agricultura familiar na economia do brasil e do rio grande do sul

45
Joaquim J. M. Guilhoto Fernando G. Silveira Carlos R. Azzoni Silvio M. Ichihara

Upload: rubens-fey

Post on 20-Oct-2015

15 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • Joaquim J. M. GuilhotoFernando G. Silveira

    Carlos R. AzzoniSilvio M. Ichihara

  • Joaquim J. M. GuilhotoFernando G. Silveira

    Carlos R. AzzoniSilvio M. Ichihara

    MDA/NEADBraslia, 2005

  • NEAD Estudos 9Copyright by MDA

    Projeto grco, capa e diagramaoCaco Bisol Produo [email protected] Ministrio do Desenvolvimento Agrrio (MDA)Secretaria da Agricultura Familiar (SAF)SBN Quadra 1 Edifcio Palcio do Desenvolvimento 6 andar, sala 609CEP 70057-900 - Braslia/DFTelefone: (61) 3426-9963www.mda.gov.br

    Ncleo de Estudos Agrrios e Desenvolvimento Rural (NEAD)SCN Quadra 1 - Bloco C Edifcio Trade Center 5 andar, sala 501CEP 70711-902 - Braslia/DFTelefone: (61) 3328-8661www.nead.org.br

    G956a

    Guilhoto, Joaquim J. M. Agricultura familiar na economia: Brasil e Rio Grande do Sul / Joaquim J. M. Guilhoto ... [et al]. -- Braslia : Ministrio do Desenvolvimento Agrrio, 2005. 44 p.; 21 x 28 cm. -- (Estudos Nead; 9).

    1. Agricultura familiar - produo - Brasil. 2. Agricultura familiar - aspectos econmicos - Rio Grande do Sul. 3. Agronegcio. 4. Produto interno bruto - pesquisa Brasil. I. Ttulo II. Srie. III. Silveira, Fernando G. IV. Azzoni, Carlos R. V. Ichihara, Silvio M.

    CDD 339.310981

    Luiz Incio Lula da Silva Presidente da Repblica

    Miguel Soldatelli Rossetto Ministro de Estado doDesenvolvimento Agrrio

    Guilherme Cassel Secretrio-executivo do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio

    Rolf HackbartPresidente do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria Incra

    Valter Bianchini Secretrio de Agricultura Familiar

    Eugnio Peixoto Secretrio de Reordenamento Agrrio

    Jos Humberto Oliveira Secretrio de Desenvolvimento Territorial

    Caio Galvo de Frana Coordenador do Ncleo de Estudos Agrrios e Desenvolvimento Rural - NEAD

    PCT MDA/IICA - Apoio s Polticas e Participao Social no Desenvolvimento Rural Sustentvel

  • Apresentao

    A dinmica das transformaes das atividades agropecurias e das demais aes a ela vinculadas tem exigido dos setores pblico e privado o contnuo aperfeioamento de instrumentos de anlise para orientar as suas decises, principalmente no que diz respeito ao planejamento das polticas pblicas que visam obteno da segurana alimentar, gerao de emprego e renda e ao desenvolvimento local em bases sustentveis e eqitativas.

    Parte desse esforo de anlise tem sido dirigida para caracterizar a enorme complexidade das relaes econmicas, sociais e polticas associadas a essas atividades. Essa complexidade decorre, em larga medida, da estreita ligao que h entre os diferentes grupos sociais engajados diretamente nas atividades produtivas e das vrias formas sob as quais se organiza o trabalho no campo.

    Dessas iniciativas, duas podem ser destacadas. Ambas concludas no ano 2000. A primeira delas foi a publicao do Novo Retrato da Agricultura Familiar O Brasil Redescoberto, coordenado por Car-los Enrique Guanziroli e Silvia Elizabeth Cardim, que consolidou uma srie de estudos realizados no mbito do Projeto de Cooperao Tcnica Incra/FAO, desde 1995. Esses textos forneceram novos ele-mentos sobre a ampla diversidade da agricultura brasileira em relao situao dos produtores, entre vrios outros aspectos.

    A principal inovao dessas pesquisas foi tornar operacional, mediante a utilizao de microda-dos censitrios, um determinado conceito de agricultura familiar construdo no mais sobre um limite mximo de rea ou de valor de produo da unidade familiar, mas a partir das suas relaes sociais de produo. Esse novo conceito vem contribuindo para refutar anlises que usam como equivalentes os termos agricultura familiar e outros, como pequena produo e agricultura de baixa renda, e que dele extraem julgamentos prvios sobre as possibilidades econmicas do segmento familiar no campo, condenando-o marginalidade ou ao desaparecimento.

    A segunda iniciativa foi a pesquisa conduzida no Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada da Universidade de So Paulo (Cepea/USP), sob a coordenao de Joaquim Jos Guilhoto, Maria Cristina Furtuoso e Geraldo Santana de Camargo Barros, com o suporte da Confederao Nacio-nal da Agricultura e Pecuria (CNA), cujo objetivo nal foi estimar o crescimento mensal do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegcio brasileiro. Essa medio passou a representar um dos mais impor-tantes indicadores de desempenho da atividade agropecuria e agroindustrial no Pas, com ampla uti-lizao nos meios acadmicos e de comunicao.

    A principal inovao dessa pesquisa foi o delineamento e a mensurao de um conjunto de bens e servios, inter-relacionados com as atividades agropecurias produzidos no pas, de forma compatvel e consistente com as contas nacionais ociais que tendem a isolar os elos primrio, secundrio e ter-cirio das cadeias produtivas dependentes de insumos renovveis.

    Mesmo com essas e outras pesquisas, ainda possvel constatar a escassez de informaes adequadas e de avaliaes regulares e abrangentes produzidas com slido embasamento cientco que permitam aperfeioar os instrumentos de anlise.

    Os textos O Agronegcio Familiar na Economia Brasileira e O Agronegcio Familiar na Economia do Rio Grande do Sul sintetizam os resultados do estudo proposto pelo Ministrio do Desenvolvimen-to Agrrio, por meio do Ncleo de Estudos Agrrios e Desenvolvimento Rural (NEAD), Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas (Fipe) para denir e quanticar as cadeias produtivas da agricultura familiar, considerando as atividades a montante (parque industrial que fornece bens de capital e insumos para o campo) e a jusante (rede armazenadora, transporte, processamento, industrializao e distribui-o) da agropecuria propriamente dita e suas interligaes. O perodo abrangido o de 1995 a 2003.

    O estudo baseia-se na mesma tcnica empregada para o clculo do chamado agronegcio, j realizado regularmente pelo Cepea/USP, e busca identicar a parcela relativa ao segmento familiar, utilizando o mesmo universo adotado pelo Projeto de Cooperao Incra/FAO.

    A metodologia utilizada leva em considerao as recomendaes das Naes Unidas para o clculo do PIB, adotando a matriz de insumo-produto do Novo Sistema de Contas Nacionais (NSCN) da Fundao Instituto Brasileiro de Geograa e Estatstica (FIBGE) e outros estudos da Fipe, como ins-trumentos bsicos de anlise.

  • 4 NEAD ESTUDOS 9

    As estimativas do desempenho da produo agropecuria familiar tm como base o Censo Agrope-curio 1995/96 e a evoluo das informaes de acompanhamento da atividade agropecuria apuradas pela FIBGE na Pesquisa Agrcola Municipal (PAM), na Pesquisa Pecuria Municipal (PPM), na Produo da Extrao Vegetal e Silvicultura, nas Pesquisas Trimestrais do Leite e do Abate de Animais.

    Entre os autores, os professores doutores Joaquim Jos Martins Guilhoto e Carlos Roberto Azzo-ni, alm de Silvio Massoru Ichihara, so vinculados Faculdade de Economia, Administrao e Conta-bilidade da USP, e Fernando Gaiger Silveira, ao Instituto de Pesquisas Econmicas Aplicadas (Ipea), do Ministrio do Planejamento. Esses pesquisadores e suas instituies so especializados e amplamente reconhecidos por suas anlises estruturais das economias nacional e regionais e na elaborao de modelos econmicos de previso.

    A utilizao, pelos autores, do termo agronegcio reete a aceitao quase generalizada que o mesmo tem recebido. No entanto, ao contrrio daqueles que fazem uma apropriao no-cientca desse conceito atravs da homogeneizao indevida dos grupos sociais no campo, os pesquisadores tratam os agricultores familiares como um segmento do complexo maior da chamada economia do agronegcio, conferindo-lhes uma identidade econmica prpria.

    De forma crtica a essa apropriao e sem prejuzo metodolgico para os objetivos do estudo, possvel referir-se ao conjunto das atividades a montante e a jusante do estabelecimento rural como as atividades das cadeias produtivas da agricultura familiar.

    Os dados apresentados nos dois textos mostram que o segmento familiar da agropecuria bra-sileira e as cadeias produtivas a ela interligadas responderam, em 2003, por parcela expressiva do PIB brasileiro (10% ou R$ 157 bilhes em valores daquele ano) e do PIB gacho (27%). Isso equivale a cerca de um tero do total gerado nessas atividades em todo o Pas e a 55% desse mesmo valor no Rio Gran-de do Sul. Os autores destacam ainda que o desempenho recente da agropecuria familiar e do agro-negcio a ela articulada vem sendo bastante positivo, superando, inclusive, as taxas de crescimento relativas ao segmento patronal. Segundo eles, isso mais signicativo tendo em vista a insucincia de terras, as diculdades creditcias, o menor aporte tecnolgico e a fragilidade da assistncia tcnica, entre outros fatores.

    Outra importante concluso do estudo que ainda h um espao considervel para a agregao de valor nos cultivos e criaes desenvolvidas pelos agricultores familiares, signicando uma participa-o ainda mais expressiva das cadeias produtivas articuladas com a agricultura familiar.

    O reconhecimento da importncia econmica da agricultura familiar no esgota, evidentemente, as suas possibilidades enquanto agente fundamental do desenvolvimento do Pas. A ela devem ser agregados os componentes de valorizao social, cultural e tecnolgica das populaes que vivem e trabalham no campo. O tratamento setorial das suas atividades tambm considera o importante papel do seu carter pluriativo e multifuncional nos processos de desenvolvimento dos territrios.

    Os dados ora revelados conrmam a necessidade de acompanhar de forma diferenciada o com-portamento dos indicadores conjunturais e das tendncias no longo prazo das cadeias produtivas vinculadas ao campo.

    A partir das denies metodolgicas que fundamentam os textos aqui publicados, o NEAD/MDA e a Fipe passaro a apurar e a divulgar regularmente a evoluo do PIB das cadeias produtivas da agri-cultura familiar do Brasil e dos demais Estados.

    Esta publicao ilustra, ainda, a importncia do dilogo permanente entre a academia, os rgos pblicos e os setores diretamente vinculados para que, por um lado, as polticas pblicas, em geral, e, em particular, as de desenvolvimento rural e reforma agrria, possam ser aperfeioadas e, por outro, para a necessria qualicao do debate pblico sobre tais temas.

    Boa leitura!

