agenda 2014

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  • agendado setor

    financeiro

    Dar condies ao setor financeiro para desempenhar o papel que lhe reserva a

    Constituio e que dele espera a sociedade

    2014 www.cnf.org.br

  • H quem diga que, no Brasil, existem sistemas financeiros, ao invs de um nico Sistema Financeiro Nacional. Essa percepo nasce do contato dirio dos usurios com instituies financeiras modernas e eficientes, que oferecem ampla gama de produtos e servios para satisfazer diferentes necessidades dos vrios segmentos da populao. So tantas as faces do Sistema Financeiro Nacional que, de fato, po-de-se pensar em muitos sistemas. O setor financeiro brasileiro oferece facilidades, tais como caixas eletrnicas (ATMs) e operaes pela Internet, que, muitas vezes, no so encontrveis em pases mais desenvolvidos. Um setor financeiro flexvel e gil, pronto a se adaptar s mudanas na economia e na sociedade, tambm um setor financeiro complexo. Muitas vezes, por falta de informao, apontado como responsvel por distores na economia e na sociedade.

    No mundo todo, os setores financeiros tm peculiaridades que os distinguem dos demais setores da economia. Numa cadeia produtiva, diferentes setores se entre-laam, numa sequncia que agrega valor s sucessivas etapas que transformam insumos em bens e servios. O setor financeiro no se entrelaa com essas etapas: ele as permeia todas. No h fase da produo de bens ou servios, industriais ou agrcolas, que no dependa, em algum momento, de uma instituio ou de um produto ou servio financeiro. Uma crise num setor da economia pode trazer con-sequncias muito graves para produtores, empregados e consumidores de dado bem ou servio; uma crise no setor financeiro pode trazer consequncias ainda mais graves para todos os produtores, empregados e consumidores. Um setor fi-nanceiro saudvel, slido e transparente benfico para toda a economia e para todas as camadas da sociedade. Uma economia dinmica, competitiva e sustent-vel benfica para o setor financeiro.

    Essa estreita relao entre o setor financeiro e os demais setores da economia pau-ta a viso de longo prazo da CNF. Em sua atuao institucional, a Confederao no se limita a defender interesses de segmentos do setor financeiro. A CNF pro-move debates e participa das grandes discusses que contribuem para o desenvol-vimento econmico e social do pas. Na sua atuao, a Confederao se preocupa, permanentemente, em promover a tica e a transparncia nas relaes entre as instituies financeiras, bem como entre estas, a sociedade e o Estado.

    Apresentao

  • No Congresso Nacional, as matrias que envolvem o setor financeiro so, invaria-velmente, questes tcnicas. So tambm questes que afetam no apenas o setor, mas toda a economia e toda a sociedade. Seus aspectos econmicos, contbeis, financeiros, matemticos, jurdicos, tributrios, tecnolgicos, regulatrios e de segurana so sempre complexos. Para a CNF, o correto encaminhamento dessas questes requer minucioso e aprofundado estudo de todos os aspectos envolvidos, por atores despidos de preconceitos e isentos de posies preestabelecidas.

    Esse o duplo papel da Agenda do Setor Financeiro. Por um lado, a ASF serve de catalisadora do consenso entre as instituies financeiras sobre as questes que afetam todas elas. O que segue neste documento produto de discusses entre as instituies financeiras e representa o denominador comum do setor para am-plo espectro de temas. Por outro lado, a ASF constitui subsdio para Parlamentares, Consultores e Assessores do Congresso Nacional, entre outros, que se debruam sobre temas ou diretamente ligados ao setor financeiro, ou vinculados a questes que afetam o ambiente de negcios em que opera o setor tais como as trabalhis-tas, tributrias, previdencirias, sociais, ambientais, de segurana, de direitos do consumidor e de eficincia econmica.

    A Agenda do Setor Financeiro trata de 24 temas e 186 subtemas. Para cada um de-les, so alinhadas informaes jurdicas, econmicas, financeiras e histricas que justificam as posies do setor enunciadas com destaque. Do conjunto dessas posies emerge a clara percepo de que a ASF balizada por uma orientao fundamental: dar condies ao setor financeiro para desempenhar o papel que lhe reserva a Constituio e que dele espera a sociedade.

    Visite nosso portal www.cnf.org.br para melhor conhecer as contribuies que esse setor to importante faz economia e sociedade brasileiras. Ao longo do ano, o portal publicar atualizaes na Agenda do Setor Financeiro. A CNF est sua disposio para oferecer informaes adicionais.

    A Confederao Nacional das Instituies Financeiras, tambm designada pela sigla CNF, uma associao civil sem fins lucrativos que congrega as entidades represen-tativas das instituies financeiras e assemelhadas, de mbito nacional ou regional.

    No Congresso Nacional, a CNF exerce prerrogativas exclusivas de entidades de clas-se de grau superior. A CNF est credenciada pelas Mesas do Senado Federal e da Cmara dos Deputados para o fornecimento de subsdios de carter tcnico, docu-mental, informativo e instrutivo aos Relatores de proposies, aos membros das Comisses, s Lideranas e aos demais parlamentares interessados e ao rgo de assessoramento legislativo. que o dispem o Art. 259 do Regimento Interno da Cmara dos Deputados (Resoluo n 10/ 2009) e o art. 30, 1, do Ato da Comisso Diretora do Senado Federal n 17/1987.

    Tambm ao Poder Executivo a CNF est credenciada para participar de Conselhos, Comits, Comisses e Grupos de Trabalho, como, por exemplo, o Conselho de Recur-sos Administrativos (CARF) e o Conselho de Recursos da Previdncia Social (CRPS).

    Um Sistema Financeiro Nacional slido, moderno e eficiente que promova a tica e a transparncia nas relaes entre instituies financeiras, bem como entre estas e a sociedade e o Estado, com vistas ao desenvolvimento econmico e social do Brasil, harmnico em todas as regies do pas.

    Orientar, coordenar, promover, defender e representar os interesses das instituies financeiras no plano nacional, com vistas ao fortalecimento e ao desenvolvimento das suas atividades, cooperando para o desenvolvi-mento econmico e social do pas, observados os princpios da livre iniciati-va e da economia de mercado, voltadas para os interesses da coletividade.

    VISO

    mISSO

    O que e o que faz a CNF

    A Agenda do Setor Financeiro

  • 1 Orientar, coordenar, defender e representar os interesses das instituies finan-ceiras no nvel nacional;

    2 Colaborar para o fortalecimento e desenvolvimento harmnico das instituies financeiras em todas as regies do pas;

    3 Cooperar para o desenvolvimento econmico e social do pas, observados os princpios da livre iniciativa e da economia de mercado;

    4 Patrocinar a solidariedade entre as categorias econmicas do sistema financei-ro, compondo e harmonizando seus interesses;

    5 Promover, perante os diversos setores de atividade econmica do Pas, rgos de comunicao, usurios dos servios das entidades filiadas e pblico em ge-ral, a divulgao das atividades do Sistema Financeiro Nacional no contexto social e no atendimento aos interesses da coletividade;

    6 Manter relao com organizaes internacionais de interesses comuns, poden-do a elas se filiar;

    7 Desenvolver conjuntamente com suas Associadas programas de formao, qualificao e certificao para dirigentes e funcionrios das entidades Asso-ciadas e de suas afiliadas, bem como para terceiros que tenham interesse nas atividades e funcionamento do sistema financeiro;

    8 Promover e realizar eventos tais como exposies, cursos, congressos, semi-nrios, colquios, conferncias, palestras e outras iniciativas, com vistas ao aprimoramento tcnico e profissional dos recursos humanos que integram os quadros das instituies financeiras e do pblico em geral.

    1 Representar perante os rgos, entidades e autoridades competentes, os inte-resses gerais das Associadas;

    2 Tornar pblicas posies do setor financeiro sobre questes relevantes para os objetivos sociais da CNF, sempre que solicitada por suas Associadas;

    3 Indicar para eleio ou designar representantes junto a rgos pblicos de ju-risdio nacional, no interesse geral das Associadas, ressalvadas as indicaes especficas da competncia de cada Associada;

    4 Colaborar com o Estado, como rgo tcnico e consultivo, no estudo e soluo dos problemas que se relacionem com as atividades e categorias econmicas coordenadas;

    5 Representar as Associadas, judicial ou extrajudicialmente, independentemente de mandato, bem como requerer mandado de segurana coletivo, nos termos da legislao vigente, do artigo 5, incisos XXI e LXX, alnea b, da Constituio da Repblica Federativa do Brasil, ou outra medida judicial cabvel, com vistas a defender os direitos e interesses das Associadas;

    6 Acompanhar, junto ao Congresso Nacional e demais rgos legislativos ou nor-mativos, os projetos e propostas que versarem sobre as atividades e operaes dos agentes econmicos e do sistema financeiro, bem como apresentar propo-sies e sugestes de aprimoramento.

    ObjetIVOS PrerrOgAtIVAS PreVIStAS NOS

    eStAtutOS SOCIAIS

  • 1 eduCAO FINANCeIrA 19

    2 dIreItOS dO CONSumIdOr 232.1 Atualizao do Cdigo de Defesa do Consumidor 24

    2.1.1 Superendividamento 242.1.2 Aes Coletivas 252.1.3 Comrcio Eletrnico 26

    2.2 Decises dos Procons Ttulo Executivo 272.3 Proteo dos dados pessoais 282.4 Marco Civil da Internet 282.5 Cadastro Positivo 292.6 Banco de Dados de Inadimplentes 302.7 Boletos de pagamento 312.8 Contratos 332.9 Direito de arrependimento 332.10 Venda casada 342.11 Tempo de espera em filas 352.12 Devoluo de Valores 35

    3 queSteS SOCIAIS 393.1 Incluso Financeira 393.2 Agenda Nacional do Trabalho Decente 403.3 Poltica Nacional de Participao Social 423.4 Igualdade no mundo do trabalho 433.5 Estatuto da Pessoa com Deficincia 433.6 Acessibilidade 443.7 Clusula de observncia de direitos humanos em contratos 46

    sumrio

  • 4 queSteS AmbIeNtAIS 494.1 Sustentabilidade em instituies financeiras 504.2 Responsabilidade do agente financiador (poluidor indireto) 514.3 Calamidades pblicas 524.4 Mercado de crditos de carbono 534.5 Compras sustentveis 544.6 Poltica Nacional de Resduos Slidos 55

    5 reFOrmAS eStruturAIS 595.1 Novo Modelo Previdencirio para Novos Trabalhadores 595.2 Reforma trabalhista/sindical 615.3 Reforma Fiscal 63

    5.3.1 Controle dos gastos pblicos Lei de Responsabilidade Fiscal 65

    6 eFICINCIA eCONmICA e COmPetItIVIdAde 676.1 Custo de Observncia 676.2 eSocial Envio unificado de informaes 696.3 Concentrao bancria 706.4 Lucro e rentabilidade bancria 716.5 Tratamento igualitrio entre instituies financeiras

    de capital nacional e de capital estrangeiro 726.6 Correspondentes no Pas 726.7 Digitalizao/Arquivamento de documentos 746.8 Desonerao da folha de pagamentos 756.9 Regulamentao da Lei Anticorrupo 766.10 Desburocratizao Simplificao do Registro

    e Legalizao de Empresas e Negcios 786.11 Duplo registro 796.12 Territorialidade 796.13 Novo Marco Regulatrio da Minerao 806.14 Agncias Reguladoras 816.15 Publicao de balanos 826.16 Microempresas e empresas de pequeno porte 836.17 Recuperao de empresas 85

