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PROPRIEDADES DE MANUFATURA NOS AOS VP20ISO E VP50IM, APLICADOS EM MOLDES DE PLSTICO

Rafael Agnelli Mesquita (2) Celso Antonio Barbosa (3)(2)

Engenheiro de Materiais, Mestre em Cincia e Engenharia de Materiais, Pesquisador da Villares Metals S. A., Sumar, SP, Brasil, e-mail: [email protected].(3)

Engenheiro Metalurgista, Gerente de Tecnologia da Villares Metals S. A., Sumar, SP, Brasil, e-mail: [email protected].

Resumo: As etapas de manufatura constituem a maior parte do custo total do moldes de plstico. Assim, para o ao ferramenta utilizado, so fundamentais as propriedades relativas sua manufatura, em destaque a usinabilidade e a polibilidade. O presente trabalho mostra, portanto, resultados comparativos entre aos convencionais e aos desenvolvidos visando a melhoria de usinagem, entre outras propriedades. Primeiramente, so avaliadas as propriedades do ao VP20ISO, similar ao AISI P20, porm produzido com tcnicas especiais de aciaria, de modo melhorar a usinabilidade sem perda de polibilidade. Tambm, so comparadas as propriedades de usinabilidade, tratamento trmico, polibilidade e resposta nitretao dos aos VP50IM e DIN 1.2711. O primeiro constitui um novo material, com usinabilidade melhorada por uma fina distribuio de sulfetos e capacidade de endurecimento por precipitao. Assim, o material pode ser usinado em condies de baixa dureza, inclusive em termos de furao, e sofrer um tratamento trmico facilitado, pois o endurecimento por precipitao promovido sem necessidade de tmpera. Para o ao DIN 1.2711, endurecido por tmpera e revenimento, a reduo dos efeitos de distoro objetivada com a manufatura do material na condio j endurecida, para 40 HRC. Contudo, tal condio piora a usinabilidade, especialmente em termos de furao. Os resultados do presente trabalho mostram expressiva melhoria de usinabilidade do ao VP20 ISO em relao ao P20 convencional e, tambm, melhoria de vrias propriedades no VP50Im em relao ao DIN 1.2711. Palavras-chave: aos para moldes de plstico, usinabilidade, polibilidade, propriedades de manufatura..