    Braslia, setembro de 2005

    Caio Galvo de FranaCoordenador Geral NEAD/MDA

    Vicente Azevedo MarquesAssessor da Comisso de Agricultura, Pecuria e Cooperativismo da Assemblia Legislativa do Estado Rio Grande do Sul

  • Sumrio

    O Agronegcio Familiar na Economia Brasileira 7O PIB do Agronegcio Familiar na Economia Brasileira, 1995 a 2003 7Desempenho do PIB do Brasil 8Desempenho dos Agronegcios Familiar e Patronal do Brasil 9Os Complexos dos Agronegcios Familiar e Patronal do Brasil 11Componentes dos Complexos Agrcolas Familiar e Patronal do Brasil 12Componentes dos Complexos Pecurios Familiar e Patronal do Brasil 13O Setor e a Indstria Agrcolas do Brasil 14O Setor e a Indstria Pecurios do Brasil 16Comentrios Finais 19

    O Agronegcio Familiar na Economia do Rio Grande do Sul 23O PIB do Agronegcio Familiar na Economia do RS, 1995 a 2003 23Desempenho do PIB do RS 24Desempenho dos Agronegcios Familiar e Patronal do RS 28Complexos dos Agronegcios Familiar e Patronal do RS 29Componentes dos Complexos Agrcolas Familiar e Patronal do RS 30Componentes dos Complexos Pecurios Familiar e Patronal do RS 30Evoluo dos Componentes dos Agronegcios Familiar e Patronal do RS 31O Setor e a Indstria Agrcolas do RS 33O Setor e a Indstria Pecurios do RS 35Comentrios Finais 38

  • 7AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    O Agronegcio Familiar na Economia BrasileiraQuando se fala de agronegcio, parte-se de um conceito restrito, que a agropecu-

    ria, e passa-se a um conceito mais amplo, que tem como centro a atividade agropecuria

    e envolve toda a sua cadeia produtiva, desde os insumos utilizados no setor produtivo, o

    setor da agropecuria, a indstria de transformao, at o setor de distribuio e servios.

    Estudos anteriores tratam da importncia do agronegcio para a economia brasileira

    como um todo, porm faltava incluir uma estimativa da importncia do agronegcio da agri-

    cultura familiar, expressivo segmento do complexo maior da economia do agronegcio.

    Sabe-se de sua importncia social, seja pela gerao de emprego e ocupao, seja

    pelo perl dos produtos, basicamente destinados ao consumo alimentar nacional. Desta

    forma, fundamental que tambm se tenha uma idia de sua importncia econmica.

    E justamente nesta direo que caminhou o estudo desenvolvido, em conjunto, pela

    Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas - Fipe e o NEAD/MDA, para determinar a im-

    portncia econmica do agronegcio familiar dentro da economia nacional e que agora

    apresentado em seus pontos principais.

    Desta forma, este trabalho traz para discusso os resultados da pesquisa, e tambm

    deve auxiliar na formulao de polticas pblicas voltadas para o segmento familiar da

    agricultura nacional, considerando que, na parte econmica, o seu agronegcio movi-

    menta em torno de um tero do setor e 10% do Produto Interno Bruto - PIB nacional, isto

    sem mencionar as suas posies estratgicas e fundamentais na gerao de empregos,

    alimentos, divisas, e na reduo de presses sociais sobre os centros urbanos.

    O PIB do Agronegcio Familiar na Economia Brasileira, 1995 a 2003

    O agronegcio possui quatro componentes principais: insumos; o prprio setor;

    processamento; e distribuio e servios. Neste estudo, o agronegcio foi ainda dividido

    em quatro subcomplexos, cada um contendo os quatro componentes citados: agricul-

    tura familiar; agricultura patronal; pecuria familiar; e pecuria patronal.

  • 8 NEAD ESTUDOS 9

    A Figura 1 detalha a estrutura do PIB do agronegcio na economia e facilita o en-

    tendimento das anlises que se seguiro. A disposio seqencial enfoca a distino entre

    o agronegcio familiar e o patronal e direciona de uma forma organizada as anlises.

    O primeiro bloco de anlise corresponde a uma rpida avaliao da importncia do

    agronegcio e de seus dois grandes complexos, ao longo do perodo que compreende

    os anos de 1995 a 2003. No segundo, detalha-se a anlise anterior, sob a perspectiva do

    agronegcio familiar e do patronal.

    No terceiro, avalia-se a dimenso e a evoluo do desempenho familiar e patronal

    atravs dos complexos agrcola e pecurio e de seus respectivos componentes. Dos

    quatro componentes principais, o prprio setor e a indstria so melhor detalhados nos

    quarto e quinto blocos.

    Dentro do complexo agricultura, o estudo do setor agrcola detalhado, no quarto

    bloco, para a soja, o milho, o fumo e outras culturas. Ainda dentro da agricultura, a in-

    dstria relacionada com esse complexo subdividida em 11 grupos: Madeira e mobili-

    rio; Celulose, papel e grca; lcool; Indstria txtil; Artigos do vesturio; Indstria do

    caf; Indstria do fumo; Beneciamento de produtos vegetais; Fabricao de acar;

    Fabricao de leos vegetais; e Outros produtos alimentares.

    Da mesma forma, o bloco cinco detalha o setor e a indstria, mas com relao ao

    complexo da pecuria. O setor ento subdividido em cinco grupos: Aves; Bovinos;

    Leite; Sunos; Outras criaes animais. E a indstria, em outros cinco grupos: Fabricao

    de calados; Abate de aves; Abate de bovinos; Abate de sunos e outros animais; e In-

    dstria de laticnios.

    Desempenho do PIB do Brasil

    No perodo de anlise, de 1995 a 2003, o PIB do Brasil apresentou crescimento

    acumulado de quase 16%, chegando a R$ 1.556 milhes em 2003.(Grco 1) Por sua vez,

    o agronegcio, apesar de apresentar taxas anuais de crescimento baixas, ou mesmo

    negativas, at 2001, teve boa recuperao, em 2002 e 2003, por conta dos ambientes

    internacional e nacional favorveis ao seu crescimento, chegando a um crescimento

    acumulado de quase 18% ao nal da srie.

    Desta forma, o agronegcio recupera e supera a sua participao no PIB do Brasil,

    observada no incio da srie, ou seja, de uma participao de 30,1%, no PIB do Brasil de

    1995, passa para 30,6%, em 2003. (Grco 2)

    O complexo das lavouras no agronegcio, at 2001, apresentou tendncia decli-

    nante de participao no setor, passando de 71,5%, em 1997, para 67,7%, em 2001.

    (Grco 3) Entre 2001 e 2003, devido ao excelente desempenho no crescimento das la-

    vouras, que, por sua vez, puxou o crescimento do agronegcio como um todo, essa

  • 9AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    participao aumentou para 69%, em 2002, e 69,7%, em 2003, porm sem conseguir

    ainda recuperar a participao observada no comeo da srie (70,2% em 1995).

    Desempenho dos Agronegcios Familiar e Patronal do Brasil

    O segmento familiar da agropecuria brasileira e as cadeias produtivas a ela inter-

    ligadas responderam, em 2003, por 10,1% do PIB brasileiro (Gr co 4), o que equivale a

    R$ 157 bilhes, em valores daquele ano. Tendo em vista que o conjunto do agronegcio

    nacional foi responsvel, no mesmo ano, por 30,6% do PIB, ca evidente o peso da agri-

    cultura familiar na gerao de riqueza do Pas. Concretamente, cerca de um tero do

    agronegcio brasileiro tributrio da produo agropecuria realizada pelos agricultores

    Figura 1: Disposio seqencial das anlises para o Brasil

    PIB total

    Fonte: dados da pesquisa

    PIB outros setores

    PIB agricultura familiar PIB agricultura patronal

    PIB agricultura familiarAgricultura4 componentes InsumosSetor IndstriaDistribuio

    PIB agricultura patronal Agricultura4 componentes InsumosSetor IndstriaDistribuio

    PIB agricultura familiarPecuria

    4 componentes Insumos

    Setor Indstria

    Distribuio

    PIB agricultura patronalPecuria

    4 componentes Insumos

    Setor Indstria

    Distribuio

    Indstria

    Madeira e mobilirioCelulose, papel e gr calcoolIndstria txtilArtigos de vesturioIndstria do cafIndstria do fumoBene ciamento de produtos vegetaisFabricao de acarFabricao d-e leos vegetaisOutros produtos alimentares

    PIB agronegcio

    Setor

    SojaMilhoFumoOutras culturas

    Setor Indstria

    Setor

    AvesBovinosLeiteSunosOutros - pecuria

    Indstria

    Fabricao de caladosAbate de avesAbate de bovinosAbate de sunos e outrosIndstria de laticnios

  • 10 NEAD ESTUDOS 9

    Gr co 1: Evoluo do PIB total e do agronegcio do Brasil

    1.600.000

    1.500.000

    1.400.000

    1.300.000

    1.200.000

    1.100.000

    1.000.0001995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    20%

    15%

    10%

    5%

    0%

    -5%

    PIB

    Nacio

    nal (

    milh

    es R

    $)

    PIB Nacional em milhes Variao acumulada do PIB - Brasil Variao acumulada do PIB do agronegcio - Brasil

    Gr co 2: Evoluo do PIB do agronegcio do Brasil e participao do agronegcio no Brasil

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    55%

    45%

    35%

    25%

    15%

    5%

    -5%

    Participao do agronegcio no PIB - Brasil Variao acumulada do PIB do agronegcio - BrasilVariao acumulada do PIB Nacional

    30,1 28,8 27,6 27,8 28,1 26,9 27,1 28,930,6

    Gr co 3: Evoluo do PIB dos complexos agrcola e pecurio e participao do PIB do agronegcio agrcola dentro do agronegcio do Brasil

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    100%

    80%

    60%

    40%

    20%

    0%

    Participao do complexo pecurio no PIB do agronegcio Participao do complexo agrcola no PIB do agronegcio

    Fonte: dados da pesquisa

    25%20%15%10%5%0%

    -5%-10%

    Var. acumulada do PIB do complexo agrcola Var. acumulada do PIB do complexo pecurio

    29,8 29,3 28,5 29,6 30,8 32,3 32,2 31,0 30,3

    70,2 70,7 71,5 70,4 67,7 67,8 69,0 69,768,2

  • 11AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    familiares, cabendo observar, ademais, que o desempenho recente da agropecuria fa-

    miliar e do agronegcio a ela articulada vem sendo bastante positivo, superando, inclu-

    sive, as taxas de crescimento relativas ao segmento patronal.

    No perodo de 1995 a 2003, quando se abre o agronegcio brasileiro nos quatro com-

    plexos que o compem, patronal pecurio e agrcola, e familiar pecurio e agrcola, observa-se

    que, apesar das oscilaes, as propores da participao de dois deles caem; um se man tm

    relativamente constante; e a exceo, com crescimento na participao, o complexo familiar

    pecurio (Gr cos 5 e 6). O complexo familiar agrcola diminui a sua participao de 21,2%, em

    1995, para 20,6%, em 2003. O complexo patronal agrcola ca ao redor dos 49%. E o complexo

    patronal pecurio aumenta a sua participao de 11%, em 1995, para 12,3%, em 2003.

    Gr co 4: Participao do PIB dos agronegcios familiar e patronal no PIB do Brasil

    1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003

    70 71 72 72 72 73 73 71 69

    1998

    10

    100%

    90%

    80%

    70%

    60%

    50%

    40%

    30%

    20%

    10%

    0%

    20 19% 19% 19% 18% 18% 20% 21%19

    9 9 9 9 9 9

    20 21181819 19 19

    9 10

    Participao do PIB dos outros setoresParticipao do PIB do agronegcio patronal

    Fonte: dados da pesquisa

    Participao do PIB do agronegcio familiar

    Os Complexos dos Agronegcios Familiar e Patronal do Brasil

    O PIB do agronegcio resulta da agregao do PIB do complexo agrcola com o PIB

    do complexo pecurio, sendo que cada um formado por quatro componentes principais

    insumo, setor, indstria e distribuio. A seguir, apresentada a evoluo da partici-

    pao dos componentes do PIB em cada complexo, com nfase na separao entre o

    que de origem familiar e de origem patronal, para o Brasil como um todo.

