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agosto de 2015 1 Agosto/2015 – Ano 24 – n o 238 EDITORIAL A presente edição do Informativo traz como matéria de capa a resenha do 9 o Mutirão de Comunicação (Muticom) re- alizado emVitória (ES). No ano dedicado àVida Consagrada, o padre Rubens Pedro Cabral, coordenador da Conferência dos Religiosos do Brasil–Regional São Paulo, contribui para uma reflexão sobre esse período analisando a “Vida religiosa Con- sagrada e os seus desafios”. Esta edição ainda traz as notícias da Comissão para Animação Bíblico-catequética; do Con- selho Missionário Regional; da diocese de Santos, entre outras. Leia também o texto sobre a continuação da coleta de assina- turas ao projeto de lei, com o advogado eleitoral Luciano Caparroz Santos, diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e presidente do Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo. Regional Sul 1 participa do 9 o Muticom, em Vitória (ES) “Não comunicamos uma ideologia, mas uma pessoa: Jesus Cristo” P resente pela primeira vez em um Mutirão Nacional da Comuni- cação, Dom Darci José Nicioli, novo presidente da Comissão Episco- pal Pastoral para a Comunicação da CNBB definiu em algumas palavras como deve ser a atuação da pastoral da comunicação: “precisamos ir de uma pastoral centrada em conteúdo para uma pastoral voltada às necessidades das pessoas”. Citando a autenticidade do Papa Francisco, pediu para que todos pro- movam uma pastoral de testemunho e que o anúncio seja a partir da vivência do comunicador. “Que a nossa comu- nicação esteja a serviço da cultura do encontro com Deus, com os outros e com nós mesmos para sermos teste- munhas,” disse Dom Darci. Realizado na Arquidiocese de Vitó- ria, no Espírito Santo, o 9 o Muticom reuniu cerca de mil comunicadores de todo o Brasil e representantes da Argentina e Alemanha. De 15 a 19 de julho, os comunicadores estiveram no Centro de Eventos da capital capixaba para refletir e debater sobre a “Ética nas Comunicações”. Participaram 62 agentes das dioceses do Estado de São Paulo, imersos em momentos de espi- ritualidade, de conteúdo formativo e de cultura. Padre Gildásio Mendes, Dom Geb- hard Furst, Elizabeth Barros, Dom Leomar Brustolin e os jornalistas El- son Faxina e Caco Barcellos foram os conferencistas, que explanaram sobre a temática nas manhãs do Muticom. A ANA LÚCIA ZOMBARDI

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agosto de 2015 1

Agosto/2015 – Ano 24 – no 238

EDITORIAL

A presente edição do Informativo traz como matéria de capa a resenha do 9o Mutirão de Comunicação (Muticom) re-alizado em Vitória (ES). No ano dedicado à Vida Consagrada, o padre Rubens Pedro Cabral, coordenador da Conferência dos Religiosos do Brasil–Regional São Paulo, contribui para uma reflexão sobre esse período analisando a “Vida religiosa Con-sagrada e os seus desafios”. Esta edição ainda traz as notícias da Comissão para Animação Bíblico-catequética; do Con-selho Missionário Regional; da diocese de Santos, entre outras. Leia também o texto sobre a continuação da coleta de assina-turas ao projeto de lei, com o advogado eleitoral Luciano Caparroz Santos, diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e presidente do Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo. Regional Sul 1 participa do 9o Muticom, em Vitória (ES)

“Não comunicamos uma ideologia, mas uma pessoa:

Jesus Cristo”

Presente pela primeira vez em um Mutirão Nacional da Comuni-cação, Dom Darci José Nicioli,

novo presidente da Comissão Episco-pal Pastoral para a Comunicação da CNBB definiu em algumas palavras como deve ser a atuação da pastoral da comunicação: “precisamos ir de uma pastoral centrada em conteúdo para uma pastoral voltada às necessidades das pessoas”.

Citando a autenticidade do Papa Francisco, pediu para que todos pro-movam uma pastoral de testemunho e que o anúncio seja a partir da vivência do comunicador. “Que a nossa comu-nicação esteja a serviço da cultura do encontro com Deus, com os outros e com nós mesmos para sermos teste-munhas,” disse Dom Darci.

