acÓrdÃo tcu valdeci cavalcante sesc pi

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 013.714/2011-2 1 GRUPO I CLASSE VII Plenário TC 013.714/2011-2 Natureza: Representação Entidade: Serviço Social do Comércio Administração Regional no Piauí - SESC/AR/PI/MTE. Interessada: Controladoria-Geral da União (CGU) - (05.049.940/0001-99). Responsáveis: Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante (CPF 048.380.683-87). Advogados constituídos nos autos: Márcio Augusto Ramos Tinoco (OAB/PI 3447); Deborah de Oliveira Figueiredo (OAB/DF 35.514), Vicente de Paulo de Moura Viana (OAB/DF 34318); Felipe Sarmento Cordeiro, (OAB/AL 5779); Antonio Perilo de Sousa Teixeira Netto (OAB/DF 21359); Adele Luciane Telles Freitas (OAB/DF 18453) e Guilherme Augusto Fregapani (OAB/DF 34406). SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. SESC/PI. CONHECIMENTO. DILIGÊNCIA. AUDIÊNCIA. PROCEDÊNCIA. IRREGULARIDADES NA NOMEAÇÃO EM CARGO COMISSIONADO EM DESACORDO COM OS PRINCÍPIOS DA IMPESSOALIDADE E DA MORALIDADE, NA ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS E EM PROCESSOS LICITATÓRIOS. REJEIÇÃO DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. MULTA. DETERMINAÇÕES. ARQUIVAMENTO. RELATÓRIO Trata-se de representação do Conselho Fiscal do SESC Nacional, contendo os seguintes documentos: Relatório da unidade de auditoria interna do Conselho Fiscal do SESC (Peça 3); Parecer dos Conselheiros-Relatores sobre o Relatório de Auditoria da unidade de auditoria interna (Peça 5); Relatório elaborado pela Controladoria Regional da União no Estado do Piauí-CGU/PI (Peças 1 e 4), análise da planilha orçamentária e do Projeto de construção do espaço do Mesa Brasil, em Parnaíba. 2. Em instrução inicial (peça 6), a Secex/PI realizou diligência à entidade e, em seguida, peça 15, após exame das informações apresentadas pugnou pela audiência do Sr. Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, Presidente da entidade, havendo submetido o feito ao descortino do Relator, Ministro Aroldo Cedraz. 3. Por intermédio do Acórdão nº 3205/2012-TCU-Plenário, Relação nº 44/2012, Relatoria do Ministro Aroldo Cedraz, o Tribunal conheceu da Representação, considerou-a procedente e determinou a adoção das seguintes providências: 1.7.1. autorizar a audiência do Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante (CPF 048.380.683-87), presidente do SESC/AR/PI, para, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentar razões de justificativa para as seguintes ocorrências: 1.7.1.1. nomeação das empregadas Irlanda Cavalcante de Castro, Marília Costa Arcoverde e Aline Beatriz D. de Carvalho Aguiar, para cargo em comissão, contrariando o

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ACÓRDÃO DO TCU CONDENANDO VALDECI CAVALCANTI A PAGAR R$ 30 MIL POR EMPREGAR PARENTES NO SESC

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  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    1

    GRUPO I CLASSE VII Plenrio TC 013.714/2011-2

    Natureza: Representao

    Entidade: Servio Social do Comrcio Administrao Regional no Piau - SESC/AR/PI/MTE.

    Interessada: Controladoria-Geral da Unio (CGU) -

    (05.049.940/0001-99).

    Responsveis: Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante (CPF

    048.380.683-87).

    Advogados constitudos nos autos: Mrcio Augusto Ramos Tinoco

    (OAB/PI 3447); Deborah de Oliveira Figueiredo (OAB/DF

    35.514), Vicente de Paulo de Moura Viana (OAB/DF 34318);

    Felipe Sarmento Cordeiro, (OAB/AL 5779); Antonio Perilo de

    Sousa Teixeira Netto (OAB/DF 21359); Adele Luciane Telles

    Freitas (OAB/DF 18453) e Guilherme Augusto Fregapani

    (OAB/DF 34406).

    SUMRIO: REPRESENTAO. SESC/PI. CONHECIMENTO.

    DILIGNCIA. AUDINCIA. PROCEDNCIA.

    IRREGULARIDADES NA NOMEAO EM CARGO

    COMISSIONADO EM DESACORDO COM OS PRINCPIOS

    DA IMPESSOALIDADE E DA MORALIDADE, NA

    ALIENAO DE IMVEIS E EM PROCESSOS

    LICITATRIOS. REJEIO DAS RAZES DE

    JUSTIFICATIVA. MULTA. DETERMINAES.

    ARQUIVAMENTO.

    RELATRIO

    Trata-se de representao do Conselho Fiscal do SESC Nacional, contendo os seguintes

    documentos: Relatrio da unidade de auditoria interna do Conselho Fiscal do SESC (Pea 3); Parecer

    dos Conselheiros-Relatores sobre o Relatrio de Auditoria da unidade de auditoria interna (Pea 5);

    Relatrio elaborado pela Controladoria Regional da Unio no Estado do Piau-CGU/PI (Peas 1 e 4),

    anlise da planilha oramentria e do Projeto de construo do espao do Mesa Brasil, em Parnaba.

    2. Em instruo inicial (pea 6), a Secex/PI realizou diligncia entidade e, em seguida, pea

    15, aps exame das informaes apresentadas pugnou pela audincia do Sr. Sr. Francisco Valdeci de

    Sousa Cavalcante, Presidente da entidade, havendo submetido o feito ao descortino do Relator,

    Ministro Aroldo Cedraz.

    3. Por intermdio do Acrdo n 3205/2012-TCU-Plenrio, Relao n 44/2012, Relatoria do

    Ministro Aroldo Cedraz, o Tribunal conheceu da Representao, considerou-a procedente e

    determinou a adoo das seguintes providncias:

    1.7.1. autorizar a audincia do Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante (CPF 048.380.683-87), presidente do SESC/AR/PI, para, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentar

    razes de justificativa para as seguintes ocorrncias:

    1.7.1.1. nomeao das empregadas Irlanda Cavalcante de Castro, Marlia Costa

    Arcoverde e Aline Beatriz D. de Carvalho Aguiar, para cargo em comisso, contrariando o

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

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    artigo 44 do Decreto 61.836/1967, bem como os princpios da imparcialidade, moralidade e

    isonomia;

    1.7.1.2. alienao do imvel mediante leilo sem a realizao de nova avaliao do imvel

    e sem a observncia do prazo de abertura das propostas e da publicao do edital, cujo

    adquirente parente por afinidade do presidente do SESC/PI, desrespeitando a Resoluo SESC

    1.102/2006, artigo 5, 1 c/c 41, bem como os princpios da legalidade, impessoalidade e

    moralidade;

    1.7.1.3. inobservncia ao regulamento de licitaes da entidade, decorrente da realizao

    de convite sem a respectiva elaborao de estimativa de custo e por dar continuidade ao

    certame com apenas uma nica proposta apresentada, em claro desrespeito ao disposto no

    inciso II, artigo 5, Resoluo 1.102/2006;

    1.7.1.4. abertura das propostas do convite em data anterior prevista no instrumento de

    publicao, restringindo o carter competitivo da licitao, contrariando o artigo 5, 1 c/c o

    art. 41 da Resoluo 1.102/2006;

    1.7.1.5. falhas no procedimento de locao do imvel Complexo do Restaurante do SESC,

    relativas falta de avaliao prvia do imvel; divergncia entre o valor da proposta e o

    conveniado e empresas participantes com mesmo endereo, em clara afronta ao inciso VI, do

    artigo 9, da Resoluo 1.102/2006;

    1.7.1.6. existncia de vnculo societrio entre a empresa contratada em dispensa de

    licitao e o dirigente da entidade, burlando os artigos 2 e 39 da Resoluo 1.102/2006 e os

    princpios da imparcialidade, moralidade e isonomia;

    1.7.1.7. desvio de finalidade na doao de alimentos adquiridos mediante dispensa de

    licitao, em clara ofensa aos artigos 1 e 34 do Decreto 61.836/1967;

    1.8. determinar a constituio de processo apartado, constitudo da pea 2 e de cpia da pea 5 dos presentes autos, com vistas instaurao de tomada de especial, com fulcro no

    artigo 252 do Regimento Interno do TCU, c/c o artigo 43 da Resoluo TCU 191/2006,

    objetivando a apurao dos fatos, identificao dos responsveis, quantificao do dano

    e obteno do ressarcimento, relativamente aos indcios de sobrepreo na construo do Espao

    Mesa Brasil em Parnaba/PI;

    1.9. encaminhar ao responsvel cpia da instruo constante da pea 16 dos autos, como

    subsdio audincia;

    1.10. alertar ao responsvel de que, nos termos do 8 do artigo 202 do Regimento

    Interno, o responsvel que no atender audincia ser considerado revel pelo Tribunal, para

    todos os efeitos, dando-se prosseguimento ao processo.

    4. Posteriormente, por meio do Acrdo, n 1283/2013-TCU-Plenrio (Relao 18/2013 -

    Relator - Ministro Aroldo Cedraz), o Tribunal retifica a deliberao precedente, nos seguintes termos. Os ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em sesso de Plenrio, ACORDAM,

    por unanimidade, com fundamento no artigo 143, inciso V, alnea d, do Regimento Interno, c/c o enunciado 145 da Smula de Jurisprudncia predominante do Tribunal, em retificar, por inexatido

    material, o Acrdo 3205/2012 TCU Plenrio, prolatado na sesso de 28/11/2012, Ata 49/2012, relativamente ao subitem 1.1, de modo que onde se l: Representante: Alexandre Miranda Pinto (CPF 014.389.227-03), leia-se: Representante: Conselho Fiscal do Sesc Nacional, mantendo-se inalterados os demais termos do acrdo ora retificado, de acordo com os pareceres emitidos nos

    autos.

    5. Ao examinar as razes de justificativa, a unidade tcnica produziu instruo de pea n 44,

    cuja essncia da anlise reproduzo a seguir, com os ajustes de forma que entendo pertinentes:

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    EXAME TCNICO 14. Em cumprimento ao Acrdo n 3205/2012-TCU-Plenrio (pea 18), foi

    promovida a audincia do Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, por meio do Ofcio

    101/2013-TCU/SECEX-PI, de 28/1/2013, encaminhado a seu procurador (pea 23).

    15. O responsvel tomou cincia do aludido ofcio, em 6/2/2013, conforme aviso de

    recebimento de pea 28.

    16. As razes de justificativa e documentao complementar foram apresentadas

    aps pedido de vista/cpia dos autos e concesso (peas 23, 35, 37, 38, 40), as quais podem ser

    vistas nas peas 30 a 33, e 36, cuja anlise ser feita na sequncia.

    Preliminar

    17. Preliminarmente, o responsvel alega a ilegitimidade das partes para

    representar junto ao TCU ou a qualquer rgo judicante contra qualquer Administrao

    Regional ou Membro de Direo Nacional do Sesc, sob o argumento de que compete apenas ao

    Presidente do Conselho Nacional do Sesc, conforme disposto no artigo 20, alnea b do Decreto 61.836/1967 (Regulamento do Sesc).

    18. Na interpretao do dispositivo acima mencionado, o responsvel assegura que

    o Conselho Fiscal pode representar somente ao Conselho Nacional do Sesc sobre qualquer

    irregularidade nas administraes regionais; portanto, houve uma flagrante ilegitimidade ativa

    ad causa na presente Representao, razo pela qual deve ser imediatamente arquivada, sob pena de nulidade absoluta, tendo em vista que o artigo 20 do Decreto n. 61.836/67 taxativo

    quanto competncia do Conselho Fiscal, no o legitimando para propositura de

    representaes perante a qualquer rgo da Justia ou Tribunal de Contas. No seu entendimento, o Conselho Fiscal apenas emite parecer a ser apreciado pelo Conselho Nacional

    e, caso este o aprove, adotar as providncias legais cabveis.

