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TRF/FLS.____ PODER JUDICIáRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO APELAÇÃO CRIMINAL 8531 - CE (2006.81.00.009719-4) APTE : ALANDY KERLL COELHO ALVES ADV/PROC : EUCLIDES AUGUSTO PAULINO MAIA E OUTRO APTE : JOSÉ JUTAY ANDRADE GUILHERME JÚNIOR ADV/PROC : JOAQUIM JOSÉ MATEUS PEREIRA APTE : IVANIZIANE DE OLIVEIRA BATISTA APTE : FABRÍCIO LUIZ ALVES DUTRA APTE : JOSÉ ACRÍSIO FERREIRA PEREIRA APTE : ORLANDO FAÇANHA DA ROCHA NETO APTE : LUIZA ANTÔNIA OLIVEIRA SÁ APTE : ANTÔNIO RONALDO SOARES LEITE APTE : ANDRÉ RICHELLI HOLANDA CÂMARA APTE : DARDISON DE SOUSA CAVALCANTE APTE : JOÃO PAULO OLIVEIRA PEREIRA APTE : JOSÉ PRISCO DE OLIVEIRA JUNIOR APTE : ELTON LUIZ BASTOS NASCIMENTO APTE : JOSE DEUSEMAR FERREIRA APTE : ANTÔNIO OZINEUDES VIANA DA SILVA APTE : RICARDO MAIA SANFORD FROTA REPTE : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO APTE : JYMIS RHENEE E SILVA ALENCAR ADV/PROC : JOSE ALVES CARDOSO E OUTRO APTE : JULIO CESAR CASTRO PAIVA ADV/PROC : JOSE BONIFACIO DE MACEDO FILHO E OUTRO APTE : RENOIR SOLANO LIMA APTE : BRUNO LEONARDO TERTO BARBOSA APTE : LINCONL RODRIGUES DE OLIVEIRA APTE : RAVARDIERE RONALD MOTA XAVIER ADV/PROC : FRANCISCO MARCELO BRANDÃO E OUTROS APTE : FRANCISCO ARIRREGIO CAMPOS GOMES ADV/PROC : PAULO NAPOLEÃO GONÇALVES QUEZADO E OUTROS APTE : JOSÉ FERREIRA DE SOUSA ADV/PROC : PAULO CESAR BARBOSA PIMENTEL APTE : EDIVAN SOARES SOUSA ADV/PROC : PAULO CESAR BARBOSA PIMENTEL APTE : FRANCISCO CLERYSSON MARQUES DE SOUSA ADV/PROC : FRANCISCO APRIGIO DA SILVA APTE : ROBSON RIGGER QUEIROZ VIEIRA ADV/PROC : PAULO SERGIO RIPARDO APTE : JOARYO ALEXANDRE VIANA BONFIM ADV/PROC : ALEXANDER AGUIAR ROCHA E OUTRO APTE : LUISA CARLA DOS SANTOS APTE : AMANDA RICARDO DE CASTRO ADV/PROC : DAVID SUCUPIRA BARRETO E OUTROS APTE : SUZITELES SILVA ARAUJO ADV/PROC : ERICK ANDRADE MENEZES APTE : SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBE ADV/PROC : LUIS ÁTILA DE HOLANDA BEZERRA FILHO APTE : JOSÉ GLAYDSTON FALCÃO NOBRE ADV/PROC : FRANCISCO CLAUDIO ROCHA VICTOR APTE : FÁBIO ALVES DO NASCIMENTO ADV/PROC : GESSINEY NOBRE DA FONSECA E OUTRO ACR8531-CE.doc Página 1 de 28

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TRF/FLS.____PODER JUDICIáRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

APELAÇÃO CRIMINAL 8531 - CE (2006.81.00.009719-4)APTE : ALANDY KERLL COELHO ALVESADV/PROC : EUCLIDES AUGUSTO PAULINO MAIA E OUTROAPTE : JOSÉ JUTAY ANDRADE GUILHERME JÚNIORADV/PROC : JOAQUIM JOSÉ MATEUS PEREIRAAPTE : IVANIZIANE DE OLIVEIRA BATISTAAPTE : FABRÍCIO LUIZ ALVES DUTRAAPTE : JOSÉ ACRÍSIO FERREIRA PEREIRAAPTE : ORLANDO FAÇANHA DA ROCHA NETOAPTE : LUIZA ANTÔNIA OLIVEIRA SÁAPTE : ANTÔNIO RONALDO SOARES LEITEAPTE : ANDRÉ RICHELLI HOLANDA CÂMARAAPTE : DARDISON DE SOUSA CAVALCANTEAPTE : JOÃO PAULO OLIVEIRA PEREIRAAPTE : JOSÉ PRISCO DE OLIVEIRA JUNIORAPTE : ELTON LUIZ BASTOS NASCIMENTOAPTE : JOSE DEUSEMAR FERREIRAAPTE : ANTÔNIO OZINEUDES VIANA DA SILVAAPTE : RICARDO MAIA SANFORD FROTAREPTE : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃOAPTE : JYMIS RHENEE E SILVA ALENCARADV/PROC : JOSE ALVES CARDOSO E OUTROAPTE : JULIO CESAR CASTRO PAIVAADV/PROC : JOSE BONIFACIO DE MACEDO FILHO E OUTROAPTE : RENOIR SOLANO LIMAAPTE : BRUNO LEONARDO TERTO BARBOSAAPTE : LINCONL RODRIGUES DE OLIVEIRAAPTE : RAVARDIERE RONALD MOTA XAVIERADV/PROC : FRANCISCO MARCELO BRANDÃO E OUTROSAPTE : FRANCISCO ARIRREGIO CAMPOS GOMESADV/PROC : PAULO NAPOLEÃO GONÇALVES QUEZADO EOUTROSAPTE : JOSÉ FERREIRA DE SOUSAADV/PROC : PAULO CESAR BARBOSA PIMENTELAPTE : EDIVAN SOARES SOUSAADV/PROC : PAULO CESAR BARBOSA PIMENTELAPTE : FRANCISCO CLERYSSON MARQUES DE SOUSAADV/PROC : FRANCISCO APRIGIO DA SILVAAPTE : ROBSON RIGGER QUEIROZ VIEIRAADV/PROC : PAULO SERGIO RIPARDOAPTE : JOARYO ALEXANDRE VIANA BONFIMADV/PROC : ALEXANDER AGUIAR ROCHA E OUTROAPTE : LUISA CARLA DOS SANTOSAPTE : AMANDA RICARDO DE CASTROADV/PROC : DAVID SUCUPIRA BARRETO E OUTROSAPTE : SUZITELES SILVA ARAUJOADV/PROC : ERICK ANDRADE MENEZESAPTE : SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBEADV/PROC : LUIS ÁTILA DE HOLANDA BEZERRA FILHOAPTE : JOSÉ GLAYDSTON FALCÃO NOBREADV/PROC : FRANCISCO CLAUDIO ROCHA VICTORAPTE : FÁBIO ALVES DO NASCIMENTOADV/PROC : GESSINEY NOBRE DA FONSECA E OUTRO

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TRF/FLS.____PODER JUDICIáRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃOAPDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROC. ORIGINáRIO : 11ª VARA FEDERAL DO CEARá (PRIVATIVA EMMATéRIA PENAL) (2006.81.00.009719-4)RELATOR CONVOCADO: DESEMBARGADOR FEDERAL GUSTAVO DE PAIVAGADELHA

R E L A T Ó R I O

O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERALGUSTAVO DE PAIVA GADELHA (RELATOR CONVOCADO): Cuida-se de apelaçõesmanejadas pelos réus ALANDY KERLL COELHO ALVES e OUTROS, ante sentençaoriunda do Juízo da 11ª Vara da Seção Judiciária do Ceará, que os condenou por crimede quadrilha, furto qualificado, estelionato, falsificação de documento público e uso dedocumentos falsos.

A instrução foi deflagrada como consequência de umaoperação policial denominada “Operação Ciclone”, desmembramento de outra operaçãopolicial denominada “Operação Dublê”, que investigou a atuação de dezenas deindivíduos, articulados, organizados e que faziam do crime seu modo de vida, clonandocartões bancários, obtendo empréstimos por meios fraudulentos, dentre outros ilícitos.

As condenações e as irresignações recursais foramdevidamente reportadas pela douta Procuradoria Regional em seu parecer. Leia-se:

“Cuida-se de Apelações Criminais interpostas por ALANDY KERLL COELHO ALVES, JOSÉ JUTAYANDRADE GUILHERME JÚNIOR, IVANIZIANE DE OLIVEIRA BATISTA, FABRÍCIO LUIZ ALVESDUTRA, JOSÉ ACRÍSIO FERREIRA PEREIRA, ORLANDO FAÇANHA DA ROCHA NETO, LUIZAANTÔNIA OLIVEIRA SÁ, ANTÔNIO RONALDO SOARES LEITE, ANDRÉ RICHELLI HOLANDACÂMARA, DARDISON DE SOUSA CAVALCANTE, JOÃO PAULO OLIVEIRA PEREIRA, JOSÉ PRISCODE OLIVEIRA JUNIOR, JYMIS RHENEE E SILVA ALENCAR, JULIO CESAR CASTRO PAIVA, RENOIRSOLANO LIMA, BRUNO LEONARDO TERTO BARBOSA, LINCONL RODRIGUES DE OLIVEIRA,RAVARDIERE RONALD MOTA XAVIER, FRANCISCO ARIRREGIO CAMPOS GOMES, JOSÉFERREIRA DE SOUSA, EDIVAN SOARES SOUSA, FRANCISCO CLERYSSON MARQUES DE SOUSA,ROBSON RIGGER QUEIROZ VIEIRA, JOARYO ALEXANDRE VIANA BONFIM, LUISA CARLA DOSSANTOS, AMANDA RICARDO DE CASTRO, SUZITELES SILVA ARAUJO, ANTÔNIO OZINEUDESVIANA DA SILVA, SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBE, JOSE DEUSEMAR FERREIRA, JOSÉGLAYDSTON FALCÃO NOBRE, RICARDO MAIA SANFORD FROTA, FÁBIO ALVES DONASCIMENTO, ELTON LUIZ BASTOS NASCIMENTO, à vista da sentença de fls. 5397/5673 (Volume22), proferida pelo Juízo da 11ª Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará, que julgou parcialmenteprocedente a denúncia, nos seguintes termos:

“III- DISPOSITIVO.

579. Assim, ante o exposto e pelo contido nos autos, JULGO EM PARTE PROCEDENTE A DENÚNCIApara o fim de:

* CONDENAR os réus, conforme individualização a seguir:

1- JOSÉ GLEYDSTON FALCÃO NOBRE, vulgo "Gleidinho", (...), nos crimes de formação de quadrilha,art. 288 do CP, com aplicação da Lei 9034/95; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP, art. 171 doCP, e art. 90 da Lei nº 8.666/95 c/c art. 14, II, do CP;(...)3- LUIZA ANTÔNIA OLIVEIRA SÁ, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP, comaplicação da Lei 9034/95 e art. 171 do CP;4- JÚLIO CÉSAR CASTRO PAIVA, (...) nas condutas delitivas de formação de quadrilha, art. 288 do CP,com aplicação da Lei 9034/95 e furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;5-ORLANDO FAÇANHA DA ROCHA NETO, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP,com aplicação da Lei 9034/95; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, CP e fraude a licitação pública - art.90 da Lei 8666/95 c/c art. 14, II, do CP;

