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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR - FESP ANA CLÁUDIA PARAGUAY MARTINS ADOÇÃO POR ASCENDENTES JOÃO PESSOA 2009

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR - FESP

ANA CLÁUDIA PARAGUAY MARTINS

ADOÇÃO POR ASCENDENTES

JOÃO PESSOA 2009

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ANA CLÁUDIA PARAGUAY MARTINS

ADOÇÃO POR ASCENDENTES

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Departamento de Ciências Jurídicas da Faculdade de Ensino Superior – FESP -como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharela em Direito. Orientadora: Profª. Neusa Monique Cruz

JOÃO PESSOA – PARAÍBA 2009

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ANA CLÁUDIA PARAGUAY MARTINS

ADOÇÃO POR ASCENDENTES

Aprovada em de de 2009.

BANCA EXAMINADORA

Profª. Neusa Monique Cruz

ORIENTADOR(A)

AVALIADOR(A)

AVALIADOR(A)

JOÃO PESSOA – PB 2009

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AGRADECIMENTOS

Ao meu marido Helman e aos meus filhos Elizabeth,Caroline e Helman Fernando pelo amor e pela compreensão em permitir uma presença quase sempre ausente.

Aos meus pais e exemplos de vida, Ferdinando e Elizabeth Paraguay.

A Professora Neuza Monique Cruz, além de orientadora, uma leitora atenta e uma amiga em um momento difícil da minha vida..

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RESUMO

Este trabalho monográfico terá como objeto de estudo a adoção por ascendentes: a busca pelo melhor interesse da criança e do adolescente. Essa adoção é vedada pelo artigo 42, parágrafo primeiro da lei 8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente, mas mesmo após essa proibição, é perfeitamente possível a adoção dos netos pelos avós em certos casos, desde que sejam respeitados alguns requisitos: que na adoção pelos avós não exista nenhum interesse material ou fraude a ensejar tal procedimento, que seja para o melhor interesse da criança ou do adolescente, e importante se faz que não exista nenhum vínculo dos pais biológicos com os adotandos. Para se permitir essa adoção, que é um ato proibido legalmente, recorreu-se a interpretação teleológica, que informa o artigo 6º do próprio Estatuto da Criança e do Adolescente e o prudente arbítrio do juiz da Infância e da Juventude a ver prevalecer sempre o melhor interesse da criança. Ora, se para o Estatuto deve haver uma interpretação de suas normas levando em consideração os fins sociais a que se propõe em especial à condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento bio-psico-social, a primazia do melhor interesse da criança e do adolescente deverá reger a possibilidade ou não da adoção por seus avós. Antes de entrar nessa problemática, será estudado de início o Instituto da adoção: conceito, natureza jurídica, histórico, evolução da adoção no Brasil, enfatizando que a adoção na atualidade tem a finalidade voltada para os interesses do adotando; o ponto central de exame pelo juiz será o adotando e os benefícios que esta adoção poderá lhe trazer. Em seguida será abordada a adoção à luz dos dois diplomas legais que tratam da matéria da adoção na atualidade: A lei 8.069/90 e o Código Civil de 2002, mostrando os requisitos, procedimentos e efeitos da adoção. Será visto ainda, o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente. E por fim, será analisada a adoção pelos avós, expondo a problemática acima descrita, buscando o melhor interesse da criança e do adolescente. O método de abordagem a ser utilizado será o dedutivo e teremos também uma pesquisa bibliográfica, no que se refere a uma classificação quanto aos procedimentos técnicos utilizados. Palavras-chave: Adoção. Ascendentes. Melhor interesse da criança. Estatuto da Criança e do Adolescente.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO……………………………………………………………………......... 06

CAPÍTULO 1 – O INSTITUTO DA ADOÇÃO........................................................08

1.1 Histórico......................................................................................................... 08

1.2 Natureza Jurídica e Conceitos..................................................................... 11

1.2.1 Conceitos.............................................................................................. 12

1.3 Modalidades de Adoção no Brasil............................................................... 14

1.4 A Evolução da Adoção no Brasil..................................................................16

1.4.1 A Adoção no Código Civil de 1916.................................................. 14

1.4.2 A Adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente ..................... 19

CAPÍTULO 2 O NOVO CÓDIGO CIVIL EM RELAÇÃO A ADOÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES.............................................................................................. 24

2.1 A Abrangência da Lei nº 8.069/90................................................................. 24

2.2 Requisitos Gerais para Adoção....................................................................25

2.2.1 Consentimento do adotando e consentimento dos pais ou do

representante legal................................................................................................ 28

2.2.2 Estágio de convivência.................................................................... 31

2.3 Adoção por Divorciados ou Judicialmente Separados..............................32

2.4 Adoção Póstuma............................................................................................ 33

2.5 Cadastros de Pretendentes e de Crianças e Adolescentes aptos para Adoção.................................................................................................................. 34

2.6 Procedimentos da Adoção............................................................................35

CAPÍTULO 3 – ADOÇÃO POR ASCENDENTES.................................................40

3.1 Adoção pelos Avós........................................................................................40

3.2 Interpretação Telelógica................................................................................44

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 44

REFERENCIAS..................................................................................................... 48

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INTRODUÇÃO

Em seu artigo 42, no parágrafo 1º, o Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA), proibiu a adoção pelos ascendentes, vetando assim, a possibilidade de

adoção por parte dos avós, de adotarem os seus netos. Os doutrinadores tentam

justificar o motivo que levou o legislador vedar essa adoção baseados na maioria

das vezes na questão patrimonial, desconsiderando o lado afetivo que cerca a

adoção.

A referida norma do ECA, que proíbe a referida adoção, foi injusta para

muitos adolescentes e crianças que são criados na companhia dos avós,

praticamente ao nascerem, tendo os avôs legítimas pretensões de adotarem os

netos, não existindo interesses materiais os motivando para essa adoção, e sim,

sendo um ato de amor, que representará muito para essas crianças que estão em

fase de formação, onde ter um pai e uma mãe e poder chamá-los assim representa

muito nessa idade.

Porém, mesmo após essa vedação, esse trabalho defende a possibilidade

de adoção por parte desses avós, desde que seja para que haja um melhor

interesse do adolescente ou da criança, excluindo-se interesses materiais ou fraudes

ou fraude a ensejar tal procedimento, e que os pais biológicos não tenham nenhuma

participação na vida dos filhos.

Encontra-se solução para o deferimento dessa adoção no artigo 6º do

Estatuto da Criança e do Adolescente que prescreve que na interpretação das

normas do Estatuto deve-se levar em consideração os fins sociais a que ela se

propõe que, como será visto, é a proteção integral, e principalmente a condição

peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento bio-

psicosocial.

Dessa forma, o objetivo desse trabalho é de prevalecer o melhor interesse

da criança e do adolescente, no que se refere à adoção pelos avós. O conceito de

adoção na atualidade está voltado para a figura da criança e do adolescente, em

oferecê-las um ambiente onde possam ser amadas, educadas, trazendo-lhes reais

vantagens, não estando mais voltado para a figura dos adotantes.

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O método de abordagem utilizado foi o hipotético-dedutivo. Pretendeu-se,

primeiramente, realizar uma afirmação de uma preocupação social existente, depois

criticá-la por meio do falseamento dessa afirmação e, por último, expor a verdade.

Quanto ao método jurídico de interpretação, este estudo fez uso do método

sistemático, através do qual fora falado acerca do “ser” e o “dever ser”.

No que concerne à classificação da pesquisa com relação ao objetivo geral,

tivemos uma pesquisa exploratória, havendo reflexão sobre conceitos, leis,

situações e tendo como base uma teoria filosófica de pensamento.

Tivemos também uma pesquisa bibliográfica, no que se refere a uma

classificação quanto aos procedimentos técnicos utilizados. Pesquisa bibliográfica,

segundo Gil (2002, p.44) “é desenvolvida com base em material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos”. “A principal vantagem da

pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma

gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar

diretamente” (GIL, 2002, p.45). Essa pesquisa bibliográfica levou em consideração

interpretações já elaboradas sobre o assunto, justificando, assim, a classificação em

questão.

A matéria tratada neste trabalho tem como suporte legal, a lei 8.069 de 13

de julho de 1990, destacando principalmente o seu artigo 6º. E a Lei nº. 10.406, de

10 de janeiro de 2002, nos artigos 1.618 à 1.629.

Inicialmente, tratar-se-á neste trabalho do Instituto da adoção, seu conceito,

onde será enfatizado o conceito da adoção na atualidade, a natureza jurídica da

adoção, o histórico, a evolução da adoção no Brasil.

No Capítulo seguinte abordar-se-á a adoção à luz do Estatuto da Criança e

do Adolescente e do Novo Código Civil, que são os dois diplomas legais que tratam

da adoção na atualidade. Serão abordados os requisitos, o procedimento, os efeitos

da adoção e, por último, será estudado o princípio do melhor interesse da criança e

do adolescente. Essa passagem será de grande importância para o entendimento do

último capitulo do trabalho, pois este princípio enquadra-se na categoria de preceito

a ser obedecido para garantir a proteção integral de que trata a lei 8.069/90.

Por fim, defender-se-á a possibilidade da adoção dos netos pelos avós em

alguns casos concretos, mesmo após a vedação do artigo 42, parágrafo 1º do

Estatuto da Criança e do Adolescente, pois o melhor interesse da criança e do

adolescente deverá sempre prevalecer.

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CAPÍTULO I - O INSTITUTO DA ADOÇÃO

1.1 Histórico

Nos tempos antigos, a adoção tinha significado diferente dos tempos

atuais. Os povos gregos e romanos, a adoção atendia aos anseios da ordem

religiosa, pois as civilizações primitivas acreditavam que os vivos eram protegidos

pelos mortos.

Havia também a certeza de que os mortos dependiam dos ritos fúnebres

que seus descendentes deveriam praticar, para terem tranqüilidade na vida após a

morte. O vivo não podia passar sem o morto, nem este sem aquele. Por esse

motivo, poderoso laço se estabelecia, unindo todas as gerações de uma mesma

família.

Na antiguidade, a adoção não tinha como objetivo o bem estar da criança

que veria a ser adotada. O principal objetivo era atender os interesses do adotante.

Há informações sobre a adoção entre alguns povos antigos encontrados

no Código de Hamurabi, nas Leis de Manu, na Grécia e com maior destaque em

Roma. O Código de Hamurabi apresentava duzentos e oitenta e dois dispositivos,

nove deles referentes à adoção.

Segundo Eunice Ferreira Granato:1

Embora por esse Código nada se pudesse dizer sobre as finalidades da adoção, nele foi ressaltado o problema que até hoje é atual, o de saber se o filho adotado pode ser reclamado de volta pelo pai natural. Percebeu-se também, que eram os cuidados do adotante para com o adotado, criando-o e educando-o que tornavam indissolúvel a adoção.

Sobre o Código Hamurabi, a respeito da adoção, trará os seguintes

artigos:

185: “Se um awilum adotou uma criança desde seu nascimento e a criou, essa criança adotada não poderá ser reclamada.” 186: “Se um awilum adotou uma criança e, depois que a adotou, ela continuou a reclamar por seu pai ou sua mãe, essa criança adotada deverá voltar à casa de seu pai”.

