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Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.

I. Direito Penal Geral .............................................................................................................................................................2 • Causas Excludentes da Ilicitude .....................................................................................................................................2

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Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.

I. DIREITO PENAL GERAL

• CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE

De acordo com a teoria analítica o crime é conceituado como o fato típico, antijurídico e culpável. A ilicitude, também denominada de antijuridicidade, é o segundo elemento do conceito analítico de crime. Antijuridicidade ou ilicitude é a contrariedade entre a conduta e o ordenamento jurídico, consistindo na prática de

uma ação ou omissão ilegal. O fato ilícito ou antijurídico é aquele que não está permitido pelo Direito. A antijuridicidade caracteriza-se pela realização do fato típico e pela ausência de uma causa de justificação. O artigo 121 do Código Penal nos informa que é crime a conduta de “matar alguém”, mas e se a pessoa realizada

a conduta visando se proteger de uma agressão injusta, nesse caso ela comete crime? Nesse caso a conduta continua sendo típica, mas não será antijurídico, tendo em vista que o sujeito irá ter agido sob o manto da legítima defesa, a qual é uma causa excludente da ilicitude.

As causas excludentes da ilicitude estão elencadas no artigo 23 do Código Penal, o qual possui a seguinte redação:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

I. Em estado de necessidade; II. Em legítima defesa; III. Em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Excesso Punível:

Parágrafo Único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

Este artigo nos informa que nos temos as seguintes causas excludentes da ilicitude: legítima defesa; estado de necessidade; estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Estado de Necessidade:

O legislador conceituou o Estado de Necessidade no artigo 24 do Código Penal, “Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.”

Estado de necessidade leva a ideia de ponderação de bens diante de uma situação adversa de risco de lesão, ou seja, se existe dois bens jurídicos em perigo, a lei permite um sacrifício de um deles em detrimento do outro, tendo e vista que que nas circunstâncias do caso concreto não se tem como proteger a ambos.

Requisitos do Estado de Necessidade:

Os requisitos são de natureza objetiva e subjetiva.

I. Objetivos:

a) Perigo atual - Este pode ser causado por fato humano, comportamento causado por animal ou fato da natureza.

b) Situação de perigo não criada pelo agente - Neste ponto existe uma discussão se no caso do sujeito ter criado o perigo por uma conduta culposa, se nesta hipótese ele poderia agir em estado de necessidade.

Existem dois entendimentos sobre o tema, sendo que prevalece o entendimento de que o causador culposo pode alegar o estado de necessidade.

a) Salvar direito próprio ou alheio - Neste ponto existe uma discussão se é necessário ou não que o terceiro autorize, sendo que prevalece o entendimento de que não é necessária a autorização prévia ou posterior ratificação.

b) Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo.

Se o agente tem o dever legal de enfrentar o perigo não pode alegar o estado de necessidade. Ex. bombeiro.

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O estado de necessidade não pode ser alegado enquanto o perigo comportar enfrentamento. Mas se nem o bombeiro tem condições de enfrentar o perigo, poderá ser alegado o estado de necessidade. Não se exige uma ação heroica, mas apenas o efetivo trabalho enquanto for possível enfrentar o perigo.

a) Inevitabilidade do comportamento lesivo; b) Inevitabilidade do sacrifício do interesse ameaçado - Aqui entra a proporcionalidade entre

bem protegido e bem sacrificado.

O nosso código penal adotou a teoria unitária no seu artigo 24, § 2º. “Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.”

I. Subjetivo - Uma parcela da doutrina entende que o sujeito somente poderá ser beneficiado dessa excludente se ele tiver conhecimento da situação de perigo.

LEGÍTIMA DEFESA

O conceito de legítima defesa é previsto no artigo 25 do Código Penal. “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”

Requisitos da Legítima Defesa:

Os requisitos são de natureza objetiva e subjetiva.

Objetivos:

a) Agressão Injusta - Agressão humana. Injusta é a agressão contrária ao direito. b) Atual ou iminente - Atual é a que esta acontecendo. Eminente é a que esta prestes a

ocorrer. c) Uso moderados dos meios necessários

I. Por meios necessários entende-se o meio menos lesivo dentre os quais estão a disposição do agredido, mas que seja capaz de repelir a injusta agressão.

