aet - secador - monografia - final - 15.10.12 - capa dura

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As máquinas e equipamentos atuais estão sendo produzidos com foco na ergonomia, porém, o ambiente de trabalho deve ser levado em consideração, como exemplos têm a iluminação e o ritmo de trabalho excessivo. A organização que não dispor de mecanismo eficiente para o levantamento das condições ergonômicas, pode incorrer em um diagnostico falho da situação. Por isso, é essencial que haja um planejamento das ações que irão ser executadas. A empresa, objeto do estudo é do ramo madeireiro e fabrica painéis de madeira sólida, contém trezentos funcionários dispostos em sessenta e cinco postos de trabalho e não dispõe de uma gestão ergonômica, que identifique e elimine ou controle os problemas existentes. O objetivo do presente trabalho é criar um modelo de gestão ergonômica piloto em um posto de trabalho, que possibilite a expansão para as demais células de trabalho. A metodologia utilizada foi o levantamento dos aspectos relacionados ao trabalhador, como as queixas mais frequentes e dificuldades na realização das tarefas, realização de pesquisa com os lideres, a fim de conhecer a visão da empresa para as questões relacionadas à ergonomia e, por fim, avaliação das condições ergonômicas do posto de trabalho com a utilização do método RULA. Os resultados obtidos identificaram os potenciais de risco ergonômico na empresa e foram apresentados com as devidas recomendações, visando, adequações de caráter imediato e de mudança de layout. Pôde-se concluir deste trabalho, que o modelo proposto, mostrou-se eficiente no posto de trabalho analisado, se bem aplicado, poderá ser utilizado na avaliação dos demais setores da empresa.

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  • PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO PARAN

    CENTRO DE CINCIA EXATAS E TECNOLOGIA

    ENGENHARIA DE SEGURANA DO TRABALHO

    SANDRO ROBERTO ALVES

    PROJETO PILOTO PARA ANLISE ERGONMICA EM INDSTRIA DE

    FABRICAO DE PAINIS DE MADEIRA SLIDA

    CURITIBA PR

    2012

  • SANDRO ROBERTO ALVES

    PROJETO PILOTO PARA ANLISE ERGONMICA EM INDSTRIA DE

    FABRICAO DE PAINIS DE MADEIRA SLIDA

    Trabalho de conc luso de curso apresentado ao Curso de Ps -Graduao em Engenhar ia de Segurana do Trabalho, da Pont i f c ia Univers idade Catl ica do Paran, como requis ito parc ia l para obteno do t tulo de espec ial is ta em engenhar ia de segurana do trabalho.

    Orientador: Prof . Dr. Rodr igo Fi lus Co Orientador: Profa Esp. Denise Sto l le da Luz W eiss

    CURITIBA PR

    2012

  • SANDRO ROBERTO ALVES

    PROJETO PILOTO PARA ANLISE ERGONMICA EM INDSTRIA DE

    FABRICAO DE PAINIS SLIDOS DE MADEIRA

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Especializao em Engenharia de Segurana do Trabalho da Pontifcia Universidade Catlica do Paran, como requisito parcial obteno do ttulo de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho.

    COMISSO EXAMINADORA

    _____________________________________

    Irionson Antnio Bassani, Prof. Dr.

    PUCPR

    _____________________________________

    Denise Stolle da Luz Weiss, Profa Esp.

    PUCPR

    _____________________________________

    Ricardo Diego Torres, Prof. Dr.

    PPGEM / PUCPR

    Curitiba, 01 de Setembro de 2012.

  • Dedico este trabalho primeiramente a

    Deus que me deu foras, algumas vezes

    me conduzindo, at esse momento; Aos

    meus pais que cumpriram a misso de me

    mostrar o caminho; minha esposa e

    meus filhos, pelo apoio e compreenso;

    Aos meus irmos que torceram pelo meu

    sucesso.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus, por me dar vida, sade e sabedoria. Aos professores do curso de

    especializao em engenharia de segurana que ao longo do curso, no

    economizaram esforos para me apoiarem, principalmente o professor Dr. Rodrigo

    Filus que abdicou de muitos momentos para me orientar e analisar esse trabalho. A

    meus colegas de turma pelo companheirismo, amizade, e contribuio para meu

    crescimento profissional, especialmente ao Eder Charavara, Gilberto Covalchuk,

    Otvio Tomczyk e Silvia Johann que suportaram todas as diversidades juntos

    comigo. A Marli Ranthun pela forma carinhosa que nos acolheu em sua casa. Aos

    meus familiares que sempre me confortaram com palavras motivacionais. Aos meus

    pais que me ensinaram o caminho do bem. A minha esposa que desde o incio

    esteve do meu lado me apoiando e acreditando no meu sucesso, muito obrigado! E

    a vocs meus filhos que suportaram junto comigo todos os obstculos.

  • Deus nos fez perfeitos e no escolhe os capacitados, capacita os escolhidos.

    Albert Einstein

  • RESUMO

    As mquinas e equipamentos atuais esto sendo produzidos com foco na ergonomia, porm, o ambiente de trabalho deve ser levado em considerao, como exemplos tm a iluminao e o ritmo de trabalho excessivo. A organizao que no dispor de mecanismo eficiente para o levantamento das condies ergonmicas, pode incorrer em um diagnostico falho da situao. Por isso, essencial que haja um planejamento das aes que iro ser executadas. A empresa, objeto do estudo do ramo madeireiro e fabrica painis de madeira slida, contm trezentos funcionrios dispostos em sessenta e cinco postos de trabalho e no dispe de uma gesto ergonmica, que identifique e elimine ou controle os problemas existentes. O objetivo do presente trabalho criar um modelo de gesto ergonmica piloto em um posto de trabalho, que possibilite a expanso para as demais clulas de trabalho. A metodologia utilizada foi o levantamento dos aspectos relacionados ao trabalhador, como as queixas mais frequentes e dificuldades na realizao das tarefas, realizao de pesquisa com os lideres, a fim de conhecer a viso da empresa para as questes relacionadas ergonomia e, por fim, avaliao das condies ergonmicas do posto de trabalho com a utilizao do mtodo RULA. Os resultados obtidos identificaram os potenciais de risco ergonmico na empresa e foram apresentados com as devidas recomendaes, visando, adequaes de carter imediato e de mudana de layout. Pde-se concluir deste trabalho, que o modelo proposto, mostrou-se eficiente no posto de trabalho analisado, se bem aplicado, poder ser utilizado na avaliao dos demais setores da empresa.

    Palavras-chave: Segurana. Ergonomia. Queixas. LER/DORT. RULA.

  • ABSTRACT

    The machinery and equipment are being produced with current focus on ergonomics, however, the work environment should be taken into consideration, as examples have lighting and pace of overwork. The organization does not have an efficient mechanism for lifting the ergonomic conditions, may incur a flawed diagnosis of the situation. It is therefore essential to have a plan of action that will be performed. The company, is the object of study lumber and manufactures solid wood panels, contains three hundred employees arranged in sixty-five jobs and lacks an ergonomic management, to identify and eliminate or control existing problems. The goal of this work is to create a model of ergonomic management pilot in a job that allows expansion to other work cells. The methodology used was a survey of aspects related to the employee, as the most frequent complaints and difficulties in carrying out tasks, conducting research with leaders in order to meet the company's vision for the issues related to ergonomics and, finally, evaluation of ergonomic conditions of the job using the RULA method. The results show the potential ergonomic risk in the company and were presented with appropriate recommendations, aiming adjustments of immediacy and layout change. It was concluded from this study that the proposed model was efficient in job analysis, if implemented well, could be used in the evaluation of other sectors of the company.

    Key-words: Security. Ergonomics. Complaints. LER/DORT. RULA

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Tabela 1 - Nmero de acidentes do trabalho ocorridos no perodo 1970 a 2005 ...... 16

    Quadro 1 Protocolo Rula ........................................................................................ 30

    Grfico 1 - Percepo de calor do setor avaliado. ..................................................... 32

    Grfico 2 - Percepo da iluminao do setor avaliado ............................................ 33

    Grfico 3 - Percepo do rudo no setor avaliado ..................................................... 33

    Grfico 4 - Pausas para descanso ............................................................................ 34

    Grfico 6 - Estimulo do trabalho ................................................................................ 35

    Grfico 7 - Repetitividade do trabalho ....................................................................... 35

    Grfico 8 - Ritmo de trabalho .................................................................................... 36

    Grfico 9 - Presso por produo ............................................................................. 36

    Grfico 10 - Horas extraordinrias ............................................................................ 37

    Grfico 11 - Levantamento de peso .......................................................................... 37

    Grfico 12 - Queixa de dores no corpo ..................................................................... 38

    Quadro 2 - Teor de umidade (colagem fenlica) ....................................................... 40

    Figura 1 Disposio dos funcionrios no setor de secagem .................................. 42

    Tabela 2 Condies temporais ............................................................................... 43

    Figura 2 - Alcanar as lminas sobre a mesa para em seguida pux-las ................. 44

    Figura 3 - Lminas tracionadas at a borda da mesa ............................................... 44

    Figura 4 - As lminas so tracionadas em um movimento de giro e impulsionadas

    para a pilha. ....................................................................................................... 45

    Figura 5 - As lminas so depositadas na pilha ........................................................ 45

    Figura 6 - Ajustadas as bordas com as extremidades da pilha ................................. 45

    Figura 7 - Retorno da funcionria a posio inicial aps ajustar a lmina ................. 45

    Figura 8 - Posio de repouso at o inicio do prximo ciclo ..................................... 46

    Quadro 3 Anlise da movimentao e carga.......................................................... 46

    Figura 9 Etapa de avaliao ngulo de movimento do brao ................................. 48

    Figura 10 - Etapa de avaliao ngulo de movimento do antebrao ......................... 49

    Figura 11 - Etapa de avaliao ngulo de movimento do punho............................... 49

    Figura 12 - Etapa de avaliao ngulo de movimento rotao do punho .................. 50

    Figura 13 - Etapa de avaliao ngulo de movimento pescoo ................................ 50

    Figura 14 - Etapa de avaliao ngulo de movimento tronco ................................... 51

  • Figura 15 - Etapa de avaliao de apoio membros inferiores ................................... 51

    Figura 16 - Etapa de avaliao da carga e repetitividade por grupo muscular .......... 52

    Figura 17 ndice do final obtido da avaliao. ........................................................ 52

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    EPI - Equipamento de Proteo Individual

    CIPA - Comisso Interna de Preveno de Acidentes

    OIT - Organizao Internacional do Trabalho

    NR - Norma Regulamentadora

    CLT - Consolidao das Leis Trabalhistas

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    INSS - Instituto Nacional de Segurana Social

