos , porém , fa zem ord in a ria m en te qu eo h om em a es qu eça .”

6 2 1 . Ond e es tá es crita a lei d e Deus ?

“Na con s ciên cia .”

a) — Vis to que o hom em traz em s ua cons ciência a lei d eDeus , que neces s id ad e havia d e lhe s er ela revelad a?

“Ele a es qu ecera e des p reza ra . Qu is en tã o Deu s lh efos s e lem bra da .”

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6 2 2 . Confiou Deus a certos hom ens a m is s ão d e revelarema s ua lei?

“In du bita velm en te. Em todos os tem pos h ou ve h om en squ e t ivera m es s a m is s ã o. Sã o Es p ír itos s u per ior es , qu een ca r n a m com o fim de fa zer p r ogred ir a Hu m a n ida de.”

6 2 3 . Os que hão pretend ido ins truir os hom ens na lei de Deusn ã o s e têm en ga n a d o a lgu m a s vez es , fa z en d o-ostrans viar-s e por m eio d e fa ls os princípios ?

“Certa m en te h ã o da do ca u sa a qu e os h om en s se tra n s -via s s em a qu eles qu e n ã o era m in s p ira dos por Deu s e qu e,por a m biçã o, tom a ra m s obre s i u m en ca rgo qu e lh es n ã ofora com et ido. Toda via , com o era m , a fin a l, h om en s de gê-n io , m e s m o e n t r e os e r r os q u e e n s in a r a m , gr a n d e sverda des m u ita s vezes s e en con tra m .”

6 2 4 . Qual o cará ter d o verd ad eiro profeta?

“O ver da deir o p rofeta é u m h om em de bem , in s p ira dopor Deu s . Podeis recon h ecê-lo pela s s u a s pa la vra s e peloss eu s a tos . Im p os s ível é qu e Deu s s e s ir va d a b oca d om en t iros o pa ra en s in a r a ver da de.”

6 2 5 . Qual o tipo m ais perfeito que Deus tem oferecid o aohom em , para lhe s ervir d e gu ia e m od elo?

“J es u s .”

Pa ra o h om em , J es u s con s t itu i o t ipo da per feiçã o m ora l aqu e a Hu m a n ida de pode a sp ira r n a Terra . Deu s n o-lo oferece com oo m a is per feito m odelo e a dou tr in a qu e en s in ou é a expres s ã om a is pu ra da lei do Sen h or, por qu e, s en do ele o m a is pu ro dequ a n tos têm a pa recido n a Terra , o Es p ír ito Divin o o a n im a va .

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Qu a n to a os qu e, p reten den do in s t ru ir o h om em n a lei deDeu s , o têm tran svia do, en s in an do-lh e fa lsos prin cíp ios , is so acon -teceu por h a ver em deixa do qu e os dom in a s s em s en t im en tos de-m a s ia do ter ren os e por ter em con fu n d ido a s leis qu e regu la m a scon d ições da vida da a lm a , com a s qu e regem a vida do corpo.Mu itos h ã o a p r es en ta do com o leis d ivin a s s im ples leis h u m a n a ses ta tu ída s pa ra s ervir à s pa ixões e dom in a r os h om en s .

6 2 6 . S ó por Jes us foram revelad as as leis d ivinas e na tu -ra is ? An tes d o s eu a pa recim en to, o con h ecim en tod es s as leis s ó por in tu ição os hom ens o tiveram ?

“J á n ã o d is s em os qu e ela s es tã o es cr ita s por toda pa r -te? Des de os s écu los m a is lon gín qu os , todos os qu e m ed i-t a r a m s ob r e a s a b ed or ia h ã o p od id o com p r een d ê-la s een s in á -la s . Pelos en s in os , m es m o in com pletos , qu e es pa -lh a ra m , p r epa ra ra m o ter ren o pa ra receber a s em en te. Es -ta n do a s leis d ivin a s es cr ita s n o livro da n a tu r eza , pos s ívelfoi a o h om em con h ecê-la s , logo qu e a s qu is p r ocu ra r. Poris s o é qu e os p r eceitos qu e con s a gra m fora m , des de todosos tem pos , p rocla m a dos pelos h om en s de bem ; e ta m bémpor is s o é qu e elem en tos dela s s e en con tra m , s e bem qu ein com pletos ou a du ltera dos pela ign orâ n cia , n a dou tr in am ora l de todos os povos s a ídos da ba rbá r ie.”

6 2 7 . Um a vez que Jes us ens inou as verd ad eiras leis d eDeus , qua l a u tilid ad e d o ens ino que os Es píritos d ão?Terão que nos ens inar m a is a lgum a cois a?

“J es u s em prega va a m iú de, n a s u a lin gu a gem , a lego-r ia s e pa rá bola s , por qu e fa la va de con for m ida de com ostem pos e os lu ga r es . Fa z-s e m is ter a gora qu e a verda de s etor n e in teligível pa ra todo m u n do. Mu ito n eces s á r io é qu e

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a qu ela s leis s eja m exp lica da s e des en volvida s , tã o pou coss ã o os qu e a s com preen dem e a in da m en os os qu e a s p ra t i-ca m . A n os s a m is s ã o con s is te em a br ir os olh os e os ou vi-dos a todos , con fu n d in do os orgu lh os os e des m a s ca ra n doos h ipócr ita s : os qu e ves tem a ca pa da vir tu de e da religiã o,a fim de ocu lta rem s u a s torpeza s . O en s in o dos Es p ír itostem qu e s er cla ro e s em equ ívocos , pa ra qu e n in gu ém pos -s a p retexta r ign orâ n cia e pa ra qu e todos o pos s a m ju lga r ea p recia r com a ra zã o. Es ta m os in cu m bidos de p r epa ra r orein o do bem qu e J es u s a n u n ciou . Da í a n eces s ida de dequ e a n in gu ém s eja pos s ível in terp reta r a lei de Deu s a os a bor de s u a s pa ixões , n em fa ls ea r o s en t ido de u m a leitoda de a m or e de ca r ida de.”

6 2 8 . Por que a verd ad e não foi s em pre pos ta ao a lcance d etod a gen te?

“Im por ta qu e ca da cois a ven h a a s eu tem po. A verda deé com o a lu z: o h om em precis a h a b itu a r -s e a ela , pou co apou co; do con trá r io, fica des lu m bra do.

“J a m a is per m it iu Deu s qu e o h om em r ecebes s e com u -n ica ções tã o com pleta s e in s t ru t iva s com o a s qu e h oje lh es ã o da da s . Ha via , com o s a beis , n a a n t igu ida de a lgu n s in d i-vídu os pos s u idores do qu e eles p róprios con s idera va m u m aciên cia s a gra da e da qu a l fa zia m m is tér io pa ra os qu e, a oss eu s olh os , era m t idos por p rofa n os . Pelo qu e con h eceisda s leis qu e regem es tes fen ôm en os , deveis com preen derqu e es s es in d ivídu os a pen a s receb ia m a lgu m a s ver da deses pa rs a s , den tro de u m con ju n to equ ívoco e, n a m a ior iados ca s os , em blem á t ico. En treta n to, pa ra o es tu d ios o, n ã oh á n en h u m s is tem a a n t igo de filos ofia , n en h u m a t ra d içã o,n en h u m a religiã o, qu e s eja des p rezível, pois em tu do h á

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ger m en s de gra n des verda des qu e, s e bem pa r eça m con tra -d itória s en tr e s i, d ispersa s qu e se ach am em m eio de acessó-rios s em fu n da m en to, fa cilm en te coorden á veis s e vos a pre-sen ta m , gra ça s à explica çã o qu e o Espir it ism o dá de u m aim en s ida de de coisa s qu e a té a gora se vos a figu ra ra m semra zã o a lgu m a e cu ja rea lida de es tá h oje irrecu sa velm en tedem on s tra da . Nã o desprezeis , porta n to, os objetos de es tu -do qu e es ses m a teria is ofer ecem . Ricos eles s ã o de ta is obje-tos e podem con tr ibu ir gra n dem en te pa ra vossa in s tru çã o.”

O BEM E O MAL

6 2 9 . Que d efin ição s e pod e d ar d a m ora l?

“A m ora l é a regra de bem proceder, is to é, de d is t in -gu ir o bem do m a l. Fu n da -s e n a obs ervâ n cia da lei de Deu s .O h om em procede bem qu a n do tu do fa z pelo bem de todos ,por qu e en tã o cu m pr e a lei de Deu s .”

6 3 0 . Com o s e pod e d is tingu ir o bem d o m al?

“O bem é tu do o qu e é con for m e à lei de Deu s ; o m a l,tu do o qu e lh e é con trá r io. As s im , fa zer o bem é p roceder dea cor do com a lei de Deu s . Fa zer o m a l é in fr in gi-la .”

6 3 1 . Tem m eios o hom em d e d is tingu ir por s i m es m o o que ébem d o que é m a l?

“Sim , qu a n do crê em Deu s e o qu er s a ber. Deu s lh edeu a in teligên cia pa ra d is t in gu ir u m do ou tr o.”

6 3 2 . Es ta n d o s u je ito a o erro, n ã o pod e o h om em en ga n a r--s e na apreciação d o bem e d o m al e crer que pra tica obem quand o em rea lid ad e pra tica o m a l?

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“J esu s disse: vede o qu e qu eríeis qu e vos fizessem oun ão vos fizessem . Tu do se resu m e n isso. Não vos en gan areis .”

633 . A regra do bem e do m al, que s e poderia cham ar de reci-procidade ou de solida riedade, é inaplicável ao procederpes s oal do hom em para cons igo m es m o. Achará ele, nalei natural, a regra des s e proceder e um guia s eguro?

“Qu a n do com eis em exces s o, ver ifica is qu e is s o vos fa zm a l. Pois bem , é Deu s qu em vos dá a m ed ida da qu ilo dequ e n eces s ita is . Qu a n do excedeis des s a m ed ida , s ois pu n i-dos . Em tu do é a s s im . A lei n a tu ra l t ra ça pa ra o h om em olim ite da s s u a s n eces s ida des . Se ele u lt ra pa s s a es s e lim ite,é pu n ido pelo s ofr im en to. Se a ten des s e s em pre à voz qu elh e d iz — bas ta , evita r ia a m a ior pa r te dos m a les , cu jacu lpa la n ça à Na tu reza .”

6 3 4 . Por que es tá o m a l na na turez a d as cois as ? Fa lo d om al m ora l. Não pod ia Deus ter criad o a Hum anid ad eem m elhores cond ições ?

“J á te d is s em os : os Es p ír itos fora m cr ia dos s im ples eign ora n tes (115). Deu s deixa qu e o h om em es colh a o ca m i-n h o. Ta n to p ior pa ra ele, s e tom a o ca m in h o m a u : m a islon ga s erá su a peregrin a çã o. Se n ã o exis t is s em m on ta n h a s ,n ã o com preen der ia o h om em qu e s e pode s u b ir e des cer ; s en ã o exis t is s em roch a s , n ã o com pr een der ia qu e h á corposdu r os . É p recis o qu e o Es p ír ito ga n h e exper iên cia ; é p reci-s o, por ta n to, qu e con h eça o bem e o m a l. E is por qu e s eu n e a o corpo.” (119)

6 3 5 . Das d iferen tes pos ições s ocia is nas cem neces s id ad esque não s ão id ên ticas para tod os os hom ens . Não pa-

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rece pod er in ferir-s e d a í que a lei na tura l não cons titu iregra un iform e?

“Es s a s d iferen tes pos ições s ã o da n a tu r eza da s cois a se con for m es à lei do p rogr es s o. Is s o n ã o in firm a a u n ida deda lei n a tu ra l, qu e s e a p lica a tu do.”

As con d ições de exis tên cia do h om em m u da m de a cordo comos tem pos e os lu ga r es , do qu e lh e res u lta m n eces s ida des d ife-r en tes e pos ições s ocia is a p ropr ia da s a es s a s n eces s ida des . Poisqu e es tá n a ordem da s cois a s , ta l d ivers ida de é con for m e à lei deDeu s , lei qu e n ã o deixa de s er u n a qu a n to a o s eu p r in cíp io. Àra zã o ca b e d is t in gu ir a s n eces s id a d es r ea is d a s fa ct ícia s oucon ven cion a is .

6 3 6 . S ão abs olu tos , para tod os os hom ens , o bem e o m a l?

“A lei de Deu s é a m es m a pa ra todos ; porém , o m a ldepen de p r in cipa lm en te da von ta de qu e s e ten h a de o p ra -t ica r. O bem é s em pre o bem e o m a l s em pr e o m a l, qu a l-qu er qu e s eja a pos içã o do h om em . Diferen ça s ó h á qu a n toa o gra u da r es pon s a b ilida de.”

6 3 7 . S erá cu lpad o o s elvagem que, ced end o ao s eu ins tin to,s e nu tre d e carne hum ana?

“Eu d is s e qu e o m a l depen de da von ta de. Pois bem !Ta n t o m a is cu lp a d o é o h om em , qu a n t o m elh or s a b eo qu e fa z.”

As circu n s tâ n cia s dã o rela t iva gra vida de a o bem e a o m a l.Mu ita s vezes , com ete o h om em fa lta s , qu e, n em por s erem con s e-qü ên cia da pos ição em qu e a sociedade o colocou , se tor n am m en osrep reen s íveis . Ma s , a s u a res pon s a b ilida de é p roporcion a da a osm eios de qu e ele d is põe pa ra com preen der o bem e o m a l. As s im ,m a is cu lpa do é, a os olh os de Deu s , o h om em in s t ru ído qu e p ra t i-

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ca u m a s im ples in ju s t iça , do qu e o s elva gem ign ora n te qu e s een trega a os s eu s in s t in tos .

6 3 8 . Parece, à s vez es , que o m a l é um a cons eqüência d aforça d as cois as . Ta l, por exem plo, a neces s id ad e emque o hom em s e vê, na lguns cas os , d e d es tru ir, a tém es m o o s eu s em elhan te . Pod er-s e-á d iz er que há ,en tão, in fração d a lei d e Deus ?

“Em bora n eces sá rio, o m a l n ã o deixa de s er o m a l. Es san eces s ida de des a pa r ece, en treta n to, à m ed ida qu e a a lm ase depu ra , pa s sa n do de u m a a ou tra exis tên cia . En tã o, m a iscu lpa do é o h om em , qu a n do o p ra t ica , porqu e m elh or ocom preen de.”

6 3 9 . Não s uced e freqüen tem en te res u ltar o m a l, que o ho-m em pra tica , d a pos ição em que os ou tros hom ens ocolocam ? Qua is , nes s e cas o, os cu lpad os ?

“O m a l reca i s obr e qu em lh e foi o ca u s a dor. Nes s a scon d ições , a qu ele qu e é leva do a p ra t ica r o m a l pela pos i-çã o em qu e s eu s s em elh a n tes o coloca m tem m en os cu lpado qu e os qu e, a s s im p roceden do, o oca s ion a ra m . Porqu e,ca da u m s erá pu n ido, n ã o s ó pelo m a l qu e h a ja feito, m a sta m bém pelo m a l a qu e ten h a da do lu ga r.”

6 4 0 . Aquele que não pra tica o m a l, m as que s e aproveita d om al pra ticad o por ou trem , é tão cu lpad o quan to es te?

“É com o s e o h ou vera p ra t ica do. Apr oveita r do m a l épa r t icipa r dele. Ta lvez n ã o fos s e ca pa z de p ra t icá -lo; m a s ,des de qu e, a ch a n do-o feito, dele t ira pa r t ido, é qu e o a p ro-va ; é qu e o ter ia p ra t ica do, s e pu dera , ou s e ous ara .”

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6 4 1 . S erá tão repreens ível, quan to faz er o m a l, o d es ejá -lo?

“Con for m e. Há vir tu de em r es is t ir -s e volu n ta r ia m en tea o m a l qu e s e des eja p ra t ica r, s ob retu do qu a n do h á pos s i-b ilida de de s a t is fa zer -s e a es s e des ejo. Se a pen a s n ã o opra t ica por fa lta de oca s iã o, é cu lpa do qu em o des eja .”

6 4 2 . Pa ra a gra d a r a De u s e a s s e gu ra r a s u a p os içã ofu tura , bas tará que o hom em não pra tique o m a l?

“Nã o; cu m pre-lh e fa zer o bem n o lim ite de s u a s força s ,por qu a n to r es pon derá por todo m a l que ha ja res u ltad o d enão haver pra ticad o o bem .”

6 4 3 . Haverá quem , pela s ua pos ição, não tenha pos s ibili-d ad e d e fa z er o bem ?

“Nã o h á qu em n ã o p os s a fa zer o b em . Som en te oegoís ta n u n ca en con tra en s ejo de o p ra t ica r. Ba s ta qu e s ees teja em r ela ções com ou tros h om en s pa ra qu e s e ten h aoca s iã o de fa zer o bem , e n ã o h á d ia da exis tên cia qu e n ã oofereça , a qu em n ã o s e a ch e cego pelo egoís m o, opor tu n i-da de de p ra t icá -lo. Por qu e, fa zer o bem n ã o con s is te, pa rao h om em , a pen a s em s er ca r idos o, m a s em s er ú t il, n am ed ida do pos s ível, toda s a s vezes qu e o s eu con cu rs oven h a a s er n eces s á r io.”

6 4 4 . Pa ra certos h om en s , o m eio on d e s e a ch a m coloca d osn ã o repres en ta a ca u s a prim á ria d e m u itos v ícios ecrim es ?

“Sim , m a s a in da a í h á u m a p rova qu e o Es p ír ito es co-lh eu , qu a n do em liberda de, leva do pelo des ejo de expor -s eà ten ta çã o pa ra ter o m ér ito da res is tên cia .”

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6 4 5 . Quand o o hom em s e acha , d e certo m od o, m ergu lhad on a a tm os fe ra d o v ício, o m a l n ã o s e lh e torn a u marras tam en to quas e irres is tível?

“Arra s ta m en to, s im ; ir res is t ível, n ã o; por qu a n to, m es -m o den tro da a tm os fera do vício, com gra n des vir tu des à svezes depa ra s . Sã o Es p ír itos qu e t ivera m a força de r es is t ire qu e, a o m es m o tem po, r ecebera m a m is s ã o de exercerboa in flu ên cia s obr e os s eu s s em elh a n tes .”

6 4 6 . Es tará s ubord inad o a d eterm inad as cond ições o m éri-to d o b e m qu e s e p ra t iqu e ? Por ou t ra : s e rá d ed iferentes graus o m érito que res ulta da prática do bem ?

“O m érito do bem es tá n a d ificu lda de em pra ticá -lo.Nen h u m m er ecim en to h á em fa zê-lo s em es forço e qu a n don a da cu s te. Em m elh or con ta tem Deu s o pobre qu e d ividecom ou tro o s eu ú n ico peda ço de pã o, do qu e o r ico qu ea pen a s dá do qu e lh e s obra , d is s e-o J es u s , a p ropós ito doóbolo da viú va .”

DIVIS ÃO DA LEI NATURAL

6 4 7 . A lei d e Deus s e acha con tid a tod a no preceito d o am orao próxim o, ens inad o por Jes us ?

“Certa m en te es se preceito en cerra todos os dever es dosh om en s u n s pa ra com os ou tros . Cu m pre, porém , se lh esm os tre a a p lica çã o qu e com porta , do con trá rio deixa rã o decu m pri-lo, com o o fa zem presen tem en te. Dem a is , a lei n a -tu ra l a b ra n ge toda s a s circu n s tâ n cia s da vida e es s e p re-ceito com preen de s ó u m a pa r te da lei. Aos h om en s s ã o

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n eces sá rias regras precisas ; os preceitos gera is e m u ito vagosdeixam gra n de n ú m ero de por ta s a ber ta s à in terp reta çã o.”

6 4 8 . Que pens a is d a d ivis ão d a lei na tura l em d ez partes ,com preend end o as leis d e a dora çã o, t ra ba lh o, rep ro-du çã o, con s erva çã o, des t ru içã o, s ocieda de, p r ogres -s o, igu a lda de, liberda de e , por fim , a de ju s t iça , a m ore ca r ida de?

“Essa d ivisão da lei de Deu s em dez pa rtes é a de Moisése de n a tu r eza a a b ra n ger toda s a s circu n s tâ n cia s da vida , oqu e é es s en cia l. Podes , pois , a dotá -la , s em qu e, por is s o,ten h a qu a lqu er cois a de a bs olu ta , com o n ã o o tem n en h u mdos ou tros s is tem a s de cla s s ifica çã o, qu e todos depen demdo p r is m a pelo qu a l s e con s ider e o qu e qu er qu e s eja . Aú lt im a lei é a m a is im por ta n te, por s er a qu e fa cu lta a oh om em a d ia n t a r -s e m a is n a vid a es p ir it u a l, vis t o qu eres u m e toda s a s ou tra s .”

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C A P Í T U L O I I

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OBJ ETIVO DA ADORAÇÃO

6 4 9 . Em que cons is te a ad oração?

“Na e leva çã o d o p en s a m en t o a Deu s . Des t e , p e laa dora çã o, a p r oxim a o h om em s u a a lm a .”

6 5 0 . Origina-s e d e um s en tim en to ina to a ad oração, ou éfru to d e ens ino?

“Sen t im en to in a to, com o o da exis tên cia de Deu s . Acon s ciên cia da s u a fra qu eza leva o h om em a cu rva r -s ed ia n te da qu ele qu e o pode p roteger.”

6 5 1 . Terá havid o povos d es titu íd os d e tod o s en tim en to d ead oração?

“Nã o, qu e n u n ca h ou ve povos de a teu s . Todos com -preen dem qu e a cim a de tu do h á u m En te Su prem o.”

• Objetivo d a ad oração• Ad oração exterior• Vid a con tem pla tiva• A prece• Politeís m o• S acrifícios

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6 5 2 . Pod e r-s e -á con s id e ra r a le i n a tu ra l com o fon teoriginária d a ad oração?

“A a dora çã o es tá n a lei n a tu ra l, pois res u lta de u ms en t im en to in a to n o h om em . Por es s a ra zã o é qu e exis teen tr e todos os povos , s e bem qu e s ob for m a s d iferen tes .”

ADORAÇÃO EXTERIOR

6 5 3 . Precis a d e m an ifes tações exteriores a ad oração?

“A a dora çã o verda deira é do cora çã o. Em toda s a s vos -s a s a ções , lem bra i-vos s em pr e de qu e o Sen h or tem s obr evós o s eu olh a r.”

a) — S erá ú til a ad oração exterior?

“Sim , s e n ã o con s is t ir n u m vã o s im u la cro. É s em pr eú t il da r u m bom exem plo. Ma s , os qu e s om en te por a feta -çã o e a m or -p rópr io o fa zem , des m en t in do com o p roceder aa pa r en te p ieda de, m a u exem plo dã o e n ã o im a gin a m o m a lqu e ca u s a m .”

6 5 4 . Tem Deus preferência pelos que o ad oram d es ta oud aquela m aneira?

“Deu s p refer e os qu e o a dora m do fu n do do cora çã o,com s in cer ida de, fa zen do o bem e evita n do o m a l, a os qu eju lga m h on r á - lo com cer im ôn ia s qu e os n ã o t or n a mm elh or es pa ra com os s eu s s em elh a n tes .

“Todos os h om en s s ã o ir m ã os e filh os de Deu s . E lea t ra i a s i todos os qu e lh e obedecem à s leis , qu a lqu er qu es eja a for m a s ob qu e a s expr im a m .

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“É h ipócr ita a qu ele cu ja p ieda de s e cifra n os a tos exte-r ior es . Ma u exem p lo d á t od o a qu ele cu ja a d or a çã o éa feta da e con tra d iz o s eu p roced im en to.

“Decla r o-vos qu e s om en te n os lá b ios e n ã o n a a lm atem r eligiã o a qu ele qu e p rofes s a a dora r o Cr is to, m a s qu e éorgu lh os o, in vejos o e cios o, du ro e im pla cá vel pa ra comou trem , ou a m bicios o dos ben s des te m u n do. Deu s , qu etu do vê, d irá : o qu e con h ece a verda de é cem vezes m a iscu lpa do do m a l qu e fa z, do qu e o s elva gem ign ora n te qu evive n o des er to. E com o ta l s erá t ra ta do n o d ia da ju s t iça .Se u m cego, a o pa s s a r, vos derr iba , perdoá -lo-eis ; s e for u mh om em qu e en xerga per feita m en te bem , qu eixa r -vos -eis ecom ra zã o.

“Nã o pergu n teis , pois , s e a lgu m a for m a de a dora çã oh á qu e m a is con ven h a , porqu e equ iva ler ia a pergu n ta r dess e m a is a gra da a Deu s s er a dora do n u m id iom a do qu en ou tro. Ain da u m a vez vos d igo: a té ele n ã o ch ega m oscâ n t icos , s en ã o qu a n do pa s s a m pela por ta do cora çã o.”

6 5 5 . Merece cens ura aquele que pra tica um a religião em quenão crê d o fund o d a lm a, faz end o-o apenas pelo res pei-to hum ano e para não es cand a liz ar os que pens am d em od o d ivers o?

“Nis to, com o em m u ita s ou tra s coisa s , a in ten ção con s -t itu i a regra . Nã o p rocede m a l a qu ele qu e, a s s im fa zen do,s ó ten h a em vis ta res peita r a s cren ça s de ou trem . Pr ocedem elh or do qu e u m qu e a s r id icu lize, porqu e, en tã o, fa lta àca r ida de. Aqu ele, porém , qu e a p ra t iqu e por in teres s e e pora m biçã o s e tor n a des p r ezível a os olh os de Deu s e dos h o-m en s . A Deu s n ã o podem a gra da r os qu e fin gem h u m ilh a r -

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-s e d ia n te dele tã o-s om en te pa ra gra n jea r o a p la u s o dosh om en s .”

6 5 6 . À ad oração ind ivid ua l s erá preferível a ad oração emcom um ?

“Reu n idos pela com u n h ã o dos pen sa m en tos e dos s en -t im en tos , m a is força têm os h om en s pa ra a t ra ir a s i os bon sEs p ír itos . O m es m o s e dá qu a n do s e reú n em pa ra a dora r aDeu s . Nã o cr eia is , toda via , qu e m en os va lios a s eja a a dora -çã o p a r t icu la r, p ois qu e ca d a u m p od e a d ora r a Deu spen s a n do n ele.”

VIDA CONTEMPLATIVA

6 5 7 . Têm , peran te Deus , a lgum m érito os que s e cons agramà vid a con tem pla tiva , um a vez que nenhum m al fa z eme s ó em Deus pens am ?

“Nã o, porqu a n to, s e é cer to qu e n ã o fa zem o m a l, ta m -bém o é qu e n ã o fa zem o bem e s ã o in ú teis . Dem a is , n ã ofa zer o bem já é u m m a l. Deu s qu er qu e o h om em pen s en ele, m a s n ã o qu er qu e s ó n ele pen s e, pois qu e lh e im pôsdever es a cu m prir n a Terra . Qu em pa s s a todo o tem po n am ed ita çã o e n a con tem pla çã o n a da fa z de m er itór io a osolh os de Deu s , por qu e vive u m a vida toda pes s oa l e in ú t il àHu m a n ida de e Deu s lh e ped irá con ta s do bem qu e n ã oh ou ver feito.” (640)

A PRECE

6 5 8 . Agrad a a Deus a prece?

“A p rece é s em pr e a gra dá vel a Deu s , qu a n do d ita dapelo coração, pois , pa ra ele, a in ten ção é tu do. Ass im , preferí-

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vel lh e é a p r ece do ín t im o à p rece lida , por m u ito bela qu eseja , se for lida m ais com os lábios do qu e com o coração.Agra da -lh e a prece, qu an do d ita com fé, com fervor e s in ceri-da de. Ma s , n ã o creia is qu e o toqu e a do h om em fú til, orgu -lh os o e egoís ta , a m en os qu e s ign ifiqu e, de s u a pa r te, u ma to de s in cero a r repen d im en to e de verda deira h u m ilda de.”

6 5 9 . Qual o cará ter gera l d a prece?

“A p rece é u m a to de a dora çã o. Ora r a Deu s é pen s a rn ele; é a p r oxim a r -s e dele; é pôr -s e em com u n ica çã o comele. A t rês cois a s podem os p r opor -n os por m eio da p rece:lou va r, ped ir, a gra decer.”

6 6 0 . A prece torna m elhor o hom em ?

“Sim , por qu a n to a qu ele qu e ora com fervor e con fia n ças e fa z m a is for te con tra a s ten ta ções do m a l e Deu s lh een via bon s Es p ír itos pa ra a s s is t i-lo. É es te u m s ocorro qu eja m a is s e lh e recu s a , qu a n do ped ido com s in cer ida de.”

a) — Com o é que certas pes s oas , que oram m uito, s ão,não obs tan te, d e m au-cará ter, cios as , invejos as , im pertinen -tes , caren tes d e benevolência e d e ind u lgência e a té, a lgu -m as vez es , vicios as ?

“O es s en cia l n ã o é ora r m u ito, m a s ora r bem . Es s a spes s oa s s u põem qu e todo o m ér ito es tá n a lon gu ra da p re-ce e fech a m os olh os pa ra os s eu s p rópr ios defeitos . Fa zemda p rece u m a ocu pa çã o, u m em pr ego do tem po, n u n ca ,porém , um es tud o d e s i m es m as . A in eficá cia , em ta is ca -s os , n ã o é do r em éd io, s im da m a n eira por qu e o a p lica m .”

6 6 1 . Pod erem os u tilm en te ped ir a Deu s qu e perd oe a snos s as fa lta s ?

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“Deu s sa be d iscer n ir o bem do m a l; a pr ece n ã o escon -de a s fa lta s . Aqu ele qu e a Deu s pede perdão de su as fa lta s sóo ob tém m u da n do de p roceder. As boa s a ções s ã o a m elh orp r ece, por is s o qu e os a tos va lem m a is qu e a s pa la vra s .”

6 6 2 . Pod e-s e, com u tilid ad e, orar por ou trem ?

“O Es p ír ito de qu em ora a tu a pela s u a von ta de de p ra -t ica r o bem . Atra i a s i, m ed ia n te a p rece, os bon s Es p ír itose es tes s e a s s ocia m a o bem qu e des eje fa zer.”

O pen s a m en to e a von ta de rep res en ta m em n ós u m poder dea çã o qu e a lca n ça m u ito a lém dos lim ites da n os s a es fera corpo-ra l. A p r ece qu e fa ça m os por ou trem é u m a to des s a von ta de. Sefor a rden te e s in cera , pode ch a m a r, em a u xílio da qu ele por qu emora m os , os bon s Es p ír itos , qu e lh e virã o s u ger ir bon s pen s a m en -tos e da r a força de qu e n eces s item s eu corpo e s u a a lm a . Ma s ,a in da a qu i, a p r ece do cora çã o é tu do, a dos lá b ios n a da va le.

6 6 3 . Pod em as preces , que por nós m es m os fiz erm os , m ud ara natureza d as nos s as provas e d es viar-lhes o curs o?

“As vos s a s p rova s es tã o n a s m ã os de Deu s e a lgu m a sh á qu e têm de s er s u por ta da s a té a o fim ; m a s , Deu s s em -pr e leva em con ta a res ign a çã o. A p r ece t ra z pa ra ju n to devós os bon s Es p ír itos e, da n do-vos es tes a força de s u por tá --la s cora jos a m en te, m en os ru des ela s vos pa r ecem . Hem osd ito qu e a p r ece n u n ca é in ú t il, qu a n do bem feita , porqu efor ta lece a qu ele qu e ora , o qu e já con s t itu i gra n de res u lta -do. Aju da -te a t i m es m o e o céu te a ju da rá , bem o s a bes .Dem a is , n ã o é pos s ível qu e Deu s m u de a ordem da n a tu r e-za a o s a bor de ca da u m , por qu a n to o qu e, do vos s o pon tode vis ta m es qu in h o e do da vos s a vida efêm era , vos pa receu m gra n de m a l é qu a s e s em pr e u m gra n de bem n a ordem

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gera l do Un ivers o. Além d is s o, de qu a n tos m a les n ã o s econ s t itu i o h om em o p rópr io a u tor, pela s u a im pr evidên ciaou pela s s u a s fa lta s ? Ele é pu n ido n a qu ilo em qu e pecou .Toda via , a s s ú p lica s ju s ta s s ã o a ten d ida s m a is vezes doqu e s u pon des . J u lga is , de or d in á r io, qu e Deu s n ã o vos ou -viu , porqu e n ã o fez a vos s o fa vor u m m ila gr e, en qu a n to qu evos a s s is te por m eios tã o n a tu ra is qu e vos pa recem obra doa ca so ou da força da s cois a s . Mu ita s vezes ta m bém , a s m a isda s vezes m es m o, ele vos s u gere a idéia qu e vos fa rá s a ir dad ificu lda de pelo vos s o p rópr io es forço.”

6 6 4 . S erá ú til que orem os pelos m ortos e pelos Es píritos s o-fred ores ? E, nes te cas o, com o lhes pod em as nos s aspreces proporcionar a lívio e abreviar os s ofrim en tos ?Têm elas o pod er d e abrand ar a ju s tiça d e Deus ?

“A p r ece n ã o pode ter por efeito m u da r os des ígn ios deDeu s , m a s a a lm a por qu em s e ora exper im en ta a lívio, por -qu e recebe a s s im u m tes tem u n h o do in teres s e qu e in s p iraà qu ele qu e por ela pede e ta m bém porqu e o des gra ça dos en te s em pre u m r efr igér io, qu a n do en con tra a lm a s ca r i-dos a s qu e s e com pa decem de s u a s dor es . Por ou tro la do,m ed ia n te a p rece, a qu ele qu e ora con cita o des gra ça do a oa rr epen d im en to e a o des ejo de fa zer o qu e é n eces s á r io pa ras er feliz. Nes te s en t ido é qu e s e lh e pode a b revia r a pen a ,s e, por s u a pa r te, ele s ecu n da a p r ece com a boa von ta de. Odes ejo de m elh ora r -s e, des per ta do pela p r ece, a t ra i pa raju n to do Es p ír ito s ofredor Es p ír itos m elh ores , qu e o vã oes cla recer, con s ola r e da r -lh e es pera n ça s . J es u s ora va pe-la s ovelh a s des ga rra da s , m os tra n do-vos , des s e m odo, qu ecu lpa dos vos tor n a r íeis , s e n ã o fizés s eis o m es m o pelos qu em a is n eces s ita m da s vos s a s p reces .”

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6 6 5 . Que s e d eve pens ar d a opin ião d os que rejeitam a pre-ce em favor d os m ortos , por não s e achar pres crita noEvangelho?

“Aos h om en s d is s e o Cr is to: Am a i-vos u n s a os ou tros .Es ta r ecom en da çã o con tém a de em prega r o h om em todosos m eios pos s íveis pa ra tes tem u n h a r a os ou tros h om en sa feiçã o, s em h a ver en tra do em m in ú cia s qu a n to à m a n eirade a t in gir ele es s e fim . Se é cer to qu e n a da pode fa zer qu e oCria dor, im a gem da ju s t iça per feita , deixe de a p licá -la atoda s a s a ções do Es p ír ito, n ã o m en os cer to é qu e a p recequ e lh e d ir igis por a qu ele qu e vos in s p ira a feiçã o con s t itu i,pa ra es te, u m tes tem u n h o de qu e dele vos lem bra is , tes te-m u n h o qu e forços a m en te con tr ibu irá pa ra lh e s u a viza r oss ofr im en tos e con s olá -lo. Des de qu e ele m a n ifes te o m a isligeir o a r repen d im en to, m a s s ó en tã o, é s ocorr ido. Nu n ca ,porém , s erá deixa do n a ign orâ n cia de qu e u m a a lm a s im -pá t ica com ele s e ocu pou . Ao con trá r io, s erá deixa do n adoce cr en ça de qu e a in terces s ã o des s a a lm a lh e foi ú t il.Da í res u lta n eces s a r ia m en te, de s u a pa r te, u m s en t im en tode gra t idã o e a feto pelo qu e lh e deu es s a p r ova de a m iza deou de p ieda de. Em con s eqü ên cia , cres cerá n u m e n ou tr o,r ecip roca m en te, o a m or qu e o Cr is to r ecom en da va a os h o-m en s . Am bos , pois , s e fizera m a s s im obed ien tes à lei dea m or e de u n iã o de todos os s er es , lei d ivin a , de qu e res u l-ta rá a u n ida de, ob jet ivo e fin a lida de do Es p ír ito.”1

1 Res pos ta da da pelo Sr. Mon od (Es p ír ito), pa s tor p rotes ta n te emPa r is , m orto em a br il de 1856 . A res pos ta a n ter ior, n º 664 , é doEs p ír ito Sã o Lu ís .

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6 6 6 . Pod e-s e orar aos Es píritos ?

“Pode-s e ora r a os bon s Es p ír itos , com o s en do os m en -s a geiros de Deu s e os execu tor es de s u a s von ta des . O po-der deles , porém , es tá em r ela çã o com a s u per ior ida de qu eten h a m a lca n ça do e d im a n a s em pre do Sen h or de toda s a scois a s , s em cu ja per m is s ã o n a da s e fa z. E is por qu e a sp reces qu e s e lh es d ir igem s ó s ã o efica zes , s e bem a ceita spor Deu s .”

POLITEÍSMO

667 . Por que razão, não obs tante s er fa ls a, a crença politeís taé um a d as m ais an tigas e es pa lhad as ?

“A con cepçã o de u m Deu s ú n ico n ã o poder ia exis t ir n oh om em , s en ã o com o res u lta do do des en volvim en to de s u a sidéia s . In ca pa z, pela s u a ign orâ n cia , de con ceber u m s erim a ter ia l, s em for m a deter m in a da , a tu a n do s obre a m a té-r ia , con fer iu -lh e o h om em a tr ibu tos da n a tu reza corpór ea ,is to é, u m a for m a e u m a s pecto e, des de en tã o, tu do o qu epa recia u lt ra pa s s a r os lim ites da in teligên cia com u m era ,pa ra ele, u m a d ivin da de. Tu do o qu e n ã o com pr een d ia de-via s er ob ra de u m a potên cia s obren a tu ra l. Da í a crer emta n ta s potên cia s d is t in ta s qu a n tos os efeitos qu e obs erva -va , n ã o h a via m a is qu e u m pa s s o. Em todos os tem pos ,porém , h ou ve h om en s in s tru ídos , qu e com pr een dera m serim pos s ível a exis tên cia des s es poder es m ú lt ip los a gover -n a rem o m u n do, s em u m a d ireçã o s u per ior, e qu e, em con -s eqü ên cia , s e eleva ra m à con cepçã o de u m Deu s ú n ico.”

6 6 8 . Tend o-s e prod uz id o em tod os os tem pos e s end o co-nhecid os d es d e as prim eiras id ad es d o m und o, não

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haverão os fenôm enos es pírita s con tribu íd o para a d i-fus ão d a crença na plura lid ad e d os d eus es ?

“Sem dú vida , porqu a n to, ch a m a n do d eus a tu do o qu eera s obr e-h u m a n o, os h om en s t in h a m por deu s es os Es p í-r itos . Da í veio qu e, qu a n do u m h om em , pela s s u a s a ções ,pelo s eu gên io, ou por u m poder ocu lto qu e o vu lgo n ã ologra va com pr een der, s e d is t in gu ia dos dem a is , fa zia m deleu m deu s e, por s u a m orte, lh e ren d ia m cu lto.” (603)

A pa la vra d eus t in h a , en tre os a n t igos , a cepçã o m u ito a m -p la . Nã o in d ica va , com o p r es en tem en te, u m a pers on ifica çã o doSen h or da Na tu r eza . Era u m a qu a lifica çã o gen ér ica , qu e s e da vaa todo s er exis ten te fora da s con d ições da Hu m a n ida de. Ora ,t en do-lh es a s m a n ifes ta ções esp ír ita s revela do a exis tên cia de s e-res in corpóreos a a tu a rem com o potên cia da Na tu reza , a es s ess eres dera m eles o n om e de d eus es , com o lh es da m os a tu a lm en teo de Es píritos . Pu ra qu es tã o de pa la vra s , com a ú n ica d ifer en çade qu e, n a ign orâ n cia em qu e s e a ch a va m , m a n t ida in ten cion a l-m en te pelos qu e n is s o t in h a m in teres s e, eles er igira m tem plos ea lta res m u ito lu cra tivos a ta is deu ses , ao passo qu e h oje os con s ide-ram os s im ples cria tu ras com o n ós , m a is ou m en os per feita s e des-pidas de seu s in vólu cros terres tres . Se es tu darm os a ten tam en te osd ivers os a t r ibu tos da s d ivin da des pa gã s , recon h ecerem os , s emes forço, todos os de qu e vem os dota dos os Espír itos n os d iferen tesgra u s da es ca la es p ír ita , o es ta do fís ico em qu e s e en con tra m n osm u n dos s u per ior es , toda s a s p rop r ieda des do per is p ír ito e ospa péis qu e des em pen h a m n a s cois a s da Terra .

Vin do ilu m in a r o m u n do com a su a d ivin a lu z, o Cris t ia n ism on ã o se propôs des tru ir u m a coisa qu e es tá n a Na tu reza . Orien tou ,porém , a a dora çã o pa ra Aqu ele a qu em é devida . Qu a n to a osEs p ír itos , a lem bra n ça deles s e h á perpetu a do, con for m e os po-vos, sob diversos n om es, e su as m an ifes tações , qu e n u n ca deixaramd e p r od u zir -s e, fora m in terp r eta d a s d e m a n eira s d iferen tes em u ita s vezes exp lora da s s ob o p res t ígio do m is tér io. En qu a n to

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pa ra a religiã o es s a s m a n ifes ta ções era m fen ôm en os m ira cu los os ,pa ra os in crédu los s em pre fora m em bu s tes . Hoje, m er cê de u mes tu do m a is s ér io, feito à lu z m er id ia n a , o Es p ir it is m o, es coim a dod a s id éia s s u p er s t ic ios a s qu e o en s om b r a r a m d u r a n t e s écu -los , n os r evela u m d os m a iores e m a is s u b lim es p r in cíp ios d aNa tu reza .

SACRIFÍCIOS

6 6 9 . Rem onta à m a is a lta an tigu id ad e o us o d os s acrifícioshum anos . Com o s e explica que o hom em tenha s id olevado a crer que tais cois as pudes s em agradar a Deus ?

“Pr im eira m en te, por qu e n ã o com preen d ia Deu s com os en do a fon te da bon da de. Nos povos p r im it ivos a m a tér ias obrepu ja o es p ír ito; eles s e en tr ega m a os in s t in tos do a n i-m a l s elva gem . Por is s o é qu e, em gera l, s ã o cru éis ; é qu en eles o s en s o m ora l a in da n ã o s e a ch a des en volvido. Ems egu n do lu ga r, é n a tu ra l qu e os h om en s p r im it ivos a cred i-ta s s em ter u m a cr ia tu ra a n im a da m u ito m a is va lor, a osolh os de Deu s , do qu e u m corpo m a ter ia l. Foi is to qu e oslevou a im ola rem , p r im eiro, a n im a is e, m a is ta rde, h om en s .De con for m ida de com a fa ls a cr en ça qu e pos s u ía m , pen s a -va m qu e o va lor do s a cr ifício era p roporcion a l à im por tâ n -cia da vít im a . Na vida m a teria l, com o gera lm en te a pra tica is ,se h ou verdes de oferecer a a lgu ém u m pr es en te, es colh ê-lo--eis s em pre de ta n to m a ior va lor qu a n to m a is a feto e con s i-dera çã o qu is erdes tes tem u n h a r a es s e a lgu ém . As s im t i-n h a qu e s er, com rela çã o a Deu s , en tr e h om en s ign ora n tes .”

a) — De m od o que os s acrifícios d e an im ais preced eramos s acrifícios hum anos ?

“Sobre is s o n ã o pode h a ver a m en or dú vida .”

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b) — Então, d e acord o com a explicação que vind es d ed a r, n ã o foi d e u m s e n t im e n to d e cru e ld a d e qu e s eoriginaram os s acrifícios hum anos ?

“Nã o; origin a ra m -se de u m a idéia errôn ea qu a n to à m a -n eira de a gra da r a Deu s . Con s idera i o qu e s e deu comAbra ã o. Com o corr er dos tem pos , os h om en s en tra ra m aa bu s a r des s a s p rá t ica s , im ola n do s eu s in im igos com u n s ,a té m es m o s eu s in im igos pa r t icu la res . Deu s , en tr eta n to,n u n ca exigiu s a cr ifícios , n em de h om en s , n em , s equ er, dea n im a is . Nã o h á com o im a gin a r -s e qu e s e lh e pos s a p res -ta r cu lto, m ed ia n te a des t ru içã o in ú t il de s u a s cr ia tu ra s .”

6 7 0 . Dar-s e-á que a lgum a vez pos s am ter s id o agrad áveisa Deus os s acrifícios hum anos pra ticad os com pied os ain tenção?

“Nã o, n u n ca . Deu s , porém , ju lga pela in ten çã o. Sen doign ora n tes os h om en s , n a tu ra l era qu e s u pu s es s em pra t i-ca r a to lou vá vel im ola n do s eu s s em elh a n tes . Nes s es ca s os ,Deu s a ten ta va u n ica m en te n a idéia qu e p r es id ia a o a to en ã o n es te. À p r oporçã o qu e s e fora m m elh ora n do, os h o-m en s t ivera m qu e r econ h ecer o er ro em qu e la bora va m equ e r ep rova r ta is s a cr ifícios , com qu e n ã o pod ia m con for -m a r -s e a s idéia s de Es p ír itos es cla recidos . Digo — es cla r e-cidos , por qu e os Es p ír itos t in h a m en tã o a en volvê-los o véum a teria l; m a s , por m eio do livre-a rb ítr io, pos s ível lh es eravis lu m bra r su as origen s e fim , e m u itos , por in tu ição, já com -preen dia m o m a l qu e pra tica va m , se bem qu e n em por is sodeixa s s em de p ra t icá -lo, pa ra s a t is fa zer à s s u a s pa ixões .”

6 7 1 . Que d evem os pens ar d as cham ad as guerras s an tas ?O s en tim en to que im pele os povos faná ticos , tend o em

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vis ta agrad ar a Deus , a exterm inarem o m a is pos s ívelos que não partilham d e s uas crenças , pod erá equ ipa-rar-s e, quan to à origem , ao s en tim en to que os excitavaou trora a s acrificarem s eus s em elhan tes ?

“São im pelidos pelos m au s Espíritos e, fa zen do a gu erraa os s eu s s em elh a n tes , con tra vêm à von ta de de Deu s , qu em a n da a m e ca da u m o s eu ir m ã o, com o a s i m es m o. Toda sa s religiões , ou , a n tes , todos os povos a dora m u m m es m oDeu s , qu a lqu er qu e s eja o n om e qu e lh e dêem . Por qu een tã o h á de u m fa zer gu erra a ou tro, s ob o fu n da m en to des er a religiã o des te d ifer en te da s u a , ou por n ã o ter a in daa t in gido o gra u de p rogr es s o da dos povos cu ltos ? Se s ã odes cu lpá veis os povos de n ã o cr erem n a pa la vra da qu elequ e o Es p ír ito de Deu s a n im a va e qu e Deu s en viou , s obre-tu do os qu e n ã o o vira m e n ã o lh e tes tem u n h a ra m os a tos ,com o preten der des qu e cr eia m n es s a pa la vra de pa z, qu a n -do lh es ides levá -la de es pa da em pu n h o? Eles têm qu e s eres cla recidos e devem os es força r -n os por fa zê-los con h ecera dou tr in a do Sa lva dor, m ed ia n te a pers u a s ã o e com bra n -du ra , n u n ca a ferro e fogo. Em vos sa m a ioria , n ã o a cred ita isn a s com u n ica ções qu e tem os com cer tos m or ta is ; com oqu er er íeis qu e es t ra n h os a cred ita s s em n a vos s a pa la vra ,qu a n do des m en t is com os a tos a dou tr in a qu e p r ega is ?”

6 7 2 . A oferend a feita a Deus , d e fru tos d a terra , tinha as eus olhos m ais m érito d o que o s acrifício d os an im ais ?

“J á vos r es pon d i, decla ra n do qu e Deu s ju lga s egu n doa in ten çã o e qu e pa ra ele pou ca im por tâ n cia t in h a o fa to.Ma is a gra dá vel eviden tem en te era a Deu s qu e lh e ofereces -s em fru tos da ter ra , em vez do s a n gu e da s vít im a s . Com otem os d ito e s em pr e repet irem os , a p rece p rofer ida do fu n -

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do da a lm a é cem vezes m a is a gra dá vel a Deu s do qu e toda sa s ofer en da s qu e lh e pos s a is fa zer. Rep ito qu e a in ten çã o étu do, qu e o fa to n a da va le.”

6 7 3 . Não s eria um m eio d e tornar es s as oferend as agrad á-veis a Deus cons agrá-las a m inorar os s ofrim en tos d a -queles a quem fa lta o neces s ário e, nes te cas o, o s acri-fício d os anim ais , praticad o com fim útil, não s e tornariam eritório, ao pas s o que era abus ivo quand o para nad as ervia , ou s ó aproveitava aos que d e nad a precis avam ?Não haveria qua lquer cois a d e verd ad eiram en te pie-d os o em cons agrar-s e aos pobres as prim ícias d os bensque Deus nos conced e na Terra?

“Deu s a ben çoa s em pre os qu e fa zem o bem . O m elh orm eio de h on rá -lo con s is te em m in ora r os s ofr im en tos dospobr es e dos a flitos . Nã o qu ero d izer com is to qu e ele des a -prove a s cer im ôn ia s qu e pra t ica is pa ra lh e d ir igirdes a s vos -s a s p r eces . Mu ito d in h eiro, porém , a í s e ga s ta qu e poder ias er em pr ega do m a is u t ilm en te do qu e o é. Deu s a m a a s im -p licida de em tu do. O h om em qu e s e a tém à s exter ior ida dese n ã o a o cora çã o é u m Es p ír ito de vis ta s a ca n h a da s . Dizei,em con s ciên cia , s e Deu s deve a ten der m a is à for m a do qu ea o fu n do.”

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• Neces s id ad e d o traba lho• Lim ite d o traba lho. Repous o

C A P Í T U L O I I I

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NECES S IDADE DO TRABALHO

6 7 4 . A neces s id ad e d o traba lho é lei d a Na turez a?

“O traba lh o é lei da Na tu reza , por is so m esm o qu e con s -t itu i u m a n eces s ida de, e a civiliza çã o obr iga o h om em atra ba lh a r m a is , porqu e lh e a u m en ta a s n eces s ida des e osgozos .”

6 7 5 . Por tra b a lh o s ó s e d evem en ten d er a s ocu p a çõesm ateria is ?

“Nã o; o Es p ír ito t ra ba lh a , a s s im com o o corpo. Todaocu pa çã o ú t il é t ra ba lh o.”

6 7 6 . Por que o traba lho s e im põe ao hom em ?

“Por s er u m a con s eqü ên cia da s u a n a tu reza corpór ea .É exp ia çã o e, a o m es m o tem po, m eio de a per feiçoa m en to

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da s u a in teligên cia . Sem o t ra ba lh o, o h om em per m a n ece-r ia s em pr e n a in fâ n cia , qu a n to à in teligên cia . Por is s o équ e s eu a lim en to, s u a s egu ra n ça e s eu bem -es ta r depen -dem do s eu t ra ba lh o e da s u a a t ivida de. Ao extrem a m en tefra co de corpo ou torgou Deu s a in teligên cia , em com pen s a -çã o. Ma s é s em pr e u m t ra ba lh o.”

6 7 7 . Por que provê a Na turez a , por s i m es m a , a tod as asneces s id ad es d os an im ais ?

“Tu do em a Na tu reza t ra ba lh a . Com o tu , t ra ba lh a m osa n im a is , m a s o t ra ba lh o deles , de a cor do com a in teligên -cia de qu e d is põem , s e lim ita a cu ida r em da p rópr ia con -s erva çã o. Da í vem qu e do t ra ba lh o n ã o lh es r es u lta p ro-gr es s o, a o p a s s o qu e o d o h om em vis a d u p lo fim : acon s erva çã o do corpo e o des en volvim en to da fa cu lda de depen s a r, o qu e ta m bém é u m a n eces s ida de e o eleva a cim ade s i m es m o. Qu a n do d igo qu e o t ra ba lh o dos a n im a is s ecifra n o cu ida rem da p rópr ia con s erva çã o, r efiro-m e a o ob-jet ivo com qu e t ra ba lh a m . En tr eta n to, p roven do à s s u a sn eces s ida des m a ter ia is , eles s e con s t itu em , in con s cien te-m en te, execu tor es dos des ígn ios do Cr ia dor e, a s s im , o t ra -ba lh o qu e execu ta m ta m bém con corre pa ra a r ea liza çã o doob je t ivo fin a l d a Na t u r eza , s e b em qu a s e n u n ca lh edes cu bra is o r es u lta do im ed ia to.”

6 7 8 . Em os m u n d os m a is a perfe içoa d os , os h om en s s eacham s ubm etidos à m es m a neces s idade de trabalhar?

“A n a tu reza do t ra ba lh o es tá em r ela çã o com a n a tu re-za da s n eces s ida des . Qu a n to m en os m a ter ia is s ã o es ta s ,m en os m a ter ia l é o t ra ba lh o. Ma s , n ã o dedu za is da í qu e oh om em s e con s erve in a t ivo e in ú t il. A ocios ida de s er ia u ms u p lício, em vez de s er u m ben efício.”

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6 7 9 . Achar-s e-á is ento da lei do trabalho o hom em que pos -s ua bens s uficientes para lhe as s egurarem a exis tência?

“Do t ra ba lh o m a ter ia l, ta lvez; n ã o, porém , da ob r iga -çã o de tor n a r -s e ú t il, con for m e a os m eios de qu e d is pon h a ,n em de a per feiçoa r a s u a in teligên cia ou a dos ou tros , oqu e ta m bém é t ra ba lh o. Aqu ele a qu em Deu s fa cu ltou apos s e de ben s s u ficien tes a lh e ga ra n t irem a exis tên cia n ã oes tá , é cer to, con s t ra n gido a a lim en ta r -s e com o s u or dos eu ros to, m a s ta n to m a ior lh e é a ob r iga çã o de s er ú t il a oss eu s s em elh a n tes , qu a n to m a is oca s iões de p ra t ica r o bemlh e p roporcion a o a d ia n ta m en to qu e lh e foi feito.”

6 8 0 . Não há hom ens que s e encon tram im pos s ibilitad os d etraba lhar no que quer que s eja e cu ja exis tência é ,portan to, inú til?

“Deu s é ju s to e, pois , s ó con den a a qu ele qu e volu n ta -r ia m en te tor n ou in ú til a su a exis tên cia , porqu a n to es se vivea expen s a s do t ra ba lh o dos ou tros . E le qu er qu e ca da u ms eja ú t il, de a cordo com a s s u a s fa cu lda des .” (643)

6 8 1 .A le i d a Na tu rez a im põe a os filh os a obriga çã o d e

traba lharem para s eus pa is ?

“Certa m en te, do m es m o m odo qu e os pa is têm qu e t ra -ba lh a r pa ra s eu s filh os . Foi por is s o qu e Deu s fez do a m orfilia l e do a m or pa ter n o u m s en t im en to n a tu ra l. Foi pa raqu e, por es s a a feiçã o r ecíp roca , os m em bros de u m a fa m í-lia s e s en t is s em im pelidos a a ju da rem -s e m u tu a m en te, oqu e, a liá s , com m u it a fr eqü ên cia s e es qu ece n a vos s as ocieda de a tu a l.” (205)

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LIMITE DO TRABALHO. REPOUS O

6 8 2 . S end o um a neces s id ad e para tod o aquele que traba-lha , o repous o não é tam bém um a lei d a Na turez a?

“Sem dú vida . O repou s o s erve pa ra a repa ra çã o da sforça s do corpo e ta m bém é n eces s á r io pa ra da r u m pou com a is d e lib er d a d e à in teligên cia , a fim d e qu e s e elevea cim a da m a tér ia .”

6 8 3 . Qual o lim ite d o traba lho?

“O da s força s . Em s u m a , a es s e res peito Deu s deixain teira m en te livr e o h om em .”

6 8 4 . Que s e d eve pens ar d os que abus am d e s ua au torid a-d e, im pond o a s eus in feriores exces s ivo traba lho?

“Is s o é u m a da s p iores a ções . Todo a qu ele qu e tem opoder de m a n da r é r es pon s á vel pelo exces s o de t ra ba lh oqu e im pon h a a s eu s in fer iores , por qu a n to, a s s im fa zen do,t ra n s gr ide a lei de Deu s .” (273)

6 8 5 . Tem o hom em o d ireito d e repous ar na velh ice?

“Sim , qu e a n a da é ob r iga do, s en ã o de a cordo com a ss u a s força s .”

a) — Mas , que há d e faz er o velho que precis a traba lharpara viver e não pod e?

“O for te deve t ra ba lh a r pa ra o fra co. Nã o ten do es tefa m ília , a s ocieda de deve fa zer a s vezes des ta . É a lei deca r ida de.”

Nã o ba s ta s e d iga a o h om em qu e lh e corre o dever de t ra ba -lh a r. É p recis o qu e a qu ele qu e tem de p rover à s u a exis tên cia por

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m eio do t ra ba lh o en con tre em qu e s e ocu pa r, o qu e n em s em prea con tece. Qu a n do s e gen era liza , a s u s pen s ã o do t ra ba lh o a s s u -m e a s p roporções de u m fla gelo, qu a l a m is ér ia . A ciên cia econ ô-m ica procu ra r em édio pa ra is so n o equ ilíb r io en tre a produ çã o e ocon su m o. Ma s , es se equ ilíbr io, da do seja pos s ível es ta belecer -s e,s ofrerá s em pr e in ter m itên cia s , du ra n te a s qu a is n ã o deixa o t ra -ba lh a dor de ter qu e viver. Há u m elem en to, qu e s e n ã o cos tu m afa zer pes a r n a ba la n ça e s em o qu a l a ciên cia econ ôm ica n ã opa s s a de s im ples teor ia . Es s e elem en to é a ed ucação, n ã o a edu -ca çã o in telectu a l, m a s a edu ca çã o m ora l. Nã o n os refer im os , po-rém , à edu ca çã o m ora l pelos livros e s im à qu e con s is te n a arte d eform ar os caracteres , à qu e incu te hábitos , porqu a n to a ed ucaçãoé o con jun to d os hábitos ad qu irid os . Con s idera n do-s e a a lu viã o dein d ivídu os qu e todos os d ia s s ã o la n ça dos n a tor ren te da popu la -çã o, s em p r in cíp ios , s em freio e en tregu es a s eu s p rópr ios in s t in -tos , s erã o de es pa n ta r a s con s eqü ên cia s des a s t ros a s qu e da í de-cor r em ? Q u a n d o es s a a r t e for con h ec id a , com p r een d id a ep ra t ica da , o h om em terá n o m u n do h á b itos de ord em e d e previ-d ência pa ra con s igo m es m o e pa ra com os s eu s , d e res peito atud o o que é res peitável, h á b itos qu e lh e per m it irã o a t ra ves s a rm en os pen os a m en te os m a u s d ia s in evitá veis . A des ordem e aim previdên cia s ã o du a s ch a ga s qu e s ó u m a edu ca çã o bem en ten -d ida pode cu ra r. Es s e o pon to de pa r t ida , o elem en to rea l dobem -es ta r, o pen h or da s egu ra n ça de todos .

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C A P Í T U L O I V

�⌅�⌃⌦⇤� ⌦�⇥⌦�⇥↵ ⇧�⌥↵• Popu lação d o globo• S uces s ão e aperfeiçoam en to d as raças• Obs tácu los à reprod ução• Cas am en to e celiba to• Poligam ia

POPULAÇÃO DO GLOBO

6 8 6 . É lei d a Na turez a a reprod ução d os s eres vivos ?

“Eviden tem en te. Sem a rep rodu çã o, o m u n do corpora lper eceria .”

6 8 7 . Ind o s em pre a população na progres s ão cres cente quevem os , chegará tem po em que s eja exces s iva na Terra?

“Nã o, Deu s a is s o provê e m a n tém s em pr e o equ ilíb r io.Ele cois a a lgu m a in ú t il fa z. O h om em , qu e a pen a s vê u mca n to do qu a dr o da Na tu reza , n ã o pode ju lga r da h a r m on iado con ju n to.”

