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AIONARA RADAELE DOS SANTOS
LÍDERES DO FUTURO
CANOAS, 2018
AIONARA RADAELE DOS SANTOS
LÍDERES DO FUTURO
Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de
MBA Gestão Empresarial da Universidade La Salle – Unilasalle como exigência parcial para obtenção do grau de Especialista em Gestão Empresarial.
Orientador: Prof. Me. Alexandre de Souza Garcia
CANOAS, 2018
RESUMO
O presente trabalho propõe analisar qual o perfil ideal característico de um líder do
futuro, assim como identificar perfis intraempreendedores. Para tanto, a metodologia
utilizada caracteriza-se por uma pesquisa qualitativa, exploratória com analise do
roteiro de entrevistas diretas semiestruturadas. Primeiramente é abordado o tema
liderança de modo geral, seguido pelos perfis intraempreendedores, finalizando pelo
tema das características dos líderes do futuro. Por fim, são apresentados os
resultados de pesquisa realizada com convidados que se encontravam em situações
trabalhistas distintas: de um lado os empregados e do outro os desempregados. A
análise leva a crer que independente da área de atuação de cada convidado, a
grande maioria sofre com a carência de um líder, e que atualmente possuem chefes
como seus liderados.
Palavras- chave: Líder. Liderança e Intraempreendedorismo.
ABSTRACT
This paper proposes to analyze the ideal profile characteristic of a leader of the
future, as well as identify intrapreneur profiles. For this, the methodology used is
characterized by a qualitative, exploratory research with analysis of the script of
direct semi-structured interviews. Firstly, the topic of leadership is approached in
general, followed by the intra-entrepreneur profiles, ending with the theme of the
characteristics of the leaders of the future. Finally, the research results are presented
with guests who were in different labor situations: on the one hand the employees
and on the other the unemployed. The analysis leads one to believe that regardless
of the area of activity of each guest, the vast majority suffers from the lack of a
leader, and currently have leaders as their leader.
Keywords: Leadership. Leadership and Intrapreneurship.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 5
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 7
2.1 Liderança ................................................................................................................ 7
2.2 Intraempreendedorismo ..................................................................................... 11
2.3 Características dos Líderes do Futuro ............................................................ 15
3 MÉTODO DE PESQUISA E MÉTODO DE TRABALHO ................................... 18
3.1 Método de Pesquisa ............................................................................................ 18
3.2 Método de Trabalho ............................................................................................ 19
4 APLICAÇÃO DA PESQUISA E RESULTADOS ................................................ 21
4.2 Perfil dos Entrevistados ..................................................................................... 21
4.2 Resultados ............................................................................................................ 22
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 26
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 27
APÊNDICE A – Roteiro de Entrevistas ............................................................. 29
5
1 INTRODUÇÃO
Vivemos em mundo em constante transformação, onde tudo evolui muito
rápido. Observamos uma tendência cada vez maior de startapus, por exemplo, que
constituem um modelo muito diferente da organização tradicional que estávamos
acostumados a ver. Automaticamente, isso influi na capacidade de liderança de um
bom gestor que deve estar sempre preparado e buscando aperfeiçoar-se perante
tantas novidades.
O desafio da liderança é ser forte, mas não rude, ser gentil, mas não fraco, ser
ousado, mas não intimidar, ser atencioso, mas não preguiçoso, ser humilde, mas não
tímido, ser orgulhoso, mas não arrogante, ter humor, mas não loucura (ROHN’S,
2002). Apesar de a base fundamental de uma boa liderança continuar em torno dos
conceitos básicos, quando nos aprofundamos sobre o assunto, novas competências
que cercam as inúmeras mudanças as quais vivenciamos precisam ser adquiridas.
Atualmente, os profissionais da área de gestão estão em busca de
diferenciais que os tornem cada vez mais competitivos e profissionais com perfis
diferenciados. Além da tendência de novos hábitos e atitudes, o líder necessita
possuir um perfil intraempreendedor, que consiste no profissional capaz de analisar
diferentes cenários, criar projetos, inovar na organização e buscar novas
oportunidades. De acordo com Andreassi (2005), intraempreendedorismo pode ser
entendido como a capacidade que os funcionários de uma empresa têm para agir
como empreendedores.
Com base nestes contextos, a finalidade deste trabalho é identificar as
principais características para formação dos líderes do futuro, assim como aprimorar
o conhecimento no assunto e analisar a opinião de diferentes perfis sobre os líderes.
Objetivo geral: Identificar competências que parecem ser as dos líderes do
futuro.
Objetivos específicos:
Se apropriar da teoria sobre os líderes do futuro;
Identificar os fatores que parecem formar o perfil dos líderes do futuro
(framework);
Testar os fatores;
Analisar os resultados sobre a luz da teoria.
6
Ao longo do estudo será notável o quão relevante é o assunto abordado, para
fins acadêmicos, devido a atribuição de maiores conhecimentos e conteúdo, para as
organizações, pois poderá auxiliar com teorias para praticas diárias no
desenvolvimento de profissionais com perfis mais próximos dos líderes do futuro.
Assim sendo, o estudo se justifica, pois, seus resultados poderão contribuir para
todos os profissionais de modo geral que possuem interesse em desenvolver-se
nesta área, pois terão conhecimento das diferenças entre ser chefe e líder.
Assim, este artigo é composto pelo capitulo 01 que teve o objetivo de
introduzir o assunto de pesquisa, capitulo 02 que apresentará a teoria referente a
liderança, intraempreendedorismo e as características dos líderes do futuro, capitulo
03 expondo a metodologia de pesquisa e trabalho, capitulo 04 que tratará da
aplicação do roteiro de entrevistas e seus resultados e por fim o capitulo 05 com a
conclusão do desta pesquisa.
7
2 REFERENCIAL TEÓRICO
No capítulo do referencial teórico serão abordados temas como liderança,
intraempreendedorismo e características dos líderes do futuro, afim de contextualizar
o objeto do estudo.
2.1 Liderança
Atualmente a liderança é vista como um fator essencial e decisivo dentro de
uma organização, sendo a forma mais “agressiva” de alavancar a produtividade,
gerando maiores resultados positivos. Mas, para que essa prática aconteça, o líder
tem papel fundamental no direcionamento das atividades de cada membro de sua
equipe.
Robbins (2007) afirma que: “liderança é a capacidade de influenciar um grupo
para o alcance de seus objetivos e metas”.
