cocaína - aleister crowley

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Cocana

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Cocanapor Aleister CrowleyHADNU.COM

Traduzido por Frater S.R .

"Outra vez o nariz sangrando ao caminhar" Aleister Crowley 21 de Julho de 1918 The Magical Record of the Beast 666

"H uma terra feliz, muito, muito, muito distante". Hino.

IDe todas as graas que se aglomeram sobre o trono de Vnus a mais tmida e esquiva aquela donzela a quem os mortais chamam Felicidade. Nada to avidamente perseguido, nada to difcil de se ganhar. Na verdade, apenas os santos e mrtires, geralmente desconhecidos de seus contemporneos, fizeram dela realmente sua, e eles alcanaram-na eliminando seu senso de Ego em si prprios com o ao incandescente da meditao, dissolvendo-se naquele oceano divino de Conscincia cujo xtase paixo e perfeio. Para outros, a Felicidade s vem como se fosse por acaso, quando menos esperada, talvez ela esteja ali. Procura, e no lhe encontrars; pea, e no a recebers; batei, e no ser aberta para vs. A Felicidade sempre um acidente divino. No uma qualidade definida, a flor das circunstncias. intil misturar seus ingredientes, os experimentos da vida que a produziram no passado podem ser repetidos infinitamente e, com infinita habilidade e variedade - e ser em vo. Parece mais um conto de fadas que uma tal entidade metafsica possa ainda ser produzida em um instante no por meio da sabedoria, no por frmulas mgicas, mas por uma simples planta. O homem mais sbio no pode adicionar a felicidade aos outros, embora sejam dotados da juventude, beleza, riqueza, sade, humor e amor; o menor dos mendigos tremendo em farrapos, miservel, doente, velho, covarde, estpido, um mero pntano de inveja, pode t-lo com uma rpida fungada. A coisa to paradoxal quanto a vida, to mstica quanto a morte. Olhe para este monte brilhante de cristais! Eles so hidrocloridro de Cocana. O gelogo vai pensar de potssio; para mim, alpinista, eles so como brilhantes flocos de neve, floreando principalmente onde as rochas projetam-se das geleiras fendidas que o vento e o sol beijaram fantasmagoria. Para aqueles que no conhecem as grandes montanhas, elas podem sugerir a neve que as rvores enfeitadas com flores cintilantes e luminosas. O reino das fadas possui tais jias. Para quem as prova em suas narinas - a seu aclito e escravo - deve parecer como se o orvalho da respirao de algum grande demnio da imensido fosse congelado pelo frio do espao sobre a sua barba.

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Pois nunca houve qualquer elixir to instantaneamente mgico como a cocana. D ela no importa a quem, escolha o mais desafortunado sobre a terra, deixe-o sofrer todas as torturas da doena, ter a esperana, a f e o amor arrancados dele. Ento, olhe, veja a parte traseira daquela mo gasta, a pele descorada e enrugada, talvez inflamada com agonizantes chagas, talvez ptrida com algumas malignas feridas. Ele coloca sobre ela aquelas neves brilhantes, alguns gros apenas, uma pequena pilha de poeira estrelada. O brao cansado lentamente levantado at sua cabea que pouco mais do que uma caveira, a respirao fraca suga para dentro aquele p radiante. Agora temos de esperar. Um minuto - talvez cinco.

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Em seguida, acontece o milagre dos milagres, to certo quanto a morte, e ainda assim to magistral quanto a vida; uma coisa to milagrosa, por ser to repentina, alm do curso normal de evoluo. Natura non facit saltum - a natureza no d saltos. Verdade - por conseguinte, este milagre como se fosse algo contra a natureza. A melancolia desaparece, os olhos brilham; a boca plida sorri. Quase varonil retorna o vigor, ou parece retornar. F, esperana e amor tumultuam-se muito ansiosos para o baile, tudo o que foi perdido encontrado. O homem est feliz. Para um a droga pode trazer vivacidade, para outro langor; para outro fora criativa, a outro energia incansvel, para outro glamor, e para outro ainda, teso. Mas cada um sua maneira est feliz. Pense nisso! - To simples e to transcendental! O homem est feliz! Eu viajei pelos quatro cantos do mundo; tenho visto tais maravilhas da Natureza que a minha caneta ainda titubeia quando eu tento descrevlas, tenho visto muitos dos milagres do gnio do homem, mas eu nunca vi uma maravilha como esta.

