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Sob Encomenda Alana Regina Sob Encomenda Contos Primeira Edição São Paulo 2015

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Sob Encomenda

Alana Regina

1

Alana Regina

Sob Encomenda

Contos

Primeira Edição

São Paulo

2015

Sob Encomenda

Alana Regina

2

Capa e contracapa:

Rubens Luiz

[email protected]

www.alanaregina.com.br

www.blogdamariarejeitadinha.blogspot.com

Sob Encomenda

Alana Regina

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Sob encomenda: para você, para todos nós

Na disputa entre o efêmero dos meios virtuais e o

gosto pela leitura, surge uma obra que contempla os dois

campos simultaneamente, com qualidade: Sob encomenda,

de Alana Regina. Trata-se de um projeto elaborado

inicialmente tendo em vista a experiência da escritora com o

ensino fundamental e a consequente dificuldade de

desenvolver o gosto pela leitura nas crianças. Alana divulgou

sua proposta no Facebook, buscando a participação do leitor

na produção de contos. Ao leitor foi concedida a condição de

determinar personagem, espaço e conflito. À Alana coube

criar os contos a partir desses elementos previamente

instituídos, considerando a premissa de que um meio viável

para despertar o interesse pela leitura seria focalizar o

universo de expectativa do leitor, especificamente naquilo

que ele gostaria de ler. Mas não criar de qualquer maneira e

apressadamente. Pelo contrário, a leitura da coletânea

contempla dezenove contos de boa qualidade, senão

excelentes, nos quais se verifica a temperança criativa da

autora que parte dos pressupostos instituídos pelo leitor para

representar um mundo particular e esteticamente

humanizador.

Isso se verifica, por exemplo, em “Reinado”, narrativa

que abre a coletânea trazendo a vida atribulada de uma

mulher logo pela manhã, atarefada com a preparação da filha

para deixá-la na escola e as ordens do patrão para o qual

trabalha. Vida comum a milhares de mulheres, mas que sob a

perspectiva de Alana ganha o maravilhoso a partir da menção

estratégica a um sapo ao qual a filha chama de “amiguinho” e

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Alana Regina

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coloca uma coroa de brinquedo. Se a leitora pediu um conto

sobre uma mulher ocupada com os preparativos habituais da

manhã e a negação da filha em ir à escola, Alana acrescenta a

esses condicionantes, além de traços do conto de fadas, a

descrição minuciosa dos contextos aflitivos enfrentados pela

mulher externa e internamente.

Esse movimento pelas malhas do sensível se repete

em outros contos com temas diversos como em “Pelas grades

da bilheteria” no registro da solidão e do silêncio de um

vendedor de algodão doce, assumindo excelência em “Dia dos

pais”, narrativa densa da força criadora da autora ante a

limitada visão de mundo de um ex-ditador. Além disso, Alana

compõe uma sinfonia dramática em “Terceto” orquestrando o

amor proibido entre duas jovens, a demonstrar a força

unificadora do amor no sentido pleno do termo. Tom também

revelado em “Os que passam por nós sonhando” ao tematizar

uma protagonista que deixa tudo para vender abraços aos

passantes em frente à sua casa. “Os pães queimados” faz-nos

refletir sobre o rumo do homem na sociedade que se

desumaniza em meio a falsas religiões que pregam o amor ao

próximo, mas que cultuam, na realidade, somente o amor ao

dinheiro. Humanidade sim, acima de tudo, eis o que nos

oferece belamente Alana Regina, não apenas aos leitores que

encomendaram os contos, mas a nós. Ganhamos muito nessa

troca entre leitores e escritora.

Clara Ornellas

Sob Encomenda

Alana Regina

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Por quê?

Esta obra quer ser milhões de vozes misturadas. Creio,

como Tchekhov, que o escritor não é maquiador e que a ele

cabe a missão de escrever a realidade e registrá-la. Se má

realidade, se boa realidade, registrá-la. Histórias possíveis,

por que não? Histórias do povo, que acontecem na esquina de

nossas casas. Histórias de brasileiros, recortes, fotografias,

como diria Cortázar, que captam imagens peculiares do

cotidiano de gente comum.

Desejo que esta obra represente ao máximo. Que seja

a casa dos meus clientes e das belas personagens que eles me

deram de presente. Quero que todas as palavras cheguem

com tamanha naturalidade aos corações que, ao término de

cada conto, fique a sensação de que as personagens estão

vivas, de que os lugares são palpáveis, de que tudo é verdade.

Escrevi cada conto para ser uma saudade ao fim da

leitura.

Estão entregues as encomendas. Sirvo as histórias

para serem amadas do jeito que apresentei: nuas.

Em tempo, dedico este livro aos livres.

Alana Regina