Enquanto isso, Maximiano explica que:
A liderança é uma função, papel, tarefa ou responsabilidade que qualquer pessoa exerce, quando é responsável pelo desempenho de um grupo. Os
líderes são essenciais para o desempenho, crescimento e gerenciamento de equipes dentro de uma organização. (MAXIMIANO, 2000, p. 88).
Portanto, liderança é a habilidade que o líder possui em conduzir um grupo de
pessoas na execução de tarefas de forma voluntária para o alcance dos objetivos da
organização e da própria equipe.
Hunter (2004) afirma que “liderança representa sua capacidade de influenciar
pessoas as agir”. Levando em consideração está afirmação, percebe- se que a
maneira correta de liderar é por meio da persuasão (convencimento, sensibilidade,
conhecimento e carisma) e não pelo poder. O modo de poder faz com que o líder
obrigue seus subordinados a fazer vossa vontade, por conta da posição a qual
ocupa. Mas, se a opção for pelo modo de persuasão, os mesmos irão fazer por boa
vontade.
Vale ressaltar que a liderança está longe ser o único fator a influenciar no
desempenho das equipes, mas que dependendo do tipo de líder, pode induzir os
colaboradores a sentirem-se motivados, comprometidos, vencedores ou apenas
equipes dispostas a cumprir com as obrigações, obtendo o resultado, mas sem atuar
8
com satisfação. Segundo o autor, a liderança está centrada na capacidade do líder
de ser eficaz:
Para ser um líder eficaz, um membro de equipe deve garantir o respeito dos colegas de trabalho em pelo menos umas das três áreas cobertas por essa
habilidade. (KELLEY, 1999, p. 177).
Com base na afirmação acima, podemos concluir que a liderança eficaz
consiste em fornecer aos colaboradores o que eles ainda não conseguem suprir por
si só. É criar condições para que se sintam cada vez mais dirigidas e motivadas por
si.
O líder deve observar o comportamento pessoal e profissional de seus
colaboradores, buscando sempre identificar os pontos fortes e fracos de cada um,
estabelecendo procedimentos e metas com base nas características. Além disso,
precisa sempre buscar entende-los e ajuda-los a encarar a realidade e mobiliza-los a
estarem sempre prontos para mudanças, para que superem hoje o que fizeram
ontem, sempre em busca de novos desafios diários.
Bergamini (2009, p. 42) relata que a maioria dos pesquisadores no campo da
liderança apontam que o bom líder percebido pelos seus seguidores está atento as
necessidades de nível alto de maturidade, ou seja, aquelas que se acham ligadas a
trocas sociais, reconhecimento da competência pessoal de cada um ou autoestima,
o aproveitamento integral do potencial que possui ou auto realização.
Liderar envolve um conjunto de influências exercidas através do processo de
comunicação, com vista a obtenção de determinados objetivos específicos, os quais
levam as organizações a terem como estratégia o gerenciamento de um sistema de
sucessão de cargos, em busca da formação de novos líderes. (CASTILHO, 2010).
Segundo Chiavenato (1992, p. 146) as organizações necessitam de líderes
em todos os níveis, que estejam dispostos a alcançar melhores resultados,
incentivando o envolvimento de todos os membros da equipe para que cada um
saiba de sua importância e seu papel dentro da organização, além de ser o
facilitador, valorizando sempre sua equipe, usando suas habilidades no envolvimento
de todo e qualquer processo.
Define-se que uma liderança ideal exerce a influência sobre sua equipe,
conduzindo suas percepções em direção aos objetivos pré-estabelecidos, devendo
sempre ajudar os colaboradores a atingir as metas e resultados esperados pela
9
organização. A liderança diz respeito ao gerenciamento de mudanças, pois os
líderes mais eficazes são capazes de estabelecer direções, engajar e inspirar a
superar obstáculos, oferecendo condições favoráveis para o desempenho das
tarefas (ROBBINS, 2011; JODGE, 2011; SOBRAL, 2011).
Spector (2002) esclarece que as definições de liderança propostas pelos
estudiosos não são unanimemente aceitas. Porém, de uma forma geral, “liderança
envolve influenciar as atitudes, crenças, comportamentos, e sentimentos de outras
pessoas” (p. 330). Sendo assim, podemos concluir que mesmo quem não ocupa a
posição formal de líder pode influenciar as pessoas. É preciso levar em
consideração que nem sempre o supervisor de uma organização consegue
influenciar sua equipe, pois líderes informais, podem possuir maior poder de
condução da equipe do que o líder formal, já que a interação de todos facilita a
aproximação do líder informal. Robbins (1998, p. 219) relata que “nem todos os
líderes são gerentes; assim como nem todo gerente é líder”, ampliando ainda mais
a discussão sobre o que é ser um líder dentro da organização.
Os primeiros estudos sobre liderança tiveram como preocupação maior definir
e isolar os atributos físicos, psicológicos e aptidões que diferenciassem líderes de
não líderes e líderes eficazes dos não eficazes. Estas competências são designadas
por traços. Chiavenato (1993, p. 175) define traço como “qualidade ou característica
distintiva da personalidade”. De acordo com Yulk (1994, p. 122), os traços consistem
em um conjunto de atributos físicos, traços de personalidade, necessidade, motivos
e valores.
Com a ideia bem definida, o líder dotado de traços e competências naturais,
facilmente desempenham as funções com eficácia as quais foi designado
independentemente da situação, especialmente nas difíceis. As características
marcantes do líder permitem-lhe influenciar o comportamento dos demais membros
de sua equipe.
Segundo a Teoria dos Traços, o indivíduo já possui características especificas
de personalidade que o fará líder ou não. Neste momento, serão enfatizadas as
qualidades desta pessoa, permitindo-nos concluir que teoricamente os lideres já
nascem prontos, não havendo possibilidade de tornar-se ao longo de sua trajetória
profissional. Essa visão de liderança, de que os lideres nascem feitos e não
aprendem no decorrer do tempo ainda é fato.
A Teoria do comportamento baseia-se nos comportamentos e atitudes, não
10
levando em consideração o ambiente, não enfatizando suas características e sim
procura as atitudes do líder do local onde está inserido, portanto, podemos afirmar
perante esta teoria que o líder poder ser treinado para liderar eficazmente.
Já na Teoria Contingencial procura-se identificar quais os fatores situacionais
são mais importantes, variando conforme a situação, as exigências e estilos de
liderança. A eficácia deste líder reside na capacidade de responder e/ou moldar-se a
diversas situações.
