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ACOMPANHAMENTO PLENUS MINISTÉRIO PÚBLICO -------------------------------------------------------------- DIREITO ELEITORAL SEMANA 10 SINOPSE DE ESTUDO #SouPlenus #AquiéMP #TôDentro

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ACOMPANHAMENTO PLENUS

MINISTÉRIOPÚBLICO

--------------------------------------------------------------DIREITO ELEITORAL

SEMANA 10

SINOPSE DE ESTUDO

#SouPlenus#AquiéMP#TôDentro

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MINISTÉRIOPÚBLICO

SUMÁRIO

1. Pesquisas eleitorais ...................................................................................................................... 32. Propaganda política ..................................................................................................................... 62.1 Conceito ..................................................................................................................................... 62.2 Princípios .................................................................................................................................... 72.3 Tipos de propaganda ................................................................................................................. 82.4 Propaganda partidária ............................................................................................................... 82.4.1 Propaganda intrapartidária .................................................................................................... 82.5 Propaganda eleitoral ................................................................................................................. 82.5.1 Introdução ............................................................................................................................... 82.5.2 Previsão legal .......................................................................................................................... 82.5.3 Prazo e propaganda antecipada ou extemporânea ............................................................... 82.5.4 Identificação e idioma ........................................................................................................... 112.5.6 Propaganda eleitoral em geral ............................................................................................. 112.5.6.1 Regras do art. 37, da Lei nº. 9.504/97 ................................................................................. 122.5.6.2 Distribuição de folhetos, volantes e outros impressos ..................................................... 142.5.6.3 Comícios, showmícios e a utilização de alto-falantes nas campanhas eleitorais ............ 152.5.6.4 Boca de urna e manifestação individual e silenciosa ........................................................ 172.5.6.5 Símbolos ou imagens associadas às empregadas por órgãos de governo e estatais ...... 192.5.6.6 Poder de polícia .................................................................................................................. 192.5.7 Veiculação ............................................................................................................................. 202.5.7.1 Outdoors ............................................................................................................................. 202.5.7.2 Imprensa escrita ................................................................................................................. 202.5.7.3 Rádio e televisão ................................................................................................................ 212.5.7.3.1 Debates ............................................................................................................................ 222.5.7.3.2 Horário eleitoral gratuito ................................................................................................ 252.5.7.4 Internet ............................................................................................................................... 283. Direito de resposta ..................................................................................................................... 353.1 Introdução ................................................................................................................................ 353.2 Competência ............................................................................................................................ 363.3 Legitimidade ativa .................................................................................................................... 363.4 Prazo para exercício ................................................................................................................. 363.5 Procedimento ........................................................................................................................... 37

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1. Pesquisas eleitorais

As pesquisas de opinião pública, no âmbito eleitoral, almejam a apreender a percep-ção do corpo eleitoral sobre os candidatos e partidos políticos.

As pesquisas são importante fonte de informação para subsidiar a escolha do eleitor, ao passo em que, ante a sua enorme influência em relação à opinião pública, na prática, termi-nam por funcionar como instrumento de propaganda eleitoral. Do mesmo modo, as pesquisas têm aptidão para direcionar as campanhas eleitorais dos candidatos e as tomadas de decisão dos partidos políticos.

Tais pesquisas têm previsão expressa nos arts. 33 a 35-A, da Lei nº. 9.504/97. Nesse sentido, interessa expor a redação dos mencionados dispositivos com os comentários perti-nentes:

Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento pú-blico, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, junto à Justiça Elei-toral, até cinco dias antes da divulgação, as seguintes informações:I - quem contratou a pesquisa;II - valor e origem dos recursos despendidos no trabalho;III - metodologia e período de realização da pesquisa;IV - plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instru-ção, nível econômico e área física de realização do trabalho a ser execu-tado, intervalo de confiança e margem de erro;V - sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do trabalho de campo;VI - questionário completo aplicado ou a ser aplicado;VII - nome de quem pagou pela realização do trabalho e cópia da respec-tiva nota fiscal.

O registro a que devem ser submetidas as pesquisas é, em verdade, mera verifica-ção da presença das informações descritas no preceito acima. Nesse procedimento, portanto, a Justiça Eleitoral não faz qualquer juízo de valor sobre as informações fornecidas.

O intervalo de cinco dias entre o registro da pesquisa e a divulgação de seus resulta-dos deve ser observado. Caso não o seja, entende o TSE que essa conduta se equipara à divul-gação de pesquisa sem registro prévio, devendo a infração incidir na multa prevista no art. 33, §3º, da Lei nº. 9.504/97 (Representação nº. 79988, Acórdão, Relator(a) Min. Joelson Costa Dias, Publicação: RJTSE - Revista de jurisprudência do TSE, Volume 21, Tomo 3, Data 18/05/2010, Página 100).

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Aqui, importa ressaltar que a mera enquete não se confunde com a pesquisa elei-toral. Enquanto esta é formal e deve ser minuciosa quanto ao âmbito, abrangência e método adotado, aquela é informal, não sendo obrigado que atenda aos mesmos pressupostos da pes-quisa, submetendo-se tão somente à vedação do §5º acima.

Dessa forma, segundo entende o TSE, é desnecessário o registro de enquete, uma vez que não se confunde com pesquisa eleitoral (Recurso Especial Eleitoral nº. 20664, Rela-tor(a) Min. Fernando Neves Da Silva, Publicação: DJ - Diário de justiça, Volume 1, Tomo -, Data 13/05/2005, Página 142).

§ 1º As informações relativas às pesquisas serão registradas nos órgãos da Justiça Eleitoral aos quais compete fazer o registro dos candidatos;§ 2º A Justiça Eleitoral afixará no prazo de vinte e quatro horas, no local de costume, bem como divulgará em seu sítio na internet, aviso comunicando o registro das informações a que se refere este artigo, colocando-as à disposição dos partidos ou coligações com candidatos ao pleito, os quais a elas terão livre acesso pelo prazo de 30 (trinta) dias.§ 3º A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações de que trata este artigo sujeita os responsáveis a multa no valor de cin-quenta mil a cem mil UFIR.

Segundo entende o TSE, a multa prevista acima somente incide se houver divulgação de pesquisa não registrada perante a Justiça Eleitoral, o que não se confunde com a hipótese de divulgação de pesquisa registrada que é feita sem referência a todas informações previstas no caput do dispositivo citado (Recurso Especial Eleitoral nº. 36141, Acórdão, Relator(a) Min. Hen-rique Neves Da Silva, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 145, Data 07/08/2014, Página 178-179).

Além disso, conforme o TSE, para que se configure a divulgação de pesquisa eleitoral, sem prévio registro na Justiça Eleitoral, nos termos dispositivo acima, basta que tenha sido diri-gida para conhecimento público, sendo irrelevante o número de pessoas alcançado pela divul-gação e sua influência no equilíbrio da disputa eleitoral. Desse modo, a divulgação de pesquisa eleitoral, sem prévio registro na Justiça Eleitoral, em grupo do Whatsapp, configura o ilícito pre-visto no art. 33, §3º, da Lei nº. 9.504/97 (Recurso Especial Eleitoral nº. 10880, Acórdão, Relator(a) Min. ADMAR GONZAGA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 17/08/2017).

Por fim, cabe dizer que a multa deve variar nos parâmetros fixados pelo legislador, não sendo possível a imposição de multa abaixo do valor previsto na norma, sob pena de vio-lação ao princípio da legalidade (Recurso Especial Eleitoral nº. 629516, Acórdão, Relator(a) Min. Arnaldo Versiani Leite Soares, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 19/08/2011, Página 7/8)

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§ 4º A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor de cinquenta mil a cem mil UFIR.§ 5º É vedada, no período de campanha eleitoral, a realização de enque-tes relacionadas ao processo eleitoral;Art. 34. (VETADO)§ 1º Mediante requerimento à Justiça Eleitoral, os partidos poderão ter acesso ao sistema interno de controle, verificação e fiscalização da coleta de dados das entidades que divulgaram pesquisas de opinião relativas às eleições, incluídos os referentes à identificação dos entrevistadores e, por meio de escolha livre e aleatória de planilhas individuais, mapas ou equivalentes, confrontar e conferir os dados publicados, preservada a identidade dos respondentes.§ 2º O não-cumprimento do disposto neste artigo ou qualquer ato que vise a retardar, impedir ou dificultar a ação fiscalizadora dos partidos constitui crime, punível com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo prazo, e multa no valor de dez mil a vinte mil UFIR.§ 3º A comprovação de irregularidade nos dados publicados sujeita os responsáveis às penas mencionadas no parágrafo anterior, sem prejuízo da obrigatoriedade da veiculação dos dados corretos no mesmo espaço, local, horário, página, caracteres e outros elementos de destaque, de acordo com o veículo usado.Art. 35. Pelos crimes definidos nos arts. 33, § 4º e 34, §§ 2º e 3º, podem ser responsabilizados penalmente os representantes legais da empresa ou entidade de pesquisa e do órgão veiculador.Art. 35-A. É vedada a divulgação de pesquisas eleitorais por qualquer meio de comunicação, a partir do décimo quinto dia anterior até as 18 (dezoito) horas do dia do pleito.

A intenção da norma, aqui, foi de evitar a influência das pesquisas eleitorais na for-mação da opinião dos eleitores. Entretanto, no julgamento da ADI 3471/DF o STF declarou o dispositivo acima inconstitucional por violar o dirieto constitucional de informação (STF, Pleno, ADI nº. 3471/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julg. 06/08/2006, pub 23/02/2007).