    19. Em suma, o defendente conclui o seguinte:

    a) que o rgo superior do SESC, o Conselho Nacional, nos termos do artigo 13 do Regulamento do SESC, cuja Representao cabe ao Presidente do Conselho Nacional, com

    funo normativa superior, com poderes de inspecionar e intervir, correcionalmente em qualquer setor institucional da entidade...;

    b) que houve quebra de hierarquia, uma vez que estando a Administrao do Piau sub

    examine do Conselho Nacional (rgo mximo), alm da falta de legitimidade de empregados

    ou membros do Conselho Fiscal para se reportar oficialmente ao TCU em nome do SESC,

    tambm no poderiam fazer qualquer Representao visto que seria necessrio aguardar

    deciso daquele rgo Superior, sobre se ocorreu alguma irregularidade na Administrao do

    SESC/PI, em apurao;

    c) que V. Exa., pode observar que no se materializou o famigerado desejo do Presidente

    do Conselho Fiscal, que era a interveno na Administrao Regional do SESC/PI, que continua

    realizando uma gesto de progresso, crescimento e dentro da extrema legalidade. 20. Ainda em sede preliminar, aduz o responsvel que cabe ao Conselho Fiscal

    emitir pareceres opinativos e conclusivos sobre as prestaes de contas das Administraes

    Regionais, e quem tem a legitimidade para aprov-las o Conselho Regional de cada

    Administrao, dentre as atribuies conferidas pelo artigo 25 do Decreto 61.836/1967, o qual

    aprovou todas as contas da Administrao Regional do Piau, por unanimidade, como comprova

    o documento de pea 30, p. 39-73. Igualmente, o fez o Conselho Fiscal da Administrao

    Regional do Piau e do Sesc Nacional, com relao s contas do perodo abrangido pelo

    relatrio da CGU (2006 a 2010); revelando, no mnimo, uma contradio (mesma pea, p. 75-

    100). A prpria CGU/PI (mesma pea, p. 11), o Diretor de Auditoria de Pessoal, Previdncia e

    Trabalho da Secretaria Federal de Controle Interno da CGU (mesma pea, p. 11), o Ministro de

    Estado do Desenvolvimento Social e Combate Fome (mesma pea, p. 11), evidenciando que

    no h qualquer ato ilegal, ilegtimo ou antieconmico capaz de macular a sua gesto. Afirma

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

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    que mesmo gerindo um grande volume de recursos, cerca de R$ 50.000.000,00 em 2013, na

    devassa feita em suas contas no perodo acima mencionado, no existe nenhuma acusao de

    malversao de verbas, improbidade, desvio ou apropriao de recursos. Se erros formais

    existem, perfeitamente compreensvel em administrao do porte de uma Regional do Sesc

    que, no Piau pode at existir, mas no na gravidade que o presidente do Conselho Fiscal quer

    fazer transparecer.

    21. Na sequncia, enaltece a sua administrao, afirmando que sempre a pautou na

    abertura ao dilogo, s crticas e sugestes, visando correo de falhas, bem como ressalta a

    ampliao dos servios prestados pelo Sesc que, segundo ele, nas administraes anteriores

    funcionava apenas em Parnaba e Teresina, mesmo assim, em sedes deterioradas e, atualmente,

    atua em quase todo o estado do Piau, inclusive nas cidades mais carentes, prestando servios

    populao mais pobre de toda a federao, permitindo atingir cerca de 155 municpios. Os

    prdios antigos foram reformados, houve construo de novos, com recursos prprios e outros

    do Departamento Nacional. E, mesmo com todo o investimento, o Sesc desfruta de uma sade

    financeira nunca vista antes, com destaque nacional, fruto de uma administrao austera,

    espartana, firme e eficaz.

    22. Neste aspecto, afirma que quando assumiu a presidncia do Sesc em junho de

    2002, o resultado financeiro do exerccio anterior era negativo, na ordem de R$ 1.079.000,00,

    isso em valores de mais de 10 anos atrs, onde o Patrimnio Lquido Acumulado era de R$

    8.210.521,85, patrimnio esse acumulado em 50 ANOS DE HISTRIA DO SESC EM NOSSO ESTADO, hoje, dez anos depois que assumiu a presidncia da entidade, o patrimnio acumulado, conforme a Anlise da Unidade de Auditoria Interna, quase 13 vezes superior, na

    ordem exata de R$ 104.148.366,50, e as reservas financeiras ultrapassam R$ 24.000.000,00, o

    que demonstra o compromisso do gestor e a sua habilidade em gerir os recursos, bem como a

    correta aplicao dos mesmos (pea 30, p. 103-104). Relaciona ainda as obras iniciadas e a

    iniciar nos exerccios de 2012 e 2013.

    23. Segundo o defendente, em razo de seu esforo e dedicao, comprovados

    pelo resultado demonstrado acima, que o Departamento Nacional do Sesc (DN) vem atendendo

    a todas as demandas do Piau, cuja Regional vem se consagrando dentre a que mais recebe

    ajuda do aludido departamento. E, se no fossem essas qualidades, nada disso seria possvel,

    tendo em vista que at o ano de 2002 o estado do Piau no arrecadava, sequer, para pagar a

    sua folha de pagamento.

    24. Continua, aduzindo que pela sua capacidade de trabalho, histria de luta e boa

    reputao que chamado para assumir postos relevantes em diversos entes da sociedade civil

    organizada, como a Governadoria do Lions Internacional dos Estados do Piau, Par, Amap e

    Maranho; Presidente do Conselho Estadual do Projeto Rondon e todos os cargos relevantes

    junto ao Grande Oriente do Brasil, no estado do Piau, alm de 14 ttulos de cidadania,

    incluindo Teresina.

    25. Por conta desse seu destaque despertou em alguns polticos de partidos

    governistas, aliados com outros do governo federal, a tentativa de elimin-lo de qualquer

    participao em atividade poltica partidria. Nesse contexto, inconformado com as situaes

    que levavam o estado do Piau a uma situao catica, passou a ser uma voz insurgente contra

    diversas medidas polticas consideradas por ele inapropriadas e inadequadas para com o

    empresariado, assumiu a presidncia do Partido Democrata (DEM) no estado do Piau,

    causando problemas ao Sr. Carlos Gabas, porque elegeu mais prefeitos, vice-prefeitos e

    vereadores que o partido poltico desse senhor, no caso, o PT, que governava o Piau h seis

    anos, sendo esse o ponto de partida para que se iniciasse uma srie de denncias vazias de

    sindicato ligado a outras entidades (CUT e PT), s quais pertence o atual presidente do

    Conselho Fiscal, Ministro da Previdncia poca (atualmente Vice-Ministro), condio esta

    que motivou determinao de que a CGU fizesse uma fiscalizao rigorosa no Sesc/PI (pea

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

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    30, p. 106). Nesse contexto, o Presidente da Repblica, poca, em declarao

    antidemocrtica disse que precisava extirpar o DEM da poltica brasileira (Revista Veja, mesma pea p. 109).

    26. Finalmente, aduz que em razo de a CGU no encontrar nenhuma

    irregularidade, elaborou um dossi cheio de falsidades, calnias e difamaes, as quais no

    prosperaram, e o Ministro da Previdncia no conseguiu que o Conselho Nacional do Sesc

    intervisse na Administrao Regional do Piau. Inconformado com o resultado da Comisso de

    Inqurito instalada pelo aludido Conselho, o Sr. Gabas vem patrocinando novos ataques a sua

    pessoa, tanto dentro do Conselho Fiscal por ele presidido quanto fazendo falsas

    denncias/representaes.

    Anlise tcnica

    27. Quanto alegao de falta de competncia do Conselho Fiscal do Sesc para

    interpor representao junto esta Corte de Contas, o MP/TCU analisando os normativos do

    Sesc em consonncia com o Regimento Interno desta Corte de Contas, concluiu que o aludido

    colegiado tem legitimidade para representar junto ao TCU (pea 27), portanto, considera-se

    desnecessrio deter-se nesta questo, remetendo leitura daquele parecer.

    28. Quanto s questes polticas alegadas pelo responsvel, cabe repetir a ressalva

    constante da instruo de pea 15, de que a anlise procedida por este Tribunal extremamente

    tcnica, baseada nas evidncias constantes dos autos e luz da legislao que rege os temas

    suscitados na pea delatria, bem como na jurisprudncia deste Corte. Ressalta-se, tambm, que

    a existncia de avano dos servios prestados pelo Sesc, bem como o aumento do seu patrimnio

    lquido, embora seja bastante louvvel, no significa a inexistncia de atos contrrios s normas

    legais. O objetivo maior de um gestor de recursos fiscais e parafiscais deve ser a prestao de

    servios pblicos eficientes e eficazes, de modo a beneficiar a sociedade de forma imparcial e

    isonmica, em uma gesto transparente que observe os princpios e preceitos que regem a

    administrao de tais recursos, evitando-se, assim, o favorecimento de terceiros em detrimento

    do poder pblico e da coletividade.

    29. Com relao s ocorrncias objeto da audincia, encaminhada por meio do

    Ofcio n. 101/2013-TCU/SECEX-PI, de 28/1/2013, foram apresentadas as razes de justificativa

    sintetizadas nos pargrafos seguintes.

    30. Irregularidade: nomeao das empregadas Irlanda Cavalcante de Castro,

    Marlia Costa Arcoverde e Aline Beatriz D. de Carvalho Aguiar, para cargo em comisso,

    contrariando o artigo 44 do Decreto 61.836/1967, bem como os princpios da imparcialidade,

    moralidade e isonomia (pargrafo dcimo segundo da instruo de pea 15);

    30.1 Razes de justificativa: o responsvel argumenta que o Sesc tem natureza

    jurdica de direito privado, submetendo-se s normas que o regem e, conforme decises recentes

    do TST e do prprio TCU, as entidades do Sistema S no esto obrigadas a realizar concurso pblico para a admisso de empregados, mas, apenas a uma seleo simplificada composta por

    prova escrita e de ttulos e anlise curricular. Neste contexto, a implementao do processo

    seletivo ocorreu em sua gesto, evitando apadrinhamentos, e nunca foi questionado

    administrativo ou judicialmente, nem, tampouco, objeto de anotao de irregularidade pelo

    Conselho Fiscal do Sesc, pela CGU ou pelo TCU. Para comprovar as suas afirmaes,

    encaminha os processos de seleo, os quais se encontram na pea 30, p. 111-121; pea 31, p.

    1-37.

    30.1.1 Discorda da informao constante do Relatrio de Auditoria Especial n.

    253753-CGU/PI de que houve inobservncia do artigo 44 do Regulamento do Sesc na admisso

    de parente at o 3 grau civil para o quadro de pessoal da Administrao Regional do Sesc,

    pois, segundo ele, o crescente nmero de empregados da Regional, a rotatividade dessa mo de

    obra, bem como a constante realizao de processo seletivo dificultam impedir que qualquer

    pessoa aprovada nos exames de admisso de pessoa seja contratada; dificuldade essa

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

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    decorrente do fato de apenas as contrataes sem teste seletivo que so alcanadas pelo artigo

    50 da Resoluo do Sesc, que trata da admisso com grau de parentesco, pois, agir

    contrariamente, ferir a prpria Constituio Federal, impedindo que pessoas qualificadas e

    competentes sejam contratadas, mesmo aprovadas na seleo de pessoal.

    30.1.2 Argui, ainda, que mesmo tentando dar cumprimento Resoluo do Sesc, no

    sentido de impedir que parentes participassem do teste seletivo, algumas pessoas recorreram

    justia e tiveram suas inscries efetivadas e foram aprovadas, obrigando o Sesc a contrat-las.