1 GRANATO, Eunice Ferreira Rodrigues. Adoção: doutrina e prática. 1 ed. 4ª tiragem. Curitiba: Juruá, 2006, p. 275

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187. O filho de uma concubina a serviço do palácio ou de uma hierodula não pode ser pedido de volta. 188. Se um artesão estiver criando uma criança e ensinar a ela sua habilitação, a criança não poderá ser devolvida. 189. Se ele não tiver ensinado à criança sua arte, o filho adotado poderá retornar à casa de seu pai. 190. Se um homem não sustentar a criança que adotou como filho e criá-lo com outras crianças, então o filho adotivo pode retornar à casa de seu pai. 191. Se um homem, que tenha adotado e criado um filho, fundado um lar e tido filhos, desejar desistir de seu filho adotivo, este filho não deve simplesmente desistir de seus direitos. Seu pai adotivo deve dar-lhe parte da legítima, e só então o filho adotivo poderá partir, se quiser. Ele não deve dar, porém, campo, jardim ou casa a este filho. 192. Se o filho de uma amante ou prostituta disser ao seu pai ou mãe adotivos: "Você não é meu pai ou minha mãe", ele deverá Ter sua língua cortada. 193. Se o filho de uma amante ou prostituta desejar a casa de seu pai, e desertar a casa de seu pai e mãe adotivos, indo para casa de seu pai, então o filho deverá Ter seu olho arrancado. O termo awilum significa capaz.2

No país da Grécia, se alguém por acaso viesse a óbito e não existissesm

descendentes, não haveria pessoa capaz de continuar o culto familiar, assim sendo,

o pater famílias que não tinha herdeiro acatava a adoção com esse objetivo.

Na bíblia também existe notícias sobre adoções pelo povo hebreu. Porém

foi na cidade de Roma que a adoção mais se desenvolveu.

O instituto tinha o objetivo de perpetuar o culto doméstico e também tinha

a finalidade política, onde plebeus se transformaram em patrícios e vice - versa, com

a adoção.

Segundo Silvio de Salvo Venosa 3 :

Eram duas as modalidades de adoção no Direito Romano: a adaptio e a adragatio. A adaptio era a adoção de um sui iuris, uma pessoa capaz, por vezes um emancipado, que se afastava completamente da sua família natural e se integrava à família do adotante, assumindo o seu culto doméstico, e tornando-se seu herdeiro. Exigia inicialmente dupla solenidade: pela mancipatio, que extinguia o pátrio poder do pai natural por três oportunidades; e pela in iure cessio, ocorria uma cessão de direito em favor do adotante realizada perante o pretor.

Foi na época de Justiniano que a primeira fase foi suprimida sendo

realizada a adoção somente pela cessão de direito. Era possível também a adoção

por contrato perante uma autoridade e por testamento.

2Disponível em: http://www.cacp.org.br/historia/artigo.aspx?lng=PT- &article=1039&menu=13&submenu=2. Acesso: 25 de abril de 2009 3 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 6.v. p. 164

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A modalidade mais antiga pertencente ao Direito Público, denominada de

adrogatio, exigia forma solene que se modificaram e se simplificaram no decorrer da

história.

Ela envolvia a agregação de um paterfamilias, que se integrava com toda

a sua família e seu patrimônio na família do ad-rogante , submetendo-se ao poder e

sofrendo uma capitis diminutio e convertendo-se numa alieni júris.

Era instituído de direito público, exigindo forma solene. Ele englobava não

só o adotando, mas também toda a sua família, não sendo permitida ao estrangeiro.

Só podia ser formalizada após a aprovação pelos pontífices e em virtude de decisão

perante os comícios. Com a ad-rogação, a família do adotado era absorvida pela

nova família.

De acordo com Silvio de Salvo Venosa: 4

Em ambas as modalidades de adoção era exigida a idade mínima de 60 (sessenta ) anos e que não tivesse filhos naturais, devendo o adotante ter dezoito anos mais que o adotado. Com Justiniano surgiram duas modalidades de adoção: adaptio plena, que era realizada pelos parentes, e adaptio minus plena, realizada entre estranhos.

Nas duas modalidades citadas, o direito sucessório de família era

conservado. Já em relação a adoção minus plena, o adotando não saia da família

originária, mas era considerado filho adotivo do adotante, e não gerava a pátria

potestas. A adoção total só viria a ocorrer quando o adotante era um ascendente

que não tinha o pátrio poder sobre o adotado, e essa adoção gerava a pátria

potestas, que hoje é denominado de poder familiar.

Na Idade Média, a adoção caiu em desuso, quer por contrariar os

interesses dos senhores feudais , quer por influência do Direito Canônico. Os

ensinamentos do Cristianismo afastaram o medo que existia no homem de morrer

sem deixar descendentes masculinos que praticassem os ritos fúnebres.

Os germanos, povo guerreiro, também praticavam a adoção como meio de

perpetuar o chefe de família, para que seus feitos bélicos tivessem continuidade.

O adotando, necessariamente, deveria ter demonstrado suas qualidades

de combatente. A adoção conferia ao adotado o nome, as armas e o poder público

do adotante. Diferentemente da adoção romana, os germânicos não acarretavam

vínculos de parentesco que impedissem o casamento.

4 VENOSA, op.cit., nota 4.

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Na Idade Moderna, devido a legislação da Revolução Francesa, a adoção

retorna, tendo sido posteriormente incluída no Código de Napoleão de 1.804, se

expandindo para quase todas as legislações modernas.

De acordo com Eunice Ferreira Granato 5 :

Esse Código estabelecia quatro espécies de adoção: adoção ordinária, permitindo que pudessem adotar pessoas com mais de cinqüenta anos, sem filhos e com a diferença de mais de quinze anos do adotado; adoção remuneratória: prevista na hipótese do adotante ser salvo por alguém; adoção testamentária: permitida ao tutor após cinco anos de tutela e adoção oficiosa: espécie de adoção provisória, em favor dos menores.

Foi através do Decreto-Lei do dia 29 de julho de 1939, que a legitimação adotiva foi

introduzida na legislação francesa, dispondo que o adotando era desligado da

família natural e integrado na família adotiva, sendo órfão ou abandonado por seus

pais, desde que tivesse menos de cinco anos de idade.

Na lição de Silvio de Salvo Venosa 6:

“Com maior ou menor amplitude, a adoção é admitida por quase todas as legislações modernas, acentuando-se o sentimento humanitário e o bem-estar do menor como preocupações atuais dominantes”.

1.2 Natureza Jurídica e Conceitos

Existe divergência doutrinária sobre a natureza jurídica da adoção. Alguns

consideram a adoção como uma forma de contrato. Outros atos solenes ou então

filiação criada pela lei. Existem ainda os que consideram uma figura híbrida, um

misto de contrato e de instituição ou instituto da ordem pública.

De acordo com Valdeci Mendes de Oliveira, 7 :

a natureza jurídica da adoção é controvertida. Com a Constituição Federal de 1988 8, a adoção passou a constituir-se por ato complexo e a exigir sentença judicial. Essa exigência foi expressamente prevista no artigo 47 do Estatuto da Criança e do Adolescente, dispondo: “O vinculo de adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil

5 GRANATO, op.cit.., nota1. 6 VENOSA, op.cit., p.257, nota 4. 7 Oliveira, Valdeci Mende de. AGT: Adoção, Guarda e Tutela. São Paulo: Édipo, 2001, p. 25 8 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Répública Federativa do Brasil. In: Vade Mecum.

Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

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mediante mandado do qual não se fornecerá certidão, e no Código Civil de 2002 no artigo 1.623, parágrafo único. A adoção de maiores de 18 anos dependerá, igualmente, da assistência, efetiva do Poder Público e de sentença constitutiva.

Para a corrente institucionalista, a adoção é um instituto de ordem pública,

de profundo interesse do estado, que teve sua origem na própria realidade social;

não foi criada pela lei e sim, regulamentada pelo direito positivo, em função da

realidade existente.

De acordo com o doutrinador Silvio de Salvo Venosa 9,:

Na adoção do Estatuto da Criança e do Adolescente não se pode considerar apenas a existência da bilateralidade na manifestação de vontade, porque o Estado participa ativamente do ato, exigindo-se uma sentença judicial, como faz também o novo Código Civil. A adoção na atualidade é direcionada primordialmente aos menores de 18 anos, não estando mais circunscrita a mero ajuste de vontades, mas está subordinada a uma intervenção do Estado.

Há um marcante de interesse público na adoção Estatuária, afastando

assim, a noção contratual. A ação de adoção é ação de Estado, de caráter

constitutivo, que confere a posição de filho ao adotado.

1.2.1 Conceitos

No Brasil alguns doutrinadores e juristas trataram da conceituação da

adoção: “Adoção é o ato solene pelo qual se cria entre o adotante e o adotado

relação fictícia de paternidade e filiação”.10

Adoção vem a ser o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consangüíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para a sua família na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha.11

Na concepção de Silvio Rodrigues 12, adoção é:

9 VENOSA, op.cit., nota 4. 10 MIRANDA, 1951 apud GRANATO, Eunice Ferreira Rodrigues. Adoção: doutrina e prática, com abordagem do Novo Código Civil. Curitiba: Juruá, 2006, p.24. 11 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito de família. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 337, v. VI. 12 Ibidem idem

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O ato civil pelo qual alguém aceita um estranho na qualidade de filho. Asseverando, contudo, melhor seria dizer que a adoção é o ato do adotante pelo qual o traz, para a sua família e na condição de filho, pessoa que lhe é estranha.

Maria Helena Diniz 13 complementa citando:

A adoção é um ato jurídico solene pelo qual observados os requisitos legais, alguém estabelece, independemente de qualquer relação de parentesco consangüíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação trazendo para sua família na condição de filho, pessoa que lhe é, geralmente, estranha.

Esses conceitos são adequados à concepção de adoção do Código Civil

de 1916 e de leis posteriores que regularam esse instituto; o instituto da adoção do

Estatuto da Criança e do Adolescente tem maior abrangência, pois tem a finalidade

voltada para os interesses do adotando.

Em relação as características da adoção nos dias atuais, o principal

objetivo seria o de oferecer um ambiente saudável e favorável ao desenvolvimento

de uma criança ou de um adolescente que por algum motivo ficou privado da sua

família biológica. Portanto, o que se pretende com a adoção é atender às reais

necessidades da criança e do adolescente, dando-lhes uma família, onde eles se

sintam protegidos, acolhidos e amados.

No antigo Código do ano de 1916, o instituto da adoção era voltado para a

figura dos pais que não podiam ter filhos, e as normas foram postas primordialmente

em seu benefício.

Segundo Silvio de Salvo Venosa 14,:

O enfoque da legislação posterior e principalmente do Estatuto da Criança e do Adolescente é o inverso, pois o legislador estatutário protegeu o interesse do menor desamparado, colocando-o em família substituta, condicionando o deferimento da adoção à comprovação de reais vantagens para o adotando.

Deve-se destacar no atual conceito de adoção o princípio do melhor

interesse da criança e do adolescente, pois o Código Civil de 2002 faz menção ao

13 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. São Paulo: Saraiva. 2002, p. 45 14 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2007

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principio do melhor interesse de forma implícita, dispondo em seu artigo 1.625:15

“Somente será admitida a adoção que constituir efetivo benefício para o adotando,”

e o artigo 43 do Estatuto da Criança e do Adolescente 16dispõe: “A adoção será

deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em

motivos legítimos”.

A adoção consiste em oferecer uma família saudável ao desenvolvimento

da criança e do adolescente, atendendo as reais necessidades do menor. Sendo

assim, ao decretar uma adoção, o ponto central de exame do juiz será o adotando e

os benefícios que a adoção poderá lhe trazer.

1.3 Modalidades da Adoção no Brasil

A adoção é uma medida que possibilita a entrada de um estranho em

família substituta como se fosse filho natural, criando um vínculo jurídico de filiação,

permitido que uma pessoa passe a gozar de todos os direitos que um filho natural.

Carlos Roberto Gonçalves17 conceitua a adoção da seguinte forma:

“Adoção é o ato jurídico solene pelo qual alguém recebe em sua família e na

qualidade de filho, pessoa a ela estranha.

Por ser uma medida que possibilita a entrada de um estranho em família

substituta, esta será concedida por meio de algumas modalidades, a adoção requer

alguns cuidados especiais, pois são os destinos de crianças que estão em jogo.