    6.17.1 Limites do Plano de Recuperao Judicial 866.18 Desindexao da economia 87

    7 reguLAmeNtAO dO ArtIgO 192 dA CONStItuIO FederAL 89

    8 reguLAmeNtAO dA PrOmOO de INtereSSeS PrIVAdOS LegtImOS juNtO AO SetOr PbLICO (LObbY ) 93

    9 eFICINCIA judICIrIA e SegurANA jurdICA 979.1 Reformas de Cdigos Legais 98

    9.1.1 Cdigo Comercial 989.1.2 Cdigo Penal 999.1.3 Cdigo de Processo Civil 1009.1.4 Cdigo de Processo Penal 1019.1.5 Cdigo do Trabalho 101

    9.2 Justia do Trabalho 1029.2.1 Competncia penal da Justia do Trabalho 1039.2.2 Execuo no processo trabalhista 1049.2.3 Recursos trabalhistas 1059.2.4 Depsito recursal 1069.2.5 Honorrios advocatcios de sucumbncia 106

    9.3 Ao Civil Pblica (ACP) 1079.4 Desconsiderao da personalidade jurdica 1099.5 Interdito Proibitrio 1099.6 Estratgia Nacional de no Judicializao (Enajud) 1109.7 Pacto Republicano 111

    10 merCAdO de CAPItAIS 11310.1 Ampliao do acesso dos investidores ao mercado

    de capitais com adequada proteo 11410.2 Ampliao do acesso das empresas ao mercado de capitais 11410.3 Derivativos e mercados futuros 11510.4 Varas da Justia especializadas em matrias

    ligadas ao mercado de capitais 11510.5 Aceitao de garantias de investidores estrangeiros 11610.6 Registro no Cade de participao acionria

    por Fundos de Private Equity e Venture Capital 11710.7 Utilizao de recursos do FGTS para aquisio de aes 117

    11 bANCO CeNtrAL 11911.1 Funes de superviso bancria 120

  • 12 CrdItO 12312.1 Alienao fiduciria 12412.2 Crdito consignado 12412.3 Recursos de previdncia complementar dados em garantia 12612.4 Crdito Direto ao Consumidor (CDC) 12712.5 Cdula de Crdito Bancrio Eletrnica 12712.6 Microcrdito 12812.7 Crdito rural 12912.8 Cooperativas de crdito 13012.9 Extino da Garantia Real sobre Imveis de Fronteira 13112.10 Fundo Garantidor de Crditos (FGC) 132

    13 CrdItO ImObILIrIO 13513.1 Portabilidade do Crdito Imobilirio 13613.2 Concentrao de atos registrais na matrcula 13613.3 Depsitos de Caderneta de Poupana 13713.4 Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS) 13813.5 Patrimnio de Afetao e Regra do Incontroverso 13913.6 Fundo de Compensao de Variaes Salariais (FCVS) 13913.7 Consrcio imobilirio 14013.8 Garantia Hipotecria 14113.9 Impenhorabilidade do bem de famlia 142

    14 tAXA de jurOS e mArgeNS bANCrIAS (SPreAd) 14514.1 Capitalizao de juros para prazos inferiores a um ano 14614.2 Tabela Price 14714.3 Tabelamento de juros 14914.4 Tabelamento de margem bancria (spread ) 14914.5 Limitao dos juros cobrados sobre cheque especial 15114.6 Depsito compulsrio 152

    15 FINANCIAmeNtO de LONgO PrAZO 15515.1 Letras Financeiras Imobilirias e Covered Bonds 15615.2 Parcerias Pblico-Privadas (PPP) 15715.3 Privatizao 158

    16 queSteS trIbutrIAS 16116.1 Cdigo de Defesa dos Contribuintes 16216.2 Reforma do Processo Administrativo Fiscal 16316.3 Transparncia de dados fiscais 163

    16.4 Crditos tributrios 16416.5 Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) 16416.6 Execuo Fiscal 16516.7 Participao nos Lucros ou Resultados (PLR) 16616.8 Tributao de Incentivos Contratao e Produtividade 16716.9 Compensao de gio Interno em Reorganizaes Societrias 16816.10 Tributao sobre ganhos de capital no realizados 16916.11 Tributao de Empresas Coligadas e Controladas 17016.12 Enquadramento no SIMPLES de correspondentes no pas 17116.13 Comrcio Exterior de Servios 17216.14 Incidncia de IR sobre lucros e dividendos 17316.15 Imposto sobre Operaes de Crdito, Cmbio e Seguro,

    ou relativas a Ttulos ou Valores Mobilirios (IOF) 17416.16 Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza (ISS)

    e arrendamento mercantil (Leasing) 17516.17 Contribuio Social sobre o Lucro Lquido (CSLL) 17616.18 Contribuies sobre Movimentao Financeira 17616.19 Tributao sobre Grandes Fortunas 17716.20 Encargo financeiro para exportao 17816.21 Ganhos de capital de pessoas fsicas na negociao de aes 17816.22 Tributao dos ttulos de renda fixa 17916.23 Tributao das operaes de trocas de contratos

    com fluxos de caixa (swap) 17916.24 Tributao do hedge agropecurio de pessoas fsicas 18016.25 Tributao dos ttulos do agronegcio 18016.26 Diferenciao entre fundos de curto prazo e de longo prazo 18016.27 Tratamento tributrio do investidor estrangeiro

    em fundos mtuos de investimentos 18116.28 Tributao do investimento de longo prazo 18116.29 Tributao de fundos de penso 182

    17 queSteS trAbALHIStAS e SINdICAIS 18517.1 Contribuio Social sobre o FGTS 18617.2 Terceirizao 18717.3 Criao das Juntas de julgamento e do Conselho

    Administrativo de Recursos Trabalhistas 18817.4 Concesso de benefcios em dinheiro vale-transporte 19017.5 Tributao adicional sobre rotatividade de mo-de-obra 19117.6 Capacitao e qualificao do trabalhador 191

    17.6.1 Desonerao de Bolsas de Estudos 19217.7 Acordo Coletivo Especial 19317.8 Equiparao de correspondentes a bancrios 19417.9 Jornada de trabalho 195

  • 17.10 Fixao de piso salarial 19517.11 Estabilidade da relao empregatcia 19617.12 Estabilidade provisria da relao empregatcia 19717.13 Sociedades Cooperativas e estabilidade provisria 19817.14 Acidente de trabalho 19917.15 Adicional de penosidade 20017.16 Seguro Acidente de Trabalho (SAT) 20117.17 Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) 20117.18 Suspenso de contrato de trabalho em caso

    de crise econmico-financeira 20217.19 Licena Maternidade 20317.20 Outras licenas trabalhistas 20417.21 Assdio moral 20517.22 Ponto eletrnico 20517.23 Unicidade sindical 20617.24 Acesso das entidades sindicais s informaes das empresas 20717.25 Participao dos trabalhadores na gesto das empresas 20717.26 Contribuio assistencial 20817.27 Contribuio negocial 20917.28 Ultratividade das convenes, acordos

    e contratos coletivos de trabalho 20917.29 Migrao de trabalhadores qualificados 21017.30 Compensao da Gratificao de Funo com a 7 e 8 horas 21117.31 Taxa de juros da mora trabalhista 212

    18 queSteS PreVIdeNCIrIAS 21518.1 Conselho de Recursos da Previdncia Social (CRPS) 21618.2 I Conferncia Nacional da Previdncia Social 21618.3 Fator Previdencirio 21718.4 Ressarcimento ao Sistema nico de Sade (SUS) 21818.5 Penses e Benefcios 21918.6 Reajuste dos benefcios observando o salrio mnimo 219

    19 queSteS de SegurANA 22319.1 Uniformizao da legislao sobre segurana bancria 22419.2 Crimes eletrnicos 22419.3 Combate lavagem de dinheiro 22619.4 Definio do Crime de Terrorismo 22719.5 Vigilncia privada 22819.6 Caixas eletrnicos 22919.7 Agncias bancrias 22919.8 Segurana do transporte de valores 23019.9 Tecnologia de segurana 230

    20 queSteS bANCrIAS 23320.1 Atividades bancrias como servios essenciais 23320.2 Sigilo bancrio 23420.3 Tarifas bancrias 23620.4 Horrio de funcionamento de agncias bancrias 23720.5 Cheques 238

    20.5.1 Pagamento de cheques pr-datados, promissivos ou sem fundos 23820.5.2 Sustao de cheques 239

    20.6 Transaes eletrnicas 239

    21 ArreNdAmeNtO merCANtIL (LeASINg) 24321.1 Valor Residual Garantido (VRG) 24421.2 Contabilizao do leasing como ativo intangvel 244

    22 CArteS de CrdItO 24722.1 Imposto sobre servios de qualquer natureza e Cartes de Crdito 24922.2 Fiscalizao pelo Banco Central 25122.3 Diferenciao dos preos em funodo meio de pagamento utilizado 25222.4 Limitao dos juros sobre o crdito rotativo 253

    23 PAdreS CONtbeIS 25723.1 Acordo de Basileia III 25723.2 Dedutibilidade imediata da proviso de Crditos Duvidosos 25823.3 Harmonizao de regras contbeis com padres internacionais 260

    24 queSteS INterNACIONAIS 26324.1 Brasil Investimentos e Negcios Instituto BRAiN 26324.2 Ponto de Contato Nacional (PCN) 26424.3 Preveno evaso fiscal: Foreign Account Tax Compliance Act (FATCA) 26524.4 Acordo contra bitributao entre o Brasil e os Estados Unidos 26624.5 Parlamento do Mercosul (Parlasul) 267

    SItuAO dAS PrOPOSIeS NA AberturA dA SeSSO LegISLAtIVA de 2014 271

  • 19captulo 1: eduCAO FINANCeIrA

    Uma educao financeira de qualidade propicia be-nefcios tanto para os consumidores quanto para as instituies com que estes se relacionam. por essa razo que a educao financeira est no topo da agenda das instituies do setor.

    Para os consumidores, conhecimento de produtos e servios, do funcionamento do sistema financeiro nacional e de princpios de matemtica financeira, entre outros, facilitam a identificao das melhores alternativas de compra a prazo, de tomada de cr-dito e de investimento de sua poupana. Educao financeira previne contra riscos desnecessrios e contribui para o equilbrio das contas familiares, com foco no planejamento, no controle dos gastos

    e na importncia de se poupar. Aliar o perfil empre-endedor do brasileiro a uma educao financeira de qualidade contribui para o crescimento econmico sustentado e mitiga o superendividamento.

