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ALINHAMENTO ENTRE PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E PLANO
ESTADUAL DE EDUCAÇÃO (2014-2024): APROXIMAÇÕES PARA O ESTADO DE
MATO GROSSO DO SUL SOBRE A PERSPECTIVA DA META 1
Abigail Ferreira Alves Astofe1
Beatriz Hiromi Miura2
Jéssica Lima Urbieta3
RESUMO:
O presente artigo apresenta os resultados da investigação que focalizou o processo de
alinhamento entre o Plano Nacional de Educação (PNE) e o Plano Estadual de Educação
(PEE), ambos para o período de 2014 a 2024, com aproximações ao contexto do estado de
Mato Grosso do Sul e, as implicações que vêm apresentando no que concerne a meta 1.
Aproxima-se, contudo, da consolidação e processo de cumprimento da meta e suas
estratégias, que têm como imperativo a universalização da educação infantil até 2016 na pré-
escola e, a ampliação do número de vagas em creches para a educação infantil. A investigação
de caráter documental incursionou-se por estudos com a Lei n. 13.005/2014 que instituiu o
PNE, a Lei n. 4.621/2014 que aprovou o PEE do estado de Mato Grosso do Sul, Linha de
Base (2015), dados disponíveis na plataforma do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE e, bibliografia acadêmica pertinente à temática. Constatou-se que a particularidade do
caso do estado de Mato Grosso do Sul em relação à questão acenada, no período de dois anos
ainda não houve avanços em relação à meta 1. Ainda que tenha buscado atender a meta, a
porcentagem de vagas ofertadas para as crianças na Educação Infantil não foi suficiente para a
universalização até o ano de 2016.
Palavras-chave: Plano Nacional de Educação. Educação Infantil. Meta 1.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo apresenta os resultados da investigação que focalizou o processo de
alinhamento entre o Plano Nacional de Educação (PNE) e o Plano Estadual de Educação
(PEE), ambos para o período de 2014 a 2024, com aproximações ao contexto do estado de
1Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(PPGEdu/UFMS), vinculado à Linha de Pesquisa Escola, Cultura e Disciplinas Escolares. E-mail:
[email protected] 2Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(PPGEdu/UFMS), vinculado à Linha de Pesquisa História, Políticas e Educação. E-mail:
[email protected] 3 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(PPGEdu/UFMS), vinculado à Linha de Pesquisa Escola, Cultura e Disciplinas Escolares. E-mail:
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Mato Grosso do Sul e, as implicações que vêm apresentando no que concerne a meta 1. O
objetivo é compreender a consolidação e processo de cumprimento da meta 1 e suas
estratégias, que têm como imperativo a universalização da educação infantil até 2016 na pré-
escola e a ampliação do número de vagas em creches para a educação infantil.
Alguns avanços têm se apresentado na educação infantil no país ainda que enfrente
percalços e obstaculizações para atender a demanda sempre crescente por vagas nas creches e
pré-escolas. Um importante passo dado no contexto educativo brasileiro é o amplio ao direito
a educação para todas as crianças desde o seu nascimento e o Plano Nacional de Educação
(2014/2024) traz metas para que os gestores públicos possam seguir e cumprir a
universalização do ensino. (MATO GROSSO DO SUL, 2015).
Neste sentido temos por objetivo apresentar aqui o que, diante das discussões e
estudos feitos, foi possível analisar acerca da universalização e amplio de ofertas na educação
infantil disposta na Meta 01 do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Lei n.
13.005/2014, (BRASIL, 2014), com vigência até 2024, no processo de alinhamento que o
Plano Estadual de Educação (PEE) do estado de Mato Grosso do Sul efetivou, a partir da
aprovação da Lei n. 4.621/2014 (MATO GROSSO DO SUL, 2014) para o mesmo período.
As obras utilizadas como embasamento teórico para auxiliar na compreensão do
funcionamento, práticas de monitoramento, avanços entre outros foram alguns textos
utilizados nas aulas teóricas, como Oliveira (1997) e Gil (2011) e o documento Linha de Base
(2015).
