acrilonitrila butadieno estireno estudo propriedas físico mecânica

75
1 Faculdade Tecnologia da Zona Leste ISRAEL CRUZ NOVAES Estudo das propriedades físico-mecânica da blenda ABS/PC. São Paulo 2010

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Page 1: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

1  

Faculdade Tecnologia da Zona Leste

ISRAEL CRUZ NOVAES

Estudo das propriedades físico-mecânica da blenda ABS/PC.

São Paulo 2010

Page 2: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

2  

Faculdade deTecnologia da Zona Leste

ISRAEL CRUZ NOVAES

Estudo das propriedades físico-mecânica da blenda ABS/PC.

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Faculdade de

Tecnologia da Zona Leste, sob a

orientação do professor Me Lúcio

Cesar Severiano, como requisito

parcial para a obtenção do diploma

de graduação no curso de tecnólogo

em produção de plásticos.

São Paulo 2010

Page 3: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

3  

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada à fonte.                       

 NOVAES, Israel Cruz.

Estudo das propriedades físico-mecânica da blenda ABS/PC. / Israel Cruz

Novaes;

São Paulo: Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, 2010, 75 pg.

Orientador: Prof Me, Lúcio Cesar Severiano.

Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnólogo em Produção de Plásticos) – Fatec Zona Leste

1 Policarbonato, 2 Acrilonitrila Butadieno Estireno, 3 Blenda, 4 Análise Térmica. 

Page 4: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

4  

Faculdade de Tecnologia da Zona Leste

NOVAES, Israel Cruz.

Estudo das propriedades físico-mecânica da blenda ABS/PC.

Monografia apresentada no curso de tecnologia de Produção de Plásticos, na Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, como requisito parcial para a obter o Título de Tecnólogo em Produção de Plásticos.

Aprovado em:

Banca Examinadora

Orientador: Mé: Lúcio Cesar Severiano Instituição: FATEC-ZL

Julgamento____________________ Assinatura________________________

Eng. Marcelo Augusto Gonsalves Bandi Instituição: IPEN/CNEN-SP

Julgamento____________________ Assinatura_________________________

Profa. DRa. Célia Viderman Oliveira Instituição: Fatec- ZL

Julgamento____________________ Assinatura_________________________

São Paulo, 12 de Dezembro de 2010

Page 5: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

5  

DEDICATÓRIA

Dedico a DEUS por ter me dado forças ao longo desta etapa onde tive

oportunidade de conhecer o mais novo integrante da nossa família que ao seu

nascimento teve várias complicações, como, parada cardiorrespiratória,

infecção generalizada, colostomia, ilhostomia e tantos outros obstáculos.

Porém a generosidade da vida é tão exuberante que esses mesmos

obstáculos foram encarados por mim como desafios. Desafios esses que com

a minha força de vontade e a cooperação dos meus familiares, amigos e

professores, pude vencê-los, no prazo mínimo determinado pela instituição.

Page 6: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

6  

AGRADECIMENTOS

À DEUS que pela sua bondade infinita deu coragem para superar os

muitos momentos difíceis dessa jornada.

Aos meus orientadores Prof. Me. Lúcio Cesar Severiano e Prof. Dr. Célia

Viderman Oliveira pelo apoio, dedicação e amizade ao longo deste trabalho,

seus valiosos ensinamentos e entusiasmo que nos impulsionam a aprender e a

crescer como profissionais.

À minha família, meus filhos Davi e Arthur, minha esposa pela paciência

e amigos que sempre me apoiaram e incentivaram nesta jornada.

Aos amigos da FATEC, pela amizade, companheirismo e toda ajuda

direta ou indireta que prestaram na realização deste trabalho, em especial para

Álife Souza e Leandro Lorusso.

Ao amigo André Gregório, pelo apoio, ajuda e incentivo.

À FATEC, pela oportunidade de cursar a tecnologia e pelo espaço onde

foram realizados os ensaios.

Ao IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) pelo apoio na

realização dos ensaios de análise térmica.

A todos os profissionais que de alguma forma contribuíram para a

realização deste trabalho.

A todos que contribuíram para este trabalho e por injustiça eu não tenho

citado.

Page 7: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

7  

“Sessenta anos atrás eu sabia tudo, hoje eu sei

que nada sei. A educação é o descobrimento

progressivo da nossa ignorância” William James Durant

”em momentos de crise, só a imaginação

é mais importante que o conhecimento” Albert Einstein

Page 8: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

8  

NOVAES, Israel Cruz. Estudo das propriedades físico-mecânica da blenda ABS/PC, 75 pg. Trabalho de Conclusão de Curso(Tecnólogo) – da Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo 2010.

    

Atualmente, pesquisas tecnológicas, concentram esforços na procura

de novos polímeros que atendam as necessidades na indústria automobilística

e em outros setores. Como a criação de novos polímeros demanda um alto

custo em pesquisa e desenvolvimento, a solução é a criação de blendas

poliméricas. Pois para a obtenção de uma blenda, na soma de polimeros não

pode haver perda de propriedades próprias. O objetivo deste trabalho é estudar

a compatibilidade e caracterizar a blenda ABS/PC (60%/40%) através dos

ensaios de DSC, TGA e observar as possíveis melhoras de suas propriedades

mecânicas através de Ensaios de Resistência à Tração nos corpos de prova.

Em busca de responder a seguinte questão: somente o polímero ABS

(Acrilonitrila, Butadieno, Estireno) apresenta as propriedades desejáveis na

produção de produtos que necessitam de resistências às esforços elevados? A

hipótese levantada para responder a questão é: a formação da blenda

polimérica ABS/PC, é uma alternativa para a produção de produtos que

necessitam de esforços elevados, principalmente com aplicações na indústria

automotiva. Para poder justificar a afirmativa acima foram pesquisado diversos

livros e autores, internet e artigos para revisão de literatura, assim buscando

demostrar a caracterização e o ganho de propriedades da blenda ABS/PC.

    Palavras – Chave: 1 Policarbonato, 2 Acrilonitrila Butadieno Estireno (ABS), 3 Blenda, 4 Análise Térmica.    

Page 9: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

9  

Abstract    

NOVAES, Israel Cruz. Study of Physical – mechanical Blend ABS / PC, 75 pg. Conclusion Course (Technologist) – Faculty of Technology of the Eastern Zone, São Paulo 2010.

    

Currently, technological research, concentrate efforts on the search for

new polymers that meet the needs in the automotive industry and other sectors.

Since the creation of new polymers demand a high cost in research and

development, the solution is the creation of polymer blends. For to obtain a

blend, in the sum of polymers there can be no loss of properties themselves.

The aim of this study is to characterize the blend compatibility and ABS / PC

(60% / 40%) through the DSC, TGA and checked for possible improvements of

their mechanical properties through Tensile tests on specimens. In seeking to

answer the question, only the polymer ABS (Acrylonitrile, Butadiene, Styrene)

has the desirable properties in the production of products that require resistance

to high stresses? The hypothesis to answer the question raised is: The

formation of polymer blend ABS / PC, is an alternative for the production of

products that require high efforts, particularly with applications in the automotive

industry. To justify the above statement were searched several books and

authors, internet and articles for literature review, thus seeking to demonstrate

the characterization and properties of the blend gain ABS/PC.

 

    

Key words: 1 Polycarbonate, 2 Acrylonitrile Butadiene Styrene (ABS), 3 Blend, 4 thermal Analysis.  

Page 10: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

10  

Sumário 1 INTRODUÇÃO ....……..……...................……………………………………..16 2 POLICABORNATO (PC) ............................................................................ 19 2.1 EVOLUÇÃO DO POLICARBONATO ...................................................... 19 2.2 FOSGÊNIO .............................................................................................. 20 2.3 OBTENÇÃO DO BISFENOL A ............................................................... 21 2.4 OBTENÇÃO DO POLICARBONATO ..................................................... 21 2.5 PROPRIEDADES DO POLICARBONATO ............................................. 24 2.6 APLICAÇÕES DO POLICARBONATO................................................... 25 2.7 PRODUTORES ........................................................................................ 27

3 ACRILONITRILA BUTADIENO ESTIRENO (ABS) ........................................ 28 3.1 HISTÓRICO ............................................................................................. 28 3.2 PROPRIEDADES .................................................................................... 28 3.3 OBTENÇÃO ............................................................................................ 31 3.3.1 PREPARAÇÃO DAS RESINAS DE ABS ............................................. 31

4 COMPOSIÇÕES POLIMÉRICAS .................................................................. 35 4.1 BLENDAS POLIMÉRICAS ...................................................................... 36 4.2 MÉTODOS DE OBTENÇÃO ................................................................... 40 4.3 MISCIBILIDADE ...................................................................................... 41 4.3.1 CRITÉRIOS PARA AVALIAR MISCIBILIDADE ................................... 45 4.3.2 AVALIAÇÃO POR Tg ........................................................................... 45 4.3.3 AVALIAÇÃO POR Tm ........................................................................... 47 4.4 COMPATIBILIDADE ............................................................................... 47 4.5 MISCIBILIDADE E COMPATIBILIDADE EM BLENDAS POLIMÉRICAS ....................................................................................................................... 48 4.6 BLENDA POLIMÉRICA ABS/PC .......................................................... 49 4.7 PROPRIEDADES GERAIS DA BLENDA ABS/PC .............................. 52

5 MATERIAS E MÉTODOS ............................................................................. 56 5.1 MATERIAIS ............................................................................................. 56 5.2 MÉTODOS ............................................................................................. 56 5.2.1 PREPARAÇÃO DA BLENDA ABS/PC ............................................... 56 5.2.2 ESTUFAGEM DAS AMOSTRAS ........................................................ 58 5.2.3 MOLDAGEM DAS AMOSTRAS ......................................................... 58 5.3 CARACTERIZAÇÃO DOS CORPOS-DE-PROVA .................................. 59 5.3.1 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA Á TRAÇÃO .......................................... 61

