agroenergia o país da - canamix.com.br · panorama rural junho 2009 1 ano xi · nº 124 ·...

100
Panorama Rural Junho 2009 1 www.panrural.com.br Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a produção de alimentos O país da agroenergia As novas estrelas da Agrishow Código Florestal Tabapuã brilha na Expozebu Democracia da engorda? Especial – Agricultura orgânica – O pujante mercado dos produtos verdes

Upload: hahanh

Post on 11-Nov-2018

229 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 1

www.

panr

ural.

com.

brAn

o XI

· N

º 12

4 ·

Jun

ho/2

009

· R

$ 9,

90

O potencial brasileiro para produzir biocombustíveise elevar a produção de alimentos

O país daagroenergia

As novas estrelasda Agrishow

Código FlorestalTabapuã brilha

na ExpozebuDemocraciada engorda?

Especial – Agricultura orgânica – O pujante mercado dos produtos verdes

Page 2: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

2 Panorama Rural Junho 2009

Page 3: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 3

Diretores: Plínio César e Marco BaldanGerente de Comunicação: Fábio Soares Rodrigues Gerente Administrativo: Paulo Cézar Consultor Técnico: Neriberto SimõesAdministrativo: Layla Furtado

Publicação mensal daPC&Baldan / Abimaq / Agrishow

www.panrural.com.br

Filiada a:

Editora Chefe: Luciana PaivaEditor Gráfico: Thiago GalloArte: Caio Ingegneri e João Domingos

Outras publicações da PC & Baldan:Guia Oficial de Compras do Setor SucroalcooleiroRevista CanaMixPortal Direto da Usina

Publicidade:[email protected]@[email protected]:Mirian Domingues: [email protected] Cassimiro: [email protected] com a Redação:[email protected]ão: Gráfica São FranciscoTiragem auditada por:

Distribuição em bancas para todo o Brasil:Fernando Chinaglia Distribuidora S/A

PC & Baldan Consultoria e MarketingAv. Independência, 3.262

CEP 14.025-230 - Ribeirão Preto - SP(16) 3620.0555 / 3234.0377

www.pcebaldan.net

Para assinar, esclarecer dúvidas sobre suaassinatura ou adquirir números atrasados:

SAC: (16) 3620.0555 - 2ª a 6ª feira,das 9 às 12 hs e das 13:30 as 18 hs.

É permitida a reprodução total ou parcialdos textos, desde que citada a fonte.

O uso de combustíveis renováveis oferece a oportunidade de reduzir as emis-sões de gases poluentes e, com isso, minorar o efeito estufa. Também é a chance de a humanidade passar a depender menos do petróleo e dos hu-

mores dos países produtores, já que a maioria se encontra em regiões de conflito. No entanto, bastou o mundo despertar para o fato de que o biocombustível é uma alternativa viável aos combustíveis fósseis, para que os opositores da energia verde criassem obstáculos ao seu avanço.

Eles devem ter levado um susto quando perceberam o tamanho do apetite dos investidores de peso interessados em entrar no negócio do etanol. Susto maior deve ter sido a possibilidade de o Brasil ascender como grande produtor energéti-co, ainda mais depois da descoberta do pré-sal.

Então, o jeito que eles tiveram foi falar mal dos biocombustíveis, vieram com a conversa de que a produção de energia verde vem desmatando a Amazônia bra-sileira, e mais, era o responsável pelo aumento de preço dos produtos alimentícios e sua expansão pode ampliar a fome no mundo.

Estão querendo minar até mesmo a soberania tecnológica brasileira para a produção de etanol. Pesquisadores estrangeiros passaram a dizer que ela é ultrapas-sada e que já estão investindo em etanol de segunda geração, produzido a partir da celulose, muito mais eficiente do que a nossa. Frente a toda essa conversa, o físico José Goldemberg, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e hoje, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo, sentiu a necessidade de examinar o tema e preparou um estudo provando que ainda há muito espaço para crescer com a atual tecnologia empregada pelas usinas brasileiras. “Os americanos estão excitados pela tecnologia de segunda geração porque não têm cana-de-açúcar nos EUA. Querem mostrar que a tecnologia atual não tem futuro, mas não é nada disso”, salienta o professor.

Pois é, toda essa falação é como dizem na roça: conversa pra boi dormir. O Brasil tem o maior potencial na produção de energia por meio da biomassa. Comparado com a gasolina, o etanol de cana-de-açúcar emite 90% menos gases de efeito estufa. E somos o único País onde a gasolina perdeu o posto de principal combustível para o etanol.

Os contrários aos biocombustíveis querem nos desacreditar, mostrar que não somos bons e assim dominar a nossa tecnologia. Portanto, não podemos deixar de investir continuamente em pesquisas científicas para aprimorar ainda mais a eficiência das usinas. Também é primordial proporcionar o tempo necessário para que os pesquisadores façam com que o biodiesel seja tão viável quanto é o etanol.

Assim como é fundamental o produtor brasileiro continuar produzindo e os em-preendedores ousando, mas isso tudo poderia ser um pouquinho mais fácil, com mais crédito, menos juros, mais oportunidades. Isso não é conversa pra boi dormir, é fato.

Luciana PaivaEditora

Conversa pra boi dormir

Podem parar de blá, blá, blá, até os bois

não caem mais nessa

Correção: As fotos da matéria Delíriosde João Louco - publicada na edição

passada são de autoria de Toninho Cury

Page 4: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

4 Panorama Rural Junho 2009

Capa

O país da agroenergia22 O potencial brasileiro para

produzir biocombustíveis e elevar a produção de alimentos

Page 5: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 5

LEIA TAMBéM

EntrevistaEstratégiaGestãoBeira D’ÁguaOpiniãoEconomia

Estrelas RuraisTendênciasNegóciosAmbientalBiblioteca RuralMarketing Rural

81214182030

343638788284

ESPECIALAgricultura Orgânica

Mercado em ascensãoPágina 42

CuLTuRARolando BoldrinA lida do Sr.BrasilPágina 75

AGRIShOwAs novas estrelas da Agrishow

Página 64

CuRIOSIDADESProcura-se um leão,

desesperadamentePágina 26

Chegou a democracia da engorda?

Página 84

Page 6: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

6 Panorama Rural Junho 2009

Page 7: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 7

Page 8: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

8 Panorama Rural Junho 2009

ENTREVISTA

8 Panorama Rural Junho 2009

João Sampaio: Secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

Como empresário rural, Sampaio aposta

na diversificação de produtos e na

agregação de valor. Como Secretário

defende investimento em pesquisa,

informação, mais crédito e menos juros

Luciana Paiva

Todo ano o sistema Agrishow elege uma personalidade do agronegócio, nesta edição da

feira o eleito foi João de Almeida Sampaio Filho, secretário da Agri-cultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Sampaio tem o agronegó-cio no sangue, tanto do lado materno como paterno. Nasceu na capital pau-lista, mas a família tem origens em Barretos, Jaú e Uberaba. Formado em Direito e Economia, quis mesmo é ser produtor rural. “Formei em Eco-nomia em novembro, em dezembro já estava cuidando da fazenda”, ressalta o Secretário, que em 1987 mudou-se para Jaciara, MT, onde morou por 11

anos, para administrar uma proprie-dade voltada para a pecuária e produ-ção de borracha.

Sampaio apostou na transfor-mação da matéria-prima para agre-gar valor ao produto, assim, montou uma mini-usina para o processamento do látex. O negócio prosperou e virou uma usina com alta produção. Foi aí que resolveu entrar para uma entidade

de classe, a Associação de Produtores de Borracha de Mato Grosso, da qual foi presidente. A partir daí esteve à frente de diversas entidades ligadas ao agronegócio, como a Sociedade Rural Brasileira (SRB), onde ocupou a presi-dência de 2002 a 2008. Mesmo com toda essa atividade política classista, não descuidou de seus negócios, pelo contrário, os diversificou, além da bor-

Um otimista incorrigível

Luci

ana

Pai

va

Page 9: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 9

ENTREVISTA

Panorama Rural Junho 2009 9

racha e a pecuária, produz laranja e cana-de-açúcar.

Em 2007, tornou-se Secretário da Agricultura e Abastecimento do Es-tado de São Paulo. Nesta fase de retra-ção do comércio exterior, o Secretário salienta que é prioritário estimular o mercado interno, que consome 80% da produção agropecuária brasilei-ra, incluindo o etanol, suco de laran-ja, grãos, carne e leite, dentre outros produtos. Para isso, Sampaio alerta o governo federal sobre a necessida-de de tomar medidas ágeis e eficazes para fortalecer a demanda nacional, ampliando o crédito – para produtores e compradores –, reduzindo os juros e alargando os prazos de resgate.

Também ressalta ser fundamen-tal multiplicar o acesso ao seguro rural e viabilizar a produção dos agropecua-ristas endividados. “Isto é inexorável, pois se não conseguirem plantar e co-lher, quebrarão de modo irreversível, além do impacto negativo no volume total da produção”, salienta o entrevis-tado desta edição.

PanRural – São Paulo é o Es-tado mais industrializado do País, mas qual a importância do agrone-gócio para São Paulo?

Sampaio – Não é errado dizer que São Paulo é o que é por causa da agricultura. Foi a monocultura cafe-eira que financiou a industrialização no Estado. E, hoje, a importância do agronegócio para São Paulo não está somente nos números de produção, mas nos índices de desenvolvimento humano, o interior paulista tem quali-dade de vida comparada a de países ri-cos. É o melhor lugar do Brasil para se viver. E isso é resultado do agronegó-cio, que gera renda e distribui riqueza.

PanRural – O Levantamento Censitário das unidades de Produ-ção Agropecuária apontou, entre outras coisas, que as propriedades rurais paulistas estão menores, po-rém mais tecnificadas. é esta a ten-dência?

Sampaio – Sim. Propriedade com menor área, porém mais produti-va, pois os produtores estão com mais acesso às tecnologias, às sementes e mudas adaptadas as suas condições. Os produtores também têm maior es-colaridade, mais acesso às informa-ções, a cursos que vão desde técnica de plantio, cultivo, até como transfor-mar a matéria-prima e agregar valor ao produto, aumentando a renda da propriedade. A diversificação de pro-dução é outro ponto forte, São Paulo tem grandes áreas com cana, laranja, pecuária bovina, mas também é gran-de produtor de frangos, milho, café,

produtores de frutas de mesa. Por isso, é fundamental investir em pesquisa. No último ano, realizamos os maiores investimentos em pesquisa agropecuá-ria dos últimos 25 anos. Entre 2007 e 2008, foram aproximadamente R$ 30 milhões aplicados na modernização e adequação de laboratórios. Temos também priorizado a contratação de pesquisadores.

PanRural – Em relação a cana-de-açúcar, o Estado e os produtores de cana firmaram um Protocolo Agroambiental, como foi isso?

Sampaio – A cana ocupa 5 mi-

”“Os tratores com potência

menor que 50 cavalos também

farão parte do Pró-trator

ovo, frutas, verduras, legumes, flores, ovinocultura e tantas coisas mais. A tendência do agronegócio é ser cada vez mais produtivo, tecnificado e com produtores profissionais.

PanRural – O Estado tem am-pliado os investimentos em pesqui-sas agrícolas, por favor, fale sobre isso?

Sampaio – São Paulo há 200 anos conta com o serviço do Instituto Agronômico (IAC), esse pioneirismo em pesquisas agronômicas, é peça fundamental na evolução da agrope-cuária paulista. Nesses anos todos, os estudos não foram apenas sobre o café ou a cana, mas diversas outras culturas agrícolas. As pesquisas con-tribuíram e contribuem para que São Paulo seja o maior produtor de cana, açúcar e álcool do País, mas também somos os maiores produtores de la-ranja, respondemos por 60% da bor-racha natural, somos o terceiro maior produtor de frango, de café e grandes

lhões de hectares, o que representa em torno de 25% da área utilizada na ati-vidade agrícola no Estado. Por ques-tões ambientais, sociais e até agronô-micas é necessário introduzir práticas mais modernas nessa atividade, como a extinção da queima da palha da cana. O governador José Serra foi mui-to competente nas negociações, buscou o diálogo com os produtores e saiu esse protocolo de livre adesão que, entre ou-tros avanços, antecipa o fim da queima para 2014. Mais de 90% das usinas aderiram ao protocolo. E ainda estão qualificando os cortadores de cana para atuarem em outras áreas. Agora trabalhamos na realização do zonea-mento agrícola da cana, laranja e café, é uma forma moderna de crescer com responsabilidade.

PanRural – E a criação do Pró-Trator?

Sampaio – Falei com o gover-nador Serra sobre a possibilidade de criarmos um programa de incentivos

Page 10: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

10 Panorama Rural Junho 2009

ENTREVISTA

10 Panorama Rural Junho 2009

para a compra de tratores novos com juros de 3%. Ele me perguntou: ‘Por que não juros zero?’. Acatei na hora. E criamos esse programa inédito e que superou as expectativas, espe-rávamos que em dois anos fossem vendidos seis mil tratores, mas de de-zembro de 2008 até final de abril já foram comercializados três mil e du-zentos tratores.

PanRural – Mas por que trato-res de potência menor que 50 cava-los não fazem parte do programa e nem os implementos agrícolas?

Sampaio – Os nossos técnicos avaliaram que a maior procura por parte dos produtores é para tratores

lança o seguro de renda. Como será?Sampaio – Acredito que o segu-

ro deve ser considerado item de consu-mo nas contas do produtor. Por isso, desde 2004, somos pioneiros em sub-vencionar o prêmio e ainda mantemos essa opção, onde o produtor pode pa-gar apenas 25% da apólice. O projeto de Seguro de Renda, programado para 2010, se diferencia do seguro agrícola porque não garante apenas a produ-ção, mas também o ganho. Quando o produtor toma o financiamento, auto-maticamente faz a opção de venda do produto no mercado futuro. O custo dessa operação, que se chama “prê-mio”, será subsidiado pela metade. Esse novo seguro deve beneficiar pro-

fabricantes, produtores, pesquisadores, enfim, dos integrantes do agronegócio.

PanRural – Para o senhor, a Agrishow deve permanecer em Ri-beirão Preto?

Sampaio – Ribeirão Preto é a capital do agronegócio, aqui está a sede da área de agronegócios do Banco do Brasil. Aqui residem grandes pro-dutores rurais que investem não só na região, aqui estão instalados escritó-rios de grandes grupos do agronegócio, como de multinacionais ligadas a área, e mais, Ribeirão tem tradição agrícola. Por isso tudo, defendo a permanência da Agrishow em Ribeirão. Sobre esse episódio, preciso salientar o empenho da prefeita Dárcy Vera para que a feira ficasse na cidade. A Prefeita foi uma verdadeira guerreira, lutou com todas as armas, mobilizou as lideran-ças. Incrível, recebi telefones de líderes políticos de todo o Brasil pedindo para que a Agrishow ficasse em Ribeirão. Também quero deixar claro, que não sou filiado a nenhum partido político, por isso, não tomo decisões pensando em favorecer um ou outro. O projeto da Cidade da Bioenergia apresentado por São Carlos é muito bom e defendo sua criação, tanto que nos colocamos à disposição para cooperar com sua realização. Mas, se, infelizmente, os organizadores da Agrishow optarem por sair, a feira vai ser mantida em Ribeirão Preto e será organizada por outras entidades.

PanRural – E o agronegócio e a crise econômica mundial?

Sampaio – A crise econômica afeta todos os segmentos, inclusive o do agronegócio. O maior problema é a falta de acesso ao crédito e também a falta de liquidez para tocar o negó-cio. Mas, sou um otimista incorrigível, acredito que alguns setores já deverão se recuperar ainda este ano. Não pode-mos esquecer o potencial do agronegó-cio brasileiro e do poder de superação dos produtores rurais.

”“A prefeita Dárcy Vera foi uma verdadeira guerreira, lutou com

todas as armas para manter a Agrishow em Ribeirão Preto

de 50 a 120 cavalos de potência, por isso, direcionamos o Pró-Trator para atender a essa faixa. No entanto, pas-samos a receber muitos pedidos de produtores e de fabricantes para libe-rar a entrada de tratores com menor potência. Já estamos estudando essa possibilidade e isso deverá ocorrer. Sobre os implementos, inclusive, aqui mesmo na Agrishow, o Chiquinho Ma-turro, da Tatu Marchesan, pediu-me a criação de um programa de juro zero para os implementos. Temos a inten-ção de criá-lo, porém, no momento, em decorrência da crise financeira, nosso orçamento para 2009 não permite, então esse programa não será criado imediatamente, mas também está nos nossos planos.

PanRural – O senhor é um de-fensor do seguro agrícola, e agora

dutores de café, soja, milho, feijão e criadores de boi gordo e será atrelado ao crédito de custeio, com cerca de R$ 150 milhões destinado a essa opera-ção. Imaginamos que São Paulo subsi-die 50%, o governo federal mais 25% e o produtor rural entre apenas com 25%. Também é um projeto inovador e está em fase final de elaboração.

PanRural – Qual a importância para o agronegócio a realização de feiras como a Agrishow?

Sampaio – É uma enorme con-tribuição para a difusão de novas tecnologias, facilitando o avanço da produção rural. A Agrishow é a mais importante feira de tecnologia agríco-la do País e uma das três maiores do mundo, assim, é o principal espaço para o produtor acessar conhecimen-to. É o maior ponto de encontro entre PR

Page 11: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 11

Page 12: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

12 Panorama Rural Junho 2009

Excede - Promessa de eficiência, sobretudo na fase de maternidade

Saúde suína

Foi lançado em abril deste ano no Brasil um novo antibió-tico de ação “extra-longa”

para utilização na criação de suínos. Trata-se do “Excede” que, como o próprio nome sugere, apresenta ação terapêutica prolongada de sete dias. A Pfizer - responsável pela colocação do produto no mercado – garante que

a novidade previne diver-sas doenças contagiosas além de reduzir índices de

resistência bacteria-na. A aplicação é

injetável, na pro-porção de 1 ml para cada 20 kg de animal.

A mosca, o detergente e a mandioca

Uma mistura de detergente líquido e água vem sendo utilizada por pequenos agricultores da região de Jardim, no Mato Grosso do Sul, para combater a incidência da mosca-branca em mandio-

cais. A orientação é do técnico agrícola Antonio Minari, coordenador do Projeto de Apoio à Produção Sustentável no Território da Reforma. A pro-porção do preparado é de 2% a 5% de detergente para um litro de água. A mistura, segundo ele, deve ser borrifada na parte baixa da planta onde ficam os insetos. A incidência da praga atrapalha o processo metabólico

Equilíbrio

Lucro aumenta e receita cai. Este é o perfil do balanço do grupo Kepler Weber no primeiro trimestre deste ano em comparação aos três primeiros meses de 2008. O desempenho deste ano apresentou

lucro de R$ 6,8 milhões, 30% superior ao mesmo período do ano passa-do. No entanto, a receita bruta de R$ 35,9 milhões foi 28% inferior ao primeiro trimestre de 2008 resultado, segundo a direção da empresa, da contenção de investimentos do agronegócio mundial em função da redução de liquidez. A Kepler produz, dentre outras coisas, silos e equipamentos para armazenagem de grãos.

Comunicação

A John Deere dividiu os atributos e responsa-bilidades do serviço de

relacionamento com a imprensa no Brasil. A partir de agora, a comunicação institucional da empresa fica a cargo da CDI Co-municação Corporativa. A comu-nicação dos produtos (máquinas, tratores e colheitadeiras, dentre outros) permanece sob a batuta da Engenho & Texto Comuni-cação. A John Deere é uma das principais empresas mundiais no fornecimento de produtos e ser-viços agrícolas.

Gripe suína não!

A denominação inicial de “gripe suína” para a virose surgida no Méxi-co e que se espalha pelo mundo, foi rebatida durante a realização da AveSui Regiões 2009 – feira da indústria de aves e suínos – no final de

abril, em São Paulo, SP. Esta expressão inicial foi reprovada por palestrantes, técnicos e executivos do setor, sob a argumentação de que não há plantel suíno infectado no mundo pelo fato do vírus ser transmitido entre os se-res humanos. A preocupação é em função de que o nome possa pro-vocar um colapso na suinocultura mundial. Segundo os organizado-res, a AveSui 2009 recebeu mais de 15 mil visitantes e movimentou negócios da ordem de R$ 300 mi-lhões.

AveSui 2009 - muita movimentação e polêmica com a gripe

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Mandioca_praga: As folhas da planta ficaram amareladas, sinal da presença do fungo.

e respiratório do pé de mandioca comprome-tendo a qualidade, o sabor e sua utilização industrial.

Div

ulga

ção

Page 13: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 13

Novo presidentePassados 60 anos após fundar as empresas Randon, no Rio Grande do Sul, o empresário Raul Ansel-mo Randon deixa o cargo de diretor-presidente do

grupo. No lugar assume seu filho mais velho, David Abramo Randon, de 49 anos. O patriarca, no entanto,

permanece na presidência do Conselho, órgão colegiado de direção da Companhia. A Ran-

Fale com o editor desta coluna: [email protected]

Div

ulga

ção

David Abramo, o novo diretor-presidente do Grupo Randon

don é uma empresa brasileira com unidades de montagem também no exterior. Suas es-truturas são responsáveis, dentre outras coi-sas, por boa parte do escoamento das safras brasileiras de grãos pelas rodovias.

Trem dos grãosEm recente visita ao Pantanal, o presidente da Ferroeste (Estrada de Fer-

ro Paraná Oeste S.A.), Samuel Gomes, confidenciou à “Panorama Rural” que o Governo do Mato Grosso do Sul vai assumir o custo da elaboração do projeto da ampliação da ferrovia no trecho que ligará Maracaju, MS a Cascavel, PR e, consequentemente ao Porto de Paranaguá. “Isso é um passo muito importan-te para a efetivação deste corredor de exportação”, garantiu. Enquanto isso, o presidente Lula anunciava, em Campo Grande, MS, a liberação de R$ 2,3 bilhões para a construção dos 450 km da ferrovia. A estrutura será utilizada, sobretudo, para o escoamento de grãos produzidos no Centro-Oeste.

Pantanal seco

O alerta está ligado. O Pantanal começa a atra-vessar o seu período

mais seco dos últimos 35 anos. Os proprietários rurais da região já sabem que existe o risco de perda de gado para quem não fizer reserva de água, sobretudo no alto Pantanal. Os rios já estão com níveis bem abaixo de suas médias, mas o pior ainda deve estar por vir uma vez que o pico da seca está previsto para agos-to. Além da carência de água, o frio também pode agravar a situ-ação de rebanhos. Outros efeitos previstos: aumento do número de focos de incêndio nas fazendas e redução do estoque pesqueiro nos rios. Já nas regiões mais bai-xas (geralmente alagadas) pode haver um aumento na área dis-ponível para pastagens.

Extensão ferroviária possibilitará escoamento de boa parte dos grãos produzidos no Centro-Oeste

Ariosto Mesquita

Rio Miranda, no Pantanal, no último dia 10 de maio - reduzido volume de água

Page 14: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

14 Panorama Rural Junho 2009

Com a governança corporativa o negócio étransformado em empresa e os herdeiros se tornam sócios

Osw

aldo

Mar

icat

o

Sucessão bem-sucedidaCelso Paraguaçu

Quando o empreendimento agro-pecuário atinge um porte tal que o proprietário perceba ser

o único capaz de conduzi-lo sozinho é hora de examinar a possibilidade de adotar a governança corporativa. A governança é um modelo desenvolvido para dirigir e monitorar as sociedades. O negócio é transformado em empre-sa e os herdeiros se tornam sócios. Os sócios – acionistas ou cotistas – com-põem um conselho familiar e elegem um conselho de administração. Este último será o principal agente da go-

vernança corporativa. Pode também haver um presidente da empresa (exe-cutivo) e um presidente do conselho de administração.

A governança define a estrutura, as regras de convivência – onde cada tema é discutido e o papel de cada um – e as diretrizes estratégicas da empre-sa. O conselho de administração é o fó-rum em que os interesses dos acionistas são transformados em diretrizes para a gestão corporativa. Logo abaixo vem a diretoria, com os gerentes necessários. A diretoria cuida da gestão corpora-tiva, ou seja, conduz as operações da empresa de acordo com as determina-

ções do conselho de administração. E tem de executar exatamente o que os acionistas decidiram.

A estrutura instituída pela gover-nança corporativa é uma via de mão dupla. De cima para baixo vêm as de-cisões do conselho de administração (CA), para que os executivos as po-nham em prática. De baixo para cima vêm os relatórios da diretoria. O CA avalia os resultados, verifica se o grau de risco é o adequado, e toma decisões para corrigir o que não estiver alinha-do com os desejos dos acionistas.

A governança envolve também o relacionamento dos sócios com os di-

O proprietário precisa definir como se dará a

condução do negócio

Page 15: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 15

versos públicos. Afinal, as decisões do CA afetam os funcionários, os sócios, os fornecedores, os clientes, a comuni-dade em que o negócio está instalado e até as relações com as três esferas de governo.

Diretoria bem informada – o consultor Luiz Marcatti, da Mesa Cor-porate Governance, lembra que a dire-toria tem de estar muito bem informa-da sobre os resultados que se pretende atingir. Só assim saberá o que pode ou não pode e o que deve ou não deve fazer. Na outra via, o CA tem de mo-nitorar o que o executivo está fazendo.

No recente episódio das quebras de instituições financeiras americanas, que deflagrou a crise mundial, houve falha de comando dos conselhos de ad-ministração. Talvez as diretorias não tenham prestado contas adequada-mente, mas os conselheiros deixaram de pedir explicações aos diretores. Os acionistas ganhavam muito dinheiro, os executivos recebiam grandes bonifi-cações e os conselheiros não abriam o bico. Quando o CA se cala, o executivo não muda o modo de operação. “Fal-tou governança corporativa”, senten-cia Marcatti.

Algumas empresas têm conselho de administração, diretores e geren-tes, mas não obedecem ao modelo de governança corporativa. Faltam-lhes o que Marcatti chama de “os quatro pilares da governança corporativa”.

O primeiro pilar é a transpa-rência – A administração cultiva o há-bito de informar. A comunicação não se limita aos balanços e balancetes de publicação obrigatória. Contempla to-dos os fatores que norteiam a ação da empresa e levam à criação dos valores. Quanto mais claras forem as regras do jogo, maior será a chance do time jogar do lado da administração. Se os funcionários não souberem qual o pro-pósito da empresa, se esta vai bem ou

não, se correm risco de perder o em-prego, não estarão comprometidos.

Empresas cujo dono era con-centrador e guardava para si todas as informações não se tornam transpa-rentes da noite para o dia. É preciso preparar a empresa aos poucos, para que chegue ao ponto de ser transparen-te e saudável. Se vai haver transparên-cia convém não haver sujeiras e coisas difíceis de explicar.

A equidade é o segundo pilar da governança. Todos os grupos são trata-dos de modo justo e igualitário, sejam acionistas minoritários, funcionários, clientes, fornecedores ou credores. Ati-tudes ou políticas discriminatórias são inaceitáveis, seja qual for o pretexto.

O terceiro dos quatro pilares é a prestação de contas. Os agentes da governança corporativa prestam con-tas de sua atuação a quem os elegeu e respondem integralmente por todos os atos que praticarem durante seus man-datos. Da mesma forma, os diretores prestam contas ao conselho de admi-nistração. “Prestar contas faz parte do jogo da governança”, diz Marcatti. Todavia nas empresas familiares é co-mum a prestação de contas desapare-cer quando há disputa de poder entre irmãos.

A responsabilidade corporativa é o quarto e último pilar da governança corporativa. Todas as ações decididas pelos acionistas têm em vista o que vai ocorrer quando forem postas em prática. Trata-se de prever como isso afetará os outros acionistas, os funcio-nários, os fornecedores, os clientes, o ambiente, a relação com órgãos gover-namentais, etc.