Para fins organizacionais, dividiremos este artigo em três partes, a primeira está
composta pela origem e alinhamento dos Planos Nacional e Estadual de Educação, seu
contexto histórico-político-social, como foi estruturado, o que dispõe como metas e quais
estratégias foram traçadas para sua efetivação. O segundo momento, é destinado a apresentar
os resultados que visou compreender a materialização da meta 1 até o ano de 2016.
Em síntese, o trabalho apresenta o desafio de compreender o alinhamento entre o PNE
e o PEE do Estado de Mato Grosso do Sul para o período de 2014 a 2024. Nessa perspectiva,
apresenta considerações acerca das estratégias que constituem a meta 01 ao verificar suas
conformidades nos planos e verifica se estas estão no encaminhamento para serem efetivadas.
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2 A META 01 NO ALINHAMENTO ENTRE O PNE E O PEE
Este tópico tem por objetivo analisar o alinhamento entre o Plano Nacional de
Educação e o Plano Estadual de Educação do estado de Mato Grosso do Sul, verificando suas
proximidades e distanciamentos no que concerne a meta e suas estratégias.
A universalização da Educação Infantil está prevista na meta 01 do PNE, no qual, no
prazo de dois anos, ou seja, em 2016 assegura “universalizar, até 2016, a educação infantil na
pré-escola para as crianças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta de educação
infantil [...]” (BRASIL, 2014, p.49).
Para seu cumprimento, faz-se necessário, segundo o documento, que a União, os
estados, o Distrito Federal e os municípios trabalham em regime de colaboração na
construção de metas de expansão das respectivas redes públicas, no levantamento da demanda
por creche para que seja possível planejar e verificar o atendimento.
Em seu cerne a meta 01 do Plano Nacional de Educação pretende, “universalizar, até
2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de quatro a cinco anos de idade e
ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, cinquenta
por cento das crianças de até três anos até o final da vigência deste PNE.” (BRASIL, 2014,
p.49). A análise deste processo de universalização requer um estudo do movimento do real no
contexto social atual e principalmente do contexto histórico em que se insere a educação
brasileira.
Com efeito, é necessário que haja, segundo Rosa (2005), um cruzamento de dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes à população infantil, do
Estado de MS, com número de crianças matriculadas nas redes de ensino público e nas
escolas privadas, pois estes dados indicarão qual seja a demanda, e, por conseguinte será
possível verificar se há uma expansão correspondente e se não havia, como ficava o acesso às
instituições de educação infantil e o direito à educação.
O Plano Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul (PEE-MS) é aprovado por meio
da lei nº 4.621, de 22 de dezembro de 2014, com vigência de dez anos, pelo então Governador
do Estado, André Puccinelli, com vistas ao cumprimento do disposto no art. 214 da
Constituição Federal, no art. 194 da Constituição Estadual, e no art. 8º da Lei Federal nº
13.005, de 25 de junho de 2014, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE).
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Propendendo das diretrizes do Plano Nacional de Educação, o PEE-MS 2014-2024
orienta dentre suas metas e estratégias a universalização, até 2016, da educação infantil na
pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos de idade. Além disso, pretende ampliar a oferta de
educação infantil em creches de forma a atender, progressivamente, 60% das crianças de até 3
anos até o final da vigência deste PEE.
A “universalização da educação infantil” e “ampliação da oferta” são alocadas no
plano com a prerrogativa de padrão nacional de qualidade, considerando as peculiaridades
locais, mas que, todavia, atenda ao regime de colaboração entre os entes federados para
definição das metas de expansão da educação infantil, nas respectivas redes públicas de
ensino.
Há, contudo, grande preocupação quanto ao levantamento de mecanismos de consulta
pública da demanda por creche e de fiscalização do seu atendimento. Soma-se a isto que,
desta forma, poderá “atender 30% da demanda manifesta por creche até 2018, 50% até 2020
e, progressivamente, atingir 60% até o final de vigência do PEE-MS, segundo padrão nacional
de qualidade, considerando as peculiaridades locais dos municípios. ” (MATO GROSSO DO
SUL, 2014, p. 18).
