agostinho da silva 1

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    Cidadania e Educao:sonho e realidades.Agostinho da Silva, um percursor exemplar, em Portugal e no

    Brasil, de uma efectiva educao para a cidadania

    Helena Maria Briosa e Mota

    1. Agostinho da Silva, breves notas biogrficas

    S teremos realmente vividoquando por ns tiver brilhado centelha numa alma,

    ressoado a palavra de nosso pensamentoou se afirmado o desejo de que haja mais brandas sombras nos desertos do mundo;

    brilhado, ressoado e se afirmado pelo fazer e no fazer.Agostinho da Silva,1965/2000, p. 281-282

    Muitas sero as personalidades que, em Portugal, se notabilizaram ao nvel do

    combate pela defesa da justia e de um efectivo humanismo entre os homens. Olhando

    para o nosso passado mais ou menos recente, poderia mencionar vrios exemplos.

    Centrarei, contudo, esta reflexo na conduta modelar de algum que, nascido em finais

    da monarquia (1906, 13 de Fevereiro), viveu a implantao da Repblica e o Estado

    Novo em Portugal, sonhou a liberdade e sofreu a ditadura no Brasil, promoveu e

    trabalhou para a independncia das colnias portuguesas (PVDE-PIDE/DGS SR 1161,

    98), conceptualizou e disseminou o sonho de uma Confederao dos Povos de Lngua

    Portuguesa (PIDE-PIDE/DGS, [371] 79), acompanhou, testemunhou e paulatinamente

    influenciou os alvores da democracia Portuguesa1 e que, acima de tudo, sonhou e

    projectou o futuro de um mundo melhor. Falo de Agostinho da Silva, GEORGE

    AGOSTINHO BAPTISTA DA SILVA, de seu nome completo.

    1

    Desde 1969, data do seu regresso do Brasil, em plena Primavera Marcelista, at Revoluo dosCravos, em 25 de Abril de 1974, tal como comprovo em estudo de outra envergadura, que se encontraem curso.

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    Latinista e fillogo de formao, desde sempre foi em si explcito o trao de

    educador e de ensasta. Sofreu com a perseguio da polcia poltica do Estado Novo em

    Portugal, simplesmente porque se lhe auto-imps, como imperativo tico, elevar

    culturalmente ao seu nvel, ao nvel de qualquer cidado reflexivo e letrado, o seu irmo

    em humanidade2. Ao escrever, em 1943, o folheto intitulado Doutrina Crist(Silva,

    1943/1999) o motivo de que a polcia poltica esperava para o levar priso est

    Agostinho da Silva a apresentar os fundamentos da proposta que repetir ao longo de

    toda a vida, bem como a sublinhar as linhas mestras e os alicerces daquele mundo que

    deseja venha a ser constitudo no futuro, o Mundo Novo radicado no princpio da

    liberdade em que (p. 82),

    ...para que possa compreender Deus, para que possa, melhorando-se,melhorar tambm os outros, o homem precisa de ser livre; as liberdadesessenciais so trs: liberdade de cultura, liberdade de organizao social,liberdade econmica. Pela liberdade de cultura, o homem poder desenvolverao mximo o seu esprito crtico e criador; ningum lhe fechar nenhumdomnio, ningum impedir que transmita aos outros o que tiver aprendido ou

    pensado. Pela liberdade de organizao social, o homem intervm no arranjo

    da sua vida em sociedade, administrando e guiando, em sistemas cada vezmais perfeitos, medida que a sua cultura se for alargando; para o bomgovernante, cada cidado no uma cabea de rebanho; como que o alunode uma escola de humanidade: tem de se educar para o melhor dos regimes,atravs dos regimes possveis. Pela liberdade econmica, o homem assegura onecessrio para que o seu esprito se liberte de preocupaes materiais e possadedicar-se ao que existe de mais belo e de mais amplo; nenhum homem deveser explorado por outro homem; ningum deve, pela posse dos meios de

    produo e de transporte, que permitem explorar, pr em perigo a sualiberdade de Esprito ou a liberdade de Esprito dos outros. No Reino Divino,na organizao humana mais perfeita, no haver nenhuma restrio decultura, nenhuma coaco de governo, nenhuma propriedade. A tudo isto se

    poder chegar gradualmente pelo esforo fraterno de todos.

    Igualmente consciente de que, para se aceder liberdade, ser fundamental que

    cada um se cumpra segundo o sonho, escolheu Agostinho da Silva como armas de

    combate para esta luta em prol da equidade, a divulgao cultural e a conferncia, a

    biografia e a fico, a poesia e a traduo, a reflexo e o ensaio potico e filosfico.

    2 Ningum reprovar o seu irmo por ser o que ele ; mas com pacincia e persistncia, com intelignciae com amor, procurar lev-lo ao nvel mais alto.(Silva, 1943/1999, p. 82).

    2

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    Depois da perseguio poltica de que foi alvo pela PVDE, Polcia de Vigilncia

    e Defesa do Estado portuguesa3, que no compreendia nem aceitava o cariz

    revolucionrio do seu trabalho porque, de facto, Agostinho pretendia (e conseguiu)

    agitar, transformar profundamente (mentalidade, ideologia, campo de cultura, do

    conhecimento, etc.), causar sensvel mudana; inovar4 no seu pas, bem como nos

    pases por onde passou, ao longo do seu priplo pelo mundo5 , impedido que foi de

    leccionar, de viver e de se relacionar em liberdade no seu pas natal, Agostinho da Silva

    auto-exilou-se no Brasil onde, tambm igualmente de forma ousada e inovadora, como

    assessor de Poltica Cultural Externa do Presidente Jnio Quadros (1961) influenciou a

    poltica externa do Brasil em relao frica. Durante os 25 anos que por l

    permaneceu, foi fiel ao princpio traado nos seus verdes anos de servir a cultura e o seu

    semelhante: fundou (ou ajudou a fundar) Universidades6 e Centros de Estudos e de

    Investigao7 ou Centros de divulgao da lngua e da cultura portuguesas8,

    3 Antecessora da PIDE, Polcia Internacional de Defesa do Estado, que viria a evoluir para DGS, DirecoGeral de Segurana, no consulado de Marcelo Caetano. Ser designada, ao longo do presente trabalho,pela sigla PIDE.4 Cf. definio para o vocbulo revolucionar (Houaiss, 2003).5 1906 a Maio de 1944: Portugal. Maio de 1944: partida para o Brasil; 1945: Argentina e Uruguai; de1947 a 1969: Brasil e incurses pela frica e Estados Unidos da Amrica; 1963 e 1968: Japo, Macau eTimor; 1967 e 1968: Moambique; a partir de 1969: Portugal, Espanha, frica.6 Universidade Federal da Paraba (1951/52); Universidade de Santa Catarina (1955); Universidade deGois e Universidade de Braslia (1961); (Silva, 1988, 1.ed. p. 23-24).7Sociedade de Cincias Naturais da Paraba (1953);Departamento de pesquisas histricas do Itamarati(1954); Sociedade de Cultura Francesa, Sociedade de Cultura Alem, Instituto de Cultura Norte-