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 67 6.1 – ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DA BLENDA ABS/PC ...... 67 6.2 – ENSAIOS DE TERMOGRAVIMETRIA (TGA) DA BLENDA ABS/PC . 68

7 CONSIDERÇÃOES FINAIS ........................................................................... 72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 73

Page 11: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

11  

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Principais propriedades do PC......................................................24

TABELA 2 - Propriedades do policarbonato......................................................25

TABELA 3 - Propriedades do Acrilonitrila Butadieno Estireno...........................30

TABELA 4 - Propriedade da blenda polimérica ABS/PC...................................53

TABELA 5 - Comportamento da blenda de ABS/PC.........................................55

TABELA 6 - Resultado dos ensaios à resistência a tração...............................67

Page 12: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

12  

LISTA DE FIGURAS  

 

FIGURA 1 - Unidade estrutural do policarbonato.............................................20

FIGURA 2 - Obtenção do bisfenol à partir do fenol e propanona.....................21

FIGURA 3 - Unidade estrutural do bisfenol A e fosgênio..................................22

FIGURA 4 - Reação de obtenção do policarbonato.........................................22

FIGURA 5 - Reação de obtenção do policarbonato.........................................23

FIGURA 6 - Reação de obtenção do policarbonato..........................................23

FIGURA 7- Obtenção do ABS por polimerização por enxerto...........................31

FIGURA 8- Obtenção do ABS pelo processo de mistura mecânica..................32

FIGURA 9 - Entropia de mistura........................................................................41

FIGURA 10 - Efeito da miscibilidade nas temperaturas de transição vítrea de

misturas poliméricas.........................................................................................46

FIGURA 11 - Proporção de monômeros de acrilonitrila, butadieno e estireno

ABS....................................................................................................................51

FIGURA 12 - Representa a esquemática de uma extrusora.............................57

FIGURA 13 - granulados da blenda ABS/PC....................................................57

FIGURA 14 - Estufa infinit, utilizada para estufagem da blenda.......................58

FIGURA 15 - Máquina Injetora Romi Primax utilizada para Injeção do corpo de

prova da blenda ABS/PC..................................................................................59

FIGURA 16 - Corpo de prova da blenda ABS/PC.............................................60

FIGURA 17 - CDP com as dimenções de acordo com a norma ASTM.............60

FIGURA 18 - Equipamento utilizado para a realização do teste de resistencia a

tração.................................................................................................................62

FIGURA 19 - Equipamento utilizado para a realização do ensaio do DSC.......64

FIGURA 20 - Equipamento utilizado para a realização dos ensaios de TGA....66

FIGURA 21 - Equipamento utilizado para a realização dos ensaios de TGA....66

Page 13: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

13  

LISTA DE EQUAÇÃO DE REAÇÃO.   Equação 1 Sistema de miscibilidade................................................................41

Equação 2 Estabilidade das fases...................................................................42

Equação 3 Entropia de Mistura........................................................................42

Equação 4 volume de massa molar e densidade............................................43

Equação 5 Relação de entalpia.......................................................................43

Equação 6 Relação volumétrica da blenda......................................................44

Equação 7 Equação de Fox.............................................................................46

Equação 8 Relação de deformação.................................................................62

Page 14: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

14  

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Resultado do ensaio de resistência a tração............................68

GRÁFICO 2 – comportamento térmico da blenda............................................69

GRÁFICO 3 - variação de perda de massa em função da temperatura.........69

GRÁFICO 4 – ensaio de DSC...........................................................................71

Page 15: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

15  

LISTA DE ABREVIATURAS

A - Alongamento

ABNT - Associação Brasileiras de Normas Técnicas

ABS - Acrilonitrila Butadieno Estireno

ASTM - Norma Regulamentadora

CdP - Corpo de prova

CP - Calor Especifico

CTE - Coeficiente de Expansão Térmica

DSC - Calorimetria Exploratória Diferencial

IPEN - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares

IPN - Reticulado Polimérico Interpenetrante

LCST - Temperatura Crítica Inferior de Solução

PC - Policarbonato

Rt - Resistência a Tração

SAN - Estireno Acrilonitrila

Tg    -  Temperatura de Transição vítrea

TGA - Termogravimétrica

Tm - Temperatura de Fusão Cristalina

UCST - Temperatura Crítica Superior de Solução

Z - Deformação

Page 16: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

16  

1 INTRODUÇÃO

Em geral o uso de materiais termoplásticos utilizados na fabricação dos

mais diversos tipos de produtos oferecidos ao mercado consumidor na

atualidade tem aumentado. Este fato, aliado à constante evolução tecnológica,

tem direcionado pesquisas para a descoberta de novos materiais que atendam

às necessidades de um público consumidor cada vez mais exigente.

Segundo (RABELLO, 2000, pg 23), “a ampliação da faixa de aplicação

dos materiais poliméricos é possível pela síntese de novos polímeros (com

estrutura química diferenciada) e pela modificação de polímeros já existentes”.

A crescente utilização de materiais poliméricos pelas indústrias visando

a substituição de diversos materiais tradicionais tem despertado a atenção de

pesquisadores na descoberta de novos materiais obtidos através de misturas

poliméricas com o intuito de obter-se melhor desempenho de suas

propriedades mecânicas, menor custo/benefício e menor impacto ambiental.

Neste contexto, uma alternativa que atenda à essas necessidades e a

preparação de blendas poliméricas, que consistem na compatibilização de

misturas de polímeros com características diferentes. Esta por sua vez,

dependem da adesão interfacial dos seus componentes e podem ser obtidos

através de diversas técnicas que devem ser avaliadas de acordo com a

aplicação.

As maiores vantagens das blendas são a grande variedade e a

versatilidade de suas aplicações que somadas à facilidade de processamento,

Page 17: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

17  

possibilitam a produção dos mais diversos artigos, tornando-as incomparáveis

a outros materiais.

A mistura física da maioria dos polímeros apresenta particular

dificuldade de homogeneização, cujo efeito cooperativo entre as fases se

revela com a obtenção de melhores propriedades induzidas através de

diferentes técnicas.

Conforme (AKCELRUD, 2007) o objetivo principal da pesquisa nessa

área é tornar compatíveis os sistemas incompatíveis através de agentes

compatibilizantes, procurando de alguma forma melhorar a razão

custo/desempenho dos plásticos comerciais.

O objetivo deste trabalho é estudar a compatibilidade e caracterizar a

blenda ABS/PC (60%/40%) através dos ensaios de DSC, TGA e observar as

possíveis melhoras de suas propriedades mecânicas através de Ensaios de

Resistência à Tração nos corpos de prova. Sendo os objetivos específicos:

• Estudar os métodos utilizados na obtenção das blendas

poliméricas;

• Estudar os métodos utilizados na compatibilização das blendas

poliméricas;

• Fornecer pesquisa relevante ao desenvolvimento de novos

materiais produtos.

Busca-se responder à seguinte questão: somente o polímero ABS

(Acrilonitrila, Butadieno, Estireno) apresenta as propriedades desejáveis na

produção de produtos que necessitam de resistências a esforços elevados?

Page 18: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

18  

A Hipótese levantada para responder a questão foi:

A formação da blenda polimérica ABS/PC é uma alternativa para a

produção de produtos que necessitam de esforços elevados.

Para a realização desse trabalho serão utilizada a metodologia de

pesquisa experimental e de pesquisa bibliográfica, internet e artigos para

revisão de literatura.

A amostra da Blenda ABS/PC (60%/40%) foi submetida ao ensaio de

DSC e TGA no laboratório do instituto de pesquisa nuclear IPEN na USP.

Os ensaios mecânicos de Resistência à Tração segundo a Norma

ASTM-D-638 foram realizados no Laboratório da Faculdade de Tecnologia da

Zona Leste.

    No primeiro capítulo deste trabalho temos uma simples introdução; no

segundo, a história e obtenção do PC; no terceiro, o ABS; no quarto capítulo, a

obtenção das blendas através de suas composições; no quinto, materiais e

métodos; no sexto capitulo, os resultados e discussão, e, por fim, as

considerações finais.

Page 19: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

19  

2 POLICABORNATO (PC)

 2.1 EVOLUÇÃO DO POLICARBONATO

Segundo (HARADA, J & WIEBECK, H., 2005), os policarbonatos foram

obtidos pela primeira vez em 1930 por W. H. Carothers e F. J. Natta, que

prepararam diversos policarbonatos alifáticos, os quais não chegaram a ser

comercialmente importantes por se hidrolisarem facilmente e por apresentarem

baixa temperatura de fusão.

Em 1941 Whinfield e Dickson, que trabalhavam na Calico Printers

Association – Inglaterra anunciaram a descoberta de uma fibra de Poli

(tereftalato de etileno) - PET, cujo êxito fez com que pesquisas fossem

realizadas a fim de obter polímeros com núcleos aromáticos na cadeia

principal. Esta descoberta lançou, por exemplo, a Ferbenfabriken Bayer -

Alemanha à busca de outros polímeros com núcleos aromáticos na sua cadeia

principal.

Independente das pesquisas em andamento na Europa, nos Estados

Unidos a General Electric tentava conseguir uma resina termorrígida que

possuísse boa estabilidade ao calor e à hidrólise. A equipe da empresa obteve

como subproduto o policarbonato de bisfenol A. Dessa forma, em 1958 o

policarbonato de bisfenol A era produzido, ao mesmo tempo, na Alemanha pela

Bayer e nos Estados Unidos pela empresa General Electric, sob os nomes

comerciais de Macrolon e Lexan, respectivamente.

Desde então, o policarbonato vem sendo amplamente utilizado na

indústria automobilística, eletroeletrônica, embalagens, médica, etc. Por esta

razão, nos últimos anos houve um aumento considerável dos tipos de PC

comerciais disponíveis. As diferenças entre eles estão normalmente

relacionadas com a massa molar, presença de um segundo componente

Page 20: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

20  

polihidroxílico, incorporação de aditivos e a presença de ramificações na cadeia

molecular.