    Para as instituies, por sua vez, a educao finan-ceira contribui para cimentar relacionamentos sli-dos e duradouros com seus clientes, o que fomenta a bancarizao e o crdito, com reduo gradual da inadimplncia e das margens bancrias (spread). Tambm contribui para o lanamento de gama mais variada de produtos financeiros, medida que os brasileiros se voltem para o planejamento de longo prazo e recorram cada vez mais previdncia pri-vada, ao crdito imobilirio, ao financiamento edu-

    A Confederao Nacional das Instituies Financeiras apoia iniciativas multidisci-plinares que permeiem toda a formao do futuro consumidor. Ao mesmo tempo, apoia medidas pontuais que ofeream educao financeira ou para segmentos especficos da populao, ou sobre aspectos especficos das atividades do setor financeiro, desde que tais aes no substituam o tratamento transversal con-templado, por exemplo, pela Estratgia Nacional de Educao Financeira (ENEF).

    educaofinanceira1

  • agenda do setor financeiro 201420

    cacional de suas famlias, formao de carteiras diversificadas de ativos, para mencionar algumas das possibilidades.

    Educao financeira pode ser oferecida em dife-rentes nveis de complexidade, para os mais varia-dos pblicos. Assemelha-se, em grande medida, ao aprendizado de matemtica, que permeia as mais diversas matrias acadmicas. Assim, a educao financeira ideal no se limita a um aprendizado sim-ples, que possa ser adquirido numa disciplina espe-cfica no currculo escolar. Ao contrrio, ela deveria

    entremear diferentes matrias ao longo da formao do brasileiro. Essa a orientao fundamental da Es-tratgia Nacional de Educao Financeira (ENEF).

    O Decreto n 7.397/2010, que institui a ENEF, alm de dispor sobre a gesto, estabelece que a execuo da Estratgia dar-se- em conformidade com dire-trizes como: (i) a gratuidade das aes de educao financeira; (ii) a formao de parcerias com rgos e entidades pblicas e instituies privadas; (iii) a prevalncia do interesse pblico; e (iv) a atuao permanente e em mbito nacional.

  • captulo 2: direitos do consumidor 23

    O respeito das instituies financeiras aos direitos do consumidor est solidamente vinculado a uma relao mtua de confiana. Ao fazer um depsito, os clientes acreditam que seus recursos estaro dis-ponveis na forma e no prazo pactuados. Ao conce-der um emprstimo, as instituies acreditam que os recursos sero repagados nas condies contra-tadas. Confiana a matria prima fundamental das instituies financeiras. A eventual violao dos di-reitos do consumidor enfraquece esse vnculo e afe-ta o bom funcionamento do setor financeiro.

    A observao desses direitos no se confunde com eventuais erros operacionais, inevitveis num siste-ma que gerencia 199 milhes de contas bancrias. Resultados do balano de instituies mais recla-madas divulgado pelo Banco Central em novembro de 2013 evidenciam que, ao considerar-se o nme-ro de clientes e volume de servios prestados, os bancos esto entre as empresas brasileiras com o menor ndice de queixas relativas. No ranking das dez instituies (com mais de um milho de clien-tes) com maior nmero de reclamaes, para cada

    100 mil clientes o banco mais reclamado tinha 1,71 reclamaes. Em um sistema que lida com um as-sunto to sensvel quanto o dinheiro e que mantm uma relao quase diria com seus clientes, proces-sando anualmente mais de 35,5 bilhes de transa-es entre depsitos, emprstimos, pagamentos e recebimentos de todos os tipos de contas, trans-ferncias e aplicaes financeiras, o nmero de re-clamaes no Banco Central pode ser considerado efetivamente baixo.

    A CNF participar da 1 Conferncia Nacional de De-fesa do Consumidor (I CONDEC), comandada pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministrio da Justia, para o debate democrtico de aperfeioamento das normas referentes s rela-es de consumo. Esse evento poder ocorrer entre 2014 e 2015 e discutir, entre outros temas: crdito e superendividamento; relacionamento do setor fi-nanceiro com seus clientes; inovaes tecnolgicas e seus reflexos nas relaes de consumo; consumo sustentvel; prestao de servios pela internet e comrcio eletrnico.

    direitos doconsumidor2

    As instituies financeiras acompanham com interesse propostas que acrescen-tem transparncia e correo s relaes de consumo, ao mesmo tempo em que observem tanto os benefcios aos consumidores quanto as implicaes de custos para as empresas. Para a Confederao Nacional das Instituies Financeiras, tais propostas devem assegurar o equilbrio entre, por um lado, os direitos dos consu-midores e, por outro, a viabilidade econmica dos provedores de bens e servios.

  • captulo 2: direitos do consumidoragenda do setor financeiro 2014 2524

    2.1 AtuALIZAO dO CdIgOde deFeSA dO CONSumIdOr

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras considera oportuna a reviso do Cdigo de Defesa do Consumidor, para tratar, entre outros, de questes como mercado de crdito, preveno do superendividamento e comrcio eletrnico. Para a reforma do CDC, a CNF pondera que dispositivos legais que intro-duzam incerteza em relaes contratuais au-mentam o risco dessas relaes e, por consequ-ncia, tm reflexo no preo (tarifas ou taxas de juros, por exemplo). Por essa razo, eventuais novos dispositivos, ou alteraes em regras j existentes, deveriam privilegiar a livre negocia-o em ambiente concorrencial, no mbito de marcos legais claramente definidos, resguar-dados os direitos dos consumidores.

    Em 2010, o ento Presidente do Senado, Senador Jos Sarney (PMDB/AP), instalou uma comisso de especialistas para estudar medidas que promovam a modernizao do Cdigo de Defesa do Consumidor com o intuito de adequ-lo dinmica atual das re-laes de consumo. O Ministro do Superior Tribunal de Justia (STJ) Herman Benjamin, um dos idealiza-dores do CDC, presidiu os trabalhos dessa comisso de especialistas. O grupo elaborou trs anteprojetos, cuja tramitao legislativa iniciou-se em 2012, que tratam de: superendividamento, comrcio eletrni-co e aes coletivas.

    Aos anteprojetos dessa comisso somam-se outras iniciativas do Ministrio da Justia, alm de projetos j em tramitao no Congresso Nacional que promo-vem alteraes substanciais na norma.

    2.1.1 Superendividamento

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia propostas que fortaleam a le-gislao para evitar o superendividamento com o propsito tanto de proteger consumidores contra o excesso de dvidas quanto de auxili-los a retornarem ao mercado de crdito. Para a CNF, parte importante da soluo desse proble-ma passa pelo acordo de conciliao entre cre-dores e devedores, no qual a conciliao deve sempre ser obtida por meio de mecanismos de mercado, a fim de se evitar o risco moral, isto , que consumidores se superendividem por con-tarem desde o incio com um possvel acordo posterior que reduzir seus encargos.

    O termo endividamento significa, na linguagem popular, contrao de obrigaes alm da capaci-dade de pagamento. Tecnicamente, porm, o termo refere-se a evento corriqueiro na vida em sociedade: significa ter uma dvida frente a um fornecedor, seja um banco, seja um supermercado, um aougue, um locador do imvel, ou seja, dvidas essenciais para que o cidado tenha uma vida digna. Dessa forma, o endividamento no deve ser encarado como algo deletrio, mas uma forma de alcanar metas e rea-lizar sonhos.

    J o superendividamento a patologia do crdito. A CNF recebeu com grande interesse o Manual de Pre-veno e Tratamento do Superendividado prepara-do pela professora Cludia Lima Marques (uma das pioneiras em estudos acadmicos sobre superendi-vidamento no pas), juntamente com o Departamen-to de Proteo e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministrio da Justia. Lanado em janeiro de 2011, o Manual inicia uma srie de investigaes cientficas sobre temas pertinentes defesa do consumidor. Se-gundo o Manual do Ministrio da Justia, o superen-dividamento pode ser definido como:

    Impossibilidade global de o devedor pessoa fsica, consumidor, leigo e de boa-f, pagar todas as suas dvidas atuais e futuras de consumo (excludas as dvidas com o Fisco, oriundas de delitos e de alimen-tos) em um tempo razovel com a sua capacidade atual de rendas e patrimnio.

    O uso indevido de produtos e servios financeiros pode decorrer de diferentes causas, dentre as quais se destaca carncia de educao financeira. Para que possam comparar as possibilidades que esto ao seu alcance, os clientes necessitam compreender as caractersticas dos diversos produtos e servios financeiros, saber calcular e comparar os custos de cada produto, bem como determinar sua capacida-de de endividamento.

    Do lado dos consumidores, o conhecimento de suas necessidades e dos instrumentos financeiros que atendem a essas necessidades propulsor de pros-peridade e de realizao de projetos. Do lado das instituies financeiras, o conhecimento de seus clientes e de suas limitaes crtico para evitar que sejam ofertados produtos e servios inadequados. Os clientes, porm, usualmente se endividam em mais de uma instituio financeira. Assim, uma das principais causas do superendividamento a falta de informaes sobre o conjunto dos compromissos financeiros assumidos por determinado cliente em diferentes estabelecimentos, em diversas praas.

    A conteno do superendividamento um esforo no qual ganham todas as partes envolvidas: ganha a populao, que passa a ter no crdito uma ferra-menta para a realizao de seus projetos; ganha a sociedade como um todo, porque o uso consciente do crdito gera um consumo perene; e ganham os bancos com uma menor carga de inadimplncia.

    Se por um lado, ganha o fornecedor ao exercer o princpio da livre iniciativa de contratar e ofertar produtos, por outro, ganha o consumidor, que pode ter acesso a melhores condies de pagamento, por exemplo, em compras a vista ou a prazo pelo mesmo

    preo. Deve-se sempre coibir os abusos, que quan-do constatados devem ser punidos de acordo com os preceitos e normas j vigentes, inclusive aqueles previstos no atual Cdigo de Defesa do Consumidor. Nesse sentido, as reformas devem ocorrer de forma a evitar um aumento de custo e, consequentemente, um aumento do preo de produtos e servios, afe-tando indiretamente o consumidor.

    A Confederao apoia uma atualizao do Cdigo de Defesa do Consumidor para amparar, ainda mais, o hipossuficiente em defesa dos seus direitos, enten-dendo, contudo, que a norma no escudo para a perpetuao de dvidas, conforme defendido pelo ex-Ministro do STF, Carlos Alberto Menezes Direito.

    2.1.2 aeS coletivaS

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia propostas que aprimorem a legislao que trata de aes coletivas com vis-tas a preservar as regras gerais de preveno do Cdigo de Processo Civil; a garantir a segu-rana jurdica dos atos; a resguardar o equil-brio entre as partes; e a sustentar os princpios do contraditrio e da ampla defesa.

    O Cdigo de Defesa do Consumidor (CDC) alterou a Lei n 7.347/1985, que disciplina a ao civil pblica, e ampliou o escopo de emprego dessa norma. A Lei n 7.347 voltou-se proteo de interesses difusos e coletivos; com o CDC passou a tambm tratar de interesses ou direito individuais homogneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. uma das razes pelas quais a norma do Direito do Con-sumidor representa uma das principais evolues legislativas ocorridas recentemente.

    A CNF entende que a atualizao da norma deve preservar a economia processual, impedindo a tra-mitao concomitante de aes coletivas que ver-

  • captulo 2: direitos do consumidoragenda do setor financeiro 2014 2726

    sem sobre o mesmo objeto e que seja observado os limites da competncia territorial do rgo prolator da sentena. Dessa forma, importante que se pre-serve as regras gerais de preveno do Cdigo de Processo Civil, inclusive como forma de resguardar a segurana jurdica.

    importante que a reforma empreendida, ao inserir novos conceitos, traga consigo a especificao tc-nico-processual, evitando o surgimento de dvidas semnticas que deem margem a interpretaes equi-vocadas, que gerariam insegurana jurdica. Ademais, inserir no Cdigo de Defesa do Consumidor normas de rito processual aprofunda a antinomia entre duas leis, no caso o CDC e o Cdigo de Processo Civil.