    Americana, Casa de Cultura, todos em Santa Catarina (1957); Centro de Pesquisa Oceanogrfica deSanta Catarina (1958); Ncleo de Pesquisas Casa Reitor Edgard Santos na regio do RecncavoBaiano (1966); Centro Internacional de Estudos Superiores de Rivera e Livramento (1966); EstudosGerais Livres (1969), com o Professor Manuel Viegas Guerreiro, em Lisboa; Centro de Estudos daAmrica Latina do Instituto de Relaes Internacionais da Universidade Tcnica de Lisboa; Gabinete deApoio do Instituto de Cultura e Lngua Portuguesa do Ministrio da Educao (1983).8Centro de Estudos Filolgicos da Universidade de Lisboa (1931), actualmente Centro de Lingusticada Universidade Clssica de Lisboa; Centro de Estudos Filolgicos (Univ.de Santa Catarina) 1955; Ncleo de Estudos Portugueses (Univ.de Santa Catarina) 1955; Centro de Estudos Afro-Orientais daUniversidade da Bahia (1959); Centro de Estudos Brasileiros do Lobito, Angola (1960); Centro de Estudos Brasileiros em Loureno Marques, Moambique (1960); Centro de Estudos Brasileiros emTquio, Japo (1960); Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Gois (1961); Centro deEstudos Latino-Americanos da Universidade do Rio Grande do Sul (1961); Centro Brasileiro de Estudos

    Portugueses da Universidade de Braslia (1962); Comisso de Estudos Ibricos da Universidade de MatoGrosso; Centro de Estudos Portugueses da Universidade do Paran; Centro de Estudos Brasileiros daUniversidade de Sophia, Tquio, Japo (1963); Centro de Estudos Brasileiros em Adis-Abeba (1966)

    3

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    preconizando e propalando sempre a ideia da necessidade de se vir a proceder a uma

    renovao mundial assente em princpios e valores de amor, de exigncia, de obedincia

    e de servio (Silva, 1965/2000), da qual viria a emergir uma comunidade (a comunidade

    luso-afro-brasileira9) que, irmanada pela lngua, pela cultura e pelos mesmos valores de

    humanidade, depois de operada a fuso de culturas e de religies, a nvel mundial,

    depois de restaurada nos homens a capacidade de criar e de sonhar, possibilitaria a

    emergncia de uma civilizao finalmente virada para os valores do esprito, conducente

    a uma era de plenitude final10, uma era de desejvel convergncia entre o humano e o

    divino que existe em cada ser. Acima de tudo, Agostinho foi um desafiador de pessoas

    para uma liberdade e ousadias plenamente vividas(Agostinho, 2000, p. 300).

    Foi Agostinho da Silva um homem de to grande pluridimensionalidade que o

    vimos desenvolver aprofundados estudos pelas reas da entomologia (Silva e Oliveira,

    1952; Oliveira e Silva, 1954), das matemticas e de outras cincias exactas e naturais11,

    incursionar pela pintura, cermica, azulejaria e relojoaria (Agostinho, s/d), bem como a

    estudar lnguas e filosofias, teologia e metafsica, reflectindo e escrevendo at ao

    momento da sua morte (Silva, Obras, 1999-2003).

    Durante todo o seu percurso de vida, Agostinho da Silva foi algum para quem

    foram fundamentais os primados da tolerncia perante o igual ou o diferente, o

    concordante ou o divergente, bem como a aprendizagem, a prtica e a difuso da ideia

    de desejvel cooperao activa entre homens e povos, com subordinao dos interesses

    entre outras iniciativas (Silva, 1988, 1.ed. p. 23-24 e pesquisa biogrfica empreendida pela autora dopresente estudo).9 Uma das caractersticas marcantes de Agostinho, a sua capacidade de vislumbrar o futuro, aqui bemrepresentada: efectivamente, sabe-se ter sido fundamental o seu magistrio de influncia junto do (entoem Portugal) Embaixador do Brasil Jos Aparecido de Oliveira, um dos fundadores da que viria a serdenominada de CPLP, a Confederao dos Pases de Lngua Portuguesa, constituda em Lisboa em 17 deJunho de 1996.10 AIdade de Ouro (Silva, 2002, p. 317); O Quinto Imprio (Silva, 1960/2000, p. 249-260); ou O Impriodo Esprito Santo (Silva, 1967/2000, p.321-335).11

    Agostinho da Silva integrou a Comisso nomeada pelo Ministrio da Educao e Cultura Brasileiro que procedeu ao levantamento, inventrio e fixao dos cdices que deram origem divulgao econhecimento do pblico em geral da obra magistral de Alexandre Rodrigues Ferreira (Ferreira, 1971).

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    pessoais aos interesses gerais. No Brasil, tal como acontecera em Portugal, acabou

    Agostinho da Silva por vir a ser tambm perseguido durante a ditadura que se instalou

    com o regime militar em 1964.

    Em 1969 regressa a Portugal, onde vem a terminar os seus dias (no domingo de

    Pscoa de 1994, a 3 de Abril) ansiando sempre que cada um e Todos os Homens fossem

    e pudessem ser sempre respeitados na integralidade do seu ser12, sem peias ou fronteiras

    de qualquer gnero ou forma13.

    2. O papel e a aco propagadora de Agostinho da Silva,percursor de uma efectiva educao para a cidadaniano Portugal do Estado Novo

    Os homens de aco so oleiros de Deus;e no te esqueas que at pensar agir

    Agostinho da Silva, 1981(?)/1999

    No obstante o seu pensamento se tenha desenvolvido e tenha ficado explanado

    em mais de duas centenas e meia de obras, muitas das quais de rara e diminuta

    divulgao devido ao facto de terem sido editadas como edio do autor, actualmente j

    nos podemos adentrar no seu pensamento graas recente edio das Obras (1999-

    2003) de Agostinho da Silva14. Este plano de edio no esgota, contudo, o que se

    12 No obstante no proceda, no presente trabalho, a um estudo analgico entre Comnio (elevado pelaONU e pela UNESCO ao estatuto de educador da humanidade) e Agostinho da Silva, cumpre aqui