No Brasil, o único fabricante de PC é a Policarbonatos do Brasil S.A.

(Camaçari - Bahia) que utiliza tecnologia da Idemitsu. Sua marca registrada é o

Durolon. Na FIG. 1 esta representada a unidade estrutural do PC.

FIGURA 1 - Unidade estrutural do policarbonato Fonte (HARADA, J & WIEBECK, H 2005, pag. 109)

Segundo a (GE SPECK, 2009) o copolímero baseado em policarbonato

resulta em elevada resistência ao intemperismo. Apresenta os atributos de

resistência térmica e impacto, mas com o benefício adicional de retenção de

brilho e cor após exposição ao UV. O policarbonato tem características

perfeitas para o mercado de lentes e refratores, podendo oferecer até 4 vezes

a performance ao intemperismo do próprio aditivado ao UV. produto também

oferece características de resistência térmica e impacto, bem como resistência

química e resistência ao risco superior. Segue a abordagem de obtenção do

fosgênio e do bisfenol A que são os principais compostos usados na formação

do policarbonato:

2.2 FOSGÊNIO

Segundo (HARADA, J & WIEBECK, H 2005), o fosgênio é obtido

aproximadamente a 200ºc com a ação do cloro gasoso no monóxido de

carbono.

Em temperatura ambiente o fosgênio é extremamente tóxico, o gás tem

um odor desagradável e seu ponto de ebulição está em torno de 8ºc.

Page 21: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

21  

2.3 OBTENÇÃO DO BISFENOL A

Para (HARADA, J & WIEBECK, H 2005), o difenilol propano ou bisfenol

A, uma das formas de ser produzido é condensar o fenol com a cetona em

condições ácidas. A FIGURA 2 ilustra a obtenção do bisfenol A.

FIGURA 2 – Obtenção do bisfenol à partir do fenol e propanona Fonte (HARADA, J & WIEBECK, H 2005, pg. 111)

2.4 OBTENÇÃO DO POLICARBONATO

Para (KROSHWITZ, apud MELO, 2004) o PC pode ser sintetizado por

meio de reações de Policondensação do Bisfenol-A (4,4-difenilol-propano). Os

dois processos de obtenção mais conhecidos são:

a) Policondensação do líquido ou esterificação:

Neste processo, o PC é sintetizado por meio de uma reação de

esterificação entre o Bisfenol-A e o carbonato de bifenila.

Diésteres aromáticos de ácido carbônico com dihidroxidiarila, em

presença de catalisador básico, produzem policarbonatos de alto peso

molecular. As vantagens da esterificação são a ausência de solventes e de

Page 22: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

22  

etapas de recuperação associadas. Todavia, o processo de obtenção é difícil,

exigindo altas temperaturas e baixas pressões.

b) Policondensação interfacial:

Neste processo, o PC é sintetizado por meio de uma reação de

Policondensação interfacial entre o Bisfenol-A e o fosgênio. Este é o método

mais comum de preparação do policarbonato de Bisfenol-A. A FIGURA 3 ilustra

a unidade estrutural do bisfenol A e fosgênio.

FIGURA 3 – unidade estrutural do bisfenol A e fosgênio Fonte (MELO, 2004, pg, 38)

No processo interfacial, o Bisfenol-A é dissolvido em soda cáustica

aquosa e o fosgênio é colocado na presença de um solvente inerte, produzindo

um PC de alto peso molecular. O processo se inicia quando uma molécula de

Bisfenol-A reage com NaOH e forma um sal de Bisfenol-A, com a liberação de

duas moléculas de água. Podemos visualizar esse fenômeno na FIGURA 4.

FIGURA 4 – Reação de obtenção do policarbonato

Fonte: (MELO, 2004, pg 38)

Page 23: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

23  

Em seguida, o fosgênio reage com o sal de Bisfenol-A, ocorrendo a

formação de um cloroformato e a liberação de NaCl, Como mostra a FIGURA

5.

FIGURA 5 - Reação de obtenção do policarbonato Fonte: (MELO, 2004, pg 38)

O cloroformato reage com outra molécula de sal de Bisfenol-A, da

mesma forma que o fosgênio, dando origem a outro cloroformato e desta forma

aumentando a cadeia. Conforme ilustra a FIGURA 6

FIGURA 6 - Reação de obtenção do policarbonato Fonte: (MELO, 2004, pg 38)

O processo ocorre até que não haja mais cloroformatos, dando origem

ao policarbonato de Bisfenol-A.

Page 24: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

24  

2.5 PROPRIEDADES DO POLICARBONATO

Segundo a (GE SPECK, 2008) é possível observar na TABELA 1

algumas características gerais do policarbonato:

TABELA 1 – Principais propriedades do PC Fonte (GE SPECK, 2009, s/p)

De acordo com (PAKUL, apud MELO, 2004) existem outras

propriedades relevantes para o material descrito na Tabela 2

Page 25: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

25  

TABELA 2 - Propriedades do policarbonato Fonte (PAKUL, apud MELO, 2004, pg 40)

2.6 APLICAÇÕES DO POLICARBONATO

Segundo (HARADA, J & WIEBECK, H 2005) as excelentes propriedades

dos policarbonatos lhes conferem uma ampla gama de utilização, tanto como

plástico de engenharia como também na linha de commodities, o seu custo de

fabricação elevado limita suas aplicações aos casos em que não existam

alternativas mais econômicas. Atualmente, cerca de 50% da produção de

policarbonato está voltada para as aplicações nas indústrias eletroeletrônicas.

Os recobrimentos para relês e outros materiais elétricos requerem ao mesmo

tempo um bom isolamento, dureza, transparência, resistência à chama e

duração; estes conjuntos de propriedades somente são encontrados nos

policarbonatos.

Outra aplicação importante é na fabricação de bobinas; neste caso, a

propriedade de envolver os cabos sem deformá-los, a resistência ao calor, a

oxidação e as boas propriedades elétricas, fazem dos policarbonatos o material

preferido.

Page 26: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

26  

Geralmente neste campo é muito freqüente a aplicação em: terminais,

junções, diversas partes de baterias, recobrimento de fusíveis, plugues, etc.

Assim, por suas excelentes propriedades elétricas, resistência à

temperatura, estabilidade dimensional, resistência ao impacto e retardante de

chama, o policarbonato é classificado como plástico de engenharia, e muito

utilizado em outros segmentos industriais, tais como, construção civil e

equipamentos de segurança, computadores, comunicações, iluminação e

automobilística.

O material substitui metais com menor custo e maior flexibilidade,

substitui os vidros, pela sua excelente transparência e resistência ao impacto

numa ampla faixa de temperatura.

Pode-se citar ainda como exemplo, a aplicação em os faróis e carcaças

de lanternas para carros, visores, refletores, blocos de telefonia, ferramentas

ou aparelhos elétricos sem necessidade de chassis interno, acessórios para

aparelhos hospitalares (em substituição ao aço e ao vidro), vidros para controle

de nível de óleo, recipientes para Lanternas e faróis de filtro de óleo, capacetes

de segurança, placas resistentes ao impacto, janelas de segurança, escudos

de proteção, cabines de proteção, discos compactos (CD's), recipientes para

uso em fomos de microondas, tubos de centrífugas para sistemas aquosos,

painéis de anúncios em estradas, painéis de instrumentos, instrumentos de

engenharia como réguas e transferidores, luzes de posição para aviões, partes

do interior de aviões, rotores de bombas e ventiladores, chassis para

geradores, Solados de calçados sapatos femininos, etc. produzidos em PC.

Como commodities os policarbonatos têm encontrado numerosas

aplicações como embalagens, artigos esportivos e em utensílios domésticos,

como vasos, pratos, mamadeiras, etc. uma vez que são suficientemente

Page 27: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

27  

resistentes e não absorvem as cores dos líquidos domésticos ou sucos de

frutas.

2.7 PRODUTORES

Atualmente, policarbonatos comerciais são produzidos:

o no Reino Unido pela Brett Martin (Marlon);

o na Alemanha pela Bayer (Makrolon) e Rhom & Hass (Tuffak);

o nos EUA pela GE (Lexan), Mobay (Merlon) e Dow Chemical

(Calibre),

o no Japão pela Taijin Co. (Novarax), Mitsubishi Co. (Iuplom) e

Idemitsu Co. (Idemitsu PC).

o No Brasil, pela Policarbonatos do Brasil S.A. (Camaçari - Bahia). Sua

marca registrada é o Durolo

Page 28: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

28  

 

3 ACRILONITRILA BUTADIENO ESTIRENO (ABS)

3.1 HISTÓRICO

Para (VOSSEN, 2009) o ABS (Acrilonitrila Butadieno Estireno) é um

termoplástico que consiste em uma fase de borracha (butadieno) dispersa em

uma matriz de SAN, copolímero de acrilonitrila Estireno, também denominado

terpolíimero. O ABS foi criado na década de 60, possui boas resistências

mecânicas, químicas e estabilidade dimensional e possui tendência ao stress-

cracking.

Segundo (WRIGHT, apud VOSSEN, 2009) o stress cracking é o termo

que descreve o aparecimento de trincas e fragilização de um material plástico

devido à atuação simultânea de esforços, tensões, e o contato com fluidos

específicos. Muitas vezes o esforço é provocado durante o processo de

moldagem e pode induzir a uma falha em campo. O contato com fluidos pode

ser por imersão ou por conter líquidos como em tubos, garrafas, etc. ou ainda

outros tipos como adesivos, tintas, vernizes, agentes de limpeza e lubrificação.

Plastificantes e tintas. Os efeitos podem ser desde comprometimento da

aparência até a sua ruptura

3.2 PROPRIEDADES

Segundo (GE SPECK, 2009) as resinas de ABS são copolímeros

formados por um componente elastomérico (butadieno) e dois componentes

termoplásticos amorfos (acrilonitrila e estireno).

