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CADERNO DE ESTUDOS EM CONSERVAÇÃO DO SOLO E ÁGUA COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA DE SÃO PAULO ADEQUAÇÃO DE CAUSAS, CONSEQÜÊNCIAS E CONTROLE DA EROSÃO RURAL EROSÕES 1 Vol 1 - Nº 1 - Maio de 2007

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CADERNO DE ESTUDOS EMCONSERVAÇÃO DO SOLO E ÁGUA

COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTOAGRÍCOLA DE SÃO PAULO

ADEQUAÇÃO DE

CAUSAS, CONSEQÜÊNCIASE CONTROLE DA EROSÃO RURAL

EROSÕES11

Vol 1 - Nº 1 - Maio de 2007

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ADEQUAÇÃO DE

CAUSAS, CONSEQÜÊNCIASE CONTROLE DA EROSÃO RURAL

EROSÕES11

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CADERNO DE ESTUDOS EMCONSERVAÇÃO DO SOLO E ÁGUA

ADEQUAÇÃO DE

CAUSAS, CONSEQÜÊNCIASE CONTROLE DA EROSÃO RURAL

EROSÕES11COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO

AGRÍCOLA DE SÃO PAULO

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Ficha catalográfica elaborada pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação UNESP FCT Campus de Presidente Prudente.

É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte. A reprodução total depende de autorização expressa do autor e da CODASP

Zoccal, José Cezar.Soluções cadernos de estudos em conservação do solo e água /

José Cezar Zoccal. Presidente Prudente : CODASP, 2007

v. 1, n.1, mai. 2007.

Inclui bibliografia

ISSN: 1981-3481

v. 1 Adequação de erosões: causas, conseqüências e controle da erosão rural

1. Solo. 2. Erosão rural. 3. Água. I. Zoccal, José Cezar. II. Título. CDD (18.ed.) 631.4

Z73s

Ficha Catalográfica

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GOVERNO DO ESTADODE SÃO PAULO

José Serra - Governador

Secretaria de Estado daAgricultura e Abastecimento

João de Almeida Sampaio Filho - Secretário

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Companhia de DesenvolvimentoAgrícola de São Paulo - CODASP

José Roberto Perosa RavagnaniDiretor Presidente

Petrônio Pereira LimaDiretor de Operações

José Cezar ZoccalGerente do Centro de Negócios de Presidente Prudente

Heraldo Luiz CezarinoGerente do Centro de Negócios de Bauru

Mauro Pimenta FilhoGerente do Centro de Negócios de Campinas

Pedro Márcio PossatoGerente do Centro de Negócios de São José do Rio Preto

Marcos Donizeti SalgueiroGerente de Manutenção

Autor

Colaboradores

José Cezar Zoccal (1)

Humberto da Fonseca Brandão (2)José Roberto da Silva (3)

Nelson de Oliveira Matheus (4)

1 - Engenheiro Agrônomo e Gerente Regional do Centro de Negócios de Presidente Prudente.2 - Engenheiro Agrícola - Centro de Negócios de Presidente Prudente.3 - Engenheiro Agrônomo - Centro de Negócios de Presidente Prudente.4 - Engenheiro Agrônomo - Escritório Central.

Fotos: Acervo técnico dos trabalhos realizados pela Codasp na região do Pontal do Paranapanema.Revisão: Professores Antonio Cezar Leal e Antonio Nivaldo Hespanhol - Geógrafos - UNESP-

Presidente Prudente;Sandra Regina Pagnan - Jornalista/Advogada - Presidente Prudente.

Projeto Gráfico: José Carlos Zeidan Filho

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APRESENTAÇÃO

Ao assumir a Presidência da CODASP, incumbido que fui pelo Governador José Serra, deparei-me com várias ações e atividades, que na sua essência representam o trabalho que se desenvolve nesta Empresa. Dentre tantos projetos importantes, um em especial, chamou-me a atenção, qual seja, a oportunidade de se apresentar de forma didática, o lastro de sua técnica e conhecimento que nossos engenheiros possuem e que em síntese representa o seu maior patrimônio.

Materializa-se de forma escrita, as experiências vitoriosas e o grande acervo de conhecimento técnico desta Companhia, passando-se do “fazer” para o registro e difusão das mesmas.

Assim é com grande satisfação que entrego ao público em geral essa publicação, que inaugura a intenção de se registrar uma série que designamos “Soluções - Cadernos de Estudos em Conservação do Solo e Água”.

Iniciamos com a temática “Erosões”, pois a mesma constitui-se em um dos mais sérios problemas ambientais de nosso Estado, demons-trados através de estudos realizados pelo Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) e Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) com graves reflexos sócio-econômicos regionais.

Acima de tudo, esses “cadernos” deverão registrar e conseqüente-mente partilhar com os interessados estudiosos da questão, estudantes de diversas áreas, produtores rurais ou ambientalistas, o conhecimento técnico-prático acumulado pela CODASP em seus 78 anos de experiência.

Ao democratizar o acesso ao conhecimento prático de suas expe-riências, a CODASP dá uma grande contribuição ao presente e principal-mente às gerações futuras, tamanho a excelência de sua atuação.

Passemos, pois, a conhecê-las.

José Roberto Perosa RavagnaniDiretor Presidente

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AGRADECIMENTOS:

Á minha esposa Nair e meus filhos Leonardo e Daniel,

Ao Dr. José Bernardo Ortiz, ex-Presidente da Codasp,

Aos colegas Engenheiros da Codasp,

Aos Técnicos Operacionais da Codasp,

Aos Engenheiros de várias outras instituições,

E a todos que de uma forma direta ou indireta,

tem contribuído para que a nossa tarefa de

solucionar os problemas das áreas degradadas

seja gratificante, tornando as áreas produtivas

sem causar danos ambientais para cada inter-

venção efetuada.

Engº Agrº José Cezar Zoccal

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................... 11

1 - PORQUE EFETUAR CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA .................... 17

2 - MECANISMOS DA EROSÃO ............................................................... 202.1 - Fatores que afetam e levam à formação de erosão ............................ 242.1.1 - Causada por forças ativas............................................................. 242.1.2 - No trabalho propriamente dito com o solo.......................................... 242.1.3 - Uso e manejo do solo.................................................................... 27

3 - COMO EVITAR E CONTROLAR A EROSÃO ....................................... 30

4 - CUIDADOS NECESSÁRIOS NO CONTROLE DE EROSÕES............ 354.1 - Antes de iniciar os trabalhos ........................................................... 354.2 - Na execução dos trabalhos ................................................................. 364.3 - Na manutenção dos trabalhos realizados ........................................... 36

5 - RECOMENDAÇÕES PARA O CONTROLE E ADEQUAÇÃO EM EROSÕES RURAIS ..................................................................................... 37

6 - RESULTADOS E PROPOSTAS .......................................................... 516.1 - Levantamentos básicos ................................................................ 546.2 - Análise de dados ......................................................................... 586.3 - Diagnóstico.................................................................................... 586.4 - Elaboração de projeto..................................................................... 586.5 - Cronograma de execução............................................................... 60

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 6 1

ENDEREÇOS E CONTATOS DA CODASP .......................................... 62

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A cada ano que passa, verifica-se a necessidade de proteger as fontes de águas. Estudos realizados nos mostram que o prognóstico em relação à qualidade e quantidade da água não são aqueles níveis desejáveis, pois a tendência de ocupação aponta para um aden-samento populacional das cidades de porte médio, que passarão a ter problemas com o abastecimento de água.