    ressaltar que, tal como para Comnio, tambm para Agostinho da Silva, O Homem a mais alta, a maisabsoluta e a mais excelente das criaturas (Comnio, 1996, 81).13 Creio, primeiro, que o mundo em nada nos melhora, que nascemos estrelas de mpar brilho (...). Penso,portanto, que a natureza bela na medida em que reflecte a nossa beleza, que o amor que temos pelosoutros o amor que temos pelo que neles de ns se reflecte, como o dio que lhes sintamos o desagradopelas nossas prprias deficincias (...). E penso (...) que todo o homem diferente de mim, e nico noUniverso; que no sou eu, por conseguinte, que tem de reflectir por ele, no sou eu quem sabe o que melhor para ele, no sou eu quem tem de lhe traar o caminho; com ele s tenho o direito, que ao mesmotempo um dever: o de o ajudar a ser ele prprio; como o dever essencial que tenho comigo o de ser o quesou (...). Silva, 1989/2000, p. 90-91.14 As Obras de Agostinho da Silva, com coordenao geral de Paulo Alexandre Esteves Borges para todoo plano de edio e de Helena Maria Briosa e Mota (Seleco, Introduo, Notas e Pesquisa de Esplio)para os volumes Textos Pedaggicos eBiografias, est organizada da seguinte forma: Textos Filosficos I

    e II; Textos Pedaggicos I e II; Textos sobre Cultura Clssica; Estudos sobre Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira I e II; Estudos e Obras Literrias; Biografias I, II e III; Textos Vrios.Dispersos. Lisboa: ncora Editora, 1999-2003 e Lisboa: Crculo de Leitores, 2000-2003.

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    conhece da obra agostiniana, dado estarem ainda em fase de programao de edio

    todos os seus escritos poticos, os de divulgao cultural (os Cadernos de Divulgao

    Cultural Volta do Mundo, Textos para a Mocidade e a Juventude, Iniciao,

    Cadernos de Informao Cultural e Antologia, Introduo aos Grandes Autores),

    as tradues15, a sua incontvel participao na imprensa, bem como em fruns de

    discusso e reflexo, sem esquecer um considervel nmero de inditos j coligidos e

    transcritos.

    Acima de tudo, ao reflectir sobre o magistrio empreendido por Agostinho da

    Silva em Portugal at data do seu auto-imposto exlio na Amrica Latina, tentarei

    fazer ressaltar a tese de como Agostinho preconizou e implementou uma efectiva

    Educao em e para a Cidadania tanto em Portugal como nas Amricas, formando e

    influenciando geraes que hoje tm, nas suas mos, a oportunidade, o contexto e a

    responsabilidade de fazer implementar as ideias por ele congeminadas, de abrir, alargar,

    recriar e reinventar as vias por si desbravadas.

    2.1 Os Cadernos de Divulgao Cultural: Volta do Mundo, Iniciaoe Antologia dos Grandes Autores

    Numa era de total anomia e de ausncia de valores em que o poder poltico

    institudo desejavam, como norma, que o povo fosse obediente, submisso e rude, e que

    fosse mantido num conformismo aptico em que se promoveu a destruio sistemtica

    de todos os focos pedaggicos renovadores16, e em que metodicamente se promoveram

    os valores negativos como o juzo, a conteno, a humildade e a falsa modstia, o

    pudor, o temor e a obedincia cega, Agostinho da Silva destaca-se, a partir do ano de

    15 Para alm do grego e do latim, tradues do espanhol, francs, ingls, italiano, alemo, russo,dinamarqus, japons, rabe.16

    Entre muitos outros, nomearemos os exemplos de Ricardo Rosa e Alberty e Irene Lisboa (cf. Nota 16 daIntroduo a Textos Pedaggicos I das Obras de Agostinho da Silva. p. 17) ou de Bento de JesusCaraa e Antnio Srgio. Sobre o assunto, ver Patrcio, 1984 e Carvalho, 1986.

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    1938, pela sua aco verdadeiramente revolucionria no mbito da divulgao cultural e

    do despertar de conscincias.

    Atravs dos Cadernos, vendidos a preo muito acessvel a todas as bolsas,

    inicia Agostinho da Silva uma aco pedaggica de divulgao cultural: inicialmente,

    surgem as obras destinadas aos jovens, os Cadernos Volta do Mundo17 (1938-1943);

    quase que em simultneo, edita-os para a grande maioria da populao, com sede de

    saber e sem grande acesso cultura, para quem escreve os Cadernos Iniciao,

    Cadernos de Divulgao Cultural (1940-1947), os Cadernos Antologia de Grandes

    Autores (1941-1947) e asBiografias (1938-1946)18.

    Com este seu trabalho inaugural, em Portugal, de uma efectiva democratizao

    educacional com a inerente defesa dos direitos dos seus concidados no acesso ao saber

    e cultura, inicia Agostinho da Silva para alm do magistrio directo a jovens e

    crianas19 um indescritvel processo de divulgao cultural levado a cabo atravs da

    carta, da palestra e da conferncia20, uma campanha em prol da dignificao da Pessoa e

    de efectivo respeito pela sua liberdade de acesso informao, conducente construo,

    17 Os caderninhos Volta do Mundo ... oferecem mente juvenil quadros daquelas vrias coisas que ainteressam e excitam: vidas de povos e animais, notcias de descobertas, de exploraes, de viagens,biografias de grandes homens, etc. (Lisboa, 1944, p. 197-212). Estas edies, inauguradas numa poca emque Agostinho j se encontrava irradiado tanto do ensino oficial como do particular, contou com o apoiomaterial de seu Amigo e admirador Fernando Rau que as subsidiava. Nesta altura (1938), no quadro dasactividades programadas e desenvolvidas no quadro do Ncleo Pedaggico Antero de Quental,Agostinho desenvolve palestras radiofnicas para jovens. Eis alguns dos ttulos:Nanda Devi; Gandhi;Avespa;A raposa; Marte.18

    Agostinho da Silva,Biografias I, IIeBiografias III. Lisboa, ncora Editora e Crculo de Leitores, 2003.19 Ano lectivo de 1929/30- Liceu Central de Gil Vicente, Lisboa; 1930/31- Escola Normal Superior deLisboa; 1933/34- Liceu de Jos Estvo, Aveiro; 1936 a 1944 aulas particulares (Latim, Filosofia,Histria, ...) de preparao de alunos ao exame de admisso Faculdade (Mrio Soares; LagoaHenriques; Jorge de Melo; Borges Coutinho; Futcher Pereira; irmos Lima de Faria; Manuel Vinhas;...);1938- Escola Experimental de Carnide; 1936/37- Colgio Infante de Sagres; 1939- trabalhos naBiblioteca Infantil da Escola/Sociedade Voz do Operrio; 1940/41- Escola Nova de Carnide.20 No falarei, neste contexto, da sua aco epistolar ou da desenvolvida como conferencista e palestrante,no quadro da divulgao cultural que empreendeu. Deixo apenas a nota de que, de acordo com osrelatrios dos agentes da PIDE que o vigiam, tanto em Portugal como no Brasil, entre os anos de 1939 e1972, manifesto o espanto no apenas pelo facto de os seus correspondentes serem aos milhares, bemcomo pela manifesta resistncia fsica e capacidade de motivao de Agostinho que, numa actividadenon-stop percorre o pas, de norte a sul, neste tipo de aces, congregando aglomerados de interessados

    (camponeses, operrios, mineiros, pessoas da mais baixa condio social ao lado de professoresuniversitrios, advogados e mdicos de renome) que o acolhem e que seguem, galvanizados, as suaspalestras (PVDE-PIDE/DGS, [335] 155-159).