  • 12 NEAD ESTUDOS 9

    Componentes dos Complexos Agrcolas Familiar e Patronal do Brasil

    No Brasil, as quantias percentuais relacionadas com cada um dos quatro componen-

    tes do agronegcio familiar agrcola so diferentes daquelas referentes ao agronegcio

    patronal. Alm disso, no decorrer dos anos, percebem-se mudanas na composio do

    Gr co 5: Participaes do PIB dos complexos agropecurios familiar e patronal no PIB do Brasil

    1995

    70%

    21

    100%

    90%

    80%

    70%

    60%

    50%

    40%

    30%

    20%

    10%

    0%

    Participao do PIB do complexo patronal pecurioParticipao do PIB do complexo patronal agrcola

    Participao do PIB do complexo familiar pecurioParticipao do PIB do complexo familiar agrcola

    1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    21 22 21 21 20 20 20 21

    11 11 11 12 12 13 13 13 12

    49 49 50 50 48 47 48 49 49

    19 18 18 18 1819 19 19 19

    Gr co 6: Variaes anuais acumuladas do PIB dos complexos agropecurios familiar e patronal do Brasil

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    20%

    15%

    10%

    5%

    0%

    -5%

    -10%

    Var. acumulada do PIB do complexo familiar agrcolaVar. acumulada do PIB do complexo familiar pecurio

    Var. acumulada do PIB do complexo patronal agrcolaVar. acumulada do PIB do complexo patronal pecurio

    Fonte: dados da pesquisa

  • 13AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    agronegcio da agricultura familiar e da patronal. (Gr co 7) Em geral, para os segmentos

    familiar e patronal, observa-se um aumento da participao dos insumos e do setor agricul-

    tura; uma queda na participao da indstria de transformao; e um aumento na partici-

    pao do setor de distribuio, no caso da agricultura familiar, e uma queda na patronal.

    Em sua composio, a indstria tem um peso muito maior no agronegcio da

    agricultura patronal (39,3% em 2003) do que no agronegcio da agricultura familiar (27,3%

    em 2003). Essa uma indicao de que boa parte da produo familiar no passa por

    um processo de transformao, reduzindo a agregao de valor dentro da cadeia produ-

    tiva. E con rmada pela participao do setor agrcola no agronegcio, que foi de 34,2%,

    em 2003, para o agronegcio da agricultura familiar, e de 25,4%, para o agronegcio da

    agricultura patronal.

    Componentes dos Complexos Pecurios Familiar e Patronal do Brasil

    Diferentemente do complexo agrcola, as quantias percentuais, relacionadas com

    cada um dos quatro componentes do agronegcio familiar pecurio, so bem prximas

    daquelas referentes ao agronegcio patronal. (Gr co 8) A maior participao no com-

    plexo pecurio ca por conta do setor de distribuio, com aproximadamente 38% do

    agronegcio da pecuria familiar e 40% do agronegcio da pecuria patronal. Nota-se a

    Fonte: dados da pesquisa

    Gr co 7: Participao dos quatro componentes que formam o agronegcio das agriculturas familiar e patronal do Brasil

    1995

    90%

    75%

    60%

    45%

    30%

    15%

    0%

    Insumos no-agrcolas Setor agricultura Distribuio dos produtos agrcolasIndstria de processamento dos produtos agrcolas

    Participaes dos componentes no PIB, no PIB-Familiar-BR

    Participaes dos componentes no PIB, no PIB-Patronal-BR

    1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    33,2 31,4 31,9 29,9 30,7 31,7 30,3 29,0 27,343,9 42,0 42,6 40,8 42,2 43,3 41,9 40,4 39,3

    32,2 33,8 33,3 33,7 34,2 34,6 34,3 33,7 33,5

    3,4 3,6 3,6 3,8 4,4 4,5 4,6 4,8 5,0

    31,2 31,3 31,2 32,5 30,7 29,2 30,7 32,5 34,2

    32,4 33,8 33,3 33,4 32,9 32,5 32,3 32,0 30,8

    20,7 21,0 20,9 22,5 21,2 20,2 21,8 23,4 25,4

    3,0 3,2 3,1 3,3 3,7 4,0 4,1 4,2 4,6

  • 14 NEAD ESTUDOS 9

    baixa participao do setor de transformao, ao redor de 15% tanto no complexo pa-

    tronal como no familiar. No caso de insumos, tem-se uma participao maior no caso

    patronal (11,1%, em 2003) do que no familiar (9,6%, em 2003). No caso do setor primrio

    da pecuria, a participao no complexo familiar um pouco maior (37,6%, em 2003) do

    que no patronal (34%, em 2003).

    O Setor e a Indstria Agrcolas do Brasil

    Os Gr cos 9 e 10 detalham o PIB do componente Setor Agrcola, demonstrando

    a participao das culturas de soja, milho, fumo e das outras culturas. Constata-se que

    os percentuais do PIB gerado pela soja so maiores na agricultura patronal (13,5%, em

    2003) do que na familiar (11,7% em 2003). No caso de outras culturas, referentes agri-

    cultura patronal, os valores esto entre quatro e cinco pontos percentuais maiores, de-

    vido diferena ocasionada pela menor produo percentual de milho (cerca de 2 pon-

    tos percentuais, em 2003) e irrelevncia, tambm percentual, da fumicultura nas proprie-

    dades patronais.

    Gr co 8: Participao dos quatro componentes que formam o agronegcio da pecuria familiar e patronal do Brasil

    1995

    90%

    75%

    60%

    45%

    30%

    15%

    0%

    Insumos no-pecurios Setor: pecuria Distribuio dos produtos pecuriosIndstria de processamento dos produtos pecurios

    Participaes dos componentes no PIB, no PIB-Familiar-BR

    Participaes dos componentes no PIB, no PIB-Patronal-BR

    1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    17,1 17,9 17,9 17,0 16,1 15,5 15,9 15,4 14,9

    39,1 39,3 39,4 40,1 40,1 39,9 40,0 39,1 37,9

    37,8 36,5 36,3 36,4 36,3 36,6 36,0 36,3 37,6

    6,0 6,3 6,4 6,5 7,5 8,0 8,1 9,2 9,6 7,1 7,1 7,0 7,3 8,6 9,2 9,2 10,5 11,1

    32,4 30,8 31,1 32,6 33,2 34,2 33,9 33,6 34,0

    41,7 42,6 42,7 42,8 41,6 40,7 40,9 40,4 40,2

    18,8 19,6 19,2 17,3 16,6 16,0 16,0 15,5 14,7

    Fonte: dados da pesquisa

    A produo de fumo corresponde a 4% do PIB mdio do setor agrcola familiar e 1,5%

    quando considerado o PIB total do complexo agrcola. Atravs das linhas (Gr cos 9 e 10),

    so expostas as variaes acumuladas do PIB das culturas de soja, milho, fumo e outras

    culturas. Nesses gr cos, as variaes devem ser interpretadas pelo eixo da direita.

  • 15AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    Comparando os dois tipos de agricultura (familiar e patronal) nota-se que as varia-

    es do PIB das culturas, com exceo do fumo, so parecidas. A cultura da soja a que

    apresenta o maior crescimento nos perodos analisados, tanto para a agricultura familiar

    (172%) quanto para a patronal (231%).

    Gr co 9: Participao de algumas culturas que formam o setor da agricultura familiar no Brasil e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    Variao acumulada do PIB da lavoura: soja Variao acumulada do PIB da lavoura: fumo

    200%

    150%

    100%

    50%

    0%

    -50%1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    3,85,75,4

    85,1

    4,45,56,5

    83,6

    5,24,77,5

    82,6

    4,36,9

    84,6

    4,95,06,8

    83,3

    4,75,57,1

    82,8

    4,35,19,7

    80,9

    4,45,110,6

    4,0

    78,4

    4,2

    80,0

    11,7

    Variao acumulada do PIB da lavoura: milho Variao acumulada do PIB da lavoura: outras culturas

    5,9100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    Gr co 10: Participao de algumas culturas que formam o setor da agricultura patronal no Brasil e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    200%

    150%

    100%

    50%

    0%

    -50%1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    Variao acumulada do PIB da lavoura: soja Variao acumulada do PIB da lavoura: fumo

    Variao acumulada do PIB da lavoura: milho Variao acumulada do PIB da l avoura: outras culturas

    90,3 89,1 87,9 89,3 87,5 86,5 86,0 82,583,5

    3,7 4,0 3,5 2,9 3,7 3,8 3,3 3,5 4,05,9 6,8 8,5 7,7 8,7 9,6 10,6 12,9 13,5

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    * O fumo no aparece no gr co de colunas em funo de sua baixa participao (0,1%).Fonte: dados da pesquisa

    Fumo Milho Soja Outras culturas

    Fumo* Milho Soja Outras culturas

  • 16 NEAD ESTUDOS 9

    As mudanas decorrentes, ocorridas na indstria de processamento da produo

    agrcola familiar, nos anos de 1995 a 2003, podem ser avaliadas pelo Gr co 11.

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    90%

    75%

    60%

    45%

    30%

    15%

    0%

    Gr co 11: Participao das indstrias vinculadas agricultura familiar do Brasil

    Outros produtos alimentares Fabricao de leos vegetais Fabricao de acarBene ciamento de produtos vegetais Indstria do fumo Indstria do caf Artigos de vesturioIndstria txtil lcool Celulose, papel e gr ca Madeira e mobilirio

    Fonte: dados da pesquisa

    18,5 21,9 22,127,4

    35, 4 38,7 38,7 34,6 41,46,56,8 7,3

    7,3

    6,45,0 6,5

    7,6

    7,8

    16,6

    21,6

    3 ,8

    8,1

    11,9

    1,6

    5,15,1

    4,24,01,49,1

    6,63,7

    24,4

    16,8 17,5

    27,8

    3,64,66,4

    3,71,7

    4,0 3,63,51,74,23,35,0

    24,5

    18,1

    16,0

    18,2

    5,7

    4,55,12,03,22,1

    14,9

    14,7

    5,26,81,9

    2,23,5

    5,6

    5,2

    6,72,22,34,7

    14,0

    16,7 18,2

    15,8

    18,3

    12,2

    5,1

    7,22,52,33,6

    4,01,93,05,33,4

    Nos setores industriais ligados produo vegetal, sobressaem-se, no segmento patronal,

    os de re orestamento, da cana-de-acar, e da soja. Por outro lado, no agronegcio ligado aos

    agricultores familiares, o grande grupo dos outros produtos alimentares abrangeu, em 2003,

    mais de 40% do PIB total da indstria das lavouras do segmento familiar. O fato parece ser in-

    dicativo da maior diversi cao produtiva dos agricultores familiares. H, contudo, que sublinhar

    a importncia das indstrias do fumo e, em menor grau, de fabricao de leos vegetais e de

    bene ciamento de produtos vegetais, no caso do segmento familiar. No patronal, destacam-se,

    tambm, a produo de lcool, a fabricao de acar e a cadeia de txtil-vesturio.

