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Revista Latino-Americana de História Vol. 3, nº. 11 Setembro de 2014 © by PPGH-UNISINOS Página152 Algumas notas sobre demografia, terras e elites no Recôncavo da Guanabara do século XVIII Victor Luiz Alvares Oliveira Resumo: O texto tem como objetivo levantar algumas questões demográficas nas relações entre os indivíduos na freguesia de Jacarepaguá, situada no recôncavo da cidade do Rio de Janeiro. Neste sentido procura-se analisar as implicações da demografia nas relações sociais que caracterizavam um grupo enquanto elite naquela região, tendo como base questões sobre a propriedade da terra e o acesso à mão de obra. Para tratar destas questões o estudo conta com um suporte composto por relatórios oficiais, visitações paroquiais e testamentos dos fregueses referentes ao século XVIII, importantes fontes para se conhecer as informações relacionais e demográficas da época. Palavras-chave: Demografia Elites Recôncavo da Guanabara. Abstract: This paper has the aim to raise some questions about demography and its interference in the relationship between individuals at Jacarepaguá, a catholic parish in the surroundings of the Rio de Janeiro colonial city. In this sense, it seeks to analyze the implications of demography in social relations that characterized elite as a group in that region, based on issues of land ownership and the access to labor. To address these issues the study has a support consisting of official reports, parish visitations and wills of the local population for the eighteenth century, important sources to meet the information and relational demographic of the time. Key words: Demography Elites Rio de Janeiro rural environs. A nova igreja de Nossa Senhora do Loreto de Jacarepaguá estava quase pronta em 1737. Construída para ser a igreja matriz da freguesia, o edifício original do século XVII já estava em condições precárias, havendo a necessidade de se construir um novo templo para os fiéis. Com o esforço dos fregueses, que contribuíram para a construção da nova igreja, ela conseguiu ser finalizada, faltando somente a capela mór que ainda estava por fazer. Esta obra, Mestrando em história social pelo Programa de Pós Graduação em História Social da UFRJ. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq. Contato: [email protected].

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Algumas notas sobre demografia, terras e elites

no Recôncavo da Guanabara do século XVIII

Victor Luiz Alvares Oliveira

Resumo: O texto tem como objetivo levantar algumas questões demográficas nas relações

entre os indivíduos na freguesia de Jacarepaguá, situada no recôncavo da cidade do Rio de

Janeiro. Neste sentido procura-se analisar as implicações da demografia nas relações sociais

que caracterizavam um grupo enquanto elite naquela região, tendo como base questões sobre

a propriedade da terra e o acesso à mão de obra. Para tratar destas questões o estudo conta

com um suporte composto por relatórios oficiais, visitações paroquiais e testamentos dos

fregueses referentes ao século XVIII, importantes fontes para se conhecer as informações

relacionais e demográficas da época.

Palavras-chave: Demografia – Elites – Recôncavo da Guanabara.

Abstract: This paper has the aim to raise some questions about demography and its

interference in the relationship between individuals at Jacarepaguá, a catholic parish in the

surroundings of the Rio de Janeiro colonial city. In this sense, it seeks to analyze the

implications of demography in social relations that characterized elite as a group in that

region, based on issues of land ownership and the access to labor. To address these issues the

study has a support consisting of official reports, parish visitations and wills of the local

population for the eighteenth century, important sources to meet the information and

relational demographic of the time.

Key words: Demography – Elites – Rio de Janeiro rural environs.

A nova igreja de Nossa Senhora do Loreto de Jacarepaguá estava quase pronta em

1737. Construída para ser a igreja matriz da freguesia, o edifício original do século XVII já

estava em condições precárias, havendo a necessidade de se construir um novo templo para os

fiéis. Com o esforço dos fregueses, que contribuíram para a construção da nova igreja, ela

conseguiu ser finalizada, faltando somente a capela mór que ainda estava por fazer. Esta obra,

Mestrando em história social pelo Programa de Pós Graduação em História Social da UFRJ. Bolsista do

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq. Contato: [email protected].

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porém, parecia ser um obstáculo maior do que a boa vontade da população local. Por isso o

pároco da freguesia suplicou ao rei novas contribuições para o término da capela:

Diz o Padre Antonio de Sousa Moreira, vigário colado na freguesia de N. S.

do Loreto de Jacarepaguá do Bispado do Rio de Janeiro que tendo-se feito a

Igreja da dita Senhora com a ajuda dos fregueses, além da esmola, que vossa

majestade foi servido dar-lhes, se acha a capela mór por fazer, e como aquele

povo é muito pequeno, que somente tem cento e cinquenta e seis fogos, e

não podem pela sua pobreza concorrer para mais do que tem dado.

(ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO, Rio de Janeiro, 22 de

setembro de 1734. Caixa 38, Doc. N.º 8745-8747).

O argumento utilizado pelo pároco era, de fato, pertinente. A freguesia de Nossa

Senhora do Loreto de Jacarepaguá era uma das freguesias rurais do entorno da cidade do Rio

de Janeiro que, apesar de pontilhada por algumas fazendas e engenhos, era marcada por uma

baixa ocupação populacional no século XVIII. A região começou a experimentar a

colonização portuguesa já no século XVI, quando as primeiras sesmarias foram concedidas e

os primeiros engenhos montados. Neste movimento de colonização participaram algumas

famílias que viriam a se distinguir como as melhores famílias da terra, a chamada “nobreza da

terra”. Estas famílias, responsáveis em boa parte pela construção dos engenhos cariocas nos

primeiros séculos de colonização, construíram também a sua distinção social pautada no

discurso do serviço ao rei, com o qual buscavam alcançar mercês na forma de sesmarias,

privilégios ou ocupação de ofícios régios. Eram famílias que participaram da conquista da

cidade expulsando os franceses e índios bravos no século XVI e que também no século XVII

contribuíram para a retomada de Angola aos quadros do império português, dando exemplos

da sua distinção e serviço para com a Coroa real (FRAGOSO, 2003).

Este texto tem como objetivo analisar as relações de uma das famílias da nobreza da

terra de Jacarepaguá com as pessoas comuns desta mesma freguesia, tendo como pano de

fundo o desenvolvimento da população local e as suas possíveis interferências nestas relações,

principalmente no que diz respeito à organização produtiva dos engenhos e no prestígio social

de uma família de mando tradicional na freguesia. Para tanto, é importante iniciar tendo em

mente o desenvolvimento demográfico da paróquia.

A primeira informação sobre a população de fregueses da qual disponho data de pouco

tempo depois de 1661, quando foi criada a paróquia de Jacarepaguá. Trata-se de uma

visitação paroquial do ano de 1687 encontrada no Arquivo da Cúria Metropolitana do Rio de

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Janeiro. Apesar de não ficar claro no documento, acredito que esta visita pastoral

pode ter sido motivada pela elevação do Rio de Janeiro à diocese em 1676, tendo como

intenção conhecer melhor o estado das almas no momento em que a nova instituição

começava seus trabalhos. Não por menos a visita conta com informações que abrangiam a

parte sudeste, sul e algumas do norte da América portuguesa (Vitória, Porto Seguro, São

Paulo e entre outras), área de responsabilidade da nascente diocese. A partir desta visitação

foi possível recuperar algumas estimativas demográficas para as freguesias do Rio de Janeiro:

Tabela 1: Fogos e População segundo visita de 1687.

Sé Candelária Irajá Jacarepaguá Campo Grande Marapicu

Fogos 650 600 200 186 70 65

Pessoas 3.500 3.500 1.800 400 313 396

Nota: as regiões de Campo Grande e Marapicu ainda eram capelas curadas na época, se separando das

freguesias para melhor administrar os sacramentos pelo território.

A população de Jacarepaguá ao final do século XVII ainda era ínfima se comparada

com outras freguesias. Até mesmo capelas curadas como o seu vizinho Campo Grande

possuía população próxima da sua. A baixa estimativa populacional indica que provavelmente

os fogos (unidades familiares) eram compostos por poucos integrantes. Dividindo o número

de pessoas pelo número de fogos encontramos uma média de 2,15 pessoas por fogo em

Jacarepaguá. Muito provavelmente o visitador não levou em consideração os escravos na

contagem, ao contrário do que fez em algumas freguesias como a de São Gonçalo, aonde

distinguiu os 250 fogos entre as 800 pessoas livres e mais 700 escravas. De qualquer forma a

estimativa condiz com uma freguesia que, apesar de crescente, só havia sido oficializada fazia

poucos vinte e seis anos e ainda engatinhava. Demonstração disso era a porcentagem da

população de Jacarepaguá no total da capitania: os seus 400 habitantes representavam cerca

de 2,1% das 18.578 pessoas que viviam em toda a capitania do Rio de Janeiro em 1687

segundo os dados da visitação deste ano.