S UCES S ÃO E APERF EIÇOAMENTO DAS RAÇAS

6 8 8 . Há, nes te m om ento, raças hum anas que evid en tem en-te d ecres cem . Virá m om ento em que terão d es apareci-d o d a Terra?

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“As s im a con tecerá , de fa to. É qu e ou tra s lh es terã otom a do o lu ga r, com o ou tra s u m d ia tom a rã o o da vos s a .”

6 8 9 . Os hom ens a tua is form am um a criação nova , ou s ãod es cend en tes aperfeiçoad os d os s eres prim itivos ?

“Sã o os m es m os Es p ír itos qu e volta ra m , pa ra s e a per -feiçoa r em n ovos corpos , m a s qu e a in da es tã o lon ge da per -feiçã o. As s im , a a tu a l ra ça h u m a n a , qu e, pelo s eu cr es ci-m en to, ten de a in va d ir toda a Terra e a s u bs t itu ir a s ra ça squ e s e ext in gu em , terá s u a fa s e de decres cim en to e dedes a pa r içã o. Su bs t itu í-la -ã o ou tra s ra ça s m a is a per feiçoa -da s , qu e des cen derã o da a tu a l, com o os h om en s civiliza dosd e h oje d es cen d em d os s er es b r u t os e s e lva gen s d ostem pos p r im it ivos .”

6 9 0 . Do pon to d e vis ta fís ico, s ão d e criação es pecia l os cor-pos d a raça a tua l, ou proced em d os corpos prim itivos ,m ed ian te reprod ução?

“A origem da s ra ça s s e perde n a n oite dos tem pos . Ma s ,com o perten cem toda s à gra n de fa m ília h u m a n a , qu a lqu erqu e ten h a s ido o tron co de ca da u m a , ela s pu dera m a lia r -seen tre s i e p r odu zir t ipos n ovos .”

6 9 1 . Qual, d o pon to d e vis ta fís ico, o cará ter d is tin tivo ed om inan te d as raças prim itivas ?

“Des en volvim en to da força b ru ta , à cu s ta da força in -telectu a l. Agora , dá -s e o con trá r io: o h om em fa z m a is pelain teligên cia do qu e pela força do corpo. Toda via , fa z cemvezes m a is , porqu e s ou be t ira r p roveito da s força s da Na tu -reza , o qu e n ã o con s egu em os a n im a is .”

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6 9 2 . S erá con trário à lei d a Na turez a o aperfeiçoam en to d asraças an im ais e vegeta is pela Ciência? S eria m a is con-form e a es s a lei d eixar que as cois as s egu is s em s eucurs o norm al?

“Tu do se deve fa zer pa ra ch ega r à perfeiçã o e o próprioh om em é u m in s tru m en to de qu e Deu s se s erve pa ra a t in girseu s fin s . Sen do a per feição a m eta pa ra qu e ten de a Na tu re-za , favorecer essa per feição é correspon der às vis tas de Deu s .”

a) — Mas , gera lm en te, os es forços que o hom em em pre-ga pa ra con s egu ir a m elh oria d a s ra ça s n a s cem d e u ms en tim en to pes s oa l e não objetivam s enão o acrés cim o d es eus goz os . Is to não lhe d im inu i o m érito?

“Qu e im por ta s eja n u lo o s eu m erecim en to, des de qu eo p r ogres s o s e rea lize? Ca be-lh e tor n a r m er itór io, pela in -ten çã o, o s eu t ra ba lh o. Dem a is , m ed ia n te es s e t ra ba lh o,ele exercita e des en volve a in teligên cia e s ob es te a s pecto équ e m a ior p r oveito t ira .”

OBS TÁCULOS À REPRODUÇÃO

6 9 3 . S ão con trários à lei d a Na turez a as leis e os cos tum eshum anos que têm por fim ou por efeito criar obs tácu losà reprod ução?

“Tu do o qu e em ba ra ça a Na tu reza em s u a m a rch a écon trá r io à lei gera l.”

a) — Entretanto, há es pécies d e s eres vivos , an im ais eplantas , cu ja reprod ução ind efin id a s eria nociva a outras es -pécies e d as qua is o próprio hom em acabaria por s er vítim a .Pra tica ele a to repreens ível, im ped ind o es s a reprod ução?

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“Deu s con cedeu a o h om em , s obr e todos os s eres vivos ,u m poder de qu e ele deve u s a r, s em a bu s a r. Pode, pois ,regu la r a r ep rodu çã o, de a cordo com a s n eces s ida des . Nã odeve opor -s e-lh e s em n eces s ida de. A a çã o in teligen te doh om em é u m con tra pes o qu e Deu s d is pôs pa ra res ta bele-cer o equ ilíb r io en tre a s força s da Na tu r eza e é a in da is s o oqu e o d is t in gu e dos a n im a is , por qu e ele ob ra com con h eci-m en to de ca u s a . Ma s , os m es m os a n im a is ta m bém con cor -rem pa ra a exis tên cia des s e equ ilíb r io, por qu a n to o in s t in -to de des t ru içã o qu e lh es foi da do fa z com qu e, p roven do àp rópr ia con s erva çã o, obs tem a o des en volvim en to exces s i-vo, qu içá per igos o, da s es pécies a n im a is e vegeta is de qu es e a lim en ta m .”

6 9 4 . Que s e d eve pens ar d os us os , cu jo efeito cons is te emobs tar à reprod ução, para s a tis fação d a s ens ualid ad e?

“Is s o p r ova a p redom in â n cia do corpo s obre a a lm a equ a n to o h om em é m a ter ia l.”

CAS AMENTO E CELIBATO

6 9 5 . S erá con trário à lei d a Na turez a o cas am en to, is to é, aun ião perm anen te d e d ois s eres ?

“É u m pr ogres s o n a m a r ch a da Hu m a n ida de.”

6 9 6 . Que efeito teria s obre a s ocied ad e hum ana a aboliçãod o cas am en to?

“Ser ia u m a r egres s ã o à vida dos a n im a is .”

O es ta do de n a tu reza é o da u n iã o livre e for tu ita dos s exos .O ca s a m en to con s t itu i u m dos p r im eiros a tos de p rogres s o n a ss ocieda des h u m a n a s , porqu e es ta belece a s olida r ieda de fra ter n a

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e s e obs erva en tre todos os povos , s e bem qu e em con d ições d i-vers a s . A a boliçã o do ca s a m en to s er ia , pois , r egred ir à in fâ n ciada Hu m a n ida de e coloca r ia o h om em a ba ixo m es m o de cer tosa n im a is qu e lh e dã o o exem plo de u n iões con s ta n tes .

6 9 7 . Es tá na lei d a Na turez a , ou s om en te na lei hum ana , aind is s olubilid ad e abs olu ta d o cas am en to?

“É u m a lei h u m a n a m u ito con trá r ia à da Na tu reza .Ma s os h om en s podem m odifica r s u a s leis ; s ó a s da Na tu -r eza s ã o im u tá veis .”

6 9 8 . O celiba to volun tário repres en ta um es tad o d e perfei-ção m eritório aos olhos d e Deus ?

“Nã o, e os qu e a s s im vivem , por egoís m o, des a gra da ma Deu s e en ga n a m o m u n do.”

6 9 9 . Da parte d e certas pes s oas , o celiba to não s erá ums acrifício que faz em com o fim d e s e votarem , d e m od om ais com pleto, ao s erviço d a Hum anid ad e?

“Is s o é m u ito d iferen te. Eu d is s e: por egoís m o. Todos a cr ifício pes s oa l é m er itór io, qu a n do feito pa ra o bem .Qu a n to m a ior o s a cr ifício, ta n to m a ior o m ér ito.”

Nã o é pos s ível qu e Deu s s e con tra d iga , n em qu e a ch e m a u oqu e ele p rópr io fez. Nen h u m m ér ito, por ta n to, pode h a ver n a vio-la çã o da s u a lei. Ma s , s e o celiba to, em s i m es m o, n ã o é u m es ta -do m er itór io, ou tro ta n to n ã o s e dá qu a n do con s t itu i, pela r en ú n -cia à s a legr ia s da fa m ília , u m s a cr ifício p ra t ica do em p r ol daHu m a n ida de. Todo s a cr ifício pes s oa l, ten do em vis ta o bem es em qua lquer id éia egoís ta , eleva o h om em a cim a da s u a con d içã om a ter ia l.

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POLIGAMIA

7 0 0 . A igua ld ad e num érica , que m ais ou m enos exis te en treos s exos , cons titu i ind ício d a proporção em que d evamunir-s e?

“Sim , porqu a n to tu do, em a Na tu reza , tem u m fim .”

7 0 1 . Qual d as d uas , a poligam ia ou a m onogam ia , é m a iscon form e à lei d a Na turez a?

“A poliga m ia é lei h u m a n a cu ja a boliçã o m a rca u m pro-gres s o s ocia l. O ca s a m en to, s egu n do a s vis ta s de Deu s ,tem qu e s e fu n da r n a a feiçã o dos s eres qu e s e u n em . Napoliga m ia n ã o h á a feiçã o rea l: h á a pen a s s en s u a lida de.”

Se a poliga m ia fos s e con for m e à lei da Na tu r eza , devera terpos s ib ilida de de tor n a r -s e u n ivers a l, o qu e s er ia m a ter ia lm en teim pos s ível, da da a igu a lda de n u m érica dos s exos .

Deve s er con s idera da com o u m u s o ou legis la çã o es pecia la propr ia da a cer tos cos tu m es e qu e o a per feiçoa m en to s ocia l fezqu e des a pa reces s e pou co a pou co.

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• Ins tin to d e cons ervação• Meios d e cons ervação• Goz o d os bens terrenos• Neces s ário e s upérfluo• Privações volun tárias . Mortificações

C A P Í T U L O V

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INS TINTO DE CONS ERVAÇÃO

7 0 2 . É lei d a Na turez a o in s tin to d e cons ervação?

“Sem dú vida . Todos os s eres vivos o pos s u em , qu a l-qu er qu e s eja o gra u de s u a in teligên cia . Nu n s , é pu ra m en -te m a qu in a l, ra ciocin a do em ou tr os .”

7 0 3 . Com que fim ou torgou Deus a tod os os s eres vivos oins tin to d e cons ervação?

“Porqu e todos têm qu e con corr er pa ra cu m prim en todos des ígn ios da Providên cia . Por is s o foi qu e Deu s lh esdeu a n eces s ida de de viver. Acr es ce qu e a vida é n eces s á r iaa o a per feiçoa m en to dos s eres . Eles o s en tem in s t in t iva m en -te, s em d is s o s e a per ceberem .”

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MEIOS DE CONS ERVAÇÃO

7 0 4 . Tend o d ad o ao hom em a neces s id ad e d e viver, Deus lhefacultou , em tod os os tem pos , os m eios d e o cons eguir?

“Certo, e s e ele os n ã o en con tra , é qu e n ã o os com -preen de. Nã o fora pos s ível qu e Deu s cr ia s s e pa ra o h om ema n eces s ida de de viver, s em lh e da r os m eios de con segu i-lo.Es s a a ra zã o por qu e fa z qu e a Terra p rodu za de m odo ap ropor cion a r o n eces s á r io a os qu e a h a b ita m , vis to qu e s óo n eces s á r io é ú t il. O s u pér flu o n u n ca o é.”

7 0 5 . Por qu e n em s em pre a terra prod u z ba s ta n te pa rafornecer ao hom em o neces s ário?

“É qu e, in gra to, o h om em a despreza ! Ela , n o en ta n to, éexcelen te m ã e. Mu ita s vezes , ta m bém , ele a cu sa a Na tu rezad o q u e s ó é r e s u lt a d o d a s u a im p e r íc ia ou d a s u aim previdên cia . A terra produ zir ia s em pr e o n eces sá rio, s ecom o n eces sá rio sou besse o h om em con ten ta r -se. Se o qu eela p rodu z n ã o lh e ba s ta a toda s a s n eces s ida des , é qu e eleem prega n o s u pér flu o o qu e poder ia s er a p lica do n o n eces -s á r io. Olh a o á ra be n o des er to. Ach a s em pre de qu e viver,por qu e n ã o cr ia pa ra s i n eces s ida des fa ct ícia s . Des de qu eh a ja des perd iça do a m eta de dos p r odu tos em s a t is fa zer afa n ta s ia s , qu e m ot ivos tem o h om em pa ra s e es pa n ta r den a da en con tra r n o d ia s egu in te e pa ra s e qu eixa r de es ta rdes p rovido de tu do, qu a n do ch ega m os d ia s de pen ú r ia ?Em verda de vos d igo, im previden te n ã o é a Na tu r eza , é oh om em , qu e n ã o s a be regra r o s eu viver.”

7 0 6 . Por bens d a Terra un icam en te s e d evem en tend er osprod u tos d o s olo?

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�⇤⇥D A LE I D E C O N S E R VAÇ ÃO

“O s olo é a fon te p r im a cia l don de d im a n a m todos osou tros recu rs os , pois qu e, em defin it ivo, es tes r ecu rs os s ã os im ples t ra n s for m a ções dos p r odu tos do s olo. Por ben s daTerra s e deve, pois , en ten der tu do de qu e o h om em podegoza r n es te m u n do.”

7 0 7 . É freqüen te a certos ind ivíd uos fa ltarem os m eios d es ubs is tência , a ind a quand o os cerca a abund ância . Aque s e d eve a tribu ir is s o?

“Ao egoís m o dos h om en s , qu e n em s em pre fa zem oqu e lh es cu m pr e. Depois e a s m a is da s vezes , devem -n o a s im es m os . Bu s ca i e a ch a reis ; es ta s pa la vra s n ã o qu er em d i-zer qu e, pa ra a ch a r o qu e des eje, ba s ta qu e o h om em olh epa ra a ter ra , m a s qu e lh e é p recis o p r ocu rá -lo, n ã o comin dolên cia , e s im com a rdor e pers evera n ça , s em des a n i-m a r a n te os obs tá cu los , qu e m u ito a m iú de s ã o s im p lesm eios de qu e s e u t iliza a Pr ovidên cia , pa ra lh e exper im en -ta r a con s tâ n cia , a pa ciên cia e a fir m eza .” (534)

Se é cer to qu e a Civiliza çã o m u lt ip lica a s n eces s ida des , ta m -bém o é qu e m u lt ip lica a s fon tes de t ra ba lh o e os m eios de viver.Forços o, porém , é con vir em qu e, a ta l r es peito, m u ito a in da lh eres ta por fa zer. Qu a n do ela h ou ver con clu ído a s u a obra , n in -gu ém deverá h a ver qu e pos s a qu eixa r -s e de lh e fa lta r o n eces s á -r io, a n ã o s er por s u a p rópr ia cu lpa . A des gra ça , pa ra m u itos ,p rovém de en vereda rem por u m a s en da d ivers a da qu e a Na tu r e-za lh es t ra ça . É en tã o qu e lh es fa lece a in teligên cia pa ra o bomêxito. Pa ra todos h á lu ga r a o Sol, m a s com a con d içã o de qu eca da u m ocu pe o s eu e n ã o o dos ou tros . A Na tu reza n ã o pode s err es p on s á vel p elos d efeit os d a or ga n iza çã o s ocia l, n em p ela scon s eqü ên cia s da a m biçã o e do a m or -p rópr io.

Fora p recis o, en t r eta n to, s er -s e cego, pa ra s e n ã o recon h e-cer o p r ogr es s o qu e, p or es s e la d o, t êm feit o os p ovos m a is

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a dia n ta dos . Gra ça s a os lou vá veis es forços qu e, ju n ta s , a Fila n tro-p ia e a Ciên cia n ã o ces sa m de despen der pa ra m elh ora r a con diçã om a teria l dos h om en s e m a lgra do a o crescim en to in ces sa n te da spopu la ções , a in su ficiên cia da produ çã o se a ch a a ten u a da , pelom en os em gra n de pa rte, e os a n os m a is ca la m itosos do presen ten ã o se podem de m odo a lgu m com pa ra r a os de ou trora . A h igien epú blica , elem en to tã o es sen cia l da força e da sa ú de, a h igien e pú -blica , qu e n ossos pa is n ã o con h ecera m , é objeto de escla recidasolicitu de. O in fortú n io e o sofrim en to en con tram on de se refu giem .Por toda pa rte a Ciên cia con tr ibu i pa ra a crescer o bem -es ta r. Po-der -se-á d izer qu e já s e h a ja ch ega do à per feiçã o? Oh ! n ã o, certa -m en te; m a s , o qu e já s e fez deixa prever o qu e, com persevera n ça ,se logra rá con segu ir, s e o h om em se m os tra r ba s ta n te a visa do pa raprocu ra r a su a felicida de n a s coisa s pos it iva s e s ér ia s e n ã o emu topia s qu e o leva m a recu a r em vez de fa zê-lo a va n ça r.

708 . Não há s ituações em as quais os m eios de s ubs is tênciade m aneira algum a dependem da vontade do hom em ,s endo-lhe a privação do de que m ais im perios am ente ne-ces s ita um a cons eqüência da força m es m a das cois as ?

“É is s o u m a p r ova , m u ita s vezes cru el, qu e lh e com pe-te s ofrer e à qu a l s a b ia ele de a n tem ã o qu e vir ia a es ta rexpos to. Seu m ér ito en tã o con s is te em s u bm eter -s e à von -ta de de Deu s , des de qu e a s u a in teligên cia n en h u m m eiolh e fa cu lta de s a ir da d ificu lda de. Se a m orte vier colh ê-lo,cu m pre-lh e r ecebê-la s em m u r m u ra r, pon dera n do qu e ah ora da verda deira liber ta çã o s oou e que o d es es pero nod errad eiro m om ento pod e ocas ionar-lhe a perd a d o fru to d etod a a s ua res ignação.”

7 0 9 . Terão com etid o crim e os que, em certas s ituações críti-cas , s e viram na con tingência d e s acrificar s eus s em e-

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lhan tes , para m atar a fom e? S e houve crim e, não tevees te a a tenuá-lo a neces s id ad e d e viver, que res u lta d oins tin to d e cons ervação?

“J á res pon d i, qu a n do d is s e qu e h á m a is m erecim en toem s ofr er toda s a s p rova ções da vida com cora gem e a bn e-ga çã o. Em ta l ca s o, h á h om icíd io e cr im e de les a -n a tu r eza ,fa lta qu e é du p la m en te pu n ida .”

7 1 0 . Nos m und os d e m a is apurad a organ iz ação, têm oss eres vivos neces s id ad e d e a lim en tar-s e?

“Têm , m a s s eu s a lim en tos es tã o em rela çã o com a s u an a tu reza . Ta is a lim en tos n ão seriam bas tan te su bs tan ciosospa ra os vos s os es tôm a gos gr os s eiros ; a s s im com o os delesn ã o poder ia m d iger ir os vos s os a lim en tos .”

GOZO DOS BENS TERRENOS

7 1 1 . O u s o d os ben s d a Terra é u m d ireito d e tod os oshom ens ?

“Es s e d ireito é con s eqü en te da n eces s ida de de viver.Deu s n ã o im por ia u m dever s em da r a o h om em o m eio decu m pri-lo.”

7 1 2 . Com qu e fim pôs Deu s a tra tivos n o goz o d os ben sm ateria is ?

“Pa r a in s t iga r o h om em a o cu m p r im en t o d a s u am is s ã o e pa ra exper im en tá -lo por m eio da ten ta çã o.”

a) — Qual o objetivo d es s a ten tação?

“Des en volver -lh e a ra zã o, qu e d eve p r es ervá -lo d osexces s os .”

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Se o h om em só fos se in s t iga do a u sa r dos ben s terren os pelau tilida de qu e têm , su a in diferen ça h ou vera ta lvez com prom etido ah a r m on ia do Un iverso. Deu s im prim iu a es se u so o a tra t ivo dopra zer, porqu e a s s im é o h om em im pelido a o cu m prim en to dosdes ígn ios providen cia is . Ma s , a lém dis so, da n do à qu ele u so es sea tra t ivo, qu is Deu s tam bém experim en tar o h om em por m eio daten tação, qu e o arras ta para o abu so, de qu e deve a razão defen dê-lo.

7 1 3 . Traçou a Na turez a lim ites aos goz os ?

“Tra çou , pa ra vos in d ica r o lim ite do n eces s á r io. Ma s ,pelos vos s os exces s os , ch ega is à s a cieda de e vos pu n is avós m es m os .”

7 1 4 . Que s e d eve pens ar d o hom em que procura nos exces -s os d e tod o gênero o requ in te d os goz os ?

“Pobre cr ia tu ra ! m a is d ign a é de lá s t im a qu e de in veja ,pois bem per to es tá da m orte!”

a) — Perto d a m orte fís ica , ou d a m orte m ora l?

“De a m ba s .”

O h om em , qu e p r ocu ra n os exces s os de todo gên ero o re-qu in te do gozo, coloca -s e a ba ixo do b ru to, pois qu e es te s a bedeter -s e, qu a n do s a t is feita a s u a n eces s ida de. Abd ica da ra zã oqu e Deu s lh e deu por gu ia e qu a n to m a iores forem s eu s exces s os ,ta n to m a ior p repon derâ n cia con fere ele à s u a n a tu reza a n im a ls obre a s u a n a tu reza es p ir itu a l. As doen ça s , a s en fer m ida des e,a in da , a m or te, qu e res u lta m do a bu s o, s ã o, a o m es m o tem po, oca s t igo à t ra n s gres s ã o da lei de Deu s .

NECES S ÁRIO E S UPÉRF LUO

7 1 5 . Com o pod e o hom em conhecer o lim ite d o neces s ário?

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“Aqu ele qu e é pon dera do o con h ece por in tu içã o. Mu i-tos s ó ch ega m a con h ecê-lo por exper iên cia e à s u a p rópr iacu s ta .”

7 1 6 . Med ian te a organ iz ação que nos d eu , não traçou aNaturez a o lim ite d as nos s as neces s id ad es ?

“Sem dú vida , m a s o h om em é in s a ciá vel. Por m eio daorga n iza çã o qu e lh e deu , a Na tu r eza lh e t ra çou o lim ite da sn eces s ida des ; porém , os vícios lh e a ltera ra m a con s t itu içã oe lh e cr ia ra m n eces s ida des qu e n ã o s ã o r ea is .”

7 1 7 . Que s e há d e pens ar d os que açam barcam os bens d aTerra para s e proporcionarem o s upérfluo, com preju í-z o d aqueles a quem fa lta o neces s ário?

“Olvida m a lei de Deu s e terã o qu e res pon der pela sp r iva ções qu e h ou ver em ca u s a do a os ou tr os .”

Na da tem de a bs olu to o lim ite en t re o n eces s á r io e o s u pér -flu o. A Civiliza çã o cr iou n eces s ida des qu e o s elva gem des con h ecee os Es p ír itos qu e d ita ra m os p receitos a cim a n ã o p reten dem qu eo h om em civiliza do deva viver com o o s elva gem . Tu do é rela t ivo,ca ben do à ra zã o regra r a s cois a s . A Civiliza çã o des en volve o s en -s o m ora l e, a o m es m o tem po, o s en t im en to de ca r ida de, qu e levaos h om en s a s e p res ta rem m ú tu o a poio. Os qu e vivem à cu s ta da spriva ções dos ou tros explora m , em seu proveito, os ben efícios daCiviliza çã o. Des ta t êm a p en a s o ver n iz, com o m u itos h á qu eda religiã o s ó têm a m á s ca ra .

PRIVAÇÕES VOLUNTÁRIAS . MORTIF ICAÇÕES

7 1 8 . A le i d e con s erva çã o obriga o h om em a prover à sneces s id ad es d o corpo?

“Sim , porqu e, sem força e saú de, im possível é o trabalh o.”

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7 1 9 . Merece cens ura o hom em , por procurar o bem -es tar?

“É n a tu ra l o des ejo do bem -es ta r. Deu s s ó p roíbe oa bu s o, por s er con trá r io à con s erva çã o. Ele n ã o con den a aprocu ra do bem -es ta r, desde qu e n ão seja con segu ido à cu s tade ou trem e n ã o ven h a a d im in u ir -vos n em a s força s fís i-ca s , n em a s força s m ora is .”

7 2 0 . S ã o m eritória s a os olh os d e Deu s a s priva ções volu n -tá ria s , com o obje tivo d e u m a expia çã o igu a lm en tevolu n tá ria?

“Fa zei o bem a os vos s os s em elh a n tes e m a is m ér itotereis .”

a) — Haverá privações voluntárias que s ejam m eritórias ?

“Há : a p r iva çã o dos gozos in ú teis , por qu e des p ren deda m a tér ia o h om em e lh e eleva a a lm a . Mer itór io é r es is t irà ten ta çã o qu e a r ra s ta a o exces s o ou a o gozo da s cois a sin ú teis ; é o h om em t ira r do qu e lh e é n eces s á r io pa ra da ra os qu e ca recem do ba s ta n te. Se a p r iva çã o n ã o pa s s a r des im u la cro, s erá u m a ir r is ã o.”

7 2 1 . É m eritória , d e qua lquer pon to d e vis ta , a vid a d e m or-tificações as céticas que d es d e a m a is rem ota an tigu i-d ad e teve pra tican tes no s eio d e d ivers os povos ?

“Procu ra i s a ber a qu em ela a p r oveita e tereis a res pos -ta . Se s om en te s erve pa ra qu em a p ra t ica e o im pede defa zer o bem , é egoís m o, s eja qu a l for o p retexto com qu een ten da m de color i-la . Pr iva r -s e a s i m es m o e t ra ba lh a rpa ra os ou tros , ta l a verda deira m ort ifica çã o, s egu n do aca r ida de cr is tã .”

7 2 2 . S erá raciona l a abs tenção d e certos a lim en tos , pres cri-ta a d ivers os povos ?

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“Per m it ido é a o h om em a lim en ta r -s e de tu do o qu e lh en ã o p reju d iqu e a s a ú de. Algu n s legis la dor es , porém , comu m fim ú t il, en ten d era m d e in t er d izer o u s o d e cer tosa lim en tos e, pa ra m a ior a u tor ida de im pr im ir em à s s u a sleis , a p r es en ta ra m -n a s com o em a n a da s de Deu s .”

7 2 3 . A a lim e n ta çã o a n im a l é , com re la çã o a o h om e m ,con trária à lei d a Na turez a?

“Da da a vos s a con s t itu içã o fís ica , a ca r n e a lim en ta aca r n e, do con trá r io o h om em perece. A lei de con s erva çã olh e p r es cr eve, com o u m dever, qu e m a n ten h a s u a s força s es u a s a ú de, pa ra cu m prir a lei do t ra ba lh o. Ele, pois , temqu e s e a lim en ta r con for m e o recla m e a s u a orga n iza çã o.”

7 2 4 . S erá m eritório a bs ter-s e o h om em d a a lim en ta çã oan im al, ou d e ou tra qua lquer, por expiação?

“Sim , s e p ra t ica r es s a p r iva çã o em ben efício dos ou -t r os . Aos olh os de Deu s , porém , s ó h á m ort ifica çã o, h a ven -do p r iva çã o s éria e ú til. Por is s o é qu e qu a lifica m os de h ipó-cr ita s os qu e a pen a s a pa ren tem en te s e p r iva m de a lgu m acois a .” (720)

7 2 5 . Que s e d eve pens ar d as m u tilações operad as no corpod o hom em ou d os an im ais ?

“A qu e p ropós ito, s em elh a n te qu es tã o? Ain da u m a vez:in qu ir i s em pr e vós m es m os s e é ú t il a qu ilo de qu e porven -tu ra s e t ra te. A Deu s n ã o pode a gra da r o qu e s eja in ú t il e oqu e for n ocivo lh e s erá s em pr e des a gra dá vel. Porqu e, fica is a ben do, Deu s s ó é s en s ível a os s en t im en tos qu e eleva mpa ra ele a a lm a . Obedecen do-lh e à lei e n ã o a viola n do équ e podereis forra r -vos a o ju go da vos s a m a tér ia ter r es t r e.”

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7 2 6 . Vis to que os s ofrim en tos d es te m und o nos elevam , s eos s uportarm os d evid am ente, d ar-s e-á que tam bém noselevam os que nós m es m os nos criam os ?

“Os s ofr im en tos n a tu ra is s ã o os ú n icos qu e eleva m ,por qu e vêm de Deu s . Os s ofr im en tos volu n tá r ios de n a das ervem , qu a n do n ã o con correm pa ra o bem de ou tr em . Su -pões qu e se a d ia n ta m n o ca m in h o do progres so os qu e a br e-via m a vida , m ed ia n te r igores s obr e-h u m a n os , com o o fa -zem os bon zos , os fa qu ires e a lgu n s fa n á t icos de m u ita ss eita s ? Por qu e de p referên cia n ã o t ra ba lh a m pelo bem deseu s s em elh a n tes ? Vis ta m o in d igen te; con solem o qu e ch o-ra ; t ra ba lh em pelo qu e es tá en fer m o; s ofra m pr iva ções pa raa lívio dos in felizes e en tã o s u a s vida s s erã o ú teis e, por ta n -to, a gra d á veis a Deu s . Sofr er a lgu ém volu n ta r ia m en te,a pen a s por s eu p rópr io bem , é egoís m o; s ofrer pelos ou tr osé ca r ida de: ta is os p receitos do Cr is to.”

7 2 7 . Um a vez que não devem os criar s ofrim entos voluntários ,que nenhum a u tilid ad e tenham para ou trem , d evere-m os cu id ar d e pres ervar-nos d os que prevejam os ounos am eacem ?

“Con tra os per igos e os s ofr im en tos é qu e o in s t in to decon s erva çã o foi da do a todos os s eres . Fu s t iga i o vos s o es -p ír ito e n ão o vosso corpo, m ortifica i o vosso orgu lh o, su foca io vos s o egoís m o, qu e s e a s s em elh a a u m a s erpen te a vosroer o cora çã o, e fa reis m u ito m a is pelo vos so a d ia n ta m en todo qu e in fligin do-vos r igores qu e já n ã o sã o des te s écu lo.”

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C A P Í T U L O V I

⌦⌃���⇤�↵��↵�⌅⇧⇥⌥⇤� �• Des tru ição neces s ária e d es tru ição abus iva• Flagelos d es tru id ores• Guerras• As s as s ín io• Crueld ad e• Duelo• Pena d e m orte

DES TRUIÇÃO NECES S ÁRIA E DES TRUIÇÃO ABUS IVA

7 2 8 . É lei d a Na turez a a d es tru ição?

“Precis o é qu e tu do s e des t ru a pa ra ren a s cer e s e r ege-n era r. Porqu e, o qu e ch a m a is des t ru içã o n ã o pa s s a de u m atra n s for m a çã o, qu e tem por fim a r en ova çã o e m elh or iados s er es vivos .”

a) — O ins tin to d e d es tru ição teria s id o d ad o aos s eresvivos por d es ígn ios provid encia is ?

“As cr ia tu ra s s ã o in s t ru m en tos de qu e Deu s s e s ervepa ra ch ega r a os fin s qu e ob jet iva . Pa ra s e a lim en ta r em , osseres vivos reciproca m en te s e des troem , des tru içã o es ta qu eobedece a u m du p lo fim : m a n u ten çã o do equ ilíb r io n a r e-p r odu çã o, qu e poder ia tor n a r -s e exces s iva , e u t iliza çã o dosdes pojos do in vólu cr o exter ior qu e s ofre a des t ru içã o. Es s ein vólu cro é s im ples a ces s ór io e n ã o a pa r te es s en cia l do s er

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pen s a n te. A pa r te es s en cia l é o p r in cíp io in teligen te, qu en ã o s e pode des t ru ir e s e ela bora n a s m eta m or fos es d iver -s a s por qu e pa s s a .”

7 2 9 . S e a regeneração d os s eres fa z neces s ária a d es tru i-ção, por que os cerca a Na turez a d e m eios d e pres er-vação e cons ervação?

“A fim d e qu e a d es t r u içã o n ã o s e d ê a n t es d e t em p o.Toda des t ru içã o a n tecipa da obs ta a o des en volvim en to dopr in cíp io in teligen te. Por is s o foi qu e Deu s fez qu e ca da s erexper im en ta s s e a n eces s ida de de viver e de s e rep rodu zir.”

7 3 0 . Um a vez que a m orte nos fa z pas s ar a um a vid a m e-lhor, nos livra d os m a les d es ta , s end o, pois , m a is d ed es ejar d o que d e tem er, por que lhe tem o hom em ,ins tin tivam en te, ta l horror, que ela lhe é s em pre m otivod e apreens ão?

“J á d is s em os qu e o h om em deve p rocu ra r p r olon ga r avida , pa ra cu m prir a s u a ta refa . Ta l o m ot ivo por qu e Deu slh e deu o in s t in to de con s erva çã o, in s t in to qu e o s u s ten tan a s p rova s . A n ã o s er a s s im , ele m u ito fr eqü en tem en te s een trega r ia a o des â n im o. A voz ín t im a , qu e o in du z a r epelira m or te, lh e d iz qu e a in da pode rea liza r a lgu m a cois a pelos eu p rogres s o. A a m ea ça de u m per igo con s t itu i a vis o, pa raqu e s e a p roveite da d ila çã o qu e Deu s lh e con cede. Ma s ,in gra to, o h om em ren de gra ça s m a is vezes à s u a es t r ela doqu e a o s eu Cr ia dor.”

7 3 1 . Por que, ao lad o d os m eios d e cons ervação, colocou aNaturez a os agen tes d e d es tru ição?

“É o r em éd io a o la d o d o m a l. J á d is s em os : p a r am a n ter o equ ilíb r io e s ervir de con tra pes o.”

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7 3 2 . S erá id ên tica , em tod os os m und os , a neces s id ad e d ed es tru ição?

“Gu a rd a p r op orções com o es t a d o m a is ou m en osm a ter ia l dos m u n dos . Ces s a , qu a n do o fís ico e o m ora l s ea ch a m m a is depu ra dos . Mu ito d iversa s s ã o a s con dições deexis tên cia n os m u n dos m a is a d ia n ta dos do qu e o vos s o.”

7 3 3 . En tre os hom ens d a Terra exis tirá s em pre a neces s id a -d e d a d es tru ição?

“Es s a n eces s ida de s e en fra qu ece n o h om em , à m ed i-da qu e o Es p ír ito s obr epu ja a m a tér ia . As s im é qu e, com opodeis obs erva r, o h orr or à des t ru içã o cres ce com o des en -volvim en to in telectu a l e m ora l.”

7 3 4 . Em s eu es tad o a tua l, tem o hom em d ireito ilim itad o d ed es tru ição s obre os an im ais ?

“Ta l d ireito s e a ch a regu la do pela n eces s ida de, qu e eletem , de p r over a o s eu s u s ten to e à s u a s egu ra n ça . O a bu s oja m a is con s t itu iu d ir eito.”

7 3 5 . Que s e d eve pens ar d a d es tru ição, quand o u ltrapas s aos lim ites que as neces s id ad es e a s egurança traçam ?Da caça , por exem plo, quand o não objetiva s enão opraz er d e d es tru ir s em u tilid ad e?

“Predom in â n cia da bes t ia lida de s obre a n a tu reza es p i-r itu a l. Toda des t ru içã o qu e excede os lim ites da n eces s ida -de é u m a viola çã o da lei de Deu s . Os a n im a is s ó des t r oempa ra s a t is fa çã o de s u a s n eces s ida des ; en qu a n to qu e o h o-m em , dotado de livre-a rb ítr io, des trói s em n ecess idade. Teráqu e p r es ta r con ta s do a bu s o da liberda de qu e lh e foi con ce-d ida , pois is s o s ign ifica qu e cede a os m a u s in s t in tos .”

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7 3 6 . Es pecia l m erecim en to terão os povos que levam ao ex-ces s o o es crúpu lo, quan to à d es tru ição d os an im ais ?

“Es s e exces s o, n o toca n te a u m s en t im en to lou vá velem s i m es m o, s e tor n a a bu s ivo e o s eu m erecim en to fican eu tra liza do por a bu s os de m u ita s ou tra s es pécies . En treta is povos , h á m a is tem or s u pers t icios o do qu e verda deirabon da de.”

FLAGELOS DES TRUIDORES

7 3 7 . Com que fim fere Deus a Hum anid ad e por m eio d eflagelos d es tru id ores ?

“Pa ra fa zê-la p rogr ed ir m a is depr es s a . J á n ã o d is s e-m os s er a des t ru içã o u m a n eces s ida de pa ra a regen era çã om ora l dos Es p ír itos , qu e, em ca da n ova exis tên cia , s obemu m degra u n a es ca la do a per feiçoa m en to? Precis o é qu e s eveja o ob jet ivo, pa ra qu e os res u lta dos pos s a m s er a p recia -dos . Som en te do vos s o pon to de vis ta pes s oa l os a p recia is ;da í vem qu e os qu a lifica is de fla gelos , por efeito do p reju ízoqu e vos ca u s a m . Es s a s s u bvers ões , porém , s ã o freqü en te-m en te n eces s á r ia s pa ra qu e m a is p ron to s e dê o a dven to deu m a m elh or or d em d e cois a s e p a ra qu e s e r ea lize ema lgu n s a n os o qu e ter ia exigido m u itos s écu los .” (744)

7 3 8 . Para cons egu ir a m elhora d a Hum anid ad e, não pod iaDeu s em p rega r ou tros m e ios qu e n ã o os f la ge losd es tru id ores ?

“Pode e os em prega todos os d ia s , pois qu e deu a ca dau m os m eios de p rogr ed ir pelo con h ecim en to do bem e dom a l. O h om em , p orém n ã o s e a p r oveit a d es s es m eios .Neces s á r io, por ta n to, s e tor n a qu e s eja ca s t iga do n o s euorgu lh o e qu e s e lh e fa ça s en t ir a s u a fra qu eza .”

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a) — Mas , nes s es flagelos , tan to s ucum be o hom em d ebem com o o pervers o. S erá jus to is s o?

“Du ra n te a vida , o h om em tu do refere a o s eu corpo;en treta n to, de m a n eira d ivers a pen s a depois da m orte. Ora ,con for m e tem os d ito, a vida do corpo bem pou ca cois a é.Um s écu lo n o vos s o m u n do n ã o pa s s a de um relâm pago naetern id ad e . Logo, n a da s ã o os s ofr im en tos de a lgu n s d ia sou de a lgu n s m es es , de qu e ta n to vos qu eixa is . Repr es en -ta m u m en s in o qu e s e vos dá e qu e vos s ervirá n o fu tu r o.Os Es p ír itos , qu e p r eexis tem e s obr evivem a tu do, for m a mo m u n do r ea l (85 ). Es s es os filh os de Deu s e o ob jeto detoda a s u a s olicitu de. Os corpos s ã o m er os d is fa rces comqu e eles a pa recem n o m u n do. Por oca s iã o da s gra n des ca -la m ida des qu e d izim a m os h om en s , o es petá cu lo é s em e-lh a n te a o de u m exército cu jos s olda dos , du ra n te a gu erra ,fica s s em com s eu s u n ifor m es es t ra ga dos , r otos , ou perd i-dos . O gen era l s e p reocu pa m a is com s eu s s olda dos do qu ecom os u n ifor m es deles .”

b) — Ma s , n em por is s o a s v ítim a s d es s es fla gelosd eixam d e o s er.

“Se con s iderá s s eis a vida qu a l ela é e qu ã o pou ca cois ar ep res en ta com r ela çã o a o in fin ito, m en os im por tâ n cia lh eda r íeis . Em ou tra vida , es s a s vít im a s a ch a rã o a m pla com -pen s a çã o a os s eu s s ofr im en tos , s e s ou ber em s u por tá -loss em m u r m u ra r.”

Ven h a por u m fla gelo a m orte, ou por u m a ca u s a com u m ,n in gu ém deixa por is s o de m orrer, des de qu e h a ja s oa do a h orada pa r t ida . A ú n ica d iferen ça , em ca s o de fla gelo, é qu e m a iorn ú m er o pa r te a o m es m o tem po.

Se, pelo pen s a m en to, pu dés s em os eleva r -n os de m a n eira adom in a r a Hu m a n ida de e a a b ra n gê-la em s eu con ju n to, es s es

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tã o ter r íveis fla gelos n ã o n os pa recer ia m m a is do qu e pa s s a geira s

tem pes ta des n o des t in o do m u n do.

7 3 9 . Têm os flagelos des truidores utilidade, do ponto de vis tafís ico, não obs tan te os m a les que ocas ionam ?

“Têm . Mu ita s vezes m u da m a s con d ições de u m a re-giã o. Ma s , o bem qu e deles res u lta s ó a s gera ções vin dou -ra s o exper im en ta m .”

7 4 0 . Não s erão os flagelos , igua lm en te, provas m ora is parao hom em , por porem -no a braços com as m a is a flitivasneces s id ad es ?

“Os fla gelos s ã o p r ova s qu e dã o a o h om em oca s iã o deexercita r a s u a in teligên cia , de dem on s tra r s u a pa ciên cia eres ign a çã o a n te a von ta de de Deu s e qu e lh e oferecem en se-jo de m a n ifes ta r s eu s s en tim en tos de a bn ega çã o, de des in -teres se e de a m or a o próxim o, s e o n ã o dom in a o egoísm o.”

7 4 1 . Dad o é ao hom em con jurar os flagelos que o a fligem ?

“Em pa r te, é; n ã o, porém , com o gera lm en te o en ten -dem . Mu itos fla gelos res u lta m da im previdên cia do h om em .À m ed ida qu e a dqu ire con h ecim en tos e exper iên cia , ele osva i poden do con ju ra r, is to é, preven ir, s e lh es sabe pesqu isa ra s ca u s a s . Con tu do, en tre os m a les qu e a fligem a Hu m a n i-da de, a lgu n s h á de ca rá ter gera l, qu e es tã o n os decretos daProvidên cia e dos qu a is ca da in d ivídu o r ecebe, m a is oum en os , o con tra golpe. A es s es n a da pode o h om em opor, an ã o s er s u a s u bm is s ã o à von ta de de Deu s . Es s es m es m osm a les , en t reta n to, ele m u ita s vezes os a gra va p ela s u an egligên cia .”

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Na p r im eira lin h a dos fla gelos des t ru idores , n a tu ra is e in de-pen den tes do h om em , devem s er coloca dos a pes te, a fom e, a sin u n da ções , a s in tem péries fa ta is à s p rodu ções da terra . Nã o tem ,porém , o h om em en con tra do n a Ciên cia , n a s ob ra s de a r te, n oa per feiçoa m en to da a gr icu ltu ra , n os a folh a m en tos e n a s ir r iga -ções , n o es tu do da s con d ições h igiên ica s , m eios de im ped ir, ou ,qu a n d o m en os , d e a ten u a r m u itos d es a s t r es ? Cer ta s regiões ,ou tr ora a s s ola da s por ter r íveis fla gelos , n ã o es tã o h oje p res erva -da s deles ? Qu e n ã o fa rá , por ta n to, o h om em pelo s eu bem -es ta rm a ter ia l, qu a n do s ou ber a p r oveita r -s e de todos os recu rs os das u a in teligên cia e qu a n do, a os cu ida dos da s u a con s erva çã o pes -s oa l, s ou ber a lia r o s en t im en to de ver da deira ca r ida de pa ra comos s eu s s em elh a n tes ? (707)

GUERRAS

7 4 2 . Que é o que im pele o hom em à guerra?

“Predom in â n cia da n a tu reza a n im a l s obre a n a tu rezaes p ir itu a l e t ra n s borda m en to da s pa ixões . No es ta do deba rba r ia , os povos u m s ó d ir eito con h ecem — o do m a isfor te. Por is s o é qu e, pa ra ta is povos , o de gu erra é u mes ta do n or m a l. À m ed ida qu e o h om em progr ide, m en osfreqü en te s e tor n a a gu erra , porqu e ele lh e evita a s ca u s a s ,fa zen do-a com h u m a n ida de, qu a n do a s en te n eces s á r ia .”

7 4 3 . Da face d a Terra , a lgum d ia , a guerra d es aparecerá?

“Sim , qu a n do os h om en s com preen derem a ju s t iça ep ra t ica r em a lei d e Deu s . Nes s a ép oca , tod os os p ovoss erã o ir m ã os .”

7 4 4 . Que objetivou a Provid ência , tornand o neces s ária aguerra?

“A liberda de e o p r ogres s o.”

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a) — Des d e que a guerra d eve ter por efeito prod uz ir oad ven to d a liberd ad e, com o pod e freqüen tem en te ter porobjetivo e res u ltad o a es craviz ação?

“Es cra viza çã o tem porá r ia , pa ra es m a ga r os povos , afim de fa zê-los p rogr ed ir m a is depres s a .”

7 4 5 . Que s e d eve pens ar d aquele que s us cita a guerra paraproveito s eu?

“Gra n de cu lpa do é es s e e m u itas exis tências lh e s erã on eces s á r ia s pa ra exp ia r todos os a s s a s s ín ios de qu e h a jas ido cau sa , porqu an to respon derá por todos os h om en s cu jam orte ten h a ca u s a do pa ra s a t is fa zer à s u a a m biçã o.”

AS S AS S ÍNIO

7 4 6 . É crim e aos olhos d e Deus o as s as s ín io?

“Gra n de cr im e, pois qu e a qu ele qu e t ira a vida a o s eus em elh a n te cor ta o fio de um a exis tência d e expiação ou d em is s ão. Aí é qu e es tá o m a l.”

7 4 7 . É s em pre d o m es m o grau a cu lpabilid ad e em tod os oscas os d e as s as s ín io?

“J á o tem os d ito: Deu s é ju s to, ju lga m a is pela in ten -çã o do qu e pelo fa to.”

7 4 8 . Em cas o d e legítim a d efes a , es cus a Deus o as s as s ín io?

“Só a n eces s ida de o pode es cu s a r. Ma s , des de qu e oa gred ido pos s a p res erva r s u a vida , s em a ten ta r con tra a des eu a gres s or, deve fa zê-lo.”

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7 4 9 . Tem o h om em cu lp a d os a s s a s s ín ios qu e p ra ticad uran te a guerra?

“Nã o, qu a n do con s tra n gido pela força ; m a s é cu lpa doda s cru elda des qu e com eta , s en do-lh e ta m bém leva do emcon ta o s en t im en to de h u m a n ida de com qu e p roceda .”

7 5 0 . Qual o m ais cond enável aos olhos d e Deus , o parricíd ioou o in fan ticíd io?

“Am b os o s ã o igu a lm en te, p orqu e tod o cr im e é u mcr im e.”

7 5 1 . Com o s e explica que en tre a lguns povos , já ad ian ta -d os s ob o pon to d e vis ta in telectua l, o in fan ticíd io s ejaum cos tum e e es teja cons agrad o pela legis lação?

“O des en volvim en to in telectu a l n ã o im plica a n eces s i-da de do bem . Um Es p ír ito, s u per ior em in teligên cia , podes er m a u . Is s o s e dá com a qu ele qu e m u ito tem vivido s ems e m elh ora r : a pen a s s a be.”

CRUELDADE

75 2 . Pod er-s e-á ligar o s en tim en to d e crueld ad e ao ins tin tod e d es tru ição?

“É o in s t in t o d e d es t r u içã o n o qu e t em d e p ior,por qu a n to, s e, a lgu m a s vezes , a des t ru içã o con s t itu i u m an eces s ida de, com a cru elda de ja m a is s e dá o m es m o. Elar es u lta s em pr e de u m a n a tu reza m á .”

7 5 3 . Por que raz ão a crueld ad e form a o cará ter pred om i-nan te d os povos prim itivos ?

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“Nos povos p r im it ivos , com o lh es ch a m a s , a m a tér iap repon dera s obr e o Es p ír ito. E les s e en trega m a os in s t in -tos do b ru to e, com o n ã o exper im en ta m ou tra s n eces s ida -des a lém da s da vida do corpo, só da con serva çã o pes soa lcogita m e é o qu e os tor n a , em gera l, cru éis . Dem a is , ospovos de im per feito des en volvim en to s e con s erva m s ob oim pér io de Es p ír itos ta m bém im per feitos , qu e lh es s ã o s im -pá t icos , a té qu e povos m a is a d ia n ta dos ven h a m des t ru irou en fra qu ecer es s a in flu ên cia .”

7 5 4 . A crueld ad e não d erivará d a carência d e s ens o m ora l?

“Dize — da fa lta de des en volvim en to do s en s o m ora l;n ão d igas da ca rên cia , porqu an to o sen so m ora l exis te, com oprin cíp io, em todos os h om en s . É es s e s en s o m ora l qu e doss eres cru éis fa rá m a is ta r de s eres bon s e h u m a n os . E le,pois , exis te n o s elva gem , m a s com o o p r in cíp io do per fu m en o gér m en da flor qu e a in da n ã o des a b roch ou .”

Em es ta do ru d im en ta r ou la ten te, toda s a s fa cu lda des exis -tem n o h om em . Des en volvem -s e, con for m e lh es s eja m m a is oum en os fa vorá veis a s circu n s tâ n cia s . O des en volvim en to exces s i-vo de u m a s detém ou n eu tra liza o da s ou tra s . A s obreexcita çã odos in s t in tos m a ter ia is a ba fa , por a s s im d izer, o s en s o m ora l,com o o d es en volvim en to d o s en s o m ora l en fra qu ece p ou co apou co a s fa cu lda des pu ra m en te a n im a is .

7 5 5 . Com o pod e d ar-s e que, no s eio d a m ais ad ian tad a civi-liz ação, s e encon trem s eres às vez es tão cruéis quan toos s elvagens ?

“Do m es m o m odo qu e n u m a á rvore ca r r ega da de bon sfru tos s e en con t ra m ver d a d eir os a b or tos . Sã o, s e qu is e-

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res , s elva gen s qu e d a civiliza çã o s ó têm o exter ior, lob osext r a via d os em m eio d e cor d eir os . E s p ír it os d e or d emin fer ior e m u ito a t ra s a dos podem en ca r n a r en tre h om en sa d ia n ta dos , n a es pera n ça de ta m bém s e a d ia n ta r em . Ma s ,des de qu e a p r ova é por dem a is pes a da , p redom in a a n a tu -r eza p r im it iva .”

7 5 6 . A s ocied ad e d os hom ens d e bem s e verá a lgum d iaexpurgad a d os s eres m a lfaz ejos ?

“A Hu m a n ida de p rogr ide. Es s es h om en s , em qu em oin s t in to do m a l dom in a e qu e s e a ch a m des loca dos en tr epes s oa s de bem , des a pa r ecerã o gra du a lm en te, com o o m a ugrã o s e s epa ra do bom , qu a n do es te é joeira do. Ma s , des a -pa r ecerã o pa ra r en a s cer s ob ou tros in vólu cr os . Com o en -tã o terã o m a is exper iên cia , com pr een derã o m elh or o bem eo m a l. Ten s d is s o u m exem plo n a s p la n ta s e n os a n im a isqu e o h om em h á con s egu ido a per feiçoa r, des en volven don eles qu a lida des n ova s . Pois bem , s ó a o ca bo de m u ita sgera ções o des en volvim en to s e tor n a com pleto. É a im a gemda s d ivers a s exis tên cia s do h om em .”

DUELO

757 . Pod e-s e cons id erar o d uelo com o um cas o d e legítim ad efes a?

“Nã o; é u m a s s a s s ín io e u m cos tu m e a bs u rdo, d ign odos bá rba r os . Com u m a civiliza çã o m a is a d ia n ta da e m aism ora l, o h om em com preen derá qu e o du elo é tã o r id ícu loqu a n to os com ba tes qu e ou tr ora s e con s idera va m com o oju ízo de Deu s .”

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7 5 8 . Pod er-s e-á cons id erar o d uelo com o um as s as s ín io porparte d aquele que, conhecend o a s ua própria fraque-z a , tem a quas e certez a d e que s ucum birá?

“É u m s u icíd io.”

a) — E quand o as probabilid ad es s ão as m es m as paraam bos os d uelis tas , haverá as s as s ín io ou s u icíd io?

“Um e ou tr o.”Em todos os ca s os , m es m o qu a n do a s p roba b ilida des s ã o

idên t ica s pa ra a m bos os com ba ten tes , o du elis ta in corre em cu l-

pa , p r im eiro, porqu e a ten ta fr ia m en te e de p ropós ito delibera do

con tra a vida de s eu s em elh a n te; depois , por qu e expõe in u t il-

m en te a s u a p rópr ia vida , s em p roveito pa ra n in gu ém .

7 5 9 . Que va lor tem o que s e cham a pon to de h on ra , emm atéria d e d uelo?

“Orgu lh o e va ida de: du p la ch a ga da Hu m a n ida de.”

a) — Mas , não há cas os em que a honra s e acha verd a-

d eiram en te em penhad a e em que um a recus a fora covard ia?

“Is s o depen de dos u s os e cos tu m es . Ca da pa ís e ca dasécu lo tem a esse respeito u m m odo de ver d iferen te. Qu an doos h om en s forem m elh or es e es t iver em m a is a d ia n ta dosem m ora l, com preen derã o qu e o verda deir o pon to de h on raes tá a cim a da s pa ixões ter ren a s e qu e n ã o é m a ta n do, n ems e deixa n do m a ta r, qu e repa ra rã o a gra vos .”

Há m a is gra n deza e verda deira h on ra em con fes s a r -s e cu l-

pa do o h om em , s e com eteu a lgu m a fa lta , ou em perdoa r, s e de

s eu la do es teja a ra zã o, e, qu a lqu er qu e s eja o ca s o, em des p reza r

os in s u ltos , qu e o n ã o podem a t in gir.

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PENA DE MORTE

7 6 0 . Desaparecerá a lgu m dia , da legis lação h u m an a , a pen ade m or te?

“In con tes ta velm en te des a pa recerá e a s u a s u pr es s ã oa s s in a la rá u m pr ogres s o da Hu m a n ida de. Qu a n do os h o-m en s es t iver em m a is es cla recidos , a pen a de m orte s erácom pleta m en te a bolida n a Terra . Nã o m a is p recis a rã o osh om en s de s er ju lga dos pelos h om en s . Refir o-m e a u m aépoca a in da m u ito d is ta n te de vós .”

Sem dú vida , o p rogres s o s ocia l a in da m u ito deixa a des eja r.Ma s , s er ia in ju s to pa ra com a s ocieda de m oder n a qu em n ã o vis s eu m p rogres s o n a s r es t r ições pos ta s à pen a de m or te, n o s eio dospovos m a is a d ia n ta dos , e à n a tu r eza dos cr im es a qu e a s u a a p li-ca çã o s e a ch a lim ita da . Se com pa ra r m os a s ga ra n t ia s de qu e,en tr e es s es m es m os povos , a ju s t iça p rocu ra cerca r o a cu s a do, ah u m a n ida de de qu e u s a pa ra com ele, m es m o qu a n do o r econ h e-ce cu lpa do, com o qu e s e p ra t ica va em tem pos qu e a in da n ã o vã om u ito lon ge, n ã o poderem os n ega r o a va n ço do gên ero h u m a n on a s en da do p rogres s o.

7 6 1 . A lei d e cons ervação d á ao hom em o d ireito d e pres er-va r s u a v id a . Nã o u s a rá e le d es s e d ire ito, qu a n d oelim ina d a s ocied ad e um m em bro perigos o?

‘Há ou tros m eios de ele s e p res erva r do per igo, qu e n ã om a ta n do. Dem a is , é p recis o a b r ir e n ã o fech a r a o cr im in o-s o a por ta do a r r epen d im en to.”

7 6 2 . A pena d e m orte, que pod e vir a s er ban id a d as s ocie-d ad es civiliz ad as , não terá s id o d e neces s id ad e emépocas m enos ad ian tad as ?

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“Neces s ida de n ã o é o ter m o. O h om em ju lga n eces s á -r ia u m a cois a , s em pr e qu e n ã o des cobre ou tra m elh or. Àproporçã o qu e s e in s t ru i, va i com pr een den do m elh or m en teo qu e é ju s to e o qu e é in ju s to e r epu d ia os exces s os com e-t idos , n os tem pos de ign orâ n cia , em n om e da ju s t iça .”

7 6 3 . S erá um ind ício d e progres s o d a civiliz ação a res triçãod os cas os em que s e aplica a pena d e m orte?

“Podes du vida r d is s o? Nã o s e revolta o teu Es p ír ito,qu a n do lês a n a rra t iva da s ca r n ificin a s h u m a n a s qu e ou -t rora s e fa zia m em n om e da ju s t iça e, n ã o ra ro, em h on rada Divin da de; da s tor tu ra s qu e s e in fligia m a o con den a do ea té a o s im ples a cu s a do, pa ra lh e a r ra n ca r, pela a gu deza dos ofr im en to, a con fis s ã o de u m cr im e qu e m u ita s vezes n ã ocom etera ? Pois bem ! Se h ou ves s es vivido n es s a s época s ,ter ia s a ch a do tu do is s o n a tu ra l e ta lvez m es m o, s e fora sju iz, fizes s es ou tro ta n to. As s im é qu e o qu e pa r eceu ju s to,n u m a época , pa rece bá rba r o em ou tra . Só a s leis d ivin a ss ã o eter n a s ; a s h u m a n a s m u da m com o p rogr es s o e con t i-n u a rã o a m u da r, a té qu e ten h a m s ido pos ta s de a cor docom a qu ela s .”

7 6 4 . Dis s e Jes us : Qu em m a tou com a es pa da , pela es pa daperecerá . Es tas pa lavras não cons agram a pena d eta lião e, a s s im , a m orte d ad a ao as s as s ino não cons ti-tu i um a aplicação d es s a pena?

“Tom a i cu ida do! Mu ito vos ten des en ga n a do a res peitodes s a s pa la vra s , com o acerca d e ou tras . A pen a de ta liã o é aju s t iça de Deu s . É Deu s qu em a a p lica . Todos vós s ofreises s a pen a a ca da in s ta n te, pois qu e s ois pu n idos n a qu iloem qu e h a veis peca do, nes ta exis tência ou em ou tra . Aqu e-

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le qu e foi ca u s a do s ofr im en to pa ra s eu s s em elh a n tes virá aa ch a r -s e n u m a con d içã o em qu e s ofrerá o qu e ten h a feitos ofrer. Es te o s en t ido da s pa la vra s de J es u s . Ma s , n ã o vosd is s e ele ta m bém : Per doa i a os vos s os in im igos ? E n ã o vosen s in ou a ped ir a Deu s qu e vos per doe a s ofen s a s com oh ou verdes vós m es m os per doa do, is to é, na m es m a propor-ção em qu e h ou verdes per doa do, com pr een dei-o bem ?”

7 6 5 . Que s e d eve pens ar d a pena d e m orte im pos ta em nom ed e Deus ?

“É tom a r o h om em o lu ga r de Deu s n a d is t r ibu içã o daju s t iça . Os qu e a s s im p r ocedem m os tra m qu ã o lon ge es tã ode com preen der Deu s e qu e m u ito a in da têm qu e exp ia r. Apen a de m orte é u m cr im e, qu a n do a p lica da em n om e deDeu s ; e os qu e a im p õem s e s ob r eca r rega m d e ou t r osta n tos a s s a s s ín ios .”

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C A P Í T U L O V I I

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• Neces s id ad e d a vid a s ocia l• Vid a d e ins u lam en to. Voto d e s ilêncio• Laços d e fam ília

NECES S IDADE DA VIDA S OCIAL

7 6 6 . A vid a s ocia l es tá em a Na turez a?

“Cer ta m en te. Deu s fez o h om em pa ra viver em s ocie-da de. Nã o lh e deu in u t ilm en te a pa la vra e toda s a s ou tra sfa cu lda des n eces s á r ia s à vida de rela çã o.”

7 6 7 . É con trário à lei d a Na turez a o in s u lam en to abs olu to?

“Sem dú vida , pois qu e por in s t in to os h om en s bu s ca ma s ocied a d e e t od os d evem con cor r er p a r a p r ogr es s o,a u xilia n do-s e m u tu a m en te.”

7 6 8 . Procurand o a s ocied ad e, não fará o hom em m ais d oque obed ecer a um s en tim en to pes s oa l, ou há nes s es en tim en to a lgum provid encia l objetivo d e ord em m aisgera l?