1

1. Introduo Os moldes utilizados na conformao de plsticos possuem importncia essencial nesta rea industrial, sendo que tais moldes podem ser bastante complexos, para proporcionar adequadas caractersticas do produto e elevada velocidade de produo. Os aos geralmente utilizados em moldes de plstico, apesar de muitas vezes pouco ligados, possuem propriedades de limpeza microestrutural e de processamento que os diferenciam dos outros aos convencionais e ao carbono [1]. A usinagem e o acabamento da superfcie so etapas crticas na fabricao dos moldes e normalmente correspondem maior frao do custo total. Pelo fato dos moldes de plstico possurem vida til elevada (em alguns casos superior a 10 anos), as propriedades mais importantes desses materiais relacionam-se s caractersticas de processamento, como polibilidade, usinabilidade e resposta ao tratamento trmico. O presente trabalho apresenta o desenvolvimento de aos diferenciados, com melhoria das propriedades de manufatura. Primeiramente, apresentado o desenvolvimento do ao VP20 ISO, similar ao ao AISI P20, mas com usinabilidade melhorada e alta polibilidade. Aps, apresentado um estudo comparativo entre os aos VP50 IM e o DIN 1.2711, os quais so destinados produo de moldes para plsticos. O ao DIN 1.2711 um ao mdio carbono e baixa liga, normalmente fornecido no esto pr-beneficiado, com dureza de 40HRC. O ao VP50 IM, por outro lado, fornecido menor dureza, conduzindo a algumas vantagens nas etapas de fabricao do molde, principalmente usinabilidade e polibilidade. A comparao de tais propriedades importante para fornecer subsdios escolha do ao utilizado no molde. O custo de um molde depende do ao empregado, mas depende essencialmente das condies de manufatura. Em geral, de 10 a 20% do custo do molde refere-se ao ao empregado, sendo o restante relativo aos processos de manufatura e tratamento trmico. Assim, a escolha deve considerar conjuntamente o valor do ao, mas tambm a sua relao com as operaes de manufatura subseqentes. 2. Propriedades Importantes nos Aos para Moldes de Plstico Visto que o presente trabalho compara dois aos para moldes, um breve descritivo das propriedades importantes nos materiais apresentado a seguir. 2.1 Usinabilidade O elevado volume de material removido na confeco dos moldes torna a usinabilidade do ao empregado muito importante para os moldes de plstico. A usinabilidade de um material depende de fatores metalrgicos e das condies de usinagem como ferramenta e velocidade de corte, sendo um resultado de interao do metal com a operao de usinagem. O termo geralmente usado para expressar o estado da superfcie usinada, a taxa de remoo de material, a facilidade de sada do cavaco ou a vida da ferramenta [3-4]. Do ponto de vista das caractersticas bsicas do ao, a sua usinabilidade deve ser melhorada para reduzir no s o consumo de ferramentas mas principalmente o tempo de usinagem. A usinabilidade de um ao para moldes depende das propriedades mecnicas e fsicas do ao, relacionadas sua composio qumica, mas tambm dos processos utilizados para sua produo. Por exemplo, blocos para fabricao de moldes de grandes dimenses exigem a produo na aciaria a partir de grandes lingotes, os quais por sua vez exigem adequado refino secundrio para eliminao de incluses grosseiras. A subsequente deformao em prensa com alta potncia importante para refinar a microestrutura e eliminar defeitos do fundido. A melhoria da usinabilidade dos aos pode ser obtida por diversas formas [5], sendo uma delas a utilizao de teores residuais de enxofre ligeiramente elevados [6]. Este elemento forma incluses com o mangans (MnS), as quais possuem baixo ponto de fuso e alta deformabilidade, melhorando a usinabilidade. Tais incluses causam um efeito lubrificante nas arestas de corte e facilitam a quebra do cavaco na zona de cisalhamento. Em aos produzidos pela rota convencional, as incluses tipo MnS tornam-se alongadas aps a deformao no processo de forjamento, sendo2

