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ESTUDO COMPARATIVO DA DESCLASSIFICAÇÃO DE TRANSFORMADORES DE DISTRIBUIÇÃO CARLOS FILIPE DE JESUS MARQUES DIAS DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA E DE COMPUTADORES ORIENTADOR: PROFESSORA DOUTORA MARIA JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS LOPES DE RESENDE JÚRI PRESIDENTE: PROFESSOR DOUTOR RUI MANUEL GAMEIRO DE CASTRO ORIENTADOR: PROFESSORA DOUTORA MARIA JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS LOPES DE RESENDE VOGAIS: PROFESSOR DOUTOR DUARTE DE MESQUITA E SOUSA NOVEMBRO DE 2015

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ESTUDO COMPARATIVO DA DESCLASSIFICAÇÃO DE

TRANSFORMADORES DE DISTRIBUIÇÃO

CARLOS FILIPE DE JESUS MARQUES DIAS

DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA E DE COMPUTADORES

ORIENTADOR: PROFESSORA DOUTORA MARIA JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS

LOPES DE RESENDE

JÚRI

PRESIDENTE: PROFESSOR DOUTOR RUI MANUEL GAMEIRO DE CASTRO

ORIENTADOR: PROFESSORA DOUTORA MARIA JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS

LOPES DE RESENDE

VOGAIS: PROFESSOR DOUTOR DUARTE DE MESQUITA E SOUSA

NOVEMBRO DE 2015

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iii

Agradecimentos

À Professora Maria José Resende, que sem a sua disponibilidade, orientação e dedicação, a

realização deste trabalho não teria sido possível. Muito obrigado.

À minha namorada Sofia, por todo o seu apoio, compreensão e atenção ao longo do meu

percurso no Instituto Superior Técnico. Obrigado por tudo. Amo-te.

Aos meus amigos e colegas de curso, Luis Almeida e Fábio Sendim, com quem tive o prazer

de trabalhar. Obrigado por toda a vossa ajuda e companheirismo.

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iv

Resumo

Vivemos numa sociedade em que o número de equipamentos electrónicos ligados à rede de

baixa tensão aumenta exponencialmente. A maior parte destes equipamentos que tenham

rectificadores ou inversores são considerados como cargas não-lineares. Apesar de necessitarem de

uma rede eléctrica com qualidade, geram perturbações e desequilíbrios nessa mesma rede que

podem comprometer a vida útil de diversos equipamentos, entre eles os transformadores de

distribuição.

Um transformador quando alimenta uma carga não-linear, ou seja, uma carga cujo conteúdo

harmónico tem harmónicas diferentes da fundamental, pode reagir através do aumento da sua

vibração e da sua temperatura. O aumento da temperatura é devido ao aumento das perdas por

efeito de Joule através do efeito pelicular, skin effect, e pode provocar uma redução da potência do

transformador (desclassificação do transformador).

Este aumento de perdas é definido e calculado quer na Norma Europeia CENELEC, quer nas

normas americanas (ANSI/IEEE e UL).

Neste contexto, justifica-se um estudo comparativo entre normas internacionais sobre a

desclassificação de transformadores de distribuição.

Através da análise de certificados de ensaio de transformadores e de formas de onda de

corrente de cargas não-lineares serão efectuados cálculos e simulações por forma a investigar e

comparar as metodologias apresentadas pelas normas internacionais.

Palavras-Chave

Carga não-linear, efeito pelicular, desclassificação de transformadores, Normas Internacionais

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v

Abstract

We live in a society in which the number of electronic devices and small appliances connected

to the low voltage grid increases exponentially. Most of these devices that have invertors or rectifiers

are designated as non-linear loads. Although they require a quality power grid, they generate

disturbances and unbalance that same grid in a way that may compromise the lifecycle of several

devices as well as distribution transformers.

When a non-linear load (a load with harmonic contends with frequencies different than the

fundamental) is applied to a transformer, might trigger a reaction on the transformer characterized by

an increase of the vibration and an increase of the temperature. This increase of temperature is due to

the increase of losses due to the skin effect. This chain reaction may lead to a reduction of the power

of the transformer (derating of the transformer).

This increase in losses is defined and calculated both in the European (CENELEC) and in the

Americans (ANSI/IEEE) standards.

In this context it justifies the creation of a comparative study of the International standards

regarding the derating of distribution transformers.

Through the analysis of transformers test reports and non-linear load wave forms it will be

executed the necessary calculations and simulations to investigate and compare the methodologies

presented by the international standards.

Key-words

Non-linear load, skin effect, Transformer derating, International Standards

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vi

Índice

Agradecimentos .......................................................................................................................... iii

Resumo ........................................................................................................................................iv

Abstract ......................................................................................................................................... v

Índice ............................................................................................................................................vi

Índice de Figuras .......................................................................................................................viii

Índice de Tabelas ........................................................................................................................ix

Lista de Símbolos ......................................................................................................................... x

Lista de Abreviaturas ................................................................................................................... x

1 Introdução ........................................................................................................................... 1

1.1 Objectivo .......................................................................................................................... 4

1.2 Estrutura da Dissertação ................................................................................................. 4

2 Perdas nos transformadores ............................................................................................. 5

3 Análise de Normas ...........................................................................................................10

3.1 Norma Europeia - CENELEC - EN 50464-3:2007 ......................................................... 10

3.2 Normas Americanas ...................................................................................................... 12

3.2.1 IEEE - ANSI - Std C57:110-1998 - “FHL”................................................................ 12

3.2.2 Underwriters Laboratory UL 1561 & UL1562 - “K-Factor, KUL” ............................. 14

3.3 Novo índice de desclassificação KPT ............................................................................. 15

4 Introdução aos casos de estudo .....................................................................................16

4.1 Transformador de distribuição de 630kVA .................................................................... 16

4.2 Forma de onda de corrente com conteúdo harmónico de uma carga não-linear ......... 17

4.3 Algoritmo de execução dos cálculos ............................................................................. 19

4.3.1 Norma Europeia – Factor K ................................................................................... 19

4.3.2 Norma Americana IEEE - FHL ................................................................................ 19

4.3.3 Norma Americana KUL ........................................................................................... 20

4.3.4 Índice de desclassificação, KPT ............................................................................. 20

5 Comparação de metodologias e simulações ................................................................21

5.1 Influência da THD .......................................................................................................... 21

5.1.1 Resultados ............................................................................................................. 22

5.2 Influência do valor eficaz da corrente ............................................................................ 23

5.2.1 Resultados ............................................................................................................. 23

5.3 Influência do valor eficaz da corrente, Ief vs amplitude da 1ª harmónica, I1 .................. 24

5.3.1 Resultados ............................................................................................................. 25

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vii

5.4 Comparação entre dois transformadores de distribuição ............................................. 26

6 Conclusões .......................................................................................................................28

6.1 Trabalho futuro .............................................................................................................. 30

7 Bibliografia ........................................................................................................................31

8 Anexos ...............................................................................................................................33

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viii

Índice de Figuras

Figura 1.1 - Um transformador [1] ................................................................................................. 1

Figura 1.2 - Transformador de distribuição do tipo seco [2] ......................................................... 2

Figura 1.3 - Transformador de distribuição do tipo imerso em óleo [3] ........................................ 2

Figura 1.4 - Exemplo de transformador de potência [4] ................................................................ 3

Figura 2.1 - Simulação de Efeito Pelicular num condutor de cobre de secção circular com

secção de 300mm2, percorrido por corrente com 20A. ............................................ 7

Figura 3.1 - Exemplo de enrolamentos (parte activa) com condutor de secção rectangular ..... 11

Figura 4.1 - Representação gráfica do conteúdo harmónico da corrente .................................. 17

Figura 5.1 - Conteúdo harmónico de três exemplos cujo valor eficaz da corrente é idêntico .... 21

Figura 5.2 - Conteúdo harmónico de três exemplos cuja THD é idêntica .................................. 23

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ix

Índice de Tabelas

Tabela 4.1 - Características eléctricas do transformador TD630 ............................................. 16

Tabela 4.2 - Perdas em vazio do transformador TD630 .......................................................... 17

Tabela 4.3 - Perdas em curto-circuito e em carga do TD630. ................................................. 17

Tabela 4.4 - Conteúdo harmónico da corrente e respectivos cálculos (q=1,7) ........................ 18

Tabela 4.5 - Resultados do caso de estudo ............................................................................. 20

Tabela 5.1 - Resultados obtidos ............................................................................................... 22

Tabela 5.2 - Desclassificação do transformador - percentagem da potência nominal ............ 22

Tabela 5.3 - Resultados obtidos ............................................................................................... 23

Tabela 5.4 - Desclassificação do transformador - percentagem da potência nominal ............ 23

Tabela 5.5 - Resultados do rácio entre corrente da h-harmónica e a valor eficaz da corrente 24

Tabela 5.6 - Tabela de cálculos realizados recorrendo à Ief..................................................... 25

Tabela 5.7 - Tabela de cálculos realizados recorrendo a I1 ..................................................... 25

Tabela 5.8 - Resultados obtidos com Ief ................................................................................... 26

Tabela 5.9 - Resultados obtidos com I1 .................................................................................... 26

Tabela 5.10 - Resultados obtidos usando TD1600 .................................................................... 26

Tabela 5.11 - Resultados obtidos usando TD630 ...................................................................... 26

Tabela 8.1 - Relação de transformação do TD630 em cada posição do comutador ............... 33

