afetividade, base do desenvolvimento humano. · do educar com afeto e como a psicopedagogia pode...

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0 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE AFETIVIDADE, BASE DO DESENVOLVIMENTO HUMANO. Margareth L.D. dos Santos. Orientadora: Prof a . Ms. Fabiane Muniz da Silva. RIO DE JANEIRO 2009

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Page 1: AFETIVIDADE, BASE DO DESENVOLVIMENTO HUMANO. · do educar com afeto e como a psicopedagogia pode intervir e mediar os conflitos afetivos ... A afetividade como base do desenvolvimento

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AFETIVIDADE, BASE DO DESENVOLVIMENTO

HUMANO.

Margareth L.D. dos Santos.

Orientadora: Profa. Ms. Fabiane Muniz da Silva.

RIO DE JANEIRO

2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AFETIVIDADE, BASE DO DESENVOLVIMENTO

HUMANO.

Monografia apresentada a UCAM como

requisito parcial para conclusão “Latu sensu”,

com especialização em Psicopedagogia.

Por: Margareth L. D. Santos.

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AGRADECIMENTOS

À Deus e a todos que direta ou

indiretamente colaboraram para a realização

desse trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que

me incentivaram e me auxiliaram na

realização do mesmo.

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EPÍGRAFE

“Ensinar é uma arte e como tal, não é

algo que se aprende apenas em livros, nem na

escola, mas praticando, sentindo vivendo.”

Anísio Teixeira.

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RESUMO:

Este estudo trata da influência da afetividade na aprendizagem e no

desenvolvimento humano. O centro da questão é como o fortalecimento das

relações afetivas entre educador e educando contribui para o melhor

rendimento escolar. É incontestável que a afetividade como base da existência

humana desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência,

sendo um fator relevante e parceiro para uma melhor aprendizagem, tornando

o ensinar um processo relacional, onde professor, escola, meio social e não só

os alunos, são responsáveis pelo seu desenvolvimento. Respeitar as

diferenças, abandonar os pré-conceitos, vontade de aprender, saber ouvir,

equilíbrio emocional, coerência, clareza dos objetivos e saber elogiar em lugar

de priorizar os erros, são itens fundamentais na construção de uma relação

afetuosa do educador com o educando. A afetividade não se dá somente por

contato físico, discutir a capacidade do aluno, elogiar o seu trabalho,

reconhecer seu esforço e motiva-lo, constituem formas cognitivas de ligação

afetiva. O objetivo deste estudo é demonstrar como os fatores afetivos se

apresentam na relação professor aluno e a sua influencia no processo de

ensino aprendizagem. Refletindo sobre o compromisso social do professor,

reconhecendo a natureza da inteligência emocional, percebendo a importância

do educar com afeto e como a psicopedagogia pode intervir e mediar os

conflitos afetivos. Sendo imprescindível ver o aluno como ser único pensante e

que constrói o seu mundo, seu espaço e o seu conhecimento com sua

afetividade.

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METODOLOGIA:

A organização deste estudo nos contempla com uma pesquisa

bibliográfica cientifica de autores que abordam em suas obras a importância do

afeto no desenvolvimento humano. Para o embasamento e fundamentação do

trabalho, foi feita uma leitura crítica analítica de todo o material levantado, um

registro dos artigos disponíveis na internet, organização do material,

elaboração e formatação dos textos. Sendo possível demonstrar a importância

do afeto e observando o educando de uma forma abrangente levando em

consideração suas emoções e sentimentos, privilegiando a escola como um

espaço de aprendizagem e de transformação.

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SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO............................................................................ 08

CAPÍTULO I

O COMPROMISSO SOCIAL DO PROFESSOR......................... 10

1.1.Educação, escola e sociedade............................................ 10

1.2.Ensino e aprendizagem....................................................... 12

1.3 Relação professor aluno..................................................... 15

CAPÍTULOII

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL...................................................... 19

2.1.A importância do educar com afeto.................................... 23

2.2.Educar uma tarefa de todos................................................. 25

CAPÍTULOIII

A PSICOPEDAGOGIA MEDIANDO OS CONFLITOS AFETIVOS.28

CONCLUSÃO............................................................................... 33

BIBLIOGRAFIA............................................................................ 35

ANEXOS........................................................................................ 37

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INTRODUÇÃO

A afetividade acompanha o ser humano desde a sua vida intra-uterina,

manifestando como fonte de energia, sendo fundamental perceber o ser

humano como um todo.

Hoje não podemos compreender o ser humano de forma fragmentada,

dividida entre a emoção e a razão, temos que ter um enfoque holístico, global e

integrado da pessoa humana tendo o educador a função de educar e aprimorar

o educando.

A afetividade no ambiente escolar contribui para o processo de ensino-

aprendizagem considerando que o educador não apenas transmite

conhecimentos, mas também ouve os educandos estabelecendo uma relação

de troca, necessária para a formação de pessoas felizes, éticas, seguras e

capazes de conviver com o mundo que a cerca.

“Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o egoísmo.

Quem não é capaz de amar os seres inacabados não pode educar. Não há

amor imposto. Quem não ama não compreende o próximo, não respeita.”

(Paulo Freire, 1983).

O homem como ser social, tem um pensamento reflexivo sobre os

valores e as normas que regem a conduta humana. Os valores com o passar

do tempo mudam e também mudam os homens que compõem a sociedade

devendo a moralidade humana, ser enfocada num contexto histórico e social.

Os valores adquiridos muitas vezes, nos impõem uma maneira de viver que

não é o que desejamos, mas sim o que no momento precisamos.

A sociedade é orientada por duas fontes de moralidade, a razão e

a ética. A razão tem que procurar onde o sentir se realiza. E a ética tem que ir

à base da existência humana, à afetividade.

“A ética deve nascer da base última da existência humana. A razão não

é o primeiro nem o último momento da existência. Ela se abre para baixo de

onde emerge de algo mais elementar e ancestral: a afetividade. Abre-se para

cima, para o espírito, que é o momento em que a consciência se sente parte de

um todo e que culmina na contemplação.” (Leonardo Boff, 2003).

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9Afeto e emoção juntos tornam-se um sentir profundo. Pela paixão

apreendemos o valor das coisas.