IINo existe uma escola de filsofos, fria e cnica, que descreve a Deus como um zombador? Que pensa que Ele toma Seu prazer no desprezo da pequenez de Suas criaturas? Eles deveriam basear as suas teses sobre a cocana! Pois aqui est a amargura, a ironia, a crueldade inefvel. Este dom de felicidade sbita e certa dado seno como uma tentao. A histria de J no detm tal secura amarga. O que pode ser mais detestvel, demoniacamente irnico do que isso, oferecer tamanha bno, e adicionar que "Isso voc no deve usar"? Ns no poderamos ser deixados para enfrentar as misrias da vida, ruins como elas so, sem essa angstia mestre, conhecer a perfeio de toda a alegria ao nosso alcance, e o preo desta alegria dez vezes mais acelerado do que a nossa angstia? A felicidade da cocana no passiva ou plcida como a dos animais, ela auto-consciente. Ela diz ao homem o que ele , e o que ele poderia ser; ela oferece-lhe a aparncia da divindade, s para que ele possa saber que como um verme. Ela desperta o descontentamento com tanta intensidade que nunca se deve dormir de novo. Ela cria fome. D a cocana a um homem que j sbio, estudado para o mundo, moralmente forte, um homem de inteligncia e auto-controle. Se ele realmente for mestre de si mesmo, ela no ir lhe fazer mal algum. Ele a reconhecer como uma armadilha: ele ter o cuidado de repetir experincias como conforme puder faz-lo, e o vislumbre de seu objetivo pode, eventualmente, at mesmo estimul-lo sua realizao por esses meios que Deus designou para os Seus santos. Mas a d para um estpido, ao auto-indulgente, ao 'blas' - para o homem mundano, numa palavra - e ele est perdido! Ele diz, e sua lgica perfeita: 'Isto o que eu quero'. Ele no conhece o verdadeiro caminho, nem pode conhecer, e o caminho falso o nico para ele. Existe a cocana ao seu dispr, e ele a usa de novo e de novo. O contraste entre sua vida de larva e sua vida de borboleta amargo demais para que sua alma nofilosfica possa suportar; ele se recusa a tomar o sulfreo como antdoto. E assim ele j no pode mais tolerar os momentos de infelicidade, ou seja, os de uma vida normal, pois ele agora os nomeia assim. Os intervalos entre as suas indulgncias diminuem.

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E eis que o poder da droga diminui a temveis passos. As doses aumentam; o prazer diminui, efeitos colaterais, invisveis no incio, surgem, pois eles so como diabos com forquilhas de fogo em suas mos. Uma nica experimentao da droga no traz nenhum reao perceptvel em um homem saudvel. Ele vai para a cama no devido horrio, dorme bem, e acorda fresco. ndios sul-americanos mastigam habitualmente esta droga em sua forma bruta, quando marcham, e realizam prodgios, desafiando a fome, sede e cansao, mas eles s usam-na em casos extremos; e o longo descanso com comida farta permite ao corpo reconstruir seu capital. Alm disso, selvagens, diferentemente da maioria dos moradores das cidades, tm senso moral e fora.

