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Acordo de governistas com aposentados pode alterar MP e aumentar reajuste para 7,7% Pauta das sessões extraordinárias inclui banda larga nas escolas, benefício previdenciário especial para portadores de deficiência e acesso a documentos públicos Página 3 BRASÍLIA-DF, 12 A 18 DE ABRIL DE 2010 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 11 | Número 2438 EDIÇÃO SEMANAL Impresso Especial 9912170931/2007-DR/BSB CÂMARA DOS DEPUTADOS CORREIOS VLADIMIR PLATONOW_ABR OPINIÃO| 12 Bancada do Rio vai negociar com governo transferência de R$ 190 milhões do Orçamento de 2010 para cidades atingidas pelas enchentes | 2 João Paulo Cunha: Seja quem for o vitorioso na escolha para a Presidência da República - e esperamos que seja a ex-ministra Dilma Rousseff -, vai encontrar uma herança bendita, não aquele país que em 2002 rastejava frente ao FMI e aos credores internacionais Luiz Carlos Hauly: A herança que o governo Lula deixará para o próximo governante é de desordem e caos na gestão e estrutura funcional. Caberá ao próximo governante o desafio de organizar e planejar as ações que definirão o País que teremos nos próximos anos

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Page 1: Acordo de governistas com aposentados pode alterar MP e ... · uma herança bendita, não aquele país que em 2002 rastejava frente ao FMI e aos credores internacionais Luiz Carlos

Acordo de governistas com aposentados pode alterar MP e aumentar reajuste para 7,7%

Pauta das sessões extraordinárias inclui banda larga nas escolas, benefício previdenciário especial para portadores de deficiência e acesso a documentos públicos

Página 3

BRASÍLIA-DF, 12 A 18 DE ABRIL DE 2010 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 11 | Número 2438

edição semanal

impresso especial

9912170931/2007-dR/BsBCÂmaRa dos dePUTadosCoRReios

Vladimir Platonow_aBr

OPINIÃO| 12

Bancada do Rio vai negociar com governo transferência de R$ 190 milhõesdo Orçamento de 2010 para cidades atingidas pelas enchentes | 2

João Paulo Cunha: Seja quem for o vitorioso na escolha para a Presidência da República - e esperamos que seja a ex-ministra Dilma Rousseff -, vai encontrar

uma herança bendita, não aquele país que em 2002 rastejava frente ao FMI e aos credores internacionais

Luiz Carlos Hauly: A herança que o governo Lula deixará para o próximo governante é de desordem e

caos na gestão e estrutura funcional. Caberá ao próximo governante o desafio de organizar e planejar as ações que definirão o País que teremos nos próximos anos

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agenda12 a 16 de abril de 2010

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

2

Diretor: sérgio Chacon (61) 3216-1500 [email protected]

Câmara dos Deputados - Anexo I - Sala 1508 - 70160-900 Brasília [email protected] | Fone: (61) 3216-1660 | distribuição - 3216-1826

1º Vice-Presidentemarco maia (PT-Rs)2º Vice-Presidenteantonio Carlos magalhães neto (dem-Ba)1º SecretárioRafael Guerra (PsdB-mG)2º Secretárioinocêncio oliveira (PR-Pe)3º Secretárioodair Cunha (PT-mG)4º Secretárionelson marquezelli (PTB-sP)

Suplentesmarcelo ortiz (PV-sP), Giovanni Queiroz (PdT-Pa), leandro sampaio (PPs-RJ) e manoel Junior (PsB-PB)Ouvidor Parlamentarmario Heringer (PdT-mG)Procurador Parlamentarsérgio Barradas Carneiro (PT-Ba)Diretor-Geralsérgio sampaio de almeidaSecretário-Geral da Mesamozart Vianna de Paiva

Presidente: michel Temer (PmdB-sP)

DiretorPedro noleto

Editora-chefeRosalva nunes

DiagramadoresGuilherme Rangel BarrosJosé antonio FilhoRoselene Figueiredo

IlustradorRenato PaletEditor de fotografia Reinaldo Ferrigno

Editorasmaria Clarice diasRenata Tôrres

seCom - secretaria de Comunicação social

Jornal da Câmara

impresso na Câmara dos deputados (deaPa / CGRaF) em papel reciclado

mesa diretora da Câmara dos deputados - 53a legislatura seCom - secretaria de Comunicação social

Edição semanal - 12 a 18 de abril de 2010

seGUnda-FeiRaSessão solene I

Homenagem ao empresário Silvio Santos, criador e proprietário do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). Plenário Ulysses Gui-marães, às 10h

TeRça-FeiRaSessão solene II

Homenagem ao centenário de nascimento do médium Chico Xavier. Plenário Ulysses Guimarães, às 11h

DiplomaciaVisita oficial do presidente do parlamento Norueguês, Dag Terje Andersen. Salão Nobre, às 11h30

HepatologiaA Comissão de Seguridade Social debate a formação de médicos especializados em hepatologia. Plenário 7, às 14h

FronteiraA Comissão da Amazônia discute os conflitos entre brasileiros e franceses na área de fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. Plenário a definir, às 14h

Código FlorestalA Comissão Especial sobre o Código Florestal Brasileiro debate o tema com es-pecialistas do setor. Plenário 10, às 14h

Lan houseA Comissão Especial sobre Centros de Inclusão Digital (Lan House) discutem o tema com especialistas do setor. Plenário 11, às 14h

VotaçõesReunião de líderes para definir a pauta de votações da semana. Gabinete da Presi-dência, às 14h30

Preço do açoA Comissão de Agricultura discute o aumento excessivo do preço do aço e os impactos nos custos de produção agrope-cuária. Plenário 8, às 14h30

Pesquisas com humanosA Comissão de Ciência e Tecnologia de-bate o PL 2473/03, que trata de pesquisas envolvendo seres humanos. Plenário 13, às 14h30

Terras indígenasA Comissão Especial sobre Exploração dos Recursos de Terras Indígenas reúne-

Geórgia Moraes

Deputados do Rio de Janeiro deverão abrir mão de R$ 190 milhões, metade dos recursos destinados às emendas de banca-da no Orçamento da União de 2010, para atender às cidades atingidas pela chuva no estado. O deputado Alexandre Cardoso (PSB-RJ) explica que a ideia é transferir esses recursos para as cidades do Rio de Ja-neiro, Niterói e São Gonçalo por meio de medida provisória. Os deputados devem procurar o presidente Lula na terça-feira (13) para apresentar a proposta.

As enchentes no Rio de Janeiro começaram na segunda-feira (5) e, de acordo a Defesa Civil, já deixaram mais de 11 mil desabrigados. Os desalojados somam mais de 40 mil na tragédia, que já deixou 192 mortos.

Alexandre Cardoso é coordenador da comissão externa da Câmara criada para acompanhar as ações do governo do Rio e prefeituras nas cidades atingi-das pelas chuvas. O grupo, integrado por 15 deputados do Rio, visitou na sex-ta-feira (9) as áreas onde houve desliza-mentos. Segundo o deputado, a bancada fluminense está unida para encontrar soluções para o problema.

Dragagem - Uma das demandas dos deputados é a dragagem da desembo-cadura dos rios da Baía de Guanabara. “Não adianta limpar os canais no meio de Caxias, de São João. Nós temos que

limpar a desembocadura desses rios”, explicou, ao dizer que toda a bancada fluminense tem o compromisso de ma-pear os pontos vulneráveis do grande Rio. Uma das ideias, disse Cardoso, é contratar uma universidade para fazer o mapeamento e encontrar soluções du-radouras para a questão.

O deputado Brizola Neto (PDT-RJ), que também integra a comissão externa, destacou a necessidade de uma política habitacional para a população das áreas de risco. “Uma coisa que tem que ficar clara é que as pessoas não mo-ram em áreas de risco porque querem. Elas são levadas a ocupar esses locais por uma falta de política habitacional por parte dos governos, principalmente do governo federal”, ressaltou.

O Rio de Janeiro, especialmente o município, prosseguiu Brizola Neto, tem poucas áreas disponíveis para ocupação, “mas acredito que é possível se fazer um grande esforço, inclusive com desapro-priações para utilidade pública, para que esses programas possam ser executados nessas novas áreas”.

A comissão externa criada para acompanhar as ações no Rio de Janei-ro deve ainda produzir um relatório que balizará a elaboração do Orçamento da União com o objetivo de adequar a dis-tribuição dos recursos e apontar provi-dências de média e longa duração na área de infraestrutura.

se para discussão e votação do parecer às emendas oferecidas ao substitutivo do relator, deputado eduardo Valverde (PT-Ro). Plenário a definir, às 14h30

QUaRTa-FeiRaDívida pública

A CPI da Dívida Pública debate o tema com o ministro da Fazenda, Guido Mantega; e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Plenário 4, às 9h

AeroportosA Comissão de Desenvolvimento Urbano debate os critérios de utilização do aeroporto internacional Tancredo Neves e do aeropor-to da Pampulha. Plenário 16, às 10h

Reajuste de energiaA Comissão de Minas e Energia debate os critérios do reajuste tarifário anual de 2010 das tarifas da Companhia Energética de Pernambuco, a vigorar a partir de 29 de abril de 2010, e de outras distribuidoras de energia elétrica do País. Plenário 14, às 10h30

AmazôniaA Comissão da Amazônia discute as pro-postas dos pré-candidatos à Presidência da República para a região amazônica. É convidado o deputado Ciro Gomes (PsB-Ce). Plenário 15, às 11h

Internet no NorteA Comissão da Amazônia discute os ser-viços de internet e telefonias fixa e móvel nos estados do Amazonas e do Amapá. Plenário a definir, às 14h

