adorar imagens

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  • 7/31/2019 Adorar Imagens

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    Adorar imagens?

    POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | DOM , 26 DE JUNHO DE 2011

    Uma das mais freqentes acusaes que ns,

    catlicos, sofremos de nossos irmos protestantes, a de praticar a idolatria, porque, segundo

    eles, adoramos imagens. Trata-se de uma acusao absolutamente sem fundamento, que

    somente se explica pelo desconhecimento da Palavra de Deus. Com efeito, os protestantes falam

    esse tipo de coisa dos catlicos, muitas vezes com violncia e de modo agressivo, simplesmente

    porque no sabem o que idolatria.Idolatria no o uso de imagens no culto divino, mas prestar a uma criatura o culto de adorao

    que devemos exclusivamente a Deus. por isso que So Paulo Apstolo nos adverte que a

    avareza uma idolatria (cf. Col 3,5), uma vez que o avarento coloca o dinheiro no lugar de Deus,

    como o valor supremo de sua vida.Todo o comportamento humano depende de valores: em vista de um determinado valor que

    escolhemos agir de um modo ou de outro. Se, por exemplo, preferimos gastar nosso tempo dando

    catequese para crianas, porque essa opo nos pareceu mais valiosa do que outras.Assim sendo, a forma como ordenamos as nossas aes vai depender de como hierarquizamos

    os valores que adotamos para reger nossas vidas. Se colocamos como valor supremo o prazer da

    vida corporal, certamente no poderemos levar uma vida de pureza e abnegao. Todavia, a forma

    como hierarquizamos esses valores, em nossa subjetividade, deve coincidir com a hierarquia

    objetiva dos valores presente no universo. Se isto no se der, haver uma distoro entre a

    forma com que vemos o mundo e o prprio mundo. Repetindo: a nossa hierarquia subjetiva de valores deve coincidir com a ordem objetiva de valores

    presente no cosmos. Se no for assim, estaremos dando a certas coisas mais importncia do que

    elas merecem, enquanto a outras no prestamos o devido valor. Isto introduzir a desordem em

    nossa alma, quebrar a harmonia que deve existir em nosso interior.Ora, o que h de mais importante no universo Deus, pois Ele quem o criou e sustenta no ser.

    Todo o cosmos depende de Deus para existir. Logo, tambm em nossa hierarquia de valores,

    Deus deve ocupar o primeiro lugar, como valor supremo. Todos os demais valores e ideais devem

    submeter-se a ele. Quando colocamos outro bem, valor ou ideal no lugar que exclusivo de Deus,

    destoamos da ordem do cosmos e camos na idolatria. Afinal de contas, todo o universo canta a

    glria de Deus (cf. Sl 18,2). Diz o salmista: Louve a Deus tudo o que vive e que respira, / tudo

    cante os louvores do Senhor! (Sl 150,5).Quem, portanto, no coloca a Deus como valor supremo de sua vida, no apenas nega a adorao

    exclusivamente a Ele devida, como tambm prejudica a si prprio. Por isso Deus ordenou noprimeiro mandamento de sua Lei: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa

    da escravido. No ters outros deuses diante de mim (Ex 20,2-3). Do mesmo modo o Senhor

    Jesus, quando repeliu o demnio que o tentava, repetiu o preceito: Adorars o Senhor teu Deus, e

    s a Ele servirs (Mt 4,10).Todavia, se devemos adorar somente a Deus, isso no significa que no devemos honrar e invocar

    seus santos e anjos. O mesmo Deus que ordenou que adorssemos s a Deus, tambm mandou

    honrar os pais (cf Ex 20,12), as autoridades pblicas (cf. Rom 13) os nossos superiores e as

    pessoas mais idosas. Prestar honra a essas pessoas, simples criaturas, em nada prejudica a

    adorao devida exclusivamente ao Criador.Se devemos honrar os governantes deste mundo, quanto mais os anjos, de cujo ministrio Deus se

    serve para governar no s a Igreja, como tambm todas as coisas criadas. Foi por isso queAbrao prostrou-se diante dos trs anjos que lhe apareceram em forma humana, para anunciar o

    nascimento de seu filho Isaac (cf. Gen 18,2).Ensina a Igreja e a Sagrada Escritura que desde o incio at a morte a vida humana cercada pela

    proteo e intercesso do anjo da guarda: Eis que eu enviarei o meu anjo, que v adiante de ti, e

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    te guarde pelo caminho (Ex 23,20). Pela invisvel assistncia dos anjos, somos quotidianamente

    preservados dos maiores perigos, tanto da alma como do corpo. Com a maior boa vontade,

    patrocinam a nossa salvao e oferecem a Deus as nossas oraes e nossas lgrimas. O Senhor

    Jesus advertiu que no se devia dar escndalo aos pequeninos, porque seus anjos nos cus

    vem incessantemente a face de seu Pai, que est nos cus (cf. Mt 18,10). Se os anjos

    contemplam a Deus sem cessar, por que no seriam merecedores de grande honra? Tambm o culto aos santos, longe de diminuir a glria de Deus, lhe d o maior incremento

    possvel. Canta a Virgem Maria no Magnficat que o Poderoso fez em mim maravilhas (Lc 1,49).