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6- SUZITELES SILVA ARAÚJO, (...) nos crimes previstos no art. 288 do CP, com aplicação da Lei 9034e fraude a licitação pública, art. 90 da Lei 8666/95 c/c art. 14, II, do CP;7- SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBE, (...) crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP, comaplicação da Lei 9034/95; fraude a licitação pública, art. 90 da Lei 8666/95 c/c art. 14, II, CP; uso dedocumento falso (art. 304 c/c art. 297 do CP); e art. 171 do CP;8- JOSÉ ACRÍSIO FERREIRA PEREIRA, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP, comaplicação da Lei 9034/95; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;9- JOÃO PAULO OLIVEIRA PEREIRA, (...) no crime de furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;10- FABRÍCIO LUIZ ALVES DUTRA, vulgo "Massaranduba", (...) nos crimes de formação de quadrilha,art. 288 do CP, com aplicação da Lei 9034/95; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;11- JOSÉ DEUSEMAR FERREIRA, vulgo "Sarney", (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288do CP, com aplicação da Lei 9034/95; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, CP, e falsificação dedocumento público, art. 297 do CP;12- FÁBIO ALVES DO NASCIMENTO (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP, comaplicação da Lei 9034 e art. 155, § 4º, II, CP;(...)14- ELTON LUIZ BASTOS NASCIMENTO, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP,com aplicação da Lei 9034; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP, estelionato, art. 171 do CP e art.19 da Lei nº 7.492/86;(...)16- RAVARDIERE RONALD MOTA XAVIER, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP,com aplicação da Lei 9034/95; estelionato, art. 171 do CP, sendo aplicável, in casu, o princípio daconsunção no que diz respeito ao crime de utilização de documento falso;17- RENOIR SOLANO LIMA, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP, com aplicaçãoda Lei 9034; estelionato, art. 171 c/c art. 71, ambos do CP, e art. 155, § 4º, II, do CP;18- BRUNO LEONARDO TERTO BARBOSA (...), nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP,com aplicação da Lei 9034/95; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;19-FRANCISCO ARIRRÉGIO CAMPOS GOMES, vulgo "Ari", (...) nos crimes de formação de quadrilha,art. 288 do CP, com aplicação da Lei 9034; furto qualificado, art. 155, § 4o., II, do CP;20- RICARDO MAIA SANFORD FROTA, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP, comaplicação da Lei 9034; art. 171 do CP, falsificação de documento público, art. 297 do CP; falsidadeideológica, art. 299 do CP;21- IVANIZIANE DE OLIVEIRA BATISTA, (...) no crime do art. 171 do CP;22- DARDISON DE SOUSA CAVALCANTE, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP,com aplicação da Lei 9034/95; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;(...)24- AMANDA RICARDO DE CASTRO, (...) no crime do art. 155, § 4º, II, CP;25- EDIVAN SOARES SOUSA, vulgo "Neguinho Melancia", (...) nos crimes de formação de quadrilha,art. 288 do CP, com aplicação da Lei 9034; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;26- JOSÉ FERREIRA DE SOUSA, vulgo "Zé Ferreira", (...) nos crimes de formação de quadrilha, art.288 do CP, com aplicação da Lei 9034; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;27- LUISA CARLA DOS SANTOS, (...) nos crimes formação de quadrilha, art. 288 do CP, com aplicaçãoda Lei 9034/95; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;28- ANTÔNIO RONALDO SOARES LEITE, vulgo "Ica" ou "Ícaro", (...) nos crimes de formação dequadrilha, art. 288 do CP, com aplicação da Lei 9034/95; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;29- JOSÉ PRISCO DE OLIVEIRA JÚNIOR, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP,com aplicação da Lei 9034/95; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;30- JOARYO ALEXANDRE VIANA BONFIM, vulgo "Gordinho", crimes de formação de quadrilha, art.288 do CP, com aplicação da Lei 9034; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, CP;(...)32- LINCONL RODRIGUES DE OLIVEIRA, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP,com aplicação da Lei 9034, furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;33- JYMIS RHENEE E SILVA ALENCAR, vulgo "Dimes", nos crimes de formação de quadrilha, art. 288do CP, com aplicação da Lei 9034; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;34- JOSÉ JUTAY ANDRADE GUILHERME JÚNIOR, vulgo "Joe", (...) nos crimes de formação dequadrilha, art. 288 do CP, com aplicação da Lei 9034; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;35-ALANDY KERLL COELHO ALVES, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP, comaplicação da Lei 9034; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, do CP;36- ROBSON RIGGER QUEIROZ VIEIRA, vulgo "Rei do Gado", (...) nos crimes de formação dequadrilha, art. 288 do CP, com aplicação da Lei 9034; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, CP;37- ANDRÉ RICHELLI HOLANDA CAMARA, (...) nos crimes de formação de quadrilha, art. 288 do CP,com aplicação da Lei 9034; furto qualificado, art. 155, § 4º, II, CP;38- ANTÔNIO OZINEUDES VIANA DA SILVA, vulgo "Neudson" ou "Neudinho", (...) nos delitos deformação de quadrilha, art. 288 do CP, com aplicação da Lei 9034 e art. 155, § 4º, II, do CP;39- FRANCISCO CLERYSSON MARQUES DE SOUSA, (...) no crime tipificado no art. 155, § 4º, II, CP;

* ABSOLVER, na forma do art. 386, IV e VII, do Código de Processo Penal, os acusados:

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(...)- JÚLIO CÉSAR CASTRO PAIVA, acima qualificado, do crime de associação para o tráfico tipificado noart. 35 da Lei nº 11.343/06, antes tipificado no art. 14 da Lei nº 6368/76;- SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBE, acima qualificado, do delito descrito no art. 155, § 4º, do CódigoPenal;- JOSÉ ACRÍSIO FERREIRA PEREIRA, acima qualificado, do crime de associação para o tráficotipificado no art. 35 da Lei nº 11.343/06, antes tipificado no art. 14 da Lei nº 6368/76;- JOÃO PAULO OLIVEIRA PEREIRA, acima qualificado, do crime previsto no art. 288 do CódigoPenal;(...)- ANTÔNIO VALDEVAN DE OLIVEIRA SILVA, acima qualificado, do crime tipificado no art. 288 doCódigo Penal, com aplicação da Lei nº 9.034/95 e art. 155, § 4º, II, do CP c/c art. 29 do CP;- RICARDO MAIA SANFORD FROTA, acima qualificado, dos crimes tipificados nos arts. 297 e 299,ambos do Código Penal;- AMANDA RICARDO DE CASTRO, acima qualificada, dos delitos tipificados nos arts. 288 e 325,ambos do Código Penal; e- FRANCISCO CLERYSSON MARQUES DE SOUSA, acima qualificado, pelo cometimento do crimetipificado no art. 288 do Código Penal, com aplicação da Lei nº 9.034/95.” (fls. 5642/5649 – destaquesoriginais.)

Da mencionada sentença foram opostos embargos de declaração pelos réus ROBSON RIGGERQUEIROZ VIEIRA (fls. 5701/5708), JOSÉ GLEYDSTON FALCÃO NOBRE (fls. 5722/5754) e porFRANCISCO ARIRRÉGIO CAMPOS GOMES (fls. 5757/5759), bem como pelo acusado SIRLÊNIOMATOS CAPIBARIBE (fls. 5791/5807), tendo sido todos eles desprovidos, conforme decisões de fls.5772 e 5828/5829.

O réu JOSÉ JUTAY ANDRADE GUILHERME JÚNIOR apresentou suas razões recursais às fls.5685/5691, no bojo das quais defende que teve uma participação minúscula nos fatos narrados peloParquet, sem ânimo de se associar ou fazer parte de uma quadrilha, pois suas atitudes eram pautadasapenas no sentido de conseguir vantagem indevida, razão pela qual deveria responder apenas pelo delitode furto, na medida de sua culpabilidade. Ademais, trabalha o mencionado apelante com a necessidadede diminuição de sua pena para o mínimo legal, devendo-se considerar, inclusive, a atenuante deconfissão espontânea, o que ensejaria a substituição de sua pena privativa de liberdade por restritivas dedireitos.

Apelação de JIMYS RHENEE E SILVA ALENCAR às fls. 5712/5719, onde sustenta a ausência de ânimoassociativo quanto ao delito de quadrilha, havendo, in casu, mero concurso de agentes. De outra banda,pugna o recorrente pela reforma da pena quanto à dosimetria, no que ressalta a falta deproporcionalidade entre as penas-base aplicadas para os delitos de furto qualificado (04 anos dereclusão) e quadrilha (02 anos e 06 meses de reclusão), pois a pena do primeiro delito fora aplicada em35% da pena máxima, devendo a pena aplicada para delito do art. 288 seguir o mesmo patamar. Requer,com isso, que seja aplicada a substituição das penas privativas de liberdade por restritivas de direito.

JOARYO ALEXANDRE VIANA BONFIM apela às fls. 5774/5778, defendendo, em síntese, a ausência deprovas para a condenação, além de pugnar pela diminuição das penas aplicadas.

Razões recursais de SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBE às fls. 5853/5863, no bojo das quais alega que,apesar de ter prestado serviço para as empresas de outros envolvidos no esquema delituoso em tela, nãoparticipava de nenhuma organização criminosa, apenas tomando conhecimento das ilicitudes praticadaspela quadrilha quando de sua prisão, em dezembro de 2006. Ressalta que o material apreendido em seuescritório estava relacionado com sua atividades profissionais. Ademais, afirma que não há provas deseu envolvimento na clonagem de cartões, e na participação de processos licitatórios, sobretudo porquenão há nenhum indício de que esses certames tenham, de fato, existido. Pugna, ainda, pela reforma dapena quanto à dosimetria.

O réu RICARDO MAIA SANFORD FROTA, em seu apelo de fls. 5949/5953, defende que as provasacostadas aos autos e relacionadas a ele não foram submetidas a exame pericial, sendo que, em setratando de crimes que deixam vestígios, como os dos autos, não se poderia dispensar a realização dacitada prova técnica. Assim, alega, em suma, que não há provas bastantes para sua condenação nodelito de estelionato e no de quadrilha, pois, em relação a esse último, não há provas de ligação do réucom os demais membros da célula criminosa. Requer ainda a reforma da pena, a fim de que incida aatenuante de confissão e que haja redução no valor do dia-multa, devendo haver expressa previsão deque o valor do salário mínimo considerado seja aquele da época dos fatos típicos, o que está omisso nasentença.

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A ré SUZITELES SILVA ARAÚJO recorreu da sentença às fls. 6030/6040, defendendo a tese de crimeimpossível em relação ao delito do art. 90 da Lei nº 8.666/93, pois a empresa ANLUS, de propriedade deoutro corréu, sequer possuía cadastro na prefeitura de Fortaleza ou se habilitou em qualquerprocedimento licitatório, além de que não restou comprovado se as licitações ocorreram, tampouco oprejuízo supostamente suportado pela Administração Pública. Nesse sentido, defende a ré que o queocorreu e ficou demonstrado nas gravações telefônicas foi o repasse de informações gerais e sem carátersigiloso. De outra banda, alega que não restou comprovada sua associação com outros réus no intuitode cometer crime, razão pela qual não poderia ser condenada no delito do art. 288 do CP. Pleiteia, aofinal, a diminuição das penas aplicadas.

Apelação de AMANDA RICARDO DE CASTRO às fls. 6182/6198, em que alega que era estagiária deuma empresa de vinhos, tendo recebido ordens de seus superiores para repassar informações sobreSERASA e SPC para Nivam Felipe, sem que soubesse que esse aplicava golpes no mercado local. Quantoàs conversas interceptadas do aludido Nivam Felipe, aduz que era comum ele chamar todas as mulheresde “Maninha”, razão pela qual não se poderia concluir que as gravações mencionadas na sentença sereferissem a diálogos travados entre o mencionado agente e a ora apelante. Com base em tais fatos,defende a nulidade da sentença, seja por cerceamento de defesa, devido ao indeferimento da perícia paraidentificação de voz, tal como requisitado pela ré, o que comprovaria o seu não-envolvimento nos fatosapontados na inicial, seja pela ausência de descrição de sua conduta. Pugnou, de outra banda, pelaaplicação das penas no mínimo legal.

Os réus LINCONL RODRIGUES DE OLIVEIRA, RAVARDIERE RONALDO MOTA XAVIER, RENOIRSOLANO LIMA, BRUNO LEONARDO TERTO BARBOSA, LUISA CARLA DOS SANTOS, EDIVANSOARES SOUSA e JOSÉ FERREIRA DE SOUSA, apesar de terem apresentado recursos de apelaçãoseparadamente (como se observa das peças acostadas às fls. 6358/6373, 6374/6390, 6391/6408,6409/6424, 6426/6445, 6446/6466 e 6467/6487), sustentaram basicamente as mesmas teses, quais sejam:a) nulidade da sentença por ausência de fundamentação no que tange à dosimetria da pena, sendo certoque as sanções aplicadas devem ser minoradas, com a mudança alteração, inclusive, do regimeprisional; b) não observância da situação econômica dos réus quando da aplicação da pena de multa; c)ausência de demonstração da união permanente, estável e voltada para a prática de crimes por parte dosréus para a configuração do crime de quadrilha; d) ausência de provas quanto aos demais delitosnarrados na denúncia; e) necessidade de, após reformada a pena aplicada, ser ela substituída porrestritivas de direito; f) necessidade de incidência da atenuante de confissão espontânea em relação aosréus RAVARDIERE RONALDO MOTA XAVIER e RENOIR SOLANO LIMA.

