alergia ao látex

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latex alergia

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    ALERGIA AO LTEX

    Durante as ltimas dcadas, a prevalncia das doenas alrgicas tem aumentado, especialmente nos pases mais industrializados do mundo. As razes para o aumento da morbidade das doenas alrgicas so ainda desconhecidas, mas fatores hereditrios e ambientais so reconhecidamente importantes, e o nvel de exposio aos alrgenos um dos fatores de risco para o desenvolvimento da sensibilizao, entre outros (LILJA & WICKMAN, 1998; Von MUTIUS, 2000).

    No ambiente interno de trabalho, o aumento da morbidade das doenas alrgicas pode estar relacionado ao aumento da exposio alergnica (CARRER et al., 2001). O desenvolvimento e a introduo de novos processos ou produtos nos locais de trabalho tm exercido influncia na relao entre riscos e desenvolvimento de sade ou doena.

    Alm disso, esta relao executada sob determinadas condies tem levado ao aumento da exposio ocupacional, resultando em acidentes do trabalho ou doenas ocupacionais. No ambiente hospitalar, as doenas ocupacionais como a asma, rinite e dermatoses so consideradas decorrentes da exposio a estas fontes de alrgenos (BERNSTEIN, 1997).

    As doenas alrgicas cutneas ou respiratrias tm sido consideradas como um dos principais problemas ocupacionais entre os trabalhadores da rea da sade (BAUR et al., 1995; TURJANMAA et al., 1996; BERNSTEIN, 1997; TURJANMAA et al., 1997), onde a principal fonte de exposio alergnica tem sido o uso de luvas de ltex com p (SUSSMAN & BEEZHOLD, 1995; LISS et al., 1997; JOHNSON, 1998) e a sensibilidade causada pela presena de protenas hidrossolveis (WOODS et al., 1997). At o final da dcada de 80, o uso de luvas de ltex era considerado incuo, mas, atualmente, vem-se revelando como sensibilizador alrgico importante, principalmente no ambiente hospitalar (LUNDBERG, WRANGSJ, JOHANSSON, 1997).

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    Atualmente, o uso de luvas indispensvel nas prticas de cuidados sade e tem importncia fundamental na diminuio do risco de exposio ocupacional por contato aos patgenos transmitidos pelo sangue e fludos corporais, por conferir proteo de barreira. As luvas de ltex, tanto cirrgicas como de procedimentos, tm demonstrado eficincia na preveno da transmisso de doenas infecciosas nos trabalhadores da rea da sade. Desta forma so indispensveis para o trabalho dirio, devendo oferecer conforto, barreira e propriedades tteis (SUSSMAN & BEEZHOLD, 1995).

    O ltex de borracha natural o exsudato citoplasmtico extrado pelo sangramento da rvore tropical Hevea brasiliensis. um extrato viscoso, com aspecto leitoso, produzido no citoplasma de clulas laticferas ou produtoras de ltex, juntamente com aminocidos, lipdios, fosfolipdios, carboidratos e protenas (2% a 3%) (HAMANN & KICK, 1993; REIS, 1994; SRI-AKAJUNT et al., 2000). A Figura 1 mostra a frmula estrutural da borracha natural de ltex, cuja unidade funcional essencial formada por polmeros de cis -1,4- poliisopreno,

    cobertos por camada de protenas lipdicas e fosfolipdicas que garantem sua integridade estrutural (YUNGINGER, 1998; SRI-AKAJUNT et al., 2000). Estas protenas contidas na sua composio so os antgenos considerados responsveis pela hipersensibilidade do tipo I ao ltex (HAMANN & KICK, 1993), sendo que aproximadamente 60% delas esto ligadas intimamente borracha, isto , com os polmeros de isopreno e, 40% como protenas solveis, presentes no soro do ltex (HAMANN & KICK, 1993; YUNGINGER, 1998).

    Em 1987, devido ao surgimento da Sndrome da Imunodeficincia Adquirida (AIDS), o Centers for Disease Control and Prevention (CDC)

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    introduziu as Precaues Universais, atualmente denominadas Precaues-Padro, enfatizando a necessidade de todos os trabalhadores da sade rotineiramente usarem luvas ao entrar em contato com fludos corporais. Devido a esta recomendao, o uso de luvas de ltex aumentou no mundo todo e, como conseqncia deste novo comportamento, passou-se a observar o aumento de relatos de casos de alergia ocupacional ao ltex entre os trabalhadores hospitalares. Nessa dcada, para abastecer o aumento da demanda no mercado mundial, muitos fabricantes mudaram seu processo de fabricao, abreviando ou suprimindo etapas importantes de remoo de protenas e resduos qumicos, resultando em produtos de baixa qualidade e com altas concentraes de alrgenos (SUSSMAN & BEEZHOLD, 1995; WOODS et al., 1997; WARSHAW, 1998).