Page 29: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

29  

O componente elastomérico, o butadieno, é responsável pela

flexibilidade e resistência ao impacto. O estireno proporciona fluidez, brilho e

dureza, e a acrilonitrila é a responsável pela resistência térmica, química e

rigidez. Através do balanceamento destes três componentes, obtém-se

excelentes relações de custo/performance, tornando-os capazes de atender

uma grande variedade de mercados, como as indústrias automobilística, eletro-

eletrônica, eletrodoméstica, brinquedos, etc.

As principais propriedades das resinas de ABS são: boa resistência ao

impacto, boa resistência térmica, alta rigidez, alta dureza, excelente

estabilidade dimensional, baixa contração de moldagem, baixa absorção de

umidade, brilho superficial e boas propriedades dielétricas. Em termos de

processamento, o ABS pode ser injetado, extrudado e soprado.

Page 30: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

30  

Conforme (GE SPECK, 2009) em termos de propriedades temos uma

relação conforme na TABELA 3

 TABELA 3 - Propriedades do Acrilonitrila Butadieno Estireno Fonte (GE SPECK, 2009)  

 

Page 31: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

31  

3.3 OBTENÇÃO

3.3.1 PREPARAÇÃO DAS RESINAS DE ABS

Segundo (HARADA, J & WIEBECK, H 2005) o processo químico: inicia-

se com a polimerização do butadieno passando a polibutadieno; em seguida,

são adicionados ao reator, o estireno e a acrilonitrila, que se copolimerizam,

resultando no estireno-acrilonitrila. Faz se a fusão da mistura (polibutadieno +

estireno + acrilonitrila), obtendo-se, assim, acrilonitrila-butadieno-estireno,

conhecido como ABS. Este processo de polimerização é mais conhecido como

polimerização por enxerto conforme ilustra a FIGURA 7.

FIGURA 7- Obtenção do ABS por polimerização por enxerto Fonte (HARADA, J & WIEBECK, H 2005, pg. 57)

A- Copolímero de estireno-acrílonitrila

B- Copolímero de estireno-butadieno

Pois assim, como os poliestirenos modificados com borracha, as resinas

de ABS consistem em uma mistura de duas fases pela inclusão de borracha

em uma matriz vítrea. Neste caso, a matriz é um copolímero de estireno-

acrilonitrila (SAN).

Page 32: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

32  

As técnicas de polimerização mais empregadas na obtenção resinas de

ABS são a de suspensão e a de massa

Segundo (CANEVAROLO, Jr. 2006) a polimerização de suspensão é

uma polimerização heterogênia que economicamente é desinteressante por

conta do uso de solvente no seu processo de polimerização.

A polimerização de massa é Homogênia onde se tem o mais simples

arranjo físico de polimerização adicionado ao iniciador, onde a reação inicia

pelo aquecimento e pelo aumento da viscosidade, a vantagem deste é um

produto livre de qualquer impureza, em contra partida temos como

desvantagem a dificuldade de se controlar a temperatura por se tratar de uma

ação exotérmica, a mesma tem-se uma qrande geração de calor (20Kcal/mol).

Para (HARADA, J & WIEBECK, H 2005) o processo mecânico de

obtenção das resinas de ABS, consiste apenas em se fazer a mistura de dois

monômeros já polimerizados, conforme a FIGURA 8.

FIGURA 8- Obtenção do ABS pelo processo de mistura mecânica Fonte (HARADA, J & WIEBECK, H 2005, pg 57)

Page 33: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

33  

O ABS apresenta boa resistência ao impacto e à tração, dureza e

módulo de elasticidade de -40°C até +150°C. As partículas de butadieno

enxertadas na cadeia principal são responsáveis pela ótima resistência ao

impacto do ABS. Sua dureza é indiretamente proporcional ao teor de butadieno

enxertado e diretamente ao teor de acrilonitrila, ou seja, ao aumentar-se a

quantidade de butadieno, a dureza da resina é diminuída, assim como quando

amplia-se a quantidade de acrilonitrila, a dureza é aumentada. A resistência à

tração no escoamento varia de 4 500 a 8 000 psi, porém possui menor

resistência à tensão que alguns termoplásticos, especialmente os polímeros

cristalinos como o poliacetal e a poliamida. Um ABS típico contém cerca de

20% de elastômero, 25% de acrilonitrila e em tomo de 55% de estireno.

Os polímeros ABS exibem uma excelente combinação de propriedades

mecânicas, técnicas, elétricas e químicas, bem como facilidade de

processamento e moderado preço. Eles oferecem um bom balanço de

resistência ao impacto, à tração, dureza e módulo de elasticidade, enquanto a

fluência a níveis de tensão abaixo de 15 MPa é insignificante.

Através de técnicas de composição apropriadas, o ABS é compatível

com uma variedade de outros polímeros incluindo o poli (metacrilato de metila),

poli (cloreto de vinila), policarbonato, poliamidas, polissulfonas e poliuretano.

Isso tem levado ao desenvolvimento de blendas comerciais de ABS que

combinam as principais vantagens dos polímeros constituintes.

Os valores de estabilidade dimensional técnica indicam os limites de

temperatura, nos quais a peça ou o polímero podem ser submetido por pouco

espaço de tempo sem ocorrer deformação alguma. Como se conhece, esse

valor depende muito das condições de processo, e, geralmente, a estabilidade

dimensional diminui à medida que aumenta a tensão interna. Normalmente, a

temperatura de uso permanente do ABS, sem que ocorram deformações, está

em torno de 80°C no máximo.

Page 34: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

34  

Quando armazenadas ao ar, sob ação luz solar, e se forem nas

tonalidades brancas ou pastel, as resinas de ABS adquirem uma coloração

amarelada, causada pelos diferentes comprimentos de ondas da luz, e,

sobretudo, pelas radiações ultravioleta. A do elastômero de butadieno no ABS

torna-o sensível ao oxigênio e à radiação ultravioleta. A conseqüência é a

perda de propriedades ópticas seguida de outros efeitos de envelhecimento,

Para peças que não estarão expostas a estes agentes degradadores, uma

pequena quantidade de estabilizante é usada para garantir a sua durabilidade

por anos, mas as peças expostas às intempéries devem ser estabilizadas

convenientemente para diminuir as possibilidades perda de propriedades. A

resistência aos produtos químicos diretamente ligados à quantidade de

acrilonitrila presente na resina, ou quanto maior a porcentagem de acrilonitrila,

maior é a resistência química.

Geralmente as resinas de ABS são resistentes à água, soluções

alcalinas, aos ácidos orgânicos ou minerais diluídos, e à soluções salinas

como, por exemplo, produtos químicos para filmes fotográficos, São atacadas

pelos hidrocarbonetos aromáticos, pela acetona, por éteres, por ésteres, por

hidrocarbonetos clorados e ácidos minerais ou orgânicos concentrados.

As resinas de ABS são inflamáveis, queimam com muita facilidade com

uma chama luminosa de cor amarela e com grande formação de fuligem, além

de não se extinguir,o ABS apresenta uma densidade de 1,01 a L05 glcm',

Page 35: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

35  

4 COMPOSIÇÕES POLIMÉRICAS

Segundo (HAGE Jr; 2002.) a síntese de novos polímeros é um dos

meios utilizados na obtenção de materiais com as qualidades desejadas. E o

método que permite criar propriedades sob medida para esses materiais é a

mistura de dois polímeros, objetivando destacar as características positivas de

ambos os materiais, enquanto tenta eliminar os aspectos negativos. Esses

estudos são motivados pela tentativa de se obter um material viável sem o

sacrifício das propriedades procuradas, e sem a criação de polímeros

totalmente novos. Os principais melhoramentos nas propriedades, obtidos

através das misturas de polímeros, incluem resistência ao impacto,

características de permeabilidade, processamento e redução de custos. Essas

propriedades são governadas pela composição e pela morfologia das partes

moldadas.

As grandes vantagens comerciais para o uso de blendas poliméricas

podem ser mais bem descritas pela palavra versatilidade, pois, variando a

composição da mistura, inúmeras variedades de materiais, cada qual com

propriedades características, podem ser obtidas.

Através da utilização de blendas, síntese de novos materiais,

copolimerização, utilização de reforços e cargas, é possível obter materiais

com um balanço de propriedades, ou seja, materiais com outras características

térmicas, mecânicas, de degradação, de permeabilidade, etc, se comparados

aos componentes puros.

É necessário observar que tanto para a obtenção de blendas como para

a obtenção de compostos, a mistura faz-se presente, e torna-se importante

definir a mesma. Esta é então definida como um processo que visa a redução

Page 36: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

36  

de não uniformidades em concentração, temperatura, tamanho da fase

dispersa, visando a homogeneização do sistema, sendo o controle deste

processo de fundamental importância, influenciando na morfologia e

propriedades do material obtido.

4.1 BLENDAS POLIMÉRICAS

Segundo (UTRACKI, 2002) blendas poliméricas podem ser definidas

pela mistura de dois ou mais polímeros, com o objetivo de alcançar um produto

final cujas propriedades atendam aos requisitos para uma determinada

aplicação.

Para (HARADA, J & WIEBECK, H 2005) as maiores vantagens da

utilização de blendas poliméricas, são a sua grande variedade e versatilidade

de suas aplicações, que somada a sua facilidade de processamento, possibilita

a criação e produção de vários tipos de produtos, tornando compatível a outros

materiais. Para se alcançar as especificações, são comuns o uso de blendas

poliméricas nas indústrias automotivas conseguindo assim desenvolver peças

com maior resistência e de fácil produtividade e investimento relativamente

barato.

