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ADEQUAÇÃO DOS REGULAMENTOS NAS ÁREAS DA TÉRMICA,ACÚSTICA, SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS E VENTILAÇÃO À REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO JOÃO PEDRO ARAÚJO DE CARVALHO MACHADO RUIVO Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL —ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES CIVIS Professor Doutor Vasco Manuel Araújo Peixoto de Freitas 2010

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ADEQUAÇÃO DOS REGULAMENTOS

NAS ÁREAS DA TÉRMICA, ACÚSTICA,SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS E

VENTILAÇÃO À REABILITAÇÃO DE

EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO

JOÃO PEDRO ARAÚJO DE CARVALHO MACHADO RUIVO

Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de

MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES CIVIS

Professor Doutor Vasco Manuel Araújo Peixoto de Freitas

2010

MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2009/2010

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Tel. +351-22-508 1901

Fax +351-22-508 1446

[email protected]

Editado por

FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Rua Dr. Roberto Frias

4200-465 PORTO

Portugal

Tel. +351-22-508 1400

Fax +351-22-508 1440

[email protected]

� http://www.fe.up.pt

Reproduções parciais deste documento serão autorizadas na condição que seja mencionado o Autor e feita referência a Mestrado Integrado em Engenharia Civil -

2009/2010 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2009.

As opiniões e informações incluídas neste documento representam unicamente o ponto de vista do respectivo Autor, não podendo o Editor aceitar qualquer responsabilidade legal ou outra em relação a erros ou omissões que possam existir.

Este documento foi produzido a partir de versão electrónica fornecida pelo respectivo Autor.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de

edifícios de habitação

Toda a descoberta da ciência pura é potencialmente subversiva;

por vezes a ciência deve ser tratada como um inimigo possível

Aldous Huxley

Adequação dos regulamentos nas áreas de térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de

edifícios de habitação

VERSÃO PARA DISCUSSÃO

i

AGRADECIMENTOS

A nível pessoal gostaria de agradecer, em primeiro lugar, aos meus pais e à Cristina pelo apoio

constante. Um agradecimento também aos amigos: Becas, Bruno, Fred, Helder, Lino, Manel, Marcos,

Pac, Renato, Toni e, mais uma vez à Cristina, pelos momentos de descontracção e ajudas pontuais.

A nível académico e da elaboração propriamente dita desta dissertação gostaria de agradecer também

ao Professor Vasco Peixoto Freitas não só pela orientação na realização desta dissertação, mas

também por ter despertado o meu gosto pela temática reabilitação. Não posso esquecer ainda o

Professor Lopes Porto e o Professor Oliveira de Carvalho pela disponibilidade e interesse

demonstrados quando procurei saber a sua opinião sobre a os regulamentos e a sua adequação ao

problema da reabilitação.

Adequação dos regulamentos nas áreas de térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de

edifícios de habitação

VERSÃO PARA DISCUSSÃO

ii

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de

edifícios de habitação

VERSÃO PARA DISCUSSÃO

iii

RESUMO

A preservação do património edificado português e o sector da reabilitação em geral tem sido, desde

há muitos anos, negligenciado. No entanto, recentemente tem despertado a consciência de que é

importante proteger o património existente, não só por motivos culturais como também como

estratégia de sustentabilidade urbana e económica.

Este documento pretende analisar a adequação da legislação em vigor para edifícios de habitação em

algumas áreas de especialidade da construção civil, nomeadamente os actuais regulamentos

relacionados com a térmica, a acústica e a segurança contra incêndios bem como a norma relativa à

ventilação natural em habitações.

Para servir de base a esta análise foi seleccionada uma amostra de edifícios representativos de diversas

épocas e estilos de construção existentes em Portugal. A amostra estudada inclui uma moradia

unifamiliar tradicional da região do Minho, um edifício urbano de finais do século XIX, um edifício de

utilização mista da década de 60, uns blocos habitacionais dos anos 70 e um complexo de habitação

social, mais recente, datando da década de 80.

Cada um destes edifícios possui o seu projecto de reabilitação que, conforme a situação, pode ser mais

ou menos intrusivo. As intervenções dos edifícios mais recentes são mais superficiais e limitam-se a

tratar, sobretudo, os elementos da envolvente exterior dos mesmos. Já as intervenções nos dois

edifícios mais antigos, apesar de manterem o seu aspecto global, eram mais intrusivas alterando

significativamente algumas das características do imóvel.

Adoptando essas intervenções como base para o estudo, irá verificar-se se os edifícios cumprem as

exigências especificadas nos diversos documentos técnicos estudados e com os resultados obtidos irá

então detectar-se as maiores incompatibilidades na esperança de que, para preservação do património

edificado português, em futuras versões dos regulamentos e normas estudadas as falhas detectadas

possam ser corrigidas.

PALAVRAS-CHAVE: reabilitação, térmica, acústica, segurança contra incêndios, ventilação.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de

edifícios de habitação

VERSÃO PARA DISCUSSÃO

iv

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de

edifícios de habitação

VERSÃO PARA DISCUSSÃO

v

ABSTRACT

The preservation of the existing Portuguese built heritage and the whole rehabilitation sector as a

whole has been neglected for many years. Recently, however, the levels of awareness towards this

problem have risen and more importance has been placed in protecting the existing assets, not only for

cultural reasons but also as a strategy for urban and economical sustainability.

This document’s main objective is to study the adequacy of existing legislation in some of the many

areas of specializations related to construction. The analyzed documents will be the current regulations

for thermal behaviour, acoustic requirements and fire safety as well as the Portuguese standards for

natural ventilation of dwellings.

On the foundation of this analysis there is a sample of buildings specially chosen to represent various

eras and construction types. The sample includes a traditional one family house from the countryside,

an urban building from the late nineteenth century, a building where activities other than housing take

place from the 60s, some residential towers from the 70s and a complex of social housing dating from

the 80s.

Each of these buildings has been submitted to his own rehabilitation process which, depending on the

situation has been more or less intrusive. On the newer buildings, the interventions were generally

quite superficial and limited to dealing only with recovering the elements of their exterior envelope

without introducing any particular changes. On the two older buildings though, despite maintaining

their overall appearance, the interventions were significantly deeper changing some of the buildings’

features.

By taking these processes into consideration this document will focus on determining whether the

buildings meet the requirements from the studied technical documents detecting the major

inconsistencies or difficulties related to rehabilitation in general in hopes that, future versions of the

studied regulations and standards will correct some of these flaws and thus protect the built Portuguese

heritage.

KEYWORDS: rehabilitation, thermal behaviour, acoustics, fire safety, ventilation.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de

edifícios de habitação

VERSÃO PARA DISCUSSÃO

vi

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

vii

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................... i

RESUMO ................................................................................................................................. iii

ABSTRACT ............................................................................................................................................... v

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

1.1. ENQUADRAMENTO ........................................................................................................................... 1

1.2. OBJECTIVOS ..................................................................................................................................... 3

1.3. ESTRUTURAÇÃO .............................................................................................................................. 3

2. CARACTERIZAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS REGULAMENTA-RES OU NORMATIVAS NOS DOMÍNIOS DA TÉRMICA, ACÚSTICA, SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS E VENTI- LAÇÃO ............................................................................................................................................. 5

2.1. REGULAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DE COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS EDIFÍCIOS ........ 5

2.1.1. DESCRIÇÃO DO REGULAMENTO ......................................................................................................... 5

2.1.2. RCCTE VS. REABILITAÇÃO ............................................................................................................... 8

2.2. REGULAMENTO DOS REQUISITOS ACÚSTICOS DOS EDIFÍCIOS .................................................... 9

2.2.1. DESCRIÇÃO DO REGULAMENTO ......................................................................................................... 9

2.2.2. RRAE VS. REABILITAÇÃO ............................................................................................................... 11

2.3. REGIME JURÍDICO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS .................................... 11

2.3.1. DESCRIÇÃO DO REGIME JURÍDICO ................................................................................................... 11

2.3.2. RJSCIE VS. REABILITAÇÃO ............................................................................................................. 14

2.4. NORMA PORTUGUESA 1037-1: EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO. VENTILAÇÃO NATURAL ............... 15

2.4.1. DESCRIÇÃO DA NORMA ................................................................................................................... 15

2.4.2. NP 1037-1 vs. REABILITAÇÃO ........................................................................................................ 17

3. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA EM ESTUDO...................... 19

3.1. ESCOLHA DA AMOSTRA ................................................................................................................ 19

3.2. CASA RURAL DO MINHO ............................................................................................................... 20

3.2.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EDIFÍCIO E DA INTERVENÇÃO ............................................................... 20

3.2.2. TÉRMICA ........................................................................................................................................ 21

Adequação dos regulamentos nas áreas de térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

viii

3.2.3. ACÚSTICA ...................................................................................................................................... 23

3.2.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS .................................................................................................... 23

3.2.5. VENTILAÇÃO .................................................................................................................................. 25

3.3. EDIFÍCIO DA RUA DE SÁ DA BANDEIRA ....................................................................................... 26

3.3.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EDIFÍCIO E DA INTERVENÇÃO .............................................................. 26

3.3.2. TÉRMICA ........................................................................................................................................ 27

3.3.3. ACÚSTICA ...................................................................................................................................... 29

3.3.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS .................................................................................................... 31

3.3.5. VENTILAÇÃO .................................................................................................................................. 31

3.4. EDIFÍCIO DE UTILIZAÇÃO MISTA ................................................................................................... 33

3.4.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EDIFÍCIO E DA INTERVENÇÃO .............................................................. 33

3.4.2. TÉRMICA ........................................................................................................................................ 34

3.4.3. ACÚSTICA ...................................................................................................................................... 35

3.4.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS .................................................................................................... 37

3.4.5. VENTILAÇÃO .................................................................................................................................. 38

3.5. EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO EM ALTURA .......................................................................................... 39

3.5.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EDIFÍCIO E DA INTERVENÇÃO .............................................................. 39

3.5.2. TÉRMICA ........................................................................................................................................ 39

3.5.3. ACÚSTICA ...................................................................................................................................... 41

3.5.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS .................................................................................................... 42

3.5.5. VENTILAÇÃO .................................................................................................................................. 43

3.6. BAIRRO DE HABITAÇÃO SOCIAL .................................................................................................. 44

3.6.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EDIFÍCIO E DA INTERVENÇÃO .............................................................. 44

3.6.2. TÉRMICA ........................................................................................................................................ 45

3.6.3. ACÚSTICA ...................................................................................................................................... 46

3.6.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS .................................................................................................... 47

3.6.5. VENTILAÇÃO .................................................................................................................................. 48

3.7. SISTEMATIZAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DOS ELEMENTOS DOS EDIFÍCIOS .......................... 49

4. VIABILIDADE E COMPATIBILIDADE DOS REGULAMEN-TOS FACE À AMOSTRA EM ESTUDO ......................................................... 53

4.1. DEFINIÇÃO DAS FRACÇÕES ESTUDADAS .................................................................................... 53

4.2. REGULAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DE COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS EDIFÍCIOS ..... 55

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

ix

4.2.1. GENERALIDADES ............................................................................................................................. 55

4.2.2. DADOS CLIMÁTICOS ........................................................................................................................ 56

4.2.3. QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS TÉRMICOS ................................................................................ 56

4.2.3.1. Coeficientes de transmissão térmica (U) – envolvente exterior................................................ 56

4.2.3.2. Coeficientes de transmissão térmica (U) – envolvente interior................................................. 57

4.2.3.3. Pontes térmicas planas ............................................................................................................. 59

4.2.3.4. Coeficientes de transmissão térmica linear (�) ........................................................................ 60

4.2.3.5. Factor solar ............................................................................................................................... 61

4.2.3.6. Inércia térmica ........................................................................................................................... 61

4.2.4. PERDAS POR VENTILAÇÃO ............................................................................................................... 62

4.2.5. GANHOS SOLARES .......................................................................................................................... 63

4.2.5.1. Ganhos solares de Inverno ....................................................................................................... 63

4.2.5.2. Ganhos solares de Verão ......................................................................................................... 64

4.2.6. COLECTORES SOLARES .................................................................................................................. 65

4.2.7. CARACTERÍSTICAS DOS EQUIPAMENTOS INSTALADOS ....................................................................... 65

4.2.8. REQUISITOS ENERGÉTICOS ............................................................................................................. 66

4.2.9. VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO REGULAMENTAR ............................................................................ 67

4.2.10. COMENTÁRIO FINAL ...................................................................................................................... 67

4.3. REGULAMENTO DOS REQUISITOS ACÚSTICOS DOS EDIFÍCIOS .................................................. 68

4.3.1. GENERALIDADES ............................................................................................................................. 68

4.3.2. ISOLAMENTO SONORO A SONS DE CONDUÇÃO AÉREA ...................................................................... 68

4.3.3. ISOLAMENTO SONORO A SONS DE PERCUSSÃO ................................................................................ 71

4.3.4. NÍVEL DE AVALIAÇÃO DO AR ............................................................................................................ 72

4.3.5. COMENTÁRIO FINAL ........................................................................................................................ 72

4.4. REGIME JURÍDICO DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS .................................... 73

4.4.1. GENERALIDADES ............................................................................................................................. 73

4.4.2. CONDIÇÕES EXTERIORES COMUNS .................................................................................................. 74

4.4.2.1. Condições exteriores de segurança e acessibilidade ............................................................... 74

4.4.2.2. Limitações à propagação do fogo pelo exterior ........................................................................ 75

4.4.2.3. Abastecimento e prontidão dos meios de socorro .................................................................... 78

4.4.3. CONDIÇÕES GERAIS DE COMPORTAMENTO AO FOGO, ISOLAMENTO E PROTECÇÃO ............................ 78

4.4.3.1. Resistência ao fogo de elementos estruturais e incorporados ................................................. 78

4.4.3.2. Compartimentação geral de fogo .............................................................................................. 80

Adequação dos regulamentos nas áreas de térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

x

4.4.3.3. Isolamento e protecção de locais de risco ............................................................................... 80

4.4.3.4. Isolamento e protecção das vias de evacuação ...................................................................... 81

4.4.3.5. Isolamento e protecção de canalizações e condutas............................................................... 82

4.4.3.6. Protecção de vãos interiores .................................................................................................... 82

4.4.3.7. Reacção ao fogo....................................................................................................................... 82

4.4.4. CONDIÇÕES GERAIS DE EVACUAÇÃO .............................................................................................. 86

4.4.4.1. Evacuação dos locais ............................................................................................................... 86

4.4.4.2. Vias horizontais de evacuação ................................................................................................. 88

4.4.4.3. Vias verticais de evacuação ..................................................................................................... 88

4.4.5. CONDIÇÕES GERAIS DAS INSTALAÇÕES TÉCNICAS ........................................................................... 89

4.4.6. CONDIÇÕES GERAIS DOS EQUIPAMENTOS E SISTEMAS DE SEGURANÇA ............................................ 89

4.4.6.1. Sinalização ............................................................................................................................... 89

4.4.6.2. Iluminação de emergência ....................................................................................................... 90

4.4.6.3. Detecção e alarme ................................................................................................................... 90

4.4.6.4. Controlo de fumo ...................................................................................................................... 90

4.4.6.5. Meios de intervenção ............................................................................................................... 91

4.4.6.6. Sistemas fixos de extinção automática de incêndios ............................................................... 91

4.4.6.7. Outras exigências ..................................................................................................................... 92

4.4.7. CONDIÇÕES GERAIS DE AUTOPROTECÇÃO ...................................................................................... 92

4.4.8. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DAS UTILIZAÇÕES-TIPO ........................................................................... 92

4.4.9. COMENTÁRIO FINAL ....................................................................................................................... 92

4.5. NORMA PORTUGUESA 1037-1: EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO. VENTILAÇÃO NATURAL ............... 94

4.5.1. CASA RURAL DO MINHO ................................................................................................................. 94

4.5.2. EDIFÍCIO DA RUA DE SÁ DA BANDEIRA ............................................................................................. 96

4.5.3. EDIFÍCIO DE UTILIZAÇÃO MISTA ....................................................................................................... 98

4.5.4. EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO EM ALTURA ............................................................................................... 99

4.5.5. BAIRRO DE HABITAÇÃO SOCIAL ..................................................................................................... 101

4.5.6. COMENTÁRIO FINAL ..................................................................................................................... 102

5. CONCLUSÂO ................................................................................................................. 105

5.1. O PROBLEMA .............................................................................................................................. 105

5.2. DIFICULDADES DE APLICAÇÃO .................................................................................................. 106

5.2.1. REGULAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DE COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS EDIFÍCIOS .................. 106

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

xi

5.2.2. REGULAMENTO DOS REQUISITOS ACÚSTICOS DOS EDIFÍCIOS.......................................................... 106

5.2.3. REGIME JURÍDICO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS .................................................................. 107

5.2.4. NORMA PORTUGUESA NP1037-1: EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO. VENTILAÇÃO NATURAL ....................... 108

5.3. SÍNTESE DE CONCLUSÕES .......................................................................................................... 108

ANEXO I VALIDAÇÃO DO RCCTE – CASA RURAL DO MINHO

VALIDAÇÃO DO RCCTE – EDIFÍCIO DA RUA DE SÁ DA BANDEIRA

VALIDAÇÃO DO RCCTE – EDIFÍCIO DE UTILIZAÇÃO MISTA

VALIDAÇÃO DO RCCTE – EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO EM ALTURA

VALIDAÇÃO DO RCCTE – BAIRRO DE HABITAÇÃO SOCIAL

Adequação dos regulamentos nas áreas de térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

xii

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

xiii

ÍNDICE DE FIGURAS

Fig.1 – Situações de pontes térmicas planas .......................................................................................... 8

Fig. 2 - Alçado e fotografias do interior da casa rural ............................................................................ 20

Fig. 3 - Envolvente térmica da casa rural do Minho ............................................................................... 21

Fig. 4 - Envolvente acústica da moradia rural do Minho – só separação entre zonas de estar e o

exterior .................................................................................................................................................... 23

Fig. 5 - Esquema de ventilação da moradia rural do Minho .................................................................. 24

Fig. 6 - Fachada da frente e tardoz do edifício de Sá da Bandeira ....................................................... 26

Fig. 7 - Envolventes térmicas das habitações do edifício de Sá da Bandeira ....................................... 27

Fig. 8 - Envolventes acústicas das habitações do edifício de Sá da Bandeira ...................................... 29

Fig. 9 - Esquema de ventilação de uma das habitações do edifício de Sá da Bandeira ....................... 32

Fig. 10 - Alçados Poente e Sul do edifício de utilização mista .............................................................. 33

Fig. 11 - Envolventes térmicas das habitações do edifício de utilização mista ..................................... 34

Fig. 12 - Envolventes acústicas das habitações do edifício de utilização mista .................................... 36

Fig. 13 - Esquema de ventilação de uma das habitações do edifício de utilização mista ..................... 38

Fig. 14 - Alçado do edifício de habitação em altura ............................................................................... 39

Fig. 15 - Envolventes térmicas das habitações do edifício de habitação em altura .............................. 40

Fig. 16 - Envolventes acústicas das habitações do edifício habitacional em altura .............................. 41

Fig. 17 - Esquema de ventilação de um dos apartamentos do edifício de habitação em altura ........... 43

Fig. 18 - Alçado tipo e vista aérea do bairro .......................................................................................... 44

Fig. 19 - Envolventes térmicas das habitações de um dos edifícios de habitação social ..................... 45

Fig. 20 - Envolventes acústicas das habitações de um dos edifícios de habitação social .................... 46

Fig. 21 - Esquema de ventilação de uma das habitações de um dos edifícios de habitação social ..... 48

Fig. 22 - Fracção autónoma escolhida do edifício da rua de Sá da Bandeira ....................................... 53

Fig. 23 - Fracção autónoma escolhida no edifício de utilização mista ................................................... 54

Fig. 24 - Fracção autónoma escolhida no edifício de habitação em altura ........................................... 54

Fig. 25 - Fracção autónoma escolhida no bairro de habitação social .................................................... 55

Fig. 26 - Esquema de ventilação da casa rural do Minho ...................................................................... 94

Fig. 27 - Esquema de ventilação do edifício da Rua de Sá da Bandeira .............................................. 96

Fig. 28 - Esquema de ventilação das habitações do edifício de utilização mista .................................. 98

Fig. 29 - Esquema de ventilação de um apartamento do edifício de habitação em altura .................. 100

Fig. 30 - Esquema de ventilação de um apartamento do bairro de habitação social .......................... 101

Adequação dos regulamentos nas áreas de térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

xiv

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

xv

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Métodos de cálculo das necessidades energéticas de um edifício ou fracção autónoma .... 6

Quadro 2 - Coeficientes de transmissão térmica superficiais máximos de elementos opacos ............... 7

Quadro 3 - Factores solares máximos admissíveis de vãos envidraçados ............................................. 8

Quadro 4 - Verificações regulamentares a respeitar ............................................................................... 9

Quadro 5 - Exigências regulamentares para isolamento sonoro a sons de condução aérea e de

percussão ............................................................................................................................................... 10

Quadro 6 - Exigências do nível de avaliação do ruído particular de equipamentos colectivos do

edifício .................................................................................................................................................... 11

Quadro 7 - Escalões de resistência ao fogo mínimos de diversos elementos ...................................... 13

Quadro 8 - Classe de reacção ao fogo mínima exigida a elementos de fachada ................................. 14

Quadro 9 - Classe de reacção ao fogo mínima exigida a revestimentos de vias de evacuação e locais

de risco ................................................................................................................................................... 14

Quadro 10 - Renovações por hora mínimas consideradas para determinação dos caudais-tipo ......... 16

Quadro 11 - Caudais mínimos admissíveis para compartimentos de serviço ....................................... 16

Quadro 12 - Classes de permeabilidade ao ar das janelas e das portas exteriores em função da sua

exposição ............................................................................................................................................... 17

Quadro 13 - Configurações original e prevista no projecto de reabilitação para os elementos da

envolvente .............................................................................................................................................. 22

Quadro 14 - Elementos envidraçados do edifício de habitação em altura ............................................ 23

Quadro 15 - Classe de reacção ao fogo dos materiais de revestimento da moradia rural do Minho .... 24

Quadro 16 - Coeficientes de transmissão térmica dos elementos da envolvente do edifício de Sá da

Bandeira ................................................................................................................................................. 28

Quadro 17 - Elementos envidraçados do edifício de habitação em altura ............................................ 29

Quadro 18 - Elementos opacos da envolvente acústica do edifício de Sá da Bandeira ....................... 30

Quadro 19 - Classe de reacção ao fogo dos materiais de revestimento do edifício da rua de Sá da

Bandeira ................................................................................................................................................. 31

Quadro 20 - Elementos opacos do edifício de utilização mista ............................................................. 35

Quadro 21 - Elementos envidraçados do edifício de utilização mista ................................................... 35

Quadro 22 - Elementos opacos da envolvente acústica do edifício de utilização mista ....................... 36

Quadro 23 - Classe de reacção ao fogo dos diversos materiais de revestimento do edifício de

utilização mista ....................................................................................................................................... 37

Quadro 24 - Elementos opacos do edifício de habitação em altura ...................................................... 40

Quadro 25 - Elementos envidraçados do edifício de habitação em altura ............................................ 40

Quadro 26 - Elementos opacos da envolvente acústica do edifício habitacional em altura .................. 42

Adequação dos regulamentos nas áreas de térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

xvi

Quadro 27 - Classe de reacção ao fogo dos materiais de revestimento do edifício de habitação em

altura ...................................................................................................................................................... 43

Quadro 28 - Elementos opacos dos edifícios de habitação social ........................................................ 46

Quadro 29 - Elementos envidraçados dos edifícios de habitação social .............................................. 46

Quadro 30 - Classes de reacção ao fogo dos materiais de revestimento dos edifícios de habitação

social ...................................................................................................................................................... 47

Quadro 31 - Sistematização das características dos elementos da casa rural do Minho .................... 49

Quadro 32 - Sistematização das características dos elementos do edifício de Sá da Bandeira .......... 50

Quadro 33 - Sistematização das características dos elementos do edifício de utilização mista .......... 50

Quadro 34 - Sistematização das características dos elementos do edifício de habitação em altura ... 51

Quadro 35 - Sistematização das características dos elementos do edifício de habitação social ......... 51

Quadro 36 - Dados climáticos dos locais de implantação dos edifícios estudados .............................. 56

Quadro 37 - Coeficientes de transmissão térmica superficiais máximos em zona corrente – envolvente

exterior ................................................................................................................................................... 56

Quadro 38 - Coeficientes � .................................................................................................................... 58

Quadro 39 - Coeficientes de transmissão térmica superficiais máximos – envolvente interior ............ 59

Quadro 40 - Perdas térmicas lineares consideradas ....................................................................... 60/61

Quadro 41 - Factor solar de vãos envidraçados em situação de Verão ............................................... 61

Quadro 42 - Renovações horárias ........................................................................................................ 62

Quadro 43 - Perdas por renovação do ar (Qra) ..................................................................................... 63

Quadro 44 - Ganhos solares no Inverno ............................................................................................... 64

Quadro 45 - Ganhos solares no Verão .................................................................................................. 64

Quadro 46 - Equipamentos considerados para todos os edifícios ........................................................ 65

Quadro 47 - Valores de cálculo de Nic, Nvc, Nac e Ntc e respectivos limites máximos ........................... 66

Quadro 48 - Verificação da exigência regulamentar – requisitos energéticos ...................................... 66

Quadro 49 - Verificação da exigência regulamentar – requisitos energéticos ...................................... 66

Quadro 50 - Elementos de separação entre o exterior e zonas de estar ............................................. 69

Quadro 51 - Isolamento sonoro a sons de condução aérea normalizado – Entre espaços interiores . 70

Quadro 52 - Nível sonoro de percussão normalizada ........................................................................... 71

Quadro 53 - Caracterização dos edifícios do ponto de vista da segurança contra incêndios .............. 73

Quadro 54 - Paredes exteriores ............................................................................................................ 76

Quadro 55 - Coberturas ......................................................................................................................... 77

Quadro 56 - Exigência de resistência ao fogo de elementos estruturais dos edifícios estudados ....... 79

Quadro 57 - Equivalência de reacção ao fogo de produtos de construção excluindo revestimentos de

piso ........................................................................................................................................................ 83

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xvii

Quadro 58 - Equivalência de reacção ao fogo de produtos de construção destinados a revestimentos

de piso .................................................................................................................................................... 83

Quadro 59 - Reacção ao fogo dos revestimentos das vias de evacuação verticais ............................. 84

Quadro 60 - Reacção ao fogo dos revestimentos de locais de risco A ................................................. 85

Quadro 61 - Definição das classes de exposição – Casa rural do Minho ............................................. 94

Quadro 62 - Equilíbrio dos caudais-tipo e dimensionamento das grelhas e aberturas – Casa rural do

Minho ...................................................................................................................................................... 94

Quadro 63 - Definição das classes de exposição – Edifício de Sá da Bandeira ................................... 96

Quadro 64 - Equilíbrio dos caudais-tipo e dimensionamento das grelhas e aberturas – Edifício de Sá

da Bandeira ............................................................................................................................................ 97

Quadro 65 - Definição das classes de exposição – Edifício de utilização mista ................................... 99

Quadro 66 - Equilíbrio dos caudais-tipo e dimensionamento das grelhas e aberturas – Edifício de

utilização mista ....................................................................................................................................... 99

Quadro 67 - Definição das classes de exposição – Edifício de habitação em altura .......................... 100

Quadro 68 - Equilíbrio dos caudais-tipo e dimensionamento das grelhas e aberturas – Edifício de

habitação em altura .............................................................................................................................. 101

Quadro 69 - Definição das classes de exposição – Bairro de habitação social .................................. 102

Quadro 70 - Equilíbrio dos caudais-tipo e dimensionamento das grelhas e aberturas - Bairro de

habitação social .................................................................................................................................... 102

Adequação dos regulamentos nas áreas de térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

1

1

INTRODUÇÃO

1.1. ENQUADRAMENTO

A construção desenfreada do passado produziu alguns efeitos nefastos bem visíveis nos dias de hoje. Entre eles está a desertificação e abandono dos centros urbanos e o seu consequente estado de degradação. Para além disso o actual mercado de habitação encontra-se num estado de saturação tal que, apesar de o número de habitações construídas estar claramente em queda, o ritmo de construção tem sido maior do que a necessidade efectiva. A conjugação destes dois factores confere à reabilitação do património edificado uma importância vital para um desenvolvimento mais sustentável do país.

Mais do que uma questão de sustentabilidade ou desenvolvimento urbano estratégico, a reabilitação representa também um investimento cultural pois, sem esse cuidado perdem-se muitos edifícios históricos ou representativos de épocas ou de estilos construtivos e arquitectónicos. Muitas dessas obras foram já perdidas dando lugar a edifícios mais recentes. Em muitas dessas novas construções não houve algum cuidado de integração urbanística e arquitectónica causando assim a descaracterização dos centros urbanos.

Na verdade, nos últimos anos, tem-se assistido em Portugal a um lento despertar de consciência para este problema, no entanto o investimento feito é ainda insuficiente e está claramente abaixo da média europeia. Será necessário, neste campo, um esforço maior para produzir resultados mais visíveis e aproximar Portugal do resto da Europa.

Estudos recentes mostram que em Portugal mais de 800.000 fogos necessitam de obras de reparação consideráveis, cerca de metade dos quais estarão degradados/muito degradados ou sem condições de habitabilidade. Para além desses há ainda mais de 1.100.000 que estão num estado que justifica pequenas reparações. Estas situações, em conjunto, representam cerca de 38% dos fogos habitacionais do país [1]. Esta situação pode ser combatida a nível governamental ou municipal criando incentivos ou facilidades de licenciamento e aprovando legislação adequada que não coloque entraves desnecessários aos processos de reabilitação. A actual lei do arrendamento e muitos dos regulamentos e documentos legais aplicáveis tornam a reabilitação num processo pouco atractivo (até quase proibitivo) para os potenciais investidores.

O combate a este problema não passa, no entanto, unicamente por organismos públicos. As próprias empresas construtoras podem investigar processos construtivos e novas tecnologias ou metodologias de intervenção ou até recuperar tradições antigas de construção que permitam reabilitar imóveis antigos sem os danificar.

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2

É fácil de perceber que problema da reabilitação é multi-disciplinar. Não se centra unicamente na dificuldade construtiva, essa é até, em geral, facilmente ultrapassável. É sim um problema urbano, social, económico e, acima de tudo, de mentalidades.

Uma intervenção de reabilitação num edifício, dependendo do seu estado ou do objectivo da dita reabilitação pode ter vários graus de intrusão no edifício original. Uma intervenção superficial, por norma, trata os elementos da envolvente exterior recuperando-os sem introduzir grandes alterações às características do imóvel. Já uma intervenção profunda pode conduzir a mudanças significativas nas características do edifício, não só a nível da configuração dos elementos da sua envolvente como até da distribuição dos seus espaços interiores.

Não é, no entanto, o grau de intrusão da intervenção que, dita o sucesso da mesma. Para que uma intervenção reabilitação seja bem sucedida é, acima de tudo, essencial conhecer mais do que as intenções do dono de obra, o imóvel em si, o seu funcionamento e as características dos materiais existentes. Com base nesta filosofia será então possível dividir o património edificado em quatro grandes grupos: construções históricas, edifícios antigos, edifícios das décadas de 60, 70 ou 80 e, os edifícios recentes.

As construções históricas, pelo seu significado e valor, não podem ver as suas características modificadas pelo que as intervenções a que estão sujeitas serão, em geral, conservadoras procurando recuperar alguns elementos danificados ou tratar patologias localizadas. Os edifícios antigos possuem, muitas vezes, valor patrimonial e cultural indiscutível e, apesar de, comparativamente com as construções históricas, haver um pouco mais de liberdade na intervenção, há sempre limitações e recomendações no sentido de manter as características do imóvel, o mais possível, inalteradas. Essas limitações são particularmente severas no que toca a fachadas para não se correr o risco descaracterizar os centros urbanos. Em reabilitações destes tipos deve haver sempre uma sensibilidade e sentido de responsabilidade apurados para, com a reabilitação prevista, não retirar valor ao imóvel.

Os edifícios das décadas de 60, 70 e 80 são testemunhas de alguns movimentos arquitectónicos dessas épocas e ainda de processos construtivos dantes utilizados. Nestes casos procura-se que as características distintivas dos imóveis não se percam, no entanto há um campo de manobra mais confortável caso a intervenção prevista proponha alterações ligeiramente mais intrusivas. Ainda assim, e à semelhança do que acontece com os edifícios mais recentes, a maior parte dos projectos de reabilitação realizados prendem-se com o tratamento geral das envolventes dos edifícios ou de alguns elementos de fachada danificados e patologias localizadas.

Actualmente, e cada vez mais, há exigências construtivas, de conforto e energéticas que, respeitando os regimes jurídicos ou regulamentos das mais diversas especialidades devem ser cumpridas. No entanto os edifícios construídos antes da aprovação desses documentos não estão, como é compreensível, preparados para essas exigências. Felizmente, quando se fala de reabilitação, nem todos esses documentos são de aplicação obrigatória e alguns deles possuem ressalvas que isentam a sua aplicação em edifícios já existentes. Não deixa, porém, de ser importante que as características dos imóveis possam ser optimizadas nas mais variadas disciplinas independentemente de estes estarem ou não incluídos do âmbito de aplicação dos documentos legais que as regulam.

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1.2. OBJECTIVOS

Com esta dissertação pretende-se averiguar a adequabilidade da actual legislação e consequentes exigências no domínio da térmica, da acústica, da segurança contra incêndios e da ventilação em edifícios habitacionais.

Com base numa amostra de edifícios de habitação e respectivos projectos de reabilitação com características distintas (uma moradia unifamiliar, um pequeno e um grande edifício multifamiliar, um edifício de utilização mista e um edifício de habitação social) irá verificar-se a aplicabilidade do “Regulamento das Características e Comportamento Térmico dos Edifícios”, do “Regulamento dos Requisitos Acústicos em Edifícios”, do novo “Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios” e da “Norma Portuguesa 1037-1: Edifícios de Habitação. Ventilação Natural”.

