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O DIREITO À EDUCAÇÃO SUPERIOR DE QUALIDADE E SEUS REFLEXOS
COMPARATIVOS
LO DERECHO A EDUCACIÓN SUPERIOR DE LA CALIDAD Y SUS REFLEJOS COMPARATIVOS
ADALBERTO SIMÃO FILHO
Lucas de Souza Lehfeld
RESUMO A educação com qualidade, nos termos do art. 205, é direito de todos e dever do Estado e da família,
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Como direito fundamental, o
acesso à educação de qualidade é fator crucial para o desenvolvimento socioeconômico de um país,
havendo, portanto, a necessidade de implementação de um sistema de avaliação e reavaliação do ensino
superior condizente com o crescente processo de internacionalização do conhecimento. A partir da análise
crítico-reflexiva dos objetivos propostos pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior –
SINAES, levando-se em consideração a experiência internacional da Declaração de Bolonha na
Comunidade Européia e seus reflexos no ensino público-privado, verifica-se que a obtenção de uma
educação superior com qualidade, em especial na área jurídica, compreende a necessidade de se adotar, por
parte dos gestores das instituições de ensino, preceitos éticos, organizacionais e gerenciais bastantes ao
enfrentamento das exigências do mercado, sem detrimento da responsabilidade social que essas entidades,
sejam públicas ou privadas, possuem na formação acadêmico-profissional do aluno e também do docente.
PALAVRAS-CHAVES: SINAES; Bolonha; Direito; Educação; Governança.
RESUMEN La educación con calidad, en los términos del art. 205, es derecho de todos e deber del Estado y de la
familia, promovido y estimulado con la contribución de la sociedad, teniendo como objetivo el desarrollo
pleno de la persona, su preparación para el ejercicio de la ciudadanía y su calificación para el trabajo. Como
derecho fundamental, el acceso a la educación de calidad es factor crucial para el desarrollo social y
económico de un país, teniendo, por lo tanto, la necesidad de la implementación de un sistema de la
evaluación y de revaluación de la educación superior adecuado con el crecimiento de la internacionalización
del conocimiento. Del análisis crítico y reflexiva de los objetivos considerados para el Sistema Nacional de
la Evaluación de la Educación Superior - SINAES, se levando en consideración la experiencia internacional
del Declaración de Bolonia en la Comunidad Europea y sus consecuencias en la educación público-privada,
se verifica que la obtención de una educación superior con calidad, en especial en el área jurídica,
comprende la necesidad de si adoptar, de parte de los encargados de las instituciones educacionales,
preceptos éticos, organizacionales y gerenciales suficientes a lo enfrentamiento de las exigencias del
mercado, sin detrimento de la responsabilidad social que estas entidades, públicas o privadas, posee en la
formación académico-profesional de lo aluno y también del profesor.
PALAVRAS-CLAVE: SINAES; Bolonia; Educación; Gobernanza.
Introdução
A partir da década de 80, em razão do crescimento econômico acelerado, os países industrializados
e os latino-americanos implementaram importantes reformas em seus sistemas de Educação Superior.
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Principalmente com o crescente processo de globalização, esse mercado tornou-se dinâmico, pulverizado a
vários provedores com diferentes metodologias de ensino e particulares perfis do corpo docente. Essa
realidade à época proporcionou aos dias de hoje real aumento das matrículas e crescente competitividade
entre as instituições de ensino.
“Por outro lado, a globalização educacional e a internacionalização do conhecimento, em
resposta aos desafios da globalização econômica, trazem consigo o enorme desafio de a educação superior
conciliar as exigências de qualidade e inovação com as necessidades de ampliar o acesso e diminuir as
assimetrias sociais”. (INEP, 2009, p. 23).
Frente à esse desafio, o direito à educação de qualidade, de natureza coletiva e fundamental, tem
guarida constitucional no art. 205 da Lei Maior, o qual determina ser dever do Estado e da família a
educação, “promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
O ensino será ministrado com base em princípios declarados no art. 206 da Constituição Federal de
1988, como o da isonomia quanto às condições para o acesso à instituição de ensino, liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de idéias e de concepções
pedagógicas e a coexistência entre as instituições públicas e privadas de ensino; gratuidade do ensino
público em estabelecimentos oficiais e valorização dos profissionais da educação escolar.
São normas constitucionais que por enquanto não surtem eficácia plena na realidade fática
brasileira haja vista ser notória a má qualidade do ensino superior no país, conforme levantamento do
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, a partir dos Exames Nacionais de
Desempenho de Estudantes (ENADE) e de outros processos de avaliação, como os dos cursos de graduação
e das instituições de ensino. Fato preocupante, pois, com a abertura dada pela Constituição Federal à
iniciativa privada em explorar essa atividade de interesse público, hodiernamente há uma diversidade
gigantesca de cursos oferecidos por faculdades, centros universitários e universidades particulares.
No entanto, vale ressaltar que os critérios de avaliação do ensino superior passam, nesse século,
por importante reestruturação, sob à égide da centralidade dos processos de avaliação e de regulação da
educação superior. Destaque, por exemplo, à contribuição das Leis n. 9.131/1995 e de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei n. 9.394/1996), que implementaram mecanismos de avaliação, como o Exame
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Nacional de Curso (ENC), realizado por concluintes de cursos de graduação; o questionário sobre condições
de ensino do curso freqüentado; a Análise das Condições de Ensino (ACE); a Avaliação de Condições de
Oferta (ACO); e a Avaliação Institucional dos Centros Universitários.
Nesse sentido, trata-se de momento oportuno para realizar uma análise crítico-reflexiva dos
objetivos propostos pelo SINAES, levando-se em consideração a experiência internacional proporcionada
pela Declaração de Bolonha na Comunidade Européia e seus reflexos no ensino público-privado e nos
interesses transindividuais em ambiente de sociedade da informação.
1. Educação Superior e evolução do marco regulatório do sistema de avaliação
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada pela Lei n. 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, além de inovações quanto à estruturação da educação nacional, deu ênfase aos processos de
avaliação, objetivando a melhoria da qualidade de ensino e, como recurso para a regulação do setor, a
acreditação de instituições e cursos.
A importância do processo de avaliação da educação superior, no entanto, já constava da análise de
dispositivos normativos anteriores à Lei n. 9.394/1996. Em 1988, com a promulgação e publicação da
Constituição Federal, o tema foi disciplinado no Título VIII, “Da Ordem Social”, em Seu Capítulo III, “Da
Educação, da Cultura e do Desporto”.