II. Uso moderado - Usar moderadamente os meios necessários é usar apenas o que for necessário para repelir a injusta agressão.

d) Proteção de direito próprio ou de outrem - Aqui nos temos a legitima defesa própria e a legitima defesa de terceiro.

I. Subjetivo - Deve o agente conhecer as circunstâncias do fato justificante, demonstrando ter conhecimento que esta agindo diante de um ataque atual ou iminente.

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Estrito Cumprimento do Dever Legal:

Esta previsto na primeira parte do artigo 23, inciso III do Código Penal. O agente público, no desempenho de suas atividades, não raras vezes é obrigado, pelo ordenamento jurídico, a

violar um bem jurídico. A atuação acima narrada se for realizada dentro dos limites legais, estará justificada pela excludente da ilicitude

do estrito cumprimento do dever legal. O exemplo clássico de estrito cumprimento do dever legal é o do policial que ao efetuar a prisão em flagrante de

uma pessoa, necessita usar violência moderada para contê-lo.

Exercício Regular de um Direito:

O exercício regular de um direito compreende ações do cidadão comum autorizadas pela existência de direito definido em lei e condicionadas à regularidade do seu exercício, hoje limitada a duas hipóteses:

a) A situação “pro magistratu”: situações em que o Estado não pode estar presente para evitar a lesão a um bem jurídico ou recompor a ordem pública. Ex. flagrante facultativo – é autorizado a cada um do povo que seja efetuada prisão em flagrante. Art. 301 do CPP: “Art. 301. Qualquer do povo poderá (exercício regular de um direito) e as autoridades policiais e seus agentes deverão (estrito cumprimento do dever legal) prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”; Desforço imediato (CC); penhor legal – retenção de bagagem do hóspede que não quer pagar a diária.

b) Direito de Castigo: educação, sendo indispensável a moderação.

Requisitos do exercício regular do direito:

Indispensabilidade (impossibilidade de recurso) útil aos meios coercitivos normais; Proporcionalidade; Conhecimento da situação de fato justificante.

Adotando-se a Teoria da Tipicidade Conglobante, o exercício regular de um direito deixa de configurar descriminante, para adquirir natureza jurídica de causa de atipicidade, pois configura ato normativo.

Ofendículos: são aparatos preordenados para a defesa do patrimônio. Ex. lança no portão, cacos de vidro no muro; cerca elétrica.

Natureza jurídica:

1ª Corrente: natureza jurídica de legítima defesa. 2ª Corrente: exercício regular de um direito. 3ª Corrente: enquanto não acionado, trata-se de exercício regular do direito. Mas quando acionado, tem

natureza jurídica de legítima defesa (para ter sido acionado, o bem foi atingido). 4ª Corrente: diferencia de ofendículo de defesa mecânica predisposta, afirmando que ofendículo é aparato

visível, configurando um exercício regular de um direito; já a defesa mecânica predisposta é um aparato oculto e se acionado configura legítima defesa.

Obs.: Na doutrina, prevalece a terceira corrente. Observe-se que, sempre, seja como legítima defesa ou exercício regular do direito, é necessário que haja razoabilidade e proporcionalidade. Ex. a cerca elétrica deve ser suficiente para afastar o agressor além de respeitar altura mínima exigida pela lei.

Existe a possibilidade de um anima servir como ofendículo.

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Legítima defesa real X legítima defesa real: não é possível que ocorra a legítima defesa relativa a ambos. Legítima defesa real X legítima defesa putativa: é possível, uma vez que a legítima defesa putativa é

imaginária, e por isso é injusta o que permite que alguém aja em legítima defesa real. Legítima defesa putativa X legítima defesa putativa: é possível também, considerando que aqui têm-se

duas agressões injustas e nenhum dos dois terá excluída a ilicitude de seu comportamento.

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1º BLOCO ......................................................................................................................................................................................2 I. Direito Penal Especial ........................................................................................................................................................2 • Homicídio ......................................................................................................................................................................2

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I. DIREITO PENAL ESPECIAL

• HOMICÍDIO

Homicídio simples:

Art 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Caso de diminuição de pena:

§1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado:

§2° Se o homicídio é cometido:

I. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II. Por motivo fútil; III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,

ou de que possa resultar perigo comum; IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne

impossível a defesa do ofendido; V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Homicídio culposo:

§3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos.

Aumento de pena:

§4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. §5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Conceito:

O Homicídio é a injusta morte de uma pessoa praticada por outrem.