Tabela 8.2 - Resistência Óhmica dos enrolamentos do transformador TD630 medida entre

fases. ...................................................................................................................... 33

Tabela 8.3 - Características eléctricas do transformador TD1600 ........................................... 33

Tabela 8.4 - Perdas em vazio do transformador TD1600 ........................................................ 33

Tabela 8.5 - Perdas em curto-circuito e em carga do TD1600. ............................................... 33

Tabela 8.6 - Conteúdo harmónico do 1º exemplo (L1) ............................................................. 34

Tabela 8.7 - Conteúdo harmónico do 2º exemplo (L2) ............................................................. 34

Tabela 8.8 - Conteúdo harmónico do 3º exemplo (L3) ............................................................. 34

Tabela 8.9 - Conteúdo harmónico do 4º exemplo (L4- Ief = 860A) ........................................... 35

Tabela 8.10 - Conteúdo harmónico do 5º exemplo (L5- Ief = 220A) ........................................... 35

Tabela 8.11 - Conteúdo harmónico do 6º exemplo (L6- Ief = 36A) ............................................. 35

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x

Lista de Símbolos

AT Alta Tensão

BT Baixa Tensão

CENELEC Comité Européen de Normalisation Electrotechnique

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

MT Média Tensão

THD Taxa de distorção harmónica

TD630 Transformador de distribuição com potência de 630kVA

TD1600 Transformador de distribuição com potência de 1600kVA

Lista de Abreviaturas

Área da secção do condutor [m2]

Densidade do fluxo magnético máximo [T];

Constante para transformadores com relação de transformação superior a 4:1 e a

possuírem um ou mais enrolamentos cuja amplitude da corrente é superior a

1000A.

Índice de desclassificação do transformador segundo a norma americana KUL

Índice de desclassificação do transformador segundo a norma europeia factor K

Índice de desclassificação do transformador segundo a norma americana FHL

Índice de desclassificação do transformador segundo factor apresentado nesta

dissertação KPT

Estimativa das perdas por efeito das correntes parasitas

Frequência [Hz]

Factor K Factor de compensação de desclassificação segundo a norma europeia

Factor de perdas devido a harmónicas de corrente

H Intensidade do campo magnético [H/m]

h Índice da harmónica de corrente

I Corrente [A]

i1 Corrente do enrolamento do primário [A]

i2 Corrente do enrolamento do secundário [A]

Valor eficaz da corrente [A]

Amplitude da corrente à frequência fundamental [A]

Amplitude da corrente da n harmónica [A]

Valor eficaz máximo da corrente nominal do transformador [A]

Valor eficaz máximo da corrente nominal do transformador [pu]

ICC Corrente de curto-circuito [A]

IO Corrente em vazio [A]

KUL Factor de compensação harmónico segundo norma americana

KPT Nova estimativa de perdas, definida na presente dissertação

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xi

Constante de histerese

Constante de correntes parasitas

Comprimento [m]

N Número de espiras

N1 Número de espiras do enrolamento do primário

N2 Número de espiras do enrolamento do secundário

P Perdas [W]

PCC Perdas em curto-circuito [W]

PO Perdas em vazio [W]

Perdas por histerese [W]

Perdas adicionais em vazio [W]

Perdas no primário, medidas à temperatura ambiente [W]

Perdas devido a correntes parasitas [W]

Perdas devido a correntes parasitas calculadas [W]

Perdas devido a correntes parasitas calculadas [pu]

Perdas devido a correntes parasitas normalizadas à temperatura de referência [W]

Perdas devido a correntes parasitas normalizadas à temperatura de referência [pu]

Perdas por efeito de Joule [W]

Perdas em carga nominais normalizadas à temperatura de referência [W]

Perdas em carga nominais normalizadas à temperatura de referência [pu]

Perdas em carga [W]

Perdas nos enrolamentos [W]

Perdas no núcleo do transformador [W]

Perdas Totais do transformador [W]

Perdas em vazio [W]

Constante exponencial que depende do tipo de enrolamentos (fisicamente) e da

frequência.

Resistência [Ω]

Espessura da laminação do núcleo [m]

T Temperatura [°C]

Factor de temperatura calculado

Taxa de distorção harmónica da corrente

Elevação máxima de temperatura aceitável do sistema de isolamento [ºK]

Constante de temperatura

Temperatura ambiente a que foram determinadas as perdas do transformador [°C]

U Tensão [V]

UN Tensão Nominal [V]

UCC Tensão em curto-circuito [%]

Espessura da coroa fictícia de distribuição da corrente [m]

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xii

Permeabilidade magnética do material [H/m]

Condutividade do material [S/m]

Frequência angular [Hz]

Tensão aplicada no enrolamento do primário [V]

Tensão aplicada no enrolamento do secundário [V]

Resistividade [Ω / m]

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1 Introdução

De uma forma simplificada, é possível considerar que um transformador é um circuito

magnético composto por um núcleo ferromagnético que, por norma, apresenta dois enrolamentos de

cobre. Um dos enrolamentos designa-se por primário e o outro por secundário. Aplicando uma

corrente alternada ao primário, a variação de fluxo magnético criado por este enrolamento será o

mesmo que irá percorrer o enrolamento do secundário (admitindo nula a dispersão magnética). O

número de espiras que o secundário possuir está directamente relacionado com a força electromotriz

induzida no circuito do secundário. Realiza-se assim uma relação de transformação de corrente e

consequentemente de tensão. Esta relação é expressa pela Lei de Ampere, Equação (1)[1].

Figura 1.1 - Um transformador [1]

(1)

(2)

Em que:

N1 - Número de espiras do enrolamento do primário

N2 - Número de espiras do enrolamento do secundário

i1 - Corrente do enrolamento do primário [A]

i2 - Corrente do enrolamento do secundário [A]

H - Intensidade do campo magnético [H/m]

- Comprimento

- Tensão aplicada no enrolamento do primário [V]

- Tensão aplicada no enrolamento do secundário [V]

Existem vários tipos de transformadores, dependendo da sua aplicação. Desde a Baixa Tensão

(BT) até à Alta Tensão (AT), monofásicos ou polifásicos. Na BT e para a utilização em equipamentos

electrónicos, existem transformadores secos, laminados, toroidais, entre outros. São produzidos

massivamente estes pequenos transformadores normalmente utilizados para passagem de

230V/420V para 110V ou tensões inferiores.

Secundário Primário

Núcleo de Ferro

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2

Subindo no nível de tensão surgem os transformadores de distribuição utilizados para

conversão de Média Tensão (MT) em BT. Normalmente trifásicos, são utilizados para transformações

entre os 30-15kV para os 0,420kV. É no estudo deste tipo de transformador, de distribuição e

trifásicos, que a presente Dissertação irá incidir. Construtivamente estes transformadores tanto

existem em modelos imersos em óleo (cuja parte activa ou núcleo, se encontra imersa em óleo com

características de dieléctrico isolante e hermeticamente selados, exemplo da Figura 1.3), como

também existem transformadores de resina, designados por transformadores secos (exemplo da

Figura 1.2). Ambos podem possuir a capacidade de comutação de valores de tensão em vazio. Para

se realizar esta comutação é necessária a intervenção humana e a consignação do transformador.

Figura 1.2 - Transformador de distribuição do tipo seco [2]

Figura 1.3 - Transformador de distribuição do tipo imerso em óleo [3]

Desde a MT até à AT, estamos na presença de Transformadores de Potência. Estes,

construtivamente, possuem o núcleo imerso em óleo e estão dotados de um corpo selector, também

imerso em óleo, capaz de realizar comutações em carga entre vários valores de tensão. Esta

capacidade de comutação em carga permite que estes transformadores sejam capazes de reagir

activamente perante perturbações na rede que provoquem uma desregulação na tensão e corrente

de saída. Estes transformadores são realizados por encomenda e de acordo com as especificações

estabelecidas pelo comprador.

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3

Figura 1.4 - Exemplo de transformador de potência [4]

Como estes transformadores se encontram num nível superior na cadeia de fornecimento de

energia eléctrica (Produtor -> Transportador -> Distribuidor -> Consumidor), normalmente situados

entre os produtores e o distribuidor, não são tão afectados por cargas não-lineares como os

transformadores de distribuição.

Actualmente vivemos numa era cuja disseminação de equipamentos electrónicos ligados à

rede de baixa tensão aumenta sucessivamente. Estes equipamentos, quer ao nível doméstico, quer a

um nível industrial, necessitam de uma qualidade de rede eléctrica elevada. Ao provocarem o

aumento da corrente no condutor de neutro e o aumento da taxa de distorção harmónica através da

injecção de harmónicas de corrente, introduzem grandes perturbações na rede de baixa tensão.

Actualmente estima-se que no sector industrial e doméstico, estas cargas não-lineares sejam

superiores a 50%. Em edifícios de escritórios e empresas podem exceder os 60% [5].

O impacto sobre os transformadores de distribuição devido às correntes com conteúdo

harmónico criado pelas cargas não-lineares deve ser analisado. Um transformador sujeito a este

fenómeno sofre uma redução da sua potência nominal levando à redução do seu tempo de vida. A

corrente de uma carga não-linear pode refletir-se no transformador de distribuição através dum

aumento da vibração e aumento da temperatura (aumento das perdas e redução do tempo de vida do

transformador). Para que o tempo de vida médio do transformador não se reduza, deverá ser

diminuída a sua carga, isto é, proceder a uma desclassificação do transformador de distribuição.

