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PESQUISA EM LETRAS

Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul

Chanceler: Dom Dadeus Grings Reitor: Joaquim Clotet Vice-Reitor: Evilzio Teixeira Conselho Editorial: Ana Maria Tramunt Ibaos Antnio Hohlfeldt Dalcdio M. Cludio Delcia Enricone Draiton Gonzaga de Souza Elvo Clemente Jaderson Costa da Costa Jernimo Carlos Santos Braga Jorge Campos da Costa Jorge Luis Nicolas Audy (Presidente) Juremir Machado da Silva Lauro Kopper Filho Lcia Maria Martins Giraffa Luiz Antonio de Assis Brasil Maria Helena Menna Barreto Abraho Marlia Gerhardt de Oliveira Ney Laert Vilar Calazans Ricardo Timm de Souza Urbano Zilles EDIPUCRS: Jernimo Carlos Santos Braga Diretor Jorge Campos da Costa Editor-chefe

Vera Teixeira de Aguiar Vera Wannmacher Pereira (Organizadores)

PESQUISA EM LETRAS

PORTO ALEGRE 2007

EDIPUCRS, 2007 Capa: Gabriel Santos Pinto Diagramao: Gabriela Viale Pereira Reviso: dos autores

P474

Pesquisa em letras [recurso eletrnico] / Vera Teixeira Aguiar, Vera Wannmacher Pereira (Org.) Porto Alegre : EDIPUCRS, 2007. 136 p. Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader Modo de Acesso: World Wide Web: ISBN 978-85-7430-692-6 (on-line) 1. Letras Ensino - Pesquisas. I. Aguiar, Vera Teixeira. II. Pereira, Vera Wannmacher. CDD 407

Ficha catalogrfica elaborada pelo Setor de Processamento Tcnico da BCPUCRS

EDIPUCRS Av. Ipiranga, 6681 - Prdio 33 Caixa Postal 1429 90619-900 Porto Alegre, RS - BRASIL Fone/Fax: (51) 3320-3523 E-mail: [email protected] http://www.pucrs.br/edipucrs/

SumrioAS LETRAS EM FOCO DE PESQUISA............................................................. 7Vera Teixeira de Aguiar

CONSTRUES TERICAS DO CAMPO LITERRIO .................................. 16 Daniela Silva da Silva LITERATURA: Memria e Histria *................................................................. 26 Alice Therezinha Campos Moreira SUJEITO, ETNIA E NAO NAS LITERATURAS LUSFONAS.................... 33 Maria Luiza Ritzel Remdios LITERATURA INFANTO - JUVENIL, LEITURA E ENSINO ............................. 37 Digenes Bueno Aires de Carvalho O AUTOR, SUA FORMAO E A INCLUSO NA VIDA LITERRIA ............. 44 Luiz Antonio de Assis Brasil PESQUISAS EM AQUISIO DA LINGUAGEM ............................................. 49 Gabriela Castro Menezes de Freitas A PESQUISA EM FONOLOGIA ....................................................................... 62 Leda Bisol A TEORIA DA VARIAO LINGSTICA........................................................ 71 Cludia Regina Brescancini PESQUISA EM SINTAXE E SUAS RELAES PRXIMAS: SEMNTICA E PRAGMTICA.................................................................................................. 86 Ana Maria Tramunt Ibaos LGICA E LINGUAGEM NATURAL: UMA ABORDAGEM FORMAL DA LINGUAGEM.................................................................................................... 90 Gabriel de vila Othero Gustavo Brauner ESTUDOS SOBRE O TEXTO/DISCURSO .................................................... 104 Susana de Quinteros Creus A PESQUISA EM PSICOLINGSTICA......................................................... 119 Joselaine Sebem de Castro

AS LETRAS EM FOCO DE PESQUISA

Vera Teixeira de Aguiar PUCRS Quando as Letras se tornam o foco da pesquisa, preciso elaborar um projeto vivel, isto , capaz de ser posto em ao. Para isso, devemos, antes de mais nada, esclarecer questes relativas natureza das cincias e do trabalho cientfico, especificidade da produo acadmica, estruturao do projeto em seus itens at a elaborao da pesquisa e a redao do relatrio final. Quando concebemos um projeto de pesquisa, estamos aliando a teoria desenvolvida em todos os nveis do Curso a um esforo de realizao prtica, isto , vamos buscar, instrumentalizados com os conhecimentos adquiridos, uma interveno na realidade, de modo a modificar essa realidade em algum aspecto. Temos aqui uma concepo de cincia que prev um comportamento controlado, preditivo, analtico, baseado em operaes racionais. Mas a propriedade de pensar e resolver problemas todos tm e, nesse sentido, vamos partir do cotidiano, detectar a as questes a serem resolvidas e s ento projetar solues formais, verificveis, capazes de provocar mudanas. Fazer cincia, pois, no afastar-se da realidade, mas com ela dialogar. *(Toda vez que, no dia-a-dia , nos deparamos com alguma dificuldade (por exemplo, queremos assistir a um jogo de futebol e no temos entrada, ou precisamos fazer um trabalho escolar e no dispomos de um computador ou, ainda, gostaramos de ir a uma festa e no temos roupa apropriada) precisamos providenciar os meios para resolver a situao do modo mais satisfatrio e menos dispendioso. Toda a tarefa, desde a descoberta do problema at sua soluo, um trabalho de pesquisa, embora no nos demos conta disso, porque passamos o tempo todo resolvendo problemas, isto , pesquisando para viver melhor.) Todos ns, portanto, no dia-a-dia, resolvemos problemas, de modo assistemtico, espontneo, para atender s necessidades da vida prtica. O comportamento cientfico, no entanto, exige sistematizao, passos calculados, para chegar formulao de um conhecimento o mais exato possvel. A

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cincia, no entanto, no conclusiva, no d a palavra final sobre determinado tema; suas respostas so sempre provisrias, passveis de reformulaes, provocadoras de inquietaes, motivadoras de novas pesquisas. , portanto, a insatisfao e a curiosidade que nos movem a fazer cincia, a criar conhecimentos novos, num fazer constante. 1 Quando atentamos para a linguagem estamos diante de toda a gama de problemas tericos e prticos que ela envolve, desde a concepo do termo e seus modos de abordagem at os fatos atinentes a sua natureza, diversidade, material de que se compe, modalidades de uso e funes que exerce na vida social, alm de precisar levar em conta o funcionamento das instituies sociais envolvidas, como a famlia, a escola, a biblioteca, a igreja e os demais segmentos pblicos e privados alm das orientaes oficiais decorrentes da poltica cultural adotada pelo Pas. Estamos, por isso, no campo da cincia factual, aplicada, que trata de objetos empricos ou materiais, em constante efervescncia. No lidamos com entes ideais, como o faz a cincia formal (por exemplo, a matemtica), que se utiliza de smbolos abstratos para a construo puramente terica, com vistas preciso conceitual. Em nosso, caso, os achados cientficos fundam-se na observao do real e precisam ser constantemente verificados e reformulados, porque as constries sociais assim o exigem. 2 Outro dado a considerar diz respeito ao lugar a partir do qual interferimos na realidade o meio acadmico. Universidade reservada, por sua vocao, a tarefa de produzir conhecimento novo, transmiti-lo s novas geraes e dirigi-lo ao bem-estar social (pesquisa, ensino e extenso). Precisamos, pois, estar atentos s necessidades da comunidade, recolher dados da vida diria, para refletir sobre eles, esquematizar um quadro de referncias e propor alternativas de ao com vistas melhoria da qualidadeNesse sentido, o pesquisador assemelha-se muito ao artista, pois profundamente inquieto, disposto a fazer algo novo, oferecer a seus contemporneos algo que eles ainda no tm, que lhes desconhecido. Criar uma nova mquina ou um mtodo de ensino ou de descrio de uma lngua ou, ainda, descobrir a cura de uma doena o mesmo que escrever um poema, compor uma sinfonia, pintar um quadro. Em todas essas situaes estamos diante de algum que exerce sua capacidade de pesquisa, percebendo necessidades e inventando solues. claro que, em linguagem, tambm se faz cincia formal, quando tratamos da descrio de um objeto lgico, comum a todas as lnguas, que foge das questes empricas, diferentes em cada ambiente e sujeitas s mudanas segundo os sujeitos que falam. Os estudos de lgica da linguagem abstraem todos os dados variveis no cotidiano e consideram os universais lingsticos, comuns a todos os homens de todos os tempos e, por isso, podem criar modelos que se aproximam da matemtica. Algumas descobertas nessa rea so bem conhecidas por ns. Por exemplo, em todas as lnguas, as sentenas possuem sujeito e predicado ou, tambm, em todas elas, o plural mais longo que o singular.2 1

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de vida. Por outro lado, os novos projetos devem estar em sintonia com as linhas de pesquisa do Curso, que, por seu turno, vo sendo reformuladas segundo o estado da arte em questo e os apelos sociais. Um projeto de pesquisa nasce da deciso de um sujeito que, por interesse prprio ou de alguma entidade (rgo de desenvolvimento cientfico, Universidade, Secretarias Municipais ou Estaduais, outras instituies pblicas ou privadas), resolve interferir na realidade, diagnosticando situaes e procurando alternativas de ao. O mais difcil nesse momento a definio do tema de pesquisa, o foco especfico que se pretende analisar. Quando ele no bem dimensionado, todo o processo acaba por perder-se, porque da preciso do objeto a ser tratado dependem os procedimentos futuros. A escolha do tema de pesquisa apresenta vrias implicaes. Em primeiro lugar, como j acentuamos, vamos orientar nosso estudo segundo uma necessidade detectada e um interesse. preciso, antes de mais nada, mobilizao interior para o problema, convico da importncia de seu tratamento, desejo de agir. A partir de ento, mister delimitar o assunto, com base em critrios de exeqibilidade e validade. Em outras palavras, precisamos avaliar nossas condies de tempo para cumprimento de prazos, materiais de pesquisa, acesso a fontes, conhecimentos prvios, possibilidades de locomoo, enfim, todos os fatores externos e internos que facilitaro ou impediro a realizao da pesquisa. O bom pesquisador aquele que conhece seus limites e, decidindo-se por um tema aparentemente restrito, o explora em profundidade e dele aufere resultados muito positivos para a rea em que atua. Tal postura significa considerar tambm a importncia do assunto para a comunidade, as vantagens que o mesmo pode trazer e, ainda, seu grau de representatividade cientfica. 3 Se um projeto de pesquisa surge das incertezas que temos sobre uma questo a ser resolvida, significa que j conhecemos o problema, que estamos diante dos dados a serem analisados e no frente ao vazio. Ningum tem dvidas sobre o que no sabe, pois preciso ter conhecimento sobre algo para3

No podemos propor, por exemplo, um tema muito amplo, como investigar todas as bibliotecas pblicas do Brasil quanto s consultas sobre Machado de Assis. Nunca vamos dar conta do recado, porque no teremos os meios de viajar por nosso extenso Pas, no disporemos seguramente de todo o tempo exigido para levantar, organizar e analisar os dados. Ento, o que, em princpio, parecia uma grande idia est destinada ao fracasso enquanto pesquisa.