    2.1.3 comrcio eletrnico

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia o aperfeioamento da legisla-o referente ao comrcio eletrnico e medidas que visem a fortalecer a sua aplicabilidade no ambiente virtual. A CNF refora a necessidade de que esses aperfeioamentos levem em con-siderao o equilbrio das relaes de consu-mo e os custos envolvidos nos processos virtu-ais, de modo a no inviabilizar essa forma de transao, a no excluir dessa modalidade de comrcio parcela de consumidores (em funo de localidades e rendas diferenciadas) e a ga-rantir segurana ao consumidor.

    A criao e a difuso do comrcio eletrnico foram um avano nas relaes entre os fornecedores e consumidores. A disponibilidade de canais de com-pra distncia foi um grande passo para o aumento da competitividade e do acesso do consumidor aos mais diversos tipos de produtos e servios.

    Considerando a expanso dessa modalidade no pas, em razo dos avanos tecnolgicos, da globalizao,

    dos novos canais de distribuio eletrnica e da inte-grao dos mercados, o Ministrio da Justia estabe-leceu, no ano de 2010, adequaes a tais veculos de transaes comerciais por meio das diretrizes para as relaes de consumo estabelecidas no comrcio eletrnico, quais sejam: proteo paritria, transpa-rente e eficaz; informaes exatas, claras e de fcil acesso; processo de confirmao sobre a transao; garantia de mecanismos de pagamentos seguros e de fcil utilizao; procedimentos eficientes para re-soluo de conflitos; e critrios objetivos de respon-sabilizao do fornecedor.

    A Confederao concorda com iniciativas que fortale-am as diretrizes propostas, considerando que as re-laes de consumo realizadas por meio do comrcio eletrnico devam ser assim norteadas para suscitar a confiana dos consumidores e estabelecer uma re-lao de consumo mais equilibrada nas transaes comerciais eletrnicas. Contudo, a CNF entende que a ausncia de definio objetiva de determinadas ex-presses inseridas nos projetos em discusso tais como: assdio de consumo, endividamento exa-gerado, meios adequados e seguros deve ser evitada, pois a falta de conceituao clara, alm de gerar insegurana, tem potencial de ampliar indevi-damente demandas judiciais.

    As propostas que buscam permitir ao consumidor escolher o foro de sua residncia, ou qualquer outro, independentemente de onde as partes pactuantes realizaram o negcio, constitui um privilgio injus-tificado. O dispositivo representa cerceamento do direito de defesa dos fornecedores ao conceder um rol to amplo de escolhas de foro competente para propositura de aes. Muitos fornecedores enfren-tariam grandes dificuldades para exercer seu direito de defesa devido distncia, comprometendo a pro-duo de provas.

    A contratao e/ou cancelamento de servios e pro-dutos distncia um grande avano nas relaes de consumo, conferindo agilidade tanto para o con-sumidor quanto para o fornecedor. Destaca-se, nes-

    ses casos, que o exerccio de tal direito deve ocorrer dentro de prazos onde a operacionalidade pressupe avaliao de vrios procedimentos, de forma que no seria vivel, por exemplo, o envio imediato de confirmaes eletrnicas no caso da quitao, can-celamento ou contratao de um produto ou servi-o. Isso porque o meio eletrnico traz mais agilidade, porm ainda depende de outros fatores tcnicos que visam, inclusive, a garantir a segurana do cliente.

    No que diz respeito a produtos e servios financeiros, a CNF entende que no podem ser devolvidos a no ser que o consumidor arque com eventuais despe-sas oriundas da sua utilizao durante certo perodo de tempo. Enquanto o objeto do financiamento (di-nheiro) ficou em poder do cliente, este o utilizou e se beneficiou de seu rendimento, no sendo correto o consumidor dele se utilizar sem remunerar o cre-dor. Na viso da CNF, o ato de um tomador de recur-sos que detenha os valores por algum tempo, aufira ganhos da aplicao desses recursos e em seguida devolva o capital por arrependimento caracterizaria enriquecimento ilcito do devedor. Dessa forma, s caberia o exerccio do direito de arrependimento para os casos em que os recursos ainda no foram disponibilizados ao consumidor.

    2.2 deCISeS dOS PrOCONS ttuLO eXeCutIVO

    A Confederao Nacional das Instituies Financeiras apoia propostas que busquem conferir efetividade s decises e multas apli-cadas pelos rgos de defesa do consumidor, ao mesmo tempo em que so asseguradas as garantias do direito de defesa, do acesso ao ju-dicirio, do devido processo legal e da razoabi-lidade, previstas na Constituio Federal.

    Para o bom funcionamento do Sistema de Defesa do Consumidor (SDC), fundamental que as deci-

    ses dos Procons inclusive multas sejam acata-das. Contudo, a transformao das multas dos Pro-cons em ttulos executivos extrajudiciais fragiliza o SDC, na medida em que introduz um elemento de arbitrariedade incompatvel com o Estado Demo-crtico de Direito.

    Os ttulos a que o Cdigo de Processo Civil (CPC) atri-bui fora executiva extrajudicial possuem os atribu-tos da certeza, liquidez e exigibilidade (art. 686) para que possam ser objeto de execuo definitiva (art. 587). Assim, transformar as multas aplicadas pelos rgos de defesa do consumidor em ttulos executi-vos extrajudiciais significa dizer que estes s pode-ro ser questionados no Poder Judicirio quanto sua exigibilidade, certeza e liquidez. Nesse caso, no caberia questionamento a respeito da legalidade, da razoabilidade, do valor aplicado, da competncia da autoridade, da efetiva ocorrncia do fato ensejador da multa, entre outras circunstncias de fato e de direito que podem gerar legtimos questionamentos por parte das empresas multadas.

    Tal limitao da possibilidade de questionamen-to judicial de todos os aspectos dessa multa viola a garantia constitucional do direito de defesa das empresas, de acesso justia, alm de violar o princpio da razoabilidade, eis que nem as multas administrativas impostas pelo Poder Pblico so consideradas ttulo executivo extrajudicial, uma vez que estas dependem de inscrio na dvida ativa para a sua execuo, podendo ser questionadas pe-los particulares.

    Dispositivo dessa natureza existia no artigo 82 do Cdigo de Defesa do Consumidor, que foi vetado pelo Presidente Fernando Collor quando lhe foi sub-metido sano. O veto deu-se pela improprieda-de de se equiparar compromisso executivo a ttulo executivo extrajudicial, visto que o objeto do com-promisso a cessao ou a prtica de determinada conduta e no a entrega de coisa certa ou pagamen-to de quantia fixada.

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    2.3 PrOteO dOS dAdOS PeSSOAIS

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia projetos voltados para a pro-teo de dados pessoais que confiram efetivo controle dos cidados sobre o uso e a divulga-o de suas informaes, ao mesmo tempo em que impliquem custos realistas no s para os consulentes de informaes as instituies fi-nanceiras, por exemplo mas tambm para os coletores e gestores dessas informaes. Com isso, busca-se criar um sistema sustentvel e confivel de fornecimento de dados expressa-mente autorizados por seus titulares.

    O Ministrio da Justia (MJ), em 2010, props um debate pblico sobre minuta de anteprojeto de lei que versa sobre a proteo da privacidade e de da-dos pessoais dos cidados, especialmente no am-biente da Internet. Nos termos da minuta, qualquer informao pessoal s poder ser tratada mediante o consentimento do titular ou por expressa previ-so legal. O consentimento tambm necessrio para usos posteriores dos dados por bancos e em-presas ou repasses a terceiros. Os dados ditos sens-veis, como os fiscais e bancrios, estaro sujeitos a proteo especial, com sanes ainda mais rgidas contra os infratores.

    O anteprojeto preparado pelo Ministrio da Justia apresenta pontos em comum com o Marco Civil da Internet (MCI), o qual rene regras para determinar direitos, deveres e responsabilidades de internau-tas, provedores de acesso e atuao do Estado no ambiente virtual. Entre os destaques do texto est a garantia do sigilo do contedo das comunicaes e da preservao da intimidade, vida privada, honra e imagem do usurio.

    A proteo de dados pessoais no recebe tratamen-to especfico no ordenamento jurdico brasileiro e as normas existentes so esparsas e setoriais, embora

    a privacidade seja uma das garantias fundamentais previstas na Constituio Federal (CF). Nesse senti-do, a CNF concorda integralmente com o Ministrio da Justia sobre a urgncia de se conferir aos bra-sileiros uma efetiva cidadania digital, evitando que suas prerrogativas e direitos em relao a seus da-dos pessoais e sua privacidade sejam menores do que aquelas de nacionais de vrios outros pases.

    2.4 mArCO CIVIL dA INterNet

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia a proposta de criao de um Marco Civil que supra a ausncia de regula-mentao para o uso da internet e sirva como um norteador da ao das empresas nesse ambiente, propiciando maior segurana jur-dica aos atores envolvidos nas relaes virtu-ais e respondendo aos conflitos que decorrem dessas novas relaes. Para a CNF, essa regu-lamentao deveria prever tambm a guarda dos registros de conexo e de acesso a apli-caes de internet por prazo suficientemente longo que fornea elementos para eventuais investigaes de crimes eletrnicos.

    A elaborao de um Marco Civil da Internet foi inicia-tiva do Ministrio da Justia (MJ) que, no ano de 2009, colocou em duas rodadas de audincia pblica um anteprojeto cujo objetivo central definir os direitos, deveres e responsabilidades de cidados, empresas e Governo em relao s suas aes na internet. A criao de uma legislao civil para a internet segue experincias internacionais. Argentina, Estados Uni-dos, Frana e diversos outros pases da Europa, por exemplo, j adotaram seus marcos.

    A proposta no trata de temas polmicos como: cri-mes cibernticos, comrcio eletrnico e direitos au-torais. Conforme entendimento do MJ, tais assuntos devero ser tratados por legislaes especficas, j

    que inseri-los na proposta de Marco Civil atrasaria sua elaborao e a construo de consenso em tor-no de seus dispositivos.

    Apesar do acerto da proposta em superar lacunas na ordem jurdica nacional no que concerne re-gulamentao do uso da internet, ela carece de aprimoramentos, especialmente no que diz respei-to guarda de registros de conexo e de acesso a aplicaes de internet. Tambm merece discusso aprofundada a localizao fsica de servidores em territrio brasileiro.

    A CNF defende a previso de guarda dos registros de conexo e de acesso a aplicaes de internet por pra-zo suficientemente longo para manter informaes relevantes que possam vir a ser usadas em proces-sos investigativos ou na defesa de particulares. Tra-ta-se aqui do registro de conexo e de seu contedo. Dessa forma, quando da ocorrncia de fraudes ou crimes eletrnicos, as informaes armazenadas e decorrentes de prvia relao de consumo poderiam ser utilizadas para facilitar a identificao do real autor da conduta ilcita, uma vez que, do contrrio seria apenas possvel localizar o nmero do IP, isto , a identidade do computador de origem da conduta fraudulenta (mas no os dados pessoais do autor). Ressalte-se que a guarda desses registros deve ser feita de forma confidencial e restrita, de modo a ga-rantir que pessoas no autorizadas no os acessem. Alm de contribuir com a investigao de condutas ilcitas cometidas no ambiente virtual, a guarda dos registros tem potencial inibidor de crimes, dissua-dindo potenciais autores de atos dolosos.