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    promoo e ao aperfeioamento da pessoa integral, num processo que o Autor

    explicitamente deseja se venha a operar, nacional e internacionalmente, a nvel pessoal,

    individual, colectivo, social.

    Claramente, a partir da dcada de 30 do sculo XX, est j Agostinho da Silva

    no s a preconizar como tambm a implementar os princpios que, s dois anos mais

    tarde, em 1948, viro a constar explicitamente daDeclarao Universal dos Direitos do

    Homem21 e que, s a partir de 1986, depois da queda do Estado Novo, viro a constar da

    Lei de Bases do Sistema Educativo portugus22, referentes capacidade de julgar com

    esprito crtico e criativo o meio social em que [os cidados] se integram e de se

    empenharem na sua transformao progressiva(art. 2.5), bem como de se

    organizarem de forma a (art. 3) contribuir para a defesa da identidade nacional e para

    o reforo da fidelidade matriz histrica de Portugal.

    explicitamente assumido por Agostinho da Silva que a promoo da cultura

    fundamental para o processo de humanizao da Pessoa e, atravs ela, de toda a

    Humanidade23. Na linha da pampaedia e da pansofia24 comeniana, o seu objectivo

    igualmente permeado pelo princpio da universalidade, segundo o qual deseja

    Agostinho, de igual forma, que todas as pessoas (omnes), sem qualquer tipo de distino

    a nvel de gnero, de raa, de religio ou outra(s) possam ser educadas em todas as

    coisas (omnia), totalmente e de todas as maneiras (omnino), em qualquer poca,

    situao ou contexto (semper) (Comnio, 1996, 155).

    Desta forma, a cultura deixar de ser o simples saber e a cega obedincia

    intelectual, mas o esprito crtico, a tolerncia, a coragem ante as pequenas e as grandes

    21 Art. 26. 1.: Toda a pessoa tem direito educao.(...) 2. A educao deve visar o plenodesenvolvimento da personalidade humana e o reforo dos direitos do homem e das liberdadesfundamentais e deve favorecer a compreenso, a tolerncia e a amizade...22 Lei de Bases do Sistema Educativo, Lei n 46/86 de 14 de Outubro, doravante designada de LBSE.23 (...) praticamos o mais elevado dos cultos a Deus quando propagamos a cultura, o que significa o

    derrubamento de todas as barreiras que se opem ao Esprito. Silva, 1943/1999,p. 82.24Pampaedia aqui tomada como sinnimo de educao universal, enquanto quepansofia, em respeito raiz grega, significa o saber universal (pan = tudo, total; +sophia = sabedoria)

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    dificuldades, a calma inabalvel, o amor da Humanidade, a cooperao de todos para o

    bem de todos, a largueza das solues inteligentes e nobres. (Silva, 1939, p. 4). E isto,

    to simplesmente, porque nascemos para procurar a verdade; possu-la pertena de

    um maior poder. (...) O mundo escola de investigao. No ganha quem corre mais,

    mas quem corre melhor25. Sublinhe-se que estes princpios, apresentados por

    Agostinho da Silva em 1939 (e, antes dessa data, inaugurados em 1933), aparecem

    claramente listados e enunciados antes de, a nvel mundial, qualquer outra

    personalidade ou entidade o vir a fazer: ... o esprito crtico, a tolerncia, a coragem

    ante as pequenas e as grandes dificuldades, a calma inabalvel, o amor da Humanidade,

    a cooperao de todos para o bem de todos, a largueza das solues inteligentes e

    nobres.

    Subsumidos, aparecem precocemente para Portugal os princpios da valorizao

    da cultura da Paz e da transmisso de valores como a solidariedade, a tolerncia, a

    compreenso intercultural e religiosa, a autonomia e a liberdade. Agostinho estava

    ciente e consciente de que as pedras basilares para o livre exerccio da liberdade e da

    cidadania teriam de ser amalgamadas pelo cimento da formao integral da pessoa

    humana e que qualquer Estado que verdadeiramente desejasse ser livre e democrtico

    teria de conjugar a modernidade com a procura incessante da justia social.

    Estes princpios esto patentes na integralidade dos 13 volumes editados na

    coleco dos Cadernos Volta do Mundo, Coleco de Textos para a Mocidade e

    Coleco de Textos para a Juventude, nos 51 volumes dos Cadernos Antologia,

    Introduo aos Grandes Autores, nos 63 Cadernos da srie Iniciao, Cadernos de

    Informao Cultural, em que, diz o Autor, o meu principal objectivo foi esse a viso

    geral dos problemas que interessam a todos (Lisboa, 1944, p.197-212) bem como nos

    25 Cf. nota 2 (Montaigne, 1933, p. 99; Mota e Carvalho, 1996, p.19-20).

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    tarefa de dar a conhecer as Biografias de todos aqueles que marcaram a vida colectiva

    pela aco, pelo realizar criativo, e que desta forma serviram de modelo e exemplo s

    geraes futuras28. s geraes futuras e s suas contemporneas que, no Portugal da

    poca, tal como no de hoje, necessitavam de referncias a nvel de exemplos de

    genialidade, de tolerncia, de solidariedade, de humildade, de responsabilidade, de

    respeito pela diversidade.

    Tal como actualmente se preconiza (Rocha, 1996; Marques, 1997 e 1998;

    Patrcio, 1997; Fernandes, 1997), era claro para Agostinho que o relato das vidas

    exemplares dos grandes homens seria um auxiliar fundamental nesta demanda.

    NaIntroduo reedio dasBiografias de Agostinho da Silva (Briosa e Mota,

    2000), tentei colocar em relevo uma caracterstica que, sendo actualmente recomendada

    pelos tericos das questes atidas ao ensino e formao em e para a Educao

    para a Cidadania, foi inaugurada e efectivamente implementada por Agostinho da

    Silva, a partir dos anos 30 do sculo passado: a descrio do carcter e da conduta dos

    biografados. Se a base pedaggica perceptvel, o intuito axiolgico explcito: atravs

    da histria de vida de cada um dos biografados, Agostinho da Silva, ao promover a

    cultura, divulga e induz experincias e atitudes assentes em valores. Igualmente, o

    intuito poltico aparece de forma clara: A literatura moderna [tem de][...]levantar os

    portugueses ao nvel necessrio para que a revoluo cultural e poltica se firmasse e

    pudesse avanar29. claro e imprescindvel, para Agostinho, que se empreenda uma

    revoluo cultural em Portugal. Por forma a que a conscincia de cada um e de todos,

    a nvel do pessoal, do social mas tambm do poltico e do universal se firme e possa

    avanar.