 

 

Blendas  poliméricas  são  sistemas  poliméricos  originários  da 

mistura física de dois ou mais polímeros e/ou copolímeros, sem 

que haja um elevado grau de reações químicas entre eles. Para 

ser  considerado  uma  blenda,  os  compostos  devem  ter 

concentração acima de 2% em massa do segundo componente 

(HAGE e PESSAN, 2001) 

Page 37: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

37  

Conforme (UTRACKI, 2002) as classificações das blendas poliméricas

são feitas a partir dos três métodos, existentes para a sua obtenção:

i. No processo por solução, são preparadas soluções individuais dos

polímeros em um solvente, com posteriores misturas das soluções

nas proporções desejadas. O aquecimento pode ser utilizado para

aumentar o grau de solubilidade da mistura ou dos componentes

envolvidos. A etapa mais importante é a eliminação do solvente que

é feita pela evaporação, que normalmente é feita por meio de

formação de um filme e secado a temperatura ambiente, sob

aquecimento em estufa ou em vácuo. Esse tipo de blenda é de baixa

produtividade por isso não é comum a sua pratica.

ii. As blendas obtidas pelo processo de reticulados poliméricos

interpenetrantes, são preparados por meio de mistura polimérica, na

qual os componentes estão em forma de reticulados que se

interpenetram formando assim um só reticulado, sem que haja

nenhum tipo de reação química entre os componentes poliméricos

envolvidos. As blendas obtidas por processo de mistura mecânica

são preparadas pela mistura dos componentes poliméricos no seu

estado fundido ou amolecido conforme a estrutura dos componentes

envolvidos.

iii. A mistura mecânica envolve aquecimento e alto cisalhamento,e é o

método mais utilizado industrialmente por razões econômicas e por

permitir uma produtividade alta em escala industrial.

 

 

 

Page 38: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

38  

Blendas Mecânicas são os  tipos mais comuns de blendas, pois 

utilizam apenas equipamentos convencionais de processamento 

e  são  obtidas  pela  mistura  mecânica  dos  polímeros.  Esta 

mistura  pode  ser  feita  no  estado  fundido  ou  amolecido. 

(VALERA, 2000, p.25) 

  

Para (PAOLI, 2008), entretanto, apenas a mistura entre dois sistemas

poliméricos não garante que irá se formar uma blenda polimérica com as

propriedades desejadas. Devem se considerados algumas características

como a miscibilidade ou grau de interação entre as fases dos componentes

poliméricos envolvidos.

Segundo (UTRACKI, 2002) a miscibilidade ou o grau de interação entre

as fases presente no sistema polimérico determinam direta ou indiretamente na

blenda a ser desenvolvida.

As blendas poliméricas são miscíveis quando a molécula dos

componentes poliméricos envolvidos se mistura sem que haja qualquer reação

entre as moléculas, ou seja, é homogenia em escala molecular

A miscibilidade entre dois sistemas poliméricos são em função de três

parâmetros, sua compatibilização, a proporção relativa em que se encontra e

as condições de temperatura e pressão que são submetidas a um determinado

período de tempo.

A miscibilidade ou o grau de interação entre as possíveis fases

presentes no sistema determinam direta ou indiretamente o comportamento do

novo material desenvolvido. A dispersão ao grau máximo, em nível molecular,

acarreta a miscibiliade dos polímeros.

Page 39: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

39  

Segundo (HARADA, J & WIEBECK, H 2005) dois ou mais materiais

termoplásticos diferentes, quando misturados com objetivos de formar um

produto com um desempenho diferenciado, pode apresentar diversas

respostas de compatibilização.

Apresentar excelente compatibilização entre os componentes

poliméricos, ocorrendo perfeita interação e revelando-se um único material, ou

apresentar semi-compatibilidade ou interação incompleta, quando, em alguma

instância, parte dos materiais se compatibilizam entre si e parte não, mostrando

certo grau de separação ou nenhuma interação. Durante esta ocorrência,

torna-se fácil a identificação das distintas fases de cada material. O fato de

existir semi-compatibilidade ou mesmo incompatibilidade entre os materiais não

significa que estes não possam ser misturados em determinadas condições

que os tornem compatíveis e miscíveis, a compatibilidade pode ser observada

por meio de índice de refração, transparência ou translucidez da mistura,

transição vítrea, microscopia eletrônica de varredura, comportamento dinâmico

mecânico, resistência à tração, impacto e dureza.

Por se tratar de um produto de alta escala industrial as blendas

polimérica que são aplicadas a indústria automobilísticas são feita pela mistura

mecânica, e usado o processo de extrusão.

Conforme (BLASS, 1988) dois ou mais polímeros são misturados pelo

processo mecânico de mistura usando um equipamento com o nome de

misturador. Depois de misturado os polímeros vão para a segunda parte do

processo o de Extrusão. Na extrusora o material é jogado em um funil e pela

ação da gravidade o material desce preenchendo os espaços dos sulcos entre

os filetes de uma rosca e assim empurrando o material, sendo aquecidos com

uma determinada temperatura, os polímeros são plastificados, comprimidos e

forçados a sair por um orifício de uma matriz montada no cabeçote nas

extremidades do cilindro formandos fios dos polímeros fundidos.

Page 40: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

40  

Posteriormente os fios passam em uma banheira para o resfriamento e

depois picotado e assim ficando pronto para o uso.

4.2 MÉTODOS DE OBTENÇÃO

Conforme (UTRACKI, 1989) uma das técnicas para a obtenção de

blendas, restrita a laboratórios, é denominada solução. Consiste primeiramente

na dissolução de ambos os materiais em solventes adequados,

preferencialmente o mesmo solvente, misturando-os na proporção desejada

até que se obtenha uma mistura homogênea. A etapa seguinte consistirá na

evaporação do solvente, que é mais facilmente obtida através da formação de

um filme da blenda. Entretanto, deve-se observar que a presença de solventes

residuais na blenda pode prejudicar suas propriedades mecânicas. Já na

mistura mecânica sob fusão, método utilizado neste trabalho, o polímero é

misturado no estado fundido ou amolecido (alta viscosidade) usualmente

através de um processo de extrusão, sendo de grande importância encontrar

um balanço entre as condições de processo para ambos os polímeros.

Conforme (HAGE Jr, 2002) há outra técnica onde um sistema de reação

química independente força a reticulação em ambas as fases, sendo que os

reticulados se interpenetram sem que haja qualquer grau de reação química

entre eles formando o IPN (reticulado polimérico interpenetrante). Quando

apenas uma das fases apresenta reticulação tem-se o semi-IPN.

Não se pode deixar de citar alguns conceitos associados à miscibilidade

e compatibilidade das blendas, uma vez que os mesmos dependem dos

materiais utilizados, influenciando na morfologia e propriedades das mesmas.

 

Page 41: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

41  

4.3 MISCIBILIDADE

Segundo (ULTRACK, 2002) a miscibilidade é um aspecto

termodinâmico que representa o estado de mistura de polímeros, tal que os

segmentos moleculares dos componentes da blenda se misturam não havendo

qualquer segregação entre eles, formando um sistema com uma única fase.

Um sistema é dito miscível se:

ΔGm=ΔHm-TΔSm≤ 0 (1)

Em que:

ΔGm: energia livre de mistura

ΔHm: entalpia de mistura

ΔSm: entropia de mistura

T: temperatura

Mistura

FIGURA 9 – entropia de mistura. Fonte (ULTRACK, 2002, pg 25)

Exotérmica  (ΔHm é negativo)  

Sistema miscível (qualquer

composição e temperatura)

Endotérmica (ΔHm é positivo) 

Sistema miscível ou imiscível

|ΔHm| < |TΔSm|, ΔGm<0: Sistema

miscível 

Page 42: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

42  

Entretanto, o critério apresentado na equação 1 é uma condição

necessária para o desenvolvimento da miscibilidade, porém não é suficiente. O

critério de estabilidade de fases é satisfeito se:

0,2

2

≥⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂Δ∂

PT

mGφ

   (2)

Segundo (PAUL, 1988) é importante ressaltar que a presença de

interações específicas entre dois polímeros como pontes de hidrogênio, por

exemplo, irá contribuir para a obtenção de um sistema miscível. Também, ao

se fazer referência sobre a miscibilidade do sistema, deve-se mencionar a

composição e a temperatura, pois sistemas mais complexos podem apresentar

tanto a UCST (Temperatura crítica superior de solução) como a LCST

(Temperatura crítica inferior de solução).

O modelo mais simples para o tratamento do comportamento de fases

para blendas foi desenvolvido por Flory e Huggins originalmente para o

tratamento de soluções poliméricas. A contribuição entrópica da equação 1

(entropia de mistura) é aproximada por:

( ) ⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡++−=Δ B

B

BA

A

ABAm vv

VVRS φφ

φφ

lnln   (3)

Em que:

mSΔ : entropia de mistura

R : constante dos gases

Page 43: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

43  

AV , BV : volume dos polímeros A e B respectivamente

Aφ , Bφ : fração volumétrica dos polímeros A e B na blenda

Av , Bv : volume molar dos polímeros A e B

O volume molar ( iv ) de um polímero está relacionado a sua massa

molar e a densidade pela seguinte relação:

i

ii

Mv

ρ= (4)

Em que:

iv : volume molar do polímero i

iM : massa molar do polímero i

iρ : densidade do polímero i

Já a contribuição entálpica da relação 1 segue a seguinte relação:

( ) BABAm BVVH φφ+=Δ (5)

Onde: B corresponde a energia de interação para os segmentos dos

dois componentes da blenda.

Page 44: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

44  

Pode-se perceber que o termo entálpico independe da massa molar dos

polímeros utilizados, entretanto, o oposto ocorre para o termo entrópico como

pode-se visualizar nas equações 3, 4 e .5. Assim, para uma mistura

endotérmica (B>0) a miscibilidade não é favorecida. Nesta situação o termo

entrópico deve ser grande o bastante para que a energia livre de mistura seja

negativa. Entretanto, conforme a massa molar aumenta, um estágio será

alcançado onde o termo entálpico será maior que o entrópico fazendo com que

ocorra a separação de fase (ΔGm>0). Caso a mistura seja exotérmica (B<0), o

sistema obtido será miscível, mesmo para polímeros de alta massa molar.