Topografia do Homicídio:

O Homicídio se encontra inserido dentro do capítulo referente aos crimes contra a vida. No art. 121, caput tem-se o chamado Homicídio Doloso Simples. No art. 121, §1º tem-se o chamado Homicídio

Doloso Privilegiado. O art. 121, §2º traz o Homicídio Doloso qualificado. O art. 121, §3º traz o Homicídio Culposo. O art. 121, §4º do CP traz as Majorantes de Pena, o §5º traz o Perdão Judicial.

Homicídio doloso simples:

Homicídio simples:

Art 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

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Sujeito ativo:

O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, tratando-se de crime comum.

Sujeito passivo:

A lei diz matar alguém. Esse alguém é qualquer pessoa humana.

Conduta punida:

A conduta punível nesse tipo penal nada mais é que tirar a vida de alguém. Atente-se que esta vida a que faz referência o dispositivo é a vida extrauterina. Se for a vida intrauterina será o caso de aborto.

Quanto ao início do parto existem três correntes:

• 1ª Corrente: dá-se com o completo e total desprendimento do feto das entranhas maternas. • 2ª Corrente: ocorre desde as dores do parto • 3ª Corrente: ocorre com a dilatação do colo do útero.

Forma de execução:

Trata-se de delito de execução livre, podendo ser praticado por ação ou omissão, meios de execução diretos ou indiretos.

Tipo Subjetivo:

O art. 121, caput é punido a título de dolo direto ou dolo eventual.

Obs.: A finalidade do agente pode servir como privilégio ou como qualificadora.

Consumação e tentativa:

Trata-se de delito material ou de resultado, ou seja, o delito consuma-se com a morte. Aqui se indaga quando uma pessoa é considerada morta. A morte dá-se com a cessação da atividade encefálica.

Cessando a atividade encefálica, o agente será considerando morto. É o que se extrai do disposto na Lei 9.434/97 - Lei de Transplantes.

A tentativa é possível considerando que o homicídio se trata de crime plurissubsistente, permitindo a execução fracionamento.

Crime hediondo:

O homicídio simples pode ser considerado crime hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio. É o chamado homicídio condicionado.

Homicídio Privilegiado:

Caso de diminuição de pena:

§1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

É um caso de diminuição de pena, havendo diminuição de pena de 1/6 a 1/3. Essa diminuição de pena é direito público subjetivo do réu, pelo que, presentes os requisitos, o juiz deve reduzir a

pena.

A lei elenca três hipóteses em que o agente comete o crime de homicídio privilegiado:

I. Se o agente comete o crime por motivo de relevante valor social: no valor social, o agente mata para atender os interesses de toda coletividade.

II. Se o agente comete o crime por relevante valor moral: no relevante valor moral, o agente mata para atender interesses particulares, diferente do valor social. Esses interesses morais são ligados aos sentimentos de compaixão, misericórdia ou piedade.

III. Se o agente comete o crime sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima – Homicídio Emocional: atente-se que domínio não se confunde com mera influência. O domínio é mais absorvente, o domínio cega; a mera influência turva a visão. A mera influência é uma atenuante de pena prevista no art. 65 do CP.

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É necessário observar que o homicídio deve ocorrer logo após a injusta provocação da vítima, ou seja, deve haver imediatidade da reação (reação sem intervalo temporal). Essa expressão logo em seguida é muito porosa, pelo que entendeu a jurisprudência que, enquanto perdurar o domínio da violenta emoção, a reação será considerada imediata.

Observe-se ainda que a provocação da vítima deve ser injusta, e isso não traduz, necessariamente, um fato típico. Pode haver injusta provocação sem configurar fato típico, mas serve para configurar o homicídio emocional. Ex. Adultério.

Homicídio Qualificado:

Homicídio qualificado:

§2° Se o homicídio é cometido:

I. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II. Por motivo fútil; III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou

de que possa resultar perigo comum; IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne

impossível a defesa do ofendido; V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Motivo torpe:

É o motivo abjeto, ignóbil, vil, espelhando ganância. O próprio legislador traz um exemplo, que é o caso de paga ou promessa de recompensa – é o chamado

homicídio mercenário. O legislador aqui encerrou de forma genérica, o que permite a interpretação analógica, ou seja, permite ao juiz a

análise de outras situações que aqui podem se enquadrar.