2. Propaganda política

2.1 Conceito

Do ponto de vista semântico, o termo propaganda significa difundir ideias, princípios ou teorias, de natureza política, social, moral ou religiosa, por qualquer meio de comunicação, sem interesse mercantil imediato.

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Tecnicamente, a propaganda pode ser conceituada com um conjunto de técnicas empregadas para influenciar pessoas na tomada de decisão, de modo a tentar induzir em ter-ceiros reações favoráveis ou desfavoráveis.

Em matéria eleitoral, a propaganda política consiste no conjunto de técnicas utiliza-das para convencer o eleitorado em relação à preferência partidária e à intenção de voto.

2.2 Princípios

Segundo o escólio de Joel J. Cândido1, a propaganda eleitoral, em qualquer modali-dade, rege-se por princípios, os quais podem ser resumidos na tabela adiante.

PRINCÍPIOS

Legalidade

Trata-se do princípio basilar, a qual se vinculam todos os demais. Consiste na afirmação de que a lei federal regula a propaganda, estando o ordenamen-to composto por normas cogentes, de ordem pública, indisponíveis e de inci-dência e acatamento erga omnes.

Liberdade Diz respeito ao livre direito à propagan-da, na forma do que dispuser a lei.

Responsabilidade

Toda a propaganda é de responsabi-lidade dos partidos políticos e coliga-ções, solidários com os candidatos e adeptos pelos abusos e excessos que cometerem.

Igualdade Todos, com igualdade de oportunida-des, têm direito à propaganda.

Disponibilidade

Decorrente do Princípio da Liberdade da Propaganda, significa que os parti-dos políticos, coligações, candidatos e adeptos podem dispor da propaganda lícita, garantida e estimulada pelo Esta-do, já que a lei pune com sanções pe-nais a propaganda criminosa e pune a propaganda irregular com sanções ad-ministrativo-eleitorais, precipuamente.

1 CÂNDIDO, Joel J. Direito eleitoral brasileiro. 15. ed. São Paulo: Edipro. 2012.

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Controle judicial da propaganda

Consiste na máxima segundo a qual à Justiça Eleitoral, exclusivamente, in-cumbe a aplicação das regras jurídicas sobre a propaganda e, inclusive, o exer-cício de seu Poder de Polícia.

2.3 Tipos de propaganda

A propaganda política é gênero que tem como espécies a propaganda eleitoral e a propaganda partidária. Dentro da propaganda partidária, encontra-se a propaganda intraparti-dária. Além disso, é possível citar, ainda, a propaganda institucional.

2.4 Propaganda partidária

A propaganda partidária, já tratada anteriormente, consistia naquela prevista na Lei nº. 9.096/95 e tinha como objetivo promover a própria agremiação partidária, através da divul-gação de seus programas partidários aos filiados, bem como da posição do partido em relação a temas político-comunitários. Essa propaganda era sempre realizada, de forma gratuita, no rádio e na TV.

A Lei nº. 13.487/17 extinguiu a propaganda partidária gratuita, revogando os diversos dispositivos que tratavam da matéria.

2.4.1 Propaganda intrapartidária

A propaganda intrapartidária é aquela realizada interna corporis, permitida ao postu-lante à candidatura a cargo eletivo com vista à indicação de seu nome, a ser realizada na quin-zena anterior à escolha pelo partido, em que é vedado o uso de rádio, televisão e outdoor (art. 36, §1º, da Lei nº. 9.504/97).

2.5 Propaganda eleitoral

2.5.1 Introdução

A propaganda eleitoral é aquela direcionada a granjear o voto do eleitor, através da apresentação de propostas e programas eleitorais, permitida somente a partir do dia 16 de agosto do ano eleitoral.

2.5.2 Previsão legal

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A propaganda eleitoral tem disciplina nos arts. 36 a 57-J, da Lei nº. 9.504/97.

2.5.3 Prazo e propaganda antecipada ou extemporânea

Por imposição legal, a propaganda somente pode ser iniciada após o dia 15 de agos-to ou a partir do dia 16 de agosto do ano eleitoral (art. 36, da Lei nº. 9.504/97).

Em sentido contrário, configurará propaganda eleitoral antecipada a realizada an-teriormente a essa data. Nesse caso, o responsável pela divulgação da propaganda e o benefi-ciário, quando comprovado o seu prévio conhecimento, estarão sujeitos à multa no valor de R$ 5.000,00 a R$ 25.000,00, ou ao equivalente ao custo da propaganda, se este for maior (art. 36, §3º, da Lei nº. 9.504/97).

Entretanto, o exame da configuração de antecipação da propaganda eleitoral leva em conta não apenas o conteúdo da manifestação do pré-candidato, como também o contexto em que isso ocorreu.

Sobre o tema, o art. 36-A, da Lei nº. 9.504/97, trata de situações que não configurarão propaganda eleitoral antecipada, nestes termos:

Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatu-ra, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguin-tes atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet:I - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos polí-ticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de con-ferir tratamento isonômico;II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, discussão de políticas públicas, planos de go-verno ou alianças partidárias visando às eleições, podendo tais ativida-des ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação intrapartidária;III - a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de ma-terial informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos;IV - a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça pedido de votos;V - a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, in-clusive nas redes sociais;

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VI - a realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade civil, de veículo ou meio de comunicação ou do próprio partido, em qualquer localidade, para divulgar ideias, objetivos e pro-postas partidárias.VII - campanha de arrecadação prévia de recursos na modalidade previs-ta no inciso IV do § 4º do art. 23 desta Lei [crowdfunding].§1º É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de televisão das prévias partidárias, sem prejuízo da cobertura dos meios de comu-nicação social.§ 2º Nas hipóteses dos incisos I a VI do caput, são permitidos o pedido de apoio político e a divulgação da pré-candidatura, das ações políticas desenvolvidas e das que se pretende desenvolver.§ 3º O disposto no § 2º não se aplica aos profissionais de comunicação social no exercício da profissão.

Sobre a matéria, cumpre dizer que, segundo o TSE, não configura propaganda eleito-ral antecipada elogio feito da tribuna da Casa Legislativa por parlamentar a postulante a cargo público (Recurso Especial Eleitoral nº. 35094, Acórdão, Relator(a) Min. Gilmar Ferreira Mendes, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 24/02/2017, Página 54).

Além disso, segundo o mesmo Tribunal, a menção à pretensa candidatura e a exalta-ção das qualidades pessoais dos pré-candidatos, nos termos da redação conferida ao art. 36-A pela Lei nº 13.165/2015, não configuram propaganda extemporânea, desde que não envolvam pedido explícito de voto (Recurso Especial Eleitoral nº. 5124, Acórdão, Relator(a) Min. Luiz Fux, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 18/10/2016).

Na mesma linha, a entrevista concedida a órgão de imprensa, com manifesto teor jor-nalístico, inserida num contexto de debate político, com perguntas formuladas aleatoriamente pelos ouvintes, não caracteriza a ocorrência de propaganda eleitoral extemporânea, tampouco tratamento privilegiado (Representação nº. 165552, Acórdão, Relator(a) Min. Fátima Nancy An-drighi, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 05/08/2010).

Por outro lado, caracteriza propaganda eleitoral antecipada entrevista concedida em programa de televisão com promoção pessoal e enaltecimento de realizações pessoais em de-trimento dos possíveis adversários no pleito e com expresso pedido de votos (Recurso Especial Eleitoral nº. 251287, Acórdão, Relator(a) Min. Fátima Nancy Andrighi, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 10/08/2011, Página 63).

Além disso, será considerada propaganda eleitoral antecipada a convocação, por parte do Presidente da República, dos Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Fe-deral e do Supremo Tribunal Federal, de redes de radiodifusão para divulgação de atos que denotem propaganda política ou ataques a partidos políticos e seus filiados ou instituições (art.

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36-B, da Lei nº. 9.504/97).

2.5.4 Identificação e idioma

A propaganda, qualquer que seja a sua forma ou modalidade, mencionará sempre a legenda partidária e só poderá ser feita em língua nacional (art. 242, da Lei nº. 4.737/65).

Na propaganda dos candidatos a cargo majoritário deverão constar, também, os no-mes dos candidatos a vice ou a suplentes de senador, de modo claro e legível, em tamanho não inferior a 30% (trinta por cento) do nome do titular (art. 36, §4º, da Lei nº. 9.504/97).

2.5.7 Propaganda eleitoral em geral

A propaganda eleitoral em geral tem previsão nos arts. 36 a 41 da Lei nº. 9.504/97.

2.5.7.1 Regras do art. 37, da Lei nº. 9.504/97

O primeiro dispositivo a tratar da matéria é o art. 37, da Lei nº. 9.504/97, que assim dispõe:

Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder pú-blico, ou que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive pos-tes de iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados.§ 1º A veiculação de propaganda em desacordo com o disposto no caput deste artigo sujeita o responsável, após a notificação e comprovação, à restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 8.000,00 (oito mil reais).§ 2º Não é permitida a veiculação de material de propaganda eleitoral em bens públicos ou particulares, exceto de: (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)I - bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que não di-ficultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos; (Incluído dada pela Lei nº 13.488, de 2017)II - adesivo plástico em automóveis, caminhões, bicicletas, motocicletas e janelas residenciais, desde que não exceda a 0,5 m² (meio metro qua-drado). (Incluído dada pela Lei nº 13.488, de 2017)§ 3º Nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de propagan-da eleitoral fica a critério da Mesa Diretora.

