aleister crowley e a prática do diário mágico

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  • Conforme Novo Acordo Ortogrfico

  • Traduo:Carlos Raposo

    Incluindo: Joo So Joo (Equincio I, 1),

    Um Mestre de Templo (Equincio III, 1) e materiais complementares

  • 9ndiceAbreviaes ......................................................................................... 13 Prembulo ........................................................................................... 15Prefcio Segunda Edio ................................................................ 19Introduo ........................................................................................... 23

    Uma Breve Biografia de Aleister Crowley ...................................... 23The Equinox ............................................................................... 26O Templo de Salomo, o Rei ..................................................... 27

    Uma Breve Biografia de Frater Achad ............................................ 28Uma Breve Autobiografia ............................................................... 29Por que o Dirio .............................................................................. 29

    Iluminismo Cientfico ................................................................ 29Honestidade Espiritual ............................................................... 34Os Estados da Mente na Mgika ............................................... 34A Escrita Clara Leva Compreenso ........................................ 36Professor e Aluno ....................................................................... 36

    Comeando ..................................................................................... 39Uma Palavra sobre o Contedo ....................................................... 42Uma Palavra sobre Discrio .......................................................... 44

    A Histria da Primeira Emenda ................................................. 44Escrita Codificada e Privacidade .................................................... 44Uma Palavra sobre Disciplina ......................................................... 45

    Relacionamento com o Dirio como um Outro ..................... 46Anedotas Pessoais ........................................................................... 48

    Frustraes com a Prtica .......................................................... 48Lendo os Registros do Nascimento de Satra ............................. 49Encontrando Notas Preservadas no Dirio ................................ 49Ento o Dirio Salvou Minha Vida ............................................ 49

    Outros Efeitos da Prtica ................................................................ 50Estimulando o Crescimento Espiritual ...................................... 50Acessar Diretamente o Passado ................................................. 51Aumentar a Autocompreenso ................................................... 53Ajudando outros Magistas ......................................................... 54

  • Aleister Crowley e a Prtica do Dirio Mgico10

    Liber DCCCLX - Joo So Joo ...................................................... 57

    Prefcio ........................................................................................... 61Prlogo ............................................................................................ 631 de Outubro. O Primeiro Dia ....................................................... 66O Segundo Dia ................................................................................ 69O Terceiro Dia ................................................................................. 73O Quarto Dia................................................................................... 79O Quinto Dia ................................................................................... 89O Sexto Dia ..................................................................................... 95O Stimo Dia .................................................................................. 103O Oitavo Dia ................................................................................... 113O Nono Dia ..................................................................................... 118O Dcimo Dia ................................................................................. 126O Dcimo Primeiro Dia .................................................................. 133O Dcimo Segundo Dia .................................................................. 139

    Liber CLXV Um Mestre de Templo .............................................. 145

    Seo I ........................................................................................... 149Seo II .......................................................................................... 150As Regras ........................................................................................ 151Os Exerccios .................................................................................. 152

    O Primeiro Exerccio ................................................................. 152O Segundo Exerccio ................................................................. 152O Terceiro Exerccio .................................................................. 152

    Seo III ......................................................................................... 154Seo IV ......................................................................................... 168Seo V .......................................................................................... 174Um Comentrio Resumido. Por Fra O.M. 7=4 ........................... 191

    Apndices ............................................................................................ 193

    28 Teoremas de Magia .................................................................. 195

    Liber E vel Exercitiorum .............................................................. 199

    Liber O vel Manus et Sagittae ..................................................... 207

    O Livro ........................................................................................... 223

    O Mtodo de Treino ...................................................................... 225

    A Respeito do Dirio Mgico ....................................................... 227

    Glossrio Culinrio de Joo So Joo .............................................. 229

    Bibliografia Selecionada .................................................................... 233

  • 11

    IlustraesA rvore da Vida ................................................................................ 56Fora Cega .......................................................................................... 59Retrato de Frate V.I.O. ...................................................................... 147O Pentculo de Frater V.I.O. ............................................................. 189O Lamen de Frater V.I.O. .................................................................. 190O Observador Silencioso ................................................................... 194Os Sinais dos Graus ........................................................................... 213

  • 13

    Abreviaes

    As abreviaes usadas na introduo referem-se aos livros designa-dos abaixo. A informao completa a respeito deles pode ser consultada na bibliografia selecionada:

    [666]: The Magical Record of the Beast 666 [O Relatrio Mgico da Besta 666][1923]: The Magical Diaries of Aleister Crowley [Os Dirios Mgicos de Aleister Crowley][Book IV]: Book IV, parts 1 & 2 [Livro IV, partes 1 & 2][Conf]: The Confessions of Aleister Crowley [As Confisses de Aleister Crowley][DDF]: The Diary of a Drug Fiend [Dirio de um Demnio Drogado][JSJ]: John St. John [Joo So Joo][MT]: A Master of the Temple [Um Mestre de Templo][MTP]: Magick in Theory and Practice [Mgika em Teoria e Prtica][TSK]: The Temple of Solomon the King [O Templo do Rei Salomo]

    Nota: Em Joo So Joo e em Um Mestre de Templo, a abreviao ED refere-se a Aleister Crowley e/ou ao editor original. Os colchetes [...] do texto original de Joo So Joo foram substitudos por chaves {...}. Qualquer traduo ou comentrio deste presente editor foram colocados como notas de rodap entre colchetes [...]. Em Um Mestre de Templo, mi-nhas notas entre colchetes so identificadas com as iniciais JW. Em minha introduo, as referncias s pginas de Joo So Joo e de Um Mestre de Templo dizem respeito s pginas desta obra. As referncias ao Book IV relacionam-se sua primeira edio, as quais tambm se encontram citadas nas margens de Magick, Book IV, parts I-IV.

    Partes interessadas em contatar a AApodem escrever para:

    ChancellorBM ANKH

    London WC1N 3XX ENGLAND

  • 15

    PrembuloFaze o que queres h de ser o todo da Lei.

    Q uando fui chamado para escrever umas poucas palavras como prembulo para a nova edio deste livro, prazerosamente aceitei a tarefa. O valor deste pequeno tomo j era evidente quando de sua primeira publicao. Somada aos dirios clssicos de Aleister Crowley e de Charles Stansfeld Jones, que formam o cerne deste livro, a presente coletnea valorizou-se com a introduo de James Wasserman. O relato profundamente pessoal e genuno de sua prpria experincia no apenas traz o testemunho sobre a importncia do dirio mgico, como atesta para a relevncia e a continuidade de uma tradio viva.

    Mais de trs dcadas se passaram desde que abri, pela primeira vez, as pginas do fascculo inicial do Equinox, Vol. 1, e encontrei o notvel dirio mgico de Crowley, intitulado Joo So Joo. Fui cativado pela fo-tografia de Aleister Crowley todo paramentado fazendo o Sinal da Fora Cega. Somente a fotografia j me fez querer ler o livro. To logo comecei a leitura, a fotografia foi esquecida e o prprio livro prendeu minha ateno. Depois de todos esses anos, encontro-me retornando a ele, continuamente em busca de inspirao e sabedoria. Tive a mesma reao quando recebi o assim chamado Equincio Azul (Equinox III, I) e descobri o Liber CLXV Um Mestre de Templo, prefaciado com uma fotografia de Charles Stansfeld Jones trajando seu manto de Probacionista e meditando no Asana do Drago. Aquela imagem falava muito sobre a seriedade do trabalho diante de mim. Ao l-lo, no fiquei desapontando.

    altamente apropriado que essas duas obras estejam reunidas neste tomo. Apesar de representarem duas perspectivas completamente diferen-tes, a de um Adepto experiente e a de um principiante, ambas so exemplos maravilhosos da prtica do dirio mgico.

    Alm do significativo contedo de Joo So Joo, que remexeu mi-nha conscincia, tambm fiquei curioso a respeito do porqu de Crowley ter intitulado essa obra do modo como ele o fez. Uma vez que se trata de um relato do retiro mgico de Frater O.M., por que ele o relacionou