    Defende-se, tambm, assegurando que no pode impedir a inscrio de interessados em

    participar dos testes seletivos pblicos, pois, quando o fez, foi interpelado judicialmente por

    algumas pessoas interessadas, obrigando a entidade aceitar as inscries.

    30.1.3 Com relao admisso das Sras. Irlanda Cavalcante de Castro, Marlia Costa

    Arcoverde e Aline Beatriz D. de Carvalho Aguiar, para os cargos em comisso, salienta que no

    fere o disposto no artigo 44 da Resoluo do Sesc, pois a proibio ali contida no se refere a

    cargos dessa natureza, e as referidas empregadas foram admitidas por meio de processo

    seletivo legtimo. No caso da Sra. Irlanda, segundo ele, a sua admisso ocorreu na gesto do Sr.

    Lucimar Veiga de Almeida, muito antes da assuno na Presidncia; portanto, no h qualquer

    impedimento, como demonstra a Portaria datada de 1/8/1997 (pea 30, p. 112-114).

    30.1.4 Assegura que a prpria CGU reconheceu, no Relatrio de Auditoria Especial n.

    253753, que no houve irregularidade na contratao da empregada supra, pois, mesmo sendo

    sua sobrinha, foi admitida antes dele se tornar Presidente. Salienta, tambm, que a Sra. Irlanda

    apenas efetivou-se como Diretora Regional em 1/9/2007, mas j havia assumido este cargo

    outras vezes em razo de ser a Diretora Financeira, situao essa conhecida pelo representante

    (Conselho Fiscal), o qual no opinou pela irregularidade ou ilegalidade da nomeao da

    empregada para o cargo de Direo, nos pareceres de 2007, 2008 e 2009, porque efetivamente

    ilegalidade no h.

    30.1.5 Quanto a Sra. Marlia Costa Arcoverde, ressalta que a sua admisso ocorreu

    por meio do Processo Seletivo 009/2005, realizado pelo Sesc/PI, observando as regras vigentes

    e, na poca, inexistia relao de parentesco, mesmo que por afinidade, pois somente contraiu

    npcias com o seu filho em 17/11/2006 (pea 31, p. 12); sendo descabida a acusao de

    irregularidade neste ponto. Relembra que o Conselho Fiscal ao analisar as contas anuais de

    2006 a 2008 no apontou nenhuma irregularidade.

    30.1.6 No que diz respeito a Sra. Aline Beatriz Dantas de Carvalho Aguiar, o

    argumento de que a sua inscrio para o teste seletivo decorreu de deciso judicial e, devido

    sua aprovao, a sua contratao foi obrigatria.

    30.1.7 Conclui, afirmando a inexistncia de qualquer irregularidade na contratao

    das empregadas em foco, especialmente no que diz respeito nomeao para os cargos em

    comisso, uma vez que, diferentemente da alegao de que feriu o artigo 44 do Decreto

    61.836/67, a regulamentao para preenchimento de cargos em comisso no necessita, sequer,

    de processo seletivo, nos termos do inciso I, do artigo 14, do Decreto 1.163/2008, o qual dispe

    que o preenchimento das vagas das funes de confiana independe de processo seletivo; desse

    modo, entende que a presente representao deve ser arquivada, pois se trata de perseguio

    por parte do ento Ministro da Previdncia e Presidente do Conselho Fiscal do Sesc, o qual

    determinou aos servidores da CGU que realizassem auditoria rigorosa nas contas da Regional

    e, somente aps isso, foi que as irregularidades foram apontadas, antes disso, o prprio

    Conselho Fiscal jamais apontou qualquer irregularidade, especialmente com relao

    contratao de pessoal.

    30.2 Anlise tcnica: com efeito, as entidades do Sistema S no esto obrigadas a realizar concurso pblico nos moldes no artigo 37, inciso II, da CF/88; e a CGU considerou

    regular a contratao da Sra. Irlanda Cavalcante de Castro, uma vez que se deu antes do seu

    tio, Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, assumir a presidncia do Sesc-AR/PI. A Sra.

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    7

    Marlia Costa Arcoverde foi contratada antes de contrair npcias com o filho do responsvel e a

    Sra. Aline Beatriz Dantas de Carvalho Aguiar recorreu justia para realizar o teste seletivo,

    no qual obteve aprovao. Dessa forma, a pretensa irregularidade foi superada na anlise

    anterior (instruo de pea 15); no obstante, as nomeaes para os cargos em

    comisso/funo comissionada restaram pendentes, e por este motivo realizou-se audincia.

    30.2.1 Para as nomeaes ad nutum, a argumentao do responsvel se fundamentou

    no artigo 44 do Decreto 61.836/1967, no artigo 50 do Regimento Interno do Sesc (Resoluo

    CNC 24/68, SESC 82/68), bem como no inciso I do artigo 14, da Resoluo SESC DN

    1.163/2008.

    30.2.2 Neste sentido, o gestor alega que a proibio constante do artigo 44 acima, qual

    seja: a no admisso para o quadro de pessoal do Sesc de parentes at o terceiro grau civil do

    Presidente ou dos membros, efetivos e suplentes, do Conselho Nacional e Conselho Fiscal ou

    dos Conselhos Regionais do Sesc ou do Senac, dos servidores, dirigentes de entidades sindicais

    ou civis do comrcio, patronais ou de empregados, aplica-se somente aos cargos efetivos. Com

    relao ao artigo 50 do Regimento Interno do Sesc salienta ser este o que trata dos cargos sem

    teste seletivo. J o inciso I, do artigo 14, da Resoluo Sesc DN 1.163/2008 estabelece que os

    cargos em comisso independem de seleo.

    30.2.3 A propsito das normas suscitadas pelo defendente, os artigos 45 e 50

    mencionados acima tm redaes praticamente idnticas, e a proibio no faz distino entre

    cargo efetivo e comissionado, o que, a rigor, seria tanto um quanto o outro; no obstante, deve-

    se levar em considerao que normas em referncia foram editadas antes da promulgao da

    Constituio Federal vigente, razo do descompasso entre elas e a Carta Magna Federal;

    portanto, a interpretao dos citados normativos deve ser no sentido de guardarem com ela

    consonncia.

    30.2.4 A par da inferncia supra, razovel o raciocnio da defesa de que deixar de

    admitir pessoas qualificadas e competentes, aos quais foram aprovadas em testes seletivos, em

    razo de serem parentes at o terceiro grau dos membros e/ou empregados da entidade, no se

    coaduna com os dispositivos constitucionais.

    30.2.5 Por outro lado, e ainda com esteio na constituio, no possvel admitir que

    as normas mencionadas permitam a contratao de parentes at o terceiro grau civil de

    membros ou empregados e entidades do Sistema S para cargos em comisso, porque se a norma interna do Sesc probe a contratao dessas pessoas por meio de teste seletivo, em que h

    competio entre os interessados, a priori, em igualdade de condies, partindo-se do

    pressuposto de que existam regras claras e objetivas, capazes de garantir a observncia do

    princpio da isonomia, bem como afastar qualquer tipo de favorecimento, com muito mais razo

    se aplica aos cargos de livre nomeao e exonerao. Apenas mitiga-se o rigor da norma para

    os cargos efetivos, luz da regra constitucional, bem como a existncia de deciso judicial,

    conforme consta dos autos (pea 31, p. 16-18)

    30.2.6 Alm disso, embora tanto o TST quanto o TCU admitam que as entidades do

    Sistema S no se submetem s regras do artigo 37, inciso II, da Constituio Federal, inferem o dever de observncia aos princpios da moralidade, impessoalidade e isonomia. Este o

    entendimento jurisprudencial desta Corte de Contas (Deciso 907/1997-P; Acrdos

    2.013/2003, 2.371/2003, 2.314/2004; 2.073/2004; 146/2007- 1 Cmara; 629/2001, 1.120/2003,

    1.224/2003 1.427/2003, 2.452/2004, 2.542/2004-2 Cmara; 1461/2006-Plenrio), cuja

    premissa a de que as entidades em tela prestam servios de interesse pblico ou social e so

    beneficiadas com recursos oriundos de contribuies parafiscais pelos quais ho de prestar

    contas sociedade.

    30.2.7 A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou

    por afinidade, at o terceiro grau para cargo em comisso e funo comissionada de membros

    de poder, no mbito da administrao pblica, configura nepotismo, disciplinado na Smula

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    8

    Vinculante do STF n. 13; no Decreto 7.203/2010 (Regimento Interno do STF), Resoluo n.

    7/2005 do Conselho Nacional de Justia e Lei n. 9.427/1996 (Regime Jurdico dos Servidores do

    Poder Judicirio da Unio) e, de certa forma, no Regulamento do Sesc, quando no artigo 44,

    indistintamente, probe a admisso de servidores no quadro de pessoal do Sesc, no grau de

    parentesco mencionado, de membros ou empregados da entidade.

    30.2.8 Embora as empregadas em questo pertenam ao quadro efetivo da

    Administrao Regional do Sesc/PI; foram nomeadas, na gesto do Sr. Francisco Valdeci de

    Sousa Cavalcante, para os seguintes cargos/funes comissionados.

    a) Irlanda Cavalcante de Castro (sobrinha do Sr. Francisco Valdeci - Presidente do Sesc-

    AR/PI) Diretora Regional, nomeada em 1/9/2007 (Portaria 033/2007, pea 13, p. 108 e 110); b) Marlia Costa Arcoverde (nora do Sr. Francisco Valdeci - Presidente do Sesc-AR/PI) -

    Consultora da Presidncia, nomeada em 1/5/2010 (Portaria 18/2010, pea 13, p. 124);

    c) Aline Beatriz D. de Carvalho Aguiar (irm de servidora e sobrinha de conselheiro) -

    Assessora de Planejamento e Desenvolvimento, nomeada em 3/5/2010.

    30.2.9 luz dos dispositivos acima e com base nos elementos constantes dos autos,

    verifica-se que as empregadas em questo foram favorecidas pelo Sr. Francisco Valdeci de

    Sousa Cavalcante, na presidncia do Sesc/PI, tendo em vista que as nomeaes para os

    cargos/funes comissionadas por elas exercidos ocorreram em sua gesto, caracterizando

    possvel nepotismo, em claro desrespeito aos artigos 44 do Decreto 61.836/1967 e 50 do

    Regimento do Sesc (Resoluo CNC n 24/68 SESC n 82/68), bem como aos princpios

    constitucionais da moralidade, impessoalidade e isonomia; em vista disso, as razes de

    justificativas no podem ser acatadas, devendo ser determinada a adequao do quadro de

    funes de confiana do Sesc-AR/PI ao princpio da impessoalidade, bem como ao disposto na

    Smula Vinculante n. 13/STF.

    31. Irregularidade: alienao do imvel mediante leilo sem a realizao de nova

    avaliao do imvel, sem a observncia do prazo de abertura das propostas e da publicao do

    edital, cujo adquirente parente por afinidade do presidente do SESC/PI, desrespeitando a

    Resoluo SESC 1.102/2006, artigo 5, 1 c/c 41, bem como os princpios da legalidade,

    impessoalidade e moralidade (pargrafo dcimo sexto da instruo de pea 15).

    31.1 Razes de justificativa: a defesa nega a existncia de irregularidade, afirmando

    que se trata de denncia vazia e descabida, sem nenhuma comprovao, revelando a m f do

    representante. Lembra o responsvel que a venda foi realizada pelo Departamento Nacional do

    Sesc, o qual anuiu, inclusive, o valor. Segundo ele, o Departamento Regional do Piau foi

    apenas procurador; logo se tivesse alguma irregularidade, o Departamento Nacional no teria

    autorizado a venda, nem concordado com o valor (pea 31, p. 85).

