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ad DIGITAL EM CONCEITO, FORMA, PROCESSO E RESULTADO fotos: arquivo dos profissionais Haikou Tower, HENN Studio B Conga Room, Belzberg Architects (foto: Benny Chan) CONCEITO Não há duvidas de que um ciclo se inaugurou após a construção do museu Guggenheim em Bil- bao (1997), projetado pelo arquiteto Frank Gehry. Somente possível através do Digital Project, um sofisticado software de informática desenvolvido pelo próprio arquiteto, o gigante de aço e titânio aportou na degradada cidade espanhola, sendo a âncora de uma renovação urbana sem prece- dentes na nossa história recente. Transformado em fetiche, o edifício do Guggenheim pautou a atração midiática do star-system da arquitetura e, na esteira desse fenômeno global, vieram Rem Koolhaas (OMA), Zaha Hadid e Peter Eisenman. Se torna cada vez mais visível uma linguagem arquitetônica que resulta do complexo processo da manipulação de ferramentas informáticas e, junto a isso, se torna cada vez mais fácil o acesso à essas ferramentas. Conheça mais sobre arquitetura paramétrica e fabricação digital. Será a arquitetura paramétrica o novo “estilo“ da globalização ? [ [ Certos ciclos são bem sentidos nas transformações desse espelho sociocultural chamado arquitetura. Em uma sociedade cada vez mais informatizada, os profissionais que trabalham com arquitetura, design e construção vêm, paulatinamente, incorporando os meios de fabricação digital em seus escritórios. A novidade é que o computador já não se limita simplesmente à representação do projeto e às maquetes eletrônicas, mas, aliado a determinados programas, vem se tornando uma complexa ferramenta que participa ativamente desde a concepção inicial à forma final do projeto. O que se vê são edifícios, espaços, instalações e móveis totalmente inovadores! Longe de ser gratuito ou meramente formal, o resultado é fruto de uma poderosa combinação de “parâmetros” fornecidos pelo arquiteto/designer, que podem influenciar na economia, na sustentabilidade e na expressão plástica do projeto. Conheça mais a respeito de desenho paramétrico e da fabricação digital na arquitetura. FORMA: MODELAGEM AVANÇADA DE PROJETO A modelagem digital da arquitetura, através de softwares de desenho tridimen- sional, deu um salto qualitativo quando incorporou-se o ambiente BIM (sigla em in- glês para Modelo de Informação do Edifício). Até o movimento moderno, quando os grandes arquitetos despontaram com uma nova arquitetura (Frank Lloyd Wright, Le Corbusier, Walter Gropius, Lucio Costa, Mies Van der Hoe, Oscar Niemeyer, entre outros) os meios de projetação eram analógicos e a representação gráfica baseava-se na infor- mação segregada de plantas, cortes, fachadas e detalhes construtivos, confeccionados separadamente. Atualmente, possibilitado por softwares de tecnologia BIM, o trabalho com a visu- alização simultânea de todo o projeto aponta uma nova maneira de dirigir um con- junto global de informações que se interrelacionam. Quando se altera um elemento na estrutura do edifício, por exemplo, todo o conjunto é alterado simultâneamente, resultando em uma eficiência ímpar. Desse modelo único, gera-se todo o material ne- cessário para a representação gráfica do projeto, trabalhando ao mesmo tempo em planta, corte, fachada, detalhe, materiais e outros campos. Essa é a base para os que desenvolvem projetos de arquitetura ou mobiliário com ferramentas paramétricas, sempre com uma visão geral do todo. No processo de projetação digital, a representa- ção passa a uma outra ordem: a virtualidade. Um novo passo é dado na manipulação de informações de pro- jetos desenvolvidos digitalmente. Em outras palavras, dados que possuem uma informação específica, cha- mados “parâmetros”, que são vitais na interação