Por fim, a Teoria da liderança Transacional baseia-se na autoridade,
recompensa e troca. É o tipo de liderança em que leva o colaborador a fazer aquilo
que lhe é solicitado. Neste tipo de liderança o gesto se comporta como chefe e não
como um verdadeiro líder. Suas atitudes são traçadas principalmente pela
obediência as regras e cumprimento de metas pré- estabelecidas pela organização,
além de seguir a ideia de recompensa proporcional ao seu desempenho. Este estilo
de gestão não se preocupa em compreender as motivações individuais ou antecipar-
se aos problemas visando solução, apenas segue o fluxo e cumpre solicitações.
Com a evolução dos estudos sobre os tipos de liderança, observou-se que os
lideres podem adquirir e modificar habilidades e atitudes através da aprendizagem
(McGREGOR, 1992 apud FERREIRA, 2006, p. 25). Perante esta afirmação, conclui-
se que mesmo não acreditando que existia um conjunto de traços que identificasse
um verdadeiro líder, não poderia deixar de reconhecer a existência de duas
características da liderança: a influência e a confiança.
Assim, percebe-se que sem entusiasmo um objetivo jamais será alcançado,
visto que o líder entusiasmado é otimista e consegue enxergar oportunidade onde os
demais enxergam dificuldade.
Nascimento (2008, p. 70) afirma que:
[...] os líderes devem cultivar as seguintes características e atributos: ouvir
atentamente; despertar empatia; desenvolver atitudes positivas e otimistas; exceder promessas e compromissos; reconhecer dúvidas e vulnerabilidades pessoais; ser energético em alto nível; e ser sensível às necessidades, aos
valores e ao potencial de outros."
Ainda, segundo Nascimento (2008, p. 71) "acentuar a liderança é um
processo contínuo e interminável. Mesmo assim, nenhum líder jamais chegará ao
ponto da perfeição no que diz respeito à perspicácia e à eficácia na liderança".
11
2.2 Intraempreendedorismo
A origem da palavra intraempreendedor vem do inglês intrapreneur. Um dos
primeiros autores a utilizá-la foi o francês GiffordPinchot III, em 1978. Pinchot define o
intraempreendedor como “qualquer pessoa dentro da organização que utiliza seu
talento para criar e conduzir projetos de caráter empreendedor na organização. ”.
Com base na afirmação passada, podemos concluir que o intraempreendedor são as
pessoas que estão dentro de uma organização e que utilizam sua capacidade
criativa para desenvolver e/ou criar novos produtos ou serviços de forma inovadora.
Pinchot (1985) afirma “o intraempreendedorismo é um desafio para toda
empresa, já que seu objetivo é de garimpar novos talentos, fomentando a criação de
novos empreendedores”. Podemos considerar que o intraempreendedorismo pode
estar presente em qualquer setor da organização, apenas com o objetivo comum de
descobrir e incentivar a capacidade de cada colaborador descobrindo a visão
empreendedora de cada um.
Segundo Carneiro, intraempreendedorismo:
Diz respeito ao ato de empreender em organizações existentes, incluindo em seu bojo diversas dimensões características, tais como a capacidade de
criar novos negócios, inovação em produtos, serviços e processos, proatividade, aceitação do risco e espirito de competitividade. (CARNEIRO,
2013, p. 21).
Em um mercado cada vez mais dinâmico, as organizações passaram a
investir tempo e recursos na implantação de ambientes que estimulem o
intraempreendedorismo, pois este elemento possui relação direta com os
indicadores de crescimento e lucratividade das organizações, sendo ele essencial
para o sucesso e perpetuidade. Além disso, as organizações buscam enfraquecer
sistemas e estruturas que dificultam o desenvolvimento das novas possibilidades e
fortalecer os modelos de gestão mais livres e orgânicos, objetivando a reinvenção e
adaptação dos colaboradores ao desafio de crescer continuamente.
A atual economia faz com que as organizações exijam altos níveis de
desempenho de seus colaboradores. Os recursos humanos não devem ser vistos
como componentes de custo, e sim como fontes potenciais de valor adicionado e
investimentos de longo prazo. (WUNDERER, 2001).
Assim, as organizações devem buscar uma nova divisão de poder,
12
incentivando os colaboradores a adquirirem cada vez mais poder e liberdade, de
acordo com o valor que geram para organização.
Para Dornelas (2005), o intraempreendedor vai além das tarefas normalmente
relacionadas aos administradores, em uma visão mais abrangente e não se contenta
em apenas fazer o que deve ser feito. Ele quer mais e busca fazer mais. De acordo
com Pinchot (1989), os intraempreendedores podem ser bem-sucedidos
rapidamente se aplicarem as dez táticas a seguir:
1. Pedir desculpas e não permissão, respeitando os limites;
2. Fazer tudo para transformar uma ideia em realidade;
3. Ir trabalhar todo o dia com o espírito de quem será demitido;
4. Ser leal e honesto com os patrocinadores;
5. Construir uma equipe de voluntários entusiastas, selecionando apenas os
melhores;
6. Lograr qualquer regra que possa impedir a realização de uma ideia;
7. Criar uma rede de bons contatos capazes de prestar assistência;
8. Aprender a ser mais modesto e trabalhar em silêncio tanto quanto possível
para não ativar os mecanismos de defesa da organização;
9. Perseguir objetivos, mas de maneira realista em relação aos meios para
atingi- los;
10. Manter o foco.
Para Pinchot (1989), grande parte das peculiaridades do intraempreendedor
podem ser entendidas considerando-se as pressões de se combinar, em um
colaborador, um forte visionário e um executor insaciável. São colaboradores
sonhadores que realizam e assumem uma responsabilidade pela criação e/ou
inovação de qualquer espécie já existente na organização.
Atualmente, o grande desafio das organizações é conseguir desenvolver seus
colaboradores dando-lhes a oportunidade de que suas ideias e criações se realizem.
O processo intraempreendedor surgiu como consequência do empreendedorismo,
pois pessoas com perfil empreendedor também fazem parte do quadro funcional de
uma organização. Quando Pinchot constatou a existência destes colaboradores
dentro das organizações e a importância para o crescimento e alcance dos objetivos,
observou que grande parte das organizações não ofereciam um ambiente de
trabalho saudável para reter e utilizar o potencial empreendedor de cada um.