    31.1.1 Segue argumentando que o artigo 39 da Resoluo 1.102/2006 do Conselho

    Nacional do Sesc no impede a participao de qualquer pessoa em leilo pblico para

    alienao de imveis (exceto o dirigente ou empregados da entidade), no qual foi garantida a

    devida publicidade, mediante publicao do edital em jornal, respeitando as normas do Sesc. A

    prpria CGU esclarece, no artigo 7 de sua Cartilha sobre Entendimentos do Controle Interno

    Federal e sobre a Gesto dos Recursos das Entidades do Sistema S que as entidades dessa natureza no esto obrigadas a observarem a Lei 8.666/1993, regendo-se pelos seus prprios

    regulamentos, a no ser no caso de ausncia de norma especfica ou de dispositivo que

    contrarie os princpios gerais da Administrao Pblica, relativos licitao, ou que norteiam a

    execuo da despesa pblica.

    31.1.2 Continua, asseverando que no presente caso, o adquirente sobrinho do

    Presidente do Sesc-AR/PI e irmo da Diretora Regional; no empregado, tampouco, dirigente

    do Sesc, como comprova o documento de pea 31, p. 63-72; portanto, descaracterizada a

    irregularidade, tendo em vista que no h proibio na legislao do Sesc. Acrescenta que

    sendo o Sesc uma pessoa jurdica de direito privado, submete-se as regras que norteiam o setor,

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    9

    cabendo a mxima de que: no direito privado o que no proibido permitido, contrariamente

    do direito pblico, em que, o que no permitido proibido.

    31.1.3. Acerca do valor da alienao, reverbera ser uma leviandade e falta grave cometidas pelo Sr. Gabas ao afirmar que a venda foi inferior ao valor de mercado, tendo em vista que foi feita uma avaliao e, posteriormente, submetida apreciao dos Conselhos

    Regional e Nacional do Sesc (pea 31, p. 48). Neste caso em especfico, assegura que em razo

    de o Sesc arcar, poca, com despesas de manuteno, vigilncia, gua e luz, a um custo anual

    aproximado de R$ 50.000,00, considerou a venda mais vantajosa para a entidade,

    especialmente porque a finalidade para a qual o imvel foi adquirido, que era a construo de

    uma creche, perdeu a razo de ser, pois, devido a construo de dois viadutos paralelos ao

    imvel e a instalao de uma metalrgica bem em frente, a creche foi construda em outro local.

    Some-se a isto, a m qualidade da construo existente na poca. Todos esses fatores levaram

    desvalorizao do imvel, comprovada pela falta de interessados. Segundo ele, contatou, por

    diversas vezes, pessoas fsicas e jurdicas para participarem do certame; no obstante, apenas o

    proprietrio da Imobiliria J. Castro Ltda., uma das maiores do estado do Piau, Sr. Janes

    Cavalcante Castro, participou do leilo, tendo, inclusive, feito mau negcio, uma vez somente o

    alugou 01 (um) ano aps a aquisio e, quando o fez, foi por apenas R$ 2.000,00 mensais, com

    mais um ano de carncia (pea 31, p. 80-83).

    31.1.4 Reafirma que a competncia legal para a alienao de imveis do

    Departamento Nacional do Sesc, tanto assim, que atravs da Deliberao Sesc do Conselho

    Nacional n. 09/2008, de 6/3/2008, autorizou a venda pelo valor mnimo de R$ 245.804,88 (pea 31, p. 85), demonstrando ter havido, de fato, a desvalorizao, uma vez que o preo adquirido

    em 2006 foi R$ 257.843,23, e o lance vencedor foi acima do valor mnimo estabelecido, de R$

    249.100,00.

    31.1.5. Indaga, ainda, o responsvel, que se houve a devida publicidade, como se pode

    afirmar a existncia de favorecimento desta ou daquela pessoa? E afirma que se realmente

    tivesse existido desvalorizao do imvel teriam comparecido ao leilo outros interessados, haja

    vista a publicao em jornal de grande circulao. Para comprovar a alegada desvalorizao,

    anexa avaliao feita pela prefeitura em 18/2/2013 que, conforme alegado, o valor de R$

    275.329,77 inclui todas as reformas feitas pelo inquilino, autorizada pelo proprietrio (pea 31,

    p. 77-78).

    31.1.6 Conclui, afirmando que os autos demonstram que o certame ocorreu dentro da

    regularidade, sendo observados todos os termos da Resoluo Sesc n. 1.102/06, respeitado o

    prazo de 15(quinze) dias para abertura dos envelopes e o certame foi amplamente divulgado atravs de publicao em jornal de grande circulao (pea 31, p. 61), fixao em murais da instituio, dentre outras medidas, razo pela qual se pode constatar que no houve qualquer

    vcio que maculasse o procedimento, ou mesmo causar prejuzos ao Sesc. Ao final, reverbera

    que as acusaes do empregado do Sesc, a mando do Sr. Gabas, so levianas e desrespeitam as

    normas superiores do rgo mximo da entidade, que o Conselho Nacional do Sesc.

    31.2 Anlise tcnica: antes de tecer a anlise sobre as justificativas apresentadas,

    convm descrever as ocorrncias apontadas no Relatrio da CGU sobre alienao do imvel em

    foco, localizado na Rua Santa Catarina, 301, Ilhotas - Teresina/PI, realizada por meio do Leilo

    001/2008, de 15/4/2008, como segue:

    a) ausncia de reavaliao do imvel na poca da alienao: na reunio do

    Conselho Regional do SESC/PI, em 30/1/2008, informou-se como valor mnimo de venda a

    importncia de R$ 245.804,88, mdia da avaliao realizada pela Prefeitura Municipal de

    Teresina (R$ 271.468,36 1/9/2006) e pela Caixa Econmica Federal (R$ 182.011,70 - 5/11/2003). Ocorre que alm de as avaliaes terem ocorrido em anos distintos, intervalo de

    quase trs anos, a mdia comunicada na aludida reunio diverge da apurada (R$ 226.740,03).

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    10

    A venda foi efetuada em 2008, sem que tivesse havido nova avaliao, contrariando o disposto

    no inciso III, do artigo 6, da Resoluo SESC 1.102/2006;

    b) valor de venda do imvel abaixo do preo de aquisio pelo SESC em 2006:

    o lance vencedor foi de R$ 249.100,00, ofertado pelo Sr. Janes Cavalcante Castro. No

    obstante, o referido imvel foi comprado pelo SESC/PI, em 24/4/2006, pelo valor de R$

    257.843,23, conforme Certido de Registro de Imveis, Matrcula n. 20.482, Ficha 01, Livro 02,

    do Cartrio Joo Crisstomo 1 Ofcio de Notas e Registro de Imveis; desta forma, a venda ficou abaixo do preo de aquisio em R$ 8.743,23;

    c) inobservncia do prazo de abertura da proposta e publicao do extrato do

    edital: o extrato do Edital Leilo n. 01/2008, com previso de abertura das propostas para o dia

    15/4/2008, foi publicado no jornal O Dia de 1/4/2008, portanto, 14 dias corridos da publicao, contrariando o prazo de 15 dias previsto na Resoluo SESC/CN n. 1.102/2006,

    1 do art. 5 e o caput do art. 41.

    d) existncia de parentesco entre o adquirente do imvel e o Presidente e

    Diretora Regional da AR/SESC/PI: participou do leilo apenas o Sr. Janes Cavalcante de

    Castro, o qual apresentou o lance no valor de R$ 249.100,00. Segundo consta na Ata de

    abertura do Leilo n 01/2008, de 15/4/2008, os membros da Comisso Especial de Licitao,

    aps habilitar o nico participante do leilo, decidiram abrir o envelope contendo a proposta,

    alegando, assim, evitar maiores gastos com publicidade que, por certo, no faria comparecer

    novos licitantes. Verificou-se que o arrematante sobrinho do Presidente e irmo da Diretora

    Regional do Sesc/PI. O arrematante foi scio da Empresa Parnatur Hotis e Turismo Ltda.

    (CNPJ 11.641.735/0001-10) no perodo de 14/7/2005 a 7/1/2009. A sua sada da sociedade

    coincidiu com a entrada do Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, presidente do Sesc/PI,

    que, por sua vez, retirou-se da mesma em 11/1/2010. Atualmente, no citado imvel, funciona o

    escritrio de advocacia VC Valdeci Cavalcante - Advocacia e Assessoria, pertencente ao

    presidente do Sesc-AR/PI.

    31.2.2 Diante dos fatos descritos acima, no resta dvida de que foram desrespeitados

    o inciso III, do artigo 6, e o 1 do artigo 5 c/c o artigo 41 da Resoluo Sesc 1.102/2006 (as

    alienaes de bens sero sempre precedidas de avaliao, e na contagem de prazos ser

    excludo o dia do incio e includo o do vencimento, respectivamente), uma vez que a mdia de

    avaliaes ocorridas em 2003 e 2006 no pode servir de base para uma venda realizada em

    2008, e entre a publicao do edital, ocorrida em 1/4/2008, e abertura em 15/4/2008, correram

    apenas 14 dias consecutivos, quando, de acordo com a regra mencionada, o mnimo de 15

    dias.

    31.2.3 Quanto alegao de que o artigo 39 da Resoluo supra probe apenas a

    contratao de dirigentes ou empregados da entidade, portanto no h irregularidade na

    participao do seu sobrinho no processo, de fato, prospera. Por outro lado, a transao fere os

    princpios legalidade, da impessoalidade e da moralidade, pois, os autos demonstram que o

    verdadeiro beneficiado da aquisio do imvel foi o dirigente da entidade, tendo em vista que no

    local funciona o seu escritrio de advocacia (VC Valdeci Cavalcante - Advocacia e Assessoria),

    o qual foi alugado pelo seu filho com uma grande vantagem, como ele prprio afirma, por

    apenas R$ 2.000,00 e com um ano de carncia. Nas suas palavras, o adquirente fez um mau

    negcio.

    31.2.5 Some-se a isso, a estreita relao existente entre o adquirente do imvel e o

    Presidente do Sesc, no s de parentesco, mas tambm comercial. Veja-se que alm do imvel

    alugado, no qual permitido fazer reformas pelo inquilino que o valorizam economicamente,

    como ele prpria afirma em sua defesa, os autos indicam que a sua participao societria na

    empresa Parnatur Hotis e Turismo Ltda. coincide com a sada do seu sobrinho, adquirente do

    imvel em questo, conforme descrito acima. Alm disso, como se ver mais a frente, foram

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    11

    feitos pagamentos aludida empresa na gesto do responsvel, cuja contratao foi mediante

    dispensa de licitao.

    31.2.6 O responsvel revela, ainda, que o arrematante do imvel em questo o

    proprietrio da Imobiliria J. Castro Ltda., a qual, segundo ele, uma das maiores do estado do

    Piau; no obstante, no apresenta nenhuma comprovao dessa afirmao. Em pesquisa

    realizada na internet, inclusive no stio eletrnico da aludida empresa (www.jcastro.com.br),

    verificou-se que a sua localizao em Parnaba/PI, distante mais de 300km da capital do Piau

    (Teresina) e, sequer, existem imveis de Teresina para venda ou aluguel no seu portflio

    eletrnico.

    31.2.7 Pelos motivos acima, verifica-se que as razes de justificativas ora examinadas

    no foram suficientes para descaracterizar a infringncia ao disposto no artigo 5, 1 c/c 41

    da Resoluo SESC 1.102/2006, bem como dos princpios da legalidade, impessoalidade e

    moralidade, na alienao do imvel, mediante leilo, sem a realizao de nova avaliao do

    imvel e sem a observncia do prazo de abertura das propostas e da publicao do edital, cujo

    adquirente parente por afinidade do presidente do SESC/PI.

    32. Irregularidade: alienao do imvel mediante leilo sem a realizao de nova

    avaliao do imvel, sem a observncia do prazo de abertura das propostas e da publicao do

    edital, cujo adquirente parente por afinidade do presidente do SESC/PI (pargrafo dcimo

    quinto da instruo de pea 15).

