aia analise ttt final
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MESTRADO DE TECNOLOGIA AMBIENTAL
Avaliação de Impacte Ambiental
Parecer sobre o Projecto
“Terceira Travessia do Tejo”
Docentes: Fernando Cunha
Ricardo Salgado
Discentes:
Alexandra Nobre n.º 090282001
Ana Alves n.º 090282004
Sara Cruz n.º 090282014
2009/2010
Avaliação de Impacte Ambiental
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Índice
1. Introdução .............................................................................................................. 3
2. Objectivos .............................................................................................................. 4
3. Projecto da Terceira Travessia do Tejo – TTT ....................................................... 4
3.1 Âmbito e Objectivos ........................................................................................ 4
3.2 Entidades Envolvidas ..................................................................................... 4
3.3 Breve descrição do projecto ........................................................................... 5
4. Análise Qualitativa do Resumo Não Técnico ......................................................... 5
5. Análise da Aplicação do Guia de Estudos de Impacte Ambiental de Infra-Estruturas Rodoviárias .................................................................................................. 9
5.1 Condicionantes ............................................................................................. 10
5.2 Lacunas ........................................................................................................ 11
5.3 Estudos dos Factores Ambientais ................................................................. 11
6. Considerações Finais .......................................................................................... 13
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1. Introdução
A procura de mais e melhores acessibilidades tem levado a ritmos crescentes de
construção, de ampliação e renovação de estradas, a este facto estão associadas
consequências, quer negativas, quer positivas, para o ambiente (biofísico e sócio-
económico). Contribuindo significativamente para a mobilidade e redução da
sinistralidade, constituindo um contributo para potenciar o desenvolvimento económico
e social dos espaços em que as vias se inserem, por via de aproximação geográfica
entre diferentes territórios. O grande desafio actual em curso consiste no planeamento
e construção de grandes infra-estruturas de transportes, designadamente o Novo
Aeroporto de Lisboa (NAL), a rede de Alta Velocidade Ferroviárias (TGV) e uma
Terceira Travessia do Tejo (TTT).
Inerente às fases de exploração e construção as infra-estruturas têm implicações a
diversos níveis, nomeadamente solo (uso e ocupação), geologia e geomorfologia do
terreno, ruído e vibração, qualidade do ar e da água, perturbação e alteração do meio
biótico, degradação e alteração da paisagem, mas podendo induzir também efeitos ao
nível das infra-estruturas existentes, afectando (muitas vezes de forma positiva) o
meio sócio-económico e cultural Local, Regional e Nacional, podendo estar muitas
vezes associadas a riscos ambientais.
De forma a realizar um parecer mais elaborado foram analisados documentos que
contribuíram para um melhor fundamento desse parecer, entre eles, o “Resumo Não
Técnico - RNT”, de Setembro de 2008 autoria da empresa, AMB&VERITAS –
Ambiente, Qualidade e Formação, Lda; “Critérios de Boa Prática para o RNT 2008”
autoria da Associação Portuguesa de Avaliação de Impactes (APAI); “Guia de Estudos
de Impacte Ambiental de Infra-estruturas Rodoviárias” de Novembro de 2007 autoria
da empresa Estradas de Portugal, S.A.; “Análise Custo-Benefício ao projecto da
Terceira Travessia do Tejo – Relatório Final” de Fevereiro de 2009 da autoria das
empresas VTM – Consultores e a Steer Davies Gleave (SDG); “Relatório da
Comissão Independente para a Componente Rodoviária da Terceira Travessia do Tejo
no Corredor Chelas/Barreiro, de Outubro de 2007, autoria da Comissão criada por
Despacho da Senhora Secretária de Estado dos Transportes, de 23 de Julho de 2007,
“Declaração de Impacte Ambiental” do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do
Território e do Desenvolvimento Regional; “Nota Técnica da Alta Velocidade
Ferroviária: Análise Comparativa das Alternativas de Entrada em Lisboa” autoria da
Rede Ferroviária de Alta Velocidade, S.A. (RAVE) e Relatório 62/2008 do LNEC, com
a “Avaliação Comparativa das Alternativas Existentes para a Terceira Travessia do
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Tejo na Área Metropolitana de Lisboa” de Março de 2008. Esse parecer encontra-se
nos pontos 4 e 5 do presente documento.