Neste compasso, atenta-se para a infraestrutura física das instituições que atendem a
educação infantil, o quadro de pessoal, as condições de gestão, os recursos pedagógicos, a
situação de acessibilidade. Propõe então dentre suas estratégias a equiparação, sempre em
regime de colaboração de mobiliário, materiais pedagógicos, biblioteca, brinquedoteca,
tecnologias educacionais e equipamentos suficientes e adequados para essa faixa etária.
Torna-se relevante o quesito do financiamento que norteará a educação básica, quanto
a isso, Dourado (2007) alia,
[...] os planos de educação, notadamente o PNE, os Planos Estaduais de Educação
(PEE) e os Planos Municipais de Educação (PME). Se entendidos como planos de
Estado, estes deveriam implicar redimensionamento das políticas e gestão e,
fundamentalmente, da lógica de financiamento e, portanto, do orçamento público.
Tal dinâmica encontra-se desarticulada e associada à lógica de desconcentração que
tem marcado a educação nacional. Merece ser destacado, contudo, o esforço
desenvolvido para estimular a formação de conselhos, bem como a sua capacitação.
(DOURADO, 2007, p.929).
Observa-se também o trato com a profissionalização da comunidade escolar,
ampliando programas de apoio e formação, principalmente dos (as) professores (as) que
atuam em sala, promovendo, desta maneira, a formação continuada dos(as) profissionais da
educação infantil.
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O documento, sua meta e estratégias ancoram pelas diretrizes do PNE e que orientam
o atual PEE-MS para a universalização do atendimento escolar. Para isso, fomentam o
atendimento das populações do campo e das comunidades indígenas e quilombolas na
educação infantil. Além disso, propõe o desenvolvimento de programas de orientação e apoio
às famílias, por meio da articulação das áreas de educação, saúde e assistência social, com
foco no desenvolvimento integral das crianças de até 5 anos de idade.
Recai assim, a importância do monitoramento contínuo e de avaliações periódicas para
assegurar a efetivação das estratégias para atendimento integral da meta a que se propõe.
Contudo, é através do Art. 6º da Lei Nº 4.621, de 22 de dezembro de 2014, que compete ao
Poder Executivo a instituição, em regime de colaboração com os Municípios, o Sistema
Estadual de Monitoramento e Avaliação do PEE-MS, estabelecendo os mecanismos
necessários para o acompanhamento das metas e estratégias do PEE-MS.
Destarte, o decorrer do trabalho ancora-se pela análise da meta com aproximações
para o estado de Mato Grosso do Sul e município de Campo Grande. Pretende-se, contudo,
apresentar o encaminhamento da meta e suas estratégias na educação básica, com foco a
Educação Infantil e suas prerrogativas.
2.1 A META E SUAS ESTRATÉGIAS: ENTRE AVANÇOS E CONTRADIÇÕES
O presente tópico aproxima-se do processo de alinhamento entre o Plano Nacional de
Educação (PNE) e o Plano Estadual de Educação (PEE), para que seja possível remontar
sobre os progressos e contrassensos passíveis de análise, no que tange ao contexto do estado
de Mato Grosso do Sul. Nesse movimento, cabe destacar inicialmente o que está acenado na
meta 1, tanto presente no PNE (2014-2024), quanto no PEE-MS de mesmo período e,
podemo-nos expressar através de Gil (2011) sobre tais planos, ao afirmar que,
[...] sua consolidação e aperfeiçoamento depende o futuro do
planejamento educacional brasileiro, o qual precisa se enraizar,
buscando a participação cada vez mais ampla de professores, gestores,
estudantes e comunidades escolares [...] para que os planos ganhem
vida e proporcionem melhores condições para se entender, pensar e
agir acerca da educação. (GIL, 2011, p. 161).
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Para tanto, o quadro a seguir apresenta pontos principais elencados nos documentos no
que concerne tal meta, a fim de destacar as principais semelhanças e distinções entre os
planos, no que tange a tal meta, e se com elas é possível identificar aproximações ao contexto
local do estado.
Quadro 1 – Relação do texto atinente a meta 1 no PNE e PEE-MS (2014-2024).