Os sócios têm de ter ampla visão da estratégia empresarial, sabendo para onde conduzem o negócio. Têm de pensar na geração de empregos na região em que a empresa atua, bem como na qualificação e na diversidade

agredindo o ambiente. A empresa com governança corporativa tem de ser um fator de desenvolvimento da região.

Pontos críticos do modelo – a governança corporativa não é uma desculpa para atender a exigências de algumas instituições. É um modelo formal muito sério, o mais complexo e abrangente do mundo empresarial. Os conselhos familiares e as assembléias de acionistas não podem ser confundi-dos com festas de confraternização da família. Quem tiver essa visão não está preparado para a governança corpora-tiva.

Separar papéis, por mais difícil que seja, é essencial. Uma coisa é ser acionista, outra é ser executivo. A mes-

“A diretoria tem de estar muito bem informada sobre os resultados que se pretende atingir”, salienta Marcatti

Div

ulga

ção

da força de trabalho. Cabeças bem pre-paradas são cada vez mais importantes que mais braços. Os recursos humanos oferecidos pela própria comunidade têm preferência na contratação. O de-senvolvimento científico não pode ser esquecido nem a melhoria da qualida-de de vida de todos os públicos envol-vidos. Não é boa política tratar bem os funcionários e prejudicar a sociedade,

Page 16: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

16 Panorama Rural Junho 2009

ma pessoa pode ter os dois papéis, mas há o local e o momento de exercer um ou outro. Como executivo, obedecerá às diretrizes do conselho de adminis-tração; como acionista dirá ao conse-lho que expectativas espera ver atendi-das. As relações familiares, da mesma forma, são diferentes das societárias.

Os acionistas precisam expressar suas expectativas com a máxima clare-za e têm de entender do negócio, para saber o que podem esperar. Só assim poderá haver consenso nas decisões. A unanimidade não é benéfica, pois a opinião contrária é que conduz à refle-xão. Mas as decisões precisam ter em vista o que for melhor para todos na busca do melhor resultado do negócio. E não para este ou aquele acionista.

As visões, os objetivos e a comu-nicação têm de estar perfeitamente alinhados entre os acionistas, os con-selheiros e a diretoria. Por mais ex-perientes e bem formados que sejam, executivos que não partilham o mesmo pensamento, a mesma visão e os mes-mos valores do conselho e dos acionis-tas não são indicados para a empresa. É preciso reconhecer o momento de substituir pessoas cujas características sejam incompatíveis com os planos da empresa.

A governança corporativa super-visiona o relacionamento da empresa com seus diversos públicos e avalia ris-cos. Um fornecedor que opere de modo irregular ou ilegal pode comprometer seriamente a imagem da empresa. Ademais, empresas que crescem atra-em olhares diferentes e investigativos. Pode-se plantar espadas-de-são-jorge em torno das lavouras, amarrar fitas vermelhas no pescoço do gado ou fazer qualquer outra simpatia contra olho-gordo, mas o que funciona mesmo é prever que impacto as decisões toma-das causarão na sociedade.

A gestão de riscos merece aten-

O gestor teme conseguir bons resultados para depois ver o filho do dono assumir a direção

ção especial. Atualmente há usinas que fazem exame médico dos cortadores de cana para saber de suas condições de saúde antes do início da colheita. A ocorrência de algumas mortes mudou a visão e a atuação dos empresários. O custo de certificar-se da boa saúde dos funcionários é menor que o risco de ser acusado de levar algum empregado à morte por exaustão.

As intenções que levam à go-vernança – a melhoria da competên-

cia no negócio é uma das mais fortes razões que levam ao modelo de go-vernança corporativa. A competência costuma ser expressa como profissio-nalização. Para alguns donos de negó-cios, profissionalizar é uma desculpa para demitir os parentes. “Mas não se trata disso”, diz Marcatti. Trata-se de definir as competências necessárias para que o negócio continue crescendo, e procurá-las na família, preferencial-mente. Se não houver na família as competências necessárias, será preciso procurá-las fora.

À medida que a empresa vai crescendo, a família cresce também.

As coisas começam a se misturar. O filho do dono leva um carro da em-presa para casa, um funcionário leva o neto do dono para a escola no car-ro da empresa, etc. A empresa acaba arcando com custos que não são seus. O caixa da empresa não deve pagar o supermercado da casa do proprietário. A separação entre o patrimônio e o ne-gócio é benéfica para a transparência da empresa e facilita a condução do empreendimento.

Em muitos segmentos de negó-cio a sobrevivência pode depender de se juntar a outro. São as fusões, aqui-sições, alianças e parcerias, que tive-ram papel importantíssimo no setor industrial há pouco mais de dez anos e agora chegam à agropecuária, co-meçando pelas usinas e fazendas de cana-de-açúcar. Entre ter concorren-tes muito fortes e juntar-se a outro em-preendimento para se tornar também um concorrente forte, a segunda opção é bem mais conveniente. Com a gover-nança corporativa as alianças são mais fáceis.

O crédito anda escasso nestes

Page 17: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 17

tempos, a despeito das ações do go-verno para aumentar a oferta. Mas há fundos de pensão, private equity, BN-DES e algumas outras instituições com interesse em participar de alguns pro-jetos. Tais instituições não têm interes-se em negócios individuais; preferem uma empresa estruturada, com visão de futuro, que age de forma transpa-rente, ou seja, que tenha adotado o mo-delo de governança corporativa.

Outra forma de aumentar o capi-tal da empresa é lançar ações na bolsa de valores. E a Comissão de Valores Mobiliários exige o modelo de gover-nança corporativa. Muitos modelos fo-ram criados a toque de caixa, porque o banco de investimentos informou que se perdessem determinada oportunidade seria tarde demais. Como consequência, há vários arremedos de governança, fei-

tos para cumprir uma exigência e não para promover o crescimento do negó-cio. Não se confunda lambança compa-rativa com governança corporativa.

Particularmente no caso das empresas familiares é grande a difi-culdade para atrair e manter gestores competentes. Como as regras não são claras, o profissional não sabe o que orienta as decisões do proprietário. Teme dedicar-se à empresa, conseguir bons resultados, para depois ver o filho do dono assumir a direção.

O processo sucessório é outra forte razão para a adoção do modelo, no caso de empreendimentos agrope-cuários de grande porte. Com vários herdeiros como cotistas, o negócio começa a requerer uma estrutura ad-ministrativa mais atual. A necessidade se acentua quando há várias frentes de

atuação, como produção de grãos, pe-cuária e cana. Muitas vezes o patriar-ca investiu também em agroindústrias, transportadoras, revendas de máqui-nas e outras atividades do agronegó-cio. A governança corporativa facilita a integração de todos os negócios do grupo, mantendo-o coeso.

Há livros e mais livros sobre a governança corporativa. Seria muita pretensão querer explicá-la toda neste espaço. O que parece certo é o aumen-to de proprietários rurais recorrendo a esse modelo para solucionar a sucessão familiar, sobretudo se houver aprova-ção do Simples Rural. Luiz Marcatti lembra, no entanto, que a governança corporativa é um processo e não um evento. A implantação do modelo leva no mínimo um ano e pode passar de três. PR

Page 18: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

18 Panorama Rural Junho 2009

Walter do Valle

Quem viu a primeira piranha foi o Talo. Ferrou um cachara, tava tirando quando a piranha

atacou. No salto do desespero para escapar do cardume, o peixe trouxe

consigo algumas piranhas pra cima. E o pescador viu a cena do horror: seu peixe em pedaços virar cabeça e espi-nha. Era só o começo. Quem olhava o rio Miranda não acreditava que sob águas tão serenas havia um exército do maior predador do Pantanal. Pira-

nhas pequenas, médias, taludas, um palmo de beleza prateada e dentes em serrilha, dezenas, centenas, milhares. Seria piracema de piranha? Ou ha-viam combinado um encontro naquela curva de rio?

– Nunca tinha visto nada igual,

Piranha: o maior predador do Pantanal

piranha, a horado espanto !!!

Arquivo Walter do Valle

Page 19: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 19

disse Batata, sócio e parceiro do Talo. Era só ferrar peixe e a piranhada dava em cima. Não conseguimos tirar um pacu, um pintado inteiro: chegavam faltando pedaços, sangrando. Barba-do de 8 kg veio no puçá pela metade.

A turma de São José do Rio Pre-to e Votuporanga era grande, estava em três chatas. A jornada prometia: a água estava turva, boa pra peixe de couro. “Água suja, isca branca, água limpa, tuvira como isca”, ensi-nou Taiadeira, um dos pirangueiros da região. Quando o coronel Romei-ro fisgou um pacu de 4kg e ele veio com uma piranha pendurada no rabo, Taiadeira rolou de rir. Mas a coisa não era pra rir.

“Cuidado, gente, ninguém na água. Nem pra lavar as mãos!”, gritou o negro Beiçada. “Melhor a gente ir embora, procurar ou-tro ponto de rio”, sugeriu Simão. “Esse troço dá medo!”

– Que nada, respondeu Taiadeira. Quando o peixe fer-

rar, tira rápido! Aí a piranha dança...

Todos tentaram, mas o ataque era geral, orquestrado, e abarcava raio de dois quilômetros. De onde te-ria saído tanta piranha?

Subimos o rio na esperança de paz, mas o piranhal bateu atrás. Ou seriam outras, posicionadas pra aca-bar com a gente? O doutor Fuza gri-tou de longe: “É melhor voltar para a chalana, gente! Estou com os nervos à flor da pele!” Mas Talo, excitado, meio dividido entre sumir e ficar, co-meçou a brincar com a tragédia: fer-rava peixe e ficava esperando a pira-nha atacar. Aí um puxão e trazia, a

céu aberto, barbado e piranha voando pra todo lado. “Vamos ficar mais um pouco, não é todo dia que acontece esse troço. Quero ver mais!”, falou. E as piranhas atacando.

Finalmente, Taiadeira conven-ceu a turma a recolher a chata onde estavam quatro dos onze companhei-ros. E foi assistir à luta de longe, do alto da segurança da chalana Jandira. Engraçado: lá de cima o Miranda pa-recia um lago na calmaria da super-fície. Mas sabíamos o que havia por baixo do falso espelho: uma legião de piranhas do Pantanal, redondas, um

palmo de voracidade. Graças a Deus ninguém se feriu, mas o tema da volta foi um só: o que teria levado as pira-nhas a se reunir naquela curva de rio? O promotor José Vieira, especialista em causa e efeito, achou que os cul-pados eram os caçadores de jacarés: “Jacaré come piranha, e sem jacaré piranha é que nem coelho pra pira-nhar o rio!”. Mas o barranco desmen-tia o homem dos tribunais: dormindo de boca aberta no areião jeitoso, cen-tenas de jacarés tomavam banho de sol. Estariam eles também com medo das piranhas prateadas?

Taiadeira e um peixe devorado pelas piranhas. Só ficaram cabeça e rabo

Arq

uivo

Wal

ter

do V

alle

PR

Page 20: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

20 Panorama Rural Junho 2009

* Luiz Aubert Neto

As grandes mudanças da huma-nidade em geral, e das pessoas em particular, sempre ocorrem

por dois motivos: pelo amor ou pela dor.Acredito que a dor causada pela

crise que o País vem atravessando está antecipando um período de grandes mu-danças e quero, nesta edição, fazer um apelo.

O governo e a sociedade civil or-ganizada precisam se sensibilizar com as perdas do País e, em especial, dos se-tores produtivos, que são geradores de empregos e riquezas.

Precisamos de mudanças rápidas. Necessitamos de medidas que compen-sem as dificuldades que nos são impos-

OPINIÃO

O que nós podemos fazer?

“A participação

da indústria

brasileira no PIB,

por exemplo,

registra queda

desde o início dos

anos 80”

tas. No caso específico do setor de bens de capital, temos investido tempo, ener-gia e recursos financeiros no sentido de criar uma massa pensante capaz de sugerir medidas que possam, de certa forma, minimizar os danos às empresas do nosso setor.

Precisamos que o governo nos ouça, que viabilize algumas mudanças de forma efetiva, pois um recente e im-portante estudo desenvolvido pelo grupo de Competitividade da nossa entidade apresenta dados alarmantes, referentes ao desempenho da indústria brasileira nas últimas décadas. A participação da indústria brasileira no PIB, por exem-plo, registra queda desde o início dos anos 80, sendo que a participação da indústria de bens de capital no PIB, teve

queda, passando de aproximadamente 45% para cerca de 23% em 2005.

Temos que considerar que, na prática, esses números apenas refle-tem o processo de desindustrialização imposto pela equivocada política eco-nômica do nosso País, que continua, há décadas, prestigiando o mercado finan-ceiro, em detrimento do setor produti-vo. O fato é que o nosso País parou no tempo em termos de investimentos em desenvolvimento tecnológico, inovação e capacitação da mão de obra, situação agravada pela pesada carga tributária que recai sobre o setor produtivo, afinal nunca é demais ressaltar que somos o único País que tributa investimentos, além de possuir uma das maiores taxas de juros do mundo.

Page 21: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 21

”“Precisamos que o

governo se sensibilize e

desonere o investimento

produtivo nesse País Segundo dados do IBGE, nos úl-

timos dez anos, o investimento médio no setor de bens de capital no Brasil (Formação Bruta de Capital Fixo) foi de 16,9% do PIB, ficando atrás da mé-dia da América Latina (18,7%) e mui-to abaixo da média mundial (23,7%). Comparado aos demais países consi-derados como emergentes (Rússia, Ín-dia e China), o Brasil investiu menos da metade, uma vez que esses países investiram, em média, 34% de seus PIB’s na industrialização. Sempre digo e repito: Não existe país desen-volvido que não tenha setor de bens e capital desenvolvido. E, na realidade, estamos indo na contramão de outros países, como por exemplo, a Coréia do Sul, Índia e China, que desenvolveram sua indústria e aumentaram a renda da população.

A realidade do empresário de bens de capital no Brasil é composta por ju-ros altos, carga tributária excessiva, uma política cambial desfavorável e, o

”“O nosso País parou no

tempo em termos

de investimentos em

desenvolvimento

tecnológico, inovação e

capacitação da mão de obra

mais grave de todos os males, a falta de investimento em educação. Essa fór-mula aplicada ao longo de décadas está conduzindo o País a uma desindustriali-zação que acaba com um parque insta-lado e desemprega milhares de pessoas. Para lembrarmos, no ano passado, o Brasil pagou mais de R$ 168 bilhões de reais somente com juros da dívida, e menos de 5% desse valor com educa-ção, e menos ainda com investimentos em infraestrutura. Como podemos ter um Brasil forte, um futuro digno para nossa população, com uma formula per-versa como essa?

Mas temos alternativas, ainda há tempo. E é nisso que estamos nos de-bruçando, com a realização de estudos fundamentados e sugestões de propos-tas factíveis para mudar o rumo do nos-so País.

Temos buscado alianças e pre-cisamos que o governo se sensibilize e desonere o investimento produtivo nesse País. Ninguém compra máquina por status, as máquinas servem para produzir, para gerar emprego, riqueza e, mais do que tudo, promover o desen-volvimento.

Sendo assim, se nesse momento de crise, não conseguirmos iniciar um processo de mudança nessa estrutura, que vem nos condenando durante déca-das a termos índices de desenvolvimen-to humanos abaixo de qualquer crítica, continuaremos a ser o país das oportu-nidades perdidas.

Ainda há tempo!

* Luiz Aubert Neto Presidente do Sistema Abimaq

(Abimaq, Sindimaq e Trademaq)

Lucas Mill

O que nós podemos fazer?

Page 22: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

22 Panorama Rural Junho 2009

O país da agroenergia

O potencial brasileiro para produzirbiocombustíveis e elevar a produção de alimentos

Luci

ana

Pai

va

Luciana Paiva

Nos três primeiros dias deste mês de junho, a capital pau-lista vai se transformar no

palco para o principal evento interna-cional sobre etanol - o biocombustível

mais utilizado do mundo. O Ethanol Summit está em sua segunda edição e é um seminário bianual promovido pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), principal entidade representativa do setor. Quase 150 palestrantes do Brasil e de todos os

continentes participarão de 25 pai-néis e seis sessões plenárias. O evento contará com a presença do presidente Lula, de José Serra, governador de São Paulo, e de Bill Clinton ex-presi-dente dos Estados Unidos.

Clinton criou a Fundação William

O girassol possui 38% de óleo na semente e sua torta

não é tóxica: bom candidato para a produção de biodiesel

Page 23: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 23

J. Clinton, um dos projetos da Funda-ção reúne lideres globais para desen-volver e implementar soluções inova-doras para alguns dos problemas mais graves do mundo, entre eles, o aque-cimento global e a geração de alimen-tos. Dois temas que envolvem direta-mente a produção de biocombustíveis. O assunto é tão relevante, que em uma das plenárias do Ethanol Summit a discussão será: A agricultura poderá abastecer o mundo com alimento e combustível? Quem responderá a esta e outras questões é Kjell Aleklett, físi-co e professor do Departamento de Fí-sica, Astronomia e Sistemas Globais de Energia da Uppsala University. Aleklett participou de um estudo que avalia o total de energia oriunda da agricultura disponível para o mundo.

Enquanto o mundo apresenta dúvidas se é possível produzir alimen-tos e energia, pesquisadores brasilei-ros têm certeza de que o Brasil é um dos países com maior potencial para a produção de combustíveis a partir de biomassa. Aqui ainda há muito a ser aproveitado, pois, atualmente, o País explora menos de um terço de sua área agriculturável, o que constitui a maior fronteira para expansão agríco-la do mundo, cerca de 150 milhões de hectares. Desta forma, temos a possi-bilidade de incorporar novas áreas à agricultura para geração de energia sem competir com a agricultura para

alimentação e com impactos ambien-tais limitados ao socialmente aceito.

O Brasil é campeão – Frederico Durães, chefe geral da Embrapa Agro-energia, salienta que o Brasil detém a maior diversidade biológica do mundo (Floresta Amazônica, Mata Atlânti-ca, Caatinga e Cerrado), diversida-de de clima e de solo, além de poder contar com água, área, sol e equipes de excelência, nas áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação agro-nômica e de processos de conversão industrial. “O mundo pede mudanças na sua matriz energética, não é mais possível ficar dependente de combus-tíveis fósseis. O biocombustível é uma alternativa totalmente viável, o nosso etanol de cana-de-açúcar é a melhor prova concreta sobre isso”, afirma.

Segundo Durães, o Brasil apre-senta 851 milhões de hectares, dos

quais de 350 a 400 milhões são con-siderados agricultáveis, a agricultura ocupa 65 milhões, desse total, 23,5 milhões são ocupados por soja e 8,5 milhões por cana. Da soja tira-se o óleo comestível, o farelo e ainda as-sim, é responsável por 80% do bio-diesel produzido no País. No Brasil é consumido 40 bilhões de litros de diesel por ano, a adição de biodiesel é de 3%, então são 1,5 bilhão de litros de biodiesel, desse total 1,2 bilhão de litros é proveniente da soja. Da cana são produzidos 28,5 bilhões de litros de etanol e mais 32 milhões de tone-ladas de açúcar. Isso significa que não plantamos soja apenas para produzir biodiesel e nem cana só para produzir etanol, temos capacidade tranquila-mente para fazer as duas coisas e va-mos aumentar muito a produção, seja com o aumento de área, seja com o avanço tecnológico permitindo maior produtividade e maior eficiência in-dustrial”, explica Durães.

A agroenergia é muito ampla – Durães observa que a agroenergia é muito ampla, a Embrapa Agroe-nergia, criada em 2006, desenvolve estudos na produção de etanol, bio-diesel, biogás, florestas energéticas e resíduos agropecuários e florestais,

“Certamente podemos chamar o Brasil de país da agroenergia”, afirma Frederico Durães, chefe geral da Embrapa Agroenergia

Arq

uivo

Em

brap

a

A soja responde por 80% do biodiesel produzido no Brasil

Page 24: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

24 Panorama Rural Junho 2009

mas cada um desses tópicos apresen-tam várias vertentes, por exemplo, no caso do etanol, existem o de cana, de grãos, celulósico...

O objetivo das pesquisas é apu-rar as alternativas economicamente viáveis, socialmente responsáveis e ambientalmente corretas, ou seja, que apresentem os princípios da sustenta-bilidade. O fundamental, alerta Du-rães, é o investimento e a continuida-de das pesquisas, pois, vários países, apesar de aparentemente “torcerem o nariz” já estão “de olho” nos bio-combustíveis como alternativa para crise do campo, diversificando merca-dos, melhorando a rentabilidade dos produtores de grãos, cana e outras oleaginosas; e para a crise ambiental, visando a diminuição da emissão de gases de efeito estufa.

Segundo estimativas da Interna-tional Energy Agency (IEA), pode-se prever que 20% de decréscimo nas emissões desses gases, até 2030, virá por conta do aumento do uso de com-bustíveis renováveis, como o etanol e o biodiesel brasileiros.

O exemplo concreto do etanol – em 30 anos, o Brasil desenvolveu o maior e melhor projeto de combustí-

vel renovável do mundo, o etanol de cana-de-açúcar tem uma redução con-firmada de até 90% de emissões de gases de efeito estufa em comparação com a gasolina. Hoje, mais de 90% dos veículos novos vendidos no País são com a tecnologia flex que permite abastecer com álcool ou gasolina ou os dois. Tecnologia brasileira.

A produção de etanol da cana também é uma tecnologia brasileira, mas nos últimos tempos, depois que os

celulose, que, ao invés da cana ou do milho, pode vir de inúmeras fontes - de cascas de árvores, resíduos vege-tais e capim, a pneus e lixo urbano. “Os americanos estão excitados pela tecnologia de segunda geração porque não têm cana-de-açúcar nos EUA. Querem mostrar que a tecnologia atu-al não tem futuro”, explica o profes-sor.

Ele destaca que mesmo no Bra-sil, os investimentos em busca do etanol celulósico já consomem entre R$50 e R$100 milhões por ano em pesquisas, enquanto os valores inves-tidos só nos Estados Unidos atingem centenas de milhões de dólares. Gol-demberg defende que a chegada do etanol de segunda geração não de-cretará o fim da tecnologia existente, como alguns imaginam. “Há muita área no mundo que poderia aumen-tar a plantação de cana, assim como países que hoje praticamente só pro-duzem açúcar, como África do Sul e Colômbia, que poderiam se voltar também para o etanol”, sugere o pro-fessor.

A cana produz biocombustível e gera alimentos – o sucesso do eta-nol despertou a ira de seus concorren-tes, e passou a correr o mundo a no-tícia de que a cana rouba espaço dos alimentos. Apresentamos dois exem-plos de que se pode produzir cana e cereais na mesma área. Desde a déca-da de 80, os produtores de cana da re-gião de Ribeirão Preto optaram pelo amendoim como opção de rotação de cultura na época de renovação dos ca-naviais. Quando o preço do amendoim está bom, o lucro cobre os custos de implantação do canavial, ou no míni-mo a redução de custos é de 30%.

Segundo Denizart Bolonhezi, engenheiro agrônomo e pesquisador

O pinhão manso é uma das culturas em estudo para a produção de biodiesel. As pesquisas demoram cerca de 10 anos para apresentar resultados, por isso, é preciso dar tempo aos pesquisadores

Luci

ana

Pai

va

holofotes se voltaram para o etanol, começou-se a falar que essa tecnolo-gia é ultrapassada, o negócio é o tal do etanol de segunda geração, muito mais eficiente. No entanto, um estudo realizado pelo o físico José Goldem-berg, ex-ministro da ciência e tecnolo-gia e hoje professor e pesquisador da Universidade de São Paulo, mostra que ainda há muito espaço para cres-cer com a atual tecnologia empregada pelas usinas brasileiras.

Goldemberg sentiu a necessida-de de examinar o tema ao constatar que existe um grande movimento nos Estados Unidos e na Europa a favor de investimentos na tecnologia de se-gunda geração, ou a busca pelo cha-mado etanol celulósico. Neste caso, o combustível é produzido a partir da

O etanol da cana-de-açúcar tem uma redução confirmada de até 90% de emissões de gases de efeito estufa em comparação com a gasolina

Div

ulga

ção

Page 25: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 25

do Pólo Regional do Centro Leste co-ordenado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), essa prática permite a melhoria da fertilidade do solo, por meio do for-necimento de nitrogênio para cana seguinte; redução da população de ne-matóides; diversificação da renda do agricultor; e o auxílio no controle de plantas daninhas na cana seguinte.

Na região de Ribeirão Preto o amendoim ocupa aproximadamente uma extensão de 40 mil hectares, e apenas é cultivado em áreas de re-novação de cana, a cada ano, apro-ximadamente 20% dos canaviais são

Feijão Doce – na mesma região, pesquisadores e produtores investem na prática de cereais, mais especifica-mente feijão, nas entrelinhas da cana. O projeto chama-se Feijão Doce, e uti-liza a variedade IAC Alvorada.

O experimento pioneiro iniciou em agosto de 2008 em parceria com o proprietário José Luiz Balardim, na Fazenda São José, em Barrinha, SP, e tem apresentado resultados prelimi-nares aceitáveis. O feijão é plantado

testada em canavial de três cortes foi plantada em área irrigada, no siste-ma de plantio direto sobre palhada de cana crua, pois dispensa técnicas de revolvimento do solo.

O pesquisador Denizart informa que a meta do projeto é transformar essa região produtora de cana em também produtora de alimentos. “O ‘Feijão Doce’ prevê o cultivo do ali-mento em meio aos canaviais em cres-cimento. Uma prova de que é possível

Na próxima edição terá sequência o tema O país da agroenergia,

com destaque para a sojana produção do biodiesel.

Cana-de-açúcar: alimento e energia

Arq

uivo

renovados. A região é responsável por 40% da produção nacional de amendoim, o Estado de São Paulo é o maior produtor do Brasil e este ano a produção foi superior a 5 milhões de sacas (25 kg).

Além da diversificação de renda, o cultivo de amendoim nas áreas de reforma da cana ajuda na reciclagem de nutrientes do solo e na fixação do nitrogênio

Variedade Alvorada do IAC: o feijão doce

O feijão é plantado nas entrelinhas da cana

Arq

uivo

IA

C

Luciana Paiva

na entrelinha da cana e tem um ciclo de 90 dias. De acordo com o pesqui-sador Denizart, o projeto objetiva analisar o desempenho das lavouras e fornecer dados para os canavicultores que desejam iniciar a produção em consórcio em suas propriedades.

Benefícios – de acordo com o engenheiro agrônomo e também pes-quisador do Pólo Regional do Centro Leste/APTA, José Roberto Scarpelli-ni, esse cultivo pode trazer vários be-nefícios. “Acrescenta nitrogênio natu-ralmente na cultura da cana, o preço é vantajoso e utiliza melhor a área”, esclarece. A cultura que está sendo

produzir etanol e na mesma área ali-mentos, assim combatemos as críticas internacionais”, observa.

Page 26: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

26 Panorama Rural Junho 2009

Walter do ValleFotos: Toninho Cury

Em 1998 a loirinha Alessandra Tavares, normalista, 17 anos, se apaixona perdidamente

por um leãozinho que tinha acabado de nascer no Circo Sandriara, esta-cionado na pequena cidade de Adol-fo, região de São José do Rio Preto. Alessandra tira do banco a minguada poupança, R$ 1.600, e compra o ca-çula da leoa Adelaide, batizando-o com o nome de Simba.

Alessandra mora num sobrado sem quintal, perto da praça da ma-

procura-se um leão, desesperadamenteQuem tiver notícias de Simba, por favor, entre em contato com Alessandra ou com nossa redação

Alessandra e o leãozinho Simba:

paixão infantil

Alessandra tirou o dinheiro da poupança para comprar o leãozinho

Page 27: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 27

triz, com os pais, Romildo e Donân-cia, mais um casal de irmãos. Claro, o leãozinho é criado dentro de casa. No começo, mamadeira. Dez mamadeiras por dia. Simba cresce, deixa a mama-deira e passa a comer carne. Muita carne.