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question-lo, embora ainda de modo impreciso. Para proceder pesquisa preciso, assim, construir uma ordem, com base na desordem imediata, organizando os conhecimentos de que dispomos. O resultado a formulao de um constructo terico, um modelo que servir de fundamento para a anlise. Se o problema de pesquisa deve ser definido com clareza, da teoria exigimos coerncia na disposio dos quadros explicativos de referncia, que vo nos servir de suporte para refletirmos sobre os dados recolhidos. A orientao terica que escolhemos determina as questes de pesquisa, as hipteses, os objetivos e a metodologia de trabalho. Uma opo terica diz respeito a uma viso de mundo, a uma concepo de homem e sociedade que consideramos a melhor. Portanto, nossa ao sempre guiada por uma atitude diante do real. 4 Delimitado o tema e esboada a teoria, para bem orientarmos o processo de pesquisa, o passo seguinte a formulao de perguntas norteadoras sobre o assunto em foco, que expressem com clareza o que queremos investigar. Nosso caminho ser, a partir da, responder a essas questes, que do conta do problema a ser investigado. Para isso, vamos traar objetivos especficos, de preferncia um para cada item, porque nosso intento encontrar as respostas satisfatrias. Objetivos claros e sempre que necessrio retomados durante o percurso da pesquisa so a garantia do xito final, porque eles representam o alvo a ser atingido e, se no os temos bem definidos, no podemos saber se os alcanamos. Dependendo da natureza da pesquisa a ser empreendida e dos fundamentos tericos que vo embasar todo o processo, podemos optar por construir hipteses em vez de questes norteadoras para o trabalho. As hipteses so respostas provisrias ao problema levantado, suposies iniciais que antecedem a constatao dos fatos, que devem ser testados para determinar sua validade. De acordo ou contrrias ao senso comum, as

Assim sendo, a elaborao desse quadro referencial deve resultar de um trabalho reflexivo, que leve em conta nossas convices sobre as relaes e trocas sociais, j que estamos no campo das cincias humanas. Teorias antagnicas, que explicam a realidade de modo divergente, uma, por exemplo, voltada para o ideal de unidade, em que um esprito superior centraliza todas as respostas, e outra, depositria da diversidade, convicta de que no existe a verdade absoluta, mas foras opostas que dialogam constantemente, dificilmente podem conviver num modelo coerente. Precisamos, portanto, revisar continuamente o arcabouo construdo, para que ele possa iluminar a anlise dos fenmenos que observamos.

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hipteses, pois, conduzem a uma verificao emprica ou formal, segundo a natureza da pesquisa. 5 Quando comeamos um projeto de pesquisa, j sabemos algo sobre o assunto e, portanto, podemos tomar posio em relao aos tpicos que ele levanta da as hipteses. O desenvolvimento da pesquisa vai confirm-las ou neg-las, em sua totalidade ou em parte. O que acontece muitas vezes, no entanto, que a diversidade e o inusitado dos comportamentos das pessoas fazem com que, em cincias humanas, as hipteses sejam difceis de serem delimitadas. Nesse caso, optamos pelas questes norteadoras, mais abertas e adequadas nossa rea de atuao. 6 A etapa seguinte do planejamento diz respeito metodologia de trabalho a ser adotada, isto , a como vamos agir para atingir os objetivos propostos, responder s questes ou verificar as hipteses e solucionar o problema de pesquisa. 7 Nesse momento, necessrio delimitar, de modo aleatrio, no universo que queremos investigar, uma amostra representativa que, por conter as caractersticas do todo, oferea informaes significativas para a sua compreenso. Nesse sentido, quanto maior for o universo menor ser a percentagem amostrada, isto , se temos 1.000 alunos, podemos constituir uma amostra de 5 %, com 50 alunos, mas, se o universo se compe de 100 alunos, precisamos providenciar uma amostra de 30 % (30 alunos), para que ela nos d resultados seguros. A composio da amostra deve levar em conta as variveis de pesquisa que vamos considerar na anlise. Uma investigao sobre interesses de leitura pode indagar, por exemplo, a idade, o sexo, o nvel socioeconmico,5

Se o pesquisador for trabalhar com universais lingsticos, por exemplo, ele vai construir um modelo terico baseado em raciocnio dedutivo, para provar suas hipteses. Ao contrrio, se a investigao for indutiva, o pesquisador vai colher e analisar dados da realidade emprica, como anotar as diferentes formas de falar de uma regio, segundo a origem dos falantes.

Um exemplo claro da vantagem das questes norteadoras em relao s hipteses pode estar em uma pesquisa sobre interesses de leitura. Quando traamos hipteses, supomos as respostas de nossos entrevistados e, nesse sentido, limitamos suas preferncias quilo que atribumos possvel, segundo nossa viso de mundo. Acontece que, durante a investigao, certamente inmeras alternativas surgiro, enriquecendo os resultados, pois a pesquisa emprica lida com a multiplicidade da natureza humana.7

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O planejamento envolve vrios procedimentos, a comear pela deciso pelo tipo de pesquisa a ser realizada, se bibliogrfica documental (em livros e outros materiais impressos, informatizados ou de tipos vrios, recolhidos na comunidade) ou de campo, essa ltima podendo ser diagnstica (com base no registro de dados do objeto observado, como o acervo de uma biblioteca ou os hbitos de leitura dos jovens) e experimental (com planejamentos de situaes s quais os participantes so expostos e anlise de suas reaes durante toda a experincia, como aulas de leitura em lngua estrangeira ou oficinas de criao literria).

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a escolaridade dos informantes. Quanto maior o nmero dessas variveis independentes, mais complexo o resultado, porque cada uma delas deve ser cotejada com as variveis dependentes, aquelas provenientes do problema em pauta, como, por exemplo, os interesses relativos a gnero de leitura, assunto, tipo de personagem. A partir de ento, podemos elaborar os instrumentos de pesquisa, que vo depender do tipo elegido e das variveis consideradas. Para um trabalho bibliogrfico/documental, utilizamos fichas ou formulrios, com tpicos referentes aos dados a serem recolhidos; para um diagnstico, podemos nos valer, entre outros, de questionrios, roteiros de entrevistas, fichas de observao, e, para uma investigao experimental, precisamos de um experimento (o material de ensino, por exemplo), questionrios, roteiros de entrevistas, fichas de acompanhamento, fichas de observao, materiais para pr e ps-testes, de acordo com a natureza da experincia a ser empreendida. Antes de serem aplicados junto amostra selecionada, os instrumentos devem ser testados e reformulados at chegarem a sua forma final, satisfatria para os propsitos da pesquisa. O projeto, pois, deve contemplar a testagem (onde? quando? com qu?/quem? como?) e as condies para reformulao, segundo os resultados dos testes prvios, at chegarmos forma final dos instrumentos a serem aplicados. 8 O tpico seguinte do planejamento refere-se aplicao dos instrumentos, que deve prever, como no caso da testagem, os aspectos que o processo envolve (lugar, tempo, instrumentos, informantes, investigadores, modos de ao). Essa coleta, de acordo com o tipo de pesquisa, vai ser bibliogrfica/documental ou de contato direto, no caso da investigao de campo de cunho diagnstico ou experimental. Em qualquer uma das situaes,

Certa vez, uma pesquisadora que queria investigar os interesses de leitura das crianas de quarta a oitava srie de Ensino Fundamental, preparou-se, criteriosamente, para empreender uma testagem com um grupo de crianas de quarta srie que no participaria da investigao final. Aplicado o questionrio e recolhidos os dados, ela empenhou-se na anlise dos resultados e verificou que seus sujeitos garantiam, em massa, um interesse inusitado pela leitura de livros, de preferncia grossos e longos. Descontente com tal resultado que, por certo, no correspondia realidade, foi avaliar seu instrumento de pesquisa e deu-se conta de que a palavra livro aparecia quinze vezes ali. Tal fato direcionou as respostas obtidas, pois nossos interlocutores no mentem, eles tentem atender quilo que julgam ser a expectativa do pesquisador, como, de resto, em toda a comunicao humana. O saldo final da testagem foi, pois, a melhoria do instrumento a ser aplicado.

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damos espao para o registro de todas as informaes importantes para a compreenso da realidade. 9 Uma vez de posse dos dados registrados durante a coleta, cabe organizar, analisar e interpretar os resultados, etapas que vo ser planejadas com cuidado, de modo a aproveitarmos bem o material que teremos em mos. A organizao prope a elaborao de listas, grficos, quadros, esquemas, tabelas, de modo a facilitar a visualizao e o estabelecimento de relaes entre os elementos. Para a anlise, planejamos a reflexo sobre o objeto, luz dos fundamentos tericos considerados e, para a interpretao, um movimento em relao sntese das descobertas feitas, enfatizando aproximaes possveis. O projeto d espao, ainda, para a formulao das concluses, que devem retomar as questes de pesquisa ou as hipteses, conferir os objetivos e responder ao tema inicial. o momento de refazer todo o caminho percorrido, avaliar acertos e erros e levantar novas questes de pesquisa, num processo contnuo. Por isso, o pesquisador deve ser um sujeito inquieto, observador e criativo Para melhor paramentar os futuros pesquisadores, preciso discutir os aspectos atinentes ao escrito cientfico e ao relatrio da pesquisa, chamando a ateno para as exigncias formais, a redao e o discurso cientfico. Exposio geral da pesquisa levada a efeito, desde o planejamento s concluses, incluindo os procedimentos metodolgicos empregados, esse documento tem por finalidade dar informaes sobre o trabalho e os resultados atingidos, de modo a que os mesmos possam circular no mbito da comunidade interessada. Por isso, so imprescindveis a obedincia s normas tcnicas, a clareza, a preciso e a lgica, para garantir a objetividade na exposio do problema enfocado no estudo, no detalhamento dos processos de pesquisa, na enumerao dos resultados, na discusso das conseqncias deduzidas dos mesmos e no levantamento de novos problemas a serem investigados. Um relatrio, portanto, deve contemplar todas as sees

Podemos reunir os dados preenchendo fichas, por exemplo, em que colocamos os tpicos que interessam ao nosso trabalho (dados de identificao, dados referentes caracterizao de uma personagem ou registros de fala, observaes de uma aula, etc). Quando a pesquisa de campo, precisamos fazer gravaes de entrevistas, filmagens de cenas, tambm preenchimentos de fichas, enfim, usar instrumentos de dem conta do processo realizado, de modo a poder interpretar as informaes depois.