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO – MS
Semelhanças Distinções Semelhanças Distinções
Universalizar, até 2016,
a educação infantil na
pré-escola para as
crianças de quatro a
cinco anos de idade;
Atender, no mínimo,
cinquenta por cento das crianças de até três
anos até o final da
vigência deste PNE.
Universalizar, até 2016, a
educação infantil na pré-
escola para as crianças
de 4 a 5 anos de idade;
Atender,
progressivamente, 60%
das crianças de até 3 anos
até o final da vigência
deste PEE.
Ampliar a oferta de
educação infantil em
creches;
Ampliar a oferta de
educação infantil em
creches;
Fonte: BRASIL, 2014; MATO GROSSO DO SUL, 2014
Organização: Astofe; Miura; Urbieta, 2017.
Na leitura do quadro exposto, a primeira questão que nos desponta é que se a
considerável semelhança entre ambos os textos revela o afastamento do PEE-MS, no que
tange o privilegiar das características regionais e locais na formulação de suas metas.
Entende-se que a maior dificuldade de implementação de qualquer política de educação é de
fazer com que, de fato, cada ente federado assuma as suas responsabilidades. Com efeito, o
que deve contar numa política pública é o dolo, ou seja, a capacidade do poder público de
responder as demandas impostas pelas propostas.
Frente a essa primeira aproximação, a meta 01 prevista para ser cumprida até o ano de
2016, não apresentou os resultados almejados até o presente momento, visto que, como
aponta os dados do IBGE/Pnad a seguir:
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Porcentagem de crianças de 4 e 5 anos na
Educação Infantil
2013 Meta 2016
87.9% 100%
Porcentagem de crianças de 0 a 3 anos na
Educação Infantil
2013 Meta 2024
27,9% 50%
2013 Realidade hoje
87,9% 88%, ou seja, 700
mil crianças fora da
escola
2013 Realidade hoje
27,9% 2,5 milhões de
crianças fora da
escola
Fonte: IBGE/Pnad, 2017
2.1.1 A meta e seu monitoramento
Para acompanhar o desenvolvimento da meta foi criado o Fórum Estadual de
Educação de Mato Grosso do Sul (FEEMS) e o Observatório do Plano Estadual de Educação.
O FEEMS é um órgão de consulta, de assessoramento e de deliberação de propostas para
implantação, implementação e avaliação de políticas educacionais. Caracteriza-se por ser:
a) Instância de articulação entre governo e sociedade civil organizada;
b) Espaço de consulta pública e de articulação horizontal com organismos da sociedade
civil identificados com a educação;
c) Instância de deliberação de propostas de políticas estaduais de educação;
d) Órgão permanente; e
e) Órgão de Estado.
O órgão possui sua gênese em 7 de novembro de 1997 por ocasião da realização do “II
Seminário Estadual sobre a LDB – Lei nº 9.394/1996”, no Palácio Popular da Cultura, de
Campo Grande, MS, pelo Conselho Estadual de Educação (CEE), em parceria com as
seguintes instituições: Secretaria de Estado de Educação (SED), Delegacia do Ministério de
Educação e Cultura (MEC) em MS (DEMEC), Universidade Federal de MS (UFMS),
Universidade Estadual de MS (UEMS), Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de MS
(SINEPE), Sindicato dos Trabalhadores das Escolas Particulares de MS, União Nacional de
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Dirigentes Municipais de Educação de MS (UNDIME), Universidade Católica Dom Bosco
(UCDB), Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal (UNIDERP),
Federação dos Trabalhadores em Educação de MS (FETEMS), Secretaria Municipal de
Educação de Campo Grande (SEMED) e Organização Mundial de Educação Pré-Escolar
(OMEP/BR/MS).
O Fórum recebeu diversas denominações desde então: “Fórum da Educação”,
conforme registro nos documentos do referido Seminário; “Fórum de Educação de Mato
Grosso do Sul”, constante na Ata n.º 1/1997; e “Fórum Permanente de Educação de Mato
Grosso do Sul (FORPEMS)”, de acordo com a Ata n.º 13/2000.