    CA - Certificado de Aprovao

    PPRA - Programa de Preveno de Riscos Ambientais

    PCMSO - Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional

    OMS - Organizao Mundial de Sade

    CAT - Comunicao Acidente do Trabalho

    SESMT - Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Medicina do

    Trabalho

    INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normatizao e Qualidade da Indstria

    LER/DORT Leso por Esforos Repetitivos/Distrbio Osteomuscular Relacionados

    ao Trabalho

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................................... 13

    1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 14

    1.2 OBJETIVO ESPECFICO .................................................................................... 14

    2 REFERENCIAL TERICO ................................................................................ 15

    2.1 HISTRIA DA SEGURANA DO TRABALHO .................................................... 15

    2.1.1 No mundo ...................................................................................................... 15

    2.1.2 No Brasil ......................................................................................................... 16

    2.1.2.1 Informaes aos trabalhadores por ordem de servio ............................ 17

    2.1.2.2 Reconhecimento e avaliao dos riscos ambientais ..................................... 17

    2.1.2.3 Instituio de comisso de preveno de acidentes ..................................... 18

    2.1.2.4 Proteo dos trabalhadores com EPI ............................................................ 18

    2.1.2.5 Gesto ergonmica ....................................................................................... 18

    2.1.2.6 Anlise ergonmica do trabalho .................................................................... 20

    2.1.2.7 Instrumento de anlise .................................................................................. 28

    2.1.3 Sistema RULA ................................................................................................ 28

    3 MTODO ........................................................................................................... 31

    3.1 LEVANTAMENTO DOS DADOS ......................................................................... 31

    4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS ................................. 32

    4.1 QUEIXAS DOS TRABALHADORES ................................................................... 32

    4.2 ANALISE DA DEMANDA .................................................................................... 39

    4.3 ANALISE DA TAREFA ........................................................................................ 39

    4.3.1 Metas .............................................................................................................. 39

    4.3.2 Procedimentos ................................................................................................ 39

    4.3.3 Inspees do Processo................................................................................... 40

    4.3.4 Mtodos de Ensaio ......................................................................................... 40

    4.3.5 Meios Tcnicos ............................................................................................... 41

    4.3.6 Meios Humanos .............................................................................................. 42

    4.3.7 Meio Ambiente Fsico ..................................................................................... 42

  • 4.3.8 Condies Temporais ..................................................................................... 43

    4.3.9 Condies Sociais .......................................................................................... 44

    4.4 ANLISE DA ATIVIDADE ................................................................................... 44

    4.4.1 Aplicao do Mtodo Rula. .......................................................................... 47

    4.5 DIAGNSTICO ERGONMICO ......................................................................... 53

    4.5.1 Recomendaes para as Queixas dos Trabalhadores .............................. 53

    4.5.2 Recomendaes para os Riscos Detectados pela Ferramenta RULA ........... 54

    4.5.2.1 Movimentos crticos .................................................................................... 54

    4.5.2.2 Medidas urgentes .......................................................................................... 54

    4.5.3 Recomendaes Ergonomicas ....................................................................... 55

    4.5.4 Consideraes ................................................................................................ 55

    5 CONCLUSO .................................................................................................... 57

    6 REFERNCIAS ................................................................................................. 59

    APNDICE A QUESTIONRIO DE ERGONOMIA (TRABALHADOR) ................. 61

    APNDICE B QUESTIONRIO DE ERGONOMIA (LIDERES) ............................ 66

  • 13

    1 INTRODUO

    O mundo globalizado tem mostrado evoluo na abordagem dos quesitos

    referente segurana do trabalhador, observando a preocupao dos fabricantes

    dos maquinrios de ltima gerao, pode ser facilmente constatado a incluso de

    itens de segurana, tanto com relao aos fatores que podem gerar acidente como

    aqueles que so includos para melhorar as condies ergonmicas do trabalho.

    Para proporcionar segurana ao trabalhador, so encontradas as mais

    diversas formas de tecnologia em mquinas industriais, desde proteo mecnica

    das correias, at sistema de travamento por sensor. O fato que as mquinas e

    equipamentos atuais esto sendo produzidos com elevados critrios de segurana e

    com foco na ergonomia, porm, existem vrias questes que devem ser levadas em

    considerao quando abordamos a ergonomia no ambiente de trabalho, por

    exemplo, os cincos fatores biomecnicos: fora, posturas incorretas dos membros

    superiores, repetitividade, vibrao e compresso mecnica. A organizao que no

    dispor de mecanismo eficiente para o levantamento das condies ergonmicas,

    pode incorrer em um diagnostico falho da situao.

    Segundo Itiro Lida (2005) a ergonomia estuda diversos fatores que

    influenciam no desempenho dos sistemas produtivos e procura reduzir suas

    consequncias nocivas ao trabalhador. Assim ela procura reduzir a fadiga, estresse,

    erros e acidentes, proporcionando segurana, satisfao e sade aos trabalhadores,

    durante o seu relacionamento com o processo produtivo. Por isso, essencial que

    haja um planejamento das aes que iro ser executadas. A empresa que ser o

    objeto do estudo do ramo madeireiro e fabrica painis de madeira slida.

    composta por quatro setores distintos sendo: laminadora, colagem, acabamento e

    expedio, contendo trezentos funcionrios dispostos em sessenta e cinco postos

    de trabalho. A empresa no dispe de uma gesto ergonmica, que identifique e

    elimine ou controle os problemas existentes.

  • 14

    1.1 OBJETIVO GERAL

    Criar um modelo de gesto ergonmica piloto em um posto de trabalho, que

    possibilite a expanso para as demais clulas de trabalho;

    1.2 OBJETIVO ESPECFICO

    Levantar aspectos relacionados ao trabalhador, como as queixas mais

    frequentes e dificuldades na realizao das tarefas;

    Analisar e avaliar qualitativamente os quesitos ergonmicos no posto de

    trabalho;

    Realizar pesquisa com a diretoria, a fim de conhecer a viso da empresa para

    as questes relacionadas ergonomia;

    Fazer plano de ao para a implementao das medidas necessrias para a

    correo dos problemas.

  • 15

    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 HISTRIA DA SEGURANA DO TRABALHO

    O xito de qualquer atividade empresarial diretamente proporcional ao fato

    de se manter a sua pea fundamental - o trabalhador - em condies timas de

    sade (RIBEIRO FILHO, 1974). O homem criou todas as formas de atividades

    laborativas, devido a sua enorme capacidade de raciocnio. Atravs dos anos

    conseguiu otimizar a tecnologia em torno do trabalho, desta forma, garantindo sua

    existncia no planeta.

    Essa evoluo tornou possvel para as empresas produzir em altas escalas,

    buscar novos mercados e agregar valor ao produto, com isso, melhorar a

    lucratividade. Porm, a evoluo das formas de trabalhos no se fez acompanhar

    somente de coisas positivas, houve tambm o aumento de acidentes e doenas

    relacionadas ao trabalho. Comparando com os nmeros dos registros encontrados

    referente s atividades laborais, as doenas e acidentes do trabalho relacionados a

    essas atividades, tm poucos registros na histria (RIBEIRO FILHO, 1974).

    2.1.1 No mundo

    Hipcrates em seus escritos que datam de quatro sculos antes de Cristo, fez

    meno existncia de molstias entre mineiros e metalrgicos. Plnio, O Velho,

    que viveu antes do advento da era Crist, descreveu diversas molstias do pulmo

    entre mineiros e envenenamento advindo do manuseio de compostos de enxofre e

    zinco. Galeno, que viveu no sculo II, fez vrias referncias a molstias profissionais

    entre trabalhadores das ilhas do mediterrneo (RIBEIRO FILHO, 1974).

    Em 1697 surge a primeira monografia sobre as relaes entre trabalho e

    doena de autoria de Paracelso: "Von Der Birgsucht Und Anderen Heiten" (RIBEIRO

    FILHO, 1974).

  • 16

    2.1.2 No Brasil

    Em 1970 o Brasil era o campeo mundial de acidentes do trabalho. Embora o

    assunto fosse tratado com sensacionalismo, os dados estatsticos da poca (Tabela

    1), mostra como foi lamentvel a situao enfrentada pelos trabalhadores.

    Tabela 1 - Nmero de acidentes do trabalho ocorridos no perodo 1970 a 2005

    ANO MASSA SEGURADA

    TPICOS TRAJETO DOENAS TOTAL TOTAL DE

    BITOS

    1970 7.284.022 1.199.672 14.502 5937 1.220111 2232 1971 7.553.472 1.308.335 18.138 4050 1330.523 2587 1972 8.148.987 1.479.318 23.389 2016 1.504.723 2854 1973 10.956.956 1.602.517 28.395 1784 1.632.696 3173 1974 11.537.024 1.756.649 38.273 1839 1.796.761 3833 1975 12.996.796 1.869.689 44.307 2191 1.916.187 4001 1976 14.945.489 1.692.833 48.394 2598 1.743.825 3900 1977 16.589.605 1.562.957 48.780 3013 1.614.750 4445 1978 16.638.799 1.497.934 48.511 5016 1.551.461 4342 1979 17.637.127 1.388.525 52.279 3823 1.444.627 4673 1980 18.686.355 1.404.531 55.967 3713 1.464.211 4824 1981 19.188.536 1.215.539 51.722 3204 1.270.465 4808 1982 19.476.362 1.117.832 57.874 2766 1.178.472 4496 1983 19.671.128 943.110 56.989 3016 1.003.115 4214 1984 19.673.915 901.238 57.054 3233 961.525 4508 1985 21.151.994 1.010.340 63.515 4006 1.077.861 4384 1986 22.163.827 1.129.152 72.693 6014 1.207.859 4578 1987 22.617.787 1.065.912 64.830 6382 1.137.124 5738 1988 23.661.579 927.424 60.284 5029 992.737 4616 1989 24.486.553 825.081 58.424 4838 888.343 4554 1990 23.198.656 632.012 56.343 5217 693.572 5355 1991 23.004.264 587.560 46.679 6281 640.520 4464 1992 22.272.843 490.916 33.299 8299 532.514 3634 1993 23.165.027 374.167 22.709 15417 412.293 3110 1994 23.667.241 350.210 22.824 15270 388.304 3129 1995 23.755.736 374.700 28.791 20646 424.137 3967 1996 23.830.312 325.870 34.696 34.889 395.455 4488 1997 24.104.428 347.482 37.213 36.648 421.343 3469 1998 24.491.635 347.738 36.114 30.489 414.341 3793 1999 24.993.265 326.404 37.513 23.903 387.820 3896 2000 26.228.629 304.963 39.300 19.605 363.868 3094 2001 27.189.614 282.965 38.799 18.487 340.251 2753 2002 28.683.913 323.879 46.881 22.311 393.071 2968 2003 29.544.927 325.577 49.642 23.858 399.077 2674 2004 31.407.576 375.171 60.335 30.194 465.700 2839 2005 33.238.617 393.921 67.456 30.334 491.711 2708

    Fonte: MPAS, 2010.