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previstas no projeto, agora entendidas como etapas cumpridas na realizao da investigao. Se o relatrio tem um propsito comunicativo, destinando-se a todos aqueles que podem auferir lucros cientficos e/ou sociais das concluses alcanadas pela pesquisa, sua linguagem deve ser ao mesmo tempo especializada, fluente e acessvel. Tais exigncias tm a ver com o lugar da cincia e o papel do cientista na sociedade. A pesquisa, produtora do conhecimento cientfico, nunca neutra, mas, como fenmeno poltico, est a servio de interesses sociais. Ela deve se destinar, pois, ao bem-estar das pessoas, na medida em que seus achados possam se transformar em suportes de novos comportamentos. A relao da cincia com a vida prtica supe, por isso, um pesquisador participante, inserido nas contingncias de seu meio, disposto a contribuir para a soluo das questes que ali se colocam. Uma linguagem e uma postura inacessveis so mecanismos de acesso ao poder, atravs da alienao acadmica e da desmobilizao social. Assim, um relatrio que poucos eruditos podem decifrar um instrumento de dominao, destinado, possivelmente, promoo e obteno de vantagens pessoais. O verdadeiro cientista, portanto, deve ser sensvel s dificuldades de seu tempo, encaminhar seus estudos na busca de resoluo das mesmas e divulgar suas descobertas de modo a beneficiar a comunidade em que vive.

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BIBLIOGRAFIA ADORNO/HORKHEIMER. Dialtica do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. ALVES, Rubem. Filosofia da cincia: introduo ao jogo e suas regras. So Paulo: Brasiliense, 1981. BACHELARD, Gaston. A formao do esprito cientfico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. BRANDO, Carlos Rodrigues (Org.). Pesquisa participante. So Paulo: Brasiliense, 1982. DEMO, Pedro. Metodologia cientfica em cincias sociais. So Paulo: Atlas, 1989. DEMO, Pedro. Pesquisa: princpio cientfico e educativo. So Paulo: Cortez, 1996. ECO, Umberto. Como se faz uma tese. So Paulo: Perspectiva, 1992. GAILLARD, Franoise et al. A cincia e o imaginrio. Braslia: UnB, 1994. MARCONI, Marina de Andrade & LAKATOS, Eva Maria. Tcnicas de pesquisa: planejamento e execuo de pesquisas, amostragens e tcnicas de pesquisa, elaborao, anlise e interpretao de dados. So Paulo: Atlas, 1982. MARINHO, Pedro. A pesquisa em cincias humanas. Petrpolis: Vozes, 1980.

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CONSTRUES TERICAS DO CAMPO LITERRIO

Daniela Silva da Silva PUCRS Dizem as teorias da Fsica que um campo magntico formado por elementos que se atraem e que esto em movimento. O modificador nominal magntico, nesse caso, no apenas qualifica o nome campo. Constitui-se, alm disso, em propriedade indispensvel sua condio, natureza e circunstncia. graas ao magnetismo, outro ramo da Fsica, que os corpos se atraem ou se repelem entre si de acordo com seu grau de afinidade. No se trata aqui de discutir o ferramental terico proposto por essa Cincia, mas de utiliz-lo como metfora para apontar que no Campo Literrio de que se vai tratar tambm h foras agindo umas em relao s outras, conforme grau de parentesco, a favor ou em posio de enfrentamento, umas em dire(oposi)o s outras. As teorias propostas pela linha de pesquisa Construes Tericas do Campo Literrio exercem sobre esse campo foras magnticas. Portanto, so delas a responsabilidade pela sua constituio. A fora inauguradora do Campo o Programa de Ps-Graduao em Letras da PUCRS. A linha de pesquisa Construes Tericas do Campo Literrio parte integrante desse Programa desde a criao do Curso de Doutorado, na rea de Teoria da Literatura, em 1977. Agindo sobre ele e o constituindo est, ainda, a Oficina de Criao Literria. Do magnetismo entre idias e aes origina a fora inauguradora desse Campo que, por sua vez, est inserido em outro mais vasto: a Literatura. LINK 1 A principal atividade desse Campo fornecer embasamento terico ao exame de produes literrias em diferentes lnguas, como em espanhol, alemo, francs, ingls, dentre outras. seu objetivo, ainda, a investigao das questes do literrio, focalizando os fatores constituintes da Literatura, tanto perifricos quanto centrais. LINK 2 So desenvolvidos estudos sobre a personagem, o tempo, o espao, o narrador e o discurso, para exemplificar tipos de elementos representativos do 16

grupo de elementos centrais, constituintes materiais de uma obra de arte. No grupo dos perifricos est o debate sobre as questes relacionadas crtica, seja ela textual, sociolgica ou gentica. A discusso do Literrio a partir da teoria proposta por essa linha de pesquisa tambm se d atravs de temas, os quais apontam em vrias direes, uma vez que o Curso trabalha com questes de criao, crtica da obra e recepo. LINK 3 A Oficina de Criao Literria, cujo objetivo a incluso de escritores na vida literria, d conta de representar os debates que envolvem o primeiro item para o qual o essa Linha de Pesquisa se volta. Os alunos admitidos na seleo tm contato com a experimentao narrativa, estudando, dentre outras coisas, o tempo, o espao, o dilogo e as estruturas que compem um texto dessa natureza, a fim de evidenciar o arsenal tcnico que um escritor deve possuir. Ao estudo crtico compete o exame do processo de concepo das obras literrias pelos seus autores e do prprio texto enquanto resultado desse processo. O terceiro item, a recepo, preocupa-se com o leitor, tanto do ponto de vista interno quanto do externo obra, avaliando, ao mesmo tempo, o receptor implcito no texto, bem como fatores contextuais que influenciam a leitura do objeto literrio e sua circulao na sociedade. LINK 4 So exemplos de trabalhos de pesquisa nessa Linha os projetos desenvolvidos por mestrandos e doutorandos do Programa de Ps-Graduao em Letras da PUCRS. LINK 5 Todo o projeto de pesquisa parte de uma hiptese inicial do pesquisador. A busca por essa resposta, em vista disso, depende e guiada pelo aparato terico escolhido por ele para embasar o tema a ser discutido e com isso produzir conhecimento. Como modelos tericos dessa Linha de trabalho so utilizados textos de Sociologia da Literatura, Sociologia da Leitura, Esttica da Recepo, Crtica Gentica, Crtica Textual e Estudos Culturais. Se pesquisar conhecer, por um lado, por outro, construir, gerar, discutir, corroborar, refutar. Dessa forma, pesquisar constitui-se num processo de (auto)conhecimento por parte dos indivduos, bem como deles em relao (s)comunidade(s) social(is) com a(s) qual(ais) interagem. Pesquisa 17

interao. Do acordo entre a teoria e a obra de arte tambm surge um dilogo permanente e perene. Tal dilogo estabelecido pelo pesquisador, no sentido de conhecer o objeto de estudo com o qual trabalha e de, em contrapartida, dlo a conhecer, como se v, num processo de negociao mtua. A isso se pode denominar processo e dele que resulta o Campo do qual se est tratando. Dessa forma, o pesquisador uma fora ativa e construtora do Campo em questo. So as suas dvidas, situadas dentro das possibilidades oferecidas por essa Linha de Pesquisa, como o debate acerca da obra, do autor e da recepo, segundo os princpios tericos aventados, que constri a teoria que a ampara e do continuidade ao que foi comeado em em 27 de abril de 1977, pelo Conselho Universitrio da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul. Como se v, muitas so as foras: tericas, literrias e humanas. Muitas so, dessa forma, as edificaes. Conseqentemente, variada a arquitetura dos projetos e o design da Literatura que dessas for()mas se alimenta para continuar se desenvolvendo. LINK 6 O ferramental terico que instrumenta essa linha de pesquisa pode ser representado pelos ttulos que compem a seo Sugestes bibliogrficas.

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LINKS LINK 1 O Programa de Ps-Graduao em Letras foi criado em 1969 pelo Conselho Universitrio da Universidade. Em 1970, instalado o Curso de PsGraduao em Lingstica e Letras (CPGLL), com a atribuio de implantar o Programa de Mestrado no Instituto de Letras e Artes (ILA), hoje Faculdade de Letras (FALE). O credenciamento do curso pelo Conselho Federal de Educao deu-se em 8 de outubro de 1973. Os subseqentes recredenciamentos, em 04 de outubro de 1979 e 05 de dezembro de 1985. Em 27 de abril de 1977, o Conselho Universitrio aprovou a criao do Curso de Doutorado nas reas de Lingstica Aplicada e Teoria da literatura.

LINK 2 No endereo a seguir possvel encontrar exemplos trabalhos tericos desenvolvidas nessa Linha de pesquisa: http://www.pucrs.br/uni/poa/fale/pos/guia.pdf.

LINK 3 Cada uma dessas foras age sobre o Campo e est em relao de reciprocidade com ele, pois ao mesmo tempo em que o determina so determinadas por ele. Alm disso, exercem uma negociao entre si, negociao essa fruto da sintonia ativa e dependente que mantm com o contexto de que fazem parte, bem como com o objeto sobre o qual se debruam: o texto literrio.

