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AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

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  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    1

    AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL:

    AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS

    E

    FERRAMENTAS

  • AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

    2

    MINISTRO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HDRICOS E DA AMAZNIA LEGALGustavo Krause Gonalves Sobrinho

    PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTEE DOS RECURSOS NATURAIS RENOVVEISRaul Belens Jugmann Pinto

    DIRETOR DE INCENTIVO PESQUISA E DIVULGAOJos Dias Neto

    CHEFE DO DEPARTAMENTO DE PESQUISAHiram Lopes Pereira

    CHEFE DA DIVISO DE DIVULGAO TCNICO-CIENTFICANorma Guimares Azeredo

    CHEFE DA DIVISO DE DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS AMBIENTAISMiriam Laila Absy

    ElaboraoIBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis)Diretoria de Incentivo Pesquisa e DivulgaoDepartamento de Incentivo a Estudos e PesquisaDiviso de Desenvolvimento de Tecnologias AmbientaisTelefones: (061) 316-1195Telefone/Fax: (061) 225-0419

    Endereo para correspondncia e contribuies:IBAMA/DIRPED/DEPES/DITAMDiviso de Desenvolvimento de Tecnologia AmbientalSAIN, Av. L/4 Norte, s.n., Bloco B, Edifcio-sede - IBAMATelefone: (061) 316-1195Telefone/Fax: (061) 225-0419CEP: 70800-200 - Braslia - DF

    Braslia1995

    Impresso no BrasilPrinted in Brazil

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    3

    Ministrio do Meio Ambiente, dos Recursos Hdricos e da Amaznia Legal

    Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

    AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL:

    AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS

    E

    FERRAMENTAS

    Braslia, 1995

  • AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

    4

    EQUIPE TCNICA:

    Coordenadora do Projeto Tecnologias de Gesto AmbientalMiriam Laila Absy

    Gerente Executiva do Projeto Tecnologias de Gesto AmbientalFrancisca Neta A. Assuno

    Redao e Adaptao do TextoMiriam Laila Absy

    Francisca Neta A. Assuno

    Sueli Correa de Faria

    Texto OriginalEzequiel Carneiro dos Santos

    Helena Correa Tonet

    Mrcio Villas Boas

    Paula Yone Stroh

    Ruth Gonalves de F. Lopes

    Sueli Correa de Faria

    Reviso TcnicaDamio Maciel Guedes

    Maria Ceicilene Arago Martins

    ColaboradoresAntonio Librio Philomena

    Maria Jos Monteiro

    A945a Avaliao de impacto ambiental: agentes sociais, procedimentos eferramentas, coordenao e adaptao de Miriam Laila Absy,Francisca Neta A. Assuno, Sueli Correia de Faria, verso dePaula Yone Stroh ... [et al.] -- Braslia : Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis, 1995.

    136p.

    1. Impacto ambiental. 2. Gesto ambiental. 3. Licenciamento.I. Absy, Miriam Laila II. Assuno, Francisca Neta A. III. Stroh,Paula Yone. IV. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renovveis.

    CDU 504.03

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    5

    GRUPOS DE TRABALHOS ESTADUAIS:Coordenados por:

    Leila Arajo de Medeiros-IMAC/ACJos Antonio Leite de Queiroz-CMA/APAntonio Almeida Lacerda-CRA/BAMaria do Socorro Alves Dias-SEMATEC/DFRoberto Gonalves Freire-FEMAGO/GOVicente Ferreira Dias-SEMATUR/MAEulinda de Campos Lopes-FEMA-MTEdson Espndola Cardoso-SEMA/MSMrcia Valadares de Melo Franco-FEAM/MGFrancisco Carlos Guedes da Fonseca-SECTMA/PAFrancisco Arruda Pontes-Fundao Centro de Pesquisas Econmicas e Sociais do Piau-PIJos Roberto Maroto-SEDAM/ROPedro Fernandes F. dos Santos-Sec. de Meio Amb. Int. e Justia-RR

    REPRESENTANTES DAS SUPERINTENDNCIAS DO IBAMA NOS ESTADOS DAAMAZNIA, PANTANAL E CERRADO:

    Edilton Rodrigues Nbrega-SUPES/ACJos Raimundo Silveira da Silva-SUPES/AMLeozildo Tabajara da Silva Benjamim-SUPES/APMaria Teresa Fernandes Moraes-SUPES/BARoberto Alves Monteiro-SUPES/DFAugusto Avelino de Arajo Lima-SUPES/GOUylson da Silva Maciel-SUPES/MAHilrio Mozer Neto-SUPES/MTIrene Baldacin-SUPES/MSMaria Beatriz Boschi-SUPES/MGJos Maria dos Santos Gadelha-SUPES/PACarlos Antnio Moura F-SUPES/PIMelanias Vieira Neto-SUPES/ROJosane Franco de Oliveira Xaud-SUPES/RRRaimundo da Cruz Noleto-SUPES/TO

    GRUPOS DE TRABALHO DE AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL DO ATELIER II-EVENTO CERRADO/PANTANAL

    Alberto BiribaAmbrosina Marques FerreiraAna Lcia D. PereiraAna Luiza Dolabela de Amorim MazziniAna Maria PachecoCarlos Antonio Moura FCecy Dalva Souza dos SantosEdite Mesquita S. CarvalhoFtima Regina RodriguesFrancisco Arruda PontesJlio de Miranda MouroLeomar Fagundes de AzevedoLuiz Cludio de Almeida Magalhes FilhoMaria Elisabeth de Lima VelosoMaria do Socorro Alves DiasMaurcio Aguiar NascimentoPaulo Amozir Gomes de SouzaRaimundo da Cruz NoletoRita de Cssia Martins GouveiaUbaldina Costa IsaacWeber CoutinhoYsis Rodrigues Carvalho

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

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    NOTA TCNICA

    Neste documento a expresso estudos ambientais refere-se, invariavelmente,ao EIA/RIMA e outros documentos tcnicos semelhantes, tais como: PCA, RCA, PRAD,exigidos pelo rgo ambiental para o licenciamento de atividades modificadoras do meioambiente, conforme previstas na Lei n 6.803/80 e nas Resolues CONAMA 001/86, 011/86, 009/90 e 010/90.

    Apesar de no haver diretrizes especficas regulamentadas pelo CONAMA paraa elaborao do PCA, RCA, PRAD e outros, estes foram aqui considerados como estudosambientais, em virtude do referencial terico implcito na legislao pertinente (anlise dosefeitos ambientais da ao antrpica) e da seqncia dos procedimentos requeridos poraqueles documentos serem basicamente os mesmos da Resoluo CONAMA 001/86, paraelaborao de EIA/RIMA.

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    9

    APRESENTAO

    Esta publicao representa um primeiro esforo do IBAMA para fornecerorientao bsica aos diferentes agentes sociais envolvidos na conduo de um processoparticipativo de AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL - emprendedor, rgosambientais licenciadores, grupos sociais afetados e outros.

    Esse esforo foi coordenado pela Diviso de Desenvolvimento de TecnologiasAmbientais-DITAM, da Diretoria de Incentivo Pesquisa e Divulgao-DIRPED, em resposta demanda crescente do setor pblico e privado por orientaes prticas, com fundamentaoterica consistente, para efetivao do uso da AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL,como um instrumento de implementao da Poltica Nacional do Meio Ambiente.

    Constitui um dos produtos do Projeto Tecnologias de Gesto Ambiental, queintegrou o Programa Nacional do Meio Ambiente no perodo em que este esteve sob acoordenao geral do IBAMA.

    A verso original deste documento foi produzida pelos consultores do Projeto,PAULA YONE STROH, MRCIO VILLAS BOAS, EZEQUIEL CARNEIRO DOS SANTOS,HELENA CORREA TONET, RUTH GONALVES DE FARIA LOPES e SUELI CORREA DEFARIA, a partir das entrevistas realizadas com tcnicos dos rgos estaduais de meio ambiente,das Superintendncias do IBAMA dos estados da Amaznia, Pantanal e Cerrado e dossubsdios fornecidos pelos Grupos de Trabalho Estaduais e do Atelier II-Evento Cerrado/Pantanal, realizado em Minas Gerais.

    Com o objetivo de torn-lo um documento orientador da prtica deAVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL e acessvel ao pblico em geral, foi procedidauma adaptao de seu texto por MIRIAM LAILA ABSY-Coordenadora do Projeto,FRANCISCA NETA ANDRADE ASSUNO-Gerente Executiva do Projeto e SUELICORREA DE FARIA-Consultora Permanente do Projeto.

    Este documento contm procedimentos e ferramentas alternativas que objetivamimprimir maior efetividade ao instrumento AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL,atravs da participao social na sua aplicao. Trata-se ainda de uma verso preliminar,que ser posteriormente transformada em um manual dinmico, auto-explicativo.

    O documento encontra-se organizado em 02 partes:

    PARTE I - aborda o processo de AIA no contexto da GestoAmbiental (histrico, instrumentos, fundamentostericos e demandas);

    PARTE II - fornece a orientao bsica do processo de conduode AIA, etapa por etapa, discorrendo sobre a situaoatual dos agentes sociais envolvidos, dosprocedimentos e das ferramentas utilizadas e, ainda,propondo alternativas para cada um desses elementos.Ao final de cada captulo so apresentadas sugestespara proposio de mudanas na legislao em vigor.

    inteno do IBAMA atualizar periodicamente o documento, nos seus aspectosde forma e contedo. Nesse sentido, espera-se contar com a contribuio do leitor nas tarefasde alteraes e complementaes.

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

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    LISTA DE SIGLAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas TcnicasAIA - Avaliao de Impacto AmbientalBASA - Banco da Amaznia S/ABID - Banco Interamericano de DesenvolvimentoBIRD - Banco MundialBNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e SocialCNEN - Comisso Nacional de Energia NuclearCONAMA - Conselho Nacional do Meio AmbienteCONDEMAS - Conselhos Municipais de Meio AmbienteCONSEMAS - Conselhos Estaduais de Meio AmbienteCOPAM - Conselho Estadual de Poltica AmbientalCVRD - Companhia Vale do Rio DoceDER - Departamento de Estradas de RodagemDNER - Departamento Nacional de Estradas de RodagemDNPM - Departamento Nacional de Produo MineralEIA - Estudo de Impacto AmbientalEIS - Environmental Impact StatementFEAM - Fundao Estadual do Meio AmbienteFUNAI - Fundao Nacional do ndioIBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

    RenovveisINCRA - Instituto Nacional de Colonizao e Reforma AgrriaLO - Licena de OperaoLP - Licena PrviaLI - Licena de InstalaoLPO - Licena Precria de OperaoLRP - Licena de Reformulao de ProcessoLRQ - Licena de ReequipamentoNEPA - National Environmental Policy ActOEMA - rgo Estadual do Meio AmbientePBQP - Programa Brasileiro de Qualidade e ProdutividadePCA - Plano de Controle AmbientalPRAD - Plano de Recuperao de reas DegradadasRCA - Relatrio de Controle AmbientalRIMA - Relatrio de Impacto AmbientalSUDAM - Superintendncia de Desenvolvimento da AmazniaSUFRAMA - Superintendncia da Zona Franca de Manaus

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    13

    SUMRIO

    NOTA TCNICA 7

    APRESENTAO 9

    LISTA DE SIGLAS 11

    PARTE I - O PROCESSO GLOBAL DE AVALIAO DE IMPACTOAMBIENTAL NO CONTEXTO DA GESTO AMBIENTAL 19

    CAPTULO 1 - AS PRTICAS E AS DEMANDAS DA AVALIAO DEIMPACTO AMBIENTAL 21

    1.1 A AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL-AIA E SEUSINSTRUMENTOS 21

    1.1.1 A AIA como instrumento da Poltica Nacional do Meio Ambiente 211.1.2 Instrumentos Legais de implementao da AIA: EIA/RIMA e/ou outros

    documentos tcnicos necessrios ao Licenciamento Ambiental (PCA, RCA,PRAD, etc) 22

    1.1.2.1 O Estudo de Impacto Ambiental-EIA e seu respectivo Relatrio deImpacto Ambiental-RIMA 22

    1.1.2.2 Outros documentos tcnicos necessrios ao Licenciamento Ambiental:o Plano de Controle Ambiental, o Relatrio de Controle Ambiental e oPlano de Recuperao de reas Degradadas 23