Como já visto anteriormente, para que seja concedida a adoção, os

interessados deverão estar com todos os requisitos preenchidos, caso contrário não

poderão adotar.

A Constituição Federal de 1988 permitiu que a adoção fosse concedida

não só para os casais que estão casados no civil, mas também poderá ser

concedida para aqueles casais que vivem em união estável, desde que a intenção

desde casal seja formar uma entidade familiar.

15 BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código civil brasileiro. Brasília: Senado, 2002, p.287. 16 BRASIL. Lei nº. 8.069 de, 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente. Brasília:Senado, 2005, p. 8. 17 GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro: direito de família. São Paulo: Saraiva. 2006. 6.v., p. 65

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A adoção unilateral possui alguns aspectos especiais em relação à adoção

comum, esta disciplinada no artigo 1.626 em seu parágrafo único do Código Civil de

2002, “Se um dos cônjuges ou companheiro adota o filho do outro, mantém-se os

vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou companheiro do adotante e os

respectivos parentes”.

No artigo 41, § 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente onde tem a

seguinte redação, “Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro,

mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do

adotante e os respectivos parentes”. Com relação a esse mesmo artigo, dizemos

que ele se encontra derrogado, pois a relação do concubinato é uma relação ilícita

para o ordenamento jurídico vigente, sendo válida apenas a questão da união

estável.

Esse é único tipo de modalidade que permite ao companheiro vir adotar o

filho do outro, porém, os laços sanguíneos do pai ou da mãe continuam e não

perderá o poder familiar que já exercia sobre seu filho, ocorrendo então a junção da

vinculação civil com a consangüínea.

A modalidade bilateral ou conjunta está disciplinada no artigo 1.622 do

Código Civil de 2002 com a seguinte redação: “Ninguém pode ser adotado por duas

pessoas, salvo se forem marido e mulher, ou se viverem em união estável”. O

Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 42, § 4º disciplina da seguinte

forma: “Os divorciados e os judicialmente separados poderão adotar conjuntamente,

contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, e desde que o estágio

de convivência tenha sido iniciado na constância da sociedade conjugal”.

Essa modalidade limita-se apenas entre cônjuges ou companheiros,

possibilitando também a questão dos divorciados adotarem, desde que tenham

iniciado o processo de adoção com a constância da sociedade conjugal e também

decidam sobre a guarda da criança.

O Código Civil determina a adoção entre homem e mulher, isto significa

dizer que a adoção entre pessoas do mesmo sexo está fora do ordenamento

jurídico, só que a pessoa solteira pode adotar mesmo tendo opção sexual diferente,

desde que todos os requisitos sejam preenchidos e seja provado que essa pessoa

tenha condição moral de educar a criança ou o adolescente. Vale lembrar que essas

pessoas, quando vão adotar, têm preferência por crianças maiores e, geralmente,

um casal quando vai adotar tem preferência por recém-nascidos, já as crianças com

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mais de dois anos vão ficando nos abrigos e dificilmente aparece algum casal

querendo adotá-las.

Existe uma pequena parte da doutrina que defende a possibilidade da

adoção de nascituro, só que esse tipo de adoção não foi recepcionado no

ordenamento vigente. O que se tem como base é a questão do nascituro ter apenas

expectativa de direito, isto é, só poderá ser adotada a partir do seu nascimento com

vida. As legislações que mencionavam a possibilidade de adoção de nascituro era o

Código Civil de 1916 e o Código de Menores. O Código Civil de 2002 não

mencionou sobre a matéria ficando omisso sobre o tema, a maioria da doutrina

explica que não houve esquecimento por parte do legislador, o que aconteceu foi a

retirada intencional desde dispositivo.

A adoção post mortem é outro tipo de modalidade disciplinado pelo

Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 42, § 5º “A adoção poderá ser

deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer

no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença” e no Código Civil de 2002

em seu artigo 1.628 que “Os efeitos da adoção começam a partir do trânsito em

julgado da sentença, exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento,

caso em que terá força retroativa à data do óbito”.

Este tipo de modalidade é uma exceção com relação aos efeitos da

adoção, visto que, em uma situação normal, a adoção só passaria a ter efeito após o

trânsito em julgado da sentença, só que neste caso específico, os efeitos irão

retroagir a data do falecimento do adotante, só não irá retroagir se ficar provado que

antes do falecimento do adotante houve a desistência da medida, logo não será

constituída a adoção. Sobre o referido assunto, iremos aborda-lo mais

detalhadamente em capítulo posterior.

1.4 Evolução da Adoção no Brasil

As ordenações do reino continuaram a vigorar no Brasil após a

independência e, em matéria civil, até a entrada em vigor do Código Civil, em 1917.

Desta forma, a adoção entrou para o nosso direito, com as

características que apresentava no direito português, que resistia ao direito romano.

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A primeira lei referente à adoção foi a de 22.09.1828, que transferia da

Mesa do Desembargo do Paço para os juízes de primeira instância, a competência

para a expedição da carta de perfilhamento.

1.4.1 A adoção no Código Civil de 1916

O Código Civil Brasileiro de 1916 18 sistematizou o instituto da adoção,

disciplinando-a com base nos princípios romanos, como instituição a proporcionar a

continuidade da família dando aos casais estéries os filhos que a natureza não os

deu. Todavia , a adoção só era permitida aos maiores de 50 (cinqüenta) anos, que

não tivessem prole legítima ou legitimada, pressupondo-se que nessa idade, era

grande a possibilidade de não terem filhos.

As modificações em relação à finalidade e à aplicação do instituto

ocorreram com a entrada em vigor da Lei nº. 3.133 19 de 08 de maio de 1957,

trazendo marcantes alterações às regras do Código Civil então vigente,

demonstrando o legislador a intenção de incentivar a prática da adoção.

Segundo Silvio Rodrigues 20, a adoção com a entrada em vigor da lei de

1957 passou a ter uma finalidade assistencial, sendo um meio de melhorar a

condição do adotado.

A Lei nº. 3.133/57 21 permitiu a adoção por pessoas de 30 (trinta) anos de

idade que tivessem ou não prole natural, facilitando assim, as adoções. A lei apesar

de permitir a adoção por casais que já tivessem filhos legítimos, legitimados ou

reconhecidos não equiparava a estes, os adotivos, pois essa lei determinou na

redação dada ao artigo 377 do Código de 1916 22 que quando o adotante tivesse

filhos legítimos, legitimados ou reconhecidos, a relação de adoção não envolvia a

sucessão hereditária.

Esse preceito teve vigência até a Constituição Brasileira de 1988, pois o

artigo 227, parágrafo 6º, equiparou os filhos de qualquer natureza, para todos os

fins.

18 BRASIL. Lei nº. 3.071 de 1º de janeiro de 1916. Código civil brasileiro. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L3071.htm>. Acesso em 13.03.2009 19 BRASIL. Lei 3.133, de 8 de maio de 1957. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/pa

ginas/42/1957/3133.htm>. Acesso em: 13.03.2009 20 RODRIGUES, op.cit., nota 2. 21 BRASIL. op. cit., nota 24. 22 BRASIL. op. cit., nota 22.

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A Lei nº. 3.133/57 estabeleceu também que os casais só poderiam adotar

depois de cinco anos de casados, para evitar adoções precipitadas. Surgiu também

nessa lei a redução da diferença de idade entre adotante e adotando de dezoito

anos para dezesseis anos.

A adoção no Código Civil de 1916 não integrava o adotado totalmente na

nova família, ele permanecia ligado aos parentes consangüíneos, sendo apenas

transferido o poder familiar, que era transferido do natural para o adotivo. De acordo

com Carlos Roberto Gonçalves 23, essa situação pela qual os adotantes se viam de

terem que partilhar o filho adotivo com os pais biológicos, deu origem a prática ilegal

de casais registrarem filho alheio como próprio, que a jurisprudência denomina de

“adoção simulada” ou “adoção à brasileira”.

O artigo 370 do Código Civil de 1916 24 proibia de mais de uma pessoa

adotar a outra, a não ser no caso de marido e mulher, vedando a adoção conjunta

aos concubinos, mas a Constituição Federal de 1988 dispôs em seu artigo 226,

parágrafo 3º: “Para efeito da proteção do estado é reconhecida a união estável entre

homem e mulher como entidade familiar devendo a lei facilitar a sua conversão em

casamento”. Dessa forma passou a considerar os concubinos como marido e

mulher. A lei sobre concubinato, Lei nº. 9.278 25 de 10 de maio de 1996,

praticamente igualou os concubinos a marido e mulher e o Estatuto da Criança e do

Adolescente permitiu expressamente essa adoção.

O tutor ou curador podiam adotar o pupilo ou curatelado, mas era imposto

antes a prestação de contas da administração, com o pagamento de eventuais

débitos.

Era previsto no Código de 1916, a adoção do nascituro, conforme o seu

artigo 372. Esse artigo fazia menção ao incapaz e ao nascituro ao se referir sobre o

consentimento do representante legal.

Silvio de salvo Venosa 26 tem o seguinte entendimento:

Sem dúvida, a adoção do nascituro, se admitida, o que nos parece a melhor solução, deve ser feita, por analogia, de acordo com o estatuto da

23 GONÇALVES, op. cit., nota 7. 24 BRASIL. op. cit., nota 22. 25 BRASIL. Lei nº. 9.278 de 10 de maio de 1996. Regula o § 3º do artigo 226 da Constituição

Federal.Disponívelem:<http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/dh/volume%20i/f alei92_18.htm>. Acesso em: 15.03.2009 26 VENOSA, op.cit., p.259, nota 4.

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criança e do Adolescente, não podendo prevalecer interpretação literal, nesse caso.

Einice Ferreira Granato 27 se posiciona por apoiar aqueles que consideram

impossível a adoção do nascituro, embora entenda que toda proteção legal deva ser

prestada ao nascituro, não devendo ser necessariamente através da adoção.

Entendimento também semelhante tem Valter Kenji Ishida 28, entendendo

que a adoção estatuária é somente de criança ou de adolescente, excluindo o

nascituro.

Ainda pelas suas características de contrato, permitia a adoção no Código

Civil de 1916 sua resilição por mutuo acordo, segundo o artigo 374, inciso I do

código revogado, ou unilateralmente, nos casos em que é admitida a deserdação,

segundo o artigo 374, inciso II, ou por parte do adotado, após cessada a menoridade

ou interdição, de acordo com o artigo 373.

Na atualidade não existe mais essa revogabilidade da adoção, sendo ela

sempre irrevogável.

Uma novidade importante no instituto da adoção ocorreu com a criação da

legitimação adotiva pela Lei nº. 4.655 de 02.06.1965.

Segundo Eunice Ferreira Granato 29, a legitimação adotiva só poderia ser

deferida nos seguintes casos: o menor até sete anos de idade fosse abandonado; o

órfão não fosse reclamado por qualquer parente por mais de um ano, ou cujos pais

tivessem sido destituídos do poder familiar; o filho natural fosse reconhecido apenas

pela mãe e esta não tivesse possibilidade de criá-lo.

Havia também a possibilidade da legitimação adotiva em favor do menor

com mais de sete anos de idade, se já tivesse sob a guarda dos legitimados a época

que tivesse completado essa idade.

Ela determinava ainda a exigência de um período de três anos de guarda

do menor pelos requerentes para ser deferida.

A legitimação adotiva estabelecia um vínculo de parentesco de primeiro

grau em linha reta, entre adotante e adotado, desligando-o dos laços que os

prendiam à família de sangue mediante a inscrição da sentença concessiva da

27 GRANATO, op.cit., nota 1. 28 ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência. 8.ed. São

Paulo: Atlas, 2006. 29 GRANATO, op.cit., nota 1.

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legitimação por mandado, no Registro Civil, como se os adotantes tivessem tido um

filho natural e se tratasse de registro fora do prazo.