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§ 4º Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pela Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de proprie-dade privada.§ 5º Nas árvores e nos jardins localizados em áreas públicas, bem como em muros, cercas e tapumes divisórios, não é permitida a colocação de propaganda eleitoral de qualquer natureza, mesmo que não lhes cause dano.§ 6º É permitida a colocação de mesas para distribuição de material de campanha e a utilização de bandeiras ao longo das vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito de pes-soas e veículos.§ 7º A mobilidade referida no § 6º estará caracterizada com a colocação e a retirada dos meios de propaganda entre as seis horas e as vinte e duas horas.§ 8º A veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares deve ser espontânea e gratuita, sendo vedado qualquer tipo de pagamento em troca de espaço para esta finalidade.

É possível observar que esse preceito regula a propaganda eleitoral e a sua veicu-lação em bens públicos e privados e não demanda maiores digressões, bastando, primordial-mente, que se conheça o seu conteúdo literal.

Contudo, é importante atentar para alguns pontos, senão vejamos.

Em primeiro lugar, é essencial observar a nova redação do §2º acima mencionado. Veja-se, na tabela adiante, a redação vigente e a redação alterada:

ATENÇÃO! Redação dada pela Lei nº. 13.165/15 Redação dada pela Lei nº. 13.488/17Art. 37. [...]§ 2º Em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral,

Art. 37. [...]§ 2º Não é permitida a veiculação de material de propaganda eleitoral em bens públicos ou particulares, exceto de:

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desde que seja feita em adesivo ou papel, não exceda a 0,5 m² (meio metro quadrado) e não contrarie a legislação eleitoral, sujeitando-se o infrator às penalidades previstas no § 1º.

I - bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito de pes-soas e veículos;II - adesivo plástico em automóveis, caminhões, bicicletas, motocicletas e janelas residenciais, desde que não ex-ceda a 0,5 m² (meio metro quadrado).

Note-se que, pela redação anterior, a regra era a liberdade de veiculação da propa-ganda eleitoral nos bens particulares, exceto quanto à publicidade a ser fixada nos imóveis, que deveria ser feita em adesivo ou papel e não exceder o limite de 0,5 m².

Com a nova redação, alterou-se essa orientação no sentido de não permitir a propa-ganda eleitoral em bens particulares, exceto no que se refere a adesivos plásticos em automó-veis, caminhões, bicicletas, motocicletas e janelas residenciais, desde que não excedentes a 0,5 m².

Em segundo lugar, é possível constatar que a veiculação de propaganda em desa-cordo com o anteriormente disposto sujeita o responsável, após a notificação e comprovação, à restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa no valor de R$ 2.000,00 a R$ 8.000,00.

Em relação a essa multa, faz-se necessário expor o teor da Súmula 48 do TSE:

A retirada da propaganda irregular, quando realizada em bem parti-cular, não é capaz de elidir a multa prevista no art. 37, § 1º, da Lei nº 9.504/1997.

Por fim, interessante mencionar que, para o TSE, o conceito de bem de uso comum, para fins eleitorais, alcança os de propriedade privada de livre acesso ao público (Recurso Es-pecial Eleitoral nº. 25428, Acórdão, Relator(a) Min. Humberto Gomes De Barros, Publicação: DJ - Diário de justiça, Data 31/03/2006, Página 134).

COMO ESSE ASSUNTO TEM SIDO COBRADO EM PROVAS DA CARREIRA?

(Ano: 2014 / Banca: MPE-RS / Órgão: MPE-RS / Prova: Promotor de Justiça)

Assinale a alternativa INCORRETA.

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a) Em regra, não há revisão do eleitorado em ano eleitoral, podendo o Tribunal Superior Elei-toral, entretanto, excepcionalmente, autorizar este procedimento, nos moldes do artigo 58, parágrafo 2º, da Resolução/TSE n.º 21.538/2003, caso haja motivos justificadores para tanto.b) A vedação contida no artigo 73, inciso V, da Lei Federal n.º 9.504/1997, de nomear e exone-rar servidor público, na circunscrição do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, não tem incidência nas hipóteses de nomeação e exoneração de cargos em comis-são e designação ou dispensa de funções gratificadas.c) Do início do prazo estabelecido no artigo 7º da Lei Federal n.º 9.504/1997 (no ano em curso, a partir de abril de 2014) e até a posse dos eleitos, é permitida, apenas, a concessão de rea-justes de salário para recomposição do seu poder aquisitivo e a reestruturação de carreiras, devendo eventual abuso ser apurado na esfera própria.d) São inelegíveis para todo e qualquer cargo, nos termos da Lei Complementar n.º 64/1990, com a redação dada pela Lei Complementar n.º 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), os inalistáveis e os analfabetos.e) O artigo 37 da Lei n.º 9.504/1997, com a redação dada pela Lei n.º 12.891/2013, permite a propaganda em bens particulares e veda nos bens públicos, salvo naqueles cujo uso tenha sido objeto de concessão ou permissão do Poder público (e.g., táxis e ônibus), caso em que poderão ser utilizados desde que haja anuência do concessionário ou permissionário.

Gabarito: E.

(Ano: 2014 / Banca: MPE-MG / Órgão: MPE-MG / Prova: Promotor de Justiça) Quanto às afirma-ções que se seguem:

I. O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federai, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.II. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor Elei-toral dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal.III. São inelegíveis, para qualquer cargo, os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, por crimes de ação penal privada.IV. Nas árvores e nos jardins localizados em áreas públicas, bem como em muros, cercas e ta-pumes divisórios, não é permitida a colocação de propaganda eleitoral de qualquer natureza, mesmo que não lhes cause dano.

É INCORRETO o que se afirma em:

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a) I e II.b) II e III.c) II e IV.d) III e IV.

Gabarito: B.

2.5.7.2 Distribuição de folhetos, volantes e outros impressos

A matéria tem previsão no art. 38, da Lei nº. 9.504/97, que assim reza:

Art. 38. Independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral pela distribui-ção de folhetos, adesivos, volantes e outros impressos, os quais devem ser editados sob a responsabilidade do partido, coligação ou candidato.§ 1º Todo material impresso de campanha eleitoral deverá conter o nú-mero de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ ou o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF do responsável pela confecção, bem como de quem a contratou, e a respectiva tiragem.§ 2º Quando o material impresso veicular propaganda conjunta de di-versos candidatos, os gastos relativos a cada um deles deverão constar na respectiva prestação de contas, ou apenas naquela relativa ao que houver arcado com os custos.§ 3º Os adesivos de que trata o caput deste artigo poderão ter a dimensão máxima de 50 (cinquenta) centímetros por 40 (quarenta) centímetros.§ 4º É proibido colar propaganda eleitoral em veículos, exceto adesivos microperfurados até a extensão total do para-brisa traseiro e, em outras posições, adesivos até a dimensão máxima fixada no § 3º.

Aqui, cabe atentar para o §2º e a sua finalidade de promover maior transparência ao processo de contratação de empresas responsáveis por efetivar essa forma de propaganda.

Além disso, interessante mencionar que, para o TSE, configura propaganda eleitoral irregular o “derramamento de santinhos” nas vias públicas próximas aos locais de votação na madrugada do dia da eleição (Recurso Especial Eleitoral nº. 379823, Acórdão, Relator(a) Min. Gilmar Ferreira Mendes, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 14/03/2016, Página 59-60), desafiando a aplicação da multa prevista no art. 37, §2º, da Lei nº. 9.504/97.

2.5.7.3 Comícios, showmícios e a utilização de alto-falantes nas campanhas eleitorais

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Sobre o assunto, assim prevê o art. 39, da Lei nº. 9.504/97:

Art. 39. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou elei-toral, em recinto aberto ou fechado, não depende de licença da polícia.§ 1º O candidato, partido ou coligação promotora do ato fará a devida comunicação à autoridade policial em, no mínimo, vinte e quatro horas antes de sua realização, a fim de que esta lhe garanta, segundo a priori-dade do aviso, o direito contra quem tencione usar o local no mesmo dia e horário.§ 2º A autoridade policial tomará as providências necessárias à garantia da realização do ato e ao funcionamento do tráfego e dos serviços públicos que o evento possa afetar.§ 3º O funcionamento de alto-falantes ou amplificadores de som, ressal-vada a hipótese contemplada no parágrafo seguinte, somente é permi-tido entre as oito e as vinte e duas horas, sendo vedados a instalação e o uso daqueles equipamentos em distância inferior a duzentos metros:I - das sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, das sedes dos Tribunais Judiciais, e dos quartéis e outros estabelecimentos militares;II - dos hospitais e casas de saúde;III - das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em fun-cionamento.§ 4º A realização de comícios e a utilização de aparelhagens de sonoriza-ção fixas são permitidas no horário compreendido entre as 8 (oito) e as 24 (vinte e quatro) horas, com exceção do comício de encerramento da campanha, que poderá ser prorrogado por mais 2 (duas) horas.[...]§ 6º É vedada na campanha eleitoral a confecção, utilização, distribuição por comitê, candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor.§ 7º É proibida a realização de showmício e de evento assemelhado para promoção de candidatos, bem como a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral.§ 8º É vedada a propaganda eleitoral mediante outdoors, inclusive eletrônicos, sujeitando-se a empresa responsável, os partidos, as coligações e os candidatos à imediata retirada da propaganda irregular e ao pagamento de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 15.000,00 (quinze mil reais).§ 9º Até as vinte e duas horas do dia que antecede a eleição, serão permi-tidos distribuição de material gráfico, caminhada, carreata, passeata ou carro de som que transite pela cidade divulgando jingles ou mensagens

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de candidatos.§ 9º-A. Considera-se carro de som, além do previsto no § 12, qualquer veículo, motorizado ou não, ou ainda tracionado por animais, que tran-site divulgando jingles ou mensagens de candidatos. § 10. Fica vedada a utilização de trios elétricos em campanhas eleitorais, exceto para a sonorização de comícios.§ 11. É permitida a circulação de carros de som e minitrios como meio de propaganda eleitoral, desde que observado o limite de oitenta deci-béis de nível de pressão sonora, medido a sete metros de distância do veículo, e respeitadas as vedações previstas no § 3º deste artigo, apenas em carreatas, caminhadas e passeatas ou durante reuniões e comícios. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)§ 12. Para efeitos desta Lei, considera-se:I - carro de som: veículo automotor que usa equipamento de som com potência nominal de amplificação de, no máximo, 10.000 (dez mil) wa-tts;II - minitrio: veículo automotor que usa equipamento de som com po-tência nominal de amplificação maior que 10.000 (dez mil) watts e até 20.000 (vinte mil) watts;III - trio elétrico: veículo automotor que usa equipamento de som com potência nominal de amplificação maior que 20.000 (vinte mil) watts.

