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Alimentos no Código Civil: aspectos controvertidos www.patriciafontanella.adv.br Direito Civil Contemporâneo

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Alimentos no

Código Civil: aspectos

controvertidos

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Direito Civil Contemporâneo

ALIMENTOS NA PERSPECTIVA DO DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL

• Dignidade da pessoa humana (art. 1º, III); • solidariedade social e familiar (art. 3º); • pluralidade de entidades familiares (226 e par.); • igualdade entre cônjuges e filhos e respeito à

diferença (art. 5º, I, 226, par. 5º e 227, par. 6º); • doutrina da proteção integral à criança e ao

adolescente e o princípio do melhor interesse (art. 227);

• afetividade (226 “caput”).

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PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CC

Segundo o prof. Miguel Reale: • Princípio da Socialidade (O Código busca superar o

caráter individualista do C.C. de 1916); • princípio da Eticidade (Procura superar o apego ao

formalismo jurídico, inserindo normas genéricas ou cláusulas gerais);

• princípio da Operabilidade (Pretende solucionar problemas de interpretação de Institutos do antigo Código).

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ALIMENTOS EM DIREITO DE FAMILIA

• “Conjunto de meios materiais necessários para a existência das pessoas, sob o ponto de vista físico, psíquico e intelectual.” (FARIAS, p. 752).

• Em dinheiro (pensão alimentícia). • In natura (naturais, coisas para consumo). • Incluem as despesas ordinárias e as

despesas extraordinárias.

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ORIGEM DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

• Dever de sustento: dever dos pais com relação aos filhos menores e incapazes (art. 1566, III). Presunção de necessidade.

• Direito à assistência material entre cônjuges e companheiros (arts. 1566, IV e 1724). Incumbe ao alimentário demonstrar sua necessidade e a capacidade do devedor.

• Parentesco (1694 e ss.). • Qualificação jurídica (Estatuto do

Idoso).

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ART. 1694

• “Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.”

FUNDAMENTOS

• A obrigação a alimentos funda-se, sob o ponto de vista da solidariedade, no art. 3º, I da CF/88.

• Em nível infraconstitucional temos: arts. 206, par. 2º, 1694 a 1710.

• ECA art. 22 e EI arts. 11 a 14. • Normas residuais da LA e algumas normas

dispersas.

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OBJETIVOS DOS ALIMENTOS

• Preservação do que o CC chama “viver de modo compatível com a sua condição social”, além de atender “às necessidades de sua educação.”(art. 1694)

• A separação nunca preserva inteiramente a “condição social”, inclusive quanto aos filhos, pois despesas que eram compartilhadas agora passam a ser assumidas individualmente. Os Tribunais têm seguido essa linha.

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ENTRE CÔNJUGES/COMPANHEIROS

• ALIMENTOS TRANSITÓRIOS/TEMPORÁRIOS: solução para casos em que um dos cônjuges precisa de um tempo para voltar ao mercado de trabalho.

• ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS: Decorre da boa-fé objetiva, quando o comportamento do outro, durante a convivência, gerou uma justa expectativa de manutenção mesmo no caso de uma dissolução. Dessa maneira, é possível defender os alimentos em perspectiva compensatória, fixados em valor proporcional ao padrão de vida mantido anteriormente. Tem função de equiparar a disparidade gerada no status econômico e social do ex-cônjuge pelo divórcio. Tendem à transitoriedade.

• Função reequilibrar o padrão social e econômico do cônjuge, atingido pelo divórcio. Nesse sentido:

• Alimentos compensatórios. Manutenção do equilíbrio econômico financeiro. Alimentos compensatórios são pagos por um cônjuge ao outro, por ocasião da ruptura do vínculo conjugal. Servem para amenizar o desequilíbrio econômico, no padrão de vida de um dos cônjuges, por ocasião do fim do casamento.(TJDF, Ag.Instr.2009.0020030046, Rel. Jair Soares, Julg. Em 17.06.09).

CARACTERÍSTICAS

• Personalíssimo: não pode ser objeto de cessão ou de natureza hereditária.

• Irrenunciáveis (CC, art. 1707 – STJ).