    28S h homem quando se faz o impossvel. Silva, 1945/1999.29 Silva, 1938/2000, p.228.

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    necessrio, pelos modelos que apresenta, que nenhuma dvida reste quanto

    grandeza de carcter, quanto necessidade de enfrentar dificuldades, quanto s

    vicissitudes que h a encarar para alcanar os objectivos que se pretendem. Criando

    condies para que em cada um dos seus leitores possa, finalmente, emergir a

    capacidade de reflectir, de discernir e de, finalmente, agir. Para que todos, em geral, e

    cada um, em particular, se comece, igualmente, a pensar como Pessoa e nele se opere

    uma reflexo consciente sobre os valores espirituais, estticos, morais e cvicos (art.

    3 b) LBSE). Cinquenta anos antes da LBSE o vir a propor e a regulamentar, em

    Portugal, Agostinho da Silva contribuiu, a expensas prprias e a duras penas, para a

    realizao [da Pessoa], atravs do pleno desenvolvimento da personalidade, da

    formao do carcter e da cidadania (art. 3 b) LBSE).

    Igualmente, propicia Agostinho da Silva, atravs da leitura tanto dos seus

    Cadernos como das suas Biografias que, recordamos, correram Portugal de Norte a

    Sul e em breve se espalharam pelas colnias ultramarinas (PIDE, 373/43) um

    questionamento tico que, ento como hoje, continua actual nos tempos que correm. Ao

    reflectir e ao levar a reflectir sobre os principais problemas que assolavam a

    sociedade de ento (e que, como sabemos, continuam insolveis at ao momento

    presente, levando a que os governantes portugueses legislem e regulamentem sobre a

    necessidade de introduo de uma rea de formao social e cvica no sistema

    educativo (art. 431. LBSE)), Agostinho da Silva leva-nos ao encontro das grandes

    questes atidas cidadania, defesa dos direitos do Homem e da Criana, ao respeito

    pelas minorias, s grandes questes referentes conservao da natureza e das espcies

    em perigo, defesa e ao questionamento sobre os atropelas s liberdades e s

    responsabilidades individuais.

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    Antes de qualquer Constituio o vir a configurar, antes mesmo de qualquer

    Decreto o vir a regulamentar, est Agostinho da Silva a propiciar aos atentos seguidores

    das suas publicaes e aos subscritores dos seus Cadernos eBiografias o conhecimento

    dos instrumentos culturais, cientficos e tcnicos, a assegurar as bases morais e ticas

    necessrias sua construo pessoal e profissional futura, a contribuir para a realizao

    pessoal e para a constituio do Ser de cada um dos seus leitores. Em contexto extra-

    escolar est igualmente Agostinho a contribuir e a fundar aquilo para que o que a

    UNESCO vir, dcadas depois, a denominar de uma educao ao longo de toda a

    vida.

    2.3. Agostinho da Silva, O portador da cultura30

    Servo dos servosAgostinho da Silva, 1963/2000, p. 283

    Mais que instituies criei movimentos; sorte das sortesAgostinho da Silva, 1981(?)/1999

    Agostinho da Silva, qual personagem de uma das suas Biografias, encarna os

    valores da ordem do servir (Croce, 1926). De facto, se toda a aco intelectual de

    Agostinho se pauta pela prtica do des-ocultar (Heidegger, 1943/1968; 1940/1968) a

    verdade ao seu semelhante, permitindo que ele aceda, se assim o desejar, ao estdio em

    que a verdade se lhe revela, a sua aco pessoal seguiu, coerentemente, ao longo de toda

    a sua vida, este desgnio: servir e estar ao servio.

    Agostinho, em seus verdes anos, est j servindo a sua comunidade educativa

    quando, em 1924, funda a Associao Acadmica da Faculdade de Letras da

    Universidade do Porto e, de seguida, se disponibiliza a dirigir o jornal estudantil A

    Voz Acadmica, porta-voz dos anseios, dvidas, mgoas e reivindicaes dos seus

    30 A forma como o professor Agostinho da Silva, alis o mestre Agostinho da Silva denominadopor Sebastio Varela, funcionrio da Fundao Universidade de Braslia. Varela, 1992, p.116.

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    dissertar sobre as mais variadas temticas, quantas vezes estranhas34 mas quo

    esclarecedoras35 para os humildes candangos de Braslia.

    Pelo exemplo da sua aco prxica36 e pela profundidade do seu pensamento

    notabilizou-se Agostinho, durante toda a sua vida, como algum que se situou sempre

    do outro lado da corrente vigente: quando, exemplarmente, se apresenta frugal,

    franciscana e modestamente, discorrendo sobre os perigos da sociedade de consumo,

    padronizada, uniformizada e desumana, em que o terbens meramente utilitrios ou

    dar, para o exterior, essa imagem... se sobrepe essncia do serhumano, solidrio,

    belo, com capacidade de se espantar, de se admirar, de se emocionar, apaixonar, amar

    ou festejar; quando privilegia o tempo livre, da criao, escravido do tempo dedicado

    ao trabalho que se desenvolve maquinalmente por obrigao ou necessidade, sem prazer

    ou entrega; ao chamar a ateno para o quo imperativo dar-se a primazia a uma

    poltica de paz, por contraponto com a que privilegia a violncia; quando invoca e lana

    as bases para aquela que se poderia denominar de tica da compreenso, em que apela

    tentativa de que se tente compreender e ver o outro lado, antes de se estigmatizar ou

    condenar.

    Vislumbrou j Agostinho, desde o incio do sculo XX, a educao como forma

    privilegiada de, ao transmitir o antigo, abrir as mentes das gentes para a recepo do

    novo. Ao trabalhar, durante toda a sua vida, para a tomada de conscincia da existncia

    de uma cidadania terrestre (Morin, 2002) est Agostinho a lanar as bases para a

    construo de um terceiro milnio fundado na conscincia de que imperativo preservar

    a unidade humana, como forma de salvar a sua diversidade e de que s atravs da

    34 Conferncia sobre o tema D. Sebastio e o Sebastianismo 1965.35 Conferncia sobre o tema Bumba-Meu-Boi e Festas Juninas 1967.36 Agostinho subscreve, na ntegra, a ideia de Montaigne de que a educao se deve processar mais por

    obras do que por palavras quando declara, em nota traduo que faz dos Ensaios, que este um princpio pedaggico actual (to actual no sc. XVI quanto em incio do sc. XX), dado haver aindapases onde se ensinam aindapor palavras o civismo e a moral (Montaigne, 1933, p. 69).