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O mesmo vale para os chineses e indianos no uso do pio. Todos usam, e s em casos raros que isso se torna um vcio. para eles quase como o tabaco para ns. Mas, para aquele que abusa da cocana por sua natureza prazerosa, em breve fala, e no ouvido. Os nervos cansam da estimulao constante, pois eles precisam de descanso e sustento. Chega a um ponto em que o cavalo cansado no atende mais ao aoite e espora. Ele tropea, cai tremulamente, e expira sua vida. Assim definha o escravo de cocana. Com cada nervo clamando, tudo o que ele pode fazer renovar o aoite do veneno. O efeito farmacutico est acabado, o efeito txico se acumula. Os nervos se tornam insanos. A vtima comea a ter alucinaes. "Veja! H um gato cinzento nessa cadeira. Eu no disse nada, mas ele estava ali o tempo todo". "Ou, h ratos, eu adoro v-los correr at as cortinas. Ah, sim! Eu sei que eles no so ratos de verdade. Isso um rato real, mesmo assim, no cho. Quase me matou naquele momento. Esse o rato original que eu vi, ele um rato real. Eu o vi primeiro no peitoril da minha janela certa noite". Tal coisa, calmamente falada aos montes, mania. E em breve o prazer passa, e seguido por seu oposto, como Eros por Anteros. ", no! eles nunca vm perto de mim". Alguns dias passam, e eles esto rastejando sobre a pele, roendo interminavelmente e intoleravelmente, repugnantes e sem remorso. desnecessria a imagem final, to prolongada quanto possa ser, pois, apesar da habilidade desconcertante desenvolvida pelo desejo pela droga, a condio de insanidade entrava no paciente, e muitas vezes a abstinncia forada por um tempo vai longe para acalmar os sintomas fsicos e mentais. Em seguida, um novo suprimento adquirido, e com dez vezes mais nsia o manaco, tomando a trouxa entre os dentes, galopeia pelo escuro limiar da morte. E antes daquela morte vm todos os tormentos da maldio. A sensao de tempo destruda, de modo que uma hora de abstinncia abriga mais horrores do que um sculo do espao-tempo da dor. Psiclogos pouco entendem sobre como o ciclo fisiolgico da vida e da normalidade do crebro, tornam a existncia mesquinha, tanto para o bem quanto para o mal. Para se ter idia, jejue por um dia ou dois, veja como a vida se arrasta com uma dor constante subconsciente. Com a fome da droga, este efeito multiplicado por mil. O prprio tempo abolido, o

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inferno real eterno e metafsico est presente na conscincia que perdeu seus limites, sem encontrar Aquele que ilimitado.

IIIMuito disso j bem conhecido; o sentido dramtico obrigou-me a enfatizar o que normalmente entendido, por causa do tamanho da tragdia - ou da comdia, se algum tem esse poder de se afastar da humanidade que ns atribumos apenas aos maiores dos homens, a Aristfanes, aos Shakespeares, a Balzac, a Rabelais, os Voltaires, os Byrons, aquele poder que torna os poetas em um momento lamentveis das desgraas dos homens, em outro alegremente desdenhosos de suas frustraes. Mas devo sabiamente enfatizar o fato de que os melhores homens podem usar esta droga, e muitos outros, com benefcios para si e para a humanidade. Assim como os ndios de que falei acima, ela ser utilizada apenas para realizar alguns trabalhos que eles no poderiam fazer sem ela. Eu exemplifico Herbert Spencer, que usava a morfina diariamente, nunca excedendo uma determinada dose. Wilkie Collins, tambm, superou a agonia da gota reumtica com ludano, e nos deu obras-primas insuperveis. Alguns foram longe demais, Baudelaire crucificou-se, mente e corpo, no seu amor pela humanidade; Verlaine se tornou pelo menos o escravo do passado o qual tinha sido mestre por muito tempo. Francis Thompson suicidou-se com o pio, do mesmo modo fez Edgar Allan Poe. James Thomson fez o mesmo com o lcool. Os casos de De Quincey e H. G. Ludlow so menores, mas semelhantes, com ludano e haxixe, respectivamente. O grande Paracelso, que descobriu o hidrognio, o zinco e o pio, deliberadamente empregadou o excitamento do lcool, contrabalanado por exerccio fsico violento, para trazer tona os poderes de sua mente. Coleridge fez o seu melhor sob efeito do pio, e devemos a perda do final do "Kubla Khan" interrupo de um importuno "homem de Porlock", sempre maldito na histria da raa humana!