    YAGAMI et al. (1998), sugerem que em decorrncia do aumento da extrao do ltex da Hevea brasiliensis para suprir o aumento mundial do consumo de luvas e preservativos, a planta passou a aumentar a produo das protenas de defesa pelo aumento da freqncia e intensidade dos cortes sofridos para a extrao da seiva.

    As luvas e os preservativos de borracha so exemplos de produtos fabricados a partir da imerso de formas ou moldes em extrato de ltex de borracha natural.

    O processo de manufatura das luvas com ou sem p inicia-se com a extrao da seiva do tronco da rvore Hevea brasiliensis e, logo aps, adiciona-se amnia, tiuram ou sulfitos para prevenir a contaminao bacteriana e autocoagulao do extrato, bem como separar a fase lquida da slida por centrifugao, concentrando a parte slida em at 60% e removendo o soro que contm protenas hidrossolveis.

    Outros aditivos qumicos como aceleradores (tiuram e carbamatos) e antioxidantes (fenilenediamina) so adicionados posteriormente parte concentrada, contribuindo para a obteno das propriedades desejadas da borracha, tais como fora de tenso, elasticidade, durabilidade e sensibilidade ttil. Formas de porcelana ligadas em cadeias contnuas so ento imersas em mistura lubrificante de amido de milho e em nitrato de

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    clcio, que coagula o ltex. Depois de aderidos s formas, os mesmos so secados em forno. Seqencialmente, as formas so imersas na soluo de ltex natural ficando depositado um filme uniforme desta soluo.

    O coagulante aplicado anteriormente e o calor convertem o ltex natural de lquido para slido. Aps, escovas giratrias em contato com as formas enrolam o punho para formar a bainha. As formas passam, ento por banho em gua morna para remover as protenas hidrossolveis e o excesso de aditivos qumicos. Novamente as formas entram em um forno a 100C para completar a coagulao (vulcanizao), juntamente com aceleradores base de enxofre (HAMANN & KICK, 1993; YUNGINGER, 1998; MEADE, WEISSMAN, BEEZHOLD, 2002). Finalmente aplicado p de amido de milho na parte externa das luvas que posteriormente so removidas das formas.

    Outra alternativa para a lubrificao das luvas substituir o p de amido pelo processo de clorinao, tornando-as menos alergnicas.

    O desenvolvimento dos sintomas da hipersensibilidade do tipo I ao ltex envolve uma srie de interaes entre linfcitos T ativados, que podem atuar modulando a resposta imune por mecanismo de citotoxicidade ou por linfcitos B, que so responsveis pela resposta humoral com produo de anticorpos.

    As IgE produzidas pelas clulas B tm papel fundamental nas reaes alrgicas e fazem parte da fisiopatologia da alergia do tipo I ao ltex, alm de outras doenas alrgicas. Estas reaes so iniciadas quando a IgE especfica a um determinado antgeno liga-se aos receptores de alta afinidade localizados na superfcie dos mastcitos e basfilos que, posteriormente ligadas ao alrgeno, causam a ativao celular com a liberao de mediadores inflamatrios (SILVA, et al., 2000; ARSHAD & HOLGATE, 2001).

    As trs manifestaes clnicas conhecidas e discutidas na literatura relacionadas ao uso de luvas de ltex de borracha natural no trabalho so: dermatite irritante de contato, dermatite alrgica de contato e hipersensibilidade do tipo I.

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    A dermatite de contato conseqncia da resposta inflamatria a um ou mais agentes externos que podem agir como irritantes da pele quando mecanismos imunolgicos no esto envolvidos ou como alrgenos, quando a hipersensibilidade mediada por clulas T (GAWKRODGER, 2001).

    A dermatite irritante de contato a dermatose ocupacional no imunolgica mais comum associada ao uso de luvas (SUSSMAN & BEEZHOLD, 1995; CRESPO, 1997) e ocorre quando substncias exgenas causam danos diretos pele (WOODS et al., 1997). As causas principais que levam os usurios a desenvolverem este tipo de desconforto esto relacionadas lavagem freqente das mos, uso de sabes anti-spticos, secagem incompleta das mos e ao p presente nas luvas. Os sintomas mais freqentes so pele seca e avermelhada, fissuras, descamao e coceira (CRESPO, 1997; YUNGINGER, 1998; CARROL, 1999; NIOSH ALERT, 1997), repercutindo na integridade de barreira da pele.