Com relação aos requisitos estabelecidos, manteve-se a idade de trinta

anos e o período de cinco anos de matrimônio. Havia a dispensa de observar o

decurso do prazo de cinco anos de casamento provada a esterilidade de um dos

cônjuges por perícia médica e a estabilidade conjugal.

Autorizava-se também a legitimação excepcionalmente, ao viúvo ou à

viúva, com mais de trinta e cinco anos de idade, se ficasse provado que o menor

estivesse integrado em seu lar onde vivesse por mais de cinco anos.

Estabelecia a irrevogabilidade da Legitimação adotiva, mesmo que aos

adotantes viessem a nascer filhos legítimos, entretanto, excluía o legitimado adotivo

da sucessão, se viesse a concorrer com filho legítimo superveniente à adoção.

A lei nº 6.697 de 10 de outubro de 1979 que dispôs sobre o Código de

Menores revogou a lei 4.655/65 da legitimação adotiva, substituindo-a pela adoção

plena, com quase idênticas características e também objetivando proporcionar a

integração da criança ou do adolescente na família adotiva. E também admitiu a

adoção simples, regulada pelo Código Civil.

A adoção de menores de dezoito anos de idade em situação irregular era

disciplinado pelo Código de Menores, havendo previsão neste diploma legal de duas

modalidades de adoção: a adoção simples e a adoção plena, com

diferenças entre as duas no que se refere a abrangência.

O artigo 2º da Lei nº. 6.697/79 tinha a seguinte redação:

Art. 2º Para efeitos deste código, considera-se em situação irregular o menor: I- privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de : a) falta, ação ou omissão dos pais ou responsável; b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las; II- vitima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável; III- em perigo moral, devido a: a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrario aos bons costumes; b) exploração em atividade contraria aos bons costumes; IV- privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais ou responsável; V- com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária; VI- autor de infração penal.30

30 BRASIL. op.cit., nota 44.

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Nos casos em que não envolvessem menores em situação irregular, a

adoção era regida pelo Código Civil de 1916, independentemente de autorização

judicial.

A adoção simples de menor em situação irregular estava prevista nos

artigos 27 e 28 do Código de Menores. Essa adoção dava origem a um parentesco

civil somente entre adotante e adotado, sem desvincular o último de sua família de

sangue. Também se aplicavam as disposições do Código Civil revogado relativas à

adoção e dependia, porém, de autorização judicial, precedida de estágio de

convivência com os adotantes, dispensável para o menor de até um ano de idade,

segundo o artigo 28 da Lei nº. 6.697/79. Essa adoção era realizada através de

alvará e escritura pública que serviria para a averbação no registro de nascimento

do menor.

Foi mantida a idade mínima de trinta anos para um dos cônjuges, e aos

casais exigidos o decurso de cinco anos de casados, podendo ser dispensado na

hipótese de esterilidade de um dos cônjuges, comprovada a estabilidade conjugal. A

adoção plena era irrevogável, ainda que os adotantes viessem a ter filhos naturais,

segundo o artigo 3749 da citada lei.

A Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988 igualou os

direitos de todos os filhos, ao tratar da Ordem Social, no título VIII, Capítulo VIII, Da

Família, Da criança, Do adolescente e Do idoso, estabelecendo no parágrafo 6º do

artigo 227 31 “ Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção

terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações

discriminatórias relativas á filiação.”

Assim, foi afastada a discriminação antes existente entre os filhos. Não só

o filho adotivo teve seus direitos igualados aos demais filhos, como a expressão filho

ilegítimo foi banida do nosso direito. Ao dispor o parágrafo 6º do artigo 227 da

Constituição Federal sobre a igualdade entre filhos naturais e os adotivos, tornaram-

se inaplicáveis as regras de adoção do Código Civil que estabeleciam a distinção

entre uns e outros.

31 BRASIL. op. cit., p. 69, nota 8.

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1.4.2 A adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente

A lei 8.069/9051 introduziu profundas mudanças no instituto da adoção,

tendo como seu objetivo a proteção integral da criança e do adolescente. Com a

entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente, a adoção teve nova

regulamentação, dispondo a regra de que a adoção seria sempre plena para os

menores de dezoito anos. A adoção simples ficaria restrita aos adotantes que já

houvessem completado essa idade. Passou-se a existir duas espécies de adoção: a

civil e a estatuária.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves 32, a adoção civil era a regulada pelo

Código civil de 1916, também chamada de restrita, pois não integrava o menor

totalmente na família do adotante, permanecendo o adotado ligado aos parentes

consangüíneos, transferindo apenas o poder familiar que passava para o adotante.

Essa modalidade era limitada para os maiores de dezoito anos.

De acordo com Silvio Rodrigues 33 essa modalidade mostrou-se de

raríssima ocorrência na prática, retirando-lhe o interesse de estudo mais profundo.

A adoção estatuária prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente

para os menores de dezoito anos era a adoção plena, promovendo a absoluta

integração do adotado na família do adotante, desligando-o completamente de seus

parentes naturais, subsistindo apenas os impedimentos matrimoniais previstos no

antigo Código de 1916 e no atual Código Civil no artigo 1.521 34 por questões morais

e genéticas, que dispõe:

Não podem casar: I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II – os afins em linha reta; III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V – o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.

32 GONÇALVES, op. cit., nota 7. 33 RODRIGUES, op. cit., nota 2. 34 BRASIL. op. cit., p. 271, nota 5.

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A influência da Constituição de 1988 é marcante, repetindo as palavras do

artigo 227, parágrafo 6º da Carta Magna no artigo 20 do Estatuto da Criança e do

Adolescente: 35 “os filhos havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção,

terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações

discriminatórias relativas à filiação”.

O Estatuto da Criança e do Adolescente consubstanciado na doutrina da

proteção integral à criança e ao adolescente considera-os sujeitos de direito,

contrariamente ao Código de Menores que os considerava como objetos de direito.

Assim, como sujeitos de direito, passou-se a utilizar a expressão “criança

e adolescente” e não mais a expressão “menor.”

Entre os diversos direitos dispostos na Lei nº. 8.069/90, dispõe que a

criança ou o adolescente tem o direito fundamental de ser criado no seio de uma

família, seja esta natural ou substituta.

A adoção é uma das modalidades de colocação do menor em família

substituta, de acordo com disposição do art. 28 do Estatuto da Criança e do

Adolescente 36: “ A colocação em família substituta far-se-á mediante, guarda, tutela

ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos

termos desta lei.” Ela é uma medida de caráter excepcional, irrevogável, que atribui

a condição de filho ao adotado, impondo-lhe todos os direitos e deveres inerentes a

filiação.

A alternativa da família substituta deve surgir para o menor somente

quando todas as possibilidades de manutenção na família natural estão esgotadas.

A Lei nº. 8.069/90 reza, nos artigos 39 a 52, sobre a adoção das pessoas

amparadas pelo diploma legal. Nessa lei, nos artigos 39 a 50, é determinado todo o

procedimento para a adoção de crianças brasileiras, seja por nacionais ou

estrangeiros domiciliados e residentes em território nacional, Já os artigos 51 e 52

cuidam da adoção internacional por estrangeiros cujo domicilio e residência seja fora

do país.

35 BRASIL. op. cit., p. 4, nota 6. 36 BRASIL. op. cit., p. 4, nota 6.

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CAPÍTULO II – O NOVO CÓDIGO CIVIL EM RELAÇÃO A ADOÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

2.1 A abrangência da lei 8.069/90

Antes de examinarmos as alterações efetivadas pelo novo Código Civil no

Estatuto há necessidade de se fazer algumas considerações.

O artigo 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente enuncia que: dispõe

sobre a proteção integral à criança e ao adolescente”. Assim, declara o citado artigo

quem são os sujeitos desse direito especial: a criança e o adolescente. E o objeto: a

proteção integral desses titulares. O artigo primeiro do Estatuto da Criança e do

Adolescente e o artigo 227 da Constituição Federal reúnem a doutrina da proteção

integral da criança e do adolescente. O artigo 227 da Constituição Federal

prescreve:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, a liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Verifica-se com clareza que a nova redação substituiu a expressão “todo

homem” pela expressão “toda pessoa”, considerando que a ordem jurídica admite

duas espécies de pessoas: as pessoas físicas e as pessoas jurídicas.

As pessoas naturais são os seres humanos. As pessoas jurídicas são

entidades que tem personalidade. Quanto a capacidade, derivado do latim capacitas

é aptidão, idoneidade, qualidade para certo fim, é a capacidade de fato que está

condicionada à capacidade de direito.

A abrangência da lei 8.069/90 é bem maior do que a do Código de

Menores revogado, pois o regime anterior limitava-se aos menores em situação

irregular e o atual se estende a toda criança e a todo adolescente em qualquer

situação jurídica.

O Estatuto da Criança e do Adolescente estar voltado para o bem-estar da

criança e do adolescente, buscando o seu desenvolvimento bio-psico-social,

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baseado na doutrina da proteção integral, buscando sempre o melhor interesse para

a criança e para o adolescente.

O artigo 2º do Estatuto ressalta: “Considera-se criança, para efeitos desta

lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre doze

e dezoito anos de idade”. Complementando o parágrafo único dispõe : “Nos casos

expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre

dezoito e vinte e um anos de idade”.

Dessa forma, o Estatuto da Criança e do Adolescente define criança: a

pessoa natural que tenha menos de doze anos de idade; adolescente: que tem entre

doze anos completos e dezoito anos incompletos.

Com relação à adoção, a intenção do legislador estatuário é promover a

integração da criança ou adolescente na família do adotante, em tudo igualando o

filho adotivo ao filho natural.

O artigo 39 do Estatuto da Criança e do Adolescente prescreve : “A

adoção da criança e do adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta lei”,

reafirmando assim, o disposto do artigo 1º, colocando sob sua égide a adoção de

toda criança e de todo adolescente independentemente da sua situação jurídica.

2.2 Requisitos Gerais para a Adoção

Quanto à idade do adotando, o Estatuto da Criança e do Adolescente é

responsável pela adoção de pessoas em desenvolvimento com idade de zero a

dezoito anos de idade incompletos, e excepcionalmente aos maiores de dezoito

anos que se encontravam na convivência dos adotantes antes dos dezoito anos e

cujo pedido de adoção tenha sido anterior a data em que o adolescente atingiu a

maioridade. O Código Civil é responsável pela adoção tanto de crianças e

adolescentes quanto à de maiores de dezoito anos; não existindo limite de idade

para o adotando.

Exige-se procedimento judicial para a concessão da adoção, seja de

crianças ou adolescestes, seja de maiores. Assim a adoção só se convalida por

meio de sentença constitutiva.

Segundo o artigo 1.61981 do Código Civil e o artigo 4282, parágrafo 3º do

Estatuto da Criança e do Adolescente podem ser adotadas todas as pessoas cuja

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diferença mínima de idade para com o adotante seja de dezesseis anos. Podem ser

adotadas tanto as pessoas capazes como as incapazes, seja a capacidade absoluta

ou relativa. O consentimento com relação aos incapazes será manifestado pelo

representante legal do incapaz.

O artigo 1.619 do Código Civil e 42, parágrafo 3º do ECA demarca o

espaço-tempo das duas gerações. Assim, a diferença de idade entre adotando e

adotante deve ser de dezesseis anos, pelo menos. Se a adoção for conjunta, cada

um dos cônjuges ou cada um dos companheiros terá de contar com mais de

dezesseis anos acima da idade do adotando.

Quanto à idade do adotante, o artigo 42 do Estatuto da Criança e do

Adolescente dispõe: “Podem adotar os maiores de vinte e um anos, independente

de estado civil”. Com a entrada em vigor do Novo Código Civil, estabelecendo que a

maioridade se dá aos dezoito anos, houve a revogação do artigo 42 caput do

Estatuto da Criança e do Adolescente.