Movimentos sociaisA Comissão de Legislação Participativa discute a criminalização dos movimentos sociais, as causas da violência no campo e as medidas legislativas relacionadas ao tema. Plenário 9, às 14h

ConsumidorA Comissão de Defesa do Consumidor debate o PL 4835/09, que determina aos supermercados a discriminação dos preços por unidade de medida nas etiquetas dos produtos, e o PL 5846/05, que proíbe os estabelecimentos comerciais de utilizar somente códigos de barras nos produtos. Plenário a definir, às 14h30

QUinTa-FeiRaSegurança

A Comissão de Segurança Pública de-bate os crimes de abuso de autoridade (PL 6418/09) e o uso da força ou de arma de fogo no exercício da atividade policial. Plenário 10, às 10h

ChinaVisita oficial do presidente da República Popular da China, Hu Jintao. Salão Nobre, às 16h

ENCHENTES NO RIO

Bancada fluminense quer destinar R$ 190 milhões para

cidades atingidas pelas chuvas

dados da defesa Civil de sexta-feira (9) davam conta que as enchentes no rio de Janeiro deixaram 192 mortos e mais de 11 mil desabrigados

Vitor aBdala_aBr

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Edição semanal - 12 a 18 de abril de 2010 3

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

VOTAÇÕES

Eduardo Piovesan

O Plenário deve votar nesta sema-na a MP 475/09, que concede reajuste de 6,14% aos benefícios da Previdência Social de valor acima de um mínimo. No Senado, governistas e represen-tantes dos aposentados concordaram com um índice maior (7,7%), mas o acordo depende da chancela do Mi-nistério da Fazenda.

O percentual previsto na MP é composto pelo INPC mais metade da variação do PIB. O acertado no Senado prevê 80% dessa variação. Se o governo aceitar o novo percentual, ele pode ser incluído na votação da matéria pela Câmara.

Na pauta das sessões extraordi-nárias, os projetos de lei sobre redes digitais nas escolas (PL 1481/07), aposentadoria especial de portadores

Acordo deve garantir reajuste de 7,7% para aposentadorias acima do mínimo

Nas sessões ordinárias, a MP 474/09 deve ser a primeira a ser analisada porque já foi iniciado o processo de votação. Ela abre crédito extraordinário de R$ 18,1 bilhões a diversos ministérios e estatais no Orçamento de 2009, mas cancela outros R$ 14,6 bilhões, a maior parte de investimentos. Os demais temas das outras MPs que trancam os trabalhos são:

- MP 474/09: aumenta o salário mínimo de R$ 465 para R$ 510 a partir de 1º de janeiro deste ano;

- MP 476/09: concede um crédito presumido de IPI às empresas que usarem materiais recicláveis como matéria-prima na fabricação de seus produtos;

- MP 478/09: extingue, a partir de 1º janeiro deste ano, o seguro habitacional do Sistema Financeiro da Habitação (SFH);

- MP 479/09: faz mudanças na legislação de carrei-ras da administração pública federal com o objetivo de corrigir problemas surgidos devido a vetos impostos à MP 441/08;

- MP 480/10: libera R$ 1,37 bilhão do orçamento de 2010 para socorro a vítimas de chuvas e estiagem no Brasil;

- MP 481/10: autoriza o Executivo a doar até 260 mil toneladas e alimentos a doze países pobres; e

- MP 482/10: regulamenta a aplicação de sanções pelo Brasil a países condenados por práticas comer-ciais proibidas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). (eP)

Medida provisória abre créditos de R$ 18 bi a diversos ministérios e estatais

de deficiência (PLP 277/05) e acesso a documentos públicos (PL 219/03) retornam como destaques.

Banda larga - Todos esses três pro-jetos já tinham sido pautados para o dia 30 de março último, mas não hou-ve acordo para votá-los. O PL 1481/07, do Senado, permite o uso de recur-sos do Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações (Fust) no financiamento de serviços como a internet de banda larga.

O texto estabelece a meta de co-nectar todas as escolas públicas à in-ternet até o final de 2013, com prio-ridade para a zona rural. Entretanto, há discordâncias sobre a possibilidade de usar o dinheiro para financiar a telefonia celular.

Já o Projeto de Lei Complemen-tar 277/05, que diminui o tempo de contribuição para os portadores de

deficiência se aposentarem, foi retirado de pauta no final de março a pedido do líder do governo, de-putado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Ele disse que precisava de tempo para anali-sar mudanças su-geridas pelos próprios portadores de deficiência.

Sigilo mais breve - No caso do PL 219/03, do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), o substitutivo da comis-são especial, de autoria do deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), não foi analisado devido à ausência do relator em Plenário.

De acordo com o texto, os docu-

mentos classificados como ultrasse-cretos terão o prazo de sigilo máximo de 50 anos, menos que o permitido pelo projeto apensado do governo (5228/09). A proposta do Executivo possibilitava a uma comissão prorro-gar indefinidamente o sigilo de docu-mentos cuja divulgação possa ameaçar a soberania nacional ou a integridade do território.

O líder do DEM, deputado Paulo Bornhausen (SC), afirmou na sexta-feira (9) que vai levar à reunião de lí-deres da terça-feira (13) a sugestão de votar três projetos para regulamentar os trabalhos da defesa civil. Para ele, as possíveis irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) na partilha dos recursos para prevenção de catástrofes são suficientes para que a Câmara tome uma posição sobre os critérios de distribuição.

Bornhausen defendeu a apro-vação do PL 4971/09, que cria um Fundo Nacional de Defesa Civil (Fundec), como forma de estruturar

DEM defende inclusão de projetos sobre defesa civil na pautaos recursos para o setor, de forma a re-tirar o caráter político e discricionário da sua distribuição. “Em sete anos de governo, essa questão não foi tratada, e agora pudemos ver que os critérios são extremamente fisiológicos”, disse. O projeto está apensado ao PL 3890/08, que destina parte dos recursos arreca-dados por loterias da Caixa Econômica Federal à reparação de catástrofes.

Outra proposta é o PL 4955/09, apresentado pelo próprio Bornhausen após as enchentes em Santa Catarina. O projeto agiliza a liberação de recursos federais em caso de calamidade públi-ca ou situação de emergência. Hoje, é

preciso fazer um relatório detalhado dos danos antes de receber os recursos, mas essa burocracia pode atrasar o socorro às vítimas. “Queremos que o relatório continue, mas como peça para a fiscali-zação após a aplicação dos recursos que são extremamente necessários”, disse. Esse PL já foi aprovado pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional.

Carreira de estado - Por fim, o DEM defenderá a aprovação da PEC 355/09, que cria a carreira de estado da Defe-sa Civil. Segundo Bornhausen, muitos municípios relegam os cargos da defesa civil aos últimos indicados políticos, em

prejuízo do trabalho de prevenção que precisa ser feito quando não há catástrofes. A PEC ainda aguarda parecer quanto à sua admissibilida-de na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Apesar de não acreditar na apro-vação da PEC neste ano, Bornhausen disse que pretende apresentar reque-rimentos de urgência para que os pro-jetos sejam votados diretamente pelo Plenário. Ele lembrou que todas as pro-postas receberam apoio do presidente da Câmara, Michel Temer, quando os dois visitaram as áreas atingidas pelas chuvas em Santa Catarina, em 2009.

o processo de votação da mP 474/09, que abre crédito extraordinário de r$ 18,1 bilhões a diversos ministérios e estatais, já foi iniciado em Plenário na última quarta-feira

rodolfo StuCkert

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Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

PARLASUL

DefensoriasFrancisco Praciano

(PT-am) solicitou aos go-vernadores a destinação de mais recursos nos orça-mentos dos estados para as defensorias públicas - órgãos incumbidos de prestar assistência jurídica às pessoas que não podem pagar pelos serviços de um advogado. O deputado destacou que o déficit de assistência jurídica aos pobres é um problema nacional, havendo estados em que os serviços são terceirizados, o que, a seu ver, é proibido por lei. Além disso, de acordo com o deputado, as defensorias funcionam com recursos in-suficientes. No Amazonas, exemplificou, enquanto o estado destinará R$ 110 milhões para o Ministério Público, a Defensoria Pú-blica receberá apenas R$ 28 milhões. Além disso, de acordo com Praciano, há déficit de defensores públicos no Brasil. No seu estado, declarou, existe um defensor público para 60 mil habitantes. “Isso é uma agressão aos direitos humanos”, afirmou.

Ficha LimpaJosé Genoíno (PT-

sP) reafirmou que votará contrariamente ao projeto Ficha Limpa (PLP 518/09). “Esse projeto fere o ar-tigo 5º da Constituição, porque não há mais a presunção da inocência, nem sentença transitada em julgado”, afirmou. Na avaliação do deputado, mesmo que as entidades que enviaram esse projeto sejam democráticas, o texto tem viés autoritário. O princípio fundamental da presunção da inocência e da sentença transitada em julgado, ressaltou, está na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e em todas as declarações de direitos políticos e civis assinadas pelo Brasil. “É esse ponto central que nos leva a fazer essa crítica a uma iniciativa de leis que, mesmo tendo respaldo de mais de 1 milhão de assinaturas, tem um viés que transfere para as instâncias do Poder Judiciário, do Ministério Público, a primazia de exercer o controle da política”, avaliou.

DISCURSOS DA SEMANA

Idhelene Macedo

O presidente da Representação Brasi-leira no Parlamento do Mercosul, deputado José Paulo Tóffano (PV-SP), vai sugerir que os governos do Paraguai, Uruguai, Ar-gentina e Brasil elaborem uma lista dos cursos, faculdades e universidades de re-conhecida qualidade. A partir dessa lista, os governos de cada país decidiriam quais diplomas seriam reconhecidos. O anúncio foi feito na semana passada, durante audi-ência pública sobre o tema promovida pela representação brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul).