    1.2 ORIGEM DA AIA E ATUAIS TENDNCIAS MUNDIAIS DE SUAAPLICAO 23

    1.3 INTRODUO E APLICAO DA AIA NO BRASIL: limitese possibilidades 24

    1.4 DEMANDAS DO PROCESSO DE AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL NAREA DA AMAZNIA, PANTANAL E CERRADO 25

    1.5 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO 26

    CAPTULO 2 - FUNDAMENTOS ORIENTADORES DA PRTICA DA GESTOAMBIENTAL 29

    2.1 CONHECIMENTOS TERICOS QUE FUNDAMENTAM A LEITURA DOSCENRIOS DA GESTO AMBIENTAL 29

    2.1.1 Modelos de Gesto 29

    2.1.1.1 Modelo Burocrtico 302.1.1.2 Modelo Sistmico 312.1.1.3 Modelo Sistmico-Contingencial 32

  • AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

    14

    2.1.2 Estratgias de Gesto 32

    2.1.2.1 Estruturao Interna 322.1.2.2 Processo Decisrio gil 332.1.2.3 Previso de Recursos Financeiros 332.1.2.4 Racionalizao de Recursos Materiais 332.1.2.5 Distribuio do Espao Fsico 332.1.2.6 Renovao e Introduo de Tecnologias 332.1.2.7 Recursos Humanos 342.1.2.8 Gerenciamento de Conflitos Intra e Intergrupais 342.1.2.9 Desenvolvimento da Competncia Gerencial 342.1.2.10 Informatizao 342.1.2.11 Planejamento Estratgico 342.1.2.12 Gesto Participativa 352.1.2.13 Gesto pela Qualidade Total 35

    2.2 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO 35

    PARTE II - ORIENTAES BSICAS PARA A CONDUO DEPROCESSOS DE AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL:AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS, PROCEDIMENTOS EFERRAMENTAS 37

    APRESENTAO 39CAPTULO 3 - MECANISMOS DE EFETIVAO DA PARTICIPAO

    SOCIAL NO PROCESSO DE AIA 41

    3.1 NOVOS MECANISMOS DE PARTICIPAO SOCIAL NO PROCESSODE AIA 42

    3.2 OS DIFERENTES PAPIS DOS AGENTES SOCIAIS NO PROCESSO DEAVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL 43

    CAPTULO 4 - PEDIDO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL 47

    4.1 AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS NO MOMENTO DO PEDIDO DELICENCIAMENTO AMBIENTAL: Papel Atual e Alternativo 47

    4.2 PROCEDIMENTOS NO PEDIDO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL 48

    4.2.1 Procedimentos Atuais 484.2.2 Alternativas aos Procedimentos Atuais no Pedido de Licenciamento

    Ambiental 49

    4.3 FERRAMENTAS DE APOIO ORIENTAO DO EMPREENDEDOR NOPEDIDO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL 50

    4.3.1 Ferramentas Atuais 504.3.2 Ferramentas Alternativas Orientao do Empreendedor no Pedido de

    Licenciamento Ambiental 52

    4.4 SUBSDIOS PARA PROPOSIO DE MUDANAS NA LEGISLAO 524.5 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO 53

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    15

    CAPTULO 5 - ELABORAO DO TERMO DE REFERNCIA PARAESTUDOS AMBIENTAIS 55

    5.1 AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS NA ELABORAO DO TERMO DEREFERNCIA: Papel Atual e Alternativo 55

    5.2 PROCEDIMENTOS PARA A ELABORAO DO TERMODE REFERNCIA 57

    5.2.1 Procedimentos Atuais 575.2.2 Alternativas aos Procedimentos Atuais de Elaborao do Termo

    de Referncia 59

    5.3 FERRAMENTAS DE APOIO ELABORAO DO TERMODE REFERNCIA 59

    5.3.1 Ferramentas Atuais 595.3.2 Ferramentas Alternativas para Elaborao do Termo de Referncia 59

    5.4 SUBSDIOS PARA PROPOSIO DE MUDANA NA LEGISLAO 595.5 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO 59

    QUADRO 5.1 - ROTEIRO BSICO DE TERMO DE REFERNCIA PARA EIA/RIMA EOUTROS DOCUMENTOS TCNICOS EXIGIDOS PARA OLICENCIAMENTO AMBIENTAL 61

    CAPTULO 6 - ELABORAO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL-EIA,E DO RELATRIO DE IMPACTO AMBIENTAL-RIMA OU DEOUTROS DOCUMENTOS TCNICOS NECESSRIOS OBTENO DE LICENAS AMBIENTAIS 63

    6.1 AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS NA ELABORAO DO EIA/RIMA OUDOCUMENTOS TCNICOS SEMELHANTES (PCA, RCA, PRAD, etc.): PapelAtual e Alternativo 64

    6.2 PROCEDIMENTOS PARA A ELABORAO DO EIA/RIMA OU DE OUTROSDOCUMENTOS TCNICOS SEMELHANTES (PCA, RCA, PRAD, etc.) 66

    6.2.1 Procedimentos Atuais 666.2.2 Alternativas aos procedimentos atuais de Elaborao do EIA/RIMA ou de

    outros documentos tcnicos semelhantes (PCA, RCA, PRAD, etc.) 67

    6.3 FERRAMENTAS DE APOIO ELABORAO DO EIA/RIMA OU DE OUTROSDOCUMENTOS TCNICOS SEMELHANTES E ALTERNATIVAS PARA SUAUTILIZAO 73

    6.4 SUBSDIOS PARA PROPOSIO DE MUDANAS NA LEGISLAO 776.5 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO 78

    ANEXO 1 - ANLISE DE ALGUNS MTODOS E PRINCIPAIS TCNICAS UTILIZADAS NAELABORAO DE EIA/RIMA OU DOCUMENTOS TCNICOSSEMELHANTES 83

  • AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

    16

    I.1 - MTODOS ADAPTADOS PARA OS FINS DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTALOU OUTROS DOCUMENTOS TCNICOS SEMELHANTES 83

    I.1.1 ANLISE DO VALOR DE USO 83I.1.2 SIMULAO DINMICA DE SISTEMAS 85I.1.3 ANLISE DE CUSTO-BENEFCIO 87

    I.2 - MTODOS ESPECIALMENTE DESENVOLVIDOS PARA A REALIZAO DEESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL 87

    I.2.1 ANLISE DO RISCO ECOLGICO 87

    I.3 - PRINCIPAIS TCNICAS DE APOIO REALIZAO DE ESTUDOS DE IMPACTOAMBIENTAL (EIA/RIMA OU OUTROS DOCUMENTOS TCNICOSSEMELHANTES) 88

    I.3.1 LISTA DE CHECAGEM OU CHECKLIST 89I.3.2 MATRIZ DE INTERAO 89I.3.3 REDES DE INTERAO (NETWORKS) 90I.3.4 OVERLAY (SUPERPOSIO DE DADOS GRFICOS) 91

    I.4 - BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO 91

    CAPTULO 7 - ANLISE DO EIA/RIMA OU OUTROS DOCUMENTOSTCNICOS EXIGIDOS NO LICENCIAMENTOAMBIENTAL 93

    7.1 AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS NA ANLISE DO EIA/RIMA OU DEOUTROS DOCUMENTOS TCNICOS EXIGIDOS NO LICENCIAMENTOAMBIENTAL: Papel Atual e Alternativo 93

    7.2 PROCEDIMENTOS PARA ANLISE DO EIA/RIMA OU DE OUTROSDOCUMENTOS TCNICOS EXIGIDOS NO LICENCIAMENTOAMBIENTAL 96

    7.2.1 Procedimentos Atuais 967.2.2 Alternativas aos Procedimentos Atuais de Anlise do EIA/RIMA ou de Outros

    Documentos Tcnicos Exigidos no Licenciamento Ambiental 97

    7.3 FERRAMENTAS DE APOIO ANLISE DO EIA/RIMA E DE OUTROSDOCUMENTOS TCNICOS EXIGIDOS NO LICENCIAMENTOAMBIENTAL 97

    7.3.1 Ferramentas Atuais 977.3.2 Ferramentas Alternativas para Anlise do EIA/RIMA e de Outros Documentos

    Tcnicos Exigidos no Licenciamento Ambiental 97

    7.4 SUBSDIOS PARA PROPOSIO DE MUDANAS NA LEGISLAO 987.5 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO 98

    QUADRO 7.1 - LISTA DE CHECAGEM PARA A ANLISE DE EIA/RIMA OU DEOUTROS DOCUMENTOS TCNICOS EXIGIDOS NOLICENCIAMENTO AMBIENTAL (PCA, RCA, PRAD, etc.) 101

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    17

    CAPTULO 8 - REALIZAO DE AUDINCIAS PBLICAS 103

    8.1 AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS NA REALIZAO DE AUDINCIASPBLICAS: Papel Atual e Alternativo 103

    8.2 PROCEDIMENTOS PARA A REALIZAO DE AUDINCIAS PBLICAS 107

    8.2.1 Procedimentos Atuais 1078.2.2 Alternativas aos Procedimentos Atuais de Realizao de Audincias

    Pblicas 108

    8.3 FERRAMENTAS DE APOIO REALIZAO DE AUDINCIASPBLICAS 108

    8.4 SUBSDIOS PARA PROPOSIO DE MUDANAS NA LEGISLAO 1098.5 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO 109

    CAPTULO 9 - EMISSO DE LICENAS AMBIENTAIS 111

    9.1 AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS NA EMISSO DE LICENAAMBIENTAL: Papel Atual e Alternativo 113

    9.2 PROCEDIMENTOS PARA A EMISSO DE LICENAS AMBIENTAIS 114

    9.2.1 Procedimentos Atuais 1149.2.2 Alternativas aos Procedimentos Atuais para a Emisso de Licenas

    Ambientais 115

    9.3 FERRAMENTAS DE APOIO EMISSO DE LICENAS AMBIENTAIS 116

    9.3.1 Ferramentas Atuais 1169.3.2 Ferramentas Alternativas para a Emisso de Licenas Ambientais 118

    9.4 SUBSDIOS PARA PROPOSIO DE MUDANAS NA LEGISLAO 1189.5 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO 119

    CAPTULO 1O - ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DOS IMPACTOSAMBIENTAIS 121

    10.1 AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS NO ACOMPANHAMENTO EMONITORAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS: Papel Atuale Alternativo 122

    10.2 PROCEDIMENTOS PARA O ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTODOS IMPACTOS AMBIENTAIS 123

    10.2.1 Procedimentos Atuais 12310.2.2 Alternativas aos Procedimentos Atuais de Acompanhamento e Monitoramento

    dos Impactos Ambientais 12410.3 FERRAMENTAS DE APOIO AO ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO

    DOS IMPACTOS AMBIENTAIS 124

    10.3.1 Ferramentas Atuais 12410.3.2 Ferramentas Alternativas para o Acompanhamento e Monitoramento dos

    Impactos Ambientais 126

  • AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

    18

    10.4 SUBSDIOS PARA PROPOSIO DE MUDANAS NA LEGISLAO 12610.5 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO 126

    CAPTULO 11 - REALIZAO DE AUDITORIAS AMBIENTAIS 129

    11.1 AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS NA REALIZAO DE AUDITORIASAMBIENTAIS: Papel Alternativo 129

    11.2 PROCEDIMENTOS PARA REALIZAO DE AUDITORIASAMBIENTAIS 130

    11.3 FERRAMENTAS DE APOIO REALIZAO DE AUDITORIASAMBIENTAIS 133

    11.4 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO 134

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    19

    PARTE I

    O PROCESSO GLOBAL DE AVALIAO DE IMPACTOAMBIENTAL NO CONTEXTO DA GESTO AMBIENTAL

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    21

    CAPTULO 1

    AS PRTICAS E AS DEMANDAS DAAVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

    1.1 A AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL-AIA E SEUSINSTRUMENTOS

    Neste documento, a AIA abordada enquanto processo de avaliao dos efeitosecolgicos, econmicos e sociais, que podem advir da implantao de atividades antrpicas(projetos, planos e programas), e de monitoramento e controle desses efeitos pelo poderpblico e pela sociedade.