LINK 4 A Oficina de Criao Literria foi instituda em agosto de 1985, pelo Prof. Dr. Luiz Antonio de Assis Brasil, Coordenador do projeto, como tem sido desde o momento primeiro. Informaes sobre o projeto esto disponveis em: http://www.pucrs.br/fale/oficinaliteraria/

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LINK 5 So esses dois exemplos de Projeto de Pesquisa, produzidas por alunos de Doutorado do Programa de Ps-Graduao em Letras, em que so utilizados o aparato terico proveniente da Linha de Pesquisa Construes Tericas do Campo Literrio e que, por sua vez, constituem-se como foras que o determinam e so, ao mesmo, tempo determinadas por ele: Ttulo: Itinerrios de leitura: o processo recepcional de Memrias Pstumas de Brs Cubas Aluno: Verbena Maria Rocha Cordeiro Orientador: Prof. Dr. Vera Teixeira de Aguiar Resumo: Este estudo analisa o percurso crtico da recepo da obra Memrias Pstumas de Brs Cubas, de Machado de Assis, tendo como suporte trico a Esttica da Recepo de Hans Robert Jauss e de Wolfgang Iser. Seguindo essa abordagem, assume a perspectiva de dialogar com o leitor, no intento de compreender a obra literria luz da hermenutica da pergunta e da resposta, considerando sua natureza indeterminada e lacunar e seus condicionamentos histricos. Para tanto, rastreia, em ensaios de jornais e revistas, em dissertaes, teses e livros, a recepo dessa obra desde sua publicao, em 1881, at a contemporaneidade. Busca, concomitantemente, explicitar as condies estticas, filosficas e histrico culturais que asseguram atualidade ao texto literrio. Destaca os eixos de continuidades e rupturas entre as geraes de crticos, suas tendncias, seus movimentos de rejeio e apropriao da potica machadiana. A partir da examina a atitude receptiva do leitor, mapeada na fortuna crtica de MPBC e configurada no confronto entre seu horizonte de expectativa e o carter emancipatrio da obra de arte. O presente trabalho instaura, finalmente, a leitura dessa pesquisadora, modulada na pluralidade de vozes de uma crtica secular, e nos vazios e negaes que a se expressam, como elementos detonadores da participao ativa do leitor e da historicidade de MPBC.

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Ttulo: La Saga/Fuga de J. B., de Gonzalo Torrente Ballester Aluno: Regina Kohlrausch Orientador: Prof. Dr. Maria Eunice Moreira Resumo: Anlise do romance La Saga/Fuga de J. B, do ficcionista espanhol Gonzalo Torrente Ballester, tendo como suporte terico as teorias da intertextualidade, na perspectiva do pensador russo Mikhail Bakhtin e dos estudos de seus seguidores, Julia Kristeva e Laurent Jenny, que propem a aplicao terica ao campo da literatura. Alm de um panorama terico sobre intertextualidade, de um levantamento da fortuna crtica sobre a obra de GTB, do destaque das relaes que culminan no processo de mitificao, desmitificao e confirmao do mito Jota B e da lenda do Santo Cuerpo Iluminado em La Saga/Fuga de J. B, desvenda-se o dilogo do romance com as diversar reas da cultura ocidental, dentre elas o mito, a histria e a literatura com vistas caracterizao da obra como espao ldico.

LINK 6 De acordo com a Wikipdia uma das muitas enciclopdias virtuais disponveis na Internet: uma pesquisa um processo de construo do conhecimento que tem como metas principais gerar novos conhecimentos e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento pr-existente. basicamente um processo de aprendizagem tanto do indivduo que a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve. A pesquisa como atividade regular tambm pode ser definida como o conjunto de atividades orientadas e planejados pela busca de um conhecimento. Esse fragmento de informao foi retirado do seguinte endereo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pesquisa.

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LITERATURA: Memria e Histria *

Dr. Alice Therezinha Campos Moreira PUCRS

Caracterizao da pesquisa Partindo do princpio de que a pesquisa compreende uma busca minuciosa na averiguao de dados acerca da realidade, os estudos e produo cientfica que envolvem a linha de pesquisa LITERATURA: Memria e Histria rene pesquisadores, tanto de Literatura quanto de Histria da Literatura, com o objetivo de coletar e analisar as fontes de conhecimento relativas s reas citadas. A linha objetiva a organizao de acervos de escritores e de peridicos literrios, base para o desenvolvimento de estudos histricos da literatura como sistema de criao, produo e consumo das obras, vises de mundo e relacionamentos que estabelecem com sua poca e com outros momentos histricos, visando preservao da memria literria cultural. So considerados fontes de pesquisa documentos objeto de estudos literrios, tais como: textos raros, manuscritos e edies de obras, esboos, cadernos de notas, correspondncia, fotografias, registros de prmios literrios, medalhas e diplomas, notas de imprensa, artigos crticos, revistas e jornais literrios, enfim, todo documento do autor ou sobre o autor que possibilite, sobretudo, uma reviso da histria e da crtica literrias. Os pesquisadores vm se utilizando, tradicionalmente, dos acervos de bibliotecas, museus, arquivos pblicos e particulares, prprios para a realizao de vrios estudos culturais, mas limitados no que se refere s necessidades das pesquisas na rea da Literatura. A evoluo das pesquisas literrias apresenta, hoje, significativo desenvolvimento por dois motivos: o apoio institucional com o estabelecimento, em alguns centros de pesquisas universitrios, de um espao especfico: bancos de textos e acervos literrios; o incentivo formao de grupos de pesquisas alterando seu padro especificamente individual para coletivo.

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Os acervos podem atender consulentes interessados em conhecer a vida e a obra do escritor bem como obter dados documentais para elaborao de trabalhos acadmicos ou produo cientfica nas seguintes reas: histria e crtica da literatura, publicao de inditos e edies crticas de obras literrias, indstria cultural, histria nacional, histria do cotidiano, histria das mentalidades, histria da vida privada e cultura brasileira. Nesse sentido, alm de promover a imagem do Autor e conservar viva a sua obra atravs da repercusso junto ao pblico dos produtos desenvolvidos pelos projetos de pesquisa junto ao material dos acervos, promovem a divulgao das obras, a edio de obras inditas ou esgotadas e a organizao de eventos como concursos, congressos e exposies. Como suporte das pesquisas so utilizados modelos tericos de autores renomados nas reas da Teoria Literria, Histria da Literatura, Crtica Literria, Crtica Gentica, Histria da Leitura, Histria do Leitor, entre outros. Os temas passveis de serem trabalhados compreendem as relaes da histria da literatura com o sistema literrio, a definio do cnone, trabalhos de crtica gentica e textual, estudos sobre histrias da leitura e do leitor, etc.

Pesquisa na PUCRS A implantao, no Centro de Pesquisas Literrias da PUCRS, em 1977, que se desdobrou ao longo dos anos em vrios centros, a partir dos grupos de pesquisas que se formaram e definiram as linhas de pesquisas literrias do Programa de Ps-Graduao em Letras, abriu um leque de alternativas de estudos nos campos da Histria da Literatura e da Memria Literria, ou seja, descortinou-se um novo caminho aos pesquisadores interessados na recuperao e divulgao de documentos e obras de autores importantes para a literatura sul-rio-grandense e brasileira. Desde ento, so desenvolvidos projetos que visam no s enriquecer a bibliografia literria do Estado, como tambm estabelecer uma rede eletrnica de bancos de dados sobre as fontes primrias da literatura nacional e das obras que a constituem. Os projetos so desenvolvidos em acervos que atendem consulentes interessados em conhecer a vida e a obra do escritor e tambm obter dados 27

documentais para trabalhos de histria literria, crtica literria, editorao, indstria cultural, histria nacional, histria do cotidiano, histria das mentalidades, histria da vida privada e cultura brasileira. A linha Literatura: Memria e Histria, do Programa de Ps-Graduao em Letras da PUCRS, organizada a partir de trs centros de pesquisas: Banco de Textos, Acervos de Escritores Sulinos e Centro e Pesquisas Literrias. Os Centros de Pesquisa so responsveis por desenvolver projetos, divulgar os trabalhos desenvolvidos atravs de publicaes, de peridicos cientficos, de teses e dissertaes, da promoo de eventos e ainda por iniciar os alunos da graduao na pesquisa cientfica. Criado em 1977, o Centro de Pesquisas Literrias (CPL) rene a equipe de pesquisadores, constituda por alunos e professores que trabalham no campo dos estudos literrios, incluindo os pontos de vista terico, histrico e aplicado. Inicialmente voltado para projetos de valorizao da literatura infantojuvenil, o CPL ampliou o espectro das investigaes visando ao campo histrico e da memria atravs do resgate, preservao e publicao de matrias literrias. Para tanto, conta com um Centro de Editorao responsvel pela publicao de livros e peridicos cientficos. O CPL mantm convnios e permutas com entidades, pblicas e privadas. Os Centros so responsveis por desenvolver projetos, divulgar os trabalhos desenvolvidos atravs de publicaes, de peridicos cientficos, de teses e dissertaes, da promoo de eventos e ainda por iniciar os alunos da graduao na pesquisa cientfica. O Banco de Textos tem por objetivos coletar, reproduzir, recuperar, atualizar e transcrever textos visando constituio de um banco de textos raros ou de difcil acesso de Literatura Brasileira; facilitar a consulta via rede (correio eletrnico e Internet). Recuperar e publicar textos literrios, historiogrficos e crticos de Literatura Brasileira e Literatura Sul-RioGrandense e realizar atividades de divulgao e disseminao de resultados, tais como Seminrio Internacional de Histria da Literatura, Encontro Nacional de Acervos Literrios Brasileiros e Jornada de Estudos de Histria da Literatura. 28

Os Acervos de Escritores Sulinos adotam medidas tecnolgicas para a preservao e a investigao dos documentos neles reunidos. A matria dos acervos inclui manuscritos, datiloscritos, esboos, notas de pesquisa e de leitura, correspondncia, iconografia, itens audiovisuais, obras de arte, ilustraes, bibliotecas pessoais, edies nacionais e internacionais, toda espcie de notas de imprensa, desde entrevistas at anncios, registros de adaptaes, fontes de fortuna crtica, contratos, folhetos e cartazes de publicidade, objetos pessoais, souvenirs, homenagens de toda sorte e documentos pessoais. Seus objetivos so a preservao da memria literria (manuteno da imagem dos autores; expanso do conhecimento da obra); abrir um espao de consulta aos documentos para pesquisas em nvel de graduao e psgraduao (histria e crtica literria; histria do Brasil e do Rio Grande do Sul; cociologia da literatura e da leitura; histria editorial brasileira); favorecer a produo terica fundada na diversidade de cada acervo (multidisciplinaridade); incentivar a renovao do pensamento sobre a literatura (abordagens transtextuais; estudos interinstitucionais). Um exemplo que ilustra o trabalho em acervos literrios diz respeito ao acervo do escritor gacho Manoelito de Ornellas. O Acervo Literrio Manoelito de Ornellas, criado em 1998, faz parte do Centro de Pesquisas Literrias da PUCRS e rene o esplio desse escritor, poeta, ensasta, crtico, e historiador, cuja obra integrante do patrimnio literrio e cultural do Rio Grande do Sul. O Acervo composto de obras, originais dos textos e publicaes na imprensa, uma coleo de notcias, crnicas, entrevistas, reportagens e anncios entre outros artigos publicados em jornais e recortados e organizados pelo prprio autor em 17 volumes. Pode-se apreciar, ainda, biblioteca, objetos pessoais, discos, fotografias, correspondncias, entre outros materiais que participaram da vida do escritor e hoje, como objeto de pesquisa, constituem sua memria.