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    educao ser possvel tornar a Terra em um local mais civilizado, porque mais humano

    e mais solidrio.

    3. Sculo XXI. O que poder ser feito?Uma proposta concreta.

    Portugueses...espanhis...ingleses...Poderiam ainda salvar o mundo e apontar-lhe caminhos de futuro...

    Agostinho da Silva, 1965/2000, p. 291

    Assistimos, sistematicamente, nos dias de hoje, a atropelos de toda a espcie, que

    vo dos actos terroristas que assolam o mundo destruio de marcas do patrimnio da

    humanidade; das bombas humanitrias que atentam contra instituies e

    personalidades em misso de defesa dos direitos do Homem violncia que se evola de

    algumas seitas ditas religiosas; da vida sob o signo do medo em algumas das grandes

    cidades do planeta ao temor de doenas infecto-contagiosas que podero, se no forem

    devidamente circunscritas, contaminar populaes inteiras; do desaparecimento

    sistemtico de florestas e de outros nichos ecolgicos aos sistemticos atentados aos

    direitos humanos.

    O Mundo de hoje, nascido que o sc. XXI, obcecado pelo mercado, pelas guerras

    das mais variadas tipologias que se inserem neste quadro, em que os direitos pessoais,

    institucionais e mesmo dos Estados so sistematicamente atropelados ou literalmente

    olvidados.

    A Histria que nos antecede tem vindo a demonstrar, recorrentemente, que no

    existe qualquer revoluo social sem que se operem transformaes a nvel da

    educao. E hoje, mais do que nunca, tal revoluo no se poder operar sem que o seja

    a nvel integral: entrados que estamos no terceiro milnio, chegada a altura de

    colocarmos um fim s oposies at aqui existentes entre civilizao e barbrie, entre

    natureza e cultura, entre isolamento e integrao. Estes novos desafios levam-nos, como

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    membros de instituies com responsabilidades na educao e na formao de cidados,

    a repensar as relaes com a(s) sociedade(s), por forma a que, no nosso quadro de

    autonomia e de liberdade, possamos gizar estratgias comuns e articuladas de

    reinveno de um outro mundo mais clarividente e emancipado, mais democrtico, mais

    solidrio, mais preocupado com o bem comum e no apenas com o bem prprio.

    A grande tarefa que nos apresentada, hoje em dia, a de construir, para o nosso

    futuro, para o futuro da nossa humanidade, uma cultura de Paz, de cooperao, de

    solidariedade e de tolerncia, que recuse liminarmente a agressividade e a violncia.

    Este , talvez, o maior dos desafios que enfrentamos, dado que pressupe enormes e

    profundas transformaes a nvel das relaes humanas. E um desafio tanto maior

    quanto assenta em pressupostos at aqui algo arredados da nossa conscincia activa: os

    pressupostos atidos pluridimensionalidade do ser humano. Sabemos que existem, que

    so um imperativo, mas vamo-nos esquecendo deles, sistemtica e comodamente. ,

    sem dvida, um desafio to ingente, dado que, a nvel global, se apresenta como um

    movimento planetrio que tende a estabelecer os alicerces e as novas bases dos

    pressupostos antropo-ticos de cariz axiolgico que se deseja venham a ser aqueles em

    que dever assentar a sociedade do futuro para o nosso planeta: trabalhar para a

    humanizao da humanidade, alcanar a unidade planetria na diversidade; respeitar no

    outro, ao mesmo tempo, a diferena e a identidade quanto a si mesmo; desenvolver a

    tica da solidariedade; desenvolver a tica da compreenso; ensinar a tica do gnero

    humano (Morin, 2002, 106).

    A reflexo actual assenta no pressuposto de que o cerne da questo da cidadania

    reside no humanismo que queremos introduzir na vida em comum (Henriques, 1996): s

    existe cidadania quando existe equidade. Em sequncia, para que esta condio

    humanista de igualdade se verifique, ser necessrio que os cidados cultivem um

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    princpio de virtude de tal modo que a procura do seu bem pessoal inclua a procura de

    um bem comum. A cidadania assenta em um princpio humanista de justia, segundo o

    qual, a fim de se atingir a igualdade, temos de tratar os Estados, as instituies e as

    pessoas que se apresentam justas e responsveis de modo desigual das que so

    corruptas, irresponsveis ou mesmo inquas.

    Agostinho da Silva, primus inter pares, entendeu, interiorizou e foi capaz de

    nos passar a ideia e o ideal. Mais de sessenta anos depois, falta ainda concretiz-lo.

    Sejamos capazes de estar altura do repto e prossigamos na sua senda! Porque, to

    simplesmente,

    Portugueses de todo o mar, espanhis de toda a terra, ingleses de toda ailha, talvez com franceses...talvez com africanos, com indianos, comamarelos, poderiam ainda salvar o mundo e apontar-lhe caminhos de futuro,que mais esto no desenvolvimento interior...

    A Igreja Ecumnica, ns a poderamos pregar melhor que ningum... ARepblica Universal, ns a poderamos propugnar melhor que ningum,porque soubemos unir...as diversidades do mundo...

    O Tudo para Todos, ns o poderamos organizar melhor que ningum...bastaque acorde na alma de um de ns, para que tambm desperte nas almas

    que se perdem de tristeza e de d. Basta que num se erga; o Povo ele edele. Foras nenhumas se lhe podero opor, se ele prprio no provocar abatalha e se toda a sua coragem se concentrar, no em agredir, mas em seafirmar e em ser pacientemente, mas sem concesses, mas persisten-temente, mas sem dureza, todo na tarefa...

    Agostinho da Silva, 1965/2000, p. 291

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    Edio do Autor: Agostinho da Silva. Grandes Oficinas Grficas Minerva, VilaNova de Famalico. (s/d)41:1 Srie A vida das enguias; Como se faz um tnel; Histria dos combios;

    Aventuras com tubares; O sbio Confcio; Viagem Lua2 Srie Os primeiros avies

    SILVA, Agostinho da. Iniciao, Cadernos de Informao Cultural, Edio do Autor:Agostinho da Silva. Lisboa.