Esse dispositivo disciplina a promoção de atos de propaganda eleitoral que dizem respeito à aglomeração ou reunião de pessoas, como comícios, passeatas, carreatas etc.

Aqui, importa atentar para a excepcionalidade do regramento quanto aos comícios (art. 39, §4º, da Lei nº. 9.504/97) e para a alteração da redação do §11 acima mencionado pro-movida pela Lei nº. 13.488/17.

ATENÇÃO! Redação dada pela Lei nº. 12.891/13 Redação dada pela Lei nº. 13.488/17Art. 39. [...]§ 11. É permitida a circulação de carros de som e minitrios como meio de propaganda eleitoral, desde que observado o limite de 80 (oitenta)

Art. 39. [...]§ 11. É permitida a circulação de carros de som e minitrios como meio de pro-paganda eleitoral, desde que observa-do o limite de oitenta decibéis de nível

decibéis de nível de pressão sonora, medido a 7 (sete) metros de distância do veículo, e respeitadas as vedações previstas no § 3º deste artigo.

de pressão sonora, medido a sete me-tros de distância do veículo, e respeita-das as vedações previstas no § 3º deste artigo, apenas em carreatas, caminha-das e passeatas ou durante reuniões e comícios.

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Embora a redação não favoreça a interpretação, é possível concluir que a circulação de carros de som e minitrios como meio de propaganda eleitoral somente é permitida em car-reatas, caminhadas e passeatas ou durante reuniões e comícios.

COMO ESSE ASSUNTO TEM SIDO COBRADO EM PROVAS DA CARREIRA?

(Ano: 2014 / Banca: MPE-GO / Órgão: MPE-GO / Prova: Promotor de Justiça)

Durante o período eleitoral, grande parte das delações dirigidas ao Ministério Público vem de cidadãos incomodados com a utilização de instrumentos sonoros, fixos ou móveis, utilizados como meio de propaganda eleitoral. Aponte a alternativa correta:

a) É proibida a utilização, a qualquer hora, de alto-falantes e amplificadores de som no comitê do partido.b) A utilização de minitrio é permitida, mas em horários mais restritos que os previstos para os carros de som.c) É vedada a utilização em campanhas eleitorais de trio elétrico, salvo para a sonorização de comícios.d) Os carros de som podem funcionar entre as oito e as vinte e duas horas, sendo permitida a prorrogação por mais duas horas no dia de encerramento da campanha.

Gabarito: C.

2.5.7.4 Boca de urna e manifestação individual e silenciosa

A boca de urna consiste na abordagem de eleitores nas proximidades dos locais de votação a fim de obter-lhes o voto em favor de candidato ou partido.

De maneira a combater essa prática, o art. 39, §5º, da Lei nº. 9.504/97, passou a crimi-nalizar a conduta, conforme se observa abaixo:

Art. 39. [...]§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comu-nidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de co-mício ou carreata;II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna;III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políti-cos ou de seus candidatos.

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IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteú-dos nas aplicações de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, poden-do ser mantidos em funcionamento as aplicações e os conteúdos publi-cados anteriormente. (Incluído dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

Contudo, a legislação eleitoral ressalva a possibilidade de manifestação da preferên-cia do eleitor na data do pleito. Essa manifestação deve individual, ou seja, partir exclusivamen-te do eleitor, sem influência de terceiros, sendo vedada a manifestação coletiva de preferên-cias eleitorais, e silenciosa, evitando-se a demonstração verba de preferência ou a utilização de equipamentos sonoros, com aptidão para influir no processo de escolha dos demais eleitores.

Sobre o tema, veja-se a redação do art. 39-A da Lei nº. 9.504/97:

Art. 39-A. É permitida, no dia das eleições, a manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato, revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e adesivos.§ 1º É vedada, no dia do pleito, até o término do horário de votação, a aglomeração de pessoas portando vestuário padronizado, bem como os instrumentos de propaganda referidos no caput, de modo a caracterizar manifestação coletiva, com ou sem utilização de veículos.

§ 2º No recinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, é proibido aos servidores da Justiça Eleitoral, aos mesários e aos escrutinadores o uso de vestuário ou objeto que contenha qualquer propaganda de partido político, de coligação ou de candidato.§ 3º Aos fiscais partidários, nos trabalhos de votação, só é permitido que, em seus crachás, constem o nome e a sigla do partido político ou coligação a que sirvam, vedada a padronização do vestuário.§ 4º No dia do pleito, serão afixadas cópias deste artigo em lugares visíveis nas partes interna e externa das seções eleitorais.

2.5.7.5 Símbolos ou imagens associadas às empregadas por órgãos de governo e estatais

Constitui crime a utilização de símbolos ou imagens associadas ou semelhantes às empregadas por órgãos de governo ou empresas estatais, na forma do art. 40 da Lei nº. 9.504/97:

Art. 40. O uso, na propaganda eleitoral, de símbolos, frases ou imagens, associadas ou semelhantes às empregadas por órgão de governo, em-presa pública ou sociedade de economia mista constitui crime, punível

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com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de dez mil a vinte mil UFIR.

2.5.7.6 Poder de polícia

Além da atividade jurisdicional, a Justiça Eleitoral exerce o poder de polícia, limi-tando o direito de propaganda eleitoral através da sua conformação aos limites impostos pela legislação, sendo vedada, entretanto, a censura e desnecessária a prévia autorização para o ato de propaganda, nos moldes do art. 41 da Lei nº. 9.504/97:

Art. 41. A propaganda exercida nos termos da legislação eleitoral não poderá ser objeto de multa nem cerceada sob alegação do exercício do poder de polícia ou de violação de postura municipal, casos em que se deve proceder na forma prevista no art. 40.§ 1º O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido pelos juízes eleitorais e pelos juízes designados pelos Tribunais Regionais Elei-torais.§ 2º O poder de polícia se restringe às providências necessárias para ini-bir práticas ilegais, vedada a censura prévia sobre o teor dos programas a serem exibidos na televisão, no rádio ou na internet.

Embora o Juiz Eleitoral seja dotado de Poder de Polícia, importante atentar para Sú-mula 18 do TSE:

Conquanto investido de poder de polícia, não tem legitimidade o juiz eleitoral para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de im-por multa pela veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei nº 9.504/97.

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COMO ESSE ASSUNTO TEM SIDO COBRADO EM PROVAS DA CARREIRA?

(Ano: 2014 / Banca: MPE-SC / Órgão: MPE-SC / Prova: Promotor de Justiça)

Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado.

Está sumulado junto ao TSE que conquanto investido de poder de polícia, não tem legitimi-dade o juiz eleitoral para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de impor multa pela veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei n. 9.504/97.( ) Certo( ) Errado

Gabarito: C.

2.5.6 Veiculação

Considerando o princípio da liberdade, que permeia a propaganda eleitoral, têm-se empregado as mais diversas formas a fim de se tentar obter o voto do eleitor.

De modo a regulamentar a matéria, a Lei nº. 9.504/97 disciplinou os principais meios de veiculação de propaganda.

2.5.6.1 Outdoors

A propaganda eleitoral mediante uso de “outdoors” tinha disciplina no art. 42 da Lei nº. 9.504/97.

Atualmente, entretanto, é vedado o uso de “outdoors”, inclusive o eletrônico, confor-me visto no art. 39, §8º, da Lei nº. 9.504/97.

2.5.6.2 Imprensa escrita

A propaganda eleitoral na imprensa escrita encontra previsão no art. 43, da Lei nº. 9.504/97, que assim reza:

Art. 43. São permitidas, até a antevéspera das eleições, a divulgação paga, na imprensa escrita, e a reprodução na internet do jornal impres-so, de até 10 (dez) anúncios de propaganda eleitoral, por veículo, em da-tas diversas, para cada candidato, no espaço máximo, por edição, de 1/8 (um oitavo) de página de jornal padrão e de 1/4 (um quarto) de página de revista ou tabloide.§ 1º Deverá constar do anúncio, de forma visível, o valor pago pela

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inserção.§ 2º A inobservância do disposto neste artigo sujeita os responsáveis pelos veículos de divulgação e os partidos, coligações ou candidatos beneficiados a multa no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou equivalente ao da divulgação da propaganda paga, se este for maior.

2.5.6.3 Rádio e televisão

A propaganda eleitoral no rádio e na televisão tem disciplina nos arts. 44 a 57, da Lei nº. 9.504/97, e será sempre gratuita, sendo vedada a veiculação de propaganda paga.

A propaganda eleitoral gratuita na televisão deverá utilizar a Linguagem Brasileira de Sinais - LIBRAS ou o recurso de legenda, que deverão constar obrigatoriamente do material entregue às emissoras (art. 44, §1º, da Lei nº. 9.504/97).

