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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto POLIMERIZAÇÃO DO ESTIRENO Projeto FEUP 2013/2014 Mestrado Integrado em Engenharia Química Supervisor: José Inácio Martins Monitor: António Carvalho Estudantes: Márcia Santos Mariana Gomes Paulo Silva Pedro Gomes Sofia Delgado Sofia Silva Vítor Pereira

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

P OL IMERIZ A Ç Ã O D O ES T IRE NO

Projeto FEUP 2013/2014

Mestrado Integrado em Engenharia Química

Supervisor: José Inácio Martins

Monitor: António Carvalho

Estudantes:

Márcia Santos

Mariana Gomes

Paulo Silva

Pedro Gomes

Sofia Delgado

Sofia Silva

Vítor Pereira

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RESUMO

Este trabalho foi realizado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP, do curso de Engenharia

Química da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Com a polimerização do estireno como tema central, foi, inicialmente, abordado o estireno como

matéria-prima e ponto de partida para a polimerização.

De seguida, foram descritos os principais mecanismos de produção do poliestireno, sendo estes

enquadrados na indústria de acordo com as vantagens e desvantagens que acarretam.

Posteriormente, referiram-se os principais condicionantes da reação de polimerização, que

influenciam o rendimento e a velocidade.

Por fim, abordaram-se as principais aplicações dos diferentes tipos de poliestireno.

PALAVRAS-CHAVE

Estireno; polimerização; poliestireno.

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ABSTRACT

This report was written under the subject of Projeto FEUP of the first year of Chemical

Engineering in Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

With styrene’s polymerization as central topic, it was initially addressed styrene as a raw material

and a starting point for polymerization.

Then, the main mechanisms for the production of polystyrene were described, which are fitted in

industry under the advantages and disadvantages they imply.

Subsequently it was referred the main determinants of the polymerization reaction, which

influence its efficiency and speed.

Finally we discussed the main applications of different kinds of polystyrene.

KEY WORDS

Styrene; polymerization; polystyrene.

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AGRADECIMENTOS

O grupo aproveita para agradecer a todos os que colaboraram na realização deste projeto,

nomeadamente e em especial ao professor José Inácio Martins e ao monitor António Carvalho, pelas

orientações e esclarecimentos prestados, bem como pelo tempo empregue para ajudar ao sucesso

do trabalho.

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Índice

Introdução ............................................................................................................................................... 7

Processo de fabrico do poliestireno .............................................................................................. 8

Etapas de produção poliestireno em geral .................................................................................... 8

Mecanismos de Polimerização e processos .......................................................................................... 10

Reacções de polimerização .......................................................................................................... 10

Exemplos das reações de polimerização ............................................................................. 10

Polimerização por Adição ........................................................................................................ 10

Polimerização em solução via radicais livres ....................................................................... 10

Iniciação: .......................................................................................................................... 11

Propagação ...................................................................................................................... 12

Terminação ...................................................................................................................... 12

Polimerização por Condensação .............................................................................................. 13

Efeitos sobre a saúde ............................................................................................................... 15

Cinética ................................................................................................................................................. 16

Polimerização do Estireno ........................................................................................................... 16

Aplicações ............................................................................................................................................. 17

Versatilidade ................................................................................................................................ 18

Mercado Mundial.................................................................................................................................. 18

Conclusão .............................................................................................................................................. 21

Referências bibliográficas ..................................................................................................................... 22

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Exemplo “ Pellets” de poliestireno cristal. Forma esférica e cristalina.................................... 9

Figura 2: Fluxograma de fabricação do poliestireno (Neste caso, poliestireno cristal) .......................... 9

Figura 3: Esquema da fase de Iniciação ................................................................................................ 11

Figura 4: Formação dos radicais a partir do monómero de estireno ................................................... 11

Figura 5: Clivagem homolítica do peróxido de benzoíla formando dois radicais derivados de ácido

benzóico ................................................................................................................................................ 11

Figura 6: Esquema da fase de Crescimento .......................................................................................... 12

Figura 7: Uma das reações que ocorre durante a propagação na polimerização de poliestireno ....... 12

Figura 8: Esquema da combinação de dois macro radicais .................................................................. 12

Figura 9: Esquema da dismutação por transferência de um átomo de hidrogénio ............................. 12

Figura 10: Esquema da combinação de um macro radical com um centro ativo ................................. 13

Figura 11: Formação de um dímero a partir de dois monómeros ........................................................ 13