A acusada LUIZA ANTÔNIA OLIVEIRA SÁ, assim como ORLANDO FAÇANHA DA ROCHA NETO,JOSÉ ACRÍSIO FERREIRA PEREIRA, ANDRÉ RICHELLI HOLANDA CÂMARA, ANTÔNIO RONALDOSOARES LEITE, DARDISON DE SOUSA CAVALCANTE, FABRÍCIO LUIZ ALVES DUTRA,IVANIZIANE DE OLIVEIRA BATISTA, JOÃO PAULO OLIVEIRA PEREIRA e ELTON LUIZ BASTOS DONASCIMENTO apresentaram suas razões recursais por meio da Defensoria Pública da União em peçasautônomas, porém com fundamentação coincidente, como se vê às fls. 6498 e seguintes. Foram arguidasas seguintes preliminares: a) incompetência da Justiça Federal, por ausência de ofensa a bem jurídico daUnião ou de suas autarquias ou empresas públicas federais; b) inépcia da denúncia pela ausência dedescrição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, o que gerou manifesto prejuízo à defesados réus e ofensa ao art. 41 do CPP.

No mérito, defendeu-se, no conjunto das peças: a) a inexistência de vínculo associativo em relação aodelito de quadrilha; b) a atipicidade da conduta relativa ao crime de estelionato por ausência de provasde recebimento de vantagem indevida; c) inexistência do crime de furto por ausência de provas, no que,em relação à clonagem de cartões, o furto apenas se consumaria quando o agente, de posse dos cartõesclonados, realizasse saques das contas das vítimas ou realizasse compras; d) não configuração do crimede fraude à licitação; e) ausência de dolo; f) necessidade de afastar a aplicação da Lei de CrimeOrganizado g) necessidade de reforma da sentença recorrida no que tange à dosimetria. No que serelaciona ao réu JOÃO PAULO DE OLIVEIRA PEREIRA, alega-se que o mesmo apenas emprestou, deboa-fé, sua conta bancária para recebimento de valores, o que não é suficiente para a condenação pelodelito de furto qualificado.

Por seu turno, ALANDY KERLL COELHO ALVES apresentou suas razões recursais às fls. 6709/6750,aduzindo, em resumo, que não restou comprovado, por meio dos contatos interceptados estabelecidoscom outros réus, que o acusado estivesse envolvido com a organização criminosa. Ademais, defende quepratica atividades de compra e alienação de veículos na condição de terceiro de boa-fé, e que arealização de um financiamento não é suficiente para comprovar que o recorrente estivesse auferindolucros oriundos de atividade criminosa, até porque não restou demonstrado aumento notório no seupadrão de vida. No que tange aos depósitos bancários supostamente recebidos pelo réu por serviçosprestados a “cartãozeiros”, esclarece que tais depósitos podem ser relativos a qualquer outro negócio,

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não havendo provas para determinar que recebeu pagamento por atividade ilícita. Ao final, requereu omencionado apelante a reforma da sentença também quanto à dosimetria.

Razões recursais do réu FÁBIO ALVES DO NASCIMENTO às fls. 6774/6777, onde se alega nulidade dasentença por cerceamento de defesa, sob a fundamentação de que foi negado ao defensor técnico dorecorrente o acesso às gravações telefônicas; a inépcia da denúncia, e a necessidade de diminuição dapena aplicada em 2/3 (dois terços), diante da relevante colaboração dada pelo réu nas investigações.

No que diz respeito à apelação do réu FRANCISCO CLERYSSON MARQUES DE SOUSA (fls. 6903/6919), merece destaque o argumento de que o máximo que se poderia imputar ao citado apelante seria odelito do art. 294 do CP (petrechos de falsificação) ou das contravenções dos arts. 24 e 25 da LCP,sendo que, ainda assim, as provas dos autos são insuficientes para embasar uma condenação emqualquer desses delitos, pois ao réu cabia apenas a tarefa de transportar os objetos citados na denúncia(e relacionados às atividades dos demais acusados).

As apelações dos réus FRANCISCO ARIRRÉGIO CAMPOS GOMES (fls. 6920/6939), JOSÉ GLEYDSONFALCÃO NOBRE (fls. 6944/6998), LUISA CARLA DOS SANTOS (fls. 6999/7016), EDVAN SOARESSOUSA (fls. 7017/7034), JOSÉ FERREIRA DE SOUZA (fls. 7035/7052) e JÚLIO CÉSAR CASTROPAIVA (fls. 7056/7067) apresentaram, em geral, os mesmos argumentos já levantados pelos demais réus,não se tendo alegado nenhuma tese estranha ao que já tivesse sido discutido nas outras peças recursais.

Às fls. 6781/6790, 6791/6796 e 6810/6890 repousam as contrarrazões ministeriais em relação aosapelantes que apresentaram razões recursais no primeiro grau.

Às fls. 7071 consta petição da DPU informando que os réus JYMIS RHENEE E SILVA ALENCAR e JOSÉPRISCO DE OLIVEIRA JÚNIOR apresentaram recursos de apelação através de advogado particular.

Promoção do Parquet, às fls. 7077/7077-v pugnando pela intimação dos réus ROBSON RIGGERQUEIROZ VIEIRA, JOSÉ PRISCO DE OLIVEIRA JÚNIOR, ANTÔNIO OZINEUDES VIANA DA SILVA eJOSÉ DEUSEMAR FERREIRA para fins de apresentação das razões recursais, o que fora acatado, coma apresentação das respectivas peças apelatórias às fls. 7120 e ss.

Ato contínuo, apresentou o órgão ministerial as contrarrazões de apelação relacionadas aos réusFRANCISCO CLERYSSON MARQUES DE SOUSA, JOSÉ GLEYDSON FALCÃO NOBRE, JULIO CÉSARCASTRO PAIVA, FRANCISCO ARIRRÉGIO CAMPOS GOMES e dos demais réus mencionados noparágrafo anterior (fls. 7078 e ss.).

Os réus JOSÉ EVAN DOS SANTOS SÁ, VERÔNICA COELHO DA SILVA, FLÁVIO BEZERRA CÉSAR,NIVAM FELIPE MORAIS e CARLOS JOSÉ MOREIRA DE OLIVEIRA, apesar de devidamenteintimados, deixaram transcorrer o prazo legal sem interposição de peça apelatória, conforme dão contaas certidões de fls. 6691 e 6765. “

Apresentados os recursos e as respectivas contrarrazões,foram os autos à douta Procuradoria Regional da República que, em parecer da lavra doDr. Francisco Chaves dos Anjos Neto, foi:

pelo parcial provimento dos apelos dos réus, devendo ser reformada a sentença apelada para: a)absolver os acusados JOSÉ GLEYDSTON FALCÃO NOBRE, ORLANDO FAÇANHA DA ROCHA NETO,SUZITELES SILVA ARAÚJO e SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBE da prática do crime do art. 90 da Lei nº8.666/93; b) absolver o réu ELTON LUIZ BASTOS NASCIMENTO do cometimento do crime do art. 19da Lei nº 7.492/86; c) condenar a apelante AMANDA RICARDO DE CASTRO pela prática do crime deestelionato, e não pela prática do delito do art. 155, § 4º, II do CP; e d) reduzir as penas-base fixadaspara o crime de quadrilha, com exceção dos líderes das células criminosas, bem como adequar as penasde multa aplicadas para alguns réus, tudo isso nos moldes acima delineados, mantendo-se, no mais, asentença de primeiro grau.

É o relatório, no essencial.

À revisão regimental.

Desembargador Federal Gustavo de Paiva Gadelha

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Relator Convocado

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APELAÇÃO CRIMINAL 8531 - CE (2006.81.00.009719-4)APTE : ALANDY KERLL COELHO ALVESADV/PROC : EUCLIDES AUGUSTO PAULINO MAIA E OUTROAPTE : JOSÉ JUTAY ANDRADE GUILHERME JÚNIORADV/PROC : JOAQUIM JOSÉ MATEUS PEREIRAAPTE : IVANIZIANE DE OLIVEIRA BATISTAAPTE : FABRÍCIO LUIZ ALVES DUTRAAPTE : JOSÉ ACRÍSIO FERREIRA PEREIRAAPTE : ORLANDO FAÇANHA DA ROCHA NETOAPTE : LUIZA ANTÔNIA OLIVEIRA SÁAPTE : ANTÔNIO RONALDO SOARES LEITEAPTE : ANDRÉ RICHELLI HOLANDA CÂMARAAPTE : DARDISON DE SOUSA CAVALCANTEAPTE : JOÃO PAULO OLIVEIRA PEREIRAAPTE : JOSÉ PRISCO DE OLIVEIRA JUNIORAPTE : ELTON LUIZ BASTOS NASCIMENTOAPTE : JOSE DEUSEMAR FERREIRAAPTE : ANTÔNIO OZINEUDES VIANA DA SILVAAPTE : RICARDO MAIA SANFORD FROTAREPTE : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃOAPTE : JYMIS RHENEE E SILVA ALENCARADV/PROC : JOSE ALVES CARDOSO E OUTROAPTE : JULIO CESAR CASTRO PAIVAADV/PROC : JOSE BONIFACIO DE MACEDO FILHO E OUTROAPTE : RENOIR SOLANO LIMAAPTE : BRUNO LEONARDO TERTO BARBOSAAPTE : LINCONL RODRIGUES DE OLIVEIRAAPTE : RAVARDIERE RONALD MOTA XAVIERADV/PROC : FRANCISCO MARCELO BRANDÃO E OUTROSAPTE : FRANCISCO ARIRREGIO CAMPOS GOMESADV/PROC : PAULO NAPOLEÃO GONÇALVES QUEZADO EOUTROSAPTE : JOSÉ FERREIRA DE SOUSAADV/PROC : PAULO CESAR BARBOSA PIMENTELAPTE : EDIVAN SOARES SOUSAADV/PROC : PAULO CESAR BARBOSA PIMENTELAPTE : FRANCISCO CLERYSSON MARQUES DE SOUSAADV/PROC : FRANCISCO APRIGIO DA SILVAAPTE : ROBSON RIGGER QUEIROZ VIEIRAADV/PROC : PAULO SERGIO RIPARDOAPTE : JOARYO ALEXANDRE VIANA BONFIMADV/PROC : ALEXANDER AGUIAR ROCHA E OUTROAPTE : LUISA CARLA DOS SANTOSAPTE : AMANDA RICARDO DE CASTROADV/PROC : DAVID SUCUPIRA BARRETO E OUTROSAPTE : SUZITELES SILVA ARAUJOADV/PROC : ERICK ANDRADE MENEZESAPTE : SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBEADV/PROC : LUIS ÁTILA DE HOLANDA BEZERRA FILHOAPTE : JOSÉ GLAYDSTON FALCÃO NOBREADV/PROC : FRANCISCO CLAUDIO ROCHA VICTORAPTE : FÁBIO ALVES DO NASCIMENTOADV/PROC : GESSINEY NOBRE DA FONSECA E OUTRO

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TRF/FLS.____PODER JUDICIáRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃOAPDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROC. ORIGINáRIO : 11ª VARA FEDERAL DO CEARá (PRIVATIVA EMMATéRIA PENAL) (2006.81.00.009719-4)REL. CONVOCADO : DESEMBARGADOR FEDERAL BRUNO LEONARDOCâMARA CARRá

V O T O

O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL BRUNOLEONARDO CâMARA CARRá (RELATOR CONVOCADO): Considerando que boaparte das razões recursais são comuns a vários réus, faço a análise conjunta dosargumentos trazidos para apreciação nesta instância.

Os vinte e oito volumes e os dezoito apensos quecompõem esta ação penal revelam o zeloso e diligente trabalho desenvolvido pelosórgãos estatais federais. A Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a JustiçaFederal de primeiro grau percorreram um caminho longo e que necessitou de muito focopara a elucidação de diversos ilícitos perpetrados por uma quadrilha que atuava emdiversos Estados da Federação, diversificando suas atividades, com especialização emnúcleos, mas com atuação coordenada para a consecução de crimes vários. e como demodo a organizada em uma região.

É, por sinal, de conhecimento geral, ou seja, o fato épúblico e notório sobretudo dos cearenses, que as cidades de a Crateús, Independência eNovo Oriente vem sendo há tempos assoladas por uma quadrilha que se infiltrou nessaregião para promover toda uma série de fraudes eletrônicas, como a contrafação eclonagem de cartões de crédito, além da invasão de sistemas eletrônicos com a finalidadede sacar valores de clientes de bancos ou outras instituições financeiras. Com efeito, adenúncia formulada pelo Ministério Público narra fatos relativos ao furto qualificadocontra a Caixa Econômica Federal, a partir da clonagem, por meio de aparelhos “chupa-cabra” e outros, além da prática do estelionato mediante a concessão de empréstimoscom informação ideologicamente falsa.

PRELIMINARES.1.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.1.1.