    32.1 Inicia o responsvel, afirmando que no houve qualquer favorecimento;

    contrariamente, houve a regular concorrncia, pois, se assim no o fosse, o imvel teria sido

    alienado pelo valor mnimo estabelecido no edital (pea 31, p. 109-118), uma vez que o

    instrumento foi devidamente publicado (mesma pea, p. 120-121) e a venda autorizada pelo

    Conselho Nacional (mesma pea, p. 123) nos termos da resoluo 1.102/2006, evidenciando que

    apenas foi cumprida a deciso do mencionado colegiado, respeitando as suas determinaes. 32.1.1 Esclarece que ao assumir a gesto da Administrao do Departamento Regional

    do Sesc no Piau, verificou que as instalaes do imvel de Floriano se encontravam em pssimo

    estado de conservao e sem qualquer viabilidade para reformas e ampliao, pois o prdio era

    antigo, estando incompatvel com o plano de expanso e desenvolvimento proposto para a

    entidade. Em razo dessa situao, e pelo fato de ter sido condenado para uso, pela fiscalizao

    da vigilncia sanitria do municpio, conforme Laudos de Avaliao (pea 31, p. 126-129),

    propugnou-se pela venda do imvel.

    32.1.2. Para reforar a informao supra, salienta que uma das primeiras medidas

    tomada para a aludida unidade operacional, foi a sua transferncia para um anexo construdo

    s pressas, dentro do terreno onde fica a sede operacional do Senac. Com a desocupao do

    imvel, o qual continuou gerando despesas de vigilncia, luz, gua e conservao, foi

    autorizada a sua venda pelo Conselho Nacional do Sesc; no obstante, ainda em 2003, antes da

    sua alienao, conseguiu-se promover a locao de todo o espao fsico para o Sr. Marco

    Aurlio de Oliveira Santos, scio titular e proprietrio do estabelecimento de ensino Colgio

    Impactus, que se comprometeu a colocar o imvel em funcionamento, evitando assim maiores

    despesas para o Sesc, e ainda gerando a receita da locao.

    32.1.3 Enquanto isso, as medidas necessrias venda do imvel continuaram sendo

    adotadas, promovendo-se a avaliao imobiliria (pea 31, p. 92-107) e o Conselho Nacional

    autorizou-a, pelo valor mnimo de R$ 205.000,00 (mesma pea, p. 123). Devido ao fato de ainda

    se encontrar locado, diligenciou-se o locatrio, informando-o do interesse definitivo de venda

    do imvel e, em ateno lei do inquilinato (Lei n. 8.245/91), no sentido de conceder

    preferncia ao locatrio, foi-lhe enviada correspondncia, para que, case tivesse interesse,

    apresentasse formalmente proposta de compra.

    32.1.4 Assim, foi apresentada a proposta de compra no valor de R$ 205.952,00 e,

    tendo em vista o direito de preferncia conferido pela lei do inquilinato, e que o valor estava

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    12

    condizente com o mnimo exigido pelo Conselho Nacional, foi celebrado o contrato de compra e

    venda; sem a realizao de licitao. Apesar disso, posteriormente, recebeu orientao do

    Conselho Nacional, no sentido de que deveria ter havido o procedimento licitatrio. E, mesmo

    entendendo no haver equvoco algum, e para no gerar qualquer problema, e, ainda, em razo

    da dificuldade de o comprador cumprir as obrigaes assumidas no contrato, a avena foi

    rescindida, aplicando-se ao promitente comprador, as penalidades previstas no mencionado

    contrato. Em sua opinio, o Sesc no teve qualquer prejuzo com a transao efetivada;

    contrariamente, auferiu um lucro de R$ 75.000,00, vez que continuou como proprietrio do

    imvel e ainda, a ttulo de indenizao, ficou com os valores que j haviam sido pagos, a ttulo

    de perdas e danos.

    32.1.5 Na sequncia, aduz que a nova alienao do imvel foi realizada por meio de

    leilo pblico, publicado em jornal de circulao em todo o estado do Piau; contudo, somente

    compareceram apenas dois licitantes (pea 31, p. 131-134; pea 32, p. 1-23), demonstrando a

    falta de atrativo do imvel; deste modo, no h motivo para o questionamento do processo

    licitatrio, mesmo pelo fato do parentesco por afinidade do arrematante com o Presidente do

    Sesc Regional, visto no contrariar o disposto no artigo art. 39 da Resoluo n. 1.102/2006 do

    Sesc. Deduz, ainda, que a baixa procura de interessados, justifica-se pela atualizao do imvel,

    por ndice legal utilizado, inclusive em procedimentos judiciais (pea 32, p. 25-26), no qual o

    imvel passou de R$ 205.951,35, para R$ 286.210,59, sendo vendido por R$ 301.000,00 que,

    somados aos R$ 75.000,00, foi apurado, na verdade, R$ 376.000,00. 32.2 Anlise tcnica: a constatao foi descrita no subitem 4.1.1.2 do Relatrio de

    Auditoria Especial 253753/CGU/PI, pea 1, p. 13-17, a respeito da alienao de imvel

    localizado em Floriano/PI, na Rua Padre Uchoa, 539, contendo uma rea de 1260m2, por meio

    do Leilo 1/2010, em 15/7/2010, como segue:

    a) no foi feita uma nova avaliao do imvel, to somente, uma correo mediante ndice

    do IGP-M FGV, em 1/7/2010, pela Coordenao Contbil e Financeira, para R$ 286.210,00,

    tendo como base da avaliao o valor de R$ 205.951,35, mdia obtida das avaliaes realizadas

    pela Caixa Econmica Federal/GIDUR/TE Laudo Tcnico de Avaliao de 30/4/2003, no valor de R$ 216.902,70, e pela Empresa ECOL Engenharia Ltda. no valor de R$ 195.000,00,

    Laudo de Avaliao de 12/6/2003;

    b) o extrato do Edital do Leilo foi publicado nos dias 16 e 17/7/2010 no Jornal Dirio do

    Povo do Piau, com previso de abertura de proposta para o dia 30/7/2010, quatorze dias

    corridos da primeira publicao, contrariando o 1, do artigo 5, da Resoluo SESC n.

    1.102/2006, que prev o prazo mnimo de 15 dias;

    c) compareceram licitao a Empresa Rex Comrcio Representao Ltda.

    (CNPJ 07.226.160/0001-00), com proposta de R$ 300.000,00, e o Sr. Delano Rodrigues Rocha,

    que genro do Presidente do Sesc/PI, Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, Presidente do

    Sebrai/PI poca, bem como irmo da Diretora do SENAC/PI, Sra. Elaine Rodrigues Rocha,

    sagrando-se vencedor com proposta de R$ 301.000,00.

    32.2.1 A data de abertura das propostas contraria, de fato, o disposto no 1 do artigo

    5 c/c o artigo 41 da Resoluo SESC 1.102/2006; contudo, o maior agravante desta

    constatao a participao e consequente alienao do imvel para pessoa que tem parente e

    ainda pertencia ao quadro de pessoal de entidade do Sistema S, e, o pior, parente do dirigente mximo da entidade alienante, uma vez que, no obstante o artigo 39 da aludida Resoluo

    proibir a participao em licitao somente de empregado ou dirigente do SESC, verifica-se no

    presente caso, o desrespeito aos princpios da moralidade e da impessoalidade.

    32.2.2 Houve tambm desrespeito ao inciso III, do artigo 6 da Resoluo Sesc

    1.102/2006, especialmente porque a ltima avaliao ocorreu sete anos antes da venda, e a

    correo monetria ser completamente diferente de avaliao, conforme determina o dispositivo

    mencionado.

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    13

    32.2.3 Verifica-se que o responsvel tenta afastar a sua responsabilidade pelas

    irregularidades constatadas na alienao do imvel, transferindo-a para o Conselho Nacional

    do Sesc, alegando que o mencionado colegiado autorizou a venda e consentiu com o valor;

    contudo, consoante Regimento da entidade, a sua atuao ocorre sob regime de

    descentralizao executiva (art. 2), e as atribuies do Conselho Nacional ocorrem em nvel de

    planejamento (fixao de diretrizes, coordenao e controle das atividades da instituio) e tem

    funes normativa, inspeo e interveno correicional (art. 6). As Administraes Regionais

    embora estejam sujeitas s diretrizes e normas gerais prescritas pelos rgos nacionais, bem

    como correio e fiscalizao a elas inerentes, so autnomas no que se refere a

    administrao de seus servios, gesto dos seus recursos, regime de trabalho e relaes

    empregatcias (pargrafo nico do art. 20); destarte, no existem elementos capazes de elidir a

    responsabilidade do Presidente da Administrao Regional do Piau, a anuncia do Conselho

    Nacional no tem o condo de atestar a regularidade da alienao, uma vez que foi feita com

    base em procedimentos adotados pela Regional; no mximo, o Presidente do Conselho Nacional

    poderia ser considerado corresponsvel.

    32.2.4 Chama a ateno o fato de tanto na alienao do imvel em foco quanto na

    mencionada no item anterior, os arrematantes so pessoas diretamente ligadas ao Presidente da

    Administrao Regional do Sesc/Piau, as quais estavam dispostas a pagar valores superiores

    ao que de fato os imveis valiam, pelo que se depreende das justificativas apresentadas. Outro

    fato digno de nota, que o imvel em referncia no tinha a menor condio de funcionamento,

    tanto que foi construdo, s pressas, um anexo ao prdio onde funcionava o Senac; no entanto,

    no mesmo ano de 2003, o imvel foi locado para a instalao de uma escola privada,

    permanecendo nessa situao at a sua venda, em 2010, tendo, inclusive, o locatrio

    manifestado interesse em adquiri-lo.

    32.2.5 Verifica-se das contrarrazes supra, que os argumentos apresentados no

    lograram afastar a irregularidade relativa alienao do imvel, mediante leilo, sem a

    realizao de nova avaliao do imvel e observncia do prazo de abertura das propostas e da

    publicao do edital, cujo adquirente parente por afinidade do presidente do SESC/PI,

    infringindo o inciso III, do artigo 6, o disposto no 1 do artigo 5 c/c o artigo 41 da Resoluo

    Sesc 1.102/2006, bem como os princpios da impessoalidade e da moralidade.

    33. Irregularidade: existncia de vnculo societrio entre a empresa contratada e o

    dirigente da entidade em dispensa de licitao, burlando os artigos 2 e 39 da Resoluo

    1.102/2006 e os princpios da imparcialidade, moralidade e isonomia (pargrafo vigsimo

    primeiro da instruo de pea 15)

    33.1. Razes de justificativa: aduz o responsvel que na poca da contratao da

    empresa Parnatur Hotis e Turismo Ltda. inexistia vnculo societrio entre ele e a referida

    empresa. Acusa ser um grave engano, para no falar de uma leviandade e m-f, a informao constante do relatrio da CGU, uma vez que somente se tornou scio do aludido

    empreendimento comercial em 17/12/2008, e a dispensa da licitao (08/00043-DL) ocorreu em

    26/2/2008, conforme consta do prprio relatrio da CGU, ou seja, quando se tornou scio-

    administrador do empreendimento, a empresa no prestava mais servios para o Sesc; no

    havendo, portanto, qualquer favorecimento, nem empresa, nem ao Presidente (pea 32, p. 28-

    38).

    33.1.1 A pretexto de no deixar qualquer dvida sobre os fatos apresenta os seguintes

    esclarecimentos:

    a empresa PARNATUR HOTIS ETURISMO LTDA. fora criada em 1986, tendo como scios o Sr. Oswaldo Lima Almendra Filho e a Sra. Ana Lcia Cerqueira Silva, conforme

    (Doc.09).