    Quando honramos retamente um santo, proclamamos as maravilhas que a graa de Deus operou

    na vida dele. Como se diz no Prefcio dos Santos, na assemblia dos santos vs sois glorificado

    e, coroando seus mritos, exaltai vossos prprios dons. A santidade que veneramos nos homens

    santos dom do nico Santo. Honrando os santos, glorificamos a Deus que os santificou.Deus um Pai amoroso, a quem muito agrada ver seus filhos intercedendo uns pelos outros.

    Ademais, quis associar suas criaturas na obteno e distribuio de suas graas. Muitas coisas

    Deus no as concede, se no houver a interveno de um intercessor. Para que os amigos de J

    fossem perdoados, por exemplo, foi necessria a sua intercesso: O meu servo J orar por vs;

    admitirei propcio a sua intercesso para que se no vos impute esta estultcia, porque vs no

    falastes de mim o que era reto (J 42,8). Tambm no sinal de falta de f em Deus, recorrermos

    intercesso dos santos em nossas oraes. O centurio, por exemplo, recorreu intercesso dos

    ancios dos judeus (cf. Lc 7,3) para que Jesus curasse seu servo, mas nem por isso o Senhor

    deixou de enaltecer sua f com os maiores elogios: Em verdade vos digo que no encontrei tantaf em Israel (Lc 7,9). verdade que temos um nico Mediador na pessoa de Jesus Cristo Nosso Senhor. S Ele nos

    reconciliou com o Pai pelo oferecimento de seu precioso sangue, entrando uma s vez no Santo

    dos Santos, consumou uma Redeno eterna (cf. Hebr 9,11-12) e no cessa de interceder por ns

    (cf. Hebr 7,25). Todavia, o fato de termos um nico Mediador de Redeno, no significa que no

    podemos ter junto dele outros mediadores de intercesso. Se recorrer intercesso dos santos

    prejudicasse a glria devida unicamente a Cristo Mediador, o Apstolo Paulo no pediria, com

    tanta insistncia, que seus irmos rezassem por ele: Rogo-vos, pois, irmos, por Nosso Senhor

    Jesus Cristo e pela caridade do Esprito Santo, que me ajudeis com as vossas oraes por mim

    a Deus (Rom 15,30). Se vs nos ajudardes tambm, orando por ns (2Cor 1,11). Se as

    oraes dos que vivem nesta terra so teis e eficazes para que sejamos ouvidos por Deus, quem

    dir as oraes daqueles que j esto em glria, contemplando a Deus face a face.No livro dos Atos dos Apstolos, conta-se que Deus fazia milagres no vulgares por mo de

    Paulo, de tal modo que at, sendo aplicados aos enfermos os lenos e aventais que tinham tocado

    no seu corpo, no s saiam deles as doenas, mas tambm os espritos malignos se retiravam (At

    19,11-12). E tambm que traziam os doentes para as ruas e punham-nos em leitos e enxerges, a

    fim de que, ao passar Pedro, cobrisse ao menos a sua sombra algum deles (At 5,15). Se as

    vestes, os lenos e a sombra dos santos, j antes de sua morte, removiam doenas e expulsavam

    demnios, quem ser louco de dizer que Deus no possa fazer os mesmos milagres por intermdio

    deles, depois de mortos? E tambm disso as Sagradas Escrituras do testemunho, quando se

    narra o episdio do cadver lanado na sepultura do profeta Eliseu: Logo que o cadver tocou os

    ossos de Eliseu, o homem ressuscitou e levantou-se sobre os seus ps (2Rs 13,21).

    Todavia, se devemos honrar e venerar os santos e anjos como fiis servidores do Senhor, gravssimo pecado coloc-los no lugar de Deus, prestando-lhes culto de adorao. Este abuso

    estranho a verdadeira doutrina catlica.Quanto s imagens, verdade que o Antigo Testamento proibia que fossem feitas: No fars para

    ti imagem alguma do que h em cima no cu, e do que h embaixo na terra, nem do que h nas

    guas debaixo da terra (Ex 20,4). Todavia, precisamos compreender a razo desta proibio.Os hebreus viviam no meio de povos idlatras, cujos deuses eram concebidos como tendo formas

    visveis, muitas vezes com figura de animais. Para ressaltar a transcendncia e a espiritualidade do

    Deus verdadeiro, este preceito proibia que os israelitas representassem a divindade com imagens.