Segundo Pinchot (1989), os empreendedores naquele momento e as grandes
13
organizações pareciam não se darem bem juntos, embora necessitassem um do
outro. O empreendedor necessita de recursos para testar as suas ideias, enquanto
as organizações precisam de forças inovadoras e de iniciativa por parte do
colaborador.
Com base na afirmação do autor, caberia as organizações reconhecerem seus
talentos, pois os mesmos podem virar seus concorrentes, já que estão sempre em
busca de um ambiente de trabalho propicio a inovações, que é um diferencial
competitivo.
Como cita Pinchot III (1987), grande parte dos colaboradores com
características intraempreendedoras deixam as organizações não porque
consideram insuficientes seus salários e benefícios, mas sim, porque se sentem
frustrados em suas tentativas de inovar. Estes colaboradores precisam ter ao seu
dispor delegação de poder para agir tanto quanto precisam de compensação material
ou financeira.
Conforme Santos et al (2005), a ideia do intraempreendedorismo está
intimamente ligada aos conceitos de gestão do conhecimento e inovação
tecnológica, tendo em vista inclusive que o mesmo propõe atividades que estão à
margem da rotina organizacional, ou seja, propõe sempre atividades inovadoras.
E à margem da rotina da organização, surge também o conceito do “ócio
criativo”, defendido por De Masi (2000), que sugere a inclusão de tempos de lazer
durante os horários de trabalho, durante os quais os colaboradores podem gerar
novas ideias e consequentemente promoverem inovações para as empresas.
A ideia de um colaborador criativo muitas vezes está associada à figura de um
inventor, entretanto Dornelas (2010) diz que inovação tem a ver com mudanças, de
fazer as coisas de forma diferente, de criar algo novo e transformar o ambiente no
qual está inserido. Partindo desse conceito, o autor afirma que a inovação é mais
abrangente que apenas a relação que se faz com a criação de novos produtos ou
serviços.
O perfil do colaborador que inova na organização busca modificar e/ou
aprimorar as rotinas e produtos que venham a agregar valor a organização, ou
mesmo efetuar a diminuição dos custos em geral.
De acordo com Wunderer (2001, apud HASHIMOTO, 2013, p. 19)
O intraempreendedor é um colaborador da empresa que inova, identifica e
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cria oportunidades de negócios, monta e coordena novas combinações ou arranjos de recursos para agregar valor. Age para atender necessidades
latentes e buscar fazer de forma mais eficaz o que já existe. O objetivo do empreendedorismo organizacional é manter e aumentar o valor corporativo no longo prazo, otimizando os benefícios dos principais stakeholders.
A inovação é a porta de entrada para novas receitas, pois com isso pode- se
abrir novos negócios, ou expandir os já existentes, possibilitando o aumento da
margem de lucro da organização. Portanto, a inovação é uma característica
primordial para aqueles colaboradores que buscam ser intraempreendedores nas
organizações, contribuindo com os processos de criação, elaboração e implantação
de novas rotinas, serviços e/ou produtos.
Esse perfil de colaborador é fortemente marcado nas pessoas que têm
interesse em desenvolver uma atividade ou ideia, independentemente da situação a
ser vivenciada, buscando seu auto realização, orgulho e satisfação, especialmente
quando enfrentam e vencem os desafios inovadores. A sua participação em todas as
etapas da execução de um projeto demonstra o quanto é comprometido com a
organização, desenvolvendo confiabilidade e credibilidade de seus superiores que
passam a interferir em menor proporção em suas atividades.
Realizar e concluir certamente faz do intraempreendedor um profissional
motivado, disposto a superar as dificuldades relacionadas ao seu comportamento e
as possibilidades oferecidas pela organização. Este tipo de situação pode favorecer
o surgimento e/ou evolução da motivação do intraempreendedor proporcionando a
ele e a organização melhores resultados.
A organização que possui esse profissional será beneficiada, porém deve
apoiar suas ideias e práticas, pois é a partir delas que mudanças ocorrerão,
aumentando a efetividade de seus resultados e lucros.
Por outro lado, percebe-se no dia-a-dia que muitos conseguem efetivar seus
objetivos mesmo com diversas adversidades e outros, entretanto, não obtêm o
mesmo êxito, ainda que em condições favoráveis. A conclusão disso é que além do
preparo técnico específico para a efetivação de um projeto e de ambiente que
garanta condições mínimas, existem também aspectos pessoais que aumentam a
probabilidade de levar a cabo qualquer desafio e que se referem à prática de um
novo conjunto de competências. O que se espera, então, são colaboradores ativos,
que vivam profundamente suas metas, que assumam a responsabilidade pessoal de
implementar novas ideias e transformá-las em sucesso comercial. Os
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intraempreendedores podem fazer toda a diferença entre o sucesso e o fracasso da
empresa.
2.3 Características dos Líderes do Futuro
Talento para lidar com pessoas, disposição para encarar a complexidade e
espirito de equipe são competências que ganham o centro de uma transformação
que vai forjar as novas lideranças e mudar a visão das organizações, é o fim da era
da liderança autoritária e o início de um ciclo competitivo centrado no capital
humano.
Os líderes vêm se defrontando com um mundo que se modifica rapidamente.
A revolução do consumo de tecnologia, informação e conhecimento atingiu grande
velocidade. As pessoas estão cada vez mais esclarecidas, conscientes e nem
exércitos inteiros podem conter ou mesmo diminuir o fluxo acelerado de informações
através das fronteiras. Padrões de qualidade cada vez mais elevados exigem
transformação das organizações em mercados globais. Os líderes do futuro
enquadram-se nesse perfil de ego elevado, possuem o recurso magnânimo da ideia,
da visão certa, e traduzem- nas em ação. Vislumbram a construção dos padrões
emergentes de uma nova sociedade, por estarem abertos a realizar mudanças, com a
visão orientada para o futuro (Alexandre Teixeira – Revista Época).
Conforme sugere Covey (2003), o papel do líder não é "gerenciar a
mudança", mas sim criar o próprio futuro dentro do panorama que se está
modificando em um conceito que ele determina como "liderar a mudança".
As habilidades requeridas dos líderes do futuro passaram a ser: estar próximo
ao cliente (foco no cliente não no produto), deixar de agir com autonomia, produzir
através de pessoas (estimular o crescimento dos subordinados), compartilhar
valores, ter equipe enxuta e ágil, trabalhar com qualidade , aceitar as contribuições
dos outros, analisando-as com vistas à sua aplicação, tomar decisões em conjunto,
não querer marcar época e perpetuar- se com realizações fantásticas, falar na hora
certa e escutar sempre, ter objetivos claros, questionar, provocar a coesão e garantir a
continuação do grupo, quando ausente.