tanto mais grosseiras quanto maior a bloco produzido. Assim, podem comprometer a polibilidade e, consequentemente, aos fabricados pela rota convencional normalmente empregam reduzidos teores de S. A usinabilidade, contudo, piora com o aumento da quantidade de incluses duras, como incluses de Al2O3. Assim, no ao VP50IM, a produo via VAR (vacumm arc remelting processo ISOMAX) auxilia a usinabilidade por reduzir tais incluses, as quais tambm so prejudiciais polibilidade. Ainda, este processo acelera a velocidade de solidificao, proporcionando a possibilidade de se trabalhar com teores de S levemente elevados. As incluses MnS formadas, benficas usinabilidade, tornam-se finas e no comprometem, assim, a polibilidade. No ao VP20 ISO, como ser comentado adiante, as incluses de Al2O3 so modificadas com um tratamento com Ca, promovendo assim tambm melhoria da usinabilidade. 2.2 Polibilidade e Resposta Texturizao A superfcie do molde fundamental para o acabamento da pea produzida, sendo o grau de polimento dependente da aplicao. Moldes perfeitamente polidos podem ser necessrios para muitas aplicaes, como injeo de culos ou mesmo CDs. No caso de conformao de plsticos com textura, a superfcie do molde necessita igualmente de adequado polimento. A polibilidade mede a facilidade de realizao do polimento em um ao para moldes, sendo afetada por diversos fatores metalrgicos. Incluses no metlicas, como xidos e sulfetos, podem diminuir a polibilidade, dependendo do tamanho e de como esto distribudas. Alm disso, a dureza deve ser uniforme e a presena descarbonetao indesejvel. A resposta texturizao mede a facilidade de se aplicar uma textura ao ao ferramenta utilizado no molde. O tratamento de texturizao normalmente realizado por ataque foto-qumico (photo-eaching). 2.3 Resposta ao Tratamento Trmico Para que as propriedades finais dos moldes sejam obtidas, so normalmente necessrios tratamentos trmicos. Os mais comuns so tratamentos por tmpera e revenimento, que propiciam dureza adequada para maioria das aplicaes. Variaes dimensionais e de forma constituem uma importante questo sobre o tratamento trmico dos aos para molde. Para evit-las, aos com alta estabilidade dimensional so preferidos. Proporcionam um tratamento trmico seguro e, tambm, a possibilidade de se utilizar menor sobremetal, reduzindo o volume de material a ser usinado em alta dureza. Aos endurecveis por precipitao, como o caso do ao VP50IM, so adequados para esses fins, visto que possuem altssima estabilidade dimensional. Neles ocorre apenas pequena contrao, a qual uniforme e totalmente previsvel, contribuindo para a segurana do tratamento e a reduo (ou eliminao) da usinagem final de acabamento. 2.4 Resistncia Mecnica e ao Desgaste O ao deve possuir resistncia suficiente para a dada aplicao, evitando a ocorrncia de deformao plstica sob presso. A resistncia mecnica dos aos para moldes basicamente dada pela dureza aps tratamento trmico. tambm importante a relao entre a dureza e a facilidade de polimento do molde, sendo esta tanto maior quanto mais dura a superfcie a ser polida. Muitos moldes possuem cavidades profundas e, nestes casos, a dureza deve ser tambm adequada nas regies do ncleo da barra. Plstico lquido em alta presso, especialmente quando contm adies de carga, pode gerar desgaste da superfcie do molde. As partculas de carga ou mesmo as fibras possuem normalmente dureza muito superior ao ao utilizado que, associada alta velocidade de deslizamento e presso de contato, causam desgaste tipo abrasivo. Deste modo, a resistncia ao desgaste do ao ferramenta utilizado importante para algumas aplicaes, incluindo moldes para plsticos de engenharia. Alm do ao utilizado, a resistncia ao desgaste tambm depende de tratamentos superficiais, como por exemplo a nitretao. Estes tratamentos, alm de aumentar a resistncia ao desgaste tambm podem melhorar as condies de polimento, pela maior dureza superficial obtida,3

e as condies de desmoldagem das peas, pela sua influncia no coeficiente de atrito. 3. Procedimento Experimental As composies qumicas tpicas dos aos analisados no presente trabalho, VP50 IM, VP20 ISO e DIN 1.2711, so mostradas na Tabela 1. O ao VP20 ISO tem a composio usual dos aos AISI P20 empregados em moldes. O sufixo ISO refere-se a tecnologia diferenciada de trabalho do metal lquido. Comparando os aos DIN 1.271 e VP50 IM, nota-se que o primeiro tipicamente um ao mdio teor de carbono e baixa liga, enquanto que o segundo trata-se de um ao com baixo teor de carbono. Os elementos Al e Cu do VP50 IM so os responsveis, juntamente com o Ni, pelo endurecimento por precipitao do material.Tabela 1: Composio qumica tpica dos aos VP50IM e DIN 1.2711. Porcentagem em massa e balao em Fe. Osvalores no colocados so de elementos residuais. Ao VP20 ISO* VP50 IM DIN 1.2711 C 0,36 0,15 0,56 Si 0,3 0,3 0,3 Mn 1,6 1,6 0,7 Cr 1,8 0,3 0,7 Mo 0,3 0,3 0,3 Ni 0,7 3,0 1,7 Sresidual

Al 1,0 -

Cu 1,0 -

Dureza de utilizao 30 a 32 HRC 40 HRC 40 HRC

0,10residual

* O AISI P20 convencional possui a mesma composio base do VP20 ISO.