Em meados do século XVIII, como visto logo no início do texto, o pároco da freguesia

contava 156 fogos no ano de 1734, apresentando portanto uma redução se comparado com os

cálculos de 1687. Não fica clara a razão deste retraimento populacional entre um ano e o

outro, no entanto é possível que ele seja interferência do descobrimento do ouro nas regiões

de Minas Gerais que atraiu indivíduos de várias partes da América Portuguesa, incluindo as

freguesias do recôncavo da Guanabara. Caminhando o século XVIII, porém, a tendência seria

a de crescimento, como mostra a relação das freguesias feita a pedido do vice-rei Marquês de

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Lavradio e concluída em 1779. Nela encontramos a freguesia de Jacarepaguá com

198 fogos e oito engenhos de açúcar instalados. Ao final do século XVIII o recôncavo do Rio

de Janeiro estava mais povoado se comparado com o final do século anterior. Quem dá

indícios desta mudança é a visitação do Monsenhor Pizarro realizada em 1794, que nos legou

informações abrangentes de várias freguesias do entorno da Guanabara. Nos registros

deixados pelo visitador encontram-se as seguintes estimativas:

Tabela 2: Fogos e População segundo visita do Monsenhor Pizarro em 1794.

Irajá Jacarepaguá Campo Grande Guaratiba Jacutinga Marapicu

Fogos 274 224 314 341 343 166

Almas 2.854 1.700 3.243 2.851 2.340 1.534

Engenhos 12 8 14 6 8 4

A tendência geral no período entre a visitação de 1687 e a de 1794 é de crescimento

populacional das freguesias rurais. Pizarro adverte ainda sobre Jacarepaguá que o número de

pessoas na verdade excedia a sua estimativa, pois muitas não constavam no rol de fregueses

da paróquia que ele deve ter usado como fonte para o seu relatório (ARAÚJO, 2008, tomo I,

p.44). Apesar do crescimento significativo da freguesia a sua população ainda tinha pouco

peso no total da capitania. Suas 1.700 almas representavam agora aproximadamente 1,75% do

total da população das freguesias e vilas rurais do Rio de Janeiro, que em finais do século

XVIII alcançaram significativos 96.804 habitantes segundo os números da visitação de

Pizarro. Portanto, apesar do crescimento populacional da região de Jacarepaguá, nota-se que

ela ainda era uma região pouco povoada. Se tomarmos a última estimativa de 1.700 habitantes

dividida entre o espaço da freguesia, que seria de 286,3 km², teriamos uma estimativa

baixíssima de aproximadamente 5,9 habitantes por km² em 1794 1. Obviamente que todos

estes números são apenas aproximações, mas que nem por isso deixam de apontar para uma

região que era parcamente povoada. Para efeitos de comparação basta lembrar que pela

mesma época, no ano de 1799, nasceram 2.130 pessoas somente nas freguesias urbanas do

Rio de Janeiro, enquanto nestas mesmas freguesias morreram 2.296 pessoas segundo o

Almanaque Histórico da cidade feito para aquele ano. A dimensão populacional de

Jacarepaguá era realmente pequena se comparada com o desenvolvimento populacional

urbano, sugerindo a imagem de uma freguesia de extensa área mas com uma baixa densidade

demográfica.

1 Os cálculos foram realizados tendo em vista o número das almas e os limites da feguesia descritos por Pizarro,

assim foi possível reconstituir aproximadamente a área da freguesia com o programa GoogleEarth (disponível

em: http://www.google.com/earth/, acesso em: 30/09/2013).

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Foi em meio a esta pequenina população que veio a crescer a família

Sampaio e Almeida, cujos primeiros integrantes lutaram na conquista da cidade e apareceram

como uma das primeiras famílias a se fixar na freguesia de Jacarepaguá (RUDGE, 1983).

Antônio de Sampaio, o primeiro representante português, lutou ao lado do governador Mem

de Sá na expulsão dos franceses e por isso conseguiu sesmarias e ainda ocupar alguns cargos

na Câmara da cidade (BELCHIOR, 1965). No decorrer do século XVII e XVIII outros

integrantes da família ocupariam cargos na Câmara e conseguiriam patentes militares como os

postos de capitão e alferes na milícia local, demonstrando que o prestígio da família

continuava assegurando benesses e era reconhecido pelos fregueses de Jacarepaguá. Se

observarmos os testamentos da região podemos notar algumas relações desta família com

outras pessoas da pároquia que se desdobram para questões sobre a sua posição de potentados

locais.