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    14

    Como se pode ainda observar, no aditivo n. 07, em 28 de maro de 2005, outros scios

    assumiram a empresa, sendo que apenas em 17 de dezembro de 2008, que foi admitido na

    sociedade o atual Presidente (doc. 09).

    Desse modo, quando houve o processo de Dispensa de Licitao n. 08/00043-DL, ocorrido

    em 26 DE FEVEREIRO DE 2008, o atual Presidente do SESC no possua qualquer vnculo

    com a referida empresa, como j dito e comprovado com o (Doc. 09) em anexo.

    O Relatrio da CGU alega ainda que a empresa Parnatur tambm teve como scio-

    administrador um sobrinho do Presidente do Conselho Regional do SESC. Contudo, tal

    alegao no tem o condo de macular a contratao da referida empresa pelo SESC, haja vista

    o que dispe o art. 39 da Resoluo n 1102/2006-SESC:

    No podero participar das licitaes nem contratar com o SESC dirigente ou

    empregado da entidade (grifo nosso). Portanto, numa primeira anlise o sobrinho do Presidente do Conselho do SESC, a poca,

    no era, COMO NUNCA FOI, dirigente ou empregado do SESC-PI, e a empresa PARNATUR

    Hotis e Turismo Ltda. no pertencia ao Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, desta

    forma no havendo qualquer descumprimento legal, pois a contratao encontrava abrigo na

    Resoluo SESC n 1102/06. 33.2 Anlise tcnica: de acordo com a descrio da irregularidade no subitem 4.2.17

    do Relatrio de Auditoria Especial 253753/CGU-PI, pea 1, p. 50-53, na poca da dispensa da

    licitao (DL 08/0004, de 20/2/2008), o Sr. Francisco Valdeci, de fato, no fazia parte do

    quadro societrio da empresa Parnatur Hotis e Turismo Ltda., mas sim, o seu sobrinho, o

    mesmo que adquiriu o imvel citado no trigsimo pargrafo desta instruo, o Sr. Janes

    Cavalcante de Castro (tambm scio-proprietrio da imobiliria J. Castro Ltda.), cuja sada da

    sociedade coincidiu com a entrada do responsvel em questo, em 7/1/2009. E, embora no

    tenha infringindo o artigo 39 da Resoluo Sesc 1.102/2006, os princpios da imparcialidade e

    da moralidade, os quais a entidade est obrigada a observar, foram burlados, tendo em vista a

    existncia de outros hotis na regio.

    33.2.1 Dados obtidos pela CGU/PI no sistema de gerenciamento financeiro da

    Administrao Regional do Sesc no Piau, do conta de que aps a sada do Sr. Francisco

    Valdeci da empresa, em 11/1/2010, ainda foram-lhe feitos cinco pagamentos, o que, embora no

    parea irregular, a sua famlia continuou sendo beneficiada, tendo em vista que a sua esposa,

    Sra. Rosangela Brando de Oliveira Cavalcante (CPF 077.872.433-68), includa em 11/1/2010;

    e sua filha, Sra. Mayra Oliveira Cavalcante Rocha (CPF 858.637.183-15), e seu filho, scio-

    administrador da empresa, Jairo Oliveira Cavalcante (CPF 770.459.203- 34), includos em

    7/1/2009, continuaram participando do empreendimento comercial, evidenciando se tratar de

    uma empresa familiar.

    33.2.2 Dessa forma, resta transparente a irregularidade nas transaes, traduzidas

    pelo favorecimento, mesmo que indireto, do Presidente da Administrao Regional do Sesc/PI,

    sendo infringido o artigo 2 da Resoluo Sesc 1.102/2006, razo pela qual seus argumentos

    no podem ser acatados.

    34. Irregularidade: inobservncia ao Regulamento de Licitaes da Entidade em

    decorrncia da realizao de Convite sem a respectiva elaborao de estimativa de custo e da

    continuidade do certame com apenas uma nica proposta apresentada, em claro desrespeito ao

    disposto no inciso II, artigo 5, Resoluo 1.102/2006 (pargrafo dcimo stimo da instruo de

    pea 15).

    34.1 Razes de justificativas: o responsvel argumenta que houve a licitao na

    modalidade convite, com a devida publicao do edital em dois jornais de grande circulao

    (pea 32, p. 74-77), bem como realizado convite a mais trs empresas por e-mail; apesar disso,

    apenas uma atendeu, portanto, no h motivos para afirmar que a Cityplan Empreendimentos e

    Construes Ltda. foi beneficiada, tal situao foi justificada na ata. Diante da necessidade e

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    15

    urgncia na aquisio dos servios objeto desta licitao (Carta Convite 00027/09-CC, de

    20/11/2009), a comisso decidiu abrir os envelopes da nica empresa que compareceu,

    fundamentada no artigo 5, 2, alneas I e II e 3 da Resoluo n 1.102/2006. Argumenta

    tambm que a obra no exigia estimativa de custo; contudo, anexa, nesta oportunidade a

    planilha com os valores, bem como todos os documentos referentes ao procedimento licitatrio

    (pea 32, p. 40-145; pea 33, p. 1-13).

    34.2 Anlise tcnica: dos documentos encaminhados pelo responsvel, encontrou-se

    apenas as cpias de publicao do edital nos jornais (pea 32, p. 74-77). Sobre o convite feito

    por e-mail, apenas foi noticiado na ata de abertura e julgamento da licitao (pea 33, p. 3), a

    qual, inclusive, ressalta que apenas uma empresa recebeu o edital. Existe ainda declarao de

    duas empresas afirmando que receberam o edital, uma da Construtora PHM Ltda. (pea 32, p.

    78), e outra da Engaste Engenharia de Assessoria Tcnica (pea 33, p. 8); no obstante, datam

    de 12 e 17 de janeiro de 2011, e a licitao ocorreu em 2009. Quanto s estimativas de custo,

    planilhas e valores, embora conste do Parecer de pea 33, p. 7, que o edital foi elaborado com

    os anexos essenciais elucidao de quaisquer dvidas quanto elaborao da proposta

    comercial, constam dos autos apenas um mapa de cotao, em que no h nenhum

    detalhamento dos custos (mesma pea, p. 5).

    34.2.1 De acordo com o inciso II, do artigo 5, da Resoluo Sesc 1.102/2006, o

    convite a modalidade de licitao em que so escolhidos e convidados, no mnimo, cinco

    empresas do ramo pertinente ao objeto licitado.

    34.2.2 Os dispositivos citados pelo responsvel assim dispem:

    2 A validade da licitao no ficar comprometida nos seguintes casos:

    I - na modalidade convite:

    a) pela no apresentao de no mnimo 5 (cinco) propostas;

    b) pela impossibilidade de convidar o nmero mnimo previsto para a modalidade em face

    da inexistncia de possveis interessados na praa.

    3 As hipteses dos incisos I e II do pargrafo anterior, devero, para ter

    validade, ser justificadas pela comisso de licitao, inclusive quanto ao preo, e ser ratificadas

    pela autoridade competente.

    34.2.3 Observa-se da transcrio acima que a regra bastante vaga quanto

    quantidade necessria de proposta que deve ser apresentada para no comprometer o carter

    competitivo do certame, uma vez que na hiptese de inexistirem empresas do ramo pertinente ao

    objeto licitado, caracteriza-se a inviabilidade de competio, no havendo, portanto, em se falar

    em convite. Embora tenha havido a justificativa na ata de abertura e julgamento da licitao

    (pea 33, p. 3), no restou configurada a complexidade alegada, uma vez que se trata de

    elaborao de projetos complementares da reforma do Sesc Beira Rio em Parnaba/PI. Na

    verdade, no pairam dvidas sobre o fato de que no foram convidadas as cinco empresas,

    conforme exige o inciso II, do artigo 5, da Resoluo Sesc 1.102/2006.

    34.2.4 Verifica-se do exposto acima que a norma interna do Sesc foi infringida, ou

    seja, houve desrespeito ao disposto no inciso II, artigo 5, Resoluo 1.102/2006; e a ausncia

    de competio impede aferir se a contratao foi vantajosa para a Administrao Regional do

    Sesc no Piau; portanto, os argumentos apresentados pelo responsvel no so suficientes para

    sanar a irregularidade.

    35. Irregularidade: desvio de finalidade na doao de alimentos adquiridos

    mediante dispensa de licitao, em clara ofensa aos artigos 1 e 34 do Decreto 61.836/1967

    (pargrafo vigsimo segundo da instruo de pea 15)

    35.1. Razes de justificativas: o responsvel argui que a afirmao de que no havia

    carter emergencial para a aquisio de gneros alimentcios e de higiene para os desabrigados

    o mesmo que dizer que o Brasil no poderia enviar para o Haiti os milhes que enviou para ajudar na reconstruo aps o terremoto.

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    16

    35.1.2 Na sequncia, menciona as calamidades ocorridas no Piau, no Maranho, em

    Alagoas, em Pernambuco e em outros estados, afirmando ser a do Piau, a mais notria, com o

    rompimento da Barragem de Algodes no interior do Estado. Para comprovar a situao de

    emergncia, anexa os 13 Decretos Municipais de Situao de Emergncia, (pea 33, p. 21-41).

    Afirma, ainda, que o Departamento Nacional foi quem enviou o dinheiro para a aquisio dos

    gneros alimentcios (mesma pea, p. 19); portanto, se houve algum desvio de finalidade no foi

    praticado pela Regional do Piau, inexistindo, assim, responsabilidade da aludida

    Administrao. Acrescenta, tambm, que chega a ser desumano levantar suspeio de qualquer

    desvio de finalidade na ajuda do Sesc nas calamidades pblicas, tendo em vista que toda a

    sociedade civil tem a obrigao de se mobilizar nessas situaes.

    35.2 Anlise tcnica: a doao concedida s vtimas da catstrofe ocorrida com a

    Barragem de Algodes foi mencionada apenas porque a liberao de recursos, no valor de R$

    3.000.000,00, foi feita pelo Departamento Nacional do Sesc para este fim, por ter se tratado de

    um caso excepcional; contudo, a irregularidade apontada, tanto no aspecto do desvio de

    finalidade, quanto no da dispensa indevida de licitao, diz respeito ajuda concedida s

    vtimas da seca, do remanescente do valor de R$ 1.233.450,00 (pea 15, p. 16-17)

    35.2.1 A dispensa de licitao (09/00274-DL) para a concesso de ajuda s vtimas da

    seca, no obstante os decretos dos poderes pblicos municipais decretando a situao anormal

    (pea 33, p. 27-40), no se enquadra no disposto dos incisos IV e V, do artigo 9, da Resoluo

    Sesc 1.102/2006, tendo em vista o fenmeno da seca ser previsvel nos estados nordestinos,

    especialmente no Piau. Alm disso, entre o pedido de autorizao para a realizao da

    compra e o atesto do material, decorreram 43 dias, tempo suficiente para a realizao do

    processo licitatrio (pea 1, p. 58). O prprio Departamento Nacional, em comunicao

    encaminhada Administrao Regional do Piau (pea 33, p. 18), manifesta-se no sentido da

    previsibilidade do fenmeno da seca, bem como de que cabe ao poder pblico, precipuamente,

    combater os seus efeitos.

    35.2.2 Alm disso, foram apontadas impropriedades no processo de dispensa em

    questo, tais como:

    a) das seis empresas que apresentaram propostas de cotao de preo, a da

    empresa Massa Fina Alimentos Ltda. e N. da S. Santos ME so anteriores s datas de

    requisio, e das demais, do mesmo perodo da requisio (pea 1, p. 56);

    b) a empresa Roosewelth Carvalho Pessoa possui o mesmo nome de fantasia da

    empresa M C Pessoa (Comercial Santa Rosa); outro ponto de ligao entre essas duas empresas

    o endereo dos scios responsveis que o mesmo (Sr. Roosewelth Carvalho, scio

    responsvel pela empresa que leva seu nome, e Sr. Manoel da Cruz Pessoa, responsvel pela M

    C Pessoa Ltda.);

    c) a empresa Massa Fina Alimentos Ltda., quando apresentou a proposta, tinha

    como scio o Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, presidente do Conselho Regional do

    SESC/PI (foi scio dessa empresa durante o perodo de 4/3/2005 a 14/9/2010) e, atualmente, seu

    irmo, Sr. Reginaldo de Sousa Cavalcante (CPF 286.917.093-91) o scio-administrador e seu

    filho Denis Oliveira Cavalcante (CPF 022.688.313-29) tambm scio da empresa;

    d) no foram apresentados pareceres tcnicos que justificassem a contratao.