O Superior Tribunal de Justiça já entendeu que, não havendo vínculo de parentesco entre cônjuges, é plenamente válida a renúncia aos alimentos efetivada no acordo de separação judicial não mais podendo recobrá-lo, sendo essa também a orientação de alguns Tribunais no país.. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 701.902/SP. Julgador Min. Nancy Andrighi. 3ª Turma. Julgado em 15.09.2005.

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• APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL - SENTENÇA - HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO - CLÁUSULA PREVENDO RENÚNCIA A ALIMENTOS ENTRE CÔNJUGES - IMPOSSIBILIDADE - DIREITO INDISPONÍVEL - EXEGESE DO ART. 1.707 DO CÓDIGO CIVIL E ART. 23 DA LEI DE ALIMENTOS (direito a alimentos, que, embora irrenunciável, pode ser provisoriamente dispensado) - DECISÃO REFORMADA - RECURSO PROVIDO. Não é passível de homologação a cláusula de separação que estabelece a RENÚNCIA ao direito a ALIMENTOS entre os cônjuges. (TJSC. Apelação Cível n. 2006.011853-2, de Lauro Müller. Relator: Mazoni Ferreira. Juiz Prolator: Não Informado. Órgão Julgador: Segunda Câmara de Direito Civil. Data: 26/04/2007).

• APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS. PEDIDO POSTERIOR À DECRETAÇÃO DO DIVÓRCIO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA. INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL. RENÚNCIA TÁCITA AOS ALIMENTOS. ADMISSIBILIDADE EM SE TRATANDO DE RELAÇÕES MATRIMONIAIS. RECURSO DESPROVIDO.

I - Os cônjuges separados de fato ou judicialmente podem pleitear do outro

consorte pensão alimentícia, em sintonia com o binômio possibilidade/necessidade.

Por sua vez, a decretação do divórcio põe termo a todos os laços decorrentes da relação matrimonial, com os seus consectários, entre outros, o direito de postular ALIMENTOS, salvo se fixados anteriormente e ainda persistirem as necessidades do alimentando que deram azo a sua percepção.

II - A irrenunciabilidade aos ALIMENTOS de que trata o art. 1.707 do Código Civil refere-se somente à obrigação alimentar originada de vínculo de parentesco sangüíneo, não abrangendo as relações matrimoniais ou união estável desconstituídas.

Nessa linha, se a mulher renuncia, ainda que de forma tácita, ao direito de percepção de ALIMENTOS em ação de divórcio, não poderá mais, a posteriori, requerer ao ex-cônjuge pensão alimentícia. TJSC. Apelação Cível n. 2007.014255-0, de Itajaí. Relator: Joel Figueira Júnior. Juiz Prolator: Joana Ribeiro Zimmer. Órgão Julgador: Primeira Câmara de Direito Civil. Data: 08/01/2008 .

• Atualidade (art. 1710). • Futuridade (presente e futuro). • Imprescritibilidade (salvo prestações já fixadas). • Impenhorabilidade (é a regra, possível, porém a

penhora dos alimentos para pagamento de outra obrigação de mesma natureza).

• (In) Transmissibilidade (CC, art. 1700) • STJ • TJSC CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS CONTRA

ESPÓLIO - EXTINÇÃO DO FEITO POR ILEGIMITIDADE PASSIVA AD CAUSAM - INCONFORMISMO - RESPONSABILIDADE DO ESPÓLIO QUANTO ÀS PARCELAS ALIMENTARES VENCIDAS APÓS O FALECIMENTO DO ALIMENTANTE - ACOLHIMENTO - SENTENÇA CASSADA - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

• O espólio é parte legítima para figurar no pólo passivo de execução de ALIMENTOS vencidos após a morte do alimentante. Relator: Apelação Cível n. 2009.046148-7, de Blumenau Rel. Des. Monteiro Rocha. Juiz Prolator: Cláudia Inês Maestri Meyer. Órgão Julgador: Quarta Câmara de Direito Civil. Data: 08/10/2009.

• Irrepetibilidade e descabimento de suspensão automática do pensionamento (possibilidade de, excepcionalmente restituir-se alimentos claramente indevidos, por notória infração ao princípio do não-enriquecimento sem causa, cfme arts. 884-885 do CC).

• Incompensabilidade (exceção para pagamento a maior – evitar acréscimo patrimonial indevido. Não ultrapassar o percentual tolerável de descontos em salários de 30% ).