Com base em dois livros de óbitos da freguesia de Jacarepaguá (livro de Óbitos de

1734 -1796 e Livro de Óbitos de 1796-1829) foi possível recuperar 55 testamentos entre os

anos de 1734 até 1800. Os testamentos eram instrumentos relacionados com a salvação da

alma aonde o testador dispunha de 1/3 dos seus bens para gastar com o seu enterro, missas

pela sua alma ou mesmo doações e esmolas para quem quisesse. Portanto, era uma parte da

sua riqueza da qual podia dispor livremente, ao contrário dos 2/3 que já estavam

comprometidos com os herdeiros necessários (seu conjugê ou filhos, por exemplo). Entre os

55 testamentos encontrados para Jacarepaguá temos 40 pessoas que deixaram alguma doação

da sua terça parte, esta doação poderia variar entre algum valor em réis, um escravo, algum

móvel e entre outros. Algumas vezes o testador explicitava a razão da doação, como a doação

com fins de constituir um dote. Neste caso temos somente 4 pessoas que assim o fizeram, ou

seja 10% dos 40 testadores que doaram. Dentro deste número aparece com proeminência

Inácio de Sampaio e Almeida, proveniente da quarta geração da sua família e que à época da

sua morte em 1754 era senhor do engenho do Rio Grande, situado em Jacarepaguá.

Dentre as 4 pessoas que dotaram com vistas ao casamento o seu testamento é o mais

generoso, dando sete doações para constituir dotes, sendo que em dois casos eram para

pessoas que moravam no seu engenho: para Tomé Teixeira e Micaela de Sampaio havia dado

um crioulo quando se casaram, e para as filhas deste casal, quando se casassem, a quantia de

cem mil réis. Deixou mais o valor de três mil cruzados para a sua neta dona Angela, que

segundo suas ordens explícitas eram para formar o seu dote, assim como o restante de toda a

sua terça para as suas outras netas com esta mesma finalidade matrimonial.

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Estas dotações podem ser levadas em consideração juntamente com outros

fatores como a relação da propriedade da terra, do acesso à mão-de-obra e da produtividade

em um panorama cuja escala demográfica, como vimos, era diminuta e as terras existiam em

abundância. Neste sentido tão importante quanto a posse da terra era o controle da mão de

obra para torná-la produtiva, como lembra José de Souza Martins. Segundo este autor um dos

traços que caracterizaria a economia colonial brasileira era a centralidade do trabalhador no

processo produtivo e não a posse da terra, pois esta ainda não passara por um processo

hegemônico de posse através da compra, o que só viria a acontecer após a lei de terras de

1850. Sendo assim a terra poderia ser adquirida através da ocupação por homens livres de

sesmarias não aproveitadas, de forma que a questão chave para o rendimento na economia

colonial passava antes pela posse de mão-de-obra que trabalhasse a terra do que pela posse da

terra propriamente dita (MARTINS, 2013). Longe de ser um consenso, a interpretação de

Martins que aponta para uma “fronteira aberta” no Brasil colonial já foi criticada por autores

como Sheila de Castro Faria, que percebeu nos seus estudos sobre a capitania de Campo dos

Goitacazes uma série de impedimentos para a livre ocupação das terras, tais como a presença

de índios agressivos que tornava a ocupação incerta ou as intrincadas relações de poder que

interfiriam na posse e na ocupação de um território:

A terra não era, portanto, um bem ilimitado e, muito menos, acessível a

todos. A aquisição de sesmaria era restrita aos que possuíam certas regalias

que os diferenciavam dos outros, incluindo aí o apoio da administração

portuguesa. A constituição de redes de poder e solidariedade vedava a

muitos esta forma de acesso legalizado. Podemos supor que foram as terras

mais bem situadas geograficamente as que primeiro se mostraram

interessantes aos colonos. A criação ou ereção de um povoado em vila ou

cidade representava a possibilidade de manter o indígena à distância e

promover uma ocupação eficiente, e só alguns homens, provavelmente os

que tinham maiores condições bélicas, conseguiram argumentar em favor da

instituição desses núcleos coloniais (FARIA, 1998, p.125).

Acredito que nesta complexa teia que envolve terras, homens e a posse efetiva do

espaço, há que se levar também em consideração a relação entre homens livres e as famílias

proprietárias, principalmente as famílias de elite. José de Souza Martins não atribui força aos

trabalhadores livres do período colonial, uma vez que mesmo a sua presença quantitativa no

meio social não impôs uma desagregação da sociedade escravista, na verdade ela

complementava e integrava esta sociedade. Martins não vislumbra, portanto, o peso que estes

trabalhadores poderiam ter em uma produção essencialmente escravista (MARTINS, 2013,

p.30). Não obstante, creio que para além do aumento da posse de escravos pode ter sido

importante também o bom relacionamento das famílias de elite com os vizinhos e moradores

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livres na freguesia, principalmente os que pudessem ter partidos de canas para alimentar os

engenhos dos senhores além da própria produção canavieira daquele senhor. Deste modo

potencializava-se um incremento na produção de cana que passava ao largo da forma

tradicional de aumento da mão de obra por meio da compra de mais escravos.