    35.2.3 No que diz respeito ao desvio de finalidade caracterizado pelo fato de a doao

    em tela contrariar os artigos 1 e 34 do Decreto 61.836/1967, considerando que foi autorizada

    pelo Departamento Nacional, mesmo reconhecendo ser funo do poder pblico, entende-se que

    no deve ser aplicada sano ao Presidente da Administrao Regional do Piau.

    35.2.4 Registre-se, somente para reforar, que o artigo 34 do Decreto supra bastante

    enftico quanto utilizao dos recursos da entidade em suas finalidades, conforme transcrito

    abaixo:

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    17

    Nenhum recurso do SESC, quer na administrao nacional, quer nas administraes regionais, ser aplicado, seja qual for o ttulo, seno em prol das finalidades da instituio, de

    seus beneficirios, ou de seus servidores, na forma prescrita neste Regulamento. 36. Irregularidade: locao do Imvel Complexo do Restaurante do SESC,

    ocorrendo, dentre outras falhas, a falta de avaliao prvia do imvel; divergncia entre o valor

    da proposta e o conveniado e empresas participantes com mesmo endereo, em clara afronta ao

    inciso VI, do artigo 9, da Resoluo 1.102/2006 (pargrafo dcimo nono da instruo de pea

    15).

    36.1 Razes de justificativas: afirma o responsvel que o contrato est correto, pois a

    sua data de vigncia se iniciou em 1/10/2008, e o valor obtido, nos termos do item I, da

    clusula IV foi de R$ 1.700,00 (pea 33, p. 66-69).

    36.1.1 Na sequncia, ressalta que a empresa C. H. Alimentos no conseguia, sequer,

    arcar com os valores estipulados no contrato, pagando, por diversas vezes, somente em parte, e

    atrasando constantemente o valor da locao. Assim, no conseguindo mais suportar o nus do

    aluguel, em 5 de agosto de 2009 assinou o termo de confisso de dvida no valor de R$ 8.500,00

    (pea 33, p. 71-72), referentes a 5 meses de atraso, convalidando, assim, o valor de R$ 1.700,00.

    Lembra que as contas da Regional em 2008 (ano da contratao) foram aprovadas por

    unanimidade pelo Conselho Regional e pelo Conselho Fiscal, cujo presidente o denunciante; o

    mesmo ocorrendo com as contas de 2009 (pea 30, 39-100).

    36.1.2 Naquele perodo, trs empresas apresentaram proposta, tendo sido vencedora a

    empresa J. M. de Barros Neto - ME, com a maior proposta no valor de R$ 1.050,00 mensais;

    portanto, o entendimento da CGU est fora da realidade de mercado, especialmente sobre um

    tema de imprevises mercadolgicas; vista disso, que no entendeu porque a contratao de

    2009 se deu por valor inferior ao de 2008. Conforme mencionado acima, a contratante de 2008,

    sequer, conseguiu pagar o aluguel, assinando a confisso de dvida, indo falncia.

    Provavelmente, a CGU no sabe que os preos praticados nos restaurantes e lanchonetes do

    Sesc so preos populares e a comida de boa qualidade, inclusive com a contratao de

    nutricionistas; razo pela qual, acredita-se que aquele rgo fez apenas colocaes de forma

    didtica.

    36.1.3 Continua argumentando que no foi apontada nenhuma irregularidade na DL-

    09/00156, e o preo praticado no trouxe qualquer tipo de reduo ao patrimnio da AR/PI ou

    enriquecimento de forma ilcita a terceiros, e mesmo se assim o fosse, a quantia seria pequena

    se comparada com o funcionamento do restaurante para os comercirios do estado do Piau.

    Ressalta, ainda, que o pior seria o restaurante ficar fechado, haja vista ser uma raridade as

    empresas se submeterem s exigncias do Sesc neste tipo de contratao

    36.2 Anlise tcnica: as razes de justificativas sob anlise no podem prosperar.

    Primeiramente porque o fato de a empresa estar atrasando o aluguel no significa que o

    restaurante do Sesc estava operando em prejuzo, poderia muito bem ser, simplesmente, erros

    na estratgia de gesto. Neste aspecto, no consta dos autos nenhuma planilha de custos e de

    receita da empresa atestando que os primeiros eram superiores segunda. A simples meno de

    imprevises mercadolgicas no suficiente para justificar a reduo do valor para quase 62%

    do aluguel do ano anterior (R$ 1.050,00/R$1.700,00), seria necessria a demonstrao de que a

    renda auferida pela venda das refeies no era suficiente para cobrir os custos e o lucro da

    locatria do restaurante do Sesc/PI.

    36.2.1 A locao do restaurante do Sesc envolveu a dispensa de licitao 08/00166-

    DL, relativa locao do ano de 2008, em que foi contratada a empresa C. H. Alimentos

    (CNPJ 69.626.976/0001), na qual foram constatadas as falhas abaixo descritas, e pesquisa de

    preo 09/0156-DL:

    a) ausncia de prvia avaliao do imvel, conforme determina o inciso VI, do art. 9 da

    Resoluo n. 1102/2006 do Conselho Nacional do Sesc;

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    18

    b) as duas empresas que apresentaram propostas, a C. H. Alimentos e a DEGUSTE - M.

    C. Sousa de Almeida, possuem o mesmo endereo;

    c) a data do Convnio (1/9/2008) anterior data das propostas apresentadas pelas

    empresas supra (3/9/2008)

    36.2.2 As falhas acima evidenciam que a apresentao das propostas constituiu-se em

    mera formalidade.

    36.2.3 Com relao pesquisa de preo 09/0156-DL, a impropriedade detectada diz

    respeito locao do imvel com valor inferior ao locado em contrato anterior, conforme

    arrazoado no item 26.2 acima, a qual o responsvel no logrou xito em refut-la.

    37. Irregularidade: abertura das propostas do convite em data anterior prevista

    no instrumento de publicao, restringindo o carter competitivo da licitao, contrariando o

    artigo 5, 1 c/c o art. 41 da Resoluo 1.102/2006 (pargrafos dcimo terceiro e dcimo

    oitavo da instruo de pea 15).

    37.1 Razes de justificativa: o responsvel assegura ser uma inverdade, pois a

    publicao ocorreu em 9/9/2009 e a abertura ocorreu em 23/9/2009, 15 dias contados da

    publicao. Para o defendente, afirmar o contrrio uma leviandade.

    37.2 Anlise tcnica: embora no ttulo da ocorrncia constante do subitem 4.1.16 do

    Relatrio de Auditoria Especial 253753/CGU-PI (pea 1, p. 30), no corpo do relatrio consta a

    Concorrncia 09/005, objetivando contratao de empresa especializada para a construo

    do Espao Mesa Brasil, Anexo ao Sesc Avenida, em Parnaba/PI, e Barracas de Praia para o

    Sesc Praia, em Luis Corrreia/PI.

    37.2.1 O problema identificado no aludido certame, foi com relao data fixada para

    a realizao da sesso pblica, a qual constou 25 de setembro de 2009, conforme publicao do

    aviso no jornal Dirio do Povo do Piau, seo geral, pgina 13, de 9/9/2009; contudo, o

    processamento do certame ocorreu no dia 23/9/2009.

    37.2.2 Na resposta diligncia, o responsvel justificou se tratar de um erro de

    digitao do jornal que colocou 25, no lugar de 23, bem como no houve nenhuma reclamao

    de possveis interessados, administrativa ou judicialmente, evidenciando tratar-se de mera falha

    formal (pea 15, p. 9).

    37.2.3 No exame da documentao enviada pelo Sr. Francisco Valdeci de Sousa

    Cavalcante, naquela ocasio, verificou-se que na cpia do edital consta, de fato, o dia

    23/9/2009; no obstante, na cpia da mensagem eletrnica, a qual encaminha o resumo do

    edital para publicao no Jornal Dirio do Povo, a data 25/9/2009, demonstrando que no foi

    erro de digitao do jornal, e sim, do prprio Sesc/PI (pea 13, p. 276-277); portanto, a falta de

    correo da data pelo mesmo meio, feriu o carter competitivo da licitao.

    37.2.4 Quanto ao argumento de que entre a publicao e abertura do procedimento

    decorreram quinze dias, em consonncia com o disposto no 1 do artigo 5 da Resoluo

    SESC 1.102/2006, ressalta-se que a antecedncia ali disciplinada diz respeito ao prazo mnimo;

    nada impedindo que se estabelea um prazo maior, prevalecendo o que for fixado no edital, e

    como no houve correo, configurou desrespeito ao princpio da publicidade e,

    consequentemente, o carter competitivo da licitao.

    37.2.5 Pelos motivos supra, os esclarecimentos apresentados pelo Sr. Francisco

    Valdeci no foram aceitos, razo pela qual foi proposta a sua audincia na instruo de pea

    15. Da mesma forma, os argumentos ora apresentados no foram suficientes para

    descaracterizar o desrespeito ao disposto no artigo 5, 1 c/c o art. 41 da Resoluo

    1.102/2006; havendo, portanto, restrio ao carter competitivo do certame.

    38. O responsvel indaga como ficam os dirigentes do Sesc depois de terem suas

    contas aprovadas pelos Conselhos Regionais, com Parecer favorvel do Conselho Fiscal, e

    depois de mais de sete, seis, cinco, quatro anos depois vir uma pessoa odienta e com interesses mesquinho (sic), pelo simples fato de assumir a Presidncia do Conselho Fiscal, provocar a

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

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    total insegurana jurdica da coisa julgada? Aduz que no correto e nem legal um Conselho

    Fiscal, que proferiu parecer favorvel aprovao das contas da Regional, e por motivao

    pessoal do seu presidente, praticar atos de representao indevida, demonstrando total

    incoerncia e falta de respeito para com a instituio Sesc.

    39. Conclui, afirmando que ficou fartamente demonstrada a lisura e transparncia

    da administrao regional do Sesc/PI, bem como a ampliao e crescimento do sistema

    SESC/SENAC, na sua administrao, bem como o contnuo aumento dos servios prestados

    comunidade, tanto aos comercirios quanto aos seus dependentes, como comprova a

    documentao acostada aos autos. Dessa forma, segundo ele, no resta outra alternativa desta

    Corte de Contas, a no ser decidir pelo arquivamento da presente representao.

    Primeiramente, pela gritante incompetncia e incoerncia dos representantes em ajuizar tal

    procedimento, consoante art. 20 do Regulamento do Sesc e, ultrapassada a preliminar, julg-la

    improcedente em razo da total inexistncia de quaisquer irregularidades cometidas pela

    Administrao Regional do Sesc/PI, por absoluta ausncia de provas, tratando-se de ato

    puramente poltico com fins de perseguio.

    40. Os pareces emitidos pelo Conselho Fiscal sobre as contas das entidades do

    Sistema S importam apenas na emisso de uma opinio, o julgamento atribuio constitucional e legal do Tribunal de Contas da Unio. A despeito disso, as irregularidades aqui

    tratadas afetam os exerccios de 2008, 2009 e 2010 e, em pesquisa realizada nos Sistemas

    Corporativos desta Corte de Contas, verificou-se que a do primeiro ano ainda no foi julgada.

