acp campinas eventos campus unicamp sem autorizacao (sis difusos 41 713 263 10)

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Nona Promotoria de Justiça Cível de Campinas Av. Francisco Xavier de Arruda Camargo, nº 300, Bl. B, 2º And., Jd. Santana, Campinas (SP) CEP 13089-530 – Telefone/Fax (19) 3256-1796, 3256-5392, 3256-6581 e 3256-8246 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS DA FAZENDA PÚBLICA DE CAMPINAS O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO , pelo 9º Promotor de Justiça de Campinas, com atribuições nas áreas de habitação e urbanismo, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, nas Leis Federais 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), bem como nos artigos 25, inciso IV, letra "a", da Lei nº 8.625/95 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público), 103, inciso VIII, da Lei Complementar Estadual nº 734/93, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA , com pedido liminar em face da ACP-IC 04/08 1

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Nona Promotoria de Justiça Cível de Campinas

Av. Francisco Xavier de Arruda Camargo, nº 300, Bl. B, 2º And., Jd. Santana, Campinas (SP)

CEP 13089-530 – Telefone/Fax (19) 3256-1796, 3256-5392, 3256-6581 e 3256-8246

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS DA FAZENDA PÚBLICA DE CAMPINAS

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pelo 9º Promotor de Justiça de Campinas, com atribuições nas áreas de habitação e urbanismo, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, nas Leis Federais 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), bem como nos artigos 25, inciso IV, letra "a", da Lei nº 8.625/95 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público), 103, inciso VIII, da Lei Complementar Estadual nº 734/93, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA , com pedido liminar em face da

UNICAMP – Universidade de Campinas, pessoa jurídica de direito público interno, com sede à Rua Roxo Moreira, nº 1831, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Distrito de Barão Geraldo, nesta cidade de Campinas (SP), neste ato representada pelo seu Magnífico Reitor, Doutor Fernando Ferreira Costa, conforme dispõe o art. 13, II da Lei Estadual nº 7.655/62;

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1. SÍNTESE DA AÇÃO

O principal objeto da ação civil pública ora proposta são as festas e os eventos não autorizados realizados no campus da ré, Universidade de Campinas - UNICAMP, localizado neste Município de Campinas, que caracterizam o uso irregular do solo urbano e provocam poluição sonora e outros incômodos aos moradores da região, com pedido específico para coibir a realização de uma festa não autorizada conhecida como IFCHSTOCK.

2. DOS FATOS

Em face de representação subscrita por moradores do bairro Cidade Universitária, localizado em região vizinha a do campus da UNICAMP, foi instaurado, na 9a Promotoria de Justiça de Campinas, o procedimento PI n° 110/07-HU, posteriormente convertido no Inquérito Civil nº 04/08-HU (cópia parcial dos autos anexa), tendo por objeto investigar a ocorrência de eventos não autorizados no interior do campus da UNICAMP, com uso indevido do solo urbano e outras infrações urbanísticas, além de incômodos relacionados a poluição sonora.

Conforme restou apurado, são frequentemente realizadas festas estudantis no interior da UNICAMP, sem autorização da própria universidade ou de suas unidades e dos órgãos municipais de urbanismo. Tais festas, em regra, são realizadas em locais e horários inadequados, durante toda a madrugada, o que causa grande perturbação aos moradores das imediações devido ao alto volume dos equipamentos sonoros utilizados.

Algumas das festas já realizadas, muitas delas durante a semana, ás quartas e quintas-feiras, tiveram início por volta das 22:00 horas e somente se encerraram após as 05:00 horas da manhã. Vale anotar, desde logo, que as festas em questão não são meros encontros festivos, sociais e culturais dos alunos da universidade, e muito menos são limitadas a poucas dezenas de pessoas e realizadas em recintos fechados apropriados.

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As festas e eventos, em regra, reúnem centenas ou milhares de pessoas, sem que se saiba se integrantes do corpo discente universitário ou não, e são realizadas em áreas livres do campus, com equipamentos sonoros de alta potência, venda e consumo de bebidas alcoólicas.

Foram realizadas, nos autos do inquérito civil, reuniões com moradores da região e com representantes da Universidade (cópias anexas).