    O Setor e a Indstria Pecurios do Brasil

    Os Gr cos 12 e 13 apresentam a participao do PIB das criaes no setor pecu-

    rio, relativas ao agronegcio familiar e ao patronal. Observa-se que as parcelas percen-

    tuais determinadas para cada tipo de criao so diferentes. A criao de aves respon-

    svel pela maior parcela do PIB do agronegcio pecurio familiar (33%, em 2003), segui-

    da pela produo de leite (24,2%, em 2003), e criao de bovinos (22,6%, em 2003).

  • 17AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    No agronegcio patronal, a bovinocultura de corte assume a maior parcela de re-

    presentatividade, 47,1%, em 2003. A importncia dos setores leiteiro, de aves e de sunos

    bem menor quando comparada do universo familiar. A maior variao acumulada do

    Gr co 13: Participao das criaes que formam o setor da pecuria patronal no Brasil e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    50%40%30%20%10%0%

    -10%-20%-30%-40%-50%

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    11,5

    Variao acumulada do PIB: aves Variao acumulada do PIB: leite

    Outros - pecuria Sunos Leite Bovinos AvesVariao acumulada do PIB: bovinos Variao acumulada do PIB: sunos

    Variao acumulada do PIB: outros - pecuria

    4,6

    19,6

    43,8

    20,5

    12,1

    4,5

    20,5

    43,1

    19,9

    8,44,8

    19,6

    47,4

    19,9

    10,9

    4,4

    17,1

    47,8

    19,7

    15,9

    48,6

    20,3

    10,84,3

    15,2

    50,4

    19,0

    11,1

    4,3

    13,9

    51,4

    18,8

    11,2

    4,7

    13,8

    49,9

    21,2

    10,8

    4,3

    14,4

    47,1

    23,8

    10,24,5

    Fonte: dados da pesquisa

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    Gr co 12: Participao das criaes que formam o setor da pecuria familiar no Brasil e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    Variao acumulada do PIB: aves Variao acumulada do PIB: leite

    Outros - pecuria Sunos Leite Bovinos Aves

    120%

    100%

    80%

    60%

    40%

    20%

    0%

    -20%

    -40%1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    13,0

    Variao acumulada do PIB: bovinos Variao acumulada do PIB: sunos

    Variao acumulada do PIB: outros - pecuria

    Fonte: dados da pesquisa

    9,9

    32,1

    23,7

    21,2

    13,6

    9,8

    32,1

    21,7

    22,7

    10,0

    10,9

    30,4

    22,9

    25,8

    12,5

    10,2

    27,2

    23,1

    26,9

    12,4

    10,1

    24,9

    24,2

    28,5

    12,7

    9,6

    25,6

    24,8

    27,3

    12,8

    10,1

    23,8

    25,5

    27,8

    12,4

    8,6

    23,2

    24,9

    30,9

    11,8

    8,5

    24,2

    22,6

    32,9

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

  • 18 NEAD ESTUDOS 9

    Gr co 15: Participao das indstrias que formam o setor da pecuria patronal no Brasil e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    Indstria de laticnios Abate de sunos e outros Abate de bovinos Abate de aves Fabricao de calados

    40%

    30%

    20%

    10%

    0%

    -10%

    -20%

    -30%

    -40%

    -50%1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    15,1

    Variao acumulada do PIB da indstria de fabricao de calados Variao acumulada do PIB da indstria de abate de bovinos Variao acumulada do PIB da indstria de abate de avesVariao acumulada do PIB da indstria de abate de sunos e outrosVariao acumulada do PIB da indstria de laticnios

    Fonte: dados da pesquisa

    9,7

    17,9

    12,0

    45,3

    16,6

    8,9

    16,6

    11,1

    46,8

    16,5

    9,3

    17,8

    10,8

    45,5

    17,6

    9,9

    20,7

    12,3

    39,4

    16,3

    10,7

    23,4

    13,1

    36,5

    16,1

    10,6

    23,9

    13,2

    36,1

    15,9

    11,9

    25,2

    13,4

    33,7

    15,0

    11,8

    26,6

    14,9

    31,7

    14,5

    12,9

    26,1

    16,7

    29,8

    Gr co 14: Participao das indstrias que formam o setor da pecuria familiar no Brasil e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    Indstria de laticnios Abate de sunos e outros Abate de bovinos Abate de aves Fabricao de calados

    100%

    80%

    60%

    40%

    20%

    0%

    -20%

    -40%

    -60%1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    42,4

    Variao acumulada do PIB da indstria de fabricao de calados Variao acumulada do PIB da indstria de abate de bovinos Variao acumulada do PIB da indstria de abate de avesVariao acumulada do PIB da indstria de abate de sunos e outrosVariao acumulada do PIB da indstria de laticnios

    25,6

    9,9

    15,7

    6,4

    45,0

    24,1

    8,6

    16,0

    6,3

    43,1

    25,4

    8,6

    17,2

    5,7

    43,1

    24,7

    9,1

    18,6

    4,5

    38,3

    26,9

    10,4

    20,2

    4,2

    40,6

    24,6

    10,3

    20,4

    4,0

    39,3

    25,9

    10,6

    20,53,7

    37,3

    24,7

    11,5

    23,0

    3,5

    36,4

    25,1

    10,8

    24,4

    3,2

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

  • 19AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    PIB do setor pecurio, tanto para o agronegcio familiar como para o patronal, corres-

    ponde ao desenvolvimento da produo de aves.

    Na indstria pecuria, no segmento patronal, dominam as relacionadas pecuria,

    ou seja, o abate de bovinos e a fabricao de calados. (Grcos 14 e 15) O abate de

    aves, a indstria de laticnios, o abate de sunos so ramos industriais que exibem par-

    ticipao expressiva na composio da indstria pecuria ligada ao segmento familiar e

    que se reete no predomnio desse segmento no conjunto dessas indstrias.

    Comentrios Finais

    O segmento familiar da agropecuria brasileira e as cadeias produtivas a ela inter-

    ligadas responderam, em 2003, por 10,1% do PIB brasileiro, o que equivale a R$ 157 bi-

    lhes, em valores daquele ano. Tendo em vista que o conjunto do agronegcio nacional

    foi responsvel, nesse ano, por 30,6% do PIB, ca evidente o peso da agricultura familiar

    na gerao de riqueza no Pas. Concretamente, cerca de um tero do agronegcio brasi-

    leiro tributrio da produo agropecuria realizada pelos agricultores familiares, caben-

    do observar, ademais, que o desempenho recente da agropecuria familiar e do agrone-

    gcio a ela articulada vem sendo bastante positivo, superando, inclusive, as taxas de

    crescimento relativas ao segmento patronal.

    Entre 2001 e 2003, perodo em que a agropecuria brasileira apresentou elevadas

    taxas de crescimento, o segmento familiar do agronegcio cresceu 16,8% em relao aos

    15,3% do setor patronal. No que se refere produo primria, ou seja, ao comporta-

    mento da agropecuria stricto sensu no se observaram diferenas, tendo a agropecuria nacional aumentado em 26,4% seu valor agregado, entre 2001 e 2003. Esse desempenho

    extraordinrio deve-se ao comportamento das lavouras e, em menor medida, pecuria

    familiar. O valor adicionado do segmento das lavouras passou de R$ 68 bilhes, em 2001,

    para R$ 93 bilhes, em 2003.

    Considerando todo o perodo de 1995 a 2003, observa-se que no ocorreram alte-

    raes na participao das cadeias produtivas da agropecuria familiar no PIB do agro-

    negcio nacional, que ao redor de um tero. Efetivamente, durante todo o perodo, a

    participao do segmento familiar variou entre 32,2% e 33,6%, tendo crescido 0,7 pontos

    percentuais entre 1995 e 2003. Esse incremento foi devido ao comportamento das cadeias

    produtivas da pecuria, nas quais o segmento familiar aumentou sua participao em 3,8

    pontos percentuais no perodo e passou a responder, em 2003, por 40,6% do agroneg-

    cio ligado produo animal.

    O agronegcio associado ao segmento familiar apresentou desempenhos inferio-

    res ao patronal, nos anos de 2000, 2001 e 2002, tendo tido, nos demais anos, perfor-

    mances melhores. Na segunda metade da dcada de 1990, o agronegcio apresentou

  • 20 NEAD ESTUDOS 9

    taxas de crescimento baixas, quando no negativas, com o PIB tendo aumentado, en-

    tre 1995 e 2000, somente 0,1%. Esse desempenho deveu-se, particularmente, ao com-

    portamento das lavouras e de sua agroindstria, bem como ao segmento industrial da

    pecuria patronal.

    Vale notar que, nesse perodo, a pecuria familiar e as cadeias produtivas a ela

    relacionadas aumentaram de maneira expressiva seu valor adicionado. Assim, a cadeia

    da produo animal dos agricultores familiares (insumos, setor, indstria e distribuio)

    cresceu 3,4% ao ano, no perodo de 1995 a 2000. Esse bom desempenho continuou nos

    primeiros anos da atual dcada, pois, entre 2000 e 2003, o agronegcio pecurio familiar

    aumentou seu valor adicionado em 3,8% ao ano.

    J no que se refere ao segmento patronal, o que sobressaiu foi o comportamento

    da produo vegetal, cujo valor adicionado aumentou em 1,5 vezes, entre 1995 e 2003,

    ou seja, a uma taxa de crescimento anual de 4,8%. Todavia, esse comportamento no se

    reetiu integralmente no conjunto das cadeias produtivas ligadas produo vegetal do

    segmento patronal, uma vez que, nesse caso, a taxa de crescimento anual foi de 2,1%. O

    fato parece mostrar que o crescimento das lavouras no tem se espraiado para os seto-

    res industriais e de servios a ela articulados. Situao diversa do que se observa no caso

    da produo animal desenvolvida pelos agricultores familiares, em que se assiste a uma

    disperso menor das taxas de crescimento anual dos diversos setores produtivos insu-

    mos, pecuria em si, indstria e distribuio.

    Como resultado do desempenho do agronegcio familiar descrito, observou-se,

    de um lado, um aumento da importncia das atividades ligadas produo animal no

    agronegcio familiar, cuja participao passou de 34,1%, em 1995, para 37,4%, em 2003.

    De outro lado, assistiu-se a uma diminuio na diferena entre o PIB do setor primrio

    e o PIB do agronegcio, ou seja, houve um aumento do valor adicionado na produo

    agropecuria stricto sensu que no se fez acompanhar dos valores adicionados nos se-tores industriais e de servios a montante e a jusante. Efetivamente, enquanto, em

    1995, o PIB do agronegcio era 3,7 vezes o PIB da agropecuria, em 2003, esse fator

    caiu para 3,3.

    Vale sublinhar que essa diminuio foi maior no caso das lavouras do segmento

    patronal e de pouca envergadura para a produo animal do segmento familiar. Isso

    parece apontar que o crescimento do agronegcio nos ltimos anos teve por base o

    incremento da atividade primria das lavouras, sem ocorrer o espraiamento na indstria

    de transformao, pois, nos setores de insumos e de distribuio, as taxas de crescimen-

    to nos valores adicionados foram, respectivamente, superiores ou semelhantes s obser-

    vadas para a produo primria. No caso dos insumos, vericam-se aumentos expressi-

    vos tanto para as lavouras como para a pecuria, especialmente aps 1999, o que pare-

    ce reetir as alteraes na poltica cambial.