Por decisão do referido Seminário, o Fórum deveria ser coordenado pelo(a) presidente
do Conselho Estadual de Educação (CEE). Os grupos de trabalho, criados no Seminário,
tinham o propósito de discutir a implantação da LDB no Estado. Após essa fase, os grupos
foram assumindo outras características e atribuições, abrangendo os diferentes níveis e
modalidades de educação. Diversas outras instituições e segmentos da sociedade aderiram
posteriormente ao Fórum, tornando-o um lócus importante de reflexão, debates e proposições
para a área educacional no Estado. Encontros, seminários e audiências públicas sobre políticas
educacionais foram promovidos e coordenados pelo Fórum.
Durante dez anos, de 1997 a 2007, quatro Presidentes do CEE estiveram à frente da
coordenação do Fórum. De 2007 a 2011, foram realizadas eleições para que outras
instituições educacionais assumissem a coordenação do Fórum.
Nesse ínterim, o Ministério da Educação instituiu, mediante Portaria MEC nº 1.407, de
14 de dezembro de 2010, o Fórum Nacional de Educação (FNE) com a finalidade de
“coordenar as conferências nacionais de educação, acompanhar e avaliar a implementação de
suas deliberações, e promover as articulações necessárias entre os correspondentes fóruns de
educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. Em decorrência, o MEC
solicitou aos Estados que instituíssem seus fóruns estaduais de educação e que estes
acompanhassem a criação de fóruns municipais de educação. Essa determinação do MEC foi
discutida com diversas instituições na Plenária do Fórum do dia 8 de agosto de 2011, no
auditório do SENAC, em Campo Grande, MS.
Já em 12 de agosto de 2011, na reunião Plenária, ocorrida no CEE, foi instituído, nos
moldes do FNE, o Fórum Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul (FEEMS), ficando
integrado a ele o FORPEMS, com sua história e grupos de trabalho. Nessa reunião, em
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cumprimento às orientações do MEC, foram constituídas duas Comissões, a de
Monitoramento e Sistematização e a de Mobilização e Divulgação. A primeira Comissão
elaborou o Regimento Interno do FEEMS, aprovado na reunião Plenária de 22 de agosto de
2011. A segunda Comissão apresentou uma proposta de trabalho de implantação de fóruns
municipais de educação em todo o Estado, com vistas à realização das conferências
municipais e intermunicipais de educação.
Na Plenária do dia 22 de agosto também ficou decidida a necessidade de se constituir
uma comissão com a finalidade de adotar as providências necessárias para a instituição do
FEEMS. Nesse mesmo dia, foi encaminhada para publicação a Resolução "P" SED n.º 2.015,
de 22 de agosto de 2011, publicada no Diário Oficial do Estado n.º 8.017, de 23 de agosto de
2011, constituindo uma Comissão Temporária, integrada por pessoas de diversas instituições
e segmentos da sociedade, com prazo estipulado de sessenta dias, prorrogado pela Resolução
"P" SED n.º 2.809, de 1º de dezembro de 2011, até março de 2012.
Destarte que, foram providenciadas, por esta Comissão, as seguintes ações: registro
em cartório da ata da reunião Plenária do dia 12 de agosto de 2011, que instituiu o FEEMS;
publicação do Regimento Interno do FEEMS no Diário Oficial do Estado n.º 8.133, de 15 de
fevereiro de 2012; envio de ofício, em março de 2012, às instituições educacionais, órgãos
públicos e privados, movimentos sociais e segmentos da sociedade de todo o Estado,
convidando-os a aderir ao Fórum; e (re)cadastramento das instituições interessadas, no mês de
abril. Em 3 de maio de 2012, foi realizada a eleição da atual Coordenação-Geral do FEEMS,
com mandato de dois anos, em cumprimento ao Regimento Interno. Ressalte-se que o
FEEMS encontra-se amparado também na Lei do Sistema Estadual de Ensino de Mato Grosso
do Sul n.º 2.787, de 24 de dezembro de 2003.
3 A MATERIZALIAÇÃO DA META 1?
Este tópico tem por objetivo compreender a materialização da meta 1 até o ano de
2016, para tanto perscruta-se o interior do processo de análise, levantamentos e
acompanhamentos de dados sobre o andamento situacional dos planos. Nesse compasso,
alguns números coletados até o presente momento são expostos, pois parece-nos coerente para
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o transcorrer do texto a procura pela compreensão se houve, ou assemelha-se a solidificação
da meta 1 no estado de Mato Grosso do Sul.
