agricultura familiar: muita expressÃo alimentos ... agricultura... · com a metodologia própria...

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1 Por Ribamar Mesquita Agência Prodetec AGRICULTURA FAMILIAR: MUITA EXPRESSÃO ECONÔMICA E PRIORIDADE NO NORDESTE Muito representativa no Nordeste, a agricultura familiar abrange quase metade dos estabelecimentos do gênero no Brasil, 88,3% dos agricultores da Região, os quais ocupam 43,5% da área total explorada pela agropecuária. Além disso, tais estabelecimentos respondem por 82,9% da ocupação de mão de obra no campo e por 43% do valor bruto da produção agropecuária nordestina, produzindo principalmente alimentos básicos necessários à segurança alimentar tais como carne (13,6%), leite (13,7%), feijão (9,8%), mandioca (7,3%), milho (6,3%) e arroz (4,5%). 0,85 0,88 0,92 0,73 0,56 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 Arroz Feijão Mandioca Milho Leite Participação da Agricultura Familiar na Produção de Alimentos, na Região Nordeste Dados IBGE - 2006 Agricultura Familiar agência prodetec ππ [DEZ. 2010] Muito representativa no Nordeste, a agricultura familiar abrange quase metade dos estabelecimentos do gênero no Brasil, 88,3% dos agricultores da Região, os quais ocupam 43,5% da área total explorada pela agropecuária. Além disso, tais estabelecimentos respondem por 82,9% da ocupação de mão de obra no campo e por 43% do valor bruto da produção agropecuária nordestina, produzindo principalmente alimentos básicos necessários à segurança alimentar tais como carne (13,6%), leite (13,7%), feijão (9,8%), mandioca (7,3%), milho (6,3%) e arroz (4,5%). Tanta expressão socioeconômica mais as potencialidades do segmento levaram a direção do Banco do Nordeste a criar o programa AgroAMIGO e a Área de Agricultura Familiar e Microfinança Rural. Canal específico para cuidar da parte financeira e da operacionalização do Pronaf no BNB, a Superintendência gerencia programas como o Pronaf, o AgroAMIGO e o de Crédito Fundiário, além do segmento de pequenos e miniprodutores rurais. A decisão da Diretoria decorreu do aumento expressivo das operações desses programas no BNB e da necessidade de trabalhar o público do Pronaf com a metodologia própria de microfinanças, baseada no crédito orientado e acompanhado, bem assim pela dimensão da agricultura familiar no Nordeste.

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Page 1: AGRICULTURA FAMILIAR: MUITA EXPRESSÃO Alimentos ... agricultura... · com a metodologia própria de microfinanças, baseada no crédito orientado e acompanhado, bem assim pela dimensão

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Por Ribamar Mesquita – Agência Prodetec

AGRICULTURA FAMILIAR: MUITA EXPRESSÃO ECONÔMICA E PRIORIDADE NO NORDESTE

Muito representativa no Nordeste, a agricultura familiar abrange quase

metade dos estabelecimentos do gênero no Brasil, 88,3% dos agricultores

da Região, os quais ocupam 43,5% da área total explorada pela

agropecuária. Além disso, tais estabelecimentos respondem por 82,9% da

ocupação de mão de obra no campo e por 43% do valor bruto da produção

agropecuária nordestina, produzindo principalmente alimentos básicos

necessários à segurança alimentar tais como carne (13,6%), leite (13,7%),

feijão (9,8%), mandioca (7,3%), milho (6,3%) e arroz (4,5%).

0,85 0,88 0,920,73

0,56

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Arroz Feijão Mandioca Milho Leite

Participação da Agricultura Familiar na Produção de

Alimentos, na Região Nordeste

Dados IBGE - 2006

Agricultura Familiar

agência prodetec ππ [DEZ. 2010]

Muito representativa no Nordeste, a agricultura familiar abrange

quase metade dos estabelecimentos do gênero no Brasil, 88,3% dos

agricultores da Região, os quais ocupam 43,5% da área total explorada pela

agropecuária. Além disso, tais estabelecimentos respondem por 82,9% da

ocupação de mão de obra no campo e por 43% do valor bruto da produção

agropecuária nordestina, produzindo principalmente alimentos básicos

necessários à segurança alimentar tais como carne (13,6%), leite (13,7%),

feijão (9,8%), mandioca (7,3%), milho (6,3%) e arroz (4,5%).

Tanta expressão socioeconômica mais as potencialidades do segmento

levaram a direção do Banco do Nordeste a criar o programa AgroAMIGO e a

Área de Agricultura Familiar e Microfinança Rural. Canal específico para

cuidar da parte financeira e da operacionalização do Pronaf no BNB, a

Superintendência gerencia programas como o Pronaf, o AgroAMIGO e o de

Crédito Fundiário, além do segmento de pequenos e miniprodutores rurais.

A decisão da Diretoria decorreu do aumento expressivo das operações

desses programas no BNB e da necessidade de trabalhar o público do Pronaf

com a metodologia própria de microfinanças, baseada no crédito orientado

e acompanhado, bem assim pela dimensão da agricultura familiar no

Nordeste.

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A atual carteira do Pronaf no BNB é da ordem de R$ 4,5 bilhões,

cerca de 30% dos ativos rurais do Banco e 73% do total de operações em

"ser".

De 2003 a 2010, o Banco do Nordeste contratou mais de três milhões

de operações com agricultores familiares, por intermédio do Pronaf,

enquanto o programa de apoio aos pequenos e produtores rurais somou R$

2,2 bilhões, beneficiando 234 mil produtores. Hoje, o BNB é o segundo

maior Banco do País em volume de financiamentos rurais, além de

responder, na média, por dois terços de todo o crédito de longo prazo para

o setor rural no Nordeste.

Crescimento acelerado

Entre 2003 e 2010, os financiamentos do Pronaf cresceram 180% na

quantidade e 269% no volume de recursos aplicados. Em 2010, foram 367

mil operações formalizadas, no total de R$ 1,1 bilhão, representando 5,3

vezes o valor contratado em 2002.

Para 2011, a meta de aplicação é de R$ 1,2 bilhão. Tamanho

crescimento tornou o gerenciamento do Pronaf muito complexo, também

devido às particularidades dos diversos grupos e linhas de atuação do

programa.

O AgroAMIGO também passa por notório crescimento. Atuando em

1.945 municípios, o programa já contratou cerca de R$ 595 milhões em

329.1 ml financiamentos, na posição dezembro de 2010.

Desafios pela qualidade

Para assegurar a continuidade do crescimento do Pronaf, o BNB

empenhou-se em vencer o desafio principal: o de trabalhar na qualificação

do crédito para esse segmento, o que implicou a execução de medidas

variadas para a melhoria da operacionalização. Entre elas, a criação de

equipes itinerantes para elaborar plano de ação, juntamente com os

parceiros, nos municípios com grande concentração de demanda por

financiamentos e prestar informações aos agricultores familiares.

Como comprova o histórico de sua intervenção na área rural - mais de

50% de seus financiamentos de longo prazo – e a sua experiência com

pequenos e miniprodutores rurais, o BNB trabalha também a qualidade do

crédito para o agricultor familiar, de forma que ele vá além de sua

segurança alimentar, participando também da produção comercial.

Difusão de tecnologias sociais

A Área de Agricultura Familiar e Microfinança Rural também adotou

providências destinadas a apoiar a difusão de tecnologias sociais de

interesse dos agricultores familiares. Nesse sentido, acionou o Escritório

Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) para que as tecnologias

adaptáveis ao setor cheguem até a propriedade. São técnicas variadas que

ajudam o agricultor familiar a ter melhores condições de criar, plantar,

comercializar sua produção e enfrentar as dificuldades.

Essa ação passa pela divulgação e implantação do estoque de

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tecnologias sociais desenvolvidas e adaptadas pelos centros de pesquisas

localizados na região e que contribuem para a eficiência e competitividade

dos empreendimentos familiares.

Com isso, a pretensão é fazer com que o agricultor familiar se

fortaleça via diversidade produtiva e melhoria dos níveis de exploração da

atividade agropecuária. Do Maranhão ao norte mineiro, muitos produtores

mostram que é preciso sair do tradicional e buscar novos espaços.

Esses pioneiros são produtores de café ecológico, de hortaliças

desidratadas, de licores variados, do autêntico queijo de coalho e da

manteiga de leite de cabra. Muitas vezes, eles complementam a renda com

a fabricação de doces, bolsas e cestas de palha de milho e de fibra do

babaçu e da carnaúba; ou fazem peças de artesanato em conchas, em

buchas e em madeira; bijuterias com sementes e material reciclável; e

trajes de banho e peças de enxoval em renda.

São agricultores que procuram agregar valor aos seus produtos, a

exemplo do pessoal do Ceará e do Rio Grande do Norte que, em vez da

castanha ou do caju, in natura, prefere vender a cajuína e a amêndoa

torrada. Ou do pessoal do Maranhão que aproveita o óleo do babaçu para

fabricar cosméticos e as frutas nativas para fazer doces e geléias.

Diretrizes e prioridades

Na operacionalização do Pronaf, o Banco do Nordeste tem adotado

políticas que visam potencializar, com qualidade, os resultados da carteira,

dentre as quais se destacam:

> Prioridade no uso de recursos do FNE e da Secretaria do Tesouro Nacional

(STN).

>Incentivar atividades não agropecuárias no meio rural com o objetivo de

diversificar atividades e ocupar mulheres e jovens na sua condução.

>Estimular agregação de valor aos produtos, propiciando maior lucratividade

ao produtor.

>Apoiar segmentos estratégicos para a redução das desigualdades sociais e

de gênero, divulgando linhas de crédito específicas para jovens e mulheres.

> Apoiar a estruturação de cadeias produtivas com vistas a melhorar a

aquisição de insumos e a comercialização dos produtos.

>Fortalecer a assistência técnica para aumentar o nível de informação do

produtor e evitar o uso de tecnologias obsoletas, o que acarreta insucessos.

>Incentivar tecnologias apropriadas ao semiárido para minimizar prejuízos

do produtor com as estiagens, sua maior fonte de preocupação.

>Atuar em parceria com os movimentos sociais.

>Integrar o crédito aos programas do governo federal de aquisição de

alimentos (PAA), de garantia de preços (PGPAF), zoneamento agrícola,

serviços de assistência técnica e extensão rural, seguro Proagro Mais e de

aquisição de produtos da agricultura familiar, pelas prefeituras, para

utilização na merenda escolar.

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<Apoiar o programa de biodiesel, ampliando o financiamento à produção de

mamona, algodão e girassol para atender às usinas instaladas no Nordeste.

>Atender os agricultores na própria comunidade com a criação de agências

itinerantes do Banco, reduzindo a ida deles á sede da agência.

>Incentivar a exploração de atividades de maior valor agregado, a exemplo

de agroindústrias.

>Prioridade a investimentos voltados para fortalecer a infraestrutura hídrica

dos empreendimentos, notadamente na região semiárida;

>Apoiar a formação de reserva estratégica alimentar para o rebanho

bovino, ovino e caprino, através do financiamento para produção de feno,

silagem etc.