Aos oito meses já é um leãozão. Adora Alessandra. De dia rola com ela pelo chão, à noite dorme na cama dela o sono dos justos, abraçado a prote-tora. E o óbvio acontece: vizinhança com medo, Simba liberando instintos, urros varando a madrugada. Cartei-ro com medo de esticar a mão para deixar a correspondência. Pânico na outrora pacata Vila Adolfo.

Claro, chamam a polícia. Claro, fazem um BO (Boletim de Ocorrên-cia). Mas Simba não fez nada, não ameaçou ninguém. Por que tanta per-seguição?

Na verdade o leãozinho só apronta dentro de casa. Acaba com os pratos, quebra a cristaleira de dona Donância, destrói a mordidas a cadei-ra do papai Romildo, o sofá de couro da sala de visitas. E dá “carreirão” no coitado do papagaio Mané, que não tem mais sossego.

Não é caso de polícia, é para o Ibama – a polícia quer saber o que se passa. Mas não vê. Nenhum machão entra na casa para encarar o leão. O delegado deixa barato: “Isso não é caso de polícia, é caso do Ibama”. E vem o Ibama. Mas nem o Ibama tem coragem de entrar na casa do leão, digo, dos Tavares. O veredicto: “Não temos nada com isso! Leão não é da fauna brasilei-ra!”, sentencia o agente. E Simba continua numa boa, quebrando pra-tos, mordendo sofá, perseguindo o papagaio Mané e rolando pelo chão com Alessandra.

O tempo é cruel, muito cruel. Simba cresce nos braços de Alessan-

dra, mas a vizinhança anda cabreira, assustada com urros na calada da noi-te.

Simba vai para o frigorífico Bertin – a pressão aumenta, a famí-lia, aos prantos, resolve doar o leão-zinho que virou leãozão. Mas para quem? Do nada aparece o dono do Frigorífico Bertin, de Lins. Vem com jaula, ferros e capangas. E leva, na marra, Simba pra sua fazenda.

Não devia ter levado: longe dos carinhos de Alessandra, Simba vira o inferno. Ataca quem chega perto, re-fuga carne de primeira, faz greve de fome como Garotinho e Evo Morales. E entra em profunda depressão.

Sete dias depois Bertin dá a or-dem: “Devolvam o demônio à bonita garota! Já!”

Simba é recebido com festa, bolo e queima de fogos. A felicida-de volta ao lar dos Tavares. Mas por pouco tempo. A vizinhança, de novo, faz cara feia e um abaixo assinado: “Fora Simba! Fora leãozinho que vi-rou leãozão!”

Pressão, muita pressão. Sob chuva de lágrimas Alessandra doa Simba ao zoológico de Andradina.

A viagem é de 200 km, demora duas horas. E Simba é recebido com festa por três lindas leoas que lhe fazem a corte. Que leoa, que nada! Simba quer Alessandra, paixão infantil. Espanta as parceiras com patadas e urros que fazem tremer o viaduto. E mergulha no silêncio dos inocentes, resignado com a sina da maldição. “Diga ao povo que fico, mas não esperem ale-gria!”

A distância aumenta a angús-

O leãozinho vai se transformando

em um leãozão

Page 28: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

28 Panorama Rural Junho 2009

tia. E Alessandra vai ao encontro da paixão. Uma, duas, 20 vezes. As visitas transformam a fera em bichi-nho dócil, quase de pelúcia. Ao re-dor, aves, feras, muares, e roedores não acreditam no que vêm: família Tavares dentro da jaula trocando carícias com Simba. Que é só feli-cidade.

Separados pela distância – claro, não há bem que sempre dure, não há mal que não se acabe. Nem Rockfeller teria cacife pra bancar viagem de carro todo fim de semana. Realidade cruel: Simba está só e Ales-sandra tenta esquecer.

Mas nem o tempo apaga a tris-teza. As noites de Alessandra são de choro e angústia. As de Simba,

de amargor atroz. Os anos passam, o zôo de Andradina manda Simba embora. Pra que vale um leão triste e melancólico? Crueldade: Simba viaja e não avisam Alessandra. A professorinha não sabe para onde foi sua paixão. Chega ao zôo e en-contra a cela vazia. Um torpor en-volve a moça, que chora um pranto assustador. Quer saber para onde foi o leãozinho que criou na mama-deira. Mas ninguém lhe diz. Mal-dade? Ignorância? Ninguém conta

para onde Simba foi despachado de mala e cuia.

Alguém chuta: “A fera está no zoológico de Leme, entre Ribeirão Preto e São Carlos.” E é para lá que viaja a professorinha. Decepção, o leão da jaula não é Simba, é um ou-tro qualquer. Um biólogo jura que o leão veio de Americana e atende pelo nome de Corisco. A moça chora, mas o choro não salva o leite derramado. Simba está sumido e ninguém pode fazer nada.

Ajudem, por favor – Alessan-dra Tavares, diretora de escola, 27 anos, bonita e solteira, procura Sim-ba, desesperadamente. Está tensa, nervosa, estressada. E jura: enquanto não encontrar Simba, não terá sosse-go.

Por isso, amigo leitor, se você souber do paradeiro de um leão lindo, olhos cor de mel, juba escarlate, den-tes perfeitos e dois metros de múscu-los e de fúria, ligue para Alessandra em Barueri: (11) 8453-8011 ou para a redação da Panorama Ru-ral (16) 3620-0555. Quem achar o Simba e nos avisar em primeira mão, ganha por um ano a assina-tura da revista. Só achando o leão a loirinha terá paz.

A população reclama e Simba vai para o zoológico de Andradina

Só achando o leão a loirinha terá paz

PR

Page 29: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 29

Page 30: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

*Mauro Osaki

Na hora da decisão do semeio de milho e/ou de soja, produtores brasileiros atentam-se às mo-

vimentações do mercado internacional dessas commodities. O clima em lavou-ras norte-americanas ou argentinas, por exemplo, pode impactar fortemente nos preços internos do milho e da soja. Além disso, a oferta e a demanda mundiais de

E c o n o m i a

Haja produtividade paracobrir custos nesta safrinha!

O clima em lavouras norte-americanas ou argentinas, por exemplo, pode impactar

fortemente nos preços internos do milho e da soja

determinados insumos também influen-ciam o poder de compra do produtor e, portanto, sua decisão sobre plantio.

O primeiro semestre de 2008 foi marcado por sucessivas altas no merca-do internacional de milho. O impulso vi-nha da maior demanda, principalmente da China – por proteína animal – e dos Estados Unidos – para produção do eta-nol. Com isso, o contrato futuro do milho com vencimento em Março/08, negocia-

do na CBOT (Chicago Board on Trade), teve média de US$ 4,89/bushel ou de US$ 11,54/saca de 60 kg em janeiro/08. A notícia da maior enchente dos últimos 120 anos na região de Iowa (EUA) no início da produção de grãos também mo-tivou altas expressivas em junho do ano passado, quando o contrato Julho/08 da CBOT atingiu os US$ 6,99/bushel ou US$ 16,51/saca de 60 kg.

Já no segundo semestre de 2008,

Figura 1. Evolução do primeiro vencimento do contrato futuro do milho na CBOT

Fonte: CBOT – elaborado por Cepea-Esalq/USP

Page 31: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

os preços internacionais do milho recu-aram, por conta da crise imobiliária dos Estados Unidos. O movimento de baixa do cereal foi intensificado quando o se-nado norte-americano recusou o primei-ro pacote de ajuda bilionária aos agentes financeiros daquele país. Tal a decisão gerou grande incerteza no sistema fi-nanceiro mundial, escassez de crédito, elevação da taxa de juro para emprésti-mos, aumento na exigência ou garantia para o empréstimo, desvalorização do câmbio com a saída de capitais de paí-ses em desenvolvimento para compra de títulos mais seguros e desconfiança so-

bre o desempenho da economia mundial. Nesse cenário, o primeiro vencimento do contrato futuro do milho passou de US$ 5,48/bushel em setembro 2008 para US$ 3,76/bushel em março/09, queda de 30,3% no período.

No Brasil, o agravamento da crise no final de 2008 dificultou as negocia-ções de milho, visto que coincidiu com o período de compra de fertilizantes e outros insumos para o plantio da safri-nha. No momento de decisão do plantio (segundo semestre de 2008), o preço interno do milho registrava sucessivas quedas, ao passo que os valores dos fer-

tilizantes estavam elevados. Em Sorriso, MT, de agosto a novembro de 2008, quando geralmente é verificado grande volume de compras, poucos agriculto-res adquiriram maiores quantidades de insumos. As aquisições para a safrinha foram intensificadas apenas em dezem-bro de 2008 e janeiro de 2009.

Com a supervalorização dos insu-mos e com a queda nos preços do mi-lho, o poder de compra de produtores diminuiu no segundo semestre de 2008. Entre julho e setembro/08, o produtor de Sorriso precisava de 25 a 29 sacas de milho para adquirir 200 kg do adubo

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Figura 2. Relação de troca entre saca de 60 kg de milho e 200 kg de adubo 08-18-18 na região de Sorriso (MT)

Haja produtividade paracobrir custos nesta safrinha!

Page 32: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

32 Panorama Rural Junho 2009

08-18-18 para a base do plantio (quanti-dade por hectare usual nesta região), de 10 a 14 sacas a mais em relação à média das últimas três safras, de acordo com cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq, USP.

Já o produtor que deixou para ad-quirir na última hora (janeiro e feverei-ro/09), conseguiu melhores relações de troca que aqueles que tomaram decisão em agosto e setembro de 2008. Ainda assim, piores que a média das três safras anteriores – por volta de 15 sc/200 kg. Em janeiro e fevereiro de 2009, foram necessárias 24 e 18 sacas de milho, res-pectivamente, para a compra de 200 kg do adubo 08-18-18 que seria usado na safrinha na região de Sorriso, segundo pesquisas do Cepea. Em março, a troca se dava por 22 sacas.

Além do adubo utilizado na base do plantio, produtores acrescentaram o fertilizante nitrogenado, sementes de média e/ou alta tecnologia, atrazina (herbicida) e dois inseticidas (lufenuron e metamidofós) para compor a cesta míni-ma para o semeio do milho safrinha nas regiões de Sorriso, Cascavel, PR e Rio Verde, GO, entre novembro/08 e janei-ro/09 (Tabela 1).

Desse modo, considerando o valor médio da saca de milho em no-vembro/08 (decisão de plantio), de R$ 10,62/sc, em Sorriso, o produtor dessa região teria que atingir uma produtivi-

dade de 80,2 sacas de 60 kg de milho para cobrir os custos com a cesta citada - não foram incluídos gastos com diesel, mão-de-obra, tributos e frete. A produ-tividade média das últimas cinco safras na região, no entanto, é 61 sacas/ha, segundo o IBGE.

Em novembro/08, somente o ferti-lizante para base e o nitrogenado com-prometeram 73,04 sacas, 19,72% a mais que a produtividade média das úl-timas cinco safras. Por outro lado, pro-dutores que arriscaram comprar a cesta de insumos em janeiro/09 foram favore-cidos. Isso porque foram necessárias 21 sacas de milho para a aquisição da cesta, 26,25% a menos que em novembro/08. Com isso, em janeiro, bastaria a produ-ção de 59,11 sacas por hectare para co-brir esse custo.

Já se considerado os gastos com diesel, mão-de-obra, tributos e frete, pro-dutores teriam que aumentar fortemente a produtividade ou os preços do milho te-riam que registrar expressivas altas.

Em Cascavel e em Rio Verde a aplicação de adubo na base é, geralmen-te, de 300 kg de 08-20-20 por hectare e de 350 kg de 08-20-16 por hectare, respectivamente. Assim, o comprometi-mento da produção com fertilizante bá-sico também é relativamente alto nessas regiões. Em novembro/08, por exemplo, produtores de Cascavel precisaram de 39,95 sacas de milho por hectare para a aplicação de adubo na base e de 39,37

sacas em Rio Verde – naquele período, a saca de milho era negociada a R$ 15,44 em Cascavel e a R$ 15,28 em Rio Verde.

Em novembro, muitos produtores não estavam animados para o plantio de milho safrinha, principalmente na região do Mato Grosso. A projeção inicial era de redução significativa em relação à sa-frinha passada, mas a queda dos preços dos fertilizantes em dezembro e janeiro animou os produtores. Segundo estima-tiva da Conab, o Estado do Mato Grosso deve ter cultivado área 5,3% menor que a da safra anterior, passando de 1,65 para 1,56 milhão de hectares. Para o Brasil, o recuo deve ter sido de 4,3%.

Nesta safrinha, que deve ser co-lhida a partir de junho, o produtor que deixou para última hora saiu favorecido, mas nem sempre essa estratégia é a me-lhor. No caso da soja, por exemplo, veri-ficou-se o oposto. Quem decidiu comprar insumos na última hora (entre setembro e outubro/08) gastou mais vis-à-vis os que decidiram semear no início deste ano (janeiro a março). O produtor tem que conviver com essas variações, mas, reite-ra-se, um planejamento de produção da fazenda que assegure a sustentabilidade da atividade na propriedade tem muito a contribuir para os resultados em médio e longo prazo.

*Mauro OsakiPesquisador do Cepea; TES Esalq/uSP

[email protected]

Tabela 1. Sacas de milho necessárias para adquirir os insumos básicos para o plantio

¹ SIDRA/IBGE (2009) Fonte: Cepea-Esalq /USP

E c o n o m i a

PR

Page 33: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 33

Page 34: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

34 Panorama Rural Junho 2009

Morre pioneer,mas deixabelos herdeiros

Com apenas oito anos de idade e no auge de sua vida produtiva, faleceu Pioneer, o melhor reprodutor

Simental do ranking brasileiro dos últimos quatro anos

Pioneer, touro de linhagem 100% sul-africana, gerou ne-gócios superiores a US$ 1,5

milhão em venda de genética (sêmen, embriões e filhos). Trata-se de um re-sultado fantástico que coloca o animal em um seleto grupo de reprodutores

de destaque no cenário mundial da raça Simental.

O reprodutor Simental da Casa Branca Agropastoril também produ-ziu dezenas de filhos grandes cam-peões ou campeões de categorias nas disputadas pistas de julgamentos e

outro tanto de filhos recordistas de preços nos leilões top do Brasil.

O maior mérito de Pioneer , no entanto, é ser a base da produção de touros comerciais da Casa Bran-ca, com a multiplicação de machos altamente produtivos e férteis que

Page 35: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 35

intensificam a oferta de bezerros pe-sados e precoces. Além disso, a venda de sêmen e embriões do reprodutor também contribuem para disseminar sua genética diferenciada. “Estamos falando em mais bezerros a campo, que crescem mais rápido, gerando carne de qualidade. Os pecuaristas que usam genética de Pioneer em seus rebanhos comprovadamente têm mais receita com a venda de animais para recria, engorda ou diretamente para abate”, explica Paulo de Castro Marques, proprietário da Casa Bran-ca.

Reconhecimento internacio-nal – a qualidade ultrapassou frontei-ras – essa qualidade genética indiscu-tível ultrapassou fronteiras, chegando aos Estados Unidos, diversos países

da América Latina e Canadá, onde Pioneer foi escolhido o touro número 1 para marmoreio.

Marques adquiriu Pioneer no Canadá, em 2002. Ainda com 14 me-ses de idade, o bezerro Simental já se destacava: peso ao desmame: 445 kg; peso a 1 ano: 660 kg; perímetro es-crotal com menos de 1 ano: 41 cm.

Pioneer começou a despertar interesse dos criadores brasileiros de Simental já em 2003, logo após o nascimento de seus primeiros filhos. Nos anos seguintes, o desempenho em pista dos filhos de Pioneer atraiu ain-da mais atenção sobre o reprodutor e sua genética diferenciada. Em 2004, ele já foi o 2º melhor reprodutor do ranking. Em 2005, a consagração de Pioneer. O título de melhor touro do

ranking e o mais utilizado no Brasil em gado PO comprovavam a perfor-mance inquestionável do reprodutor da Casa Branca. A preferência dos criadores consolidou-se pelos títulos em 2006, 2007 e 2008.

“O que mais impressiona em Pioneer é a homogeneidade dos seus filhos. Todos com pelagem zero, per-feitamente adaptados e altamente produtivos”, ressalta Marques. “Ele certamente fará falta à pecuária brasileira, mas a Casa Branca conta com um banco genético de Pioneer suficiente para atender as suas ne-cessidades e a de projetos pecuários que, assim como nós, apostam na alta produtividade de um dos reprodutores mais importantes da história do Si-mental no Brasil”. PR

Page 36: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

36 Panorama Rural Junho 2009

10% da área deve ser plantada com

milho não Bt

Na edição anterior da Panora-ma Rural trouxemos a ma-téria: “Foi dada a largada”

– enfocando a primeira safra de milho transgênico no Brasil, que possibili-ta a aplicação de menos defensivos e mais milho por hectare. No entanto, para que a tecnologia continue efi-ciente, é preciso respeitar a norma do Plante Refúgio, que consiste no plantio de milho não-Bt como parte da área a ser plantada com milho Bt.

O plantio de áreas de refúgio tem sido a principal recomendação de Manejo de Resistência de Insetos em todos os países em que as culturas Bt são cultivadas. No caso do milho Bt o plantio de 10% de refúgio tem sido a recomendação atual de todas as empresas que compõem a indústria de sementes e biotecnologia no Brasil.

Segundo Cássio Camargo, dire-tor-executivo da Associação Paulista dos Produtores de Plantas e Mudas (APPS), em decorrência dos ganhos de produção com o milho Bt, a tendência é que essa prática cresça rapidamen-te, muito mais do que foi com a soja. E mais, muitos produtores podem não seguir a indicação de realizar o plantio da área com o não Bt, uma vez que a produtividade é menor e o gasto maior.

Quem planta milho Bt deve adotar a práticado refúgio, assim, continuará usufruindo

todos os benefícios dessa tecnologia

plante refúgio

“Mas, o produtor precisa saber que para preservar esses ganhos, é fundamental plantar a área de refú-gio”, salienta Camargo. Para cons-cientizá-los sobre essa necessidade, e uniformizar a comunicação sobre as recomendações de refúgio, foi oficia-lizado o Grupo Técnico sobre Refú-gio dentro da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrassem). Criou-se também a Campanha Plante Refúgio. “É uma campanha educa-

res com menor produtividade com o produto não Bt, e ter o restante da propriedade produzindo bem com o Bt, do que não implementar o refúgio e com o tempo comprometer a produ-ção”, observa Camargo.

Além da Abrassem e outras asso-ciações da área, as empresas que ofe-recem a tecnologia Bt também apóiam a campanha que será desenvolvida até os meses de verão. Mais informações no site: www.planterefugio.com.br

tiva, com material explicativo, folder, banner, placas ilus-trativas nas estra-das, com o objetivo de envolver os pro-dutores rurais. Eles precisam saber que é melhor, por exem-plo, ter cinco hecta-

PR

Page 37: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 37

O que é refúgio?A área de refúgio consiste no

plantio de milho não-Bt com um hí-brido de ciclo vegetativo similar ao da parte da área plantada com milho Bt.

Por que plantar refúgio?O objetivo do refúgio é preservar

a eficiência e consequentemente os benefícios da tecnologia do milho Bt, mantendo uma população de pragas-alvo sensível às proteínas, com efeito, inseticida do milho Bt. Assim, indiví-duos da população de praga do refúgio irão acasalar com qualquer indivíduo resistente que possa ter sobrevivido na lavoura de milho Bt e transmitir a suscetibilidade ao Bt para as gerações futuras das pragas-alvo.

O refúgio funciona com uma fonte de indivíduos suscetíveis. Com a preser-vação da característica de suscetibili-dade, a proporção inicial de indivíduos suscetíveis e resistentes dentro da popu-lação é mantida e se previne o desenvol-vimento de resistência, preservando-se assim a tecnologia Bt.

O que é resistência de insetos?A evolução da resistência em

populações de insetos-praga a prá-ticas de controle é uma realidade e tem sido uma área de atenção em todos os segmentos de controle de pragas. A resistência pode ser defini-da como um fenômeno biológico que

ocorre em resposta à pressão de sele-ção exercida pelo diferentes métodos de controle. A evolução da resistên-cia consiste na seleção dos indivíduos resistentes e no aumento da frequên-cia destes indivíduos ou de seus genes na população da praga, e, portanto na limitação da eficiência das tecno-logias para o manejo de pragas.

• No caso específico do milho Bt, as lagartas naturalmente resistentes po-dem sobreviver no campo e transmitir a resistência para gerações futuras. En-tretanto, o risco de aumento da resistên-cia pode ser minimizado com a adoção de medidas apropriadas.

• A melhor maneira de preser-var o benefício da tecnologia Bt é ado-tar o uso do refúgio como ferramenta do Manejo de Resistência de Insetos (MRI) que é um conjunto de medidas que devem ser adotadas com o obje-tivo de reduzir o risco para a evolu-ção da resistência na população das pragas-alvo.

Recomendações para oplantio da área de refúgio• O tamanho do refúgio deve

ser representado por uma porcenta-gem da área total do milho plantado em uma propriedade rural, de acordo com o recomendado pela empresa registrante. No caso do milho Bt, a recomendação atual é que a cada 9 hectares semeados com milho Bt, 1

hectare adicional deve ser semeado com milho não-Bt para a manutenção do refúgio, ou seja, 10% da área;

• Recomenda-se que o refúgio seja plantado com um híbrido de ci-clo vegetativo similar, o mais próxi-mo possível e ao mesmo tempo que o milho Bt;

• O refúgio deve ser formado por um bloco de milho não-Bt que se encontre a menos de 800 metros do milho Bt;

• A distância máxima entre qualquer planta de milho Bt do campo e uma planta da área de refúgio deve ser de 800 metros;

• O refúgio deve ser plantado na mesma propriedade do cultivo do milho Bt e manejado pelo mesmo agricultor;

• Não deve ser realizada a mis-tura de sementes de milho não-Bt com milho Bt.

ATENÇÃO:• Fazer primeiramente a se-

meadura da área de refúgio com as sementes de milho não-Bt;

• Caso a população de pragas-alvo atinja o nível de dano econômico na área de refúgio, o controle poderá ser realizado com inseticidas que não sejam formulados à base de Bt;

• A área de refúgio deve estar presente na área irrigada, quando for o caso, para que tenha as mesmas condições de manejo.

Distribuição do refúgio no campo Bt

Page 38: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

38 Panorama Rural Junho 2009

Walter do Valle

A primeira raça de gado genui-namente brasileira, Tabapuã, da Fazenda Água Milagrosa

na pequena cidade de Tabapuã, a 50 quilômetros de São José do Rio Preto, fez grande sucesso na 75ª Expozebu, encerrada no último dia 10 de maio, em Uberaba, MG. A raça zebuína

Tabapuã brilha na Expozebu, de Uberaba

A primeira raça de gado genuinamente brasileira,

Tabapuã, é fértil e precoce sexualmente,

extremamente rústica e de fácil adaptação

“Iang Fiv de Tabapuã: Grande Campeão e Campeão Júnior Maior, da Feicorte 2008, em Araçatuba, repetiu o feito em Uberaba

Tabapuã concorreu com 20 animais, filhos e filhas de grandes raçadores, como Viúvo, Tarolo, Iluminismo e Nu-meral, além de progênies de matrizes produtivas, Vanguarda, Acossada, Adivinha e Tarântula. A presença im-ponente de “Iang Fiv de Tabapuã”, 1.060 kg, nascido em agosto de 2006, eleito melhor reprodutor do Ranking da ABCT 2008, impressionou públi-

co e jurados. Ele detém o título de Grande Campeão e Campeão Júnior Maior, da Feicorte 2008, em Araça-tuba, e repetiu o feito em Uberaba, e levou mais um troféu para a coleção da Fazenda Milagrosa. Agora já são 1.394 taças e troféus conquistados nas maiores exposições do País e em controle de desenvolvimento ponderal e ganho de peso no Sumário de Tou-

nEgócios

Page 39: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 39

Page 40: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

40 Panorama Rural Junho 2009

nEgócios

ros, da Embrapa e da Associação dos Criadores de Zebus, ABCZ.

A raça Tabapuã vem conseguin-do provar que o peso médio dos seus bezerros é 11,24 kg superior do que

e muito, da nutrição animal. A aposta foi feita em cima de uma forrageira híbrida conhecida como capim mu-lato, resultado de pesquisas desen-volvidas pelo Centro Internacional

em março de 2005, não cria boi para abate, apenas vende reprodutores e faz parcerias com criadores, que po-dem arrendar as melhores matrizes e pagar o arrendamento com uma par-te da bezerrada que nasce. Mas, as transações não param aí: “A Fazenda Água Milagrosa oferece ao comprador e ao arrendatário, suporte informati-zado de gestão do rebanho. É possível cruzar dezenas de dados e índices de reprodutores à venda e dos descenden-tes deles”, explica Camargo.

Ortemblad criou o mocho de orelhas grandes – para o sucesso da raça Tabapuã sobram argumentos: é fértil e precoce sexualmente, extre-mamente rústica e de fácil adaptação. As matrizes são dotadas de ótima ha-bilidade materna, ganham peso rapi-damente e são imbatíveis quanto ao aproveitamento da carcaça. “É um zebuíno dócil, bonito e imponente. Pelagem branca, com um cinza claro que vira marrom escuro, quase preto, do lombo a cabeça. É totalmente mo-cho (sem chifres) e orelhas bem gran-des”, explica Paulo Camargo.

O criador da raça Tabapuã, Al-berto Ortemblad, falecido em 1994, contou em livro que tudo começou em

outras raças de zebus. Aos 240 dias a média de peso dos bezerros é de 192,42 kg, aproximadamente 20 kg a mais do que seus competidores. É impressionante o ganho de peso médio da raça Tabapuã. Nas últimas 40 pro-vas, desde 1992, cada animal adulto ganhou de 913 gramas a 1 quilo e 300 gramas por dia. Com detalhe im-portante: a Fazenda Água Milagrosa dispensa o manejo artificial dos re-produtores colocados à venda, machos e fêmeas, considerando que o Brasil apresenta as mais diversas condições de manejo e meio ambiente. A suple-mentação alimentar na entressafra é feita apenas com o uso de sal protei-nado.

O sucesso da genética aplicada na Fazenda Água Milagrosa depende,

de Agricultura Tropical, com sede na Colômbia. No pasto consorciado tem ainda brachiara brizantha, capim mombaça, guandu e milheto, varieda-des que o gado adora simplesmente.

A família Zucchi Rodas, que comprou a Fazenda Água Milagrosa

A raça Tabapuã vem conseguindo provar que o peso médio dos seus bezerros é 11,24 kg superior do que outras raças de zebus

A progenitora Acossada de Tabapuã, mãe de campeões

Page 41: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 41

1940: “Ganhei de presente um bezer-ro mestiço, resultado de cruzamentos entre zebuínos Nelore com Guzerá, e um pouco de Gir. Ele viria a ser o touro Tabapuã T-0, o pai de todos, com a característica de ser mocho. Seus acasalamentos começaram em 1942”. No final da década de 50, Ortemblad se emociona: fica compro-vado o sucesso do sistema que adotou, de acasalamento em linha reta (“in and breeding”). Os filhos de T-0 eram simplesmente maravilhosos. Em 1961 o Tabapuã passa a ter um padrão ra-cial e registro genealógico. Participa de exposições e provas de ganho de peso, cujas vitórias sucessivas sobre as demais raças zebuínas lhe confe-rem valor e prestígio. Em 1968, Al-berto Ortemblad funda a Associação Brasileira dos Criadores do Tabapuã. No ano seguinte, a raça é reconhecida e registrada pelo Ministério da Agri-cultura. Em 1970, o Conselho Técni-co da ABCZ aprova o padrão racial do “Tipo Tabapuã”.