  • Aleister Crowley e a Prtica do Dirio Mgico16

    ao pseudnimo Joo So Joo? Conhecendo a predileo de Crowley por deixar pistas mgicas como migalhas de po ao longo do caminho, segui essa linha de investigao. No currculo da AA, o livro oficialmente designado como Liber DCCCLX. O nmero 860 , simplesmente, o valor da palavra Joo em grego. Em sua juventude, Crowley esteve imerso na Bblia, e essa influncia permeou sua obra ao longo de toda a vida dele. No deveria ser nenhuma surpresa o fato de ter escolhido o nome do aps-tolo Joo, a quem se credita no apenas a escritura de um Evangelho e de Epstolas, mas tambm do Apocalipse. No Evangelho de Joo que encon-tramos o divino avatar descrito como O Logos, um termo apropriado por Crowley e identificado como o Magus. A influncia do Apocalipse de Joo sobre a mitopoese pessoal de Crowley deveria ser autoexplicativa, mesmo ao mais casual leitor de suas obras. Na verdade, dentro do texto de Joo So Joo, Crowley fez referncia direta ao apstolo Joo, chamando-o de meu homnimo. Contudo, aqui, na identificao com uma figura religio-sa, existe mais do que simplesmente o propsito de ser esperto ou criativo. A chave para o ttulo do livro reside na dupla construo do nome Joo, o homem, unido com So Joo, o Divino: Joo So Joo. Em outras pala-vras, uma metfora para a unio entre o homem e Deus, Microcosmo e Macrocosmo, o que, no Sistema da AA, chamado de Conhecimen-to e Conversao do Santo Anjo Guardio.* Na poca em que Joo So Joo foi composto, Crowley j havia experimentado essa grande Iniciao. Mesmo assim, ele buscou intensificar a comunho ao comear um reti-ro mgico unicamente dedicado a tal propsito. O retiro no era para ser algo isolado do mundo, mas realizado no decorrer da vida diria. Ao tomar essa orientao, ele nos deu a importante lio de que a demanda pela Vida Espiritual no necessita estar divorciada da vida mundana. Joo, o homem mediano, pode se tornar So Joo, o homem Iluminado, enquanto viver no mundo, e no fora dele. Essa a grande tarefa empreendida por Frater O.M. e registrada nesse inestimvel dirio. Mesmo estando claro que a obra foi concebida em estilo literrio para finalidades de publicao, e realmente assim ela foi escrita, Crowley a descreve como um modelo de como um relatrio mgico deveria ser, na medida em que importante uma descrio analtica, acurada e completa. O texto tambm est repleto de informaes pertinentes ao aspirante e para a busca pela unio com o Augoeides. Por essas razes, Joo So Joo (Liber DCCCLX) leitura requisitada pelo currculo do Dominis Liminis da AA.

    O trecho do relatrio mgico de Charles Stansfeld Jones (Frater Achad), apresentado sob o ttulo de Um Mestre de Templo, outro caso peculiar. O documento contm apenas partes do relatrio de Jones, com extensivos comentrios feitos por Crowley sob a gide de Frater O.M. O trecho provou ser uma ferramenta prtica para Instrutores da AA, um

    *N.E.: Sugerimos a leitura de Santo Anjo Guardio A Magia Sagrada de AbraMelin, o Mago, Atribuida a Abrao, o Judeu, Madras Editora.

  • Prembulo 17

    exemplo de como o Professor pode analisar os resultados registrados e ajudar o Estudante na autoanlise por meio de comentrios construtivos. Ele tambm contm um bom exemplo daquilo que um Professor nunca deveria fazer.

    Deve-se entender que o Relatrio de Frater Achad no tpico da mdia de estudantes com experincia equivalente dele. Seu caso foi nico e, ao final das contas, trgico, servindo mais como aviso do que como um exemplo a ser seguido. As primeiras entradas em seu dirio so bastante promissoras e so testemunhos de sua dedicao e perseverana. Entretan-to, at mesmo no comeo de suas prticas, existem sutis indicaes de uma tendncia para a grandiosidade e a vaidade. Esse um sintoma no de todo estranho aos principiantes, especialmente queles que tm as primeiras ex-perincias com estados de transe. Uma das principais tarefas do Instrutor ajudar o Estudante a manter todas as coisas em perspectiva e a no cair vtima do exagero do ego. Justia seja feita a Frater Achad; deve-se admitir que o desejo extrapolado de Crowley por um retumbante relatrio de su-cesso resultou em uma imensa tolice de sua parte, o que representou parte considervel da falha de Achad. Em 1913, Frater Achad recebeu uma noti-ficao de que havia avanado do grau de Probacionista a Nefito. No texto dessa carta existe a seguinte nota: Desejamos que nossa Corporao seja uma Corporao de Servidores da Humanidade. Uma poca vir quando obters a experincia do 14 Aethyr. Irs tornar-te um Mestre de Templo. Aquela experincia deve ser seguida pela do 13 Aethyr, em que o Mestre pe inteiramente de lado todas as ideias de conquistas pessoais, ocupando-se exclusivamente com o cuidado de outros.