Gráfico 1

0,85 0,88 0,920,73

0,56

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Arroz Feijão Mandioca Milho Leite

Participação da Agricultura Familiar na Produção de

Alimentos, na Região Nordeste

Dados IBGE - 2006

Agricultura Familiar

Leia também

BNB ATUA NO PRONAF EM SINERGIA COM OS PROGRAMAS DO GOVERNO FEDERAL

As diretrizes do Banco do Nordeste para atuação como agente

financeiro do Pronaf têm como característica a sintonia com os programas

governamentais de apoio aos agricultores familiares de baixa renda. Dessa

forma, o acesso ao crédito associa-se às políticas públicas, que tanto

asseguram a reposição de perdas em casos de ocorrências de adversidades

climáticas como ampliam os canais de comercialização da produção.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) tem sido um parceiro

relevante nas ações empreendidas, com o objetivo de impulsionar a

agricultura familiar no Nordeste. Essa parceria se faz presente em diversas

vertentes, desde a construção de soluções para facilitar o acesso ao crédito

até a viabilização de assistência técnica para garantir competitividade aos

empreendimentos, sem esquecer a preocupação em ampliar mercados para

escoamento dos produtos a preços que assegurem lucratividade aos

produtores rurais.

O gráfico destaca alguns desses programas do governo federal que se

agregam às ações de financiamento do BNB.

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Merenda escolar - O PNAE - Programa Nacional de Alimentação

Escolar estabelece a transferência de recursos financeiros da União, em

caráter suplementar, aos estados, Distrito Federal e municípios, para a

aquisição de gêneros alimentícios destinados à merenda escolar dos

estudantes da rede pública de ensino. Segundo a Lei 11.947, no mínimo,

30% da merenda escolar devem ser comprados diretamente de agricultores

familiares, sem licitação. Com a medida, cerca de R$ 600 milhões por ano

reforçam a agricultura familiar em todo o país. A merenda escolar torna-se

um importante mercado institucional, possibilitando ao agricultor familiar a

comercialização de até R$ 9.000 / ano com as prefeituras.

Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar (PGPAF) - O

PGPAF consiste no pagamento de um bônus aos agricultores familiares que

contraírem financiamento de investimento e custeio, quando o preço de

mercado do produto financiado estiver abaixo do custo de produção (preço

de garantia). A adesão é feita automaticamente no momento da

contratação do financiamento de custeio. O produtor deve apenas se

certificar de que o financiamento da lavoura está amparado pelo PGPAF.

Biocombustível – O programa é conduzido pela Petrobras Biocombustível,

criada em 29/07/2008, e abrange apoio e prioridade no uso de matéria-

prima fornecida pelo agricultor familiar, gerando emprego e renda no

campo, buscando sempre a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

O Banco do Nordeste firmou acordo com a Petrobras para o financiamento a

agricultores familiares engajados no programa.

Programa de Aquisição de Alimentos da CONAB (PAA) - instituído pela Lei

10.696, de 02/07/2003, é considerado como uma das principais ações

estruturantes do programa Fome Zero. Trata-se de mecanismo

complementar de apoio à comercialização dos produtos alimentícios da

agricultura familiar, em que o governo adquire alimentos dos agricultores e

doa parte dele para pessoas em risco alimentar, por intermédio de

instituições de amparo reconhecidas. O restante é usado na formação de

estoques estratégicos. Os recursos para a operacionalização do PAA são

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provenientes do MDS e MDA (sendo que os recursos deste último só foram

disponibilizados a partir do ano de 2006). Outros objetivos do Programa,

como a distribuição de renda, assegurar a circulação do dinheiro na

economia local, a exploração mais racional do espaço rural, o incentivo à

agrobiodiversidade e a preservação da cultura alimentar regional.

Zoneamento Agrícola - Conduzido pela Embrapa, sob a coordenação do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), identifica

riscos climáticos, especialmente a falta de água durante os estádios críticos

das culturas, procurando definir as melhores épocas de plantio. Também é

considerada a temperatura, a ocorrência de geadas e outros fatores

climáticos, bem assim os tipos de solo de cada município e/ou região.

O zoneamento agrícola define os períodos favoráveis de plantio para cada

município, as cultivares recomendadas, as doenças e pragas não cobertas

pelo seguro (Proagro) e os produtores de sementes dos vários cultivares

indicadas.

O zoneamento agrícola é divulgado pelo MAPA no inicio de cada ano

agrícola ou ciclo de plantio.

Assistência Técnica (ATER) - Criado pela lei 12.188/10 que definiu

princípios e objetivos dos serviços e criou o Programa Nacional de

Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma

Agrária (Pronater). O sistema possibilita a contratação de serviços de forma

contínua, com pagamento por atividade mediante a comprovação da

prestação dos serviços, tendo como objetivo principal fomentar o

desenvolvimento rural sustentável da agricultura familiar e dos

assentamentos da reforma agrária.

PROAGRO Mais - O Proagro Mais, criado no âmbito do Programa de Garantia

da Atividade Agropecuária (Proagro), tem por objetivo atender a

produtores vinculados ao Pronaf, nas operações de custeio agrícola. A

concessão de crédito de custeio agrícola ao amparo do Pronaf, em unidade

da Federação zoneada para a cultura a ser financiada, somente será

efetivada mediante a adesão do beneficiário ao Proagro Mais ou a alguma

modalidade de seguro agrícola para o empreendimento.

PROAGRO Investimento - O Plano Safra 2010/2011 trouxe como inovação a

cobertura pelo Proagro Mais para financiamentos de investimento.

Bolsa Família - O AgroAMIGO, mediante articulação com as coordenações

estaduais do Programa Bolsa Família, do Ministério do Desenvolvimento

Social (MDS), acompanha a participação dos beneficiários desse programa

assistencial em sua carteira de clientes. No Ceará e no Rio o Grande do

Norte, por exemplo, eles são, respectivamente, 86% e 90% dos beneficiários

do AgroAMIGO.

Leia também

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PRONAF: MAIS DE R$ 7 BI DESEMOLSADOS NO NORDESTE ATÉ DEZEMBRO DE 2010

Aplicações superiores a R$ 7 bilhões, mais de 3,3 milhões de

operações de crédito contatadas, números recordes alcançados neste ano.

Esse é o balanço do Banco do Nordeste como maior agente do Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) na região

Nordeste, no período compreendido entre 2003 e 2010.

Segundo a Área de Agricultura Familiar e Microfinança Rural, esse

bom retrospecto do BNB na agricultura familiar nordestina é reforçado,

também, pela expansão das ações creditícias especialmente no que diz

respeito à participação no valor contratado e à quantidade de

financiamentos, 59,8% e 67,1%, respectivamente. O BNB responde por mais

de um quinto (21,5%) do valor aplicado pelo Pronaf no Brasil, conforme

detalhado no gráfico 3.

Com esse desempenho, o BNB tem colaborado na criação de

condições mais favoráveis ao agricultor familiar na obtenção de insumos

necessários à implantação das atividades e comercialização de seus

produtos.

3,3 milhões de operações no acumulado

Levantamento da Área de Agricultura Familiar e Microfinança Rural

sobre o volume de contratos acumulados em 2010 aponta um avanço de 12%

sobre a posição de dezembro do ano passado, o que corresponde a 367 mil

contratos a mais. Para se ter uma ideia da expressividade do crescimento

das operações creditícias do BNB no segmento, em 2003, foram 180,9 mil

contratos e, em 2010, a quantidade acumulada alcançou 3.345 mil

operações, a expansão de 1.749%.

Quanto ao valor acumulado de crédito concedido ano a ano, em

2010, o montante contratado subiu 17%, o que representa mais de R$ 1.105

milhões em volume aplicado. Pela primeira vez, o BNB chega à quantia

disponibilizada de R$ 7.463.737 mil.

Até dezembro de 2009, esse valor era de R$ 6.358.622,7 mil. Em

relação a 2003, quando foram contratados R$ 319.415,4 mil, o crescimento

é ainda mais expressivo: 2.094,3%.

A principal fonte de recursos para a agricultura familiar no Nordeste

continua sendo Fundo Constitucional de Financiamentos do Nordeste (FNE),

com 99,5% dos desembolsos.

Estrutura fortalecida dos

para melhorar a produção

Um dos objetivos do BNB é estruturar os empreendimentos rurais

através das operações de investimento e de custeio. Para isso, o Pronaf

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tem sido utilizado, de forma estratégica, ajudando a fortalecer os imóveis

para que estes possam ter uma produção sustentável.

.O Banco tem apoiado a formação de reserva estratégica alimentar

com financiamentos para produção de feno e silagem, por exemplo, ambos

os insumos utilizados nas principais atividades beneficiadas com os

financiamentos do Pronaf, De fato, a pecuária representa 78% do destino de

todos os recursos no intervalo compreendido entre 2003 e 2010. Agricultura

(12%), serviços (7%) e extrativismo (3%) seguem como os demais segmentos

mais vocacionados no recebimento desse tipo específico de crédito. No

mesmo período, a bovinocultura (65%) desponta como a líder do setor

pecuário em quantidade de operações. Em seguida, aparecem suinocultura

(9%), ovinocultura (10%), avicultura (6%), caprinocultura (7%) e outros (3%).

Os programas e linhas do Pronaf

As principais linhas de financiamento do Pronaf são as seguintes:

1. Pronaf Grupo A – Linha de crédito na modalidade de investimento para

agricultores familiares assentados pelo Programa Nacional de Reforma

Agrária (PNRA) ou beneficiários do Programa Nacional de Crédito

Fundiário (PNCF) que não foram contemplados com operação de

investimento sob a égide do Programa de Crédito Especial para a

Reforma Agrária (Procera) ou que ainda não foram contemplados com o

limite do crédito de investimento para estruturação no âmbito do

Pronaf.

2. Pronaf Grupo A/C – Linha de crédito de custeio, isolado ou vinculado,

destinado a agricultores familiares assentados pelo Programa Nacional de

Reforma Agrária (PNRA) ou beneficiários do Programa Nacional de

Crédito Fundiário (PNCF).

3. Microcrédito Produtivo Rural (Pronaf Grupo B) – Linha de microcrédito

destinada a agricultores com renda anual familiar bruta de até R$ 6 mil.

Os créditos atendem às atividades agropecuárias e não agropecuárias

desenvolvidas no estabelecimento rural ou em áreas comunitárias rurais

próximas, assim como implantação, ampliação ou modernização da

infraestrutura de produção e serviços agropecuários e não agropecuários,

entendendo-se por prestação de serviços as atividades não agropecuárias

como turismo rural, produção de artesanato ou outras atividades

compatíveis com o melhor emprego da mão de obra familiar no meio

rural.

Esse público é atendido com sucesso pelo BNB por meio do AgroAMIGO

um programa de microfinanças rural, cuja premissa de atendimento é de

crédito orientado e acompanhado.

4. Pronaf Investimento a Agricultores Familiares (Comum) – Linha de

investimento destinada a agricultores com renda bruta familiar acima de

R$ 6.000,00 e até R$ 110.000,00, incluída a renda proveniente de

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atividades desenvolvidas no estabelecimento e fora dele, por qualquer

componente da família, excluídos os benefícios sociais e os proventos

previdenciários decorrentes de atividades rurais. Além de crédito de

custeio, isolado ou vinculado, a agricultores familiares, exceto nos

Grupos "A", "A/C" e "B".