simul- tânea do projeto. Esses parâmetros são, muitas vezes, algumas exigências projetuais como a economia, a pré-fabricação, a necessidade de sombra, as aberturas a uma determinada orientação, o conforto térmico e acústico, as características de um material, algum vão que precisa ser vencido, a resistência a intempéries, enfim, uma série de dados que serão fornecidos ao computador. Nessa ordem, a tecnologia é explorada como um instrumento gerador da arquitetura ou do objeto, de acordo com os parâmetros exigidos. Essa maneira de projetar promove uma mudança não ape- nas em como projetamos e produzimos, mas também na própria linguagem arquitetônica: a expressão plás- tica final é gerada pelo software, sempre de acordo com os parâmetros dados pelo profissional. De acordo com o livro Digital Architecture (encon- trado em www.linksbooks.net), no desenho paramé- trico interessam mais os parâmetros e menos a forma, ou seja, são os parâmetros de um determinado projeto que são importantes agindo no resultado final. Conse- quentemente, no desenvolvimento do projeto, ao se- rem atribuídos ou alterados os valores dos parâmetros, objetos ou configurações são modificados de maneira interativa, alterando diretamente no resultado. Os programas de modelagem paramétrica (Digital Pro- ject, Maya Mel Script, Rhino Script, entre outros) mantém a capacidade de o modelo ser alterado durante todo o processo de design e permitem gerar e testar grande quan- tidade de versões dentro de um ambiente controlado de desenho, a partir da simples mudança de valores de um parâmetro especifico. Por isso se trata, definitivamente, de uma arquitetura digital no conceito, na forma, no processo e no resultado. Os modelos gerados através de ferramentas de desenho paramétrico invariavel- mente apresentam geometrias complexas, cuja construção sem o suporte digital seria impossível ou muito trabalhoso. Nesse processo de projeto e produção digitais - ex- plicam os arquitetos pernambucanos Robson Canuto e Luiz Amorim (Da arquitetura paramétrica ao urbanismo paramétrico. Universidade Federal de Pernambuco, artigo enviado para a SIGRADI 2010) - o computador facilita a fabricação de componentes não-padronizados com rapidez e precisão, introduzindo no discurso arquitetônico novas lógicas de produção. Vanguarda e renovação se unem nesse novo horizonte ar- quitetônico, abrindo possibilidades para enfrentar os desafios que a arquitetura tem nesse mundo globalizado contemporâneo. O chamado desenho paramétrico é promissor e vem ganhando adeptos em todo o mundo. Ao contrario da Europa e Ásia – onde inúmeros exemplos surgem a cada dia, desde os arquitetos mais renomados aos mais iniciantes –, no Brasil o avanço é tímido, ainda restrito aos escritórios mais experimentais e ao universo acadêmico, incluindo workshops promovidos na América Latina para difundir essa técnica vanguardista. Conforme declarou o sócio de Zaha Hadid, Patrik Schumacher, o “parametrismo” é a nova tendência global, o novo grande estilo, para além do modernismo, do pós- modernismo e do desconstrutivismo. A pergunta é: se tornará o parametrismo uma causa (ou uma ferramenta de transformação), como antes foi utilizada a arquitetura moderna como resposta ao caos da cidade industrial? Quando “causa” e não “estilo”, a arquitetura tem esse poder de modificar oferecendo novas possibilidades para au- mentar o conforto e a praticidade do dia a dia. Transformação em todas as escalas e acessível a todos. É preciso alinhar a vanguarda e a tecnologia com as necessidades de uma cidade mais próxima a uma cidadania dignamente universal, como proposto por Milton Santos em seu já clássico livro Por uma outra globalização. Vejamos alguns exemplos de desenho paramétrico. PROCESSO: ARQUITETURA PARAMÉTRICA ad | 59 58 | ad