Realizado na Arquidiocese de Vitó-ria, no Espírito Santo, o 9o Muticom reuniu cerca de mil comunicadores de todo o Brasil e representantes da Argentina e Alemanha. De 15 a 19 de julho, os comunicadores estiveram no Centro de Eventos da capital capixaba para refletir e debater sobre a “Ética nas Comunicações”. Participaram 62 agentes das dioceses do Estado de São Paulo, imersos em momentos de espi-ritualidade, de conteúdo formativo e de cultura.

Padre Gildásio Mendes, Dom Geb- hard Furst, Elizabeth Barros, Dom Leomar Brustolin e os jornalistas El-son Faxina e Caco Barcellos foram os conferencistas, que explanaram sobre a temática nas manhãs do Muticom. A A

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CAPA

“É uma imensa riqueza o encontro desses que militam na área da comunicação na nossa Igreja... nas nossas comunidades, dioceses e paróquias. Cada um traz a sua riqueza. E articular tudo isso soa para mim como um grande desafio. Mas um desafio gostoso! É, de fato, um trabalho prazeroso. Primeiro porque a gente vê o comprometi-mento, uma vontade imensa em cada um. E tem muita gente expe-riente nesse trabalho. E há também muitos jovens que estão fazendo a comunicação na Igreja. O que faz com que aumente mais a nossa responsabilidade, no sentido de ajudá-los. Precisamos formá-los para que não virem vítimas de toda essa ideia de comunicação que nós vemos protagonizada pelas grandes mídias, que passam um “que” de evangelização e de comunicação que de fato não é. Uma comunica-ção que não constrói, não agrega, não promove o encontro, muito pelo contrário, desencontram e fazem uma confusão de valores. Nós, como Igreja, temos essa missão: de promover o encontro e de, claro, a partir dos princípios do Evangelho, anunciar aquilo que é a razão da nossa fé: Jesus. Por isso, é muito bom trabalhar na Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação. E tem sido uma grande alegria ver toda essa animação em torno desse serviço à Igreja na comunicação.”

Dom Darci José Nicioli, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação e bispo auxiliar de Aparecida (SP)

força comunicativa e a autenticidade do papa Francisco foram citadas em todas as conferências. Na parte da tarde, os participantes se dividiram em 8 grupos de trabalho, que trata-ram sobre redes sociais, materiais impressos, música, educomunicação e desafios pastorais. “Participar do Muticom foi uma experiência ímpar para o aprimoramento do nosso tra-balho pastoral. Comunicamos Nosso Senhor, o comunicador por excelên-cia do Pai, por isso, devemos fazê-lo com propriedade e a ética é a via primordial,” afirmou Tiago Barbosa, seminarista da diocese de Marília, e assessor da Pascom. Participando pela primeira vez do Muticom, juntamente com padre Danilo Nobre, responsável eclesiástico e com Fabiano Alvares, coordenador diocesano, o semina-rista Tiago ainda ressaltou que “toda técnica a nossa disposição é de suma importância para os comunicadores cristãos e nosso testemunho faz toda a diferença, pois comunicando com o coração, seremos promotores da vida”, concluiu Tiago.

Conexão Pascom – Para integrar e articular a Pastoral da Comunicação no Brasil, a Comissão Episcopal Pas-toral para a Comunicação da Confe-rência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou o “Conexão Pascom”, um programa de relacionamento pas-toral que visa, no primeiro momento, montar um Cadastro Nacional dos agentes de pastoral da Pascom de todas as dioceses do Brasil. Para par-ticipar do “Conexão Pascom”, agentes e comunicadores católicos devem preencher um cadastro, disponível no site da CNBB (www.cnbb.org.br). Os cadastrados no programa irão receber uma newsletter e farão parte de uma grande rede de comunicadores em todo o país. Dom Devair de Araújo Fonseca e Dom Teodoro Mendes Tavares irão auxiliar dom Darci na Comissão e os novos assessores são Padre Rafael Vieira da Silva (Redento-rista) e Padre Antônio Xavier Batista (Canção Nova).