O artigo 1.618 do Código Civil preceitua: “Só a pessoa maior de dezoito

anos pode adotar”.

Os artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente incompatíveis com o

Código Civil em vigor estão revogados, inclusive o artigo 42 que exigia a idade de

vinte e um anos de idade para adotar. Assim, podem adotar todas as pessoas

maiores de dezoito anos de idade.

Na lição de Giovane Serra Azul Guimarães 37, os requisitos relativos à

idade dos adotantes e adotandos e a diferença de idade entre eles tem por

finalidade imitar a natureza, criando uma filiação ficta, porem formal.

A adoção é ato pessoal do adotante, uma vez que a lei a veda por

procuração, segundo o parágrafo único do artigo 39 do Estatuto da Criança e do

Adolescente.

José de Farias Tavares 38, ressalta que:

A adoção é ato personalíssimo, indelegável. Inadmitindo interposta pessoa para dizer dos sentimentos do adotante, o advogado funciona apenas nos momentos em que se fizer necessário a capacidade postulatória para defender nos autos interesses e direitos processuais do adotante.

37 GUIMARÃES. Giovane Serra Azul. Adoção, Guarda e Tutela: conforme o estatuto da criança e do adolescente e o novo código civil. 3 ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2005, P. 105 38 TAVARES. op. cit., nota 18.

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O adotante deve estar em condições morais e materiais de desempenhar

a função de pai ou de mãe de uma criança cujo destino e felicidade lhe são

entregues. Dessa forma, o Estatuto da Criança e do Adolescente no seu artigo 29,

não permite que seja deferida a colocação em família substituta a pessoa que revele

por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça

ambiente familiar adequado.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves 39, a adoção exige capacidade, e

dessa forma, não podem adotar os maiores de dezoito anos que sejam absoluta ou

relativamente incapazes, como por exemplo, os que não tenham discernimento, os

ébrios habituais e os excepcionais sem desenvolvimento mental completo, pois a

natureza da adoção pressupõe a introdução da criança e do adolescente em

ambiente familiar saudável, capaz de proporcionar um bom desenvolvimento

biopsico- social.

O artigo 43 do Estatuto da Criança e do Adolescente prescreve: “A adoção

será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em

motivos legítimos”. E o artigo 1.625 do Código Civil91 também tem o mesmo

entendimento dispondo: “Somente será admitida a adoção que constituir efetivo

benefício para o adotando”. Tal exigência apóia-se no princípio do melhor interesse

da criança.

A Lei nº. 8.069/90, estabelece no seu artigo 44 que o tutor ou curador

deve prestar contas da sua administração e se necessário saldar qualquer

compromisso pendente, para que possa pleitear a adoção do pupilo ou curatelado.

Essa determinação também é repetida pelo artigo 1.620 do Código Civil.

De acordo com Eunice Ferreira Granato 40, adotando seu pupilo, cercando-

o de afeto, poderia a adoção encobrir manobra para que o tutor deixasse de prestar

contas de sua tutela, ocultando possíveis apropriações indevidas. Então, esse é o

motivo da lei exigir que as contas sejam prestadas, prévia e judicialmente, para que

depois se proceder com a adoção.

A Lei nº. 8.069/90 proíbe o ascendente de adotar seu descendente e

quem que seja de adotar um irmão, segundo o seu artigo 4294, parágrafo 1º. A

adoção poderá ser deferida a casal, cônjuges ou companheiros, conforme previsto

nos artigos 42, § 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente95 e 1.618, parágrafo

39 GONÇALVES. op. cit., nota 7. 40 GRANATO. op. cit., nota 1.

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único do Código Civil, desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade,

devendo ambos ser pelo menos dezesseis anos mais velhos que o adotando,

segundo o artigo 42, § 3º97 da lei estatuária e 1.61998 do Código Civil ,e ter também

estabilidade familiar comprovada.

O artigo 42, parágrafo 2º do Estatuto e o artigo 1.628, parágrafo único do

Código Civil, faculta também a adoção à entidade familiar constitucionalmente

amparada. Segundo o artigo 226, parágrafo 3º da Constituição Federal: “Para efeito

da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher

como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.

Assim sendo, basta comprovar a estabilidade da união estável. O

parágrafo único do artigo 1.618, substitui a palavra “concubinos” constante do

parágrafo 1º do artigo 41 da Lei nº. 8.069/90 por “companheiros”, correspondente

aos que vivem em união estável.

Para que o cônjuge ou companheiro menor de dezoito anos também

possa adotar conjuntamente com o outro, é necessário que fique comprovada a

estabilidade familiar, ou seja, que o casal tenha um lar, onde tenha harmonia,

segurança material, possibilitando que a idade reduzida de um deles não represente

risco às responsabilidades decorrentes da paternidade ou maternidade. Esses

elementos serão avaliados através de estudos sociais e psicológicos feito pela

equipe de técnicos que assessoram o juízo, e a qual este não se vincula.

2.2.1 Consentimento do adotando e consentimento dos pais ou do

representante legal

O consentimento dos pais ou do representante legal do adotando é

necessário como prescreve o caput do artigo 45 do Estatuto da Criança e do

Adolescente e no mesmo sentido dispõe o artigo 1.621 do Código Civil.

Artigo 45 da Lei nº. 8.069/90: “A adoção depende do consentimento dos

pais ou do representante legal do adotando”.

Artigo 1.621 do Código Civil: “A adoção depende de consentimento dos

pais ou dos representantes legais de quem se deseja adotar, e da concordância

deste, se contar mais de doze anos”.

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Dessa forma, em regra, ninguém pode adotar uma criança ou adolescente

sem o consentimento de seus pais ou representantes, e suas declarações devem

ser tomadas a termo.

A adoção pode ser deferida ainda que na ausência da manifestação dos

pais, quando desconhecidos e mesmo contra a sua vontade, quando destituídos do

poder familiar, segundo o artigo 45, parágrafo 1º do Estatuto da Criança e do

Adolescente103 e também foi disposto no artigo 1.621, parágrafo 1º do Código Civil.

O artigo 24 do Estatuto da Criança e do Adolescente105 prescreve:

A perda e a suspensão do pátrio poder serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que se alude o art. 22.

Somente em procedimento contraditório pode ser judicialmente decretada

a perda ou suspensão do poder familiar, estando de acordo com a determinação

constitucional de se dar oportunidade de defesa em qualquer procedimento.

O processo para perda ou suspensão do poder familiar está previsto nos

artigos 155 a 163 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

O artigo 22 do Estatuto estabelece os deveres e obrigações dos pais: o

dever de sustento, o dever de guarda, o dever de dar educação, o dever de cumprir

e fazer cumprir as determinações judiciais referentes ao exercício do poder familiar.

Os pais podem ter suspenso o poder familiar se, abusando de sua

autoridade, faltarem os deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos,

de acordo com o artigo 1.637108 do Código Civil. Essa suspensão também ocorre

quando há condenação por crime de um deles, a pena superior de dois anos.

Segundo o artigo 1.638 do Código Civil a perda do poder familiar se dará

ao pai ou a mãe que: castigar imoderadamente o filho, deixar o filho em abandono,

praticar atos contrários à moral e aos bons costumes, incidir reiteramente nas faltas

previstas no artigo 1.637.

A falta de recursos e a pobreza não é causa para a perda do poder

familiar, como ocorria no Código de Menores, revogado. O poder público deve aos

pais o auxilio oficial para que possam dar um mínimo para a manutenção dos seus

filhos. O artigo 23 do Estatuto da Criança e do Adolescente tem a seguinte redação:

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Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou suspensão do pátrio poder. Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxilio.

De acordo com Eunice Ferreira Granato 41, o consentimento que se exige

dos pais ou representante legal do adotando não é essencial para a adoção, pois se

os pais não concordam com a adoção, mas ao mesmo tempo não cumprem com o

seu dever de sustento, guarda e educações dos filhos, poderão perder o poder

familiar em procedimento contraditório e assim se dispensará o seu consentimento.

Havendo o consentimento de um dos pais e a negativa do outro e não

estando presentes as condições para a destituição do poder familiar, a divergência

deverá ser decidida previamente e judicialmente.

O artigo 1.624 do Código Civil também dispõe:

Não há necessidade do consentimento do representante legal do menor, se provado que se trata de infante exposto, ou de menor cujos pais sejam desconhecidos, estejam desaparecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar, sem nomeação de tutor; ou de órfão não reclamado por qualquer parente, por mais de um ano.

É importante que em relação ao desaparecimento dos genitores, tenha-se

muito cuidado na dispensa do consentimento destes. O magistrado tem que analisar

o caso concreto. O cuidado é necessário, pois, sempre que houver possibilidade de

serem localizados os pais, estes devem dar seu consentimento.

Uma inovação trazida pelo Código Civil de 2002 consiste em que o

consentimento dos pais ou representante legal do adotando pode ser revogado até a

publicação da sentença constitutiva da adoção, segundo o artigo 1.621, parágrafo 2º

do Código Civil.

Silvio Rodrigues 42 ressalta:

Não agiu bem o legislador. Permitir a retratação do consentimento, até a publicação da sentença, se for ela manifestada no final dom processo, certamente trará numerosos transtornos processuais, além de ensejar significativo desgaste emocional ao menor se já adaptado, no estagio de

41 GRANATO. op. cit., nota 1. 42 RODRIGUES. op. cit., p. 346. nota 2.

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convivência e guarda provisória, à nova família, podendo representar traumática frustração das expectativas do menor e dos próprios adotantes.

Nos temos do artigo 45, parágrafo 2º da lei 8.069/90, e do artigo 1.621 do

Código Civil, é necessário o consentimento do adotando maior de doze anos, para

que a adoção se concretize.

Como o adotando é considerado sujeito de direitos pelo Estatuto da Criança

e do Adolescente também se faz necessário o seu consentimento.

Se o adolescente não concordar a adoção não poderá ser deferida, ainda

que tenha havido o consentimento dos pais. No caso de adoção de crianças, elas

devem, sempre que possível, serem ouvidas sobre o pedido para que melhor se

analise o caso, embora sua discordância não impossibilite a adoção, como ocorre da

adoção de adolescente.

2.2.2 Estagio de convivência

O Estatuto da Criança e do Adolescente determina no artigo 46 a realização

de estágio de convivência do adotante com o adotado.

Artigo 46 do Estatuto da Criança e do Adolescente: “A adoção será

precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a

autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso”.

Esse estágio é um período experimental em que o adotando convive com os

adotantes, com a finalidade de avaliação da criança e do adolescente à família

substituta, bem como a compatibilidade desta com a adoção.

Nesse estágio, o juiz e seus auxiliares terão condições de avaliar a

conveniência da adoção.

Não há prazo na lei, e cabe ao juiz fixá-lo em cada caso concreto. O período

dessa observação deve durar enquanto conveniente à sua finalidade.

O parágrafo primeiro do artigo 46 do Estatuto da Criança e do Adolescente

prescreve: “O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando não tiver

mais de um ano de idade ou se, qualquer que seja a sua idade, já estiver na

companhia do adotante durante tempo suficiente para se poder avaliar a convivência

da constância do vínculo”.

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Segundo Silvio de Salvo Venosa 43, a criança em tenra idade adapta-se com

facilidade à nova família, por isso que pode ser dispensado o estágio de

convivência.

O parágrafo 2º do artigo 46 do Estatuto da Criança e do Adolescente reza:

Em caso de adoção por estrangeiro residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de no mínimo quinze dias para crianças de até dois anos de idade, e de no mínimo trinta dias quando se tratar de adotando acima de dois anos de idade.

É faculdade conferida pela lei ao juiz dispensar nos casos descritos no § 1º

do artigo 46 da lei estatuária o estágio de convivência. Mas não há possibilidade de

dispensa do estágio de convivência quando se trata de adoção internacional,

podendo o prazo ser ampliado pelo juiz, conforme as peculiaridades de cada caso

concreto.