Cada vez mais a água se torna escassa por diversos fatores, necessitando de ações de práticas conservacionis-tas do solo, para não comprometer os mananciais, propici-ando melhores condições de monitoramento, corrigindo os efeitos da degradação do solo e da água.

As práticas de conservação do solo e da água ado-tadas garantem o desenvolvimento sustentável das áreas dos mananciais e, em conseqüência, retornam o desejável equilíbrio de proteção e os usos das atividades dos recursos naturais renováveis.

O processo de ocupação do solo, atualmente equi-vocado e sem as mínimas condições técnicas, levou à substituição quase total da vegetação primitiva, dando lugar a culturas de ciclo curto. O constante revolvimento do solo sem tecnologia adequada resultou no maior problema da prática agrícola, a erosão hídrica, que comprometeu os recursos naturais, pondo em risco a produção econômica, pela degradação dos solos e assoreamento dos mananciais que influenciam na qualidade e disponibilidade da água.

O solo, como um recurso natural, integrante do am-biente, é legalmente protegido. A Lei Estadual nº 6171-04/07/1988 estabelece aos responsáveis pelo seu uso a obrigatoriedade de conservar e preservar o solo agrícola e coibir todas as causas da degradação do solo e da perda da sua capacidade produtiva.

A erosão é um fenômeno que envolve a desagregação e o transporte de solos, sendo acionado e propagado atra-vés de mecanismos próprios da natureza e acelerada por

INTRODUÇÃO

11- Adequação de Erosões

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ações humanas no espaço, transportando grande quantidade de sedimentos, chegando a assorear os cursos d'águas.

Estima-se que cerca de 80% da área cultivada do Estado de São Paulo esteja sofrendo processo erosivo, causando uma perda de mais de 200 milhões de toneladas de solo por ano, sendo que 70% deste chegam aos manan-ciais em forma de sedimentos transportados pela água, causando assoreamento e poluição.

O Estado de São Paulo tem cerca de 250 mil km de estra-das, das quais, aproximadamente 220 mil km não são pavimen-tadas, ou seja, são estradas vicinais rurais de terra.

Estas estradas contribuem com 50% do solo carreado aos mananciais e 70% das erosões existentes (foto 1).

As estradas foram construídas sem levar em consideração o relevo e principalmente sem as preocupações conservacionis-tas por parte dos municípios em realizar as manutenções, em razão de em geral não disporem dos equipamentos mais indica-dos e adequados aos serviços necessários à sua conservação.

Foto 1 - Demonstra a quantidade de solo que foi arrastado de uma estrada após ocorrência de uma forte chuva.

12 - Adequação de Erosões

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O problema existente com o assoreamento dos rios da região do Pontal do Paranapanema é muito grave. A maioria dos mananciais está totalmente assoreado, com sua calha sendo desviada a cada período de chuva, situação esta muito representativa nesta região, em razão das condições do solo, clima, relevo, manejo e tipo de exploração do solo.

Tais condições, aliados ao manejo inadequado do solo, tornam a região ainda mais vulnerável à existência e ocorrên-cia de erosões, provocando o assoreamento dos mananciais e a formação de banquetas de areia, agravando pela falta de trabalhos bem conduzidos e a inexistência da mata ciliar para proteção dos corpos d´águas (foto 2).

Os trabalhos de conservação de solo quando são defi-cientes no dimensionamento de locação e construção das estruturas, ficam muito aquém das necessidades para reter o escorrimento superficial das águas pluviais e provocam danos ambientais, principalmente no aparecimento de vários sulcos de erosão, conforme mostram as fotos 3 e 4.

Foto 2 - Demonstra o nível de assoreamento na região do Pontal do Paranapanema.

13- Adequação de Erosões

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Foto 4 - Erosão provocada pela descarga de água pluvial de uma estrada rural vicinal de terra.

Foto 3 - Trabalhos executados com equipamentos não recomendados, ocasionando rompimento dos terraços, por não terem capacidade suficiente de armazenamento de água.

14 - Adequação de Erosões

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Em muitas situações, encontramos propriedades onde não há preocupação com os danos ambientais provocados pela má exploração do solo com pastagem extensiva, bebe-douros mal localizados e trilhos feito pelo gado, o que pro-voca o surgimento de sulcos de erosões, carreando solo para o manancial abaixo e diminuindo sensivelmente a capacidade de armazenamento de água.

A foto 5 mostra a realidade de muitas propriedades rurais.

A mesma situação de carreamento de solo para os mananciais ocorre com estradas rurais de terra mal conser-vadas. Após a ocorrência de uma forte chuva, o solo é car-reado para o córrego, pela falta de conservação e adequa-ção necessária. A largura e o comprimento de lançante contribuem em muito para o carregamento do solo para as nascentes e baixadas, conseqüentemente, assoreando os mananciais, foto 6.

Foto 5 - Erosão provocada pelos trilhos feitos por animais na busca por bebedouros e pela ausência de mata ciliar.

15- Adequação de Erosões

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Essa situação, evidenciada na foto 6, mostra como o processo de carreamento do solo para as baixadas tem uma evolução muito rápida e é acelerada a cada período de chu-va, culminando com a necessidade de realizar manutenção da estrada, ainda que mal planejada e com poucas experiên-cias práticas dos operadores dos municípios.

Diante dessa situação, o intuito deste caderno de estu-dos em conservação de solo e água é difundir algumas das técnicas de adequação de erosões adquiridas pelas expe-riências práticas e utilização de tecnologia aplicada pela CODASP na proteção, preservação e aproveitamento racio-nal dos recursos naturais renováveis.

Foto 6 - Estrada larga, barrancos altos e comprimento de lançante grande, dificultando drenagem das águas pluviais da estrada, servindo como verdadeiro canal escoador.

16 - Adequação de Erosões

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1 - PORQUE EFETUAR CONSERVA-

ÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA

O Brasil possui aproximadamente 12% da descarga fluvial de água doce do planeta, o que representa responsabi-lidade especial sobre a sua conservação e uso, de forma a garantir a disponibilidade em quantidade e qualidade para a atual e as futuras gerações.

A disponibilidade hídrica no território nacional se distribui de forma heterogênea variando de muito pobre a muito rica.

Grande parte dos corpos d'água do Brasil sofre proces-so de degradação: o desmatamento para atividades econômi-cas e/ou assentamentos humanos causa impacto negativo em áreas de nascentes e matas ciliares, comprometendo a conservação e a qualidade dos recursos hídricos.

