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AGLEISON RAMOS OMIDO MONITORAMENTO DA DEGRADAÇÃO TÉRMICA DE ÓLEO MINERAL ISOLANTE DE TRANSFORMADOR UTILIZANDO ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO E FLUORESCÊNCIA UV-Vis. Ilha Solteira – SP 2014

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  • AGLEISON RAMOS OMIDO

    MONITORAMENTO DA DEGRADAÇÃO TÉRMICA DE ÓLEO

    MINERAL ISOLANTE DE TRANSFORMADOR UTILIZANDO

    ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO E FLUORESCÊNCIA UV-Vis.

    Ilha Solteira – SP

    2014

  • AGLEISON RAMOS OMIDO

    MONITORAMENTO DA DEGRADAÇÃO TÉRMICA DE ÓLEO

    MINERAL ISOLANTE DE TRANSFORMADOR UTILIZANDO

    ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO E FLUORESCÊNCIA UV-Vis.

    Ilha Solteira – SP

    2014

    Trabalho apresentado ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica da Faculdade de Engenharia - UNESP - Campus de Ilha Solteira para obtenção do título de doutor em Engenharia Elétrica. Área de conhecimento: Automação.

    Orientador: Prof. Dr. Aparecido Augusto de Carvalho

  • À minha esposa Telma Eliane Vieira Omido,

    A Thais, Mariana e Gabriel,

    Ao Clayton e Bill.

    Aos meus pais:

    Reginaldo Omido

    e

    Abigail Mazarelo Ramos Omido

    Dedico.

    Aos meus irmãos:

    Agnaldo, Cleidson e Júnior,

    À minha família,

    Aos meus amigos

    Ofereço.

  • “Se um dia a razão te pedir para desistir e o

    coração te mandar lutar, lute, pois não é a

    razão que bate para você viver.”

    Cello Menezes

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeço a todos que me apoiaram durante o doutorado. Em primeiro lugar a

    DEUS, pois é Dele que tiramos força quando necessitamos.

    À minha esposa Telma Eliane Vieira Omido, que durante todo o tempo esteve ao

    meu lado e ajudou a formar uma linda família me dando três joias raras: Thais, Mariana e

    Gabriel.

    Aos meus pais, Reginaldo Omido e Abigail Mazarelo Ramos Omido, de quem

    herdei valores que o tempo não apaga.

    Ao saudoso professor Mauro Henrique de Paula, orientador durante o mestrado e

    parte desse doutorado. Perdi esse amigo com quem muito aprendi de forma prematura, mas

    que me uniu a um grupo de pessoas tão valorosas quanto ele. Um cientista, um gênio, uma

    dessas pessoas que você encontra poucas vezes na vida.

    Ao meu orientador, professor Aparecido Augusto de Carvalho, por acreditar em

    mim e ser esse porto seguro que encontrei em Ilha Solteira. Mais que um professor, amigo,

    que mesmo com o pouco contato aprendi a respeitar e reconhecer como a pessoa evoluída

    que é e que busca sempre uma palavra de incentivo e um gesto de apoio.

    Ao professor Samuel Leite Oliveira, responsável direto por este título. No momento

    em que tudo parecia perdido, quando o doutorado tornava-se inatingível, sua presença,

    orientação e colaboração reacenderam a chama, tornando o sonho novamente possível. Sua

    visão, disponibilidade, experiência e conhecimento foram fundamentais para o sucesso

    deste trabalho. Agradeço também a sua esposa Luciana, pela convivência, paciência e

    desprendimento ao abrir mão da companhia de seu esposo durante todo o tempo em que

    necessitei de sua ajuda.

    Ao meu irmão Cleidson Ramos Omido, guerreiro, companheiro, e que, com a graça

    de Deus e a ajuda de todos os envolvidos em meu trabalho, também termina esta etapa que

    iniciamos juntos – ele realmente merece. Viagens, estudos, noites em claro, tudo serviu de

    incentivo e fortalecimento da relação. À cunhada Rosa, sua esposa, que também nos

    acompanhou desde o tempo de mestrado. São mais de doze anos de acolhida e partilha.

  • Ao professor Claudio Kitano, que também foi envolvido em nosso trabalho e cujas

    sugestões, palavras de incentivo e auxílio com as equações durante a fase de estudos

    especiais foram fundamentais. Uma mente brilhante com quem tive a honra de conviver.

    Ao amigo doutorando em química Keurison Magalhães, pela ajuda com os

    equipamentos no laboratório, análise inicial dos dados e orientação na condução das

    medidas executadas na UFGD em Dourados - MS.

    Aos professores do Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica da

    Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Campus de Ilha

    Solteira, Carlos Roberto Minussi e Ricardo Tokio Higuti pelo período de convivência

    durante o programa.

    Aos professores Anderson Caires, Herbert e Rozanna da UFGD pela

    disponibilização dos equipamentos para medições realizadas na cidade de Dourados - MS.

    Aos companheiros de laboratório Ricardo Shiraishi, Silvano, Luis Felipe, Juliete,

    Fagner e Thamyres pelo ambiente de trabalho que, mesmo sério, não deixava de apresentar

    momentos descontraídos.

    Ao técnico William Falco do Departamento de Física da UFGD pela atenção e

    companheirismo durante o período em que utilizei os laboratórios desse departamento.

  • RESUMO

    Neste trabalho verificamos o potencial das técnicas de absorção UV-Vis e de

    fluorescência para o monitoramento da degradação do óleo mineral isolante (OMI),

    utilizado em transformadores em função do seu aquecimento. Foram realizadas medições e

    análise de mapas de contorno (excitação – emissão) de amostras de óleo mineral isolante

    novo e regenerado não diluídas e diluídas em hexano após aquecimento sistemático das

    mesmas e retorno à temperatura ambiente. Também foram obtidos espectros de absorção

    das amostras diluídas. As medições citadas foram realizadas para monitorar a degradação

    de amostras não diluídas de óleos minerais isolantes novos e regenerados, de forma a

    verificar a aplicabilidade das técnicas sem um preparo inicial das amostras. Os resultados

    mostraram que os valores de absorção e fluorescência sofrem mudanças sistemáticas a

    partir de cerca de 150°C, temperatura na qual a degradação do óleo se torna mais

    pronunciada. Foram observados comportamentos similares de absorção e fluorescência,

    tanto para o óleo novo quanto para o regenerado, o que indica que esta técnica óptica

    simples pode ser usada para o monitoramento contínuo da qualidade do óleo,

    independentemente da sua fonte. Os possíveis mecanismos responsáveis pelas alterações

    também são discutidos, tal como o efeito da geometria da configuração experimental das

    medições de fluorescência. Os resultados fornecem informações para o desenvolvimento

    de dispositivos portáteis, simples e de custo potencialmente baixo, capazes de verificar a

    qualidade do óleo mineral isolante em laboratórios e ambientes remotos sem a necessidade

    de qualquer preparação prévia da amostra.

    Palavras-chave: Óleo Mineral Isolante, Transformadores Elétricos, Absorção UV-Vis,

    Fluorescência.

  • ABSTRACT

    In this study we verify the potential of the UV-Vis absorption and fluorescence

    techniques to monitor the degradation of the insulating mineral oil (IMO) used in

    transformers depending on their heating. Measurement and analysis of contour maps

    (excitation - emission) were taken from samples of new and regenerated insulating mineral

    oils diluted and undiluted in hexane after systematically heating and bringing them back to

    room temperature. Absorption spectra were also obtained from diluted samples. The

    mentioned measurements were performed to monitor the degradation of new and

    regenerated insulating mineral oil undiluted samples in order to verify the applicability of

    the techniques without prior sample preparation. The results showed that the values of

    absorption and fluorescence underwent systematic changes starting at about 150 °C,

    temperature at which oil degradation becomes more pronounced. Similar absorption and

    fluorescence behaviors for both new and regenerated oils were observed, indicating that

    this simple optical approach may be used for continuous monitoring of oil quality,

    regardless of its source. The possible mechanisms responsible for the changes are also

    discussed, and the effect of the geometry of the experimental setup of the fluorescence

    measurements was investigated as well. The results provide the basis for the development

    of portable, simple and potentially inexpensive devices, able to check the insulating

    mineral oil quality in laboratories and remote environments without the need of any prior

    preparation of the sample.

    Keywords: Insulating Mineral Oil, Power Transformers, UV-Vis Absorption,

    Fluorescence.

  • LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    Figura 1: Comparação das características de transformadores a óleo e a seco. .................. 27

    Figura 2: (a) Carcaça do transformador. (b) O óleo isolante. (c) e (d) Isolamento papel

    Kraft e Presspahn. .................................................................................................... 28

    Figura 3: Esquema de refrigeração do transformador por convecção. ............................... 29

    Figura 4: Classificação dos hidrocarbonetos. .................................................................... 37

    Figura 5: Variação de propriedades físico-químicas de acordo com o grupo de

    hidrocarbonetos. ....................................................................................................... 38

    Figura 6: Transição de estado provocada pela absorção de um quantum de energia

    (fóton). ..................................................................................................................... 50

    Figura 7: Processo de excitação e desexcitação de uma partícula. ..................................... 51

    Figura 8: Ente geométrico para determinação da lei de Lambert-Beer. ............................. 52

    Figura 9: Representação esquemática de níveis de energia de excitação eletrônica. .......... 56

    Figura 10: Exemplos de transição π → π* para ligação dupla isolada, dieno e trieno. ....... 59

    Figura 11: Sistemas massa-mola. ..................................................................................... 60

    Figura 12: Modos de vibração de uma molécula. .............................................................. 63

    Figura 13: Diagrama de blocos de um espectrofotômetro FTIR. ....................................... 64

    Figura 14: Esquema de funcionamento do interferômetro de Michelson. .......................... 65

    Figura 15: Interferograma obtido para uma radiação policromática. ................................. 66

    Figura 16: Esquema de uma célula de Refletância Total Atenuada. .................................. 67

    Figura 17: Átomo absorvendo e emitindo radiação eletromagnética. ................................ 68

    Figura 18: Spin eletrônico dos estados fundamental, singleto e tripleto. ........................... 69

    Figura 19: Diagrama de Jablonski. ................................................................................... 70

    Figura 20: Esquema representativo de emissão e espalhamento de radiação em uma

    amostra. ................................................................................................................... 72

    Figura 21: Exemplo de diagramas gerados a partir de uma matriz de excitação-emissão

    com visão tridimensional (inferior) e mapa de contorno (superior). .......................... 72

  • Figura 22: Mecanismo correspondente ao efeito de filtro interno. (a) efeito de filtro

    interno primário (PIFE) e (b) efeito de filtro interno secundário (SIFE). ................... 75

    Figura 23: Representação das formas de desexcitação de uma partícula. .......................... 76

    Figura 24: Diagrama de blocos de um fluorímetro. ........................................................... 79

    Figura 25: Exemplo de cubeta utilizada nas medições de fluorescência. ........................... 80

    Figura 26: Esquema de funcionamento de uma fotomultiplicadora. .................................. 81

    Figura 27: Diagrama de blocos com o delineamento experimental. .................................. 82

    Figura 28: Diagrama de aquecimento das amostras em função do tempo. ......................... 84

    Figura 29: Amostras de óleo novo e regenerado após o tratamento térmico. ..................... 84

    Figura 30: (a) Forno. (b) Óleo isolante. (c) Armazenamento das amostras. ....................... 85

    Figura 31: Espectrômetro utilizado nas medições de absorção no infravermelho. ............. 85

    Figura 32: Acessório para medições com ATR. ................................................................ 86

    Figura 33: Espectrofotômetro Cary 50 da Varian.............................................................. 87

    Figura 34: (a) Esquema do aparato experimental das medições de absorção. (b) Visão da

    cubeta durante a medição. ........................................................................................ 88

    Figura 35: (a) Espectrofluorímetro. (b) Suporte da cubeta no aparelho. ............................ 89

    Figura 36: (a) Esquema do aparato experimental das medições de fluorescência. (b)

    Vista superior da cubeta durante a medição. ............................................................. 90

    Figura 37: Posições A, B, C e D para excitação e coleta da fluorescência. ........................ 90

    Figura 38: Espectro de absorção no infravermelho para amostras de óleo mineral

    isolante novo sem adição de celulose e água. ............................................................ 93

    Figura 39: Espectro de absorção no infravermelho para amostras de óleo mineral

    isolante regenerado sem adição de celulose e água. .................................................. 94

    Figura 40: Espectro de absorção IR do óleo mineral isolante novo sem adição de

    celulose e água. Os detalhes destacam as bandas associadas ao estiramento C ═ C

    dos aromáticos. As setas mostram o sentido do crescimento da temperatura de

    tratamento. ............................................................................................................... 95

  • Figura 41: Espectro de absorção IR do óleo mineral isolante novo sem adição de

    celulose e água. Os detalhes destacam as bandas associadas ao estiramento C ─ H

    dos compostos alifáticos. As setas indicam o aumento da temperatura de

    tratamento térmico. .................................................................................................. 96

    Figura 42: Espectro de absorção IR do óleo mineral isolante novo sem adição de

    celulose e água: estiramento C ─ O dos alcoóis (~1150 cm-1), estiramento C ═ O

    dos ácidos carboxílicos (~ 1310 cm-1) e estiramento C ═ C do anel aromático de

    fenóis (~1600 cm-1). As setas mostram o sentido do crescimento da temperatura de

    tratamento. ............................................................................................................... 97

    Figura 43: Espectro de absorção IR para o óleo regenerado sem adição de celulose e

    água destacando as diferentes regiões espectrais. As setas mostram o sentido do

    crescimento da temperatura de tratamento. ............................................................... 98

    Figura 44: Índice de acidez das amostras de óleo novo e regenerado em função da

    temperatura de tratamento térmico.......................................................................... 100

    Figura 45: Espectro de absorção do hexano grau HPLC. ................................................ 101

    Figura 46: Espectros de absorção de amostras diluídas de óleo mineral isolante novo:

    sem adição de celulose e água (a), contendo celulose (b) e contendo celulose e

    água (c). As setas mostram o sentido do crescimento da temperatura de

    tratamento. ............................................................................................................. 102

    Figura 47: Espectros de absorção de amostras diluídas de óleo mineral isolante

    regenerado: sem adição de celulose e água (a), contendo celulose (b) e contendo

    celulose e água (c). As setas mostram o sentido do crescimento da temperatura de

    tratamento. ............................................................................................................. 102

    Figura 48: Mapa de contorno de excitação-emissão de amostra não diluída de óleo novo

    sem adição de celulose e água. ............................................................................... 104

    Figura 49: Mapas de contorno de excitação-emissão do óleo mineral isolante novo sem

    adição de celulose e água em função da temperatura............................................... 106

    Figura 50: Mapas de contorno de excitação-emissão do óleo mineral isolante novo

    contendo celulose em função da temperatura. ......................................................... 107

  • Figura 51: Mapas de contorno de excitação-emissão do óleo mineral isolante novo

    contendo celulose e água em função da temperatura. .............................................. 108

    Figura 52: Espectros de emissão dos óleos novo sem adição de celulose e água (N),

    contendo celulose (NC) e contendo celulose e água (NCA), com excitação em 365

    nm em função da temperatura de tratamento térmico. As setas mostram o sentido

    do crescimento da temperatura de tratamento. ........................................................ 109

    Figura 53: Intensidade de fluorescência normalizada com excitação em 365 nm. ........... 110

    Figura 54: Razão das intensidades de fluorescência com excitação em 365 nm. ............. 111

    Figura 55: Espectros de emissão dos óleos novo sem adição de celulose e água (N),

    contendo celulose (NC) e contendo celulose e água (NCA), com excitação em 385

    nm em função da temperatura de tratamento térmico. As setas mostram o sentido

    do crescimento da temperatura de tratamento. ........................................................ 112

    Figura 56: Intensidade de fluorescência normalizada com excitação em 385 nm. ........... 113

    Figura 57: Razão das intensidades de fluorescência normalizadas em 425 nm/415 nm

    com excitação em 385 nm. ..................................................................................... 113

    Figura 58: Mapas de contorno de excitação-emissão para as amostras de óleo mineral

    isolante novo sem adição de celulose e água não degradadas e a 210 ºC para região

    de excitação entre 440 e 500 nm. ............................................................................ 114

    Figura 59: Espectros de emissão dos óleos novo sem adição de celulose e água (N),

    contendo celulose (NC) e contendo celulose e água (NCA), com excitação em 450

    nm em função da temperatura de tratamento térmico. As setas mostram o sentido

    do crescimento da temperatura de tratamento. ........................................................ 115

    Figura 60: Intensidade de fluorescência normalizada com excitação em 450 nm. ........... 115

    Figura 61: Razão das intensidades de fluorescência normalizadas em 456 nm/490 nm

    com excitação em 450 nm. ..................................................................................... 116

    Figura 62: Espectros de fluorescência das amostras de óleos novos sem adição de

    celulose e água (N), contendo celulose (NC) e contendo celulose e água (NCA)

    com comprimento de onda de excitação igual a 380 nm. As setas mostram o

    sentido do crescimento da temperatura de tratamento. ............................................ 117

  • Figura 63: Intensidade de fluorescência do óleo novo em 405 nm (a), 425 nm (b) e razão

    entre essas intensidades (c) com comprimento de onda de excitação igual a 380

    nm. ......................................................................................................................... 118

    Figura 64: Mapa de contorno de excitação-emissão para amostra não diluída de óleo

    regenerado sem adição de celulose e água. ............................................................. 119

    Figura 65: Mapas de contorno de excitação-emissão do óleo mineral isolante regenerado

    sem adição de celulose e água em função da temperatura. ...................................... 121

    Figura 66: Mapas de contorno de excitação-emissão do óleo mineral isolante regenerado

    contendo celulose em função da temperatura. ......................................................... 122

    Figura 67: Mapas de contorno de excitação-emissão do óleo mineral isolante regenerado

    contendo celulose e água em função da temperatura. .............................................. 123

    Figura 68: Espectros de fluorescência do óleo regenerado sem adição de celulose e água

    em função da temperatura de degradação, com excitação em 390 nm e 455nm. As

    setas mostram o sentido do crescimento da temperatura de tratamento. .................. 124

    Figura 69: Intensidade de fluorescência em (a) 415 nm e (b) 450nm em função da

    temperatura de tratamento das amostras de óleo regenerado com excitação em 390

    nm. ......................................................................................................................... 125

    Figura 70: Intensidade de fluorescência em (a) 460 nm e (b) 490 nm em função da

    temperatura de tratamento das amostras de óleo regenerado com excitação em 450

    nm. ......................................................................................................................... 125

    Figura 71: Espectros de fluorescência para amostras de óleos regenerados sem adição de

    celulose e água (R), contendo celulose (RC) e contendo celulose e água (RCA)

    com comprimento de excitação em 380 nm. As setas mostram o sentido do

    crescimento da temperatura de tratamento. ............................................................. 126

    Figura 72: Intensidades de fluorescência normalizadas dos óleos regenerado com

    comprimento de onda de emissão em 456 nm (a) e 468 nm (b) e razão entre essas

    intensidades (c) obtidas com comprimento de excitação igual a 380 nm. ................ 127