    No que diz respeito localizao fsica de servidores em territrio brasileiro, ainda h muita desinforma-o. A segurana de dados no est relacionada com o local de armazenagem dos dados, mas sim com a forma como so mantidos e protegidos. O setor bra-sileiro de tecnologia da informao (TI) um dos maiores geradores de empregos no Brasil e perma-nece competitivo em parte em virtude das cadeias internacionais de suprimento (global supply chains),

    que se beneficiam da eficincia da rede global e do fluxo de dados. A localizao fsica de servidores tem implicaes para a segurana, para custos, para competitividade e para os consumidores.

    O requisito de localizao fsica em territrio brasi-leiro tambm prejudicaria o objetivo da Presidncia da Repblica de fazer do Brasil um lder em tecno-logia e inovao regional atravs do Programa Es-tratgico de Software e Servios de TI (TI Maior) do Ministrio da Cincia e Tecnologia.

    2.5 CAdAStrO POSItIVO

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras entende que a Lei n 12.414/2011 que instituiu o Cadastro Positivo contribuir para estender a bancarizao e o crdito s cama-das da populao de menor poder aquisitivo, com efeitos positivos sobre o crescimento eco-nmico sustentvel e a distribuio de renda. Para a CNF, a legislao no equacionou a con-tento a questo da responsabilidade objetiva e solidria dos consulentes. A Confederao apoia propostas que atribuam responsabilida-de objetiva e solidria apenas s fontes e aos gestores de bancos de dados pelos danos que possam eventualmente causar a cadastrados.

    Em junho de 2011, o Poder Executivo sancionou a Lei n 12.414/2011, que disciplina a formao e consul-ta a bancos de dados com informaes de adimple-mento, de pessoas naturais ou de pessoas jurdicas, para formao de histrico de crdito (Cadastro Po-sitivo). A norma teve origem na edio da Medida Provisria n 518/2010.

    A mais evidente das vantagens do cadastro positivo a de que bons pagadores passam a se beneficiar de taxas de juros diferenciadas, com consequente redu-o gradual do spread bancrio (ver Seo 14 Taxa

  • captulo 2: direitos do consumidoragenda do setor financeiro 2014 3130

    de juros e margens bancrias (spread)). Discute-se tambm seu impacto esperado sobre a ampliao dos servios bancrios, com benefcio para a popu-lao de faixas de renda mais baixa, bem como sua contribuio para evitar o superendividamento, ao permitir aferio mais efetiva da capacidade de pa-gamento dos consumidores.

    O Decreto n 7.829/2012, que entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2013, regulamentou a Lei n 12.414/2011, definindo as condies para funciona-mento dos bancos de dados; as informaes a serem includas no histrico de crdito do consumidor; os critrios para consulta ao banco de dados; a autori-zao para abertura do cadastro pelo cliente e poste-rior compartilhamento dessas informaes.

    O Conselho Monetrio Nacional editou a Resoluo n 4.172/2012, que regulamentou o repasse das in-formaes dos clientes pelas instituies financeiras aos bancos de dados que devero operar o histrico de adimplemento. Nos termos da referida Resoluo, devem ser repassadas aos bancos de dados as infor-maes que compem o histrico das operaes de emprstimo e financiamento, de arrendamen-to mercantil, de autofinanciamento realizadas por meio dos grupos de consrcio e de adiantamentos e outras operaes com caractersticas de concesso de crdito. O histrico ser composto pela data da concesso do emprstimo ou financiamento, o valor original total do emprstimo, valores e datas de ven-cimentos das prestaes, bem como valores pagos. Somente os bancos de dados cujo gestor detenha patrimnio lquido mnimo de R$ 70 milhes pode-ro gerir e receber tais informaes.

    A regulamentao da Lei n 12.414/2011 por Decre-to e por Resoluo do CMN no superou o principal obstculo rpida implementao de bancos de dados, a saber, a incluso de consulentes no rol dos responsveis objetiva e solidariamente por eventu-ais danos causados a cadastrados, conforme expres-samente dispe o art. 16 da Lei.

    A responsabilidade objetiva prescinde da compro-vao de culpa, estabelecendo a obrigao de inde-nizar mesmo sem que se comprove vnculo entre o dano e o agente.

    Para a Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras, no adequado colocar no mesmo patamar de responsabilidade os que coletam, geram, processam e transmitem informaes sobre cadastrados e aque-les que meramente consultam essas informaes para subsidiar decises de crdito, sem poder verifi-car sua preciso ou efetuar correes. Na relao con-tratual que se estabelece entre, de um lado, fontes e gestores de bancos de dados e, de outro, consulentes, estes so consumidores e aqueles fornecedores de servio. Essa polarizao na relao contratual deve-ria refletir-se tambm nas responsabilidades atribu-das a cada uma das trs partes envolvidas. No ca-beria aos consulentes a responsabilidade objetiva e solidria por danos causados aos cadastrados.

    A excluso dos consulentes do rol dos agentes a quem pode ser imputada responsabilidade solidria e objetiva no afastaria sua eventual responsabilida-de direta pelo descumprimento das obrigaes que lhe so cominadas pela Lei do Cadastro Positivo (Lei n 12.414/2011) para a realizao da consulta, como a obrigao de apenas consultar dados de pessoas com as quais mantm ou pretendam manter relao creditcia ou comercial.

    2.6 bANCO de dAdOS de INAdImPLeNteS

    A utilizao do banco de dados de inadimplentes, no qual constam informaes de devedores com dvidas vencidas e no pagas h mais de trinta dias, foi certamente um avano, pois viabilizou que deci-ses sobre concesso de crdito fossem tomadas de maneira mais segura. Combinado com o cadastro positivo, pode fornecer informaes mais detalha-das sobre o perfil dos clientes bancrios, permitindo a diminuio gradual do spread em decorrncia do menor risco de crdito.

    As discusses em torno do cadastro negativo fo-cam em quatro questes centrais. A primeira a incluso indevida de tomadores de crdito nesse banco de dados, seja por erro operacional, seja por presso indevida do credor para obter o pagamento em atraso. A segunda questo est associada difi-culdade de o cadastrado retirar seu nome do regis-tro, uma vez regularizados os dbitos. A terceira est ligada ao uso indevido das informaes contidas no banco de dados de inadimplentes, por exemplo, em disputas trabalhistas, uma vez que tais informaes devem destinar-se exclusivamente avaliao do perfil do tomador para fins de concesso de crdito. A quarta questo diz respeito confidencialidade dos dados e proteo de dados pessoais.

    2.7 bOLetOS de PAgAmeNtO

    Em termos operacionais, o sistema bancrio avan-ou muito na criao de alternativas aos clientes para pagamentos de boletos (tambm chamados de bloquetos), oferecendo possibilidades que so encontradas em poucos pases do mundo. Canais al-ternativos de pagamento, como telefone, internet e caixa eletrnico, operam em horrios mais flexveis que os das prprias agncias bancrias e permitem o pagamento dos boletos nas datas indicadas, mes-mo em casos fortuitos ou de fora maior. Quando no h acesso a esses canais, tambm possvel efetuar o pagamento em estabelecimentos no fi-nanceiros (lotricas, supermercados, farmcias, en-tre outros). A compensao bancria, mesmo em perodos de paralisao do funcionamento de agn-cias, realizada normalmente, uma vez que se trata de atividade essencial e de manuteno obrigatria (conforme dispem os artigos 9 e 10, inciso XI, da Lei n 7.783/1989). Mesmo assim, ocorrem casos em que instituies financeiras so equivocadamente responsabilizadas por no alterarem as condies de pagamento contratadas entre devedor e credor; por repassarem custos vinculados emisso de no-vas vias de boletos; por no alterarem o local de pa-gamento da fatura; por no receberem pagamentos aps a data de vencimento; e por no permitirem a

    de concesso de crdito. A CNF tambm apoia proposies que reforcem a confidencialidade dos dados e a proteo de dados pessoais dos cadastrados, que sejam realistas e que impli-quem custos compatveis com as atividades das empresas operadoras desses bancos de dados.

    boletos de forma a conferir a mxima como-didade e convenincia aos consumidores, no entendimento de que tais propostas devam considerar: (i) a neutralidade das instituies financeiras, no papel de intermedirias da re-lao de consumo, por alteraes nos termos contratados entre credor e devedor; (ii) os acrscimos de custos gerados pela emisso de vias adicionais; (iii) limitaes operacio-nais na definio de locais para o pagamento de faturas por contrato entre as partes; (iv) a liberdade de escolha do cliente quanto data de vencimento da fatura; e (v) a manuteno, ao longo do perodo da operao, das datas de vencimento escolhidas.

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia proposies voltadas para a correta incluso de informaes sobre toma-dores de crdito inadimplentes em bancos de dados (o cadastro negativo), bem como para a limitao do uso dessas informaes fina-lidade precpua desse tipo de banco de dados, que a avaliao do perfil do tomador para fins

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia propostas de aprimoramento da legislao que regula os pagamentos de

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    mudana constante da data de vencimento da obri-gao contratada entre as partes.

    A emisso de documentos de cobrana atende a uma srie de dispositivos legais e est condicionada por limitaes estruturais e operacionais. A introdu-o de alteraes na sistemtica de cobranas sem considerar os normativos que as regem e as possi-bilidades estruturais e operacionais pode se revelar prejudicial ao consumidor. Nas relaes do vende-dor ou prestador do servio com o sacado e com a instituio financeira cobradora, os direitos e obri-gaes relacionados ao boleto bancrio so regidos por contrato entre as partes.

    As instituies financeiras, ao receberem o paga-mento dos boletos, atuam na maior parte das ve-zes como prestadoras de servios, intermediando o pagamento e o recebimento de valores nos ter-mos contratados entre as partes. Nessa posio, os bancos no possuem poder para acordar isenes, abonos ou quaisquer benefcios relativos cobran-a. No cabe aos bancos conceder descontos, deixar de exigir encargos moratrios de cobranas ou adiar o pagamento de boletos, pois os valores recebidos no lhes so devidos, mas sim ao cliente que contra-tou seus servios. Somente os credores das dvidas que possuem competncia para permitir a altera-o do pagamento.

    Em qualquer atividade econmica, custos adicio-nais causados por qualquer acrscimo de obrigao transferem-se, via de regra, ao consumidor final. No diferente no caso dos servios prestados por insti-tuies financeiras. Normalmente, o processamento desses servios, com todos os custos operacionais que tal processamento implica, resulta, entre outros, na documentao da operao realizada. A emisso de segunda via dessa documentao no se consti-tui em mera cpia do boleto original, mas sim na ve-rificao de todos os passos envolvidos na operao original para emisso de nova via, com consequente acrscimo de custos.