Assim, a Seção I do referido Capítulo estabelece os princípios e normas fundamentais relativos à
educação brasileira como dever do Estado (art. 208), com os seguintes destaques:
“Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...] VII – garantia de
padrão de qualidade”.
“Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada atendidas as seguintes condições: I – cumprimento
das normas gerais da educação nacional; II – autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público”.
“Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à
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articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do Poder
Público que conduzam à: [...] melhoria da qualidade do ensino”.
A Lei n. 9.131, de 24 de novembro de 1995 instituiu o Conselho Nacional de Educação (CNE), que
colabora com o Ministério da Educação na formulação e avaliação da política nacional de educação, no
intuito de zelar pela qualidade do ensino e velar pelo cumprimento das leis que o regem.
O referido diploma também previu a criação de um conjunto de avaliações periódicas das
instituições e cursos superiores, com a realização anual de exames nacionais, baseados em conteúdos
mínimos estabelecidos e previamente divulgados para cada curso.
1.1 Avaliação e regulação na LDB
Como um dos fundamentos da educação, o processo de avaliação, seja no que se refere à orientação
das diretrizes políticas na busca de um ensino melhor (qualidade), seja quanto à definição de ações de
acreditação do sistema de ensino superior por parte de órgãos competentes (supervisão e controle estatal),
foi consolidado pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB (Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996).
Pelo seu art. 9°, incumbe à União coletar analisar e disseminar informações sobre a educação (inciso
V), bem como assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental,
médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, no intuito de se definir prioridades e critérios
de melhoria da qualidade de ensino (inciso VI).
Também incumbe à União baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação (inciso
VII), como também assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a
cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino (inciso VIII).
Cabe ressaltar que a LDB trouxe importante processo de avaliação da educação superior ao
estabelecer, em seu art. 46, a periodicidade quanto à autorização e ao reconhecimento de cursos, bem como
ao credenciamento de instituições de educação superior, sendo que os resultados desse sistema avaliativo
constante podem gerar sanções e punições, conforme o §1° do referido dispositivo legal. Assim, uma vez
constatas deficiências, abre-se prazo para saneamento, o qual geral nova reavaliação, podendo a partir de
então resultar, conforme o caso, em desativação de cursos e habilitações, em intervenção na instituição, em
suspensão temporária de prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento.
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1.2 Plano Nacional de Educação e sistema de avaliação da educação superior
O Plano Nacional de Educação – PNE, cuja origem se encontra no art. 214 da Constituição Federal
de 1988, e nos arts. 9°, inciso I; e 87, §1°, da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, foi disciplinado pela
Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001.
O PNE define diretrizes para a regulação do sistema de educação superior. Nesse sentido, reconhece
a importante contribuição do setor privado, pois é ele que oferece a maior parte das vagas na educação
superior. Por isso, o Plano estabelece parâmetros de qualidade de ensino sob o qual as instituições de ensino
estão submetidas.
Quanto às suas metas, cabe destacar as seguintes: a) institucionalizar um amplo e diversificado
sistema de avaliação interna e externa para os setores público e privado com o objetivo de promover a
melhoria da qualidade do ensino, da pesquisa, da extensão e da gestão acadêmica; b) instituir programas de
fomento para que as instituições de educação superior constituam sistemas próprios e nacionalmente
articulados de avaliação institucional e de cursos; c) estender, com base no sistema de avaliação, diferentes
prerrogativas de autonomia às instituições públicas e privadas; d) estabelecer sistema de recredenciamento
periódico das instituições e de reconhecimento dos cursos superiores, com base no sistema nacional de
avaliação; e e) exigir melhoria progressiva da infraestrutura das instituições de ensino a partir de padrões
mínimos fixados pelo Poder Público.
No intuito de regulamentar esse sistema nacional de avaliação definido pela Lei n. 10.172/2001, o
Decreto n. 3.860/2001 estabeleceu em seu art. 16 que o Ministério da Educação coordenará a avaliação de
cursos, programas e instituições de ensino superior, com periodicidade através dos processos de autorização
e reconhecimento de cursos e credenciamento e recredenciamento de IES.
Para tanto, o referido ato administrativo de caráter normativo atribuiu ao Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP[1] a responsabilidade de organizar e executar a
avaliação de cursos de graduação e das IES, contemplando principalmente: a) a avaliação dos principais
indicadores de desempenho global do sistema nacional de educação superior, por região e unidade da
Federação; b) a avaliação institucional do desempenho individual das instituições de ensino superior; e c) a
avaliação dos cursos superiores mediante a análise dos resultados do Exame Nacional de Cursos e das
condições de oferta de cursos superiores.
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O Decreto n. 3.860/2001, em seu art. 35, traz também as normas de supervisão de cursos e
instituições de ensino superior, sendo que identificadas deficiências ou irregularidades por meio de ações de
supervisão ou de avaliação e reavaliação, o Poder Executivo poderá determinar, conforme o caso, a
suspensão do reconhecimento de cursos superiores; a desativação de cursos; a suspensão temporária de
prerrogativas de autonomia de universidade e centros universitários; a intervenção na instituição de ensino
superior; e o descredenciamento de instituições de ensino superior.
Quanto à autonomia universitária, o §4° do art. 36 do supracitado Decreto estabelece que se
universidades e centros universitários possuírem “desempenho insuficiente na avaliação do Exame
Nacional de Cursos e nas demais avaliações realizadas pelo INEP, terão suspensas as suas prerrogativas
de autonomia, mediante ato do Poder Executivo”.
Como se observa, pela imensa participação do setor privado na prestação de serviços educacionais, o
Estado regulador contemporâneo brasileiro é colocado à prova, principalmente quanto ao sistema nacional
de avaliação da educação superior (SINAES). Não obstante o extensivo rol normativo a respeito da
qualidade de ensino e regulação do setor através de processos de avaliação e reavaliação de cursos,
credenciamento e recredenciamento de instituições de ensino superior, o que se coloca em pauta é a
eficiência desses mecanismos e sua adequação a outros sistemas frente a um crescente processo de
internacionalização do conhecimento.
2. Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior foi criado pela Lei n. 10.861, de 14 de
abril de 2004, que institui, para a sua formação, três componentes principais, quais sejam, a avaliação das
Instituições de Ensino Superior, dos cursos e do desempenho dos estudantes.