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Sugestes Bibliogrficas ANKERMIST, Frank R. History and Theory, 28, 1989. ARIS Philippe et alii. A nova histria. Lisboa: Edies 70, 1984. BRAUDEL, Fernand. Escritos sobre a histria. So Paulo: Cultrix, 1978. BURKE, Peter. A escrita da histria. Novas perspectivas. So Paulo: UNESP, 1992. FURET, Franois. A oficina da histria. Lisboa: Gradiva, s.d. GREENBLATT, Stephen. O novo historicismo: ressonncia e encantamento. Estudos Histricos, v. 4, 1991. GUMBRECHT, Hans Ulrich. Histrias da literatura. Novas teorias alems. So Paulo: tica, 1996. JAUSS, Hans Robert. Pour une esthtique de la recepcion. Paris: Gallimard, 1975. LE GOFF, Jacques. Histria: novos objetivos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990. LE GOFF, Jacques. Alves, 1988. KRACAUER, Siegfried. History and Theory. Beiheft, 6, 1996. KRAVETZ, Marc. Histria e nova histria. Lisboa: Teorema, 1986. LACOUTURE, Jean. A histria imediata. In: LE GOFF, J. (Org.). A histria nova. So Paulo: Martins Fontes, 1990. LE GOFF, J. (Org.). A histria nova. In: ___. A histria nova. So Paulo: Martins Fontes, 1990. NORA, Pierre. O acontecimento e o historiador do presente. In: ___ et alii. A nova histria. Lisboa: Edies 70. 1984. RUSCH, Gebhard. Teoria da histria e da diacronologia. In: OLINTO, Heidrun Krieger. Histria da literatura. Novas teorias alems. So Paulo: tica, 1996. p. 133-167. SCHMIDT, Siegfried. Sobre a escrita da histria e da diacronologia. In: OLINTO, Heidrun Krieger. Histrias da literatura. Novas teorias alems. So Paulo: tica, 1996. p. 101-132. VEYNE, Paul. Tudo histrico, logo a histria no existe. In: ___. Como se escreve a histria. Lisboa: Edies 70, 1983, p. 27-45. 30 Histria: novos objetivos. Rio de Janeiro: Francisco

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SUJEITO, ETNIA E NAO NAS LITERATURAS LUSFONAS

Dr. Maria Luiza Ritzel Remdios PUCRS Trata do estudo da identidade cultural e nacional no discurso das literaturas lusfonas, conforme diferentes modelos de construo do sujeito, da etnia e da nao, a principal linha de pesquisa d o CECLIP (Centro de Estudos de Culturas de Lngua Portuguesa), espao em que se desenvolvem diversos projetos. A meta principal da linha de pesquisa preparar recursos humanos para a graduao e ps-graduao em Letras, habilitados para o trato das questes lusfonas, a partir da experincia de centros de pesquisa ligados a instituies universitrias com tradio de pesquisa nessa rea, cuja caracterstica principal a focalizao da literatura de expresso portuguesa. Como operacionalizao desses propsitos, a tentativa de estreitar os vnculos de colaborao entre pesquisadores de instituies diferentes em torno de um objeto comum, j inicialmente trabalhado por elas, de modo a fortalecer a produo de conhecimento e a formao de especialistas num campo fundamental no s para a atividade acadmica de Letras, mas para a discusso da identidade cultural de pases que de certa maneira partilham de uma histria comum e de prticas culturais subjacentes a todas as outras diferenas superficiais. Sujeito 10 , etnia 11 e nao 12 nas literaturas lusfonas10

Sujeito e o agente, a fonte de atividade. As narrativas centradas no sujeito ajudam a libertar o autor de seu ego narcsico, possibilitando a construo de um sujeito-pessoa cuja unidade no substancial, mas relacional. A questo da identidade, para o terico francs Paul Ricoeur, resulta de o sujeito no se conhecer de forma intuitiva e imediata, mas sim atravs da mediao de episdios que se registram ao longo de sua vida. Tal afirmativa importante, porque, se se a aproximar das histrias centradas no sujeito, percebe-se que ela revela a formao da identidade atravs da escrita e, mais ainda, na manifestao da mesmidade (permanncia da personalidade no tempo) e da ipseidade (propriedade reflexiva do si). A identidade que se revela como ato de escrita est essencialmente ligada capacidade reflexiva e o sujeito enquanto agente da ao encontra na identidade do relato seu ponto mais alto de explicitao. Colocando em evidncia a identificao do agente da ao, Ricoeur aponta para a dialtica que se instaura entre o mesmo e outro subjacente ao relato e que permite dar histria de uma vida a identidade dinmica de um destino singular (a unidade narrativa de uma vida) sobre o qual se inscreve a viso de uma vida que no se circunscreve aos limites do biolgico, ela se configura a partir da idia que o sujeito faz de si mesmo, tornando-se especificamente humana quando a vida de um ser livre que a si mesmo se projeta.

O conceito de etnia vem substituir a j desgastada definio de raa. Uma etnia ou um grupo tnico , no sentido mais amplo, uma comunidade humana definida por diversas afinidades. Essas comunidades geralmente reivindicam para si uma estrutura social, poltica e um territrio. Portanto, etnia, palavra derivada do grego ethos, que significa povo, um conceito da antropologia para classificar as diferenas culturais. As diferenas no so necessariamente marcadas por aspectos biolgicos, como queriam os defensores de raa. Alm disso, existem aspectos geogrficos e

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Trata do estudo da identidade cultural e nacional no discurso das literaturas lusfonas 13 , conforme diferentes modelos de construo do sujeito,lingsticos pontuando a questo da identidade tnica, que se v ainda mais complexa por sua relao com os sentimentos associados com a idia de nao. A amplitude da definio de etnia permite-lhe abarcar os pequenos grupos como as feministas, os negros, os homossexuais, entre outros, alm das minorias tnicas propriamente ditas. Tal fato se d pela reformulao poltica e econmica constante no planeta. Os conceitos de dispora, de Stuart Hall e o de entre-lugar, de Homi Bhabha, atualmente, apontam para os deslocamentos dos grupos em disperso tanto pela geografia interna e externa dos pases quanto pelo deslizamento de culturas prprias dentro das fronteiras nacionais e internacionais. Abordar a etnia, atravs da hermenutica, um dos caminhos possveis para se desvendar a complexa rede cultural constitutiva, principalmente, de uma nao. Ao centralizar esse ngulo, o pesquisador vai alm da definio de raa e seu biologismo. Ele consegue ampliar o leque da base constituinte de um povo, por menor que ele seja, dentro de um contexto mais amplo, que a possibilidade de se definir nacionalidade, mesmo que seja pela negativa da assero. Os conceitos de nao e o de nacionalismo so compreendidos como fenmenos culturais e no apenas como ideologia ou forma de poltica. O nacionalismo se relaciona com o conceito de identidade nacional, de carter multidimensional que compreende sentimentos, simbolismo e uma linguagem especfica. Assim, a identidade nacional encarada como um fenmeno cultural coletivo. A identidade individual, por sua vez, que vai compor esse coletivo, formada por mltiplos papis sociais e categorias culturais baseados em classificaes de carter mvel. Essas categorias, segundo Smith (1997), so classificadas conforme as identidades: familiar, territorial, de classe, religiosa, tnica e de gnero sexual. O conceito ocidental de nao passa por uma concepo predominantemente espacial ou territorial, onde povo e territrio pertencem um ao outro. A terra possui um sentido histrico, ou seja, no uma terra qualquer, mas aquela que, junto com o povo, exerce influncia mtua e benfica sobre vrias geraes: A terra natal torna-se um depsito de memrias e associaes histricas, o local onde viveram, trabalharam, oraram e lutaram os nossos sbios, santos e heris. (SMITH, 1997, p. 23) Assim, seus ambientes naturais, rios, montanhas e cidades tornam-se locais sagrados de venerao e exaltao, cujos significados ntimos so compreendidos pelos seus membros autoconscientes. Junta-se a isso a idia de ptria, que se expressa freqentemente atravs de instituies reguladoras comuns, no intuito de dar expresso a sentimentos e objetivos polticos coletivos, e no ideal da existncia mnima de direitos e obrigaes recprocos entre os membros. A identidade nacional, em sua natureza complexa e abstrata, multidimensional e irredutvel a um nico elemento. No pode ser comparada apenas concepo de Estado, que se refere exclusivamente s instituies pblicas. Pode-se, portanto, definir os seguintes aspectos fundamentais na formao da identidade nacional: constituio do territrio histrico ou terra de origem; presena de mitos e memrias histricas comuns; cultura de massas pblica comum; direitos e deveres legais comuns a todos os membros; economia comum e mobilidade territorial. A idia de nao encontra-se no centro de um dos mitos mais populares do mundo moderno: o mito do nacionalismo, que carrega em si a idia de que as naes existem desde tempos imemoriais e que os nacionalistas devem despert-las do seu longo sono, para que ocupem seu lugar num mundo de naes. Parte do princpio de promessa do prprio drama de salvao nacionalista, que aumentado pela presena de tradies nas memrias, smbolos, mitos e valores de pocas anteriores prpria comunidade. O nacionalismo liga-se diretamente a terra e s profundas razes de uma nao. Seus aspectos prticos juntam-se aos simblicos na demarcao de uma terra natal, definida pela histria e pelo local onde viveram seus antepassados. A localizao da nao, portanto, depende, a nvel subjetivo, da interpretao de sua histria tnica e seus elos de ligao de histria e destino entre as geraes de uma comunidade em determinados locais do planeta. As naes da era moderna carregam em si elementos pr-modernos, sem que com isso sejam caracterizadas como naes antigas. A sobrevivncia dessas naes se d nos nveis scio-poltico e psicolgico-cultural e os elementos pr-modernos so preservados para manter a visibilidade da nao atravs dos mitos de linhagem partilhados, memrias histricas comuns, marcadores culturais nicos e do sentido de diferena. A presena de smbolos e doutrinas especficas do nacionalismo em geral aponta para os sentidos profundos de ideologia, linguagem e conscincia. No universo das naes cada nao singular, pois carrega valores culturais que, reinterpretados e reconstitudos, formam uma nica identidade nacional, entre muitas outras identidades culturais. Assim, toda e qualquer cultura em sua singularidade contribui para o conhecimento total dos valores culturais humanos. A identidade nacional torna-se, dessa forma, parte da vida de indivduos e comunidades em quase todas as esferas de atividade: , na esfera cultural, que se revelam pressuposies, mitos, valores e memrias, assim como linguagens, leis, instituies e cerimnias. O termo lusofonia segue o modelo de formao que se encontra em francofonia, anglofonia, hispanofonia. Literalmente significa a fala portuguesa / o som portugus. possvel encontrar o conceito de lusofonia traduzido em definies que sublinham os seus diferentes contedos histrico, lingstico, sociocultural e poltico. No acompanhamento da histria da lngua identificam-se marcos importantes individualizao do portugus a partir do tronco galego-portugus nos fins do sc., 16; a difuso da lngua no mundo graas ao movimento da expanso (entre os sculos 16 e 17) que fez dela o primeiro idioma europeu a historicamente assumir o papel de lngua de comunicao internacional, segundo Drio Castro Alves; a adoo do portugus como lngua oficial pelos pases africanos de colonizao portuguesa aps a independncia. Nesse percurso, parte-se de um dialeto que, no sculo 16, tendo-se tornado a lngua nacional do reino de Portugal, era falado apenas por cerca de um milho e meio de pessoas, se espalhou gradualmente por diversos continentes e se tornou no que atualmente o meio de comunicao oral ou escrito de perto de 200 milhes de pessoas. O contedo lingstico particularmente realado por Jos Vtor Adrago quando afirma que a noo de lusofonia correspondente ao conjunto dos espaos geogrficos majoritariamente ocupados por lusfonos , pois, originariamente uma noo lingstica e cobre as normas e as variantes do sistema a que chamamos Portugus. Anbal Pinto de Castro chama a ateno para o sentido cultural, para alm do lingstico, que o conceito de lusofonia encerra, porquanto a lngua no se limita a ser veculo de comunicao, ela veculo de expresso do fenmeno de aculturao que acompanhou a expanso portuguesa e das novas formas de cultura que desse fenmeno foram nascendo. Portanto, existe uma relao intrnseca entre lngua e cultura. O conceito de lusofonia13 12