    Figura 73: Mapa de contorno de excitação-emissão do hexano grau HPLC. ................... 128

  • Figura 74: Mapa de contorno de excitação-emissão de amostra de óleo novo diluído sem

    adição de celulose e água........................................................................................ 129

    Figura 75: Mapas de contorno de excitação-emissão para amostras de óleo novo sem

    adição de celulose e água diluídas em hexano grau HPLC. ..................................... 130

    Figura 76: Mapas de contorno de excitação-emissão para amostras de óleo novo

    contendo celulose diluídas em hexano grau HPLC. ................................................ 131

    Figura 77: Mapas de contorno de excitação-emissão para amostras de óleo novo

    contendo celulose e água diluídas em hexano grau HPLC. ...................................... 132

    Figura 78: Espectros de fluorescência com comprimento de onda de excitação em 280

    nm para amostras diluídas de óleos novo sem adição de celulose e água (N),

    contendo celulose (NC) e contendo celulose e água (NCA). As setas mostram o

    sentido do crescimento da temperatura de tratamento. ............................................ 133

    Figura 79: Intensidade de fluorescência de amostras diluídas de óleo novo sem adição

    de celulose e água, com comprimento de onda de emissão em 315 nm (a), em 325

    nm (b) e razão entre as intensidades (c), utilizando comprimento de excitação de

    280 nm. .................................................................................................................. 134

    Figura 80: Mapa de contorno de excitação-emissão do óleo regenerado sem adição de

    celulose e água diluído em hexano grau HPLC. ...................................................... 135

    Figura 81: Mapa de contorno de excitação-emissão: das amostras de óleos novo sem

    diluição (a) e diluída (b); das amostras de óleos regenerados sem diluição (c) e

    diluída (d) não submetidas ao tratamento térmico. .................................................. 136

    Figura 82: Mapas de contorno de excitação-emissão para amostras diluídas em hexano

    grau HPLC de óleo regenerado sem adição de celulose e água. ............................... 137

    Figura 83: Mapas de contorno de excitação-emissão para amostras diluídas em hexano

    grau HPLC de óleo regenerado contendo celulose. ................................................. 138

    Figura 84: Mapas de contorno de excitação-emissão para amostras diluídas em hexano

    grau HPLC de óleo regenerado contendo celulose e água. ...................................... 139

  • Figura 85: Espectros de fluorescência para amostras de óleos regenerados sem adição de

    celulose e água diluídas (R), contendo celulose (RC) e contendo celulose e água

    (RCA), com excitação em 280 nm. As setas mostram o sentido do crescimento da

    temperatura de tratamento. ..................................................................................... 140

    Figura 86: Intensidade de fluorescência do óleo regenerado com comprimento de onda

    de emissão em 315 nm (a), intensidade de fluorescência com comprimento de onda

    de emissão em 325 nm (b) e razão entre as intensidades de fluorescência (c), com

    comprimento de excitação igual a 280 nm. ............................................................. 141

    Figura 87: Espectro de absorção óleo novo não diluído, sem adição de celulose e água

    (a) e gráfico da absorbância em 380 nm em função da temperatura de aquecimento

    (b). A seta indica a direção de aumento da temperatura de aquecimento. ................ 142

    Figura 88: Espectro de absorção óleo regenerado não diluído, sem adição de celulose e

    água (a) e gráfico da absorbância em 380 nm em função da temperatura de

    aquecimento (b). A seta indica a direção de aumento da temperatura de

    aquecimento. .......................................................................................................... 143

    Figura 89: Esquema de análise do efeito do filtro interno nas medições de fluorescência.144

    Figura 90: Espectros de fluorescência do óleo novo sem adição de celulose e água

    obtidos: (a) com excitação no centro e coleta de fluorescência no centro da cubeta ,

    (b) com excitação no centro e coleta de fluorescência na borda da cubeta, (c) com

    excitação na borda e coleta de fluorescência no centro da cubeta e (d) com

    excitação a borda e coleta de fluorescência na borda da cubeta. As setas indicam o

    sentido do aumento da temperatura de aquecimento. .............................................. 146

  • Figura 91: Razão das intensidades de fluorescência em 438 e 490 nm do óleo novo

    como uma função da temperatura de aquecimento: (a) com excitação no centro e

    coleta de fluorescência no centro da cubeta, (b) com excitação no centro e coleta de

    fluorescência na borda da cubeta, (c) com excitação na borda e coleta de

    fluorescência no centro da cubeta e (d) com excitação a borda e coleta de

    fluorescência na borda da cubeta. ........................................................................... 148

    Figura 92: Espectros de fluorescência do óleo regenerado sem adição de celulose e água

    obtidos: (a) com excitação no centro e coleta de fluorescência no centro da cubeta,

    (b) com excitação no centro e coleta de fluorescência na borda da cubeta, (c) com

    excitação na borda e coleta de fluorescência no centro da cubeta e (d) com

    excitação na borda e coleta de fluorescência na borda da cubeta. As setas indicam o

    sentido do aumento da temperatura de aquecimento. .............................................. 150

    Figura 93: Razão das intensidades de fluorescência em 438 e 490 nm do óleo

    regenerado como uma função da temperatura de aquecimento: (a) com excitação

    no centro e coleta de fluorescência no centro da cubeta, (b) com excitação no

    centro e coleta de fluorescência na borda da cubeta, (c) com excitação na borda e

    coleta de fluorescência no centro da cubeta e (d) com excitação na borda e coleta

    de fluorescência na borda da cubeta. ....................................................................... 150

    Figura 94: (a) Espectros de fluorescência do óleo isolante novo sem adição de celulose e

    água sob excitação de 380 nm e com excitação e coleta de fluorescência no centro

    da cubeta. (b) Razão das intensidades de fluorescência de 438 e 490 nm como uma

    função da temperatura de aquecimento. A seta indica a direção de aumento da

    temperatura de aquecimento. .................................................................................. 153

    Figura 95: Espectros de fluorescência do óleo isolante novo contendo celulose (a) e óleo

    novo contendo celulose e água (b), sob excitação em 380 nm e excitação e coleta

    de fluorescência no centro da cubeta. ...................................................................... 155

  • Figura 96: (a) Espectros de fluorescência do óleo isolante regenerado sem adição de

    celulose e água com excitação de 380 nm e excitação e coleta de fluorescência no

    centro da cubeta. (b) Razão das intensidades de fluorescência de 438 e 490 nm

    como uma função da temperatura de aquecimento. A seta indica a direção de

    aumento da temperatura de aquecimento. ............................................................... 156

    Figura 97: Componentes básicos de um protótipo de dispositivo para monitoramento da

    degradação térmica do óleo mineral isolante utilizado em transformadores. ............ 159

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Reação em cadeia da degradação do óleo mineral isolante. ............................... 40

    Tabela 2: Hidroperóxido de origem e produtos de oxidação. ............................................ 41

    Tabela 3: Métodos espectroscópicos e sua faixa de operação. ........................................... 49

    Tabela 4: Ilustração de transições eletrônicas envolvendo elétrons n, σ e π. ...................... 58

    Tabela 5: Escala de tempo dos processos envolvidos na transição de elétrons. ................. 71

    Tabela 6: Solventes comuns e seus comprimentos de onda limite. .................................... 73

    Tabela 7: Valores do índice de acidez para amostras de óleo mineral novo e regenerado

    sem adição de celulose e água submetidas ao tratamento térmico. ............................ 99

    Tabela 8: Identificação e função dos componentes do protótipo do dispositivo de

    monitoramento do óleo mineral isolante utilizado em transformadores. .................. 159

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

    ANP Agência Nacional de Petróleo

    ASTM American Society for Testing and Materials

    ATR Refletância Total Atenuada

    cps Ciclos por Segundo

    DBPC 2-6 Diterciário Butil Para Cresol

    ddp Diferença de Potencial

    DGA Análise de Gases Dissolvidos

    EC Conversão Externa

    EEM Matriz de Excitação-Emissão

    f.e.m. Força Eletromotriz

    FER Taxa de Fluorescência Intrínseca

    FIR Infravermelho Longínquo

    FTIR Espectroscopia de Absorção por Transformada de Fourier

    HOMO Orbital Molecular Mais Alto Ocupado

    HPLC Cromatografia a Líquido de Alto Desempenho

    IC Conversão Interna

    ICP-OES Espectroscopia de Emissão Atômica por Plasma Acoplado Indutivamente

    IEC Comissão Eletrotécnica Internacional

    IFE Efeito de Filtro Interno

    ISC Cruzamento Entre Sistemas

    IV Infravermelho

    KBr Brometo de Potássio

    KOH Hidróxido de Potássio

  • LaFeO3 Ferrita de Lantânio

    LED Diodo Emissor de Luz

    LUMO Orbital Molecular Mais Baixo Ocupado

    MIR Infravermelho Médio

    m/m Massa/massa

    m/V Massa/Volume

    ML/SPA Regressão Linear Múltipla com Sucessiva Projeção de Algoritmo

    N Amostra de Óleo Novo Sem Adição de Celulose e Água

    NBR Denominação de Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas

    NC Amostra de Óleo Novo Contendo Celulose

    NCA Amostra de Óleo Novo Contendo Celulose e Água

    NIR Infravermelho Próximo

    OMI Óleo Mineral Isolante

    PA-ACS Para Análise – American Chemical Society

    PIFE Efeito de Filtro Interno Primário

    R Amostra de Óleo Regenerado Sem Adição de Celulose e Água

    RC Amostra de Óleo Regenerado Contendo Celulose

    RCA Amostra de Óleo Regenerado Contendo Celulose e Água

    SIFE Efeito de Filtro Interno Secundário

    UV-Vis Ultravioleta e Visível

  • LISTA DE SÍMBOLOS

    � Força eletromotriz induzida � Número de partículas

    � Número de espiras da bobina �� Superfície infinitesimal

    ∆Ф Variação de fluxo magnético �� Intensidade infinitesimal de radiação

    ∆� Intervalo de tempo �� Número infinitesimal de partículas

    � Tensão elétrica � Volume

    � Corrente elétrica � Concentração

    � Relação de transformação ℰ Coeficiente de absorção molar

    � Potência aparente � Absorbância

    c Velocidade da radiação luz � Força

    � Comprimento de onda � Massa

    ν Frequência � Aceleração

    ν� Número de onda � Constante elástica

    �� Energia do estado � � Deslocamento

    ℎ Constante de Planck � Massa reduzida

    � Intensidade da radiação � Ângulo de incidência

    � Espessura da amostra �� Rendimento quântico de fluorescência

    � Área de secção transversal �.�. Índice de acidez

    �� Espessura infinitesimal � Fator de correção da solução de NaOH

  • SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................ 27

    1.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 27

    1.2 ESTADO DA ARTE ............................................................................................... 29

    1.3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 33

    1.3.1 Objetivo geral .................................................................................................. 33