Figura 12: Formação do trímero ABA ................................................................................................... 14

Figura 13: Formação do trímero BAB.................................................................................................... 14

Figura 14: Esquema da reação de formação de um poliéster por polimerização por condensação .... 14

Figura 15: Esquema de formação de um poliuretano por polimerização por condensação ................ 14

Figura 16: Comparação da capacidade instalada, procura e produção de poliestireno em toneladas

por ano, nos principais mercados mundiais. ........................................................................................ 19

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Principais características das reações de polimerização por adição e por condensação ..... 15

Tabela 2: Mecanismo cinético básico para a polimerização ................................................................. 16

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INTRODUÇÃO

A descoberta do monómero de estireno deve-se a Newman que o isolou, em 1786, através da

destilação do “líquido âmbar”, uma resina sólida obtida a partir de uma família de árvores nativas do

extremo Oriente e Califórnia. Este líquido liberta um odor de baunilha e era usado em propriedades

medicinais e na perfumaria. Contém um ácido cinâmico, que é facilmente descarboxilado para a

obtenção do estireno. A primeira polimerização do estireno é creditada a E.Simon, em 1839. Foi

obtido um composto sólido proveniente da destilação com vapor a partir de uma resina gomosa,

denominado estirol.

Entretanto, foi somente com a descoberta da quebra de ligações do etil-benzeno em moléculas

mais simples e do desenvolvimento de inibidores de polimerização eficientes que o estireno e

posteriormente o poliestireno começaram a ser comercializados em escala industrial.

Devido à alta exotermicidade da reação de polimerização do estireno, o desenvolvimento de

inibidores de polimerização foi necessário para evitar perdas durante a destilação do estireno a

partir do etil-benzeno e permitir a reserva do estireno de forma segura, evitando a formação de

polímero. A partir do desenvolvimento de inibidores eficazes, tornou-se fácil a polimerização do

estireno e consequente comercialização simples e rápida do poliestireno.

Os produtos de poliestireno fazem parte da sociedade atual, e são aplicados nos mais variados

segmentos como nos eletrodomésticos, bens de consumo, descartáveis, informática e construção

civil, entre outros, como será abordado ao longo do trabalho.

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PROCESSO DE FABRICO DO POLIESTIRENO

O monómero para a produção do poliestireno é o estireno, que quimicamente é um

hidrocarboneto aromático insaturado de fórmula C6H5C2H3. É também chamado de

fenilacetileno ou vinilbenzeno. O estireno é um líquido, com ponto de ebulição 145°C e ponto de

solidificação -30,6°C. Quando puro é incolor, apresenta um odor agradável e adocicado. Pode ser

obtido industrialmente a partir de vários processos, no entanto o mais utilizado consiste na

desidrogenação do etil-benzeno.

O etil-benzeno é obtido a partir da alquilação do benzeno por reação com o etileno, na presença

de um catalisador, como por exemplo: cloreto de alumínio (AlCl3). A desidrogenação do etil-benzeno

é provocada pela ação do calor, na presença de óxidos metálicos, tais como o óxido de zinco, cálcio,

magnésio, ferro ou cobre.

A temperatura do sistema deve ser entre 600 °C e 800 °C. A reação é endotérmica e a pressão é

reduzida.

O grau de pureza do estireno utilizado no processo de polimerização dever ter um grau de pureza

superior 99,6%, uma vez que os contaminantes que provêm do seu processo de produção (etil-

benzeno e xilenos) afetam o peso molecular do poliestireno.

ETAPAS DE PRODUÇÃO POLIESTIRENO EM GERAL

Torre de alumínio: Objetivo de reter as impurezas provenientes da produção do estireno e

principalmente reter o anti polimerizador adicionado durante a fabricação do estireno (de forma a

evitar o amarelecimento no polímero).

Reatores em série: O monómero juntamente com os aditivos e o iniciador passam para os

reatores. Dá-se a iniciação mais rápida da reação, sendo os peróxidos, os iniciadores mais usados. Os

tipos de reatores e outros equipamentos variam de acordo com a tecnologia utilizada para a

fabricação da resina.

Desvolatilização: O objetivo é a separação do monômero não reagido e dos aditivos que não

foram incorporados na corrente principal contendo o polímero. É de salientar que, os equipamentos

envolvidos nesta etapa trabalham a uma pressão bastante reduzida e altas temperaturas com o

intuito de obter um polímero com elevado grau de pureza, visto que é uma especificação bastante

exigida pelos clientes, principalmente pelos produtores de embalagens alimentares.