    1.1.1 A AIA como instrumento da Poltica Nacional do Meio Ambiente

    A AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL-AIA um instrumento da PolticaNacional do Meio Ambiente, de grande importncia para a gesto institucional de planos,programas e projetos, em nvel federal, estadual e municipal.

    A Poltica Nacional do Meio Ambiente, instituda pela Lei 6.938/81, tem porobjetivo a preservao, melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida,visando assegurar, no Pas, condies ao desenvolvimento scio-econmico, aos interessesda segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana, atendidos os seguintesprincpios:

    I - ao governamental na manuteno do equilbrio ecolgico, considerandoo meio ambiente como um patrimnio pblico a ser necessariamenteassegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

    II - racionalizao do uso do solo, do subsolo, da gua e do ar;

    III - planejamento e fiscalizao do uso dos recursos ambientais;

    IV - proteo dos ecossistemas, com a preservao de reas representativas;

    V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

    VI - incentivos ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o usoracional e a proteo dos recursos ambientais;

    VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

  • AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

    22

    VIII - recuperao de reas degradadas;

    IX - proteo de reas ameaadas de degradao;

    X - educao ambiental a todos os nveis de ensino, incluindo a educao dacomunidade, objetivando capacit-la para participao ativa na defesa domeio ambiente.

    Para a consecuo desse objetivo, a Lei 6.938/81 prev a Avaliao de ImpactoAmbiental-AIA e uma srie de outros instrumentos complementares e inter-relacionados,como por exemplo:

    o licenciamento e a reviso de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras,que exige a elaborao de EIA/RIMA e/ou de outros documentos tcnicos, osquais constituem instrumentos bsicos de implementao da AIA;

    o zoneamento ambiental, o estabelecimento de padres de qualidadeambiental e a criao de unidades de conservao, que condicionam e orientama elaborao de estudos de impacto ambiental e de outros documentos tcnicosnecessrios ao licenciamento ambiental;

    os Cadastros Tcnicos, os Relatrios de Qualidade Ambiental, as penalidadesdisciplinares ou compensatrias, os incentivos produo, a instalao deequipamentos e a criao ou absoro de tecnologia, voltados para a melhoriada qualidade ambiental, que facilitam ou condicionam a conduo do processode AIA em suas diferentes fases.

    1.1.2 Instrumentos legais de implementao da AIA: EIA/RIMA e/ou outrosdocumentos tcnicos necessrios ao Licenciamento Ambiental (PCA,RCA, PRAD, etc.)

    1.1.2.1 O Estudo de Impacto Ambiental-EIA e seu respectivo Relatrio deImpacto Ambiental-RIMA

    O Estudo de Impacto Ambiental foi introduzido no sistema normativo brasileiro,via Lei 6.803/80, no seu artigo 10, 3, que tornou obrigatria a apresentao de estudosespeciais de alternativas e de avaliaes de impacto para a localizao de plospetroqumicos, cloroqumicos, carboqumicos e instalaes nucleares.

    Posteriormente, a Resoluo CONAMA 001/86 estabeleceu a exigncia deelaborao de Estudo de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatrio de ImpactoAmbiental-RIMA para o licenciamento de diversas atividades modificadoras do meioambiente, bem como as diretrizes e atividades tcnicas para sua execuo.

    De acordo com essa Resoluo, o EIA/RIMA deve ser realizado por equipemultidisciplinar habilitada, no dependente direta ou indiretamente do proponente do projetoe que ser responsvel tecnicamente pelos resultados apresentados (art. 7).

    Os custos referentes realizao do EIA/RIMA correro conta do proponente(art. 8).

    O artigo 2 define que o EIA/RIMA deve ser submetido aprovao do rgoestadual competente e, em carter supletivo, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renovveis-IBAMA. A este cabe, tambm, a aprovao do EIA/RIMApara o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente que, por lei, seja decompetncia federal.

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    23

    Os artigos 10 e 11 estabelecem os procedimentos para manifestao de formaconclusiva do rgo estadual competente ou do IBAMA ou, quando couber, do Municpio,sobre o RIMA apresentado. Sempre que julgarem necessrio, esses rgos realizaroAudincia Pblica para informar sobre o projeto e seus impactos ambientais e discutir oRIMA.

    A Constituio Federal de 1988, finalmente, fixou, atravs de seu artigo 225,inciso IV, a obrigatoriedade do Poder Pblico exigir o Estudo Prvio de Impacto Ambientalpara a instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradaodo meio ambiente, despontando como a primeira Carta Magna do planeta a inscrever aobrigatoriedade do estudo de impacto no mbito constitucional.

    1.1.2.2 Outros documentos tcnicos necessrios ao LicenciamentoAmbiental: o Plano de Controle Ambiental, o Relatrio de ControleAmbiental e o Plano de Recuperao de reas Degradadas

    O Plano de Controle Ambiental-PCA

    O Plano de Controle Ambiental exigido pela Resoluo CONAMA 009/90para concesso de Licena de Instalao-LI de atividade de extrao mineral de todas asclasses previstas no Decreto-Lei 227/67. O PCA uma exigncia adicional ao EIA/RIMAapresentado na fase anterior (Licena Prvia-LP).

    O PCA tem sido exigido por alguns rgos estaduais de meio ambiente tambmpara o licenciamento de outros tipos de atividade.

    Relatrio de Controle Ambiental-RCA

    O Relatrio de Controle Ambiental exigido pela Resoluo CONAMA 010/90,na hiptese de dispensa do EIA/RIMA, para a obteno de Licena Prvia-LP de atividadede extrao mineral da Classe II, prevista no Decreto-Lei 227/67. Deve ser elaborado deacordo com as diretrizes estabelecidas pelo rgo ambiental competente.

    O RCA tem sido exigido por alguns rgos de meio ambiente tambm para olicenciamento de outros tipos de atividade.

    Plano de Recuperao de reas Degradadas-PRAD

    O Plano de Recuperao de reas Degradadas tem sido utilizado para arecomposio de reas degradadas pela atividade de minerao. elaborado de acordocom as diretrizes fixadas pela NBR 13030, da Associao Brasileira de Normas Tcnicas, eoutras normas pertinentes. No h diretrizes para outros tipos de atividade.

    1.2 ORIGENS DA AIA E TENDNCIAS MUNDIAIS DE SUA APLICAO

    A institucionalizao da AIA, no Brasil e em diversos pases, guiou-se pelaexperincia americana, face a grande efetividade que os Estudos de Impacto Ambientaldemonstraram no sistema legal da common law dos Estados Unidos.

    Em 1969, os Estados Unidos aprovaram o National Environmental Policy Act-NEPA, que corresponde, no Brasil, Poltica Nacional do Meio Ambiente. O NEPA instituiua execuo de Avaliao de Impacto Ambiental interdisciplinar para projetos, planos eprogramas e para propostas legislativas de interveno no meio ambiente. O documentoque apresenta o resultado dos estudos produzidos pela AIA recebeu o nome de Declarao

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    de Impacto Ambiental (Environmental Impact Statement-EIS.) O EIS mostrou-se uminstrumento eficiente, principalmente no que se refere participao da sociedade civil nastomadas de deciso pelos rgos ambientais, via Audincias Pblicas. Seguramente, o graude educao e politizao, esclarecimento e conscientizao da sociedade americana foramfatores determinantes para a efetividade do instrumento.

    Ao liderarem o processo de institucionalizao da AIA como instrumento degesto ambiental, especialmente a partir da realizao da Conferncia das Naes Unidaspara o Meio Ambiente, em 1972, em Estocolmo, as empresas, centros de pesquisa euniversidades dos pases desenvolvidos propiciaram o florescimento de uma ampla literaturaespecializada sobre AIA e EIA/RIMA. Essa produo reorientou a definio de metas, oplanejamento, o processo decisrio e a operacionalizao de polticas de desenvolvimentoe intervenes econmicas, antes orientadas por parmetros exclusivamente econmico-financeiros.

    O processo de consolidao institucional da aplicao da AIA, em nvel mundial,ocorreu nos anos 80, gerando um avano na discusso acerca de sua concepo, fases deexecuo, atores sociais envolvidos e insero no processo de tomada de deciso. Esseavano tem como denominador comum a ampliao do carter participativo da AIA, com ainsero do pblico em diferentes fases do processo de avaliao e uma maior transparnciae efetividade da ao administrativa.

    1.3 INTRODUO E APLICAO DA AIA NO BRASIL: Limites ePossibilidades

    Diferentemente dos pases desenvolvidos, que implantaram a AIA em resposta apresses sociais e ao avano da conscincia ambientalista, no Brasil ela foi adotada,principalmente, por exigncia dos organismos multilaterais de financiamento (BancoInteramericano de Desenvolvimento-BID e Banco Mundial-BIRD).

    Essas exigncias ocorreram tanto em funo das repercusses internacionais dosimpactos ambientais causados pelos grandes projetos de desenvolvimento implantados nadcada de 70, como dos desdobramentos da Conferncia de Estocolmo, em 1972, querecomendou aos pases, de um modo geral, a incluso da AIA no processo de planejamentoe deciso de planos, programas e projetos de desenvolvimento.

    Em razo dessas exigncias internacionais, alguns projetos desenvolvidos emfins da dcada de 70 e incio dos anos 80 e financiados pelo BIRD e pelo BID foramsubmetidos a estudos ambientais, dentre eles: as usinas hidreltricas de Sobradinho, naBahia, e de Tucuru, no Par; e o terminal porto-ferrovirio Ponta da Madeira, no Maranho,ponto de exportao do minrio extrado pela CVRD, na Serra do Carajs. No entanto, osestudos foram realizados segundo as normas das agncias internacionais, j que o Brasilainda no dispunha de normas ambientais prprias.

    A partir de ento, foram surgindo outras experincias e a Avaliao de ImpactoAmbiental foi aos poucos ganhando contedo legal e administrativo, at culminar com aaprovao da Resoluo CONAMA 001/86.

    Aps a aprovao da Resoluo CONAMA 001/86, seguiu-se um perodo deincertezas e de adaptao por parte dos rgos de meio ambiente existentes. Tal fato foiatribudo falta de tradio de planejamento em nosso Pas, s diferenas regionais naedio de leis complementares Resoluo, a problemas de interpretao da legislaofederal e falta de definio de atribuies e competncias em nvel dos rgos ambientais.Esse perodo foi marcado por intensa mobilizao, busca de informaes e intercmbio em

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    torno do funcionamento do processo de AIA no Pas. Foram realizados diversos eventosnos quais foram definidos os seguintes requisitos bsicos para a operacionalizao da AIAno Brasil:

    criar procedimentos de licenciamento ambiental especficos, conforme os tiposde atividades;

    treinar equipes multidisciplinares na elaborao de EIA/RIMA;

    treinar pessoal dos rgos de meio ambiente para analisar os casos de AIA noPas;

    gerar instrues e guias especficos para conduzir os diferentes tipos de estudos,de acordo com as caractersticas dos projetos propostos.