Essa análise irá basear-se nos projectos de reabilitação previstos para esses edifícios. Em geral pretende-se que as intervenções sejam pouco intrusivas, no entanto surgiram alguns casos em que os edifícios sofreram alterações bastante significativas.

1.3. ESTRUTURAÇÃO

Esta dissertação está dividida em capítulos ordenados de forma que se procura lógica e coerente. Assim, após esta introdução, irá proceder-se a uma breve análise do funcionamento e exigências de cada um dos documentos técnicos estudados. Essa análise não será feita à totalidade dos documentos mas apenas às partes e exigências que pareçam mais relevantes do ponto de vista de edifícios de habitação e no contexto de reabilitação. Este capítulo estará dividido em quatro partes distintas, uma por cada documento estudado.

O capítulo seguinte irá ocupar-se, já não dos documentos legais, mas da outra parte essencial a este estudo - a amostra de edifícios que irá auxiliar a análise dos documentos técnicos. Assim, o Capítulo 3 contém uma caracterização geral de cada um dos edifícios que constituem a amostra e ainda das intervenções de reabilitação a que eles foram sujeitos. Cada edifício irá ser analisado à luz de diferentes prismas. Primeiro faz-se uma descrição geral do imóvel, da intervenção a que foi sujeito e das suas características principais e de seguida o mesmo edifício é analisado de acordo com os parâmetros relevantes para cada uma das especialidades que se pretende estudar. A encerrar o capítulo, e para sistematizar o seu conteúdo mais relevante, incluíram-se uns quadros onde, de uma forma simples e clara, se listam para cada edifício, os seus elementos mais importantes e as características destes que terão mais relevância no estudo que se segue.

Após a descrição dos regulamentos e a caracterização da amostra pode avançar-se para a verificação propriamente dita das exigências regulamentares e normativas. Isso acontece no Capítulo 4 onde, especialidade a especialidade se verifica se os edifícios cumprem as diversas exigências dos respectivos documentos técnicos. Ao longo destas verificações, sempre que for apropriado, serão tecidos comentários à situação do edifício ou, perante incumprimentos regulamentares, a possíveis soluções não preconizadas no projecto de reabilitação.

No Capítulo 5 incluirá uma discussão sumária das principais dificuldades e incompatibilidades que tenham surgido na aplicação dos documentos regulamentares e ainda uma breve síntese de todo o conteúdo desta dissertação reflectindo nas conclusões retiradas.

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4

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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2

CARACTERIZAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS REGULAMENTARES OU NORMATIVAS NOS DOMÍNIOS

DA TÉRMICA, ACÚSTICA, SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS

E VENTILAÇÃO

2.1. REGULAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DE COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS EDIFÍCIOS

2.1.1. DESCRIÇÃO DO REGULAMENTO

Aprovado a 4 de Abril de 2006, o Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) [2] reúne uma série de requisitos que irão, em simultâneo, procurar garantir o conforto térmico de edifícios e assegurar um consumo racional da energia dispendida para esse efeito.

O RCCTE contribui assim para uma considerável melhoria na eficiência energética das construções portuguesas minimizando a formação de condensações superficiais ou no interior de elementos da envolvente trazendo consigo uma grande redução das patologias que a ocorrência dessas condensações acarta.

O regulamento divide, para cada fracção, as necessidades energéticas nominais anuais em três tipos:

� necessidades energéticas para aquecimento (Nic); � necessidades energéticas para arrefecimento (Nvc); � necessidades energéticas para a preparação de águas quentes sanitárias (Nac).

Conjugando estes três parâmetros é possível ainda obter uma apreciação geral do comportamento da fracção estudada na forma das necessidades nominais anuais globais (Ntc).

Para cada um destes quatro parâmetros o regulamento estabelece limites máximos admissíveis aos quais cada fracção deve obedecer (Ni, Nv, Na e Nt). Estes parâmetros são definidos com base na morfologia da fracção, na qualidade térmica da sua envolvente, na eficiência dos equipamentos de produção de águas quentes sanitária (AQS) instalados e no aproveitamento dos ganhos solares, internos e de outras fontes renováveis. O Quadro 1 mostra como são calculados.

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6

Quadro 1 – Métodos de cálculo das necessidades energéticas de um edifício ou fracção autónoma

Aquecimento (Nic) Arrefecimento (Nvc) Preparação de AQS (Nac)

Nic = (Qt+Qv-Qgu)/Ap

Qt – Perdas de calor por condução através da envolvente; Qv – Perdas de calor resultantes da renovação de ar; Qgu – Ganhos térmicos úteis na estação de aquecimento; Ap – Área útil de pavimento;

Nvc = Qg.(1-η)/Ap

Qg – Ganhos totais brutos do edifício ou fracção autónoma; η – Factor de utilização dos ganhos térmicos; Ap – Área útil de pavimento;

Nac = (Qa/ ηa-Esolar-Eren)/Ap

Qa – Energia útil dispendida com o sistema convencional de preparação de AQS; ηa - Eficiência de conversão do sistema de AQS; Esolar – Contribuição de sistemas de colectores solares para o aquecimento de AQS; Eren – Contribuição de outras formas de energias renováveis (raro); Ap – Área útil de pavimento;

Estes três parâmetros possuem limites máximos estipulados de acordo com as características da habitação. Assim,

� Necessidades nominais de energia útil para aquecimento (Ni) – dependem do factor de forma da fracção estudada (FF) e dos graus-dia de aquecimento (GD):

� Para FF ≤ 0,5 – Ni = 4,5+0,039.GD (kWh/m2.ano) � Para 0,5 < FF ≤ 1 – Ni = 4,5+(0,021+0,037.FF).GD (kWh/m2.ano) � Para 1 < FF ≤ 1,5 – Ni = [4,5+(0,021+0,037.FF).GD].(1,2-0,2.FF) (kWh/m2.ano) � Para FF < 1,5 – Ni = 4,05+0,06885.GD (kWh/m2.ano)

� Necessidades nominais de energia útil para arrefecimento (Ni) – dependem do posicionamento

geográfico e zona de Verão da habitação:

� Zona V1 (norte) – Nv = 16 kWh/m2.ano � Zona V1 (sul) – Nv = 22 kWh/m2.ano � Zona V2 (norte) – Nv = 18 kWh/m2.ano � Zona V2 (sul) – Nv = 32 kWh/m2.ano � Zona V3 (norte) – Nv = 26 kWh/m2.ano � Zona V3 (sul) – Nv = 32 kWh/m2.ano � Açores – Nv = 21 kWh/m2.ano � Madeira – Nv = 23 kWh/m2.ano

� Necessidades de energia útil para preparação de águas quentes sanitárias (Na) – reflectem o

consumo de águas quentes sanitárias previsto para a habitação em estudo:

� Na = 0,081. MAQS.nd/Ap (kW.h/m2.ano)

MAQS – consumo diário estimado com base no número de habitantes (l); nd – número anual de dias de consumo (nd=365 em edifícios habitacionais); Ap – área útil de pavimento.

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7

As necessidades globais de energia primária (Nt) resultam da combinação dos três parâmetros parciais devidamente poderados num mix energético definido anualmente em função da hidraulicidade.

N� � 0,9. 0,01. N� � 0,01. N � 0,15. N�� kgep/m�. ano� (1)

O limite máximo regulamentar para esse valor surge de uma combinação dos limites máximos das necessidades energéticas parciais também afectados de factores de ponderação baseados em dados estatísticos de padrões de consumo energético mas considerando ainda as eficiências nominais dos sistemas de aquecimento e arrefecimento (respectivamente ηi e ηv) e os factores de conversão em energia primária da energia útil consumida para aquecimento, arrefecimento e produção de AQS (respectivamente Fpui, Fpuv e Fpua).

N�� � 0,1. ����η�

. F"#� � 0,1. ��$�η$

. F"# � N��. F"#� kgep/m�. ano� (2)

Não é, no entanto suficiente, para o bom cumprimento do RCCTE, garantir que as necessidades energéticas de uma fracção estejam dentro dos limites admissíveis, ou seja, uma fracção autónoma pode cumprir os limites das necessidades energéticas e ainda assim encontrar-se em situação de incumprimento regulamentar. Na verdade o regulamento estipula ainda limites a uma série de parâmetros como os coeficientes térmicos dos elementos da sua envolvente, as pontes térmicas planas que neles se verifiquem ou o factor solar dos vãos envidraçados.

Por uma questão de eficiência, é importante que toda a envolvente da fracção em estudo contribua positivamente para o seu desempenho térmico. Não faria sentido concentrar os esforços numa única fachada esquecendo as restantes mesmo que, no final o balanço energético fosse o mesmo. Para além disso, como prevenção à ocorrência de patologias e ainda como parâmetro de conforto e durabilidade é importante estipular um limite máximo para os elementos das habitações. No Quadro 2 podem ser vistas as exigências regulamentares relativas à transmissão térmica de elementos opacos da envolvente.

Quadro 2 – Coeficientes de transmissão térmica superficiais máximos de elementos opacos (W/m2ºC) [2]

Elemento da envolvente Zona climática

I1 I2 I3

Elementos exteriores em zona corrente: Zonas opacas verticais

Zonas opacas horizontais

1,8

1,25

1,6

1

1,45

0,90

Elementos interiores em zona corrente: Zonas opacas verticais

Zonas opacas horizontais

2

1,65

2

1,30

1,90

1,20

As pontes térmicas planas (PTP) são também, como já se disse, alvo da preocupação do RCCTE. Apesar de, devido à sua reduzida área não serem relevantes do ponto de vista energético, estas zonas são preponderantes na durabilidade, possibilidade de ocorrência de patologias, conforto e comportamento higrotérmico da fracção em estudo.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabiledifícios de habitação

8

Na prática estas pontes térmicas correspondem a zonas de pilares, vigas ou caixas de estore embebidas nos elementos da envolvente da habitaçãocoeficiente de transmissão térmica bastamente, o RCCTE exige que o coeficiente de transmissão térmica na zona de ponte térmica não seja superior ao dobro do da zona corrente de fachada na qual está integrado.representar as situações de pontes térmicas planas mais frequentes e, coeficiente de transmissão térmica U

Pilar intermédio Fig. 1 –

Como forma de evitar o aquecimento excessivo de alguns compartimentos devido à incidência solar nos vãos envidraçados em período de Verão, o RCCTEpara o factor solar dos mesmos, ou seja, Esses limites podem ser vistos no Quadro 3.

Quadro 3 – Factores solares máximos admissíveis de vãos envidraçados

Classe de inércia térmica

O RCCTE contempla ainda, em conformidade com a filosofia seguida na Norma NP 1037de renovação do ar mínima de 0,6 hfracção autónoma como auxíliar para a vez de encontro à da eficiência energética.

2.1.2. RCCTE VS. REABILITAÇÃO

De acordo com o previsto no Art.regulamento é aplicável a cada fracção autónoma de novos edifíciosde edifícios já existentes e a grandes remodelações

térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabil

correspondem a zonas de pilares, vigas ou caixas de estore embebidas da habitação que, pelas suas características apresentarão um valor de

coeficiente de transmissão térmica bastante superiores aos da fachada que integram. Tendo isto em mente, o RCCTE exige que o coeficiente de transmissão térmica na zona de ponte térmica não seja superior ao dobro do da zona corrente de fachada na qual está integrado. A Figura 1 pretende

ar as situações de pontes térmicas planas mais frequentes e, nas situações coeficiente de transmissão térmica U3 terá de ser, simultaneamente menor do que o dobro de U

Talão de viga Caixa de estore

– Situações de pontes térmicas planas [3]

Como forma de evitar o aquecimento excessivo de alguns compartimentos devido à incidência solar em período de Verão, o RCCTE estabelece os limites máximo

para o factor solar dos mesmos, ou seja, limita a razão de energia que é transmitida para o interior.Esses limites podem ser vistos no Quadro 3.

Factores solares máximos admissíveis de vãos envidraçados [2]

Classe de inércia térmica Zona climática

V1 V2 V3

Fraca

Média

Forte

0,15

0,56

0,56

0,15

0,56

0,56

0,10

0,50

0,50

ainda, em conformidade com a filosofia seguida na Norma NP 1037de renovação do ar mínima de 0,6 h-1 e exige a instalação de 1 m2 de colector solar por habitante

para a preparação de águas quentes sanitárias, indo da eficiência energética.

revisto no Art.2º do RCCTE, referente ao âmbito e aplicação do aplicável a cada fracção autónoma de novos edifícios, a espaços novos de ampliações

e a grandes remodelações. Para que a interpretação da expressão ‘grandes

térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de

correspondem a zonas de pilares, vigas ou caixas de estore embebidas que, pelas suas características apresentarão um valor de

nte superiores aos da fachada que integram. Tendo isto em mente, o RCCTE exige que o coeficiente de transmissão térmica na zona de ponte térmica não seja

A Figura 1 pretende nas situações apresentadas, o

terá de ser, simultaneamente menor do que o dobro de U1 e U2.

Caixa de estore

Como forma de evitar o aquecimento excessivo de alguns compartimentos devido à incidência solar máximos admissíveis

razão de energia que é transmitida para o interior.

[2]

ainda, em conformidade com a filosofia seguida na Norma NP 1037-1, uma taxa de colector solar por habitante da

preparação de águas quentes sanitárias, indo assim mais uma

ferente ao âmbito e aplicação do mesmo, o espaços novos de ampliações

a interpretação da expressão ‘grandes

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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remodelações’ não seja subjectiva o RCCTE define-as como aquelas intervenções na envolvente ou instalações cujo custo seja superior a 25% do valor do edifício. Desta forma evita-se um investimento desmedido face à intervenção originalmente pretendida.

O regulamento exclui ainda do seu âmbito de aplicação quaisquer intervenções de remodelação, recuperação e ampliação de edifícios em zonas históricas ou em edifícios classificados caso se verifiquem incompatibilidades com as exigências regulamentares. Estas excepções funcionam como protecção para o património cultural edificado.

Assim, numa situação corrente de reabilitação, na qual a intervenção seja substancial, este documento deve ser verificado na íntegra. O Quadro 4 sistematiza as exigências que devem ser cumpridas.

Quadro 4 – Verificações regulamentares a respeitar

Parâmetro Exigência

Necessidades energéticas

de aquecimento de arrefecimento de preparação de AQS globais

Nic ≤ Ni Nvc ≤ Nv Nac ≤ Na

Ntc ≤ Nt

(kW.h/m2.ano)

(kW.h/m2.ano)

(kW.h/m2.ano) (kgep/m2.ano)

Coeficientes de transmissão térmica superficiais de elementos opacos da envolvente

Uenv ≤ Umáx (W/m2ºC)

Pontes térmicas planas UPTP ≤ 2. Uadjacente (W/m2ºC)

Factor solar de vãos envidraçados g┴env ≤ g┴máx

Colectores solares 1 m2 por habitante

2.2. REGULAMENTO DOS REQUISITOS ACÚSTICOS DOS EDIFÍCIOS

2.2.1. DESCRIÇÃO DO REGULAMENTO

A acústica é um importante factor de conforto em qualquer espaço onde se preveja uma longa permanência de pessoas. Dito isto, o Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios (RRAE) [4] procurou sistematizar valores de isolamento sonoro mínimos exigíveis à envolvente desses locais para assim garantir nesses espaços um nível de ruído aceitável e confortável.

O RRAE divide o som em dois tipos essenciais, sons de condução aérea e sons de percussão prevendo exigências adequadas para cada um deles.

Relativamente à condução aérea surgem duas situações distintas: ora um elemento separa uma zona de estar do exterior do edifício (D2 m,n), ora o elemento separa uma zona de estar de outros espaços do próprio edifício, sejam eles de outros fogos, de circulação comum ou dedicados a comércio, indústria, serviços e diversão (Dn).

No que toca à emissão de sons por percussão o parâmetro exigido é único. Importa então, definir o nível sonoro de percussão normalizado (Ln), ou seja, o nível sonoro médio, medido no compartimento receptor, proveniente de uma percussão normalizada exercida sobre um pavimento.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Sistematizando:

� D2m,n - Isolamento sonoro a sons de condução aérea normalizado entre zonas de estar e o exterior do edifício;

� Dn - Isolamento sonoro a sons de condução aérea normalizado entre zonas de estar e diversos espaços do edifício (circulação comum, outros fogos, espaços comerciais…)

� Ln - Nível sonoro de percussão no interior de um quarto ou zona de estar de um fogo (recepção) com origem numa percussão normalizada em pavimentos de outros espaços do edifício (emissão);

Quadro 5 – Exigências regulamentares para isolamento sonoro a sons de condução aérea e de percussão

Tipo de transmissão

Local de emissão Situação Exigência1

Aérea

Exterior do edifício Zonas mistas D2 m,n,w ≥ 33 dB

Zonas sensíveis D2 m,n,w ≥ 28 dB

Compartimentos de outro fogo - Dn,w ≥ 50 dB

Locais de circulação comum

- Dn,w ≥ 48 dB

Se o local emissor for um caminho de circulação vertical quando o edifício seja servido por ascensores

Dn,w ≥ 40 dB

Se o local emissor for uma garagem de parqueamento automóvel

Dn,w ≥ 50 dB

Locais destinados a comércio, indústria, serviços ou diversão

- Dn,w ≥ 58 dB

Percussão

Pavimentos de outros fogos ou locais de circulação comum do edifício

- L n,w ≤ 60 dB

Se o local emissor for um caminho de circulação vertical quando o edifício seja servido por ascensores

-

Pavimentos de locais destinados a comércio, indústria, serviços ou diversão

- L n,w ≤ 50 dB

1 O índice w indica valor medido in-situ e não determinado em laboratório

Para além dos parâmetros relativos ao isolamento acústico de elementos da envolvente, o RRAE faz ainda exigências no que toca ao nível de avaliação (LAr) e ao tempo de reverberação (T). O primeiro está directamente relacionado com os equipamentos e o ruído por eles produzido. Em edifícios habitacionais pode referir-se, por exemplo, a ascensores, grupos hidropressores ou geradores eléctricos. O Quadro 6 contém essas exigências.

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Quadro 6 – Exigências do nível de avaliação do ruído particular de equipamentos colectivos do edifício

Situação Exigência

Equipamentos de funcionamento intermitente LAr ≤ 35 dB

Equipamentos de funcionamento contínuo LAr ≤ 30 dB

Grupo gerador eléctrico de emergência LAr ≤ 40 dB

A segunda exigência está relacionada com o tempo que o som leva a decair e é relevante apenas em locais de permanência prolongada e involuntária como por exemplo escolas ou hospitais não possuindo qualquer exigência no meio habitacional.

Como forma de verificar o cumprimento regulamentar, após a construção do edifício realizam-se medições in situ (segundo a norma NP 1730 de 1996). Associado às medições está sempre um grau incerteza e, como resposta a essa situação, o RRAE prevê uma tolerância de 3 dB associada a todas as exigências acústicas referidas.

2.2.2. RRAE VS. REABILITAÇÃO

O RRAE é totalmente omisso no que diz respeito ao seu âmbito e, em todo o documento não surge uma única referência a reabilitação ou termo similar, no entanto, o Art. 5º no qual aparecem especificados os requisitos acústicos para edifícios habitacionais ou mistos explicita que estes devem ser respeitados para “a construção de edifícios que se destinem a usos habitacionais”. Daí se depreende que este documento será de aplicação obrigatória, não em situações de reabilitação, mas apenas em novas construções.

Importa ainda referir que, caso se pretenda que um edifício já construído cumpra as exigências acústicas deste regulamento, dada a complexidade do cálculo que lhe está associado e a grande incerteza do resultado obtido, a determinação dos parâmetros acústicos da sua envolvente deve ser feita por meio de medições in situ. Desta forma o valor obtido é fiável e pode ser utilizado como base para possíveis reforços acústicos caso a envolvente não satisfaça os limites preconizados no regulamento.

As reabilitações mais usuais são as realizadas aos elementos de fachada, no entanto verifica-se que uma parte considerável das exigências do RRAE são dirigidas a elementos de separação de espaços interiores. Esse facto pode tornar difícil uma verificação global deste regulamento até porque, as exigências para os elementos interiores são, quase sempre, mais rigorosas do que as aplicáveis aos elementos de separação com espaços exteriores.

2.3. REGIME JURÍDICO DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS

2.3.1. DESCRIÇÃO DO REGIME JURÍDICO

O Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios (RJSCIE) [5] é a mais recente versão da legislação desta especialidade. Aprovado a 12 de Novembro de 2008, o RJSCIE mantém alguns dos princípios do seu antecessor mas altera em muito a sua estrutura pois, este novo regime jurídico compila todas as situações que anteriormente existiam em regulamentos separados.

Com todas as exigências que faz, o RJSCIE pretende reduzir a probabilidade de ocorrência de incêndios, limitar o desenvolvimento dos mesmos, facilitar a evacuação e salvamento dos ocupantes e

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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ainda permitir a intervenção eficaz e segura dos meios de socorro quando necessário. Para tudo isso, o RJSCIE baseia-se em princípios bastante diferentes dos restantes regulamentos em estudo, ou seja, enquanto o RCCTE e RRAE são regulamentos que privilegiam o conforto dos ocupantes dos espaços (e no caso do RCCTE também a eficiência energética), a principal preocupação do RJSCIE é a preservação da vida humana, do ambiente e do património cultural. Isto justifica, de certa forma, a rigidez das suas exigências.

O Decreto-Lei n.º 220/2008 estabelece os princípios gerais do Regime Jurídico e contém as informações necessárias para a categorização dos edifícios e seus espaços de acordo com as suas utilizações-tipo (da I a XII) e categorias de risco (da 1ª à 4ª). Classifica também, de A a F, os locais de ocupação conforme o seu risco previsível.

Publicada posteriormente, a Portaria nº1532/2008 constitui o Regulamento Técnico (RT) [6] deste regime jurídico estabelecendo todas as exigências que um edifício ou espaço deve cumprir de acordo com a sua classificação.

Há ainda outros documentos incluídos neste regime jurídico como por exemplo o Despacho nº2072/2009 que define as regras, coeficientes e factores necessários para o cálculo da densidade de carga de incêndio. Este parâmetro é apenas necessário para definir a categoria de risco de algumas utilizações-tipo que não a habitacional, pelo que não será importante para esta dissertação.

Dos documentos que constituem este regime jurídico, a portaria é, sem dúvida, o mais complexo. Como já foi referido, é nela que estão definidas todas as regras a que determinado edifício deve obedecer relativamente à segurança contra incêndios. Por se tratar de uma questão de segurança onde, potencialmente, está em risco a vida dos ocupantes, a portaria é bastante específica e rigorosa nas suas exigências nos vários campos que aborda. Para o estudo efectuado será dada especial atenção à resistência ao fogo dos mais variados elementos (estruturais ou de confinamento de, por exemplo, vias de evacuação) e ainda às classes de reacção ao fogo dos materiais de revestimento fachadas, vãos envidraçados e coberturas em geral, bem como de paredes, tectos e pavimento de vias de evacuação.

A resistência ao fogo de um elemento é a propriedade que esse elemento possui de, quando exposto a um incêndio, conservar durante um período de tempo as suas características de estabilidade, estanqueidade, isolamento e/ou resistência mecânica. Quando essas funções são unicamente estruturais atribui-se-lhe a designação R, caso sejam apenas de compartimentação e o elemento seja estanque ao fogo é-lhe atribuída a classe E mas, se para além de impedir a propagação da chama esse elemento impedir ainda a transmissão de calor este será classificado como I.

Estas três classes podem ser acumuladas de forma a que um elemento, uma parede por exemplo, que desempenhe as três funções seja classificada como REI. Esta classificação funcional é complementada por um escalão de tempo que representa o período (em minutos) que o elemento em causa consegue desempenhar as suas funções correctamente. Quando o elemento em causa é uma porta, os dois parâmetros referidos são ainda complementados um terceiro que identifica se esta é ou não dotada de dispositivos de fecho automático.

O Quadro 7 resume as exigências constantes do RJSCIE relativas à resistência ao fogo de elementos construtivos relativas à utilização-tipo I.

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Quadro 7 – Escalões de resistência ao fogo mínimos de diversos elementos construtivos para a UT-I

Elementos Condicionantes/Exigências

(escolher o escalão mais gravoso)

Paredes de empena Altura ≤ 28 m Altura > 28 m

EI 60 EI 90

Estruturais Categoria de risco

1ª 2ª 3ª 4ª

Apenas suporte Suporte e compartimentação

R 30 REI 30

R 60 REI 60

R 90 REI 90

R 120 REI 120

Separação entre utilizações-tipo Categoria de risco

1ª 2ª 3ª 4ª

I, III a X II, XI e XII

30 60

60 90

90 120

120 180

Envolventes de vias horizontais de evacuação interiores protegidas

Paredes não resistentes

Paredes resistentes

Portas

Edifício de pequena altura Edifício de média ou grande altura Edifício de muito grande altura

EI 30 EI 60 EI 90

REI 30 REI 60 REI 90

EI 15 C EI 30 C EI 45 C

A reacção ao fogo corresponde ao comportamento que determinado material tem face ao fogo, contribuindo pela sua própria decomposição para o início ou desenvolvimento de um incêndio. Este parâmetro é avaliado com base num conjunto de ensaios normalizados (adoptando as Decisões da Comissão das Comunidades Europeias nos2000/147 CE e 2003/632/CE).

As versões anteriores da legislação de segurança contra incêndios preconizavam um sistema de classificação de reacção ao fogo dos materiais um pouco limitado, mas o actual regulamento contempla a classificação europeia. Este novo sistema de classificação, para além de atribuir ao material uma classificação principal relacionada directamente com a contribuição do material para o incêndio (de A a E, sendo A a que menos contribui para o fogo), possui ainda dois parâmetros complementares que classificam a produção de fumo e a formação de gotas ou partículas incandescentes. Para além disso, para identificar os revestimentos de pavimentos utiliza-se o índice FL associado à classificação principal ou apenas L quando se tratem de produtos lineares para isolamento térmico de tubagens.

Como se pode compreender a correspondência entre os dois sistemas não é linear pelo que, numa fase de transição é natural que surjam algumas dúvidas relativamente à classe de determinado material e se esse pode ou não ser aplicado em determinadas circunstâncias.

As exigências relativas à reacção ao fogo de elementos de fachada e a revestimentos de vias de evacuação e locais de risco podem ser vistas nos Quadros 8 e 9 respectivamente.

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Quadro 8 – Classe de reacção ao fogo mínima exigida a elementos de fachada

Elementos Classe de reacção

Altura ≤ 9 m 9 < Altura ≤ 28 m Altura > 28 m

Fachada tradicional

Revestimentos de zona corrente Elementos transparentes Caixilharias, estores ou persianas

C-s2 d0 C-s2 d0 D-s3 d0

C-s2 d0 C-s2 d0 D-s3 d0

B-s2 d0 B-s2 d0 C-s3 d0

Fachada-cortina

Estrutura de suporte do sistema Superfície externa/confinante da caixa-de-ar Isolante térmico

C-s2 d0 C-s2 d0 D-s3 d0

B-s2 d0 B-s2 d0 B-s2 d0

A2-s2 d0 A2-s2 d0 A2-s2 d0

Sistema ETICS

Sistema completo Isolante térmico

C-s3 d0 E-d2

B-s3 d0 E-d2

B-s2 d0 B-s2 d0

Coberturas em terraço EFL EFL A2FL-s1

Quadro 9 – Classe de reacção ao fogo mínima exigida a revestimentos de vias de evacuação e locais de risco

Envolventes de Condicionantes/Classe de reacção

Vias de evacuação horizontais Ao ar livre e até 9m

Entre 9 m e 28 m Acima de 28 m ou abaixo do

plano de referência

Paredes e tectos Pavimentos

C-s3 d1 DFL-s3

C-s2 d0 CFL-s2

A2-s1 d0 CFL-s1

Vias de evacuação verticais Exteriores Altura

Até 28 m Acima de 28 m

Paredes e tectos Pavimentos

C-s3 d1 DFL-s3

C-s2 d0 CFL-s2

A2-s1 d0 CFL-s1

Locais de risco A (os mais usuais em edifícios de habitação)

Paredes e tectos Pavimentos

D-s2 d2 EFL-s2

2.3.2. RJSCIE VS. REABILITAÇÃO

O RJSCIE é a nova legislação no que toca à segurança contra incêndios e as únicas excepções previstas são referidas no seu Art. 3º. Assim, devido à grande dificuldade de regulamentar estes espaços estão excluídos da verificação do regulamento técnico os estabelecimentos prisionais, carreiras de tiro e paióis de munições ou explosivos. Nesse mesmo artigo, o RJSCIE salvaguarda ainda os imóveis classificados referindo que, quando as medidas de segurança a tomar se revelem lesivas ao valor patrimonial do edifício em questão ou sejam manifestamente desproporcionadas, estas podem,

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com a devida autorização da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC), ser substituídas por medidas de autoprotecção.

Ao fazer esta distinção e não mostrar mais nenhum ponto de flexibilidade relativamente a edificações existentes, o RJSCIE não protege a maior parte do património edificado português e está, indirectamente a defender que o único património edificado cuja preservação é importante será aquele que, de acordo com o preconizado na Lei 107/2001 de 8 de Setembro, é considerado classificado. Desse ponto de vista, não haverá então interesse em proteger as características qualquer outro edificado, independentemente do seu valor histórico-cultural ou patrimonial.

É importante relembrar que, do património edificado português, apenas uma percentagem ínfima é considerada classificada e que existem em Portugal edifícios com grande valor histórico-cultural que não estão abrangidos por essa classificação. Conforme mencionado anteriormente, os três princípios base deste Decreto-Lei são a preservação da vida humana, do ambiente e do património cultural, no entanto, ao apenas proteger os imóveis classificados, o RJSCIE está a esquecer muitos edifícios com valor patrimonial inegável e, portanto, a contrariar um dos seus princípios base.

Partindo do princípio que este documento será então de aplicação obrigatória para os edifícios existentes, este deve ser verificado em qualquer simples intervenção de reabilitação. Assim, este estudo irá focar-se principalmente na análise de três de pontos fulcrais deste documento: as características de reacção ao fogo dos materiais, as características de resistência ao fogo de elementos construtivos e ainda as características das vias de evacuação.

2.4. NORMA PORTUGUESA 1037-1: EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO . VENTILAÇÃO NATURAL

2.4.1. DESCRIÇÃO DA NORMA

A qualidade do ar e número de renovações horárias de uma habitação têm uma grande importância tanto no conforto como na salubridade da mesma. Se o número de renovações horárias for insuficiente o ar pode tornar-se saturado mas, por outro lado, se for excessivo a habitação pode tornar-se desconfortável devido às correntes de ar. A Norma Portuguesa 1037 procura dar uma ajuda na manutenção desse frágil equilíbrio entre o conforto e a qualidade do ar.

Logo à partida, este documento tem um carácter muito distinto dos três anteriores. Tratando-se de uma norma, não tem qualquer valor vinculativo ou legal e constitui apenas uma série de sugestões ou medidas de prática comum que asseguram, na generalidade das situações, um bom funcionamento da ventilação e dos aparelhos a gás da habitação. Cumprindo esta norma fica facilitado o trabalho de todos os intervenientes no processo da construção desde a concepção de espaços até à montagem final dos aparelhos a gás.

Esta norma está dividida em quatro partes, no entanto apenas será estudada a Parte 1 pois esta corresponde à solução mais frequentemente utilizada em edifícios habitacionais corrente:

� Parte 1: Edifícios de habitação: Ventilação natural [7] � Parte 2: Edifícios de habitação: Ventilação mecânica � Parte 3: Volume dos locais: Posicionamento dos aparelhos a gás � Parte 4: Instalação e ventilação de cozinhas profissionais

A Parte 1 da norma divide a ventilação natural em dois tipos: conjunta, quando toda a habitação contribui simultaneamente para a renovação do ar ou separada, quando alguns compartimentos são ventilados de forma independente. Em geral, é opta-se pela ventilação conjunta, no entanto, com a

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existência de dispositivos de fogo aberto como lareiras ou fogões tradicionais é recomendável que o compartimento onde estes estejam instalados seja ventilado separadamente da restante habitação.

A NP 1037-1 está estruturada admitindo a situação ideal para situações de ventilação natural - a existência de aberturas para admissão de ar nas fachadas dos compartimentos principais e de grelhas nos compartimentos de serviço para assegurar a sua extracção. A circulação interior do ar deverá processar-se através de grelhas devidamente dimensionadas para o efeito ou através folgas nas portas interiores da habitação.

Com base neste princípio, o primeiro passo será definir os caudais-tipo necessários para a ventilação de toda a habitação. Estes caudais são obtidos, para os vários compartimentos, a partir de valores mínimos de renovações horárias (Quadro 10) de acordo com as funções que desempenham e com a existência ou não de aparelhos a gás ou lareiras. Importa ainda referir que, para certos compartimentos, mais uma vez dependendo das actividades que neles se desenvolvem ou dos aparelhos neles instalados, a norma define caudais mínimos a considerar independentemente do que se possa obter pelas renovações horárias. Esses valores podem ser consultados no Quadro 11.

Definidos então os caudais necessários procede-se a um equilíbrio entre a admissão e extracção de ar, sendo, por fim com esses valores que se realiza o dimensionamento propriamente dito das grelhas e aberturas a instalar.

Quadro 10 – Renovações por hora mínimas consideradas para determinação dos caudais-tipo

Compartimentos Número mínimo de Rph (h-1)

Compartimentos principais (quartos, salas, escritórios etc.)