Na tarde de sexta-feira, Dom Dar- ci Nicioli reuniu-se com os coorde- nadores e representantes dos Re-gionais da CNBB. Estavam presen-tes 10 regionais dos 16 existentes no país. Dom Darci agradeceu ao padre Clóvis de Andrade de Melo, presente na reunião, e a irmã Elide

Maria Fogolari, pelo árduo traba-lho à frente da Comunicação. Em seguida, abriu o diálogo com cada membro presente a fim de conhecer a atuação da Pascom nos regionais e decidir o tema do próximo Encontro Nacional, a ser realizado em 2016, em Aparecida. O eixo temático esco-lhido foi “Liturgia e Comunicação”. Padre Marcos Vinicius Clementino, coordenador interino da Pascom no Regional Sul 1 e a jornalista da diocese de São José dos Campos, Ana Lúcia Zombardi, secretária da Pascom, participaram da reunião.

Rumo ao Sul – Três dias de in-tenso trabalho, muito convívio e partilha entre os participantes que encerraram esta edição do Muticom no Santuário de Nossa Senhora da Penha, famoso cartão postal de Vitória e local de peregrinação e

oração. A cargo da Arquidiocese de Vitória, a organização do 9o Muticom foi bastante elogiada. O evento trans-correu de forma dinâmica e muito bem planejado. Dom Darci agradeceu ao arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, pela realização do evento e convocou: “A missão agora é multiplicar a experiência e o conteú-do adquirido no Mutirão e fortalecer a caminhada dos agentes da Pascom em todo canto do Brasil.”

A Diocese de Joinville (SC) acolhe-rá o 10o Mutirão Brasileiro de Comu-nicação, que terá como tema Educar para a Comunicação. O Muticom será entre os dias 16 e 20 de agosto de 2017, e reunirá comunicadores de todo o Brasil.

De Vitória (ES), para o Informativo, padre Marcos Vinicius Clementino e Ana Lúcia Zombardi.

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COMISSÕESEPISCOPAISPASTORAIS

Agentes de Catequese reunidos

em Assembleia

Aproximadamente 130 pessoas com-pareceram à Assembleia de Catequese do Regional realizada no auditório do Centro de Eventos Anhanguera em São Paulo (SP) entre 10 e 12 de julho. O tema de reflexão e estudo do encontro assessorado pelo catequista Antônio Caetano Silva (Toninho), de Ameri-cana (SP) foi a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do papa Francisco.

Durante o encontro, o bispo de Li-meira (SP) e presidente da Comissão para animação Bíblico-catequética do Regional, dom Vilson Dias de Oliveira,

recordou as palavras do papa Fran-cisco que, refletindo sobre a missão dos discípulos a partir de Lc 10.1s, salientou que Deus os enviou, dois a dois, para anunciar que o Reino de Deus estava próximo, preparando assim as pessoas para o encontro com

Jesus. “Cumprida esta missão de anún-cio, os discípulos regressaram cheios de alegria. Assim nossos catequistas passam pelo mesmo envio do Senhor em suas comunidades e devem levar o anúncio de Jesus aos seus catequizandos com os corações cheios de alegria”.

Escola de Atualização Catequética se reúne

O auditório do Centro de Eventos Anhanguera, em São Paulo (SP), recebeu a Escola de Atualização Catequética do Regio-nal de 7 a 10 de julho. O evento promovido pela Comissão para a Animação Bíblico-Catequética teve objetivo de fortalecer a formação das equipes diocesanas, estimular a dedicação na formação de novos catequistas e discípulos missionários e, ainda, desenvolver nos catequistas as competências necessárias ao bom desenvolvimento do seu ministério. O evento recebeu cerca de 100 participantes, a maioria leigos, mas também com a participação de sete presbíteros, quatro religiosas e dois diáconos.

De acordo com o bispo de Limeira (SP) e presidente da Comissão Regional para Animação Bíblico-Catequética, dom Vilson Dias de Oliveira, “o processo da Escola de Atualização perpassa os eixos do caminho da interpretação da Palavra; ética e moral cristã; planejamento catequético; eucaristia, fonte de vida e missão; entre outros”. Assim, durante os quatro dias de atividades, os participantes refletiram sobre temas como Catequese e liturgia: a fé transmitida e celebrada, abordado pelo sacerdote Luís Baronto; Jesus Cristo nos escritos Joaninos, com o professor Mauro Strabelli; Catequese formadora de discípulos missionários, com a professora Abadias Pereira. Os presentes também participaram da oficina Catequese com estilo Catecumenal, refletindo sobre o Batismo, orientada pelo sacerdote Marcelo Machado; e o estudo do tema Eclesiologia: comunidade de comunidades, tratada pelo sacerdote Nei Pretto, sobre o Documento 100 da CNBB.