Além disso, no horário reservado para a propaganda eleitoral, não se permitirá utili-zação comercial ou propaganda realizada com a intenção, ainda que disfarçada ou subliminar, de promover marca ou produto (art. 44, §1º, da Lei nº. 9.504/97).

O art. 45 da mencionada lei, de maneira a evitar privilégios a determinados candida-tos, estabelece uma série de vedações ao rádio e a TV, observe-se:

Art. 45. Encerrado o prazo para a realização das convenções no ano das eleições, é vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programa-ção normal e em seu noticiário:I - transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagens de realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de dados;II - usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou produzir ou veicular programa com esse efeito;III - veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou con-trária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou representantes;IV - dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação;V - veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro programa com alusão ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou debates polí-ticos;VI - divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção, ainda quando preexistente, inclusive se coincidente com o

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nome do candidato ou com a variação nominal por ele adotada. Sendo o nome do programa o mesmo que o do candidato, fica proibida a sua divulgação, sob pena de cancelamento do respectivo registro.

Sobre a matéria, cabe dizer que o STF, no bojo da ADI 4451/DF, decidiu suspender a eficácia dos inciso II e da expressão “ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou representantes” contida no inciso III acima mencionado, em atenção à liberdade de imprensa. (ADI 4451 MC-REF, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribu-nal Pleno, julgado em 02/09/2010, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-125 DIVULG 30-06-2011 PUBLIC 01-07-2011 REPUBLICAÇÃO: DJe-167 DIVULG 23-08-2012 PUBLIC 24-08-2012 RTJ VOL-00221-01 PP-00277).

2.5.6.3.1 Debates

Até a publicação da Lei nº. 13.165/15, era assegurada a participação, nos debates, de candidatos de partidos políticos que detivessem participação na Câmara dos Deputados. A presença dos demais candidatos não era obrigatória.

Com a redação do art. 46, da Lei nº. 9.504/97, definida pela lei acima mencionada, restringiu-se a obrigação das emissoras de rádio e TV de convidar para os debates apenas can-didatos de partidos que detivessem no mínimo 10 candidatos na Câmara dos Deputados.

Nesse caso, os debates com a participação de partidos políticos com número de De-putados Federais igual ou inferior a 9 somente seria possível com a concordância de, pelo me-nos, dois terços dos candidatos aptos, no caso de eleição majoritária, e de pelo menos dois terços dos partidos ou coligações com candidatos aptos, no caso de eleição proporcional, o que dificultaria ainda mais a participação de representantes de partidos menores (art. 46, §5º, da Lei nº. 9.504/97).

Foram ajuizadas perante o STF, então, as ADI 5423/DF, 5491/DF, 5577/DF e 5487/DF contra o dispositivo acima (STF. Plenário. ADI 5423/DF e ADI 5491/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, jul-gados em 24 e 25/8/2016; ADI 5577 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24 e 25/8/2016; ADI 5487/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 24 e 25/8/2016 - Info 836).

Na oportunidade de julgamento das mencionadas ADI, o STF fixou três entendimen-tos importantes:

a) É constitucional o art. 46 da Lei nº 9.504/97, que prevê que as emissoras de rádio e TV somente são obrigadas a convidar para participar dos debates eleitorais os candidatos dos partidos que tenham representação na Câmara superior a 9 Deputados Federais. Esta regra não violaria os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, além de que não teria assento

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constitucional, o que permitiria maior restrição por parte da legislação;

b) Os candidatos aptos não poderiam deliberar pela exclusão dos debates de candi-datos cuja participação seja facultativa, quando a emissora tenha optado por convidá-los. Ou seja, seria inaplicável, nesse caso, o art. 46, §5º, da Lei nº. 9.504/97. Entretanto, ressalvou-se a possibilidade de, mediante essa deliberação, decidir-se que o debate contaria também com a participação dos demais candidatos; e

c) As emissoras de rádio e TV possuiriam a faculdade de convidar outros candida-tos não enquadrados no critério legalmente previsto, independentemente de concordância dos candidatos aptos. Contudo, esse convite deveria ser feito conforme critérios objetivos, que atendessem os princípios da imparcialidade e da isonomia e o direito à informação, a serem regulamentados pelo Tribunal Superior Eleitoral.

A partir desse julgamento, o TSE publicou a Resolução nº. 23.496/16, dispondo que emissora de rádio ou de televisão poderá convidar candidato cuja participação seja facultativa, sendo vedada sua exclusão pela deliberação da maioria dos candidatos aptos (art. 1º, da Reso-lução nº. 23.496/16).

Ocorre que, por força da Lei nº. 13.488/17, alterou-se novamente o caput do art. 46, que agora assim dispõe:

Art. 46. Independentemente da veiculação de propaganda eleitoral gra-tuita no horário definido nesta Lei, é facultada a transmissão por emis-sora de rádio ou televisão de debates sobre as eleições majoritária ou proporcional, assegurada a participação de candidatos dos partidos com representação no Congresso Nacional, de, no mínimo, cinco parla-mentares, e facultada a dos demais, observado o seguinte:I - nas eleições majoritárias, a apresentação dos debates poderá ser fei-ta:a) em conjunto, estando presentes todos os candidatos a um mesmo cargo eletivo;b) em grupos, estando presentes, no mínimo, três candidatos;II - nas eleições proporcionais, os debates deverão ser organizados de modo que assegurem a presença de número equivalente de candidatos de todos os partidos e coligações a um mesmo cargo eletivo, podendo desdobrar-se em mais de um dia;III - os debates deverão ser parte de programação previamente estabe-lecida e divulgada pela emissora, fazendo-se mediante sorteio a escolha do dia e da ordem de fala de cada candidato, salvo se celebrado acordo em outro sentido entre os partidos e coligações interessados.§ 1º Será admitida a realização de debate sem a presença de candidato

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de algum partido, desde que o veículo de comunicação responsável comprove havê-lo convidado com a antecedência mínima de setenta e duas horas da realização do debate.§ 2º É vedada a presença de um mesmo candidato a eleição proporcional em mais de um debate da mesma emissora.§ 3º O descumprimento do disposto neste artigo sujeita a empresa infratora às penalidades previstas no art. 56.§ 4º O debate será realizado segundo as regras estabelecidas em acordo celebrado entre os partidos políticos e a pessoa jurídica interessada na realização do evento, dando-se ciência à Justiça Eleitoral.§ 5º Para os debates que se realizarem no primeiro turno das eleições, serão consideradas aprovadas as regras, inclusive as que definam o número de participantes, que obtiverem a concordância de pelo menos 2/3 (dois terços) dos candidatos aptos, no caso de eleição majoritária, e de pelo menos 2/3 (dois terços) dos partidos ou coligações com candidatos aptos, no caso de eleição proporcional.

Sobre a matéria, importante mencionar a resposta do TSE à consulta formulada em 2016 quanto ao momento de aferição da representação parlamentar para as finalidades do pre-ceito acima mencionado:

CONSULTA. DEBATE ELEITORAL. ART. 46 DA LEI Nº 9.504/97. REPRESEN-TAÇÃO PARLAMENTAR. AFERIÇÃO. MOMENTO.Questão: Nos termos do art. 46 da Lei 9.504/97, o momento de aferição da representatividade (do número superior a nove deputados) do par-tido ou da coligação, para que o candidato tenha assegurada a sua par-ticipação nos debates realizados no rádio e na TV, será a data de início da legislatura ou a data da convenção alusiva à escolha do candidato ou a data do pedido de registro de candidatura ou a data de realização do debate?Resposta: Para aferição da obrigatoriedade de ser convidado o candida-to de partido político ou de coligação que possuam mais de nove repre-sentantes na Câmara dos Deputados (Lei nº 9.504/97, art. 46), somente devem ser consideradas as mudanças de filiação realizadas com justa causa até a data da convenção de escolha do candidato, não computa-das as transferências realizadas com fundamento na EC nº 91/2016. (Consulta nº. 10694, Acórdão, Relator(a) Min. Henrique Neves Da Silva, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 88, Data 09/05/2016, Página 173).

2.5.6.3.2 Horário eleitoral gratuito

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O horário eleitoral gratuito será exibido nas emissoras de rádio e de televisão e os canais de televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados etc, nos trinta e cinco dias anteriores à antevéspera das eleições do primeiro turno.

Se houver segundo turno, segundo regra estabelecida pela recente Lei nº. 13.488/17, as emissoras de rádio e televisão reservarão, a partir da sexta-feira seguinte à realização do primeiro turno e até a antevéspera da eleição, horário destinado à divulgação da propaganda eleitoral gratuita, dividida em dois blocos diários de 10 minutos para cada eleição, e os blocos terão início às 7 e às 12 horas, no rádio, e às 13 e às 20 horas e 30 minutos, na televisão.

Para efeito de comparação, importante observar a tabela abaixo:

ATENÇÃO! Redação dada pela Lei nº. 9.504/97 Redação dada pela Lei nº. 13.488/17

Art. 49. Se houver segundo turno, as emissoras de rádio e televisão reser-varão, a partir de quarenta e oito ho-ras da proclamação dos resultados do primeiro turno e até a antevéspera da eleição, horário destinado à divulgação da propaganda eleitoral gratuita, dividido em dois períodos diários de vinte minutos para cada eleição, iniciando-se às sete e às doze horas, no rádio, e às treze e às vinte horas e trinta minutos, na televisão.

Art. 49. Se houver segundo turno, as emissoras de rádio e televisão reser-varão, a partir da sexta-feira seguin-te à realização do primeiro turno e até a antevéspera da eleição, horário destinado à divulgação da propaganda eleitoral gratuita, dividida em dois blo-cos diários de dez minutos para cada eleição, e os blocos terão início às sete e às doze horas, no rádio, e às treze e às vinte horas e trinta minutos, na televi-são.