Peletização/Granulação: A massa polimérica é transformada em” pellets”, que é a forma como o

polímero é entregue aos clientes.

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O poliestireno é um material de polimerização simples e de fácil processabilidade, além disso,

é um termoplástico, tornando possível a sua reciclagem. Várias especificações são requeridas

durante a produção do poliestireno, dependendo da aplicação final desejada. As principais são:

Índice de Fluidez (IF);

Temperatura de amolecimento;

Transparência (no caso de ser cristal);

Resistência ao impacto, sendo essa qualidade, a principal.

As condições de processo são variadas e também dependem de:

Temperatura dos reatores;

Concentração de aditivos;

Temperatura dos equipamentos de separação;

Tipos de polibutadienos incorporados ao estireno (poliestireno de alto impacto).

As noções interiorizadas dos diferentes tipos de poliestireno serão esclarecidas no ponto

“Versatilidade” do relatório.

Figura 1: Exemplo “ Pellets” de poliestireno cristal.

Forma esférica e cristalina.

Figura 2: Fluxograma de fabricação do poliestireno (neste

caso, poliestireno cristal) .

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MECANISMOS DE POLIMERIZAÇÃO E PROCESSOS

REACÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO

As reações químicas que produzem polímeros a partir de monómeros designam-se por reações

de polimerização. Em geral, podem considerar-se dois mecanismos fundamentais de polimerização:

com crescimento em cadeia (adição) e com crescimento em etapas (condensação), no entanto,

existem outros mecanismos menos importantes, como a polimerização por coordenação, em que se

utilizam normalmente catalisadores metálicos.

EXEMPLOS DAS REAÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO

Alguns termoplásticos, como o polietileno de baixa densidade e o poliestireno, são obtidos a

partir dos respetivos monómeros por processos de polimerização por radicais (adição); outros, como

os poliuretanos, são obtidos por polimerização por condensação; o nylon-6 por polimerização iónica

e ainda o polipropileno e polietileno de alta densidade por polimerização por coordenação. Outros

materiais poliméricos são, por exemplo, as resinas de poliéster, que se obtêm através de técnicas de

polimerização por condensação e por radicais.

POLIMERIZAÇÃO POR ADIÇÃO

Na polimerização por adição, as espécies responsáveis pelo crescimento das cadeias moleculares

são radicais, isto é, espécies moleculares com um eletrão desemparelhado. A esta espécie,

responsável pela iniciação da polimerização, atribui-se a designação de centro ativo e a ela se

adicionam, sucessivamente, novas moléculas de monómero para se formar o polímero. Daí advêm

as designações dadas a este tipo de polimerização: “polimerização por adição”, “polimerização

radicalar” ou “polimerização com crescimento em cadeia”.

(Ribeiro 1999)

POLIMERIZAÇÃO EM SOLUÇÃO VIA RADICAIS LIVRES

A polimerização radicalar é o método mais utilizado industrialmente, devido ao baixo custo, fácil

execução, compatibilidade com diversos monómeros e tolerância a impurezas e à água no meio

reacional. Este processo reativo é caracterizado pela existência de três etapas: iniciação, propagação

e terminação, todas com características, mecanismos e velocidades distintas.

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INICIAÇÃO:

Para se formar espécies reativas, é necessário a utilização de um agente iniciador, que pode ser o

calor, radiações eletromagnéticas ou um agente químico. Nos dois primeiros casos, os radicais

formam-se através de cisão homolítica (quebra de duplas ligações). Deste tipo de iniciação obtém-se

um produto de elevado grau de pureza, o que é desejado industrialmente. No entanto, não

apresentam viabilidade, nomeadamente, devido às altas temperaturas exigidas. A iniciação química

é a que apresenta maior utilização a nível industrial. A partir de um iniciador que se dissocia em dois

radicais livres que se associam a um monómero (estireno).

No caso do poliestireno, um dos iniciadores utilizados é o peróxido de benzoíla. A sua

escolha depende da sua solubilidade e temperatura de decomposição. No caso de a polimerização

ser realizada num solvente orgânico (xileno), o iniciador deve ser solúvel no solvente e a sua

temperatura de decomposição deve ser igual ou menor ao ponto de ebulição do solvente. A sua

decomposição baseia-se na clivagem homolítica nas ligações O-O quando submetido a temperaturas

elevadas.