2.3 Adoção por Divorciados ou Judicialmente Separados

O Estatuto da Criança e do Adolescente no parágrafo 4º do artigo 42

estabelece:

Os divorciados e os judicialmente separados poderão adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância da sociedade conjugal.

O artigo 1.622, parágrafo único do Código Civil repete com todas as letras o

parágrafo 4º do artigo 42 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

É possível que o casal que obtém o divórcio ou a separação adote

conjuntamente, desde que seja acordado sobre a guarda e as visitas, tal como

ocorre com os filhos naturais.

De acordo com Válter Kenji Ishida 44 o legislador visou suprir lacuna legal

nos casos em que o casal requeria a adoção e, no curso do procedimento,

43 VENOSA. op. cit., nota 4. 44 ISHIDA. op. cit., nota 39.

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acabavam com o vinculo conjugal. Assim sendo, a lei permite a adoção desde que

tenha havido o início do estagio de convivência.

Essa situação permitida na lei busca estabilizar o menor que já estivesse

convivendo com o casal antes da dissolução do matrimonio.

2.4 Adoção Póstuma

Foi introduzida no nosso ordenamento jurídico no parágrafo 5º do artigo 42

do Estatuto da Criança e do Adolescente e também foi contemplada pelo enunciado

do artigo 1.628 do Código Civil de 2002.

Dispõe o artigo 42, parágrafo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente:

“A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de

vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença”.

Segundo José de Farias Tavares 45, o parágrafo 5º do artigo 42, talvez seja

o ponto em que mais o Estatuto da Criança e do Adolescente facilita a adoção, como

medida por excelência de proteção integral à criança e ao adolescente.

Para ser deferida essa adoção se faz necessário a presença de dois

pressupostos: que tenha havido inequívoca manifestação de vontade do adotante, já

no curso do processo de adoção, e que o falecimento tenha ocorrido no curso do

procedimento da adoção requerida.

Silvio Rodrigues 46 enfatiza:

A idéia subjacente ao preceito é de que a adoção só não se aperfeiçoou em razão da morte do adotante. Por isso é que a lei fala “no curso do procedimento”. Se o pedido foi formulado, mas a instância por qualquer motivo se extinguiu e, após sua extinção, houve o óbito do requerente, não se defere a adoção, porque a morte subseqüente ao pedido não se deu no curso do procedimento.

Os efeitos da adoção nesse caso retroagem à data do óbito, coincidindo

com a abertura da sucessão, de acordo com o artigo 47, parágrafo 6º da Lei nº.

8.069/90: “A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença

exceto na hipótese prevista no artigo 42, parágrafo 5º, caso em que terá força

retroativa à data do óbito.” Dessa forma, a sentença de adoção, em regra, produz

45 TAVARES. op. cit., nota 18. 46 RODRIGUES. op. cit., p. 343. nota 2.

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efeitos ex nunc, exceto na hipótese de adoção póstuma, em que seus efeitos são ex

tunc.

2.5 Cadastro de Pretendentes e de Crianças e Adolescentes aptos à Adoção

Conforme estabelecido no artigo 50 do Estatuto da Criança e do

Adolescente será mantido em cada comarca ou foro regional um registro de crianças

e adolescentes em condições de serem adotadas, e outro de pessoas interessadas

na adoção. Isto se deve para facilitar o acesso às famílias substitutas.

O § 1º do artigo 50 da lei estatuária estabelece: “O deferimento da inscrição

dar-se-á após previa consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério

Público.”.

A inscrição a que se refere o citado parágrafo deve ser dos candidatos a

adotantes, a serem aceitos ou não, segundo consultas dos órgãos técnicos como:

psicólogos, assistentes sociais, educadores, e do parecer do Promotor da Infância e

da Juventude.

E não será deferida a adoção se o interessado não satisfizer os requisitos

legais ou se presente qualquer das hipóteses do artigo 29139 do Estatuto, ou seja,

se o interessado revelar por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da

medida ou não oferecer ambiente familiar adequado.

Apesar de existirem controvérsias e ser aconselhável o respeito à ordem

cronológica de inscrição do cadastro, conforme afirma Giovane Serra Azul

Guimarães 47, o que deve prevalecer é o interesse da criança e do adolescente,

sendo possível a não observância da ordem cronológica, se isto significar prejuízo

ao adotando, pois a adoção deverá ser deferida quando apresentar reais vantagens

para o adotando.

2.6 Procedimento da Adoção

O Código Civil de 2002 não trata corretamente do procedimento da adoção,

limitando-se em afirmar que a adoção obedecerá a processo judicial, no seu artigo

47 GUIMARÃES. op. cit., nota 62.

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1.623. O Estatuto da Criança e do Adolescente também não o faz com clareza que

dele seria exigível.

O procedimento da adoção, no Estatuto da Criança e do Adolescente não

mereceu a atenção devida, não apresentando procedimento especifico para a

adoção.

O processo de adoção é regido pelo Capítulo III do Título VI do Livro II, da

Lei nº. 8.069/90, que trata Dos Procedimentos e na sua seção IV fala sobre a

Colocação em Família Substituta, tratando, englobadamente da guarda, da tutela e

da adoção.

Eunice Ferreira Rodrigues Granato 48 ressalta: “Ora, a adoção é muito mais

que simples colocação em família substituta e deixá-la em pé de igualdade

procedimental com uma simples guarda é, no mínimo, censurável”.

O procedimento será de jurisdição voluntária quando houver consentimento

dos pais naturais ou estes já tiverem sido destituídos do poder familiar. Será

contencioso quando os pais estiverem no exercício do poder familiar e não

consentirem expressamente na adoção.

Na adoção é necessária a prévia destituição do poder familiar, pois a

adoção confere ao seu detentor o exercício do mesmo.

A competência como visto, para processar e julgar os casos de adoção de

pessoas de zero a dezoito anos incompletos e excepcionalmente aos maiores de

dezoito anos que se encontravam na convivência dos adotantes antes dos dezoito

anos e cujo pedido de adoção tenha sido anterior a data em que o adolescente

atingiu a maioridade, é do Juiz da Infância e da Juventude ou juiz que exerça essa

função.

O processo corre em segredo de justiça, e é isento de custas e

emolumentos.

E a competência será determinada pelo domicílio dos pais ou responsável,

ou pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou

responsável, segundo o artigo 147, incisos I e II, do Estatuto da criança e do

Adolescente. O inicio do processo será através de petição inicial, formulada por

advogado, no entanto, dispõe o artigo 166 do Estatuto:

Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou suspensos do pátrio poder, ou houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em

48 GRANATO. op. cit., p. 96. nota 1.

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família substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes.

Nessa hipótese não haverá necessidade de presença de advogado e o

impulso processual se dará pelo próprio juiz, com a anuência do Ministério Público

até a decisão final.

No parágrafo único do artigo acima citado, dispõe que há a exigência de

oitiva dos pais pela autoridade judiciária e pelo representante do Ministério Publico,

e de se tomar por termo as declarações, na hipótese de concordância dos pais com

o pedido.

O pedido de adoção no Juizado da Infância e da Juventude tem como

requerentes as pessoas interessadas na adoção; os menores embora interessados

no procedimento, não são partes do processo.

O juiz, ouvido o promotor da Infância e da Juventude poderá liminarmente

determinar a entrega da criança ou adolescente aos requerentes através da guarda

provisória, enquanto se processa a adoção. Essa guarda provisória é de

fundamental importância e indispensável no processo de adoção, pois legitima a

posse do adotando com seus futuros pais.

O estagio de convivência, como foi explanado, poderá também ser fixado

de acordo com o artigo 46 e seus dois parágrafos do Estatuto da Criança e do

Adolescente, podendo ser dispensado se o adotando tiver menos de um ano de

idade, ou se qualquer que seja a sua idade já esteja na companhia do adotante

durante um tempo suficiente para poder se avaliar a convivência da constituição do

vínculo.

Esse estágio de convivência é muito importante, pois é um período

experimental em que a criança ou adolescente convive com os requerentes da ação

de adoção, podendo avaliar os benefícios que esta poderá proporcionar ao

adotando, sua adaptação à família substituta e a compatibilidade dos adotantes com

a adoção.

O juiz designará audiência de instrução e julgamento, com a presença do

representante do Ministério Público, onde serão ouvidos os adotantes, testemunhas

e deverão também ser ouvidos os genitores do adotando, que deverão consentir na

adoção. Essa concordância acarreta a destituição do poder familiar dos mesmos. A

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presença dos genitores do adotando ou do representante legal será dispensada se

forem desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar.

Se o adotando for maior de doze anos também deverá ser colhido o seu

consentimento, de acordo com o § 2º do artigo 45 da Lei nº. 8.069/90.

O juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público,

determinará a realização de estudo psicossocial para a avaliação da relação adotiva,

através da equipe interprofissional de psicólogos e assistentes sociais. É na

realização desse estudo que se analisarão as condições de estabilidade familiar dos

adotantes e a adaptação do adotando durante o estagio de convivência. A equipe

interprofissional do Juizado da Infância e da Juventude elaborará o relatório social

que deverá ser apreciado para a concessão ou não da adoção requerida.

Apresentado esse relatório social, dar-se-á vista dos autos ao

representante do Ministério Público, que terá o prazo de cinco dias para formular o

seu parecer.

Nos procedimentos de adoção é necessária a manifestação do Ministério

Público, por força do artigo 204 do Estatuto da Criança e do Adolescente, sob pena

de nulidade do feito.

O artigo 204 da lei estatuária tem a seguinte redação: “A falta de

intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de

oficio pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.”.

O juiz em seguida, deverá prolatar a sentença também no prazo de cinco

dias. O vínculo de adoção se constitui somente através da sentença judicial, não

existindo mais a possibilidade de adoção por escritura publica.

O artigo 47 do Estatuto da Criança e do Adolescente prescreve: “O vinculo

da adoção constitui-se por sentença judicial que será inscrita no registro civil

mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.”.

A sentença de adoção é de natureza constitutiva, produz o efeito de criar

uma relação jurídica ao estabelecer o vinculo de filiação entre o adotante e o

adotando.

A sentença judicial deverá ser inscrita no Cartório Local do Registro Civil

das Pessoas Naturais. O Estatuto veda o fornecimento de certidão dessa sentença,

com a finalidade de preservar o segredo e manter a similitude com os demais

nascimentos.

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Só será fornecida informação ou certidão a critério do juiz para

salvaguarda de direitos (art. 47151, § 4º), ou seja, como prova explicativa de direito

questionado a seu próprio respeito, ou no caso de impedimento matrimonial.

A sentença de adoção, como disposto nos parágrafos do artigo 47 do

Estatuto da Criança e do Adolescente determina o cancelamento do assento de

nascimento original do adotado e a inscrição do novo assento de nascimento com o

nome dos adotantes como pais, sendo vedada qualquer observação acerca da

origem do ato, em conformidade com o artigo 20 do Estatuto , que dispõe: “Os filhos,

havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos

e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à

filiação”. A sentença também conferirá ao adotado os nomes de família dos

adotantes e a pedido destes, poderá determinar a alteração do prenome, como

exceção à regra da Lei dos Registros Públicos, Lei nº. 6.015/73 que estabelece que

o prenome é imutável, de acordo com o artigo 58, caput.

Os efeitos dessa sentença se operam a partir do trânsito em julgado da

decisão judicial, exceto na hipótese de Adoção Póstuma, quando os efeitos da

sentença de adoção terão força retroativa à data do óbito.

O artigo 48 do Estatuto da Criança e do Adolescente reza: “A adoção é

irrevogável”. A família substituta é definitiva e irreversível, para todos os efeitos e

para sempre. Dessa forma nenhum ato de vontade das partes terá força para

extinguir o vinculo entre o adotante e o adotado depois de se concretizar como ato

jurídico perfeito e acabado.