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IVConsidere a dvida da humanidade com o pio. Ele absolvido da morte de uns poucos vagabundos devido ao seu abuso? Pois a importncia deste trabalho a discusso da questo de ordem prtica: as drogas deveriam ser acessveis ao pblico? Aqui vou fazer uma pausa a fim de mendigar a indulgncia do povo americano. Eu sou obrigado a tomar um ponto de vista ao mesmo tempo surpreendente e impopular. Eu sou obrigado a pronunciar certas verdades terrveis. Estou na posio nada invejvel de algum que pede aos outros para fechar os olhos para o particular para que possam assim visualizar o geral. Mas acredito que, em matria de legislao, a Amrica o principal processo em cima de uma teoria totalmente falsa. Eu acredito que a moral construtiva melhor do que a represso. Eu acredito que a democracia, mais do que qualquer outra forma de governo, deve confiar nas pessoas, como ela especificamente pretende fazer. Agora me parecem melhores e mais ousadas as tticas para atacar a teoria oposta em seu ponto mais forte. Deve ser demonstrado que nem mesmo no caso mais discutvel um governo justificado em restringir o uso por conta ou abuso; ou permitindo que a justificao deixe-nos disputar sobre a convenincia. Ento, para o bastio - as drogas "viciantes" deveriam ser acessveis ao pblico? O assunto de interesse imediato; pois a falha admitida da Lei Harrison trouxe uma nova proposta - a de fazer um mal pior. No vou discutir aqui a tese geral de liberdade. Homens livres h muito que decidiram. Quem vai afirmar que o sacrifcio voluntrio da vida de Cristo foi imoral, porque roubaram do Estado um contribuinte til? No; a vida de um homem sua, e ele tem o direito de destru-la como ele quiser, a menos que ele tambm intrometa-se mesquinhamente nos privilgios de seus vizinhos.

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Mas este apenas o ponto. Nos tempos modernos, a comunidade inteira seu vizinho, e no podemos prejudic-la. Muito bem; ento h prs e contras, e um equilbrio a ser alcanado. Nos Estados Unidos, a idia de proibio em todas as coisas realizada, principalmente pelos jornais histricos, a um extremo fantico, "Sensacionalismo a qualquer custo, no prximo domingo" o equivalente na maioria das salas de redao da ordem alegada alem para capturar Calais. Da o perigo de tudo e de nada so comemorados ditirambicamente pelos Coribantes da imprensa, e o nico remdio a proibio. A atirou em B com um revlver; soluo, a Lei Sullivan. Na prtica, isso funciona muito bem, pois a lei no aplicada contra o proprietrio que mantm um revlver para sua prpria proteo, pois uma arma til contra o bandido e salva a polcia da dificuldade de provar a inteno dolosa. Mas essa a idia de que estava errado. Recentemente, um homem atirou em sua famlia e em si mesmo com um rifle equipado com um silenciador Maxim. Soluo, um projeto de lei para proibir silenciosos Maxim! No na percepo de que, se o homem no tivesse uma arma a princpio, ele teria estrangulado a sua famlia com as mos. Os reformistas americanos parecem no ter idia, em qualquer momento ou em qualquer outro contexto, de que o nico remdio para o errado o certo; de que a educao moral, auto-controle, boas maneiras, vo salvar o mundo; e de que a legislao no apenas uma palheta quebrada, mas um vapor sufocante. Alm disso, um excesso de legislao derrota seus prprios meios. Isso faz de toda a populao criminosos, e transforma-os todos em policiais e espies da polcia. A sade moral de um tal povo est arruinada para sempre; s a revoluo pode salv-lo. Agora, na Amrica a Lei de Harrison torna teoricamente impossvel para o leigo, difcil at mesmo para o fsico, obter "narcticos". Mas todos as outras lavanderias chinesas so um centro de distribuio de cocana, morfina e herona. Negros e vendedores ambulantes tambm esto tendo um negcio prspero. Algumas pessoas acreditam que uma em cada cinco pessoas em Manhattan viciada em uma ou outra dessas drogas. Mal posso acreditar nesta estimativa, embora a nsia por diverso manaca entre este povo que tem to pouca apreciao pela arte, literatura ou msica, que no tem, em suma, nenhum dos recursos que o povo de outras naes, em suas prprias mentes cultivadas, possuem.