  • 21AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    Ainda que tenha ocorrido uma aproximao dos fatores de multiplicao do PIB da

    agropecuria ao do PIB do agronegcio, entre os segmentos familiar e patronal, eviden-

    te, ainda, que as produes desenvolvidas pelos agricultores patronais apresentam rela-

    es mais estreitas com os setores industriais e de servios. Ou seja, h ainda espao

    para a agregao de valor nos cultivos e criaes desenvolvidas pelos agricultores fami-

    liares, signicando uma participao ainda mais expressiva das cadeias produtivas arti-

    culadas agricultura familiar.

    Esse cenrio se faz evidente pelo fato de que, no segmento patronal, a participao

    da indstria de base agropecuria da ordem de um tero, enquanto no agronegcio

    familiar foi de 22,7%, em 2003. No que concerne s participaes dos setores de insumos

    e de distribuio, as diferenas so pouco expressivas. Esse descompasso, como j foi

    apontado, inexiste no caso da produo animal, em que o segmento industrial respondeu,

    em 2003, por 14,9% e 14,7% dos PIBs familiar e patronal, respectivamente. Outra parti-

    cularidade da cadeia da produo animal a maior participao no PIB do setor de insu-

    mos, que, em 2003, foi responsvel por 10,5% do PIB do agronegcio pecurio, enquan-

    to que, nas lavouras, essa participao foi de 4,7%.

    A estrutura de composio do PIB dos agronegcios familiar e patronal e sua evoluo

    recente, discriminadas pelos cultivos e sub-setores industriais, chama a ateno o cresci-

    mento vertiginoso da soja, tanto no segmento familiar como no patronal. Em termos de

    pecuria, nota-se uma concentrao na bovinocultura de corte, nos patronais, e uma maior

    diversicao, nos familiares, setores em que se destaca a avicultura e a produo leiteira.

    As estimativas do PIB do agronegcio familiar e sua evoluo nos ltimos oito anos

    (1995 a 2003) mostram, claramente, que os pequenos agricultores ou os agricultores

    familiares respondem por parcela expressiva da riqueza nacional, ainda mais tendo em

    vista a insucincia de terras, as diculdades creditcias, o menor aporte tecnolgico, a

    fragilidade da assistncia tcnica e a subutilizao da mo-de-obra.

    Essa relativa punjana decorre, de uma lado, da existncia de parcelas importantes

    do segmento familiar que se encontram integradas aos setores agroindustriais e da distri-

    buio e, de outro, utilizao plena de suas terras. Cabe destacar o quo importante so

    esses agricultores nas atividades da pecuria de pequeno porte altamente articulada com

    os setores industriais, na fumicultura e no beneciamento de produtos alimentares.

    H, por m, muito espao para o crescimento do agronegcio familiar, tendo em con-

    ta que a amplicao da atividade primria de carter familiar em direo ao agronegcio de

    menor envergadura do que no segmento patronal, isto , no caso do Brasil, o PIB da agricul-

    tura familiar multiplicado por 2,8, em 2003. Para se ter o agronegcio, esse fator de 3,6

    para o patronal e j foi da ordem de 4,0, nesse segmento, em meados dos anos 1990.

  • 22 NEAD ESTUDOS 9

    O Agronegcio Familiar na Economiado Rio Grande do Sul

    O acompanhamento das evolues conjunturais e das tendncias de longo prazo do

    agronegcio fundamental para os setores pblico e privado. Na economia globalizada de

    hoje, a sobrevivncia na agricultura e no agronegcio como um todo depende da informa-

    o de boa qualidade, atualizada e gil, e que seja produzida com metodologia cientica-

    mente comprovada. Medidas de correo de rumo podem ser sugeridas e tomadas em

    tempo oportuno, de modo a prevenir desvios indesejveis na produo, no emprego, e no

    desempenho comercial. Por isso, o desenvolvimento do agronegcio depende do acom-

    panhamento da produo, avaliando os itens que detm maiores destaques.

    No caso do Rio Grande do Sul (RS), a agricultura familiar um segmento de extrema

    importncia, no s para a economia do agronegcio, mas para prpria economia do Es-

    tado. Sua importncia social, seja pela gerao de emprego e ocupao, seja pelo perl

    dos produtos, bastante notria, especialmente para um Estado cuja maioria das proprie-

    dades rurais administrada por ambientes familiares. Alm disso, a prpria caracterizao

    socioeconmica do Estado bastante associada produo rural. Nesse contexto, fun-

    damental que detecte a importncia do agronegcio familiar, utilizando um mtodo quan-

    titativo adequado que possa delinear a evoluo da produo familiar.

    Assim, a metodologia para o clculo do PIB do agronegcio familiar, baseada na

    mesma tcnica empregada no clculo do agronegcio em geral, apresenta-se como uma

    forma de dimensionar e avaliar o agronegcio familiar no Estado do Rio Grande do Sul.

    O PIB do Agronegcio Familiar na Economia do RS, 1995 a 2003

    Tendo em vista o arcabouo terico apresentado anteriormente, as anlises vincu-

    ladas ao PIB podem ser desenvolvidas em diversos nveis de desagregao. Isso porque

    o agronegcio foi denido e estimado para dois grandes complexos: a agricultura e a

    pecuria, sendo que cada complexo pode ser dividido em quatro componentes principais:

    Insumos; O prprio setor; Processamento; e Distribuio e servios.

  • 23AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    Alm da possibilidade de se avaliar cada um dos quatro componentes dentro de

    cada um dos dois complexos, outra subdiviso relacionada com o objetivo principal da

    pesquisa - a distino entre o agronegcio familiar e o patronal - torna possvel multipli-

    car ainda mais as formas de desagregao das anlises.

    Dada a grande quantidade de combinao das anlises, optou-se por desenvolv-

    las atravs do uxo apresentado na Figura 2. Cada bloco, na gura, corresponde s pr-

    ximas sees. A disposio seqencial visa, dessa forma, enfocar a distino entre o

    agronegcio familiar e o patronal. Busca-se efetivar a comparao entre as duas catego-

    rias usando as ramicaes subseqentemente posicionadas

    Na Figura 2, o primeiro bloco de anlise corresponde a uma rpida avaliao da

    importncia do agronegcio e de seus dois grandes complexos, ao longo dos anos de

    1995 a 2003. Embora esta seo esteja primordialmente relacionada com o Estado do

    Rio Grande do Sul, em algumas anlises, os dados desse Estado sero comparados com

    os valores do PIB nacional.

    O segundo bloco aumenta o grau de detalhamento da anlise anterior, ao considerar

    a perspectiva do agronegcio familiar e do patronal. No terceiro bloco, avalia-se a dimenso

    e a evoluo do desempenho familiar e patronal atravs dos complexos agrcola e pecurio

    e de seus componentes correspondentes. Dentre os quatro componentes principais, o

    prprio setor e a indstria so detalhados com maior rigor na quarta e quinta etapas.

    No bloco quatro, dentro do complexo agricultura, o estudo do setor agrcola

    detalhado para as culturas de soja, milho, fumo e outras culturas. Ainda dentro da agri-

    cultura, a indstria relacionada com esse complexo subdividida em oito grupos: Ma-

    deira e mobilirio; Celulose, papel e grca; Indstria txtil; Artigos do vesturio; Indstria

    do fumo; Beneciamento de produtos vegetais; Fabricao de leos vegetais; e Outros

    produtos alimentares.

    Indstrias relacionadas ao beneciamento de lcool, acar, e caf no foram

    consideradas para a anlise do Estado, dada a pequena expresso econmica que esses

    complexos agroindustriais possuem.

    Da mesma forma que no bloco quatro, o bloco cinco detalha o setor e a indstria,

    mas com relao ao complexo da pecuria. O setor pecurio ento subdividido em

    cinco grupos: Aves; Bovinos; Leite; Sunos; Outras criaes animais. A indstria subdi-

    vidida em outros cinco grupos: Fabricao de calados; Abate de aves; Abate de bovinos;

    Abate de sunos e outros animais; e Indstria de laticnios

    .Desempenho do PIB do RS

    O Estado possui 6% da populao brasileira, segundo dados do censo demogr-

    co. Entretanto, em termos produtivos, a participao mdia do PIB do RS no contexto

  • 24 NEAD ESTUDOS 9

    Figura 2: Disposio seqencial das anlises para o Rio Grande do Sul

    PIB total

    Fonte: dados da pesquisa

    PIB outros setores

    PIB agricultura familiar PIB agricultura patronal

    PIB agricultura familiarAgricultura4 componentes InsumosSetor IndstriaDistribuio

    PIB agricultura patronal Agricultura4 componentes InsumosSetor IndstriaDistribuio

    PIB agricultura familiarPecuria

    4 componentes Insumos

    Setor Indstria

    Distribuio

    PIB agricultura patronalPecuria

    4 componentes Insumos

    Setor Indstria

    Distribuio

    Indstria

    Madeira e mobilirioCelulose, papel e gr calcoolIndstria txtilArtigos de vesturioIndstria do cafIndstria do fumoBene ciamento de produtos vegetaisFabricao de acarFabricao de leos vegetaisOutros produtos alimentares

    PIB agronegcio

    Setor

    SojaMilhoFumoOutras culturas

    Setor Indstria

    Setor

    AvesBovinosLeiteSunosOutros - pecuria

    Indstria

    Fabricao de caladosAbate de avesAbate de bovinosAbate de sunos e outrosIndstria de laticnios

    Gr co 16: Evoluo do PIB (RS e Brasil) e participao do RS no PIB nacional

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    25%

    20%

    15%

    10%

    5%

    0%

    Participao do PIB-RS no PIB Nacional Variao acumulada PIB-RSVariao acumulada PIB-Brasil

    8,0 7,9 8,1 8,08,2

    8,2

    8,3 8,3 8,7

    Fonte: dados da pesquisa

    Anli

    se 5

    Anli

    se 4

    Anli

    se 3

    Anlise 2

    Anli

    se 1

  • 25AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    nacional foi de 8,2%, nos anos de 1995 a 2003. Pelo Gr co 16 possvel notar que o

    percentual da participao do PIB do RS, transformado em valores reais, esteve sempre

    na faixa de 8%, no perodo analisado. Mas necessrio destacar que, a partir de 1998,

    foram observados acrscimos consecutivos, aumentando a participao do Estado na

    economia nacional.

    O aumento de 0,7%, na participao do Estado no PIB nacional, registrado nos anos

    de 1995 a 2003, deve-se ao maior crescimento da economia do RS do que ao do Brasil.

    As linhas do Gr co 16 demonstram a variao anual acumulada a partir de 1995 1. No

    perodo, o PIB nacional cresceu 15,9%, enquanto que, para o RS, o aumento foi de 25,1%.

    A partir de 1998, os aumentos consecutivos do PIB gacho em valores reais re etiram a

    evoluo econmica do Estado. A mdia da variao real anual do PIB do RS foi de 3,4%

    contra 1,8% do PIB nacional.