A comparao do P20 convencional com o VP20 ISO baseou-se, principalmente, na anlise da usinabilidade em fresamento, descrita em detalhe na referncia [7]. O mecanismo de melhoria da usinabilidade, resultante das incluses no metlicas, foi avaliado por microscopia eletrnica de varredura, com microanlise por WDS. O caso aqui apresentado trata de um bloco de grandes dimenses, sendo esta uma tpica aplicao do ao VP20 ISO. Na comparao do VP50 IM com o DIN 1.2711, as propriedades avaliadas foram determinadas a partir de anlises de laboratrio. A usinabilidade foi avaliada pelo desgaste das ferramentas, em ensaio de torneamento. Medidas do perfil de dureza foram empregadas para avaliar a estabilidade de dureza no ao VP50IM. A resposta a nitretao comparada pelas curvas de dureza, para amostras nitretadas pelo processo Nitreg 1. O processo caracteriza-se por nitretao a gs controlada, envolvendo temperatura de aquecimento a 510 C por cerca de 6h. A resistncia ao desgaste foi avaliada pelo ensaio pino contra lixa, fora de 15 N, velocidade 1,72 m/s, lixa de #120 mesh (abrasivos de Al2O3) A polibilidade dos materiais no foi avaliada no presente trabalho. Contudo, informaes das empresas especializadas nesta operao consideram os aos DIN 1.2711 e VP50IM equivalentes quanto a polibilidade. Para facilitar, os resultados abaixo so divididos em dois itens. O primeiro, avalia o VP20 ISO e o P20 convencional, principalmente em termos de usinabilidade. O segundo, apresenta um estudo comparativo do DIN 1.2711 com o VP50 IM.

4. Desenvolvimento do Ao VP20 ISO 4.1 Usinabilidade no Ao VP20 ISO A Figura 1 apresenta fotos do molde pr-esboado, fornecido pela usina, e o molde aps desbaste realizado pelo fabricante do molde. Entre essas etapas, elevado volume de material foi removido por usinagem, totalizando mais de 6.500 kg. Fica claro, portanto, a motivao para uma melhoria da usinabilidade neste material, que incorrer em expressiva reduo de custo na fabricao do molde.1

Marca registrada para a empresa Nitrex, representada no Brasil pela Combustol. 4

Contudo, as elevadas dimenses do molde em questo tambm deixam clara a importncia da polibilidade. Aps o trmino de toda usinagem, no seria admitido que o molde apresentasse problemas de polimento. Estes poderiam comprometer a qualidade do produto e, por conseguinte, todos recursos gastos na produo do molde. A melhoria da usinabilidade pelo tratamento com Ca pode ser avaliada na Figura 2. Comparando o ao VP20 ISO e o ao P20 convencional, verificado expressivo aumento em usinabilidade. Por exemplo, para um dado tempo de usinagem, o desgaste da ferramenta menor na usinagem do ao VP20 ISO que no P20 convencional. Outra maneira interessante de se observar este ganho a anlise do volume usinado, em cm3, at o fim de vida da ferramenta (VB=0,4 mm). Fazendo esta comparao (Figura 3), observa-se um ganho de 77 % do ao VP20 ISO em relao ao P20 convencional. Tal ganho importante principalmente para o aumento da produtividade na operao de usinagem do molde. Considerando o molde da Figura 1, em que existe remoo de mais de 6.500 kg de material por usinagem, um ganho de usinabilidade dessa ordem interessante para a reduo do custo total de sua fabricao. Outros aos para molde com alto teor de enxofre, como o DIN 1.2312, podem trazer ganhos de usinabilidade equivalentes ou mesmo superiores ao observado no ao VP20 ISO. Contudo, eles sempre incorrem em expressiva perda de polibilidade, o que inviabiliza o uso em muitas aplicaes, principalmente em moldes de grandes dimenses. O ao VP20 ISO, por outro lado, possui a vantagem de promover o expressivo ganho de usinabilidade mostrado nas Figuras 2 e 3, sem perda de polibilidade.

a)

b)

c)

d)

Figura 1: Exemplo de molde produzido com ao VP20 ISO. a) bloco pr-esboado durante sua fabricao e b) aps tratamento trmico, pesando 14.800 kg; c) e d) molde aps usinagem de desbaste realizada pelo fabricante, agora pesando 8.400 kg.