Juntas, grandiosidade e beleza – com 3.050 h, a Fazenda Água Mila-grosa é uma das maiores e mais belas propriedades rurais de São Paulo. Ali estão 28 casas de alvenaria para os empregados, mais cancha de bocha e campo de futebol. Quase dentro da ci-

dade de Tabapuã (da entrada se avista o lugarejo que emprestou nome à nova raça) a fazenda tem 2 km de cami-nho arborizado do portão principal até a sede. Um casarão maravilhoso, construído por Alberto Ortemblad em 1934, dá um toque de classe à pro-priedade. A 50 metros fica a moder-na capelinha em forma de pirâmide, construída em 2007, erguida onde havia uma antiga máquina de arroz. A capela foi inspirada no Museu do Louvre, quando Fábio Zucchi Rodas esteve na França, é toda de vidro azul e pode abrigar 12 pessoas nos três bancos de madeira. Rodas morreu um ano após a inauguração da capela, em outubro de 2007.

Em 2005, a família de Zucchi Rodas adquiriu a propriedade e não foi preciso fazer milagre algum para dar continuidade à produção de fru-tas, seringueira, cana-de-açúcar e a genética da raça Tabapuã, A escolha do nome Tabapuã obedeceu a uma tradição mundial de denominação, que privilegia a cidade onde a raça nasceu.

Casarão construído em 1934

Capelinha em forma de pirâmide construída em 2007

PR

nEgócios

Page 42: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

42 Panorama Rural Junho 2009

Mercado em ascensão

Um dos produtores de orgânicos beneficiados pelo Programa Desenvolvimento Rural Sustentável realizado

pela Itaipu Binacional

Arq

uivo

Ita

ipu

Page 43: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 43

Luciana Paiva e Ricardo Barbosa

Várias culturas agrícolas pas-saram a adotar práticas or-gânicas durante o processo

de produção, como por exemplo, o controle biológico de pragas, doenças e ervas daninhas, alguns exemplos po-derão ser conferidos em outras duas reportagens que estão neste especial. A adoção dessas ações já é louvável e contribui para a manutenção do equi-líbrio natural nas lavouras, no entan-to, para um produto ser considerado orgânico não basta ser produzido sem agrotóxicos. Há muito mais por trás desse conceito. Produzir um alimento orgânico implica em adotar um siste-ma de produção agrícola cuidadosa-mente planejado para manejar o solo e os recursos naturais de forma equi-librada.

O produtor orgânico é aquele que se preocupa em preservar a água, plantas, animais, insetos e toda a bio-diversidade ao redor da sua proprie-dade, mantendo todos estes elemen-tos num estado de equilíbrio entre si e com os seres humanos. O alcance ecológico deste conceito é bastante amplo, além disso, há também um resultado social inestimável que é al-cançado pela agricultura orgânica, seja através da adoção de metodolo-gias científicas que contribuem para que as lavouras se tornem sustentá-veis no longo prazo, seja por meio da melhoria das condições de trabalho e de saúde dos produtores.

Diferentemente da agricultura

A demanda por produtos orgânicos é crescente emnosso País e no exterior. Com mais incentivos e informações

o Brasil pode ampliar seu espaço nesse atraente mercado

O alimento orgânico, como esse quiabo, tem

produção limitada e atende nichos de mercado

Luci

ana

Pai

va

convencional dirigida para a grande escala de produção e com a finalidade de alimentar multidões, a agricultura orgânica atende nichos de mercado, principalmente, pessoas que valori-zam essa concepção sustentável e têm poder aquisitivo para pagar por isso, uma vez que os orgânicos são mais ca-ros que os não orgânicos.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comér-cio Exterior, em 2007, a movimenta-ção mundial do mercado de orgânicos foi de US$ 40 bilhões. A Europa, a maior detentora desse mercado movi-mentou US$ 17 bilhões, seguido dos EUA, com US$ 15,5 bilhões e o Ja-pão, 1,2 bilhão. Nesse mesmo ano, o Brasil contabilizou uma movimenta-ção de US$ 250 milhões.

O mercado de orgânicos no Bra-sil, que cresce a uma taxa de 30% ao ano, é um dos grandes nichos de mer-cado que aumenta cada vez mais no País, principalmente nas grandes ci-dades brasileiras. A procura por esses alimentos tem sido elevada, devido a sua concepção de produto exclusivo, sem a adição de nenhum elemento químico que possa acelerar o processo de produção.

A aparência física de um pro-duto orgânico é bem diferente de um alimento convencional. A banana, por exemplo, que o consumidor cos-tuma encontrar em feiras livres ou

supermercados, tem uma caracterís-tica visual bem diferente, pois elas são menores e de cores mais vivas. Outro grande “filão” deste mercado são as hortaliças, também de menor tamanho e cores mais fortes. Uma das principais reivindicações do setor é a criação de um selo de qualidade nacional. O Ministério da Agricultura já estuda a criação de um certificado, o que poderia viabilizar ainda mais o

Page 44: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

44 Panorama Rural Junho 2009

comercio desses produtos.Apesar do crescimento, os pro-

dutos orgânicos chegam caro na mesa do consumidor. Plínio da Silva Telles, presidente da Associação da Agri-cultura Orgânica, AAO, diz que esse

incentivos porque, muitas vezes, não têm como comprovar renda fixa. Um exemplo disso é Antonio Malta, pro-dutor de bananas da região de Itapi-rai, no Vale de Ribeira, interior de São Paulo, que iniciou a sua produção

quase toda a sua produção de caqui, devido a uma chuva de granizo. Hoje, ele sofre as consequências, pois os in-vestimentos que queria fazer em sua propriedade de um mil m² é inviável, porque não tem crédito na praça. No entanto, ele se esforça para ampliar a sua produção, pois não tem dado conta de atender toda a demanda. De acordo com o presidente da AAO, por causa do grande crescimento do mercado orgânico, o setor conquistou linhas de créditos, o que deverá possi-bilitar novos investimentos.

Insumos orgânicos – além dos produtos orgânicos, o setor de adu-bos também tem aderido à prática mais convencional de agricultura. De acordo com Carlos Augusto Pimentel Mendes, membro do conselho consul-tivo da Associação das Indústrias de Fertilizantes Orgânicos, Organomine-rais, Biofertilizantes, Adubos Folia-res, Substratos e Condicionadores de Solo (Abisolo), o mercado interno de orgânicos ainda é pequeno, o que gira em torno de 12%, sendo que o setor de fertilizantes, em comparação com o de origem química gira em torno de 6%.

“O setor de orgânicos ainda não se organizou e a função da Abisolo é exatamente trazer a organização para o segmento”, diz o representante da associação. De acordo com ele, todos os elos do setor não estão unidos, isso atrapalha principalmente o desenvol-vimento tecnológico, “além do mais, existe pouco incentivo fiscal e de ca-pital para que este segmento cresça”, completa.

Outro problema apontado por ele é a falta de uma logística de distri-buição de insumos que funcione, por-que isso acarreta prejuízos tanto para a agricultura convencional, quanto ao orgânico.

Toda ajuda é bem-vinda – no

preço elevado é devido à influência do mercado, que vendem os produtos mais caros, por terem alta procura e pouca oferta. “Um dos grandes pro-blemas é que há um alto valor agre-gado sobre os produtos orgânicos que chegam ao produtor”, esclarece Tel-les.

Atualmente, grandes cidades brasileiras, como Porto Alegre e São Paulo contém lojas e feiras especiali-zadas nesses tipos de produtos, onde a procura, segundo o presidente da AAO, tem aumentado de uma forma contínua.

Adversidade orgânica – mesmo com o mercado em ascensão, os pro-dutores enfrentam problemas, como a falta de crédito. Por serem produ-tores muito pequenos, não conseguem

apenas com recursos próprios, pois não conseguiu nenhum incentivo.

Dono de 33 hectares de terra, hoje, Malta planta quinze mil pés de banana, que vende em sua banca na feira de orgânicos que acontece aos sábados no Parque da Água Branca, zona oeste de São Paulo. “Para mi-nha produção, dependo exclusivamen-te da natureza. Tentei me ingressar no Pronaf, mas não consegui, porque não tinha como comprovar renda. Os pro-gramas de auxílio aos produtores são para aqueles que têm grandes quanti-dades de terras”, desabafa.

O produtor orgânico João Car-los Fontes Bastos, da região de Jun-diaí, SP, concorda com o seu colega, e diz que o pequeno deve ser sempre auxiliado. Em 2001, Bastos perdeu

O alimento orgânico, por não receber defensivos químicos, não é tão bonito e perfeito como os convencionais, mas a doçura desse caqui é inigualável

Luci

ana

Pai

va

Page 45: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 45

Brasil, a agricultura orgânica, em grande parte, acontece em decorrên-cia do incentivo de empresas e insti-tuições a pequenos produtores, como uma forma de estimular a agricultura sustentável, visando a agregar valor aos produtos, aumentar a geração de renda e preservar o ambiente. Um desses casos é o realizado pela Itaipu Binacional que promove o programa Desenvolvimento Rural Sustentável, uma das ações do Cultivando Água Boa, programa socioambiental da Itaipu, desenvolvido nos 29 municí-pios que fazem parte da Bacia do Pa-

raná 3 (parte da bacia do Rio Paraná que está conectada ao reservatório da usina). Os agricultores recebem assis-

grama tem um componente educativo muito forte que é contribuir para que desde a idade escolar as pessoas co-nheçam os benefícios dos produtos or-gânicos, que são muito mais saudáveis para os consumidores e também para o meio ambiente”, afirma o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Miguel Friedrich.

Desde o início do programa, em 2003, mais de mil agricultores convencionais foram convertidos para as práticas orgânicas. Além de apoiar o desenvolvimento da agri-cultura orgânica, o “Desenvolvimen-to Rural Sustentável”, reúne outras iniciativas voltadas à agricultura familiar, turismo rural e culturas alternativas. A principal motivação da Itaipu é reduzir a contaminação de seu reservatório por agrotóxicos e outros efluentes da agropecuária, contribuindo assim para os usos múltiplos do lago, que além de ge-

As galinhas tratadas com milho, frutas e verduras produzem muito menos que as de granja...

... para equilibrar os custos de produção, o preço dos ovos orgânicos é mais caro, mas vale

Luci

ana

Pai

va

Luci

ana

Pai

va

tência técnica, partici-pam de cursos de agro-transformação e recebem apoio para a obtenção da certificação dos produtos orgânicos.

O apoio também se dá na forma da realiza-ção de feiras orgânicas e no estímulo ao consumo, como, por exemplo, com a capacitação de meren-deiras para a utilização de produtos orgânicos na merenda escolar. “O pro-

Alguns alimentos produzidos pelos agricultores que fazem parte do programa Desenvolvimento Rural Sustentável, da Itaipu Binacional

Arq

uivo

Ita

ipu

Page 46: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

46 Panorama Rural Junho 2009

rar energia, fornece água para o lazer, a pesca e o abastecimento urbano.

Conquista do mercado externo – o primeiro quadrimestre de 2009 tem sido de excelentes resul-

A Organics Brasil participa de feiras orgânicas em diversos países

O interesse pelos produtos orgânicos do Brasil está em alta e nosso potencial de crescimento é muito expressivo

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

A Feira da Agricultura Fami-liar e do Trabalho Rural, Agrifam, que ocorrerá entre

os dias 31 de julho a 2 de agosto, no Instituto Técnico Educacional dos Trabalhadores Rurais do Estado de São Paulo, sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Es-tado de São Paulo, Fetaesp, localiza-da na município de Agudos, SP, terá,

agrifam debate crescimento da agricultura orgânicaentre os seus diversos temas, uma dis-cussão sobre a produção e o cultivo de orgânicos.

O seminário, cujo tema prin-cipal é a agroecologia, debaterá o crescimento do setor no mercado agrícola nacional. Marcos Macedo, organizador do seminário, diz que um alimento orgânico é muito mais do que um produto sem agrotóxicos,

pois envolve todo um processo pro-dutivo, incluindo a preparação do solo.

O Seminário abordará as prá-ticas culturais, explanação de con-ceitos, métodos e controle de pragas e doenças, explicará sobre o retorno econômico para migração do manejo convencional para o orgânico, além de apresentar toda legislação vigente e financiamentos para a produção or-gânica. As palestras serão ministra-das por cinco especialistas na área: professor Dr. Francisco Câmara, da Unesp de Botucatu; o engenheiro agrônomo Dr. Marcelo Laurindo; fiscal Federal do Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a professora do Centro Pau-la Souza, Dra Raquel Fabri Sou-za; o engenheiro agrônomo Ricardo Cerveiro, do Instituto Biosistêmico e a secretária executiva estadual do Programa Nacional de Fortalecimen-to da Agricultura Familiar, Pronaf, Dra. Marly Teresinha Pereira.

A agricultura orgânica contribui para aumentar a renda dos pequenos e médios produtores, mas é preciso incentivos e informação

Page 47: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 47

tados para o Projeto Organics Brasil, que reúne empresas de produtos or-gânicos para exportação. O volume negociado já ultrapassou US$ 37 milhões e a participação nas feiras do setor indica que a crise econômica mundial ainda não afetou os negócios de orgânicos, sendo que o Brasil conti-nua prestigiado com seus ingredientes e frutas exóticas, cosméticos de alta qualidade, confecção em algodão or-gânico e os produtos industrializados.

O Projeto Organics Brasil surgiu para promover os produtos orgânicos brasileiros no mercado internacional, reunindo empresas e produtores em torno de uma marca única, atendendo aos mais exigentes padrões de ade-quação sócio-ambiental. O Organics Brasil é resultado de uma ação con-junta da iniciativa privada (Instituto

de Promoção do Desenvolvimento e da Federação das Indústrias do Estado do Paraná) e entidade governamental (Apex-Brasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investi-mentos), compondo uma sólida base institucional criada para fortalecer o setor brasileiro de orgânicos e viabi-lizar sua expansão no mercado inter-nacional.

Pela credibilidade das entida-des ligadas ao Projeto, aliada a iden-tidade visual do estande e a qualidade dos produtos, a participação nas prin-cipais Feiras internacionais do setor tem tido excelente retorno financeiro e institucional para a marca Brasil: “Este ano já estivemos na Biofach em Nuremberg (Alemanha), na Expo West, na Califórnia (Estados Unidos), na SIAL, em Toronto (Canadá) e vi-

sitamos a feira Natural & Organics Products Europe em Londres. Conse-guimos fechar pouco mais de US$ 37 milhões em negócios para exportação para os próximos 12 meses. Numa economia mundial em crise, percebe-mos que o interesse pelos produtos or-gânicos do Brasil está em alta e nosso potencial de crescimento é muito ex-pressivo. Quem consome orgânicos, compra conceito de sustentabilidade social e qualidade de vida”, explica Ming Liu, coordenador executivo do Projeto Organics Brasil.

As 71 empresas do Projeto Or-ganics Brasil participam, ainda no primeiro semestre, da feira america-na All Things Organics, de 16 a 18 de junho, em Chicago.

Mais informações com Organics Brasil - www.organicsbrasil.org PR

Page 48: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

48 Panorama Rural Junho 2009

Geraldo Hasse

À sombra da intensa guerra co-mercial dos gigantes da agro-química, crescem no Brasil

a pesquisa e o uso de mecanismos de controle biológico de pragas agrícolas – não tanto por uma evolução da cons-ciência ambiental dos agricultores, mas pela exigência dos consumidores estrangeiros que reclamam alimentos

Exigência do mercado por produtos sem substâncias tóxicas impulsiona no Brasil

a pesquisa e o uso de mecanismos de controle biológico de pragas agrícolas

isentos de substâncias tóxicas. Em al-guns países, o temor dos consumidores já se converteu em barreiras sanitá-rias contra importações indiscrimina-das. Em 2004, a China recusou uma carga de soja brasileira, alegando que os grãos continham resíduos de fungi-cidas, provavelmente aqueles usados para tratar a última grande praga da sojicultura – a ferrugem, causada por um fungo de origem asiática. Em

Presidente Lula com representantes da BrasilBio

De acordo com a natureza das coisas

Page 49: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 49

2006, o mel brasileiro foi embargado na Europa por motivo semelhante.

Em consequência desses pro-blemas, os produtores obrigam-se a reduzir ou eliminar o uso de agro-químicos em suas lavouras, adotando métodos mais ecológicos de produção. Atualmente, existem no Brasil cinco empresas de certificação de ações ou produtos ecologicamente corretas.

Todas nasceram sob inspiração de exigências européias, mas seguem as normas brasileiras da agricultura or-gânica, regulamentada em dezembro de 2007, quando o pessoal do setor (organizado sob a sigla BrasilBio) foi recebido com um café-da-manhã pelo presidente Lula, no Palácio do Planal-to, em Brasília.

O mais antigo certificador do

Brasil é o Instituto Biodinâmico, com sede na Fazenda Demétria, em Botu-catu, SP, que produz ervas medicinais e difunde os princípios da agricultura biodinâmica, baseada na Alemanha. Outras certificadoras têm como refe-rências a Suíça, a Holanda e a Fran-ça. Fundada em 2001 em Porto Ale-gre e hoje com sede em Florianópolis, a francófila Eco Cert tem atualmente

Ungla ivancruzi é capaz de devorar mais de 200 pulgões por dia: nova aliada no controle biológico

De acordo com a natureza das coisas

Page 50: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

50 Panorama Rural Junho 2009

1600 produtores certificados, mais concentrados nos Estados do Sul, embora haja também fornecedores de essências medicinais e cosméticas na Amazônia. “No começo a gente mal ganhava para se sustentar, mas ago-ra esse mercado está crescendo tanto que temos dificuldade em acompanhá-lo”, diz o agrônomo João Vieira de Oliveira, sócio-fundador da Eco Cert.

Pesquisas – tanto em valores quanto em volumes, os negócios en-volvendo o controle biológico de pra-gas representam uma fração mínima das compras de agroquímicos, um mercado estimado em US$ 7 bilhões em 2008 no Brasil. Mas em todas as principais lavouras – de grãos, folhas, frutas, fibras e raízes – há pelo menos uma linha de produtos biológicos à venda ou uma pesquisa em andamen-to.

A empresa mais engajada no de-senvolvimento desses sistemas é a oni-presente Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária (Embrapa), que

possui mais de 40 centros de pesquisa no Brasil. Embora seja francamente favorável ao uso de sementes trans-gênicas, a Embrapa tem dezenas de cientistas trabalhando nas fronteiras da agricultura biológica, numa busca incessante para produzir alimentos livres de produtos químicos perigosos para a saúde humana e malignos para o meio ambiente.

Até alguns anos atrás, os agrô-nomos adeptos do controle biológico eram discriminados pelos colegas engajados na difusão dos insumos da indústria química. A separação ficou patente no vocabulário de ambos. En-quanto os quimicistas tratam os in-setos como “pragas”, os biologistas

os consideram simplesmente “ini-migos” das lavouras. Da mesma forma, para os primeiros, usam-se herbicidas para combater as “ervas daninhas”, que os outros tratam como “invasoras”. A animosidade entre os dois la-dos foi bastante exacerbada pelo agrônomo gaúcho José Lutzenberger, que traba-

lhou duas décadas para uma indústria química alemã antes de se tornar lí-der ecológico no Rio Grande do Sul. Apontados como ingênuos ou român-ticos, os biologistas consideram os quimicistas escravos da indústria de insumos agrícolas.

O método químico não é a única alternativa – de fato, tornar-se vendedor de adubos e produtos quí-micos foi durante as últimas décadas do século XX a principal escolha pro-fissional de centenas de agrônomos recém-formados nas faculdades brasi-leiras de agronomia. “A maioria dos meus colegas da agronomia se tornou PhD – Picaretas habilitados em De-fensivos”, disse em 2003, com uma pitada de veneno, o agrônomo-agri-cultor Fernando Yokozawa, campeão de produtividade do milho no Paraná naquele ano. Hoje os profissionais do setor saem das faculdades conscientes de que os métodos químicos estão lon-ge de ser os únicos disponíveis, como faz crer a propaganda das indústrias. A pesquisa biológica já exerce mes-mo grande atrativo sobre os recém-

Ponto Final: um inseticida totalmente biológico lançado pela Embrapa para o controle da lagarta da soja, lagarta das hortaliças e a lagarta do cartucho do milho

Ivan Cruz: “os inseticidas têm dizimado muitos inimigos naturais. É preciso reverter este quadro”

Page 51: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 51

formados. Porém, falta convencer a maioria dos agricultores de que exis-tem alternativas.

“Hoje, muitos agricultores, por desconhecimento, buscam métodos imediatos no controle de pragas. No entanto, os inseticidas têm dizimado muitos inimigos naturais. É preciso reverter este quadro, como já fazem

Lagarta-do-cartucho, a mais danosa das inimigas da lavoura do milho, pode ser controlada biologicamente

A soja é a lavoura que mais consome agrotóxicos no Brasil

outros países”, afirma o agrônomo Ivan Cruz, veterano pesquisador da Embrapa de Sete Lagoas, voltada para o melhoramento do milho e do sorgo. Atualmente, com as pesquisas mostrando os pontos negativos do uso indiscriminado de produtos químicos, como a ocorrência de novas pragas ou a resistência das já existentes aos in-seticidas, os cientistas dos dois lados começam a abrir-se para a colabora-ção recíproca, retomando o chamado Manejo Integrado de Pragas (MIP). É consenso que a busca por tratamen-tos mais saudáveis tende a diminuir

o número de aplicações e, até, dos inseticidas disponíveis no mercado. Entretanto, ainda não há tratamento biológico para todos os inimigos das lavouras.

Em fevereiro de 2008, num en-contro técnico sobre milho-safrinha em Dourados, MS, o pesquisador Cre-bio Ávila listou as principais pragas

dos milharais. São tantas que se di-videm em subterrâneas, de superfície e aéreas: percevejo castanho, corós, larva-alfinete, lagarta-elasmo, tripes, cigarrinhas-das-pastagens, piolho-de-cobra, caracóis e lesmas, percevejo barriga-verde e lagarta-do-cartucho, a mais danosa das inimigas dessa la-voura. Essa mudou seu comportamen-to, tornando-se mais voraz e atacando

cada vez mais cedo. A precocidade do seu ataque levou os técnicos a re-comendar a aplicação preventiva de inseticidas nas sementes e nos sulcos de semeadura. Entretanto, está pro-vado que, além de ser desperdício de dinheiro, isso só contribui para degra-dar a biodiversidade.

Baculovírus, 25 anos de suces-so nos sojais – a soja é a lavoura que mais consome agrotóxicos no Brasil. Em 2008, foram mais de US$ 2 bi-lhões apenas para controlar a lagarta e o percevejo. Atualmente, os gastos com agroquímicos representam cerca de 50% dos custos de produção com a cultura da soja, onde o equipamento mais usado é o pulverizador. Ao mes-mo tempo, 10% das lavouras de soja são manejadas sem uso de produtos químicos. Em dois milhões de hecta-res, os agricultores usam o Baculoví-rus anticarsia como forma de contro-lar a população da lagarta-da-soja, a Anticarsia gemmatalis.

Page 52: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

52 Panorama Rural Junho 2009

O controle biológico de pragas deixou de ser o primo pobre da pes-quisa científica ou o último da fila na distribuição das verbas. Em muitos casos, a pesquisa biológica está na mão de dirigentes, como

é o caso de Ivan Cruz, da Embrapa de Sete Lagoas. Em 2006 ele desco-briu um inseto novo em experimentos de milho. Nunca visto anteriormente num ecossistema brasileiro, o bichinho foi batizado como Ungla ivancruzi em homenagem ao seu descobridor. Foi um grande achado. A Ungla é um crisopídeo que poderá se tornar chave no controle biológico de pragas do milho, como ácaros, pulgões, lagartas e até a broca-da-cana, que está ata-cando os milharais. Além de ser capaz de devorar mais de 200 pulgões por dia, ele põe 20 a 30 vezes mais ovos do que os outros crisopídeos e pode ser criado e multiplicado em laboratório usando tecnologias já conhecidas. O caso da Ungla ivancruzi é apenas um exemplo do que vem acontecendo nos bastidores da pesquisa agronômica brasileira.

a promissora ungla

A Ungla poderá se tornar chave no controle biológico de pragas do milho

Comercializado em forma de pó, o baculovírus evita o uso de dois mi-lhões de litros de inseticida químico, a cada ano. Ele começou a ser usado em 1983 como resultado de uma pes-quisa do agrônomo Flavio Moscardi, da Embrapa de Londrina. É um caso raro de eficiência no campo e de boa aceitação pelos produtores. Na com-paração com os inseticidas químicos, é 70% mais econômico. Por atacar apenas a lagarta, esse bioinseticida não interfere na população de outros seres vivos, insetos ou microorganis-mos, que podem ser úteis no controle de outras pragas.

Pela sua larga distribuição ge-ográfica, a lagarta é considerada a principal praga desfolhadora dos so-jais. Dependendo do seu estágio de crescimento, a planta pode tolerar desfolha de até 100% sem reduzir a produtividade. O momento mais sen-sível é quando a vagem está se for-mando. Já o percevejo (fede-fede, em algumas regiões) suga os grãos, diminuindo a quantidade de óleo e deixando a porta aberta para fungos e bactérias. A Embrapa está desenvol-vendo uma tecnologia para o controle

A lagarta da soja (foto) e o percevejo demandam mais de 90% das medidas de controle

Page 53: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 53

biológico do percevejo da soja, usando vespas como predadoras.

A aplicação indiscriminada de inseticidas químicos é fruto de uma combinação da ignorância dos agri-cultores com o prevalecimento técni-co dos vendedores de agroquímicos. Além de acreditar no poder da quí-mica, os produtores não acreditam na capacidade de recuperação natural das plantas. Ao menor sinal de ataque de um inimigo da lavoura, eles se apa-voram com o risco de perdas e apli-cam um inseticida químico sem neces-sidade, provocando um desequilíbrio ecológico que faz os insetos voltarem mais fortes.

As duas pragas juntas, lagarta e percevejo, demandam mais de 90% das medidas de controle. A cada sa-fra, os agricultores fazem em média duas pulverizações contra a lagarta e seis contra o percevejo. Outros inse-tos e microorganismos atacam a soja, mas são regionais ou sazonais e só de-mandam ações específicas quando há infestação.

O sucesso do baculovírus tem

a ver também com o baixo custo de seu uso. O programa começou no Rio Grande do Sul e no Paraná e está hoje em todas as regiões produtoras. Para que o produto não faltasse, a Embrapa de Londrina desenvolveu e repassou a empresas privadas uma tecnologia de produção em larga escala do bioinse-ticida. A difusão foi feita inicialmente por cinco empresas.

A descoberta da potencialidade do Baculovírus anticarsia como ini-migo natural da lagarta-da-soja, nos anos 70, deve-se ao norte-americano Roger Williams, professor da Uni-versidade da Flórida convidado para pesquisar soja na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, de Pira-cicaba. Ele mandou examinar lagar-tas encontradas mortas em lavouras brasileiras de soja. A causa da morte era um vírus da família baculoviridae. Aluno de Williams, Flavio Moscar-di guardou o baculovírus como idéia para o futuro. Em 1975, pesquisador da Embrapa, ele foi para os EUA fa-zer cursos de mestrado e doutorado em ecologia de insetos. Ao voltar para o Brasil, em 1979, tinha um projeto para transformar o baculovírus em in-seticida biológico. As pesquisas foram realizadas em parceria com as empre-sas estaduais de assistência técnica do Paraná e do Rio Grande do Sul.