Durante esse período, as emissoras de rádio e televisão e os canais por assinatura referidos no art. 572, da Lei nº. 9.504/97, deverão, ainda, reservar 70 minutos diários para a pro-paganda eleitoral gratuita, a serem usados em inserções de 30 e de 60 segundos, a critério do respectivo partido ou coligação, assinadas obrigatoriamente pelo partido ou coligação, e distri-buídas, ao longo da programação veiculada entre as 5 e as 24 horas (art. 51, da Lei nº. 9.504/97).

Entretanto, é vedada a veiculação de inserções idênticas no mesmo intervalo de pro-gramação, exceto se o número de inserções de que dispuser o partido exceder os intervalos disponíveis, sendo vedada a transmissão em sequência para o mesmo partido político (art. 51, §1º, da Lei nº. 9.504/97).

Onde houver segundo turno, as emissoras de rádio e televisão e os canais de televi-são por assinatura mencionados no art. 57 deverão reservar, por cada cargo em disputa, 25 mi-

2 Lei nº. 9.504/97. Art. 57. As disposições desta Lei aplicam-se às emissoras de televisão que operam em VHF e UHF e os canais de televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das Assembléias Legislativas, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou das Câmaras Municipais.

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nutos para serem usados em inserções de 30 e de 60 segundos (art. 51, §2º, da Lei nº. 9.504/97).

Considerando se tratar de alteração recente, importante observar a tabela abaixo:

ATENÇÃO!

Redação dada pelas Leis nº. 12.891/13 e 13.165/15 Redação dada pela Lei nº. 13.488/17

Art. 51. Durante os períodos previs-tos nos arts. 47 e 49, as emissoras de rádio e televisão e os canais por assinatura mencionados no art. 57 reservarão, ainda, setenta minutos diários para a propaganda eleitoral gratuita, a serem usados em inser-ções de trinta e sessenta segundos, a critério do respectivo partido ou co-ligação, assinadas obrigatoriamente pelo partido ou coligação, e distri-buídas, ao longo da programação veiculada entre as cinco e as vinte quatro horas, nos termos do § 2º do art. 47, obedecido o seguinte:

Art.51. Durante o período previsto no art. 47 desta Lei, as emissoras de rádio e televisão e os canais por assinatura mencionados no art. 57 desta Lei re-servarão setenta minutos diários para a propaganda eleitoral gratuita, a se-rem usados em inserções de trinta e de sessenta segundos, a critério do res-pectivo partido ou coligação, assina-das obrigatoriamente pelo partido ou coligação, e distribuídas, ao longo da programação veiculada entre as cinco e as vinte quatro horas, nos termos do § 2º do art. 47 desta Lei, obedecido o seguinte:

Parágrafo único. É vedada a vei-culação de inserções idênticas no mesmo intervalo de programação, exceto se o número de inserções de que dispuser o partido exceder os in-tervalos disponíveis, sendo vedada a transmissão em sequência para o mesmo partido político.

§ 1º É vedada a veiculação de inserções idênticas no mesmo intervalo de programação, exceto se o número de inserções de que dispuser o partido exceder os intervalos disponíveis, sendo vedada a transmissão em sequência para o mesmo partido político.

Sem correspondência.

§ 2º Durante o período previsto no art. 49 desta Lei, onde houver segun-do turno, as emissoras de rádio e te-levisão e os canais de televisão por assinatura mencionados no art. 57 desta Lei reservarão, por cada car-go em disputa, vinte e cinco minutos para serem usados em inserções de trinta e de sessenta segundos, obser-vadas as disposições deste artigo.

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Em relação a forma de divisão dos horários reservados à propaganda eleitoral gratui-ta, assim prevê o art. 47, §2º, da Lei nº. 9.504/97:

Art. 47. [...]§ 2º Os horários reservados à propaganda de cada eleição, nos termos do § 1º, serão distribuídos entre todos os partidos e coligações que te-nham candidato, observados os seguintes critérios:I - 90% (noventa por cento) distribuídos proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos Deputados, considerados, no caso de coligação para eleições majoritárias, o resultado da soma do número de representantes dos seis maiores partidos que a integrem e, nos casos de coligações para eleições proporcionais, o resultado da soma do número de representantes de todos os partidos que a integrem;II - 10% (dez por cento) distribuídos igualitariamente.

Sobre o mencionado preceito, o STF já se manifestou no bojo das ADI acima referi-das, entendendo ser constitucional a regra que prevê que os horários reservados à propaganda de cada eleição serão distribuídos entre os partidos e coligações proporcionalmente com base no número de representantes na Câmara dos Deputados (STF. Plenário. ADI 5423/DF e ADI 5491/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 24 e 25/8/2016; ADI 5577 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24 e 25/8/2016 - Info 836).

Isso pois esses incisos estabelecem uma regra de equidade, uma vez que o critério para conferir maior tempo é baseado nos partidos que possuem maior legitimidade popular. Ademais, embora a lei assegure maior tempo para quem tem mais representantes na Câmara dos Deputados, vê-se que nenhum partido deixa de participar.

2.5.6.4 Internet

Até 2009, muitas dúvidas pairavam sobre a utilização da internet como ambiente de promoção da propaganda eleitoral. De modo a sanar tais questões e regulamentar a matéria, a Lei nº. 12.034/09 acrescentou nove artigos à Lei nº. 9.504/97.

Considerando a grande quantidade de dispositivos e a importância da redação literal em geral, trataremos de todos abaixo, com os comentários pertinentes:

Propaganda na Internet (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)Art. 57-A. É permitida a propaganda eleitoral na internet, nos termos desta Lei, após o dia 15 de agosto do ano da eleição.

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Sobre esse dispositivo, importa apenas esclarecer que se adota a regra geral sobre a propaganda eleitoral, no sentido de apenas ser permitida a partir de 16 de agosto do ano elei-toral.

Art. 57-B. A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas seguintes formas:

Atente-se que esse dispositivo trata das formas permitidas de propaganda eleitoral.

I - em sítio do candidato, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no País;II - em sítio do partido ou da coligação, com endereço eletrônico comu-nicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em pro-vedor de serviço de internet estabelecido no País;III - por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gra-tuitamente pelo candidato, partido ou coligação;

Essa hipótese deve ser lida conjuntamente ao previsto no art. 57-E, §1º, que veda a venda de cadastros de endereços eletrônicos, bem como ao art. 57-G, que prevê ser necessária a existência de mecanismo que permita o descadastramento do usuário.

IV - por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e aplicações de internet assemelhadas cujo conteúdo seja gerado ou edi-tado por: (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)a) candidatos, partidos ou coligações; ou (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)b) qualquer pessoa natural, desde que não contrate impulsionamento de conteúdos. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)§ 1º Os endereços eletrônicos das aplicações de que trata este artigo, salvo aqueles de iniciativa de pessoa natural, deverão ser comunicados à Justiça Eleitoral, podendo ser mantidos durante todo o pleito eleitoral os mesmos endereços eletrônicos em uso antes do início da propaganda eleitoral. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)§ 2º Não é admitida a veiculação de conteúdos de cunho eleitoral me-diante cadastro de usuário de aplicação de internet com a intenção de falsear identidade. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)§ 3º É vedada a utilização de impulsionamento de conteúdos e ferra-mentas digitais não disponibilizadas pelo provedor da aplicação de in-ternet, ainda que gratuitas, para alterar o teor ou a repercussão de pro-paganda eleitoral, tanto próprios quanto de terceiros. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

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§ 4º O provedor de aplicação de internet que possibilite o impulsiona-mento pago de conteúdos deverá contar com canal de comunicação com seus usuários e somente poderá ser responsabilizado por danos decorrentes do conteúdo impulsionado se, após ordem judicial específi-ca, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteú-do apontado como infringente pela Justiça Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)§ 5º A violação do disposto neste artigo sujeita o usuário responsável pelo conteúdo e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o bene-ficiário, à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais) ou em valor equivalente ao dobro da quantia despendi-da, se esse cálculo superar o limite máximo da multa. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)Art. 57-C. É vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleito-ral paga na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusiva-mente por partidos, coligações e candidatos e seus representantes. (Re-dação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)§ 1º É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral na internet, em sítios:I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos;II - oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pú-blica direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.§ 2º A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divul-gação da propaganda ou pelo impulsionamento de conteúdos e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário, à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais) ou em va-lor equivalente ao dobro da quantia despendida, se esse cálculo superar o limite máximo da multa. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)§ 3º O impulsionamento de que trata o caput deste artigo deverá ser contratado diretamente com provedor da aplicação de internet com sede e foro no País, ou de sua filial, sucursal, escritório, estabelecimen-to ou representante legalmente estabelecido no País e apenas com o fim de promover ou beneficiar candidatos ou suas agremiações. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

Os arts. 57-B e 57-C tratam de importante alteração promovida pela reforma eleitoral de 2017, razão pela qual devem ser lidos conjuntamente. Inicialmente, importante comparar as redações dos preceitos que tiveram as suas redações alteradas:

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ATENÇÃO! Redação dada pela Lei nº. 12.034/09 Redação dada pela Lei nº. 13.488/17Art. 57-B. A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas se-guintes formas:[...]IV - por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhados, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos ou coligações ou de iniciati-va de qualquer pessoa natural.

Art. 57-B. A propaganda eleitoral na in-ternet poderá ser realizada nas seguin-tes formas:[...]IV - por meio de blogs, redes sociais, sí-tios de mensagens instantâneas e apli-cações de internet assemelhadas cujo conteúdo seja gerado ou editado por:a) candidatos, partidos ou coligações; ou b) qualquer pessoa natural, desde que não contrate impulsionamento de con-teúdos.