    Crowley declarou que essa nota escrita para Frater Achad impor-tante luz dos eventos posteriores. Sem dvida. Crowley aparentemente esquecera, ou escolhera ignorar, a mesma instruo dada a ele no 13 Aethyr, em que contemplou a Viso do Mestre de Templo cuidando de seu jardim de discpulos. O Nome Mstico do Mestre de Templo Nemo, Nenhum Homem. A tarefa de cada pessoa que se torna um Nemo cuidar desse jardim, sem saber ou se preocupar com quem se tornar Nemo depois dele. Nas palavras do Anjo do 13 Aethyr, Ele, que cuida do jardim, no busca-r escolher a flor que ser NEMO. Ele nada far, seno cuidar do jardim. Infelizmente, cuidar dos outros no era o forte de Crowley. Frater Achad faria o Juramento do Abismo prematuramente como um Zelator e em pou-cos anos se autodestruiria, frustrando uma promissora vida de servio sob as pedras da autodeluso e da loucura. As primeiras indicaes do erro, tanto de Frater Achad quanto de seu Instrutor, esto claramente documen-tadas nesse Relatrio. Para aqueles que tm seguido os passos de ambos, seja como Estudante seja como Instrutor, de ajuda inestimvel.

    Como James Wasserman indica em sua introduo, confrontar-se com o prprio erro e tolice e registr-los em um dirio so processos inquietan-tes e perturbadores. Manter os relatrios de nosso sucesso fcil; relatar nossas fraquezas e falhas bem mais difcil, mas normalmente prova ser mais til nas longas caminhadas. Esperamos que esses Relatrios mgicos,

  • Aleister Crowley e a Prtica do Dirio Mgico18

    que contm exemplos honestos tanto de sucesso quanto de fracasso, inspi-rem e deem esperana queles que encetaram a Grande Obra.

    Desmaias, fracassas e escreves clamou a Voz desolada; mas eu te preenchi com um vinho cujo sabor no conheces. (Liber LXV, IV:59)

    Amor a lei, amor sob vontade.

    J. Daniel GuntherAbril de 2005, e.v.

  • 19

    Prefcio Segunda EdioFaze o que queres h de ser o todo da Lei.

    A primeira edio deste livro foi publicada em 1993. Christopher Hyatt, da New Falcon Publishing, pediu-me para sugerir um li-vro de, ou sobre, Aleister Crowley que precisasse ser publica-do. O que estaria faltando no crescente corpo da literatura thelmica? Propus imediatamente um livro sobre o Dirio Mgico, composto dos dois mais importantes grupos de instrues publicadas por Crowley. Tambm sugeri que algum adicionasse sua prpria experincia com essa prtica. Ento, esqueci-me a respeito disso at poucos meses de-pois, quando Hyatt me pediu para criar o livro que eu tinha sugerido.

    H anos muitas pessoas tm elogiado esta obra como um ingrediente que verdadeiramente lhes faltava. Muitos de ns no esto vontade quan-to a entregar nossos pensamentos pessoais a um papel. E a repetida insis-tncia de Crowley sobre essa prtica pode ser considerada simplesmente como sua preferncia pessoal como escritor. Entretanto, a prtica do dirio veio para mim de modo relativamente natural. Cerca de 35 anos depois de t-la comeado, sinto-me feliz por isso.

    Na preparao desta nova edio para publicao, muitas possibi-lidades acabaram surgindo. Desde que a primeira edio deste livro foi publicada, o Califa Hymenaeus Beta, da Ordo Templi Orientis, realizou um trabalho de mestre, publicando edies originais de outros dirios de Crowley. Ele deu incio a uma srie de dirios reunidos de Crowley, come-ando em 1998 com o Equinox IV, 2, The Vision and the Voice and Other Papers [A Viso e a Voz e Outros Escritos] (o qual inclui o dirio do Tra-balho de Paris, aqui mencionado). Os dirios americanos de 1914 a 1919 aparecero como Equinox IV, 3, The Diary of a Magus and Other Papers [O Dirio de um Mago e Outro Escritos]. Um volume de seus dirios de 1898 a 1908 tambm est em preparao.