Voltando ao caso de Inácio de Sampaio e Almeida, a imagem abaixo nos ajuda a

desenvolver alguns dos pontos tomados anteriormente:

Excetuando as vultosas doações deixadas para as suas netas, todas elas com a

finalidade de constituir um dote considerável, as outras doações ocorrem quando o casal em

questão contraía o casamento, portanto Inácio de Sampaio conferia valores em réis ou

escravos para a ajuda de novos casais. Desta forma ele cumpria o seu dever como o chefe de

família em assegurar um bom casamento para seus descendentes, no caso suas netas, e ainda

proporcionava uma espécie de distribuição da riqueza senhorial para fora dos limites da

família nuclear, pois patrocinava outras uniões exteriores construindo uma relação social

hierarquizada entre o testador, a “cabeça” da fazenda, e os integrantes de sua parentela ou do

seu círculo de clientes, que poderia englobar diversos casais da freguesia. Era o caso de

Antônia de Sampaio, sua irmã natural filha de seu pai com uma ex-escrava, e de Guiomar de

Sampaio, sua filha natural que teve com uma parda forra. As origens espúrias destes parentes

não parece que lhes causaram problemas, pois Inácio de Sampaio aprovava o casamento tanto

de sua irmã como de sua filha e aparecia como seu patrocinador.

Mas porque o interesse em manter nucleos familiares da sua parentela ou de fora dela?

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A resposta certamente passa, como apontado um pouco antes, pelo próprio papel de Inácio de

Sampaio como potentado local e na consequente obrigação que vinha enquanto símbolo do

poder local: cuidar da sua família e das pessoas da sua fazenda. Porém, surgem também

questões que podem ser analisadas no âmbito maior do arrendamento de terras do Rio de

Janeiro.

Segundo o historiador Antonio Carlos Jucá, o sistema de arrendamento de terras do

Rio de Janeiro colonial diferia muito do mesmo encontrado na capitania da Bahia. Em solo

baiano praticamente todo o território da região canavieira estava ocupado ou em posse de

alguém, sendo assim o usufruto da terra se dava somente através da compra ou do

arrendamento. Portanto, além de pagarem os 50% do açúcar retirado da sua cana beneficiada

no engenho do senhor, os lavradores ainda tinham que pagar também uma renda para o

proprietário da terra referente ao seu uso. O inverso acontecia no Rio de Janeiro, uma vez que

o que mantinha os lavradores subordinados ao senhor de engenho era o monopólio do próprio

engenho onde a cana era beneficiada. Ou seja, segundo Jucá:

Na verdade, ela (a terra) era utilizada como mecanismo de atração para que

este (senhor de engenho) conseguisse lavradores que lhe fornecessem cana,

repartindo assim os custos inerentes à produção de um engenho (…) A chave

para compreender por que os lavradores de cana fluminenses mostravam-se

tão favorecidos, se comparados aos seus colegas nordestinos, está nas formas

de acesso à terra nas diferentes regiões. Ou, em outras palavras, no grau de

monopólio que existia sobre ela. Ao contrário do que se verificava nas áreas

açucareiras do Nordeste, no Rio de Janeiro a disponibilidade de terras livres

parece ter perdurado por muito mais tempo (SAMPAIO, 2003, p.107-108).

A posse de terras no Rio de Janeiro poderia ser menos concentrada no século XVII

como afirma Jucá, porém esta mesma situação parece que não se confirmou em todo o

recôncavo da Guanabara ao final do século XVIII. O relatório feito para o Marquês de

Lavradio em 1779 aponta que a maioria das freguesias do distrito de Guaratiba (Jacarepaguá,

Guaratiba, Itaguaí, Campo Grande, Jacutinga, Iguaçu e Marapicú) não possuíam terras

devolutas:

Neste distrito não há terras devolutas: as terras que se acham por cultivar são

os sertões dos Engenhos e Fazendas, os quais são necessários

indispensavelmente aos mesmos engenhos para em cada ano tirarem deles o

grande número de carros de lenha que conforme a moagem: tirarem paus

para moenda, madeiras de carros, tábuas para caixões, madeira para a

reedificação dos Engenhos e haverem terras para se plantarem as canas

(Relatório do Marquês de Lavradio, p.329).