Até o primeiro semestre de 2008, o programa possuía os grupos C, D e E,

que foram unificados, a partir de 1º de julho de 2008, numa categoria

denominada no âmbito do BNB de Pronaf Comum.

Modalidades Especiais de Crédito:

Crédito de Investimento para Agregação de Renda à Atividade Rural

(Pronaf Agroindústria) – Linha de crédito destinada a investimento,

inclusive em infraestrutura, que vise o beneficiamento, o processamento e

a comercialização da produção agropecuária, de produtos florestais e do

extrativismo ou de produtos artesanais e a exploração de turismo rural.

Crédito de Investimento para Sistemas Agroflorestais (Pronaf Floresta) –

Linha de crédito destinada à implantação de projetos de sistemas

agroflorestais, exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano

de manejo e manejo florestal, recomposição e manutenção de áreas de

preservação permanente e reserva legal e recuperação de áreas

degradadas, para o cumprimento de legislação ambiental e enriquecimento

de áreas que já apresentam cobertura florestal diversificada, com o plantio

de uma ou mais espécies florestal, nativa do bioma.

Crédito de Investimento para Obras Hídricas e Produção para

Convivência com o Semiárido (Pronaf Semiárido) – Linha de crédito

destinada a projetos de convivência com o semiárido, focado na

sustentabilidade dos agroecossistemas, priorizando projetos de

infraestrutura hídrica e implantação, ampliação, recuperação ou

modernização das demais infraestruturas, inclusive aquelas relacionadas

com projetos de produção e serviços agropecuários e não agropecuários, de

acordo com a realidade das famílias agricultoras da região semiárida.

Crédito de Investimento para Mulheres (Pronaf Mulher) – Linha de crédito

destinada às mulheres agricultoras integrantes de unidades familiares de

produção enquadradas no Pronaf, independentemente de sua condição

civil. A mesma unidade familiar de produção pode contratar até dois

financiamentos ao amparo do Pronaf Mulher.

Crédito de Investimento para Jovens (Pronaf Jovem) – Linha de crédito

destinada a jovens agricultores e agricultoras familiares maiores de 16 anos

e com até 29 anos, que tenham concluído ou estejam cursando o último

ano em centros familiares rurais de formação por alternância, ou em

escolas técnicas agrícolas de nível médio, que atendam à legislação em

vigor para instituições de ensino, ou que tenham participado de curso ou

estágio de formação profissional que preencham os requisitos definidos

pela Secretaria da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento

Agrário.

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Crédito de Investimento para Agroecologia (Pronaf Agroecologia) – Linha

de crédito destinada ao financiamento dos sistemas de produção

agroecológicos e/ou orgânicos, incluindo-se os custos relativos à implantação

e manutenção do empreendimento.

Crédito para Investimento em Energia Renovável e Sustentabilidade

Ambiental (Pronaf ECO) – Linha de crédito destinada a investimento para

implantação, utilização ou recuperação de tecnologias de energia renovável,

tecnologias ambientais, pequenos aproveitamentos hidroenergéticos,

silvicultura, adoção de práticas conservacionistas e de correção da acidez e

fertilidade do solo.

Crédito de Investimento para Produção de Alimentos (PRONAF Mais

Alimentos) – Linha de crédito destinada a projetos de investimento de

empreendimentos rurais voltados à produção, armazenagem e transporte de

açafrão, café, centeio, erva-mate, sorgo, milho, feijão, arroz, trigo,

mandioca, olerícolas, frutas, leite, caprinos e ovinos, e para as atividades de

fruticultura, olericultura, apicultura, aquicultura, avicultura, bovinocultura

de corte, bovinocultura de leite, caprinocultura, ovinocultura, pesca e

suinocultura.

Crédito para as Unidades Familiares Atingidas por Enchentes ou Secas

(Pronaf Emergencial) – Linha de crédito destinada a atividades das unidades

familiares de produção enquadradas no Pronaf atingidas por enchentes ou

estiagens.

R$ 300 milhões para custeio em 2011

O Banco lançou a campanha pró-custeio da agricultura familiar, em 2011, que prevê recursos da ordem de R$ 150 milhões e a mesma quantia para o segmento de pequenos e miniprodutores rurais, aqueles não enquadrados no Pronaf.

Ao fazer o anúncio, a Diretoria de Gestão do Desenvolvimento informou que se a demanda por recursos se apresentar maior o BNB está pronto para atendê-la.

O volume representa reajuste substantivo em relação à safra anterior mostrando a disposição do Banco de enfatizar mais as operações de custeio já que, hoje, elas são concentradas em investimento de longo prazo.

Benefícios para os produtores - As operações de custeio junto ao BNB contam com limite de até R$ 50 mil, juros baixos, prazo de até dois anos, conforme o ciclo da cultura, além de renovação automática do crédito e seguro para perda de safra e seguro de preços, que garante abatimento no valor do financiamento caso o preço de referência baixe.

No caso específico do agricultor familiar, em 2011 ele pode incluir parcelas do financiamento de investimento no seguro Proagro Mais, que tenham vencimento entre 180 dias antes e 180 dias após o vencimento da operação de custeio, Assim, em caso de perdas decorrentes de fatores climáticos, haverá também cobertura dessas prestações no crédito de investimento.

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Já os pequenos e miniprodutores podem ser beneficiados com o Proagro, que garante a cobertura de possíveis perdas decorrentes de fatores climáticos.

Com 67,1% da quantidade de financiamentos e 59,8% do valor contratado, o BNB é o maior agente do Pronaf na Região. No conjunto nacional, a participação é de 21,5%

Participação do BNB-Pronaf

no Brasil e Nordeste

Fonte: site do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e BNB.

BNB/NORDESTE BNB/BRASIL

No gráfico abaixo, o expressivo crescimento anual da quantidade de operações do Pronaf contratadas pelo BNB no período de 2003 a 2010:

180.941

589.738

1.108.530

1.783.719

2.289.658 2.621.531

2.978.358

3.345.509

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Quantidades de Operações Acumuladas Ano a Ano

Posiçao: 2003 a 2010

No período de 2003 a 2010, a carteira PRONAF acumulou um volume de R$ 7,4 bilhões em aplicações,

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12

319.415,4

1.015.166,7

2.066.242,9

3.545.298,3

4.728.843,3

5.468.557,2

6.358.622,7

7.463.737,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Valor Contratado Acumulado Ano a Ano - (R$ Mil)

Posição 2003 a 2010

Depoimento –

CRÉDITO, INOVAÇÃO E TRABALHO QUALIFICADO NO PRONAF

Manoel Santos,

Deputado federal (PE), ex-

presidente da CONTAG

Importante personagem na história da luta pelo

fortalecimento da agricultura familiar e da construção do

processo de convivência com o semiárido, o ex-líder sindical e

agora deputado federal eleito de Pernambuco, Manoel José

dos Santos, é uma das pessoas que contribuíram para o

desenvolvimento das políticas públicas para os pequenos

agricultores.

Natural do município pernambucano de Serra Talhada, Manoel dos

Santos, trabalhou 30 anos pelos direitos dos miniprodutores. Foi presidente do

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Serra Talhada, da Federação dos

Trabalhadores Rurais na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape) e da

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), por isso,

também é conhecido como Manoel de Serra ou Manoel da Contag.

“Na década de 1980, os pequenos proprietários rurais do sertão de

Pernambuco viviam um processo de busca pela sobrevivência. Nesse período, o

Banco do Nordeste era muito distante dessa realidade. Depois avançamos e,

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em meados de 1990 e 2000 foram criadas políticas públicas voltadas para a

agricultura familiar. Começamos um processo de discussão e negociações mais

diretas. Então, o BNB realizou as primeiras liberações do Pronaf e passou a ser

o maior investidor financeiro para esse público.

As ações do Banco são muito importantes porque não têm apenas o

objetivo de desovar o crédito, mas de fazer um trabalho qualificado. O crédito

não é tudo. É importante a contratação de agentes para realizar assistência

técnica e o Banco tem cumprido o papel de atuar nessa nova fronteira.

A criação do AgroAMIGO é uma das medidas inovadoras, pois aprofunda

esse serviço de acompanhamento dos agricultores. Proporciona o aumento da

discussão entre os organismos, os trabalhadores e o Banco. Um dos grandes

desafios é a organização coletiva. Onde os trabalhadores estão mais

organizados, com menos interesses individuais, eles têm avançado mais.

Precisamos fortalecer a política para o desenvolvimento das associações

e dos sindicatos e não podemos trabalhar o conceito de desenvolvimento social

sem considerar a sustentabilidade (do ponto de vista econômico, social e

ambiental). O Banco do Nordeste, figura chave e central para esse processo,

tem se aberto para a discussão coletiva e procurado construir parcerias”.

Leia também

PRONAF:VALOR MÉDIO DO CONTRATO SOBE 12,67% NO EXERCÍCIO DE 2010

A economia brasileira está mais forte, porém, mesmo assim, há

desvalorizações que atingem o dia-a-dia do homem do campo. Por isso, o

BNB, em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), tem

a preocupação constante de compensar a inflação e outras variáveis

econômicas que causam prejuízos ao trabalhador rural. Em menos de um

ano, o valor médio da operação de crédito do Pronaf subiu 12,67%. Na

comparação dos contratos realizados nos dois últimos anos, o montante

saltou de R$ 2.494,40 para R$ 3.010,00 – um acréscimo de R$ 515,60.

A expansão é ainda maior na comparação com 2003, quando a média

era R$ 1.765,30. Nesse caso, o avanço foi de R$ 1.244,70, ou 70,51%. Esse

crescimento progressivo verificado a cada ano se deve aos frequentes

reajustes dos tetos máximos de limites de financiamento dos diversos

grupos de mutuários, bem como da elevação da capacidade de tomada de

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empréstimo dos beneficiários, causada, em boa parte, pela política de

apoio social do governo federal e à consolidação econômica.

Paralelamente ao avanço do valor médio das operações, algumas

ações implementadas pelo BNB contribuíram para melhor atender ao

agricultor familiar permitindo a comunicação com o mesmo pelo Serviço de

Atendimento ao Cliente, o Cliente Consulta 0800 728 3030. Como, por

exemplo, a campanha de atualização cadastral dos mutuários, que resgatou

novas informações de 296 mil beneficiários no Banco de dados e a

realização de dias de campo visando sensibilizar as famílias para a adoção

de tecnologias adequadas para culturas como mandioca e feijão de corda

no semiárido.

Pronaf Mais Alimentos e outras inovações

Outras campanhas e iniciativas também foram fomentadas ao longo

de 2010 pela Área de Agricultura Familiar e Microfinança Rural. É o caso do

Pronaf Mais Alimentos, uma linha especial de financiamento voltada,

exclusivamente, para a produção alimentar. Houve, também, a

intensificação da promoção do Custeio Pronaf, através de veículos de

comunicação, o que ajudou a esclarecer dúvidas e vantagens do programa.

Outra iniciativa relevante foi a elaboração de um modelo próprio de

propostas de crédito de custeio e de investimento com planilhas eletrônicas

disponibilizadas para projetistas, possibilitando rapidez e qualidade na

apresentação das propostas de interesse da agricultura familiar.

Para tanto foi criado o custeio rotativo para agricultores familiares,

em que a renovação do financiamento de custeio é automática e

desburocratizada, caso os valores, área e cultura não sejam alterados.