A água é o recurso natural que está na base de todas as atividades sociais e econômicas, inclusive nos usos domésti-cos, agrícola e industrial, permitindo todo o ciclo produtivo, e sendo um insumo essencial para as suas atividades.

A busca de alternativas para o desenvolvimento tem sido uma permanente e crescente preocupação dos municípi-os, principalmente ao longo das últimas décadas, durante as quais privilegiou-se o processo de produção industrial e aden-samento populacional, desencadeando a pobreza, provocada também pela degradação ambiental que, em alguns casos, confunde-se com a própria degradação humana.

O Brasil, em termos conservacionistas, limita-se tecnica-mente à formulação de estratégias para controle isolado destinado à proteção do meio ambiente. No entanto, o tema deve exigir formas objetivas de defesa total da ecologia, pois a preservação da natureza, a proteção e melhoria das condi-ções para o homem, garantem segurança para o futuro da nossa sociedade, incluindo o crescimento contínuo e harmô-nico da atividade agrícola.

17- Adequação de Erosões

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Na ânsia de ganhar dinheiro e acumular capital, o homem esquece sua condição de ser social e dos compromissos que tem para com a sociedade e a natureza. Na busca da riqueza fácil e imediata, sob o manto enganador do cumprimento de sua tarefa produtiva, segue imolando o solo, despreocupado com o futuro e deixando de lado o quanto é importante o papel da agricultura e do meio rural perante a captação e retenção da água no solo, como forma de armazenamento e de alimentação de inúmeros mananciais.

Com isso passa a explorar o solo inadequadamente, acelerando os processos erosivos, aumentando a degradação do meio ambiente e reduzindo drasticamente a qualidade e quantidade de água.

As fotos 8 e 9 mostram o processo de erosão já avançado, causado pela contribuição de águas das propriedades vizinhas. A principal causa foi o uso do solo e ausência de controle das águas pluviais que foram acumulando em um único ponto, causando o sensível dano ambiental.

Foto 8 - Formação de banquetas de areia no leito do córrego, sem proteção de mata ciliar.

18 - Adequação de Erosões

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A série Soluções - Caderno de Estudos em Conservação do Solo e Água tem como principal objetivo dar suporte ao uso racional e sustentado dos recursos naturais renováveis, pois a conservação do solo, água, fauna e flora há muito deixou de ser um assunto estritamente dependente da ação governamental. Tornou-se uma preocupação tanto dos que vivem nas comunidades rurais como daqueles que habitam as grandes cidades. A todos cabe a iniciativa de criar mecanismos para a defesa do meio ambiente e promover a conscientização para o uso racional do solo e da água, pois, do contrário, não pode haver agricultura, nem alimento e, muito menos, vida.

Foto 9 - Desmoronamento de barrancos provocados por águas provenientes da bacia de contribuição.

19- Adequação de Erosões

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2 - MECANISMOS DA EROSÃO

Regra geral, em cerca de 90% do solo removido com a erosão há necessidade da presença da água sobre o terreno.

Esta água que cai sob forma de chuva exerce ação erosiva sobre o solo.

Estando desprotegido de vegetação ou mesmo das práticas conservacionistas, o solo sofre uma ação de desagregação com o impacto da gota de chuva, que depois arrasta-o, principalmente nos primeiros minutos da chuva.

A quantidade de solo arrastado depende muito do seu tipo, declividade do terreno e da intensidade da chuva. Dependendo do seu diâmetro, as gotas das chu-vas desagregam as partículas do solo e a velocidade do escoamento das águas arrastam grande quantidade de solo, chegando a ter uma percentagem na ordem de 0,25% a 5,5% de solo arrastado de acordo com o volume de água escoado, como demonstrado pelas figuras 1 e 2 e as fotos de 10 a 14.

Figura 1 - Impacto da água de chuva na superfície do solo.Fonte: Controle de Erosão, 2ª edição, janeiro de 1990 - SEA/DAEE.

20 - Adequação de Erosões

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Figura 2 - Erosão por escoamento laminar e escoamento concentrado, formando sulcos na superfí-cie do terrenos.Fonte: Controle de Erosão, 2ª edição, janeiro de 1990 - SEA/DAEE.

Foto 10 - Situação em que ficou a estrada rural após uma forte chuva, evidenciando a quantidade de solo arrastado para o fundo de vale e baixadas.

21- Adequação de Erosões

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Foto 11 - Água barrenta, caracterizando que junto com água está sendo carreado grande quantidade de solo.

Foto 12 - Propriedade sem prática de conservação de solo, no qual o volume de água acumulado, foi conduzido para um único local, dando início a formação de uma grande erosão.

22 - Adequação de Erosões

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Foto 13 - Erosão provocada pelo mal uso de equipamento e técnicas inadequadas utilizadas pelas Prefeituras Municipais na manutenção nas estradas.

Foto 14 - Assoreamento de baixada, provocado pelas águas pluviais onde fora canalizada o escor-rimento superficial com arrastamento de solo.

23- Adequação de Erosões

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2.1 - Fatores que afetam e levam à formação de erosão.

O tipo de terraço a ser construído nem sempre é o recomendado para aquelas condições;

2.1.1 - Causadas por forças ativas:! Características da chuva;! Declividade do terreno;! Capacidade que o solo tem em absorver a água

da chuva;! Resistência que exerce o solo à ação erosiva da

água por suas características físicas e químicas;! Natureza e densidade de vegetação que o terreno

tem.2.1.2 - No trabalho propriamente dito com o solo:

! Falta de conservação de solo nas cabeceiras das propriedades;! Preparo inadequado do terreno nas épocas de

plantio; ! Desconhecimentos das técnicas de conservação

do solo;! Ausência de reconhecimento das áreas antes do

início dos trabalhos;! Inadequado dimensionamento das obras a serem

executadas;! Desconsideração dos tipos de solo para as reco-

mendações do controle de erosão;! Construção de terraços com espaçamento grande

e às vezes com equipamentos impróprios;! Desconsideração das áreas de contribuição para o

dimensionamento das obras a serem executadas;!

! Divisão de pastagens mal planejada pelos propri-etários

! Época de realização dos serviços nem sempre é a mais indicada para a execução;

24 - Adequação de Erosões

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! Por vezes, no dimensionamento da obra, descon-sidera-se a topografia;

! Obras não concluídas ou realizadas em desacor-do com a recomendação técnica em razão da descapitalização dos proprietários;! Falta de conhecimento da capacidade de uso do

solo;! Construção de terraço em desnível sem conheci-

mento do tipo de solo;! Estradas rurais vicinais de terra e asfaltadas são

caminho para erosões se não forem construídas com critério.

As fotos 15, 16 e 17 mostram situações da realidade em propriedades que não levam em consideração as práticas de conservação do solo e da água.

Foto 15 - Propriedades rurais que não utilizam práticas conservacionistas de solo. Observa-se a falta de planejamento provocando erosões.