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DIGITALEM CONCEITO, FORMA, PROCESSO E RESULTADO

fotos: arquivo dos profissionais

Haikou Tower, HENN Studio B

Conga Room, Belzberg Architects(foto: Benny Chan)

CONCEITO

Não há duvidas de que um ciclo se inaugurou

após a construção do museu Guggenheim em Bil-

bao (1997), projetado pelo arquiteto Frank Gehry.

Somente possível através do Digital Project, um

sofisticado software de informática desenvolvido

pelo próprio arquiteto, o gigante de aço e titânio

aportou na degradada cidade espanhola, sendo

a âncora de uma renovação urbana sem prece-

dentes na nossa história recente. Transformado

em fetiche, o edifício do Guggenheim pautou a

atração midiática do star-system da arquitetura

e, na esteira desse fenômeno global, vieram Rem

Koolhaas (OMA), Zaha Hadid e Peter Eisenman.

Se torna cada vez mais visível uma linguagem

arquitetônica que resulta do complexo

processo da manipulação de ferramentas

informáticas e, junto a isso, se torna cada vez

mais fácil o acesso à essas ferramentas.

Conheça mais sobre arquitetura paramétrica e fabricação digital.

Será a arquitetura paramétrica o novo “estilo“ da globalização ?

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Certos ciclos são bem sentidos nas transformações desse espelho sociocultural chamado arquitetura. Em uma sociedade cada vez mais informatizada, os profissionais que trabalham com arquitetura, design e construção vêm, paulatinamente, incorporando os meios de fabricação digital em seus escritórios. A novidade é que o computador já não se limita simplesmente à representação do projeto e às maquetes eletrônicas, mas, aliado a determinados programas, vem se tornando uma complexa ferramenta que participa ativamente

desde a concepção inicial à forma final do projeto. O que se vê são edifícios, espaços, instalações e móveis

totalmente inovadores! Longe de ser gratuito ou meramente formal, o resultado é fruto de uma poderosa combinação de “parâmetros” fornecidos pelo arquiteto/designer, que podem influenciar na economia, na sustentabilidade e na expressão plástica do projeto. Conheça mais a respeito de desenho paramétrico e da fabricação digital na arquitetura.

FORMA: MODELAGEM AVANÇADA DE PROJETO

A modelagem digital da arquitetura, através de softwares de desenho tridimen-sional, deu um salto qualitativo quando incorporou-se o ambiente BIM (sigla em in-glês para Modelo de Informação do Edifício). Até o movimento moderno, quando os grandes arquitetos despontaram com uma nova arquitetura (Frank Lloyd Wright, Le Corbusier, Walter Gropius, Lucio Costa, Mies Van der Hoe, Oscar Niemeyer, entre outros) os meios de projetação eram analógicos e a representação gráfica baseava-se na infor-mação segregada de plantas, cortes, fachadas e detalhes construtivos, confeccionados separadamente. Atualmente, possibilitado por softwares de tecnologia BIM, o trabalho com a visu-alização simultânea de todo o projeto aponta uma nova maneira de dirigir um con-junto global de informações que se interrelacionam. Quando se altera um elemento na estrutura do edifício, por exemplo, todo o conjunto é alterado simultâneamente, resultando em uma eficiência ímpar. Desse modelo único, gera-se todo o material ne-cessário para a representação gráfica do projeto, trabalhando ao mesmo tempo em planta, corte, fachada, detalhe, materiais e outros campos. Essa é a base para os que desenvolvem projetos de arquitetura ou mobiliário com ferramentas paramétricas, sempre com uma visão geral do todo.

No processo de projetação digital, a representa-ção passa a uma outra ordem: a virtualidade. Um novo passo é dado na manipulação de informações de pro-jetos desenvolvidos digitalmente. Em outras palavras, dados que possuem uma informação específica, cha-mados “parâmetros”, que são vitais na interação simul-tânea do projeto. Esses parâmetros são, muitas vezes, algumas exigências projetuais como a economia, a pré-fabricação, a necessidade de sombra, as aberturas a uma determinada orientação, o conforto térmico e acústico, as características de um material, algum vão que precisa ser vencido, a resistência a intempéries, enfim, uma série de dados que serão fornecidos ao computador. Nessa ordem, a tecnologia é explorada como um instrumento gerador da arquitetura ou do objeto, de acordo com os parâmetros exigidos. Essa maneira de projetar promove uma mudança não ape-nas em como projetamos e produzimos, mas também na própria linguagem arquitetônica: a expressão plás-tica final é gerada pelo software, sempre de acordo com os parâmetros dados pelo profissional. De acordo com o livro Digital Architecture (encon-trado em www.linksbooks.net), no desenho paramé-trico interessam mais os parâmetros e menos a forma, ou seja, são os parâmetros de um determinado projeto que são importantes agindo no resultado final. Conse-quentemente, no desenvolvimento do projeto, ao se-rem atribuídos ou alterados os valores dos parâmetros, objetos ou configurações são modificados de maneira interativa, alterando diretamente no resultado. Os programas de modelagem paramétrica (Digital Pro-