  • 17

    2.1.2.1 Informaes aos trabalhadores por ordem de servio

    Devido importncia da segurana do trabalho dentro das organizaes e

    para diminuir os acidentes nas atividades laborais, o Ministrio do Trabalho e

    Emprego - MTE tem determinado atravs das normas regulamentadoras aprovadas

    pela portaria n 3.214 de 08 de junho de 1978, a formalizao das aes voltadas

    segurana dos trabalhadores. Vrios so os instrumentos utilizados para garantir

    que as iniciativas dos empregadores, referente rea de segurana, sejam

    formalizados. Podemos citar o PPRA, Programa de Controle Mdico da Sade

    Ocupacional - PCMSO, Mapa de Risco, Fichas de Controle de Entrega de EPI,

    Ordem de Servio, etc., como instrumentos normatizados pelo MTE, lembrando que

    as elaboraes destes instrumentos pelas empresas so obrigatrias.

    Dentre os documentos citados, ateno especial deve ser dada a elaborao

    da ordem de servio, a qual determinada pela NR 01 Disposies Gerais, no

    item 1.7, alnea b, a qual tem funo estratgica na informao aos colaboradores,

    dos riscos ambientais referente ao seu setor de trabalho.

    2.1.2.2 Reconhecimento e avaliao dos riscos ambientais

    A norma regulamentadora NR9 - Programa de Preveno de Riscos

    Ambientais, do ministrio do trabalho, estabelece a obrigatoriedade de elaborao e

    implementao, por parte de todos os empregadores e instituies que admitam

    trabalhadores como empregados, do Programa de Preveno de Riscos Ambientais

    - PPRA, visando preservao da sade e da integridade fsica dos trabalhadores,

    atravs da antecipao, reconhecimento, avaliao e conseqente controle da

    ocorrncia de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de

    trabalho, tendo em considerao a proteo do meio ambiente e dos recursos

    naturais. A fundamentao legal, ordinria e especfica, que d embasamento

    jurdico existncia desta NR, so os artigos 175 a 178 da CLT e a portaria 3214 de

    08 de junho de 1978.

  • 18

    2.1.2.3 Instituio de comisso de preveno de acidentes

    Atualmente, a CIPA regulamentada pela norma regulamentadora NR 05,

    onde dispe sobre a formao da CIPA, seu dimensionamento, suas atribuies,

    processo eleitoral e estabelece a obrigatoriedade das empresas pblicas e privadas

    organizarem e manterem em funcionamento, por estabelecimento, uma comisso

    constituda exclusivamente por empregados com o objetivo de prevenir infortnios

    laborais, atravs da apresentao de sugestes e recomendaes ao empregador

    para que melhore as condies de trabalho, eliminando as possveis causas de

    acidentes do trabalho e doenas ocupacionais.

    2.1.2.4 Proteo dos trabalhadores com EPI

    A legislao brasileira conceitua o Equipamento de Proteo Individual (EPI)

    como: ... todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,

    destinado proteo de riscos suscetveis de ameaar a segurana e a sade no

    trabalho. (Item 6.1 NR 06), e estabelece condies para a comercializao, atravs

    de avaliao da conformidade dos Equipamentos de Proteo Individual pelo

    Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial INMETRO e

    aprovao pelo MTE.

    [...] O equipamento de proteo individual, de fabricao nacional ou importado, s poder ser posto venda ou utilizado com a indicao do Certificado de Aprovao - CA, expedido pelo rgo nacional competente em matria de segurana e sade no trabalho do Ministrio do Trabalho e Emprego. (Item 6.2, NR 06).

    2.1.2.5 Gesto ergonmica

    Segundo Silveira (2004), um programa um projeto escrito minucioso que d

    a conhecer os pormenores de um plano. Os programas de ergonomia no so

    planos isolados. Eles s tm sentido quando fazem parte da poltica empresarial

  • 19

    para segurana e sade nos ambientes de trabalho; ou seja, fazem parte do plano

    estratgico da empresa. Um programa de ergonomia , tambm, a melhor soluo

    para organizar aes gerenciais, porque captam a realidade complexa dos

    ambientes de trabalho em pequenas partes, tornando-as compreensveis,

    planejveis e manejveis. So solues tcnicas cuja implementao depende de

    como as pessoas que compem a organizao encaram o problema de forma

    organizada, gil e prtica.

    Para a melhoria dos problemas de segurana e sade ocupacional,

    necessrio o desenvolvimento de modelos para essa gesto e, para isso, deve ser

    ampliada a discusso a todas as reas da empresa. Segundo Lacaz (2000), a

    dificuldade em se desenvolver solues para a segurana do trabalho pode ser

    mitigada a partir do aparecimento de um debate que tem como foco a reorganizao

    dos locais de trabalho, de forma a possibilitar uma discusso das demandas de

    maneira democrtica e igualitria, visando a submeter s questes ligadas

    competitividade, produtividade e qualidade do produto qualidade do trabalho e

    defesa da vida e da sade no trabalho.

    De acordo com Duarte (2001), a ao ergonmica em projetos produtivos

    pressupe o desenvolvimento de uma estrutura participativa envolvendo operadores

    e demais responsveis pela produo, com o objetivo de fazer com que as

    instalaes funcionem com maior eficincia e confiabilidade operacional, valorizando

    sempre a experincia acumulada pela empresa durante os anos.

    Para Silveira (2004) as principais vantagens na implantao de programas de

    ergonomia na empresa, so:

    1. Aes mais consistentes, aumentando as chances de parcerias e envolvimento

    dos beneficirios, gerando impacto;

    2. Pessoas mobilizadas a participarem de aes promovidas pela empresa,

    promovendo parcerias internas;

    3. Aes de melhorias nas condies de trabalho com melhores resultados e

    menores custos gerando confiana, por parte da organizao e seus colaboradores,

    gerando sentimento de legitimidade e credibilidade;

  • 20

    4. Promoo progressiva da reflexo coletiva sobre a experincia, gerando produo

    de conhecimento relevante a outros programas dentro da empresa;

    5. Promoo de espao para negociao e expresso dos agentes, por estar

    calcado sobre metas, objetivos e critrios de avaliao, gerando negociao de

    interesses.

    Vidal (2002) descreve que os programas de ergonomia como gesto

    ergonmica na empresa, se constituem como peas chaves para a implantao da

    cultura ergonmica. Segundo o mesmo autor estas aes tm sido cada vez mais

    numerosas no Brasil e no exterior. Elas demonstram necessidade de conjugar

    vrios aspectos das empresas com a qualidade de vida, como a confiabilidade de

    seus processos, a reduo de custos, as condies de trabalho, bem como a

    implementao e manuteno de padres de qualidade e excelncia.

    Segundo Butler (2003), programas de ergonomia j so rotina em empresas

    da Esccia e Inglaterra, e diminuram em muito os ndices de acidentes de trabalho,

    principalmente os distrbios steomusculares. Manuais de implantao e

    desenvolvimento de programas de ergonomia so distribudos em diversas

    organizaes nos dois pases.

    2.1.2.6 Anlise ergonmica do trabalho

    Segundo Montmollin (1982), a anlise ergonmica do trabalho permite

    categorizar as atividades dos trabalhadores. Tambm, estabelece a narrao dessas

    atividades permitindo a modificao do trabalho ao modificar a tarefa. O mesmo

    autor, afirma que o fato da anlise ser realizada no prprio local de trabalho, em

    oposio s anlises de laboratrio, permite a apreenso dos fatores que

    caracterizam uma situao de trabalho real, envolvendo aspectos como organizao

    do trabalho e relaes sociais. A mesma tarefa realizada por diferentes

    trabalhadores, nem sempre realizada segundo um mesmo e nico protocolo. Ao

    contrrio, a observao demonstra que os diferentes modos operatrios que

    aparecem espontaneamente, so extremamente personalizados.

  • 21

    Reforando o exposto, Guerin et al (1991) afirma que a transformao do

    trabalho a primeira finalidade da interveno ergonmica, sendo que tal

    transformao deve ser realizada visando a dois objetivos, quais sejam:

    a) a concepo de situaes de trabalho que no alterem a sade dos

    operadores, nas quais os mesmos possam exercer suas competncias

    em um plano ao mesmo tempo individual e coletivo e encontrar

    possibilidades de valorizao de suas capacidades;

    b) a considerao de objetivos econmicos que a empresa tenha fixado,

    levando em conta investimentos passados e futuros.

    Os autores consideram que esses objetivos podem ser complementares,

    contanto que se utilize uma interveno que trabalhe com a interao entre duas

    lgicas, uma centrada no social e outra na produo.

    Considera-se como interveno ergonmica a mobilizao do conjunto de

    atores envolvidos, nos diferentes nveis, nos projetos de transformao do trabalho,

    Noulin (1992). Essa modificao ocorre por dois motivos, primeiro porque o

    conhecimento da atividade real de trabalho no pode ser elaborado sem a

    participao dos trabalhadores, porque somente eles podem exprimir a maneira

    como vivem e adaptam-se s situaes de trabalho. Segundo, as escolhas sobre a

    natureza e os meios das modificaes a serem sugeridas tambm devem ser

    validadas pelos operadores. Devendo ser a expresso do compromisso entre as

    exigncias da atividade dos operadores, o funcionamento do servio e a poltica

    geral da empresa.

    A prtica da metodologia de anlise ergonmica do trabalho envolve a

    delimitao do objeto de estudo, a situao de trabalho a ser analisada, e sua

    decomposio pois, segundo Wisner (1987) para que os modelos oriundos da

    interveno ergonmica possam ser submetidos verificao da experimentao e

    da observao cientfica, indispensvel examinar os subsistemas que os

    compem. Envolve tambm a recomposio cuidadosa da situao, utilizando o

    denominado princpio da globalidade, para permitir as concluses do estudo.

    Guerin et al (1991) reforam essa explicao ao salientarem que a anlise

    ergonmica do trabalho deve ser desenvolvida levando em conta a necessidade de

    escolher um nvel de anlise pertinente compreenso dos problemas, bem como

    manter preocupao permanente com a globalidade da situao.