Pode-se predizer em uma blenda polimérica binária, que componente irá

compor a fase contínua e a fase dispersa conhecendo-se a viscosidade dos

componentes (ηi), assim como a fração volumétrica (φi) dos componentes na

blenda através da relação 6:

C=1

2

2

1

ηη

φφ (6)

Em que:

C >1, sistema onde a fase 1 é contínua

C ≈1, sistema onde as 2 fases são co-contínuas

C <1, sistema onde a fase 2 é contínua

Page 45: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

45  

4.3.1 CRITÉRIOS PARA AVALIAR MISCIBILIDADE

Para (ULTRACK, 2002) os principais critérios para avaliar miscibilidade

são:

o termodinâmicos (métodos calorimétricos, cromatográficos;

o transparência (espalhamento de luz);

o transições térmicas.

O critério de avaliação por transições térmicas por ser muito utilizado

será brevemente descrito. Esta caracterização pode ser realizada via Tg

(temperatura de transição vítrea) ou Tm (temperatura de fusão cristalina).

  4.3.2 AVALIAÇÃO POR Tg

Segundo (PAUL, 1988) uma blenda polimérica imiscível usualmente terá

duas Tgs, as quais serão idênticas às Tgs dos componentes individuais. Caso o

sistema seja miscível, a blenda apresentará uma única Tg com um valor

intermediário às Tgs dos componentes individuais. Um sistema parcialmente

miscível também possuirá duas Tgs, mas com valores compreendidos entre as

Tgs dos componentes puros.

Faz-se necessário ressaltar que esta técnica é de aplicação prática

importante, desde que as transições vítreas de ambos os polímeros não sejam

muito próximas, pois neste caso, não poderão ser adequadamente

Page 46: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

46  

distinguidas. Também, polímeros altamente cristalinos podem ter a mudança

de linha base da Tg reduzida tornando difícil detectar esta transição.

Várias equações são utilizadas na tentativa de relacionar a Tg de

blendas miscíveis à composição, entre elas a equação de Fox.

2

2

1

1

12

1

ggg TW

TW

T+=  (7)

Em que:

1W e 2W : frações em peso dos componentes 1 e 2 na fase

1gT e 2gT : temperatura de transição vítrea dos componentes individuais 1 e 2

12gT : temperatura de transição vítrea da blenda

A FIGURA 10 ilustra o efeito da miscibilidade nas temperaturas de

transição vítrea de misturas poliméricas.

FIGURA 10 - Efeito da miscibilidade nas temperaturas de transição vítrea de misturas poliméricas. Fonte: (LUCAS, SOARES & MONTEIRO, 2001)

 

Page 47: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

47  

4.3.3 AVALIAÇÃO POR Tm

Segundo (ULTRACK, 2002) a temperatura de fusão cristalina (Tm)

também fornece indícios sobre a miscibilidade do sistema. Quando a mistura

de polímeros cristalinos e amorfos exibe miscibilidade no estado fundido, a Tm

do componente cristalino é reduzida em relação à Tm do mesmo puro. Isto

porque, a presença da segunda fase pode dificultar ou mesmo inibir a

cristalização do componente cristalino. Assim, quando é possível observar uma

depressão na Tm com a composição, tem-se um indício de miscibilidade no

estado fundido.

4.4 COMPATIBILIDADE

Segundo (ULTRACK, 2002) compatibilidade, diferente de miscibilidade,

se constitui em um termo mais tecnológico, associado às propriedades do

sistema. Um sistema é dito compatível quando as propriedades finais do

mesmo estão de acordo com os valores desejados.

No caso de blendas imiscíveis e incompatíveis, estas podem se tornar

compatíveis através da adição de agentes compatibilizantes (copolímeros em

bloco ou grafitizados) os quais irão contribuir para melhorar a interação

interfacial entre os componentes da mesma, diminuindo a tensão interfacial e

conseqüentemente melhorando o grau de dispersão dos componentes. Assim,

a compatibilização consiste na modificação das propriedades interfaciais

dessas blendas poliméricas.

Para (PAUL, 1988) a tecnologia das blendas permite a obtenção de

materiais com uma ampla faixa de propriedades e características. Alterando-se

a composição do sistema, pode-se modificar, por exemplo, grau de

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48  

cristalinidade, miscibilidade do sistema, morfologia, tamanho da fase dispersa,

degradabilidade e conseqüentemente, pode-se obter materiais com

propriedades diversas.

4.5 MISCIBILIDADE E COMPATIBILIDADE EM BLENDAS POLIMÉRICAS

Para (PAUL, 1988) antes de qualquer consideração, é conveniente

definir miscibilidade e compatibilidade, miscibilidade relaciona-se com a

capacidade de dois ou mais componentes se misturarem em nível molecular,

resultando numa mistura homogênea.

O termo compatibilidade, por sua vez, está relacionado com as

propriedades desejadas em uma determinada mistura. Se estas propriedades

são alcançadas, as blendas são ditas compatíveis, caso contrário, tem-se a

incompatibilidade. Comercialmente os interesses estão voltados para as

blendas compatíveis.

Uma forma simples de verificação da miscibilidade pode ser feita por

inspeção visual do material, sugerindo que um material transparente irá ser

formado se a blenda for miscível; ou translúcido, se houver separação de

fases. Este critério, entretanto, falha quando os índices de refração dos

polímeros que formam a blenda são muito próximos. Porém, é um critério

razoavelmente seguro quando estes forem bastante diferentes. No entanto,

mesmo quando estes índices forem bem diferentes, o critério poderá falhar

devido à não detecção dos microdomínios menores que o comprimento de

onda da luz incidente.

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49  

4.6 BLENDA POLIMÉRICA ABS/PC

Segundo (HEMAIS, 2003) a blenda PC/ABS surgiu na década de 1970

visando suprir o vazio do mercado em termos de custo/desempenho entre dois

polímeros. Por se tratar de uma blenda parcialmente miscível e,

conseqüentemente, de difícil mistura, somente veio despertar interesse

comercial a partir de 1980. Sem dúvida, uma ineficiente coesão entre dois

componentes é responsável pelas pobres características reológicas da blenda

resultante, provocando sérios problemas durante a transformação do material

(principalmente de laminação) e perda de propriedades, como resistência ao

impacto, na peça moldada.

Segundo (BRYDSON, 1999) a macromolécula do PC de bisfenol- A,

possui grande unidade de repetição e grupos benzênicos, os quais são

responsáveis pela sua estrutura molecular amorfa e regida. Devido a isto, este

polímero possui elevada temperatura de fusão (tm = 225 a 250ºc) e elevada

temperatura de transição vítrea (tg= 145ºc), excelente estabilidade dimensional,

ótima resistência ao “creep” e baixa contração durante o resfriamento no

molde.

Segundo (ALBUQUERQUE, 2000) apesar do movimento da cadeia estar

congelado à temperatura inferior à tg (temperatura de transição vítrea) os

grupos fenilenos, isopropilideno e carbonatos possuem movimentos internos,

originando transições secundarias no polímero (- 200ºc). Ao aplicar- se tensões

no polímero as temperaturas superiores a transições secundarias, os pequenos

movimentos internos da cadeia absorvem, por deformação esta tensão

aplicada. Esta capacidade de absorção em um amplo intervalo de temperatura,

associado ao fato do PC possuir elevado volume livre abaixo da Tg confere ao

polímero elevada tenacidade e resistência ao impacto, inclusive a baixas

temperaturas. Isto pode ser facilmente observado se recozermos o PC, por

aquecimento, a 130ºC. Este processo provoca um pequeno aumento do grau

Page 50: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

50  

de cristalinidade (observando pelo aumento da densidade) e,

conseqüentemente uma diminuição do volume livre resultando na queda da

resistência ao impacto do polímero.

A presença de dipolos (grupos carbonatos) diretamente unidos a cadeia

principal do polímero e Tg (Temperatura de transição vítrea) muito superior a

temperatura ambiente, podemos atribuir as boas propriedades como isolante

elétrico do PC em temperatura normais de trabalho.

Segundo (BRYDSON, 1999) as propriedades químicas correspondem as

de um polímero amorfo ligeiramente polar. Os grupos carbonatos são

extremamente sensíveis a hidrólise. Como se encontram na cadeia principal, a

hidrólise pode provocar uma diminuição do peso molecular do polímero com a

conseqüente queda da resistência ao impacto. Entretanto, a presença de anéis

benzênicos em ambos os lados dos grupos carbonatos e a incorporação de

alguns aditivos específicos na formulação do PC, como por exemplo, os

fosfitos, aumentam a estabilidade dos mesmos frente a hidrólise, exceto

quando se emprega agentes hidrolizantes organofílicos, como por exemplo, as

aminas.

Conforme (ALBUQUERQUE, 2000) o peso molecular médio numérico

(PM) dos PC comerciais situa- se na faixa de 20.000- 80.000. Neste intervalo, a

maioria das propriedades mecânicas é, praticamente, independente do

comprimento molecular. Sendo um polímero de condensação, exibe uma

distribuição de peso molecular estreita, normalmente na faixa de 2,0- 2,6. O

material utilizado na blenda é o ABS (Acrilonitrila, Butadieno, Estireno). Na

FIGURA abaixo são apresentados os materiais que compõem o terpolimero

ABS.

Page 51: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

51  

FIGURA 11 - Proporção de monômeros de acrilonitrila, butadieno e estireno ABS. Fonte: (SIMIELLI, 1993, p.48)

o Acrilonitrila (20 a 30%) = Resistência química e térmica.

o Estireno (20 a 60%) = Brilho, moldabilidade e rigidez.

o Polibutadieno (20 a 30%) = Resistência ao impacto e alongamento.