Segundo Piaget, o desenvolvimento intelectual possui dois

componentes: um cognitivo e outro afetivo. Sendo que o afeto se desenvolve

no mesmo sentido que a cognição ou inteligência. O afeto é o principio

norteador da auto-estima. Depois de desenvolvido o vínculo afetivo, a

aprendizagem e a motivação tornam-se conquistas significativas.

A afetividade como base do desenvolvimento humano vem fundamentar

o estudo da influência dos fatores afetivos no processo ensino-aprendizagem.

Nos três capítulos do estudo buscou-se concluir que o afeto é um dos

caminhos mais importantes para se chegar a um bom desempenho, seja no

trabalho, na família ou na educação.

Refletiu-se sobre o compromisso social do professor, a função social da

escola e a relação professor aluno.

Foram apresentados os principais aspectos do desenvolvimento da

inteligência emocional, permitindo a compreensão da importância do educar

com afeto e da educação como sendo uma tarefa de todos.

Abordou-se a intervenção psicopedagógica atuando na mediação de

conflitos, contribuindo para o aprimoramento da atividade docente e de

situações que envolvam um trabalho de melhoria nas relações interpessoais.

Em muitas situações da vida são os afetos, as emoções que determinam

o nosso comportamento. Assim, o educador precisa praticar a ética,

respeitando as individualidades, mas sem perder o caráter transformador da

educação.

A sensibilidade e a ternura deverão ser referências para os encontros de

cada docente. Concebendo o ser humano como um todo, que tem sentimentos,

desejos e emoções e não apenas razão.

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CAPÍTULO 1

O COMPROMISSO SOCIAL DO PROFESSOR

1.1 Educação, escola e sociedade.

Embora divida a tarefa de educar com outros núcleos sociais, como a

família, as comunidades e os meios de comunicação, a escola ainda é o principal

foco de organização, sistematização e transmissão do conhecimento, e o

educador e o educando, os principais agentes nesse processo.

A escola não tem razão de ser em si mesma. Ela é fruto do meio,

assim como o meio é conseqüência dela.

A relação entre educação, escola e sociedade é alvo de uma

transformação contínua, que influencia os modelos vigentes de educação, de

escola e de sociedade. O desenvolvimento da escola guarda estreita relação

com o desenvolvimento da sociedade e vice-versa. É através do conhecimento,

do domínio da ciência e do desenvolvimento tecnológico que o homem adquire

meios para compreender e transformar a realidade material e a sociedade em que

vive tornando-se apto a exercer sua cidadania.

No mundo em que vivemos a geração da riqueza está profundamente

relacionada à capacidade de produzir conhecimento e tecnologia. Como

conseqüência, a escola assume um papel vital no desenvolvimento sócio-

econômico de uma nação.

Na sociedade a escola colabora para a transformação social na medida

em que motiva as capacidades intelectuais, as atitudes e o comportamento

crítico em relação à sociedade em que está inserida. Permitindo aos cidadãos

não apenas interpretar a realidade, mas interagir com ela de forma consciente,

crítica e produtiva. A curiosidade, o prazer e o interesse motivam a busca pelo

saber.

A escola sendo um espaço de socialização propicia o desenvolvimento

individual, o contexto social e cultural. O contato e o confronto com pessoas de

várias origens socioculturais, de diferentes religiões, etnias, costumes, hábitos e

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11valores, fazem dessa diversidade um campo privilegiado da experiência

educativa.

O desenvolvimento de capacidades de relação interpessoal, cognitivas,

afetivas, estéticas e éticas se tornam possíveis através da construção e

reconstrução do conhecimento.

Em um mundo sem fronteiras os horizontes da escola devem expandir-se

na mesma proporção, trabalhando com realidades mais amplas e fazendo-se

presente na comunidade em que está inserida.

Numa perspectiva de construção da cidadania, precisa assumir a

valorização da cultura de sua comunidade, propiciando aos alunos pertencentes

aos diferentes grupos sociais o acesso ao saber.

Os conhecimentos que se transmitem e se recriam na escola ganham

sentido quando produtos de uma construção dinâmica com os saberes

escolares e os demais saberes. Por isto, é preciso oferecer uma educação que

possa ampliar as referências de mundo, beneficiando todas as formas de

expressão, de linguagem e de participação crítica e construtiva.

“As escolas precisam possibilitar o cultivo dos bens culturais e sociais,

considerando as expectativas e necessidades dos alunos, dos pais, da

comunidade, dos professores, enfim, de todos os envolvidos diretamente no

processo educativo. É nesse universo que o aluno vivencia situações

diversificadas que favorecem o aprendizado, para dialogar de maneira

competente com a comunidade, aprender a respeitar e a ser respeitado, a ouvir

e a ser ouvido, a reivindicar direitos e a cumprir obrigações, a participar

ativamente da vida científica, cultural social e política do País e do mundo.”

(P.C.N., 1997).

1.2-Ensino e aprendizagem

O trabalho docente constitui o exercício profissional do professor sendo o

seu primeiro compromisso com a sociedade. É uma atividade

fundamentalmente social, porque contribui para a formação cultural e científica

da pessoa humana.

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12A interação entre o professor e o aluno está pautada na relação

profissional e humana, construída no respeito, na ética, no entendimento de que

o aluno não é passivo nesse processo, ele trás uma gama de conhecimentos,

ocorrendo à troca de saberes. Sendo o professor a base da formação moral e

social do educando.

“A boa aprendizagem é aquela que se consolida e, sobretudo cria zonas

de desenvolvimento proximal sucessivas.” (Vygotsky, 1987).

À medida que a ênfase é colocada na aprendizagem, o principal papel do

professor passa a ser o de ajudar o aluno a aprender.

O processo de aprendizagem é socializador, e deve ser visto como fruto

de um trabalho coletivo no qual o aluno se relaciona com o meio e com as

pessoas.

O educador exerce o papel de facilitador no processo de transmissão do

conhecimento tendo a missão de colaborar para a formação de valores e de

uma base ética que oriente o uso correto do saber científico, estético e

tecnológico.

“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a

viver naqueles cujos olhos aprendem a ver o mundo pela magia da nossa

palavra”... (Rubem Alves, 1987).