  • 22

    Laville (1977) destaca que a metodologia geral da ergonomia comporta:

    a) Um diagnstico baseado na:

    anlise das caractersticas sociais, tcnicas, organizacionais e

    econmicas da situao de trabalho analisada;

    anlise da atividade real dos operadores e do quadro temporal

    no qual ela se efetua;

    a medida das caractersticas dos meios de trabalho e do meio

    ambiente fsico no qual o mesmo se realiza;

    a medida das caractersticas antropomtricas, fisiolgicas e

    psicolgicas dos operadores em atividade.

    b) Um projeto construdo a partir:

    do diagnstico;

    dos dados recolhidos sobre a situao de trabalho;

    dos dados existentes na literatura.

    e uma verificao dos efeitos das modificaes resultantes.

    Assim, as etapas desta metodologia envolvem, ordenadamente:

    a) anlise da demanda;

    b) anlise da tarefa, e;

    c) anlise da atividade.

    Cujos contedos especficos sero explicitados abaixo.

    Cada uma dessas etapas resulta em hipteses que vo subsidiar a etapa posterior e

    resultaro no diagnstico, recomendaes, execuo, avaliao e validao das

    alteraes propostas.

    2.1.2.6.1 Anlise da demanda

  • 23

    Guerin et al (1991) analisam que a demanda por uma interveno ergonmica

    pode ser gerada por mltiplos aspectos. Nesse sentido a mesma pode advir:

    a) Da Direo Geral: desejo de elaborar uma interveno no sentido de

    integrar os dados relativos ao trabalho em cada deciso de

    investimento mais expressivo, ou vontade de iniciar uma poltica de

    concepo que rompa com as prticas habituais da empresa.

    b) Dos servios tcnicos: nos casos em que o nvel de produo no

    atenda ao previsto, ou a qualidade seja considerada insuficiente.

    c) Dos servios de pessoal: taxas de absentesmo elevadas, dificuldades

    para enfrentar problemas causados pelo envelhecimento da populao

    trabalhadora e necessidade de evoluo do plano de cargos e salrios

    tornando necessrio um melhor conhecimento das competncias dos

    operadores.

    d) Dos operadores e de seus representantes: implantao de uma nova

    tecnologia na empresa supondo o exerccio de novas competncias e

    uma negociao a respeito da elevao dos nveis de qualificao.

    Pode advir ainda do temor de que a evoluo da organizao

    prejudique a sade dos operadores.

    Os mesmos autores alertam para a distino entre dois grandes tipos de

    demanda. O primeiro caso se refere quelas originadas de um projeto de concepo

    que opere uma transformao fundamental no trabalho dos operadores da empresa.

    O processo de concepo deve integrar-se aos conhecimentos relativos atividade

    de trabalho para fazer evoluir os dados do projeto. Neste caso, o campo de

    abrangncia da interveno apresenta-se, normalmente, bastante grande.

    O segundo tipo de demanda ocorre no interior de um quadro de evoluo

    permanente da empresa. Elas tm por objeto o tratamento de questes que se

    mantiveram estveis por muito tempo e que atingem progressivamente um nvel de

    importncia tal que seu tratamento torna-se indispensvel. As questes que

    originam essas demandas so, frequentemente, pontuais. Ocorrem casos em que a

    evoluo da legislao apresenta-se como origem da demanda que tem, ento,

    objetivos relativamente claros, j que so impostos.

    Wisner (1994) considera que esta a fase de familiarizao com a empresa,

    o sistema de produo e seus critrios de bom funcionamento e, particularmente,

  • 24

    com aqueles critrios que no so alcanados e justificam a interveno. preciso

    conhecer as situaes de trabalho que parecem estar na origem das dificuldades e,

    se possvel, a distribuio temporal dos problemas.

    Assim, a anlise dos fatores econmicos, sociais e tcnico-organizacionais

    gerar as hipteses iniciais. Essas ltimas exprimem a relao entre as variveis

    consideradas e serviro para delimitar as condicionantes e as determinantes da

    situao de trabalho.

    2.1.2.6.2 Anlise da tarefa

    Laville (1977) define tarefa como o objetivo que o operador tem a atingir, para

    o qual so atribudos meios (mquinas e equipamentos) e condies (tempos,

    paradas, ordem de operao, espao e ambiente fsicos, regulamentos).

    Nesse sentido, Moraes (1992) coloca a anlise da tarefa como sendo a

    descrio do conjunto dos elementos que compem a situao de trabalho a ser

    analisada e das interaes entre esses elementos, incluindo eventuais disfunes. A

    mesma autora cita tambm a definio de Drury, para quem anlise da tarefa

    corresponde a um processo de identificar e descrever unidades de trabalho e de

    analisar os recursos necessrios para um desempenho de trabalho bem sucedido.

    Para Guerin et al (1991) a definio da tarefa corresponde, num primeiro

    plano, a um modo de apreenso concreta do trabalho, tendo por objetivos reduzir ao

    mximo o trabalho improdutivo otimizando o trabalho produtivo, eliminar as formas

    nocivas de trabalhar e pesquisar os mtodos mais eficientes permitindo, assim, o

    atendimento dos objetivos. Num outro plano, a tarefa um princpio que impe um

    modo de definio do trabalho com relao ao tempo. Estabelece,

    consequentemente, mtodos de gesto que permitem definir e medir a produtividade

    decorrente da relao entre os gestos dos operadores e os meios mecnicos de

    produo.

    Os mesmos autores destacam que a tarefa corresponde a um conjunto de

    objetivos designados aos operadores e um conjunto de prescries, definidas pela

    empresa para atender a seus objetivos particulares. Essa constitui-se a

    caracterstica principal do processo de elaborao da tarefa, a sua exterioridade em

  • 25

    relao aos operadores envolvidos. Consequentemente, a tarefa tende, com

    frequncia, a no levar em conta as particularidades dos operadores e as suas

    opinies sobre as escolhas realizadas e impostas pela empresa.

    Assim, na metodologia de anlise ergonmica do trabalho, as hipteses

    geradas na etapa anterior serviro para a escolha da ou das situaes de trabalho

    que devem ser avaliadas para responder s questes propostas. A profundidade da

    delimitao da situao escolhida depende dos objetivos do estudo, que serviro

    para fixar prioridades e, eventualmente, estabelecer uma hierarquia. Aps esse

    procedimento, procede-se a uma descrio da tarefa (MORAES, 1992).

    Noulin (1992) cita os elementos para uma descrio da tarefa como sendo:

    a) Objetivos: performances exigidas, resultados designados, normas de

    produo que determinam uma certa obrigao de resultados que o

    operador reconhece como contrapartida de sua remunerao.

    b) Procedimentos: maneiras com as quais o operador deve atingir os

    objetivos.

    c) Meios tcnicos: mquinas, ferramentas, meios de proteo, meios de

    informao e de comunicao.

    d) Meios humanos: organizao coletiva de trabalho, repartio das

    tarefas, relaes hierrquicas.

    e) Meio ambiente fsico: Ambincias sonoras, trmicas, luminosas,

    vibratrias, txicas, concepo antropomtrica do posto de trabalho.

    f) Condies temporais: durao, horrios e ritmo de trabalho; cadncias;

    pausas, flutuaes da produo no tempo.

    g) Condies sociais: formao e/ou experincia profissional exigidas,

    qualificao reconhecida, possibilidade de promoo, plano de carreira.

    A autora enfatiza serem as inter-relaes entre esses diferentes elementos

    que permitem a definio das exigncias ou limitaes, fsicas e mentais da tarefa.

    Nesse sentido, Guerin et al (1991) salientam que nesta etapa, atravs de

    documentos, medidas e contatos com os operadores e demais envolvidos, que o

    ergonomista procurar compreender os processos tcnicos e as tarefas confiadas

    aos operadores.

  • 26

    2.1.2.6.3 Anlise da atividade

    Para realizar a tarefa, com os meios disponveis e nas condies definidas, o

    operador desenvolve uma atividade. Para Leplat et al (1977), a atividade a

    resposta do indivduo ao conjunto desses meios e condies, caracterizada pelos

    comportamentos reais do mesmo em seu local de trabalho. Os comportamentos

    podem ser fsicos, tais como gestos e posturas, ou mentais, representados por

    competncias, conhecimentos e raciocnios que guiam os procedimentos realmente

    seguidos.

    importante salientar o explicitado por Wisner (1987) de que a abordagem

    ergonmica das condies de trabalho no mais considera o homem de um lado e o

    dispositivo de trabalho de outro e sim a sua inter-relao na qual "o homem e sua

    mquina esto ligados, de um modo determinante, a conjuntos mais vastos, em

    diversos nveis". Estuda-se, assim, o conjunto formado pelo trabalhador e seu posto

    de trabalho, ou vrios trabalhadores e o dispositivo tcnico considerando as

    estruturas tcnicas, econmicas e sociais que os envolvem.

    Nesse sentido, torna-se extremamente importante a participao dos

    trabalhadores, pois os mesmos possuem, como diz Daniellou (1992), conhecimentos

    especficos sobre a situao de trabalho e seus efeitos sobre a sade. Esses

    conhecimentos so tcnicos, profissionais, tambm fisiolgicos e psicolgicos; no

    ltimo caso, geralmente empricos, adquiridos pela experincia, pela repetio

    cotidiana da ao do organismo.

    Assim, a anlise evolui pela observao da situao de trabalho e pela

    considerao do que o operador diz sobre a mesma. Guerin et al (1991) sugerem

    levar em conta as informaes que os operadores detectam no meio ambiente, a

    maneira como eles tratam essas informaes, as razes enfocadas para a tomada

    de decises e suas opinies sobre gestos, posturas e esforos feitos durante a

    atividade de trabalho.

    Os mesmos autores consideram que a atividade de trabalho o elemento

    central organizador e estruturante das componentes da situao de trabalho. Ela

    representa uma resposta s condicionantes determinadas exteriormente ao

    operador e, simultaneamente, suscetvel de transform-las. As determinantes da

  • 27

    atividade de trabalho so analisadas enquanto fatores internos prprios de cada

    operador e fatores externos ao mesmo.

    Os fatores internos podem ser representados por sexo, idade, estado de

    sade, estado momentneo (ritmos biolgicos, fadiga), formao inicial, formao

    profissional contnua e vida profissional. J os fatores externos podem ser os

    objetivos a atingir; os meios tcnicos; a organizao do trabalho; as regras e

    instrues; os meios humanos; as normas quantitativas, qualitativas e de segurana;

    o espao de trabalho e o contrato de trabalho.