  • Aleister Crowley e a Prtica do Dirio Mgico20

    Existem inmeros dirios no publicados de estudantes que foram pr-ximos a Crowley, e eles contribuem para tornar fascinante a leitura. Keith Richmond lanou um excelente livro dos dirios de Frank Bennet. Michael Kolson fez uma tima edio do dirio de Victor Neuburg, assim como em outro material histrico. Tambm temos manuscritos de alguns dirios fasci-nantes de mulheres estudantes de Crowley. Com o tempo, espero que muitos outros livros encontrem uma forma de ser publicados.

    Na verdade, estamos esperando especialmente pela primeira publi-cao da segunda parte do dirio aqui apresentado, Um Mestre de Templo, de Frater Achad, como editado por Aleister Crowley e Hymenaeus Beta na longamente aguardada reconstruo do Equinox, Volume 3, Nmero 2, a ser lanado pela Thelema Media. Esse livro tambm incluir a publicao definitiva do mais importante documento de Achad, Liber XXXI, o qual levou Crowley a proclam-lo como o Filho Mgico previsto em O Livro da Lei, particularmente nos versos I;55-56 e III;47.

    Mesmo com toda a abundncia desse material novo disponvel em publicao ou em manuscrito , os dois livros aqui inclusos, Joo So Joo e Um Mestre de Templo (Parte I), so as nicas instrues a respeito do de-vido uso e da forma de um Dirio Mgico publicadas por Crowley durante sua vida. Depois de algumas pesquisas e de um exame de conscincia, decidi manter este livro como ele sempre foi a melhor introduo ao Dirio Mgico, tanto para um principiante quanto para um praticante mais avanado, com o mnimo de informaes adicionais.1

    Quando este livro foi reimpresso em 2004, examinei minha introdu-o, feita h dez anos, para ver o quanto necessitava ser atualizada e melho-rada. O que li foram palavras honestas e reveladoras de algum que amou e praticou Thelema por toda a vida, no melhor de suas habilidades. Havia pouco a acrescentar, e sua mera reimpresso parecia satisfatria.

    Contudo, a partir do interesse expressado pela Redwheel/Weiser, fi-quei muito contente com a oportunidade de tentar aperfeioar este livro, apesar de ter o cuidado de no jogar fora o proverbial beb com a gua do banho. A mais importante melhoria o prefcio de meu amigo J. Daniel Gunther. A qualidade e a extenso de seu servio por Thelema uma longa histria at o momento no contada, e com muita gratido e alegria que seu trabalho aparece aqui. Todos os interessados em Thelema sero con-vidados a apreciar a futura publicao de seu mais importante livro, The Inward Journey, que ocorrer, esperamos, em breve.

    Modifiquei minha introduo quando julguei que pudesse melhor-la, embora evitasse propositalmente remover algumas das partes mais pessoais que ainda me causavam desconforto. Tive tambm a oportunidade de tra-duzir termos estrangeiros empregados por Crowley, acrescentando notas

    1. Indico ao leitor mais interessado a edio em dois tomos dos dez volumes completos de The Equinox (publicado por Weiser em 1998), que inclui um apndice das anotaes nas margens de Crowley para Joo So Joo.

  • Prefcio Segunda Edio 21

    de rodap entre colchetes em Joo So Joo. Em Um Mestre de Templo, adicionei poucas notas de rodap tambm entre colchetes, marcando-as com minhas iniciais para identificar claramente a autoria. A maioria das notas de rodap em Um Mestre de Templo de autoria do prprio Crowley. Liber O vel Manus et Sagittae foi adicionado ao apndice. Trata-se de uma excelente instruo e, assim como Liber E vel Exercitiorum, que tambm foi includo, frisa a importncia do dirio na prtica e d algumas orienta-es a respeito daquilo que se deve escrever. O Frater Superior da O.T.O., Hymenaeus Beta, forneceu uma carta de Crowley de 1942, dirigida a Roy Leffingwell, um discpulo americano e membro da Loja gape. Ela con-tm uma instruo concisa sobre a prtica do Dirio. O Frater Superior tambm me permitiu incluir seu desenho da rvore da Vida para ajudar a ilustrar as relaes entre os conceitos discutidos no texto. O leitor pode consultar esse glifo para as referncias desconhecidas, no sentido de seguir as conexes entre nmero, planeta, signo astrolgico, carta do Tar, Grau da AA, parte da Alma e os Quatro Mundos da Cabala, pelos quais Crowley to habilmente passeia. As fotografias dele fazendo o Sinal da Fora Cega e de Jones em seu Asana voltaram a ser includas em Joo So Joo e Um Mestre de Templo, enquanto a imagem do Observador Silente do Equinox I, 1 foi includa no apndice. E, falando de coisas mais leves, compilei um glossrio alfabtico das comidas registradas em Joo So Joo para frisar o cardpio sofisticado usado por esse Adepto durante sua Operao. Por fim, atualizei os dados da bibliografia.