    Passados mais de 8 anos da institucionalizao da AIA no Brasil, pode-se constatarque o EIA/RIMA tem auxiliado os rgos de meio ambiente na tomada de deciso quanto concesso de licenas ambientais e servido como instrumento de negociao entre os agentesenvolvidos nos projetos propostos. Todavia, os EIA/RIMA tm contribudo muito poucopara aperfeioar a concepo dos projetos propostos e para a gesto ambiental no seu todo.

    1.4 DEMANDAS DO PROCESSO DE AVALIAO DE IMPACTOAMBIENTAL NA REA DA AMAZNIA, PANTANAL E CERRADO

    No que se refere aplicao da legislao, de um modo geral, constata-se que aResoluo CONAMA 00l/86 a referncia bsica para os processos de licenciamentoambiental, nos estados que integram a Amaznia, Pantanal e Cerrado. A maioria dos rgosestaduais de meio ambiente utiliza o texto daquela Resoluo como roteiro de trabalho. H,no entanto, estados que buscaram adequar as exigncias federais s realidades regionais,atravs de portarias, instrues normativas e, at mesmo, de leis estaduais especficas.

    Para transformar a AIA em um instrumento mais eficiente e eficaz de controle daqualidade ambiental, na rea da Amaznia, Pantanal e Cerrado, necessita-se de:

    um conhecimento mais aprofundado dos instrumentos legais orientadores daAIA por parte dos rgos estaduais, com o objetivo de identificar suaspossibilidades prticas de aplicao e as necessidades de reviso(complementaes e/ou mudanas);

    uma estrutura institucional mais descentralizada, que propicie a adoo deprincpios da gesto participativa. Isso implica, por exemplo, no fortalecimentodos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente (CONSEMAS) e na criao deConselhos Municipais de Meio Ambiente, com poder deliberativo e normativosobre as questes afetas ao licenciamento ambiental, em nvel regional e/oumunicipal;

    a definio de normas e procedimentos para a elaborao de Estudos deImpacto Ambiental e documentos semelhantes e para a concesso e renovaode licenas ambientais;

    uma adaptao da legislao federal realidade de cada estado;

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    a estruturao dos rgos estaduais de meio ambiente para desempenhar astarefas de sistematizar, armazenar e divulgar informaes ambientais;

    o aparelhamento dos laboratrios de anlise, inclusive integrando-os a outroslaboratrios, para dar suporte s atividades de monitoramento ambiental;

    a definio de poltica de desenvolvimento de recursos humanos e de planode cargos e salrios, para adequar os quadros de pessoal s atribuies doOEMA, especialmente no que se refere conduo de processos de Avaliaode Impacto Ambiental.

    Essas demandas balizam, em termos gerais, o contedo dos Captulos queintegram a PARTE II do presente trabalho.

    1.5 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO

    AGRA FILHO, S. Os estudos de impacto ambiental no Brasil - Uma anlise de suaefetividade. Tese de Mestrado.Rio de Janeiro: PPE/COPPE/UFRJ, out/1991.

    BEZERRA, M. do C. L.; OLIVEIRA, T. A. O licenciamento ambiental como instrumentode melhoria da qualidade de vida urbana no Distrito Federal- o caso dos estudos deimpacto ambiental. Braslia, Secretaria do Meio Ambiente, Cincia e Tecnologia do DistritoFederal, 1992.

    BURSZTYN, M. A. A. Gesto ambiental: instrumentos e prticas. Paris: CRBC/EHESS,1991.

    CAVALCANTI, T. R. Aspectos institucionais e da legislao relativos avaliao deimpacto ambiental no Brasil e no Canad. Tese de Mestrado. Rio de Janeiro: PPE/COPPE/UFRJ, 1992.

    CONAMA - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolues CONAMA 1986 a1991. Braslia: IBAMA, 1992.

    GOLDENBERG, M. (coord). Ecologia, cincia e poltica. Rio de Janeiro: Revan, 1992.

    IBAMA - INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAISRENOVVEIS. Coletnea da legislao federal de meio ambiente. Braslia, 1992.

    LA ROVERE, E. L. Metodologia de avaliao de impacto ambiental. Documento final,Instrumentos de planejamento e gesto ambiental para a Amaznia, Pantanal eCerrado - demandas e propostas. Braslia: IBAMA, 1992. (mimeo)

    LEIS, H. R. Ecologia e poltica mundial. Rio de Janeiro: Vozes/Fases/PUC, 1991.

    MACHADO, P. A. L. Direito ambiental brasileiro. So Paulo: Revista dos Tribunais, 1989.

    MAGALHES, M. L. F. Legislao e aspectos institucionais. Braslia: IBAMA, 1992 (mimeo).

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    MAGRINI, A. Metodologia de avaliao de impacto ambiental: o caso das usinashidreltricas. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ, 1992.

    MARGULLIS, S. (editor). Meio Ambiente, aspectos tcnicos e econmicos. Rio de Janeiro,IPEA, Braslia, IPEA/PNUD, 1990.

    MONOSOWSKI, E. Avaliao de impactos ambientais: possibilidades e problemas deaplicao nos pases em desenvolvimento. So Paulo: Sinopses n 9, FAU-USP, junho de1986.

    . Polticas ambientais e desenvolvimento no Brasil. So Paulo: Cadernos FUNDAP,ano 9, n 16, junho de 1989.

    MOREIRA, I. V. A experincia brasileira em avaliao de impacto ambiental. Anais doSeminrio sobre Avaliao de Impacto Ambiental-Situao e Perspectivas. So Paulo: EDUSP,1991.

    PDUA, J. A. (org). Ecologia e poltica no Brasil. Rio de Janeiro: Espao e Tempo, 1987.

    SANCHEZ, L. H. Os papis da avaliao de impacto ambiental. Anais do Seminriosobre Avaliao de Impacto Ambiental - Situao Atual e Perspectivas. So Paulo: EDUSP, 1991.

    SEMA - SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE- PARAN, IAP- INSTITUTOAMBIENTAL DO PARAN. Manual de avaliao de impactos ambientais (2 edio),convnio de cooperao tcnica Brasil- Alemanha, GTZ- GBH, Programa de Impactos Ambientaisde Barragens. Curitiba, 1993.

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    CAPTULO 2

    FUNDAMENTOS ORIENTADORES DAPRTICA DA GESTO AMBIENTAL

    2.1 CONHECIMENTOS TERICOS QUE FUNDAMENTAM A LEITURA DECENRIOS DA GESTO AMBIENTAL

    O uso dos instrumentos de gesto ambiental depende do desempenho dasorganizaes que atuam no processo, desempenho esse que decorre da forma como estoestruturadas.

    O diagnstico dessas organizaes sugere a necessidade de reestruturaes, parao que se deve encontrar as alternativas mais apropriadas a cada situao.

    Visando dar suporte a propostas que venham a ser formuladas com essafinalidade, descreve-se:

    no item 2.1.1, os Conhecimentos tericos que fundamentam a leitura doscenrios da gesto ambiental;

    no item 2.1.2, as Principais caractersticas dos procedimentos administrativos-gerenciais usados para dar suporte gesto ambiental.

    2.1.1 Modelos de Gesto

    Diversos motivos tm levado os estudiosos da administrao a buscaremestratgias mais atuais e flexveis para a estruturao das organizaes, de forma a fazer comque possam cumprir a misso para a qual foram criadas. Entre esses motivos esto:

    a certeza de que a mudana um processo acelerado que envolve toda asociedade;

    a existncia de uma grande massa de conhecimento e tecnologia disponveis,nem sempre aproveitados ou utilizados de forma a garantir melhor qualidadede vida;

    a constatao da forma de ser e de trabalhar das pessoas;

    a percepo de que todos os elementos do sistema organizacional interagementre si e esto conectados uns aos outros por uma rede de relaes;

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    o reconhecimento de que o cliente ou usurio de um produto ou servio vemganhando importncia frente s organizaes, fazendo com que estas passema definir seus procedimentos internos em funo das expectativas enecessidades de seus clientes.

    Os modelos tericos que orientam a estruturao do trabalho na oferta de serviose na produo de bens ganham, nesse contexto, significado mais amplo, j que permitemexplicar a diferena entre o que funciona bem e o que no funciona nas organizaes.

    2.1.1.1 Modelo Burocrtico

    O Modelo Burocrtico, h bastante tempo, tem dado suporte para a gesto dasorganizaes, em especial as organizaes pblicas. Com a evoluo da sociedade e asdemandas mais recentes, a burocracia tem se mostrado inadequada como paradigma paradirecionar a estruturao das organizaes frente aos seus diferentes pblicos.

    Entre as razes, caracterizadas como anomalias, que justificam a afirmao feita,podem ser lembradas:

    a viso fragmentada do processo de trabalho e acomodao do funcionrio,decorrente da limitao e da partio das tarefas que lhe so atribudas; notendo a viso do processo no seu todo, o funcionrio exacerba a importnciada parte que lhe cabe: no desenvolve comportamentos de colaborao comos demais, pois desconhece suas necessidades e no se sente comprometidocom o resultado final, que no conhece;

    o desempenho restrito ao cumprimento das normas, do qual resulta uma falsaidia de segurana, na medida que o acerto, que decorre da rotina conhecidae por demais repetida, passe a ser percebido como padro de especializaodesejada;

    a insistncia na premiao do mrito, identificado com base em caractersticaspessoais apresentadas para fazer frente s exigncias do cargo, que induz ofuncionrio a limitar a execuo de suas tarefas aos padres pr-definidos;

    a distoro decorrente da intransigncia na aplicao de normas e regulamentosque, muitas vezes, perdem a caracterstica de meios e passam a funcionar comofim ou objetivos;

    a centralizao do poder decisrio nos escales mais altos da organizao,geralmente distantes do local em que ocorre a demanda da deciso, gerandodemoras desnecessrias e descompromisso da parte de quem recebe asdemandas, mas no tem poder para atend-las;

    a impessoalidade no tratamento dado a clientes ou usurios com demandasque fogem rotina;

    a despersonalizao e a negligncia das estruturas informais existentes nasorganizaes, desenvolvidas muitas vezes como reao institucionalizao;a burocracia exacerba as relaes existentes entre os cargos e descaracteriza asrelaes entre as pessoas que ocupam esses mesmos cargos;

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

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    o excesso de formalismo, do qual decorrem controles sobre controles, exigindopessoal para as atividades de acompanhamento, registro de dados e supervisodo trabalho de outros;

    a pouca ou nenhuma importncia dada ao ambiente, que possui demandasnem sempre percebidas pela organizao; as presses externas, quandoacentuadas, so vistas como ameaas indesejveis e no como estmulos aodesenvolvimento e inovao.

    O Modelo Burocrtico mostra-se apropriado para a gesto de atividades altamenterotineiras, em que prevalea o interesse pela produtividade. Por outro lado, desaconselha-se a sua aplicao nas organizaes que devem ser flexveis, que tm como objetivosatividades no rotineiras, realizadas para atender clientes com caractersticas e expectativasprprias.

    2.1.1.2 Modelo Sistmico

    Segundo a abordagem sistmica, o funcionamento de uma organizao no podeser compreendido sem considerao explcita das demandas e limitaes impostas pelomeio.

    Toda organizao apresenta uma configurao interna que define limites entre aesfera de ao do sistema e o ambiente. Dessa definio decorre o grau de abertura dosistema em relao ao ambiente.

    Organizaes com baixo grau de abertura aproximam-se do modelo de sistemafechado. Organizaes com maior grau de abertura tendem para o modelo de sistema aberto.Estas organizaes buscam atingir suas finalidades - seus resultados - a partir de trocasconstantes com o ambiente, do qual recebem os insumos que demandam para seusprocessos.