Dentre as mais diversas teorias de ensino-aprendizagem,

desenvolvidas ao longo das últimas décadas, o construtivismo de Piaget e o

interacionismo de Vygotsky revolucionaram a concepção de ensino e têm

exercido uma influência decisiva, de modo geral, na teoria psicopedagógicas

da atualidade.

Segundo Jean Piaget, existe alguns fatores do desenvolvimento

mental, como a maturação do sistema nervoso, o ambiente físico, o ambiente

social e a equilibração progressiva que devem ser levados em conta pela

escola, ja que tem como fundamento o desenvolvimento do raciocínio.

Portanto, convêm propiciar à criança um ambiente físico da melhor

qualidade, estimular a interação social e observar o mecanismo da

equilibração (processo pelo quais as estruturas se geram de modo

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13integrativo, levando gradualmente o indivíduo a uma compreensão mais

perfeita da realidade exterior).

Segundo Piaget, o conhecimento está em permanente construção e

ocorre por meio das interações do indivíduo com o meio em que vive. Cada

novo conhecimento sedimenta-se sobre conteúdos já adquiridos por

processos de assimilação e de acomodação. Há, portanto um desequilíbrio

inicial, seguido de um novo equilíbrio ou reequilíbrio.

Para Piaget, existem três tipos de conhecimento: o físico, o lógico-

matemático e o social, que representam três etapas sucessivas dentro do

processo de construção do conhecimento. Inicialmente, a criança age e

coordena ações sobre os objetos e, por meio de experiências, realiza

descobertas e invenções (conhecimento físico). A partir dessa série de

ações, coordenadas por seu pensamento, ela estabelece relações com

tais objetos (conhecimento lógico-matemático). E finalmente, após ter

desenvolvido os conhecimentos prévios necessários, a criança passa a agir

sobre tais informações, transformando-as e, principalmente, transformando-

se para incorporá-las a seu dia-a-dia (conhecimento social).

Para Piaget, é irrefutável que o afeto desempenha um papel

essencial no funcionamento da inteligência e que é uma importante energia

para o desenvolvimento cognitivo.

Já para Vygotsky, que dedicou sua vida à aprendizagem significativa e à

metodologia de trabalho em ensino-aprendizagem, é preciso considerar, pelo

menos, duas zonas de desenvolvimento: a real e a potencial. A primeira se

mostra na capacidade de a criança realizar tarefas de forma independente,

sozinha, de maneira correta e sem dificuldades. A segunda zona, a potencial,

refere-se aos aspectos do desenvolvimento em processo de realização, que se

observa, na escola, na incapacidade de a criança executar sozinha

determinadas atividades, necessitando de auxílio ou da orientação do professor

e/ou da interação com os colegas. Tal zona foi denominada de “Zona de

Desenvolvimento Proximal”

Vygotsky, em sua metodologia de trabalho, revoluciona a prática

pedagógica do professor em sala de aula, com alguns princípios fundamentais:

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14O homem, sendo um ser social e histórico, transforma o meio e é por

este transformado.

O professor, ao tornar-se um mediador entre o aluno e o conhecimento

sociocultural presente na sociedade, privilegia uma metodologia que favorece a

mudança.

O processo ensino-aprendizagem apóia-se na interação professor-aluno-

meio, devendo o professor ficar atento a dúvidas e a impasses, e

principalmente estar aberto a essas possibilidades.

Baseado nesses princípios teóricos surgiu, na atualidade, o

sociointeracionismo, síntese do construtivismo e do interacionismo, teoria

que concebe o conhecimento como um processo construído pelo

indivíduo, em interação com o meio. Para Vygotsky, o funcionamento

psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre indivíduos e o mundo

exterior as quais se desenvolvem num processo histórico.

Wallon traz a dimensão afetiva como ponto de extrema importância

em sua teoria psicogenética. Apresenta a distinção entre afetividade e a

emoção. Segundo Wallon (1989) ,quando em alguma situação da nossa

vida, há o predomínio da função cognitiva, estamos voltados para a

construção do real. Quando há o predomínio da função afetiva, neste

momento estamos voltados para nos mesmos, fazendo uma elaboração do

eu. Todo o processo de educação significa também a constituição do

sujeito. As emoções para Wallon têm papel preponderante no

desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus

desejos e suas vontades.

No método didático-pedagógico de Paulo Freire, a inspiração para uma

aprendizagem é comprometida com os ideais de igualdade, liberdade e justiça,

o tripé para a formação da cidadania. Para ele, a palavra é um instrumento de

conhecimento do homem sobre si mesmo e sobre a sua situação no mundo.

Além disso, "o papel do educador não é o de encher o educando de

conhecimentos, mas o de proporcionar, através da relação dialógica educador-

educando, a organização de um pensamento correto em ambos". Desse modo,

Paulo Freire propõe que a educação seja encarada como um diálogo.

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15“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para

a sua produção ou a sua construção.” (Paulo Freire, 1996).

Nesse processo dialógico entre professor e alunos, ocorre uma troca

dinâmica de experiências sociais, pois todos passam a compartilhar das

experiências dos demais. E, nessa inter-relação social, os alunos, ao

adquirirem instrumentos de ação adequados às suas realidades, irão

paulatinamente modificando, diversificando e enriquecendo seus

conhecimentos; adquirindo, desse modo, além de uma aprendizagem eficaz e

significativa, uma consciência crítica, importante pilar para o exercício da

cidadania. Para Paulo Freire, a educação tem por tarefa principal o

desenvolvimento do senso crítico para formar os verdadeiros cidadãos.

“Ensinar é proporcionar um âmbito experimental. É criar circunstâncias

para que a aprendizagem aconteça.” (Maturana, 1995).

A prática educativa é um constante exercício em favor da construção

do desenvolvimento da autonomia do professor e alunos não só transmitindo

saberes, mas dando significado, construindo e redescobrindo os mesmos.

1.3 Relação professor aluno.

A relação professor-aluno é fundamental para o bom desenvolvimento e

desempenho do educando tanto no que se refere à aprendizagem de

conteúdos como dos que concernem ao desenvolvimento cognitivo e social,

baseada no respeito mútuo, na cooperação, no diálogo e no crescimento.

Numa concepção ampla de educação, todo ser humano é um educador,

uma vez que, na nossa relação social estamos sempre ensinando e sendo

ensinados.