Vergara (1999) ainda complementa afirmando que o líder forma outros líderes
com cujos seguidores compartilha a visão, missão, objetivos, metas, estruturas,
tecnologia e estratégias.
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O líder do futuro alcançará status pela sua capacidade em lidar com as
diferenças, respeitando-as e utilizando-as como fator decisivo para o progresso do
projeto e para o bem comum, ao mesmo tempo. É aquele que suprime o exercício
do poder para exercitar a autoridade motivadora. Ao invés de controlar pelo medo,
contagia a equipe, encorajando os colaboradores a se sentirem mais seguros, dignos
e necessárias ao bom desempenho das tarefas que lhes são confiadas. O fator
primordial para potencializar a sua capacidade de liderar está diretamente
relacionado à sua capacidade de servir. Todas as relações sociais harmônicas são
embasadas na troca. Tal deve ser ativo e atualizado, buscando sempre um
aprimoramento contínuo que amplie seus conhecimentos e suas habilidades para
que possa transparecer confiança aos liderados. Além disso, deve dominar com
maestria a área de atuação para que possa exercer seu papel com competência.
Deve ser ainda um profundo conhecedor da psique humana, sabendo compreender
e respeitar o lado abstrato da organização, aprendendo a trabalhar as diferenças de
tal forma a criar uma equipe harmônica e cooperativa, onde todos os membros se
sintam integrados e valorizados.
Suryavan Solar diz: “Antes de liderar pessoas, empresas, países, seja o líder
de si mesmo”. Líder é o que lidera seus pensamentos, emoções e ações, não está à
mercê deles.
Um líder centrado que se auto observa, não se envolvendo na
emocionalidade, nem levando as coisas para o lado pessoal, com a prática do
redesenho sempre presente, tem muito mais chance de ter uma comunicação
assertiva e ser resiliente do que outro que não pratica a auto-observação. Somente
com auto liderança, conhecendo seus potencias e suas debilidades, um verdadeiro
líder pode compreender sua equipe. O líder do futuro é aquele que percebe a
importância de ser o exemplo, não só em competências técnicas, mas principalmente
em competências comportamentais. Sabe o quanto suas decisões afetam pessoas e
por isso busca a visão correta através de conhecimento, informação, da auto-
observação, calma e clareza mental, para tomar a melhor decisão, em que todos
ganhem, ou quando isso não é possível, que nenhum perca, ou quando isso também
não é possível, que seja a menor perda.
Um líder sabe para onde vai, tem iniciativa, visão, paixão, um projeto e uma
equipe.Presta atenção ao sonho de cada um de sua equipe, desenvolvendo e
treinando pessoas através do exemplo e da ação, sempre em busca da formação
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novos líderes, melhores que ele, através de capacitação, delegação, supervisão,
feedbacks eficazes, celebração junto com sua equipe. Promovendo a auto liderança,
autonomia e autossuficiência de seus liderados, alinhando seus sonhos ao da
organização.
Judith M. Burdwick (1996) explica que líderes conseguem muitas vezes criar
seguidores porque geram: confiança em pessoas amedrontadas; certeza em
pessoas hesitantes; ação onde havia hesitação / sonho; força onde havia fraqueza;
método onde havia confusão; coragem onde havia covardia; otimismo onde havia
ceticismo; e convicção de que o futuro será melhor.
Para Ulrich (1996) a liderança no futuro trabalhará para converter aspirações
em ações; estará fundamentada em premissas; e exigirá credibilidade pessoal e
competência administrativa. Para os líderes traduzirem as aspirações em ações, as
suas premissas sofreram mudanças: da liderança no topo da instituição para a
liderança compartilhada; dos eventos únicos aos processos contínuos; dos
campeões individuais para os resultados coletivos.
Segundo os autores, Chiavenatto (1999), Maxwell (2007) e Spricigo (1999), é
muito importante para o profissional se sentir importante para a organização. O
prazer de exercer sua função vem com um elogio, uma promoção, uma homenagem,
coisas que fazem o ser humano se sentir bem consigo mesmo e com seu trabalho. E
essas são atribuições de um líder e para isso é imprescindível que este entenda o
comportamento dos integrantes de sua equipe, tornando-se, desta forma, mais fácil a
tarefa de influenciá-los objetivando o alcance das metas organizacionais.
18
3 MÉTODO DE PESQUISA E MÉTODO DE TRABALHO
Neste capítulo aborda-se a metodologia de pesquisa e os procedimentos
adotados para o desenvolvimento do estudo. “O método é conjunto das atividades
sistemáticas e racionais que com maior segurança e economia, permite alcançar o
objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido,
detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.” (MARCONI, 2017, p. 83).
3.1 Método de Pesquisa
Tendo em vista os objetivos apresentados nestetrabalho, a abordagem
escolhida de pesquisa foi qualitativa. A pesquisa qualitativa não se preocupa com
representação numérica, mas sim, com o aperfeiçoamento da percepção de um
grupo social ou de uma organização.
Segundo Golderg (2004), os dados qualitativos consistem em descrições
detalhadas de situações com o objetivo de compreender os indivíduos em seus
próprios termos. Estes dados não são padronizáveis como os dados quantitativos,
obrigando o entrevistador a ter flexibilidade e criatividade no momento de coletá-los
e analisa-los. Não existindo regras precisas e passos a serem seguidos, o bom
resultado da pesquisa depende da sensibilidade, intuição e experiência do
pesquisador.
Em relação à análise dos dados, será realizado coleta através de entrevistas,
análise documental e análise bibliográfica. Na entrevista será elaborado um
formulário contendo perguntas especificas com o assunto hora estudado. Segundo
Gil (2008), pode-se definir entrevista como a técnica em que o investigador se
apresente frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção
de dados que interessam à investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de
interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que
uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de
informação.
A análise bibliográfica consiste no levantamento, seleção, fichamento e
arquivamento de informações relacionadas à pesquisa livros, revistas, jornais, teses,
dissertações, etc. Para Gil (2008), parte considerável do trabalho de pesquisa
consiste na utilização de recursos fornecidos pelas bibliotecas. Isso é verdadeiro
19
não apenas para as pesquisas caracterizadas como bibliográficas, mas também
para os demais delineamentos. Qualquer que seja a pesquisa, a necessidade de
consultar material público é imperativa. Primeiramente, há a necessidade de se
consultar material adequado à definição do sistema conceitual da pesquisa e à sua
fundamentação teórica. Também se torna necessária a consulta ao material já
publicado tendo em vista identificar o estágio em que se encontram os
conhecimentos acerca do tema que está sendo investigado.