A UNICAMP, representada por sua procuradoria jurídica, confirmou não serem as festas eventos autorizados pela universidade e suas unidades e informou que, visando coibir a realização de eventos não autorizados em seu campus, foram adotadas algumas medidas administrativas, como a tentativa de fechamento de todo o perímetro da área do campus e de identificação dos ingressantes e adoção de rotinas internas de atuação.

Muito embora se reconheça que a ré tenha adotado algumas medidas visando coibir o irregular uso de suas dependências, as festas continuaram a ocorrer, com muita frequência, notadamente nos dias 18/06/08 (fls. 247/249), 09/10/2008 (fls. 292), 17/10/2008 (fls. 353/355); 03, 04, 08 e 09/06/2009 (fls. 576 e seguintes), 10/06/2009 e 18 e 19/06/2009 (fls. 574 e 588), 09, 14 e 15/10/2009 (fls. 623, 631/637) e em muitas outras datas.

A Prefeitura Municipal de Campinas, em resposta a ofícios encaminhados por esta Promotoria de Justiça, informou que os organizadores das referidas festas não solicitaram qualquer alvará de realização de eventos (fls. 306, 323, 340), sendo certa, portanto, a irregularidade do uso do solo urbano pela UNICAMP porquanto, ainda que goze de autonomia administrativa, não está o campus da universidade situado em território de exceção, no qual inaplicável seria a legislação em vigor, em especial, as normas de direito urbanístico.

Convém ressaltar ainda que os incômodos provocados pelas festas ora questionadas são sentidos por moradores dos bairros residenciais próximos e também pelos

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próprios funcionários, professores e pelos alunos que não as frequentam.

Os incômodos foram registrados nas centenas de documentos que acompanham a presente, em sua maioria Boletins de Ocorrência das Polícias Militar e Civil do Estado, e boletins internos do serviço de vigilância da própria universidade.

A UNICAMP, instituição de ensino de reconhecida excelência, ainda conta com instalações hospitalares que formam grande complexo médico integrado pelo Hospital de Clínicas (HC), pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia da Unicamp (Hemocentro), pelo Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), pelo Centro de Diagnóstico de Doenças do Aparelho Digestivo (Gastrocentro) e pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação "Prof. Dr. Gabriel O.S. Porto" (CEPRE).

Os eventos não autorizados, conforme anotado no documento de fls. 381, do inquérito civil, provocam também grandes incômodos aos hospitais da universidade, tendo sido apurado em sindicância que, com relação a uma das festas: “O volume do som, extremamente elevado, causou incômodo aos moradores da vizinhança da Universidade e também ao Hospital das Clínicas da UNICAMP, o que provocou várias reclamações por telefone à vigilância do campus”.

Além das unidades hospitalares da universidade, localizam-se nas proximidades do Campus, o Centro Médico de Campinas e Hospital Madre Maria Theodora, devidamente identificados no mapa anexo.

Umas das festas não autorizadas, patrocinada por estudantes ligados ao Instituto de Filosofia e Ciência Humanas (IFCH), pretensiosamente denominada IFCHSTOCK, em alusão ao festival de música realizado em 1969, em uma fazenda no estado americano de Nova Iorque, pretende ganhar fama de evento anual.

Conforme revelam os documentos anexados, impressos a partir de “sites” da internet, pretendem os organizadores do evento realizar várias festas

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prévias, com objetivo de angariar fundos para a festa principal, chamados de Pré-IFCHSTOCK.

Em nenhum momento, vale anotar, é possível identificar empresas ou pessoas físicas responsáveis pela organização destes eventos, o que impede, ao menos por ora, a sua direta responsabilização pelas lesões difusas e também pelos certos prejuízos impostos a universidade pela indevida utilização de suas instalações (rede de energia, banheiros, água, espaço físico, iluminação, segurança e limpeza), além dos riscos às próprias instalações das unidades e seus equipamentos.

Como as festas irregulares não contam com datas certas, difícil é a identificação de seus responsáveis e a imposição de obediência às regras internas da universidade e à legislação urbanística. Com relação ao evento denominado IFCHSTOCK e as festas prévias noticiadas, no entanto, revelam as mensagens impressas em anexo que aquela deverá ocorrer provavelmente em novembro e ao menos uma destas no próximo dia 21/10, quinta-feira.