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da etnia e da nao, a principal linha de pesquisa d o CECLIP 14 (Centro de Estudos de Culturas de Lngua Portuguesa), espao em que se desenvolvem diversos projetos. A meta principal da linha de pesquisa preparar recursos humanos para a graduao e ps-graduao em Letras, habilitados para o trato das questes lusfonas, a partir da experincia de centros de pesquisa ligados a instituies universitrias com tradio de pesquisa nessa rea, cuja caracterstica principal a focalizao da literatura de expresso portuguesa. Como operacionalizao desses propsitos, a tentativa de estreitar os vnculos de colaborao entre pesquisadores de instituies diferentes em torno de um objeto comum, j inicialmente trabalhado por elas, de modo aremete a fatos scio-culturais antes do que a fatos singelamente lingsticos; designa a comunidade daqueles que podem exprimir-se na lngua portuguesa e assim por hbito o fazem. Lusofonia no um conceito lingstico, mas antes um conceito social e cultural, cuja invocao til sempre que se trate de defender as virtudes da comunicao privilegiada entre povos que estiveram, ou ainda esto, em contato atravs da lngua portuguesa. Reveladora da carga poltica a apropriao da lngua do colonizador pelo colonizado para fazer dela um instrumento nacional de unidade contra o regionalismo e o tribalismo e simultaneamente de resistncia e de libertao, tal como o fizeram a FRELIMO, o PAIGC, o MPLA e a UNITA. Esses movimentos, que j na dcada de 60 utilizavam a lngua portuguesa como veculo de esclarecimento e informao poltica, por via escrita e na rdio, determinaram que a escolarizao nas zonas libertadas fosse feita em portugus. Um dos aspectos mais vincados da fontica do portugus europeu, e que j se notava nos sc. 17 e 18, a atenuao e progressivo desaparecimento de muitas vogais e mesmo de slabas de palavras em contraste com o portugus de frica e do Brasil fortemente vocalizado e, portanto, muito mais prximo da lngua antiga. A lngua portuguesa se faz presente nos seguintes pases: Portugal; na Madeira e nos Aores; Angola; Moambique; Cabo Verde; Guin-Bissau; So Tom e Prncipe; Goa; Macau, Timor-Leste e Brasil. E o que se estuda nessa linha de pesquisa so os sistemas literrios dos pases lusfonos O Centro de Estudos de Culturas de Lngua Portuguesa (CECLIP) rgo de pesquisa do Curso de PsGraduao em Letras, da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul. Sua preocupao maior, desde 1989, expandir a pesquisa em Literaturas de Expresso Portuguesa, propiciando, principalmente, o desenvolvimento dos estudos de culturas e de sistemas literrios de Angola, Moambique, Cabo Verde, So Tom e Prncipe, Timor, Portugal Muitas atividades e eventos j foram realizados sob a coordenao do CECLIP/PUCRS, desde a organizao de nmeros da revista Letras de Hoje at a promoo de cursos com professores de diferentes universidades portuguesas e brasileiras - Doutores Carlos Reis (Univ. de Coimbra), Jos Jlio Esteves Pinheiro (Univ. Catlica de Lisboa), Helena Carvalho Buescu (Univ. de Lisboa), Jose Luis (Univ. Coimbra), Maria do Rosrio Duarte Cunha (Universidade Aberta), e de centros de estudos portugueses de universidades americanas - Ana Paula Ferreira (Univ. da Califrnia, Irvine), Jos Ornelas (Univ. de Massassuchest, Amherst), Nelson Vieira (Brown Univ). Escritores como Teolinda Gerso, Helder Macedo, Mia Couto, Paula Moro estiveram na PUCRS a convite do CECLIP que tambm realizou o XIV Encontro Nacional de Professores Universitrios Brasileiros de Literatura Portuguesa, congregando especialistas na rea de todo o Brasil e convidados estrangeiros como os doutores Fernando Martinho (Univ. de Lisboa), Pires Laranjeira (Univ. de Coimbra), Arnaldo Saraiva (Univ. do Porto), Angel Marcos de Dis (Univ. de Salamanca), entre outros. Outro evento importante, patrocinado pelo CECLIP, foi a criao, durante a realizao do XIV Encontro, da ABRAPLIP - Associao Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa, Tambm esteve sob responsabilidade do CECLIP os I e II Colquios da AIL, com participao de professores de literaturas lusfonas de todo o Brasil e de Portugal. A par dessas atividades, como conseqncia do trabalho que se vem desenvolvendo no CECLIP, muitas 14 dissertaes e teses de doutorado tm sido realizadas com o objetivo de analisar a produo literria de escritores luso-afro-brasileiros. Tambm uma preocupao do Centro expandir os estudos de culturas e de literaturas de lngua portuguesa na regio Sul, reunindo pesquisadores de diferentes universidades (UFSM, UNISC, FURG, UCPEL, UFSC, UFRGS, entre outras), para desenvolverem atividades conjuntas. Assim, h um grupo emergente de pesquisadores da rea que, agora, se consolida na concretizao de projetos certificados pela PUCRS e pelo CNPq: Memria das gentes: O sentido e o alcance da narrativa de fico de lngua portuguesa: a histria, a identidade, a nao e o gnero; Estudos culturais e literaturas lusfonas A constituio do campo literrio interaes Portugal-Brasil; Figuras de Fico. As duas ltimas pesquisas realizadas em convnio com a Universidade Aberta e Universidade de Coimbra de Portugal. Os pesquisadores que integram hoje os grupos de pesquisas, alm daqueles que exercitam sua docncia em outras universidades, so alunos de Doutorado, Mestrado, AT/CNPQ e PIBIC.14

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fortalecer a produo de conhecimento e a formao de especialistas num campo fundamental no s para a atividade acadmica de Letras, mas para a discusso da identidade cultural de pases que de certa maneira partilham de uma histria comum e de prticas culturais subjacentes a todas as outras diferenas superficiais.