“É na fala do educador, no ensinar (intervir, desenvolver, encaminhar),

expressão do seu desejo, casado com o desejo que foi lido, compreendido pelo

educando, que ele tece o seu ensinar. Ensinar e aprender são movidos pelo

desejo e pela paixão”. (Paulo Freire, 1992).

Para que haja uma boa relação entre professor e aluno é necessária

humildade, tolerância e muito diálogo para se iniciar um processo de confiança

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16entre ambos. O educador não pode ver a prática educativa como algo sem

importância, é preciso lutar e ter plena convicção de que a transformação é

possível.

Nas relações interpessoais, não só entre professor e aluno, mas também

entre os próprios alunos, o grande desafio é conseguir se colocar no lugar do

outro, compreender suas motivações desenvolvendo a solidariedade e a

capacidade de conviver com as diferenças.

“O diálogo é um encontro no qual a reflexão e a ação, inseparáveis

daqueles que dialogam, orienta-se para o mundo que é preciso transformar e

humanizar”. (Paulo Freire, 1980).

Na possibilidade do diálogo ocorre uma troca de experiências, dividindo

sucessos e derrotas realizam conexões que fortalecem a aprendizagem.

O professor assume a postura de mediador, facilitando o processo de

interação dos alunos com o meio social, com os objetos do conhecimento e

entre si. Seu papel é o de planejador, incentivador e orientador da curiosidade

do aluno em relação a si mesmo e ao mundo que o cerca. É através do

professor que a criança encontrará na escola as ferramentas necessárias para

a sistematização do conhecimento.

“Viver é conhecer. Conhecer é experimentar algo novo. Assim vida e

aprendizagem não estão separadas, já que a cognição envolve todo o

processo da vida, incluindo a emoção, a percepção e o comportamento”.

(Maturana, 1995).

O bom professor é aquele que ensina a aprender. A ação do aluno,

dentro do processo pedagógico, é reflexo da criatividade, da competência e do

envolvimento do professor. O professor precisa estar comprometido com o

aluno, respeitando a sua individualidade enquanto ser humano, criando

vínculos afetivos, estimulando e motivando o educando.

Não basta ao professor ser conhecedor de métodos, mas um intelectual

que queira ensinar. Indo além da formação acadêmica, transformando

informação em conhecimento e consequentemente em experiência.

“Para transformar informação em formação, dois passos são

imprescindíveis: o esforço reconstrutivo do aluno e a participação do professor.

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17De longe, podemos nos informar, instruir. Educar é sempre de perto, algo corpo

a corpo, diretamente envolvente. Emocionalmente marcado.” (Pedro Demo,

2004).

A relação entre professor e aluno deve ser dinâmica, pois é o professor

que faz o aluno progredir, à medida que consegue envolvê-lo em desafios cada

vez mais complexos. Os professores devem proporcionar meios para

desenvolver as múltiplas inteligências, sentimentos, emoções e a auto - estima.

Vygotsky (1994) destaca a importância das interações sociais e traz a

idéia da mediação e da internalização como aspectos fundamentais para a

aprendizagem, defendendo que a construção do conhecimento se da a partir

de um processo de interação entre as pessoas.

O favorecimento de situações que privilegiem a afetividade leva os

professores a utilizarem o afeto em suas práticas educativas, favorecendo a

auto-estima e a aprendizagem dos alunos.

Toda aprendizagem está impregnada de afetividade já que ocorre a

partir das interações sociais.

Wallon, afirma que a afetividade desempenha um papel fundamental na

constituição e funcionamento da inteligência, determinando os interesses e

necessidades individuais. Atribui às emoções a base da formação da vida

psíquica.

“A afetividade é a mola propulsora das ações e a razão está a seu

serviço” (Piaget, 1992).

Sendo a escola um espaço privilegiado para aprendizagem. Nela

somam-se experiências, conhecimentos e afeto. Assim cabe ao educador

despertar no educando a curiosidade em busca do conhecimento crítico

formando a sua autonomia. E ao desenvolver a sua autonomia, através do

aprendizado, da execução de uma leitura crítica de mundo, vem todo o restante

do processo de crescimento humano, possibilitando aos educandos o exercício

da solidariedade, cooperação, respeito às normas, as diferenças culturais, a

opinião dos colegas, exercitando de forma consciente a sua cidadania.

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18O espaço da sala de aula deve ser um ambiente de investigação e de

respeito onde os alunos possam expressar suas formas de pensamento suas

dúvidas, suas descobertas e construir laços afetivos entre si.

O professor tem papel fundamental no processo de construção do

conhecimento e de valores por parte dos alunos. Assumindo o papel de

mediador entre aluno e os conteúdos, promovendo interações e/ou

intervenções desafiadoras.

O professor deve refletir sobre que imagem de identidade profissional,

papel social e comprometimento com o trabalho passa a seus alunos. A

postura do professor é o norte do aluno, sendo necessário existir um ambiente

de liberdade, respeito, tolerância, responsabilidade, cooperação e

compromisso.

“Tarefa que exige uma forma criticamente disciplinada de atuar com que

a educadora desafia seus educandos. Forma disciplinada que tem que ver, de

um lado, com a competência que a professora vai revelando aos educandos,

discreta e humildemente, sem estardalhaços arrogantes; de outro, com o

equilíbrio com que a educadora exerce sua autoridade – segura, lúcida,

determinada.” (Paulo Freire, 1993).

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19

CAPÍTULO 2

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL:

Inteligência emocional está relacionada às habilidades para lidar com as

emoções, de entender e refletir, de modo a promover o crescimento emocional

e intelectual.

O conceito de inteligência emocional revolucionou o antigo conceito de

inteligência, tornando obsoleto os testes de QI.

Na década de 30 Thorndike sugeriu a possibilidade de que as pessoas

pudessem ter “inteligência social”, ou seja, a habilidade de perceber

comportamentos de si mesmo e dos outros e agir de acordo com essa

percepção.

Na década de 80 Gardner apresentou a “Teoria das inteligências

múltiplas”, que envolve sete formas de inteligência. Ao apresentar sua “teoria

no livro” “Estruturas da mente”, Gardner rompeu com a idéia de inteligência

como capacidade única e de possível mensuração através do teste de QI.