2. Objectivos
Com este documento pretende-se efectuar:
• Análise qualitativa do Resumo Não Técnico do Estudo de Impacte Ambiental
de forma a avaliar a sua conformidade, tendo em consideração os critérios de
boa prática descritos pela APAI;
• Análise da aplicação do Guia de estudos de impacte ambiental de infra-
estruturas rodoviárias.
3. Projecto da Terceira Travessia do Tejo – TTT
3.1 Âmbito e Objectivos
O projecto TTT engloba três modos de transporte:
• Modo ferroviário de alta velocidade;
• Modo ferroviário convencional;
• Modo rodoviário.
Permitindo cumprir objectivos programados para a Ligação Ferroviária de Alta
Velocidade Lisboa/Madrid, Subtroço Lisboa/Moita (via Terceira Travessia do Tejo no
corredor Chelas/Barreiro.
3.2 Entidades Envolvidas
Em cumprimento da legislação sobre a Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), o
Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, designadamente com as alterações
introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Setembro, e a Portaria n.º
330/2001, de 2 de Abril, a Rede Ferroviária Nacional - REFER, EP, através do Ofício
n.º 0781-A, de 30/08/2008, e na sua qualidade de entidade licenciadora (para efeitos
de AIA), enviou à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para procedimento de AIA,
o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) relativo ao projecto “Ligação Ferroviária de Alta
Velocidade Lisboa/Madrid, Subtroço Lisboa/Moita, Via Terceira Travessia do Tejo
(TTT) no Corredor Chelas/Barreiro, Modos Ferroviário e Rodoviário”, em fase de
Estudo Prévio, cujo proponente é a RAVE – Rede Ferroviária de Alta Velocidade, SA.
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Importa referir que a entidade competente para autorização ou licenciamento da
componente ferroviária é a REFER, EP – Rede Ferroviária Nacional e a entidade
competente para autorização ou licenciamento da componente rodoviária é a Estradas
de Portugal, SA.
3.3 Breve descrição do projecto
A Terceira Travessia do Tejo é uma infra-estrutura que reúne as valências de
circulação rodoviária, circulação ferroviária de alta velocidade e circulação ferroviária
convencional, unindo as duas margens do rio.
Formaliza um eixo rodoviário que parte da Av. do Santo Condestável e que se
prolonga até ao IC21. Em termo de circulação ferroviária convencional, faz ligação da
Linha de Cintura, entre Chelas e Braço de Prata à Linha do Alentejo, proveniente do
Barreiro. A circulação ferroviária de alta velocidade atravessará a ponte proveniente da
estação do Oriente, e na margem sul, terá um trajecto que segue o eixo rodoviário
para se tornar paralelo à Linha do Alentejo.
A ponte que estabelece a travessia parte de um viaduto da zona da Madredeus, até à
cota máxima de 67 metros, sobre o Canal do Cabo Ruivo, e que se prolonga até ao
recinto da Quimiparque, no Barreiro. Tem um comprimento total de 6700 metros, para
um vão máximo de 540 metros. As torres que a suportam têm uma altura de 198
metros, superior à da Ponte 25 de Abril (190 metros).
4. Análise Qualitativa do Resumo Não Técnico
Tendo em conta o documento “Critérios de Boa Prática para o RNT – 2008” na sua
versão de 29 de Julho de 2008 a análise ao RNT elaborado pela empresa
AMB&VERITAS é a descrita abaixo e encontra-se estruturada por critérios que estão
numerados de 1 a 4.
1. Estrutura
a) Verifica-se que o RNT apresenta uma estrutura lógica e coerente. As
acções do projecto causadoras de impactes encontram-se associadas a
cada descritor assim como os respectivos impactes que lhes estão
associados.