Para facilitar esse acesso do produtor ao crédito, o Banco instalou

nos últimos anos oito Pontos de Atendimento Centralizado do PRONAF nas

capitais dos estados, todos com equipamentos e pessoal especializado em

agricultura familiar.

Mais ações adotadas para melhorar Pronaf

O Banco do Nordeste implementou, ainda, ao longo do período entre

2003 e 2010, uma série de outras iniciativas direcionadas para a melhoria e

operacionalização dos programas que beneficiam a agricultura familiar.

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Algumas delas:

. Realização de seminários de mobilização para elevar as aplicações

do Pronaf Grupo A nos estados de jurisdição do Banco, com a

participação de representantes do BNB, Ministério de

Desenvolvimento Agrário (MDA), INCRA nacional e estadual, Unidades

Técnicas Estaduais, empresas de assistência técnica e elaboradores

de projetos.

.Implantação de projeto piloto com cooperativas de crédito, para

aplicação de recursos no Pronaf B, adotando metodologia do

AgroAMIGO.

.Participação com o MDA na formulação de políticas públicas para a

agricultura familiar e articulação com o Governo Federal na edição

de medidas, objetivando a renegociação/regularização das dívidas

dos agricultores familiares.

.Realização de campanha promocional do Pronaf Mais Alimentos,

linha de financiamento estratégica para a política governamental,

voltada ao incremento da produção de alimentos.

.Parceria com o ETENE (Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste) que, por meio da Embrapa, promove a difusão de tecnologias adaptáveis aos pequenos empreendimentos rurais. Como fruto dessa parceria foi realizado, no início de julho de 2010, Dia de Campo com o tema validação e transferência de tecnologias com as culturas de mandioca e feijão de corda para o Ceará, na comunidade de Pirangi, município de Itapipoca.

.Assinatura de convênio com o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e Petrobras para liberação de crédito para culturas oleaginosas com fins de produção de biodiesel.

=-=-=-=-

DIA DA AGRICULTURA FAMILIAR

O Dia da Agricultura Familiar é realizado em várias localidades, em que

ocorre um trabalho de divulgação das informações governamentais e das

linhas de crédito do Pronaf, com palestras e treinamentos voltados para a

capacitação do trabalhador rural. Além disso, há feiras onde são negociados

animais e produtos agrícolas; ações de cidadania, como emissão de

documentos, corte de cabelo, exames de saúde, entrega de títulos de

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propriedade; renegociação de dívidas; liberação de parcelas; serviços

bancários; sorteio de brindes e shows com artistas locais. No acumulado de

2003 a 2010, aproximadamente 350 mil agricultores familiares foram

sensibilizadas por cerca de 800 eventos dessa natureza. Só neste ano,

foram 66 iniciativas dessa espécie, envolvendo 60 mil agricultores

familiares espalhados por quase 1.000 municípios.

Esse evento é realizado em parceria com o Ministério do Desenvolvimento

Agrário (MDA), movimentos sociais, entidades estaduais de assistência

técnica, prefeituras e governos estaduais.

Tabela: VALOR MÉDIO CONTRATADO POR OPERAÇÃO (R$ 1,00)

ANOVALOR MEDIO

CONTRATADO

2003 1.765,3

2004 1.701,9

2005 2.026,0

2006 2.190,6

2007 2.339,3

2008 2.228,9

2009 2.494,4

2010 3.010,0

Leia também

BNB APOIA INSERÇÃO PRODUTIVA DA MULHER AGRICULTORA E DO JOVEM POR MEIO DO PRONAF

A cada exercício aumenta mais a participação da mulher nas linhas

de financiamento colocadas à disposição no âmbito do Programa Nacional

de Apoio ao Fortalecimento da Agricultura Familiar. Esse desempenho do

Pronaf na Região reflete as diretrizes ditadas pela diretoria do BNB no

sentido de promover a autonomia econômica da trabalhadora do campo.

Considerado o acumulado de 2003 a 2010, a mulher já responde por 41% de

todas as operações do Pronaf no Nordeste.

Objetivando reforçar sua atuação em relação ao gênero, o Banco

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firmou acordo de cooperação técnica com o Ministério do Desenvolvimento

Agrário (MDA) para ampliação e qualificação do acesso ao crédito para as

trabalhadoras rurais, assentadas da reforma agrária, quilombolas,

extrativistas, pescadoras artesanais, indígenas e ribeirinhas, na área de

atuação do Banco do Nordeste.

Prioridade também aos jovens agricultores familiares

As dificuldades enfrentadas pelo homem do campo têm sido uma das

principais causas do êxodo rural, que acarreta uma série de problemas de

cunho social e econômico com o agravamento das mazelas trazidas pelo

crescimento desordenado dos grandes centros urbanos. Em especial, os

jovens abandonam o campo à procura de oportunidades por não

vislumbrarem, nas atividades desenvolvidas no meio rural, um meio de

sustentação.

Por outro lado, os jovens egressos de escolas técnicas rurais

passaram a representar uma esperança de renovação dos métodos

rudimentares ainda utilizadas pelos agricultores familiares. Por meio da

escolarização e da capacitação técnica eles podem contribuir na

transformação da realidade vivenciada pelos pais, agregando um fazer

diferenciado ao modo de produção do núcleo familiar. Verifica-se, contudo,

que um grande quantitativo desse público não recebe estímulo para

desenvolver atividades no campo.

Nesse contexto, em 2004, foi criado pelo Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA) o Pronaf Jovem - linha de crédito

direcionada a agricultores e agricultoras familiares maiores de 16 anos e

com até 29 anos que tenham concluído, ou estejam cursando o último ano

em centros familiares rurais de formação por alternância, ou em escolas

técnicas agrícolas de nível médio que atendam à legislação em vigor para

instituições de ensino.

De acordo com as normas, podem ser atendidos, também, jovens que

tenham participado de curso ou estágio de formação profissional que

preencham os requisitos definidos pela Secretaria da Agricultura Familiar

do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O financiamento pode atingir até

R$ 7.000,00, com juros de 1% a. a., que pode ser pago em até 10 anos,

incluindo até três anos de carência.

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Como ilustração desse apoio creditício do Banco, verifica-se que a

carteira do Pronaf acumula até 2010, contratação de 904 operações do

Pronaf Jovem no montante de R$ 5,2 milhões.

Leia também

PRONAF: BNB SE DESTACA EM REDUZIR DESIGUALDADES ENTRE EXTREMOS

A atuação do Banco do Nordeste na área de crédito rural, tanto no

geral quanto no caso específico da agricultura familiar, abrange famílias de

diversas faixas de renda: da mais pobre, que não possui sequer a

propriedade da terra, assistida através dos programas federais de apoio à

reforma agrária, àquelas com alguma estrutura, mas que precisam de

dinheiro para investir.

Conforme os dados da Área de Agricultura Familiar e Microfinança

Rural sobre assentados da reforma agrária, o grupo responde por R$ 1,3

bilhão dos R$ 7 bilhões aplicados pelo BNB em atividades creditícias entre

2003 e 2010 no âmbito do Pronaf. Foram 107,4 mil financiamentos, desde

então. Fica atrás apenas do grupo B do Pronaf, destinado a pessoas com

menor renda, que absorveram R$ 3,5 bilhões do volume aplicado. Quanto

à área de atuação, 45% dos recursos beneficiam mutuários estabelecidos na

zona semiárida.

A aplicação de recursos no segmento do grupo A do Pronaf, cujos

beneficiários são produtores assentados da reforma agrária, deve-se, em

parte, ao cumprimento do dispositivo legal que estabelece um percentual

mínimo para esses mutuários nos desembolsos oriundos do Fundo

Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).

No comparativo entre os estados, o Maranhão foi a unidade

federativa que mais realizou operações, 23% do total. Piauí e Bahia vieram

logo em seguida com 13% e 9%, respectivamente.

Quanto à área de atuação, 45%dos recursos beneficiam

mutuários estabelecidos na zona semiárida.

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Gráfico 1: QUANTIDADE DE OPERAÇÕES CONTRATADAS ANO A ANO

11

.88

9 14

.73

8 17

.06

1

13

.92

4

10

.23

9

5.7

47

6.1

45

7.3

02

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

PRONAF A - Quantidade de Operações Contratadas Ano a Ano

Período: 2003 a 2010

Gráfico 2: QUANTIDADE DE OPERAÇÕES POR ESTADO ENTRE 2003 E 2010

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20

3.3

76

10

.79

4

8.6

87

15

0

24

.59

9

2.1

25

6.1

66

6.9

58

10

.75

5

9.5

45

3.8

90

-

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

AL BA CE ES MA MG PB PE PI RN SE

PRONAF A - Quantidade de Operações por Estado

Período: 2003 a 2010

CRÉDITO FUNDIÁRIO

Do outro lado da moeda, entre os mutuários mais pobres, o Banco

também tem desempenhado um papel importante, tornando-se o maior

agente financeiro no Nordeste do Programa Nacional de Crédito Fundiário

do Governo Federal, destinado à aquisição da terra e à sua estruturação. O

Banco chegou a 6.861financiamentos no período de 2003 a novembro de

2010, o equivalente a R$ 615milhões.

O público-alvo são as associações, cooperativas de agricultores ou, de

forma individual, trabalhadores rurais sem-terra (assalariados,

arrendatários, diaristas, entre outros) e donos de minifúndios.

Nessa ação, o Banco operacionaliza o programa Combate à Pobreza

Rural que é composto por dois subprojetos: Subprojeto de Aquisição de

Terra (SAT) e Subprojeto de Investimentos Complementares (SIC), este,

com recursos não reembolsáveis destinados à estruturação produtiva e

social das propriedades adquiridas.

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Com o objetivo de reduzir a pobreza no meio rural, esse programa

tem dado acesso à terra a um número expressivo de produtores,

possibilitado, ainda, aumento de renda aos trabalhadores rurais. Entre

2003 e 2010, foram contratadas 1.959 operações de SAT, envolvendo R$

205 milhões. Já no SIC, foram 1.297 operações no valor total de R$ 247,2

milhões cujo objetivo principal é promover a formação de estrutura

produtiva para as terras adquiridas através do SAT.

Outro programa de suma importância, que também financia a

aquisição da propriedade rural e a aplicação de investimentos na estrutura

básica do imóvel, é o Consolidação da Agricultura Familiar (CAF). Este

programa atende a agricultores cuja renda anual seja igual ou inferior a R$

15 mil e o patrimônio avaliado não ultrapasse R$ 30 mil.

De 2006 até 2010, o CAF já realizou 3.605 operações, totalizando R$

163,5 milhões.

O Programa Combate à Pobreza Rural também contribuiu para

diminuir a desigualdade no Nordeste. Entre 2003 e junho deste ano, foram

1.865 contratos, que assistiram 32.634 famílias, envolvendo, ao todo, R$

206,3 milhões.

O desempenho do Banco nesse segmento é fruto de uma parceria com

a Secretaria de Reordenamento Agrário (SRA), do Ministério de

Desenvolvimento Agrário, que gerencia esse programa de governo.

Leia também:

IMPACTOS DAS CONTRATAÇÕES DO PRONAF NA ECONOMIA DO NORDESTE E RESTANTE DO PAÍS

Em junho de 2010, em Fortaleza, o presidente Luiz Inácio Lula da

Silva teve oportunidade de conhecer a repercussão socioeconômica de

programas tocados pelo BNB que aceleram a inclusão social, a autoestima e

a própria cidadania de milhares de pequenos produtores.