VEra uma pessoa muito cansada, naquela tarde quente de vero em 1909, que vagava em Logronho. At o rio parecia com preguia de correr, e parava em poas, com a sua lngua de fora, por assim dizer. O ar brilhava suavemente; na cidade os terraos dos cafs estavam lotados de pessoas. Eles no tinham nada para fazer, e uma firme determinao de faz-lo. Eles estavam bebendo o vinho bruto dos Pirineus, ou o Riojo do Sul bem regado, ou brincando com cervejas-escuras de cerveja clara. Se qualquer um deles pudesse ler o trato de Major O'Ryan para o soldado americano, eles teriam suposto que suas mentes foram afetadas. "O lcool, no importa se voc cham-lo de cerveja, vinho, whisky, ou por qualquer outro nome, um criador de ineficincia. Enquanto ele afeta os homens de formas diferentes, os resultados so os mesmos, em que todos os afetados por ela deixam naquele momento de ser normais. Alguns ficam esquecidos, outros briguentos. Alguns tornam-se barulhentos, alguns ficam doentes, alguns cochilam, outros tm suas paixes muito estimuladas." Quanto a ns, estvamos em marcha para Madrid. Fomos obrigados a nos apressar. Uma semana, ou um ms, ou no mximo um ano, e devemos deixar Logronho em obedincia ao som da trombeta do dever. No entanto, nos determinamos a esquecer disso, por enquanto. Sentamos, e trocamos opinies e experincias com os nativos. Do fato de que estvamos com pressa, eles julgaram que fossemos anarquistas, e ficaram bastante aliviados com a nossa explicao de que ramos "ingleses loucos". E todos ns ficamos felizes juntos; e eu ainda estou me punindo pela tolice de ter ido para Madrid. Se voc est em um jantar em Londres ou em Nova York, voc mergulhado em um abismo de entorpecimento. No h nenhum assunto de interesse geral; no h inteligncia; como esperar por um trem. Em Londres superam seu ambiente bebendo uma garrafa de champanhe o mais rapidamente possvel; em Nova York se enchem de coquetis. Os vinhos leves e cervejas da Europa, tomados em medida moderada, no so bons; no h tempo para ser feliz, ento precisa ser excitado ao invs disso. Jantando sozinho, ou com amigos, em oposio a uma festa, pode-se relaxar com Burgundy ou Bordeaux. Tem a noite toda para ser feliz, e no

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tem pressa. Mas o novaiorquino regular no tem tempo nem mesmo para um jantar-festa! Ele quase lamenta a hora em que seu escritrio fecha. Seu crebro ainda est ocupado com seus planos. Quando ele quer "prazer", ele calcula que pode gastar apenas meia hora para isso. Ele tem que derramar os mais fortes licores goela abaixo na maior velocidade possvel. Agora imagine esse homem - ou essa mulher - atrasado. O tempo disponvel ligeiramente reduzido. Ele no pode mais perder dez minutos na obteno de "prazer"; ou ele no ousa beber abertamente por conta de outras pessoas. Bem, seu remdio simples; ele pode obter uma ao imediata da cocana. No h nenhum cheiro; ele pode ser to discreto quanto qualquer ancio da igreja pode desejar. O mal da civilizao a vida intensa, o que exige a estimulao intensa. A natureza humana exige prazer; prazeres saudveis exigem lazer; temos de escolher entre intoxicao e a siesta. No existem viciados em cocana em Logronho. Alm disso, na ausncia de uma Atmosfera, a vida exige uma Conversa; temos de escolher entre a intoxicao e o cultivo da mente. No h nenhum viciado entre as pessoas que esto preocupadas principalmente com a cincia e a filosofia, arte e literatura.