A conduta lesiva ora combatida não se restringe a mero uso nocivo da propriedade por parte dos organizadores do evento e dos administradores da área em questão, mas de poluição sonora que atinge um número indeterminado de moradores ou de difícil determinação, tendo em vista a grandiosidade das festas, sempre realizadas com bandas musicais e instrumentos sonoros de alta potência.

Paulo Affonso Leme Machado classifica a poluição sonora como um dano difuso, aduzindo que, “no conceito de ruído, este é caracterizado por atingir pontos de recepção ao acaso. Assim, vê-se que uma das características da poluição sonora é atingir pessoas várias, que, na maioria das vezes, são indeterminadas.” (in Direito Ambiental Brasileiro, 9a ed., Malheiros Editores, pg. 629).

A poluição sonora, no caso vertente, é prejudicial a todos os residentes nas imediações da universidade, pois, durante a realização dos eventos,

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durante toda a madrugada, os ruídos podem ser ouvidos além dos limites do campus, por não contarem com qualquer isolamento acústico.

A autonomia da universidade, ora reconhecida, não pode ser invocada em face da Constituição Federal, sendo pertinente invocar o seu artigo 225, que determina:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, imponde-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

A responsabilidade administrativa da Unicamp, representada na pessoa de seu reitor, compreende a fiscalização do fiel cumprimento da lei e das normas internas, conforme se infere dos dispositivos extraídos do Estatuto da Universidade:

Artigo 57. O Reitor é a autoridade executiva superior da Universidade.(...)Artigo 62. São atribuições do Reitor:I. administrar a Universidade e representá-la em juízo ou fora dele; II. velar pela fiel execução da legislação da Universidade;

No mesmo sentido, dispõe a lei de criação da Universidade de Campinas (Lei Estadual nº 7.655/62):

Art. 10 – A reitoria será o órgão centralizador da administração da Universidade de Campinas.Art. 13 (Art. 122 do Regimento Geral). São atribuições do reitor:(...)II- Representar a Universidade em Juízo e fora dele;

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VI- Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Universidade ou por Regimento Interno;

A ré, até mesmo em razão de sua autonomia, é a responsável direta por eventuais usos inadequados de suas instalações, responsabilidade esta decorrente da administração do patrimônio que lhe conferida pela lei que criou a UNICAMP.

Tal responsabilidade, mais do que permitir, obriga seus órgãos de direção a adotar as medidas necessárias para o correto uso de suas dependências, voltadas ao seu objetivo primordial. As medidas já adotadas, ao que parece, não surtiram os efeitos necessários, ante a movimentação verificada para a organização de outra grande festa.

Vale novamente aqui anotar que não se pretende, com a presente ação, tolher as atividades sociais e de congraçamento dos estudantes, como levianamente poderia se entender. O que se busca, com base na lei, é coibir os abusos lesivos e o uso de espaço público para fins exclusivamente particulares daqueles que auferem lucros com os eventos, seja pela utilização gratuita da área e sua estrutura, seja pela proibida venda de bebidas alcoólicas no campus. Reuniões festivas envolvendo os estudantes, em numero compatível com os locais e em horários adequados, são atividades extra-curriculares tradicionais e amplamente toleradas.

Os excessos verificados, envolvendo principalmente a venda e consumo de bebidas alcoólicas e a emissão de ruídos em alto volume durante a madrugada, seja por instrumentos musicais (baterias), seja por equipamentos eletrônicos (amplificadores e caixas de som), é que são lesivos aos interesses da comunidade circunvizinha.