Assente-se, em preliminar, que a Justiça Federal é acompetente para a apreciação da lide. Embora não se negue que houve a prática decrimes sem qualquer vinculação com a União a justificar a aplicação do disposto no art.109 da Constituição Federal, a clonagem de cartões bancários de correntistas da CaixaEconômica Federal atrai a aplicação do referido dispositivo, posto que há notóriointeresse da empresa pública da União, a CEF, na lide, visto que não só sua imagem foiatingida com a conduta dos réus, mas também seu patrimônio, em função da obrigaçãode ressarcir aos correntistas imediatamente lesados com os saques e com o uso indevidodos cartões clonados. Nesse mesmo sentido já se pronunciou esta Turma:

Penal. Utilização de aparelho coletor de dados de clientes de agência bancária.Subtração de valores. Furto. Precedentes. Denúncia que preenche os requisitos

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legais permitindo aos acusados o exercício da ampla defesa. Inocorrência deinépcia. Interesse direto da Caixa Econômica Federal no deslinde da causa em facedo furto de valores pertencentes a seus correntistas com o uso de cartõesmagnéticos. Competência da Justiça Federal. Participação da apelante devidamenteprovada. Recurso que não trouxe qualquer elemento que contrarie as conclusões domagistrado sentenciante. Confirmação da sentença condenatória. Apelação nãoprovida.(PROCESSO: 200981000040525, ACR9165/CE, RELATOR:DESEMBARGADOR FEDERAL LAZARO GUIMARÃES, Quarta Turma,JULGAMENTO: 19/03/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 21/03/2013 - Página 516)

INÉPCIA DA DENÚNCIA.1.2.

É preciso pontuar, também, que não houve qualquerdificuldade para a defesa dos réus, não podendo se acoimar a inicial acusatória de inepta.Há a descrição dos fatos, com todas as circunstâncias, a identificação dos réus, aclassificação dos crimes e a participação de cada um na empreitada criminosa. Junte-se aisso que a inicial está instruída com o material probatório produzido pela Polícia Federal,donde se colhe os elementos reportados na denúncia, de modo que rejeito a alegação deinépcia da inicial acusatória.

CERCEAMENTO DE DEFESA.1.3.

Melhor sorte não assiste aos réus no tocante àargumentação de nulidade na sentença por ausência de fundamentação. A simplesobservação da longa sentença já remete à impressão de que foi dispensada bastanteatenção aos fatos apurados na instrução. Tal impressão se confirma quando de sualeitura. O magistrado trouxe um relato detalhados dos fatos ocorridos durante ainstrução, enfrentou as questões preliminares e meritórias e, posteriormente, enfrentouos argumentos trazidos em embargos de declaração, estando sua posição, a serconfirmada ou não em outras instâncias, devidamente claras e bem fundamentadas,permitindo aos réus o pleno exercício da defesa.

Por outro lado, os autos evidenciam claramente que assituações descritas nos apelos não guarda correspondência com os fatos processuais ouforam, posteriormente, sanadas. É o caso, por exemplo, do acesso aos autos. Todos osacusados tiveram, em momento adequado, acesso à integralidade dos diálogosinterceptados, não havendo que se falar em qualquer prejuízo às respectivas defesasainda que remotamente.

Algumas outras hipóteses relacionadas à alegação decerceamento de defesa, por estarem mais concatenadas às provas já apurada em relaçãoa alguns dos réus serão apreciadas quando se vier a tratar dos crimes em espécie.

AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO NA SENTENÇA.1.4.

Ainda como questão a ser analisada em preliminar, tem-sea alegação de cerceamento de defesa, notadamente no que pertine ao acesso e manuseiodo material relativo às gravações telefônicas. Percebe-se que os réus tiveram amploacesso a todos os elementos de prova apresentados pela acusação. Foram juntadas tantoas transcrições quanto as próprias mídias onde estavam gravadas as conversastelefônicas, podendo os réus manusearem como bem entendessem. Por outro lado, tem-

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TRF/FLS.____PODER JUDICIáRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃOse ainda que o indeferimento de diligências, desde que motivadas, não importa emcerceamento de defesa em face do livre convencimento motivado, devendo o magistradoobservar a relevância das diligências requeridas para a elucidação dos fatos em face deoutras provas já acostadas, considerando ainda a duração razoável do processo.

EMENDATIO LIBELLI NO CRIME DE ESTELIONATO (ART. 171).1.5.

Finalmente, a defesa do réu JOSÉ GLAYDSTONFALCÃO NOBRE argui a existência de julgamento extra petita na medida em que teriasido reconhecido crime não previsto na denúncia, no caso o crime de estelionato. Oargumento também não procede.

A denúncia contém em si mesma elementos que apontampara a descrição do fato delitivo previsto no art. 171 do CP, embora não o tenha sidoexpressamente. A referência das elementares constitutivas do tipo ainda que sem acapitulação legal, como se sabe permite a possibilidade de emendatio libelli, que foi oque de fato aconteceu. Na condição de cabeça da organização, o mencionado réu nãoapenas praticava a clonagem dos cartões como também o estelionato por meio depráticas fraudulentas, inclusive uma empresa de fachada. Através de sua condição deliderança e financiador sobranceiro da célula que realizava condutas fraudulentas,situação que se encontra reportada na denúncia ainda que de forma não explícita.

Este Tribunal possui farta jurisprudência a respeito doassunto. A e. casa admite em situações comoa presente a aplicação de emendatio libelli,prevista no art. 383 do CPP. Como exemplo, é de ver-se o julgado adiante transcrito eque se aplica assemelhadamente à hipótese aqui descrita:

PENAL. CORREÇÃO DA TIPIFICAÇÃO LEGAL (EMENDATIO LIBELLI).CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. AFRONTA. INEXISTÊNCIA. FRAUDE CONTRAA PREVIDÊNCIA. ESTELIONATO. CONFIGURAÇÃO.1. A correção, na sentença, via emendatio libelli (art. 383, CP), da capitulação legal do delito,sem modificar a descrição fática da conduta descrita na peça de acusação, não causa prejuízo àampla defesa e ao contraditório, porquanto o acusado se defende do fato criminoso que lhe éimputado. Precedente do eg. STJ.2. Caso em que restou demonstrada a concessão fraudulenta de benefício previdenciário,mediante a inserção de dados fictícios no sistema da Previdência Social, a partir de declaraçãofalsa de vínculo empregatício lançado na CTPS do acusado, caracterizando a conduta tipificadano art. 171, parágrafo 3º, do Código Penal.3. Presença dos elementos constitutivos do tipo penal imputado, pois a declaração falsa devínculo empregatício configura a fraude, enquanto o pagamento indevido do benefício, avantagem ilícita, perpetrada mediante a manutenção da autarquia previdenciária em erro.4. Comprovadas a materialidade delitiva e a autoria, impõe-se a manutenção do decretocondenatório.5. Apelação improvida.(ACR: 200883000176174, Desembargador Federal Luiz Alberto Gurgel de Faria, TRF5 -Terceira Turma, DJE - Data:: 17/01/2012 - Página:: 191)

MÉRITO.2.

Ultrapassadas as preliminares, passo ao exame do méritodos recursos.

CRIME DE QUATRILHA OU BANDO (ART. 288 DO CP).2.1.

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Inicio a análise do mérito, começando pelo crime dequadrilha ou bando (art. 288 do CP). Foram condenados sob tal capitulação delitiva osseguintes réus: JOSÉ GLAYDSTON FALCÃO NOBRE, LUIZA ANTÔNIAOLIVEIRA SÁ, JÚLIO CÉSAR CASTRO PAIVA, ORLANDO FAÇANHA DA ROCHANETO, SUZITELES SILVA ARAÚJO, SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBE, JOSÉ ACRÍSIOFERREIRA PEREIRA, FABRÍCIO LUIZ ALVES DUTRA, JOSÉ DEUSEMAR FERREIRA,FÁBIO ALVES DO NASCIMENTO, ELTON LUIZ BASTOS NASCIMENTO,RAVARDIERE RONALD MOTA XAVIER, RENOIR SOLANO LIMA, BRUNOLEONARDO TERTO BARBOSA, FRANCISCO ARIRRÉGIO CAMPOS GOMES,RICARDO MAIA SANFORD FROTA, DARDISON DE SOUSA CAVALCANTE, EDIVANSOARES SOUSA, JOSÉ FERREIRA DE SOUSA, LUISA CARLA DOS SANTOS,ANTÔNIO RONALDO SOARES LEITE, JOSÉ PRISCO DE OLIVEIRA JÚNIOR, JOARYOALEXANDRE VIANA BONFIM, LINCONL RODRIGUES DE OLIVEIRA, JYMISRHENEE E SILVA ALENCAR, JOSÉ JUTAY ANDRADE GUILHERME JÚNIOR,ALANDY KERLL COELHO ALVES, ROBSON RIGGER QUEIROZ VIEIRA, ANDRÉRICHELLI HOLANDA CAMARA, ANTÔNIO OZINEUDES VIANA DA SILVA.

A sentença, que foi transcrita apenas em sua partedispositiva mercê de sua extensão (277 páginas), merece todas as loas, a par deeventualmente não me acostar a ela em toda sua extensão, sobretudo no que concerne àforma didática com a qual desincumbiu-se de concatenar sob um mesmo fecho lógico aparticipação de nada mais nada menos que quarenta e dois réus denunciados. Deve-se,nesse contexto, registrar que antes de ingressar propriamente à análise dos fatos e dascircunstâncias pessoais de cada indivíduo, fez considerações doutrinárias sobre a própriaquestão da criminalidade organizada em termos teóricos para, então, passar à analise doselementos constantes dos autos.

De fato, Trata-se de uma situação de criminalidade que nãode hoje vem desafiando a capacidade de reação dos Poderes Públicos encarregados darepressão por a elevar a atividade delitiva a patamares de sofisticação nunca antes vistosna história do Direito Penal. Não sem motivos que a Lei estadunidense sobre o CrimeOrganizado (Organized Crime Control Act), de 1970, define-o como “umaextremamente sofisticada, diversificada e ramificada atividade que anualmente drenabilhões de dólares da economia americana por meio de condutas ilícitas e do uso ilegalda força, fraude e corrupção”.1

Ainda segundo a valorosa contribuição da legislação norte-americana sobre o assunto, as organizações criminosas: “enfraquecem a estabilidade dosistema econômico nacional, causa prejuízos para investidores inocentes e organizaçõescompetitivas, interfere na livre concorrência, seriamente compromete o comerciointerestadual e estrangeiro, ameaça a segurança doméstica e mina o bem-estar geral danação e de seus cidadãos.”2 Essas conclusões, feitas pelo Congresso dos EstadosUnidos, como dito, há quase trinta e cinco anos passados, ainda hoje são atualíssimas,

1 “Organized crime in the United States is a highly sophisticated, diversified, and widespread activity that annually drains billions of dollars from America’s economy by unlawful conduct and the illegal use of force, fraud and corruption”.

2 “organized crime activities in the United States weaken the stability of the Nation’s economic system, harm innocent investors and competing organizations, interfere with free competition, seriously burden interstate and foreign commerce, threaten the domestic security, and undermine the general welfare of the Nation and citizens”.

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TRF/FLS.____PODER JUDICIáRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃOsobretudo para nós, brasileiros, que ainda passamos por sérios problemas de combate(enforcement) a esse tipo de criminalidade. Problemas esses que começam peladificuldade de nossa parte de entender que se trata de um novo fenômeno dedelinquência e que, portanto, não pode ser enfrentado com as mesmas ferramentasconceituais e práticas que utilizamos para enfrentar a criminalidade comum.

Como criminalidade complexa, é preciso compreender queseus métodos são distintos e refinados, como também o são a distribuição das atividadespelos seus associados e forma como elas se conectam, que, de regra, faz-se de modomais fluído e discreto que as convencionais associações sceleris. Na sentença, o doutojuiz monocrático tomou o cuidado de fazer toda uma exposição detalhada sobre aestrutura da criminalidade organizada. É importante destacar que tais observações nãoestão propriamente na parte relativa à fixação da pena, ou ao tópico relativo à descriçãoda conduta década um dos participantes, mas, preliminarmente, S.Exa. esclarece umasérie de questões que precisaram ser mencionadas – justamente no tocante à forma comose perpetra o crime organizado – porque isso irá repercutir nos tópicos posteriores.

Só recentemente, como sabido, o ordenamento jurídiconacional positivou a distinção entre crime organizado, ou mais precisamente o crime deorganização criminosa, e associação criminosa, que constituía o antigo tipo de quadrilhaou bando. Agora, finalmente, conta a legislação brasileira com tipologia, precedida aliáspor sólida definição conceitual, que criminaliza essa insidiosa forma de conduta e que,em essência, decorre dos padrões internacionais fixados pela ONU e por organismos derepressão penal como o Federal Bureau of Investigation – FBI. Transcrevo:

Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meiosde obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.