É sobre este tópico que a presente dissertação se desenvolve. Inicialmente será abordada a

base teórica das perdas num transformador, descrevendo como um aumento de frequência pode

provocar um aumento das perdas do transformador. Estas perdas adicionais provocam uma

desclassificação do transformador, sendo necessário abordar quais as perdas a que um

transformador pode estar sujeito. Esta abordagem é realizada no próximo capítulo.

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4

Existem normas internacionais, analisadas nesta dissertação, que identificam qual o factor a

considerar para compensar as perdas adicionais provocadas pelo conteúdo harmónico da corrente da

carga não-linear. Este factor pode ser tido em consideração para o cálculo das perdas a que o

transformador está sujeito ou para o dimensionamento de um transformador novo que seja construído

para o propósito.

Para a execução dos cálculos e simulações para cada norma analisada, serão apresentados

alguns casos de estudo, dois transformadores de distribuição e várias formas de onda da corrente da

carga não-linear. Estes casos de estudo irão permitir a execução de um estudo comparativo entre as

metodologias de cada norma internacional e entre as principais variáveis que influenciam os seus

factores.

1.1 Objectivo

O objectivo desta dissertação é efectuar um estudo comparativo entre as principais normas

(Americana e Europeia) relativas à exploração de transformadores de distribuição alimentando cargas

não lineares. A abordagem teórica fará uma análise crítica dos diferentes factores normativos para

obtenção da desclassificação do transformador. Os casos de estudo apresentados (simulações com

base num perfil de carga real) têm por objectivo evidenciar a importância de uma correcta medição do

perfil de carga.

1.2 Estrutura da Dissertação

Esta dissertação está estruturada em seis capítulos. No primeiro capitulo efectuar-se-á uma

breve introdução ao conceito de transformador e um enquadramento à sua presença na cadeia de

distribuição de energia elétrica. Como o índice de desclassificação de um transformador é obtido

através da análise das suas perdas, no segundo capítulo serão descritas as perdas a que um

transformador pode estar sujeito. Através de um exemplo teórico apresentar-se-á como um

transformador pode estar sujeito a perdas superiores devido a aumento da frequência da corrente.

No terceiro capítulo apresentar-se-ão os factores normativos internacionais existentes, para a

obtenção do índice de desclassificação de um transformador de distribuição.

De modo a ser possível obter os factores normativos descritos no terceiro capítulo, no quarto

capítulo serão introduzidos os casos de estudo utilizados nesta dissertação. Será apresentado um

transformador de distribuição e uma forma de onda da corrente de uma carga não linear. Será

executado o algoritmo para o cálculo de cada factor normativo apresentado. Ainda neste capítulo,

será apresentado um novo índice de desclassificação de transformadores de distribuição

desenvolvido no desenrolar da presente dissertação.

No quinto capítulo será realizado um estudo comparativo de metodologias aplicadas em cada

norma internacional, e analisadas os factores que mais influenciam os resultados obtidos,

No sexto capitulo e último capítulo são apresentadas as conclusões.

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5

2 Perdas nos transformadores

Todas as perdas que se verificam num transformador podem ser traduzidas pela soma das

perdas em vazio (Pvazio) e as perdas em carga (Pcarga), podendo esta relação ser expressa pela

seguinte equação:

(3)

Considera-se que as perdas em vazio são a soma das perdas por histerese (Phisterese) com uma

componente de perdas adicionais, PAD, que, por sua vez, estão relacionadas com a tensão aplicada.

Esta relação é expressa através da seguinte equação:

(4)

Sendo que[6]:

(5)

Em que:

= Perdas por histerese [W];

= Constante de histerese;

= Frequência [Hz];

= Densidade do fluxo magnético máximo [T];

PAD = Perdas Adicionais em vazio [W].

A componente das perdas adicionais em vazio estão relacionadas com o efeito das correntes

parasitas em toda a estrutura ferromagnética do transformador. Poderão ser quantificadas por uma

percentagem das perdas por histerese.[6]

Considera-se que as perdas em carga são compostas pela soma das perdas nos enrolamentos

do transformador (Penrol) com uma componente de perdas adicionais por efeito de correntes parasitas

(PEC).

Esta relação expressa-se através da seguinte equação:

(6)

De seguida, será feita uma análise individual a cada componente desta equação, no sentido de

se identificar a importância do papel que cada uma desempenha na avaliação das perdas de um

transformador.

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6

As perdas que ocorrem ao nível dos enrolamentos (Penrol) ocorrem na sua maioria por efeito de

Joule, tal como expressa a seguinte equação[6]:

(7)

Em que:

= Valor eficaz da corrente [A];

A resistência, R, pode ser calculada através de[6]:

(8)

Em que:

= Resistividade [Ω x m];

= Comprimento dos condutores [m];

= Área da secção do condutor [m2];

Não obstante, quando o transformador alimenta cargas não-lineares (ou seja, circulam no

transformador correntes cuja frequência é diferente da fundamental), observa-se um aumento das

perdas por acção do Efeito Pelicular. Este efeito pode ser modelizado através de uma camada no

condutor eléctrico onde a corrente se irá distribuir, aumentando a resistência do condutor.

Por forma a descrever o efeito pelicular é necessário clarificar alguns conceitos base. Por

exemplo, e tal como demonstrado no capitulo 6 de [1], um condutor cilíndrico electricamente

carregado com uma carga Q, devido ao principio da simetria e à Lei de Biot-Savart [1] terá a carga

uniformemente distribuída por toda a sua superfície. Estes pressupostos são apenas válidos

considerando que a corrente eléctrica é invariante no tempo. Ou seja, no condutor cilíndrico e sujeito

ao campo eléctrico constante a carga encontra-se uniformemente distribuída ao longo da secção do

cilindro condutor.

O efeito pelicular está relacionado com a distribuição não-uniforme de corrente eléctrica

variável no tempo. Esta variação com a frequência traduz-se num campo magnético variável no

tempo acompanhado de um campo eléctrico também variável no tempo. Uma variação de campo

magnético induz forças electromotrizes que dão origem a correntes. Estas correntes por sua vez dão

origem a novas forças electromotrizes e campos magnéticos que são opostos ao campo magnético

original. Provocando assim a diminuição da secção efectiva por onde a corrente eléctrica se encontra

distribuída.

Esta diminuição de fluxo total pode ser modelizada através da criação de uma camada onde

agora a corrente se distribui. Este fenómeno denomina-se por Efeito Pelicular.

A relação entre a espessura δ desta camada e a frequência ω das correntes é traduzida por:

(9)

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7

Em que:

δ = Espessura da coroa fictícia de distribuição da corrente [m];

σ = Condutividade do material [S/m];

µ = Permeabilidade magnética do material [H/m];

ω = Frequência angular [rad.s].

A espessura desta coroa fictícia influenciará directamente a área efectiva da secção do cabo

condutor. Por exemplo, se este estiver sujeito a elevadas frequências, a espessura diminuirá e

consequentemente a sua secção efectiva também.

Figura 2.1 - Simulação de Efeito Pelicular num condutor de cobre de secção circular com secção de 300mm

2, percorrido por corrente com 20A.

De forma a clarificar este conceito, foram realizadas três simulações em que considerando um

condutor de secção circular foi aplicada uma corrente nominal de diferentes frequências. Observouse

o comportamento da corrente na secção do condutor devido à sua frequência em cada um destes

casos. Para a execução deste exemplo foi utilizado a ferramenta de software MatLab. Foi criada uma

grelha com 1000 pontos e com uma forma circular e aplicada a função de Bessel normalizada com a

equação (9) para obtenção da distribuição da corrente ao longo da secção do condutor para cada

frequência analisada.

Foi considerado que o condutor tem uma de secção circular com 300mm2 e é percorrido, por

exemplo, por uma corrente nominal de 20A.

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8

Na Figura 2.1 está representada a distribuição da densidade de corrente por metro quadrado

na secção do condutor circular, bem como a densidade de corrente em relação ao centro do

condutor.

Analisando a Figura 2.1 (a), está radialmente representado a distribuição da densidade de

corrente contínua no condutor. Tal como expectável, esta apresenta uma distribuição uniforme ao

longo da secção do cabo.

A Figura 2.1 (b) representa a distribuição da densidade de corrente alternada com uma

frequência de 50Hz. Nesta frequência já é possível notar um ligeiro aumento da concentração de

corrente na periferia do condutor. Neste caso, a variação do valor absoluto da densidade de corrente

entre o centro e a periferia é cerca de 7,4%.

Na Figura 2.1 (c), encontra-se representada a distribuição da densidade de corrente alternada

com uma frequência de 250Hz. Neste caso, é possível notar uma variação do valor absoluto da

densidade de corrente de cerca de 428%.

Na Figura 2.1 (d), encontra-se representado o valor da distribuição da densidade de corrente

contínua em relação ao centro do condutor de secção circular. Tal como já se verificou anteriormente,

esta densidade encontra-se uniformemente distribuída em toda a secção do condutor, assim sendo,

também é expectável que a relação ao centro do condutor seja constante, originando a recta que se

observa.

A Figura 2.1 (e) e (f), representam o valor da densidade da corrente alternada em relação ao

centro do condutor. A diferença entre ambos representa o valor da densidade da corrente que se

obtém.

Concluindo, através deste exemplo exemplifica-se que quando se aumenta a frequência da

corrente ocorre um aumento de densidade da mesma na periferia do condutor. Esta concentração de

corrente na periferia em detrimento da restante área de secção disponível pode ser modelizada por

um aumento da resistência do cabo onde a corrente circula e consequentemente um aumento das

perdas do condutor por efeito de Joule.