São programas que transcendem a ação financeira e seguem os

princípios que nortearam a criação do Banco no inicio dos anos cinquenta,

de aliar o crédito a outras intervenções voltadas para o desenvolvimento

regional.

Daquela época aos dias de hoje, essa preocupação não apenas

aumentou como passou a permear todo o trabalho do BNB, a ponto de

receber o reconhecimento dentro e fora do Brasil.

Impactos da agricultura familiar

Disponível em www.bnb.gov.br/etene/publicacoes, um estudo do

ETENE sobre os impactos sociais e econômicos resultantes da execução do

Programa Nacional de Agricultura Familiar no Nordeste relevam sua

repercussão em termos de empregos, valor bruto da produção, valor

adicionado, salários e tributos arrecadados.

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Considerando apenas os desembolsos do programa no intervalo

2003/Out.2009, totalizando R$ 7,1 bilhões, os benefícios sociais e

econômicos deles decorrentes se espraiam tanto no Nordeste quanto em

outras regiões do Brasil.

No caso do emprego, o estudo indica que as contratações do Pronaf

geraram um total de 1,6 milhão de novas ocupações e empregos, ou seja: a

aplicação de R$ 5,1 mil do Programa resulta uma ocupação/emprego, custo

extremamente baixo quando comparado a outras atividades. Do total de

ocupações/empregos gerados, 85% são na área de atuação do Banco, o que

revela que as atividades associadas ao Pronaf são intensivas em mão-de-

obra.

Os impactos no valor agregado/renda são diferentes dos ocorridos no

VBP e refletem um outro elemento característico da economia do Nordeste.

O valor contratado pelo Pronaf, R$ 8,1 bilhões, gera repercussões de R$

16,8 bilhões no total do valor agregado, dos quais R$ 11,2 bilhões são

internalizados no Nordeste. Os vazamentos para fora da área de atuação do

Banco somam aproximadamente 34% ou R$ 5,6 bilhões.

Para salários e tributos, conforme o ETENE, as aplicações do Pronaf

causaram impacto de R$ 4,7 bilhões na massa salarial e de R$ 5,3 bilhões

na arrecadação tributária. Em relação ao salário, há um menor grau de

vazamentos, ou seja, a Região absorve quase tudo, o que confirma a

importância socioeconômica do Pronaf. O mesmo não acontece quanto à

variável tributos, na qual existe um maior grau de vazamentos, refletindo

claramente a transferência de recursos da região Nordeste para os demais

estados do Brasil. Dos impactos gerados em tributos (R$ 5,3 bilhões), R$ 2,8

bilhões são internalizados na área de atuação do BNB, enquanto R$ 2,5

bilhões beneficiam o restante do Brasil.

Finalmente, com relação à variável “Valor Bruto da Produção

(VBP)” o total gerado a partir das aplicações do Pronaf foi estimado em R$

32,7 bilhões, dos quais mais da metade (58%), ou R$ 19,1 bilhões,

repercutindo na área de atuação do Banco, e 42% (R$ 13.5 bilhões) nos

demais estados do Brasil. A cada um milhão aplicado no Pronaf, R$ 4

milhões são gerados em VBP, o que denota impactos positivos e a

importância econômica desse programa de crédito.

Leia também

OS IMPACTOS DO PROPNAF RETRATADOS

PELA MATRIZ DE INSUMOS E PRODUTOS

Utilizando uma ferramenta chamada Matriz de Insumo Produtos, os

impactos do programa – diretos, indiretos e induzidos - são avaliados a

partir de cinco variáveis: (i) valor bruto da produção (VBP), que mede o

impacto de um aumento na produção de um determinado setor e na

produção geral do sistema; (ii) valor agregado/renda ou valor adicionado,

que pode ser associado à idéia do Produto Interno Bruto de cada setor; (iii)

ocupações e empregos – formais e informais, estimados em número de

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pessoas; (iv) salários; e (v) tributos.

As repercussões econômicas foram calculadas para a área de

jurisdição do BNB (11 estados - do Maranhão ao Espírito Santo) e demais

estados do Brasil. A soma dos impactos no Nordeste e nos demais estados

do Brasil representa os impactos totais decorrentes das contratações do

Pronaf, valendo salientar que os valores aplicados o foram ao longo de sete

anos e que a repercussão desses desembolsos não ocorrem

simultaneamente.

A Matriz de Insumo-Produto, desenvolvida pelo BNB com a parceria

da USP, é como uma fotografia econômica que mostra como os setores da

economia estão relacionados entre si, evidenciando quais setores suprem

outros de produtos e serviços, além de especificar as compras de cada

setor.

A Mariz representa o conjunto de atividades que se interligam por

meio de compras e vendas de insumos (a montante e a jusante de cada elo

produção) que, no caso do Nordeste, foi construída a partir da estimação

dos fluxos comerciais entre os estados do Nordeste e entre estes e o

restante do País. O sistema utiliza dados de estoque de empregos,

exportações, importações, dentre outros, fornecidos por diversas

instituições de pesquisas.

Para saber mais consulte: www.bnb.gov.br/etene/publicacoes

Leia também

PROGRAMA DE MICROFINANÇAS RURAL

DO BNB RENDE PRÊMIO INTERNACIONAL

Com a presença do Presidente da República nas dependências do Banco,

em Fortaleza, o Nordeste comemorou em junho de 2010, o quinto

aniversário do AgroAMIGO. O programa foi lançado pela atual Diretoria, em

2005, com o objetivo de melhorar o acesso ao crédito de agricultores

familiares do Grupo B do Pronaf, com os menores custos possíveis e a

proximidade física de um orientador, garantindo ao universo de

beneficiários meios de sobrevivência e a geração de mais emprego e renda

na Região.

Na realidade, o programa foi uma tentativa, vitoriosa, de replicar

no campo o sucesso da experiência conhecida por Crediamigo, executada

nos grandes centros urbanos regionais desde o final dos anos noventa. As

duas experiências do BNB tornaram-se ferramentas exitosas na inclusão

financeira de um grande contingente de excluídos do sistema.

No caso do AgroAMIGO, entre 2005 e 2010, já são quase R$ 1,7 bilhão

em mais de um milhão de contratos com agricultores familiares do Grupo B

que estão na base da pirâmide empresarial, fora do alcance dos

mecanismos formais de crédito (veja matéria seguinte).

Premiação internacional

O sucesso do AgroAMIGO virou modelo para outros organismos e

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países até ganhou prêmio internacional (veja box). Segundo o Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA), a metodologia do programa é a mais

adequada para chegar aos agricultores familiares cujo faturamento não

ultrapasse R$ 6 mil anuais.

Comitivas técnicas de vários governos, especialmente de países da

África e da America Latina, já vieram a Fortaleza conhecer a experiência

de perto. Internamente, o Banco da Amazônia firmou convênio com o BNB

para replicar o programa na área da Amazônia Legal. O convênio envolve o

detalhamento da metodologia, a capacitação de assessores de crédito de

instituições envolvidas no processo, e acompanhamento da execução do

projeto piloto em andamento.

Esse nível de reconhecimento, inclusive de parte do presidente Lula

da Silva, só trouxe satisfação para técnicos e dirigentes da Área de

Agricultura Familiar e Microfinança Rural do Banco do Nordeste.

Conforme o Presidente da República, o Agroamigo traz consigo a

mesma carga social de um Crediamigo, do Minha Casa, Minha Vida ou do

Luz para Todos, pois representa acesso ao crédito “para pessoas que jamais

tinham pensado, na vida, em entrar num banco ou contrair um empréstimo,

por menor que seja, num banco brasileiro”.

Chave do sucesso: proximidade

e integração com clientes

O presidente da instituição, economista Roberto Smith, atribui os

bons resultados à metodologia de atendimento que é executada a partir de

equipes de assessores de crédito.

Para Smith, elas representam o diferencial e proporcionam

orientação aos produtores e acesso rápido aos recursos, na própria

comunidade, além de acompanharem as atividades dos clientes. Essa

integração e proximidade entre representantes do Banco, os assessores de

crédito, e mutuários desembocam numa perfeita sintonia, “é um ponto

extremamente importante para o sucesso das operações realizadas”,

sustenta o dirigente do BNB.

Dada a sua relevância do ponto de vista social, esse programa foi

incluído entre as prioridades do Banco e do Ministério do Desenvolvimento

Agrário no Nordeste. Seu êxito até aqui – afirmam os técnicos da Área da

Agricultura Familiar e Microfinança Rural – prova que as famílias menos

favorecidas oferecem bom retorno quando adequadamente providas de

capital e orientação técnico-gerencial. Andam com as próprias pernas,

Como fez dona Maria Vanda, do sítio Andreza, em Beberibe, município a 90

km de Fortaleza.

Até a chegada do AgroAMIGO à região, ela se dedicava a uma

rudimentar criação de porcos. Depois de participar de palestras e demais

etapas de execução do Programa, Vanda deu uma guinada na vida. De

suinocultora transformou-se na melhor padeira das redondezas, vendendo

pão doce, carioquinha e bolacha seca. A produção passou de 60 para 13 mil

unidades que é distribuída pelas localidades vizinhas com a utilização de

uma motocicleta usada, que ela incorporou ao patrimônio. A renda

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dela antes, em volta de R$ 150,00, já alcançou R$ 400,00 nesses dois anos

de empreendedora. Além disso, garante ocupação para quatro pessoas.

Dona Vanda planeja agora um novo empréstimo do AgroAMIGO a fim de

ampliar as atividades e quem sabe empregar mais gente. Pelo menos foi o

que afirmou ao vencer concurso de casos de sucesso de microfinanças

realizado pelo BNB recentemente.

Reconhecimento nacional e internacional O AgroAMIGO recebeu prêmio da Associação Latino-americana de

Instituições Financeiras para o Desenvolvimento (Alide), que reconheceu o

programa como a melhor prática na categoria produtos financeiros

inovadores entre concorrentes da América Latina e Caribe.

A premiação foi entregue durante a 39ª Assembléia Geral da Alide, de

19 a 20 de maio, na ilha de Curaçao, no Caribe.

"Ficamos muito orgulhosos da premiação, uma vez que ela se configura

como um reconhecimento dos bons resultados da nossa metodologia de

atendimento aos agricultores familiares, proporcionado pela equipe de

assessores de crédito rural do Programa, que atende ao produtor na sua

própria comunidade, com crédito orientado e acompanhado", afirmou, na

ocasião, o superintendente da Área de Agricultura Familiar, Microfinanças

Rurais e Crédito Fundiário, Luís Sérgio Farias Machado.

Prêmio nacional O programa AgroAMIGO também foi premiado no Brasil,

em 2010, sendo classificado entre os dez concorrentes do Prêmio Inovação

na Gestão Pública Federal. Promovido há 14 anos pela ENAP – Escola

Nacional de Administração Pública -, o prêmio tem por objetivo estimular a

geração de iniciativas inovadoras de gestão pública, selecionando aquelas

que mais contribuem para que o Estado Brasileiro aumente a qualidade do

atendimento e melhore a eficácia e eficiência dos serviços ofertados aos

cidadãos.