    Por outro lado, a resposta imunolgica predominante provocada pelo uso de luvas de ltex a dermatite alrgica de contato ou hipersensibilidade do tipo IV. Trata-se de uma manifestao de hipersensibilidade tardia resultante da resposta imune mediada por linfcito T a um alrgeno, que so as substncias qumicas adicionadas ao ltex durante a sua manufatura, principalmente aceleradores e antioxidantes (Figura 2) (WILKINSON & BURD, 1998; CARROL, 1999).

    Contudo, estas duas ocorrncias dermatite irritante e alrgica de contato podem ser confundidas, pois os sinais clnicos so muito semelhantes (NIOSH ALERT, 1997; WOODS et al., 1997; CARROL, 1999).

    A hipersensibilidade do tipo I s protenas do ltex, apesar de no ser a mais freqente, a reao mais grave provocada pelo ltex, sendo que o desenvolvimento de reao sistmica mediada por IgE antiltex nos indivduos previamente sensibilizados variam desde urticria leve at anafilaxia sistmica (SIMMS, 1995; STEELMAN, 1995; VANDENPLAS et al., 1995; LISS et al., 1997; SMEDLEY et al., 1999).

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    Assim, a alergia ao ltex definida como a demonstrao de sensibilidade mediada por IgE s protenas do ltex, em associao com sintomas de urticria de contato, angioedema, rinite, conjuntivite, asma ou anafilaxia, ocorrendo quando um indivduo entra em contato com os alrgenos (HUNT, 1993; BREHLER & KUTTING, 2001). O diagnstico baseado no levantamento da histria clnica detalhada de sintomas relacionados s reaes mediadas por IgE a produtos de ltex, bem como no levantamento de certas condies de risco como a presena de atopia, mltiplas cirurgias, histria de alergia a frutas, exposio ocupacional, entre outras, e o diagnstico clnico confirmado por diagnstico laboratorial (KURUP & FINK, 2001).

    Os testes auxiliares de diagnsticos mais utilizados so: in vivo, como o TCP com soluo de antgenos da borracha, pela presena de IgE antiltex na pele, sendo considerado o mtodo mais seguro para o diagnstico (TURJANMAA et al., 1997; KURUP & FINK, 2001) ou in vitro, como o mtodo enzyme-linked immunoabsorbent assay (ELISA) pela deteco de IgE antiltex no soro (TURJANMAA et al., 1996; WOODS et al., 1997; POLOSUO et al., 1998; KURUP & FINK, 2001). TURJANMAA et al. (1997), em estudo multicntrico na Frana e Finlndia, analisaram o extrato comercial de ltex de borracha natural para padroniz-lo em TCP em pacientes com diagnstico de alergia ao ltex do tipo I e em pacientes sem alergia ao ltex do tipo I, tendo obtido 100% de especificidade e 93% de sensibilidade.

    BLANCO et al. (1998), comparando o desempenho de solues preparadas para TCP de quatro solues comerciais, quatro solues-teste de alrgeno de luvas de ltex e um extrato de ltex natural com teste sorolgico para determinar IgE especfica, encontraram para a soluo-teste de alrgeno de luvas de ltex de 64% a 96% de sensibilidade diagnstica e 100% de especificidade.

    HAMILTON, BIAGINI, KRIEG (1999), estudando o desempenho de trs imunotestes anticorpo IgE especfico ao ltex, licenciados pela Food and Drug Administration (FDA), encontraram 76,3% de sensibilidade e 96,7% de especificidade para o teste RAST da empresa Pharmacia-

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    UpJohn Corporation, em comparao ao TCP com soluo comercial Greer.

    No ambiente de trabalho, a exposio aos antgenos do ltex pode ocorrer atravs do contato direto com a pele ou membranas mucosas, ou pela inalao de partculas de protenas aderidas ao p das luvas e dispersadas no ar (REIS, 1994; VANDENPLAS et al., 1995) e a expresso clnica da hipersensibilidade do tipo I ao ltex nos indivduos sensibilizados depende da via de exposio aos antgenos, podendo ser cutnea, mucosa e respiratria.

    A absoro das protenas do ltex atravs da pele considerada a principal via de sensibilizao nos trabalhadores da rea da sade e tambm a principal responsvel pelas manifestaes de urticria local, mas eventualmente podem se estender para outras reas, tornando-se sistmica (WARSHAW, 1998; KURUP & FINK, 2001).