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b) De um ponto de vista geral o RNT tem uma redacção própria e é autónomo,
embora em alguns casos, nomeadamente no caso das medidas
minimizadoras reporte para o respectivo EIA.
c) Constitui um documento único tendo apenas como anexos cartografia
relevante e algumas simulações visuais e representações tridimensionais.
d) Tal como aconselhado, o índice geral é simples, não existem índices de
quadros ou de figuras assim como Glossário.
e) Embora se possa considerar sintético, este RNT ultrapassa em 5 as 20
páginas recomendadas pelo documento da APAI.
f) Contrariamente ao aconselhado, o RNT em análise contém ficha técnica
com a descrição da equipa que realizou o EIA.
2. Conteúdo
a) No ponto Introdução e Âmbito, o RNT faz clara referência ao EIA incluindo
o seu período de elaboração.
b) Embora existam antecedentes pelo facto de já subsistirem 2 travessias do
Tejo (cada uma com os seus objectivos) estes não parecem relevantes já
que não lhes é feita nenhuma alusão.
c) O objectivo do RNT está demasiado extenso uma vez que se estende ao
longo de 4 páginas acabando o leitor por se “perder”. Neste ponto é
também descrita a localização do projecto em estudo assim como as
estimativas de procura. Além disto termina com a afirmação de que este é
um “empreendimento incontornável e prioritário” influenciado, de algum
modo, a opinião do leitor.
d) Na descrição geral do projecto estão incluídas as componentes do projecto
e as alternativas consideradas no entanto, não estão descritos horizontes
temporais, faseamento nem as cargas ambientais.
e) O RNT contém uma descrição integrada dos elementos do ambiente
significativamente afectados, das principais acções causadoras de
impactes e dos principais impactes. Os descritores qualidade do ar, ruído e
vibração indicam a evolução previsível na ausência do projecto. No que
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concerne às medidas previstas para prevenir, reduzir ou compensar os
impactes negativos este critério não nos parece bem interpretado, isto
porque:
- No descritor Águas Superficiais “estão previstos métodos, técnicas e
equipamentos adequados à minimização da dispersão dos sedimentos na
coluna de água” no entanto nenhuma dessas medidas previstas é
anunciada;
- No descritor Águas Subterrâneas verifica-se que “ocorrerá a afectação
de cinco pequenas captações privadas” no entanto não são apresentadas
quaisquer medidas minimizadoras, apenas se refere que “numa fase
posterior do projecto será analisada a relocalização destas captações caso
se verifique essa necessidade”;
- No descritor Aspectos Ecológicos para o impacte identificado referente
“à ressuspensão de sedimentos contaminados por poluentes tóxicos que
possam vir a acumular-se na cadeia trófica” também não são descritas as
medidas minimizadoras apenas que “este impacte será minimizado através
de processos construtivos previstos no projecto”;
- No descritor Qualidade do Ar não são apresentadas quaisquer medidas
minimizadores do impacte mais significativo identificado “aumento de
partículas suspensas ao redor da obra”;
- No descritor Ruído e Vibração as medidas minimizadoras a aplicar na
fase de construção são “recomendações com vista à minimização dos
impactes durante o decurso da obra”e apenas “são definidas no EIA”;
- No descritor Ordenamento do Território é referido que “na fase de
exploração, o projecto poderá causar implicações ao nível da pressão
urbana para densificação de núcleos urbano/industriais existentes e/ou o
surgimento de novos em áreas não previstas nos instrumentos de gestão
do território” sem identificar qualquer medida minimizadora dessas
implicações.
Apenas os descritores paisagem, qualidade do ar, ruído e vibração,
aspectos sócio-económicos e ordenamento do território apresentam
impactes considerados positivos pela entidade que elaborou o EIA.