I. Crime plurissubjetivo:

Necessariamente têm-se as figuras do mandante e do executor, o que conduz a um crime plurissubjetivo.

II. Natureza da paga ou promessa de recompensa:

Prevalece que a paga ou promessa de recompensa, necessariamente é de natureza econômica.

No caso de o agente matar mediante paga ou promessa de recompensa de natureza diversa da econômica, por exemplo, sexual, continua se tratando de motivo torpe, pois não deixa de se ajustar ao encerramento genérico, somente não configurando o exemplo dado no início do inciso.

Homicídio qualificado por motivo fútil:

Motivo fútil é aquele que ocorre quando o móvel apresenta real desproporção entre o delito e a sua causa moral. Tem-se a pequeneza do motivo (matar por pouca coisa). Ex. briga de trânsito.

Atente-se que motivo fútil não se confunde com motivo injusto, uma vez que a injustiça é característica de todo e qualquer crime – injusto penal. Mas aqui, além de injusto é também fútil, pequeno.

Meio insidioso, cruel ou que possa resultar perigo comum:

Esse inciso permite igualmente a interpretação analógica, trazendo como exemplos, o emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura.

O encerramento de maneira genérica permite a interpretação analógica. Nesse ponto, merece destaque a análise da qualificadora “emprego de veneno”. O crime de homicídio com

emprego de veneno é chamado venefício. Veneno pode ser conceituado como substância, biológica ou química, animal, mineral ou vegetal, capaz de

destruir as funções vitais do organismo humano. Não é substância com qualidade exclusivamente letal, mas aquela substância que em contato com o organismo

humano possa causar sua destruição. Magalhães Noronha alerta para o caso do açúcar para diabético trata-se de veneno.

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Obs.: Para a ocorrência da qualificadora é imprescindível que a vítima desconheça estar ingerindo a substância letal (meio insidioso). A substância deve ser introduzida no organismo da vítima sem que ela tenha conhecimento disso.

Recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido:

O legislador cita como exemplos a traição, emboscada ou dissimulação, finalizando de maneira genérica o que também permite a interpretação analógica.

Aqui se faz necessário conceituar: traição, emboscada e dissimulação:

I. Traição: ataque desleal, repentino e inesperado. II. Emboscada: pressupõe ocultamento do agressor, que ataca a vítima com surpresa. III. Dissimulação: significa fingimento, disfarçando o agente a sua intenção hostil. Ex. aquele

que convida para ir a casa de outrem e lá chegando mata o convidado.

Para assegurar a execução, ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Aqui existe um nexo com outro crime. A denominação dada é de Homicídio por conexão. E existem duas possibilidades:

I. Conexão teleológica: o agente mata para assegurar a execução de crime futuro. II. Conexão consequencial: nessa hipótese, o agente mata para assegurar a impunidade,

vantagem ou ocultação de crime pretérito (passado).

Para a maioria da doutrina, o homicídio qualificado quando também privilegiado não será hediondo, uma vez que o privilégio é preponderante.

Homicídio Culposo:

§3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos.

Conceito:

O agente, com manifesta negligência, imprudência ou imperícia, deixa de empregar a atenção de que era capaz, provocando com sua conduta, o resultado morte, previsto – culpa consciente, ou previsível – culpa inconsciente, porém jamais querido ou aceito.

Infração de Médio Potencial Ofensivo:

Por se tratar de infração de médio potencial ofensivo (já que a pena mínima é de um ano) há possibilidade de suspensão condicional do processo. O art. 121, §3º do CP é uma norma geral quando comparado ao art. 302 do CTB que possui uma especializante “na direção de veículo automotor”.

Majorantes de Pena:

Aumento de pena:

§4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

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Aqui se tem o rol das majorantes do homicídio doloso e o rol das majorantes do homicídio culposo.

Majorantes do homicídio culposo:

• Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: aqui se tem a negligência profissional. O agente, apesar de dominar a técnica, não a observa no caso concreto. É diferente da imperícia, pois nessa hipótese, o agente não domina a técnica.

• Omissão de socorro: é claro que não incide o art. 135 do CP. Se a omissão de socorro está servindo como majorante não se aplica o artigo 135 do CP, exatamente para evitar o bis in idem.

É imprescindível para a incidência dessa majorante:

a) Socorro possível b) Sem risco pessoal para o agente.