1

Compartimentos de serviço (WCs e cozinhas)

4

Locais com chaminés de fogo aberto (lareiras)

4

Quadro 11 – Caudais mínimos admissíveis para compartimentos de serviço

Compartimento Caudal mínimo (m3/h)

Instalações sanitárias com banheira ou duche

45

Instalações sanitárias sem banheira nem duche

30

Cozinhas 60

Locais com aparelho a gás (exceptuando caldeiras) 4,3.Qn

(1)

Locais com caldeiras 5.Qn(1)

(1) Qn – potência nominal do aparelho em kW

Dimensionar as grelhas e aberturas necessárias não é suficiente para assegurar o bom funcionamento do sistema de ventilação. Para que a renovação do ar se processe de forma próxima com a prevista é

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importante que a admissão e extracção de ar se processem unicamente através dos meios instalados para esse efeito. Como forma de acautelar essa situação, a norma estabelece, em função da exposição ao vento das fachadas as classes mínimas aconselháveis de permeabilidade ao ar das janelas e portas exteriores de acordo com a Directiva UEAtc para a Homologação de Janelas. O Quadro 12 define as classes aconselháveis de acordo com a exposição da fachada em causa.

Quadro 12 – Classes de permeabilidade ao ar de janelas e portas exteriores em função da sua exposição [7]

Altura acima do solo

Região A Região B

Rugosidade do terreno Rugosidade do terreno

Tipo I Tipo II Tipo III Tipo I Tipo II Tipo III

≤ 10 m A1 A2 A2 A1 A2 A2

> 10 m e ≤ 18 m A1 A2 A2 A1 A2 A2

> 18 m e ≤ 28 m A1 A2 A2 A2 A2 A2

> 28 m e ≤ 60 m A2 A2 A2 A2 A2 A2

> 60 m e ≤ 80 m A2 A2 A2 A2 A2 A3

2.4.2. NP 1037-1 VS. REABILITAÇÃO

A norma não é explícita relativamente à sua aplicação em situações de reabilitação, mas uma vez que o que está em causa não são exigências mas sim recomendações, será lógico admitir que estas sejam válidas em qualquer circunstância.

Apesar de a norma admitir que ocorram alterações ao dimensionamento nela preconizado desde que o desempenho da ventilação não saia prejudicado, a verdade é que esta está redigida tendo como base um único sistema de ventilação: admissão nas fachadas de compartimentos principais e extracção nos compartimentos de serviço. Assim, quando a ventilação não se processar nesses termos esta norma apenas terá aplicabilidade na avaliação global do sistema existente em relação às renovações horárias asseguradas.

Para verificar a adequabilidade desta norma será então necessário supor que a ventilação dos edifícios estudados se processará nas condições que a norma idealiza admitindo que será possível instalar os dispositivos de admissão e extracção de ar necessários.

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3

CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA EM ESTUDO

3.1. ESCOLHA DA AMOSTRA

O património edificado português tem características muito diversas. Tendo isso em conta procurou reunir-se uma amostra representativa dessa variedade. Assim, os cinco edifícios escolhidos permitem abranger um grande leque de períodos de construção com características muito distintas.

Neste capítulo e nos seguintes irá proceder-se à análise de uma casa rural do Minho, cuja construção data do século XIX [8], e de um edifício urbano do final do mesmo século implantado na rua de Sá da Bandeira no Porto [9]. O tipo de construção destes edifícios é bastante diferente do actual - as espessas paredes de alvenaria de pedra assim como os pavimentos de madeira são característicos das épocas que representam. Essas duas características conferem as estes edifícios uma identidade própria e, por isso mesmo, podem também dificultar a aplicação de regulamentos mais direccionados para a metodologia construtiva actual.

Os outros três edifícios estudados são já bastante mais recentes tendo sido construídos em pleno século XX. O primeiro deste grupo é um edifício de uso misto que data dos anos 60 e que recebe, para além de espaços habitacionais, relevantes funções de serviços e comércio [10]. Apesar da sua geometria algo irregular com 3 volumes distintos a sua construção aproxima-se dos padrões actuais apresentando uma estrutura constituída essencialmente de betão armado sendo as paredes exteriores e divisórias constituídas por dois panos de alvenaria.

O segundo é um edifício que, apesar da existência de espaços para ateliers no piso superior e da presença de estabelecimentos comerciais no rés-do-chão, é claramente habitacional apresentando oito pisos dedicados a essa utilização [11]. Este edifício da década de 70 é na verdade um conjunto de 3 blocos habitacionais em banda e a sua construção é muito semelhante ao que hoje em dia é mais frequente – estrutura reticulada de betão armado com paredes duplas de alvenaria.

Por fim analisou-se um bairro de habitação social construído nos anos 80 [12]. Este bairro é o imóvel mais recente da amostra e é constituído por diversos blocos de apartamentos com cinco pisos. A configuração destes edifícios é modular, ou seja, todos os edifícios do bairro são semelhantes.

Não é só a data da sua construção ou as suas características, geometria e materiais que distinguem estes edifícios uns dos outros. Importa ainda dizer que as intervenções a que cada um deles foi sujeito são também distintas. Tendo isto em mente, podem dividir-se os edifícios em dois grupos. O primeiro é caracterizado por uma reabilitação mais profunda podendo intervir no interior das fracções e até alterar a distribuição interior dos espaços. Neste grupo estão incluídos a moradia rural do Minho e o edifício da rua de Sá da Bandeira. Já os restantes três edifícios incluem-se no segundo grupo, cujos

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projectos de reabilitação foram muito mais conservativos intervindo apenas nos elementos exteriores da envolvente. Estas últimas intervenções limitavam-se, em geral, apenas a renovar o existente sendo que apenas no projecto do bairro social se alteraram as características da sua envolvente exterior.

3.2. CASA RURAL DO MINHO

3.2.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EDIFÍCIO E INTERVENÇÃO

Esta casa senhorial do Séc. XIX, situada no Minho está implantada num terreno de área bastante extensa situado numa zona rural com poucos edifícios na periferia. No mesmo lote existe uma outra casa rural da mesma época que seria o local de habitação do caseiro.

Fig. 2 – Alçado e fotografias do interior da casa rural

O projecto de reabilitação desta moradia foi, dos estudados, o que mais radicalmente modificou a configuração do edifício original conseguindo ainda assim manter as suas características tradicionais.

Esta casa possui uma área útil de cerca de 240 m2 e um pé direito de 2,8 m. Tem dois pisos habitáveis e ainda um desvão ventilado na cobertura (sótão) que servirá apenas para arrumos. O primeiro piso foi completamente remodelado passando a albergar uma biblioteca, uma sala de leitura, uma pequena

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cozinha regional, três quartos de dormir (cada um com o seu WC completo privativo) e ainda um pequeno hall e WC que, apesar de ter dimensões mais reduzidas mantém a banheira original. A entrada principal da habitação está situada neste piso e dá acesso directo aos corredores por onde se processa toda a circulação entre compartimentos.

Foi criada uma abertura no pavimento deste piso estabelecendo uma ligação com o R/C. Anteriormente este piso teria apenas espaços de arrecadação e funcionaria como adega mas, com este novo projecto esses espaços serão convertidos numa sala de estar, sala de jogos, WC de serviço, despensa e cozinha corrente (passando a cozinha do primeiro piso a desempenhar funções unicamente decorativas).

3.2.2. TÉRMICA

A moradia, situa-se no concelho de Fafe a uma distância da costa muito superior a 5 km e a cerca de 450 m de altitude. Estas características, conjugadas permitem classificar o local como zona climática de Inverno I2 e de Verão V2 com 2090 graus-dia de aquecimento (no Inverno) e temperatura exterior de projecto à volta de 32ºC (no Verão).

Fig. 3 – Envolvente térmica da casa rural do Minho

Como se pode ver na figura acima, apenas se adoptou o corpo principal da casa como local aquecido considerando-se assim as duas cozinhas, dois WCs de serviço e despensa como locais não aquecidos (l.n.a.). Essa decisão foi tomada por uma questão de simplificação sendo que, pelo menos a cozinha do R/C e os WCs deveriam ser considerados como locais aquecidos. Os cálculos serão realizados com base na situação aqui ilustrada.

Como será de esperar, a configuração original desta moradia não possuía qualquer isolante térmico, no entanto, o projecto de reabilitação contempla um reforço com lã mineral em grande parte da sua

Envolvente Exterior Envolvente Interior Envolvente s/Requisitos

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envolvente. Para determinar estes coeficientes e também os relativos aos vãos envidraçados, recorreu-se aos dados e soluções previstas no ITE 50 [13]. O mesmo é válido para os outros edifícios.

As características dos elementos opacos da envolvente da moradia estão sistematizadas no Quadro 13.

Quadro 13 – Configurações original e prevista no projecto de reabilitação para os elementos da envolvente

Elemento Configuração Coeficiente de

transmissão térmica (U – W/m2.ºC)

Paredes exteriores � Granito: 50 cm � Lã mineral: 3 cm � Gesso cartonado: 1,5 cm

0,96

Paredes exteriores � Granito: 30 cm � Lã mineral: 3 cm � Gesso cartonado: 1,5 cm

1,06

Paredes interiores � Granito: 30 cm � Gesso cartonado: 1,5 cm 2,50

Pavimento exterior

� Gesso cartonado: 1,5 cm � Espaço de ar: 2 cm � Lã mineral: 10 cm � Laje aligeirada de betão armado: 20 cm � Argamassa de regularização: 5 cm � Granulado negro de cortiça: 3 cm � Revestimento de madeira

0,38

Cobertura

� Telha e respectivo suporte � Desvão ventilado � Lã mineral: 10 cm � Pavimento de madeira: 4 cm � Espaço de ar: 20 cm � Gesso cartonado: 1,5 cm

0,32

Os envidraçados originais eram compostos por vidro simples e caixilharia de madeira com portadas de madeira interiores e, de forma a não alterar demasiado a estética das fachadas, mantiveram-se os elementos envidraçados mais marcantes e visíveis. Assim, optou-se por manter os envidraçados com duas folhas que podem ser vistos no alçado poente da moradia e os envidraçados da fachada Norte devido à sua orientação que, para além de em termos regulamentares possuir exigências menos severas ainda fica virada para via pública. O projecto de reabilitação contempla então a substituição dos restantes envidraçados por uma caixilharia metálica com vidros duplos (10+6+4).

Do Quadro 14 constam as características dos vãos envidraçados existentes nesta moradia.

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Quadro 14 – Elementos envidraçados do edifício de habitação em altura

Configuração Coeficiente de transmissão térmica (U – W/m2.ºC)

Factor Solar

Vidro Protecção

Caixilharias de madeira com vidro simples (4 mm)

3,4 0,88 0,3

Caixilharia metálica com vidros duplos (10+6+4 mm)

2,0 0,56 0,3

Para este estudo as perdas lineares não são muito relevantes visto que se pretende intervir essencialmente nos elementos da envolvente (paredes, pavimentos, cobertura e envidraçados). Para além disso, com a intervenção projectada e a aplicação de isolante térmico parte dessas perdas serão, à partida minoradas. O RCCTE sugere o valor de 0,5 W/m.ºC para situações não tabeladas e será esse o valor adoptado para a generalidade das situações que surjam no edifício em estudo.

As construções desta época têm uma inércia tipicamente média devido aos pavimentos de madeira ao contributo quase nulo que eles dão para a mesma.

3.2.3. ACÚSTICA

Por se tratar de uma moradia implantada numa zona rural não se trata de um local particularmente ruidoso. Também por se tratar de uma moradia unifamiliar isolada as únicas exigências a verificar serão as relativas à separação entre as zonas de estar e o exterior da habitação (Fig. 4).

Assim, importa verificar os elementos que separam o exterior das zonas que, nesta moradia podem ser consideradas zonas de estar. São elas os três quartos de dormir, a biblioteca, a sala de leitura, o salão do jogos e a sala de estar do rés-do-chão

Fig. 4 – Envolvente acústica da moradia rural do Minho – só separação entre zonas de estar e o exterior

De forma semelhante ao que se verificou com a térmica, esta moradia não possuía, originalmente, qualquer isolante acústico, no entanto, ao optar-se pela colocação de lã mineral para melhorar o seu desempenho térmico está-se também a melhorar o isolamento acústico dos diversos elementos desta habitação.

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3.2.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS

Relativamente à segurança contra incêndios a casa rural tem apenas cerca de 2,6 m de altura acima do plano de referência, corresponde à Utilização-Tipo I (habitação) e, tendo em conta que possui apenas um piso semi-enterrado, pertence à 1ª categoria de risco. Visto tratar-se de uma habitação unifamiliar, não há necessidade de quantificar o seu efectivo nem classificar o risco dos seus espaços.

No quadro seguinte pode ver-se uma listagem dos diversos materiais de revestimento existentes nesta moradia e as respectivas classes de reacção ao fogo. Estes valores encontram-se tabelados para diversos materiais no ITE 55 [14].

Quadro 15 – Classe de reacção ao fogo dos materiais de revestimento da moradia rural do Minho

Revestimentos Classe de reacção ao fogo

Pedra natural A1

Gesso cartonado A1

Soalho DFL-s1

Ladrilhos cerâmicos A1FL

Relativamente à resistência ao fogo dos elementos desta casa, as suas paredes maciças em granito, deverão sem qualquer problema garantir a resistência durante um período de tempo bastante superior do que o necessário não levantando problemas. As dificuldades poderão surgir nos pavimentos de madeira que não apresentam um comportamento muito favorável. Verifica-se no entanto que o revestimento destas é em gesso cartonado, um material muito eficaz como retardador do fogo e que deverá portanto conferir ao conjunto a resistência ao fogo necessária.

3.2.5. VENTILAÇÃO

Fafe está inserido na Zona A e o local da sua implantação, por ser uma zona rural exposta ao vento, apresenta uma rugosidade aerodinâmica do tipo III. Para além disso, visto que tem menos de 10 metros de altura acima do solo pelo que esta moradia estará incluída na classe de exposição ao vento Exp 3.

Fig. 5 – Esquema de ventilação da moradia rural do Minho

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A admissão de ar deverá ser feita nos compartimentos principais por aberturas colocadas na fachada e correctamente dimensionadas para o efeito. Assim, a sala de jogos e sala de estar bem como todos os quartos, a biblioteca e a sala de leitura são locais por onde se deverá processar essa admissão.

Para manter o equilíbrio, a extracção desse mesmo ar será realizada pela cozinha e pelos 5 WCs existentes. A circulação interior deverá ser concretizada através de folgas nas portas interiores para assim evitar a colocação de grelhas para o efeito.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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3.3. EDIFÍCIO DA RUA DE SÁ DA BANDEIRA

3.3.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EDIFÍCIO E DA INTERVENÇÃO

A rua Sá da Bandeira é uma importante artéria da cidade do Porto pois liga directamente a Rua Gonçalo Cristóvão à Praça da Liberdade, dois pontos fulcrais da cidade. Para além disso, a rua Sá da Bandeira está situada numa zona claramente privilegiada desenvolvendo-se paralelamente à Rua de Santa Catarina, um dos maiores atractivos comerciais da cidade. Como se isso não fosse suficiente, a sua proximidade de atractivos culturais é notável, albergando o Teatro Sá da Bandeira e ficando a escassos metros do Teatro Tivoli, do Coliseu do Porto e do Cinema Passos Manuel. Trata-se então de um centro urbano importante, com um certo valor patrimonial e histórico, e portanto qualquer intervenção na zona deverá ter isso em conta.

Fig. 6 – Fachada da frente e tardoz do edifício de Sá da Bandeira

O edifício em estudo data dos finais do século XIX e, como é característico dos edifícios urbanos dessa época, está implantado num lote profundo e estreito, em banda com os edifícios vizinhos. Trata-se de um R/C+3 sendo o terceiro piso recuado e apresenta a distribuição tradicional de espaços, ou seja, estabelecimento comercial no rés-do-chão e os outros dois pisos dedicados à habitação com um fogo por piso. O piso recuado recebe apenas um pequeno atelier e terraço.

Este edifício é suportado por espessas paredes de alvenaria e os pavimentos são, após a reabilitação, constituídas por aglomerados estruturais de madeira. O acesso aos pisos sucessivos é feito por uma escada de madeira estando as portas de entrada das habitações localizadas nos patamares da mesma.

A fachada é típica da época em que foi construído pois, uma vez que a iluminação artificial não era ainda possível dava-se uma maior importância à iluminação natural. Este facto justifica então as grandes dimensões dos envidraçados da fachada. Também característicos destes edifícios são os

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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grandes pés-direitos que possibilitaram, no projecto de reabilitação estudado, a inclusão de um piso intermédio em cada habitação.

As habitações correspondem à tipologia T2 e possuem uma área útil de aproximadamente 145 m2. Desta área, uma grande parte é ocupada pela sala que, nestes fogos assume um grande destaque. Assim, o espaço da sala é partilhado com a cozinha sem separação física apresentando portanto uma área bastante considerável da totalidade do apartamento. Para além disso importa destacar a existência de uma sala de vestir que apoia um dos dois quartos e de três WCs, dois dos quais são completos. O terceiro WC é apenas de serviço e está instalado directamente sobre os outros dois, no piso intermédio. Esse piso recebe ainda um compartimento de arrumos.

3.3.2. TÉRMICA

Este edifício situa-se, como já foi referido, na rua de Sá da Bandeira, Porto. Esse concelho pertence às zonas climáticas I2 e V1. Situado a pouco mais de 5 km da costa, este edifício conta com 1610 graus-dia de aquecimento no Inverno e com uma temperatura exterior de 30ºC no Verão.

Fig. 7 – Envolventes térmicas das habitações do edifício de Sá da Bandeira

Como se pode ver na figura, a envolvente exterior das fracções é reduzida quando comparada com a interior. Isso deve-se, sobretudo à existência de paredes de meação que separam este edifício dos seus vizinhos.

À semelhança do que aconteceu com a moradia rural, este edifício não possuía isolamento mas, mais uma vez, o projecto de reabilitação prevê a aplicação de lã mineral nos elementos da sua envolvente exterior.

Como já foi dito, este projecto de reabilitação, embora não tão intrusivo como o da moradia rural do Minho promove ainda algumas alterações ao imóvel. Para além da criação do piso intermédio, este projecto prevê ainda a substituição de alguns elementos leves como as paredes que separam os

Envolvente Exterior Envolvente Interior Envolvente Sem Requisitos

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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apartamentos das caixas de escadas ou as lajes de pavimento. Estes elementos deram lugar, respectivamente a paredes de gesso cartonado com lã mineral no seu interior e pavimentos de aglomerado estrutural de madeira também elas revestidas com diversas camadas de lã mineral.

De realçar ainda quem, apesar do pavimento interior que separa os apartamentos não possuir exigências térmicas, este foi também reforçado por questões de acústica. Para além disso a configuração das paredes de meação deste edifício foi mantida permanecendo então sem qualquer isolante.

No quadro seguinte podem ser vistas as suas características bem como as dos restantes elementos da envolvente deste edifício.

Quadro 16 – Coeficientes de transmissão térmica dos elementos da envolvente do edifício de Sá da Bandeira

Elemento Configuração Coeficiente de

transmissão térmica (U – W/m2.ºC)

Paredes exteriores

� Reboco: 3 cm � Granito: 45 cm � Reboco: 1,5 cm � Lã mineral: 5 cm � Gesso cartonado: 1,3 cm

0,64

Paredes interiores � Gesso cartonado: 3,9 cm � Lã mineral: 7 cm � Gesso cartonado: 2,6 cm

1,46

Paredes de meação � Reboco: 1,5 cm � Granito: 40 cm � Reboco: 1,5 cm

2,35

Pavimento interior (1º piso)

� Gesso cartonado: 1,3 cm � Lã de vidro: 5 cm � Espaço de ar: 8 cm � Aglomerado estrutural: 2,1 cm � Lã de vidro: 2 cm � Espaço de ar: 7 cm � Membrana betuminosa: 1,8 cm � Aglomerado estrutural: 2 cm � Lã mineral: 2,2 cm � Soalho flutuante

0,26

Cobertura

� Lajetas: 5 cm � Geotextil e manta protectora � Poliestireno extrudido: 8 cm � Impermeabilização � Camada de forma: 5 cm � Laje aligeirada: 30 cm � Reboco: 2 cm

0,27

Os grandes vãos envidraçados da fachada são constituídos por vidros simples de 4 mm de espessura com caixilharia de madeira. No interior destes vãos existem portadas de madeira. Uma vez que o comportamento térmico destes não será muito favorável mas que, por motivos da estética da fachada, não podiam ser substituídos optou-se por instalar uma segunda caixilharia pelo interior. O Quadro 17 mostra as características finais dos vãos envidraçados.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Quadro 17 – Elementos envidraçados do edifício de Sá da Bandeira

Configuração Coeficiente de transmissão térmica (U – W/m2.ºC)

Factor Solar

Vidro Protecção

Dupla caixilharias de madeira com vidro simples (4 mm)

2,0 0,88 0,3

As paredes interiores e os pavimentos de madeira quase não contribuem para a inércia térmica destes apartamentos. Por isso, apesar de as paredes exteriores e de separação com edifícios vizinhos serem de alvenaria de pedra com uma espessura generosa, estas fracções não ultrapassarão a inércia média.

3.3.3. ACÚSTICA

Implantado em plena baixa do Porto, este edifício encontra-se em zona mista onde, para além de habitação se realizam diversas outras actividades como comércio ou serviços. Originalmente este edifício não tinha qualquer preocupação com a acústica e portanto não possuía isolamento. O novo projecto de reabilitação prevê a aplicação de lã mineral em toda a envolvente acústica do edifício num esforço de garantir o cumprimento do RRAE.

Fig. 8 – Envolventes acústicas das habitações do edifício de Sá da Bandeira

Devido à existência de duas fracções de habitação autónomas, espaços dedicados a outras utilizações e edifícios vizinho, a envolvente acústica deste edifício é bem mais variada do que a da moradia rural. A Figura 8 mostra isso mesmo, e o Quadro 18 descreve os vários elementos da envolvente representada.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Quadro 18 – Elementos opacos da envolvente acústica do edifício de Sá da Bandeira

Situação Elemento Configuração

Separação entre zonas de estar e o exterior

Paredes exteriores

� Reboco � Granito � Reboco � Lã mineral � Gesso cartonado

Cobertura

� Lajetas � Poliestireno extrudido � Camada de forma � Laje aligeirada � Reboco

Separação entre compartimentos de um fogo e quartos ou zonas de estar de outro fogo

Pavimento interior

(2º piso)

� Gesso cartonado � Lã de vidro � Espaço de ar � Membrana betuminosa � Aglomerado estrutural � Lã mineral � Soalho flutuante

Separação entre locais de circulação comum do edifício e quartos ou zonas de estar dos fogos

Parede interior � Gesso cartonado � Lã mineral � Gesso cartonado

Separação entre locais do edifício destinados a comércio, indústria e serviços ou diversão e quartos ou zonas de estar dos fogos

Pavimento interior

(1º piso)

� Gesso cartonado � Lã de vidro � Espaço de ar � Aglomerado estrutural � Lã de vidro � Espaço de ar � Membrana Betuminosa � Aglomerado estrutural � Lã mineral � Soalho flutuante

A resistência acústica de uma fachada é determinada por ponderação entre a sua área opaca e de envidraçados. Grande parte da envolvente externa deste edifício é composta de envidraçados e estes serão uma das suas fragilidades pois contribuem para uma considerável redução da sua resistência acústica global.

Originalmente os envidraçados, pela sua caixilharia de madeira e vidros simples teriam um comportamento acústico terrível, mas o projecto de reabilitação contempla instalação de uma segunda caixilharia pelo interior do edifício cuja resistência terá já um comportamento mais aceitável. Ainda assim, de forma a compensar a problemática dos envidraçados, a parte opaca apresenta duas camadas de lã mineral (espessura total ≈ 50 mm) que fazem com que a resistência acústica da fachada aumente o suficiente para garantir um comportamento acústico aceitável.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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3.3.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS

As habitações deste edifício, apesar de apenas existirem até ao segundo piso, devido aos pés-direitos muito grandes apresenta uma altura de cerca de 10 metros. O R/C é composto por um único espaço comercial com cerca de 150 m2 e é, portanto considerado utilização-tipo VIII. O 1º e 2º pisos são habitacionais (UT-I) e perfazem uma área de 289 m2 enquanto o 3º piso, recuado, alberga um pequeno atelier (58 m2) que, devido à sua reduzida dimensão, irá ser considerado como um espaço administrativo correspondente à UT-III.

No que toca às categorias de risco, devido à altura do edifício, tanto os pisos habitacionais como o atelier deverão ser considerados da 2ª categoria de risco enquanto que o efectivo do estabelecimento comercial não justificará uma categoria de risco superior à 1ª.

Os vários pisos estão interligados por uma escadaria de madeira que faz também a ligação com o exterior. A escadaria original de madeira será provavelmente a situação mais preocupante do edifício na perspectiva da segurança contra incêndios. Esta não foi, no entanto substituída na reabilitação. Como alternativa foi aplicado sobre o pavimento das escada um revestimento em vidro especial corta-fogo, material que tem um melhor comportamento ao fogo. As classes de reacção ao fogo dos vários materiais de revestimento deste edifício podem ser vistas no Quadro 19.

Quadro 19 – Classe de reacção ao fogo dos materiais de revestimento do edifício de Sá da Bandeira

Revestimentos Classe de reacção ao fogo

Reboco A1

Gesso cartonado A1

Soalho DFL-s1

Vidro A1

No referente à resistência ao fogo dos diversos elementos do edifício de Sá da Bandeira, esta é em tudo semelhante à da casa rural do Minho. As espessas paredes de pedra maciça apresentarão resistência ao fogo por um período de tempo muito superior ao necessário e os pavimentos de madeira que, em princípio não respeitarão as exigências, são revestidas a gesso cartonado melhorando assim o seu comportamento de forma a garantir o mínimo necessário.

3.3.5. VENTILAÇÃO

Este edifício localiza-se em Zona A no que toca à velocidade do vento e, uma vez que está implantado numa zona urbana, o terreno apresenta uma rugosidade aerodinâmica do tipo I. Para além disso, a altura das janelas acima do solo será próxima dos 10 m pelo que a sua classe de exposição ao vento é Exp I.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Fig. 9 – Esquema de ventilação de uma das habitações do edifício de Sá da Bandeira

A ventilação nestas habitações deverá processar-se da forma habitual - admissão de ar será feita nos compartimentos principais (quartos e sala) e a extracção ficará a cargo dos três WCs e da cozinha. Neste caso, visto que quase todas as portas da habitação são de correr não se pode realizar a circulação interior do ar por folgas nas mesmas. Assim, o ar deverá passar de compartimento para compartimento por grelhas instaladas para o efeito colocadas nas portas ou paredes interiores. Admite-se ainda a instalação de um aparelho a gás para preparação de água quente no compartimento de arrumos.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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3.4. EDIFÍCIO DE UTILIZAÇÃO MISTA

3.4.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EDIFÍCIO E DA INTERVENÇÃO

Santa Maria da Feira é um concelho pertencente ao distrito de Aveiro apesar de a cidade com o mesmo nome estar incluída na Grande Área Metropolitana do Porto. Situa-se no cruzamento dos eixos Norte – Sul e Litoral – Beira Interior e por isso mesmo foi um importante foco de população na Idade Média.

O edifício em causa, apesar de ser uma construção recente (anos 60), situa-se no centro histórico da cidade pelo que deve ser tratado com algum cuidado. Esta construção corresponde então a uma época em que o uso do betão armado era já habitual em estruturas de edifícios correntes. Não é de admirar portanto que a sua estrutura seja constituída por pilares, vigas, lajes e algumas paredes executados em betão armado.

Fig. 10 – Alçados Poente e Sul do edifício de utilização mista

Constituído por três corpos, na prática quase independentes, a geometria do edifício é bastante irregular. O corpo principal é um R/C+3 cujo primeiro andar é ocupado por escritórios enquanto o segundo e terceiro pisos recebem cinco fogos de habitação do tipo T3 Duplex. A cobertura é em terraço acessível e está dividida em espaços atribuídos a cada um dos cinco fogos de habitação presentes. No rés-do-chão, o bloco principal de edifício alberga um estabelecimento comercial e parte de uma agência bancária. Esse banco prolonga-se até ao segundo corpo do edifício ocupando a totalidade do mesmo.

Neste segundo corpo, o rés-do-chão recebe os balcões de atendimento ao público e ainda algum espaço de trabalho. O primeiro piso corresponderá a mais área de trabalho, provavelmente do tipo ‘open-space’ e a cave será utilizada essencialmente para arquivo. O R/C e o primeiro piso possuem um pé-direito duplo funcionando o primeiro piso como uma espécie de grande varanda sobre os balcões de atendimento. A cobertura deste segundo corpo edificado é em terraço mas, contrariamente à do primeiro corpo, não é acessível.

O terceiro corpo é totalmente independente dos outros dois sendo o seu acesso efectuado por um caminho no interior do lote e corresponde unicamente a lugares de garagem - um para cada fogo de habitação existente.

Os projectos de reabilitação dos dois edifícios analisados anteriormente, mais do que apenas cuidar o aspecto do edifício, também preconizavam intervenções no seu interior modificando características de alguns elementos e até reorganização de compartimentos. Comparado a estes, o projecto de reabilitação previsto para o edifício de uso misto será bastante mais superficial visto que apenas se ocupa do tratamento dos elementos da envolvente. Esta intervenção é, então, como que uma renovação do existente tratando patologias pontuais e cuidando o aspecto global das fachadas sem acrescentar nada de novo ou substituir materiais e elementos.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

34

Assim, com esta intervenção de reabilitação não se alterou nenhuma característica do imóvel e portanto não se melhoraram também as condições de segurança contra incêndios e ventilação ou o comportamento térmico-acústico do edifício.

3.4.2. TÉRMICA

O edifício de utilização mista está situado em Santa Maria da Feira, a uma distância superior a 5 km da costa. Assim, pertence às zonas climatéricas I2 e V1 com 1710 graus dia de aquecimento no Inverno e 30ºC de temperatura exterior no Verão. Contrariamente aos dois edifícios anteriores a construção deste já pode ser considerada pesada, essencialmente, devido às lajes de betão armado. A sua forte inércia térmica reflecte isso mesmo.

Fig. 11 – Envolventes térmicas das habitações do edifício de utilização mista

O acesso às habitações é realizado através de galerias exteriores e, por isso mesmo deverão aplicar-se as exigências para envolvente exterior. Por outro lado, as paredes que separam os fogos e o pavimento que os separam dos escritórios existentes no piso inferior correspondem a envolvente sem requisitos uma vez que se espera que esses locais sejam aquecidos. Assim, a única envolvente com exigências térmicas presente nas habitações deste edifício será a exterior.

Os elementos opacos da envolvente deste edifício apenas foram alvo de tratamento superficial e todas as suas características originais foram mantidas (Quadro 20). Os envidraçados eram constituídos por caixilharia de madeira e vidro simples e, relativamente a estes, a intervenção apenas prevê o tratamento de caixilharias e não a sua substituição pelo que a configuração dos vãos envidraçados será também mantida (Quadro 21). Assim, não houve, do ponto de vista da térmica qualquer melhoria do seu comportamento ou características.

Planta do 2º piso

Planta do 3º piso

Corte

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Quadro 20 – Elementos opacos do edifício de utilização mista

Elemento Configuração Coeficiente de

transmissão térmica (U – W/m2.ºC)

Paredes exteriores

� Reboco: 3 cm � Alvenaria de tijolo: 11 cm � Espaço de ar: 5 cm � Alvenaria de tijolo: 11 cm � Reboco: 1,5 cm

1,1

Paredes interiores

� Reboco: 1,5 cm � Alvenaria de tijolo: 11 cm � Espaço de ar: 5 cm � Alvenaria de tijolo: 11 cm � Reboco: 1,5 cm

1

Pavimento � Reboco: 2 cm � Laje de betão: 27 cm � Revestimento de madeira: 2 cm

2,5

Cobertura

� Revestimento cerâmico: 5 cm � Betonilha de regularização: 3 cm � Lã Mineral: 6 cm � Camada de forma: 3 cm � Laje de betão: 27 cm � Reboco: 2 cm

0,47

Quadro 21 – Elementos envidraçados do edifício de utilização mista

Configuração Coeficiente de transmissão térmica (U – W/m2.ºC)

Factor Solar

Vidro Protecção

Caixilharias de madeira com vidro simples (4 mm)

3,9 0,88 0,07

De referir que a verificação do RCCTE pode não ser obrigatória porque está dependente do custo da intervenção e do valor do imóvel. Não é de crer, no entanto que esta intervenção superficial ultrapasse 25% do valor do edifício dispensado portanto a verificação do referido regulamento.

Caso se pretendesse garantir esse cumprimento, a intervenção teria, em princípio, de ser mais profunda e prever a modificação das características das fachadas reforçando-a com isolante e ainda uma substituição dos envidraçados, principalmente os da fachada Poente, na qual eles assumem quase a totalidade.

3.4.3. ACÚSTICA

Implantado em pleno centro de Santa Maria da Feira e, sendo ele próprio um edifício de utilização mista, este edifício está enquadrado numa zona mista no que refere a exigências acústicas. Também devido ao carácter multidisciplinar dos seus espaços, haverá neste elemento diversas situações diferentes no que toca à separação de espaços. Isso reflecte-se na sua envolvente acústica.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Fig. 12 – Envolventes acústicas das habitações do edifício de utilização mista

Como se pode ver nas envolventes desenhadas, os vários fogos habitacionais têm contacto com o exterior, com os escritórios do piso inferior, com outros fogos seus vizinhos e com as circulações comuns (que são simultaneamente espaços exteriores).

As características dos elementos que fazem a separação dos espaços interiores foram mantidas na intervenção pois esta foi unicamente exterior (Quadro 22). Por outro lado, a fachada principal do edifício é constituída quase na sua totalidade por vãos envidraçados cujas características foram também mantidas na reabilitação.

Quadro 22 – Elementos opacos da envolvente acústica do edifício de utilização mista

Situação Elemento Configuração

Separação entre zonas de estar e o exterior

Paredes exteriores

� Reboco � Alvenaria de tijolo � Espaço de ar � Alvenaria de tijolo � Reboco

Cobertura

� Revestimento cerâmico � Betonilha de regularização � Lã mineral � Camada de forma � Laje de betão � Reboco

Separação compartimentos de um fogo e quartos ou zonas de estar de outro fogo

Paredes interiores

� Reboco � Alvenaria de tijolo � Espaço de ar � Alvenaria de tijolo � Reboco

Separação entre locais destinados a comércio, indústria e serviços ou diversão e quartos ou zonas de estar dos fogos

Pavimento � Reboco � Laje de betão � Revestimento de madeira

Corte

Planta do 3º piso

Planta do 2º piso

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Dada a sua configuração e a ausência de isolante, dificilmente estes elementos cumprirão as exigências acústicas estipuladas no RRAE, ainda menos quando se proceder à ponderação da área opaca com os vãos envidraçados que, pela sua configuração também terão péssimas características de isolamento acústico.