Em razão dessa irrevogabilidade, a morte dos adotantes não restabelece

o poder familiar dos pais consangüíneos, de acordo com o artigo 49 da lei 8.069/90.

Esse artigo comprova o caráter definitivo da adoção. É uma viagem sem

volta, onde os pais consangüíneos não vão mais poder reassumir o lugar que

perderam. A adoção pressupõe a destituição do poder familiar dos pais naturais e

também a anulação do registro original de nascimento do adotado.

Prolatada a sentença de adoção, caberá recurso no prazo de dez dias

para a instância superior, independentemente de preparo, conforme o artigo 198,

inciso I e II do Estatuto da Criança e do Adolescente.

E o Estatuto prevê no artigo 198, inciso VII, a possibilidade do juiz

reformar a sua própria decisão, é o que se chama de juízo de retratação, que visa

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agilizar a decisão definitiva relativa à situação do adotando, evitando assim, a

remessa dos autos ao Tribunal.

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CAPÍTULO III - ADOÇÃO POR ASCENDENTES

3.1 Adoção Pelos Avós

Antes da publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, lei 8.069/90

a jurisprudência concedia sem dificuldades a adoção de netos pelos avós conforme

os julgados:

Ap. Cív. nº. 87.096, em 31.05.1973, pelo então Tribunal de Justiça de Guanabara: “ ADOÇÃO – Avô que adota neto - Admissibilidade – Sentença confirmada. Embora incomum, nada impede a adoção de neta pelo avô”170. Ap. Civ. nº. 234.102, do TJSP, de 06.09.1975: “ ADOÇÃO – Neto – Admissibilidade – Apelação provida. É perfeitamente possível a adoção de neto pelos avós”49

Embora a adoção aos avós fosse concedida sem dificuldades, o Estatuto

da Criança e do Adolescente, lei 8.069/90 vedou a adoção dos netos pelos avós,

conforme o seu artigo 42, parágrafo primeiro, que tem a seguinte redação: “Não

podem adotar os ascendentes e irmãos do adotando.”.

O Código Civil de 2002 nada se referiu sobre essa proibição prevista na lei

8.069/90.

Encontra-se na doutrina divergências de opiniões na tentativa de justificar

os motivos que levaram o legislador a vedar a adoção pelos ascendentes. A doutrina

majoritária dispõe que foi por motivos de ordem patrimonial, sucessórios, ou seja,

para evitar confusão patrimonial em eventual sucessão do avô, pois o neto adotado

pelo avô assume a posição de filho para todos os efeitos, inclusive sucessórios,

conforme o artigo 227, § 6º da Constituição Federal que tem a seguinte disposição:

“Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os

mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias

relativas à filiação.”

Assim, o neto adotado, assume a posição de filho, concorrendo na

sucessão de forma igualitária com os filhos dos adotantes, ou seja, tios da criança

adotada.

Silvio Rodrigues 50 ressalta:

49 HIRSCHFELD, Adriana Kruchin Hirsfeld. A adoção pelos avós. In: LEITE (coord), op. cit., p. 13, nota 168. 50 RODRIGUES. op. cit., p.343, nota 2.

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A proibição de adotar um neto talvez se justifique na idéia de que o ato poderá afetar a legitima de herdeiro necessário mais próximo, tal como o filho (...) não se vê outra razão para a proibição de adotar um descendente.

Ainda na linha da justificação da proibição da adoção pelos avós baseado

no aspecto patrimonial há os doutrinadores que alegam que a norma proibitiva foi no

sentido de vedar atos ilegítimos de fraude à lei, como na hipótese de pessoas que

adotam netos com o único propósito de fazê-los seus dependentes para fins

previdenciários, de assistência médico-hospitalar e até para percepção de pensão

que na hipótese de militar nunca mais cessará.

Ishida 51 alega que o motivo da vedação dos avós adotarem os netos foi

que a intenção do instituto da adoção é o rompimento definitivo dos vínculos naturais

de filiação e parentesco e a constituição de novos vínculos. Mas, ainda há uma

possibilidade legal para a criança ou adolescente permanecer na família de origem

através da adoção, pois restou a viabilidade dos tios, irmãos dos genitores da

criança ou adolescente ajuizarem pedido de adoção do sobrinho, pois não estão

enquadrados na condição de ascendente e nem de irmão do adotando. Dessa

forma, esse motivo não foi o bastante para se justificar essa vedação do art. 42, § 1º

do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Apelação Cível. Ação de Adoção. Adoção de sobrinho pelo tio. Possibilidade Jurídica. Pais Biológicos Desaparecidos. Desnecessidade de consentimento dos Representantes Legais do menor. Idoneidade Financeira e Social por Adotantes. I- É juridicamente possível a adoção do sobrinho pelo tio, haja vista não ser este considerado ascendente daquele, detendo apenas parentesco colateral. II- Nos termos do art. 1.624 do Código Civil em vigor, não há necessidade de consentimento do representante legal do adotando quando seus pais estão desaparecidos. III- Atestada a idoneidade financeira e social dos adotantes, tanto por meio do relatório expedido pelo Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente, quanto pela oitiva de testemunhas, é de se lhes conceder a adoção vindicata. Recurso conhecido provido. (Ap. Cív. nº. 87.053-2/188 – 200500572253, Órgão Julgador: 3ª Câmara Cível. Fonte: DJGO 03.04.02006. Rel. Dês. Rogério Arédio Ferreira. Apelante: Segredo de Justiça. Apelado: Segredo de Justiça.)52

O legislador se preocupou apenas com o aspecto puramente patrimonial,

desconsiderando o lado afetivo que cerca o problema, não se preocupando com o

51 ISHIDA, op. cit., nota 39. 52 Adoção de Sobrinho – Art. 42/ECA § 1º - Tio não é considerado ascendente – Desnecessidade de consentimento do representante legal – pais biológicos desaparecidos - Art. 1.624/CC – Deve prevalecer o interesse da criança. Disponível em: <http://www.bonijuris.com.br/pages/mosint.php ?reg=8&id_rv=511&atua=>. Acesso em 07 de maio de 2009

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lado social nem com as vantagens que um ato de tal magnitude e amor poderá

representar para uma criança ou adolescente que está na fase de formação, onde

ter um pai e uma mãe e poder chamá-los de pai e mãe significa muito para o seu

desenvolvimento bio-psico-social.

A adoção está muito acima da questão patrimonial, é um ato de grandeza

de quem adota, e como visto, o instituto da adoção, na atualidade está voltado para

a figura do adotando, em oferecê-lo um ambiente familiar saudável ao seu

desenvolvimento e atendendo as reais necessidades da criança, proporcionando um

lar onde possa ser amada, educada.

Eduardo de Oliveira Leite 53 ressalta:

A adoção, como sabemos, é um ato de amor, mas o amor é uma noção ainda não resgatada pelo mundo jurídico e, muito menos, pelo sistema codificado. Fala-se em respeito, obediência, submissão e hierarquia (apesar de todo esforço canalizado pela nova Constituição Federal no sentido de inserir o principio da igualdade no ambiente familiar), mas as noções de solidariedade e amor encontram dificuldades em serem recepcionadas pelo texto codificado.

Na prática, existem muitos casos de avós que têm em sua companhia

seus próprios netos, sendo cuidados e sustentados por eles, vivendo em suas

casas, sendo criados como verdadeiros filhos: amando-os, educando-os desde a

tenra idade, não tendo os pais biológicos nenhuma participação na vida dos filhos, e

os avós sendo a única referência de pais dessas crianças e adolescentes.

Felipe 54 faz a seguinte indagação: “para uma lei que veio a facilitar a

adoção e ampliar o rol de pessoas aptas a adotar, a restrição nos pareceu injusta”.

Apesar da vedação dos netos serem adotados pelos avós, segundo o

artigo 42, parágrafo primeiro do Estatuto da Criança e do Adolescente, existe a

possibilidade de se admitir a adoção por ascendentes em casos excepcionais, de

acordo com decisões proferidas pelos tribunais.

A incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. A

incapacidade pode ser absoluta ou relativa. Na capacidade absoluta há a proibição

total da pessoa exercer por si os atos da vida civil. A incapacidade deve ser

53 LEITE, Eduardo de Oliveira (coord). Adoção: aspectos jurídicos e metajurídicos. Rio de Janeiro: Forense, 2005, v. IV. 54 FELIPE( apud HIRSCHFELD, In: LEITE, 2005, P. 5)

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reconhecida por meio de processo de interdição, que está previsto nos artigos 1.177

a 1.186 do Código de Processo Civil.

O artigo 6º do Código Civil reza: “A existência da pessoa natural termina

com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei

autoriza a abertura da sucessão definitiva”.

Mas a declaração de morte presumida não ocorre apenas em caso de

ausência. O artigo 7º, incisos I e II dispõe:

Art. 7º. Pode ser decretada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o termino da guerra.

Dessa forma, inexistindo qualquer interesse material a motivar os avós,

sendo do melhor interesse para a criança ou adolescente essa adoção e, os pais

biológicos não tendo participação na vida dos filhos, não há por que negar uma

adoção em determinado caso concreto, que só traria vantagens e benefícios para o

desenvolvimento bio-psico-social de uma criança ou adolescente onde os avós se

dedicam inteiramente ao mesmo, constituindo família digna, de muito respeito, de

muita dedicação e zelo.

Pois a própria Lei nº. 8.069/90 em seu artigo 6º determina que em sua

interpretação devam ser levados em conta os fins sociais a que se destina, as

exigências do bem comum, os direitos individuais e coletivos e, expressamente a

condição da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

São muitos os casos em que os pais biológicos não têm nenhum vinculo

com os filhos pelos motivos já apontados: por serem absolutamente incapazes, em

caso de morte presumida sem decretação de ausência ou morte presumida com

decretação de ausência, morte real, ou se já destituídos do poder familiar; sendo os

avós os verdadeiros pais desde a tenra idade dedicando-se inteiramente ao menor

com muito amor e carinho.

Dessa forma, a vedação contida no artigo 42, parágrafo primeiro do

Estatuto da Criança e do Adolescente deve ceder ante o principio geral

excepcionando-a em cada caso concreto, prevalecendo sempre o melhor interesse

da criança e do adolescente.

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3.2 Interpretação Teleológica

De acordo com o entendimento de Waldemar Zveiter 55, por ser a adoção

pelos avós um ato proibido legalmente, deve-se utilizar a interpretação teleológica

do sistema para permitir a adoção dos netos pelos avós, mediante o prudente

arbítrio dos juizes.

Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente tenha vedado a adoção

dos netos pelos avós, de acordo com o seu artigo 42, parágrafo primeiro, essa lei

especial, não liquidou com a possibilidade legal de ver reconhecida juridicamente

esta pratica adotiva.

Esse entendimento encontra-se apoio no artigo 6º do Estatuto da Criança

e do Adolescente, na interpretação teleológica que o informa dentro do sistema.

Art. 6º. Na interpretação desta lei levar-se-ão em conta os fins sociais a

que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e

coletivos, a condição peculiar da criança como pessoa em desenvolvimento.

O prudente arbítrio do juiz ao interpretar a lei no caso concreto, em caráter

excepcional , deverá levar em conta o fim social a que se destina, considerando

principalmente o princípio do superior interesse da criança e do adolescente.

O melhor interesse deve servir como fonte de aplicação de normas

concernentes às crianças e adolescentes.

O artigo 5º da lei de Introdução do Código Civil também dispõe: “Na

aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências

do bem comum”.

Segundo o entendimento de Ishida 56, o artigo 6º do Estatuto da Criança e

do Adolescente menciona como se deve interpretar o Estatuto, o fim social: é a

proteção integral da criança e do adolescente; o bem comum é o que atende aos

interesses da sociedade como um todo; os direitos e deveres individuais e coletivos

são os elencados no Estatuto da Criança e do Adolescente, relativos à criança e ao

adolescente. A condição peculiar da criança e do adolescente deve ser o principal

parâmetro na aplicação das medidas na Vara da Infância e Juventude.