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��⇥D A LE I D E S O C I E D AD E

“O h om em tem qu e p rogred ir. In s u la do, n ã o lh e é is s opos s ível, por n ã o d is por de toda s a s fa cu lda des . Fa lta -lh e ocon ta cto com os ou tr os h om en s . No in s u la m en to, ele s eem bru tece e es t iola .”

Hom em n en h u m pos s u i fa cu lda des com pleta s . Med ia n te au n iã o s ocia l é qu e ela s u m a s à s ou tra s s e com pleta m , pa ra lh ea s s egu ra rem o bem -es ta r e o p rogres s o. Por is s o é qu e, p recis a n -do u n s dos ou tros , os h om en s fora m feitos pa ra viver em s ocieda -de e n ã o in s u la dos .

VIDA DE INS ULAMENTO. VOTO DE S ILÊNCIO

7 6 9 . Concebe-s e que, com o princípio gera l, a vid a s ocia l es -teja na Na turez a . Mas , um a vez que tam bém tod os osgos tos es tão na Na turez a , por que s erá cond enável od o ins u lam en to abs olu to, d es d e que caus e s a tis façãoao hom em ?

“Sa t is fa çã o egoís ta . Ta m bém h á h om en s qu e exper i-m en ta m s a t is fa çã o n a em bria gu ez. Mer ece-te is s o a p rova -çã o? Nã o pode a gra da r a Deu s u m a vida pela qu a l o h om ems e con den a a n ã o s er ú t il a n in gu ém .”

7 7 0 . Que s e d eve pens ar d os que vivem em abs olu ta reclu -s ão, fugind o ao pern icios o con tacto d o m und o?

“Du plo egoís m o.”

a) — Mas , não s erá m eritório es s e retra im en to, s e tiverpor fim um a expiação, im pond o-s e aquele que o bus ca um aprivação penos a?

“Fa zer m a ior s om a de bem do qu e de m a l con s t itu i am elh or exp ia çã o. Evita n do u m m a l, a qu ele qu e por ta l m o-t ivo s e in s u la ca i n ou tr o, pois es qu ece a lei de a m or e deca r ida de.”

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��⇥ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

7 7 1 . Que pens ar d os que fogem d o m und o para s e votaremao m is ter d e s ocorrer os d es graçad os ?

“Es s es s e eleva m , reba ixa n do-s e. Têm o du p lo m ér itode s e coloca rem a cim a dos gozos m a ter ia is e de fa zer em obem , obedecen do à lei do t ra ba lh o.”

a) — E d os que bus cam no retiro a tranqü ilid ad e quecertos traba lhos reclam am ?

“Is s o n ã o é ret ra im en to a bs olu to do egoís ta . Es s es n ã os e in s u la m da s ocieda de, porqu a n to pa ra ela t ra ba lh a m .”

7 7 2 . Que pens ar d o voto d e s ilêncio pres crito por a lgum ass eitas , d es d e a m a is rem ota an tigu id ad e?

“Pergu n ta i, a n tes , a vós m es m os s e a pa la vra é fa cu l-da de n a tu ra l e por qu e Deu s a con cedeu a o h om em . Deu scon den a o a bu s o e n ã o o u s o da s fa cu lda des qu e lh e ou tor -gou . En treta n to, o s ilên cio é ú t il, pois n o s ilên cio pões emprá t ica o recolh im en to; teu es p ír ito s e tor n a m a is livr e epode en tra r em com u n ica çã o con os co. Ma s o voto de s ilên -cio é u m a tolice. Sem dú vida obedecem a boa in ten çã o osqu e con s idera m es s a s p r iva ções com o a tos de vir tu de. En -ga n a m -s e, n o en ta n to, porqu e n ã o com pr een dem s u ficien -tem en te a s ver da deira s leis de Deu s .”

O voto de s ilên cio a bs olu to, do m es m o m odo qu e o voto dein s u la m en to, p r iva o h om em da s rela ções s ocia is qu e lh e podemfa cu lta r oca s iões de fa zer o bem e de cu m prir a lei do p rogres s o.

LAÇOS DE FAMÍLIA

7 7 3 . Por que é que, en tre os an im ais , os pa is e os filhosd eixam d e reconhecer-s e, d es d e que es tes não m aisprecis am d e cu id ad os ?

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“Os a n im a is vivem vida m a ter ia l e n ã o vida m ora l. Ater n u ra da m ã e pelos filh os tem por p r in cíp io o in s t in to decon s erva çã o dos s er es qu e ela deu à lu z. Logo qu e es s esser es podem cu ida r de s i m es m os , es tá ela com a s u a ta refacon clu ída ; n a da m a is lh e exige a Na tu r eza . Por is s o é qu eos a ba n don a , a fim de s e ocu pa r com os recém -vin dos .”

7 7 4 . Há pes s oas que, d o fa to d e os an im ais ao cabo d ecerto tem po aband onarem s uas crias , d ed uz em nãos erem os laços d e fam ília , en tre os hom ens , m a is d oque res u ltad o d os cos tum es s ocia is e não efeito d e um alei d a Na turez a . Que d evem os pens ar a es s e res peito?

“Divers o do dos a n im a is é o des t in o do h om em . Porqu e, en tã o, qu erer em iden t ificá -lo com es tes? Há n o h o-m em a lgu m a coisa m a is , a lém das n ecess idades fís ica s : h á an eces s ida de de progredir. Os la ços socia is s ã o n eces sá riosa o p r ogr es s o e os de fa m ília m a is a per ta dos tor n a m os p r i-m eiros . E is por qu e os s egu n dos con s t itu em u m a lei daNa tu reza . Qu is Deu s qu e, por es sa for m a , os h om en s a pren -des s em a a m a r -s e com o ir m ã os .” (205)

7 7 5 . Qual s eria , para a s ocied ad e, o res u ltad o d o relaxa -m en to d os laços d e fam ília?

“Um a recru des cên cia do egoís m o.”

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C A P Í T U L O V I I I

⌥⇧�⌃ ⇤��⌦�↵⇥⌦�⇥ ⌅⌅⌦• Es tad o d e na turez a• Marcha d o progres s o• Povos d egenerad os• Civiliz ação• Progres s o d a legis lação hum ana• In fluência d o Es piritis m o no progres s o

ES TADO DE NATUREZA

7 7 6 . S erão cois as id ên ticas o es tad o d e na turez a e a leina tura l?

“Nã o, o es ta do de n a tu reza é o es ta do prim itivo. A civili-za çã o é in com patível com o es tado de n a tu reza , ao passo qu ea lei n a tu ra l con tr ibu i pa ra o progr es so da Hu m a n ida de.”

O es ta do de n a tu r eza é a in fâ n cia da Hu m a n ida de e o pon to

de pa r t ida do s eu des en volvim en to in telectu a l e m ora l. Sen do

per fect ível e t ra zen do em s i o gér m en do s eu a per feiçoa m en to, o

h om em n ã o foi des t in a do a viver perpetu a m en te n o es ta do de

n a tu reza , com o n ã o o foi a viver eter n a m en te n a in fâ n cia . Aqu ele

es ta do é t ra n s itór io pa ra o h om em , qu e dele s a i por vir tu de do

p rogr es s o e d a civiliza çã o. A lei n a tu ra l, a o con t rá r io, rege a

Hu m a n ida de in teira e o h om em s e m elh ora à m ed ida qu e m elh or

a com preen de e p ra t ica .

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��⇥D A LE I D O P R O G R E S S O

7 7 7 . Tend o o hom em , no es tad o d e na turez a , m enos neces -s id ad es , is en to s e acha d as tribu lações que para s im es m o cria , quand o num es tad o d e m aior ad iantam en-to. Dian te d is s o, que s e d eve pens ar d a opin ião d osque cons id eram aquele es tad o com o o d a m ais perfeitafelicid ad e na Terra?

“Qu e qu eres ! é a felicidade do bru to. Há pessoas qu e n ãocom preen dem ou tra . É ser feliz à m an eira dos an im ais . Ascrian ças tam bém são m ais felizes do qu e os h om en s feitos .”

7 7 8 . Pod e o hom em retrograd ar para o es tad o d e na turez a?

“Nã o, o h om em tem qu e p rogr ed ir in ces s a n tem en te en ã o pode volver a o es ta do de in fâ n cia . Des de qu e p r ogr ide,é porqu e Deu s a s s im o qu er. Pen s a r qu e pos s a ret r ogra da rà s u a p r im it iva con d içã o fora n ega r a lei do p r ogres s o.”

MARCHA DO PROGRES S O

7 7 9 . A força para progred ir, haure-a o hom em em s i m es m o,ou o progres s o é apenas fru to d e um ens inam en to?

“O h om em s e des en volve por s i m es m o, n a tu ra lm en te.Ma s , n em todos p r ogr idem s im u lta n ea m en te e do m es m om od o. Dá -s e en tã o qu e os m a is a d ia n ta d os a u xilia m opr ogres s o dos ou tr os , por m eio do con ta cto s ocia l.”

7 8 0 . O progres s o m ora l a com pa n h a s em pre o progres s oin telectua l?

“Decorre des te, m a s n em sem pre o segu e im edia ta m en -te.” (l92-365)

a) — Com o pod e o progres s o in telectua l engend rar oprogres s o m ora l?

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��⇥ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

“Fa zen do com preen s íveis o bem e o m a l. O h om em ,

des de en tã o, pode es colh er. O des en volvim en to do livre-a r -

b ít r io a com pa n h a o da in teligên cia e a u m en ta a res pon s a -

b ilida de dos a tos .”

b) — Com o é, nes s e cas o, que, m u itas vez es , s uced e

s erem os povos m ais ins tru íd os os m ais pervertid os tam bém ?

“O p rogr es s o com pleto con s t itu i o ob jet ivo. Os povos ,porém , com o os in d ivídu os , s ó pa s s o a pa s s o o a t in gem .

En qu an to n ão se lh es h a ja desen volvido o sen so m ora l, pode

m es m o a con tecer qu e s e s irva m da in teligên cia pa ra a p rá -

t ica do m a l. O m ora l e a in teligên cia s ã o du a s força s qu e s ó

com o tem po ch ega m a equ ilib ra r -s e.” (365-751)

7 8 1 . Tem o h om em o p od er d e p a ra lis a r a m a rch a d oprogres s o?

“Nã o, m a s tem , à s vezes , o de em ba ra çá -la .”

a) — Qu e s e d eve p en s a r d os qu e ten ta m d e te r a

m archa d o progres s o e fa z er que a Hum anid ad e retrograd e?

“Pobres s er es , qu e Deu s ca s t iga rá ! Serã o leva dos de

roldã o pela tor r en te qu e p rocu ra m deter.”

Sen do o p rogres s o u m a con d içã o da n a tu r eza h u m a n a , n ã oes tá n o poder do h om em opor -s e-lh e. É u m a força viva , cu ja a çã opode s er reta r da da , porém n ã o a n u la da , por leis h u m a n a s m á s .Qu a n do es ta s s e tor n a m in com pa t íveis com ele, des peda ça -a sju n ta m en te com os qu e s e es forcem por m a n tê-la s . As s im s erá ,a té qu e o h om em ten h a pos to s u a s leis em con cordâ n cia com aju s t iça d ivin a , qu e qu er qu e tod os p a r t icip em d o b em e n ã oa vigên cia de leis feita s pelo for te em detr im en to do fra co.

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��⇥D A LE I D O P R O G R E S S O

7 8 2 . Não há hom ens que d e boa-fé obs tam ao progres s o,acred itand o favorecê-lo, porque, d o pon to d e vis ta emque s e colocam , o vêem ond e ele não exis te?

“As s em elh a m -s e a pequ en in a s pedra s qu e, coloca da sdeba ixo da r oda de u m a gra n de via tu ra , n ã o a im pedem dea va n ça r.”

7 8 3 . S egue s em pre m archa progres s iva e len ta o aperfei-çoam en to d a Hum anid ad e?

“Há o p rogr es s o r egu la r e len to, qu e r es u lta da forçada s cois a s . Qu a n do, porém , u m povo n ã o p r ogr ide tã o de-p r es s a qu a n to devera , Deu s o s u jeita , de tem pos a tem pos ,a u m a ba lo fís ico ou m ora l qu e o t ra n s for m a .”

O h om em n ã o pode con s erva r -s e in defin ida m en te n a ign o-râ n cia , por qu e tem de a t in gir a fin a lida de qu e a Providên cia lh ea s s in ou . Ele s e in s tru i pela força da s cois a s . As revolu ções m ora is ,com o a s revolu ções socia is , s e in filt ra m n a s idéia s pou co a pou co;ger m in a m d u r a n t e s écu los ; d ep ois , ir r om p em s u b it a m en t ee p r od u zem o d es m or on a m en t o d o ca r u n ch os o ed ifíc io d opa s s a do, qu e deixou de es ta r em h a r m on ia com a s n eces s ida desn ova s e com a s n ova s a s p ira ções .

Nes s a s com oções , o h om em qu a s e n u n ca percebe s en ã o ades ordem e a con fu s ã o m om en tâ n ea s qu e o fer em n os s eu s in te-r es s es m a ter ia is . Aqu ele, porém , qu e eleva o pen s a m en to a cim ada s u a p rópr ia pers on a lida de, a dm ira os des ígn ios da Pr ovidên -cia , qu e do m a l fa z s a ir o bem . Sã o a p r ocela , a tem pes ta de qu es a n eia m a a tm os fera , depois de a ter em a gita do violen ta m en te.

7 8 4 . Ba s ta n te gra n d e é a pervers id a d e d o h om em . Nã oparece que, pelo m enos d o pon to d e vis ta m ora l, ele ,em vez d e avançar, cam inha aos recuos ?

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��⇥ O LI VR O D O S E S P Í R I T O S

“En ga n a s -te. Obs erva bem o con ju n to e verá s qu e oh om em s e a d ia n ta , pois qu e m elh or com preen de o qu e ém a l, e va i d ia a d ia rep r im in do os a bu s os . Fa z-s e m is terqu e o m a l ch egu e a o exces s o, pa ra tor n a r com preen s ível an eces s ida de do bem e da s r eform a s .”

7 8 5 . Qual o m a ior obs tácu lo ao progres s o?

“O orgu lh o e o egoís m o. Refir o-m e a o p rogr es s o m ora l,por qu a n to o in telectu a l s e efetu a s em pr e. À pr im eira vis ta ,pa rece m esm o qu e o progres so in telectu a l redu plica a a t ivi-da de daqu eles vícios , desen volven do a am bição e o gos to da sriqu eza s , qu e, a s eu tu r n o, in cita m o h om em a em preen derpes qu is a s qu e lh e es cla recem o Es p ír ito. As s im é qu e tu dos e p r en de, n o m u n do m ora l, com o n o m u n do fís ico, e qu edo p rópr io m a l pode n a s cer o bem . Cu r ta , porém , é a du ra -çã o des s e es ta do de cois a s , qu e m u da rá à p roporçã o qu e oh om em com preen der m elh or qu e, a lém da qu e o gozo dosben s ter ren os p ropor cion a , u m a felicida de exis te m a ior ein fin ita m en te m a is du ra dou ra .” (Vide: Egoís m o, ca p . XII.)

Há du a s es pécies de p rogres s o, qu e u m a a ou tra s e p res ta mm ú tu o a poio, m a s qu e, n o en ta n to, n ã o m a rch a m la do a la do: op rogres s o in telectu a l e o p r ogres s o m ora l. En tre os povos civiliza -dos , o p r im eiro tem r eceb ido, n o correr des te s écu lo, todos osin cen t ivos . Por is s o m es m o a t in giu u m gra u a qu e a in da n ã o ch e-ga ra a n tes da época a tu a l. Mu ito fa lta pa ra qu e o s egu n do s ea ch e n o m es m o n ível. En treta n to, com pa ra n do-s e os cos tu m ess ocia is de h oje com os de a lgu n s s écu los a t rá s , s ó u m cego n ega -r ia o p rogres s o rea liza do. Ora , s en do a s s im , por qu e h a ver ia es s am a rch a a s cen den te de pa ra r, com r ela çã o, de p referên cia , a o m o-ra l, do qu e com rela çã o a o in telectu a l? Por qu e s erá im pos s ívelqu e en tre o s écu lo dezen ove e o vigés im o qu a r to s écu lo h a ja , aes s e res peito, ta n ta d iferen ça qu a n ta en tr e o décim o qu a r to s é-

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cu lo e o s écu lo dezen ove? Du vida r fora p r eten der qu e a Hu m a n i-da de es tá n o a pogeu da per feiçã o, o qu e s er ia a bs u rdo, ou qu e elan ã o é per fect ível m ora lm en te, o qu e a exper iên cia des m en te.

POVOS DEGENERADOS

7 8 6 . Mos tra -n os a His tória qu e m u itos povos , d epois d eaba los que os revolveram profund am ente, reca íram nabarbaria . Ond e, nes te cas o, o progres s o?

“Qu a n do tu a ca s a a m ea ça ru ín a , m a n da s dem oli-la econ s tróis ou tra m a is s ólida e m a is côm oda . Ma s , en qu a n toes ta n ã o s e a p ron ta , h á per tu rba çã o e con fu s ã o n a tu am ora da .

“Com preen de m a is o s egu in te: era s pobre e h a b ita va su m ca s ebr e; tor n a n do-te r ico, deixa s te-o, pa ra h a b ita r u mpa lá cio. En tã o, u m pobr e d ia bo, com o era s a n tes , vem to-m a r o lu ga r qu e ocu pa va s e fica m u ito con ten te, por qu ees ta va s em ter on de s e a b r iga r. Pois bem ! a p ren de qu e osEs p ír itos qu e, en ca r n a dos , con s t itu em o povo degen era don ã o s ã o os qu e o con s t itu ía m a o tem po do s eu es p len dor.Os de en tã o, ten do-s e a d ia n ta do, pa s s a ra m pa ra h a b ita -ções m a is per feita s e p r ogred ira m , en qu a n to os ou t r os ,m en os a d ia n ta dos , tom a ra m o lu ga r qu e fica ra va go e qu eta m bém , a s eu tu r n o, terã o u m d ia qu e deixa r.”

7 8 7 . Não há raças rebeld es , por s ua natureza , ao progres s o?

“Há , m a s vã o a n iqu ila n do-s e corpora lm en te , todos osd ia s .”

a) — Qual s erá a s orte fu tura d as a lm as que an im ames s as raças ?

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“Ch ega r ã o, com o t od a s a s d em a is , à p e r fe içã o,pa s sa n do por ou tra s exis tên cia s . Deu s a n in gu ém deserda .”

b) — As s im , pod e d ar-s e que os hom ens m ais civiliz a -d os tenham s id o s elvagens e an tropófagos ?

“Tu m es m o o fos te m a is de u m a vez, a n tes de s eres oqu e és .”

7 8 8 . Os povos s ão ind ivid ua lid ad es coletivas que com o osind ivíd uos , pas s am pela in fância , pela id ad e d a m a-d urez a e pela d ecrepitud e. Es ta verd ad e, que a His tó-ria com prova , não s erá d e m old e a fa z er s upor que ospovos m ais ad ian tad os d es te s écu lo terão s eu d eclín ioe s ua extinção, com o os d a an tigu id ad e?

“Os povos , qu e a pen a s vivem a vida do corpo, a qu elescu ja gra n deza u n ica m en te a s s en ta n a força e n a exten s ã oter r itor ia l, n a s cem , cres cem e m orrem , por qu e a força deu m povo s e exa u re, com o a de u m h om em . Aqu eles , cu ja sleis egoís t ica s obs ta m a o p rogr es s o da s lu zes e da ca r ida de,m orrem , por qu e a lu z m a ta a s t reva s e a ca r ida de m a ta oegoís m o. Ma s , pa ra os povos , com o pa ra os in d ivídu os , h áa vida da a lm a . Aqu eles , cu ja s leis s e h a r m on iza m com a sleis et er n a s d o Cr ia d or, viverã o e s ervir ã o d e fa r ol a osou tros povos .”

7 8 9 . O progres s o fará que tod os os povos d a Terra s e achemum d ia reun id os , form and o um a s ó nação?

“Um a n a çã o ú n ica , n ã o; s er ia im pos s ível, vis to qu e dad ivers ida de dos clim a s s e or igin a m cos tu m es e n eces s ida -des d iferen tes , qu e con s t itu em a s n a cion a lida des , tor n a n -do in d is pen s á veis s em pre leis a p r opr ia da s a es s es cos tu -

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m es e n eces s ida des . A ca r ida de, porém , des con h ece la t itu -des e n ã o d is t in gu e a cor dos h om en s . Qu a n do, por todapa r te, a lei de Deu s s ervir de ba s e à lei h u m a n a , os povospra t ica rã o en tr e s i a ca r ida de, com o os in d ivídu os . En tã o,viverã o felizes e em pa z, por qu e n en h u m cu ida rá de ca u s a rda n o a o s eu vizin h o, n em de viver a expen s a s dele.”

A Hu m a n ida de p rogr ide, por m eio dos in d ivídu os qu e pou coa pou co s e m elh ora m e in s t ru em . Qu a n do es tes p r epon dera mpelo n ú m er o, tom a m a d ia n teira e a r ra s ta m os ou tros . De tem posa tem pos , s u rgem n o s eio dela h om en s de gên io qu e lh e dã o u mim pu ls o; vêm depois , com o in s t ru m en tos de Deu s , os qu e têma u tor id a d e e, n a lgu n s a n os , fa zem -n a a d ia n ta r -s e d e m u itoss écu los .

O progres so dos povos ta m bém rea lça a ju s t iça da reen ca r -n a çã o. Lou vá veis es forços em prega m os h om en s de bem pa ra con -segu ir qu e u m a n a çã o se a d ia n te, m ora l e in telectu a lm en te. Tra n s -for m a d a , a n a çã o s erá m a is d itos a n es te m u n d o e n o ou t r o,con cebe-se. Ma s , du ra n te a su a m a rch a len ta a tra vés dos s écu los ,m ilh a res de in d ivídu os m orrem todos os d ia s . Qu a l a s or te detodos os qu e s u cu m bem a o lon go do t ra jeto? Pr ivá -los -á , a s u arela t iva in fer ior ida de, da felicida de res erva da a os qu e ch ega m porú lt im o? Ou ta m bém rela t iva s erá a felicida de qu e lh es ca be? Nã oé pos s ível qu e a ju s t iça d ivin a h a ja con s a gra do s em elh a n te in ju s -t iça . Com a p lu ra lida de da s exis tên cia s , é igu a l pa ra todos o d i-r eito à felicida de, porqu e n in gu ém fica p r iva do do p rogres s o. Po-den do, os qu e vivera m a o tem po da ba rba r ia , volta r, n a época daciviliza çã o, a viver n o s eio do m es m o povo, ou de ou tro, é cla roqu e todos t ira m p r oveito da m a rch a a s cen s ion a l.

Ou tra d ificu lda de, n o en ta n to, a p res en ta a qu i o s is tem a dau n icida de da s exis tên cia s . Segu n do es te s is tem a , a a lm a é cr ia dan o m om en to em qu e n a s ce o s er h u m a n o. En tã o, s e u m h om em ém a is a d ia n ta do do qu e ou tro, é qu e Deu s cr iou pa ra ele u m aa lm a m a is a d ia n ta da . Por qu e es s e fa vor? Qu e m er ecim en to temes s e h om em , qu e n ã o viveu m a is do qu e ou tr o, qu e ta lvez h a ja

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vivido m en os , pa ra s er dota do de u m a a lm a s u per ior? Es ta , po-rém , n ã o é a d ificu lda de p r in cipa l. Se os h om en s vives s em u mm ilên io, con ceber -se-ia qu e, n esse período m ilen a r, t ivessem tem pode p rogred ir. Ma s , d ia r ia m en te m orrem cr ia tu ra s em toda s a sida des ; in ces s a n tem en te s e ren ova m n a fa ce do p la n eta , de ta ls or te qu e todos os d ia s a pa rece u m a m u lt idã o dela s e ou tra des a -pa rece. Ao ca bo de m il a n os , já n ã o h á n a qu ela n a çã o ves t ígio des eu s a n t igos h a b ita n tes . Con tu do, de bá rba ra , qu e era , ela s etor n ou policia da . Qu e foi o qu e p rogred iu ? Fora m os in d ivídu osou trora bá rba r os ? Ma s , es s es m orrera m h á m u ito tem po. Ter ia ms ido os recém -ch ega dos ? Ma s , s e s u a s a lm a s fora m cr ia da s n om om en to em qu e eles n a s cera m , es s a s a lm a s n ã o exis t ia m n aépoca da ba rba r ia e forços o s erá en tã o a dm it ir -s e qu e os es forçosqu e s e d es pen d em pa ra civ iliz a r u m povo têm o pod er, n ã o d em elhorar a lm as im perfeitas , porém d e faz er que Deus crie a lm asm ais perfeita s .

Com pa rem os es ta teor ia do p r ogres s o com a qu e os Es p ír i-tos a p res en ta ra m . As a lm a s vin da s n o tem po da civiliza çã o t ive-ra m s u a in fâ n cia , com o toda s a s ou tra s , m as já tinham vivid oantes e vêm a d ia n ta da s por efeito do p rogres s o r ea liza do a n te-r ior m en te. Vêm a t ra ída s por u m m eio qu e lh es é s im pá t ico e qu es e a ch a em rela çã o com o es ta do em qu e a tu a lm en te s e en con -t ra m . De s or te qu e, os cu ida dos d is pen s a dos à civiliza çã o de u mpovo n ã o têm com o con s eqü ên cia fa zer qu e, de fu tu ro, s e cr iema lm a s m a is per feita s ; têm , s im , o de a t ra ir a s qu e já p rogred ira m ,qu er ten h a m vivido n o s eio do povo qu e s e figu ra , a o tem po das u a ba rba r ia , qu er ven h a m de ou tra pa r te. Aqu i s e n os depa raigu a lm en te a ch a ve do p rogres s o da Hu m a n ida de in teira . Qu a n -do todos os povos es t iverem n o m es m o n ível, n o toca n te a o s en t i-m en to do bem , a Terra s erá pon to de reu n iã o exclu s iva m en te debon s Es p ír itos , qu e viverã o fra ter n a lm en te u n idos . Os m a u s , s en -t in do-s e a í repelidos e des loca dos , irã o p r ocu ra r, em m u n dosin fer iores , o m eio qu e lh es con vém , a té qu e s eja m d ign os de vol-ver a o n os s o, en tã o t ra n s for m a do. Da teor ia vu lga r a in da res u ltaqu e os t ra ba lh os de m elh or ia s ocia l s ó à s gera ções p res en tes e

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fu tu ra s a p r oveita m , s en do de res u lta dos n u los pa ra a s gera çõespa s s a da s , qu e com etera m o er ro de vir m u ito cedo e qu e fica ms en do o qu e podem s er, s ob r eca rrega da s com o pes o de s eu s a tosde ba rba r ia . Segu n do a dou tr in a dos Es p ír itos , os p r ogres s os u l-ter ior es a p roveita m igu a lm en te à s gera ções p retér ita s , qu e vol-ta m a viver em m elh or es con d ições e podem a s s im a per feiçoa r -s en o foco da civiliza çã o. (222)

CIVILIZAÇÃO

7 9 0 . É u m progres s o a civ iliz a çã o ou , com o o en ten d emalguns filós ofos , um a d ecad ência d a Hum anid ad e?

“Progres s o in com pleto. O h om em n ã o pa s s a s u b ita -m en te da in fâ n cia à m a du reza .”

a) — S erá raciona l cond enar-s e a civiliz ação?

“Con den a i a n tes os qu e dela a bu s a m e n ã o a ob ra deDeu s .”

7 9 1 . Apurar-s e-á a lgum d ia a civiliz ação, d e m od o a faz erque d es apareçam os m a les que ha ja prod uz id o?

“Sim , qu a n do o m ora l es t iver tã o des en volvido qu a n toa in teligên cia . O fru to n ã o pode s u rgir a n tes da flor.”

7 9 2 . Por que não efetua a civiliz ação, im ed ia tam ente, tod o obem que pod eria prod uz ir?

“Porqu e os h om en s a in da n ã o es tã o a p tos n em d is pos -tos a a lca n çá -lo.”

a) — Não s erá tam bém porque, criand o novas neces s i-d ad es , s us cita pa ixões novas ?

“É, e a in da porqu e n ã o p r ogr idem s im u lta n ea m en tetoda s a s fa cu lda des do Es p ír ito. Tem po é p r ecis o pa ra tu do.

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De u m a civiliza çã o in com pleta n ã o podeis es pera r fru tosper feitos .” (751-780)

7 9 3 . Por que ind ícios s e pod e reconhecer um a civiliz açãocom pleta?

“Recon h ecê-la -eis pelo des en volvim en to m ora l. Credesqu e es ta is m u ito a d ia n ta dos , porqu e ten des feito gra n desdes cober ta s e ob t ido m a ra vilh os a s in ven ções ; porqu e vosa loja is e ves t is m elh or do qu e os s elva gen s . Toda via , n ã otereis verda deira m en te o d ireito de d izer -vos civiliza dos ,s en ã o qu a n do de vos s a s ocieda de h ou verdes ba n ido os ví-cios qu e a des on ra m e qu a n do viverdes com o ir m ã os , p ra t i-ca n do a ca r ida de cr is tã . Até en tã o, s ereis a pen a s povos es -cla recidos , qu e h ão percorrido a prim eira fa se da civilização.”

A civiliza çã o, com o toda s a s cois a s , a p res en ta gra da ções d i-vers a s . Um a civiliza çã o in com pleta é u m es ta do t ra n s itór io, qu egera m a les es pecia is , des con h ecidos do h om em n o es ta do p r im i-t ivo. Nem por is s o, en t reta n to, con s t itu i m en os u m p rogr es s on a tu ra l, n eces s á r io, qu e t ra z con s igo o rem éd io pa ra o m a l qu eca u s a . À m ed ida qu e a civiliza çã o s e a per feiçoa , fa z ces s a r a lgu n sd os m a les qu e gerou , m a les qu e d es a p a r ecerã o tod os com op rogres s o m ora l.

De du a s n a ções qu e ten h a m ch ega do a o á p ice da es ca la s o-cia l, s om en te pode con s idera r -s e a m a is civiliza da , n a legít im aa cepçã o do ter m o, a qu ela on de exis ta m en os egoís m o, m en os co-b iça e m en os orgu lh o; on de os h á b itos s eja m m a is in telectu a is em ora is do qu e m a ter ia is ; on de a in teligên cia s e pu der des en vol-ver com m a ior liberda de; on de h a ja m a is bon da de, boa -fé, ben e-volên cia e gen eros ida de recíp r oca s ; on de m en os en ra iza dos s em os trem os p recon ceitos de ca s ta e de n a s cim en to, por is s o qu eta is p recon ceitos s ã o in com pa t íveis com o verda deir o a m or dopróxim o; on de a s leis n en h u m pr ivilégio con s a grem e s eja m a sm es m a s , a s s im pa ra o ú lt im o, com o pa ra o p r im eiro; on de com

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m en os pa r cia lida de s e exerça a ju s t iça ; on de o fra co en con tres em p r e a m p a ro con t r a o for t e; on d e a vid a d o h om em , s u a scren ça s e op in iões s eja m m elh or m en te res peita da s ; on de exis tam en or n ú m ero de des gra ça dos ; en fim , on de todo h om em de boavon ta de es teja cer to de lh e n ã o fa lta r o n eces s á r io.

PROGRES S O DA LEGIS LAÇÃO HUMANA

7 9 4 . Pod eria a s ocied ad e reger-s e un icam en te pelas le isna tura is , s em o concurs o d as leis hum anas ?

“Poder ia , s e todos a s com preen des s em bem . Se os h o-m en s a s qu is es s em pra t ica r, ela s ba s ta r ia m . A s ocieda de,p or ém , t em s u a s exigên cia s . S ã o-lh e n eces s á r ia s le ises pecia is .”

7 9 5 . Qual a caus a d a ins tabilid ad e d as leis hum anas ?

“Na s época s de ba rba r ia , s ã o os m a is for tes qu e fa zema s leis e eles a s fizera m pa ra s i. À p roporçã o qu e os h om en sfora m com preen den do m elh or a ju s t iça , in d is pen s á vel s etor n ou a m od ifica çã o dela s . Qu a n to m a is s e a p roxim a m davera ju s t iça , ta n to m en os in s tá veis s ã o a s leis h u m a n a s ,is to é, ta n to m a is es tá veis s e vã o tor n a n do, con for m e vã os en do feita s pa ra todos e s e iden t ifica m com a lei n a tu ra l.”

A civiliza çã o cr iou n eces s ida des n ova s pa ra o h om em , n e-ces s ida des rela t iva s à pos içã o s ocia l qu e ele ocu pe. Tem -s e en tã oqu e r egu la r, por m eio de leis h u m a n a s , os d ireitos e dever es des -s a pos içã o. Ma s , in flu en cia do pela s s u a s pa ixões , ele n ã o ra ro h ácr ia do d ireitos e deveres im a gin á r ios , qu e a lei n a tu ra l con den a equ e os povos r is ca m de s eu s cód igos à m ed ida qu e p rogr idem . Alei n a tu ra l é im u tá vel e a m es m a pa ra todos ; a lei h u m a n a éva r iá vel e p r ogres s iva . Na in fâ n cia da s s ocieda des , es ta s ó pôdecon s a gra r o d ir eito do m a is for te.

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7 9 6 . No es tad o a tua l d a s ocied ad e, a s everid ad e d as leispena is não cons titu i um a neces s id ad e?

“Um a s ocieda de depra va da cer ta m en te p recis a de leiss evera s . In felizm en te, es s a s leis m a is s e des t in a m a pu n ir om a l depois de feito, do qu e a lh e s eca r a fon te. Só a edu ca -çã o poderá refor m a r os h om en s , qu e, en tã o, n ã o p recis a -rã o m a is de leis tã o r igoros a s .”

7 9 7 . Com o pod erá o hom em s er levad o a reform ar s uas leis ?

“Is s o ocorr e n a tu ra lm en te, pela força m es m a da s coi-s a s e da in flu ên cia da s pes s oa s qu e o gu ia m n a s en da doprogr es s o. Mu ita s já ele r efor m ou e m u ita s ou tra s r efor m a -rá . Es pera !”

INF LUÊNCIA DO ES PIRITIS MO NO PROGRES S O

7 9 8 . O Es piritis m o s e tornará crença com um , ou ficará s end opartilhad o, com o crença, apenas por a lgum as pes s oas ?

“Certam en te qu e se torn a rá cren ça gera l e m arca rá n ovaera n a h is tória da h u m a n ida de, porqu e es tá n a n a tu reza ech egou o tem po em qu e ocu pa rá lu ga r en tre os con h ecim en -tos h u m a n os . Terá , n o en ta n to, qu e su s ten ta r gra n des lu -ta s , m a is con tra o in ter es s e, do qu e con tra a con vicçã o,por qu a n to n ã o h á com o d is s im u la r a exis tên cia de pes s oa sin teres s a da s em com ba tê-lo, u m a s por a m or -p rópr io, ou -t ras por cau sas in teiram en te m ateria is . Porém , com o virão afica r in s u la d os , s eu s con t ra d itor es s e s en t irã o força d osa pen sar com o os dem ais , sob pen a de se tor n arem ridícu los .”

As idéia s s ó com o tem po s e t ra n s for m a m ; n u n ca de s ú b ito.De gera çã o em gera çã o, ela s s e en fra qu ecem e a ca ba m por des a -pa recer, pa u la t in a m en te, com os qu e a s p r ofes s a va m , os qu a is

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vêm a s er s u bs t itu ídos por ou tros in d ivídu os im bu ídos de n ovospr in cíp ios , com o s u cede com a s idéia s polít ica s . Vede o pa ga n is -m o. Nã o h á h oje m a is qu em p r ofes s e a s idéia s religios a s dos tem -pos pa gã os . Toda via , m u itos s écu los a pós o a dven to do Cr is t ia -n is m o, dela s a in da res ta va m ves t ígios , qu e s om en te a com pletaren ova çã o da s ra ça s con s egu iu a pa ga r. As s im s erá com o Es p ir i-t is m o. Ele p rogr ide m u ito; m a s , du ra n te du a s ou t rês gera ções ,a in da h a verá u m fer m en to de in credu lida de, qu e u n ica m en te otem po a n iqu ila rá . Su a m a rch a , porém , s erá m a is céler e qu e a doCris t ia n is m o, por qu e o p rópr io Cr is t ia n is m o é qu em lh e a b re oca m in h o e s erve de a poio. O Cr is t ia n is m o t in h a qu e des t ru ir ;o Es p ir it is m o s ó tem qu e ed ifica r.

7 9 9 . De que m aneira pod e o Es piritis m o con tribu ir para oprogres s o?

“Des tru in do o m a ter ia lis m o, qu e é u m a da s ch a ga s das ocieda de, ele fa z qu e os h om en s com pr een da m on de s een con tra m s eu s ver da deir os in teres s es . Deixa n do a vidafu tu ra de es ta r vela da pela dú vida , o h om em per ceberá m e-lh or qu e, por m eio do p r es en te, lh e é da do p repa ra r o s eufu tu r o. Abolin do os p reju ízos de s eita s , ca s ta s e cores , en -s in a a os h om en s a gra n de s olida r ieda de qu e os h á de u n ircom o ir m ã os .”

8 0 0 . Nã o s erá d e tem er qu e o Es p iritis m o n ã o con s igatriun far d a negligência d os hom ens e d o s eu apego àscois as m a teria is ?

“Con h ece bem pou co os h om en s qu em im a gin e qu eu m a ca u s a qu a lqu er os pos s a t ra n s for m a r com o qu e poren ca n to. As idéia s s ó pou co a pou co s e m od ifica m , con for -m e os in d ivídu os , e p r ecis o é qu e a lgu m a s gera ções pa s -sem , pa ra qu e se a pa gu em tota lm en te os ves tígios dos ve-lh os h á bitos . A tra n s for m a çã o, pois , som en te com o tem po,

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gra du a l e progr es s iva m en te, s e pode opera r. Pa ra ca da gera -çã o u m a pa rte do véu se d is s ipa . O Espir it ism o vem ra sgá -lode a lto a ba ixo. En tr eta n to, con segu is se ele u n ica m en te cor -r igir n u m h om em u m ú n ico defeito qu e fos s e e já o h a ver iaforça do a da r u m pa s s o. Ter -lh e-ia feito, s ó com is s o, gra n -de bem , pois es s e p r im eiro pa s s o lh e fa cilita rá os ou tr os .”

8 0 1 . Por qu e n ã o en s in a ra m os Es p íritos , em tod os ostem pos , o que ens inam hoje?

“Nã o en s in a is à s cr ia n ça s o qu e en s in a is a os a du ltos en ã o da is a o r ecém -n a s cido u m a lim en to qu e ele n ã o pos s ad iger ir. Ca da cois a tem s eu tem po. Eles en s in a ra m m u ita scois a s qu e os h om en s n ã o com preen dera m ou a du ltera -ra m , m a s qu e podem com preen der a gora . Com s eu s en s i-n os , em bora in com pletos , p r epa ra ra m o ter ren o pa ra r ece-ber a s em en te qu e va i fru t ifica r.”

8 0 2 . Vis to que o Es piritis m o tem que m arcar um progres s od a Hum anid ad e, por que não apres s am os Es píritoses s e progres s o, por m eio d e m an ifes tações tão gene-ra liz ad as e pa ten tes , que a convicção penetre a té nosm ais incréd u los ?

“Des eja r íeis m ila gr es ; m a s , Deu s os es pa lh a a m a n -ch eia s d ia n te dos vos s os pa s s os e, n o en ta n to, a in da h áh om en s qu e o n ega m . Con s egu iu , porven tu ra , o p rópr ioCris to con ven cer os s eu s con tem porâ n eos , m edia n te os pro-d ígios qu e operou ? Nã o con h eceis p r es en tem en te a lgu n squ e n ega m os fa tos m a is pa ten tes , ocorr idos à s s u a s vis -ta s ? Nã o h á os qu e d izem qu e n ã o a cred ita r ia m , m es m oqu e vis s em ? Nã o; n ã o é por m eio de p rod ígios qu e Deu squ er en ca m in h a r os h om en s . Em s u a bon da de, ele lh esdeixa o m ér ito de s e con ven cerem pela ra zã o.”

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C A P Í T U L O I X

⌃⇤ ⇧�⇥ ⌥� ⇥�⌅⇤⇧⌥⇤⌥�• Igua ld ad e na tura l• Des igua ld ad e d as aptid ões• Des igua ld ad es s ocia is• Des igua ld ad e d as riquez as• As provas d e riquez a e d e m is éria• Igua ld ad e d os d ireitos d o hom em e d a m ulher• Igua ld ad e peran te o túm ulo

IGUALDADE NATURAL

8 0 3 . Peran te Deus , s ão igua is tod os os hom ens ?

“Sim , todos ten dem pa ra o m es m o fim e Deu s fez s u a sleis p a ra tod os . Dizeis fr eqü en tem en te: ‘O Sol lu z p a ratodos ’ e en u n cia is a s s im u m a verda de m a ior e m a is gera ldo qu e pen s a is .”

Todos os h om en s es tã o s u bm et idos à s m es m a s leis da Na -tu r eza . Todos n a s cem igu a lm en te fra cos , a ch a m -s e s u jeitos à sm es m a s dor es e o corpo do r ico s e des t rói com o o do pobre. Deu sa n en h u m h om em con ced eu s u p er ior id a d e n a tu ra l, n em p elon a s cim en to, n em pela m or te: todos , a os s eu s olh os , s ã o igu a is .

DES IGUALDADE DAS APTIDÕES

8 0 4 . Por qu e n ã o ou torgou Deu s a s m es m a s a ptid ões atod os os hom ens ?

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“Deu s cr iou igu a is todos os Es p ír itos , m a s ca da u mdes tes vive h á m a is ou m en os tem po, e, con s egu in tem en te,tem feito m a ior ou m en or s om a de a qu is ições . A d iferen çaen tre eles es tá n a d ivers ida de dos gra u s da exper iên ciaa lca n ça da e da von ta de com qu e obra m , von ta de qu e é olivre-a rb ít r io. Da í o s e a per feiçoa r em u n s m a is ra p ida m en -te do qu e ou tros , o qu e lh es dá a p t idões d ivers a s . Neces s á -r ia é a va r ieda de da s a p t idões , a fim de qu e ca da u m pos s acon correr pa ra a execu çã o dos des ígn ios da Providên cia , n olim ite do desen volvim en to de su as forças fís icas e in telectu ais .O qu e u m n ã o fa z, fá -lo ou tro. Ass im é qu e ca da qu a l temseu pa pel ú t il a desem pen h a r. Dem a is , s en do s olid ários en -tre s i tod os os m und os , n eces s á r io s e tor n a qu e os h a b ita n -tes dos m u n dos s u per ior es , qu e, n a s u a m a ior ia , fora mcr ia dos a n tes do vos s o, ven h a m h a b itá -lo, pa ra vos da r oexem plo.” (361)

8 0 5 . Pas s ando de um m undo s uperior a outro inferior, cons er-va o Es pírito, integralm ente, as faculdades adquiridas ?

“Sim , já tem os d ito qu e o Es p ír ito qu e p rogr ed iu n ã oret r ocede. Poderá es colh er, n o es ta do de Es p ír ito livr e, u min vólu cro m a is gros s eir o, ou pos içã o m a is p recá r ia do qu ea s qu e já teve, porém tu do is s o pa ra lh e s ervir de en s in a -m en to e a ju dá -lo a p rogr ed ir.” (180)

As s im , a d ivers ida de da s a p t idões en tre os h om en s n ã o de-r iva da n a tu reza ín t im a da s u a cr ia çã o, m a s do gra u de a per fei-çoa m en to a qu e ten h a m ch ega do os Es p ír itos en ca r n a dos n eles .Deu s , por ta n to, n ã o criou fa cu lda des des igu a is ; per m itiu , porém ,qu e os Espír itos em gra u s d iversos de desen volvim en to es t ives semem con ta cto, pa ra qu e os m a is a d ia n ta dos pu dessem a u xilia r op rogres s o dos m a is a t ra s a dos e ta m bém pa ra qu e os h om en s ,

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n eces s ita n do u n s dos ou tros , com preen des s em a lei de ca r ida dequ e os deve u n ir.

DES IGUALDADES S OCIAIS

8 0 6 . É lei d a natureza a d es iguald ad e d as cond ições s ocia is ?

“Nã o; é ob ra do h om em e n ã o de Deu s .”

a) — Algum d ia es s a d es igua ld ad e d es aparecerá?

“Eter n a s s om en te a s leis de Deu s o s ã o. Nã o vês qu ed ia a d ia ela gra du a lm en te s e a pa ga ? Des a pa recerá qu a n doo egoís m o e o orgu lh o deixa rem de p r edom in a r. Res ta ráa pen a s a des igu a lda de do m erecim en to. Dia virá em qu e osm em br os da gra n de fa m ília dos filh os de Deu s deixa rã o decon s idera r -s e com o de s a n gu e m a is ou m en os pu ro. Só oEs p ír ito é m a is ou m en os pu r o e is s o n ã o depen de da pos i-çã o s ocia l.”

8 0 7 . Que s e d eve pens ar d os que abus am d a s uperiorid ad ed e s uas pos ições s ocia is , para , em proveito próprio,oprim ir os fracos ?

“Merecem a n á tem a ! Ai deles ! Serã o, a s eu tu r n o, op r i-m idos : renas cerão n u m a exis tên cia em qu e terã o de s ofrertu do o qu e t iver em feito s ofr er a os ou tros .” (684)

D E S IGUALD AD E D AS R IQUE ZAS

8 0 8 . A d es igua ld ad e d as riquez as não s e originará d a d asfacu ld ad es , em virtud e d a qua l uns d is põem d e m aism eios d e ad qu irir bens d o que ou tros ?

“Sim e n ã o. Da velh a ca r ia e do rou bo, qu e d izes ?”

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a) — Ma s , a riqu ez a h erd a d a , es s a n ã o é fru to d epa ixões m ás .

“Qu e sabes a es se respeito? Bu sca a fon te de ta l r iqu ezae verá s qu e n em sem pre é pu ra . Sa bes , porven tu ra , s e n ã ose origin ou de u m a espolia çã o ou de u m a in ju s tiça ? Mesm o,porém , sem fa la r da origem , qu e pode ser m á , a credita s qu ea cobiça da r iqu eza , a in da qu a n do bem a dqu ir ida , os dese-jos s ecretos de possu í-la o m a is depres sa poss ível, s eja msen tim en tos lou váveis? Is so o qu e Deu s ju lga e eu te a s segu -ro qu e o seu ju ízo é m a is s evero qu e o dos h om en s .”

8 09 . Aos que, m ais tard e, herd am um a riquez a in icia lm en tem al ad quirid a , a lgum a res pons abilid ad e cabe por es s efa to?

“É fora de dú vida qu e n ã o s ã o r es pon s á veis pelo m a lqu e ou tros h a ja m feito, s ob retu do s e o ign ora m , com o épos s ível qu e a con teça . Ma s , fica s a ben do qu e, m u ita s ve-zes , a r iqu eza s ó vem ter à s m ã os de u m h om em , pa ra lh eproporcion a r en s ejo de r epa ra r u m a in ju s t iça . Feliz dele, s ea s s im o com p r een d e! Se a fizer em n om e d a qu ele qu ecom eteu a in ju s t iça , a a m bos s erá a repa ra çã o leva da emcon ta , porqu a n to, n ã o ra r o, é es te ú lt im o qu em a p r ovoca .”

8 1 0 . S em quebra d a lega lid ad e, quem quer que s eja pod ed is por d e s eus bens d e m od o m ais ou m enos eqü ita ti-vo. Aqu e le qu e a s s im p roced er s e rá re s p on s á ve l,d epois d a m orte, pelas d is pos ições que ha ja tom ad o?

“Tod a a çã o p r od u z s eu s fru tos ; d oces s ã o os d a s b oa sa ções , a m a rgos s em p r e os d a s ou t ra s . S em pre , en ten d ei-obem .”

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8 1 1 . S erá pos s ível e já terá exis tid o a igua ld ad e abs olu tad as riquez as ?

“Nã o; n em é pos s ível. A is s o s e opõe a d ivers ida de da sfa cu lda des e dos ca ra cter es .”

a) — Há, no en tan to, hom ens que ju lgam s er es s e orem éd io aos m a les d a s ocied ad e. Que pens a is a res peito?

“Sã o s is tem á t icos es s es ta is , ou a m bicios os ch eios dein veja . Nã o com preen dem qu e a igu a lda de com qu e son h a ms er ia a cu r to p ra zo des feita pela força da s cois a s . Com ba teio egoís m o, qu e é a vos s a ch a ga s ocia l, e n ã o corra is a t rá sde qu im era s .”

8 1 2 . Por n ã o s er pos s íve l a igu a ld a d e d a s riqu ez a s , om es m o s e d ará com o bem -es tar?

“Nã o, m a s o bem -es ta r é rela t ivo e todos poder ia m delegoza r, s e s e en ten des s em con ven ien tem en te, porqu e o ver -da deir o bem -es ta r con s is te em ca da u m em prega r o s eutem po com o lh e a p ra za e n ã o n a execu çã o de t ra ba lh ospelos qu a is n en h u m gos to s en te. Com o ca da u m tem a p t i-dões d ifer en tes , n en h u m tra ba lh o ú t il fica r ia por fa zer. Emtu do exis te o equ ilíb r io; o h om em é qu em o per tu rba .”

a) — S erá pos s ível que tod os s e en tend am ?

“Os h om en s s e en ten derã o qu a n do p ra t ica rem a lei deju s t iça .”

8 1 3 . Há pes s oa s qu e , por cu lpa s u a , ca em n a m is éria .Nenhum a res pons abilid ad e caberá d is s o à s ocied ad e?

“Ma s , cer ta m en te. J á d is s em os qu e a s ocied a d e ém u ita s vezes a p r in cipa l cu lpa da de s em elh a n te cois a . De-

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m a is , n ã o tem ela qu e vela r pela edu ca çã o m ora l dos s eu sm em bros ? Qu a s e s em pr e, é a m á -edu ca çã o qu e lh es fa l-s eia o cr itér io, a o in vés de s u foca r -lh es a s ten dên cia s per -n icios a s .” (685)

AS PROVAS DE RIQUEZA E DE MIS ÉRIA

8 1 4 . Por que Deus a uns conced eu as riquez as e o pod er, e aou tros , a m is éria?

“Pa r a exp er im en t á -los d e m od os d ifer en t es . Alémdis s o, com o s a beis , es s a s p rova s fora m es colh ida s pelosp rópr ios Es p ír itos , qu e n ela s , en treta n to, s u cu m bem comfr eqü ên cia .”

8 1 5 . Qual d as d uas provas é m a is terrível para o hom em , ad a d es graça ou a d a riquez a?

“Sã o-n o ta n to u m a qu a n to ou tra . A m is ér ia p r ovoca a squ eixa s con tra a Providên cia , a r iqu eza in cita a todos osexces s os .”

8 1 6 . Es tand o o rico s u jeito a m aiores ten tações , tam bém nãod is põe, por ou tro lad o, d e m a is m eios d e faz er o bem ?

“Ma s , é ju s ta m en te o qu e n em s em pr e fa z. Tor n a -s eegoís ta , orgu lh os o e in s a ciá vel. Com a r iqu eza , s u a s n eces -s ida des a u m en ta m e ele n u n ca ju lga pos s u ir o ba s ta n tepa ra s i u n ica m en te.”

A a lta pos içã o do h om em n es te m u n do e o ter a u tor ida des obre os s eu s s em elh a n tes s ã o p rova s tã o gra n des e tã o es corre-ga d ia s com o a des gra ça , porqu e, qu a n to m a is r ico e poderos o éele, tan to m ais obrigações tem que cum prir e ta n to m a is a bu n da n -tes s ã o os m eios de qu e d is põe pa ra fa zer o bem e o m a l. Deu s

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exper im en ta o pobre pela r es ign a çã o e o r ico pelo em prego qu e dáa os s eu s ben s e a o s eu poder.

A r iqu eza e o poder fa zem n a s cer toda s a s pa ixões qu e n osp ren dem à m a tér ia e n os a fa s ta m da per feiçã o es p ir itu a l. Por is s ofoi qu e J es u s d is s e: “Em verda de vos d igo qu e m a is fá cil é pa s s a ru m ca m elo por u m fu n do de a gu lh a do qu e en tra r u m r ico n orein o dos céu s .” (266)

IGUALDADE DOS DIREITOS DO HOMEM E DA MULHER

8 1 7 . S ão igua is peran te Deus o hom em e a m u lher e têm osm es m os d ireitos ?

“Nã o ou torgou Deu s a a m bos a in teligên cia do bem edo m a l e a fa cu lda de de p r ogr ed ir?”

8 1 8 . Don d e provém a in feriorid a d e m ora l d a m u lh er emcertos pa ís es ?

“Do p redom ín io in ju s to e cru el qu e s obre ela a s s u m iuo h om em . É r es u lta do da s in s t itu ições s ocia is e do a bu s od a for ça s ob r e a fr a qu eza . E n t r e h om en s m or a lm en t epou co a d ia n ta dos , a força fa z o d ir eito.”

8 1 9 . Com que fim m ais fraca fis icam en te d o que o hom em éa m ulher?

“Pa ra lh e determ in a r fu n ções especia is . Ao h om em , pors er o m a is for te, os t ra ba lh os ru des ; à m u lh er, os t ra ba lh osleves ; a a m b os o d ever d e s e a ju d a r em m u tu a m en te as u por ta r a s p rova s de u m a vida ch eia de a m a rgor.”

8 2 0 . A fraquez a fís ica d a m ulher não a coloca na tura lm en tes ob a d epend ência d o hom em ?

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“Deu s a u n s deu a força , pa ra p roteger em o fra co e n ã opa ra o es cra viza rem .”

Deu s a p r opr iou a orga n iza çã o de ca da s er à s fu n ções qu elh e cu m pre des em pen h a r. Ten do da do à m u lh er m en or força fís i-ca , deu -lh e a o m es m o tem po m a ior s en s ib ilida de, em rela çã o coma delica deza da s fu n ções m a ter n a is e com a fra qu eza dos s er escon fia dos a os s eu s cu ida dos .

8 2 1 . As funções a que a m u lher é d es tinad a pela Na turez aterão im portância tão grand e quan to as d eferid as aohom em ?

“S im , m a ior a t é . É e la qu em lh e d á a s p r im eir a sn oções da vida .”

8 2 2 . S end o igua is peran te a lei d e Deus , d evem os hom enss er igua is tam bém peran te as leis hum anas ?

“O p r im eiro p r in cíp io de ju s t iça é es te: Nã o fa ça is a osou tros o qu e n ã o qu er er íeis qu e vos fizes s em .”

a) — As s im s end o, um a legis lação, para s er perfeita -m en te ju s ta , d eve cons agrar a igua ld ad e d os d ireitos d ohom em e d a m ulher?

“Dos d ir eitos , s im ; da s fu n ções , n ã o. Preciso é qu e ca dau m es teja n o lu ga r qu e lh e com pete. Ocu pe-s e do exter ior oh om em e do in ter ior a m u lh er, ca da u m de a cordo com as u a a p t idã o. A lei h u m a n a , pa ra s er eqü ita t iva , deve con s a -gra r a igu a lda de dos d ireitos do h om em e da m u lh er. Todopr ivilégio a u m ou a ou tro conced id o é con trário à ju s tiça . Aem ancipação d a m ulher acom panha o progres s o d a civiliz a -ção. Su a es cra viza çã o m a rch a de pa r com a ba rba r ia . Oss exos , a lém d is s o, s ó exis tem n a orga n iza çã o fís ica . Vis toqu e os Es p ír itos podem en ca r n a r n u m e n ou tr o, s ob es s e

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a s pecto n en h u m a d iferen ça h á en tr e eles . Devem , por con -s egu in te, goza r dos m es m os d ireitos .”

IGUALDADE PERANTE O TÚMULO

8 2 3 . Dond e nas ce o d es ejo que o hom em s ente d e perpetuars ua m em ória por m eio d e m onum en tos fúnebres ?

“Últ im o a to de orgu lh o.”

a) — Mas a s untuos id ad e d os m onum entos fúnebres nãoé antes d evid a , as m ais d as vezes , aos parentes d o d efunto,que lhe querem honrar a m em ória , d o que ao próprio d efunto?

“Orgu lh o dos pa ren tes , des ejos os de s e glor ifica r em as i m es m os . Oh ! s im , n em s em pre é pelo m orto qu e s e fa zemtoda s es s a s dem on s tra ções . E la s s ã o feita s por a m or -p ró-p r io e pa ra o m u n do, bem com o por os ten ta çã o de r iqu eza .Su pões , porven tu ra , qu e a lem bra n ça de u m s er qu er idodu r e m en os n o cora çã o do pobre, qu e n ã o lh e pode coloca rsobre o tú m u lo sen ã o u m a s in gela flor? Su pões qu e o m á r -m ore sa lva do esqu ecim en to a qu ele qu e n a Terra foi in ú til?”

8 2 4 . Reprova is en tã o, d e m od o a bs olu to, a pom pa d osfunera is ?

“Nã o; qu a n do s e ten h a em vis ta h on ra r a m em ória deu m h om em de bem , é ju s to e de bom exem plo.”

O tú m u lo é o pon to de reu n iã o de todos os h om en s . Aí ter -m in a m in elu ta velm en te toda s a s d is t in ções h u m a n a s . Em vã oten ta o r ico perpetu a r a s u a m em ória , m a n da n do er igir fa u s tos osm on u m en tos . O tem po os des t ru irá , com o lh e con s u m irá o corpo.As s im o qu er a Na tu reza . Men os perecível do qu e o s eu tú m u los erá a lem bra n ça de s u a s a ções boa s e m á s . A pom pa dos fu n e-r a is n ã o o lim p a rá d a s s u a s t orp eza s , n em o fa r á s u b ir u mdegra u qu e s eja n a h iera rqu ia es p ir itu a l. (320 e s egu in tes )

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C A P Í T U L O X

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• Liberd ad e na tura l• Es cravid ão• Liberd ad e d e pens ar• Liberd ad e d e cons ciência• Livre-arbítrio• Fata lid ad e• Conhecim en to d o fu turo• Res um o teórico d o m óvel d as ações hum anas

LIBERDADE NATURAL

8 2 5 . Haverá no m und o pos ições em que o hom em pos s ajactar-s e d e goz ar d e abs olu ta liberd ad e?

“Nã o, por qu e todos p recis a is u n s dos ou tros , a s s im ospequ en os com o os gra n des .”

8 2 6 . Em que cond ições pod eria o hom em goz ar d e abs olu taliberd ad e?

“Na s do er em ita n o des er to. Des d e que jun tos es tejamd ois h om en s , h á en tre e les d ire itos recíprocos qu e lh escum pre res peitar; não m ais , portan to, qua lquer d eles goz ad e liberd ad e abs olu ta .”

8 2 7 . A obriga çã o d e res peita r os d ireitos a lh eios tira a ohom em o d e pertencer-s e a s i m es m o?

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“De m odo a lgu m , porqu a n to es te é u m d ireito qu e lh evem da n a tu r eza .”

8 2 8 . Com o s e pod em concilia r as opin iões libera is d e certoshom ens com o d es potis m o que cos tum am exercer nos eu lar e s obre os s eus s ubord inad os ?

“Eles têm a com preen s ã o da lei n a tu ra l, m a s con tra -ba la n ça da pelo orgu lh o e pelo egoís m o. Qu a n do n ã o r ep re-s en ta m ca lcu la da m en te u m a com édia , s u s ten ta n do p r in cí-p ios libera is , com pr een dem com o a s cois a s devem s er, m a sn ã o a s fa zem a s s im .”

a) — S er-lhes -ão, na ou tra vid a , levad os em con ta osprincípios que profes s aram nes te m und o?

“Q u a n t o m a is in t e l igê n c ia t e m o h o m e m p a r acom pr een der u m pr in cíp io, ta n to m en os es cu s á vel é de on ã o a p lica r a s i m es m o. Em ver da de vos d igo qu e o h om ems im ples , porém s in cer o, es tá m a is a d ia n ta do n o ca m in h ode Deu s , do qu e u m qu e p r eten da pa recer o qu e n ã o é.”

ESCRAVIDÃO

829 . Haverá hom ens que es tejam , por na turez a , d es tina -d os a s er propried ad es d e ou tros hom ens ?