Caso efectivamente se pretenda cumprir o regulamento, a capacidade de isolamento dos elementos existentes só pode ser determinada com base em medições in situ e só a partir dessas se pode, caso necessário, estimar o reforço acústico necessário para verificação do RRAE. Esse reforço pode ser concretizado com recurso a isolantes acústicos como a lã mineral, no entanto, por si só isso não será suficiente visto que os envidraçados têm um papel decisivo nas fachadas deste, ou qualquer outro, edifício. Será então ainda necessário substituir os envidraçados existentes por uns que garantam um melhor isolamento acústico.

3.4.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS

Este edifício tem cerca de 12 metros de altura e reúne espaços dedicados a utilizações-tipo diferentes. No R/C do corpo principal do edifício há uma loja (57 m2) e parte de um banco (que se estende ao segundo corpo do edifício perfazendo uma área de 491 m2), correspondendo, respectivamente às utilizações-tipo comercial (VIII) e administrativa (III). O primeiro piso recebe cerca de 277 m2 de escritórios correspondendo, mais uma vez, à UT-III. Por sua vez, o 2º e 3º piso albergam 704 m2 divididos por cinco habitações duplex pelo que se enquadram na utilização-tipo I (habitacional).

As habitações deste edifício correspondem à 2ª categoria de risco mas os restantes espaços, estando situados em pisos inferiores, encaixam na 1ª categoria de risco. O acesso aos vários pisos é realizado através de um corpo destacado dos restantes volumes do edifício no qual está instalada a caixa de escadas e o elevador. No 1º piso as galerias de acesso aos escritórios é interior, mas no 2º piso, para acesso às habitações esta já é exterior possuindo uma guarda metálica a delimita-la.

No Quadro 23 podem ver-se as classes de reacção ao fogo dos materiais de revestimento existentes nestes edifícios.

Quadro 23 – Classe de reacção ao fogo dos materiais de revestimento do edifício de utilização mista

Revestimentos Classe de reacção ao fogo

Reboco A1

Lajetas A1FL

Madeira DFL-s1

Ladrilhos cerâmicos A1FL

Os elementos da envolvente exterior dos edifícios de habitação em altura são compostos por dois panos de alvenaria com caixa-de-ar. Recorrendo a valores tabelados para paredes de alvenaria [15], verifica-se que estas paredes terão garantidamente uma resistência bastante superior à das exigências regulamentares que lhe são impostas.

Relativamente às lajes de betão armado ou às vigas e pilares estruturais do edifício são necessários cálculos específicos dependentes de diversos factores (como a espessura do recobrimento das armaduras por exemplo) que não constam dos projectos de reabilitação e que, portanto não puderam ser analisados.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

38

3.3.5. VENTILAÇÃO

Localizado em Zona A de velocidade de vento, no interior de uma zona urbana à qual corresponde uma rugosidade aerodinâmica de terreno do tipo II e com uma altura de janelas que pode chegar aos 10 m no 3º piso, as habitações deste edifício são consideradas da classe de exposição Exp 2.

Fig. 13 – Esquema de ventilação de uma das habitações do edifício de utilização mista

A ventilação, neste caso deverá processar-se de forma semelhante ao que já foi visto nos outros edifícios. A admissão será feita nos quartos e na sala através de aberturas na fachada para esse efeito e o ar circula entre compartimentos por grelhas devidamente dimensionadas ou folgas nas portas até atingir os compartimentos de serviço (WCs ou cozinha) onde será conduzido ao exterior.

Relativamente à extracção não restarão dúvidas de que será feita por condutas posicionadas no interior das courettes dos WCs e cozinha. Já no que toca à admissão, visto que estas habitações possuem caixas de estore, as aberturas para esse efeito poderão ser instaladas nas mesmas.

Para ajudar na extracção de produtos de combustão oriundos da confecção de alimentos, na cozinha existirá, como sempre um exaustor de funcionamento intermitente posicionado sobre o fogão. Admite-se ainda que o esquentador de preparação de águas quentes estará instalado no interior de um armário, também na cozinha.

2º PISO 3º PISO

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

39

3.5. EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO EM ALTURA

3.5.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EDIFÍCIO E DA INTERVENÇÃO

O principal porto marítimo da cidade do Porto está situado em Matosinhos pelo que este é, portanto, um foco populacional considerável. O edifício em causa é de construção recente (anos 70) e a sua localização permite elevada mobilidade pois situa-se nas imediações tanto da estação de metro como de comboios.

Fig. 14 - Alçado do edifício de habitação em altura

Este edifício é basicamente um conjunto de três blocos idênticos e alinhados em banda cuja utilização é essencialmente a habitação. Cada um desses blocos tem 9 pisos acima do rés-do-chão e ainda uma cave partilhada para estacionamento automóvel dos moradores.

Nos três blocos, o rés-do-chão é reservado ao comércio e o último piso a ateliers. A cave recebe uma grande área de estacionamento e os 8 pisos restantes são constituídos por dois fogos habitacionais cada. Estes têm uma área útil de aproximadamente 160 m2 e um pé direito de 2,6 m. Cada uma destas habitações tem para além dos três ou quatro quartos (dependendo da tipologia), uma sala de área considerável dotada de lareira, um compartimento de arrumos, três WCs completos, cozinha, lavandaria e despensa.

A intervenção prevista para este edifício é semelhante à do edifício de uso misto, ou seja há um tratamento de todos os elementos da envolvente sem, no entanto modificar as suas características ou melhorar o comportamento térmico-acústico e condições de segurança contra incêndios ou ventilação do edifício.

3.5.2. TÉRMICA

Localizado em Matosinhos mas a mais de 5 km da costa marítima, este edifício pertence às zonas climáticas I2 e V1. Assim, no Inverno, este edifício possuirá 1580 graus dia de aquecimento e, no Verão, uma temperatura exterior na ordem dos 29ºC. A sua inércia, pelos mesmos motivos do edifício de utilização mista, será forte.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

40

Fig. 15 – Envolventes térmicas das habitações do edifício de habitação em altura

Recorda-se que, à semelhança do edifício misto, a envolvente exterior deste edifício também não foi dotada de qualquer reforço térmico. Assim, mantém-se a configuração original de dois panos de alvenaria de tijolo com caixa-de-ar e com o pano exterior mantido à vista. Também em termos de envidraçados estes não sofreram melhorias mantendo-se a configuração pré-existente de caixilharias de alumínio com vidro simples. Os Quadros 24 e 25 sistematizam as características destes elementos.

Quadro 24 – Elementos opacos do edifício de habitação em altura

Elemento Configuração Coeficiente de

transmissão térmica (U – W/m2.ºC)

Paredes exteriores

� Tijolo maciço à vista: 11 cm � Caixa-de-ar: 4 cm � Tijolo vazado: 15 cm � Reboco: 1,5 cm

1,1

Paredes interiores

� Reboco. 1,5 cm � Tijolo vazado: 15 cm � Reboco: 1,5 cm

1,5

Pavimento � Reboco: 1,5 cm � Laje de betão: 30 cm � Revestimento de madeira: 2 cm

2,3

Cobertura

� Lajetas: 5 cm � Betonilha de regularização: 3 cm � Lã mineral: 5 cm � Camada de forma: 3 cm � Laje aligeirada: 30 cm � Reboco: 2 cm

0,47

Quadro 25 – Elementos envidraçados do edifício de habitação em altura

Configuração Coeficiente de transmissão térmica (U – W/m2.ºC)

Factor Solar

Vidro Protecção

Caixilharias de alumínio com vidro simples (6 mm)

4,8 0,85 0,07

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

41

Dado o baixo grau de intrusão desta intervenção, o seu custo deverá ser claramente abaixo de 25% do valor do edifício pelo que este não terá obrigatoriedade de cumprimento do RCCTE. Caso se pretendesse fazer, ainda assim essa a verificação, para que pudesse ser aprovado as fachadas poderiam ter de ser reforçadas com isolante e, uma vez que estas habitações possuem um grande número de vãos envidraçados, poderia ainda ser necessária a substituição das caixilharias e envidraçados por uns mais eficazes térmicamente.

3.5.3. ACÚSTICA

O local onde este edifício está implantado corresponde a uma zona urbana com características claramente habitacionais. Por isso, irá considerar-se zona sensível em termos acústicos. Tratando-se de um edifício essencialmente habitacional, as suas dificuldades principais do ponto de vista acústico serão garantir o isolamento sonoro entre as várias fracções e entre zonas de estar das mesmas e o exterior. Devido ainda à existência de outras actividades neste edifício há situações pontuais onde a situação será de separação entre habitações e espaços destinados a serviços ou comércio.

Fig. 16 – Envolventes acústicas das habitações do edifício habitacional em altura

Quando se analisaram as características térmicas da envolvente foi referido que, tendo a intervenção sido superficial, foram mantidas. O mesmo é válido no campo da acústica visto que a reabilitação a que este edifício foi sujeito apenas tratou a envolvente existente sem melhorar as suas propriedades. Relativamente aos elementos interiores esses nem foram incluídos na intervenção pelo que, mais uma vez se manterão as configurações originais.

Assim, de acordo com a configuração original, tanto os elementos exteriores de fachada como os de separação entre espaços interiores do edifício não possuem qualquer isolante com funções acústicas que permita atenuar os efeitos de transmissão sonora. O Quadro 26 sistematiza os diversos elementos e as condições de separação de espaços em que estes se encontram.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

42

Quadro 26 – Elementos opacos da envolvente acústica do edifício habitacional em altura

Situação Elemento Configuração

Separação entre zonas de estar e o exterior

Paredes exteriores

� Tijolo maciço à vista � Caixa-de-ar � Tijolo vazado � Reboco

Cobertura

� Lajetas � Betonilha de regularização � Lã mineral � Camada de forma � Laje de betão � Reboco

Separação de compartimentos de um fogo e quartos ou zonas de estar de outro fogo

Paredes interiores � Reboco � Tijolo vazado � Reboco

Pavimento interior

� Reboco � Laje de betão � Betonilha de regularização � Revestimento de madeira

Separação entre locais destinados a comércio, indústria e serviços ou diversão e quartos ou zonas de estar dos fogos

Pavimento

� Reboco � Laje de betão � Betonilha de recobrimento � Revestimento de madeira

Também neste edifício, e do ponto de vista acústico, os envidraçados serão problemáticos. As habitações possuem muitas janelas e isso significa que estas terão um peso decisivo no seu isolamento acústico. Caso se pretenda que o regulamento seja cumprido estas terão de ser substituídas por outras cujas caixilharias e configuração de vidros que garantam um comportamento acústico mais favorável.

3.5.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS

Este edifício corresponde na verdade a três blocos individuais que apenas partilham a cave. Cada um dos blocos tem cerca de 28 m de altura e nele coabitam várias utilizações-tipo. Destas, a fatia principal é sem dúvida a habitacional (UT-I) com 9 pisos dedicados a ela. O rés-do-chão recebe um total de seis estabelecimentos comerciais (UT-VIII) de áreas consideráveis e o piso enterrado está ligado nas três torres formando uma garagem única (UT-II). O piso superior alberga quatro espaços distintos para ateliers (UT-III).

Devido à altura do edifício as habitações e os ateliers encaixam na 2ª categoria de risco enquanto que às lojas e a garagem apenas necessitam da categorização de 1ª categoria de risco. Os estabelecimentos comerciais são ainda locais de risco A enquanto o piso de estacionamento será considerado local de risco C. Cada um dos blocos é servido por dois elevadores e uma caixa de escadas que constitui a única via de evacuação dos pisos superiores.

O Quadro 27 lista os materiais de revestimento deste edifício e as suas classes de reacção ao fogo.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

43

Quadro 27 – Classe de reacção ao fogo dos materiais de revestimento do edifício de habitação em altura

Revestimentos Classe de reacção ao fogo

Reboco A1

Tijolo maciço A1

Lajetas A1FL

Madeira DFL-s1

Ladrilhos cerâmicos A1FL

As paredes exteriores da fachada deste edifício são constituídas por dois panos de alvenaria com caixa-de-ar (11+4+15). Dada a sua configuração semelhante com as paredes do edifício de utilização mista, estas também deverão possuir um escalão de resistência confortavelmente superior a qualquer exigência.

Relativamente às lajes e aos restantes elementos estruturais, a situação deste edifício é, novamente equiparável à do edifício de utilização mista. Assim, para estes elementos teriam de ser feitos cálculos específicos para verificar a sua resistência, no entanto, para isso seria necessário um conhecimento mais profundo das suas características do que o disponível em projecto.

3.5.5. VENTILAÇÃO

Este edifício está implantado numa zona urbana, correspondendo a uma rugosidade de terreno do tipo I e, apesar de estar próximo da faixa de 5 km da costa, está ainda incluído na Zona A no que toca a velocidade do vento. Os apartamentos dos pisos superiores têm uma altura entre os 18 m e os 28 m correspondendo então a uma classe de exposição Exp 2.

Fig. 17 – Esquema de ventilação de um dos apartamentos do edifício de habitação em altura

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Devido à existência de uma lareira na sala é aconselhável a ventilação separada para esse compartimento procurando que essa se processe com a entrada de ar pela fachada e a extracção pela chaminé. Para assegurar a separação desse compartimento em relação à restante habitação são necessárias duas portas que garantam a estanqueidade ao ar necessária. Para os restantes compartimentos a ventilação será feita pelo mesmo processo dos edifícios anteriores, ou seja, considerando uma admissão de ar, nos compartimentos de estar e a respectiva evacuação nos compartimentos de serviço. A Figura 17 pretende ser uma representação esquemática do sistema de ventilação aqui descrito.

Uma vez que os WCs e cozinhas estão todos colocados na mesma prumada a extracção será feita por recurso a uma conduta colectiva de extracção de ar e visto ainda que este edifício possui caixas de estore a admissão poderá ser concretizada através de aberturas próprias instaladas nesses elementos. Mais uma vez, a cozinha estará dotada de um exaustor de funcionamento intermitente colocado sobre o fogão e admite-se que o esquentador estará instalado na marquise.

3.6. EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO SOCIAL

3.6.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO EDIFÍCIO E DA INTERVENÇÃO

Na freguesia de Gondar, Guimarães, ergue-se actualmente este complexo de habitação social constituído por seis blocos habitacionais separados. Cada um desses blocos pode ser dividido em vários edifícios individuais com tipologias variantes. Estes edifícios são modulares apresentam duas duas configurações de piso diferentes. Uma dessas configurações recebe, por piso um T2 e um T3 enquanto a outra, maior, recebe, por andar um T3 e um T4.

Fig. 18 – Alçado tipo e vista aérea do bairro

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Na reabilitação de um edifício destas características a estética pode não ser um requisito importante mas as exigências regulamentares em termos de conforto e segurança são as mesmas exigidas para qualquer habitação. É importante que a reabilitação possa devolver ou criar condições de habitação condignas para quem lá vive.

O facto de se tratar de um tipo de habitação ‘modular’ facilita a sua análise e concepção pois basta estudar um piso tipo que, a partir daí, as situações repetem-se. Como já se disse, há duas configurações de edifícios neste bairro no entanto, a configuração de todos estes apartamentos é semelhante pois, com a óbvia excepção do número de quartos, estes possuem exactamente os mesmos compartimentos: cozinha, sala, WC completo e um pequeno compartimento para arrumos ou despensa.

A intervenção prevista segue ainda a linha das do edifício misto e habitacional no sentido em que apenas afectará a envolvente exterior dos edifícios. No entanto, mais do que o tratamento de algumas situações pontuais de fachada como varandas, peitoris ou estores esta intervenção prevê a aplicação de um novo revestimento exterior com isolante térmico associado utilizando a tecnologia ETICS.

3.6.2. TÉRMICA

Este bairro situa-se em Guimarães, zona climática I2 e V2. Apresenta, no Inverno, 1770 graus-dia de aquecimento e no Verão uma temperatura exterior de projecto de 32ºC. Uma vez que se trata de um bairro constituído por vários edifícios, alguns deles têm diferentes orientações apesar de a configuração das habitações ser a mesma.

Fig. 19 – Envolventes térmicas das habitações de um dos edifícios de habitação social

Originalmente as paredes exteriores eram executadas num pano simples de alvenaria de betão celular sem isolamento térmico mas como referido no ponto anterior, o projecto de reabilitação prevê a aplicação de isolamento térmico pelo exterior das fachadas. Assim, com esta intervenção, a envolvente exterior do bairro sairá termicamente reforçada e as suas perdas reduzidas.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

46

Quadro 28 – Elementos opacos dos edifícios de habitação social

Elemento Configuração Coeficiente de

transmissão térmica (U – W/m2.ºC)

Paredes exteriores

� Sistema ETICS � Alvenaria de betão autoclavado � Reboco

0,59

Paredes interiores

� Reboco � Alvenaria de tijolo � Reboco

1,3

Pavimento � Reboco � Laje de betão � Revestimento de madeira

2,5

Cobertura

� Chapas de fibrocimento apoiadas em vigotas

� Desvão ventilado não habitável � Laje maciça de betão armado � Reboco

3,4

Quadro 29 – Elementos envidraçados dos edifícios de habitação social

Configuração Coeficiente de transmissão térmica (U – W/m2.ºC)

Factor Solar

Vidro Protecção

Caixilharias de alumínio com vidro simples (6 mm)

4,8 0,65 0,07

A inércia térmica destes edifícios, devido ao uso de lajes maciças de betão armado e à ausência de tectos falsos ou soalhos flutuantes será forte, à semelhança da dos edifícios de utilização mista e habitação em altura.

3.6.3. ACÚSTICA

O bairro está implantado numa zona de periferia urbana e constitui uma área dedicada à habitação. Por isso mesmo considera-se zona sensível e portanto as exigências acústicas terão de ser um pouco mais rigorosas.

Fig. 20 – Envolventes acústicas das habitações de um dos edifícios de habitação social

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

47

Os edifícios deste bairro são construídos em banda pelo que, na maior parte dos casos, apenas duas das fachadas estão livres. Assim, para essas aplicam-se as exigências de separação com locais exteriores e para as paredes de meação devem verificar-se as exigências para os elementos que separem compartimentos de diferentes fogos.

Originalmente, os panos simples de alvenaria de betão não possuíam qualquer tipo de isolante acústico e a aplicação do ETICS não resolve esse problema. O isolante térmico adoptado não possui boas propriedades acústicas e portanto, se a isto se somar o efeito dos vãos envidraçados com caixilharia de alumínio e vidro simples é fácil concluir que estes edifícios irão necessitar de algum tratamento acústico caso se pretenda que eles cumpram o RRAE.

3.6.4. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS

Este bairro é constituído por edifícios de aproximadamente 10 m de altura totalmente dedicados a habitação (UT-I). Todos os espaços são considerados locais de risco A, no entanto, uma vez que a altura dos apartamentos do último piso ultrapassa ligeiramente os 10 metros os fogos habitacionais encaixam na 2ª categoria de risco. A circulação entre os vários pisos é realizado por intermédio de umas escadas e o acesso às habitações é feito por portas situadas nos patamares dos lanços das mesmas sem intermédio de algum átrio que separe a caixa de escadas das fracções.

No Quadro 30 podem ver-se as classes de reacção ao fogo dos materiais utilizados para revestir os diversos elementos destes edifícios.

Quadro 30 – Classes de reacção ao fogo dos materiais de revestimento dos edifícios de habitação social

Revestimentos Classe de reacção ao fogo

Revestimento mineral do ETICS A1

Reboco A1

Madeira DFL-s1

Ladrilhos cerâmicos A1FL

Chapas de fibrocimento A1FL

As paredes exteriores deste edifício são constituídas por blocos de betão autoclavado com uma espessura de 20 cm. Uma parede executada neste material com blocos desta espessura, garante uma resistência ao fogo por um período superior a 240 minutos. Esta resistência será mais do que suficiente para fazer frente a quaisquer exigências regulamentares.

Relativamente às lajes de piso e à restante estrutura do edifício (pilares e vigas) o que foi dito para os edifícios de utilização mista e de habitação em altura é também válido para este. É de esperar que as lajes maciças de betão possuam uma resistência superior à mínima exigida e, para se estimar a resistência dos restantes elementos teriam de se efectuar cálculos que necessitam de informação que não está contida nos projectos de reabilitação.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

48

3.6.5. VENTILAÇÃO

Este bairro está inserido numa periferia urbana correspondendo então a uma rugosidade de terreno do tipo II. A sua localização corresponde também à Zona A de velocidade do vento e a sua altura é ligeiramente superior a 10 metros. Por tudo isto a sua classe de exposição ao vento será Exp 2.

Fig. 21 – Esquema de ventilação de uma das habitações de um dos edifícios de habitação social

Do ponto de vista de ventilação esta irá processar-se do mesmo modo que já foi descrito para os edifícios anteriores. Admissão nos quartos e sala e extracção no WC e cozinha. A configuração simples destas habitações torna o estudo da sua ventilação também mais simples pois a circulação interior do ar é quase directa não necessitando de atravessar muitos compartimentos. Assim, para assegurar a passagem interior do ar bastará dotar-se as portas dos quartos, WC e cozinha de grelhas apropriadas.

Na cozinha estará instalado um exaustor de regime intermitente e ainda, um esquentador para aquecimento de água. Esta situação não é recomendável, no entanto as cozinhas parecem estar divididas em dois espaços distintos pelo que, se o esquentador a gás estiver instalado na proximidade do acesso à varanda, este estará a uma distância considerável do fogão pelo que não deverão surgir problemas.

COZINHA

SALA

QUARTO

QUARTO WC

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

49

3.7. SISTEMATIZAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DOS ELEMENTOS DOS EDIFÍCIOS

Neste ponto pretende-se sistematizar as características dos elementos dos vários edifícios estudados. Assim, os quadros seguintes apresentam, para cada elemento, o coeficiente de transmissão térmica, quais os isolantes acústicos aplicados, a resistência ao fogo e a classe de reacção ao fogo dos seus revestimentos.

Quadro 31 – Sistematização das características dos elementos da casa rural do Minho

Elemento Coeficiente de

transmissão térmica U (W/m2.ºC)

Isolante acústico(1)

Resistência ao fogo(2)

Classe de reacção ao fogo

Paredes exteriores

0,96 Lã mineral pelo interior

Mais do que suficiente

A1 (gesso cartonado)

1,06 A1

(granito)

Paredes interiores

2,50 Não tem Mais do que

suficiente A1

(granito)

Cobertura 0,32 Lã mineral pelo

exterior Suficiente

A1FL (telha)

A1 (gesso cartonado)

Pavimento exterior

0,38 Lã mineral Suficiente

A1 (gesso cartonado)

DFL-s1 (madeira)

Envidraçados

3,40

- -

D-s2 d0 (madeira)

2,00 A1

(alumínio)

(1) visto que para se conhecerem os valores correctos de isolamento acústico dos elementos seriam necessárias

medições in situ, a análise acústica será meramente qualitativa e portanto apenas se refere, caso exista, qual o

isolante acústico utilizado;

(2) uma vez que a resistência ao fogo de alguns elementos é difícil de determinar com rigor apenas se refere se a

resistência do elemento em causa será suficiente tendo em consideração que a exigência mais comum serão 60

minutos e que uma simples parede de tijolo de 11 é suficiente para garantir essa resistência.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

50

Quadro 32 – Sistematização das características dos elementos do edifício da rua de Sá da Bandeira

Elemento

Coeficiente de transmissão

térmica U (W/m2.ºC)

Isolante acústico (1)

Resistência ao fogo (2)

Classe de reacção ao fogo

Paredes exteriores

0,64 Lã mineral pelo

interior Mais do que

suficiente A1

(reboco)

Paredes interiores

1,46 Lã mineral Mais do que

suficiente A1

(gesso cartonado)

Paredes de empena

2,35 Não tem Mais do que

suficiente A1

(reboco)

Cobertura 0,27 Não tem Desconhecido A1FL

(lajetas)

Pavimento interior

0,26 Lã mineral e lã de

vidro Suficiente

DFL-s1 (madeira)

A1 (gesso cartonado)

Envidraçados 2,00 - - D-s2 d0

(madeira)

(1), (2) iguais ao Quadro 31

Quadro 33 – Características dos elementos do edifício de utilização mista

Elemento Coeficiente de

transmissão térmica U (W/m2.ºC)

Isolante acústico (1)

Resistência ao fogo (2)

Classe de reacção ao fogo

Paredes exteriores

1,10 Não tem Mais do que

suficiente A1

(reboco)

Paredes interiores

1,00 Não tem Mais do que

suficiente A1

(reboco)

Cobertura 0,47 Lã mineral pelo

exterior Desconhecido

A1FL (lajetas)

Pavimentos 2,50 Não tem Desconhecido

DFL-s1 (madeira)

A1

(reboco)

Envidraçados 3,90 - - D-s2 d0

(madeira)

(1), (2) iguais ao Quadro 31

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

51

Quadro 34 – Sistematização das características dos elementos do edifício de habitação em altura

Elemento Coeficiente de

transmissão térmica U (W/m2.ºC)

Isolante acústico (1)

Resistência ao fogo (2)

Classe de reacção ao fogo

Paredes exteriores

1,10 Não tem Mais do que

suficiente A1

(tijolo à vista)

Paredes interiores

1,50 Não tem Mais do que

suficiente A1

(reboco)

Cobertura 0,47 Lã mineral pelo

exterior Desconhecido

A1FL (lajetas)

A1 (reboco)

Pavimentos 2,30 Não tem Desconhecido

DFL-s1 (madeira)

A1

(reboco)

Envidraçados 4,80 - - A1

(alumínio)

(1), (2) iguais ao Quadro 31

Quadro 35 – Sistematização das características dos elementos do edifício de habitação social

Elemento Coeficiente de

transmissão térmica U (W/m2.ºC)

Isolante acústico (1)

Resistência ao fogo (2)

Classe de reacção ao fogo

Paredes exteriores

0,59 Lã mineral pelo

exterior Mais do que

suficiente

A1 (ETICS)

A1 (reboco)

Paredes interiores

1,30 Não tem Suficiente A1

(reboco)

Cobertura 3,40 Não tem Desconhecido

A1FL (fibrocimento)

A1 (reboco)

Pavimentos 2,50 Não tem Desconhecido

DFL-s1 (madeira)

A1

(reboco)

Envidraçados 4,80 - - A1

(alumínio)

(1), (2) iguais ao Quadro 31

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

52

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

53

4 APLICABILIDADE DOS

REGULAMENTOS FACE À AMOSTRA EM ESTUDO

4.1. ESCOLHA DAS FRACÇÕES A ESTUDAR

Com excepção feita ao Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios que faz uma análise a todo o edifício, a aplicação dos documentos estudados é feita a cada fracção autónoma. Assim, do ponto de vista da térmica, acústica ou ventilação, os resultados poderão não ser os mesmos se fizermos as respectivas verificações a fracções autónomas que, apesar de idênticas na sua configuração dos seus espaços e elementos, tenham orientações, alturas ou condições de envolvente diferentes.

Na casa rural do Minho esta situação não se verifica pois trata-se de uma habitação unifamiliar no entanto, para os restantes casos é necessário escolher uma fracção autónoma para com base nela, se proceder às devidas verificações regulamentares e daí tirar conclusões fundamentadas. A identificação das fracções autónomas estudadas pode ser vista nas figuras 22 a 25.

Fig. 22 – Fracção autónoma escolhida do edifício da rua de Sá da Bandeira

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

54

Fig. 23 – Fracção autónoma escolhida no edifício de utilização mista

Fig. 24 – Fracção autónoma escolhida no edifício de habitação em altura

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Fig. 25 – Fracção autónoma escolhida no bairro de habitação social

4.2. REGULAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO TÉRMICO DE EDIFÍCIOS

4.2.1. GENERALIDADES

Antes de iniciar as verificações regulamentares propriamente ditas, importa referir que, quando se fala em reabilitação há frequentemente uma notável ausência de pormenores construtivos que permitam, com o detalhe adequado, entender a configuração dos elementos da envolvente. Isso leva a que seja necessário muitas vezes arbitrar possíveis configurações com base, não só em conhecimentos científicos mas também em bom senso. Por outro lado é sempre aconselhável visitar o local e não confiar totalmente nos elementos desenhados visto que, principalmente em edifícios antigos, é frequente que o que está de facto construído não corresponda totalmente ao constante do projecto. Assim, todas as medidas de comprimentos, áreas ou volumes devem ser levantadas no local para evitar erros. Estas considerações são válidas para todas as áreas de especialidade.

De realçar ainda que, se os problemas térmicos de alguns edifícios podem ser facilmente resolvidos com aplicação de um isolante, noutros casos a solução pode revelar-se mais problemática. Muitas vezes, devido às características da fachada, espessuras e materiais constituintes das paredes ou outras limitações de ordem física, pode ser difícil compatibilizar determinado edifício com as exigências regulamentares. Veja-se, por exemplo um edifício que, no seu interior possua elementos valiosos para o imóvel como sancas decorativas ou rodapés de dimensão considerável. Nesses casos não seria aconselhável a aplicação de isolamento pelo interior pois corre-se o risco de destruição ou ocultação desses mesmos elementos. Mas, se porventura esse mesmo edifício tiver uma fachada irregular com muitos elementos envidraçados e pedras de cantaria a colocação de isolante pelo exterior também não será uma boa opção. É então necessário procurar um ponto de equilíbrio.

Os cálculos, realizados com auxílio do software Envolterm, podem ser encontrados no Anexo I.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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4.2.2. DADOS CLIMÁTICOS

Antes de iniciar a análise dos elementos da envolvente e do comportamento térmico das fracções importa sistematizar alguns dados climáticos já mencionados no Capítulo 3 que serão necessários para o cálculo das necessidades energéticas das fracções autónomas. Esses dados encontram-se, para cada edifício estudado, no Quadro 36.

Todos estes dados são dependentes do posicionamento geográfico dos edifícios em estudo e constam do Quadro III.1 do RCCTE.

Quadro 36 – Dados climáticos dos locais de implantação dos edifícios estudados

Edifício Concelho Distância à costa

Zona climática (Inverno)

Graus-dia de aquecimento

Estação de aquecimento

(meses)

Zona climática (Verão)

Ar exterior

Casa rural do Minho

Fafe > 5 km I2 2090 GD 7 V2 32ºC

Sá da Bandeira

Porto > 5 km I2 1610 GD 6,7 V1 30ºC

Utilização Mista

Feira > 5 km I2 1710 GD 6,7 V1 30ºC

Habitação em altura

Matosinhos > 5 km I2 1580 GD 6,7 V1 29ºC

Habitação social

Guimarães > 5 km I2 1770 GD 7 V2 32ºC

4.2.3. QUANTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS TÉRMICOS

4.2.3.1. Coeficientes de transmissão térmica (U) – envolvente exterior

A envolvente exterior é aquela que, normalmente tem um maior peso nas perdas de Inverno. É então importante garantir que os coeficientes de transmissão térmica dos elementos que a constituem não ultrapassem os limites máximos exigidos no RCCTE. Essa verificação é feita no quadro seguinte.

Quadro 37 - Coeficientes de transmissão térmica superficiais máximos em zona corrente – envolvente exterior

Edifício Elemento Limite

(W/m2ºC) U estimado (W/m2ºC)

OK/KO

Casa rural do Minho Paredes exteriores 1,6

0,96 OK

1,06 OK

Pavimento exterior 1 0,38 OK

Sá da Bandeira Paredes exteriores 1,6 0,64 OK

Utilização Mista

Paredes exteriores 1,6 1,1 OK

Cobertura 1 0,47 OK

Pavimento exterior 1 2,5 KO

Habitação em altura Paredes exteriores 1,6 1,1 OK

Habitação social Paredes exteriores 1,6 0,59 OK

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

57

� Paredes exteriores

Na moradia rural e no edifício da rua de Sá da Bandeira verifica-se que, com paredes espessas de alvenaria de pedra, a exigência regulamentar pode ser satisfeita se as paredes forem reforçadas com uma espessura considerável de isolante térmico. Como é sabido, o granito tem uma grande condutibilidade térmica pelo que, em elementos compostos por esse material, esse isolamento será mesmo indispensável.

As paredes do edifício de utilização mista e do edifício de habitação em altura são ambas constituídas por dois panos de alvenaria de tijolo, com caixa-de-ar. Essa solução, como se vê, é suficiente para respeitar as imposições relativas ao valor máximo admissível do coeficiente de transmissão térmica superficial de elementos da envolvente exterior.

Na habitação do bairro social, para a fracção estudada, a área exterior de fachada é muito reduzida, no entanto considerando a globalidade do edifício compreende-se a opção se pela colocação de isolante pelo exterior. De realçar que uma solução deste tipo seria impossível de concretizar se não se tratasse de uma intervenção global com a aprovação dos diversos proprietários.

Importa ainda referir que, sempre que possível, a opção de aplicar um isolante pelo exterior com um sistema ETICS é, em geral uma boa solução porque, a nível térmico as vantagens serão as mesmas quando comparadas com a aplicação de igual espessura de isolante pelo interior, mas reduz a ocorrência de condensações pelo interior da parede e ainda faz com que não se perca área útil ou inércia térmica. A questão da área útil é especialmente preciosa quando, como neste caso, o edifício em causa é dedicado a habitação social. Nestas situações, é frequente que, para optimizar o espaço disponível, as dimensões de cada compartimento se encontrem já próximas dos limites mínimos estabelecidos no Regulamento Geral das Edificações e Urbanismo (RGEU).