    1.3.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 33

    1.4 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS .................................................................... 34

    2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 35

    2.1 TRANSFORMADORES ELÉTRICOS .................................................................. 35

    2.2 ISOLAMENTO ELÉTRICO E DISSIPAÇÃO TÉRMICA ...................................... 36

    2.3 ÓLEO MINERAL ISOLANTE ............................................................................... 36

    2.3.1 Composição ..................................................................................................... 36

    2.3.2 Características do óleo mineral isolante ........................................................... 37

    2.3.3 Mecanismos de oxidação do óleo mineral isolante ........................................... 39

    2.3.4 Recondicionamento e regeneração do óleo mineral isolante ............................. 41

    2.3.5 Ensaios para o óleo mineral isolante (ARAÚJO, 1999; GUIMARÃES, 2006;

    COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010) ............................ 43

    2.4. ESPECTROSCOPIA MOLECULAR .................................................................... 48

    2.4.1 Introdução ....................................................................................................... 48

    2.4.2 Absorção de radiação eletromagnética. ............................................................ 49

    2.4.3 Princípios da espectroscopia de absorção – Lei de Lambert-Beer ..................... 51

    2.4.4 Fatores que influenciam as transições eletrônicas ............................................. 55

    2.4.5 A importância da conjugação ........................................................................... 57

    2.5 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO NO INFRAVERMELHO .......................... 59

    2.5.1 Introdução ....................................................................................................... 59

    2.5.2 Lei de Hooke e a absorção de radiação: ........................................................... 60

  • 2.5.3 Modos de vibração molecular. ......................................................................... 62

    2.5.4 Espectrofotômetros .......................................................................................... 64

    2.5.5 Instrumentação ................................................................................................ 64

    2.6 ESPECTROSCOPIA DE FLUORESCÊNCIA UV-VIS .......................................... 67

    2.6.1 Introdução ....................................................................................................... 67

    2.6.2 Fotoluminescência ........................................................................................... 68

    2.6.3 Medidas espectrais. .......................................................................................... 73

    2.6.4 Instrumentação ................................................................................................ 78

    3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 82

    3.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL .................................................................. 82

    3.2 OBTENÇÃO E PREPARO DAS AMOSTRAS ....................................................... 83

    3.3 APARATO PARA VERIFICAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO PROCEDIMENTO

    DE DEGRADAÇÃO TÉRMICA.................................................................................. 85

    3.3.1 Espectroscopia de absorção no infravermelho .................................................. 85

    3.3.2 Medições do índice de acidez .......................................................................... 86

    3.4 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO UV-VIS (AMOSTRAS DILUÍDAS) ................. 87

    3.5 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO UV-VIS (AMOSTRAS NÃO DILUÍDAS) .......... 88

    3.6 ESPECTROSCOPIA DE FLUORESCÊNCIA MOLECULAR ............................... 88

    3.7 ESPECTROSCOPIA DE FLUORESCÊNCIA MOLECULAR INDUZIDA COM

    LED UV ....................................................................................................................... 89

    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 92

    4.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 92

    4.2 VERIFICAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO PROCEDIMENTO DE DEGRADAÇÃO

    TÉRMICA ................................................................................................................... 92

    4.2.1 Espectroscopia de absorção no infravermelho .................................................. 92

    4.2.1 Medidas do índice de acidez. ........................................................................... 99

    4.3 ESTUDO DA DEGRADAÇÃO DO ÓLEO MINERAL ISOLANTE

    UTILIZANDO ÓPTICA APLICADA. ....................................................................... 100

    4.3.1 Espectroscopia de absorção UV-VIS (Amostras diluídas) .............................. 100

  • 4.3.2 Espectroscopia de fluorescência molecular .................................................... 104

    4.4 BASES DE UM SISTEMA PORTÁTIL PARA AVALIAÇÃO DA

    DEGRADAÇÃO TÉRMICA DO ÓLEO MINERAL ISOLANTE .............................. 141

    4.4.1 Espectroscopia de absorção UV-VIS ............................................................. 141

    4.4.2 Influência da posição de excitação e coleta da radiação nos espectros de

    fluorescência .......................................................................................................... 144

    4.4.3 Espectroscopia de fluorescência molecular induzida com LED UV ............... 152

    5 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 157

    5.1 PERSPECTIVAS PARA TRABALHO FUTUROS .............................................. 159

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 161

  • 27

    1 INTRODUÇÃO GERAL

    1.1 INTRODUÇÃO

    O uso da energia elétrica em regiões distantes do local de produção só é possível pela

    utilização do transformador elétrico, cuja principal característica é a transformação de tensão,

    impedância e corrente elétrica entre seus acessos de entrada e saída. Ainda que os avanços

    tecnológicos propiciem a mudança e evolução dos equipamentos utilizados pelo homem, até

    os dias de hoje os transformadores mantêm as características do protótipo apresentado por

    Michael Faraday em 1831, ou seja, é baseado na bobina de indução de Faraday

    (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010).

    O perfeito funcionamento desses equipamentos é fundamental para o fornecimento de

    energia elétrica com qualidade. As concessionárias de energia necessitam, então, de

    equipamentos confiáveis, de maneira a proporcionar segurança e evitar prejuízos financeiros

    aos usuários, já que a retirada de um ou mais desses equipamentos acarreta transtornos tanto

    na linha de produção da energia quanto no consumo.

    Os transformadores podem ser construídos com isolamento a óleo ou a seco cujas

    principais características podem ser visualizadas na Figura 1. Independentemente do tipo, a

    manutenção é necessária e muito importante.

    Figura 1: Comparação das características de transformadores a óleo e a seco.

    Fonte: WEG Equipamentos Elétricos S.A. – Transformadores (Manual).

  • 28

    Existem três técnicas de manutenção que podem ser utilizadas para os

    transformadores: corretiva que deve ser evitada, pois é executada quando o equipamento

    falha e, como consequência, ocorre a interrupção do fornecimento de energia; preventiva

    que é uma técnica baseada na intervenção em equipamentos, corrigindo preventivamente

    situações ou componentes nos quais a deterioração ou o desgaste são previamente conhecidos;

    preditiva que é a mais moderna técnica de manutenção atualmente em uso e que consiste em

    acompanhar, periodicamente, as características e propriedades dos diversos componentes de

    um sistema e proceder a uma intervenção quando verificado que o mesmo se encontra na

    iminência de falhar. A Figura 2 mostra detalhes do transformador a óleo.

    Figura 2: (a) Carcaça do transformador. (b) O óleo isolante. (c) e (d) Isolamento papel Kraft e

    Presspahn.

    Fonte: Do próprio autor.

    Os transformadores elétricos, quando em operação, apresentam vários parâmetros

    indicativos de normalidade de funcionamento. Um dos principais é o estado da isolação

    interna do conjunto óleo papel isolante. O óleo mineral isolante (OMI) proporciona

  • 29

    isolamento e refrigeração e está em contato com todos os elementos do equipamento como

    mostra a Figura 3. Alterações nos parâmetros físicos e/ou químicos do mesmo podem indicar

    uma falha iminente do aparelho.

    Fonte: WEG Equipamentos Elétricos S.A. – Transformadores (Manual)

    1.2 ESTADO DA ARTE

    Há mais de um século, o conjunto papel-óleo tem sido utilizado como material de

    isolação. Em um transformador, é possível encontrar aproximadamente 12 kg de celulose

    (papel, cartão, etc.) imersos e 40 kg de óleo mineral isolante (GODINHO, OLIVEIRA E

    SENA, 2010; VRSALJKO, HARAMIJA, HADZI-SKERLEV, 2012). Entretanto, o

    envelhecimento do sistema provoca quebra de cadeias de celulose que o fragilizam. Alguns

    estudos utilizam o óleo apenas como veículo para análise do envelhecimento do papel

    isolante.

    Testes regulamentados são utilizados para verificação do grau de envelhecimento do

    sistema isolante de transformadores, ou trafos. Os métodos de ensaio para óleo isolante

    constam na norma NBR- 10576 - Óleo mineral isolante de equipamentos elétricos - Diretrizes

    para supervisão e manutenção e no Regulamento Técnico ANP Nº 4/2008, anexo à Resolução

    ANP Nº 36 de 05/12/2008 (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010).

    Esses testes apresentam o inconveniente de, em sua maioria, serem efetuados em

    laboratórios, o que exige coleta e transporte de amostras para locais onde são efetuadas as

    análises, demandando custo financeiro e consumo de tempo. Várias técnicas vêm sendo

    testadas na expectativa de se desenvolver um dispositivo por meio do qual se possam realizar

    diagnósticos em locais remotos, com confiabilidade e baixo custo. Muitos desses dispositivos

    Figura 3: Esquema de refrigeração do transformador por convecção.