    Os autores enfatizam que os operadores, durante a realizao da atividade de

    trabalho, elaboram um compromisso entre a definio dos objetivos de produo;

    suas caractersticas prprias e capacidades de atender aos objetivos fixados; e o

    reconhecimento social de uma qualificao e sua negociao sobre a forma do

    contrato de trabalho. Por outro lado, os resultados da atividade de trabalho so

    colocados em relao produo, do ponto de vista qualitativo e quantitativo, bem

    como das consequncias sobre os trabalhadores. Estas consequncias podem ser

    positivas, tais como aquisio de novos conhecimentos e qualificao, ou negativas,

    representadas por alterao da sade fsica, psquica e social.

    Noulin (1992) salienta que a anlise ergonmica do trabalho, por ser uma

    abordagem global, relaciona o conjunto de elementos, objetivos e subjetivos, que

    constituem a situao de trabalho construindo, ento, uma representao da

    atividade que permite uma compreenso do trabalho e do custo que ele representa.

    Revela assim os recursos, as disfunes e as perspectivas de evoluo da situao

    de trabalho analisada.

    Assim, como afirmam Guerin et al (1991) a anlise da atividade, em particular

    a variabilidade dos modos operatrios das condicionantes, revela as relaes entre

    a estrutura econmica da empresa, as escolhas comerciais que da resultam, os

    meios tcnicos postos em ao e as dificuldades dos operadores para regular a

    variao da produo e os riscos decorrentes. A anlise permite tambm rever o

    funcionamento da empresa de um outro ponto de vista, ajudando a elaborar novas

    escolhas econmicas, tcnicas e organizacionais visando a garantir qualidade e

    quantidade de produo.

    Como os processos que envolvem transferncia de tecnologia so

    concebidos como projetos industriais, considera-se importante salientar a

  • 28

    importncia da interveno ergonmica quando do desenvolvimento e implantao

    dos mesmos.

    2.1.2.7 Instrumento de anlise

    Para efetuar uma anlise da atividade so utilizados mtodos apropriados

    conforme as caractersticas intrnsecas do posto de trabalho, ou seja, como

    executada a atividade, qual sua postura, quais os membros so utilizados, entre

    outros pontos observados que convergem para um mtodo adequado para avaliar a

    postura na realizao da atividade no posto em questo.

    Entre os mtodos conhecidos de registro e anlise de postura, temos:

    a) Sistema OWAS (Ovako Working Posture Analysing System): consiste

    em registrar as posturas descrevendo-as segundo 72 posturas tpicas,

    que resultam de diferentes combinaes das posies do dorso, dos

    braos e das pernas (LIDA, 2005);

    b) Sistema NIOSH (National Institute for Ocupational Safety andHealth):

    consiste em um mtodo de avaliar as atividades em que contenham

    levantamento manual de cargas, demonstrando parmetros de

    ocorrncia de possveis leso de coluna no trabalhador na operao de

    movimentao dessas cargas (LIDA, 2005);

    c) Sistema RULA (Rapid Upper Limb Assessment): permite fazer uma

    avaliao inicial rpida e direta, atravs de observaes das posturas

    adotadas das extremidades superiores (LUEDER, 1996).

    2.1.3 Sistema RULA

    Trata-se de um mtodo ergonmico para avaliar a exposio de indivduos a

    posturas, foras e atividades musculares.

  • 29

    Foi desenvolvido para detectar posturas de trabalho ou fatores de risco que

    meream uma ateno especial. Tal mtodo permite fazer uma avaliao inicial

    rpida de um grande nmero de trabalhadores, baseando-se na observao direta

    das posturas adotadas das extremidades superiores: pescoo, ombros e pernas

    durante a execuo de uma tarefa.

    um mtodo similar ao de OWAS dotado de uma grande confiabilidade se for

    realizado por um tcnico dotado dos conhecimentos de ergonomia. Este

    procedimento foi desenvolvido por McAtamney e Corlett em 1993 de uma

    forma parecida com o mtodo OWAS, porm para avaliar pessoas expostas a

    posturas que contribuam para distrbios de membros superiores.

    O RULA (Rapid Upper Limb Assessment) usa observaes adotadas pelos

    membros superiores, como pescoo, costas e braos, antebraos e punhos. Esse

    mtodo avalia a postura, fora e movimentos associados com tarefas sedentrias,

    como por exemplo, trabalho com computador.

    As 4 principais aplicaes do RULA so:

    a. Medio de risco msculo-esqueltico, usualmente como parte

    de uma ampla investigao ergonmica;

    b. Comparao do esforo msculo-esqueltico entre design da

    estao de trabalho atual e modificada;

    c. Avaliar resultados como produtividade ou compatibilidade de

    equipamentos;

    d. Orientar trabalhadores sobre riscos msculos-esquelticos

    criados por diferentes posturas de trabalho.

    Basicamente, este mtodo composto de 3 etapas:

    a. Seleo da postura ou posturas para avaliao;

    b. As posturas so pontuadas usando uma planilha de pontos,

    diagramas de partes do corpo e tabelas;

    c. Essas pontuaes so convertidas em 1 das 4 medidas

    propostas.

    Esta tcnica ergonmica aborda resultados de risco entre uma pontuao de

    1 a 7, onde pontuaes mais altas significam altos nveis de risco aparente. Uma

    baixa pontuao no mtodo RULA no garante, entretanto, que o local de trabalho

  • 30

    esteja livre de riscos ergonmicos, assim como uma alta pontuao no assegura

    que um problema severo existe.

    Esse mtodo foi desenvolvido para detectar posturas de trabalho ou fatores

    de risco que merecem maior ateno. Como vantagem desse mtodo pode-se citar

    que no necessrio o uso de equipamentos especializados e sua aplicao no

    interfere na situao do trabalho

    Com a finalidade de aplicar um mtodo de realizao rpida, o corpo

    segmentado em partes que formam os grupos A e B.

    No grupo A esto includos o brao, antebrao e pulso, e no grupo B esto o

    pescoo, tronco e pernas. Isto garante que todas as posturas do corpo so

    verificadas, assegurando que qualquer postura constrangedora das pernas, tronco

    ou pescoo que influenciem na postura de membros superiores seja includa na

    avaliao (SILVA, 2001).

    As posturas dos diversos segmentos do corpo e suas respectivas

    contribuies, resulta em um risco descrito em um escore variando entre 1 e 7, onde

    as pontuaes mais altas significam um nvel elevado de risco.

    Quadro 1 Protocolo Rula

    Pontuao Nvel de Ao Interveno

    1 ou 2 1 Postura aceitvel desde que no seja mantida por longos perodos

    3 ou 4 2 necessrio investigar. Podem ser necessrias mudanas.

    5 ou 6 3 necessrio mudar logo

    7 4 necessrio investigar e mudar imediatamente.

    Fonte: software Ergolndia 3.0

    A grande vantagem deste mtodo fornecer uma classificao do posto de

    trabalho quanto prioridade de interveno. Guimares & Naveiro (2004 citado por

    LIMA, 2010, p.4) adaptaram essa tcnica a fim de ser aplicada em situaes

    especficas de trabalho.

  • 31

    3 MTODO

    A empresa objeto do estudo do ramo madeireiro e fabrica painis de madeira

    slida, contm trezentos funcionrios dispostos em sessenta e cinco postos de

    trabalho, a classificao da atividade econmica 16.21-8 e o grau de risco 3. O

    posto de trabalho escolhido para o levantamento ergonmico o secador de lminas

    de madeira, que contm 14 trabalhadores em dois turnos de trabalho.

    3.1 LEVANTAMENTO DOS DADOS

    Foram utilizadas as tcnicas objetiva e subjetiva para o levantamento de

    dados, considerando que a anlise ergonmica realizada no presente trabalho

    corretiva, ou de manuteno, ou seja, foi aplicada em uma tarefa j existente. O

    registro das atividades desempenhadas no posto de trabalho analisado, foi com a

    gravao de um vdeo, para otimizar a anlise do comportamento do trabalhador no

    desempenho da tarefa.

    Para conhecer a opinio dos trabalhadores sobre as condies ergonmicas do

    trabalho, foi aplicada a tcnica subjetiva de coleta de dados, atravs da aplicao de

    um questionrio contendo questes fechadas, linguagem adequada ao nvel escolar

    do trabalhador, facilitando o entendimento da questo. O questionrio foi aplicado,

    para 14 trabalhadores do secador e seis lideres do processo (gerente Industrial,

    gerente de produo, encarregados do setor turno 1 e 2 -, encarregada e auxiliar

    de RH), como segue:

    Trabalhadores Entrega do formulrio em horrio de trabalho, onde foi

    disponibilizado o Ncleo Educacional Formaplan e tempo necessrio para o

    preenchimento;

    Lideres Entrega do formulrio em horrio de trabalho, sendo seu

    preenchimento ocorrido em salas prprias.

  • 32

    4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS

    4.1 QUEIXAS DOS TRABALHADORES

    Com a aplicao do questionrio aos trabalhadores e liderana, com

    amostragem de 14 e 6 respectivamente, foi possvel conhecer as queixas mais

    frequentes dos trabalhadores e comparar com a percepo da liderana. Tambm,

    com a compilao dos dados foi possvel entender o perfil da amostragem, bem

    como, caractersticas do mtodo de trabalho. O setor avaliado conta com 50% dos

    trabalhadores com tempo de servio inferior a 1 (um) ano e, do total submetido ao

    questionrio, 60% gostam de trabalhar na empresa. Para a liderana 100% dos

    trabalhadores receberam treinamento adequado para o desempenho da funo,

    divergindo da opinio de 36% dos trabalhadores, que afirmam no terem recebido

    treinamento.

    Os lideres do processo, apresentam tempo de servio superior aos

    trabalhadores, sendo 66% deles com tempo de servio superior a 5 (cinco) anos e,

    do total, 83% gostam muito de trabalhar na empresa. Para a maioria dos

    trabalhadores e lideres o calor e a iluminao, esto em nveis aceitveis (Grficos 1

    e 2), tambm, o rudo foi considerado normal no local de trabalho (Grfico 3) para

    71% dos trabalhadores e 50% dos lideres. Para a realizao das atividades h

    grande esforo de mos e dedos e, segundo os pesquisados, as atividades so

    realizadas com o auxilio de ferramentas.

    Grfico 1 - Percepo de calor do setor avaliado.

    Fonte: o autor, 2012.

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Boa Muito Quente Muito fria No sei.