“É con trá r ia à lei de Deu s toda s u jeiçã o a bs olu ta deu m h om em a ou tr o h om em . A es cra vidã o é u m a bu s o daforça . Des a pa rece com o p r ogr es s o, com o gra da t iva m en tedes a pa recerã o todos os a bu s os .”

É con trá r ia à Na tu reza a lei h u m a n a qu e con s a gra a es cra -vidã o, pois qu e a s s em elh a o h om em a o ir ra cion a l e o degra dafís ica e m ora lm en te.

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8 3 0 . Quand o a es cravid ão faz parte d os cos tum es d e umpovo, s ão cens uráveis os que d ela aproveitam , em boras ó o façam con form and o-s e com um us o que lhes pare-ce na tura l?

“O m a l é s em pre o m a l e n ã o h á s ofis m a qu e fa ça s etor n e boa u m a a çã o m á . A res pon s a b ilida de, porém , do m a lé r e la t iva a os m eios d e qu e o h om em d is p on h a p a r acom preen dê-lo. Aqu ele qu e t ira p r oveito da lei da es cra vi-dã o é s em pr e cu lpa do de viola çã o da lei da Na tu reza . Ma s ,a í, com o em tu do, a cu lpa b ilida de é rela t iva . Ten do-s e aes cra vidã o in t rodu zido n os cos tu m es de cer tos povos , pos -s ível s e tor n ou qu e, de boa -fé, o h om em s e a p r oveita s s edela com o de u m a cois a qu e lh e pa recia n a tu ra l. En tr eta n -to, des de qu e, m a is des en volvida e, s ob retu do, es cla recidapela s lu zes do Cr is t ia n is m o, s u a ra zã o lh e m os tr ou qu e oes cra vo era u m s eu igu a l pera n te Deu s , n en h u m a des cu lpam a is ele tem .”

8 3 1 . A d e s igu a ld a d e n a tu ra l d a s a p tid õe s n ã o colocacertas raças hum anas s ob a d epend ência d as raçasm ais in teligen tes ?

“Sim , m a s pa ra qu e es ta s a s elevem , n ã o pa ra em bru -tecê-la s a in da m a is pela es cra viza çã o. Du ra n te lon go tem -po, os h om en s con s idera m cer ta s ra ça s h u m a n a s com oa n im a is de t ra ba lh o, m u n idos de b ra ços e m ã os , e s e ju lga -ra m com o d ireito de ven der os des sa s ra ça s com o bes ta s deca rga . Con s idera m -se de sa n gu e m a is pu ro os qu e a s s improcedem . In sen sa tos ! n a da vêem sen ã o a m a téria . Ma is oum en os pu ro n ã o é o s a n gu e, porém o Espír ito.” (361-803)

8 3 2 . Há, no en tan to, hom ens que tra tam s eus es cravos comhum anid ad e; que não d eixam lhes fa lte nad a e acred i-

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tam que a liberd ad e os exporia a m a iores privações .Que d iz eis d is s o?

“Digo qu e es s es com preen dem m elh or os s eu s in teres -s es . Igu a l cu ida do d is pen s a m a os s eu s bois e ca va los , pa raqu e ob ten h a m bom pr eço n o m erca do. Nã o s ã o tã o cu lpa -dos com o os qu e m a lt ra ta m os es cra vos , m a s , n em por is s odeixa m de d is por deles com o de u m a m erca dor ia , p r iva n -do-os do d ir eito de s e per ten cerem a s i m es m os .”

LIBERDADE DE PENS AR

8 3 3 . Haverá no hom em algum a cois a que es cape a todo cons -trangim ento e pela qual goze ele d e abs olu ta liberd ad e?

“No pen s a m en to goza o h om em de ilim ita da liberda de,pois qu e n ã o h á com o pôr -lh e peia s . Pode-s e-lh e deter ovôo, porém , n ã o a n iqu ilá -lo.”

8 3 4 . É res pons ável o hom em pelo s eu pens am en to?

“Per a n te Deu s , é . Som en te a Deu s s en d o p os s ívelcon h ecê-lo, ele o con den a ou absolve, segu n do a su a ju s tiça .”

LIBERDADE DE CONS CIÊNCIA

8 3 5 . S erá a liberd ad e d e cons ciência um a cons eqüência d ad e pens ar?

“A con s ciên cia é u m pen s a m en to ín t im o, qu e per ten cea o h om em , com o todos os ou tr os pen s a m en tos .”

8 3 6 . Tem o hom em d ireito d e pôr em baraços à liberd ad e d econs ciência?

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“Fa lece-lh e ta n to es s e d ir eito, qu a n to com referên cia àliberda de de pen s a r, por is s o qu e s ó a Deu s ca be o de ju lga ra con s ciên cia . As s im com o os h om en s , pela s s u a s leis ,regu la m a s r ela ções de h om em pa ra h om em , Deu s , pela sleis da n a tu reza , r egu la a s r ela ções en tre ele e o h om em .”

8 3 7 . Que é o que res u lta d os em baraços que s e oponham àliberd ad e d e cons ciência?

“Con s tra n ger os h om en s a p roceder em em des a cor docom o s eu m odo de pen s a r, fa zê-los h ipócr ita s . A liber da dede con s ciên cia é u m dos ca ra cter es da verda deira civiliza -çã o e do p rogres s o.”

8 3 8 . S erá res peitável tod a e qua lquer crença , a ind a quand onotoriam en te fa ls a?

“Toda cr en ça é res peitá vel, qu a n do s in cera e con du -cen te à p rá t ica do bem . Con den á veis s ã o a s cren ça s qu econ du za m a o m a l.”

8 3 9 . S erá repreens ível aquele que es cand a liz e com a s uacrença um ou tro que não pens a com o ele?

“Isso é fa lta r com a ca ridade e a ten ta r con tra a liberdadede pen s a m en to.”

840 . Será atentar contra a liberdade de cons ciência pôr óbicesa crenças capazes de caus ar perturbações à s ociedade?

“Podem r eprim ir -s e os a tos , m a s a cr en ça ín t im a éin a ces s ível.”

Repr im ir os a tos exter ior es de u m a cren ça , qu a n do a ca rre-ta m qu a lqu er p reju ízo a ter ceiros , n ã o é a ten ta r con tra a liberda -

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de de con s ciên cia , pois qu e es s a r ep res s ã o em n a da t ira à cr en çaa liberda de, qu e ela con s erva in tegra l.

8 4 1 . Para res peitar a liberd ad e d e cons ciência , d ever-s e-ád eixar que s e propaguem d ou trinas pern icios as , oup od er-s e -á , s em a ten ta r con tra a qu e la lib e rd a d e ,procu ra r tra z er a o ca m in h o d a verd a d e os qu e s etrans viaram obed ecend o a fa ls os princípios ?

“Cer ta m en te qu e podeis e a té deveis ; m a s , en s in a i, aexem plo de J es u s , s ervind o-vos d a brand ura e d a pers ua-s ão e n ã o da força , o qu e s er ia p ior do qu e a cr en ça da qu elea qu em des eja r íeis con ven cer. Se a lgu m a cois a s e podeim por, é o bem e a fra tern ida de. Ma s n ã o crem os qu e o m e-lh or m eio de fa zê-los a dm itidos s eja obra r com violên cia .A con vicçã o n ã o s e im põe.”

8 4 2 . Por que ind ícios s e pod erá reconhecer, en tre tod as asd ou trinas que a lim en tam a pretens ão d e s er a expres -s ã o ú n ica d a ve rd a d e , a qu e tem o d ire ito d e s eapres en tar com o ta l?

“Será a qu ela qu e m a is h om en s de bem e m en os h ipó-cr ita s fizer, is to é, pela p rá t ica da lei de a m or n a s u a m a iorpu r eza e n a s u a m a is a m pla a p lica çã o. Es s e o s in a l por qu erecon h ecereis qu e u m a dou tr in a é boa , vis to qu e toda dou -t r in a qu e t iver por efeito s em ea r a des u n iã o e es ta beleceru m a lin h a de s epa ra çã o en tre os filh os de Deu s n ã o podedeixa r de s er fa ls a e per n icios a .”

LIVRE-ARBÍTRIO

84 3 . Tem o hom em o livre-arbítrio d e s eus a tos ?

“Pois qu e tem a liberda de de pen s a r, tem igu a lm en te ade obra r. Sem o livre-a rb ít r io, o h om em s er ia m á qu in a .”

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8 4 4 . Do livre-arbítrio goza o hom em des de o s eu nas cim ento?

“Há liberdade de agir, desde qu e h a ja von tade de fazê-lo.Na s p r im eira s fa s es da vida , qu a s e n u la é a liberda de, qu es e des en volve e m u da de ob jeto com o des en volvim en to da sfa cu lda des . Es ta n do s eu s pen s a m en tos em con cordâ n ciacom o qu e a s u a ida de recla m a , a cr ia n ça a p lica o s eu livre--a rb ít r io à qu ilo qu e lh e é n eces s á r io.”

8 4 5 . Não cons tituem obs tácu los ao exercício d o livre-arbí-trio as pred is pos ições in s tin tivas que o hom em já trazcons igo ao nas cer?

“As p r ed is pos ições in s t in t iva s s ã o a s do Es p ír ito a n tesde en ca r n a r. Con for m e s eja es te m a is ou m en os a d ia n ta do,ela s podem a rra s tá -lo à p rá t ica de a tos rep reen s íveis , n oqu e s erá s ecu n da do pelos Es p ír itos qu e s im pa t iza m comessa s d ispos ições . Nã o h á , porém , a rra s ta m en to ir res is t ível,u m a vez qu e s e ten h a a von ta de de r es is t ir. Lem bra i-vos dequ e qu erer é poder.” (361)

8 4 6 . S obre os a tos d a vid a nenhum a in fluência exerce oorga n is m o? E, s e es s a in flu ên cia ex is te , n ã o s eráexercid a com preju íz o d o livre-arbítrio?

“É in egável qu e sobre o Espírito exerce in flu ên cia a m a-téria , qu e pode em baraçar -lh e as m an ifes tações . Daí vem qu e,n os m u n dos on de os corpos s ã o m en os m a ter ia is do qu e n aTerra , a s fa cu lda des s e des dobra m m a is livrem en te. Porém ,o in s t ru m en to n ã o dá a fa cu lda de. Além d is s o, cu m pr e s ed is t in ga m a s fa cu lda des m ora is da s in telectu a is . Ten do u mh om em o in s t in to do a s s a s s ín io, s eu p rópr io Es p ír ito é,in du b ita velm en te, qu em pos s u i es s e in s t in to e qu em lh odá ; n ã o sã o seu s órgã os qu e lh o dã o. Sem elh a n te a o bru to, e

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a in da p ior do qu e es te, s e tor n a a qu ele qu e n u lifica o s eupen sa m en to, pa ra só se ocu pa r com a m a téria , pois qu e n ã ocu ida m a is de s e p r em u n ir con tra o m a l. Nis to é qu e in cor -r e em fa lta , porqu a n to a s s im p rocede por von ta de s u a .”(Vede n os 367 e segu in tes — “In flu ência do organ ismo”.)

8 4 7 . A a b e rra çã o d a s fa cu ld a d e s t ira a o h om e m o liv re --a rbítrio?

“J á n ã o é s en h or do s eu pen s a m en to a qu ele cu ja in te-ligên cia s e a ch e tu rba da por u m a ca u s a qu a lqu er e, des deen tã o, já n ã o tem liberda de. Es s a a berra çã o con s t itu i m u i-ta s vezes u m a pu n içã o pa ra o Es p ír ito qu e, porven tu ra ,ten h a s ido, n ou tra exis tên cia , fú t il e orgu lh os o, ou ten h afeito m a u u s o de s u a s fa cu lda des . Pode es s e Es p ír ito, emta l ca s o, ren a s cer n o corpo de u m id iota , com o o dés potan o de u m es cra vo e o m a u r ico n o de u m m en d igo. O Es p í-r ito, porém , s ofre por efeito des s e con s tra n gim en to, de qu etem per feita con s ciên cia . Es tá a í a a çã o da m a tér ia .” (371 e

s egu in tes )

8 4 8 . S ervirá d e es cus a aos a tos reprováveis o s er d evid a àem briaguez a aberração d as facu ld ad es in telectua is ?

“Nã o, porqu e foi volu n ta r ia m en te qu e o éb r io s e p r ivouda s u a ra zã o, pa ra s a t is fa zer a pa ixões b ru ta is . Em vez deu m a fa lta , com ete du a s .”

8 4 9 . Qual a facu ld ad e pred om inan te no hom em em es tad od e s elvageria : o in s tin to, ou o livre-arbítrio?

“O in s t in to, o qu e n ã o o im pede de a gir com in teiraliberda de, n o toca n te a cer ta s cois a s . Ma s , a p lica , com o acr ia n ça , es s a liberda de à s s u a s n eces s ida des e ela s e a m -

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p lia com a in teligên cia . Con segu in tem en te, tu , qu e és m a isescla recido do qu e u m selva gem , ta m bém és m a is respon sá -vel pelo qu e fa zes do qu e u m selva gem o é pelos s eu s a tos .”

8 5 0 . A pos ição s ocia l não cons titu i à s vez es , para o hom em ,obs tácu lo à in teira liberd ad e d e s eus a tos ?

“É fora de dú vida qu e o m u n do tem s u a s exigên cia s .Deu s é ju s to e tu do leva em con ta . Deixa -vos , en treta n to, ar es p on s a b ilid a d e d e n en h u m es forço em p r ega rd es p a raven cer os obs tá cu los .”

FATALIDADE

85 1 . H a v e rá fa ta lid a d e n os a con te cim e n tos d a v id a ,con form e ao s en tid o que s e d á a es te vocábu lo? Querd iz er: tod os os acon tecim en tos s ão pred eterm inad os ?E, nes te cas o, que vem a s er d o livre-arbítrio?

“A fa ta lida de exis te u n ica m en te pela es colh a qu e o Es -p ír ito fez, a o en ca r n a r, des ta ou da qu ela p r ova pa ra s ofrer.Escolh en do-a , in s t itu iu pa ra s i u m a espécie de des tin o, qu eé a con seqü ên cia m esm a da pos içã o em qu e vem a a ch a r -secoloca do. Fa lo da s p rova s fís ica s , pois , pelo qu e toca à sp rova s m ora is e à s ten ta ções , o Es p ír ito, con s erva n do olivre-a rb ít r io qu a n to a o bem e a o m a l, é s em pre s en h or deceder ou de res is t ir. Ao vê-lo fra qu ea r, u m bom Es p ír itopode vir -lh e em a u xílio, m a s n ã o pode in flu ir s obr e ele dem a n eira a dom in a r -lh e a von ta de. Um Es p ír ito m a u , is to é,in fer ior, m os tra n do-lh e, exa gera n do a os s eu s olh os u m pe-r igo fís ico, o poderá a ba la r e a m edron ta r. Nem por is s o,en treta n to, a von ta de do Es p ír ito en ca r n a do deixa de s econ s erva r livre de qu a is qu er peia s .”

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8 5 2 . Há pes s oas que parecem pers egu id as por um a fa ta li-d ad e, ind epend ente d a m aneira por que proced em . Nãolhes es tará no d es tino o in fortún io?

“Sã o, ta lvez, p rova s qu e lh es ca iba s ofrer e qu e ela ses colh era m . Porém , a in da a qu i la n ça is à con ta do des t in o oqu e a s m a is da s vezes é a pen a s con s eqü ên cia de vos s a sp rópria s fa lta s . Tra ta de ter pu ra a con sciên cia em m eio dosm a les qu e te a fligem e já ba s ta n te con sola do te s en tirá s .”

As idéia s exa ta s ou fa ls a s qu e fa zem os da s cois a s n os leva ma s er bem ou m a ls u ced idos , de a cor do com o n os s o ca rá ter e an os s a pos içã o s ocia l. Ach a m os m a is s im ples e m en os h u m ilh a n -te pa ra o n os s o a m or -p rópr io a t r ibu ir a n tes à s or te ou a o des t in oos in s u ces s os qu e exper im en ta m os , do qu e à n os s a p rópr ia fa lta .É cer to qu e pa ra is s o con tr ibu i a lgu m a s vezes a in flu ên cia dosEs p ír itos , m a s ta m bém o é qu e podem os s em pre forra r -n os a es s ain flu ên cia , repelin do a s idéia s qu e eles n os s u gerem , qu a n do m á s .

8 5 3 . Algum as pes s oas s ó es capam d e um perigo m ortal paraca ir em ou tro. Pa rece qu e n ã o pod ia m es ca pa r d am orte. Não há n is s o fa ta lid ad e?

“Fa ta l, n o verda deiro s en t ido da pa la vra , s ó o in s ta n teda m orte o é. Ch ega do es s e m om en to, de u m a for m a oudou tra , a ele n ã o podeis fu r ta r -vos .”

a) — As s im , qua lquer que s eja o perigo que nos am eace,s e a hora d a m orte a ind a não chegou , não m orrerem os ?

“Nã o; n ã o perecerá s e ten s d is s o m ilh a res de exem -p los . Qu a n do, porém , s oe a h ora da tu a pa r t ida , n a da po-derá im ped ir qu e pa r ta s . Deu s s a be de a n tem ã o de qu e gê-n er o s erá a m or te do h om em e m u ita s vezes s eu Es p ír itota m bém o s a be, por lh e ter s ido is s o r evela do, qu a n do es co-lh eu ta l ou qu a l exis tên cia .”

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8 5 4 . Do fa to d e s er in fa lível a hora d a m orte, pod er-s e-ád ed uz ir que s ejam inú teis a s precauções que tom em ospara evitá -la?

“Nã o, vis to qu e a s p r eca u ções qu e tom a is vos s ã os u ger ida s com o fito de evita rdes a m or te qu e vos a m ea ça .Sã o u m dos m eios em prega dos pa ra qu e ela n ã o s e dê.”

8 5 5 . Com que fim nos faz a Provid ência correr perigos quenenhum a cons eqüência d evem ter?

“O fa to de s er a tu a vida pos ta em per igo con s t itu i u ma vis o qu e tu m es m o des eja s te, a fim de te des via r es do m a le te tor n a r es m elh or. Se es ca pa s des s e per igo, qu a n do a in -da s ob a im pres s ã o do r is co qu e corr es te, cogita s , m a is oum en os s er ia m en te, de te m elh ora res , con for m e s eja m a isou m en os for te s obre t i a in flu ên cia dos Es p ír itos bon s .Sobrevin do o m a u Espír ito (d igo m a u , su ben ten den do o m a lqu e a in da exis te n ele), en tra s a pen s a r qu e do m es m o m odoes ca pa rá s a ou tros per igos e deixa s qu e de n ovo tu a s pa i-xões s e des en ca deiem . Por m eio dos per igos qu e corr eis ,Deu s vos lem bra a vos s a fra qu eza e a fra gilida de da vos s aexis tên cia . Se exa m in a rdes a ca u s a e a n a tu reza do per igo,ver ifica reis qu e, qu a s e s em pr e, s u a s con s eqü ên cia s ter ia ms ido a pu n içã o de u m a fa lta com et ida ou da negligência nocum prim en to d e um d ever. Deu s , por es s a for m a , exor ta oEs p ír ito a ca ir em s i e a s e em en da r.” (526-532)

8 5 6 . S abe o Es pírito an tecipad am en te d e que gênero s erás ua m orte?

“Sa be qu e o gên er o de vida qu e es colh eu o expõe m a isa m orrer des ta do qu e da qu ela m a n eira . Sa be igu a lm en te

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qu a is a s lu ta s qu e terá de s u s ten ta r pa ra evitá -lo e qu e, s eDeu s o per m it ir, n ã o s u cu m birá .”

8 5 7 . Há hom ens que a frontam os perigos d os com bates , per-s uad id os , d e certo m od o, d e que a hora não lhes che-gou . Haverá a lgum fund am en to para es s a con fiança?

“Mu ito a m iú de tem o h om em o p res s en t im en to do s eufim , com o pode ter o de qu e a in da n ã o m orrerá . Es s e p res -s en t im en to lh e vem dos Es p ír itos s eu s p rotetor es , qu e a s -s im o a dver tem pa ra qu e es teja p r on to a pa r t ir, ou lh e for -t a lecem a cor a gem n os m om en t os em qu e m a is d e lan eces s ita . Pode vir -lh e ta m bém da in tu içã o qu e tem da exis -tên cia qu e es colh eu , ou da m is s ã o qu e a ceitou e qu e s a beter qu e cu m prir.” (411-522)

8 5 8 . Por que raz ão os que pres s en tem a m orte a tem emgera lm en te m enos d o que os ou tros ?

“Qu em tem e a m orte é o h om em , n ã o o Espír ito. Aqu elequ e a p res s en te pen s a m a is com o Es p ír ito do qu e com oh om em . Com preen de ser ela a su a libertação e espera -a .”

8 5 9 . Com tod os os acid en tes , que nos s obrevêm no curs od a vid a , s e d á o m es m o que com a m orte, que não pod es er evitad a , quand o tem d e ocorrer?

“Sã o de ord in á r io cois a s m u ito in s ign ifica n tes , de s or -te qu e vos podem os p r even ir deles e fa zer qu e os eviteisa lgu m a s vezes , d ir igin do o vos s o pen s a m en to, pois n os de-s a gra da m os s ofr im en tos m a ter ia is . Is s o, porém , n en h u m aim por tâ n cia tem n a vida qu e es colh es tes . A fa ta lida de, ver -da deira m en te, s ó exis te qu a n to a o m om en to em qu e deveisa pa r ecer e des a pa r ecer des te m u n do.”

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a) — Haverá fa tos que forços am en te d evam d ar-s e eque os Es píritos não pos s am con jurar, em bora o queiram ?

“Há , m a s qu e tu vis te e p res s en t is te qu a n do, n o es ta -do de Es p ír ito, fizes te a tu a es colh a . Nã o creia s , en tr eta n to,qu e tu d o o qu e s u ced e es t eja es cr ito, com o cos tu m a mdizer. Um a con tecim en to qu a lqu er pode s er a con s eqü ên ciade u m a to qu e p ra t ica s te por tu a livr e von ta de, de ta l s or tequ e, s e n ã o o h ou ves s es p ra t ica do, o a con tecim en to n ã o s eter ia da do. Im a gin a qu e qu eim a s o dedo. Is s o n a da m a is és en ã o res u lta do da tu a im pru dên cia e efeito da m a tér ia . Sóa s gra n des dores , os fa tos im por ta n tes e ca pa zes de in flu irn o m ora l, Deu s os p revê, porqu e s ã o ú teis à tu a depu ra çã oe à tu a in s t ru çã o.”

8 6 0 . Pod e o hom em , pela s ua von tad e e por s eus a tos , faz erque s e não d êem acon tecim en tos que d everiam verifi-car-s e e reciprocam en te?

“Pod e-o, s e es s a a p a r en te m u d a n ça n a or d em d osfa t os t ive r c a b im e n t o n a s e q ü ê n c ia d a vid a q u e e lees colh eu . Acres ce qu e, pa ra fa zer o bem , com o lh e cu m pre,pois qu e is s o con s t itu i o ob jet ivo ú n ico da vida , fa cu lta dolh e é im ped ir o m a l, s ob retu do a qu ele qu e pos s a con corr erpa ra a p rodu çã o de u m m a l m a ior.”

8 6 1 . Ao es colher a s ua exis tência , o Es pírito d aquele quecom ete um as s as s ín io s abia que viria a s er as s as s ino?

“Nã o. Es colh en do u m a vida de lu ta s , s a be qu e teráen s ejo de m a ta r u m de s eu s s em elh a n tes , m a s n ã o s a be s eo fa rá , vis to qu e a o cr im e p r ecederá qu a s e s em pre, de s u apa r te, a delibera çã o de p ra t icá -lo. Ora , a qu ele qu e deliberas obre u m a cois a é s em pre livr e de fa zê-la , ou n ã o. Se s ou -

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bes s e p r evia m en te qu e, com o h om em , ter ia qu e com eteru m cr im e, o Es p ír ito es ta r ia a is s o p r edes t in a do. Fica i,porém , s a ben do qu e n in gu ém h á p r edes t in a do a o cr im e equ e todo cr im e, com o qu a lqu er ou tr o a to, res u lta s em pr eda von ta de e do livr e-a rb ít r io.

“Dem a is , s em pre con fu n d is du a s cois a s m u ito d is t in -ta s : os s u ces s os m a ter ia is da vida e os a tos da vida m ora l.A fa ta lida de, qu e a lgu m a s vezes h á , s ó exis te com r ela çã oà qu eles s u ces s os m a ter ia is , cu ja ca u s a res ide fora de vós equ e in depen dem da vos s a von ta de. Qu a n to a os a tos da vidam ora l, es s es em a n a m s em pre do p rópr io h om em qu e, porcon s egu in te, tem s em pr e a liberda de de es colh er. No toca n -te, pois , a es s es a tos , nunca h á fa ta lida de.”

8 6 2 . Pes s oas exis tem que nunca logram bom êxito em cois aa lgum a, que parecem pers egu id as por um m au gên ioem tod os os s eu s em preen d im en tos . Nã o s e pod echam ar a is s o fa ta lid ad e?

“Será u m a fa ta lida de, s e lh e qu is eres da r es s e n om e,m a s qu e decorr e do gên er o da exis tên cia es colh ida . É qu ees s a s pes s oa s qu is era m s er p r ova da s por u m a vida de de-cepções , a fim de exercita rem a pa ciên cia e a r es ign a çã o.En treta n to, n ã o cr eia s s eja a bs olu ta es s a fa ta lida de. Re-s u lta m u ita s vezes do ca m in h o fa ls o qu e ta is pes s oa s to-m a m , em d is cor dâ n cia com s u a s in teligên cia s e a p t idões .Gra n des p roba b ilida des tem de s e a foga r qu em pr eten dera t ra ves s a r a n a do u m r io, s em s a ber n a da r. O m es m o s e dárela t iva m en te à m a ior ia dos a con tecim en tos da vida . Qu a -s e s em pre ob ter ia o h om em bom êxito, s e s ó ten ta s s e o qu ees t ives s e em r ela çã o com a s s u a s fa cu lda des . O qu e o per -de s ã o o s eu a m or -p rópr io e a s u a a m biçã o, qu e o des via m

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da s en da qu e lh e é p rópr ia e o fa zem con s idera r voca çã o oqu e n ã o pa s s a de des ejo de s a t is fa zer a cer ta s pa ixões . Fra -ca s s a por s u a cu lpa . Ma s , em vez de cu lpa r -s e a s i m es m o,p refer e qu eixa r -s e da s u a es t rela . Um , por exem plo, qu eseria bom operá rio e ga n h a ria h on es ta m en te a vida , m ete-sea s er m a u poeta e m orre de fom e. Pa ra todos h a ver ia lu ga rn o m u n d o, d es d e qu e ca d a u m s ou b es s e coloca r -s e n olu ga r qu e lh e com pete.”

8 6 3 . Os cos tum es s ocia is não obrigam m uitas vez es o ho-m em a envered ar por um cam inho d e preferência a ou -tro e não s e acha ele s ubm etid o à d ireção d a opin iãogera l, quan to à es colha d e s uas ocupações ? O que s echam a res peito hum ano não cons titu i óbice ao exercí-cio d o livre-arbítrio?

“Sã o os h om en s e n ã o Deu s qu em fa z os cos tu m ess ocia is . Se eles a es tes s e s u bm etem , é porqu e lh es con -vêm . Ta l s u b m is s ã o, p or ta n to, r ep res en ta u m a to d e livr e--a rb ít r io, pois qu e, s e o qu is es s em , poder ia m liber ta r -s e des em elh a n te ju go. Por qu e, en tã o, s e qu eixa m ? Fa lece-lh esra zã o pa ra a cu s a rem os cos tu m es s ocia is . A cu lpa de tu dodevem la n çá -la a o tolo a m or -p rópr io de qu e vivem ch eios equ e os fa z p refer irem m orr er de fom e a in fr in gi-los . Nin -gu ém lh es leva em con ta es s e s a cr ifício feito à op in iã o pú -b lica , a o pa s s o qu e Deu s lh es leva rá em con ta o s a cr ifícioqu e fizerem de s u a s va ida des . Nã o qu er is to d izer qu e oh om em deva a fron ta r sem n ecess idade aqu ela opin ião, com ofa zem a lgu n s em qu em h á m a is or igin a lida de do qu e verda -deira filos ofia . Ta n to des a t in o h á em p rocu ra r a lgu ém s era pon ta do a dedo, ou con s idera do a n im a l cu r ios o, qu a n toa cer to em des cer volu n ta r ia m en te e s em m u r m u ra r, des dequ e n ã o pos s a m a n ter -s e n o a lto da es ca la .”

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8 6 4 . As s im com o há pes s oas a quem a s orte em tud o écon trária , ou tras parecem favorecid as por ela , pois quetud o lhes s a i bem . A que a tribu ir is s o?

“De ordin á rio, é qu e essas pessoas sabem con du zir -sem elh or n as su as em presas . Mas , tam bém pode ser u m gên e-ro de prova . O bom êxito as em briaga ; fiam -se n o seu des tin oe m u itas vezes pagam m ais ta rde esse bom êxito, m edian ter evezes cru éis , qu e a p ru dên cia a s ter ia feito evita r.”

865 . Com o s e explica que a boa s orte favoreça a a lgum aspes s oas em circuns tâncias com as quais nad a têm quever a vontad e, nem a in teligência: no jogo, por exem plo?

“Algu n s Espíritos h ão escolh ido previam en te certas es pé-cies de p ra zer. A for tu n a qu e os fa vor ece é u m a ten ta çã o.Aqu ele qu e, com o h om em , ga n h a ; perde com o Es p ír ito. Éu m a p rova pa ra o s eu orgu lh o e pa ra a s u a cu p idez.”

8 6 6 . Então, a fa ta lid ad e que parece pres id ir aos d es tinosm ateria is d e nos s a vid a tam bém é res u ltan te d o nos s olivre-arbítrio?

“Tu m es m o es colh es te a tu a p rova . Qu a n to m a is ru deela for e m elh or a s u por ta res , ta n to m a is te eleva rá s . Osqu e pa s s a m a vida n a a bu n dâ n cia e n a ven tu ra h u m a n as ã o Es p ír itos pu s ilâ n im es , qu e per m a n ecem es ta cion á r ios .As s im , o n ú m ero dos des a for tu n a dos é m u ito s u per ior a odos felizes des te m u n do, a ten to qu e os Es p ír itos , n a s u am a ior ia , p r ocu ra m a s p rova s qu e lh es s eja m m a is p roveito-s a s . E les vêem per feita m en te bem a fu t ilida de da s vos s a sgra n deza s e gozos . Acres ce qu e a m a is d itos a exis tên cia és em pre a gita da , s em pr e per tu rba da , qu a n do m a is n ã o s eja ,pela a u s ên cia da dor.” (525 e s egu in tes )

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8 6 7 . Dond e vem a expres s ão: Nas cer s ob um a boa es trela?

“An tiga s u pers t içã o, qu e p r en d ia à s es t rela s os des t i-n os dos h om en s . Alegor ia qu e a lgu m a s pes s oa s fa zem atolice de tom a r a o pé da let ra .”

CONHECIMENTO DO F UTURO

8 6 8 . Pod e o fu turo s er revelad o ao hom em ?

“Em p r in cíp io, o fu tu r o lh e é ocu lto e s ó em ca s osra ros e excepcion a is per m ite Deu s qu e s eja revela do.”

8 6 9 . Com que fim o fu turo s e cons erva ocu lto ao hom em ?

“Se o h om em con h eces s e o fu tu ro, n egligen cia r ia dopres en te e n ã o obra r ia com a liber da de com qu e o fa z, por -qu e o dom in a r ia a idéia de qu e, s e u m a cois a tem qu e a con -tecer, in ú t il s erá ocu pa r -s e com ela , ou en tã o p r ocu ra r iaobs ta r a qu e a con teces s e. Nã o qu is Deu s qu e a s s im fos s e, afim de qu e ca da u m con corra pa ra a rea liza çã o da s cois a s ,a té d aquelas a que d es ejaria opor-s e. As s im é qu e tu m es -m o p repa ra s m u ita s vezes os a con tecim en tos qu e h ã o des obrevir n o cu rs o da tu a exis tên cia .”

8 7 0 . Mas , s e convém que o fu turo perm aneça ocu lto, porque perm ite Deus que s eja revelad o a lgum as vez es ?

“Per m ite-o, qu a n do o con h ecim en to p révio do fu tu rofa cilite a execu çã o de u m a cois a , em vez de a es torva r, ob r i-ga n do o h om em a a gir d ivers a m en te do m odo por qu e a gi-r ia , s e lh e n ã o fos s e feita a revela çã o. Nã o ra r o, ta m bém éu m a p r ova . A pers pect iva de u m a con tecim en to pode s u ge-r ir pen s a m en tos m a is ou m en os bon s . Se u m h om em vem

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a s a ber, por exem plo, qu e va i receber u m a h era n ça , comqu e n ã o con ta , pode da r -s e qu e a r evela çã o des s e fa to des -per te n ele o s en t im en to da cob iça , pela pers pect iva de s elh e tor n a rem pos s íveis m a ior es gozos ter ren os , pela â n s iade pos s u ir m a is depres s a a h era n ça , des eja n do ta lvez, pa raqu e ta l s e dê, a m or te da qu ele de qu em h er da rá . Ou , en tã o,es sa perspectiva lh e in sp ira rá bon s s en tim en tos e pen sa -m en tos gen er osos . Se a pred içã o n ã o s e cu m pre, a í es táou tra prova , con s is ten te n a m a n eira por qu e su porta rá adecepçã o. Nem por is so, en treta n to, lh e ca berá m en os o m é-rito ou o dem érito dos pen sa m en tos bon s ou m a u s qu e acren ça n a ocorrên cia da qu ele fa to lh e fez n a scer n o ín tim o.”

871 . Pois que Deus tudo s abe, não ignora s e um hom em s u-cum birá ou não em determ inada prova. As s im s endo,qual a necess idade dessa prova, uma vez que nada acres -centará ao que Deus já s abe a res peito des s e hom em ?

“Isso equ iva le a pergu n ta r por qu e n ão criou Deu s o h o-m em per feito e acabado (119); por qu e passa o h om em pelain fân cia , an tes de ch egar à con dição de adu lto (379). A provan ão tem por fim dar a Deu s escla recim en tos sobre o h om em ,pois qu e Deu s sabe per feitam en te o qu e ele va le, m as da r aoh om em toda a respon sabilidade de su a ação, u m a vez qu etem a liberdade de fazer ou n ão fazer. Dotado da facu ldade dees colh er en t r e o b em e o m a l, a p r ova t em p or efeit op ô-lo em lu t a com a s t en t a ções d o m a l e con fer ir -lh etodo o m ér ito da r es is tên cia . Ora , con qu a n to s a iba de a n te-m ã o s e ele s e s a irá bem ou n ã o, Deu s n ã o o pode, em s u aju s t iça , pu n ir, n em r ecom pen s a r, por u m a to a in da n ã opra t ica do.” (258)

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As s im s u cede en tre os h om en s . Por m u ito ca pa z qu e s ejau m es tu da n te, por gra n de qu e s eja a cer teza qu e s e ten h a de qu ea lca n ça rá bom êxito, n in gu ém lh e con fere gra u a lgu m s em exa -m e, is to é, s em p rova . Do m es m o m odo, o ju iz n ã o con den a u ma cu s a do, s en ã o com fu n da m en to n u m a to con s u m a do e n ã o n ap revis ã o de qu e ele pos s a ou deva con s u m a r es s e a to.

Qu a n to m a is s e reflete n a s con s eqü ên cia s qu e ter ia pa ra oh om em o con h ecim en to do fu tu ro, m elh or s e vê qu a n to foi s á b iaa Providên cia em lh o ocu lta r. A cer teza de u m a con tecim en to ven -tu ros o o la n ça r ia n a in a çã o. A de u m a con tecim en to in feliz o en -ch er ia de des â n im o. Em a m bos os ca s os , s u a s força s fica r ia mpa ra lis a da s . Da í o n ã o lh e s er m os tra do o fu tu ro, s en ã o com ometa qu e lh e cu m pre a t in gir por s eu s es forços , m a s ign ora n do ost râ m ites por qu e terá de pa s s a r pa ra a lca n çá -la . O con h ecim en tode todos os in ciden tes da jor n a da lh e tolh er ia a in icia t iva e o u s odo livre-a rb ítr io. Ele se deixa ria resva la r pelo declive fa ta l dos a con -tecim en tos , s em exercer su a s fa cu lda des . Qu a n do o feliz êxito deu m a coisa es tá a s segu ra do, n in gu ém m a is com ela s e preocu pa .

RES UMO TEÓRICO DO MÓVEL DAS AÇÕES HUMANAS

8 7 2 . A qu es tã o do livre-a rb ít r io s e pode r es u m ir a s s im : Oh om em n ã o é fa ta lm en te leva do a o m a l; os a tos qu e p ra t ican ã o fora m previa m en te deter m in a dos ; os cr im es qu e com e-te n ã o res u lta m de u m a s en ten ça do des t in o. Ele pode, porp rova e por exp ia çã o, es colh er u m a exis tên cia em qu e s ejaa rra s ta do a o cr im e, qu er pelo m eio on de s e a ch e coloca do,qu er pela s circu n s tâ n cia s qu e sobreven h a m , m a s s erá s em -pre livr e de a gir ou n ã o a gir. As s im , o livr e-a rb ít r io exis tepa ra ele, qu a n do n o es ta do de Es p ír ito, a o fa zer a es colh ada exis tên cia e da s p rova s e, com o en ca r n a do, n a fa cu lda -de de ceder ou de res is t ir a os a r ra s ta m en tos a qu e todosn os tem os volu n ta r ia m en te s u bm et ido. Ca be à edu ca çã o

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com ba ter es s a s m á s ten dên cia s . Fá -lo-á u t ilm en te, qu a n dos e ba s ea r n o es tu do a p r ofu n da do da n a tu r eza m ora l doh om em . Pelo con h ecim en to da s leis qu e r egem es s a n a tu -r eza m ora l, ch ega r -s e-á a m od ificá -la , com o s e m od ifica ain teligên cia pela in s t ru çã o e o tem pera m en to pela h igien e.

Des pren d ido da m a tér ia e n o es ta do de er ra t icida de, oEs p ír ito p rocede à es colh a de s u a s fu tu ra s exis tên cia s cor -pora is , de a cordo com o gra u de per feiçã o a qu e h a ja ch e-ga do e é n is to, com o tem os d ito, qu e con s is te s obr etu do os eu livr e-a rb ít r io. Es ta liberda de, a en ca r n a çã o n ã o a a n u -la . Se ele cede à in flu ên cia da m a tér ia , é qu e s u cu m be n a sp r ova s qu e por s i m es m o es colh eu . Pa ra ter qu em o a ju de aven cê-la s , con ced ido lh e é in voca r a a s s is tên cia de Deu s edos bon s Es p ír itos . (337)

Sem o livre-a rb ít r io, o h om em n ã o ter ia n em cu lpa porp ra t ica r o m a l, n em m ér ito em p ra t ica r o bem . E is to a ta lpon to es tá r econ h ecido qu e, n o m u n do, a cen s u ra ou oelogio s ã o feitos à in ten çã o, is to é, à von ta de. Ora , qu emdiz von ta de d iz liber da de. Nen h u m a des cu lpa poderá , por -ta n to, o h om em bu s ca r, pa ra os s eu s delitos , n a s u a orga -n iza çã o fís ica , s em a bd ica r da ra zã o e da s u a con d içã o deser h u m an o, pa ra se equ ipa ra r ao bru to. Se fora a ss im qu an -to a o m a l, a s s im n ã o poder ia deixa r de s er rela t iva m en te a obem . Ma s , qu a n do o h om em pra t ica o bem , tem gra n decu ida do de a verba r o fa to à s u a con ta , com o m ér ito, e n ã ocogita de por ele gra t ifica r os s eu s órgã os , o qu e p rova qu e,por in s t in to, n ã o r en u n cia , m a lgra do à op in iã o de a lgu n ss is tem á t icos , a o m a is belo p r ivilégio de s u a es pécie: a liber -da de de pen s a r.

A fa ta lida de, com o vu lga r m en te é en ten d ida , s u põe adecis ã o p révia e ir r evogá vel de todos os s u ces s os da vida ,

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qu a lqu er qu e s eja a im por tâ n cia deles . Se ta l fos s e a ordemda s cois a s , o h om em s er ia qu a l m á qu in a s em von ta de. Dequ e lh e s ervir ia a in teligên cia , des de qu e h ou ves s e de es ta rin va r ia velm en te dom in a do, em todos os s eu s a tos , pela for -ça do des t in o? Sem elh a n te dou tr in a , s e ver da deira , con te-r ia a des t ru içã o de toda liberda de m ora l; já n ã o h a ver iapa ra o h om em respon sabilidade, n em , por con segu in te, bem ,n em m a l, cr im es ou vir tu des . Nã o s er ia pos s ível qu e Deu s ,s obera n a m en te ju s to, ca s t iga s s e s u a s cr ia tu ra s por fa lta scu jo com etim en to n ã o depen dera dela s , n em qu e a s recom -p en s a s s e p or vir t u d es d e qu e n en h u m m ér it o t er ia m .Dem a is , ta l lei s er ia a n ega çã o da do p rogr es s o, porqu a n too h om em , tu do es pera n do da s or te, n a da ten ta r ia pa ram elh ora r a s u a pos içã o, vis to qu e n ã o con s egu ir ia s er m a isn em m en os .

Con tu do, a fa ta lida de n ã o é u m a pa la vra vã . Exis te n apos içã o qu e o h om em ocu pa n a Terra e n a s fu n ções qu e a ídes em pen h a , em con s eqü ên cia do gên ero de vida qu e s euEs p ír ito es colh eu com o prova , expiação ou m is s ão. E les ofre fa ta lm en te toda s a s vicis s itu des des s a exis tên cia etoda s a s tend ências boa s ou m á s , qu e lh e s ã o in er en tes . Aí,porém , a ca ba a fa ta lida de, pois da s u a von ta de depen deceder ou n ã o a es s a s ten dên cia s . Os porm enores d os acon-tecim en tos , es s es ficam s ubord inad os às circuns tâncias queele próprio cria pelos s eus a tos , s en do qu e n es s a s cir cu n s -tâ n cia s podem os Es p ír itos in flu ir pelos pen s a m en tos qu es u gira m . (459)

Há fa ta lida de, por ta n to, n os a con tecim en tos qu e s ea pres en ta m , por s er em es tes con s eqü ên cia da es colh a qu eo Es p ír ito fez da s u a exis tên cia de h om em . Pode deixa r deh a ver fa ta lida de n o res u lta do de ta is a con tecim en tos , vis to

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s er pos s ível a o h om em , pela s u a p ru dên cia , m od ifica r -lh eso cu rs o. Nunca há fa ta lid ad e nos a tos d a vid a m ora l.

No qu e con cer n e à m orte é qu e o h om em s e a ch a s u b-m et ido, em a bs olu to, à in exorá vel lei da fa ta lida de, por is s oqu e n ã o pode es ca pa r à s en ten ça qu e lh e m a r ca o ter m o daexis tên cia , n em a o gên er o de m orte qu e h a ja de cor ta r aes ta o fio.

Segu n do a dou tr in a vu lga r, de s i m esm o t ira r ia o h o-m em todos os s eu s in s t in tos , qu e, en tã o, provir ia m , ou dasu a organ ização fís ica , pela qu a l n en h u m a r espon sabilidadelh e toca , ou da su a própria n a tu r eza , ca so em qu e lícito lh efora p rocu ra r descu lpa r -s e con s igo m esm o, d izen do n ã o lh eper ten cer a cu lpa de s er feito com o é. Mu ito m a is m ora l s em os tra , in d is cu t ivelm en te, a Dou tr in a Es p ír ita . E la a dm iten o h om em o livr e-a rb ít r io em toda a s u a p len itu de e, s e lh ed iz qu e, p ra t ica n do o m a l, ele cede a u m a s u ges tã o es t ra -n h a e m á , em n a da lh e d im in u i a r es pon s a b ilida de, poislh e r econ h ece o poder de res is t ir, o qu e eviden tem en te lh e ém u ito m a is fá cil do qu e lu ta r con tra a s u a p rópr ia n a tu r e-za . As s im , de a cordo com a Dou tr in a Es p ír ita , n ã o h á a r -ra s ta m en to ir r es is t ível: o h om em pode s em pr e cerra r ou vi-dos à voz ocu lta qu e lh e fa la n o ín t im o, in du zin do-o a o m a l,com o pode cerrá -los à voz m a ter ia l da qu ele qu e lh e fa leos ten s iva m en te. Pode-o pela a çã o da s u a von ta de, ped in doa Deu s a força n eces s á r ia e recla m a n do, pa ra ta l fim , aa s s is tên cia dos bon s Es p ír itos . Foi o qu e J es u s n os en s i-n ou por m eio da s u b lim e p rece qu e é a Oração d om in ica l,qu a n do m a n da qu e d iga m os : “Nã o n os deixes s u cu m bir àten ta çã o, m a s livra -n os do m a l.”

Es s a teor ia da ca u s a determ in a n te dos n os s os a tosr es s a lta com evidên cia de todo o en s in o qu e os Es p ír itos

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h ã o da do. Nã o s ó é s u b lim e de m ora lida de, m a s ta m bém ,a cres cen ta r em os , eleva o h om em a os s eu s p rópr ios olh os .Mos tra -o livre de s u b tra ir -s e a u m ju go obs es s or, com olivre é de fech a r s u a ca s a a os im por tu n os . E le deixa de s ers im p les m á qu in a , a tu a n d o p or efeito d e u m a im p u ls ã oin depen den te da s u a von ta de, pa ra s er u m en te ra cion a l,qu e ou ve, ju lga e es colh e livrem en te de dois con s elh os u m .Aditem os qu e, a pes a r d is to, o h om em n ã o s e a ch a p r iva dode in icia t iva , n ã o deixa de a gir por im pu ls o p rópr io, poisqu e, em defin it ivo, ele é a pen a s u m Es p ír ito en ca r n a do qu econ s erva , s ob o en voltór io corp ora l, a s qu a lid a d es e osdefeitos qu e t in h a com o Es p ír ito.

Con s egu in tem en te, a s fa lta s qu e com etem os têm porfon te p r im á r ia a im per feiçã o do n os s o p rópr io Es p ír ito, qu ea in da n ã o con qu is tou a s u per ior ida de m ora l qu e u m d iaa lca n ça rá , m a s qu e, n em por is s o, ca r ece de livre-a rb ít r io.A vida corpórea lh e é da da pa ra s e expu n gir de s u a s im per -feições , m ed ia n te a s p r ova s por qu e pa s s a , im per feiçõesqu e, p recis a m en te, o tor n a m m a is fra co e m a is a ces s ível à ssu ges tões de ou tros Espíritos im per feitos , qu e dela s se apro-veita m pa ra ten ta r fa zê-lo s u cu m bir n a lu ta em qu e s e em -pen h ou . Se des s a lu ta s a i ven cedor, ele s e eleva ; s e fra ca s -s a , per m a n ece o qu e era , n em p ior, n em m elh or. Será u m aprova qu e lh e cu m pre recom eçar, poden do su ceder qu e lon gotem po gas te n essa a lter n a tiva . Qu an to m a is se depu ra , tan tom a is d im in u em os s eu s pon tos fra cos e ta n to m en os a ces -s o oferece a os qu e p r ocu rem a tra í-lo pa ra o m a l. Na ra zã ode s u a eleva çã o, cres ce-lh e a força m ora l, fa zen do qu e deles e a fa s tem os m a u s Es p ír itos .

Todos os Es p ír itos , m a is ou m en os bon s , qu a n do en -ca r n a dos , con s t itu em a es pécie h u m a n a e, com o o n os s o

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m u n do é u m dos m en os a d ia n ta dos , n ele s e con ta m a iorn ú m er o de Es p ír itos m a u s do qu e de bon s . Ta l a ra zã o porqu e a í vem os ta n ta pervers ida de. Fa ça m os , pois , todos oses forços pa ra a es te p la n eta n ã o volta r m os , a pós a p res en -t e es t a d a , e p a r a m er ecer m os ir r ep ou s a r em m u n d om elh or, em u m des s es m u n dos p r ivilegia dos , on de n ã o n oslem bra r em os da n os s a pa s s a gem por a qu i, s en ã o com o deu m exílio tem porá r io.

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C A P Í T U L O X I

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• Jus tiça e d ireitos na tura is• Direito d e propried ad e. Roubo• Carid ad e e am or d o próxim o• Am or m aterno e filia l

J US TIÇA E DIREITOS NATURAIS

8 7 3 . O s en tim en to d a ju s tiça es tá em a n a tu rez a , ou éres u ltad o d e id éias ad qu irid as ?

“Es tá de ta l m odo em a n a tu reza , qu e vos r evolta is às im ples idéia de u m a in ju s t iça . É fora de dú vida qu e o p ro-gres s o m ora l des en volve es s e s en t im en to, m a s n ã o o dá .Deu s o pôs n o cora çã o do h om em . Da í vem qu e, freqü en te-m en te, em h om en s s im p les e in cu ltos s e vos d ep a ra mn oções m a is exa ta s da ju s t iça do qu e n os qu e pos s u emgra n de ca beda l de s a ber.”

8 7 4 . S end o a jus tiça um a lei d a Na turez a , com o s e explicaque os hom ens a en tend am d e m od os tão d iferen tes ,cons id erand o uns jus to o que a ou tros parece in jus to?

“É porqu e a es s e s en t im en to s e m is tu ra m pa ixões qu eo a ltera m , com o s u cede à m a ior pa r te dos ou tros s en t i-

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m en tos n a tu ra is , fa zen do qu e os h om en s veja m a s cois a spor u m p r is m a fa ls o.”

8 7 5 . Com o s e pod e d efin ir a ju s tiça?

“A ju s t iça con s is te em ca da u m res peita r os d ireitosdos dem a is .”

a) — Que é o que d eterm ina es s es d ireitos ?

“Du a s cois a s : a lei h u m a n a e a lei n a tu ra l. Ten do osh om en s for m u la d o leis a p r op r ia d a s a s eu s cos tu m es eca ra cteres , ela s es ta belecera m d ireitos m u tá veis com o p ro-gres s o da s lu zes . Vede s e h oje a s vos s a s leis , a liá s im per fei-ta s , con s a gra m os m es m os d ir eitos qu e a s da Ida de Média .En treta n to, es s es d ir eitos a n t iqu a dos , qu e a gora s e vos a fi-gu ra m m on s tru os os , pa recia m ju s tos e n a tu ra is n a qu elaépoca . Nem s em pr e, pois , é a cor de com a ju s t iça o d ireitoqu e os h om en s p r es cr evem . Dem a is , es te d ireito r egu laa pen a s a lgu m a s r ela ções s ocia is , qu a n do é cer to qu e, n avida pa r t icu la r, h á u m a im en s ida de de a tos u n ica m en te daa lça da do t r ibu n a l da con s ciên cia .”

8 7 6 . Pos to d e parte o d ireito que a lei hum ana cons agra ,qua l a bas e d a jus tiça , s egund o a lei na tura l?

“Dis s e o Cr is to: Queira cad a um para os ou tros o quequereria para s i m es m o. No cora çã o do h om em im prim iuDeu s a r egra da ver da deira ju s t iça , fa zen do qu e ca da u mdeseje ver respeitados os seu s d ir eitos . Na in certeza de com odeva p roceder com o s eu s em elh a n te, em da da cir cu n s tâ n -cia , t ra te o h om em de s a ber com o qu er er ia qu e com elep r ocedes s em , em circu n s tâ n cia idên t ica . Gu ia m a is s egu rodo qu e a própria con sciên cia n ão lh e podia Deu s h aver dado.”

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Efet iva m en te, o cr itér io da verda deira ju s t iça es tá em qu e-rer ca da u m pa ra os ou tr os o qu e pa ra s i m es m o qu erer ia e n ã oem qu erer pa ra s i o qu e qu er er ia pa ra os ou tros , o qu e a bs olu ta -m en te n ã o é a m es m a cois a . Nã o s en do n a tu ra l qu e h a ja qu emdes eje o m a l pa ra s i, desde qu e ca da u m tom e por m odelo o s eudesejo pes soa l, é eviden te qu e n u n ca n in gu ém deseja rá pa ra o s eusem elh a n te s en ã o o bem . Em todos os tem pos e sob o im pério detoda s a s cren ça s , s em pre o h om em se es forçou pa ra qu e preva le-ces s e o s eu d ireito pes soa l. A s ublim id ad e d a religião cris tã es tá emque ela tom ou o d ireito pes s oal por bas e d o d ireito d o próxim o.

8 7 7 . Da neces s id ad e que o hom em tem d e viver em s ocie-d ad e, nas cem -lhe obrigações es pecia is ?

“Cer to e a p r im eira de toda s é a de res peita r os d ir eitosd e s e u s s e m e lh a n t e s . Aq u e le q u e r e s p e i t a r e s s e sd ireitos p rocederá s em pre com ju s t iça . Em o vos s o m u n do,por qu e a m a ior ia dos h om en s n ã o p ra t ica a lei de ju s t iça ,ca da u m u s a de rep res á lia s . Es s a a ca u s a da per tu rba çã o eda con fu s ã o em qu e vivem a s s ocieda des h u m a n a s . A vidas ocia l ou torga d ireitos e im põe dever es r ecíp rocos .”

8 7 8 . Pod end o o hom em enganar-s e quan to à extens ão d os eu d ireito, que é o que lhe fará conhecer o lim ite d es s ed ireito?

“O lim ite do d ir eito qu e, com rela çã o a s i m es m o, reco-n h ecer a o s eu s em elh a n te, em idên t ica s cir cu n s tâ n cia s erecip r oca m en te.”

a) — Mas , s e cad a um a tribu ir a s i m es m o d ireitos igua isaos d e s eu s em elhan te, que virá a s er d a s ubord inação aoss uperiores ? Não s erá is s o a anarqu ia d e tod os os pod eres ?

“Os d ireitos n a tu ra is s ã o os m es m os pa ra todos os h o-m en s , des de os de con d içã o m a is h u m ilde a té os de pos içã o

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m a is eleva da . Deu s n ã o fez u n s de lim o m a is pu r o do qu e ode qu e s e s erviu pa ra fa zer os ou tr os , e todos , a os s eu solh os , s ã o igu a is . Es s es d ir eitos s ã o eter n os . Os qu e o h o-m em es ta beleceu per ecem com a s s u a s in s t itu ições . De-m a is , ca da u m s en te bem a s u a força ou a s u a fra qu eza es a berá s em pr e ter u m a cer ta deferên cia pa ra com os qu e om ereça m por s u a s vir tu des e s a bedoria . É im porta n te a cen -tu a r is to, pa ra qu e os qu e s e ju lga m s u per ior es con h eça ms eu s dever es , a fim de m erecer es s a s deferên cia s . A s u bor -d in a çã o n ã o s e a ch a rá com prom et ida , qu a n do a a u tor ida -de for defer ida à s a bedor ia .”

8 7 9 . Qual s eria o cará ter d o hom em que pra ticas s e a ju s ti-ça em tod a a s ua purez a?

“O do verda deir o ju s to, a exem plo de J es u s , porqu a n topra t ica r ia ta m bém o a m or do p róxim o e a ca r ida de, s em osqu a is n ã o h á ver da deira ju s t iça .”

DIREITO DE PROPRIEDADE. ROUBO

8 8 0 . Qu a l o p rim e iro d e tod os os d ire itos n a tu ra is d ohom em ?

“O de viver. Por is s o é qu e n in gu ém tem o de a ten ta rcon tra a vida de s eu s em elh a n te, n em de fa zer o qu e qu erqu e pos s a com pr om eter -lh e a exis tên cia corpora l.”

8 8 1 . O d ireito d e viver d á ao hom em o d e acum ular bensque lhe perm itam repous ar quand o não m ais pos s atrabalhar?

“Dá , m a s ele deve fa zê-lo em fa m ília , com o a a belh a ,por m eio de u m t ra ba lh o h on es to, e n ã o com o egoís ta . Hám es m o a n im a is qu e lh e dã o o exem plo de p r evidên cia .”

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8 8 2 . Tem o hom em o d ireito d e d efend er os bens que ha ja

cons egu id o jun tar pelo s eu traba lho?

“Nã o d is s e Deu s : ‘Nã o rou ba rá s ?’ E J es u s n ã o d is s e:‘Da i a Cés a r o qu e é de Cés a r?’

O qu e, por m eio do t ra ba lh o hones to, o h om em ju n ta con s t i-

tu i legít im a p ropr ieda de s u a , qu e ele tem o d ireito de defen der,

porqu e a p ropr ieda de qu e res u lta do t ra ba lh o é u m d ireito n a tu -

ra l, tã o s a gra do qu a n to o de t ra ba lh a r e de viver.

8 8 3 . É na tura l o d es ejo d e pos s u ir?

“Sim , m a s qu a n do o h om em des eja pos s u ir pa ra s i s o-m en te e pa ra s u a s a t is fa çã o pes s oa l, o qu e h á é egoís m o.”

a) — Não s erá, entretanto, legítim o o des ejo de pos s uir,

um a vez que aquele que tem de que viver a ninguém é pes ado?

“Há h om en s in s a ciá veis , qu e a cu m u la m ben s s em u t i-lida de pa ra n in gu ém , ou a pen a s pa ra s a cia r s u a s pa ixões .J u lga s qu e Deu s vê is s o com bon s olh os ? Aqu ele qu e, a ocon trá r io, ju n ta pelo t ra ba lh o, ten do em vis ta s ocorrer oss eu s s em elh a n tes , p ra t ica a lei de a m or e ca r ida de, e Deu sa ben çoa o s eu t ra ba lh o.”

8 8 4 . Qual o cará ter d a legítim a propried ad e?

“Pr op r ied a d e legít im a s ó é a qu e foi a d qu ir id a s empreju ízo de ou tr em .” (808)

Proib in do-n os qu e fa ça m os a os ou tros o qu e n ã o des ejá ra -

m os qu e n os fizes s em , a lei de a m or e de ju s t iça n os p roíbe,

ips o facto, a a qu is içã o de ben s por qu a is qu er m eios qu e lh e s eja m

con trá r ios .

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8 8 5 . S erá ilim itad o o d ireito d e propried ad e?

“É fora de dú vida qu e tu do o qu e legit im a m en te s e a d -qu ir e con s t itu i u m a p ropr ieda de. Ma s , com o h a vem os d ito,a legis la çã o dos h om en s , por qu e im per feita , con s a gra m u i-tos d ireitos con ven cion a is , qu e a lei de ju s t iça r eprova . Es saa ra zã o por qu e eles refor m a m s u a s leis , à m ed ida qu e opr ogres s o s e efetu a e qu e m elh or com preen dem a ju s t iça .O qu e n u m s écu lo pa r ece per feito, a figu ra -s e bá rba ro n os écu lo s egu in te.” (795)

CARIDADE E AMOR DO PRÓXIMO

8 8 6 . Qual o verd ad eiro s en tid o d a pa lavra ca r ida de, com oa en tend ia Jes us ?

“Ben evolên cia pa ra com todos , in du lgên cia pa ra a sim per feições dos ou tr os , perdã o da s ofen s a s .”

O a m or e a ca r ida de s ã o o com plem en to da lei de ju s t iça ,pois a m a r o p róxim o é fa zer -lh e todo o bem qu e n os s eja pos s ívele qu e des ejá ra m os n os fos s e feito. Ta l o s en t ido des ta s pa la vra sde J es u s : Am ai-vos uns aos ou tros com o irm ãos .

A ca r ida de, s egu n do J esu s , n ã o s e res tr in ge à esm ola , a bra n -ge toda s a s r ela ções em qu e n os a ch a m os com os n os s os s em e-lh a n tes , s eja m eles n os s os in fer ior es , n os s os igu a is , ou n os s oss u per iores . E la n os p r es creve a in du lgên cia , porqu e de in du lgên -cia p recis a m os n ós m es m os , e n os p roíbe qu e h u m ilh em os osdes a for tu n a dos , con tra r ia m en te a o qu e s e cos tu m a fa zer. Apre-s en te-s e u m a pes s oa r ica e toda s a s a ten ções e deferên cia s lh es ã o d is pen s a da s . Se for pobr e, toda gen te com o qu e en ten de qu en ã o p recis a p r eocu p a r -s e com ela . No en ta n to, qu a n to m a is la s -t im os a s eja a s u a p os içã o, t a n to m a ior cu id a d o d evem os p ôr emlh e n ã o a u m en ta r m os o in for tú n io p ela h u m ilh a çã o. O h om em

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verda deira m en te bom procu ra eleva r, a os s eu s p rópr ios olh os ,a qu ele qu e lh e é in fer ior, d im in u in do a d is tâ n cia qu e os s epa ra .