O Fórum Estadual de Educação do estado de Mato Grosso do Sul, é encarregado de
gerir e acompanhar as metas do Plano Estadual de Educação (2014-2024). No que concerne
ao acompanhamento da meta, seu monitoramento se dá a partir dos dados obtidos pelo Censo
Escolar, bem como retirados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), tais
informações são atualizadas anualmente ou a cada dois anos por essas instituições.
Destarte, o decreto n.6.317, de 20 de dezembro de 2007 estabelece competências ao
Inep, dentre elas está a elaboração de diagnósticos, pesquisas e recomendações amparadas nos
indicadores e nas avaliações da educação básica e superior (BRASIL, 2015), bem como:
O art. 5º da lei do Plano aponta que o Inep, “a cada 2 (dois) anos, ao longo do
período de vigência deste PNE [...] publicará estudos para aferir a evolução no
cumprimento das metas estabelecidas no Anexo desta Lei, com informações
organizadas por ente federado e consolidadas em âmbito nacional [...]”. (BRASIL,
2015, p.14).
De acordo com a meta 1, estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (2014-2024) e
pelo Plano Estadual de Educação (2014-2024) até o ano de 2016 a educação infantil na pré-
escola deveria ser universalizada.
Neste sentido, o Tribunal de Contas do Estado no documento “Acesso à educação
infantil da pré-escola: estudo e análise da realidade do estado de Mato Grosso do Sul – 2015 –
Meta PNE 2016”, realiza um levantamento do acesso à educação das infâncias bem como da
pré-escola ainda em 2015, procurando compreender e analisar a possibilidade de universalizar
a educação infantil na pré-escola de acordo com a Meta 1 do PNE e a necessidade dos
municípios se organizarem para cumpri-la.
Tal ação de analisar e diagnosticar a situação da educação infantil, sobretudo da pré-
escola, no estado de Mato Grosso do Sul, têm sua justificativa fundada no PNE, em sua
estratégia 4 da Meta 20:
20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que assegurem, nos termos do
parágrafo único do art. 48 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a
transparência e o controle social na utilização dos recursos públicos aplicados em
educação, especialmente a realização de audiências públicas, a criação de portais
eletrônicos de transparência e a capacitação dos membros de conselhos de
acompanhamento e controle social do Fundeb, com a colaboração entre o Ministério
da Educação, as Secretarias de Educação dos Estados e dos Municípios e os
Tribunais de Contas da União, dos Estados e dos Municípios. (BRASIL, 2014)
Neste ínterim, os Tribunais de Contas possuem papel de suma relevância para auditar
a qualidade da gestão pública, bem como de contribuir com os órgãos de ensino para uma
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eficaz política educacional. (MATO GROSSO DO SUL, 2015). Neste mesmo documento está
disposto um gráfico, que mostra como estão as matrículas das crianças de 4 a 5 anos no Brasil
e em Mato Grosso do Sul.
Figura 1 – Taxa de matrículas para crianças de 4 a 5 anos no Brasil e em Mato Grosso do Sul.
Fonte: IBGE, 2017
Segundo o gráfico, é possível compreender que houve uma oscilação na matrícula das
crianças nessa faixa etária, pois, em 2010, 72,37% dessas crianças frequentavam um
estabelecimento de ensino; já nos anos de 2011 e 2012, houve uma queda nesse número, e, em
2013, apesar do aumento de mais de 7 pontos percentuais na taxa de matrículas em relação a
2012, se for considerado o ano de 2010, esse avanço foi somente de um pouco mais de 3
pontos percentuais. E, em todos os anos do período apresentado (2010-2013), o crescimento
do número de matrícula de crianças de 4 a 5 anos em Mato Grosso do Sul foi menor de que o
observado no País. (MATO GROSSO DO SUL, 2015).