Sua teoria amplia o conceito de inteligência, onde nomeia as sete

inteligências;

Inteligência lógico-matemática possibilita calcular, quantificar, considerar

proposições e hipóteses e realizar operações matemáticas. Cientistas,

matemáticos, engenheiros, contadores demonstram forte inteligência lógico

matemática.

Inteligência lingüística consiste na capacidade de pensar e usar a

linguagem para expressar e avaliar significados complexos. Autores, poetas,

palestrantes, exibem grau elevado de inteligência lingüística.

Inteligência corporal cinestésica, permite que a pessoa manipule objetos

e sintonize habilidades físicas. È muito presente em atletas, dançarinos,

cirurgiões e artesãos.

.Inteligência espacial instiga a capacidade para pensar de maneiras

tridimensionais, como fazem navegadores, pilotos, escultores, pintores e

arquitetos.

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20Inteligência musical, pessoas que possuem sensibilidade para a

entonação, melodia, ritmo e tom. Compositores, maestros, críticos musicais e

ouvintes sensíveis.

.Inteligência interpessoal, é a capacidade de compreender as outras

pessoas e interagir com elas. È evidente em professores, políticos, atores,

assistentes sociais.

Inteligência intrapessoal, é a capacidade para construir uma percepção

de si mesmo usando tal conhecimento no planejamento e direcionamento da

própria vida.

Posteriormente Gardner apresenta a oitava inteligência a naturalista, que

consiste em observar padrões na natureza, identificando , classificando e

compreendendo os sistemas naturais e aqueles criados pelo homem.

A base da inteligência emocional está centrada nas habilidades

pessoais, na inteligência interpessoal e na inteligência intrapessoal.

Gardner tem o cuidado de explicar que a inteligência não deve estar

limitada as que ele identificou. Ele também declara que cada inteligência

contém várias subinteligências, no domínio da música incluem cantar, escrever

partituras, reger, criticar e apreciar música.

Cada inteligência parece ter sua própria seqüência de desenvolvimento,

emergindo e florescendo em diferentes momentos da vida.

Na década de 90, o pesquisador John Mayer, junto com seus parceiros

David Caruso e Peter Salovey, torna-se uma referência para a pesquisa

cientifica sobre “inteligência emocional”.

Salovey e Mayer publicaram vários artigos em jornais acadêmicos. Em

um de seus artigos, Mayer e seus colaboradores apresentam quatro tipos de

habilidades envolvendo a inteligência emocional:

Habilidade para a percepção das emoções, inclui habilidades envolvidas

na identificação de sentimentos por estímulos, através da voz ou expressão

facial.

Habilidade no uso das emoções implica a capacidade de empregar as

informações emocionais para facilitar o pensamento e o raciocínio.

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21Habilidade no entendimento das emoções, consiste em captar variações

emocionais nem sempre evidentes.

Habilidade de controle e transformação das emoções,

Salovey e Mayer propuseram cinco domínios ou competências da

inteligência emocional:

1- Autoconsciência. Conhecer as próprias emoções.

2- Autodomínio. Controlar os sentimentos nos mais variados momentos e

situações. Desenvolver um equilíbrio emocional.

3- Automotivação. Direcionar as emoções e atenção para determinado

objetivo.

4- Empatia. Reconhecer as emoções nos outros.

5- Habilidades sociais. Lidar com as emoções dos outros, interagir com

facilidade, liderar, negociar e solucionar divergências, bem como para a

cooperação e o trabalho em equipe.

Ainda na década de 90, o termo “Inteligência emocional” ganhou grande

popularidade com a publicação do livro “Inteligência emocional” de Daniel

Goleman, em 1995.

Goleman através de análise de pesquisa demonstrou que pessoas de QI

elevado podem fracassar, derrubando o mito que a inteligência é determinada

pela carga genética. Para ele a inteligência é emocionalmente construída

através da forma como vivenciamos as nossas emoções. Assim o sucesso

pode ser produzido por qualquer pessoa que tenha uma inteligência

emocionalmente construída.

A inteligência emocional tem como característica a habilidade e a

capacidade das pessoas perceberem e controlarem as emoções. O princípio

do domínio das emoções está baseado na recomendação de Sócrates –

“Conhece-te a ti mesmo” é à base da inteligência emocional, a consciência de

nossos sentimentos.

“Ter autoconsciência é estar consciente ao mesmo tempo de nosso

estado de espírito e de nossos pensamentos sobre este estado de espírito.”

(Mayer, 2000).

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22Segundo Goleman a inteligência emocional é responsável pelo sucesso

ou insucesso das pessoas. Já que na maioria das situações de trabalho

envolve relacionamentos e emoções e pessoas que possuem qualidades como

afabilidade, compreensão, gentileza, tem mais chances de obter sucesso.

A importância do trabalho de Goleman se reflete na emoção.

Goleman evidenciou algumas habilidades emocionais para que as

pessoas alcancem sucesso como;

• Controle de temperamento.

• Adaptabilidade.

• Persistência.

• Amizade.

• Respeito.

• Amabilidade.

• Empatia.

Goleman mapeia a inteligência emocional em cinco áreas de habilidade:

1-Autoconhecimento, a autoconsciência, o conhecimento de si mesmo.

2-Controle emocional, a capacidade de lidar com seus próprios

sentimentos.

3-Automotivação, direcionar as emoções, a busca de um devir.

4-Reconhecer as emoções em outras pessoas, empatia, colocar-se no

lugar do outro.

5-Habilidade em relacionamentos interpessoais, saber lidar com as

emoções do grupo.

As habilidades de autoconhecimento, controle emocional, e

automotivação referem-se à inteligência intrapessoal e reconhecer as emoções

nas pessoas e relacionamentos à inteligência interpessoal, descritas por

Gardner em sua teoria das Inteligências múltiplas.

Razão e emoção devem andar juntas mantendo um equilíbrio.

Para Maturana (1999) cognição tem tudo a ver com o ambiente. O

desenvolvimento de uma competência ou a expressão de um talento qualquer

está muito ligado, não apenas aos fatores internos do individuo, mas aos

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23fatores que o circundam. Um ambiente que valorize determinadas habilidades e

competências influência na maneira como elas se desenvolvem.

“Vida e aprendizagem não estão separadas, já que a cognição envolve

todo o processo da vida, incluindo a emoção, a percepção e o comportamento”.

(Maturana, 1999).