8 8 7 . Jes us tam bém d is s e: Am a i m es m o os vos s os in im i-gos . Ora , o am or aos in im igos não s erá con trário àsnos s as tend ências na tura is e a in im iz ad e não provirád e um a fa lta d e s im pa tia en tre os Es píritos ?

“Certo n in gu ém pode vota r a os s eu s in im igos u m a m orter n o e a pa ixon a do. Nã o foi is s o o qu e J es u s en ten deu ded izer. Am a r os in im igos é perdoa r -lh es e lh es r et r ibu ir om a l com o bem . O qu e a s s im p rocede s e tor n a s u per ior a oss eu s in im igos , a o p a s s o qu e a b a ixo d eles s e coloca , s ep rocu ra tom a r vin ga n ça .”

8 8 8 . Que s e d eve pens ar d a es m ola?

“Con den a n do-s e a ped ir es m ola , o h om em s e degra dafís ica e m ora lm en te: em bru tece-s e. Um a s ocieda de qu e s eba s eie n a lei de Deu s e n a ju s t iça deve p r over à vida dofraco, s em qu e h a ja pa ra ele h u m ilh a çã o. Deve a s s egu ra r aexis tên cia dos qu e n ã o podem tra ba lh a r, s em lh es deixa ra vida à m ercê d o acas o e da boa von ta de de a lgu n s .”

a) — Dar-s e-á reproveis a es m ola?

“Nã o; o qu e m er ece rep r ova çã o n ã o é a es m ola , m a s am a n eira por qu e h a b itu a lm en te é da da . O h om em de bem ,qu e com preen de a ca r ida de de a cordo com J es u s , va i a oen con tro do des gra ça do, s em es pera r qu e es te lh e es ten daa m ã o.

“A verda deira ca r ida de é s em pr e bon dos a e ben évola ;es tá ta n to n o a to, com o n a m a n eira por qu e é p ra t ica do.Du p lo va lor tem u m s erviço p res ta do com delica deza . Se o

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for com a lt ivez, pode s er qu e a n eces s ida de obr igu e qu em orecebe a a ceitá -lo, m a s o s eu cora çã o pou co s e com overá .

“Lem bra i-vos ta m bém de qu e, a os olh os de Deu s , aos ten ta çã o t ira o m ér ito a o ben efício. Dis s e J es u s : ‘Ign ore avos s a m ã o es qu er da o qu e a d ireita der.’ Por es s a for m a , elevos en s in ou a n ã o t is n a r des a ca r ida de com o orgu lh o.

“Deve-s e d is t in gu ir a es m ola , p ropr ia m en te d ita , daben eficên cia . Nem s em pr e o m a is n eces s ita do é o qu e pede.O tem or de u m a h u m ilh a çã o detém o ver da deiro pobr e, qu em u ita vez s ofr e s em s e qu eixa r. A es s e é qu e o h om emverda deira m en te h u m a n o sa be ir p rocu ra r, s em os ten ta çã o.

“Am a i-vos u n s a os ou tros , eis toda a lei, lei d ivin a ,m ed ia n te a qu a l gover n a Deu s os m u n dos . O a m or é a leide a t ra çã o pa ra os s er es vivos e orga n iza dos . A a t ra çã o é alei de a m or pa ra a m a tér ia in orgâ n ica .

“Nã o es qu eça is n u n ca qu e o Es p ír ito, qu a lqu er qu es eja m o gra u d e s eu a d ia n ta m en to, s u a s itu a çã o com oreen ca r n a do, ou n a er ra t icida de, es tá s em pre coloca do en -t r e u m s u per ior, qu e o gu ia e a per feiçoa , e u m in fer ior, pa racom o qu a l tem qu e cu m prir es s es m es m os deveres . Sede,pois , ca r idos os , p ra t ica n do, n ã o s ó a ca r ida de qu e vos fa zda r fr ia m en te o óbolo qu e t ira is do bols o a o qu e vo-lo ou s aped ir, m a s a qu e vos leve a o en con tro da s m is ér ia s ocu lta s .Sede in du lgen tes com os defeitos dos vos s os s em elh a n tes .Em vez de vota r des des p r ezo à ign orâ n cia e a o vício, in s t ru íos ign ora n tes e m ora liza i os vicia dos . Sede b ra n dos e ben e-volen tes pa ra com tu do o qu e vos s eja in fer ior. Sede-o pa racom os s eres m a is ín fim os da cr ia çã o e ter eis obedecido àlei de Deu s .”

SÃO VICENTE DE PAULO

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8 8 9 . Não há hom ens que s e vêem cond enad os a m end igarpor cu lpa s ua?

“Sem dú vida ; m a s , s e u m a boa edu ca çã o m ora l lh esh ou vera en s in a do a p ra t ica r a lei de Deu s , n ã o ter ia m ca ídon os exces s os ca u s a dores da s u a perd içã o. Dis s o, s obretu -do, é qu e depen de a m elh or ia do vos s o p la n eta .” (707)

AMOR MATERNO E F ILIAL

8 9 0 . S erá um a virtud e o am or m aterno, ou um s en tim en toins tin tivo, com um aos hom ens e aos an im ais ?

“Um a e ou tra coisa . A Natu reza deu à m ãe o am or a seu sfilh os n o in teresse da con servação deles . No an im al, porém ,ess e a m or s e lim ita à s n eces s ida des m a ter ia is ; ces s a qu a n -do des n eces s á r ios s e tor n a m os cu ida dos . No h om em , per -s is te pela vida in teira e com porta u m devota m en to e u m aa bn ega çã o qu e s ã o vir tu des . Sobrevive m es m o à m orte ea com pa n h a o filh o a té n o a lém -tú m u lo. Bem vedes qu e h án ele cois a d ivers a do qu e h á n o a m or do a n im a l.” (205-385)

8 9 1 . Es tand o em a Na turez a o am or m aterno, com o é quehá m ães que od eiam os filhos e, não raro, d es d e ain fância d es tes ?

“Às vezes , é u m a p r ova qu e o Es p ír ito do filh o es co-lh eu , ou u m a exp ia çã o, s e a con teceu ter s ido m a u pa i, oum ã e pervers a , ou m a u filh o, n ou tra exis tên cia (392). Emtodos os ca s os , a m ã e m á n ã o pode deixa r de s er a n im a dapor u m m a u Es p ír ito qu e p rocu ra cr ia r em ba ra ços a o filh o,a fim de qu e s u cu m ba n a p rova qu e bu s cou . Ma s , es s aviola çã o da s leis da Na tu reza n ã o fica rá im pu n e e o Es p ír i-

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�⇥⇤D A LE I D E J U S T I Ç A, D E AM O R E D E C AR I D AD E

to do filh o s erá recom pen s a do pelos obs tá cu los de qu e h a jatr iu n fa do.”

8 9 2 . Quand o os filhos caus am d es gos tos aos pa is , não têmes tes d es cu lpa para o fa to d e lhes não d is pens arem aternura d e que os fa riam objeto, em cas o con trário?

“Nã o, porqu e is s o r ep res en ta u m en ca rgo qu e lh es écon fia do e a m is s ã o deles con s is te em s e es força r em poren ca m in h a r os filh os pa ra o bem (582-583). Dem a is , es s esdes gos tos s ã o, a m iú de, a con s eqü ên cia do m a u feit io qu eos pa is deixa ra m qu e s eu s filh os tom a s s em des de o berço.Colh em o qu e s em ea ra m .”

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C A P Í T U L O X I I

⌥⌅�� ⇥↵ ⇤�⌃⌦��⌦⇥⌅⇧• As virtud es e os vícios• Paixões• O egoís m o• Caracteres d o hom em d e bem• Conhecim en to d e s i m es m o

AS VIRTUDES E OS VÍCIOS

8 9 3 . Qual a m a is m eritória d e tod as as virtud es ?

“Toda vir tu de tem s eu m ér ito p rópr io, por qu e toda sin d ica m progr es s o n a s en da do bem . Há vir tu de s em prequ e h á res is tên cia volu n tá r ia a o a r ra s ta m en to dos m a u spen dores . A s u b lim ida de da vir tu de, porém , es tá n o s a cr ifí-cio do in teres s e pes s oa l, pelo bem do p róxim o, s em pen s a -m en to ocu lto. A m a is m er itór ia é a qu e a s s en ta n a m a isdes in teres s a da ca r ida de.”

8 9 4 . Há pes s oas que faz em o bem es pon taneam en te, s emque precis em vencer qua is quer s en tim en tos que lhess ejam opos tos . Terão tan to m érito, quan to as que s evêem na con tingência d e lu tar con tra a na turez a quelhes é própria e a vencem ?

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“Só n ã o têm qu e lu ta r a qu eles em qu em já h á progres s orea liza do. Esses lu ta ra m ou trora e tr iu n fa ra m . Por is so équ e os bon s sen tim en tos n en h u m es forço lh es cu s tam e su asa ções lh es pa recem s im plís s im a s . O bem se lh es tor n ou u mh á b ito. Devida s lh es s ã o a s h on ra s qu e s e cos tu m a t r ibu ta ra velh os gu err eiros qu e con qu is ta ra m s eu s a ltos pos tos .

“Com o a in da es ta is lon ge da per feiçã o, ta is exem plosvos es pa n ta m pelo con tra s te com o qu e ten des à vis ta eta n to m a is os a dm ira is , qu a n to m a is ra r os s ã o. Fica i s a -ben do, porém , qu e, n os m u n dos m a is a d ia n ta dos do qu e ovos s o, con s t itu i a r egra o qu e en tre vós rep res en ta a exce-çã o. Em todos os pon tos des s es m u n dos , o s en t im en to dobem é es pon tâ n eo, por qu e s om en te bon s Es p ír itos os h a b i-ta m . Lá , u m a s ó in ten çã o m a lign a s er ia m on s tru os a exce-çã o. Eis por qu e n eles os h om en s s ã o d itos os . O m es m o s eda rá n a Terra , qu a n do a Hu m a n ida de s e h ou ver t ra n s for -m a do, qu a n do com pr een der e p ra t ica r a ca r ida de n a s u averda deira a cepçã o.”

8 9 5 . Pos tos d e lad o os d efeitos e os vícios acerca d os qua isn inguém s e pod e equ ivocar, qua l o s ina l m a is caracte-rís tico d a im perfeição?

“O in teres s e pes s oa l. Fr eqü en tem en te, a s qu a lida desm ora is s ã o com o, n u m ob jeto de cobr e, a dou ra du ra qu en ã o r es is te à pedra de toqu e. Pode u m h om em pos s u ir qu a -lida des r ea is , qu e levem o m u n do a con s iderá -lo h om em debem . Ma s , es s a s qu a lida des , con qu a n to a s s in a lem u m pro-gres s o, n em s em pre s u por ta m cer ta s p rova s e à s vezes ba s -ta qu e s e fira a corda do in ter es s e pes s oa l pa ra qu e o fu n dofiqu e a des cober to. O ver da deir o des in teres s e é cois a a in datã o ra ra n a Terra qu e, qu a n do s e pa ten teia , todos o a dm i-ra m com o s e fora u m fen ôm en o.

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“O a pego à s cois a s m a ter ia is con s t itu i s in a l n otór io dein fer ior ida de, porqu e, qu a n to m a is s e a fer ra r a os ben s des -te m u n do, ta n to m en os com preen de o h om em o s eu des t i-n o. Pelo des in teres s e, a o con trá r io, dem on s tra qu e en ca rade u m pon to m a is eleva do o fu tu ro.”

8 9 6 . Há pes s oas d es in teres s ad as , m as s em d is cern im en-to, que prod iga liz am s eus haveres s em u tilid ad e rea l,por lh es n ã o s a berem d a r em prego criterios o. Têmalgum m erecim en to es s as pes s oas ?

“Têm o do des in teres s e, porém n ã o o do bem qu e pode-r ia m fa zer. O des in teres s e é u m a vir tu de, m a s a p r od iga li-da de ir reflet ida con s t itu i s em pre, pelo m en os , fa lta de ju ízo.A riqu eza , a s s im com o n ão é dada a u n s pa ra ser a ferrolh adan u m cofr e for te, ta m bém n ã o o é a ou tros pa ra s er d is per -s a da a o ven to. Repres en ta u m depós ito de qu e u n s e ou tr osterã o de p res ta r con ta s , porqu e terã o de res pon der por todoo bem qu e pod ia m fa zer e n ã o fizera m , por toda s a s lá gr i-m a s qu e pod ia m ter es ta n ca do com o d in h eiro qu e dera ma os qu e dele n ã o p recis a va m .”

89 7 . Merecerá reprovação aquele que faz o bem , s em vis ara qua lquer recom pens a na Terra , m as es perand o quelhe s eja levad o em con ta na ou tra vid a e que lá venhaa s er m elhor a s ua s ituação? E es s a preocupação lheprejud icará o progres s o?

“O b em d eve s er feito ca r it a t iva m en te, is to é, comdes in teres s e.”

a) — Con tud o, tod os a lim en tam o d es ejo m u ito na tura ld e progred ir, para forrar-s e à penos a cond ição d es ta vid a .Os próprios Es píritos nos ens inam a pra ticar o bem com es s e

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objetivo. S erá , en tão, um m al pens arm os que, pra ticand o obem , pod em os es perar cois a m elhor d o que tem os na Terra?

“Nã o, cer ta m en te; m a s a qu ele qu e fa z o bem , s em idéiap r econ ceb ida , pelo s ó p ra zer de s er a gra dá vel a Deu s e a os eu p róxim o qu e s ofre, já s e a ch a n u m cer to gra u de p ro-gres s o, qu e lh e per m it irá a lca n ça r a felicida de m u ito m a isdepres s a do qu e s eu ir m ã o qu e, m a is pos it ivo, fa z o bempor cá lcu lo e n ã o im pelido pelo a r dor n a tu ra l do s eu cora -çã o.” (894)

b) — Não haverá aqu i um a d is tinção a es tabelecer-s een tre o bem que pod em os faz er ao nos s o próxim o e o cu id a-d o que pom os em corrigir-nos d os nos s os d efeitos ? Concebe-m os que s eja pouco m eritório fa z erm os o bem com a id éia d eque nos s eja levad o em con ta na ou tra vid a ; m as s erá igua l-m en te ind ício d e in feriorid ad e em end arm o-nos , vencerm osas nos s as pa ixões , corrigirm os o nos s o cará ter, com o propó-s ito d e n os a prox im a rm os d os bon s Es p íritos e d e n oselevarm os ?

“Nã o, n ã o. Qu a n do d izem os — fa zer o bem , qu erem oss ign ifica r — s er ca r idos o. Pr ocede com o egoís ta todo a qu elequ e ca lcu la o qu e lh e pos s a ca da u m a de s u a s boa s a çõesren der n a vida fu tu ra , ta n to qu a n to n a vida terren a . Ne-n h u m egoísm o, porém , h á em qu erer o h om em m elh ora r -se,pa ra s e a p r oxim a r de Deu s , pois qu e é o fim pa ra o qu a ldevem todos ten der.”

8 9 8 . S end o a vid a corpórea apenas um a es tad a tem porárianes te m und o e d evend o o fu turo cons titu ir objeto d anos s a principa l preocupação, s erá ú til nos es forcem ospor ad qu irir conhecim en tos cien tíficos que s ó d igamres peito às cois as e às neces s id ad es m a teria is ?

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“Sem dú vida . Pr im eira m en te, is s o vos põe em con d i-ções de a u xilia r os vos s os ir m ã os ; depois , o vos s o Es p ír itos u b irá m a is depres s a , s e já h ou ver p rogr ed ido em in teli-gên cia . Nos in terva los da s en ca r n a ções , a p r en dereis n u m ah ora o qu e n a Terra vos exigir ia a n os de a p ren d iza do. Ne-n h u m con h ecim en to é in ú t il; todos m a is ou m en os con tr i-bu em pa ra o p rogr es s o, porqu e o Es p ír ito, pa ra s er per fei-to, tem qu e saber tu do, e porqu e, cu m prin do qu e o progressos e efetu e em todos os s en t idos , toda s a s idéia s a dqu ir ida sa ju da m o des en volvim en to do Es p ír ito.”

8 9 9 . Qual o m a is cu lpad o d e d ois hom ens ricos que em pre-gam exclus ivam ente em goz os pes s oa is s uas riquez as ,te n d o u m n a s cid o n a op u lê n cia e d e s con h e cid os em pre a neces s id ad e, d evend o o ou tro ao s eu traba-lho os bens que pos s u i?

“Aqu ele qu e con h eceu os s ofr im en tos , porqu e s a be oqu e é s ofrer. A dor, a qu e n en h u m a lívio p rocu ra da r, ele acon h ece; porém , com o freqü en tem en te s u cede, já dela s en ã o lem bra .”

9 0 0 . Aquele que inces s an tem en te acum ula haveres , s emfaz er o bem a quem quer que s eja , achará d es cu lpa ,que va lha , na circuns tância d e acum ular com o fito d em aior s om a legar aos s eus herd eiros ?

“É u m com pr om is s o com a con s ciên cia m á .”

9 0 1 . Figurem os d ois avarentos , um d os quais nega a s i m es -m o o neces s ário e m orre d e m is éria s obre o s eu tes ou-ro, ao pas s o que o s egund o s ó o é para os ou tros , m os -trand o-s e pród igo para cons igo m es m o; enquanto recuaan te o m a is ligeiro s acrifício para pres tar um s erviço

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ou faz er qua lquer cois a ú til, nunca ju lga d em as iad o oque d es pend a para s a tis faz er aos s eus gos tos ou àss uas pa ixões . Peça-s e-lhe um obs équ io e es tará s em -pre em d ificu ld ad e para faz ê-lo; im agine, porém , rea li-z ar um a fan tas ia e terá s em pre o bas tan te para is s o.Qua l o m a is cu lpad o e qua l o que s e achará em piors ituação no m und o d os Es píritos ?

“O qu e goza , porqu e é m a is egoís ta do qu e a va ren to. Oou tro já r ecebeu pa r te do s eu ca s t igo.”

9 0 2 . S erá reprovável que cobicem os a riquez a , quand o nosan im e o d es ejo d e faz er o bem ?

“Ta l s en t im en to é, n ã o h á dú vida , lou vá vel, qu a n dopu r o. Ma s , s erá s em pre ba s ta n te des in teres s a do es s e des e-jo? Nã o ocu lta rá n en h u m in tu ito de or dem pes s oa l? Nã os erá de fa zer o bem a s i m es m o, em p r im eir o lu ga r, qu ecogita a qu ele, em qu em ta l des ejo s e m a n ifes ta ?”

9 0 3 . In corre em cu lpa o h om em , por es tu d a r os d efe itosa lh eios ?

“In correrá em gra n de cu lpa , s e o fizer pa ra os cr it ica r ed ivu lga r, porqu e s erá fa lta r com a ca r ida de. Se o fizer, pa rat ira r da í p r oveito, pa ra evitá -los , ta l es tu do poderá s er -lh ede a lgu m a u t ilida de. Im por ta , porém , n ã o es qu ecer qu e ain du lgên cia pa ra com os defeitos de ou trem é u m a da s vir -tu des con t ida s n a ca r ida de. An tes de cen s u ra r des a s im -per feições dos ou tros , vede s e de vós n ã o poderã o d izer om es m o. Tra ta i, pois , de pos s u ir a s qu a lida des opos ta s a osdefeitos qu e cr it ica is n o vos s o s em elh a n te. Es s e o m eio devos tor n a rdes s u per iores a ele. Se lh e cen s u ra is o s er a va -ro, s ede gen er os os ; s e o s er orgu lh os o, s ede h u m ildes em odes tos ; s e o s er á s pero, s ede b ra n dos ; s e o p r oceder com

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pequ en ez, s ede gra n des em toda s a s vos s a s a ções . Nu m apa la vra , fa zei por m a n eira qu e s e n ã o vos pos s a m a p lica res ta s pa la vra s de J es u s : Vê o a rgu eir o n o olh o do s eu vizi-n h o e n ã o vê a t ra ve n o s eu p rópr io.”

9 0 4 . Incorrerá em cu lpa aquele que s ond a as chagas d as ocied ad e e as expõe em público?

“Depen de do s en t im en to qu e o m ova . Se o es cr itor a pe-n a s vis a p r odu zir es câ n da lo, n ã o fa z m a is do qu e p ropor -cion a r a s i m es m o u m gozo pes s oa l, a p res en ta n do qu a drosqu e con s t itu em a n tes m a u do qu e bom exem plo. O Es p ír itoa precia is s o, m a s pode vir a s er pu n ido por es s a es pécie depra zer qu e en con tra em revela r o m a l.”

a) — Com o, em ta l cas o, ju lgar d a purez a d as in tençõese d a s incerid ad e d o es critor?

“Nem s em pr e h á n is s o u t ilida de. Se ele es crever boa scois a s , a p roveita i-a s . Se p roceder m a l, é u m a qu es tã o decon s ciên cia qu e lh e d iz r es peito, exclu s iva m en te. Dem a is ,s e o es cr itor tem em pen h o em prova r a s u a s in cer ida de,a póie o qu e d is s er n os exem plos qu e dê.”

9 0 5 . Alguns autores hão publicado belís s im as obras de gran-de m oral, que auxiliam o progres s o da Hum anidade, dasquais , porém , nenhum proveito tiraram eles . Ser-lhes -álevad o em con ta , com o Es píritos , o bem a que s uasobras ha jam d ad o lugar?

“A m ora l s em a s a ções é o m es m o qu e a s em en te s em otra ba lh o. De qu e vos s erve a s em en te, s e n ã o a fa zeis da rfru tos qu e vos a lim en tem ? Gra ve é a cu lpa des s es h om en s ,por qu e d is pu n h a m de in teligên cia pa ra com preen der. Nã o

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pra tica n do a s m á xim a s qu e oferecia m a os ou tr os , ren u n cia -ra m a colh er -lh es os fru tos .”

9 0 6 . S erá pas s ível d e cens ura o hom em , por ter cons ciênciad o bem que faz e por con fes s á -lo a s i m es m o?

“Pois qu e pode ter con s ciên cia do m a l qu e p ra t ica , dobem igu a lm en te deve tê-la , a fim de s a ber s e a n dou bem oum a l. Pes a n do todos os s eu s a tos n a ba la n ça da lei de Deu se, s obretu do, n a da lei de ju s t iça , a m or e ca r ida de, é qu epoderá d izer a s i m es m o s e s u a s ob ra s s ã o boa s ou m á s ,qu e a s poderá a p r ova r ou des a p rova r. Nã o s e lh e pode,portan to, cen su ra r qu e recon h eça h aver tr iu n fado dos m au spen dor es e qu e s e s in ta s a t is feito, des de qu e de ta l n ã o s een va ideça , por qu e en tã o ca ir ia n ou tra fa lta .” (919)

PAIXÕES

9 0 7 . S erá s ubs tancia lm en te m au o princípio originário d aspa ixões , em bora es teja na na turez a?

“Nã o; a pa ixã o es tá n o exces s o de qu e s e a cres ceu avon ta de, vis to qu e o p r in cíp io qu e lh e dá or igem foi pos ton o h om em pa ra o bem , ta n to qu e a s pa ixões podem levá -loà rea liza çã o de gra n des cois a s . O a bu s o qu e dela s s e fa z équ e ca u s a o m a l.”

9 0 8 . Com o s e pod erá d eterm inar o lim ite ond e as pa ixõesd eixam d e s er boas para s e tornarem m ás ?

“As pa ixões s ã o com o u m corcel, qu e s ó tem u t ilida dequ a n do gover n a do e qu e s e tor n a per igos o des de qu e pa s s ea gover n a r. Um a pa ixã o s e tor n a per igos a a pa r t ir do m o-m en to em qu e deixa is de poder gover n á -la e qu e dá em

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res u lta do u m pr eju ízo qu a lqu er pa ra vós m es m os , ou pa raou tr em .”

As pa ixões s ã o a la va n ca s qu e decu p lica m a s força s do h o-m em e o a u xilia m n a execu çã o dos des ígn ios da Providên cia . Ma s ,

s e, em vez de a s d ir igir, deixa qu e ela s o d ir ija m , ca i o h om em n os

exces s os e a p rópr ia força qu e, m a n eja da pela s s u a s m ã os , pode-

r ia p rodu zir o bem , con tra ele s e volta e o es m a ga .Todas a s pa ixões têm seu prin cípio n u m sen tim en to, ou n u m a

n eces s ida de n a tu ra l. O p r in cíp io da s pa ixões n ã o é, a s s im , u m

m a l, pois qu e a s s en ta n u m a da s con d ições p roviden cia is da n os -

s a exis tên cia . A pa ixã o p ropr ia m en te d ita é a exa gera çã o de u m an eces s ida de ou de u m s en t im en to. Es tá n o exces s o e n ã o n a ca u -

s a e es te exces s o s e tor n a u m m a l, qu a n do tem com o con s eqü ên -

cia u m m a l qu a lqu er.

Toda pa ixão qu e apr oxim a o h om em da n a tu reza an im a l a fa s -ta -o da n a tu reza es p ir itu a l.

Todo s en t im en to qu e eleva o h om em a cim a da n a tu reza a n i-

m a l den ota p redom in â n cia do Es p ír ito s obre a m a tér ia e o a p roxi-

m a da per feiçã o.

9 0 9 . Pod eria s em pre o hom em , pelos s eus es forços , venceras s uas m ás inclinações ?

“Sim , e, fr eqü en tem en te, fa zen do es forços m u ito in s ig-n ifica n tes . O qu e lh e fa lta é a von ta de. Ah ! qu ã o pou cosden tre vós fa zem es forços !”

9 1 0 . Pod e o hom em achar nos Es píritos eficaz as s is tênciapara triun far d e s uas pa ixões ?

“Se o ped ir a Deu s e a o s eu bom gên io, com s in cer ida -de, os bon s Es p ír itos lh e virã o cer ta m en te em a u xílio, por -qu a n to é es s a a m is s ã o deles .” (459)

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9 1 1 . Nã o h a verá pa ixões tã o v iva s e irres is tíveis , qu e avon tad e s eja im poten te para d om iná-las ?

“Há m u ita s pes s oa s qu e d izem : Quero, m a s a von ta des ó lh es es tá n os lá b ios . Qu erem , porém m u ito s a t is feita sfica m qu e n ã o s eja com o ‘qu er em ’. Qu a n do o h om em crêqu e n ã o pode ven cer a s s u a s pa ixões , é qu e s eu Es p ír ito s ecom pra z n ela s , em con seqü ên cia da su a in feriorida de. Com -pr een de a s u a n a tu reza es p ir itu a l a qu ele qu e a s p rocu rarep r im ir. Ven cê-la s é, p a ra ele, u m a vitór ia d o Es p ír itos obr e a m a tér ia .”

9 1 2 . Qua l o m eio m ais eficien te d e com bater-s e o pred om í-n io d a na turez a corpórea?

“Pra t ica r a a bn ega çã o.”

O EGOÍS MO

9 1 3 . Dentre os vícios , qua l o que s e pod e cons id erar rad ica l?

“Tem o-lo d ito m u ita s vezes : o egoís m o. Da í der iva todom a l. Es tu da i todos os vícios e ver eis qu e n o fu n do de todosh á egoís m o. Por m a is qu e lh es deis com ba te, n ã o ch ega reisa ext irpá -los , en qu a n to n ã o a ta ca rdes o m a l pela ra iz, en -qu a n to n ã o lh e h ou ver des des tru ído a ca u sa . Ten da m , pois ,todos os es forços pa ra es s e efeito, porqu a n to a í é qu e es tá averda deira ch a ga da s ocieda de. Qu em qu is er, des de es tavida , ir a p r oxim a n do-s e da per feiçã o m ora l, deve expu rga ro s eu cora çã o de todo s en t im en to de egoís m o, vis to s er oegoís m o in com pa t ível com a ju s t iça , o a m or e a ca r ida de.Ele n eu tra liza toda s a s ou tra s qu a lida des .”

9 1 4 . Fund and o-s e o egoís m o no s en tim ento d o in teres s e pes -s oa l, bem d ifícil parece extirpá-lo in teiram ente d o cora-ção hum ano. Chegar-s e-á a cons egu i-lo?

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“À m ed ida qu e os h om en s s e in s t ru em a cerca da s coi-s a s es p ir itu a is , m en os va lor dã o à s cois a s m a ter ia is . De-pois , n eces s á r io é qu e s e refor m em a s in s t itu ições h u m a -n a s qu e o en tretêm e excita m . Is s o depen de da edu ca çã o.”

9 1 5 . Por s er inerente à es pécie hum ana, o egoís m o não cons -titu irá s em pre um obs tácu lo ao reinad o d o bem abs o-lu to na Terra?

“É exa to qu e n o egoís m o ten des o vos s o m a ior m a l,porém ele s e p ren de à in fer ior ida de dos Es p ír itos en ca r n a -dos n a Terra e n ã o à Hu m a n ida de m es m a . Ora , depu ra n -do-s e por en ca r n a ções s u ces s iva s , os Es p ír itos s e des po-ja m d o egoís m o, com o d e s u a s ou t r a s im p u reza s . Nã oexis t irá n a Terra n en h u m h om em is en to de egoís m o e p ra -t ica n te da ca r ida de? Há m u ito m a is h om en s a s s im do qu es u pon des . Apen a s , n ã o os con h eceis , porqu e a vir tu de fogeà viva cla r ida de do d ia . Des de qu e h a ja u m , por qu e n ã oh a verá dez? h a ven do dez, por qu e n ã o h a verá m il e a s s impor d ia n te?”

9 1 6 . Longe d e d im inu ir, o egoís m o cres ce com a civiliz ação,que, a té, parece, o excita e m an tém . Com o pod erá acaus a d es tru ir o efeito?

“Qu a n to m a ior é o m a l, m a is h ed ion do s e tor n a . Eraprecis o qu e o egoís m o produ zis s e m u ito m a l, pa ra qu e com -preen s ível s e fizes s e a n eces s ida de de ext irpá -lo. Os h o-m en s , qu a n do s e h ou verem des poja do do egoís m o qu e osdom in a , viverã o com o ir m ã os , s em s e fa zer em m a l a lgu m ,a u xilia n do-s e recip r oca m en te, im pelidos pelo s en t im en tom ú tu o da s olid aried ad e. En tã o, o for te s erá o a m pa r o e n ã oo opres s or do fra co e n ã o m a is s erã o vis tos h om en s a qu em

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fa lte o in d is pen s á vel, porqu e todos p ra t ica rã o a lei de ju s t i-ça . Es s e o rein a do do bem , qu e os Es p ír itos es tã o in cu m bi-dos de p r epa ra r.” (784)

9 1 7 . Qual o m eio d e d es tru ir-s e o egoís m o?

“De toda s a s im perfeições h u m a n a s , o egoísm o é a m a isd ifícil d e des en ra iza r -s e por qu e der iva da in flu ên cia dam a tér ia , in flu ên cia de qu e o h om em , a ind a m uito próxim od e s ua origem , n ã o pôde liber ta r -s e e pa ra cu jo en treten i-m en to tu do con corr e: s u a s leis , s u a orga n iza çã o s ocia l, s u aedu ca çã o. O egoís m o s e en fra qu ecerá à p r oporçã o qu e avida m ora l for p r edom in a n do s obre a vida m a ter ia l e, s o-b r etu do, com a com preen s ã o, qu e o Es p ir it is m o vos fa cu l-ta , do vos s o es ta do fu tu ro, rea l e n ã o des figu ra do por fic-ções a legór ica s . Qu a n do, bem com pr een d ido, s e h ou veriden t ifica do com os cos tu m es e a s cr en ça s , o Es p ir it is m otra n s for m a rá os h á b itos , os u s os , a s rela ções s ocia is . Oegoís m o a s s en ta n a im por tâ n cia da pers on a lida de. Ora ,o Espiritism o, bem com preen dido, repito, m os tra a s coisas detã o a lto qu e o s en t im en to da pers on a lida de des a pa r ece, decer to m odo, d ia n te da im en s ida de. Des tru in do es s a im por -tâ n cia , ou , pelo m en os , r edu zin do-a à s s u a s legít im a s p ro-porções , ele n eces s a r ia m en te com ba te o egoís m o.

“O ch oqu e, qu e o h om em exper im en ta , do egoís m o dosou tros é o qu e m u ita s vezes o fa z egoís ta , por s en t ir a n e-ces s ida de de coloca r -s e n a defen s iva . Nota n do qu e os ou -t r os p en s a m em s i p r óp r ios e n ã o n ele, ei-lo leva d o aocu pa r -s e con s igo, m a is do qu e com os ou tros . Sirva deba s e à s in s t itu ições s ocia is , à s rela ções lega is de povo apovo e de h om em a h om em o p r in cíp io da ca r ida de e dafra ter n ida de e ca da u m pen s a rá m en os n a s u a pes s oa , a s -

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s im veja qu e ou tros n ela pen s a ra m . Todos exper im en ta rã oa in flu ên cia m ora liza dora do exem plo e do con ta cto. Emfa ce do a tu a l extra va s a m en to de egoís m o, gra n de vir tu de éverda deira m en te n eces s á r ia , pa ra qu e a lgu ém ren u n cie às u a pers on a lida de em p roveito dos ou tr os , qu e, de ord in á -r io, a bsolu ta m en te lh e n ã o a gra decem . Prin cipa lm en te pa raos qu e pos s u em es s a vir tu de, é qu e o rein o dos céu s s ea ch a a berto. A es ses , sobretu do, é qu e es tá reservada a feli-cida de dos eleitos , pois em verda de vos d igo qu e, n o d ia daju s tiça , s erá pos to de la do e sofrerá pelo a ba n don o, em qu es e h á d e ver, t od o a qu ele qu e em s i s om en t e h ou verpen sa do.” (785)

F ÉNELON

Lou vá veis es forços in du b ita velm en te s e em pr ega m pa ra fa -zer qu e a Hu m a n ida de p rogr ida . Os bon s s en t im en tos s ã o a n i-m a dos , es t im u la dos e h on ra dos m a is do qu e em qu a lqu er ou traépoca . En treta n to, o egoísm o, ver m e roedor, con tin u a a s er a ch a gas ocia l. É u m m a l rea l, qu e s e a la s t ra por todo o m u n do e do qu a lca da h om em é m a is ou m en os vít im a . Cu m pre, pois , com ba tê-lo,com o se com ba te u m a en fer m ida de epidêm ica . Pa ra is so, deve-sep r oced e r com o p r oced em os m éd icos : ir à or igem d o m a l.Procu rem -se em toda s a s pa rtes do orga n ism o socia l, da fa m íliaa os povos , da ch ou pa n a a o pa lá cio, toda s a s ca u sa s , toda s a s in -flu ên cia s qu e, os ten s iva ou ocu lta m en te, excita m , a lim en ta m e de-sen volvem o sen tim en to do egoísm o. Con h ecida s a s ca u sa s , o re-m édio se a presen ta rá por s i m esm o. Só res ta rá en tã o des tru í-la s ,s en ã o tota lm en te, de u m a s ó vez, a o m en os pa rcia lm en te, e oven en o pou co a pou co s erá elim in a do. Poderá s er lon ga a cu ra ,porqu e n u m eros a s s ã o a s ca u s a s , m a s n ã o é im pos s ível. Con tu -do, ela s ó s e ob terá s e o m a l for a ta ca do em s u a ra iz, is to é, pelaedu ca çã o, n ã o por es s a edu ca çã o qu e ten de a fa zer h om en s in s -t ru ídos , m a s pela qu e ten de a fa zer h om en s de bem . A edu ca çã o,

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con ven ien tem en te en ten dida , con s titu i a ch a ve do progres so m o-ra l. Qu a n do se con h ecer a a r te de m a n eja r os ca ra cteres , com o secon h ece a de m a n eja r a s in teligên cia s , con segu ir -s e-á corr igi-los ,do m es m o m odo qu e s e a p ru m a m p la n ta s n ova s . Es s a a r te, po-rém , exige m u ito ta to, m u ita exper iên cia e p r ofu n da obs erva çã o.É gra ve er r o pen s a r -s e qu e, pa ra exercê-la com proveito, ba s te ocon h ecim en to da Ciên cia . Qu em a com pa n h a r, a s s im o filh o dor ico, com o o do pobr e, des de o in s ta n te do n a s cim en to, e obs erva rtoda s a s in flu ên cia s per n icios a s qu e s obr e eles a tu a m , em con s e-qü ên cia da fra qu eza , da in cú r ia e da ign orâ n cia dos qu e os d ir i-gem , obs erva n do igu a lm en te com qu a n ta freqü ên cia fa lh a m osm eios em prega dos pa ra m ora lizá -los , n ã o poderá es pa n ta r -s e deen con tra r pelo m u n do ta n ta s es qu is it ices . Fa ça -s e com o m ora l oqu e s e fa z com a in teligên cia e ver -s e-á qu e, s e h á n a tu reza srefra tá r ia s , m u ito m a ior do qu e s e ju lga é o n ú m ero da s qu ea pen a s r ecla m a m boa cu ltu ra , pa ra p rodu zir bon s fru tos . (872)

O h om em des eja s er feliz e n a tu ra l é o s en t im en to qu e dáor igem a es s e des ejo. Por is s o é qu e t ra ba lh a in ces s a n tem en tepa ra m elh ora r a s u a pos içã o n a Terra , qu e pes qu is a a s ca u s a s des eu s m a les , pa ra r em ed iá -los . Qu a n do com preen der bem qu e n oegoís m o r es ide u m a des s a s ca u s a s , a qu e gera o orgu lh o, a a m bi-çã o, a cu p idez, a in veja , o ód io, o ciú m e, qu e a ca da m om en to om a goa m , a qu e per tu rba toda s a s rela ções s ocia is , p r ovoca a sd is s en s ões , a n iqu ila a con fia n ça , a qu e o obr iga a s e m a n ter con s -ta n tem en te n a defen s iva con tra o s eu vizin h o, en fim a qu e doa m igo fa z in im igo, ele com preen derá ta m bém qu e es s e vício é in -com pa t ível com a s u a felicida de e, podem os m es m o a cr es cen ta r,com a s u a p rópr ia s egu ra n ça . E qu a n to m a is h a ja s ofr ido porefeito des s e vício, m a is s en t irá a n eces s ida de de com ba tê-lo, com ose com ba tem a pes te, os a n im a is n ocivos e todos os ou tros fla gelos .O s eu p rópr io in ter es s e a is s o o in du zirá . (784)

O egoís m o é a fon te de todos os vícios , com o a ca r ida de o éde toda s a s vir tu des . Des t ru ir u m e des en volver a ou tra , ta l deves er o a lvo de todos os es forços do h om em , s e qu is er a s s egu ra r as u a felicida de n es te m u n do, ta n to qu a n to n o fu tu r o.

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CARACTERES DO HOMEM DE BEM

9 1 8 . Por que ind ícios s e pod e reconhecer em um hom em oprogres s o rea l que lhe elevará o Es pírito na h ierarqu iaes pírita?

“O Es p ír ito p rova a s u a eleva çã o, qu a n do todos os a tosde s u a vida corpora l rep res en ta m a p rá t ica da lei de Deu s equ a n do a n tecipa da m en te com preen de a vida es p ir itu a l.”

Verda deira m en te, h om em de bem é o qu e p ra t ica a lei deju s t iça , a m or e ca r ida de, n a s u a m a ior pu reza . Se in ter r oga r ap rópr ia con s ciên cia s ob re os a tos qu e p ra t icou , pergu n ta rá s en ã o t ra n s gred iu es s a lei, s e n ã o fez o m a l, s e fez todo bem quepod ia , s e n in gu ém tem m ot ivos pa ra dele s e qu eixa r, en fim s e feza os ou tros o qu e des eja ra qu e lh e fizes s em .

Pos s u ído do s en t im en to de ca r ida de e de a m or a o p róxim o,fa z o b em p elo b em , s em con ta r com qu a lqu er r et r ib u içã o, es a cr ifica s eu s in teres s es à ju s t iça .

É b on d os o, h u m a n it á r io e b en evolen te p a r a com tod os ,porqu e vê ir m ã os em todos os h om en s , s em d is t in çã o de ra ça s ,n em de cren ça s .

Se Deu s lh e ou torgou o poder e a r iqu eza , con s idera es s a scois a s com o UM DEPÓSITO, de qu e lh e cu m pre u s a r pa ra o bem .Dela s n ã o s e en va id ece, p or s a b er qu e Deu s , qu e lh a s d eu ,ta m bém lh a s pode ret ira r.

Se s ob a s u a depen dên cia a ordem s ocia l colocou ou trosh om en s , t ra ta -os com bon da de e com pla cên cia , porqu e s ã o s eu sigu a is pera n te Deu s . Us a da s u a a u tor ida de pa ra lh es leva n ta r om ora l e n ã o pa ra os es m a ga r com o s eu orgu lh o.

É in du lgen te pa ra com a s fra qu eza s a lh eia s , porqu e s a bequ e ta m bém precis a da in du lgên cia dos ou tros e s e lem bra des -ta s pa la vra s do Cr is to: Atire a prim eira ped ra aquele que es tivers em pecad o.

Nã o é vin ga t ivo. A exem plo de J es u s , perdoa a s ofen s a s , pa ras ó s e lem bra r dos ben efícios , pois n ã o ign ora qu e, com o houverperd oad o, as s im perd oad o lhe s erá .

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Res peita , en fim , em s eu s s em elh a n tes , todos os d ireitos qu ea s leis da Na tu reza lh es con cedem , com o qu er qu e os m es m osd ireitos lh e s eja m r es peita dos .

CONHECIMENTO DE S I MES MO

9 1 9 . Qual o m eio prá tico m ais eficaz que tem o hom em d e s em elhorar nes ta vid a e d e res is tir à a tração d o m al?

“Um s á b io da a n t igu ida de vo-lo d is s e: Conhece-te a tim es m o.”

a) — Conhecem os tod a a s abed oria d es ta m áxim a , po-rém a d ificu ld ad e es tá precis am en te em cad a um conhecer--s e a s i m es m o. Qua l o m eio d e cons egu i-lo?

“Fa zei o qu e eu fa zia , qu a n do vivi n a Terra : a o fim dod ia , in ter roga va a m in h a con s ciên cia , pa s s a va r evis ta a oqu e fizera e pergu n ta va a m im m es m o s e n ã o fa lta ra a a l-gu m dever, s e n in gu ém t ivera m ot ivo pa ra de m im s e qu ei-xa r. Foi a s s im qu e ch egu ei a m e con h ecer e a ver o qu e emm im precis a va de refor m a . Aqu ele qu e, toda s a s n oites , evo-ca s s e toda s a s a ções qu e p ra t ica ra du ra n te o d ia e in qu ir is -s e de s i m es m o o bem ou o m a l qu e h ou vera feito, r oga n doa Deu s e a o s eu a n jo-de-gu a r da qu e o es cla r eces s em , gra n -de força a dqu ir ir ia pa ra s e a per feiçoa r, por qu e, crede-m e,Deu s o a s s is t ir ia . Dir igi, pois , a vós m es m os pergu n ta s ,in ter r oga i-vos s obre o qu e ten des feito e com qu e ob jet ivopr ocedes tes em ta l ou ta l circu n s tâ n cia , s ob re s e fizes tesa lgu m a cois a qu e, feita por ou trem , cen s u ra r íeis , s ob r e s eobras tes a lgu m a ação qu e n ão ou sa ríeis con fessa r. Pergu n ta ia in da m a is : ‘Se a p r ou ves s e a Deu s ch a m a r -m e n es te m o-m en to, ter ia qu e tem er o olh a r de a lgu ém , a o en tra r de n ovon o m u n do dos Espír itos , on de n a da pode ser ocu lta do?’

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“Exa m in a i o qu e pu des tes ter ob ra do con tra Deu s , de-pois con tra o vos s o p róxim o e, fin a lm en te, con tra vós m es -m os . As res pos ta s vos da rã o, ou o des ca n s o pa ra a vos s acon s ciên cia , ou a in dicação de u m m al qu e precise ser cu rado.

“O con h ecim en to de s i m es m o é, por ta n to, a ch a ve doprogr es s o in d ividu a l. Ma s , d ireis , com o h á de a lgu ém ju l-ga r -s e a s i m es m o? Nã o es tá a í a ilu s ã o do a m or -p rópr iopa ra a ten u a r a s fa lta s e tor n á -la s des cu lpá veis ? O a va r en -to s e con s idera a pen a s econ ôm ico e p reviden te; o orgu lh o-s o ju lga qu e em s i s ó h á d ign ida de. Is to é m u ito rea l, m a sten des u m m eio de ver ifica çã o qu e n ã o pode ilu d ir -vos .Qu a n do es t iverdes in decis os s obr e o va lor de u m a de vos -s a s a ções , in qu ir i com o a qu a lifica r íeis , s e p ra t ica da porou tra pes s oa . Se a cen s u ra is n ou trem , n ã o n a poder eis terpor legít im a qu a n do fordes o s eu a u tor, pois qu e Deu s n ã ou s a de du a s m ed ida s n a a p lica çã o de s u a ju s t iça . Procu ra ita m bém s a ber o qu e dela pen s a m os vos s os s em elh a n tes en ã o des p rezeis a op in iã o dos vos s os in im igos , porqu a n toes s es n en h u m in teres s e têm em m a s ca ra r a ver da de e Deu sm u ita s vezes os coloca a o vos s o la do com o u m es pelh o, afim de qu e s eja is a dver t idos com m a is fra n qu eza do qu e ofa r ia u m a m igo. Pers cru te, con s egu in tem en te, a s u a con s -ciên cia a qu ele qu e s e s in ta pos s u ído do des ejo s ér io de m e-lh ora r -s e, a fim de ext irpa r de s i os m a u s pen dores , com odo s eu ja rd im a rra n ca a s erva s da n in h a s ; dê ba la n ço n os eu d ia m ora l pa ra , a exem plo do com ercia n te, a va lia r s u a sperda s e s eu s lu cr os e eu vos a s s egu ro qu e a con ta des tess erá m a is a vu lta da qu e a da qu ela s . Se pu der d izer qu e foibom o s eu d ia , poderá dor m ir em pa z e a gu a rda r s em receioo des per ta r n a ou tra vida .

“For m u la i, pois , de vós pa ra con vos co, qu es tões n ít i-da s e p recis a s e n ã o tem a is m u lt ip licá -la s . J u s to é qu e s e

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gas tem a lgu n s m in u tos pa ra con qu is ta r u m a felicidade eter -n a . Nã o t ra ba lh a is todos os d ia s com o fito de ju n ta r h a ve-r es qu e vos ga ra n ta m r epou s o n a velh ice? Nã o con s t itu ies s e r epou s o o ob jeto de todos os vos s os des ejos , o fim qu evos fa z s u por ta r fa d iga s e p r iva ções tem porá r ia s ? Pois bem !qu e é es s e des ca n s o de a lgu n s d ia s , tu rba do s em pre pela sen fer m ida des do corpo, em com pa ra çã o com o qu e es pera oh om em de bem ? Nã o va lerá es te ou tro a pen a de a lgu n ses forços ? Sei h a ver m u itos qu e d izem s er pos it ivo o p r es en -te e in cer to o fu tu r o. Ora , es ta exa ta m en te a idéia qu ees ta m os en ca rr ega dos de elim in a r do vos s o ín t im o, vis todes eja r m os fa zer qu e com pr een da is es s e fu tu r o, de m odo an ã o r es ta r n en h u m a dú vida em vos s a a lm a . Por is s o foiqu e p r im eir o ch a m a m os a vos s a a ten çã o por m eio de fen ô-m en os ca pa zes de fer ir -vos os s en t idos e qu e a gora vos da -m os in s t ru ções , qu e ca da u m de vós s e a ch a en ca rr ega dode es pa lh a r. Com es te ob jet ivo é qu e d ita m os O Livro d osEs píritos .”

SANTO AGOSTINHO

Mu ita s fa lta s qu e com etem os n os pa s s a m des perceb ida s .Se, efet iva m en te, s egu in do o con s elh o de Sa n to Agos t in h o, in ter -rogá s s em os m a is a m iú de a n os s a con s ciên cia , ver ía m os qu a n ta svezes fa lim os s em qu e o s u s peitem os , u n ica m en te por n ã o pers -cru ta r m os a n a tu r eza e o m óvel dos n os s os a tos . A form a in ter ro-ga t iva tem a lgu m a cois a de m a is p r ecis o do qu e qu a lqu er m á xi-m a , qu e m u ita s vezes deixa m os de a p lica r a n ós m es m os . Aqu elaexige respos ta s ca tegórica s , por u m s im ou u m n ão, qu e n ão abremlu ga r pa ra qu a lqu er a lter n a t iva e qu e n ã o ou tros ta n tos a rgu -m en tos pes s oa is . E , pela s om a qu e derem a s res pos ta s , poder e-m os com pu ta r a som a de bem ou de m a l qu e exis te em n ós .

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P A R T E Q U A R T A

⌥⇧⇤�⌦⇤�⌦⇥⇧ �⇧⇤�⌦�↵ ⇤↵⌃⇧�⌅⌦⇤CAPÍTULO I – DAS PENAS E GOZOS TERRESTRES

CAPÍTULO II – DAS PENAS E GOZOS FUTUROS

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C A P Í T U L O I

⌃⇧⇤↵⌦�⌥⇧⇤↵�↵� � ⇤⌅�⇥⇥�⇤⌅⇥�⇤

• Felicid ad e e in felicid ad e rela tivas• Perd a d os en tes querid os• Decepções . Ingra tid ão. Afeições d es tru íd as• Uniões an tipá ticas• Tem or d a m orte• Des gos to d a vid a . S u icíd io

F ELICIDADE E INF ELICIDADE RELATIVAS

9 2 0 . Pod e o hom em goz ar d e com pleta felicid ad e na Terra?

“Nã o, por is s o qu e a vida lh e foi da da com o p rova ouexp ia çã o. Dele , p or ém , d ep en d e a s u a viza çã o d e s eu sm a les e o s er tã o feliz qu a n to pos s ível n a Terra .”

9 2 1 . Concebe-se que o hom em será feliz na Terra, quando aHum anidade es tiver trans form ada. Mas , enquanto is sose não verifica, poderá conseguir um a felicidade relativa?

“O h om em é qu a s e s em pre o ob reir o da s u a p rópr iain felicida de. Pra t ica n do a lei de Deu s , a m u itos m a les s eforra rá e p r oporcion a rá a s i m es m o felicida de tã o gra n dequ a n to o com porte a s u a exis tên cia gros s eira .”

Aqu ele qu e s e a ch a bem com pen etra do de s eu des t in o fu tu -ro n ã o vê n a vida corpora l m a is do qu e u m a es ta çã o tem porá r ia ,

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u m a com o pa ra da m om en tâ n ea em pés s im a h os peda r ia . Fa cil-m en te s e con s ola de a lgu n s a borrecim en tos pa s s a geiros de u m avia gem qu e o leva rá a ta n to m elh or pos içã o, qu a n to m elh or ten h acu ida do dos p repa ra t ivos pa ra em preen dê-la .

J á n es ta vida s om os pu n idos pela s in fra ções , qu e com ete-m os , da s leis qu e regem a exis tên cia corpórea , s ofr en do os m a lescon s eqü en tes des s a s m es m a s in fra ções e dos n os s os p róp r iosexces s os . Se, gra da t iva m en te, rem on ta r m os à or igem do qu e ch a -m a m os a s n ossa s desgra ça s terren a s , verem os qu e, n a m a ioriados ca sos , ela s s ã o a con seqü ên cia de u m prim eiro a fa s ta m en ton osso do ca m in h o r eto. Des via n d o-n os d es te, en vered a m os p orou t r o, m a u , e, d e con s eqü ên cia em con s eqü ên cia , ca ím os n ad es gra ça .

9 2 2 . A felicid ad e terres tre é rela tiva à pos ição d e cad a um .O que bas ta para a felicid ad e d e um , cons titu i a d es -graça d e ou tro. Haverá , con tud o, a lgum a s om a d e feli-cid ad e com um a tod os os hom ens ?

“Com rela çã o à vida m a ter ia l, é a pos s e do n eces s á r io.Com rela çã o à vida m ora l, a con s ciên cia t ra n qü ila e a fé n ofu tu ro.”

9 2 3 . O que para um é s upérfluo não repres en ta rá , paraou tro, o neces s ário, e reciprocam en te, d e acord o comas pos ições res pectivas ?

“Sim , con for m em en te à s vos s a s idéia s m a ter ia is , a osvos s os p recon ceitos , à vos s a a m biçã o e à s vos s a s r id ícu la sextravagâncias, a qu e o fu tu ro fará ju stiça , qu ando compreen-derdes a verda de. Nã o h á dú vida de qu e a qu ele qu e t in h acin qü en ta m il lib ra s de ren da , ven do-s e r edu zido a s ó terdez m il, s e con s idera m u ito des gra ça do, por n ã o m a is po-der fa zer a m es m a figu ra , con s erva r o qu e ch a m a a s u a

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pos içã o, ter ca va los , la ca ios , s a t is fa zer a toda s a s pa ixões ,etc. Acredita qu e lh e fa lta o n eces sá rio. Ma s , fra n ca m en te,a ch a s qu e seja d ign o de lá s t im a , qu a n do a o seu la do m u itosh á , m orren do de fom e e fr io, s em u m a brigo on de repou sema ca b eça ? O h om em cr it er ios o, a fim d e s er feliz, olh as em p r e p a r a b a ixo e n ã o p a r a c im a , a n ã o s e r p a r aeleva r s u a a lm a a o in fin ito.” (715)

9 2 4 . Há m ales que ind epend em d a m aneira d e proced er d ohom em e que a tingem m es m o os m a is ju s tos . Nenhumm eio terá ele d e os evitar?

“Deve res ign a r -s e e s ofrê-los s em m urm ura r, s e qu erp r ogred ir. Sem pre, porém , lh e é da do h a u r ir con s ola çã o n aprópr ia con s ciên cia , qu e lh e p roporcion a a es pera n ça dem elh or fu tu ro, s e fizer o qu e é p r ecis o pa ra ob tê-lo.”

9 2 5 . Por qu e fa vorece Deu s , com os d on s d a riqu ez a , acertos hom ens que não parecem tê-los m erecid o?

“Is s o s ign ifica u m fa vor a os olh os dos qu e a pen a s vêemo p r es en te. Ma s , fica s a ben do, a r iqu eza é, de or d in á r io,p r ova m a is per igos a do qu e a m is ér ia .” (814 e s egu in tes )

9 2 6 . Criand o novas neces s id ad es , a civiliz ação não cons ti-tu i um a fon te d e novas a flições ?

“Os m a les des te m u n do es tã o n a ra zã o da s n eces s ida -des factícias qu e vos cr ia is . A m u itos des en ga n os s e pou pan es ta vida a qu ele qu e s a be r es t r in gir s eu s des ejos e olh as em in veja pa ra o qu e es teja a cim a de s i. O qu e m en osn eces s ida des tem , es s e o m a is r ico.

“In veja is os gozos dos qu e vos pa recem os felizes dom u n do. Sa beis , porven tu ra , o qu e lh es es tá r es erva do? Seos s eu s gozos s ã o todos pes s oa is , per ten cem eles a o n ú m e-

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ro dos egoís ta s : o revers o en tã o virá . Deveis , de p r eferên -cia , la s t im á -los . Deu s a lgu m a s vezes per m ite qu e o m a upros per e, m a s a s u a felicida de n ã o é de ca u s a r in veja , por -qu e com lá gr im a s a m a rga s a pa ga rá . Qu a n do u m ju s to éin feliz, is s o r ep res en ta u m a p rova qu e lh e s erá leva da emcon ta , s e a s u p or ta r com cora gem . Lem b ra i-vos d es ta spa la vra s de J es u s : Bem -a ven tu ra dos os qu e s ofrem , poisqu e s erã o con s ola dos .”

9 2 7 . Não há d úvid a que, à felicid ad e, o s upérfluo não é for-ços am en te ind is pens ável, porém o m es m o não s e d ácom o neces s ário. Ora , não s erá rea l a in felicid ad ed aqueles a quem fa lta o neces s ário?

“Verda deira m en te in feliz o h om em s ó o é qu a n do s ofr eda fa lta do n eces s á r io à vida e à s a ú de do corpo. Toda via ,pode a con tecer qu e es s a p r iva çã o s eja de s u a cu lpa . En tã o,s ó tem qu e s e qu eixa r de s i m es m o. Se for oca s ion a da porou trem , a res pon s a b ilida de reca irá s obr e a qu ele qu e lh eh ou ver da do ca u s a .”

9 2 8 . Evid en tem en te, por m eio d a es pecia lid ad e d as apti-d ões n a tu ra is , Deu s in d ica a n os s a voca çã o n es tem und o. Muitos d os nos s os m a les não ad virão d e nãos egu irm os es s a vocação?

“As s im é, de fa to, e m u ita s vezes s ã o os pa is qu e, pororgu lh o ou a va reza , des via m s eu s filh os da s en da qu e aNa tu reza lh es t ra çou , com prom eten do-lh es a felicida de, porefeito des s e des vio. Res pon derã o por ele.”

a) — Acharíeis en tão jus to que o filho d e um hom emaltam en te colocad o na s ocied ad e fabricas s e tam ancos , porexem plo, d es d e que para is s o tives s e aptid ão?

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“Cu m pre n ã o ca ir n o a bs u r do, n em exa gera r cois a a l-gu m a : a civiliza çã o tem s u a s exigên cia s . Por qu e h a ver ia defa b r ica r ta m a n cos o filh o de u m h om em a lta m en te coloca -do, com o d izes , s e pode fa zer ou tra cois a ? Poderá s em pr etor n a r -s e ú t il n a m ed ida de s u a s fa cu lda des , des de qu en ã o a s a p liqu e à s a ves s a s . As s im , por exem plo, em vez dem a u a dvoga do, ta lvez des s e bom m ecâ n ico, etc.”

No a fa s ta rem -se os h om en s da su a es fera in telectu a l res idein du bita velm en te u m a da s m a is freqü en tes ca u sa s de decepçã o. Ain a ptidã o pa ra a ca rreira a bra ça da con s titu i fon te in esgotá vel dereves es . Depois , o a m or -p rópr io, s ob revin do a tu do is s o, im pedequ e o qu e fra ca s s ou recorra a u m a p r ofis s ã o m a is h u m ilde e lh em os tra o s u icíd io com o rem éd io pa ra es ca pa r a o qu e s e lh e a figu -ra h u m ilh a çã o. S e um a ed ucação m ora l o houves s e colocad o aci-m a d os tolos preconceitos d o orgu lho, jam ais s e teria d eixad o apa-nhar d es preven id o.

9 2 9 . Pes s oas há , que, ba ld as d e tod os os recurs os , em borano s eu d erred or reine a abund ância , s ó têm d ian te d es i a pers pectiva d a m orte. Que partid o d evem tom ar?Devem d eixar-s e m orrer d e fom e?

“Nu n ca n in gu ém deve ter a idéia de deixa r -s e m orrerde fom e. O h om em a ch a r ia s em pr e m eio de s e a lim en ta r, s eo orgu lh o n ã o s e coloca s s e en tre a n eces s ida de e o t ra ba -lh o. Cos tu m a -s e d izer : ‘Nã o h á ofício des p rezível; o s eues ta do n ã o é o qu e des on ra o h om em .’ Is s o, porém , ca dau m d iz pa ra os ou tr os e n ã o pa ra s i.”

9 3 0 . É evid en te que, s e não fos s em os preconceitos s ocia is ,pelos qua is s e d eixa o hom em d om inar, e le s em preacharia um traba lho qua lquer, que lhe proporcionas s e

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m eio de viver, em bora des locando-se da sua pos ição. Mas ,entre os que não têm preconceitos ou os põem de lado, nãohá pessoas que se vêem na im poss ibilidade de prover àss u a s n eces s id a d es , em con s eqü ên cia d e m olés tia sou outras caus as independentes da vontade delas ?

“Nu m a s ocieda de orga n iza da s egu n do a lei do Cr is ton in gu ém deve m orrer de fom e.”