Leia também

AGROAMIGO ALCANÇA R$ 1,7 BILHÃO APLICADOS

EM MAIS DE UM MILHÃO DE OPERAÇÕES

O AgroAMIGO, uma iniciativa pioneira no Brasil, criada em 2005,

voltada para pequenos agricultores familiares, consolidou-se de vez em

2010, ao ultrapassar um milhão de operações contratadas de microcrédito e

mais de R$ 1,7 bilhão aplicados nos estados do Nordeste, norte de Minas e

do Espírito Santo. O programa incentivou e continua a incrementar a

construção de um padrão de desenvolvimento sustentável, ao ampliar e

diversificar a produção, reduzindo a desigualdade, com aumento da renda

familiar e de oportunidade de trabalho no meio rural -- grande objetivo do

AgroAMIGO.

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26

Inspirado no Crediamigo, outra ação exitosa executada pelo BNB, o

AgroAMIGO se destina aos agricultores familiares, quilombolas, ribeirinhos,

pescadores e populações indígenas, enquadrados no Pronaf B (ganhos

brutos anuais de até R$ 6 mil), um público que em geral não acessa o

crédito pelo fato de se situar abaixo da linha da pobreza.

O programa conta com o apoio de instituições parceiras como o

Instituto Nordeste Cidadania (INEC), e Ministério de Desenvolvimento

Agrário (MDA). O diferencial do AgroAMIGO é o acompanhamento

especializado na concessão do crédito produtivo para as atividades, sejam

de caráter agropecuário ou não. A prática confere rapidez ao processo e

reduz custos para o usuário, que é foco também do importante trabalho de

educação financeira feito nas próprias comunidades e outras iniciativas

direcionadas para a melhoria da qualidade de vida. O resultado disso é o

ótimo índice de adimplência alcançado em 2010 pelo Programa, superior a

96%.

Nesses primeiros cinco anos de atividades do AgroAMIGO, as

aplicações alcançaram R$ 1,7 bilhão e a meta para 2011 é aplicar mais R$

700 milhões, atendendo a 400 mil empreendedores.

Focos com prioridade

em 1.945 municípios

Além disso, o AgroAMIGO mira a questão da segurança alimentar ao

potencializar a oferta de alimentos no mercado interno brasileiro e

colabora para a inclusão socioeconômica das famílias que vivem no meio

rural. O programa também contribui para evitar o êxodo a grandes centros

urbanos, ao motivar a permanência das famílias no interior, com a geração

de emprego e ocupação na terra, além de importantes orientações de

sustentabilidade econômica e ambiental.

Na posição de novembro último, o AgroAMIGO estava presente em

1.945 municípios nordestinos e do norte mineiro. Mais de 900 pessoas estão

envolvidas no bom funcionamento do programa, entre coordenadores,

assistentes e assessores de crédito que são contratados através do Instituto

Nordeste Cidadania (INEC), OSCIP parceira na operacionalização do

Programa.

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Esse ‘exército’ de colaboradores se responsabiliza pela abertura da

área de trabalho, mapeamento de mercado, prospecção de beneficiários

enquadrados na categoria Pronaf B, promoção e palestras informativas,

elaboração e formalização das propostas de crédito. Cabe a eles o

acompanhamento, a administração e manutenção dos agricultores

beneficiados, os atendimentos na comunidade e a renovação do crédito.

Peças fundamentais no

processo de crescimento

Essa equipe e o programa como um todo tem a admiração de

Adoniram Sanches Peraci, titular da Secretaria da Agricultura Familiar do

Ministério do Desenvolvimento Agrário. “Qual banco gosta de emprestar

dinheiro para pobres? Esta perversa dualidade perdurou por muitas décadas

e foi responsável pelo não ingresso de muitas famílias empobrecidas em

diversos ciclos de crescimento que tivemos no País”, lembra ele,

ressaltando o exemplo dado pelo Banco do Nordeste com o AgroAMIGO

“que, em apenas cinco anos, contratou mais de um milhão de

financiamentos com agricultores familiares”.

Já a, presidente do Instituto Nordeste Cidadania (INEC), Cássia

Regina Xavier, considera o AgroAMIGO uma estratégia de desenvolvimento

que “está conseguindo ressignificar o conceito de dignidade, de cidadania e

de prosperidade que o Nordeste tem na essência dos nordestinos”. Em sua

opinião, a metodologia facilita o posicionamento das ações dos

agricultores, na medida em que os assessores, além de disponibilizar

crédito, são agentes no processo de desenvolvimento do semiárido, “jovens

sonhadores e fazedores de uma nova história, de um novo tempo que levam

informação, trocam experiências e reúnem as pessoas em torno de um

mesmo ideal de crescimento“

. Para Cloves Polte, conselheiro do INEC, que seleciona e administra essa

equipe, pelo conhecimento que detêm da comunidade a ser atendida, de

seus clientes e da cultura local, "os assessores de crédito são peças

fundamentais no crescimento do programa". Ele sustenta que "o sucesso do

AgroAMIGO está permitindo que sertanejos desenvolvam uma atividade

produtiva orientada que lhes possibilite viver com dignidade".

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Esses assessores, em geral, jovens técnicos agrícolas com idade entre

19 e 30 anos, recebem uma moto, fruto da cooperação mantida com o

Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para os seus deslocamentos

entre as comunidades que atendem - média de três municípios por

assessor. Eles recebem também orientação gerencial para facilitar a

elaboração das propostas e os contatos com os clientes, a exemplo de

Pedro Garcia da Silva.

Com um pequeno sítio em Catarina (CE), Pedro deixou a agricultura

de subsistência para se transformar em vitorioso produtor de hortaliças,

abóbora e mamão, que vende para a Conab e o programa de merenda

escolar municipal. "Minha vida mudou para melhor. Com pouca terra, estou

conseguindo uma produção muito grande, coisa que antes era difícil", disse

seu Pedro, hoje uma referência no município, localizado próximo à cidade

de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará.

=-=-=-=-=-=-

PERFIL AGROAMIGO *Aplicações acumuladas (até dez./2010) - R$ 1.496 mil *Total de contratos: 1.147 mil *Meta para 2011 - contratar 380.000 operações, no total de R$ 700 milhões.

*Inadimplência - entre 2% e 4% no contexto do Pronaf B, onde esse percentual pode chegar a 40%. *Área atendida: 1.945 municípios *Valor médio dos financiamentos: R$ 1.810,37 (dez.2010) *Total de Assessores de crédito: 632.

* Presença feminina: 46%

CASOS DE SUCESSO.MICROCRÉDITO RURAL

Na comunidade do Chora, Santana do Acaraú, semiárido cearense,

um grupo de pequenos agricultores trabalha no beneficiamento de caju. Ao

se integrar ao AgroAMIGO, Maria Célia de Sousa, mais de dez anos de

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experiência nesse setor, mudou radicalmente o negócio. Formalizou as

primeiras propostas de crédito e participou das palestras do programa antes

de comprar mais equipamentos para ampliar e diversificar a produção,

colocando no mercado novidades como carne, hambúrguer, paçoca e

salgados de caju que ela vende diretamente ao consumidor final nas feiras

e escolas da comunidade. Com isso, aumentou também o contingente de

fregueses e a renda familiar, além de empregar duas pessoas. Dona Maria

Célia foi uma das ganhadoras do VI Prêmio BNB de Microcrédito no Ceará,

na modalidade Microcrédito Rural – Agroindústria.

Leia também

AGROAMIGO: QUANTIDADE DE OPERAÇÕES CRESCEU 18 VEZES E O VALOR APLICADO, 33 Desde sua criação pela atual diretoria do BNB, há cinco anos, o

programa AgroAMIGO já multiplicou por 18 seu desempenho anual no caso

da quantidade de operações contratadas, passando de 18 mil no final de

2005 para 329mil em dezembro último. Em termos de valores, a evolução foi

mais espetacular ainda: crescimento de 33 vezes no período, de R$ 17,3

milhões para R$ 596 milhões.

No exercício de 2008, foram 183 mil os contratos formalizados, no

montante de R$ 253,3 milhões. No ano seguinte, o total atingiu 286 mil

operações, mobilizando R$ 443,1 milhões. Já no acumulado, o AgroAMIGO

contabilizou exatas 1.147.750 operações até dezembro de 2010, com

aplicação de R$ 1,7 milhão, valendo salientar o avanço de 75% nos valores

de 2008 para 2009 (veja mais detalhes na tabela).

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Um levantamento procedido pela Área de Agricultura Familiar e

Microfinança Rural mostra que, a exemplo do observado no conjunto da

agricultura familiar, no programa AgroAMIGO há uma presença substantiva

da mulher, de 46% do total de financiamentos.

Forte atuação no semiárido e na pecuária

Outro dado do levantamento revela que o AgroAMIGO concentra 62%

de seus financiamentos na região semiárida do Nordeste, resultado bastante

satisfatório para o esforço da diretoria do BNB de promover financiamentos

que objetivem a convivência pacífica com a estiagem.

De outro lado, a pecuária continua sendo o principal destino dos

recursos financiados pelo AgroAMIGO, dada a tradição dessa atividade na

agricultura familiar e as condições propícias da região. São 81% dos

recursos atrelados ao setor contra 7% em serviços, 10% na agricultura e 2%

no extrativismo. Do início do programa até agosto de 2010, a bovinocultura

tem liderado a representatividade do total de financiamentos (57%), seguida

por suinocultura (13%), ovinocultura (10%), avicultura (9%) e caprinocultura

(6%) o que demonstra também uma boa diversificação em relação à

pecuária. As demais atividades somam 5%.

Para o BNB, o atendimento desses subsetores econômicos é tratado

como prioritário, por conta da viabilidade dos empreendimentos e

diversificação das atividades, que geram perspectivas positivas de

mudanças, a médio e longo prazos para seus clientes.

AGAROAMIGO – OPERAÇÕES FORMALIZADAS

Ano Qtde. Operações

Valores Em R$ mil

2005 18.044

17.382

2006 138.721

150.427

2007 192.736

259.514

2008 182.947 253.344

2009 286.175 443.137

Agosto/2010 208.238 373.045

TOTAL 1.026.861

1.496.849

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Crescimento gradual: 95% dos contratos são acima de R$ 1 mil

A maior parte dos financiamentos do AgroAMIGO, por faixa de valor,

concentra-se entre R$ 1.001,00 e R$ 2.000,00 (teto máximo estipulado pelo

Governo Federal ao grupo Pronaf B). Isto quer dizer que 95% dos contratos

realizados desde o início do programa até dezembro deste ano estão dentro

dessa faixa. A maior concentração é entre os valores R$ 1.001,00 a R$

1.500,00, que chega a 49,4% dos contratos.

A concessão de empréstimo no AgroAMIGO é realizada de forma

gradual e de acordo com a necessidade do produtor. Desde o começo do

programa, em 2005, até agosto de 2010, o valor médio financiado subiu

85,9%, ou seja, de R$ 963,34 iniciais para R$ 1.810,37. Em relação a 2009,

quando o valor médio das operações contratadas foi de R$ 1.548,48, o

avanço chegou a 16,9%. Os efeitos das orientações dos assessores de

crédito e a assimilação dos conceitos de educação financeira por parte dos

beneficiários têm proporcionado esse bom desempenho.