VINo entanto, vamos admitir as alegaes proibicionistas. Vamos admitir a tese da polcia de que a cocana e o restante das drogas so usadas por criminosos que, de outra forma, no teriam a coragem de operar; eles tambm alegam que os efeitos da droga so to mortais que o mais inteligente dos ladres rapidamente torna-se ineficaz. Ento, pelo amor dos cus estabeleam depsitos onde eles possam conseguir cocana de graa! Voc no pode curar um viciado em drogas, voc no pode torn-lo um cidado til. Ele nunca foi um bom cidado, ou ele nunca teria cado em escravido. Se voc recuper-lo temporariamente, muito custo, riscos e problemas, o seu trabalho todo desaparece como a nvoa da manh quando ele encontra a sua prxima tentao. O remdio adequado deixlo seguir sua prpria macha para o diabo. Em vez de menos droga, d-lhe mais drogas, e termine logo com ele. Seu destino ser uma advertncia ao seus vizinhos, e em um ano ou dois, as pessoas tero o bom senso de evitar o perigo. Aqueles que no tm, que morram tambm, e salvem o estado. Fracotes morais so um perigo para a sociedade, independentemente da linha onde residem suas falha s. Se eles so to amveis a ponto de se matar, um crime interferir. Voc diz que enquanto essas pessoas esto se matando elas vo causar danos. Talvez; mas eles esto fazendo isso agora. A proibio criou o mercado negro, como sempre faz; e os males disso so incomensurveis. Milhares de cidados se aliaram para derrotar a lei; na verdade so ludibriados pela prpria lei a faz-lo, uma vez que os lucros do comrcio ilegal se tornaram enormes, e quanto mais prximo da proibio, mais exageradamente grandes eles so. Voc pode acabar com o uso de lenos de seda desse modo: as pessoas dizem: "Tudo bem, vamos usar toalhas". Mas o "viciado em cocana" quer cocana, e voc no pode empurrar a ele o sal de Epsom . Alm disso, sua mente perdeu toda a sua proporo; ele ir pagar qualquer coisa por sua droga, ele nunca vai dizer: "Eu no posso aceitar isso", e se o preo for alto, ele vai roubar, furtar, matar para obt-lo. Volto a dizer: no se pode recuperar um viciado em drogas; tudo o que voc faz impedindo-os de sua obteno, criar uma classe de criminosos sutil e perigosa; e mesmo quando voc os tem encarcerados todos eles, algum deles est melhor?

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Embora tais grandes lucros (de um a dois mil por cento) devem ser feitos pelos vendedores secretos, do interesse destes vendedores fazer novas vtimas. E os lucros neste momento so de tal ordem que seria o valor do meu tempo para ir a Londres e voltar de primeira classe para contrabandear cocana no mais do que eu poderia esconder no forro do meu casaco! Todas as despesas pagas, e uma soma considervel no banco no final da viagem! E para toda a lei, e os espies, e o resto disso, eu poderia vender as minhas coisas com muito pouco risco em uma nica noite no Tenderloin. Outro ponto este. A proibio no pode ser levada ao extremo. impossvel, em ltima instncia, negar drogas aos mdicos. Agora os mdicos, mais do que qualquer outra classe nica, so viciados em drogas; e, tambm, h muitos que traficaro drogas por causa do dinheiro ou do poder. Se voc possui um suprimento de droga, voc o mestre, do corpo e da alma, de qualquer pessoa que precisar dela. As pessoas no entendem que uma droga, para sua escrava, mais valiosa do que o ouro ou os diamantes; uma mulher virtuosa pode estar acima de rubis, mas a experincia mdica nos diz que no existe mulher virtuosa na necessidade de drogas que no seria prostituta de um trapeiro por uma nica cheirada. E se for realmente o caso de que um quinto da populao usa alguma droga, ento isso muito pouco, a ilhazinha errada est ameaada por tempos muito animados. O absurdo da tese proibicionista demonstrado pela experincia de Londres e outras cidades europias. Em Londres, qualquer proprietrio ou pessoa aparentemente responsvel pode comprar quaisquer drogas, to facilmente como se fossem queijos; e Londres no est cheia de manacos delirantes, cheirando cocana em cada esquina, nos intervalos dos assaltos, estupros, incndios, assassinatos, m-f no escritrio e delitos graves, assim como estamos certo de que precisa ser o caso se uma pessoa livre gentilmente autorizada a exercer um pouco de liberdade. Ou, se a conteno proibicionista no fosse absurdo, um comentrio sobre o nvel moral do povo dos Estados Unidos que teria sido justamente representado pelos porcos gadarenos depois que os demnios tinham entrado neles. No estou aqui para protestar em seu nome. Permitindo a justia da observao. Continuo a dizer que a proibio no a cura. A cura dar ao povo algo sobre o que pensar, para desenvolver as suas mentes; para preench-las com ambies alm de dlares; a criao de um padro de

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realizao que deve ser medido em termos de realidades eternas; em uma palavra: educ-los . Se isso parecer impossvel, muito bem, apenas outro argumento para incentiv-los a usar cocana.