Trata-se de sistema que avalia o ensino, a pesquisa, a extensão, a responsabilidade social, o
desempenho dos alunos, a gestão da instituição, o seu corpo docente, as instalações e outros aspectos que
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dimensionam o processo ensino-aprendizagem da instituição. Como instrumentos para tal mister conta com
a auto-avaliação (através das Comissões Próprias de Avaliação – CPAs), avaliação externa (institucional), o
Exame Nacional de Desempenho dos Estados, a avaliação de curso e outros mecanismos de informação,
como censo e cadastro realizado pelas Instituições de Ensino na base de dados do Ministério da Educação
(E-MEC).
Os processos avaliativos são coordenados pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação
Superior (Conaes), sendo que a sua operacionalização é realizada pelo INEP.
Quanto ao arcabouço normativo que disciplina o SINAES e a atuação do INEP, pode-se ressaltar,
de forma exemplificativa, os principais diplomas, quais sejam:
a) Lei 9.384 de 20 de dezembro de 1996 que estabeleceu as diretrizes básicas da educação nacional;
b) Lei 10.861 de 14 de abril de 2004 que instituiu o Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior- SINAES;
c) Decreto 5.773 de 9 de maio de 2006 que dispõe sobre o exercício das funções de regulação,
supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e
seqüenciais no sistema federal de ensino;
d) Portaria Normativa 40, de 12 de dezembro de 2007 do Ministério da Educação que instituiu o e-
MEC, sistema eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos
processos de regulação da educação superior no sistema federal de educação;
e) Portaria Normativa 01 de 10 de janeiro de 2007 do Ministério da Educação que institui o calendário
e ciclo avaliativo do SINAES;
f) Portaria Normativa 04 de 05 de agosto de 2008 do Ministério da Educação que renovou a aplicação
do conceito preliminar de cursos superiores, para fins dos processos de renovação de
reconhecimento no âmbito do ciclo avaliativo do SINAES;
O SINAES trabalha com três indicadores, a saber: a) avaliação das instituições, no intuito de
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identificar seu perfil e o significado da sua atuação, através de suas atividades desenvolvidas, cursos
oferecidos, programas, projetos e setores, com respeito à diversidade e especificidades das organizações
acadêmicas; b) avaliação dos cursos de graduação, buscando identificar as reais condições de ensino, bem
como o perfil do corpo docente, a infra-estrutura institucional (instalações) e a organização didático-
pedagógica; e c) avaliação do desempenho dos estudantes dos cursos de graduação, obtida pela realização
do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), no intuito de aferir o desempenho do corpo
discente em relação aos conteúdos programáticos, suas habilidades e competências. Trata-se de exame
aplicado aos ingressantes e egressos dos cursos de graduação, com periodicidade trienal, complementado
por instrumento de levantamento do perfil dos acadêmicos (questionário socioeconômico). Cabe ressaltar
que a realização do ENADE, hodiernamente, é obrigatória, sob pena de o aluno não obter seu diploma.
Quanto aos seus objetivos, o SINAES, pretende: a) identificar o mérito e valor das instituições,
áreas, cursos e programas de graduação, nas dimensões de ensino, pesquisa, extensão, gestão e formação; b)
melhorar a qualidade da educação superior, orientar a expansão da oferta; e c) promover a responsabilidade
social das IES, respeitando a identidade institucional e a autonomia.
As informações decorrentes dos processos avaliativos realizados pelo SINAES são de suma
importância para diversos agentes interessados, como instituições de ensino, estudantes e órgãos
governamentais. Para as primeiras, são fundamentais para a orientação da eficácia institucional e
efetividade acadêmica e social. Para os acadêmicos, proporcionam amplo conhecimento da realidade
educacional brasileira e sua qualidade e, para os órgãos governamentais, subsidiam o desenvolvimento de
políticas públicas voltadas para o cumprimento dos dispositivos constitucionais que prescrevem a educação
de qualidade como direito coletivo fundamental.
Evidentemente que essa estrutura orgânica e procedimental do SINAES esbarra em alguns óbices
que dificultam a sua busca pelos objetivos propostos. Falta de recursos orçamentários, bem como humanos
são fatores que, por muitas vezes, resultam em ausência da devida fiscalização e fomento da educação
superior prestada pelas instituições de ensino. Ademais, os processos de avaliação, embora já direcionados
para uma análise mais qualitativa do que quantitativa da Instituição, do seu entorno socioeconômico, dos
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cursos oferecidos e do desempenho dos acadêmicos, são realizados, em razão do grande número de
faculdades, centros universitários e universidades no país, em visitas de avaliadores que, pelo pouco tempo
disponível, não conseguem traçar o real perfil da organização pedagógica e estrutural da instituição e dos
cursos de graduação.
Outra realidade que se mostra na educação superior brasileira é a presença de cursos de graduação
e pós-graduação oferecidos à distância (Educação a Distância – EAD). A possibilidade da instituição de
ensino abrir pólos em vários locais (municípios), abordando diversas camadas sociais, faz com que essa
modalidade de ensino ganhe espaço no mercado, principalmente em razão da flexibilidade de estudo e
também pelo valor das mensalidades (amplo acesso como sendo um dos principais pontos positivos). Mais
um desafio para o INEP/MEC na aplicação do SINAES, já que se trata de uma forma diferente de ensinar, o
que pode acarretar prejuízos aos estudantes em virtude de eventuais deficiências na prestação desse serviço,
como infra-estrutura tecnológica inadequada, docentes não capacitados para essa modalidade de ensino,
instrumentos avaliativos incoerentes com o EAD, desconhecimento dos métodos de ensino-aprendizagem
desenvolvidos para essa forma de ensinar etc.
Sob esse diapasão, imprescindível compreender a experiência internacional em relação aos
sistemas de avaliação da educação superior existentes no globo. Em especial, foca-se em uma das propostas
européias, como o processo de Bolonha, como paradigma para o desenvolvimento de instrumentos de
avaliação e organização pedagógica da educação superior, sem detrimento da possibilidade de favorecer um
processo de integração com o fomento ao intercâmbio entre as instituições nacionais e estrangeiras, em
especial pela sociedade de informação que se posta, nesse século, como instrumento fundamental no
processo educacional através da utilização de tecnologias adequadas.
3. A percepção de qualidade no ensino universitário
O ideal constitucional da qualidade no ensino universitário brasileiro relaciona-se também com a
regra de eficiência e as instituições públicas ou privadas de ensino que optarem por explorar este segmento
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da educação, em especial no que tange ao ensino jurídico, não devem se distanciar destes dois pilares, quais
sejam, qualidade e eficiência.