Figura 3: Esquema da fase de Iniciação,

em que I representa o Iniciador e R o Radical .

Figura 5: Clivagem homolítica do peróxido de benzoíla

formando dois radicais derivados de ácido benzoico.

Figura 4: Formação dos radicais a partir do monómero

de estireno.

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Figura 8: Esquema da combinação de dois macro radicais.

PROPAGAÇÃO:

Durante esta fase, às espécies reativas resultantes da etapa anterior adiciona-se uma nova

molécula de monómero, dando origem a um novo centro reativo aumentando, desta forma, o

tamanho da cadeia. Repetindo-se este processo, caracterizado pelo crescimento do polímero, até à

terminação da reação.

TERMINAÇÃO:

A paragem do crescimento da molécula dá-se com a destruição do núcleo ativo. Esta desativação

pode ser feita de diversas maneiras como:

Combinação de dois macro radicais obtendo-se um polímero de maior massa molecular

relativa:

Dismutação (desproporcionamento) ocorre quando é transferido um átomo de

hidrogénio de uma cadeia para outra:

Figura 6: Esquema da fase de Crescimento, em que R*

representa o Radical; M o monómero; RM* e RMM*

Macro radicais em crescimento.

Figura 7: Uma das reações que ocorre durante a propagação na polimerização de poliestireno .

Figura 9: Esquema da dismutação por transferência de um átomo de hidrogénio .

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Figura 10: Esquema da combinação de um macro radical

com um centro ativo.

Combinação de um macro radical com um centro ativo formado na iniciação:

Na síntese de polímeros através da polimerização radicalar, as reações podem produzir muito

calor, devido à sua alta entalpia. Deste modo, durante este processo costumam utilizar-se reatores

selados ou atmosferas inertes para a síntese de polímeros em grande escala. Alguns destes, durante

o processo, precisam de ser arrefecidos, porque o calor que libertam pode iniciar a degradação do

produto final da reação.

POLIMERIZAÇÃO POR CONDENSAÇÃO

A polimerização por condensação dá-se em reações onde o monómero se polimeriza por etapas

ou passo-a-passo com libertação de moléculas de baixa massa molecular relativa. Contudo, há

reações de polimerização por condensação em que não há libertação destas substâncias, como no

caso dos poliuretanos.

O mecanismo de polimerização por condensação (ou polimerização com crescimento em etapas

ou passo-a-passo) é processado através de reações que ocorrem entre os grupos funcionais das

espécies moleculares presentes no sistema reacional. De uma forma esquemática, poder-se-á

representar o mecanismo da seguinte forma:

Reação de dois monómeros A e B para formar o dímero (AB):

Figura 11: Formação de um dímero a partir

de dois monómeros.

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Reação do dímero (AB) com o monómero A ou B para formar o trímero (ABA ou BAB):

Reação do n-mero com o m-mero para formar o (n+m)-mero.

A polimerização por condensação é bastante mais lenta que a de adição, visto que a primeira é

essencialmente uma reação entre grupos funcionais de moléculas. Desta reação resulta a formação

de um novo grupo funcional característico. Como exemplo, pode-se referir a formação de:

Poliésteres que envolvem a reação de grupos –OH com grupos –COOH:

Poliamidas que pode envolver a reação de grupos –NH2 com grupos –COCl;

Poliuretanos que envolve a reação de grupos –N=C=O com grupos –OH:

Figura 12: Formação do trímero ABA.

Figura 13: Formação do trímero BAB.

Figura 14: Esquema da reação de formação de um poliéster por

polimerização por condensação

Figura 15: Esquema de formação de um poliuretano por polimerização

por condensação.

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Se os grupos funcionais se localizarem apenas nas extremidades das moléculas intervenientes,

formar-se-ão polímeros lineares. Se alguns dos grupos funcionais não estiverem localizados nas

extremidades, formar-se-ão polímeros ramificados ou mesmo reticulados, havendo ainda a

possibilidade da formação de estruturas cíclicas por reação intramolecular entre grupos funcionais.

Na Tabela 1 apresentam-se um resumo das principais características das reações de

polimerização por adição e por condensação.

EFEITOS SOBRE A SAÚDE

Efeitos sobre a saúde decorrentes da exposição ao estireno podem envolver o sistema nervoso

central e incluem queixas de dor de cabeça, fadiga, tonturas, confusão, sonolência, mal-estar,

dificuldade de concentração, e uma sensação de embriaguez.