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Consideramos que não são descritas medidas para potenciar os efeitos
desses impactes positivos.
f) Apenas no descritor águas superficiais está previsto um plano de
monitorização da qualidade da água, tal também deveria acontecer para o
descritor qualidade do ar.
g) Os impactes residuais são identificados para alguns descritores.
h) Não são identificadas quaisquer lacunas técnicas ou de conhecimento.
i) No ponto intitulado Conclusões são enunciados os impactes positivos
associados aos aspectos sócio-económicos, nomeadamente ao nível das
acessibilidades. Apenas numa frase do último parágrafo são referidos os
impactes negativos enquanto nos restantes 9 parágrafos são descritas as
vantagens resultantes da construção desta infra-estrutura.
j) As peças desenhadas cumprem, de um modo geral, os critérios do
documento da APAI.
3. Linguagem
a) A linguagem utilizada no RNT é simples, concisa e não é repetitiva. Embora
no descritor ruído e vibração as percentagens apresentadas possam
confundir o leitor.
b) A classificação dos impactes está descrita de uma forma simples.
c) Todos os acrónimos e siglas utilizados estão explicitados por extenso na
primeira vez que são utilizados.
4. Apresentação
a) As peças escritas estão em formato A4 enquanto as peças desenhadas se
encontram em formato A3 mas são fornecidas em 2 páginas A4, seguindo o
critério definido.
b) A folha de rosto do RNT está de acordo com os critérios delineados, a
apresentação gráfica é atractiva e a formatação permite uma boa
legibilidade.
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c) Os impactes identificados estão descritos em texto, não sendo apresentada
qualquer matriz, como se pretende.
d) As alternativas propostas são apresentadas de forma cartográfica.
e) As simulações visuais não se encontram directamente referenciadas no
texto, o leitor consegue entender a mensagem sem analisar as imagens. A
situação contrária não se verifica: prestando apenas atenção às imagens é
difícil entender a sua finalidade.
De um modo geral o conteúdo do RNT não nos parece imparcial, todo o texto está
escrito de modo a promover a construção da TTT via Chelas-Barreiro. Não é feita uma
comparação directa entre as vantagens e os impactes ambientais associados ao
projecto, sendo dado maior ênfase às vantagens do projecto ficando o leitor, no final,
com a sensação de que o projecto é imprescindível para o país. As vantagens surgem
descritas no Objectivo e nas Conclusões do RNT.
5. Análise da Aplicação do Guia de Estudos de Impacte Ambiental de Infra-Estruturas Rodoviárias
O Guia é um documento destinado a sistematizar a tramitação sequencial de
procedimentos de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) e a coordená-lo com o
planeamento rodoviário, apresentando assim as orientações metodológicas, desde a
fase de planeamento até à fase de operação e de manutenção da infra-estrutura
rodoviária, no sentido de garantir que o procedimento de AIA e o licenciamento das
infra-estruturas rodoviárias sejam conduzidos com sucesso. Sendo elaborado com o
objectivo de apontar as melhores práticas nas abordagens técnicas às Propostas de
Definição de Âmbito (PDA) e aos Estudos de Impacte Ambiental (EIA) de infra-
estruturas rodoviárias, tendo em vista concretizar os requisitos dos processos de AIA,
de acordo com o expresso no Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro que altera
o Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio e das Normas Técnicas para a Elaboração do
EIA, expressos na Portaria nº 330/2001, de 2 de Abril.
É constituído por cinco capítulos independentes, de modo a facilitar a consulta e a
permitir a sua actualização, indo de encontro à evolução de conceitos, procedimentos
e instrumentos técnicos, jurídicos e institucionais que se verificarem, tanto no Sector
Rodoviário, como na Área do Ambiente.
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Tendo em conta a Portaria n.º 330/2001, como já foi referida anteriormente, o EIA é
composto por Resumo não técnico (RNT); Relatório ou Relatório Síntese (RS);
Relatórios técnicos (RT), quando necessário e Anexos. Para analisar a aplicabilidade
do Guia de EIA de infra-estruturas rodoviárias apenas foi considerado o RNT e outros
documentos associados ao projecto, verificando as suas condicionantes, lacunas e os
estudos dos factores ambientais.