O próprio estatuto da universidade veda a prática de diversas condutas, considerando-as infrações disciplinares, passíveis de punição:

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Artigo 142. Sem prejuízo das disposições legais e das que cada Unidade estabelecer em seu Regimento sobre o respectivo regime disciplinar, constituem infrações à disciplina, para todos os que estiverem sujeitos às autoridades universitárias: I. praticar atos definidos como infração pelas leis penais, tais como calúnia, injúria, difamação, rixa, vias de fato, lesão corporal, dano, desacato, jogos de azar; II. manter má conduta na Universidade ou fora dela; III. promover algazarra ou distúrbio; IV. cometer ato de desrespeito, desobediência, desacato ou que de qualquer forma, importe em indisciplina; V. fazer uso de substâncias entorpecentes ou psicotrópicas, ou de bebidas alcoólicas;VI. proceder de maneira atentatória ao decoro;

A inadequada utilização das áreas livres do campus para a realização de festas e shows, sem que haja qualquer controle de acesso pelos organizadores ou pela ré, expõe ainda as unidades e suas instalações e equipamentos sujeitos a riscos de danos e furtos com os quais não podem compactuar os órgãos de direção da ré, sob pena de responsabilização por omissão. Documentos anexos revelam serem constantes os furtos praticados no interior da universidade, sendo do conhecimento de todos que as unidades de ensino restam equipadas com instrumentos de grande valor e algumas até com equipamentos que oferecem risco se inadequadamente manuseados (laboratórios de física, química, farmácia e medicina).

Por não contarem as festas, em sua maioria, com qualquer tipo de autorização oficial, inviável é precisar quando se realizarão. A festa nominada IFCHSTOCK 2010, no entanto, realizar-se-á, provavelmente, em novembro próximo, e uma de suas edições preparatórias, intituladas pré-IFCHSTOCK, deverá se realizar no próximo dia 21/10, conforme notícias veiculadas pela internet (impressão anexa).

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Esta festa, pretensamente anual, conforme desejam os seus anônimos organizadores, há que ser evitada, sob pena de tornar-se evento incontrolável e de crescimento a cada edição, com todos os danos e riscos já considerados.

3. DO DIREITO

Como é de conhecimento geral, a deterioração da qualidade de vida, causada pela poluição sonora, está sendo continuamente agravada em grandes e médios centros urbanos como o da Comarca de Campinas, merecendo, por isso, atenção constante da Administração Pública.

E assim é porque a emissão de ruídos e sons acima do suportável pelo ser humano causa-lhe sérios malefícios à saúde, como insônia, problemas nervosos e uma série de outros males conhecidos e igualmente prejudiciais.

Primeiramente, não é demasiado lembrar que a proteção ao meio ambiente é consagrada pela Constituição Federal, através de seu artigo 225, § 3º, transcrito supra.

No plano infraconstitucional, inúmeros são os dispositivos que asseguram o direito a um meio-ambiente equilibrado, livre de poluição sonora. Tem-se, assim, a resolução nº 01, 8 de março de 1990, do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) que determina:

I - A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política, obedecerá, no interesse da saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos nesta Resolução.II - São prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins do item anterior, os ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis pela Norma NBR-10.151

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No âmbito estadual, o Código Sanitário, veiculado pelo Decreto Estadual nº 23.430/74, também se ocupou em regulamentar a emissão de ruídos, em seus artigos 126 e seguintes.

A Lei Municipal nº 8.861/96 regulamenta o poder de polícia conferido à Municipalidade, com o fito de cessar a perturbação ao sossego público:

Artigo 11 - Os equipamentos ou aparelhos causadores de perturbação do sossego público poderão ser lacrados, ou apreendidos, ou multados, por fiscais de serviços públicos, quando não houver atendimento à intimação, que deverá ser cumprida no prazo máximo de 24 horas. (Alterado pela Lei n° 10.491, de 19/04/2000); (Alterado pela Lei n° 11.319 de 25/07/2002)

A perturbação de sossego alheio, como no caso em análise, configura também ilícito penal, tipificado como contravenção, na forma do art. 42, do Decreto-Lei 3.688/1941 (Lei das Contravenções Penais).

No que tange a venda de bebidas alcoólicas e ao consumo excessivo de álcool, apontado pelos moradores como fator que contribui para o incômodo relatado, convém ressaltar a proibição expressa constante no art. 227, do Regimento Interno da UNICAMP, bem como no artigo 142, de seu Estatuto.

Em maio de 2009, foi sancionada a lei estadual nº 13.545, que “Proíbe a compra, venda, fornecimento e consumo de bebidas alcoólicas em qualquer dos estabelecimentos de ensino mantidos pela administração estadual” (cópia anexa).