• Fuga para evitar flagrante: para a maioria da doutrina esta majorante é aplicável pois o agente demonstra, ao fugir do flagrante, ausência de escrúpulo e diminuta responsabilidade moral, lembrando que prejudica as investigações.

Para a doutrina moderna essa majorante não deveria incidir pois a pessoa estaria obrigada, nessa hipótese a produzir prova contra si mesmo o que vai de encontro ao instituto de liberdade, e já que a fuga sem violência não é crime e daí que não poderia também incidir essa majorante.

Majorante do homicídio doloso:

• Crime praticado contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos.

Obs.: não abrange o idoso com idade igual a 60 anos. Esse foi um lapso do próprio Estatuto do Idoso.

Atente-se que a idade da vítima deve ser conhecida pelo agente. O agente tem que saber que a vítima é menor de 14 anos ou maior de 60 anos a fim de evitar a responsabilidade penal objetiva.

Perdão Judicial:

§5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Perdão judicial é o instituto pelo qual o Juiz, não obstante a prática de um fato típico e ilícito, por um agente comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, o preceito sancionador cabível, levando em consideração determinadas circunstâncias que concorrem para o evento.

O Estado perde o interesse de punir.

Natureza jurídica da sentença concessiva do perdão judicial:

Acerca da matéria existem duas correntes:

• 1ª Corrente: tem a sentença natureza condenatória. Nessa hipótese, haverá interrupção da prescrição e a sentença servirá como título executivo.

Atente-se que, se a sentença for considerada de natureza condenatória, será necessária a execução do devido processo legal, com a existência de contraditório e da ampla defesa.

• 2ª Corrente: a sentença tem natureza declaratória, extintiva da punibilidade. Nesse caso, a sentença não interromperá a prescrição e não servirá como título executivo.

Nesse caso poderia ser concedido o perdão a todo tempo.

Perdão Judicial e Código de Trânsito Brasileiro:

O perdão judicial no CTB estava previsto no art. 300, mas este foi vetado. Esse dispositivo trazia o perdão judicial, porém este foi vetado.

Nesse ponto, se indagado o que pode ser interpretado do veto, é necessário lembrar as razões do veto. O veto efetivado nessa hipótese foi com base na remissão ao perdão judicial do CP. Olhando as razões do veto, o Presidente da República não quis impedir o perdão judicial, mas apenas efetivou remissão ao perdão judicial do CP.

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1º BLOCO ......................................................................................................................................................................................2 I. Leis Especiais ....................................................................................................................................................................2 • Lei de Crimes Hediondos - Lei 8.270/90 .........................................................................................................................2

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I. LEIS ESPECIAIS

• LEI DE CRIMES HEDIONDOS - LEI 8.270/90

Conceito:

Para conceituar um crime hediondo existem três sistemas:

Sistema legal: afirma que compete ao legislador apresentar rol taxativo dos delitos considerados hediondos. É o adotado pelo legislador. É criticado considerando que adota uma ideia de gravidade do crime em abstrato. Celso de Mello afirma que, quem deve analisar a gravidade do crime é o juiz, no caso concreto.

Sistema Judicial: no sistema judicial, compete e ao Juiz, analisando o caso concreto, julgar se o delito é ou não hediondo. No sistema judicial, o conceito de hediondez fica sob o império do juiz. Trata-se de sistema perigoso, em razão da falta de segurança e taxatividade. Nessa hipótese, ignora-se a taxatividade.

Sistema Misto: é um sistema misto, que vai tentar misturar o sistema legal com o judicial. Nessa hipótese, compete ao legislador apresentar rol exemplificativo dos crimes hediondos, podendo o Juiz encontrar outras hipóteses na análise do caso concreto. Tal sistema vem admitindo uma forma de interpretação analógica. Esse sistema deve ser duplamente criticado, considerando que ignora a taxatividade e analisa a gravidade do crime somente em abstrato.

Obs.: O Brasil adota o Sistema Legal, segundo previsão do art. 5º, XLIII da CF. Tal sistema é considerado um Sistema Justo? O STF adota o sistema legal? O STF critica tal sistema, afirmando que o sistema legal não é justo considerando que analisa o crime em abstrato, não analisando, a gravidade em concreto do crime.

Por outro lado, o crime de genocídio é considerado crime hediondo, apesar de não estar no CP. É o único crime hediondo que não está no CP.