A representação brasileira também pedirá informações ao governo brasileiro sobre os motivos para a recusa de reco-nhecimento de títulos acadêmicos adqui-ridos na Argentina, Uruguai e Paraguai. Segundo Tóffano, há atualmente mais de 30 mil brasileiros com diplomas que não são aceitos no território nacional.

Acordo multilateral - Apesar de acor-do assinado sobre a integração educacio-nal, ainda existem muitas dúvidas sobre sua aplicação em cada país. Estudantes e profissionais já graduados dizem que o acordo ratificado pelo Brasil prevê a ad-missão automática dos títulos obtidos no exterior. Já o Ministério da Educação e o Conselho de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) garantem que o acordo estabelece pré-condições para o reconhecimento.

Leonardo Osvaldo Rosa, representan-te da Secretaria de Educação Superior do

Parlamentares vão sugerir medidas para validar diplomas no Mercosul

Ministério da Educação, que participou do debate, afirmou que o acordo prevê a possibilidade de admissão dos diplomas de outros países do Mercosul, o que é dife-rente do reconhecimento automático dos títulos.

“A admissão é para fins de docência e para aqueles estrangeiros que fizeram seus cursos no exterior. Um professor argenti-no, por exemplo, que queira vir dar aula no Brasil para participar de uma banca de um concurso público, não precisaria de revalidar seu diploma”, explicou.

Segundo Leonardo Rosa, as universi-dades não reconhecem os diplomas porque há uma diferença muito grande entre os critérios de qualidade, de grade curricular e de carga horária.

Parceria - O procurador-geral da Ca-pes, José Tavares, sugeriu parceria entre universidades brasileiras e estrangeiras como solução para o problema. “Currícu-los poderão ser harmonizados, a assimetria poderá ser reduzida e então poderia ser adotado um reconhecimento que seria quase automático. A universidade brasi-leira com acordo prévio de parceria, con-validaria os diplomas, pois já conheceria a qualidade e a equivalência do curso que é oferecido pela universidade estrangeira”, afirmou.

Segundo José Tavares, depois da ma-nifestação do Conselho Nacional de Edu-cação e da recente decisão do Mercosul, a discussão sobre a revalidação automática dos diplomas é inoportuna.

A criação de uma comissão externa para analisar os efeitos das políticas antidrogas adotadas em Portugal, na Holanda e na Itália foi aprovada, na semana passada, pela Comissão de Se-guridade Social e Família.

O colegiado também realizará seminário internacional para discu-

tir o tema, por sugestão dos deputados Vieira da Cunha (PdT-Rs) e Germano Bonow (dem-Rs). O debate deverá ocorrer nos dias 24 e 25 de junho, no auditório Nereu Ramos da Câmara. Os nomes dos palestrantes ainda serão definidos.

Os deputados ressaltaram o papel do Congresso na ela-boração de políticas públicas que tornem eficiente a atuação do Estado no combate ao narcotráfico e na prevenção do problema. Segundo eles, o modelo brasileiro de combate às drogas foi, por décadas, centrado na repressão, e agora é necessário adotar programas de atenção aos usuários e aos seus familiares.

Vieira da Cunha e Germano Bonow lembraram que as práticas globalizadas do narcotráfico precisam ser combatidas com políticas públicas bem elaboradas.

A Comissão de Educação e Cultura aprovou, na semana pas-sada, o Projeto de Lei 6209/09, do ex-deputado Iran Barbosa, que dá aos profissionais de educação básica de escolas públicas e particulares o direito a meia-entrada em ingressos de cinemas, teatros, museus, circos e demais casas de shows artísticos ou culturais.

O relator, deputado Professor sétimo (PmdB-ma), defendeu a proposta por considerar que o acesso aos bens culturais e de

lazer é condição indispensável para o exercício das profissões da área de educação.

“Os índices de exclusão cultural no Brasil são alarmantes, e precisamos dotar o País de políticas que incentivem e permitam a participação dos profissionais da educação em eventos que lhes possibilitem a intimidade com a vida cultural”, acrescentou.

O projeto tramita em caráter conclusivo e ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

PREVENÇãO INGRESSOS

Seguridade Social analisará políticas de países europeus contra drogas

Educação aprova meia-entrada para professor de ensino básico

Professor Sétimo

GilBerto naSCimento

durante a audiência, integrantes da representação brasileira no Parlasul anunciaram que pedirão informações ao governo brasileiro sobre a recusa de reconhecimento de diplomas

Janine moraeS

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Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

ENTREVISTA

DISCURSOS DA SEMANA

Pré-sal Iluiz Paulo Vellozo lucas (PsdB-

es) criticou a tentativa de mudança do marco regulatório do setor de petróleo e gás e observou que isso seria o maior erro estratégico de política econômica desde que o Brasil fez a chamada lei da reserva do mercado de informática. “O projeto do governo desorganiza a presença do Estado brasileiro no setor do petróleo, traz intranquilidade e espanta investimentos privados ou públicos”, alertou. Segundo o deputado, as descobertas do pré-sal mostraram que o Brasil é uma fronteira impor-tante de investimento para o setor do petróleo. Vellozo Lucas explicou não ser contra mudanças na lei da política energética e das atividades relativas ao monopólio do petróleo (Lei 9.478/07), mas sugeriu algumas alterações, como o aumento da parcela do Estado na riqueza gerada pelo petróleo.

Pré-sal IIA necessidade de alterações no

modelo de contratação de empresas para exploração de petróleo na cama-da pré-sal foi destacada por arlindo Chinaglia (PT-sP). Em sua opinião, é preciso haver mudanças porque, no modelo atual de concessão, a empresa que ganha a licitação é a dona do pe-tróleo. Já na partilha, modelo defendido pelo parlamentar, ganha a licitação a empresa ou consórcio que oferecer a maior quantidade de petróleo à União. Na defesa da contratação por partilha, Chinaglia rebateu os argumentos dos que consideram que esse modelo não atrairá investimentos. Ele lembrou que os riscos dos contratos por partilha para exploração do petróleo na camada pré-sal são menores, em razão de já se saber que lá existe petróleo. Por isso, disse o deputado, não há motivos para preocupações com a falta de investimentos.

Orçamento da UniãoGilmar machado (PT-mG) garantiu

que o contingenciamento orçamentário de R$ 29 bilhões feito pelo governo federal em fevereiro não prejudicará os investimentos previstos para 2010. Segundo o deputado, serão afetadas emendas individuais e de bancada; entretanto, as dotações previstas para os ministérios e os programas governamentais estão mantidas. De acordo com o parlamentar, a Comissão Mista de Orçamento deverá realizar audiência pública com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para discutir a medida. Na opinião de Ma-chado, o contingenciamento prova que o governo Lula não é oportunista. “Seria fácil liberar verbas e colher os frutos eleitorais, mas o governo mostrou seu compromisso com a estabilidade econômica”, avaliou. Ele disse ainda que o contingencia-mento é de R$ 21 bilhões, porque os outros R$ 8 bilhões são considerados reserva de contingência.

Luiz Paulo Pieri

Presidente da Subcomissão Especial para Acompanhamento, Fiscalização e Controle das Obras do Trem de Alta Velocidade (TAV), instalada na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle em 17 de março, o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) destaca a importância dessa obra que, avalia, será a maior já executada no Brasil. Com previsão de gastos da ordem de R$ 34,6 bilhões, o chamado trem-bala deverá se constituir no maior investimento ferroviário no País e na América Latina; daí, segundo ele, a necessidade de a Câmara dos Deputados monitorar a licitação internacional com vistas ao empreendimento. Vanderlei Macris, que está exercendo o seu primeiro mandato como deputado federal, também já foi presidente, na Comissão de Viação e Transportes, da Subcomissão de Transporte de Passageiros Sobre Trilhos, cujo relatório foi apresentado no final de março último contendo detalhada avaliação dos sistemas de transportes em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

Vanderlei Macris: subcomissão fiscalizará licitação internacional do trem-bala entre Rio e São Paulo

Como surgiu e qual será o papel da nova subcomissão especial?

A subcomissão é o resultado de um requerimento de minha autoria, aprovado em dezembro do ano passado, fruto da nossa preocupação com a aplicação dos recursos para a possível implantação do trem rápido entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. A grande inspiração do trem-bala foi a Copa do Mundo de 2014. Mas, pelo atraso, essa hipótese já está descartada. Pode ser, no entanto, que ele se torne realidade para a Olimpíada de 2016. O papel maior da subcomissão será acompanhar a licitação internacio-nal que reúne sete países interessados no projeto: Alemanha, China, Coreia, Espa-nha, França, Itália e Japão. Também as ações para aprimoramento dos sistemas de transporte de passageiros sobre trilhos nas regiões metropolitanas serão alvos dos trabalhos da subcomissão.

O que já vem sendo feito pela subco-missão do trem-bala?

O Trem de Alta Velocidade é um

projeto grande, envolve diversas áreas e requer estudos complexos e uma gama de recursos, da ordem de R$ 34,6 bilhões. Queremos a implantação do trem-bala, mas sem desperdício de recursos. Por isso, estamos elaborando um roteiro de traba-lho e, muito em breve, já devemos estar com todas as ações programadas para a petição das informações e realização das audiências públicas em que iremos ou-vir todos os setores interessados, desde o governo até representantes dos países interessados na licitação.

Haverá parceria com o Tribunal de Contas da União?

Já visitamos o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Ubiratan Aguiar, que nos comunicou que a aná-lise sobre o projeto do TAV está sendo feita pelas secretarias de Fiscalização de Desestatização (Sefid) e de Fiscalização de Obras (Secob) para ser encaminhada ao relator no TCU, que será o ministro Augusto Nardes. Nossa expectativa é de que o relator conclua o trabalho ainda

em abril, para que, então, seja autoriza-da a licitação do trem rápido brasileiro. Também já participei de reunião na Em-baixada da Coreia em que se apresentou o consórcio coreano formado para o projeto do TAV brasileiro.