Aproximadamente 130 pessoas compareceram ao evento que se encerrou com uma oração de envio, onde todos, após o almoço, retornaram para suas dioceses.

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REGIONAL

REPÓRTERDOMÊS

COMISSÕESEPISCOPAISPASTORAIS

Comire promove encontro estadualO Conselho Missionário Regional (Comire) promoverá seu encontro estadual de 28 a 30 de agosto na Casa de Formação

Madre Paulina, em São Paulo (SP). O participantes refletirão sobre o tema A Fé que Testemunhamos (At 1,8) e o lema Vós sereis minhas testemunhas (At 1,8). O objetivo do encontro será o de fazer repensar a prática missionária a partir das dioceses e irradiar o entusiasmo da missão para as paróquias e comunidades. “Será uma oportunidade para aprofundarmos e revigo-rarmos o ardor missionário, partilhando a caminhada e vivenciando cada vez mais a espiritualidade missionária”, acredita a coordenadora do Comire, Maria de Fátima da Silva. Os interessados em participar deverão requerer um formulário de inscrição junto ao Regional, preenchê-lo e enviá-lo para o e-mail [email protected] até 10 de agosto. Há um limite de quatro vagas por Diocese. O valor da inscrição é de 200 reais por pessoa.

Subsídios para a Semana Nacional da FamíliaA edição 2015 do subsídio Hora da Família já se encontra à venda com os casais co-

ordenadores paroquiais, (arqui)diocesanos e regionais da Pastoral Familiar e pelo site www.lojacnpf.org.br. Pedidos também podem ser feitos pelos telefones (61) 3443 2900, pelo fax (61) 3443-4999 ou pelo e-mail [email protected]. Com a aquisição do subsídio, as comunidades poderão celebrar na unidade, por todo o Brasil, a Semana Nacional da Família que acontece este ano entre 9 a 15 de agosto. O material deste ano foi preparado especialmente para as famílias, jovens, crianças, casais de namorados, noivos; com a proposta de celebrar o amor como primeira missão de cada pessoa. A edição deste ano do Hora da Família está em sintonia com o tema do Encontro Mundial das Famílias que ocorrerá em setembro, na Filadélfia (Estados Unidos), com a presença do papa Francisco. A proposta para a reflexão do encontro é O amor é a nossa missão: a família plenamente viva.

Dom Emílio Pignoli e o Congresso da Pastoral Familiar

O bispo referencial da Pastoral Familiar do Regional, dom Emilio Pignoli (foto), avaliou o 18o Congresso da Pastoral Familiar do Regional realizado de 26 a 28 de junho, em Itaici, Indaiatuba (SP). Segundo ele, o encontro abordou assuntos relacionados à família e seus novos desafios, com o tema central “O amor é a nossa missão: a família plenamente viva”, praticamente o mesmo do 8o Encontro Mundial do Papa com as Família a ser realizado na Filadélfia, de 22 a 27 de setembro.

Os objetivos do 18o Congresso da Pastoral Familiar do Regional foram alcançados?

Sim, foram alcançados os objetivos de incentivar a criação da Pastoral Familiar em todas as paróquias, além da participação de 41 dioceses que estão envolvidas nesse propósito. Faltou somente a Diocese de Registro.

Qual foi o aprendizado com o Congresso?O cardeal dom Odilo Pedro Scherer deu amplo conhecimento dos

trabalhos do Sínodo Extraordinário de 2014 e do próximo que acon-tecerá de 5 a 20 de outubro. Todos gostaram demais de sua exposição, que foi muito prática. Também foi dado um amplo posicionamento, por dois professores especialistas no assunto, quanto à “ideologia de gênero”. Foi bastante esclarecedor.

O que se projeta em relação ao próximo Congresso?Será na Arquidiocese de Ribeirão Preto de 8 a 10 de julho de 2016.