    Com relao aos dois ltimos, tendo em vista o disposto no artigo 4 das IN/TCU 57/2008 e

    63/2010, o qual dispe que as unidades jurisdicionadas obrigadas a prestarem contas a este

    Tribunal sero definidas, anualmente, em deciso normativa, no foi includo o Sesc/PI, no

    anexo I, das DN/TCU 102/2009 e 110/2010, respectivamente; portanto, as contas dos

    mencionados exerccios no foram encaminhadas a este Tribunal, por meio de formalizao de

    processos de contas. Assim, no h razo para se falar em segurana jurdica no presente caso.

    41. Quanto incompetncia do Conselho Fiscal para impetrar representao junto

    ao Tribunal, bem como s questes polticas suscitadas pelo responsvel j foram comentadas

    nos pargrafos vigsimo stimo e vigsimo oitavo desta instruo.

    CONCLUSO

    42. Das razes de justificativas apresentadas, somente a relativa ao desvio de

    finalidade na doao de gneros alimentcios e higinico s vtimas da seca foi acatada. As

    demais, o Sr. Francisco Valdeci de Souza Cavalcante no logrou xito em refut-las, persistindo

    as seguintes:

    a) nomeao das empregadas Irlanda Cavalcante de Castro, Marlia Costa Arcoverde e

    Aline Beatriz D. de Carvalho Aguiar, para cargo em comisso, contrariando o artigo 44 do

    Decreto 61.836/1967, bem como os princpios da imparcialidade, moralidade e isonomia

    (pargrafo trigsimo desta instruo);

    b) alienao do imvel mediante leilo sem a realizao de nova avaliao do imvel, sem

    a observncia do prazo de abertura das propostas e da publicao do edital, cujo adquirente

    parente por afinidade do presidente do Sesc/PI, desrespeitando a Resoluo Sesc 1.102/2006,

    artigo 5, 1 c/c 41, bem como os princpios da legalidade, impessoalidade e moralidade

    (pargrafos trigsimo primeiro e trigsimo segundo);

    c) inobservncia ao Regulamento de Licitaes da Entidade em decorrncia da realizao

    de Convite sem a respectiva elaborao de estimativa de custo e da continuidade do certame

    com apenas uma nica proposta apresentada, em claro desrespeito ao disposto no inciso II,

    artigo 5, Resoluo 1.102/2006 (pargrafo trigsimo quarto);

    d) abertura das propostas do convite em data anterior prevista no instrumento de

    publicao, restringindo o carter competitivo da licitao, contrariando o artigo 5, 1 c/c o

    art. 41 da Resoluo 1.102/2006 (pargrafo trigsimo stimo);

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

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    e) locao do Imvel Complexo do Restaurante do Sesc, ocorrendo, dentre outras falhas, a

    falta de avaliao prvia do imvel; divergncia entre o valor da proposta e o conveniado e

    empresas participantes com mesmo endereo, em clara afronta ao inciso VI, do artigo 9, da

    Resoluo 1.102/2006 (pargrafo trigsimo sexto);

    f) existncia de vnculo societrio entre a empresa contratada e o dirigente da entidade em

    dispensa de licitao, burlando os artigos 2 e 39 da Resoluo 1.102/2006 e os princpios da

    imparcialidade, moralidade e isonomia (pargrafo trigsimo terceiro);

    BENEFCIOS DAS AES DE CONTROLE EXTERNO

    43. Entre os benefcios do exame desta representao pode-se mencionar a possvel

    aplicao de multa ao Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante; bem como o cumprimento do

    disposto no artigo 44 do Decreto 61.836/1967, no sentido de exonerar as empregadas do Sesc-

    AR/PI, em razo do grau de parentesco com o Presidente da entidade.

    PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

    44. Ante o exposto, submetem-se os autos considerao superior, propondo:

    a) conhecer da presente representao, satisfeitos os requisitos de admissibilidade

    previstos nos arts. 235 e 237, inciso VII do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mrito,

    consider-la procedente;

    b) rejeitar as razes de justificativa apresentadas pelo Sr. Francisco Valdeci de Sousa

    Cavalcante, vistas nos pargrafos trigsimo a trigsimo quarto, trigsimo sexto e trigsimo

    stimo;

    c) aplicar ao Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante (CPF 048.380.683-87),

    Presidente do Sesc-Administrao Regional do Piau, individualmente, a multa prevista no art.

    58, II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificao, para

    que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alnea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dvida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do

    acrdo at a do efetivo recolhimento, se for paga aps o vencimento, na forma da legislao

    em vigor;

    d) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrana

    judicial da dvida caso no atendida a notificao;

    e) autorizar o pagamento da dvida em at 36 (trinta e seis) parcelas mensais

    consecutivas, caso venha a ser solicitado pelo responsvel antes do envio do processo para

    cobrana judicial;

    f) fixar o vencimento da primeira parcela em 15 (quinze) dias a contar do recebimento da

    notificao e o das demais a cada 30 (trinta) dias, com incidncia de encargos legais sobre o

    valor de cada uma;

    g) alertar a responsvel que a inadimplncia de qualquer parcela acarretar vencimento

    antecipado do saldo devedor;

    h) determinar ao Sesc Administrao Regional do Piau que adeque o seu quadro de funes de confiana s normas consubstanciadas no princpio da impessoalidade, bem como ao

    disposto na Smula Vinculante n. 13/STF, especialmente quanto situao funcional das

    seguintes empregadas:

    a) Irlanda Cavalcante de Castro (sobrinha do Sr. Francisco Valdeci - Presidente do Sesc-

    AR/PI), do cargo de Diretora Regional do Sesc-AR/PI;

    b) Marlia Costa Arcoverde (nora do Sr. Francisco Valdeci - Presidente do Sesc-AR/PI),

    do cargo de Consultora da Presidncia;

    c) Aline Beatriz D. de Carvalho Aguiar (irm de servidora e sobrinha de conselheiro), do

    cargo de Assessora de Planejamento e Desenvolvimento

    i) dar cincia do acrdo que vier a ser proferido, assim como do relatrio e do voto que o

    fundamentarem, ao representante e ao Sesc Administrao Regional do Piau.

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

    21

    7. Consta, ainda, pea n 54, despacho do Ministro Aroldo Cedraz, relator original do feito,

    devolvendo os autos para que a Secex-PI procedesse, em homenagem ao princpio da ampla defesa e

    do contraditrio, anlise dos documentos juntados aos autos pelo responsvel, s peas 49/51.

    8. Tal exame encontra-se consubstanciado na instruo de pea n 55, nos termos que, na

    essncia, reproduzo a seguir, concluindo que os documentos apresentados pelo Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante no trouxeram nenhum elemento novo, capaz de modificar o encaminhamento proposto

    anteriormente e ratificando a anlise e concluso proferidas na instruo de pea 44:

    EXAME TCNICO 8. Na documentao de pea 47, o Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante repetiu

    argumentos j analisados na instruo anterior, quais sejam: ilegitimidade ativa dos

    representantes; as contas da Regional foram aprovadas pelo Conselho Regional do Sesc, com

    pareceres favorveis do Conselho Fiscal; utilizao do Conselho Fiscal como rgo de

    perseguio poltica; inexistncia de contratao ilegal de pessoal; regularidade na realizao

    do leilo de imveis e na contratao da empresa Parnatur Hotis e Turismo Ltda., bem como

    inexistncia de vnculo societrio com a aludida empresa poca da contratao; e inexistncia

    de desvio de finalidade.

    9. Em razo de o responsvel no ter apresentado nenhum elemento novo, mostram-se

    desnecessrias a transcrio e anlise das justificativas, recomendando to somente a leitura

    dos pargrafos trigsimo a trigsimo stimo e respectivos subitens da instruo inserida na pea

    44.

    10. No que diz respeito alegada ilegitimidade do Conselho Fiscal do Sesc para

    representar perante o TCU, o Ministrio Pblico junto a esta Corte de Contas j se manifestou a

    respeito da matria, e concluiu pela sua legitimidade, conforme pode ser conferido na pea 34.

    Acrescente-se, ainda, que o art. 51, da LO-TCU, dispe que os responsveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela daro

    cincia de imediato ao Tribunal de Contas da Unio, sob pena de responsabilidade solidria. No caso do Sesc, o Conselho Fiscal, de acordo com os arts. 12 e 20 do Decreto 61.836, de 5 de

    dezembro de 1967 (Regulamento do Servio Social do Comrcio-Sesc), exerce as atividades

    inerentes ao controle interno na Entidade, tais como: a) acompanhar e fiscalizar a execuo

    oramentria da Administrao Nacional e das Administraes Regionais; b) emitir parecer

    sobre os oramentos da Administrao Nacional e das Administraes Regionais; c) examinar,

    emitindo parecer fundamentado e conclusivo, as prestaes de contas da Administrao

    Nacional e das Administraes Regionais entre outras.

    11. Adiciona-se, em reforo, que o referido Conselho Fiscal, diante da natureza

    privada do Sesc, no integra formalmente o Sistema de Controle Interno de quaisquer dos

    Poderes da Unio, mas atua em colaborao com a CGU e com o TCU, uma vez que o Sesc

    tambm gere recursos de natureza pblica. No caso concreto, o Sr. Alexandre Miranda Pinto,

    encaminhou ao Presidente do TCU poca, segundo determinado pelo Colegiado do Conselho

    Fiscal em reunio realizada em 20/6/2011 (33 reunio), os relatrios e pareceres nos quais

    foram apontadas as irregularidades tratadas na presente representao. Tal fato evidencia que

    os responsveis pelo controle interno da Entidade (Colegiado do Conselho Fiscal do Sesc) no

    s estavam legitimados a encaminhar tais relatrios e pareceres ao TCU, como tambm

    atuaram em estrito cumprimento de seu dever, sob pena de responsabilidade solidria, em caso

    de omisso.

    12. Os demais documentos (peas 49-51), versam acerca do sobrepreo na

    construo do Espao Mesa Brasil em Parnaba/PI, e a respeito de questes polticas, em que o

    Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante acusa o Sr. Carlos Gabas (Presidente do Conselho

    Fiscal do Sesc Nacional e Secretrio Executivo do Ministrio da Previdncia) de persegui-lo

    devido ao fato de serem opositores polticos e pelo seu destaque profissional e influncia

    poltica local.

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO TC 013.714/2011-2

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    13. Com relao ao sobrepreo, este assunto no est mais sendo tratado neste

    processo, haja vista a formao de apartado dos documentos da pea 2 e de cpia da pea 5,

    com vistas instaurao de tomada de contas especial para a devida apurao dos fatos.

    14. No que diz respeito s questes polticas suscitadas pelo responsvel, o tema

    tambm j foi tratado na anlise anterior (peas 15 e 44), em que se ressalvou que o exame dos

    processos encaminhados a este Tribunal (tomada e prestao de contas, tomada de contas

    especial, denncia, representao, consulta) extremamente tcnico, baseado nas evidncias

    constantes dos autos e luz da legislao que rege os temas abordados, bem como na

    jurisprudncia desta Corte de Contas. Assim, matrias no atinentes ao controle externo,

    delineado no artigo 71 da Constituio Federal e no artigo 1 da Lei 8.443/1992, esto fora do

    seu campo de atuao e, tampouco, influenciam as decises.

    CONCLUSO

    15. Os documentos apresentados pelo Sr. Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante

    no trouxeram nenhum elemento novo, capaz de modificar o encaminhamento proposto

    anteriormente; dessa forma, ratifica-se a anlise e concluso proferida na instruo de pea 44.

    16. Com vistas a uma completa compreenso dos fatos, recomenda-se a leitura do

    inteiro teor da instruo mencionada no pargrafo anterior.

    BENEFCIOS DAS AES DE CONTROLE EXTERNO

    17. Entre os benefcios do exame desta representao pode-se mencionar a possvel

    aplicao de multa ao Sr. Francisco Valdeci de