5

Figura 2: Desgaste da ferramenta em funo do tempo e comprimento usinado para o ao VP20 ISO e P20 convencional. Ensaio em fresamento, velocidade de corte 208 m/min, profundidade de corte 2,05 mm e avano 0,09 mm/dente, sem refrigerao [7].

4.2 Efeito do Ca no VP20 ISO O tratamento com Ca o grande responsvel por este fato. O Ca reduz o efeito danoso das incluses duras, como incluses de alumina e silicatos, pois forma incluses ternrias do tipo Al2O3-SiO2-CaO. Ocorre ainda a formao de sulfeto de Ca na superfcie das incluses, como mostra a Figura 4. Esse envelope de sulfeto de Ca minimiza o efeito deletrio das incluses abrasivas sobre a aresta da ferramenta de corte. O resultado conjunto desses fatores gera a melhoria de usinabilidade observada. Como tais incluses no possuem frao demasiadamente elevada e no tornam-se alongadas durante a conformao, no existe perda de polibilidade do material.

6

5. Estudo Comparativo dos aos VP50IM e DIN 1.2711 5.1 Usinabilidade VP50I M e DIN 1.2711 Como comentado anteriormente, o termo usinabilidade bastante amplo. Nos resultados a seguir sero enfocados dois pontos considerados importantes para a indstria de fabricao de moldes. O primeiro refere-se ao consumo das ferramentas de corte para determinada quantidade usinada. O segundo, em termos da morfologia do cavaco formado. Por simplicidade, foram adotados os testes de torneamento, apesar deste processo no ser usual na fabricao de moldes. Contudo, os resultados no tm a finalidade precisar quantitativamente os ganhos num processo de manufatura, mas sim comparar as propriedades dos dois materiais. Mesmo porque, para dizer com exatido o ganho em usinagem, a manufatura do molde em questo teria de ser analisada de maneira isolada. Isto porque, as diferenas de rotao, fresas utilizadas, estratgias de usinagem e todos outros parmetros influenciam muito no resultado obtido na usinagem. Colocado este contexto, a curva obtida para o desgaste da ferramenta, apresentada na Figura 5, e a morfologia dos cavacos, Figura 6, podem agora ser analisadas. Na curva da Figura 5 verificase expressiva reduo no desgaste de ferramentas do ao DIN 1.2711 para o ao VP50 IM. Comparou-se o VP50IM na condio solubilizada e o 2711 endurecido para 40 HRC, pois estas so as condies de fornecimento dos dois materiais, ou seja, a usinagem de desbaste realizada com os materiais nessas condies. Por exemplo, para um desgaste de ferramenta equivalente a VB=0,20, tem-se um comprimento usinado mais de oito vezes maior no ao VP50IM. A usinabilidade do VP50 inclusive cerca de 50% superior do ao VP20 ISO, muito utilizado em moldes, j discutido no item 4.

Figura 5: Desgaste de flanco da ferramenta de corte em funo do comprimento usinado para os aos VP50IM e DIN 1.2711. Ensaio realizado em torneamento, com velocidade de corte de 130 m/min, profundidade de corte de 1 mm, avano de 0,25 mm/volta.