  • 30

    se baseiam na detecção de alguns produtos da degradação que são características de materiais

    específicos, os chamados marcadores (VRSALJKO, HARAMIJA, HADZI-SKERLEV,

    2012).

    A cromatografia gasosa foi proposta por Tamura R. et al. (1981) na década de 80 para

    a medição do nível de óxido de carbono dissolvido no óleo isolante, indicativo de degradação

    do papel isolante. A limitação do método está na possibilidade de o óxido de carbono ser

    produto tanto da oxidação do óleo quanto da degradação do papel. Além disto, após a

    desgaseificação do equipamento, ou após a regeneração do óleo, os óxidos de carbono são

    removidos e o papel isolante, apesar de degradado, não apresenta mais esse marcador.

    A cromatografia líquida também foi apresentada na tentativa de monitoramento de

    degradação do sistema, já que a mesma permite verificar a presença de compostos de furano,

    um composto orgânico que está diretamente ligado à degradação do papel. Apesar de a

    correspondência dos compostos de furano com o grau de viscosidade do óleo ter sido

    verificada em amostras de laboratórios, isso não foi verificado a contento em amostras de

    óleos reais (CHEIM ET AL., 2012; CONSEIL INTERNATIONAL DES GRANDS

    RÉSEAUX ÉLECTRIQUES. COMITÉ D'ÉTUDES, 2012).

    Em 2004, em sua tese de doutorado, Silva (2004) apresentou um protótipo de sensor

    capacitivo para medir teor de água em óleo (outro marcador), com sensibilidade para

    determinar concentrações abaixo de 0,1% (em volume) de água em óleo (nível tolerado por

    norma de 40 ppm). Em 2001, houve o desenvolvimento de uma metodologia com o objetivo

    de medir a quantidade de água em óleo através de técnicas ultrassônicas (HIGUTI, 2001).

    Um micro sensor capacitivo para a determinação de umidade foi implementado em

    2003 (LEE E LEE, 2003). E em 2004, foram desenvolvidos dois sensores de umidade, sendo

    um construído com material compósito nano cristalino constituído de LaFeO3, e o outro, com

    resina de acrílico com polímero quaternário (WANG et al., 2004).

    A presença de fenol em óleo de transformador é outro marcador indicativo de

    iminência de falha e sua origem está relacionada com a degradação do papel isolante.

    Bosworth et al. (2003) apresentaram dois sensores para medição de fenol em óleo de

    transformador. O método apresentado tem potencial para o monitoramento do fenol nos

    transformadores in-situ.

    Outro parâmetro importante utilizado para avaliar a degradação do sistema é a tensão

    interfacial do óleo. Foi utilizada a análise de imagens digitais de amostras de óleo que foram

    tratadas e analisadas em uma escala de cinza já que, apesar de os óleos degradados tenderem a

    escurecer, as primeiras mudanças são imperceptíveis visualmente. A análise destas imagens,

  • 31

    após calibração, foi relacionada com medidas efetuadas com um tensiômetro, obtendo

    resultados com erros entre -14% e 16%, aceitáveis pela empresa de energia elétrica da região

    onde foi desenvolvida a pesquisa (GODINHO, OLIVEIRA E SENA, 2010). Em 2012 um

    pesquisador patenteou um sensor que utiliza um elemento semicondutor para medir a

    concentração de hidrogênio no óleo isolante. Esse dispositivo foi construído de maneira que

    pode ser instalado no transformador em operação (HERZ, 2012).

    Como dito, alguns produtos de degradação são característicos de materiais específicos.

    Fenóis e cresóis são marcadores para a degradação de resinas fenólicas presentes no verniz

    das bobinas. Foi confirmado que fenol, m-cresol e o-cresol não estão presentes em óleos

    novos e sua presença pode estar indicando a degradação do sistema isolante. A cromatografia

    a líquido de alto desempenho (HPLC – do inglês High Performance Liquid Cromatograph)

    foi utilizada para a determinação de fenol, m-cresol e o-cresol em óleo de transformador

    (VRSALJKO, HARAMIJA, HADZI-SKERLEV, 2012).

    Metanol e etanol também podem ser utilizados como marcadores da degradação do

    conjunto papel-óleo, apesar da dificuldade de sua detecção devida à complexa composição do

    óleo isolante. Jalbert et al, (2012) apresentou um procedimento que utiliza um mostrador

    estático associado a um cromatógrafo de fase gasosa equipado com um espectrômetro de

    massa para a detecção de metanol e etanol em óleo isolante. Esse método permite monitorar a

    degradação do papel isolante sem a necessidade de retirada de linha do equipamento.

    Chatterjee et al. (2013) desenvolveram um dispositivo portátil de diagnóstico online

    para medir a temperatura e a concentração de alguns dos gases dissolvidos no óleo do

    transformador, utilizando um sensor não invasivo baseado em nanopartículas de óxido de

    zinco. O uso de nanopartículas aumenta a sensibilidade, reduz o tempo de resposta e

    miniaturiza o sensor. Dados de cinco gases diferentes foram utilizados para monitorar as

    condições do equipamento. O dispositivo desenvolvido utiliza a técnica da análise de gases

    dissolvidos (DGA – do inglês Dissolved Gas Analysis). O sensor foi desenvolvido para ser

    acoplado ao equipamento com válvulas que controlam a vazão do óleo para entrada e saída do

    mesmo. No intervalo de tempo em que o óleo fica no dispositivo, é feita a leitura das

    concentrações dos gases.

    Técnicas ópticas também foram relatadas na literatura para análise da degradação de

    óleos, como o trabalho apresentado por Arregui et al. (2003) que realizaram um estudo sobre

    a sensibilidade óptica de quatro diferentes hidrogéis, em relação à umidade, para a fabricação

    de sensores de umidade baseados em fibra óptica.

  • 32

    Em 2006, a fluorescência sincronizada foi utilizada para identificação de óleos

    isolantes, associada com tratamento quimiométrico dos dados (ABBAS et al., 2006). Também

    nesse ano, o mesmo método óptico foi utilizado para monitorar a degradação do óleo isolante

    comparando-se os resultados obtidos com medidas no infravermelho (DEEPA, SARATHI E

    MISHRA, 2006). Um detector utilizando espectroscopia de fluorescência é apresentado por

    Ossia et al. (2008), em 2008, como dispositivo para monitorar a degradação do óleo

    hidráulico, aplicando um conceito definido como razão de fluorescência intrínseca (FER – do

    inglês Fluorescence Emission Ratio). Segundo os testes apresentados, a técnica mostrou-se

    suficiente para monitorar a degradação do óleo hidráulico.

    A variação do índice de refração do óleo foi o indicador utilizado por pesquisadores

    para o desenvolvimento de um sensor de fibra óptica trabalhando no infravermelho próximo

    para acompanhamento in situ da formação de etileno, metano, propano e butano no óleo

    isolante evitando, assim, o risco de explosão do equipamento (BENOUNIS et al., 2008).

    A espectrometria de infravermelho próximo (NIR – do inglês Near Infrared

    Spectroscopy) também foi utilizada em 2011 para determinação da tensão interfacial e

    densidade relativa dos óleos isolantes (PONTES et al., 2011). A avaliação de cinco estratégias

    diferentes de regressão apontou para a regressão linear múltipla com sucessiva projeção de

    algoritmo (MLR/SPA – do inglês Multiple Linear Regression/Successive Projections

    Algorithm) como melhor método de modelagem.

    A perda da rigidez dielétrica do sistema isolante em transformadores pode ser

    provocada também pela presença de cobre, tanto no óleo quanto no papel isolante. Outros

    estudiosos apresentaram um método de determinação do cobre que melhora o limite de

    detecção utilizando micro-ondas (BRUZZONITI et al., 2012). A técnica aplicada foi

    Espectrometria de Emissão Atômica por Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-OES – do

    inglês Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry).

    Em 2011, a espectroscopia de fluorescência foi utilizada para medir a fluorescência em

    óleos minerais brutos diluídos em Nujol®. O diferencial adotado foi a utilização de um

    solvente não volátil nas medições (STEFFENS et al., 2011). No ano de 2013 um grupo de

    pesquisadores reportou a aplicação de várias técnicas, sendo algumas ópticas, para identificar

    compostos indicativos do envelhecimento do papel isolante presentes no óleo isolante,

    utilizando óleos coletados de transformadores com idades de uso diferentes (OKABE, UETA

    E TSUBOI, 2013). A técnica de espectroscopia no ultravioleta e visível (UV – Vis – do inglês

    Ultraviolet-Visible) associada com lógica Fuzzy para analisar o aumento da concentração de

    furano no óleo mineral também foi reportada nesse ano (ABU-SIADA, LAI E ISLAM, 2012).

  • 33

    Neste trabalho, realizamos um criterioso estudo do processo de degradação do óleo

    mineral isolante após aquecimento sistemático. Buscamos entender o que acontece com o

    material, como a absorbância e fluorescência do mesmo se comportam com a progressiva

    degradação. Amostras diluídas foram utilizadas para a compreensão do fenômeno e, em

    seguida, amostras não diluídas foram analisadas com a finalidade de usarmos o efeito para

    propormos um dispositivo de monitoramento.

    1.3 OBJETIVOS

    1.3.1 Objetivo geral

    Avaliar o potencial das técnicas de espectroscopia de absorção e fluorescência UV –

    Vis para investigar a degradação induzida termicamente de óleos minerais isolantes utilizados

    em transformadores e equipamentos elétricos. Verificar como a absorção e a fluorescência

    desse material se alteram à medida que o mesmo vai se degradando em virtude de tratamento

    térmico.