A Lei Municipal nº 11749/03 (cópia anexa), em seus artigos 4º e 5º, disciplina os horários de funcionamento dos estabelecimentos e os requisitos para a expedição do alvará de uso, e em seu artigo 16, disciplina os eventos de caráter transitório:

CAPÍTULO IV - HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

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Art. 4º - O horário de funcionamento dos estabelecimentos compreende ao período entre 7:00 (sete) horas e 22:00 (vinte e duas) horas.§ 1º - A Prefeitura autorizará o exercício de quaisquer atividades em horários especiais, domingos e feriados, desde que atendidas as exigências e condições estabelecidas na presente Lei.§ 2º - As práticas religiosas, exercidas no interior de templos, não sofrerão imposição alguma, desde que não ultrapasse os níveis máximo de intensidade de som ou ruídos permitidos em Lei.§ 3º - O horário de funcionamento especificado no Alvará de Uso deverá ser cumprido.

CAPÍTULO V - EXIGÊNCIAS / CONDIÇÕESArt. 5º - O alvará de uso será expedido, a título precário, desde que, atendidas as seguintes exigências:a) O imóvel onde se pretenda instalar a atividade esteja em zoneamento onde o uso seja permitido;b) O imóvel possua Certificado de Conclusão de Obras (antigo habite-se), exceto nos casos que tratam o artigo 2º desta Lei;c) A edificação e suas instalações estejam adequadas à atividade pretendida;d) O imóvel possua vagas para estacionamento de veículos que atenda a legislação referente a Pólos Geradores de Tráfego (PGT), ou possua convênio com estacionamento privativo de veículos, ou locação de terreno vago, desde que adaptado e utilizado somente para este fim, num raio de 500 metros.e) Não perturbe o sossego público, com sons ou ruído acima dos limites estabelecidos pela NBR-10151 "avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade" ou a Norma Brasileira que venha a substituí-la, medida através do medidor de intensidade de som.Parágrafo único - O cumprimento das exigências deste artigo não desobriga, quando for o caso, do cumprimento das demais exigências contidas nesta Lei.(...)

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Art. 16 - Os circos, parques, rodeios, eventos e outros locais de caráter transitório, deverão estar distanciados de, no mínimo, 10,00 (dez) metros de qualquer edificação e num raio de 50 (cinqüenta) metros de imóveis residenciais, medidos da divisa mais próxima do terreno onde se instalarem.§ 1º - O órgão competente da Prefeitura autorizará a instalação destas atividades a menos 50 (cinqüenta) metros de distância de imóveis residenciais desde que haja anuência por escrito de todos os moradores das unidades residenciais dentro do raio.§ 2º - Os alvarás para funcionamento das atividades tratadas neste artigo, serão pelo prazo máximo de 30 (trinta) dias, renovados por iguais períodos, desde que, a atividade não tenha apresentado inconveniência para a vizinhança.

- grifos ausentes no original -

4. CONCLUSÕES

A ré, responsável pela administração de seu patrimônio, no qual se inclui toda a área do campus de Campinas, tem o dever de zelar por sua preservação e regular utilização, com finalidade educacional.

Pessoas ainda não identificadas, algumas delas possivelmente alunos regulares, estão promovendo grandes eventos na área da UNICAMP, sem qualquer caráter educacional e sem nenhuma autorização da universidade ou alvará dos órgãos públicos.

Estes eventos, de grandes proporções, estão sendo realizados sem respeito aos horários de repouso, durante a madrugada, e sem considerar a proximidade de residências e hospitais.

Há abuso no uso de instrumentos sonoros, em níveis acima dos tolerados, o que tem provocado inúmeras reclamações de moradores da vizinhança e também de

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responsáveis por unidades da própria ré, como o Hospital das Clínicas.

A proibição de venda e de consumo de bebidas alcoólicas tem sido reiteradamente desrespeitada, instalando-se no interior do campus bares e tendas, por pessoas físicas e, aparentemente, também por pessoas jurídicas.

As medidas adotadas, até o momento, pela ré, não tem conseguido evitar os eventos, conforme demonstrado nos documentos anexos, mesmo com a utilização dos serviços de vigilância patrimonial da universidade.