    ------1940.1 Srie A primeira volta ao mundo42; Breve histria do linho43;Edison44; A vida e arte de Goya45; Uma ascenso nos Himalaias46; O pensamento deEpicuro

    37

    La Vivo de la Eskimoj. Traduo em esperanto de M. F. Eldonis Rondelo Zamenhof. Porto: 1941.38Piccard en la startosfero. Traduo em esperanto de J. B. A. Portugala Eldona Rondo. Porto: 1943.39 La kastoroj. Traduo em esperanto de Eduardo Padro. Portugala Eldona Rondo. Porto: 1943.40La lasta vojao de Scott. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo. Porto:1942.41 Esta coleco, que se segue publicada na Seara Nova, no datada. Sabe-se, contudo, que se inicia a partir de Janeiro de 1943, conforme informao dada pelo prprio Autor, que anuncia esta edio noCadernoIniciaodedicado a Alexandre Herculano (1942).42Unua vojao irka la mondo. Traduo em esperanto de J. J. Rodrigues. Portugala Eldona Rondo.Porto: 1947.43Skiza historio pri la lino. Traduo em esperanto de Vergilio Mendes. Portugala Eldona Rondo. Porto:1982.44Vivo de Edison. Traduo em esperanto de Jos de Freitas Martins. Portugala Eldona Rondo. Porto:

    1981.45Vivo kaj arto de Goya. Traduo em esperanto de Vergilio Mendes. Portugala Eldona Rondo. Porto:1947.

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    2 Srie. O planeta Marte; A vida de Lesseps47; Por trs ovos de pinguim48;A arte pr-histrica49; O budismo50;Histria dos Estados Unidos51

    3 Srie. O petrleo52;A vida e a arte de Van Gogh53; O Sahar; A vida de PierreCurie54;As escolas de Winnetka55;Histria da Holanda56

    ------1941. 4 Srie.A vida e a arte de Ticiano57; O gs58;As viagens de Colombo 59; O

    estoicismo60

    ; Mozart; O mundo dos micrbios5 Srie.A vida de Masaryk61; O ferro; Histria do Egipto antigo; A esculturagrega

    ------1942. 5 Srie.As viagens de Stanley62;A Reforma63

    6 Srie. O transformismo; A vida de Florence Nightingale64; O islamismo65; Asabelhas;A vida e a arte de Cellini;Literatura latina7 Srie.A vida de Nansen; O plano Dalton;As cooperativas; O sol; Goethe66; Ocristianismo67

    8 Srie. Beethoven; Literatura Russa; Filosofia pr-socrtica; AlexandreHerculano68;A hulha;A vida e a arte de Courbet.9 Srie.Alimentao humana

    ------1942. 9 Srie. Scrates;A vida e a arte de Rembrandt;Apicultura;Histria do

    46Surgrimpo en Himalajo. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo. Porto:1982.47Vivo de Lesseps. Traduo em esperanto de Jos de Freitas Martins. Portugala Eldona Rondo. Porto:1982.48Pro tri pingvenqj ovoj. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo. Porto:1948.49La prahistoria arto. Traduo em esperanto de Jos de Freitas Martins. Portugala Eldona Rondo. Porto:1947.50La Budhismo. Traduo em esperanto de Jos de Freitas Martins. Portugala Eldona Rondo. Porto: 1947.51

    Historio de Usono. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo. Porto:1947.52La petrolo. Traduo em esperanto de Jos de Freitas Martins. Portugala Eldona Rondo. Porto: 1982.53Vivo kaj arto de Van Gogh. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo.Porto: 1982.54Vivo de Pierre Curie. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo. Porto:1982.55La lernejoj de Winnetka. Traduo em esperanto de Jos de Freitas Martins. Portugala Eldona Rondo.Porto: 1982.56Historio de Nederlando. Traduo em esperanto de Jos de Freitas Martins. Portugala Eldona Rondo.Porto: 1948.57Vivo kaj arto de Ticiano. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo. Porto:1982.58

    La lumgaso. Traduo em esperanto de Jos e Freitas Martins. Portugala Eldona Rondo. Porto: 1982.59La vojao de Kolumbo. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo. Porto:1982.60La stoikismo. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo. Porto: 1982.61Masaryk. Traduo em esperanto de Eduardo Padro. Portugala Eldona Rondo. Porto: 1985.62La vojao j de Stanley. Traduo em esperanto de Eduardo Padro. Portugala Eldona Rondo. Porto:1947.63La Reformacio. Traduo em esperanto de Eduardo Padro. Portugala Eldona Rondo. Porto: 1947.64 Florence Nightingale. Traduo em esperanto de Eduardo Padro. Portugala Eldona Rondo. Porto:1985.65La islamismo. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo. Porto: 1982.66Goetho. Traduo em esperanto de Eduardo Padro. Portugala Eldona Rondo. Porto: 1984.67La Kristianismo kaj Kristana Doktrino. Traduo em esperanto de Eduardo Padro. Portugala Eldona

    Rondo. Porto: 1982.68Vivo de Alexandre Herculano. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo.Porto: 1981.

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    Japo------1943. 9 Srie.As viagens de Livingstone69

    10SrieA vida de Vivekananda; As estrelas; Histria do veleiro; O sistemanervoso;Literatura portuguesa70; Os motores de exploso.

    ------1944.11Srie.William Morris

    ------1946.11 Srie.Plato------1947.11 Srie.Arte egpcia;BachSILVA, Agostinho da. Cadernos Antologia, Introduo aos grandes autores. Lisboa,

    Edio do Autor: Agostinho da Silva. 1941-1947:------1941.1 Srie. Voltaire,Dilogos filosficos; Arriano, Manual de Epicteto; Tolstoi,

    A terra de que precisa um homem; Santa Teresa,Fundao de S. Jos; Damio deGis,Descobrimentos dos Portugueses; Cervantes,D. Quixote e Sancho2 Srie. Ruskin, Vs, os que julgais a terra; Ganivet,A arte espanhola ;Tchekov,Um caso mdico; Buffon,Histria natural; Ferno Lopes,A revoluo de Lisboa;Dostoievsky, O grande inquisidor;3 Srie. Erasmo, Colquios; Lamarck, Filosofia zoolgica; Mrime, Mateo

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    Austeridade do Arcebispo;4 Srie. Harvey,A circulao do sangue; Lichnowsky,Portugal em 1842; Guizot,

    A civilizao feudal; Diogo do Couto,Negcios da ndia; Maupassant, O aderoMateo Alemn, O pai de Guzmn;5 Srie. Condorcet,Progressos do esprito humano; Lermontov, Taman; MarcoAurlio, Pensamentos; Faraday, Experincias de electricidade; Stendhal,Waterloo; Azurara,Emprsas do Infante6 Srie. Fnelon,Dilogos dos mortos

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    ------(s/d). 8 Srie. Joaquin Costa, Iderio espanhol; Swift, No pas dos cavalos;Claude Bernard, Observao e experincia; Larra, Quadros e costumes; More,Utopia; Molire, Tartufo;

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    11 de Setembro de 1939.SILVA, Agostinho da. Doutrina Crist. Textos e Ensaios Filosficos I. Lisboa: ncoraEditora, 1943/1999, p.81-82.