    A anlise das organizaes, segundo o Modelo Sistmico, permite identificar que:

    a organizao retira do ambiente os insumos de que necessita para suasobrevivncia e operao, na forma de recursos materiais, financeiros,tecnolgicos, de informao, humanos, demandas de trabalho e outros;

    aps realizar os processos necessrios ao cumprimento de seus objetivos,exporta servios, bens e produtos para o ambiente, na forma de pareceres,autorizaes, orientaes, produtos e outros;

    a troca entre a organizao e o ambiente assume carter cclico; os servios eprodutos oferecidos ao ambiente vo alimentar a imagem de que a organizaoexiste e est apta para atender esse ambiente, o que estimula novas demandas;

    se o que oferecido atende s expectativas dos clientes ou usurios, aorganizao considerada efetiva. Caso contrrio, sua imagem sofre pressese desgastes os mais variados; a organizao usa a informao recebida doambiente para corrigir seu desempenho, quando necessrio, e para redefinirnovos rumos de atuao;

    a organizao tende a assumir a estrutura que melhor lhe permita atender asdemandas ambientais e a organizar-se em funes adequadas para ocumprimento dos papis que assume, visando sua misso ou razo de ser;

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    a organizao conta com diferentes estratgias que facilitam o seu desempenhoe permitem a realizao de suas finalidades e o alcance de seus objetivos;

    como sistema aberto estruturado, a organizao possui limites que, emboranem sempre claramente determinados, definem o seu mbito de atuao eimpedem aes que ultrapassem as fronteiras de sua competncia.

    2.1.1.3 Modelo Sistmico-Contingencial

    Embora a abordagem sistmica permita um conhecimento amplo dofuncionamento da organizao, a viso oferecida relativamente abstrata para servir comosuporte para a soluo de problemas contingnciais, ou seja, o ambiente mutvel em queas organizaes esto situadas exige flexibilidade para adaptaes das mais diversas.

    A Teoria da Contingncia enfatiza o ambiente, suas demandas sobre a dinmicada organizao e a rede de relaes formada em decorrncia das demandas surgidas e dasrespostas emitidas. Procura esclarecer o que ocorre nas relaes intra e inter-sistemas.Evidencia que a estrutura interna e o funcionamento das organizaes guardam relaodireta com o ambiente externo.

    Quanto maior o grau de abertura para com o ambiente, maior a probabilidadede alteraes internas decorrentes dos insumos e da dinmica ambiental externa. Quantomenor o grau de abertura, menor tambm ser o suprimento de energia ou insumos e sermaior a probabilidade de entropia, em decorrncia da falta de alimentao externa.

    Segundo a abordagem contingencial, sendo a organizao um sistema aberto, oque nela ocorre depende e resulta do que ocorre no meio ambiente. Nada fixo, tudo relativo.

    2.1.2 Estratgias de Gesto

    Entre as estratgias que mais contribuem para a eficincia dos procedimentos ea efetividade dos resultados obtidos com os instrumentos de gesto, devem ser mencionadas:estruturao interna; processo decisrio gil; previso de recursos financeiros; racionalizaode recursos materiais; distribuio e uso adequado do espao fsico; renovao dodesempenho e desenvolvimento de recursos humanos, em nmero suficiente e com perfiladequado s necessidades da organizao; gerenciamento de conflitos; desenvolvimentoda competncia gerencial; informatizao; planejamento estratgico; gesto participativa;gesto pela qualidade total e outras.

    O interesse em alternativas para a AIA faz ressaltar a importncia das estratgiasusadas na Gesto Pblica, razo pela qual so descritas, a seguir, do ponto de vista dosmodelos Sistmico e Sistmico Contingencial, aquelas de maior relevncia para o processo.

    2.1.2.1 Estruturao Interna

    A estruturao da organizao visa atender a trs aspectos principais: fazer comque as estruturas possam alcanar seus objetivos e metas; regulamentar a influncia dasvariaes individuais sobre a organizao; definir em que posies o poder ser maior oumenor e em que nveis sero tomadas as decises, desde as mais simples, de pouco impacto,at as mais complexas, de acentuado ou grande impacto sobre os atores envolvidos.

    A morosidade e a probabilidade de distores na comunicao, provocadas pelodistanciamento entre emissores e receptores, alm do nmero e da diversidade de papisdos atores envolvidos no processo de gesto, fazem com que as organizaes busquemganhar agilidade e assertividade reduzindo o nmero de estgios ou nveis hierrquicospelos quais a informao dever passar.

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

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    2.1.2.2 Processo Decisrio gil

    Decidir significa optar entre uma ou mais alternativas de ao, inclusive a aode no agir. As decises podem ser de natureza estratgica, ttica ou operacional. As primeirasreferem-se a decises maiores, geralmente afetas filosofia e polticas de interesse da rea aque se referem. As decises tticas dizem respeito ao estabelecimento de diretrizes e normas,que devero ser observadas e cumpridas; as operacionais se referem s decises de realizaraes que atendam filosofia, diretrizes e normas estabelecidas.

    As organizaes com alto nvel de centralizao tendem a gerar decises lentas,j que so poucas as pessoas que tm poder para decidir, pessoas essas que geralmenteesto posicionadas nos nveis de maior hierarquia e, portanto, de acesso mais difcil.

    Quanto mais prximo o poder para decidir estiver da fonte de demanda dadeciso, maior a probabilidade de satisfao do cliente.

    2.1.2.3 Previso de Recursos Financeiros

    As organizaes dependem de recursos financeiros para a realizao de suasatribuies, visando os objetivos que justificam sua existncia. A prtica de trabalharemcom oramento-programa e no com programa-oramento, muitas vezes provoca distores,devido a duas razes bsicas:

    de um lado, a oramentao feita com expectativa de cortes, que a experinciaindica que certamente ocorrero, pois a arrecadao tende a ser insuficientepara os gastos pblicos; a inteno de corte ou de reduo do oramentoresulta em efeito contrrio, a partir do momento que provoca umasuperestimao do oramento real (valor real + valores extras relativos aosprovveis cortes) para possibilitar a execuo das atividades pretendidas;

    de outro lado, os cortes oramentrios so feitos sem critrios mais apurados esem obedecer, inclusive, a prioridades definidas.

    2.1.2.4 Racionalizao de Recursos Materiais

    Recursos materiais so insumos que, distribudos de forma equitativa e disponveisem quantidade e qualidade desejveis, permitem s organizaes operarem de formaeficiente. Racionalizar recursos significa us-los de forma correta, sem desperdcios e deforma que preserve e alongue a integridade e a vida til do recurso.

    2.1.2.5 Distribuio do Espao Fsico

    O espao fsico e as instalaes da organizao esto entre os insumos queinterferem na eficincia organizacional. Quando distribudos e dispostos de forma adequadapermitem aumentar o nvel de eficincia e reduzir a incidncia dos conflitos entre pessoas.

    2.1.2.6 Renovao e Introduo de Tecnologias

    A tecnologia pode ser entendida sob dois aspectos: manifestaes fsicas, comoo maquinrio e o equipamento, e os conhecimentos acumulados no tocante aos meios deexecutar servios (Kast & Rosenzweig, p.185).

  • AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

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    A evoluo tecnolgica tem provocado repercusses na gesto das organizaes,em especial no que se refere forma de executar as atividades e na maneira das pessoasagirem frente s inovaes. A mudana tecnolgica traz, consigo, a necessidade dedesaprender conhecimentos e prticas j dominados e aprender novos procedimentos.

    2.1.2.7 Recursos Humanos

    As organizaes obtm resultados atravs das pessoas que a elas esto vinculadas.As estratgias de alocao, manuteno, avaliao e desenvolvimento de pessoal

    devem permitir obter um grau timo de harmonia entre as exigncias e interesses daorganizao e as necessidades e aspiraes das pessoas que nela trabalham. Nem sempreas polticas de pessoal aparecem escritas ou documentadas, mas apesar disso so claramentepercebidas nas prticas da organizao.

    2.1.2.8 Gerenciamento de Conflitos Intra e Intergrupais

    O conflito resulta do desequilbrio entre as possibilidades e as aspiraes e advmtanto de causas individuais ou grupais quanto de fatores ambientais.

    2.1.2.9 Desenvolvimento da Competncia Gerencial

    A capacitao gerencial uma necessidade j consagrada quando se pretendeobter maior eficincia, que advm do melhor uso dos recursos; eficcia, que supeconhecimento da misso e dos objetivos organizacionais; e viso do todo, ou seja, percepodos cenrios externos e internos que afetam a organizao.

    A organizao que possui um corpo gerencial capacitado capaz de formularobjetivos e metas; prever, obter e administrar recursos; definir prioridades e tomar decises;inovar e assumir riscos calculados; coordenar os esforos e estimular o desenvolvimento dopotencial das pessoas e dos grupos que nelas trabalham.

    flexvel, gil, eficiente e cumpre a misso que d razo sua existncia.

    2.1.2.10 Informatizao

    O advento da informatizao permitiu s organizaes maior conhecimento sobresi mesmas. Conseguem hoje, com muita facilidade, manter dados precisos sobre custos,resultados e benefcios, os processos so agilizados e os prejuzos decorrentes de erros emregistros so quase inexistentes.

    No caso da Administrao Pblica, geralmente criticada pelos cidados devido morosidade e incidncia de erros nas aes que realiza, a informatizao percebidacomo estratgia para imprimir agilidade e rapidez no atendimento das necessidades sociais,permitir controles necessrios, reduzir erros e fortalecer a imagem dos rgos prestadores deservios.

    2.1.2.11 Planejamento Estratgico

    O Planejamento Estratgico pode ser considerado como um caminho, umaestratgia para enfrentar mudanas e reduzir incertezas. Ele possibilita a organizao, maiorpoder de barganha e flexibilidade, devido posse de informaes sobre o comportamentodo ambiente, dos clientes e competidores e dos recursos com que pode contar para o seudesempenho.

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

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    No ambiente mutvel preciso antecipar-se s demandas; quando hconcorrncia ou grupos de interesses conflitantes preciso, ainda, antecipar-se prprianecessidade para poder atend-la no menor tempo possvel, de forma a ganhar umdiferencial de qualidade sobre os competidores.

    O Planejamento Estratgico permite essa antecipao, j que, tendo o contextoambiental como parmetro, trabalha o valor e o peso de cada parte de um todo e,simultaneamente, a prpria totalidade, considerando a futuridade das decises tomadas.

    2.1.2.12 Gesto Participativa

    Gesto termo contemporneo, usado como sinnimo das palavrasadministrao ou gerncia. Engloba todas as aes pertinentes obteno e uso dos recursosnecessrios e ao estabelecimento de relaes demandadas por um propsito ouempreendimento organizacional.

    O gestor, ao realizar a gesto dos recursos, tende a seguir um ou mais modelosde gesto. Os modelos de gesto podem ser descritos atravs de um conjunto de variveis,que assumem caractersticas prprias a cada modelo.

    Nesses modelos, em especial no que se refere ao Modelo Sistmico Contingencial,a participao assume importncia relevante.

    As formas de participao tm origem na crescente conscientizao de que odirecionamento e a influncia para a obteno de objetivos comunitrios depende da formacomo o poder utilizado e da maneira como so tratados os conflitos de interesse.

    A participao um estado que exige aprendizagem, ou seja, as pessoas precisamaprender a participar.

    2.1.2.13 Gesto pela Qualidade Total

    O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade-PBQP acentuou apreocupao com a gesto dos recursos e dos resultados dos rgos pblicos.

    O desafio de atingir o estado de qualidade nas instituies pblicas, entretanto,vai alm da compreenso da sua importncia e resume-se, principalmente, no domnio deestratgias que permitam obter esse estado. No apenas o que fazer, que mais preocupa; oproblema maior refere-se ao como fazer para gerar e manter o estado de qualidade.