Após a coleta de dados, a fase seguinte da pesquisa é a de análise e
interpretação de dados. Gil (2008) acredita que a análise tem como objetivo
organizar e sumariar os dados de forma tal que possibilitem o fornecimento de
respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como
objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua
ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos.
3.2 Método de Trabalho
Este trabalho foi construído através de um método de trabalho dividido em sete
etapas previamente planejadas. A figura abaixo representa de forma simplificada o
método utilizado:
Descrição detalhada das etapas:
Etapa 1: Construção do referencial teórico. Foram feitas buscas
pertinentes a liderança, intraempreendedorismo e as características dos
líderes do futuro. A construção do referencial teórico foi o que deu
embasamento para elaboração do questionário utilizado neste
trabalho.Esta primeira etapa ocorreu entre maio de 2018 a julho de
20
2018.
Etapa 2: Seleção dos objetos de estudo. O intuito foi buscar oito perfis
distintos com faixa etária de 20 a 55 anos, homens e mulheres afim de
capitar diferentes opiniões sobre o assunto abordado. Esta etapa
ocorreu entre junho 2018 a julho 2018.
Etapa 3: Elaboração do roteiro de entrevistas. Tendo como base o
referencial teórico entre outros autores, foi elaborada a primeira versão
do questionário, com 16 perguntas relacionadas aos assuntos
abordados, as quais 10 serão segregadas para aplicação do mesmo
com os perfis selecionados. Esta terceira etapa ocorreu em meados de
agosto de 2018.
Etapa 4: Entrevistas. Foram realizadas 6 entrevistas com profissionais
de perfis previamente selecionados na etapa B, seguindo um roteiro
semiestruturado (Apêndice B: questionário). Estas entrevistas
ocorreram entre setembro e outubro de 2018.
Etapa 5: Transcrição das entrevistas. As entrevistas foram gravadas e
transcritas para um documento de texto. Houve um filtro nos
documentos gravados visando extrair apenas as informações focadas
nas perguntas. Esta quinta etapa ocorreu entre meados de setembro de
2018.
Etapa 6: Análise. Esta etapa utilizou o documento derivado da
transcrição das entrevistas. Estas informações foram utilizadas para a
construção dos capítulos 4 e 5 deste trabalho. Esta etapa ocorreu entre
setembro e outubro de 2018.
Etapa 7: Redação. A redação deste trabalho ocorreu a partir do
referencial teórico, documento derivado da transcrição das entrevistas,
dados primários e secundários. Com eles foi possível a construção do
capítulo 5, que é a consolidação da análise de conteúdo. Esta última
etapa ocorreu entre outubro e novembro de 2018.
21
4 APLICAÇÃO DA PESQUISA E RESULTADOS
A seguir serão apresentados os perfis dos entrevistados, assim como a
análise das informações sobre os respectivos assuntos: liderança,
intraempreendedorismo e características dos líderes do futuro.
4.2 Perfil dos Entrevistados
A amostra de profissionais foi selecionada levando em consideração a
situação trabalhista de cada um, afim de obtermos dois quadros situacionais
distintos para comparativo no final da aplicação do roteiro de entrevistas. Ao todo
foram 6 entrevistados conforme os perfis abaixo:
1. Homem, 36 anos, cursando administração de empresas. Atualmente
trabalha na área comercial em uma organização responsável pela
distribuição de produtos siderúrgicos a nível nacional. Seu projeto atual é
crescer dentro da organização onde atua.
2. Mulher, 40 anos, cursando administração de empresas. Reincidente a
organização onde trabalha atualmente. No passado tentou outra
organizaçãoo visando melhores resultados lucrativos e novas
oportunidades, porém, não teve a mesma felicidade que possui na atual
empresa, portanto, decidiu manter-se no desafio que já possui. Após já ter
testado o mercado, seu projeto é crescer dentro da atual organização.
3. Homem, 31 anos, cursando administração de empresas. Legitimo
aventureiro. Possuía uma vida profissional e financeira estável, em uma
organização renomada e de porte. Decidiu largar tudo e se aventurar (em
busca de maiores ganhos), porém o resultado não foi o esperado. Passou
por algumas outras organizações até que se encontrou. Atualmente
trabalha no setor comercial em uma organização distribuidora de produtos
siderúrgicos (concorrente do entrevistado 1) e seu projeto é crescer dentro
da organização em que se encontra.
4. Mulher, 32 anos, não estuda e no momento está desempregada. Após a
saída de seu último emprego, descobriu um problema de saúde o qual está
tratando. Após tratamento, seu projeto é buscar recolocação no mercado
22
de trabalho.
5. Homem, 27 anos, formado em administração de empresa. Recentemente
atuava como comprador de commodities em uma empresa de perfuração
de poços artesianos, mas após 1 ano foi desligado por problemas de
relacionamento com seu líder. Após receber seu benefício (seguro
desemprego) irá em busca de uma recolocação no mercado de trabalho.
4.2 Resultados
Este capitulo tem como objetivo expor os resultados obtidos através da
pesquisa realizada com cinco voluntários que atualmente possuem situações de
trabalho distintas afim de coletar a maior variedade de opiniões possíveis sobre o
tema principal abordado neste trabalho.
Referente a questão 01 do roteiro de entrevistas: Para você, o que é ser um
líder? Em entrevista a um colega da área, atualmente empregado identificado como
E1, foi dito que ser líder é comprometer-se diariamente junto aos seus liderados.
Segundo o entrevistado atualmente empregado, E3, é ser alguém capaz de
administrar pessoas com diferentes personalidades fazendo com que todos movam-
se para um objetivo comum. Entretanto, a entrevistada E4, atualmente
desempregada, mas utilizando sua última experiência como base (não satisfatória),
disse que é alguém que saiba influenciar, que tenha autoridade, voz de comando e
principalmente que seja um exemplo para seus subordinados. Indo de encontro as
opiniões citadas, Nascimento (2008) afirma que o líder é a pessoa encarregada por
uma tarefa ou atividade de uma organização e que, para tal, comanda um grupo de
pessoas, tendo autoridade de mandar e exigir obediência.