No começo, em 1986, o vírus começou a ser “produzido” artesa-nalmente pelos produtores. Eles co-letavam as lagartas, punham no fre-ezer para congelar. Depois, na hora de usar, as lagartas eram maceradas Flavio Moscardi guardou o baculovírus como idéia para o futuro

O pesquisador Paulo Afonso Viana, da Embrapa, prepara extrato com a planta nim para o controle de lagartas

Page 54: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

54 Panorama Rural Junho 2009

e a pasta resultante era diluída em água para aspersão na lavoura. Logo em seguida a Embrapa lançou uma formulação em pó, solúvel em água. Mesmo com a oferta do produto no mercado, muitos agricultores prefe-

rem manipular seu próprio bioinseti-cida na propriedade.

Durante a década de 1970, quando se iniciou o cultivo de soja no Paraná, o número médio de aplica-ções de inseticidas químicos contra a

lagarta era de quatro a seis por safra. Com a prática do controle biológico, o número de aplicações caiu para me-nos de duas vezes no final da década de 1990. Nesse período, os inseticidas organoclorados foram substituídos por outros menos agressivos ao meio ambiente. Entretanto, a combinação de métodos químicos e biológicos foi negligenciada nos últimos anos, per-mitindo uma intensificação no uso dos agroquímicos. A partir de 2000, as aplicações de inseticidas na cultura da soja aumentaram novamente, num ritmo de 8% ao ano, segundo avalia-ção da Emater-PR.

Um dos fatores do retrocesso do Manejo Integrado de Pragas, segun-do os técnicos, foram certas práticas equivocadas de controle, relacionadas com o plantio direto, que exige o uso de herbicidas ou dessecantes vegetais. Com a intenção de economizar em mão-de-obra e mecanização, muitos produtores passaram a misturar her-bicida e inseticida, aplicando uma dose altamente tóxica que acaba com os inimigos naturais das pragas e pro-voca o desequilíbrio na lavoura.

Segundo Moscardi, essa mistura faz com que pragas antes secundárias e combatidas pelos inimigos naturais passem a se tornar importantes nas lavouras, levando a um gasto ainda maior para o controle da população – cada vez mais elevada – de insetos e fungos. O produtor entra num cír-culo vicioso, aumentando a aplicação de agrotóxicos porque a população de pragas aumentou. “Isso leva ao risco que houve na década de 70, quando soou o alarme do uso descontrola-do de agrotóxicos nas lavouras”, diz Moscardi. O uso “preventivo” de agrotóxicos é antieconômico, antieco-lógico e contraproducente.

A doença mais preocupante na lavoura de soja, atualmente, é a fer-

Ao contrário do que se imagina, o controle biológico é anterior à massificação dos agroquímicos, ocorrida nos anos 1950. O pri-meiro grande esforço para controlar pragas agrícolas com a ajuda

de meios biológicos foi realizado nos anos 1920, quando se buscou na África um inimigo natural da broca do cafeeiro. Nos anos 1930, os citri-cultores importaram predadores a mosca das frutas (Ceratitis capitata), por exigência de importadores europeus. Já a tecnologia de controle bioló-gico da broca da cana foi importada de Cuba e introduzida logo depois da Segunda Guerra Mundial em canaviais do Estado de São Paulo. Nos anos 1970, a Embrapa importou parasitóides para controlar os pulgões dos trigais do Sul. Na década de 1990, a Embrapa de Petrolina, PE, importou a vespinha Trichogramma pretiosum da Colômbia para o controle da traça do tomateiro, uma das plantas mais pulverizadas por agroquímicos. Na maior parte dos casos, os tratamentos biológicos deram bons resultados, mas faltou continuidade, até porque os defensores desses métodos não ti-veram força para contrariar as campanhas pelo uso de produtos químicos. A retomada do emprego de agentes biológicos no combate a pragas agrí-colas no Brasil mostra que há um enorme campo para intercâmbio técnico-científico com outros países.

Pesquisadores da Embrapa Clima Temperado estudam o chinchilho, também conhecido como erva-fedorenta, no controle da tiririca

Quase um século de

experiência

Page 55: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 55

rugem asiática. Ela apareceu há dez anos no oeste da Bahia, de onde se alastrou para outras regiões. A Em-brapa de Londrina comanda um ver-dadeiro exército de pesquisadores para estudar o assunto. Recentemen-te, surgiu a suspeita de que os pro-dutos usados no controle químico da ferrugem asiática podem estar afetan-do as populações do fungo Nomurea riley, que é benéfico para a cultura da soja, pois atua no controle biológico de várias lagartas. O alerta foi dado pelo agrônomo Daniel Sosa-Gomez, que observou um aumento da popu-lação de lagartas após a aplicação “preventiva” de fungicidas.

A ferrugem da soja tem sido tratada exclusivamente à base de pro-dutos químicos, mas já existem expe-rimentos alternativos. Em 2007, a agrônoma Regiane Medice ganhou o título de mestre em fitopatologia na Universidade Federal de Lavras com um trabalho pioneiro sobre o uso de extrato de alho e óleos essenciais de eucalipto, tomilho, nim e outras plan-tas no tratamento da ferrugem. Ela obteve resultados positivos.

Rotenona, feromônios etc. – os produtos químicos foram difundi-dos amplamente depois da II Guerra

Mundial, colocando de lado substân-cias naturais usadas na medicina ou na agricultura, como a tradicional rotenona, extraída do timbó, a árvore da qual os índios brasileiros se valiam para tontear os peixes nos rios e la-goas. Mesmo com a difusão maciça dos agrotóxicos, a pesquisa natural ou biológica nunca parou. Numa de suas circulares, a Embrapa cita Sa-len Ahmed, botânico de Honolulu, que coordena uma pesquisa de 2000 plantas reconhecidas como tóxicas para diversos insetos. Trata-se de um conhecimento represado que tende a

vir à tona, caso a indústria química perca seu salvo-conduto para matar insetos, ervas e outros seres vivos. Por isso é interessante observar o que a agricultura orgânica e a pesquisa bio-lógica vêm desenvolvendo para que os produtores rurais não dependam só de produtos químicos.

Em várias culturas como as da maçã, pêra, pêssego, cítricos, algodão e tomate, os feromônios sexuais vêm sendo adotados com sucesso. Existen-tes em todos os animais, os feromô-nios sexuais já foram detectados em pelo menos 12 espécies de insetos, incluindo formigas, aranhas, baratas e ácaros. Na agricultura, já se pro-duzem feromônios sintéticos que são usados como monitores do grau de infestação dos inimigos das lavouras, como armadilhas ou como instrumen-to para confundir os machos, numa verdadeira guerra biológica. Entre-tanto, se a infestação de inimigos chega a um nível perigoso, recorre-se

O controle biológico preserva os inimigos naturais das pragas como a joaninha

Em culturas como a da maçã, os feromônios sexuais vêm sendo adotados com sucesso

Page 56: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

56 Panorama Rural Junho 2009

ao arsenal químico, mas sempre com moderação. Mais ou menos como a homeopatia, que recorre à alopatia em casos extremos.

Já em 2000, os técnicos da Epa-gri-SC esboçavam um esforço para introduzir o controle biológico nos pomares de maçã, que passavam por 15 pulverizações anuais de diversos produtos químicos – acaricidas, inse-ticidas, fungicidas, herbicidas. Quem mais se adiantou no assunto foi a San-jo, uma cooperativa de descendentes de japoneses em São Joaquim. O Bra-sil luta com as exigências dos impor-tadores de frutas desde os anos 1920, quando os exportadores de laranjas do interior paulista foram obrigados a adotar mecanismos de combate à mosca das frutas, o mais internacio-nal dos insetos-praga da agricultura (veja o box 1).

Vassoura-de-bruxa – graças a uma pesquisa conduzida em Belém pelo agrônomo Cleber Bastos, come-çou a ser empregado o controle bio-lógico da terrível vassoura-de-bruxa do cacaueiro, doença provocada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, que reduziu a 20% a produção brasileira de cacau. A partir de outro fungo, Trichoderma stromaticum, Bastos criou um produto chamado Tricovab, que vem sendo aplicado com êxito em material infectado pela causadora da

vassoura-de-bruxa. Um dos mais extraordinários

exemplos do futuro do controle bio-

lógico na agricultura brasileira é a Native, projeto do agrônomo Leontino Balbo Jr em canaviais de sua famí-

A Embrapa de Sete Lagoas está difun-dindo o uso do ex-

trato de nim para o contro-le da lagarta do cartucho, a principal praga do milho no Brasil. Cultivado nas Américas nas últimas dé-cadas, o nim é usado desde 1928 em lavouras de arroz e cana na Índia, sua terra natal. O extrato das se-mentes ou das folhas para-lisa o desenvolvimento das lagartas, matando-as em quatro ou cinco dias, sem causar danos colaterais ao meio ambiente. A pro-porção recomendada pela Embrapa é de 7,5 quilos de sementes trituradas por 200 litros de água. Depois de 12 horas, o líquido pode

O extraordinário nim

A árvore Nim é utilizada desde 1928 na Índia, sua terra natal, no controle de pragas

das lavouras de arroz e cana-de-açúcar

ser aplicado sobre milharais de agricultores familiares. Para evitar o en-tupimento dos bicos dos aspersores, a Embrapa recomenda coar bem o extrato da borra do produto. Da mesma família do cinamomo e do cedro, o nim cresce rápido e dá boa madeira.

Adubação verde adotada na usina São Francisco, em Sertãozinho, SP, para a produção do açúcar Native

Aplicação do Metarril no controle da cigarrinha de pastagens

Page 57: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 57

mentos rurais. Mas a falta de fomen-to e de assistência técnica no campo não impede que os produtos biológicos sejam usados em larga escala, como vem acontecendo em propriedades agrícolas do Brasil Central. Se no combate aos insetos-praga já se con-seguiu avançar bastante, no controle das chamadas ervas invasoras das la-vouras a pesquisa está praticamente na estaca zero. “Infelizmente, ainda não há métodos biológicos para subs-tituir os herbicidas”, diz o engenheiro florestal Ariclenis Balarotti, fundador da Itaforte. Além de ser marginal no sistema global de produção, a pesqui-sa de microrganismos pouco avança porque, ao contrário do que acontece na área de sementes, a legislação bra-sileira não prevê patente para bacté-rias.

lia em Sertãozinho, SP. Ao dispensar a queima da palha e adotar diversas práticas orgânicas, ele se colocou dez anos à frente da concor-rência, mostrando que esse tipo de manejo do solo e das plantas pode ser executado em larga escala, com bons rendimentos agrícolas e ótimos divi-dendos ambientais.

Mesmo com a evolução da pes-quisa biológica, a indústria química ainda tem a faca e o queijo na mão. Segundo um relatório da FAO, as pragas agrícolas provocam perdas de 30% nas lavouras tropicais; a cultura mais afetada é o milho, com 19% de perdas. Se essas perdas fossem zera-das, isso representaria 10 milhões de toneladas a mais de milho, todo o ano, no Brasil. Graças ao pavor das perdas com pragas, porém, a indústria quími-ca engoliu as companhias de sementes e vem lançando sementes transgêni-cas das principais culturas.

uma geração de trabalho – uma das mais antigas empresas a operar no ramo dos biopesticidas é a Itaforte, fundada há 13 anos em Ita-petininga, SP. O produto mais vendido da empresa, que tem 60 funcionários, é um inseticida chamado Metarril, o primeiro produto microbiano a base de fungo para o controle da cigarri-nha de pastagens no Brasil. Outro inseticida é o Boveril, que tem como ingrediente ativo esporos do fungo Be-auveria bassiana, que ocorre na natu-reza. Ele é usado no controle do ácaro da ferrugem dos citros, no combate ao gorgulho do eucalipto e no controle da mosca branca em cultivos de pepino e tomate em estufas.

A empresa também produz o Trichodermil. Primeiro biofungicida registrado no Ministério da Agricultu-

ra, ele é feito a base do fungo Tricho-derma harzianum e atua no controle de outros fungos de raízes ou de solo, causadores de podridões vasculares, murchamentos e tombamentos de plantas. O produto não é recomenda-do para doenças foliares, como as fer-rugens, o que o exclui da luta contra o fungo da ferrugem da soja.

Ao contrário do que possa pa-recer, a aplicação de produtos bioló-gicos exige mais controle do que os químicos, cuja difusão foi facilitada pela indústria de máquinas e imple-

Adulto de cigarrinha da raiz da cana

infectada pelo fungo

Metarhizium anisopliae

Fungo Metarhizium anisopliae produzido na biofábrica (aspecto antes da formulação)

PR

Page 58: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

58 Panorama Rural Junho 2009

Luciana Paiva

Nos canaviais brasileiros a ves-pinha Cotésia flavipes faz o maior sucesso como inimiga

natural da broca Diatraea saccharalis, considerada a principal praga da cana-de-açúcar. Como a natureza não con-segue produzir vespas suficientes para controlar a broca dos extensos cana-viais, existem laboratórios que produ-zem e comercializam a Cotésia.

as vespinhas protegem o campoA Cotésia flavipes, a vespinha que controla a broca da cana, já é famosa, agora surge outra vespinha a Trichogramma Prestiosum para controlar lagartas da soja

Recentemente, o mundo rural recebeu a notícia que mais uma vespi-nha vai salvar a lavoura, dessa vez a de soja. A nova heroína chamada ofi-cialmente de Trichogramma Prestiosu é menor ainda que a Cotésia, na ver-dade é microscópica, e aparece como inimiga natural de duas lagartas que atacam os campos de soja no Centro-Oeste do Brasil.

A novidade é resultado de um estudo de Regiane de Freitas Bueno,

bolsista da Embrapa Soja, unidade localizada em Londrina, PR. Segundo informações da assessoria da Embra-pa, no trabalho, iniciado por ela no programa de doutorado na Escola Su-perior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), Regiane aponta a estraté-gia do manejo biológico do inseto no controle das lagartas Pseudoplusia includens e a Anticarsia gemmatalis – também conhecidas como lagarta falsa medideira e lagarta da soja, res-

As vespinhas Cotésia nos copinhos: prontas para liberação nos canaviais

Page 59: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 59

pectivamente. A Pseudoplusia inclu-dens e a Anticarsia gemmatalis são as responsáveis pelo não desenvolvi-mento dos grãos da oleaginosa. Estes dois tipos de pragas se alimentam das folhas da planta, enfraquecendo-a e impedindo o grão de crescer.

Debruçada em bancadas do la-boratório de entomologia da Embra-pa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás, GO, onde parte da pesquisa foi desenvolvida, Regiane testou o desempenho de 17 linhagens de ves-pas capazes de controlar as pragas. Do total de linhagens investigadas, a bolsista concluiu que a Trichogram-ma prestiosum resolve o problema de vez. Basta colocar a vespinha (fê-mea) em ovos das lagartas. O resul-tado não pode ser melhor: a vespinha “liquida” a lagarta ainda no ovo. “Em vez de nascerem novas lagartas, nascem novas vespas. A Trichogram-ma prestiosum impede a lagarta de se desenvolver”, comemora a jovem pesquisadora.

Trabalho merece prêmio – esse estudo da bolsista da Embrapa Soja, chamado Bases biológicas para utilização de Trichogramma pres-tiosum para controle de lagartas em soja, é tão interessante que conquis-tou o primeiro lugar do 1º Prêmio Agroambiental Monsanto, na catego-ria pesquisador, modalidade técnica.

Entusiasmada com o trabalho, agora Regiane dá ênfase a uma outra fase desse mesmo tema: as vantagens eco-nômicas do uso do controle biológico das pragas nas lavouras de soja. Esta nova etapa faz parte do estudo que a pesquisadora começa ainda neste se-mestre na Embrapa Soja, em progra-ma de pós-doutorado.

Faltam Cotésias no mercado – com a expansão da lavoura cana-vieira, a demanda por vespas se inten-sificou e nas novas fronteiras da cana o produto chega a estar em falta. A instalação de laboratórios biológicos especializados na produção da Coté-

sia passou a ser um negócio atraente. No final de outubro de 2007, Araça-tuba, SP, ganhou seu primeiro labora-tório de produção da Cotésia flavipes. “Montamos o laboratório conforme projeto do professor Newton Macedo, o maior especialista na área, que nos orientou acerca de as melhores prá-ticas para a produção de vespas que oferecem um controle eficiente da broca”, conta Bianca Rípoli Lara, uma das sócias do Bioeste Soluções Integradas.

O Bioeste iniciou suas atividades com seis funcionários, seis meses de-pois já contava com 26 funcionários, e mesmo assim não conseguia atender a todos os clientes. “A área de cana cresceu muito na região, e também aumentou a conscientização entre os fornecedores de cana sobre a necessi-dade do controle biológico da broca. Por isso, a procura é intensa, quando não conseguimos atender a demanda, encaminho os clientes para laborató-rios concorrentes, pois o fundamen-tal é que não fiquem sem o produto”, comenta Bianca. Atualmente, outros

Adulto da lagarta falsa medideira

Adulto da lagarta da soja Anticarsia gemmatalis

Page 60: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

60 Panorama Rural Junho 2009

laboratórios de controle biológico das pragas da cana já se instalaram em Araçatuba.

A eficiência da vespinha – Le-andro Aurélio Rossini, engenheiro agrônomo do departamento técnico e comercial da Biocontrol, empresa localizada em Sertãozinho, que atua há 16 anos no seguimento de contro-le biológico das pragas da cana, sa-lienta que são vários os motivos da maior demanda: o aumento do plantio

de variedades de canas susceptíveis à broca; a desativação de alguns la-boratórios de usinas devido à baixa densidade de broca encontrada nos últimos seis anos; a falta de planeja-mento de algumas usinas e produtores que não têm controlado a broca logo em sua primeira geração – durante o ano ela passa por cinco gerações.

Mas de acordo com Rossini, o principal motivo da procura pela Co-tésia está relacionado à sua eficiência

suas fezes até dentro da cana, não tem como escapar”, afirma Rossini. A vespa insere seus ovos dentro da lagarta, suas larvas se alimentam da broca e quando estão desenvolvidas saem da broca perfurando-a e matan-do-a. Transformam-se em um casulo de onde sairão novas vespinhas que vão parasitar outras lagartas. É tudo natural, sem danos ao ambiente. “Já o produto químico oferece ação ape-nas às lagartas pequenas que estão fora da cana, além de ser mais caro”, argumenta.

São necessárias 20 bilhões de vespas – Rossini explica que atual-mente no Brasil existem aproximada-mente 7 milhões de hectares de cana plantada, para proteger esses cana-viais da broca, são necessárias per-to de 20 bilhões de vespas. Há uma defasagem entre oferta e demanda de 18%.

Lagarta dentro da cana: prejuízo

Para produzir as vespas, os laboratórios também desenvolvem brocas. Aqui a broca na fase de crisálida

Preparo do meio de cultura onde se desenvolverá a larva da broca

no campo. “A ves-pinha fêmea pro-cura pela lagarta através do cheiro característico de

Page 61: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 61

“Existem aproximadamente 70 laboratórios de criação desses pa-rasitóides, contando os instalados em usinas e os particulares, existem condições de produzir o volume que o mercado precisa, mas para isso, é fun-damental melhorar os rendimentos de produção”, salienta Rossini. Investir em estrutura adequada, equipamento correto, matrizes de boa procedência e qualificação dos funcionários são pontos essenciais para o bom anda-mento do negócio.

As mulheres são melhores – o trabalho de inoculação envolve pa-ciência, observação e movimentos repetitivos. Consiste em pegar uma lagarta da broca, colocá-la próxima ao copinho em que estão as vespas, aguardar a vespa picar a lagarta, ob-servar se realmente isso aconteceu, separar a lagarta parasitada e repetir a tarefa inúmeras vezes no decorrer do dia. Normalmente, a picada é ime-diata, coisa de segundos, mas existem dias que as vespinhas não estão muito interessadas em colocar seus ovinhos na broca, aí é preciso ter mais paci-ência.

Os homens não são aptos para a função, é por isso que a Bioeste tem 26 funcionárias. “Só temos mulheres, o único homem é o meu sócio que é biólogo. Para esse tipo de trabalho a mulher é mais eficiente e compromis-sada”, conta Bianca. Inicialmente, produzir vespas e mexer com lagartas eram coisas meio estranhas para as funcionárias da Bioeste, quase todas ex-donas de casa ou empregadas do-

mésticas. Mas, depois do treinamen-to e, principalmente, ao conhecer a importância do trabalho que vão re-alizar, passam a valorizar a tarefa e sabem que se forem eficazes serão profissionais concorridas no mercado.

As perdas com a broca – as lagartas causam prejuízos diretos, pela abertura de galerias, ocasionan-do perda de peso da cana. Em canas novas podem causar a morte da plan-ta, sintoma conhecido como “coração morto”. Os danos são observados em brotos, perfilhos ou colmos que têm sua gema apical afetada pelas lar-vas da praga, resultando na morte da gema, e morte da cana atacada. Nos colmos em desenvolvimento, os danos podem induzir a brotação das gemas laterais e enraizamento aéreo.

Esse ataque à cana provoca es-tragos indiretos consideráveis, causa-dos por microrganismos que invadem o entrenó através do orifício aberto na casca pela lagarta. Esses microrga-nismos, predominantemente, fungos (Fusarium e Colletotricum), invertem a sacarose armazenada na planta, provocando perdas pelo consumo de

A broca na fase de mariposa põe os ovos no papel

As biólogas cortando os papéis para separar os ovos da broca

Page 62: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

62 Panorama Rural Junho 2009

energia no metabolismo de inversão e pelo fato dos açúcares resultantes desse desdobramento não se cristali-zarem no processo industrial. Entre-tanto, quando a matéria-prima se des-tina à produção de álcool, o problema é mais grave, pois os microrganismos que penetram no entrenó aberto con-taminam o caldo e concorrem com as leveduras na fermentação alcoólica.

Com apenas 1% de colmos ata-cados, uma lavoura com produtivida-de de 80 toneladas/ha, pode resultar em perdas na indústria de 30 quilos de açúcar e 25 litros de álcool, em média. As perdas de campo são re-presentadas pelas canas quebradas e mortas que permanecem no canavial e as perdas em açúcar e álcool referem-se aos danos do complexo broca + podridão vermelha que ocorrem nas canas danificadas que são levadas à indústria.

Não é só fornecer a vespa – Bianca ressalta que a função do la-boratório de controle biológico de pragas da cana não é apenas forne-cer a vespa, mas também orientar o cliente a exercer o controle adequado, como e quando realizar a liberação

das vespas. Neste caso, a indicação é que deve ocorrer no início da manhã e/ou final da tarde, (evitar sol, frio, chuva e orvalho), quando 70 a 80% já emergiram nos copos de acondicio-namento. Entrar no talhão, no sentido das linhas de cana, caminhando com o copo ABERTO e a cada 41 passos (± 30m) depositá-lo, aberto, na bainha da cana com a abertura contrária à luz do sol, na posição horizontal.

Proporção: o cálculo do número de parasi-tóides liberado leva em conta a densidade popula-cional de brocas, aptas a serem parasitadas

Trabalho feminino

Segurando a larva da broca para ser picada pela vespa

Outra informação importante diz respeito às práticas preventivas. Algumas medidas culturais auxilia-res devem ser adotadas para reduzir a incidência da broca, como o uso de variedades resistentes; cortar a cana o mais rente possível do solo; evitar o plantio de hospedeiras (arroz, milho, sorgo e outras gramíneas) nas pro-ximidades do canavial; e queimadas desnecessárias.

Númerode brocas

Númerode cotésia

2 a 4 brocas 1 vespa/broca

De 1000 a 3000 brocas/ha 6000 Cotésia/ha

Acima de 3000 a 10000 brocas/ha 2 vespas/broca

De 10000 a 15000 3 vespas/broca

Acima de 15000 4 vespas/broca

PR

Page 63: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 63

Page 64: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

64 Panorama Rural Junho 2009

Ricardo Barbosa, Luciana Paiva e Jaqueline Stamato

Apesar de o Brasil ter um dos maiores potenciais agríco-las do mundo, com recordes

sucessivos de safras de grãos, a in-dústria de máquinas e equipamentos agrícolas sofre os efeitos da crise eco-nômica mundial, a restrição de cré-dito reduziu a demanda e provocou a desaceleração das vendas desses pro-dutos. A estiagem em Estados do Sul do País – que reduziu a produção de

as novas estrelas da agrishow

Tratores de pequeno porte, implementos agrícolas e pequenos e médios produtores se destacaram na Agrishow 2009

soja e milho –, e a crise interna em se-tores como o de laranja e cana, tam-bém contribuem para a redução do

A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, o governador de São Paulo, José Serra e João Sampaio, secretário da Agricultura

do Estado, em caminhada pela feira: a prefeita transferiu seu gabinete para a Agrishow e permaneceu a semana toda

Car

los

Nat

al

Thia

go A

lbuq

uerq

ue

Page 65: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 65

A Agrishow 2009 contou com 725 expositores e ocupou uma

área total de 240 mil m²

consumo de máquinas agrícolas.Esse cenário baixista refletiu

no desempenho da Feira Internacio-nal da Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), realizada em Ribeirão Preto, SP, de 27 de abril a 02 de maio de 2009. Segundo levantamento feito junto aos bancos participantes – Ban-co do Brasil, Bradesco, Nossa Caixa e Santander – e às empresas exposi-toras, a movimentação de negócios gerada pela feira deverá ser na ordem

Cesário Ramalho:“A Agrishow atingiu o seu objetivo”

Jaqu

elin

e S

tam

ato

Page 66: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

66 Panorama Rural Junho 2009

de R$ 680 milhões, em 2008 foram 800 milhões. O público visitante foi de aproximadamente 120 mil pessoas, contra 140 mil do ano passado.

Mesmo com a queda em volume de negócios e de público a Agrishow, de acordo com o presidente da feira, Cesário Ramalho, conseguiu alcan-çar o seu objetivo, que é de chamar à atenção dos produtores rurais que queiram investir em novas tecno-logias, além do evento fomentar a agricultura mecanizada ao pequeno produtor rural. De acordo com Juan Pablo Rivera, presidente da Alcânta-ra Machado, empresa organizadora do evento, a feira refletiu a recessão do setor econômico mundial, por isso essa queda expressiva.

A ausência dos grandes fabri-

que a Agrishow 2009 desenvolvesse um novo perfil: o da democra-tização do agrone-gócio. Neste ano, o implemento agrícola, que normalmente era o coadjuvante do show passou a ser a estrela. E programas governa-mentais de financia-mento, como o Mais Alimentos, do governo federal e o Pró-Trator, do governo paulista, propiciaram maior po-

der de compra aos pequenos e médios produtores, com isso, nesta edição da feira, eles não só visitaram a Agrishow, mas foram às compras.

Bom ano para a Lan-dini – com a não participa-ção das grandes empresas fabricantes de tratores e co-lhedoras, houve mais espaço para os pequenos e médios fabricantes. De acordo com o presidente da Landini, Gil-berto Junqueira Zancopé, a empresa foi beneficiada com essa ausência. “O público que se interessa por tratores vem direta-mente tratar conosco. Apesar da crise econômica, estamos em um bom ano agrícola, as nossas vendas de máqui-

nas estão aquecidas”, diz. Zancopé se diz satisfeito com os

atuais resultados da empresa, porque nos seis meses pós o estopim da cri-se econômica mundial, dada no início de outubro de 2008, a empresa parou bruscamente a produção, pois houve uma queda significativa na demanda por tratores. “No entanto, no seg-mento de tratores, as vendas em 2009 deverão crescer acima de 100% refe-rente ao ano passado”, salienta.

Tramontini não perdeu com o público menor – de acordo com Ju-lio Cesar Cercal, gerente comercial da Tramontini, a diminuição no número de público da feira não afetou a em-

presa. “O grande público que vinha à feira até o ano passado, tinha o in-teresse de ver apenas os lançamentos das grandes empresas de tratores, como nós somos voltados à agricul-tura familiar, não vimos uma grande diferença, pois o nosso volume de ne-gócios continuou”, explica Cercal. O setor de tratores representa hoje 60% do faturamento da empresa.