Quem vai pagar as obras do trem-bala?Haverá a licitação internacional, mas

o Tesouro Nacional, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-mico e Social (BNDES), emprestará até 60% do valor inicialmente previsto para a construção. Assim que o TCU autorizar o lançamento do edital, os consórcios terão pelo menos dois meses para apresentar propostas técnicas e financeiras. Além do BNDES, sabe-se que as maiores linhas de crédito dos grandes bancos para um único projeto são de R$ 200 milhões a R$ 500 milhões - o que dá uma ideia da quanti-dade de bancos que terá de participar do processo de financiamento.

A Comissão de Finanças e Tributação aprovou, na semana passada, o Projeto de Lei 2607/07, do deputado Pepe Vargas (PT-Rs), que assegura aos contratantes de seguro de veículos o direito de es-colher a oficina para reparos, em caso de acidente. A proposta, que tramita em caráter conclusivo, será analisada agora pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

O relator, deputado aelton Freitas (PR-mG), apresentou duas emendas ao texto. Na primeira delas, acrescenta que o segurado poderá escolher, além da oficina mecânica, estabelecimentos reparadores de carrocerias de veículos. Sem essa alteração, segundo ele, a lei limitaria os reparos à parte mecânica.

A segunda emenda exclui do texto original a obriga-toriedade de o segurado escolher apenas oficinas que apresentem orçamento inferior ao das credenciadas pela seguradora. Segundo Aelton Freitas, com essa restrição, o interessado dificilmente poderá escolher estabeleci-mentos com bom nível técnico e tecnológico.

FINANÇAS E TRIBUTAÇãO

Segurado poderá escolher oficina para reparos em veículo

O Projeto de Lei 6381/09, do Senado, que torna obrigatória a divulgação de relatórios periódicos de fiscalização de postos de gasolina pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) foi aprovado na semana passada pela Comis-são de Minas e Energia. Os relatórios deverão conter os nomes de todos os postos fiscalizados e indicar quais foram autuados. Também deverá ser divulgada a relação de postos não fiscalizados por mais de um ano.

A proposta, que altera a Lei do Abastecimento Nacional de Combustíveis (9.487/99), tramita em caráter conclusivo e em regime de prioridade, e ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

emendas - A comissão acolheu o parecer do relator, deputado Car-los Brandão (PsdB-ma), que apresentou duas emendas. Uma delas estabelece que o presidente da República definirá o órgão ou entidade responsável pela divulgação dos relatórios da ANP. O texto original exige que a própria agência publique o relatório.

Outra emenda exclui do texto a expressão “postos interditados”, uma vez que, segundo o parlamentar, a interdição é determinada pela Justiça, não pela ANP.

A proposta, segundo o relator, representa mais uma iniciativa para tentar evitar a adulteração de combustíveis, além de permitir uma avaliação mais precisa das atividades da ANP.

ABASTECIMENTO

Minas e Energia determina divulgação de relatórios de fiscalização de postos

rodolfo StuCkert

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DIREITOS HUMANOS

Idhelene Macedo

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias enviou ofício à Procuradoria de Justiça e à Secretaria de Segurança Pú-blica de Goiás, solicitando informações sobre homicídios e desaparecimentos de jovens em Luziânia (GO), município si-tuado a 66 km de Brasília.

Segundo a presidente da comissão, de-putada Iriny Lopes (PT-ES), o Ministério Público local informou que há registros de homicídios sem a instauração do devido inquérito policial e outros casos em que o inquérito é aberto sem a confirmação do homicídio.

Iriny Lopes disse que a Comissão de Direitos Humanos vai tomar provi-dências. “Aguardaremos o envio dessas informações para a comissão decidir o procedimento que vai adotar em relação às informações que receber ou os proce-dimentos que vai adotar caso não venha nenhuma informação.”

Levantamento do Ministério Público de Luziânia aponta a solução de apenas 14 dos 130 homicídios registrados entre 2009 e 2010. De acordo com o Ministério Pú-blico, poucos inquéritos policiais abertos nas duas delegacias do município viraram ações penais. Também ficou constatado que 16 corpos examinandos no IML de Luziânia sequer tiveram inquérito instau-rado para investigar a causa das mortes.

O chefe do Departamento de Polícia

Segurança pública IPara mudar a situação

mostrada pelo Mapa da Vio-lência 2010 - levantamento realizado pelo Instituto Zan-gari, de São Paulo, a partir de informações fornecidas pela Secretaria Nacional de Segurança Pública -, luiz Couto (PT-PB) af irmou serem necessárias políticas públicas de apoio à infância e à juventude e de segurança pública. “O mapa mostra uma situação extrema - nossos jovens estão sendo dizima-dos”, declarou. Segundo o parlamentar, em muitas das cidades, o número de homicídios aumentou mais de 100% de 1997 a 2007. Entre as capitais brasileiras, Maceió ocupa o primeiro lugar no número de homicí-dios por 100 mil habitantes, sendo seguida por Recife, Vitória e João Pessoa. Luiz Couto destacou que, em Belo Horizonte e Florianópolis, onde também houve aumento expressivo desse tipo de morte, foi feito um trabalho para reversão dos números, que já registra resultados - o que não ocorreu nas demais capitais.

Segurança pública IITemas relacionados com

a segurança pública, como a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos e a proibição do trabalho de adolescentes, deveriam ser revistos e debatidos como prioridade pela Câmara, na opinião de edinho Bez (PmdB-sC). O parlamentar afirmou que, caso não con-siga colocar esses temas na pauta da Casa em 2010, eles serão uma das bandeiras de seu próximo mandato. Ao destacar que o sistema de segurança pública está exaurido, Bez disse que até o ex-ministro da Justiça Tarso Genro, ao deixar o cargo, reconheceu a situação. “Te-mos de fazer alguma coisa, porque, agora, os bandidos assaltam até sem armas, sem carro - simplesmente saem a pé, afrontando toda a sociedade e as autoridades do País”. Edinho Bez informou já ter conversado com o pre-sidente da CCJ, deputado eliseu Padilha (PmdB-Rs), que teria se comprometido a debater, no colegiado, ainda este ano, a maioridade penal. Tramitam na Câmara 26 pro-jetos tratando do tema, que há 15 anos está em pauta.

DISCURSOS DA SEMANA

A Câmara analisa a PEC 470/10, que inclui entre as competências dos municípios a construção e manutenção, com recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) e cooperação dos estados, de unidades prisionais em seus territórios. Atualmente, somente os governos estaduais podem

FUNDO PENITENCIÁRIO

PEC inclui construção de presídios entre competências de municípios

receber recursos do Funpen.O Funpen, criado para financiar e apoiar

a modernização e o aprimoramento do sis-tema penitenciário, conta com repasses da União, de convênios com entidades públicas ou privadas, de multas de sentenças penais, entre outras fontes.

O objetivo da PEC, dos deputados do-mingos dutra (PT-ma), luiz Couto (PT-PB) e Paulo Rubem santiago (PdT-Pe), é pro-porcionar condições para que os condenados cumpram pena próximo de suas cidades. Para Domingos Dutra, a transferência da maioria dos presos para presídios centrais impede a visita de familiares e vizinhos do apenado, distanciando-o de sua realidade. Para ele, a medida também contribuirá para reduzir a superlotação em algumas penitenciárias.

“A municipalização do sistema, com a construção de pequenas unidades, é uma alternativa viável, capaz de reduzir a lotação excessiva dos nossos presídios, que muitas vezes impede a ressocialização dos presos, o trabalho, o estudo e o exercício de práticas esportivas e culturais”, defende.

Tramitação - A admissibilidade da PEC será analisada pela CCJ. Se aprovada, a proposta será examinada por uma comissão especial, que será criada para esse fim. Depois, deverá ser votada em dois turnos pelo Plenário.

Comissão pede informações ao governo goiano sobre homicídios em Luziânia

Judiciária de Goiás, delegado Josuemar Vaz de Oliveira, disse que a falta de pes-soal contribuiu para a gravidade da situ-ação. Segundo ele, a volta à normalidade é esperada para breve, com a posse dos novos policiais aprovados em concurso público concluído em 2009.

“Nós vamos dotar todo o Entorno do DF de pessoal suficiente para colocar essas investigações em andamento. Nós estamos designando, só na regional de Luziânia, mais 20 delegados de polícia, 70 agentes de polícia e mais de 40 es-

crivães. Então, é pessoal suficiente para tocar essas investigações e fazer com que o trabalho da Polícia Civil tenha o anda-mento normal”, afirmou.

O delegado disse ainda que prosse-guem com determinação e responsa-bilidade as investigações em torno do desaparecimento de seis jovens há mais de três meses. De acordo com Josuemar Vaz, o trabalho está sendo realizado em parceria com a Polícia Federal e a respos-ta para a sociedade será dada no menor tempo possível.

A proposta de emenda à Constituição, justificam os autores, contribuirá para reduzir a superlotação em algumas penitenciárias

luiz alVeS

em fevereiro último, parentes dos jovens desaparecidos em luziânia fizeram manifestações em Brasília para pedir mais justiça e segurança

Brizza CaValCante

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PRESIDêNCIA

Empresários vinculados ao Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) ma-nifestaram, na semana passada, em reu-nião com o presidente da Câmara, Michel Temer, preocupação com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/95, que reduz a carga de trabalho semanal de 44 para 40 horas.

Eles afirmaram que a medida não de-verá resultar em aumento do número de empregos, mas sim em maior investimento na automação da indústria. Eles defende-ram medidas que combatam a informali-dade, como a redução da carga tributária sobre a folha de pagamento.