O ganho em usinabilidade observado na Figura 5 est relacionado microestrutura dos dois materiais. No VP50IM existe uma fina distribuio de sulfetos de Mn, mostrados em detalhe na Figura 7a, que esto em quantidade menor no ao DIN 1.2711 (Fig. 7b). Tais incluses possuem baixa dureza e baixo ponto de fuso. Assim, lubrificam a ferramenta de corte durante a usinagem e facilitam a remoo dos cavacos. Por isso, apesar da mesma dureza, o VP50IM possui usinabilidade superior ao VP20 ISO. Outro fator importante a menor dureza do VP50IM, 32 HRC contra 40 HRC para o DIN 1.2711. Ainda, o processo VAR reduz sensivelmente a quantidade de incluses7

grosseiras duras de Al2O3, o que novamente contribui para a melhor usinabilidade do ao VP50IM, alm de refinar os sulfetos de Mn para no comprometer a polibilidade. Os cavacos obtidos aps o ensaio, Figura 6, tambm mostram um resultado interessante: so muito menores para o caso do VP50IM. A causa de tal diferena so, novamente, os sulfetos de Mn, pois tais fases auxiliam a quebra do cavaco formado. Este resultado tambm importante para a operao de furao, fundamental na manufatura de moldes de injeo. Os resultados obtidos so mostrados na Figura 8, sendo novamente obtida usinabilidade muito superior para o VP50IM. Os furos de tais moldes so normalmente longos e em grande quantidade, para refrigerao do molde durante a injeo do plstico. A elevada quantidade de canais e a profundidade dos furos tornam a operao de furao extremamente crtica para os moldes de plstico. Assim, a melhor usinabilidade do ao VP50IM muito importante neste aspecto.Cavacos curtos, que facilitam a usinagem Cavacos longos, que dificultam a usinagem

a)

b)

Figura 6: Cavacos formados no ensaio de usinabilidade em torneamento, dos aos a) VP50IM e b) DIN 1.2711. Ambos para as condies quando VB= 0,15 mm.

Na etapa de furao, tambm se deve considerar a menor dureza do material. Como ser discutido no prximo item, a baixa variao dimensional e a eliminao da tmpera permitem que, no ao VP50IM, os furos sejam realizados no estado solubilizado. O mesmo seria arriscado em materiais endurecidos por tmpera, pelo risco de trincas em tais regies. E, no caso do DIN 1.2711, no possvel pois o material normalmente fornecido com a dureza final de uso, em torno de 40 HRC.

a)

b)

Figura 7: Incluses de sulfeto de Mn nos aos a) VP50IM e b) DIN 1.2711.

8

Figura 8: Resultados obtidos no ensaio de furao: ndesgaste de flanco x comprimento usinado, para os aos VP50IM e DIN 1.2711. Velocidade de corte igual a 50 m/min, avano por volta 0,1 mm/rot., profundidade do furo de 25 mm, refrigerao extrema (emulso Vasco 1000, 9%), ferramenta 8 mm, metal duro microgro K03.

5.2 Resposta ao Tratamento Trmico VP50 IM e DIN 1.2711 Existe uma diferena fundamental entre o tratamento trmico dos aos DIN 1.2711 e VP50IM. No primeiro, a dureza necessariamente obtida via tmpera e revenimento. Tal tratamento proporciona elevada dureza, contudo pode trazer problemas, como por exemplo distores ou trincas se o desbaste do molde realizado antes do tratamento. Como comentado, o ao DIN 1.2711 normalmente fornecido pr-beneficiado, ou seja, j temperado e revenido. Isto evita o problema do risco e do custo da realizao da tmpera, contudo impede que a usinagem seja realizada com o bloco em baixa dureza. O ao VP50 IM, por 50 outro lado, normalmente Ncleo fornecido com baixa dureza, e a do bloco 47 usinagem do molde realizada 44 VP50 envelhecido previamente ao tratamento trmico de envelhecimento. Tal 41 tratamento, ao contrrio da 38 tmpera, no envolve resfriamentos bruscos e, assim, 35 no incorre em riscos de trincas VP50 solubilizado 32 ou distores excessivas. Ainda, a variao dimensional 29 (desconsiderando as variaes 26 quanto a tenses residuais de usinagem) muito baixa no 23 VP50 IM com uma contrao 20 da ordem de 0,0006 mm/cm. 0 20 40 60 80 100 120 140 Para moldes com cavidades Distncia da Superfcie (mm) usuais, esta contrao de milsimos a centsimos de Figura 9: Perfil de dureza para um bloco de VP50IM antes e aps milmetros. Assim, nos casos envelhecimento. em que a variao dimensional relativa usinagem pequena, a variao dimensional do tratamento de envelhecimento pode ser desprezvel e o molde pode ser usinado na dimenso final. Isto, portanto, proporciona elevada remoo de material em baixa dureza, significando menor consumo de ferramentas, tanto noDureza (HRC)