    Os fatos determinantes do crescimento do PIB do RS, acima do crescimento do PIB

    nacional, esto associados principalmente ao desempenho positivo do agronegcio. Pela

    Gr co 17: Evoluo do PIB do agronegcio (RS e Brasil) e participao do agronegcio no RS e no Brasil

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    55%

    45%

    35%

    25%

    15%

    5%

    -5%

    Participao do agronegcio no PIB - Brasil Participao do agronegcio no PIB - RS Variao acumulada do PIB do agronegcio - Brasil Variao acumulada do PIB do agronegcio - RS

    30,1

    Fonte: dados da pesquisa

    41,7

    28,8

    41,8

    27,6

    39,6

    40,2

    28,1

    42,7

    26,9

    40,6

    27,1

    42,8

    28,9

    45,4

    30,6

    50,1

    1. Nesta seo, todas as anlises que utilizam a variao anual acumulada tero o ano de 1995 de nido como ano-base.

    observao das linhas apresentadas no Gr co 17, possvel veri car que o crescimen-

    to do PIB do agronegcio no RS foi grande, acumulando uma alta de 50,2% no perodo

    de 1995 a 2003. No mesmo gr co, as colunas demonstram a participao do agroneg-

    cio no PIB do RS e do Brasil. No caso do RS, a importncia do agronegcio para a eco-

    nomia gacha parte de 41,7%, em 1995, e atinge o patamar de 50,1%, em 2003. O au-

    mento do PIB do agronegcio, associado sua maior participao na economia do RS,

    indica que os complexos agropecurios cresceram mais do que os outros setores da

    economia do Estado, especialmente nos anos de 2000 a 2003.

    27,8

  • 26 NEAD ESTUDOS 9

    Ainda mostra o Gr co 17 que o percentual acumulado do agronegcio nacional

    foi de 16,2% e que as variaes se tornaram representativamente positivas aps a li-

    beralizao cambial. Mas, esse aumento no foi muito diferente do crescimento da

    economia como um todo (15,9%, mencionado anteriormente), no mesmo perodo. Por

    isso, a participao do agronegcio no PIB brasileiro foi pouco alterada. Apenas no

    ano de 2003 (30,6%) houve superao do percentual de participao inicial de 30,1%

    (1995). Dando continuidade anlise relativa ao PIB do agronegcio do RS, veri ca-se

    pelo Gr co 18 que, dentre os dois grandes complexos que formam o agronegcio,

    tanto o PIB do complexo agrcola quanto o pecurio aumentaram nos nove anos estu-

    dados. Apresentando uma tendncia mais uniforme, a variao acumulada do PIB do

    agronegcio da pecuria atingiu 35,2%, enquanto que o PIB do agronegcio agrcola

    foi bastante favorecido nos anos aps a exibilizao cambial e conseqente desvalo-

    rizao do real 2.

    Entre os anos de 1995 a 2003, o percentual de crescimento acumulado do PIB do

    agronegcio agrcola foi de 58%, mas, considerando apenas o perodo de 1999 a 2003,

    o acrscimo foi de 45,6%. O aumento mais acentuado foi observado entre 2002 e 2003

    - variao anual de 25,4% - referente ao excelente desempenho na produo de gros

    da safra 2002/03. Isso proporcionou o aumento da participao do agronegcio da

    agricultura no agronegcio gacho para 67,1%, reduzindo a importncia da pecuria

    para 32,9%.

    Gr co 18: Evoluo do PIB do complexo agrcola e pecurio e participao do PIB do agronegcio agrcola dentro do agronegcio do RS

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    90%

    70%

    50%

    30%

    10%

    -10%

    Participao do complexo agrcola no PIB do agronegcio Variao acumulada do PIB do complexo agrcolaVariao acumulada do PIB do complexo pecurio

    Fonte: dados da pesquisa

    2. Tendo em vista que a taxa de cmbio fator determinante da rentabilidade dos setores voltados ao mercado exterior, em especial a agricultura brasileira, o fortalecimento da moeda nacional atravs do Plano Real (1994) e a manuteno do valor do real prximo ao dlar, at 1998, provocaram uma forte reduo nos preos agrcolas. Somente aps a adoo do regime de bandas cambiais exveis, em 1999 (maxidesvalorizao da moeda e sucessivo controle da volatilidade cambial), e a recuperao dos mercados da sia e da Rssia, o PIB do complexo agrcola foi favorecido, apresentando crescimento signi cativamente positivo.

    63,8 62,7 61,0 61,4 61,9 59,7 61,5 62,167,1

  • 27AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    Desempenho dos Agronegcios Familiar e Patronal do RSPela anlise anterior, observa-se que o progresso do PIB do RS foi maior que o

    nacional. Isso foi proporcionado, principalmente, pelo alto desempenho do agronegcio

    gacho que, nos anos de 1995 a 2003, registrou um desenvolvimento progressivo do

    complexo pecurio e, mais acentuado, para o complexo agrcola, a partir do ano de 2000.

    Para explicar esse fato, necessrio compreender quais so as caractersticas do agro-

    negcio gacho e como elas se desenvolveram nos ltimos anos.

    A comparao entre as participaes percentuais do agronegcio familiar e patro-

    nal no PIB do RS e do Brasil, demonstrada no Gr co 19, torna evidente que a contribui-

    o das propriedades de nidas como familiares bastante superior para a economia do

    Estado do RS do que para a esfera nacional.

    A mdia da participao do agronegcio familiar do RS (23,5%), no perodo de

    1995 a 2003, 2,5 vezes superior da mdia nacional (9,3%). Quanto ao agronegcio

    patronal, as representatividades desse setor so semelhantes, com participao mdia

    de 19,4% para o RS e de 19,1% para o Brasil.

    Salienta-se que, com relao ao apresentado no item anterior (Gr co 17),

    a principal explicao para a grande diferena entre a participao do agronegcio

    no PIB do Estado do RS e do Brasil dada, justamente, pela importncia do agro-

    negcio familiar.

    Fonte: dados da pesquisa

    Gr co 19: Participao do PIB do agronegcio familiar e patronal no PIB do Rio Grande do Sul e do Brasil

    1995

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    Participao do PIB dos outros setores Participao do PIB do agronegcio patronalParticipao do PIB do agronegcio familiar

    Participaes no PIB total do Rio Grande do Sul

    Participaes no PIB total do Brasil

    1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    58,0

    19,0

    23,0

    58,0

    19,0

    22,0

    60,0

    18,0

    22,0

    60,0

    18,0

    22,0

    57,0

    19,0

    23,0

    59,0

    18,0

    22,0

    57,0

    19,0

    23,0

    55,0

    20,0

    25,0

    50,0

    23,0

    27,0

    70,0

    20,0

    10,0

    71,0

    19,0

    9,0

    72,0

    19,0

    9,0

    72,0

    19,0

    9,0

    72,0

    19,0

    9,0

    73,0

    18,0

    9,0

    73,0

    18,0

    9,0

    71,0

    20,0

    9,0

    69,0

    21,0

    10,0

  • 28 NEAD ESTUDOS 9

    Pela diviso da parcela do agronegcio familiar nos dois grandes complexos: agr-

    cola e pecurio, observa-se, no Gr co 20, que a participao tanto do complexo familiar

    agrcola como do complexo familiar pecurio so equitativamente maiores no agroneg-

    cio do RS em relao ao do Brasil.

    Com relao parcela do agronegcio patronal, as propores so parecidas no

    que se refere pecuria do RS e do Brasil. A maior diferena est vinculada, portanto,

    agricultura. Ou seja, no RS, a importncia da agricultura patronal reduzida, sendo alo-

    cada de forma proporcional na agricultura e na pecuria do agronegcio familiar.

    Dessa forma, a agricultura familiar admite maior expressividade na economia gacha,

    e a distribuio do PIB do agronegcio desse Estado mais uniforme, quando compara-

    da totalidade do Pas. Os itens a seguir aprimoram as anlises medida que os com-

    ponentes que formam os complexos so pormenorizados.

    Complexos dos Agronegcios Familiar e Patronal do RS O PIB do agronegcio resulta da agregao do PIB do complexo agrcola com o PIB

    do complexo pecurio, e cada um formado por quatro componentes principais - insu-

    mo, setor, indstria e distribuio. Nos tpicos a seguir, apresentada a evoluo da

    participao de cada componente dentro do PIB de cada complexo, com nfase na se-

    parao entre o que de origem familiar e o que patronal, para o RS.

    Fonte: dados da pesquisa

    Gr co 20: Participaes do PIB dos complexos agropecurios familiar e patronal no PIB do RS e do Brasil

    1995

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    Participao do PIB dos complexo patronal agrcolaParticipao do PIB do complexo familiar pecurio Participao do PIB do complexo familiar agrcola

    Participaes no PIB do agronegcio do Rio Grande do Sul

    Participaes no PIB do agronegcio do Brasil

    1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    Participao do PIB do complexo patronal pecurio

    19,0

    27,0

    18,0

    37,0

    19,0

    27,0

    18,0

    35,0

    20,0

    25,0

    19,0

    36,0

    19,0

    27,0

    19,0

    35,0

    20,0

    26,0

    19,0

    36,0

    21,0

    24,0

    20,0

    35,0

    20,0

    26,0

    19,0

    36,0

    19,0

    25,0

    19,0

    37,0

    16,0

    29,0

    17,0

    38,0

    19,0

    49,0

    11,0

    21,0

    18,0

    49,0

    11,0

    21,0

    18,0

    50,0

    11,0

    22,0

    18,0

    50,0

    12,0

    21,0

    19,0

    48,0

    12,0

    21,0

    19,0

    47,0

    13,0

    20,0

    19,0

    48,0

    13,0

    20,0

    19,0

    49,0

    13,0

    20,0

    18,0

    49,0

    12,0

    21,0

  • 29AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    Componentes dos Complexos Agrcolas Familiar e Patronal do RS

    No Estado do RS, as quantias percentuais relacionadas com cada um dos quatro

    componentes do agronegcio familiar agrcola so semelhantes quelas referentes ao

    agronegcio patronal. Alm disso, no decorrer dos anos, a composio do agronegcio

    da agricultura tambm no foi signi cativamente alterada. O Gr co 21 ilustra este fato,

    demonstrando a similaridade existente entre os anos e os dois universos da anlise.

    Essa semelhana indica que a estrutura de organizao do setor agrcola e de seus

    elos comerciais envolvidos homognea no RS. Isso sugere que as atividades produtivas

    exercidas nas propriedades rurais consideradas patronais so parecidas com as daquelas

    classi cadas como familiares.

    90%

    75%

    60%

    45%

    30%

    15%

    0%

    Fonte: dados da pesquisa

    Gr co 21: Participao dos quatro componentes que formam o agronegcio da agricultura familiar e patronal do RS

    1995

    Setor agriculturaDistribuio dos produtos agrcolas Indstria de processamento dos produtos agrcolas

    Participaes dos componentes no PIB, no PIB-Familiar-RS

    Participaes dos componentes no PIB, no PIB-Patronal-RS

    1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    2,7 2,5 2,6 2,5 2,6 3,0 3,1 2,7 2,9

    Insumos no-agrcolas

    36,6

    31,4

    29,3

    33,9

    32,3

    31,2

    34,4

    31,9

    31,0

    33,9

    32,3

    31,2

    29,1

    33,4

    34,9

    30,6

    32,6

    33,7

    32,1

    32,1

    32,7

    29,3

    33,3

    34,6

    31,7

    33,7

    31,8

    2,7 2,7 2,7 2,8 3,5 3,6 3,7 3,5 3,5

    32,9

    31,8

    32,5

    31,4

    32,5

    33,4

    31,8

    31,7

    33,8

    32,6

    31,5

    33,1

    34,3

    30,2

    32,0

    31,5

    30,5

    34,4

    34,2

    29,8

    32,2

    33,0

    30,8

    32,7

    33,5

    31,5

    31,4

    Componentes dos Complexos Pecurios Familiar e Patronal do RS

    Diferentemente do complexo agrcola, as quantias percentuais, relacionadas com

    cada um dos quatro componentes do agronegcio familiar pecurio, so bastante dis-

    tintas daquelas referentes ao agronegcio patronal. Outra diferena do complexo agr-

    cola est na composio do agronegcio da pecuria, haja vista que ela foi alterada no

    decorrer dos ltimos anos. O Gr co 22 ilustra esses fatos, tornando explcita a grande

    diferena observada no setor da produo pecuria familiar e na patronal.