Segundo o empresário Flávio Rocha,

o setor varejista está apreensivo porque considera que a PEC prejudica a compe-titividade das empresas do País.

Temer explicou aos lojistas a proposta intermediária que apresentou às centrais sindicais e a entidades patronais, de redu-ção gradual para 42 horas semanais, sem acréscimo no valor pago pela hora extra, e com previsão de compensação fiscal para as empresas.

O presidente da Câmara lembrou que os líderes partidários irão apresentar uma lista com três ou quatro PECs para serem colocadas em votação ainda neste semes-tre. Atualmente, há mais de 60 PECs prontas para a análise do Plenário.

A Comissão de Desenvolvimen-to Econômico, Indústria e Comér-cio aprovou, na semana passada, o Projeto de Lei 4964/09, que autoriza as cooperativas de crédito a receber pagamentos de contribuições e tri-butos federais, estaduais e munici-pais, como os bancos já fazem. Para prestar esse serviço, as cooperativas deverão firmar convênio com os en-tes federativos interessados, para que sejam detalhados o recolhimento e a transferência dos valores ao Tesouro ou ao titular do crédito.

Os autores da proposta, deputa-

dos Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) e Duarte Nogueira (PSDB-SP), esperam ampliar a concorrência no setor financeiro, e reduzir a concen-tração bancária e os custos do crédito para o consumidor e as empresas.

As cooperativas de crédito são sociedades que têm por ob-jetivo a prestação de serviços financeiros a seus cooperados, de modo simples e vantajoso. De acordo com relatório de 2009 do Banco Central, há no

Brasil 1.429 cooperativas de crédito autorizadas. Elas respondem por 2,6% do volume das operações de crédito do sistema financeiro nacional.

O projeto tramita em caráter conclusivo e ain-da será analisado pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Ci-dadania.

O relator da proposta, deputado Dr. Ubiali (PSB-SP), recomendou sua aprovação por consi-derar que as cooperativas têm credibilidade e es-tabilidade. “Como essas entidades estão presentes em grande número de localidades no interior, há espaço para a expansão de suas atividades, que são submetidas a rigorosa supervisão conduzida pelo Banco Central”, disse.

CONVêNIO

Desenvolvimento Econômico autoriza cooperativas a receber tributos

Novas normas para a organiza-ção e o funcionamento das coopera-tivas de trabalho foram aprovadas, na semana passada, pela Comissão de Constituição e Justiça e de Ci-dadania (CCJ). A proposta prevê a criação do Programa Nacional de Fomento às Cooperativas de Traba-lho (Pronacoop) e muda a Política Nacional de Cooperativismo, deter-minando jornada máxima de oito horas diárias e 44 semanais para os profissionais cooperados, além de pagamento de horas extras.

O texto aprovado agora contém as emendas do Senado ao texto que a Câmara já havia aprovado, em 2008, em substituição ao Projeto de Lei 4622/04, do deputado Pom-peo de Mattos (PDT-RS), e outros apensados. O relator na CCJ, depu-tado Eliseu Padilha (PMDB-RS), defendeu a constitucionalidade das emendas do Senado.

Os senadores excluíram as coo-perativas de assistência à saúde do âmbito da nova lei que regula as co-operativas de trabalho - em vez das cooperativas operadoras de planos privados de assistência à saúde -, conforme previa a proposta apro-vada antes pela Câmara. Também foram excluídas da nova lei as co-operativas de médicos que pagam honorários por procedimento.

A proposta tramita em regime de urgência e ainda será analisada pelas comissões de Trabalho, de Administração e de Serviço Públi-

co; e de Desenvolvimento Econô-mico, Indústria e Comércio, onde tramita simultaneamente. Depois será votada pelo Plenário.

Terceirizados - O texto aprova-do proíbe a criação de cooperativas para intermediar mão de obra ter-ceirizada. Esse subterfúgio tem sido usado, nos últimos anos, para fazer contratações sem carteira assinada, o que deixa os profissionais sem os seus direitos trabalhistas.

Constituída com pelo menos sete sócios, a cooperativa de tra-balho deverá garantir aos seus in-tegrantes direitos como retiradas não inferiores ao piso da categoria profissional ou ao salário mínimo, no caso de não haver piso, calcu-ladas proporcionalmente às horas trabalhadas.

PROGRAMA NACIONAL

CCJ define novas regras para organização de

cooperativas de trabalho

Redução de jornada ampliará a automação da indústria,

afirmam empresários

temer lembrou aos empresários que há uma proposta intermediária de redução da jornada

eliseu Padilha

Saulo Cruz

luiz CruVinel

dr. ubiali

Sonia BaioCChi

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AGROPECUÁRIA

AbortoPastor Pedro Ribeiro

(PR-Ce) avalia que está havendo um movimento em favor da descriminaliza-ção do aborto, tendo como ponto de partida o Programa Nacional de Direitos Huma-nos (PNDH-3). Segundo o parlamentar, o governo federal manifestou apoio, por intermédio do PNDH-3, aos projetos de autoria de depu-tados que descriminalizam o aborto. “Cerca de 20 projetos que tratam dessa questão tramitam nesta Casa. Já con-seguimos, pelo menos, tirar da Comissão [de Seguridade Social e Família], com vitória, dois dos projetos mais difí-ceis. Mas esse programa do presidente Lula vem acober-tando todos esses projetos e pedindo ações enérgicas no sentido de aprová-los”, alertou. Ribeiro rebateu o argumento utilizado por pessoas que defendem o aborto, segundo as quais a mulher é dona do seu corpo. De fato, observou, a mulher é dona de seu corpo, “mas não é dona do corpo que está nela”.

Educação Ao comentar o documen-

to Educação para Todos, de 2010, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o deputado Gastão Vieira (PmdB-ma) sustentou que a qualidade do ensino irá melhorar somente com a valorização do professor. O deputado ressaltou que em seu estado, por exem-plo, enquanto um médico ganha R$ 30 mil por mês, um professor não consegue ganhar nem 3% disso. “Um juiz também ganha R$ 22 mil, e o piso do professor é de R$ 1.024. Como vamos atrair os melhores pagando um salário desse tamanho?”, questionou. Para Gastão Vieira, a remuneração des-ses profissionais deveria ser, no mínimo, de R$ 3 mil. Apesar dos avanços dos últimos anos, o relatório da Unesco coloca o Brasil na 88ª posição no índice de desenvolvimento educacio-nal. “O País não consegue que mais da metade das crianças que iniciam o en-sino fundamental chegue ao quinto ano dominando simplesmente a leitura e a escrita”, ressaltou.

DISCURSOS DA SEMANA

A Comissão de Desen-volvimento Econômico, In-dústria e Comércio aprovou, na semana passada, o Projeto de Lei 4729/09, do Senado, que cria uma Zona de Pro-cessamento de Exportação (ZPE) em Imperatriz (MA). A criação e o funcionamento da nova ZPE será regulamen-tada pela Lei 11.508/07, que trata do regime dessas áreas de livre comércio - destinadas à instalação de empresas que produzem bens para o comér-cio com outros países.

A autora da proposta, a ex-senadora e atual governadora do Maranhão Roseana

Sarney, argumenta que a medida estimulará a economia de Impera-triz, gerando empregos e renda.

O texto, que trami-ta em caráter conclusi-vo, será analisado ain-da pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Jus-tiça e de Cidadania.

Investimentos - O relator na comissão, deputado Jurandil Ju-arez (PMDB-AP), re-

comendou a aprovação do projeto com o argumento de que as ZPEs atraem investi-

mentos estrangeiros para uma determina-da região e aumentam a competitividade dos produtos nacionais. Segundo ele, a escolha de Imperatriz foi acertada por-que o município é o centro econômico do sudoeste do Maranhão, do norte de Tocantins e do sul do Pará e é cortado pela rodovia Belém-Brasília e pela ferrovia Norte-Sul.

Ele também lembrou que o Maranhão é um dos estados mais pobres do País, o que atende à exigência legal de instalação de ZPEs em regiões menos desenvolvidas. “As ZPEs podem desempenhar papel im-portante na dinamização das atividades econômicas de regiões cujo potencial ne-cessita de estímulos específicos, como é o caso de Imperatriz”, disse Juarez.

DESENVOLVIMENTO ECONôMICO

Zona de Processamento de Exportação pode ser criada no Maranhão

Proposta de criação de um selo de qualidade ambiental para produtos de origem animal foi aprovada na semana passada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. O selo funcionará como atestado de que o animal usado na produção foi criado em condições adequadas do ponto de vista ambiental.

O texto foi aprovado na forma do substitutivo do deputado leonardo monteiro (PT-mG) ao Projeto de Lei 5973/09, do deputado antônio Roberto (PV-mG). O substitutivo adapta a redação à legislação atual, que remete ao Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sin-metro) a competência para emitir o selo.

A definição das regras para sua concessão também será feita pelo Sinme-tro em conjunto com os órgãos de meio ambiente e agricultura. “Os ajustes vão balizar melhor a eficácia pretendida pelo projeto”, acredita Monteiro. O substitutivo aprovado retirou o caráter voluntário de adesão ao sistema de certificação, presente no projeto original, e o prazo de 180 dias para a regu-lamentação da lei.

A matéria tramita em caráter conclusivo e ainda será analisada pelas co-missões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Agricultura convidará ministros para discutir produção de leiteOs ministros da Agricultura, Wagner Rossi;

do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel; e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, serão con-vidados pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural para discutir a produção de leite no mercado nacional e internacional e, também, o controle na formação e no melhoramento genético da raça Girolando.