9

Dureza (HV 0,05 kg)

desbaste como na furao. E, o fator principal, pode significar aumento de produtividade na usinagem dos moldes. O tratamento trmico de envelhecimento recomendado para o VP50 IM envolve um aquecimento na temperatura de 510 C, por um tempo mnimo de 6 horas em temperatura. Aps este tratamento, a dureza obtida da ordem de 40 HRC, e uniforme, como mostra a Figura 9. O mesmo pode no ocorrer em aos temperados e revenidos, pois tais 1200 materiais possuem a temperabiVP50 IM, nitretado a partir do lidade limitada e, consequenteestado solubilizado 1000 mente, tero uma tendncia a menores valores de dureza no 800 ncleo dos blocos.600 5.3 Resposta Nitretao VP50 IM e DIN 1.2711 Como comentado no item 400 2.4, a nitretao pode ser importante em moldes. Assim, a 200 DIN 1.2711, tratado para curva da Figura 10 apresenta o 40HRC e nitretado perfil de dureza em funo da 0 camada nitretada, para o ao 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 VP50IM e para um o ao mdio teor de carbono, com composio Distncia da Superfcie (mm) prxima ao ao DIN 1.2711. Figura 10: nitretada para os dois Observa-se nesta figura a maior materiais. ODureza em funo da camada revenido para 40 HRC DIN 1.2711 foi temperado e dureza obtida no ao VP50IM. antes da nitretao. O VP50IM foi nitretado, partindo da condio Para o envelhecido e aps solubilizada ou aps envelhecimento. nitretado, chega-se em torno de 900 HV na regio superficial, que eqivale a 67 HRC. Para o material nitretado a partir da condio solubilizada a dureza ainda maior. A maior dureza obtida pela formao de nitretos de Al no VP50IM, dado o teor de 1% de Al deste material. Nos aos baixa liga, tais nitretos so principalmente nitretos de Fe, que possuem dureza menor que os nitretos de elemento de liga, como os nitretos de Al e Cr. importante tambm ressaltar uma relao interessante entre o tratamento de nitretao e o envelhecimento no ao VP50IM. Como a temperatura de nitretao normalmente coincide com a de envelhecimento (cerca de 510 C), ambos tratamentos podem ser feitos simultaneamente. Como mostra a Figura 10, isto realmente acontece no material nitretado na condio solubilizada, sendo obtida a dureza de ncleo de 40 HRC. Ou seja, no necessrio envelhecer e aplicar a nitretao, porque o prprio aquecimento da nitretao j produz o endurecimento por precipitao (desde que o tempo de tratamento supere 6 horas em temperatura). Uma das desvantagens do VP50IM em relao aos aos pr-beneficiados a necessidade da realizao do tratamento de envelhecimento. Assim, no caso em que o molde deve ser nitretado, tal necessidade no ocorre.