    A Circular Bacen n 3.255/2004, que dispe sobre a emisso e a liquidao de boletos de cobrana, tra-ta do local para pagamento de fatura. O normativo tambm cria o VLB-Cobrana, define esse valor e estabelece medidas complementares, disciplinando especificamente, em seu artigo 3 e incisos, a possi-bilidade de que o recebimento do boleto bancrio seja regulado por intermdio de contrato firmado entre bancos e prestadores de servios e conveno entre instituio financeira recebedora e cobrado-ra. No cabe a uma instituio financeira que atua como mera intermediria nessa relao alterar os termos do contrato firmado entre credor e devedor e determinar local de pagamento diferente do contra-tado e do regulado pelo normativo do Bacen.

    Alteraes no local de pagamento de boletos esbar-ram, ademais, nas limitaes operacionais para que qualquer banco, aps a data de vencimento, receba pagamento destinado a outro banco. Ocorre que os sistemas das instituies financeiras no so inter-ligados para processamento e acesso de bases de modo on-line, o que impossibilita consultas nos ca-sos em que o pagamento do sacado protestado no mesmo dia. Da mesma forma, o clculo dos valores devidos para pagamentos aps o vencimento do bo-leto exige que sejam validadas a regra de recebimen-to e as condies da cobrana anteriormente contra-tadas; na maioria dos pagamentos, tal validao no realizada manualmente e requer consulta s bases de dados da cobrana quando os pagamentos ocor-rem no prprio banco cedente.

    Com exceo do crdito consignado, em vrios tipos de operaes, como as de crdito imobilirio, o setor financeiro j oferece aos clientes o direito de escolher a data de vencimento que melhor lhe convier. Con-tudo, a constante alterao da data de vencimento afeta negativamente a precificao das operaes e, com isso, termina por prejudicar os consumidores. Ao lado da confiana, o tempo outra matria-prima fundamental dos produtos e servios financeiros. To-das as operaes financeiras so construdas ao lon-go de um vetor de tempo e a regularidade de desem-

    bolsos e de recebimentos permite calcular variveis financeiras chaves, tais como o valor presente de um emprstimo, o montante dos pagamentos peridicos e a taxa de juros efetiva embutida na operao. Nes-se contexto, produtos e servios financeiros so de difcil precificao se a data de pagamento de fatu-ras se altera constantemente ao longo do perodo da operao. Na ausncia de elementos para precifica-o adequada, o comportamento de todos os agen-tes econmicos inclusive os financeiros torna-se conservador, com tendncia a se aumentarem defen-sivamente os preos. Um dos muitos complicadores de um contrato com datas de pagamento variveis seria, por exemplo, a impossibilidade de se deter-minar a data de vencimento que seria utilizada para apurao da dvida no caso de prestaes em atraso.

    2.8 CONtrAtOS

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia projetos que tornem cada vez mais clara e compreensvel a relao entre as instituies financeiras e seus clientes, celebra-da por meio de contratos, cuja cpia deve ser sempre fornecida ao consumidor. Para a CNF, a padronizao de contratos no se deve consti-tuir em barreira inovao e adequao de produtos e servios ao perfil especfico e nico de cada consumidor.

    necessrio que os dispositivos contratuais sejam perfeitamente compreendidos pelos contratantes, com o consequente entendimento do seu significado e das obrigaes pactuadas deles derivadas. Para tan-to, fundamental que o contrato seja redigido numa linguagem clara e facilmente perceptvel quanto ao seu objeto, de modo que o cliente seja devidamente informado. Tambm o tamanho das letras, claramen-te legveis, contribui para a eficcia dos contratos. Quanto ao contedo, crtico que no incluam clu-sulas abusivas que contaminem toda a relao con-

    tratual e viciem o compromisso entre as partes. Uma escolha livre e esclarecida implica necessariamente a prestao de informaes completas, claras e com-preensveis, para que os destinatrios possam prever e avaliar as consequncias jurdicas dos seus atos.

    A entrega de minuta de contrato, antes do fechamen-to de negcios, e de cpia do contrato final, aps esse fechamento, tornou-se prtica corriqueira, am-plamente disseminada no setor financeiro. O Cdigo de Autorregulao Bancria lanado pela Febraban, por exemplo, destina um captulo parte aos proce-dimentos da contratao e dispe que:

    Quando o consumidor decidir contratar produtos ou servios, a Signatria explicar os seus direitos e responsabilidades, tais como definidos nos Termos e Condies do contrato. Tais Termos e Condies se-ro elaborados em linguagem que facilite o entendi-mento do consumidor, com destaque nas clusulas mais relevantes para a tomada de deciso conscien-te. Linguagem tcnica ou jurdica ser utilizada ape-nas quando necessrio, para dar a devida exatido e segurana ao teor do contrato. A Signatria dispo-nibilizar ao consumidor uma minuta de contrato para conhecimento prvio e avaliao.

    As clusulas, bem como as prticas abusivas, a vedao veiculao de publicidade enganosa, a obrigatoriedade de que a informao seja clara e precisa, as proibies de critrios discriminatrios ou preconceituosos, alm de outras preocupaes com os consumidores em relao aos contratos, tambm esto devidamente contidas no Cdigo de Defesa do Consumidor.

    2.9 dIreItO de ArrePeNdImeNtO

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia propostas que assegurem e ampliem o direito de arrependimento, ao mes-

  • captulo 2: direitos do consumidoragenda do setor financeiro 2014 3534

    O direito de arrependimento, previsto no artigo 49 do Cdigo de Defesa do Consumidor visa a proteger o consumidor, nas hipteses em que no teve a opor-tunidade de, previamente, avaliar se o produto ou o servio correspondem sua expectativa e refletir, no prazo de 7 dias, a convenincia de, eventualmente, desistir da contratao de produtos ou servios, dis-pensando-se a necessidade de apresentar qualquer justificativa. No entanto, o dispositivo aplicvel apenas para contrataes realizadas fora do estabe-lecimento comercial, ou seja, por catlogo, de porta em porta ou via Internet, por exemplo. Nesses casos, se o consumidor exercitar o direito de arrependimen-to, o fornecedor obrigado a aceitar a devoluo e restituir o valor pago, monetariamente atualizado.

    A CNF defende que, caso o direito de arrependi-mento se aplique tambm aos negcios que forem realizados dentro de estabelecimentos comerciais, sejam descontadas do valor total a ser reembolsado pelo fornecedor as eventuais despesas incorridas por este com fretes, taxas, encargos e impostos in-cidentes sobre o contrato. A inteno da medida resgatar o equilbrio das relaes comerciais entre consumidores e fornecedores.

    No que diz respeito a produtos e servios financeiros, a CNF entende que no podem ser devolvidos a no ser que o consumidor arque com eventuais despesas oriundas da sua utilizao durante certo perodo de tempo. Enquanto o objeto do financiamento (dinhei-ro) ficou em poder do cliente, este o utilizou e se be-neficiou de seu rendimento, no sendo correto o con-

    sumidor dele se utilizar sem remunerar o credor. Na viso da CNF, o ato de um tomador de recursos que detenha os valores por algum tempo, aufira ganhos da aplicao desses recursos e em seguida devolva o capital por arrependimento caracterizaria enrique-cimento ilcito do devedor em detrimento do credor.

    2.10 VeNdA CASAdA

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia dispositivos que probam ope-raes de venda casada. Essa prtica nociva no se confunde com a oferta de produtos e servios financeiros apresentados ao consu-midor como alternativas de combinaes des-ses produtos e servios, sem limitar as opes do consumidor quelas apresentadas pela instituio financeira.

    Entende-se por venda casada a prtica comercial em que o fornecedor condiciona a venda de um produ-to ou servio aquisio de outro produto ou servi-o. Em muitos casos, trata-se de uma estratgia de marketing corriqueira, bastante utilizada em dife-rentes pases. Em outros casos, caracteriza abuso de poder econmico ao constranger o cliente a adquirir bens e servios no demandados originalmente.

    Entretanto, em muitos casos a venda de produto atrelada a servio caracterstica do prprio neg-cio e no representa a prtica casada nos termos vedados pelo Cdigo de Defesa do Consumidor. preciso ter cuidado para no confundir a prtica de venda casada prejudicial ao consumidor com estra-tgias de oferecimento de conjunto de produtos e servios por preo diferenciado em benefcio do pr-prio consumidor, a quem deve ser sempre assegura-da a liberdade de escolha.

    No caso particular de seguros, quando este exigido pela legislao brasileira, a combinao de cobertu-

    ra contra riscos e determinado produto ou servio financeiro tende a minimizar o custo total, para o consumidor, da operao.

    2.11 temPO de eSPerA em FILAS

    A Confederao Nacional das Instituies Finan-ceiras apoia propostas voltadas para a reduo do tempo de espera em filas para atendimento em agncias bancrias assentadas no estmu-lo inovao tecnolgica e administrativa vo-luntria. A ao coordenada com outras partes envolvidas, tais como estabelecimentos comer-ciais e rgos da Administrao Pblica, contri-bui para reduzir o tempo de fila por meio do es-calonamento de pagamentos e recebimentos.

    O atendimento nos bancos costuma ser mais intenso em perodos especficos. Filas para atendimento nos caixas e nos terminais eletrnicos so mais comuns no incio dos meses, por exemplo, em decorrncia da grande quantidade de pessoas que recebem seus salrios nesse perodo. So pocas em que tambm se verificam maiores filas nos estabelecimentos co-merciais e nas reparties pblicas.

    Em anos recentes, sensvel a diminuio do tempo de espera para atendimento em agncias bancrias, apesar da incluso de milhes de novos correntis-tas. Essa diminuio resultado de avanos tecno-lgicos e de medidas administrativas orientadas para um mercado altamente concorrencial, que valoriza a satisfao dos clientes. A multiplicao dos terminais eletrnicos reflete essa preocupao, bem como a proliferao de transaes eletrnicas seguras e de cartes de dbito e de crdito com chips de segurana.

    A possibilidade de escolha do vencimento das faturas mostra-se uma tima medida para a diminuio do tempo de espera nas filas. Medidas bem sucedidas

    que contemplam diversidade de datas de vencimen-to, poderiam ser estendidas ao pagamento de obri-gaes junto Administrao Pblica, bem como ao recebimento de benefcios. O fortalecimento da segurana nas transaes eletrnicas, pela rede de computadores, com combate aos crimes eletrnicos, tambm tem contribudo para a diminuio do tem-po de espera nas filas. Por fim, a expanso da rede de correspondentes no pas (tais como agncias dos Correios, farmcias, casas lotricas e supermerca-dos) favorece a agilidade o atendimento na medida em que propicia a diminuio das filas nos caixas das agncias bancrias e nos terminais eletrnicos.

    2.12 deVOLuO de VALOreS

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia propostas que permitam a restituio do Imposto sobre Operaes de Cr-dito, Cmbio e Seguro, ou relativas a Ttulos ou Valores Mobilirios (IOF) cobrado nas ope-raes liquidadas antecipadamente, de forma proporcional ao perodo de tempo da anteci-pao. Uma vez que as instituies financeiras no so parte dessa relao jurdica tributria, a CNF sugere a implementao pela Receita Federal de sistemtica de devoluo parcial de impostos semelhante empregada pelas Fa-zendas Estaduais, Municipais e Distrital.

    A restituio parcial do Imposto sobre Operaes de Crdito, Cmbio e Seguro, ou relativas a Ttulos ou Valores Mobilirios (IOF) quando da liquidao an-tecipada de operaes financeiras procura corrigir uma injustia cometida contra o contribuinte.