A ideia é melhorar o nível de competitividade dos beneficiários, que,

através de conta corrente, podem movimentar os recursos financiados. Para

isso, eles recebem orientações de como otimizar seus gastos e

investimentos, tornando rentável o crédito. Uma cultura de sustentabilidade

econômica sem perder de vista a conservação do meio ambiente, onde está

a origem dos rendimentos.

Essa metodologia do crédito orientado, com base na educação

financeira e ambiental, tem sido refletida na diversificação dos

financiamentos quanto às atividades envolvidas, valores e prazos. No

intervalo entre 2005 e dezembro deste ano, 86% dos contratos tiveram

duração entre 1,5 ano e 2 anos contra apenas 14% com prazos de até 1,5

ano.

:AGROAMIGO – VALOR MÉDIO DAS OPERAÇÕES CONTRATADAS

(PERÍODO 2005 ATÉ 2010)

2005 1.084,38

2007 1.346,48

2008 1.384,79

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2009 1.548,48

2010________________________________________________________ 1.810,37

Leia também

INOVAÇÕES MELHORARAM OPERAÇÃO DO PROGRAMA AGROMIGO EM 2010

Com ações inovadoras executadas neste ano de atendimento nas

unidades de microfinanças, o programa AgroAMIGO conseguiu intensificar

ainda mais seus bons resultados e ganhar visibilidade, deixando clara a

importância do microcrédito para o pequeno produtor rural nordestino.

Em 2010, o BNB implantou o novo modelo operacional, com duas

mudanças estratégicas: o gerenciamento do negócio passou da agência

para uma gerência estadual composta por funcionários do Banco e foram

criadas unidades de atendimento conjuntas do AgroAMIGO e Crediamigo.

Esses aperfeiçoamentos tornaram a concessão de microcrédito cada vez

mais eficaz em 2010, e, por conseguinte, melhoraram o atendimento aos

produtores.

Diversas melhorias operacionais foram realizadas em 2010 para

continuar e até elevar o padrão de eficiência do programa, como, por

exemplo, a negociação com a Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) do

Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) para aquisição de 200 motos,

que estão sendo utilizadas nos deslocamentos dos assessores de crédito às

comunidades rurais. Os veículos facilitam o trabalho porque agilizam a

mobilidade desses profissionais

Outra contribuição importante para o serviço foi o aperfeiçoamento do

álbum seriado com roteiro de informações de relevância, que servem de

conteúdo programático e padronizam a linguagem dos assessores de crédito

durante as inúmeras palestras dadas aos agricultores familiares. É uma ação

que consolida e promove de forma uniforme o programa.

Simplicidade e impacto

Atitudes simples, mas que dão ótimos resultados, também implicaram

impactos qualitativos. É o caso da distribuição de calendários para ajudar no

acompanhamento, por parte dos microprodutores, das datas de reembolsos

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das parcelas de financiamento; da implantação do carnê como modelo de

pagamento dos vencimentos; e a entrega de cofres para complementar as

orientações de educação financeira fornecidas aos pequenos agricultores,

como forma de poupar dinheiro para uso nas despesas e investimentos

prioritários.

Em sua totalidade, foram medidas que auxiliaram a organização dos

clientes e do próprio Banco. O reflexo está no alto percentual de

adimplência, superior a 96%.

-=-=-=-=-=

Leia também

ATENÇÃO A PEQUENOS E MINIPRODUTORES RURAIS NO BNB INTEGRA CRÉDITO E POLÍTICAS PÚBLICAS

Como instituição de fomento regional, a ação do Banco do Nordeste

na área rural ultrapassa o segmento da agricultura familiar e o caráter

meramente financeiro, de fornecedor do crédito de custeio e investimento.

As suas políticas são dirigidas para o desenvolvimento, procurando integrar

aspectos mercadológicos, tecnológicos, científicos, organizacionais e

ambientais da região onde atua: os nove estados do Nordeste e partes dos

territórios de Minas Gerais e do Espírito Santo.

No caso de pequenos e miniprodutores rurais, aqueles não

enquadráveis no Pronaf, a par da preocupação com a organização da cadeia

produtiva do agronegócio, uso sustentável dos recursos naturais e o bem-

estar social, a ação do BNB coloca também outra prioridade: a inclusão

social e a melhoria de renda desses contingentes de produtores, além da

integração do crédito com as políticas públicas nas diferentes esferas

governamentais, visando ao fortalecimento da economia regional e à

redução da pobreza no campo.

Para tanto, mobiliza sua estrutura administrativa e operacional e

também lança mão de parcerias com empresas públicas e privadas,

sindicatos e órgãos de assistência técnica. Com isso, pode implementar as

suas políticas para minis e pequenos produtores, cujo atendimento conta

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com um modelo de gestão construído pela área de agricultura familiar do

BNB (veja gráfico),

Migração do Pronaf

Os pequenos (renda anual entre R$ 150 e R$ 300 mil) e

miniprodutores rurais (renda bruta de até R$ 150 mil) são aqueles

empreendedores não assistidos pelo Pronaf. Expressivo número deles

migrou da condição de agricultor familiar para um novo patamar justamente

em função do aumento de renda e hoje são assistidos com linhas do FNE –

Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste.

Vale salientar que esse tipo de empreendedor é o que mais utiliza o

crédito rural no Brasil. Uma pesquisa realizada pela consultoria A.T.Kearney

para o BNB indica que para 72% deles o financiamento rural constitui o

principal produto em suas relações com o Banco. Apenas 34% realizam

aplicação em poupança e outros 56% usam o cartão de crédito como

principal serviço financeiro.

ESTRUTURA

Área de Agricultura Familiar e Microfinança Rural

Ambiente de Negócios com Mini e Pequenos Produtores Rurais

Superintendência Estadual

Célula de Gestão da Agric. Familiar, Mini e Peq. Produtores Rurais e Prog. Crédito Fundiário

Agências

Carteira Pronaf Carteira Mini e Peq. Produtor Rural

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Políticas de atendimento para pequenos e miniprodutores

Estímulo às atividades de maior valor agregado, a exemplo da

fruticultura irrigada.

Apoio à estruturação de cadeias produtivas.

Incentivo à utilização de tecnologia de convivência com a seca.

Prioridade aos investimentos destinados ao fortalecimento da

infraestrutura hídrica dos imóveis rurais.

Integração dos negócios dos minis e pequenos produtores com

empresas âncoras.

Incentivo à utilização de modernas técnicas de produção para a

pecuária e para a agricultura.

Financiamento aliado à assistência técnica e capacitação.

Financiamento de custeio em municípios zoneados.

Incentivo à formação de organizações associativas.

Estímulo à utilização de tecnologias adaptadas e modernas de

produção.

Apoio, por intermédio do FUNDECI, às pesquisas adaptadas para

o segmento de pequenos e miniprodutores e à sua difusão.

Estímulo à formação de reserva alimentar estratégica (feno,

silagem) para os rebanhos bovino, ovino e caprino.

Apoio ao desenvolvimento da agricultura sustentável, respeitando

o meio ambiente.

Prioridade aos financiamentos de atividades e tecnologias

adaptadas para a região semiárida.

Promoção do desenvolvimento sustentável e da inclusão social –

diretrizes principais

Geração de emprego e renda, bem como estímulo à economia

solidária, com impactos na dinamização do mercado local.

Expansão, diversificação e incremento de competitividade da base

econômica regional.

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Obediência ao Zoneamento Ecológico e Econômico (ZEE),

considerando a conservação, a preservação e a recuperação do

meio ambiente.

Apoio a Arranjos Produtivos Locais e cadeias produtivas,

previamente identificadas pelos estados.

Modernização de empreendimentos que confiram maior

competitividade à economia regional.

Estímulo à melhoria da capacitação dos minis e pequenos

produtores rurais.

Ênfase a projetos que promovam o manejo sustentável da

caatinga e contribuam para a recuperação/revitalização da bacia

do rio São Francisco.

Projetos de ovinocaprinocultura voltados para o aperfeiçoamento

do manejo do rebanho, certificação de marcas de laticínios e

abertura de novos canais de comercialização.

Incentivo ao cultivo de espécies adaptadas, capazes de resistir às

condições edafoclimáticas do Nordeste, sobretudo da porção

semiárida.

Projetos de agricultura irrigada, em especial fruticultura, com

ênfase na ampliação de áreas irrigadas via racionalização do uso

dos recursos hídricos disponíveis.

Projetos relacionados com o desenvolvimento endógeno, tais

como: floricultura, apicultura, piscicultura, carcinicultura,

aqüicultura e pesca.

Projetos de produção de grãos.

Projetos voltados para a produção de alimentos básicos para o

consumo da população.

Projetos desenvolvidos em açudes públicos;

Projetos agroindustriais que contribuam para a agregação de valor

às matérias-primas regionais;

Projetos que promovam diversificação da produção nas zonas de

monocultura.

Projetos de geração de energia a partir de fontes alternativas e

renováveis, tais como combustíveis e eólicas.

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37

.

CONTRATAÇÕES DE R$ 2,3 BILHÕES TENDEM A CRESCER MAIS NOS PRÓXIMOS ANOS

De acordo com levantamento finalizado em dezembro de 2010, cerca

de nove mil operações, no valor total de R$ 400 milhões, foram formalizadas

no ano com pequenos e miniprodutores rurais. Esse montante equivale a

10% de todo o crédito rural e a 4% do total do BNB, em 31.12.2010. No

período jan.2003/dez.2010, foram contratadas 88 mil operações, no valor

total de R$ 2,3 bilhões.

Segundo os técnicos da Área de Agricultura Familiar do BNB, 78%

dos recursos contratados foram destinados a investimentos, ficando o

custeio com 22% do total no período, percentual que tende a crescer a partir

de 2011, com políticas de incentivo ao crédito de curto prazo, a exemplo do

lançamento da linha “Planta Nordeste”, modalidade crédito rotativo que

atende tanto a atividade agrícola quanto a pecuária.

Sob outra perspectiva da análise, considerado o saldo devedor das

aplicações, observa-se que no período 2003/10 houve evolução de 33%,

indicando demanda crescente pelo crédito.

144 mil famílias assistidas com investimentos

Com a elevação da demanda, especialmente a partir de 2006, a

carteira de clientes de minis e pequenos produtores rurais já abrange 144 mil

famílias e saldo global de R$ 4,6 bilhões, o que equivale ao valor médio

histórico de R$ 32 mil por família nesse segmento de crédito do BNB.

Na posição de dezembro, o segmento de pequenos e miniprodutores

rurais respondia por 12 em cada 100 operações do Banco. A análise das

aplicações quanto à finalidade mostra a relevância da presença do BNB no

fortalecimento da infraestrutura produtiva desse contingente de

empreendedores.

De fato, do saldo registrado nada menos de 95% foram direcionados

para investimentos e apenas 5% para custeio. Em outras palavras:

historicamente, a prioridade do Banco voltou-se para dotar as propriedades

de infraestrutura produtiva financiada com recursos de longo prazo.

Toda a prioridade e apoio ao semiárido

Todo o processo de assistência financeira do BNB aos pequenos e

miniprodutores rurais tem como base principal o FNE, que garante 90% do

ativo total na posição de novembro de 2010. Conforme levantamento dos

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técnicos da Área de Agricultura Familiar, os recursos são canalizados com

prioridade para bovinocultura de corte e de leite, fruticultura, ovino e

caprinocultura, agroindústria e apicultura.