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As terras e sertões que ainda não haviam experimentado a ocupação e alteração

humana estavam, como fica claro no trecho acima, sob reserva das famílias em posse dos

engenhos e fazendas. A terra é pensada como maneira de abastecer os engenhos, que por sua

vez faziam o comércio movimentar e desta forma contribuíam para o enriquecimento do

erário régio português. Assim sendo, a terra é vista como local para futura expansão da

produção açucareira e dificilmente a sua ocupação dependia da livre e espontânea vontade de

qualquer pessoa disposta a começar sua vida no local sem a anuência de alguma família de

elite proprietária.

Nesta situação as famílias pobres e sem terras estavam certamente sob desvantagem

em comparação com os senhores de engenho e fazendas da freguesia. Mesmo assim a relação

das famílias de elite com estas famílias mais pobres ainda constituía um aspecto importante, e

isto acontecia não só pela manutenção do prestígio das primeiras, mas também em termos

econômicos e produtivos como lembrado anteriormente por Jucá. No testamento do senhor de

engenho Inácio de Sampaio e Almeida é possível sugerir que o atrativo para as famílias livres

de plantadores de cana poderia se constituir não só em terras aráveis ou no monopólio do

engenho, mas também na própria doação e nos vínculos que esta criava entre doador e

beneficiado. O patrocínio de casamentos realizado por Inácio de Sampaio na forma de

escravos ou em valores ajudava a manter o casal na terra, criando potenciais utilizadores do

seu engenho, lavradores que mais tarde poderiam levar as suas canas plantadas para serem

beneficiadas no seu engenho. Como o panorama demográfico era escasso talvez os senhores

de engenho não contassem muito com canas provenientes de partidos que não os da sua

própria fazenda, entretanto esta podia ser uma boa estratégia para dinamizar a produção de

açúcar ao incorporar outro tipo de mão-de-obra na sua produção, buscando aumentar ou

assegurar o seu produto sem que o senhor de engenho incorporasse mais escravos.

Mas precisariam os senhores de engenho de homens livres lavrando para prover suas

indústrias açucareiras? Uma região que era alimentada por escravos via Atlântico em meados

do século XVIII talvez não precisasse deles. No caso do engenho do Rio Grande infelizmente

não há como saber qual era a sua escravaria em meados do século XVIII quando Inácio de

Sampaio falece, só é possível se aproximar da sua posse de escravos através dos registros de

batismos. Tomando como referência os anos de 1752 até 1759 encontramos a família

Sampaio e Almeida na posse de 15 escravos que foram batizar suas proles. Eram 3 do próprio

Inácio de Sampaio, 11 de Manoel Pimenta de Sampaio (filho de Inácio e herdeiro do Engenho

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do Rio Grande após a morte do seu pai) e mais 2 escravos de Úrsula de Oliveira, esposa de

Inácio (Batismos de Escravos, 1752-1795, fls. 1, 6v., 12, 49v., 40, 32v. 51, 34, 29, 48, 39, 42

e 33). Este número é uma estimativa por baixo, uma vez que o número de escravos deveria ser

maior. O levantamento de 1779 apontava o engenho do Rio Grande ainda nas mãos de

Manoel Pimenta de Sampaio, contando à época com 40 escravos para o seu serviço. Ou seja,

o engenho dos Sampaio e Almeida provavelmente se alimentava do tráfico atlântico de

escravos e parecia contar com escravos suficientes para o seu funcionamento 2.

Entretanto o panorama favorável apontado acima não ficaria estático. Apesar de

possuir uma escravaria considerável, as terras do Rio Grande e seu engenho apresentavam

também um grande número de moradores livres em finais do século XVIII. A partir do

minucioso relatório de Sebastião José Guerreiro França feito para o distrito de Guaratiba em

1797 é possível saber quantos fogos e pessoas existiam na época, inclusive separando os

fogos por local de residência. Segundo este relatório, a freguesia de Jacarepaguá possuía 249

fogos com 2.224 pessoas, dentre elas apresentavam-se 1.235 escravos ou aproximadamente

55,5% da população. Deste total temos a seguinte divisão demográfica/espacial da freguesia:

2 Segundo a historiadora Manoela Pedrosa o número médio de escravos nos engenhos do recôncavo da

Guanabara durante os séculos XVII e XVIII ficava em torno dos 40, o que colocava o engenho do Rio Grande

dentro desta média. (PEDROSA, 2011)