  • 30 NEAD ESTUDOS 9

    Ao contrrio da anlise anterior, para o complexo agrcola, a estrutura de organi-

    zao do setor pecurio e de seus elos comerciais envolvidos no homognea. A pre-

    dominncia das atividades produtivas exercidas nas propriedades rurais consideradas

    patronais no parecida com as daquelas classi cadas como familiares.

    Se, por um lado, a maior parte do setor da pecuria patronal est embasada na

    criao extensiva de gado, por outro lado, o setor da pecuria familiar contm em sua

    maior parte criaes intensi cadas. Plantis com alta densidade, que exigem maiores

    quantidades de insumos e que produzem mais, quando comparados aos rebanhos cria-

    dos a pasto. Por esse motivo, a demanda por insumos e o destino da produo do setor

    da pecuria familiar so diferentes do setor da pecuria patronal.

    Evoluo dos Componentes dos Agronegcios Familiar e Patronal do RS

    Os Gr cos 23 e 24 demonstram o desenvolvimento do PIB, a partir de 1995, de

    cada componente.

    Buscando as informaes da seo anterior, sabe-se que os componentes do com-

    plexo agrcola: indstria, distribuio e o prprio setor agrcola tm representatividades

    equivalentes. Assim o crescimento semelhante mostrado no Gr co 23, especialmente

    para a agricultura patronal, permite inferir que esses trs segmentos da economia do RS

    devam ser bastante relacionados, dado que o crescimento de um dos setores implica

    90%

    75%

    60%

    45%

    30%

    15%

    0%

    Fonte: dados da pesquisa

    Gr co 22: Participao dos quatro componentes que formam o agronegcio da pecuria familiar e patronal do RS

    1995

    Setor: pecuriaDistribuio dos produtos pecurios Indstria de processamento dos produtos pecurios

    Participaes dos componentes no PIB, no PIB-Familiar-RS

    Participaes dos componentes no PIB, no PIB-Patronal-RS

    1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    4,5 4,7 4,8 4,8 5,5 5,9 6,0 6,8 7,4

    Insumos no-pecurios

    2,8 3,1 3,4 3,5 3,8 4,2 4,3 5,0 5,4

    42,5

    33,0

    20,0

    42,5

    33,0

    19,8

    43,2

    32,9

    19,1

    43,7

    32,7

    18,8

    43,4

    32,3

    18,8

    44,3

    31,6

    18,1

    43,9

    31,7

    18,3

    44,1

    31,5

    17,6

    45,9

    29,9

    16,8

    22,1

    41,9

    33,2

    23,1

    41,3

    32,5

    26,1

    40,1

    30,3

    27,0

    39,8

    29,7

    25,2

    40,4

    30,6

    26,3

    39,3

    30,2

    26,3

    39,2

    30,2

    27,4

    38,0

    29,6

    28,2

    38,2

    28,2

  • 31AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    mudanas diretas nos outros. O fornecimento de insumos, por exemplo, apresentou a

    maior alta acumulada at 2003, mas no foi o principal elemento responsvel pelo bom

    desempenho do complexo agrcola, dada a sua menor representatividade. O seu cresci-

    mento est associado maior demanda do setor da produo rural.

    Quanto ao complexo pecurio, novamente o fornecimento de insumos teve maior

    destaque, chegando a duplicar sua importncia relativa quanto ao PIB dos outros com-

    ponentes do complexo do pecurio. Mas o destaque maior se d pelo aumento do pr-

    prio setor pecurio, tornando-se mais expressivo tanto no universo do agronegcio fa-

    miliar quanto no do patronal.

    Insumos Setor: agricultura Indstria Distribuio

    Gr co 23: Variao acumulada dos quatro componentes que formam o agronegcio da agricultura familiar e patronal do RS

    120%

    100%

    80%

    60%

    40%

    20%

    0%

    -20%

    Variao acumulada do PIB dos componentes da agricultura familiar

    Variao acumulada do PIB dos componentes da agricultura patronal

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    Insumos Setor: pecuria Indstria Distribuio

    Gr co 24: Variao acumulada dos quatro componentes que formam o agronegcio da pecuria familiar e patronal do RS

    160%120%100%80%60%40%20%0%

    -20%

    Variao acumulada do PIB dos componentes da pecuria familiar

    Variao acumulada do PIB dos componentes da pecuria patronal

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    Fonte: dados da pesquisa

  • 32 NEAD ESTUDOS 9

    O Setor e a Indstria Agrcolas do RS

    Os Gr cos 25 e 26 detalham o PIB do componente setor agrcola, demonstrando

    a participao das culturas de soja, milho, fumo e das culturas restantes. Pelos dois gr-

    cos, pode-se constatar que os percentuais do PIB gerado pela soja so parecidos. No

    caso do item outras culturas, referente agricultura patronal, os valores esto em mdia

    17 pontos percentuais maiores, devido diferena ocasionada pela menor produo

    percentual de milho (cerca de 3 pontos percentuais) e irrelevncia, tambm percentual,

    da fumicultura, nas propriedades patronais.

    A produo de fumo corresponde a 12% do PIB mdio do setor agrcola familiar e

    7% quando considerado o PIB total do complexo agrcola. Nesse grau de desagregao,

    o fumo o produto que determina a marcante diferena entre estrutura agrcola familiar

    e patronal. Atravs das linhas, nos Gr cos 25 e 26, so expostas as variaes acumula-

    das do PIB das culturas de soja, milho, fumo e outras culturas. Nesses gr cos, a inter-

    pretao das variaes deve ser realizada pelo eixo da direita.

    Comparando os dois tipos de agricultura (familiar e patronal) nota-se que as varia-

    es do PIB das culturas so parecidas. Excetuando a cultura da soja, nenhuma delas

    ultrapassa a faixa de 50% de aumento. As tendncias de crescimento da produo de

    soja so parecidas, mas o incremento na agricultura patronal, at 2003, quase trs

    Gr co 25: Participao de algumas culturas que formam o setor da agricultura familiar no RS e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    200%

    150%

    100%

    50%

    0%

    -50%1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    Variao acumulada do PIB da lavoura: soja Variao acumulada do PIB da lavoura: fumo

    Variao acumulada do PIB da lavoura: milho Variao acumulada do PIB da lavoura: outras culturas

    10,37,5

    13,1

    69,1

    12,6

    5,814,4

    67,2

    14,7

    6,0

    17,4

    62,0

    11,6

    7,0

    18,0

    63,4

    13,3

    5,913,7

    67,1

    12,7

    8,0

    15,6

    63,7

    10,97,3

    21,3

    60,5

    12,2

    7,0

    20,8

    60,0

    9,9

    7,5

    27,1

    55,5

    Fonte: dados da pesquisa

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    Fumo Milho Soja Outras culturas

  • 33AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    vezes maior que a produo de 1995, enquanto que na agricultura familiar o incremento

    tambm foi alto, mas menor, com a produo sendo elevada a um patamar duas vezes

    maior. Em ambos os casos, basicamente, a cultura da soja foi a principal responsvel

    pelo crescimento do PIB do setor agrcola, dentro do complexo da agricultura.

    As mudanas ocorridas nos anos de 1995 a 2003, na indstria de processamento

    da produo agrcola familiar, podem ser avaliadas pela Tabela 1.

    Dentre as indstrias, as que mais se destacaram no perodo analisado foram a in-

    dstria do fumo, a de bene ciamento de produtos vegetais e a de fabricao de leos

    vegetais. Conforme os Gr cos 25 e 26, o PIB de todos os cultivos apresentaram aumen-

    tos percentuais de forma a estimular tambm a indstria de bene ciamento desses

    Tabela 1: Variaes acumuladas do PIB das indstrias vinculadas agricultura familiar do RS (em %)Variao acumulada do PIB da indstria 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003Madeira e mobilirio 3,3 10,1 1,5 7,4 33,6 37,9 36,5 16,0Celulose, papel e gr ca -20,2 -21,6 -11,5 -9,1 -3,5 -10,3 8,9 22,5Indstria txtil -26,2 -32,1 -52,2 -59,4 -50,7 -62,4 -64,5 -66,0Artigos de vesturio -20,5 -46,2 -66,0 -76,2 -69,7 -80,2 -81,8 -87,7Indstria do fumo 8,8 41,8 30,5 127,6 88,8 122,6 162,9 116,10Bene ciamento produtos vegetais 4,6 -7,7 0,2 2,2 -10,7 -18,4 31,2 127,0Fabricao de leos vegetais -1,3 -2,4 2,1 -26,2 -35,6 -6,5 -2,5 67,1Outros produtos alimentares -2,1 -20,4 -15,5 0,2 12,5 9,8 -3,2 4,8

    Fonte: dados da pesquisa

    Gr co 26: Participao de algumas culturas que formam o setor da agricultura patronal no RS e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    300%

    250%

    200%

    150%

    100%

    50%

    0%

    -50%

    -100%1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    Variao acumulada do PIB da lavoura: soja Variao acumulada do PIB da lavoura: fumo

    Fumo* Milho Soja Outras culturas Variao acumulada do PIB da lavoura: milho Variao acumulada do PIB da lavoura:outras culturas

    4,110,7

    84,8

    3,011,6

    84,9

    3,114,7

    81,6

    3,315,1

    81,2

    2,410,6

    86,7

    3,713,7

    82,1

    4,318,8

    76,5

    3,219,2

    77,2

    24,6

    71,8

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    3,2

    * O fumo no aparece no gr co de colunas em funo de sua baixa participao (0,3%).Fonte: dados da pesquisa

  • 34 NEAD ESTUDOS 9

    produtos. Os bruscos aumentos veri cados entre os anos de 2002 e 2003, para o bene-

    ciamento e a fabricao de leos vegetais, so conseqncia direta da absoro da

    produo excepcional de soja da safra do mesmo perodo pelo setor industrial.

    Para a agricultura familiar do RS, a indstria de fumo assume a maior importncia rela-

    tiva, devido expressiva agregao de valor, durante a industrializao do produto fumo.

    Novamente, agora no contexto patronal, as indstrias que tiveram maior cresci-

    mento do PIB foram aquelas ligadas com a produo de soja - a indstria de bene cia-

    mento de produtos vegetais e a de fabricao de leos vegetais. (Tabela 2) Da mesma

    forma, acentuados aumentos entre os anos de 2002 a 2003 foram observados no PIB

    dessas indstrias, sendo que suas respectivas participaes relativas aumentaram suces-

    sivamente a partir de 2000.