ject, Maya Mel Script, Rhino Script, entre outros) mantém a capacidade de o modelo ser alterado durante todo o processo de design e permitem gerar e testar grande quan-tidade de versões dentro de um ambiente controlado de desenho, a partir da simples mudança de valores de um parâmetro especifico. Por isso se trata, definitivamente, de uma arquitetura digital no conceito, na forma, no processo e no resultado. Os modelos gerados através de ferramentas de desenho paramétrico invariavel-mente apresentam geometrias complexas, cuja construção sem o suporte digital seria impossível ou muito trabalhoso. Nesse processo de projeto e produção digitais - ex-plicam os arquitetos pernambucanos Robson Canuto e Luiz Amorim (Da arquitetura paramétrica ao urbanismo paramétrico. Universidade Federal de Pernambuco, artigo enviado para a SIGRADI 2010) - o computador facilita a fabricação de componentes não-padronizados com rapidez e precisão, introduzindo no discurso arquitetônico novas lógicas de produção. Vanguarda e renovação se unem nesse novo horizonte ar-quitetônico, abrindo possibilidades para enfrentar os desafios que a arquitetura tem nesse mundo globalizado contemporâneo. O chamado desenho paramétrico é promissor e vem ganhando adeptos em todo o mundo. Ao contrario da Europa e Ásia – onde inúmeros exemplos surgem a cada dia, desde os arquitetos mais renomados aos mais iniciantes –, no Brasil o avanço é tímido, ainda restrito aos escritórios mais experimentais e ao universo acadêmico, incluindo workshops promovidos na América Latina para difundir essa técnica vanguardista.

Conforme declarou o sócio de Zaha Hadid, Patrik Schumacher, o “parametrismo” é a nova tendência global, o novo grande estilo, para além do modernismo, do pós-modernismo e do desconstrutivismo. A pergunta é: se tornará o parametrismo uma causa (ou uma ferramenta de transformação), como antes foi utilizada a arquitetura moderna como resposta ao caos da cidade industrial? Quando “causa” e não “estilo”, a arquitetura tem esse poder de modificar oferecendo novas possibilidades para au-mentar o conforto e a praticidade do dia a dia. Transformação em todas as escalas e acessível a todos. É preciso alinhar a vanguarda e a tecnologia com as necessidades de uma cidade mais próxima a uma cidadania dignamente universal, como proposto por Milton Santos em seu já clássico livro Por uma outra globalização. Vejamos alguns exemplos de desenho paramétrico.

PROCESSO: ARQUITETURA PARAMÉTRICA

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ATELIER UM+D formado em 2009 (Curitiba-PR), pelos sócios Gustavo Utrabo, Ju-liano Monteiro e Pedro Duschenes. Com interesse na pesquisa arquitetônica, obteve êxito em concursos nacionais, norte-americanos, assim como premiações e nomea-ções no Reino Unido.

1. Porque o Atelier UM+D utiliza ferramentas de desenho paramétrico em projetos de arquitetura/design? Atualmente, a utilização dessa ferramenta se faz útil em dois momentos para nós. Em um primeiro momento ela possibilita uma análise mais rápida dentro do processo de projeto, estimulando uma série de cenários arquitetônicos que podem ser confrontados no decorrer do projeto. Em um segundo momento, a facilidade gerada por ela no proces-so construtivo do projeto deve ganhar destaque, quando se utiliza a fabricação digital.

2. Arquitetura paramétrica já pode ser considerada o novo “estilo” da globalização, como recentemente declarou o sócio de Zaha Hadid, Patrik Schumacher ? Não acreditamos que seja uma questão de estilo arquitetônico, mas sim de uma ferramenta que tem sido útil. Um estilo específico tende a nomear ou categorizar algo, enquanto a ferramenta possibilita múltiplas alternativas que devem ser interpretadas. O resultado do processo arquitetônico deve ser fruto do intercâmbio entre intenções/dese-jos e forças específicas do projeto em vigor.3. De que maneira os profissionais no Brasil podem aproveitar os recursos de desenho paramétrico ? Qual a perspectiva no cenário nacional ? Entendemos que a ferramenta possui diversas facetas, assim cabe a cada um aplicá--la com a pertinência que ela possibilita no processo projetual do profissional. Devido ao aumento da tecnologia na construção civil, aliada à possibilidade generativa e eficiência construtiva que ela propicia, sua utilização deve ser ampliada.