Sua proposta é de dar enfoque quanto à preparação ao matrimônio, envolvendo a Pastoral da Juventude e a Catequese para trabalhar a importância do “Sacramento” da Família.

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O 18o Congresso Regional da Pastoral Familiar já acabou, mas já começaram os preparativos para a organização do próximo congresso, daqui a um ano.

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DIOCESES

Divulgado material do Projeto Missionário

O Regional está divulgando o Projeto Missionário Norte 1 (Amazonas e Roraima) e Sul 1 (São Paulo) através de folders e cartazes. A chamada das peças é Cristo aponta para a Amazônia (Paulo VI). O objetivo é despertar nos cristãos o ardor missionário e o compromisso com a missão na Amazônia. A divulgação foi iniciada na Assembleia dos Bispos do Regional realizada em junho, em Aparecida (SP). O Regional também preparou um vídeo que mostra a atuação missionária de padres, religiosas, leigos e leigas que trabalham na Amazônia.

Com 21 anos, o Projeto já enviou mais de 70 missionários à Amazônia além de oferecer formação aos interessados. Os bispos do estado de São Paulo, presididos por dom Eduardo Koaik na época da criação do projeto, decidiram cooperar com a Igreja da Amazônia e constituir uma comunidade intercongregacional em Manaquiri (AM). Junto com as irmãs também foi enviada, em março de 1996, uma leiga para a Prelazia de Borba (AM). Desde então para lá também viajaram dezenas de missionários de São Paulo para abrir novas frentes de missão ou suceder os que retornavam da região.

REGIONAL

Um tribunal sobre a causa de ca-nonização bem-aventurada Teresa de Calcutá foi instalado em Santos (SP), em 19 de junho. O motivo: investigar um possível milagre atribuído a ela acontecido ali em 2008. A sessão de abertura do tribunal foi realizada na Capela São João Maria Vianney, da Residência Episcopal, sendo presidida por dom Tarcísio Scaramussa, bispo diocesano. Também participaram dom Jacyr Braido, bispo emérito de Santos, Irmãs Missionárias da Caridade (congregação fundada por Madre Teresa) e demais membros do tribunal. No início da oração pediu-se a assistência do Espírito Santo para a condução dos trabalhos, seguida de cantos de louvor e de uma breve leitura bíblica, encerrando-se com a bênção de dom Tarcísio.

Os trabalhos da Tribunal, propria-mente ditos, começaram na Sala de Audiência para a audição das teste-munhas médicas, religiosas e civis e do miraculado. Participaram desses trabalhos o monsenhor Robert Sar-no, presidente do Tribunal, doutor Waldery Hilgeman, notário; o padre Caetano Rizzi, vigário judicial da Dio-cese de Santos e promotor de Justiça;

padre Vagner Argolo de Sousa, chan-celer do bispado e notário adjunto; e o padre Giancarllo Rizinelli, auxiliar de tradução. Padre Brian Kolodiejchuk, postulador da Causa de Canonização de Madre Teresa, também esteve na Diocese durante o Tribunal.

“Esse caso de cura foi digno de aten-ção por apresentar elementos válidos para a instrução de um processo. De-pois das investigações e da avaliação médica encaminhada será preciso esperar a certificação e a conclusão de todo o processo para poder considerá--lo, para todos os efeitos, um milagre. Só quando avaliadas todas as provas a Congregação para as Causas dos Santos o certificará e, mediante um ato jurídico

sancionado pelo papa, o reconhecerá como verdadeiro milagre”, explica o monsenhor Sarno. Em 26 de junho, a documentação foi enviada para o Vaticano que tem como primeira tarefa conferir validade canônica aos docu-mentos redigidos, reconhecendo o de-senvolvimento correto da investigação. Tendo por base essa documentação, reconhecida e sancionada pelo Decreto sobre a validade jurídica, será aberta a segunda fase do processo. “É preciso lembrar o que devemos entender por milagre, esclarecer que importância um milagre tem nas causas de canonização e como se desenvolve o processo para seu reconhecimento”, afirma o padre Caetano Rizzi.