    2.2 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO

    ARCHIER, G.; SRIEUX, H. A empresa do 3 tipo. So Paulo: Nobel, 1989.

    ARGYRIS, C. Enfrentando defesas empresariais. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

    BLAU, P. M.; SCOTT, W. R. Organizaes formais. So Paulo: Atlas, 1970.

    CARVALHO, M. S.; TONET, H. Qualidade na administrao pblica. Rio de Janeiro: F. G.V. Revista de Administrao Pblica, v.28, abr/jun/94, p. 137-152.

    CHAMPION, D. J. A sociologia das organizaes. So Paulo: Saraiva, 1979.

    CROSBY, P. Qualidade investimento. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1984.

    DEMING, W. E. Qualidade: a revoluo na administrao. Rio de Janeiro: Marques Saraiva,1990.

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    GIBSON, J. L. et al. Organizaes - comportamento, estrutura, processos. So Paulo:Atlas, 1981.

    HALL, R. H. Organizaes, estrutura e processos. Rio de Janeiro: Prentice-Hall, 1982.

    HANDY, C. B. Como compreender as organizaes. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

    KAST. F. E.; ROSENWEIG, J. E. Organizao e administrao - um enfoque sistmico.So Paulo: Pioneira, 1976.

    KATZ, D.; KAHN, R. L. Psicologia social das organizaes. So Paulo: Atlas, 1978.

    MARCH, J. G.; SIMON, H. A. Teoria das organizaes. Rio de Janeiro: FGV, 1975.

    MERTON, R. K. Estrutura burocrtica e personalidade. So Paulo: Atlas, 1979.

    NAISBITT, J.; ABURDENE, P. Reinventar a empresa. Lisboa: Editorial Presena, 1987.

    PERROW, C. B. Anlise organizacional - um enfoque sistmico. So Paulo: Atlas, 1981.

    SHEIN, E. H. A psicologia na indstria. Lisboa: Clssica Lisboa, 1968.

    SIMON, H. O comportamento administrativo. Rio de Janeiro: F.G.V, 1970.

    WOODWARD, J. Organizao industrial - teoria e prtica. So Paulo: Atlas, 1977.

    WEBER, M. et al. Sociologia da burocracia. Rio de Janeiro: Zahar, 1966.

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

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    PARTE II

    ORIENTAES BSICAS PARA A CONDUO DEPROCESSOS DE AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL:AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS, PROCEDIMENTOS EFERRAMENTAS

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

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    APRESENTAO

    E sta parte descreve e avalia cada fase do processo de AIA relacionado aolicenciamento ambiental, que ocorre hoje na Amaznia, Pantanal e Cerrado, tendo comobase as anlises das pesquisas realizadas junto aos OEMAs. Desta anlise decorreram,tambm, as solues alternativas apresentadas para a melhor eficcia e efetividade da gestoambiental nos estados, a partir da incorporao dos parmetros participativos e doplanejamento estratgico apresentados na Parte I, deste documento.

    Cada fase do processo de AIA corresponde a um Captulo, em que se caracterizaos agentes sociais envolvidos, os procedimentos e as ferramentas, atuais e alternativos, bemcomo as sugestes de mudana na legislao existente para viabilizao das alternativaspropostas.

    A ampliao dos espaos participativos, tanto na estruturao administrativa dorgo de meio ambiente quanto na sua relao com os demais agentes sociais, direta ouindiretamente envolvidos no processo de avaliao de impacto ambiental, constitui o eixocentral das propostas alternativas de conduo do licenciamento ambiental, apresentadas aseguir. A participao pblica o pressuposto terico que deve permear qualquer mtodode conduo do processo de AIA. Sua operacionalizao implica a adoo de mecanismosdiferenciados para cada fase do processo, os quais devem combinar-se, em funo dosagentes sociais intervenientes em cada fase e das solues por eles almejadas.

    Para melhor compreenso do pressuposto participativo apresenta-se, um captuloinicial especfico de anlise dos mecanismos possveis de serem estruturados em cada fasedo processo da AIA.

    So os seguintes os Captulos e os seus contedos correspondentes:

    Captulo 3. Mecanismos de Efetivao da Participao Social no Processode AIA.

    Captulo 4. Pedido de Licenciamento Ambiental.

    Captulo 5. Elaborao do Termo de Referncia para Estudos Ambientais.

    Captulo 6. Elaborao do Estudo de Impacto Ambiental-EIA e do Relatriode Impacto Ambiental-RIMA ou de Outros Documentos TcnicosNecessrios Obteno de Licenas Ambientais.

    Captulo 7. Anlise do EIA/RIMA ou Outros Documentos Tcnicos Exigidosno Licenciamento Ambiental.

    Captulo 8. Realizao de Audincias Pblicas.

    Captulo 9. Emisso de Licenas Ambientais.

    Captulo 10. Acompanhamento e Monitoramento dos ImpactosAmbientais.

    Captulo 11. Realizao de Auditorias Ambientais.

    Ao final de cada Captulo apresenta-se bibliografia e documentos de referncia,de forma a permitir ao leitor um aprofundamento nos assuntos pertinentes.

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

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    CAPTULO 3

    MECANISMOS DE EFETIVAO DAPARTICIPAO SOCIAL NO PROCESSODE AIA

    Os princpios bsicos que orientam as possibilidades de ampliao dos espaosparticipativos em processos de Avaliao de Impacto Ambiental esto fundamentados nalgica da negociao. A prtica participativa implica administrar os conflitos oriundos dasdivergncias de interesse entre os agentes sociais envolvidos nesse processo.

    A Audincia Pblica o nico mecanismo de participao social previsto nalegislao ambiental brasileira para o processo de AIA (v. Resoluo CONAMA 001/86). Decarter no obrigatrio, a Audincia deve ser realizada aps o recebimento do EIA/RIMApelo rgo de meio ambiente, quando julgar pertinente ou quando requerida por entidadecivil, pelo Ministrio Pblico ou por 50 (cinqenta) ou mais cidados.

    A experincia acumulada, desde a aprovao da Resoluo CONAMA 001/86,demonstra que a Audincia Pblica tem sido pouco explorada na prtica da AIA e que, porsi s, no capaz de efetivar a participao social no processo de tomada de deciso quantoao licenciamento ambiental de atividades modificadoras do meio ambiente.

    Demandas apresentadas pelos estados da Amaznia, Pantanal e Cerradoapontam para a necessidade de insero de outros mecanismos institucionalizados departicipao social desde o incio do processo de Avaliao de Impacto Ambiental, com aadoo de novos parmetros para orientar:

    a relao entre o rgo de meio ambiente e o empreendedor, desde omomento em que este procura informaes sobre o licenciamento ambientalat a desativao do empreendimento;

    a rede de relaes entre o rgo de meio ambiente e os demais agentes sociais(empreendedor, equipe multidisciplinar, grupos de apoio tcnico, sociedadeafetada, etc.), nas diferentes fases do processo de AIA.

    Com a adoo de outros mecanismos participativos no processo de Avaliaode Impacto Ambiental, a Audincia Pblica passa a representar o coroamento do processode elaborao do EIA/RIMA ou de outro documento tcnico semelhante. Esse processodeve culminar com o estabelecimento de solues compartilhadas por todos os agentessociais envolvidos e a co-responsabilizao no acompanhamento e monitoramento dosimpactos advindos dos empreendimentos.

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    3.1 NOVOS MECANISMOS DE PARTICIPAO SOCIAL NO PROCESSODE AIA

    GRUPO DE TRABALHO, formalizado e coordenado pelo rgoambiental licenciador, com a funo de compartilhar responsabilidades em diferentes fasesdo processo de AIA:

    . elaborao de Termos de Referncia para orientar a elaborao do EIA/RIMAou documento tcnico semelhante (PCA, RCA, PRAD, etc.);

    . orientao equipe multidisciplinar na elaborao do Estudo Ambiental eoutros documentos tcnicos (EIA/RIMA, PCA, RCA, PRAD, etc.);

    . anlise dos resultados preliminares e finais do EIA/RIMA ou documento tcnicosemelhante;

    . acompanhamento da implementao do Programa de Acompanhamento eMonitoramento dos Impactos Ambientais constante do EIA/RIMA ou dedocumento tcnico semelhante, exigida do empreendedor na fase deLicenciamento Prvio-LP.

    Esse GRUPO DE TRABALHO pode ser composto por representantes de todasas instituies interessadas no empreendimento a ser licenciado: rgos da administraopblica, especialmente aqueles que expedem licenas de implantao de atividades;instituies cientficas e acadmicas; entidades de classe; grupos sociais afetados; organizaesno-governamentais.

    Dependendo das caractersticas do empreendimento, do seu grau decomplexidade e dos conflitos de interesse, podero ser criados mais de um GRUPO DETRABALHO ou, ainda, subgrupo, para aprofundamento de discusses especficas e setoriaisdemandadas, desde que mantida a interao entre eles.

    As anlises realizadas pelo GRUPO DE TRABALHO devem ser registradasem atas, pareceres, laudos, etc. e circular junto ao corpo tcnico das diferentes instituiesenvolvidas no processo de AIA, de forma a facilitar a internalizao e eventual sistematizaodos contedos abordados.

    COMIT DE ASSESSORAMENTO TCNICO-CIENTFICO aorgo de meio ambiente, com a funo de apoiar:

    . a elaborao de Termos de Referncia para orientar a elaborao do EIA/RIMAou documento tcnico semelhante;

    . a elaborao do EIA/RIMA ou documento tcnico semelhante pela equipemultidisciplinar;

    . a anlise dos resultados preliminares e finais do EIA/RIMA ou de outrodocumento tcnico semelhante;

    . o monitoramento dos impactos ambientais do empreendimento licenciado.

    Os COMITS, coordenados pelo rgo ambiental, devem ser compostos porprofissionais de diferentes reas de conhecimento, organizados por tipologia de atividadeeconmica, com mandato por perodo pr-determinado. Sua estruturao pode ser

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

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    viabilizada atravs de convnios ou cooperaes tcnicas entre o rgo licenciador einstituies de ensino e pesquisa e rgos da administrao pblica ou de contratao diretade especialistas.

    GRUPO DE ASSESSORAMENTO POPULAR, organizadopreferencial- mente com o apoio do setor de Educao Ambiental do rgo ambientallicenciador, com a funo de:

    . auxiliar a equipe multidisciplinar, o GRUPO DE TRABALHO e o COMITDE ASSESSORAMENTO TCNICO-CIENTFICO na identificaoemprica dos efeitos ambientais esperados do empreendimento e de medidasalternativas de preveno/correo de efeitos negativos;

    . auxiliar o rgo licenciador na anlise do EIA/RIMA ou de outro documentotcnico semelhante;

    . servir de elo de ligao entre o empreendedor e o rgo de meio ambiente eas comunidades que representam, fazendo chegar at elas as informaes epropostas inerentes ao processo de licenciamento ambiental;

    . fiscalizar permanentemente os efeitos ambientais do empreendimento.

    Esse GRUPO deve ser formado por representantes de organizaes no-governamentais interessadas e das comunidades a serem potencialmente afetadas peloempreendimento, em suas diferentes alternativas de localizao.

    Podero ser criados mais de um GRUPO DE ASSESSORAMENTOPOPULAR ou, ainda, subgrupos, para aprofundamento de questes especficas e setoriaisdemandadas pelo empreendimento, desde que mantida a interao entre eles.