    1.3.2 Objetivos específicos

    a) Investigar o efeito da termo oxidação induzida nos óleos minerais isolantes, novos e

    regenerados puros, com adição de celulose e com adição de celulose e água nas amostras por

    meio de diferentes técnicas ópticas.

    b) Avaliar o potencial das técnicas de absorção UV – Vis e de fluorescência com análise de

    mapas de contorno (excitação – emissão), para o monitoramento da degradação do óleo

    mineral isolante (OMI) utilizado em transformadores, em função do seu aquecimento.

    c) Avaliar a degradação de óleos minerais isolantes, novos e regenerados, provocada por

    aquecimento, utilizando absorção UV – Vis e fluorescência induzida por um diodo emissor de

    luz – LED (do inglês Light Emitting Diode).

  • 34

    d) Fornecer informações para a aplicação de técnicas ópticas em dispositivos portáteis para

    serem utilizados no monitoramento da degradação térmica do OMI tanto em ambientes

    remotos quanto em laboratórios.

    1.4 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS

    Este trabalho foi organizado em cinco capítulos. No capítulo 1, apresentamos a

    relevância do tema, abordando a necessidade de pesquisa na área escolhida, com uma revisão

    bibliográfica na qual são apresentados trabalhos relacionados com o tema da pesquisa

    desenvolvida. Ao final do capítulo, um escopo, delimitando o campo desta pesquisa, é

    apresentado.

    No capítulo 2, trazemos a fundamentação teórica, na qual o equipamento detentor das

    atenções deste trabalho, o transformador, é apresentado. O sistema isolante desse

    equipamento contém nosso elemento de estudo, o Óleo Mineral Isolante (OMI). Ainda nesse

    capítulo, discussões teóricas sobre esse material são também realizadas. As técnicas ópticas

    de espectroscopia moleculares utilizadas são fundamentadas, sendo abordados conceitos

    teóricos de espectroscopia de absorção na região do infravermelho, e, de absorção e

    fluorescência nas regiões do ultravioleta e visível (UV – Vis).

    No capítulo 3 trazemos a descrição dos trabalhos realizados com o delineamento do

    experimento, a rotina do preparo das amostras e detalhes dos equipamentos com os quais

    foram realizadas as medições.

    No capítulo 4, mostramos os resultados obtidos e realizamos a discussão dos mesmos.

    No capítulo 5 apresentamos as conclusões e mostramos a perspectiva de trabalhos futuros.

  • 35

    2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

    2.1 TRANSFORMADORES ELÉTRICOS

    O centro consumidor de energia elétrica encontra-se, geralmente, afastado das usinas

    produtoras, gerando a necessidade de transmissão dessa energia. Logo, coexistem pequenos e

    grandes fluxos de energia em um sistema de geração, transmissão e distribuição.

    As perdas oriundas do transporte dessa energia por longas distâncias podem ser

    minimizadas com a elevação da tensão. Essa elevação de tensão necessária é obtida com o uso

    de transformadores ou trafos.

    O transformador é definido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),

    como “um dispositivo que, por meio de indução eletromagnética, transfere energia elétrica de

    um ou mais circuitos (primário) para outro ou outros circuitos (secundário), usando a mesma

    frequência, mas, geralmente, com tensões e intensidades de correntes diferentes.”

    (SAMBAQUI, 2008).

    Os transformadores são constituídos, basicamente, de acessórios complementares e

    uma parte responsável pela transformação, que é composta de um núcleo ferromagnético e

    bobinas (enrolamento primário e secundário).

    As bobinas são constituídas de fios de cobre isolados com esmalte ou papel, e, o

    núcleo, é construído com lâminas de material ferromagnético que reduzem a relutância

    magnética, contendo em sua composição silício, que reduz a perda por variação de

    temperatura e histerese no ferro (NEVES, 1999). As lâminas que constituem o núcleo são

    prensadas isoladamente entre si de modo a evitar as correntes parasitas.

    Os acessórios complementares contam com o tanque; buchas, que permitem a

    passagem de condutores para o meio externo; radiadores, que auxiliam na refrigeração do

    sistema; comutador, que permite variar o número de espiras dos enrolamentos de alta tensão e

    placa de identificação, que contém todas as informações características do equipamento

    (NEVES, 1999).

  • 36

    2.2 ISOLAMENTO ELÉTRICO E DISSIPAÇÃO TÉRMICA

    A partir de 1890, com a elevação das tensões e potências dos transformadores, foi

    necessário o desenvolvimento de um isolante capaz de fornecer maior isolação interna e

    também maior dissipação do calor gerado no núcleo e nos enrolamentos. A escolha desse

    material não seria fácil, já que elevada condutividade elétrica normalmente é acompanhada de

    alta condutividade térmica (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP , 2010).

    Seria necessário o desenvolvimento de um material que apresentasse baixa

    condutividade elétrica, de modo a isolar os componentes em carga do equipamento, e alta

    condutividade térmica, capaz de conduzir e dissipar o calor gerado no núcleo do equipamento,

    proveniente da perda de energia nos fios de cobre, por histerese e devido a correntes parasitas.

    Aproveitando-se do fenômeno térmico da convecção, foi desenvolvido, a partir do

    petróleo, um isolante líquido que até hoje vem sendo aperfeiçoado de maneira a atender as

    necessidades de refrigeração térmica e isolamento elétrico: o óleo mineral isolante (OMI).

    Esse líquido associado com o papel isolante representa, considerando-se a relação custo-

    benefício, o melhor sistema dielétrico conhecido para a aplicação pretendida.

    Amplamente utilizado, o OMI apresenta o problema do descarte após seu período de

    vida útil. Métodos de reaproveitamento do produto (recondicionamento e regeneração) foram

    desenvolvidos (THOMAZ et al., 2005). Também existe no mercado o óleo isolante de origem

    vegetal, mas cujo custo financeiro ainda inviabiliza sua aplicação em larga escala.

    2.3 ÓLEO MINERAL ISOLANTE

    2.3.1 Composição

    Como produto derivado do petróleo, o OMI é formado basicamente por átomos de

    carbono e hidrogênio (hidrocarboneto). Apesar dessa aparente simplicidade, as propriedades

    físico-químicas dos hidrocarbonetos sofrem sensíveis alterações, tanto quando se altera a

    forma de ligação dos átomos de carbono, quanto quando se altera o número de átomos de

    hidrogênio e carbono da molécula.

    Dizemos que o hidrocarboneto é saturado quando na cadeia carbonada só existem

    ligações covalentes simples. Se existirem ligações covalentes duplas ou triplas entre os

    átomos de carbono, trata-se de um hidrocarboneto insaturado.

  • 37

    Os hidrocarbonetos dividem-se em dois grandes grupos, como se pode observar na

    Figura 4: os alifáticos, que podem ser de cadeias cíclicas (fechadas) ou acíclicas (abertas) e

    que não possuem anéis benzênicos em sua composição, e, os aromáticos, que são aqueles que

    possuem em sua composição pelo menos um anel benzênico, ou anel aromático (C6H6).

    Figura 4: Classificação dos hidrocarbonetos.

    Fonte: Do próprio autor.

    Na indústria petrolífera os hidrocarbonetos saturados de cadeia aberta são conhecidos

    como parafinas, enquanto os saturados de cadeia fechada são chamados naftenos. Os

    hidrocarbonetos não saturados de cadeia aberta são conhecidos como oleofínicos e os alcinos,

    como acetilênicos. Esses dois últimos são indesejáveis no óleo isolante sendo eliminados no

    refino (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010).

    2.3.2 Características do óleo mineral isolante

    Uma vez que o óleo entra em contato com os elementos que compõem o

    transformador, sua composição deve ser quimicamente pouco ativa. Com isto, opta-se pelos

    hidrocarbonetos saturados (parafínicos e naftênicos). Contudo, compostos aromáticos são

    Alcanos1 ligação simples

    CnH2n+2

    Alcenos1 ligação dupla

    CnH2n

    Alcinos1 ligação tripla

    CnH2n-2

    Ciclo - alcanosLigações simples

    CnH2n

    Ciclo - alcenos1 Ligação dupla

    CnH2n-2

    Ciclo - alcinos1 ligação tripla

    Cadeia aberta Cadeia fechada

    ALIFÁTICOS AROMÁTICOS

    HIDROCARBONETOS

    Alcadienos2 ligações duplas

  • 38

    adicionados buscando aumentar a estabilidade térmica do óleo, conferindo-lhe melhor

    desempenho e maior vida útil (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP,

    2010). Portanto, as propriedades físico-químicas do óleo isolante serão dadas por uma média

    ponderada das propriedades das substâncias que o compõe, quais sejam os hidrocarbonetos

    parafínicos, naftênicos e aromáticos.

    Na Figura 5, verificamos algumas propriedades dessas substâncias, de maneira a

    justificar a opção pela proporção de hidrocarbonetos adotada na composição química do óleo

    isolante utilizado nos transformadores.

    Figura 5: Variação de propriedades físico-químicas de acordo com o grupo de

    hidrocarbonetos.

    Fonte: Dados dispostos pelo autor retirados de (CESP, 2010).

    O óleo isolante deve, com o auxílio do papel, isolar os componentes submetidos à

    diferença de potencial (ddp) e dissipar o calor interno, impedindo a degradação. Ele não pode

    ter baixa rigidez dielétrica, formar borras, sedimentos, deixar de circular convectivamente a

    baixas temperaturas, atacar materiais do transformador, ter baixo ponto de combustão nem

    acumular umidade (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010).