Madre Teresa e um milagre santista

Pe. Caetano, Mons. Sarno, D. Tarcísio, Pe. Brian, Sr. Waldery e Pe. Vagner Argol

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REFORMAPOLÍTICA

Luciano Caparroz Santos*

Depois de muitos anos traba-lhando na tentativa de pautar a reforma política, vários atores

da sociedade civil são surpreendidos por uma Câmara dos Deputados que busca unicamente a sobrevivência de seus parlamentares em eleições com farto financiamento empresarial, capitaneada pelo seu presidente que impõe ao País uma pauta conservadora e controla a votação dos temas de seu interesse. Foi assim na questão em que se discutia o financiamento das campanhas onde ele foi vencido na vo-tação que barrava o financiamento por parte das empresas. Trabalhando com o convencimento dos deputados para mudarem seus votos, colocou, no dia seguinte, a mesma matéria para nova votação, fato este que levou um grupo de deputados de diferentes partidos a ingressar com ação no Supremo Tribu-nal Federal (STF), visando impedir a continuação das votações neste tema,

ação que ainda aguarda julgamento. No mais, a Câmara faz alterações superfi-ciais do processo eleitoral, alterações que não atendem às exigências de mais democracia e ainda pretende facilitar a vida dos candidatos evitando o contro-le da justiça eleitoral nas prestações de contas de campanhas.

Estabelece a redução do tempo de campanha e também do horário elei-toral o que só favorece quem já detém mandato. Acaba com a reeleição para o executivo, mas mantêm a liberdade de eleições para o legislativo. A votação em segundo turno do financiamento das campanhas ficou para agosto e, neste ponto, é preciso tentar alterar o resultado, pressionando os deputados que mudaram seus votos atendendo ao pedido do presidente da casa.

A Coalizão Pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas já enviou carta aos deputados – confira o texto mais abaixo – solicitando que

cumpram o compromisso com a mo-ralidade e a democracia e contra a cor-rupção e votem contra o financiamento de empresas no segundo turno de votação, em agosto. Os que defendem o Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) apresentado pela Coalizão pela Reforma Política Democrática e Elei-ções Limpas, que conta entre outros apoios com a CNBB, MCCE e OAB, continuam a atuar no Congresso bem como na coleta de assinaturas ao proje-to de lei, de modo a fazer a reforma da pretensa reforma política já aprovada pela Câmara e assim conseguir tam-bém a reforma dos políticos.

Você é parte desta luta: entregue a carta aos deputados de seu estado, realize encontros para discutir o PLIP Eleições Limpas e colete assinaturas de apoio ao projeto. Demais textos de ex-plicação sobre o projeto você encontra também em http://direitoeleitoralcom-parado.blogspot.com.br/.

Leia, a seguir, o texto da carta.

Senhor Deputado, Senhora Depu-tada,

Às vésperas da votação em segundo turno da emenda constitucional que dispõe sobre o financiamento eleitoral feito por empresas, objeto de PEC, a opinião pública brasileira e, espe-cialmente, a de seu Estado e de seus eleitores, estão aguardando seu voto rejeitando este financiamento que é a causa, cada dia mais comprovada, da corrupção eleitoral e administrativa.

Por outro lado, o dinheiro das em-presas entregue somente aos partidos, ainda piora o atual quadro, na medida em que apenas os dirigentes da cúpula partidária irão decidir sobre a partilha dos recursos, com o risco real de não obedecer a critérios de paridade, pri-vilegiando uns poucos e prejudicando a grande maioria dos candidatos.

Pesquisa promovida pela OAB apu-rou que cerca de 80% da população é firmemente contrária ao financiamen-to eleitoral por empresas, seja para os candidatos, seja para os partidos.

Seu voto no segundo turno será

* Luciano Caparroz Santos é advogado eleitoral, diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e presidente do Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo

Reforma da “Reforma política”

acompanhado atentamente e aplaudi-do se for contra a corrupção, contra os escândalos de propinas, contra a influ-ência do poder econômico nas eleições, em suma, contra a PEC que constitu-cionaliza a corrupção eleitoral.

Acresça-se que a forma esdrúxula e, portanto, contra a ética parlamentar, como se obteve a alteração do que foi decidido numa primeira votação, rece-beu majoritária censura popular e da mídia, além de repercussão negativa nas redes sociais.