Tabela 1: Principais características das reações de polimerização por adiçã o e

por condensação.

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CINÉTICA

A Cinética é a área da Química que estuda a velocidade das reações. Assim, o seu objetivo é

compreender como determinar as taxas de reação e que fatores influenciam estas.

Deste modo, para alterar a velocidade das reações químicas é necessário analisar os fatores de

que depende a sua velocidade: Entre outros, a concentração dos reagentes, o estado físico dos

mesmos, a temperatura a que decorre a reação, e a presença de determinadas substâncias que se

designam por catalisadores e inibidores.

POLIMERIZAÇÃO DO ESTIRENO

Como vimos, a polimerização radicalar é o método mais utilizado industrialmente, daí ser aquele

que vamos analisar.

Na Tabela 2 apresentam-se as principais equações de reação da polimerização:

A etapa de iniciação é uma etapa muito importante no processo, pois é fundamental na

determinação do número de moléculas de polímeros que será formado e também no peso

molecular médio do polímero. Quanto maior a taxa de iniciação, maior a quantidade de radicais

livres presentes no meio reacional, implicando assim uma maior taxa de polimerização, visto que

poderá haver um maior número de radicais consumidos.

Na etapa de propagação, ocorre o crescimento da molécula de polímero. Este crescimento é

proporcional ao consumo de monómero e à produção de polímeros.

Por fim, na etapa de terminação, a constante global é dada pela soma das constantes de

terminação por combinação e dismutação (desproporcionamento). Temperaturas mais elevadas

Tabela 2: Mecanismo cinético básico para a polimerização .

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contribuem para terminação por dismutação, pois facilita a libertação do átomo de hidrogénio de

uma molécula para a outra.

Deste modo, verificamos que as velocidades de reação dependem da concentração dos

reagentes, neste caso, radicais, monómeros e, posteriormente, macro radicais.

Isto, pois, quanto maior a concentração, maior o número de partículas no mesmo volume e,

assim, existe um aumento da frequência de colisões eficazes.

Aumentando a temperatura a que decorre a reação química, a velocidade aumenta. Tal

acontece, pois a agitação das partículas é maior, também contribuindo para o número de choques

eficazes.

Finalmente, uma outra maneira de alterar a velocidade de algumas reações químicas é através da

adição de pequenas quantidades de substâncias que não se consomem, nem se produzem no

decorrer das reações químicas. Este tipo de substâncias pode acelerar ou retardar as reações

químicas e designam-se, respetivamente, catalisadores e inibidores.

A presença de um catalisador provoca uma diminuição da energia necessária para o choque ser

eficaz. Deste modo, embora o número de choques seja o mesmo, aumenta o número de choques

eficazes, aumentando, por consequência, a velocidade da reação.

Assim, resta dizer que as taxas de reação dependem também das caraterísticas do iniciador e do

solvente utilizados.

APLICAÇÕES

O poliestireno reúne um conjunto de condições que lhe permitem ter uma grande área de

aplicação:

O facto de ter resistência ao impacto, dilatações e compressões;

Ter capacidade isolante de calor, som e humidade;

Grande estabilidade perante outros materiais, como cimento, gesso e até mesmo

alimentos;

Não se decompor e não absorver água.

Todas estas características fazem deste polímero um material de extrema importância na

sociedade moderna, uma vez que lhe permite ter uma grande área de aplicação, dependendo do

tipo de poliestireno em questão.

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VERSATILIDADE

Existem quatros tipos de poliestireno e cada um tem o seu tipo de aplicação: o poliestireno de

alto impacto; o poliestireno cristalino ou comum; o polistireno resistente ao calor e, por último, o

poliestireno expandido. Embora todos eles apresentem algumas das principais características deste

polímero, cada tipo de poliestireno apresenta as suas próprias características que definem a sua

área de aplicação.

O poliestireno de alto impacto, tal como o nome indica, tem uma capacidade de aguentar com

impactos e por isso é usado para artigos técnicos, embalagens rígidas, como por exemplo, artigos de

computadores, impressoras, máquinas de ar condicionado e afins, artigos sanitários, etc.

O poliestireno cristalino é muito usado em artigos descartáveis como copos e talheres, em

brinquedos, na indústria farmacêutica, em tampas de garrafas e em artigos domésticos como

cabides, pentes, escovas de dentes, jarros, etc.