FIXAÇÃO DO QUANTUM ALIMENTÍCIO: O TRINOMIO NECESSIDADE DE QUEM, RECEBE X CAPACIDADE CONTRIBUTIVA DE

QUEM PAGA X PROPORCIONALIDADE

• Possibilidade X necessidade (CC, art. 1694, par.1º). • Razoabilidade (doutrina e jurisprudência): Cabe ao juiz,

não apenas verificar se há efetiva necessidade do titular, mas também a possibilidade do devedor e se o montante exigido é razoável e o grau de razoabilidade do limite oposto a este. O requisito da razoabilidade está presente no texto legal, quando alude a “na proporção das necessidades”.

• Não é mera operação matemática, pois tanto o credor quanto o devedor de alimentos devem ter assegurada a possibilidade de “viver de modo compatível com as suas necessidades”.

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• “A necessidade varia de cada indivíduo. O montante de alimentos variará de acordo com cada interessado. A necessidade deflui do tipo de roupa, do lugar que é frequentado pelo alimentando, o transporte, a necessidade de concorrência com os outros [...] Tudo entra no fator necessidade [...] A necessidade advém mais do padrão de vida que os autores possuíam. Como se viu, não é apenas a necessidade de encontrarem-se alimentados e vestidos, com frequência a boa escola, uma vez que têm bom padrão social. É a necessidade de terem bons trajes, de vez que frequentam segmento social elevado. Há, pois, necessidade”. (RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. Rio de Janeiro: Aide, 1994. v. 2. , p. 693).

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• Alimentos Provisórios. Quantum fixado conforme os elementos e provas dos autos. Trinômio: necessidade, capacidade e proporcionalidade. Decisão mantida. Os alimentos provisórios contemplam cognição sumária e incompleta, sujeitando-se ao prudente arbítrio do juízo, razão pela qual recomendável a manutenção da decisão até o provimento definitivo de cognição ampla, pois não constam dos autos elementos hábeis, nesta fase processual, à pleiteada redução do benefício, porquanto atendido com a superficialidade e provisoriedade imanentes à espécie. (TJMG, AgInstr. 1.0672.07.274160-2/0011, de 29.05.2008).

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Alimentos e discussão de culpa

• CC, art. 1694, § 2º “Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia”.

• CC, art. 1704, § único “Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.”

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ALIMENTOS POS-DIVÓRCIO • Até a EC 66: • Uma primeira corrente sustentava

que, dissolvido o casamento válido pelo divórcio, desaparecem as obrigações entre os ex-cônjuges, salvo aquelas fixadas na sentença de divórcio. Portanto, se não foram fixados alimentos na sentença, nenhum dos ex-cônjuges tem o direito de pedi-la posteriormente, eis que a mútua assistência é própria do casamento.

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• AÇÃO DE ALIMENTOS. IRRESIGNAÇÃO DE EX-ESPOSA QUANTO À DECISÃO QUE REJEITOU O PEDIDO. VERBA NÃO ESTABELECIDA POR OCASIÃO DO DIVÓRCIO. VÍNCULO MATRIMONIAL DESFEITO. CARÊNCIA DE AÇÃO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NÃO FIXADOS. INTELIGÊNCIA DO ART. 17, V, DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N. 155/97. SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2008.003620-5. Relator: Desa. Maria do Rocio Luz Santa Ritta. 3ª Câmara de Direito Civil. Julgado em 30.06.2008.

• Alimentos. Ação improcedente. Pretensão de ex-cônjuge que no divórcio consensual dispensou o auxílio do outro, sem qualquer ressalva. O divórcio extingue todo o vínculo conjugal existente por força do casamento, inclusive o dever de mútua assistência. Recurso improvido. TJSP, Apelação Cível n. 6159234600. Relator: Des. Maia da Cunha. 4ª Câmara de Direito Privado. Julgado em 18.12.2008.

• “Quando se trata de divórcio, irrelevante a circunstância de que tenha ou não ocorrido renúncia aos alimentos. É suficiente que, por ocasião da dissolução do vínculo matrimonial, nada tenha sido estipulado acerca de pensão alimentícia, para que, independente da renúncia, os alimentos não possam mais ser buscados. Isso porque faltará ao pretendente um dos pressupostos da obrigação alimentar, que – ao lado da necessidade e da possibilidade – é o vínculo”. (SANTOS, Luiz Felipe Brasil ).