§ 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoasestruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, comobjetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a práticade infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam decaráter transnacional.

Inicialmente ao exame de mérito, portanto, a venerandasentença tece considerações sobre o conceito e a operacionalidade do crime organizadode modo que se possa fazer incidir as tenazes do crime de quadrilha ou bando previstona redação original do art. 288 do Código Penal visto que as recentes alterações da Leinº. 12.850/13 não alcançam os fatos descritos na denúncia mercê da garantiaconstitucional da irretroatividade penal. Por isso mesmo, a sentença descreveu de modoconcatenado e amplo as ramificações do grupo delitivo para que suas ações pudessemser capituladas como associação visando o cometimento de crimes.

É relevante destacar o esforço da sentença no pontoporque é a partir daí, insisto, que se torna possível relacionar os envolvidos. Vale dizer, éatravés da especificação e da demonstração do papel de cada um na estruturaempresarial criminosa, o que muitas vezes faz-se por uma colaboração sutil e opaca, quese conseguirá perceber a “interligação macro” que se realiza entre seus agentes.

Aqui, os fatos ainda são tipificados como quadrilha oubando diante da inexistência, à época dos acontecimentos, da qualificação como crime de

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TRF/FLS.____PODER JUDICIáRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃOorganização criminosa que, como dito, somente surgiu com a Lei 12.850/13. Aindaassim, sua estrutura é própria de organização criminosa: infinitamente mais complexaque a de quadrilha. Pois bem, a douta sentença desincumbiu-se com esmero dedemonstrar a forma empresarial com a qual a organização criminosa em exame estavaconstituída com chefia, agentes operacionais e especialização de tarefas.

Nessa toada, são feitos pertinentes esclarecimentos sobre aramificação dos braços da quadrilha e seus diversos modos de atuação para assegurar asvantagens que decorreram das práticas ilícitas por ela realizadas: como a questão daaquisição dos bens com documentos falsos, a questão de como se realiza um empréstimofraudulento etc. Por outro lado, é esclarecido o modus operandi mais usual daorganização criminosa, que vem a ser clonagem de cartões. A sentença, com efeito,demonstra com acuidade e precisão como se faz clonagem com a ajuda involuntária docorrentista bem como os instrumentos que são utilizados para a realização dessa prática.

Ainda dentro desse contexto, reputo que nenhum dosapelantes conseguiu reverter as, repito, extremadamente bem lançadas conclusões de seuprolator. Longe de não haver prova das ligações entre os envolvidos, há indicativos maisque evidentes das conexões que vão da cadeia de comando da organização para osoperadores e demais agentes que ou cometiam os crimes ou se prestavam a assegurarseu resultado, ou seja, a atividade de cada um dentro dessa estrutura criminal.

A configuração do crime de quadrilha perpetrado pelosréus é inequívoca. São mais de três agentes que se associaram com o fim de cometercrimes. A associação não era eventual, era permanente, com nítida distribuição detarefas, subdividida em especialidades, conforme a atuação de cada núcleo criminoso.

Identificados foram os que eram responsáveis pelasclonagens dos cartões bancários, derivando para o seu uso em saques e transferências devalores, além do uso em compras a débito direto em conta corrente. A confecção dasmáquinas chupa-cabras, a obtenção de dados bancários para a confecção dos cartões, aatuação de hackers, tudo está devidamente provado por flagrantes, por provastestemunhais, por provas materiais e pelos diálogos legalmente interceptados etranscritos nos autos.

Desse modo, reportando-me ao que já fora dito nasentença, sobretudo porque os apelos não apresentaram argumentos novos e capazes dedesconstituírem o que fora firmado na sentença, reputo praticado o crime de quadrilhaou bando, em sua dicção original.

CRIME DE ESTELIONATO (ART. 171 DO CP).2.2.

Passo ao crime de estelionato (art. 171 do CP). Os réusJOSÉ GLAYDSTON FALCÃO NOBRE, LUIZA ANTÔNIA OLIVEIRA SÁ, SIRLÊNIOMATOS CAPIBARIBE, ELTON LUIZ BASTOS NASCIMENTO, RAVARDIERE RONALDMOTA XAVIER, RENOIR SOLANO LIMA, IVANIZIANE DE OLIVEIRA BATISTA,ANTÔNIO OZINEUDES VIANA DA SILVA, FRANCISCO CLERYSSON MARQUES DESOUSA foram condenados pela prática do crime previsto no caput do art. 171 doCódigo Penal.

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Aqui, do mesmo modo, melhor sorte não gozam osapelantes. Diz a douta sentença, que incorpora a transcrição dos áudios que foramcolhidos durante as investigações preliminares e que não foram objetados pelasrespectivas defesas, que Falcão Nobre, além de encabeçar a ação de diversos crackers ecoordenar a clonagem dos cartões (condutas que serão adiante examinadas sob a rubricado art. 155 do CP), também mantinha uma empresa de fachada (Anluz) que era utilizadapara aplicar golpes sobretudo em instituições financeiras.

A sentença, que ora transcrevo, descreve em resumo comose realizava a fraude, verbis:

EMPRÉSTIMO FRAUDULENTO: tal golpe funciona a partir da obtenção de dados bancários,funcionais e pessoais de servidores públicos, sobretudo aposentados. A sistemática é a mesma:depois de obterem os dados do servidor, falsificam documentos, e colocam "laranjas" para se fazerempassar por ele e assim obterem empréstimos, com as facilidades que o mercado oferece a esses tiposde profissionais (funcionários públicos e aposentados).* AQUISIÇÃO DE BENS COM DOCUMENTOS FALSOS: depois de obterem dados bancários epessoais de clientes com melhores condições financeiras, falsificam documentos desses clientes (RGe CPF) e promovem a compra de bens de alto valor de forma financiada, sobretudo automóveis.Alguns documentos são vendidos por servidores do instituto de identificação; outra hora o espelho dodocumento é impresso via computador e com o auxílio de uma boa impressora a laser. Ofinanciamento, conseqüentemente, é aprovado pela financeira e o bem é entregue ao criminoso que oremete para outros Estados e o vende por valores bem aquém daqueles praticados no mercado. Aparticipação do vendedor da revendedora pode ou não ocorrer. Se ocorrer, o criminoso serábeneficiado com a aprovação mais rápida crédito e vendedor fica com a comissão do negócio, semresponder pela solvabilidade do "cliente". O comprador poderá ser de má-fé ou mesmo de boa fé, jáque a documentação do veículo será regular, eis que calcada em documentos e dados aparentementeverdadeiros. Quando a instituição bancária notar que os pagamentos do financiamento não estãosendo feitos, irá reclamar o bem da pessoa verdadeira, que, no entanto, nada fez para adquiri-lo.Uma outra forma de facilitar a venda do veículo está no que se convencionou chamar, no mundo docrime, de "tirar a orelha do carro", ou seja, retirar, da base de dados do sistema informatizado doDetran, com a ajuda de servidores corruptos, a observação de que o veículo foi vendido em regime dealienação fiduciária, o que possibilita a expedição de um documento sem qualquer restrição,agilizando as vendas.

O esquema pode ser comprovado, por exemplo, a partir daligação telefônica de 30 de setembro de 20006, onde Falcão, fazendo-se passar por outrapessoa, dá claras instruções de como iludir os funcionários de um Banco para obterempréstimos através de informações falsas. Em outro diálogo interceptado, tem-se adescrição da conversa de SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBE com um funcionário doBanco Itaú dizendo: “Não, aqui nós temos trezentos funcionários”, situação nãocondizente com a realidade, para, mediante tal ardil, passar a sensação de que a empresaAnluz era de porte considerável e, assim, obter um empréstimo de maior valor.

De outra feita, a sócia de fachada da empresa, LUÍZAANTÔNIA OLIVEIRA SÁ, teve sua residência adquirida por meio dos empréstimosfraudulentos. A casa em que vive, com efeito, foi comprada de JOSÉ JÚLIO CASTROPAIVA (Capitão Castro). É verdade que, o fato de a pessoa estar em relação comalguém que é dado à prática de ilícito não pode levá-la à condenação por isso, atéporque, muitas vezes, não se sabe o que a pessoa está fazendo. Porém, parece-me que asprovas colhidas revelam elementos que permitiriam também a condenação. A sentença odemonstra à saciedade e não há, segundo me parece, qualquer argumento nos apelos queautorizem alterar esse entendimento.

A instrução comprovou também que LUÍZA ANTÔNIAOLIVEIRA SÁ, a sócia de fachada, veio auxiliar eficazmente para o financiamento de

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TRF/FLS.____PODER JUDICIáRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃObens de consumo (veículos) para a mencionada empresa. GLAYDSTONE FALCÃOatravés dessa empresa de fachada, conseguia obter empréstimos, inclusive para obter osrecursos necessários para o cometimento dos demais delitos, notadamente osrelacionados aos furtos qualificados. A prova, repito, exsurge através das ligaçõesinterceptadas, além do próprio depoimento de LUÍZA ANTÔNIA OLIVEIRA SÁ queafirmou que a empresa que não tinha o rendimento necessário para obter os empréstimosfirmados com as instituições financeiras.

Há, outrossim, uma trilha que se fecha dentro da visãomacro de organização criminosa: Capitão Castro vendeu para a D. Lúcia, que é a mãedo Sirlênio, contador do Gleydston, bem como em relação a estes que podem serconsiderados os cabeças da organização e os demais que tiveram participação noscrimes de estelionato descritos na denúncia e acolhidos na sentença. Finalmente, há todauma detalhada concatenação feita pela douta sentença em relação à participação dosdemais agentes para a prática do crime de estelionato.

Nada houve nos apelos, em relação ao ponto, seja pelosmencionados cabeças, seja pelos agentes de nível mais rebaixado, que pudesse alterar afixação dos fatos tal qual definida pelo douto Juízo de origem. Isto posto, mantenho acondenação.

DO CRIME DE FURTO QUALIFICADO (ART. 155, §4º. DO CP).2.3.

Prossegue-se em relação ao crime de furto qualificado (art.155, §4º, do CP). Inicialmente, convêm descrever, como foi feito em relação ao crime deestelionato, as práticas que foram enumeradas pela sentença relativamente ao crime defurto qualificado foram descritas pela douta sentença. Uma vez mais, eis a transcriçãodessa parte do julgado:

* CLONAGEM DE CARTÃO: INSTALAÇÃO DE CHUPA CABRAS E CAPTAÇÃODE DADOS: os criminosos, valendo-se de ajuda de um funcionário do banco, do setor demanutenção das máquinas ou mesmo de carros-fortes, instalam dentro dos terminais desaque eletrônico um equipamento eletrônico alimentado por uma pequena bateriaconhecido por "chupa-cabras", que possui um chip capaz de captar e armazenar dados docartão bancário do cliente que é inserido no terminal, tais como agência, número do bancoe conta. No geral cada chupa-cabra tem memória suficiente para armazenaraproximadamente dados de 800 (oitocentas) contas.* COLOCAÇÃO DE "LUVAS": nessa modalidade, os criminosos instalam "luvas", umaespécie de molde sobre a abertura do terminal de saque eletrônico, por onde são inseridosos cartões bancários. Esta espécie de "molde" contém um chip que capta as informaçõesdos dados contidos nas trilhas dos cartões. De posse de tais dados, resta apenas a senhapara efetivação do saque e transações. As senhas são obtidas pela atuação de um olheiroem um ambiente bancário que ficam a espreita nas filhas ou prontos a "ajudar" os usuáriosmais incautos; ou através da instalação de micro-câmeras sobre o teclado da máquina.Geralmente as micro-câmeras ficam camufladas nas luminárias dos terminais ou ocultasob qualquer outro equipamento. As micro-câmeras remetem as imagens a um monitor nasproximidades da agência bancária. Outro modo se dá através da venda de informações defuncionários bancários, como se verá mais adiante.* TRANSFERÊNCIA DAS TRILHAS: depois, o aparelho é retirado e suas informaçõessão passadas para um notebook onde ficam armazenadas as trilhas de cada cartão copiado.Trilhas são códigos alfanuméricos existentes nas tarjas magnéticas de cada cartão bancárioe que contém as informações e dados bancários do cliente.