Segundo James Heckman, prêmio Nobel de Economia, em 2000 e

professor da universidade de Chicago que se dedica a estudar os efeitos dos

estímulos educacionais oferecidos as crianças nos primeiros anos de vida diz

que existem dois tipos de habilidades que influenciam o sucesso de uma

pessoa. No primeiro grupo estão as capacidades cognitivas, ou seja, olhar o

mundo de uma forma mais abstrata e lógica. No segundo grupo em nível tão

relevante quanto o primeiro estão às habilidades relacionadas ao autocontrole,

à motivação e ao comportamento social.

Estimular desde cedo o aprendizado cognitivo e emocional da criança

gera excelente benefício na vida adulta.

2.1 A importância do educar com afeto;

Conhecimento e afetividade estão sempre associados.

O ambiente escolar é um local onde são estabelecidas relações com o

conhecimento e com os valores, por meio da interação com os colegas e

professores.

O professor deve ter uma capacidade de aproximação afetiva que lhe

permita acolher, valorizar e participar dos conflitos. Cada aluno não é apenas

um número, mas um ser humano único.

O afeto e a inteligência curam as feridas da alma, reescrevem as

páginas fechadas do inconsciente. (Augusto Cury, 2003).

Assegurar condições adequadas de aprendizagem em que haja um

ambiente de confiança e respeito mútuo já é uma contribuição ao

desenvolvimento emocional saudável dos educandos.

Wallon (1998) atribui à emoção um papel fundamental no processo de

desenvolvimento humano.

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24Segundo Goleman (1996) “emoções são sentimentos a se expressar em

impulsos e numa vasta gama de intensidade gerando idéias, condutas, ações e

reações. Quando burilados, equilibrados e bem conduzidos transformam-se em

sentimentos elevados, sublimados tornando-se ai virtudes”.

Para que o aluno saiba lidar com as emoções o professor também tem

que estar pronto para desenvolver a sua inteligência emocional e fazer com

que os alunos estejam aptos a lidar não só com o sucesso mas também com

frustrações, medos e angustias. O importante é deixar conhecer-se, pois assim

o professor estará educando a emoção e criando vínculos sólidos e profundos.

Professores são insubstituíveis, por toda a sua sensibilidade que jamais poderá

ser ensinada por máquinas.

“Se você olhar para as coisas com os olhos da razão comum, você

nunca entenderá como é necessário amar.” (Leonardo Boff, 1999).

“Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”

(Paulo Freire, 1996).

“Educar não é repetir palavras, é criar idéias é encantar.” (Augusto Cury,

2003).

Paulo Freire afirma que ambos os professor e aluno estão envolvidos no

diálogo e se confundem na mesma pessoa na troca de conhecimentos e no

equilíbrio de dar e receber. O toque e o diálogo enriquecem a emoção.

Chalita (2001), diz que a habilidade emocional é o grande pilar da

educação, sendo que não é possível desenvolver as habilidades cognitivas

sem trabalhar a emoção.

O processo educacional não está circunscrito unicamente na razão, mas

devem utilizar-se das múltiplas inteligências como formas de interpretação e

expressão da realidade. A curiosidade, o prazer e o interesse motivam a busca

pelo saber. Quando se desperta o gosto por algum campo de atividade, o

aprendizado torna-se mais fácil e natural.

Do construtivismo de Piaget, da arte de pensar de Vigotsky, da

psicogenética de Wallon, das aptidões da inteligência emocional de Salovey e

Mayer, das inteligências múltiplas de Gardner, da inteligência emocional de

Goleman, do caráter social e humano da educação de Paulo Freire, todos têm

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25como objetivo a educação da emoção, a educação da autoestima, do

raciocínio, enfim formar pensadores.

2.2-Educar uma tarefa de todos:

Todos querem o melhor para nossas crianças. Queremos que sejam

felizes e se realizem tanto na vida profissional quanto na pessoal.

Pesquisas mostram que quando a família participa da educação das

crianças elas podem sair-se muito melhor na vida e na escola.

A família é capaz de despertar o interesse, a curiosidade e incentivar a

aprendizagem. Não que seja necessário se transformar em professores, mas

basta que acompanhem a vida escolar, valorizem as tarefas, estimulem a

curiosidade para o aprendizado, respeitando cada fase da criança.

“Quanto antes os estímulos vierem mais chances a criança terá de se

tornar um adulto bem-sucedido” (James Heckman, 2009).

Conversar, brincar, fazer coisas do dia a dia junto com as crianças são

formas de demonstrar atenção e carinho.

O importante é criar um clima de cumplicidade para que as crianças se

sintam confiantes e estimuladas. Para que percebam que podem usar na vida o

que aprendem na escola e vice versa.

“Quando os pais são emocionalmente aptos, os filhos

compreensivamente se dão melhor, mostram mais afeição e tem menos tensão

com eles. Mas, além disso, essas crianças são melhores com as próprias

emoções.” (Goleman, 2001).

As crianças que tem uma boa interação familiar progridem mais

depressa. O núcleo familiar é muito importante para o desenvolvimento da

inteligência emocional da criança. A criança respeitada e valorizada pela

família vai ter melhor rendimento na escola e uma vida mais saudável e bem

sucedida.

“Eis a família em sua difícil tarefa. A convivência diária pode ser

desgastante. É preciso criatividade. A convivência diária pode ser penosa. É

preciso amor.” (Gabriel Chalita, 2001).

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26Goleman (1997) identificou três tipos de pais:

Os simplistas que não dão importância às emoções da criança.

Os desaprovadores que são muito críticos.

O laissez-faire que demonstram empatia, mas não impõe limites.

“No entanto, filhos de pais que são preparadores emocionais aprendem

a confiar em seus sentimentos, regular as próprias emoções e resolver

problemas. Tem auto-estima elevada, facilidade para aprender e se relacionar

com pessoas.” (Goleman, 1997).

Dialogar com os filhos constrói uma relação de afetividade muito

saudável.

“Dialogar é contar experiências, é segredar o que está oculto no

coração, é penetrar além da cortina dos comportamentos, é desenvolver

inteligência interpessoal.” (Gardner, 1995).

Cultivar a afetividade com os filhos cria laço. O toque e o diálogo são

mágicos enriquecem a emoção. A verdadeira autoridade e o respeito nascem

do diálogo.