    Tem sido demonstrado que a inalao das protenas dispersadas no ar e aderidas ao p das luvas capaz de desencadear sintomas nasais, oculares e respiratrios (BLANCO et al., 1998), sendo que a inalao por indivduos sensibilizados pode levar rinite, conjuntivite e asma, alm de manifestaes graves de anafilaxia sistmica, taquicardia, angioedema, nusea, vmito, desconforto abdominal e hipotenso (WOODS et al., 1997; WARSHAW, 1998).

    NUTTER (1979), na Gr-Bretanha, descreve o primeiro caso de aparecimento de urticria aps contato com luvas de borracha em uma dona de casa. Em 1980, FRSTRM descreveu o primeiro caso de urticria de contato por luvas cirrgicas de ltex em uma enfermeira de centro cirrgico, que exibia simultaneamente sintomas de rinite e edema de plpebras.

    O grupo de indivduos com alto risco para a hipersensibilidade do tipo I ao ltex por exposio continuada ou freqente a produtos de ltex como luvas, cateteres, drenos, mscaras e tubos de anestesia inclui trabalhadores da rea da sade, pacientes com espinha bfida, com anormalidades no trato geniturinrio (MONERET-VAUNTRIN & BEAUNDOVIN, 1993; NIGGERMANN et al., 1998), aqueles que foram

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    submetidos a vrios procedimentos cirrgicos (LEBENBOM-MANSOUR et al., 1997), alm de trabalhadores da indstria da borracha e indivduos atpicos (KORNIEWICZ e KELLY, 1995).

    Em estudos internacionais descrito que a prevalncia na populao geral atpica em torno de 1% (SUSSMAN & BEEZHOLD, 1995; WARSHAW, 1998). Contudo, atravs de estudos na populao geral, a prevalncia de IgE antiltex tem sido estimada entre 3,5% e 6,4% (OWNBY et al., 1996; SENNA, et al., 1999). LEBENBOM-MANSOUR et al. (1997), estudaram 996 pacientes cirrgicos ambulatoriais e encontraram 6,7% de indivduos com anticorpo especfico ao ltex atravs de anlise sorolgica.

    A maior parte dos estudos entre trabalhadores da sade estima entre 2% a 17% a hipersensibilidade do tipo I ao ltex. Essa variao pode ser devido s diferenas nos mtodos ou reagentes empregados para estimar a prevalncia nestes estudos, diferenas nos critrios de seleo dos sujeitos bem como diferenas nos grupos estudados (WARSHAW, 1998).

    Em estudos europeus a prevalncia de positividade pelo TCP ao ltex variou de 0,9% a 10,8%. Na Frana, a prevalncia obtida de hipersensibilidade do tipo I ao ltex foi de 10,7% entre enfermeiros de centro cirrgico (LAGIER et al., 1992). VANDENPLAS et al. (1995), na Blgica, encontraram 4,7% de sensibilizao alrgica do tipo I ao ltex. HANDFIELD-JONES (1998), estudando 53 trabalhadores desse grupo de risco em um hospital britnico, encontrou prevalncia de alergia ao ltex do tipo I de 0,9%, pelo TCP com extrato de luvas. J SMEDLEY et al. (1999), realizando testes cutneos por punctura e sorolgico em 59 trabalhadores da sade, encontraram prevalncia de 3,3%. GALOBARDES et al. (2001) encontraram sensibilizao alrgica do tipo I ao ltex de 10,8% no grupo de expostos e 6% no grupo de no expostos em um hospital na Sua.

    Estudos americanos e canadenses mostraram taxas elevadas de prevalncia de sensibilizao alrgica do tipo I ao ltex, variando entre 6,2% a 30%. HUNT et al. (1995), encontraram 30% de sensibilizao alrgica do tipo I ao ltex em 342 trabalhadores da sade com sintomas ao uso de luvas de ltex, em um hospital americano. GRZYBOWSKI et al.