    Com efeito, Deus em si mesmo no est ao alcance da nossa vista: um ser puramente espiritual,

    no tem corpo, no cabe nos limites do espao, nem pode ser representado por nenhuma figura.

    No vistes figura alguma no dia em que o Senhor vos falou sobre o Horeb do meio do fogo (Dt

    4,15).Todavia, a encarnao do Filho de Deus superou a proibio de se fazer imagens. Isso porque,

    quando o Verbo se fez carne, / e habitou entre ns (Jo 1,14), Ele se tornou visvel a ns como

    homem. Invisvel em sua divindade, Deus se tornou visvel na humanidade de nossa carne. Como

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    diz o Prefcio do Natal do Senhor, reconhecendo a Jesus como Deus visvel a nossos olhos,

    aprendemos a amar nele a divindade que no vemos.A diferena do cristianismo com todas as outras as religies que o nosso Deus se fez

    homem. O centro da F crist o mistrio de Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro.

    Perfeitamente homem, sem deixar de ser Deus. Mesmo depois da Ressurreio, o Cristo manteve

    a sua natureza humana na sua integridade e perfeio, como fez questo de sublinhar aos

    Apstolos: Olhai para as minhas mos e ps, porque sou eu mesmo; apalpai, e vede, porque um

    esprito no tem carne, nem ossos, como vs vedes que eu tenho (Lc 24,39). At hoje, no Cu,

    dentro do peito de Jesus bate incessantemente um corao de carne, em suas veias corre sangue

    verdadeiramente humano.Jesus Cristo a imagem visvel de Deus invisvel (cf. Col 1,15). Se antes eu no podia fazer

    imagens de Deus, pois enquanto tal Ele invisvel; aps a Encarnao do Verbo eu no apenas

    posso como devo fazer imagens, para atestar que Deus se fez visvel aos olhos dos homens.

    Ensina So Joo Damasceno: Quando virmos aquele que no tem corpo tornar-se homem por

    nossa causa, ento poderemos executar a representao de seu aspecto humano. Quando o

    Invisvel, revestido de carne, torna-se visvel, ento representa a imagem daquele que apareceuAssim sendo, toda vez que honramos uma imagem sagrada, damos testemunho da nossa F no

    mistrio da Encarnao do Filho de Deus. Portanto, quem renega as imagens, de certo modo

    atenta contra a f nesse mistrio. Este foi o critrio que So Joo props para discernir o anticristo:

    Todo esprito que confessa que Jesus Cristo veio na carne, de Deus; todo esprito que divide

    Jesus, no de Deus, mas um anticristo, do qual vs ouvistes que vem, e agora est j nomundo (1Jo 4,2-3).Rejeitar as imagens sagradas voltar Antiga Lei, quando Deus ainda no tinha se feito homem.

    Quem defende isso, para ser coerente, deve tambm praticar a circunciso e guardar o sbado,

    como prescrito na Lei de Moiss. Para essas pessoas, o Cristo no veio ainda.Portanto, beijar uma imagem ou acender diante dela uma vela no so prticas idoltricas, mas

    atos de piedade. Somente pessoas ignorantes, que no compreendem os dogmas da F em seu

    verdadeiro sentido, podem ter a audcia de chamar de idolatria essas prticas.Quem venera uma imagem, venera a pessoa que nela est representada. Aquilo que a Bblia nos

    ensina com palavras, as imagens nos anunciam com figuras visveis. A imagem re+presenta, ou

    seja, torna presente a pessoa simbolizada. Por isso podemos rezar diante das imagens como se

    estivssemos diante das personagens que elas representam. Todavia, no podemos confundir

    essa presena, que meramente uma presena simblica, com a presena real de Nosso

    Senhor no Santssimo Sacramento da Eucaristia. Na imagem Jesus est presente como em

    umsmbolo, na Eucaristia como realidade substancial. Por isso, diante do Santssimo

    Sacramento fazemos genuflexo, diante de uma imagem fazemos o sinal-da-cruz ou uma

    simples reverncia de cabea.Prefcio dos Santos, I

    (Missal Romano)Na verdade, justo e necessrio,

    nosso dever e salvao dar-vos graas,sempre e em todo lugar,

    Senhor, Pai santo,Deus eterno e todo-poderoso.

    Na assemblia dos santos vs sois glorificadoe, coroando seus mritos, exaltai vossos prprios dons.

    Nos vossos santos ofereceisum exemplo para a nossa vida,

    a comunho que nos une,a intercesso que nos ajuda.

    Assistidos por to grandes testemunhas,possamos correr, com perseverana,

    no certame que nos propostoe receber com eles a coroa imperecvel,

    por Cristo, Senhor Nosso.Enquanto esperamos a glria eterna,

    com os anjos e todos os santos,ns vos aclamamos,

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    cantando a uma s voz:Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo.

    O cu e a terra proclamam a vossa glria. Hosana nas alturas!

    Bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!