Na reunião, ainda sem data definida, também será apresentado o projeto de construção do Cen-tro de Capacitação Girolando (CCG), no Parque Tecnológico de Uberaba (MG), de iniciativa da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. A entidade é responsável pelo Serviço de Registro Genealógico e Provas Zootécnicas da raça em todo o território nacional.

A raça girolando nasceu do cruzamento das raças Gir e holandesa. Em 1996, a Girolando foi reconheci-da oficialmente pelo Ministério da Agricultura como uma raça tropical brasileira.

Segundo o autor do requerimento para a realização da audiência, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), o Brasil “encontra-se autossufi-ciente na produção de leite e é um grande produtor de alimentos e proteína animal, mas, em contra-partida, enfrenta problemas ambientais sérios em razão da exploração agropecuária”.

Propriedades - O deputado Vitor Penido (DEM-MG), que também propôs a audiência, cita dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE) que mostram que há, atualmente, cerca de 5 milhões de propriedades agropecuárias no Brasil. Desse total, 1 milhão se destina à pro-dução leiteira em escalas diversificadas.

Também serão convidados para o debate o di-retor-presidente da Empresa Brasileira de Agro-pecuária (Embrapa), Pedro Antonio Arraes; e o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, José Donato Dias Filho.

dados do iBGe mostram que há cerca de 5 milhões de propriedades agropecuárias no Brasil. Desse total, 1 milhão se destina à produção leiteira em escalas diversificadas

GilBerto naSCimento

Jurandil Juarez

GoV. do rS

Selo de qualidade para produtos de origem animal

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ENTREVISTA

Serra PeladaCleber Verde (PRB-ma) defen-

deu a concessão de pensão vitalícia aos garimpeiros que trabalharam em Serra Pelada, no Pará. Ao informar que o Projeto Lei 5227/09, de sua autoria, prevê esse benefício, o parlamentar explicou que a proposta já foi aprovada na Comissão de Se-guridade Social e Família e encon-tra-se em análise na Comissão de Finanças e Tributação. Na opinião do deputado, essa é a oportunidade de recompensar “homens de várias partes do País que foram levados para a selva amazônica quando a exploração de ouro era assunto de segurança nacional”. Ele lembrou que, por duas décadas, desde a descoberta do ouro no Pará, os governos militares levaram traba-lhadores para Serra Pelada “com a promessa de que sairiam de lá ricos”. “Em quase duas décadas de trabalho dos garimpeiros, o Estado presenciou passivamente centenas de trabalhadores sucumbirem”, destacou.

Bolsa FlorestalZonta (PP-sC) anunciou ter

apresentado o Projeto de Lei 7061/10, que autoriza o Poder Exe-cutivo a criar a Bolsa Florestal. De acordo com o deputado, essa é mais uma alternativa para permitir a pre-servação florestal e fixar o pequeno agricultor à terra. O parlamentar afirmou que esse segmento é um dos responsáveis pela preservação e pelo desenvolvimento de consci-ência ambiental no País. Segundo o deputado, a ideia do projeto é dar uma bolsa de meio salário mínimo por mês ao pequeno agricultor familiar, com propriedades de até quatro módulos, para que ele plante meio hectare de floresta por ano, durante quatro anos. Esse plantio seria tecnicamente orientado para espécies nativas em áreas conside-radas de preservação permanente e reserva legal ou exóticas.

Desmonte da ChesfA proposta do governo federal

de transformar a Eletrobrás em uma megacompanhia global semelhante à Petrobras provocará o desmonte da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), segundo avalia-ção de andré de Paula (dem-Pe). Caso as mudanças na Eletrobrás se confirmem, disse o parlamentar, a Chesf, que é uma das empresas subsidiárias do grupo, perderá au-tonomia e acabará esvaziada. “O esvaziamento da estatal é inaceitá-vel e inexplicável. Basta observar os números: o lucro da Chesf no ano passado foi de R$ 764 milhões; já o da Eletrobrás, sua controladora, de R$ 170 milhões. Ou seja, a filial ganha quase cinco vezes mais que a matriz”, disse.

DISCURSOS DA SEMANACiro Pedrosa: memória da participação da FEB na 2ª Guerra tem que ser preservada

Como surgiu a Frente Parlamentar de Revalorização da FEB?

A partir do momento em que um gru-po de parlamentares decidiu homenage-ar a memória daqueles que tombaram na luta pela vitória da democracia durante a 2ª Guerra Mundial e lutar pela valori-zação do soldado brasileiro e das Forças Armadas. Queríamos, também, viabilizar a participação dos veteranos brasileiros nas comemorações dos 65 anos das vitó-rias brasileiras em solo italiano, ocasião em que foram prestadas as homenagens à Força Expedicionária Brasileira e ao Brasil. O objetivo da frente de promover uma releitura da participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial elevará a memória nacional e reconhecerá o significado dos esforços dos veteranos vivos e dos que tombaram como “chave para a inserção do Brasil em uma comunidade de ven-cedores.”

Como a frente avalia o papel do Bra-sil na 2ª guerra?

O País foi um partícipe da vitória da democracia sobre o nazismo e o fascismo, regimes totalitários sob cuja égide milhões de seres humanos foram ameaçados, ator-

mentados, subjugados e exterminados no episódio mais hediondo da história da humanidade. Naquele momento, o Brasil contribuiu com eficiência, determinação e, sobretudo, com êxito no que lhe foi atri-buído. Por isso, é preciso resgatar parte da imensa dívida que o País tem com os soldados brasileiros que embarcaram para as frentes de combate italianas e arrisca-ram suas vidas.

O que destaca de sua luta como am-bientalista?

Como secretário de infraestrutura do município de Betim (MG), fui responsável por um inédito convênio que permitiu a revitalização urbana e recuperação am-biental da bacia do rio Betim, que foi o primeiro projeto da América Latina a re-ceber um financiamento direto do Banco Mundial.

Como tem direcionado seu traba-lho parlamentar em defesa do meio ambiente?

Sou autor de várias propostas direcio-nadas à solução de questões ambientais, como PL 1135/07, que obriga as empresas concessionárias dos serviços de distribui-

ção de água e energia elétrica a incluírem, em suas faturas mensais, mensagens de esclarecimento sobre racionalização de consumo, com o objetivo de promover a conscientização dos cidadãos para o uso racional de recursos raros e vitais como a água e a energia.

A indústria também é uma preocu-pação dos ambientalistas. Que propostas sobre o tema o senhor apresentou?

Também apresentei o PL 1745/07, que dispõe sobre a responsabilidade dos produtores de embalagens plásti-cas e outras embalagens que não se-jam biodegradáveis pela destinação final ambientalmente adequada de seus produtos. Além disso, fui relator, na Comissão de Minas e Energia, do PL 7397/06, que estabelece os limites das áreas de preservação permanente (APPs) localizadas às margens de lagos e lagoas naturais e artificiais, situados nos meios urbano e rural, o qual aper-feiçoei com um substitutivo.

Luiz Paulo Pieri

Presidente da Frente Parlamentar da Revalorização Histórica da Força Expedicio-nária Brasileira (FEB), o deputado Ciro Pedrosa (PV-MG) destaca a importância de se homenagear a memória daqueles que morreram na luta pela vitória da democracia durante a 2ª Guerra Mundial. Engajado no movimento ambientalista, o parlamentar foi secretário de Infraestrutura do município de Betim (MG), onde foi responsável pelo convênio que permitiu a revitalização urbana e a recuperação ambiental da bacia do rio Betim - o primeiro projeto da América Latina a receber financiamento direto do Banco Mundial. Ciro Pedrosa também é autor do Projeto de Lei 1745/07, que dispõe sobre a responsabilidade dos produtores de embalagens plásticas e outros invólucros que não sejam biodegradáveis em virtude de sua a destinação final ambientalmente adequada.

Desenvolvimento Urbano concede incentivo a método de parcelamento ecológico do soloA Comissão de De-

senvolvimento Urbano aprovou, na semana passada, a concessão de incentivos aos mé-todos de parcelamen-to do solo que usem técnicas para reduzir o impacto ambiental e economizem recursos naturais. A medi-da está prevista em emenda do Senado ao Projeto de Lei 34/07, do deputado Cassio Taniguchi (dem-PR).

Pelo texto original, teriam direito ao benefí-cio apenas construções feitas na modalidade de “operações urbanas con-sorciadas” - alterações em vizinhanças ou áreas que mudam de tipo de utilização, previstas no

Estatuto das Cidades (Lei 10.257/01) e no Plano Diretor de cada município. A emenda inclui o parcelamento do solo.

O tipo de incentivo a ser concedido

não foi previsto na proposta e deverá ser fixado em lei, que pode inclusive ser municipal, quando houver a sua regulamentação.

O relator, deputado Jorge Khoury (dem-Ba), recomendou que a co-missão aprovasse a modificação. A emenda já foi aprovada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e ainda será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça. Depois segue para votação em plenário.

MEIO AMBIENTE

GilBerto naSCimento

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ENTREVISTA

O que está sendo feito para acabar com a cobrança da assinatura básica da telefonia?

Como membro da comissão es-pecial que analisa o Projeto de Lei 5476/01 que propõe o fim da cobran-ça da assinatura básica da telefonia, venho trabalhando em sintonia com o deputado estadual de Minas Gerais Weliton Prado, autor da proposta que proíbe essa cobrança no meu estado, para pôr fim a um modelo que impõe aos brasileiros as tarifas mais caras do mundo no ramo da telefonia e da internet. As elevadas tarifas cobradas pelas empresas telefônicas vêm difi-cultando o acesso do cidadão de baixa renda aos serviços. Nesse contexto, a universalização preconizada pela Lei Geral de Telecomunicações revela-se inviável, pois o usuário abre mão do serviço ou perde o direito de usufruir

Foi aprovada pela Comissão de Finanças e Tributação na quarta-feira (7) a obrigatoriedade de as instituições financeiras notifica-rem os clientes, no prazo de 30 dias, sobre débitos existentes em contas sem movimentação por mais de 120 dias. Caso o titular decida encerrar a conta, o banco não poderá cobrar nenhuma tarifa adicional.