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* MAGNETIZAÇÃO E PINTURA: uma vez despejadas as trilhas nos notebooks, a estescomputadores são conectadas máquinas magnetizadoras que têm o poder de captar, ler eidentificar os códigos das trilhas e transferi-los para um outro cartão qualquer.Os cartões-clone também são chamados de carcaças ou quadrados e são adquiridos porambulantes, feiras ou depósitos de lixo por valores irrisórios. Enquanto perdurar o estadode conservação das tarjas magnéticas não há limites para a utilização do cartão-clone, jáque sua tarja admite a sobreposição de dados. Dependendo do local de utilização do cartãoe ou do seu modo de utilização, eles poderão ou não ser pintados com a bandeira elogomarca do banco, bem como ter o nome dos correntistas ou do próprio criminosogravado.* UTILIZAÇÃO: Após a montagem dos cartões, os criminosos falsificam documentos erecrutam laranjas, para que estes, fazendo-se passar pelas vítimas, efetuem os saques epromovam transferências bancárias em Fortaleza, no interior do Estado e em várias outrasunidades da federação.A implantação dos chamados chupa-cabras em agências de grande movimento, quasesempre ocorre em sextas-feiras e à noite e fins de semana. Esta preferência se explica peloaumento do número de usuários de terminais de caixa eletrônico e pela ausência defuncionários nos bancos. Ainda, para incremento do golpe, costuma-se danificar outrosequipamentos da agência, para canalizar os clientes na máquina adulterada. Percebe-separa o saque uma grande preferência entre os criminosos por casas lotéricas, porquantonesses estabelecimentos não há pedido de senha randômica ou número de identificaçãopositiva, ou mesmo a utilização do terminal em horários fora do expediente, logo no inícioda manhã.O cartão clonado não se presta apenas ao saque. Os bandidos se utilizam dele também parafazer compras em supermercados e lojas de conveniências, e, principalmente, paratransferências bancárias, já que, geralmente, sabem, de antemão, os limites detransferências e operações permitidas de cada bandeira bancária e os horários e terminaisem que isso é possível.Também a movimentação bancária via internet é possível, caso em que o criminoso, deposse dos dados bancários e do cartão de crédito opera transferências e realiza compras emsites de produtos eletro-eletrônicos. Nesses casos, via internet, dispensa-se até mesmo aexistência física do cartão.Outros golpes são feitos de maneira "casada", termo utilizado pelos próprios criminosos.Nesta modalidade, contam com a colaboração de algum empregado de um estabelecimentocomercial ou do próprio comerciante que permite a instalação dos chupa-cabras em seusterminais de pagamento eletrônico. Ou ainda, como detectado na investigação atual, ocomerciante simplesmente permite o pagamento de contas em seu estabelecimentomediante a utilização de cartões clonados, para posterior reembolso das operadoras erepartição dos lucros.À medida que os golpes vão se disseminando e sua incidência vai aumentando, os bancosadotam, como contrapartida, inovações tecnológicas e implantação de dispositivos desegurança, principalmente em relação às senhas dos clientes. Isso, todavia, dificulta, masnão impede a ação.* CLONAGEM COM A AJUDA DO CORRENTISTA: essa modalidade é bem simples esegura, mas o criminoso necessita da participação do correntista, seja de má-fé ou sobcoação. Com efeito, este, depois de aliciado, abre, em nome próprio, uma conta bancáriaem uma instituição a sua escolha, e lá deposita certa importância (quanto maior o depósitoinicial, maior o retorno). A conta deverá ficar imobilizada, inclusive para saldo e extratospor pelo menos um mês, para não levantar suspeitas. Aberta a conta, o cliente entrega ocartão bancário ao criminoso que ira promover a clonagem. O cartão verdadeiro podesofrer várias clonagens, e estes são distribuídos a "laranjas" que passam a fazer saques emvárias localidades do Brasil, até promover o "zeramento" da conta. "Um belo dia", ocorrentista vai verificar o saldo e "percebe" o desaparecimento do dinheiro; então,oficializa a reclamação e é ressarcido. Como se nota, o capital investido, em pouco mais deum mês, pode dobrar e uma percentagem desta dobra é dada ao cliente colaborador.Importante ressaltar que, na empreitada criminosa, não raras vezes esses criminososcontam com o auxílio de servidores púbicos ou funcionários de bancos ou estabelecimentoscomerciais, que se valem da posição para o repasse de informações privilegiadas. Frise-seque as atividades dos investigados não se circunscrevem à clonagem de cartões, muitoembora, reconheça-se, esta seja a modalidade criminosa mais disseminada.

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* DISPARADOR DE CÉDULAS: "Vedete" entre os marginais. Procurado e cobiçado por10 entre 10 "cartãozeiros". Detectado na investigação da Operação Dublê e confirmada suaexistência, ainda naquela época, através de interrogatórios, mas sem contato material. Talequipamento é supervalorizado no mercado, pois, uma vez instalado dentro dedeterminados terminais - módulo pagador - e acionados, via controle remoto pelo lado defora, promove a liberação da carretilha da máquina, de sorte fazer com que esta emitacédulas em valores muito superiores ao solicitado pelo operador. Trata-se, na verdade, deuma interface que se interpõe entre o comando da CPU do terminal de saque-eletrônico e amemória do módulo pagador, impedindo que este faça a leitura correta do comando vindoda CPU. Promove a liberação de até 40 cédulas por acionamento, sendo este número olimite de armazenamento de cada carretilha. Não prescinde da colaboração de umfuncionário técnico que tenha acesso ao corredor de abastecimentos para abertura doterminal e instalação em seu interior. A montagem do aparelho, apesar de simples,depende de um molde. Mencionado equipamento não é adaptável a qualquer tipo determinal de saque eletrônico. Eis abaixo um exemplar do equipamento e ele jádevidamente instalado na lateral do módulo pagador de um terminal do Banco do Brasil, epronto para o acionamento, via controle remoto.* DISSIMINAÇÃO DE ARQUIVOS MALICIOSOS - ATIVIDADES DE "CRAKERS":A clonagem de cartões, geralmente, vem acompanhada das atividades dos "crakers", queacessam a dados sigilosos e promovem movimentações bancárias fraudulentas. Taiselementos adquirem, por valores que variam entre R$ 3.000,00 a R$ 10.000,00, arquivosmaliciosos, do tipo TROJAN ou "CAVALO DE TRÓIA", também chamados de "spansdirecionados" e os disseminam, remetendo-os para vários computadores através de"e.mails" camuflados.A modalidade de "spam" mais difundida seria o TROJAN que é remetido para umdestinatário de correio-eletrônico, ficando hibernado caixa de destino, aguardando apenasque o usuário-receptor acesse a alguma pagina de internet-banking para que o arquivomalicioso abra na forma de pagina clone em substituição à página original. Outras vezes oarquivo malicioso se apresenta de maneira mais simples, em forma de propaganda ou sitede órgãos públicos ou bancos, solicitando atualização de cadastro ou digitação deinformações sigilosas. O usuário, então, sem saber digita todos os dados pessoais, fiscaise/ou bancários enquanto o arquivo promove sua captação e armazenamento.De posse dos dados bancários, os criminosos realizam transferências de valores paracontas de "laranjas", efetuam compras de produtos na internet, além de pagamentos deboletos de cobrança.* FALSIFICAÇÃO DE CÓDIGO DE BARRAS DE BOLETOS: os golpistas obtêm acessoà carteira de clientes e devedores de grandes empresas junto aos bancos das quais essasempresas são clientes, e para quem os bancos fazem cobrança. Depois de obterem acesso aesses dados, como valores a pagar e data de vencimento, emitem fisicamente, viacomputador, os boletos de cobrança com o código de barras adulterados, remetendo-os, emseguida aos devedores, que pagam sem saber o destino do dinheiro. A adulteraçãopossibilita o desvio de recursos de pagamentos para contas de empresas que servem de"laranjas", sem levantar suspeitas do gerente da agência, vez que se trata de conta depessoa jurídica, sujeita mesmo a muitos credores e movimentação variada. Pode ocorrer deo acesso à carteira de devedores se dar no seio da própria empresa credora ou mesmo noâmbito da empresa terceirizada responsável pela emissão dos boletos, eliminando-se,assim, a etapa dentro do banco.

Embora as práticas acima descritas sejam variadas epossuam inúmeras peculiaridades entre si estão englobadas sob a capitulação genérica dofurto, qualificado pelo “abuso de confiança, mediante fraude, escalada ou destreza”. Aclonagem de cartões, em suas multivariadas situações, o uso e máquinas chupa-cabras, adisseminação de arquivos maliciosos, tudo isso leva à configuração do furto.

Com efeito, a questão já se encontra superada na doutrinae na jurisprudência, inclusive no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Nesses casos,mesmo quando a prática ilícita envolve em sua elementar o cometimento de fraude, ésabido que se trata de modalidade distinta do estelionato, pois os escopos são diversos.

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TRF/FLS.____PODER JUDICIáRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃONos dois casos, é certo, o meio de execução do delito vem a ser a fraude. No entanto,enquanto no furto mediante fraude o agente ilude a vítima, mediante ardil, para elepróprio subtrair a coisa, o que no caso concreto vem a se dar com a clonagem ou acolocação de luvas, no estelionato o agente ilude a vítima para que esta,espontaneamente, entregue a vantagem material bem ao agente, que no caso em estudovem a se dar com a falsificação de documentos e outros para a aquisição deempréstimos.

Nesse sentido, confira-se o seguinte pronunciamento doSuperior Tribunal de Justiça:

RECURSO ESPECIAL. PENAL. CLONAGEM DE CARTÃO. UTILIZAÇÃODE CHUPA-CABRA . SAQUES EM TERMINAL ELETRÔNICO. FURTOQUALIFICADO PELA FRAUDE. DESCLASSIFICAÇÃO. ESTELIONATO.IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AO ART. 66 DO CÓDIGO PENAL.AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. PLEITO ABSOLUTÓRIO.INVIABILIDADE. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO SUMULAR N.º 07DESTA CORTE. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSAEXTENSÃO, DESPROVIDO. 1. O furto mediante fraude não se confunde com o estelionato. A distinção se fazprimordialmente com a análise do elemento comum da fraude que, no furto, éutilizada pelo agente com o fim de burlar a vigilância da vítima que, desatenta,tem seu bem subtraído, sem que se aperceba; no estelionato, a fraude é usadacomo meio de obter o consentimento da vítima que, iludida, entregavoluntariamente o bem ao agente.2. Hipótese em que o Acusado se utilizou de equipamento coletor de dados,popularmente conhecido como "chupa-cabra ", para copiar os dados bancáriosrelativos aos cartões que fossem inseridos no caixa eletrônico bancário. De possedos dados obtidos, foi emitido cartão falsificado, posteriormente utilizado para arealização de saques fraudulentos.3. No caso, o agente se valeu de fraude – clonagem do cartão – para retirarindevidamente valores pertencentes ao titular da conta bancária, o que ocorreu,por certo, sem o consentimento da vítima, o Banco. A fraude, de fato, foi usadapara burlar o sistema de proteção e de vigilância do Banco sobre os valoresmantidos sob sua guarda, configurando o delito de furto qualificado.4. O Recorrente não possui interesse jurídico no recurso quanto à aplicação daatenuante da confissão espontânea, pois não ocorreu a alegada exclusão daminorante.5. A pretensão de modificar o entendimento firmado pelas instâncias ordináriasacerca da autoria e da materialidade do delito demandaria amplo reexame deprovas, o que se sabe vedado na via estreita do recurso especial, a teor dodisposto no enunciado sumular n.º 07 desta Corte.6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão,desprovido.(Resp 201300469754, LAURITA VAZ, STJ - QUINTA TURMA, DJE DATA:25/11/2013).

Foram condenados com base na prática do furtoqualificado: JOSÉ GLAYDSTON FALCÃO NOBRE, JÚLIO CÉSAR CASTRO PAIVA,ORLANDO FAÇANHA DA ROCHA NETO, JOSÉ ACRÍSIO FERREIRA PEREIRA, JOÃO

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TRF/FLS.____PODER JUDICIáRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃOPAULO OLIVEIRA PEREIRA, FABRÍCIO LUIZ ALVES DUTRA, JOSE DEUSEMARFERREIRA, ELTON LUIZ BASTOS NASCIMENTO, RENOIR SOLANO LIMA, BRUNOLEONARDO TERTO BARBOSA, FRANCISCO ARIRRÉGIO CAMPOS GOMES,DARDISON DE SOUSA CAVALCANTE, AMANDA RICARDO DE CASTRO, EDIVANSOARES SOUSA, JOSÉ FERREIRA DE SOUSA, LUISA CARLA DOS SANTOS,ANTÔNIO RONALDO SOARES LEITE, JOSÉ PRISCO DE OLIVEIRA JÚNIOR, JOARYOALEXANDRE VIANA BONFIM, LINCONL RODRIGUES DE OLIVEIRA, JYMISRHENEE E SILVA ALENCAR, JOSÉ JUTAY ANDRADE GUILHERME JÚNIOR,ALANDY KERLL COELHO ALVES, ROBSON RIGGER QUEIROZ VIEIRA, ANDRÉRICHELLI HOLANDA CAMARA, ANTÔNIO OZINEUDES VIANA DA SILVA,FRANCISCO CLERYSSON MARQUES DE SOUSA.