Vossa Excelência tem, agora, a oportunidade de afirmar perante os olhos atentos dos eleitores, seu com-promisso com a moralidade, com a probidade, com a seriedade que devem estar presentes nas decisões dos repre-sentantes do Povo, para aperfeiçoar a Democracia.

SENHOR DEPUTADO, SENHORA DEPUTADA, HONRE SEU MANDA-TO, DIGA NÃO À PEC.

NÃO PERCA ESTA CHANCE!SEUS ELEITORES ESTARÃO LEM-

BRADOS DESTE SEU VOTO NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES.

Uma chamada à consciência

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FORMAÇÃO

Desafios da Vida ReligiosaPadre Rubens Pedro Cabral, omi *

Valiosas contribuições foram efetivadas através de reflexões pertinentes, sobre o particular

momento em que nos inserimos, nesse Ano da Vida Consagrada. Vislum-braremos os desafios remanescentes na mesma. O título pode e, deve ser reescrito frequente e sistematicamente, em função do dinamismo existente no conjunto das relações humanas, assim como, nas infinitas tentativas de inculturar ou atualizar a diversidade dos carismas que enriquecem a Igreja.

Referenciais importantes recaem so-bre os documentos, Alegrai-vos, e “Pers-crutai”, visando continuar o gigantesco movimento de apreciação da Vida Religiosa, no ano da Vida Consagrada, que já iniciado, estende-se até fevereiro próximo. Cartas Circulares, em cui-dadoso trabalho da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, expres-sando delicadamente os pensamentos, sentimento e propostas de ação do Papa Francisco, possibilitando ainda apurado exame de consciência, sobre-tudo nos encaminhamentos finais.

Amparado pelas indicações, passe-mos breves olhares, representados em forma de três pequenos movimentos reflexivos, o sofrimento, a liberdade e o uso dos bens, não em ordem de importância, porém como elementos circundantes, que exigem cuidados da parte dos que experimentam a Vida Consagrada em seu ritmo alternante, entre a Cruz e a Ressurreição, sem perder as iluminadoras estradas da esperança.

1. A compreensão do sofrimento pessoal exige a consciência de que, o “jogo” da vida provoca dolorosas marcas. A rima entre viver e sofrer é existencial, em todos os estados e pro-fissões. Não se trata de uma realidade sórdida, desejada ou mesmo provoca-da, mas, em quaisquer circunstancias às quais estejam submetidos seres humanos, haverá sempre algum grau de sofrimento inerente.

A Vida Consagrada sofre da perni-ciosa ideia de que deveria representar o céu na terra. Que os membros das comunidades poderiam ser transpa-rentes, fiéis, íntegros, autônomos e finalmente fraternos, representando uma espécie de refúgio seguro aos

inúmeros males do existir. Diante das relações truncadas e frustradoras reais, ocorre um acúmulo de “lixo afetivo” popularmente chamado de rancores, distanciando, oprimindo, isolando e não raras vezes, desligan-do irmãos, promovendo desleixada indiferença.

Quem efetivamente buscou em seu estado, a construção da própria histó-ria, recusando-se a viver parasitaria-mente, sofreu e carregará para sempre consigo as marcas desse sofrimento e luta, não representando, prêmio ou castigo, mas sinais de que existir não representa um passeio fortuito, re-querendo sempre feroz compromisso cotidiano com a mesma.

2. Jamais conheceremos alguém que haja vivenciado tudo o que de-sejaria, porque um ser assim seria monstruoso. O uso da liberdade humana é tão dramático quando caminhar sobre fios de navalha, seu exercício requer um mínimo de maturidade e sentido de finitude. A confusão estabelecida entre a ideia de liberdade e o uso da autoridade, alimenta em sociedades construídas por relações de submissão, a ingênua proposta que haverá felicidade, quan-do em posição privilegiada.

No universo civil, a impunidade rei-nante corrobora essa tola proposição, ao olhar o abuso das figuras públicas condenadas e livres para escárnio da população. Na hierárquica e milenar instituição, na qual a Vida Religiosa se insere para a realização das propostas do Reino, nos discursos e testemu-nhos do Papa, a premissa acima foi desqualificada. Ninguém obedece mais que superiores, vinculados ao peso das estruturas antecedentes.