    O amparo legal da cobrana do IOF se d pelo Decreto n 7.458/2011, que estipula a alquota em 0,0082% ao dia para as situaes em que o contratante ou mutu-rio pessoa fsica. O valor cobrado pro rata die, em funo do prazo da operao de emprstimo ou finan-

    mo tempo em que prevejam o reembolso dos custos de fornecimento de produtos e servios. No caso de servios financeiros, tal reembolso deveria ser realizado com o devido acrscimo de juros, taxas, tributos e demais encargos contratuais, incidentes desde a data da efetiva contratao at a data da efetiva restituio dos valores pelo consumidor.

  • agenda do setor financeiro 201436

    ciamento, observada a limitao de 365 dias estabe-lecida pelo 1, do artigo 7, do Decreto n 6.306/2007. Ao contratar a operao financeira o cliente recolhe o IOF na sua totalidade. Ocorre que, por vezes, o cliente decide liquidar operao financeira antecipadamen-te o que gera direito a uma restituio proporcional ao perodo remanescente da operao liquidada.

    O Cdigo Tributrio Nacional dispe que:

    Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independen-temente de prvio protesto, restituio total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no 4 do artigo 162, nos seguintes casos:

    I cobrana ou pagamento espontneo de tributo in-devido ou maior que o devido em face da legislao tributria aplicvel, ou da natureza ou circunstn-cias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;

    A devoluo do IOF incidente sobre operaes liqui-dadas antecipadamente vincula somente a Recei-

    ta Federal e os contribuintes. As pessoas jurdicas, entre elas as instituies financeiras, so respon-sveis tributrios pela cobrana e recolhimento do IOF, nos termos do art. 5 do Decreto n 6.306/2007. Porm, as instituies financeiras no so parte legtima para pleitear a restituio. Nessa relao no cabe cobrana de tarifas por parte de institui-es financeiras para a efetivao da restituio ao contribuinte, uma vez que elas no so parte dessa relao jurdica tributria.

    A restituio do IOF incidente sobre operaes li-quidadas antecipadamente poderia ser realizada pela Receita Federal nos moldes da sistemtica de devoluo parcial de impostos semelhante empre-gada pelas Fazendas Estaduais, Municipais e Distrital (Nota Paulista, Nota Legal, Nota Carioca, etc.).

    A devoluo de impostos relativos quitao anteci-pada de dvidas e outras operaes financeiras no se caracteriza como uma relao consumerista, mas sim como uma relao jurdica tributria, isto , ex-clusivamente entre o Fisco e o contribuinte.

  • 39captulo 3: queSteS SOCIAIS

    As pessoas esto presentes em todas as fases das operaes realizadas pelas instituies financeiras, como agentes ou como usurios dos servios pres-tados. Ora so funcionrios, ora so clientes, ora so participantes de programas de capacitao e de incluso, ora so partes de uma comunidade me-lhorada por iniciativas e projetos privados, ora so membros de uma sociedade que se beneficia de uma economia em crescimento, sustentada por um sistema financeiro saudvel e slido.

    Apenas em 2012, 1,5 milhes de pessoas abriram contas correntes simplificadas, conforme dados do Banco Central. At o final de 2012 o Brasil tinha cerca de 12,8 milhes de contas correntes simplifi-cadas. A prpria bancarizao uma questo social: a possibilidade de contar com uma conta bancria e ter acesso a produtos e servios, pblicos e priva-dos, veiculados por essa conta um potente fator de incluso e de promoo de cidadania. As questes sociais no se articulam ao largo das instituies fi-nanceiras; ao contrrio, tais questes as entranham, balizam seus negcios e as moldam.

    3.1 INCLuSO FINANCeIrA

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia medidas voltadas para a am-pliao do acesso ao sistema financeiro e a intensificao do uso de seus produtos e servi-os por consumidores orientados por crescente educao financeira.

    Segundo relatrio do Banco Central, incluso finan-ceira : processo de efetivo acesso e uso pela po-pulao de servios financeiros adequados s suas necessidades, contribuindo para sua qualidade de vida. A bancarizao uma das dimenses da ci-dadania, na medida em que permite ao cliente de uma instituio financeira exercer seus direitos (tais como receber benefcios) e honrar suas obrigaes (tais como pagar tributos).

    O usurio recorre a vrios canais de acesso ao siste-ma financeiro, seja redes de pontos fsicos de atendi-

    questessociais3

    A Confederao Nacional das Instituies Financeiras acompanha com grande interesse todas as proposies voltadas para o aprimoramento das relaes en-tre as pessoas, entre as pessoas e os entes privados, bem como entre as pessoas e o poder pblico, que visem ao desenvolvimento das potencialidades individuais.

  • agenda do setor financeiro 2014 4140

    mento agncias, correspondentes, entre outros , seja atendimento telefnico e Internet Banking. A aprovao em 2013 da Medida Provisria n 615, con-vertida na Lei n 12.865/2013, ampliou consideravel-mente a possibilidade de uso de telefones celulares para a realizao de operaes bancrias (mobile payment). A capilaridade de tais canais de acesso ao sistema financeiro constitui importante indicao do potencial de incluso financeira no pas.

    A Resoluo n 3.211/2004 simplificou o processo de abertura de contas e flexibilizou algumas exigncias de identificao, facilitando assim o acesso ao setor financeiro por parte da populao de baixa renda. Em 2012, houve um crescimento 6% em relao a 2011 no nmero de contas correntes, alcanando o patamar de mais de 97 milhes de correntistas. Em relao s contas poupana, houve crescimento no mesmo perodo de 4%, chegando marca de 102 milhes. Ainda assim, o nvel de no-bancarizao no Brasil 39,5 % dos brasileiros, cerca de 55 mi-lhes de pessoas adultas. Estima-se que essa par-cela da populao movimenta aproximadamente R$ 665 bilhes, o que equivale ao Produto Interno Bruto da Colmbia.

    A capilaridade do acesso ao setor financeiro e a sim-plificao da abertura de contas ampliaram o papel do crdito como eficaz instrumento de desenvolvi-mento econmico.

    o caso do microcrdito. A Lei n 10.735/2003 de-terminou que uma parcela dos depsitos a vista dos bancos mltiplos com carteira comercial, dos ban-cos comerciais e da Caixa Econmica Federal deve, obrigatoriamente, ser aplicada em operaes para o pblico de baixa renda. Os valores no aplicados na atividade devem ser depositados no Bacen, sem remunerao. O direcionamento para microcrdito est voltado para dois pblicos, o de baixa renda, tambm conhecido como microcrdito-consumo, e o microcrdito para microempreendedores. A Lei n 12.613/2012, em seu pargrafo nico do art. 1, au-torizou a ampliao da renda mensal para utilizao

    dos recursos para o pblico de baixa renda, desde que os valores das operaes sejam direcionados ex-clusivamente para adquirir bens e servios de tecno-logia assistiva destinados a pessoas com deficincia.

    3.2 AgeNdA NACIONAL dO trAbALHO deCeNte

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia iniciativas voltadas para a construo de um ambiente que assegure o bem-estar do trabalhador e a competitivida-de econmica do empregador. Para a CNF, o trabalho decente tem que ser produtivo e deve estar aliado sustentabilidade da empresa. Para tanto, fundamental o aprofundamento das discusses no mbito de um frum tripar-tite que contemple os interesses e as preocu-paes de todos os atores envolvidos, em deci-ses tomadas por consenso.

    De acordo com o Ministrio do Trabalho e Empre-go (MTE) e a Organizao Internacional do Traba-lho (OIT), o trabalho decente considerado como aquele adequadamente remunerado, exercido em condies de liberdade, equidade e segurana, ca-paz de garantir uma vida digna. Em outras ocasies, contudo, o escritrio da OIT no Brasil acrescentou que trabalho decente um trabalho produtivo, sem quaisquer formas de discriminao.

    Esse um ponto fundamental para a construo de uma viso de trabalho decente sustentvel, a partir da qual seja possvel estabelecer diretrizes concre-tas e eficazes para garantir um ambiente de compe-titividade econmica e bem-estar do trabalhador.

    O Trabalho Decente o ponto de convergncia dos quatro objetivos estratgicos da OIT, que tem como pano de fundo o respeito aos direitos no trabalho, em especial aqueles definidos como fundamentais

    pela Declarao Relativa aos Direitos e Princpios Fundamentais no Trabalho e seu seguimento adota-da em 1998: (a) liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociao coletiva; (b) elimi-nao de todas as formas de trabalho forado; (c) abolio efetiva do trabalho infantil; e (d) eliminao de todas as formas de discriminao em matria de emprego e ocupao, a promoo do emprego pro-dutivo e de qualidade, a extenso da proteo social e o fortalecimento do dilogo social.

    Os entendimentos sobre emprego e trabalho decen-te esto sujeitos a um elevado grau de subjetivida-de, no existindo definio universalmente aceita. Por isso mesmo, preciso tornar as discusses mais objetivas, luz das realidades dos diferentes seto-res e regies do pas. O Governo brasileiro e a OIT firmaram em 2003 memorando de entendimento que previa o estabelecimento de programa de co-operao tcnica para a promoo de uma Agenda Nacional de Trabalho Decente, por meio de consul-tas s organizaes de empregadores e de trabalha-dores. Essa Agenda foi lanada em maio de 2006 e deu origem, em 2009, ao Plano Nacional de Empre-go e Trabalho Decente (PNETD).

    Em 2012 foi realizada a Primeira Conferncia Nacio-nal de Emprego e Trabalho Decente (I CNETD). O ob-jetivo geral dessa Conferncia foi contribuir para a construo, o fortalecimento e a promoo de uma Poltica Nacional de Emprego e Trabalho Decente a partir das prioridades estabelecidas no PNETD.

    Vrios representantes do Poder Executivo Federal, membros da bancada dos trabalhadores e a OIT, apresentaram manifestaes de que a Conferncia teve um resultado positivo diante de todas as difi-culdades tcnicas e polticas enfrentadas. A banca-da de empregadores avaliou que, apesar das falhas ocorridas, foi um processo vlido para a construo do dilogo social entre os atores envolvidos. No total foram apreciadas 633 propostas resultantes das conferncias estaduais e municipais: 125 (22%) oriundas da bancada dos empregadores, 297 (52%)

    da dos trabalhadores e 145 (25%) da bancada do Governo, tendo sido o restante (1%) proposto pela sociedade civil.

    Para o Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) o destaque maior foi a quantidade expressiva de pro-postas aprovadas por consenso, as quais podero balizar as polticas pblicas de emprego e trabalho para os prximos anos.

    Na opinio de algumas das Centrais Sindicais, o re-sultado da Conferncia foi positivo, por causa da experincia diferenciada que valorizou o dilogo e a negociao entre as partes. Para elas, o sucesso do evento deveu-se homogeneidade, bem como ao compromisso dos participantes de construir coleti-vamente os posicionamentos. Outro ponto destaca-do foi a valorizao da participao democrtica da sociedade em todas as fases do evento.

    De acordo com a OIT, em muitos pases existem po-lticas de trabalho decente, porm o Brasil tem sido pioneiro nas consultas e debates tripartites para a slida construo de polticas pblicas, vencendo os grandes desafios de orquestrar discusses des-se porte envolvendo todas as esferas da Federao (Municpios, Estados e Unio) diante da heterogenei-dade e da extenso do pas.