Art. 57-C. Na internet, é vedada a vei-culação de qualquer tipo de propa-ganda eleitoral paga.

Art. 57-C. É vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleito-ral paga na internet, excetuado o im-pulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos, coligações e candidatos e seus representantes.

É possível observar que passou a ser permitida a propaganda eleitoral paga na inter-net exclusivamente por meio do impulsionamento de conteúdo.

Nessa forma de propaganda, o candidato, partido ou coligação paga um determina-do valor para determinada rede social a fim de que o post que o esteja divulgando apareça na linha do tempo dos usuários.

Entretanto, somente é possível a contratação dos “posts impulsionados” pelos can-didatos, partidos ou coligações, não sendo permitido que qualquer pessoa assim o faça.

Além disso, deverá ser contratado diretamente com provedor da aplicação de inter-net com sede e foro no País, ou de sua filial, sucursal, escritório, estabelecimento ou represen-tante legalmente estabelecido no País e apenas com o fim de promover ou beneficiar candida-tos ou suas agremiações.

Verifica-se, também, ser vedada a utilização de impulsionamento de conteúdos e ferramentas digitais não disponibilizadas pelo provedor da aplicação de internet, ainda que gratuitas, para alterar o teor ou a repercussão de propaganda eleitoral, tanto próprios quanto

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de terceiros.

Evita-se, portanto, a criação de ferramenta própria por parte dos candidatos para promover o impulsionamento. Nessa linha, os interessados devem se valer das ferramentas já fornecidas pelo provedor.

Ainda sobre o tema, é possível observar que o provedor de aplicação de internet que possibilite essa forma de propaganda deverá contar com canal de comunicação com seus usuá-rios e somente poderá ser responsabilizado por danos decorrentes do conteúdo impulsionado se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente pela Justiça Eleitoral.

A violação a essas imposições atrai a incidência das multas previstas nos arts. 57-B, §5º e 57-C, §2º, acima mencionadas.

Nesse ponto, importante mencionar, ainda, a vedação à veiculação de conteúdos de cunho eleitoral mediante cadastro de usuário de aplicação de internet com a intenção de fal-sear identidade.

Apesar da péssima redação, a ideia é vedar a utilização de perfis fakes para veicula-ção de conteúdos de cunho eleitoral, o que poderia dificultar eventual punição caso haja infra-ção ao previsto na lei. Essa previsão também segue a mesma orientação da livre manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.

Art. 57-D. É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral, por meio da rede mundial de computadores - internet, assegurado o direito de resposta, nos termos das alíneas a, b e c do inciso IV do § 3º do art. 58 e do 58-A, e por outros meios de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica.§ 1º (VETADO)§ 2º A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).§ 3º Sem prejuízo das sanções civis e criminais aplicáveis ao responsável, a Justiça Eleitoral poderá determinar, por solicitação do ofendido, a retirada de publicações que contenham agressões ou ataques a candidatos em sítios da internet, inclusive redes sociais.

Segundo entendimento do TSE, o eleitor que cria página anônima no Facebook para fomentar críticas à atual administração municipal e aos candidatos da situação responde por

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seu conteúdo, não sendo possível invocar a garantia constitucional relativa à livre manifestação do pensamento, em razão do anonimato empreendido. Além disso, o direito de crítica não é absoluto e, portanto, não impede a caracterização dos crimes contra a honra quando o agente parte para a ofensa pessoal (Recurso Especial Eleitoral nº. 186819, Acórdão, Relator(a) Min. Hen-rique Neves Da Silva, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 05/11/2015).

Art. 57-E. São vedadas às pessoas relacionadas no art. 24 a utilização, doação ou cessão de cadastro eletrônico de seus clientes, em favor de candidatos, partidos ou coligações.§ 1º É proibida a venda de cadastro de endereços eletrônicos.§ 2º A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divul-gação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimen-to, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

A ideia desse dispositivo é evitar desequilíbrios na disputa eleitoral.

Art. 57-F. Aplicam-se ao provedor de conteúdo e de serviços multimídia que hospeda a divulgação da propaganda eleitoral de candidato, de par-tido ou de coligação as penalidades previstas nesta Lei, se, no prazo de-terminado pela Justiça Eleitoral, contado a partir da notificação de deci-são sobre a existência de propaganda irregular, não tomar providências para a cessação dessa divulgação.Parágrafo único. O provedor de conteúdo ou de serviços multimídia só será considerado responsável pela divulgação da propaganda se a publi-cação do material for comprovadamente de seu prévio conhecimento.

Trata-se da possibilidade de solidariedade entre o candidato e partido e o provedor de conteúdo e de serviços que hospeda a divulgação da propaganda eleitoral no que se refere à imputação de penalidades previstas na lei, caso não se tome as providências para cessação da divulgação no prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral.

Em matéria de solidariedade, importa lembrar que toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por eles paga, imputando-se-lhes solidarieda-de nos excessos praticados pelos seus candidatos e adeptos (art. 241, da Lei nº. 4.737/65).

Todavia, essa solidariedade é restrita aos candidatos e aos respectivos partidos, não alcançando outros partidos, mesmo quando integrantes de uma mesma coligação (art. 241, parágrafo único, da Lei nº. 4.737/65).

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COMO ESSE ASSUNTO TEM SIDO COBRADO EM PROVAS DA CARREIRA?

(Ano: 2016 / Banca: MPE-SC / Órgão: MPE-SC / Prova: Promotor de Justiça)

Os partidos políticos serão os responsáveis pela realização da propaganda eleitoral, sendo solidários nos excessos praticados pelos seus candidatos e adeptos. Tal solidariedade, porém, é restrita aos candidatos e aos respectivos partidos, não alcançando outros partidos integran-tes de uma mesma coligação. ( ) Certo( ) Errado

Gabarito: C.

Art. 57-G. As mensagens eletrônicas enviadas por candidato, partido ou coligação, por qualquer meio, deverão dispor de mecanismo que per-mita seu descadastramento pelo destinatário, obrigado o remetente a providenciá-lo no prazo de quarenta e oito horas.Parágrafo único. Mensagens eletrônicas enviadas após o término do prazo previsto no caput sujeitam os responsáveis ao pagamento de mul-ta no valor de R$ 100,00 (cem reais), por mensagem.Art. 57-H. Sem prejuízo das demais sanções legais cabíveis, será puni-do, com multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), quem realizar propaganda eleitoral na internet, atribuindo inde-vidamente sua autoria a terceiro, inclusive a candidato, partido ou coli-gação.§ 1º Constitui crime a contratação direta ou indireta de grupo de pessoas com a finalidade específica de emitir mensagens ou comentários na in-ternet para ofender a honra ou denegrir a imagem de candidato, partido ou coligação, punível com detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).§ 2º Igualmente incorrem em crime, punível com detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, com alternativa de prestação de serviços à comuni-dade pelo mesmo período, e multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), as pessoas contratadas na forma do § 1º.

O mencionado preceito sanciona a denominada propaganda apócrifa na internet, ou seja, a conduta de quem atribui indevidamente a outrem a autoria de propaganda eleitoral na internet.

Note-se que a lei não exige que a propaganda seja irregular, bastando que seja atri-buída a autoria da publicidade, mesmo lícita, a terceiro, de modo indevido.

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Art. 57-I. A requerimento de candidato, partido ou coligação, observado o rito previsto no art. 96 desta Lei, a Justiça Eleitoral poderá determi-nar, no âmbito e nos limites técnicos de cada aplicação de internet, a suspensão do acesso a todo conteúdo veiculado que deixar de cumprir as disposições desta Lei, devendo o número de horas de suspensão ser definida proporcionalmente à gravidade da infração cometida em cada caso, observado o limite máximo de vinte e quatro horas. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)§ 1º A cada reiteração de conduta, será duplicado o período de suspen-são.§ 2º No período de suspensão a que se refere este artigo, a empresa in-formará, a todos os usuários que tentarem acessar seus serviços, que se encontra temporariamente inoperante por desobediência à legislação eleitoral.

Vejamos a comparação da redação vigente desse preceito em relação à anterior:

ATENÇÃO! Redação dada pela Lei nº. 12.034/09 Redação dada pela Lei nº. 13.488/17Art. 57-I. A requerimento de candida-to, partido ou coligação, observado o rito previsto no art. 96, a Justiça Elei-toral poderá determinar a suspensão,

Art. 57-I. A requerimento de candidato, partido ou coligação, observado o rito previsto no art. 96 desta Lei, a Justiça Eleitoral poderá determinar, no âmbito e nos limites técnicos de cada aplica-ção de internet, a suspensão do acesso

por vinte e quatro horas, do acesso a todo conteúdo informativo dos sítios da internet que deixarem de cumprir as disposições desta Lei.

a todo conteúdo veiculado que deixar de cumprir as disposições desta Lei, de-vendo o número de horas de suspen-são ser definida proporcionalmente à gravidade da infração cometida em cada caso, observado o limite máximo de vinte e quatro horas.

A suspensão do acesso ao conteúdo informativo dos sítios da internet que deixem de cumprir as disposições legais deve ser aplicada através da representação prevista no art. 96, da Lei nº. 9.504/97, assegurando-se o respeito à ampla defesa e ao contraditório.

Pela inovação prevista na lei, resguarda-se a proporcionalidade da sanção a ser aplicada.