Observa-se a partir do art. 26 da Declaração Universal dos Direitos do Homem (UNESCO,2000,
p.15) que “a educação deve visar a plena expansão da personalidade humana e o reforço dos direitoss do
homem e das liberdades fundamentais e favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações
Unidas para a manutenção da paz”.
Trata-se assim de um dever ser; de um ideal a ser perseguido pelas nações na busca da
transformação do homem pela via da educação. O ensino de qualidade deverá refletir algo deste ideário.
A busca da qualidade na educação de modo a gerar eficiência e resultados ao País faz parte também
das premissas estabelecidas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que agrega
em seu espírito não só os governos de mais de 160 países, como também a iniciativa privada e sociedade
civil. Desde o ano 2000, quando foram assumidos pelos líderes globais compromissos relacionados com o
que se convencionou denominar de Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, houve o incremento das
políticas públicas relacionadas a estes objetivos onde se inclui a busca da qualidade na educação. No Fórum
Mundial de Educação de Dacar ocorrido nesta época no Senegal, 127 países assinaram o acordo onde se
comprometiam para com seis metas básicas relacionadas à educação assim descritas: expandir o acesso a
cuidados e à educação para a primeira infância; garantir a educação primária universal; criar oportunidades
aprimoradas de aprendizado para jovens e adultos; gerar um aumento de 50% em taxas de alfabetização de
adultos; promover a igualdade de gênero; melhorar todos os aspectos da qualidade da educação. Os lapsos
temporais para o cumprimento destas metas se alongam no tempo e no espaço de acordo com as
características de cada país comprometido e devem se finalizar em 2.015.
O Brasil situa-se em 72º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Para Todos
que é baseado em indicadores para as quatro metas que podem ser medidas a saber: educação primária
universal, alfabetização entre adultos, qualidade (utilizando como indicador a taxa de permanência dos
alunos até a 5ª série do Ensino Fundamental) e paridade de gênero.
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Na primeira dessas metas, o Brasil está no 32º lugar. Na segunda, no 67º e, na paridade de gênero,
na 66º colocação. No entanto, no índice que mede a qualidade do ensino, está em 87º lugar o que é deveras
preocupante e, para ser debelada a falta de qualidade, há que se investir em capacitação profissional,
treinamento e salários modificando-se a cultura do gestor de entidades de ensino do País e dos responsáveis
pela educação a nível governamental.
São inúmeras as iniciativas brasileiras com o objetivo de melhorar a qualidade no ensino a exemplo
da Bolsa Escola, do Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização
do Magistério – FUNDEF, além da possibilidade de treinamento de professores através de ensino à
distância possibilitado pelo ambiente de sociedade da informação.
Na reunião de 17 de janeiro de 2005, em Nova Iorque idealizou-se uma força-tarefa da Organização
das Nações Unidas – ONU para traçar estratégias para melhorar o acesso à educação de qualidade em países
em desenvolvimento. Nesta oportunidade, os lideres mundiais comprometidos com o escopo ratificaram o
direito de toda criança à educação de qualidade e, após dois anos de estudos e pesquisas, geraram um
relatório[2] conhecido por Força-tarefa sobre Educação e Igualdade de Gênero do Projeto do Milênio das
Nações Unidas, no qual foram oferecidas várias recomendações para países em desenvolvimento
relacionadas à educação de qualidade, dentre estas pode-se sintetizar as seguintes; educar meninas e
mulheres para quebrar o ciclo de baixa educação; encorajar a freqüência escolar de crianças ausentes da
escola :melhorar a educação pós-primária; melhorar a transparência por meio de controle local; melhorar a
qualidade e disponibilidade da informação; definir critérios internacionais para avaliar a aquisição de
habilidades e conhecimento e fortalecer o papel das organizações da sociedade civil.
Observa-se assim não só a importância da busca de uma educação de qualidade em âmbito global e
principalmente junto aos países em desenvolvimento, como também que para a geração da eficiência há que
se criar programas multidisciplinares de natureza educacional que possam ser desenvolvidos em todos os
ciclos desde a infância, com os investimentos adequados.
Já no tocante à educação superior, a exigência da melhoria da qualidade da educação pelas
universidades brasileiras é parte de políticas públicas mas, primordialmente, deve ser importante
preocupação social daquela instituição que resolva adentrar ao segmento. Para tanto urge que se busque não
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só o cumprimento de indicadores por força de lei, mas sim a plena excelência no ensino que deve vir a
partir dos investimentos em infra-estrutura, equipamentos de pesquisa e tecnológicos de auxílio ao
apreendizado e, principalmente, no elemento humano e sua formação.
Não parece razoável que a busca incessante de lucros através do ensino jurídico proporcionado por
determinadas instituições de ensino privado, através da prática da redução clara das despesas com o
comprometimento da qualidade e da eficiência, seja a medida mais correta. No entando, parece ser esta a
proposta que se apresenta por parte de muitas das instituições de ensino do Brasil onde somente se
capacitam para atrair alunos e melhorar a qualidade de seus ativos (leia-se investimentos) sem a contra
partida da esperada qualidade.
Não estará de acordo com os ideários previstos nas leis que disciplinam a educação brasileira esta
incessante luta por lucros sem qualquer retorno no aprendizado daquele que acorreu ao vestibular e
acreditou que teria ali uma educação eficiente.
As instituições educacionais neste ponto possuem muito a apreender com as empresas
contemporaneas que professam um padrão ético no exercício da sua atividade-fim. Não obstante estas
visem sempre a maximização de riquezas aos seus acionistas, através da incessante e necessária busca do
lucro, na nova empresarialidade que emerge no seio social procura-se conjugar esta necessidade primária
com outros fatores sociais relacionados a todos aqueles que direta ou indiretamente se relacionam com a
empresa.
Assim é que não mais pode ser justificativa a agressão ao meio ambiente, ao consumidor ou aos
empregados, como forma de aumentar a liucratividade. A empresa contemporanea está harmonizando
interesses sociais das mais diversas naturezas de forma tal que tambem possa ser um elemento na
contribuição da redução da pobreza e inclusão social. E para tanto não visa apenas redução pura e simples
de custos na sua operação, mas sim a mais eficiente forma de operar dentro destas novas possibilidades,
submetendo-se a regras de cunho ético que são possibilitadas pela implementação de governança
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corporativa na sua gestão e administração, válida para todos os atores sociais internos e relacionados.