Certa é a necessidade de conter a indevida utilização do solo urbano, administrada pela ré, e a produção de poluição sonora por pessoas não identificadas, com o exercício do poder de polícia administrativa, se o caso.

Como o poder de polícia administrativa da ré não é expressamente previsto na legislação, mas decorre de suas atribuições legais, há que se, em sendo deferida a liminar, assegurar a ré o uso de deste poder para o efetivo cumprimento da obrigação de fazer contida nos pedidos liminar e final.

5. DAS MEDIDAS NECESSÁRIAS

Consoante já analisado, a Reitoria da Unicamp tem poderes sobre as atividades desenvolvidas em seu campus inerentes as suas atribuições administrativas, competindo-lhe aprovar requerimentos de uso de suas instalações. As festas e eventos danosos, no entanto, tem se realizado sem qualquer aprovação da reitoria e das diretorias das unidades, em verdadeira clandestinidade.

Compreensível é que a instituição e seus funcionários, incluindo-se os serviços terceirizados de segurança, não estejam preparados para a adoção de medidas eficazes para impedir a realização de festas de grandes proporções, em função, inclusive, da postura de

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enfrentamento de seus frequentadores, muito deles sequer estudantes da UNICAMP, ávidos que são pela ocorrência de fatos que possam ser utilizados de forma política e eleitoreira, dentro do universo estudantil universitário. Confirmando tal conduta, foi encaminhada mensagem eletrônica, com referência ao evento de 2009, conforme comprova a impressão anexa, nos seguintes termos: “possível repressão violenta do ifchstock na Unicamp, todo mundo que tem câmeras, concentrar no cach durante o dia todo”, sendo o “cach” a sigla de Centro Acadêmico das Ciências Sociais.

Há que conter o uso irregular do solo, desta forma, com cautela e serenidade, visando evitar a ocorrência de qualquer conflito físico. Por outro lado, por pretenderem os seus ocultos organizadores que a festa se torne anual, urge que o evento programado para este ano seja impedido, sob risco de, a cada ano, haver aumento de suas proporções, com a ocorrência de verdadeira invasão do campus.

Neste passo, as medidas necessárias, para maior eficácia, devem anteceder o início do evento, impedindo que as estruturas e os equipamentos sejam instalados no campus, evitando-se que palcos, equipamentos sonoros, tendas, bares, refrigeradores, bebidas e outros bens sejam alocados, sem autorização, nas dependências da universidade.

A UNICAMP, em casos anteriores, deparou-se com as seguintes dificuldades: fácil acesso ao campus, por não ser seu perímetro cercado; impossibilidade de identificação dos frequentadores e, consequentemente, impossibilidade de impedir o acesso de pessoas estranhas a universidade; desrespeito dos organizadores a ordens de retirada de equipamentos; e impossibilidade de, iniciada a festa, promover a saída de seus frequentadores, de forma ordeira e pacífica.

Logo, medidas preventivas deverão ser adotadas pela ré, em prazos diferentes, respeitada a sua autonomia, visando evitar os eventos danosos.

ACP-IC 04/0814

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Em médio prazo, deverá a universidade ré promover o efetivo fechamento de seu perímetro, com a instalação de muros ou cercas, o que possibilitará o controle de acesso as suas dependências e muito contribuirá para aumento da segurança patrimonial e pessoal dos frequentadores do campus.

Deverá ainda a ré promover a reforma de suas normas internas disciplinando o acesso as suas dependências nos horários estranhos às atividades escolares, não se justificando a permanência de alunos ou estranhos nos prédios e nas áreas livres da universidade em horários incompatíveis com as atividades normais do campus, excetuando-se, evidentemente, aquelas relacionadas a pesquisas ou ao atendimento médico prestado nas unidades hospitalares.

Em curto prazo e mais especificamente relacionado à festa mencionada e aos seus eventos prévios, deverá a ré, em primeiro lugar, dar publicidade, por colocação de faixas e meios de comunicação impressa, da proibição da realização da festa, visando comunicar os interessados do cancelamento da festa.