Crimes hediondos - consequências:

Art.2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; II - fiança. §1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. § 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. § 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.

Impossibilidade de concessão do indulto -divergência:

A CF diz que os crimes hediondos ou equiparados são insuscetíveis de graça ou anistia, nada tendo afirmado acerca do indulto. Isso nos termos do art. 5º, XII da CF:

Já a lei de crimes hediondos proíbe a anistia, a graça e o indulto. Daí que se indaga se a previsão da proibição do indulto feita pela Lei dos Crimes Hediondos é inconstitucional.

Temos um entendimento que diz que as proibições definidas no Texto Constitucional não poderiam ser limitadas pelo Legislador, ao passo que uma outra parcela afirma ser possível.

Vedação da fiança:

Esse inciso previa a proibição tanto da fiança quanto da liberdade provisória, havendo alteração no ano de 2007:

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Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.

Diante dessa modificação, e quanto ao cabimento da liberdade provisória para os crimes hediondos surgem duas correntes: a majoritária entende ser possível liberdade provisória para crime hediondo. É a corrente que prevalece no Supremo Tribunal Federal. A segunda corrente afirma não ser possível e fundamenta essa ideia no fato de que a vedação estaria implícita na inafiançabilidade.

Regime inicialmente fechado:

A previsão anterior era no sentido de que a pena relativa dos crimes hediondos seria cumprida em regime integralmente fechado. Posteriormente, com a edição da lei 11.464/07 houve imposição de regime inicialmente fechado, com lapsos temporais necessários fixados para a progressão de regime.

Tem sido cobrada em concursos a seguinte situação: a prática do fato (crime hediondo) ocorreu antes da lei 11.464/07, mas a execução de pena se deu somente após a reedição dessa lei. Indaga-se a possibilidade progressão de regime, e caso seja possível, qual será a fração utilizada para a progressão.

Que haverá a possibilidade de progressão de regime, isso não há dúvidas. Mas muita divergência surgiu tendo em vista a fração. O posicionamento consolidado no STF foi no sentido que deve ser aplicada a fração de 1/6 de pena cumprida em relação aos delitos praticados antes da vigência da lei 11.464/07.

Atualmente há inclusive Súmula vinculante acerca da matéria. Súmula vinculante 26, STF:

Possibilidade do réu apelar em liberdade:

Observe-se que, sempre o juiz deverá fundamentar sua decisão. E atuando no caso concreto é melhor fundamentar o cabimento da preventiva com base em mais de um pressuposto do art. 312 do CPP. Deve-se procurar fundamentar com base de pluralidade de situações. Quanto a conveniência da instrução criminal, não deve ser este o fundamento para decretar a prisão preventiva, considerando que a prisão é sempre imprescindível. Assim, deve-se usar a expressão da imprescindibilidade da prisão para a instrução criminal.

Prisão temporária com prazo diferenciado: 30 + 30 dias.

A prisão temporária, no caso de crimes hediondos tem prazo diferenciado, de 30 dias, prorrogável por mais 30 dias, comprovada a imprescindibilidade da medida. Isso porque, em regra a prisão temporária tem prazo de 5 + 5 dias.

Afirma que, em se tratando de crime hediondo ou equiparado, o prazo é de trinta dias, prorrogáveis por mais trinta. Mas essa lei não alterou somente o prazo, tendo alterado reflexamente o rol dos crimes que admite a prisão temporária, considerando que a lei de crimes hediondos traz rol de crimes, e dentre esses, alguns não estão no rol da prisão temporária. Ex. art. 273 (alteração, falsificação de medicamentos destinados para fins terapêuticos) do CP, Estupro de Vulnerável e Tortura.

Esse três crimes que são hediondos (ou equiparados, no caso da tortura) admitem a prisão temporária sim, sendo essa a posição que prevalece. Observe-se que admitida a prisão temporária, o prazo será de 30 + 30 dias.

Conclusão: A Lei 8.072/90, no seu art. 2º, §4º, não somente alterou o prazo da prisão temporária para crimes hediondos ou equiparados, como também, ampliou o rol dos delitos que admitem essa espécie de prisão, acrescentando os artigos 217-A e 273 do CP, e a Tortura. Esses três crimes não estão no rol da prisão temporária, mas podem ser objeto da prisão temporária de 30 + 30 dias. Isso tendo em vista o Princípio da Posteridade – lei posterior pode alterar lei anterior.