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LITERATURA INFANTO - JUVENIL, LEITURA E ENSINO

Dr. Digenes Buenos Aires de Carvalho UEMA A linha de pesquisa Literatura Infanto - Juvenil, leitura e ensino centra sua atuao acadmica em trs eixos: anlise da produo literria para crianas e jovens nos diferentes gneros e suportes; diagnstico da situao do ensino da leitura e da literatura e proposio de alternativas metodolgicas; e descrio e anlise histrico-social dos processos de leitura e formao do leitor em contextos institucionais e no-institucionais. A partir desses trs eixos, a linha pretende contribuir para o desenvolvimento dessa rea do conhecimento, cujos estudos pioneiros possibilitaram o surgimento de uma gama variada de pesquisas que permitem fortalecer uma produo cientfica capaz de interferir positivamente na sociedade. No mbito da leitura, os trabalhos da escritora e pesquisadora Ceclia Meireles, Leitura infantis, datado de 1944, e da psiquiatra Nise Pires, Crianas, jovens e a literatura. Relatrio de Pesquisa: literatura consumida pelos alunos de ensino de 1 grau do Municpio do Rio de Janeiro, datado de 1976, os quais colocam em cena a importncia da relao texto-leitor e seus efeitos para a formao scio-histrica dos sujeitos em formao, revelando, assim, os papis que a leitura da literatura exerce na vida de crianas e adolescentes. A contribuio dessas pesquisas no est restrita ao foco inovador, medida que esto centradas no leitor, mas tambm na perspectiva metodolgica, visto que a pesquisa de campo passa a ser uma metodologia relevante na obteno de resultados que no podem ser encontrados em pesquisa de cunho bibliogrfico. Numa perspectiva terica sobre a literatura infantil, tem-se a discusso empreendida por Ceclia Meireles em Problemas de literatura infantil, datado de 1951, que, ao se dirigir a um pblico formado por professores, visto que o livro uma coletnea de palestras, engendra uma discusso conceitual que imprescindvel para a conformao da literatura infantil enquanto gnero literrio distanciando-a do carter pedaggico que a acompanha desde a sua origem. Desse modo, Meireles d o pontap inicial para esse debate que ainda perdura e tem desafiado a comunidade acadmica que a composio do estatuto 37

literrio desse gnero, tendo em vista o estreito vnculo dessa produo literria com a escola. Essa ligao proporciona, por um lado, a garantia de um pblico leitor, e, por outro, a preocupao com a m escolarizao da literatura infantil, cujo resultado a sobreposio do pedaggico sobre o literrio. Depois desse estudo, diversos pesquisadores vem empreendendo discusses no tocante relao entre literatura geral e infantil, pedagogia e literatura infantil, o estatuto literrio desse gnero e a correlao da literatura para crianas com diversos setores da cultura (biblioteconomia, crtica literria, psicologia e folclore), como, por exemplo, A literatura infantil na escola, de Regina Zilberman, Literatura infantil: autoritarismo e emancipao, de Lgia Cadermatori Magalhes e Regina Zilberman, e Literatura infanto-juvenil: um gnero polmico, organizado por Snia Salomo Khed, e Era uma vez... na escola: formando educadores para formar leitores, coordenado por Vera Teixeira de Aguiar. A importncia do aspecto literrio na produo editorial endereada a crianas e jovens tambm se reflete nos estudos das obras de autores importantes para a consolidao da literatura infantil brasileira, como, por exemplo, Monteiro Lobato 15 , em que so exemplares os trabalhos de Marisa Lajolo. Ressalta-se que a pesquisa no se restringiu ao pai da literatura infantil brasileira, mas tambm a outros autores que mostram o quo multifacetado o pirlimpimpim literrio brasileiro capaz de extrapolar fronteiras, sendo reconhecidos internacionalmente por meio de premiaes como o Prmio HANS CHRISTIAN ANDERSEN IBBY 16 , em que foram agraciadas as escritoras Lygia Bojunga 17 e Ana Maria Machado 18 , e Prmio ALMA Astrid Lindgren Memorial Award 19 o maior prmio internacional jamais institudo em prol da literatura para crianas e jovens, criado pelo governo da Sucia, em que Lygia Bojunga foi agraciado pelo conjunto de sua obra. E o de carter histrico, Literatura infantil brasileira: ensaios de preliminares para a histria da literatura infantil no Brasil, datado de 1968, de Leonardo Arroyo. A obra abrange do perodo colonial at a insero de Monteiro Lobato, concluindo o estudo no ano de 1966. As fontes documentais recolhidas por Arroyo vo desde os impressos produzidos pela imprensa15 16 17

Mais informaes consultar a pgina oficial de Monteiro Lobato: www.lobato.globo.com Mais informaes consultar a pgina oficial do IBBY: www.ibby.org Mais informaes consultar a pgina oficial de Lygia Bojunga: www.casalygiabojunga.com.br 18 Mais informaes consultar a pgina oficial de Ana Maria Machado: www.anamariamachado.com.br 19 Mais informaes consultar a pgina oficial: www.alma.se

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escolar at o levantamento de fac-smiles. Para realizar tal arrolamento, o autor toma como referncia um conceito amplo de literatura infantil, reunindo num mesmo grupo tradio oral, contos populares, rondas, parlendas e literatura escolar. Evidencia-se, destarte, a preocupao do autor em recolher todas as fontes possveis para a elucidao da formao da literatura infantil no Brasil, bem como a estreita relao com a escola, o que faz, segundo Glria Pond, do livro de Arroyo, no apenas uma histria da literatura infantil, mas tambm uma histria da pedagogia brasileira. Com essa obra, Arroyo torna-se a referncia bsica para a elaborao de outras histrias da literatura infantil brasileira, a exemplo de Panorama histrico da literatura infantil/juvenil, de Nelly Novaes Coelho, e Literatura infantil brasileira: histria e histrias, de Regina Zilberman e Marisa Lajolo, ou de histrias com um carter regional como o trabalho de Diana Maria Marchi, A literatura infantil gacha: uma histria possvel, realizado a partir de dados coletados pelo Centro de Pesquisas Literrias da PUCRS. Tais estudos desencadearam, posteriormente, inmeros outros que consolidaram a literatura infanto-juvenil e a leitura como objetos de pesquisa instigantes e cada vez mais promissores medida que a produo e circulao do livro endereado criana e ao jovem permanecem como desafios para a universidade, tendo em vista a recorrente renovao tanto no nvel textual como nas formas de apresentao (impressa, multimidial e digital) e, por conseguinte, seus efeitos. Quanto leitura, nota-se a recorrente preocupao com a formao do leitor literrio, o que implica no desenvolvimento e debate de teorias da leitura e do leitor, que fundamentam a anlise de prticas leitoras, cujos dados podem ser coletados atravs de pesquisa bibliogrfica ou de campo. A escolha de uma das metodologias aponta para diferentes ngulos do objeto de pesquisa, que no s retratam o carter caleidoscpico do objeto como tambm o compromisso do pesquisador com uma perspectiva mais terica ou com uma perspectiva de interveno da realidade mediante a proposio de aes que promovam a formao do leitor. Como sustentao terica, diversos modelos tericos tem fundamentado tais pesquisas como, por exemplo, recepcional, sociolgico, histrico, hermenutico, psicanaltico, semiolgico e multiculturalismo, os quais

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do conta dos distintos recortes e objetivos lanados pelos pesquisadores da rea. Essa heterogeneidade de modelos possibilita, por sua vez, a uma variedade de temticas que podem explorar aspectos intrnsecos da literatura infanto-juvenil como o processo de criao literria no que tange linguagem, s representaes (da criana, da famlia, da escola e do leitor), escolarizao da literatura, relao entre a literatura infanto-juvenil e outras linguagens (ilustrao, msica, cinema, televiso, computador); bem como aspectos extrnsecos que enfocam os interesses e histrias de leitura, a histria da literatura infanto-juvenil, a recepo do livro literrio em diferentes contextos formais de formao de leitores (escolas, bibliotecas, salas de leitura, editoras, etc.) e no-formais (classe social, famlia, igreja, centros comunitrios, hospitais, etc.). Para ilustrar algumas dessas perspectivas, tm-se os seguintes projetos em desenvolvimento pelos grupos de pesquisa, Centro de Pesquisas Literrias - CPL, Leitura da literatura: a escola e as demais agncias sociais 20 e Centro de Referncia para o desenvolvimento da linguagem CELIN 21 , vinculados ao Programa de Ps-Graduao em Letras da PUCRS: 1. Contar e encantar s comear, sob a coordenao da Profa. Dr. Maria Tereza Amodeo. Constituio do Grupo de Contadores de Histrias da Faculdade de Letras da PUCRS para atuar na comunidade, investindo na narrao de histrias como estratgia de formao de leitores, divulgando as possibilidades da capacitao acadmica do Curso de Letras e associando a imagem da PUCRS a uma ao de efetivo valor cultural. 2. Conto de fadas: leituras e releituras - a recepo dos contos clssicos infantis e suas recriaes contemporneas, sob a coordenao da Profa. Dr. Sissa Jacoby. A partir da descrio de um corpus de contos de fadas e de sua apresentao criana, o projeto visa investigar a recepo dos contos clssicos e de suas novas formas, pelo leitor/espectador infanto-juvenil, atravs dos diferentes meios disposio. O objetivo da pesquisa promover20

Para mais informaes sobre o grupo de pesquisa cadastrado no CNPq, como, por exemplo, pesquisadores e projetos, consultar a pgina http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhepesq.jsp?pesq=9659010551070837 21 Para mais informaes sobre o grupo de pesquisa cadastrado no CNPq, como por exemplo, pesquisadores e projetos, consultar as pginas: http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0006801YXPYS0M http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0006802U4BLX6E

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um dilogo entre o conto clssico e suas releituras, buscando uma proposta de trabalho com a literatura infanto-juvenil que, ao invs de negar os diferentes meios disposio da criana na atualidade, tais como cinema, TV, jogos de computador, internet, contemple os novos recursos como elementos de apoio no incentivo leitura e no trabalho com os textos literrios clssicos junto criana. O corpus ser constitudo pelos contos de fadas mais conhecidos histrias tradicionais e suas releituras contemporneas - escritas ou em transposies audiovisuais, atravs dos diferentes meios disposio: narrao oral, livro, desenho animado, filme, livro de imagens, CD-ROM, etc. A metodologia contempla tanto os estudos de Bruno Bettelheim, em A psicanlise dos contos de fadas, quanto os estudos de Wolfgang Iser, relativamente esttica da recepo. 3. Literatura Infantil e Medicina Peditrica: uma aproximao de integrao humana, sob a coordenao da Profa. Dr. Solange Medina Ketzer, que busca Integrar contedos e atividades desenvolvidas na disciplina de Literatura Infantil com alunos do Curso de Graduao em Letras aos procedimentos realizados no Setor de Recreao do Hospital So Lucas da PUCRS com crianas enfermas de seis meses a doze anos de idade, com vistas manuteno da comunicao com a realidade externa do hospital atravs do universo ficcional. 4. Multiculturalismo e ensino de literatura, sob a coordenao da Profa. Dr. Maria Tereza Amodeo. Elaborao de uma obra de apoio pedaggico para professores de Literatura do Ensino Bsico que considere a pluralidade cultural contempornea, investindo na delimitao de um espao significativo para essa forma artstica. Realizar uma vasta reviso bibliogrfica que possa sustentar a elaborao de material de apoio com vistas a contribuir para a formao continuada dos professores. Ampliar a base terica que deve dar sustentao a uma prtica de ensino da Literatura compatvel com a complexidade do mundo contemporneo, com vistas a uma publicao dirigida especialmente a professores de Ensino Bsico e que ser utilizada como ponto de referncia de cursos e seminrios a serem realizados numa etapa posterior. 5. Muita prosa e muito verso, sob a coordenao da Profa. Dr. Maria Tereza Amodeo. Prope-se a promover a autonomia, integrao e participao mais efetiva na sociedade de pessoas da comunidade com mais de 41