Deverá ainda a ré, com o auxílio das polícias civil e militar, se necessário, preparar-se para impedir a instalação de qualquer equipamento ou guarda de mercadoria relacionado a mesma festa, inclusive, nas dependências do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e dos Centros Acadêmicos, em especial o do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.

Como o exercício do poder de polícia administrativa não é expresso nas normas de criação da ré, mas decorrente de seu regime jurídico, necessário é que, em se deferindo a medida liminar, se lhe atribua tal poder, determinando-se que realize a apreensão de equipamentos e mercadorias voltados à realização da festa em questão, mantendo-os apreendidos até que, comprovada a sua propriedade por documentos cíveis, contábeis e fiscais, possam ser liberados, mediante autorização da autoridade judicial, tudo em respeito ao direito de propriedade.

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Com o mesmo objetivo, deverá ainda ser cortado o fornecimento de energia elétrica e apreendidos eventuais geradores de energia destinados ao funcionamento dos equipamentos e instalações da festa.

Em se apurando que empresas serão responsáveis pela instalação de equipamentos ou venda de mercadorias no campus, deverá a ré, exibindo-lhes o mandado eventualmente expedido, advertir os seus representantes da possibilidade de apreensão, se insistirem em ingressar, de maneira não autorizada, no interior do campus.

Sem prejuízo de outras medidas no mesmo sentido, competirá ainda a ré acionar as autoridades militares, civis, sanitárias e de trânsito (EMDEC), para que adotem as medidas que lhes são próprias em ocorrendo infrações de qualquer natureza.

Por outro lado, deverá ainda a ré, se não cumpridas por estudantes as determinações por ela emanadas, instaurar as competências sindicâncias para aplicação das punições previstas em seus estatutos.

A intimação pessoal do Sr. Reitor dos termos de eventual decisão liminar, impondo-lhes a realização das medidas necessárias, também é necessária, para que não aleguem desconhecimento e possam utilizar as atribuições inerentes a seus cargos para o cumprimento da medida e a obediência as normas legais de regência.

6. DOS PEDIDOS

6.1. DA LIMINAR

A concessão de medida liminar para impedir a realização da festa denominada IFCHSTOCK e seus eventos preparatórios, chamados pré- IFCHSTOCK, é medida que se impõe, estando presentes os seus requisitos processuais.

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Há prova inequívoca da poluição sonora produzida, bem como do irregular uso do solo, nas cópias extraídas do inquérito civil nº 04/08-HU, sendo, portanto, certa a presença do fumus boni iuris.

O periculim in mora resta demonstrado, a toda evidência, pelos insuportáveis incômodos que os vizinhos da universidade têm sofrido nos últimos tempos, flagelada que é pela impossibilidade de descansarem no período noturno, sendo frequentes os relatos de perda do sono. Os efeitos nefastos da falta de sono e perturbação sonora impostos aos pacientes dos hospitais do entorno também justificam a concessão imediata da liminar.

Se não concedida prontamente a medida liminar, a festa identificada, a se realizar nos próximos dias, não será impedida, de nada valendo eventual final procedência da ação.

Os prejuízos provocados, de perda de qualidade de vida, de saúde, de repouso, não poderão ser reparados adequadamente.

Nesse sentido, o artigo 798 do Estatuto Processual Civil vigente dispõe: “poderá o Juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.”

Assim, claro é que necessária é a concessão da medida cautelar a fim de coibir a realização da festa IFCHSTOCK 2010 e similares no interior do campus, determinando-se a UNICAMP, com expedição de mandado:

I. a vedação de emissão de qualquer alvará ou autorização para a realização da festa denominada IFCHSTOCK (ou com qualquer outra denominação, a ser realizada nas próximas semanas) sem que sejam atendidas todas as exigências da própria universidade e da legislação urbanística municipal;

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II. a colocação de faixas nas entradas comunicando aos frequentadores do campus que a festa denominada IFCHSTOCK foi proibida por decisão judicial;

III. a veiculação da concessão da liminar em seus comunicados oficiais internos, com advertência sobre a caracterização de infração disciplinar se praticado qualquer ato em desacordo com o estatuto da UNICAMP;

IV. a destinação de funcionários próprios ou de empresa de segurança contratada suficientes para as eventuais medidas concretas para impedir a realização da festa;