55 ZVEITER ( apud HIRSCHFELD, In: LEITE, 2005, p. 16) 56 ISHIDA. op. cit., nota 34.

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Segundo Denise Willhelm Gonçalves 57, na adoção do Estatuto da Criança

e do Adolescente deve prevalecer o interesse do adotando sobre todos os outros

envolvidos na adoção.

A lei parece não ter sintonizado perfeitamente com os interesses e anseios

de muitas crianças e adolescentes que em muitos casos concretos se encontram na

companhia dos avós desde a tenra idade, tendo-os como a única referência de pais

que conhecem, por não terem os genitores nenhum vínculo com os menores, e os

avós dando toda a educação, confiança, e principalmente, amor que estas crianças

e adolescentes tanto necessitam, pois estão em fase de desenvolvimento bio-

psicosocial.

Dessa forma, a norma, que veda aos avós adotarem os netos foi injusta

para essas crianças e adolescentes que se encontram nessas circunstâncias, onde

os avôs têm legítimas pretensões de os adotarem, não existindo interesses materiais

motivando-os para essa adoção, e sim, um sentimento de amor, que representará

muito para os netos que estão em fase de formação, sendo-lhes para o seu melhor

interesse.

O Próprio Estatuto dispõe que deve prevalecer o interesse da criança e do

adolescente no caso concreto, pois esta é uma lei que segue a doutrina da proteção

integral da criança e do adolescente, por isso, entende-se que em casos como

esses, especiais, será perfeitamente possível a adoção pelos avós, mesmo após a

proibição do Estatuto no seu artigo 42, parágrafo primeiro.

Outro ponto importante é que a afetividade e afinidade, que são requisitos

subjetivos, e o principio do melhor interesse são mais importantes para o

deferimento da adoção do que os requisitos objetivos, dispostos no artigo 165 e

também nos artigos 39 a 52 da lei 8.069/90. Assim, a medida deve ser acolhida

quando for do melhor interesse da criança ou adolescente e lhe for extremamente

vantajosa.

O juiz pode desconsiderar algum requisito objetivo da adoção para ver

prevalecer o melhor interesse da criança ou adolescente.

Muitos avós criam seus netos, como seus filhos, desde o nascimento,

existindo todo esse vinculo afetivo de verdadeiros pais, ou seja, há um grande laço

de afeto, confiança e amor entre estes. E a construção da afetividade e a decisão

57 GONÇALVES ( apud HIRSCHFELD, In: LEITE, 2005, p. 17)

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judicial através de sentença constitutiva são elementos essenciais para que a

adoção se solidifique.

A adoção é sempre um gesto de muito amor e desprendimento. Amor de

quem acolhe e toma para si todos os cuidados e deveres dos pais.

Quando o juiz for analisar se a adoção dos netos pelos avós no caso

concreto, trará reais vantagens para a criança ou adolescente e se será para o seu

melhor interesse, serão realizados todos os procedimentos da adoção.

Há nas Varas da Infância e da Juventude, conforme já explicado, toda

uma equipe interdisciplinar, formada for psicólogos, assistentes sociais, pedagogos

e outros profissionais que realizarão estudos psicossociais, visitas, podendo assim,

o juiz analisar a questão da afetividade e afinidade, as legitimas pretensões dos

avós, se há algum vínculo dos menores com os genitores, se a adoção trará

benefícios para o desenvolvimento bio-psico-social da criança ou adolescente e

outros aspectos importantes.

O adolescente também deverá ser ouvido se tiver mais de doze anos de

idade, segundo o artigo 45, parágrafo 2º da Lei nº. 8.069/90, expondo assim, a sua

vontade de ser adotado ou não pelos avós. Sendo de grande importância para a

decisão do Juiz da Infância e Juventude.

Serão analisados se os fatos trazidos a Juízo pelos requerentes terão,

através dos depoimentos dos suplicantes e das testemunhas colhidos em audiência,

a certeza da sua veracidade, e serão analisadas as provas constantes dos autos

para comprovar se os avós estão realmente vocacionados para a adoção.

Assim, a vedação do artigo 42, parágrafo 1º do Estatuto, tem que ser

analisada e se render ao principio do melhor interesse, excepcionando-a em cada

caso, frente às peculiaridades e mediante o prudente arbítrio do juiz da Vara da

Infância e da Juventude, priorizando o melhor interesse da criança e do adolescente.

Como visto, torna-se perfeitamente possível a adoção dos netos pelos

avós desde que as pretensões dos avós sejam legítimas, ou seja, não sendo a

finalidade da adoção fundada em interesses materiais, sendo sim, do melhor

interesse para a criança ou adolescente, tendo os netos a figura dos avós como

seus verdadeiros pais e, não existindo nenhum vínculo dos genitores com os filhos,

por algum desses casos: incapacidade absoluta, morte presumida com decretação

de ausência ou morte presumida sem decretação de ausência, morte real

(falecimento), ou se já destituição do poder familiar.

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Nessa linha de raciocínio também seria perfeitamente possível uma

adoção póstuma requerida por um avô, obedecendo aos critérios explanados. A

adoção póstuma está descrita no parágrafo 5º do artigo 42196 da Lei nº. 8.069/90.

Assim, a superveniência da morte do adotante, (avô), não frustrará a adoção que

será deferida se o mesmo manteve firme e expressa a vontade de efetivá-la. Os

efeitos da adoção retroagem a data do óbito, tem efeitos ex tunc, segundo o artigo

47197, parágrafo 6º da Lei nº. 8.069/90.

Quando ficar comprovado que a adoção pelos avós em determinado caso

concreto não será para o melhor interesse dos netos, o juiz não deferirá essa

medida.

Restou claro, dessa forma, que o impedimento legal dos avós adotarem

seus netos, descrito no artigo 42, parágrafo primeiro do Estatuto da Criança e do

Adolescente, deverá render-se ao principio do melhor interesse, frente à condição

peculiar da criança ou adolescente como pessoa em desenvolvimento bio-

psicosocial e mediante a decisão do juiz a ver prevalecer sempre o melhor interesse

da criança. Deve-se analisar as legitimas pretensões dos avós, pois não pode existir

interesses materiais ou fraude a ensejar o procedimento da adoção, e também é de

grande importância que não exista nenhuma participação dos genitores na vida dos

filhos.

O Direito está muitas vezes descompassado com o fato social e a

jurisprudência tem alicerçado o entendimento no sentido de que o direito acompanhe

o fato social em certos casos especiais. Assim, é o caso da adoção pelos avós, que

mesmo havendo a proibição pelo parágrafo 1º do artigo 42 do Estatuto da Criança e

do Adolescente a jurisprudência já acata essa adoção quando obedecido os critérios

acima, sendo a adoção para o melhor interesse da criança e do adolescente.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Restou-se evidenciado que a adoção na atualidade está voltada para os

interesses do adotando, e só será deferida quando apresentar reais vantagens para

a criança e adolescente, devendo-se sempre prevalecer o superior interesse destes.

De ato individualista, como era a adoção na antiguidade, que visava os interesses

dos adotantes, a adoção assume na atualidade postura oposta, pois a sua finalidade

é atender as reais necessidades do adotante dando-lhe uma família onde se sinta

protegido, amado.

A adoção se constitui somente através de sentença judicial e é definitiva,

irreversível. Duas legislações regem o instituto da adoção atualmente: o

Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código Civil de 2002.

O Estatuto da Criança e do Adolescente considerou a criança e o

adolescente como sujeitos de direito, oferecendo-lhes proteção integral e o princípio

do melhor interesse está inserido nessa proteção integral.

Foram vistos todos os requisitos objetivos da adoção e verificou-se que a

afetividade e afinidade e o princípio do melhor interesse são mais importantes para o

deferimento de uma adoção que aqueles.

A adoção pelos avós é uma questão polêmica, mas torna-se juridicamente

possível, mesmo após o impedimento do artigo 42, parágrafo primeiro do Estatuto

da Criança e do Adolescente, nos casos em que for para o melhor interesse da

criança ou adolescente, e não existir nenhum interesse material, ou fraude a ensejar

tal procedimento. Ressaltou-se também que para o deferimento dessa adoção

importante se faz que os pais biológicos não tenham nenhuma participação na vida

dos filhos.

Por ser proibida legalmente essa adoção, recorreu-se a interpretação

teleológica do Estatuto da Criança e do Adolescente, que está em seu artigo 6º para

permitir a adoção dos netos pelos avós.

A finalidade proposta pelo Estatuto, expressamente traduzida no artigo 6º,

exige que a interpretação de suas normas leve em consideração o fim social a que

se propõe, que é a proteção integral da criança e do adolescente, as exigências do

bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e especialmente a

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condição peculiar da criança e do adolescente como pessoa em desenvolvimento

bio-psico-social.

Ou seja, na interpretação das normas da lei 8.069/90 deve-se sempre

prevalecer o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente.

O legislador estatutário não se preocupou com o lado afetivo, social que é

adoção, mas sim com a questão patrimonial, quando fez a norma. A

adoção é antes de tudo um ato de amor.

No desenvolvimento desse trabalho teve-se essa preocupação social,

afetiva com o instituto da adoção, buscando-se meios legais para que crianças e

adolescentes possam ser adotadas pelos seus avós em certos casos concretos, pois

o que deve prevalecer é o melhor interesse dessas crianças. As crianças e

adolescentes não podem ser prejudicadas por uma norma, negando-lhes uma

adoção que em muitos casos seria extremamente vantajosa para o seu

desenvolvimento.

A lei 8.069/90 não pode jamais estar em desencontro com o melhor

interesse das crianças e adolescentes.

Como estudante do curso de Direito e estagiária da 1ª Vara da Infância e

da Juventude da Comarca de João Pessoa, que acompanha os processos de

adoção dia-a-dia, procurou-se nesse trabalho dar uma contribuição para o

aprofundamento do tema da adoção dos netos pelos avós, ainda pouco debatido, e

que poderá ser tema de trabalhos posteriores como dissertações de mestrado e

teses de doutorado.

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REFERÊNCIAS

Adoção de Sobrinho – Art. 42/ECA § 1º - Tio não é considerado ascendente – Desnecessidade de consentimento do representante legal – pais biológicos desaparecidos - Art. 1.624/CC - Deve prevalecer o interesse da criança. Disponível em: <http://www.bonijuris.com.br/pages/mosint.php?reg=8&id_rv=511&atua=>. Acesso em 07 de maio de 2009 BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código civil brasileiro. Brasília:Senado, 2002. ______. Lei nº. 8.069 de, 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente. Brasília: Senado, 2005. ______. Constituição (1988). Constituição da Répública Federativa do Brasil. In: Vade Mecum. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2007. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. São Paulo: Saraiva. 2002. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2007, v.VI. GRANATO, Eunice Ferreira Rodrigues. Adoção: doutrina e prática, com abordagem do Novo Código Civil. Curitiba: Juruá, 2006. GUIMARÃES. Giovane Serra Azul. Adoção, Guarda e Tutela: conforme o estatuto da criança e do adolescente e o novo código civil. 3 ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2005. ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência. 8.ed. São Paulo: Atlas, 2006. JUS NAVEGANDI. Adoção por casal do mesmo sexo. Possibilidade: decisão do TJ/ RS. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/peças/texto.asp?id=678>. Acesso em 19 Maio de 2009

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LEITE, Eduardo de Oliveira (coord). Adoção: aspectos jurídicos e metajurídicos. Rio de Janeiro: Forense, 2005, v. IV. QUEIROGA, Antônio Elias de. Curso de direito civil: direito de família. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito de família. São Paulo: Saraiva, 2004 TAVARES, José de Farias. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2007.