O poliestireno resistente ao calor é muito usado em embalagens de alimentos, etc., uma vez que

estes podem ser embalados ainda a quente e, como não reage com os alimentos, estes não ficam

com o seu sabor alterado nem emitem qualquer odor.

Por último, o poliestireno expandido, é um polímero que é submetido a um agente expansor que

lhe permite aumentar o seu tamanho. Este polímero apresenta uma grande capacidade isolante ao

calor e ao som e, por isso, é muito usado na construção para isolar as diferentes divisões de um

certo imóvel.

MERCADO MUNDIAL

Relativamente à distribuição do consumo de poliestireno, estudos indicam que há um

crescimento de aproximadamente 2% do consumo anual deste polímero. A área das embalagens e

dos artigos técnicos são as mais significativas e representam dois terços do consumo total de

poliestireno. Na Europa Ocidental e nos EUA, cerca de 50% do poliestireno é consumido em

embalagens. Por outro lado, artigos técnicos feitos com este polímero representam cerca de 20-25%

do mercado destas zonas do mundo. Na Ásia, apenas 25% deste material é usado em embalagens,

enquanto 50% é usado em artigos técnicos. Esta parte do mundo é responsável pelo consumo de

aproximadamente de 40% enquanto a região do NAFTA e a União Europeia consomem cerca de 25%

do seu consumo total.

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Atualmente, o mercado do estireno está maioritariamente voltado para a fabricação de

poliestireno (PS), sendo cerca de 60%, seguidamente do ABS e de borrachas sintéticas. O PS é assim

o quinto termoplástico mais consumido no mundo com 7,8% do consumo mundial de

termoplásticos. Apesar de o PS ser um material bastante versátil, com grandes variedades e

aplicações, enfrenta hoje a concorrência de diversos produtos, como o papel, o vidro, a madeira, e

os plásticos PP, PVC e ABS. Consequentemente, a sua produção enfrentou uma diminuição.7

Na América do Norte, houve uma projeção da diminuição da capacidade em mais de 272 mil

toneladas, de 2005 a 2010, sendo o excesso de capacidade de produção ainda um problema, apesar

das reduções.

Na Europa, outro mercado que cresce a taxas vegetativas, também teve a sua capacidade

instalada diminuída, sendo que houve uma redução de 345 mil toneladas, de 2005 para 2010.

Entretanto, a procura de poliestireno na Europa aumentou cerca de 6% no mesmo período, havendo

assim um aumento do nível operacional no continente passando de 81% para 90%.

Esta situação tem-se mostrado diferente na Ásia, sendo que o consumo do PS neste continente

cresce cerca de 8% ao ano, passando assim a liderar o consumo mundial. Entre 1996 e 2001, 56% do

acréscimo da procura mundial de poliestireno foi oriunda da região asiática.

Embora a América do Sul tenha tido um pequena participação nos últimos anos, a nível mundial,

essa região apresentou uma taxa de crescimento de 5,2% ao ano, no período de 1993 a 1998,

Figura 16: Comparação da capacidade instalada, procura e produção de

poliestireno em toneladas por ano, nos principais mercados mundiais.

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continuando a crescer bastante, demonstrado pelo aumento da capacidade, que passou de 441 mil

toneladas para 861 mil em 10 anos.

Por fim, o mercado no Médio Oriente, apesar de ser o que apresenta menor capacidade

instalada, 556 mil toneladas atualmente, é um mercado que pode ser considerado bastante

promissor, sendo que aumentou 65% entre 2000 e 2005, mantendo-se constante desde então.

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CONCLUSÃO

A partir dos dados obtidos com a realização do trabalho foi possível concluir que a polimerização

do estireno é um processo relativamente complexo que se revela essencial no panorama atual.

Mesmo que a maioria das pessoas não se aperceba, muitos do materiais com que contactamos no

dia-a-dia são fabricados a partir de polímeros de estireno, nomeadamente, embalagens, brinquedos

e produtos descartáveis.

Foram analisadas as várias formas de polimerização do estireno, detalhando-se as reações

químicas envolvidas no processo e a forma como a concentração dos reagentes, a temperatura e a

presença ou não de catalisadores afetam a velocidade das referidas reações.

A procura de polímeros de estireno aumentou em certas zonas do mundo o que,

consequentemente, provocou um desenvolvimento da sua produção nesses locais. No entanto, o

balanço a nível mundial é negativo devido principalmente á concorrência de outros materiais

utilizados para os mesmos fins.

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