Entre-escalas | Produto final de um workshop que abordou temas como fabricação digital, desenho paramétrico e relações de escala na criação de um mobiliário urbano a ser implantado na Praça Espanha em Curitiba. O nome foi sugestivo, uma vez que o mobiliário deveria servir como playground para as crianças e apoio/arquibancada para shows de jazz que acontecem na praça.A solução final deriva de uma espécie de labirinto que desperta na criança o estranhamento e a curiosidade de saber o que está por vir.(fotos: arquivo Bruna L. Hobi)

Mob | Mobiliário desenvolvido através de elementos paramétricos para um estudo da fluidez e da continuidade formal. Propõe uma multifuncionalidade (banco, rack, estante, entre outros) dispondo uma série de planos em sequência, cortados com uma ou duas superfícies curvas, construídas pela transição entre cinco elipses distribuídas no comprimento total. (fotos: arquivo Atelier UM+D)

ATELIER UM+D BRASIL BELZBERG ARCHITECTSEUABELZBERG ARCHITECTS tem a arquitetura como inovação. Com escritório em Los Angeles, o coletivo de profissionais reúne projetos diferenciados e prêmios ao redor do mundo. Entendendo o design como um processo de colaboração e a forma final como a fusão da investigação conceitual junto a uma rigorosa meto-dologia de produção, a aplicação de ferramentas de desenho paramétrico geram resultados surpreendentes, não convencionais e inovadores.

Conga Room | A discoteca de música latina em Los Angeles (famosa pela seleta cliente-la VIP e astros de Hollywood) recebeu um projeto gerado por um software de desenho paramétrico. A forma se originou de um dia-mante, que como uma pétala combinou-se em conjunto formando uma flor. Esse teto conceitual, além de percorrer todo o am-biente respeitando os parâmetros fornecidos pelos arquitetos (esconder os equipamentos técnicos, propiciar o isolamento acústico, a porosidade do material escolhido que cum-pre papel estético e isolante, sem esquecer do sistema digital de iluminação e das exi-gências anti-incêndio) atende a um pedido dos proprietários de uma estética particular que refletisse o dinamismo e a vitalidade da música latina. (fotos: Benny Chan)

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Illy Shop | Loja conceito em Milão, da renomada marca italiana de cafés, produtos e afins.A concepção é de uma loja “reconfigurável” espacialmente, cuja arqui-tetura interna possa variar e transformar o ambiente pelas possibilida-des de acordo com as necessidades do local. Partiu-se de um elemento único, um cubo base de 45x45 cm, onde se utilizaram ferramentas de desenho paramétrico, possibilitando manipular suas propriedades físi-cas de acordo com os parâmetros fornecidos pela arquiteta: variações na profundidade, na espessura, na opacidade e no comprimento. Essa lógica combinatória paramétrica permite executar mais de 3000 confi-gurações desse mesmo objeto, derivando um espaço interno formado por 200 cubos especificamente concebidos para se adaptar aos diferen-tes produtos da Café Illy. O sistema cúbico realizado surge por todos os lados: chão, paredes e teto, criando uma atmosfera que brinca com a percepção do compra-dor, valorizando o produto à venda. (fotos: Luca Campigotto, Federico Rizzo)

CATERINA TIAZZOLDI é arquiteta e soma sua prática profissional à intensa inves-tigação acadêmica nas universidades de Columbia (Nova York) e Politecnico de Torino (Itália). Sua pesquisa é baseada em ferramentas digitais para manipulação física dos atributos espaciais e das propriedades materiais, que permitem alterar a forma em que os espaços são percebidos. Nessa lógica, redefine a relação entre o espaço e os usuários, criando uma arquitetura inovadora e de forte impacto visual.

CATERINA TIAZZOLDI ITÁLIA

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ATELIER MANFERDINI EUA

Arlecchino | Instalação artística centrada na relação entre parametrismo e fabricação digital na arquitetura, cujo conceito deriva da “tesella”, ou seja, aquele pequeno fragmento que em conjunto forma um mosaico. O efeito criado só foi possível através de um avançado software, que, a partir das diretrizes da arquiteta, trabalhou a variação matemática de uma unidade, a tesella, que se deforma e adquire um ritmo conforme se engata com o módulo seguinte. Através do sistema lógico de scripts, cada componente se modifica ao longo de um eixo e, como um mosai-co, possui um desenho único mas perfeitamente encaixado no conjun-to, resultando em uma forma final harmônica. As peças tridimensionais geradas pelo software seguem parâmetros para racionalizar sua execu-ção e também para economizar o material empregado. (fotos: Eugene Kosgoron & Marcel Erminy)