Para (BRYDSON, 1999) devido à elevada energia de coesão e do

parâmetro de solubilidade da poliacrilonitrila 28,7 (MJ/m3), aumentando-se a

concentração deste ocorrerá uma melhora nas propriedades térmicas e

químicas do ABS resultante. Por outro lado, esta melhoria virá em detrimento

da processabilidade. Assim, o teor de acrilonitrila nos polímeros comerciais,

gira em torno de 20 – 30%.

Segundo (ALBUQUERQUE, 2000) a rigidez molecular do Poliestireno

proveniente do anel benzênico pendente à cadeia principal é responsável pelo

modulo de flexão do ABS. Entretanto, o estireno sofre reação de cloração,

hidrogenação, nitração e sulfonação com relativa facilidade. Os efeitos destas

Page 52: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

52  

reações são a degradação da cadeia e a descoloração, sendo este um dos

motivos da dificuldade em se produzir ABS anti- chama através de aditivos

clorados.

Os processos mais importantes a para obtenção do ABS são: Mistura de

copolímero de acrilonitrila e estireno com borracha de butadieno e acrilonitrila e

Interpolímeros de polibutadieno com estireno e acrilonitrila. No processo

interpolimero, o material resultante será uma mistura de polibutadieno com

enxertos de estireno e acrilonitrila e copolímero de estireno e acrilonitrila. Em

geral apresentam superior aparência superficial e a presença de enxertos é

essencial para uma boa resistência ao impacto.

Segundo (BRYDSON, 1999) sendo matérias amorfas, apresentam baixa

contração durante o resfriamento no molde (0,5-0,7%), amplo intervalo de

fusão e boa estabilidade dimensional apesar desta ser ligeiramente afetada

pela absorção de água. A estabilidade ao calor não é tão boa como a do

poliestireno ou polietileno.

4.7 PROPRIEDADES GERAIS DA BLENDA ABS/PC

As propriedades das blendas poliméricas ABS/PC dependem

fundamentalmente de dois fatores:

1º Tipo de polímeros utilizados, principalmente do ABS;

2º Proporção entre ABS e PC presente na mistura.

Page 53: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

53  

Conforme (INFORMATIVO TÉCNICO CYCOLOY, 2001) a blenda

polimérica ABS/PC apresenta estrutura amorfa com boa rigidez, resistência ao

impacto, dureza superficial e estabilidade dimensional, que combinam a

processabilidade do ABS em conjunto com as propriedades mecânicas,

resistência ao impacto e ao calor do policarbonato. A sua densidade varia em

função do teor de policarbonato presente na mistura, sendo, portanto, um teste

de caráter pratica eficiente para se chegar à composição A resistência ao

impacto da blenda ABS/PC sem duvida é uma das suas principais

característica. Como é de se esperar o tipo de ABS utilizado, bem como o teor

de policarbonato influenciam diretamente na resistência ao impacto IZOD com

entalhe do ABS/PC. A baixa temperatura essa blenda se comporta muito bem.

Numa faixa de temperatura entre - 30º C a 30º C e a variação de resistência ao

impacto IZOD com entalhe é de apenas 50%. Na próxima TABELA são

apresentadas as principais propriedades mecânicas de algumas blendas de

ABS/PC:

TABELA 4 - Propriedade da blenda polimérica ABS/PC Fonte: (INFORMATIO TECNICO CYCOLOY 2001, P.26).

As propriedades térmicas limitam em pouco as aplicações das blendas

poliméricas ABS/PC especialmente nos segmentos automobilísticos e de

eletro- eletrônica. A temperatura de distorção ao calor, com carga de 1,82

N/mm2 variam na faixa de 100-115ºC nos tipos comerciais e o coeficiente linear

de expansão térmica é relativamente alto 7,0- 8,5 x 10-5 cm/cm. ºC.

Page 54: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

54  

Tendo em vista que essa é uma blenda amorfa, isso faz com que ela

possui baixa contração durante o seu resfriamento entre 0,4 e 0,7 São

praticamente nulas as informações divulgadas a respeito das propriedades

elétricas desta blenda polimérica. Porém, pelo fato de tanto o ABS como o PC

serem afetados pela ação da umidade, além de apresentar certas restrições

quanto às especificações em termos de flamabilidade as aplicações do

ABS/PC em peças que exigem tais propriedades são muito limitadas.

Com relação à resistência as TRACKING, são de se esperar que a

blenda ABS/PC seja ligeiramente melhor que o PC, porém, inferior as blendas

poliméricas PPO/PS, o mesmo ocorrendo quando a rigidez dielétrica. Pelo fato

de tanto o ABS como o Policarbonato não possuir boa resistência química é de

se esperar que o mesmo ocorra com as blendas poliméricas do tipo ABS/PC

Na presença de agentes hidrolisantes organofílicos, tais como amoníaco e

aminas, a resistência do PC é muito pequena ocorrendo, rapidamente o ataque

ou a reação de hidrolise. Além disso, a presença de duplas ligações no ABS

reduz a resistência ao ozônio, oxigênio, halogênio e as radiações UV do

ABS/PC.

De maneira geral, o ABS/PC possui propriedade química semelhante ao

PC. Entretanto, a resistência a hidrocarbonetos alifáticos é muito limitada,

devido à presença do ABS. A temperatura ambiente é a UR de 50%, o ABS/PC

absorve cerca de 0,20% de água, em imersão a taxa chega a 0,70% e em água

fervente pode chegar a 1%. Essa absorção não provoca alterações

dimensionais sensíveis nem influi nas propriedades do produto. Entretanto, não

se recomenda o uso continuo destas blendas em água quente (95ºC), pois

neste caso, ocorrem sensíveis prejuízos das propriedades mecânicas,

especialmente da resistência ao impacto. Na TABELA 5 é apresentado o

comportamento da blenda ABS/PC frente aos principais grupos de produtos

químicos.

Page 55: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

55  

TABELA 5 - comportamento da blenda de ABS/PC

Fonte: (INFORMATIVO TECNICO CYCOLOY 2001, P. 32).

Page 56: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

56  

5 MATERIAS E MÉTODOS

5.1 MATERIAIS

Para o desenvolvimento da blenda polimérica, foram utilizados os

seguintes materiais:

• Acrilonitrila Butadieno Estireno (ABS)

• Policarbonato (PC)

Os lotes dos polímeros estudados constituíram-se de diferentes

polímeros ABS (Acrilonitrila Butadieno) e PC (Poli carbonato).

Seguindo a determinação da ABNT , os corpos-de-prova apresentaram-

se homogêneos, isentos de defeitos, em condições de pressão de 1atm e de

temperatura de 25ºC.

5.2 MÉTODOS     

5.2.1 PREPARAÇÃO DA BLENDA ABS/PC

A blenda foi preparada em uma extrusora dupla rosca co-rotativa com

filetes totalmente interpenetrantes. A temperatura utilizada variou entre 250 e

280 °C em todas as zonas e a velocidade da roscas foi de 50 rpm. A proporção

dos compostos foi 60 % de ABS e 40% de PC (% em peso).

Page 57: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

57  

A FIG 12 representa a extrusora utilizada para a mistura dos materiais.

FIGURA 12 - Representa a esquemática de uma extrusora Fonte: (BRASKEN tecnologia do PVC 2º edição, pg 224.)

A FIGURA a seguir ilustra os granulos dos polimeros ja passados pela extrusora e granulados por uma granulatinadeira comum.

 

   FIGURA 13 - granulados da blenda ABS/PC

Fonte : Autor, 2010

Page 58: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

58  

5.2.2 ESTUFAGEM DAS AMOSTRAS

 

 

A blenda ABS/PC, foi submetida a estufagem para eliminação de

umidade a 95º c por 6 horas , a FIGURA 14 ilustra a estufa.

FIGURA 14 - Estufa Infinit, utilizada para estufagem da blenda Fonte: (Autor, Laboratório de Plásticos da Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, 2010)

5.2.3 MOLDAGEM DAS AMOSTRAS

Segundo a norma ASTM-D-638, os corpos-de-prova, apresentaram 3,2

mm de espessura, 12,7 mm de largura e comprimento inicial de 50 mm.

As amostras para serem submetidas ao ensaio de resistência à tração,

foram moldadas por injeção, utilizando-se uma injetora ROMI série Primax 65R,

força de fechamento de 65 toneladas e capacidade de 120 gramas, diâmetro

Page 59: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

59  

da rosca de 45 mm, L/D 20:1, taxa de compressão 3,5:1. A temperatura de

moldagem variou entre 250 e 275 °C. O ciclo de injeção foi de 35 segundos. A

FIGURA 15 ilustra a injetora usada para injetar os corpos de prova.

FIGURA 15 - Máquina Injetora Romi Primax utilizada para Injeção do corpo de prova da blenda ABS/PC Fonte: (Autor, Laboratório de Plásticos da Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, 2010)

5.3 CARACTERIZAÇÃO DOS CORPOS-DE-PROVA

De acordo com a norma técnica, para a caracterização mínima da blenda

ABS/PC foram ensaiados 12 corpos-de-prova para cada propriedade.

Foram determinados: resistência a tração e estabilidade térmica (TG,

DSC).

A seguir são apresentados os corpos-de-prova injetados no laboratório

de plástico da FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE.

Page 60: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

60  

FIGURA 16 - corpo de prova da blenda ABS/PC Fonte: (Autor, injetado no laboratório da Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, 2010)

A FIGURA a seguir mostra as dimençoes do CDP(corpo de prova) de

acordo com a norma ASTM-D-638

FIGURA 17 - CDP com as dimenções de acordo com a norma ASTM-D-638 Fonte: (Autor, injetada no laboratório de plástico da FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE, 2010)

Page 61: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

61  

5.3.1 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO  

 

As amostras da blenda ABS/PC (60%/40%) foram submetidas a ensaios

de resistência a tração de acordo com a Norma ASTM-D-638.