Um dos lançamentos da empre-sa foi o novo trator de 32cv, novidade em termos de potência, além do tra-tor de 50cv. Outro foco da Tramon-tini são os tratores utilizados em avi-ários, plantação de uvas em morros, os quais exigem tratores de menor

Público interessado no sulcador da Baldan que desarma quando encontra pedra e rearma automaticamente

Luciana Paiva

As vendas de máquinas da

Landini estão aquecidas

cantes associadas à Associação Na-cional dos Fabri-cantes de Veícu-los Automotores (Anfavea) fez com

Luci

ana

Pai

va

Tramontini: este ano a empresa estima crescer 30% no volume do seu faturamento

Luciana Paiva

Page 67: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 67

potência e máquinas mais estreitas para as hortaliças. Este ano, a empre-sa estima crescer 30% no volume do seu faturamento.

Público qualificado e vendas na feira – “O público da Agrishow pode estar menor, porém está mais qualificado, porque quem visita nosso estande são pessoas interessadas no produto e com boas intenções de com-pra”, disse Marcos Pavarina, gerente de marketing do Grupo Bambozzi. A intenção de compra era tão real, que surpreendeu a empresa. “A idéia era fazer apenas um institucional do pro-duto, no entanto, conseguimos reali-zar bons negócios na Feira o que su-perou nossa expectativa de vendas”, conta Pavarina.

O produto em questão é a Ofi-cina Rural modelo MDC 335, lança-do na feira. Trata-se de uma oficina móvel para manutenção agrícola para ambiente onde não tem energia elétri-ca.

A bancada de serviço (mesa) é dotada de morsa, furadeira de colu-na, moto-esmeril, compressor de ar, engraxadeira, pneumático e painel de comando. A oficina tipo implemento necessita de energia acoplada à to-mada de força do trator. A diferença da Oficina móvel é porque tem mais agilidade na operação e facilidade de

locomoção. O custo do equipamento é de R$ 16.500.

Lançado o primeiro trator brasileiro – a GreenHorse lançou seu primeiro trator brasileiro, sem peças importadas da China, ou outros países da Ásia. O trator, modelo 454 com-pact, pode ser financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-nômico e Social, BNDES, e também está inserido no Programa Nacional da Agricultura Familiar, Pronaf.

De acordo com o presidente da empresa, Irajá Andara Rodrigues, um dos objetivos principais da empresa é atender o pequeno produtor rural, com máquinas que adaptem às suas necessidades. “O trabalho da pequena

propriedade rural sempre esteve base-ada na mão de obra manual, mas isso tem que ser mudado, porque o arado puxado por boi deve deixar de exis-tir”, aponta.

Pró-Trator também para os pequenos – uma das principais rei-vindicações dos pequenos fabricantes de tratores na Agrishow foi a não adesão ao programa Pró-Trator do governo do Estado de São Paulo. O programa, o qual está inserido apenas nas grandes fabricantes de tratores, exige que os equipamentos tenham, no mínimo, 50cv. Empresas como a GreenHorse, Landini e Tramontini, dizem que muitos agricultores não necessitam de máquinas tão potentes, sendo que uma máquina de 20cv pode atender o pequeno produtor.

É o caso de Benedito Marcos e Sandro Donizete, produtores de uva, pêssego e nectarina, de Itupeva, SP, eles queriam comprar um trator de 25 cv, mas programas como o Mais Alimentos e o Pró-Trator atendem apenas os equipamentos com mais cilindradas. “Para fruticultura não precisamos de maior potência. É pre-ciso incluir os tratores menores nesses programas, e também os implemen-tos, como arado e grades”, observa

Pavarina e a Oficina Rural móvel: vendas superarão as expectativas

Jaqu

elin

e S

tam

ato

O revendedor da GreenHorse de

São Sebastião do Paraíso, MG, Paulo

César Santos, em negociação com Edgar de Melo,

de Ribeirão Preto e que produz

eucalipto na região de Passos, MG

Luci

ana

Pai

va

Page 68: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

68 Panorama Rural Junho 2009

Benedito.De acordo com a assessoria de

imprensa da Secretaria da Agricultu-ra do Estado de São Paulo, o secre-tário João Sampaio disse que deverá reavaliar o programa para atender os tratores de menor potência.

Incluir os implementos nos programas de incentivo – Mário Wagner, diretor-geral da Kuhn Me-tasa, fabricante de Implementos Agrícolas, ressaltou a necessidade da inclusão dos implementos nos progra-mas de incentivo, afinal, sem eles, o trator só serve para passear. Há qua-tro anos a francesa Kuhn adquiriu a brasielira Metasa, especializada em equipamentos para a prática do plan-

tio direto. “Com a Kuhn aprimoramos a tecnologia e passamos a atender outras linhas como tratores, planta-doras, pulverizadores, enfardadoras e alimentação animal”, diz Wagner. Há Kuhn existe há 180 anos.

Para Wagner, pelo menos nos Estados do Sul do País, a seca que derrubou a produção de soja e milho causou mais estragos que a crise mun-dial financeira, por isso, mais do que nunca, os produtores precisam de in-centivos, mas o governo precisa con-templar os equipamentos que fazem parte de todo o processo. “Para pro-duzir mais alimentos, é fundamental aumentar a tecnificação da lavoura brasileira, por isso, os implementos

agrícolas precisam ser incluídos nos programas de incentivos”, argumen-ta.

Os altos impostos – uma das principais reivindicações realizadas pela Associação Brasileira das Indús-trias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), durante a Agrishow, foi a questão das altas cargas tributárias pagas pela indústria de máquinas e equipamentos. Segundo dados da as-sociação, desde o início da crise fi-nanceira, as indústrias de máquinas e equipamentos demitiram mais de 51 mil funcionários, devido à queda de até 60% de faturamento em algumas empresas do setor.

O presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, disse que falta na eco-nomia brasileira o maior investimento de capital fixo nas empresas. “Esta-mos perdendo terreno para o mundo todo, porque o PIB per capita no Bra-sil está caindo dia após dia”, explica o presidente. Uma das reivindicações dele é a total isonomia do PIS / Con-fins sobre o setor.

As indústrias de máquinas e equipamentos tiveram, em média, uma queda de 44% no faturamento no primeiro trimestre de 2009, se com-parado com o mesmo período do ano anterior. Outra reivindicação do setor é o aumento da taxa básica de juros,

Benedito Marcos e Sandro Donizete: “É preciso incluir os tratores menores nesses programas de incentivos”

Luci

ana

Pai

va

Luci

ana

Pai

va

Wagner: “sem os implementos agrícolas, o trator só serve para passear”

Luiz Aubert: “a Selic é um morcego tirando o dinheiro da indústria”

Page 69: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 69

a Selic, “essa taxa é um morcego ti-rando o dinheiro da indústria”, diz Luiz Aubert. De acordo com cálculos

mostrados pela Abimaq, de cada 1% de juros retirados da Selic, economi-zamos R$ 13 bilhões, além do ICMS, que em alguns Estados chegam a inci-dir em 12%.

A Baldan comemora – a Agri-tillage do Brasil – Baldan, veio com força total nesta Agrishow, ocupou uma área nobre na rua principal para mostrar todo o potencial da marca. A empresa expôs 48 implementos, como roçadoras, grades, plantado-ras, semeadoras e plainas. Linha completa, para pequeno, médios e grandes produtores. “Trouxemos vá-

rios lançamentos para a Agrishow e também implementos que são a maior sensação no programa Mais Alimen-

tos, como a NSH Nano semeadora hidráulica de três linhas”, salienta Cel-so Antonio Ruiz, supe-rintendente executivo da ATB Baldan.

A Baldan foi a pri-meira empresa a inves-tir no Mais Alimentos. “Desenvolvemos cartilha explicativa sobre o pro-grama e realizamos ca-ravanas pelo Brasil com técnicos da Emater em visitas a cooperativas e associações para, por meio de palestras, mos-

trar aos produtores como podem se beneficiar com o programa”, diz Lu-ciana Antoniosi, gerente de marketing da Baldan. A iniciativa está dando muito certo, tanto que a empresa des-

conhece a crise e a Agrishow, a Bal-dan não tem do que reclamar, foi uma das líderes em visitação e negócios. “Nos outros anos, com a presença das grandes fabricantes, a atenção do vi-sitante ia diretamente para os trato-res e máquinas, só depois se dirigiam aos implementos, este ano, somos a atração da feira”, comenta.

Para participar da festa, no dia 1° de maio a Baldan levou à Agrishow a Caravana Sou Mais Baldan, com-posta por 400 colaboradores das di-versas áreas da empresa. Segundo Aparecido Donizete Gomes, gerente de recursos humanos da Baldan, o objetivo da ação foi valorizar os co-laboradores que tiveram a oportuni-dade de observar o resultado final de seu trabalho. A Caravana foi recebida pela direção, equipe comercial, técni-ca e clientes da Baldan que aplaudi-ram a chegada dos honrosos visitantes ao estande.

“A Baldan inova a Agrishow

Celso Antonio Ruiz com a NSH Nano semeadora hidráulica de três linhas: sensação do “Mais Alimentos”

Luciana Paiva

Luciana Antoniosi, gerente de marketing da Baldan e a Semeadora MegaFlex, lançada na feira

Caravana Sou Mais Baldan:400 funcionários visitam a Agrishow

Page 70: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

70 Panorama Rural Junho 2009

com este tipo de ação institucional. Acreditamos que a valorização o re-conhecimento e o conhecimento dos produtos concorrentes pelos nossos colaboradores são fatores fundamen-tais para o desenvolvimento de produ-tos com qualidade”, afirma Luciana.

Test drive em pista off-road agita a Agrishow – em 2009 a ausên-cia de grandes máquinas, as pick-ups tornaram-se o sonho de consumo dos visitantes da Agrishow. Seis montado-ras automotivas participaram da feira, e três delas promoveram test-drive de seus principais modelos de pick-ups e fora de estrada. Os visitantes puderam percorrer percursos íngremes e com

obstáculos e experimentar toda a po-tência e robustez dos veículos.

Entre os modelos disponíveis estavam a Ford F250 cabine dupla e simples 4x4 e o Ford Ranger 4x4, da

Ford, o Scorpio SUV 4x4 e a pick-up Scorpio cabine dupla (4x4) e ca-bine simples (4x2), da Mahindra, e o Toyota Hilux Diesel 4x4, Hilux SW4 Diesel 4x4, Hilux SW4 à gasolina e Hilux à gasolina, da Toyota.

“A Agrishow é um evento de suma importânica para nós, uma vez que as regiões onde o agronegócio predomina têm apresentado índices significativos de crescimento nas ven-das da nossa marca”, afirma Frank Gundiach, diretor comercial da Toyo-ta do Brasil, primeira montadora de veículos a expôr na Agrishow.

Dez anos da Itália na Agrishow – a Itália completou dez anos de par-ticipação oficial na Agrishow. Neste período, o Pavilhão Italiano promo-veu a vinda de mais de 150 empresas na feira, com o objetivo de fortalecer os acordos de cooperação entre os dois países. Neste ano, o Instituto Ita-liano para o Comércio Exterior (ICE) e Associação Italiana dos Fabricantes de Máquinas Agrícolas (UNACOMA) reuniram 19 empresas produtoras de máquinas e implementos agrícolas no Pavilhão Italiano. Segundo o analis-ta do setor Emilio Pelizzon, a Itália apresenta tecnologia de ponta como tratores e componentes para máqui-

Neste ano, a área para demonstrações de campo (Dinâmica) ocu-pou 100 hectares e foram realizadas cerca de 800 demonstrações abrangendo as culturas de cana-de-açúcar, feijão, milho, soja e

forrageiras: milho forrageira, cana forrageira, capim mombaça e capim cost cross. No local, também acontecem demonstrações de tecnologia de manejo animal, inseminação, procedimento de ordenha, toque e ultrassom, além de test-drive operacional de plantio de grãos e cana, colheita de fei-jão e milho e máquinas para pequena propriedade.

Marcos Vaz

Demonstrações de campo

Apresentação de colheita de milho

Test drive com pick-ups atraem os visitantes

Jaqu

elin

e S

tam

ato

Page 71: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 71

nas agrícolas, de jardinagem e terra-planagem.

“A agricultura italiana é cen-trada em pequenas propriedades al-tamente tecnificadas, seus fabrican-tes são especialistas em desenvolver equipamentos que possibilitam maior rendimento e facilidade operacional, utilizando pouca mão de obra”, diz Pelizon. Segundo o analista, talvez por causa da grande quantidade de descendentes de italianos no Brasil, há uma grande empatia entre os dois países, o que facilita os negócios. O objetvo do pavilhão é servir de inter-câmbio entre fabricantes italianos e fabricantes brasileiros, e não rea-lizar vendas diretas ao produtor, os italianos buscam no País, empresas parceiras para representarem ou de-senvolver seus produtos no Brasil ou fabricantes para adquirirem compo-nentes para máquinas.

“O Italiano é bastante flexível, estuda com os parceiros as adapta-ções necessárias para atender o clien-te brasileiro. Muitas empresas que já participaram conosco, hoje parti-cipam da feira nos estandes com as empresas que se tornaram parceiras. No Pavilhão, estamos com 19 repre-

sentantes, mas expondo na Agrishow deve ter em torno de 50 empresas ita-lianas”, ressalta Pelizon. Com a expe-riência de 10 anos de participação na feira, o analista diz que é fantástica a evolução no agronegócio brasileiro, além disso, está mais fácil para fazer negócios, pois há mais linhas de crédi-tos disponíveis, o que aumenta o aces-so do produtor às tecnologias.

A primeira vez da França – nes-te ano da França no Brasil, a Missão Econômica da França marcou pre-sença pela primeira vez na Agrishow. O objetivo da participação da rede é desenvolver parcerias comerciais e in-

O Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Ste-phanes visitou a Agrishow e defendeu alterações do Código Flores-tal Brasileiro, argumentando que hoje a produção agropecuária

está mais sustentável do que quando foi instituída, em 1965. “As tecnolo-gias de manejo vêm sendo alteradas ao longo do tempo. Plantar soja 20, 30 anos atrás, por exemplo, não era sustentável. Hoje já é altamente sus-tentável, uma vez que protege e recupera o solo e sequestra mais dióxido de carbono. Da mesma forma tivemos diversos avanços na cana”, destacou Stephanes. Segundo ele, “o Código precisa ser corrigido, pois algumas das proibições são absurdas e não têm sentido técnico”. Entre as alterações estão a permissão para o plantio de arroz em várzea e de café, uva e maçã em topo de morros, em áreas já consolidadas. Para fazer as alterações no Código Florestal, Stephanes defende que é preciso ter racionalidade, equi-líbrio e fundamentação técnica para aquilo que se exige. “Quero deixar claro que sou a favor de criar condições para o desmatamento zero no bio-

Stephanes visita agrishow e pede mudanças no Código Florestal

ma da Amazônia e Mata Atlântica. Também sou a favor de recompor as mar-gens dos rios e nascentes, porém, especialmente os pequenos produtores não têm recursos para isso”, afirmou o Ministro.

“Hoje as leis não deixam produzir e também não

protegem”, criticou o Ministro

Paulo Vargas

Emílio Pelizzon: “o agronegócio brasileiro evoluiu muito”

Luciana Paiva

Page 72: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

72 Panorama Rural Junho 2009

dustriais entre empresas brasileiras e francesas do setor agrícola.

Segundo o chefe da Missão Eco-nômica da França, Dominique Maup-pin, as autoridades francesas acredi-

Os visitantes da Agrishow – são muitos, vindo de todas as partes, mas com objetivos comuns: fazer ne-gócios, conhecer as novas tecnologias e adquirir informações. No meio desse

“Sempre consigo muitas informações úteis. Aprendi na Embrapa que meus pés de figo produziriam bem mais se eu colocasse esterco de galinha próxi-mo ao pé. Realmente funcionou, além do mais, passei a aproveitar os resí-duos dos frangos”, salienta Marilda.

Dona Darci Brasil Serrão, de Potirendaba, SP, visitou a Agrishow pela quinta vez, ela produz 10 mil pés de eucalipto em uma propriedade de 3 hectares. Visita a Agrishow para fazer negócios, já comprou cortador de grama e poço artesiano, mas o que mais lhe atrai é poder ficar por den-tro das novidades tecnológicas. Dona Darci sabe o quanto é fundamental estar bem informada, por isso, não deixa de participar dos cursos pro-movidos pelo Senar em sua cidade, onde ajudou a criar a Associação dos Produtores Rurais. “Unidos, os pro-dutores rurais têm mais condições de acesso aos benefícios”, alerta.

Pelo terceiro ano consecutivo o cantor sertanejo Teodoro – inte-grante da dupla Teodoro e Sampaio – visita à Agrishow para conferir de perto as novidades. Este ano comprou uma balança bovina eletrônica e tron-co de contenção da marca Coimma para sua fazenda de gado em Drace-na, SP. Segundo o cantor, ao investir

Pavilhão Italiano na Agrishow:

agricutlura tecnificada

Luci

ana

Pai

va

tam que o Brasil é um grande gerador de oportunidades de negócios e que cada vez mais empresas francesas se mostram interessadas em realizar essas parcerias. “No ano passado, atraímos quase 900 empresas para o Brasil e, este ano, nossa expectativa é atender a 1000 empresas francesas”, ressaltou Mauppin, que para chegar a esse número conta com o maior inter-câmbio na área agrícola entre os dois países. João Sampaio, secretário da Agricultura de São Paulo, salientou que juntos: França e Brasil têm muito a ganhar, por isso, é fundamental dei-xar de lado a “rivalidade” nos assun-tos referente ao agronegócio.

universo, pincelamos alguns desses vi-sitantes para passar ao leitor um pou-quinho do perfil do público que visita a Agrishow.

Marilda Martins Elias e o mari-do Valdir Solto Elias, são de Campi-na Verde, MG, pecuaristas, visitam a Agrishow há cinco anos, atrás de uma informação e negócios. Já adquiriram vários equipamentos de ordenha me-cânica. Mas, o que mais atrai Marilda são os estandes da Cati e da Embrapa.

Césario Ramalho, presidente da Agrishow, João Sampaio, secretário

da Agricultura de São Paulo e Dominique Mauppin, chefe da Missão Econômica da França, brindam os negócios que virão

Page 73: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 73

em tecnologia o produtor deixa seu negócio mais eficiente e competitivo. Por exemplo, com uma balança ele-trônica, o pecuarista tem a disposição muito mais recursos, a começar pela conexão a computador e impressora para transmissão e impressão de da-dos como relatórios e gráficos. Além de grande versatilidade de uso com Barras de Pesagem de diferentes ta-

sua pequena propriedade não vai pra frente, segundo ele, os testes de sani-dade realizados nos laboratórios do IAC apontam a presença excessiva de flúor. A contaminação, de acordo com

sítio. Com um calhamaço de laudos, ele acionou a empresa várias vezes, mas até o momento, nenhuma provi-dência foi tomada.

Então, vai um alô para o pesso-al da Bunge: Confiram o caso do seu Raimundo Pereira, lá de Guaíra para ver se procede. Como vocês sabem, responsabilidade socioambiental faz parte do agronegócio.

Marilda e o marido Valdir Elias: negócios e informação

Marcelo Tomba é empresário da área de construção civil em São José dos Campos e também pecuarista. É a segunda vez que vai a feira, já comprou trator. O amigo Fábio Lupon, também de São José, é pecuarista e silvicultor. Visitam a Agrishow para ficarem bem atualizados sobre tecnologias e fazer negócios. Para aproveitar a feira, ficam na cidade por dois dias.

O agrônomo português Henrique Simões veio pela primeira vez à Agrishow, sua empresa realiza trabalhos em Angola, país de Manoel da Silva, técnico agrícola, também pela primeira vez na feira. Eles vieram para conhecer a tecnologia e fazer negócios, pois 80% da tecnologia agrícola produzida no Brasil atende as necessidades de Angola, como, por exemplo, trituradores de milho, e implementos para trato cultural.

manhos e aplicação em plataformas, gaiolas e troncos de contenção.

Humberto Santos Pereira, de Guaíra, SP, aproveitou nossa repor-tagem para fazer uma reclamação. Há 12 anos ele tenta ser um produ-tor rural, mas tudo que planta em

Pereira, é resultado de uma piscina de flúor que fica em uma área de reposi-ção da Bunge, há 250 metros de seu

Darci Serrão: o valor da informação

Luci

ana

Pai

va

Luci

ana

Pai

va

Luci

ana

Pai

va

Luci

ana

Pai

va

O cantor sertanejo Teodoro:“Para o negócio dar certo é preciso

acompanhar a evolução tecnológica”

Jaqu

elin

e S

tam

ato

PR

Page 74: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

74 Panorama Rural Junho 2009

Otávio Leonel, Rubens Leonel e Oswaldo Simões, produtores de cana e amendoim em Dumont, cidade próxima a Ribeirão Preto. Todos os anos visitam a feira. Dessa vez, as compras iam se resumir a mudas de plantas frutíferas, pois o caixa anda minguado, a produção foi boa, o problema é o baixo preço da cana e do amendoim.

Julio Antonio Fontebasso, produtor de uva, caqui e morango em Jundiaí, SP, vem todo ano na Agrishow, comprou um trator, os implementos vai comprar de segunda mão. “Uma roçadora nova, sai por uns R$ 7 mil, reformada sai por R$ 2 mil”, observa

Alunos do curso técnico de agropecuária de Uberlândia, MG. Vieram em um grupo de 47 jovens. É grande e importante a presença de estudantes universitários e técnicos na Agrishow

Humberto Santos Pereira, de Guaíra, SP, reclama da Bunge

Produtores rurais de Potirendaba,SP, uma das muitas caravanas de produtores organizadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Estado de São Paulo (SENAR/SP) para visitar a Agrishow

A próxima ediçãoda Agrishow está agendada

para o período de 26 de abril a1º de maio de 2010, em Ribeirão Preto

Paulo Coutinho, técnico agrícola e João Paulo Pastrelo, produtor de café em Bariri, SP. Os dois são frequentadores

assíduos da feira. Pastrelo já fechou negócio com trator, mas na maioria das vezes, utiliza a feira para pesquisar e

depois com calma, em casa, define o que vai comprar.

Page 75: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 75

Rolando Boldrin comemora 50

anos de carreira dedicados a

apresentar a música de todas

as regiões e as histórias de todas

as pessoas

Pie

rre

Yve

s R

efal

o/D

ivul

gaçã

o

a lida do Sr.Brasil

Da redação

No próximo mês de agosto, em homenagem ao Dia dos Pais, o artista Rolando Bol-

drin lançará seu primeiro DVD, um trabalho especial, pois retratará seus 50 anos de carreira. Boldrin nasceu em São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, em 1936. “Justamente no atravanco da época braba da segunda grande guerra, quando havia até ra-cionamento de açúcar, farinha e au-tomóvel movido a gasogênio. Lembro da casa de quarto e cozinha de chão batido, sem fogão a gás, sem geladei-ra nem rádio”, conta.

É o sétimo filho do seu Amadeu e de Dona Alzira que chegaram a ter

uma dúzia de filhos. “Doze crianças, seis homens e seis mulheres, esparra-mados em ‘riba’ de colchões de palha de milho com travesseiros de pena de galinha. E eu acabei sendo o único na família, por força do destino, encarre-gado de cantar e contar a minha terra em verso e prosa desde muito cedo”, relata. A viola o acompanhava nas brincadeiras de moleque, assim como o sonho de se apresentar, de cantar, de contar histórias e de viver perso-nagens.

Em 1948, formou com seu ir-mão Leili, a dupla Boy e Formiga. E se apresentavam em programa de auditório em São Joaquim da Barra. “O Boy era eu”, informa Rolando e já emenda a contar o seu caso. “Onze ho-

ras da manhã, as vozes dos locutores Lafayette Leandro e Airton Gouveia se faziam ouvir. – ‘E com vocês...a dupla de ouro...a dupla que vale ouro, a dupla que é um verdadeiro... tesourooooooo: BOY e FORRRRR...MIGA!’ Era o programa de auditório de uma hora de duração, com direito até a jingle do patrocinador e cachê artístico.”

A fama dos dois meninos de vo-zes ardidas cresceu tanto que passa-ram a ser convidados para apresenta-ções em palcos de cinemas de outras cidades. O Boy, na sua infantilidade varonil, fazia sua exigência determi-nante: “O filme da tela tem de ser brasileiro, senão não canto.”

A ida para a capital – aos 16

cultura

Panorama Rural Junho 2009 75

Page 76: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

76 Panorama Rural Junho 2009

anos, ainda moleque, Boldrin seguiu para a capital. Relembra que seu pai, num surpreendente gesto de apoio, ti-rou do bolso lá dele uma nota de 100 mil réis, entregou ao menino para em seguida estender as costas da mão di-reita de mecânico cheirando a gasoli-na, insinuando um beijo de “benção”. Ainda, com forças emocionais, reco-mendou carinhosamente:

- Vá, caboclinho. E muito juízo por lá.

O desembarque em São Paulo, foi às 6 horas da madrugada do dia se-guinte na barulhenta Estação da Luz. A procura de um emprego qualquer de sapateiro, profissão iniciada em São Joaquim, ou de entregador de roupas de tinturaria, nas imediações do bairro da Luz, foi como tinha de ser. A pé. “E eu...bem, eu como não “sonhava” outra coisa senão ser um ATOR, conti-nuei perseguindo este destino.”

Enfrentou empregos diferentes como os de: sapateiro, frentista de posto de gasolina de bêra de estrada, auxiliar de armazém na área cerealis-ta de São Paulo, este último emprego inaugurando a carteira de trabalho novinha. E depois de muitas idas e voltas pelo interior, lendo, cantando e declamando coisas que emocionam... Foi procurar as emissoras de São

gistrada para teste, e durante meses aguardava ansiosamente algum retor-no de notícia que não veio”, relembra.

Artista profissional – a última tentativa foi em 1958, na Rádio e TV Tupi, a pioneira no Brasil, quando, aos 22 anos, consegue seu primeiro trabalho de artista profissional: figu-rante de teleteatros na TV Tupi. Des-de então o ator Rolando Boldrin não parou mais. Foram centenas de atu-ações em rádios, teleteatros, novelas, teatros e cinemas. Como ator nunca se separou do seu violão. Compôs mú-sicas, gravou discos, fez shows e par-ticipou dos grandes festivais.

Com o ator e cantador veio en-tão o grande sonho, os musicais na televisão, que teve início em 1981, na TV Globo com o Som Brasil (1981-1982-1983). Rolando seguiu com o

projeto de divulgar a música genui-namente brasileira para a TV Ban-deirantes, com o Empório Brasileiro (1984), para o SBT, com o Empório Brasil (1989), para a CNT, com a Es-tação Brasil (1997) e atualmente na TV Cultura, com o Sr. Brasil, no ar desde 2005. Programa premiado pela crítica e querido pelo público.

Boldrin é um divulgador da cul-tura brasileira. Ao falar com a Pa-norama Rural, fez questão de deixar claro que não canta o sertanejo, mas a música de todas as regiões e as his-tórias de todas as pessoas. É um ator que apesar de inúmeros papéis jamais deixou de representar o próprio perso-nagem, o brasileiro.

O escritor Érico Veríssimo sou-be como ninguém definir Boldrin: “E Vendo e Ouvindo este campeiro tão íntimo da terra e da vida tão ilumi-nado pela sabedoria do coração, você compreenderá que o homem brasilei-ro é milagrosamente um só de norte a sul de leste a oeste, a despeito de suas distâncias geográficas, um só no que possui de essencial: a cordialida-de, o horror à violência, a capacidade de dar-se e também de rir da vida dos outros e de si mesmo.”

Shows – esse artista que mos-tra os quatro cantos do Brasil vive na maior metrópole do País há 56 anos. Vez ou outra visita São Joaquim da Barra para rever parentes e amigos.