• Um segundo posicionamento sobre o tema seguia no sentido de que o artigo 1.708 do Código Civil dispõe que a obrigação alimentar se extingue somente com o casamento, união estável ou concubinato do credor. E ainda o seu parágrafo único afasta a obrigação em caso de procedimento indigno do credor em relação ao devedor.

• Conseqüentemente, não estando o divórcio ali elencado, plenamente possível a possibilidade de concessão de alimentos ao ex-cônjuge após a ruptura do vínculo

• Alimentos. Ex-marido interdito. Necessidades demonstradas. Dever de mútua assistência que persiste após o divórcio. Sentença mantida. Recurso improvido. SÃO PAULO. Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 593.747.4/4-00. 8a Câmara de Direito Privado. Relator: Caetano Lagrasta. Julgado em 12.11.2008.

• Nesse sentido, o fundamento maior para a continuação do dever de prestar alimentos pós-divórcio está calcado no dever de solidariedade familiar que não pode ser desprezado, não obstante a ruptura do vínculo conjugal.

• E após a EC 66? Possível sua concessão desde que não tenha havido renúncia, em face do princípio da solidariedade.

ALIMENTOS: Obrigação Solidária ou Subsidiária?

• Os alimentos constituem obrigação derivada do princípio da solidariedade, mas não é “obrigação solidária”. A obrigação solidária não se presume: decorre de lei ou da vontade expressa das partes (art. 265, CC).

• Não é obrigação solidária porque o credor de alimentos não pode escolher livremente um para pagá-los integralmente, uma vez que deve observar a ordem dos graus de parentesco em linha reta, que é infinita, e a de parentesco colateral, que é finita.

• Quanto mais próximo o parente, mais identificado fica o devedor, por força de lei (“recaindo a obrigação nos próximos em grau” – art. 1696 do Código Civil). Assim, em primeiro lugar são chamados os ascendentes, depois os descendentes, e apenas na falta destes, os colaterais, que constituem as classes de parentesco.

• Dentro da mesma classe, os de grau mais próximos preferem os mais distantes. Dentro da mesma classe, os de grau mais próximos preferem aos mais distantes. Dentro do mesmo grau, por fim, os parentes assumem obrigação necessariamente pro rata, em quotas proporcionais aos recursos financeiros de cada um.

Obrigação Alimentar Avoenga

• A obrigação é dos pais e, na ausência destes, transmite-se aos ascendentes (aos avós), que são os parentes em grau imediato mais próximo (art. 1.698).

• No caso de grau de parentesco subseqüente, p.ex., pais e avós, estes apenas complementam o valor devido pelos primeiros, que tiverem rendimentos insuficientes.

• Trata-se de obrigação subsidiária, não pode, em regra, a ação ser diretamente ajuizada contra os avós, sem comprovação de que o devedor originário esteja impossibilitado de cumprir com o seu dever.

• O STJ tem entendido que se trata de obrigação sucessiva e também complementar (Resp. 579385/SP). Ou seja, se o pai não está pagando nada ou pouco, mister chamar-se os avós.

• DIREITO CIVIL. AÇÃO DE ALIMENTOS. RESPONSABILIDADE DOS AVÓS. OBRIGAÇÃO SUCESSIVA E COMPLEMENTAR. 1. A responsabilidade dos avós de prestar alimentos é subsidiária e complementar à responsabilidade dos pais, só sendo exigível em caso de impossibilidade de cumprimento da prestação ou de cumprimento insuficiente pelos genitores. 2. Recurso especial provido. STJ. REsp 831497 / MG. RECURSO ESPECIAL n. 2006/0053462-0.

TJSC Subsidiária

• AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE ALIMENTOS - FIXAÇÃO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS - PAI QUE RESIDE FORA DO PAÍS - IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIR COM A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR - OBRIGAÇÃO SUBSIDIÁRIA DOS AVÓS PATERNOS - EXEGESE DO ART. 1.696 DO CÓDIGO CIVIL EM VIGOR - OBSERVÂNCIA DO BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE - ART. 1.694, § 1º, DO CÓDIGO CIVIL ATUAL - DECISÃO INTERLOCUTÓRIA MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO. Faltando o pai com o dever de prestar alimentos, por estar residindo fora do país, devem os avós prestar alimentos aos netos na ausência daquele, porque tal obrigação é extensiva a todos os ascendentes, conforme regra insculpida no art. 1.696 do Código Civil em vigor. TJSC. Agravo de instrumento n. 2004.000500-8, de Criciúma. Relator: Wilson Augusto do Nascimento. Órgão Julgador: Terceira Câmara de Direito Civil. Data: 30/04/2004.

• APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE ALIMENTOS - GENITOR FORAGIDO, EM LUGAR INCERTO E NÃO SABIDO - IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIR COM A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR - OBRIGAÇÃO SUBSIDIÁRIA DOS AVÓS PATERNOS - LEGITIMIDADE PASSIVA - EXEGESE DO ART. 1.696 DO CÓDIGO CIVIL EM VIGOR - SENTENÇA CASSADA - RECURSO PROVIDO. Faltando o pai com o dever de prestar alimentos, por estar em lugar incerto e não sabido, esta obrigação se transfere aos avós, em relação aos netos, eis que extensiva a todos os ascendentes, conforme regra insculpida no art. 1.696 do Código Civil em vigor. Apelação Cível n. 2004.011341-2, de Maravilha. Relator: Wilson Augusto do Nascimento. Órgão Julgador: Terceira Câmara de Direito Civil. Data: 10/09/2004.

• CIVIL E PROCESSUAL. RECURSO ESPECIAL. ALIMENTOS. AVÓS. RESPONSABILIDADE SUCESSIVA E COMPLEMENTAR. PRECEDENTES. RECONHECIMENTO DA IMPOSSIBILIDADE DE PRESTAÇÃO PELO PAI PERANTE A INSTÂNCIA RECURSAL ORDINÁRIA. VALOR DOS ALIMENTOS. REVISÕES QUE DEPENDEM DE INCURSÃO NA MATÉRIA FÁTICA DA LIDE (SÚMULA 7 DO STJ). I. Nos termos da jurisprudência consolidada do STJ, a responsabilidade dos avós em prestar alimentos é sucessiva e complementar. II. Tendo a corte local reconhecido a impossibilidade do pai em prover os alimentos, rever o referido posicionamento quanto à sua capacidade impõe reexame da matéria fática da lide, o que é vedado em sede de recurso especial, conforme o enunciado nº 7 da Súmula do STJ. III. A revisão do valor dos alimentos fixado pelas instâncias ordinárias esbarra, igualmente, no reexame de matéria fática da lide (Súmula 7/STJ). IV. Recurso especial não conhecido. REsp 858506 / DF . RECURSO ESPECIAL. 2006/0121252-4.

• AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE ALIMENTOS - PROGENITOR DESEMPREGADO - ENCARGO ATRIBUÍDO AO AVÔ PATERNO - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE FINANCEIRA - ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM - PREFACIAL ACOLHIDA - EXTINÇÃO DO FEITO - ART. 267, VI, DO CPC - RECURSO PROVIDO Para que ocorra a legitimação do avô paterno em responder pelo sustento de seu neto em ações de alimentos, faz-se necessária a comprovação robusta de incapacidade financeira do progenitor para o encargo, sob pena de extinção da pretensão, por falta das condições da ação. TJSC. Agravo de Instrumento n. 2006.015270-9, de Criciúma. Relator: Fernando Carioni. Órgão Julgador: Terceira Câmara de Direito Civil. Data: 22/08/2006.

Chamamento dos avós paternos e maternos • AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE ALIMENTOS INTENTADA SOMENTE

CONTRA A AVÓ PATERNA -IMPOSSIBILIDADE DO GENITOR DE CUMPRIR COM A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR - CHAMAMENTO DA AVÓ MATERNA PARA INTEGRAR A LIDE - FACULDADE CONFERIDA PELO ART. 1.698 DO CÓDIGO CIVIL - PLURALIDADE DE PESSOAS OBRIGADAS A PRESTAR ALIMENTOS - OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL E SUBSIDIÁRIA - DECISÃO INTERLOCUTÓRIA REFORMADA - RECURSO PROVIDO. "Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide." (art. 1.698, CC). Inadimplida a obrigação principal pela inércia do pai no pagamento dos alimentos aos filhos, deve ser obedecida a ordem legal disposta em nosso ordenamento jurídico, distribuindo-se a obrigação entre os AVÓS paternos e maternos na medida de seus recursos. TJSC. Agravo de Instrumento n. 2006.041637-3, de Blumenau. Relator: Mazoni Ferreira. Órgão Julgador: Segunda Câmara de Direito Civil. Data: 29/03/2006.