VP50 IM, envelhecido antes da nitretao

5.4 Resistncia ao Desgaste VP50 IM e DIN 1.2711 A resistncia ao desgaste abrasivo, importante principalmente nos casos de injeo de polmeros com carga, foi avaliada, como mostram os dados da Figura 11. Tais resultados so equivalentes para os aos VP50IM e DIN 1.2711, pois possuem a mesma dureza2. Contudo, no caso de desgaste de moldes nitretado, o VP50IM possuiria vantagem, dada a maior dureza obtida aps sua nitretao.2

Como os aos para moldes em geral no possuem carbonetos primrios em sua microestrutura, a resistncia ao desgaste depender essencialmente da dureza. 10

6. Comentrios FinaisPerda em massa (mg)

1,2

1,0 Como mostrado anteriormente, a DIN 1.2711 escolha do ao a ser utilizado na 0,8 manufatura de um molde deve ser 0,6 cuidadosa, levando em conta uma srie de fatores. Especialmente porque o ao 0,4 apenas o ponto de partida, e uma das partes que envolvem o menor custo do 0,2 molde. Contudo, o ao tambm est 0,0 relacionado a todas as etapas de 0 50 100 150 200 250 300 350 manufatura e tratamento trmico Distncia percorrida em deslizamento (m) subsequentes. Por exemplo, o valor do ao empregado no molde deve ser Figura 11: Perda em massa em funo do comprimento observado de maneira conjunta ao valor percorrido, no ensaio de pino contra lixa. Quanto menor a perda em massa, maior a resistncia ao desgaste do das operaes subsequentes. material Neste ponto so, portanto, teis os dados e as discusses do presente trabalho. Como mostram os itens 4 e 5, as diferenas de propriedades como usinabilidade, incluindo a relativa as etapas de furao, bem como resposta nitretao e o tratamento trmico (no caso do VP50IM) podem ser importantes.

VP50IM

7. Concluses A avaliao dos aos VP20 ISO e VP50 IM podem ser resumidas nos seguintes pontos: - As propriedades de manufatura dos aos para moldes so fundamentais na escolha do material a ser empregado, pois o valor do ao normalmente baixo quando comparado ao valor total do molde. - O tratamento com Ca promove expressivo aumento na usinabilidade sem provocar diminuio da polibilidade do ao VP20 ISO. Este arranjo de propriedades importante especialmente para moldes de grandes dimenses, mas tambm interessante para outros moldes. - Em termos de usinabilidade, o ao VP50IM apresentou-se superior ao ao DIN 1.2711, especialmente quando comparados os materiais nas condies de fornecimento VP50IM solubilizado e DIN 1.2711 tratado para 40 HRC. - A dureza de camada nitretado do ao VP50IM superior do DIN 1.2711, sendo que para o VP50IM o envelhecimento pode ocorrer simultaneamente a nitretao. 8. Referncias Bibliogrficas [1] G. Roberts, G. Krauss, R. Kennedy, Tool Steels, 5 ed., American Society for Metals, Materials Park, OH-USA, 1998, p. 291-304. [2] C. E. Pinedo e C. A. Barbosa, Desenvolvimento de Aos Ferramenta Endurecveis por Precipitao, Anais do 50o Congresso da ABM, So Pedro-SP, 1995. [3] V. Tipnis and R. Joseph, Influence of Metallurgy on Machinability - Testing for Machinability, ASM, p. 11, 1975. [4] N. Cook, Influence of Metallurgy on Machinability What is Machinability, ASM, p. 1, 1975. [5] R. A. Mesquita, A. Sokolowski e C. A. Barbosa Desenvolvimento de aos especiais com usinabilidade melhorada. Artigo Publicado na Revista Mquinas e Metais, p. 86-112. Maio 2003. [6] Kovach, C. and Moskowitzm A. Effects of Manganese and Sulfur on the Machinability of Martensitic Stainless Steels. Transactions AIME, vol. 245, Oct. P. 2157, p. 1969. [7] J. C. G. Milan, A. R. Machado e C. A. Barbosa, Usinabilidade de Aos para Moldes de Injeo de Plstico Tratados com Clcio, Anais do 55 Congresso da ABM, p. 3206, Julho de 2000.11