As “coisas” do Brasil ficam mais realçadas com sua interpretação

A viola acompanha Boldrin desde os tempos de menino

Paulo para testes do que desse e viesse. “Podia ser de cantor ou ator de nove-las de rádio, ou mesmo de programas humorísticos, o que, aliás, não faltava. Nas rádios de São Paulo, América, Itapetininga, Record, em todas elas, deixava minha voz re-

Não tem e nunca teve um peda-cinho de terra, algo tão comum entre os artistas. Seu negócio é o palco, a viola, a música, a cultura brasileira. Apresenta-se pelo País todo, não em grandes shows, mas, principalmente, em convenções de empresas e comemorações. Assim, os inte-

cultura

Page 77: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 77

ressados em contratar esse Sr. Brasil – um ser rico de esperança, sabedo-ria, emoção e ritmos – basta contatar Rolando Boldrin pelos telefones: (11) 4702-9134 ou (11) 4612-4614 (fax).

Nhô Tico era um cumpadi meu muito querido. Vou contar um causo mui-

to engraçado com Nhô Tico, Nhá Tuda (muié dele) e um montão de galinha! Foi assim:

NhÔ TICO (gritando do terrreiro) – Nhá Tuda? Vô mudá de ramo. Vô criá galinha!

NhÁ TuDA (estranhando) – Uai... nóis já temo criação de galinha! Lá no nosso galinhêro ta apinhocado delas. Tem bem umas 50...

NhÔ TICO (explicando) – Não, Nhá Tuda. O que nóis temo é galinha brasileira. Umas merdi-ca magrela, ponhando uns ovico de nada. Tô falando que vô mudá de ramo pruquê vou criá galinha americana, que é o que ta fazendo o japonês. Eles tão tudo podre de rico. Ocê há de vê só uma coisa.

Nhô Tico diz isso e parte pra cidade, onde vai buscar a única galinha americana que seu dinhei-ro guardado por muito tempo deu pra comprar.

NhÔ TICO (chegando, car-regando debaixo do braço uma galinha gorda e branca, linda como uma pluma) –Óia só, Nhá Tuda! Isso sim é que é galinha. Ocê vai vê agora a nossa produção.

A galinha era deveras bonita. Tinha uma crista enorme e vermelha cor de sangue. Os olhos da dita cuja, podem acreditar, eram verdes. Gali-nha pra desfilar.

Nhô Tico, depois de mostrar or-gulhosamente a galinha pra mulher dele, solta a dita cuja no galinheiro, juntamente com as tais 50 outras ga-linhas – brasileiras e cada uma mais depauperada que a outra.

Dizendo a pura verdade, as gali-nhas de Nhá Tuda eram a vergonha da nossa raça. Uma estava cambaleando manquitola, outra se coçando de tanto piolho, outra com um olho cego. En-fim, uma tristeza.

E ali estava agora, em meio a esta pocilga, uma raridade americana.

GALINhA AMERICANA (com nojo, olhando a sujeira) – As senhor-ras morram aqui? Ahnn? My God!!!

GALINhA 1 (respondendo com sotaque caipira) – Nóis véve aqui. Por quê?

GALINhA AMERICANA (sem-pre com desprezo) – E as senhorras... porr acaso botam???

GALINhA 1 (sempre encaran-do a arrogância da forasteira) – De vez im quando a gente põe um ovo. Por quê?

GALINhA AMERICANA – E quanto custarrr um ovo de vocês?

GALINhA 1 (olhando pra uma cumadi) – Oh cumadi? Quanto é que tá um ovo nosso no mercado?

GALINhA 2 – Um rear... mai ô mêno, uai.

GALINhA AMERICANA – Posso usar um ninho de vocês para uma demonstraçon?

GALINhA 1 – Pode ocupá o meu. Se quisé, pode inté morá nele a vida toda.

A americana se ajeita no ninho, fecha os olhinhos verdes e sonha com os States pra depois de uns 15 minutos sair cantando e dançando uns passos de balé.

GALINhA AMERICANA – Cócó dé... cócó dé... Vejam o meu produto!

Ela aponta para um ovo bo-tado ali e agora, de aproximada-mente meio quilo, lindo de se ver.

GALINhA AMERICANA (com arrogância) – Se um ovo de vocês custarrr 1 realll, para o meu ovo vão terr que pagar no mí-nimo...5 reaisss.

GALINhA 1 (olhando para a cumadi brasileira) – Oh cumadi! Vê lá se nóis ia se arrebentá tudo só pru causa de 4 rear... Sai pra lá siô!

por Rolando Boldrin

a Galinha americana

Não se esqueçam que em agos-to será lançado seu primeiro DVD. “É uma boa opção de presente para o Dia dos Pais, salienta Boldrin. Mas nós sabemos que será um pre-

sentão para todo mundo.E uma vez que essa é uma re-

vista de agronegócios, trazemos um causo de Boldrin com o enfoque em avicultura. PR

Page 78: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

78 Panorama Rural Junho 2009

Ricardo Barbosa

O Ministro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento, Reinhold Stepha-

nes, disse durante uma visita à Socie-dade Rural Brasileira, que ocorreu no mês de abril, na cidade de São Pau-lo, que se a legislação ambiental for

Legislação para inglês ver

A legislação ambiental brasileira, estabelecida no Brasil na década de 60, se mantém parcialmente atualizada somente por meio de emendas constitucionais

cumprida conforme estabelecida no documento, toda a produção brasilei-ra de alimentos pode ser comprometi-da, pois a maioria dos produtores não atende aos critérios estabelecidos pela lei ambiental.

De acordo com o Ministro, a agri-cultura brasileira representa quase um terço dos empregos no Brasil e respon-

de por 100% da divisas em exportações que o País possui. “A agropecuária brasileira é um dos setores que tem sobrevivido melhor à crise econômica mundial”, diz o ministro. Stephanes sa-lientou que toda e qualquer legislação ambiental que prejudica diretamente o produtor rural, não teve a participação do Ministério da Agricultura.

Arq

uivo

Map

a

Reinhold Stephanes:“se a legislação ambiental for cumprida conforme estabelecida no documento, toda a produção brasileira de alimentos pode ser comprometida”

Page 79: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 79

A legislação ambiental diz que o dono da terra tem o dever de pre-servar 20% da propriedade com mata nativa, mas de acordo com dados do Ministério da Agricultura, áreas como topos de morro, várzeas, entre outros, também são proibidas pela legislação ambiental, mas, normalmente, são utilizadas para o cultivo de café, pro-dução de arroz, entre outros. “Foram criadas muitas restrições com mui-ta racionalidade e pouco equilíbrio, pois muitos códigos da legislação fo-ram estabelecidos, muitas vezes, por pressões ideológicas, políticas, ou até mesmo pressões externas”, diz Ste-phanes.

Umas das questões abordadas pelo ministro, é que quando foi cria-da a atual legislação ambiental, não foram estudados os impactos que ela poderia trazer para o País, em termos econômicos, além de sua impossibili-dade prática de utilização. Dados do Ministério estimam que cerca de 3 milhões de produtores rurais do Brasil poderão ser prejudicados com a apli-cação plena da legislação ambiental.

O mapa da terra – um dos pro-blemas apontados por Stephanes,

quanto à obrigatoriedade do cumpri-mento das leis ambientais, é quanto ao pequeno produtor que, na irre-gularidade, não pode contratar um profissional que o defenda perante a lei, pois, segundo ele, muitos proprie-

tários não terão condições de arcar com as multas que deverão receber, ou com o pagamento de suas dívidas que poderá ter, devido à diminuição de sua produção.

Dados do Mapa revelam que o

A legislação ambiental diz que o dono da terra tem o dever de preservar 20% da propriedade com mata nativa

Page 80: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

80 Panorama Rural Junho 2009

Brasil tem 150 milhões de hectares, dos quais 16% são direcionadas às unidades de conservação, 12% para as terras indígenas, 22% de reservas legais e 26% de áreas de preservação permanente. Somando todas as áre-as, resultam 67% do espaço que não podem ser utilizados para a agrope-cuária. No entanto, neste estudo não estão incluídas as áreas indígenas e quilombolas.

De acordo com o secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, João Sampaio, com a legislação am-biental, o Estado poderá perder mais de 3 milhões de hectares. A cana-de-açúcar deverá ser o setor que mais vai se prejudicar com a vigência da legis-lação ambiental.

O secretário aponta que essa questão deve ser discutida de forma consciente, sem ideologias e com mais racionalismo. João Sampaio espera que produtores, que estejam com uma situação definida em suas proprieda-des não sejam penalizados.

O viés ecológico – de acordo com o secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, MMA, Egon Krakhecke, a questão da legisla-ção ambiental deve ser bem discutida, porque, segundo ele, a princípio há um exagero nos números publicados sobre a disponibilidade de áreas de preservação ambiental, o que inclui as áreas de preservação permanente (APPs).

“Esses números publicados na mídia não correspondem à realida-de”, diz o secretário. Segundo um levantamento realizado pelo MMA, houve nos últimos anos uma crescen-te ocupação agropecuária de áreas de preservação permanente, onde o des-matamento, principalmente realizado por meio das queimadas, ainda é o principal problema do setor. “Temos 133 milhões de hectares em áreas de preservação, mas somente 30% são de proteção integral”, comenta.

O secretário acredita que o bom senso pode conseguir uma harmonia entre os dois lados. Um exemplo cita-do por ele é a utilização, por parte dos produtores, das reservas legais que podem ser utilizadas pela agricultura,

No Estado paulista, a cana-de-açúcar deverá ser a cultura que mais vai se prejudicar com a vigência da legislação ambiental

Luci

ana

Pai

va

Page 81: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 81

mas de uma forma sustentável. “Outro ponto que eu contesto os dados fornecidos pelo setor agro-pecuário são as áreas indígenas, sendo que isso não tem nada a ver com o nosso trabalho, pois é uma questão social e não am-biental”, explica.

Brasil sustentável – com o advento da mecanização e da tecnologia, o Brasil tornou-se um dos países de agricultura mais sustentável do mundo. Um exemplo disso é a utilização do sistema de plantio direto utili-zado nas lavouras brasileiras, principalmente as de grãos. O sistema permite que a terra não fique exposta às condições climá-ticas vigentes de uma determina-da região. Nos Estados Unidos, por exemplo, o plantio direto não é utilizado, pois eles queimam as folhas secas antes de passar com as máquinas, isso contribui, logi-camente, para a emissão de gases nocivos ao meio ambiente.

Plantio direto de soja em área de cana:

prática sustentável

PR

Page 82: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Sugestões de publicações que não podem faltar na biblioteca das pessoas que são do campo ou gostam das coisas da terra

Acrissul – 70 anos de exposições (Moreli Teixeira Arantes)

Um trabalho de pesquisa da professora e pecuarista, lan-

çado em março deste ano, que conta detalhes de sete décadas da história daquela que ainda é uma das maiores exposições agropecu-árias do Centro-Oeste brasileiro: A Expogrande. Além de relatar fatos, a autora os contextualiza politica-mente. Foram 17 anos de levanta-mento de dados, incluindo fotos, documentos, textos ainda escritos a bico de pena e entrevistas. Contato: [email protected] e (67) 3345-4200

***

Zoologia Agrícola – Manejo Ecológico de Pragas

(Flávio Roberto Mello Garcia)

Obra, em terceira edição, fina-lizada em 2008, mostra as-

pectos eco-lógicos no surgimento de pragas e apresen-ta métodos de contro-le. Dentre eles estão as plan-tas iscas, r o t a ç ã o de culturas e inseticidas botâni-cos. Em suas 256 páginas também aborda a utilização de animais úteis ao controle biológico das pragas na agricultura como ácaros, insetos e aves. Contato com o autor através do e-mail: [email protected]

***

Irrigação na Cultura do Café (Roberto Santinato, André L. T.

Fernandes e Durval R. Fernandes)

Esta segunda edição, de 2008, revisada e ampliada (obra ori-

ginal data de 1996) foi praticamen-te obrigatória uma vez que a tecno-logia de irrigação do café passou, no perí-odo, de 10 mil hec tares para mais de 230 mil hecta-res de área

plantada. A obra, em 486 páginas, relata experiências e resultados de pesquisas dos autores. A primeira edição tinha apenas 146 páginas. O café irrigado hoje ocupa aproxi-madamente 10% da área total da cultura no Brasil. O livro aborda os principais aspectos da cafeicul-tura irrigada, da escolha da área aos aspectos da qualidade do café irrigado. O preço promocional de lançamento, segundo informa a Universidade de Uberaba (UNIU-BE) é de R$ 50,00, com custos de envio de R$ 15,00 (impresso do correio, com seguro). Contato: [email protected] e (34) 3319-8963.

***

IV Encontro Confinamento: Gestão Técnica e Econômica

(Rogério Coan)

A Coan Consultoria disponibili-za um novo livro em sua Loja

Virtual através do site www.coan-consultoria.com.br. Trata-se do li-vro do “IV Encontro Confinamen-to: Gestão Técnica e Econômica”, realizado recentemente na Unesp de Jaboticabal. A publicação, edi-tada pela Coan em parceria com a Scot Consultoria, apresenta 243 páginas. Entre os temas abordados estão: carne bovina (o que o mundo quer consumir e o que o Brasil pode produzir até 2020), manipulação de dietas em confinamento, merca-

Page 83: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

do futuro na prática, confinamento x semiconfinamento, perspectivas do mercado de confinamento para 2009, o uso do confina-mento na recupera-ção de pas-tagens, fa-tores que i n f l u e n -ciam no d e s e m -penho de animais em confinamento e manejo sanitá-rio de bovinos confinados.

***

Série Produtor Rural aborda cultura do Pinhão Manso

A série Produtor Rural, editada pela Divisão de Biblioteca e

Documentação (DIBD), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), acaba de lançar um novo título. “A cultura do Pinhão Manso” é o tema do exem-plar nº 42 da publicação. A edição traz desde a classificação botânica, origem e distribuição geográfica da planta, passa pelas características anatômicas e morfológicas e abor-da as propriedades medicinais e as-pectos de manejo.

Segundo os autores, inicial-mente o pinhão manso era apenas uma planta nativa como tantas ou-

tras. Os estudos têm mostrado que ele pode ser explorado comercial-mente, mas a divulgação de infor-mações, até então recente, sobre o potencial de exploração desta olea-ginosa ainda é raro.

O exemplar da coleção pode ser adquirido na Biblioteca ou por envio postal. Outros títulos já pu-blicados podem ser obtidos pelo telefone (19) 3429.4140, e-mail: [email protected] ou pelo site http://dibd.esalq.usp.br em “Publi-cações para Venda”.

***

Pequeno Manual Práticode Instalações Elétricas em

Atmosferas Explosivas

A Associação Brasileira para Prevenção de Explosões

(ABP-Ex) criou uma cartilha em forma de livreto de bolso com o tí-tulo “Pequeno Manual Prático de

Instalações Elétricas em Atmosfe-ras Explosivas”. A publicação tem 70 paginas, com quatro cores e nele pode se encontrar as informações como: o que são, como se formam, como se tratam, como se instalam, como se mantém as instalações elé-tricas em atmosferas explosivas. A distribuição é gratuita e destinada aos profissionais das áreas de se-gurança, seguros, projetos elétricos e de instrumentação, suprimentos, montagem, manutenção etc. Basta solicitar a ABP-Ex. O interessado deve apenas enviar um envelope selado, endereçado a seu nome, contendo seus dados para cadas-tro, (empresa onde trabalha, car-go, telefone, e-mail) para envio de futuras edições, pois o Manual será revisado anualmente. Para mais in-formações, se necessário entrar em contato com ABP-Ex pelo e-mail [email protected] ou tele-fone (11) 5071-1324.

Sugestões de publicações que não podem faltar na biblioteca das pessoas que são do campo ou gostam das coisas da terra

Page 84: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

84 Panorama Rural Maio 2009

Ariosto Mesquita (*)

A inacessibilidade do confina-mento de gado para a maio-ria dos pecuaristas brasilei-

ros pode estar chegando ao fim. As argumentações de que este sistema monitorado de engorda na entressa-fra tem um alto custo e apresenta grandes riscos também pode estar com os dias contados. A Escola de Veterinária da Universidade Fede-ral de Goiás (UFG), a Universidade São Marcos e a empresa de nutri-ção animal Agrocria, lançaram no

Chegou a democracia da engorda?

Brasil inova

e lança o

confinamento

a pasto sem

volumoso

Itamar Sandoval

Na Fazenda Barreiro, pasto sem volumoso e pequena estrutura para alimentação do gado

último dia 14 de maio o sistema de engorda batizado como “Confina-mento a pasto sem volumoso”. As três partes garantem que o processo é inédito no mundo, uma evolução do sistema de confinamento sem vo-lumoso surgido nos anos 70 nos Es-tados Unidos e de regular utilização na Argentina.

A diferença está na possibili-dade de deixar os animais a campo com dieta controlada, e o baixo cus-to de implantação em função de uma mínima estrutura exigida. Antece-dendo seu lançamento, os experi-

mentos desenvolvidos por pesquisa-dores comprovaram bons resultados em ganho de peso, consumo de ali-mento, conversão alimentar, rendi-mento e acabamento de carcaça. O chamado “detalhamento técnico” deste sistema foi tese de doutorado do professor Hélio Louredo (UFG), defendida e aprovada no início deste ano, após aproximadamente 18 me-ses de estudos.

“Trata-se de um trabalho de extensionismo rural, pois estamos levando uma nova tecnologia de pro-dução e democratizando o seu acesso para o pecuarista brasileiro”, comen-ta o professor e pesquisador da UFG. “Este sistema, no entanto, é viável apenas para regiões onde se produz milho a custo adequado”, completa.

Page 85: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Maio 2009 85

Imprensa especializada – diante do ineditismo da proposta, as três frentes de desenvolvimento do sistema decidiram apresentá-la nacionalmente. Para isso, reuniram a imprensa especializada brasileira na Fazenda Barreiro, em Silvânia, GO, – distante 55 km de Goiânia – na manhã do dia 14 de maio. Lá, detalharam a novidade através de uma apresentação técnica e também a campo, para a visualização do re-sultado do desempenho de evolução dos animais.

Os bois foram divididos em grupos que passaram por seis dietas diferenciadas. Ao final, diante de to-dos os desempenhos, foi proposta a adoção do sistema de confinamento a pasto sem volumoso com dieta a base de 85% de milho grão inteiro e 15% de núcleo protéico-mineral-

Flávio Geraldo Ferreira Castro, esta mistura evita que o consumo exclu-sivo do milho, que é rico em amido, provoque a queda do pH ruminal, provocando diarréia, indisposição e perda de peso nos animais.

Dieta de milho inteiro e nú-cleo protéico peletizado – a pes-quisa, no entanto, constatou que uma mudança abrupta na dieta dos animais na adoção de um sistema

tradicional de confinamento em cur-rais gerava um choque alimentar, prejudicando a engorda. A partir daí surgiu a idéia de se manter os animais a pasto permitindo o aces-so tanto à ração quanto a volumo-so (capim) durante os 15 primeiros dias de confinamento. Após este pe-ríodo o gado continua a pasto (mas sem volumoso) e passa a se alimen-tar exclusivamente a base da dieta com milho inteiro e núcleo protéico peletizado.

A adaptação à dieta é um dos segredos dos bons resultados deste novo programa de engorda. A oferta do composto de milho e núcleo pro-téico deve ser gradual. “Inicialmen-te, oferecemos a dieta na proporção de 1,2% do peso vivo do animal; com ajustes mediante a observação diária do cocho, durante 15 dias, chegamos ao índice de 2% de oferta diária de dieta por peso vivo”, expli-ca Castro.

Este sistema foi considerado pelos pesquisadores o mais funcio-nal com bons resultados diante de um baixo custo de investimento por parte do proprietário rural. “Os ani-mais apresentam bom acabamento de carcaça – média de 3,9 mm de espessura de gordura subcutânea -, baixo consumo, ganhos médios e alta conversão alimentar”, garante

Prof. Louredo: “Sistema é viável apenas para regiões onde se produz milho”

Ariosto Mesquita

Ariosto Mesquita

Castro: “sistema envolve uma dieta de oportunidade”

vitamínico peletizado. De acordo com o doutor em Ciência Animal e Pastagem pela Esalq/USP e gerente de produtos da Agrocria,

Dieta: 85% de milho grão inteiro e 15% de núcleo protéico peletizado

Ariosto Mesquita

Page 86: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

86 Panorama Rural Maio 2009

Castro. Segundo ele, para ganhar uma arroba o animal consome uma média de 113 kg de milho inteiro, contra 122,4 kg e 137,3 kg de ou-tros grãos e compostos testados em outras dietas. “O boi entra com 10 arrobas e sai com 18 arrobas 100 dias depois”, afirma o gerente de produtos da Agrocria.

40 bois por hectare – a gran-de diferença estrutural desta nova proposta brasileira sobre o semi-confinamento tradicional é exata-mente o volume de animal por área. “Enquanto este acomoda um animal por hectare, conseguimos alocar 40 bois em cada hectare de terra, além de atingir o dobro de ganho de peso do semi-confinamento”, ressalta o veterinário, diretor comercial e proprietário da Agrocria, Ricardo Scartezini Azeredo Coutinho. Ele também garante que a dieta supor-ta oscilações no preço do milho e da carcaça bovina.

Castro confirma, mas mantém cautela: “trata-se de uma dieta de oportunidade onde se deve levar em conta o preço do milho e da arro-ba”. Diante de um quadro de preço baixo ou médio para o milho e de um valor para a arroba na faixa de R$ 70,00, o custo de produção de 15 quilos/boi - que ficou na média de

R$ 57,00 – mostrou-se altamente rentável. “No entanto, quero lem-brar que é durante a entressafra que o preço da arroba sempre melhora”, frisou.

Baixo investimento – Couti-nho considera que a partir de agora o pecuarista brasileiro ganha acesso a um sistema de engorda em contra-posição a uma estrutura que até en-tão apresentava riscos e demandava alto investimento. “No confinamen-to a pasto sem volumoso há uma baixa necessidade de instalações, de equipamentos e de mão-de-obra; por isso entendemos que estamos demo-cratizando o acesso ao confinamen-to no Brasil, abrindo as portas para grandes, médios e pequenos pecua-ristas”, garante.

Esta nova alternativa de confi-namento busca também eliminar um outro problema de investimento do pecuarista: a necessidade de iniciar a atividade um ano antes do confi-namento propriamente dito. Isso acontece em função da obrigato-riedade de se produzir volumoso na propriedade. “Em um confinamen-to convencional um rebanho de mil bois provoca investimento próximo de 50 hectares de lavoura”, lembra Coutinho.

Castro aponta mais outros nú-

meros importantes: o ganho médio diário de 1,4 kg e rendimento mé-dio de carcaça de 55% com apenas dois tratos diários e um consumo de 8,5kg/cabeça/dia. Para o investi-mento em estrutura de alimentação no pasto, o gerente da Agrocria ga-rante: “para montar a estrutura de cocho o pecuarista vai dispor de algo em torno de R$ 5,00 por cabeça”.

Os técnicos das universidades envolvidas no desenvolvimento deste sistema, assim como a Agrocria, ga-rantem que esta modalidade de con-finamento está plenamente adapta-da às condições do Brasil Central. No entanto, as distâncias geográfi-cas ainda dificultarão o acesso de alguns pecuaristas brasileiros à cor-reta formulação alimentar desenvol-vida pela pesquisa.

O núcleo protéico – compo-nente da dieta – é produzido pela Agrocria em Goiânia, GO e Cuiabá, MT. Para este ano a empresa garante ter condições de atender até 50 mil bois em cada uma das duas fábricas. O atendimento é limitado ainda a um raio de 200 km das duas capitais.

(*) Viajou à Silvânia, GO,a convite da Agrocria.

Coutinho: “estamos democratizando o acesso ao confinamento no Brasil”

Ariosto Mesquita

É uma dieta de oportunidade onde se deve levar em conta o preço do milho e da arroba

Itam

ar S

ando

val

PR

Page 87: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Maio 2009 87

Pioneira na tecnologia de vul-canização a frio no Brasil, a Vipal, uma das principias

marcas mundiais de produtos para reforma de pneus, irá atuar também no mercado de pneus novos.

A partir de um acordo com a marca Fate será distribuidora dos pneus argentinos no Brasil. Prin-cipal produtora e exportadora de pneus da Argentina, a empresa re-úne 1600 colaboradores em sua planta em San Fernando, província de Buenos Aires, onde produz pneus para automóveis, caminhonetes, ônibus, caminhões, tratores, entre outros veículos. Desde 1970 a Fate fornece pneus para as principais montadoras de automóveis e cami-nhões do mundo.

A parceria prevê a comerciali-zação no País da linha completa da Fate: passeio, carga e agrícola.

Com a utilização da rede de

Vipal fecha parceria com a Fate e entra para o mercado de pneus

A parceria prevê a comercialização no País da linha completa da Fate: passeio, carga e agrícola

distribuição da Vipal, juntas as marcas serão responsáveis por uma ampla rede de comercialização de pneus do Mercosul.

Garantia estendida e exclusi-va – quando reformados pela Vipal, os pneus Fate passam a contar com a Reforma Qualificada e Garantida (RQG). E mais, a Vipal , especia-lista em reforma e conhecedora da performance das diversas marcas de pneus em todas as suas “vidas”, avaliza o pneu Fate através de uma garantia exclusiva e diferenciada, com valor de reposição do pneu re-formado 20% superior ao oferecido às demais marcas de pneu. Trata-se do “RQG +20”.

O Sistema RQG consiste em um compromisso desenvolvido em parceria com sua rede composta por mais de 230 Reformadores Autori-zados espalhados por todo o Brasil e outros 54 em 14 países da América Latina. “Graças à condição técnica diferenciada dos nossos Reforma-dores Autorizados, asseguramos a reposição imediata em caso de fa-lha de produto ou de processo, tanto para reformas a frio ou a quente, cobrindo a maioria dos pneus ra-diais e convencionais disponíveis no mercado. Garantimos não somente a reforma, mas também a carcaça. No caso da garantia da reforma dos pneus Fate, o valor da reposição

ficou 20% maior ”, explica João Carlos Paludo, Presidente da Bor-rachas Vipal.

“Através dessa parceria com a Fate, passamos a oferecer aos transportadores brasileiros uma solução completa em termos de pneus, dos produtos para consertos de pneus até as soluções para refor-ma, passando pela oferta do pneu novo”, afirma João Carlos.

A oferta integrada da solução “pneu novo Fate” com a “reforma Vipal” vai contar com o suporte técnico às frotas da equipe Vipal e de sua Rede de Reformadores Au-torizados.

A Vipal disponibilizou o 0800-7070-234 para atendimento relativo aos pneus Fate.

Pneu FateCargo DR400

Pneu FateCargo SR200

PR

Page 88: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

88 Panorama Rural Maio 2009

A Lucas Mill Brasil este-ve presente na Agrishow 2009, realizada de 27 de

abril a 2 de maio em Ribeirão Preto, SP, e apresentou os seus três tipos de serrarias portáteis:

- Lucas Mill, que são serras de disco recomendada para ma-deira dura e grossa, apresenta três modelos, o 614, o 618 e o 830. A 614 possui a capacidade de serrar de dois a quatro metros cúbicos de madeira por dia e o investimento no maquinário é de R$ 26.900,00. A 618 serra de três a seis metros cúbi-cos de madeira por dia e o seu valor é de R$ 34.400,00. Esses dois mo-delos tiram a bitola (peça) máxima de 16 cm x 16 cm. O maior mode-lo da linha Lucas Mill é o 830, e é também o mais vendido no Brasil. O modelo 830 serra bitola de 21,5 cm x 21,5 cm e custa R$ 48.000,00.