Nessa perspectiva, ajustando o olhar para o Estado de Mato Grosso do Sul, percebe-se
que não houve universalização da pré-escola no ano de 2016 tendo em vista que o Tribunal de
Contas afirma que,
Considerando as estimativas populacionais do IBGE enviadas para o TCU em 2012,
e projetando a idade das crianças menores de 1 ano e de 1 ano, que terão 4 e 5 em
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2016, data final para o cumprimento de parte da Meta 1 do PNE, tem-se uma taxa de
atendimento de 77,87%, ou seja, é necessária a criação de 17.836 vagas em pré-
escolas em todo o Estado já para o ano de 2016. (MATO GROSSO DO SUL, 2015,
p. 19).
Ainda segundo o documento, dentre os 79 municípios sul-mato-grossenses, 7 deles
(8,97%) já atingiram a meta de 100% proposta para o ano de 2016, os municípios são:
Vicentina; Três Lagoas; Chapadão do Sul; Eldorado; Angélica; Ivinhema e Selvíria. Ou seja,
ainda que faltando ainda 72 municípios para alcançarem a meta, percebemos o esforço por
parte destes municípios que a atingiram, no ano do levantamento feito pelo Tribunal de
Contas, isto é 2015.
A figura a seguir mostra os municípios e respectivas porcentagens de crianças fora da
pré-escola no ano de 2016. Nela é possível perceber que alguns municípios cumpriram a
meta, outros estão próximos de atingi-la, contudo, para sua efetivação em todo o estado
dispõe de muitos esforços e desafios. A capital do estado, Campo Grande, precisava ampliar a
oferta de vagas em 7.152 no ano de 2016 para a universalização.
Figura 2 – Crianças fora da pré-escola em Mato Grosso do Sul (2016).
Fonte: Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul, 2016
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Faz-se pertinente ressalvar que a educação infantil é de responsabilidade do município,
porem é o Estado quem faz o monitoramento da meta. Desta maneira, o Estado possui uma
relação com o município no que tange à educação infantil, mesmo sendo ela ação prioritária
dos municípios, como afirma a Constituição Federal de 1988 no artigo 211, parágrafo 2.
Assim sendo, o Observatório do PEE utiliza dados do estado, que são preenchidos pelos
municípios com planilhas fornecidas pela Secretaria de Articulação com os Sistemas de
Ensino (Sase), bem como pelo Censo Escolar, IBGE e Inep. Dessa forma, o Estado de Mato
Grosso do Sul contribui segundo a entrevistada com as políticas de Educação Infantil no
sentido de formação dos coordenadores dos municípios.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve o objetivo de compreender a consolidação e processo de
cumprimento da meta 1 e suas estratégias, que têm como imperativo a universalização da
educação infantil até 2016 na pré-escola e a ampliação do número de vagas em creches para a
educação infantil.
Mato Grosso do Sul, no contexto federativo, guarda especificidades locais que
envidam esforços para sua apreensão. Na busca de compreender a proposta de
universalização, até 2016, da Educação Infantil prevista na meta 01 do plano, verificou-se
através do estudo do movimento do real no contexto social, pelos dados levantados pelo FEE-
MS e dados do IBGE/Pnad, que no ano de 2016, a meta não foi cumprida. Ainda que tenha
buscado atender a meta, a porcentagem de vagas ofertadas para as crianças na Educação
Infantil não foi suficiente para a universalização até o ano de 2016.
A comparação entre as estratégias do PNE (2014-2024) e do PEE (2014-2024) se
mostrou uma mera repetição, nos permitindo observar que no processo de formulação das
estratégias, não houve preocupação em privilegiar as especificidades das características
regionais e locais.
Tais resultados implicam a necessidade de aprofundar o estudo direcionando-o a
aproximações do monitoramento de dados oficiais como os do Censo Escolar, do IBGE/Pnad
e planilhas do Fórum Estadual de Educação, com o intuito de estabelecer relações que visem a
valorização do olhar para a Educação Infantil. Para o Tribunal de Contas do Estado de Mato
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umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
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Grosso do Sul (2015) a temática necessita ser explorada e contemplada por políticas públicas
efetivas.
Por essa razão, no caso da meta 01, defende-se neste estudo que os governos devem
investir o que for necessário para, não somente cumprir com as exigências legais, como
também permitir que a educação transcenda seus limites.
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