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    (1996), encontraram 8,9% de indivduos com IgE antiltex em 741 enfermeiros voluntrios, sendo que 3,6% tiveram resultado fortemente positivo. LISS et al. (1997), no Canad, obtiveram 12,1% de prevalncia em 1.351 trabalhadores da rea hospitalar pelo TCP, sendo mais alta entre os trabalhadores do laboratrio (16,9%), enfermeiros e mdicos (13,3%) do que no restante da populao estudada. BROWN, SCHAUBLE, HAMILTON (1998), atravs de anlise sorolgica determinaram a prevalncia de 12,5% de hipersensibilidade do tipo I ao ltex entre anestesistas e enfermeiras anestesistas, sendo que 2,4% dos indivduos apresentavam sintomas clnicos e 10,1% no. WATTS et al. (1998), atravs do teste de punctura drmica encontraram prevalncia de 14% de hipersensibilidade do tipo I ao ltex entre trabalhadores de unidade de cuidados intensivos. PAGE et al. (2000), determinaram a prevalncia de 6,2% de sensibilizao ao ltex, estudando a presena de IgE antiltex em 531 trabalhadores da sade.

    Para LEUNG et al. (1997), na China, atravs do estudo de TCP a prevalncia encontrada de hipersensibilidade do tipo I ao ltex foi de 6,8%.

    H poucos estudos que descrevem a hipersensibilidade do tipo I ao ltex nos pases da Amrica do Sul. Em investigao sorolgica na Argentina, envolvendo 249 pacientes atendidos em um hospital de ensino, a prevalncia encontrada foi de 17,3% em trabalhadores da sade (17/98) e o restante dos pacientes estudados correspondeu a 21,2% dos sensibilizados (32/151) (DOCENA, et al., 1999). GELLER, PAIVA, GELLER (1997), no Brasil, apresentaram o primeiro estudo brasileiro epidemiolgico controlado de alergia ao ltex, estudando 50 profissionais da rea cirrgica de um hospital metropolitano do Rio de Janeiro e encontraram 6% de sensibilizao alrgica, atravs do TCP.

    Todos os casos de testes positivos apresentavam histria pessoal e familiar positiva para atopia e alergia de contato ao ltex. LOPES & LOPES (2000) descreveram trs casos de trabalhadores da sade do CAISM que apresentavam sintomas clnicos fortemente sugestivos de alergia do tipo I ao ltex, sendo que para estes trabalhadores foram oferecidas luvas de vinil

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    para o trabalho. LOPES, BENATTI, ZOLLNER (2004) encontraram 8% de sensibilizao alrgica em trabalhadores da equipes de enfermagem e mdica de uma UTI neonatal do CAISM/UNICAMP atravs do TCP e sorolgico.

    A alergia a mltiplos alimentos, principalmente frutas e castanhas, est, tambm, associada alergia a produtos de ltex de borracha natural e tm-se demonstrado que pacientes com alergia ao ltex do tipo I freqentemente sofrem de intolerncia alimentar, apresentando sintomas orofaringeais e s vezes anafilaxia. Alrgenos comuns ao ltex e frutas tm sido identificados, incluindo banana, abacate, papaia, melo, manga, abacaxi e pssego, entre outros (BREHLER et al., 1997). Esta reatividade cruzada com alrgenos de outras plantas explicada pela presena de epitopos de IgE comuns entre ltex e frutas (KURUP & FINK, 2001). BREHLER et al. (1997), relataram a associao de alergia do tipo I ao ltex com papaia, abacate, abacaxi, banana e castanha, entre outras frutas.

    Dos 136 participantes com hipersensibilidade do tipo I ao ltex, 51% tinham IgE especfica ao papaia, 46% ao abacate, 36% castanha e 19% ao abacaxi. Outros estudos encontraram evidncia de forte associao entre a ingesto de alimentos como castanha, banana, kiwi, melo, pssego e abacaxi indivduos com sorologia positiva para o ltex (LAGIER et al.; 1992, LISS et al.; 1997, GARCIA ORTIZ et al.; 1998, LOPES, BENATTI, ZOLLNER, 2004).

    VANDENPLAS, DELWICHE, De JONGHE (1997), descreveram o desenvolvimento de asma ocupacional desencadeada por antgenos do ltex e da amoxacilina em uma farmacutica, tendo a presena de IgE especfica ao ltex sido diagnosticada por anlise sorolgica. Estudos adicionais de teste de provocao brnquica especfica foram realizados e evidenciaram a manifestao de desenvolvimento de asma ocupacional pelos dois antgenos. Por sua vez, VENTURA et al. (1999), descreveram reao de hipersensibilidade do tipo I para o ltex e amoxacilina em uma enfermeira de centro cirrgico, cuja hipersensibilidade foi identificada atravs da anlise sorolgica, sugerindo tambm ser uma doena ocupacional.