- Serra Flex trata-se de uma motoserra destinada a produtores de baixo volume de madeira. A li-nha Norwood – serras de fita são destinadas a produtores de madeira fina e não tão densa, como madeira de pinos e alguns tipos de eucalipto.

- Ecoserra flex, uma serraria de baixo custo (R$ 1.650,00) in-dicada para serrar pouca madeira, pois do contrário sua economicidade não seria viável. A linha de serraria Norwood - Serra de fita possui dois modelos, a Lumber Lite, exposta

na Agrishow e a Lumber Mate. A Lumber Lite possui um porte menor e custa R$ 17.200,00, enquanto a Lumber Mate com motor de 13 ca-valos custa R$ 25.200,00 ou R$ 29.200,00 com motor de 23 cava-los.

De acordo com a sócia-gerente da Lucas Mill Brasil, Heide Seidler, a vantagem da serraria portátil é que com a serraria na propriedade não é preciso transportar a tora da madei-ra até a cidade para ser serrada. “A

serraria portátil vai até onde a tora está, o que traz para o produtor uma economia de tempo e dinheiro, pois se a madeira é levada para a serraria na cidade há o custo de transporte e também da terceirização do serviço, e dependendo do negócio feito entre as partes a serraria ainda fica com a melhor parte da madeira”, argumen-ta Seidler. Além disso, as serrarias portáteis se pagam relativamente rápido de acordo com o destino que é dado à madeira.

Serrarias portáteis trazem soluções eficientes e práticas

Lucas Mill apresentou na Agrishow sua linha de serrarias

Equipe da Lucas Mill na Agrishow 2009

Divulgação

PR

Page 89: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

A Indústria de Implementos Agrícolas Vence Tudo, da cidade de Ibirubá, no RS, foi responsável por uma das atrações da Agrishow 2009, realizada de 27 de abril a 2 de maio em Ribei-

rão Preto, SP, a empresa lançou a plantadora Panther Precision. De acordo com o coordenador do departamento de Agricultura de Pre-cisão, Ismael L. Mari, a plantadora da Vence Tudo, Panther Preci-sion, é a primeira no mercado que faz apli-cação de adubos a taxa variável em dois reser-vatórios (Fósforo e Po-tássio), vindo a ser uma grande ferramenta para agricultores que buscam na tecnologia formas de aumentar sua produção reduzindo custos.

De acordo com Is-mael, existem vários traba-lhos de pesquisas que somam positivamente à questão da adubação no sulco por Taxa Variável, com um maior aproveitamento do fertili-zante pela planta, deixando-a com um sistema radicular mais profundo e resistente a estiagens prolongadas.

Vence Tudo lança na Agrishow 2009 a primeira plantadora no mercado que faz aplicação de adubos a taxa variável em dois reservatórios - Fósforo e Potássio

panther precision

Ismael salienta que a Panther Precision é uma máquina panto-gráfica versátil que pode vir nas configurações de 6 a 16 linhas para grãos grossos e que se no momento o agricultor ainda não possui toda as áreas mapeadas pode trabalhar com a regulagem digital instantâ-

nea de sementes e adubo.

Panther Precision: lançada na Agrishow 2009

Fotos: Divulgação

A plantadora chamou a atenção do público na feira

A GTS do Brasil, com sede em Lages, SC, participa-rá de 02 a 06 de junho, da

Bahia Farm Show – Feira de Tecno-logia Agrícola e Negócios, em Luís Eduardo Magalhães – BA. Claude-cir José Zanchetta, responsável pela área de exportação, informou que a empresa lançará na feira a colhedo-ra de soja, feijão, sorgo, trigo e ca-nola, modelo Flexer FD70.

Os diferenciais dessa Platafor-ma Flexer, segundo Zanchetta, são praticidade e rendimento no seu dia a dia, economia de combustível e me-

GTS lança colhedora modeloFlexer FD70 na Bahia Farm Show

nos perda de grãos. “Essa máquina colhe plantas tombadas, trabalha em qualquer horário e tempo, possui pla-taformas flutuáveis, mede 12 metros de comprimento em peça única (ou 40 pés) e pesa 2.650 quilos.”

Outro importante diferencial é o sistema de recolhimento por es-teiras ao invés de caracol como das plataformas convencionais o que per-mite que o fluxo do material cortado para a área central da colhedora seja suave e contínuo, evitando o acúmulo e ‘embuchamento’ (triângulo mor-to). “Essa máquina lambe o chão e

colhe quase 89,7 hectares de grãos por dia em quase 12 horas”, salienta Zanchetta. A tecnologia Flexer ope-ra com desempenho satisfatório em diversos tipos de relevos.

Lateral da Plataforma

Flexer FD70: menor perda

de grãos

Div

ulga

ção

PR

Page 90: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Novo ritmo no MSNo Estado, sistema

já representa 9% do

PIB, cresceu 18%

em 2008, tem o forte

no agronegócio,

ainda ‘ignora’ a crise,

mas não convence a

pecuária de corte

MS ainda não abriga nenhuma cooperativa de pecuária bovina de corte para abate

Ariosto Mesquita

Surgido em Minas Gerais no início do século passado e forte no Sudeste, sobretudo,

na Região Sul do Brasil, o coope-rativismo agropecuário começa a deslanchar no Centro-Oeste, funda-mentalmente como uma ferramenta para eficiência produtiva e amplia-ção de mercado. Um dos exemplos é o Mato Grosso do Sul. Das suas 102 cooperativas filiadas à OCB, 49% são voltadas às atividades agrícola e pecuária. O setor cooperativista vem ampliando sua participação na eco-nomia regional. No início da década representava 7% do PIB estadual; este índice agora é de 9% (a média nacional é de 6%) e a previsão é de que atinja 12% dentro dos próximos 10 anos. Além disso, o faturamento

médio das cooperativas do Estado cresceu 18% em 2008, mesmo índi-ce médio do Centro-Oeste, conforme dados da Organização das Coopera-tivas Brasileiras no MS (OCB/MS).

No entanto, uma pedrinha no sapato ainda incomoda os coope-rativistas sul-mato-grossenses. Um dos maiores produtores de carne do Brasil – juntamente com Mato Grosso – o Estado ainda não abri-ga nenhuma cooperativa de pecu-ária bovina de corte para abate, processamento e comercialização. “Enquanto o sistema cooperativo é responsável hoje por 80% do algo-dão, 40% da soja e 50% do milho produzidos e comercializados no Mato Grosso do Sul, este índice é zero na bovinocultura de corte”, re-vela o presidente da OCB/MS, Celso Ramos Régis.

“O criador de gado para corte olha o vizinho de cerca como con-corrente e não como possível parcei-ro; e de certa forma é até natural, pois enquanto o pequeno produtor de leite precisa da produção do vizi-nho para que a coleta por caminhão seja viável na região, o frigorífico vai buscar o boi na propriedade do criador, independente de outra fa-zenda”, compara.

A preocupação ganha legiti-midade maior diante do quadro re-cente de suspensão de abates, fecha-mento de indústrias frigoríficas e “calotes” a pecuaristas registrados em vários estados brasileiros e com forte grau no Mato Grosso do Sul.

Excetuando a bovinocultura de corte, a OCB/MS tem como filia-das 25 cooperativas agrícolas, qua-tro de piscicultura, três de avicultu-

90 Panorama Rural Maio 2009

Page 91: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Celso Ramos Régis: “índice é zero na bovinocultura de corte”

ra, 12 de pecuária leiteira, quatro de suinocultura e duas de estrutio-cultura. “Estamos tentando viabi-lizar uma parceria com a Embrapa Gado de Corte para tentar reverter esta situação e mostrar as vanta-gens do sistema cooperativo, prin-cipalmente para processamento e comercialização do gado produzido pelos pecuaristas”, revela Régis. A idéia, segundo ele, é trabalhar para a estruturação de uma unidade pro-cessadora que seria administrada por uma futura cooperativa de cria-dores. Esta possibilidade também é vislumbrada pela presidente da Con-federação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu que, viajando pelo País, vem defendendo a implantação, por produtores, de indústrias cooperadas, administra-das por executivos competentes e de confiança.

Para o vice-presidente da Fe-deração de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), Eduardo Riedel, o problema é muito mais do que cultural e extrapola o Mato Grosso do Sul. “É uma ques-

tão também histórica e que envol-ve a estrutura fundiária brasileira além das características da própria cadeia produtiva”, garante. Ele admite os benefícios que o sistema cooperativo pode trazer à bovinocul-tura de corte, mas faz um alerta: “o meio ainda não ajuda; alguns elos, por exemplo, têm características so-negadoras que não atendem o perfil de uma estrutura de cooperativa que

pressupõe transparência e equilíbrio aos envolvidos”.

Riedel considera que somente uma nova e forte estrutura poderia romper com o que hoje está estabe-lecido. “Temos exemplo de ativida-de cooperativada no processamento e comercialização da bovinocultura de corte no Brasil, mas boa par-te ainda está no vermelho; somen-te muita organização pode romper isso”, alerta.

Números crescentes – mas independente do ainda fraco envol-vimento da pecuária bovina de cor-te, alguns números mostram que o cooperativismo tende a ampliar sua participação no agronegócio. O se-tor, inclusive, parece que ainda não sentiu – como outros – os efeitos da crise financeira mundial. Em recen-te balanço relativo ao ano de 2008, o presidente da OCB Brasil, Márcio Lopes de Freitas, mostrou que as co-operativas filiadas registraram um faturamento de R$ 83 bilhões, um crescimento de 15% sobre os R$ 72 bilhões de 2007. O faturamento do Centro-Oeste foi de R$ 6,41 bilhões.

Riedel:“o meio ainda não ajuda”

Panorama Rural Maio 2009 91

Page 92: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Cooperativa abasteceu Festa do Peixe 2009 em Dourados, MS...

...e comercializou 29 toneladas de pescado direto ao consumidor

A OCB fechou 2008 com 7.672 co-operativas filiadas e 7.687.568 pro-dutores associados.

O governo federal também tremula a bandeira do cooperati-vismo aliado a uma concorrência leal como alternativa mais segura ao setor agropecuário. “Produtores brasileiros devem competir e coope-rar ao mesmo tempo”, declarou em fevereiro, em Maracaju, MS, o mi-nistro Extraordinário para Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger.

E, ao que tudo indica, a ativi-dade no Mato Grosso do Sul vai sen-tir os efeitos da crise de forma bem mais amena do que se esperava. A OCB/MS não vem percebendo retra-ção nos primeiros meses de 2009, ao contrário. “Estamos detectando maior demanda pela atividade coo-perada neste ano, mesmo com esta crise financeira, até pelo fato de que diante desta retração mundial o cooperativismo é uma das soluções para melhor estabilidade na ativi-dade econômica; esperamos manter

o mesmo índice de crescimento de 2008”, aposta Régis.

Setor de Grãos o mais atu-ante – o índice de participação no PIB estadual de 9% garante ao co-operativismo sul-mato-grossense, segundo o presidente da OCB/MS, a

presença na lista dos cinco Estados com maior arrecadação média em relação ao desempenho da economia geral. “Mas ainda temos de evo-luir muito, principalmente o Brasil como um todo, pois a média mundial na participação do PIB é de 21%”, afirma.

O setor de grãos, de longe, é o mais atuante no cooperativismo sul-mato-grossense, mas outros se-guimentos vão se estruturando. “Só no ano passado, por exemplo, foram organizadas três cooperativas de caminhoneiros para o transporte de produção agrícola, sobretudo de ca-na-de-açúcar, o que se explica pelo franco crescimento da atividade su-croalcooleira por aqui”, revela.

Todo este bom desempenho, no entanto, não faz esquecer o baque provocado em todo o sistema pela

92 Panorama Rural Maio 2009

Page 93: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

crise – financeira e de gestão - da segunda maior cooperativa agrope-cuária do Centro-Oeste e a sétima (até 2007) no ranking das maiores exportadoras do Brasil. Em 2008, a Cooperativa Agropecuária e Indus-trial - Cooagri -, com sede em Dou-rados, MS, se viu no fundo do poço, sem crédito no mercado e com dívi-das de R$ 220 milhões a curto pra-zo. A situação só se amenizou quan-do a multinacional norte-americana Archer Daniels Midland Company (ADM) assumiu o gerenciamento das 17 unidades da cooperativa em fevereiro deste ano. Régis, no entan-to, lembra: “o problema vem desde o surgimento da Cooagri no início dos anos 90, quando herdou um passivo da gaúcha Cotrijuí, de onde nasceu”. Este passivo, na época, se-ria de US$ 12 milhões.

Piscicultura – mas outros seto-res vão dando bons exemplos. Outra atividade cooperativada de destaque no Mato Grosso do Sul é a piscicul-tura. Cooperativas nos municípios de Dourados e Mundo Novo estão pró-ximas às regiões consideradas inte-grantes de um novo pólo de produção de peixe de cultivo no Brasil e já são referência no Centro-Oeste.

O vice-presidente da Cooperati-va de Aquicultores do Mato Grosso do Sul (MSPeixe), Ademar Ferreira, evita falar em faturamento ou mesmo em volume total de produção dos co-operativados, mas não esconde o oti-mismo com a atividade: “não temos notado, como produtores de pescado, nenhum sinal de crise por aqui, mui-to pelo contrário; alguns pisciculto-res que também trabalham com gado de corte e agricultura nos dizem que nos últimos anos o que tem salvado a situação é o cultivo de peixe”.

A cooperativa reúne 41 piscicultores

A cooperativa reúne 41 pisci-cultores, a maioria pequenos produ-tores, atende ao mercado sul-mato-grossense e abastece laboratórios que vendem alevinos para todo o Brasil. Além de investimentos em estrutura logística, treinamentos e qualificação de cooperativados, a MSPeixe se prepara para construir – com recursos do Governo Fede-ral – o seu entreposto de peixe em um terreno de 42 mil m² doado pela Prefeitura de Dourados

A integração com a sociedade também é política da MSPeixe. Há seis anos é parceira na realização da Festa do Peixe de Dourados. Na sexta edição, em abril deste ano, a cooperativa comercializou 28 tone-ladas de peixe vivo diretamente ao consumidor. Além disso, promoveu competições de pesca e “escon-deu” em cada uma de 10 unidades premiadas de pacu, um vale de R$ 200,00. “Foi um sucesso total”, afirma Ferreira.

Panorama Rural Maio 2009 93

PR

Page 94: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

94 Panorama Rural Maio 2009

Ruralistas de di-versas regiões do país são espera-

dos em Viçosa, no perío-do de 12 a 17 de julho de 2009, para a realização da 80ª Semana do Fazen-deiro, que terá como tema central “80 Anos de Diá-logo com o Campo”. Coor-denado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, o evento é uma oportunidade de oferecer conhecimentos da ciência e tecnologias re-lacionadas com o agrone-gócio. Estão programados vários cursos de curta du-

cada de 20, a Semana do Fazendei-ro tem sido utilizada pela UFV para

Eventos

Universidade de Viçosa realiza a 80ª Semana do Fazendeiro

Exposição de máquinas e implementos agrícolas durante Semana do Fazendeiro

compartilhar os resultados de suas atividades de ensino, pesquisa e ex-tensão, contribuindo para o desen-volvimento do agronegócio e para o bem-estar social do produtor rural e de sua família. Durante o evento, são promovidas exposição de máquinas e implementos agrícolas, exposição de artesanato, atividades de lazer e variada programação cultural.

Poderão se inscrever na Sema-na do Fazendeiro produtores rurais acima de 18 anos, interessados em adquirir conhecimentos técnicos nas áreas temáticas dos cursos e obter consultoria técnica e tecnológica prestada por especialistas na Clí-nica Tecnológica. A inscrição tam-bém é aberta aos familiares diretos dos produtores rurais, até segundo grau, trabalhadores do setor agro-Durante a semana são realizados diversos cursos de curta duração

ração, com extenso leque de opções.Realizada desde o final da dé-

Page 95: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Maio 2009 95

Eventos

pecuário, estudantes de es-colas agrotécnicas (filhos de produtores rurais e, ou, menores aprendizes do meio rural), acima de 16 anos ou a completar até julho de 2009, mediante comprova-ção documental.

Informações mais de-talhadas poderão ser obtidas pelos telefones (31) 3899-1701/2156 e pelos endere-ços www.ufv.br e [email protected]

Cursos de produção de doces, como alternativa para

diversificação de renda, também fazem parte da programação

Especialistas de quatro países e de diversas insti-tuições de pesquisa do Brasil estarão presentes no IV Seminário Nacional de Gestão de Resí-

duos e no I Seminário Internacional de Sustentabilida-de Energética, cuja temática é Tecnologias Ambientais: Energia Renovável a partir de Biomassa e Resíduos Agrícolas. O evento acontece no auditório do CREA, em Belo Horizonte, MG, nos dias 23 e 24 de julho.

A questão dos resíduos agrícolas e as possibilida-des de aproveitamento para a produção de energia re-novável têm se transformado em um tema sobre o qual pesquisadores se debruçam, buscando soluções que con-tribuam para a matriz energética nacional. O Seminário vai contribuir para esse debate, reunindo pesquisadores e cientistas de organizações nacionais e internacionais.

Especialistas do Brasil e do exterior debatem geração de energia a partir de resíduos agrícolas

As Câmaras de Comércio Brasil-Estados Unidos e Brasil-Alemanha, as universidades de Viçosa (UFV/Bra-sil) e de Bornim, Alemanha, além da Associação Mineira de Municípios (AMM), o Canal Rural e a Ruralminas apóiam esse seminário.

As inscrições são limitadas e começam no dia 30 de março. Outras informações podem ser obtidas através do site do evento: www.institutobrasil.com/bioenergia.

PR

PR

Page 96: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

1º Seminário de Aquicultura do Estado do Amapá

Local: Auditório da UEAP – Macapá, APData: 09 e 10 de junho de 2009 Contato: (96) 4009-9550 e aqü[email protected]

Congresso Nacional deAviação Agrícola 2009

Local: Hotel Fazenda mato Grosso e Es-tância Santa Rica – Cuiabá, MTData: 17 a 19 de junho de 2009

Contato: (51) 3594-7000 e [email protected]

VI Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil

Local: Centro de Convenções de Vitória, ESData: 02 a 05 de junho de 2009

4º Congresso Internacional de Bioenergia

1º Congresso Brasileiro de Geração Distribuída e Ener-gias RenováveisBIO Tech Fair 2009 - 2ª Feira Internacional de Tecnologia em Bioenergia e Biocom-bustível

Local: Expotrade Convention Center – Pi-nhais, PR (Região Metropolitana de Curi-tiba)Data: 16 a 19 de junho de 2009 Contato: (41) 3072-3131

Local: Expominas – Pavilhões 2 e 3 – Belo Horizonte, MGData: 04 a 07 de junho de 2009 Contato: (31) 3284-6315 [email protected]

6ª Megaleite – Exposição Bra-sileira do Agronegócio do Lei-te

Local: Parque Fernando Costa – Ubera-ba, MGData: 29 de junho a 05 de julho de 2009 Contato: (34) 3331-6000 [email protected]

Brazil Ethanol Trade Show 2009 – Feira Internacional de Tecnologia para a Produção de Etanol

Local: WTC Golden Hall – São Paulo, SPData: 01 a 03 de junho de 2009Contato: [email protected]

Eco Bahia 2009 – Feira de Educação Ambiental

Local: Estádio do Pituaçu – Salvador, BAData: 03 a 06 de junho de 2009 Contato: delfim@feirabrasilpetroleoegas .com.br

Feira da Indústria Comércio e Serviços de Bento Gonçalves

Local: CIC – Bento Gonçalves, RS

IV Frutal Amazônia eIX Flor Pará

Local: Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia – Belém, PAData: 25 a 28 de junho de 2009 Contato: (91) 4006-1260 [email protected]

hortitec 2009 – Exposição Técnica de horticultura, Cul-tivo Protegido e Culturas In-tensivas

Local: Holambra, SPData: 10 a 12 de junho de 2009 Contato: (19) 3802-4196 ewww.hortitec.com.br

Bahia Farm Show 2009 Local: Luis Eduardo Magalhães, BAData: 02 a 06 de junho de 2009 Contato: (71) 3379-1777 ewww.bahiafarmshow.com.br

Feicorte 2009 – 15ª Feira In-ternacional da Cadeia Produ-tiva da Carne

Local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo, SPData: 16 a 20 de junho de 2009 Contato: (11) 5067-6767 [email protected]

12ª Expocachaça – Feira e Festi-val Internacional da Cachaça

Data: 04 a 14 de junho de 2009 Contato: [email protected]

Femap 2009 – Feira da Tecno-logia Moveleira

Local: Pavilhão do Horto Florestal – Ubá, MGData: 16 a 19 de junho de 2009 Contato: [email protected]

R Energy 2009 – Expo Inter-nacional de Energias Renová-veis

Local: São Paulo, SPData: 17 a 19 de junho de 2009 Contato: [email protected]

Ambiental Expo 2009 – Fei-ra Internacional de Soluções para Saneamento e Meio Am-biente

Local: Anhembi – São Paulo, SPData: 30 de junho a 02 de julho de 2009 Contato: daniel.zanetti@reedalcantara. com.br

Expocafé 2009Local: Três Pontas, MGData: 17 a 19 de junho de 2009 Contato: (35) 3829-1674 e [email protected]

Feiras & Exposições fale com o editor:[email protected]

Eventos & Leilões

96 Panorama Rural Junho 2009

Page 97: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

1º Congresso Brasileiro sobre Florestas Energéticas

Local: Expominas – Belo Horizonte, MGData: 02 a 05 de junho de 2009 Contato: (43) 3025-5223 e [email protected]

Simtec 2009 – Simpósio Inter-nacional e Mostra de Tecnolo-gia da Agroindústria Sucroal-cooleira

Local: Engenho Central – Piracicaba, SPData: 30 de junho a 03 de julho de 2009 Contato: (19) 3417-8604 e [email protected]

PecNordeste – XIII Seminário Nordestino de Pecuária

Local: Centro de Convenções do Ceará – Fortaleza, CEData: 15 a 18 de junho de 2009

Contato: (85) 3535-8000 e [email protected]

10ª Encontro de Plantio Di-reto no Cerrado

Local: Salão de Eventos da Unigran – Dourados, MSData: 14 a 26 de junho de 2009 Contato: (67) 3416-9739 e [email protected]

4º Prêmio Emater/MG de Criatividade Rural

Participantes: agricultores e pecuaristas (pessoas físicas) do Estado de Minas GeraisInscrições: 30 de março a 31 de julho de 2009Informações: (31) 3349-8273 e [email protected] pelo site: www.emater.mg.gov.br

Leilão Virtual Fazendas Pau-listas

Oferta: vacas, novilhas e bezerras Giro-landoCidade: Guaiçara, SPData: 07 de junho de 2009 horário: 20 horasTransmissão: Agrocanal

Leilão Virtual Fazenda Prima-vera

Oferta: fêmeas GirolandoCidade: Avaré, SPData: 07 de junho de 2009 horário: 15 horasTransmissão: Agrocanal

Leilão Virtual Fazenda Bom Retiro

Oferta: vacas em lactação e novilhas pre-nhas Girolando

Eventos & Leilões fale com o editor:[email protected]

Page 98: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

98 Panorama Rural Junho 2009

Cidade: Pedranópolis, SPData: 07 de junho de 2009 horário: 11 horasTransmissão: Agrocanal

Leilão Puro LeiteOferta: fêmeas GirolandoCidade: São Gonçalo do Sapucaí, MGData: 11 de junho de 2009horário: 14 horasTransmissão: Agrocanal

2º Leilão Virtual Fazenda Vila Rica

Oferta: vacas, novilhas e bezerras Giro-landoCidade: Cocalzinho de Goiás, GOData: 22 de junho de 2009 horário: 20 horasTransmissão: Agrocanal

2º Leilão InconfidênciaOferta: Santa InêsLocal: Restaurante La Vitória – Belo Ho-rizonte, MGData: 04 de junho de 2009 horário: 21h30minTransmissão: TerraVivaInformações: (87) 9114-0546

10º Leilão Virtual Tradição & Inovação

Oferta: Santa InêsData: 09 de junho de 2009 horário: 21 horasTransmissão: TerraVivaContato: (87) 9114-0546

1º Leilão Terra dos Inhamuns Baby

Oferta: Santa Inês, Dorper, Anglonubia-no e BôerLocal: Parque de Exposições de Tauá, CEData: 12 de junho de 2009 horário: 20 horas

3º Leilão Terra dos InhamunsOferta: Santa Inês, Dorper, Anglonubia-no e BôerLocal: Parque de Exposições de Tauá, CEData: 13 de junho de 2009horário: 21 horas

Transmissão: TerraViva

3º Leilão Virtual 3 Ases e 1 Curinga

Oferta: Santa Inês, Bôer e DorperData: 14 de junho de 2009 horário: 21 horasTransmissão: TerraVivaContato: (83) 9941-5649

6º Leilão Virtual Cabanha Caretta

Oferta: DorperData: 21 de junho de 2009 horário: 21 horasTransmissão: TerraVivaContato: (15) 9107-7539

1º Leilão Virtual Parceiros do Sim

Oferta: Santa InêsData: 23 de junho de 2009horário: 21 horasTransmissão: TerraVivaContato: (87) 9114-0546

2º. Leilão Natal Quarter horseOferta: Quarto de MilhaLocal: Parque de Exposições Aristófanes Fernandes – Parnamirim, RNData: 27 de junho de 2009 horário: 14 horasTransmissão: Agrocanal

Leilão de CorteOferta: gado cria, recria e engordaLocal: Recinto de Leilões Anísio Haddad – S. J. Rio Preto, SPData: 04 de junho de 2009 horário: 18 horas

Leilão de CorteOferta: gado cria, recria e engordaLocal: Recinto de Leilões Anísio Haddad – S. J. Rio Preto, SPData: 11 de junho de 2009 horário: 18 horas

Leilão de CorteOferta: gado cria, recria e engordaLocal: Recinto de Leilões Anísio Haddad – S. J. Rio Preto, SP

Eventos & Leilões fale com o editor:[email protected]

98 Panorama Rural Junho 2009

Data: 18 de junho de 2009 horário: 18 horas

Leilão de CorteOferta: gado cria, recria e engordaLocal: Recinto de Leilões Anísio Haddad – S. J. Rio Preto, SPData: 25 de junho de 2009 horário: 18 horas

2º. Leilão Produção M.h.Oferta: bezerros e bezerras de cruzamen-to industrialLocal: Recinto de Leilões Anísio Haddad – S. J. Rio Preto, SPData: 30 de junho de 2009 horário: 18 horas

Leilão Produção Serra de Maracaju

Local: Parque de Exposições de Maraca-ju, MSData: 06 de junho de 2009horário: 21 horas (oficial de Brasília)

22º Leilão Serra de MaracajuOferta: machos Nelore POLocal: Parque de Exposições de Maraca-ju, MSData: 07 de junho de 2009 horário: 21 horas (oficial de Brasília)

Leilão Produtoras de Mara-caju Corte

Local: Parque de Exposições de Maraca-ju, MSData: 09 de junho de 2009horário: 21 horas (oficial de Brasília)

7º Leilão da Filó MaracajuOferta: machos e fêmeas leiteirasLocal: Parque de Exposições de Maraca-ju, MSData: 10 de junho de 2009horário: 21 horas (oficial de Brasília)

8º Leilão Touro JovemOferta: reprodutores Nelore POLocal: Estância Orsi – Campo Grande, MSData: 27 de junho de 2009 horário: 13 horas (oficial de Brasília)

Page 99: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

Panorama Rural Junho 2009 99

Page 100: agroenergia O país da - canamix.com.br · Panorama Rural Junho 2009 1 Ano XI · Nº 124 · Junho/2009 · R$ 9,90 O potencial brasileiro para produzir biocombustíveis e elevar a

100 Panorama Rural Junho 2009