25- Adequação de Erosões

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Foto 17 - Areião na baixada provocado pelo escorrimento superficial das águas, que arrasta o solo da estrada, por não ser adequadamente controlada. Nesse caso, a estrada passa a ser um canal escoadouro das águas pluviais.

Foto 16 - Propriedade com exploração da bovinocultura extensiva em grandes áreas, onde aparecem os sulcos de erosão provocados pela concentração de águas pluviais.

26 - Adequação de Erosões

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2.1.3 - Uso e manejo do solo.

No uso e manejo do solo deve ser avaliada a relação esperada entre as perdas de solo de um terreno cultivado em dadas condições e as perdas correspondentes de um terreno mantido continuadamente descoberto e/ou cultivado.

O preparo inadequado do solo pode deixar a superfície do terreno bastante irregular ou lisa e, assim, a eficácia de reduzir a erosão depende da quantidade de chuvas que ocorre durante certo período, conforme mostram as fotos 18, 19, 20, 21 e 22 a seguir:

Foto 18 - Resultados de práticas de conservação de solo sem dimensionamento correto, utili-zando equipamentos com implementos inadequados para este tipo de solo nesta declividade do terreno.

27- Adequação de Erosões

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Foto 19 - Propriedade rural erodida pela falta de conservação de solo e pelo recebimento de águas pluviais advindas da estrada situada na cabeceira da propriedade.

Foto 20 - Situação da propriedade totalmente desprotegida de conservação de solo e com sulco de erosão formado pelos trilhos de gado, em função do mal manejo de pastagem, observando-se açude assoreado em razão de recebimento do solo.

28 - Adequação de Erosões

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Foto 22 - Trabalho realizado incorretamente, onde a água das chuvas estão sendo conduzidas diretamente para a propriedade e com certeza provocará uma nova erosão logo abaixo.

Foto 21 - Trabalho mal realizado ocasionando erosão e grandes prejuízos ambientais com o assoreamento provocado pelo rompimento das estruturas de contenção construídas de forma inadequada.

29- Adequação de Erosões

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CLASSE DE DECLIVE %

ÁREA %

PERDA SOLO (t/ha/ano)

56

32

10

Maior que 40

2

80 100

Quadro 1: Estimativa de perda de solo em função da declividade do terreno

Nota: Os dados apresentados acima referem-se a média de perda de solo baseado nos estudos do IAC, através de escala universal de perda de solo com periodicidade de chuva no ano de 550 a 1.200 lm/ha x mm/ha/ano.

3 - COMO EVITAR E CONTROLAR A

EROSÃO

A erosão está ameaçando São Paulo, atingindo níveis críticos em pelo menos 183 municípios do Estado, onde áreas extensas se tornam impróprias para a agricultura, causando sérios riscos para os mananciais. A situação exige algumas providências, dentre as quais a adoção de um conjunto de práticas que venha trazer algum melhora-mento, provocando profundas mudanças no conceito de conservação do solo e da água.

Este caderno contempla ampla metodologia de trabalhos práticos em conservação do solo, através de práticas mecânicas e vegetativas conservacionistas do solo e da água.

Sua finalidade é a proteção do solo e, principalmente, a reservação de água, bem como propiciar instrumento de desenvolvimento econômico-social através das várias práticas adotadas.

Os quadros 1 e 2 mostram o potencial de erosão que ocorre no Estado de São Paulo. Ressaltamos que pode ocorrer maior ou menor índice, dependendo de vários fatores climáticos, físicos e edáficos de cada local ou região.

0 – 15

15 – 25

25 – 40

50 100

0 50

100 150

30 - Adequação de Erosões

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Fonte: Controle de Erosão em Estradas Rurais; Boletim técnico 207 - janeiro de 1992.

Para se obter um resultado satisfatório, com solo proporcionando produção, manancial sendo abastecido com água de qualidade e com ganhos ambientais expres-sivos, temos que ter sempre em mente o desenvolvimento de trabalhos, tais como:

!

!

!

!

!

!

Práticas Mecânicas:! Subsolagem em áreas compactadas;! Plantio em nível e direto das culturas;

Práticas Edáficas: Manutenção da cobertura vegetal Evitar e controlar as práticas de queimadas; Evitar o desmatamento das áreas impróprias para

a exploração agrossilvopastoril; Adequar as propriedades rurais quanto ao uso e

ocupação do solo; Realizar corretamente divisão de pastagens, não

deixando ocorrer o excessivo pisoteamento do solo pelos animais;

Dividir o tamanho das pastagens, dimensionando bebedouros e cochos à exploração pecuária, evitando formação de trilhos provocados pelo caminhamento do rebanho.

COMPRIMENTO DE RAMPA

(Metros)

PERDAS DE

SOLO(t/ha) ÁGUA(%CHUVA)

25

50

100

13,90

19,90

32,50

13,60

10,70

2,60

Quadro 2: Perdas de solo e água no processo de escorrimento superficial provocadas pelas águas pluviais, em razão do comprimento de rampa.

31- Adequação de Erosões

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! Cultivo mínimo das explorações;! Terraceamentos das áreas em risco e sujeitas ao

escorrimento superficial das águas das chuvas;! Adequar a locação, construção e manutenção de

barragens, estradas, carreadores, caminhos e ca-nais de irrigação aos princípios de conservação do solo e da água;! Efetuar proteção das cabeceiras das nascentes

com as práticas mecânicas, vegetativas e edáficas de conservação do solo e água.

Conforme a figura 3, o controle da erosão em toda a bacia de contribuição de água da voçoroca é necessário para evitar que a enxurrada tenha na voçoroca um canal escoadouro. Isso pode ser obtido com sistema de terracea-mento, canais escoadouros ou divergentes, plantio em nível, cobertura vegetal ou outras práticas que deverão ser implantadas em todas as áreas, à montante e laterais, da bacia de contribuição da voçoroca.

cerca

dreno

terraços

limite da área demovimento de terra

limite da voçoroca

Figura 3 - Controle de erosão na bacia de contribuição de água da voçoroca.Fonte: Manual CATI, nº 42 - julho 1994.

32 - Adequação de Erosões

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As fotos 23, 24 e 25 mostram trabalhos realizados cor-retamente, levando em consideração todas as recomenda-ções necessárias para se obter um resultado satisfatório, não ficando restritos às divisas de propriedades e, principalmente, tendo a conscientização dos proprietários da necessidade de efetuar as práticas conservacionistas de solo e da água.

A figura 4 demonstra as dimensões recomendadas na construção de terraços embutidos.

Figura 4 - Terraço embutido em nível, construído com trator de esteiras FIAT AD7B - Declividade do terreno: 4,5% - Seção máxima: 4,95m² - Seção útil: 3,08m² (0,15m de borda livre).Fonte: Codasp - Manual Técnico de Motomecanização Agrícola - outubro/1994.