De seguida será analisada a última componente da equação (6), as perdas adicionais

relacionadas com as correntes parasitas. Estas são originadas pela variação do fluxo do campo

eletromagnético que atravessa os enrolamentos, o núcleo, as protecções do núcleo e a cuba do

transformador.

Esta variação do fluxo induz forças electromotrizes que, atendendo à condutividade eléctrica

dos materiais darão origem a correntes em cada um destes componentes. Estas correntes são

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9

normalmente designadas por correntes parasitas (ou Foucault, pela literatura francófona). Estas

correntes terão como único efeito a subida da temperatura dos equipamentos, por efeito de Joule.

Sabendo que um transformador de distribuição que alimenta cargas não-lineares ficará sujeito

a perdas adicionais, ou seja, ocorrerá uma desclassificação do mesmo, existem normas

internacionais para obtenção de índices numéricos que permitem quantificar esta desclassificação.

Uma Norma Europeia (CENELEC) e duas Normas Americanas. Estas normas internacionais estão

directamente relacionadas com o espectro harmónico da corrente de carga que as origina.

Para se minimizarem os efeitos das perdas num transformador causadas pelo conteúdo

harmónico da corrente da carga não-linear, é aplicado um factor de compensação, calculado de

acordo com a norma que o estabelece. Segundo a CENELEC existe o Factor K. Segundo a IEEE

existe um factor de perdas devido a harmónicas (FHL) e segundo UL existe um K-factor, KUL.

Seguidamente serão detalhados cada um destes factores.

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10

3 Análise de Normas

3.1 Norma Europeia - CENELEC - EN 50464-3:2007

O documento normativo da CENELEC é composto por seis partes sendo que a terceira parte[7]

permite a determinação da redução de potência do transformador (desclassificação) quando este

alimenta cargas não-lineares.

O documento expõe sucintamente a informação de que um transformador de distribuição,

quando é exposto a cargas não-lineares, apresenta um factor de desclassificação quantificado pela

relação 1/K, sendo o factor K obtido através da seguinte equação[7]:

(10)

(11)

Onde:

= Estimativa das perdas por correntes parasitas à frequência fundamental (50Hz)

divididas pelas perdas por efeito de Joule [

][pu];

h = Índice da harmónica de corrente;

= Valor eficaz da corrente aplicada [A], obtido através de:

(12)

= Amplitude da h harmónica da corrente [A];

= Amplitude da harmónica fundamental da corrente [A];

q = Constante, que depende do tipo de enrolamentos (fisicamente) e da frequência.

Habitualmente é utilizado o valor de 1.7, pois os transformadores são construídos com

enrolamentos feitos a partir de cabo de secção rectangular (ver exemplo na Figura 3.1).

= Índice de desclassificação de transformador utilizando a norma europeia

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11

Figura 3.1 - Exemplo de enrolamentos (parte activa) com condutor de secção rectangular

A estimativa das perdas por correntes parasitas expressa por , também é possível obter-se a

partir da equação (6). Para tal, nesta equação, deve considerar-se que:

As perdas adicionais são maioritariamente expressas pelas perdas por correntes

parasitas;

As perdas em carga (Pcarga) são a unidade de referência pu e têm valor unitário;

Desta forma, quando é considerada a frequência fundamental da corrente de carga obtém-se:

(13)

É possível através desta equação obter o valor da estimativa das perdas por correntes

parasitas para aplicação na equação do cálculo do factor K.

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12

3.2 Normas Americanas

3.2.1 IEEE - ANSI - Std C57:110-1998 - “FHL”

Este documento, IEEE Recommended Practice for Establishing Transformer Capability When

Supplying Nonsinusoidal Load Currents[8], aprofunda o estudo da desclassificação de

transformadores sujeitos a cargas não-lineares.

Estabelece que o factor de perdas devido a harmónicas de corrente (FHL) é obtido através da

relação entre total de perdas devido a correntes parasitas e as perdas por correntes parasitas sem

conteúdo harmónico. Ou seja[8]:

(14)

Sendo que:

= Amplitude da corrente da h harmónica [A]

= Índice da harmónica da corrente.

Este factor (FHL) é uma função da distribuição do conteúdo harmónico da corrente. É desta

forma definido o factor de perdas num transformador de distribuição devido ao efeito de correntes

com harmónicas.

Tal como referido anteriormente, é através da desclassificação dos transformadores que é

possível comparar as normas internacionais. Neste caso específico para ser possível essa

comparação, é necessário o cálculo da corrente máxima admitida no transformador.

A desclassificação do transformador obtém-se pressupondo que, com carga não linear, ele

deverá ter perdas numericamente iguais às que teria se a carga fosse puramente sinusoidal

(Equação (21)[8]).

Esta equação (21) é obtida a partir das equações ( ), ( ), (6) e (15).

(6)

(15)

Como a corrente tem conteúdo harmónico, a mesma rege-se pela equação (12)(9) e PEC pela

equação (22), resultando assim em:

(16)

Passando a valores (pu) na base de RIef2, obtêm-se as seguintes equações.

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13

(17)

(18)

(19)

(20)

Este valor máximo de valor eficaz da corrente permite estabelecer uma relação percentual

entre a corrente nominal do transformador e o valor máximo de corrente permitido.

(21)

Sendo que:

= Perdas devido a correntes parasitas normalizadas à temperatura ambiente [W]

= Valor eficaz máximo da corrente nominal do transformador;

= Índice de desclassificação do transformador utilizando FHL.

O valor de corrente obtido, como se encontra em unidades pu, permite concluir directamente

qual o valor percentual de desclassificação. Apesar de a corrente ser inferior à nominal, pelo facto de

a carga ser não linear, o transformador está com perdas numericamente iguais às nominais.

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3.2.2 Underwriters Laboratory UL 1561 & UL1562 - “K-Factor, KUL”

Importa referir que, ainda na comunidade científica americana, existe uma norma adicional

(mencionada em [8]) denominada “UnderWriters Laboratory UL 1561 -1994” [9], que defende que o K-

Factor é definido por:

(22)

Para além de ser uma função da distribuição do conteúdo harmónico da corrente, o KUL está

dependente da amplitude desta última. O KUL relaciona-se com o FHL através da seguinte expressão

definida em [8]:

(23)

Para se obter o valor da desclassificação a que um transformador fica sujeito, quando lhe é

aplicada uma forma de onda com harmónicas de corrente, podem efectuar-se os seguintes

cálculos[10]:

(24)

(25)

Sendo que:

TS - Elevação máxima de temperatura aceitável de sistema de isolamento, mais um factor

de segurança de 20ºC;

Tk - Constante, 234.5 para núcleo de Cobre e 225.0 para núcleo de alumínio [ºK];

Tm -Temperatura ambiente a que foram determinadas as perdas do transformador [°C];

PEC-C - Perdas adicionais calculadas através de:

(26)

Em que:

PAC - Perdas de curto-circuito no primário, medidas à temperatura ambiente [W];

C - Constante igual a 0.7 para transformadores com relação de transformação superior a

4:1 e a possuírem um ou mais enrolamentos cuja amplitude da corrente é superior a

1000A. Constante igual a 0.6 para todos os outros.

Em [8], e à semelhança do que foi definido na Equação (21), relacionando as perdas por efeito

de Joule com as perdas em carga e com o KUL obtido (tal como o FHL), é possível obter um indice de

desclassificação do transformador, conforme se representa na Equação (27).

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(27)

Em que:

= Índice de desclassificação do transformador utilizando KUL.

3.3 Novo índice de desclassificação KPT

Qualquer proprietário ou técnico responsável por um transformador pode levar a cabo esta

comparação, desde que tenha acesso aos dados de fábrica do equipamento e aos respectivos

protocolos de ensaio. A presente dissertação explora esta possibilidade em complemento aos

regulamentos internacionais.

O valor da desclassificação do transformador obtém-se através da comparação entre o valor

das perdas em carga (Pcarga), de acordo com a norma americana apresentada no subcapítulo 3.2.2,

com o valor das perdas obtido através de ensaio laboratorial. Assim sendo, por depender dos

resultados obtidos em ensaio, nenhuma norma efectua esta comparação.

No capítulo 4 serão efectuados cálculos recorrendo às normas e métodos que foram

apresentados neste capítulo.

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4 Introdução aos casos de estudo

Apesar de tanto as normas internacionais como os protocolos de ensaio de transformadores

estarem normalizados e cumprirem os pressupostos estabelecidos pelas normas Europeias e

Americanas, não existe uma ligação directa capaz de nos fornecer resultados concretos.

Assim sendo, no desenvolvimento da presente dissertação verificou-se pertinente estabelecer

a ligação entre um protocolo de ensaio de transformadores e as normas estudadas. Para tal, foi

necessário cruzar informações cujos conteúdos não podem ser directamente aplicados nos cálculos

efectuados com as normas internacionais.

Para que seja possível estudar um transformador é sempre necessário descodificar os

resultados do seu protocolo de ensaios.

Tendo em conta estes pressupostos, efectuou-se uma análise que utiliza um transformador de

distribuição e um conteúdo harmónico presente numa forma de onda de uma corrente de carga não-

linear. Pretende-se realizar simulações e comparações através da aplicação das normas e métodos

descritos no capítulo anterior.

4.1 Transformador de distribuição de 630kVA

Neste caso de estudo, considera-se um transformador de distribuição de 630kVA (TD630) com

as seguintes características físicas 1:

Tabela 4.1 - Características eléctricas do transformador TD630

1 Os valores utilizados nestas tabelas foram obtidos através de um certificado de ensaio fictício,

equivalente aos elaborados em laboratório de alta tensão.