Art. 57-J. O Tribunal Superior Eleitoral regulamentará o disposto nos arts. 57-A a 57-I desta Lei de acordo com o cenário e as ferramentas tec-nológicas existentes em cada momento eleitoral e promoverá, para os

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veículos, partidos e demais entidades interessadas, a formulação e a ampla divulgação de regras de boas práticas relativas a campanhas elei-torais na internet. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

3. Direito de resposta

3.1 Introdução

A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o direito de resposta a candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qual-quer veículo de comunicação social (art. 58, da Lei nº. 9.504/97).

Nessa linha, segundo o TSE, para fins de direito de resposta, o fato sabidamente in-verídico é aquele que não demanda investigação, sendo perceptível de plano (Representação nº. 139448, Acórdão, Relator(a) Min. Admar Gonzaga Neto, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 02/10/2014).

Assim sendo, o exercício de direito de resposta, em prol da liberdade de expressão, deve ser concedido excepcionalmente. Viabiliza-se apenas quando for possível extrair, da afir-mação apontada como sabidamente inverídica, ofensa de caráter pessoal a candidato, partido ou coligação, não se prestando a rebater a liberdade de expressão e de opinião que são ineren-tes à crítica política e ao debate eleitoral.

3.2 Competência

A competência para o processamento do pedido de direito de resposta varia a depen-der do caráter da eleição, nos seguintes moldes:

a) Eleição presidencial: Tribunal Superior Eleitoral;

b) Eleições gerais: Tribunal Regional Eleitoral; e

c) Eleição municipal: Juízes eleitorais.

3.3 Legitimidade ativa

O direito de resposta é assegurado a candidato, partido ou coligação atingidos (art. 58, da Lei nº. 9.504/97).

Embora o Ministério Público não possua legitimidade ativa para propor a ação, é obrigatória a sua oitiva na condição de custos legis.

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A Resolução nº. 23.398/13 também assegura o direito de resposta a terceiro, veja-se:

Art. 18.  Os pedidos de direito de resposta formulados por terceiro, em relação ao que foi veiculado no horário eleitoral gratuito, serão exami-nados pela Justiça Eleitoral e deverão observar os procedimentos pre-vistos na Lei nº 9.504/97, naquilo que couber.

3.4 Prazo para exercício

Os prazos têm previsão no art. 58, §1º, da Lei nº. 9.504/97, e podem ser resumidos na seguinte tabela:

OS PRAZOS SÃO CONTADOS A PARTIR DA VEICULAÇÃO DA OFENSA

24 HORAS Quando se tratar de horário eleitoral gratuito

48 HORAS Quando se tratar de programação nor-mal das emissoras de rádio e TV

72 HORAS Quando se tratar de órgão da imprensa escrita

3.5 Procedimento

O procedimento do direito de resposta tem previsão nos §§ 2º a 9º, do art. 53, da Lei nº. 9.504/97:

Art. 53. [...]§ 2º Recebido o pedido, a Justiça Eleitoral notificará imediatamente o ofensor para que se defenda em vinte e quatro horas, devendo a decisão ser prolatada no prazo máximo de setenta e duas horas da data da for-mulação do pedido.§ 3º Observar-se-ão, ainda, as seguintes regras no caso de pedido de res-posta relativo a ofensa veiculada:I - em órgão da imprensa escrita:a) o pedido deverá ser instruído com um exemplar da publicação e o tex-to para resposta;b) deferido o pedido, a divulgação da resposta dar-se-á no mesmo veí-culo, espaço, local, página, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa, em até quarenta e oito horas após a decisão ou, tratando-se de veículo com periodicidade de circulação maior que

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quarenta e oito horas, na primeira vez em que circular;c) por solicitação do ofendido, a divulgação da resposta será feita no mesmo dia da semana em que a ofensa foi divulgada, ainda que fora do prazo de quarenta e oito horas;d) se a ofensa for produzida em dia e hora que inviabilizem sua repa-ração dentro dos prazos estabelecidos nas alíneas anteriores, a Justiça Eleitoral determinará a imediata divulgação da resposta;e) o ofensor deverá comprovar nos autos o cumprimento da decisão, mediante dados sobre a regular distribuição dos exemplares, a quanti-dade impressa e o raio de abrangência na distribuição;II - em programação normal das emissoras de rádio e de televisão:a) a Justiça Eleitoral, à vista do pedido, deverá notificar imediatamente o responsável pela emissora que realizou o programa para que entregue em vinte e quatro horas, sob as penas do art. 347 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral, cópia da fita da transmissão, que será devolvida após a decisão;b) o responsável pela emissora, ao ser notificado pela Justiça Eleitoral ou informado pelo reclamante ou representante, por cópia protocolada do pedido de resposta, preservará a gravação até a decisão final do pro-cesso;c) deferido o pedido, a resposta será dada em até quarenta e oito horas após a decisão, em tempo igual ao da ofensa, porém nunca inferior a um minuto;III - no horário eleitoral gratuito:a) o ofendido usará, para a resposta, tempo igual ao da ofensa, nunca inferior, porém, a um minuto;b) a resposta será veiculada no horário destinado ao partido ou coliga-ção responsável pela ofensa, devendo necessariamente dirigir-se aos fatos nela veiculados;c) se o tempo reservado ao partido ou coligação responsável pela ofensa for inferior a um minuto, a resposta será levada ao ar tantas vezes quan-tas sejam necessárias para a sua complementação;d) deferido o pedido para resposta, a emissora geradora e o partido ou coligação atingidos deverão ser notificados imediatamente da decisão, na qual deverão estar indicados quais os períodos, diurno ou noturno, para a veiculação da resposta, que deverá ter lugar no início do progra-ma do partido ou coligação;e) o meio magnético com a resposta deverá ser entregue à emissora ge-radora, até trinta e seis horas após a ciência da decisão, para veiculação no programa subsequente do partido ou coligação em cujo horário se praticou a ofensa;f) se o ofendido for candidato, partido ou coligação que tenha usado o

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tempo concedido sem responder aos fatos veiculados na ofensa, terá subtraído tempo idêntico do respectivo programa eleitoral; tratando-se de terceiros, ficarão sujeitos à suspensão de igual tempo em eventuais novos pedidos de resposta e à multa no valor de duas mil a cinco mil UFIR.IV - em propaganda eleitoral na internet:a) deferido o pedido, a divulgação da resposta dar-se-á no mesmo veícu-lo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho, caracteres e ou-tros elementos de realce usados na ofensa, em até quarenta e oito horas após a entrega da mídia física com a resposta do ofendido;a) deferido o pedido, o usuário ofensor deverá divulgar a resposta do ofendido em até quarenta e oito horas após sua entrega em mídia físi-ca, e deverá empregar nessa divulgação o mesmo impulsionamento de conteúdo eventualmente contratado nos termos referidos no art. 57-C desta Lei e o mesmo veículo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa; (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)b) a resposta ficará disponível para acesso pelos usuários do serviço de internet por tempo não inferior ao dobro em que esteve disponível a mensagem considerada ofensiva;c) os custos de veiculação da resposta correrão por conta do responsável pela propaganda original.§ 4º Se a ofensa ocorrer em dia e hora que inviabilizem sua reparação dentro dos prazos estabelecidos nos parágrafos anteriores, a resposta será divulgada nos horários que a Justiça Eleitoral determinar, ainda que nas quarenta e oito horas anteriores ao pleito, em termos e forma previamente aprovados, de modo a não ensejar tréplica.§ 5º Da decisão sobre o exercício do direito de resposta cabe recurso às instâncias superiores, em vinte e quatro horas da data de sua publicação em cartório ou sessão, assegurado ao recorrido oferecer contrarrazões em igual prazo, a contar da sua notificação.§ 6º A Justiça Eleitoral deve proferir suas decisões no prazo máximo de vinte e quatro horas, observando-se o disposto nas alíneas d e e do in-ciso III do § 3º para a restituição do tempo em caso de provimento de recurso.§ 7º A inobservância do prazo previsto no parágrafo anterior sujeita a autoridade judiciária às penas previstas no art. 345 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.§ 8º O não-cumprimento integral ou em parte da decisão que conceder a resposta sujeitará o infrator ao pagamento de multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR, duplicada em caso de reiteração de conduta, sem prejuízo do disposto no art. 347 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 -

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Código Eleitoral.§ 9º Caso a decisão de que trata o § 2º não seja prolatada em 72 (setenta e duas) horas da data da formulação do pedido, a Justiça Eleitoral, de ofício, providenciará a alocação de Juiz auxiliar.

Aqui, importante atentar para a modificação promovida no inciso IV, “a”, pela refor-ma eleitoral de 2017, de maneira a abranger o direito de resposta mesmo nos casos de impul-sionamento de conteúdo.

ATENÇÃO! Redação dada pela Lei nº. 12.034/09 Redação dada pela Lei nº. 13.488/17Art. 58 [...]§ 3º Observar-se-ão, ainda, as seguintes regras no caso de pedido de resposta relativo a ofensa veiculada:[...]IV - em propaganda eleitoral na inter-net:a) deferido o pedido, a divulgação da resposta dar-se-á no mesmo veículo, espaço, local, horário, página

Art. 58 [...]§ 3º Observar-se-ão, ainda, as seguintes regras no caso de pedido de resposta relativo a ofensa veiculada:[...]IV - em propaganda eleitoral na inter-net:a) deferido o pedido, o usuário ofensor deverá divulgar a resposta do ofendido em até quarenta e oito horas após

eletrônica, tamanho, caracteres e ou-tros elementos de realce usados na ofensa, em até quarenta e oito horas após a entrega da mídia física com a resposta do ofendido;

sua entrega em mídia física, e deverá empregar nessa divulgação o mesmo impulsionamento de conteúdo even-tualmente contratado nos termos referidos no art. 57-C desta Lei e o mesmo veículo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa;

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