N.A. 6,54m

5,52m 4,53m1,02

0,8

8

0,7

30

,15

3,88m3,89m

FAIXA TRABALHADA 11,27m

Foto 23 - Área totalmente terraceada, realizando os trabalhos corretos para o controle da erosão.

33- Adequação de Erosões

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Foto 24 - Trabalho conjunto de adequação de estradas rurais e terraceamento das propriedades situadas ao longo do trecho da estrada adequada, trabalho este considerado como o ideal.

Foto 25 - Trabalhos realizados com a prática de terraceamento, não permitindo que as águas pluviais escoem, ao contrário, serão captadas e armazenadas, infiltrando-se lentamente no solo.

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4 - CUIDADOS NECESSÁRIOS NO

CONTROLE DE EROSÕES

As considerações a seguir deverão ser levadas em conta no processo de controle e adequação das erosões, pois são de fundamental importância para obter sucesso nas ações.

! Identificar como se iniciou o processo erosivo da área ou do local;

! Identificar se a erosão existente já atingiu o lençol freático;

! Verificar a necessidade de obter licença ambiental para início do processo de controle da erosão;

! Analisar o tamanho da erosão existente e a área da bacia de contribuição;

! Saber a área da bacia hidrográfica onde está situada a erosão e a área à montante dos traba-lhos a serem executados;

! Conhecer o índice pluviométrico da região e, se possível, do local da erosão;

! Conhecer as causas do início do processo erosivo com os proprietários situados ao redor do local;

! Identificar o tipo de solo da região ou do local da erosão;

! Saber do manejo do solo na bacia de contribuição;

! Identificar cobertura vegetal atual ou tipo de explo-ração;

! Saber a declividade do terreno onde está situado a erosão e se possível da bacia de contribuição.

4.1 - Antes de iniciar os trabalhos:

35- Adequação de Erosões

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4.2 - Na execução dos trabalhos:

! Verificar quais são tipos de serviços a serem execu-tados (dimensionamento das obras) - barragem, bacias de captação, terraços, subsolagem, escarifi-cação;

! Analisar custo das obras e fonte de recursos;

! Analisar custo benefício das obras a serem execu-tadas;

! Efetuar recomendações pós-execução dos servi-ços (cuidados a serem tomados para dar sustenta-ção nas obras realizadas: plantio de gramíneas e mesmo plantas vegetativas, isolamentos das obras recuperadas e outras técnicas, dependendo dos trabalhos a serem executados).

4.3 - Na manutenção dos trabalhos realizados:

A estratégia para se atingir o objetivo de reduzir a erosão é estabelecer o manejo mais racional do solo.

Para aumentar a cobertura vegetal e a infiltração de água no solo, a ação deverá estar centralizada no aprovei-tamento racional das águas pluviais, dando às áreas traba-lhadas a segurança necessária.

Para isto é necessário tomar os cuidados, visando a sustentabilidade das obras, realizando:

! Plantio de gramíneas (sementes ou mudas);

! Plantio de plantas vegetativas;

! Isolamento das obras recuperadas;

! Recuperação da fertilidade do solo (adubações quí-mica e orgânica);

! Outras técnicas recomendadas especificamente para o local trabalhado.

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5 - RECOMENDAÇÕES PARA O CONTROLE E ADEQUAÇÃO EM EROSÕES RURAIS

Os trabalhos realizados pela CODASP em áreas

degradadas se baseiam em recomendações, orientações e

observações citadas anteriormente.

Antes do início dos trabalhos, são analisados estudos

dos dados preliminarmente levantados e são elaborados as

recomendações dos serviços mais indicados e quais devem

ser executados, visando amenizar os problemas encontra-

dos.

Os trabalhos podem ser executados com o emprego de

diferentes técnicas, no entanto, normalmente é escolhida

aquela que durante anos de experiência se revelou a mais

eficiente. O bom senso, aliado à experiência, é o que definirá

a sistemática de trabalho a ser adotada em cada situação.

É muito importante o profissional ter uma certa prática

neste trabalho e ser bastante coerente nas recomendações a

serem feitas, pois o desenvolvimento de técnicas que permi-

tem o aumento da eficiência das práticas de conservação de

solo está estritamente relacionado à prática de trabalhos já

executados e análise do custo da obra, para verificar se será

viável economicamente a execução dos trabalhos recomen-

dados.

A figura 5, a seguir, representa esquematicamente o

planejamento do controle de erosão, no qual, baseado nos

dados coletado a campo, dimensionou-se a área de contribu-

ição das águas pluviais, com respectivas técnicas a serem

adotadas.

37- Adequação de Erosões

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Os trabalhos realizados permitem demonstrar os resul-tados obtidos através de um dimensionamento considerando as variáveis existentes na área da bacia, possibilitando a implantação de controle e adequação das erosões de forma mais racional. Permitem também fazer algumas recomenda-ções para controle de erosões, conforme fotos 26 a 37.

Figura 5 - Esquema planejado para o controle da erosão em uma voçoroca.

1 VOÇOROCA PRINCIPAL

2 VOÇOROCA SECUNDÁRIA

3 ÁREA A TERRACEAR

4 DIVISOR DE ÁGUAS

5 NASCENTES

6 INSTALAÇÃO DE DRENOS

7 ABATIMENTO DE TALUDES TERRAÇO

BACIA DE CAPTAÇÃO

PEQUENA BARRAGEM,BEBEDOURO OU TRAVESSIA

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Foto 27 - Neste caso os trabalhos foram executados na área à montante, visto que a erosão foi iniciada devido à água de contribuição vinda da rodovia asfaltada.

Foto 26 - No seu controle foi dado como prioridade a cabeceira, isto é, trabalhos de conservação de solo nas áreas à montante da erosão para depois efetuar sua adequação.

39- Adequação de Erosões

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Foto 28 - Área onde existia uma erosão muito grande, sendo necessário terracear a área total, construíndo as bacias de captação, dimensionando extravasores, disciplinando o excesso de águas, conduzindo corretamente em canal drenante isolado, plantado com gramínea. Hoje a área voltou a ser utilizada normalmente.

Foto 29 - Recuperação de um manancial quando se aplica e realiza corretamente trabalhos de conservação de solo. Antes a barragem estava totalmente assoreada pelo solo depositado vindo de montante. Após traba-lhos concluídos, verifica-se a recuperação da nascente, aparecendo água e a barragem resurge novamente.

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Foto 30 - Trabalhos executados em parte de uma propriedade visando o controle da erosão, utilizando sistema de terraceamento e bacias de captação.

Foto 31 - Trabalhos realizados no controle parcial de erosão, procurando interromper a entrada de águas pelas áreas de contribuição.

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Foto 32 - Trabalhos executados através da prática de terraceamento, protegendo a cabeceira de uma das nascentes do córrego, onde já estava iniciando o processo de formação de uma erosão.

Foto 33 - No fundo já estava sendo formada uma erosão e com os trabalhos de conservação de solo (terraceamento) conseguiu-se impedir sua progressão. Hoje, após vários anos, tem-se uma propriedade estabilizada sem erosões, mas há necessidade de efetuar a sua conservação.