Livramento Condicional:

Tal dispositivo incluiu um inciso no art. 83 do CP, especialmente o inciso V (cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza) em que há previsão de que seja concedido o livramento condicional ao condenado por crimes hediondos ou equiparados que tenha cumprido mais de 2/3 da pena, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.

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Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.

O livramento condicional nada mais é que uma liberdade antecipada. A previsão legal do livramento se encontra no art. 83 do CP, tendo como requisitos temporais os seguintes:

a) Condenado primário + bons antecedentes: mais de 1/3; b) Condenado reincidente: mais de 1/2 c) Condenado por crime hediondo ou equiparado: mais de 2/3, se não reincidente

específico.

Sucede que, há divergência na doutrina acerca do conceito de reincidência específica, surgindo sobre a matéria três correntes:

• 1ª Corrente: diz que reincidente específico é o reincidente em crimes hediondos ou equiparados. Ex. prática de estupro prática de latrocínio = não faz jus ao livramento condicional.

• 2ª Corrente: é o reincidente em crimes hediondos ou equiparados que tutelam o mesmo bem jurídico. Para essa corrente 213 e 157, §3º tutelam bens distintos, pelo que é possível o livramento condicional. Não faria jus ao livramento no caso do agente ter cometido, por exemplo, um latrocínio e uma extorsão mediante sequestro.

• 3ª Corrente: é o reincidente em crimes hediondos ou equiparados previstos no mesmo tipo penal. Não somente deve tutelar o mesmo bem jurídico, como também deve ter previsão no mesmo tipo penal. Ex. latrocínio e extorsão mediante sequestro faz jus ao livramento pois não estão no mesmo dispositivo. Não teria direito ao livramento no caso, por exemplo, em que são praticados dois estupros.

Prevalece a primeira corrente.

Análise dos Principais Crimes Hediondos - art. 1º da Lei de Crimes Hediondos:

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). VII-A – (VETADO) VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou consumado

Homicídio, quando praticado por atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente:

O homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio é hediondo, mesmo que não qualificado. Será, portanto, hediondo, ainda que na forma simples (caput – art. 121). É o chamado homicídio condicionado.

Homicídio Qualificado:

O homicídio qualificado é hediondo sempre, pouco importando a qualificadora existente. Indaga-se a possibilidade de homicídio qualificado privilegiado. Há sim possibilidade de homicídio qualificado privilegiado no caso em que a qualificadora for objetiva.

Assim, é possível homicídio qualificado privilegiado, desde que a qualificadora seja objetiva. Havendo, por outro lado, qualificadora subjetiva e privilégio subjetivo, deve prevalecer o privilégio, considerando que, o privilégio é quesitado em primeiro lugar, e os jurados o reconhecerem não pode mais o juiz quesitar sobre a qualificadora.

Indaga-se se o homicídio qualificado privilegiado é hediondo. Prevalece o entendimento que não é crime hediondo.

Art. 157, §3º, in fine, do CP – Latrocínio:

O latrocínio é o crime de roubo qualificado pela morte, ou seja, trata-se de crime contra o patrimônio, qualificado pela morte. Diante disso, apesar de haver morte, é delito que não vai a Júri. Súmula 603, STF: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri”

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Observe-se que, somente no caso da morte, é que o crime é chamado de latrocínio e é considerado hediondo. É necessário ainda relembrar a Súmula 610 do STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma,

ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima”. Há doutrina criticando essa súmula, aduzindo sua inconstitucionalidade, mas até o momento ainda vige no STF.

Extorsão qualificada pela morte:

Tem previsão no art. 158, §2º do CP. O referido artigo dispõe que se aplica a extorsão praticada mediante violência o disposto acerca do latrocínio.

Extorsão mediante sequestro:

Tem previsão no art. 159 do CP, tratando-se de crime hediondo por natureza, não sendo necessário tecer maiores considerações.

Estupro simples:

Estupro de vulnerável, sem violência:

Indaga-se se essa alteração é retroativa ou irretroativa. Para aqueles que adotavam a segunda corrente (antes da Lei 12.015) não há problema algum, devendo ser adotado o Princípio da Continuidade Normativo-Típica, não sendo necessário indagar a retroatividade.

Já para aqueles que adotavam a primeira corrente, está-se diante de uma Lex gravior. Adotando-se essa ideia, a modificação é irretroativa e recentemente, o STJ (6ª Turma) decidiu nesse sentido.