Com u m a orga n iza çã o s ocia l cr iter ios a e p reviden te, a o h o-m em s ó por cu lpa s u a pode fa lta r o n eces s á r io. Porém , s u a s p ró-p r ia s fa lta s s ã o freqü en tem en te r es u lta do do m eio on de s e a ch acoloca do. Qu a n do p ra t ica r a lei de Deu s , terá u m a ordem s ocia lfu n da da n a ju s t iça e n a s olida r ieda de e ele p rópr io ta m bém s erám elh or. (793)

9 3 1 . Por qu e s ã o m a is n u m e ros a s , n a s ocie d a d e , a sclas s es s ofred oras d o que as feliz es ?

“Nen h u m a é per feita m en te feliz e o qu e ju lga is s er afelicida de m u ita s vezes ocu lta pu n gen tes a flições . O s ofr i-m en to es tá por toda pa r te. En treta n to, pa ra r es pon der a oteu pen s a m en to, d irei qu e a s cla s s es a qu e ch a m a s s ofre-dora s s ã o m a is n u m er os a s , por s er a Terra lu ga r de exp ia -çã o. Qu a n do a h ou ver t ra n s for m a do em m ora da do bem ede Es p ír itos bon s , o h om em deixa rá de s er in feliz a í e elalh e s erá o pa ra ís o ter res t r e.”

9 3 2 . Por que, no m und o, tão am iúd e, a in fluência d os m auss obrepu ja a d os bons ?

“Por fra qu eza des tes . Os m a u s s ã o in t r iga n tes e a u da -cios os , os b on s s ã o t ím id os . Qu a n d o es tes o qu is er em ,prepon dera rã o.”

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9 3 3 . As s im com o, quas e s em pre, é o hom em o caus ad or d es eus s ofrim en tos m a teria is , tam bém o s erá d e s euss ofrim en tos m ora is ?

“Ma is a in da , porqu e os s ofr im en tos m a ter ia is a lgu m a svezes in depen dem da von ta de; m a s , o orgu lh o fer ido, a a m -b içã o fru s t ra da , a a n s ieda de da a va r eza , a in veja , o ciú m e,toda s a s pa ixões , n u m a pa la vra , s ã o tor tu ra s da a lm a .

“A in veja e o ciú m e! Felizes os qu e des con h ecem es tesdois ver m es roedor es ! Pa ra a qu ele qu e a in veja e o ciú m ea ta ca m , n ã o h á ca lm a , n em repou s o pos s íveis . À s u a fren -te, com o fa n ta s m a s qu e lh e n ã o dã o t régu a s e o pers egu ema té du ra n te o s on o, s e leva n ta m os ob jetos de s u a cob iça ,do s eu ód io, do s eu des peito. O in vejos o e o ciu m en to vivemar den do em con t ín u a feb re. Será es s a u m a s itu a çã o des e-já vel e n ã o com preen deis qu e, com a s s u a s pa ixões , o h o-m em cr ia pa ra s i m es m o s u p lícios volu n t á r ios , t or n a n d o--s e-lh e a Terra ver da deir o in fer n o?”

Mu ita s expres s ões p in ta m en ergica m en te o efeito de cer ta spa ixões . Diz-s e: ím pa r de orgu lh o, m orrer de in veja , s eca r de ciú -m e ou de des peito, n ã o com er n em beber de ciú m es , etc. Es tequ a dr o é s u m a m en te rea l. Acon tece a té n ã o ter o ciú m e ob jetodeter m in a do. Há pes s oa s ciu m en ta s , por n a tu reza , de tu do o qu es e eleva , de tu do o qu e s a i da cra veira vu lga r, em bora n en h u min teres s e d ir eto ten h a m , m a s u n ica m en te porqu e n ã o podem con -s egu ir ou tro ta n to. Ofu s ca -a s tu do o qu e lh es pa r ece es ta r a cim ado h or izon te e, s e con s t itu ís s em m a ior ia n a s ocieda de, t ra ba lh a -r ia m pa ra redu zir tu do a o n ível em qu e s e a ch a m . É o ciú m ea lia do à m ed iocr ida de.

De ord in á r io, o h om em s ó é in feliz pela im por tâ n cia qu e ligaà s cois a s des te m u n do. Fa zem -lh e a in felicida de a va ida de, aa m biçã o e a cob iça des ilu d ida s . Se s e coloca r fora do círcu lo a ca -n h a do da vida m a ter ia l, s e eleva r s eu s pen s a m en tos pa ra o in fi-

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n ito, qu e é s eu des t in o, m es qu in h a s e pu er is lh e pa recerã o a svicis s itu des da Hu m a n ida de, com o o s ã o a s t r is teza s da cr ia n çaqu e s e a flige pela perda de u m br in qu edo, qu e r es u m ia a s u afelicida de s u prem a .

Aqu ele qu e s ó vê felicida de n a s a t is fa çã o do orgu lh o e dosa pet ites gros s eir os é in feliz, des de qu e n ã o os pode s a t is fa zer, a opa s s o qu e a qu ele qu e n a da pede a o s u pér flu o é feliz com os qu eou tros con s idera m ca la m ida des .

Refer im o-n os a o h om em civiliza do, por qu a n to, o s elva gem ,s en do m a is lim ita da s a s s u a s n eces s ida des , n ã o tem os m es m osm otivos de cob iça e de a n gú s t ia s . Divers a é a s u a m a n eira de vera s cois a s . Com o civiliza do, o h om em ra ciocin a s obre a s u a in feli-cida de e a a n a lis a . Por is s o é qu e es ta o fere. Ma s , ta m bém , lh e éfa cu lta d o ra ciocin a r s ob re os m eios d e ob ter con s ola çã o e d ea n a lis á - los . E s s a con s ola çã o e le a en con t r a n o s en tim en to

cris tão, que lhe d á a es perança d e m elhor fu turo, e no Es piritis m oque lhe d á a certez a d es s e fu turo.

PERDA DOS ENTES QUERIDOS

9 3 4 . A perd a d os en tes que nos s ão caros não cons titu i paranós legítim a caus a d e d or, tan to m ais legítim a quan to éirreparável e ind epend en te d a nos s a von tad e?

“Es s a ca u s a de dor a t in ge a s s im o r ico, com o o pobr e:rep r es en ta u m a p rova , ou exp ia çã o, e com u m é a lei. Ten -des , porém , u m a con s ola çã o em poderdes com u n ica r -voscom os vos s os a m igos pelos m eios qu e vos es tã o a o a lca n -ce, enquan to não d is pond es d e ou tros m a is d iretos e m a isaces s íveis aos vos s os s en tid os .”

9 3 5 . Que s e d eve pens ar d a opin ião d os que cons id eramprofanação as com unicações com o a lém -túm ulo?

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“Nã o pode h a ver n is s o p rofa n a çã o, qu a n do h a ja reco-lh im en to e qu a n do a evoca çã o s eja p ra t ica da res peitos a econ ven ien tem en te. A p rova de qu e a s s im é ten des n o fa tode qu e os Es p ír itos qu e vos con s a gra m a feiçã o a codem comp r a ze r a o vos s o ch a m a d o. S en t em -s e fe lizes p or voslem bra r des deles e por s e com u n ica rem con vos co. Ha ver iap r ofa n a çã o, s e is s o fos s e feito levia n a m en te.”

A poss ib ilida de de n os porm os em com u n ica çã o com os Espí-r itos é u m a du lcís s im a con sola çã o, pois qu e n os proporcion a m eiode con versa r m os com os n ossos pa ren tes e a m igos , qu e deixa ra ma n tes de n ós a Terra . Pela evoca çã o, a proxim a m o-los de n ós , elesvêm coloca r -se a o n osso la do, n os ou vem e respon dem . Cessa a s -s im , por bem dizer, toda s epa ra çã o en tre eles e n ós . Au xilia m -n oscom seu s con selh os , tes tem u n h a m -n os o a feto qu e n os gu a rda m ea a legria qu e experim en ta m por n os lem bra r m os deles . Pa ra n ós ,gra n de sa t is fa çã o é s a bê-los d itosos , in for m a r -n os , por s eu in ter-m éd io, d os p or m en or es d a n ova exis tên cia a qu e p a s s a ra m ea dqu ir ir a certeza de qu e u m dia n os irem os a eles ju n ta r.

9 3 6 . Com o é que as d ores incons oláveis d os que s obrevi-vem s e refletem nos Es píritos que as caus am ?

“O Es p ír ito é s en s ível à lem bra n ça e à s s a u da des dosqu e lh e era m ca r os n a Terra ; m a s , u m a dor in ces s a n te edes a rra zoa da o toca pen os a m en te, por qu e, n es s a dor ex-ces s iva , ele vê fa lta de fé n o fu tu r o e de con fia n ça em Deu se, por con s egu in te, u m obs tá cu lo a o a d ia n ta m en to dos qu eo ch ora m e ta lvez à s u a reu n iã o com es tes .”

Es ta n do o Es p ír ito m a is feliz n o Es pa ço qu e n a Terra , la -m en ta r qu e ele ten h a deixa do a vida corpór ea é dep lora r qu e s ejafeliz. Figu r em os dois a m igos qu e s e a ch em m et idos n a m es m apr is ã o. Am bos a lca n ça rã o u m d ia a liber da de, m a s u m a ob téma n tes do ou tro. Ser ia ca r idos o qu e o qu e con t in u ou p res o s e en -

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tr is teces s e porqu e o s eu a m igo foi liber ta do p r im eiro? Nã o h a ve-r ia , de s u a pa r te, m a is egoís m o do qu e a feiçã o em qu erer qu e dos eu ca t iveiro e do s eu s ofr er pa r t ilh a s s e o ou tro por igu a l tem po?O m es m o s e dá com dois s eres qu e s e a m a m n a Terra . O qu epa r te p r im eiro é o qu e p r im eiro s e liber ta e s ó n os ca be felicitá -lo,a gu a rda n do com pa ciên cia o m om en to em qu e a n os s o tu r n ota m bém o s erem os .

Fa ça m os a in da , a es te p r opós ito, ou tra com pa ra çã o. Ten desu m a m igo qu e, ju n to de vós , s e en con tra em pen os ís s im a s itu a -çã o. Su a s a ú de ou s eu s in teres s es exigem qu e vá pa ra ou tro pa ís ,on de es ta rá m elh or a todos os res peitos . Deixa rá tem pora r ia m en -te de s e a ch a r a o vos s o la do, m a s com ele vos corres pon dereiss em pre: a s epa ra çã o s erá a pen a s m a ter ia l. Des gos ta r -vos -ia os eu a fa s ta m en to, em bora pa ra bem dele?

Pela s p rova s pa ten tes , qu e m in is t ra , da vida fu tu ra , da p re-s en ça , em tor n o de n ós , da qu eles a qu em a m a m os , da con t in u i-da de da a feiçã o e da s olicitu de qu e n os d is pen s a va m ; pela s rela -ções qu e n os fa cu lta m a n ter com eles , a Dou tr in a Es p ír ita n osoferece s u prem a con s ola çã o, por oca s iã o de u m a da s m a is legít i-m a s dores . Com o Es p ir it is m o, n ã o m a is s olidã o, n ã o m a is a ba n -don o: o h om em , por m u ito in s u la do qu e es teja , tem s em pre per tode s i a m igos com qu em pode com u n ica r -s e.

Im pa cien tem en te s u por ta m os a s t r ibu la ções da vida . Tã oin tolerá veis n os p a recem , qu e n ã o com p r een d em os p os s a m oss ofrê-la s . En treta n to, s e a s t iver m os s u por ta do cora jos a m en te,s e s ou b er m os im p or s ilên cio à s n os s a s m u r m u ra ções , felicit a r --n os -em os , qu a n do fora des ta p r is ã o ter ren a , com o o doen te qu es ofre s e felicita , qu a n do cu ra do, por s e h a ver s u bm et ido a u mtra ta m en to doloros o.

DECEPÇÕES . INGRATIDÃO. AF EIÇÕES DES TRUÍDAS

9 3 7 . Para o hom em d e coração, as d ecepções oriund as d aingra tid ão e d a fragilid ad e d os laços d a am iz ad e nãos ão tam bém um a fon te d e am arguras ?

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“Sã o; porém , deveis la s t im a r os in gra tos e os in fiéis ;s erã o m u ito m a is in felizes do qu e vós . A in gra t idã o é filh ado egoís m o e o egoís ta topa rá m a is ta rde com cora ções in -s en s íveis , com o o s eu p rópr io o foi. Lem bra i-vos de todosos qu e h ã o feito m a is bem do qu e vós , qu e va lera m m u itom a is d o qu e vós e qu e t ivera m p or p a ga a in gra t id ã o.Lem bra i-vos de qu e o p rópr io J es u s foi, qu a n do n o m u n do,in ju r ia do e m en os preza do, t ra ta do de velh a co e im pos tor, en ã o vos a dm ireis de qu e o m es m o vos s u ceda . Seja o bemqu e h ou ver des feito a vos s a recom pen s a n a Terra e n ã oa ten teis n o qu e d izem os qu e h ã o receb ido os vos s os ben e-fícios . A in gra t idã o é u m a p r ova pa ra a vos s a pers evera n çan a p rá t ica do bem ; s er -vos -á leva da em con ta e os qu e vosfor em in gra tos s erã o ta n to m a is pu n idos , qu a n to m a ior lh esten h a s ido a in gra t idã o.”

9 3 8 . As d ecepções oriund as d a ingratid ão não s erão d e m ol-d e a end urecer o coração e a fechá-lo à s ens ibilid ad e?

“Fora u m erro, por qu a n to o h om em de cora çã o, com odizes , s e s en te s em pre feliz pelo bem qu e fa z. Sa be qu e, s ees s e bem for es qu ecido n es ta vida , s erá lem bra do em ou trae qu e o in gra to s e en vergon h a rá e terá rem ors os da s u ain gra t idã o.”

a) — Mas , is s o não im ped e que s e lhe u lcere o coração.Ora , d a í não pod erá nas cer-lhe a id éia d e que s eria m a isfeliz , s e fos s e m enos s ens ível?

“Pode, se preferir a felicidade do egoís ta . Tris te felicidadeessa ! Sa iba , pois , qu e os am igos in gra tos qu e o aban don amn ão são dign os de su a am izade e qu e se en gan ou a respeitodeles . Ass im sen do, n ão h á de qu e lam en ta r o tê-los perdido.Ma is t a r d e a ch a r á ou t r os , qu e s a b er ã o com p r een d ê-lo

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m elh or. La s t im a i os qu e u s a m pa ra con vos co de u m proce-d im en to qu e n ã o ten h a is m erecido, pois bem tr is te s e lh esapresen ta rá o revers o da m eda lh a . Nã o vos a flija is , porém ,com is s o: s erá o m eio de vos coloca rdes a cim a deles .”

A Na tu reza deu a o h om em a n eces s ida de de a m a r e de s er

a m a do. Um dos m a iores gozos qu e lh e s ã o con ced idos n a Terra é

o de en con tra r cora ções qu e com o s eu s im pa t izem . Dá -lh e ela ,a s s im , a s p r im ícia s da felicida de qu e o a gu a rda n o m u n do dos

Es p ír itos per feitos , on de tu do é a m or e ben ign ida de. Des s e gozo

es tá exclu ído o egoís ta .

UNIÕES ANTIPÁTICAS

9 3 9 . Um a vez que os Es píritos s im pá ticos s ão ind uz id os aun ir-s e, com o é que, en tre os encarnad os , freqüen te-m en te s ó d e um lad o há a feição e que o m a is s inceroa m or s e v ê a colh id o com in d ife re n ça e , a té , comrepu ls ão? Com o é, a lém d is s o, que a m a is viva a feiçãod e d ois s eres pod e m ud ar-s e em an tipa tia e m es m oem ód io?

“Nã o com pr een des en tã o qu e is s o con s t itu i u m a pu n i-çã o, s e bem qu e pa s s a geira ? Depois , qu a n tos n ã o s ã o osqu e a cred ita m a m a r per d ida m en te, por qu e a pen a s ju lga mpela s a pa rên cia s , e qu e, ob r iga dos a viver com a s pes s oa sa m a da s , n ã o ta rda m a r econ h ecer qu e s ó exper im en ta ra mu m en ca n ta m en to m a ter ia l! Nã o ba s ta u m a pes s oa es ta ren a m ora da de ou tra qu e lh e a gra da e em qu em s u põe bela squ a lida des . Viven do rea lm en te com ela é qu e poderá apreciá --la . Ta n to a s s im qu e, em m u ita s u n iões , qu e a p r in cíp iopa recem des t in a da s a n u n ca s er s im pá tica s , a ca ba m os qu ea s con s t itu íra m , depois de s e h a verem es tu da do bem e de

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bem s e con h ecer em , por vota r -s e, r ecip roca m en te, du ra -dou ro e ter n o a m or, por qu e a s s en te n a es t im a ! Cu m pr en ã o s e es qu eça de qu e é o Es p ír ito qu em a m a e n ã o ocorpo, de s or te qu e, d is s ipa da a ilu s ã o m a ter ia l, o Es p ír itovê a r ea lida de.

“Du a s es pécies h á de a feiçã o: a do corpo e a da a lm a ,a con tecen d o com fr eqü ên cia tom a r -s e u m a p ela ou t ra .Qu a n do pu ra e s im pá t ica , a a feiçã o da a lm a é du ra dou ra ;efêm era a do corpo. Da í vem qu e, m u ita s vezes , os qu e ju l-ga va m a m a r -s e com eter n o a m or pa s s a m a od ia r -s e, des dequ e a ilu s ã o s e des fa ça .”

9 4 0 . Não cons titu i igua lm en te fon te d e d is s abores , tan tom ais am argos quanto envenenam tod a a exis tência , afa lta d e s im patia en tre s eres d es tinad os a viver juntos ?

“Am a rís s im os , com efeito. Es s a , porém , é u m a da s in -felicida des de qu e s ois , a s m a is da s vezes , a ca u s a p r in ci-pa l. Em pr im eir o lu ga r, o er r o é da s vos s a s leis . J u lga s ,porven tu ra , qu e Deu s te con s tra n ja a per m a n ecer ju n to dosqu e te des a gra da m ? Depois , n es s a s u n iões , ord in a r ia m en -te bu s ca is a s a t is fa çã o do orgu lh o e da a m biçã o, m a is doqu e a ven tu ra d e u m a a feiçã o m ú tu a . Sofr eis en tã o a scon s eqü ên cia s dos vos s os p r eju ízos .”

a) — Mas , nes s e cas o, não há quas e s em pre um a vítim ainocen te?

“Há e pa ra ela é u m a du ra exp ia çã o. Ma s , a res pon s a -b ilida de da s u a des gra ça reca irá s obr e os qu e lh e t iverems ido os ca u s a dor es . Se a lu z da ver da de já lh e h ou ver pen e-t ra do a a lm a , em s u a fé n o fu tu ro h a u r irá con s ola çã o. To-da via , à m ed ida qu e os p r econ ceitos s e en fra qu ecerem , a sca u s a s des s a s des gra ça s ín t im a s ta m bém des a pa r ecerã o.”

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TEMOR DA MORTE

9 4 1 . Para m uitas pes s oas , o tem or d a m orte é um a caus ad e perplexid ad e. Dond e lhes vêm es s e tem or, tend o elasd ian te d e s i o fu turo?

“Fa lece-lh es fu n da m en to pa ra s em elh a n te tem or. Ma s ,qu e qu eres ! s e p rocu ra m pers u a d i-la s , qu a n do cr ia n ça s , dequ e h á u m in fer n o e u m pa ra ís o e qu e m a is cer to é ir empa ra o in fer n o, vis to qu e ta m bém lh es d is s era m qu e o qu ees tá n a Na tu reza con s t itu i peca do m orta l pa ra a a lm a ! Su -cede en tã o qu e, tor n a da s a du lta s , es s a s pes s oa s , s e a lgu mju ízo têm , n ã o podem a dm it ir ta l cois a e s e fa zem a téia s , oum a ter ia lis ta s . Sã o a s s im leva da s a crer qu e, a lém da vidapres en te, n a da m a is h á . Qu a n to a os qu e pers is t ira m n a ss u a s cren ça s da in fâ n cia , es s es tem em a qu ele fogo eter n oqu e os qu eim a rá s em os con s u m ir.

“Ao ju s to, n en h u m tem or in s p ira a m orte, por qu e, coma fé, tem ele a cer teza do fu tu ro. A es perança fá -lo con ta rcom u m a vida m elh or ; e a carid ad e , a cu ja lei obedece, lh edá a s egu ra n ça de qu e, n o m u n do pa ra on de terá de ir,n en h u m s er en con tra rá cu jo olh a r lh e s eja de tem er.” (730)

O h om em ca r n a l, m a is p res o à vida corpórea do qu e à vidaes p ir itu a l, tem , n a Terra , pen a s e gozos m a ter ia is . Su a felicida decon s is te n a s a t is fa çã o fu ga z de todos os s eu s des ejos . Su a a lm a ,con s ta n tem en te p r eocu pa da e a n gu s t ia da pela s vicis s itu des davida , s e con s erva n u m a a n s ieda de e n u m a tor tu ra perpétu a s . Am orte o a s s u s ta , porqu e ele du vida do fu tu r o e porqu e tem dedeixa r n o m u n do toda s a s s u a s a feições e es pera n ça s .

O h om em m ora l, qu e s e colocou a cim a da s n eces s ida desfa ct ícia s cr ia da s pela s pa ixões , já n es te m u n do exper im en ta go-zos qu e o h om em m a ter ia l des con h ece. A m odera çã o de s eu s de-

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s ejos lh e dá a o Es p ír ito ca lm a e s eren ida de. Ditos o pelo bem qu efa z, n ã o h á pa ra ele decepções e a s con tra r ieda des lh e des liza mpor s ob r e a a lm a , s em n en h u m a im pres s ã o dolor os a deixa rem .

9 4 2 . Pes s oas não haverá que achem um tan to bana is es s escons elhos para s er-s e feliz na Terra ; que neles vejam oque cham am lugares com uns , s ed iças verd ad es ; e qued igam , que, a fina l, o s egred o para s er-s e feliz cons is teem s aber cad a um s uportar a s ua d es graça?

“Há a s qu e is s o d izem e em gra n de n ú m ero. Ma s , m u i-ta s s e pa r ecem com cer tos doen tes a qu em o m éd ico p res -cr eve a d ieta ; des eja r ia m cu ra r -s e s em rem éd ios e con t i-n u a n do a a pa n h a r in d iges tões .”

DES GOS TO DA VIDA. S UICÍDIO

9 4 3 . Dond e nas ce o d es gos to d a vid a , que, s em m otivosplaus íveis , s e apod era d e certos ind ivíd uos ?

“Efeito da ocios ida de, da fa lta de fé e, t a m bém , das a cieda de.

“Pa ra a qu ele qu e u s a de s u a s fa cu lda des com fim ú t il ed e acord o com as s uas aptid ões na tura is , o t ra ba lh o n a datem de á r ido e a vida s e es coa m a is ra p ida m en te. E le lh es u por ta a s vicis s itu des com ta n to m a is pa ciên cia e res ig-n a çã o, qu a n to obra com o fito da felicida de m a is s ólida em a is du rá vel qu e o es pera .”

9 4 4 . Tem o h om em o d ireito de d is por da s u a vida ?

“Nã o; só a Deu s a s s is te es se d ireito. O su icíd io volu n tá -r io im por ta n u m a t ra n s gres s ã o des ta lei.”

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a) — Não é s em pre volun tário o s u icíd io?

“O lou co qu e s e m a ta n ã o s a be o qu e fa z.”

9 4 5 . Que s e d eve pens ar d o s u icíd io que tem com o caus a od es gos to d a vid a?

“In s en s a tos ! Por qu e n ã o t ra ba lh a va m ? A exis tên cian ã o lh es ter ia s ido tã o pes a da .”

9 4 6 . E d o s u icíd io cu jo fim é fugir, aquele que o com ete, à sm is érias e às d ecepções d es te m und o?

“Pobres Es p ír itos , qu e n ã o têm a cora gem de s u por ta ra s m is ér ia s da exis tên cia ! Deu s a ju da a os qu e s ofrem e n ã oa os qu e ca recem de en ergia e de cora gem . As t r ibu la ções davida s ã o p rova s ou exp ia ções . Felizes os qu e a s s u por ta ms em s e qu eixa r, por qu e s erã o recom pen s a dos ! Ai, porém ,da qu eles qu e es pera m a s a lva çã o do qu e, n a s u a im pieda -de, ch a m a m a ca s o, ou for tu n a ! O a ca s o, ou a for tu n a , pa ram e s ervir da lin gu a gem deles , podem , com efeito, fa vorecê--los p or u m m om en to, m a s p a ra lh es fa zer s en t ir m a ista rde, cru elm en te, a va cu ida de des s a s pa la vra s .”

a) — Os que ha jam cond uz id o o d es graçad o a es s e a tod e d es es pero s ofrerão as cons eqüências d e ta l proced er?

“Oh ! e s s es , a i d e le s ! R e s p on d e rã o com o p or u mas s as s ín io.”

9 4 7 . Pod e s er cons id erad o s u icid a aquele que, a braços coma m aior penúria , s e d eixa m orrer d e fom e?

“É u m s u icíd io, m a s os qu e lh e fora m ca u s a , ou qu eter ia m pod ido im ped i-lo, s ã o m a is cu lpa dos do qu e ele, a

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qu em a in du lgên cia es pera . Toda via , n ã o pen s eis qu e s ejatota lm en te a bs olvido, s e lh e fa lta ra m fir m eza e pers evera n -ça e s e n ã o u s ou de toda a s u a in teligên cia pa ra s a ir doa toleir o. Ai d ele, s ob r etu d o, s e o s eu d es es p er o n a s cedo orgu lh o. Qu er o d izer : s e for qu a is h om en s em qu em oorgu lh o a n u la os r ecu rs os da in teligên cia , qu e cora r ia m dedever a exis tên cia a o t ra ba lh o de s u a s m ã os e qu e p referemm orr er de fom e a ren u n cia r a o qu e ch a m a m s u a pos içã os ocia l! Nã o h a verá m il vezes m a is gra n deza e d ign ida de emlu ta r con tra a a dvers ida de, em a fr on ta r a cr ít ica de u mm u n do fú t il e egoís ta , qu e s ó tem boa von ta de pa ra coma qu eles a qu em n a da fa lta e qu e vos volta a s cos ta s a s s impr ecis a is dele? Sa cr ifica r a vida à con s idera çã o des s e m u n -do é es tu lt ícia , por qu a n to ele a is s o n en h u m a preço dá .”

9 4 8 . É tão reprovável, com o o que tem por caus a o d es es pe-ro, o s u icíd io d aquele que procura es capar à vergonhad e um a ação m á?

“O s u icíd io n ã o a pa ga a fa lta . Ao con trá r io, em vez deu m a , h a verá du a s . Qu a n do s e teve a cora gem de p ra t ica r om a l, é p r eciso ter -s e a de lh e sofrer a s con seqü ên cia s . Deu s ,qu e ju lga , pode, con for m e a ca u s a , a b ra n da r os r igor es des u a ju s t iça .”

9 4 9 . S erá d es cu lpá vel o s u icíd io, qu a n d o ten h a por fimobs tar a que a vergonha ca ia s obre os filhos , ou s obrea fam ília?

“O qu e a s s im p rocede n ã o fa z bem . Ma s , com o pen s aqu e o fa z, Deu s lh e leva is s o em con ta , pois qu e é u m aexp ia çã o qu e ele s e im põe a s i m es m o. A in ten çã o lh e a te-

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n u a a fa lta ; en treta n to, n em por is s o deixa de h a ver fa lta .Dem a is , e lim in a i d a vos s a s oc ied a d e os a b u s os e osp recon ceitos e deixa rá de h a ver des s es s u icíd ios .”

Aqu ele qu e t ira a s i m es m o a vida , pa ra fu gir à vergon h a deu m a a çã o m á , p rova qu e dá m a is a p r eço à es t im a dos h om en s doqu e à de Deu s , vis to qu e volta pa ra a vida es p ir itu a l ca r rega do des u a s in iqü id a d es , t en d o-s e p r iva d o d os m eios d e r ep a r á -la sdu ra n te a vida corpórea . Deu s , gera lm en te, é m en os in exorá veldo qu e os h om en s . Perdoa a os qu e s in cera m en te s e a r repen dem ea ten de à repa ra çã o. O s u icida n a da r epa ra .

9 5 0 . Que pens ar d aquele que s e m a ta , na es perança d echegar m a is d epres s a a um a vid a m elhor?

“Ou tra lou cu ra ! Qu e fa ça o bem e m a is cer to es ta rá delá ch ega r, pois , m a ta n do-s e, r eta rda a s u a en tra da n u mm u n do m elh or e terá qu e ped ir lh e s eja per m it ido volta r,pa ra conclu ir a vid a a qu e pôs ter m o s ob o in flu xo de u m aidéia fa ls a . Um a fa lta , s eja qu a l for, ja m a is a b r e a n in gu émo s a n tu á r io dos eleitos .”

9 5 1 . Não é, à s vez es , m eritório o s acrifício d a vid a , quand oaquele que o fa z vis a s a lvar a d e ou trem , ou s er ú tilaos s eus s em elhan tes ?

“Is s o é s u b lim e, con for m e a in ten çã o, e, em ta l ca s o, os a cr ifício da vida n ã o con s t itu i s u icíd io. Ma s , Deu s s e opõea todo s a cr ifício in ú t il e n ã o o pode ver de bom gra do, s etem o orgu lh o a m a n ch á -lo. Só o des in teres s e tor n a m er i-tór io o s a cr ifício e, n ã o ra ro, qu em o fa z gu a rda ocu lto u mpen s a m en to, qu e lh e d im in u i o va lor a os olh os de Deu s .”

Todo s a cr ifício qu e o h om em fa ça à cu s ta da s u a p rópr iafelicida de é u m a to s obera n a m en te m er itór io a os olh os de Deu s ,

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porqu e r es u lta da p rá t ica da lei de ca r ida de. Ora , s en do a vida obem ter ren o a qu e m a ior a p reço dá o h om em , n ã o com ete a ten ta -do o qu e a ela ren u n cia pelo bem de s eu s s em elh a n tes : cu m pr eu m s a cr ifício. Ma s , a n tes de o cu m prir, deve reflet ir s ob r e s e s u avida n ã o s erá m a is ú t il do qu e s u a m orte.

9 5 2 . Com ete s u icíd io o hom em que perece vítim a d e pa ixõesque ele s abia lhe haviam d e apres s ar o fim , porém aque já não pod ia res is tir, por havê-las o hábito m ud ad oem verd ad eiras neces s id ad es fís icas ?

“É u m s u icíd io m ora l. Nã o percebeis qu e, n es s e ca s o, oh om em é du p la m en te cu lpa do? Há n ele en tã o fa lta de cora -gem e bes t ia lida de, a cres cida s do es qu ecim en to de Deu s .”

a) — S erá m ais , ou m enos , cu lpad o d o que o que tira a s im es m o a vid a por d es es pero?

“É m a is cu lpa do, porqu e tem tem po de r eflet ir s ob re os eu s u icíd io. Na qu ele qu e o fa z in s ta n ta n ea m en te, h á , m u i-ta s vezes , u m a es pécie de des va ira m en to, qu e a lgu m a cois atem da lou cu ra . O ou tr o s erá m u ito m a is pu n ido, por is s oqu e a s pen a s s ã o p r opor cion a da s s em pre à con s ciên cia qu eo cu lpa do tem da s fa lta s qu e com ete.”

9 5 3 . Quand o um a pes s oa vê d ian te d e s i um fim inevitávele horrível, s erá cu lpad a s e abreviar d e a lguns ins tan -tes os s eus s ofrim en tos , apres s and o volun tariam en tes ua m orte?

“É s em pre cu lpa do a qu ele qu e n ã o a gu a rda o ter m oqu e Deu s lh e m a r cou pa ra a exis tên cia . E qu em poderáes ta r cer to de qu e, m a lgra do à s a pa rên cia s , es s e ter m oten h a ch ega do; de qu e u m s ocorr o in es pera do n ã o ven h an o ú lt im o m om en to?”

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a) — Concebe-s e que, nas circuns tâncias ord inárias , os u icíd io s eja cond enável; m as , es tam os figurand o o cas o emque a m orte é inevitável e em que a vid a s ó é encurtad a d ea lguns in s tan tes .

“É s em pr e u m a fa lta de res ign a çã o e de s u bm is s ã o àvon ta de do Cr ia dor.”

b) — Qua is , nes s e cas o, a s cons eqüências d e ta l a to?

“Um a exp ia çã o p r oporcion a da , com o s em pre, à gra vi-da de da fa lta , de a cordo com a s circu n s tâ n cia s .”

9 5 4 . S erá cond enável um a im prud ência que com prom ete avid a s em neces s id ad e?

“Nã o h á cu lpa b ilida de, em n ã o h a ven do in ten çã o, oucon s ciên cia per feita da p rá t ica do m a l.”

9 5 5 . Pod em s er cons id erad as s u icid as e s ofrem as cons e-qüências d e um s u icíd io as m u lheres que, em certospa ís es , s e queim am volun tariam en te s obre os corposd os m arid os ?

“Obedecem a u m pr econ ceito e, m u ita s vezes , m a is àforça do qu e por von ta de. J u lga m cu m prir u m dever e es s en ã o é o ca rá ter do s u icíd io. En con tra m des cu lpa n a n u lida -de m ora l qu e a s ca ra cter iza , em a s u a m a ior ia , e n a ign o-râ n cia em qu e s e a ch a m . Es s es u s os bá rba ros e es tú p idosdes a pa recem com o a dven to da civiliza çã o.”

9 5 6 . Alcançam o fim objetivad o aqueles que, não pod end ocon form ar-s e com a perd a d e pes s oas que lhes eramcaras , s e m a tam na es perança d e ir jun tar-s e-lhes ?

“Mu ito d ivers o do qu e es pera m é o r es u lta do qu e co-lh em . Em vez de s e reu n ir em a o qu e era ob jeto de s u a s

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a feições , dele s e a fa s ta m por lon go tem po, pois n ã o é pos s í-vel qu e Deu s r ecom pen s e u m a to de cova rd ia e o in s u ltoqu e lh e fa zem com o du vida r em da s u a p rovidên cia . Pa ga -rã o es s e in s ta n te de lou cu ra com a flições m a ior es do qu ea s qu e pen s a ra m a br evia r e n ã o terã o, pa ra com pen s á -la s ,a s a t is fa çã o qu e es pera va m .” (934 e s egu in tes )

9 5 7 . Quais , em gera l, com relação ao es tad o d o Es pírito, a scons eqüências d o s u icíd io?

“Mu ito d ivers a s s ã o a s con s eqü ên cia s do s u icíd io. Nã oh á pen a s deter m in a da s e, em todos os ca s os , corres pon -dem s em pr e à s ca u s a s qu e o p rodu zira m . Há , porém , u m acon s eqü ên cia a qu e o s u icida n ã o pode es ca pa r ; é o d es a -pon tam en to. Ma s , a s or te n ã o é a m es m a pa ra todos ; de-pen de da s cir cu n s tâ n cia s . Algu n s exp ia m a fa lta im ed ia ta -m en te, ou tr os em n ova exis tên cia , qu e s erá p ior do qu ea qu ela cu jo cu rs o in ter r om pera m .”

A observa çã o, rea lm en te, m os tra qu e os efeitos do su icíd ion ã o sã o idên ticos . Algu n s h á , porém , com u n s a todos os ca sos dem orte violen ta e qu e sã o a con seqü ên cia da in terru pçã o bru sca davida . Há , pr im eiro, a pers is tên cia m a is prolon ga da e ten a z do la çoqu e u n e o Es p ír ito a o corpo, por es ta r qu a s e s em pr e es s e la ço n ap len itu de da s u a força n o m om en to em qu e é pa r t ido, a o pa s s oqu e, n o ca s o de m or te n a tu ra l, ele s e en fra qu ece gra du a lm en te em u ita s vezes s e des fa z a n tes qu e a vida s e h a ja ext in gu ido com -p leta m en te. As con s eqü ên cia s des te es ta do de cois a s s ã o o p ro-lon ga m en to da per tu rba çã o es p ir itu a l, s egu in do-s e à ilu s ã o emqu e, du ra n te m a is ou m en os tem po, o Es p ír ito s e con s erva de qu ea in da per ten ce a o n ú m ero dos vivos . (l55 e 165)

A a fin ida de qu e per m a n ece en tr e o Es p ír ito e o corpo p ro-du z, n a lgu n s s u icida s , u m a es pécie de repercu s s ã o do es ta do docorpo n o Es p ír ito, qu e, a s s im , a s eu m a u gra do, s en te os efeitos

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da decom pos ição, don de lh e resu lta u m a sen sação ch eia de an gú s-tia s e de h orror, es tado esse qu e tam bém pode du ra r pelo tem po qu edevia du ra r a vida qu e sofreu in terru pção. Não é gera l es te efeito;m a s , em ca s o a lgu m , o s u icida fica is en to da s con s eqü ên cia sda su a fa lta de cora gem e, cedo ou ta rde, expia , de u m m odo ou deou tro, a cu lpa em qu e in correu . Ass im é qu e certos Espír itos , qu efora m m u ito desgra ça dos n a Terra , d is s era m ter -s e su icida do n aexis tên cia p receden te e s u bm et ido volu n ta r ia m en te a n ova s p ro-va s , pa ra ten ta rem s u por tá -la s com m a is r es ign a çã o. Em a lgu n s ,ver ifica -s e u m a es pécie de liga çã o à m a tér ia , de qu e in u t ilm en tep rocu ra m des em ba ra ça r -s e, a fim de voa rem pa ra m u n dos m e-lh ores , cu jo a ces s o, porém , s e lh es con s erva in terd ito. A m a iorpa r te deles s ofre o pes a r de h a ver feito u m a cois a in ú t il, pois qu es ó decepções en con tra m .

A r eligiã o, a m ora l, toda s a s filos ofia s con den a m o s u icíd iocom o con trá r io à s leis da Na tu reza . Toda s n os d izem , em p r in cí-p io, qu e n in gu ém tem o d ireito de a b revia r volu n ta r ia m en te avida . En treta n to, por qu e n ã o s e tem es s e d ireito? Por qu e n ã o élivre o h om em de pôr ter m o a os s eu s s ofr im en tos ? Ao Espir it ism oes ta va reserva do dem on s tra r, pelo exem plo dos qu e su cu m bira m ,qu e o su icíd io n ã o é u m a fa lta , som en te por con s titu ir in fra çã o deu m a lei m ora l, con s idera çã o de pou co peso pa ra certos in divídu os ,m a s ta m bém u m a to es tú p ido, pois qu e n a da ga n h a qu em o p ra -t ica , a n tes o con trá r io é o qu e s e dá , com o n o-lo en s in a m , n ã o ateor ia , porém os fa tos qu e ele n os põe s ob a s vis ta s .

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C A P Í T U L O I I

⌥⇧⇤�� �⇧⇤� ��⌦�⌦⇤�↵⌃⌅⌃⇥⌦⇤• O nad a . Vid a fu tura• In tu ição d as penas e goz os fu turos• In tervenção d e Deus nas penas e recom pens as• Naturez a d as penas e goz os fu turos• Penas tem pora is• Expiação e arrepend im en to• Duração d as penas fu turas• Res s urreição d a carne• Para ís o, in ferno e purga tório

O NADA. VIDA F UTURA

9 5 8 . Por que tem o hom em , ins tin tivam ente, horror ao nad a?

“Porqu e o n a da n ã o exis te.”

9 5 9 . Dond e nas ce, para o hom em , o s en tim en to ins tin tivod a vid a fu tura?

“J á tem os d ito: a n tes de en ca r n a r, o Es p ír ito con h eciatoda s es s a s cois a s e a a lm a con s erva va ga lem bra n ça doqu e s a be e do qu e viu n o es ta do es p ir itu a l.” (393)

Em todos os tem pos , o h om em se preocu pou com o seu fu tu -ro pa ra lá do tú m u lo e is so é m u ito n a tu ra l. Qu a lqu er qu e seja aim por tâ n cia qu e ligu e à vida p r es en te, n ã o pode ele fu r ta r -s e

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a con s idera r qu a n to es s a vida é cu r ta e, s ob retu do, p recá r ia , poisqu e a ca da in s ta n te es tá s u jeita a in ter rom per -s e, n en h u m a cer -teza lh e s en do per m it ida a cerca do d ia s egu in te. Qu e s erá dele,a pós o in s ta n te fa ta l? Qu es tã o gra ve es ta , porqu a n to n ã o s e t ra tade a lgu n s a n os a pen a s , m a s da eter n ida de. Aqu ele qu e tem dep a s s a r lon go tem p o, em p a ís es t ra n geiro, s e p r eocu p a com as itu a çã o em qu e lá s e a ch a rá . Com o, en tã o, n ã o n os h a via dep reocu pa r a em qu e n os verem os , deixa n do es te m u n do, u m a vezqu e é pa ra s em pre?

A idéia do n a da tem qu a lqu er cois a qu e repu gn a à ra zã o. Oh om em qu e m a is des p reocu pa do s eja du ra n te a vida , em ch ega n -do o m om en to s u prem o, pergu n ta a s i m es m o o qu e va i s er dele e,s em o qu erer, es pera .

Cr er em Deu s , s em a d m it ir a vid a fu tu r a , for a u m con t r a --s en s o. O s en t im en to de u m a exis tên cia m elh or res ide n o for oín t im o de todos os h om en s e n ã o é pos s ível qu e Deu s a í o ten h acoloca do em vã o.

A vida fu tu ra im plica a con s erva çã o da n os s a in d ividu a lida -de, a pós a m or te. Com efeito, qu e n os im por ta r ia s ob reviver a ocorpo, s e a n os s a es s ên cia m ora l h ou ves s e de perder -s e n o ocea -n o do in fin ito? As con s eqü ên cia s , pa ra n ós , s er ia m a s m es m a squ e s e t ivés s em os de n os s u m ir n o n a da .

INTUIÇÃO DAS PENAS E GOZOS F UTUROS

9 6 0 . Dond e s e origina a crença , com que d eparam os en tretod os os povos , na exis tência d e penas e recom pens asporvind ouras ?

“É s em pr e a m es m a cois a : p res s en t im en to da r ea lida -de, t ra zido a o h om em pelo Es p ír ito n ele en ca r n a do. Por -qu e, s a bei-o bem , n ã o é deba lde qu e u m a voz in ter ior vosfa la . O vos s o er ro con s is te em n ã o lh e p r es ta rdes ba s ta n tea t en çã o. Melh or es vos t or n a r íe is , s e n is s o p en s á s s eism u ito, e m u ita s vezes .”

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9 6 1 . Qual o s entim ento que dom ina a m aioria dos hom ens nom om ento da m orte: a dúvida, o tem or, ou a es perança?

“A dú vida , n os cép t icos em pedern idos ; o tem or, n oscu lpa dos ; a es pera n ça , n os h om en s de bem .”

9 6 2 . Com o pod e haver cépticos , um a vez que a a lm a traz aohom em o s en tim en to d as cois as es piritua is ?

“Eles s ã o em n ú m ero m u ito m en or do qu e s e ju lga .Mu itos s e fa zem de es p ír itos for tes , du ra n te a vida , s om en -te por orgu lh o. No m om en to da m orte, porém , deixa m des er tã o fa n fa rrões .”

A res pon s a b ilida de dos n os s os a tos é a con s eqü ên cia darea lida de da vida fu tu ra . Dizem -n os a ra zã o e a ju s t iça qu e, n ap a r t ilh a d a felicid a d e a qu e tod os a s p ira m , n ã o p od em es ta rcon fu n d idos os bon s e os m a u s . Nã o é pos s ível qu e Deu s qu eiraqu e u n s gozem , s em t ra ba lh o, de ben s qu e ou tros s ó a lca n ça mcom es forço e pers evera n ça .

A idéia qu e, m ed ia n te a s a bedor ia de s u a s leis , Deu s n os dáde s u a ju s t iça e de s u a bon da de n ã o n os per m ite a cred ita r qu e oju s to e o m a u es teja m n a m es m a ca tegor ia a s eu s olh os , n emdu vida r de qu e receba m , a lgu m d ia , u m a r ecom pen s a , o ca s t igoo ou tr o, pelo bem ou pelo m a l qu e ten h a m feito. Por is s o é qu e os en t im en to in a to qu e tem os da ju s t iça n os dá a in tu içã o da spen a s e recom pen s a s fu tu ra s .

INTERVENÇÃO DE D EUS NAS PENAS E RECOMPENS AS

9 6 3 . Com cad a hom em , pes s oa lm en te, Deus s e ocupa? Nãoé ele m u ito grand e e nós m u ito pequen inos para queca d a in d iv íd u o em pa rticu la r ten h a , a s eu s olh os ,a lgum a im portância?

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“Deu s s e ocu pa com todos os s er es qu e cr iou , por m a ispequ en in os qu e s eja m . Na da , pa ra a s u a bon da de, é des t i-tu ído de va lor.”

9 6 4 . Mas , s erá neces s ário que Deus a ten te em cad a um d osnos s os a tos , para nos recom pens ar ou pun ir? Es s esa tos não s ão, na s ua m aioria , ins ign ifican tes para ele?

“Deu s tem s u a s leis a reger em toda s a s vos s a s a ções .Se a s viola is , vos s a é a cu lpa . In du b ita velm en te, qu a n dou m h om em com ete u m exces s o qu a lqu er, Deu s n ã o p roferecon tra ele u m ju lga m en to, d izen do-lh e, por exem plo: Fos tegu los o, vou pu n ir -te. E le t ra çou u m lim ite; a s en fer m ida -des e m u ita s vezes a m or te s ã o a con s eqü ên cia dos exces -s os . E is a í a p u n içã o; é o res u lta d o d a in fra çã o d a lei.As s im em tu do.”

Toda s a s n os s a s a ções es tã o s u bm et ida s à s leis de Deu s .Nen h u m a h á , por m ais ins ignificante que nos pareça , qu e n ão possas er u m a viola çã o da qu ela s leis . Se s ofrem os a s con s eqü ên cia sd es s a viola çã o, s ó n os d evem os qu eixa r d e n ós m es m os , qu edes s e m odo n os fa zem os os ca u s a dores da n os s a felicida de, ouda n os s a in felicida de fu tu ra s .

Es ta verda de se tor n a eviden te por m eio do a pólogo segu in te:“Um pa i deu a s eu filh o edu ca çã o e in s t ru çã o, is to é, os

m eios de s e gu ia r. Cede-lh e u m ca m po pa ra qu e o cu lt ive e lh ed iz: Aqu i es tã o a regra qu e deves s egu ir e todos os in s t ru m en tosn eces s á r ios a tor n a res fér t il es te ca m po e a s s egu ra res a tu a exis -tên cia . Dei-te a in s t ru çã o, pa ra com preen deres es ta r egra . Se as egu ires , teu ca m po p r odu zirá m u ito e te p roporcion a rá o r epou -s o n a velh ice. Se a des p reza res , n a da p rodu zirá e m orrerá s defom e. Dito is s o, deixa -o p roceder livrem en te.”

Nã o é verda de qu e es s e ca m po p r odu zirá n a ra zã o dos cu i-da dos qu e forem d is pen s a dos à s u a cu ltu ra e qu e toda n egligên -

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cia redu n da rá em p r eju ízo da colh eita ? Na velh ice, por ta n to, ofilh o s erá d itos o, ou des gra ça do, con for m e h a ja s egu ido ou n ã o aregra qu e s eu pa i lh e t ra çou . Deu s a in da é m a is p reviden te, poisqu e n os a dver te, a ca da in s ta n te, de qu e es ta m os fa zen do bem oum a l. En via -n os os Es p ír itos pa ra n os in s p ira rem , porém n ã o oses cu ta m os . Há m a is es t a d ifer en ça : Deu s fa cu lt a s em p r e a oh om em , con ceden do-lh e n ova s exis tên cia s , r ecu rs os pa ra repa -ra r s eu s er ros pa s s a dos , en qu a n to a o filh o de qu em fa la m os , s eem pr egou m a l o s eu tem po, n en h u m recu rs o res ta .

NATUREZA DAS PENAS E GOZOS F UTUROS

9 6 5 . Têm a lgum a cois a d e m ateria l a s penas e goz os d aa lm a d epois d a m orte?

“Nã o podem s er m a ter ia is , d i-lo o bom -s en s o, pois qu ea a lm a n ã o é m a tér ia . Na da têm de ca r n a l es s a s pen a s ees s es gozos ; en tr eta n to, s ã o m il vezes m a is vivos do qu e osqu e exper im en ta is n a Terra , por qu e o Es p ír ito, u m a vezliber to, é m a is im pr es s ion á vel. En tã o, já a m a tér ia n ã o lh eem bota a s s en s a ções .” (237 a 257)

9 6 6 . Por qu e d a s p e n a s e goz os d a v id a fu tu ra fa z ohom em , às vez es , tão gros s eira e abs urd a id éia?

“In teligên cia qu e a in da s e n ã o des en volveu ba s ta n te.Com pr een de a cr ia n ça a s cois a s com o o a du lto? Is s o, a odem a is , depen de ta m bém do qu e s e lh e en s in ou : a í é qu eh á n eces s ida de de u m a r efor m a .

“Mu it ís s im o in com pleta é a vos s a lin gu a gem , pa ra ex-p r im ir o qu e es tá fora de vós . Teve-s e en tã o qu e recorr er acom pa ra ções e tom a s tes com o r ea lida de a s im a gen s e figu -r a s qu e s ervira m pa ra es s a s com pa ra ções . À m ed ida , po-

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rém , qu e o h om em s e in s t ru i, m elh or va i com preen den do oqu e a s u a lin gu a gem n ã o pode expr im ir.”

9 6 7 . Em que cons is te a felicid ad e d os bons Es píritos ?

“Em con h ecerem todas a s coisa s ; em n ão sen tirem ódio,n em ciú m e, n em in veja , n em a m biçã o, n em qu a lqu er da spa ixões qu e oca s ion a m a des gra ça dos h om en s . O a m orqu e os u n e lh es é fon te de s u prem a felicida de. Nã o exper i-m en ta m a s n eces s ida des , n em os s ofr im en tos , n em a s a n -gú s t ia s da vida m a ter ia l. Sã o felizes pelo bem qu e fa zem .Con tu do, a felicida de dos Es p ír itos é p roporcion a l à eleva -çã o de ca da u m . Som en te os pu ros Es p ír itos goza m , é exa -to, da felicida de s u prem a , m a s n em todos os ou tr os s ã oin felizes . En tre os m a u s e os per feitos h á u m a in fin ida dede gra u s em qu e os gozos s ã o r ela t ivos a o es ta do m ora l. Osqu e já es tã o ba s ta n te a d ia n ta dos com preen dem a ven tu rados qu e os p recedera m e a s p ira m a a lca n çá -la . Ma s , es taa s p ira çã o lh es con s t itu i u m a ca u s a de em u la çã o, n ã o deciú m e. Sa bem qu e deles depen de o con s egu i-la e pa ra acon s egu ir em t ra ba lh a m , porém com a ca lm a da con s ciên -cia t ra n qü ila e d itos os s e con s idera m por n ã o terem qu es ofrer o qu e s ofrem os m a u s .”

9 6 8 . Cita is , en tre as cond ições d a felicid ad e d os bons Es pí-ritos , a aus ência d as neces s id ad es m a teria is . Mas , as a tis fação d es s as neces s id ad es não repres en ta parao hom em um a fon te d e goz os ?

“Sim , gozo do a n im a l. Qu a n do n ã o podes s a t is fa zer aes s a s n eces s ida des , pa s s a s por u m a tor tu ra .”

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9 6 9 . Que s e d eve en tend er quand o é d ito que os Es píritospuros s e acham reun id os no s eio d e Deus e ocupad osem lhe en toar louvores ?

“É u m a a legor ia in d ica t iva da in teligên cia qu e eles têmda s per feições de Deu s , por qu e o vêem e com preen dem ,m a s qu e, com o m u ita s ou tra s , n ã o s e deve tom a r a o pé dalet ra . Tu do em a Na tu reza , des de o grã o de a r eia , ca n ta ,is to é, p r ocla m a o poder, a s a bedor ia e a bon da de de Deu s .Nã o cr eia s , toda via , qu e os Es p ír itos bem -a ven tu ra dos es -teja m em con tem pla çã o por toda a eter n ida de. Ser ia u m abem -a ven tu ra n ça es tú p ida e m on óton a . Fora , a lém d is s o,a felicida de do egoís ta , por qu a n to a exis tên cia deles s er iau m a in u t ilida de s em -ter m o. Es tã o is en tos da s t r ibu la çõesda vida corpór ea : já é u m gozo. Depois , com o d is s em os ,con h ecem e s a bem toda s a s cois a s ; dã o ú t il em prego à in te-ligên cia qu e a dqu ir ira m , a u xilia n do os p r ogr es s os dos ou -t r os Es p ír itos . Es s a a s u a ocu pa çã o, qu e a o m es m o tem poé u m gozo.”

9 7 0 . Em qu e con s is te m os s of rim e n tos d os Es p íritosin feriores ?

“Sã o tã o va r ia dos com o a s ca u s a s qu e os deter m in a me p ropor cion a dos a o gra u de in fer ior ida de, com o os gozos os ã o a o de s u per ior ida de. Podem res u m ir -s e a s s im : In veja -r em o qu e lh es fa lta pa ra s er felizes e n ã o ob terem ; verem afelicida de e n ã o n a poder em a lca n ça r ; pes a r, ciú m e, ra iva ,des es per o, m ot iva dos pelo qu e os im pede de s er d itos os ;r em ors os , a n s ieda de m ora l in defin ível. Des eja m todos osgozos e n ã o os podem s a t is fa zer : eis o qu e os tor tu ra .”

9 7 1 . É s em pre boa a in fluência que os Es píritos exercemuns s obre os ou tros ?

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“Sem pre boa , es tá cla ro, da pa r te dos bon s Es p ír itos .Os Es p ír itos pervers os , es s es p rocu ra m des via r da s en dado bem e do a r repen d im en to os qu e lh es pa recem s u s cet í-veis de s e deixa rem leva r e qu e s ã o, m u ita s vezes , os qu eeles m es m os a r ra s ta ra m a o m a l du ra n te a vida ter r en a .”

a) — As s im , a m orte não nos livra d a ten tação?

“Nã o, m a s a a çã o dos m a u s Es p ír itos é s em pr e m en ors obre os ou tr os Es p ír itos do qu e s obre os h om en s , por qu elh es fa lta o a u xílio da s pa ixões m a ter ia is .” (996)

9 7 2 . Com o proced em os m a u s Es p íritos pa ra ten ta r osou tros Es píritos , não pod end o jogar com as pa ixões ?

“As pa ixões n ã o exis tem m a ter ia lm en te, m a s exis temn o p en s a m en to d os E s p ír it os a t r a s a d os . Os m a u s d ã opa s to a es s es pen s a m en tos , con du zin do s u a s vít im a s a oslu ga res on de s e lh es ofer eça o es petá cu lo da qu ela s pa ixõese de tu do o qu e a s pos s a excita r.”

a) — Mas , d e que s ervem es s as pa ixões , s e já não têmobjeto rea l?

“Nis s o p r ecis a m en te é qu e lh es es tá o s u p lício: o a va -ren to vê ou r o qu e lh e n ã o é da do pos s u ir ; o deva s s o, orgia sem qu e n ã o pode tom a r pa r te; o orgu lh os o, h on ra s qu e lh eca u s a m in veja e de qu e n ã o pode goza r.”

9 7 3 . Quais os s ofrim en tos m a iores a que os Es píritos m auss e vêem s u jeitos ?

“Nã o h á des cr içã o pos s ível da s tor tu ra s m ora is qu econ s t itu em a pu n içã o de cer tos cr im es . Mes m o o qu e a ss ofre ter ia d ificu lda de em vos da r dela s u m a idéia . In du b i-

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ta velm en te, porém , a m a is h orr ível con s is te em pen s a remqu e es tã o con den a dos s em r em is s ã o.”

Da s pen a s e gozos da a lm a a pós a m orte for m a o h om emidéia m a is ou m en os eleva da , con for m e o es ta do de s u a in teligên -cia . Qu a n to m a is ele s e des en volve, ta n to m a is es s a idéia s e a pu -ra e s e es coim a da m a tér ia ; com preen de a s cois a s de u m pon to devis ta m a is ra cion a l, deixa n do de tom a r a o pé da let ra a s im a gen sde u m a lin gu a gem figu ra da . En s in a n do-n os qu e a a lm a é u m s ertodo esp ir itu a l, a ra zã o, m a is escla recida , n os d iz, por is so m esm o,qu e ela n ã o pode s er a t in gida pela s im pres s ões qu e a pen a s s obr ea m a tér ia a tu a m . Nã o s e s egu e, porém , da í qu e es teja is en ta des ofr im en tos , n em qu e n ã o receba o ca s t igo de s u a s fa lta s . (237)

As com u n ica ções es p ír ita s t ivera m com o res u lta do m os tra ro es ta do fu tu r o da a lm a , n ã o m a is em teor ia , porém n a rea lida de.Põem -n os d ia n t e d os olh os t od a s a s p er ip écia s d a vid a d e a lém --tú m u lo. Ao m es m o tem po, en treta n to, n o-la s m os tra m com o con -s eqü ên cia s per feita m en te lógica s da vida ter res t re e, em bora des -poja da s do a pa ra to fa n tá s t ico qu e a im a gin a çã o dos h om en s cr iou ,n ã o s ã o m en os pes s oa is pa ra os qu e fizera m m a u u s o de s u a sfa cu lda des . In fin ita é a va r ieda de des s a s con s eqü ên cia s . Ma s ,em tes e gera l, pode-s e d izer : ca da u m é pu n ido por a qu ilo em qu epecou . As s im é qu e u n s o s ã o pela vis ã o in ces s a n te do m a l qu efizera m ; ou tros , pelo pes a r, pelo tem or, pela vergon h a , pela dú vi-da , pelo in s u la m en to, pela s t reva s , pela s epa ra çã o dos en tes qu elh es s ã o ca r os , etc.

9 7 4 . Dond e proced e a d ou trina d o fogo eterno?

“Im a gem , s em elh a n te a ta n ta s ou tra s , tom a da com orea lida de.”

a) — Ma s , o tem or d e s s e fogo n ã o p rod u z irá b omres u ltad o?

“Vede s e s erve de freio, m es m o en tr e os qu e o en s in a m .Se en s in a rdes cois a s qu e m a is ta r de a ra zã o ven h a a repe-

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lir, ca u s a reis u m a im pr es s ã o qu e n ã o s erá du ra dou ra , n ems a lu ta r.”

Im poten te pa ra , n a s u a lin gu a gem , defin ir a n a tu reza da -qu eles s ofr im en tos , o h om em n ã o en con trou com pa ra çã o m a isen érgica d o qu e a d o fogo, p ois , p a ra ele, o fogo é o t ip o d om a is cru el s u p lício e o s ím bolo da a çã o m a is violen ta . Por is s o équ e a cren ça n o fogo eter n o da ta da m a is rem ota a n t igu ida de,ten do-a os povos m oder n os h er da do dos m a is a n t igos . Por is s ota m bém é qu e o h om em d iz, em s u a lin gu a gem figu ra da : o fogoda s pa ixões ; a b ra s a r de a m or, de ciú m e, etc.

9 7 5 . Os Es píritos in feriores com preend em a felicid ad e d ojus to?

“Sim , e is s o lh es é u m s u p lício, porqu e com preen demqu e es tã o dela p r iva dos por s u a cu lpa . Da í res u lta qu e oEs p ír ito, liber to da m a tér ia , a s p ira à n ova vida corpora l,pois qu e ca da exis tên cia , s e for bem em pregad a , a b r eviau m ta n to a du ra çã o des s e s u p lício. É en tã o qu e p rocede àes colh a da s p rova s por m eio da s qu a is pos s a exp ia r s u a sfa lta s . Por qu e, fica i s a ben do, o Es p ír ito s ofr e por todo om a l qu e p ra t icou , ou de qu e foi ca u s a volu n tá r ia , por todoo bem qu e h ou vera pod ido fa zer e n ã o fez e por tod o o m alque d ecorra d e não haver feito o bem .