Potência [kVA] 630

Gr. Ligações Dyn5

Tensão [V]

Posição AT BT

1 10500

2 10250

3 (UN) 10000 420

4 9750

5 9500

Corrente Nominal [A] 36,4 866

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Tabela 4.2 - Perdas em vazio do transformador TD630

Medida de Perdas (PO) e da Corrente (IO) em Vazio Ligação 2U-2V-2W

UN [%] UN IO1 [A] IO2 [A] IO3 [A] Média [A] IO [%] PO [W]

100 420 2,71 1,9 2,47 2,36 0,27 849

Tabela 4.3 - Perdas em curto-circuito e em carga do TD630.

Medida da Tensão de Curto-circuito e das Perdas em Carga

Posição Corrente [A] Tensão [V] Perdas [W] Normalizado a 75º C

I U P PCC IN Ʃ RI

2 PAD T [°C] Ʃ RI

2 PAD PCC UCC

3 36,28 393,3 4686 4717 4239 478 19,4 5165 392 5557 3,97

4.2 Forma de onda de corrente com conteúdo harmónico de uma carga não-

linear

Neste estudo considera-se como carga não-linear a corrente com o conteúdo harmónico,

apresentado na Tabela 4.4.

A forma de onda da corrente encontra-se caracterizada nas colunas B e C (as restantes

colunas serão utilizadas na secção 4.3 para os cálculos dos factores normativos).

Figura 4.1 - Representação gráfica do conteúdo harmónico da corrente

Este perfil de corrente apresenta um valor eficaz de 866A.

0,000

0,100

0,200

0,300

0,400

0,500

0,600

0,700

0,800

0,900

1,000

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

800,0

1 5 7 11 13 17 19

Ih/IEF Ih [A]

Ordem da Harmónica, h

Conteúdo Harmónico

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Tabela 4.4 - Conteúdo harmónico da corrente e respectivos cálculos (q=1,7)

A B C D E F G H I

h Ih Ih/Ief (Ih/Ief)2 h2 (Ih/Ief)

2*h2 Ih2 hq (Ih/Ief)

2*hq

1 846,80 0,98 0,96 1 0,96 717067,24 1,00 0,96

5 148,09 0,17 0,03 25 0,73 21931,74 15,43 0,45

7 93,56 0,11 0,012 49 0,57 8753,59 27,33 0,32

11 38,11 0,04 0,002 121 0,23 1452,43 58,93 0,11

13 24,25 0,03 0,001 169 0,13 588,15 78,29 0,06

17 12,99 0,012 0,0002 289 0,07 168,74 123,53 0,03

19 8,49 0,01 0,0001 361 0,035 72,03 149,24 0,01

Esta forma de onda apresenta um valor eficaz da corrente de 866 A, calculada através da

equação (12) e de valor igual ao valor nominal da corrente do transformador apresentado no

subcapítulo 4.1. Adicionalmente apresenta também uma taxa de distorção harmónica (THD) de

21,44% calculada através de:

(28)

Com base no transformador apresentado no subcapítulo 4.1 e na forma de onda de corrente

descrita no presente subcapítulo, será exemplificado no subcapítulo 4.3 o procedimento necessário

efectuar para cada norma analisada no capítulo 3. Desta forma será possível obter cada factor

normativo e consequentemente a desclassificação do transformador inerente a esse factor.

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4.3 Algoritmo de execução dos cálculos

De seguida mostrar-se-á como são feitos os cálculos para se obter cada factor normativo, de

forma a determinar a desclassificação do transformador, de acordo com cada uma das normas e para

uma mesma corrente harmónica descrita no subcapítulo 4.2.

4.3.1 Norma Europeia – Factor K

Tendo como base os casos de estudo anteriormente apresentados, Capitulo 4.1 e 4.2, o factor

K é obtido através da seguinte ordem:

1º. Obter as perdas por efeito de Joule do transformador em pu;

a. Recorrer à Tabela 4.3 e executar a divisão do somatório das perdas por efeito

de Joule com as perdas em curto-circuito, ambas normalizadas a 75ºC.

2º. Com o resultado obtido encontrar o “e” da Equação (13);

3º. Obter o somatório dos valores da coluna I da Tabela 4.4;

4º. Obter o quadrado da divisão do valor da corrente da 1ª harmónica com o valor eficaz

da corrente;

5º. Aplicar a equação (10) utilizando todos os valores anteriormente obtidos.

Desta forma obtém-se o factor K associado ao transformador em estudo, com base na forma

de onda da corrente que o percorre, que neste caso é igual a 1,0635.

O valor da desclassificação do transformador, DRK, é obtido através do inverso do valor do

factor K calculado. Neste caso, o transformador quando é sujeito à forma de onda apresentada, irá

sofrer uma desclassificação de 94%. Ou seja, funcionará a 94% da Potência Nominal.

4.3.2 Norma Americana IEEE - FHL

O factor harmónico da corrente FHL é obtido através da aplicação da equação (14). O

numerador desta equação é obtido pelo somatório da coluna F da Tabela 4.4. O denominador obtém-

se através do somatório da coluna D da mesma tabela.

Para o presente caso de estudo, esta divisão resulta num factor harmónico, FHL, igual a 2,7255.

A desclassificação do transformador é obtida através da equação (21), considerando que:

1. Pcarga-R(pu) = 0,9295, obtido através da Tabela 4.3;

2. PEC-R(pu) = 0,0705 obtido através da Tabela 4.3;

Isto resulta numa desclassificação, DRFHL, de 88,29%, ou seja, a corrente máxima permitida

será 88,29% da corrente nominal do transformador.

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4.3.3 Norma Americana KUL

O KUL é calculado através da equação (22) sendo, neste caso de estudo, obtido através do

somatório da coluna F da Tabela 4.4 e sendo o KUL igual a 2,7258.

O valor da desclassificação do transformador, DRKUL é obtido através da relação entre as

perdas em carga calculadas com as perdas em carga obtidas em ensaio laboratorial.

Recorrendo à equação (27) obteve-se uma desclassificação do transformador de 94,42%.

4.3.4 Índice de desclassificação, KPT

Conforme mencionado no subcapítulo 4.1 os dados técnicos fictícios do transformador foram

baseados num protocolo de ensaio executado em banca de ensaios à saída de fábrica. Tendo acesso

a estes dados é possível efectuar o estudo da desclassificação do transformador através de uma

comparação directa entre os resultados teóricos e os resultados obtidos na banca de ensaio. Ou seja

para o cálculo da nova estimativa de perdas, KPT, em carga no transformador, considera-se a

equação (24), a equação ( e a equação (26). Com o resultado obtido na equação (24) é possível

efectuar a comparação com os resultados de laboratório presentes na Tabela 4.3.

Quando comparado com o valor obtido em laboratório (no certificado de ensaio), este valor de

perdas permite concluir que este transformador terá uma desclassificação, DRKPT, de 91,63%.

Tabela 4.5 - Resultados do caso de estudo

De-rating %

DRKUL DRKPT DRFHL DRK

94,42% 91,63% 88,29% 94,03%

Para o exemplo em consideração, a norma americana foi a que se revelou mais conservativa

pois determinou uma maior desclassificação (88,29%), isto é, nestas condições de carga, o

transformador de potência nominal 630kVA só terá disponível 556kVA de forma a não entrar em

sobrecarga.

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5 Comparação de metodologias e simulações

Conforme estabelecido no capítulo 3 pelo documento [7], [8],[9] e [10], um transformador de

distribuição encontra-se sujeito a perdas adicionais causadas pela presença de harmónicas de

corrente.

Para [7], estas perdas provocam a desclassificação do transformador sendo necessário

calcular o factor que conduz a esta desclassificação, calculando o seu inverso surge o factor K.

Para [8] a presença de harmónicas de corrente geradoras de perdas, conduzem à introdução

de um factor de compensação, FHL, de forma a repor o equilíbrio do transformador, entretanto

comprometido pelo efeito das harmónicas de corrente. Após o cálculo deste factor, utilizando os

resultados dos ensaios eléctricos ao transformador é possível calcular a corrente máxima que se

pode obter no transformador, conhecendo-se o valor da desclassificação a que o mesmo está sujeito.

Ainda no subcapítulo 3.2, e para [9][10] foi estabelecido que o KUL depende da distribuição

harmónica da corrente e da amplitude da mesma. O valor do KUL depende da corrente nominal no

secundário do transformador. Caso os valores sejam calculados em unidades pu, o KUL e o FHL têm o

mesmo valor numérico. O valor numérico do KUL apenas é igual ao valor numérico do FHL, quando a

raiz quadrada da soma das harmónicas de corrente ao quadrado for igual à corrente nominal no

secundário do transformador.

Nos seguintes subcapítulos serão efectuadas comparações que se revelaram pertinentes.

Respectivamente:

5.1 Influência da THD

A presente análise fará a comparação entre três formas de onda diferentes (L1, L2 e L3) cujo

valor eficaz da corrente, Ief, é idêntico (aproximadamente igual a 860A) mas com uma THD diferente,

aplicadas ao transformador TD630 (capítulo 4.1).

Figura 5.1 - Conteúdo harmónico de três exemplos cujo valor eficaz da corrente é idêntico

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1 3 5 7 9 11 13 15 17

Co

rren

te [

pu

]

Ordem da harmónica

THD

L1

L2

L3

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5.1.1 Resultados

Os resultados expressos na Tabela 5.1 e Tabela 5.2 foram obtidos através da aplicação dos

métodos de cálculo apresentados no capítulo anterior (4.3).