    Ficou comprovado, através do uso e aplicação de óleos isolantes em equipamentos

    eletromecânicos por mais de 5 décadas de operação, que a composição ideal do óleo isolante é

    de 12% de aromáticos, 36% de parafinas e 52% de naftênicos (COMPANHIA ENERGÉTICA

    DE SÃO PAULO - CESP, 2010).

    Com o uso, o óleo isolante pode sofrer alterações indesejáveis em algumas

    propriedades físico-químicas, sendo então necessário efetuar um tratamento adequado para

    que o mesmo apresente condições próximas às iniciais, de maneira que possa ser reutilizado.

    Se ocorrer contaminação por água e/ou impurezas sólidas, que diminuem a capacidade de

    isolamento do óleo, sem alterar a sua composição química, basta efetuar uma secagem e uma

    filtração. Este processo é chamado “recondicionamento do óleo”, sendo esta a manutenção

    Parafínicos

    Naftênicos

    Aromáticos

    Ponto de ebuliçãoPoder de solvência

    DensidadeSolubilidade da água no óleo

    SaturaçãoOxidação/Envelhecimento

    Ponto defluidezFormação de gases

    Aromáticos

    Naftênicos

    Parafínicos

  • 39

    mais comum que se efetua no óleo isolante. Se ocorrer oxidação do óleo, ou seja, alteração em

    sua composição química, o simples recondicionamento não resolverá o problema. É

    necessário efetuar tratamento químico do óleo para restituir-lhe parte das propriedades

    naturais. Este tratamento poderá ser uma nova extração por solvente seletivo ou, o que é mais

    comum, o contato com argila especial, a chamada “terra fuller” (COMPANHIA

    ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010). O tratamento com argila objetiva a

    “regeneração do óleo” e propicia a eliminação dos produtos da oxidação por filtragem,

    absorção (fator principal) e atividades catalíticas por parte da terra fuller (PILUSKI E

    HOTZA, 2008).

    O grau de oxidação do óleo é avaliado por ensaios físico-químicos que procuram a

    presença de indicadores de oxidação tais como presença de água, resíduos ou lama, alta perda

    dielétrica e acidez, além de baixos valores de tensão interfacial e rigidez dielétrica. A

    oxidação forma ácidos, borras, água e outras impurezas que afetam as propriedades dielétricas

    do óleo. Ela é caracterizada por valores baixos de tensão interfacial e altos de acidez, já que os

    demais indicadores citados podem sofrer alteração com a diminuição da capacidade de

    isolação do óleo, por exemplo, através de contaminação de partículas sólidas e umidade,

    mesmo sem ocorrência de oxidação.

    Para resistir à oxidação, tanto o óleo envelhecido regenerado, ou mesmo o óleo novo,

    porém com baixo teor de aromáticos, são acrescidos de inibidores (antioxidantes). Os

    processos de regeneração devolvem ao óleo todas as suas propriedades físico-químicas

    desejadas, exceto a estabilidade a oxidação, por isso a necessidade de adicionar inibidores ao

    óleo (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010).

    2.3.3 Mecanismos de oxidação do óleo mineral isolante

    Durante a utilização do óleo mineral isolante, o processo normal de envelhecimento

    provocado pelas reações de oxidação é acelerado devido à presença de elementos

    catalisadores, tais como água, oxigênio, calor, cobre e outros compostos metálicos

    (LIPSTEIN E SHAKNOVICH, 1970). Como consequência, os óleos têm suas propriedades

    dielétricas afetadas, há formação de ácidos, alteração na cor e, em casos extremos,

    precipitação de borra.

    Existe uma diferença entre o óleo contaminado e o óleo deteriorado. O primeiro

    apresenta substâncias que não fazem parte de sua composição, tais como água, partículas

  • 40

    sólidas, etc. O segundo é aquele que apresenta produtos oriundos da oxidação (ROCHA,

    2007).

    O óleo mineral sofre o processo de degradação em três etapas distintas. Primeiro

    formam-se peróxidos instáveis quimicamente que liberam oxigênio e reagem com o papel

    isolante formando compostos oxi-celulósicos. A segunda etapa é caracterizada pela formação

    de gases, e, a última etapa consiste na formação de borra que, normalmente, consiste em uma

    substância resinosa que surge da polimerização a partir de ácidos e outros compostos (SILVA

    et al., 2001).

    A seguir, na Tabela 1, mostramos o mecanismo de peroxidação, a primeira das três

    etapas do processo de degradação do óleo, que comanda a oxidação dos hidrocarbonetos.

    Tabela 1: Reação em cadeia da degradação do óleo mineral isolante.

    Etapa Descrição Reação

    1ª Formação de radical

    livre

    2ª Formação de radical

    peróxido

    3ª Formação de

    hidroperóxido

    Transformação de

    radical hidroperóxido

    em radical peróxido

    Fonte: Dados dispostos pelo autor.

    As etapas apresentadas na Tabela 1 formam uma reação em cadeia. Para uma

    temperatura constante, a velocidade dessa reação cresce exponencialmente com o tempo.

    Muitos produtos da oxidação são formados após os hidroperóxidos. A tabela 2 mostra que,

    dependendo da espécie de hidroperóxido de origem, o produto formado é diferente

    (LIPSTEIN E SHAKNOVICH, 1970).

    R ─ HO2

    R*

    R* + O2 R ─ O ─ O*

    R ─ O ─ O* + R’ ─ H R ─ O ─ O ─ H + R’*

    ROOH + ½ O2 ROO* + *OH

  • 41

    Tabela 2: Hidroperóxido de origem e produtos de oxidação.

    Hidroperóxido de origem Produto Estrutura

    Primário Aldeído e

    ácido

    Secundário Cetona e ácido

    Terciário Álcool e

    cetona

    Fonte: Dados dispostos pelo autor.

    Os produtos intermediários da oxidação (álcoois, aldeídos e cetonas) formam ácidos

    carboxílicos na presença de oxigênio (LIPSTEIN E SHAKNOVICH, 1970). Colaborando

    com o processo de degradação, o aumento da acidez do óleo ataca os constituintes do

    equipamento, o que contribui para a formação de radicais livres. Forma-se água, que contribui

    para o processo de deterioração. Finalmente, a reação de várias moléculas leva à formação de

    um composto com massa molecular elevada, higroscópica, insolúvel e com características

    ácidas – a borra (MILASH, 1984).

    2.3.4 Recondicionamento e regeneração do óleo mineral isolante

    O recondicionamento consiste em retirar, por processos físicos, certos contaminantes

    que podem comprometer o equipamento, tais como sólidos em suspensão, água dissolvida

    e/ou livre, ar e outros gases dissolvidos através da circulação do mesmo em uma máquina

    purificadora (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010). Esta máquina

    R ─ CH2 ─ OOH

    R ─ C

    O

    H+ H2O

    R ─ C

    O

    OH

    + H2

    CH ─ OOHR

    R

    C

    O

    RR

    + H2O

    R ─ C

    O

    OH+ RH

    R ─ C ─ OOH

    ─R

    R

    R ─ C ─ COOH + O*

    R

    R

    C

    O

    RR

    + R ─ OH

  • 42

    deve possuir dispositivos de filtragem e de aquecimento, além de uma câmara de vácuo para

    executar a desgaseificação e secagem do óleo.

    Esse recondicionamento pode ser realizado em purificadoras móveis ou fixas. No

    primeiro caso, leva-se a purificadora até o local de instalação do transformador e o óleo pode

    ser recondicionado por bombeamento direto para a purificadora, retornando em seguida ao

    trafo, ou, pode ser retirado do mesmo, acondicionado em um tanque para receber o

    recondicionamento e, em seguida, retornar ao transformador. No segundo caso, a carga de

    óleo a ser tratada é transportada até o local de instalação da purificadora, recebe o

    recondicionamento e retorna ao local de utilização.

    A regeneração é o processo responsável pela retirada de produtos de oxidação e

    contaminantes ácidos ou coloidais, de maneira a garantir a total eliminação desses

    contaminantes, tornando o óleo usado em condições de reutilização (COMPANHIA

    ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010).

    A regeneração pode ser dividida em dois grupos:

    I. Processo físico-químico de regeneração:

    Processo que se baseia na propriedade que um sólido apresenta de reter em sua

    superfície fina camadas de coloides, vapores, solutos, gases e líquidos – a adsorção. Essa

    propriedade pode ser inerente ao material ou obtida após tratamento específico.

    São utilizados como materiais adsorventes no tratamento do óleo mineral isolante as

    terras fuller – materiais terrosos com propriedades adsorventes naturais, bentonita – fraco

    adsorvente e atapulgita, além da bauxita ativada – que adquire propriedades adsorventes após

    tratamento e carvão ativado – que é resíduo da destilação destrutiva de ossos e certos vegetais

    (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010).

    A adsorção pode ser feita por contato ou percolação. No processo de adsorção por

    contato, tritura-se o adsorvente que é então misturado ao óleo, sendo essa mistura aquecida e

    agitada. Nesse processo, as impurezas são adsorvidas pelo adsorvente que, na sequência, é

    eliminado do óleo por um processo complementar de recondicionamento.

    A adsorção por percolação consiste em filtrar o óleo através de um material

    adsorvente. Essa percolação pode ser por gravidade ou pressão. Na percolação por gravidade

    o material passa por três tanques instalados em níveis diferentes, sendo a inicial (mais alta)

    com o óleo a tratar, o intermediário, com o material adsorvente, e, o último (mais baixo), para

    reservação do óleo tratado. O óleo se movimenta entre os tanques por forças gravitacionais. O

    processo de percolação por pressão se diferencia do anterior por utilizar uma pressão positiva

  • 43

    para fazer o óleo circular dentro do sistema (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO

    PAULO - CESP, 2010).