A partir do julgamento do HC 88.664/GO houve uma mudança no entendimento da sexta turma do STJ, não mais considerando hediondo o estupro com violência presumida, antes da lei 12.015/09.

Epidemia com resultado morte:

Leva-se em consideração que somente a propagação de doença humana é que configura o crime, já que em se tratando de enfermidade que atinja plantas ou animais, o crime será do art. 61 da Lei 9.605/98 – Lei dos Crimes Ambientais não etiquetados como hediondos.

PONTOS DA LEI DE DROGAS

Prescrição no Crime de Uso de Substância Entorpecente:

A lei de drogas traz regra especifica com relação a prescrição no crime de uso de substância entorpecente, na medida em que estabelece de forma expressa que o prazo prescricional é de dois anos.

Logo, não se aplica neste tipo de delito os prazos previstos no artigo 109 do Código Penal.

Critérios para diferenciar o crime de uso do delito de tráfico de drogas:

A resposta a essa questão é dada pelo § 2º do artigo 28 da Lei n.º 11.343/06, o qual possui a seguinte redação:

§2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.

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Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.

De acordo com esse artigo a quantidade da droga não é o único fator a ser utilizado para se definir se a droga se destina a consumo pessoal ou se é o caso de enquadrar a conduta, na medida em que deve ser levado em consideração a natureza, o local e as condições em que se desenvolveu a ação, as circunstâncias sociais e pessoas, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.

Tráfico Privilegiado:

Tal conduta é prevista no artigo 33, § 4º da Lei n.º 11.343/06, o qual possui a seguinte redação:

§4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.

A doutrina denomina este artigo como tráfico privilegiado, é uma causa de diminuição de pena.

Requisitos:

I. Agente primário II. Bons antecedentes III. Não se dedique a atividade criminosa IV. Não integre organização criminosa

Esses requisitos são cumulativos. Se o réu preencher todos os requisitos o juiz não terá a faculdade de reduzir ou não a pena, mas sim o dever, se

trata de um direito público subjetivo do acusado. A lei vedava a conversão da pena privativa de liberdade em pena restritiva de direitos, contudo o Supremo

Tribunal Federal considerou inconstitucional tal vedação.

Crime do artigo 39 da Lei de Drogas X Artigo 306 do CTB:

Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.

É a conduta de conduzir embarcação ou aeronave após consumo de drogas, expondo outrem a dano. O veículo aqui não está incluído em razão de previsão específica no CTB. É imprescindível que a conduta do agente diminua o nível de segurança (Há rebaixamento do nível de segurança). Não havendo rebaixamento do nível de segurança tem-se mera infração administrativa.

Para a consumação do delito não basta à condução normal, se faz necessário que a sua conduta tenha gerado perigo de dano.

E se o sujeito for flagrado dirigindo veículo automotor sob a influência de drogas, qual tipo ele responde? Ele responde pelo crime previsto no artigo 306 do CTB, na medida em que o delito do artigo 39 da Lei de Drogas

somente se aplica no caso da condução de embarcação ou aeronave. Deve se atentar para o fato que para a consumação do crime do artigo 306 do CTB não é necessária que o sujeito

tenha exposto a dano potencial a incolumidade de outrem, diverso do que ocorre no delito do artigo 39 da Lei de Drogas.

Prazo do Inquérito Policial:

O prazo do inquérito policial na lei de drogas é de 30 dias, se o sujeito estiver preso e 90 dias se for solto, os quais poderão ser duplicados pelo Juiz.

Peculiaridades do Rito procedimental da Lei de Drogas:

A primeira grande diferença entre o rito da lei de drogas do rito previsto no Código de Processo Penal é no tocante ao fato de que naquela o réu é notificado, e somente após a apresentação da defesa prévia que o juiz irá decidir se recebe ou não a denúncia, diverso do que ocorre no CPP.

A segunda diferença diz respeito ao fato de que o interrogatório do acusado é o primeiro ato a ser realizado na Audiência de Instrução e Julgamento, ao passo que no procedimento ordinário previsto no Código de Processo Penal, o interrogatório é o último ato a ser realizado.

Ausência de Perito - Laudo Preliminar:

A lei prevê que na falta de perito oficial, o mesmo poderá ser feito por pessoa idônea.