A prova clara do envolvimento de todos os condenadosnas práticas acima referidas, sobretudo por meio das interceptações. Tais diálogosinterceptados foram, durante a instrução criminal levada a efeito pelo Juízo de origem,confirmados seja pelo cotejo com outras evidências, seja, inclusive, pela confissão deoutros corréus.

É interessante constatar, por exemplo, a linguagem cifradautilizada pelos réus, objetivando se esquivar da responsabilidade penal. Com efeito, elesempregavam nas conversas telefônicas terminologia disfarçada para se referis às suaspráticas criminosas, evitando usar termos claros. À fl. 5.440 faz-se a correlação entre asexpressões utilizadas e suas reais significações. Assim, por exemplo, amarelo significaBanco do Brasil; azul, Caixa Econômica Federal; branco, HSBC; vermelho, Bradesco;verde, Banco Real; M, Mastercard; V = cartão da bandeira Visa; X, Caixa EconômicaFederal; manga, cartão bloqueado; bater, digitar a senha do cliente; carvão, dinheiro;régua, cartão magnético etc.

Façamos, a análise do quadro probatório apurado peladouta sentença:

Em relação a JOSÉ GLAYDSTON FALCÃO a prova émuito contundente de que era ele, como já dito, o chefe da quadrilha e, assim, era quemcoordenava a ação de diversos crackers que operacionalizavam as subtrações praticadascontra o patrimônio de terceiros pessoas físicas ou mesmo instituições financeiras. Aindaem relação a ele, lembre-se que, na busca e apreensão feita em sua casa foramencontrados dezessete cartões magnéticos, além dos dois automóveis Fiats obtidos pormeio dos empréstimos fraudulentos, além de outras evidências que confirmam de modorutilar sua participação nesta e em todas as demais práticas delitivas em que veio a sercondenado (salvo aquela relativa ao crime do art. 90 da Lei 8.666/93 como será adiantedemonstrado).

Do mesmo modo, foi apurado inicialmente por meio deescutas telefônicas que JÚLIO CÉSAR CASTRO PAIVA, o Capitão Paiva que erarealmente Capitão Bombeiro, ocupava igualmente posição de destaque na organização,efetuando ilícitos que iam desde a agiotagem à falsificação de documentos e asmencionadas clonagens de cartões. Ademais, realizava saques em contas bancarias pormeio da obtenção fraudulenta de dados dos correntistas, sobretudo via internet.

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Em certo diálogo com FALCÃO, cujo mérito não foiobjetado por sua defesa – e mesmo que o fosse não haveria evidências paradescaracterizá-lo, JÚLIO CÉSAR CASTRO PAIVA e o outro corréu dizem:

- Temos que pegar umas quinze placas dessa aí para amanhã, antes de a gente se encontrar. Tutem que dar um jeito de trazer, com segurança, ao meu encontro, sem ninguém saber nem nada.Era a forma de a gente fazer um dinheiro urgente para nós.- Vou, mas garanto só as dez placas”.- O banco abrindo, nós já tem dinheiro no bolso. Entendeu?[...]

É iterativo que a expressão placa refere-se a um dessesinstrumentos eletrônicos que a quadrilha utilizava para obter os dados bancários quefuturamente seriam utilizados para a perpetração dos golpes, melhor dito, dos furtos.Muitos foram, de fato, os áudios captados entre FALCÃO e CASTRO tratando dautilização de cartões clonados. É o caso, por exemplo, do diálogo de 20/07/2006, quetrata da utilização de uma conta cuja senha acabou de ser bloqueada, em razão de errosconsecutivos ao digitar.

Outrossim, restou evidenciado, por outras ligaçõesinterceptadas com autorização do Juízo de origem, que JÚLIO CÉSAR utiliza, elepróprio, os cartões clonados e também, por meio da internet, conseguia as senhas pararetirar valores das contas dos clientes. É o caso da ligação captada em 19/07/06, na qualfoi flagrado um terceiro não identificado passando a senha numérica e randômica de umcartão da CEF. O nome de Castro é expressamente mencionado:

Castro disse que é 1320 o número para liberar a placa cartão e a palavra é “acerola”. Castrodisse que, inclusive, foi ele mesmo quem retirou o extrato. É 1320 o numeral da placa e ocódigo de acesso lá para poder liberar o instrumento é “acerola” mesmo, inclusive fui eu quetirei até o extrato dessa bicha aí. Entendeu? Tirei as taxas de IPVA, tirei tudo. Está lembrado?

Do mesmo modo, as ligações de 12/09/2006, quandoFALCÃO ordena a CASTRO comparecer a uma agência do Bradesco munido de umcartão de umaconta receptáculo, vez que FALCÃO já estava na companhia de umapessoa, provavelmente um hacker, a postos para fazer a transferência.

Quanto aos demais corréus, além da irresignação própriade quem restou condenado, não trouxeram aos autos qualquer elemento de prova adesconstituir o que foi produzido pela acusação. Na verdade, seus apelos vão deencontro à prova manifesta dos autos, obtida por ocasião da instrução processual, talcomo confissões qualificadas que só serviram para confirmar o que já tinha sidoproduzido pela Polícia Federal e pela instrução criminal.

É o caso, por exemplo, do réu Jymis Rhenee e SilvaAlencar, que tanto confessou a prática dos ilícitos relacionados com o furto qualificadoque veio a ser beneficiado com a atenuante prevista no art. 65, III, do CP. Em seusinterrogatórios, tanto perante a autoridade policial como em Juízo, ele foi contundenteem afirmar que, inserido na estrutura da organização, passou cerca de um ano realizandoos golpes. Verbis: “[...] que recebia de Tonho três a cinco cartões, por vezes passandocerca de quinze dias sem receber nenhum”.

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Deste modo, quando é postulada, nos apelos de quasetodos os corréus, a inexistência do crime de furto por ausência de provas, no que, emrelação à clonagem de cartões, não subsiste a uma análise rigorosa das constataçõesoperadas pela douta sentença. Os diálogos interceptados e as confissões obtidas, além deoutros elementos de prova demonstram a posse dos cartões clonados, a existência deartefatos necessários para a contrafacção, a obtenção de dados por outros mecanismosde cybercultura, a retirada enfim de valores também documentada. Tudo demonstra quehouve de forma sistemática e contumaz a existência de incontáveis golpes, assomandoum prejuízo vultoso para as vítimas da organização.

Por outro lado, como sempre estamos a dizer, há claracomprovação do envolvimento de todos os acusados para a perpetração dos delitos demaneira igualmente clara e reiterada. Não há, deste modo, como prosperarem os apelos.

CRIME DE FRAUDE À LICITAÇÃO (ART. 90 DA LEI 8.666/93).2.4.

Prossigo o crime de fraude ao caráter competitivo doprocedimento licitatório (art. 90 da Lei n. 8.666/93). Em relação a esse crime foramcondenados acusados JOSÉ GLEYDSTON FALCÃO NOBRE, ORLANDO FAÇANHA DAROCHA NETO, SUZITELES SILVA ARAÚJO e SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBE. Dizmais uma vez a douta sentença:

* FRAUDE EM LICITAÇÃO PÚBLICA - ART. 90 DA LEI 8666/93 - FRAUDE ÀCONCORRÊNCIA: Segundo as investigações, também foi detectado o envolvimento dacélula criminosa liderada por GLAYDSTON FALCÃO em fraudes a licitações públicas.Os envolvidos, primeiramente, através de contatos com servidores públicos municipais,tomam ciência antecipada dos certames licitatórios a serem realizados nas prefeituras esub-prefeituras de Fortaleza e interior do Estado, bem como dos objetos das licitações, quevão desde barras de gelo, passando por fardamento e uniformes até bens de maior valorcomo caminhões. Após, passam a angariar empresas laranjas e a recrutar empresáriosdispostos a se inscreverem, ou mesmo partem para a criação de empresas fictícias apenaspara fazer constar como competidores. A partir daí, conseguem eliminar a concorrência efixam artificialmente os preços dos produtos a serem ofertados, frustrando o carátercompetitivo do procedimento licitatório, no intuito de obter vantagem decorrente do objetoa ser licitado."

Vários dos réus, entretanto, apelaram ao argumento de quenão teria sido verificada a prática do delito em referência, mesmo em sua forma tentada.Não só os réus. O parecer ministerial proferido perante este e. Tribunal também acolheua tese da defesa. A sentença, com efeito, condenou na forma tentada do Art. 90, masaqui me parece muito claro que o que ocorreram foram atos preparatórios. Não houve,como sustenta o próprio Ministério Público Federal como custos legis em grau recursal,espaço para considerar que houve ao menos a tentativa ante o simples motivo de que nãohá prova ao menos de que existiram tais licitações.

Os réus, efetivamente, começaram a montar uma empresafantasma. Começou-se, realmente, a preparar toda a papelada e contatos para quefossem feitas propostas fraudulentas, mas, como não houve licitação, não se pode dizerque houve tentativa. Os atos eram preparatórios, e esses atos, como diz o Código Penal,não são sequer puníveis, salvo, obviamente, se o crime for de mera conduta.Eventualmente, a contrafacção poderá ser punida de forma autônoma, como fez a doutasentença em relação a alguns réus.

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Entendo, assim, que o crime do artigo 90 da Lei nº8.666/93 não se perfeccionou diante da clara evidência de que os atos mencionados nasentença eram tão somente preparatórios do delito de burla a procedimentos licitatórios.Insisto, não há evidência de que tais processos licitatórios tenham, de fato, acontecido.Logo, não houve crime, diante da impossibilidade de punição senão após o início dosatos executório nos termos do art. 14, II, do Código Penal.

DOSIMETRIA.3.

QUANTO AO CRIME DE QUADRILHA OU BANDO3.1.

O parecer ministerial, igualmente, postulou a revisão dadouta sentença no tocante ao crime de quadrilha ou bando. É que na reprimenda aplicadapelo Juízo monocrático todos os corréus receberam dois anos e seis meses. Assim, tantoos que tiveram maior participação como os que tiveram uma participação menor,diferença essa que é reconhecida pela própria sentença, receberam a pena em mesmamedida.

Quanto à dosimetria das penas, de acordo com o pedido doMinistério Público, considero que deve haver uma readequação de todas as penasconforme o papel de liderança (ou não) na quadrilha, ficando com dois anos quem tiverparticipação menor, e, para quem tiver participação maior, dois anos e seis meses.

Assim, de acordo com a prova dos autos, deve a pena sermantida em relação aos réus: JOSÉ GLAYDSTON FALCÃO NOBRE, LUIZAANTÔNIA OLIVEIRA SÁ, JÚLIO CÉSAR CASTRO SIRLÊNIO MATOSCAPIBARIBE, PAIVA. Ou seja, em relação a eles, a pena deve permanecer no patamarde 2 (dois) anos e 6 (seis) meses.

Já no tocante aos demais réus (ALANDY KERLL COELHOALVES, ORLANDO FAÇANHA DA ROCHA NETO, SUZITELES SILVA ARAÚJO, JOSÉACRÍSIO FERREIRA PEREIRA, FABRÍCIO LUIZ ALVES DUTRA, JOSÉ DEUSEMARFERREIRA, FÁBIO ALVES DO NASCIMENTO, ELTON LUIZ BASTOS NASCIMENTO,RAVARDIERE RONALD MOTA XAVIER, RENOIR SOLANO LIMA, BRUNOLEONARDO TERTO BARBOSA FRANCISCO ARIRRÉGIO CAMPOS GOMES,RICARDO MAIA SANFORD FROTA, DARDISON DE SOUSA CAVALCANTE, EDIVANSOARES SOUSA, JOSÉ FERREIRA DE SOUSA, LUISA CARLA DOS SANTOS,ANTÔNIO RONALDO SOARES LEITE, JOSÉ PRISCO DE OLIVEIRA JÚNIOR, JOARYOALEXANDRE VIANA BONFIM, LINCONL RODRIGUES DE OLIVEIRA, JYMISRHENEE E SILVA ALENCAR, JOSÉ JUTAY ANDRADE GUILHERME JÚNIOR,ROBSON RIGGER QUEIROZ VIEIRA, ANDRÉ RICHELLI HOLANDA CAMARA,ANTÔNIO OZINEUDES VIANA DA SILVA) ela deve ser reduzida em seis meses, sendofixada em 2 (dois) anos.