Analisando estes resultados, verifica-se que com um valor eficaz da corrente igual nos três

casos, a diferença existente na THD influencia directamente os resultados finais. Verifica-se também

que as normas americanas reflectem de forma mais acentuada as diferenças entre os conteúdos

harmónicos. Entre o caso L2 e o caso L3, ocorre um aumento de cerca do dobro da THD e os

resultados obtidos pelas normas americanas reflectem um aumento de cerca do quadruplo,

traduzindo uma desclassificação do transformador na ordem dos 15 a 20%.

Na norma europeia verifica-se que a THD influencia directamente os resultados obtidos,

contudo a diferença entre os casos de estudo é pouco significativa. O aumento para o dobro da THD

traduz apenas um aumento de cerca de 0,1 unidades do rácio, resultando em ambos os aumentos

(L2 para L3 e L3 para L1), numa desclassificação inferior a 10%.

Tabela 5.1 - Resultados obtidos

Ief THD KUL FHL Factor K

L1 863,80 102,36% 33,22 33,11 1,26

L3 861,46 49,55% 8,45 8,37 1,13

L2 861,16 22,07% 2,46 2,45 1,06

Tabela 5.2 - Desclassificação do transformador - percentagem da potência nominal

De-rating %

DRKUL DRKPT DRFHL DRK

L1 55,27% 44,93% 52,79% 79,14%

L3 80,97% 76,68% 76,44% 88,24%

L2 95,22% 92,48% 89,02% 94,59%

Analisando a Tabela 5.2 verifica-se que de entre as normas analisadas, as normas americanas

são as que mais acentuam a desclassificação do transformador quando este é afectado por uma alta

taxa de distorção harmónica da corrente.

A simulação efectuada permite ainda concluir que a desclassificação do transformador não

pode ser apenas baseada no conhecimento do valor eficaz da corrente; o valor da THD é

determinante.

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5.2 Influência do valor eficaz da corrente

A presente análise fará a comparação entre três formas de onda diferentes (L4, L5 e L6) cuja

THD é idêntica (aproximadamente igual a 96,8%) mas com valor eficaz da corrente diferente;

aplicadas ao transformador TD630 (capítulo 4.1).

Figura 5.2 - Conteúdo harmónico de três exemplos cuja THD é idêntica

De seguida mostram-se os resultados obtidos considerando a metodologia descrita no

subcapítulo 4.3.

5.2.1 Resultados

Os resultados expressos na Tabela 5.3, Tabela 5.1 e Tabela 5.4, foram obtidos através da

aplicação dos métodos de cálculo apresentados no capítulo anterior (4.3).

Tabela 5.3 - Resultados obtidos

Ief THD KUL FHL Factor K

L4 1196,61 96,75% 43,79 22,62 1,38

L5 244,94 96,77% 54,32 43,82 1,41

L6 48,09 96,79% 64,38 36,08 1,48

Tabela 5.4 - Desclassificação do transformador - percentagem da potência nominal

De-rating [%]

DRKUL DRKPT DRFHL DRK

L4 49,88% 38,19% 59,84% 72,71%

L5 45,83% 33,22% 47,67% 70,99%

L6 42,75% 29,55% 51,21% 67,59%

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1 3 5 7 9 11 13 15 17

Co

rren

te [

pu

]

Ordem da harmónica

Valor Eficaz da Corrente, IEF

L4 L5 L6

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Tabela 5.5 - Resultados do rácio entre corrente da h-harmónica e a valor eficaz da corrente

Ief Ʃ ((In/Ief)2) FHL DRFHL

L4 1196,61 1,9360 22,62 59,84%

L5 244,94 1,2396 43,82 47,67%

L6 48,09 1,7846 36,08 51,21%

Analisando os resultados obtidos na Tabela 5.3, verifica-se que os casos de estudo apesar de

apresentarem uma THD quase idêntica, o valor eficaz da corrente influencia os resultados. Todos os

factores normativos são proporcionais ao valor eficaz da corrente, ou seja, a diminuição do valor

eficaz da corrente resulta no aumento valor do respectivo factor e por conseguinte traduz-se na

diminuição do valor da desclassificação do transformador (Tabela 5.4).

No entanto, em ambas as tabelas pode-se verificar que na coluna respeitante aos resultados

da norma americana, FHL, a proporcionalidade anteriormente referida não se mantém. Para este

factor, o somatório do rácio entre o valor eficaz da corrente e a corrente da h-harmónica influencia o

valor final. Estes resultados encontram-se demonstrados na Tabela 5.5.

5.3 Influência do valor eficaz da corrente, Ief vs amplitude da 1ª harmónica, I1

No desenvolvimento da presente dissertação houve por diversas vezes a necessidade de

clarificar como eram realizados os cálculos. Isto é, qual o tipo de corrente que serve de referência, se

a valor eficaz da corrente, Ief, Equação (12), ou se a amplitude da corrente da 1ª harmónica, I1.

Por exemplo, o factor da norma europeia, tal como descrito na equação (10) recorre a ambas

as variáveis. A relação fora do somatório recorre ao valor eficaz da corrente calculada conforme a

equação (12) e no somatório a divisão faz-se com a amplitude da corrente da 1ª harmónica.

Por outro lado os resultados dos factores americanos são todos obtidos recorrendo à relação

com a amplitude da 1ª harmónica.

Desta forma, este subcapítulo pretende apresentar as diferenças entre os cálculos efectuados

com a valor eficaz da corrente e os cálculos recorrendo à amplitude da primeira harmónica da

corrente.

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Tabela 5.6 - Tabela de cálculos realizados recorrendo à Ief

A B C D E F G H I

h Ih Ih/Ief (Ih/Ief)2 h2 (Ih/Ief)

2*h2 Ih2 hq (Ih/Ief)

2*hq

1 34,56 0,72 0,52 1 0,52 1194,39 1,00 0,52

3 1,80 0,04 0,00 9 0,01 3,24 6,47 0,01

5 20,30 0,42 0,18 25 4,45 411,90 15,43 2,75

7 21,60 0,45 0,20 49 9,88 466,56 27,33 5,51

9 1,80 0,04 0,00 81 0,11 3,24 41,90 0,06

11 5,40 0,11 0,01 121 1,53 29,16 58,93 0,74

13 3,60 0,07 0,01 169 0,95 12,96 78,29 0,44

15 13,83 0,29 0,08 225 18,61 191,27 99,85 8,26

17 0,36 0,01 0,00 289 0,02 0,13 123,53 0,01

( )

Tabela 5.7 - Tabela de cálculos realizados recorrendo a I1

A B C D E F G H I

h Ih Ih/Ief (Ih/Ief)2 h2 (Ih/Ief)

2*h2 Ih2 hq (Ih/Ief)

2*hq

1 34,56 1,00 1,00 1 1,00 1194,39 1,00 1,00

3 1,80 0,05 0,00 9 0,02 3,24 6,47 0,02

5 20,30 0,59 0,34 25 8,62 411,90 15,43 5,32

7 21,60 0,63 0,39 49 19,14 466,56 27,33 10,68

9 1,80 0,05 0,00 81 0,22 3,24 41,90 0,11

11 5,40 0,16 0,02 121 2,95 29,16 58,93 1,44

13 3,60 0,10 0,01 169 1,83 12,96 78,29 0,85

15 13,83 0,40 0,16 225 36,03 191,27 99,85 15,99

17 0,36 0,01 0,00 289 0,03 0,13 123,53 0,01

5.3.1 Resultados

Com os resultados obtidos nas Tabela 5.8 e na Tabela 5.9 é possível fazer os seguintes

comentários:

O KUL revela valores substancialmente diferentes que se devem sobretudo à 7ª e 15ª

harmónica de corrente. Estes resultados reforçam a ideia anteriormente descrita de que o KUL é

sensível à amplitude das harmónicas de alta frequência.

Por outro lado e tal como também já foi descrito, o factor FHL, como depende somente do

conteúdo harmónico e não da amplitude da corrente, não faz distinção entre a variável a considerar,

revelando resultados idênticos para ambos os casos.

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O Factor K tem a particularidade de usar ambos os casos na sua equação. Contudo e à

semelhança da norma americana, neste caso a diferença está associada à 7ª e à 15ª harmónica. A

sua relação com a harmónica fundamental influencia o valor de desclassificação do transformador.

Tabela 5.8 - Resultados obtidos com Ief

KUL KPT FHL Factor K

36,08 - 36,08 1,29

De-rating %

DRKUL DRKPT DRFHL DRK

53,65% 42,89% 51,21% 77,47%

Tabela 5.9 - Resultados obtidos com I1

KUL KPT FHL Factor K

69,86 - 36,08 1,87

De-rating %

DRKUL DRKPT DRFHL DRK

41,32% 27,87% 51,21% 53,46%

Adicionalmente deve-se atender à diferença entre o valor eficaz da corrente e a corrente da

harmónica fundamental. Neste caso específico, a diferença obtida é de cerca de 41% do valor da

corrente da harmónica fundamental. Assim sendo, constata-se que o valor eficaz da corrente é a que

melhor representa o valor da amplitude de corrente do transformador.

5.4 Comparação entre dois transformadores de distribuição

Para se efectuar esta comparação, é necessário recorrer aos dados técnicos de um

transformador de distribuição adicional de maior potência (1600kVA - designado por TD1600). As

suas características encontram-se representadas nas Tabela 8.3, Tabela 8.4 e Tabela 8.5 do Anexo.