Educar também significa dizer não, dar limites. Os pais devem deixar

claro quais são os pontos a negociar e quais são os pontos inegociáveis.

A família tem a função de sociabilizar e estruturar os filhos como seres

humanos. Vários estudos e pesquisas têm demonstrado que independente da

classe socioeconômica, as famílias que não oferecem afeto, os filhos tornam-

se crianças problemas. O que faz a diferença é a capacidade de a família

estabelecer vínculos afetivos, unindo-se no amor e nas frustrações. Quando

falta a um jovem essa estrutura familiar (ausência de pai e mãe) outras

pessoas, parentes ou até mesmo a sociedade poderão assumir tal papel,

respeitando as necessidades desse ser em formação.

É na família que a criança vive suas maiores sensações de alegria,

felicidade, prazer e amor. Experimenta tristeza, briga ciúme, medo e ódios.

Onde se aprende a linguagem mais complicada da vida, a da afetividade.

“Se vemos o mundo desta ou daquela maneira, se vemos o mundo com

otimismo, alegria, confiança e beleza, isto tudo tem a ver com a nossa própria

história de vida, com uma infância alegre e florida, com as interações que

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27desenvolvemos no viver/conviver, com a história de nossos pais e com as

histórias também vividas pelos nossos ancestrais.” (Maturana, 1999).

A escola deve se conscientizar de que é uma instituição afetiva que

complementa a família. Sem essa consciência, os alunos aprendem, mas não

sabem usar o que aprenderam porque estão afetivamente empobrecidos. A

escola quando trabalha em parceria com a família consegue atingir os objetivos

a que se propõe.

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28

CAPÍTULO 3

A PSICOPEDAGOGIA MEDIANDO CONFLITOS

AFETIVOS.

A psicopedagogia hoje no Brasil, tem relevante papel na elaboração de

novos conhecimentos nos espaços institucionais.

A crise vivenciada pela pratica docente estimula a busca por novos

caminhos que atendam aos paradigmas do nosso tempo.

A psicopedagogia surgiu a partir da necessidade da compreensão dos

problemas de aprendizagem visando trabalhar com relações mais afetuosas de

modo que o educando seja criativo, espontâneo, perseverante e transformador

ao trabalhar o seu pensamento.

A psicopedagogia institucional leva em consideração todos os aspectos

que envolvem as condições de aprendizagem, contemplando os aspectos

familiares, metodológicos, ambientais e profissionais permitindo um olhar

globalizado sobre o universo escolar.

A ação do psicopedagogo visa fortalecer todo o processo educativo,

curricular e organizacional que envolve aluno, professores, família e todos os

profissionais ligados com a educação e com a instituição de ensino, numa

perspectiva preventiva de integração família - escola.

A construção de um cotidiano escolar exige que se trabalhe com

dimensões éticas necessárias a construção de uma cidadania ativa, onde a

participação de todos, gere uma gestão escolar democrática e

conscientizadora.

A psicopedagogia tem contribuído muito para o desafio de construir um

cotidiano escolar onde seja possível fazer valer as dimensões humanas da

ética e da cidadania, necessária para o saber aprender e ensinar no século

XXI.

Espera-se que o professor do século XXI, tenha paixão por ensinar,

esteja sempre aberto para aprender, que saiba pesquisar e gerenciar uma sala

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29de aula. Que saiba mediar os conflitos, trabalhar em equipe que seja solidário e

acima de tudo ético. E que a escola seja formadora e estética.

Paulo Freire, na sua Pedagogia da autonomia, (p.160) diz “ensinar e

aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”.

O bom professor do século XXI deve cooperar, favorecendo o equilíbrio

do intercambio, que só acontece quando os seres humanos interagem uns com

os outros. Assim teremos a escola sonhada por Paulo Freire e por todos

desejados.

“Escola é”...

O lugar onde se faz amigos

Não se trata só de prédios, salas, quadros,

Programas, horários, conceitos...

Escola é, sobretudo, gente,

Gente que trabalha que estuda,

Que se alegra se conhece se estima.

O diretor é gente,

O coordenador é gente, o professor é gente,

O aluno é gente,

Cada funcionário é gente.

E a escola será cada vez melhor

Na medida em que cada um

Se comporte como colega, amigo, irmão.

Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”.

Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir

que não tem amizade a ninguém

nada de ser como o tijolo que forma a parede,

indiferente , frio, só.

Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,

É também criar laços de amizade,

É criar ambiente de camaradagem,

É conviver, é se “amarrar nela”!

Ora, é lógico...

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30Numa escola assim vai ser fácil

Estudar, trabalhar crescer,

fazer amigos, educar-se,

ser feliz.”

O trabalho da psicopedagogia é voltado para o aperfeiçoamento das

construções pedagógicas e o seu objetivo central está estruturado no processo

de aprendizagem humana, já que a escola constitui-se em uma organização

sistêmica aberta num conjunto de elementos que interagem e se influenciam

mutuamente através da troca com o meio em que estão inseridos.

O convívio respeitoso na escola é a melhor experiência moral que o

aluno pode vivenciar. A interação social que se estabelece no ambiente escolar

contribui para o desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Destas interações

sociais vai ser determinado o papel que cada um desempenhará socialmente.

Segundo o filósofo chileno da Unesco Juan Casassus, um bom ambiente

tem mais peso do que os demais fatores. Tornar harmoniosa as relações na

escola é fator decisivo para a educação avançar.

Várias pesquisas demonstram que os alunos com dificuldade de

aprendizagem são menos aceito pelo grupo. E que a baixa popularidade muitas

vezes está associada a comportamentos agressivos. Concluiu-se que quanto

maior for à aceitação social menor será a dificuldade de aprendizagem. Sendo

assim fica clara a importância dos relacionamentos e da afetividade na

aprendizagem.

Neste cenário o papel do psicopedagogo é o de prevenção ao

intermediar conflitos na relação professor/ aluno e/ ou aluno/aluno. Atuando

como agente de inclusão social.

A psicopedagogia mediando conflitos encontra uma abordagem para a

transformação criativa aproveitando tais fatos como uma oportunidade de

crescimento e mudança.

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31Os conflitos são divergências que interferem no relacionamento

causando tensão. Para reverter o processo é preciso autoconhecimento e

gerenciamento das emoções.