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Foto 34 - Trabalhos de conservação de solo através da prática de terraceamanto em uma das propriedades do Pontal do Paranapanema.

Foto 35 - Trabalhos de terraceamentos executados com equipamento tipo trator de esteira.

43- Adequação de Erosões

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Foto 36 - É possível paralisar a progressão de erosão, efetuando trabalhos de conservação de solo através da prática de terraceamento, impedindo que águas pluviais acumulem em um único ponto, gerando um grande volume e com sua velocidade, arrastem muito solo para os mananciais. Esse trabalho foi realizado em função de proteger primeiro a cabeceira da erosão.

Foto 37 - Trabalhos executados em práticas de conservação de solo, necessário para impedir o escorri-mento superficial das águas pluviais evitando assim o inicio da formação de erosão.

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As fotos 38 e 39 são de trabalhos de adequação de estradas rurais vicinais de terra, através de um dimensio-namento considerando as variáveis existentes na área da bacia, o que possibilitou uma implantação de controle e adequação de erosões mais racionais. Evita-se o carre-gamento de solo para o fundo de vales, contribuindo para a captação, armazenamento e infiltração das águas pluviais, permitindo alimentar o lençol freático.

Quando o processo de erosão é provocado pelas estradas rurais, o volume de solo carregado aos manan-ciais é muito grande, necessitando um trabalho muito bem planejado, com a adoção de algumas técnicas pri-mordiais para o controle da erosão, pois as estradas rurais são as responsáveis pela maioria das erosões existentes no Estado de São Paulo.

Foto 38 - Antes do início dos trabalhos de adequação de estradas com formação de erosão marginal.

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Após trabalhos realizados na adequação da estrada rural que estava contribuindo para existência da erosão, optou-se pelo abatimento de barrancos, aterrando a erosão que existia. Bacias de captação e armazenamento das águas pluviais foram construídas onde esta água que antes trazia prejuízos e danos ambientais, hoje com certeza, será conduzida nas estruturas construídas, armazenada e lentamente irá infiltrar-se, abastecendo o lençol freático. O trabalho realizado proporcionará o surgimento de minas ou ainda recuperará as que existiam e foram assoreadas, permitindo aumentar a vazão do córrego situado abaixo e que antes recebia somente solo carreado pelas águas das chuvas.

Para execução de trabalhos em erosões já existentes e com grande área degradada, o controle e adequação exigem uma tecnologia muito apropriada ao tipo de solo, lençol freático aflorado ou não, necessitando de cuidados especiais e de projeto específico.

Foto 39 - Após conclusão dos trabalhos realizados na adequação com contrução de bacias de captação.

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Nos casos de proprietários que não se responsabili-zam pelas práticas conservacionistas, utilizando uma exploração inadequada, com o surgimento de erosão, é necessário efetuar trabalhos de terraceamento da área, indicando qual seria a melhor utilização.

O processo de erosão numa propriedade, geralmente inicia-se em local mais baixo, podendo ser com águas pluviais da própria propriedade ou com a contribuição vinda de propriedades localizadas acima.

Nada adianta executar serviços isolados e querer impedir a progressão da erosão sem que as outras proprie-dades também executam tais serviços, uma vez que o correto é efetuar trabalhos conjuntamente, desprezando divisas e iniciando pelo divisor das águas.

As fotos de 40 a 46 mostram várias situações do estágio que se encontram as erosões e as possíveis recomendações para sua adequação.

Foto 40 - Seu controle exige uma tecnologia adequada devido ao tipo de solo, afloramento do lençol freático e áreas de contribuição de águas pluviais, havendo necessidade de análise do custo benefício.

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Foto 41 - Propriedade que não adotou práticas conservacionistas, utilizando exploração não recomenda-da e sem trabalhos conservacionistas, possibilitando o aparecimento de erosão, sendo necessário adotar práticas de terraceamento e construção de bacias de captação, procurando disciplinar as águas pluviais.

Foto 42 - a evolução da erosão, necessi-tando do controle para não progredir. Deve-se efetuar o terraceamento à montante da erosão iniciada.

Outra erosão devido a falta de conservação do solo, notando-se

48 - Adequação de Erosões

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Foto 43 - A formação de vários sulcos de erosões, provocadas pela águas pluviais vinda de uma estrada rural situada acima e no divisor, onde despeja toda água da estrada para a propri-edade. É necessário adequar a estrada para depois efetuar os trabalhos de contenção desta erosão, com construção de bacias de captação e terraceamento da área toda.

Foto 44 - Resultado da construção de uma estrada mal localizada e os danos ambientais provocados, além do volume de solo arrastado e assoreamento do manancial abaixo, necessitando adequar primeiro a estrada para depois realizar trabalhos de conservação de solo.

49- Adequação de Erosões

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Foto 46 - Manancial que após ter recebido uma carga muito grande de solo, assoreou completamente e não tendo água suficiente, interrompe o leito normal do córrego, a água infiltra na areia trazida pelo assore -amento e metros à jusante surge novamente o riacho, sendo necessário isolar e plantar mata ciliar.

Foto 45 - Evidencia a quantidade de solo arrastado para o manancial pela falta de adoção das práticas con-servacionistas de solo e da água (assoreamento e formação de banquetas). Para correção efetuar trabalhos como: terraceamento da área de contribuição, implantação de mata ciliar e isolamento das margens do córrego.

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Quadro 3: Potencial natural de erosão sem ou com traba-lhos de conservação de solo.

6 - RESULTADOS E PROPOSTAS

A proposta deste caderno técnico é contribuir para o

desenvolvimento econômico ambiental do Estado de São

Paulo e especialmente do Pontal do Paranapanema,

visando o desenvolvimento sustentável, com o propósito

de promover e orientar trabalhos na busca de objetivos

comuns, compartilhando custo e benefícios, estimulando e

promovendo difusão e transferência de tecnologia através

de diversos métodos, garantindo assim resultados satisfa-

tórios e muito significativos.Os quadros abaixo mostram resultados alcançados em

trabalhos realizados após implantadas as práticas mecâni-cas no controle do escorrimento superficial.

Quadro 4 - Efeito da direção de trabalhos culturais com utiliza-ção das práticas conservacionistas em culturas anuais.