Os ensaios de resistência à tração realizados nos materiais

termoplásticos tem a finalidade de avaliar e determinar a capacidade do

material em resistir às forças que tendem a puxá-lo; e registrar graficamente o

desenvolvimento do movimento de tração analisando as forças e as

deformações nos limites de proporcionalidade, escoamento e ruptura do corpo

de prova. Este ensaio é normalizado pela Norma ASTM-D-638, a qual

estabelece os parâmetros de configuração do corpo de prova, a velocidade de

ensaio e os pontos a serem analisados.

Os ensaios de resistência à tração foram realizados em um equipamento

denominado dinamômetro Instron, operando a uma velocidade de deformação

de 50 mm/min, de acordo com a norma ASTM-D-638, na temperatura de 21 ˚

C. Os resultados foram obtidos a partir de uma média de 12 corpos de prova. A

FIGURA 18 ilustra o equipamento utilizado para a realização dos ensaios.

     Para a realização do ensaio foram seguidos os seguintes passos:

o Preparar o dinamômetro para o ensaio de resistência à tração;

o Definir a velocidade de ensaio em 50 mm/minutos;

o Medir a área do corpo de prova;

o Fixar o corpo de prova nas garras de fixação;

o Colocar o extensômetro;

o Iniciar a movimentação da travessa;

o Acompanhar o gráfico de tensão – deformação;

o Efetuar os cálculos de tensão e deformação após o término do ensaio;

Page 62: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

62  

o Repetir o procedimento para 12 corpos de prova;

o Efetuar a média e desvios dos resultados.

       FIG 18 - equipamento utilizado para a realização do teste de resistencia a tração Fonte: (Autor, laboratório de plástico da FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE, 2010)

As deformações podem ser medidas nos pontos selecionados e através

dela todas as propriedades correlacionadas. As deformações foram calculadas

utilizando a seguinte relação:

Є = ∆ L / L0 ( 8 )

Em que:

Є = Deformação;

∆ L= Variação no comprimento;

L0 = Comprimento inicial;

Lf = Comprimento final.

Page 63: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

63  

5.3.2 CALORIMETRIA DIFERENCIAL EXPLORATÓRIA - DSC

A compatibilidade e miscibilidade em blendas pode ser estudada por

Calorimetria Diferencial Exploratória (DSC), a partir da Tg (temperatura de

transição vítrea) e da Tm (temperatura de fusão cristalina), quando houver, do

material polimérico. Misturas miscíveis apresentam transições/picos bem

definidas, enquanto misturas imiscíveis mostram transições separadas. No

caso de misturas intermediárias, em casos limites de miscibilidade, observam-

se transições largas.

A técnica de DSC (Calorimetria Exploratória Diferencial) é uma grande

ferramenta para a obtenção da Tg. Na curva de DSC, a Tg é caracterizada pela

mudança de Cp (Calor específico: mudança da linha base, dado em J/g°C),

mas com outras técnicas, a Tg pode ser caracterizada por outras propriedades

físicas, tais como: Módulo de Elasticidade e Coeficiente de Expansão Térmica

(CTE).

As análises por DSC foram efetuadas nos péletes extrudados, utilizando-

se o aparelho da TA QS100. Esta análise foi realizada para os materiais ABS e

PC para quantificar o percentual referente aos materiais constantes da blenda

cuja proporção é de 60% de ABS e 40% de PC.

As análises DSC foram realizadas no equipamento da marca Shimadzu,

modelo DSC-50, utilizando-se porta amostras de alumínio, nas seguintes

condições:

o Massa da amostra em torno de 8 mg

o Atmosfera: nitrogênio

o Fluxo de nitrogênio: 20 mL/min

Page 64: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

64  

Para as curvas de aquecimento:

o Temperatura: 25ºC a 280oC

o Razão de Aquecimento: 10oC

Para as curvas de resfriamento:

o Temperatura: 220ºC a 40oC

o Razão de Resfriamento: 5oC

A FIGURA 19 ilustra o equipamento utilizado para a realização dos teste.

FIG 19 - equipamento utilizado para a realização do ensaio do DSC Fonte: (Autor, equipamento do laboratório do IPEN, USP, 2010)

Page 65: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

65  

5.3.3 TERMOGRAVIMETRIA – TGA  

 

Termogravimetria é a técnica na qual a mudança da massa de uma

substância é medida em função da temperatura enquanto esta é submetida a

uma programação controlada (MACHADO e MATOS, 2004).

O termo Análise Termogravimétrica (TGA) é comumente empregado,

particularmente em polímeros, no lugar de TG por ser seu precedente histórico

e para minimizar a confusão verbal com Tg, a abreviação da temperatura de

transição vítrea.

Os ensaios de análise térmica para as amostras da blenda foram

realizados utilizando-se uma termobalança, modelo TG-50, da Shimadzu Co.

As curvas TG, de perda de massa em função do tempo ou da temperatura,

foram obtidas com cerca de 5 mg de amostra, taxa de aquecimento de

10ºC/min, de temperatura ambiente até 700°C, em atmosfera dinâmica de ar

comprimido seco com vazão de 50 mL/min. Os ensaios permitiram avaliar

comparativamente a estabilidade térmica dos materiais.

   

Page 66: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

66  

A FIGURA 20 e 21 ilustra o equipamento utilizado para a realização dos teste.   

FIG 20 e 21 - equipamento utilizado para a realização dos ensaios de TGA Fonte: (Autor, equipamento do laboratório do IPEN, USP, 2010)

Page 67: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

67  

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1 – ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DA BLENDA

ABS/PC

A Tabela 6, ilustra os resultados dos ensaios de resistência à tração da

amostra da blenda , onde é possível verificar os valores de:

Max Load - Carga Máxima

Max Strength - Força Máxima

Upper Yield Strength - Força de Rendimento Máxima

Rt - Resistência a Tração

A - Alongamento

Z - Deformação

Lower Yield Strength - Força de Rendimento Mínima

Max Defor - Deformação Máxima

TABELA 6: Resultado dos Ensaios à Resistência a Tração FONTE: AUTOR, 2010

Page 68: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

68  

O gráfico abaixo ilustra o comportamento mecânico da blenda, as tensões e as deformações sofridas pelo material nas regiões elástica, plástica e ruptura.

GRÁFICO 1 – Resultado do ensaio de resistência a tração. Fonte: (Autor, laboratório de plástico da FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE, 2010)

6.2 – ENSAIOS DE TERMOGRAVIMETRIA (TGA) DA BLENDA ABS/PC

Os gráficos 2 e 3, ilustram o comportamento térmico da blenda, no

ensaio de TGA/DTG (Termogravimetria/ Derivada Termogravimétrica).

 

 

 

Page 69: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

69  

-0 100 200 300 400 500 600 700Temp [C]

-0

20

40

60

80

100

%TGA

-10

0

10

%/minDrTGA

           GRÁFICO 2 – comportamento térmico da blenda             Fonte: (Autor, equipamento do laboratório do IPEN, USP, 2010) 

 

-0 100 200 300 400 500 600 700Tem [C]

-0

20

40

60

80

100

%TGA

232.4COnse333.5CEndse0.019mg0.364%

Weight Lo

40.43CMid Poi

416.8COnse468.5CEndse-3.63mg-69.56%

Weight Lo

441.5CMid Poi -151.7Onse593.9Endse

-0.17m-3.41%

Weight Lo

589.5Mid Poi

GRÁFICO 3 - variação de perda de massa em função da temperatura             Fonte: (Autor, equipamento do laboratório do IPEN, USP, 2010) 

Page 70: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

70  

As curvas de variação de perda de massa em função da temperatura

permitem a determinação quantitativa dos principais componentes presentes

nas amostras da blenda . As curvas apresentadas referem-se a um único

ensaio.

Os fenômenos observados durante a decomposição térmica da blenda

ocorrem em duas etapas e podem ser atribuídos a: 1ª etapa – decomposição

térmica do butadieno, estireno e acrilonitrila, 2 ª etapa- decomposição térmica

policarbonato.

É possível observar que os materiais ABS/PC apresentam

decomposição térmica muito próximas, tornando o material uma blenda

compatível.

Page 71: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

71  

6.3 – ENSAIOS DE DSC – (CALORIMETRIA EXPLORATÓRIA DIFERENCIAL)

As curvas abaixo referem-se aos ensaios de DSC da blenda ABS/PC.

100 200Temp [C]

-1

-0

-0

0

mW/mgDSC

104.55COnset113.85CEndset

108.26CMid Point

-0.71mW-0.09mW/mg

Transition

138.30COnset147.93CEndset

143.04CMid Point

-0.77mW-0.10mW/mg

Transition

  GRÁFICO 4 – ensaio de DSC Fonte: (Autor, equipamento do laboratório do IPEN, USP, 2010)

 

Os fenômenos observados durante a transição vítrea da blenda podem

ser atribuídos à : 1ª etapa – transição vítrea do ABS (butadieno, estireno,

acrilonitrila) – (Tg = 108,26ºC) , e 2 ª etapa - transição vítrea do PC

(policarbonato) – (Tg = 143,04ºC).

Page 72: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

72  

7 CONSIDERAÇÃOES FINAIS     Observa-se que o ABS e o PC apresenta características específicas,

cita-se: suas resistências mecânicas, térmicas e químicas. E sua utilização na

indústria automobilística é inevitável por conta de suas excelentes

propriedades.

Podemos melhor visualizar nas temperaturas de processamento dessa

blenda através dos gráficos de análise térmica e nas tensões de tração com

aumento na zona elástica, plástica e no escoamento.

Através do estudo das propriedades térmicas e resistência à tração do

ABS/PC conclui-se que essas propriedades juntas apresentam aumento

significante nas propriedades do material e sua aplicação torna-se viável

principalmente em produtos que necessitam de propriedades especificas além

do ABS em si só.

Page 73: Acrilonitrila Butadieno Estireno Estudo Propriedas Físico Mecânica

73  

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