acórdão

9
T R I B U N A L D E J U S T I Ç A RS ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA JPCJ Nº 71002897866 2010/CÍVEL REPARAÇÃO DE DANOS. FALHA DO SERVIÇO BANCÁRIO. DEVOLUÇÃO INDEVIDA DE CHEQUE. FUNDOS SUFICIENTES. DANO MORAL EXISTENTE. QUANTUM FIXADO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS DESTA TURMA. Tendo o banco devolvido indevidamente, por falha do serviço, um cheque do correntista pela alínea “11”, ou seja, como se fosse desprovido de fundos, quando, na realidade, a autora possuía saldo suficiente (R$ 834,21), com isso gerando abalo à imagem do consumidor, responde pela reparação do dano moral daí decorrente. Valor da indenização (R$ 1.000,00) em conformidade com os parâmetros de razoabilidade adotados pela Turma. Desprovidos ambos os recursos. Unânime. RECURSO INOMINADO TERCEIRA TURMA RECURSAL CÍVEL Nº 71002897866 COMARCA DE GUAPORÉ BANCO DO BRASIL S/A RECORRENTE/RECORRIDO ROSELI FATIMA NARDINO RECORRIDO/RECORRENTE ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Juízes de Direito integrantes da Terceira Turma Recursal Cível dos Juizados Especiais 1