Doutrina e Jurisprudência atuais

• Admissibilidade de pleito contra genitor e avô, simultaneamente.

• Possibilidade do pedido de complementação, de forma subsidiária, comprovada a impossibilidade de pagamento do necessário. A obrigação alimentar neste caso é divisível.

• Excepcionalmente, pedido diretamente contra avós, comprovada a impossibilidade desde logo.

Art. 12 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso)

• Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.

• DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE ALIMENTOS. RECURSO ADESIVO DA AUTORA NÃO CONHECIDO. INTERPOSIÇÃO A DESTEMPO. PENSÃO MENSAL FIXADA EM 10% (DEZ POR CENTO) DA REMUNERAÇÃO DA RÉ (FILHA DA AUTORA). DISPENSABILIDADE DA INTERVENÇÃO DOS DEMAIS DESCENDENTES NO PROCESSO. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA À LUZ DO ART. 12 DO ESTATUTO DO IDOSO (LEI N. 10.741/03).

• PLEITO QUE VISA À MINORAÇÃO DA VERBA ALIMENTAR AO ARGUMENTO DE QUE A QUANTIA É EXORBITANTE. CONJUNTO PROBATÓRIO DOS AUTOS DEVIDAMENTE CONSIDERADO PELA MAGISTRADA A QUO AO ESTIPULAR O QUANTUM DEVIDO. AUTORA QUE POSSUI 72 ANOS DE IDADE E APRESENTA PROBLEMAS DE SAÚDE. DECISÃO JUDICIAL QUE ATENDE AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE INSCULPIDO NO ART. 1.694, § 1º, DO CÓDIGO CIVIL. VERBA ALIMENTAR MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. TJSC. Apelação Cível n. 2010.015604-7, de Lages. Relator: Marcus Tulio Sartorato. Juiz Prolator: Mônica Grisolia de Oliveira. Órgão Julgador: Terceira Câmara de Direito Civil. Data: 04/06/2010.

Filiação Socioafetiva

• Caracterização: nome , trato e fama. • APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA POSITIVA

DE FILIAÇÃO POR ADOÇÃO - RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE PÓSTUMA POR VÍNCULO AFETIVO - POSSE DO ESTADO DE FILHO - SITUAÇÃO DE FATO - ELEMENTOS CARACTERIZADORES - NOMINATIO, TRATACTUS E REPUTATIO - FILHO DE CRIAÇÃO AUXÍLIO MATERIAL - AUSÊNCIA DO TRATAMENTO AFETIVO DISPENSADO AOS FILHOS BIOLÓGICOS.

• FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA NÃO DEMONSTRADA - PEDIDO IMPROCEDENTE - SENTENÇA IRREPROCHÁVEL - RECURSO DESPROVIDO. A filiação sócioafetiva, fundada na posse do estado de filho e consolidada no afeto e na convivência familiar, pressupõe a existência de três elementos caracterizadores: o nomem - utilização do sobrenome paterno; o tratactus - pessoa deve ser tratada e educada como filho; e a reputatio - o reconhecimento pela sociedade e pela família da condição de filho. A ausência de um desses elementos conduz à improcedência do pedido de reconhecimento da paternidade póstuma por vínculo afetivo. TJSC. Apelação Cível n. 2009.025737-6, de Lages. Relator: Fernando Carioni. Juiz Prolator: Francisco Carlos Mambrini. Órgão Julgador: Terceira Câmara de Direito Civil. Data: 10/12/2009.

Causas que fazem cessar o dever de alimentar

• Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos.

Par. Único: Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor.

• Cotejar com os artigos 557 e 1814 do Código Civil, que tratam da ingratidão do donatário e da indignidade do herdeiro.

• Deve o Juiz reconhecer o procedimento indigno do credor, tendo como referências os modelos acima.

• Ligado à ética comportamental e pode ocasionar, se reconhecido, até a redução da pensão.

PRESTAÇÃO DE CONTAS EM ALIMENTOS

• Em regra, a doutrina nega tal possibilidade. Porém, atualmente, há autores que a admitem, sob o argumento de que a pessoa que não detém a guarda pode fiscalizar os gastos com o alimentando, garantindo a proteção integral à criança e ao adolescente.