� Pavimentos exteriores e coberturas

Tendo em conta as fracções escolhidas, neste ponto, importa apenas analisar a situação da casa rural do Minho e do edifício de utilização mista. Se na moradia foi possível assegurar a verificação regulamentar do pavimento em causa isso não aconteceu no edifício de utilização mista uma vez que neste último não foi implementada qualquer medida de melhoria térmica da envolvente exterior. Assim, neste edifício, o coeficiente de transmissão térmica do pavimento sobre as galerias exteriores de acesso às habitações encontra-se largamente acima do limite regulamentar.

Enquanto uma parede dupla de alvenaria com caixa-de-ar oferece o isolamento térmico necessário, uma laje de betão maciça dificilmente o fará. O mesmo é válido para os pavimentos de madeira, no entanto, uma vez que na casa rural a intervenção prevê a colocação de lã mineral nesse elemento, o problema fica resolvido.

4.2.3.2. Coeficientes de transmissão térmica (U) – envolvente interior

As perdas que se verificam para os locais não úteis e, portanto não aquecidos, são obviamente menores do que as verificadas para o exterior. O coeficiente τ reflecte isso mesmo. Assim, o cálculo das perdas térmicas em elementos de separação com locais não aquecidos vem sempre afectado de τ.

Este coeficiente tem também influência nas exigências regulamentares aplicáveis. Assim, quando o seu valor é superior a 0.7, a esse elemento devem-lhe ser aplicadas as exigências de envolvente exterior. Por outro lado, se τ for baixo, frequentemente não se justifica o investimento no reforço do elemento em causa pois as perdas existentes são já diminutas.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

58

Relativamente às envolventes interiores, importa então verificar:

� na casa rural do Minho - o tecto de separação com o sotão e a parede de separação do corpo saliente da casa;

� na fracção do edifício de Sá da Bandeira - as paredes de separação com o vão das escadas e com os edifícios adjacentes bem como o pavimento do primeiro piso que faz a separação com o estabelecimento comercial do rés-do-chão;

� na fracção do edifício de utilização mista não há locais não aquecidos em contacto com as habitações;

� na fracção do edifício habitacional em altura - os elementos de separação com a caixa de escadas e átrio de acesso aos apartamentos;

� na fracção do bairro de habitação social - as paredes de separação com a caixa de escadas.

O Quadro 38 apresenta os valores de coeficiente τ para cada uma destas situações.

Quadro 38 – Coeficientes τ

Edifício Local não aquecido Tipo de espaço τ

Casa rural do Minho

Sotão Desvão ventilado 1

Corpo saliente Considerado edifício adjacente 0,6

Sá da Bandeira Vão das escadas

Circulação comum com abertura directa para o exterior (Aabertura/Vtotal<0,05m2/m3) 0,5

Edifícios adjacentes Edifícios adjacentes 0,6

Utilização mista - - -

Habitação em altura

Caixa de escadas Circulação comum com abertura directa para o exterior (Aabertura/Vtotal<0,05m2/m3) 0,1

Marquisa Varandas, marquisas e similares 0,6

Habitação social Caixa de escadas Circulação comum sem abertura directa

para o exterior 0,3

Tendo estas considerações em mente verifica-se que os elementos de separação com o sótão da moradia rural devem obedecer aos requisitos térmicos exigidos para as envolventes exteriores e que os elementos de separação com as caixas de escadas do edifício de habitação em altura e do bairro de habitação social terão perdas muito pouco significativas não justificando um eventual investimento no reforço térmico desses elementos.

O Quadro 39 apresenta as exigências aplicáveis a cada um destes elementos e o seu valor de coeficiente de transmissão térmica permitindo assim verificar quais dos edifícios estudados cumprem as exigências regulamentares para elementos de separação com locais não aquecidos.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

59

Quadro 39 - Coeficientes de transmissão térmica superficiais em zona corrente – envolvente interior

Edifício Elemento Separação com Exigência (W/m2ºC)

U estimado (W/m2ºC)

OK/KO

Casa rural do Minho Tecto Sotão 1 0,32 OK

Parede Corpo saliente 2 2,5 KO

Sá da Bandeira

Parede Edifícios adjacentes 2 2,35 KO

Parede Vão das escadas 2 1,46 OK

Pavimento Estabelecimento comercial 1,3 0,26 OK

Utilização mista - - - - -

Habitação em altura Parede Caixa de escadas 2 1,5 OK

Parede Marquise 2 1,5 OK

Habitação social Parede Vão de escadas 2 1,3 OK

No caso da moradia rural o cumprimento na separação com o sótão foi assegurado por uma camada generosa de lã mineral no sótão. Visto tratar-se de uma habitação unifamiliar e de um espaço não habitável e execução dessa solução não apresenta quaisquer dificuldades. Já em Sá da Bandeira, a solução passou pela colocação de três camadas distintas de isolante tanto acima como abaixo do elemento estrutural. Importa realçar que apenas foi possível implementar esta solução com o consentimento do dono do estabelecimento comercial visto que, para execução desta intervenção é necessário o acesso a ambos os espaços. Estas soluções são claramente excessivas no domínio do RCCTE, no entanto, terá sido a configuração necessária para dar resposta às exigências acústicas que serão analisadas mais adiante.

Ainda na casa rural do Minho, destacam-se as suas paredes interiores que separam a habitação das cozinhas. Essas foram mantidas na sua configuração original de pedra à vista nas duas faces sem qualquer tipo de reforço térmico e por isso mesmo apresentam um valor consideravelmente acima do limite regulamentar. O mesmo se passa com as paredes de separação com os edifícios adjacentes do edifício de Sá da Bandeira.

A envolvente interior dos três edifícios mais recentes, dada a superficialidade da sua intervenção não sofreu modificações. Ainda assim, a sua configuração original é suficiente para dar resposta ao limite regulamentar máximo no que toca a coeficientes de transmissão térmica para a envolvente interior.

4.2.3.3. Pontes térmicas planas

As pontes térmicas planas correspondem a singularidades ou descontinuidades na envolvente da habitação como pilares ou vigas. Assim, o RCCTE estipula que o valor do coeficiente de transmissão térmica nessas zonas só poderá ser, no máximo da ordem do dobro do da zona corrente. Do ponto de vista de eficiência energética, dada a reduzida área destas pontes térmicas, elas não são relevantes no entanto, o seu tratamento permite reduzir a possibilidade de ocorrência de patologias.

As situações mais comuns são as caixas de estore e elementos estruturais (pilares e vigas) embebidos na fachada. As caixas de estore apenas surgem em edifícios mais recentes pois, em edifícios antigos a solução mais frequente é a de portadas de madeira. O solucionamento destas pontes térmicas é, em

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geral, simples. O mesmo não se passa com os elementos estruturais que, para além de serem difíceis de detectar são também difíceis de corrigir.

Na casa rural do Minho importa realçar ainda a existência de rodapés de madeira de grandes dimensões que constituem pontes térmicas planas. Esses rodapés podem ser vistos na Fig. 2. Dada a importância estética destes elementos e o seu contributo para o valor patrimonial do imóvel, estes não puderam ser removidos na intervenção de reabilitação a que o edifício foi sujeito. Assim, o isolante que foi aplicado a essas paredes não só teve a sua espessura limitada pelos rodapés como ainda não pôde ser aplicado à totalidade da parede.

Para este estudo, estas perdas não serão muito importantes e não serão consideradas, fica no entanto a nota de que, em situações de reabilitação, a sua detecção e solucionamento nem sempre são fáceis.

4.2.3.4. Coeficientes de transmissão térmica linear (ψ)

Os coeficientes de transmissão térmica linear são usados para determinar as perdas térmicas em situações de elementos em contacto com o solo ou da própria ligação entre elementos (fachada com pavimentos, fachada com varanda, duas paredes verticais, fachada com caixa de estore ou padieira/peitoril etc.). As situações mais frequentes encontram-se tabeladas no RCCTE.

Como simplificação, o valor de todos estes coeficientes irá ser considerado 0,5 W/m.ºC, valor que é, aliás, recomendado pelo RCCTE para situações não tabeladas. Esta atitude faz especialmente sentido nos dois edifícios mais antigos porque, dado o tipo de construção tão distinta da actual, a maioria das situações tabeladas no regulamento não podem ser aplicadas directamente. A título de exemplo, nestes dois edifícios os pavimentos de madeira não fazem uma ligação contínua com os elementos de fachada como é habitual com lajes de betão armado. Não fará então sentido considerar perdas nessas ligações.

No Quadro 40 podem ser consideradas as perdas térmicas lineares consideradas para cada edifício.

Quadro 40 – Perdas térmicas lineares consideradas

Edifício Ligação Comprimento

(m) Perdas

(W/m.ºC) Total

(W/ºC)

Casa rural do Minho

fachada com pavimento térreo fachada com cobertura inclinada entre duas paredes verticais fachada com padieira ou peitoril

34 48 28 46

17 24 14 23

78

Sá da Bandeira

fachada com pavimento sobre l.n.a. fachada com varanda fachada com padieira ou peitoril

12 12 6

6 6 3

9

Utilização mista

fachada com pavimento sobre exterior fachada com pavimento intermédio fachada com cobertura fachada com varanda entre duas paredes verticais fachada com caixa de estore fachada com padieira ou peitoril

8 30 22 12 4

16 32

4 15 11 6 2 8 16

65

Habitação em altura

fachada com pavimento intermédio fachada com varanda entre duas paredes verticais fachada com caixa de estore fachada com padieira ou peitoril

60 7

20 16 30

30 3,5 10 8 15

66,5

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61

Quadro 40 (cont.) – Perdas térmicas lineares consideradas

Edifício Ligação Comprimento

(m) Perdas (W/ºC)

Total (W/ºC)

Habitação social

fachada com pavimento intermédio fachada com varanda entre duas paredes verticais fachada com caixa de estore fachada com padieira ou peitoril

21 4

2,5 3 6

10,46 2

1,25 1,5 3

12,98

4.2.3.5. Factor solar

Este factor representa o rácio entre a energia transmitida para o interior e a energia solar nele incidente para determinado vão envidraçado. O RCCTE estipula o valor máximo admissível do factor solar de envidraçados em situação de Verão é, na maior parte das situações 0,56.

É importante realçar que, para o cálculo dos ganhos térmicos por incidência solar nos envidraçados em situação de Verão, se considera a protecção activa a 70%, no entanto, para verificação do limite máximo regulamentar de factor solar de vãos envidraçados não orientados a Norte são considerados os seus dispositivos de protecção activos a 100%.

Considerando então os dispositivos de protecção verifica-se que todos os edifícios cumprem esta exigência.

Quadro 41 – Factor solar de vãos envidraçados em situação de Verão

Edifício Vidro Protecção Factor solar

Casa rural do Minho Simples Portadas de madeira 0,47

Duplo Portadas de madeira 0,38

Sá da Bandeira Simples Portadas de madeira 0,47

Utilização mista Simples Estore plástico 0,31

Habitação em altura Simples Estore plástico 0,30

Habitação social Simples Estore plástico 0,30

4.2.3.6. Inércia térmica

A inércia térmica de uma habitação vai determinar o seu comportamento face a alterações de temperatura. O seu cálculo está directamente relacionado com a massa volúmica dos materiais que constituem os elementos construtivos da habitação sendo mais forte em fracções de construção mais ‘pesada’ cujas paredes e pavimentos são maciços e mais fraca em habitações de construção ‘leve’ com lajes aligeiradas e tectos falsos por exemplo.

A moradia rural e o edifício da rua de Sá da Bandeira apresentam uma inércia térmica média. Esta inércia é característica dos edifícios dessa época pois, apesar de as espessas paredes de alvenaria darem um contributo significativo, com lajes de pavimento ligeiras dificilmente um edifício consegue atingir a inércia térmica forte.

Já o mesmo não se passa com os edifícios mais recentes que devido à sua construção com elementos de betão (principalmente as lajes de pavimento) facilmente conseguem garantir uma inércia térmica

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forte. É então essa a situação do edifício de utilização mista, do de habitação em altura e ainda o de habitação social.

4.2.4. PERDAS POR VENTILAÇÃO

Este ponto do RCCTE contabiliza as perdas térmicas inerentes a uma constante renovação do ar interior. Esta é uma área comum ao RCCTE e à norma NP 1037-1 que se dedica em exclusivo a esta temática no entanto, enquanto a norma aborda esta assunto de um ponto de vista de qualidade ar, o regulamento fá-lo numa perspectiva energética. Procura-se então que a ventilação se processe sem recurso a meios mecânicos, situação que se verifica nos edifícios estudados e que será possível na grande maioria das situações de edifícios habitacionais.

O RCCTE especifica que, sempre que a habitação em causa seja conforme com a norma referida, a taxa renovação horária do ar deverá ser considerada de 0,6 h-1 para efeito de determinação das perdas térmicas. Caso isso não se verifique, o número de renovações horárias de uma habitação deve ser determinado em função das classes de permeabilidade ao ar das suas caixilharias (de acordo com a norma EN 12207), da existência ou não de caixas de estore e dispositivos de admissão de ar na fachada e ainda da classe de exposição ao vento da fracção em estudo.

Uma vez que a verificação da NP 1037-1 é um processo totalmente independente da verificação do RCCTE não é correcto assumir desde logo o seu cumprimento passando-se portanto à determinação do número de renovações horárias com o auxílio do Quadro IV.1, constante do regulamento, que considera os parâmetros referidos. Os resultados, para cada fracção estudada, constam do Quadro 42.

Quadro 42 – Renovações horárias

Edifício Classe de exposição

Dispositivos de admissão de ar

na fachada

Permeabilidade ao ar das caixilharias Rph (h-1) Classificação Caixa de estore

Casa rural do Minho

3 Não 2 Não 0,95

Sá da Bandeira 1 Não 2 Não 0,85

Utilização mista 2 Não 2 Sim 1

Habitação em altura 2 Não 2 Sim 0,95

Habitação social 2 Não 2 Sim 0,90

Tendo em conta o número de renovações horárias que acabou de ser determinado, o volume dos espaços e as características físicas do ar (massa volúmica e calor específico) é possível então calcular as perdas por renovação de ar - Qra (kWh/ano). As perdas por renovação do ar de cada edifício constam do Quadro 43.

Q�� � 0,024. 0,34. R �. V��. GD �kWh ano⁄ � (3)

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63

Quadro 43 – Perdas por renovação do ar (Qra)

Edifício Volume (m3)

Rph (h-1)

Graus-dia (GD)

Qra

(kWh/ano)

Casa rural do Minho 623 0,95 2090 10116

Sá da Bandeira 652 0,85 1610 7286

Utilização mista 367 0,95 1710 5115

Habitação em altura 432 0,95 1580 5286

Habitação social 145 0,95 1770 1885

Verifica-se, como é compreensível, que a casa rural do Minho tem maiores perdas derivadas da renovação do ar. O seu volume é, de entre as cinco fracções, um dos maiores assim como a sua classe de exposição ao vento, a agravar ainda a situação, esta moradia está exposta a uma quantidade de graus-dia bastante superior. Por outro lado, dado o seu reduzido volume, o apartamento do bairro de habitação social é o que apresenta menores perdas por ventilação.

4.2.5. GANHOS SOLARES

Mesmo no Inverno, a incidência solar nos envidraçados produz ganhos térmicos significativos para a habitação. No período de Verão, uma vez que a intensidade solar é maior, para além dos ganhos pelos envidraçados também devem ser contabilizados os produzidos pela incidência solar na zona opaca da envolvente.

Estes ganhos são calculados vão a vão e elemento a elemento sendo o seu efeito acumulado para se obterem os ganhos totais pela incidência solar nos envidraçados (Inverno) ou nos envidraçados e envolvente opaca (Verão).

4.2.5.1. Ganhos solares de Inverno

Os ganhos solares para a estação de aquecimento podem ser consultados no Quadro 44, e foram calculados da seguinte forma:

Q� � G�� ∑ "X$. ∑ �A. F�. F'. F(. F). F*. g,�- .. M$ kWh/ano (4)

onde:

� GSul valor médio mensal da energia solar média incidente numa superfície vertical orientada a Sul de área unitária durante a estação de aquecimento (Gsul = 93 kWh/(m2⋅mês))

� X j factor de orientação para as diferentes exposições (Quadro IV.4 do RCCTE) � Fh factor de sombreamento do horizonte provocado num vão envidraçado por obstruções

longínquas exteriores ao edifício (Tabela IV.5 do RCCTE) � Fo factor de sombreamento por elementos horizontais sobrepostos ao envidraçado (palas,

varandas) (Tabela IV.6 do RCCTE) � Ff factor de sombreamento por elementos verticais adjacentes ao envidraçado como palas

verticais, outros corpos ou partes do mesmo edifício (Tabela IV.7 do RCCTE) � Fg fracção envidraçada (Quadro IV.5 do RCCTE) � Fw factor de correcção da selectividade angular dos envidraçados (Fw = 0,9)

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� g┴ factor solar do vão envidraçado (Tabela IV.4 do RCCTE) � M duração da estação de aquecimento (ver Quadro 36)

Quadro 44 – Ganhos solares no Inverno

Edifício Ganhos solares (kWh/ano)

Casa rural do Minho 5540

Sá da Bandeira 1975

Utilização mista 3390

Habitação em altura 3028

Habitação social 1016

4.2.5.2. Ganhos solares de Verão

Na estação de arrefecimento, os ganhos solares são os constantes do Quadro 45 e foram calculados com base na seguinte fórmula:

Q� � ∑ "Ir$. ∑ �A�-$. F'. F(. F). F*. g,�- . 3 ∑ 45�6.76.86.96�:

;$$ <kWh/ano] (5)

onde a primeira parcela correspondem aos ganhos pelos envidraçados e a segunda aos ganhos pela envolvente opaca e em que,

� jIr energia solar incidente por orientação j (Quadro III.9 do RCCTE) [kWh/m2]

� Asnj área efectiva do vão n que tem orientação j [m2] � jα coeficiente de absorção solar do elemento da envolvente j (dependente da cor)

� Fo factor de sombreamento por elementos horizontais sobrepostos ao envidraçado (Quadro V.1 do RCCTE)

� Ff factor de sombreamento por elementos verticais adjacentes ao envidraçado como palas verticais, outros corpos ou partes do mesmo edifício (Quadro V.2 do RCCTE)

� Fg fracção envidraçada - traduz a redução da transmissão da energia solar associada à existência da caixilharia (Quadro IV.5 do RCCTE)

� Fw factor de correcção da selectividade angular dos envidraçados (Quadro V.3 do RCCTE)

� g┴ factor solar do vão envidraçado (Quadro V.4 do RCCTE) � he condutância térmica superficial exterior do elemento da envolvente (25 W/m2.ºC)

Quadro 45 – Ganhos solares no Verão

Edifício Ganhos solares (kWh/ano)

Casa rural do Minho 4442

Sá da Bandeira 1693

Utilização mista 2300

Habitação em altura 1736

Habitação social 383

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4.2.6. COLECTORES SOLARES

O RCCTE pretende impulsionar a eficiência energética e para tal, uma das medidas essenciais é a imposição da instalação de colectores solares em edifícios habitacionais. Estes aparelhos permitem uma poupança significativa na energia de preparação de águas quentes sanitárias e portanto o regulamento exige a instalação de 1 m2 de colector solar por cada habitante para dar resposta às suas necessidades.

Na grande maioria das situações não será problemático satisfazer esta exigência, no entanto podem surgir dificuldades caso a cobertura não disponha do espaço necessário para a instalação da área de colectores solares requeridos. Essa não é, no entanto, uma situação que se coloque nos edifícios estudados.

Outro dos problemas que podem surgir na instalação de colectores solares é o impacto visual provocado por estes no edifício em si e na zona onde ele está implantado. Por isso mesmo as Câmaras Municipais restringem muitas vezes a sua aplicação em edifícios situados, por exemplo, em zonas históricas. Esse poderia ser um entrave para o edifício da rua de Sá da Bandeira, no entanto essa especificidade não será tida em conta. Fica no entanto a chamada de atenção.

Há no mercado um sem número de modelos de colectores solares com as mais diversas características e eficiências. O desempenho de cada um deles irá depender de um grande número de factores como a sua orientação, inclinação, localização geográfica do edifício etc. Uma vez que este estudo não passa pela optimização da escolha ou instalação dos colectores solares e que, após algumas simulações no software SOLTERM, se verificou que nestas habitações, dada a sua ocupação e consumo, os ganhos solares (Esolar) rondam os 2000 kWh/ano, optou-se por adoptar este valor para as cinco fracções autónomas estudadas. Esta simplificação não deverá desvirtuar o estudo pretendido, no entanto, fica a nota de que, com um estudo mais cuidado deste ponto o valor das contribuições solares pode ser optimizado.

4.2.7. CARACTERÍSTICAS DOS EQUIPAMENTOS INSTALADOS

Também os equipamentos instalados e o tipo de energia que consomem contribui para uma melhor eficiência da habitação. Apesar de nem sempre isso se verificar, como forma de estimar as necessidades energéticas de uma fracção autónoma, o RCCTE parte do princípio de que essa fracção será aquecida no Inverno e arrefecida no Verão de forma a manter determinadas condições de conforto. Assim, para verificar a eficiência energética da habitação importa saber quais os equipamentos são utilizados para a climatização e que tipo de energia estes utilizam.

A maior parte dos edifícios antigos não dispõe de sistemas de aquecimento ou arrefecimento fixos. Quando isso acontece o regulamento aconselha que se considere que o aquecimento é obtido por uma resistência eléctrica e o arrefecimento por uma máquina frigorífica com eficiência 3. Para a produção de AQS será considerado um esquentador a gás. Estes equipamentos serão os adoptados para os cinco edifícios em estudo e possuem as características constantes no Quadro 46.

Quadro 46 – Equipamentos considerados para todos os edifícios

Função Equipamento Factor de conversão

energético (kgep/kWh) Eficiência

Aquecimento Resistência eléctrica 0,290 1

Arrefecimento Máquina frigorífica

(ciclo de compressão) 0,290 3

Produção de AQS Esquentador 0,086 1,5

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4.2.8. REQUISITOS ENERGÉTICOS

Considerando todos os parâmetros anteriormente referidos obtêm-se a índices que, ao serem comparados com os seus limites máximos estipulados pelo RCCTE, permitem classificar o comportamento térmico da habitação.

Esses factores são:

� Nic - necessidades energéticas para aquecimento (kWh/(m2.ano)); � Nvc - necessidades energéticas para arrefecimento (kWh/(m2.ano)); � Nac - necessidades energéticas para a preparação de águas quentes sanitárias (kWh/(m2.ano)); � Ntc - necessidades nominais anuais globais (kgep/(m2.ano)).

Cada um destes factores terá de ser inferior a um limite máximo de referência (Ni, Nv, Na e Ntc) definidos também no RCCTE.

Quadro 47 – Valores de cálculo de Nic, Nvc, Nac e Ntc e respectivos limites máximos

Edifício Nic Ni Nvc Nv Nac Na Ntc Nt

Casa rural do Minho 107,46 87,06 7,28 18,00 18,44 21,21 4,77 3,81

Sá da Bandeira 132,08 68,10 4,45 16,00 17,83 24,47 5,41 4,06

Utilização mista 98,10 74,75 1,55 16,00 29,17 33,55 5,37 5,35

Habitação em altura 59,87 66,91 1,11 16,00 33,98 35,62 4,67 5,55

Habitação social 59,38 74,42 0,73 18,00 44,56 61,17 5,56 9,09

4.2.9. VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO REGULAMENTAR

Neste ponto irá procurar-se, para mais fácil compreensão, sistematizar as verificações efectuadas para os vários edifícios. Assim, no Quadro 48 surgem as verificações relativas aos elementos da envolvente e no Quadro 49 as referentes aos requisitos energéticos.

Quadro 48 – Verificação da exigência regulamentar – elementos da envolvente

Limitação Casa rural do Minho

Edifício de Sá da Bandeira

Edifício de utilização mista*

Edifício de habitação em altura*

Edifício de habitação social

Uext ≤ Umax OK OK KO OK OK

Uint ≤ Umax KO KO - OK OK

g┴ ≤ g┴max OK OK OK OK OK

*devido ao reduzido custo da intervenção a verificação do regulamento não seria obrigatória

Quadro 49 – Verificação da exigência regulamentar – requisitos energéticos

Exigência Casa rural do Minho

Edifício de Sá da Bandeira

Edifício de utilização mista*

Edifício de habitação em altura*

Edifício de habitação social

Nic ≤ Ni KO KO KO OK OK

Nvc ≤ Nv OK OK OK OK OK

Nac ≤ Na OK OK OK OK OK

Ntc ≤ Nt KO KO KO OK OK

*devido ao reduzido custo da intervenção a verificação do regulamento não seria obrigatória

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Verifica-se que a maioria dos elementos da envolvente cumpre as exigências regulamentares independentemente do grau da intervenção a que os edifícios foram sujeitos. É certo que algumas delas estarão próximas do limite, mas ainda assim admissíveis. As excepções surgem para as paredes interiores da casa rural do Minho e do edifício de Sá da Bandeira que não foram reforçadas e para o pavimento exterior das habitações do edifício de utilização mista cujas características térmicas são também insuficientes.

Relativamente aos requisitos energéticos, verifica-se que para os edifícios mais antigos há dificuldade em cumprir o limite relativo às necessidades energéticas de aquecimento. Essa dificuldade reflecte-se também nas necessidades globais da fracção. Nos edifícios mais recentes esse problema não ocorre, nomeadamente no de habitação em altura e no de habitação social nos quais se verifica um cumprimento generalizado das exigências regulamentares.

4.2.10. COMENTÁRIO FINAL

A verificação do RCCTE baseia-se nos requisitos energéticos da fracção autónoma e nos parâmetros térmicos dos elementos da sua envolvente para averiguar se, do ponto de vista térmico ou energético essa fracção terá um comportamento satisfatório. Fazendo exigências ao nível dessas duas realidades distintas, para uma verificação satisfatória deste regulamento poderá ser necessária uma intervenção que ultrapasse as suas fachadas.

As intervenções de reabilitação visam, na maior parte dos casos, a envolvente exterior dos edifícios, no entanto, dado o carácter de optimização energética do RCCTE, apenas com um tratamento destas nem sempre se pode garantir o cumprimento do mesmo. É certo que o regulamento prevê que, para intervenções de custo reduzido (que geralmente se traduzem em intervenções muito superficiais), a sua verificação não será obrigatória, no entanto visto que a boa verificação do RCCTE leva a boas condições de conforto térmico, eficiência energética e redução da ocorrência de patologias seria do interesse de todos que esse cumprimento se verificasse.

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4.3. REGULAMENTO DOS REQUISITOS ACÚSTICOS DOS EDIFÍICIOS

4.3.1. GENERALIDADES

A capacidade de isolamento acústico de um elemento depende muito, não só dos materiais que o constituem, mas também do seu posicionamento ou até a forma ou técnica com que são colocados pelo que, mesmo que se conheça a composição de um elemento, não é certo que o cálculo do seu isolamento acústico seja o seu real comportamento. Dito isto, qualquer cálculo para determinar o comportamento acústico de um elemento não passará de um exercício de previsão cujo resultado pode andar bastante longe da realidade. Assim, a única forma de avaliar o real comportamento acústico de um fogo habitacional já construído é com base em ensaios e medições in situ (seguindo o estipulado na NP 1730 de 1996).

Só partindo dos valores das medições se pode realmente avançar, caso necessário, para uma fase de projecto procurando então reforçar os elementos que apresentem, à luz do RRAE, um comportamento acústico insatisfatório. Visto não terem sido efectuados ensaios acústicos não fará sentido trabalhar este regulamento de forma quantitativa, assim a análise do RRAE será meramente qualitativa.

Uma vez que a aplicação de materiais de correcção acústica correntes é semelhante à de térmica, as dificuldades referidas em 4.2.1., na aplicação do RCCTE, voltam a ser sentidas no que refere a este documento. Para além disso, no RRAE a problemática da envolvente interior dos edifícios é mais difícil de tratar. Enquanto na térmica, os requisitos para a envolvente interior serão menos rigorosos, na acústica passa-se o inverso. Importa recordar que muito do património edificado, ora por metodologias construtivas do passado ora por optimização de espaços ou lucros, apresenta, paredes divisórias ou de separação de habitações contíguas pouco espessas e com um comportamento acústico terrível. Veja-se por exemplo o caso das tradicionais paredes de tabique que aparecem com bastante frequência em edificados antigos e que desempenham funções de travamento da estrutura. Essas paredes, dificilmente cumprirão o estipulado no regulamento sem uma alteração significativa das suas características ou a aplicação de grandes espessuras de isolante.

É importante reforçar a ideia de que o cumprimento deste regulamento não é obrigatório para edifícios já construídos, no entanto será importante garantir as condições de conforto nele previstas também em situações de reabilitação.

4.3.2. ISOLAMENTO SONORO A SONS DE CONDUÇÃO AÉREA

Como o próprio nome indica, diz-se que um som é de condução aérea quando o seu meio de propagação é o ar. São sons de energia relativamente baixa e afectam apenas, em geral, os ambientes vizinhos à fonte do ruído.

Para que a habitação possa ser um espaço confortável para quem o ocupa é importante que as zonas de estar da mesma possuam um bom isolamento a perturbações externas. Assim, importa verificar os elementos que fazem a separação entre as ditas zonas de estar e potenciais emissores sonoros como o exterior do edifício, as circulações comuns, outros fogos ou locais do edifício onde se desenvolvam actividades comerciais ou industriais. A exigência regulamentar será tanto maior quanto maior o ou mais incomodativo for o ruído que se preveja que possa ser emitido pelo local em causa.

A exigência regulamentar em situações de isolamento sonoro a sons de condução aérea para elementos que separem as zonas de estar da habitação do espaço exterior (D2m,n) é, em zonas sensíveis 28 dB e em zonas mistas 33 dB.

O Quadro 50 lista, para cada edifício, os elementos que separam zonas de estar do exterior.

Adequação dos regulamentos nas áreas de térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Quadro 50 – Elementos de separação entre o exterior e zonas de estar

Edifício Elementos em contacto com o

exterior

Casa rural do Minho

Paredes exteriores

Cobertura

Pavimento

Sá da Bandeira Paredes exteriores

Utilização mista

Paredes exteriores

Cobertura

Pavimento

Habitação em altura Paredes exteriores

Habitação social Paredes exteriores

Uma parede de granito, mesmo de grande espessura como se verifica por exemplo na moradia rural do Minho, não será suficiente para isolar devidamente uma zona de estar do exterior. Sempre que elementos com esta constituição fazem a separação com o exterior é necessário reforça-la devidamente para que cumpra os requisitos acústicos do RRAE.

Do ponto de vista acústico a aplicação de isolante pelo interior é uma solução eficiente apesar da desvantagem da perda de área útil. Assim, pela sua simples implementação e, em geral, boa eficiência a solução mais frequente para correcção acústica é aplicar uma camada de lã mineral pelo interior ocultando-a com gesso cartonado.

Foi essa a solução adoptada na moradia rural do Minho e no edifício de Sá da Bandeira. Esta configuração permite, simultaneamente, reforçar a fachada em termos acústicos e térmicos. Como já se disse, no entanto, ora por motivos estéticos ora por questões físicas é frequente manter à vista as faces de paredes de alvenaria pedra. Nessas situações dificilmente se conseguirá garantir o cumprimento regulamentar sem que sejam feitas cedências.

Nos edifícios mais recentes estudados, como já foi referido no Capítulo 3, os projectos de reabilitação destes preconizam intervenções globais e superficiais nas envolventes exteriores. Essas intervenções não incluem qualquer reforço acústico das fachadas e portanto estas não deverão cumprir as exigências do RRAE.

Relativamente aos elementos envidraçados estes são, como se sabe, um dos pontos fracos das fachadas de qualquer edifício visto que a resistência acústica de uma fachada é fruto da ponderação entre a parte envidraçada e a opaca. Ora, como geralmente os vãos envidraçados possuem menor capacidade de isolamento acústico, a resistência global da parede é sempre reduzida. Esse problema será particularmente sentido no edifício de utilização mista cuja fachada principal é constituída, quase na totalidade pelos vãos envidraçados das varandas. Na prática, os únicos elementos opacos dessa fachada são as padieiras e ombreiras dos envidraçados. A menos que se utilizem elementos envidraçados especiais para correcção acústica que, obviamente acarretam custos muito mais elevados, dificilmente será possível garantir o cumprimento regulamentar desta fachada.

Adequação dos regulamentos nas áreas de térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

70

Nas fachadas mais tradicionais, onde há uma maior distribuição entre a área envidraçada e a opaca, a aplicação de um isolante acústico na parte opaca deve ser complementada pela instalação de envidraçados minimamente eficazes em termos acústicos pois, de outra forma o investimento efectuado na parte opaca da parede será inútil. Assim, uma vez que por motivos de manutenção das características da fachada os envidraçados do edifício de Sá da Bandeira não podem ser substituídos, foi instalada interiormente uma segunda caixilharia com vidro duplo assegurando assim um comportamento acústico mais favorável. Esta é uma boa solução que, por motivos de ordem física, nem sempre pode ser implementada.

Quadro 51 – Índice de isolamento sonoro a sons de condução aérea normalizado – Entre espaços interiores

Elemento situado Exigência (dB) Edifício Elemento

Entre compartimentos de um fogo (emissão) e quartos ou zonas de estar de outro fogo (recepção)

≥ 50

Casa rural do Minho - Sá da Bandeira Pavimento (2º piso)

Utilização mista Parede interior

Habitação em altura Parede interior

Pavimento

Habitação social Parede interior

Pavimento

Entre locais de circulação comum do edifício (emissão) e quartos ou zonas de estar dos fogos

≥ 48

Casa rural do Minho -

Sá da Bandeira Parede interior

Utilização mista -

Habitação em altura -

Habitação social Parede interior

Entre locais do edifício destinados a comércio, indústria e serviços ou diversão (emissão) e quartos ou zonas de estar dos fogos (recepção)

≥ 58

Casa rural do Minho - Sá da Bandeira Pavimento (1º piso) Utilização mista Pavimento

Habitação em altura - Habitação social -

Quando o que está em causa são separações entre diferentes espaços e a intervenção está a ser realizada a nível de uma única fracção, o problema é mais complexo pois passam a haver duas zonas distintas frequentemente de proprietários também diferentes. Devem procurar-se portanto soluções cuja concretização seja possível sem perturbar os restantes espaços envolvidos.