5.1 Condicionantes
No relatório do LNEC está referido que foram consultadas as várias cartas de PDM’s
da Câmara Municipal do Barreiro (CMB), Câmara Municipal do Seixal (CMS), Câmara
Municipal do Montijo (CMM) e Câmara Municipal de Lisboa (CML), como preconizado
no Guia, para todos os Concelhos abrangidos no Projecto, relativamente à
identificação das condicionantes, servidões e restrições da utilidade pública.
Quanto às condicionantes técnicas e ambientais, não foram considerados todos os
factores ambientais no relatório do LNEC por razões diversas “…os usos do solo
(directos e indirectos) que foram integrados ao nível do ordenamento do território; a
emissão de poluentes para a atmosfera e os impactes do ruído que, dada a
proximidade das soluções alternativas e o curto espaço de tempo para análise, se
consideraram como não sendo críticos para a comparação; e os efeitos sobre o
património construído e sobre a paisagem, que não se afigurou viável ponderar por
insuficiência de tempo e de informação” o que não são consideradas razões válidas,
visto estar incluída uma infra-estrutura rodoviária, sendo dada relevância apenas a
análises ao nível da conservação da natureza e biodiversidade; dos recursos hídricos
superficiais; dos recursos hídricos subterrâneos; e da integridade ambiental do
estuário do Tejo (qualidade dos sedimentos), para além das estipuladas no
Ordenamento do Território.
No ponto 4.4 soluções técnicas para as infra-estruturas de atravessamento, do
respectivo relatório, do LNEC, são referidas para além das alternativas, também as
áreas (definida a localização e a contabilização da área), estando previstas as
expropriações de terrenos. Quanto à quantificação da população desalojada de
aglomerações, ou de áreas afectadas, nada é referido, apenas se referem à equidade
territorial, equilíbrio territorial e coerência territorial e no ponto 4.2 mobilidade e
equidade funcional do sistema de transportes, incluindo dados das populações
residentes no ano de 1991 e 2001 tendo em conta dados de deslocações de 2007 em
relação às acessibilidades ao aeroporto de Lisboa e aos aeroportos europeus de
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forma a calcular as acessibilidades ao NAL, com a respectiva análise comparativa das
alternativas inerentes ao projecto.
5.2 Lacunas
Conforme o Guia de EIA de infra-estruturas rodoviárias, dada a especificidade de um
Projecto Rodoviário e o seu teor técnico, é importante conhecer as principais lacunas
técnicas, por exemplo informação referente a dados que não é possível obter,
inerentes ao estado de conhecimento da situação local de implantação do projecto ou
dos impactes nos sistemas ambientais.
As lacunas existentes devem ser consideradas no Programa de Monitorização, tendo
em vista a sua superação ou acompanhamento, para analisar eventuais efeitos.
A existência de um Programa de Monitorização Ambiental, cumpre o descrito no
Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro, no Anexo III, referente ao conteúdo
mínimo de EIA. No relatório do LNEC, tanto no ponto 4.3 ambiente e 4.4 soluções
técnicas para as infra-estruturas de atravessamento é referida a monitorização que
está inerente ao projecto, sendo feita a análise comparativa das alternativas
existentes.
Foram tidos em conta os relatórios anuais de monitorização ambiental do Instituto de
Investigação das Pescas e do MAR-CEMA, LUSOPONTE, EP, de 2002, 2005 e 2007
e o programa de monitorização ambiental da SIMTEJO de 2005, contudo não se tem a
segurança de que existem lacunas ou não, visto não fazerem parte do EIA para serem
analisados devidamente, apenas que os relatórios e o programa de monitorização
foram referidos.
5.3 Estudos dos Factores Ambientais
A construção e exploração de uma infra-estrutura ferroviária de alta velocidade,
ferroviária convencional e rodoviária provoca alterações no meio envolvente
(impactes), tanto a nível ambiental como social, sendo que, a maioria das alterações
de efeito negativo podem ser minimizadas ou compensadas com recurso a acções
específicas a adoptar durante as diferentes fases do projecto.