Upload: guerreiro-rock

Post on 18-Dec-2015

216 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

acordão

TRANSCRIPT

<NÚMERODETOKENSNODOCUMENTO \18><COMPOSIÇÃODEACÓRDÃOEMENTA \TEXTO="(INSIRA AQUI O TÍTULO DA EMENTA)^P^P(Insira aqui o texto da 2010/Cível
reparação de danos. FALHA DO SERVIÇO BANCÁRIO. devolução indevida de cheque. fundos suficientes. DANO MORAL EXISTENTE. quantum fixado de acordo com os parâmetros desta turma.
Tendo o banco devolvido indevidamente, por falha do serviço, um cheque do correntista pela alínea “11”, ou seja, como se fosse desprovido de fundos, quando, na realidade, a autora possuía saldo suficiente (R$ 834,21), com isso gerando abalo à imagem do consumidor, responde pela reparação do dano moral daí decorrente. Valor da indenização (R$ 1.000,00) em conformidade com os parâmetros de razoabilidade adotados pela Turma.
Desprovidos ambos os recursos. Unânime.
Recurso Inominado
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Juízes de Direito integrantes da Terceira Turma Recursal Cível dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do Sul, à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO A AMBOS OS RECURSOS.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores Dr. Carlos Eduardo Richinitti (Presidente) e Dr.ª Elaine Maria Canto da Fonseca.
Porto Alegre, 09 de junho de 2011.
DR. JOÃO PEDRO CAVALLI JÚNIOR,
Relator.
RELATÓRIO
Trata-se de Ação de Indenização por danos materiais e morais, ajuizada por ROSELI FÁTIMA NARDINO em face do BANCO DO BRASIL.
Disse que teve devolvido, de forma indevida, um cheque no valor de R$ 60,00 (sessenta reais), pela instituição financeira ré, apesar da existência de fundos disponíveis para pagamento, que somaram a importância de R$ 834,21 (oitocentos e trinta e quatro reais e vinte e um centavos). Assevera ter suportado abalo de ordem moral. Postula a procedência do pedido, com a condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10.200,00 (dez mil e duzentos reais).
Contesta o Banco aduzindo, em preliminar, ausência de interesse de agir, ao argumento de que não restou evidenciado o dano moral apontado pela parte autora. No mérito, asseverou que o cheque de emissão da autora foi devolvido, em primeira apresentação, por insuficiência de fundos, diante da ausência de pagamento de uma taxa de R$ 5,50 (cinco reais e cinqüenta centavos) referente ao Cartão OuroCard, e que o seu nome não foi lançado em qualquer órgão restritivo de crédito, o que desautoriza a procedência do pleito indenizatório. Postula a improcedência do pedido.
Sobreveio sentença de parcial procedência, condenando o Banco ao pagamento de R$ 1.000,00 (hum mil reais) a título de danos morais.
Ambas as partes interpuseram recurso inominado; a autora para ver majorada a quantia indenizatória, e o réu buscando a reforma integral da sentença ou, alternativamente, a redução da condenação pelos danos morais.
Intimadas, as partes contrarrazoaram repisando seus argumentos.
Vieram os autos às Turmas.
É o relato.
Dr. João Pedro Cavalli Júnior (RELATOR)
Examino primeiramente o recurso do réu, uma vez prejudicial ao da autora.
A questão do ilícito decorrente da falha do serviço é, na verdade, incontroversa.
A parte autora, de fato, possuía saldo suficiente na sua conta para pagamento do cheque, pois tinha limite de crédito disponível no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), sendo que estava sendo utilizada a soma de R$ 1.165,79 (hum mil cento e sessenta e cinco reais e setenta e nove centavos), restando, ainda, disponível a quantia de R$ 834,21 (oitocentos e trinta e quatro reais e vinte e um centavos). Desta feita, resta evidente a ilicitude praticada pela parte ré, que devolveu cheque emitido pela parte autora, quando havia suficientes provisões de fundo.
Desta forma, restou caracterizada a irregularidade da conduta da instituição financeira ao negar a compensação da cártula indicando a ocorrência de insuficiência de fundos para tanto, ensejando o dever de reparar os danos sofridos pela parte adversa, consoante a orientação jurisprudencial consolidada na Súmula n. 388 do Egrégio STJ:
“A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral”.
Neste sentido:
“indenizatória. dano moral. falha do serviço bancário. devolução indevida de cheque por insuficiência de fundos.
Comprovada a falha do serviço bancário, gerando a indevida devolução de cheque por insuficiência de fundos, o abalo moral daí decorrente é evidenciado pelo constrangimento a que o correntista é submetido, o que traduz dano moral puro.
Recurso provido. Unânime. (Recurso Inominado, nº 71001376243, Relator João Pedro Cavalli Júnior, Primeira Turma Recursal Cível, Comarca de Porto Alegre).”
“INDENIZATÓRIA. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO bancário. DEVOLUÇÃO indevida DE CHEQUE. DANO MORAL PURO OCORRENTE. DEVER DE INDENIZAR. MANUTENÇÃO DO QUANTUM.
Caso em que a consumidora teve um cheque indevidamente devolvido em razão de falha do serviço do banco demandado, consistente em não efetivar uma TED por defeito de preenchimento, gerando insuficiência de fundos na conta bancária que a autora mantinha junto ao Banco do Brasil. Situação que ultrapassou o mero dissabor, atingindo a imagem da parte perante seu credor e ocasionando, portanto, danos extrapatrimoniais indenizáveis. Valor fixado (R$ 1.500,00) que não comporta redução. Sentença confirmada por seus próprios fundamentos.
Recurso desprovido. Unânime. (Recurso Inominado, nº 71002096717, Relator João Pedro Cavalli Júnior, Terceira Turma Recursal Cível, Comarca de Santo Ângelo).”
“indenizatória. dano moral. falha do serviço bancário. dupla devolução indevida de cheque por insuficiência de fundos.
Comprovada a falha do serviço bancário, gerando a indevida devolução de cheque como se fosse desprovido de fundos, em duas oportunidades, o abalo moral daí decorrente é evidenciado pelo constrangimento a que o correntista é submetido, sem embargo das conseqüências civis e criminais de tal situação, o que traduz dano moral puro. Valor da indenização, contudo, modulado para guardar proporcionalidade com a lesão, já que não houve publicização maior do fato. Dever do banco, ademais, de reembolsar as taxas decorrentes dessa devolução.
Recurso parcialmente provido. Unânime. (Recurso Inominado, nº 71001170216, Relator João Pedro Cavalli Júnior, Primeira Turma Recursal Cível, Comarca de Canoas).”
“consumidor. falha do serviço bancário. dupla devolução indevida de cheque por insuficiência de fundos. valor da indenização por dano moral. modulação.
Recurso provido. Unânime. (Recurso Inominado, nº 71000941468, Relator João Pedro Cavalli Júnior, Primeira Turma Recursal Cível, Comarca de Tupanciretã)”
“serviço bancário. falha. devolução indevida de cheque. dano moral. quantificação.
Tendo o banco devolvido indevidamente, por falha do serviço, um cheque da correntista pela alínea “11”, ou seja, como se fosse desprovido de fundos, com isso gerando abalo à imagem da consumidora, responde pela reparação do dano moral daí decorrente. Necessidade, contudo, de adequação do valor da indenização a parâmetros de razoabilidade adotados pela Turma.
Recurso da autora desprovido e do réu, provido em parte. Unânime. (Recurso Inominado, nº 71000827626, Primeira Turma Recursal Cível, Comarca de Getúlio Vargas).”
No que tange ao recurso interposto pela parte autora, consigno que há de ser mantido o “quantum” arbitrado a título de danos morais. Cumpre salientar que no caso concreto, não houve publicização maior do fato, já que o réu, no mesmo dia da primeira devolução indevida, procedeu na sua compensação (fls. 36). Ainda, não houve negativação qualquer do nome da parte autora junto aos órgãos restritivos de crédito.
Portanto, a magnitude da lesão foi menor frente àquilo que normalmente se observa em caso de negativação indevida, de modo que a indenização também deve ser proporcionalmente menor que se costuma deferir em tais hipóteses.
Assim, tenho que a quantia de R$ 1.000,00 (hum mil reais) deferida na origem, guarda relação de proporcionalidade entre o ilícito e o dano, compensando adequadamente a parte lesada.
Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO a ambos os recursos.
Sucumbência por ambos os recorrentes. Honorários arbitrados em R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais) para cada um dos recorrentes, na forma do artigo 55, “caput”, 2ª parte, da Lei dos Juizados Especiais Cíveis, cuja exigibilidade resta suspensa em favor da parte autora, por litigar ao amparo da AJG (fls 68). Além disso, fica determinada a compensação recíproca.
Dr. Carlos Eduardo Richinitti (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a).
Dr.ª Elaine Maria Canto da Fonseca - De acordo com o(a) Relator(a).
DR. CARLOS EDUARDO RICHINITTI - Presidente - Recurso Inominado nº 71002897866, Comarca de Guaporé: "NEGARAM PROVIMENTO A AMBOS OS RECURSOS. UNÂNIME."
Juízo de Origem: 1. VARA JUDICIAL GUAPORE - Comarca de Guaporé
6