    A bancada patronal destacou o empenho de todos na realizao da conferncia, que conseguiu aprovar diversas propostas de forma consensual.

    Aps a publicao dos documentos oficiais da I CNE-TD, realizada em 2013, o MTE designou novo grupo tripartite para acompanhamento dos trabalhos de implementao da agenda ps-conferncia. Realiza-ram-se cinco reunies, uma em cada regio do pas. Tambm em 2013, o Ministrio do Trabalho e Empre-go iniciou a discusso da estruturao do Sistema nico de Emprego e Trabalho Decente, com o objeti-vo de formular um anteprojeto de lei para a integra-o das polticas pblicas de fomento ao emprego.

    captulo 3: queSteS SOCIAIS

  • agenda do setor financeiro 2014 4342

    3.3 POLtICA NACIONALde PArtICIPAO SOCIAL

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia propostas voltadas demo-cratizao dos debates relevantes para o pas. Para a Confederao, a participao da socie-dade deve ser um elemento importante para a elaborao de polticas pblicas. A CNF enten-de que a participao social deve ser conduzida de forma a se respeitar as estruturas do Estado republicano, onde a separao de Poderes clusula ptrea da Constituio, que atribui ao Congresso Nacional a competncia legiferante.

    A definio de Participao Social, segundo o Go-verno Federal, a incluso dos cidados e cidads como sujeitos de direito e titulares de interesse no processo e tomada de deciso governamental. En-volve, portanto, a confluncia entre, de um lado, os temas e assuntos da agenda estatal e, de outro, a sociedade civil organizada em torno daqueles temas, na perspectiva de uma agenda pblica.

    O desenvolvimento da Poltica Nacional de Partici-pao Social objetiva fomentar uma sinergia entre as vrias instncias e mecanismos de participao social, desenvolvendo uma ao horizontalizada em forma de rede onde a incluso da sociedade possa ser efetivada em todas as reas do Governo. De acordo com a proposta do Poder Executivo, so instncias e mecanismos de participao social: os conselhos de polticas pblicas e outros rgos cole-giados de participao social; conferncias de polti-cas pblicas; ouvidorias pblicas do Poder Executi-vo federal; mesas de dilogo; fruns interconselhos; audincias pblicas; consultas pblicas; e interfaces e ambientes virtuais voltados ao dilogo e participa-o social nas polticas pblicas.

    Entre os principais objetivos da poltica esto: a im-plementao de propostas aprovadas pelas confe-

    rncias nacionais de polticas pblicas; o monitora-mento e gesto das principais discusses realizadas em fruns, conselhos, grupos de trabalho, comisses e outras formas de interao e discusso tcnica en-tre governo e sociedade civil organizada; a amplia-o das formas de consulta e participao popula-o, incluindo o cidado no organizado; e outros.

    A Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica (SG/PR) coordena, no mbito do Governo Federal, a re-gulamentao do Compromisso Nacional pela Parti-cipao Social (CNPS) por meio da Poltica Nacional de Participao Social (PNPS).

    A CNF participa de diversos colegiados no Gover-no, cooperando tecnicamente em debates sobre o mundo do trabalho, transparncia e combate corrupo, sistema financeiro nacional, matrias tributrias e previdencirias, meio ambiente, ques-tes imigratrias, direitos de minorias, entre outros temas. Atualmente, a Confederao conta com mais de 120 representaes em diversos fruns de debate institucional no mbito do Poder Executivo, os quais possuem o papel de colaborar com a formulao ou implementao de polticas pblicas. A Confedera-o participa desses trabalhos, seja para colaborar com a viso tcnica do setor financeiro, seja para prevenir problemas decorrentes de propostas que possam impactar negativamente a economia e a competitividade das empresas brasileiras.

    Alm da atuao nos Conselhos, a CNF tem partici-pado de Conferncias Nacionais organizadas tema-ticamente, as quais contam, em regra, com a partici-pao de representantes do Governo e da sociedade civil. A Confederao participou, por exemplo, das Conferncias de Emprego e Trabalho Decente (I CNETD), dos Direitos da Pessoa com Deficincia (III CNDPD) e do Meio Ambiente (IV CNMA). Atualmente, ela representa o setor financeiro na Conferncia da Previdncia Social (I CNPS).

    Um estudo do Instituto Universitrio de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj) demonstrou que, at 2010,

    pelo menos 3.750 projetos de lei no Congresso Na-cional guardavam afinidade com 1.937 diretrizes re-sultantes das Conferncias.

    Outro trabalho recorrente na CNF a consolidao de propostas do setor financeiro para seu posiciona-mento em consultas pblicas realizadas nos portais do Governo. Dessa forma, a Confederao mantm o monitoramento de questes que possam impactar no apenas o setor financeiro, mas toda a economia e o bem-estar social no pas.

    3.4 IguALdAde NOmuNdO dO trAbALHO

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia a consolidao do princpio da igualdade nas relaes trabalhistas, ao mesmo tempo em que celebra o amparo cons-titucional e a legislao que asseguram maior diversidade no ambiente de trabalho. A CNF su-blinha que, no exame de casos concretos, a le-gislao considera as funes e a produtivida-de do empregado, bem como sua localidade, o que afasta comparaes simplistas baseadas exclusivamente em um nico critrio, seja ele sexo, idade, cor, nacionalidade ou estado civil.

    No basta a lei declarar que todos so iguais, deve propiciar mecanismos eficazes para a consecuo da igualdade. Assim, o princpio constitucional da igualdade no se limita igualdade perante a lei, mas se estende a garantir iguais oportunidades para a realizao dos objetivos de cada cidado.

    A isonomia salarial uma das aplicaes possveis do princpio constitucional da igualdade, dando tra-tamento igual para os iguais. A Constituio Federal de 1988 consagrou o princpio da isonomia salarial no seu artigo 7o, incisos XXX e XXXI, que determinam a proibio de diferena de salrios, de exerccio

    de funes e de critrios de admisso por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil e a proibio de qualquer discriminao no tocante a salrio e crit-rios de admisso do trabalhador portador de defici-ncia. Tambm o artigo 5, inciso I, da CF, estabele-ce que homens e mulheres so iguais em direitos e obrigaes. A Lei n 9.029/1995 cobe a adoo de qualquer prtica discriminatria e limitativa para efeito de acesso relao de emprego. O artigo 373-A da Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) probe prticas que afetem o acesso da mulher ao mercado de trabalho. Ressalte-se que o princpio da igualda-de tambm inspira o artigo 461 da CLT, que delimita o direito equiparao salarial somente queles que atendam a vrios critrios todos presentes como ter por paradigma empregado que tambm trabalhe para o mesmo empregador; incumbido das mesmas funes; com trabalho de igual valor (leia-se, com igual produtividade e mesma perfeio tc-nica); e na mesma localidade.

    3.5 eStAtutO dA PeSSOA COm deFICINCIA

    A Confederao Nacional das Instituies Fi-nanceiras apoia propostas que conciliem a ga-rantia de direitos das pessoas com deficincia com medidas realistas de insero dessas pes-soas no mercado de trabalho e de adaptao dos servios prestados a esse pblico.

    O Brasil promulgou em 2009 a Conveno Interna-cional sobre os Direitos das Pessoas com Deficin-cia, que tem por propsito a promoo, proteo e garantia do exerccio pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficincia, bem como do res-peito pela sua dignidade. Contudo, inexiste no Pas legislao abrangente que confira um tratamento normativo adequado ao tema.

    captulo 3: queSteS SOCIAIS

  • agenda do setor financeiro 2014 4544

    Nesse sentido, tramitam no Congresso Nacional pro-posies que visam a criar direitos e garantias para as pessoas com deficincia. Algumas dessas pro-postas pretendem estabelecer um Estatuto, como o caso do Projeto de Lei n 7.699/2006, que concen-tra as discusses sobre a matria. Em julho de 2013, uma minuta desse Estatuto foi disponibilizada no portal eletrnico da Cmara, para o recebimento de contribuies da sociedade civil.

    A CNF sugeriu aprimoramentos nesse texto, de modo a assegurar, entre outros direitos, que a ga-rantia de acesso informao pelas pessoas com deficincia seja conciliada com alternativas de dis-ponibilizao dessa informao, o que dispensaria a obrigatoriedade de mais de um meio de comuni-cao quando outro j for suficiente. Tambm im-portante a participao das empresas em relao habilitao e reabilitao profissional de pessoas com deficincia, a fim de incluir a promoo de cur-sos de capacitao profissional entre os meios de preenchimento das cotas de emprego destinadas a essas pessoas.

    Alguns pontos do Estatuto da Pessoa com Deficin-cia merecem reflexo cuidadosa. Entre eles figura a introduo de novos tipos penais especficos, que podem inibir a oferta de produtos e servios e violar o princpio da isonomia perante a lei. Tambm a de-terminao de servios individualizados, em substi-tuio ao atendimento preferencial ora em vigor, po-deria ser balizada por parmetros realistas.

    3.6 ACeSSIbILIdAde

    Acessibilidade diz respeito ao acesso, ao ingresso e permanncia da pessoa com deficincia em todos os estabelecimentos e servios pblicos e privados, incluindo os das instituies financeiras, bem como o acesso ao mercado de trabalho.

    A questo da acessibilidade passou a ser tratada com mais nfase no Congresso Nacional a partir de meados da dcada de 90. Nesse primeiro perodo, a preocupao dos projetos esteve voltada para a adaptao de mobilirio e de edificaes que pro-porcionasse melhor acessibilidade e atendimento aos usurios. A partir de 2000, o enfoque passou para o acesso ao mercado de trabalho e a flexibiliza-o da jornada, com vrios projetos que ora obrigam as empresas a contratarem pessoas com deficincia, ora oferecem incentivos fiscais para esse tipo de contratao, e ainda projetos que buscam garantir jornada flexvel para pais de filhos com deficincia.

    O sistema financeiro envolveu-se nessa questo des-de o incio e foi um dos setores pioneiros na imple-mentao de medidas inovadoras para o atendimen-to de pessoas com deficincia. Os caixas eletrnicos adaptados j representam 67% do parque de ATMs do Brasil, composto por 182 mil mquinas. De 2006 a 2011, o nmero de caixas eletrnicos (ATMs) adapta-dos para atender pessoas com deficincia existente no pas aumentou mais de 1.400%, chegando a um total de 122 mil novos equipamentos instalados.

    A Lei n 8.213/1991 (Lei de Cotas) movimentou o mercado para profissionais com deficincia e abriu mais de um milho de vagas; no entanto, esbar-rou em problemas como a falta de qualificao dos candidatos. O sistema financeiro, sob a ges-to da Federao Brasileira de Bancos, mais uma

    vez inovou e lanou no segundo semestre de 2008 o Programa FEBRABAN de Capacitao Profissio-nal e Incluso de Pessoas com Deficincia no Setor Bancrio, uma parceria pblico-privada cujo obje-tivo permitir o aprimoramento educacional e a capacitao tcnica das pessoas com deficincia para inclu-las no mercado de trabalho bancrio. Tal programa encerrou sua 2 edio totalizando 913 pessoas com deficincia treinadas e in