Tracery | Uma delicada mesa de alumínio para ambientes externos, cuja concepção foi gerada pela geometria derivada de um script algorítmico, ferramenta digital que é capaz de produzir variações infinitas a partir de um mesmo modelo. Com um rendilhado incomum, os relevos intrinca-dos sobre a mesa criam zonas de uso diferentes e as aberturas, além de darem leveza à peça, permitem o devido escoamento de água. Editada pela Driade, disponível no Brasil na Collectania.(fotos: Atelier Manferdini)

ATELIER MANFERDINI é um escritório multidisciplinar norte-americano com base na Califórnia, que se tornou visível pela excelência em design, resultado da pesqui-sa e emprego de sofisticadas ferramentas digitais. Com projetos em todo mundo, que vão de edifícios a objetos e artigos de moda (trabalha com Nike, Valentino e Moroso, entre outros), primam por um desenho que combina formas geométricas complexas para inaugurar tendências no mundo da arquitetura e do design.

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HENN STUDIO B é um escritório alemão focado no desenvolvimento e pesquisa de arquitetura contemporânea com grande participação em concursos internacionais. DANIEL DA ROCHA é de Campinas, formou-se em arquitetura na Unicamp (2005) e cursou mestrado na Europa. Trabalhou em escritórios na Alemanha e Ásia e hoje é arquiteto no escritório alemão HENN em Berlim. Recentemente participou da coorde-nação do projeto Haikou Tower em Beijing, primeiro prêmio em concurso internacional.

1. Como o desenho paramétrico foi utilizado para solucionar as necessidades de um grande projeto como Haikou tower? Na produção do concurso, utilizamos ferramentas de desenho paramétrico no de-senvolvimento da fachada, diferenciando cada painel em relação ao programa e ganho solar. Durante a segunda fase do projeto, novas tecnologias foram empregadas para criar um modelo que combinasse a geometria básica do edifício com a estrutura e a fa-chada, tendo conexão em tempo real com plantas, cortes e elevações, essenciais num projeto dessa escala.

2. A arquitetura paramétrica já pode ser considerada o novo “estilo” da globali-zação, como recentemente declarou o sócio de Zaha Hadid, Patrik Schumacher ? Eu, particularmente, não vejo a chamada “arquitetura paramétrica” como um es-tilo, mas sim como um modo de extrapolar nossas possibilidades enquanto arquitetos e criar espaços que desafiem os padrões arquitetônicos existentes. O “estilo paramétrico” é definido pela consequente dependência de que o uso dessas técnicas cria com certos softwares. Por isso, o domínio e a exploração de diferentes ferramentas é extremamente importante para não cair nessa armadilha.3. O Brasil, junto à China, forma o BRIC, bloco político de países emergentesque têm grande atração midiática devido a seu otimismo financeiro. Qual é, para você, a diferença essencial entre a arquitetura brasileira e a chinesa? O mercado brasileiro é extremamente fechado. A ausência de concursos internacio-nais torna a influência estrangeira quase inexistente. Na China, por outro lado, escritó-rios estrangeiros basicamente dominam o mercado. O modelo chinês, no entanto, exige sempre a parceria com um escritório de planejamento local. Um meio termo como este poderia enriquecer imensamente a produção arquitetônica brasileira, que é de qualida-de, mas bastante defasada em relação a produção internacional.

Haikou Tower | o projeto foi de-senvolvido com foco em soluções estruturais inovadoras e com um projeto de fachada que reage às condições climáticas locais da ilha de Hainan, sul da China. Um modelo paramétrico da fachada foi desen-volvido pela empresa Front no qual cada um dos mais de 20.000 painéis compostos por uma parte opaca e outra transparente fossem diferen-ciados de acordo com a sua posição em relação ao sol.A solução estrutural do edifício está intimamente ligada ao programa interno, cujo desenho foi desenvol-vido digitalmente em um modelo BIM para total otimização da relação espaço-estrutura. (fotos: arquivo HENN Studio B)

HENN STUDIO B CHINA