No contexto da casa rural do Minho este parâmetro não é relevante, uma vez que esta é uma habitação unifamiliar. No entanto o mesmo não acontece no edifício de Sá da Bandeira no qual cada piso corresponde a uma fracção distinta. Uma vez que a intervenção deste edifício foi global, a situação foi facilitada e houve liberdade para adoptar soluções em que o isolante aplicado numa das fracções complementasse o que se colocou noutra funcionando em conjunto para melhorar o isolamento acústico de determinado elemento (nomeadamente pavimentos).

Caso essa facilidade não se verificasse, a existência de lajes de piso de madeira poderá ser problemática pois, se por um lado o seu comportamento acústico não é favorável, por outro lado seria um desperdício tremendo, no caso de soalhos antigos, optar por uma solução mais satisfatória mas onde esse pavimento não seja aproveitado.

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71

Nos restantes edifícios, como já se explicou no Capítulo 3 a intervenção a que eles foram sujeitos era bastante superficial e limitada à envolvente exterior. Assim, as características dos três edifícios mais recentes, no que toca a isolamento acústico entre espaços interiores serão exactamente iguais às existentes antes da intervenção. Não fará então muito sentido tecer grandes comentários a estes elementos para além de que se espera que o seu comportamento seja, em geral, amplamente insuficiente à luz do RRAE.

Para além das situações referidas na tabela anterior, o regulamento prevê ainda exigências acústicas para condução aérea entre locais de circulação comum do edifício e quartos ou zonas de estar dos fogos caso o local emissor for um caminho de circulação vertical, quando o edifício seja servido por ascensores ou se o local emissor for uma garagem de parqueamento automóvel. Enquanto que a exigência para este primeiro caso não é muito gravosa, e compreende-se porquê, a da segunda situação já se poderá revelar bem mais difícil de assegurar. No entanto, uma vez que uma garagem é um espaço com pouca relevância estética, não se prevêem grandes entraves caso seja necessário aplicar camadas adicionais de isolante acústico.

4.3.3. ISOLAMENTO SONORO A SONS DE PERCUSSÃO

Os sons de percussão têm origem em impactos contra a estrutura sólida e propagam-se através desta podendo afectar locais que não se encontram na vizinhança imediata do compartimento de emissão.

Para se garantir conforto acústico numa habitação estes sons não podem ser esquecidos e são particularmente importantes no caso de edifícios multi-familiares em que as habitações se situem umas sobre as outras.

Quadro 52 – Nível sonoro de percussão normalizada

Elemento situado Exigência (dB) Edifício Elemento

Sobre pavimentos de outros fogos ou de locais de circulação comum do edifício (emissão) no interior de quartos ou zonas de estar dos fogos (recepção)

≤60

Casa rural do Minho -

Sá da Bandeira Pavimento

Utilização mista -

Habitação em altura Pavimento

Habitação social Pavimento

Sobre pavimentos de locais do edifício destinados a comércio, indústria, serviços ou diversão (emissão) no interior de quartos ou zonas de estar dos fogos (recepção)

≤50

Casa rural do Minho -

Sá da Bandeira -

Utilização mista -

Habitação em altura -

Habitação social -

Mais uma vez, por se tratar de uma moradia unifamiliar, a casa rural do Minho não terá exigências neste ponto. Também no edifício de utilização mista estes cuidados são desnecessários visto que as habitações neste edifício se situam nos últimos pisos e que o terraço acessível do edifício está dividido em espaços particulares afectos a cada habitação.

No edifício de Sá da Bandeira é essencial estudar o tecto da fracção em causa pois este faz a separação com uma outra habitação similar. Recorde-se que a intervenção neste edifício foi global pelo que foi possível recorrer a uma situação com isolante repartido dos dois lados do elemento estrutural. No pavimento foi possível aplicar um sistema de tecto falso com uma grande caixa-de-ar, 2 cm de lã de

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vidro e ainda um soalho flutuante sobre 2 cm de lã mineral. Este conjunto deverá apresentar um comportamento suficiente para garantir cumprimento regulamentar.

No edifício de habitação em altura e no de habitação social surge novamente uma situação similar à verificada para ruído aéreo – a intervenção à qual estes edifícios foram submetidos foi unicamente exterior pelo que os pavimentos interiores não sofreram quaisquer melhorias e, portanto, espera-se que sejam insuficientes.

4.3.4. NÍVEL DE AVALIAÇÃO

Para salvaguardar as habitações do ruído que possa ser produzido por equipamentos colectivos que sirvam o edifício está presente no regulamento uma exigência que visa avaliar o nível sonoro contínuo equivalente durante um determinado intervalo de tempo (Lar).

Esta é uma situação que é difícil de precaver e relativamente à qual pouco pode ser dito uma vez que nenhum dos projectos estudados previa qualquer intervenção em algum equipamento (nomeadamente elevadores).

4.3.5. COMENTÁRIO FINAL

Como se pode ver, o RRAE é um regulamento muito simples no que toca a edifícios de habitação. Tem apenas uma mão cheia de exigências, não permitindo no entanto grande flexibilidade nos parâmetros que avalia.

Numa reabilitação pouco intrusiva como as que se verificam nos edifícios de utilização mista e de habitação em altura, este regulamento nunca será verificado visto que as paredes tanto exteriores como interiores, por si só, dificilmente dão a resposta acústica exigida. Assim, para que um edifício reabilitado verifique as exigências do RRAE, a intervenção prevista terá de contemplar a aplicação de isolante acústico nos elementos exteriores de fachada bem como nos elementos de separação de espaços interiores relevantes. Uma reabilitação desse tipo já terá no entanto um maior grau de complexidade pois requer intervenções interiores e portanto o seu custo será também mais elevado.

Na verdade o regulamento apenas é aplicável a novas construções, no entanto caso se pretendesse fazer algum controlo acústico também dos edifícios já existente, o regulamento teria de ser mais flexível em relação a esses e permitir que, eventualmente, se possam pôr de parte algumas exigências caso estas se revelem lesivas para o imóvel ou até de difícil execução ou custo exagerado face ao incremento de conforto que elas iriam fornecer. Todas estas decisões teriam obviamente de ser justificadas e devidamente documentadas caso a caso.

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4.4. REGIME JURÍDICO DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS

4.4.1. GENERALIDADES

Contrariamente ao que acontece com os outros regulamentos já estudados, o RJSCIE não é aplicável a uma única fracção autónoma. A verificação das exigências de segurança contra incêndios é realizada às diversas utilizações-tipo.

O regulamento técnico deste regime jurídico analisa os edifícios em grande pormenor, desde as características geométricas do edifício em si ou das suas vias de evacuação até à resistência ao fogo dos elementos que constituem as envolventes dos vários compartimentos e a reacção ao fogo dos materiais que os revestem.

Como se compreende numa situação de reabilitação pouco há a fazer pela geometria do edifício seja ela da sua envolvente exterior ou dos seus espaços interiores e vias de evacuação. Assim, neste ponto irá dar-se especial atenção às características de reacção e resistência ao fogo dos diversos elementos e materiais que constituem os edifícios estudados.

Para iniciar esta análise é necessário classificar a amostra e os seus espaços de acordo com os parâmetros definidos no RJSCIE e que irão definir as exigências aplicáveis a vários níveis. Essas classificações podem ser consultadas no Quadro 53.

Quadro 53 – Caracterização dos edifícios do ponto de vista da segurança contra incêndios

Edifício Altura do

edifício (m) Utilizações-tipo Área (m2)

Categoria de risco

Local de risco

Casa rural do Minho 5 UT-I 300 1ª -

Sá da Bandeira

14,4

UT- I 145 por

apartamento 2ª -

UT- VIII 153 1ª A

UT- III 58 2ª A

Utilização mista

12

UT- I 141 por

apartamento 2ª -

UT- II 89 1ª A

UT- III 50 por

escritório 1ª A

UT – III 277 1ª A

UT- VIII 57 1ª A

Habitação em altura

28

UT- I 166 por

apartamento 2ª -

UT- II 1278 1ª C

UT – III 145 por atelier 2ª A

UT- VIII 150

por torre 1ª A

Habitação social 10 UT- I

65 por apartamento

2ª -

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edifícios de habitação

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4.4.2. CONDIÇÕES EXTERIORES COMUNS

4.4.2.1. Condições exteriores de segurança e acessibilidade

Este ponto do Regulamento Técnico (RT) faz exigências relativas às condições e características de acessibilidade dos edifícios tanto a nível das vias de acesso como da própria fachada. Desta forma procura facilitar o acesso e combate ao fogo por parte dos bombeiros.

� Vias de acesso

Uma vez que este estudo trata de reabilitação e não de novos processos de urbanização ou construção, as características das vias de acesso bem como das fachadas estão já definidas e, por vezes, não poderão ser alteradas. Compreende-se que algumas destas exigências não sejam muito flexíveis pois estão relacionadas com o equipamento e métodos de intervenção utilizados pelos corpos de bombeiros, no entanto é preciso ter em conta que, principalmente em zonas urbanas consolidadas, é muito difícil assegurar as condições de acesso ideais.

Para a casa rural do Minho aplicam-se as exigências de edifícios de altura inferior a 9 metros e, uma vez que se trata de uma moradia isolada implantada numa zona rural com pouco tráfego automóvel admite-se que é possível estacionamento a pelo menos 30 metros de uma das suas saídas. A altura útil da via também não é, na grande maioria das situações, limitativa uma vez que o mais comum é tratarem-se de estradas ao ar livre sem impedimentos à passagem de veículos mais altos. Já as exigências referentes à largura útil da via de acesso (mínimo de 3,5m), ao seu raio de curvatura (mínimo de 11 m medidos ao eixo) e à inclinação da mesma (máximo de 15 %) podem ser mais difíceis de assegurar. O acesso a esta moradia é realizado por caminhos municipais que, muitas vezes, não respeitam esses parâmetros. O RT exige ainda que a via tenha uma capacidade de suporte para um veículo com peso total de 130 kN, correspondendo 40 kN à carga do eixo dianteiro e 90 kN à do eixo traseiro. Esta exigência é também um parâmetro que, quando se fala de caminhos municipais pode não estar assegurado.

Para edifícios cuja altura é superior a 9 m, as exigências são mais severas (Art. 5º):

� Estacionamento junto às fachadas acessíveis do edifício; � Via com 6 m de largura útil (ou 10 m se for em impasse); � Altura útil de pelo menos 5 m; � Raio de curvatura mínimo de 13 m medidos ao eixo; � Inclinação máxima <10%; � Capacidade de suporte para veículo com peso total 260 kN, correspondendo a 90 kN à

carga do eixo dianteiro e 170 kN à do eixo traseiro.

Para os edifícios estudados verifica-se o cumprimento da maioria destas exigências com excepção do raio de curvatura. Em edifícios implantados em zonas urbanas consolidadas é difícil assegurar este parâmetro (principalmente no edifício de Sá da Bandeira que está mesmo no coração de uma grande cidade). Esta ressalva é, pelos mesmos motivos, válida para as larguras das vias uma vez que nem sempre as fachadas acessíveis dos edifícios que se pretende reabilitar estão orientadas para ruas com a largura exigida

A portaria refere ainda a existência de uma «faixa de operação» situada junto às fachadas acessíveis e a eixo com o acesso ao átrio de entrada que permita o estacionamento, manobra e operação de veículos de socorro. Essa faixa deverá ter no mínimo 7 m de largura e 15 m de comprimento e deverá incluir todos os pontos de penetração na fachada entre planos verticais tirados pelos extremos da faixa de

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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operação perpendicularmente ao seu eixo. O bordo dessa faixa deverá ainda estar a uma distância entre os 3 m e os 10 m do ponto mais saliente da fachada. Essa faixa deve ainda resistir ao punçoamento causado por uma força de 170 kN aplicada numa área circular de 20 cm de diâmetro, estar livre de árvores, candeeiros, bancos, socos e outros obstáculos que impeçam o acesso dos veículos de socorro e nela não deve ser permitido o estacionamento de qualquer outro veículo. Como será fácil de compreender, esta exigência é totalmente direccionada para a construção de novos edifícios sendo na prática, impossível garantir numa intervenção de reabilitação.

� Acessibilidade às fachadas

No referente à acessibilidade às fachadas (Art. 6º da portaria) o RT exige pelo menos um ponto de penetração por cada 800 m2 de área do piso e especifica que estes devem permitir atingir os caminhos horizontais de evacuação bem como que as suas dimensões mínimas devem ser 1,2 x 0,6 m. Complementarmente, para edifícios de altura inferior a 9 m, se os pontos de penetração forem constituídos por vãos de janela, o regulamento limita a espessura do pano de peito a 0,3 m numa extensão de 0,5 m abaixo do peitoril para assim permitir o engate das escadas manuais dos bombeiros.

A casa rural do Minho cumpre estas especificações apresentando mais do que uma janela na fachada acessível com dimensões superiores às exigidas e cujo peitoril permite o engate das escadas manuais. Os restantes edifícios respeitam também os parâmetros no que toca a quantidade e dimensões dos pontos de penetração mas, por terem uma altura maior que 9 m estão dispensados das especificações do peitoril.

4.4.2.2. Limitações à propagação do fogo pelo exterior

Este capítulo da portaria estabelece exigências para os elementos confinantes do edifício, ou seja, paredes exteriores, de empena e coberturas. Estas exigências encontram o seu fundamento na limitação da transmissão do fogo a edifícios vizinhos ou até a outros compartimentos do mesmo edifício evitando a propagação do mesmo através da fachada.

Assim, são feitas exigências que abrangem a geometria da fachada (comprimento mínimo de troços entre vãos sucessivos da mesma prumada) ou do próprio edifício (caso existam diedros de abertura a 135º), do seu posicionamento relativamente a outros edificados existentes ou previstos (distância mínima entre fachadas em confronto) e ainda a classe de reacção ao fogo dos revestimentos da parte opaca da fachada, dos elementos transparentes e dos seus constituintes (caixilharias e estores).

Estes são parâmetros que, caso se verifique que não estão de acordo com as especificações regulamentares, dificilmente poderão ser alterados sem que com isso se altere significativamente também o edifício em causa. Alterar o revestimento de uma fachada tendo apenas em conta a sua classe de reacção ao fogo pode modificar totalmente o aspecto da mesma, e a substituição das caixilharias ou outras alterações desse género podem descaracterizar o edifício. No caso de edifícios antigos isto será uma situação a evitar, pelo que todas as alterações devem ser devidamente ponderadas.

� Paredes exteriores

Nos edifícios estudados, só no bairro de habitação social é que as características do revestimento exterior foram substancialmente modificadas. Em todos os outros mantiveram-se, não só os materiais de revestimento, como também as caixilharias em geral e as protecções dos envidraçados. O Quadro 54 contém as exigências feitas a paredes exteriores relativamente a este ponto e as respectivas verificações para cada edifício.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de

edifícios de habitação

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Quadro 54 – Paredes exteriores (Art. 7º da portaria)

Parâmetro Edifício Exigência Existente OK/KO

Classe de reacção ao fogo dos revestimentos exteriores aplicados directamente sobre a fachada;

Casa rural do Minho

C-s2 d0

Granito – A1 OK Sá da Bandeira Reboco – A1 OK

Utilização mista Reboco – A1 OK Granito – A1 OK

Betão à vista - A1 OK Habitação em altura Tijolo à vista – A1 OK

Habitação social Reboco – A1 OK

Betão à vista - A1 OK

Classe de reacção ao fogo dos elementos transparentes;

Casa rural do Minho

C-s2 d0 Vidro – A1 OK Sá da Bandeira Utilização mista Habitação em altura Habitação social

Classe de reacção ao fogo das caixilharias, estores ou persianas;

Casa rural do Minho

D-s3 d0

Caixilharias – Madeira: D-s2 d0 OK Caixilharias – Alumínio: A1 OK

Sá da Bandeira Caixilharias – Madeira: D-s2 d0 OK

Utilização mista Caixilharias – Madeira: D-s2 d0 OK Estores – Plástico: B-d1 KO

Habitação em altura Caixilharias – Alumínio: A1 OK Estores – Plástico: B-d1 KO

Habitação social Caixilharias – Alumínio: A1 OK Estores – Plástico: B-d1 KO

Este ponto regulamentar estabelece ainda um limite mínimo de 1,1 m para a distância vertical entre vãos sucessivos da mesma prumada. Apenas se verificou o incumprimento desse parâmetro num dos envidraçados do edifício de utilização mista. Uma vez que essa distância contabiliza também elementos salientes da fachada, esta situação poderia ser corrigida com a aplicação de uma pequena pala sobre um dos vãos.

De resto, verifica-se que todos os revestimentos utilizados nas fachadas estudadas cumprem as exigências estipuladas no que toca a reacção ao fogo. As dificuldades surgem n os constituintes dos vãos envidraçados, nomeadamente caixilharias e estores. As caixilharias de madeira cumprem as exigências apesar de as suas características estarem próximas do limite estabelecido, já o mesmo não se verifica para os estores de plástico que, pela sua produção de gotículas e partículas incandescentes não cumprem as exigências regulamentares no que respeita à reacção ao fogo. Os projectos de reabilitação estudados não previam a substituição destes elementos ficando então, estes elementos, em incumprimento regulamentar.

� Paredes de empena

Não basta no entanto estabelecer exigências para as paredes exteriores, é ainda necessário verificar as paredes de empena (Art. 9º da portaria) e estas, segundo o RT, devem ter resistência ao fogo no mínimo de EI 60. Uma vez que uma simples parede de alvenaria de tijolo 11 garante essa exigência, este não é, habitualmente um parâmetro limitativo do RJSCIE.

Assim sendo, as espessas paredes em alvenaria de pedra existentes no edifício de Sá da Bandeira, as paredes de alvenaria duplas do edifício de habitação em altura e do edifício de utilização mista ou ainda as paredes em blocos de betão celular do bairro de habitação social cumprem amplamente esta

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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exigência regulamentar. Para além disso, mais do que exigir um escalão de resistência ao fogo o regulamento define ainda que estas paredes devem elevar-se pelo menos 0,6 m acima das coberturas quando estas não garantam a resistência ao fogo adequada formando assim «guarda-fogos».

� Coberturas

No referente às coberturas, o regulamento especifica que, para edifícios de altura inferior a 28 m, com excepção dos afectos à habitação unifamiliar (como a casa rural), estas devem ser acessíveis a partir das circulações verticais comuns ou de circulações horizontais que com elas comuniquem (podendo o acesso ser efectuado por alçapão). As coberturas são de facto acessíveis em quase todos os edifícios estudados com a excepção da cobertura do bairro de habitação social e, no edifício de utilização mista, das coberturas da agência bancária e do estacionamento.

As coberturas devem ainda possuir, em toda a sua periferia, uma guarda com 0,6 m de altura. Na amostra estudada, essa exigência não é verificada na cobertura da agência bancária do edifício de utilização mista, na cobertura dos estabelecimentos comerciais do edifício de habitação em altura e nos edifícios do bairro de habitação social. No primeiro caso a guarda existente tem uma altura insuficiente e nos outros dois a cobertura não possui qualquer guarda. Por se tratar de uma moradia unifamiliar, a casa rural está novamente dispensada desta exigência.

Para além destas exigências de ordem física o regulamento técnico especifica a classe de resistência ao fogo que devem possuir os elementos de estrutura da cobertura e ainda a reacção ao fogo dos seus revestimentos.

O Quadro 55 contém as características das coberturas dos edifícios estudados avaliadas pelo RJSCIE.

Quadro 55 – Coberturas (Art.10º)

Parâmetro Edifício Exigência Existente OK/KO

Classe de resistên- cia ao fogo dos ele- mentos de estrutura da cobertura

Casa rural do Minho

Cobertura não é em terraço - basta classe de reacção ao fogo A1 ou madeira.

Madeira OK

Sá da Bandeira REI com o escalão de tempo exigido para a UT que serve [REI 60 - (Art.15º)]

Laje de betão OK Utilização mista Laje de betão OK Habitação em

altura Laje de betão OK

Habitação social Vigotas de betão OK

Reacção ao fogo do revestimento da cobertura em terraço ou inclinada

Casa rural do Minho

C–s2 d0 Telha cerâmica – A1 OK

Sá da Bandeira

EFL

Betonilha – A1FL OK Utilização mista Lajetas – A1FL OK Habitação em

altura Lajetas – A1FL OK

Habitação social Chapa fibrocimento – A1FL OK

Para além destas exigências o regulamento técnico diz ainda que, caso existam vãos em paredes exteriores sobranceiros a coberturas sejam estas de outros edifícios ou pertencentes a outros corpos do mesmo edifício, os revestimentos da cobertura devem garantir a classe de reacção ao fogo A1 numa faixa com largura de 4 m medida a partir da parede. Caso essa faixa abranja algum elemento envidraçado (por exemplo uma clarabóia), esse mesmo elemento deve garantir uma resistência ao fogo de, pelo menos, EI 60.

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edifícios de habitação

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Dos edifícios estudados, esta situação apenas se verifica na cobertura da agência bancária do edifício de utilização mista e portanto o revestimento da sua cobertura deve ser A1. Visto que a primeira das ‘clarabóias’ está abrangida na referida faixa de 4 m essa deve ainda ter a resistência ao fogo especificada (EI60).

Importa relembrar que o cálculo da resistência ao fogo de um elemento é algo complexo e envolve sempre um certo grau de incerteza. Para simplificar esse cálculo recorre-se a tabelas baseadas em ensaios aos vários elementos de configuração semelhante e que estimam um valor mínimo de resistência ao fogo. O recurso a estas tabelas não levará a uma verificação rigorosa, mas os resultados obtidos serão sempre pelo lado da segurança e portanto satisfatórios. A situação é em tudo semelhante com as classes de reacção ao fogo. 4.4.2.3. Abastecimento e prontidão dos meios de socorro

Este ponto do Regulamento Técnico analisa a disponibilidade de água e prontidão de resposta dos meios de socorro, dois factores de elevada importância no combate a incêndios.

Relativamente à disponibilidade de água (Art. 12º) a portaria refere que, para categorias de risco superiores à 1ª, existam bocas ou marcos de incêndios instalados junto ao lancil dos passeios que marginam as vias de acesso e que estes estejam espalhados para que nenhuma das saídas do edifício diste mais de 30 m de um deles. Estes marcos devem ser alimentados pela rede de distribuição pública apenas sendo permitidas redes privadas na ausência da primeira.

Com os dados analisados não é possível efectuar esta verificação, mas quase todos os edifícios possuem rede pública de água pelo que não seria difícil criar, caso necessário, alguns pontos hidrantes nos locais certos de forma a garantir o cumprimento regulamentar. Excepção a isso seria a casa rural do Minho cujo abastecimento é efectuado através de um furo artesiano impulsionado por um grupo electrobomba mas visto que se trata de uma habitação unifamiliar da 1ª categoria de risco, encontra-se dispensada desta exigência.

Assim, no caso de edifícios localizados em zonas rurais onde o abastecimento de água possa ser privado será necessário conceber um sistema de emergência e rede de hidrantes, garantindo que, em caso de incêndio, a água não falte e seja em pressão suficiente (o RT apresenta exigências ao nível de caudal e pressão mínimos).

O grau de prontidão do socorro (Art. 13º) depende do local da implantação do edifício, ou seja, da sua proximidade com um quartel de bombeiros, do grau de prontidão destes e do equipamento que possuem. Uma vez que o que está a ser estudado serão intervenções de reabilitação e não construções novas onde a implantação do edifício em causa pode ser ponderada, o grau de prontidão dificilmente poderá ser alterado. Caso se verifique que o tempo de resposta ou os meios humanos e materiais dos bombeiros são insuficientes para fazer face ao risco apresentado, isso deve ser comunicado à Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC) e, em resposta, serão sugeridas propostas de agravamento de outras medidas de segurança para compensar esse incumprimento.

4.4.3. CONDIÇÕES GERAIS DE COMPORTAMENTO AO FOGO, ISOLAMENTO E PROTECÇÃO

4.4.3.1. Resistência ao fogo de elementos estruturais e incorporados

O regulamento exige uma resistência ao fogo mínima de elementos estruturais com base na utilização-tipo e categoria de risco dos vários espaços do edifício. Estão dispensados desta exigência os edifícios afectos à UT – I da 1ª categoria de risco destinados à habitação unifamiliar (casa rural do Minho). Obviamente que, para os restantes casos deve ser adoptado, em cada piso, o maior escalão de tempo

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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exigido nos pisos seus superiores mesmo que esse piso possa ser considerado seguro com um escalão menor.

Quadro 56 – Exigência de resistência ao fogo de elementos estruturais dos edifícios estudados (Art. 15º)

Edifício Altura do

edifício (m) Utilização-

tipo Categoria de risco

Escalão de tempo exigido por UT

Escalão de tempo exigido

Sá da Bandeira 14,4

UT- I 2ª 60

60 UT- VIII 1ª 30

UT- III 2ª 60

Utilização mista 12

UT- I 2ª 60

60

UT- II 1ª 60

UT- III 1ª 30

UT – III 1ª 30

UT- VIII 1ª 30

Habitação em altura

28

UT- I 2ª 60

60 UT- II 1ª 60

UT - III 2ª 60

UT- VIII 1ª 30

Habitação social 10 UT- I 2ª 60 60

Esta verificação teria de ser feita para todos os elementos estruturais dos edifícios. No caso de Sá da Bandeira em que a estrutura do edifício é constituída por espessas paredes de alvenaria de pedra não há dúvidas que a sua reacção ao fogo está garantida, mas no caso das estruturas de betão armado, apesar de escalão 60 não ser uma exigência muito severa, é possível que algumas vigas ou pilares por terem mais faces expostas a um possível incêndio, não cumpram essa exigência.

Os pavimentos de madeira do edifício de Sá da Bandeira apresentariam, à partida uma resistência insuficiente, no entanto, ao ser aplicado um tecto falso cujo revestimento são placas de gesso, essa resistência será aumentada significativamente. Uma vez que é possível, sem grandes transtornos, realizar cálculos e optar por placas de gesso de espessura suficiente para garantir a resistência exigida, esta dificuldade será facilmente ultrapassável. Resolver a situação deste modo implica, no entanto a ocultação do elemento estrutural em causa o que nem sempre é pretendido (principalmente em elementos de madeira).

Como já foi referido no ponto anterior, há uma certa dificuldade em determinar com rigor a classe resistente de alguns dos elementos podendo isso ser feito por comparação ou aplicação de tabelas. Caso algum elemento revele resistência ao fogo por tempo insuficiente ele pode ser reforçado recorrendo a produtos retardadores do fogo ou até a uma protecção física como por exemplo envolver o elemento placas de gesso. Estes métodos de protecção são, como se pode compreender quase indispensáveis com estruturas de madeira (como se verifica com os pavimentos do edifício de Sá da Bandeira) pois estas apresentam, em geral, uma fraca resistência ao fogo.

Para além das exigências aos elementos estruturais a portaria prevê ainda alguns cuidados a ter com elementos incorporados em instalações como as cablagens eléctricas e semelhantes (Art. 16º). Uma vez que os projectos considerados neste estudo não interviram nesta área e que será esse o caso mais usual em reabilitações correntes, não se irá abordar este assunto.

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edifícios de habitação

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4.4.3.2. Compartimentação geral de fogo

A coexistência entre algumas utilizações-tipo (Art. 17º) pode acarretar alguns riscos acrescidos. Tendo isso em vista, o regulamento proíbe expressamente alguns desses casos e apresenta algumas exigências no que diz respeito à separação de outros. Dito isto, nenhuma das coexistências presentes nos edifícios em análise é crítica desde que os elementos de isolamento entre elas respeitem um escalão de tempo de 60 minutos no que diz respeito à sua resistência ao fogo.

Para além do referido Artigo 17º o RT define ainda uma área máxima para cada compartimento corta-fogo (Art. 18º). Esse limite é de 1600 m2 para a maior parte das utilizações tipo e de 3200 m2 no caso do estacionamento do edifício de habitação em altura. Partindo do princípio que cada piso irá constituir um compartimento corta-fogo (o regulamento sugere que isso seja feito) todos os edifícios cumprem sem problema estas exigência. Será, no entanto obrigatório que os elementos de separação dos pisos sejam EI ou REI 30. Facilmente um elemento estrutural ou uma laje de piso em betão cumprirá a resistência num escalão de 30 minutos, o problema estará, mais uma vez, nos pavimentos de madeira. Na casa rural do Minho essa questão não se coloca pois que todo o edifício está incorporado na mesma utilização-tipo - habitação.

Com estruturas de madeira é quase sempre necessário aumentar o seu escalão de resistência ao fogo. Para esse fim pode ser necessário utilizar retardadores de fogo impregnados ou barreiras físicas (como placas de gesso). A utilização de gesso cartonado em tectos de habitações é frequente principalmente considerando o uso crescente de tectos falsos. Esta solução contribui positivamente para a resistência ao fogo de elementos estruturais e é uma boa escolha caso a configuração existente não se revele suficiente. Foi aliás esse o tipo de solução adoptada no edifício de Sá da Bandeira.

4.4.3.3. Isolamento e protecção de locais de risco

Uma vez que este ponto do regulamento técnico apenas prevê exigências específicas para locais de risco de categoria superior à B e tendo em consideração que a maior parte dos locais de risco do tipo de edifícios que são alvo deste estudo (habitacionais) são excluídos deste tipo de classificação, não se irá explorar este capítulo do regulamento com muita profundidade.

Nos edifícios estudados, apenas haverá exigências relativas à garagem do edifício de habitação em altura que corresponde a local de risco C. Para este caso, as exigências são obviamente mais severas:

� para pavimentos e paredes estruturais, uma resistência ao fogo de 60 minutos, ou metade se não forem estruturais.

� as portas devem apresentar uma resistência ao fogo por 30 minutos e serem capazes de fecho automático.

Uma vez que nas garagens não há que ter grandes cuidados estéticos, o reforço dos elementos cuja resistência se revele insuficiente pode ser executada sem grandes entraves. Admite-se que, independentemente da intervenção que o edifício de habitação em altura sofreu, estes parâmetros estavam já assegurados.

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4.4.3.4. Isolamento e protecção das vias de evacuação

Por motivos de segurança na evacuação é necessário que os caminhos por onde esta se processe sejam protegidos ou por outras palavras, que o fogo não penetre neles durante o tempo necessário à evacuação dos ocupantes do edifício. Estas vias de evacuação tanto podem ser horizontais como verticais sendo que um edifício corrente pode ser servido pelos dois tipos (caso do edifício de utilização mista estudado) ou apenas por um deles - geralmente as verticais (como os edifícios de Sá da Bandeira, de habitação em altura e de habitação social).

Uma vez que são excluídas destas exigências as vias de evacuação verticais que sirvam em exclusivo espaços afectos à utilização tipo I da 1ª categoria de risco e que as características das vias horizontais da casa rural do Minho também não justificam exigências particulares esta não será afectada por este capítulo.

� Vias horizontais

No edifício de utilização mista, as vias de evacuação horizontais correspondem às galerias de acesso aos escritórios do 1º piso (interiores) e às galerias de acesso às habitações no 2º piso (exteriores). Em ambos os casos para se evacuar os referidos espaços, pode ser necessário percorrer uma via horizontal em impasse com mais de 10 m de comprimento. Dada a distância a ser percorrida, os elementos envolventes dessas vias devem apresentar uma resistência ao fogo padrão mínima de EI 60 e as suas portas devem garantir o escalão E 30 C. No projecto de reabilitação deste edifício está prevista a instalação de uma porta pelo que se admite que a porta escolhida dê resposta a estas necessidades. Quanto à resistência ao fogo dos elementos correntes da envolvente, como já se disse anteriormente, um simples pano de parede de tijolo de 11 consegue cumprir essa exigência pelo que ela não será, neste caso problemática.

� Vias verticais

Relativamente às vias verticais (Art. 26º), é usual em edifícios antigos do tipo do de Sá da Bandeira que a caixa de escadas seja também o único meio de acesso aos fogos sem algum átrio que possa isolar as escadas como o existente, por exemplo, no edifício de habitação em altura.

Todos os edifícios estudados encaixam na categoria de altura menor do que 28 m. Para estes casos não constam da portaria quaisquer exigências para as portas quando estas se situam no piso de saída para o exterior. Para os restantes pisos a exigência, mais do que ser dependente da altura, varia ainda com o facto de a via ser enclausurada ou ao ar livre ou se o acesso é feito do interior ou do exterior. Para além destas situações há ainda uma exigência especial para vias situadas em pisos abaixo do plano de referência e cujo acesso é feito pelo interior. Neste caso o regulamento exige a instalação de câmaras corta-fogo.

Em edifícios de habitação, os pisos enterrados correspondem quase sempre a garagens e estacionamento ou espaços de armazém pelo que a criação de uma câmara corta-fogo no acesso às escadas de evacuação não deverá apresentar dificuldades. É neste último caso que vai cair o piso enterrado do edifício de habitação em altura. Nos restantes pisos deste mesmo edifício as portas do átrio terão de garantir uma classe de resistência ao fogo E 30 C.

Já relativamente às portas de acesso dos edifícios de Sá da Bandeira ou de habitação social, a implementação destas exigências podem não ser tão simples. Estes edifícios não possuem qualquer átrio nos pisos e o acesso das habitações é feito directamente através do patamar das escadas. Assim, para situações destas não se pode esperar que as portas de acesso às habitações tenham as características exigidas.

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O regulamento preconiza ainda exigências específicas para as vias verticais que não constituam vias de evacuação (Art. 27º) no entanto, em edifícios de habitação não é frequente a existência de vias de circulação verticais que não sirvam também de vias de evacuação. Excepção a isto serão os elevadores que possuem exigências específicas no Art. 28º.

Passando então para as exigências relativas a caixas de elevadores, as suas paredes devem garantir uma classe de resistência ao fogo REI 30. Esta exigência não é particularmente severa se virmos que a grande maioria das caixas de elevador são executadas em betão armado.