    II. Processo químico de regeneração;

    Consiste em uma operação química suficiente para remover as impurezas não

    removíveis por qualquer outro processo de tratamento. Algumas impurezas reagem com

    certos reagentes químicos e formam substâncias que, sendo insolúveis em óleo e em água ou

    solúveis em água, podem ser eliminados por centrifugação e decantação. Caso as substâncias

    formadas sejam solúveis em óleo, devem receber tratamento químico adequado para se

    enquadrarem na condição anterior.

    Para a realização do processo químico de regeneração, três reagentes podem ser

    utilizados: silicato de sódio, fosfato trissódico e ácido sulfúrico, sendo o último evitado por

    questões ambientais. O processo químico de regeneração não pode ser realizado isoladamente.

    Ele necessita de tratamento complementar de regeneração por adsorção e operações de

    recondicionamento (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010).

    Após processos de regeneração o óleo mineral isolante apresenta resistência à

    oxidação mais baixa que os óleos novos. Tal fato tem origem na deterioração ocorrida durante

    o tempo de utilização, e também, por perda de antioxidantes naturais durante o processo de

    regeneração. Para contornar esse problema, óleos regenerados recebem, na proporção de 3%

    em volume, adição do produto 2-6 diterciário-butil-para-cresol, o DBPC, que é um excelente

    antioxidante e não interfere nas características dielétricas do óleo (COMPANHIA

    ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010).

    2.3.5 Ensaios para o óleo mineral isolante (ARAÚJO, 1999; GUIMARÃES, 2006;

    (COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP, 2010)

    Para atestar as qualidades do óleo, são utilizados ensaios cujos métodos constam na

    norma NBR-10576 - Óleo mineral isolante de equipamentos elétricos - Diretrizes para

    supervisão e manutenção e no Regulamento Técnico ANP Nº 4/2008, anexo à Resolução

    ANP Nº 36 de 05/12/2008.

    A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT apresenta valores de referência

    para a verificação das características do óleo através de métodos específicos, que são

    apresentados juntos às características consideradas. São empregadas as NBR (Normas

  • 44

    Brasileiras Registradas), IEC que se referem às normas brasileiras que possuem

    compatibilidade com as diretrizes criadas pela Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC –

    do inglês International Electrotechnical Commission). Também podem ser utilizados métodos

    padronizados pela ASTM (do inglês American Society for Testing and Materials).

    i) Ensaios físicos.

    a) Cor: Reflete a pureza do produto. Variações na cor são um indicativo rápido e de razoável

    precisão do estado de envelhecimento ou oxidação do óleo. O resultado é obtido por

    comparação com cores padrão e expresso em um número na faixa de 0,5 a 8.

    Método ABNT NBR e NBR/IEC: 14483.

    Limite: máximo 1,0.

    b) Inspeção visual: Permite a otimização nas análises laboratoriais quanto à frequência de

    execução, pois se trata de uma determinação rápida, no campo, das condições aproximadas de

    oxidação ou contaminação do óleo isolante.

    Método ABNT NBR e NBR/IEC: visual.

    Limite: Deve ser claro, límpido e isento de impurezas.

    c) Ponto de fulgor: Permite avaliar a inflamabilidade do óleo. É um indicativo da volatilidade

    do óleo e também permite determinar a contaminação por materiais inflamáveis, estando

    associado, então, à segurança no armazenamento. É definido como a menor temperatura, sob

    condições controladas, na qual o produto se vaporiza em volume suficiente para, junto com o

    ar, formar uma mistura capaz de inflamar-se momentaneamente quando se aplica uma chama

    piloto sobre a mesma.

    Método ABNT NBR e NBR/IEC: 11341.

    Limite: mínimo de 140 oC.

    d) Tensão interfacial: É um indicativo claro e preciso do estado de degradação do óleo usando

    o conceito de contaminação do óleo por substâncias polares.

    Método ABNT NBR e NBR/IEC: 6234.

    Limite: mínimo de 40 mN/m a 25 oC.

    e) Ponto de fluidez: Para estabelecermos o desempenho nas condições de uso em que o óleo é

    submetido a baixas temperaturas ou em climas frios, é necessário o conhecimento da

  • 45

    temperatura mínima segura para operação de equipamentos eletromecânicos – o ponto de

    fluidez do óleo. Ele é definido como a menor temperatura na qual o óleo lubrificante flui

    quando sujeito a resfriamento sob condições controladas de teste.

    Método ABNT NBR e NBR/IEC: 11349.

    Limite: -39 oC para óleo isolante tipo A e -12 oC para óleo isolante tipo B.

    f) Densidade: Propriedade determinada com auxílio de instrumentos chamados “densímetros”,

    auxilia na caracterização do óleo quanto à composição da cadeia carbônica. Juntamente com

    os ensaios de viscosidade e índice de refração, determina relativamente a qualidade do

    produto.

    Método ABNT NBR e NBR/IEC: 7148.

    Limite: máximo de 861,0 a 900,0 Kg/m³ para óleo isolante tipo A e 860,00 Kg/m³ para óleo

    isolante tipo B.

    g) Viscosidade: É a resistência de um fluido ao escoamento. Para este ensaio é utilizado o

    viscosímetro de tubos capilares. O seu conhecimento é extremamente importante para se

    equacionar, quando do projeto, a circulação do fluido nos equipamentos. O conhecimento da

    sensibilidade da viscosidade à temperatura é importante nos óleos lubrificantes. Geralmente, é

    desejável uma pequena alteração de viscosidade com a temperatura. Esta grandeza está

    relacionada também com a capacidade de transferência de calor do óleo.

    Método ABNT NBR e NBR/IEC: 10441.

    Limite: máximo na temperatura de 20 oC é de 25,0 mm²/s (centistokes – cSt). Para

    temperatura de 40 oC o limite máximo é 12,0 mm²/s e na temperatura de 100 oC, o valor

    máximo admitido é 3,0 mm²/s.

    h) Índice de Refração: É possível, com este ensaio, determinar a presença de contaminantes

    no óleo através de comparação de resultados “antes e depois”, ou mesmo identificar uma

    carga de óleo, porém sem quantizar os contaminantes e/ou componentes.

    É uma característica sem requisitos normativos, de caráter informativo em relação ao

    lote analisado.

  • 46

    ii) Ensaios elétricos.

    a) Rigidez dielétrica: O menor valor de tensão elétrica capaz de formar um arco voltaico no

    óleo, sob condições determinadas de ensaio recebe o nome de rigidez dielétrica. É o mais

    difundido ensaio para óleo isolante, e indica a contaminação por água ou partículas sólidas

    condutoras.

    Método ABNT NBR e NBR/IEC: Para eletrodo de disco – 6869; Para eletrodo de calota –

    601560.

    Limite: Mínimo de 30 KV para eletrodo de disco e 42 KV para eletrodo de calota.

    b) Tendência à evolução de gases: característica que mede a tendência de um óleo absorver ou

    desprender gases (normalmente o hidrogênio), sob determinadas condições controladas de

    teste. Um valor positivo indica desprendimento de gases, enquanto um valor negativo

    significa absorção de gases, importante para a operação segura do equipamento.

    Método ASTM: D 2300.

    Limite: Deve-se anotar a tendência em μL/min.

    c) Perdas dielétricas: Teoricamente, os testes de rigidez dielétrica deveriam apresentar

    resultados iguais aos de perdas dielétricas. No entanto, na prática, a sensibilidade do ensaio de

    rigidez dielétrica não é suficiente para detectar as perdas dielétricas no seu início, quando se

    deseja acompanhar sua evolução.

    Método ABNT NBR e NBR/IEC: 12133.

    Limite: máximo na temperatura de 25 oC é de 0,05%. Para temperatura de 90 oC o limite

    máximo é 0,40% e na temperatura de 100 oC, o valor máximo admitido é 0,50%.

    iii) Ensaios químicos.

    a) Carbono aromático: Utilizando resultados de ensaios padronizados de viscosidade,

    densidade e índice de refração, podemos determinar a composição da cadeia carbônica que

    atribuem as propriedades ao OMI. Proporciona-se informação suficiente para chegarmos ao

    percentual, em peso, dos átomos de carbono combinados em cadeias parafínicas, anéis

    naftênicos e anéis benzênicos.

    Método ASTM: D 2140.

    Limite: Anotar o valor em % da massa total.

  • 47

    b) Cloretos e sulfatos inorgânicos: O surgimento de íons dissolvidos pode afetar a qualidade

    do óleo, piorando sua condição dielétrica e tornando-o corrosivo. A norma indica que o OMI

    deve ser livre de cloretos e sulfatos inorgânicos.

    Método ABNT NBR e NBR/IEC: 5779.

    Limite: ausente.

    c) Índice de acidez: O fenômeno da degradação ou oxidação sofrido pelo óleo devido à

    operação em temperaturas superiores à ambiente provoca um aumento no seu teor de ácidos.

    O acompanhamento da acidez de um óleo permite realizar inferências sobre sua qualidade: é

    uma medida da quantidade de substâncias ácidas presentes no óleo e indica a eficiência do

    processo de neutralização dos resíduos ácidos resultantes do tratamento do óleo. O resultado é

    expresso em mg KOH/g.

    Método ABNT NBR e NBR/IEC: 14248.

    Limite: máximo de 0,03 mg KOH/g.

    d) Teor de inibidor de oxidação: Para os óleos regenerados, os inibidores de oxidação passam

    a ter importância fundamental, já que o processo de regeneração restitui ao óleo todas as

    propriedades perdidas, com exceção da estabilidade à oxidação. Os inibidores de oxidação

    normalmente empregados são o 2,6 diterciario-butil-paracresol (DBPC) e o 2,6 diterciario-

    butil-fenol (DBP).