A carga dos 2 transformadores é a já anteriormente descrita no subcapítulo 4.2. Os resultados

obtidos com o TD1600 encontram-se descritos na Tabela 5.10.

Tabela 5.10 - Resultados obtidos usando TD1600

KUL KPT FHL Factor K

2,726 - 2,725 1,108

De-rating %

DRKUL DRKPT DRFHL DRK

90,83% 76,47% 81,04% 90,22%

Na Tabela 5.11 reproduzem-se os resultados já anteriormente obtidos com o transformador de

distribuição TD630.

Tabela 5.11 - Resultados obtidos usando TD630

KUL KPT FHL Factor K

2,726 - 2,725 1,064

De-rating %

DRKUL DRKPT DRFHL DRK

94,42% 91,63% 88,29% 94,03%

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Analisando os resultados conclui-se que os valores obtidos através das normas americanas

não são afectadas pelas características do transformador. Sendo a forma de onda idêntica entre os

transformadores, o factor obtido será o mesmo. A norma europeia sofre uma alteração do seu valor,

pois na equação (10), a estimativa das perdas, e, é obtida através da relação de perdas por efeito de

Joule com as perdas totais de curto-circuito, obtidas nos ensaios laboratoriais ao transformador.

Obviamente que este resultado varia consoante o tipo de transformador.

No entanto, para o cálculo da desclassificação do transformador, tal como referido nos

subcapítulos anteriores, as características do equipamento são cruciais para a análise do mesmo.

Dos resultados obtidos, pode afirmar-se que, com o aumento da potência ocorre um aumento da

desclassificação do transformador. O transformador TD1600 possui um valor superior de perdas

obtidas em laboratório (afecta o KUL), um rácio entre perdas adicionais e perdas totais superior (afecta

o factor harmónico FHL) e uma estimativa de perdas superior (afecta o Factor K).

Com estes resultados é possível concluir que a norma europeia tem uma abordagem mais

selectiva e personalizada e dependente do transformador em estudo. Já as normas americanas

baseiam os seus cálculos exclusivamente na análise da forma de onda, independentemente do tipo

de equipamento, considerando as suas características eléctricas apenas quando se executa o cálculo

da desclassificação do transformador.

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6 Conclusões

O objectivo da presente dissertação era a realização de um estudo comparativo da

desclassificação de transformadores de distribuição.

Foram analisadas no capítulo 3 as normas internacionais que definem o cálculo da

desclassificação de transformadores. Foram alvo de análise a norma europeia definida pela

CENELEC, a norma americana definida pela IEEE e a norma americana da Underwriters Laboratory.

No capítulo 4, foram introduzidos os casos de estudo considerados elucidativos para a

execução dos cálculos de cada norma internacional. Foi descrito um transformador de distribuição,

através da recolha de informação presente num exemplo de um certificado de ensaio de um

transformador. Foi também descrita uma forma de onda de uma corrente de uma carga não-linear

fictícia. Por fim foram enumerados e descritas as metodologias para obtenção dos resultados para a

realização do estudo comparativo.

De notar que para a obtenção dos resultados, apesar de tanto as normas internacionais como

os protocolos de ensaio de transformadores estarem normalizados e cumprirem os pressupostos

estabelecidos pelas normas Europeias e Americanas, não existe uma ligação capaz de fornecer

resultados directos. Foi necessário estabelecer a ligação entre o protocolo de ensaio de

transformadores e as normas estudadas para a obtenção dos resultados.

No capítulo 5 foi realizada a comparação entre a metodologia da norma europeia e das normas

americanas. Verificou-se que o KUL depende da distribuição harmónica da corrente e da amplitude da

mesma. O valor do KUL depende da corrente nominal no secundário do transformador. Caso os

valores sejam calculados em unidades pu, o KUL e o FHL têm o mesmo valor numérico. O valor

numérico do KUL apenas é igual ao valor numérico do FHL, quando a raiz quadrada da soma das

harmónicas de corrente ao quadrado for igual à corrente nominal no secundário do transformador.

Ainda neste capitulo e por forma a identificar a influência do valor eficaz da corrente e da taxa

de distorção harmónica foram realizadas as seguintes comparações:

Três formas de onda cuja valor eficaz da corrente é idêntica mas a sua THD é

diferente;

Três formas de onda cuja THD é idêntica mas a sua valor eficaz da corrente é

diferente.

Da primeira comparação concluiu-se que os factores americanos reflectem de forma mais

acentuada as diferenças entre os conteúdos harmónicos. Para um aumento de cerca do dobro da

THD, os resultados obtidos pelas normas americanas reflectem um aumento do seu valor em cerca

do quádruplo, traduzindo uma desclassificação do transformador na ordem dos 15 a 20%. Na norma

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europeia também se verifica que a THD influencia directamente os resultados obtidos, contudo a

diferença entre os resultados foi pouco significativa.

Da segunda comparação concluiu-se que o valor eficaz da corrente influencia os resultados.

Todos os factores normativos são proporcionais ao valor eficaz da corrente.

Com as comparações efectuadas é possível concluir que apesar de ambas as variáveis (THD e

valor eficaz da corrente) influenciarem a desclassificação do transformador, dos resultados obtidos é

possível verificar que a THD tem maior influência sobre o transformador.

Adicionalmente no capítulo 5, foram executadas mais duas comparações por forma a clarificar

duas questões que surgiram com o desenvolver da presente dissertação.

Comparação entre as correntes, Ief e I1;

Comparação entre dois transformadores.

A primeira comparação permitiu concluir que o factor FHL como depende somente do conteúdo

harmónico e não da amplitude da corrente, não fazendo distinção entre o tipo de corrente a

considerar, revela resultados idênticos para ambos os casos. O Factor K tem a particularidade de

usar ambos os casos na sua equação. A sua relação com a harmónica fundamental influencia o valor

de desclassificação do transformador. No entanto, e face à diferença obtida entre o valor eficaz da

corrente e a corrente da harmónica fundamental, é possível concluir que o valor eficaz da corrente é o

que melhor representa o valor da amplitude de corrente do transformador.

A última comparação permite concluir que os factores americanos não são afectados pelas

características do transformador alvo da carga não-linear. Sendo a forma de onda idêntica entre os

transformadores, o factor obtido será o mesmo. Por outro lado, o factor europeu, Factor K, sofre uma

alteração do seu valor pois a relação de perdas por efeito de Joule com as perdas totais de curto-

circuito são obtidas através dos ensaios laboratoriais ao transformador.

No entanto, para o cálculo da desclassificação do transformador as características do

equipamento são cruciais para a análise da mesma. Com base nos resultados obtidos, pode-se

concluir que, com o aumento da potência ocorre um aumento da desclassificação do transformador.

O transformador TD1600 possui um valor superior de perdas obtidas em laboratório (afecta o KUL),

um rácio entre perdas adicionais e perdas totais superior (afecta o factor harmónico FHL) e uma

estimativa de perdas superior (afecta o Factor -K). Com estes resultados é possível concluir que a

norma europeia tem uma abordagem mais selectiva e personalizada e dependente do transformador

em estudo. Já as normas americanas baseiam os seus cálculos exclusivamente na análise da forma

de onda, independentemente do tipo de equipamento, considerando as suas características eléctricas

apenas quando se executa o cálculo da desclassificação do transformador.

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6.1 Trabalho futuro

Como desenvolvimento deste trabalho, considera-se que será interessante analisar o

envelhecimento térmico dos transformadores de distribuição que não são desclassificados quando

sujeitos a cargas não lineares. Uma das dificuldades encontradas durante a elaboração desta

dissertação, foi a ausência de dados realistas dos conteúdos harmónicos das correntes de carga dos

transformadores de distribuição, pelo que se considera que também este seria um trabalho

interessante.

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7 Bibliografia

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[2] [Online]. Available: http://www.energy.siemens.com/hq/en/power-

transmission/transformers/distribution-transformers/assets/01_stage_360/36004.png.

[3] [Online]. Available: http://img.directindustry.com/images_di/photo-g/distribution-transformer-three-

phase-50246-2356075.jpg.

[4] [Online]. Available:

http://www.efacec.pt/PresentationLayer/ResourcesUser/fotos/transformadores/FLP-560MVA-

006.png.

[5] H. Jorge. [Online]. Available: http://lge.deec.uc.pt/ensino/QE/Docs/QE_Harmonicas.ppt.

[6] Devki Energy Consultancy Pvt. Ltd., Transformers, India, 2006.

[7] British Standard - CENELEC, BS EN 50464-3:2007 - Three-phase oil-immersed distribution

transformers 50Hz, from 50 kVA to 2500 kVA with highest voltage for equipment not exceeding 36

kV - Part 3: Determination of the power rating of a transformer loaded with non-sinusoidal

currents, United Kingdom: CENELEC, 2007.

[8] IEEE, Std C57.110-1998 - Recommended Practice for Establishing Transformer Capability When

Supplying Nonsinusoidal Load Currents, USA: IEEE, 1998.

[9] Underwriters Laboratories Inc., UL 1561 - Dry-Type General Purpose and Power Transformers,

USA: Underwriters Laboratories Inc., 1994.

[10] Underwriters Laboratories Inc., UL 1562 - Transformers, Distribution, Dry-type - Over 600 Volts,

USA: Underwriters Laboratories Inc., 1999.