Referente a questão 02 do roteiro de entrevistas: Até que ponto seu líder
direto influencia na sua tomada de decisão? Segundo E5 atualmente desempregado,
mas tomando como base sua antiga experiência, informou que sua antiga função
não o permitia tomar atitudes fora dos padrões já pré- estabelecidos pela
organização, portanto, a influência era direta. Já o E1, informou que não influencia
em nada pois não possui confiança em seu líder. Assim como ele, a entrevista E2
informou que não vê influencia em suas atitudes, somente em alguns procedimentos
os quais fogem da autonomia dela. As respostas acima vão em desencontro de
Spector (2002) que afirma que o líder deve ser o maior motivador de seus liderados.
23
O seu comportamento pode influenciar a maneira como os liderados encaram o dia a
dia e como se comportam dentro da organização.
Sobre a questão 03 do roteiro de entrevistas: Atualmente, qual a importância
dos colaboradores com perfis intraempreendedores dentro das organizações?
Segundo o entrevistado identificado como E3 são de grande importância, pois
através deles a organização pode buscar diferentes melhorias afim de aprimorar os
processos internos. Seguindo praticamente a mesma linha de raciocínio, o
entrevistado E5 acredita que é de suma importância, pois com a competitividade no
mundo empresarial cada dia mais acirrada, profissionais que conseguem entregar
algo a mais do que a organização exige, que propõe alternativas, cria soluções são
vitais para sobrevivência de qualquer organização. Para complementar, a
entrevistada E4 afirma que as ideias de todas as hierarquias devem ser analisadas
pois se foram criadas são intencionalmente para benfeitorias dentro da organização.
Segundo Carneiro (2013), o perfil intraempreendedor exige inovação, saber
gerenciar os riscos e reconhecer oportunidades afim de desenvolver novos projetos,
focando na empresa como todo visto que a recompensa é o compartilhamento dos
resultados, tanto financeiro quanto da qualidade nos processos de trabalho.
Em relação a questão 04 do roteiro de entrevistas: Seu líder direto empenha-
se na formação de novos líderes? Neste caso, os entrevistados identificados como
E1, E2, E3 e E4 compartilham da mesma ideia, informando que os lideres poderiam
motivar e incentivar mais os liderados, sendo que o E1 disse que a maior
preocupação de seu líder é em manter seu emprego. Em contrapartida, o E5
informou que não da maneira correta, mas dentro de suas limitações seu antigo líder
o incentivava afim de trabalhar em busca de melhores oportunidades. Segundo
Vergara (1999) o líder deve ser considerado o maior influenciador, envolvendo e
conduzindo seus liderados a lutar pelas mesmas causas.
Referente a questão 05: Você se sente diariamente motivado pelo seu líder?
O entrevistado identificado como E1 disse que não, pois seu líder lhe mostra o tipo
de líder o qual ele não deve ser. O entrevistado E3 disse que também não pois seu
líder já se mostrou despreparado em diversas situações. Complementou informando
que a motivação existente hoje está ligada ao interesse financeiro e em atingir os
objetivos propostos pela empresa. Conexo as respostas anteriores, a entrevistadaE2
também negou e ainda afirmou que se profissional possível e não se deixar
influenciar. Em contrapartida a opinião e as experiências dos entrevistados,
24
Chiavenato (2005) afirma que a motivação vai estar sempre atrelada com o
comportamento humano, quando este pretende alcançar algum objetivo, a uma
variedade de fatores que irá influenciar a motivação do indivíduo, quando o mesmo
tem uma determinada necessidade, imediatamente busca mecanismos que faz com
que a satisfação seja suprida de forma a lhe garantir um conforto e realização.
No que diz respeito a questão 06 do roteiro de entrevistas: Para você, o que é
intraemprender? Segundo o entrevistado identificado como E3, intraemprender é se
mostrar um profissional diferenciado, pensar na organização como um todo, buscar
novas oportunidades através de diferentes cenários em busca de melhorias
continuas. Já o E5 acredita que é criar novas alternativas dentro da empresa,
analisando sempre todos os cenários e processos afim de propor melhorias.
Complementando, o entrevistado E1 diz que é fazer diferente, pensar como se fosse
o próprio dono da empresa. De acordo com Wunder (2011) são profissionais que
possuem capacidade diferenciada de analisar cenários, criando ideias, inovando e
buscando novas oportunidades para as empresas, concluindo assim que a opinião
dos entrevistados está de acordo com a teoria do autor.
Sobre a questão 07: Na sua opinião, existe alguma tática para o
intraempreendedor alcançar o sucesso? O entrevistado identificado como E1
acredita que estar bem inserido na maneira como a organização atua é o primeiro
passo, identificar possíveis melhorias dos processos é o segundo e o principal é ter
coragem para tentar. Segundo Pinchot (1985), o intraemprendedor é sempre o
sonhador que apresenta a capacidade de transformar uma ideia em realidade.
Porém, para a entrevistada E2, acredita que não, pois são vários fatores que fazem
com quem o sucesso seja alcançado. Tem que possuir segurança no que faz,
dedicação e criatividade. Pinchot (1999) diz que escolher pessoas comprometidas a
fazer com que uma ideia funcione é melhor do que escolher o melhor plano de ação.
Referente a questão 08 do roteiro de entrevistas: Na sua opinião, profissionais
com perfis inovadores possuem maiores oportunidades? Neste caso o entrevistado
E5 diz que sim, que experiência, currículo e graduação podem ser a abertura de
portas, além de acreditar que o perfil empreendedor poderá receber mais
oportunidades. Seguindo a mesma ideia, o entrevistado E3 diz que com certeza,
desde que a empresa não trabalhe com uma política conservadora, bloqueando as
inovações levadas pelos subordinados. Porém, o E1 não enxerga desta forma, pois
acredita que o mercado está carente de profissionais qualificados em vários
25
quesitos, então a inovação passar a ser apenas mais uma qualidade. Para
Hashimoto (2006) podemos pensar em outras de inovar. Se pensarmos bem, o
escopo de aplicação do pensamento inovador não tem fim. As limitações para
pensar em formas diferentes de inovar em nossos negócios, com tudo que envolve a
capacidade de ter ideias criativas, está na nossa cabeça.
Sobre a questão 09: Ser um bom profissional faz de você um empreendedor?