    64%

    29%

    7% 0%

    100%

    0% 0% 0%

    Trabalhador Liderana

  • 33

    Grfico 2 - Percepo da iluminao do setor avaliado

    Fonte: o autor, 2012

    Grfico 3 - Percepo do rudo no setor avaliado

    Fonte: o autor, 2012

    Para os trabalhadores e grande parte da liderana, no existe pausas no

    trabalho (Grfico 4), porm, a maioria concorda que so livres as idas ao banheiro e

    bebedouros de gua, quando necessrio (Grfico 5).

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    Bom Regular Ruim No sei.

    0

    57%

    36%

    7%

    0%

    66%

    17%

    0%

    17%

    Trabalhador Liderana

    0,00

    0,10

    0,20

    0,30

    0,40

    0,50

    0,60

    0,70

    0,80

    Sem rudo Normal Alto No sei.

    0%

    71%

    29%

    0% 0%

    50%

    17%

    33%

    Trabalhador Liderana

  • 34

    Grfico 4 - Pausas para descanso

    Fonte: o autor, 2012

    Grfico 5 - Liberdade para realizar as necessidades fisiolgicas em horrio de trabalho

    Fonte: o autor, 2012

    A pesquisa nos mostra que todos os trabalhadores realizam suas atividades

    em p, sem alternncia para sentado, sendo a atividade desenvolvida, considerada

    por 71% dos trabalhadores estimulante e 83% dos lideres como montona (Grfico

    6), demonstrando claramente a viso em perspectivas diferente entre lideres e

    liderados. Corroborando para o conflito de percepo, 83% dos lideres consideram o

    0,00

    0,10

    0,20

    0,30

    0,40

    0,50

    0,60

    0,70

    0,80

    Sim No No sei.

    29%

    71%

    0%

    33%

    67%

    0%

    Trabalhador Liderana

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    Sim No No sei.

    79%

    21%

    0%

    100%

    0% 0%

    Trabalhador Liderana

  • 35

    trabalho repetitivo, j 57% dos trabalhadores, acham que o trabalho no repetitivo

    (Grfico 7).

    Grfico 6 - Estimulo do trabalho

    Fonte: o autor, 2012

    Grfico 7 - Repetitividade do trabalho

    Fonte: o autor, 2012

    H uma indefinio dos dois grupos (lideres e liderados) com relao ao ritmo

    de trabalho, houve um empate dentro de cada grupo, metade dos entrevistados

    acham o trabalho no secador acelerado e a outra metade, no consideram o

    trabalho acelerado (Grfico 8).

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    Estimulante Montomo No sei.

    71%

    29%

    0%

    17%

    83%

    0%

    Trabalhador Liderana

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Sim No

    43%

    57%

    83%

    17%

    Trabalhador Liderana

  • 36

    Grfico 8 - Ritmo de trabalho

    Fonte: o autor, 2012

    No entendimento de 35% dos trabalhadores as atividades so realizadas sem

    presso, 35% acham que a presso mais ou menos e 30% consideram alta a

    presso para atingir metas (Grfico 9). 33% fazem horas extraordinrias pelo menos

    1 vez na semana, 17% fazem pelo menos 3 vezes e 50% fazem todos os dias da

    semana (Grfico 10).

    Grfico 9 - Presso por produo

    Fonte: o autor, 2012

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    Sim No No sei.

    50% 50%

    0%

    50% 50%

    0%

    Trabalhador Liderana

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    45%

    50%

    No Mais ou menos Bastante No sei.

    35% 35%

    30%

    0% 0%

    17%

    50%

    33%

    Trabalhador Liderana

  • 37

    Grfico 10 - Horas extraordinrias

    Fonte: o autor, 2012

    Para 58% dos trabalhadores, levantado peso entre 7Kg e 25Kg no

    desempenho das atividades. J a percepo de 50% dos lideres que o peso

    levantado menor que 7Kg (Grfico 11). Todos os lideres pesquisados, acham que

    pouco o cansao sofrido pelos trabalhadores, 50% dos trabalhadores concordam

    com a opinio dos lideres. Todavia, 21% dos trabalhadores entrevistados sentem

    muito cansao no trabalho e 29% no sentem cansao.

    Grfico 11 - Levantamento de peso

    Fonte: o autor, 2012

    0% 5%

    10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

    7%

    0%

    36%

    7%

    50%

    0% 0%

    17%

    33%

    17%

    33%

    Trabalhador Liderana

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    Menos de 7kg 7kg 25 kg Mais de 25 kg No sei.

    21%

    58%

    21%

    0%

    50%

    17%

    0%

    33%

    Trabalhador Liderana

  • 38

    Por fim, 86% dos trabalhadores sentem dores no corpo e 67% dos lideres

    afirmam terem recebidos queixas dos liderados sobre dores no corpo (Grfico 12).

    Das partes do corpo que mais incomodaram os trabalhadores, destacam-se as

    pernas, com 44% das reclamaes (Grfico 13).

    Grfico 12 - Queixa de dores no corpo

    Fonte: o autor, 2012

    Grfico 13 - Partes do corpo que os trabalhadores sentem dor

    Fonte: o autor, 2012

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    Sim No

    86%

    14%

    67%

    33%

    Trabalhador Liderana

    0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45

    0%

    44%

    23%

    11%

    0% 0%

    11% 11%

    0% 0% 0%

    12%

    33% 33%

    0% 0% 0%

    22%

    0% 0%

    Trabalhador Liderana

  • 39

    4.2 ANALISE DA DEMANDA

    Na anlise do processo produtivo da empresa, alvo da anlise ergonmica,

    verificou-se um desequilbrio produtivo das clulas de trabalho. Ou seja, o

    desfolhamento das lminas de madeira produzidas pelos tornos so relativamente

    maiores que a capacidade produtiva do secador, tambm, na sequencia do processo

    de secagem, verificou-se que a capacidade de produo da colagem maior do que

    a produzida pelos secadores.

    Desta forma, existe um gargalo causado pelo processo de secagem.

    Consequentemente, a presso por metas de produo acima da capacidade da

    mquina e da capacidade humana so cada vez mais frequentes.

    Devido ao quadro apresentado, verificou-se o adoecimento dos funcionrios que

    desempenham atividades como auxiliar de secagem, causando o absentesmo no

    posto de trabalho por motivo de tendinites e bursites. Ento, uma anlise

    ergonmica do trabalho fez-se necessrio para amenizar os efeitos causados pelo

    problema, ou seja, proporcionar um ambiente de trabalho ergonomicamente correto.

    4.3 ANALISE DA TAREFA

    4.3.1 Metas

    A meta de secagem de laminas por jornada de trabalho de 15 m, ao final

    de cada ms realizado o fechamento da produo e se obtendo um numero maior

    que a mdia diria os funcionrios recebem uma gratificao extra alm do seu

    salrio mensal.

    4.3.2 Procedimentos

  • 40

    Os critrios de aceitao para secagem de lminas devero atender ao

    PEPS1. As lminas destinadas secagem devero atender aos parmetros

    descritos a seguir (Quadro 2):

    Quadro 2 - Teor de umidade (colagem fenlica)

    DESTINAO %

    Capa 16

    Miolo seco 8

    Miolo cola 8

    Fonte: o autor, 2012

    4.3.3 Inspees do Processo

    A inspeo do processo se faz da seguinte forma:

    a) Proceder com as seguintes instrues:

    Verificar sada da mquina, e visualizar se no h nada

    obstruindo a operao;

    Medir umidade das primeiras lminas, se no atender aos

    parmetros, diminuir a velocidade da alimentao, proceder

    desta maneira at a lmina estar de acordo com os parmetros;

    As lminas geradas na regulagem que no atenderem aos

    parmetros devero ser repassadas.

    4.3.4 Mtodos de Ensaio

    O controle dos parmetros feito por amostragem:

    a) 1 Medio: na inspeo inicial do processo de secagem;

    1 PEPS um dos critrios para determinar o valor do estoque final de uma empresa - primeiro que entra,

    primeiro que sai

  • 41

    b) Demais Medies: a cada meia hora ou na troca de espessura e

    quando mudar de miolo para capa e vice versa. So efetuadas

    06 (seis) medidas na superfcie da lmina. O resultado a

    mdia aritmtica dos valores encontrados. Cada medio

    dever ser efetuada em 03 (trs) lminas escolhidas

    aleatoriamente.

    4.3.5 Meios Tcnicos

    Utilizam-se os seguintes equipamentos durante o desempenho da atividade:

    a) Secador de laminas;

    b) gancho para desobstruir o sistema de rolos onde as laminas vem

    prensar ou enroscar;

    c) medidor de temperatura e umidade para monitoramento das laminas e

    do secador de laminas;

    d) caneta e formulrio para apontamento da quantidade produzida;

    e) trena para conferir a metragem das laminas, e;

    f) vassoura para realizar limpeza no setor.

    Adotam-se os seguintes Equipamentos de Proteo Individual:

    a) protetor auricular de insero;

    b) botina de segurana com biqueira de ao;

    c) culos de proteo incolor, e;

    d) luvas de vaqueta.

    O setor dotado de Equipamento de Proteo Coletiva sendo eles:

    a) extintores de gua pressurizada e p qumico;

    b) protees em polias, rolos e engrenagens;

    c) alarme sonora de proteo contra incndio;

    d) as empilhadeira que fazem a retirada dos pallets de laminas so

    providas com giroflx e alarme sonoro de movimentao.

  • 42

    As informaes so repassadas ao funcionrio via planilhas e verbalmente pelo

    encarregado do setor.

    4.3.6 Meios Humanos

    Para a secagem de lminas so utilizados 14 funcionrios dispostos em dois

    turnos de 08 horas dirias (Figura 14). A distribuio das tarefas compreendem dois

    funcionrios no abastecimento do secador, quatro na retirada de lminas secas e um

    no controle de qualidade. As atividades so desempenhadas sob superviso

    constante do encarregado da laminao o qual orienta, treina e define as estratgias

    de trabalho.

    Figura 1 Disposio dos funcionrios no setor de secagem

    Fonte: o autor, 2012

    4.3.7 Meio Ambiente Fsico

    Mediante ao monitoramento de nvel de presso sonora no ambiente,

    chegamos a uma dose de 1.6 que se equivale a uma exposio de 89 db (A), sendo

    assim constatamos uma atividade insalubre em grau mdio, por exposio

    ocupacional ao rudo, que ultrapassa o valor de 85 db (A), determinado para uma

    Posto de trabalho avaliado Auxiliar do Secador

  • 43

    exposio diria de 08 (oito), horas e que poder causar ao trabalhador doenas

    ocupacionais com nexo causal a essas exposies, durante sua vida laboral.