Para que a intervenção seja feita de modo consciente com todos os

envolvidos na relação o psicopedagogo precisa conhecer o projeto político

pedagógico da instituição em questão, a preparação pedagógica do professor e

quais os mecanismos usados para alcançar os objetivos de ensino

aprendizagem.

A mediação significa intervenção com que se busca produzir um acordo

através de uma terceira pessoa, o mediador, que desenvolve a função de

facilitador do diálogo.

A mediação escolar é um meio de diálogo e reencontro interpessoal, de

transformação e resolução de conflitos em que o psicopedagogo, auxilia os

alunos a dialogar, a negociar e a alcançar compromissos mutuamente

satisfatórios. Os princípios básicos que devem nortear uma mediação são :

colocar-se no lugar do outro e tentar enxergar quais são os interesses não

declarados do outro.

Para que a mediação ocorra é preciso que haja confidencialidade,

intimidade, liberdade de expressão imparcialidade e compromisso com o

diálogo.

Em situações de conflito o diálogo é uma forma de encontrar a solução

justa fazendo com que o direito de cada um seja respeitado.

A qualidade do diálogo gera um campo fértil para ampliar a atuação e os

relacionamentos enquanto que a falta gera os mais diferentes tipos de conflito.

E preciso estimular o desenvolvimento das relações intra e interpessoal. O

diálogo deve ser feito com bom senso e respeitando as diferenças. É muito

importante escutar o que o outro tem a dizer, saber escutar é uma arte que

deve ser ensinada e cultivada.

“Fala-se muito em sermos tolerantes com o outro, sendo que no fundo

toda tolerância traz consigo a negação do outro, o necessário é aceitar o outro,

mas para isso temos que ter o amor como emoção fundadora”. (Maturana,

1998).

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32O afeto complementa o trabalho do psicopedagogo otimizando as

relações afetivas. Desenvolvendo as relações interpessoais e estabelecendo

vínculos. Tendo ações específicas, coerentes e relacionais no ambiente

escolar.

O objetivo do psicopedagogo é encorajar o aluno a tornar-se cada vez

mais autônomo em relação ao meio, a interagir com os colegas procurando

resolver os conflitos através do diálogo, a ser independente e curioso, a usar

iniciativa própria, exprimir suas idéias com convicção e conviver

construtivamente com medos e angustias.

Os alunos descobrindo uma nova maneira de lidar com conflitos na

escola irão fazê-los para além da instituição sendo os mesmos multiplicadores

do processo. Um conflito bem administrado gera inovação, enriquecimento

pessoal e evolução, melhorando a convivência na escola e na vida.

Aprender a mediar conflitos contribui para a formação do indivíduo como

cidadão responsável por seus atos e conseqüências.

Segundo Wallon, o conflito emocional estimula o desenvolvimento, pois

resolve-los implica manter o equilíbrio entre razão e emoção, o que levará a um

maior amadurecimento tanto da afetividade quanto da inteligência.

A escola encontra na mediação de conflitos, um método de ensino –

aprendizagem de transformação positiva permitindo cumprir as suas funções

de formação e socialização.

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CONCLUSÃO:

Numa concepção mais ampla de educação, todo ser humano é um

educador, uma vez que, nas relações sociais estamos permanentemente

ensinando e sendo ensinados.

O educador é antes de tudo, um ser humano e como tal protagonista de

um projeto histórico.

A intensificação das relações entre professor-aluno, os aspectos

afetivos, emocionais, a dinâmica das manifestações das salas de aula e as

formas de comunicação devem ser caracterizadas como pressupostos básicos

para o processo da construção do conhecimento da aprendizagem e da

organização do trabalho do professor.

Afetividade e inteligência são aspectos indissociáveis, intimamente

ligados e influenciados pela socialização. A inteligência emocional sendo a

capacidade de percepção dos nossos sentimentos contribui com qualidades

que nos tornam mais plenamente humanos.

É fundamental que o professor seja sensível, observador e acolhedor,

procurando intervir apenas quando necessário e estimulando sempre.

Percebendo-se como um agente de transformações, estando preocupado não

só com o processo ensino-aprendizagem, mas também com o desenvolvimento

pessoal dos alunos.

O olhar do professor para o seu aluno é fundamental para a construção

e o sucesso da sua aprendizagem. Quando sentamos na cadeira de alunos (de

qualquer idade), procuramos no professor a afetividade que nos impulsiona

para continuarmos em frente.

Tanto no âmbito familiar quanto no escolar, deve haver uma relação de

afeto, pois é isso que ajudará a construir um ser humano psicologicamente

saudável e isso só acontecerá pelo amor.

Enquanto o individuo se desenvolve no seu espaço social e cultural

afasta-se de uma submissão aprendendo a transferir suas motivações para

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34outros objetos e situações, ao mesmo tempo em que condiciona, afetivamente,

suas relações vivenciais.

Afetividade no ambiente escolar é se preocupar com os alunos, é

reconhecê-los como indivíduos autônomos, com uma experiência de vida

diferente da do professor com direito a ter preferências e desejos próprios. É

inspirar a inteligência dos alunos encorajando-os a enfrentar desafios, a

gerenciar os próprios pensamentos.

O importante é o professor ter a sensibilidade de perceber a importância

do fator afetivo, que envolve valores e o próprio caráter necessário para o

desenvolvimento integral do aluno.

Devemos escutar o que o nosso aluno tem a dizer, demonstrar interesse

e admiração. Descobrir suas riquezas e potencialidades como ser humano.

Todos nós trazemos um infinito dentro de nós mesmos, são muitas

experiências e histórias.

Ás vezes esquecemos valores simples como amizade, partilha e

companheirismo. Em alguns momentos nos esquecemos de olhar com

sentimentos positivos para as pessoas, de conversar, de acariciar e de dizer o

quanto elas são importantes para nós.

Somos seres humanos e precisamos a todo o momento ser estimulados

com palavras de incentivo, gestos de carinho e principalmente respeito. E não

é possível combater a insensibilidade, o desrespeito, a falta de solidariedade a

não ser pelo afeto.

Um olhar, um gesto de carinho, uma palavra de apoio na hora certa

fazem toda a diferença.

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ANEXOS

Pequenas demonstrações de afeto:

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