    AUDINCIAS PBLICAS INTERMEDIRIAS visam umescalonamento do processo de AIA, com possibilidade de concesso de Licena Prvia aempreendimentos, antes de concludo o EIA/RIMA ou outro documento tcnico semelhanteexigido pelo rgo de meio ambiente. Este mecanismo permite correes no processo, antesda Audincia Pblica final, podendo agilizar a tomada de deciso e reduzir custos, tantopara o empreendedor quanto para o rgo ambiental.

    A quantidade de AUDINCIAS vai depender da complexidade doempreendimento e das necessidades detectadas pelos grupos e comits de assessoramentoou pela sociedade.

    3.2 OS DIFERENTES PAPIS DOS AGENTES SOCIAIS NO PROCESSODE AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

    OEMA OU IBAMA

    Na condio de licenciador, tem o papel principal de promover a articulaoentre os diversos agentes sociais envolvidos no processo de Avaliao de Impacto Ambiental,cabendo-lhe a maior parcela de responsabilidade no alcance da efetividade da participaosocial ao longo de todo o processo.

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    Esse papel exige a capacidade de administrar conflitos de interesse, que podeser viabilizada atravs do emprego de diferentes mecanismos formais de participao, emcada fase do processo de AIA, conforme descrito no item anterior.

    Dependendo da complexidade do empreendimento e das demandas surgidasantes e durante o processo de AIA, o rgo de meio ambiente deve estar capacitado paracumprir as seguintes funes:

    assessorar o empreendedor na escolha da equipe multidisciplinar responsvelpela elaborao do EIA/RIMA ou de outro documento tcnico semelhante,mediante, por exemplo, o fornecimento de critrios de escolha e acesso aoCadastro Tcnico Federal e/ou Estadual de Atividade e Instrumentos de DefesaAmbiental (pessoa fsica e jurdica);

    estruturar grupos especficos de assessoramento popular atravs do seu setorde Educao Ambiental;

    criar, especialmente em casos de empreendimentos complexos ou controversos,GRUPOS DE TRABALHO e/ou COMIT DE ASSESSORAMENTOTCNICO-CIENTFICO;

    propor a criao ou fortalecimento de Conselhos Estaduais de Meio Ambiente-CONSEMA e/ou Conselhos Municipais de Meio Ambiente-CODEMAS. EssesCONSELHOS constituem instncias regulamentadoras do licenciamentoambiental e podem servir de frum de discusso de processos controversos delicenciamento ambiental, atravs de suas Cmaras Tcnicas;

    organizar AUDINCIAS PBLICAS INTERMEDIRIAS;

    alocar recursos humanos, fsicos e financeiros para a fiscalizao dos efeitosambientais negativos e para o acompanhamento e monitoramento dosimpactos ambientais de empreendimentos licenciados;

    estruturar Equipe de Auditoria Ambiental, composta por tcnicos prprios,especialistas diversos, representantes do empreendedor e dos grupos sociaisafetados pelo empreendimento (v. cap. 11).

    EMPREENDEDOR

    Agente interventor sobre o meio, possui a responsabilidade social decompatibilizar os interesses de sua atividade com as caractersticas naturais e scio-econmicas do meio ambiente.

    Independentemente de pertencer ao setor pblico ou privado, o empreendedordeve cumprir as seguintes funes:

    estabelecer uma relao de parceria com o rgo de meio ambiente, onde osantagonismos sejam tratados com o objetivo de se alcanarem soluescompartilhadas. Para tanto, cabe ao empreendedor fornecer informaes quepossibilitem a identificao dos efeitos ambientais potenciais doempreendimento proposto. Essa relao deve permanecer ao longo de toda a

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    vida til do empreendimento, especialmente na implementao doscompromissos negociados (Programas de Acompanhamento e Monitoramentode Impactos e Auditoria Ambiental).

    alocar os recursos financeiros e materiais necessrios para conferir qualidadeao Estudo Ambiental (EIA/RIMA, PCA, RCA, PRAD, etc.) e para implementaras medidas mitigadoras, os Programas de Acompanhamento e Monitoramentode Impactos e as Auditorias Ambientais peridicas.

    EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

    Fornece as bases tcnico-cientficas para o estabelecimento de compromissospolticos e institucionais em relao s concluses do EIA/RIMA ou de outro documentotcnico semelhante, pelo qual tecnicamente responsvel, mantendo sempre aindependncia em relao ao proponente do projeto, conforme estabelecido na ResoluoCONAMA 001/86.

    Para maior efetividade de seu papel, deve estabelecer uma relao de parceriapermanente com o rgo de meio ambiente e os grupos criados para orientar e assessorarprocessos de AIA. Essa interao, realizada nos foros institudos pelo rgo de meio ambientecom esse fim, deve resultar em revises que permitam o aprimoramento dos estudos.

    A equipe multidisciplinar deve conferir total transparncia s informaestrabalhadas, colocando-se sempre disponvel ou tomando a iniciativa de discutir com osdemais agentes participantes do processo de elaborao do EIA/RIMA ou de outro documentotcnico semelhante:

    a base conceitual do mtodo adotado no estudo de impacto ambiental;

    as anlises e concluses do Estudo Ambiental;

    as possibilidades reais de operacionalizao dos programas propostos para oacompanhamento e monitoramento dos impactos ambientais doempreendimento, com o efetivo envolvimento dos agentes sociais previstos.

    RGOS DA ADMINISTRAO PBLICA

    Enquanto interessados institucionais no licenciamento de empreendimentos, osrgos da Administrao Pblica, respeitadas as afinidades pertinentes, devem:

    fornecer informaes da sua rea de atuao ao rgo de meio ambiente e equipe multidisciplinar, especialmente visando compatibilizar o projetoproposto com planos setoriais existentes;

    participar dos grupos de orientao e assessoramento coordenados pelo rgode meio ambiente, desde o momento inicial do processo de Avaliao deImpacto Ambiental, sempre com a preocupao de internalizar as discussesocorridas nesses grupos;

    estabelecer relaes de parceria com o rgo de meio ambiente e com oempreendedor, na implementao das aes de mitigao e controle deimpactos e na implantao da infra-estrutura prevista no projeto.

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    EMPRESAS PBLICAS E PRIVADAS INSTALADAS NA REA DEINFLUNCIA DO EMPREENDIMENTO PROPOSTO

    Devem contribuir com o rgo de meio ambiente, a equipe multidisciplinar egrupos de orientao e assessoramento, mediante:

    o fornecimento de dados e informaes sobre a situao ambiental na suarea de influncia;

    participao em aes conjuntas de acompanhamento e monitoramento daqualidade ambiental, sempre que houver o risco de ocorrncia de efeitoscumulativos e sinrgicos com o empreendimento proposto;

    participao em equipes de auditoria ambiental, sempre que forem detectadosefeitos cumulativos e sinrgicos com o empreendimento instalado.

    COMUNIDADE TCNICA E CIENTFICA

    Tem o principal papel de:

    assessorar o rgo de meio ambiente e o empreendedor em questes tcnico-cientficas;

    participar dos grupos de orientao e assessoramento coordenados pelo rgode meio ambiente;

    desenvolver, permanentemente: referencial terico-conceitual paraaprimoramento do processo de AIA; mtodos de elaborao de EIA/RIMA ede outros documentos tcnicos semelhantes; tecnologias adequadas decontrole de impacto ambiental.

    ENTIDADES CIVIS

    Enquanto representantes da diversidade de interesses presentes na sociedade,essas entidades devem, alm de questionar, compartilhar das decises de preveno,controle, mitigao e monitoramento dos efeitos ambientais esperados e fiscalizar a execuodos programas de controle ambiental acordados com o empreendedor.

    MINISTRIO PBLICO

    Quando devidamente acionado, deve aplicar os instrumentos previstos em lei(ao civil pblica, inqurito civil, etc.) para garantir o cumprimento, por parte doempreendedor, dos condicionantes estabelecidos em cada licena ambiental.

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    CAPTULO 4

    PEDIDO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

    Para obter informaes sobre como realizar o Pedido de Licenciamento Ambientalde seu empreendimento (projeto, plano ou programa), o empreendedor deve procurar orgo ambiental licenciador - o rgo estadual de meio ambiente ou o IBAMA, dependendoda(s) atividade(s) a ser(em) implantada(s).

    Nesse momento, o rgo licenciador informa o empreendedor se o licenciamentoambiental necessrio e que tipo de documento tcnico dever ser apresentado para aobteno de licenas.

    da competncia legal do OEMA ou do IBAMA licenciar as atividadesconsideradas modificadoras do meio ambiente previstas na Lei 6.803/80 e nas ResoluesCONAMA 001/86, 011/86, 009/90 e 010/90.

    No caso de haver necessidade de elaborao de EIA/RIMA ou de outrodocumento tcnico semelhante (PCA, RCA, PRAD, etc.), o rgo licenciador aproveita essemomento para colher subsdios para preparar o Termo de Referncia, que orientar arealizao daqueles documentos.

    Para aquelas atividades identificadas como modificadoras do meio ambiente, oempreendedor dever preencher obrigatoriamente a ficha do Cadastro Tcnico Federal e/ou Estadual de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de RecursosAmbientais, caso a atividade a ser implantada no tenha sido ainda cadastrada.

    4.1 AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS NO MOMENTO DO PEDIDO DELICENCIAMENTO AMBIENTAL: Papel Atual e Alternativo

    IBAMA

    rgo condutor do processo de licenciamento ambiental de atividades queenvolvam a participao de mais de um estado ou que, por lei, sejam de competnciafederal.

    Deve buscar o fortalecimento de seu papel condutor atravs damelhoria de sua capacidade gerencial, da definio de normas eprocedimentos de licenciamento ambiental e da imprescindvelarticulao com os demais agentes sociais que participam do processode avaliao de impacto ambiental.

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    OEMA

    rgo responsvel pela conduo do processo de licenciamento ambiental dasatividades modificadoras do meio ambiente, cabendo-lhe orientar o empreendedor sobre:

    as atividades que necessitam de licenciamento ambiental;

    os tipos de licenas a serem obtidas;

    os estudos ambientais e outros documentos tcnicos semelhantes a seremelaborados (PCA, RCA, PRAD, etc.);

    os documentos que devem ser apresentados para o pedido formal da licena.

    Deve buscar o fortalecimento de seu papel atravs da melhoria desua capacidade gerencial, da definio de normas e procedimentosde licenciamento ambiental e da imprescindvel articulao com osdemais agentes sociais que participam do processo de avaliao deimpacto ambiental.

    EMPREENDEDOR

    o proponente da atividade modificadora do meio ambiente, devendo fornecerao OEMA ou ao IBAMA as informaes requeridas para a concesso de licenas ambientaisa seu empreendimento.

    Pode ser do setor pblico ou privado.

    A partir do primeiro contato, deve estabelecer uma relao interativacom o rgo licenciador, de forma a facilitar e agilizar o processo delicenciamento ambiental.

    4.2 PROCEDIMENTOS NO PEDIDO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

    4.2.1 Procedimentos Atuais

    O empreendedor procura o rgo ambiental licenciador nos seguintes casos:

    por exigncia de rgos financiadores de projetos (Banco da Amaznia-BASA,Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social-BNDES, BancoInteramericano de Desenvolvimento-BID) e/ou agncias estatais subsidiadorasde infra-estrutura para projetos (SUDAM, SUFRAMA e outras);

    por exigncia de rgos da administrao pblica responsveis pelolicenciamento global da atividade a ser implantada, tais como:

    . prefeitura municipal, no caso de loteamentos urbanos econstruo civil em geral;

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    49

    . INCRA, para implantao de atividades rurais;

    . DNER e DER, no caso de construo de rodovias;

    . DNPM, no caso de atividades de lavra e/ou beneficiamentomineral.

    por exigncia do IBAMA e/ou rgo estadual competente, no caso dedesmatamento;

    em resposta a denncias da sociedade (presso social), no caso de projetosimplantados ou em implantao sem o devido licenciamento ambiental;

    em cumprimento penalidade disciplinar ou compensatria imposta pelorgo de meio ambiente pela no adoo das medidas necessrias preservao ou correo da degradao ambiental.