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Em finais do século XVIII o engenho do Rio Grande, que por esta altura

estava nas mãos de Vasco Fernandes Rangel de Sampaio, integrante da sétima geração dos

Sampaio e Almeida, conseguiu aglutinar no seu entorno o maior número de pessoas que

residiam sob a esfera de um engenho na freguesia. Isto sugere que esta família senhorial

conseguiu entrar em negociações e acordos com outras famílias de homens livres para que

estes ficassem sob a sua influência, o que do ponto de vista da mão-de-obra no engenho

parecia vital naquele final de século. Vejamos a divisão da escravaria por engenhos segundo o

mesmo relatório de 1797:

Divisão da Escravaria por Engenhos em Jacarepaguá, 1797

Observando a tabela fica claro a dependência de alguns engenhos quanto aos escravos

dos moradores. O Engenho de Fora, cujo proprietário era Francisco Teles Barreto de

Meneses, juiz de órfãos do Rio de Janeiro, não possuía nenhum escravo do próprio senhor.

Provavelmente o engenho contava para a sua produção de açúcar (que em 1797 havia sido de

150 arrobas mais 40 pipas de aguardente) unicamente com as canas lavradas nos partidos dos

seus moradores. De fato, neste mesmo engenho, 8 das 16 famílias que faziam morada nele se

declararam partidistas 3, contando todos os partidistas com um total de 50 cativos para o

trabalho, a maioria dos 59 escravos do engenho. Isto não acontecia porque Francisco Teles

3 As famílias partidistas eram famílias que produziam nas terras do senhor de engenho e não em terras próprias.

Neste caso o senhor de engenho poderia auferir algum tipo de renda pelo usufruto das suas terras, como a

taxação extra sobre o açúcar que as famílias partidistas levavam para beneficiar no engenho.

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não dispunha de escravaria, muito pelo contrário, estamos falando do maior

proprietário de escravos de Jacarepaguá. Contabilizava 230 cativos dos quais 195 eram

adultos que faziam o serviço nos seus outros dois engenhos, o Engenho da Taquara e o

Engenho Novo da Taquara. Ou seja, para o seu Engenho de Fora o juíz de órfãos contava

somente com as famílias para as quais aforava as terras ou tinha como partidistas, tornando

desnecessário recorrer ao mercado de escravos e contrair mais dívidas para tornar o seu

terceiro engenho produtivo.

O engenho do Rio Grande dos Sampaio e Almeida aparece como o caso mais peculiar

justamente por ser o que mais dependia da escravaria dos seus moradores. O proprietário do

engenho contava somente com 12 escravos para o serviço. Suspeito que este número seja

maior, talvez faltasse acrescentar os escravos de outros parentes dos Sampaio e Almeida na

conta, porém provavelmente isto pouco mudaria o panorama aonde 96 dos 108 escravos que

viviam no engenho estavam divididos entre as 59 famílias que residiam nele, o que implica

em dizer que o senhor de engenho detinha a posse de aproximadamente 11% da escravaria do

engenho. Dentro destas 59 famílias, 17 se declararam partidistas com 59 escravos trabalhando

em partidos de cana para o engenho (no mesmo relatório todos os 17 declararam produzir

cana). Isto aponta para uma grande dependência do trabalho de famílias partidistas livres para

a produção açucareira, demonstrando que práticas como as mostradas no testamento de Inácio

de Sampaio em meados do século XVIII foram importantes para sedimentar laços com outros

núcleos familiares e incrementar a produção do engenho da sua família. Além disso, estes

números podem apontar também para a continuidade da influência dos Sampaio e Almeida na

freguesia, uma vez que eles aglutinavam em torno do seu engenho um dos maiores núcleos

populacionais de Jacarepaguá.

Ao que tudo indica existia uma via de mão dupla, pois ao mesmo tempo em que as 59

famílias que viviam no Rio Grande dependiam da boa vontade dos Sampaio e Almeida para

residirem em suas terrras – uma vez que o horizonte não vislumbrava terras sem donos na

freguesia – esta família senhorial também dependia do reconhecimento local para se manter

enquanto uma das melhores famílias da região. Em finais do século XVIII poderia-se dizer

inclusive que a dependência dos Sampaio e Almeida era ainda maior, pois deixava de

depender somente do reconhecimento social para depender agora em maior escala do trabalho

que seus clientes pudessem oferecer para a sua fábrica de açúcar. Este cenário beneficiava as

famílias do Engenho do Rio Grande (as verdadeiras possuidoras de escravos no engenho)

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fornecendo para elas alguma possiblidade de barganha com os Sampaio e Almeida

que talvez se encontrasse em valores menores pelo arrendamento da terra ou então em outros

benefícios.