Classe dedeclive de terreno %

Perda de solo ( t/ha/ano )

0 – 20 20 – 50 50 – 80 0 – 70

Classe de declive do terreno %

Perda de solo ( t/ha/ano )

0 0 – – 15 15 15 15 – – 25 25 25 25 – – 40 40

Maior Maior – – 40 40

0 – 50 50 – 100

100 –– 150

80 100

Potencial natural de erosão sem a realização dos trabalhos

Potencial natural de erosão após Implantação dos trabalhos

Fonte: Manual Técnico, vol. IV, CATI nº 41, 1993

Plantio em nível

§ Aumento da produtividade-18% a 23,5%

§ Rendimento dos equipamentos- 12,8%

§ Rendimento econômico- 9,40%

§ Redução perda de solo- 50%

§ Redução perda de água- 30%

§ Ganho de 4 a 6 % nas áreas trabalhadas

Resultados obtidos quando utiliza as práticas conserva-cionistas de solo/água

51- Adequação de Erosões

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As fotos 47 a 51 mostram os trabalhos executados há vários anos em áreas que antes só se avistavam erosões, sem nenhuma exploração, e que voltaram a ter uma estabilidade eficiente, permi-tindo segurança total da obra concluída e, com certeza, uma dura-bilidade maior, exceto se o homem ou eventos externo da nature-za provocarem alterações dos trabalhos executados.

Foto 48 - Trabalhos realizados em captação de águas pluviais provenientes de uma estrada rural .

Foto 47 - Trabalhos realizados no controle de erosão de cabeceira de uma nascente.

52 - Adequação de Erosões

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Foto 50 - Visão geral da execução de um dos trabalhos implantados com o objetivo de dar estabilida-de e segurança em áreas de cabeceira de nascentes bem como a recuperação de mata ciliar através da contenção de uma erosão existente e que foi adequadamente controlada.

Foto 49 - Trabalhos realizados para captar, armazenar e disciplinar o excesso das águas pluviais.

53- Adequação de Erosões

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Assim, o controle adequado de erosões, com dimensio-

namentos corretos e adequados à tecnologia mais recomen-

dada, possibilitam a recuperação de áreas que antes eram

improdutivas e, com os trabalhos realizados, se tornam

adequadas à exploração racional, proporcionando a susten-

tabilidade da própria propriedade, dependendo ainda do tipo

de exploração e do tamanho da mesma.Quando se tratar de trabalhos em projetos mais com-

plexos, devem ser respeitadas as características da Bacia Hidrográfica como um todo, compreendendo de uma forma geral, as seguintes etapas:

6.1 - Levantamentos básicos:

- Levar em consideração o quadro a seguir;

Foto 51 - Trabalhos executados com tecnologia CODASP, onde a água de contribuição vinda de propriedades situadas à montante, são conduzidas para drenagem lateral, permitindo estabilidade na obra , garantindo tráfego seguro para os usuários da estrada.

54 - Adequação de Erosões

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uso apropriado do solo.As diferentes classes de capacidade de uso, indicam a

maneira como as técnicas básicas e a ciência do uso da terra, podem ser evidenciadas de uma forma simples e fácil de compreender, conforme demonstra a figura 6 a seguir.

Levantamento do uso e manejo atual do solo e identificação de pontos críticos.

Levantamento do meio físico, segundo a capacidade de uso do solo.

Levantamento fitosociológico.

Estudo Hidrológico da Bacia.

Atividades Descrição

Condições e características:do solo, do uso atual, do clima, da hidrologia, das sócio-economicas e aptidões culturais da região.

Mapeamento hidrológico, previsão da pluviometria local e da utilização de água.

Plano para controle de erosão, mecanização agrícola utilizada, classificação da clase de uso do solo, forma de relevo e classes de declividade do terreno.

Levantamento Planialtimétrico.

Declividade, existência de erosão, mecanização agrícola, tipo de solo, mapeamento das características climáticas e geológicas e tipo de explorações existentes.

Caracteristica do solo (textura, relevo, classe de uso atual) e diagnóstico do processo erosivo.

No planejamento das propriedades é importante a elaboração ainda que preliminar de mapas de classificação de capacidade de uso do solo, que orientará certas glebas a uso específicos ou mesmo certas práticas ou medidas para

55- Adequação de Erosões

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56 - Adequação de Erosões

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A capacidade de uso do solo dá idéia das possibilidades e limitações da terra, conceituando a sua adaptabilidade para diversos fins.

As classes de capacidade de uso do solo demonstradas na figura 6 podem ser exploradas sem causar danos consideráveis por desgastes e empobrecimento do solo, assim utilizados:

Classe I: terras cultiváveis aparentemente sem problemas especiais de conservação.

Classe II: terras cultiváveis, com problemas simples de conservação.

Classe III: terras cultiváveis com problemas complexos de conservação.

Classe IV: terras cultiváveis apenas ocasionalmente ou em extensão limitada, com sérios problemas de conservação.

Classe V: terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento, sem necessidade de práticas especiais de conservação, cultiváveis em casos muito especiais.

Classe VI: terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento, com problemas simples de conservação, cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes protetoras do solo.

Classe VII: terras adaptadas em geral somente para pastagens ou reflorestamento, com problemas complexos de conservação.

Classe VIII: terras impróprias para cultura ou reflorestamento, podendo servir apenas como abrigo e proteção da fauna silvestre, como ambiente para recreação, ou para fins de armazenamento de água.

A análise da capacidade de uso do solo visa ao estabelecimento de bases para a formulação de planos e recomendações com respeito as melhores relações entre o homem e a terra.

Assim, antes de formularmos planos ou mesmo recomendações temos de perceber o sentido e a amplitude que se procura.

57- Adequação de Erosões

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6.2 - Análise de dados

Nesta fase, são analisados os resultados dos levanta-

mentos básicos, considerando principalmente:! Mapa planialtimétrico;! Mapa de uso do solo;! Mapa de capacidade de uso do solo.

6.3 - Diagnóstico

Após levar em consideração as prioridades do tipo de

utilização em relação à capacidade de uso do solo, através do

diagnóstico das análises dos resultados levantados, é que

podemos planejar a utilização racional dos recursos naturais

renováveis, através de:

Síntese dos resultados;

Alternativas de uso e manejo do solo;

Alternativas de aproveitamento da água;

Instrumentos institucionais.

6.4 - Elaboração de projeto

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Após os estudos realizados, com definições ajustadas

e de posse dos seguintes elementos :! Classificação do solo em termos de suas caracte-

rísticas;! Classificação do solo em termos de seu uso atual

e suas características;! Classificação do solo expressando suas potencia-

lidades para diversos usos.

Deve ser elaborado um projeto baseado nos levanta-

mentos dos dados obtidos, com as possíveis recomenda-

ções para diversas utilizações mais racionais.

A figura 7 mostra, como exemplo, um planejamento que

se deve adotar.

58 - Adequação de Erosões

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6.5 - Cronograma de execuçãoObjetiva-se a implantação propriamente dita após

conclusão das análises das recomendações, podendo se-guir as seguintes atividades:

! Práticas mecânicas para conservação do solo e da água, a serem executadas, preferencialmente, no período de estiagem;! Práticas de recomposição vegetativas, a serem

executadas, preferencialmente, no período de chu-vas de cada ano;! Educação ambiental, orientada para a conserva-

ção do solo e da água, antes, durante e depois da execução dos trabalhos;! Monitoramento ambiental durante o período de

execução e até um a dois anos, dependendo da dimensão dos trabalhos realizados.