Neste caso tivemos opiniões bem divididas. E2 e E4 acreditam que sim, pois o
profissional que executa suas tarefas com sucesso é um empreendedor de sua
própria carreira, com o intuito de adquirir cada vez mais experiência podendo
futuramente assumir cargos maiores dentro da organização. Entretanto, para o E3
não, pois para ser um bom empreendedor precisa ter iniciativa, capacidade de
planejamento, autoconfiança, liderança e perseverança para entender o negócio
buscando crescimento continuo em mercados que se mostram cada dia mais
competitivos. Complementando, E5 acredita que não necessariamente, pois pode
ocorrer de o funcionário executar o trabalho com eficiência, porém sem inovar ou
propor alguma melhoria/alternativa para as rotinas de trabalho. Para Hashimoto
(2009) existem várias formas de desenvolvimento do intra-empreendedorismo, mas
não existe a melhor forma. Como se trata de mexer profundamente com o clima
interno e, muitas vezes, até com a cultura interna, as mudanças são gradativas,
customizadas e realizadas apenas no longo prazo. Resumindo, depende muito das
circunstâncias existentes na organização.
Por fim, referente a questão 10 do roteiro de entrevistas: O que motiva e
influencia seus comportamentos dentro da organização? E4 afirma que o
reconhecimento e o retorno financeiro. Para E5 a perspectiva de construir uma
carreira e a maior influência é a forma de reconhecimento. Assim como eles, E3 diz
que são os desafios e metas atingidas, resultando uma melhor remuneração além de
possibilitar o crescimento dentro da organização. Segundo Quinn (2003) motivação é
um processo responsável por impulso ou comportamento do ser humano para uma
determinada ação, que estimula para realizar suas tarefas de forma que o objetivo
esperado seja alcançado. Complementando, seja você mesmo sua inspiração diária.
26
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para ser um líder eficaz e atingir todas as metas que a liderança proporciona
é necessário o desenvolvimento profissional dos líderes. É imprescindível que eles
saibam lidar com todas as situações e obstáculos encontrados e intervir da melhor
maneira nos processos da empresa e na relação com seus colaboradores para se
obter um feedback positivo.
O Objetivo deste trabalho foi expor quais são as competências que parecem
ser necessárias para a formação dos líderes do futuro, onde após a leitura de
diversos autores e aplicação/análise de um roteiro de entrevistas com profissionais
deste perfil, constatou-se que o líder precisa transparecer pulso firme
independentemente da situação, ser o exemplo para sua equipe e principalmente
estar sempre em busca agregando conhecimento em busca da formação de um
perfil intraempreendedor.
Observou-se que o líder que consegue aliar seu talento e atribuir tais
competências tenderá a ter mais sucesso na condução e orientação de uma equipe,
uma vez que há maior entendimento sobre como se portar e contribuir de modo
geral.
Na elaboração deste trabalho, a principal dificuldade foi o pouco tempo
disponível para a aplicação do roteiro de entrevistas com os convidados. Além disso,
esperava que as respostas extraídas das perguntas aplicadas fossem conter maior
diversidade de opiniões devido as áreas de trabalho de cada um. Perante isso,
sugiro a outros pesquisadores que apliquem o questionário com outros profissionais
de outros perfis.
27
REFERÊNCIAS
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BERGAMINI, C.W. Motivação nas organizações. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando pessoas: o passo decisivo para a administração participativa. São Paulo: Makron Books, 1992. COVEY, Stephen R. Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes. 14. ed. São
Paulo: Best Seller, 2003. DE MASI, D. O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio
de Janeiro: Campus, 2005. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994. HUNTER, James C. O Monge e o executivo: uma história sobre a essência da
Liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. KELLEY, Robert Earl. Como brilhar no trabalho: nove estratégias decisivas para
ter sucesso. Rio de Janeiro: Campus, 1999. MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia cientifica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MARCOS, Hashimoto: Uma lição de empreendedorismo. Disponível em:
<https://dinheirama.com/blog/2009/07/09/marcos-hashimoto-uma-licao-de- empreendedorismo/>. Acesso em: 06 ago. 2018.
MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Teoria geral da administração: da escola
científica à competitividade em economia globalizada. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MINAYO, Maria C. de Souza. Pesquisa social. 34. ed. Petropólis: Vozes,1993.
PINCHOT III, G. Intrapreneuring: por que você não precisa deixar a empresa para
tornar-se um empreendedor. São Paulo: Harbra, 1987. PINCHOT; PELLMAN, Ron. Intraempreendedorismo na prática: um guia de
inovação nos negócios. Rio de Janeiro, 2004 ROBBINS, Stephen P.; JUDGE, Timothy A.; SOBRAL, Filipe. Comportamento organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro. São Paulo: Pearson, 2011.
ROHN’S, Jim. The keys tosuccess. Australia, 2002.
SANTOS, S. A. Empreendedorismo de base tecnológica: evolução e trajetória.
Maringá: Unicorpore, 2005.
28
SPECTOR, P. E. Psicologia nas organizações. São Paulo: Saraiva, 2002.
ULRICH, Dave.O código da liderança. São Paulo: Record, 2010.
VERGARA, Sylvia. Gestão de pessoas. São Paulo: Atlas, 1999.
WUNDERER, R. Employees as “co-intrapreneurs” – a transformation concept. Leadership & Organization Development Journal. p. 193, 2001.
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APÊNDICE A – Roteiro de Entrevistas
Questões Inspiração teórica
Questão 01: Para você, o que é ser um líder? (Nascimento 2008).
Questão 02: Até que ponto seu líder direto influencia sua
tomada de decisão? (Spector2002).
Questão 03: Atualmente, qual a importância dos
colaboradores com perfis intraempreendedores dentro das
organizações?
(Carneiro 2013).
Questão 04: Seu líder direto empenha-se na formação de
novos líderes? (Vergara 1999).
Questão 05: Você se sente diariamente motivado pelo seu
líder? (Chiavenatto1999).
Questão 06: Para você, o que é intraempreender? (Wunder2001).
Questão 07: Na sua opinião, existe alguma tática para o
intraempreendedor alcançar o sucesso? (Pinchot1989).
Questão 08: Na sua opinião, profissionais com perfis
inovadores possuem maios oportunidades? (Hashimoto 2004).
Questão 09: Ser um bom profissional, faz de você um bom
empreendedor? (Hashimoto 2004).
Questão 10: O que motiva e influencia seus comportamentos
dentro da organização? (Robert Quinn 2003).