    Para neutralizarmos o potencial insalubre adotamos o uso de proteo

    auditiva com nvel de reduo de rudo NRRsf de 17 dB (A), o que reduzir o Nvel

    de Presso Sonora o qual o funcionrio efetivamente estar exposto para 72,0 dB

    (A) o que representa exposio abaixo do nvel de ao.

    O ambiente possui ventilao natural livre das poeiras e nvoas, possui abertura de

    janelas superiores, piso de concreto, iluminao natural e artificial, barraco possui

    estruturas metlicas na cobertura e paredes sendo revestidas com folhas de zinco.

    4.3.8 Condies Temporais

    O ritmo de trabalho considerado leve, porm constante, fazendo com que o

    funcionrio realize diversos movimentos corporais repetitivos.

    A jornada de trabalho de 08 (oito) horas diria, conforme descrio das atividades

    demonstrada a abaixo (Tabela 02).

    Tabela 2 Condies temporais

    ATIVIDADE TEMPO DE EXPOSIO NPS

    1- Inspecionar a mquina; 5 min 70 dB (A)

    2- Ligar o secador; 5 min 80 dB (A)

    3- Retirar as lminas; 5 h 50 minutos 90 dB (A)

    4- Conferir a umidade das lminas; 25 minutos 85 dB (A)

    5- Regular a velocidade dos rolos; 5 minutos 85 dB (A)

    6- Retirar fardos de lminas (Auxilio a empilhadeira);

    50 minutos 65 dB (A)

    7- Ir ao banheiro; 10 minutos 80 dB (A)

    8- Limpar o setor; 15 minutos 70 dB (A)

    9-Eventualmente desobstruir as pistas do secador.

    5 minutos 80 dB (A)

    10- Fazer refeio 20 minutos

    Fonte: o autor, 2012

  • 44

    4.3.9 Condies Sociais

    No desempenho da atividade de auxiliar de secador no necessrio

    experincia profissional, visto que a atividade desempenhada de fcil adaptao

    sem a necessidade de se impregnar conhecimentos, treinamentos e qualificaes.

    Para o funcionrio ser promovido para outra atividade depende do seu empenho e

    dedicao, o mesmo demonstrando interesse em crescer profissionalmente, ter seu

    reconhecimento pela empresa, a qual possibilitara ao mesmo treinamento e

    formaes adequadas aos postos de trabalho que se faam necessrio.

    4.4 ANLISE DA ATIVIDADE

    As figuras (de 2 8) apresentadas a seguir podem ser interpretadas como um

    resumo dos movimentos realizados durante o ciclo de atividades, do posto de

    trabalho identificado como auxiliar do secador, podendo ser utilizadas na analise dos

    ngulos e posturas com aceitvel preciso.

    Fonte: o autor, 2012 Fonte: o autor, 2012

    Figura 2 - Alcanar as lminas sobre a mesa para em seguida pux-las

    Figura 3 - Lminas tracionadas at a borda da mesa

  • 45

    Fonte: o autor, 2012 Fonte: o autor, 2012

    Fonte: o autor, 2012 Fonte: o autor, 2012

    Figura 4 - As lminas so tracionadas em um movimento de giro e impulsionadas para a pilha.

    Figura 5 - As lminas so depositadas na pilha

    Figura 6 - Ajustadas as bordas com as extremidades da pilha

    Figura 7 - Retorno da funcionria a posio inicial aps ajustar a lmina

  • 46

    Figura 8 - Posio de repouso at o inicio do prximo ciclo

    Fonte: o autor, 2012

    Para a avaliao atual do posto de trabalho, auxiliar do secador utilizou-se o

    mtodo de RULA, pois na observao da atividade, detectou uma maior

    movimentao dos membros superiores (troco e braos). Elaborou-se assim um

    quadro de anlise da movimentao e carga demonstrado abaixo (Quadro 3).

    Quadro 3 Anlise da movimentao e carga

    Membro do corpo Descrio

    Braos

    Movimentos entre 45 e 90 graus. Atingindo o extremo de 90 em relao ao tronco ao alcanar e puxar a lmina sobre a mesa e ao ajust-la na pilha. H etapas em que o brao forma o ngulo de 0 com o tronco, porm no h no mtodo RULA indicao de ngulos de 0 a 90, sendo escolhida configurao mais crtica para o clculo, que de 45 a 90.

    Abduo Sim. braos levemente abertos, em movimento de abduo para segurar as laminas.

    Elevao de Ombros No h em nenhuma das etapas.

    Brao Apoiado No h em nenhuma das etapas.

    Antebrao

    Movimentos entre 0 e 60 graus com relao ao brao. Tendo o ngulo mais prximo a 60 na etapa de tracionar as lminas da mesa, impulsionando-as at a pilha. Todos os demais ngulos esto compreendidos entre 0 e 60.

    Cruza o plano sagital ou realiza operaes exteriores ao tronco

    A pegada utilizada exige operaes exteriores ao tronco. A palma da mo levemente voltada para cima associada aos braos pouco abertos, tende a forar os antebraos a postura exterior ao tronco.

  • 47

    Membro do corpo Descrio

    Punho No h movimentos significativos do punho para cima ou para baixo. ngulo de 0.

    Desvio da Linha Neutra No h. Os principais desvios so realizados pelo conjunto antebrao/brao.

    Rotao do Punho As palmas da mo ficam voltadas para cima ao segurar a lmina, enquanto na posio de repouso as palmas das mos ficam voltadas para o corpo, logo h rotao de punho entre as etapas. Tronco

    Inclinao entre 20 e 60 graus. Tendo como ngulo mais prximo de 60 na etapa de ajuste da lamina a pilha. H ngulos inferiores a 20, mas como o RULA no contempla esta amplitude, opta-se pela postura mais nociva para efeito de clculo.

    Rotao Parte do impulso na trao da lamina e posterior giro para impulsion-la sobre a pilha est sendo realizada com leve giro do tronco.

    Inclinao Lateral No h. Nenhuma etapa exige esta postura.

    Pescoo No h movimentos significativos do pescoo. 0 de inclinao.

    Pernas e Ps Uma das etapas est sendo realizada com apoio nico, pois uma perna utilizada como contrapeso devido a inclinao do tronco sobre a mesa para alcanar a lmina.

    Atividade: Grupo A: Brao, Antebrao e Punho

    Carga: Carga entre 2 e 10 Kg repetitiva.

    Postura esttica mantida por perodo superior a 1 min ou postura repetitiva, mais que 4 vezes/min.

    Repetitiva

    Atividade: Grupo B: Pescoo, Tronco e Pernas.

    Carga: Carga entre 2 e 10 Kg repetitiva.

    Postura esttica mantida por perodo superior a 1 min ou postura repetitiva, mais que 4 vezes/min.

    Repetitiva

    Fonte: o autor, 2012

    4.4.1 Aplicao do Mtodo Rula.

    O mtodo Rula baseado na analise em separado de cada membro superior,

    tronco, pescoo e variaes possveis, atribuindo uma pontuao, maior quanto

    mais crtica for a posio.

    Por fim, esta pontuao cruzada com auxilio de uma matriz que correlaciona

    todos os valores dos membros isoladamente, gerando um ndice final, sobre o qual

    pode-se efetivamente avaliar a condio de trabalho do trabalhador.

    Quadro 3 - Continuao

  • 48

    O uso de ferramentas como softwares bastante comum, devido as vantagens que

    o mesmo oferece, j que apresenta figuras intuitivas para cada membro, facilitando o

    lanamento dos dados, estabelecendo para cada parte do corpo abordada uma

    etapa distinta, organizando a anlise, alm de realizar automaticamente a correlao

    da pontuao e gerao do ndice final.

    Neste trabalho, como toda a parte terica referente ao Rula, suas variveis,

    pontuao e matrizes j foram mencionadas no referencial terico, utiliza-se um

    software disponvel na web chamado Ergolndia 3.0. e disponvel no web site

    www.fbfsistemas.com.br, diante das vantagens como eficincia e eficcia

    apresentadas por esta ferramenta j citadas acima

    Abaixo, pode-se observar a sequencia da utilizao do programa para avaliao

    ergonmica do posto de trabalho (Figuras 9 17).

    Figura 9 Etapa de avaliao ngulo de movimento do brao

    Fonte: software Ergolndia 3.0

  • 49

    Figura 10 - Etapa de avaliao ngulo de movimento do antebrao

    Fonte: software Ergolndia 3.0

    Figura 11 - Etapa de avaliao ngulo de movimento do punho

    Fonte: software Ergolndia 3.0

  • 50

    Figura 12 - Etapa de avaliao ngulo de movimento rotao do punho

    Fonte: software Ergolndia 3.0

    Figura 13 - Etapa de avaliao ngulo de movimento pescoo

    Fonte: software Ergolndia 3.0

  • 51

    Figura 14 - Etapa de avaliao ngulo de movimento tronco

    Fonte: software Ergolndia 3.0

    Figura 15 - Etapa de avaliao de apoio membros inferiores

    Fonte: software Ergolndia 3.0

  • 52

    Figura 16 - Etapa de avaliao da carga e repetitividade por grupo muscular

    Fonte: software Ergolndia 3.0

    Figura 17 ndice do final obtido da avaliao.

    Fonte: software Ergolndia 3.0

  • 53

    4.5 DIAGNSTICO ERGONMICO

    4.5.1 Recomendaes para as queixas dos trabalhadores

    O resultado da aplicao do questionrio aponta para a necessidade de uma

    preocupao com as condies de trabalho e do bem-estar fsico, psicolgico e

    relacional dos trabalhadores. necessrio dar visibilidade aos riscos apresentados,

    pois, segundo os resultados, podem contribuir para a degradao do estado de

    sade dos trabalhadores. A considerao das queixas apresentadas influencia no

    estado de bem-estar dos trabalhadores, em consequncia, a empresa ser

    beneficiada com o aumento da produtividade, diminuio do absentesmo e das

    queixas laborais. A seguir, sero relacionadas s recomendaes dos problemas

    verificados no questionrio e no detectados pela ferramenta de anlise RULA:

    Realizar treinamento de reciclagem de funo para os trabalhadores do posto

    avaliado;

    Reavaliar quantitativamente o nvel de presso sonora do posto de trabalho e

    verificar se os Equipamentos de Proteo Individual so adequados;

    Reavaliar quantitativamente o nvel de iluminao do posto de trabalho,

    comparando com os parmetros estabelecidos pela legislao e normas

    tcnicas;

    Replanejar a organizao do trabalho para eliminar ou diminuir a realizao

    das horas extraordinrias, a fim de garantir ao trabalhador descanso ps-

    trabalho, adequado;

    Avaliar quantitativamente as condies de temperatura no ambiente de

    trabalho, adequando a NR 17.