A avaliação dos resultados decorrentes das ações implementadas será pela efetividade das decisões toma-das, levando em consideração:

! Conhecimento técnico;! Alternativas diferenciadas;! Conhecimento real no trato com o solo e água.

Com estas propostas, com certeza estaremos minimizando o assoreamento dos cursos d'águas, melhorando a qualidade e quantidade das águas e utilizando corretamente o solo.

Diante dos resultados obtidos e pela vivência prática nos trabalhos de conservação do solo e água, planejamos novas pub l i cações do Cade rno de Es tudos em Conservação do Solo e Água, com ênfase especial na recuperação e manutenção de mananciais superficiais, registrando o conhecimento técnico-prático acumulado pela CODASP em seus 78 anos de experiência.

60 - Adequação de Erosões

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REFERÊNCIAS

BOLETIM TÉCNICO - CAIC. Conservação de solo em microbacias, São Paulo: CAIC, n. 01. mar. 1987.

BOLETIM TÉCNICO - CATI. Controle de Erosão em Estradas Rurais. Campinas: CATI, n. 207. jan. 1992.

BOLETIM TÉCNICO - CATI. Terraceamento Agrícola. Campinas: CATI, n. 206, jan. 1994.

CANIL, K.; IWASA, O. Y.; RIDENTE, J. L.; MADUREIRA, S. R. A Dinâmica dos Processos de Erosão - Sedimentação na Bacia do Ribeirão do Areia Dourada e o Impacto nos Recursos Hídricos da Bacia do Santo Anastácio, SP. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE CONTROLE DE EROSÃO, 6. 1998. Presidente Prudente. Resumos... Presidente Prudente: ABGE, 1998. p. 29 - 34.

GANÂNCIO, V. J. C.; GOMES, F. L.; LAPERUTA, J. E.; MORETE, R. C. B. S.; FONSECA, C. A. J. Projeto de Recuperação do Balneário da Amizade, SP. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE CONTROLE DE EROSÃO, 6. 1998. Presidente Prudente. Resumos... Presidente Prudente: ABGE, 1998. p. 57 - 67.

MARQUES, J.Q. de A. (coord.). Manual brasileiro para levantamento da capacidade de uso da terra. [S.I.]: Escritório Técnico de Agricultura Brasil-Estados Unidos, 1971.

SÃO PAULO (Estado) Secretaria de Agricultura e Abastecimento - Manual Técnico de Manejo e Conservação de Solo e Água: tecnologia disponíveis para controlar o escorrimento superficial do solo, Campinas: CATI 1993 (Manual Técnico, v. 4; n 41).

SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Manual técnico de manejo e conservação do solo e água: tecnologias disponíveis para implementação: Campinas: CATI, 1994. (Manual Técnico, v. 5, n. 45).

SÃO PAULO (Estado) Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Manual Técnico de Motomecanização Agrícola. São Paulo: Codasp,

SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Energia e Saneamento. Controle de erosão: bases conceituais e técnicos. 2. ed. São Paulo: DAEE, 1990.

ZOCCAL, J. C. Controle de erosão em estradas rurais variante da estrada - trecho AVM-150. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE CONTROLE DE EROSÃO, 6. 1998. Presidente Prudente. Resumos... Presidente Prudente: ABGE, 1998. p. 45 - 46.

1994.

61- Adequação de Erosões

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Escritório CentralAv. Miguel Stéfano, 3.900 - Água Funda - São Paulo

Engº Agrº Nelson de Oliveira Matheus JuniorTel: (11) 5077-6503 / Fax: (11) 5073-1104 - CEP: 04301-903

E-mail: [email protected]

Centro de Negócios de BauruAv. Rodrigues Alves, quadra 38, s/nº - BauruGerente: Engº Agrº Heraldo Luiz Cezarino

Tel/Fax: (14) 3203-3639Fax: (14) 3203-3097 - CEP: 17030-000

E-mail: [email protected]

Centro de Negócios de CampinasAv. Brasil, 2.100 - Campinas

Gerente: Engº Agrº Mauro Pimenta Filho Tel: (19) 3241-7588 Fax: (19) 3241-7941 - CEP: 13070-178

E-mail: [email protected]

Centro de Negócios de Presidente PrudenteRod. Raposo Tavares, km 564 - Pres. Prudente

Gerente: Engº Agrº José Cézar ZoccalTel/Fax: (18) 3222-2777- CEP: 19053-000

E-mail: [email protected]

Centro de Negócios de São José do Rio PretoAv. Lineu de Alcântara Gil, 4.877 - S. José do Rio Preto

Gerente: Engº Agrº Pedro Márcio PossatoTel/Fax: (17) 3218-1800 - CEP: 15075-000

E-mail: [email protected]

Endereços e contatos da CODASPSite: www.codasp.sp.gov.br

62 - Adequação de Erosões

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Soluções Caderno de Estudos em Conservação do Solo e Água é uma publicação destinada a divulgar as experiências prá- ticas ocorridas no dia a dia e acumuladas ao longo dos 78 anos da CODASP.

Neste primeiro número é abordado o tema Adequação de Erosões - Causas, Conseqüências e Controle da Erosão Rural. Está organizado em capítulos que tratam de assuntos como: porque efetuar conservação do solo e da água; mecanismo da erosão; como evitar e controlar a erosão; cuidados necessários no controle de erosões, recomendações para o controle e adequação em erosões rurais e resultados e propostas.

Com esta publicação esperamos contribuir com técnicos, pro-dutores rurais, ambientalistas, professores e estudantes de diversas áreas interessados em ampliar os seus conhecimen-tos técnico-práticos sobre adequação de erosões.

JOSÉ CEZAR ZOCCAL é Engenheiro Agrônomo, formado pela Escola de Engenharia Agronômica, da Faculdade de Agro- nomia e Zootecnia “Manoel Carlos Gonçalves”, de Espírito Santo do Pinhal, Estado de São Paulo, em 1975.

Trabalhou na Secretaria da Agricultura do Estado de Minas Gerais, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER-MG), no período de maio/1976 a fevereiro/1987, exercendo a função de coor- denador local nas atividades de assistência técnica e extensão rural nos municípios de Silvianópolis, Andradas e Iturama. Atuou diretamente em projetos de irrigação e drena-gem, projetos de desenvolvimento de culturas anuais, fru-ticultura e olericultura, projetos de conservação de solo e da água e em projetos de irrigação por inundação de várzeas.

Desde maio de 1987 trabalha na CODASP, sendo responsável atualmente pelo Desenvolvimento Gerencial do Centro de Negócios de Presidente Prudente.

Nos anos de 2002 e 2003, gerenciou o Programa de Ade- quação de Estradas Rurais no Norte de Minas Gerais e Sudeste da Bahia, em convênio com a Agência Nacional de Águas (ANA), na bacia hidrográfica do Rio Verde Grande, principal afluente do Rio São Francisco, atendendo 26 mu-nicípios nesses dois estados.