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    O p presente nas luvas desempenha papel importante nas reaes de hipersensibilidade do tipo I especfica ao ltex, pois alm de ser responsvel pelas reaes respiratrias devido exposio aos alrgenos dispersados no ar, tambm responsvel pelas reaes drmicas devido exposio cutnea (LISS, et al.; 1997; BREHLER & KUTTING, 2001).

    descrito que a quebra da integridade da pele pode facilitar a sensibilizao ao ltex por absorver os antgenos atravs das leses (LISS et al.; 1997). O rompimento da integridade da pele provocada pelas leses pode tambm propiciar a entrada de patgenos ou outros agentes nocivos, que podem causar risco sade dos trabalhadores. Medidas para se reduzir estas queixas e melhorar as condies da pele das mos dos trabalhadores da sade envolvem particularmente o uso de luvas de ltex sem p, disponibilizar sabes anti-spticos para lavagem das mos, com caractersticas de pH compatvel com a pele e com presena de umectantes, intercalar com soluo anti-sptica alcolica a 70% cada lavagem das mos (LARSON, 1995; LARSON, 2001) e melhorar a qualidade do papel-toalha utilizado para secar as mos aps a sua lavagem.

    Em estudo conduzido por TRAP, SCHENCK, WARREN (2000), para avaliar os sintomas de trabalhadores da sade um ano aps ser implantada poltica de restrio ao uso de luvas com p, encontraram 40,3% de sintomas de dermatite, 10,6% de sintomas respiratrios e 3,6% de urticria. Para realizar a preveno primria da hipersensibilidade do tipo I ao ltex, como em qualquer programa de controle do ambiente com o objetivo de prevenir doenas ocupacionais, deve-se fazer o controle da exposio aos riscos ou corrigi-los. Na grande maioria dos pases europeus, nos Estados Unidos e Canad, a responsabilidade legal para reduzir a exposio aos riscos no trabalho do empregador e, em sua grande maioria, os trabalhos indexados tm seus objetivos centrados na explorao dos fatores de risco para a hipersensibilidade e na formulao de medidas de preveno da doena (SMEDLEY, 2000).

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    O uso de luvas com baixa quantidade de alrgenos e luvas sem talco reconhecido por vrias organizaes como o mecanismo mais importante no estabelecimento de um ambiente seguro ao ltex (GOLAS & DURRANCE, 2001). Os estudos demonstram que as luvas com p contm mais protenas do que as luvas sem p (MAHLER et al., 2000) e que o p presente nas luvas representa um fator de risco ocupacional para a sensibilizao pela disperso de antgenos, principalmente as protenas hidrossolveis. Assim, o p que adicionado luva para facilitar a sua colocao parece aumentar a exposio aos alrgenos do ltex pelo contato direto com a pele e pelo trato respiratrio (SMEDLEY, 2000).

    Segundo documento emitido pelo Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) em 1997 e reafirmado pelo Occupational Safety & Health Administration (OSHA) em 1999, foi recomendado aos empregadores adotar uma poltica de proteo aos trabalhadores quanto exposio ao ltex no trabalho. Estas medidas incluem o fornecimento de luvas sem ltex, onde h pouco potencial para o contato com material infeccioso (reas de manipulao de alimentos) e de luvas de ltex com baixa quantidade de protenas, entre outras. Adicionalmente, recomenda-se aos trabalhadores com hipersensibilidade do tipo I ao ltex evitar o contato e uso de luvas, e de outros produtos, que contenham ltex.

    Para indivduos com hipersensibilidade do Tipo I a nica maneira de prevenir sintomatologia evitar utilizar ou entrar em contato com produtos de ltex de borracha natural. Oferecer um ambiente seguro aos profissionais significa disponibilizar luvas de matria-prima que no seja de ltex de borracha natural, como luvas de nitrile ou vinil. As luvas de ltex mesmo sendo submetidas a processos de manufatura especiais para obter produtos com baixos nveis de protena no so consideradas seguras devido impossibilidade de extrao total das protenas. O uso de luvas com talco tambm devem ser desencorajados para prevenir a sensibilizao de novos trabalhadores.

    Os profissionais da sade que apresentam hipersensibilidade tardia do tipo IV aos aditivos qumicos devem ser diagnosticados precisamente e

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    devem evitar marcas de luvas que causam reao alrgica, pois diferentes produtos apresentam potencial alergnico diferente. Medidas para se reduzir dermatite irritante inclui medidas como evitar o uso de luvas com talco; melhorar a qualidade de papel-toalha utilizado para enxugar as mos e deve ser considerada tambm a qualidade dos sabes anti-spticos.