Os modestos padrões demográficos da freguesia de Jacarepaguá, apesar de

demonstrarem uma faixa de crescimento entre os séculos XVII e XVIII, não impediram que

alguns núcleos famíliares livres se inserissem na dinâmica de poder e até mesmo de produção

dos grandes engenhos da região. Mesmo sendo uma freguesia alimentada pelo tráfico

altântico de escravos, o cativo não obscureceu nem tornou insignificante a parca população

livre da freguesia. Fosse por razões políticas e de organização social aonde famílias

tradicionais da freguesia buscavam manter a sua influência local, ou fosse até mesmo por

questões de mão-de-obra nos engenhos, as famílias da nobreza da terra construíram relações

com outras famílias livres para sustentar a sua posição diferenciada na hierarquia e manter

suas terras produtivas mesmo quando dispunham de grande escravaria, a exemplo do caso do

Engenho de Fora visto mais acima. Por isso, apesar do cenário demográfico diminuto, o

indivíduo livre talvez tenha encontrado situações aonde podia negociar benefícios ou

barganhas com as famílias senhoriais, reforçando a dinâmica das negociações na construção

das hierarquias sociais pelos seus diferentes atores.

Apesar de ser ainda muito cedo para conclusões definitivas, os resultados encontrados

aqui, principalmente para o final do século XVIII, demonstram que existe uma necessidade de

se pensar o papel das famílias livres e sua escravaria na produção colonial, seja ela voltada

para a produção interna ou como parte integrante da produção do açúcar voltada para o

exterior. O seu papel preponderante em alguns casos suscita ainda muitas perguntas e

questões não levantadas, mas que, não obstante, demonstram que as famílias livres podem ter

uma importância maior do que a imaginada para a produção açucareira do Rio de Janeiro

colonial setecentista.

Documentação

Arquivo da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro

Notícias do Bispado do Rio de Janeiro do ano de 1687. VP-38.

Livro de Óbitos de Livres de Jacarepaguá, 1734 – 1796. AP-0208

Livro de Batimos de Escravos de Jacarepaguá, 1752 – 1795. AP-0191

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Arquivo Histórico Ultramarino

Requerimento do Padre Antonio de Sousa Moreira, Vigário da freguezia de N. S. do Loreto

de Jacarepaguá, do Bispado do Rio de Janeiro, em que pede uma esmola para a construção da

capella mór, por ter a freguezia apenas 156 fogos e serem pobres os seus moradores. Rio de

Janeiro, 22 de setembro de 1734. Caixa 38, Doc. N.º 8745-8747.

Mapas descritivos da população das freguesias de Campo Grande, Jacarepaguá, Guaratiba,

Marapicú, Jacutinga, Aguaçú e Taguaí do distrito de Guaratiba, capitania do Rio de Janeiro,

feitos por ordem do vice-rei do Estado do Brasil, conde de Resende [1797]. Rio de Janeiro,

Caixa 165, Doc. 62.

Family Search

Livro de Óbitos de Livres de Jacarepaguá, 1796-1829. Disponível em:

www.familysearch.org, acesso em: 08/11/2013.

Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

Relação do Marquês de Lavradio, parte II. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, tomo LXXVI,

1913.

Almanaque Histórico da Cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro para o ano de 1799. Rio de

Janeiro, Imprensa Nacional, vol. 267, 1965.

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Pizarro: inventário de arte sacra fluminense. Rio de Janeiro: INEPAC, vols. I – II, 2008.

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Janeiro: Brasiliana Editora, 1965.

FARIA, Sheila de Castro. A Colônia em Movimento: fortuna e família no cotidiano colonial.

Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.

FRAGOSO, João. A nobreza vive em bandos: a economia política das melhores famílias da

terra do Rio de Janeiro, século XVII. Algumas notas de pesquisa. Tempo, v.15, p. 11-35,

2003.

MARTINS, José de Souza. O cativeiro da terra. São Paulo: Contexto, 2013.

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PEDROSA, Manoela. Engenhocas da Moral: redes de parentela, transmissão de

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Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2011.

RHEINGANTZ, Carlos G. 1993. Primeiras Famílias do Rio de Janeiro (Séculos XVI e

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RUDGE, Raul Telles. As Sesmarias de Jacarepaguá. São Paulo: Kosmos Editora, 1983.

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conjunturas econômicas no Rio de Janeiro (c.1650 - c.1750). Rio de Janeiro: Arquivo

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