Acontece um dilaceramento de re- lações no tecido da Vida Religiosa onde a predominância das vontades e delírios, reclamam ser compreendi-dos, como proposições condicionan-tes ou reveladoras das diversidades, quando não raras vezes expressam egoísmo intransigente e infantil. Cer-tamente, valem recordar, incontáveis consagrados (as) que a todos precede-ram inclusive fundadores, gostariam; desejariam; tomariam o poder..., no individual, porém capacitaram-se para compor um coletivo.

3. Administrar conscientemente bens que não possui é tarefa vincu-lada ao compromisso assumido com a pobreza. A Vida Consagrada prota-goniza o que todos os seres humanos ao passarem por esse planeta deve-riam fazer: cuidar com propriedade do que jamais lhe pertencerá. Todos os religiosos desde sempre foram convidados a não amarem as coisas, desapegando-se de tudo. A avareza ou a vida perdulária resultam da única e mesma fonte: a ausência da gratidão.

O patrimônio existente e previa-mente disponível na congregação, instituto, ordem, paróquia, comu-nidade ou instituição representa o trabalho generoso de alguém, a partilha fraterna de muitos, bem como o carinho dos ascendentes que preocupados com os futuros irmãos, cuidaram bem do que lhes fora colo-cado à disposição.

Gratidão ao trabalho efetivado, re- vela-se como o maior resultado da pobreza, e então, cuidar para os demais, aparar arestas para quem virá em palavras conhecidas “aplai-nar os caminhos” aos descendentes permitindo-lhes mobilidade para a realização do projeto presente no Carisma. O contrário disso é o com-portamento predatório, de salvar a própria pele e quando não raro, de cuidar apenas daqueles ou daquilo que se gosta, abusando do dinheiro produzido pelos esforços de outrem.

Finalmente, “mitos” de felicidade e bem estar, vinculados à ideia de prazer perene, liberdade absoluta e satisfação no acumulo, ou inadequado uso dos bens, expostos como desafios nessa reflexão podem receber através de palavras proféticas retiradas dos do-cumentos citados, saudáveis antídotos.

Importa,pela importância do tema, valorizar todos (as) aqueles (as) que entregam suas vidas de maneira ho-nesta e generosa, contribuindo para o bem e a realização do imenso e reden-tor Projeto do Pai, que o Senhor Jesus no Espírito Santo faz acontecer entre homens e mulheres de boa vontade, construtores da única história que permanece.

* Padre Rubens Pedro Cabral, oblato de Maria Imaculada, é Coordenador da CRB - Regional São Paulo.

8 Informativo Regional Sul 1

0800 70 100 81 ou em uma Paulinas Livraria

Nos últimos 100 anos, as religiões dialogaram,as culturas reconheceram-se,

A HUMANIDADE CRIOU ASASo cristianismo tornou-se ecumênico,a diversidade abraçou as diferenças,a escola assumiu a interatividade,

Na edição 79, Agosto/Setembro de 2015,você vai conhecer a Diálogo - Religião e CultuRa

e continuar vendo o mundo lá do alto.

o Ensino Religioso ampliou a educação, e a

Diálogo - Revista De ensino Religioso,em 20 anos de existência,

incluiu você nesse voo.

Informativo CNBB Regional Sul 1Publicação mensal

Agosto de 2015

Rua Conselheiro Ramalho, 726, Bela Vista

CEP 01325-000

São Paulo (SP) – Tel.: (11) 3253-6788

E-mail: [email protected]

Site: www.cnbbsul1.org.br

Diretor: Padre Nelson Rosselli Filho

Jornalista responsável: Renato Papis Lopes, MTb 61012/SP

Fontes e colaboradores: Padre Marcos Vinícios Clementino, Ana Lúcia Zombardi, site da CNBB, jornal Presença Diocesana, Luciano Caparroz Santos, Padre Rubens Pedro Cabral.

Edição e diagramação:

Revista Família CRistã E-mail: [email protected] Site: www.familiacrista.org.br Impresso na Gráfica A.N. Gráfica Ltda.

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Espaço do leitorParabéns à nova presidência do Regional Sul 1 da CNBB. Aproveito também para parabenizar a equipe do Informativo pela simpática apresentação!

Maria Alba Vega Garcia, Belo Horizonte (MG)