A nossa proposta se faz na institucionalização de uma gestão de tal forma que possam ser
aplicados conceitos e preceitos do que denominamos de Governança Educacional[3] em que,
principalmente a instituição privada, se submeteria a um conjunto de regras de cunho ético e social no
sentido sempre de se manter ou buscar primordialmente a qualidade e a eficiência no ensino com
responsabilidade social. Estas regras seriam colocadas num Código de Melhores Práticas nos procedimentos
educacionais e deveriam ser seguidas por todos os gestores e administradores alem das partes relacionadas à
atividade instituicional desenvolvida.
Dentro deste prisma, caberia uma harmonização entre a necessidade de se reduzir custos para
viabilizar empreendimentos educacionais e de se obter resultados satisfatórios aos consumidores de
educação com serviços de qualidade e eficientes.
É certo que há universidades e instituições de ensino privadas que possuem mensalidades
reduzidas, possibilitando o atendimento de classes sociais menos favoirecidas economicamente. Todavia,
este fato, na nossa ótica, não poderá redundar numa renúncia à qualidade e à eficiencia.
O País não precisa de volume de universitários, mas sim de universitários que possam obter uma
formação minimamente qualitativa de forma tal que eles possam ingressar no almejado mercado de
trabalho, não importando que Instituição de ensino cursaram.
Por esta razão que são importantes os exames nacionais visando a verificação da qualidade do
ensino praticado pela Instituição de Ensino Superior e os indicadores, cabendo ao Estado ter meios
apropriados para aplicar as sanções àqueles establecimentos que não se adequam e apenas visam o lucro
engodo popular.
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Imaginemos uma faculdade de direito que está formando sua segunda ou terceira turma e o nível de
aprovação dos alunos no Exame Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é próximo de zero.
Algo aconteceu nestes anos todos de formação para que esta educação recebida não gerasse a eficiencia
necessária.
A melhoria da qualidade de ensino em ambiente de sociedade da informação passa pelo bom uso
das ferramentas tecnológicas que podem proporcionar e auxiliar na construção da educação de qualidade.
O momento de expansão da fontes de conhecimento e as facilidades geradas pela auto-estrada da
informação na busca de conteúdos apropriados ao ensino, resultam num diferencial de aprendizado. As
Instituições de ensino devem se preparar para esta realidade pois o seu público-alvo consumidor é formado
em grande parte por pessoas que desde cedo estão afeitas às tecnologias de qualquer natureza e habituadas a
lidar com as mesmas e por pessoas que podem estar excluídas de alguma forma do mundo informatizado .
Imaginemos este grupo de jovens habilitados com tecnologias informacionais, recém ingressados
numa faculdade de direito onde não há em classe nenhum – absolutamente nenhum – equipamento
informático ou eletrônico que possa contribuir para a boa assimilação das aulas e de conteúdos ou até para
uma boa realização de pesquisas e seminários mais eficientes. Apostar na qualidade de uma aula ou de um
curso inteiramente fundado nos velhos principios da sala de aulas, professor e giz quando sequer os bons
professores foram preservados naquela instituição de ensino em razão do custo que representavam, é não
entender a sociedade do conhecimento em que vivemos e desprezar por completo as benesses da tecnologia
da informação a favor do ensino.
Uma Instituição de Ensino comprometida com estes ideias renovadores e conceitos éticos na sua
operacionalidade está em sintonia com as diretrizes geradas pelas políticas públicas. A propósito Maria
Carmina Mendonça Neves de Almeida (2007, p. 42) traz importante texto sobre qualidade em educação
* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 2684
como um conceito ético, político, cultural e técnico: “Queremos salientar que a qualidade é antes de tudo
um conceito ético, que emerge de uma mediação acerca do por quê e do para quê; é também um conceito
político, as acçõeseducativas são sempre para alguns; e também um conceito cultural, relativo a uma
determinada forma de ver e realizar as coisas, e, finalmente, um conceito técnico, entendido no seu sentido
mais amplo, que inclui os aspectos oranizativos.Daí que seja um conceito simultaneamente polissémico e
polémico.Daí, também, que na busca da vias de acordo e de especificação do que se entende por qualidade,
seja necessário contextualizar as propostas e remetê-las a cenários e concretos, embebidos de
determinados referenciais éticos, políticos, culturais e organizacionais.”
Neste cenário o professor universitário não deve ser visto como um mero facilitador (simples
“comodities” daqueles que operam na indústria do ensino com vistas exclusivas ao lucro fácil) ou prático
reflexivo do ensino, mas um educador especializado em aprendizagem a partir de seu universo de saberes
adquiridos e a adquirir em demonstração de contínua progressão numa visão antropocêntrica do direito e da
vida.
Ainda, servindo-nos da experiência acerca da qualidade no universo empresarial, numa visão
dinâmica e não estática, pode-se observar como se infere inclusive na aplicação das normas ISO 9000:2000
que se baseiam em principios da gestão de qualidade, que podem ser descritos em síntese como busca da
melhoria contínua; definições de qualidade orientada ao aluno; mudança cultural; envolvimento de toda a
organização na qualidade; estrutura organizacional; comprometimento da gestão superior; contrução da
qualidade passo a passo; formação da cadeia de qualidade e utilização de técnicas estatísticas para medir a
evolução e desenvolvimento. Maria Carmina Mendonça Neves de Almeida (2007, p. 74) menciona que na
busca da gestão de qualidade total o Conselho Diretivo da Instituição de ensino deve estabelecer um
compromisso administrativo; eleger um coordenador de qualidade; redigir a missão; identificar os clientes e
os fornecedores; envolver os clientes externos e internos; conhecer mais a fundo o processo e
institucionalizá-lo.
Para que se possa buscar a qualidade total no ensino, a exemplo das empresas, deve-se assim
definir objetivos e estratégias organizativas eficientes alem de procurar estabelecer a cultura da instituição e
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missão na a busca do ensino de qualidade.
Qualidade e eficiência podem ser vistos em conjunto de princípios que se comunicam e visem um
objetivo comum consubstanciado na melhoria sistêmica da educação e do apreendizado.
4. Declaração de Bolonha e a qualidade de ensino
A questão da avaliação da qualidade do ensino superior na Europa Comunitária não só é um vetor
estratégico no desempenho global das instituições, como gera o rigor nos procedimentos avaliativos a
demonstrar a importância deste quesito. A Recomendação CE n.561/98 do Conselho de 24 de setembro de
1.998 já demonstrava a preocupação do Conselho Europeu com a qualdiade no ensino e nos critérios
avaliativos. A lei 1/2003 de 06 de janeiro traduziu este ideário ao objetivar a preservação e melhoria da
qualidade do ensino superior[4].