50 anos, partindo da leitura e anlise de textos literrios, da narrao/recitao de histrias e poemas e da produo de textos em prosa e verso, com vistas a desenvolver formas de atuao concreta na sociedade. 6. Mundo mgico da poesia: potencialidades lingsticas e alfabetizao sob a coordenao da Profa. Dr. Solange Medina Ketzer, que pretende construir uma proposta de trabalho pedaggico de desenvolvimento cognitivo atravs da poesia que contribua para o aprendizado da leitura e da escrita de crianas freqentando a primeira srie do ensino fundamental; capacitar professores alfabetizadores para o trabalho com esta proposta; investigar a contribuio desta proposta para o aprendizado da leitura e da escrita dessas crianas. A proposta de trabalho esta baseada na articulao da teoria da literatura, da lingstica e da educao. Caracteriza-se pela explorao dos planos fnico, sinttico, semntico e pragmtico da poesia, com vistas ao desenvolvimento de potencialidades lingsticas de alfabetizando. O trabalho realiza-se em duas etapas: desenvolvimento de oficinas de poesia com crianas de primeira srie e desenvolvimento de oficinas de socializao com professores alfabetizadores. 7. Oficinas de leitura no CLIC: a formao de educadores para formar leitores sob a coordenao da Profa. Dr. Vera Teixeira de Aguiar, que objetiva o desenvolvimento de pesquisas de leitura no Centro de Literatura Interativa da Comunidade - CLIC com vistas formao do hbito de leitura das crianas e a formao e preparao de profissionais mediadores de leitura entre os alunos de Letras, a partir da criao de materiais impressos e softwares de apoio leitura literria. 8. Tendncias contemporneas da produo cultural para a criana, sob a coordenao da Profa. Dr. Sissa Jacoby, uma investigao das manifestaes culturais dirigidas infncia na atualidade bem como das influncias dessa produo na formao da criana e sua experimentao do mundo simblico Tais projetos congregam estudos em nvel de Iniciao Cientfica, com alunos de graduao, bem como em nvel de Mestrado e Doutorado, o que representa a formao de novos pesquisadores oriundos da PUCRS e de outras IES brasileiras e estrangeiras. Desse modo, a linha irradia as discusses tericas e metodolgicas que realiza para outros espaos acadmicos, 42

ampliando, assim, o dilogo to necessrio para o desenvolvimento da produo de conhecimentos. Resultam desses projetos diversas dissertaes de mestrado e teses de doutorado 22 , como, por exemplo: 1. Brincar de ler: um mtodo ldico de ensino de leitura literria, de Renata Cavalcanti Eichenberg. 2. A presena da metalinguagem na literatura infantil contempornea, de Annete Baldi. 3. Poesia voz de fazer nascimentos: a construo da subjetividade do leitor atravs da leitura da poesia, de Zila Letcia Goulart Pereira Rego. 4. Uma viagem atravs da poesia: vivncias em sala de aula, de Glucia de Souza.

A Biblioteca Central da PUCRS, atravs do Catlogo On line, disponibiliza para download as teses e dissertaes defendidas a partir de maro de 2006 no Programa de Ps-Graduao de Letras. Consultar a pgina: http://verum.pucrs.br/ALEPH

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Referncias

AGUIAR, V. T (Coord.). Era uma vez na escola: formando educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato, 2001. ARROYO, Leonardo. Literatura infantil brasileira: ensaios de preliminares para a histria da literatura infantil no Brasil. 10. ed. So Paulo: Melhoramentos, 1990.(A 1 edio data do ano de 1968) COELHO, Nelly Novaes. Panorama histrico da literatura infantil/juvenil. 4. ed. rev. So Paulo: tica, 1991. (Srie Fundamentos, 88) KHDE, Snia Salomo. Literatura infanto-juvenil: um gnero polmico. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986. (A 1 edio data do ano de 1983) LAJOLO, Marisa, ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: histria e histrias. 4. ed. So Paulo: tica, 1988. (Srie Fundamentos, 5) (A 1 edio data do ano de 1984) MAGALHES, Lgia Cadermatori, ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil: emancipao e autoritarismo. 3. ed. So Paulo: tica, 1987. (Ensaios, 82) (A 1 edio data do ano de 1982) MEIRELES, Ceclia. Leitura infantis. Rio de Janeiro, Departamento de Educao do Distrito Federal, 1944. MEIRELES, Ceclia. Problemas de literatura infantil. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. (A 1 edio data do ano de 1951) PIRES, Nise. Crianas, jovens e a literatura. Relatrio de Pesquisa: literatura consumido pelos alunos de ensino de 1 grau do Municpio do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: MEC/INEP/INL/FNLIJ, 1976. POND, Glria. Nota. In: ARROYO, Leonardo. Literatura Infantil Brasileira: ensaio de preliminares para a histria da literatura infantil no Brasil. So Paulo: Melhoramentos, 1988. P. 5. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 10. ed. So Paulo: Global,1998. (Teses, 1) (A 1 edio data do ano de 1981) MARCHI, Diana Maria. A literatura infantil gacha: uma histria possvel. Porto Alegre: Universidade/UFRGS, 2000.

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O AUTOR, SUA FORMAO E A INCLUSO NA VIDA LITERRIA

Dr. Luiz Antonio de Assis Brasil PUCRS

1. Introduo Contemplam-se, nesta rea, os estudos: a) que digam respeito teoria e prtica acerca da criao do texto literrio; b) que tratem dos passos inevitveis da aquisio da competncia para a escrita profissional do texto literrio e c) que identifiquem e discutam o processo de incluso do escritor na vida literria, entendendo-se esta como a insero no circuito que engloba as editoras, a crtica, os agentes literrios, o jornalismo literrio, as livrarias, a escola e o leitor.

2. Evoluo das pesquisas Esta rea de pesquisas, por sua novidade, ainda no possui um corpus doutrinrio e terico que se possa considerar como significativo. Em geral, os estudos dedicam sua ateno prxis textual. NA PUCRS, a partir de 2006, instituiu-se, no Mestrado em Teoria da Literatura, uma rea referente Escrita Criativa.

3. Modelos tericos H pouca teoria sobre a rea, concentrando-se em alguns autores norte-americanos, franceses e espanhis. CRETTON, M. da G. Oficina literria: o artesanato do texto. (Tese de doutorado) Rio de Janeiro: UFRJ, 1992. HAMBURGUER, K. A lgica da criao literria. So Paulo: Perspectiva, 1975.

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4. Temas possveis dentro da rea Dentro da rea, abre-se espao para estudos que tratem: a) das teorias que estudam o processo de criao literria; b) da descrio dos processos mentais que tratam da criatividade em geral e da criao literria em particular; c) de casos concretos referentes aos processos mentais de autores determinados; d) da escolha, por parte dos autores, da prtica predominante de um determinado gnero literrio; e) da verificao, em determinado autor, de suas preocupaes (mito pessoal) estticas e existenciais; f) da vida literria de uma cultura determinada, evidenciando suas constantes; g) do papel dos laboratrios de escrita (oficinas) na vida literria;

5. Pesquisas j existentes na PUCRS

5.1. Encerradas, com relatrio final: 5.1.1. Anlise literria: A partir dos princpios da teoria da criao e da teoria literria - dos textos dos participantes da Oficina de Criao Literria do Curso de Ps-Graduao em Letras da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul utilizando, como corpus, os contos da srie Contos de Oficina, volumes de 1 a 15, e que abrangem o perodo entre 1988 e 1995. Lder da Pesquisa: Prof Dr. Luiz Antonio de Assis Brasil, com apoio de bolsistas de IC. LINK PARA OS RESULTADOS 5.1.2. Identificao das causas determinantes dos diversos caminhos individuais seguidos pelos ex-alunos da Oficina de Criao Literria do Curso de Ps-Graduao em Letras do Instituto de Letras e Artes da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, utilizando, como amostragem desse universo, depoimentos de ex-discentes que participaram das antologias Contos de Oficina, volumes de 1 a 10, publicados entre 1988 e 1993. Lder da 46

Pesquisa: Prof Dr. Luiz Antonio de Assis Brasil, com apoio de bolsistas de IC. LINK PARA OS RESULTADOS

5.2 Em andamento 5.2.1. Proposta de criao de uma narrativa original em que fiquem evidentes mecanismos intertextuais de construo literria, entendida a partir das teorias da intertextualidade e do processo de criao. Mestrando Bernardo Moraes. 5.2.2. Estudos dos elementos determinantes compostos como guia do leitor busca do efeito proposto. Apresentao da espinha da composio, que juntamente com a economia do gnero eleito se pretendem guias para determinado efeito. Mestrando Maurcio Chemello. 5.2.3. Identificao do momento do surgimento das obras individuais publicadas pelos egressos de oficina de Criao Literria do Programa de PsGraduao em Letras da Faculdade de Letras da PUCRS, intentando verificar como se operou, para seus autores, a incluso na vida literria. Lder da Pesquisa: Prof Dr. Luiz Antonio de Assis Brasil, com apoio de dois mestrandos da mesma instituio.

Dissertao de mestrado O eloqente silncio: das oficinas de criao literria conquista da competncia para o conto. PPGL/PUCRS Cntia Moscovich (2001). Publicaes (livros) LAMAS, Berenice; HINTZ, Marli. Oficina de criao literria: um olhar de vis. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997. Segunda edio em 2000. ASSIS BRASIL, L.A. (org.) 36 volumes da srie Contos de oficina, por diversas editoras.

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Publicaes (captulos de livros) ASSIS BRASIL, L.A. A escrita criativa. In: BARBOSA, Marcia Saldanha; BECKER, Paulo. (Org.). Questes de Literat