    SILVA, Agostinho da. Sete Cartas a um jovem filsofo. Textos e Ensaios Filosficos I.Lisboa: ncora Editora, 1945/1999, p. 231-269.

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    69La vojaoj de Livingstone. Traduo em esperanto de Eduardo Padro. Portugala Eldona Rondo. Porto:

    1983.70La Portugala literaturo. Traduo em esperanto de Manuel de Freitas. Portugala Eldona Rondo. Porto:1948.

    22

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    Literatura Portuguesa e Brasileira I. Lisboa: ncora Editora,1960/2000, p. 249-

    260.SILVA, Agostinho da. Quinze Princpios Portugueses. Ensaios sobre Cultura e Literatura Portuguesa e Brasileira I. Lisboa: ncora Editora, 1965/2000, p.275-292.

    SILVA, Agostinho da. Algumas Consideraes sobre o Culto Popular do EspritoSanto. Ensaios sobre Cultura e Literatura Portuguesa e Brasileira I. Lisboa:ncora Editora, 1967/2000, p. 321-335.

    SILVA, Agostinho da. Celebrando a Montessori. Bahia, coleco de folhas. Lisboa:edio de autor. 1971.

    SILVA, Agostinho da. Vida Mundial, 24 de Maro de 1974, p. 53SILVA, Agostinho da. Dispersos. Lisboa: Instituto de Cultura e Lngua Portuguesa,

    1988, 1.ed.SILVA, Agostinho da. Obras de Agostinho da Silva. Coordenao geral de Paulo

    Alexandre Esteves Borges para todo o plano de edio e de Helena Maria Briosa eMota (Seleco, Pesquisa de Esplio, Introduo e Notas) para TextosPedaggicos e Biografias: Textos e Ensaios Filosficos I(1999/2001) e II(1999/2002); Textos Pedaggicos I e I I(2000/2002); Textos sobre CulturaClssica (2002); Estudos sobre Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira I(2000/2002) e II; (2001/2002); Estudos e Obras Literrias(2002/2003);

    Biografias I, II e III (2003); Textos Vrios. Dispersos (2003). Lisboa: ncoraEditora, 1999-2003 e Lisboa: Crculo de Leitores, 2000-2003.

    SILVA, Agostinho da, Educao de Portugal, Textos Pedaggicos II. Lisboa: ncoraEditora, [1970]1989/ 2000.

    SILVA, Agostinho da. Vitria para a Quinta Classe. Textos Vrios. Dispersos. Lisboa:ncora Editora, (1970/71 (?))/2003.

    SILVA, Agostinho da. Pensamento solta. Textos e Ensaios Filosficos II. Lisboa:ncora Editora, 1981(?)/1999.

    VARELA, Sebastio. UnB 30 anos de histria, pioneirismo, resistncia, homens e fatos,AAVV, UnB, 30 anos, Editora Universidade de Braslia, Braslia:1992. p. 100-156.

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    RESUMO

    Em contexto de explcita crise de cidadania mundial, de que perpassa uma crise valores,

    numa era de clara e crescente desigualdade entre os homens, de um grande desgaste a nvel da

    coeso social, em que se vivenciam atropelos sistemticos dignidade da Pessoa humana, emque as sociedades parentais, civis e polticas se debatem com a problemtica de no saberem

    como lidar com os crescentes e preocupantes ndices de inquietao, de perturbao, de

    intolerncia e de crescente disrupo e violncia, a questo que surge : como inverter a lgica

    que, assustadoramente, se parece querer instalar nas nossas famlias, nas nossas escolas, nas

    sociedades, no mundo?

    Ser a partir de problemas como este que desenvolveremos a reflexo sobre questes

    atidas implementao de projectos de educao para a cidadania consolidados em um

    articulado plano de educao ao longo de toda a vida, empreendido por George Agostinho

    Baptista da Silva em Portugal (1924-1944; 1969-1994) e no Brasil (1944-1969), no quadro do

    respeito intrnseco e da defesa dos direitos da pessoa humana, da coeso social, da diversidade

    cultural e dos valores democrticos.

    Partindo de notas sobre o percurso de vida e da apresentao de algumas das Obras de

    Agostinho da Silva apresentaremos o projecto de formao de uma humanidade mais

    compreensiva, mais solidria, mais participativa e tambm mais consciente que Agostinho

    desejava e todos desejamos para a sociedade do sc. XXI e para o nosso mundo lusfono.

    Palavras-chave: Agostinho da Silva Portugal Brasil - Pases Lusfonos valores Comnio educao cidadania interdisciplinaridade humanismo educao ao longo detoda a vida

    --------------------------------------------

    Abstract:

    Nowadays we are living an era of explicit crisis of worlds citizenship: theres a crisis onvalues, a clear unevenness among men, a huge lack of social cohesion and systematic abuses to

    peoples dignity. The parental, civic and political societies do not know how to deal with thegrowing and worrying levels of anxiety, commotion, intolerance and growing disruption andviolence. Thus, the rising question is: how can we deal with this issue, that seems to be ready toget installed in our families, in our schools, in our society and all over the world?

    From these questions well reflect on a set of issues dealing with educational projects oncitizenship organized under a concise lifelong educational plan which was undertook by GeorgeAgostinho Baptista da Silva in Portugal (1924-1944; 1969-1994) and in Brazil (1944-1969), inthe frame of the total respect and unconditional defence of the rights of each person, of socialcohesion, of cultural diversity and of respect and the implementation of the democratic values.

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    After presenting some notes on da Silvas biography, as well on some of his Completeworks, well present his project for the formation of a society of greater discernment, of moresolidarity, and greater conscientiousness. A society of values that Agostinho da Silva and we alllong for in our present world, as well as for all of our Portuguese speaking countries.

    Keywords: Agostinho da Silva Portugal Brazil Portuguese speaking countries values Comenius education citizenship interdisciplinarity humanism lifelong education

    --------------------

    HELENA MARIA BRIOSA E MOTA professora do ensino no superior e mestre em

    Educao. Dedica-se investigao da obra pedaggica de Agostinho da Silva, objecto da sua

    tese de doutoramento, em curso. Editou os volumes de Pedagogia integrados nas Obras de

    Agostinho da Silva (Lisboa, ncora Editora e Crculo de Leitores, 1999-2003). Colabora no

    levantamento de esplio de Agostinho da Silva, e responsvel pelo levantamento e estudo do

    seu processo da PIDE/DGS. Autora de Uma introduo ao estudo do pensamento pedaggico

    do Professor Agostinho da Silva, Lisboa: Hugin, 1996.