No Guia de EIA de infra-estruturas rodoviárias os factores ambientais que são
abordados contemplam para cada factor a situação do ambiente, os impactes
decorrentes da implantação da infra-estrutura, neste caso a TTT e as medidas
ambientais adoptadas na sua minimização, sendo os factores ambientais abordados
os seguintes:
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• Clima
• Geologia e Geomorfologia
• Solos e Uso do Solo
• Ambiente Sonoro
• Qualidade do Ar
• Componente Biológica
• Componente Social
• Património Cultural
• Paisagem
No relatório do LNEC verifica-se nos pontos 4.3 ambiente e 6 avaliação
comparativa, que foram somente abordados a conservação da natureza e
biodiversidade (componente biológica), qualidade do sedimento do estuário (Solo e
uso solos), águas subterrâneas e águas superficiais, não tendo sido abordados os
restantes factores ambientais, também eles importantes.
No ponto 4.3.3 conservação da natureza e biodiversidade, desse mesmo relatório,
são referidos os impactes directos e indirectos que uma estrutura deste tipo acarreta,
assim como também são especificados dois critérios de avaliação com três
indicadores: o valor ecológico do território, habitats e espécies protegidas e vantagens
e desvantagens de cada alternativa.
Em termos de conformidade com o Guia de infra-estruturas pode dizer-se que foi
efectuada uma boa caracterização do ambiente afectado em termos da fase de
exploração, uma vez que neste relatório somente é abordada essa fase.
Em relação ao ponto 4.3.4 qualidade do sedimento do estuário, que é referente ao
uso e capacidade do solo, foi realizada uma caracterização do solo para que se
pudesse distinguir o grau de contaminação dos mesmos, esta caracterização está
conforme o Guia de infra-estruturas.
Nos pontos 4.3.5 águas subterrâneas e 4.3.6 águas superficiais são referidos tanto
os impactes negativos como positivos de cada alternativa, como também são
abordadas recomendações para melhorar ambas as alternativas. Os critérios
utilizados estão conforme o Guia de infra-estruturas.
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6. Considerações Finais
A importância e dimensão do projecto TTT são corroboradas pela quantidade de
documentação que lhe está associada. O propósito deste trabalho não foi emitir
qualquer opinião sobre a Terceira Travessia do Tejo, apenas analisar qualitativamente
o principal documento utilizado para realizar a consulta pública obrigatória por lei –
Resumo Não Técnico (RNT). Posteriormente verificou-se a aplicabilidade do Guia de
EIA de infra-estruturas rodoviárias que, nas suas 380 páginas orienta os processos de
AIA deste tipo de infra-estruturas, a este projecto, relativamente às condicionantes,
lacunas e factores ambientais inerentes.
Relativamente ao RNT verificou-se que, de um modo muito geral, segue os critérios
definidos pela Associação Portuguesa de Avaliação de Impactes. No entanto, na
nossa opinião, é um documento promocional do projecto, dando pouca importância
aos impactes ambientais do projecto, o mesmo não acontece com os aspectos sócio-
económicos.
No que respeita à aplicabilidade do Guia, verificou-se que o LNEC, ao realizar a sua
avaliação comparativa das alternativas existentes para a TTT na AML, por falta de
tempo não analisou todos os factores ambientais que deviam ser levados em conta de
acordo com aquele documento. Este motivo não nos parece viável num projecto tão
relevante como o que está em causa, embora possamos estar aqui perante uma
lacuna técnica.
Desta forma, poderíamos ter efectuado uma análise mais pormenorizada se nos
tivesse sido apresentado o Relatório Síntese que, apesar de muito extenso e
detalhado, iria permitir uma análise mais coerente. Também a consulta dos
respectivos relatórios e programa de monitorização nos dariam a percepção das
principais lacunas presentes no projecto.