4.4.3.5. Isolamento e protecção de canalizações e condutas

De forma semelhante ao sucedido em 4.4.3.1. no referente às instalações eléctricas, este ponto não será abordado visto que não existem informações acerca destas instalações e as intervenções estudadas não abordaram este pormenor.

4.4.3.6. Protecção de vãos interiores

Neste ponto, o RJSCIE dá continuidade à filosofia de protecção dos espaços fazendo agora exigências para os vãos dos diversos espaços do edifício. Assim, a resistência ao fogo das portas (Art. 34º) que isolem compartimentos corta-fogo deve ser de pelo menos metade da das paredes em que se inserem. Para além disso estas portas devem ainda ser dotadas de dispositivos de fecho e retenção e, eventualmente, de sinalização própria, de acordo com a função que desempenham ou dos espaços que separam (Art. 36º).

Não será, à partida, difícil encontrar no mercado portas de emergência que satisfaçam esta exigência. Pode, no entanto ser problemática a sua colocação pois nalguns edifícios antigos as esquadrias e dimensões dos vãos não correspondem às dimensões padrão de portas fabricadas hoje em dia. A dificuldade é acrescida nos casos dos edifícios de Sá da Bandeira ou de habitação social, em que a caixa de escadas liga directamente com os fogos. Nessa situação o acesso principal de cada habitação teria de ser realizado através de uma porta de emergência com a resistência ao fogo e dispositivos de fecho especificados. O resultado da implementação destas medidas seria, no mínimo, bizarro.

4.4.3.7. Reacção ao fogo

A reacção ao fogo determina o comportamento dos materiais numa situação de incêndio. Quando se fala de reabilitação é frequente aproveitar-se o existente e não alterar drasticamente as características ou aspecto do imóvel em causa. Assim, nem sempre há total liberdade de optar por novos materiais cuja confiança na classe de reacção é garantida pelo fabricante. Essa garantia pode ser obtida através de inúmeros ensaios normalizados que determinam o comportamento dos materiais (publicadas no Jornal das Comunidades Europeias, L50/16 de 23.2.2000) e, eventualmente, por meio de certificação adequada.

Essa dificuldade é mais acentuada numa fase em que está a decorrer ainda a transição entre a categorização preconizada no antigo regulamento e a classificação europeia prevista no novo documento. As equivalências entre os dois sistemas nem sempre são lineares pelo que por vezes se torna difícil classificar um material.

Como já foi referido anteriormente, para resolver o problema da incerteza pode recorrer-se a tabelas que sistematizem o pior comportamento expectável de um material e considera-lo para verificar o

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cumprimento ou não cumprimento da exigência do RT. Outra possibilidade é a recolha de amostras dos materiais em estudo e fazer-lhe os ensaios normalizados para caracterizar correctamente a classe de reacção ao fogo do material. Esta situação acarta, como é compreensível, custos acrescidos mas esclarece todas dúvidas relativamente à reacção ao fogo dos materiais ou à sua equivalência no ‘novo sistema’.

Os dois quadros seguintes permitem estabelecer a equivalência entre o sistema antigo e o novo sistema de classificação de reacção ao fogo.

Quadro 57 – Equivalência de reacção ao fogo de produtos de construção excluindo revestimentos de piso [5]

Classificação de acordo com as especificações do LNEC

Classificação segundo o sistema europeu

Classes Classificação complementar

Produção de fumo Queda de gotas/

partículas inflamadas

M0 A1 - -

A2 s1 d0

M1 A2 Não exigível d0

B Não exigível d0

M2

A2 Não exigível d1

B

C Não exigível d0

d1

M3 D Não exigível d0

d1

M4

A2

Não exigível d2 B

C

D

E - Ausência de classificação

d2

Sem classificação F - -

Quadro 58 – Equivalência de reacção ao fogo de produtos de construção destinados a revestimentos de piso [5]

Classificação de acordo com as especificações do LNEC

Classificação segundo o sistema europeu

Classes Classificação complementar

Produção de fumo

M0 A1FL -

A2FL s1

M1 A2FL Não exigível

BFL Não exigível

M2 CFL Não exigível

M3 DFL Não exigível

M4 EFL Não exigível

Sem classificação FFL -

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A não linearidade da equivalência das classes de reacção ao fogo pode ser comprovada nos quadros anteriores. Por exemplo determinado material cuja classe, pelo sistema antigo, seria M2, à luz do novo sistema de classificação tanto poderia ser A2-d1 ou B-d1, como C-d0 ou C-d1 sendo que há entre estes a diferença é considerável. Essa diferença reflecte-se no comportamento material e pode significar cumprimento ou incumprimento regulamentar.

Este novo sistema classifica os materiais com mais detalhe evitando que materiais com comportamentos distintos sejam englobados na mesma classe. Essa separação produzirá resultados positivos, no entanto, numa fase de transição entre os sistemas surgem confusões e pode ser difícil fazer a conversão correcta. Estas dúvidas apenas poderão ser dissipada, como já se referiu, ora por via dos ensaios adequados, ora recorrendo a tabelas empíricas que permitem obter uma classe mínima garantida para cada material ficando-se assim sempre pelo lado da segurança.

Após esta breve análise referente à classificação dos materiais quanto à sua reacção ao fogo, passa-se à verificação das exigências regulamentares relativas a este assunto.

Estão isentos destas exigências os espaços da utilização-tipo I classificados na 1ª categoria de risco (geralmente habitações unifamiliares). Nos casos em estudo apenas a moradia de Revelhe se adequa a essa categoria pelo que será dispensada destas verificações.

� Vias de evacuação horizontais (Art. 39º)

Como se viu anteriormente, na amostra estudada, as vias de evacuação horizontais apenas surgem no edifício de utilização mista. Neste, a galeria de acesso aos escritórios é interior enquanto que a de acesso às fracções de habitação é exterior. Uma vez que ambas estão situadas a menos de 9 m de altura a exigência será a mesma: revestimentos de paredes e tectos da classe C-s3 d1 e revestimentos de pavimento DFL-s3.

Nesses dois pisos, o pavimento da galeria é de ladrilhos cerâmicos - material cuja reacção ao fogo satisfaz largamente a exigência regulamentar. O revestimento das paredes e do tecto é em reboco areado grosso pintado, um material bastante comum e que, por si só também excede os requisitos regulamentares.

� Vias de evacuação verticais (Art. 40º)

Para a verificação deste ponto importa referir que todos os edifícios são considerados de pequena ou média altura pelo que as exigências são: para paredes e tectos - revestimentos da classe A2-s1 d0; e para pavimentos - CFL-s1. Esta verificação pode ser vista no Quadro 59.

Quadro 59 – Reacção ao fogo dos revestimentos das vias de evacuação verticais

Elemento Exigência Edifício Verificação

Material Classe OK/KO

Paredes e tectos A2-s1 d0

Sá da Bandeira Gesso A1 OK

BCP Reboco A1 OK Vidro A1 OK

Lions Reboco A1 OK Pevidém Reboco A1 OK

Pavimentos CFL-s1

Sá da Bandeira Vidro A1FL OK BCP Cerâmico A1FL OK Lions Cerâmico A1FL OK

Pevidém Cerâmico A1FL OK

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� Locais de risco

Como já foi referido anteriormente, com excepção do piso de estacionamento do edifício de habitação em altura, todos os restantes locais de risco dos edifícios estudados são da classe A. Para esses espaços as exigências são: para paredes e tectos - classe de reacção ao fogo D-s2 d2 e, para pavimentos - classe EFL. Estas exigências são muito baixas pelo que a maior parte dos materiais, com excepção de alguns aglomerados ou revestimentos plásticos deverá verifica-las. No Quadro 60 é feita esta verificação.

Quadro 60 – Reacção ao fogo dos revestimentos de locais de risco A

Elemento Exigência Edifício Verificação

Material Classe OK/KO

Paredes e tectos D2-s2 d2

Sá da Bandeira Gesso cartonado A1 OK Reboco A1 OK

Utilização mista Reboco A1 OK Habitação em altura

Habitação social

Pavimentos EFL

Sá da Bandeira

Madeira DFL-s1 OK Utilização mista

Habitação em altura Habitação social

O piso de estacionamento do edifício de habitação em altura corresponde a classe de risco C e, para essa classe as exigências são muito mais severas correspondendo a: A1 para pavimentos e tectos e A1FL para pavimentos.

� Comunicações verticais que não constituam vias de evacuação (Art. 42º)

Para as comunicações verticais dos edifícios que não constituam vias de evacuação (Art. 42º) o regulamento prevê que os materiais utilizados na construção e revestimento de caixas de elevador, condutas ou ductos devem ter uma reacção ao fogo da classe A1. À partida estes espaços são utilizados apenas para manutenção ou reparações pontuais e o seu acesso, mesmo nessas situações, é limitado. Assim, o seu aspecto e acabamento não é particularmente relevante sendo até frequente ficar com o betão à vista. Tendo isso em conta admite-se que estas exigências não serão problemáticas na grande maioria dos edifícios.

� Materiais de tectos falsos

No que toca aos tectos falsos, estes são uma tecnologia relativamente recente pelo que não aparecerão originalmente na maior parte dos edifícios antigos. É, no entanto, importante não ignorar estas exigências pois é frequente a sua aplicação em intervenções de reabilitação pelas vantagens que acarreta. Assim, em relação a tectos falsos (Art. 43º), o regulamento faz exigências quanto à reacção ao fogo dos materiais que o constituem e dos dispositivos de fixação e suspensão no tecto. Uma vez que, em muitos casos, estes elementos serão uma adição nova ao edificado não há problemas na escolha de materiais cujo comportamento é já conhecido. Nestas situações é frequente recorrer-se ao gesso cartonado como revestimento pelas suas boas características de retardamento de fogo e bom acabamento estético.

De referir ainda que, para edifícios antigos, os tectos falsos acabam por ser uma boa opção pois nestes os pés-direitos são habitualmente maiores do que os de edifícios recentes. Esta solução tem ainda a vantagem de permitir ocultar isolantes térmico-acústicos e instalações eléctricas ou de outros tipos. O único senão é a possível existência de elementos de gesso trabalhado nos tectos ou nos encontros de

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paredes (como os da casa rural do Minho). Nessa situação não é aconselhável optar pelo tecto falso pois corre-se o risco de ocultação ou até mesmo destruição desses elementos degradando assim o valor patrimonial que lhe é conferido por esses elementos decorativos.

� Elementos em relevo ou suspensos (Art. 45º)

Em edifícios habitacionais estes elementos corresponderão essencialmente a sinalização de segurança. Essa sinalização poderá ser, por exemplo, indicação da localização de extintores ou de saídas de emergência.

Não será ainda de excluir a possibilidade de afixação de alguns elementos publicitários ou informativos de estabelecimentos comerciais principalmente no edifício de utilização mista com a agência bancária. Admite-se que eventuais elementos cumpram o disposto neste artigo.

� Materiais de correcção acústica (Art. 48º)

A actual legislação de Segurança Contra Incêndios vai ainda ao pormenor de analisar os materiais de correcção acústica e, para estes, exige uma no mínimo equivalente à exigida para os revestimentos dos locais de risco respectivos. O material acústico mais correntemente utilizado em reabilitações é a lã de rocha e este material, do ponto de vista de reacção ao fogo tem um óptimo comportamento pelo que a opção por este material é aconselhável.

4.4.4. CONDIÇÕES GERAIS DE EVACUAÇÃO

4.4.4.1. Evacuação dos locais

A primeira coisa a definir relativamente à evacuação é o efectivo (Art. 51º). Para as utilizações-tipo que não a habitacional, o efectivo obtém-se com base em índices de ocupação tabelados incluídos no regulamento. Estes índices aparentam ser, por vezes desajustados, revelando um efectivo excessivo. Isso acontece mais frequentemente em espaços amplos onde, no projecto, a ocupação não apareça bem definida.

Em reabilitação este problema é um pouco minorado visto que será sempre possível uma visita ao local para averiguar a real distribuição da ocupação dos espaços. Caso essa visita não seja possível a solução poderá passar por procurar estabelecer corredores de circulação e eliminar zonas nas quais não se preveja ocupação contabilizando assim apenas os espaços realmente utilizados em permanência.

A utilização-tipo I está dispensada das verificações de evacuação dos locais pois, o seu efectivo é tipicamente baixo, pelo que uma saída será sempre suficiente nestes casos.

No Quadro 53 pode ser visto o efectivo obtido para as várias utilizações-tipo dos edifícios estudados. Com base nesses valores, para cada um dos estabelecimentos comerciais dos vários edifícios, bastará uma única saída. Essa será a situação mais comum em estabelecimentos comerciais instalados no rés-do-chão de um edifício de habitação pois raramente o efectivo destes ultrapassará as 50 pessoas. Relativamente aos ateliers e escritórios, passa-se o mesmo - o efectivo destes também não é muito elevado bastando uma saída em todos os casos estudados. No referente ao estacionamento do edifício de habitação em altura, uma vez que as garagens não correspondem a locais de permanência admite-se que uma saída será suficiente.

Já na agência bancária, uma saída não será suficiente pois o seu efectivo ultrapassa as 50 pessoas. A agência possui uma entrada de serviço situada nas traseiras e uma para público na fachada da frente do edifício. Estes dois acessos ficariam, teoricamente, bem distribuídos e seriam suficientes para cumprir a exigência regulamentar caso funcionassem como saídas de emergência. O que sucede, no entanto, é

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que a entrada de clientes processa-se por via de uma porta giratória pelo que não pode ser contabilizada como saída de emergência. Assim, seria necessário criar uma saída alternativa para evacuação. Uma vez que esta agência bancária possui uma grande área de fachada envidraçada não se revelaria problemática nem demasiado dispendiosa a criação de uma porta de emergência a complementar a de acesso casual.

Não basta porém garantir a existência de saídas nos locais de edifícios. É ainda necessário que estas sejam dotadas de vias de evacuação e que, tanto umas como outras obedeçam a determinados critérios (Art. 56º). O primeiro desses critérios é a largura útil das saídas e vias de evacuação e é medida em unidades de passagem (UP). Esta largura é, em geral definida com base no respectivo efectivo aumentando proporcionalmente com este.

O critério geral de dimensionamento de vias de evacuação é, como se disse, o efectivo. Existem no entanto algumas excepções. Uma destas terá muita aplicabilidade não só nos casos em estudo mas também em quase todos os edifícios habitacionais - para locais de risco A com efectivo inferior a 20 pessoas a largura da saída poderá ser inferior a 1 UP (0,9 m). É essa a situação de todas as habitações e também dos ateliers dos edifícios de Sá da Bandeira e Lions cujas portas, segundo este critério, podem ter uma largura inferior a 0,9 m.

Para o banco, uma vez que este possuirá duas saídas, o regulamento é respeitado desde que ambas possuam pelo menos 1 UP de largura e, no caso dos estabelecimentos comerciais dos edifícios de Sá da Bandeira, BCP e Lions a largura útil das suas portas deverá ser de 2 UP (1,4 m).

Até aqui o efectivo foi verificado local a local pois apenas se pretendia dimensionar as suas saídas, no entanto, ao passar para as exigências relativas à largura das vias de evacuação torna-se mais importante ter cuidado com qual o efectivo a considerar visto que as saídas de vários locais podem desembocar numa única via de evacuação. Assim, analisando caso a caso:

� o efectivo dos apartamentos do edifício de Sá da Bandeira deve ser somado ao do atelier visto que irão partilhar a escadaria e saída para o exterior. Uma vez que esse efectivo é inferior a 50 pessoas basta que a largura da via de evacuação seja 1 UP. O efectivo da loja não precisa de ser contabilizado pois esta tem acesso directo para o exterior;

� o efectivo dos apartamentos do BCP deverá ser somado ao dos escritórios do primeiro piso pois o acesso ao exterior é também partilhado. Ainda assim, visto que o efectivo é inferior a 50 pessoas, basta que a largura das escadas e do acesso ao exterior seja de 1 UP. Tanto o banco como o estabelecimento comercial têm ligação directa com o exterior pelo que basta definir a largura das suas saídas;

� somando, piso a piso, o efectivo dos apartamentos de cada bloco com o dos ateliers chega-se a um efectivo claramente superior a 50, mas inferior a 100 pessoas, assim, verifica-se que tanto as escadas que servem este edifício como a sua saída para o exterior, deverão ter uma largura de 2 UP (1,4 m). Apesar de a porta de saída do edifício ter largura suficiente, os lanços das escadas têm uma largura que pouco ultrapassa 1 m. Verifica-se também que o seu alargamento não será possível sem uma intervenção muito intrusiva. O mesmo se passa com a porta que, no rés-do-chão, liga a caixa de escadas ao átrio de entrada do edifício. Esta porta está colocada entre as duas caixas de elevador e portanto não pode ser alargada;

� por fim, no bairro de Pevidém, as exigências não ultrapassam a largura útil de 1 UP sendo que a largura, tanto das escadas como do acesso ao exterior, superam esse valor.

É compreensível que, quando as exigências são um pouco mais severas, as escadas de um edifício já existente não possuam as características necessárias para as cumprir. Isso acontece com mais frequência em edifícios habitacionais de grande altura que, por possuírem maior número de

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apartamentos também apresentam um maior efectivo. Nestas situações pouco pode ser feito para garantir o cumprimento regulamentar pois a intervenção em caixas de escadas (que frequentemente desempenham importantes papéis na estabilidade do edifício) seria impossível sem alterar profundamente várias características do imóvel em causa.

O regulamento define ainda distâncias máximas a percorrer (Art. 57º) nos locais de permanência (com excepção das moradias unifamiliares) até ser atingido, ou o exterior, ou uma via de evacuação protegida. Essa distância é, na maior parte dos casos de 15 metros e caso esta exigência não seja cumprida, numa intervenção de reabilitação que se pretende pouco intrusiva, dificilmente se poderá corrigir essa situação. Para isso seria necessário demolir paredes e alterar profundamente a configuração da fracção em causa.

É importante ainda referir que, como é óbvio, todas as vias de evacuação dentro ou fora dos locais de risco devem estar desimpedidas de mobiliário, equipamento ou outros obstáculos que possam dificultar uma evacuação segura.

4.4.4.2. Vias horizontais de evacuação

As exigências deste ponto da portaria apenas serão verificadas para o edifício de utilização mista uma vez que este é o único que possui vias de evacuação horizontais. Todos os outros edifícios são servidos directamente por escadas ou, no máximo, possuem um átrio à entrada dos apartamentos.

Estas são exigências sobretudo relativas à geometria das vias (nomeadamente a sua extensão) e como tal a sua resolução no caso de incumprimento é, em situações de reabilitação, impossível.

Segundo as limitações regulamentares, das duas vias horizontais do edifício de utilização mista, uma delas (a interior) não cumpre o estipulado para a distância máxima percorrida no entanto, como já foi dito essa é uma das características que não poderá ser alterada.

Também as portas existentes nestas vias de evacuação devem obedecer a determinados requisitos (Art. 62º). Assim, o regulamento especifica que, caso se preveja que as portas possam ser utilizadas por mais de 50 pessoas, estas devem abrir no sentido da evacuação, dispor de sinalização indicativa do modo de operação e não devem recorrer a meios de desbloqueamento de ferrolhos ou outros dispositivos de trancamento. As portas de saída de espaços afectos à UT-I estarão dispensadas desta exigência. Na maior parte dos edifícios de habitação antigos dificilmente o efectivo será de mais de 50 pessoas, pelo que não será necessário proceder à alteração das portas por esta exigência. Já no caso de alguns edifícios mais recentes, como por exemplo o edifício de habitação em altura, onde o efectivo é maior, seria necessário que as portas cumprissem estas exigências.

4.4.4.3. Vias verticais de evacuação

As vias verticais são, essas sim, indispensáveis em edifícios habitacionais de vários pisos e também estas possuem exigências às quais devem obedecer. Grande parte das exigências relativas às características e número das vias (Art. 64º) envolvem a geometria e posicionamento das escadas e são, portanto direccionados para a concepção de edifícios e não para reabilitação. Assim, caso um imóvel já edificado não cumpra algum destes parâmetros será na prática impossível corrigir essa situação mesmo que a intervenção não fosse tão conservativa como as estudadas.

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As vias de evacuação verticais são constituídas essencialmente por lanços de escadas. Sabendo isso, a portaria complementa as exigências presentes no RGEU e estipula algumas características suplementares a que estes devem obedecer (Art. 65º).

Recorde-se que muitos edifícios antigos são servidos por escadarias de madeira (caso do edifício de Sá da Bandeira) e que estas contribuem em muito para o valor patrimonial do imóvel pelo que a intervenção nestes elementos deverá sempre ser limitada. Por outro lado, mesmo em situações em que as escadas não sejam particularmente valiosas a alteração de algumas características simples revelar-se-á, na maior parte dos casos complexa se não mesmo impossível.

As exigências que são feitas às escadas mais comuns são:

� Número de lanços consecutivos sem mudança de direcção não superior a dois; � Número de degraus por lanço entre 3 e 25; � Degraus com as mesmas dimensões em perfil, excepto o degrau de arranque; � Sobreposição mínima entre cobertores de 50 mm se os degraus não possuírem espelho; � Distância mínima a percorrer nos patamares é de 1 m; � Existência de um corrimão contínuo.

As escadas dos edifícios estudados cumprem todos estes requisitos, mas não é difícil de imaginar situações onde estas não sejam cumpridas. Se por um lado um corrimão contínuo é simples de implementar em quase todos os casos, modificar as outras características revela-se, como já foi referido, bastante mais problemático até porque normalmente as caixas de escadas desempenham papéis de contraventamento das estruturas e estão, quase sempre confinadas por apartamentos ou espaços autónomos.

4.4.5. CONDIÇÕES GERAIS DAS INSTALAÇÕES TÉCNICAS

Este ponto do regulamento aborda questões relacionadas com as variadas instalações de um edifício sejam elas eléctricas, hidráulicas, de aquecimento, ventilação ou gás.

Mais uma vez, muitas destas preocupações parecem direccionadas para a concepção de um novo edifício do que para a reabilitação de um edificado existente através de intervenções superficiais ou pouco intrusivas. Para além disso, na maior parte dos edifícios antigos a pormenorização necessária para este tipo de verificações exaustivas não irá existir (e algumas das instalações também não) pelo que será difícil estuda-las.

4.4.6. CONDIÇÕES GERAIS DOS EQUIPAMENTOS E SISTEMAS DE SEGURANÇA

Relativamente às intervenções estudadas, as exigências constantes deste ponto não são muito relevantes. Recorda-se que as intervenções realizadas na amostra estudada não cuidaram estes aspectos tratando, essencialmente os elementos da envolvente dos edifícios em causa.

Ainda assim, e visto que a verificação deste regime jurídico é obrigatórias, estas exigências serão aqui sumariamente referidas.

4.4.6.1. Sinalização

Neste ponto, a portaria estipula as características e posicionamento das placas de sinalização. Estas exigências são complementares à legislação já existente (Decreto-lei nº 141/95 de 14 de Junho

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alterado pela Lei nº113/99 de 3 de Agosto e Portaria nº 1456-A/95 de 11 de Dezembro). Estão excluídos destas exigências os espaços comuns de utilizações-tipo I da 1ª categoria de risco.

Caso o edifício em estudo não esteja incluído nessa excepção, uma vez que as exigências são apenas referentes aos materiais, dimensões e posicionamento das placas de sinalização de emergência não deverão surgir incompatibilidades na sua aplicação numa qualquer reabilitação.

4.4.6.2. Iluminação de emergência

Este ponto regula a instalação de pontos de iluminação de emergência. Por definição estes incluem a luz ambiente, destinada a iluminar os locais de permanência habitual de pessoas, evitando situações de pânico, bem como a iluminação de balizagem ou circulação, com objectivo de facilitar a visibilidade no encaminhamento das pessoas até uma zona de segurança e possibilitar a execução de manobras respeitantes à segurança e intervenção dos meios de socorro.

Em edifícios de habitação, este ponto aplica-se às circulações comuns pois o interior das habitações em si está, obviamente, excluído do mesmo. Para além disso, edifícios afectos à utilização-tipo I da 1ª categoria de risco estão também isentos destas exigências. Caso a sua instalação seja indispensável, estas exigências, à semelhança das de sinalização não se deverão revelar problemáticas ou particularmente lesivas para o imóvel em estudo.

4.3.6.3. Detecção e alarme

O RT define as características técnicas e configurações dos sistemas de detecção e alarme mas isenta da sua instalação as utilizações-tipo I da 1ª e 2ª categorias de risco. Esta excepção abrange uma grande quantidade dos edifícios habitacionais de pequena ou média altura pelo que este ponto apenas será aplicável quando se trate de um edifício de maior altura.

No caso de estabelecimentos comerciais, escritórios ou habitações de categoria de risco elevada a instalação de sistema de detecção e alarme é obrigatória, mas à semelhança do que sucede com a sinalização e iluminação de emergência este ponto não deverá apresentar problemas.

As situações mais gravosas são, como seria de esperar, os pisos enterrados, nomeadamente os estacionamentos. No entanto, as limitações à instalação de sistemas de detecção e alarme são menores nestes compartimentos pelo que, mais uma vez, esta será uma situação de resolução fácil.

4.4.6.4. Controlo de fumo

Os dispositivos de desenfumagem garantem a evacuação dos fumos e gases tóxicos e permitem que, numa situação de incêndio, se mantenham boas condições de visibilidade e menores níveis de contaminação e temperatura. O processo pode ser passivo ou activo conforme se recorra, respectivamente, a tiragem térmica ou mecânica.

O RT exige controlo de fumo para uma série de situações e, seguindo essa lista, em edifícios de habitação corrente esse controlo será necessário nas vias verticais de evacuação enclausuradas (como as caixas de escadas), nos pisos de estacionamento (como o do edifício de habitação em altura), em eventuais câmaras corta-fogo e em vias em impasse de comprimento superior a 10 m (como o corredor de acesso aos escritórios do edifício de utilização mista).

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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Na grande maioria destas situações a tiragem de ar pode ser térmica com simples aberturas, no entanto, uma vez que o edifício de habitação em altura está no limite dos 28 m de altura, será aconselhável que a tiragem da sua caixa de escadas seja realizada por um sistema de sobrepressão, duplicado por um sistema de desenfumagem passiva de emergência (com manobra reservada aos bombeiros).

Seria necessário estudar caso a caso a melhor forma de implementar os sistemas necessários, no entanto importa realçar que as exigências mais gravosas se verificam, como seria de esperar, para edifícios de grande altura e com pisos enterrados. Essas características são mais comuns em edifícios recentes, sendo que estes possuem menos limitações para a instalação de um sistema que dê resposta a esta situação. Em edifícios antigos, onde as limitações são maiores basta, em geral, um sistema simples de tiragem térmica concretizada por uma abertura no cimo da caixa de escadas (como a existente no edifício de Sá da Bandeira).

4.4.6.5. Meios de intervenção

A portaria estipula a existência e posicionamento de meios de intervenção em edifícios. Estes podem ser de primeira (extintores portáteis ou móveis, redes de incêndio armadas…) ou segunda intervenção (redes secas ou húmidas).

A forma mais fácil de resolver o problema dos meios de primeira intervenção, em situações de reabilitação, seria implementar a colocação e distribuição adequada de extintores portáteis ou móveis no edifício pois esta não representa qualquer intervenção ao edifício em si. Já a instalação de rede armada com carretéis envolve uma instalação mais complexa que inclui tubagens com diâmetros consideráveis e ainda tem de garantir pressões e caudais mínimos. Esta será obviamente mais difícil de implementar num edifício já construído.

O regulamento técnico exclui da instalação de meios de primeira intervenção as utilizações-tipo I de 1ª e 2ª categoria de risco mas, para estas últimas, exige que sejam colocados meios de segunda intervenção para facilitar o ataque ao fogo por parte dos bombeiros.

Instalar uma rede húmida num edifício já construído sem uma intervenção muito profunda pode ser uma operação delicada porque, para além da infra-estrutura a nível de tubagens e bocas-de-incêndio, é ainda necessário garantir caudais e pressões mínimas que assegurem boas condições de combate ao fogo por parte dos bombeiros. Como se pode compreender, numa reabilitação pouco intrusiva, será difícil criar as condições necessárias para receber uma rede deste tipo pelo que se poderá optar por uma rede seca cuja instalação é mais simples.

4.4.6.6. Sistemas fixos de extinção automática de incêndios

Os sistemas fixos de extinção automática são exigidos apenas em casos mais gravosos não sendo aplicáveis, na grande maioria dos casos, a edifícios habitacionais. Excepção a isto serão, mais uma vez, os pisos de estacionamento quando situados a dois ou mais pisos abaixo do plano de referência.

Os espaços correntes dos edifícios estudados não necessitam de um sistema deste tipo, no entanto, a instalação de uma rede deste tipo na garagem do edifício em altura não é problemática pois nestes espaços não há, geralmente, tantos cuidados estéticos a ter em conta podendo a rede ficar totalmente exposta.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de

edifícios de habitação

92

4.4.6.7. Outras exigências

Este ponto refere-se às exigências relativas a sistemas de cortina de água, controlo de poluição de ar, postos de segurança, instalações acessórias (pára-raios e sinalização óptica para aviões), detecção automática de gás combustível e drenagem de águas residuais da extinção de incêndios

A maior parte destas exigências apenas são aplicáveis em casos muito específicos que, em geral, não encaixam no âmbito dos edifícios de habitação ou caso sejam aplicáveis necessitariam de um estudo mais aprofundado.

Nenhum destes assuntos, com a excepção da drenagem das águas residuais se aplicará na amostra estudada. Assim, a drenagem de águas residuais da extinção nos pisos enterrados é um pormenor que terá de ser tido em atenção na garagem do edifício de construção em altura sendo necessário dimensionar uma rede hidráulica para o escoamento das águas. Uma rede desse tipo deverá já existir em pisos enterrados, nomeadamente para drenar águas de chuva ou de lavagem. Bastará então verificar se esta tem capacidade para receber também as águas de extinção de incêndios. Caso se verifique que não, a rede deverá ser reforçada. As alterações necessárias não deverão ser difíceis de implementar pois, tratando-se de um piso enterrado dedicado a estacionamento a intervenção pode ser executada sem grandes entraves.

4.4.7. CONDIÇÕES GERAIS DE AUTOPROTECÇÃO

As medidas de autoprotecção são de uma importância vital mas a sua implementação não implica qualquer intervenção no edifício em si. Assim sendo, não há alguma justificação para que estas medidas não possam ser implementadas. Aliás, tendo em conta que algumas das outras exigências são de difícil aplicação em edifícios já construídos as medidas de autoprotecção devem ser reforçadas como compensação.

São exemplos de medidas de autoprotecção a nomeação de um responsável pela segurança ou a criação de planos, registos ou procedimentos de segurança.

4.4.8. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DAS UTILIZAÇÕES-TIPO

Algumas utilizações-tipo têm ainda exigências específicas a ser cumpridas, no entanto, grande parte das situações previstas nesta secção não são comuns ou aplicáveis aos edifícios em estudo. Para além disso, algumas das exigências, não são de execução particularmente gravosa ou difícil tendo em conta as exigências gerais já analisadas.

4.4.9. COMENTÁRIO FINAL

Este Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios, apesar da obrigatoriedade da sua aplicação nos edifícios estudados encontra-se, em muitos pontos, bastante desajustado da realidade da reabilitação.

As exigências são em geral bastante rígidas sendo frequentemente estipuladas no regulamento características geométricas de compartimentos ou elementos construtivos (como caixas de escadas, corredores de evacuação, dimensões de compartimentos etc.). Como se compreende, caso se verifique um incumprimento nesses pontos, será na prática impossível de proceder à sua implementar o seu cumprimento sem uma alteração profunda do imóvel em causa. Essas exigências parecem adequadas a

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

93

uma fase de concepção sendo impensável proceder à sua alteração quando o edifício se encontra já implantado ou ainda mais grave, quando este constitua algum valor patrimonial ou histórico.

Compreende-se que um regulamento relativo a segurança (ao contrário dos outros estudados que se preocupam com conforto ou eficiência energética) seja mais exigente na sua avaliação, no entanto não se pode simplesmente ignorar o que está já construído fazendo exigências que são, na prática, impossíveis de cumprir.

Esperava-se que um regulamento tão recente e que se pretende que seja aplicável em intervenções de reabilitação mostrasse mais flexibilidade nalguns aspectos pois, desta forma está a dar um incentivo à filosofia do “manter a fachada e deitar o resto abaixo” indo, assim, contra um dos seus princípios base, o da preservação do património cultural.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

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4.5. NORMA PORTUGUESA 1037-1: EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO . VENTILAÇÃO NATURAL

Uma vez que o estudo da ventilação de uma fracção é fruto de um equilíbrio de caudais, esse estudo terá de ser feito individualmente para cada uma das fracções estudadas. Desta forma verificar-se-á se esta norma é adequada à reabilitação de edifícios e se as suas propostas são de fácil implementação em edificados existentes com diferentes configurações.

4.5.1. CASA RURAL DO MINHO

Segundo as indicações da norma, a ventilação deverá processar-se sem recurso a dispositivos mecânicos (exceptuando um exaustor na cozinha de funcionamento intermitente). Para além disso a ventilação deve ser conjunta, ou seja, todos os compartimentos contribuem para a renovação do ar.

O sistema de ventilação recomendado na norma passa pela admissão de ar nos compartimentos principais (quartos e outras zonas de estar) atravessando os compartimentos interiores até atingir os compartimentos de serviço (WCs e cozinha) onde será devolvido ao exterior. Procurando seguir esta filosofia, a admissão de ar desta moradia é feita pelos três quartos, pela biblioteca e sala de leitura e pelos dois salões existentes no rés-do-chão.

Uma vez que a cozinha regional não foi considerado como local aquecido e o forno e lareira existentes nela foram desactivados passando a desempenhar uma função meramente decorativa este compartimento não irá ser tido em conta na ventilação.