“Pa ra o Es p ír ito er ra n te, já n ã o h á véu s . Ele s e a ch acom o ten d o s a íd o d e u m n evoeiro e vê o qu e o d is ta n cia d afelicid a d e. Ma is s ofr e en tã o, p or qu e com p r een d e qu a n tofoi cu lp a d o. Nã o tem m a is ilu s ões : vê a s cois a s n a s u area lida de.”

Na er ra t icida de, o Es p ír ito des cor t in a , de u m la do, toda s a ss u a s exis tên cia s pa s s a da s ; de ou tro, o fu tu ro qu e lh e es tá p r o-m et ido e percebe o qu e lh e fa lta pa ra a t in gi-lo. É qu a l via jor qu e

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ch ega a o cu m e de u m a m on ta n h a : vê o ca m in h o qu e per correu eo qu e lh e res ta per correr, a fim de ch ega r a o fim da s u a jor n a da .

9 7 6 . O es petácu lo d os s ofrim en tos d os Es píritos in ferioresnão cons titu i, para os bons , um a caus a d e a flição e,nes s e cas o, que fica s end o a fe licid ad e d eles , s e éas s im turbad a?

“Nã o con s t itu i m ot ivo de a fliçã o, pois qu e s a bem qu e om a l terá fim . Au xilia m os ou tr os a s e m elh ora rem e lh eses ten dem a s m ã os . Es s a a ocu pa çã o deles , ocu pa çã o qu elh es p r oporcion a gozo qu a n do s ã o bem -s u ced idos .”

a) — Is to s e con cebe d a pa rte d e Es píritos es tra n h os ouind iferen tes . Mas o es petácu lo d as tris tez as e d os s ofrim en -tos d a qu eles a qu em a m a ra m n a Terra n ã o lh es pertu rba afelicid a d e?

“Se n ã o vis sem es ses sofr im en tos , é qu e eles vos s eria mes tra n h os depois da m orte. Ora , a r eligiã o vos d iz qu e a sa lm a s vos vêem . Ma s , eles con s idera m de ou tr o pon to devis ta os vos s os s ofr im en tos . Sa bem qu e es tes s ã o ú teis a ovos s o p rogr es s o, s e os s u por ta rdes com r es ign a çã o. Afli-gem -s e, por ta n to, m u ito m a is com a fa lta de â n im o qu e vosreta r da , do qu e com os s ofr im en tos con s idera dos em s im es m os , todos pa s s a geir os .”

9 7 7 . Não pod end o os Es píritos ocu ltar reciprocam en te s euspens am entos e s end o conhecid os tod os os a tos d a vid a,d ever-s e-á d ed uz ir que o cu lpad o es tá perpetuam en teem pres ença d e s ua vítim a?

“Nã o pode s er de ou tro m odo, d i-lo o bom -s en s o.”

a) — S erão um cas tigo para o cu lpad o es s a d ivu lgaçãod e tod os os nos s os a tos reprováveis e a pres ença cons tan ted os que d eles foram vítim as ?

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“Ma ior do qu e s e pen s a , m a s tã o-s om en te a té qu e ocu lpa do ten h a expia do su a s fa lta s , qu er com o Espír ito, qu ercom o h om em , em n ova s exis tên cia s corpórea s .”

Qu a n do n os a ch a m os n o m u n do dos Es p ír itos , es ta n do pa -ten te todo o n os s o pa s s a do, o bem e o m a l qu e h ou ver m os feitos erã o igu a lm en te con h ecidos . Em vã o, a qu ele qu e h a ja p ra t ica doo m a l ten ta rá es ca pa r a o olh a r de s u a s vít im a s : a p res en ça in evi-tá vel des ta s lh e s erá u m ca s t igo e u m rem ors o in ces s a n te, a téqu e h a ja exp ia do s eu s er ros , a o pa s s o qu e o h om em de bem portoda pa r te s ó en con tra rá olh a res a m igos e ben evolen tes .

Pa ra o m a u , n ã o h á m a ior tor m en to, n a Terra , do qu e ap res en ça de s u a s vít im a s , ra zã o pela qu a l a s evita con t in u a m en -te. Qu e s erá qu a n do, d is s ipa da a ilu s ã o da s pa ixões , com preen -der o m a l qu e fez, vir pa ten tea dos os s eu s a tos m a is s ecretos ,des m a s ca ra da a s u a h ipocr is ia e n ã o pu der s u b tra ir -s e à vis ã odela s ? En qu a n to a a lm a do h om em pervers o é p res a da vergo-n h a , do pes a r e do rem ors o, a do ju s to goza per feita s eren ida de.

9 7 8 . A lem brança d as fa ltas que a a lm a , quand o im perfei-ta , tenha com etid o, não lhe tu rba a felicid ad e, m es m od epois d e s e haver purificad o?

“Nã o, por qu e res ga tou s u a s fa lta s e s a iu vitor ios a da sp rova s a qu e s e s u bm etera para es s e fim .”

9 7 9 . Não s erão, para a a lm a , caus a d e penos a apreens ão,que lhe a ltera a felicid ad e, a s provas por que a ind atenha d e pas s ar para acabar a s ua purificação?

“Pa ra a a lm a a in da m a cu la da , s ã o. Da í vem qu e elan ã o pode goza r de felicida de per feita , s en ã o qu a n do es tejacom pleta m en te pu ra . Pa ra a qu ela , porém , qu e já s e elevou ,n a da tem de pen os o o pen s a r n a s p rova s qu e a in da h a ja des ofrer.”

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Goza da felicida de a a lm a qu e ch egou a u m cer to gra u depu reza . Dom in a -a u m s en t im en to de gra ta s a t is fa çã o. Sen te-s efeliz por tu do o qu e vê, por tu do o qu e a cerca . Leva n ta -s e-lh e ovéu qu e en cobr ia os m is tér ios e a s m a ra vilh a s da Cr ia çã o e a sper feições d ivin a s em todo o es p len dor lh e a pa recem .

9 8 0 . O laço d e s im pa tia que une os Es píritos d a m es m aord em cons titu i para eles um a fon te d e felicid ad e?

“Os Espír itos en tre os qu a is h á r ecíproca s im pa tia parao bem en con tra m n a s u a u n iã o u m dos m a ior es gozos , vis -to qu e n ã o receia m vê-la tu rba da pelo egoís m o. For m a m ,n o m u n do in teira m en te es p ir itu a l, fa m ília s pela iden t ida dede s en t im en tos , con s is t in do n is to a felicida de es p ir itu a l,do m es m o m odo qu e n o vos s o m u n do vos gru pa is em ca te-gor ia s e exper im en ta is cer to p ra zer qu a n do vos a ch a is r eu -n idos . Na a feiçã o pu ra e s in cera qu e ca da u m vota a os ou -t r os e de qu e é por s u a vez ob jeto, têm eles u m m a n a n cia ld e felicid a d e, p or qu a n to lá n ã o h á fa ls os a m igos , n emh ipócr ita s .”

Da s pr im ícia s des sa felicida de goza o h om em n a Terra , qu a n -do s e lh e depa ra m a lm a s com a s qu a is pode con fu n d ir -s e n u m au n iã o pu ra e s a n ta . Em u m a vida m a is pu r ifica da , in efá vel e ili-m ita do s erá es s e gozo, pois a í ele s ó en con tra rá a lm a s s im pá t i-ca s , que o egoís m o não tornará frias . Porqu e, em a Na tu r eza , tu doé a m or: o egoís m o é qu e o m a ta .

9 8 1 . Com relação ao es tad o fu turo d o Es pírito, haverá d ife-rença en tre um que, em vid a , tem e a m orte e ou tro quea encara com ind iferença e m es m o com a legria?

“Mu ito gra n de pode ser a d iferen ça . En treta n to, a pa ga --se com freqü ên cia em fa ce da s ca u s a s deter m in a n tes des -

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s e tem or ou des s e des ejo. Qu er a tem a , qu er a des eje, podeo h om em s er p ropelido por s en t im en tos m u ito d ivers os es ã o es tes s en t im en tos qu e in flu em n o es ta do do Es p ír ito. Éeviden te, por exem plo, qu e n a qu ele qu e deseja a m orte, u n i-ca m en te porqu e vê n ela o ter m o de s u a s t r ibu la ções , h áu m a es pécie de qu eixa con tra a Providên cia e con tra a sp rova s qu e lh e cu m pr e s u por ta r.”

9 8 2 . S erá n ece s s á rio qu e p rofe s s em os o Es p irit is m o ecreia m os n a s m a n ifes ta ções es pírita s , pa ra term osas s egurad a a nos s a s orte na vid a fu tura?

“Se a s s im fos s e, s egu ir -s e-ia qu e es ta r ia m des er da dostodos os qu e n ã o crêem , ou qu e n ã o t ivera m en s ejo de es -cla recer -s e, o qu e s er ia a bs u rdo. Só o bem a s s egu ra a s or tefu tu ra . Ora , o bem é s em pr e o bem , qu a lqu er qu e s eja oca m in h o qu e a ele con du za .” (165-799)

A cr en ça n o Es p ir it is m o a ju da o h om em a s e m elh ora r, fir -m a n do-lh e a s idéia s s ob re cer tos pon tos do fu tu r o. Apres s a oa d ia n ta m en to dos in d ivídu os e da s m a s s a s , porqu e fa cu lta n osin teirem os do qu e s erem os u m d ia . É u m pon to de a poio, u m a lu zqu e n os gu ia . O Es p ir it is m o en s in a o h om em a s u por ta r a s p ro-va s com pa ciên cia e res ign a çã o; a fa s ta -o dos a tos qu e pos s a mreta rd a r -lh e a felicid a d e, m a s n in gu ém d iz qu e, s em ele, n ã opos s a ela s er con s egu ida .

PENAS TEMPORAIS

9 8 3 . Não experim en ta s ofrim en tos m a teria is o Es pírito queexpia s uas fa lta s em nova exis tência? S erá en tão exa -to d iz er-s e que, d epois d a m orte, s ó há para a a lm as ofrim en tos m ora is ?

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“É bem verda de qu e, qu a n do a a lm a es tá r een ca rn a da ,a s t r ibu la ções da vida s ã o-lh e u m s ofr im en to; m a s , s ó ocorpo s ofr e m a ter ia lm en te.

“Fa la n do de a lgu ém qu e m orreu , cos tu m a is d izer qu edeixou de sofrer. Nem sem pre is to exprim e a rea lidade. Com oEs p ír ito, es tá is en to de dor es fís ica s ; porém , ta is s eja m a sfa lta s qu e ten h a com et ido, pode es ta r s u jeito a dor es m o-ra is m a is a gu da s e pode vir a s er a in da m a is des gra ça doem n ova exis tên cia . O m a u r ico terá qu e ped ir es m ola e s everá a b ra ços com toda s a s p r iva ções or iu n da s da m is ér ia ;o orgu lh os o, com toda s a s h u m ilh a ções : o qu e a bu s a des u a a u tor ida de e t ra ta com des prezo e du r eza os s eu s s u -bor d in a dos s e verá força do a obedecer a u m s u per ior m a isr ís p ido do qu e ele o foi. Toda s a s pen a s e t r ibu la ções davida s ã o exp ia çã o da s fa lta s de ou tra exis tên cia , qu a n don ã o a con s eqü ên cia d a s d a vid a a tu a l. Logo qu e d a qu ih ou verdes s a ído, com pr een dê-lo-eis . (273 , 393 e 399)

“O h om em qu e s e con s idera feliz n a Terra , porqu e podes a t is fa zer à s s u a s pa ixões , é o qu e m en os es forços em pr egapa ra s e m elh ora r. Mu ita s vezes com eça a s u a exp ia çã o ján es s a m es m a vida de efêm era felicida de, m a s cer ta m en teexp ia rá n ou tra exis tên cia tã o m a ter ia l qu a n to a qu ela .”

9 8 4 . As vicis s itu d es d a v id a s ã o s em pre a pu n içã o d a sfa lta s a tua is ?

“Nã o; já d is s em os : s ã o p rova s im pos ta s por Deu s , ouqu e vós m es m os es colh es t es com o E s p ír it os , a n t es d een ca r n a rdes , pa ra exp ia çã o da s fa lta s com et ida s em ou traexis tên cia , por qu e ja m a is fica im pu n e a in fra çã o da s leis deDeu s e, s ob retu do, da lei de ju s t iça . Se n ã o for pu n ida n es -

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ta exis tên cia , s ê-lo-á n eces s a r ia m en te n ou tra . E is por qu eu m , qu e vos pa rece ju s to, m u ita s vezes s ofre. É a pu n içã odo s eu pa s s a do.” (393)

9 8 5 .Cons titu i recom pens a a reencarnação d a a lm a em umm und o m enos gros s eiro?

“É a con s eqü ên cia de s u a depu ra çã o, porqu a n to, àm ed ida qu e s e vã o depu ra n do, os Es p ír itos pa s s a m a en -ca r n a r em m u n dos ca da vez m a is per feitos , a té qu e s e te-n h a m des poja do tota lm en te da m a tér ia e la va do de toda sa s im pu reza s , pa ra eter n a m en te goza r em da felicida de dosEs p ír itos pu ros , n o s eio de Deu s .”

Nos m u n dos on de a exis tên cia é m en os m a ter ia l do qu e n es -te, m en os gros s eira s s ã o a s n eces s ida des e m en os a gu dos os s o-fr im en tos fís icos . Lá , os h om en s des con h ecem a s pa ixões m á s ,qu e, n os m u n dos in feriores , os fa zem in im igos u n s dos ou tros .Nen h u m m otivo ten do de ódio, ou de ciú m e, vivem em pa z, porqu epra ticam a lei de ju s t iça , a m or e ca r ida de. Nã o con h ecem os a bor -recim en tos e cu ida dos qu e n a s cem da in veja , do orgu lh o e doegoís m o, ca u s a s do tor m en to da n os s a exis tên cia ter res t re. (l72 --

182)

9 8 6 . Pod e o Es p írito, qu e p rogred iu em s u a ex is tên ciaterrena , reencarnar a lgum a vez no m es m o m und o?

“Sim ; desde qu e n ão ten h a logrado con clu ir a su a m issão,pode ele próprio pedir lh e seja dado com pletá-la em n ova exis-tên cia . Mas, en tão, já n ão es tá su jeito a u m a expiação.” (l73)

9 8 7 . Que s uced e ao hom em que, não fazend o o m al, tam bémnad a faz para libertar-s e d a in fluência d a m atéria?

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“Pois qu e n en h u m pa s s o dá pa ra a per feiçã o, tem qu erecom eçar u m a exis tên cia de n a tu reza idên tica à preceden te.Fica es ta cion á r io, poden do a s s im p r olon ga r os s ofr im en tosda exp ia çã o.”

9 8 8 . Há pes s oas cu ja vid a s e es coa em perfeita ca lm a; que,nad a precis and o faz er por s i m es m as , s e cons ervamis en tas d e cu id ad os . Provará es s a exis tência d itos aque elas nad a têm que expiar d e exis tência an terior?

“Con h eces m u ita s dessa s pessoas? En gan as -te, s e pen -s a s qu e a s h á em gra n de n ú m er o. Nã o ra ro, a ca lm a é a pe-n a s a pa r en te. Ta lvez ela s ten h a m es colh ido ta l exis tên cia ,m a s , qu a n do a deixa m , per cebem qu e n ã o lh es s erviu pa rapr ogred ir em . En tã o, com o o p r egu iços o, la m en ta m o tem poperd ido. Sa bei qu e o Es p ír ito n ã o pode a dqu ir ir con h eci-m en tos e eleva r -s e s en ã o exercen do a s u a a t ivida de. Sea dor m ece n a in dolên cia , n ã o s e a d ia n ta . As s em elh a -s e au m qu e (s egu n do os vos s os u s os ) p r ecis a t ra ba lh a r e qu eva i pa ssea r ou deita r -se, com a in ten ção de n ada fazer. S abeitam bém que cad a um terá que d ar con tas d a inu tilid ad e vo-lun tária d a s ua exis tência , inu tilid ad e s em pre fa ta l à felici-d ad e fu tura . Pa ra ca da u m , o tota l des s a felicida de fu tu racorres pon de à s om a do bem qu e ten h a feito, es ta n do o dain felicid a d e n a p r op orçã o d o m a l qu e h a ja p ra t ica d o eda qu eles a qu em h a ja des gra ça do.”

9 8 9 . Pes s oas há que, s e bem não s ejam pos itivam ente m ás ,tornam in feliz es , pelos s eus caracteres , tod os os queas cercam . Que cons eqüências lhes ad virão d is s o?

“In qu es t ion a velm en te, es sa s pes soa s n ã o s ã o boa s . Ex-p ia rã o s u a s fa lta s , ten do s em pr e d ia n te da vis ta a qu eles a

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qu em in felicita ra m , va len do-lh es is so por u m a exprobra çã o.Depois , n ou tra exis tên cia , s ofrerã o o qu e fizera m s ofr er.”

EXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTO

9 9 0 . O arrepend im en to s e d á no es tad o corpora l ou no es ta -d o es piritua l?

“No es ta do es p ir itu a l; m a s , ta m bém pode ocorr er n oes tado corpora l, qu an do bem com preen deis a diferen ça en treo bem e o m a l.”

9 9 1 . Qu a l a con s eqü ên cia d o a rrepen d im en to n o es ta d oes piritua l?

“Des eja r o a r repen d ido u m a n ova en ca r n a çã o pa ra s ep u r ifica r. O Es p ír ito com p r een d e a s im p er feições qu e opr iva m de s er feliz e por is s o a s p ira a u m a n ova exis tên ciaem qu e pos s a exp ia r s u a s fa lta s .” (332-975)

9 9 2 . Que cons eqüência prod uz o arrepend im en to no es tad ocorpora l?

“Fa zer qu e, já na vid a a tua l, o Es p ír ito p rogr ida , s et iver tem po de repa ra r s u a s fa lta s . Qu a n do a con s ciên cia oexpr obra e lh e m os tra u m a im per feiçã o, o h om em podes em pre m elh ora r -s e.”

9 9 3 . Não há hom ens que s ó têm o ins tin to d o m al e s ãoinaces s íveis ao arrepend im en to?

“J á te d is s e qu e todo Es p ír ito tem qu e p rogr ed ir in ces -s a n tem en te. Aqu ele qu e, n es ta vida , s ó tem o in s t in to dom a l, terá n ou tra o do bem e é para is s o que renas ce m uitasvez es , pois p r ecis o é qu e todos p rogr ida m e a t in ja m a m eta .

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A d ifer en ça es tá s om en te em qu e u n s ga s ta m m a is tem podo qu e ou tr os , porqu e a s s im o qu erem . Aqu ele, qu e s ó temo in s t in to do bem , já s e pu r ificou , vis to qu e ta lvez ten h at ido o do m a l em a n ter ior exis tên cia .” (804)

9 9 4 . O hom em pervers o, que não reconheceu s uas fa ltasd uran te a vid a , s em pre as reconhece d epois d a m orte?

“Sem pre a s recon h ece e, en tão, m a is sofre, porqu e s enteem s i tod o o m al que pra ticou , ou de qu e foi volu n ta r ia m en teca u sa . Con tu do, o a rrepen dim en to n em sem pre é im edia to.Há Espír itos qu e se obs tin a m em per m a n ecer n o m a u ca m i-n h o, n ã o obs ta n te os sofr im en tos por qu e pa s sa m . Porém ,cedo ou ta rde, recon h ecerã o erra da a s en da qu e tom a ra m eo a rrepen dim en to virá . Pa ra escla recê-los traba lh am os bon sEspír itos e ta m bém vós podeis tra ba lh a r.”

9 9 5 . Haverá Es píritos que, s em s erem m aus , s e cons ervemind iferen tes à s ua s orte?

“Há Es p ír itos qu e de cois a a lgu m a ú t il s e ocu pa m . Es -tã o n a expecta t iva . Ma s , n es s e ca s o, s ofr em p roporcion a l-m en te. Deven do em tu do h a ver p rogr es s o, n eles o p r ogres -s o s e m a n ifes ta pela dor.”

a) — Nã o d e s e ja m e s s e s Es p íritos a b re v ia r s e u ss ofrim entos ?

“Des eja m -n o, s em dú vida , m a s fa lta -lh es en ergia ba s -ta n te pa ra qu er erem o qu e os pode a livia r. Qu a n tos in d iví-du os s e con ta m , en tr e vós , qu e p referem m orr er de m is ér iaa t ra ba lh a r?”

9 9 6 . Pois que os Es píritos vêem o m al que lhes res u lta d es uas im perfeições , com o s e explica que ha ja os que

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agravam s uas s ituações e prolongam o es tad o d e in fe-riorid ad e em que s e encon tram , fa z end o o m al com oEs píritos , a fas tand o d o bom cam inho os hom ens ?

“As s im p r ocedem os de ta rd io a r repen d im en to. Podeta m bém a con tecer qu e, depois de s e h a ver a r r epen d ido, oEs p ír ito s e deixe a r ra s ta r de n ovo pa ra o ca m in h o do m a l,por ou tros Es p ír itos a in da m a is a t ra s a dos .” (971)

9 9 7 . Vêem -s e Es píritos , d e notória in feriorid ad e, aces s íveisaos bons s en tim en tos e s ens íveis às preces que poreles s e fa z em . Com o s e explica que ou tros Es píritos ,que d evêram os s upor m ais es clarecid os , revelem umend urecim en to e um cin is m o, d os qua is cois a a lgum acons egue triun far?

“A p rece s ó tem efeito s obre o Es p ír ito qu e s e a r repen -de. Com rela çã o a os qu e, im pelidos pelo orgu lh o, s e revol-ta m con tra Deu s e pers is tem n os s eu s des va r ios , ch ega n dom es m o a exa gerá -los , com o o fa zem a lgu n s des gra ça dosEs p ír itos , a p rece n a da pode e n a da poderá , s en ã o n o d iaem qu e u m cla rã o de a r repen d im en to s e p rodu za n eles .”(664)

Nã o s e deve per der de vis ta qu e o Es p ír ito n ã o s e t ra n s for m a

s u b itam en te, após a m orte do corpo. Se viveu vida con den ável, é

porqu e era im per feito. Ora , a m orte n ão o torn a im edia tam en te per -

feito. Pode, pois , pers is tir em seu s erros , em su as fa lsas opin iões ,

em s eu s p recon ceitos , a té qu e s e h a ja es cla recido pelo es tu do,

pela reflexã o e pelo s ofr im en to.

9 9 8 . A expiação s e cum pre no es tad o corpora l ou no es tad oes piritua l?

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“A exp ia çã o s e cu m pre du ra n te a exis tên cia corpora l,m ed ia n te a s p r ova s a qu e o Es p ír ito s e a ch a s u bm et ido e,n a vida es p ir itu a l, pelos s ofr im en tos m ora is , in eren tes a oes ta do de in fer ior ida de do Es p ír ito.”

9 9 9 . Bas ta o arrepend im en to d uran te a vid a para que asfa ltas d o Es pírito s e apaguem e ele ache graça d ian ted e Deus ?

“O a rrepen d im en to con corre pa ra a m elh or ia do Es p í-r ito, m a s ele tem qu e exp ia r o s eu pa s s a do.”

a) — S e, d ian te d is to, um crim inos o d is s es s e que, cum -prind o-lhe, em tod o cas o, expiar o s eu pas s ad o, nenhum an eces s id a d e tem d e s e a rrepen d er, qu e é o qu e d a í lh eres u ltaria?

“Tor n a r -s e m a is lon ga e m a is pen os a a s u a exp ia çã o,des de qu e ele s e tor n e obs t in a do n o m a l.”

1 0 0 0 . J á d es d e es ta v id a pod erem os ir res ga ta n d o a snos s as fa lta s ?

“Sim , repa ra n do-a s . Ma s , n ã o cr eia is qu e a s r es ga teism edia n te a lgu m a s p r iva ções pu er is , ou d is t r ibu in do em es -m ola s o qu e pos s u ir des , depois qu e m orr erdes , qu a n do den a da m a is p r ecis a is . Deu s n ã o dá va lor a u m a rr epen d i-m en to es tér il, s em pr e fá cil e qu e a pen a s cu s ta o es forço deba ter n o peito. A per da de u m dedo m ín im o, qu a n do s ees teja p res ta n do u m s erviço, a pa ga m a is fa lta s do qu e os u p lício da ca r n e s u por ta do du ra n te a n os , com ob jet ivoexclu s iva m en te pes s oa l. (726)

“Só por m eio do bem s e repa ra o m a l e a r epa ra çã on en h u m m érito a p r es en ta , s e n ã o a t in ge o h om em nem nos eu orgu lho, nem nos s eus in teres s es m a teria is .

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“De qu e s erve, p a ra s u a ju s t ifica çã o, qu e r es t itu a ,depois de m orrer, os ben s m a l a dqu ir idos , qu a n do s e lh etor n a ra m in ú teis e deles t ir ou todo o p roveito?

“De qu e lh e s erve p r iva r -s e de a lgu n s gozos fú teis , dea lgu m a s s u per flu ida des , s e per m a n ece in tegra l o da n o qu eca u s ou a ou trem ?

“De qu e lh e s erve, fin a lm en te, h u m ilh a r -s e d ia n te deDeu s s e, pera n te os h om en s , con s erva o s eu orgu lh o?” (720-

-721)

1 0 0 1 . Ne n h u m m é rito h a v e rá e m a s s e gu ra rm os , p a rad epois d e nos s a m orte, em prego ú til aos bens quepos s u ím os ?

“Nen h u m m érito n ã o é o term o. Is so sem pre é m elh ordo qu e n a da . A desgra ça , porém , é qu e a qu ele, qu e só depoisde m orto dá , é qu a se sem pre m a is egoís ta do qu e gen eroso.Qu er ter o fru to d o b em , s em o t ra b a lh o d e p ra t icá -lo.Du p lo p roveito t ira a qu ele qu e, em vida , s e p r iva de a lgu m acois a : o m ér ito do s a cr ifício e o p ra zer de ver felizes os qu elh e devem a felicida de. Ma s , lá es tá o egoís m o a d izer -lh e:O qu e dá s t ira s a os teu s gozos ; e, com o o egoís m o fa la m a isa lto do qu e o des in ter es s e e a ca r ida de, o h om em gu a rda oqu e pos s u i, p retexta n do s u a s n eces s ida des pes s oa is e a sexigên cia s da s u a pos içã o! Ah ! la s t im a i a qu ele qu e des co-n h ece o prazer de da r; ach a-se verdadeiram en te privado deu m dos m ais pu ros e su aves gozos . Su bm eten do-o à prova dariqu eza , tão escorregadia e perigosa pa ra o seu fu tu ro, h ou veDeu s por bem con ceder -lh e, com o com pen sação, a ven tu rada gen eros idade, de qu e já n es te m u n do pode gozar.” (814)

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1002. Que d eve faz er aquele que, em artigo d e m orte, reco-nhece s uas fa ltas , quand o já não tem tem po d e as re-parar? Bas ta -lhe nes s e cas o arrepend er-s e?

“O a rrepen dim en to lh e a pres s a a rea b ilita çã o, m a s n ã oo a bs olve. Dia n te dele n ã o s e des dobra o fu tu ro, qu e ja m a iss e lh e t ra n ca ?”

DURAÇÃO DAS PENAS F UTURAS

1003 . É arbitrária ou s u jeita a um a lei qua lquer a d uraçãod os s ofrim en tos d o cu lpad o, na vid a fu tura?

“Deu s n u n ca obra ca p r ich os a m en te e tu do, n o Un i-vers o, s e r ege por leis , em qu e a s u a s a bedor ia e a s u abon da de s e revela m .”

1004. Em qu e s e ba s e ia a d u ra çã o d os s ofrim en tos d ocu lpad o?

“No tem po n eces s á r io a qu e s e m elh ore. Sen do o es ta -do de s ofr im en to ou de felicida de p r oporcion a do a o gra u depu rifica çã o do Espír ito, a du ra çã o e a n a tu reza de s eu s so-frim en tos depen dem do tem po qu e ele gas te em m elh ora r -se.À m edida qu e progride e qu e os s en tim en tos s e lh e depu -ram , s eu s sofrim en tos dim in u em e m u dam de n a tu reza .”

SÃO LUÍS

10 0 5. Ao Es pírito s ofred or, o tem po s e a figura tão ou m enoslongo d o que quand o es tava vivo?

“Pa rece-lh e m a is lon go: pa ra ele n ã o exis te o s on o. Sópa ra os Es p ír itos qu e já ch ega ra m a cer to gra u de pu r ifica -

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çã o, o tem po, por a s s im d izer, s e a pa ga d ia n te do in fin ito.”(240)

1 0 0 6 . Poderão durar eternam ente os s ofrim entos do Es pírito?

“Poder ia m , s e ele pu des s e s er eter n a m en te m a u , is toé, s e ja m a is s e a r repen des s e e m elh ora s s e, s ofr er ia eter n a -m en te. Ma s , Deu s n ã o cr iou s eres ten do por des t in o per -m a n ecerem vota dos perpetu a m en te a o m a l. Apen a s os cr ioua todos s im ples e ign ora n tes , ten do todos , n o en ta n to, qu eprogr ed ir em tem po m a is ou m en os lon go, con for m e decor -rer da von ta de de ca da u m . Ma is ou m en os ta r d ia pode s era von ta de, do m es m o m odo qu e h á cr ia n ça s m a is ou m en osprecoces , porém , cedo ou ta r de, ela a pa rece, por efeito dair res is t ível n eces s ida de qu e o Es p ír ito s en te de s a ir da in fe-r ior ida de e de s e tor n a r feliz. Em in en tem en te s á b ia e m a g-n â n im a é, pois , a lei qu e rege a du ra çã o da s pen a s , por -qu a n to s u bord in a es s a du ra çã o a os es forços do Es p ír ito.J a m a is o p r iva do s eu livre-a rb ít r io: s e des te fa z ele m a uu s o, s ofre a s con s eqü ên cia s .”

S ÃO LUÍS

1 0 0 7 . Haverá Es píritos que nunca s e arrepend em ?

“Há os de a r repen d im en to m u ito ta r d io; porém , p re-ten der -s e qu e n u n ca s e m elh ora rã o fora n ega r a lei do p r o-gres s o e d izer qu e a cr ia n ça n ã o pode tor n a r -s e h om em .”

S ÃO LUÍS

1 0 0 8 . Depend e s em pre d a von tad e d o Es pírito a d uraçãod as penas ? Algum as não haverá que lhe s ejam im pos -tas por tem po d eterm inad o?

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“Sim , a o Es p ír ito podem s er im pos ta s pen a s por deter -m in a do tem po; m a s , Deu s , qu e só qu er o bem de su a s cr ia -tu ra s , a colh e s em pre o a r r epen d im en to e in fru t ífer o ja m a isfica o des ejo qu e o Es p ír ito m a n ifes te de s e m elh ora r.”

SÃO LUÍS

100 9 . As s im , as penas im pos tas jam ais o s ão por tod a aetern id ad e?

“In t e r r oga i o vos s o b om -s e n s o , a vos s a r a zã o epergu n ta i-lh es s e u m a con den a çã o perpétu a , m ot iva da pora lgu n s m om en tos de er ro, n ã o s er ia a n ega çã o da bon da dede Deu s . Qu e é, com efeito, a du ra çã o da vida , a in da qu a n -d o d e cem a n os , em fa ce d a e t er n id a d e? E t er n id a d e!Com p r een d eis b em es ta p a la vra ? Sofr im en tos , tor tu ra ss em -fim , s em es pera n ça s , por ca u s a de a lgu m a s fa lta s ! Ovos s o ju ízo n ã o repele s em elh a n te idéia ? Qu e os a n t igosten h a m con s idera do o Sen h or do Un ivers o u m Deu s ter r í-vel, cios o e vin ga t ivo, con cebe-s e. Na ign orâ n cia em qu e s ea ch a va m , a t r ibu ía m à d ivin da de a s pa ixões dos h om en s .Esse, toda via , n ã o é o Deu s dos cr is tã os , qu e cla s s ifica com ovir tu des p r im or d ia is o a m or, a ca r ida de, a m is er icór d ia , oes qu ecim en to da s ofen s a s . Poder ia ele ca r ecer da s qu a lida -des , cu ja pos s e p r es cr eve, com o u m dever, à s s u a s cr ia tu -ra s ? Nã o h a verá con tra d içã o em s e lh e a t r ibu ir a bon da dein fin ita e a vin ga n ça ta m bém in fin ita ? Dizeis qu e, a cim a detu do, ele é ju s to e qu e o h om em n ã o lh e com pr een de aju s t iça . Ma s , a ju s t iça n ã o exclu i a bon da de e ele n ã o s er iabom , s e con den a s s e a eter n a s e h orr íveis pen a s a m a ior iada s s u a s cr ia tu ra s . Ter ia o d ireito de fa zer da ju s t iça u m aob r iga çã o p a ra s eu s filh os , s e lh es n ã o d es s e m eio d ecom pr een dê-la ? Aliá s , n o fa zer qu e a du ra çã o da s pen a s

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depen da dos es forços do cu lpa do n ã o es tá toda a s u b lim i-da de da ju s t iça u n ida à bon da de? Aí é qu e s e en con tra averdade des ta sen ten ça : ‘A cada u m segu n do as su as obras .’”

S ANTO AGOSTINHO

“Aplica i-vos , por todos os m eios a o vos s o a lca n ce, emcom ba ter, em a n iqu ila r a idéia da eter n ida de da s pen a s ,idéia b la s fem a tória da ju s tiça e da bon dade de Deu s , gérm enfecu n do da in credu lida de, do m a ter ia lis m o e da in d ifer en çaqu e in va d ira m a s m a s s a s h u m a n a s , des de qu e a s in teli-gên cias com eçaram a desen volver -se. O Espírito, pres tes aescla recer -se, ou m esm o apen as desbas tado, logo lh e apreen -deu a m on s tru os a in ju s t iça . Su a ra zã o a repele e, en tã o,ra ro é qu e n ã o en globe n o m es m o r epú d io a pen a qu e orevolta e o Deu s a qu em a a t r ibu i. Da í os m a les s em con taqu e h ã o des a ba do s obre vós e a os qu a is vim os t ra zer r em é-dio. Tan to m a is fácil será a ta refa qu e vos apon tam os , qu an toé cer to qu e toda s a s a u tor ida des em qu em s e a póia m osdefen s ores de ta l cr en ça evita ra m toda s p ron u n cia r -s e for -m a lm en te a respeito. Nem os con cílios , n em os Pa is da Igrejares olvera m es s a gra ve qu es tã o. Mu ito em bora , s egu n do osE va n ge lis t a s e t om a d a s a o p é d a le t r a a s p a la vr a sem blem á t ica s do Cr is to, ele ten h a a m ea ça do os cu lpa doscom u m fogo qu e s e n ã o ext in gu e, com u m fogo eter n o,a bs olu ta m en te n a da s e en con tra n a s s u a s pa la vra s ca pa zde p rova r qu e os h a ja con den a do eternam en te .

“Pobres ovelh a s des ga rra da s , a p r en dei a ver a p r oxi-m a r -s e de vós o bom Pa s tor, qu e, lon ge de vos ba n ir pa ratodo o s em pre de s u a p r es en ça , vem pes s oa lm en te a o vos -s o en con tro, pa ra vos recon du zir a o a p r is co. Filh os p ród i-gos , deixa i o vos so volu n tá rio exílio; en ca m in h a i vos sos pa s -

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s os pa ra a m ora da pa ter n a . O Pa i vos es ten de os b ra ços ees tá s em pre p r on to a fes teja r o vos s o regr es s o a o s eio dafa m ília .”

LAMENNAIS

“Gu erra s de pa la vra s ! gu erra s de pa la vra s ! Ain da n ã oba s ta o s a n gu e qu e ten des feito corr er ! Será a in da p recis oqu e s e r ea cen da m a s fogu eira s ? Dis cu tem s obre pa la vra s :eter n ida de da s pen a s , eter n ida de dos ca s t igos . Ign ora isen tã o qu e o qu e h oje en ten deis por etern id ad e n ã o é o qu eos a n t igos en ten d ia m e des ign a va m por es s e ter m o? Con -s u lte o teólogo a s fon tes e lá des cobr irá , com o todos vós ,qu e o texto h ebr eu n ã o a t r ibu ía es ta s ign ifica çã o a o vocá -bu lo qu e os gr egos , os la t in os e os m odern os t ra du zira mpor penas s em -fim , irrem is s íveis . E ter n ida de dos ca s t igoscorres pon de à eter n ida de do m a l. Sim , en qu a n to exis t ir om a l en tr e os h om en s , os ca s t igos s u bs is t irã o. Im por ta qu eos textos sagra dos se in terpretem n o sen tido rela t ivo. A eter -n ida de da s pen a s é, pois , r ela t iva e n ã o a bs olu ta . Ch egu e od ia em qu e todos os h om en s , pelo a r repen d im en to, s e r e-vis ta m da tú n ica da in ocên cia e des de es s e d ia deixa rá deh a ver gem idos e ra n ger de den tes . Lim ita da ten des , é cer to,a vos s a ra zã o h u m a n a , porém , ta l com o a ten des , ela éu m a dá d iva de Deu s e, com o au xílio dessa razão, n en h u mh om em de boa-fé h averá qu e de ou tra for m a com preen da aeter n idade dos cas tigos . Pois qu e! Fora n ecessá rio adm itir -sepor eter n o o m a l. Som en te Deu s é eter n o e n ão poderia tercria do o m a l eter n o; do con trá rio, forçoso seria t ira r -se-lh e om a is m a gn ífico dos seu s a tr ibu tos : o sobera n o poder, por -qu a n to n ã o é sobera n a m en te poder oso a qu ele qu e cria u melem en to des tru idor de su a s obra s . Hu m a n ida de! Hu m a n i-

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da de! n ã o m ergu lh es m a is os teu s t r is tes olh a res n a s p r o-fu n deza s da Terra , p rocu ra n do a í os ca s t igos . Ch ora , es pe-ra , exp ia e refu gia -te n a idéia de u m Deu s in t r in s eca m en tebom , a bs olu ta m en te poderos o, es s en cia lm en te ju s to.”

PLATÃO

“Gra vita r pa ra a u n ida de d ivin a , eis o fim da Hu m a n i-da de. Pa ra a t in gi-lo, t rês cois a s s ã o n eces s á r ia s : a J u s t iça ,o Am or e a Ciên cia . Tr ês cois a s lh e s ã o op os t a s e con trá -r ia s : a ign orâ n cia , o ódio e a in ju s t iça . Pois bem ! d igo-vos ,em verda de, qu e m en t is a es tes p r in cíp ios fu n da m en ta is ,com prom eten do a idéia de Deu s , com o lh e exa gera r des as ever ida de. Du p la m en te a com pr om eteis , deixa n do qu e n oEs p ír ito da cr ia tu ra pen etr e a s u pos içã o de qu e h á n elam a is clem ên cia , m a is vir tu de, a m or e verda deira ju s t iça ,do qu e a t r ibu ís a o s er in fin ito. Des tru ís m es m o a idéia doin fer n o, tor n a n do-o r id ícu lo e in a dm is s ível à s vos s a s cr en -ça s , com o o é a os vos s os cora ções o h orren do es petá cu loda s execu ções , da s fogu eira s e da s tor tu ra s da Ida de Mé-d ia ! Pois qu e! Qu a n do ba n ida s e a ch a pa ra s em pre da s le-gis la ções h u m a n a s a er a d a s cega s r ep r es á lia s , é qu eespera is m a n tê-la n o idea l? Oh ! crede-m e, cr ede-m e, ir m ã osem Deu s e em J es u s -Cr is to, crede-m e: ou vos res ign a is ad eixa r qu e p er eça m n a s vos s a s m ã os t od os os vos s osdogm a s , de p r eferên cia a qu e s e m od ifiqu em , ou , en tã o,vivifica i-os , a b r in do-os a os ben fa zejos eflú vios qu e os Bon s ,n es te m om en to, derra m a m n eles . A idéia do in fer n o, coma s s u a s for n a lh a s a rden tes , com a s s u a s ca ldeira s a ferver,pôde s er tolera da , is to é, perdoá vel n u m s écu lo de fer r o;porém , n o s écu lo dezen ove, n ã o pa s s a de vã o fa n ta s m a ,p rópr io, qu a n do m u ito, pa ra a m edron ta r cr ia n cin h a s e em

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qu e es ta s , cr es cen do u m pou co, logo deixa m de crer. Sepers is t ir des n es s a m itologia a ter ra dora , en gen dra r eis a in -cr edu lida de, m ã e de toda a des orga n iza çã o s ocia l. Trem o,en tr even do toda u m a or dem s ocia l a ba la da e a ru ir s obreos s eu s fu n da m en tos , por fa lta de s a n çã o pen a l. Hom en sde fé a rden te e viva , va n gu a r deir os do d ia da lu z, m ã os àobra , n ã o pa ra m a n ter fá bu la s qu e en velh ecera m e s e des a -cred ita ra m , m a s pa ra r ea viva r, r evivifica r a verda deira s a n -çã o pen a l, s ob for m a s con d izen tes com os vos s os cos tu -m es , os vos s os s en t im en tos e a s lu zes da vos s a época .

“Qu em é, com efeito, o cu lpa do? É a qu ele qu e, por u mdes vio, por u m fa ls o m ovim en to da a lm a , s e a fa s ta do ob je-t ivo da cr ia çã o, qu e con s is te n o cu lto h a r m on ios o do belo,d o b em , id ea liza d os p elo a r qu ét ip o h u m a n o, p elo Hom em --Deu s , por J es u s -Cr is to.

“Qu e é o ca s t igo? A con s eqü ên cia n a tu ra l, der iva dades s e fa ls o m ovim en to; u m a cer ta s om a de dor es n eces s á -r ia a des gos tá -lo da s u a defor m ida de, pela exper im en ta çã odo s ofr im en to. O ca s t igo é o a gu ilh ã o qu e es t im u la a a lm a ,pela a m a rgu ra , a s e dobra r s obr e s i m es m a e a bu s ca r opor to de s a lva çã o. O ca s t igo s ó tem por fim a rea b ilita çã o, ar eden çã o. Qu erê-lo eter n o, por u m a fa lta n ã o eter n a , én ega r -lh e toda a ra zã o de s er.

“Oh ! em verda de vos d igo, ces s a i, ces s a i de pôr em pa -ra lelo, n a s u a eter n ida de, o Bem , es s ên cia do Cr ia dor, como Ma l, es s ên cia da cr ia tu ra . Fora cr ia r u m a pen a lida dein ju s t ificá vel. Afir m a i, a o con trá r io, o a b ra n da m en to gra -d u a l d os ca s t igos e d a s p en a s p ela s t r a n s m igr a ções econ s a gra reis a u n ida de d ivin a , ten do u n idos o s en t im en toe a ra zã o.”

PAULO, a pós tolo.

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Com o a t ra t ivo de recom pen s a s e tem or de ca s t igos , p ro-cu ra -s e es t im u la r o h om em pa ra o bem e des viá -lo do m a l. Sees s es ca s t igos , porém , lh e s ã o a p res en ta dos de for m a qu e a s u ara zã o s e recu s e a a dm it i-los , n en h u m a in flu ên cia terã o s obre ele.Lon ge d is s o, rejeita rá tu do: a for m a e o fu n do. Se, a o con trá r io,lh e a p res en ta r em o fu tu ro de m a n eira lógica , ele n ã o o repelirá . OEs p ir it is m o lh e dá es s a exp lica çã o.

A dou tr in a da eter n ida de da s pen a s , em s en t ido a bs olu to,fa z do En te Su prem o u m Deu s im pla cá vel. Ser ia lógico d izer -s e,de u m s obera n o, qu e é m u ito bom , m u ito m a gn â n im o, m u ito in -du lgen te, qu e s ó qu er a felicida de dos qu e o cerca m , m a s qu e a om es m o tem po é cios o, vin ga t ivo, de in flexível r igor e qu e pu n ecom o ca s t igo extrem o a s t rês qu a r ta s pa r tes dos s eu s s ú d itos ,por u m a ofen s a , ou u m a in fra çã o de s u a s leis , m es m o qu a n dopra t ica da pelos qu e n ã o a s con h ecia m ? Nã o h a ver ia a í con tra d i-çã o? Ora , pode Deu s s er m en os bom do qu e o s er ia u m h om em ?

Ou tra con tra d içã o. Pois qu e Deu s tu do s a be, s a b ia , a o cr ia ru m a a lm a , s e es ta vir ia a fa lir ou n ã o. Ela , pois , des de a s u afor m a çã o, foi des t in a da à des gra ça etern a . Será is to pos s ível, ra -cion a l? Com a dou tr in a da s pen a s rela t iva s , tu do s e ju s t ifica .Deu s s a b ia , s em dú vida , qu e ela fa lir ia , m a s lh e deu m eios de s ein s t ru ir pela s u a p rópr ia exper iên cia , m ed ia n te s u a s p rópr ia s fa l-ta s . É n eces s á r io qu e exp ie s eu s er ros , pa ra m elh or s e fir m a r n obem , m a s a por ta da es pera n ça n ã o s e lh e fech a pa ra s em pre eDeu s fa z qu e, dos es forços qu e ela em pregu e pa ra o con s egu ir,depen da a s u a reden çã o. Is to toda gen te pode com preen der e am a is m et icu los a lógica pode a dm it ir. Men os cép t icos h a ver ia , s edes te pon to de vis ta fos s em a pres en ta da s a s pen a s fu tu ra s .

Na lin gu a gem vu lga r, a pa la vra eterno é m u ita s vezes em -p rega da figu ra da m en te, pa ra des ign a r u m a cois a de lon ga du ra -çã o, cu jo ter m o n ã o s e p revê, em bora s e s a iba m u ito bem qu ees s e ter m o exis te. Dizem os , por exem plo, os gelos eter n os da sa lta s m on ta n h a s , dos pólos , em bora s a iba m os , de u m la do, qu e om u n do fís ico pode ter fim e, de ou tro la do, qu e o es ta do des s a sregiões pode m u da r pelo des loca m en to n or m a l do eixo da Terra ,ou por u m ca ta clis m o. As s im , n es te ca s o, o vocá bu lo — eterno

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n ã o qu er d izer perpétu o a o in fin ito, Qu a n do s ofr em os de u m aen fer m ida de du ra dou ra , d izem os qu e o n os s o m a l é eter n o. Qu eh á , pois , de a dm ira r em qu e Es p ír itos qu e s ofr em h á a n os , h ás écu los , h á m ilên ios m es m o, a s s im ta m bém s e expr im a m ? Nã oes qu eça m os , p r in cipa lm en te, qu e, n ã o lh es per m it in do a s u a in -fer ior ida de d ivis a r o pon to extr em o do ca m in h o, crêem qu e terã ode s ofr er s em pre, o qu e lh es é u m a pu n içã o.

Dem a is , a dou tr in a do fogo m a ter ia l, da s forn a lh a s e da stor tu ra s , tom a da s a o Tá r ta r o do pa ga n is m o, es tá h oje com pleta -m en te a ba n don a da pela a lta teologia e s ó n a s es cola s es s es a ter -ra dores qu a dr os a legór icos a in da s ã o a p res en ta dos com o verda -des pos it iva s , por a lgu n s h om en s m a is zelos os do qu e in s t ru ídos ,qu e a s s im com etem gra ve er r o, porqu a n to a s im a gin a ções ju ve-n is , liber ta n do-s e dos ter r ores , poderã o ir a u m en ta r o n ú m erodos in crédu los . A Teologia recon h ece h oje qu e a pa la vra fogo éu s a da figu ra da m en te e qu e s e deve en ten der com o s ign ifica n dofogo m ora l (974). Os qu e têm a com pa n h a do, com o n ós , a s per ipé-cia s da vida e dos s ofr im en tos de a lém -tú m u lo, a t ra vés da s co-m u n ica ções es p ír ita s , h ã o pod ido con ven cer -s e de qu e, por n a dater em de m a ter ia l, eles n ã o s ã o m en os pu n gen tes . Mes m o rela t i-va m en te à du ra çã o, a lgu n s teólogos com eça m a a dm it i-la n o s en -t ido res t r it ivo a cim a in d ica do e pen s a m qu e, com efeito, a pa la vraeterno s e pode refer ir à s pen a s em s i m es m a s , com o con s eqü ên -cia de u m a lei im u tá vel, e n ã o à s u a a p lica çã o a ca da in d ivídu o.No d ia em qu e a Religiã o a dm it ir es ta in terp r eta çã o, a s s im com oa lgu m a s ou t ra s t a m b ém d ecor r en tes d o p r ogr es s o d a s lu zes ,m u ita s ovelh a s des ga rra da s reu n irá .

RES S URREIÇÃO DA CARNE

1010. O d ogm a d a res s urreição d a carne s erá a cons agraçãod a reencarnação ens inad a pelos Es píritos ?

“Com o qu erer íeis qu e fos s e de ou tr o m odo? Con for m es u cede com ta n ta s ou tra s , es ta s pa la vra s s ó pa r ecem des -

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p ropos ita da s , n o en ten der de a lgu m a s pes s oa s , porqu e a stom a m a o pé da let ra . Leva m , por is s o, à in credu lida de.Da i-lh es u m a in terp r eta çã o lógica e os qu e ch a m a is livrespen s a dores a s a dm it irã o s em d ificu lda des , p r ecis a m en tepela ra zã o de qu e r efletem . Por qu e, n ã o vos en ga n eis , es -s es livres pen s a dores o qu e m a is pedem e des eja m é crer.Têm , com o os ou tr os , ou , ta lvez, m a is qu e os ou tros , a s ededo fu tu ro, m a s n ã o podem a dm it ir o qu e a ciên cia des m en -te. A dou tr in a da p lu ra lida de da s exis tên cia s é con s en tâ n eacom a ju s t iça de Deu s ; s ó ela exp lica o qu e, s em ela , éin exp licá vel. Com o h a víeis de p reten der qu e o s eu p r in cíp ion ã o es t ives s e n a p rópr ia religiã o?”

— As s im , pe lo d ogm a d a res s u rre içã o d a ca rn e , aprópria Igreja ens ina a d ou trina d a reencarnação?

“É eviden te. Dem a is , es s a dou tr in a decorr e de m u ita scois a s qu e têm pa s s a do des perceb ida s e qu e den tr o empou co s e com preen derã o n es te s en t ido. Recon h ecer -s e-áem breve qu e o Es p ir it is m o r es s a lta a ca da pa s s o do textom esm o das Escritu ra s sagradas . Os Espír itos , portan to, n ãovêm s u bver ter a r eligiã o, com o a lgu n s o p reten dem . Vêm ,a o c o n t r á r io , c o n fir m á - la , s a n c io n á - la p o r p r o va sir recu s á veis . Com o, porém , s ã o ch ega dos os tem pos de n ã om a is em pr ega rem lin gu a gem figu ra da , eles s e expr im ems em a legor ia s e dã o à s cois a s s en t ido cla ro e p r ecis o, qu en ã o pos s a es ta r s u jeito a qu a lqu er in terp reta çã o fa ls a . E ispor qu e, daqu i a a lgu m tem po, m u ito m aior será do qu e éh oje o n ú m ero de pessoas s in ceram en te religiosas e cren tes .”

S ÃO LUÍS

Efet iva m en te, a Ciên cia dem on s tra a im pos s ib ilida de da res -s u rreiçã o, s egu n do a idéia vu lga r. Se os des pojos do corpo h u m a -

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n o s e con s erva s s em h om ogên eos , em bora d is pers os e redu zidosa pó, a in da s e con ceber ia qu e pu des s em r eu n ir -s e em da do m o-m en to. As cois a s , porém , n ã o s e pa s s a m a s s im . O corpo é for m a -do de elem en tos d ivers os : oxigên io, h id r ogên io, a zoto, ca rbon o,etc. Pela decom pos içã o, es s es elem en tos s e d is pers a m , m a s pa ras ervir à for m a çã o de n ovos corpos , de ta l s or te qu e u m a m es m am olécu la , de ca rbon o, por exem plo, terá en tra do n a com pos içã ode m u itos m ilh a res de corpos d iferen tes (fa la m os u n ica m en te doscorpos h u m a n os , s em ter em con ta os dos a n im a is ); qu e u m in d i-vídu o tem ta lvez em s eu corpo m olécu la s qu e já per ten cera m ah om en s d a s p r im it iva s id a d es d o m u n d o; qu e es s a s m es m a sm olécu la s orgâ n ica s qu e a bs orveis n os a lim en tos p r ovêm , pos s i-velm en te, do corpo de ta l ou tr o in d ivídu o qu e con h eces tes e a s -s im por d ia n te. Exis t in do em qu a n t ida de defin ida a m a tér ia es en do in defin ida s a s s u a s com bin a ções , com o poder ia ca da u mda qu eles corpos recon s t itu ir -s e com os m es m os elem en tos ? Háa í im pos s ib ilida de m a ter ia l. Ra cion a lm en te, pois , n ã o s e podea dm it ir a r es s u rreiçã o da ca r n e, s en ã o com o u m a figu ra s im bóli-ca do fen ôm en o da reen ca r n a çã o. E , en tã o, n a da m a is h á qu ea b er r e d a ra zã o, qu e es teja em con t ra d içã o com os d a d os d aCiên cia .

É exa to qu e, s egu n do o dogm a , es s a res s u rreiçã o s ó n o fimdos tem pos s e da rá , a o pa s s o qu e, s egu n do a Dou tr in a Es p ír ita ,ocorre todos os d ia s . Ma s , n es s e qu a dro do ju lga m en to fin a l, n ã oh a verá u m a gra n de e bela im a gem a ocu lta r, s ob o véu da a lego-r ia , u m a des s a s verda des im u tá veis , em p res en ça da s qu a is dei-xa rá de h a ver cép t icos , des de qu e lh es s eja res t itu ída a ver da dei-ra s ign ifica çã o? Dign em -s e de m ed ita r a teor ia es p ír ita s obr e ofu tu ro da s a lm a s e s ob re a s or te qu e lh es ca be, por efeito da sd ifer en tes p rova s qu e lh es cu m pr e s ofrer, e verã o qu e, exceçã ofeita da s im u lta n eida de, o ju ízo qu e a s con den a ou a bs olve n ã o éu m a ficçã o, com o pen sa m os in crédu los . Notem os m a is qu e a qu elateor ia é a con s eqü ên cia n a tu ra l da p lu ra lida de dos m u n dos , h ojeper feita m en te a dm it ida , en qu a n to qu e, s egu n do a dou tr in a doju ízo fin a l, a Terra pa s s a por s er o ú n ico m u n do h a b ita do.

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PARAÍS O, INF ERNO E PURGATÓRIO

1 0 1 2 . Haverá no Univers o lugares circuns critos para as penase gozos dos Es píritos , s egundo s eus m erecim entos ?1

“J á res pon dem os a es ta pergu n ta . As pen a s e os gozoss ã o in eren tes a o gra u de per feiçã o dos Es p ír itos . Ca da u mtira de s i m es m o o p r in cíp io de s u a felicida de ou de s u ades gra ça . E com o eles es tã o por toda pa r te, n en h u m lu ga rcir cu n s cr ito ou fech a do exis te es pecia lm en te des t in a do au m a ou ou tra coisa . Qu an to aos en ca r n ados , es ses são m a isou m en os felizes ou d es gra ça d os , con for m e é m a is oum en os a d ia n ta do o m u n do em qu e h a b ita m .”

— De acord o, en tão, com o que vind es d e d iz er, o in fernoe o para ís o não exis tem , ta is com o o hom em os im agina?

“Sã o s im ples a legor ia s : por toda pa r te h á Es p ír itos d i-tos os e in d itos os . En treta n to, con for m e ta m bém já d is s e-m os , os Es p ír itos de u m a m es m a ordem s e r eú n em pors im pa t ia ; m a s podem reu n ir -s e on de qu eira m , qu a n do s ã oper feitos .”

A loca liza çã o a bs olu ta da s regiões da s pen a s e da s recom -pen s a s s ó n a im a gin a çã o do h om em exis te. Provém da s u a ten -dên cia a m a teria liz ar e circuns crever a s cois a s , cu ja es s ên ciain fin ita n ã o lh e é pos s ível com preen der.

1 0 1 3 . Que s e d eve en tend er por purga tório?

“Dor es fís ica s e m ora is : o tem po da exp ia çã o. Qu a s es em pre, n a Terra é qu e fa zeis o vos s o pu rga tór io e qu e Deu svos obr iga a exp ia r a s vos s a s fa lta s .”

1 Vide Not a Es pe c ial nº 2 , da Ed itora (FEB), à pá g. 604 .

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O qu e o h om em ch a m a purga tório é igu a lm en te u m a a lego-r ia , deven do-s e en ten der com o ta l, n ã o u m lu ga r deter m in a do,p orém o es t a d o d os E s p ír it os im p er feitos , qu e s e a ch a m emexp ia çã o a té a lca n ça r em a pu r ifica çã o com pleta , qu e os eleva rá àca tegor ia dos Es p ír itos bem -a ven tu ra dos . Opera n do-s e es s a pu -r ifica çã o por m eio da s d ivers a s en ca r n a ções , o pu rga tór io con s is -te n a s p rova s da vida corpora l.

1 0 1 4 . Com o s e explica que Es píritos , cu ja s uperiorid ad e s erevela na linguagem d e que us am , tenham res pond id oa pes s oa s m u ito s éria s , a res peito d o in fern o e d opurga tório, d e con form id ad e com as id éias corren tes ?

“É qu e fa la m u m a lin gu a gem qu e pos s a s er com preen -dida pela s pessoas qu e os in terrogam . Qu an do es ta s se m os-t ra m im bu ída s de cer ta s idéia s , eles evita m ch ocá -la s m u i-to b ru s ca m en te, a fim de lh es n ã o fer ir a s con vicções . Seu m Es p ír ito d is s es s e a u m m u çu lm a n o, s em p r eca u çõesora tór ia s , qu e Ma om et n ã o foi p r ofeta , s er ia m u ito m a la colh ido.”

— Concebe-s e que as s im proced am os Es píritos quenos querem ins tru ir. Com o, porém , s e explica que, in terroga-d os acerca d a s ituação em que s e achavam , a lguns Es píritostenham res pond id o que s ofriam as torturas d o in ferno ou d opurga tório?

“Qu a n do s ã o in fer iores e a in da n ã o com pleta m en tedes m a ter ia liza dos , os Es p ír itos con s erva m u m a pa r te des u a s idéia s ter r en a s e, pa ra da r s u a s im pr es s ões , s e s er -vem dos ter m os qu e lh es s ã o fa m ilia res . Ach a m -s e n u mm eio qu e s ó im per feita m en te lh es per m ite s on da r o fu tu r o.Es s a a ca u s a de a lgu n s Es p ír itos er ra n tes , ou recém -de-s en ca r n a dos , fa la r em com o o fa r ia m s e es t ives s em en ca r -

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n a dos . In ferno s e pode t ra du zir por u m a vida de p r ova ções ,ext r em a m en te dolor os a , com a incertez a de h a ver ou t ram elh or; purgatório, por u m a vida tam bém de provações , m ascom a con s ciên cia de m elh or fu tu ro. Qu a n do exper im en ta su m a gra n de dor, n ã o cos tu m a s d izer qu e s ofres com o u mda n a do? Tu do is s o s ã o a pen a s pa la vra s e s em pr e d ita s ems en t ido figu ra do.”

1 0 1 5 . Que s e d eve en tend er por — um a a lm a a penar?

“Um a a lm a er ra n te e s ofr edora , in cer ta de s eu fu tu r o eà qu a l podeis p r oporcion a r o a lívio, qu e m u ita s vezes s olici-ta , vin do com u n ica r -s e con vos co.” (664)

1 0 1 6 . Em que s en tid o s e d eve en tend er a pa lavra céu ?

“J u lga s qu e s eja u m lu ga r, com o os ca m pos Elís eosdos a n tigos , on de todos os bon s Espír itos es tã o prom iscu a -m en te a glom era dos , s em ou tra p reocu pa çã o qu e a de go-za r, pela eter n ida de toda , de u m a felicida de pa s s iva ? Nã o; éo es pa ço u n ivers a l; s ã o os p la n eta s , a s es t rela s e todos osm u n dos s u per iores , on de os Es p ír itos goza m p len a m en tede s u a s fa cu lda des , s em a s t r ibu la ções da vida m a ter ia l,n em a s a n gú s t ia s pecu lia r es à in fer ior ida de.”

1 0 1 7 . Alguns Es píritos d is s eram es tar habitand o o quarto, oqu in to céus , etc. Que queriam d iz er com is s o?