    NOTA: Com as recomendaes para os resultados da avaliao atravs do mtodo

    de RULA, ser possvel sanar as queixas relativas ao trabalho acelerado, diminuio

    das queixas de dores e cansaos.

  • 54

    4.5.2 Recomendaes para os riscos detectados pela ferramenta RULA

    4.5.2.1 Movimentos crticos

    Apoiar-se sobre apenas um membro, em situao de equilbrio, com

    inclinao do tronco para frente, braos em noventa graus em relao ao

    tronco e em movimento de abduo, para alcanar a lmina sobre mesa;

    A pegada com a palma da mo voltada para cima, utilizada para agarrar a

    lmina, exige dos antebraos movimentos exteriores ao tronco, alm de gerar

    o giro do punho na transio da posio de segurar a lmina para a posio

    de repouso;

    Ocorre a rotao do tronco como forma de impulso ao tracionar a lmina da

    mesa e impulsion-la at a pilha;

    Durante o ajuste da lmina sobre a pilha ocorre severa inclinao do tronco.

    A movimentao da carga durante o ciclo e as posturas adotadas so

    repetitivas, sendo executadas mais do que quatro vezes em um minuto;

    4.5.2.2 Medidas urgentes

    At que seja implantado as recomendaes ergonmicas, que por sua vez

    exige um maior investimento, algumas medidas imediatas devero ser adotadas

    quanto a:

    a) postura desfavorvel e inadequada curvatura na coluna ao empilhar e

    ajustar as lminas. Deve-se manter uma postura vertical, usar o

    esforo das pernas ao se abaixar para empilhar as lminas.

    b) braos encolhidos. Estender os braos ao pegar a carga mantendo a

    mesma sempre prxima ao corpo, centralizando a carga em relao s

    pernas.

  • 55

    c) toro do corpo ao pegar a carga. Evitar a toro do corpo para pegar

    ou movimentar a lmina, girar o corpo por completo.

    d) repetitividade. Alternar a atividade.

    4.5.3 Recomendaes Ergonmicas

    Recomenda-se a instalao de uma esteira, a qual conduzir as lminas at

    uma mesa pantogrfica pneumtica localizada no final da esteira, para que esta

    ajuste-se ao nvel desejado utilizando para isso o pedal. Sendo que na esteira ficar

    somente um funcionrio para alinhar as lminas e um funcionrio de cada lado da

    mesa para apanhar as lminas.

    Ao finalizar o pacote haver o revezamento dos funcionrios da mesa os quais

    invertero o lado entre si, evitando assim a repetitividade.

    Com isso eliminar varias posturas ergonomicamente incorretas, entre elas a toro

    do corpo ao pegar a carga, evitar a postura desfavorvel e inadequada, o qual

    ocorrendo a curvatura na coluna mantendo com isso uma postura vertical.

    A funcionaria deve estender os braos ao pegar a carga mantendo a mesma sempre

    prxima ao corpo, centralizando a carga em relao s pernas.

    4.5.4 Consideraes

    Na busca de melhorar as condies de trabalho e evitar o aparecimento de

    doenas ocupacionais, foi realizado uma Anlise Ergonmica de Trabalho, pela

    aplicao de questionrio com as queixas mais frequentes dos trabalhadores e

    utilizao do mtodo RULA, chegando concluso de que o posto de trabalho

    apresenta caractersticas ergonmicas crticas para a sade do trabalhador, para

    tanto, foram propostas algumas adequaes de carter imediato e da mudana de

    layout da sada das lminas do secador. As medidas imediatas foram relacionadas

    avaliao das condies ambientais, treinamentos e adequao da postura dos

    trabalhadores.

    As recomendaes de mudana de layout consistem na mudana do sistema de

    desabastecimento do secador, que compreende a instalao de um acessrio

  • 56

    mecanizado que muda completamente a forma de realizao da tarefa, propiciando

    o desenvolvimento da atividade ergonomicamente correta.

  • 57

    5 CONCLUSO

    O presente trabalho procurou criar um modelo de analise ergonmica em uma

    indstria de fabricao de chapas de madeira slida. O contedo esboado mostrou

    que o modelo apresentado, atingiu as expectativas, diagnosticando as

    irregularidades ergonmicas no posto avaliado. A aplicao das duas ferramentas

    para a avaliao (questionrio e RULA), no elimina a possibilidade da

    apresentao de dados viciados ou manipulados pela aplicabilidade inadequada das

    ferramentas, porm, diminui consideravelmente a margem de erro dos resultados. A

    proposta para a implantao de um modelo para a anlise ergonmica deve incluir

    investigao por meios de regras cientificas, a percepo sensorial, a comunicao

    e relacionamento interpessoal, bem como, contar principalmente, com o

    envolvimento dos trabalhadores que so os operadores do processo.

    Com a aplicao do questionrio e mtodo de RULA foi possvel analisar as

    atividades desempenhadas no setor do secador, bem como, avaliar qualitativamente

    os quesitos ergonmicos. O resultado do questionrio aplicado aos trabalhadores

    mostrou as dificuldades existentes no desempenho das atividades, bem como as

    queixas relacionadas ergonomia. Apresentou-se, tambm, nos resultados, a viso

    das pessoas que dirigem a empresa, com isso, pode-se comparar com a percepo

    do trabalhador.

    Os resultados identificaram os potenciais de risco ergonmico na empresa,

    para cada item foi inseridas as respectivas propostas para a correo do problema,

    se bem tratados, podero otimizar as condies laborais dos trabalhadores do setor

    avaliado. Desta forma, o modelo proposto mostrou-se eficiente no posto de trabalho

    objeto do estudo, se bem aplicado, poder ser bem sucedido nos demais setores da

    empresa, bem como, em outras organizaes com processos similares. Ajustes

    sempre so necessrios quando se transpe um modelo, mas com certeza, o

    modelo bsico proposto deve contribuir para a melhoria das condies de trabalho

    nos demais setores da empresa ou em outras empresas do ramo que necessitam de

    melhorias ergonmicas.

    importante salientar que este trabalho foi realizado em uma empresa de

    mdio porte, onde, muito embora no disponha de uma gesto ergonmica

  • 58

    expressiva, conscientiza os trabalhadores atravs de treinamentos peridicos sobre

    questes ergonmicas. Para empresas que no apresentam cultura semelhante, o

    modelo deve ser ajustado de forma atender a cultura interna. A conscientizao com

    palestras, treinamentos, informativos internos, etc., essencial para que haja a

    participao efetiva dos trabalhadores, caso isso no ocorra, os resultados sero

    prejudicados. Por fim, sugere-se a empresa o atendimento as recomendaes

    ergonmicas listadas e aplicao do modelo nos demais postos de trabalho.

  • 59

    6 REFERNCIAS

    ATLAS. Manual de Legislao Atlas: Segurana e Medicina do Trabalho. ed. 64. So Paulo: Atlas, 2009. BUTLER, M. P. Corporate ergonomics programme at Scottish & Newcastle. Applied ergonomics, v. 34, p. 35-8, 2003. DANIELLOU, F. (1992). Le statut de la pratique et des connaissances dans lintervention ergonomique de conception. Texte dhabilitation diriger des recerches. Paris: Universit Toulose Le Mirail. DRURY, C. G. A biomechanical evalution of the repetitive motion injury potential of industrial jobs. Occupational Medicine, v.02, p.41-47, 1987. DUARTE, Francisco. Complementaridade entre ergonomia e engenharia em projetos industriais. Ergonomia e projeto na indstria de processo contnuo. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2001. p.11-21. GRANDJEAN, k.h.e. Kroemer. Manual de Ergonomia: adaptando o homem ao trabalho. 5ed.So Paulo:Bookmam,2005. GUERIN, F., LAVILLE, A., DANIELLOU, F., DURAFFOURG, J, KERGUELEN, A. Comprendre le travail pour le transformer: la pratique de l'ergonomie. Montrouge (France): Anact, 1991. LACAZ, F. A. C. Qualidade de vida no trabalho e sade/doena. Cincia e Sade Coletiva, n. 5; 151 - 161, 2000. LAVILLE, A. Ergonomia. So Paulo: EPU, 1977. Leplat J, Cuny X. Psicologia del trabajo: enfoques y tcnicas. Madrid: Pablo del Rio;1977. LIDA, Itiro.Ergonomia Projeto e Produo.2 ed.So Paulo:Edgar Blucher,2008. LUEDER, R. A proposed RULA for Computer users. Proceedings of the Ergonomics Summer Workshop, UC Berkeley Center for Occupational & Environmental Health Continuing Education Program, San Francisco, August 8-9, 1996. MONTMOLLIN, M. Lanalysis du travail , Iergonomic, la qualit de la vie de travailles amricains, et nous. Le Travail Humain, Paris, v. 45, n.1, p. 119-124, 1982. MORAES, Anamaria de. Diagnstico ergonmico do posto de trabalho do digitador. Tese de Doutorado. Vol III. Escola de Comunicao; Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1992.

  • 60

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  • 61

    APNDICE A QUESTIONRIO DE ERGONOMIA (TRABALHADOR)

    QUESTIONRIO DE ERGONOMIA - TRABALHADOR

    Caracterizao do indivduo

    Sexo: ( ) Fem.( )

    Idade:_____anos Escolaridade: _______________

    Profisso:_______________________

    Tempo de profisso:______________ Estado Civil: _______________

    Responda as questes abaixo:

    1) H quanto tempo voc est realizando seu trabalho atual na empresa?

    a. Menos de 01 ano

    b. 1 a 3 anos

    c. 3 a 5 anos

    d. Mais de 5 anos

    2) Voc gosta do trabalho que exerce na empresa?

    a. Muito

    b. Mais ou menos

    c. No

    3) Voc considera a iluminao do teu posto de trabalho:

    a. Boa

    b. Regular

    c. Ruim

    4) Voc considera o barulho/rudo do teu posto de trabalho:

    a. Sem ruido

    b. Normal

    c. Alto

  • 62

    5) Voc considera a temperatura do teu posto de trabalho:

    a. Boa

    b. Muito quente

    c. Muito fria

    6) Voc faz hora extra?

    a. Nunca

    b. Raramente

    c. 1 a 2 vezes por semana

    d. 3 a 4 vezes por semana

    e. Todos os dias

    7) Voc tem pausa para descanso? (com exceo das paradas para refeies)

    a. Sim

    b. No

    8) Voc faz ginstica laboral?

    a. Sim

    b. No

    c. No se aplica (no tem ginstica laboral)

    9) Voc pode ausentar-se livremente para ir ao banhei