O texto aprovado é o substituti-vo do relator, deputado Guilherme Campos (DEM-SP), ao Projeto de Lei 6527/06, do deputado Wellington Fagundes (PR-MT). Campos apenas sistematiza as emendas aprovadas na Comissão de Defesa do Consumidor,

que analisou a pro-posta anteriormente. O projeto segue para análise conclusiva da Comissão de Consti-tuição e Justiça e de Cidadania.

Encerramento automático - Em uma das emendas, acrescenta-se que contas sem movi-mentação por mais de 120 dias, e sem

nenhum débito ou aplicação, poderão ser encerra-das automaticamente pelos bancos. Outra emenda concede o prazo de 10 dias ao cliente para quitar

os débitos existentes, caso decida encerrar a conta após ser notificado. Já a última delas retira a de-terminação de que o banco faça a notificação por meio de envio de extrato, como consta na proposta original.

Se o cliente não providenciar a quitação do débito, sua conta deverá ser encerrada automati-camente no prazo máximo de 60 dias. Nesse caso, o banco poderá cobrar o débito na Justiça. O texto prevê ainda que os responsáveis pelos bancos que descumprirem a norma ficarão sujeitos às penas de advertência, multa e suspensão do exercício de cargos.

Fagundes destaca que a medida não cria ne-nhuma despesa para os cofres públicos. Quanto ao mérito, considera que aprimora as relações de consumo e, por isso, merece ser aprovada.

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Finanças obriga bancos a notificarem clientes sobre débitos

Elismar Prado: cobrança de assinatura básica de telefonia é abuso contra o consumidor

Luiz Paulo Pieri

Participante ativo da luta pelo fim da cobrança da assinatura básica da telefonia e membro do grupo de trabalho que vai discutir a criação do Plano Nacional de Banda Larga, para garantir acesso à internet a preços acessíveis à população de baixa renda de todos os municípios do País, o deputado Elismar Prado (PT-MG) destaca, nesta entrevista ao Jornal da Câmara, que a assinatura básica mensal de telefonia é abusiva, ilegal e contraria o Código de Defesa do Consumidor.

O parlamentar, que exerce o seu primeiro mandato como deputado federal, tem como bandeira a defesa dos estudantes e trabalhadores junto aos movimentos sociais. Sociólogo e músico, Elismar Prado, 37 anos, também se diz engajado na renovação e no fortalecimento do seu partido. Ele é autor do projeto que resultou na Lei 11.947, de 16 de junho de 2009, beneficiando diretamente milhões de alunos da rede pública de ensino ao determinar que os produtos da agricultura familiar façam parte do cardápio das escolas.

deste por não conseguir pagar a assi-natura básica. Essa situação tende a se agravar ainda mais, se não forem to-madas providências urgentes. É o que estamos fazendo na comissão especial com o debate sobre o PL 5476/01.

Os preços da telefonia no Brasil são os mais altos no mundo?

São os preços mais caros do mundo,

e temos exemplos em todas as áreas. A tarifa de celular no Brasil é 350%

mais cara que nos Estados Unidos, 800% mais cara que na China e 2.150% mais cara que na Índia. Além de ser caro, é um serviço de péssima qualidade se comparado com países como o Japão, onde 61 Mbps de banda larga custam R$ 0,50, enquanto no Brasil esse valor vai para R$ 109,90 por uma conexão de apenas 1 Mbps, o que leva à constatação clara de que os serviços de internet no Brasil têm

As elevadas tarifas cobradas pelas empresas vêm dificultando o acesso do cidadão de baixa renda aos serviços de telefonia e

internet no Brasil

rodolfo StuCkert conexão lenta com alto custo.

A criação do Plano Nacional de Banda Larga vai ajudar na so-lução dos problemas da telefonia e da internet no Brasil?

Sim, uma vez que a base da proposta é reunir R$ 75 bilhões de investimentos públicos e privados nas redes de telefonia até 2014 e levar banda larga a todos os muni-cípios brasileiros a preços acessíveis à população de baixa renda, usando a estrutura já existente de redes de fibra óptica pelo País. O governo Lula vem fazendo a inclusão social desde o primeiro governo, e agora é chegada a hora da inclusão digi-tal que pode levar nosso País para o rol dos mais desenvolvidos do mundo.

A Lei 11.947/2009, que inclui um projeto de sua autoria determi-nando que os produtos da agricultura familiar estejam garantidos nas esco-las brasileiras, tem contribuído para a melhoria da merenda escolar?

Essa é uma lei que garantiu a ali-mentação adequada como direito fundamental do ser humano e tem ganhando novos estímulos, como sua extensão e abrangência a todos os estu-dantes da educação básica da rede pú-blica, incluindo a educação de jovens e adultos. É uma lei que pegou e trouxe mais justiça social ao País.

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ECONOMIA

Bens e serviçosAo condenar a carga

fiscal no Brasil, que definiu como “brutal”, o líder do DEM, Paulo Bornhausen (sC), pediu o apoio dos parlamen-tares a projeto de sua autoria (PL 6898/10), que pretende devolver à população mais pobre o dinheiro pago em impostos incidentes na com-pra de bens e serviços. Pelo texto, serão beneficiadas as pessoas que não possuem renda suficiente para garantir o sustento mínimo da própria família. “É um projeto voltado à diminuição da injustiça fiscal presente na grande maioria de nossos impostos e contribuições sociais, de caráter não progressivo, e que incidem de modo muito mais pesado e injusto sobre as camadas de menor renda e salários”, explicou. Segun-do o deputado, a população brasileira se sente punida duplamente: pelo custo e pela quantidade dos impostos e contribuições cobradas, e pela prestação insuficiente e ineficiente da maioria dos serviços públicos.

Política industrialRenato mölling (PP-

Rs) defendeu a criação de uma política industrial clara que privilegie a indústria de transformação a fim de que o País continue gerando empregos. “Mais do que postos de trabalho, empre-gos significam dignidade, vida melhor, comida na mesa de cada trabalhador, esperança e confiança no futuro”, destacou. Na avaliação do parlamentar, os programas sociais são importantes, mas preci-sam vir acompanhados de projetos de treinamento e preparação para o mercado de trabalho, já que poucas pessoas querem viver exclu-sivamente da contribuição do Estado. Mölling elogiou as medidas do governo para minimizar os efeitos da crise e manter os empre-gos. Presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Setores Coureiro-Calçadis-ta e Moveleiro, ele elogiou as ações do governo para combater a crise financeira. Na avaliação dfo deputado, a redução a zero do IPI incidente sobre móveis e a equalização desse imposto para móveis, chapas e com-pensados foram medidas acertadas.

DISCURSOS DA SEMANAComissão da dívida ativa pode parar se não incorporar mudanças no Código Tributário

Janary Júnior

Está nas mãos do presidente da Câ-mara, Michel Temer, uma decisão que pode afetar a tramitação dos quatro projetos que tratam da cobrança da dívida ativa de União, estados e muni-cípios (PLs 2412/07, 5080/09, 5081/09 e 5082/09), em discussão em uma co-missão especial presidida pelo deputado Jurandil Juarez (PMDB-AP).

As três últimas propostas foram en-viadas pelo Executivo em abril do ano passado e fazem parte de um pacote de “vigilância fiscal”, como vem sen-do chamado, elaborado sob coordena-ção da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Os projetos foram apensados ao PL 2412/07, do deputado Regis de Oliveira (PSC-SP), que já tramitava na Casa.

Ocorre que a constitucionalidade de alguns dispositivos dos projetos do go-verno depende de modificações prévias no Código Tributário Nacional, previs-tas no Projeto de Lei Complementar (PLP) 469/09, também do Executivo e integrante do pacote. O PLP 469 está sendo analisado em comissões da Casa, mas a comissão especial da dívida ativa quer incorporá-lo às quatro propostas de sua alçada.

O problema é que a inclusão depende de uma interpretação do Regimento da Casa. Projetos de lei e de lei comple-mentar não podem tramitar apensados, por se tratarem de ‘espécies’ diferentes. Além disso, o PLP 469 não está previsto para ser analisado em comissão especial. Caberá ao presidente Temer encontrar uma saída para a situação.

O relator e o presidente da comis-são especial da dívida ativa, deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e Jurandil Juarez, apresentaram uma questão de ordem para Temer solicitando que o PLP/09 seja também distribuído à co-missão especial. Eles alegam que esta seria uma solução em prol “da econo-mia e racionalidade processual, dando eficácia aos trabalhos”.

Os dois deputados afirmam que a impossibilidade de distribuição do PLP colocará em risco o funcionamento da comissão especial. “O indeferimento [da questão de ordem] tornará inócuos e desnecessários os trabalhos da comis-são. A única solução razoável seria a sus-pensão do seu funcionamento”, afirmam os parlamentares.

A questão de ordem não tem prazo para ser analisada pelo presidente. O tempo será dado por articulações polí-

ticas e pelo interesse do Executivo em deslanchar a tramitação dos projetos. Mas enquanto não vier uma solução, as discussões na comissão poderão ser paralisadas. O relator, por exemplo, ain-da não apresentou roteiro de trabalho para as diversas audiências públicas já aprovadas e para a apresentação do seu parecer.