“Pergu n tan do-lh es qu e céu h abitam , é qu e form a is idéiade m u itos céu s d is pos tos com o os a n da res de u m a ca s a .Eles , en tã o, res pon dem de a cordo com a vos s a lin gu a gem .Ma s , por es ta s pa la vra s — qu a r to e qu in to céu s — expr i-m em d iferen tes gra u s de pu r ifica çã o e, por con s egu in te, de

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felicida de. É exa ta m en te com o qu a n do s e pergu n ta a u mEs p ír ito s e es tá n o in fer n o. Se for des gra ça do, d irá — s im ,por qu e, pa ra ele, in ferno é s in ôn im o de s ofr im en to. Sa be,porém , m u ito bem qu e n ã o é u m a for n a lh a . Um pa gã o d ir iaes ta r n o Tártaro.”

O m esm o ocorre com ou tra s expr es sões a n á loga s , ta is com o:cida de da s flores , cida de dos eleitos , p rim eira , s egu n da , ou tercei-ra es fera , etc., qu e a pen a s sã o a legoria s u sa da s por a lgu n s Espír i-tos , qu er com o figu ra s , qu er, a lgu m a s vezes , por ign orâ n cia darea lida de da s coisa s , e a té da s m a is s im ples n oções cien tífica s .

De a cordo com a idéia res t r ita qu e s e fa zia ou trora dos lu ga -res da s pen a s e da s recom pen s a s e, s ob r etu do, de a cordo com aop in iã o d e qu e a Ter r a er a o cen t r o d o Un iver s o, d e qu e ofir m a m en to for m a va u m a a bóba da e qu e h a via u m a r egiã o da ses t rela s , o céu era s ituad o no a lto e o in ferno em baixo. Da í a s ex-p res s ões : s u b ir a o céu , es ta r n o m a is a lto dos céu s , s er p recip ita -do n os in fer n os . Hoje, qu e a Ciên cia dem on s trou s er a Terra a pe-n a s , en t r e ta n tos m ilh ões de ou tros , u m dos m en ores m u n dos ,s em im por tâ n cia es pecia l; qu e t ra çou a h is tór ia da s u a for m a çã oe lh e des cr eveu a con s t itu içã o; qu e p rovou s er in fin ito o es pa ço,n ã o h a ver a lto n em ba ixo n o Un ivers o, teve-s e qu e ren u n cia r as itu a r o céu a cim a da s n u ven s e o in fer n o n os lu ga res in fer ior es .Qu a n to a o pu rga tór io, n en h u m lu ga r lh e fora des ign a do. Es ta vares erva do a o Es p ir it is m o da r de tu do is s o a exp lica çã o m a is ra -cion a l, m a is gra n d ios a e, a o m es m o tem po, m a is con s ola dora pa raa Hu m a n ida de. Pode-s e a s s im d izer qu e t ra zem os em n ós m es -m os o n os s o in fer n o e o n os s o pa ra ís o. O pu rga tór io, a ch a m o-lon a en ca r n a çã o, n a s vida s corpora is ou fís ica s .

1018 .Em que s en tid o s e d evem en tend er es tas pa lavras d oCris to: Meu reino não é d es te m und o?

“Res pon den do a s s im , o Cr is to fa la va em s en t ido figu -ra do. Qu er ia d izer qu e o s eu r ein a do s e exerce u n ica m en te

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s obre os cora ções pu r os e des in teres s a dos . E le es tá on dequ er qu e dom in e o a m or do bem . Ávidos , porém , da s cois a sdes te m u n do e a pega dos a os ben s da Terra , os h om en scom ele n ã o es tã o.”

1 0 1 9 . Poderá jam ais im plantar-s e na Terra o reinado do bem ?

“O bem r ein a rá n a Terra qu a n do, en t re os Es p ír itosqu e a vêm h a b ita r, os bon s p redom in a r em , porqu e, en tã o,fa rã o qu e a í rein em o a m or e a ju s t iça , fon te do bem e dafelicida de. Por m eio do p rogres s o m ora l e p ra t ica n do a s leisde Deu s é qu e o h om em a tra irá pa ra a Terra os bon s Espír i-tos e dela a fa s ta rá os m a u s . Es tes , porém , n ã o a deixa rã o,sen ã o qu a n do da í es teja m ba n idos o orgu lh o e o egoísm o.

“Pr ed ita foi a t r a n s for m a çã o d a Hu m a n id a d e e vosa vizin h a is do m om en to em qu e s e da rá , m om en to cu ja ch e-ga da a p res s a m todos os h om en s qu e a u xilia m o p r ogres s o.Es s a t ra n s for m a çã o s e ver ifica rá por m eio da en ca r n a çã ode Es p ír itos m elh ores , qu e con s t itu irã o n a Terra u m a gera -çã o n ova . En tã o, os Es p ír itos dos m a u s , qu e a m orte va iceifa n do d ia a d ia , e todos os qu e ten tem deter a m a rch ada s cois a s s erã o da í exclu ídos , pois qu e vir ia m a es ta r des -loca dos en tre os h om en s de bem , cu ja felicida de per tu rba -r ia m . Irã o pa ra m u n dos n ovos , m en os a d ia n ta dos , des em -p en h a r m is s ões pen os a s , t r a b a lh a n d o p elo s eu p róp r ioa d ia n ta m en to, a o m es m o tem po qu e t ra ba lh a rã o pelo des eu s ir m ã os a in da m a is a t ra s a dos . Nes te ba n im en to de Es -p ír itos da Terra t ra n s for m a da , n ã o per cebeis a s u b lim e a le-gor ia do Para ís o perd id o e, n a vin da do h om em pa ra a Terraem s em elh a n tes con d ições , t ra zen do em s i o gér m en des u a s pa ixões e os ves t ígios da s u a in fer ior ida de p r im it iva ,

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n ã o des cobr is a n ã o m en os s u b lim e a legor ia do pecadoorigina l? Con s idera do des te pon to de vis ta , o peca do or igi-n a l s e p r en de à n a tu r eza a in da im per feita do h om em qu e,a s s im , s ó é r es pon s á vel por s i m es m o, pela s s u a s p rópr ia sfa lta s e n ã o pela s de s eu s pa is .

“Todos vós , h om en s de fé e de boa von ta de, t ra ba lh a i,por ta n to, com â n im o e zelo n a gra n de obra da regen era çã o,qu e colh er eis pelo cên tu p lo o grã o qu e h ou verdes s em ea do.Ai dos qu e fech a m os olh os à lu z! Prepa ra m pa ra s i m es m oslon gos s écu los de t r eva s e decepções . Ai dos qu e fa zem dosben s des te m u n do a fon te de toda s a s s u a s a legr ia s ! Terã oqu e s ofrer p r iva ções m u ito m a is n u m er os a s do qu e os go-zos de qu e des fru ta ra m ! Ai, sobretu do, dos egoís ta s ! Nã oa ch a rã o qu em os a ju de a ca rrega r o fa rdo de su a s m iséria s .”

S ÃO LUÍS

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I

Qu em , de m a gn et is m o ter res t r e, a pen a s con h eces s e ob r in qu edo dos pa t in h os im a n ta dos qu e, s ob a a çã o do ím ã ,se m ovim en tam em todas a s d ireções n u m a bacia com águ a ,d ificilm en te poder ia com preen der qu e a li es tá o s egr edo dom eca n is m o do Un ivers o e da m a rch a dos m u n dos . O m es -m o s e dá com qu em , do Es p ir it is m o, a pen a s con h ece om ovim en to da s m es a s , em o qu a l s ó vê u m d iver t im en to,u m pa s s a tem po, s em com pr een der qu e es s e fen ôm en o tã os im ples e vu lga r, qu e a a n t igu ida de e a té povos s em i-s elva -gen s con h ecera m , pos s a ter liga çã o com a s m a is gra vesqu es tões da or dem s ocia l. Efet iva m en te, pa ra o obs erva dors u per ficia l, qu e rela çã o pode ter com a m ora l e o fu tu r o daHu m a n ida de u m a m es a qu e s e m ove? Qu em qu er, porém ,qu e r eflita s e lem bra rá de qu e de u m a s im ples pa n ela aferver e cu ja ta m pa s e ergu ia con t in u a m en te, fa to qu e ta m -bém ocorr e des de toda a a n t igu ida de, s a iu o pos s a n te m o-tor com qu e o h om em t ra n s p õe o es p a ço e s u p r im e a sd is tâ n cia s .

Pois b em ! s a b ei, vós qu e n ã o cr ed es s en ã o n o qu eper ten ce a o m u n do m a ter ia l, qu e des s a m es a , qu e gira e

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vos fa z s orr ir des den h os a m en te, s a iu u m a ciên cia , a s s imcom o a s olu çã o dos p rob lem a s qu e n en h u m a filos ofia pu -dera a in da res olver. Apelo pa ra todos os a dversá r ios de boa --fé e os a d ju ro a qu e d iga m s e s e dera m a o t ra ba lh o dees tu da r o qu e cr it ica m . Porqu e, em boa lógica , a cr ít ica s ótem va lor qu a n do o cr ít ico é con h ecedor da qu ilo de qu efa la . Zom ba r de u m a cois a qu e s e n ã o con h ece, qu e s e n ã os on dou com o es ca lpelo do obs erva dor con s cien cios o, n ã oé cr it ica r, é da r p rova de levia n da de e t r is te m os tra de fa ltade cr itér io. Cer ta m en te qu e, s e h ou vés s em os a p res en ta does ta filos ofia com o obra de u m céreb ro h u m a n o, m en osd es d en h os o t ra ta m en to en con t ra r ia e ter ia m er ecid o a sh on ra s do exa m e dos qu e p r eten dem d ir igir a op in iã o. Vemela , porém , dos Es p ír itos . Qu e a bs u rdo! Ma l lh e d is pen s a mu m s im ples olh a r. J u lga m -n a pelo t ítu lo, com o o m a ca coda fá bu la ju lga va da n oz pela ca s ca .

Fa zei, s e qu is er des , a bs tra çã o da s u a or igem . Su pon dequ e es te livro é ob ra de u m h om em e d izei, do ín t im o e emcon s ciên cia , s e, depois de o terdes lido s eriam en te , a ch a isn ele m a tér ia pa ra zom ba r ia .

II

O Es p ir it is m o é o m a is ter r ível a n ta gon is ta do m a te-r ia lis m o. Nã o é, pois , de a dm ira r qu e ten h a por a dvers á r iosos m a ter ia lis ta s . Ma s , com o o m a ter ia lis m o é u m a dou tr i-n a cu jos a dep tos m a l ou s a m con fes s a r qu e o s ã o (p rova dequ e n ã o s e con s idera m m u ito for tes e têm a dom in á -los acon s ciên cia ), eles s e a cober ta m com o m a n to da ra zã o e daciên cia . E , cois a es t ra n h a , os m a is cép t icos ch ega m a fa la rem n om e da religiã o, qu e n ã o con h ecem e n ã o com preen -

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dem m elh or qu e a o Es p ir it is m o. Por pon to de m ira tom a mo m a ra vilh os o e o s obrena tura l, qu e n ã o a dm item . Ora ,d izem , pois qu e o Es p ir it is m o s e fu n da n o m a ra vilh os o, n ã opode deixa r de s er u m a s u pos içã o r id ícu la . Nã o refletemqu e, con den a n do, s em r es t r ições , o m a ra vilh os o e o s obr e-n a tu ra l, ta m bém con den a m a r eligiã o.

Com efeito, a religiã o s e fu n da n a revela çã o e n os m ila -gres . Ora , qu e é a r evela çã o, s en ã o u m con ju n to de com u -n ica ções extra ter r en a s ? Todos os a u tores s a gra dos , des deMois és , têm fa la do des s a es pécie de com u n ica ções . Qu es ã o os m ila gres , s en ã o fa tos m a ra vilh os os e s obr en a tu ra is ,por excelên cia , vis to qu e, n o s en t ido litú rgico, con s t itu emderr oga ções da s leis da Na tu reza ? Logo, r ejeita n do o m a ra -vilh os o e o s obren a tu ra l, eles r ejeita m a s ba s es m es m a s dareligiã o. Nã o é des te pon to de vis ta , porém , qu e devem osen ca ra r a qu es tã o.

Ao Es p ir it is m o n ã o com pete exa m in a r s e h á ou n ã om ila gr es , is to é, s e em cer tos ca s os h ou ve Deu s por bemderr oga r a s leis eter n a s qu e regem o Un ivers o. Per m ite, aes te r es peito, in teira liberda de de cren ça . Diz e p rova qu eos fen ôm en os em qu e s e ba s eia , de s obr en a tu ra is s ó têm aa pa rên cia . E pa recem ta is a a lgu m a s pes s oa s , a pen a s por -qu e s ã o in s ólitos e d ifer en tes dos fa tos con h ecidos . Nã os ã o, con tu do, m a is s obren a tu ra is do qu e todos os fen ôm e-n os , cu ja exp lica çã o a Ciên cia h oje dá e qu e pa r ecera mm a ra vilh os os n ou tra época . Todos os fen ôm en os es p ír ita s ,s em exceção, r es u lta m de leis gera is . Revela m -n os u m a da sforça s da Na tu r eza , força des con h ecida , ou , por m elh ord izer, in com preen d ida a té a gora , m a s qu e a obs erva çã odem on s tra es ta r n a or dem da s cois a s .

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As s im , pois , o Es p ir it is m o s e a póia m en os n o m a ra vi-lh os o e n o s obr en a tu ra l do qu e a p rópr ia religiã o. Con s e-gu in tem en te, os qu e o a ta ca m por es s e la do m os tra m qu e on ã o con h ecem e, a in da qu a n do fos s em os m a iores s á b ios ,lh es d ir ía m os : s e a vos s a ciên cia , qu e vos in s t ru iu emta n ta s cois a s , n ã o vos en s in ou qu e o dom ín io da Na tu rezaé in fin ito, s ois a pen a s m eio s á b ios .

III

Dizeis qu e des eja is cu ra r o vos s o s écu lo de u m a m a n iaqu e a m ea ça in va d ir o m u n do. Prefer ir íeis qu e o m u n do fos -s e in va d ido pela in credu lida de qu e p r ocu ra is p ropa ga r? Aqu e s e deve a t r ibu ir o rela xa m en to dos la ços de fa m ília ea m a ior pa r te da s des orden s qu e m in a m a s ocieda de, s e-n ã o à a u s ên cia de toda cren ça ? Dem on s tra n do a exis tên ciae a im or ta lida de da a lm a , o Es p ir it is m o rea viva a fé n o fu -tu r o, leva n ta os â n im os a ba t idos , fa z s u por ta r com res ig-n a çã o a s vicis s itu des da vida . Ou s a r íeis ch a m a r a is to u mm a l? Du a s dou tr in a s s e defron ta m : u m a , qu e n ega o fu tu -ro; ou tra , qu e lh e p r ocla m a e p rova a exis tên cia ; u m a , qu en a da exp lica , ou tra , qu e exp lica tu do e qu e, por is s o m es -m o, s e d ir ige à ra zã o; u m a , qu e é a s a n çã o do egoís m o;ou tra , qu e oferece ba s e à ju s t iça , à ca r ida de e a o a m or dopróxim o. A p r im eira s om en te m os tra o p r es en te e a n iqu ilatoda es pera n ça ; a s egu n da con s ola e des ven da o va s to ca m -po do fu tu ro. Qu a l a m a is p r ecios a ?

Algu m a s pes s oa s , den tr e a s m a is cép t ica s , s e fa zema pós tolos da fra ter n ida de e do p r ogres s o. Ma s , a fra ter n i-da de p res s u põe des in ter es s e, a bn ega çã o da pers on a lida de.On de h á ver da deira fra ter n ida de, o orgu lh o é u m a a n om a -

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lia . Com qu e d ir eito im pon des u m s a cr ifício à qu ele a qu emdizeis qu e, com a m orte, tu do s e lh e a ca ba rá ; qu e a m a n h ã ,ta lvez, ele n ã o s erá m a is do qu e u m a velh a m á qu in a des -m a n tela da e a t ira da a o m on tu r o? Qu e ra zões terá ele pa raim por a s i m es m o u m a p r iva çã o qu a lqu er? Nã o s erá m a isn a tu ra l qu e t ra te de viver o m elh or pos s ível, du ra n te osb r eves in s ta n tes qu e lh e con cedeis ? Da í o des ejo de pos s u irm u ito pa ra m elh or goza r. Do des ejo n a s ce a in veja dos qu epos s u em m a is e, des s a in veja à von ta de de a podera r -s e doqu e a es tes per ten ce, o pa s s o é cu r to. Qu e é qu e o detém ? Alei? A lei, porém , n ã o a b ra n ge todos os ca s os . Dir eis qu e acon s ciên cia , o s en t im en to do dever. Ma s , em qu e ba s ea is os en t im en to do dever? Terá ra zã o de s er es s e s en t im en to, depa r com a cren ça de qu e tu do s e a ca ba com a vida ? On dees s a cr en ça exis ta , u m a s ó m á xim a é ra cion a l: ca da u mpor s i, n ã o pa s s a n do de vã s pa la vra s a s idéia s de fra ter n i-da de, de con s ciên cia , de dever, de h u m a n ida de, m es m o depr ogres s o.

Oh ! vós , qu e p rocla m a is s em elh a n tes dou tr in a s , n ã os a beis qu ã o gra n de é o m a l qu e fa zeis à s ocieda de, n em dequ a n tos cr im es a s s u m is a r es pon s a b ilida de! Pa ra o cép t ico,ta l cois a n ã o exis te. Só à m a tér ia r en de ele h om en a gem .

IV

O progres s o da Hu m a n ida de tem s eu p r in cíp io n a a p li-ca çã o da lei de ju s t iça , de a m or e de ca r ida de, lei qu e s efu n da n a cer teza do fu tu ro. Tira i-lh e es s a cer teza e lh et ira r eis a pedra fu n da m en ta l. Des s a lei der iva m toda s a sou tra s , por qu e ela en cerra toda s a s con d ições da felicida ded o h om em . Só ela p od e cu ra r a s ch a ga s d a s ocied a d e.

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Com pa ra n do a s ida des e os povos , pode ele a va lia r qu a n toa s u a con d içã o m elh ora , à m ed ida qu e es s a lei va i s en dom a is bem com preen d ida e p ra t ica da . Ora , s e, a p lica n do-apa rcia l e in com pleta m en te, a u fere o h om em ta n to bem , qu en ã o con s egu irá qu a n do fizer dela a ba s e de toda s a s s u a sin s t itu ições s ocia is ! Será is so poss ível? Certo, porqu an to,desde qu e ele já deu dez passos , poss ível lh e é da r vin te eass im por dian te.

Do fu tu r o s e pode, pois , ju lga r pelo pa s s a do. J á vem osqu e pou co a pou co s e ext in gu em a s a n t ipa t ia s de povo pa rapovo. Dia n te da civiliza çã o, d im in u em a s ba rreira s qu e oss epa ra va m . De u m extrem o a ou tro do m u n do, eles s e es -ten dem a s m ã os . Ma ior ju s t iça p res ide à ela bora çã o da sleis in ter n a cion a is . As gu erra s s e tor n a m ca da vez m a isra ra s e n ã o exclu em os s en t im en tos de h u m a n ida de. Na srela ções , a u n ifor m ida de s e va i es ta belecen do. Apa ga m -s ea s d is t in ções de ra ça s e de ca s ta s e os qu e p rofes s a m cren -ça s d ivers a s im põem s ilên cio a os p reju ízos de s eita , pa ra s econ fu n d irem n a a dora çã o de u m ú n ico Deu s . Fa la m os dospovos qu e m a rch a m à tes ta da civiliza çã o. (789-793)

A todos es tes respeitos , n o en tan to, lon ge a in da es tam osda per feiçã o e m u ita s ru ín a s a n t iga s a in da s e têm qu e a ba -ter, a té qu e n ã o res tem m a is ves t ígios da ba rba r ia . Poderã oa ca s o es s a s ru ín a s s u s ten ta r -s e con tra a força ir res is t íveldo p rogr es s o, con tra es s a força viva qu e é, em s i m es m a ,u m a lei da Na tu reza ? Sen do a gera çã o a tu a l m a is a d ia n ta -da do qu e a a n ter ior, por qu e n ã o o s erá m a is do qu e ap res en te a qu e lh e h á de s u ceder? Sê-lo-á , pela força da scois a s . Pr im eiro, por qu e, com a s gera ções , todos os d ia s s eextin gu em a lgu n s cam peões dos velh os abu sos , o qu e perm i-

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te à s ocieda de for m a r -s e de elem en tos n ovos , livr es dosvelh os p recon ceitos . Em s egu n do lu ga r, porqu e, des eja n doo p rogr es s o, o h om em es tu da os obs tá cu los e s e a p lica ar em ovê-los .

Des de qu e é in con tes tá vel o m ovim en to p rogres s ivo,n ã o h á qu e du vida r do p rogr es s o vin dou r o. O h om em qu ers er feliz e é n a tu ra l es s e des ejo. Ora , bu s ca n do p r ogr ed ir, oqu e ele p r ocu ra é a u m en ta r a s om a da s u a felicida de, s emo qu e o pr ogres so ca receria de objeto. Em qu e con s is t ir iapa ra ele o progres so, s e lh e n ã o devesse m elh ora r a pos içã o?

Qu a n do, porém , con s egu ir a s om a de gozos qu e o p ro-gres s o in telectu a l lh e pode p ropor cion a r, ver ifica rá qu e n ã oes tá com pleta a s u a felicida de. Recon h ecerá s er es ta im -pos s ível, s em a s egu ra n ça n a s r ela ções s ocia is , s egu ra n çaqu e s om en te n o p rogr es s o m ora l lh e s erá da do a ch a r. Logo,pela força m es m a da s cois a s , ele p rópr io d ir igirá o p r ogres -s o pa ra es s a s en da e o Es p ir it is m o lh e ofer ecerá a m a ispoder os a a la va n ca pa ra a lca n ça r ta l ob jet ivo.

V

Os qu e d izem qu e a s cren ça s es p ír ita s a m ea ça m in va -d ir o m u n do, p rocla m a m , ips o facto, a força do Es p ir it is m o,por qu e ja m a is poder ia tor n a r -s e u n ivers a l u m a idéia s emfu n da m en to e des t itu ída de lógica . As s im , s e o Es p ir it is m os e im pla n ta por toda pa r te, s e, p r in cipa lm en te n a s cla s s escu lta s , r ecru ta a dep tos , com o todos fa cilm en te recon h ece-rã o, é qu e tem u m fu n do de verda de. Ba lda dos , con tra es s aten dên cia , s erã o todos os es forços dos s eu s detra tor es e ap r ova é qu e o p rópr io r id ícu lo, de qu e p r ocu ra m cobr i-lo,

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lon ge de lh e a m ortecer o ím peto, pa rece ter -lh e da do n ovovigor, res u lta do qu e p len a m en te ju s t ifica o qu e r epet ida svezes os Es p ír itos h ã o d ito: “Nã o vos in qu ieteis com a opo-s içã o; tu do o qu e con tra vós fizerem s e tor n a rá a vos s ofa vor e os vos s os m a iores ad vers ários , s em o quererem , s er-virão à vos s a caus a . Con tra a von ta de de Deu s n ã o poderápreva lecer a m á von ta de dos h om en s .”

Por m eio do Es p ir it is m o, a Hu m a n ida de tem qu e en -t ra r n u m a n ova fa s e, a do p r ogres s o m ora l qu e lh e é con s e-qü ên cia in evitá vel. Nã o m a is , pois , vos es pa n teis da ra p i-dez com qu e a s idéia s es p ír ita s s e p ropa ga m . A ca u s a des s aceler ida de res ide n a s a t is fa çã o qu e t ra zem a todos os qu ea s a p rofu n da m e qu e n ela s vêem a lgu m a cois a m a is doqu e fú t il pa s s a tem po. Ora , com o ca da u m o qu e a cim a detu do qu er é a s u a felicida de, n a da h á de s u rp reen den te emqu e ca da u m s e a pegu e a u m a idéia qu e fa z d itos os os qu ea es pos a m .

Três per íodos d is t in tos a p res en ta o des en volvim en todes s a s idéia s : p r im eiro, o da cu r ios ida de, qu e a s in gu la r i-da de dos fen ôm en os p r odu zidos des per ta ; s egu n do, o dora ciocín io e da filos ofia ; ter ceiro, o da a p lica çã o e da s con -s eqü ên cia s . O per íodo da cu r ios ida de pa s s ou ; a cu r ios ida -de du ra pou co. Um a vez s a t is feita , m u da de ob jeto. O m es -m o n ã o a con tece com o qu e des a fia a m ed ita çã o s ér ia e ora ciocín io. Com eçou o s egu n d o p er íod o, o t er ceir o vir áin evita velm en te.

O Es p ir it is m o p rogr ed iu p r in cipa lm en te depois qu e fois en do m a is bem com preen d ido n a s u a es s ên cia ín t im a ,depois qu e lh e percebera m o a lca n ce, por qu e ta n ge a cordam a is s en s ível do h om em : a da s u a felicida de, m es m o n es te

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m u n do. Aí a ca u s a da s u a p ropa ga çã o, o s egr edo da forçaqu e o fa rá t r iu n fa r. En qu a n to a s u a in flu ên cia n ã o a t in gea s m a s s a s , ele va i felicita n do os qu e o com pr een dem . Mes -m o os qu e n en h u m fen ôm en o têm tes tem u n h a do, d izem : àpa r te es s es fen ôm en os , h á a filos ofia , qu e m e exp lica o qu eNENHUMA OUTRA m e h a via exp lica do. Nela en con tro, porm eio u n ica m en te do ra ciocín io, u m a s olu çã o raciona l pa raos p r ob lem a s qu e n o m a is a lto gra u in teres s a m a o m eufu tu r o. E la m e dá ca lm a , fir m eza , con fia n ça ; livra -m e dotor m en to da in cer teza . Ao la do de tu do is to, s ecu n dá r ia s etor n a a qu es tã o dos fa tos m a ter ia is .

Qu ereis , vós todos qu e o a ta ca is , u m m eio de com ba tê--lo com êxito? Aqu i o ten des . Su bs t itu í-o por a lgu m a cois am elh or ; in d ica i s olu çã o MAIS FILOSÓFICA pa ra toda s a squ es tões qu e ele res olveu ; da i a o h om em OUTRA CER TEZAqu e o fa ça m a is feliz, porém com preen dei bem o a lca n cedes ta pa lavra certeza , porqu an to o h om em n ão aceita , com ocerto, s en ã o o qu e lh e pa r ece lógico. Nã o vos con ten teiscom d izer : is to n ã o é a s s im ; dem a s ia do fá cil é s em elh a n tea fir m a t iva . Prova i, n ã o por n ega çã o, m a s por fa tos , qu e is ton ã o é rea l, n u n ca o foi e NÃO PODE s er. Se n ã o é, d izei oqu e o é, em s eu lu ga r. Pr ova i, fin a lm en te, qu e a s con s e-qü ên cia s do Es p ir it is m o n ã o s ã o torn a r m elh or o h om em e,por ta n to, m a is feliz, pela p rá t ica da m a is pu ra m ora l eva n -gélica , m ora l a qu e se tecem m u itos lou vor es , m as qu e m u itopou co s e p ra t ica . Qu a n do h ou ver des feito is s o, tereis od ireito de o a ta ca r.

O Es p ir it is m o é for te porqu e a s s en ta s obr e a s p rópr ia sba s es da r eligiã o: Deu s , a a lm a , a s pen a s e a s recom pen s a sfu tu ra s ; s obretu do, por qu e m os tra qu e es s a s pen a s e r e-com pen s a s s ã o cor olá r ios n a tu ra is da vida ter r es t re e, a in -

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da , porqu e, n o qu a dr o qu e a p res en ta do fu tu ro, n a da h áqu e a ra zã o m a is exigen te pos s a recu s a r.

Qu e com p en s a çã o ofer eceis a os s ofr im en tos d es t em u n do, vós cu ja dou tr in a con s is te u n ica m en te n a n ega çã odo fu tu ro? En qu a n to vos a poia is n a in credu lida de, ele s ea póia n a con fia n ça em Deu s ; a o pa s s o qu e con vida os h o-m en s à felicida de, à es pera n ça , à verda deira fra ter n ida de,vós lh es ofer eceis o nad a por pers pect iva e o egoís m o porcon s ola çã o. Ele tu do exp lica , vós n a da exp lica is . E le p r ovapelos fa tos , vós n a da p r ova is . Com o qu ereis qu e s e h es iteen tre a s du a s dou tr in a s ?

VI

Fa ls ís s im a idéia for m a r ia do Es p ir it is m o qu em ju lga s -s e qu e a s u a força lh e vem da p rá t ica da s m a n ifes ta çõesm a ter ia is e qu e, por ta n to, obs ta n do-s e a ta is m a n ifes ta -ções , s e lh e terá m in a do a ba se. Su a força es tá n a su a filoso-fia , n o a pelo qu e d ir ige à ra zã o, a o bom -sen so. Na a n tigu ida -de, era ob jeto de es tu dos m is ter ios os , qu e cu ida dos a m en tes e ocu lta va m do vu lgo. Hoje, pa ra n in gu ém tem s egredos .Fa la u m a lin gu a gem cla ra , s em a m bigü ida des . Na da h á n elede m ís t ico, n a da de a legor ia s s u s cet íveis de fa ls a s in terp re-ta ções . Qu er s er por todos com preen d ido, porqu e ch ega doss ã o os tem pos de fa zer -s e qu e os h om en s con h eça m a ver -da de. Lon ge de s e opor à d ifu s ã o da lu z, des eja -a pa ra todoo m u n do. Nã o recla m a cren ça cega ; qu er qu e o h om em s a i-ba por qu e crê. Apoia n do-s e n a ra zã o, s erá s em pre m a isfor te do qu e os qu e s e a póia m n o n a da .

Os obs tá cu los qu e ten ta s s em ofer ecer à liberda de da sm a n ifes ta ções poder ia m pôr -lh e fim ? Nã o, por qu e p r odu -

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zir ia m o efeito de toda s a s pers egu ições : o de excita r acu r ios ida de e o des ejo de con h ecer o qu e foi p r oib ido. Deou tro la do, s e a s m a n ifes ta ções es p ír ita s fos s em pr ivilégiode u m ú n ico h om em , s em dú vida qu e, s egr ega do es s e h o-m em , a s m an ifes tações cessa riam . In felizm en te pa ra os seu sa dvers á r ios , ela s es tã o a o a lca n ce de toda gen te e todos aela s recorr em , des de o m a is pequ en in o a té o m a is gra du a -do, des de o pa lá cio a té a m a n s a r da . Poderã o p roib ir qu es eja m ob t ida s em pú b lico. Sa be-s e, porém , p r ecis a m en tequ e em pú b lico n ã o é on de m elh or s e dã o e s im n a in t im i-da de. Ora , poden do todos s er m éd iu n s , qu em poderá im pe-d ir qu e u m a fa m ília , n o s eu la r ; u m in d ivídu o, n o s ilên ciode s eu ga b in ete; o p r is ion eir o, n o s eu cu b ícu lo, en tr em emcom u n ica çã o com os Es p ír itos , a des peito dos es b ir r os em es m o n a p r es en ça deles ? Se a s p roib ir em n u m pa ís , po-derã o obs ta r a qu e s e ver ifiqu em n os pa ís es vizin h os , n om u n do in teiro, u m a vez qu e n os dois h em is fér ios n ã o h álu ga r on de n ã o exis ta m m éd iu n s ? Pa ra s e en ca r cera remtodos os m éd iu n s , p r ecis o fora qu e s e en ca rcera s s e a m eta -de do gên er o h u m a n o. Ch ega s s em m es m o, o qu e n ã o s er iam a is fá cil, a qu eim a r todos os livr os es p ír ita s e n o d ia s e-gu in te es ta r ia m r ep rodu zidos , porqu e in a ta cá vel é a fon ted on d e d im a n a m e p or qu e n in gu ém p od e en ca rcera r ouqu eim a r os Es p ír itos , s eu s ver da deiros a u tor es .

O Espiritism o n ão é obra de u m h om em . Nin gu ém podein cu lca r -se com o seu criador, pois tão an tigo é ele qu an to acriação. En con tram o-lo por toda pa rte, em todas as religiões ,p r in cipa lm en te n a r eligiã o Ca tólica e a í com m a is a u tor ida -de do qu e em toda s a s ou tra s , por qu a n to n ela s e n os depa -ra o p r in cíp io de tu do qu e h á n ele: os Es p ír itos em todos osgra u s de eleva çã o, s u a s rela ções ocu lta s e os ten s iva s com

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os h om en s , os a n jos gu a rd iã es , a reen ca r n a çã o, a em a n ci-pa çã o da a lm a du ra n te a vida , a du p la vis ta , todos os gên e-ros de m a n ifes ta ções , a s a pa r ições e a té a s a pa r ições ta n gí-veis . Qu a n to a os dem ôn ios , es s es n ã o s ã o s en ã o os m a u sEs p ír itos e, s a lvo a cren ça de qu e a qu eles fora m des t in a dosa per m a n ecer perpetu a m en te n o m a l, a o pa s s o qu e a s en dad o p rogr es s o s e con s erva a b er ta a os s egu n d os , n ã o h áen t r e u n s e ou t r os m a is d o qu e s im p les d ifer en ça d en om es .

Qu e fa z a m oder n a ciên cia es p ír ita ? Reú n e em corpode dou tr in a o qu e es ta va es pa rs o; exp lica , com os ter m osprópr ios , o qu e s ó era d ito em lin gu a gem a legór ica ; poda oqu e a s u pers t içã o e a ign orâ n cia en gen dra ra m , pa ra s ó dei-xa r o qu e é rea l e pos it ivo. Es s e o s eu pa pel. O de fu n da do-ra n ã o lh e per ten ce. Mos tra o qu e exis te, coorden a , porémn ã o cr ia , por is s o qu e s u a s ba s es s ã o de todos os tem pos ede todos os lu ga res . Qu em , pois , ou sa r ia con s idera r -s e ba s -ta n te for te pa ra a ba fá -la com s a rca s m os , ou , a in da , compers egu ições ? Se a p ros cr everem de u m la do, r en a s cerán ou tra s pa r tes , n o p rópr io ter ren o don de a ten h a m ba n ido,por qu e ela es tá em a Na tu reza e a o h om em n ã o é da doa n iqu ila r u m a força da Na tu reza , n em opor veto a os decre-tos de Deu s .

Qu e in ter es s e, a o dem a is , h a ver ia em obs ta r -s e a p ro-pa ga çã o da s idéia s es p ír ita s ? É exa to qu e ela s s e ergu emcon tra os a bu s os qu e n a s cem do orgu lh o e do egoís m o.Ma s , s e é cer to qu e des s es a bu s os h á qu em a proveite, àcolet ivida de h u m a n a eles p r eju d ica m . A colet ivida de, por -ta n to, s erá fa vorá vel a ta is idéia s , con ta n do-s e-lh es pora dvers á r ios s ér ios a pen a s os in teres s a dos em m a n ter a qu e-les a bu s os . As idéia s es p ír ita s , a o con trá r io, s ã o u m pe-

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n h or de or dem e t ra n qü ilida de, porqu e, pela s u a in flu ên -cia , os h om en s s e tor n a m m elh ores u n s pa ra com os ou -t r os , m en os á vidos da s cois a s m a ter ia is e m a is res ign a dosa os decr etos da Providên cia .

VII

O Es p ir it is m o s e a p res en ta s ob t rês a s pectos d iferen -tes : o da s m a n ifes ta ções , o dos p r in cíp ios e da filos ofia qu edela s decorr em e o da a p lica çã o des s es p r in cíp ios . Da í, t rêscla s s es , ou , a n tes , t rês gra u s de a dep tos : 1 º os qu e crêemn a s m a n ifes ta ções e s e lim ita m a com prová -la s ; pa ra es -s es , o Es p ir it is m o é u m a ciên cia exper im en ta l; 2 º os qu elh e per cebem a s con s eqü ên cia s m ora is ; 3 º os qu e p ra t ica mou s e es força m por p ra t ica r es s a m ora l. Qu a lqu er qu e s ejao pon to de vis ta , cien t ífico ou m ora l, s ob qu e con s ideremes s es es t ra n h os fen ôm en os , todos com preen dem con s t i-tu ír em eles u m a ordem , in teira m en te n ova de idéia s , qu es u rge e da qu a l n ã o pode deixa r de res u lta r u m a p r ofu n dam od ifica çã o n o es ta d o d a Hu m a n id a d e e com p r een d emigu a lm en t e qu e es s a m od ifica çã o n ã o p od e d eixa r, d eopera r -s e n o s en t ido do bem .

Qu an to aos adversá rios , tam bém podem os class ificá -losem três ca tegoria s . 1 ª — A d os qu e n ega m s is t em a t ica -m en te tu do o qu e é n ovo, ou deles n ã o ven h a , e qu e fa la ms em con h ecim en to de ca u s a . A es ta cla s s e per ten cem todosos qu e n ã o a dm item s en ã o o qu e pos s a ter o tes tem u n h odos s en t idos . Na da vira m , n a da qu erem ver e a in da m en osa pr ofu n da r. Fica r ia m m es m o a borrecidos s e vis s em a s coi-s a s m u ito cla ra m en te, porqu e forços o lh es s er ia con vir emqu e n ã o têm ra zã o. Pa ra eles , o Es p ir it is m o é u m a qu im era ,

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u m a lou cu ra , u m a u top ia , n ã o exis te: es tá d ito tu do. Sã oos in crédu los de ca s o pen s a do. Ao la do des s es , podem co-loca r -s e os qu e n ã o s e d ign a m de da r a os fa tos a m ín im aa ten çã o, s equ er por des en ca rgo de con s ciên cia , a fim depoderem d izer : Qu is ver e n a da vi. Nã o com preen dem qu es eja p recis o m a is de m eia h ora pa ra a lgu ém s e in teira r deu m a ciên cia . 2 ª — A dos qu e, s a ben do m u ito bem o qu epen s a r da rea lida de dos fa tos , os com ba tem , toda via , porm otivos de in teresse pessoa l. Pa ra es tes , o Espiritism o exis te,m a s lh e receia m a s con s eqü ên cia s . Ata ca m -n o com o a u min im igo. 3 ª — A dos qu e ach am n a m ora l espírita u m a cen su -ra por dem a is s evera a os s eu s a tos ou à s su a s ten dên cia s .Tom a do a o s ér io, o Es p ir it is m o os em ba ra ça r ia ; n ã o o r ejei-ta m , n em o a p r ova m : p referem fech a r os olh os . Os p r im ei-ros s ã o m ovidos pelo orgu lh o e pela p r es u n çã o; os s egu n -dos , pela a m biçã o; os terceir os , pelo egoís m o. Con cebe-s equ e, n en h u m a s olidez ten do, es s a s ca u s a s de opos içã o ve-n h a m a des a pa recer com o tem po, pois em vã o p rocu ra r ía -m os u m a qu a r ta cla s s e de a n ta gon is ta s , a dos qu e em pa -ten tes provas con trá ria s se apoia ssem dem on s tran do es tu dola bor ios o e por fia do da qu es tã o. Todos a pen a s opõem an ega çã o, n en h u m a du z dem on s tra çã o s ér ia e ir refu tá vel.

Fora p res u m ir dem a is da n a tu r eza h u m a n a s u por qu eela pos s a t ra n s for m a r -s e de s ú b ito, por efeito da s idéia ses p ír ita s . A a çã o qu e es ta s exercem n ã o é cer ta m en te idên -t ica , n em do m es m o gra u , em todos os qu e a s p rofes s a m .Ma s , o res u lta do des s a a çã o, qu a lqu er qu e s eja , a in da qu eextrem am en te fra co, represen ta sem pre u m a m elh ora . Será ,qu a n do m en os , o de da r a p rova da exis tên cia de u m m u n -do extra corpóreo, o qu e im plica a n ega çã o da s dou tr in a sm a ter ia lis ta s . Is to der iva da s ó obs erva çã o dos fa tos , po-

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rém , pa ra os qu e com preen dem o Es p ir it is m o filos ófico en ele vêem ou tra cois a , qu e n ã o s om en te fen ôm en os m a isou m en os cu r ios os , d ivers os s ã o os s eu s efeitos .

O p r im eiro e m a is gera l con s is te em des en volver o s en -t im en to r eligioso a té n a qu ele qu e, s em ser m a ter ia lis ta , olh acom a bs olu ta in d ifer en ça pa ra a s qu es tões es p ir itu a is . Da ílh e a dvém o des p rezo pela m orte. Nã o d izem os o des ejo dem orrer; lon ge d is so, por qu a n to o esp ír ita defen derá su a vidacom o qu a lqu er ou tr o, m a s u m a in d iferen ça qu e o leva aa ceita r, s em qu eixa , n em pes a r, u m a m orte in evitá vel, com ocois a m a is de a legra r do qu e de tem er, pela cer teza qu e temdo es ta do qu e s e lh e s egu e.

O s egu n do efeito, qu a s e tã o gera l qu a n to o p r im eiro, éa r es ign a çã o n a s vicis s itu des da vida . O Es p ir it is m o dá aver a s cois a s de tã o a lto, qu e, per den do a vida ter ren a t rêsqu a r ta s pa r tes da s u a im por tâ n cia , o h om em n ã o s e a fligeta n to com a s t r ibu la ções qu e a a com pa n h a m . Da í, m a iscora gem n a s a flições , m a is m odera çã o n os des ejos . Da í,ta m bém , o ba n im en to da idéia de a b r evia r os d ia s da exis -tên cia , por is s o qu e a ciên cia es p ír ita en s in a qu e, pelo s u i-cíd io, s em pr e s e perde o qu e s e qu er ia ga n h a r. A cer teza deu m fu tu ro, qu e tem os a fa cu lda de de tor n a r feliz, a pos s ib i-lida de de es ta belecer m os r ela ções com os en tes qu e n oss ã o ca r os , ofer ecem a o es p ír it a s u p r em a con s ola çã o. Oh or izon te s e lh e d ila ta a o in fin ito, gra ça s a o es petá cu lo, aqu e a s s is te in ces sa n tem en te, da vida de a lém -tú m u lo, cu ja sm is ter ios a s p r ofu n deza s lh e é fa cu lta do s on da r.

O terceiro efeito é o de es t im u la r n o h om em a in du lgên -cia pa ra com os defeitos a lh eios . Toda via , cu m pre d izê-lo, op r in cíp io egoís ta e tu do qu e dele decorr e s ã o o qu e h á de

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m a is ten a z n o h om em e, por con s egu in te, de m a is d ifícil ded es a r ra iga r. Tod a gen te fa z volu n ta r ia m en te s a cr ifícios ,con ta n to qu e n a da cu s tem e de n a da p r ivem . Pa ra a m a io-r ia dos h om en s , o d in h eir o tem a in da ir res is t ível a t ra t ivo ebem pou cos com preen dem a pa la vra s u pér flu o, qu a n do des u a s pes s oa s s e t ra ta . Por is s o m es m o, a a bn ega çã o dapers on a lida de con s t itu i s in a l de gra n d ís s im o p rogres s o.

VIII

Pergu n ta m a lgu m a s pes s oa s : En s in a m os Es p ír itosqu a lqu er m ora l n ova , qu a lqu er cois a s u per ior a o qu e d is s eo Cr is to? Se a m ora l deles n ã o é s en ã o a do Eva n gelh o, dequ e s erve o Es p ir it is m o? Es te ra ciocín io s e a s s em elh a n o-ta velm en te a o do ca lifa Om a r, com rela çã o à b ib lioteca deAlexa n dr ia : “Se ela n ã o con tém , d izia ele, m a is do qu e oqu e es tá n o Alcorã o, é in ú t il. Logo d eve s er qu eim a d a .Se con tém cois a d ivers a , é n ociva . Logo, ta m bém deve s erqu eim a da .”

Nã o, o Es p ir it is m o n ã o t ra z m ora l d iferen te da de J e-s u s . Ma s , pergu n ta m os , por n os s a vez: An tes qu e vies s e oCris to, n ã o t in h a m os h om en s a lei da da por Deu s a Moisés?A dou tr in a do Cr is to n ã o s e a ch a con t ida n o Decá logo? Dir --s e-á , por is s o, qu e a m ora l de J es u s era in ú t il? Pergu n ta -rem os , a in da , a os qu e n ega m u t ilida de à m ora l es p ír ita :Por qu e tã o pou co p ra t ica da é a do Cr is to? E por qu e, exa -ta m en te os qu e com ju s t iça lh e p rocla m a m a s u b lim ida de,s ã o os p r im eiros a viola r -lh e o p r eceito ca p ita l: o d a carid a-d e un ivers a l? Os Es p ír itos vêm n ã o s ó con fir m á -la , m a sta m bém m os tra r -n os a s u a u t ilida de p rá t ica . Tor n a m in -

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teligíveis e pa ten tes verdades qu e h aviam sido en sin adas sob afor m a a legór ica . E , ju s ta m en te com a m ora l, t ra zem -n os adefin içã o dos m a is a bs t ra tos p r ob lem a s da ps icologia .

J es u s veio m os tra r a os h om en s o ca m in h o do verda -deir o bem . Por qu e, ten do-o en via do pa ra fa zer lem bra das u a lei qu e es ta va es qu ecida , n ã o h a via Deu s de en via r h ojeos Es p ír itos , a fim de a lem bra r em n ova m en te a os h om en s ,e com m a ior p r ecis ã o, qu a n do eles a olvida m , pa ra tu dos a cr ifica r a o orgu lh o e à cob iça ? Qu em ou s a r ia pôr lim itesa o poder de Deu s e t ra ça r -lh e n or m a s ? Qu em n os d iz qu e,com o o a fir m a m os Es p ír itos , n ã o es tã o ch ega dos os tem -pos p r ed itos e qu e n ã o ch ega m os a os em qu e verda des m a lcom preen d ida s , ou fa ls a m en te in terp r eta da s , deva m s eros t en s iva m en te r evela d a s a o gên er o h u m a n o, p a ra lh ea pr es s a r o a d ia n ta m en to? Nã o h a verá a lgu m a cois a de p ro-viden cia l n es s a s m a n ifes ta ções qu e s e p r odu zem s im u lta -n ea m en te em todos os pon tos do globo?

Nã o é u m ú n ico h om em , u m profeta qu em n os vema dver t ir. A lu z s u rge por toda pa r te. É todo u m m u n do n ovoqu e s e des dobra à s n os s a s vis ta s . As s im com o a in ven çã odo m icr os cóp io n os revelou o m u n do dos in fin ita m en te pe-qu en os , de qu e n ã o s u s peitá va m os ; a s s im com o o teles có-p io n os r evelou m ilh ões d e m u n d os d e cu ja exis t ên ciata m bém n ã o su s peitá va m os , a s com u n ica ções esp ír ita s n osrevela m o m u n do in vis ível qu e n os cer ca , n os a cotovelacon s ta n tem en te e qu e, à n os s a r evelia , tom a pa r te em tu doo qu e fa zem os .

Decorr ido qu e s eja m a is a lgu m tem po, a exis tên ciades s e m u n do, qu e n os es pera , s e tor n a rá tã o in con tes tá velcom o a do m u n do m icr os cóp ico e dos globos d is s em in a dos

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pelo es pa ço. Na da , en tã o, va lerá o n os terem feito con h eceru m m u n do todo; o n os h a verem in icia do n os m is tér ios davida de a lém -tú m u lo? É exa to qu e es s a s des cober ta s , s e s elh es pode da r es te n om e, con tra r ia m a lgu m ta n to cer ta sidéia s a ceita s . Ma s , n ã o é rea l qu e toda s a s gra n des des co-berta s cien tífica s h ão igu a lm en te m odificado, su bvertido a té,a s m a is corren tes idéia s ? E o n os s o a m or -p rópr io n ã o tevequ e s e cu rva r d ia n te da evidên cia ? O m es m o a con tecerácom rela çã o a o Es p ir it is m o, qu e, em b r eve, goza rá do d irei-to de cida de en tr e os con h ecim en tos h u m a n os .

As com u n ica ções com os s er es de a lém -tú m u lo dera mem r es u lta d o fa zer -n os com p r een d er a vid a fu tu ra , fa zer --n os vê-la , in icia r -n os n o con h ecim en to da s pen a s e gozosqu e n os es tã o res erva dos , de a cordo com os n os s os m ér itose, des s e m odo, en ca m in h a r pa ra o es piritua lism o os qu e n oh om em s om en te via m a m a tér ia , a m á qu in a orga n iza da .Ra zã o, por ta n to, t ivem os pa ra d izer qu e o Es p ir it is m o, comos fa tos , m a tou o m a ter ia lis m o. Fos s e es te ú n ico res u lta dopor ele p rodu zido e já m u ita gra t idã o lh e dever ia a or dems ocia l. E le, porém , fa z m a is : m os tra os in evitá veis efeitosdo m a l e, con s egu in tem en te, a n eces s ida de do bem . Mu itom a ior do qu e s e pen s a é, e cres ce todos os d ia s , o n ú m eroda qu eles em qu e ele h á m elh ora do os s en t im en tos , n eu tra -liza do a s m á s ten dên cia s e des via do do m a l. É qu e pa raes s es o fu tu ro deixou de s er cois a im pr ecis a , s im ples es pe-ra n ça , por s e h a ver tor n a do u m a verda de qu e s e com pr een -de e exp lica , qu a n do s e vêem e ouvem os qu e pa r t ira m la -m en ta r -s e ou felicita r -s e pelo qu e fizera m n a Terra . Qu emdis s o é tes tem u n h a en tra a reflet ir e s en te a n eces s ida de dea s i m es m o s e con h ecer, ju lga r e em en da r.

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IX

Os a dvers á r ios do Es p ir it is m o n ã o s e es qu ecera m dea r m a r -s e con tra ele de a lgu m a s d ivergên cia s de op in iõess obr e cer tos pon tos de dou tr in a . Nã o é de a dm ira r qu e, n oin ício de u m a ciên cia , qu a n do a in da s ã o in com pleta s a sobs erva ções e ca da u m a con s idera do s eu pon to de vis ta ,a pa reça m s is tem a s con tra d itór ios . Ma s , já t rês qu a rtos des -ses s is tem as ca íram dian te de u m es tu do m a is aprofu n dado,a com eça r pelo qu e a t r ibu ía toda s a s com u n ica ções a o Es -p ír ito do m a l, com o s e a Deu s fora im pos s ível en via r bon sEs p ír itos a os h om en s : dou tr in a a bs u r da , porqu e os fa tos ades m en tem ; ím pia , por qu e im por ta n a n ega çã o do poder eda bon da de do Cr ia dor.

Os Es p ír itos s em pre d is s era m qu e n os n ã o in qu ietá s -s em os com es s a s d ivergên cia s e qu e a u n ida de s e es ta bele-cer ia . Ora , a u n ida de já s e fez qu a n to à m a ior ia dos pon tose a s d ivergên cia s ten dem ca da vez m a is a des a pa recer. Ten -do-s e-lh es pergu n ta do: En qu a n to s e n ã o fa z a u n ida de,s ob r e qu e p od e o h om em , im p a r cia l e d es in t er es s a d o,ba s ea r -s e pa ra for m a r ju ízo? Eles r es pon dera m :

“Nu vem a lgu m a obscu rece a lu z verda deira m en te pu ra ;o d ia m a n te s em ja ça é o qu e tem m a is va lor : ju lga i, pois ,dos Es p ír itos pela pu reza de s eu s en s in os . Nã o olvideis qu e,en tr e eles , h á os qu e a in da s e n ã o des poja ra m da s idéia squ e leva ra m da vida ter ren a . Sa bei d is t in gu i-los pela lin -gu a gem de qu e u s a m . J u lga i-os pelo con ju n to do qu e vosd izem , vede s e h á en ca dea m en to lógico n a s s u a s idéia s ; s en es ta s n a da r evela ign orâ n cia , orgu lh o ou m a levolên cia ;em s u m a , s e s u a s pa la vra s t ra zem toda s o cu n h o de s a -bedoria qu e a ver dadeira su perioridade m an ifes ta . Se o vosso

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m u n do fos s e in a ces s ível a o er ro, s er ia per feito, e lon ge d is -s o s e a ch a ele. Ain da es ta is a p ren den do a d is t in gu ir do erroa verda de. Fa lta m -vos a s lições da exper iên cia pa ra exer ci-ta r o vos s o ju ízo e fa zer -vos a va n ça r. A u n ida de s e p rodu zi-rá do la do em qu e o bem ja m a is es teve de m is tu ra com om a l; des s e la do é qu e os h om en s s e coliga rã o pela forçam es m a da s cois a s , por qu a n to recon h ecerã o qu e a í é qu ees tá a verda de.

“Aliá s , qu e im por ta m a lgu m a s d is s idên cia s , m a is defor m a qu e de fu n do! Nota i qu e os p r in cíp ios fu n da m en ta iss ã o os m es m os por toda pa r te e vos h ã o de u n ir n u m pen -sa m en to com u m : o a m or de Deu s e a prá tica do bem . Qu a is -qu er qu e s e s u pon h a m s er o m odo de p rogr es s ã o ou a scon d ições n or m a is da exis tên cia fu tu ra , o ob jet ivo fin a l éu m s ó: fa zer o bem . Ora , n ã o h á du a s m a n eira s de fa zê-lo.”

Se é cer to qu e, en tre os a dep tos do Es p ir it is m o, s e con -ta m os qu e d ivergem de op in iã o s obre a lgu n s pon tos dateor ia , m en os cer to n ã o é qu e todos es tã o de a cordo qu a n toa os pon tos fu n da m en ta is . Há , por ta n to, u n ida de, exclu í-dos a pen a s os qu e, em n ú m ero m u ito r edu zido, a in da n ã oa dm item a in terven çã o dos Es p ír itos n a s m a n ifes ta ções ; osqu e a s a t r ibu em a ca u s a s pu ra m en te fís ica s , o qu e é con -t rá r io a es te a xiom a : Todo efeito in teligen te h á de ter u m aca u s a in teligen te; ou a in da a u m reflexo do n os s o p rópr iopen s a m en to, o qu e os fa tos des m en tem . Os ou tros pon toss ã o s ecu n dá r ios e em n a da com pr om etem a s ba s es fu n da -m en ta is . Pode, pois , h a ver es cola s qu e p rocu rem es cla re-cer -s e a cer ca da s pa r tes a in da con trover t ida s da ciên cia ;n ã o deve h a ver s eita s r iva is u m a s da s ou tra s . An ta gon is m os ó poder ia exis t ir en tre os qu e qu erem o bem e os qu e qu i-s es s em ou p ra t ica s s em o m a l. Ora , n ã o h á es p ír ita s in cero

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e com pen etra do da s gra n des m á xim a s m ora is , en s in a da spelos Es p ír itos , qu e pos s a qu er er o m a l, n em des eja r m a la o s eu p róxim o, s em d is t in çã o de op in iões . Se er rôn ea fora lgu m a des ta s , cedo ou ta r de a lu z pa ra ela b r ilh a rá , s e abu s ca r de boa -fé e s em p r even ções . En qu a n to is s o n ã o s edá , u m la ço com u m exis te qu e a s deve u n ir a todos n u m s ópen s a m en to; u m a s ó m eta pa ra toda s . Pou co, por con s e-gu in te, im por ta qu a l s eja o ca m in h o, u m a vez qu e con du zaa es s a m eta . Nen h u m a deve im por -s e por m eio do con s -t ra n gim en to m a ter ia l ou m ora l e em ca m in h o fa ls o es ta r iau n ica m en te a qu ela qu e la n ça s se a n á tem a sobre ou tra , por -qu e en tão procederia eviden tem en te sob a in flu ên cia de m au sEspíritos .

O a rgu m en to s u prem o deve s er a ra zã o. A m odera çã oga ra n t irá m elh or a vitór ia da verda de do qu e a s d ia t r ibesen ven en a da s pela in veja e pelo ciú m e. Os bon s Es p ír itos s ópr ega m a u n iã o e o a m or a o p róxim o, e n u n ca u m pen s a -m en to m a lévolo ou con t rá r io à ca r id a d e p od e p r ovir d efon te pu ra . Ou ça m os s obr e es te a s s u n to, e pa ra ter m in a r,os con s elh os do Es p ír ito Sa n to Agos t in h o:

“Por bem la rgo tem po, os h om en s se têm es tra ça lh a do ea n a tem a t iza do m u tu a m en te em n om e de u m Deu s de pa z em is er icór d ia , ofen den do-o com s em elh a n te s a cr ilégio. OEs p ir it is m o é o la ço qu e u m d ia os u n irá , por qu e lh es m os -t ra rá on de es tá a ver da de, on de o er ro. Du ra n te m u ito tem -po, porém , a in da h a verá es cr iba s e fa r is eu s qu e o n ega rã o,com o n ega ra m o Cr is to. Qu er eis s a ber s ob a in flu ên cia dequ e Es p ír itos es tã o a s d ivers a s s eita s qu e en tr e s i fizera mpa r t ilh a do m u n do? J u lga i-o pela s s u a s ob ra s e pelos s eu sp r in cíp ios . J a m a is os bon s Es p ír itos fora m os in s t iga dor es

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do m a l; ja m a is a con s elh a ra m ou legit im a ra m o a s s a s s ín ioe a violên cia ; ja m a is es t im u la ra m os ód ios dos pa r t idos ,n em a s ede da s r iqu eza s e da s h on ra s , n em a a videz dosben s da Terra . Os qu e s ã o bon s , h u m a n itá r ios e ben evolen -tes pa ra com todos , es s es os s eu s p red iletos e p r ed iletos deJ es u s , porqu e s egu em a es t ra da qu e es te lh es in d icou pa rach ega rem a té ele.”

SANTO AGOSTINHO

NOTA ESPECIAL Nº l (à 34 ª ed içã o, em 1974), a qu e fa z rem is s ã o àpá g. 51 : A defin içã o da da n a res pos ta à qu es tã o n º l de O Livro d osEs píritos – c aus e pre m iè re – vem s en do t ra d icion a lm en te regis t ra -da n a s t ra du ções pu b lica da s pela FEB, ou s ob s u a licen ça e res -pon s a b ilida de, em lín gu a por tu gu es a , com o c aus a prim ária, em -bora h a ja qu em prefira gra fá -la com o c aus a prim e ira , s olu çã oa lter n a t iva pa ra m ero ca s o de s em â n t ica . Além da de Gu illon Ribei-ro, fora m exa m in a da s a s t ra du ções da s ed ições pu b lica da s em 1904e 1899 , bem a s s im a de For tú n io – ps eu dôn im o de J oa qu im Ca r losTra va s s os – (B. L. Ga r n ier, Ed itor, Rio, 1875), qu e é a da lª ed içã oem lín gu a por tu gu es a la n ça da n o Bra s il (vide Reform ad or de 1952 ,pá gs . 98 / 99 , e de 1973 , pá gs . 230 e s egs .), toda s n or tea da s porid ên t ico c r it é r io qu a n t o a o d e t a lh e c it a d o. Com os m elh or esd icion a r is ta s , n o ca s o, es tá Dom in gos de Azevedo, a u tor do Grand eDicionário Francês -Português , Livra r ia Ber t ra n d , Lis boa , 1952 , 2 ºvolu m e, pá g. 1160 : “pre m ie r, iè re (...) | | Fig. La c aus e pre m iè re ,a ca u s a p r im á r ia , Deu s .”

NOTA ESPECIAL NO 2 (à 34 ª ed içã o, em 1974), r efer ida à pá g. 472 :Em ed ições a n ter iores a es ta , a s qu es tões n os 1012 a 1019 figu ra -r a m s ob os n os 1 0 1 1 a 1 0 1 8 , r es p ec t iva m en t e , s em t e r s id oa tr ibu ído n ú m er o à qu es tã o im ed ia ta m en te s egu in te à de n º 1010 ,m a n ten do-s e, n ã o obs ta n te, o texto em s u a in colu m ida de or igin a l.O lapso n asceu , n o passado, de com preen s ível equ ívoco, pois n a se-qü ên cia d a n u m er a çã o d a s qu es t ões o Cod ifica d or s a lt eou on º 1011 n a 2ª edição fran cesa , defin itiva , de m arço de 1860. Todavia ,o t ext o foi m a n t id o a s s im , m es m o n a s qu a t or ze ed ições qu es e s egu ira m a té a des en ca r n a çã o de Alla n Ka rdec.

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