    No primeiro contato com o rgo ambiental licenciador, o empreendedor devefornecer ao rgo de meio ambiente todas as informaes sobre o empreendimento e naturezadas atividades a serem implantadas e preencher, caso ainda no tenha feito, a ficha doCadastro Tcnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras deRecursos Ambientais.

    O rgo ambiental examina a documentao apresentada, consulta a legislaoe os dados disponveis sobre o local do empreendimento e avalia a necessidade deelaborao de estudo de impacto ambiental ou documento semelhante. Se julgar necessrio,realiza vistoria para avaliar a situao ambiental no local proposto para o empreendimento,decidindo quanto a:

    necessidade de apresentao de EIA/RIMA e/ou de outros documentos tcnicossemelhantes (PCA, RCA, PRAD, etc);

    outras exigncias, tais como apresentao de projetos, relatrios e pareceresespecficos (por exemplo: projeto de engenharia ambiental para padarias,marmorarias, lavanderias, serrarias e marcenarias, cortios, usinagem de metais;parecer da CNEN para atividades que envolvam substncias radioativas, etc);

    inviabilidade do empreendimento, quando sua implantao fere a legislaoambiental federal, estadual e/ou municipal. Por exemplo, localizao propostaem unidades de conservao, reservas indgenas, nascentes e bordas dechapada, reas de proteo de mananciais, etc. Nesse caso, o pedido delicenciamento negado, e se permanecer o interesse do empreendedor, estedever providenciar as alteraes necessrias no projeto inicial para, ento,entrar com novo pedido.

    4.2.2 Alternativas aos Procedimentos Atuais no Pedido de LicenciamentoAmbiental

    Uma maior efetividade do licenciamento ambiental depende de uma relaointerativa entre o rgo de meio ambiente, o empreendedor e demais interessados, desde oincio do processo. Essa relao deve ser pautada pela utilizao de mecanismos amplos departicipao, onde a troca de informaes constitui elemento-chave.

  • AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

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    Nesse sentido, o rgo ambiental deve:

    definir normas e procedimentos de licenciamento ambiental a serem cumpridospelo empreendedor, de acordo com a natureza da atividade;

    montar uma estrutura especialmente voltada para receber e fornecerinformaes ao empreendedor e demais interessados, acerca das exignciasdo licenciamento ambiental. Essa estrutura no deve funcionar de maneiraisolada dentro do rgo de meio ambiente. O funcionrio encarregado datarefa de orientao deve estar devidamente capacitado e contar com umsuporte de acesso imediato a outros setores do rgo e a outras instituies deapoio, para consultas e esclarecimentos de dvidas;

    produzir e divulgar material informativo sobre todo o processo de licenciamentoambiental, contendo os seus objetivos e as responsabilidades de cada agentesocial, no contexto do controle da qualidade ambiental e do desenvolvimentosustentvel;

    disseminar o material informativo, acompanhado de orientao, junto a rgosfinanciadores de projetos, entidades de classe ou rgos licenciadores deatividades (prefeituras municipais, INCRA, FUNAI, DNER/DER, etc.), facilitandoao empreendedor o acesso a esse material e aliviando a carga de trabalho nolocal de atendimento montado pelo rgo licenciador.

    4.3 FERRAMENTAS DE APOIO ORIENTAO DO EMPREENDEDORNO PEDIDO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

    4.3.1 Ferramentas Atuais

    O rgo ambiental conta com as seguintes ferramentas de apoio para orientar oempreendedor no momento do pedido de licenciamento ambiental:

    LEGISLAO PERTINENTE AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

    Atualmente, o rgo ambiental licenciador tem na legislao ambiental suaprincipal ferramenta para orientar o empreendedor quanto s exigncias a serem cumpridaspara obteno do licenciamento ambiental.

    Embora alguns poucos rgos estaduais de meio ambiente tenham estabelecidonormas e procedimentos prprios para atender suas demandas especficas, a maioria delesainda dispe da legislao federal como nica ferramenta de apoio para orientar oempreendedor no pedido de licenciamento ambiental:

    Lei 6.938/81 - estabelece como um dos instrumentos da Poltica Nacional doMeio Ambiente o licenciamento e a reviso de atividades efetivas oupotencialmente poluidoras;

    Decreto 99.274/90, Captulo IV - trata do licenciamento ambiental de atividadesutilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmentepoluidoras, bem como dos empreendimentos capazes, sob qualquer forma,de causar degradao ambiental;

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    51

    Resoluo CONAMA 001/86 - estabelece a exigncia de elaborao de Estudode Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatrio de Impacto Ambiental-RIMApara o licenciamento das atividades constantes do seu artigo 2;

    Resoluo CONAMA 006/86 - trata dos modelos de publicao de pedidosde licenciamento, em quaisquer de suas modalidades, sua renovao e arespectiva concesso de licena;

    Resoluo CONAMA 011/86 - altera e acrescenta atividades no artigo 2, daResoluo 001/86;

    Resoluo CONAMA 006/87 - estabelece regras gerais para o licenciamentoambiental de obras de grande porte de interesse relevante da Unio, como agerao de energia eltrica;

    Resoluo CONAMA 010/87 - estabelece como pr-requisito paralicenciamento de obras de grande porte a implantao de uma estaoecolgica pela instituio ou empresa responsvel pelo empreendimento coma finalidade de reparar danos ambientais causados pela destruio de florestase outros ecossistemas;

    Resoluo CONAMA 005/88 - dispe sobre licenciamento das obras desaneamento para as quais seja possvel identificar modificaes ambientaissignificativas;

    Resoluo CONAMA 008/88 - dispe sobre licenciamento de atividademineral, o uso do mercrio metlico e do cianeto em reas de extrao deouro;

    Resoluo CONAMA 009/90 - estabelece normas especficas para oLicenciamento Ambiental de Extrao Mineral das classes I, III, IV, V, VI, VII,VIII e IX;

    Resoluo CONAMA 010/90 - estabelece critrios especficos para olicenciamento ambiental de extrao mineral da classe II.

    Alm das referncias acima, existe uma legislao bsica, em nvel federal,estadual e municipal, que deve ser observada no momento da solicitao do licenciamentoambiental: a Constituio Federal; as Leis Orgnicas municipais; o Cdigo de guas; oCdigo Florestal; o Estatuto da Terra; as Resolues do CONAMA sobre padres de qualidadedo ar e da gua e sobre unidades de conservao; as leis de proteo do patrimnioarqueolgico, histrico e cultural, etc. (Consulte: IBAMA. Coletnea da LegislaoFederal de Meio Ambiente, 1992).

    CADASTROS TCNICOS

    Cadastro Tcnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental(administrado pelo IBAMA e criado pela Lei 6.938/81, teve seus critrios eprocedimentos bsicos estabelecidos pela Resoluo CONAMA 001/88) - utilizado pelo empreendedor e pelo rgo de meio ambiente na identificao

  • AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

    52

    de prestadores de servios e consultoria (pessoas fsicas ou jurdicas) sobreproblemas ecolgicos ou ambientais. Alguns estados contam ainda com umCadastro Tcnico Estadual de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental,gerido pelo rgo estadual de meio ambiente e estruturado de formasemelhante ao cadastro federal;

    Cadastro Tcnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ouUtilizadoras de Recursos Ambientais (administrado pelo IBAMA e criado pelaLei 6.938/81) - serve de apoio sobretudo ao rgo de meio ambiente paraidentificar pessoas fsicas ou jurdicas que se dedicam a atividadespotencialmente poluidoras e/ou a extrao, produo, transporte ecomercializao de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente,assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora.

    4.3.2 Ferramentas Alternativas Orientao do Empreendedor no Pedido deLicenciamento Ambiental

    Para melhorar a qualidade de sua atuao na orientao ao empreendedor, nomomento do pedido de licenciamento ambiental, o rgo de meio ambiente deve estruturar,utilizar e contribuir, sistematicamente, para a realimentao de um Banco de DadosAmbientais, no qual devem estar includas informaes sobre: legislao ambiental; projetos,planos e programas de uso e ocupao do territrio; tecnologias de controle e o conhecimentoacumulado sobre o espao, especialmente aqueles advindos de EIA/RIMA e de outrosdocumentos tcnicos semelhantes j aprovados. Alm dessas, o Banco de Dados Ambientaisdever incluir tambm o Cadastro Tcnico Federal e/ou Estadual de Atividades eInstrumentos de Defesa Ambiental e o Cadastro Tcnico Estadual de AtividadesPotencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais.

    O rgo ambiental deve procurar complementar as ferramentas disponveis,buscando ainda definir fatores e critrios de licenciamento ambiental, especficos s atividadesmais recorrentes de sua regio.

    4.4 SUBSDIOS PARA PROPOSIO DE MUDANAS NA LEGISLAO

    de nvel estadual:

    . criar outros instrumentos especficos de licenciamentoambiental, complementares legislao federal, de modo aatender as caractersticas ambientais regionais e as tipologiasde atividades mais recorrentes no estado. Nesse sentido,podem ser criados ainda instrumentos facilitadores dolicenciamento ambiental para atividades especficas que, sobo ponto de vista do rgo licenciador, no se apropriaro deforma complexa dos recursos ambientais;

    . ampliar as atividades modificadoras do meio ambienteclassificadas no artigo 2, da Resoluo CONAMA 001/86,atravs de legislao estadual, de forma a atender asparticularidades regionais;

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

    53

    . criar o Cadastro Tcnico Estadual de Atividades eInstrumentos de Defesa Ambiental e o Cadastro TcnicoEstadual de Atividades Potencialmente Poluidoras ouUtilizadoras de Recursos Ambientais, a exemplo daquelesadministrado pelo IBAMA em nvel federal (art. 17, Lei 6.938/81). Tais cadastros visam atender necessidades de informaesgeradas por especificidades regionais, sem sobrepor-se.

    4.5 BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO

    IBAMA - INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAISRENOVVEIS. Coletnea da legislao federal de meio ambiente. Braslia, 1992.

    MILAR, E.; BENJAMIN, A. H. V. Estudo prvio de impacto ambiental-teoria, prticae legislao. So Paulo: Revista dos Tribunais Ltda., 1993.

  • AGENTES SOCIAIS, PROCEDIMENTOS E FERRAMENTAS

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    CAPTULO 5

    ELABORAO DO TERMODE REFERNCIA PARA ESTUDOSAMBIENTAIS

    O Termo de Referncia o instrumento orientador para a elaborao de qualquertipo de Estudo Ambiental (EIA/RIMA, PCA, RCA, PRAD, PLANO DE MONITORAMENTO,etc).

    Tem por objetivo estabelecer as diretrizes orientadoras, contedo e abrangnciado estudo exigido do empreendedor, em etapa antecedente implantao da atividademodificadora do meio ambiente.

    elaborado pelo rgo de meio ambiente a partir das informaes prestadaspelo empreendedor na fase de pedido de licenciamento ambiental (v. cap.4).

    Em alguns casos, devido a deficincias infra-estruturais e do reduzido nmerode pessoal especializado, o rgo de meio ambiente solicita que o empreendedor elabore oTermo de Referncia, reservando-se apenas ao papel de julg-lo e aprov-lo. Em outroscasos, com a finalidade de agilizar o processo de licenciamento ambiental, o empreendedoradianta-se, apresentando j na solicitao do licenciamento a proposta de Termo deReferncia.

    O Termo de Referncia bem elaborado um dos passos fundamentais para queum estudo de impacto ambiental alcance a qualidade esperada.

    A dificuldade que o rgo de meio ambiente encontra para elaborar Termo deReferncia de boa qualidade tcnica decorre, e