Antecede a Declaração de Bolonha a edição da “Magna Charta Universitatum” subscrita em 1988
pelos Reiores das Universidades Européias, reunidos em Bolonha para a comemoração dos novecentos anos
da Universidade mais antiga do planeta. Com vistas às transformações continuas no campo social e
internacional, com reflexos nas ciências e nas universidades, foram redigidos os princípios fundamentais
constantes da Carta Magna que devem sustentar, no presente e no futuro, a vocação da Universidade. São
esses: a independência ética e científica face ao poder político e econômico, no seu esforço de investigação
e ensino; a indissociabilidade entre o ensino e a investigação de maneira que o ensino possa acompanhar a
evolução das necessidades e exigências da sociedade e do conhecimento científico; o respeito pela
exigência fundamental de liberdade na investigação e formação, como princípio nuclear à vida universitária;
a universalidade no seu ambito de atuação, enquanto depositária da tradição do humanismo europeu,
expressa na preocupação constante em alcançar o saber universal, no ignorar das fronteiras geográficas ou
políticas, e na afirmação da necessidade vital do conheicmento mútuo e interação entre as diferentes
culturas.
* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 2686
Embora a Declaração de Bolonha[5] não seja um tratado na acepção jurídica do termo, os governos
dos países signatários comprometem-se a reorganizar os sistemas de ensino superior dos seus países de
acordo com os princípios dela constantes. A Declaração de Bolonha emitida em 19 de Junho de 1999
resultou do denominado Processo de Bolonha. O documento conjunto foi assinado pelos Ministros da
Educação de 29 países europeus, reunidos na cidade italiana de Bolonha.
A declaração marca uma mudança em relação às políticas ligadas ao ensino superior dos países
envolvidos e procura estabelecer uma Área Europeia de Ensino Superior a partir do comprometimento dos
países signatários em promover reformas de seus sistemas de ensino internos.
A declaração reconhece a importância da educação para o desenvolvimento sustentável de
sociedades tolerantes e democráticas e objetiva alcançar através da promoção da mobilidade e agentes
educativos, a empregabilidade com o reforço da competitividade internacional do ensino superior europeu
no contexto da globalização dos sistemas de ensino e formação.
Na definição das linhas gerais da atuação do Espaço Europeu de Ensino Superior, como a
promoção da mobilidade e intensificação da cooperação entre as instituições criou-se um sistema único na
tentativa de equalizar a formação entre os países signatários do acordo ao mesmo tempo em que permite
que o estudante se desloque de uma instituição a outra, observando-se o seguinte regramento:
a) Adoção de um sistema com graus acadêmicos de fácil equivalência, também através da
implementação, do Suplemento ao Diploma, para promover a empregabilidade dos cidadãos
europeus e a competitividade do Sistema Europeu do Ensino Superior;
b) Adoção de um sistema baseado essencialmente em duas fases principais, a pré-licenciatura e a
pós-licenciatura. O acesso a segunda fase deverá requerer a finalização com sucesso dos estudos
da primeira, com a duração mínima de 3 anos. O grau atribuído após terminado a primeira fase
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deverá também ser considerado como sendo um nível de habilitações apropriado para ingressar
no mercado de trabalho Europeu. A segunda fase deverá conduzir ao grau de mestre e/ou doutor,
como em muitos países Europeus;
c) Criação de um sistema de créditos - tal como no sistema ECTS - como uma forma adequada de
incentivar a mobilidade de estudantes da forma mais livre possível. Os créditos poderão também
ser obtidos em contextos de ensino não-superior, incluindo aprendizagem feita ao longo da vida,
contando que sejam reconhecidos pelas Universidades participantes;
d) Incentivo à mobilidade por etapas no exercício útil que é a livre circulação, com particular
atenção: 1) aos estudantes, o acesso a oportunidades de estudo e de estágio e o acesso aos
serviços relacionados; 2) aos professores, investigadores e pessoal administrativo, o
reconhecimento e valorização dos períodos dispendidos em ações européias de pesquisa,
docência e de formação, sem prejudicar os seus direitos estatutários.
e) Incentivo à cooperação Européia na garantia da qualidade com o intuito de desenvolver critérios
e metodológicas comparáveis;
f) Promoção das necessárias dimensões em nível europeu no campo do Ensino Superior,
nomeadamente no que diz respeito ao desenvolvimento curricular de cooperação
interinstitucional, projetos de circulação de pessoas e programas integrados de estudo, estágio e
pesquisa.
Segundo informa Renato Marques (2006), um dos pontos focais da Declaração de Bolonha é a
questão da mobilidade estudantil. Permitir que os alunos circulem por todo o sistema segue uma tendência
já presente na constituição da União Européia, expandindo as fronteiras e criando estados transnacionais.
Desta forma, os currículos seriam unificados e os créditos validados em qualquer instituição dos países que
optarem por integrar o Espaço Europeu de Ensino Superior.
"A Europa precisava desenvolver a questão da unidade de uma forma que proporcionasse coesão
no sistema, com reconhecimento de umas universidades para as outras. Isso resulta em dois fatores
principais - mobilidade e empregabilidade", explica a professora Luciane Stallivieri, presidente do Fórum
de Assessorias das Universidades Brasileiras para Assuntos Internacionais (Faubai). E continua: "Com essa
mobilidade, o estudante pode desenvolver parte dos estudos em Portugal, seguir para a Espanha em um
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segundo momento e, depois, concluir na França".
É esclarecedora a contribuição de Renato Marques acerca do Sistema 3+2+3 que permitimo-nos
reproduzir:
“A modificação que é, talvez, a mais importante da Declaração de Bolonha se dá na unificação
dos ciclos para as carreiras superiores. A partir da implantação definitiva do tratado, a organização
passará a operar no formato 3+2+3, ou seja, três anos de graduação, dois de mestrado e outros três de
doutorado. Os ciclos também podem ter sua duração ajustada em alguns casos para o formato 4+1 (quatro
anos de graduação e um de mestrado). Uma vez implantado, o sistema reduziria sensivelmente o tempo
total da formação - hoje girando em torno de doze ou treze anos. Seriam três ciclos, organizados da
seguinte forma:
1º Ciclo (equivalente ao Bacharelado ou Licenciatura no Brasil) - grau acadêmico conferido após
os três primeiros anos de freqüência com aproveitamento equivalente a 240 ECTS (Créditos
Estudantis do Sistema Europeu, na sigla em inglês);
2º Ciclo (equivalente ao Mestrado no Brasil) - grau acadêmico concedido após dois anos de
freqüência, obrigatoriamente ligado ao 1º Ciclo, culminando com a organização e apresentação de
uma tese dissertação - equivalente a 120 ECTS;
3º Ciclo (equivalente ao Doutorado no Brasil) - título acadêmico de maior prestígio, conferido
normalmente após três anos, culminando com a organização e apresentação de uma tese”.