    Tabela 2: Variaes acumuladas do PIB das indstrias vinculadas agricultura patronal do RS (em %)Variao acumulada do PIB da indstria 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003Madeira e mobilirio 18,0 34,8 21,4 26,9 54,8 58,6 50,3 38,4Celulose, papel e gr ca -10,2 -6,2 3,9 5,5 10,0 1,6 18,6 43,2Indstria txtil -4,5 15,7 23,8 41,1 58,3 76,5 58,4 74,3Artigos de vesturio 1,6 -10,3 -14,8 -20,3 -6,3 -11,0 -22,1 -39,7Indstria do fumo 8,3 39,0 19,0 116,4 80,0 117,0 148,7 99,0Bene ciamento de produtos vegetais 7,5 -10,7 -2,9 -1,3 -15,7 -7,8 28,1 123,9Fabricao de leos vegetais 3,7 -0,5 12,2 -14,6 -28,6 9,4 20,8 113,3Outros produtos alimentares 0,8 -17,7 -13,1 1,9 -9,4 0,8 -7,2 -3,0

    Fonte: dados da pesquisa

    O Setor e a Indstria Pecurios do RS

    Os Gr cos 27 e 28 apresentam a participao do PIB das criaes no setor pecurio,

    relativas aos agronegcios familiar e patronal. Observa-se que as parcelas percentuais deter-

    minadas para cada tipo de criao so diferentes. A suinocultura responsvel pela maior

    parcela do PIB do agronegcio pecurio familiar (em mdia, 30%), mas a importncia das ou-

    tras categorias pecurias distribuda de forma semelhante entre o restante das criaes.

    No agronegcio patronal, a bovinocultura de corte assume a maior parcela de re-

    presentatividade, sendo superior soma de todas as outras criaes. A importncia do

    setor leiteiro bastante reduzida, quando comparada do universo familiar. Entretanto,

    a maior variao acumulada do PIB do setor pecurio tanto para o agronegcio familiar

    como patronal corresponde ao desenvolvimento da produo de gado de corte. Apenas

    no ltimo ano (2003), houve variao negativa do PIB da bovinocultura de corte, que pode

    estar associada com a destinao de reas de pastoreio para o cultivo de soja.

    A indstria vinculada ao complexo da pecuria no RS no teve um desempenho

    to bom quanto o setor de produo do complexo pecurio. (Gr co 24) Nos gr cos

  • 35AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    29 e 30 constata-se, atravs da observao das linhas e do eixo correspondente, es-

    querda, que apenas a indstria de abate de aves acumulou um expressivo aumento,

    modi cando tambm sua participao tanto no PIB do agronegcio familiar quanto no

    patronal.

    Gr co 27: Participao das criaes que formam o setor da pecuria familiar no RS e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    100%

    80%

    60%

    40%

    20%

    0%

    -20%1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    Variao acumulada do PIB: aves Variao acumulada do PIB: leite

    Outros - pecuria Sunos Leite Bovinos AvesVariao acumulada do PIB: bovinos Variao acumulada do PIB: sunos

    Variao acumulada do PIB: outros - pecuria

    Fonte: dados da pesquisa

    5,9

    32,5

    21,7

    17,3

    22,6

    5,6

    30,5

    21,6

    19,1

    23,2

    6,4

    29,8

    19,5

    22,1

    22,1

    6,4

    30,3

    19,2

    22,2

    21,9

    5,9

    32,3

    18,7

    22,8

    21,4

    5,6

    31,7

    19,6

    22,6

    20,6

    5,7

    32,0

    18,4

    22,6

    21,2

    5,7

    28,6

    19,7

    22,9

    23,1

    5,9

    27,8

    21,0

    20,6

    24,7

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    Gr co 28: Participao das criaes que formam o setor da pecuria patronal no RS e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    Variao acumulada do PIB: aves Variao acumulada do PIB: leite

    Outros - pecuria Sunos Leite Bovinos AvesVariao acumulada do PIB: bovinos Variao acumulada do PIB: sunos

    Variao acumulada do PIB: outros - pecuria

    Fonte: dados da pesquisa

    5,7

    22,7

    5,5

    48,7

    17,4

    5,4

    21,3

    5,6

    51,0

    16,3

    6,2

    20,1

    4,9

    54,3

    14,5

    6,2

    20,1

    4,8

    54,7

    14,3

    53,8

    14,2

    5,7

    4,6

    21,7

    55,6

    13,2

    5,4

    4,7

    21,1

    56,9

    12,1

    5,6

    4,3

    21,1

    57,7

    13,2

    5,9

    4,5

    18,7

    55,6

    15,0

    6,0

    4,5

    19,0

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

  • 36 NEAD ESTUDOS 9

    Gr co 29: Participao das criaes que formam o setor da pecuria familiar no RS e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    -10%-20%

    1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    Indstria de laticnios Abate de sunos e outros Abate de bovinos Abate de aves Fabricao de caladosVariao acumulada do PIB da indstria de fabricao de calados Variao acumulada do PIB da indstria de abate de bovinos Variao acumulada do PIB da indstria de abate de avesVariao acumulada do PIB da indstria de abate de sunos e outrosVariao acumulada do PIB da indstria de laticnios

    29,7

    32,4

    8,614,4

    14,9

    30,1

    30,8

    9,6

    15,014,5

    28,7

    31,8

    11,7

    15,1

    12,8

    28,3

    32,8

    10,8

    15,6

    12,4

    26,6

    31,3

    12,0

    16,3

    13,8

    28,5

    30,0

    11,3

    15,9

    14,2

    27,8

    32,9

    8,7

    16,4

    14,1

    27,1

    32,9

    7,8

    18,1

    14,0

    27,1

    30,3

    9,1

    20,812,8

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    Gr co 30: Participao das criaes que formam o setor da pecuria patronal no RS e as respectivas variaes acumuladas do PIB

    Indstria de laticnios* Abate de sunos e outros Abate de bovinos Abate de aves Fabricao de calados

    60%

    50%

    40%

    30%

    20%

    10%

    0%

    -10%

    -20%

    -30%1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

    Variao acumulada do PIB da indstria de fabricao de calados Variao acumulada do PIB da indstria de abate de bovinos Variao acumulada do PIB da indstria de abate de avesVariao acumulada do PIB da indstria de abate de sunos e outrosVariao acumulada do PIB da indstria de laticnios

    78.0 76,5 71,871,9

    72,9 74,576,6

    77,2 74,3

    7,5 7,5 8,6 9,1 7,9 7,5 8,3 8,4 8,0

    10,5 11,8 15,3 14,5 14,813,8 11,1 10,0

    12,45,24,33,84,14,34,44,2

    4,03,9

    100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%

    * A indstria de laticnios no aparece no gr co de colunas em funo de sua baixa participao (0,1%).Fonte: dados da pesquisa

  • 37AGRICULTURA FAMILIAR NA ECONOMIA:

    BRASIL E RIO GRANDE DO SUL

    O Grco 28 reete, nas participaes das indstrias, a mesma importncia das

    criaes do setor de produo. Ou seja, a indstria de abate de sunos to importante

    para o PIB da indstria do complexo pecurio quanto a criao de sunos para o PIB do

    setor de produo pecurio. O mesmo ocorre de forma aproximada para as demais in-

    dstrias. Deve-se considerar, no entanto, que a produo da bovinocultura destinada

    para a indstria de abate de bovinos e a de fabricao de calados.

    Nota-se, portanto, que a indstria pecuria do agronegcio familiar bastante

    relacionada com o setor de produo. Mas isso no ocorre da mesma maneira no agro-

    negcio patronal. A fabricao de calados somada indstria de abate de bovinos

    abrangem quase que a totalidade do PIB da indstria do complexo pecurio.

    Comentrios Finais

    O panorama do Rio Grande do Sul constitui-se num caso parte do Brasil, ou seja,

    a sua estrutura produtiva mostra-se diferente daquela observada na economia brasileira,

    assim como o complexo do agronegcio, que possui um peso muito maior na economia

    gacha, chegando a 50,1%, em 2003. No caso do agronegcio familiar, enquanto no

    Brasil este participa com aproximadamente 33% do agronegcio total, no RS a partici-

    pao encontra-se ao redor de 55%.

    Dentre os dois grandes complexos que formam o agronegcio, tanto o PIB do

    complexo agrcola quanto o do pecurio aumentaram nos nove anos estudados. Apre-

    sentando uma tendncia mais uniforme, a variao acumulada do PIB do agronegcio da

    pecuria atingiu 35,2%, enquanto que o PIB do agronegcio agrcola foi bastante favore-

    cido nos anos aps a exibilizao cambial e conseqente desvalorizao do real

    Entre os anos de 1995 e 2003, o percentual de crescimento acumulado do PIB do

    agronegcio agrcola foi de 58%, mas, considerando apenas o perodo de 1999 a 2003, o

    acrscimo foi de 45,6%. O aumento mais acentuado foi observado entre 2002 e 2003 - va-

    riao anual de 25,4% - referente ao excelente desempenho na produo de gros da safra

    2002/03. Isso proporcionou o aumento da participao do agronegcio da agricultura no

    agronegcio gacho para 67,1%, reduzindo a importncia da pecuria para 32,9%.

    Pela comparao entre as participaes percentuais do agronegcio familiar e do

    patronal no PIB do RS e do Brasil, torna-se evidente que a contribuio das propriedades

    denidas como familiares bastante superior para a economia do Estado do RS do que

    para a esfera nacional.

    A mdia da participao do agronegcio familiar do RS (23,5%) no PIB do Estado,

    no perodo de 1995 a 2003, 2,5 vezes superior da mdia nacional (9,3%). Quanto ao

    agronegcio patronal, as representatividades desse setor so semelhantes, com partici-

    pao mdia de 19,4% para o PIB do RS e 19,1% para o PIB do Brasil.

  • 38 NEAD ESTUDOS 9

    Pela diviso da parcela do agronegcio familiar nos dois grandes complexos: agr-

    cola e pecurio, observa-se que a participao tanto do complexo familiar agrcola como

    do complexo familiar pecurio so equitativamente maiores no agronegcio do RS em

    relao ao Brasil.

    Com relao parcela do agronegcio patronal, as propores so parecidas no que

    dizem respeito pecuria do RS e do Brasil. A maior diferena est vinculada, portanto,

    agricultura. Ou seja, no RS, a importncia da agricultura patronal reduzida, sendo aloca-

    da de forma proporcional na agricultura e na pecuria do agronegcio familiar.

    Dessa forma, a agricultura familiar admite maior expressividade na economia gacha,

    e a distribuio do PIB do agronegcio desse Estado mais uniforme, quando compara-

    da totalidade do Pas.

    O PIB do agronegcio resulta da agregao do PIB do complexo agrcola com o PIB

    do complexo pecurio, sendo que cada um formado por quatro componentes principais

    - insumo, setor, indstria e distribuio.

    No Estado do RS, as quantias percentuais relacionadas com cada um dos quatro

    componentes do agronegcio familiar agrcola so semelhantes quelas referentes ao

    agronegcio patronal. Alm disso, no decorrer dos anos, a composio do agronegcio

    da agricultura tambm no foi signicativamente alterada.

    Essa semelhana indica que a estrutura de organizao do setor agrcola e de seus

    elos comerciais envolvidos homognea no RS. Isso sugere que as atividades produtivas

    exercidas nas propriedades rurais consideradas patronais so parecidas com as daquelas

    classicadas como familiares.

    O Estado do RS tem peculiaridades que possibilitam esse tipo de xito rural. Fato-

    res inerentes forma de colonizao e herana cultural