[11] British Standard - CENELEC, BS EN 50464-1:2007 - Three-phase oil-immersed distribution

transformers 50Hz, from 50 kVA to 2500kVA with highest voltage for equipment not exceeding 36

kV - Part 1 : General requirements, United Kingdom: CENELEC, 2007.

[12] D. Shmilovitz, J. Duan, D. Czarkowski, Z. Zabar e S. Lee, “Characteristics of modern nonlinear

loads and their influence on systems with distributed generation,” Int. J. Energy Technology and

Policy, vol. 5, 2007.

[13] M. A. B. Galhardo e J. T. Pinho, “Mutual influence between harmonics and nonlinear loads,” IEEE

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[14] A. Ducluzaux, Cahier tecnique no. 83 - Extra losses caused in high current conductors by skin

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[15] J. Desmet e G. Delaere, Harmonics - Selection and Ratinf of Transformers, Kotrijk: Leonardo

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[16] A. Gado, H. A. Gad e S. Radwan, “Effect of types of loads in rating of transformers supplying

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[17] T. M. M. Costa, Envelhecimento Térmico de Transformadores de Distribuição, Lisboa: Instituto

Superior Técnico, 2010.

[18] M. Resende, L. Pierrat e J. Santana, “Stray losses in subdivided conductors carrying non-

sinusoidal currents,” em 6th International Conference on Modelling and Simulation of Electric

Machines and Systems, Lisboa, 1999.

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8 Anexos

Tabela 8.1 - Relação de transformação do TD630 em cada posição do comutador

Medida da Relação de Transformação e Grupo de Ligações

Posição 1 2 3 4 5

Relação Transformação. Nominal 43,301 42,270 41,239 40,208 39,177

1U-1V/2N-2U 43,330 42,290 41,290 40,240 39,200

1V-1W/2N-2V 43,330 42,290 41,280 40,240 39,200

1W-1U/2N-2W 43,330 42,290 41,290 40,240 39,200

Média 43,330 42,290 41,287 40,240 39,200

Tabela 8.2 - Resistência Óhmica dos enrolamentos do transformador TD630 medida entre fases.

Medida da Resistência Óhmica dos Enrolamentos

Temp [°C] = 17 Ligação / Posição 3 AT [Ω]

BT [Ω]

1U - 1V 1,244

2U - 2V 0,00153

1V - 1W 1,248

2V - 2W 0,001539

1W - 1U 1,248

2W - 2U 0,001521

Média [Ω] 1,247 Média [Ω] 0,00153

Tabela 8.3 - Características eléctricas do transformador TD1600

Potência [kVA] 1600

Gr. Ligações Dyn5

Tensão [V]

Posição AT BT

1 15750

2 15375

UN - 3 15000 400

4 14625

5 14250

Corrente Nominal [A] 61,6 2309

Tabela 8.4 - Perdas em vazio do transformador TD1600

Medida de Perdas (PO) e da Corrente (IO) em Vazio Ligação 2U-2V-2W

UN [%] UN IO1 [A] IO2 [A] IO3 [A] Média [A] IO [%] PO [W]

100 399,8 13,69 10,49 14,08 12,75 0,55 3196

Tabela 8.5 - Perdas em curto-circuito e em carga do TD1600.

Medida da Tensão de Curto-circuito e das Perdas em Carga

Posição Corrente [A] Tensão [V] Normalizado a 120º C

I U PCC IN Ʃ RI

2 PAD T [°C] Ʃ RI

2 PAD PCC UCC

3 61,6 921,5 9803 7686 2118 21,2 10770 1511 12280 6,14

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Tabela 8.6 - Conteúdo harmónico do 1º exemplo (L1)

h Ih Ih/I (Ih/Ief)2 h2 (Ih/Ief)

2*h2 Ih2 hq (Ih/Ief)

2*hq

1 860,00 1,00 1,00 1 1,00 739600,00 1,00 1,00

3 107,50 0,13 0,02 9 0,14 11556,25 6,47 0,10

5 602,00 0,70 0,49 25 12,25 362404,00 15,43 7,56

7 481,60 0,56 0,31 49 15,37 231938,56 27,33 8,57

9 43,00 0,05 0,00 81 0,20 1849,00 41,90 0,10

11 266,60 0,31 0,10 121 11,63 71075,56 58,93 5,66

13 111,80 0,13 0,02 169 2,86 12499,24 78,29 1,32

15 17,20 0,02 0,00 225 0,09 295,84 99,85 0,04

17 25,80 0,03 0,00 289 0,26 665,64 123,53 0,11

Tabela 8.7 - Conteúdo harmónico do 2º exemplo (L2)

h Ih Ih/I (Ih/Ief)2 h2 (Ih/Ief)

2*h2 Ih2 hq (Ih/Ief)

2*hq

1 860,00 1,00 1,00 1 1,00 739600,00 1,00 1,00

3 111,80 0,13 0,02 9 0,15 12499,24 6,47 0,11

5 645,00 0,75 0,56 25 14,06 416025,00 15,43 8,68

7 516,00 0,60 0,36 49 17,64 266256,00 27,33 9,84

9 43,00 0,05 0,00 81 0,20 1849,00 41,90 0,10

11 258,00 0,30 0,09 121 10,89 66564,00 58,93 5,30

13 120,40 0,14 0,02 169 3,31 14496,16 78,29 1,53

15 8,60 0,01 0,00 225 0,02 73,96 99,85 0,01

17 43,00 0,05 0,00 289 0,72 1849,00 123,53 0,31

Tabela 8.8 - Conteúdo harmónico do 3º exemplo (L3)

h Ih Ih/I (Ih/Ief)2 h2 (Ih/Ief)

2*h2 Ih2 hq (Ih/Ief)

2*hq

1 860,00 1,00 1,00 1 1,00 739600,00 1,00 1,00

3 107,50 0,13 0,02 9 0,14 11556,25 6,47 0,10

5 507,40 0,59 0,35 25 8,70 257454,76 15,43 5,37

7 421,40 0,49 0,24 49 11,76 177577,96 27,33 6,56

9 34,40 0,04 0,00 81 0,13 1183,36 41,90 0,07

11 206,40 0,24 0,06 121 6,97 42600,96 58,93 3,39

13 107,50 0,13 0,02 169 2,64 11556,25 78,29 1,22

15 4,30 0,01 0,00 225 0,01 18,49 99,85 0,00

17 34,40 0,04 0,00 289 0,46 1183,36 123,53 0,20

Page 47: Agradecimentos - fenix.tecnico.ulisboa.pt · realização deste trabalho não teria sido possível. Muito obrigado. À minha namorada Sofia, ... Estimativa das perdas por efeito das

35

Tabela 8.9 - Conteúdo harmónico do 4º exemplo (L4- Ief = 860A)

h Ih Ih/I (Ih/Ief)2 h2 (Ih/Ief)

2*h2 Ih2 hq (Ih/Ief)

2*hq

1 860,00 1,00 1,00 1 1,00 739600,00 1,00 1,00

3 107,50 0,13 0,02 9 0,14 11556,25 6,47 0,10

5 602,00 0,70 0,49 25 12,25 362404,00 15,43 7,56

7 481,60 0,56 0,31 49 15,37 231938,56 27,33 8,57

9 43,00 0,05 0,00 81 0,20 1849,00 41,90 0,10

11 266,60 0,31 0,10 121 11,63 71075,56 58,93 5,66

13 111,80 0,13 0,02 169 2,86 12499,24 78,29 1,32

15 17,20 0,02 0,00 225 0,09 295,84 99,85 0,04

17 25,80 0,03 0,00 289 0,26 665,64 123,53 0,11

Tabela 8.10 - Conteúdo harmónico do 5º exemplo (L5- Ief = 220A)

h Ih Ih/I (Ih/Ief)2 h2 (Ih/Ief)

2*h2 Ih2 hq (Ih/Ief)

2*hq

1 176,00 0,80 0,64 1 0,64 30976,00 1,00 0,64

3 11,00 0,05 0,00 9 0,02 121,00 6,47 0,02

5 110,00 0,50 0,25 25 6,25 12100,00 15,43 3,86

7 12,10 0,06 0,00 49 0,15 146,41 27,33 0,08

9 77,00 0,35 0,12 81 9,92 5929,00 41,90 5,13

11 11,00 0,05 0,00 121 0,30 121,00 58,93 0,15

13 102,95 0,47 0,22 169 37,01 10598,46 78,29 17,14

15 2,20 0,01 0,00 225 0,02 4,84 99,85 0,01

17 0,00 0,00 0,00 289 0,00 0,00 123,53 0,00

Tabela 8.11 - Conteúdo harmónico do 6º exemplo (L6- Ief = 36A)

h Ih Ih/I (Ih/Ief)2 h2 (Ih/Ief)

2*h2 Ih2 hq (Ih/Ief)

2*hq

1 34,56 0,96 0,92 1 0,92 1194,39 1,00 0,92

3 1,80 0,05 0,00 9 0,02 3,24 6,47 0,02

5 20,30 0,56 0,32 25 7,95 411,90 15,43 4,90

7 21,60 0,60 0,36 49 17,64 466,56 27,33 9,84

9 1,80 0,05 0,00 81 0,20 3,24 41,90 0,10

11 5,40 0,15 0,02 121 2,72 29,16 58,93 1,33

13 3,60 0,10 0,01 169 1,69 12,96 78,29 0,78

15 13,83 0,38 0,15 225 33,21 191,27 99,85 14,74

17 0,36 0,01 0,00 289 0,03 0,13 123,53 0,01