Segundo Arnaldo Comin (2009), nos últimos meses de 2007, houve uma onda de insatisfação e
protestos de estudantes na Espanha, contra a Declaração de Bolonha e a unificação do sistema universitário
europeu. Milhares de estudantes se manifestaram em Madrid e centenas em outras cidades espanholas em
14 de novembro, contra uma reforma que, segundo eles, representa aumento das taxas e mercantilização do
ensino, isto é, a adequação dos programas educacionais às necessidades das empresas.
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Muito embora em países como Portugal adotaram uma estratégia própria para lidar com este
assunto educacional baseada numa relação triangular entre economia sustentável, conhecimento e
competitividade e coesão social, é fato que há ainda pleitos que demonstram interesses transindividuais,
apresentados na Assembléia da República de Portugal e Direção Geral da Administração e do Emprego
Público onde os signatários procuram demonstrar os prejuízos incorridos pela Declaração de Bolonha e
apresentam propostas relativamente ao funcionamento e aplicação dos graus acadêmicos reconhecidos em
âmbito de concursos públicos.
Alegam que o tratado de Bolonha introduziu alterações profundas na reestruturação dos cursos. Os
graus atribuídos são também diversos: se anteriormente com cinco anos de estudo universitário se podia
obter um grau de Licenciado, atualmente o grau atribuído è de Mestre e o antigo “Bacharelato”,
reestruturado, passou a “Licenciatura”.
Procuram demonstrar que a reestruturação vem favorecer o intercâmbio com o estrangeiro trazendo
uma série de outras vantagens associadas, na sua essência, mas que não deve promover na discriminação
dos antigos Licenciados ou Mestres que vêem o seu grau acadêmico desvalorizado.
Especificamente com relação aos cursos de direito, registra-se a crítica formulada por Justo (2003,
p. 625) no sentido de que as Faculdades de Direito existem para formar juristas e a sua formação não se faz
sem tempo. Entende o autor que não cumprirão estas a sua função se abdicarem da excelência dos seus
docentes e da qualidade do seu ensino, pois o jurista não pode ser um simples técnico-servidor de qualquer
Poder Legislativo; é muito mais porque lhe cabe a nobre função de servir à justiça sem a qual a sociedade
será impossível. Nota-se que a crítica se dirige diretamente à redução de carga proporcionada pelo processo
de Bolonha.
A outro lado se observarmos os clamores das áreas de engenharia e tecnologia na Europa[6], pode-
se constatar que neste segmento se pretende a adoção de uma principiologia geral que possa levar a três
pontos básicos: a) as mesmas condições de autonomia para as universidades e institutos politécnicos; b) a
possibilidade de concessão dos mesmos graus acadêmicos, quer nas universidades, quer nos institutos
politécnicos, mediante o cumprimento de requisitos comuns para os dois subsistemas e c) estatuto único de
carreira docente do ensino superior, ainda que permitido perfis diversificados, com maior ou menor
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articulação com atividades profissionais fora do ensino.
José Veiga Simão, Sérgio Machado dos Santos e Antonio de Almeida Costa (2005, p. 28)
apresentam neste cenário os dois grandes desafios ao sistema de educação para a construção da sociedade
do conhecimento. O primeiro desafio refere-se a forma de proporcionar aos cidadãos uma possibilidade real
de acesso ao conhecimento , rompendo a barreira do analfabetismo digital relacionado às novas tecnologias
da informação criando-se uma cultura digital adaptada aos grupos populacionais em sintonia com as suas
características regionais visando coesão social aumentando o índice de empregabilidade. O segundo desafio
ao sistema educacional refere-se à forma de garantir um equilíbrio criativo entre a economia da
globalização e a economia de proximidade visando inserção nos paises mais desenvolvidos na luta
competitiva de economia de escalas. Afirmam os autores que ganharia destaque a aliança entre a ciência,
tecnologia e cultura como forma de se implementar certos objetivos mencionados.
Há ainda um grande desafio a ser vencido pelos subscritores da Declaração de Bolonha que
consiste justamente na busca da qualidade do ensino e sua forma mensurativa e critérios de exigências em
universidades similares. Neste ponto José Veiga Simão, Sérgio Machado dos Santos e Antonio de Almeida
Costa (2005, p. 32) afirmam que a avaliação da qualidade surge como um referente incontornável do
desempenho das instituições de ensino superior, dentro do conceito de que a atividade realizada em
ambiente de independência e credibilidade. Permite não só o estímulo da qualidade e excelência como
também o benchmarkings decisivo para o bom posicionamento da universidade na Europa em face das
congêneres.
Seja como for, nenhum sistema de qualidade poderá desprezar o desenvolvimento da pesquisa
científica que contribui para a evolução do direito e da sociedade e um ensino de qualidade pode também
ser medido pela qualidade e excelência da pesquisa realizada. A observação de Raffaele De Giorgi (2006, p.
26) neste tema é esclarecedora: “A estratégia do futuro, ao nosso ver, pode ser caracterizada,
exclusivamente, pela pesquisa das formas de conquista de graus mais altos de racionalidade do sistema
jurídico. Racionalidade é- repetimos – potencial de autocontrole do sistema.Altos graus de racionalidade,
capazes de adequar a complexidade do sistema à complexidade do ambiente da sociedade, representam
uma conquista improvável, mas não impossível. Lembremos que, na sociedade contemporânea, esta
pesquisa pode representar o desafio da pesquisa em direito, sob o influxo de um novo iluminismo,m voltado
à busca de graus mais altos de legalidade e, consequentemente, de democracia.”
* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 2691
A necessidade de se habilitar à pesquisa evolutiva e a cooperação dos paises aderentes na busca de
metas periódicas para serem atingidas com vistas à boa implementação do processo de Bolonha bem
demonstra o animo na promoção de sistemas nacionais de avaliação eficientes que possam gerar a direta
melhoria na qualidade de ensino, além de refletir no próprio sistema de reconhecimento de graus que tanta
controvérsia está ainda ocasionando como visto na realidade.
Conclusões
Para a obtenção de um ensino superior com qualidade, notadamente na área jurídica, há que se
preparar o gestor para a adoção de preceitos éticos, organizacionais e gerenciais tais que possam ter como
uma das atividades meio a busca do binômio qualidade-eficiência, com reflexos diretos em sua atividade-
fim e cumprimento do preceito constitucional estabelecido no art. 205 da Constituição Federal. O Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), quando parte da premissa avaliativa de três
componentes principais, quais sejam, a avaliação das Instituições de Ensino Superior, dos cursos e do
desempenho dos estudantes, acaba por dar às Instituições de Ensino do País um norte a ser buscado, pois o
sistema também tratará da avaliação da educação genericamente falando, desenvolvendo pela entidade
pública ou privada além da pesquisa, cursos de extensão e responsabilidade social a demonstrar que o
ensino não se resume em um elemento de fomento de receitas da Instituição.
Com a avaliação do desempenho dos alunos; da gestão da instituição; do seu corpo docente e das
instalações, além de outros aspectos que dimensionam o processo ensino-aprendizagem, pode-se contribuir
para que sobrevenha naquela Instituição habilitada em sintonia com estes ideais a necessária qualidade no
ensino com reflexos diretos na formação do alunado e sua boa integração no mercado de trabalho.
Vimos que na Europa Comunitária a busca da qualidade na educação é uma constante e a
Declaração de Bolonha, não obstante às críticas que devem ser valoradas pela profunda reestruturação que o
referido documento propõe no ensino superior, coloca parâmetro claro para o processo de melhoria do
sistema de educação e demonstra que esta mutação nas estruturas curriculares sem perda de qualidade
produzirá um profissional com mais capacidade de acesso ao mercado globalizado quando implementado
* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 2692
totalmente o processo.
A educação superior brasileira e as instituições que a patrocinam devem se adequar e ajustar para
não só gerarem a infra-estrutura e condições necessárias ao propagado ensino de qualidade,
disponibilizando o uso das ferramentas tecnológicas adequadas ao aprendizado em ambiente de sociedade
da informação e o fomento da acessibilidade à educação, como também para possibilitar a real inclusão do
professor educador ao sistema, adaptando-o aos ideais a serem conquistados, através de procedimentos
dignos e apropriados aos seus esforços.
A experiência ainda em desenvolvimento e implementação, gerada pela Declaração de Bolonha
aliada à incessante busca de melhoria do sistema educacional brasileiro e à disposição das Instituições de
Ensino para uma gestão mais apropriada num regime que se pode denominar de Governança Educacional,
possibilitará no futuro a boa integração do estudante ao mercado globalizado a partir da constatada
eficiência técnica resultante da aplicação da educação de qualidade, demonstrando-se assim um fator de
sucesso e uma nova concepção de educação superior independente das condições econômicas do alunado.
Bibliografia
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universitário. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Psicologia e de Ciência da Educação da
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caso das engenharias e das tecnologias. Instituto Politecnico de Leria, Leria, v. 05, jun. 2.005.
DE GIORGI, Raffaele. A reforma universitária européia: ensino e pesquisa em direito. Direito, tempo e
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INEP. SINAES: da concepção à regulamentação. 5 ed. rev. e amp. Brasília: Inep, set. 2009.
JUSTOS, A. Santos. A Declaração de Bolonha e a reforma do ensino de direito. Boletim da Faculdade de
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MARQUES, Renato. Mudanças do Tratado de Bolonha ameaçam equilíbrio do Ensino Superior. Universia
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REVISTA ENSINO SUPERIOR. UOL, São Paulo, UOL, n. 127. Disponível em: <
http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=12363>. Acesso em: 21
maio 2009.
SIMÃO, José Veiga; SANTOS, Sérgio Machado; COSTA, Antonio de Almeida. Ambição para a
Excelência – A oportunidade de Bolonha. Lisboa, Gradiva, 2005.
[1] O INEP é uma Autarquia Federal, criada pela Medida Provisória n. 1.568, de 14 de fevereiro de 1997, posteriormente
convertida na Lei n. 9.448, de 14 de março do mesmo ano. É responsável, entre outras competências, “pelo sistema de
informação e documentação do sistema de ensino, além da elaboração e implementação dos projetos e sistemas de avaliação
educacional”. (INEP, 2009, p. 49). [2] O relatório – Alcançando o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio do Ensino Básico Universal – foi um dos dois lançados
hoje pela Força-tarefa como parte de um detalhado plano global de ação para combater a pobreza, doenças e degradação
ambiental nos países em desenvolvimento. A equipe foi liderada por Nancy Birdsall, presidente fundadora do Centro para
Desenvolvimento Global; Anima J. Ibrahim , coordenador nacional para Educação para Todos no Ministério da Educação da
Nigéria; e Geeta Rao Gupta, presidente do Centro Internacional de Pesquisa sobre a Mulher. [3] A expressão Governança Educacional que propomos neste ensaio é advinda e construída a partir dos conceitos e preceitos
das práticas empresariais de Governança Corporativa onde regras de melhores práticas de cunho moral e ético são aceitas pelos
órgãos de direção e gestão como balizadoras dos procedimentos e processos internos e externos, com reflexos claros nas partes
relacionadas. [4] As Comissões de auto-avaliação que se instalaram em ambiente europeu para facilitar a implementação da formação
profissional destinada aos docentes estabeleceram como objetivos os seguintes: avaliar o estado atual do debate em torno da
qualidade do ensino superior; analisar conceitos e modelos na área da qualidade organizacional; refletir sobre o sistema de
avaliação existente; identificar estratégicas de auto-avaliação; desenvolver competências que permitam a concretização dos
processos de auto avaliação.
[5] Lista de países que, através de seus ministros ligados à Educação Superior subscreveram à Declaração de Bolonha Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, Grécia, França, Holanda, Hungria,
Irlanda, Islândia, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca,
Romênia, Suécia e Suíça.
[6] Princípios extraídos do periódico denominado “Cadernos do Ensino Superior. O Ensino superior em discurso directo - o
processo de Bolonha; o caso das engenharias e das tecnologias. Instituto Politecnico de Leria, Leria, v. 05, Jun., p. 47, 2.005.
* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 2694