    Ainda que o objetivo deste livro sempre tenha sido deixar Crowley descrever com suas prprias palavras seu pensamento sobre a prtica de manter o Dirio Mgico, ainda acredito que importante oferecer a (talvez no solicitada) experincia de algum que levou os ensinamentos de Crowley a srio. Da minha justificativa para incluir minha prpria contribuio.

    Agradeo ao dr. Christopher S. Hyatt, que me instigou a escre-ver isto; a Michael Miller, por seu investimento na primeira edio; a Genevieve Mikolajczak, que digitou o manuscrito, ajudando-me com incontveis ciclos de revises, contribuindo com sua crtica abrangente ao longo da criao deste livro; e a Nancy Wasserman, pela grande dedicao, tanto na ajuda quanto na pacincia em trazer este livro luz do dia. Tambm devo agradecimentos aos Irmos Martin Starr e William Breeze, pelo precioso suporte e pela assistncia no projeto (e na maioria dos outros projetos da minha vida). A Michael Kolson, que contribuiu com ideias valiosas em inmeras discusses. Sou grato a J. Daniel Gunther, por sua amizade e orientao. A Gwynneth Cheers, que utilizou suas ha-bilidades culinrias para elucidar o sofisticado cardpio que Crowley esforou-se tanto para registrar. Tambm sou grato pelo encorajamen-to to livremente oferecido por Brenda Knight, Kat Sanborn e Michael Conlon, da Redwheel/Weiser.

  • Aleister Crowley e a Prtica do Dirio Mgico22

    Apesar de terem sido Hymenaeus Beta e Martin P. Starr os respon-sveis por alar o corpo literrio de Crowley ao nvel editorial merecido, a primeira pessoa que me ensinou o devido respeito por esse material, es-pecialmente quanto aos escritos em Classe A, foi meu Instrutor Marcelo Motta. Ainda que nosso relacionamento tenha sido tormentoso e nossa se-parao ainda mais tempestuosa, sinto-me honrado em prestar-lhe meus respeitos e expressar minha gratido pelos esclarecimentos e pelas disci-plinas que ele compartilhou comigo.

    Finalmente, meus agradecimentos aos leitores da primeira edio, cujo entusiasmo tem sido encorajador.

    Amor a lei, amor sob vontade.

    James Wasserman2005, e.v.

  • 23

    IntroduoFaze o que queres h de ser o todo da Lei.

    O Relatrio tanto um mapa quanto um dirio de bordo a apoiar os bravos Capites do Mar nas Viagens Maravilhosas (MT, p. 131)

    Perdoe a interrupo, disse ela, mas o Relatrio mgico sempre a primeira considerao aqui na Abadia. (Irm Athena para Lou Ilimitada e sir Peter, em DDF, p. 320)

    A leister Crowley insistia sobre a importncia do Dirio Mgico em seu sistema particular de realizao. Ao longo dos anos, encontrei muitos estudantes companheiros que tm negligenciado essa ins-truo. Por outro lado, tenho me divertido em manter meu prprio dirio mgico por mais de trinta anos, conforme as diretrizes sugeridas por Crowley. Esta introduo uma tentativa de transmitir o valor da prti-ca do dirio mgico, inicialmente nas prprias palavras de Crowley, bem como por meio de minha experincia. A coleo em si contm suas duas mais importantes instrues e modelos de dirio mgico, Joo So Joo (de 1909) e Um Mestre de Templo (de 1919). Ambas as obras foram edi-tadas por Crowley para publicao, sendo oficialmente designadas como AA libri (ou livros), respectivamente Liber DCCCLX e Liber CLXV. Tambm inclu no apndice outros escritos relevantes de Crowley, dos que foram publicados.

    Uma Breve Biografia de aleister CrowleyAleister Crowley (1875-1947) foi o maior magista do sculo XX. Sua

    completa influncia sobre o pensamento mgico moderno consistente com sua posio como o Profeta ou Logos da Era atual. Uma figura con-troversa, para dizer o mnimo, Crowley tanto possua seguidores devotados quanto inimigos ferrenhos.