Nos casos dos réus cujas penas-base ora são reduzidas eque, por razão diversa, devam incidir outras causas, especiais ou genéricas, de aumentoou redução de pena, deverá ser feito posteriormente o recálculo pelo Juízo da execuçãopara amoldar as disposições da sentença com as alterações que são ora determinadas,sempre respeitado o mínimo legal.

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QUANTO AO CRIME DE FRAUDE À LICITAÇÃO.3.2.

Naturalmente, em relação ao crime de fraude à licitação(art. 90 da Lei n. 8.666/93), as penas aplicadas devem ser suprimidas em suaintegralidade, mercê do juízo absolutório acima externado.

Deverá ser feito posteriormente o recálculo das penas peloJuízo da execução para amoldar as disposições da sentença com as alterações que sãoora determinadas.

CASO PARTICULAR DO RÉU ALANDY KERLL COELHO ALVES3.3.

No caso do nomeado corréu, houve a prova de unicamenteum ato delitivo com base no art. 155, § 4º, do CP. Há evidência de que ele usou ouusava “chupa-cabra”, mas isso foi comprovado apenas uma vez por áudio interceptado,não há outras evidências.

O próprio magistrado prolator da sentença afirmou que,em relação a Allandy Kerll, as evidências são poucas. Diz o nobre Juiz:

Lá, na Polícia Federal, quando interrogado, Allandy Kerll procurou afastar suaresponsabilidade penal pelos fatos delitivos narrados na denúncia, sempre procurandojustificar sua atuação nos seguintes termos: que sabe que os envolvidos ..., já vendeu obracelete, de três mil reais, recebendo quinhentos reais e mais tantos cheques [...].,

E, aí, éque S. Exa. Se vale de uma inferência, de umailação, de um raciocínio por extensão, para considerar que essa alegação não éverossímil:

Então, diz: “desprovida de razoabilidade a alegação, porquanto não se mostra crível que,mesmo sem qualquer curso voltado para o ramo de corretagem, seja de veículos ouimóveis, o acusado tenha aferido rendimentos capazes de adquirir um veículo de luxoimportado, principalmente se considerarmos o mercado da cidade interiorana de Crateús.

O argumento, entretanto, deve ser revisto, parece-me.Sendo esse o único fundamento para ter considerado a pena em patamar tão elevado(pois, repito, a prova é apenas de que ele teve uma participação menor), pode-se rebatê-la ao argumento de que há pessoas que, sem instrução, conseguem ter um patrimôniovárias vezes superior a de pessoas com instrução. O argumento por si só não favorececondenação em patamar tão elevado.

É perfeitamente possível que do ALANDY KERLL tenhacometido vários ilícitos, mas em relação a ele a prova indica apenas um único ato eademais de forma relativamente isolada. Os elementos indicam para um único áudio e nabusca e apreensão na sua casa foram encontrados celulares, dois chips, cheques em nomede terceiros, o que, realmente por si somente não indicam muita coisa. Houve, é verdade,a apreensão também de documentos e licenciamentos de veículos, além de um sacoplástico contendo lacres de placas de uso exclusivo do Detran.

Então, como no caso dele a prova se refere só a esse atoespecífico, ou seja, embora apontado com um dos cabeças da organização, na verdade

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TRF/FLS.____PODER JUDICIáRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃOnão houve evidências consistentes tanto no relativo à participação no comando daquadrilha e na série de furtos, a pena mereceria ser reduzida da seguinte forma:

em relação ao crime de quadrilha o bando (art. 288 doa)CP): 2 (dois) anos de reclusão;

em relação ao crime de furto qualificado (art. 155, § 4º,b)do CP): três anos de reclusão, ou seja, o mínimo legal.

DISPOSITIVO E CONCLUSÕES FINAIS.4.

Com essas considerações, dou parcial provimento aosrecursos de José Gleydston Falcão Nobre, Orlando Façanha da Rocha Neto, SuzitelesSilva Araújo e Sirlênio Matos Capibaribe, apenas para afastar a condenação pelo tipo doart. 90 da Lei nº 8.666/93.

Igualmente, dou parcial provimento aos recursos deAlandy Kerll Coelho Alves e Jimys Rhenee e Silva Alencar, apenas para reformar a penaquanto à dosimetria por considerar que não ocuparam posição de chefia na quadrilha,circunstância essa que, sendo objetiva, estende-se aos demais corréus condenados pelaprática do crime de quadrilha ou bando em sua redação original.

É como voto.

Desembargador Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá

Relator Convocado

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APELAÇÃO CRIMINAL 8531 - CE (2006.81.00.009719-4)APTE : ALANDY KERLL COELHO ALVESADV/PROC : EUCLIDES AUGUSTO PAULINO MAIA E OUTROAPTE : JOSÉ JUTAY ANDRADE GUILHERME JÚNIORADV/PROC : JOAQUIM JOSÉ MATEUS PEREIRAAPTE : IVANIZIANE DE OLIVEIRA BATISTAAPTE : FABRÍCIO LUIZ ALVES DUTRAAPTE : JOSÉ ACRÍSIO FERREIRA PEREIRAAPTE : ORLANDO FAÇANHA DA ROCHA NETOAPTE : LUIZA ANTÔNIA OLIVEIRA SÁAPTE : ANTÔNIO RONALDO SOARES LEITEAPTE : ANDRÉ RICHELLI HOLANDA CÂMARAAPTE : DARDISON DE SOUSA CAVALCANTEAPTE : JOÃO PAULO OLIVEIRA PEREIRAAPTE : JOSÉ PRISCO DE OLIVEIRA JUNIORAPTE : ELTON LUIZ BASTOS NASCIMENTOAPTE : JOSE DEUSEMAR FERREIRAAPTE : ANTÔNIO OZINEUDES VIANA DA SILVAAPTE : RICARDO MAIA SANFORD FROTAREPTE : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃOAPTE : JYMIS RHENEE E SILVA ALENCARADV/PROC : JOSE ALVES CARDOSO E OUTROAPTE : JULIO CESAR CASTRO PAIVAADV/PROC : JOSE BONIFACIO DE MACEDO FILHO E OUTROAPTE : RENOIR SOLANO LIMAAPTE : BRUNO LEONARDO TERTO BARBOSAAPTE : LINCONL RODRIGUES DE OLIVEIRAAPTE : RAVARDIERE RONALD MOTA XAVIERADV/PROC : FRANCISCO MARCELO BRANDÃO E OUTROSAPTE : FRANCISCO ARIRREGIO CAMPOS GOMESADV/PROC : PAULO NAPOLEÃO GONÇALVES QUEZADO EOUTROSAPTE : JOSÉ FERREIRA DE SOUSAADV/PROC : PAULO CESAR BARBOSA PIMENTELAPTE : EDIVAN SOARES SOUSAADV/PROC : PAULO CESAR BARBOSA PIMENTELAPTE : FRANCISCO CLERYSSON MARQUES DE SOUSAADV/PROC : FRANCISCO APRIGIO DA SILVAAPTE : ROBSON RIGGER QUEIROZ VIEIRAADV/PROC : PAULO SERGIO RIPARDOAPTE : JOARYO ALEXANDRE VIANA BONFIMADV/PROC : ALEXANDER AGUIAR ROCHA E OUTROAPTE : LUISA CARLA DOS SANTOSAPTE : AMANDA RICARDO DE CASTROADV/PROC : DAVID SUCUPIRA BARRETO E OUTROSAPTE : SUZITELES SILVA ARAUJOADV/PROC : ERICK ANDRADE MENEZESAPTE : SIRLÊNIO MATOS CAPIBARIBEADV/PROC : LUIS ÁTILA DE HOLANDA BEZERRA FILHOAPTE : JOSÉ GLAYDSTON FALCÃO NOBREADV/PROC : FRANCISCO CLAUDIO ROCHA VICTORAPTE : FÁBIO ALVES DO NASCIMENTO

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TRF/FLS.____PODER JUDICIáRIOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃOADV/PROC : GESSINEY NOBRE DA FONSECA E OUTROAPDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROC. ORIGINáRIO : 11ª VARA FEDERAL DO CEARá (PRIVATIVA EMMATéRIA PENAL) (2006.81.00.009719-4)REL. CONVOCADO : DESEMBARGADOR FEDERAL BRUNO LEONARDOCâMARA CARRá

EMENTA

PENAL E PROCESSO PENAL. OPERAÇÃO CICLONE.ALEGAÇÕES PRELIMINARES DE INCOMPETÊNCIA DOJUÍZO, INÉPCIA DA INICIAL, CERCEAMENTO DEDEFESA, NULIDADE DA SENTENÇA. INEXISTÊNCIA DEERROR IN PROCEDENDO PELO JUÍZO DE ORIGEM.EMENDATIO LIBELLI. POSSIBILIDADE EM SEGUNDOGRAU. MANUTENÇÃO DO PRINCÍPIO NE REFORMATIOIN PEIUS. CRIME DE QUADRILHA OU BANDO.ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. AGENTES QUE SEORGANIZAVAM EM NUMEROSO GRUPO PARAPRATICAR DE MODO ESTÁVEL E ORGANIZADODIVERSOS TIPOS DE ILÍCITOS. PROVASTESTEMUNHAIS E MATERIAIS DOS ILÍCITOS.CIRCUNSTANCIADO TRABALHO DA POLÍCIAFEDERAL. DEMONSTRAÇÃO PELA SENTENÇA DARAMIFICAÇÃO, CABEÇA E TENTÁCULOS FURTOQUALIFICADO, ESTELIONATO, FALSIFICAÇÃO DEDOCUMENTO PÚBLICO E USO DE DOCUMENTOSFALSOS. INSTRUÇÃO QUE LOGROU CONFIRMAR OSELEMENTOS INDICIÁRIOS. CRIMES DE ESTELIONATOE FURTO QUALIFICADO POR DESTREZA OU FRAUDE.DISTINÇÕES. FRAUDE QUE SE DESTINA A ILUDIR AVÍTIMA DE MODO A FAZÊ-LA VOLUNTARIAMENTEENTREGAR A VANTAGEM NO CASO DO ESTELIONATO.SITUAÇÃO APLICÁVEL AOS EMPRÉSTIMOS OBTIDOSPELA QUADRILHA COM DOCUMENTOS FALSOS OUPOR MEIO DE INFORMAÇÕES INVERÍDICAS. ILÍCITOSDESTINADOS A OBTER EMPRÉSTIMO PARA FINANCIARAS DEMAIS ATIVIDADES ILEGAIS DA QUADRILHA.FRAUDE NO FURTO. ARDIL DESTINADA A BURLAR AVIGILÂNCIA DA VÍTIMA. SITUAÇÃO QUE SEENQUADRA NOS DELITOS DE CLONAGEM DECARTÕES BANCÁRIOS E DE CRÉDITO (“CHUPA-CABRAS”) E PRÁTICAS DE SUBTRAÇÃO DE VALORESDEPOSITADOS EM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PORMEIO DE OBTENÇÃO DE DADOS E ATRAVÉS DAINTERNET. CRIMES CONTRA A LEI DE LICITAÇÕES.PROVA APENAS DE ATOS PREPARATÓRIOS.ABSOLVIÇÃO. DEMAIS ILÍCITOS DEVIDAMENTE

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AQUILATADOS. DOSIMETRIA. PENAS ADEQUADASSALVO NO TOCANTE AO CRIME DE QUADRILHA.NECESSIDADE DE DISTINÇÃO, PARA FINS DEAPLICAÇÃO DA PENA, ENTRE OS PARTICIPANTES QUECOMANDAVAM A ORGANIZAÇÃO E AQUELES QUEERAM APENAS “SOLDADOS”. PROVIMENTO PARCIALDOS RECURSOS DOS RÉUS JOSÉ GLEYDSTON FALCÃONOBRE, ORLANDO FAÇANHA DA ROCHA NETO,SUZITELES SILVA ARAÚJO E SIRLÊNIO MATOSCAPIBARIBE. DOSIMETRIA DA PENA DO DELITO DEQUADRILHA ESTENDIDA AOS CORRÉUSCONDENADOS POR ESSE CRIME. DEMAIS RECURSOSNÃO PROVIDOS.

ACÓRDÃO

Vistos etc.Decide a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por

unanimidade, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar parcial provimento aosrecursos dos réus réus José Gleydston Falcão Nobre, Orlando Façanha daRocha Neto, Suziteles Silva Araújo e Sirlênio Matos Capibaribe e negarprovimento aos demais recursos, nos termos do voto do Relator, na forma dorelatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parteintegrante do presente julgado.

Recife, 07 de janeiro de 2014.(data do julgamento)

Desembargador Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá

Relator Convocado

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