A bovinocultura, vocação de muitas microrregiões nordestinas,

representou pouco mais da metade das operações do período 20003-2010,

totalizando R$ 2,5 bilhões ou 55%, seguida por fruticultura, com 15%.

Até por obediência aos dispositivos previstos na Constituição, o

Banco do Nordeste confere prioridade absoluta ao semiárido, região onde

vive parte expressiva da população nordestina. Assim, a maioria dos

recursos (53%) destinados aos pequenos e miniprodutores contempla

projetos localizados nessa área.

As contratações no intervalo entre 2003 e 2010 cresceram 82% em

termos de valores, evoluindo de R$ 222 milhões para R$ 404 milhões. O

número de operações com minis e pequenos produtores rurais também teve

incremento desde 2003, exceto no exercício de 2005, totalizando acréscimo

da ordem de 82% no intervalo entre 2003 e 2010.

Mobilizando seus agentes de desenvolvimento, o BNB faz convergir

para o semiárido o crédito associado à disseminação de tecnologias de

convivência com a seca, bem assim iniciativas direcionadas à melhoria da

infraestrutura hídrica das propriedades e aumento das reservas de

alimentos.

Mais leite e fruta

A análise das aplicações do BNB mostra com clareza a preocupação

com os investimentos nos segmentos de pequenos e miniprodutores rurais.

Do total do saldo, nada menos de 95 em cada 100 reais desembolsados

foram canalizados para inversões. Todavia, no período 2003/10 já se

percebe um crescimento médio de 20% ao ano nas operações de custeio,

em razão das necessidades do produtor e do estímulo do banco,

especialmente a partir de 2008.

A bovinocultura leiteira predomina como a atividade que demanda

mais financiamentos por parte de pequenos e miniprodutores rurais, em

virtude da existência de grandes bacias leiteiras na região e da tradição da

pecuária no Nordeste.

Outra opção relevante é a fruticultura. Concentrada nos perímetros

públicos de irrigação, ela representa alternativa a atividades de subsistência,

gerando mais renda ao produtor. Vale ressaltar também a participação da

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pesca, incentivada na região a partir de programas especiais como o

Profrota.

=-=-=-=

Gráfico 1 – Operações de Crédito com Pequenos e Miniprodutores

Rurais. Período 2003 a 2010. Em R$ Mil

222.095 242.554

207.631

243.861

296.734

331.358

393.123 404.288

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Gráfico 1. Contratações Operações de CréditoMini e Pequenos Produtores Rurais

Período: 2003 a 31 dezembro/2010

Fonte: Ambiente de Controle de Operações de Crédito

Elaboração : Ambiente de Negócios comMini e Pequenos Produtores Rurais

Gráfico 2 - Total de Operações de Custeio e Investimentos com Pequenos e

Miniprodutores Rurais - Período de 2003 a 2010

27.791 30.351 35.214 49.892 59.174 76.090 79.352

95.552

194.304 212.202

172.417 193.969

237.561 255.267

313.772 308.736

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

em

R$

mil

Gráfico 2. Contratações Operações de CusteioMini e Pequenos Produtores Rurais

Período: 2003 a dezembro/2010

Custeio Investimento

Fonte: Ambiente de Controle de Operações de Crédito

Elaboração : Ambiente de Negócioscom Mini e Pequenos Produtores Rurais

Fonte: Ambiente de Controle de Operações de Crédito

Elaboração : Ambiente de Negócioscom Mini e Pequenos Produtores Rurais

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40

¹ Realizado até novembro 2010

² Projeção para dezembro 2010

468.811 11%

707.504 16%

83.548 2%

2.544.623 58%

522.058 12%

69.736

1%

Gráfico 3- Saldo Liquído por SetorMini e Pequenos Produtores Rurais

Posição: Dezembro 2010

Agricultura

Fruticultura

Outros

Pecuaria -Bovinocultura

Pecuária -

Outros

Pesca

Total: 4,4 bilhões

Elaboração : Ambiente de negócios com Mini e Peq Produtores ruraisFonte: Ativo Operacional

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BNB CRIA CUSTEIO ROTATIVO PARA FACILITAR CRÉDITO NA HORA CERTA

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Dentro de sua estratégia de melhorar o atendimento aos pequenos e

miniprodutores rurais nordestinos, a Área de Agricultura Familiar do BNB criou o custeio

rotativo em que os recursos são alocados na época adequada, logo a partir de cada ciclo

agropecuário. Nessa modalidade, o crédito é automatizado, simplificado e racionalizado,

resultando em agilidade na hora de sua concessão, pois em vez da exigência de nova

proposta são conservados valores, área e exploração idênticos à safra anterior.

O Banco do Nordeste também determinou o atendimento centralizado

dos clientes de áreas metropolitanas nos postos do Pronaf instalados nas

capitais. Antes, no entanto, teve a preocupação de capacitar mais

funcionários na área de crédito rural e ampliar os canais de comunicação

com projetistas que trabalham com os pequenos e miniprodutores,

orientando-os e informando-os quanto a aspectos técnicos e mercadológicos

relativos às atividades agropecuárias.

Ao mesmo tempo, expandiu, através de sua Central de Atendimento

Cliente Consulta, o serviço gratuito de orientação relativamente a itens como

crédito, capacitação, captação de recursos e serviços bancários. Com

acesso gratuito por telefone 0800 728 3030, fax, carta e Internet

([email protected]).

Outras ações

Durante o período 2003/10, o BNB adotou, ainda, uma série de outras

ações em favor dos pequenos e miniprodutores rurais. É o caso, por

exemplo, da formulação e aperfeiçoamento de programas de financiamentos

de investimentos, bem assim das políticas de acompanhamento e

fiscalização das operações, além de participação na concepção dos planos

safras de 2008/09/10 em parceria com o Ministério da Agricultura. Ou, ainda,

da análise das principais cadeias produtivas visando à difusão de

tecnologias adequadas ao segmento.

Vale salientar também as seguintes providências que beneficiaram

os pequenos e miniprodutores:

Encaminhamento de sugestões no âmbito da renegociação das

dívidas vencidas (Leis 11.775, 11.322 e 12.249).

Criação do seguro de penhor pecuário para as operações de

financiamento, além de outras modalidades de seguro compatíveis

com as condições e porte do produtor rural desse segmento.

Celebração do acordo BNB/ALIDE (Associação Latino-americana

de Instituições Financeiras de Desenvolvimento) para implantação

de programa de intercâmbio técnico entre instituições associadas.

Realização de visita ao México a convite de instituições locais para

troca de experiências, estudos e informações de interesse comum,

com o objetivo de fortalecer as instituições envolvidas e

aperfeiçoar a contribuição delas ao processo de desenvolvimento

econômico e social.

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Celebração de termo de parceria com o Instituto Agropolos do

Ceará para elaboração de projetos e prestação de assistência

técnica aos produtores de todos os portes, no estado do Ceará.

Realização de campanha de atualização cadastral – com o

objetivo de melhorar a qualidade e a atuação do BNB, além de

possibilitar a prospecção de novos negócios.

=-=-=-=-=-

ABRINDO CAMINHO PARA IRRIGAÇÃO

A busca permanente para ampliar e qualificar suas ações em

benefício de pequenos e miniprodutores rurais levou o Banco do Nordeste a

firmar, nos últimos anos, vários convênios voltados para o crescimento

regional de forma sustentável. Dois deles, em particular, mereceram o

empenho das equipes da Área de Agricultura Familiar e Microfinança Rural.

O primeiro envolve a cooperação com a Companhia de

Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) para

executar o Projeto de Irrigação Salitre, localizado em Juazeiro (BA), com

inversões orçadas em R$ 900 milhões. Da área prevista, 1.684 hectares

foram reservados a pequenos produtores, beneficiando 255 famílias.

Na engenharia financeira do projeto, os recursos aportados pela

CODEVASF serão destinados a financiar, por intermédio do BNB, os

equipamentos de irrigação. Por sua vez, o FNE garantirá as operações de

custeio e investimento na exploração da fruticultura.

90 mil empregos novos na região

A primeira etapa do Salitre foi inaugurada em março de 2010

pelo presidente Lula da Silva, com a entrega do sistema de irrigação e das

escrituras dos lotes destinados aos pequenos agricultores, com área média

de 6,6 hectares.

Uma vez concluído, o Salitre vai gerar 90 mil novos empregos diretos e

indiretos, beneficiando Juazeiro, com seus 195 mil habitantes, e cidades

vizinhas. A expectativa é de que a produção anual ofereça retorno de R$

350 milhões para a economia regional.

Nessa primeira fase do projeto, o BNB estima investir cerca de R$ 30

milhões nas operações com pequenos e miniprodutores, dos quais dois

terços na formação das culturas e o restante em infraestrutura produtiva.

A agência do BNB localizada em Juazeiro já contratou 22 operações

com produtores do Salitre, totalizando R$ 2,3 milhões, sendo R$ 1,6 milhão

com recursos oriundos do FNE e R$ 0,7 milhão provenientes da Codevasf.

=-=-=-=-=-

FORTALECENDO A PESCA MARÍTIMA NO NORDESTE

O Banco do Nordeste assinou convênio com o recém criado Ministério

da Pesca e Aquicultura para execução do Programa Nacional de

Financiamento a ampliação e Modernização da Frota Pesqueira (Profrota

Pesqueira) nos estados Bahia e Paraíba, com recursos do FNE.

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Apesar de ter iniciado as operações há pouco tempo, as agências do

BNB em João Pessoa (PB) e Ilhéus (BA) contabilizavam, até dezembro

último, aplicações no montante de R$ 16,6 milhões no âmbito dessa

parceria, beneficiando cooperativas de armadores e aquicultores da Paraíba

e Bahia.

Também cabe ressaltar as parcerias, através do ETENE, com o

objetivo de disseminar tecnologias apropriadas aos pequenos e

miniempreendimentos rurais.

Consolidação da frota pesqueira

O programa tem como objetivo principal financiar a aquisição,

construção, reforma ou modernização e equipagem de embarcações

destinadas à pesca oceânica, incentivando a indústria naval no Nordeste.

A consolidação da frota pesqueira oceânica nacional é uma das

estratégias para ocupação da zona econômica exclusiva (faixa do mar que

se estende de 12 a 200 milhas marítimas) por barcos nacionais, que, em

geral, se limitam à pesca costeira. Com isso, aumentam as possibilidades de

uma produção mais sustentável da atividade pesqueira no Brasil,

contribuindo para aliviar a pressão sobre espécies tradicionalmente

sobreexplotadas e maior inserção brasileira no mercado pesqueiro

internacional.

No Nordeste, o programa Profrota Pesqueira, criado pela Lei

nº 10.849, de 23/03/2004, contará com o apoio do FNE sob condições

diferenciadas e específicas para viabilizar as metas de modernização e

ampliação da frota brasileira de pesca.

Cabe registrar que o o Programa observa os principais acordos

e cooperações internacionais, com vistas à sustentabilidade dos recursos

pesqueiros, como é o caso do Código de Conduta para uma Pesca

Responsável, da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, e

do Acordo Internacional sobre Espécies Tranzonais e Altamente Migratórias. =-=-=-=-=-

dez.2010 (reprodução mediante autorização).