• Art. 1589 do CC prevê: “o pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação.”

• “A ação de prestação de contas consiste no relacionamento e na documentação comprobatória de todas as receitas e de todas as despesas referentes a uma administração de bens, valores ou interesses de outrem.”(THEODORO JUNIOR, p. 85).

• Legitimidade ativa: genitor-alimentante, MP ou qualquer outra pessoa interessada, tios ou avós, p.ex.)

TJSC

• Direito civil.Família. Alimentos destinados à genitora e à filha. Prestação de contas. Ilegitimidade ativa ad causam. Indeferimento da inicial. Insurgência. Fiscalização. Direito protetivo do menor. Legitimidade ativa do pai alimentante. Ilegitimidade ativa do marido alimentante. Provimento parcial. Sentença reformada em parte. Porque a má administração de numerário destinado à manutenção e educação de filho alimentado pode acarretar severas sanções legais ao mau administrador (arts. 1637 e 1638, IV do CC), a Lei do Divórcio assegura ao alimentante a fiscalização da respoctiva verba alimentar. 9TJSC, Ap. Cív. 06..0242243-1, de Itajaí. Rel. Des. Monteiro Rocha, j. em 28.09.06.

ALIMENTOS GRAVÍDICOS

• Lei n. 11.804/2008. • Visa a garantir o direito da gestante buscar alimentos do

suposto pai durante a gravidez. • Art. 2º Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão

os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.

• Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.

• A verba alimentar gravídica perdura até o nascimento do filho, quando, então, é automaticamente 'convertida' em alimentos destinados à prole recém-nascida, assegurando-se a possibilidade de revisão mediante a propositura da ação competente pelo genitor, a teor do art. 6º da Lei 11.804/08:

• Art. 6º Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.

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Direito Civil Contemporâneo

• Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.

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NASCITURO

• UNIÃO ESTÁVEL. ALIMENTOS PROVISÓRIOS. EX-COMPANHEIRA E NASCITURO. PROVA. Evidenciada a união estável, a possibilidade econômica do alimentante e a necessidade da ex-companheira, que se encontra desempregada e grávida, é cabível a fixação de alimentos provisórios em favor dela e do nascituro, presumindo-se seja este filho das partes. (TJRS, 7ª Câmara Cível, AI 70017520479, rel. Des. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES, j. 28.3.2007, v.u.)

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Direito Civil Contemporâneo

• AGRAVO DE INSTRUMENTO. INTERLOCUTÓRIA INDEFERINDO PEDIDO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS. LEI N. 11.804/2008. INDÍCIOS DE PATERNIDADE. INSUFICIÊNCIA DO CONJUNTO PROBATÓRIO INAUGURAL APRESENTADO. ÔNUS RECAÍDO À GESTANTE. QUESTIONAMENTO A DESAFIAR INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. DECISÃO DE INDEFERIMENTO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. A gestante tem o direito de perceber, durante o período de gravidez, um verba alimentar do suposto pai. Contudo, é ônus seu demonstrar os indícios da paternidade atribuída ao agravado, não bastando o mero apontamento puro e simples. Agravo n. 2012.029011-8 (Acórdão). Rel: Fernando Carioni. Origem: São Bento do Sul. Orgão Julgador: Terceira Câmara de Direito Civil. Julgado em: 14/08/2012.

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Direito Civil Contemporâneo

• Possibilidade de devolução em caso de negativa de DNA?

• E a configuração do Abuso de Direito (art. 187 do CC)?

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Direito Civil Contemporâneo

• CAHALI, Yussef Said. Alimentos. São Paulo: RT, 2009.

• FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. 3 ed., Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2011.

• FONTANELLA, Patrícia. Alimentos Pós-Divórcio.In: Direito de Família e das Sucessões. São Paulo: Gen editora, 2009.

• MADALENO, Rolf. Alimentos e sua configuração atual. In: TEIXEIRA, Ana Carolina Brochardo; RIBEIRO, Gustavo Pereira Leite (Coord.). Manual de Direito das Famílias e das Sucessões. Belo Horizonte: Del Rey, 2008, p. 425-452.

• ______ Novos Horizontes no Direito de Família. São Paulo: Gen editora, 2010.