Fig. 26 – Esquema de ventilação da casa rural do Minho (caudais em m3/h)

30

30

60

60 60

90

120

60

90

90 90

100

70

70

140

100

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

95

O local de implantação desta moradia faz com que ela seja classificada Exp 3 no que toca à exposição ao vento (Quadro 61) e, dada essa vulnerabilidade, a norma aconselha a instalação de aberturas auto-reguláveis para assegurar um caudal de entrada constante e ainda janelas e portas exteriores com classe de permeabilidade ao ar adequada. Uma vez que algumas das caixilharias originais de madeira serão mantidas a classe de permeabilidade recomendada dificilmente estará assegurada e isso pode prejudicar o funcionamento previsto da ventilação da moradia.

Quadro 61 – Definição das classes de exposição – Casa rural do Minho

Caracterização do local Classe de exposição

Zoneamento do território Zona A

Exp 3 Rugosidade aerodinâmica Tipo III

Altura acima do solo ≤ 10 m

Utilizando as recomendações da norma para renovações horárias e caudais dos diversos compartimentos é possível elaborar uma tabela onde se procederá ao equilíbrio entre a admissão e a extracção de ar na moradia (Quadro 62). Verifica-se que, considerando apenas os caudais mínimos necessários para cada compartimento há um défice na parte da extracção. Essa diferença não era muito grande e foi resolvida incrementando o caudal a extrair no WC 4.

Quadro 62 – Equilíbrio dos caudais tipo e dimensionamento das grelhas e aberturas – Casa rural do Minho

Piso Compartimento Volume (m3)

Caudal admitido (m3/h)

Área da abertura

(cm2)

Caudal total

admitido (m3/h)

Caudal extraido (m3/h)

Área da grelha (cm2)

Caudal total

extraído (m3/h)

R/C

Salão de Jogos 140 150 175

540

- -

495 + 45 =

540

Sala de Estar 140 150 175 - - Cozinha 30 - - 120 280

WC 5 15 - - 60 150

Quarto 1 49 60 70 - - WC 1 18 - - 90 220

Quarto 2 49 60 70 - - WC 2 20 - - 90 220

Quarto 3 49 60 70 - - WC 3 20 - - 90 220

Biblioteca 28 30 35 - - Sala de Leitura 23 30 35 - -

WC 4 10 - - 45+45 220 Os WCs e cozinha estão dotados de condutas onde é possível instalar uma grelha para extracção de ar. Salvo alguma situação extraordinária onde seja necessária a instalação de grelhas de maiores dimensões não deverão surgir entraves neste sector. Também a circulação do ar interior não se revela preocupante visto que esta se pode processar por folgas nas portas.

Uma habitação tem geralmente dois tipos de aparelhos de combustão, o fogão para preparação de alimentos e um esquentador para preparação de águas quentes. A extracção dos produtos de combustão do primeiro é realizada com recurso a um exaustor de funcionamento intermitente e no caso do segundo este deverá possuir ele deverá possuir uma conduta para esse fim. Relembra-se que as condutas de extracção de produtos de combustão devem ser individuais e que, no caso do esquentador é aconselhável que o local onde ele for instalado possua admissão de ar. Tendo isso em conta,

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

96

idealmente esse aparelho estará localizado na despensa. Dessa forma será possível instalar uma grelha de admissão de ar na parede exterior da mesma e instalar uma conduta de evacuação de ar que poderá seguir, por exemplo, em paralelo com a do WC com o qual partilha uma parede. Neste caso, a grelha de admissão terá, invariavelmente de ser instalada em zona corrente da fachada pois este compartimento não possui qualquer abertura exterior.

Num edifício com esta configuração as maiores dificuldades surgem precisamente na concretização das aberturas de admissão de ar e na escolha da sua posição. As espessas paredes de alvenaria de pedra dificultam a colocação das aberturas e não há caixas de estore por onde essa admissão se possa processar mais facilmente. Por outro lado, nos vãos onde foram mantidas as caixilharias de madeira originais, as aberturas não podem ser parte integrante das caixilharias.

4.5.2. EDIFÍCIO DA RUA DE SÁ DA BANDEIRA

Mais uma vez irá optar-se pela ventilação natural e conjunta destas habitações. Assim, a entrada de ar será efectuada por aberturas directas para o exterior instaladas na sala e nos dois quartos circulando interiormente por passagens especialmente previstas para o efeito e sendo devolvido ao exterior através de grelhas para evacuação de ar instaladas nos WCs e na cozinha.

Fig. 27 – Esquema de ventilação do edifício da Rua de Sá da Bandeira (Caudais em m3/h)

Por se situar no Porto e em zona urbana, esta habitação estará incluída numa classe de exposição ao vento reduzida (Quadro 63). Para uma classe de exposição reduzida, desde que assegurem caudais iguais ou superiores aos previstos, as aberturas poderão ser de secção constante e as exigências relativamente à permeabilidade ao ar de vãos exteriores serão também menos severas.

Quadro 63 – Definição das classes de exposição – Edifício de Sá da Bandeira

Caracterização do local Classe de exposição

Zonamento do território Zona A

Exp 1 Rugosidade aerodinâmica Tipo I

Altura acima do solo ≤ 10 m

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

97

Utilizando estes dados e determinados os caudais tipos admitidos ou extraídos em cada compartimento foi possível realizar os cálculos de equilíbrio de caudais (Quadro 64). Obteve-se um excesso considerável de caudal extraído que teve de ser equilibrado efectuando um incremento ao caudal admitido nos compartimentos principais.

De realçar que, devido ao grande pé direito do edifício os compartimentos destas habitações têm volumes algo exagerados e portanto também os caudais necessários superiores aos habituais. Isso leva a que, contrariamente ao que aconteceu nos outros edifícios, não se use directamente a tabela existente na norma para obter os caudais-tipo. Para estes volumes é necessário então aplicar as exigências em termos de renovações horárias de acordo com a função desempenhada pelo compartimento. Essa exigência é de uma renovação por hora em compartimentos principais e de quatro em compartimentos de serviço.

Feito o balanço da ventilação detecta-se um claro défice de ar admitido e, portanto para eliminar esse desequilíbrio foi necessário aumentar o caudal a admitir nos compartimentos principais.

Quadro 64 – Equilíbrio dos caudais tipo e dimensionamento das grelhas e aberturas – Edifício de Sá da Bandeira

Compartimento Volume

(m3)

Caudal admitido (m3/h)

Área da abertura

(cm2)

Caudal total

admitido (m3/h)

Caudal extraido (m3/h)

Área da grelha (cm2)

Caudal total

extraído (m3/h)

Quarto 1 + Q. de vestir

75 75+45 140 407 +

258 =

665

- -

665

Quarto 2 71 71+49 140 - - WC 1 17 - - 90 220 WC 2 9 - - 45 120

Cozinha 87 - - 350 840 Sala 261 261+164 490 - - WC 3 23 - - 180 430

Este edifício é esguio e está inserido entre dois edifícios similares. Devido a isso a sua área de fachada é reduzida e, considerando os grandes envidraçados com que está servido, a área de fachada livre para a colocação de aberturas é bastante reduzida.

Estas aberturas são geralmente criadas sob parapeitos, em caixas de estore ou, menos usualmente, através aberturas na zona contínua de fachada criadas para o efeito. Podem ainda fazer parte integrante das caixilharias. Tendo em conta que este edifício não possui caixas de estore e que a intervenção a que ele foi sujeito não prevê a substituição das caixilharias originais essas duas hipóteses estão desde logo descartadas.

Para dificultar ainda mais a resolução deste problema os envidraçados ocupam quase a totalidade do pé direito do edifício e as cantarias que as emolduram são curvas. Nestas condições a concretização das aberturas necessárias sem causar algum impacto na fachada pode ser de difícil.

Essa dificuldade não se verifica na extracção do ar uma vez que, para além da cozinha, há 3 WCs por onde essa mesma extracção pode ser processada e todos estes espaços estão dotados de condutas que se encarregarão de transportar o ar dos compartimentos de serviço das duas habitações até à cobertura, onde este será devolvido ao exterior.

Importa ainda dimensionar correctamente as passagens de ar interior de acordo com o caudal que se preveja que lá irá passar. Visto que a maioria das portas destas habitações são de correr a solução não poderia passar pela criação de folgas na base das mesmas. Assim, será necessária a implementação de

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

98

grelhas, ora nas portas ora, quando necessário, em paredes, de forma a permitir a circulação do ar entre compartimentos bem como o seu correcto encaminhamento para os compartimentos de serviço por onde será evacuado para o exterior.

De realçar ainda que o único local lógico para a instalação do aparelho de produção de água quente será o compartimento de arrumos no piso intermédio, no entanto a norma aconselha que os espaços onde sejam instalados aparelhos deste tipo possuam admissão de ar directa e extracção por conduta própria. Se a extracção, por proximidade com o WC 3 pode ser facilmente implementada com uma conduta paralela à utilizada para a extracção de ar do mesmo, não há forma de materializar a admissão de ar directa compartimento. Essa recomendação é então, neste caso, impossível de seguir e será frequente esta situação em edifícios que possuam uma configuração semelhante a esta - apenas com duas fachadas livres que são aproveitadas, quase sempre, para servir compartimentos de estar.

4.5.3. EDIFÍCIO DE UTILIZAÇÃO MISTA

De forma semelhante ao que aconteceu com os dois edifícios já analisados, a ventilação destas habitações terá a sua admissão nos compartimentos de estar (os três quartos e a sala) através de aberturas próprias e extracção na cozinha e nos dois WCs. A circulação do ar entre o local da sua admissão e extracção será realizada por passagens interiores especialmente instaladas para esse fim.

Fig. 28 – Esquema de ventilação das habitações do edifício de utilização mista (caudais em m3/h)

A exposição ao vento das fachadas desta habitação corresponde a Exp 2 (Quadro 65) e isso implica que haja algum cuidado com o tipo de aberturas de admissão de ar (são aconselháveis aberturas auto-reguláveis) e com a classe de permeabilidade ao ar das janelas. À semelhança do que aconteceu na moradia rural e no edifício de Sá da Bandeira, uma vez que as janelas serão mantidas é possível que estas não cumpram os parâmetros aconselháveis relativamente à permeabilidade.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

99

Quadro 65 – Definição das classes de exposição – Edifício de utilização mista

Caracterização do local Classe de exposição

Zonamento do território Zona A

Exp 2 Rugosidade aerodinâmica Tipo II

Altura acima do solo > 10 m

Procurando um equilíbrio entre a admissão e extracção de ar obteve-se novamente um excesso de ar extraído (Quadro 66). Apesar de a diferença não ser muito significativa, esse excesso foi diluído em grande parte pela sala e, em menor percentagem por cada um dos dois quartos menores.

Quadro 66 – Equilíbrio dos caudais tipo e dimensionamento das grelhas e aberturas – Edifício de utilização mista

Piso Compartimento Volume

(m3)

Caudal admitido (m3/h)

Área da abertura

(cm2)

Caudal total

admitido (m3/h)

Caudal extraido (m3/h)

Área da

grelha (cm2)

Caudal total

extraído (m3/h)

1º Sala 54 60+25 105

180 + 45 =

225

- -

225

WC 2 7 - - 45 120 Cozinha 22 - - 90 220

Quarto 1 34 60 - - Quarto 2 26 30+10 52 - - Quarto 3 26 30+10 52 - -

WC 1 16 - - 90 220

Neste caso o sistema de ventilação é mais facilmente implementável do que na casa rural ou no edifício de Sá da Bandeira. Este edifício possui caixas de estore sobre os seus envidraçados e, portanto, a solução mais fácil será instalar a admissão de ar nesses elementos.

Para a extracção de ar nos compartimentos de serviço recorre-se a grelhas que fazem ligação a uma conduta situada no interior das courettes de instalações e, no caso das circulações interiores, estas processam-se através de grelhas posicionadas nas portas especificamente para esse fim.

Relativamente à extracção de produtos de combustão, a cozinha está dotada do típico exaustor de funcionamento intermitente posicionado sobre o fogão e ainda terá o esquentador a gás instalado no interior de um armário na vizinhança do WC2. Essa proximidade permite instalar uma conduta paralela à de extracção de ar corrente. Apesar de não ser aconselhável a colocação de esquentadores nestas condições visto que a alimentação de ar está dificultada, esta é uma situação frequente em edifícios habitacionais.

4.5.4. EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO EM ALTURA

Também nas habitações deste edifício a ventilação será natural, no entanto neste caso, a sala possui uma lareira. A norma recomenda que para estes casos a ventilação do compartimento onde está instalado o dispositivo de fogo aberto se processe de forma independente da dos restantes. Assim, na sala, a admissão de ar será realizada através de dispositivos na fachada e a sua extracção pela chaminé.

Nos restantes compartimentos o mecanismo será semelhante ao dos outros edifícios já estudados: admissão de ar nas zonas de estar (quartos e sala) e extracção nos compartimentos de serviço (WCs e cozinha).

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

100

Fig. 29 – Esquema de ventilação de um apartamento do edifício de habitação em altura (caudais em m3/h)

Considerando que este edifício está implantado numa localidade urbana que, geograficamente, está incluída na zona A e, tendo em conta a altura do apartamento estudado, tira-se que a classe de exposição ao vento das suas fachadas será Exp 2 (Quadro 67). Isso implica alguns cuidados com a classe de permeabilidade ao ar dos seus vãos exteriores e com os dispositivos de admissão de ar a instalar na fachada que devem ser, se não auto-reguláveis, pelo menos reguláveis manualmente.

Quadro 67 – Definição das classes de exposição – Edifício de habitação em altura

Caracterização do local Classe de exposição

Zonamento do território Zona A

Exp 2 Rugosidade aerodinâmica Tipo I

Altura acima do solo >18m e ≤28m

Este sistema de ventilação separada só é viável se os elementos que separam o compartimento que está a ser isolado da restante habitação tiverem características de estanqueidade ao ar. Assim, neste caso seriam necessárias duas portas para desempenhar essa função separadora. Uma vez que a intervenção a que este edifício foi sujeito foi estritamente exterior, caso as portas instaladas não garantam o isolamento necessário (em princípio será esse o caso), não é possível por em prática o sistema de ventilação separado.

Supondo, no entanto que as portas possuem a estanqueidade requerida e tendo em conta tudo o que foi dito anteriormente, o equilíbrio da sala ficará assegurado ao impor que o caudal admitido será igual ao extraído pela chaminé. Já para equilibrar os caudais do resto da habitação foi necessário incrementar a admissão de ar nos quartos. Procurou-se distribuir a diferença de forma equilibrada pelos quatro quartos para que, tendo em conta as suas dimensões, os caudais não fossem muito exagerados.

O equilíbrio realizado pode ser consultado no Quadro 68.

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

101

Quadro 68 – Equilíbrio dos caudais tipo e dimensionamento das grelhas – Edifício de habitação em altura

Compartimento Volume

(m3)

Caudal admitido (m3/h)

Área da abertura

(cm2)

Caudal total

admitido (m3/h)

Caudal extraido (m3/h)

Área da grelha (cm2)

Caudal total

extraído (m3/h)

Quarto 1 46 60+20 105

210 + 60 =

270

- -

270

WC 1 12 - - 60 150 Quarto 2 34 60+10 105 - - Quarto 3 35 60+10 105 - - Quarto 4 30 30+20 52 - -

WC 2 11 - - 45 120 Cozinha 30 - - 120 280

WC 3 7 - - 45 120 Sala c/lareira 107 428 120 428 (chaminé) 428

No que toca à instalação dos dispositivos necessários para a materialização deste mecanismo de ventilação, este edifício é equiparável ao anterior. Uma vez que este também possui caixas de estore, a admissão será efectuada através delas com aberturas especificamente criadas para o efeito; a circulação do ar na habitação processa-se através de passagens interiores e a extracção será realizada por grelhas colocadas nos compartimentos de serviço que, através de condutas, transportam o ar até ao exterior.

A cozinha terá, como é habitual, um exaustor de funcionamento intermitente sobre o fogão e o esquentador da habitação estará localizado na marquise, ficando assim assegurado o seu arejamento.

4.5.5. BAIRRO DE HABITAÇÃO SOCIAL

Sendo este um bairro de habitação social, a configuração dos seus apartamentos é bastante simples e o volume dos seus compartimentos relativamente pequeno. Para além disso uma vez que a fracção estudada corresponde a um dos edifícios que está em banda com outros dois, apenas possui duas fachadas livres. O estudo desta habitação será então mais simples que o dos restantes, até porque não há tantas limitações à instalação de dispositivos de admissão de ar na fachada.

Assim, mais uma vez, o sistema de ventilação destas habitações será processado através de admissão nos compartimentos principais (quartos e sala) e extracção nos compartimentos de serviço (WC e cozinha).

Fig. 30 – Esquema de ventilação de um apartamento do bairro de habitação social (caudais em m3/h)

QUARTO

QUARTO SALA

COZINHA WC

Adequação dos regulamentos nas áreas da térmica, acústica, segurança contra incêndios e ventilação à reabilitação de edifícios de habitação

102

Este apartamento está localizado a uma altura reduzida em zona A, no entanto está implantado numa periferia de zona urbana pelo que a sua exposição ao vento será Exp 2 (Quadro 69). Novamente este tipo de exposição requer dispositivos de admissão de ar ajustáveis para que não haja um caudal excessivo a atravessa-los.

Quadro 69 – Definição das classes de exposição – Bairro de habitação social

Caracterização do local Classe de exposição

Zoneamento do território Zona A

Exp 2 Rugosidade aerodinâmica Tipo II

Altura acima do solo ≤ 10 m

Os volumes dos compartimentos principais desta habitação são todos muito semelhantes e, por isso também os seus caudais o são. Assim, como se pode ver no Quadro 70, ao fazer o balanço entre a admissão e a extracção de ar verificou-se um défice na admissão. Para respeitar os caudais idênticos e estabelecer o equilíbrio, a diferença foi distribuída igualmente pelos três compartimentos principais.

Quadro 70 – Equilíbrio dos caudais tipo e dimensionamento das grelhas e aberturas – Bairro de habitação social

Compartimento Volume (m3)

Caudal admitido (m3/h)

Área da abertura

(cm2)

Caudal total

admitido (m3/h)

Caudal extraido (m3/h)

Área da grelha (cm2)

Caudal total

extraído (m3/h)

Quarto 1 30 30+25 70 90 + 75 =

165

- -

165 Quarto 2 25 30+25 70 - -

WC 9 - - 45 120 Sala 29 30+25 70 - -

Cozinha 23 - - 120 280 À semelhança do que se verificou nos dois edifícios anteriores, a admissão será realizada, mais uma vez, através de aberturas localizadas nas caixas de estore dos quartos e sala e a extracção através de grelhas colocadas no WC e na cozinha. Importa ainda dizer que, dada a configuração simples desta moradia a circulação de ar interior é muito fácil de implementar bastando para isso instalar uma grelha nas portas dos quartos.

A cozinha estará, como sempre, dotada de um exaustor de funcionamento intermitente sobre o fogão, mas desta vez o esquentador não estará instalado num compartimento separado. Este situação não é recomendável, mas a cozinha parece estar dividida em dois espaços distintos, um onde estará o fogão e o lava-louça mais direccionado à confecção de alimentos, e outro onde, eventualmente se desenvolverão tarefas de lavandaria. Se o esquentador for instalado neste último espaço a situação não será preocupante.

4.5.6. COMENTÁRIO FINAL

As recomendações da norma NP 1037-1 são de simples compreensão e até concretização se o que estiver em causa for uma construção nova em fase de projecto. Nessa situação basta fazer um breve estudo dos compartimentos de cada habitação e assegurar um equilíbrio teórico entre os caudais admitido e extraído. Com base nesses dados parte-se para o dimensionamento dos dispositivos de admissão e das grelhas de extracção e bastará depois incorpora-los no projecto.

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Como o que se está a tratar é reabilitação de edifícios existentes, nada é assim tão simples pois existem um sem número de constrangimentos físicos à instalação dos dispositivos necessários. Isto é particularmente sentido com as aberturas de admissão de ar pois procura-se normalmente não alterar a fachada.

As mesmas dificuldades não se costumam fazer sentir com as grelhas de extracção de ar a instalar nos compartimentos de serviço pois estes estão já habitualmente servidos de courettes. A existência dessas courettes facilita a instalação das condutas necessárias à extracção de ar bastando então colocar uma grelha com a dimensão adequada para o caudal previsto. Isto apenas será problemático em situações extraordinárias que requeiram a instalação de uma grelha de dimensões exageradas.

A norma permite alterações ao dimensionamento preconizado desde que o desempenho global da ventilação não seja prejudicado, no entanto não especifica formas alternativas de esta se processar caso não seja possível implementar, por exemplo, a admissão de ar nas fachadas. Uma vez que todas as recomendações da norma têm como base o sistema de ventilação ‘ideal’ (admissão nos compartimentos e extracção nos compartimentos de serviço através de dispositivos específicos) caso, por exemplo, não existam os ditos dispositivos de admissão de ar, quase toda a norma se torna inaplicável a essa situação.

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CONCLUSÃO

5.1. O PROBLEMA

Ao proceder ao estudo dos documentos técnicos e das diversas exigências ou recomendações presentes nos mesmos nota-se uma certa ausência de preocupações relativamente a assuntos de reabilitação. O Regulamento de Requisitos Acústicos é totalmente omisso a essa temática e no Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios fala-se em grandes remodelações, excluindo do seu âmbito as intervenções cujo custo seja inferior a 25% do valor do imóvel em causa. O Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios nada diz relativamente à sua aplicação em edifícios existentes e exclui apenas o património classificado. A Norma Portuguesa NP1037-1 relativa à ventilação natural de habitações visto não ser um documento regulamentar mas sim normativo apenas possui algumas recomendações simples para a concretização de sistemas de ventilação natural em habitações que deverão, à partida, ser possíveis de implementar em qualquer situação.

Precisamente para evitar estas situações de omissão ou de incompatibilidade dos documentos técnicos face à realidade edificada, surge no Regime Jurídico de Urbanismo e Edificação (RJUE) [16] um artigo que salvaguarda os edifícios construídos numa data anterior à de aprovação de determinado documento técnico. Uma vez que os regulamentos específicos relacionados com a construção deverão estar subordinados a esse regime jurídico, teria de ser tida em conta essa cláusula. Diz assim o Art. 60º do RJUE: “A licença ou admissão de comunicação prévia de obras de reconstrução ou de alteração das edificações não pode ser recusada com fundamento em normas legais ou regulamentares supervenientes à construção originária, desde que tais obras não originem ou agravem desconformidade com as normas em vigor, ou tenham como resultado a melhoria das condições de segurança e de salubridade da edificação.”. Como é fácil de compreender, este artigo constituirá uma protecção para o património edificado existente mas nem sempre é claro a quais dos regulamentos este aplicará pois alguns dos documentos valem por si.

Essa protecção não é, por exemplo, eficaz na área da Segurança Contra Incêndios. O antigo regulamento de Segurança Contra Incêndios era, à semelhança do regulamento de acústica, um regulamento de especialidade e estava submetido à influência do RJUE. A sua aplicação estava então subjugada ao já referido Art. 60º. Com a passagem para Regime Jurídico, a legislação de segurança contra incêndios fica ao mesmo nível do RJUE deixando de se poder contar com essa salvaguarda. Pode daí concluir-se portanto que a aplicação do RJSCIE é obrigatória a todos os edifícios, sejam eles novas construções ou não.

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5.2. DIFICULDADES DE APLICAÇÃO

5.2.1. REGULAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DE COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS EDIFÍCIOS

Visto que as intervenções de reabilitação visam quase sempre a envolvente exterior e que este regulamento estabelece exigências que avaliam o comportamento global das fracções autónomas, a total verificação das exigências deste regulamento está desde logo hipotecada, principalmente quando a fracção em estudo possui uma envolvente interior significativa. Isto verifica-se na moradia rural do Minho ou no edifício de Sá da Bandeira cujas paredes interiores que não sofreram alterações ultrapassam os limites definidos pelo RCCTE para o coeficiente de transmissão térmico.

É sabido que os vãos envidraçados têm um peso considerável na verificação do RCCTE. Isso é particularmente notável no edifício de utilização mista cuja fachada principal é constituída, quase totalmente por envidraçados. Nesse edifício, uma vez que esses envidraçados não possuíam boas propriedades térmicas (caixilharias de madeira e vidros simples) foram eles uns dos principais responsáveis pelo excesso de energia necessária para aquecimento (Nic) e, consequentemente pelo incumprimento do parâmetro global de consumo de energia (Ntc). Nestes casos, será aconselhável que a intervenção inclua a substituição dos envidraçados por uns que garantam melhor isolamento térmico. Para além deste problema no edifício de utilização mista, verificou-se ainda uma dificuldade em assegurar que as necessidades energéticas para aquecimento se mantenham dentro dos limites nos edifícios mais antigos.

As intervenções estudadas não previam a instalação dos colectores solares, no entanto estes foram incluídos no cálculo pois, salvo algumas excepções, a sua instalação seria obrigatória. Caso esses colectores não sejam instalados o seu contributo não poderá ser considerado e o que se obteria, nos casos estudados e com os equipamentos considerados seria um incumprimento generalizado no que toca às necessidades energéticas para produção de águas quentes sanitárias que, nalguns casos, se iria reflectir também no incumprimento das necessidades energéticas globais da fracção. Essa falha poderia ser compensada com a instalação de aparelhos de produção de águas quentes sanitárias energeticamente mais eficientes.

5.2.2. REGULAMENTO DOS REQUISITOS ACÚSTICOS DOS EDIFÍCIOS

O estudo dos requisitos acústicos dos elementos da envolvente de um edifício, dada a dificuldade de determinação do isolamento acústico fornecido pelos diversos elementos, requer medições in situ. Só com base nessas medições se pode projectar uma solução cujo isolamento acústico garanta as exigências regulamentares.

Uma vez que as intervenções mais frequentes são superficiais, este estudo prévio não é comum e portanto as soluções não são, habitualmente adoptadas com o objectivo último de solucionar eventuais insuficiências acústicas dos elementos. O que acaba por acontecer, muitas vezes é que, para melhorar o isolamento acústico de uma parede se adopte como isolante térmico a lã mineral dada a função dupla deste material.

Mais uma vez, os vãos envidraçados têm um peso determinante no comportamento acústico de uma fachada e, nas intervenções estudadas procurou-se quase sempre manter os envidraçados existentes. Esses envidraçados, dadas as suas características (vidros simples e caixilharia de madeira) dificilmente garantirão o isolamento acústico necessário. Novamente, essa situação será mais preocupante no edifício de utilização mista devido à sua fachada quase totalmente envidraçada.

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No edifício de Sá da Bandeira a solução adoptada foi a instalação de uma segunda caixilharia pelo interior reforçando assim os pontos fracos da sua fachada do ponto de vista acústico. Esta solução, por questões geométricas, nem sempre é possível mesmo que haja, como houve nesse projecto, a liberdade de intervir pelo interior da fracção.

A questão do ruído de percussão nos pavimentos dos diversos espaços, com excepção da casa rural do Minho e do edifício de Sá da Bandeira nos quais a intervenção afectou também espaços interiores, não pode ser melhorada com as intervenções à envolvente exterior e, portanto não será possível garantir o isolamento exigido.

5.2.3. REGIME JURÍDICO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS

O RJSCIE é, dos documentos estudados, o mais desadequado à matéria de reabilitação. Constam do regulamento técnico deste documento exigências que serão, na prática impossíveis de assegurar caso essas não existam originalmente. São exigências relativas às acessibilidades, espaços do edifício ou aos comprimentos das vias de evacuação, número de degraus e lanços de escadas ou posicionamento de caixa de escadas para referir apenas alguns. Geralmente uma intervenção de reabilitação não se ocupa destas situações pelo que, dada a obrigatoriedade de verificação do RJSCIE, o projecto deveria, teoricamente, ser chumbado pelas entidades fiscalizadoras.

As exigências que estão efectivamente ao alcance de uma intervenção de reabilitação pouco intrusiva são as relativas à resistência ao fogo de elementos da envolvente e classe de reacção dos revestimentos dos mesmos. Nesse ponto, verifica-se que a maior parte dos materiais correntemente utilizados cumprem as exigências sendo a situação mais preocupante a dos elementos em madeira, sejam eles elementos estruturais ou escadas.

De um modo geral estes elementos deverão apresentar uma resistência ao fogo insuficiente face às exigências regulamentares e a solução mais eficaz para estes problemas será a aplicação de gesso cartonado a envolver o elemento. Se, por um lado essa solução se revela eficaz, por outro, ao ocultar esses elementos está-se a modificar o aspecto dos compartimentos sendo que, por motivos estéticos, muitas vezes se pretende que algumas vigas de madeira fiquem à vista. Nesses casos pode recorrer-se a produtos intumescentes que são menos eficientes mas não modificam o aspecto da estrutura protegendo-a do fogo. Uma vez que estes elementos de madeira contribuem em muito para o valor patrimonial dos imóveis será sempre preferível procurar uma solução de reforço em vez de substituição.

Em situações de reabilitação há ainda, frequentemente, dificuldade na quantificação da resistência ao fogo de elementos de betão armado. Esta resistência estará muito dependente da disposição das armaduras e da espessura do recobrimento das mesmas informação que não estará disponível na maior parte dos casos.

Os vãos envidraçados são também alvo de cuidados pelo RJSCIE. Assim, não serão admissíveis, à luz do regulamento técnico, estores plásticos devido à sua reacção ao fogo (como se pode ver no Quadro 54 presente ponto 4.4.). Para além dos estores há ainda o problema das caixilharias de PVC que apesar de não existirem na amostra estudada também apresentam um comportamento ao fogo insuficiente.

Uma parte considerável deste regulamento técnico aborda ainda as condições das variadas instalações que os edifícios possam estar dotados, mas mais uma vez, numa perspectiva de reabilitação isto são questões que não serão possíveis de verificar ou modificar.

Por um lado compreende-se que este regulamento técnico, uma vez que trata a questão da segurança dos ocupantes dos edifícios, seja exigente e pouco flexível, por outro esperava-se mais consciência e

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respeito pelo património edificado não exigindo a estes o mesmo que se exige a um edifício ainda em fase de projecto.

5.2.4. NORMA PORTUGUESA NP1037-1: EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO. VENTILAÇÃO NATURAL

Não possuindo o mesmo peso legal dos documentos anteriores, a NP1037-1, limita-se a dar recomendações com base nas quais se deve concretizar o sistema de ventilação de uma moradia de forma a garantir o seu bom funcionamento.

Desta forma a norma não se demonstra inflexível permitindo alterar o processo de dimensionamento desde que a eficiência do sistema adoptado seja idêntico, no entanto, as recomendações nela contidas baseiam-se no princípio de que o método de dimensionamento adoptado será o preconizado por ela.

Admitindo então que o sistema adoptado será o que a norma aconselha (admissão nos compartimentos de estar da habitação e extracção nos compartimentos de serviço) verifica-se, em edifícios antigos, uma grande dificuldade na instalação dos devidos dispositivos de admissão de ar.

Nos edifícios mais recentes a utilização de caixas de estore era corrente, pelo que, nesses casos a solução mais fácil será criar uma abertura para admissão de ar nesses elementos. Essa facilidade não se verifica em edifícios antigos pois a protecção dos vãos era, muitas vezes interior e constituída por portadas de madeira. Nestes edifícios procura-se ainda, quase sempre, manter as caixilharias pelo que a solução de aberturas incorporadas nas caixilharias é também inadequada. Essa dificuldade não é, em geral sentida para a extracção pois esta pode processar-se, quase sempre, através de grelhas e condutas instaladas nas courettes dos WCs e cozinhas.

Outras situações que vale a pena realçar são as classes de permeabilidade ao ar dos envidraçados e a ventilação dos compartimentos onde se instalam aparelhos a gás. A primeira problemática está relacionada com a manutenção das caixilharias antigas cuja permeabilidade poderá ser inferior à recomendada podendo isto prejudicar o funcionamento do sistema de ventilação. A segunda questão reflecte-se numa dificuldade de materializar a admissão de ar directamente do exterior para os compartimentos onde estão instalados aparelhos a gás.

5.3. SÍNTESE DE CONCLUSÕES

A reabilitação de edifícios é um processo complexo e difícil de regulamentar visto que as condições existentes variam substancialmente de edifício para edifício. Idealmente cada solução deveria ser estudada de forma independente e sem restrições ou exigências regulamentares procurando optimizar o mais possível o existente sem modificar demasiado as suas características.

Pretendia-se com este trabalho detectar alguns dos entraves que os regulamentos actuais apresentam no âmbito da reabilitação. Para isso recorreu-se a uma amostra de edifícios e respectivos projectos de reabilitação baseando-se o estudo nestes. As conclusões retiradas estão portanto directamente ligadas a essas situações particulares e, se alguns dos problemas detectados podem ser extrapolados, como já se disse dada a complexidade da temática de reabilitação, cada caso é um caso e as generalizações podem ser perigosas.

Os documentos técnicos actuais são, sobretudo, direccionados para a concepção de edifícios novos, não sendo difícil, nessa situação, o cumprimento global das exigências que neles constem. Quando o edifício está já materializado as limitações de ordem física são, no entanto, muito maiores e os documentos técnicos actuais não possuem a sensibilidade e flexibilidade necessárias para fazer face a essas situações. Menos ainda quando os imóveis em causa possuem valor patrimonial ou estão

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inseridos em centros históricos. Dito isto, seria aconselhável a criação de um documento técnico especialmente direccionado para a reabilitação que permita dar resposta às necessidades do património edificado sem correr o risco de, ao implementar as exigências nele contidas, o imóvel perder as suas características mais valiosas.

Para elaborar um documento desta natureza será importante analisar o património edificado e as suas características bem como os documentos legais em vigor que possam relacionar-se com a temática da reabilitação. Este estudo poderá ser um modesto contributo nesse sentido, no entanto é necessária investigação e estudos muito mais extensos e aprofundados para que, a longo prazo, se possa começar a pensar em regulamentação específica para reabilitação.

A curto prazo espera-se que futuras versões dos regulamentos e normas estudados possam ver algumas das falhas apontadas corrigidas para, dessa forma, dar continuidade ao longo caminho que ainda falta percorrer no sentido da reabilitação do património edificado.

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ANEXO I

VALIDAÇÃO DO RCCTE CASA RURAL DO MINHO

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