V. a apreensão de todos os equipamentos e mercadorias de qualquer modo relacionados a realização da citada festa, notadamente, mas sem prejuízo de outros, de equipamentos de som, caixas sonoras, mesas de som, palcos, tendas, equipamentos de refrigeração, recipientes para refrigeração, bebidas e comidas, inclusive se guardados nas dependências dos organizações estudantis, depositando-os em local seguro e somente liberando-os após autorização judicial, condicionada a comprovação, com documentos idôneos, de propriedade;

VI. a orientação prévia, aos indicados no item IV, para que, em cumprimento do item V, previamente advirtam os responsáveis pelos bens passíveis de apreensão, facultando-os a retirada espontânea dos mesmos do interior do Campus;

VII. a orientação prévia, aos mesmos indicados, da imposição de corte do fornecimento de energia elétrica, se necessário, aos equipamentos porventura utilizados na festa;

VIII. a intimação pessoal do magnífico Sr. Reitor dos termos da liminar para imediato cumprimento das medidas que lhe foram impostas, sem prejuízo de outras entendidas cabíveis;

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Requer-se ainda a fixação para a ré de multa diária de R$.50.000,00 (cinqüenta mil reais) na hipótese de descumprimento das medidas postuladas nos itens I a VII, supra, a ser revertido para o Fundo Estadual de Reparação dos Interesses Difusos.

6.2. Dos Pedidos Principais

Requer-se ainda:

1. A citação da ré, com observância do artigo 172, parágrafo 2º, do Código de Processo Civil, para que, no prazo legal, ofereça resposta sob pena de revelia;

2. A integral procedência da presente ação, com:

a) A condenação da ré a obrigação de não fazer, consistente na abstenção de autorizar a realização das citadas festas, ainda que sob outra denominação, sem que sejam cumpridas todas as exigências legais e estatutárias;

b) A condenação da ré na obrigação de fazer consistente em não proceder, promover, realizar ou permitir que se faça qualquer ato ou atividade que provoque emissão ou propagação de sons ou ruídos em níveis superiores aos estabelecidos na legislação de regência (Resolução CONAMA nº 01/90, c.c. Norma NBR n. 10.152, da A.B.N.T.), em qualquer área no interior do perímetro do campus, nos eventos identificados acima;

c) A condenação da ré a obrigação de fazer, consistente na realização de todas as medidas solicitadas em liminar, com relação a festa e eventos antes identificados;

d) A condenação da ré a obrigação de fazer consistente na elaboração de projeto e plano de atuação, no prazo de 90 dias, a contar da publicação da decisão final, visando impedir a ocorrência de eventos não autorizados no campus, com previsão de fechamento de seu

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perímetro e instituição de horários de funcionamento e permissão de acesso;

3. A condenação da ré ao pagamento de multa diária de R$.500.000,00 (quinhentos mil reais), em prol do Fundo Estadual de Reparação dos Interesses Difusos, no caso de descumprimento das obrigações de fazer e de não fazer explicitadas nos itens supra, sujeita à correção monetária, na forma da lei;

4. A condenação da ré a responder pela indenização de todos os danos já causados ao meio ambiente e ao urbanismo, bem como de todos aqueles danos que, pela eventual não concessão, suspensão ou descumprimento da medida liminar pleiteada, venham a se consolidar, lembrando-se que a condenação terá caráter genérico, na forma do artigo 95, do Código de Defesa do Consumidor;

5. A condenação das rés no pagamento das custas e despesas processuais e consectários legais, dispensando-se a condenação em honorários advocatícios por ser a ação movida pelo Ministério Público.

Requer-se também a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente depoimento pessoal dos réus e/ou seus representantes legais, sob pena de confissão, oitiva de testemunhas, perícias, inspeções judiciais e a juntada dos anexos documentos, extraídos dos autos do IC nº 04/08-HU.

Atribui-se à presente causa o valor de R$.1.000,00 (mil reais), apenas para efeitos fiscais.

1. ;

Termos em que,P. Deferimento.

Campinas, 20 de outubro de 2010.

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VALCIR PAULO KOBORI9ºPromotor de Justiça

de Campinas

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