Críticas - Os projetos da dívida ativa estão entre os mais polêmicos em tra-mitação na Câmara. Eles fazem parte do 2º Pacto Republicano de Estado por um Sistema de Justiça mais Acessível, Ágil e Efetivo, assinado em 2009 pelos presidentes da República, do Supremo Tribunal Federal (STF), da Câmara e do Senado. O governo alega que o pacote ampliará a recuperação de créditos tri-butários. O mais polêmico (PL 5080) dá mais poderes para a fase administrativa, a cargo da Receita Federal, em detrimen-to da judicial.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou manifesto alertando para os riscos de aprovação dos textos. Segundo a ordem, as propostas acabam com o direito de defesa do contribuinte incluído na dívida ativa “e retiram o es-cudo protetor existente entre o cidadão e o Fisco, que é a Justiça”.

“O princípio da presunção da inocên-cia é deixado de lado, e todo contribuinte passa a ser culpado até prova em contrá-rio. As propostas quebram também com os princípios do sigilo, da privacidade das pessoas, pois permitem que a Receita in-vada as contas sem autorização judicial. Isso é algo que nós precisamos discutir muito, porque acaba se instalando um estado policial fiscal”, disse o presidente da OAB, Ophir Cavalcante.

Pressa - Em março, Cavalcante anunciou a criação de comissão especial no âmbito da OAB para acompanhar os projetos do pacote. Na avaliação do rela-tor da comissão especial, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), a OAB pode estar se antecipando demais ao debate. “Ela está se pronunciando sobre algo que não está definido”, disse Cunha, desta-cando que a discussão ainda é incipiente para posições definidas.

O deputado afirmou que os projetos serão relatados de forma a respeitar “os ritos legais e a Constituição”. Ele disse porém que o assunto precisa ser tratado de forma rápida, pois a dívida ativa da União, estados e municípios inviabiliza a gestão pública. “Temos uma dívida enor-me para cobrar, mas não conseguimos efetivamente receber”.

O estoque da dívida ativa da União encerrou o ano de 2009 em R$ 827,8 bi-lhões, em créditos tributários, previdenciários e de FGTS em atraso. O valor supera a arrecadação federal do ano passado (R$ 710 bilhões). A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional reverteu para os cofres públicos R$ 17,5 bilhões - 2,12% do estoque. Veja abaixo a evolução do estoque da dívida ativa (em R$ bilhões)

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

333,2371,4 380,6

548,8

638,4

741,5

827,8

EVOLUçãO DA DíVIDA

fonte: tCu (Contas do governo) / PGfn

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OPINIãO

Luiz Carlos Hauly

A nove meses para acabar seus dois mandatos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu mostrar a que veio. A herança que ele deixará para o próximo governante é de desordem e caos na gestão e estrutura funcional. Caberá ao próximo governante o desafio de organizar e planejar as ações que definirão o País que teremos nos próximos anos.

A marca do governo Lula é a do ilusionismo. Entre obras programadas com orçamento anual e aquelas que seriam supostamente aceleradas com re-cursos de um programa intitulado PAC, já na segun-da gestão de seu governo, 54% não saíram do papel. E estavam prometidos 12.163 empreendimentos.

Nem conseguiu executar uma primeira fase e do nada, Lula lançou o PAC 2 com a promessa estratosférica de investir R$ 1 trilhão, o que evi-dencia claramente um truque eleitoral visando eleger seu candidato do colete.

Não houve novidade tampouco no dinheiro investido – ele reorganizou orçamentos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) sob controle do BNDES, e os do FGTS, sob comando da Caixa Econômica Federal.

A mágica dos grandes números anunciados é reu-nir num só bolo os valores que serão orçados com os

investimentos previstos pelo setor privado ao lado das es-tatais. Tudo num montante único, como se fora para o eleitor desavisado, investi-mentos feitos com dinheiro do governo. Daí: R$ 1 tri-lhão de sonhos e ilusões.

Já a herança maldita começa pela falta de plane-jamento de médio e longo prazo, pela descontinuida-de na conclusão de obras e projetos e, sobretudo, pelo modo imperial/presidencial de governar. Ao herdar dos governos do PSDB a estabi-lidade econômica e a tran-quilidade obtida com o sucesso do Plano Real, Lula poderia fazer o que se esperava dele: modernizar e fortalecer a economia trazendo para o Congresso e para a sociedade os amplos debates e desafios que se faziam essenciais para o futuro do País – reformas política e tributária, além do aprimoramento da in-serção internacional do Brasil, já solidificando sua posição como liderança macroregional e detentora de democracia plural e absolutamente confiável.

A queda no PIB e na renda da agricultura de-

monstra que Lula ignorou os apelos e gritos do setor, que mostrando pujança é ainda a maior responsável pelo ba-lanço comercial positivo. No setor in-dustrial proveu de recursos fartos em-presas que ampliaram sua participação em setores estratégicos da economia e com isso realizaram uma demasiada concentração empresarial.

A conquista democrática é atacada com o seu modo imperial, ao passar continuadamente um rolo compres-sor no Congresso Nacional, desconsi-derando projetos de lei apresentados por deputados e senadores e enviando medidas provisórias disformes, con-gestionando a pauta do Parlamento e, assim, enfraquecendo-o.

No campo da transparência administrativa pe-cou e muito, permitindo que a corrupção campeasse. Dos seus oito anos, uma leitura clara e sistemática das ações do governo Lula revela que há muito hou-ve o desvio das promessas vãs que iludiram o povo brasileiro. Nos últimos meses há que se preocupar com novos e inesperados truques eleitorais.

Luiz Carlos Hauly é deputado federal pelo PSDB do Paraná. Contato: [email protected]

O desafio da transição é dar continuidade à obra de Lula João Paulo Cunha

Como disse o presidente Lula, mesmo em ano eleitoral, o momento não é de parar, mas sim de trabalhar muito mais para que possa-mos dar continuidade às grandes mudanças que vêm sendo implementadas desde 2003. Esse processo mudou a face do País, alçando-o a um novo patamar no concerto das nações. A agenda inclui o Congresso, que tem proje-tos de extrema importância para a população brasileira, como a democratização do acesso à banda larga, o aumento dos aposentados e do salário mínimo e a própria elaboração do novo Orçamento, para garantir a execução da fase 2 do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que está transformando o Brasil num verdadeiro canteiro de obras.

Para o governo, o PT e os partidos aliados, não há o que mudar daqui pra frente, uma vez que as diretrizes já estão definidas, com obras contratadas. Precisamos consolidar todos os programas que já estavam em andamento e concluir os que precisam e podem ser finalizados. A expectativa é positiva, e estamos seguros de que teremos um ano de grandes êxitos econômicos, a julgar pelos indicadores dos úl-timos três meses, que projetam crescimento acima de 5% e a geração de mais de 2 milhões de empregos.

Seja quem for o vitorioso na escolha para a Presi-dência da República - e esperamos que seja a ex-mi-nistra Dilma Rousseff -, vai encontrar uma herança bendita, não aquele país que em 2002 rastejava frente ao FMI e aos credores internacionais.

Colaboração zero - Nesses meses finais do gover-

no Lula, é de se espe-rar que haja colabora-ção zero da oposição, como vem fazendo desde janeiro de 2003. O curioso, entretan-to, é que, apesar des-sa prática anti-Lula, os mesmos responsá-veis pelo fracasso do governo FHC (1995-2002) agora falam em dar sequência ao bem-sucedido proje-to do governo Lula. Ora, quem não se lembra que, em 2005, tentou-se, com o uso

irresponsável de CPIs e denúncias sem fundamento veiculadas na mídia, garrotear Lula do poder? Uma oposição golpista, no estilo UDN, nunca se conformou com o fato de o governo do PT e aliados conseguirem mudar o Brasil para melhor, jogando na lata de lixo da História as teses e o modelo neoliberal de FHC.

O condomínio PSDB/DEM/PPS tenta fugir às comparações, mas o povo não se deixará iludir pelas falsas promessas de quem sempre o tratou de forma arrogante e elitista. O povo não quer voltar ao Brasil da estagnação econômica, do desemprego, da diploma-cia “tira-sapatos” e do apagão de 2001. O Brasil avan-çou profundamente com o governo do PT e aliados, mas a oposição e boa parte da imprensa insistem em desconhecer essas mudanças positivas. A imprensa internacional, contudo, reconhece que o Brasil vive

um momento extremamente importante em se tratan-do de desenvolvimento e sustentabilidade, colocando o País entre as nações que despertaram de vez para o crescimento, preenchendo aquele que sempre foi o nosso sonho: dizer que o Brasil é o país do futuro.

Sem eixo - Falta um eixo político à oposição. Há uma implicância sequencial contra o PAC, o Bolsa Família, o ProUni e outras iniciativas que têm mudado a face do Brasil. A esquizofrenia é tão grande que uma hora falam que o PAC não existe, outra hora que iriam administrá-lo melhor. O que incomoda as viúvas de FHC e do neoliberalismo é que o governo Lula pro-move a maior sequência de obras de desenvolvimento do País. São obras de infraestrutura portuária, rodovi-ária, ferroviária e energética, entre outras. É natural que, quando se compara esse período de efervescência econômica de desenvolvimento com os oito anos do governo FHC, haja um mal-estar sem precedentes para o discurso da oposição.

O debate comparativo é necessário. Vamos com-parar, sim, as nossas ações de governo, mostrar o que estamos fazendo e o que pretendemos fazer a partir de 2011, com a eleição de Dilma Rousseff. A população quer saber quais são os rumos do nosso crescimento econômico, o que vamos fazer para ampliar nosso comércio exterior, utilizar o pré-sal para nosso de-senvolvimento com justiça social e distribuição de renda. Transição significa, portanto, garantir condi-ções para que esse modelo exitoso tenha sequência e aprofundamento a partir de 2011.

João Paulo Cunha é deputado federal pelo PT de São Paulo e ex-presidente da Câmara dos Deputados. Contato: [email protected]

Em cena, os truques eleitorais de Lula

rodolfo StuCkert

rodolfo StuCkert